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UNIS
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
ANA LYGIA VIEIRA SCHIL DA VEIGA
O BRINCAR NO CONSULTÓRIO PSICOPEDAGÓGICO:
Os pequenos bonecos da família flexível
Varginha
2005
T
ANA LYGIA VIEIRA SCHIL DA VEIGA
O BRINCAR NO CONSULTÓRIO PSICOPEDAGÓGICO:
Os pequenos bonecos da família flexível
Varginha
2005
Trabalho apresentado para aprovação na
disciplina Diagnóstico e Intervenção
Psicopedagógica - Teoria e Prática e
Organização de um consultório
Psicopedagógico, do Centro Universitário do
Sul de Minas – UNIS. Sob orientação da Profa.
Ms. Elaine das Graças Frade.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
1 O BRINCAR .......................................................................................................................5
2 O BRINCAR DE BONECAS .............................................................................................9
3 O BONECO ......................................................................................................................10
4 OS MENINOS E O BRINCAR DE BONECAS .............................................................11
5 O BRINCAR COM OS PEQUENOS BONECOS DE PANO FLEXÍVEIS ....................12
6 A ATIVIDADE LÚDICA NO CONSULTÓRIO PSICOPEDAGÓGICO ......................14
7 O AMBIENTE DO CONSULTÓRIO ..............................................................................16
8 O SIGNIFICADO TERAPÊUTICO DO BRINCAR COM OS BONECOS DA FAMÍLIA
FLEXÍVEL ...........................................................................................................................18
CONCLUSÃO .....................................................................................................................20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................23
INTRODUÇÃO
Através do brincar, a criança organiza seu mundo
interior em relação a seu mundo exterior.
Erik Erikson
O presente trabalho pretende apresentar um aspecto muito particular da terapia
psicopedagógica. Aspecto este que é ao mesmo tempo lúdico e pedagógico, possibilitando
tanto o diagnóstico como a terapêutica. Ao lembrar que o psicanalista inglês Winnicott
considerava como um dos princípios gerais da psicoterapia a superposição de duas áreas
lúdicas, a do paciente e a do terapeuta, abordaremos o brincar em uma de suas muitas
especificidades: o brincar com bonecos. Mais diretamente, se falará sobre o brincar de
casinha no consultório psicopedagógico com os pequenos bonecos de pano flexíveis,
conhecidos como "família".
Encontra-se pouca literatura sobre o brincar terapêutico com bonecos e menos ainda
sobre o brincar de casinha com a família flexível. Por isso, uma parte do enfoque do tema
se dará de maneira empírica, fruto de conversas informais com psicopedagogos e da prática
pessoal da autora, de mais de dez anos observando este brincar em escolas e no consultório.
Mesmo com literatura pouco específica, procuraremos descrever alguns dos
pressupostos que embasam o trabalho com o brincar em psicopedagogia, por intermédio de
autores como Fernandez, Weiss, Piaget, o já citado Winnicott, entre outros.
Este ensaio tem como uma de suas finalidades começar a expor uma particularidade
do caminho terapêutico, refletindo-o com base nas aprendizagens adquiridas no curso de
Psicopedagogia Clínica do UNIS-MG. Sempre na tentativa de formalizar um conhecimento
de base intuitiva sobre a experiência do brincar terapêutico, desenvolvido a partir da
experiência da pesquisadora em Pedagogia Waldorf e Pedagogia Terapêutica. Assim,
pretende-se chegar a uma sistematização desta experiência peculiar, que envolve áreas de
conhecimento pouco estudadas simultaneamente.
Apesar de presente no cotidiano infantil e de ser usualmente utilizado nos
consultórios terapêuticos, o brinquedo ainda é pouco estudado. Ficando quase sem
aprofundamento em pesquisas ou sistematização dentro do processo educativo e
psicológico, sobretudo em se tratando de bonecas. O reconhecimento do valor desse
material pela academia, colaborará para introduzir no debate este tema que consideramos
de grande importância para a construção do conhecimento psicopedagógico. Assim como,
poderá oferecer para a sociedade um novo olhar sobre o modo de atuar em um determinado
seguimento, contribuindo para o fortalecimento do processo lúdico-terapêutico como um
todo, na medida em que estes procedimentos estão diretamente ligados à formação
pedagógica e psicológica de professores e terapeutas.
Para melhor percorrer este caminho, além das observações pessoais da autora, esta
pesquisa será realizada a partir de levantamento bibliográfico, na tentativa de embasar
teoricamente os princípios que regem o brincar de casinha com os pequenos bonecos de
pano flexíveis. Com o decorrer desta escrita, esperamos que muitas outras questões
apareçam, e que mais pesquisadores se interessem no aprofundamento e na ampliação desta
análise sobre o brincar como instrumento de diagnóstico e terapia.
Primeiramente, serão levantados e analisados fundamentos teóricos que compõe os
elementos que constituem o brincar de uma forma geral. Em seguida, concentraremos nossa
atenção no brincar com bonecos e algumas de suas particularidades, como o preconceito
que envolve o brincar de bonecos por meninos. Analisaremos também os aspectos físicos e
psicológicos característicos da maioria dos bonecos de pano.
Chegando mais perto do nosso foco, apresentaremos os pequenos bonecos de pano
flexíveis e sua adequação à faixa etária mais encontrada nos consultórios de
psicopedagogia. Composta de crianças na primeira fase escolar, entre sete e doze anos.
Finalmente, associando a análise bibliográfica à observação, passaremos a falar da prática
em consultório e o significado deste brincar para no tratamento psicopedagógico.
Com a apresentação deste recorte sobre o brincar, buscamos contribuir com a
discussão sobre o papel dos bonecos na terapia e, em especial, no espaço do consultório de
psicopedagogia.
1 O BRINCAR
O brincar para a criança é tão importante e sério como trabalhar é para o adulto.
Dificilmente encontramos um adulto tão dedicado ao trabalho como a criança à sua
brincadeira. Através da brincadeira, a criança descobre o mundo. Ela imita os gestos do
adulto, vivencia suas leis sem fazer conceitos lógicos sobre elas. Quando ela brinca com
água, por exemplo, experimenta como se forma uma poça e acompanha os círculos
concêntricos que vão se abrindo cada vez mais até chegar na beirada. Pode ainda fazer de
uma folha seca um barquinho e deixá-lo flutuar. Isto tudo para a criança é pura vivência.
Se o adulto tenta levar estas experiências à consciência da criança, explicando-a de
forma intelectual o que ela vivenciou com seus sentidos, ele estraga a brincadeira,
afastando-a da ação e do movimento e separando-a do mundo ao qual ela ainda esta muito
unida. A criança é inteiramente força de vontade. Ela quer agir, transformar, brincar. No
entanto, além destes, há um outro componente no brincar, que Piaget chama de semiótico,
como explica Brougère:
A brincadeira não pode estar limitada ao agir: o que a criança faz
tem sentido, é a lógica do fazer de conta e de tudo o que Piaget
chama de brincadeira simbólica (ou semiótica). O objeto tem o
papel de despertar imagens que permitirão dar sentido a essas
ações. O brinquedo é, assim, um fornecedor de representações
manipuláveis, de imagens com volume: está aí, sem dúvida, a
grande originalidade e especificidade do brinquedo que é trazer a
terceira dimensão para o mundo da representação [...] (2004, p.14).
Porém, não somente no processo simbólico ou na representação se encontra a
importância do brinquedo, a necessidade de brincar é inserida também no organismo da
criança. Esse organismo, ao nascer, ainda não está pronto. As forças vitais plasmam o
organismo da criança, continuando e aperfeiçoando o trabalho que foi começado no útero
materno. Forças estas que trabalham ritmicamente. Tudo o que a criança faz tem como
origem esse processo plasmador que esta acontecendo em seu interior. Por isso ela não
pode parar quieta e tem de brincar. Ignácio (1995) diz que este brincar não é necessidade
externa, como o trabalho para o adulto, não possui finalidade lógica imposta de fora, mas
segue os impulsos rítmicos que tem sua origem dentro do organismo.
Uma criança pode fazer uma casinha de panos, dali a pouco tira o
pano da parede e embrulha nele seu filhinho para passear. Logo
junta as cadeiras para formar um ônibus, mas, de repente, vê
algumas pedrinhas no chão, que são os peixinhos que ela vai
pescar. O barco é uma casca de coco. Quando a casca esta cheia,
despeja tudo no chão porque quer usar o coco como panelinha.
Assim vai, sem nenhuma constância, pulando de brinquedo para
brinquedo (Idem, p. 23).
Por isso, muitas vezes, ao presenciar a fluidez do brincar, reflexo do ritmo orgânico,
os adultos não consideram que brincar seja atividade séria, porém, como afirma White,
deve ser vista com seriedade, em suas palavras: “[...] a brincadeira pode ser vista como uma
coisa séria, ainda que para ela – a criança - seja algo simplesmente interessante e divertido
de fazer” (1959 apud CURI, 2005, §12). Observando de forma mais profunda o que
acontece com a criança ao brincar, compreendemos que brincar é uma necessidade vital, e
que a forma como a criança brinca influencia sobre o trabalho plasmador que ocorre no
interior de seu organismo porque, como afirma Anders (1982) ao mesmo tempo em que a
criança esta totalmente voltada para o seu interior, ela é aberta e muito sensível a tudo o que
esta ao seu redor.
Evidentemente, o mundo humano tem o maior peso no brincar da
criança. Este mundo é aprendido pela imitação e fixado na criança
pelo brincar de casinha, respeitando os fatos corriqueiros da vida
diária, tendo o seu ápice na primeira vivência que a criança tem de
si mesma como um eu, vivência que muitas vezes encontra a sua
expressão mais profunda no brincar com uma boneca, com a qual
se identifica. Tudo isto devemos levar em nossa consciência em
uma época da vida em que a procura do sucesso está pondo em
perigo, a perder de vista, o homem, a noção do seu verdadeiro ser e
com isto cada vez menos tem a capacidade de ter uma
compreensão dos processos que transcorrem no interior de uma
criança (Idem, §23).
O brincar da criança é a manifestação mais profunda do impulso que conduz ao
fazer, sendo que neste fazer, o homem tem a sua verdadeira essência humana. Winnicott
(1975) fala que é somente no brincar que o homem pede ser integral, diz ele "É no brincar,
e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua
personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self) [...]
(p. 80).
Rudolf Steiner coloca o brincar como a força libertadora do ser humano "Não seria
possível imaginar uma criança que não desejasse ser ativa, como o é quando brinca, pois o
brincar representa a liberação de uma atividade [...]" (STEINER apud ANDERS, 1982).
Esta atividade construtora permeia todas as instâncias da criança, dando-lhe forma tanto
física como psicologicamente. É dessa atividade do brincar infantil que se constituirá toda a
experiência cultural do adulto e seu desenvolvimento emocional.
Este aspecto psicológico, que envolve diretamente os chamados “objetos
transicionais", como é tratado por Winnicott, é que nos aponta para a importância do lúdico
na terapia. Winnicott busca trazer à luz do conhecimento a questão da vida imaginativa
desde a mais tenra idade. Para ele, o valor do ato de brincar vai além do entretenimento.
Afirma que é no brincar que a criança tem a possibilidade de fruir o sentido de liberdade de
criação, abrindo espaço à experiência cultural, o que leva a um desenvolvimento pessoal
emocional propício à vida ambiente. Bastante interessante é a idéia sobre criatividade
desenvolvida pelo autor: “É através da apercepção criativa, mais do que qualquer outra
coisa, que o indivíduo sente que a vida é digna de ser vivida” (WINNICOTT, 1975, p.96).
E, de acordo com Erikson, através do brincar, "a criança organiza seu mundo
interior em relação a seu mundo exterior. Aprendendo novas modalidades de brincar, a
criança avança sua prontidão para ingressar em estados superiores de desenvolvimento". A
partir dessa reflexão, de que os objetos transicionais levam ao desenvolvimento pessoal,
tanto cultural como emocionalmente, pode-se referendar a importância do brinquedo e, em
especial, da boneca como importantes elementos na clínica psicopedagógica.
2 O BRINCAR DE BONECAS
Ao se observar crianças brincando de casinha, pode-se vê-las construindo seus lares,
dividindo os papéis familiares entre os coleguinhas, conversando com as bonecas-filho. As
meninas normalmente fazem o papel materno, alimentando, dando banho, e os meninos o
papel paterno, dirigindo carros, fazendo compras, vendo televisão e distribuindo ordens. Os
arquétipos são divididos com naturalidade pelas próprias crianças desde o início da
brincadeira. Estas atividades não são triviais nem vazias e é disso que parece depender
grande parte do seu desenvolvimento cognitivo.
Tereza Cristina Manso (2000), lembra que, segundo Piaget, brincando, os meios
muitas vezes se tornam fins e muitas respostas são emitidas apenas para serem emitidas. Os
esquemas dos modos de brincar freqüentemente são ritualizados e a acomodação - processo
de modificar esquemas para resolver problemas que resultam de experiências novas dentro
do ambiente - torna-se subordinada a assimilação - processo de incorporação de objetos ou
experiências novas.
Observa-se através desta seqüência proposta por Piaget que a
criança, através do brincar, resolve problemas, desenvolve a
linguagem e suas relações pessoais. Através do brincar, a criança é
um agente ativo em seu próprio desenvolvimento, construindo e
adaptando-se ao ambiente ao modificar seus esquemas básicos. As
habilidades cognitivas da criança não só dependem do
conhecimento e perícia específicos, mas também do ambiente que
facilitará o brincar da criança (Idem, §7).
É, justamente, este ambiente facilitador para o desenvolvimento que o brincar de
casinha com bonecas proporciona. O brincar livre resolve problemas, desenvolve a
linguagem e suas relações pessoais. O brincar de boneca possibilita uma intimidade e
importância que não ocorre com os outros brinquedos. A boneca acompanha a criança em
todos os seus caminhos, na cama, no brincar, no consolo de suas tristezas e nas suas
alegrias. A criança não estabelece este relacionamento com uma bola ou um carrinho.
Como veremos a seguir ao começarmos a falar mais especificamente do boneco.
3 O BONECO
Como vimos nos capítulo anterior, o brincar de bonecas possibilita que a criança se
exercite na resolução de problemas, que desenvolva a linguagem e fortaleça suas relações
pessoais. O boneco ou a boneca tem espaço preponderante neste brincar, principalmente no
que se refere ao campo da afetividade.
É fácil observar como os bebês, com poucos meses de idade, de ambos os
sexos, gostam de brincar com bonecas. Como já mencionamos, e agora vamos aprofundar,
Winnicott definiu este momento como o início de um tipo afetuoso de relação com o objeto
e a ele deu o nome científico de “objeto transicional”, isto é, um boneco ou um pedaço de
pano, enfim um objeto sobre o qual o bebê assume direitos sobre ele, sendo sempre o
mesmo não deve ser mudado a não ser por desejo da criança, deve ser resistente aos tratos
de amor, ódio, ou agressividade se for o caso. Deve transmitir calor, movimento, textura
mostrando vitalidade ou realidade próprias. Assim, Winnicott desenvolveu importante tese
valorizando esta experiência, além das brincadeiras compartilhadas, como determinante
para uma formação saudável do ser humano, “então a vida cultural e fruição de herança
cultural estarão a seu alcance” (WINNICOTT,1975, p.98).
Mas qualquer boneco poderia ser este objeto transicional? Aparentemente sim, até
mesmo um pedaço de pano, como afirma Winnicott. No entanto, para o trabalho
psicopedagógico, onde as forças criativas da criança devem ser consideradas, seria
interessante que o boneco seguisse algumas características.
Por exemplo, se no consultório, déssemos uma boneca perfeita para a criança,
aquela que pisca os olhos, tem um rosto bem definido, chora, anda, faz tudo "de verdade", é
como se puséssemos então a fantasia da criança numa camisa de força, podendo atrofiar-se.
Assim como o corpo da criança se atrofia quando não se movimenta o suficiente, sua
imaginação também precisa de movimento.
No entanto, é certo que uma criança mais velha do que o bebê referido por
Winnicott quer uma boneca um pouco mais requintada. Podemos então oferecer uma
boneca de pano para ela, com braços pernas, roupas, cabelos, um rosto pintado ou bordado,
talvez dois pontinhos indicando os olhos, outro a boca, de qualquer forma, sem expressão
definida, para que a criança possa projetar nela todas as suas emoções com maior
naturalidade.
Afinal, a boneca é a imagem do ser humano. A criança a imita e se identifica com
ela. E é isso que sempre temos de ter em mente quando escolhemos o boneco terapêutico.
Este boneco deverá ter a forma esférica de sua cabeça, representando o "duro", o que
protege, o osso externo determinado pela forma. Esta forma redonda, esférica e dura da
cabeça deve estar colocada em repouso e absolutamente ereta sobre o corpo. No corpo do
boneco, o que está dentro deve pedir para ser protegido, deverá proporcionar calor,
aconchego, envolvimento. Seu rosto deverá ser neutro, para que ofereça a possibilidade,
como já dissemos, de acompanhar a criança em suas emoções.
A boneca também deve ser um espelho para a criança, onde ela possa refletir sua
anatomia e características étnicas. No consultório devemos ter bonecas de todas as etnias.
Se a criança for negra, a boneca também o será, se loira seus cabelos devem ser loiros,
assim sucessivamente. No entanto, a escolha da etnia cabe a criança. Para isso, no
consultório, ela deve encontrar todos os tipos e cores de bonecos para escolheras. Sendo
que esta escolha já pode começar a sinalizar para nós algo sobre a criança.
4 OS MENINOS E O BRINCAR DE BONECAS
Existe o preconceito de que só as meninas devem brincar com bonecas, e que os
meninos já devem mostrar uma certa dureza, lutando com outros meninos, chutando bola
ou brincando com armar e videogames de luta para mostrar que eles já são pequenos
homens. Como é possível ter pais de família sensíveis e carinhosos se desde cedo é
colocado na cabeça dos meninos que carinho é coisa de mulher?
Muitas vezes, professores observam um menino pegando uma boneca escondido dos
outros, levando-a para um cantinho onde ninguém pudesse observá-lo. Ali, então, ele
conversa com a boneca, dá mamadeira para ela, troca a roupa dela, com os olhos brilhantes
e felizes. Mas se nessa hora alguém diz: que é isto? Menino brincando com bonecas? Seu
rosto se fecha e podemos observar uma grande decepção, que é compensada, depois, com
brincadeiras brutas, as chamadas "brincadeiras de meninos" e muita agressão. Quando se
compreende o ato de brincar livre como uma fantasia importante para o desenvolvimento
do ser humano, independente de ser homem ou mulher, podemos ter uma idéia de como
estes preconceitos são prejudiciais.
O brincar com bonecas tem uma importância especial para os meninos. Todo menino deve
ter o seu boneco que o acompanhe em todos os seus momentos, no brincar, no consolo de
suas tristezas e nas suas alegrias. “O menino não estabelece esse relacionamento com uma
bola ou um carrinho” (SCHEVEN, 2006, p. 31). Além disso, quando o pai presenteia o
filho com um boneco colabora para a quebra de estereótipos que podem atrapalhar a criança
em suas relações sociais e familiares quando adulto. Ao brincar com seu boneco, o menino
amplia sua possibilidade de se tornar um ser humano mais completo e amoroso.
5 O BRINCAR COM OS PEQUENOS BONECOS DE PANO
FLEXÍVEIS
Cabe aos pequenos bonecos flexíveis uma grande variedade de tarefas na idade
escolar, mais especialmente entre sete e doze anos. A casinha de bonecas com a
correspondente família flexível permite, como já vimos anteriormente, que a criança se
familiarize com as relações sociais. Mesmo quando sua própria família apresentar algumas
particularidades, como por exemplo, pais separados ou avós falecidos. No brincar com os
bonecos pode ser vivenciada a totalidade da família. Isto terá uma atuação complementar
positiva sobre a criança.
Pode-se perfeitamente dizer à criança que há famílias de todos os tipos, que em
algumas faltam o pai, noutras os avós, podemos mostrar que o número de filhos é variável,
no entanto, esta percepção durante o brincar é vivenciada com maior naturalidade, sem
necessidade de intelectualização. Também pode a criança durante a brincadeira fazer
"desaparecer" o pai, a mãe ou um irmãozinho. Todos estes gestos da criança no brincar
servirão como material a ser observado pelo terapeuta.
Em conversas com adultos sobre este tipo de brincadeira, muitas vezes é colocado o
temor que o brincar com bonecas reproduza esquemas sociais e fixe funções. Questiona-se
o por que a mãe deve cozinhar e o homem consertar o carro. Perguntam se isso tudo não
poderia ser diferente. É obvio que sim. A mulher pode ser motorista de caminhão e o
homem professor de jardim-de-infância. Hoje em dia, ninguém tem algo contra este tipo de
escolha de emprego e as decisões são livres. Porém, no brincar de casinha, naturalmente os
arquétipos femininos e masculinos são mantidos pelas crianças. As situações que fogem aos
modelos, são especialmente apresentadas durante o brincar que, desta forma, torna-se um
instrumento da fala da criança.
Uma das características essenciais do brincar de casinhas com a família de pano
flexível é a não diretividade da ação. Isto significa que a criança, na relação com o
psicopedagogo no consultório, é quem tem melhores condições de dirigir o processo
terapêutico, selecionando dentre as suas vivências aquelas que necessitam ser trabalhadas e
resignificadas. Assim, o brincar torna-se livre e o terapeuta pode exercitar sua escuta. O que
reforça ainda mais a importância para a atuação psicopedagógica destes pequenos bonecos
de pano. É o que poderemos constatar nos próximos capítulos, quando falaremos sobre a
atividade lúdica geral do consultório psicopedagógico e, em particular, do brincar
terapêutico com a família de pano.
6 A ATIVIDADE LÚDICA NO CONSULTÓRIO PSICOPEDAGÓGICO
Neste capítulo, usaremos como principal referencial o livro de Maria Lucia Lemme
Weiss, intitulado "Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica", nele Weiss (1992) fala
que, de uma forma geral, todo profissional que trabalha com crianças sente que é
indispensável haver um espaço e tempo para a criança brincar e assim melhor se
comunicar, se revelar. Dá como exemplo o médico que cria jogos, o professor que
possibilita situações lúdicas em sala de aula e até comenta sobre o vendedor que provoca
uma brincadeira com o comprador-mirim. Dá estes exemplos para ilustrar que no trabalho
psicopedagógico, tanto no diagnóstico como no tratamento também o profissional sente
necessidade do brincar "Empregamos a palavra lúdico ao longo do texto no sentido do
processo de 'jogar', 'brincar', 'representar' e 'dramatizar' como condutas semelhantes na vida
infantil [...]" (Idem, p. 58-59). E continua, mostrando como o brincar é vantajoso para o
trabalho em consultório:
Criar uma atmosfera de brincadeira durante a terapia não tem só o
objetivo de divertir, é vantajoso porque a criança tem a possibilidade
de investir ativamente, de explorar a atividade e o ambiente com
maior sucesso, uma vez que esse é estruturado para tal, permitindo a
criança tornar-se madura e capaz de organizar de maneira eficiente à
informação sensorial, aumentando sua autoconfiança e auto-estima o
que, conseqüentemente, irá ajudá-la a desempenhar seu papel
ocupacional, que o do brincar (Idem, p. 59)
Weiss cita muitas vezes Winnicott, falando do espaço transacional, e afirma que é
neste espaço transacional (criança-outro; indivíduo-meio) que se dá a aprendizagem. E
conclui dizendo que, por essa razão, o processo lúdico é fundamental no trabalho
psicopedagógico. Fala que as situações lúdicas no consultório permitem compreender o
funcionamento dos processos cognitivos e afetivo-sociais em suas interferências mútuas, no
Modelo de Aprendizagem1 do paciente. Além disso, possibilita ao terapeuta a construção de
1 O conceito de modalidade de aprendizagem, dado por Alicia Fernández (1991), propicia-nos uma passagem
do universal para o particular; da análise estática do aqui/agora para o estudo de um processo dinâmico; de
sua forma própria de agir. A idéia que apresentamos no início, de que o brincar é tanto
diagnóstico, como terapêutico é reforçada por Weiss
Ao se abrir um espaço de brincar durante o diagnóstico, já se está
possibilitando um movimento na direção da saúde, da cura, pois
brincar é "universal e saudável". Rompe- se assim a fronteira entre
o diagnóstico e o tratamento, já que o próprio diagnóstico passa a
ter um caráter terapêutico [...] A sessão lúdica diagnóstica
distingue-se da terapêutica porque nessa o processo de brincar
ocorre espontaneamente, enquanto que na diagnóstica há limites
mais definidos. Nesta última podem ser feitas intervenções
provocadoras e limitadoras para se observar a reação da criança: se
aceita ou não as propostas, se revela como quer ou pode brincar
naquela situação, como resiste às frustrações, como elabora
desafios e mudanças propostas na situação, etc. (Idem).
Os pequenos bonecos de pano flexíveis, representando membros de uma família,
são utilizados na clínica tanto para as vivências ludodiagnósticas quanto ludoterapêuticas.
De uma forma geral, o uso de brinquedos do ponto de vista psicopedagógico, necessita da
percepção do contexto em que se encontram inseridos. É preciso que o psicopedagogo
identifique a matriz simbólica anterior do objeto, para entender melhor as necessidades e
dificuldades mais imediatas dos alunos. Bonecos não são objetos que trazem um saber
pronto e acabado. Ao contrário, eles são objetos que trazem um saber em potencial. Este
saber potencial pode ou não ser ativado pela criança. Isso porque o sistema simbólico e
imaginário do aluno é único, não se devendo lidar com ele a partir de esquemas
generalizadores.
Como vimos pelo apresentado neste capítulo, na construção e sistematização do
conhecimento psicopedagógico, muito se terá de investigar sobre o uso do brinquedo no
consultório. Aqui, com a ajuda de Weiss, foi dado um parecer geral do tema, mas ainda há
muito que se aprofundar.
um objeto de conhecimento construído para um objeto de conhecimento em construção. A autora nos fala de um molde, uma forma como os esquemas operam nas diferentes situações de aprendizagem, sendo, portanto,
um molde relacional (2001). O fundamental aqui é o modo como ocorre o processo de construção de
conhecimento no interior do sujeito que aprende. Cada um de nós apresenta uma forma, um modo singular, de
entrar em contato com o conhecimento. Isso significa que cada um de nós tem uma modalidade de
aprendizagem particular, que oferece uma maneira própria de aproximar-se do objeto de conhecimento,
formando um saber que lhe é peculiar. Constrói-se essa modalidade de aprendizagem desde o nascimento do
indivíduo, modalidade com a qual ele se enfrenta com angústia inerente ao conhecer–desconhecer (GRIZ,
2005).
7 O AMBIENTE DO CONSULTÓRIO
A forma, a cor e a decoração da sala, assim como o tipo de brinquedos e tudo o que
a criança vivência em seu meio ambiente trazem-lhe impressões no sentido mais literal da
palavra: imprime-se em seu corpo físico e determina saúde ou doença, para a vida toda.
Por isso, o primeiro passo para criar um ambiente de consultório propício ao brincar
livre começa na montagem da sala. O pensar sobre o brincar deve estar presente desde as
escolha dos móveis e do piso. Como fruto deste exercício de pensar sobre o brincar pode-se
perceber que se trata de uma alternativa de aproximação ao mundo da criança, fazendo com
que aquele espaço torne-se menos ameaçador. Tendo em vista que o brinquedo é um
instrumento terapêutico importante, o consultório deve dispor de um cantinho
especialmente montado para a casinha e seus habitantes, possibilitando que a criança
encontre seu meio de expressão com naturalidade.
Dorfman (1992) relata que, geralmente, a criança é trazida à terapia devido ao fato
de ter desagradado ou preocupado algum adulto. Desta forma, raramente chega ao encontro
terapêutico com desejo de auto-explorar-se. “Ela se lança nessa experiência singular do
mesmo modo que penetraria em outras novas experiências – amedrontada, entusiasmada,
cuidadosa, ou de qualquer outra maneira que lhe seja típica em sua reação ante situações
novas”(Axline, 1984, p.68).
No caso dos atendimentos psicopedagógicos, as crianças chegam encaminhadas
pela equipe escolar, sendo em sua maioria as crianças trazem como queixa problemas
disciplinares, uma vida familiar complicada e baixa auto-estima. Assim, quando encontram
um ambiente acolhedor no consultório podem começar a sentir o afeto como parte
integrante da terapia. É o que sugere Curi (2005) ao falar da importância do cenário para
que sentimentos e desejos sejam revelados, nas suas palavras:
Num cenário lúdico, uma criança revelará desejos, sentimentos,
temores, queixas, dificuldades físicas e outras condições
perturbadoras. No processo do brincar a criança pode solucionar
problemas impostos na sua vida privada no seu cotidiano.
Assim, os déficits no brincar afetam padrões subseqüentes de
aprendizagem na infância e uma avaliação precisa do brincar torna-
se um aspecto crítico do planejamento da terapia para a criança (§ 6).
8 O SIGNIFICADO TERAPÊUTICO DO BRINCAR COM OS
BONECOS DA FAMÍLIA FLEXÍVEL
No desenho de uma família há sempre um personagem que ganha mais destaque que
outros. Ele pode, por exemplo, estar vestido de modo ridículo, usando uma bengala, um
chapéu ou carregando um cachimbo, que são atributos de virilidade. Ou então usará
vestido, bijuterias ou um penteado com coroa, ornamentos da feminilidade. Esses
personagens são, obviamente, o pai e a mãe, E a criança, ao dar destaque a um deles,
mostra sua identificação, porque admira o personagem escolhido ou quer ser amada.
Da mesma forma, podemos observar a criança no brincar de casinha com a família
de bonecos. O tema familiar da brincadeira também dá indicações sobre o modo como a
criança se refere a seus irmãos e irmãs: um irmão mais jovem e inoportuno pode, por
exemplo, ser eliminado da brincadeira porque "não tinha mais lugar na casinha".
Olhar esse território íntimo do brincar permite a aproximação com a criança,
ajudando-a a superar uma fase difícil que a trouxe até o consultório.
Não se pode esquecer que esse mundo revelado pelo brincar merece uma maior
quantidade de pesquisas, pois o que temos até agora é inferido de atividades como o
desenho da família. Mesmo assim, é possível perceber relações importantes e escutar a fala
da criança durante o brincar.
A fim de entender melhor o que este brincar significa, o ideal é aprender o sentido e
a escolha de cada um dos elementos-personagens. Importante também é deixar que a
própria criança identifique os personagens, sem tentar influenciar com frases como "este é
o papai" ou "esta é a mamãe". Com alguns elementos de base, um pouco de bom senso e
muita intuição, pode-se captar as mensagens das crianças e ajudá-las em seu processo
terapêutico.
Podemos recorrer, mais uma vez, a Winnicott, para ilustrar a importância dessa
intuição para o trabalho terapêutico
Em termos de associação livre, isso significa que se deve permitir
ao paciente no divã, ou ao paciente criança entre os brinquedos no
chão, que comuniquem uma sucessão de idéias, pensamentos,
impulsos, sensações sem conexão aparente, exceto do ponto de
vista neurológico ou fisiológico, ou talvez além da detecção. Isso
equivale a dizer: é ali, onde há intenção, ou onde há ansiedade, ou
onde há falta de confiança baseada na necessidade de defesa que o
analista poderá reconhecer e apontar a conexão (ou diversas
conexões) existentes entre vários componentes do material da
associação livre (WINNICOTT, 1975, p. 81).
Vale lembrar uma expressão de Alícia Fernandez (2002) quando ela diz que o
psicopedagogo deve oferecer o corpo, no sentido de se entregar completamente ao processo
terapêutico. No brincar de casinha, a criança também oferece o corpo, se envolve
completamente com os bonecos, refletindo neles suas emoções, seus conflitos e desejos.
Este, o envolvimento completo, é um dos principais pontos a ser considerado no brincar
com bonecos. Poucas atividades no consultório conseguem este grau de concentração e
participação da criança.
CONCLUSÃO
O caminho percorrido até aqui, neste ensaio, é apenas um esboço, um começo.
Como dissemos, logo no início deste trabalho, apesar de ter parte importante no cotidiano
infantil e ser comumente adotado nos consultórios terapêuticos em geral, o brinquedo ainda
é pouco estudado. Por isso, acreditamos que este pequeno estudo possa colaborar para o
aprofundamento do tema.
Nos capítulos iniciais da nossa escrita, falamos do brincar e do brinquedo como um
fornecedor de representações manipuláveis, de imagens com volume. Destacamos o brincar
como uma força orgânica, baseada em ritmos vitais. O brinquedo foi relacionado como um
objeto transacional, conforme conceito de Winnicott, nisso residindo a gênese de sua
atribuição terapêutica.
Na seqüência, direcionamos nossa atenção para o brincar com bonecos. Falamos da
mobilidade do brincar, de sua relação com conceitos piagetianos, relacionando os esquemas
dos modos de brincar com a acomodação subordinada a assimilação. Procuramos mostrar
que o brincar de casinha se diferencia de outros tipos de brincar, como, por exemplo, jogos
de tabuleiro e brincadeiras de roda, porque é um brincar livre, onde a criança é quem
direciona a atividade, não de acordo com aquilo que está estabelecido nas regras ou nos
ritos, mas a partir da leitura que faz do social, do cultural e do emocional.
Em seguida, apresentamos as principais características do boneco de pano. Seu
diferencial em relação aos bonecos mais elaborados e os motivos que leva-nos a preferi-lo
como objeto de terapia. Lembramos que o boneco deve ser a imagem do ser humano, deve
corresponder à etnia da criança, evitando estereótipos, desproporções e caricaturas.
Ainda debatemos um pouco sobre o preconceito sofrido pelos meninos em relação
ao brincar com bonecos e os danos que isso pode ocasionar na construção de um adulto
saudável e um pai amoroso.
Depois destas apresentações e reflexões que ajudaram a delimitar um pouco mais o
objeto do nosso estudo, focalizamos os pequenos bonecos de pano flexíveis e suas
particularidades no brincar. Indicamos que a principal faixa etária para a brincadeira de
casinha com a família flexível é a idade escolar, justamente onde há maior demanda no
consultório psicopedagógico. Esta é uma das razões pela qual os pequenos bonecos ocupam
posição de relevância no brincar terapêutico. Comentamos o receio de alguns adultos com a
possibilidade da fixação de papéis que este brincar proporciona, esclarecendo que os
arquétipos não eliminam a possibilidade de escolha da criança, mas que surgem
naturalmente. Por fim, completando este tópico, chamamos a atenção para as inúmeras
possibilidades de leitura que o brincar de casinha proporciona, permitindo ao terapeuta a
possibilidade de organizar seu tratamento de uma forma mais profunda.
No capítulo sobre a atividade lúdica no consultório psicopedagógico, não podemos
deixar de lançar mão da ajuda de Maria Lúcia Lemme Weiss. Em seu livro
"Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica", ela apresenta importantes observações
sobre o brincar no consultório. Trazendo contribuições importantes para a fundamentação
teórica deste trabalho.
Sendo este um trabalho de conclusão de disciplina, achamos importante incluir
neste ensaio um tópico sobre a organização do ambiente do brincar no consultório, já que
este foi um dos elementos abordados durante o módulo "Diagnóstico e Intervenção
Psicopedagógica - Teoria e Prática e Organização de um Consultório Psicopedagógico".
Assim, nos baseando em conservas com psicopedagogos e terapeutas infantis e em alguns
autores, como Curi, Dorfman e Axline, que exploraram o tema, damos algumas orientações
para que a montagem do cantinho do brincar seja feita de maneira a facilitar o processo
terapêutico.
Encerrando o trabalho, quisemos, mesmo que apenas superficialmente, pois como
dissemos, faltam estudos mais objetivos neste sentido, apontar os principais pontos do
significado do brincar com a família no consultório. Para isso, nos valemos de uma
analogia com a técnica do desenho da família. Levantando algumas observações que
poderiam inspirar outros pesquisadores a aprofundar sua investigação.
Por tudo que tentamos apresentar, concluímos que ficamos devendo um maior
tempo de pesquisa, inclusive com a ida ao campo direto de observação de forma mais
sistemática do que intuitiva. Além disso, poderíamos ter estendido nosso comentários ao
fator cultural do brinquedo, incluindo aí, autores como Paulo Sales de Oliveira, Esdras
Paiva, entre outros. Assim como, ter aprofundado um pouco mais na apresentação do
pensamento do professor francês Gilles Brougère, um dos mais importantes
sistematizadores do conhecimento sobre o brinquedo. Sem contar, as inferências sobre o
desenvolvimento cognitivo da criança e o brinquedo feitas por Clara Regina Rappaport, em
Psicologia do Desenvolvimento, onde a autora apresenta as contribuições de Piaget sobre o
assunto.
No entanto, terminamos este ensaio com a sensação de que iniciamos um processo
que poderá ter uma boa continuidade, abrindo um novo campo de pesquisa, tanto na
academia, quanto na clínica. Com isso, nos sentimos dispostos, em um futuro breve, a
retomar estas anotações, como quem retoma um rascunho, e aprimorá-las colaborando
assim para o fortalecimento da psicopedagogia como ciência.
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