O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

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o AMOR NÃO É UMJOGO DE CRIANÇA

Livre-se dos seus antigos medos eveja quem você realmente é

KRISHNANAl DA

buduçãn:

VEIV\ CAPUTO

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Page 3: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

Copyright © 1999 by hornus TrobeTItulo original: Steppiag our ofleal'

Erlltorn Rosely M. Dose/tinii\HHltllllllluuclilodnl nosúngelcl Barbosa

Capa Marcelo Souza Almeida1'11111111111',\1101' u dlngmrnucão Marcelo Souza Almeida

Revisão Maria Alayde CarvalhoIlIqllllilNnll1l ucnbnrnenro Poutus Giáficu .

111 I 11 CDD-'152.4G A Osho, meu amado mestre.A Kaveesha, minha mestra e

companheira querida.

\)11<108 Intnrnacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro. SP. Brasil)

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1111111111'""U ó um jogo de criança: livre-se dos seus antigos medos o veja quem você1111.111111111111I rltlhllnl1l1ndll (Thornns Trobe); [tradução Vera Caputc]. -- São Paulo: Editora Gente,'11111

11111111111111111111:Stcpping out of fear.

IIII~I 1\ 'lJ 12-364-2

I I\l1to ennhoctrncntc T~~r!:1::!. E=Gç5~:~!!:!crianças 3. Espiritualidade 1. '!'-.4edc -1"" 111MpNltll16jllcou I. Título.

Índices para catálogo sistemático:

I. Modo: uperação da criança emocional interior: Psicologia 152.46

Todos Os Li ira i tos destaud i\:iio s50 rosorvados <\ Editora Gente.

l<uII Pcdro Soares de Almeida. 114. São Paulo, SI'CEt' 05029-0:JO. Tolofux: (11) 3675-2505Sitn: hup.z/wwwudttoragente.com.br

E-mllil: [email protected]

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SUlllário

PrefácioIntrodução

PARTE 1: UMA VlSÃO GERAL

Capítulo 1- O estado mental da criança emocionalCapítulo 2 - A bolhaCapítulo 3 - O espelho

PARTE 2: A CRrANçA EMOCrONAL EM AÇÃO

Capítulo 4 - Reações e controle

Capítulo 5- Expectativas e direitosCapítulo 6 - ConcessãoCapítulo 7 - Dependência

Capítulo 8 - Pensamento mágico

PARTE 3: A EXPERIÊNCIA INTERIOR DA CRIANÇA EMOcrONAL

Capítulo 9 - Vazio e carênciaCapítulo 10- MedosCapítulo 11- A infecção

Capítulo 12 - Vergonha e culpaCapítulo 13 - O cobradorCapítulo 14 - Choque

Capítulo 15 - Abandono e privação

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PARTE 4: AUTODOMÍNIO - SAIA DO

COMPORTAMENTO AUTOMÁTICO Prefácio1,:1 o por repetição compulsiva

()H limitesRoprossão, expressão e controle) s xo e a criança emocional

s fossosRolacione-se com consciência

ualidades

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223 Ates de chegar a mestre Osho, procuramos vertentes do autoconhecimentona busca de nós mesmos. Após encontrar Osho demoramos alguns anos paradescobrir Krishnananda.

Osho criou uma comunidade terapêutica e atraiu para Poona, na Índia,os melhores terapeutas do mundo e lhes ensinou meditação. Debateu cadamétodo, falou sobre todas as religiões, contou os segredos sagrados e osperigos da espiritualidade e da iluminação.

Nesse privilegiado contexto Krishnananda criou o trabalho que trata ecura a raiz das estruturas de relacionamentos. Perante uma comunidadeterapêutica crítica apresentou um dos trabalhos mais eficientes e procura-dos, desde então, por pesquisadores de todo o mundo.

Para nós, que formamos um casal e também somos terapeutas, foi comose nos contassem um segredo: como nos relacionar sem sobrecarregar o ou-tro, como nos responsabilizar e curar as próprias feridas emocionais e comoamadurecer e continuar com a espontaneidade de uma criança feliz.

Poucos dos muitos trabalhos que fizemos chegaram tão ao ponto de curae de transformação quanto este, por isso merece atenção especial.

Podemos dizer isso baseados em nossa história, nossas dificuldades denos relacionar e no desespero de não saber o que fazer para o relacionamen-to dar certo.

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111111111111111111I 1'1,hnunanda e Amana enquanto estávamos numa fase de.11111 1111111111,1111111'111111 scolhernos procurar nossa cura, Sabíamos que por11 1111111111111111/11nn que nos machucava, que chamávamos de companheiro,

11111111111111111111\1\1 ti acertar com seus vícios de relacionamento que cau-I /1111rlur 1111'\1111rllçl ,Tínhamos duas opções: procurar outras pessoas e

I 111111111111111111\ goos e nossa opinião conosco ou aproveitar a oportunida-dll 111111111'/1'/,11'(:()11MCincia aquilo que nos machucava e aprender como agirtllIlIlIlllIlIlllIlll,

NIII 1111plllH 111 aprenderam a se relacionar, os pais deles não sabiam,1I11 111111111I1)/l:II\Svidas sem saber o que é um relacionamento sadio e vamos111111111111111:11111lodns as nossas forças, com nossa criatividade, acertar na mosca e111\1111111111'1I11"!')11que nos ame como somos e nos complete, A verdade é que11111"1I11 I tlIIIIllOSemocionalmente muito machucados e que, antes de encon-111111\1 umn andlc, precisamos nos cuidar, nos responsabilizar e não depositar1111111111I1IIIII'OliIISexpectativas e os sonhos que moldamos cuidadosamente no1111111111tlllldl quo iramos crianças. Assim poderemos descobrir que os relacio-111111111111111I\II11Ctlserão como em nossos sonhos, que precisamos amadurecer e1111111"'11I110,pura viver o que a vida nos traz e fazer com esses ingredientes o"1111\ IIlitlh Hw,llJ~u possí vel:

~1I11J\1I(1I\H~lá interessado em feri-Ia, ninguém está de ralo esperando1111111111111:1t1lc:(~-lo,todos estão ocupados em proteger os próprios ferimentos.

( 111111\turiu tanta energia [JaL'a ainda querer atingi-lo? Mas, ainda assim,11 11:111111co porque você está demasiaclo pronto para ser atingido, dema-

IltllI 1'1'1)111.0,apenas na expectativa de que alguma coisa ocorra. Tenha cons-111:11tllI própria ferida.NI 1I rlnlxo que piore: cure-a. Ela só será curada quando você se deslocar

11"111hnlxo, "ma os raízes.

Introdução

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OshoRodney Zanin (Sw. Anam Raghu)

Kássima Sathler Pereira (Ma. Dhyan Sliubliaa]

Creia que uma das coisas mais difíceis que existem é abandonar os ve-lhos padrões que nos impedem de amar e ser felizes. Isso é especialmenteválido para os nossos relacionamentos, mas também tem efeitos na nossacriatividade, na sexualidade e em outros aspectos da vida. Esse é o tema queabordo neste livro. O problema é como cada um vê o si mesmo. Um dosfilmes favoritos da minha infância era HOllS Christian Andetsen, com DannyKaye. Meus pais compraram o disco com as canções e eu aprendi a cantá-Ias. Uma delas se chamava Era uma vez um patinha feio, que contava ahistória de um patinho muito feio, "de penas marrons arrepiadas", qlle vi-via isolado dos outros patos por ser diferente. Expulso do bando, ele vagouaté encontrar os cisnes e descobrir que era, na verdade, um bonito cisne queapenas nascera no lugar errado. ós também estamos buscando o nosso"cisne", o nosso eu verdadeiro. É um engano achar que somos "patos". Os"patos" se sentem e são vistos como medrosos, feios, criaturas mal-amadase incapazes de amar que vivem num mundo estranho e inóspito onde nin-guém gosta delas nem consegue vê-Ias como são. E disfarçam o medo e ainsegurança com compensações de todo tipo. São "patinhos" competitivos,insistentes e nervosos. Os "cisnes", por sua vez, são seres bem-dotados,amáveis e capazes que vivem pacificamente num mundo magnífico.

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r 11111111111" IIIIIII'!)livro, Face to face witii [ear (Cara a cara com o medo),I 1'" 1111dlll 11JlII'I !lei 18de trabalho com os próprios medos como um ca-1111,,1\111'11111I vuluurnbtlidade e a auto-aceitação. Disse que um profundo11\1Iplillllllllll IltI'1II1I1lcII riança interior era o caminho para despertar o amor11111111 I V tllI 1II110rpor nós mesmos e pelos outros. Passei muitos anos11Idlll 111111111I' IIIIHlnt dores em espaços que estavam esquecidos e enterra-ti 11 I 1111111111'1'1"1 ,s ssas feridas não se tornassem conscientes, sabotariam1111,,1111ItllI I 1111\I urnor de todas as maneiras. Ainda vivo e ensino o queI 1111'I 1111'1"1Ii livr , mas desde então minha compreensão ampliou-se. Sei111"11111'11I :1/1I ploração foi apenas o primeiro passo de uma longa jornada.'I 11 "/11111111i> I:lHOnão for dado, podemos ficar presos nessas feridas, pois o'1"11 li IIIIIII'JI 11 (litro nós, o amor e a felicidade não é só o fato de termos/11111111,,11111'111/11111:;ele nos identificar com elas. Repetimos os velhos padrões11"I1I'"IIIIII( IlIno:; lima auto-imagem ferida e acreditamos ser assim. Estamos\lI! "I 111111111com lima "criança emocional" ferida. Chamo esse espaço de"11111111/lllIllIlI:lol\lIl" por ser orientado por emoções poderosas que estão alémdll 11111I11:llllll'ol ,em geral, da consciência. Por causa dessa identificação,1'1111111111111I) uontrnle e nos deixamos levar pelo medo, como se fôssemos um11111111IIIIKido pOI' um jovem impetuoso e distraído. Não temos outra saída11111\ 1'11:111'1'(pc íinrlo os velhos padrões e atraindo pessoas e situações que

1,,1111111111I 11l(1I1iira como nos vemos.() I uurln passo, para mim, foi compreender que a criança emocional

1111 1111I 11.I\\I!TI identifiquei fortemente com a imagem e os sentimentos do/1111111111,:1111,1111\ não conseguia acompanhar o irmão mais velho, sempre mais11111111/111111,mais carismático e seguro, além de mais sensível e ponderado./1111/1111111:1.(J 010ainda recebia a atenção e o respeito que queria das pessoas,1111111111111pois, inclusive. Explorei todos os aspectos possíveis dessa ferida.t\.11I1111VIII'IV)lillIl, medo e a insegurança permaneceram. Algumas vezes, fui1111/"dlllllll'JlI'! sn Ior essas experiências e nada pude fazer senão observá-Ias.1'111111111\"111'Iz"ma mudar ou me livrar delas foi inútil. Várias vezes sabotei11111111111111I~:C (J um situações em que me sentia sob estresse.

1'11111111110rompo, nem sequer imaginei que pudesse ser ou fazer qualquer11111111I (d/ I nlóm de representar esse papel, como se ele fosse basicamente

quem sou e todos os esforços que fizesse para me livrar dele fossem merastentativas. Lembro-me de um importante acontecimento de minha vida queme trouxe de volta o ambiente de casa. Meu irmão estudava na UniversidadeHarvard, Eu estava aguardando aceitação. Um dia, recebi uma carta do reitorcomunicando que eu fora aceito. A primeira reação foi achar que era engano.Mais tarde eu soube que o reitor disse ao meu irmão, na ocasião um doseditores do Haivard Crimson: "Se o seu irmão tiver a metade da sua capaci-dade, nós o admitiremos".

Essa auto-imagem do irmão caçula que era apenas "metade tão bom" per-seguiu-me a viela inteira. Mas chegou um momento de minha exploração in-terior em que comecei a perceber que isso não era eu. Aos poucos fuireconhecendo que essa auto-imagem era o resultado de um condicionamentopoderoso. Por sair do ninho familiar, levar uma vida muito diferente nummundo só meu, desenvolvendo meus próprios dons e a meditação, pude verque eu era um mero produto do meu passado. Por mais estranho que pareça,a percepção de mim mesmo cegava-me tanto que não podia ver que meus paisme respeitavam e gostavam de mim como eu era, com as minhas qualidadesexclusivas, também por ter tido a coragem ele abandonar o seio familiar parabuscar outras maneiras de viver. Quando a auto-imagem mudou, minha vidatambém mudou. Muitos dos velhos comportamentos que tanto afetaram meusrelacionamentos, minha criatividade e minha alegria no passado foramperdendo a importância. Hoje, em alguns momentos, aquela velha imagemainda ocupa minha vida consciente. Mas a diferença é que agora eu a reco-nheço e posso observá-Ia a certa distância.

Não é fácil reconhecer o nosso "cisne" porque a nossa identificação com o"pato" é muito profunda. Ela ocorreu em algum momento do processo deformação do nosso autoconceito. Nossa auto-imagem tem suas bases nos va-lores daqueles que cuidaram de nós, da sociedade e da cultura em que fomoscriados, dos quais aprendemos a nos desligar. São essas as bases do que cha-mo de "criança emocional" - uma experiência interior de muito medo, vergo-nha e desconfiança que se manifesta em comportamentos compulsivos. Quandoa criança emocional toma as rédeas da nossa vida, manifesta-se de váriasmaneiras. Uma delas é repetir os mesmos padrões dolorosos em todos os rela-

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nossos sentimentos e comportamentos. Quando somos apanhados por ela,quase sempl'(~ sobra pouco espaço para observar. Vamos do estímulo à rea-ção em tempo recorde. Nesse método, a meta não é mudar nem sedimentarcoisa nenhuma, mas simplesmente observar e permitir o que quer que seja.Esse processo vai aos poucos nos liberando do controle dessa parte de nós.Quando conseguimos entender como a criança ferida controla a nossa vida,transcendemos sua influência e podemos escolher. Retomamos o controle enão nos deixamos mais levar pelo medo. Cada capítulo abrange um aspectoque explorei em minha busca interior, sempre com muitos exemplos. Revisitotambém alguns dos temas de meu primeiro livro, como vergonha, choque,abandono, limites e expectativas, porque desde então minha compreensãodeles todos aprofundou-se. Cito exemplos de amigos e de participantes dostrabalhos, mas certamente mudei os nomes e algumas circunstâncias paraproteger-lhes a identidade. Esforcei-me para fazer capítulos concisos e sim-ples e ofereço em cada um deles exercícios específicos para facilitar a ex-ploração. Minha sugestão é de que leia este livro com toda a calma. Ele foiescrito em parte como um manual, cada capítulo dedicado a um aspectoespecífico da vida. Dê-se algum tempo para digerir cada um deles.

11111111111111I11111'1110so saiba por quê. Outra é ficar preso em comportamen-I1I li 11111 tll\ 111111)[1outro tipo. E outra ainda é sofrer acidentes ou doenças\I I 111111111I I I 111li11111'n v ida repetidamente. Finalmente, é sentir-se resignado,

" 11111111111"111,di snuimu 10.111111 tllI multo b m explorar, sentir e entender as feridas que carrego

tllllIllII tllI 111111,1':111corto momento, me dei conta de que o foco estava mu-tI,1I1I11I1I1I111I'1I111l01110observei que algumas vezes eu me deixava levar por1111111111I IIIIII~:IIumoci nal. Passei a me interessar muito menos pelas coisasti" 1"1 IIdll 1111mo concentrar em observar como essa criança emocionalti 1111,11111111111din, o meu cotidiano. Notei também que essa é uma mudança11111111111111111l)llHHOf\Scom as quais trabalhamos em nosso treinamento. No11111111111111)1111Ijll se tornam intimamente conectadas com suas feridas inte-1111111,111111:0dos loca-se para o presente. E estar locado no presente significaItlllll 111I111)Il quando identificar-se com sua criança emocional. Isso, por

I1I1 111'"/lllllilkll saber que podemos nos deixar dominar a qualquer mo-11111111111'1111vergonha. pelo medo e pela desconfiança e passar a nos com-11\1111111:1111111limo criança - reativa, respondona, que se entrega a vícios det"tlll t PII,

() '11111r l irui uuste livro é basicamente o material que minha companheiraI 111111111111111usnrnos em nossos worksbops. Há cerca de quinze anos, depois

"" 1'11'I \I' muito tempo buscando diferentes caminhos espirituais, fui à Ín-

" " 11tlll'll( i-nu discípulo de um mestre espiritual iluminado. Continuo sen-tll\ 1111tll:lI: pulo e trilhando o sem caminho de autoconhecimento com a11111111111lutuusirlude e paixão dos primeiros anos. Esse caminho envolve es-1111\1111111111111consciência de vida e presença no momento, numa atmosfera

1111IIIVI ~II I 1:01ibração. Quando fui à Índia, embora vivesse um relaciona-1111111111,IIlillill muito pouco sobre o amor e o significado de estar perto de111,1111111Vlv in ocupado demais comigo mesmo, com meu trabalho e com a111111111tllI qllll "fiz () que devia fazer". Ao longo elos anos, aprendi um pouco111ti '11111\ 11quo é amar.

t 111111li V 1'0, n [lI' "sento um método muito específico de observação e com-1111111111111til 1'000mn como a criança emocional age em nossa viela. Isso pode11\1lIllI tllI 111'111porque nossa criança emocional tem forte domínio sobre os

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1\ verdadeira seiva ela vida está dentro de você.Agora mesmo você ood« voltrir-se l'"!" dentrnE olhar.

Não é preciso cerimônias nem orações.Você só precisa fazer Lima viagem silenciosa dentro do próprio ser.Eu chamo isso de meditação, umo peregrinaçiio silenciosa 00

próprio ser.E, no momento em que encontra o seu centro,Encontra o centro de todo a existência.

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Parte 1Urna visão geral

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o estado lllental da criançaelllocional

Vamos nos dedicar agora à "criança emocional". Imagine um garotinhoentrando na sua casa e perguntando se você pode sair para brincar. Você temcoisas importantes a fazer e não vai perder tempo com ele. O menino come-ça a Jazer birra. Você tenta explicar que poderá brincar amanhã, mas nãohoje. Hoje não dá. Mas amanhã não quer dizer nada para o garoto, que bateo pé no chão e diz: "Não! Quero agora!" E começa a chorar e a espernear.

Existe algo dentro de nós que é exatamente como esse garotinho - umespaço que não sabe o que é amanhã, que não gosta de esperar e não quer serdesapontado, que não pode adiar a gratificação e o prazer porque não acre-dita em depois, que não encontra espaço em si mesmo para sentir dor edesconforto. As pessoas podem se comportar um pouco diferentemente umasdas outras, mas a experiência mais profunda desse espaço é muito seme-lhante para todas. É o que chamamos de "estado mental da criança ferida"ou "espaço interior da criança emocional". Nesse nível de consciência, nãotemos nenhuma habilidado para estar no momento, para estar presentes eassimilar a experiência. Pelo contrário, ficamos amedrontados, desconfia-dos e inseguros. Esse medo nos torna impulsivos, reativos e tensos.

Nesse estado mental, não percebemos que existem outras coisas. Nós nosidentificamos totalmente com a criança emocional e nem imaginamos queela não é o que somos. São as feridas abertas na infância que fazem as pessoas

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11111111011111111111111110,tanta vergonha e desconfiança. Nós desenvolvemos umaIdllllllllllll 11I1111I<lnnessa criança emocional. Nossas qualidades não são a1111~iI 1I111111'1I~1I,nuis nos foram introjetadas por condicionamentos e experiên-i 11111Hdll'IIIHIIIIIUi ' não tivemos nenhum controle ..

:'1111 () 111111nd nuas ou não tomarmos distância de medos, necessidades11I 1111111111'1111111nt os da criança emocional. nossa vida será muito sofrida e ela11111111I III1IHIvol pela maioria dos nossos problemas, principalmente os de

1111111111I111I1I11tO.osturno exibir nos meus seminários um filme de Roman1'111111111l uhnmn 10 Lua de fel. Ele mostra o que acontece quando duas pes-11111 111'1lnclonam num estado mental infantil de total inconsciência. O

11111111111111ll:W:iUde amor. A primeira parte mostra duas pessoas inconscíen-

111,111"1 onndas e convencídas de que encontraram o amor que tanto pro-1 IIIIIVIIIII, medida que a relação se desenvolve, elas vão se tornando1111111111goulos ressentidas. Primeiro uma tortura a outra, depois os papéis11 IIVIII'lllm. final é um pouco exagerado, mas é um exemplo de como o

11111111'111111consciência leva ao sofrimento e à destruição.1':11111l111husexplorações pessoais, ao penetrar nesse estado emocional

Id'IIIIIII, dose bri dois aspectos.xüm, que está evidente, são os comporta-[111111111ti(1110conduzem nossa vida quando estam os tomados pela criança11/l1I1I:lllIllIl..sã eles: reação e controle; expectativas e direitos; concessões;t1I11llllld ncia: (-)pensamento mágico. São as cinco faces com as quais o outro111111111'11quunrlo nos encontra e nos conhece. Por trás desses compcrtamen-1111,I 111n ív l mais profundo, estão os sentimentos produzidos pelo estado11111111111dll criança ferida, São eles: medo e choque; vergonha e insegurança;'1:111111:1/1II vazio; mágoa; desconfiança e raiva.

11111111'1!l10S brevemente desses cinco comportamentos e sentimentos que111I11111IIlltls detalhados nos capítulos subseqüentes. No estado mental infan-111. I'IIII}11\11)10;automaticamente aos acontecimentos da vida. Nossas reações

I 111IIIItlIIIIIIs 1elo medo de que, se não reagirmos, algo ruim vai nos aconte-11111111III 10 m do de jamais conseguir o que queremos. Reagimos a estímulos1111111I1I111t:IIITlOnle,em nenhuma consciência do que está acontecendo e porIjll () ()IIIIHI,:()ele tempo entre o estímulo e a reação é infinitesimal. Reagi-1111111til 11111111iru tão instantânea e tão automática porque achamos ser uma

Unlil. visão geral

O ESTADO MENTAL DA CRI/\NÇA EMOCIONAL

CompoJf.aman{.os [exteriores)i, ,

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1. Reil<:;'Üo e cOlltrolt: 2. Expe~~,tivas c direilos

Senlimenlus

(inlel1ort!s)

3. Conccssôcs

.'1'1. Jvblo C clioque

2. Vc-r.gonba c i:nsegunll1ça

3. Cilxêncín e vazio

4. t>hgoa5. Desconfiança c

raiva4. .DepcllLlêll~i" 5. Pcnsan1cnto 'Inágicú

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questão de vida ou morte. Sempre. Nós reagimos porque nos sentimos amea-çados. Reagimos para satisfazer às nossas necessidades. Reagimos quandonão nos sentimos seguros, amados nem apreciados. Quando duas pessoas seaproximurn 11U ruesuio estudo iueutal infantil. uma vê a outra como alguémque vai satisfazer a suas necessidades ou y ue poderá magoá-Ia de algumamaneira. Em conseqüência, uma tenta controlar a outra compulsivamente,de todas as maneiras. O que se seguirá serão conflitos, expectativas frustra-das, comunicação truncada, jogos de poder e muito sofrimento.

;:/A criança que está dentro de nós também tem expectativas - em relaçãoaos-outros e à vida. Ela espera que suas necessidades sejam satisfeitas e que odesconforto e o medo desapareçam. É natural que uma criança se sinta assimporque, diante de tanta insegurança e abandono, quem não se sentiria? Àsvezes, é tanta decepção que a esperança é sufocada pela resignação. Mas elaainda está presente nas aspirações da criança emocional. Para alguns, o as-pecto da espera no estado mental infantil pode estar bem evidente. Nós lemosdireitos. As pessoas nos devem alguma coisa! Nós exigimos, responsabiliza-mos ou nos sentimos injustiçaclos quando as coisas não saem como queremosou não recebemos atenção. É também natural que, estando com medo e num

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() ,1UIOI· Ilão é UIlI j()~'() de criança lJllm visão g'cral

I 1111111IIIIIIIIIIIIII'II11lil pautado pela vergonha, façamos tantas concessões. AI I 1111111111111111d() 110Sobrigam a fazer concessões porque temos pavor de que

11,1111111I" 111 '1110 I orei! mos a força e a confiança em nós mesmos. Menosiludll I 11111,"11111110qu pensamos e sentimos e muito menos na nossa intui-

I 11 1111 1111111,11() vivemos para nós, mas para os outros.1'11111 1111I Hllldo mental infantil, somos também altamente inclinados à

di 11111111111111,A criança quer alívio e gratificação instantâneos. Quem aindali/li 11111'11I1I1111<ll1d' para observar e ficar distante dos próprios medos e sen-IIIIIIIIIICI 'I !l1'()I" I1S0 a todo tipo de comportamento dependente. Tomados111111111111dllll, (I I I medo, buscamos inconscientemente alguma coisa que1111 11\"ti 11111.1':111geral, são dependências crônicas, não sabemos o que asIllIIllvl1 1111111HOexistem mesmo. Mas, se soubéssemos quanto essa criança11111111IIIIItI vl vn npnvorada dentro de nós, talvez tivéssemos muito mais com-11,,1 'lI 1\111'110,SIIS do pendências - principalmente porque todos as têm.

1'111I 111,IIOSSOestado mental infantil, esperamos encontrar uma pessoa que11111111,",1I11I).\lcnmonte, afastar todo o nosso sofrimento. Queremos nos ver li-

'li tlll 1IIItI 0, tio medo e da dor. Tentamos modificar os amigos e os amantes11111'11111,11'111111S ( que queremos que sejam ou nos voltamos para outra pessoa1111" 1'"1 1111,,11du LtLII::,desla vez, t:ld corres pUUJd às UU:;:;d:; t::.Il[Jecli:1liVi:1:;.Eiu

111Ili111'11'1I' INIISVlIlI10Snos sentir sozinhos quando 110Sdesapontarem. A nossa, 1 11111,11I IIIIICiol1!11não vê as coisas como são porque está sempre idealizando.1,1111'"11,111'IIIIIIIS t.J issoas e a vida sejam de certa maneira para sentir-se !:iegura\I 1IIIIIdl 11111'111111mundo interior. E imagina que tudo seja como ela quer. Põe as11111/1/11I11\111\!l( rlostnl e vive de esperanças e ilusões.

I': I 1:11 1'11;011ho .or os comportamentos da nossa criança emocional. Para11 11111\lI '1lllillllllllos que existem além, nós nos aprofundaromos um pouco11111I 1':/1/111111111I1imnn Ios possuem raizes profundas na mente e são gerados por11 1"111 1I1:IIIlllIlIlll'iol' s das quais muitas vezes nem nos lembramos mais. Alémdi 111,1"" 11111111','( I'id( , o estado infantil não nos permite ser livres nem espontâ-11\I11ti , 1111/11111vnrgnu h.ulos, desvalorizados, inferiorízados, tristes, raivosos e1111/1111111111\\111,NI () s( mo' nulo-suficientes, pelo contrário, sentimo-nos vazios e111111'111111111111111111111Il)(;(ssilados de alguém que nos complete. Buscamos fora o111111111111'111111'11/1'co.upulsivamente.

Normalmente, nós nos identificamos muito com esse estado mental inlan-til, Quando ele ocupa a nossa consciência, o que pode acontecer à mais levefrustração, privação ou perturbação, é como se nós fôssemos aquilo. É difícilimaginar, quando estamos perdidos em reações, enterrados em expectativasou ato lados em insegurança e medo, que é apenas a criança emocional que seapossou de nós. Nesses vinte anos em que estou ao lado de meu mestre espiri-tual, sua mensagem mais importante continua sendo observar. A meditação,ele diz, é o único remédio possível. É o tratamento para tudo o que nos aflige.E para nos fazer ouvir ele é obrigado a arquitetar vários pacotes atraentes paracontinuarmos "comprando" o remédio. A prática ela observação aplica-se atodos os aspectos da viela. Para entendar nossas dificuldades de relaciona-mento, a auto-estima prejudicada e muitos de nossos padrões de comporta-mento, hoje sei que preciso observar a criança emocional em todas as suasmanifestações. Cada um de nós tem dentro de si a capacidade de observar,apreender e compreender, mas é preciso praticar péU"adesenvolvê-Ia. No prin-cípio, vivemos quase totalmente no estado mental infantil, e há pouco ou qua-se nada a observar. Reagimos a estímulos como um robô, sem entender por queestamos nos comportando ou nos sentindo de determinada maneira. O estadoinfantil não tem ti ineuur cuusciêucia ele si uiesino. É uiecâuicu, auiouiáticu ehabitual.Mas, quando começamos a observá-lo e a entendê-lo um pouco mais,

nossa capacidade de compreensão se amplia. E à medida que ela se amplia aconsciência amadurece.

Conhecendo esse estado infantil, aproximar-se dele não é muito di ferentede tratar com uma criança que entra na sala exigindo atenção. Não a reprimi-mos nem pedimos a ela que saia. Isso criaria um problema porque ela iriapara outro lugar e faria a mesma coisa ou se fecharia em si mesma, esconden-do seu entusiasmo e suas qualidades, o que a maioria faz. Nós tentamos en-tender por que isso ocorre e o que existe por trás desse comportamento.Oferecemos amor e atenção à criança emocional. Apenas a observamos, semjulgá-Ia. A criança emocional não desaparece, mas deixa de ser uma força Lãopoderosa que consegue orientar nossos sentimentos e comportam entes semque possamos perceber. Talvez sempre haja uma parte de nós que permaneçamedrosa e reativa, desconfiada e insegura. Mas, à med ida que o observador se

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() ruuor não é urn jogo ele criança Ume visão gera.!

111111111111\1I 1llllllIlllllclllrecermos, iremos nos distanciar dessa parte. Ela deixarádlll 11111111111111'11 I1tJH/lU vi ia. E quando tomar a nossa consciência seremos capa-11 di 111111111\0(;I' que apenas recebemos uma visita em nossa casa, obser-'11111111li, 1'lllpll'lll1d fundo, a deixamos ir. Esses comportamentos -as reações,I 111'111/11IVil/i,11d P ndência e as concessões - são sintomas de sentimentos111111111111111prolund s. Só praticando a convivência com eles em vez de julgá-I IH, 111111111'(IIl(). 1'0 onhecer e coexistir' com os sentimentos de desconfiança,1\1111111,vlI:t,lo () lns gurança que estão na base dos comportamentos.

I 1:III11jll'OonsÃodo estado mental da criança emocional explica muito111111'1111vld 1. N s conseguimos entender por que e como reagimos, por que11111111/11111110modo, por que tanta necessidade de amor e atenção e por que é1 11li 1(1:11Jl irmitir que alguém se aproxime de nós. Conseguimos também1111111111111'por que sentimos tanta vergonha e somos tão desconfiados, por que111,11111111I o lu ornodados, por que temos tantos problemas para expressar a1111 /I 11unlidnde, a nossa criatividade, a nossa capacidade de afirmação.

111111,lodos osses são insights da nossa vida diária.

Exercícios:

1. Explore a criança emocional.As duas principais características desse estado mental são medo ereati vidade.As reações são os comportamentos aparentes e os medos são os senti-mentos que estão por trás deles.a) Comece percebendo a sua reatividade. Note como se manifesta, como

você se sente e o que faz nesse estado reativo.b) Nos momentos em que você se sente e se vê reagir, pergunte a si

mesmo: "Do que sinto medo neste exato momento?"

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:ii,h, I,I:

2. Observe os seus julgamentos no estado mental da criança ferida.a) Note quando você se recrimina por ser impulsivo, medroso, desconfia-

do ou humilhado. O que sente? Tente dizer a si mesmo: "Ah, estoujulgando". j

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Dicas:

nulo nuuido quer ser amado.1\'1/.'11 ri um mau começo.t ktorn: porque a criança, a criancinha, não pode amar, não pode falar,N I() pode fazer nada, não pode dar nada - só pode receber.1\ uxpctiôncia de amor da criancinha é receber.Mil.': os problemas começam quandottulo« são crianças etotlo» tõm necessidade de obter amor,NiIlI'UÓII'I é diferente.11:11/ () [ictim pedindo: "Dê-me amor".1\' /l17(} há ninguém para dar/l1J1'(/"() () outro faz a mesma coisa.

1. Normalmente não sabemos quando entramos no estado mentai da crian-ça emocional. É o grau de consciência de uma criança assustada, insegu-ra e desconfiada, disfarcada de "adulto", buscando compensação para osseus medos de todas as maneiras. É o grau de consciência responsávelpelo afastamento do nosso centro e pela dependência mútua.

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2. O estado mental infantil cria dependência mútua por ser reativo e seapoiar sobre o medo. Alimenta a fantasia de que o outro virá nos salvare nos afastar de toda dor e todo medo. Ele nos faz reagir ao outro. Nãonos dá espaço para ouvir nem apreciar o outro. Além disso, cria ideaisinatingíveis e depois passa a vida tentando fazer com que os outroscorres pondam.

Oslio 3. Com os métodos desenvolvidos aqui, aprenderemos a observar o estadoinfantil medroso, defensivo e reativo. É nesse espaço que poderemos en-_._~-

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() 011\101" nfio é um jogo de criauçu

1111111111' 1111/11111 crlancu emocional e o grau de consciência em que ela vive.I 1111 ,111', 1'111'0 usse perigoso espaço interior, o amor e a compreensão tão111 I11 111'10:1 pUI'fI a cura. Desenvolver essa capacidade de observação tra-11 111111I1'i1l 1(10 ao nosso ser.

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2II

A bolhaI1/'

I',

Quando nos achamos no estado mental infantil, presos em nossa criançaemocional, é como se vivêssemos numa bolha. Dentro da bolha existe umacriança ferida, enredada em suas crenças e expectativas. Lá dentro, não pode-mos ver o mundo como ele é, só através do filtro dessas crenças e expectativas.

III;~,

Por exemplo: urna participante dos nOS30S treinamentos contou que estava pas-sando por uma situação muito difícil e dolorosa com lL.'1lU colega de trabalho.

Ela era a chefe, mas a outra não lhe obedecia. Ao explorar mais profundamente,descobrimos que ela. passara por várias situações na vida em que se sentiraimpotente e desrespeitada, Essa moça havia muito tempo minimizava as pró-prias necessidades e permitia que os outros ultrapassassem os limites. Dentroda bolha, a criança interior não tinha força nem condições de impor suas [ eces-sidades e seus limites. O que via do lado de fora era um mundo ele pessoasfortes, poderosas e mais importantes do que ela. O comportamento automáticoe habitual que exibia nesse espaço era conter sua energia e sentir-se terrível-mente culpada cada vez que tentava se impor de alguma maneira. As reaçõesque provocava nos outros também refletiam a sua condição de quem "vivenuma bolha". Ninguém a respeitava nem escutava o que tinha a diz '1'.

Cada um de nós está na própria bolha, com seu conjunto único J' crcn-ças, expectativas e reações que refletem o estado específico 10 nos 'o criança

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Um~ visão geroJ

11111111!'IIIII nor, por exemplo, autopiedade e insegurança imensas, um cho-11'111I 11111111(do muito grandes ou desconfiança e solidão. Pode ser tudo

1I ":,1111,41J8Iu/l' pode se dar a qualquer momento. Cada um reage à sua11111111111'1I1111OSLHJU de bolha. Para citar outro exemplo, tínhamos um rapaz111111'11/1')!Iuo ficava muito perturbado, desconfiado e agitado toda vez que111111 11Illiu s guro nem aceito no ambiente. Então ele se tornava agressivo111IIIIIKII'ILllo.D ntro de sua bolha havia uma criança emocional que se sen-111I1:l1Il/llllillomenteameaçaria. Ele olhava desse espaço, via um mundo agres-

VII111111ho de ficar continuamente em guarda para se defender a qualquer111I1111!)lllo.Em seus relacionamentos de um modo geral, mas principalmente1.1I111111111companheira, ao menor sinal de invasão ou exigência o espaço eranllv Ido (01 ontrava em sua bolha. Naturalmente, as pessoas também reagiamIl/-lI'11(1111d .rlefendendo-se ou sentindo medo.

I)OLlLL'Q da bolha, seja ela qual for, estamos profundamente identificados1'1)111Il criança nela existente. Se for uma bolha de autopiedade - ou seja, se11I:1'llIllIlImosstar errados, que ninguém gosta de nós, que somos fracassados e111111'11I:1111. astigo -, somos quem pensamos ser. Somos autopiedade, Só verf-IltllWI(1nutopiedade se tivéssemos um espelho na nossa frente. Embora algu-

Outra razão de ter escolhido essa metáfora é porque a bolha pode estou-rar a qualquer momento. Não é preciso usar machado nem dinamite pararompê-Ia. Bastam consciência e risco. Quando a bolha estoura e nos vemosdo lado de fora, custamos a crer que já estivemos lá dentro e em tudo o quefizemos quando éramos conduzidos por essa consciência. Até voltarmospara dentro outra vez. Então temos uma vaga lembrança de como era estardo lado de fora, mas muito vaga. Entender o fenômeno da bolha nos ajuda aver que ela não é o que somos. Começamos a perceber que é o estado mentalque nos prende e do qual em alguns momentos conseguimos nos livrar. Seem alguns momentos estamos livres dessa identidade autopiedosa e des-confiada, isso só pode ser porque ela não é o que somos.

A identidade muda de duas maneiras. Uma é nos arriscar a desafiar averdade de tudo o que acreditamos a nosso respeito quando estamos dentroda bolha. Outra é ter mais compreensão e compaixão da criança que estádentro dela. Quando a imagem que temos de nós dentro da bolha começa a sedesfazer, a transformação ocorre. Aos poucos vamos parando de permitir queo gatilho dispare com tanta facilidade. Não reagimos mais de maneira tãoimpulsiva nem com tanta veemência baseados em nossa identidade na bolhae não obtemos mais as mesmas respostas das outras pessoas nem da vida.

Susan, uma moça com quem trabalhei, achava-se inútil e pouco criativa.Era facilmente provoca da pela mais leve crítica. Tinha um comportamentodefensivo e auto-sabotador. As pessoas e a vida reagiam com rejeições cons-tantes Ljue só faziam reforçar suas crenças. Era urna dolorosa e viciosa espi-ral. Ao conhecer melhor a autopíedade da criança interior, como discutiremos

adiante, ela ampliou sua compreensão e compaixão em relação aos motivospelos quais sua criança acreditava em tudo () que fazia e entrava na bolhacom tanta facilidade. Correndo pequenos riscos para explorar e expressarseus dons criativos, aos poucos ela viu que não era tão impotente nem inútile pouco criativa quanto imaginava. Devagar, a identificação com a bolha foidesaparecendo. Assim os padrões de uma vida inteira pararam de se repetirporque ela não estava mais identificada com a habitante ela bolha.

Por fim, há ainda outra razão para descrever o fenômeno como Lima bo-lha. Se imaginarmos que nossa consciência é um círculo, poderemos dizer

i.I

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1·i

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Illlltl nlllluçõCS cotimulcm cem mais força c "estado de bolha" - rejeição ou

I:,.(I!(:IIInflam a bolha da autopísdade -, a maioria de nós vive dentro de bolhas

li IOl1lflOl rio. E naquilo que for mais importante para nós - desconfiança,uulupl 'dado, abandono, sufocamento e choque. Raramente a bolha estoura e111H utmos dela - então outro gatilho dispara e voltamos para dentro. Grandep/ll'll du nOSSA vida passamos dentro da bolha.

":st:ülhi a bolha como metáfora por várias razões. Uma delas é o fato de11111'como uruu prisão, sem portas nem janelas. Dentro da bolha, o qLle acredi-IIIIIIOH,sentimos. ouvimos e vemos parece ser totalmente verdadeiro. Não1'IIrllllllOHver nem ouvir nada realmente. Mesmo que haja alguém do lado deI'!II'IIIIOSli inhando de amor, dizendo que tudo em que acreditamos e vemos1ir 11111111nos assegurando que somos amados, que o mundo é um lugar seguroIi 11'Illqililo o que somos uma pessoa criativa e maravilhosa, não podemosIIIIVI111IIOJ11leva-Io para dentro ele nós. Estarnos isolados dentro da nossa111111111,()IIIII<I'IO['coisa que venha de fora pode ser vista como invasão.

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,,111 IIVII,," nti ndo-se privado de seu amor, ele entrava numa bolha de priva-I 111111 uhnndono. Nesse espaço reagia com raiva, implorava e exigia de ma-11111"1I 1I!lIOl11 lica e inconsciente. E a resposta que recebia nessa bolha eraIIIIIJIII I 111sma: a rejeição. Quando perguntamos como se sentia dentro

,11\111, !llllH( [u se sentia desamparado, sozinho e desesperado por amor e, se11 () II~( /lI! alguma coisa, jamais teria o que precisava.

1111 11d omeçamos a nos conscíentizar de que Vivemos em bolhas, é bomIm',1I' umn checagern da realidade. Em nosso trabalho chamamos isso de "sair11111 1>1111(;11 ele ar". Se algo nos jogou numa grande bolha de autopiedade ou11111:01 finnça, ajuda conversar com um amigo. Ele pode nos mostrar se o queVI 1111) , sentimos e pensamos é a verdade ou se está mascarado por nossas11 JlOl'I nelas elo passado. É claro que às vezes estamos tão mergulhados emIII)/Jljll b lha que somos incapazes de buscar qualquer coisa. Nesse caso, não1\1 nnrlu U fazer senão nos dar tempo. O parceiro pode não ser a melhor pessoa11111'11 fuz r a checagem da realidade, ainda mais se foi ele o gatilho que dispa-1'011 () transe. Mas, se houver confiança, será uma excelente maneira denprufunriar o amor e fortalecer o elo entre duas pessoas.

flOl.llil

CUJ'll'purlanu .mtos (exfu,.iurcs)

I. O 'lu" dispara a

1",l1.,.?2. Como rrxrgimos dentro

J..,b"lI,a?3. COIll0 nos l,.'Cmos

,lenl:m J.., bolha?4. O que pensamos ,6 vida,

t10s OUlTOS, de nós mesmos?

5. C0IT10 é estar dcntro elabol1,,,?

/

6. '("lU) os outros respondem

'1,"11"1,, oatnrnos dcnb"O da boll,,,?

É um grande passo abandonar as ve-lhas maneiras de ser e abraçar o novo, ()desconhecido, o não familiar. Nossa crian- I. l~colll.e""comoé " boUia.ça ferida sempre viveu dentro de bolhas e 2. I~COlll.c'i"o tlisparmlo.·.tal vez nunca abandone os pensameutos e 3. I~eeolll.eo;aoS pcnsruucutos 'ILle

íW01'11p<Ull lil 11I o transe.comportamentos por elas induzidos. É J4. l~cOl wc;a l(llCll1 você é ([llil,u.lo

mais fácil ser o que sempre fomos - nin- estri ,I,,"lro,Icla.guérn me ama. ninguém me entende, não 5. Veja'luc imagemtcru ,[osoutros

c Jc si llICSIIH) qUóllldo cslri dcntn>tenho nenhum valor, o mundo é um lugar ,leia.perigoso, tenho que cuidar de mim ou 6. Vejacorno os outros rcspontle,""mais ninguém o fará. Mas, se o observa- você 'Iuantloes{iÍ,b.rro dela.dor se fortalece, pOdelTIOS ver essas bo- ---.------.-.-----.--------.---.--. "_..

lhas como são e notar que elas vão e vêm. Podemos também entrar nelas eassim alcançar a consciência do que está acontecendo, o que por si só nostirará de lá.

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Exercícios:

1. Identifiquemos nossas bolhas.

Escolha uma situação que o deixou perturbado, sentido ou frustrado. Per-cebe que entrou num estado conhecido? Vamos charná-Io de bolha. Va-mos identificar as características desse estado:a) O que o provoca? Os rlis[lilrFlrlnrp.s si'ín rf\l11itlC!l"e~e repetitivos?b) Descreva esse estado.

c) O que pensa e sente em relação aos outros quando fica nesse estado?d) Como reage nesse estado'? A reação se repete?

e) O que considera verdade sobre os outros e sobre si mesmo nesse esta-do - como você se vê e vê os outros?

f) Compara-se às outras vezes em que entrou em transe?

2. Em geral, você só percebe que está na bolha quando sai dela. Conseguenotar a diferença entre o que sente, faz e pensa dentro e fora dela? Dentroda bolha, você é tomado, possuído, por um estado mental infantil. Maisadiante, será mais fácil observar.

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() <11110'· 11.10 é 11111 jogo (lc L'l'i<1l\'icl

11,111 ,

II '1I11l/'! u bolha como metáfora para descrever os estados em que nossa1 '111 \t1l:1 nci a é tornada pela criança emocional. Esses estados mostram-se

IIlIltH'O presentes e são disparados por nossas feridas. Uma vez dentro daho 1li I, Iicumos como que possuídos por nossa criança emocional. ão

\lI 1I11lH as .oisus como realmente são. Nossa percepção, nossos pensa-uuuuns o nossas reações são cÜstorcidos pela autopiedade, pela doscon-

1'IIIIIÇl\ e pelos medos da criança ferida.", )\11111<10 estamos numa bolha, sempre nos identificamos com os pensa-

uu nl s. sentimentos e comportamentos dessa bolha específica. Nessemomento. não conseguimos ver nem viver nenhuma outra realidade. ÀIII rlida que formos trabalhando esses estados, tomando consciência decom são e eles tornarem conscientes, começaremos a nos distanciar

rlules. Então poderemos ver que não são nem o que somos nem o que a

vida 6. Será mais fácil e mais rápido acordar.

3o espelho

i.

I11

QuandO estamos na bolha, a vida nos responde das maneiras mais pre-visíveis. Diferentes bolhas têm diferentes respostas. A vida e as pessoasrefletem o nosso "estado de bolha". Podemos imaginar esse processo comoum radiulrausurissur enviando mensagens. Quando estam os dentro da bo-lha, fortemente identificados com a criança que lá vive, enviamos uma men-sagem que é exclusiva dessa bolhu. Em seguida recebemos de volta umamensagem previsfvel. É como olhar-se llLim espelho. Quando formos capa-zes de ver eSS8 reflexo e entender as mensagens que enviamos, começare-mos a jornada além dos limites da nossa criança emocional.

Há pouco tempo Amana e eu demos um workshop nos arredores de Zuri-que. Wilhelm, um dos participantes, chegou mais cedo e estacionou na vagade um dos residentes da casa em que se daria o seminário. Quando chega-mos, vimos Wilhelm e um residente envolvidos em inflamada discussão so-bre quem podia ou não estacionar naquele lugar. Quando começamos ostrabalhos, na minha explanação inicial, Wilhelm ergueu a mão e me surpre-endeu com um ataque veemente ao que eu estava dizendo. Mais tarde, eleconseguiu dizer que sua namorada o abandonara sem lhe dizer por quê. Dis-se também estar muito chocado com o fato de que outro participante do

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() autor não é um jogo "te criança

workshop se recusara a fazer o exercício com ele. Wilhelm não se clava conta

de qUHo espelho refletia o que ele próprio projetava.1\ maioria das pessoas não é tão provocadora quanto Wi lhelm nem tão

incapaz de olhar para si mesma, mas temos os nossos pontos cegos. Emgeral, é muito difícil saber corno os nossos comportamentos e as nossas cren-ças estão afetando os outros ou como nos devolvem as reações que provoca-mos neles. Tendemos a considerar as nossas experiências como acidentaisou como um problema da outra pessoa. Minha mãe costumava dizer que avida é apenas uma questão de sorte ou de azar. Quando eu dizia que não, quenão era uma questão de sorte mas de método, ela não concordava. Na verda-de, quando começamos a reco n hecer as nossas bolhas, fica evidente o motivo

pelo qual as coisas nos acontecem.Por muito tempo eu me ralacionei com mulheres que, na maioria das

vezes, eram mais minhas filhas do que amantes. Elas se tornavam depen-dentes, regressivas, carentes, e eu corria para ajudá-Ias porque era "carinho-so e compreensivo". Mas ficava ressentido: o carinho e a compreensãodesapareciam, e eu só queria me ver "livre" para fazer o que quisesse. Eu mequeixava com os amigos ela dependência elelas e não sabia por que repetia

, _ . . • 1 lI.T .•...._ .'. __ 1.:.,... _ •.• __ .-~~ .... 1-~ .•..• 1..••...·r,,~•.,",.•...........,..,...,..,',.....esse paurau lUllLativezeti tieguIUtlOi.l~i:1U pUUIC1 ""1 U yUv L1UU<.L~"HV }'CUU '1.~v

isso acontecesse apenas porque achava que a culpa era ela outra pessoa, quenão conseguia caminhar com os próprios pés. Eu não via isso ela bolha, nãoestava aberto, mas escondia-me atrás do papel de marido como se fosse umasutil e enganadora defesa. Nossos padrões de relacionamento são excelen-tes espelhos e refletem nossa "bolha" como nada mais é capaz de fazê-lo.

Maria era uma italiana de cerca de 40 anos. Ela não entendia por que aspessoas se afastavam dela e lhe diziam não ser uma pessoa agradável. Suacriança emocional vi via triste. A vibração dessa criança era: "Quero quevocê me salve, me tire dessa minha tristeza". Mas ela não podia ver isso, ecada rejeição deixava-a ainda mais triste e solitária. Katherine, uma alemãque participava elo grupo, reclamava que o marido nunca estava disponívelpara ela. Mas ele se afastava pela vibração de exigência criada. Hoje elareconhece que fazia tantas exigências para preencher seu vazio interior. Dealguma maneira misteriosa, a existência parece não tolerar estratégias in-

Untõl visão g'cl"ol.l

conscientes e nos criará privações e decepções infinitas até que possamosnos desfazer delas.

Rebecca é uma velha amiga. Desde que a conheço ouço-a dizer que oshomens nunca se interessam por ela. Em seus relacionamentos, sente Ial tade amor e atenção e acaba rejeitada. Cada rejeição parece ser a primeiramesmo que repita um padrão. Ela emite uma mensagem sutil de "por favor.salve-me" que faz as pessoas se afastarem. É um comportamento automáticoque tem raízes profundas. Muitas vezes, afastamos as pessoas com compor-tamentos que as fazem parar de confiar em nós. Então passamos mensagenscomo "não sou digno ele amor e preciso da sua aprovação e atenção para mesentir melhor". Houve um período de minha vida em que era repetidamen-te rejeitado pelas mulheres. Não entendia por que e sentia muita pena demim mesmo. Eu não me dava conta, na época, de que aquilo só aconteciaporque ainda não havia explorado minhas feridas de humilhação e abando-no. Eu me aproximava das mulheres como um mendigo, com a energia delUll garotinho que busca aprovação e amor incondicionais da própria mãe.

Per é um norueguês magro como um knekkebród (pão norueguês). Numworkshop de que participou, assim que terminavam as sessões ele vestia rou-pas esportivas e ia correr pelos arredores. Era um homem de mais de 50 anossem um pingo de gordura. Per era um autêntico solitário. Já fora casado, maspassava tanto tempo no trabalho ou em qualquer outra atividade que suas mu-lheres acabavam por deixá-Ia. Ele saía com outras mulheres, mas nunca seenvolvia. Cheguei a perguntar se alguma vez havia se apaixonado e a respostafoi: "Bom, nem tanto". Per só vê no espelho alguém que quer invadi-lo e tirar sualiberdade. Ele não confia, mas também não vê que seu isolamento está ligado àsensação muito mais profunda de temer ser invadido e violado. E também nãose faz as perguntas certas.

Todos esses exemplos nos mostram que o problema está no fato de que aspessoas vivem na própria bolha sem perceber. A existência se esforça persis-

tentemente para nos mostrar o que precisamos ver. Segura um espelho nanossa frente até conseguirmos ver o que ela quer nos mostrar. Em geral,nossa resposta em situações como essa é ficar com raiva, sentindo-nos víti-mas tratadas injustamente. Mas isso só nos traz amargura e resignação. Com

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() <111101' 1150 é 1Il11 jogo cJe urinnça

111 /lllIdo c\ espírito. não estarnos abertos para ver o que é preciso em nós11111/1111)11110111 sentir o que devemos sentir. Em geral. não percebemos as rnen-/1111111/11/1111 unviarnos porque não há ninguém para observar. Vivemos ti nossaI I 11111.,:11 I urocional e agimos inconscientemente nesse espaço. Corno o reter-

1111 qllllHl nun a é aquilo que queremos ou esperamos, ficamos aborrecidos e111I1:llpl:lollU 105. Não podemos perceber que o retorno é sempre o mesmo por-11111 11 monsngem também é sempre a mesma. Esses reflexos não são momen-

111 O/l. SI o padrões.(:hl'i,'lina e Alberto tinham um relacionamento de quatro anos. Rompe-

1'11111 I S 1'0 oncíliaram alguns meses depois. Ela é urna bela moça de 34 anosIjll(l usuv» ti beleza e a sexualidade como armas para conseguir o que queriadI)! horn ns. Alberto não caiu na armadilha. Ele sabia que a única maneira de11<111I' com os ataques periódicos dessa sexualidade era desligar-se. Cada vezquu I'lIzin isso, Christina dizia que ele não a amava e saía em busca de outroshomens, Mas logo se cansava e voltava para ele. Em dado momento, Albertodi citliu dar um basta nesse relacionamento, na verdade nos relacionamentosIJlll gorul, e voltou para o seu já conhecido estado zen de isolamento. TantoAlburt quanto Christina estavam enviando a mesma mensagem: "Não confio1111 voe", e você não vai se aproveitar de mim". I essa bolha de desconfiança,() rolncionamento é dominado por estratégias de controle e manipulação. Eles1I1:1I1);11'(\rncaindo no comportamento automático de defender-se um do outro.

I·'oi m ui to eficaz para detectar esse padrão fazer algumas perguntas:

o) Que reflexo as pessoas e a vida estão me devolvendo'?I,) Que vibrações estou enviando que provocam esse reflexo?c) Que ferida há por trás das vibrações?

13n ·ta perguntar sinceramente para que algo mágico seja posto em movi-111l11l0. É como se pedíssemos ajuda à existência para entender mais profun-.Inmonto a nós mesmos. Quando começamos a fazer essas perguntas, talvezIlllll tenhamos as respostas de imediato. Mas basta começar a perguntar e nos11 )f'j r para receber as respostas. Então teremos dado o primeiro passo paTa sairdo comportamento automático. O reflexo e as vibrações que provocam o com-jllll'l 11 l110n to são exclusivos de cada um. No grau de consciência ela criança

emocional, baseado no medo e na desconfiança, é difícil ser recepti vo para avida. Nesse estágio, ficamos reciclando sem parar os mesmos padrões de so-frimento. Mas, quando soubermos melhor corno pensa a nossa criança emo-cional, como se sente e se comporta, aos poucos o nosso ponto de vista mudará.Começaremos a receber o que vem como uma oportunidade de conhecer maisa nós mesmos. É só voltar-se para esse espaço receptivo e dispor-se a olhardentro dele para provocar uma mudança radical.

Osho

_ .. ~

Você não vê o mundo como ele é, mas comoSua mente o faz ver.

Se você não puser a mente de ladoE passar a ver o mundo de outra maneira,Diretamente de sua consciência,Nunca poderá conhecer a verdade.

EXel"ciclOS:

1. Olhe suas perturbações.

a] Note uma situação que o perturba.

b) Há alguma semelhança com situações anteriores'!c) Você consegue detectar um padrão nessa situação'!

2. Veja o reflexo.

Que mensagens a existência lhe passa com essas situações'!

3. Você é capaz de detectar o que a sua criança emocional projeta para criaresse reflexo'!

4. Que ferida esse padrão está expondo'!

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O ,UlIOI' 1150 é UIlI jogo (1<: Crl"lll'S~\

I, 11111 plI. so importante para transcender a criança emocional é perceberl:illllO li vida e as pessoas nos enviam mensagens sobre nós mesmos. É ouiustuo que se olhar no espelho. esse grau de consciência enviamos111\ Ilsngolls inconscientes que produzem resultados previsíveis. Normal-uumln, vemos nossas decepções e frustrações como se alguém ou algoI'I'I.(J s \ alguma coisa contra nós. Mas, quando passamos a olhar de outrapll!'. ri tiva, com uma atitude investigativa, curiosa e receptiva, nós nosuhriruos para aprender com aquilo que a vida reflete sobre nós.

~. !':SSllS reflexos são as nossas feridas mal curadas. Quando observamosIlSS s reflexos no espelho, penetramos mais profundamente na ferida.

:1. uun lo conhecemos mais nossas feridas e as crenças e os comportamen-!os poderosos ligados a elas, entendemos por que nossa vida é da maneira([LI ' 6. É só olhar no espelho para nos dispormos a uma profunda transfor-III IÇ'iO. Começamos a ter um retorno diferente. Tomamo-nos mais recep-Iivo . aos ensinamentos da existência e nos abrimos para que o outro se

uproxime,

A criança elllocional ern ação

1 :

I!

Parte 2 liI •I

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4Reações e controle

Nos próximos cinco capítulos, explorarei o que poderíamos chamar de"comportamentos da bolha". São os principais padrões de comportamentoque adotamos inconsciente e compulsivamente quando entramos no estadomental ela criança emocional. Os primeiros são a presteza em reagir, oureatividade, 8 o COIlLl'ule. Uuia criança reage naturalmente porque não temespaço para guardar a dOI' l~ o medo. ão tem espaço para adiar a gratifica-ção nem tolerar a frustração. Tudo isso nos torna reativos. Nesse estado in-fantil, quando alguma c o isa de fora nos ameaça, i mediatamente nosmobilizamos para nos defender ou nos proteger. Se desconfiamos de que nãoconseguiremos aquilo de que necessitamos, reagimos. Agimos primeiro epensamos ou sentimos depois. Vamos do estímulo à resposta em tempo re-corde. E entre o disparo do gatilho e a reação existe o mundo inexplorado danossa criança interior, ameaçada, abandonada e traumatizada, Quando nos-sa energia é consurriida por reações automáticas (-)habituais, não podemos"estar" naquilo que a dirige - não enxergamos o que existe por trás dasreações.

Quanto à nossa criança emocional, tem uma necessidade incontrolávelde agir porque acha que sua vida depende disso. Nossas experiências dopassado nos ensinaram que a vida depende das estratégias que consegui-

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() amor não é UIlI jogo tle criança

11111I 1'\11'pnru sutisfuzer a nossas necessidades. Nesse grau de inconsciên-I 11\,1111111111'11\i :0 preocupação é conseguir segurança ou amor da maneira que11li 1111 \ v!ll- o mais rápido possível. Na maior parte das vezes reagimos sem1111I I1I!lIli)!' noção do que provocou a reação. O gatilho pode ter sido dispara-do jlOI'uma situação trivial e tola, mas nunca é assim para a criança, Pode-

1111111111111111julgar nossas reações e nos sentir muito mal pelo que fizemos ouIIIrIIIIIIIOH,Li também podemos coritrolar as nossas reações. Mas nem julgar eI 1\111'HIleu] pado nem tentar controlar a irnpulsi vidade - nada disso tem

I 1'111!lsobro a reatividade de uma criança ferida. É importante reconhecer a

1'01'1,:11o () poder da nossa reatividade.1':111goral, só sabemos o que disparou o gatilho muito tempo depois de

1'1I!li1',SOl' atacados, rovidar, e assim por diante. Em dado momento, pode-I\lOHjJIlI'Ul',olhar e perguntar: "Eu acho que estava reagindo, mas o que mejll'OVOCI)U'?"Alguma coisa fez a nossa criança emocional disparar, mas como11 \I ostnrnos acostumados a questionar as nossas feridas passamos do dispa-1'(\I runçã quase inconscientemente. Cerca de um ano atrás, Amana e eu11\1I nvolvemos numa experiência com outros amigos que moravam conosco1111cOlllunidade de crescimento, Passamos duas semanas investigando as

" ., _~_1~_~_': __ 1..~

I\(HlliIlSreações. Toda vez que reagíamos anotavam os lUU(J uuiu CC1LttalH1111V

1I111luuzíumos conosco. Observávamos o que disparava a reação e qual eraI 11:-111rnnção. Com isso, abrimos um belo buraco no nosso comportamento au-100llllico, E, em nível mais profundo, em nossas feridas individuais também.

:iL a lguns exemplos da minha exploração pessoal. Sentir-me julgado ou

111(:OIIlj1l'Oendidoera, sem dúvida, o disparador mais poderoso. Eram situa-VlillSque atingiam altos registros em minha pressão barornétrica. Mas tam-1\1I11[icuva perturbado se outra pessoa recebesse mais atenção do que eu ou:111nlguérn se comportasse de maneira infantil mesmo que eu não tivesseI111<1li u V(~I'com esse comportamento. Irritavam-me também coisas que envol-VIi:IS()1Ilquestões práticas, como impostos, seguros e até planos de viagem.1':111)1'11íucílmente provocado por qualquer inconveniente ou se me fizessemI sporur. ão gostava de atrasar-me para um compromisso nem se algo trivial1I1:01Iiucosse,como um balconista demorar-se mais tempo com outro cliente.

1111:0111potência e ineficiência eram outros clisparadores óbvios, Nos anos que

i\ l,.,"l"t<1l1~:a CHHH":iOllill 0111 ilyIio

passei na Índia, tive muitas oportunidades de observá-Ias em ação porqueera sempre smpresa que algo desse certo e, quando dava, nunca se sabia pOl'quanto tempo. Eu ficava inquieto em situações sobre as quais não tinha con-trole, como viajar no banco do passageiro ou se alguém tentasse dirigir-me.Odiava qualquer aparelho mecânico que não funcionasse porque sou incapazde consertar alguma coisa, Havia, ainda, um mundo de competições e com-parações - que me tornava defensivo ou agressivo para me auto-afirmar diantedas pessoas.

Num dia qualquer, se prestarmos atenção, identificaremos muitos gati-lhos que disparam as nossas reações. A lista é longa, mas alguns parecemser mais freqüentes. Tendemos a reagir a qualquer coisa que desafie a nossacriança emocional - a raiva, o julgamento, a crítica, o ataque - ou à ameaçade perder alguém ou algo, como dinheiro e bens materiais. Reagimos quan-do nos sentimos incompreendidos ou acusados injustamente. Somos provo-cados quando tentam nos controlar ou nos invadir ou se aproveitar de nós-mesmo que esse comportamento insensível não nos seja dirigido especifica-mente, O gatilho dispara quando somos incomodados, ofendidos, ignoradosou nos sentimos rejeitados ou quando esperam algo de nós, Com freqüênciasomos provocados por quem não corresponde às nossas expectativas ou age

I. t\11lC.:«~<lS - ser atncado, invi"lllillo/ illtcrrofnpi.d.o, cri Lica(lo,

julgodo.M5g0ilS - SCII{j1"~SC c..lcsvaIOrl'l.;:'Illo, dcseollsiclcr<J:lln ou rcjoi-

1:.,,10.r~xpcdalivlls - ser sensível ils nCl;'C$Sill.:ulcs c expectativas do

outro.

2.

:11

:11,

",11

J::il~11 ,

~I'I,li·!ll',11 ••

Uililli

3.

4. Projcçócs - ver 110 ouLt"u algu-nl.:lllLli1Jiclil,lc qut: ufio é aceita

em si mesmo.

COl1111;:'lrayõcs - L'on1IKll'ar-SC (lcsf.'V()tL\vcl'llcntc com outra5.

h.7.

Page 23: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

() m uo r não é 1.1f11 jogo de criüll<;a

dI! 1111111111\ maneira que, inconscientemente, lembra um aspecto nosso que

11\11 dllll\l1'llda. Tarnpouco gostamos de ser comparados com alguém que não

111'11 1.11\ l1\OS.IJIIII1 V07. disparado o gatilho, reagimos das maneiras mais diversas. A

1i 111,: () vni depender muito da nossa natureza emocional, algo que talvez jáIlIldlll\l\scido conosco. Alguns são extrovertidos e apaixonados, outros, mais1IIIlIdos o recatados. Quando me' sinto mal, em geral me recolho. Às vezes1"11111\ que nada me perturbou. Outras nem mesmo sei se algo me perturbou.( :1 l1\sid iro brilhante a classificação de Karen Horney das reações das pessoas.,'II'IIl1. 10 ela, reagimos contra o outro, para o outro ou afastando-nos do outro.1\, r llH,:õescontra o outro são: culpar, agredir, exigir, rebelar-se, criticar ou1\11 nr, reclamar, irritar-se ou odiar e vi.ngar-se. As reações para o outro (para1\11111, corno reagem as pessoas gentis) incluem: agradar, harmonizar e doar.I'; IIS mações que afastam o outro são: recolher-se em si mesmo, ficar depri-inido o prostrado, desistir facilmente, ficar emburrado e remoer. Por expe-rl nciu, sei que todos reagem de maneira própria misturando as três categorias.1\1610 disso, sempre reagimos diferentemente com cada pessoa. PodemosI\I)Safastar ou avançar contra alguém que tememos ou nos voltar contra quem

\I( s faz sentir mais poderosos.

1. Rea<;õcs corrtra - exigir, culpar, atacar, l'cbclar-sc, vingar-

se, ficar trrjUlClo c lmpacicntc, criticar ou jlll~c1r C J"(;clat11~:r.

2. 1~cLlç6es para _lmm1on:i'l,ar, (tO~lI:1agmdilL".

3. Rcaç6cs (lc alnst •...arnenbo - recuar, fic.u cll,burrmhl c remoer,

·fic~rr (leprituiJof resignar-se c (lcsisli.r.

---------------_._-_._-------_.

Nossas reações dependem também do ambiente emocional da infância e

dlls reações que vimos em nossos pais, principalmente no genitor do mesmoHOXO. Quando eu era criança, na minha família quase não havia demonstra-(,:I\OS Je emoção. Nunca vi meu pai chorar e poucas vezes o vi com raiva.I,ysn Iicou gravado em mim, e foi um choque presenciar o pai de um amigo

expressar mais efusivarnente seus sentimentos. Meu estilo emocional é bemmais parecido com ° de meu pai - basicamente retraído, melancólico e des-confiado. Por muito tempo lutei contra isso até finalmente aceitar que mi-nha criança emocional é assim. É um alívio aceitar nosso estilo reativo, sejaele qual for.

E, por fim, nossas reações são profundamente influenciadas pelos con-dicionamentos culturais. Conduzimos workshops em muitos países e jáestamos acostumados à diferença de temperamento entre escandinavos, ale-mães, suíços, italianos, americanos e franco-canadenses.

O controle é, na verdade, outro tipo de reação da nossa criança emocio-nal mesmo que às vezes pareça maduro e sofisticado. A maioria das pessoastem mania de controlar de uma maneira ou de outra. É perigoso que nossacriança pense não ter controle sobre as coisas. Nossas estratégias de.centro-le são criativas e sutis. Nós manipulamos, oprimimos, ameaçamos, seduzi-mos, convencemos, enganamos, culpamos, aconselhamos, salvamos - umaabundância de métodos altamente inconscientes para nos sentir seguros,cultivados desde a mais tenra infância. Isso pode ser ainda mais radical.Podemos nos viciar em poder e dinheiro. Nossa vida e nosso comportamentopodem ser tão eshulurudos L[ue toda a e::;pontaneidade é banida da nossavida. E tudo isso nada mais é que nossa criança emocional, sempre tão inse-gura e com medo de se soltar. Observamos esse comportamento controladorem muitos aspectos ela vida - nos relacionamentos, na relação com o dinhei-ro, no trabalho, em torno da comida, no amor e até na direção de um carro.

Eu tinha duas tias que moravam em Nova York, e de vez em quandoviajávamos da Europa, onde morávamos, para visitá-Ias. Na casa de umadelas nunca me senti à vontade porque tudo era tão certinho e obsessiva-mente limpo que eu temia cometer algum erro (o que invariavelmente acon-tecia). Na casa da outra, apesar de estar num bairro muito mais pobre dacidade, eu me sentia à vontade assim que punha os pés lá dentro. Hoje sei

que minhas duas tias relacionavam-se com os medos da criança emocionalde maneiras totalmente diferentes. A primeira não conseguia enfrentá-los eadotou um estilo controlador para impedir a si mesma de sentir medo. Asegunda estava em contato, intuitiva e conscientemente, com sua criança

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() 'UHOI" nâo é 1II11 jogo (1e l.:rii.1ny'"

11I1111I11'llllllldn.Embora só muito mais tarde eu tenha feito um trabalho consci-111111l:tllll minha criança ferida, posso dizer que minha tia já possuía essa11111d IlI'i11.Ela tornou-se uma espécie de mentora para mim. Quando entrei

111111I1:llIdIdo, meus pais estavam morando em Israel, e era a ela que eu1'110111'1'111qunud 'precisava. Embora tenha sofrido muito (ou talvez por isso

1111111110),li emanava uma rara confiança na vida.l'ot!.L11 . aplicar o mesmo raciocínio das reações às nossas estratégias de

1,I)lllrol . 1\.s reações têm cinestesia própria (o corpo interior). O controle tam-1111111.uando Arnana está conduzindo o grupo, noto que vou automaticamente11111'111111\spaço de controle e começo a tecer comentários sobre o desempenhodi 111.Mesmo que não diga nada, estou pensando. Posso sentir minha criança

1/1/lllslndnnesse comportamento e também sinto o meu controle quando estou111:ol1so1hélndo(o que faço com freqüência) ou quando estou julgando (o que jáII~.111110ou duas vezes). Sinto também e reconheço o controle que existe na

Ilo(;o:isidade de manter-me ocupado e atarefado.uando fui capaz de entender de onde vinha esse comportamento com

mul r profundidade, foi muito mais fácil aceitá-lo. Eu julguei a minharnulivi lade e o meu controle. Hoje sei que é um esforço primitivo tentarconlrolaJ e dominar o ambiente para nao me assustar, uãu H1t:! ferir nem serlnvarl ido. Quando éramos atemorizados na infância, na escola ou em casa,1110podíamos reagir da maneira apro[lrioda. Como resultado, perdemos aoonfíanca na nossa capacidade de controlar o ambienLe. As reações e asnstrutégias de controle são formas ele nossa criança ferida dominar o que

1111nr.a controlou. Infelizmente, esse comportamento não cumpre o que de-v ria cumprir. Não nos torna mais centrados nem mais confiantes. Não fica-IllOSmais centrados nem mais confiantes quando o comportamento vem doosrado mental da criança emocional. Não podemos obter o domínio quehuscarnos porque nesse grau de inconsciência estamos assentados sobre omudo. Para alcançar o domínio e o centro que buscamos, temos de respon-dor ao nosso ambiente de outro ponto da consciência - do estado da clareza

l Ia meditação.

Exercícios:

1. Olhe para os diferentes aspectos da sua vida - dinheiro e sobrevivência,relacionamentos, trabalho, vida sexual e a.limentação - e observe comovocê controla os outros e a si mesmo em cada um deles. Observe quetipos de medo estão por trás dessas estratégias.

2. Preste atenção toda vez que alguma coisa perturbar você durante o dia.Pergunte-se: o que me perturbou? O que alguém disse ou não disse, fezou não fez que provocou esse distúrbio? Se não foi uma pessoa que oprovocou, pergunte-se: qual foi a situação ou o que especificamente numa

situação provocou o distúrbio?

3. Agora observe como você reage ao distúrbio. O que fez ou não fez? Comotentou mudar a situação ou a pessoa? Como tentou mudar a si mesmo?

4. Note a resposta que a sua reação provocou na outra pessoa. Foi de raiva,indiferença, beligerância, choque ou prazer'! E como a resposta afetouvocê? Recebeu o que queria do outra pessoa?

5. Por fim, pense nas feridas que existem por trás das reações. De que ma-neira elas o fazem sentir-se rejeitado, humilhado, assustado, sufocado,

desconfiado ou controlado?

6. Note se esse mecanismo dísparador/reação é novo ou familiar 8 se vocêjá não o teria repetido no passado. Tente rastreá-lo até a infância.

Dicas:

1. Nossas reações e nossos controles são tentativas da criança interior dedominar um pouco mais o ambiente. Depois talvez nos julguemos por ser

tão infantis e impulsivos.

2. Como a reati vidade e o controle estão na consciência da criança ferida,não alcançam o resultado desejado. Em vez de dominar, nossas reaçõesprovocam contra-reações que geram isolamento e baixa auto-estima.

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() amor nfio é uni joti0 llc l!,·iulls;a

1':1111'\ n disparo e a reação estão as feridas ela nossa criança. Se pud~sse-, s ligar ao fato que as dispa-

11111/ pmcobor as reações quando ocorrem e nof d. feridas que existem na base

11111, pnssurhmos a explorar as pro un as. . nsíveis ao disparo e à rea-

1II 11/11 ~ comportamentos. Se nos tornarmos se . .I; 1), IH) leremos retardá-Ias e entrar em contato com a fenda.

!t. - ..,\

5Expectativas e direitos

osegundo estilo comportamental de nossa criança emocional são as ex-pectativas. Todos nós temos expectativas e na maior parte do tempo acredi-tamos ser bastante razoáveis. Descobri que esse é um padrão decomportamento muito difícil de trazer à consciência. Prendemo-nos às nos-sas expeclati vas como mulas teimosas porque do outro lado esta a soiídao . .fum despertar doloroso abandonar as expectativas. Significa despertar emum mundo que não é como a nossa criança emocional gostaria que fosse.Sempre encobri minhas expectativas com a negação. Mas, quando come-cei a enxergá-Ias, foi um susto ver que minha vida era toda pontilhada deexpectativas. Tenho expectativas de como ser tratado pelas pessoas, dequanto e de que maneira elas me amam, de que a minha criatividado sejaapreciada e até da disponibilidade das pessoas de me dar o q ue qllero eprever meus sentimentos e humores. Tenho grandes expectativas de serentendido e até mesmo expectativas sobre o tempo. Quando elas não sãocorrespondidas, reajo. Às vezes xingo, outras fico zangado, outras aindafinjo que não me importo. Em geral, fico irritado. Às vezes, só sei quetenho uma expectativa quando ela não é correspondida. É quando fico irri-tado sem saber por quê. A razão é sempre a mesma. Algo não está aconte-cendo conforme eu quero.

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() Õ11l10rnão é lH1\ jogo ele Crii1IUiil

N111\(:1\111' Ocorreu que tudo isso fosse apenas a minha criança emocio-

11111.MtlH, [uando pude entender essa parte soterrada de mim mesmo e o11"111do consciência que a envolvia, tudo ficou mais claro. É natural que a

1IIIIItll\criança interior tenha expp,ctativas. É um profundo mecanismo deIIIIH'oviv(\ncia. Nossas expectativas são guiadas por dois medos. SentimosIIl0do de não ter o que precisamos e de ser infelizes. Isso cria uma sensaçãodo pnni :0 quase insuportável. No nosso estado mental infantil, precisamos

IIIIHl:lIrno mundo exterior aquilo que nos falta. Desse espaço, não conhece-lilOSnenhuma outra maneira de ter nossas necessidades essenciais satisfei-

tus, Infelizmente, nem sempre percebemos que nossas ações são conduzi daspor assa criança em pânico. É um comportamento que cria problemas na11()SSLlvida porque as expectativas sempre resultam em frustração e decep-c,: i D. Jamais ninguém vai mudar para corresponder às nossas expectativas -mosmo que tentemos. Isso só cria ressentimentos e afasta as pessoas de nós.f\ vida construícla em torno de expectativas resulta em decepção, rejeição e

lrustracão infinitas, baixa auto-estima e até autodestruição.As expectativas são uma tentativa de buscar alguma coisa no lado de

lora que só pode ser encontrada interiormente. Nossas expectativas são ten-íutivas de preencher nossas lacunas, a sensação de vazio, com o que estálera. Tentamos acalmar o medo que temos do abandono esperando podercontar sempre com as pessoas. Procuramos acalmar o medo da invasão os-purando que as pessoas respeitem os nossos limites. Quando esperamos al-guma coisa de alguém, por mais razoável que seja, não estamos vendo apessoa, nesse momento, como ela é. Esperamos e exigimos que seja comoqueremos No nosso estado mental infantil, não podemos permitir que ela

suja como é porque não suporLamos a sensação de traição e abandono que sesegue quando o outro não corresponde às nossas expectativas. Por trás decada expectaLiva há sempre uma ferida ou urna lacuna, mas não percebe-Lll0Sque está lá nem que ferida é. Quando alguém não corresponde às nos-sas expectativas, ficamos perturbados porque sentimos a ferida da traição,

da invasão e do abandono dentro de nós.Tenho uma amiga que no passado não era muito responsável nem muito

COIlfiável. Já passei por muitos aborrecimentos porque, durante muito tem-

f'--~";

A criança ctllol:ionnl CIIl uC;5o

po, esperei que ela mudasse. Achava que minhas expectativas eram legíti-mas. A maneira como ela se comportava não constava de meu dicionáriointerior de "boa amiga". Quando ela frustrava as minhas expectativas, pri-meiro eu reagia com raiva, depois me conformava e por fim me desesperava.Eu focava a decepção, e não as profundas feridas que ela abria em mim.Quando comecei a fazer isso, parei de reagir automaticamente. Comecei aver e a aceitar minha amiga como ela era. Não por resignação, mas por clare-za. E com clareza percebi que precisava mudar a natureza do nosso relacio-namento para não mais cair na armadilha da expectativa. Meu coração abriu-senovamente e todo o amor que eu sentia por ela fluiu. O comportamento queme fazia sentir-me traído parou de me perturbar - na verdade, comecei aachá-lo apenas curioso. E foi mais surpreendente quando esse mesmo com-

portamento desapareceu.Um aspecto importante da expectativa é a energia do "ter direito a". É a

atitude do "eu mereço, você me deve isso". Essa energia anda lado a ladocom a expectativa. Às vezes o que reivindicamos como um direito está dolado de fora. Nós acreditamos realmente que a outra pessoa ou as circuns-tâncias nos devem atenção, ou seja lá o que for, e ficamos indignados eofendidos se não êt recebemos, Um amieo lUt:Ll nu' l' ""''-'1'-1'1,i1' U· ,.:...,'[J- ," .• , • 1o ' r \J.t,...... r- 'v .....,::tcl li ue lUUU

mundo, principalmente sua parceira, esteja relaxado, centrado e amorosoperto dele. Se não for assim, ele se sente invadido e fica perturbado. Issoporque, se a pessoa mais próxima está tensa ou irritada, ele não conseguerelaxar. Apesar de muitos anos de trabalho interior, ainda se queixa quandoisso acontece. Nossas reivindicações são profundas e inconscientes. Fica-mos irritados e podemos até ter um acesso de raiva quando as coisas não

saem como queremos, mas é raro saber dizer o que nos aborrece tanto.Outra indicação de que exigimos esse direito é nos com portar como quem

espera alguma coisa e nem percebe. Deixamos por exemplo certa desordemem volta na expectativa de que alguém venha arrumar ou deixamos alguémnos esperando porque, inconscientemente, desejamos que a pessoa esteja ànossa disposição. Em nome desse direito, simplesmente não levamos emconsideração os sentimentos dos outros. Após vinte anos de trabalho pessoal,ainda me surpreendo quando me dou o direito de esperar que Amana faça

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111111111IlOt{SU comida ou que as pessoas me entendam e gostem de mim. Acha-111111111111l iu S esse direito porque nos apavora perder o controle e deixar que1Ivhlu I IlS l esscas simplesmente existam. Nesse estado de espírito infantil,

11111)1;111IUOSesse" deixar acontecer" com desprezo e desamor.( :1'IlHC:úmossentindo-nos vazios por dentro, mas também com () condicio-

111111I1l1I1()OB que exigir é a melhor maneira de conseguir o que precisamos.1110 1 duplamente angustiante. ~entimo-nos necessitados e desesperados,1111/ 1[11(\[do nos esforçamos para ter o que precisamos não conseguimos o11111q teremos. No fundo, ninguém gosta de ser tão exigente e tão rcativo,11111:1() nosso estado mental infantil não nos permite conhecer nada diferen-1o, 1\1nn disso, raramente temos consciência das maneiras sutis que essedll'l)ilo t m de se manifestar. Essa atitude (e os comportamentos que advêrndlllll) está enraizada tão prohll1damente em nossa psique que, mesmo que

1111111m nos mostre, não temos a menor idéia do que seja.uundo a nossa mente adulta está presa aos direitos, nossas expectati-

VIIS~ii muito mais exigentes. "Afinal", dizemos, "as pessoas devem se tra-1111'com justiça e consideração." "Certamente eu espero que essa pessoa sejaH util e delicada." "fulano deveria fazer assim se me amasse de verdade.Alluul, amar não é isso?" Todos os nossos padrões pessoais susLel1Lcllll e111i lT10ntnm os direitos e as expectativas. Esses padrões são as tentativas ele

IIOHH'1criança emocional de criar ordem e harmonia. A vida é como é, as1i1!~S()flSsão como são, e nada têm a ver com os nossos padrões.

Mas a nossa criança emocional não está interessada nessa verdade. Nos-

ilns oxpoctativas são profundas. Talvez até conheçamos algumas delas, masOU Irus estão encobertas por negações. As minhas estavam escondidas atrás(\m; mais variadas idéias espirituais, - e eu fingia estar muito além ou nãopn r.isar delas: Mas os relacionamentos íntimos são excelentes para revelar118nos 'as expectativas - mais cedo ou mais tarde. Sem saber, nós nos aproxi-1!llIlrlOSdo OutTOcheios de expectativas. Pode levar algum tempo para queIIOSSOSdireitos venham à tona, mas eles sempre vêm - por exemplo, o não.lup '11 lente espera que os outros sejam sensíveis e respeitem suas necessi-d"lI.s c seus sentimentos e lhe dêem muito "espaço". O dependente esperaqllO I) outro fique à disposição - e o encha de "amor e atenção". Podemos

p\~7'"~~,

/\ criança cl1lol:ion<t.1 cru (1.~5()

olhar para qualquer aspecto da nossa vida com alguém, como sexo, dinhei-ro ou comunicação, e ver quantas expectativas temos e nem percebemos.

Nossas expectativas refletem com precisão o que as traições e as inva-sões do passado fizeram conosco. Nós esperamos que as pessoas não nostratem de maneira que nossas feridas sejam arranhadas. Eu sei: quando al-guém cutuca as minhas feridas, vejo tudo vermelho. Por ter sido invadidopor conselhos e superproteção na infância, eu me apavorava se alguém pró-ximo tentasse fazer a mesma coisa comigo outra vez. Eu esperava que aspessoas não me tratassem assim. Hoje já sei de onde vem isso e tenho maiscondições de deixar que passe sem reagir tão fortemente como no passado.Às vezes. Mas ainda espero não ser tratado desse jeito. É bem razoável. Éjusto esperar que os outros sejam sensíveis e respeitosos comigo. É justoesperar que alguém faça o que diz que vai fazer. Mas as pessoas não fazem.Nossas expectativas só nos frustram e nos fazem sofrer. Certamente não vãomudar a outra pessoa nem as impedir de fazer o que fazem. Veio-me à cabe-ça, quando lia as reportagens sobre o presidente Clinton e Monika Lewinski,que a América estava vivendo uma "expectativa razoável". "Nosso presi-dente deve ser honesto. Ele não pode ter casos sexuais paralelos. Não podementir sob juramento", e assim por diante. Quando nos agarramos a crençade que nossas expectativas são razoáveis e que uma pessoa, seja quem for,deve corresponder a elas, jamais seremos capazes de penetrar o Íntimo des-sa pessoa. Jamais seremos capazes de vê-Ia como é. Jamais seremos capazesde perceber nem sentir que as feridas são arranhadas por causa das nossasexpectativas não corresporididas. E então nos sentimos lesados e vitimados.

Mas examinar de perto as expectativas é um poderoso meio de exploraras feridas que foram causadas por traições e invasões. Nós atraímos situa-ções que reproduzem exatamente as causas dos traumas. Elas surgem comnossos parceiros, nossos filhos, com os empregados e com os amigos. Fica-mos desapontados e frustrados. Por trás desses sentimentos há uma expec-tativa. Por trás da expectativa há uma ferida. Eu, por exemplo, detesto queme façam esperar e quero que as pessoas sejam pontuais. Por trás disso estáa minha ferida de não me sentir reconhecido. Ela faz com que eu me sintapequeno e me leva de volta àquele menino que vinha sempre em segundo

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o atuo r não é um jogo dI.;: crin nça

111111',Quando pude entrar nessa pequena meditação, meu espaço interior1Illlpllou-se muito, Em vez de ficar frustrado e decepcionado, volto-me para11I1111111srn , Isso não quer dizer que não sinta raiva nem fique aborrecido,1111111normalmente pára aí. Nós temos os nossos direitos e achamos muitollllllo I -I s. Inconscientemente, ficamos no estado de espírito da criança1/lllI)(:ional, enxergando o mundo através de expectativas e nos sentindo frus-

li' Idos [uando as pessoas e a vida nos desapontam. Voltar da raiva para apoctativa e desta para a ferida amplia muito as nossas dimensões.

Metlitaç.io da expectativa

Percebi! i! frustração

"Rt:rnollw às expectativas

Sinta a fcrida

À.SV izos queremos alguma coisa, mas temos tanto medo de não consegui-111qu esperamos exatamente o oposto, como se a decepção se sentasse sobre11M IlXpO.tativas e as esmagasse. A melhor maneira de evitar a decepção e a1'I'IISIl'Ilçüocausadas por expectativas não correspondidas é simplesmente negá-lns. Chamo isso de "síndrorne do lugar [.lara es tacicnar". Quando jovem euIIIIJI'IlVUum Paris. Quando íamos ao cinema, minha mãe sempre dizia que nãopWlllJlIOS ir porque não encontraríamos lugar para estacionar. Se eu canse-1111an convoncê-la, parávamos na primeira vaga que encontrávamos, mesmo1\1111I'IlHflUporto de casa, porque ela estava certa de que não encontraríamos111111'I. 1';l1l,( línhamos que caminhar muito ou até pegar o metrô para chegar11I11.111I1I11n.I';C] uarido chegávamos invariavelmente havia uma vaga muito pró-

111/1. utuulo nossas necessidades são minímízadas, pode até parecer que1111IIIIIIOS(X[ o tativas, mas temos. Descobri que ficar irritado é a melhor11111111li'll do qu imar as expectativas que nego e minimizo. Eu me irrito quan-dll/\lllIllllIlI:llÓ muito ocupada e não tem tempo para mim. Admito com orgu-

11\111\1111,11111H"I'"I, espero ler tempo e atenção constantes. Mas ajuda saber queI Iqlllll/l/ \I ruluhn criança emocional que atua.

1'/11111111111\1111'mudar qualquer padrão de comportamento que venha do1I11til 1i IlIdll 1111ntul infantil. Sei por experiência própria que isso não é só

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frustrante como também nada faz para expandir a nossa consciência. Pode-mos analisar as nossas expectativas baseados na consciência observadora enotar que são expressões automáticas da criança interior assustada. A nossacriança interior espera. Ela será sempre assim. É sua função. Podemos trans-cender as expectativas percebendo-as e explorando cada vez mais fundo asferidas que existem em sua base. Então elas desaparecerão por si mesmas.Nós transcendemos as expectativas aprendendo a ver as pessoas e as coisascomo são, e não como gostaríamos que fossem.

_._~

Os homens de consciência não têm expectativas,Por isso nunca se frustram.

Oslio

Exe-rcícios:

1. Explore "o direito de";

Permita-se sintonizar a energia de que as pessoas, LU1Japessoa ou a vielacomo um todo devem algo li você. Sinta essa energia em seu corpo. Notecomo ela se manifesta em sua vida ..

2. Explore as expectativas:

Pense nos seus relacionamentos mais importantes: quais são as suas prin-cipais expectativas?

Exemplos: Eu espero que o outro esteja sempre presente e disponível.Espero que o out.ro seja atencioso e"'Õuça o que tenho a dizer.

Espero que o outro perceba os meus limites, de preferência sem que eutenha de dizer nada.

Espero que o outro me sustente financeiramente.

Espero que o outro me toque de maneira mais delicada.

Espero que o outro não me controle nem me manipule para satisfazersuas necessidades e vontades.

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O ;)11101' I1,ÍO é 1I11\ jogo de criall~;:l

1':1 pl 1'( quo O outro tenha energia própria e não fraquc]e.

I':/lplI'()que o outro não espere que eu o salve.I'::pOI'Oque o outro se cuide e não entre em estado de negação de seus

: (llllil1ltlntos.1':~q)()I'Oqu o outro seja meditativo e viva de maneira consciente (cuida-

dos c m o espaço, o corpo etc.).I,:,'pnro que o outro seja sensível e apóie a minha criatividade e o meu

l:I'OHcimento espiritual.

:1. I':xpl re as suas reações diante de expectativas não satisfeitas:1':111cada expectativa não satisfeita, observe a sua reação. É a raiva, aoxigência, a culpa, a resignação, a negação ou a minimizac;ão que inco-moda? O que aparece quando você afasta a atenção da outra pessoa e

upcnas sente o que é não ter uma expectativa correspondida'!

'1, Pura uma exploração mais cuidadosa das suas expectativas inconscien-tos, olhe os vários aspectos de sua vida. Quais são as suas expectativasligadas a sexo, sentimentos, espiritualidade e crescimento, convivência,limpeza, dinheiro e relacionamento? Você pode esclarecer as expectati-vas q ue tem nesses aspectos lembrando-se da ultima vez que Iicou úT.iLd-

do ou desapontado com alguém.

I i .ns:

I. As nossas expectativas são uma janela aberta para as feridas mais pro-lundas. Por trás de cada expectativa não satisfeita há uma ferida portormos sido privados de alguma necessidad8 essencial. Quando passa-mos a observar a nossa criança ferida, podemos ir além da expectativa e

da reação, ligando-nos diretamente com a ferida.l. Expectativa é sofrimento. As pessoas não mudam para corresponder às

nossas expectativas. Nós reclamamos, culpamos, exigimos e nos resig-namos, mas nada faz diferença. Só traz muito sofrimento. Então por quecontinuar esperando':' Porque, se desistirmos de esperar, aceitaremos anossa solidão. Se alguém não é como queremos que seja, nesse momento

nós estamos sozinhos. E isso é doloroso, mas nem de longe se com para :)

dor de esperar que () outro mude.3. Quando temos expectati vas, estarnos no grau ele consciência de uma crian-

ça que espera que as pessoas e a vida sejam como ela quer. As expectati-vas são () pensamento mágico de uma criança ferida. Quando temosexpectativas, não estarnos vivendo o momento. ão conseguimos ver cla-

ramente a outra pessoa como ela é nem como realmente somos.4. Podemos trazer luz e consciência a esse padrão ele comportamento ob-

servando as expectati vas que temos na vida diária. Cada vez que noLaruma delas, pergunte qual é a ferida que está em sua base. Quando muda-mos o foco do outro para nós mesmos, tomamos o caminho ele casa.

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6Concessão

Num grupo recente, um participante nos contou que tinha um relaciona-mento de sete anos. Em dois anos, ele percebeu que não era aquilo quequeria, mas se viu preso numa armadilha. Não tinha coragem de dizer àmoça que queria terminar a relação porque tinha medo de magoá-Ia. No fim,acabou dizendo que era gC!J', o que não era verdade, rn as f()i urna hoa rlf-1sr.1l1-

pa para sair sem se sentir muito culpado. Chegamos a extremos para acomo-dar a nossa identidade porque a criunça emocional tem pavor de viver aprópria verdade. Nesse estado mental infantil, vivemos em função dos ou-tros. Quando a consciência esta tomada pelo medo e pela humilhação, éimpossível não fazer concessões. Nossa criança emocional acredita que asoutras pessoas controlam o nosso bem-estar. Se cultivarmos essa crença,nossas ações serão conduzidas não por nossa luz, mas pelo que os outros

pensam e pela maneira como agem.No estado mental da criança emocional, grande parte do nosso foco está

voltada para a aprovação, a atenção e o respeito. Podemos fingir que nãoprecisamos nem queremos nada disso, mas é quase sempre falso. Buscamosatenção e aprovação porque precisamos disso. Estamos numa luta constantepara suprir o que nos falta, e uma das principais maneiras de obter atenção,amor, aprovação e respeito é através da auto-adaptação. Nossa vida se trans-

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() ruuor l1ão é un i jog'o <.le <.:l'.iilll'l'í\

111111111111111111longa e interminável corrente de concessões. Além disso, aI I 1111(,:11nmocionul se apavora diante do mais leve sinal de desaprovação outlll I' 1:0 do s 'I' lisica ou verbalmente agredida. Quando vemos que teremosd"llo/! confrontar com qualquer pessoa, ficamos morrendo ele medo. É maisI I 111'0nbrir mão.

A concossãc, como todos os comportamentos da criança emocional, é auto-

1111111:11.iando alguém que você respeita e cuja atenção gostaria de ter pede a11\1I10(llllll sobre qualquer coisa, a sua criança interior automaticamente dirá o'1111ponsn que o outro quer ouvir. Mas, se alguém que você teme lhe pedir algo,I IHI I criança medrosa provavelmente atenderá mesmo que seja a última coisaqun Iuria naquele momento. A criança emocional não tem as ferramentas ne-1:1Hsrtrins para agir diferentemente. Quando nos vemos diante de uma situação11111[1101queremos algo de alguém, as concessões já foram feitas muito antes,IInlos mesmo que surgisse a situação. Somos como um cachorro que rola noclll D, ' ubmi 'S . As situações que envolvem figuras de autoridade são particu-lnnuonto !inceis em minha vida: é quando o medo da desaprovação e a ânsiatil 111I' respeita I me levam para longe de meu centro. Mais precisamente, ja-Ilullll 1110con sctei com meu centro nem com minha integridade nessas situa-~: I 11I)()I'[uo o medo era rnui to ma i01'. '1'ive que fazer concessões. Tudo U li ue eu1111'.11OU dizin vinha desse espa~:o. Quando comecei a trabalhar esse espaço,11111111)\1'1:1IJ~,I'm lhor como me sentia, e conectar-me interiormente com meus1IIIItlI>Irjuduu-mc ti entendê-tos muito mais do que julgá-los.

()s rulnclonumentos íntimos são outro contexto em que a maioria faz1:11111:1HHIos intermináveis - até desenvolver uma compreensão mais profun-dll dll crinnca emocional. Não queremos causar desprazer nem desarmoniaI I'l\ZIlII\()So que for preciso para evitar isso. Por exemplo: um casal que eu1:1)llhOl:inhavia muito tempo participou de um dos nossos worksbops paraI:lInllis. Um dos tópicos que trabalhamos nos seminários diz respeito às pes-:11Il\S(!lIO vivem juntas há algum tempo e fazem tantas concessões mútuasquu ucnbnrn .rinndo ressentimentos. Eu sabia que, se os dois passassem jun-IWl por esse processo, muita coisa seria levantada porque a vida deles eraruplntn do ncessões. Ele queria viver suas fantasias adolescentes com mu-1111I'\)So ressentia-se do fato de ser um homem "casado". Ela fazia de tudo

!\ criolllY" ClllociOl1ill CIU a~iio

para agradá-lo porque se sentia insegura e mal-amada. Lá pela metade elowOl'kshop, ele começou a flertar com outra mulher. No começo, ela reagi LIdeprimindo-se e implorando, depois ficou com raiva e por fim. quando co-meçou a notar o seu padrão de "sei' boazinha com o papai", sentiu necessi-dade de recuperar a dignidade. Expor a situação e identificar as concessõesde cada um ajudou-os a fazer o que precisavam. Ele teve seu caso e ela foiviajar pela Índia. Quatro meses depois. eles se reuniram, mas desta vez commuito mais transparência e autenticidade. Antes ambos reagiam com a crian-ça emocional inconsciente de cada um. Nesse estado, a ruiva, a reprovação oua rejeição do outro pode provocar o mais puro terror. Quando começamos asentir o medo que há por trás das concessões, percebemos com muito maisprofundidade como esse comportamento regula a nossa vida.

Numa sessão que ocorreu há pouco tempo. um homem sofria muito esentia-se muito confuso em relação ao amor de sua vida. A mulher comquem vivia havia seis anos, e com quem tinha um filho, se apaixonara poroutro. Duas semanas antes de ter o caso, ela lhe dissera que queria ter outrofilho, comprar uma casa e casar-se com ele. O caso durou apenas três sema-nas, período em que ele foi e voltou do inferno várias vezes. Ela disse que

também que, se ele quisesse continuar com ela. teria de mudar algumascoisas. Um dia antes de ele vir me ver, ela contou que estava grávida.

Esse homem é um psiquiatra de crianças. É uma pessoa que impressionapelo porte e pela presença. Mas com a mulher está sempre fazendo conces-sões. Tem pavor de fazer qualquer coisa que ela desaprove. Teme que sedisser um "não" ela pense que não a ama incondicionalmente. Quanto àvida doméstica, está "fora de controle". É como se deixasse a mulher assu-mir a direção ele seu carro e não tivesse condições de fazer nada para impe-dir. Uma das coisas que a maioria precisa aprender é a necessidade de retomara responsabilidade pela própria vida, seja a que preço for. Em nosso estadomental infantil, isso não é possível. É por demais assustador.

Há alguns anos, vivi uma situação de relacionamento que esclareceumuito essa questão para mim. Eu tinha uma amiga muito querida cujo rela-cionamento comigo estava criando dificuldades e conflitos entre mim e

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1\111111111. 1';lt1 é como uma irmã para mim e nos conhecemos há muito tempo.1\ 1 li II'lculla les surgiram porque eu era dúbio e evasivo com as duas mulhe-1'1111, n que tornava confusos os limites ele cada relacionamento. Lidei com11 11I l1illlll<,:ãoda mesma maneira que lidava. com toelas no passado, ou seja,1:I'IIIIIc!O c nflito. Simplesmente enfiei a cabeça na areia e fingi que não eral:oI1I1go. Talvez, se ficasse escondido, as coisas melhorassem magicamente.1'01' II'I~H desse comportamento havia basicamente o medo de perder Amana.

1I1l1)c1 pude ver o que estava' fazendo e de onde isso vinha, reconheci umvulho e conhecido padrão. Pude reafirmar os dois relacionamentos e dizerulnrurnente às duas onde eu me situava. O conflito desapareceu.

I\s raízes ela condescendência são muito mais complexas do que o sim-pios medo de ser rejeitado, reprovado ou atacado. Quando somos crianças,

l'irmarnos contratos inconscientes com as pessoas que cuidam de nós. Emtroca de amor e aprovação, concordamos em nos comportar da maneira quenlns esperam. O tipo de contrato pode ser diferente para cada um, mas todoselos têm em comum certa característica de negação da vida. Concordamos0111 icomodar a nossa energia vital e a nossa natureza para corresponder às()X I ecLati vas da sociedade, da família e dos professores. Por todas essas ra-,,( os, o fenômeno P, chamado de "vinculo negativo". E~bt: vínculo q"a criamos

com as pessoas que cuidaram de nós tem um pre~:o. É claro que se dou há.tnnt tempo e foi tão favorecido pelo ambiente em que vivíamos que nãotornos a menor idéia de como tudo aconteceu nem mesmo se aconteceu.

Tenho um amigo norueguês que pertence à nata da sociedade de Oslo.1';10 Foi treinado para suceder ao pai nos negócios e, como se esperava queílzosse, casou-se com uma mulher também rica, capaz de sustentar sua as-e; 11550 em importância e estatura. Foi um casamento de conveniência. Eu or:onheci em um treinamento que conduzi com outros terapeutas. Eu me apai-xonei por esse homem imediatamente. Reconheci sua delicadeza e inocên-cia c pude sentir a luta que ele travava para conviver com todos aquelespndrões. À medida que nos aprofundávamos mais no crescimento pessoal,nlo começou a sentir muita dificuldade de manter a antiga vida e até desce-bl'j li que se auto-sabotava o tempo todo. Ele já. se divorciou da mulher, mas(l i nela não se desligou dos negócios na Noruega. E ainda tem muito medo de

IJP"'~""!lij

romper o contrato negativo que firmou com o pai e enfrentar sua reprovação.Esse homem carrega os valores do pai e da sociedade tão profundamente queainda não consegue enfrentar o segundo divórcio - o divórcio de seu vínculonegativo. Há pouco tempo conheceu uma mulher que o ama e o enxergarealmente, mas é tão diferente de tudo a que ele está acostumado que temeapresentá-la aos amigos pelo que poderiam pensar.

A maior dificuldade desse tipo de concessão é que está profundamenteenraizada dentro de nós. Nem sequer percebemos que estamos fazendo con-cessões. Mas, ao mesmo tempo, em algum lugar de nosso íntimo, bem lá nofundo, alguma coisa não está bem. Meu amigo não é feliz, mas não conhecenenhuma outra maneira de ser. Quando assumimos um papel desde peque-nos, o que sobra é um leve sussurro interior para nos lembrar que estamosvivendo pela condescendência. Alguns são condicionados a cuidar dos ou-tros. Foi assim que recebemos amor na infância e é assim que acreditamosmerecê-lo ainda hoje. Outros são, como eu fui, condicionados a agir, então

focamos toda a nossa energia nessa direção à custa dos aspectos mais femini-nos do nosso ser.

Nós fazemos concessões há tanto tempo que nem sabemos viver de outramaneira. Nossa auto-imagem está baseada na cOllue:;cellu&ucld. A wlulld

estava. Lembro que, na faculdade, nós assistíamos a filmes de HurnphreyBogart na época dos exames. Tornou-se um ritual: na noite anterior ao exa-me, assistíamos a um filme dele. Se até aquela hora alguém ainda não sou-besse a matéria, era tarde demais. Conhecíamos tão bem as falas de Bogartque as dizíamos em voz alta antes dele. Eram fáceis de decorar por ser obje-tivas e concisas e por não fazer concessões. Eu saía desses filmes decidido aser frio como Bogart. Nunca consegui. Na primeira oportunidade, eu voltavaao meu velho sel] condescendente.

Quando vivemos de fazer concessões, lá no fundo sentimo-nos "fora decontrole". A concessão possui um sentimento próprio. O meu me parece in-consistente, desenraizado. À medida que o conhecia melhor, era mais fácilreconhecê-lo quando fazia ou dizia coisas que n.ão achava certas. Comecei aconhecer milito mais o sentimento que acompanhava as minhas concessões.No início, eu só o detectava dias depois (às vezes, semanas). Aos poucos esse

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() an ror n50 é um jogo (le cri.inça

IIIII,!I!)I ucurtou. e passei a senti-Io quase no mesmo instante. Esse foi o pri-111111111 puas que dei para sair de meus comportamentos automáticos, guiados11111' IHI"Olu velha e familiar maneira de me ver como alguém que faz conces-141 I l. Com Lodo mundo só faz concessões na vida, não há com quem nos1111111)111'11I' para saber se estamos vivendo com dignidade. A concessão tomou1:1111111 rln minha vida e ocorre com facilidade diante de qualquer um que exer-1;/1 ulgum poder sobre mim - poder de me rejeitar, de me recusar amor, de111'111111' li minha sobrevivência ou o poder do respeito. Com essas pessoas,llnno: contratos para manter as coisas em harmonia, mas quase mortas. MuitoIIllIiH'lu' isso, pude ver que em toda a minha vida só fiz concessões. Basica-111111110, vivi para os outros, não pnra mim mesmo.

muitas maneiras, isso mudou. Ao longo dos anos, fiz escolhas, tomei ~rlocísões que me trouxeram de volta a dignidade e aprendi a viver interior-IIlOIlLecom ela. Tendo sentido isso, não foi mais tão fácil voltar ao antigoli ilo de ser. Certamente, em muitos momentos e situações pego-me de voltano meu velho jeito de ser, mas cada vez menos. O importante é que, hoje,I' conheço a diferença. E, por ter feito tanta diferença em minha vi.da, essa éIIITWdas áreas que tocamos com maior profundidade no nosso trabalho.

Quando falo em condescendência, estou me referindo a um aspecto esseuuial110 110SS0 ser, e não à pequena acomodação que todos fazemos para vi ver emharmonia com os outros, Quando prefiro que i:l casa esteja a 18 graus de tempera-turn e Amaria prefere a 24, não estamos fazendo nenhuma concessão se a casal'icar em 20 graus. As concessões de que estou falando envolvem os aspectoscio ser - fazer e dizer o que é contra a nossa natureza e minimizar ou negarIIO:;SClSnecessidades e nossos desejos essenciais. Além disso, deixar de fazerconcessões não significa jamais que alguém tenha de mudar, Não se trata daoutra pessoa, mas de você ter coragem de ser o que é. Isso não é algo que se!1()SSIIalcançar num estado mental infantil. O medo é muito grande. Para viverHOOI lazer concessões temos de entender como e em que situações elas sãoroiIas e só então perceber que não precisamos ser conduzidos pela criançamedrosa e envergonhada. Esse é um tema ao qual retornarei com mais detalhes.

;\ c..:ri.lI\~·,1 L'1I10L,j0I1i.lll:11I ação

Lembre-se: jamais jaça concessões.

Quanto ao que diz respeito ao essencial, fique alerta!Mesmo que tenho ele arriscar a vida,Arrisque-a!

Osilo

---~-

Exercícios:

1. Sinta a qualidade intrínseca da concessão.

Procure notar o que sente quando faz uma concessão. Note quando vocêfaz ou diz alguma coisa que não soa bem. Note as sensações corporais,como você se sente e o que pensa de si mesmo.

2. Identifique as pessoas para as quais você faz concessões.

Observe como se comporta com as pessoas mais importantes da sua vida- um parceiro, um patrão, os amigos mais próximos - e pergunte a simesmo se de alguma maneira elas .exercern algum poder sobre você. De-pois observe se faz concessões com o que diz ou f~z perto delas para quenão tenham tanto PÚdt::L

3. Identifique as concessõe:;' que você [azo

Comece prestando atenção na forma como exatamente você faz uma con-cessão. Vod\ diz n (pie nRO quer dizer ou não diz o que sente? Como se

compo~ia quando soa falso? O que não faz por temer o que os outros pos-sam dizer ou fazer?

4. Reconheça os contratos nega ti vos do passado.

Escreva quais foram os contratos firmados com pessoas que cuidaram devocê, que mereceram seu amor e sua aprovação, mas comprometeramsua energia vital. O que era esperado de você e do que abriu mão?

Dicas:

1. Nós fazemos concessões porque somos inconscientemente levados pelavergonha e pelo meclo de nossa criança emocional. No estado mental

Page 34: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

r'1'-~fr;r:,".'"BK2G""~

Ild'"lllil, não estam os em contato com nosso ser, mas com a criança que!

nurutliln L 'r de fazer concessões para obter o que precisa. l~

~.,J.B~~i,~

'I 1\ muloria faz concessões há tanto tempo que nem imagina como seriavlvnr ( !TI harmonia com o próprio ser. As concessões têm suas raízes noscoutrntos negativos que firmamos com as primeiras pessoas que cuida-rrun do nós. Em troca de amor e aprovação, abrimos mão de nós mesmos

( nos comportamos como' elas esperavam.

primeiro passo para sair desse comportamento automático e habitualp irceber quando ocorre. Basta reconhecer como é e notar a diferença,

interiormente, entre viver fazendo concessões e viver com dignidade.

7Dependência

No estado mental da criança emocional, vivemos em perpétua ansiedade.Às vezes ela é maior, outras menor, mas está sempre presente. A criança nãopode controlar a ansiedade. Ela busca qualquer coisa que possa aliviá-Ia.Essa é a base do comportamento dependente. Quando o medo e a dor dessasferidas são disparados, tendemos ainda mais à dependência.

Eu sei que esse é um importante estilo de comportamento da criançaemocional, mos tive dificuldade de deixar claro o que pretendia dizer nestecapítulo. O motivo é que o meu jeito de lidar com a dependência tem sidocompensá-la com controle e disciplina. Por longo tempo, julguei a mim mes-mo e a qualquer um que eu considerasse dependente 011 autocondescen-dente. Herdei essa atitude de meu pai. Sua moti vação, energia e autocontroleeram tão fortes que chegavam a intimidar as pessoas que o conheciam. Erauma pessoa tão disciplinada que as únicas vezes que o vi cometer atos deautocondescendência foram diante de um sorvete e de queijos franceses,que adorava. Ele aprendeu sozinho sete línguas estrangeiras e a tocar trêsinstrumentos musicais, mas tão bem que fazia parte de orquestras e gruposde câmara até pouco antes de sua morte. Minha mãe foi uma pessoa muitosacrificada ao longo ela vida, e mesmo hoje não se permite nenhum ato eleprazer.

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~,.j?~~--:", id nesse ambiente e seguindo os passos de um irmão mais velho cuja ~'~:pen, ou se e" perda de tempo, Se eu estivesse aprendendo, evoluindo ou

di 1111'111 iIlação e motivação eram tão fortes quanto as de meu pai, aprendi a I. '.'trabalhando muito, recebia notas altas desse avaliadorinterior, 'Mas, se me(lI' ultnrnente motivado, mas também me tornei exigente e severo comigo' - : pérmitia divertir-me indo ao cinema ou tomando sorvete, as notas eram bem

11111 1110. Eutambém me permiti cometer pequenos lapsos de auto controle. mais baixas. Era um sofrimento, Ultimamente, essa dicotomia diminuiu

1':111 r sumo, encobri minha dependência sob o manto do controle, da mes- 1 ". porque pude ver que o avaliador interior vem do condicionamento, e não da11IJ1 maneira que meu pai e meu irmão fizeram. Não é difícil imaginar que sabedoria. Hoje meu critério é notar se estou inteiro, estou presente e me sinto11 ss ambiente não havia muito espaço para a minha vulnerabilidade - na bem comigo mesmo. É muito diferente de ser dependente, Contudo, essev rdade, a de ninguém. Aos poucos, com a residência psiquiátrica e os anos . crÍtério não se aplica a dependências químicas porque elas não nos permi-ri terapia, parte dessa rigidez começou a se desfazer. Logo depois que che- tem estar presentes. Nesse caso, é o comportamento em si que é viciado.H\.l i à índia, estava no ashram ouvindo meu mestre falar quando ele dísse ã A dependência é diferente para cada um e vem de muitas formas. Mas,nl que mudou minha vida: "A disciplina apenas fortalece o ego". 'basicamente, a criança emocional lida com a dependência de duas maneiras:

I-laje sei que o autocontrole e a disciplina eram, em si, um vício, Levei a: por autocontrole exagerado (o que eu escolhi) ou por autocondescendência (ovida como escravo da determinação e do controle. Quando faço algo que não;1 que eu julguei). Entre elas não há mais nada. Para aliviar a tensão e a cons-t nha um propósito ou percebo que ninguém precisa de mim, sinto muita "I"~tánte ánsiedade que temos dentro de nós, vamos de um extremo ao outro,ansiedade. Ouço vozes em minha cabeça, condicionadas pelo passado, jul-:, Tenho um amigo que lutou durante muitos anos contra o hábito de fumar

gando-me por e~tar perdendo ~em,po. ~ssas voze,s têm fo~es opiniões sobre 01 maconha. Ele sabe que a droga bloque~a uma explora:ão interior ,mais pro-que é "construtivo" e o que nao e. Ate o lazer e conduzido por essa mesma ,I: funda, mas seus esforços para abandona-Ia nunca funcionaram, FOl um gran-

rientação de meta e_propósi~o. Tenho p~a~ão por t~nis, Ma~ ~ãO ~o~ tenista, j de pas,so admitir "" era viciado. Tenho outro ~igo qu.eex~~era em ,tudo -nem sequer sei jogar bem, aSSlIDcomo nao Jogo nennuma outra COlSa. Mesmo:~ sexo, aleool, comida, drogas - e adotou um es1110 de Vida distante dos pa-assim, sempre que saio, estou concentrado em melhorar meu jogo. A determi- l' .dtões para manter o vício. Outros são dependentes da imagem e usam seunação e a motivação não são problema, Essas qualidades são belas. Mas o foco; charme e seu apelo sexual para encobrir inseguranças e humilhações pro-no futuro e a obsessão pela conquista são um vício que está ligado à compulsão.ft fundas. Muita gente luta contra a obsessão por comida. Quando adolescente,de fazer e à velocidade. Enquanto me movimento rápido e fic~ ocupado, es~.l . eu era gorducho e sofri muita humilhação dos outros meninos. Depois, notou no controle e não preciso sentir medo nem dor dentro de IDlID. É compul-! ensino médio, emagreci tanto que quase cheguei ao outro extremo, mas asivo e, desde que me lembro, toda a minha família agiu assim. . . I obsessão por comida ainda continuou por muito tempo. Então isso também

Um aspecto da minha auto-exploração com o qual estou envolvido ulti- ~ desapareceu e alguma coisa relaxou, Agora se foi, mas não tenho nenhuma

mamente é abandonar esse vício, permitindo-me ficar desconcentrado e sem I idéia de como nem por que desapareceu.prazos para alcançar metas. Vejo que, quando tenho consciência do meu I Nossa dependência é rodeada por forças inconscientes que não atingimoscomportamento automático viciado, posso entrar em contato com as feridas i apenas com autocontrole e disciplina. Nesse comportamento, assim comoe a ansiedade que estão por trás dele. Sei também que não é o comportamen-] nos demais comportamentos da criança emocional, existe uma longa cadeiato em si que é viciado, mas a maneira como eu o uso. É a ausência de I de medos e humilhações. Na maior parte do tempo não estamos em contatopresença - o problema é a robotização. Meu condicionamento e minha dis-" com o que há por trás da dependência porque é um comportamento por demais

iplina me faziam avaliar a cada minuto se determinada atividade valia a I habitual e inconsciente. Mas, quando sou capaz de analisar esses momentosi

o amor não é um jogo de criança A criança emocionJ em ação

)'

:~:11

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o amor não é um jogo de criança A criança emocional ern ação,

"'" 'I"" r ''0 me entorpecendo de maneira obsessiva e automática. posso sen - g~~assa criança emocional não tem recursos paIa lidar com o buraco negro daI I Il d, I CCHtr le e a vergonha. Na adolescência. interessei-me por uma me- Id{~??!id~o e da insignific~cia. Isso é algo que precisamos aprender com pessoas11111111\110 11 tinha nenhum interesse em mim. Não conseguia tirá-Ia da cabeça IC:;:,que tiveram a sabedoria e a coragem de permitir que esse espaço aflorasse111\111 nnoltnr que não quisesse retribuir a minha atenção. Eu rondava a casa ~,';~":',;-:'paraenfrentar seus medos.di I1 d, noite. Sentia-me como que arrastado por uma força que não podia ! "~o Eu também descobri que quanto mais sensíveis e vulneráveis nos tomamos1IIIIItl'ollr. Anos depois. fui rejeitado novamente por uma mulher e fiz a mes- ' 'Ínais a tendência à dependência pode piorar. Quando entramos em contato ínte-11111 (1t)IIJIl. Mas. desta vez. senti vergonha. Senti que havia em mim Um espa- dormente com nossos medos e sofrimentos. as ansiedades reprimidas pela ne-

I) Itlt d r que não suportava a r~jeição. e eu queria descobrir uma maneira gação e pelo controle vêm todas à superfície. O controle não é um bom remédio,10 provar que não havia. Esse comportamento nos toma cada vez mais an- ::'paraa dependência. pois é apenas o outro lado do pêndulo. Assim. como ocorreK\lllIud s porque a dor nunca passa apesar dos nossos esforços para evitá-Ia. ,( , com todos os comportamentos da criança emocional, não vale a pena vivenciar

U ia das questões que surgem naturalmente, em relação à dependência. j'" -nern mesmo fixar esse comportamento. ainda que às vezes possamos sentircom livrar-se dela. Normalmente, quando tentamos enfrentar os nossos" estar fora de controle. Cada um de nós tem que encontrar o próprio jeito de lidar

v cloll. fazemos isso com disciplina e autocontrole. Mas essa parte de nós i com a dependência, mas sei, por experiência, que observá-Ia e entendê-Ia comdlfl"ilm nte tem sensibilidade para saber de onde vem a dependência, Não 'I:' "'amor e sem julgamento parece ser o melhor remédio. Uma das minhas maispnd abarcar, avaliar nem sentir o ferimento interior. À medida que meu { profundas investigações tem sido buscar interiormente a certeza de que, se euuuto ntrole cedeu e pude sentir os medos e as humilhações que havia por' abandonar o controle, não descerei às profundezas insondáveis da depravação e11'68 d le, comecei a sentir mais compaixão e a compreender melhor o por-; da condescendência nem perderei o foco e a direção de minha vida. Aos poucos1[11 ser dependente. Talvez s~ tivéssemos nascido numlm~io mais relat-:l AínP~ddeve~que h: uma1força. um guia interior. que mantém o navio em seu curso.xud • com menos pressões, num ambiente mais sustentáve e lmensamen e '; '" a nao conno ne e. mas aos poucos ele surge.

11111 r so, não mostrássemos tanta tendência ao vício. Mas, quando se avalia ~,.~"Lotl o estresse ao qual a vulnerabilidade e a sensibilidade estão sujeitas, faz tsoutído buscar naturalmente alguma coisa que alivie a tensão interior. i

"Xl'steminúmeras fontes de estresse jorrando sobre nossa vulnerabilidade, ~

todas elas criando ansiedade e obrigando-nos a implorar por alívio. Uma de- ',I"

ln a luta constante para nos auto-afirmar aos outros e a nós mesmos. Porunr.obrir a nossa vergonha de maneira tão automática e inconseqüente, em ~orul muito difícil avaliar quanto estresse impomos a nós mesmos o tempo I

\ )(I . Toda a pressão imposta por nossa cultura para ser bem-sucedidos mer-I ulha nossa sensibilidade interior numa profunda vergonha e comoção. Para !

/lcompanhar este mundo rápido. materialista. voitado para o sucesso, temosrln viv r negando a nossa sensibilidade. A insanidade da cultura ocidentalt:l1nd uz a nossa vida na maioria das vezes. Outra força poderosa que nos obrigaI crlur dependência é o profundo medo de sentir a solidão e o vazio interior.

Exercícios:

1. Identifique a dependência: que comportamentos seus você observa quesão obsessivos e o afastam do presente?

2. Escolha um deles. Observe:a) Você está julgando o comportamento? Se estiver.

mento?b) Quais são os estresses da sua vida que disparam esse comportamento?c) De que maneira essa dependência expressa um medo ou uma humi-

lhação ocultos? Veja se consegue conectar-se com eles e sinta-os emseu corpo.

qual é o julga-

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o amor não éum jogo de criança

I) I' I

d, !l' n ncia é um comportamento habitual e inconsciente que entor-IIlll1 I as ansiedades, nossos medos, nosso desconforto e nossas do-1'1II !l II S tira do momento presente. Ela é obsessiva e frenética.

'I

j:

dup ndência encobre profundos medos e humilhações. Sua principal {.t: IIIRIl a cultura estressante, repressiva, competitiva, materialista emumllsta em que fomos criados. Nós internalizamos nossos valores ne-

1\ lv s e depois punimos e pressionamos continuamente a nós mesmos.

:1. Pnrn lidar interiormente com esse estresse, nossa criança vai de um ex-t 1'01110 ao outro - autocontrole ou autocondescendência. Ambos 'causam

(1 p ndência.

'1. A. pendência desaparece quando abrimos mais espaço interior para 1:,:: ...

obs rvá-la com compaixão e conhecer as feridas que estão em sua base. :1:;·1.~.'~.~

'I1..,gg•~'IIl"fi~~t!~I!!l

8Pensamento mágico

H alguns anos, quando comecei a fazer terapia, meu médico pediu-mepara falar' da infância. Pensei um pouco e disse que não havia muito a dizer,"eu tive uma ótima infância". Meu terapeuta teria trabalho pela frente. Euidealizava meus pais a tal ponto que' ainda via o mundo através dos olhos.deles. No decorrer da terapia, eles começaram a cair do pedestal, e isso foium choque para mim. Foi um dos meus primeiros confrontos com a solidão.No estado mental infantil, idealizamos as pessoas que cuidam de nós por-que elas nos dão as bases para enfrentar a vida. É como se vivêssemos emestado mítico, numa espécie de mundo da fantasia onde imaginamos ascoisas como gostaríamos que fossem.

É um mecanismo de sobrevivência necessário para a criança porque ela nãotem outra escolha senão confiar nas "pessoas grandes". Nós não temos outra.saída. Continuamos enganados mesmo depois de adultos, incapazes de ver eavaliar a realidade claramente porque ainda pensamos com a cabeça dessacriança. Nesse estado mítico, n~o podemos ver o que acontece conosco. Nãoqueremos ver objetivamente - é doloroso demais, assustador demais. Em vezdisso, continuamos esperando e nos decepcionamos todas as vezes. A mitificaçãoé uma das marcas do estado mental infantil. Só muito depois de romper comessas idealizações é que tomei outra direção. E mantive o menor contato possí-

:j

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o amor não é um jogo de criança

VIII1111111IIII,)l1ftfamília. Quando encontro alguém com os mesmos condiciona-1111111111Illdou que eu tive, fico muito envergonhado.

'1\111111111mamigo muito próximo cuja inocência atrai imediatamente as1"1/111/11.MlIs le é também extremamente crédulo e é comum sentir-se traído1"111111101s m quem confiou. Quando duas pessoas se apaixonam, 99% dasVII1.11IIHI o vivendo no pensamento mágico. Uma não vê a outra como real-

I

11111111 que vemos nessa situação é o que queremos ver porque a nossa i

1.111111;1108t ansiosa por ter suas necessidades satisfeitas. Nossa fome nos j.

1:111-\11,A me i ria dos problemas de relacionamento surge quando um dos dois1/11 di C P ionado e frustrado. Os dois começaram a relacionar-se em suashlllhlll~ creditaram magicamente que o outro era o parceiro de seus sonhos,IIIIHI( . decepcionaram amargamente quando suas esperanças e expecta-I vos 11 foram correspondidas. Temos uma dinâmica similar com as figurasdo IIlI rldade. Primeiro, elas são maravilhosas, perfeitas, mas quando fazemli) I) quo abala a nossa "confiança" nós as depreciamos. Para começar, nós I

11I1!l1:1IHS vemos como realmente são.POr s pessoas num pedestal ou derrubá-Ias de cima dele, tudo acontece

por' C;Hu a do nosso pensamento mágico. As coisas não são melhores nemplol'(J vistas dessa perspectiva. Mas o pensamento mágico nos faz oscilar de ;,!Rg

IlIll tremo ao outro, vezes sem conta, até mergulharmos na resignação. Ja-IIllll . nseguimos ver apenas o que existe. Quando somos crianças, natural-i!

~rnunl precisamos e queremos acreditar que aquilo que os adultos estão nos fIllolllrando e dizendo é a verdade. É anossa inocência natural, a nossa confiança ~o (J dos jo de aprender que fazem de nós pessoas receptivas, abertas e crédulas. fI os paço, endeusamos aqueles que nos ensinam sem nenhuma discrimi- i.11111,:1o. "ícamos maravilhados por sua autoridade e pela imagem impressa em!lI),S Il lhos. Tudo isso é normal e natural. Só passa a ser um problema quando11'11111011'rimos essa mitificação infantil para a vida adulta. Uma coisa que con-II'iIiul muito para isso é o fato de que ainda não aprendemos a dominar efetiva-1111nto o nosso mundo, e mesmo assim confiamos piamente na nossa habilidadedo diR rnir o verdadeiro e o falso. Outra é não estar dispostos a aceitar queI1IllOSd caminhar com os próprios pés e encarar o mundo sozinhos.

A criança emocional em ação

f'\p.,;::;d:ed:::PT~:O~::::~:::'O:O:::::~::::~~:;e=:::; /;::-~'olhosdo outro. Alem dISSO,adquirimos auto-estima por procuração _ só por.;'•. '-ê:ànhecer alguém e imaginar que é quem estamos buscando. Não temos auto-:

j .. estima autêntica. Nosso senso íntimo de bem-estar não vem do senso de sel],mas da idealização que fazemos da outra pessoa. Quando ela cai do pedestal,sofremos. Sentimo-nos decepcionados, abandonados e traídos, mas também nosapoiamos na nossa falta de auto-estima, que era artificialmente escorada pela

. outra pessoa. Em geral nem percebemos que é por isso que nos sentimos tãomiseráveis. Quando mitificamos e idealizamos alguém, não conseguimos vernem seus aspectos positivos nem os negativos de maneira equilibrada e madura.Isso pode acontecer com todas as pessoas com quem nos relacionamos _ os

~ parceiros, os amigos, os patrões, os professores, as figuras significativas. Nesse!

espaço, é doloroso começar a perceber que são todas humanas - nós ficamosperdidos e somos obrigados a crescer. Nossa criança emocional não quer cres-cer. Então sempre nos sentimos enganados se a pessoa não corresponder àsnossas expectativas e vamos procurar a idealização para preencher a. lacunaque se abriu dentro de nós.

Eu tinha esse pensamento mágico não apenas em relação a meus pais mastambém a meus amigos e professores. Eu ainda tinha esperança de que as pes-soas fossem magicamente sensíveis, compreensivas, gentis e atenciosas. Quan-do vi que eram menos "iluminadas" do que eu imaginava, fiquei desapontado.Se encontro um novo mestre, alguém que possa me ensinar o que não sei, tam-bém o idealizo. Vejo-ocomo alguém absolutamente novo e grandioso, uma pes-soamaravilhosa, sábia e profunda, até enxergar seu íntimo e logo me decepcionar .Hoje reconheço com maior rapidez que é a minha criança emocional que secomporta assim, e a cada dia consigo ver com mais clareza os pontos fortes e asdeficiências da pessoa, amando-a ou aprendendo com ela.

Exercícios:

1. Escolha uma pessoa de suas relações que seja uma figura de autoridadepara você. De que modo essa pessoa o desapontou? Observe se não ideali-

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o amor não é UITl jogo de criança

~II\ I I) I li pessoa e se a decepção não ocorreu porque ela não correspondeu\I lI! xpectativas nem aos seus sentimentos.

", NllfllH us relacionamentos passados, por que perdeu a confiança nas pes-IHlIl'l' I que maneira você não as via como eram?

I :

I, (lnro s ntir-se segura e arriada, a nossa criança emocional prefere acredi-1111' tlu todo mundo seja amável. justo, compreensivo, sensível e pessoal-m nt atento a seus sentimentos e suas necessidades. Ingenuamente, elapr j ta suas esperanças em qualquer pessoa que aparece. Esse é o cha-rnado pensamento mágico.

:1.

uando essa crença entra em conflito com a realidade, sentimo-nos traí-LI. s e lesados. A princípio, a pessoa (ou a situação) não nos pode fazermal porque a colocamos num pedestal onde se torna o que desejamos ques ja. Quando cai do pedestal, nós a desprezamos com a mesma intensi-dade com que a idealizamos.

~pensamento mágico da nossa criança emocional nos impede de ver as -1

P ssoas e as coisas como realmente são. Com essa atitude perante a vida, Iestamos sempre com medo e decepcionados porque as pessoas e as si- :,:1'

luações nunca fazem jus às nossas esperanças pouco realistas.

i...,6

I

I~

Parle 3A experiência mterior da

criança emocional

Page 40: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

9Vazio e carência

~, ....! ''; ,

-;,----Ates de ganhar alguma distância da minha criança emocional, tive de en-

tender e vivenciar o seu mundo interior. Comecei com a total negação da suaexistência. Tive uma experiência marcante alguns anos atrás. Eu estava fazen-do um grupo para homens. Um dos processos foi nos vestir de mulher durantetrês dias e tentar sentir como é essa condição. Primeiro, fiquei apenas na super-fície, perdendo tempo com modelos diferentes e exibindo a novidade aos ou-tros. No segundo dia, algo mudou e eu comecei a ficar muito mais inseguro,tímido, recolhido. Vi outra parte de mim vir à tona que eu não conhecia. Damaneira como sou normalmente, em geral gregário, ocupado, rápido e expansi-vo, caí em outro espaço mais silencioso, desconfiado, assustado e envergonha-do. No terceiro dia, já me sentia mais confortável e relaxado nesse espaço erelutei em sair dele. O que vejo hoje é que todo esse processo me fez entrar nossentimentos da minha criança emocional. Era estranho e desconfortável, mascom o tempo passei a sentir a delicadeza e a vulnerabilidade de estar ali.

Quando a criança emocional toma conta da nossa consciência, faz isso comuma energia tão poderosa e exigente que é difícil tomar distância dela. Mas, sepudermos entrar nos seus sentimentos, vamos entender por que é uma força tãoesmagadora em nossa vida. Essa compreensão nos ajuda a ganhar espaço dacriança emocional e não julgar a nós mesmos por ser impulsivos e dependen-

~l

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o amor não é um jogo de criança A experiência interior da criança emocional

"

11I1,I'\lIlII)ll 10 fnntasías e expectativas. Nos próximos capítulos, eu os conduzi- :'dades básicas que não foram satisfeitas. Embora só exista realmente um únicoII1 1I11'/lV I dus paisagens interiores da criança emocional. Imaginem-se descen- :~~spaçointerior, faremos algumas distinções para esclarecer melhor. Se não re-dllll I () I 111 rrn barco. Ao longo das margens faremos algumas paradas. ,'-cebemos o suporte de que precisávamos para saber quem somos, temos um

(:0111( ç folando da experiência do vazio negativo da criança emocional ~buraco de suporte, Se não recebemos o reconhecimento de que precisávamos,11 dll 1:111' n ia que naturalmente é gerada. No primeiro volume de The temos um.buraco de reconhecimento. Temos um buraco de merecimento quan-ti 11IlIIJII ri h ort seties, H. A. Almass tem um capítulo chamado "A teoria dos 'do não nos sentimos uma pessoa boa. Então ansiamos por alguém que nosIIIII'IIC~)II". N se brilhante texto, ele dá uma contribuição valiosa ao entendi- valorize para que o buraco possa ser preenchido. Podemos também ter buracos1I111111n d estado mental da nossa: criança emocional. Ele descreve como os relacionados à necessidade de afeto e contato físico e nos tornar dependentes1111/'11<: s nergéticos se formam interiormente quando uma necessidade bá- de alguém para preenchê-Ios, Há buracos relacionados à confiança, quando

~ .c

1/:11 n atisfeita. Existem provavelmente muitas outras razões que criam \'" sentimos que abrir-nos e ser vulneráveis ao outro nos expõe a maus-tratos,1111/1\ bura os, talvez algumas trazidas até de vidas passadas, mas nossa infân-; "controle e manipulação. Esse buraco cria uma co-dependência: estamos sem-

!cln fi única oportunidade que temos de ver claramente como tudo aconte- pre afastando a outra pessoa para longe e ao mesmo tempo desejando proxírni-1:1 11. rn buraco é um. sentimento de vazio interior em relação a algum aspecto 'i dade. Nossos buracos geram uma profunda ansiedade e a vida se transforma nado 11 'S ser que não foi devidamente nutrido e portanto não se desenvolveu. ~,'I·,' compulsão inconsciente de preenchê-los, Todo buraco cria algum tipo de de-

I ordemos muito tempo e muita energia em nossa vida diária tentando, pendência externa porque desejamos que o outro ou algo o preencha ou evita-

lncuns ientemente, tapar esses buracos. Grande parte do nosso comporta- ,:':1' mos alguém ou uma situação por causa dele. Nossos buracos têm papelII\()III{) voltada ao afã de que outras pessoas os preencham. Benjamin, parti- importantíssimo no tipo de pessoa e situação que atraímos. Criamos tantasc punte de um workshop recente na Dinamarca, tinha uma necessidade situações que abrem buracos porque essa é a única maneira de nos tornar cons-cnmpulsiva de conversar com as pessoas nos intervalos e até ligar para os ~Icientes de que eles existem. É assim que apreendemos e desenvolvemos interior-!lnl s pelo celular. Quando sugerimos que todos procurassem ficar em si- 1 mente o que nos falta. Temos que ser desafiados a crescer.I 1 i por algum tempo para integrar o que havia sido levantado, ele teveg Quando não temos consciência nem compreensão dos nossos buracos nem

I 'd fu d 1 eçou a'~ d . 1 c d al11 Ilculdade nisso A medi a que o processo apro n ou-se, e e com ~ a maneira como e es afetam a nossa vi a, é natur sentir que alguma coisa, '. f d id ~ druconhe er que sua compulsão estava ligada tz: e não ter ti o co~ q~em "~, precisa ser mUdada do lado de fora para nos fazer felizes. Essa é uma das prin-

1:()IlV rsar na infância. Mary, em outro wcirks op, era sempre a pnm81ra a 1 cipais crenças a criança emocional. Por causa desse vazio interior, se estamos

I 1\ itar a ma-o quando pedíamos para as pessoas falarem Ela não percebia I identificados com a criança emocional nós nos reconhecemos como carentes.I v I . , iqu linha uma necessidade insaciável de atenção e reconhecimento. Quando ~ Nao é real, é um transe - uma bolha. Isso nos leva a crer que a vida, a existência

!li vnntamos sua história, reconheceu que nunca recebera a atenção de que ~ ou os outros vão ter que preencher esse buraco. As pessoas precisam começar apruclsava quando criança e, agora, era conduzida por esse desejo. Meu maior ~ nos tratar melhor, ter mais reconhecimento, mais amor e atenção, dar mais1>\1 rnco sempre foi a sensação de não ser valorizado pelo que faço. Já gastei i espaço e assim por diante. Talvez tentemos preencher os buracos com o que nos1I1I1f1 quantidade enorme de energia e cerca de cinco anos de treinamento para I faz sentir melhor, como drogas, bens e divertimentos. Não podemos imaginarII ulnr provar aos outros e a mim mesmo que sou uma pessoa capaz. I nenhum outro jeito de pôr fim ao desconforto, à dor, à ansiedade e ao medo

Existem razões para que esses buracos existam, muitas delas misteriosas e ~ causados pelos buracos que não seja compensá-los exteriormente. Mas os esfor-uuxpli áveis, Mas todas estão diretamente relacionadas com nossas necessi- 1 ços externos para preenchê-los nunca funcionam. Apenas criam frustrações mais

!

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o amor não é um jogo de criança

. ",...'.,"" ' ". ~-

I " ~'''.'' ,"TIPOS- DE~'BtJRACO ',>-:, ....' -',~ " ;'" "" ,,:' ".I'~" ~ .:~: (" "v.. '~., -:~, .'~ .:..'" ,.,.' tI" •

l. entir-se desprezado e abandonado

Nlio se sentir especial nem respeitado

Nao confiar nos próprios sentimentos

4, Falta de motivação5, Ter rrmito medo de viver6, Ter urna profunda necesSidade de contato físico e intirrúdade

7, Falta de motivação para aprender8, Dificuldade de encontrar amor e atenção9, Ser perleccionista e muito crítico consigo mesmo

10, Sentir-se dominado e controlado

i,,;,: -

A experiência interior da criança emocional

3. Necessidade de ter sentimentos (medo, tristeza, raiva e dor), pensamen-tos e intuições valorizados.

4. Necessidade de ser encorajado a descobrir e explorar a própria exclusi-vidade: a sexualidade, os dons criativos, o poder, a alegria, as habilida-des, o silêncio e a solidão.

5. Necessidade de sentir-se seguro e apoiado.

6. Necessidade de contato físico amoroso.

7. Necessidade de ser inspirado e motivado a aprender.

j c_.. ' 8. 'Necessidade de saber que é normal cometer erros e aprender com eles.

9. Necessidade de sentir amor e intimidade.I rofundas, A única coisa possível é entender esses buracos - o que são, de ondev m orno podem ser tapados. Para isso, temos de olhar para o que chamamos 'Id( "n cessidades essenciais". ~::II

T da criança tem as próprias necessidades essenciais. Se elas não são ~mtisf itas, vivemos em constante estado de privação. Essa privação é um bu-rnc nergético interior que precisa ser preenchido. Fazemos uma brincadei- ~1'/1 orn nossos workshops dizendo que, se você quiser saber quanto a criança ][nl ri r é carente e necessitada, deve imaginar um hipopótamo com a boca R

nhorta dizendo: "Quero comida!" Naturalmente, todos nós temos nosso histó- ide: de privações, dependendo das necessidades essenciais que não foram ililllisfcitas. O grau e o tipo de privação podem variar, mas a experiência daprivação é comum a todos. É através dela que projetamos inconscientemente11 s as necessidades não satisfeitas sobre os parceiros, os amigos mais ínti-111 ,os colegas de trabalho, os filhos - sobre quem se relaciona conosco. '9

~uanto mais próxima for a relação, maior será a projeção. ~

t:1As necessidades essenciais

I. Necessidade de ser querido.

2. Necessidade de sentir-se especial e respeitado como uma pessoa única(por quem somos, e não pelo que fazemos).

10. Necessidade de ser encorajado e apoiado como indivíduo.

11. Necessidade de receber limites firmes e carinhosos.

É dessa lista que vêm nossas privações. Elas estão sempre presentes.Quando trocamos de parceiro, geralmente estamos vindo inconscientemen-te de necessidades não satisfeitas por outra pessoa. Se a consciência nãoestá presente, passamos automaticamente pelos cinco padrões de compor-tamento da criança emocional. Mas se há consciência não é mais tão auto-mático. Eu sempre pus a culpa nos outros. Quando fico perturbado, minhareação natural e espontânea é procurar alguém para responsabilizar, Apósvinte anos de trabalho comigo mesmo, hoje reconheço que essa é uma viamuito perigosa. Não leva a lugar nenhum, senão ao conflito e à dor.i Acompulsão de culpar o outro permanece, mas posso ver que é apenas a mi-nha criança emocional "no controle". Saber disso me permite escolher. Quan-do fico perturbado, hoje tenho muito mais espaço para observar e dizer amim mesmo: "Sabe de uma coisa, garoto, você não tem que entrar nessaculpa agora". Às vezes não entro, outras ainda me culpo, mas consigo obser-

\' var a mim mesmo e parar. Raramente é um processo inconsciente e fora deI controle.

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o a:mor não é urn jogo de criança

() rI chnrn nto desses buracos começa quando reconhecemos que tentamos111111 111:11 -los automaticamente pelo lado de fora. O processo de observar eIIIII IId( r líb ra energia para romper o comportamento automático e ficar pre-IIIII IIU xp riência de vazio enquanto ela ocorre. Estar presente significa111111,' o deixar acontecer sem querer corrigir nem mudar nada.

Num workshop recente na Suécia, um casal começou a brigar pouco antesdI) lutorvalo. O homem entrou em pânico e pediu que um de nós trabalhasse1;0111 ( I s enquanto o resto do grupo saía para comer. Eu disse que faríamos issoIIlIIlhll ue o grupo voltasse a se reunir. Durante o almoço, ele ficou muito per- v >

1111'bud a zangado comigo por não ter feito o que queria. Quando o grupo vol-~ I

tuu li s trabalhos, ele expôs sua raiva e disse que se sentia traído. A situaçãoI IIllft f ito aflorar muitos sentimentos que estavam enterrados. Toda vez que(til b mem discute com sua mulher, entra em pânico com medo de perdê-Ia.1';ilI u estado mental infantil, não há espaço para controlar a ansiedade e a/',,1 va. Depois de trabalharmos a situação e trazermos.luz sobre ela, conseguiuvor suas reações de certa distância. Esperar que o intervalo para o almoço ter-mlnasse talvez o tenha ajudado a sentir melhor suas necessidades e a ansieda-do, não agindo automaticamente movido pelo pânico, como sempre fazia. t

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o motivo de alguém buscar atençãoÉ conhecer a si mesmo.É só nos olhos do outroQue se pode ver o próprio rosto,É nas opiniões do outro que se pode conhecer a própriaPersonalidade, '

Osho

U ercícios:

I. Dê uma olhada na lista de necessidades essenciais e pergunte a si mes-mo: "Qual é meuburaco relacionado com essa necessidade?"

A experiência interior da criança emocional

~~i.~".Depois concentrs-sa num buraco em particular e pergunte-as. "Como essI;,::·:" buraco afeta minha relação como outro e a vida?"

: ,F~.::3: Escolha um buraco e pergunte a si mesmo: "Como sinto interiormente-'. ,esse buraco?"

'4. Explore suas necessidades:

a) Que pensamentos e sentimentos você tem quando leva em conta suasnecessidades?

"Não tenho o direito de querer nem precisar de tal coisa." ,"Serei fraco e carente se precisar de tal coisa.""Se eu exibir minhas necessidades, alguém vai se aproveitar de mim.""Para que ter necessidades e expressá-Ias se jamais podereisatisfazê-Ias?"

b) Escreva suas crenças íntimas sobre ter essas necessidades e expressá-Ias.

c) O que você aprendeu (verbalmente e não-verbalmente) quando crian-ça sobre ter necessidades e expressá-Ias?"Os homens não devem expressar suas necessidades.""É egoísmo ter necessidades e vontades.""Há coisas mais importantes na vida do que a preocupação com mi-nhas necessidades."

i -.~ ? ,.

Dicas:

1. Temos buracos energéticos interiores por causa das privações do passadoe talvez por outras razões inexplicáveis. As necessidades essenciais nãosatisfeitas na infância provocam privações. Esses buracos podem estarligados aos nossos centros energéticos - segurança, sexo, poder, prazer,~riatividade ou clareza. Causa medo e desconforto sentir os buracos, porISSO fazemos o possível para preenchê-Ios - com as pessoas, os objetos,as drogas, com qualquer coisa que venha de fora e possa aliviar a ansie-dade que nos trazem.

2. Nossa carência é uma característica inerente da criança emocional. Nãoé a nossa natureza. Ela vem das experiências de privação do passado.

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f::i;I 'J

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o amor não é um jogo de criança

10!VIII IOI! omportamentos automáticos são gerados pela sensação de vaziouturloc, mo a negação das nossas necessidades, a dependência e a '

I til utntlva de que os outros nos satisfaçam.

I. A I por! ncia de privação é universal e um importante rito de passagem.(:III'1I11fi nte começamos pelo estado de negação, quando não percebemosolllll' Il ndo privados de certas necessidades essenciais nem mesmo como

IIlO a dá. Quase sempre protegemos aqueles que cuidaram de nós idea- ,111./ll\d -os. Ao nos tornar penosamente conscientes do que nos falta, nósOl! l' sponsabílizamos e sentimos raiva deles. E, por fim, podemos sentir,ti d r da criança que há dentro de nós e aceitar esse sofrimento comopnrto do crescimento e da plena consciência.

Medos

x., uma amiga norueguesa, morre de medo de água. Ela não imagina:' .

de,onde vem esse medo, mas basta pensar em chegar perto do mar para ficar:1 #~1:~pavorada. Não há nada menos norueguês. Outro amigo, Nathan, é um exce-l !X;~~:lentemúsico,mas nunca se apresenta, tem pavor de subir ao palco. Andreas'llij,~~;é:umengenheiro suíço que já participou de vários workshops, faz um traba-

,tI " :.~..~..,lhO de muita: responsabilidade para a prefeitura de sua cidade, mas evita ao!:~::....máximo discordar de alguém ou confrontar quem quer que seja. A maioria? ., " de nós tem medos inexplicáveis e irracionais. Tenho o sonho recorrente dejr'~-que vou fazer um exame, mas não estou preparado, em outro, estou sozinho,.)11,-----'~Iprocurando desesperadamente por Amana, mas não consigo encontrá-Ia.JI Quando exploro meu espaço interior, que conheço como a minha criançaII ferida, o que encontro é um medo profundo - medo de tudo. E parece que,~Iquanto mais velho e mais sensível me torno, mais intenso se torna o meu; lado medroso. Desconfio que ele sempre esteve presente, mas fui eficiente.~I· no disfarce de que não o sentia nem o reconhecia.: O medo é outra das qualidades fundamentais da criança emocional. É'~ mais fácil entender por que essa parte de nós é tão poderosa quando perce-~ bemos quanto medo ela carrega o tempo todo. Num plano superior de cons-i ciência, começamos a ver que o medo é ilusão e que estamos todos nos I

!i"

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o amor não é um jogo de criança

h,'o 'Ofj do uma existência benevolente. Mas no estado mental infantil nãoI 1111110 onectados com a realidade., Primeiro, temos de reconhecer os me-til) qu residem em nossa criança interior. Sempre que somos levados por111111 con ciência, o que sentimos é medo. Há uma história que meu pai cos-IIIItllV contar quando eu era criança. Um menino morria de medo deA/'/ p/o h, um ravióli judeu. Um dia, a mãe chamou-o para mostrar que nãoI1 ivlu nada a temer no kreplach. Levou-o para a cozinha e o fez sentar-se.1';Illic u um pedaço de massa' e perguntou se ele estava com medo. "Não",,'I \ ndeu. Ela cortou um quadrado de massa. "Medo de alguma coisa?""N ." Então ela pegou um punhado de recheio e o colocou no meio da mas-1111. "Algum medo?" "Não, claro que não." Então ela dobrou um dos cantos ."I';sLá com medo?", perguntou ao filho. "Não." Pegou outro canto e o dobrousobr o primeiro. "Está com medo?" "Não!" Dobrou o terceiro canto e per- :1

111 teu: "Está com medo?" "Não!" Por fim, dobrou o último canto: "Aiiiii, ;1kropLach!!!!!" ,,;'1,Nosso medo infantil tem inúmeras fontes. Em primeiro lugar, não é pos-li(v 1que um ser sensível cresça neste mundo ocidental estressante, repressor,c rnpetitivo e moralista sem desenvolver medos profundos. Depois, há o 1trauma do nascimento no corpo físico e a maneira como a maioria de nós 11

!na' e. Os incontáveis traumas que vivemos na infância somente se somam a :~s e trauma original do nascimento. Toda rispidez ou invasão, por mais ft

sutil que seja, abala profundamente a nossa sensibilidade natural. Por fim, Ü

11{:1 ainda a insegurança de viver num mundo em que nada podemos fazer 1';liante das grandes forças da vida. Sentimos mUitosdmdedos,masbPo~ trás de ~

L s eles existem dois que são básicos. Um é o me o e não so revrver, e o ~, gundo, de não receber amor. Todos os outros medos são gerados por esses. ]

uando começamos a examinar nossos medos e nosso comportamento mais 'I.,

de, perto, vemos que grande parte da nossa vida é orientada por esses doisn dos básicos de uma maneira ou de outra.

Nossa cultura não nos ensina a lidar bem com o medo. O que aprendemos.n ga-lo e resistir a ele. Nós nos esforçamos para apresentar a imagem

convincente, aos outros e a nós mesmos, de que nossos medos não existem "nos envergonhamos deles. Nós nos oprimimos ou nos julgamos por nossos

,fS~r~

~I··''medos. Mas, se não aceitarmos amigavelmente esses medos, também não tere-I . mos um relacionamento amigável com a nossa sensibilidade. Se não estiver-1,. " mos tranqüilos para lidar com nossos medos, jamais teremos um relacionamentoi, saudável com o nosso poder. Para nós, poder é a ausência de medo, não sua

aceitação natural. Com esse condicionamento natural do medo, aprendemos anos envergonhar da nossa sensibilidade e vulnerabilidade em vez de apreciar abeleza dessas qualidades. Nosso poder se torna agressivo em vez de centrado.

Fui tão eficiente em compensar meus medos que na faculdade, quandoum colega de quarto abandonou o curso e foi procurar um psiquiatra, eu ojulguei uma pessoa fraca. Só muitos anos depois passei a reconhecer a dívi-

. ,.- são que eu criara interiormente. Na superfície, desenvolvi máscaras muitocriativas para agir e manter tudo sob controle, mas, por baixo, estava escon-dendo uma criança profundamente assustada. Essa criança assustada vinhaà tona em situações estressantes, tais como meus relacionamentos com asmulheres, quando fazia algum exame ou competia no esporte. Já na faculda-de, convidei uma garota muito sexy e atraente para sair e fiquei surpresoquando ela aceitou. Mas, quando fui buscá-Ia, fiquei tão nervoso que nãoconseguia pensar em nada para dizer. Tudo me parecia "bobo" demais. À

medida que a noite avançava, eu ficava cada vez mais tenso até que, aochegarmos à festa que alguns amigos estavam dando, comecei a beber maisdo que podia suportar, o que não é muita coisa. Por fim, pedi licença parasair um pouco, mas ela quis me acompanhar. Lá fora, juntei coragem parabeijá-Ia, mas comecei a vomitar.

Aposto que todo mundo tem histórias como essa para contar. Quandoreprimimos o nosso lado sensível, ele escapa de maneira inesperada e nospega de surpresa ou o projetamos sobre a pessoa que amamos. Eu fiz issotambém. Meu primeiro e grande amor era uma pessoa tão sensível que f~zmuitos anos de terapia para encontrar força e confiança para viver o cotidia-no. Viver era um desafio constante para ela. Eu não podia entender a razãoda dificuldade, pois acreditava que a melhor maneira de vencer o medo eraenfrentá-lo. Eu a achava simplesmente medrosa. Quando o nosso lado du-rão condena o lado sensível por ter medo, este último se esconde ou sevinga com sabotagem sutil. E isso se transforma numa luta interior.

A experiência interior da criança emocional

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o amor não é um jogo de criança

() iuud - não aquele que sentimos quando enfrentamos um perigo ímedia-

lil 1\1\1suus bases no passado. Ele vem das experiências e dos condiciona-111111IItllltI11\ stão na mente da nossa criança ferida. Foi gravado por experiências1lllKf\llvil,p 1 s traumas e 'pelos temores de nossos pais, dos professores e da1,1li!t 11'11, I)or bservar meus medos intimamente, sem julgá-Ias, reconheço que1111IIIIII()I'parte das vezes eles não têm base na realidade. Em geral, consigodllltl 1'1<:-l s como algo que veio de meus pais e que sutilmente instalou-se

1111111\111hu m nte. Quando eu era jovem, o medo de não ganhar dinheiro e não11I11I't1vlv(' stava sempre presente. Ainda sinto certa culpa por comprar umaIllIqlll mnis ara, Aos poucos, estou conseguindo ver que, quando o medo sur-11, qun s mpre a minha criança emocional que entrou em ação.

unud estou irritado ou agitado (além do normal), isso é sempre sinaldll \1'111\ criança emocional assumiu o controle. O medo vem à tona dispara-ti" pole Int de não ter conseguido algo que quero de outra pessoa ou provo-Illld() por um desconforto físico, rejeição, fracasso ou crítica. O primeiroIIIHUI!l r C nhecer o medo. O segundo é reconhecer que a criança emocío-

1111I,1I111Tliuo controle.

Vo stá com medo.modo é. agora, uma realidade existencial,

Unu: realidade experimentada: ele existe,

Voc{} pode rejeitá-Ia,A() rojoitâ-lo, você ° reprime,

() mpritni-Io, abre uma ferida em seu ser,Osho

1\ 1'1\' 'I (lI'!:

(:11111111:11IlSCI' vendo ou conscientizando-se de seus medos mais profun-

dll/ I li! rnlncão a:li) 1'1'0 II1IUI:- de outra pessoa.

Existe uma divisão interna entre um lado seu que provoca e julga e outrolado que sente medo? Represente essa divisão num desenho. Como você

1 lida com essa divisão?i j::~~-::::,:--1 t-:!""··,·· .•'~.=:=e,..":o .

r-_:iO::~sa criança emocional interior vive em estado de medo profundo. Quan-

Ji:~.., do entramos no estado mental dessa criança, somos medrosos. A criança'1" interior tem pavor de não receber o amor e o alimento necessários parar---- sobreviver. Quand_o esses. medos são ativados, nesse estado mental, tor-

:1 nam-se uma questao de VIda ou morte.

• 2. A fonte de nossos medos são os traumas e as experiências dolorosas do 'I passado, Eles também são "herdados" das pessoas com as quais convive-I mos - nossos pais, nossos professores e nossa cultura, Como geralmentea encobrimos nossos medos como um adulto que aprendeu a compensá-Ias

:.,j:'" de alguma maneira, temos pouca compreensão do modo e das razõespelas quais eles se desenvolvem.

a

A experiência interior da criança emocional

Expressar sua criatividade.'.c) Ter segurança financeira.. Pergunte a si mesmo: de que maneira esses medos vêm daquilo que fui

" 'ensinado a pensar? De que maneira esses medos vêm de experiênciasf· traumáticas de meu passado?

f.:'

, Escreva com a mão esquerda (ou direita se for canhoto) quais são seusY medos - imagine que é a sua criança interior que se manifesta.

::;_Como se sente com e~ses medos? Você os julga? Se julga, quais são seusjulgamentos?

Qual foi a mensagem que você recebeu (verbal e não-verbalmente) sobrecomo lidar com seus medos? Desprezá-Ias? Enfrentá-Ias? Não se entregara eles? Entregar-se?

" .!

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o amor não é um jogo de criança

.1. 1';lll rol. não temos bom relacionamento com nossos medos. Nós os [ul- 'lb les ou fugimos deles. Quando ;111111 S, os negamos, tentamos aca ar com e . "i

d t maturamente o nossa lado vul- +11 () 1.oitamos nossos me os. ma amos pre fnt r V I e sensível. Existe uma maneira muito mais saudável de lidar ~C;OIr) medo. Podemos aceitá-I o e entender que ele vem da nossa criança,

:'ií

(mo i nal. :1

I. úni os medos reais são os que surgem quando enfrentamos um peri)BO imediato. Todos os outros medos têm suas bases no passado e_fazem 1

nrt do estado mental da criança emocional. Essa compreensao nos JI . 1 d IP emite observar o medo quando surge e notar que e e vem o nosso .:

icondi ionamento e de um velho modo de pensar. j

11A infecção'

.,.

',1 ;~?f:rj:, .i ;;;j:Há alguns anos, eu fiz um intenso workshop terapêutico focado nos~::-r.·descondicion~en~os da infância. Um~ das descobertas mais significativas queJ ---fiz nessa expenencia mostrou que muitos dos meus medos eram os medos daI.-·minha mãe. Eu sabia disso intelectualmente, mas nunca o experimentara de~s'L~aneira tão vívida. Sou muito ligado a ela e por isso, inconscientemente, via ol-iriundo através de seus olhos. Em nosso trabalho, chamamos o fenômeno det ".:..~ssumITos sentimentos e a maneira de pensar daqueles que nos criaram de~R "infecção". A infecção são todas as maneiras através das quais nossa energia foili negativamente afetada pelos condicionamentos. São todas as convicções e os.it. _,._.,,I medos repressivos que inconscientemente trazemos dentro de nós, todas as:1 expectativas negativas e os sentimentos de limitação que assimilamos dos nos-:~ sos adultos importantes. Quando crianças, somos um receptáculo de todos os ..~ medos e negativismos dos que cuidam de nós e da sociedade repressiva na qual:1 fomos criados. Chamamos isso de "infecção" porque entrou em nossa maneira:~ de pensar sem nosso conhecimento e espalhou-se a ponto de afetar nossa ener-~ gia, nossa auto-estima, nossa criatividade, os relacionamentos, a sexualidade, a

I inteligência - em resumo, todos os aspectos da nossa vida.. A infecção ajuda a explicar muita coisa da experiência da criança emo-~ cional. Caso contrário, seria muito difícil entender por que sentimos tanto~a

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o amor não é urn jogo de criança A experiência interior da criança elTIooonal

1111do, tunt vergonha, tanta inibição e insegurança interiormente. A infec- ·,plde. N~o podemos imaginar outra forma de pensar nem de agir. Isso so-I O IJU Ia a explicar por que nos pegamos repetindo estilos de vida e pa-,~s nós e é assim que somos.

di' (li que pertenciam a um dos nossos pais ou a ambos, É claro que nem:~ '.Há pouco tempo, entre um workshop e outro, Amana e eu passamos a

IlIdo o flu. nos infectou foi negativo. Muitas das nossas qualidades positivas ,~!te com um amigo que estava cuidando de uma mansão nos arredores de

1'11I'01\\ m parte herdadas de alguma maneira misteriosa. O que estou focali-j "orença. As pessoas que moravam lá, uma família americana, estavam via-

:1.111111 El ui é como a criança emocional desenvolveu medos, vergonha e Ê,',do pela Europa, O pai de família era um executivo muito ocupado, que

dnul:( nfíança, em boa parte causados pela infecção. Outro termo que usa-~ " amente ficava em casa, e a mãe morava naquele lugar enorme, praticamen-

11I)lJ ara o fenômeno da infecção é "fusão negativa". Na inocência e na', ..,:$ozinha, com dois filhos. Ela se queixava muito com nosso amigo de uma. 1

Illdof n abilidade da infância, nos fundimos naturalmente com aqueles que'l )uação que a deixava com muita raiva. Na parede do quarto do casal havia

1:1I11umde nós. Quando aquele com o qual nos fundimos está contaminado j '. certificado personalizado do papa abençoando o casamento deles. Eu me

Ilor rn dos e negativismo, a fusão é negativa.J~~i.conta de que toda a situação - um casamento baseado na inconsciência eexplorarmos algum medo ou padrão de comportamento específico, .~:;~~a família que vivia sem amor real e sem conexão - era a conseqüência

UOI muita freqüência vamos rastreá-Io até alguma atitude ou algum com- 'G',~::previsível da infecção de seus membros. Ambos tinham vindo de famíliasl .....

portumento medroso de um de nossos pais. As diversas manifestações doi t,\~stritamente religiosas, cujos pais viviam juntos sem consciência nenhuma e

1111d m nossa vida' atual em geral apenas refletem o modo como nossos ~:;·.\..·~·emnenhuma ligação entre si. Esse casal imitava a vida de seus pais.

pul:;, ou apenas um deles, expressavam seus medos. Nossas atitudesnegati-~;· ...· Se é preciso muita coragem para conhecer a nossa infecção, imagine-se

Vil. ríticas em relação aos outros e à vida geralmente refletem atitudes:l; então para nos livrar dela. É, sem dúvida nenhuma, o passo mais corajoso que

1IIllilares de nossos pais. Nossa atitude em relação a dinheiro, sexualídade.j :c .. slaremos na vida. Nossos condicionamentos - a religião, a cultura, a classe

IJlICI-JSS_ou divertimento pode "". rastreada até os c~ndicionfuuentos .e .asl~··c.~ocial em que fo~os cria~os. ~ ~os dão urna identidade. Até começarmos aconví çoes que nos foram transmitidos por nossos pais, professores, re11glO-;.' -romper com tudo ISSO,sera difícil perceber que estamos sendo esmagados ou

UIl utros adultos importantes que nos educaram. Antes de explorar a'f :ue existe outra maneir~ de viver, diferente daquilo que nos foi ensinado. Os

nossa riança interior, talvez nunca tenhamos sequer pensado que aquelas if. ~ulg.~entos e ~s pressoes que vêm com a infecção são muito profundos e1:1'1 11.00snada tinham a ver conosco. E a fonte da nossa infecção vai ainda!l lllSIdlOSO~. Nos passamos a vida acreditando que somos as nossas

mnls fundo do que apenas aquilo que absorvemos das pessoas que cuidaram 1f·madequações. Nossa infecção ocorreu tão cedo e foi tão profunda que não nos

do fi . Está no próprio ar que respiramos. A repressão, as convicções negati-:I c~nh;cemos d~ out~~ maneira. Pensamos que o nosso eu infectado somosVII.·,a a titude defensiva, a competição, a pressão - estão todas profundamen- :1' nos. E a nossa ldentrficação mais profunda.

lI) imbutidas em nossa cultura. Não podemos evitá-Ias. ! Temos um medo muito grande de nos afastar daquilo que nos é familiar.

utra maneira de entender a infecção é saber que fomos moldados se- ;. Amana e eu dirigimos um treinamento para terapeutas na Dinamarca com

11111 o todas essas reflexões, repressões, convicções e comportamentos a'~ outros onz~, professo.res, todos eles estudiosos espirituais de longa data. Foi

116s transmitidos. Literalmente, somos o que se esperava que fôssemos. E:I uma expenencia radical que atraiu pessoas da Noruega, Suécia e Dinamarca,

IIgllf'Aé assim que pensamos a nosso respeito e sentimos a nós mesmos':1 a m~~oria já be~ estabelecida na vida, com empregos tradicionais e rotinaAgi IDOScomo autômatos que cumprem um roteiro. A infecção fez o molde," familiar, que fOI apresentada a um estilo de vida totalmente novo. O treina-

11 I( los os conceitos que temos de nós mesmos são a imagem que saiu desse' mento durou um ano e meio, e nesse período elas aprenderam a viver em~!

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o amor não é urn jogo de criançaA experiência interior da criança emocional

11\1 ti 111 .no, 13mfazer concessões e em contato com seus sentimentos mais:''fem ajudado muito retornar periodicamente às minhas raízes para ver oplllllllltlofJ sua energia vital. Muitas delas realizaram grandes mudanças em'; e.era meu e o que não era. Em todas as visitas que fiz à minha família, tive

1111 v li \ _ m geral, abandonando trabalhos para os quais não foram feitas, . ~rtunidade de observar a minha infecção. Primeiro, tive que me afastar1'1111111

1111(1 r lacionamentos baseados em antigos hábitos e priorizando o ser or"longo tempo até me sentir forte o bastante para voltar. O rompimento

11111 VI'I. do fazer. Mas são mudanças que exigem tempo e paciência. No espaço ':mos condicionamentos começou há quase trinta anos, quando abandonei111111\111 o lado sensível e vulnerável, é uma coisa terrível romper com o que nos . .~sCola de Medicina. Esse foi, de várias maneiras, o passo mais corajoso e111 111111 11 c..l . Para a nossa criança emocional, significa abandono, punição e:' portante que já dei porque fui capaz de ver que eu não estava conduzindoI tlVII'I. \ ndenação eterna. Para essa criança, aderir a essas crenças e a esses ,:,-:nha vida. Dei início ao processo de encontrar a mim mesmo, que conti-\1\111'1 ort m ntos significa a própria vida - sobrevivência e inclusão. Dissociar- ; ~aaté hoje. Naquele dia, minhas prioridades mudaram do sucesso para a

I til l()fJ mesmo que cair no isolamento e na inanição. ,erdade interior. No fim, voltei para a escola de Medicina e depois fiz espe-( li mto mais profundamente exploramos nossas infecções, cada vez mais·ializações em Medicina Familiar e Psiquiatria, mas as coisas nunca mais

ti 11I I:obrimos quanto nossas atitudes, nossos comportamentos e nossa energia '.~ :9ram as mesmas. Eu saltei daquele trem e nunca mais embarcaria nele no-1'111'11111 sutilmente afetados, Temos que examinar cada uma das nossas convic- '} Vamente.Agora, quando vou para casa por três ou quatro dias, consigo mano.I' 01 tllitudes para saber se pertencem a nós ou se são parte da nossa ínfec- . ..~tdistância e ver o que ainda me serve e o que não é mais o meu mundo. Set,: o, 158 quer dizer explorar gradualmente nossas atitudes em relação a sexo, , :~qarmais tempo, começo a regredir e toda a clareza e o distanciamento vão

10/1 snntimentos, ao poder, à liberdade, à responsabilidade, à espiritualidade,i por água abaixo. Se ficar mais tempo ainda, começo a ter idéias suicidas.10M I' Iacionamentos, ao casamento, aos cuidados com o corpo, à alimenta- ., Trabalhar as nossas infecções é mais ou menos como matar um dragão.

t,: o, n aprendizado, ao dinheiro e ao trabalho. Quando examinamos todas' ::;':~ossos condicionamentos são um monstro cuspidor de fogo que ameaçaIIlHIIH isas com tal questão,em mente, "" poucos passamo~ a ~~s desi~fectar. :1:. 2~nos'-e~tinguir com suas chamas se sairm~s da linha. Nossa criança emocio-S\) S( ntimos no fundo de nos mesmos, e nosso; do contrário, e mfecçao. Mas j:.::,.nal nao tem coragem de enfrentar o dragao. Mas outro espaço dentro de nósI ilv 'I, não seja possível, no começo, sentir lá no fundo, Em minha experiên-! ::',~~em.Nosso "buscador" é o Iasão, o Hércules do nosso ser. Tratarei desse

nln, lovei algum tempo para 'desenvolver essa percepção. ':lf. :~ :,~~::p,ec~,odo se~ em outr,o capítulo. Não importa quão f~rt~ .seja o nosso "bus-. : ~~dor ,se quisermos ficar conectados com I?-0ssasensibilidade teremos que

. l' estar conectados também com os medos' da nossa criança emocional. Se-; gundo minha experiência, se a intenção de encontrar a nós mesmos é sínce-:1' ra,' os comportamentos e as crenças que não são nossos aos poucos vão:1 desaparecer, A força vital que ~á de~tro de, nós vai ~e i~por naturalmenteI apesar dos medos. Outra questao delicada e a conscientização de como fo-.1 mos profundamente con~icion~dos ,e fo~te,men:e influenciados por atitudes. e comportamentos negativos. E muito fácil deixar-se levar pela raiva, pelo'I ressentimento e pela c~lpa. Temos, de saber como os condicionamentos blo-, quearam a nossa energia e os sentimentos, mas, ao mesmo tempo, de nada~ nos serve alimentar a culpa e o ressentimento. Descobri que precisava pas-

i

1. Examine cada convicção e comportamento relativos a sexo,

espiril:ualidade/ poder, individualidade, sentimentos, dinhei-

ro, doação, relacionamento e casamento, responsabiliklee liberdade, fanúlia, alimentação e cuidados corporais, tra-

balho e relaxamento.

2. Pergunte:a) De onde vem isso? .b) Como seria se eu não desse ouvidos a determinada cren-

ça e não agisse como acho que deveria agir?

Page 50: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor' não é um jogo de criançaA experiência interior da crianca e . al. :r- InOClon

111 \1111

\111\ dado de revolta no qual me permiti sentir raiva e ressentimen- "

11111111\\101111 que me criaram. Mas, depois, chegou a hora de me livrar disso:~

1\111\111 hnnrer meus pais e minhas raizes pelos bens, pela beleza e pelo amo/"

1\\\1\ I'\!:\ hl. '

ão podemos descobrir quem som té: . os a e compreender bem nossa infecao. Nossos conceitos e nossas ações estã 1 d -ao rep etos e padrõ d

:i;:ase comportamentos que não nos pertencem F . o.es e cren-'h d d d . oram ínconscientern ter a os aqueles que nos criaram f en e" id ' e a etam todos os aspectos de nossa

VI a.

Nossa compreensão da infecção se 1"amp rara se obtivermos 1cíência de quão profunda e sutilmente el .. pena COllS-"d _ f a se mfiltrou em nossa mente e

':', e quao ortemente envolveu no id S ., ssa Vi a. e examInarmo .,~'diversos aspectos de nossa vid b s com ngor os! a, perce eremos com grande 1 .dquantos de nossos pensamentos _ _ UCI ez. ,_ d . e açoes sao automáticos e habituais - eja nao po em ajustar-se nem servir a nossos propósitos.

Todavia é também importante reconh ., ecer e aceitar o medo tr d'i: surge quando nos desligamos de no . . emen o que

,.~"buscador" interno nos impul . ssos. condicionamentos. Nosso. . SIOna no cammho da autodescoberta mas

I, I';xnmine as suas atitudes em relação ao dinheiro. Escreva-as. Agora es- ,:.;a criança emocional continua profundamente t d " . '"mite " O ' emerosa e sair dos li-

1:1'( va as atitudes de cada um de seus pais em relação a dinheiro. Campa- ., ,=--'--' s. processo de cura da infecção é longo .; :'".2<.' paciê .. e requer muita coragem

1'1 OS duas listas Volte para a sua lista. reconsidere cada uma das atitudes 1;,:"." ncia e consciência, .

( voja se pertencem a você ou se fazem parte da sua infecção. ~ ~~:~-".i ",f\ r pergunte-se: como seria abandonar essas crenças que não são suas? 1, :

11< is são os medos específicos que podem surgir? ~ ,.~j

:\. V( ô também pode examinar suas atitudes e crenças em outras áreas da;,1

vida. Observe quais delas não se ajustam - aquelas que mostrarem um:,

'''I' to automático fazem p",te da infecção, I'I, \{( v 'ja as crenças a respeito dos aspectos mais importantes da vida que ~

voe herdou da classe social, da religião e da cultura em que foi criado, ;\

Novamente verifique quais delas se ajustam e quais não se ajustam a

vol

(:(lr/tI geração segue transmitindo seus males11 n vas gerações e, naturalmente,,~ll vas gerações ficam cada vez mais carregadas.

Vor;() é herdeiro de todos os conceitos repressivos

J (I história como um todo. Osho

s:

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li'11,\',1:1.:"I'li,~I'11i,.u'1

Page 51: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

12Vergonha e culpa

" utra experiência interior fundamental da criança emocional são a ver-zonha e a culpa. Vergonha é a sensação de não ser o bastante. Eu suspeito

_ .... \'e' cada um tenha a própria palavra para descrever essa experiência. Mas,~~~'!~êj~:como for que a descrevamos, não é uma boa sensação. Quando sou).,. ~-',f..,.~c:.-\:: •!:t~tr6:ru:ado--pelavergonha, não posso sentir a mim mesmo. Não só não tenho~~j~itfua'experiência positiva de mim mesmo como não tenho nenhuma expe-~>j,}j~ncia. Minha energia diminui, tudo parece exigir muito esforço. Não con-1L{",'~:~~0imaginar que eu seja competente em qualquer coisa nem que alguémíR': . possa me amar e me respeitar. E, para piorar, adoto comportamentos quec_li~_

11 f~rtalecem ess~s sentimentos. Posso di~er coi~as estúpidas, co~eter t~d,o;. tipo de erro, deixar tudo desarrumado, nao termmar o que comecei ou deixá-~ 10 malfeito e até ficar andando por aí atordoado. E então me sinto culpado. por afundar tanto nesse buraco. Desse espaço, olho para cima e vejo um mun-

doem que todos são um sucesso e eu sempre serei um fracasso. Quando estoui nesse espaço, normalmente não consigo imaginar que exista outra coisa.

Acredito que é assim que sou, assim a vida é - e nada poderá mudar isso.Um dia, enquanto escrevia este capítulo, entrei num salão de Sedona, no

1, Arizona, onde moro, para cortar o cabelo. Uma mulher estava terminando o! seu penteado. Eu a vi levantar-se, pagar e sair. Ela parou rapidamente para]

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o amor não é um jogo de criança A experiência interior da criança emocional

1\ (lllllll' )11 spelho e saiu sem que ninguém a visse. Era uma mulher ~uito-, "ependendo do que fazem para viver. O sucesso nos joga para o alto, o. d andar pareciam não saber dISSO." ' d b1111111111, 1I111 ua postura e sua maneira e .., ~ sao nos erru a. Ora nos sentimos superiores, ora inferiores, "vencedo-

fr al IDelra lmpres ... " .• I 111 /I J( gur rmos um espelho na nossa ente, em ger a pn. _ -,ril: "perdedores", dependendo da resposta que obtemos. Eu souassim.E

. lm t ntraremos alguma COIsaque nao.s -' . d 1 - . b h"I 11 di vergonha. Invaríave en e, enco ~': tem am a aquees que compensam muito em a vergon a com o11 I oodn precisa ser melhorada. Lembra-se da última vez que v~c~ se; '''8'50'',vendo os outros como "perdedores" e a si mesmos como "vencedo-UllltlU () cluído ou que não pert~ncia a nenhum lugar? Lembra-se da ultlma~:: /tMas, para quem consegue compensar a vergonha efetivamente, pode

" ., fr --lguma coisa importante ou estavas tr tã fund t d .. - idVII:.'. q I to foí rejeitado ou ,acassou em i:U, auma ao pro o quan o uma per a, uma rejeiçao, um aCI ente ouIlCllll, til uórn que admirava e disse alguma impropriedade? Estava com alO!, "enfermidade o fato de olhar para si mesmo e descobrir a vergonha queK\t III que respeitava e não conseguiu ser você mesmo? Esses ~omentos:' ,tê?atrásdas próprias máscaras.jlI'IIV com a nossa vergonha. Quando ela nos toma, não nos sentl~os bel~\empre alimentei a crença de que, quando temos pensamentos e senti-11111 101' o.maneira que somos. É possível sentir a vergonha de maneira maIS, rãs' de desvalorização e fracasso, não devemos nos entregar, mas resis-1'1,1 11ln S "ataques de vergonha", mas ela está basicamente presente o tem-"nha vergonha sempre esteve presente, mas entregar-me a ela era, parapo todo. A vergonha chega a imobilizar algumas pessoas. _ ,,,,:_,sinal de fraqueza e acomodação. Pior que isso, se eu me entregasse,

N RS vergonha é fortalecida por vozes interiores que estao constante~; _aísme livraria' dela novamente. Eu não via nenhum valor na permissão1111 ut nos avaliando para nos lembrar que somos imperfeitos e temos que;, ,sentir vergonha. Mas hoje posso ver que, se não mergulharmos na nossamudnr para melhor para ser vencedores, ser bem-sucedidos. Chamamos iSS,Oij :gonha, não vamos encontrar a nós mesmos. Seja mergulhando na vergo-til O impulsionador-julgador, do qual trataremos com maisdetalh_esno pr~-á;,~seja compensando-à para superá-Ia, ainda assim nossa vida interior é

ruo ítulo. Sem a nossa vergonha, o impulsionador-julgador nao poder~a,.: ' 'úduzida por ela. De alguma maneira, temos de nos conectar com essel/ltlr. ~ossa ve;gonha~~'sdi~'q~e--tudõci-queo impúlsionador-julga~~r.dlz '?~imento profundo que diz "sou inadequado, sou um fracasso, j:ireCis-o'e"5:'

verdade absoluta. O aspecto mais limitador da vergonha é a imposslblhda\ õhder'minhas inadequações ou todos conhecerão a verdade a meu respei-do LI s ntir a nós mesmos - ela nos afasta de nosso centro. A vergon~a nos:·~W,~9~:~·Issocertamente me tornou mais humano. Quando disfarço minha vergonhadi til; ne ta da experiência de nos sentir em casa interiormente. E muitos ~e'~~~QID:compensações, sinto que estou fugindo de mim mesmo. Há um medoIIc')U ntem tanta vergonha, há tanto tempo, que nem imaginam o que seJé).!:':~:~e~prepresente, emboscado sob a pele, que não desaparece apesar dos es-

1I11('-seem casa interiorm~nte. Est~~os iden.tificad~s co~ a nossa ::r;:~;17~l~~ços para vencê-lo. E~sa é uma l~ta infindável p~rque, enquanto não cuí-11 h . Em visita recente à minha família, depois de cinco dias (um r o .~';:...~~os desse medo subjacente e da msegurança advmda da vergonha, semprepura mim), mergulhei profundamente na minha vergonha. Eu sabia :ue era:~":seremos perseguidos por eles.voraonha e sabia que estava tendo um ataque de ~ergonha, mas per~l t~tal-l Grande parte do comportamento automático vem da vergonha. Com umaIIHnte o controle. Só depois ,que voltei para a minha casa e retomeI mmha~_identidade envergonhada, não confiamos em nós 'mesmos e dependemos

1 ., !vldn r encontrei os amigos e a comunidade é que vo teí a tona.· :1 dos outros para nos sentir estimados, amados, cuidados. Tornamo-nos

, . ITodos nós sentimos vergonha, mas cada um lida com ela à sua maneua'j agradadores, fazedores, resgatadores - qualquer papel que nos dê o que pre-

. tu-Il)lInl alguns, a vergonha está na superfície,. e são constantemente l~~or u-,~ c.i~amos desesperadamente para preencher o vazio deixado pela vergonha.I1l1d s por sentimentos de inadequação e estão profundamente identlfica~OSjEu acreditava que o meu valor dependia do que fazia - sem as minhas ações,com "perdedor". Outros oscilam entre sentir-se competentes e desvalonza-j não seria ninguém. (A mulher identifica seu valor com doação e amor, en-

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o amor não é um jogo de criança A experiência interior da criança emocional

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I olllnr II espelho e saiu sem que ninguém a visse. Era uma mulher ~uitOi~ "ãp'endendo do que fazem para viver. O sucesso nos joga para o alto, o. d dar pareciam não saber dISSO., ',' d b O

bOI! til, 1I10.Ssua postura e sua maneira e an . ..;' o'nos erru a. ra nos sentimos superiores, ora inferiores, "vencedo-I, " /I ( urarmos um espelho na nossa frente, em geral a pnmeira lmpres'f ";'~perdedores", dependendo da resposta que obtemos. Eu sou assim.E

t) d! vergonha. Invariavelmente, encontraremos alguma coisa que ~ãot ,õ~'~inda aqueles que compensam muito bem a vergonha com "oI 1 (; rt e precisa ser melhorada. Lembra-se da última vez que v~c~ se;' à:', vendo os outros como "perdedores" e a si mesmos como "vencedo-'111\11\\ luído ou que não pertencia a nenhum lugar? Lembra-se da ultlm~~ Mas, para quem consegue compensar a vergonha efetivamente, podeVI v: \I foi rejeitado ou fracassou ~m alguma coisa importante ou estav~~ '~trauma tão profundo quanto uma perda, uma rejeição, um acidente ou1.0111nl u m que admirava e disse alguma impropriedade? Estava com al,:; ;.'nJermidade o fato de olhar para si mesmo e descobrir a vergonha queu !TI qu respeitava e não conseguiu ser você mes~o? Esses ~omentos~ '/atrás 'das próprias máscaras.

. nh Quando ela nos toma nao nos santírnos bem, '..rripre alimentei a crença de que, quando temos pensamentos e senti-prov o.m a nossa vergo a. .' ' .' ~I 11\ r d maneira que somos. É possível sentir a vergonha de maneira mals~ "S':dedesvalorização e fracasso, não devemos nos entregar, mas resis-1\ ud n "ataques de vergonha" ,mas ela está basicamente presente o tem-.;: a vergonha sempre esteve presente, mas entregar-me a ela era, parapo rod . A vergonha chega a imobilizar algumas pessoas. _ '. ','sinal de fraqueza e acomodação. Pior que isso, se eu me entregasse,

No sa vergonha é fortalecida por vozes interiores que estao constante~., , .sme livraria dela novamente. Eu não via nenhum valor na permissão11111 nos avaliando para nos lembrar que somos imperfeitos e temos :ue ~ritir vergonha. Mas hoje posso ver que, se não mergulharmos na nossa

di d Chamamos ISSO'mudnr para melhor para ser vencedores, ser bem-suce ,I ~s. > onha, não vamos encontrar a nós mesmos. Seja mergulhando na vergo-do O impulsionador-julgador, do qual trataremos com mais detalhes. no pr~-:~;;-seja compensando-a para superá-Ia, ainda assim nossa vida interior éxl m apítulo. Sem a nossa vergonha, o impulsionador-~ulgador .não poder~a':~JiZida por ela. De alguma maneira, temos de nos conectar com esse

t lir. Nossa vergonha nos diz que tudo o que o impulslOnador-Julgad~r.dlz:': t~eíito profundo que diz "sou inadequado, sou um fracassü:'preciiõ"es-v rdade absoluta. O aspecto mais limitador da vergonha é a impossiblhda-~~~éTminhas inadequações ou todos conhecerão a verdade a meu respei-

d de entir a nós mesmos - ela nos afasta de nosso centro. A vergo~a nos~' :1850 certamente me tornou mais humano. Quando disfarço minha vergonhad! conecta da experiência de nos sentir em casa interiormente. E muitos ~e.: ~~~ompensações, sinto que estou fugindo de mim mesmo, Há um medo11 8 ntem tanta vergonha, há tanto tempo, que nem imaginam o que seja: fi ~!=lpresente, emboscado sob a pele, que não desaparece apesar dos es-

ntir-se em casa interiormente. Estamos identificados com a nossa vergo-;yços para vencê-Io. Essa é uma luta infindável porque, enquanto não cui-nha, Em visita recente à minha família, depois de cinco dias (um recorde: <ar~n"osdesse medo subjacente e da insegurança advinda da vergonha, semprel ora mim), mergulhei profundamente na minha vergonha. Eu sabia c:ue er~1 ~~~êremos perseguidos por eles.v rgonha e sabia que estava tendo um ataque de vergonha, mas per~l t~tal ~(~!;Grande parte do comportamento automático vem da vergonha. Com uma11\ nt o controle. Só depois que voltei para a minha casa e ratorner mmha:,. i-:-::Jçl.entidadeenvergonhada, não .confiamos em nós mesmos e dependemosvida reencontrei os amigos e a comunidade é que voltei à tona.! dcis outros para nos sentir estimados, amados, cuidados. Tornamo-nos

, d rd com ela à sua maneira I , d d f dT dos nós sentimos vergonha, mas ca a um 1 a '-1 .. agra a ores, aze ores, resgatadores - qualquer papel que nos dê o que pre-r . - constantemente ímportu- " d d h .I'lll'H alguns, a vergonha está na super icie, e sao .' . ',Clsamos esespera amente para preenc er o vazio deixado pela vergonha.

- fu d t dentlficados' -- .. ' ., .und s por sentimentos de inadequação e estao pro n amen e 1 . 1 Eu acreditava que o meu valor dependia do que fazia - sem as minhas ações,com o "perdedor". Outros oscilam entre sentir-se competentes e desvalonza-], não seria ninguém. (A mulher identifica seu valor com doação e amor, en-

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o amor não é um·jogo de criança A experiência interior da criança emociona]

IplllJlIO homem se valoriza pelo que faz. Tudo vem de uma auto-image~, tos da vida e menos em outros. Alguns, por causa do passado, podemIIIIVI "H nhada.) A ferida da vergonha nos coloca numa bolha de vergonha:'. \~,rof?nda vergonha e insegurança ligadas ao corpo, à sexualidade, à

I 11 111 b lha vemos o mundo como uma selva perigosa e competitiva, onde~ -"d~9-e,à coragem, à auto-expressão,. ao-fato de ter filhos ou aos senti-I li I 19 luta e nenhum amor. Nessa bolha, também acreditamos que, se não! ..S'~ 'à sensibilidade. 'Esse tipo de vergonha afeta a maneira como nos

1111 irmo , não competirmos e hão compararmos, não vamos sobreviver. EI; '~!,lamos e na maioria das vezes nos impede de nos abrir para os outros.I)()I' flrn, m nossa bolha deyergonha acreditamos que os outros são melho:! :,~~~gonhapode ser sentida corno uma' profunda cicatriz no nosso ser, por/", ignos de amor e sucesso, são mais competentes, mais inteligentesj ~~esmo impossível de s~r venci da. Dessa nossa vergonha, temos urnaIlllllll ntra ntes, mais poderosos, mais sensíveis, mais espirituais, mais sm:,~~ .:~,térna.Achamos estar sempre fazendo a coisa e~rada. Noto que; quan-Il! I' R, mais corajosos, mais atentos e assim por. diante. É claro que cada UIrt) f~;anaestá aborrecida por qualquer r~zão, imediatamente me sinto res-unn sua combinação própria desses "mais" que projetamos sobre os outros, .~~eLAs vozes da vergonha começam a dizer:."Você não a ama 'quanto1\.1in disso, a nossa vergonha interfere profundamente na maneira como a., }a, não a ajuda, não está atento". Da vergonha de minha ínsensíbílida-poss as se relacionam conosco. A mensagem que transmitimos da nossaj .j~to uma culpa constante por fazer tudo errado e ser tã~ obcecado porbolha de vergonha é basicamente esta: "Não sou digno de amor nem de~~m.esmo. Da vergonha de minha irresponsabiliClade, si~to culpa por não,. III ito, portanto você pode me rejeitar e aproveitar-se de mim a qualquer; , o que deveria. E por ~ívai. '

momento e da maneira que preferir". " .~:~determinado nível, muito do que acreditamos a'nosso respeito do ponto1\ vergonha também se autoperpetua. Em nosso senso de sel] envergo-] -.ista da vergonha parece ser verdade. As vozes da vergonha parecem legíti-

nhado, nós buscamos nos outros a legitimação. Vivemos fazendo conces< das pelas experiências que a vida nos oferece. Nós nos sentimos ~al-ama-I s. Nós nos relacionamos por concessões. À medida que nos acostumarmos,: ;~,rejeitados. Sentimo-nos covardes e nos retraímos para não corre).'riscos.

(I nos ver como alguém'que"faz:Conces;oes,-nossaaiilo~iiriagem envergonha> ::tírrro-nos gordos e estamos acima do peso. Sentimosnada-rerdEfVlIlnr-p-af'ada aprofundará. Esse comportamentoprovoca rejeição, e nossa auto-estí-; ",:e"sofremospor ser julgados ou criticados. Se essas "verdades'; parecemmo. ai ainda mais. De uma auto-imagem fraturada, a tensão interior cresce e; ).bsolutas, como nos livraremos delas? Como podemos penetrar na mentirapod mas entrar com mais facilidade em algum tipo de comportamento com-f~~~g~nha? Essa tem sido uma profunda indagação para mim. O que aprendipulsivo ou dependente. Tudo isso se soma à nossa vergonha, . ..·'";:,~i'p~;:~trar lentamente na mentira através da compreensãó. Sei que a vergo-

Ao mesmo tempo em que a vergonha é um fenômeno que nos afeta global-] f&i~~é um produto da minha mente, que foi condicionada por uma culturamente, é também algo que pode ser observado com mais clareza em alguns;~fft~pressiva, moralista, competitiva, materialista ede negação da vida. É um

'. ' .. ~;J5roduto da criança criada num ambiente em que seu ser não foi reconhecido e1" .' condicionada a ajustar-se a um mundo estranho basicamehte insensível. Com~

·l_r.e~ultado desse condici0!lamento, desconectei-me de minhas qualidades eI energias essenciais e perdi contato com meu centro.' .

'1 .' A vergonha não desaparece, mas através da compreensão ganhamos dis-1. tâncía dela. Eu ganhei alguma distância por reconhecê-Ia quando me dorni-~ na; por saber de onde vem, por observar como é provocada e perceber como

eu a compenso.

Auto.-imagem envergonhada

~.

A ESPIRAL DA VERGONHA 'CondescendênC:.a Dependência

AnsiedaJe ••••• Rejeição,

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o amor não é w:n jogo de criançaA experiência interior da criança eI11ocional

11) • '11111 V rgonha

VIII KOl1ho não é uma sensação agradável. Ela nos faz sentir pesados,;lIIUdll, 1)1\ I IIt sedeprimidos.ElacobrendsSaenergiavitalcom~m~t~'

A nha não nos permite confiardi 11 011 no r z perder contato conosco. vergo ., _ ". di s precisamos oumtuunos. Nossa;

11\\111 "IH)I' o tIl sentimos, pensamos, izemo 'T

h- hamamos de "vozes da vergonha" - as vozes dq1111 11111 10 n com o que c. .1.

- denam e nos criticam. Somos,1111111\ onudor-julgadcr- Essas vozes nos con :"

" d tr - As "vozes da vergonha'j1IllllllttlllJ p Ia desconfiança - de nos e os ou os. -'i" 01:01\<1 riam somente a nós mas a todos e a tudo o que nos cerca. O mun~~;

111111'11 \ 1111;1 lugar hostil e perigoso. Com um cardápio desses, por que alguer:tII 111\11 d fH [aria sentir verg6rilia? Melhor evitá-Ia como for possível, pensamos~

o IH:Up r spaço interior para senti-Ia e observá-Ia no momento em que{tll:!)I'I'1 , I 10 d saparece. Isso traz profundidade e sensibilidade. Estamos sen~~

. h d dentro de nós e dos outros. Po-í1IIItIo \) 01 s rvando a cnança envergon a a - :;11111111 lI) In vimento um processo alquímico de cura apenas por estar presente\11111 p riôncia da vergonha quando ocorre, sem mudar absolutamente nada,.

··talid.ade são bloqueados e suas necessidades essenciais não são sa-"';:Elaocorre em conseqüência de abus~s, condenações, comparações

:~t~tivas que nos impuseram na infância. E também quando a criançaI~'::' .

feêtada pela repressão, pelo medo e pelas atitudes negativas de seus.::da cultura em que foi criada. Cada um de nós tem as próprias experi-'iae vergonha, e raramente alguém escapa. Certamente, fomos criados

;~':eiramais amorosa e bem-intencionada possível. Mas nossos pais tam-ínham suas vergonhas e, inconscientemente, as passaram para nós.

I: Reconheça as compensações

li) [dontifique os gatilhos

v,.~netramos mais profundamente em nossa vergonha quando compreen-s como nos livramos dela. Cada um tem um jeito próprio de não sentir.disfarçar a vergonha, mas todos se encaixam basicamente em duas

'arias: nós estufamos ou murchamos. Quando estufamos, estamos nosf-çando para fazer melhor, ser melhores, trabalhar mais, causar melhor'ressão, conseguir emprego, subir um degrau, manter-nos em movimento;'Quando estufamos, usamos a energia para a vergonha não nos dominar.i-os mais radicais estufadores temem a ameaça sempre presente de serrtrmdos pela vergonha e, por causa disso, nunca mais poder relaxar'. MUi:-

,~é- o oposto de inflar, é jogar a toalha. Alguns desistiram muito tempoJl' porque era muito assustador e doloroso continuar na luta. Às vezes:~istimos de alguns aspectos e aceitamos outros.

\1 mel reconhecemos ter vergonha e abrimos espaço para senti-Ia, tam-\11 11I Id ntificamos seus gatilhos. São os gatilhos que disparam a noss~ ~~r<_K01l11ll, As vezes são bastante óbvios, outras são sutis. Pode ser uma re)elçao:.011 I rnan ira como alguém olha para nós ou fala conosco. Pode ser u~a~

\IIIH': o m que nos sentimos inferiores e humilhados. Pode ser quando nao;;llllif'nz mos as expectativas de alguém. São muitos os gatilhos da vergonha.; . Nossa criança interior envergonhada sempre achará haver alguma coisa

NOIHl s atilhos pessoais têm muito a ver com nossa história original de-] :8;,':~eITadacom ela. Mas, quando podemos reconhecer os diferentes aspectos daVII'W nha.;. t:>nossa vergonha - como é, o que a provocou, de onde veio e como nos livrar

" dela -, conseguimos sempre a identificação com ela. Percebemos que não é.o que somos - é apenas uma criança envergonhada que se sente profunda-,mente inadequada, pois jamais vai conseguir fazer com que as pessoas aamem e gostem dela, por isso passa a vida tentando disfarçar suas insegu-

"ranças. Reconhecer que não somos a criança envergonhada é o que eu chamode despertar do transe da vergonha. Houve época em que eu não podia imagi-

t:) Explore a origem

)llIll1do conseguimos entender como nos envergonhamos, sentimos pro-, E t demos que não há nada de errado

111111111 compaixão por nos mesmos. n enI 11111)/ CIJ o que esse sentimento de inadequação vem da vergonha. A v.ergonha

" II \1111 [uando a espontaneidade natural da criança, o amor por SI mesma

Page 56: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é um jogo.de criança

1l111\1 11 1111m m smo como alguém que tivesse dignidade nem um centro interior.J

111 IIlI os tenho. É claro que muitas vezes sou surpreendido pela vergonha é~'

\11111:11 I ;Ol1 xão com essa sensação, mas ela volta 10go"É uma sensação que":" Ii 111111 nada a ver com o que faço. É outra-coisa. Alguém perguntou a meu~11\11 1,·( iorn era possível reconecta:r-se com o "sim" interior. Ele respondeu"}'11\11 OIIS( "sim" é a nossa natureza. Quando .aprendemos a observar nossa]11\1 1110 n gariva, sem julgá-Ia n~~ tentar mudá-Ia, a experiência natural do':

" 1111" oc rre por si mesma.

criança _ qualquer criança do mundo, em todas as sociedades - é

ohrigada a renunciar ao seu ser, é forçada a aceitar a opinião dosoutros sobre si mesma. Toda criança nasce aceitando-se absoluta-111 nte como é. Toda criança nasce sentindo muito amor por si mes-lIiO, tem amor e respeito por si mesma porque ainda não é mente.

Osho

I! I' Icios:

I. I. alize as áreas de vergonhaI\. vergonha pode chegar a todos os níveis do ser. Este exercício vai aju-;,dar você a observar áreas específicas da sua vergonha. Em cada uma,"nn te os sentimentos de vergonha, inferioridade, insegurança ou

ino quação que possa sentir.n) exualidade - orgasmo', desejos, medos.b) orpo e aparência - boa forma, atração, idade, roupas.c) brevivência - capacidade de ganhar dinheiro, segurança.ti) entimentos - sentir-se triste, aberto, sensível.o) Poder - afirmação, capacidade de sentir e expressar raiva, saber o

que quer e expressar-se ou ser irresponsável, preguiçoso, desanima-

do e manhoso.f) Falicidade > ser espontâneo, estar responsável ou muito sério.

A experiência interior da'criança-emocional

. t.Criatividade - conhecer os próprios dons e saber expressá-Ias ..:)::::Clareza- viver a própria vida como quiser, respeitando as priori-;;:;Faades.

ec~nheça as compensaçõesómo você lidava e como lida agora com a vergonha? Como lida comiis medos?'

h\ Consigo mesmo - finge que eles não existem? Julga a si mesmo? De-siste? Resiste ainda mais?.Com os outros -:-recolhe-se em seu mundo? Luta ou ataca? Procura

.:,,'agradar? Tenta ser o centro das atenções? Defende-se?·t::Ü~aia da bolha

ocê consegue identificar como se sente' quando estápreso pela vergo-ph.a?Como se sente? Como é o mundo quando você, entra num transe deyergonha? O que acha que os outros pensam.a seu respeito? O que espe-ra "dos outros? (Quanto mais você puder identificar o estado de vergo-

,;nha, mais fácil será romper sua identificação com ele.)

.:j~r:~ondicionamento que a maioria das pessoas recebeu é intrinsecamen->:tEr de vergonha. ossos pais nos transmitiram inconscientemente suas

. -~v·ergonhas.Mas esse é um estado que poucos querem sentir e aceitar. Em!:~.~ez disso, nós o compensamos com a vaidade' ou a desistência. Nem a

i~:<;('compensação nos permite reconhecer e curar a nossa vergonha. Quando;:f2L"'entendermos a vergonha - o que é, como é; o que faz, de onde vem e

como podemos nos livrar dela -, seu efeito sobre nossa vida começará a ..diminuir. .

. . '2. Quando nos deixamos levar pela vergonha, entramos em estado de transe- na bolha. Nesse transe, nós nos sentimos, pensamos, nos comportamose vemos o mundo de determinada maneira. O que sentimos é um amorte-cimento de nossa força vital, nossa mente fica cheia de "vozes da vergo-nha" que nos condenam, nos criticam e nos comparam negativamente.

Page 57: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é um jogo de criança

I:,

~NWIIIO mportamento pode ser maníaco ou depressivo, agressivo ou su- ;;pll(; mta, conforme nossa natureza. Vemos o mundo como um lugar hos- iI I. reu e vencedores e perdedores (geralmente somos os perdedores). Ú

. ~

13:1. I'; latem duas maneiras de livrar-se desse transe de vergonha. A primeira.

I lmplesmente olhar para ele, senti-lo e entendê-Io pelo que é. Esse é,;,11111 aspecto mais passivo e fsminino e envolve o reconhecimento de que ,I

11 B mos a: vergonha, ela é uni estado que foi disparado por nossos}oondícíonamentos anteriores. Não há nada que possamos fazer senão'lb rvar e sentir quando ela vem. A segunda envolve pequenos riscos ~.qu d safiam os nossos sistemas de medos e crenças e permitem que a.~uxporíência nos mostre o que é real. Esse é um estilo mais ativo e mascu- ':

11110 de livrar-se da vergonha.

o cobrador

110 • 'up rar a vergonha é um importante rito de passagem - é uni processo i'1

1lnos torna mais profundamente humanos e sensíveis. Talvez seja pre-i; , asta, um amigo terapeuta de Oslo, conta' a história de um tio que era

clso passar por um período de revolta e de raiva das pessoas que nos 1, jJit'ão de navio. Um indiano que trabalhava no navio informava-o de tudoC( li aram vergonha. Mas, quando podemos entender em algum momento ;" .tis fazia: "Senhor, fiz tal serviço de acordo com os seus altos' padrões".tlU todas as experiências, pormais dolorosas que sejam, têm sua razão, '.,'ta fazemos nada que atenda aos nossos "altos padrões", mas estamosle r, ganhamos compreensão muito rnaisampla. Até será possível olhar 'i pre tentando. ,,- -"'''...--'~----'- -----'-,,-para as nossas vergonhas e os nossos abusos com benevolência. Tenho .~ ?,'::' rii dos fatores mais fortes que nos fazem acreditar que somos uma pes-11m amigo muito querido que hoje é terapeuta em Oslo, mas antes traba- ~iCbàsicamente medrosa e envergonhada é o nosso cobrador. Ele é o outroll10U onze anos como gerente de uma fábrica de chocolates. Ele era tão J C!.~da nossa vergonha. O cobrador está presente para garantir quê as re-infeliz nesse emprego que costumava trancar-se no escritório e comer ~ -.:§!ê;, os padrões e as pautas dos nossos condicionamentos sejam cumpridos.tanto chocolate quanto conseguisse. Hoje dizemos brincando que superar ~ );'i!:;:,S,1iàndonão o fazemos nos enche de medo e de culpa. Essa energiaO vergonha é como sobreviver a onze anos numa fábrica de chocolates·i:':L~·~t.npulsionadora vem na forma de vozes interiores que nos dizem o tempo

i todo, verbalmente ou através de pura energia, para fazermos mais, sermosi. :.inais, nos esforçarmos mais e assim por diante. A energia cobradora diz que

,i1, : .,.;não somos bons o bastante em nenhuma coisa - não somos bastante espertos,j , bonitos, corajosos etc. O tempo todo ela está nos dizendo o que fazer, o que\1 não fazer, nos avaliando e julgando pelo que fazemos ou não fazemos, condu-'.~ zindo nossa vida, nos condenando e-criticando.~-

Esses ataques podem vir de fora ou das próprias vozes da nossa mente.;l. Nossa criança ouviu as vozes dos pais e professores, da religião e da cultura

,, .',,' I

Page 58: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é um jogo de criança A e:"periêacia interior da criança emocional

,.11:t.lIl1dl "faça isso, não faça aquilo" você é demais, você não conseguev.jIlill'<lJololltodas e traduziu por "faço is~o, não faço aquilo, sou demais, eu;II 1Iconsigo". Em geral, as censuras, os julgamentos e as críticas do cobra-~ri 111'(lll( aram até nós de alguma maneira não-verbal e são tão antigas que""II o 1\1ouvimos como "você", mas como "eu", Emuitas vezes nem percebe-:\11 I ()lIque é o cobrador que aponhi.'Odeélopara nós. Dizemos que a vida é,(11/11"11! esmo ou que é "Deus"I"conversando conosco. Após tantos anos de I

111111<1cí namento punitivo e moralista judaico-cristão, "Deus" ganhou pés-;~I

1 1Il1l r putação.I':m ada um de nós essa energia se manifesta de maneira diferente e 'r

plllllnmos a agir de acordo com certa combinação de vozes interiores e proje- ;;I~ I H externas. Enquanto acreditarmos no cobrador, sempre haverá pessoas!,lI) lud de fora para confirmar o que ele diz e nos aborrecer. É nessas horasJ

Ipll) nos sentimos insultados e desconsiderados e não nos damos conta de <lilll 111 roeras verbalizações exteriores daquilo que está dentro de,nós.Aju-:'clOlHlbr que em resposta ao ataque do.cobrador toda uma dinâmica interior é:'

pOllt om movimento. Nós entregamos os pontos e afundamos na vergonha e110II'HLlmaou nos preparamos para a luta. Essa dinâmica está presente desde1I lI068a mais tenra infância. Alguns" de-nós.-pela- própria natureza, reagemprtu .lpalmente resignando-se ou entregando os pontos. Outros são mais rebel- ,,',1(lH. Em qualquer dos casos ainda estam os sob o dedo acusador do cobrador. É,",,11) que ainda dirige o espetáculo, e nós somos meros marionetes.

Nita, participante de um workshop recente, chegava atrasada a todas as :111 fj/; os. Quando perguntamos por que isso acontecia, disse que, quandocrlnnça, sua mãe sempre a apressava. Agora ela se atrasa para tudo. NósIlIlg rimos que assumisse o compromisso de chegar na hora e ver o que acon-l!leia. Depois do segundo dia, ela começou a sentir uma revolta imensa porlIompr ter sido forçada a fazer as coisas. Foi importante conectar-se comflll I revolta porque isso lhe deu força para romper com o poder negativo deIllll\ repressão, Antes disso, Nita só expressava sua raiva indiretamente, atra-v fi do atraso crônico. Anna Lisa, uma jovem sueca que participava do mes- ~i1110 wotksliop, mora com a .mãe e o tempo todo. está envergonhada e'luubrassaltada, mas se rebela esquecendo-se de fazer o que a mãe lhe pede.'

';&scolheu reoelar-seeAnaa Lisa entregou os pontos, mas por trás das';iéações estão os mesmos sentimentos de revolta e impotência. Foi muito~];tàntepara elas conectar-se com' as respectivas raivas;"'êarrice, uma alemã de pouco mais de 30 anos, batalhouavidatoda~ Ela,:''Ímagina como é viver sem batalhar. Para ela, seria dificílimo, desistir"uejamaís se permitiria isso. Mas, por estar fortemente identificada comnado rebelde, tem muita dificuldade de sentir-se vulnerável e insegura,.alguém como ela, que está acostumada a bancar a rebelde, permitir-segar os pontos podeseruma passagem para a vulnerabilidade. Para aque-

"ueestão muito mais identificados com a vergonha, com o choque e o)amento que a acompanham, poderia ser mais criativo explorar a ener-

',;do rebelde. É preciso muita coragem para fazer essa passagem porque o"do -da punição e da aniquilação será terrível se desobedecermos. Em ge-\"quando conseguimos nos familiarizar com o nosso rebelde; morremos de~do'e de culpa e voltamos correndo para a nossa velha e conhecida desis-

,ncia. Novamente criamos coragem depois e avançamos um pouco mais nospecto rebelde.

,"Não me diga o que fazer!""Vá se danar!"

De~istência

"Eu devia ter me esforçado mais, ter feito

melhor, ter sido o melhor."

o cobrador

"Você não é bom O basl:ante.""Você'.kvia ser melhor, se eSforçar mais."

A criança emocional

/

Page 59: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é UIn jogo de criança. A experiência interior da criança emocional

1IIIIIornosnotar o impacto do nosso cobrador quando nos sentimos vítimas]

1111 11111111d vitimamos o outro. Com alguns somos cobradores, com outros';~1111111/1 11 cri nça emocional que é cobrada. Quando nos sentimos fortes e';"HIII'III, .umulamos o outro de insultos, impaciência, frustração, crítica e:;'

U K 111:l/1/J. ' naturalmente a mesma pressão e a mesma crítica acumulam-j111 0111'( nó . Vejo isso claramente quando jogo tênis. Se perco alguns lan-,r

III I, 111111l V Z começa a gritar: "Krish, acerte essa bola! Bata por baixo dela! ~{N li di 11 re tanto para rebater!", e assim por diante. Nesses momentos, não.fJUllho u nhuma dúvida de que o cobrador está dentro da minha cabeça e até ~

",1111 vojo r uar diante da auto crítica. Sempre estabeleci padrões muito altos:j1'111'11 I1l1m ,certamente, nuncapude alcançá-los. Antes de ter alguma cons-z!lI IlI: u disso, estabelecia esses mesmos "padrões muito altos" para todas as ~pll IOIlH, brigando-as a passar pela mesma tortura que impunha a mim:;11111/11110. lsso ainda acontece, mas hoje já posso perceber mais rapidamente';IlCII'qll{) nheçoo sofrimento causado. Quando nos colocamos sob o ataque itio uobrador, sentimos uma profunda vergonha e a criança emocional entra .~1111 Il , ti de choque sob tanta pressão.

,'I u reditarmos que o cobrador é a voz de Deus, será difícil crer que esse'I:Olllpl xo seja resultado apenasde-um:condicionamentonegativo. Quando:'1:0111( • ia perceber que o meu cobrador era um mentiroso, fiquei chocado,":1'11 muito mais fácil aceitar seus padrões como a verdade. Era como a vida"til vln ser". Era muito mais seguro aceitar o cobrador como a voz da ver da-tllI, NI o havia o que questionar, Basicamente, eu vivia muito bem obedecen-do IISOUS omandos. As compensações que havia criado funcionavam bastante1)1)111 () tudo "daria certo" se fossem seguidas. No meu caso, isso significava11 I' um médico dedicado, pouco ligado a bens materiais, disposto a aprender 'é~lijiiS}' É só descobrir e desenvolver a confiança em nossos padrões que a tirania dopUI'U melhorar, que gostava de arte e música, não era arrogante, egoísta nem ~1[~:>cobrador termina. Desde a mais tenra infância, fomos ensinados a adotar e cori-

-r. ;'1jOi;··· •I"'tll(Jl1si so e era bastante gentil e sensível com os outros. Se seguisse essas .~':'"~.Vivercom padrões impostos. Para nos livrar do cobrador, temos de rejeitar es-

,,~ ;~,V"~,~.•..,

jll'o/Jcl'ições, eu me to~naria um mensch, o que em iídiche significa um ho- ;~;.;' ses padrões e encontrar os que nos são próprios. Esse é um processo que continuaIIIWI1 com alma e profundidade. Quem poderia argumentar contra tais valo- ~":' até nós sentirmos bastante fortes e seguros interiormente para confiar em nós1'11/1'1' problema é que eles me foram passados com a forte mensagem de que II mesmos. Então nos livramos dessa dinâmica. Quando começamos a trabalhar111' I \ única maneira possível de ser, Ternos de aprender a encontrar os pró- 1 C'-~-comesse fenômeno nos damos conta, de quanto temos lutado. Vemos então queI,I'I()H adrões e valores. .~. temos de sair de dentro de nós para obter o amor e a atenção de que precisamos

':~

'a,um livro que recomendo aos participantes de workshops que se chama'.ducation ojIittle tree (A educação da arvorezínha), de Forest Carter._~-esse livro porque mostra como educar uma criança para que sejacJâe desenvolver o próprio modo de viver. Ela recebe orientação, apoio eunição, mas tudo de maneira tão carinhosa e liberal que desenvolve um-ode amor por si mesma e confiança em seu julgamento e sua capacida-'em confiança e sem amor, precisamos de compensações e fazemos con-~es para alcançar os padrões que nos foram impostos. Aprendemos a

os.outros e não a nós mesmos, Tornamo-nos escravos do nosso cobrador.t'~m muitas maneiras de compensar isso. Podemos nos exibir, querer

jessionar, disputar poder e controle. Podemos cuitivar e nos identificar"papéis que nos façam sentir que somos bons. Então nos prendemos a':1, papéis e não temos mais de sentir vergonha. As compensações sãoanismos profundamente inconscientes com origem na infância - comoue a nossa criança aprendeu a lidar com o cobrador. Isso causa tamanho

tresse que não admira fiquemos tão exaustos, dependentes e depressivosfutanta facilidade.

VergonhaCompensações

Page 60: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

Osho

A experiência- interior da criança emocionalo amor não é trm jogo de criança.

1"1111 0111'1 vtv r. Vemos também que a nossa vida é profundamente conduzida]JlIII111110 ~Io. Mas, à medida que nos tornamos mais conscientes e passamos ar\1111111111\1' IIIOIs,o cobrador perde a força e podemos nos desviar de seu ataque§( IIlIlIdo1 ilHa dinâmica se torna consciente, reconhecemos que o cobrador é um~'111\1111 I'()t( ,EJ traz consigo o grave condicionamento negativo da nossa criação'[I 1\ Ii IIIlIJ qu m somos. nós. O único jeito de trazê-Io à consciência é saber·\I lU 1111111( coJ'quando estamos send~"atacados, sentir como o ataque nos afeta 'e',-

11\111111 cnr S raizes desse ataque em nossos condicionamentos.

I I couh ar o ataque significa s~ber que estamos sendo alvo do cobrad~~1d ntificar os gatilhos que o deton'ar~ - certas pessoas, situações:1:

p/llnvr s e comportameDto~:- .'

.~ece prestando atenção nos. momentos em que você não se sente.bem:ri1iigo,mesmo. Note o que o faz sentir-se assim...~:Quemfoi a pessoa que começou o ataque e por que fez isso? Você se"~.;compara desfavoravelmente com ela? Sente algum julgamento ou.:..-:.:crítica?r"" .) Qual foi a situação que detonou o ataque? Quando você se sentiu.1'.:! pressionado? Quando teve que corresponder a expectativas? Quan-~.. do se sentiu indefeso e' acuado?j'HÀ. crítica',' a acusação e ,o julgamento vê~ de fora ou de dentro de';~:;~ocê?

I

I~,II

d) Como se sente quando está sendo atacado? Preste atenção às sensa-::..:.;..çõescorporais que acompanham o ataque do seu cobrador.;e1: O que as vozes lhe dizem quando a criança interior é atacada?

~QU:andovocê percebe que está sendo ata~ado pelo cobrador, o que, espe-cificamente, lembra da infância?

~"ill-Lembra-se de alguma outra situação parecida?-:;::N:-:Quemestava pro~ocandQ ou julgando você - seupaíou-sua-rnãevum. professor, outra pessoa?

Quais foram as mensagens verbais e não-verbais que recebeu na hora?O que passou a pensar de si mesmo depois desse ataque?

=-Quando você está sendo atacado, como reage? Observe quando e como:;~. desiste de lutar e quando e como compensa isso.

-~.1. Faça um desenho representando o seu cobrador e outro representando asua criança ferida sob ataque. Embaixo de cada desenho, escreva o queum está dizendo ao outro. Pergunte a si mesmo se o que eles estão diz~n-do é verdade. Enquanto observa cada um, note que às vezes você seidentifica ora com um, ora com outro, acredita que o cobrador estejacerto e envolve-se totalmente no ataque. Outras vezes, você pode estarmais distante. Olhe como se estivesse observando outra pessoa.

,'lllliJ'ataque é reconhecer seu impacto - o que acontece com a nossa '.I norgta e o que pensamos a respeito de nós mesmos quando estamos j

1 lido r rçados e julgados. Basicamente, é o mesmo que sentir a vergonha.'"5

,I, hlontifí ar as raizes do ataque é compreender de onde vem o cobrador -',COlHO S formou o nosso condicionamento. Observe que os ataques estão'1I IId s a antigas experiências de .Yid_a.::.P!'J.nç~p'aJrnenteda infância - enuça m mais clareza o que as vozes querem dizer ..

/\,t; pessoas o julgaram e você aceitou o julgamento delas sem exa-tnlnar a causa.Voc~sofre todo tipo de julgamento e joga esses mesmos julgamentossobre o outro.I (/1'0 livrar-se disso, a primeira coisa é: não julgue a si mesmo./xcoite humildemente suas imperfeições, suas falhas, seus erros, suas[mgllidades.

Isso é apenas humano.

Page 61: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

11111 I

11I1!l111/ clunt mente, absorvemos pressões e julgamentos v~rbais e não-vllI'b I elo infância num complexo energético que chamamos de "o co-111'111\1 I·''. I"ss complexo está sempre atacando a nossa criança emocional." VI 1,011. fl mos atacados por vozes de nossa mente, outras vezes proje-1111111)/ o uuque nos outros e podemos sentir que vem do julgamento e da

I 'I 11<:/1 externos.

I )"I',,"c1( mo-nos dos ataques com compensações e dependências. As com-til 111 nç s são as estratégias e os papéis que nos tornam mais valoriza-d!lll IOS lhos do "cobrador". As dependências são tudo o que fazemos11111'11 ullviar a tensão provocada pelas pressões e pelas críticas.

I{I /I foi imos ao cobrador com desistência ou rebeldia. Mas, seja qual for aIIIIIHHI reação, continuamos controlados por ele. Só nos livramos de sua111I'hl n cia quando desenvolvemos os próprios padrões internos com os

1\IIIIIs passamos a viver.

11/11) 10 somos atacados, é difícil tomar distância da criança emocional.• 't ntim -nos derrotados. Nesses momentos, temos de saber que estamosIdl nl ili .ados com um eu envergonhado, atacado por uma energia forte,

IK"I SSiVA e poderosa.

~E!'r'~~t'~':~.-

14Choque I

I

,f

I.1

: II

Na adolescência, eu jogava na segunda base do time de softball da esco-la, Eu era bom. Era um bom fielder e um ótimo batedor - nos treinos. Noscampeonatos eu arremessava para fora toda vez que rebatia e perdia bolasque poderia pegar facilmente. O mesmo acontecia com o tênis quando dis-putávamos cem outras escolas. Quanto maior G. pressão, mais eu ITn.CG.5GQ"I"/Q..

Alguma coisa dentro de mim simplesmente parava de funcionar. E não ha-via nada que pudesse fazer. Eu fazia a mesma coisa também em outras situa-ções em que me sentisse pressionado - numa prova ou, infelizmente, numarelação sexual. Fiquei espantado ao descobrir muito mais tarde que o pro-blema era choque. O choque é outro marco significativo na paisagem inte-rior da criança emocional. Ele vem de uma sensação de medo tão profundaque nós nos desconectamos e não conseguimos mais nos sentir, pensar, nosmovimentar nem falar. Pode acontecer de repente, imprevisivelmente, emqualquer situação em que haja um mínimo de pressão, agressão ou sofri-mento. Faz disparar um velho trauma inconsciente e nos torna inoperantes.O choque tem o poder de prejudicar a nossa capacidade de agir normalmen-te em todos os aspectos da vida.

O choque é provocado por um trauma, geralmente um trauma repetitivo.Peter Levine, em seu livro Awakening the tiger (O despertar do tigre), díscu-

Page 62: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é urn jogo ele criança

I I 1\111,:11 d, !i 1111 S de idade. Quando ele aprendeu sobre o choque, entendeu

'1"1 1111111'1111(10 parte de sua infância havia sido disléxico.

/1111 com '}vergonha, o choque pode estar relacionado a diferentes as-

1"11 10 rln 1l0HSn vida. O choque pode nos inutilizar para o sexo, os sentimentos,

1I II"VII I 1\ orintividade. Não é fácil entender por que o choque ocorre nesses

IIlpll:lolI I importantes da nossa vida. A vergonha nos permite identificar os

IliI 1lIIIIIilloll que fazemos de nós mesmos ou de outros. Mas o choque é sempre111111111 1 rio. Nunca fui capaz de identificar claramente a origem de meus cho-

I!l111 , l'rovnvolm nte vêm da memória de traumas que são profundamente in-

I 11II 1:11111 s. Podemos estar fazendo amor e de repente não estamos mais ali,

1111 111 (:()I'r>0 pára de responder ou.. sem razão aparente, temos dificuldade de

1111111' 1111111 moção. A raiva e o confronto, ou qualquer outra circunstância,

1111111111 provocar um pânico terrível.

I. rroblemas sexuais - medos inexplicáveis, ansiedacle ele atuação.

. Medo ele coritronto, raiva, puniç~o, crítica~ ,.. ()iUcLJdacle ele auto-expressão e de criatividade .• 1.. entimentos eongelatlos. J

1\1\1 igomente, eu acreditava que a disfunção e o choque fossem resultan-

1111 do 11111 trauma óbvio e extremo. Mas não são. Situações aparentemente

11111 lmportâncía, como ser controlado e manipulado pela criança ernocio-

11111.111 () igualmente traumáticas e chocantes. Podem provocar um choque tão

P"II'IIIl(ICl quanto em casos de abuso sexual ou físico. Compreender isso foi

IllIpf)I'IIIIl~Ü para mim porque ajudou-me a ter mais compaixão por mim mes-

11111. Vojo isso o tempo toelo em meu trabalho. E também notei que, assim

1'111111111 vergonha, quando estamos em choque nos identificamos com a nossa

I IIIIII~:II chocada, o que nos torna vítimas nos relacionamentos com as pesso-

1'111 1:()11l o mundo em geral. Inconscientemente, nós nos vemos e nos senti-

1I1I1I11:()ItlO alguém que merece ser ofendido. Essa identificação nos faz atrair

A c::xperiência intcriol" da crÍélJ1ça eJllocional

. ~:~:,pessoas que nos maltratarão, assim como fomos originalmente maltratados:

Quando entendemos isso, fica mais fácil explicar por que repetimos as mes-

mas experiências traumáticas. Observei que, antigamente, eu procurava pes--- soas que fossem mais expressivas e emotivas do que eu _ a expressividade

~i delas me chocava. Eu atraía pessoas que me chocassem por me sentir contro-

lado, manipulado, pressionado e criticado. E tomava resoluções muito criati-

vas para não fazer isso outra vez. Mas então, quando vi que isso não funcionatal foi a frustração que tive vontade de bater a cabeça na parede. À medid~

que a identificação se desfazia, o comportamento também desapareceu.

Quando levamos um choque, não há nada a fazer senão reconhecê-l o,senti-Io e aceitá-Io. Normalmente, nós nos julgamos por nosso choque. O

medo e a paralisia não estão bem classificados na lista "do que é bom". Nós

nos envergonhamos por estar em choque, e então temos um coquetel de

vergonha H choque, Dar espaço e permitir que nossos medos e nosso choque

apenas sejam o que são é um dos passos mais corajosos e importantes a ser

dados. Tentar sair do choque ele qualquer jeito só piora as coisas. Descobri

que, aS~im como a vergonha, basta reconhecer o choque _ saber como é, o

que o disparou, de onde veio - para tomar distância e observá-Io. Compre-

ender isso me permitiu, aos poucos, coexistir com ele sem maiores julga-

~entos e lembrar que é a minha criança emocional que entra em choque, enao eu.

Esse é um dos maiores crimes que a sociedade comete contra todacriança.

Não há crime pior que esse.

Destruir a confiança da criança é estragar toda a sua vida,Pois a confiança é tão valiosa que, no momento em que a perde,Também perde o contato com o próprio ser.

Osho . [li..

._~--

I

Page 63: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

1' 111'1' ('j ()

I':x p I01'0)' choque é uma questão delicada e geralmente exige a ajuda de11111 proflssional. Estes exercícios vão apenas ajudar você a enteridê-lo umJlIIII!:!) mnis.

A ( xp iriêncía de choque11) 'mo você descreveria a sua experiência de choque? O que acontece

li corpo? Aceleração? Impaciência? Sudorese? Confusão? Paralisia?in .apacidade de sentir? Dificuldade para falar?

I») Em que aspectos da vida você sente o choque? Sexo? Emoções? Rai-va ou confronto? Criatividade? Como você se sente nesses aspectos?

ldontificação dos disparadores de choquel.ornbre-se das últimas vezes em que experimentou o choque. O que pro-vocou esse choque? Pressão? Raiva? Crítica? Agressão? Medo ou a expe-l'I ncia de ter sido abandonado ou rejeitado? Não ter recebido a atençãoIJll queria? Alguém que perde o controle, fica histérico, não fala comcoerência, mostra-se exigente?

:I, A.s fontes do choquet\ lguns sabem como ficaram chocados na infância. Mas, para outros,isso é um mistério. Que imagem você tem do seu choque? O que o assus-lou e o que provocou o distúrbio? Lembre-se, uma criança pode assustar-se c m muito pouco. Imagine que essa criança esteja crescendo numnmbi nte diferente do seu. Quais serão suas sensações? Ela está segura?Como é para ela ter sentimentos? Sentir e receber raiva? Ser direta eaborta? Ela recebeu apoio (ou não) em sua criatividade? Ela sofreu pres-são? Como?

I. () choque nos impede de sentir e geralmente nos obriga a nos recolher eli IlOS desligar. Isso dificulta a sua identificação. Uma vez conscientes dochoque, podemos entender um aspecto da nossa natureza emocional edo comportamento que havíamos julgado anteriormente.

A experiência interior ela criança emociona]

Nós revivemos O choque para poder curá-I O com ',._. consciencía e compreen-sao. InconSCientemente, atraímos pessoas que provocarão o choque deuma. maneira ou de outra. Quando sabemos o que é o choque, como osentimos, o que o provoca e vislumbramos sua origem, podemos coexistircom ele. Sem mudá-Io, sem tentar fazer com que desapareça, apenasestando presentes.

3. O choque é um tema comum nos relacionamentos. Quando nada sabemosa respeito dele, isso invariavelmente provoca sofrimento, mal-entendi-dos, ressentimentos e conflitos. Com compreensão, as pessoas s~nsibi.li-zam-se com o choque dos outros e abrem uma porta para uma intimidadee afeição muito mais profundas.

4. O choqu~. também pode ser uma janela para a nossa mais profundavulnerabllldade. Por trás das nossas compensações e defesas, somos se-r~s i~c~ivelmente sensíveis. Quando nos conectamos com esse espaço,fica fácil ver como era possível nos chocar com atitudes e circunstânciastão insignificantes.

Page 64: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

15Abandono e privação

,tU ma amiga minha estava num relacionamento havia sete anos. O tempo'todo ela reclamava muito por não ter espaço individual suficiente e das

"'~,,;,~~:~necessidades emocionais de seu companheiro, que eram quase insuportá-.l~:~:iveis - e também sentia que ele não estava muito "na energia" de atender às.'i ~""'.,1ff.:~,~." necessidades dela, principalmente eui l'da~iiu a sexo. Durante esses anos,,;~~':,'ele teve alguns poucos casos, mas foram mais uma estratégia para se ver:;(;.'~ livre das reclamações dela do que qualquer outra coisa. Há um ano, mais ou';[ menos, ela se apaixonou por alguém com quem teve um rápido namoro.';t S~bia.que ~ra, principalmente.jiara se vingar. Ma~ acabou s~ndo o gol:e del misericórdia desse longo relacionamento. Eles brigaram muito e por fim sel separaram. O rompimento jogou minha amiga num longo processo que lhe:( causou ainda mais sofrimento e solidão do que jamais imaginara. Hoje, ela] revê toda essa experiência, inclusive o tempo que levou para se recuperar,;,' com imensa gratidão. Isso expôs uma ferida dentro dela que fora habilmente• . evitada durante toda a sua vida. Quando o trauma do rompimento enfraque-, ceu, um mundo novo de sensibilidade e clareza abriu-se para ela,

'11 Quando entramos em nosso mundo interior de abandono e privação,estamos no mundo de uma criança muito pequena que precisa desesperada-

~ mente de amor, que se sente sozinha, assustada, desprotegida e deseja alguém

l

Page 65: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o aruor não é urn jogo df! criança

1'111111111dnr ti ia. Esse lugar dentro de nós abriga um pânico tão intenso que1111111111111(\ maior parte da vida tentando svitá-lo. Entretanto, quando alguém

1\\1 di 1 1\ (lll q iando nos sentimos isolados e sós, esse lugar se abre. A maio-

1111,11111\111I da inconsciência da criança emocional, acredita que não há ,;

IIIIIHIIIIIIIpílra oferecer consolo. E a maneira como agimos em nossos relacio- ."11111111Illos _ o ciúme, a intimidade evitada, o pavor de que o outro nos deixe, " i" 111111di us pnmr sempre mais do outro - apenas raflete essa profunda crença.

I 1IIIIIIdoillgu'll1 nos deixa, o espaço, do abandono se abre em toda a sua exten- . ,,;

,,!tI tvlllS, om t das as situações em que nos sentimos sozinhos, mal-amados, ~(.

tI'''oIl''IJ)llilados, desconsiclerados e ignorados, a ferida do abandono também'. \'11'1\I xposta, embora em doses menores. Isso é privação. Essa ferida afeta as ,:.:'

1111:1:IlS r lações mais do que qualquer outra, O medo do abandono provoca .~(.1111\VIrdadeíro terror porque, quando éramos crianças, tivemos inúmeras ex- ',';

plll'i n 'ias que nos deixaram a sensação de que não sobreviveríamos. Muitas '~:~ .I I los não são conscientes porque estão encobertas, Entretanto, quando algo

It:o/ll co em nossa vida que nos remete inconscientemente a essas experiên-

dlll1, s intimes que vamos morrer. Por dentro, entramos em pânico total.Mus não entramos em contato com a intensidade desse medo até passar

I"I\' IIII\ll profunda experiência de abandono, eu nem imaginava 4Ll

t: esse 9lI",PIH,:Oexistia até romper com o meu primeiro grande amor, uma moça que ~

IIdllll)l'lli nos út"Li.mosdois anos da faculdade. Antes disso, eu levava uma i\ "\.I uanqüi!«. só '(reocupado coma carreira e os esportes, em geral in- ~

1IIIISI:il)lll dos meus 8.spectos mais profundos, Quando nos separamos, 50- 1I1I t.uu o que não sabia s,e suportaria acordar no dia seguinte. E não havia 11111ti iVlJ, pois nós dois sabíar"10S que a relação tinha acabado e cada um devia l~:'IOIll<lrseu rumo. Eu não fa~ia a menor idéia de onde vinha todo aquele

::0 Irimon to, Durou dois anos. Eu não sabia estar tocando numa ferida primal.

Nu peca, nem imaginava o que significava "prima!", Mas desde então ve-

nho cl scobrindo níveis cada vez n.ais profundos dessa ferida. Em certo aI

I I I\lLd ,todos os meus relacionamentos subseqüentes me levaram um pas- .

: I) nl· m no rumo da aceitação da profunda solidão que havia dentro de mim, ~1 d

" i;,:::•.

1\ ferida brota da memória de não ter recebido o a imento e que precisa- I!

VI\II\IlS.Essa memória não é' tanto a recordação de um fato específico, mas a

A experiência interior da criança cnlocional

11

I1iexperiência celular de um vazio negativo que nossa criança emocional n50

vê a hora de preencher. A ferida sangra sob a superfície, Quando nos recusa-

mos a aceitá-Ia conscientemente, entramos automática e compulsivamente

em compensações ou dependências para não senti-Ia ou podemos nos ter

nar uma pessoa fria, distante, voltada para si mesma ou dolorosamente de-

pendente, Eu andei por essas duas vias. Fui casado durante cinco anos com

uma mulher que sofria de depressão grave. NãD podia entender por que el"

não conseguia simplesmente "cair fora" e não sabia o que fazer para ajudá-

Ia. Não captava o que estava passando porque eu mesmo nunca havia chega-

do tão fundo. Eu estava confortável na minha antidependência. Estava seguro

por não precisar de ninguém e também por não sentir dor nem medo. Anos

depois, como sempre acontece, passei para o outro extremo e procurei mu-

lheres que precisavam e gostavam menos de mim do que eu precisava e

gostava delas. Recebi um pouco de meu próprio remédio, senti-me rejeitado

e carente em vez de confiante. Essas são algumas formas de expressar a

ferida do abandono em nossos relacionamentos quando ainda não a explora-mos profundamente. Nós a representamos em nossas cenas de ciúme, evi-

tando intimidades e nas exigências e expectati vas que temos em relação aosnossos parceiros e Ul1l.i.gus, De UlIlU maneira uu de outra, esíurnos CUlllpBI1-

sando o terrível medo de ser abandonados,

Nossas compensações podem se tornar dolorosamente compulsivas o vi-ciosas, Há pouco tempo uma moça me procurou para contar sobre seu rclaciu-

namento destrutivo com um homem. Ela o procurava e ele a rejeitava sempre

Quanto mais ele a rejeitava, mais ela implorava. Perguntei-lhe o que a fazia

voltar, e ela respondeu que duas semanas longe dele deixavam-na tão ansio-

sa que era impossível resistir. Ela sabia que isso não era amor, mas pensar

em fazer amor com ele mais uma vez bastava para querer procurá-Io. Na

maioria das vezes, quando duas pessoas se juntam, por trás do jogo da sedu-ção e de toda a energia que se movimenta estão duas crianças emocionais

profundamente carentes, à espera de que a outra preencha o seu vazio. Até

os antidependentes mais radicais têm uma criança emocional escondida atrás

de suas necessidades e expectativas não satisfeitas. Nossas necessidades

não satisfeitas ficam guardadas no fundo da mente consciente, à espera de

, \

\

II

I

. I, IIf

Page 66: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o nmor 11.50 é um jogo de criança A e::xperiência interior da criança emocional

11'"1/1 111 I) I I /I sltuação certas as tragam de volta. Elas não desapareceram. "~s em geral elas são inconscientes e só aflorarn quando estamos junto de1\11111111'111'/1111 II( ndas. Mas a intimidade as revela. Nossas exigências e expec- .'. !:~iguémpor algum tempo. Se no fundo queremos dar e receber amor, o que

11111 11 1'1 li 11 11I III revelar no sexo, na comunicação, na convivência, no desejo ~ ~stá na superfície é o desejo de vingança. Nossa raiva é despertada, lenta111 I I' vi IO/j ( ntondidos ou de ser mantidos financeiramente, de qualquer ~ " as constantemente, por todas as grandes e pequenas humilhações que passa-111111111 I I (1111 possa preencher nosso vazio interior. Nós queremos e exigimos, 'mos com nossos parceiros e amigos. Numa sessão recente, um homem contou1111111"11 11 1IIIIllQS carentes, mas essa vontade e essa exigência só fazem au- ;::que sua namorada tinha dormido com seu melhor amigo. Quando lhe pergun-11111111 11' /I (!or n ia. Quando estamos na expectativa, não podemos receber. \'1 tei como era o relacionamento antes disso, ele disse que sentia falta de sexo

'/ .,

lli dll 111 ninguém pode atender a tanta demanda, nosso relacionamen- ~~ por considerá-Ia "espiritual demais", então alimentava suas fantasias comlI) I rlumlnudo pelo conf1ito e pela frustração. Usamos todo tipo de estraté- j .putras. Explorando mais profundamente, descobrimos que ele representava,I I 11/"'/1 pr ncher a lacuna em vez de sentir o vazio. Fazemos o papel do :i ':demaneira muito similar, a dinâmica de sua mãe com relação ao sexo. Ela o1111111 pui p irn que alguém que depende de nós acredite que estamos apenas J ',,;fizeraprometer que seria um homem "bom", muito diferente de seu pai,

111110 t:ltld< dosos ou fazemos o papel da mãe amorosa, mas na verdade só :~ ;:'"que só pensava naquilo". Naturalmente, ele guardava muita raiva incons-1IIIIIII110H un obrindo nosso medo de ser abandonados. Fazemos o jogo daj :.:'ciente da mãe por permitir que ela castrasse sua energia dessa maneira. Aos

11111(,:10 o do charme, mas jamais nos arriscamos a um relacionamento pro- ~ .-poucos, reconheceu que essa raiva também se voltava contra a namorada.Iuurlnruonto comprometido por medo da rejeição. Podemos entrar numa re- As reações de raiva inconsciente contra o outro não servem para nada.1/11,. o, mas deixamos uma porta aberta, nem sempre de maneira sutil. Todos Antes de realizar qualquer trabalho importante, temos que assumir o com-

I) disfurces do medo que temos do abandono. Quando alguém não é como: t,,, promisso de não projetar nossa raiva em ninguém. Ajuda muito trabalhar aquururu s que seja - não está quando precisamos, não nos dá o que estamos 1 r~".raiva e o sofrimento sem as reações automáticas e inconscientes. Do contra-

1t I~-';;':-'t,

I.' porando e ~ao "" ente~à.e ~' sentirno-uus :;uz..i.l1hos.For ~J.enor que seja a ::~?:~ri.o, deixa_iliOS.n~ssa energia vazar e é11111Hl~üéir éi cl'ianç~ emocio~al. AlémIulh I, para nos, e uma rejeiçao, Em um segundo, os sentimentos que nos ~(;' dISSO, a convicção de que a melhor maneira de curar e compartilhar nãoli 111 111 o todo o companheirismo desaparecem. Somos tomados pelo medo e, ;11'.•. pode ser mal-entendida. Mas o ato de compartilhar antes de entender pro-1:()11l LI velocidade da luz, temos uma reação - brigar, separar, culpar, atacar,:t, fundamente o nosso abandono é sempre motivado pela necessidade de re-"Wllclnl' -, fazemos qualquer coisa para que essa sensação desagradável de- ' conhecimento, de amor e atenção. Por si só isso provoca mais rejeição eII\PIlI' eu. O pavor da solidão é tão grande e tão compulsivo que nos obriga a conflito. Começamos bem, mas logo alguma coisa vai disparar dentro de nós1'1 Igir. Entramos no modo totalmente automático, habitual e compulsivo. E, porque só estamos esperando encontrar uma falha. Inconscientemente, bus-II() p/ll"n piorar, somos atraídos por pessoas que de alguma maneira exporão camas oportunidades de justificar a nossa raiva e desconfiança para nosI: 1l0SSUS feridas abertas de privação e abandono. Parece que a existência vingar e reagir. Quando algo expõe a nossa ferida do abandono, a reação é

1/"0\' que encaremos essa ferida. Num grupo de cinco pessoas, se quatro de- instantânea. É um mecanismo imediato e automático muito profundo. Um111~1 !10S derem tudo o que pensamos precisar, mesmo assim iremos escolher' truque que usamos no trabalho é tentar ampliar ao máximo o tempo entre oIII/"OIH que apertará os nossos botões da privação e do abandono. disparo e a reação, abrindo espaço para sentir a ferida no momento em que

(J [;1([0 obscuro elaferida do abandono é urna raiva profunda que carregamos ela é cutucada. É como se prolongássemos a distância entre os dois eventos1111\ riormerite por nos sentir traídos. A maioria de nós carrega uma raiva do para'ter tempo de sentir. A ferida está sempre presente, mas quase nunca a/11 IJ oposto baseada em lembranças de traição que remontam a nossos pais. sentimos porque reagimos com muita rapidez.

;I~

.I~

Page 67: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

I\. experiência interior da criança enJocionalo (\11101' não é urn jogo dt! criilllyZl

:i.~seu companheiro ou companheira envolve-se com outra pessoa, aferida é

5·éontinuamente provocaria. É como sofrer um abandono intravenoso. Isso não

.~significa que possamos ou devamos evitar essas situações. Às vezes, é ape-

,;nas o que a vida nos reserva e o que, por alguma razão, precisamos passar,'mas é sempre bom saber o que queremos para nós mesmos.

Perda e decepção são experiências pelas quais todos temos que passar~·'~estavida. Quando a nossa capacidade de observar está mais desenvolvida,

"podemos aceitar essas fases, sentir o sofrimento, por maior que seja, e seguir1\111Iri LcL' a compreensão do nosso abandono, é impossível deixar de . ~vivendo. Se formos capazes de estar presentes na experiência do medo e da

11111111'I di SUl' dependente, Tentar impedir isso só com a força de vontade ],: dor, tudo passa e abrimos mais espaço a cada novo disparo. Por sentir o

V/I 111)/1di ixar mais irritados e autocríticos porque seremos sempre derrota- .~ .~medo e a dor quando ocorrem, aos poucos vamos sendo menos controlados!l

111111.( )/1 11l(cios que existem por trás do nosso abandono são mais fortes que a ;tI/por nosso estado mental infantil. Nossa criança emocional sofre um impac-

I11I1II11vunlnde. Só quando avaliamos a profundidade e a intensidade do pâni- . ,:,'f:: to cada vez menor e a maneira como encaramos e sentimos as experiências

111dll/II I'nbandonados é que entendemos quanto a maneira de nos relacionar .•~ ~;.~~:que ocorrem em nossa vida presente, assim como a percepção que temos" 111111Ido por essas forças. Essa compreensão vai aos poucos nos afastando ; ~~>delas, será menos contaminada pelos traumas do passado.

11/111IIIJHIiIlSreações compulsivas e mecânicas. : t,~';.. Eu descobri que trabalhar a ferida do abandono é o ingrediente básico da

vnrdudeira tarefa de trazer consciência à nossa ferida do abandono e capacidade de amar. Um dos aspectos, obviamente, é ter a consciência de1111pl'lvIIC.:1 é a atenção aos momentos grandes ou pequenos que a provo- ~ (,: que ela existe, Outro é senti-Ia e conhecer um pouco de sua origem, Além

1.11111,,grUllues U1UllW1ÚUS, como urna rejeição, urna perda ou o fim. de um. ;r~'::disso, noto que já entendo algumas coisas essenciais para viver com alguém,IltI u.lnnnmunto, ganham a nossa atenção porque são sempre dolorosos, Mas:[ Uma delas é que a pessoa é como é e não podemos querer que ela mude,

Ii '1111mnis acontece é que morremos de medo e não há ninguém para obser- }.'... r--;;--------------------- --,VIII'I 1I~j()1110JO.Morremos de medo porque a perda e a rejeição apenas forta- 1 UNAVIi\GIi.\11'101.,\FH:fDi\IX) ilJ3NfI)ONO

/111:1111111nossa desconfiança e resignação, Mas, quando observamos com mais '..J.' ..(Sn:ída)

1111IH,OO.vemos que a ferida foi arranhada, que ela sempre esteve presente e .M Eslratégins, reações, dependências,

Ij111() xo fl'im ento nos fortaleceu, Esses breves momentos normalmente pas- g compcnsnçôes

1111~1)111q te possamos reconhecer que a ferida do abandono foi exposta, É .I~ (Entrada)

1111/1IIll'IISem que as coisas não saem como queremos, quando nossas expec- S I J I f Iemti'r o mcc o c a or ( a teric a

11111V/lH nüo silo correspondidas, quando nos sentimos privados de amor, seri- ~

ullil l ldudc, l'e peito e mesmo ele carinho que ficamos irritados e zangados, ~.

~1':1111II pnrí irnos imediatamente para a reação (o que sempre provoca reação ~I unl rúriü] ou caímos na dependência, ~

I'; i111portante mencionar as situações de triângulo amoroso quando se ~

/11111til pri vação e abandono. Quando alguém está num dos lados do triângulo I

I!NII'!I li 111p/\Im I! li IU'M,:Ao r·,s-rA i\ l'EfI]IJ{\

(A fcri,la) [(caç5"

(.\11. 111 ,l, IC1jltic.; 10, ponli\,

i p; I IlItivu •• 111 U ,'lo'H.lit!ns,1..11,1,1.It""po)

(RZlivZI, culpa, afastallleolo,

desistência, 111anipulay50,

controle, dcpclU.lêncins, re-

signa<;5o)

C."unadil externa

(Atingir o centro)

Amplitu,le e grnça

11'II

·1'

I.:j:.I

:/1 i;1I';I·i.n:

Page 68: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

A experiência interior da criança en1()(;ionalo amor náo é um jogo (le criança

'111l rnui tas ocasiões a criança emocional será privada de algu,m,a .111111111'1"1\ d

sempre haverá aspectos da personalidade do outro os qU~lS1111 I \l1!l1\í1í ( . h . nçaemoclO .1i 1IIIIIIII1I0l1, uandodeparocomessesaspectos,eu mm acna d'-'

ito só frustrado e decepcionado. Por fim, sei que um Iarnun , d

leus ao outro - quando um de nós morrer ou qua~ o a pes-

h t reparado para enfrentar ISSO,111I1 I1 11\1' com utra. E ten o que es ar p , _ '

, estre falar da diferença entre sohdao e estar so.tvlll 11/ VO'l.C' OUVI meu m ,o negatiVo e assusta-

1I I (\ I plicou ele, é um buraco escuro, um espaçI1 I , o Everest da

di I1 MIII ustar 6 é a nossa natureza, o que ele descreveu como. ,". h f 'da do abandono, eu não tinha idéia

1111 dllm, (), Antes de explorar rnin a en . _ s de privação e deia di H' 'o que as mmhas sensaçoes .'

tlll 1\1111 111< quena izer, ioje.vej 'fli, ' emocional sente e provavelmente sempre;~

VII'I,III 11 11 () que minha cnança as devo ter';if, l':stll.l estado pode ser provocado a qualquer momento, m , _, .

I" II 111' ," d ' ara reconhecer que a solidão e um11111 1111 I P riências posítívas e estar so p .A ' '. ":~~'

. ' . ha expenencla, pode ser uma Imensa ,'q _1';~'.:I \ Ido pnss gelro. Estar so, em rmn d d ." ~~i;-;~- ânico nem o esespero a

1'111,:11, \11\1 .ontímento agridoce que nao tem o p "1 _

Iti ti o. I~:fi penas sentir o que a vida é, 4 '!ejff.;, {",f. .,..:.;.~-:.

~i.ll~..t Dicas:LII"' "'t"--· 1. A ferida do abandono e da privação é universal, é provavelmente o medol' mais profundo e apavorante que existe, Vem de uma imensa sensação de

.1..' ser des,prez~do, maltra,tado, ignorado dedesamparaddo, ~ada ufm ex~eri-menta ISSO a sua maneira, mas para to os restam o esejo e a .orne inte-rior de ser amados. Podemos compensar isso tomando-nos dependentest ou exigentes, desejando que o outro nos salve ou nos isolando em nosso

\ mundo e desenvolvendo um falso senso de auto-suficiência,

Ij

rtv~It

IIltlllllIl 11111

11 I1 til ti 1:1,1I'

a) Complete a frase: "Sinto-me privado de algo (magoado ou revoltado)quando ..."(Que aspectos do comportamento o fazem sentir-se traído ou privadode algo em seus relacionamentos íntimos? Mais especificamente, oque o outro faz ou não faz, diz ou não diz para acontecer isso?)

b) Quais são as suas expectativas no caso?c) Que convicções você desenvolve com base nessas situações?

Rastreie a ferida até a origem,a) Quando foi que você se sentiu privado ou abandonado na infância?

Sentiu-se sozinho? Invadido? Incompreendido? Ignorado?Como você aprendeu a lidar com a privação? Em conseqüência dela,que convicções desenvolveu em relação à vida?

Retire a energia da reação para sentir a ferida,Na próxima vez que se sentir privado de algo, tente afastar a energia dareação para sentir o que se passa dentro de você. O que acontece nocorpo? Quais são os pensamentos? E os medos? O que a sua energia querfazer?

voe precisa encontrar o seu vazio.V()(:D precisa vivê-lo, aceitá-lo.

I,'I/li Clce.itação oculta-se lima grande revelação, , .. . opnaNo /llomento em que você aceita a sua solidão, o seu vazro, a pr

(/(/(/lic/ude do vazio muda. " ' .f.t torna se nbuiuiãncio, satls)a-

'n'nos/arma-se exatamente no opos o - -

~'/O, urn banho de amor e alegria.Osbo

2, A ferida do abandono e da pri vação é fonte de grande conflito e sofrimen-to em nossos relacionamentos porque queremos que o outro nos impeçade senti-Ia, Não nos damos conta de que quem realmente espera isso é anossa criança abandonada, que quer ser alimentada. O resultado é a re-

\, I{I «oubcça a ferida da privação,, .

'.ill'1,1

W

Page 69: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

Sufocalllento

o amor não é Utll jogo (le cnólnça

16I' li' I) !1tl1'(\LO O outro não quer assumir esse papel. Ele já tem pro~lemas11111:11 ,11(, para alimentar a própria criança abandonada. Mas, teimosos

. .' ti do porque não entende-" p(H'tlnll I t s que somos, contmuamos msis m ., '1111) Ii (:011 xão que existe entre as nossas expectativas, eXlgenClaS e rea-

I,: 11 ( \ r rida.

IllItllIllIOH dar um grande passo para sair do sofrimento habitual em nos-

() I minei namentos estabelecend~ a conexão entre a ferida e a nossa

1'111\11 vl dnd . Ao compreender a profundidade do pânico do abandono,

Plld, m . entender por que reagimos tão prontamente.

I, () I'o(:ilnhecimento dessa ferida pavimenta o caminho que nos leva a -~~._ a verdade existencial da nossanprond r a estar conosco mesmos com . _

IlIlidlO. Um dos medos mais profundos é o da sohdao, mas trabalhando

(IIMlI r rida percebemos que o medo está mais baseado em traumas do .'. - Elt a":' m nossos workshops, em geral há mais mulheres do que homens. Acre-

1I issndo do que na situação atual. Quando juntamos corage~ para u r - ,,'-',_.':.

, -" dito que a razão disso é, em parte, porque as mulheres são mais propensas a1lllHi'lnr a solidão, alcançamos a jubilosa condição de estar sos'·,.',I,;!.,:,:,.'

" reconhecer que a intimidade e a co-dependência são questões que precisam"I~' ••

f '" ser trabalhadas. Outra razão é que os homens possuem profundas feridas de.~~_.-,.

sufocarnento e estão extremamente preocupados em não ficar vulneráveis

em situações desconhecidas. Quando nossa criança emocional está sufocada,

desconfia de qualquer um que se aproxime. Embora sejam geralmente in-

conscientes, nossas experiências anteriores com "amor" estão associadas ao

sofrimento e à traição.

As feridas do sufocamento e do abandono são irmãs gêmeas e igualmente

poderosas. Às vezes, dependendo dos nossos condicionamentos de infância,

estamos mais em contato com o medo de ser controlados, manipulados e

possuídos do que de ser abandonados. O medo provocado pelo sufocamento

pode ser tão forte que somos capazes de impedir qualquer um de se aproxi-

mar ou, se permitimos isso, vivemos constantemente apavorados com a pos-

sibilidade de ser dominados, Descobri que esse medo ainda vem acompanhado

de sensações de extremo calor, da dificuldade de respirar e até de

claustrofobia. Como no caso das outras feridas já discutidas, a sensação de

sufocamento pode ser detonada por causas insignificantes e aparentemente

iI'rIII:1I

',li, ,;'1

"I

Page 70: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o arrtor 11.50 é um jogo de criançaf\ experiência interior da criança entodonal

II liillllllIlH, ma vez detonada, há sempre a incontrolável necessidade de' "em nós um profundo sentimento de traição. Mas não importa até onde é

1111 ti 1111111'o mais rápido e o mais longe possível daquilo que nos ameaça. possível rastrear o nosso condicionamento, o que importa é a razão de estar

1IIItlI111oxi tir inúmeras razões psicológicas para que essa ferida seja tão! identificados com o sufocamento. Não temos nenhum controle sobre os nos-

1I1I11'1I1ItllI.Talvez ter pai ou mãe dominador e controlador, particularmente' sos sentimentos e comportamentos. Eles são incontroláveis, irracionais e

,li I 11 ()!lI 'to. Talvez por termos sido um substituto afetivo, suprindo a , ·::~dominadores. É importante lembrar que, quando nos sentimos sufocados num

111111111() [ i com o amor que ela ou ele não recebeu do parceiro. Talvez, por ; relacionamento, isso não ocorre por alguma coisa que a pessoa faça. Com111,111I'II:I./!l [ualquer, nosso pai ou nossa mãe não queria que crescêssemos e -: 'certeza, a pessoa está cutucando a ferida, mas ela não é a causa da ferida,

1111101'11Ml mos um indivíduo sensual, auto-suficiente e independente. Mas não é a razão de nos sentirmos sufocados, controlados, manipulados ou do-

II 1'1rlda assim como todas as outras, não nos permite conhecer sua ori- . ,iminados! O outro apenas arranha uma ferida que já existe há muito tempo1"11111,lIui; menos o seu poder apenas buscando suas raízes na infância. •. :'até que comece a sangrar. Se caímos na armadilha de acreditar que a outra

I li 111IlIl/tI r r a razão, o fato é que trazemos dentro de nós a sensação de que " "pessoa é o problema, perpetuaremos o drama de nos aproximar apenas para

\I 11 111101'"não é algo em que se deva confiar. ~em seguida nos afastar indignados. Viveremos isolados porque, no fundo,() sufo amento é profundamente invasivo porque interfere na capacida- ';g ~,acreditamos que todo amor termina sempre em controle.

tllI til 1\pr nder e controlar o próprio universo. Sem essa capacidade não ~ . Num relacionamento, aquele que tem a maior ferida de sufocamento ge-jlntllJlllos desenvolver a auto-estima. Portanto, quem possui uma ferida de:!ii <ralmente é antidependente. O antidependente tem pavor da intimidade

111'111:1111\n to muito profunda está convencido de que sua energia vital, sua o> ,'porque é obrigado a encarar seu trauma original de sufocamento, que foi urna

I I' nllvldad , liberdade, sexualidade e até mesmo a espiritualidade serão:~ :;~ profunda traição amorosa. Ele oscila entre desafiar e rebelar-se pela própria'"jll'lmjdus e destruídas se alguém tiver permissão de se aproximar. Esse' .: liberdade e independência e então, arrependido e carente, cai no outro ex-

IIlIldo resulta num poderoso confli~o inte~ior. Sabemos ,4u~ não PQdemos'~.,;r~.:.'.:::tremo e se toma touu sulicitü e companheiro. Depois fica com raiva, se vêvi VII'S( m amor e ao mesmo tempo nao confiamos nele. Nos passamos a amar ~",: ' acuado e outra vez se comporta de maneira provocativa e rebelde. Essa oscí-

'.' 4"".t ~

li I11/{1I orn seguida afastamos o amor para longe - o tempo todo. Uma parte;~ \,.' lação não muda nada na consciência a menos que consigamos perceber o quetil 11 lS, aquela que quer amar, atrai o amor e até chega a desenvolver um: \ existe além dela.

rulunlonurnonto. Então a nossa criança emocional, que abriga a ferida do:":. Quando a nossa criança emocional está sufocada, acreditamos que a úni-

I\ll'ocllmonto, reage ao menor sinal de controle, manipulação e posse. Rara- ca maneira de libertá-Ia é evitar a intimidade impedindo que o outro se

1111III( 11()1;SOS reações estão ligadas à realidade, e o outro se sente injustiçado. aproxime. Mas a liberdade que buscamos jamais será encontrada da maneira

. '1111/1nsforcos para se aproximar da pessoa sufocada são constantemente frus- como reagimos ao outro, Não são as ações dele que nos mantêm presos. A

11'Idos. I~tn geral, quem se afasta sente-se terrivelmente culpado pelo próprio ,:!~' liberdade está presente o tempo todo. A nossa prisão é reagir sem nenhuma

1;11111Jl0f'1amento, mas as forças que estão operando são tão poderosas que é consciência do motivo pelo qual adotamos determinados comportamentos. A

1I11)()SS(vclcontrolá-Ias. minha ferida de sufocamento é igual à de todo mundo quanto à intensidade.,'(I reconhecemos que afastar as pessoas e evitar intimidade é um padrão i Quando explorei o que me impedia de fazer o que queria, vi-me diante do

til III)SS<lvida, é bem provável que estejamos identificados comf essda ~erfi~a.! pavor que minha criança emocional sentia da punição e da rejeição. Toda

11(1(11n« S rastrear a origem desse medo até uma situação especí ica a in an- 'i vez que eu contrariava as expectativas e as exigências do outro, toda vez que

I. 11,quundo o "amor" veio acompanhado de controle e repressão, deixando I decepcionava as pessoas que amava, tinha de enfrentar esse medo. Quando~

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Page 71: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

1-\ experiência interior ,L"1 criança clllocionilJo arnor Hão é l:111ljog'u (le crinnça

Para romper a minha identificação com a criança sufocada, descobri que

.eu também tinha de correr o risco de fazer o que queria e sentir o medo que

ISso causava. Meu comportamento habitual seria negar a mim mesmo as

experiências pelas quais desejava passar com medo de que a outra pessoa

.não as aprovasse. Isso já foi muito mais forte no passado, quando queria ficar

~ais tempo com os amigos em vez de com minha mulher ou fazer qualquer

outra coisa que me tomasse tempo longe dela. Pode parecer absurdo, mas na

..verdade eu achava não ter o direito de dispor de algum tempo para mim e

:.::fazeras coisas que queria. Essa é a culpa que parece acompanhar o sufoca-

;mento. Sentia que traía minha mulher. Correr esse risco era apavorante. Em

:conseqüência, eu fazia o que bem queria, mas dentro de um espaço reativo e

rebelde, ficava com raiva, ressentido, culpado e naturalmente recebia de

. volta alguma reação. Depois, entrava no transe de não "estar tendo espaço

."para mim": O problema eram os meus medos, e não as expectativas dosoutros. Quando reuni forças para correr riscos e fazê-Ia com lucidez, e não

por reação, ficou cada vez mais claro que as exigências, as expectativas e as

.. "",.: reações dos outros não tinham a menor importância. Quando vemos com.;1,. _-(_

.~~i::::, clareza, o problema termina. O processo está em nós, com nossos medos? ":"·~~r·· '~ri('com aprendizado e. validação das nossas llec8ssiuüues e vontades, com a

~~~~.:"c,,~::~: ::;:;i::~~:mo, o sufocamentoainda na infância.tendemo, a'c:" reagir inconscientemente ao nosso parceiro como se fosse nossa mãe ouf.-:!· .

nosso pai. Lembro-me de um incidente que aconteceu há alguns anos, não.. muito tempo depois de Amana e eu nos conhecermos. Estávamos na Dina-

marca, onde ela vivia. Sempre me senti um pouco inseguro nesse país - não

falo a língua, é onde ela mora e conhece muita gente. Paramos para abaste-

cer o carro, e ela me disse como devia fazer isso. Amana é uma pessoa obje-

tiva e meticulosa, mas não exatamente controladora. Mesmo assim, reagi:

"Não me diga o que fazer!" Nesse momento, percebi que não falava com ela.

Eu vinha do passado. Toda vez que visito minha mãe, tenho uma nova opor-

tunidade de revi ver o sufocamento. Ela é uma pessoa meiga e delicada, mas

uma mãe compulsiva. Ela mantém um diálogo constante de conselhos e

repreensões. Depois de alguns dias, por mais que eu tenha me preparado

I 111111111/1idl nt ificados com a nossa criança emocional sufocada, temos uma

111111,1I 1IIIIilll ambígua com os que se aproximam de nós. Em geral, temos:~

1'1" 111\11umn vaga noção do que realmente queremos. Reagimos com peque- :.1II ruhuhl ins depois nos sentimos terrivelmente culpados por ter magoado'

1I11/lldll 1outra pessoa. Queremos amor, queremos liberdade, mas acabamos

1111I" 1'111I1d intre um e outro. Sentimos culpa se nos afastamos de alguém e -,:

11111IIHIIIllimos se não conseguimos nos afastar. O resultado é uma grande .'.ti 11t:\ti dndo de fazer uma coisa ou outra. Achamos que a rebeldia contra ;~

111"1111I xlgl spera tudo de nós é a única maneira de nos reconectar com ~.

1111/11111/;I1()C ssidades.M I, lu 10 isso pode se transformar num infindável padrão de reações :.

1111111111111:115e inconscientes. O que me ajudou a abandonar essas reações

11111111111III:IIS foi permitir-me sentir medo de ser sufocado por quem as pro- '.VIII:III1HO,osiar presente no que acontecia e compartilhá-Ia com o outro. Nor-1lllllllHllll , li reagiria ou me manteria recolhiclo só para evitar a ansiedade

1111IIIIHln. Mas, por sair desse comportamento automático e estar mais pre-

111111111111me lo que sentia da aproximação, restabeleci o contato com a con-I 11li!,:r ubnlada e com o sofrimento da criança prejudicada por abrir-se. Assim

I'"dll ivnllar como foi que minha vuínerabilidade se escondeu.t\o xplorar tudo isso, fiquei muito triste porque reconheci como tinha

II lido () outro e a mim mesmo com a minha desconfiança. Vi que minha

ruhnlrliu 'meu ressentimento magoaram os que tentaram aproximar-se de

111111I ()I'(lLle os responsabilizei por feridas que já existiam muito antes de

11111'111'1111em minha vida. Eu também reconheci todos os momentos de inti-

1111<1"lu perdidos com as mulheres da minha vida, com os amigos e minha

1I11I\(lill.N srn na morte de meu pai fui capaz de expressar amor e gratidão

1111111)quanto gostaria. Esse é o sofrimento causado pelo sufocamento, um

1111do qUI) pode nos bloquear emocionalmente de maneira tão profunda que

I tiVIII', sujn preciso muita confiança, paciência e auto-aceitação para nos abrir

IIIIVIIIIIl)nle. felizmente, com Amana fui capaz de me abrir e expor a mim

1IllIllItl()c mo nunca imaginei ser possível. Mas ainda há momentos em que

1'111)111()os velhos hábitos de isolamento e afastamento.

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Page 72: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é urn jogo ele l:riançn

1'11"111\ I) 1'(n ir, acabo não conseguindo isso. Ela se perde num papel mater-11111111I:nllHc\ante,e eu caio na rede de uma criança sufocada que quase en-11111111111\:1),Lembrar que há uma diferença entre o presente e o passado é Um1"lIldl P IHS para abandonar a identificação com a criança sufocada.

()I:OI'I'-rn - agora um último detalhe que é importante mencionar. Quan-ti 1111'1:l.llllIS uma ferida de sufocamento, temos expectativas não-verbalizadasdll '1111os utros sejam sensíveis, respeitosos, compreensivos e atenciosos,( 1111'111111qu todo mundo correspónda aos nossos ideais e ficamos indigna-ti 11I I '/,1111a l s quando nos desapontam. Mas ninguém muda para atender às'''"1 (1/1 O P tativas. As pessoas são como são. Mesmo assim, se encontra-111111111II m desrespeitoso e possessivo, sentimo-nos sozinhos e traídos. EmVII",tio IH ntir a solidão, esperamos que as pessoas e as situações sejam o que1\ n /11o. uando nos dispomos a encarar a solidão, de repente nossa visãoIllolllorll dramaticamente e aos poucos as nossas expectativas começam alati!' por terra. Quando nos decepcionamos, é bem provável que não esteja-

111()f1v ndo a pessoa ou a situação como realmente é.

l. Sentir..· e valieL,.r intenorxncnte os medos tocla vez qnc nos acha·mos Sl1.focados.

2. l<OlTlpe·r () pnclr5.o automético Je nfilstar ou reag'lr compartilhatu.lo O rnceto.

Scpa-r.rr pass",lo de presente.4. Observar Ll.5 nossas expectntiva.s d.e que as pessoas scjiUn corno qllen:~rnos,

5. f\.niscar-nos a validur e llonrn.:r as necessicla.clcs e a energia apesar (L,.culpa e elo

med.o d." rejeição e ,ta punic;ão.

tsxiete um medo único e básico,() medo de perder a si mesmo.Pode ser na hora da morte, pode ser apaixonar-se,

Mos o medo é o mesmo:Você teme perder a si mesmo.

/:,'o mais estranho é que.') Cem medo de perder a si mesmo

..~(,.~:.t. ;., .•

A experiência interior ela criança cnlocional

Quem não tem a si mesmo.Quem tem a si mesmo não tem medo.

Oslio

Observe os momentos em que se sente possuído, cobrado, controlado edominado por alguém. Nessas horas, como acha que as pessoas são comvocê? Escreva. Exemplo: "Acho que Fulano (ou as pessoas e a vida emgeral) só pensa em si mesmo".

Que sensações você tem quando está sufocado, dominado? Sente calor?Dificuldade para respirar? Pânico? Necessidade de sair e ficar sozinho?

De que maneira específica você se sentia cobrado, possuído, controlado edominado quando criança? Observe situações específicas com pessoasespecíficas - mãe, pai, irmãos. Existe alguma ligação entre essas situa-ções e as que observa em sua vida atualmente?

'i.1!I4. Escolha uma situação específica em que você se sente ou sentiu-se co-

brado, sufocado, controlado. De que sentiu medo quando pensou emreivindicar o "espaço" de que precisava para fazer o que queria?

5. Quais são as suas expectativas em relação às pessoas com as quais sesente sufocado, desrespeitado ou decepcionado? Escreva: "Sinto queFulano poderia ser mais ..."

,liri

:!

6. Como seria para você livrar-se de suas expectativas com relação a al-guém? Sentiria medo do quê?

Dicas:

1. A ferida do sufocamento é a sombra da ferida do abandono. Entretanto,em vez de nos sentir traídos porque o outro não está disponível, sentimo-nos traídos porque ele espera e exige muito de nós e põe suas necessida-

Page 73: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

O a.1110r não é UTl1 jogo de criança

17di IlIiUl1L das nossas, Temos a sensação de ser controla~os, sufocados e- d E vez de nos prender, nos afastamos,munlpulad s, mas nao ama os, m "

M I1I 11 IH 'ossidade e a vontade de amar são igualmente fortes.

I, No <:i\S s de amor ou nas amizades, o grande drama existe porque, e~ f.1-\111'111, sufocamento encontra-se com o abandono. Temos as duas feri- DescoI11iança e raIva11 I1 lnt rtormente, mas projetamos uma delas sobre o outro, que por sua

vuz currosponde. E tudo se torna um grande teatro. A pessoa su~o~ad.a

11l11l menos contato com suas necessidades e sua ânsia de amor e mtlmI-:[~dlld{ porque passa a vida tentando negá-Ias. A pessoa abandonada tem .(fi ---~-_.mnnos contato com sua necessidade de ~spaço e de liberdade porque i/\IIH vi a tem sido uma busca constante e'compulsiva de amor. ~l~an~o :~

• A • é um inferno Com conSClenCla,1urubus se encontram sem consciência, . ,\,!1I mos a oportunidade de experimentar as duas feridas e aprender que .

nmbns stão dentro de nossa criança emocional. ~.,.,;{:' Ufi samurai visitou um mestre zen e perguntou-lhe qual era a diferença~~~f;:~:,~·: .

pl ssoa sufocada acredita que para sentir-se aliviada precisa "ga~h~ .~~~L.entre céu e inferno. O mestre zen virou o rosto e disse que não tinha tempo:1. 1\ 'O " ço" que ela busca nao e .(" .."'. a perder com um homem tolo. O samurai ficou enfurecido e sacou da espa-

1111 aço" do outro. Isso e um engano. espa .. A

lon o do outro, mas interiormente - é enfrentar o medo das consequen~,. da para atacar o velho mestre. O mestre zen o fez parar e disse: "Isso, senhor,." 1.1_ nerder a si li""'''' é o inferno". No mesmo instante, U sauiurui recuuheceu o puder e a sabedo-

cias por fazer o que quer e sentir e comparmnar o meuu U\:: l'ta .....F,.:'.? d 11 El baí 1 1 E. .... ria ave 10 .• e em ain lOU a espac a e curvou-se respeitosamente. o mes-

m srna. tre disse: "Isso, senhor, é o céu". A desconfiança e a raiva nela contida são a, d de né fr . ta o medo do sufocamento -

,I, {\ criança emocional que.ha enhtrbo.e nlos ent

en,t' ca ou com rebeldia. Ar- .t última parada de nossa viagem pelo mundo interior da criança emocional. Acom submissão inconsciente. a itua e au oma 1 1 desconfiança é °nosso Inferno. Quando entramos em nossa bolha de descon-riscar-nos a fazer o que queremos com clareza nos devolv~ ao .centro, f fiança, ° espaço é muito escuro. Nessa bolha, estamos presos em nossas

Lornando o nosso comportamento cada vez mais dirigido ao mtenor. ~I;,:· crenças, percepções e expectativas negativas, o que nos impede de recebere

desfrutar ° amor e a beleza. A desconfiança é também uma saída fácil por-

que não oferece risco. É assim que o mundo funciona, portanto é fácil encon-

trar rapidamente correspondência para as nossas crenças e opiniões

.~ desconfiadas. Passar a confiar exige muita coragem.i Lembro-me de uma vez, quando eu era criança, em que perguntei a rni-

~ nha mãe o que era Deus. Ela me disse que era apenas uma idéia. Meus paisi não aceitavam nenhum tipo de religião ou espiritualidade. Sempre achei

~ bastante inteligente da parte deles e um tanto liberador para mim, pois não

Page 74: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é urn jogo (le cl;ançnA experiência interior da criança elnocional

111 tllH 111'111Ido m nenhuma crença religiosa tradicional e convencional. Por muito e transformaram a vida a dois num pesadelo. Logo ficou muito claro que, . . li d minha educação me ensinaram --umnão confiava no outro. Cada um tinha arranhado uma ferida muito profunda

1IIIIIIIIIIdo, c tícísmo e o raciona ismo a ,d f C isso não aprendi a apreciar os do outro. Ela se sentia mal-amada e desprezada, ele, sufocado. Ambos começa-

11"111,'1\ nu lhor duvidar e escon lar. om. .d U d . as que me comoveram em The .~arna dormir com outras pessoas, o que deve ter sido o gatilho que disparou toda

1111111111II n magia da Vl a. ma as C01S' . .,..••1I//III'UtlIJ1I o] /ittle tree (A educação da arvorezinhal, de Forest Ca.r~er, livro a ,~ .~ desconfiança. Ele desconfiava tanto dela que nem queria comparecer às ses-

If , foi fato de que os avós da arvorezinha transmltiram a ela .~ões, mas logo se deu conta de que estava repetindo um padrão. Os dois reco-

1\"11 I nu I' n, 01 o . ..' Iid d ito respeito e amor pela vida, "'nh'eceram que a desconfiança havia começado muito antes de se conhecer.11111I pl'nl'uoda e sincera esplntua i a e, mu

I': 1i11IIH) básico de confiança jamais a abandonou, mesmo tendo passado Por causa das invasões e das traições que sofremos na infância, a ponte

1"" I1111I,,!; oxperiências traumáticas, agressões físicas, perdas e traições. ::.quenos ligava ao outro caiu há muito tempo. Hoje em dia, quando iniciamos, d fi d . parte do tempo. Basta ver com que facilidade 'um'relacionamento, qualquer um, f,azemos isso da nossa bolha de desconfian-

:HIlIl( oscon a os na maior ,1111111111cios onfiança é disparada, Quando alguém diz ou faz alguma coisa que··ça, por mais confiantes e esperançosos que possamos ser. Na maioria das

. íd ntramos no já conhecido espaço da .: , -, fi I E'" f . 1 to mé .11/I I 11m1'8'peita, sentimo-nos trai os e e . -vezes nao e uma con ança rea. so mais uma antasia c o pensamen o mágicod f t d mágoa e da raiva A mesma coisa d . '1 N . t t f 1111'IHIII\ÇIo, 10 isolamento, o a astamen o, a . . '. a nossa cnança emocionar. o mesmo ms an e em que o outro izer qua quer

A' d P d haver momentos em que confia- " id d . d1II.Illillco em círounstãncias a versas. o e . coisa consi era a invasiva ou esrespeitosa, retomamos novamente a nossa, '1 d d nfiança Se existisse uma confian- fi 1 fi al d d111111,IIII\S sempre restara um nuc eo e esco· .:' descon lança norma. E icarnos tot mente convencidos e que as nossas ú-

1'11h slcu, as invasões e as adversidades seriam dolorosas, mas passanam;-: vidas sobre confiança são todas válidas. Da bolha da desconfiança e aos olhos• .,' tr o algo muito doloroso de,·1'1\1I rlnment . Em vez diSSO, nos as regis amos com :C. da nossa criança emocional desconfiada, acreditamos que o problema é o ou-

, do pela vida e pelas pessoas. A .11\lldo Illl9 não nos santímos seguros nem ama s ,;- ira. Acreditamos que nos abriríamos se o outro fosse mais sensível e estivesse• A. • ".~ .1~_ - - -~'-D-a",·

1(11)(:ncia natural e a confiança na existêncla ncam preJu~(';~ud" v Cl '-'.L.LU"y :,._·!~.;.I.;.~.::...:.~.:.~.,"~;:'~~:"~.'.'·mais disponível. De onde estamos, acreditamos piamente que só podemos con-I IIllJdonul passa a enxergar com olhos cautelosos e descon a os,. :li:..... fiar no outro se formos tratados como quisermos.

Qunn lo disparada, cada agressão ou invasão que sofremos na vida mas ~:' N - t h' .d'to a Todos os insultos à nossa ·.,1i..'~,_:,7, uma sessao recente, uma moça me con ou que avia rompi o com o seu

1i t1 I:otli:ieguimos sentir nem processar vem a na. . r namorado por "não ser digno do que sinto por ele". Quando examinamosI1illlIil ludo e integridade ficam guardados num banco interno de ressenti- "', suas outras experiências com homens, ficou muito claro que de uma maneira

1111utos. Quando algo nos agride no dia-a-dia, toda essa mágoa acumulada ao ',~' ou de outra nenhum deles correspondeu às suas expectativas. Pedi que ela se

111111-\0da vida é disparada. Essa é a bolha da desconfiança. Dentro d~ bolha, • t » colocasse no lugar do ex-namorado por um momento e tentasse ver o que ele. 1 ' teai d mas desconfia de tudo e esta conta- ..

1I11:-;sncriança emOClOna esta pro egI a, . sentia. A moça imediatamente começou a chorar. Falando por ele, disse que, d I ducaram E acredita que

Iilill!lcla pelo pensamento negativo aque es que a e· sentia muito amor, mas não sabia o que fazer porque jamais conseguiria ser

I11(11)I) 11 Ll8' vê lá de dentro é verdade. Vivemos o eterno pavor de ser outra vez .·..:I'i"'I como ela esperava, Aos poucos conseguiu reconhecer que suas expectativasV IIIIIIIIISc traídos como fomos no passado, Nessa bolha, só pOdemos,esper,ard d a protegiam. Criavam uma barreira para qualquer um que se aproximasse de

1111II l!i()r: jamais teremos o que precisamos, jamais seremos enten 1 os, ja-

modo que ela não se sentisse vulnerável.tlI/IIII nnrornos respeitados e seremos eternamente invadidos.. V' d d d fi 1

, _ al que não vivia nada bem. Eles amos exammar mais e perto o mo o como a escon lança contro a a111\pou o tempo, recebi em sessao um cas 'I, mente da criança emocional.

. 'preservar a família mas brigavamIlltllIll\l 11111filho de 4 anos e m810, quenam '~

'I.,1'1.1

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Page 75: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

'ti!·i~.

IIWi!{1lconfiança original lesada nos faz desconfiar da vida e das pes-:I1111111I , inconscientemente, nos obriga ao recolhimento em nosso mundo. ,1

11) 1111111voz recolhidos, em lugar de enxergar com os olhos da confiança, '~l11I11I1i\ víst O fica anuviada por antigas experiências de invasão e traição. 1:

~No luu lo, eslamos esperando que elas se repitam. '

11) 1':III\'()tnnto,temos muita necessidade de amar. Bem lá no fundo reconhe-1.1I1111l.qu não é saudável continuar fechados em nosso mundo seguro,pt'olc gido e isolado. Tentamos nos abrir para alguém. _

111M Ili n: ssas feridas inexploradas nos obrigam a repetir a históri~ de inva- '1()(\lrni .ão. Por causa da ferida da desconfiança nós nos abrimos com1)(ctativas não reveladas, ou seja, não nos abrimos realmente, mas com

11\11111ista de exigências que o outro deverá cumprir. Esperamos que nin-t 111111\n s invada nem nos traia.

11) 11 11mperíodo de encantamento em que o outro ainda reflete nossas1111111izn,.ões.Mas, assim que nos sentimos invadidos e traídos, simplesmenteII()II1'0.olhemos ao nosso mundo seguro e isolado crendo que nossas des-1:1)1\ri ti ncas se confirmaram. Evoltamos ao mesmo ponto em que começamos.

tkuno podemos sair da bolha da desconfiança? Como em todas as outras111111111I1- ela vergonha, do abandono, do choque e do sufocamento -, o primeiro1'1111111)ror consciência de que estamos numa bolha de desconfiança. Para11tllIl, () segredo é lembrar que, quando desconfio de algo ou de alguém, o fato

I \ ••••10 I: (lIoc.;üncia c confiança le-.fulm4 por invasôcs e trniçôes,

Passo 4: Rcpeti,las ,lecep-ções e f1'l1st:.raçõcsconfir-

rnarn as desconfianças.

tI~"'ou.).: I~onlplnlcnto da pon.-

" 1111 1'1' '~s()nl, isolnrnento e

.ltl.t Hlri,lIlÇtt.

Passo 3: Pl'OCUril elooutro COITl expectativas

inconscientes.

.A experiência interior dLl criança en10cionnl

rn si é apenas um gatilho que dispara uma desconfiança muito mais profunda, ue trago dentro de mim. Não fossem todos os sofrimentos do passado que'entram em ação, eu poderia simplesmente avaliar a situação, olhar para ela e'~Maa pessoa envolvida com objetividade e elaborar uma resposta apropriada..:Minha reação interior e a resposta exterior não estariam contaminadas por!'todosos sofrimentos, traições e invasões que já experimentei. Essas oportuni-\iades de separar o gatilho da fonte apresentam-se em nossa vida diariamente,"otempo todo. Uma coisinha de nada pode nos atirar em nosso mundo interiorde desconfiança. Mas, se trouxermos mais luz para esses momentos, vamos'poder separar o presente do passado e começar a remover as balas do tambor.

Assim como nas outras bolhas, também precisamos conhecer a história. da nossa desconfiança. Por que determinadas situações da vida atual nos. obrigam a reagir com tanta veemência? Por que essas situações são tão fre-

:~qüentes? As respostas estão na história da nossa desconfiança. Essa história/»>

.,'se repetirá. As pessoas sempre nos provocarão de maneira muito semelhan-;' te àquela em que fomos traídos e invadidos no passado. Sabendo como aconte-~:"ceu quando éramos mais jovens, fica muito mais fácil entender o que

:~ "1';':; acontece hoje. O segredo é afastar a energia e o foco do disparador e tttuis-':i~E:'~feri-ias para a fonte. E sentir a jerida. Isso significa conhecer a própria,.~ 1f.:.',~~·história d.e invasã~ e traição. Essa é a ~rigem da 11oss,acriança emocional.'; ~.0,:, Quando fizermos iSSO, aos poucos reagiremos menos as pessoas e aos fatos;~~;"-' do presente.

I

Quem confia em si mesmo confia nos outros.Quem não confia em si mesmo não pode confiar em ninguém.É da autoconfiança que vem a confiança.

Osho

.i!

Page 76: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é um jogo ele criança

: 1\ VIIl: pu losse traduzir em palavras as suas desconfianças, o que di- :

1111' 1III'I\\llo-s expressar todas as vozes da desconfiança que existem:,.11111 VIII: o s reva-as à medida que forem se tornando conscientes. Elas i~..~111111I11',1 III as crenças e convicções que tem em relação às pessoas e à:;V li L "i~

~~", {:IIIIIO(. sos crenças ·influenciaram sua vida, particularmente seus rela-.~

1:!IIIIIIIIlonLosíntimos e também com as pessoas em geral?:},.'j"'::'

UIII (XP riências do passado contribuíram com essas desconfianças? .~

(:OIl!O us suas experiências com invasão e traição formaram essas :.

1.1'111 \( ••:0 s?

I. 1"111,:0urna lista de comportamentos desconfiados e veja quais se aplicam,,~1IVIII: . De que maneira um desses comportamentos o impede de encarar,!

111'1 rldu le desconfiança subjacente?

111'1110 maneira sua vida atual dispara a desconfiança? Observe o que

r "~(lIn . s pessoas com quem VQc convive para despertar a sua des-

1:011 I'i:.mça.

I, 1':Hcnlha três pessoas muito próximas de você. Veja-as com os olhos da111111 criança ferida desconfiada. Escreva o que vê, Agora feche os olhos e

11\\ 'I.;ine que vê cada uma delas como meditador. Escreva o que vê. Há

dllorunça? Muda alguma coisa quando você as vê como são, sem expec- .~1

tut lvus?

I) iV,IM:: i

I, Nosso stado natural é de inocência e confiança. Mas ele foi enterrado ;t

IIO\)uma profunda desconfiança na vida e nos outros. Agora o estado que

1:(JlIltecemos é o da desconfiança, facilmente disparado quando nos sen-

111110,' mal-amados e desrespeitados.

l\" experiência interior da criança cJllocional

Nossa desconfiança é uma bolha - um estado de transe. Quando estamos

dentro dela, ficamos no passado. Observamos a realidade presente atra-

vés de um véu distorcido por experiências traumáticas do passado. Des-

se estado de transe, inconscientemente somos atraídos por situações

carregadas de expectativas e atraímos comportamentos que fazem eco

aos nossos traumas anteriores, Então experimentamos novamente o trau-

ma e a desconfiança se confirma. É um doloroso círculo vicioso.

Nossa desconfiança é ainda agravada pela esperança de que acabaremos

encontrando alguém ou mudaremos a pessoa que está conosco para que

nos trate como queremos ser tratados. Essa é a desconfiança da co-de-

pendência.

No momento em que entendemos que a desconfiança é uma bolha ba-

seada em experiências passadas, algo muito profundo começa a mudar

em nossa vida. Toda vez que nossa desconfiança é provocada, somos

naturalmente capturados por nossas crenças e pelos padrões de com-

portamento da ferida. Nesses momentos, podemos lembrar que fomos

apanhados em nossa bolha de desconfiança e reconhecer que é apenas , 1! ~,

um transe.

I ,

Page 77: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

Parte 4Autodomínio - Saia do

conaportanaento autonaático

iILiI

'f,'fi.

i:i'

• "o •

. 1

Page 78: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

:\-Num dos nossos últimos seminários, Michael nos contou que tinha aca-bado de romper com sua namorada, mas ainda estava se recuperando da

,": . separação de um casamento de treze anos, Perguntei se sabia por que isso.,. "Ir",-·;l i*> estava acontecendo. Ele disse que era dependente das mulheres e se com-.~ .#.:-·~r.· portava com elas como UITI mendigo. ACI1óva que aquelas yue.se aproxima-

'~.~.:,';_.:~.~,';,:::'vam dele acabavam se cansando de bancar sua mãe. "Eu entendo esse padrão,- - sofri por ter sido abandonado por minha mãe, mas não consigo mudar",

disse ele. Quando exploramos mais profundamente, ficou claro que Michael, se identificava com o papel de filho sempre que se aproximava de uma rnu-

'; ~;': lher. É bem verdade que ele tinha plena consciência de seu padrão e havia/' explorado o sofrimento causado por suas antigas feridas primais. Mas o pa-

drão persistia devido a essa identificação, Michael entrava em estado men-tal infantil quando se relacionava com as mulheres. Estava numa bolha emque se via corno uma criança desamparada que necessitava de mãe. Tinhaconsciência disso, mas não estava pronto para sair porque ainda não queriacrescer. Ainda não era hora. E não podia fazer nada senão aceitar a realidadeda situação. Em certo ponto, ele foi capaz de enfrentar o medo da solidão esair dessa identificação.

18Ação por repetição oornpulsiva

Page 79: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

() ilIUOI" nfio é uru jogo de criança

1':111111111I recesso, pude ver que minha identificação com uma auto-imagem':

I111lilllll't)vllcHvn todo o meu sofrimento. Na infância, por sempre me comparar

11111111111111'11150mais velho, formei a auto-imagem de uma pessoa inferior e,

1111111111111I. I\ssa auto-imagem me perseguiu a vi.da toda. Eu a senti.a mais forte'

nn trnlmlho na criatividade, pois tive que superar terríveis inseguranças. Eu'. .

11111111111111sonti em meus relacionamentos com homens fortes, quando então o

11'/11111111I:OIll meu irmão se repetia. Por fim, comecei a ver que esse caçula;

IIIIVIIKIIIIIlt1clonão era eu. Era apenas ~m papel com o qual estava identificado.'

11111'11111111-10 durante grande parte de minha infância. Essa vergonha ainda

1"1111/11I' cIlsparada e ainda posso entrar nos seus padrões, mas não conduz

111I /111minha vida. Alguma coisa mudou dentro de mim. Essa mudança ocor- '.

111111l'll<llIulmonte, embora eu não saiba dizer exatamente como nem por quê.I'; tlHSIIidentificação com a criança emocional que orienta os nossos pa-

dl'l 11:1roputitivos. Para rompê-los, o primeiro passo é reconhecer a identifica-

1.111,I';I:Cmo se fôssemos um personagem que apenas segue um roteiro. Enquanto

111'01111'0não for consciente (a identificação), a peça vai continuar a mesma.

,"1 /l01'1'01110Salgum trauma, criamos uma identidade defensiva. A criança acre-

li 11111IIJI'Ot:tn'tudo o que acontece com ela. Se é ofendida e humilhada, é por-

'lI" ::ncurnpcrtcu mal. ES0~ identificação cria 8. expectativa de que o trauma.VIIi:II! ropotir. Trata-se de uma expectativa negativa e também nos faz acredi-I 11'1"1 n vida é assim. São as nossas crenças negativas. E, por fi.m, criam-se

I 1111Iporlnmontos profundamente enraizados, tais como retraimento, disputa,

I111'11I1111'1,Iisonjas e dependências, que a mente da criança desenvolve para

Hrlur corn o trauma. São os nossos comportamentos negativos e automáticos.

l'od()llloS ver que as crenças, as expectativas e os comportamentos negativos

1IIIIIIIIdlllos padrões em que entramos, Acreditamos que não há ninguém espe-

111111Ii I pOI'nós, que nunca teremos o amor de que precisamos e que não podemos

I nu l] li' 0111ninguém. No fundo, sentimos não ser dignos de amor e esperamos

'11I' rujuilm los e humilhados outra vez. Esperamos que isso aconteça porque,

1111111iuvol mais profundo elo inconsciente, é só o que conhecemos, Nosso con-

1111111dI! <lIIIOrestá baseado nos modelos de papel da primeira infância. Ancora-

'111111I 'I110vimos acontecer entre nossos pais e na maneira como fomos tratados,

tvlll!:1111'I11:,Lud.o o que atraímos se origina desse conceito de amor, Se isso

~...." >.'

. :L" ~',

.; .

.,I

j\l1todonlúlio - Saia do cornportamento automático

'~bém incluía a ofensa, é exatamente o que atrairemos, Se era privação, tam-

:ém é o que atrairemos. Por fim.. por causa de nossos traumas, cultivamos mui-

'os comportamentos que impedem quem quer que seja de se aproximar de nós.'.or um bom motivo erguemos um muro tão resistente em nossa volta que impe-

.e as pessoas de atravessá-lo ou até a nós mesmos de derrubá-lo. Quando estamos

uito identificados com essa criança abandonada e humilhada, entramos ins-

'ntivamente nesses comportamentos porque para ela essa é uma questão ele

obrevivência.

j1 ;.1

" 'I'

A Rf21'1,nçi\oC()~1I'ULSIVJ\

" .

r-rmtlI11ilS ele in[ânciil

Auto·itlcnL1d"de defensiva

••••

<.l~xpccl.:a.tivils llCgéltiVo15

Crenças llegativas

ComportalllentC) automático

(repetição compulsiva)

Per, O montanhês solitário da Noruega que já foi apresentado 6IH ÜUU-Ü

capítulo, identifica-se fortemente com uma criança emocional que precisa

afastar as pessoas para sentir a si mesmo e crer-se seguro, Se alguém tenta se

aproximar, ele é tomado por um pânico primal inexplicável e só pensa em

fugir. Naturalmente, esse homem desenvolveu um estilo de viela ele completo

isolamento. Sente-se sufocado e é muito desconfiado. Nem imagina que a vida

possa ser diferente porque não reconhece a identificação. Quando exploramos

sua história de infância, soubemos que foi continuamente invadido e reprimi-

do por uma mãe estritamente controladora e religiosa. Por isso achava que

todo mundo queria controlá-lo e manipulá-lo, o que ele compensa com o pa-

drão de não permitir que ninguém se aproxime, seja como for, E sente atração

por pessoas "carentes", que são ciumentas, possessivas, emocionalmente

controladoras e histéricas, que desrespeitam sua necessidade ele privacidade

e solidão. Naturalmente, ele culpa o outro e concentra-se no que o outro faz

em vez de analisar a própria identificação.

.~

Page 80: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o õ,1110r não é urn jogo J(! criança .Ant()(.lolllÚ·ÚO - Snia do comportamento autouiãtico

111111110II,YllImOSfortemente identificados com uma criança que foi hu. ~.'111111111111111I\I'(n lida, é muito difícil saber o que precisamos ou queremos.

1'111111111111lI:tlilnr qualquer tipo de atenção, principalmente negativa, como

, 1'1111/(I til um r porque é só isso que conhecemos. O choque nos conge-

111111111111111/11 n ia, na confusão e na incapacidade de sentir a nós mesmos.I' 1111111111111'o quadro ainda mais complexo, num nível mais profundo parte "O primeiro passo para esclarecer a compulsão repetitiva é passar pelo

tlll 1111/111Itll ntíficação com a criança emocional humilhada e chocada só/k ':,estágio do reconhecimento. Isso significa saber que temos um padrão e que

1"111I11111ti vingar. Essa criança interior traumatizada é tão desconfiada e ~Yi esse padrão está conectado à ferida da criança emocional. Partimos do pa-

1111111111111110raiva inconsciente e não expressada que só quer fortalecer-se ~ _,'drão para rastrear as experiências da infância que possam ter movimentado

1'11111I ( vl n] nr. Na verdade, é tanta pressão que acabamos só atraindo pes- ;~: ) todo o processo. Isso inclui a consciência de crenças, expectativas e com-I(111(1111Il<S permitem agir baseados nesses ressentimentos arrnazenados.oj "portamentos negativos e da auto-imagem negativa que estão por trás de tudo.

( ) di 1111)do vin~ança nos manté~ amarrados à identificação. Como a crian- ~~ . Como exemplo, imagine que o seu padrão é sentir-se emocionalmente ex-( I1I 1I1()(:loll(l1nao consegue ver diferença entre o presente e o passado, pou- {: "~r piorado nos relacionamentos amorosos. Você observa a expectativa negati-

1111111111rtu [ue nos vinguemos de um parceiro ou de alguém que esteja '~ "1:0': va de que sempre aconteça a mesma coisa e também acredita que ser

1I ti 11ti Iw 11<10para nós, e não de nossos pais ou de quem nos ofendeu origi-1 ~~" maltratado faz parte da convivência. E nota que, quando isso acontece, você111111l11l1l1().':; ~~;, se encolhe diante do choque e se torna um solícito compulsivo. Indo mais

(:hl'i~ltinu e Alberto, um casal que já mencionamos e que sempre tem 1t:~" fundo, observa que, quando pensa em si mesmo, se vê como alguém que

d, 1111\problema. são profundamente identificados com a criança emocio- :~ ~;, merece ser maltratado e rejeitado. Por fim, volta à infância e se dá conta de

11(111(1 () 1" 1 l'\T h rl l' " r .:.;:,','~.!:','.':,. que sua mãe e seu pai maltratavam você de maneira muito semelhante ao

I :u: n '~u"'~, J. "CIluürrt. u.C.l.C::; C CQD8..Z ele rcccn h,.....C"""T' rn,"'''"''''''''' .4. ,.,-.. .•.••. ,..... <"l (""'U ••..J.. J..Lv V.L '-t. U.U.LJ.~V v .LU.L~"'" U üu. i(&'~.-,~..

"tllI <li vingança. Tão logo um deles faz alguma coisa que provoque a des- que ocorre hoje.1'11111'1/111<,:/1d outro, este reage com raiva e mais uma vez se convence de que ,i: ;,>: O segundo passo é mais difícil. É o estágio da irnersão. Nele vamos mer-11111111101'se fechar e se proteger. Na verdade, não há ninguém ali que conhe-':." ~:C... gulhar na experiência, senti-Ia completamente. Vamos desistir de mudar a

I, 111M~11I1i lozas e os desafios de se relacionar intimamente. Ambos estão com-[ { experiência ou querer que ela não exista. A maioria não vê a hora de se livrar

111111/1111111110tomados pela própria desconfiança e por convicções, expectativas desse padrão. Mas isso não resolve, É apenas uma distração. Pelo contrário,1\ r.urupnrtarnentos nela envolvidos. É natural que o relacionamento se ba- temos de estar presentes no medo e no sofrírnen to im p lícítos na experiência.

'I li 11111jogos e estratégias constantes e repetitivos. Essa não é uma fase fácil de passar sozinho. Descobri que precisava ser

1\WIlII\le questão levantada em quase todos os workshops é como sair da conduzido na minha experiência por causa do hábito automático de entender

1\ 1'1111(,:1o compulsiva. Como parar de repetir tantas vezes os mesmos pa- rapidamente e logo cair fora. Durante o treinamento, descobrimos que é im-

111'1111:1dolorosos? Já perdi mais tempo com essa pergunta do que com qual- portante acompanhar as pessoas através de seus padrões não só quando elas'1"111'11I11ra.Hoje sei que há três aspectos: estão conosco mas também depois, entre as semanas de treinamento, man-

tendo uma comunicação constante com os participantes dos vários países

em que oferecemos o treinamento, Só assim podemos conduzi-Ias através de

seus padrões no ambiente protegido e sustentado da sala de grupos e depois

Temos de estar dispostos a sentir a dor e o medo que acompanham aidentilicação (ímersão).Temos de estar dispostos a correr riscos para nos livrar da identificação

(risco) .

'1'1IIIIISelo entender a nossa identificação e as crenças e expectativas que

v 111clclu (reconhecimento). '

"i!';,i',

!i,'.;'1

Page 81: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

IIII~H:I di! mãe. Sempre que se aproxima de uma mulher, é essa criança que'.~ ..~~~:-

111111.Sn nos identificarmos como uma pessoa humilhada que não é digna de .. ';-;;.'.11111111',SUdl exatamente essa pessoa que vai se relacionar. esse caso, a res- .: ~:;'..

. r;. -

pW111I1111(,recebemos da existência é previsível. Quando rompemos a identi- . , \~-.

111.111,:1() com a auto-imagem negativa, outra pessoa passa a agir. De repente

dllllf:lI!>rimos que fazemos escolhas mais inteligentes e aquilo que sempre

11111:lIIIIIIISUS[;\vindo ao nosso encontro. Eu me livrei do padrão de relaciona-

111111110."nos q uais era o libertador. Não sei como exatamente aconteceu, mas ...

1"11111vur llue nesse padrão eu só estava representando a minha ferida ele

1III1IIICIolI().Sem saber, passei por todos os estágios que identifiquei aqui e o ·...1.I'"dl'll() desapareceu.

._~I.

I.g

o amor n50 é urn jogo de criança

I 1IIIIJlIIIIIIIIIIIIII'com suporte e orientação observando os fatos ocorrerem na

11111li 11'111,principalmente em seus relacionamentos íntimos. Em ambas as

1111111/(I I, () objetivo é apoiá-Ias para que o sofrimento e o medo continuem

1"111111111IIl não desapareçam.

1':1111'111'1() P nto da jornada já conhecemos tão bem as crenças, as expecta-

VIII 11o: comportamentos negativos que podemos parar de alimentá-los.

1',11111IlWI urriscarnos a sair do comportamento automático. Cynthia, uma

11111K" J:lljll .ornpanheiro briga com ela o tempo todo, acredita que se conse-

I 1\ I' 111Ij)()I' .eus limites algo terrível vai acontecer. Quando se arrisca a fazer

111111,di scobrc que aquilo que tanto temia não aconteceu. Agora, mesmo que<ti

IIIX,Il uurnorado, brigue com ela, Cynthia fica muito bem. Per, da Noruega, '~~1IIIItlIIquo so deixasse alguém se aproximar passaria a controlá-Ia. Quando1Ij

1111111'ri:IC(I a permitir isso, acabou descobrindo que nada aconteceu. É im-''},

pOll:lfvl I ti izer ou prever quando teremos clareza para interromper um velho

1.IIIIIp()rlllmento. Parece que isso acontece só porque passamos o tempo sufi-

l.iJllllo nm reconhecimento e imersão,uurido nos arriscamos a fazer algo novo e diferente, percebemos que as

1'1'111~:IlS11respeito de nós mesmos não vinham de nós. Michael, do exemplo

q\l\I dui uu começo do capítulo, acredita ser urna criança abandcnada em

•. 1,.-.

Re"onlle"il1len[o:

Tor~l~-sc const:ie~ltc do pa(lrc:io - t"ccouIlCcer as crenyas, os cornportnrnentos c as cxpcctntivns

negal1vns tIo pncLüo, enxergando.:1 ill1Lo-ul1ng'1!JIl nccativa ([ue cslá sol, o (J(lc.lrno c co l: Io às experiências eL,. infanc..:ia. o. 'I ncc nnc ()-

Lnersão:

Expl(~rar a energia llo pilc.lI-ãO - ti raiva, a Jn5goa c () olcclo cnlcn'ados dcnb:o (le nós (a crii1l1ynemocional).Risco:

Fazer outras cscoJl,as Im:scílllils no rcconJwcilllcnto (le que t[LlCIlI agia no pndr5.o n50 é maisilqucle ~(ue você é agura.

No mundo dos hábitos, é tudo repetição.

No mundo da consciência, não existe repetição.

Osho

Exercícios:

1. Conscientize-se do padrão.

Quais são os padrões predominantes em seus relacionamentos mais síe-nificativos? o

Ao conscientizar-se do seu padrão, observe:a) Suas expectativas negativas.b) Su~s crenças negativas.

c) Comportamentos automáticos.

:xemplo: "Meu padrão é atrair pessoas que não estão disponíveis.

Estou sempre implorando mais atenção. A outra pessoa mostra-se

disponível, mas depois de algum tempo descobre outras prioridades

em sua vida. Quero que a pessoa me dê mais tempo e mais atenção,

mas n~ fundo espero ser rejeitado. E, quando não consigo o que que-ro, resigno-me e sinto que nunca terei o amor de que preciso".

[,II·

. !

iI.

,.

Page 82: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o arnor não é 1.11l1.. jogo de criança

I, f 111 ,11 ao padrão da ferida.

I) (:01110 esse padrão se assemelha aos fatos e às circunstâncias de seus

1'1 l/lei namentos anteriores e da infância? O que, especificamente, '

vod) viveu na infância que se assemelha ao que está vivendo agora? "

11) )II( auto-imagem formou em conseqüência dessas experiências?

I';x( mplo: "Sou um perdedor", "Não mereço ser amado", "Não sou'111')( nte".

,I I';, plorr padrão.

I) 11, sentimentos esse padrão provoca? Raiva? Impotência? Desespe-

I'()'? 'I'risteza? Pânico? :,5,;:,.\~.,

h) II palavras usaria para descrever a ferida? Imagine que sua criança ;:1~intorior esteja dizendo, por exemplo, "sinto-me desprezada e desva-;~

lorizada se meu parceiro me ignora quando falo com ele" ou "sinto- ~

m manipulado e controlado se minha parceira exige algo de mim. E t1~isso me assusta". 1

'I. (;()[,I'U riscos.

LI tipos de risco você correria numa situação que desafiasse as

cr nças de SU3. criança ferida?

il, Rompa a identificação com o padrão.

IllIU in uma criança pequena sentada na sua frente. Você percebe que

nlu I rn a mesma história de infância que você. Tem tanto rnerlo e é tão

.lusconfiada e insegura quanto você. Permita-se sentir essa criança. Ela ,:~.I Hló dentro de você e ao mesmo tempo você está distante dela. Pode .;

observar o medo, a insegurança e a desconfiança, permite que ocorram,

1I1llS sabe que é a sua criança ferida que ocupa a sua consciência.

Nossos padrões dolorosos prendem-se à consciência porque estamos pro-

luudnrncnte identificados com a auto-imagem contida neles. Quando

!'llIlIl ie mos a identificação esses padrões se dissolvem. Para resolver isso,

II 1I1Cl,' clu observar esses padrões sem a expectativa ele mudá-los. Observá-

Autodorninio - Saia do comportamento autornritico

10s significa reconhecê-los e desenvolver uma percepção cada vez mais

profunda das expectativas, das crenças e dos comportamentos negativos

ligados a eles. Isso significa conectar o padrão à nossa criança ferida e

mergulhar profundamente na experiência interior dessa criança, que está

sob o padrão. Isso por sua vez significa correr o risco de desafiar as con-vicções da nossa criança ferida.

Com a total imersão e compreensão, nossa identificação começa a se

dissolver por si mesma, e descobrimos que, de repente, não estamosmais no padrão.

;;/'"t t

Page 83: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

19Os linntes

·;::Amaioria das pessoas tem muita dificuldade para dizer não. As poucas queo,. não têm essa dificuldade em geral mostram forte traço psicopata. Se ignorar-':. IDOS os medos da nossa criança emocional, não teremos problema em dizer não. e estabelecer limites. Mas, se entrarmos em contato direto com a nossa vergo-

:,:J nha e u l1US~U dW411e,traremos à tona um pânico primordial. Trabalhei comisso durante anos e ainda é difícil para mim. Detesto dizer ou fazer qualquercoisa que possa levar alguém a ficar zangado comigo, me desprezar ou medesrespeitar. É sempre muito arriscado. Já cheguei a aceitar que é assim que sou- isto é, assim é minha criança emocional. Eu (minha criança emocional) odeioquando alguém não gosta de mim. Isso me deixa louco da vida. Parece que omundo vai desabar. E sinto-me terrivelmente culpado quando alguém sofre porminha causa. Mas descobri que fico pior ainda se não faço valer minhas neces-sidades, meus sentimentos e minhas concessões. Quando sou claro e direto,

, . parece que tudo dá certo.Deixar de fazer concessões na vida é um passo importante. Descobri que,

no passado, minhas concessões eram automáticas e inconscientes. Aprendersobre os meus limites e dar início a um processo de conhecimento e valida-ção das minhas necessidades tem me dado muita força. Alguns anos atrás,

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il;1:-I

li.1!!

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Page 84: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

() n.lnOJ" 1150 ~ lllll jogo ele Cl"iall~n.

~III 11111I, 11/11 grande amigo meu, participou de um grupo para homens. Ele'11111 1'"1': 1111 uma lista que lhe havia sido dada por um Iacilitador do grupo

1111111111 I Ii r(ll'( nLis maneiras de invadirmos o outro e sermos invadidos. Quando'11 11'10, l'iquoí espantado com o pouco que eu sabia sobre invasão. Surpre- '.

111111, 1I 1110 VOI' como me comportava inconscientemente com os outros. Epude11111111111111' (ILlO algumas pessoas me aborreciam e eu não sabia por quê. Lendo a11 111. !,lIdo saber e me afastei delas. Amarra e eu usamos essa lista como base:tllI 1111111111lista, que chamamos de "lista de invasões".

1', ti iIIIOS às pessoas, quando elas recebem a lista, que considerem se a inva-

/I III:Ol'n u quando ainda eram crianças e se continua hoje em dia. É natural,'111111\(10 olham a lista, que notem como invadem os outros, mas não nos dete-11111/111isso P rque provoca culpa, e a culpa não é o melhor modo de crescer. PorIIIIII'() 11\(10, descobri que, quando nos tornamos agudamente conscientes da111VII 11I () () cI que representou para nós, essa consciência traz para a nossa vida.1111111suusibilidade muito mais profunda, e ficamos muito menos propensos a/I vrul i I' () ser invadidos.

I i 'li ti ' invasões

I, 1\ Iguém me dizer o que devo sentir, querer, pensar ou fazer.'!, Snr "enrolado" - alguém rompe um compromisso, se atrasa, não faz o

IJIIO prometeu.:1. '1'01' meus sentimentos invalidados. Exemplo: "Você não precisa sentir

isso", "1 ar que está com medo'? Não há o que temer".,I. ,'(11' provocado. (A menos que haja amor e confiança entre duas pessoas,

11 provocação fi s8mpre ofensiva.)li, ,'(lI' superprotegido, tratado como criança ou repreendido.11. ,'01' ignorado ou interrompido. (Ninguém é obrigado a nos dar atenção a

Ili () SUl' que queira; mas, se quiser, então temos o direito de esperar que o11\ 111'0 (-)S Lejaatento.)

/. Núo Lero espaço físico respeitado. Exemplo: alguém pega algo meu semIJI:dir ou pede emprestado e não devolve.

1\ 1\1~\16m sempre querer estar certo ou ter a última palavra.

j\utodorní:nio - Saia do comportamento autouuitico

;.9. Não ter o meu "não" respeitado."10. Ser ofendido com violência ou ameaças (abandono, punição ou agres-

são). A violência pode ser de qualquer tipo - verbal, energética ou física.11. Ser obrigado a qualquer coisa.

e 12. Ser manipulado através da raiva, da culpa, das expectativas, do mau-t humor, do desamparo, da doença ou do sexo./13. Ser alvo de manifestação sexual imprópria (adulto ou criança) ou sofrer

abuso sexual.14. Ser pressionado, criticado, julgado ou menosprezado..15. Ouvir conselhos não solicitados.

. Ler essa lista e trabalhar nela ajudou-me a me tornar mais consciente de'(~er uma pessoa profundamente traumatizada que continuava permitindo. que me invadissem e também invadia o outro de forma muito semelhante ao;;'queeu fazia quando era criança. O que mais me deixou assustado foi o fato. de, de repente, entender muitas coisas pelas quais passam as crianças. Vique aspectos insignificantes da nossa educação, considerados triviais, eram,

o na verdade, profundamente invasivos e chocantes. Como exemplo, meu paiachava ter o dever de encorajar os filhos a tocar um instrumento musical.Sua intenção era a melhor: transmitir aos filhos sua paixão pela músicaclássica. Mas a maneira como fez isso, o modo padronizado como os paisjudeus instilam esse ensinamento, foi obrigar-me a estudar o instrumentoque ele escolheu: o violoncelo. Eu nunca quis tocar violoncelo. Teria esco-lhido guitarra, mas ele achou que a literatura clássica para guitarra aindaera incipiente. E não acreditou que eu fosse capaz de tomar esse tipo dedecisão por mim mesmo. Se deixasse por minha conta, dizi.a, eu acabariaouvindo só os Beatles e nunca aprenderia a apreciar Bach nem Mozart. Con-segui não levar a sério a minha pouca habilidade com o violoncelo, masnunca me dei conta de que isso era uma invasão. Tampouco entendi por queeu entrava em choque quando estava com meu professor.

É comum encontrarmos dificuldade para conhecer e afirmar os nossoslimites diante daqueles que têm algum tipo de poder sobre nós ou umaascendência qualquer. Os mais freqüentes são os pais, um patrão ou um

'I

,I

,·i,

Page 85: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

j\.utoclolllínio - Saia (lo comportamento ilubllniíticoo amor não é urn jogo ci<::criauça

1111til ,lt 111,111111;isso também pode ocorrer com um parceiro e até com amigos.: '.em.ocional implora por amor, por mais inadequado que seja. Mas um adulto

~1111111111jlll/·j ucia nessas situações era (e ainda é) entrar em estado de cho- não pode viver sem dignidade. Para romper a identificação com a criança,

1\111111111111OI1HIguir avaliar nem estabelecer nenhum limite. Eu congelo, fico ~precisamos aprender a sobrepor a dignidade às migalhas de amor mesmoIllItlll/lll 11 I) sinto a mim mesmo. Podemos explorar o que há por trás da . ; que para isso tenhamos que ficar sós.

IllIll I11I 111111Ir sentir compaixão por nós mesmos. Quando tentei outra atín., Não é todo mundo que entra em choque quando se sente invadido. AI-dll 1111111I I:))isll mudou. No mundo interior da criança emocional. quando guns são mais do tipo rancoroso. Mas sei por experiência própria que os

1111111111II() outro o poder de me amar e de me aprovar, entrei numa espécie' .medos que há em ambas as reações são muito semelhantes. À medida que

dll 11111IIIIp11'0. pânico que minha criança sente é tão grande que só possa fui conhecendo melhor os meus limites, que os validei e tive coragem ele

Itil' 111V 1/1(I 11I'T1f~-la.Tentar qualquer outra coisa só gera estresse,inautenti- confirmá-Ias, passei do choque para o rancor. No passado, o tempo que ha-

I 11111111111'1111'11imento. Em nível mais profundo, também tenho consciência de ~ -via entre a invasão e ° reconhecimento de que fora invadido era longo. Às

1\111111111111crinnça emocional precisa que todos sejam mais amáveis, delica- : ~vezes dias, até semanas. Eu percebia que, por alguma razão, não me sentia

dll , 1:ltld Idosos e respeitosos. Eu tenho necessidade de que o mundo seja .muito bem com aquela pessoa ou começava a fazer julgamentos e a censura-

111111111111OH()pura não me sentir ameaçado demais.·va diante de outros. Isso se tornou, para mim, uma boa indicação ele que eu

:lilplll'llI' o choque e a desistência ficando à vontade para estabelecer li- :'!~ :;fizera uma concessão, não dissera nada e agora estava ressentido. Mas aos11I1t1HI 1111111lição tão importante que sempre criaremos situações que nos ..::j,i poucos esse tempo foi diminuindo e minha reação também passou a ser mais

1lllIllIll'l:illllOII1 i o. Vi acontecer as duas coisas, por experiência própria,j,~ rápida. A consciência ampliada de que estava fazendo uma concessão, como..•....•

111111V I'iIlS pos roas com quem trabalhei. Temos que repetir essas situações J{ ~i~lfiz tantas vezes no passado, reacendeu a chama de uma fúria que eu estava

111111111IIl'riS .nr a caminhar com as próprias pernas. Uma amiga minha vive j~:~~.~.reprimindo. 'Foi uma boa fase, mas acabei percebendo que a invasão e a·.•to ~W"'~.>'I •.•• .• . •

11111111111homem que briga muito com ela. Seu pai fazia a mesma coisa. Quan- I~t-~,::r~açao ~ ela não eram, de jeito nenhum, o fim do processo. Minha raiva

d" ItllIIlbrigam. o padrão dela é sentir-se culpada, responsável e pedir des- }. ~é':'.:-, vinha ainda da criança emocional, que trazia consigo toda uma vida de res-I ItlPIII, ":1/1ch ga a sublimar o fato dizendo que esses momentos a ajudam a ,,~p.v, sentimentos. Reagir com raiva não é estabelecer limites. ão há nenhum

IIIIIIIIIII!I' ma is a si mesma e aprender a ser menos reativa. Mas a culpa e as poder real nessa reação. É só a criança emocional que saiu da desistência er1111t.ltIJlIISsublimadas apenas reforçam ainda mais sua identidade de vítima. passou para a explosão.

::1111t1IIHII'iO ter coragem de estabelecer um limite quando alguém, o namo- Tive de perguntar a mim mesmo do que sentia raiva - e por que tanta

I11ti11(111qualquer outra pessoa, grita com ela. Só isso poderá ajudá-Ia a rorn- raiva. Em parte era por acreditar que, se eu não reagisse imediatamente, não

1"1111Idlllllil'i .ação com a criança emocional vítima que a acompanha desde estaria seguro. As pessoas se aproveitariam de mim. E em parte vinha do

11 ul tnuiu. fato de querer que o outro ou a situação fosse diferente. Parece que a criança'1',nhu uu lru amiga cujo namorado flerta compulsivamente com todas as .;. emocional jamais perde a esperança de que todo mundo (especialmente as

11111111111'11:1.1';111I'eage a isso, se queixa ou fica triste, Energeticamente, nenhu- pessoas do seu mundo) seja sempre amável, protetor e atencioso. Essas cren-

11111t1IHlllpl,:1us il afasta da identificação com a criança emocional vítima. Ela ças mágicas estavam me impondo viseiras. Quando me sentia invadido por

I1I1111I:I'lltlilrtque alguém possa amá-Ia a ponto de satisfazer-se só com ela. alguém, minimizava, negava ou ignorava, e então ficava indignado. No pri-

::1111tllllllll'il) lí encontrar interiormente o ponto da dignidade, no qual esse meiro caso, dizia a mim mesmo: "Ela não quis dizer isso", "Tudo bem, não

I 1IIIIIIIIIIIIIlIOlltonão é aceitável por comprometer a integridade. Nossa criança foi grande coisa", "Fulano sempre faz isso", "Preciso aprender a ser mais

, 1

IrI1r j

I, ., .

Page 86: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor n50 ~ wrn jogo ele criança

Ildllllllll ", "NI () d8VO ser tão rigoroso". Eu sustentava essas convicções corni

111111lI/I rnhl lmudus de toda espécie. "É bom ser tolerante e flexível." "É.

IIlIdlllll 111111:l'illl' caso por qualquer coisa." Essas atitudes acabaram permi.IllItll I '111111111pessoas me invadissem porque eu enviava uma vibração que'

di 111"111,,11o que quiser comigo, não me importo". ,\t,111tlllllIl'IlIiltlldo ponto, eu ia para o outro extremo e ficava furioso. "Como;~

111 I'lltllI 1'111'.111'isso comigo?" "Como pode ser tão insensível e egoísta?" "Eu

11III 1111,11111/o 1:0111 vo ê!" Depois, não queria. mais nada com aquela pessoa ou me :

11'11IVIIti li maneiras mais criativas. Até hoje me pego (a minha criança emocio- ;

111111111\1111IIII!)um vingar-me de algumas pessoas que me invadiram quinze anos ~

11111\I 1',1/111ti uu Iida le entre a negação e o rancor é o que está por trás da nossa 1

11 111111111.111do invasão. Ao entender que eu estava sendo alimentado por expec- .:.

1lillvIII III!:I)!I,cientes, pude ver que condenava a mim mesmo a oscilar eterna- "

11111\1111111111'1111usperança e o desapontamento. A criança emocional agarra-se à:iW1J 111111111,11dI) qu as pessoas sejam como quer, e por isso alterna-se entre entre-l1

1-1'1111111(11111)so explodir. É preciso reconhecer que ela sempre viverá essa .;:~llilldltllldo. Mas a nossa capacidade de estabelecer limites fatalmente se maní- o;;1111/111\111111110começamos a ver as pessoas e as situações como são e reagimos ,~~!

1111111pllIIIIlIIIIlI1IC.: il1111pru 1'11i muito reativo. Só recentemente descobri que tenho mais es-

1'111,11!l111'11II\)S()I'Vélrminhas reações de dentro para fora, sem a compulsão de

111\111(111111'1ssna que me provocou. Não faz muito tempo, envolvi-me numa

I 1"lllllVt'l'~lill!:()1TIum colega. Ele me escreveu uma carta rancorosa, que con-

1I1i1I1II1II1I\IIO.'possoais sem nenhuma relevância para a questão sobre a qualdi 1iII"IIVIIII\( s. Era claramente uma invasão insensível. Quando recebi essa ,~;;'(f..

1111111,I'"do xun l ir a raiva que seu ataque provocou. I o passado, a minha f.111111:111'11riu cnnt imporizar ou contra-atacar na mesma medida. Em vez disso,

111111/1.\111111:11111meus sentimentos durante três dias e então respondi estabe-1111IIlldll 1.111I·1I1110nlemeus limites mas sem alimentar a briga. Fui capaz de

11111111qllolllll) 11desarmonia e a raiva me perturbavam, mas tinha espaço'

11111111111: ullciouto pura que os dois sentimentos pudessem coexistir. Cito

1111'111" 1IIIljdo porque a minha experiência com essa questão de estabelecer

111I1I11I'j111\ti iz qu 'chega um momento em que sentimos menos necessidade

Autotlomínio - Saia do comportamento automático

'de reagir contra o outro. Ainda nos abalamos interiormente, mas o sentimen-

to fica onde está. Damos tempo para a clareza prevalecer e responder ade-

quadamente.,I Finalmente, vejo que o meu aprendizado de estabelecer limites não tem

nada a ver com a outra pessoa. Ele vem da clareza. Clareza do que eu neces-

'sito para mim e clareza para ver as pessoas como são, e não como eu gostaria

:que fossem. Começo a entender que são todos inconscientes e que a incons-

.[~iência leva à insensibilidade, à invasão, ao desrespeito e até ao abuso. À~edida que essa compreensão se aprofunda, vou deixando de me expor ao

sofrimento, ao abuso ou à decepção porque vejo tudo mais claramente. E

·também, por não depender mais tanto de colher migalhas de atenção e de

;'aprovação, sinto-me muito mais capaz de dizer não ao que considero errado

,.:~émmim. Desenvolvo o senso do que está certo e do que não está.Mas para realizar essa mudança tenho que estar sempre enfrentando

. meus medos de abandono, rejeição, punição ou reprovação. Quando sinto

;,que alguém me magoa continuamente, é porque não estou vendo a pessoa

v. como é. Mantê-Ia num patamar muito alto em meus ideais e expectativasafasta a solidão apavorante que sinto quando acordo de meu sonho. Se começar

a dizer não, ela poderá achar que sou egoísta. Pior ainda, poderá se vingar. É

mais seguro e familiar fazer concessões. É assim que a nossa criança pensa e

age. Mas, com a consciência da invasão, desenvolvemos a possibilidade de

escolher. Podemos reconhecer quando a invasão ocorre, sentir os medos e

estabelecer algum limite. E, muitas vezes, sem precisar reagir, apenas dan-

do uma resposta clara. Mas isso não é linear. Com algumas pessoas e algu-

mas situações, descobrimos que temos clareza. Com outras, nosso choque e

nossa fúria podem ser facilmente provocados.

1. Sentir e aceitar o choque e estar consciente da irivasâo.

2. Sentir o ímpeto e talvez reagir.3. Clart.~a - responder do próprio centro, ver as pessoas corno são, aceitar a própria solidão,

estar conectaclo corn o próprio querer. .

.,

II,i 1, !I'II·! jÁI .I i'~r

f:i!I[

Page 87: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

() U111()r 1150 é 1I111jogo c.le criança

11li' I) :

111111111'01,llígic: validar o choque.11) 1.1 11 I lislo de invasões e pergunte a si mesmo:

I 11I!lstl II .ontecendo em minha vida'? Se está, com quem?11111IllIll\) m ocorria no meu passado? Se ocorria, com quem?()IIIII dO:-lsOSaspectos é o que mais me afeta?1':,11111rm,:ondo isso hoje com alguém'?

IJ) ()llIllIdo sou invadido, o que sinto interiormente? Escreva o que você ':

1I1lllllrVIl.

,111IIlIdll oslc gio: sentir o ímpeto e observar as reações,ItI ( \I IIldo notar que está sendo invadido por alguém, pare um pouco e

, 1I1II 1\ ru iva que é provocada. Como você se sente interiormente?

( )11110son Le?111 ,"I VCII: r agir, observe as reações e deixe-as fluir,I 1 ()lIllIldo sontir que está sendo invadido por alguém, o que você acha

1\\11 pn 10 contecer se não fizer alguma coisa?

'1'11'1'('1'I l,~ti\['in: clareza.11) ()lIllIlclo SI sentir invadido, pare e pergunte a si mesmo: "O que espe- 'r

1'1)(\115511pessoa'?" E depois responda à questão: "Não estou me dis- .

jl()lIdo fi nbendonnr essa expectativa porque ... "111 IllIl\gilll 1111 você lt,m um par ele óculos de clareza, Se esses óculos

. d o que será possível101'1111\lllIldos para olhar a pessoa que o inva e,

VI 11,'1'I) Nllll II dll'( 1'(IH,:IICIl11'l)() que ocorre interiormente quando você faz

(1111111,11111:11:1!lI 11111\1\(10tudo lhe parece certo.

111111111111111111111111111111'11"1"'1 ru lur II ostabclecer limites e ser inflexível- ..II I li 111111"111111li /,1 I' 1111-'.1111111:1vilrd,Hles a alguém, recuperamos nossas

\tllllll 11\11tvllll 11/1\I 1'11I1111'11IIlIdll muda interiormente. Apenas oscila-

I I' I" . 'oui'orme o que a pessoa nos faz1111111111111111111111111•.\111 1111I1\.01111111eu, L

Autoc.lon11nio - Sain do comportnmenbo aubomritico

ou nos diz. Aprender a estabelecer limites significa confiar em si mesmo_ confiar no que é certo e no que não é certo.

Estabelecer limites é um terror primordial para a nossa criança emocio-nal. Ela precisa agarrar-se à.crença mágica de que todo mundo é solícitoe atencioso. Aprender a estabelecer limites implica enfrentar medos - omedo da rejeição, da desaprovação, da desarmonia e, principalmente,da solidão. Tornar-se consciente desses medos nos permite entrar emsintonia interiormente e encontrar coragem para viver nossa vida de acor-do com o que consideramos certo. Isso leva tempo porque o medo égrande e o condicionamento é forte - mas pode acontecer.

Quando perdemos o respeito pelos próprios limites, atraímos pessoaspara invadi-los. Ao mudar esse padrão e aprender a lição dos limites. amaioria das pessoas passa por três fases. A primeira é validar e sentir ochoque. A segunda é conectar-se com a raiva interior e quase semprereagir. A terceira é aprender a abandonar crenças e expectativas mágicase perceber o mundo e as pessoas como são,

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Page 88: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

20Repressão, expressão e controle

Uma vez li um livro de Eiji Yoshikawa, Musashi, sobre um famoso guer-'! reiro samurai. Foi um dos melhores livros que já li. Ele conta a história de... um homem que se tornou o mais famoso samurai de todo o Japão. O livro,

com mais de mil páginas, conta como aprendeu a voltar-se cada vez mais

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para o próprio centro. Nessa jornada, ele aprende a deixar a raiva da lado, a

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aceitar a tristeza e a mágoa como parte da vida e a manter o foco liberto eimperturbável pela emoção, a usura e a ambição, O poder desse homem nãovinha tanto de suas habilidades como guerreiro quanto de seu desenvolvi-mento interior. Vinha da sua habilidade de reter energia. No começo dahistória, ele era selvagem e indisciplinado. Vivia totalmente no estado in-fantil emocional. O mestre o prende num quarto por dois anos para aquietarsua natureza rebelde (a técnica japonesa) e depois o conduz através de vá-rios testes de coragem. Muitos deles não envolviam lutas. Sempre achei ahistória de Musashi muito inspiradora. Ela mostra de maneira muito bonitaque drenamos a força vital e o poder nas várias formas que temos de deixarvazar a nossa energia.

Um dos principais vazamentos vem da forma como lidamos com nossossentimentos e com nossa energia - mágoa, raiva, sexualidade e alegria. ósdeixamos vazar energia quando reprimimos nossos sentimentos, e é comum

Page 89: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

dlll I 111 VIli'.1I1'turnbérn quando os expressamos. Interrompemos o vazarnen,

111'11111111111111)1'(ncl mos a conter os sentimentos. Contenção nada mais é que

1/ 1111I'III/llndo 110Ssentimentos - só isso. A criança emocional não tem habi-

Ildllll" 11111'11j'( 101'nada - reprime ou expressa, tudo de maneira automática e

11111111I I 111n. A. ontenção vem da observação da criança emocional- perce-

11111111111111III l it lu com os sentimentos e a energia. A diferença entre controle

1I "'1"11/1 Il Ó que, no primeiro, estamos conectados com o sentimento e o11111111111rlnr le energia e podemos expressá-lo ou não. Quando a energia é

1111'11111111,não ternos essa escolha. E, quando a expressão dos sentimentos e

.111IIIIIIIKIII slri nas mãos da nossa criança emocional. também não podemos

1111ulhnr,l'III'lIl1lcnnçar o ponto de controle, primeiro ternos que entender corno era

1\ I11I11c.:IIII qllO tínhamos com os sentimentos e como é agora. Na maioria das

'11/,1 t , 11j'( sposta está na infância, quando aprendemos a nos relacionar com

IIi1/' 11/1/111111imentes e nossa energia. Esse é o princípio. Mesmo não verbalizado,

11I 1lllIlIl:i()l1l1mento básico que recebi com relação às emoções foi negá-Ias,

1,11111'1IIIS, julgá-Ias, evitá-Ias ou suprimi-Ias. Só muito mais tarde me dei "

:,:',:':,',::::,;:,u:~~::'::;~:s:~,!~~::::O&~:7:'~:Vc::~q~:;~::r~:i~':::~:~~:~:~:.~~~~.111111'1'111111de medo dos sentimentos. Quando as pessoas temem alguma coisa,;~ ~5:-:..~, "';.:"

111IIII'IIII110nte tentam reprimi-Ia, principalmente os sentimentos, que nos fa- ',;.':

i"1111!lI rrlur o controle com tanta facilidade. Sentimentos mais fortes, corno ':l,!rI Illil/Hos de raiva e expressões exageradas de mágoa, sempre me incomoda- ;..;t:111111.1':11só não sabia que era porque sentia um medo terrível deles. E sentia ': ~/

11111111mut lo porque não estava acostumado com expressões de sentimento de ',:';". ~!.

1111\h lI/li Ii[10. O mundo das emoções estava envolto nas sombras para mim.. .

Nos também reprimimos os sentimentos porque talvez seja doloroso e

11'1111l:tlntlor vivê-Ios. A maioria de nós vivenciou dores profundas na infância,

11111'plll'tl conviver com essas dores terríveis tivemos de aprender a enterrar

1111'/dlS snnt irnentos, quase sempre nos desconectando deles. Além disso,

111111'vivo, ser sensual. intenso, vibrante e provocador talvez não se enqua-

.11'11111cnndicionarnento moralista no qual a maioria foi educada - talvez

I"IIIIII!) ronhnrnos sido condicionados a ser medíocres e a manter nossa ener-

j\utod.o111ínio - Sitia do cnruportrnnento autornzibico

gia sob controle. Ser irado e intenso era muito perigoso na maioria dos ambi-

entes domésticos e das sociedades em que fomos criados. Pouquíssimos 1'0-, ram carinhosamente incentivados a sentir e a expressar suas perdas e

decepções. É muito mais comum negá-Ias, e a mensagem que nos transmiti-

. rarn foi: é sinal de fraqueza ou de desistência sentir dor.

Alguns têm histórias muito diferentes da minha. No ambiente da infân-

cia seus sentimentos eram expressos de maneira exagerada. Isso é bastante

comum na Itália, onde trabalhamos alguns meses do ano. Esse tipo de con-

dicionamento pode ser enganador porque parece que as pessoas têm uma

conexão saudável com seus sentimentos. Mas, na verdade, raramente é um

:~. fluxo natural, e sim uma histeria que também é movida pelo medo. Chega a

ser chocante perceber que, mesmo que alguém esteja explodindo de raiva

ou se desmanchando em lágrimas, não se encontra de fato presente e muito

menos vivencia esses sentimentos. Em vez disso, aprendemos a sentir e a

expressar nossas emoções e nossa energia de forma distorcida, pervertida e

dependente. Tornamo-nos histéricos, ambiciosos, gananciosos, políticos,

agressivos e insaciáveis.

Quando os nossos sentimentos e a nossa energia natural são reprimidos,

duas coisas acontecem. Uma é que simplesmente ficam enterrados e nós su-

cumbimos. E outra é que extravasam de maneira exagerada e distorcida .

Há alguns anos, antes de explorar ° mundo dos meus sentimentos, eu

seguia o caminho intensivo do iogue. Morava num ashram, praticava ioga e

meditação todas as manhãs, durante muitas horas, intercalando tudo isso

o CONIllCIO i\o\'II,NTO 005 SENTlJ'olliNTOS E 0/\ ENERGIA

]ulgillll.cnlo c llegil~.i.o (repressão)

Senl:illlcntos c energia vital (expressão)

/

i IIt!! .ól-U"

Page 90: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

() amor não é UI1\ jogo ele criança

111111111111111"dll M( d icina. Até usava roupas brancas e, para horror de meus1111,11111111111111111branco na cabeça. Isso durou uns três anos. Depois que me1111111111111111/('()III 11 Medicina e fui para a Calífórnia fazer residência em11111111111111111111111111"uinda usava roupas e turbante brancos, mas reduzi a prá-11111dll "1" 11"'11urna hora diária. Desconfio que alguma coisa não ia bem1111111111111I 1IIIIl:ÍlllOnlo interior porque eu tinha um relacionamento desas.11111111111111111vidn de discípulo era um tanto árida - para dizer o mínimo,I 11111111I11 IIII()II-mo de um wotksliop chamado "Fonte de Vida", que traba-111111111111111/1IIllllirn ntos.

1'111111111/r.rnvi. No primeiro dia, quando me aproximei para apresentar-me11111lI/I 1111111111"ouvi que era falso, estava desconectado e não tinha a menorIdl 1111111111111111ou era. Isso foi feito no velho estilo de "confrontação", muito111111111111'1111/1IIIlOS1970, mas foi direto ao ponto. Depois, pediram que nos sen-1111/11I11111/11111I'rollle a uma cadeira e ficássemos repetindo a palavra "ódio!"1"1111VI I 11'1"0 ncontecia. Isso durou cerca de uma hora, com todas as luzes'1"11IIdll'. t\ IIIl!dida que o tempo passava, as coisas começaram a acontecer.1'.111111111111"111() turbante e comecei a ficar ensandecido. Quando as luzes se111IIllrllIl'llIll, lniodiatamente recuperei o turbante e o pus na cabeça. Mas não1"1111111111111111po. A medida que o trabalho progredia, chegou um momento em11'111111111I" rl irnrn para fazer uma frase afirmando a nossa natureza. Quando1111111111dlZill '1 sua e ela fazia sentido, as pessoas aplaudiam. Na minha vez,1111d 111I11: "Tenho um compromisso com a busca espiritual" ou "Estou seguindo11I 111111111111du verdade". Todo mundo vaiou. No final. o líder mandou-me paraI 11111II'IJI:111'do roupa, fazer a barba, vestir shorts e camiseta e tirar o turbante-11111111111jll'l r.isuva voltar. Eu fiz tudo isso e voltei. Então me levantei e dei meudi 1"1 111111110:"Sou uma criança vulnerável e brincalhona". Todos aplaudiram.

10'1111I:1:1illlque comecei a redescobrir os meus sentimentos e a minha1111111/',111.1'''1',1)depois, fui para o ashram, na Índia, que viria a se tornar o meullil 1"" 1Illlil()s ,1I10Se ernbrenhei-me num extenso programa de wotkshops e1I111t11111,,11.I';ss() lugar era o único que combinava terapias ocidentais com11111111111,111urinntal. Na entrevista inicial, logo que cheguei, a pessoa que me1111,,111111'1III',(!rillque eu passasse o primeiro mês fazendo worksbops que sóI1111lil11111,',,'111111() corpo. "Você parece estar muito focado na mente, cheio de

' ..~~j -.

Autodolnínio - Saia do t...'Olll.port.:ullento autornãtiooI.

. idéias sobre quem é e como deve ser. É tudo besteira. Será bom abandonar, tudo isso e aproveitar para reconectar-se com seu corpo."

Durante alguns meses trabalhei intensamente com toda a raiva e a mágoareprimidas dentro de mim. Explorei minha sexualidade reprimida e conheciuma nova abordagem de meditação que não se baseava no controle da ener-gia. Pude ver com que intensidade eu havia negado, julgado e reprimido

:' meus sentimentos e minha energia. Eles estavam assentados sobre minhavitalidade e espontaneidade como um grande peso que me empurrava parabaixo. Os julgamentos eram vozes interiores que me diziam: "Não é espiritualnem maduro fazer (ou pensar) uma coisa dessas!", "Você será punido porisso!", "Você é sujo, violento e pervertido!", "Você é um perdedor covarde!",

:. "Você é insensível!", "Você é egoísta!", "Você não consegue sentir!"Essas vozes recriminadoras vinham acompanhadas de vozes de negação

igualmente poderosas e repressivas, aspectos espiritualizados da minhapersonalidade, que possuíam todo um programa sobre como eu devia ser.Essas expectativas espirituais ainda são fortes. Elas me dizem que é melhor"não ser reativo" e "ser contido" em vez de expressivo e expansivo _ "nãotenho mais raiva nem tristeza dentro de mim. Já superei tudo isso. Raiva etristeza são emoções uegati Vi:!S e não são Doas. Meu caminho para a verdadenão exige que eu vá fundo em nada disso". Levei muitos anos para penetrarnessas forças repressivas de julgamento e negação.

Por causa de tanta repressão, tanto julgamento e tanta negação, a maioriadas pessoas é obrigada a passar por uma fase em que a expressividade dacriança emocional fica exposta. Pelo menos tem sido essa a minha experiên-cia. Eu tive de permitir que toda a energia se expressasse livre e abertamenteaté que novamente me familiarizasse mais intimamente com todo o senti-mento e toda a vitalidade que ficaram bloqueados por tanto tempo. Esse é osegundo passo. A repressão foi queimada no fogo da expressão, o que mu-dou a experiência e o senso de mim mesmo, pois deixei de ser alguém queestava fechado e temia as emoções e a energia e tornei-me alguém capaz desenti-Ias e expressá-Ias. Para muitos de nós, a experiência dos sentimentos eda energia é repleta de vergonha, desprezo e autojulgamento. Acreditamosser covardes ou insensíveis, agressivos, irresponsáveis ou sérios demais,

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Page 91: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

() muor ufio é 1I111 jogo ele criull'ii1

11\11ildll 1111'I Xunlmcnte liberados. Todos esses conceitos negativos repri-

11111111111IIIIo:llnisontimentos e a nossa energia.1)1111111111111)()I'oia minha energia da repressão, tive de prestar muita aten-

1\1111111/lI/I1" 1gtll11entes. Eu julgava a mim mesmo por não ser bom o bastan-

111111111IIVII flor SOl"bom demais. Todas as vezes que expressei o que estava

11111111111111,ruiuhas vozes interiores se manifestavam para atacar pela reta-

1111111111'I 11111nrriscasse a entrar em terreno desconhecido. Os julgamentos

111dll 1IIIIIIoiru como somos condicionados. Sempre que nos afastamos dos

111111111111111I111onl05,nosso julgamento e nossa culpa entram em ação. Eu jul-1"11 1I111i111lllloo que aprendi a condenar. Julgo em mim mesmo e nos outros

11111111111'11111l)1"~Jl1dinão ser bom. Se não permitimos que os sentimentos e a

11111111\111I x istnrn e sejam expressos, ell~s acabam saindo de maneira todati 1111I1:illl1.Cobiça, desejo sexual intenso, ambição, vingança, estratégias de

111I1111t!111 irum ipulaçâo, tudo isso porque não temos uma relação saudável

11111111:1!lOSSOSsentimentos e a nossa energia permitindo que eles existam e

/111I1111111"1I51omda maneira que quiserem.1':111c\olorminado momento, eu disse a mim mesmo que assumiria o com-

JlllllltimlO de expressar em vez de reprimir, que me permitiria correr o risco

1111I xprossar a espontaneidade e a liberdade que havia perdido, de dizer o

'11111usurva entalado, de fazer amor quando e com quem quisesse, ele arriscar'

11li. I'()I"-I\]()como nunca me permitira antes, de exibir em vez de esconder,

dllllhsllI"Vilr o rLlle estava oculto por trás dos papéis de homem cordial, sere-

1111,~lIllíciLoe bem-educado, ele ser honesto e experimentar o novo, por mais

11:1:111:;lat!o\"que pudesse ser./\ irri Lação sempre foi um sinal de que estou reprimindo alguma coisa.

l,'il:111111l5irritados quando estamos encobrindo um desejo - talvez sendo

1111111flllssn;1 "boazinha" e só fazendo o que é "certo", ajudando alguém e

11111\11111111a própria infelicidade. Mas, se fizermos o que queremos fazer, esta-

11111111:;III1Snrriscando a ser julgados ou rejeitados. Por isso nos reprimimos e

IIt- 11111'1:;irritados. Mas, se soubermos estar irritados e perguntarmos o que

11'1111"11111115naquele exato momento, isso sempre revelará o que reprimimos.

1'1'1111111I1Iiloparecido com os momentos em que nos queixamos ou assumi-

11111:111111papel subserviente e inferior diante de alguém.

..:;

AlltodotnÍlrio - Saiu do comportamento outomritico

Quando não somos naturais e espontâneos com nossa energia vital, ela se

manifesta de várias maneiras, em problemas de saúde ou dificuldade com sexo

.;.e intimidade. Podemos nos irritar facilmente, ser reativos e defensivos, passi-I:,.

.;vos ou agressivos, nos comparar o tempo todo com os outros ou nos tornar óti-

~.'mos políticos. Existem muitas técnicas terapêuticas para nos tirar da repressão,

;, mas descobri que, quando revelamos nossos medos e nossa vergonha, a energia

.;;: e os sentimentos reprimidos emergem por si mesmos. Além disso, qualquer tipo

.' de trabalho nessa área que use pressão e humilhação é destrutivo. Pode ajudar a'; trazer à superfície a energia 'reprimida, mas no longo prazo apenas reforça as

. nossas feridas de vergonha e choque, fortalece a desconfiança e joga os senti-

mentos nas profundezas do inconsciente. Sei por experiência própria que a

nossa energia e os sentimentos enterrados devem ser trazidos de volta com

muita paciência, numa atmosfera relaxada e profundamente confiável.

A terceira parte dessa jornada é aprender a conter. A certa altura, senti

que estava reconectado com meus sentimentos e minha energia e que meu

foco havia mudado. Aprendi a expressar-me e sentia-me bem assim. Passou a

ser um desafio maior estar presente no que acontecia dentro de mim sem me

forçar a fazer alguma coisa. Ao revelar as energias reprimidas, dei livre curso

à minha criança emocional. Mas a viagem foi diferente. Passei a observar a

criança emocional, quI,)não consegue conter sentimentos nem energia. Quan-

do ela está no comando, deixamos vazar compulsivamente nossa energia e

nossos sentimentos e somos reativos. Sentimentos desconfortáveis como dor,

medo, raiva e culpa são difíceis de controlar. Temos um forte desejo de nos

livrar deles de qualquer jeito. Com maior consciência, parece que meu espaço

interior aumentou - mais amor por mim mesmo, mais compreensão, maior

tolerância à frustração e à decepção e mais capacidade de conter o desconfor-

to interiormente. Se algo me provoca, tenho mais espaço para perceber o sen-

timento despertado, seja ele qual for, e não reajo automaticamente. Eu posso

escolher. George Gurdjieff, no capítulo de abertura de seu livro Encontro com

homens notáveis, conta que quando seu pai estava morrendo deu-lhe de pre-

sente um pequeno conselho. Disse-lhe que, se alguém o deixasse nervoso,

esperasse 24 horas para reagir como quisesse. A última vontade desse pai e o

legado que deixou ao filho foi aprender a controlar-se.

Page 92: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

() .nnor não é um jogo ele criança

( ,1111111!l111\ I) significa que não devamos nos expressar, mas que a expressão

11 I1 I 111111,1:l)lItllIZi Ia pela criança emocional. Podemos escolher, e a nossa

1\ I IrlllIllllll'lt 1\10 Ia pelo que for mais natural e apropriado, O foco é perceber os

111111111111111111111 nergia que ocorreram interiormente e sensibilizar-se com o

11I 1111111111'11111( spontâneo dos dois. É como se recuperássemos nossos sentimentos

1111"'. 111I111111'1lZl1em toda a sua plenitude, livres de repressão e julgamentos. No

1111/1111111,111 !lll recriminava por não sentir e não ser energético o suficiente.

~ Irl 11111111'111(1,quando percebo o que está acontecendo e não me preocupo em

11'1"1111"1111111'(l influenciar o outro, entro em contato comuma maneira de sentir

'1"11 I 1111\1\11110também com a minha energia. Sempre foi e continua sendo1111111111I" I !lI riência poder confiar em mim desse jeito por trazer um relaxa,

11111111111I1111!"mais profundo e a calma interior, Estou escondido e solitá.rio em

1111111/11I111111Hll1ls. Eles estão bem no fundo de mim mesmo e são muito particu-

111111( 111111110não interfiro com pressão nem julgamento, eles saem no rnomen-

111I 111111,do joi to que são. Uma das partes mais importantes do nosso trabalho

1111111111rlllI rio." é guiar as pessoas no descobrimento da natureza de suas energi-

11111111111li.!! os com toda a paciência e todo o espaço que for preciso. No caminho

1111/1111"11Icoberta, tanto faz estar conectado ou desconectado, atuante ou

ti 11I1,1111111, uhorto ou fechado - apenas participamos do que assistimos na tela.

/I V 11;'.1III choque, desânimo, insensibilidade e confusão. Outras é irritação ou

II"VII, 11'1.luza ou inquietação. Apenas observamos e nos permitimos, aberta e

11111111wllllllonte, honrar nossa natureza emocional, que é nossa e é única.

I': li. trcmomente bom ir muito fundo nos seus sentimentos.

Mi,« lembre-se de uma coisa:

/':.'''.';0 (lI/I) se aprofunda é diferente dos sentimentos.VII('II é o observador, então, quando se aprofunda,/'1/.';,';1/ por muitas coisas

Cll/I! você mesmo reprimiu.tv/li.': v()(:6 é tão puro quanto um espelho.

Osho

._~

AuLOtlorrún..io - Saia do comportamento antomritico

1. A consciência da rcpressâo

a} ()6servl.::'COITIO você julga seus scntirnentos c sua energia.

6) Obsel'Vc a sua irrit;J,ilidad".

c) Obser ve suas queixas e seu tksânirno.

It,,tr

2. Aplicação ,L, expressão

a) BllS(It1C u.m lugar seg'tuo para se expressar ou entrar em catarse.

6) Assuma o COH1pCCUTllSS0 de se arriscar a expressar-se vcrbaJ.ncntc, sexualmente eencrgcticamcnte.

c) Pernrita que a energia cresça sern pressão,

Aprenda a coexistir interiormente com os sentimentos e as energias sem jnlgtí-los nernpressionri-Íos.

b) Scnl-lnlcntos e energia não esmo mais sob o l:onl:role cornpulsivo da criança interior. l~possível escolhe_r entre cxpress.i-Íos e n50 exprcssã-Íos.

c) \'<-Jlu; pfil"aa natureza eJnocional que é só sua observarulo o Huxo rmlural e espontâneo

(L,s Ct11.0ÇÕCS e da jcnergia.

1. Conscientize-sn ri:'! rr.nrr..c;siin:J.. _ .•."~i'I,"i,I

a) Observe atentamente os julgamentos que faz quando expressa triste-

za ou raiva. Observe todos os julgamentos que faz quando sente eexpressa desejo sexual ou alegria.

b) Que mensagens você transmite quando os sente ou expressa?

c) Observe atentamente, durante todo o dia, quantas vezes você se irri-

ta. Então pergunte a si mesmo: "O que estou querendo neste exatomomento'?" ou "O que faço para ocultar esse desejo?"

d) Observe atentamente as situações em que você se sente inferior. Nes-

ses momentos, o que sente em relação à pessoa que está na sua frente?

e) Observe quando você se queixa. Que energias deve estar reprimindo?

2. Expressão:

a) Do que você tem medo quando expressa raiva, tristeza, alegria ou

desejo sexual? Medo do ridículo? De estar exagerando? De fracassar?De ser punido!'

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o amor não é um jogo de criança

!lI (:lllltl'/Ito de expressão - assuma o compromisso consigo mesmo de;

11111'111'() risco de expressar o que antes reprimia.

(,111111'1111:

t :11111111:111observar seus sentimentos e sua energia no momento em que'

nll1 11II'HIlITl- sexo, raiva, tristeza, culpa, medo, cobiça ou qualquer tipo

dI! dll/llljO.

III (:1nuo .ada um deles se manifesta no corpo, onde se manifesta e como,

Iroto u sua respiração?

111 (111ti o fluxo natural do sentimento ou da energia quando está livre:

di) [ulgamento e de pressão?

I )lp I :

I111'I 1\1uitcs, a criança emocional aprendeu a reprimir sentimentos e~

11111)1')ills vitais porque de uma maneira ou de outra suas experiências e'

11)(J11'(JSS(os não tiveram apoio. Os sentimentos e as energias vitais con- ':,

t 111ruiva, poder, alegria, sexualidade, tristeza e vazio. Hoje, a repressão:

li, tentada pelos julgamentos e pela negação. Sentimentos e energias'vltnls roprimidos se manifestam de maneira distorcida. Essas distorções .

'11 mostram na forma de ambição, perversão, cobiça e dependências.

I J/110 maneira de trazer à luz esses aspectos sombrios do nosso ser é obter .5;uonsr.iência de nossos julgamentos e de sentimentos e energias, Isso sig- ..:

111Iicn bservar como julgamos a necessidade que temos de atenção, sexo,

J1IHlol' dinheiro. Podemos tentar observar essas mesmas áreas sem jul-

)1,111'I 01' o que acontece.

:1. ()u t ro aspecto desse processo é assumir o compromisso consciente de

uniscar-se a expressar o que está oculto. Temos de aprender que não

I"'ocisamos nem esconder nem desistir nem nos culpar pelo que senti-

IIIl)S II que não morreremos se nos expressarmos. Sair da repressão é,

1:llllsciontemente, dar outra direção à nossa criança emocional mudando

li uuto-irnagem de alguém que se esconde para alguém que se expressa

nlmrtu livremente.

Autodonúnio - Saia do cornportamentn automático

Mas, em certo ponto, nosso foco passa a ser aprender a controlar em vez

de expr~ssar. Então observamos os sentimentos e a energia que brotam de

,'-' nossa criança emocional sem a compulsão de nos expressar. Controlamos

os sentimentos dentro do peito e não fazemos nada com eles. Nós os

observamos atentamente e nos familiarizamos com a experiência interiorde cada sentimento e cada energia, Mesmo tomados pela mágoa ardendd ' ' o

e raiva ou desejo, podemos controlar esses sentimentos ou essa energia

e escolher se continuamos com eles ou não. Na fase de controle não faz

nenhuma diferença se a energia é livremente expressa ou não - observamos

o que quer que aconteça sem nenhuma preferência. Por fim, observamos

a. diferença existente quando a expressão está nas mãos da criança emo-cional e quando é simplesmente natural e ocorre na hora certa,

,:'

! .

.'1' '

',,1 J',.~

Page 94: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

uma relação sexual ficamos vulneráveis ..E quando ficamos vulneráveis açriança emocional ocupa a nossa consciência. Raramente nos damos conta de.quanto a nossa sexualidade está nas mãos da criança emocional. Há poucassituações em 'que as nossas feridas ficam tão expostas quanto numa relação

.,sexual. Se não tivermos uma compreensão maior de-como-essas feridas são:expostas, será fácil entrar num dos comportamentos automáticos quandoestamos fazendo amor. Então nossa vida sexual torna-se viciada, reativa, ilu-

'~ória e cheia de concessões e expectativas. Se não quisermos sentir a vulnera-···'bilidade que surge quando fazemos amor, teremos de fazer alguma coisa para

escondê-Ia, seja de nós mesmos, seja de nosso parceiro. Mas o medo de serabandonado, humilhado, sufocado ou ofendido é tão grande que usamos todo

~-tipo de compensação para não perceber nem demonstrar esse sentimento. Isso. cria problemas porque gostaríamos de nos amalgamar ao outro, mas tanto

medo e tanta proteção acabam se interpondo entre os dois. Sei por experiênciaprópria que não será possível essa fusão com quem amamos se não tivermosalguma compreensão do modo como as nossas feridas são disparadas pelogatilho do sexo nem do que fazemos para encobri-Ias.

Um casal procurou-me recentemente com problemas sexuais. Ele estavainteressado em outra mulher que não o solicitava tanto sexualmente, en-

21o sexo e a criança eIllocionaI

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Autodomúúo - Saia do comportamento automáticoo arnor não é um jogo de criança

'1111111111 \1111 purcoira O deixava louco por procurá-Ia o tempo todo. E, quando';I ""IIII.IIVlIllI 11 luzor amor, ele logo perdia a ereção. Com a outra não .havia:,1''' I1 dl1l1ll1 IIlgl1 rn. Ele não queria ficar com a outra porque ainda estava muito ':111'" 111\11111) 1)()I' sua namorada, mas não sabia como lidar com as dificulda-:ti ",1 111 11111/1. (,:1<1 reconhecia que o solicitava muito e disse que fazia um",I 11111111 IIl1rl)l'~:O para ficar atenta a isso. Por outro lado, a indisponibilidadetll1ll1 11 prllvocuva. Ela ficava mais exigente porque queria ter certeza de que "',

11111 11 IIIlIIVII.

( Illll\(lo u nossa criança emocional carrega um profundo medo de ser1IIIIIIItlIIIIlHln u se sente privada de amor e segurança, isso aparece clara-1111111111 1111 maneira como nos relacionamos sexualmente. Podemos nos tor-.11111' IIxlJ,!onl s ou nos reprimimos. Os dois comportamentos são formas de::" , 11111,:111' () terror de ser abandonados. A intimidade da relação sexual tem11111111 r()I'(,:1I para trazer à tona o choque e a vergonha como nenhuma outra'.dllllll,:II) ([11 vida. A pessoa que sofreu algum tipo de abuso sexual terá me-tllIl 1111'1' vais de se-aproximar- do outro sexualmente. Em geral, nem sabe o','1111 11/11 I ucontecendo, mas seu corpo se lembra e reage para se proteger de 'IIIHIIIIIII mnncira ou ela desliga e o corpo simplesmente não funciona. Mas :.11 11 1 preciso ter sofrido abuso sexual na infância para· experimentar vergo-.;,ItllIl " ulioque severos na sexualidade. Se na infância convivemos com uma "111111 onorgia de repressão e condenação do sexo, isso basta para provocar ~:11111/1 li lslunção. A sexualidade pode ser um dos principais sintomas do trau- ..11111. lmpol A ncia, ejaculação precoce, dificuldade de orgasmo, frigidez oudi 11 III)S gonitais podem ser manifestações da nossa vergonha e do nosso1111111"0. Podem vir de algum tipo de trauma inconsciente, sexual ou não.tvlIIIIIlS homens sentem um medo profundo de ser castrados pela energia fe-11111ti!l1l controladora e domínadora..e as mulheres temem ser ofendidas pela1I11111')\ill masculina insensível e agressiva. Há também o medo de ser humilha-tlll, t lu não sa tisfazer o outro e do abandono por não ser um bom amante.

('11 ril muitos, se já é terrível admitir esse medo para si mesmo, imagine-, 1I .llvidi-lo com o parceiro. Por isso buscamos compensações. Nossas estra- ,1111',11:1 para encobrir o medo no sexo podem ser muito criativas. Por ser uma111'1111 Il() intensa, raramente percebemos isso. Uma forma de compensar é '.

ritar controlar o outro da maneira possível: exigindo, esperando, ensinan-,o, ignorando e dominando ou nos exibindo sexualmente. No outro extre-o,·compensamos nos desligando ou sucumbindo ao autojulgamento. Oiedo é grande demais. O jeito mais fácil de resolver o impasse é deixar orpo fazer os movimentos do ato sexual, mas a atenção fica em qualquer

utro lugar. Num instante levamos o choque e nos dissociamos. Em geralem percebemos o que aconteceu. Ao menor disparo do gatilho um trauma

azido de volta e nos desligamos. Da mesma maneira, o mais leve disparoios enche de vergonha e humilhação, e nossa energia se retrai. De repente,:~i:ltimo-nos péssimos e só queremos sair dali para nos recolher em nossa,etgonha. Mas sempre encontramos uma maneira de disfarçar: nós nos em-',enhamos ou exigimos mais. Podemos nos transformar numa máquina sexual.om movimentos perfeitos, mas por trás do desempenho, talvez até sem per-eber, estamos cheios de vergonha.

.' Quando a nossa criança emocional está agarrada à sexualidade, não só os~ossos traumas aparecem como traumatizamos o outro. Às vezes, sucumbi-mos profundamente, outras queremos (e precisamos) enlouquecer para não~eixar que nada nem ninguém interfira na energia sexual. A loucura é ape-·§ls.-umareação natural a toda repressão quevívenciamos. A cantora Madonna~epresentou isso lindamente para toda a cultura ocidental. Mas a loucura de~m pode pôr o outro em choque. Então aquele que enlouquece é reprimidopelo choque e pelo desânimo do outro. Ambos sofrem com isso e se os aman-

, 'tas não construíram uma relação baseada na confiança e na sensibilidadeessa polaridade pode causar muito sofrimento, muita incompreensão e até

.provocar a separação.Já senti muita vergonha e já lutei muito interiormente por causa da mi-

'.nha sexualidade. Quando me aproximava muito de alguém, ficava mais sen-; sível e minha insegurança era despertada com facilidade. O resultado era a,:ejaculação precoce. Fiz de tudo para superar o problema. Consultei terapeu-.', tas sexuais, pratiquei exercícios do taoísmo e da ioga, espremi isso, apertei'. aquilo, respirei só por uma narina, concentrei-me em outra coisa, mas nada{funcionou. Houve épocas em que me senti tão humilhado e desesperado

que cheguei a pensar em desistir completamente do sexo. Mas com Amana

f,

:;1:1

"" !

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o amor não é UITl jogo de criança Autodorni:nio - Saia do comportamento autorn.ático

"111,,111"'1111 1:IIHHOll. Os sintomas não desapareceram completamente, mas h'1,1111',11111111' 11 1111110 carinho entre nós que apenas importa a nossa ligação; .1111111 IIII!II 1:11. Nosse clima, podemos aceitar tudo um do outro. Não é o ma.1111111 1"11111 10, mas, graças a Deus, isso não importa mais.

I )IIIIIIC 10 IIW;SU criança emocional tem controle sobre a sexualidade e não111\1 1\1 1 Illllll!i nr.ia disso, tudo se transforma num problema. Esse é um pal-111 IIIIIIIIV lhoao para os comportamentos e sentimentos da criança emocio;

11111 1'1' IlIlça emocional de alguém dispara o gatilho da criança emocion 'dllllllll'lIll 111 () são mais dois adultos que tentam fazer amor, mas duas crian:I lil 1IIIIIIIIIIIldllS, lesconfiadas e envergonhadas que se encontram. Além dis-i

li, 11\1/111/1 I IIunção é impossível comunicar-se ou sentir-se seguro para revelar.'111111 11 '1"1 rol'. Estamos carregados de sofrimento e traição. No passado, pre".,111111 1\ I: no inúmeras vezes, em geral no meio de uma relação sexual. Minha'1'11' 1.111' I rllzin nlguma coisa que disparava minha vergonha ou meu sofrimen=111 1':'1 1111 snntia envergonhado e incompreendido, e ela se sentia desconsi-

""'lItllI li rejeitada.tvllIll 111(10 pode mudar quando nos tornamos conscientes das formas como,

1111'1111 1:l'i1l1lÇU emocional é provocada pelo gatilho do sexo. Antes de tudo,:111111111 di estar conscientes de que essa é uma área-em-que-a traição, a raiva-1"11 111I' rnprimidc, as inseguranças e os medos mais profundos podem ser.'

1111 11111 1110 provocados. Por experiência própria, sei que é ingenuidade ima-~,1111111' (1'10 podemos entrar num relacionamento sexual mais profundo sem::'1"11 tudo isso venha à tona. E é exatamente por essa razão que queremos.1111 uruludo: para curar essas deficiências. Para isso é preciso reconhecer o.til, jllll'O do gatilho e sentir confiança para compartilhá-Ia com o outro. Sou11111 1\'1 do um casal que conheço há muitos anos. Por muito tempo a vida,1111\11111 dolos foi um desastre. Ela o achava insensível, ele a considerava:I "1 11'1I:IS()I':t. Mas 'eles se amavam tanto que resolveram seguir em frente. Tra- .-I'IIIIIIIIIC III consigo mesma, ela descobriu a explicação de tanto medo de fazer111\111.11111 um homem numa história de abuso sexual do passado. Ele enten-

dllll 11 1\"0 acontece quando alguém tem um passado assim e adotou outra111111111, 1111 rolnção sexual. De sua parte, reconheceu que sua libido fora repri- .ui ltln 111 inlância e por isso sua energia muitas vezes vinha carregada de

íva. Entendeu também que muitas vezes representava de maneira impró-

ia sua necessidade de sexo mais selvagem, então canalizou-a para outras'eãs, como dançar e fazer rituais xamânicos. Hoje a sexualidade desse ca-:está transformada. Ambos assumiram a responsabilidade de trabalhar as

,,~-priasdeficiências e perceber como a criança emocional de cada um afe-iva Ó outro, Eles me contaram que agora, quando fazem amor, já podemperimentar e compartilhar tudo o que acontece: do pavor às lágrimas, do

. contra delicado à completa selvageria.'",Em nossos workshops, usamos um esquema muito simples para esclare-er o papel da criança emocional na sexualidade. No nível 1, o mais exter-o, onde vivemos na maior parte do tempo, estamos perdidos em estratégias.conscientes que disfarçam nossos medos e nossas inseguranças, Nesse[ível, os comportamentos da criança emocional se manifestam e são.-rojetados no outro, Não há comunicação porque não existe consciência.. ada um está interessado principalmente em satisfazer as próprias necessi-ades e desejos, e os sentimentos do outro não são prioridade. No nível 2, o

.'o meio, começamos a perceber os medos, as inseguranças e o choque que outro parceiro pode provocar na relação sexual. Começamos a nos sensibili-ãf'diante das feridas - nossa vergonha, nosso choque, assensações de tr-ai-

çiíó, nossas desconfianças e o medo de ser rejeitados ou abandonados. Temos'-;EuS consciência de como o outro dispara essas feridas e de como reagía-íos automaticamente no passado.., Por fim, o nível 3, mais profundo, é o espaço em que podemos nos fundir

"riooutro ou enlouquecer com ele numa atmosfera de confiança, compreen-/~ão e intimidade. Temos sensibilidade para saber onde cada um está'energética e emocionalmente. Há uma fusão e uma acomodação. Descobri,

,ao menos no meu caso, que outra característica desse nível é tirar o foco doorgasmo e do desempenho, Quando o foco está no orgasmo, há sempre umconvite para a criança emocional entrar com suas expectativas e frustra-

'. ções. Nesse nível o foco é estar juntos. Assim como nos outros esquemasr que usamos no nosso trabalho, também aqui um nível não é melhor que

.~.:'''outro,mas ajuda a ver e sentir onde estamos a qualquer momento. Essameditação por si só nos leva naturalmente a níveis mais profundos de COllS-

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Page 97: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é UlTI jogo de criança

I I 111 1\ :;11111 11IolaS e sem preferências, podemos nosIllillIllIllIlIllllIlIlO norn tanta punição.

N'h4 "'10";01' 11 'dança eTnocional nas estratégias: t , .

I..•. 1·· to di,; . -O vingança reação depenoenCla.

I, .• ,tl" ", l' I'" !IHflV118, c."O.gcnClas, cure) s, sociaçao, , ,N/, ~ li" Ik. /I 'o:illll!i" emocional nas feridas: . d r .

I 1 L· f - cul edo d abuso de abandono ou rejeição, e sw:oca.mentoouI ,tUI"1 I ymlltlll UI, (.. 18 W1ç..'1.0, pa, m e I

11111111111,<,' 11.

NII ./","u ;t,,. - n riaJlça en1.ocional na consciência:

ItI •• ", \10"( 1111-;.', J:clax..LIT1ento, livre fl~xode energia.

(:IJIIII co a se observar quando faz amor.1\) Noto quando sente medo, insegurança, inadequação ou frustração ..h) Noto o que, especificamente, faz você sentir essas coisas.I:) NoL o que faz nessas situações - como reage normalmente.dl NoL se você culpa o outro por sentir tudo i~,~,o.

~'.. 1\1 ()1'f1 note o que há por trás de suas reações' e defesas normais, Que,'. id - d dos? Reveja com cuidadomurlus da cnança fen a estao sen o provoca .

!:lIdn uma das feridas que discutimos neste livro e escreva como pode~_

IiU!' [lfovocadas no sexo .

•1. (:1)1110 é para você express~ esses medos ao seu parceiro? Pergunte-se:d t ?""( ;0mo é para mim revelar meus me os ao ou ro.

d. \{\ls(:rve tempo para explorar e, se puder, escrever de que maneira seus(li sojas e suas aspirações estão relacionados com a vida sexual.

I lil'''!"!:

NW';Sfl sexualidade é uma área em que muitos comportamento~ automá- ,',

li,:\),' vindos da criança emocional podem ser representados. E onde há:

Autodorrúnio - Saia do comportamento automático

muitas expectativas, exigências, reações, hábitos e fantasias envolvendoa outra pessoa e provocando muito sofrimento e frustração.

Por ser o sexo um encontro tão íntimo, tem o poder de disparar as nossasferidas interiores, Normalmente, quando se trata de sexualidade, enco-brimos nossas feridas com compensações, desempenho ou resignação. Édifícil nessas situações estar consciente dos medos que surgem e é aindamais difícil expô-I os para a outra pessoa. Quando tentamos disfarçar asnossas feridas em vez de nos permitir sentir os medos, as inseguranças eos sentimentos de inadequação, sofremos mais ainda porque passamospor cima da nossa sensibilidade.

Podemos usar a relação sexual como uma excelente oportunidade desentir como nossas feridas são disparadas. Ela pode ser usada não sópara conhecer melhor nossa vulnerabilidade mas como base de uma in-timidade mais profunda. Percebemos que a relação sexual é uma janelapara a vergonha, o choque, os medos de sufocamento e abandono e adesconfiança.

,, '

Quando alcançamos alguma compreensão da maneira como a criança. emocional é disparada pelo sexo, tornamo-nos muito mais sensíveis ao

outro. O foco da relação sexual sai do orgasmo e passa a ser a alegria decada momento e o prazer de conectar-se.

Page 98: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

22Os fossos

guém perguntou a Osho, meu mestre espiritual, como fazer para evitar os.~_ssosda vida (os perigos latentes que trazem dor e sofrimento). A respostaele foi que não podemos evitá-los. Se tentarmos, os fossos virão atrás de nós.s.fossos são apenas oportunidades de crescer. Para não ter fossos, é preciso

. tarílumínado. O segredo da iluminação, disse ele, é saber Gomo-evitar esses-.ssos. Se, depois da iluminação, ainda caíssemos em fossos, não haveria.yito sentido em iluminar-se. Mas, ele completou, se há compreensão e com-aixão em nosso comportamento com o outro, o amor flui. Traduzindo para a

aoordagem que estou propondo aqui, isso significa conhecer os comporta-mentos e os sentimentos da nossa criança emocional. Dessa perspectiva, te-

.....os capacidade muito maior de evitar os fossos ou sair deles com muito mais_.:.rapidez.

Tenho percebido que, quando estamos familiarizados com a nossa"'compulsão de repetição e com o que existe por trás dela, nosso comporta-:inento torna-se mais previsível. Entramos nos mesmos fossos para resolver'.alguns aspectos de nossos traumas de infância que se tornaram inconscien-,. teso Mas existe outra maneira de entender esses fossos que, para mim, foi-:muito valiosa. Quando eu fazia residência psiquiátrica, li muita coisa sobre:_psicologia do desenvolvimento. O trabalho de dois psicólogos dessa área,

Page 99: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

Autodomínio - Saia do cornportarnerrto automáticoo amor não é um jogo de criança

I 11 1':111111111li Mnrgaret Mahler, impressionou-me profundamente. (A princí-;

11111,111111/111111111deixar esse material fora do livro porque me pareceu muita

IllIdll 1111111111['discuti-Ia de maneira tão concisa como discutimos outros'

111\1111111111Igora, Mas depois mudei de idéia porque foi muito útil para'111111111111rllsso, sei por experiência própria que no autotrabalho temos de';

1\ Hdllllllll' IIII:I()Sconceitos da psicologia em termos muito simples.)

1':1k 1':1'1kson dividiu a vida do homem em sete estágios. Mencionarei ape- ,

lIiI/~11111'li pri muiros porque os demais parecem originar-se deles. O primeiro

11!lIIHIIItllil ch ma de "verdade básica versus desconfiança", que corresponds:1\11i'lIdlldo do vínculo com a mãe, O segundo estágio é "autonomia versue

III/{1I1I11I o dúvida", que abrange o período de afastamento da mãe e descober- ,

111 dll 1I111l\(lo.E o terceiro, "iniciativa versus culpa", é o período da infância,

1111111"1começamos a formar a auto-identidade. Se durante esses estágios re-,

111111III()H1111lar, apoio e sensibilidade passamos para o outro lado das polarida-'

dllll .';1 1110,desenvolvemos desconfiança, vergonha, dúvida e culpa. '

1\11ohsurvar crianças brincando, a psicóloga inglesa Margaret Mahler fez

111'11111I:i ( Inborações sobre o desenvolvimento emocional humano que são

1IIIIIIIIpOlIClentes às de Erikson. O trabalho de ambos transformou-se em,

111111'1:0:,tliI p ícología. Em essência, eles descobriram que as crianças muito.':

IIIIVil:1pnssarn por três períodos - no primeiro vivem no próprio mundo (a ;,1,,11\11111istu), no segundo são profundamente ligadas à mãe (a fase simbólica) ,

11110 úl l imr jú vão se tornando independentes e individualizadas (separação

urllvidunção). O que Mahler categorizou é uma espécie de utopia do de-

'1IIIvnlvimonto. Seria um verdadeiro milagre que uma criança tivesse um

1"11'11"In de vínculo de amor incondicional seguido por uma fase de profundo

IIjlllill 11ori ntação para encontrar a si mesma, As cicatrizes que trazemos

1"11'111() ter o que precisamos nessas fases mostram-se hoje em nossa vida.

1\ 1',,11;1de um vínculo saudável com a mãe (ou com o pai se ele fez esse

1'1'11111)ti li runto o período simbólico nos deixa um sentimento de imensa

tI":d,I)\ll'iilIH,:aem relação à proximidade e uma carência muito mais profun-

ti" tI":I::1lIipo do ligação amorosa e incondicional que perdemos, Podemos

IIti11I'1:1)\1111 desconfiança e a carência tentando supri-Ias desesperadamente,

1lil'lIll1l1lo-lIos exigentes e controladores ou evitando qualquer situação que

á um convite à aproximação. Se nosso vínculo original não era saudável,

o não quer dizer que não nos ligaremos a ninguém, e sim que o faremos com

alis"as energias negativas e forças repressivas que estiverem presentes. Para

tender o medo de amar, temos de entender quais são essas ligações .

.. Em segundo lugar, quando o período de individuação não r'ecebe apoio

~m incentivo, desenvolvemos um sentimento básico de vergonha e dúvida

"relação à nossa capacidade de conduzir a própria vida. Não temos uma

pçãO exata de quem somos. Sentimos uma profunda necessidade de eu-

ritrar a nós mesmos e descobrir uma autoconfiança que nunca tivemos,

.lérn disso, podemos interpretar o amor como um obstáculo a tudo isso e

ão nos abrimos para ninguém até que, antes, encontremos a nós mesmos,

,"ssa é a nossa prioridade. Vivemos desconfiados de que alguém quer tirar

:~so de nós como já fizeram uma vez.

f? Quando leio Mahler e Erikson, é como descobrir uma mina de ouro. O que

~les dizem reforça os meus sentimentos mais profundos e explica grande par-

ta.de minha experiência com os relacionamentos - não só os amorosos mas

com todo mundo. Ajudou-me a entender por que tenho tanta vergonha e dú-~ida em relação a mim mesmo, porque a necessidade de encontrar o que é

~~m'8u"é tão forte, porque sentia basicamente que as mulheres me possuíam e

:eu não tinha controle sobre elas e porque detestava que alguém me dissesse oque fazer. Conhecendo melhor os estágios de Mahler e Erikson pude decifrar o

:!llistério das dependências. Quando fazemos o papel do dependente numa':'~elação, nossa criança emocional age por necessidade de simbiose. O medo

',~que temos da solidão reflete, em grande parte, a falta de uma experiência

positiva com o vínculo. Como podemos nos separar daquilo que nunca tive-

_"-mos? Um dos primeiros passos para a cura envolve a total compreensão e

aceitação dessa necessidade simbiótica. Estamos acostumados a disfarçá-Ia

. tão bem com compensações que não temos a menor noção de como é forte,

Sei por experiência própria e pela experiência de muita gente que até o

antidependente mais radical tem profunda necessidade simbiótica. Ele está

só disfarçando. Quando isso se torna claro, podemos reconhecer que, num

s, relacionamento, quase sempre há duas crianças emocionais, ambas buscando

amor incondicional,

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II

·'1

P,ti

I, I

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Page 100: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

Autocl.omínio - Saia do comportamento autornáti';"o amor não é um jogo de criança

II111II dllJ)(lIl(lonte nada mais é que a criança emocional em ~ção poi111111/111dlldo rio ser apoiada e amada incondicionalmente em su ~

11111v lr!u IV I). Assim como precisamos tornar válida nossa necessidad'

1IIIItlI11111'11,111I1l!>ómprecisamos validar nosso impulso de individuação para

11111111111'111'I 1l6~ mesmos, Para o antidependente, a necessidade de encontrar

II I 11111/1111)I maior que a necessidade de ligar-se a alguém porque ele sabe

11111111VIIIIIOI!lOque enquanto não tiver a si mesmo não terá nada para dar,

NII v til ut lu ltu , quando formamos um vínculo simbiótico com outra pessoa,

11111111dll 101'() domínio de nós mesmos e da nossa vida, só estaremos repetin

tllI 1/ vruuu!o negativo da infância. Nós nos perdemos por "amor", Como

111/111111111o completou esse estágio fundamental na infância, terá de fazê-Ia11/1v 1111u lulrn.

1,:11111llndon, em seu livro In search of the mystical mate (Em busca dei

I 1111'111111III iro místico), aplica os estágios de Mahler em seu trabalho com:

11I11I1:llllIllIlIOnlos,Um ponto que ela ressalta é que os estágios de Mahler

11 1'111'1111por que é tão fácil e tão comum a relação tornar-se árida, enfado-',111111110/1S;1.Temos uma necessidade tão grande de nos ligar a alguém que {

I1I1I I:lIil' numa simbiose negativa com a outra pessoa. O período de lua-de-:

111111do qualquer relacionamento é quase sempre uma fantasia simbiótica11111111nbonçoada pela inocência. Dura algum tempo e é uma experiência,;

1111nqIlIH:fvol, mas, como qualquer droga, tem vida curta. A imagem que me ~

VIIIII cabeça quando vejo uma cerimônia de casamento é: em vez do toque

di I11!li I1I1S,devia haver uma música cuja letra começasse assim: "Aí vem a;

,""IIlÍoso, mas logo atrás virá a confusão quando um deles quiser se isolar".

1'111II)go o impulso da individuação se manifesta em um ou em ambos, a'

"r uu lortrival dependência" termina. Os casais que ainda tentam prender-sei1II I1111iiosu acabam brigando o tempo todo e culpando um ao outro por não "

'1,,11111'11111"1'adequadamente ou ambos tentam preservar a simbiose com nega- _;',111111IIllsi Iusão constantes.

( li" o l.rika casaram-se ainda jovens, e quando nos conhecemos já esta- '"

11111juntos havia quinze anos. Ela foi motivada a fazer o nosso workshop"llI'illlIll!l!) não lhe dava mais a mesma atenção de antes. Ole queria ter mais

IlIlllllo 1'"1'<1fazer outras coisas, como workshops para homens, excursões à

'ur.eza com amigos ou mesmo estar só. Erika estava apavorada porque a

a deles já não era a mesma, e cada vez que ele saía temia que não voltas-

Ole ficava aborrecido com ela por fazer tanto barulho só porque queria

, ecer a si mesmo de novas formas, É comum que duas pessoas iniciem

:relacionamento em simbiose e depois uma delas queira individualizar-

tenquanto a outra quer permanecer em simbiose. Brigam porque aquele. quer seu espaço quer também permissão para fazê-Ia sem rejeição nem

. íção. Isso é o que sempre quis desde a infância. Aquele que quer perma-

.er simbiótico se apavora só em pensar que o outro não volte mais quando

~asta. E só vê a necessidade de Individualizar-se como uma tentativa de:tar a "intimidade".

"Podemos observar esse delicado jogo de simbiose e individuação nos con-

,OS negativos que firmamos. Esse é um fenômeno que Hal e Sidra Stone

aram de "padrões de vínculo" negativos no livro Embracing each other':raçem um ao outro). São os papéis que assumimos em nome da segurança e

, revísibilídade. Um dos dois, por exemplo, assume o papel do filho, o outro

;~i:nndos pais; um de aluno, o outro de professor; um é forte e controlador, o

~o'é fraco e subserviente. Um protege, o outro regride e torna-se a criança

.,!l.fesaque precisa ser cuidada. Um é responsável e sério, enquanto o outro é

.' sponsável, infantil e descuidado. Esse fenômeno prevalece particularrnen-

".~ntre casais, mas também ocorre na maioria dos relacionamentos significa-

,~1?,:-com os pais, os filhos, os amigos, os colegas de trabalho e as figuras de

Jm~~ade. Inconscientemente, fazemos um acordo mútuo para criar um con-

!}<to que garanta o status quo - garanta a simbiose. Para cumprir o contrato,

~Ínos que nos comprometer de alguma maneira, mas os medos da nossa crian-

"~:'emocional são tão grandes que aceitamos o compromisso de bom grado -

'."êlo menos por algum tempo. Esse compromisso significa concordar aberta ou:e~adamente em não fazer nada que possa afundar o barco.

,,:". Assumimos esses papéis espontaneamente e sem perceber, Mas sempre

,:~odemos rastrear as suas raízes até alguma ligação simbiótica que forma-

;inos na infância. Podemos assumir o papel de pai ou de filho, No papel de

':filho, nós nos alternamos entre ser obedientes (simbióticos) e rebeldes (indi-

;vidualizados). Começamos obedecendo e sendo subservientes, fazendo o que

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Page 101: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

Autodonúnio - Saia do cornportarnerrto automãticoo amor não é um jogo de criança

II~ 1111111li 11111rum para obter a atenção e os cuidados de que necessitamos ..

11111,1\1111111lI) IIOScansamos de ser tão bons, juntamos um pouco de coragem e"

111111111,111111)/111IIOSrebelar. Isso continua até sentirmos medo e voltarmos no-o

111111111111p 11'11n .riança boa. Não importa se somos uma criança obediente ou'1111111\1111,111"1110 que ainda estamos no papel da criança regredida. Precisa}

11111/111111111outru pessoa assuma o papel de pai para poder representar esses'11111111111'11111111110.".Podemos também assumir o papel de pai. Nesse caso, co-i

111111,111111111SI lido um pai carinhoso e atento, mas por trás da atenção está o::I 11I111Idl. 11Indo não conseguimos o que queremos, passamos a rejeitar. En-j

1I11111111:HlIIIiIIIos culpados e voltamos ao zelo - e assim por diante.

1'lIdo luvnr tempo até reconhecer que temos um contrato. Em geral, al-~

"'11111111:IIIIIIH;aa ficar ressentido e o conflito cresce. Contudo, se não o íden-j

I 1111111Ill.'l, os conflitos podem se arrastar por muitos anos e tornar-se muito

11111' .unurgos e dolorosos para ambos. Os papéis destruirão o rslacionamen-

1\1'I IIIUII!)Sque sejam percebidos por se tornar asfixiantes. O que em geral:~

1111lIllllI:li (~que um dos dois sente isso e se afasta - tem um caso ou sai de'

1.111111.(J I roblema de nossos contratos não é o cumprimento. Precisamos

1111'111iIIIlI"o que não completamos na infância. Mas, se pudermos observar que ..

1'1'1""111:;o nossa criança emocional em.ação,agregaremos consciência ao.I nruportnrnento automático.

"1'011110 um amigo de muitos anos. Ele segue o padrão da figura paterna:":

111I1I)("I)Sacom todas as suas namoradas. É um homem de coração imenso, mas' '.

'1I111Shistórias de amor sempre terminam em dolorosas separações. Mais cedo'

1111mais tarde suas mulheres sentem necessidade de encontrar a si mesmas e

1.I"I':;r:I:I",o que não acontecerá senão romperem o relacionamento. Elas acabam1111f.IJlIIrnndo coragem para sair do papel da filha e enfrentar o medo de cami-··.

Idllll"1:( rn as próprias pernas. Por preferir ignorar o medo terrível de ser aban-j11111111110,meu amigo repetia esse padrão e firmava o mesmo contrato com cada'.

II"VII1I:1l110rada. Três anos atrás, ele se deu conta de que representava padrões111I11I1:õl:ilmtese começou a cavar fundo em sua criança emocional. O relacio- ;:

1111111111110em que está hoje tem uma qualidade totalmente nova.'lun ho outro amigo que segue o padrão de ser irresponsável e infantil com '.

'11111:111111igos mais íntimos e suas namoradas. É uma pessoa tão querida que

em se aproxima dele facilmente assume o papel de protetor e perdoa todos

\ seus lapsos de compromisso e responsabilidade. Os amigos reclamam

.tre si e ficam loucos da vida se ele os deixa plantados esperando ou se

. ebem uma conta que não foi paga. Nem ele nem ninguém examinava pro-

damente as raízes desses contratos. Seus amigos (eu era um deles)

veriam entender melhor que o fato de correr para socorrê-Io era uma ex-

assão dos próprios medos. No meu caso, expressava-se o pavor de assumir

alquer responsabilidade na vida. Eu tive que compensar esse medo tornan-

i-me super-responsável, mas isso foi apenas o outro lado da mesma com-

.nsação. Tive também de enfrentar o medo da rejeição, da culpa e da

provação quando parei de bancar o pai provedor e comecei a estabelecer

. ites. Ele, por sua vez, vem estudando de que maneira seu comportamen-

.. automático reflete uma criança carente de amor incondicional que fez de

.,:do para evitar o pavor de crescer.

;. Nossas simbioses inconscientes são muito profundas e sutis. Muitos dosI·'·

iossos relacionamentos refletem algum contrato firmado na infância do qual

ão nos lembramos mais. Quando observo atentamente os meus relaciona-

'(lntos, descubro que firmei algum tipo de contrato com todas as pessoas

f;ffi" as quais tive uma ligação mais que casual. Para citar apenas um exem-

10, jogo tênis regularmente com um amigo que se sai melhor que eu. oto

ue. temos um contrato: ele ganha e eu perco. Examinando mais profunda-

·_.eI1tereconheço que essa situação é uma cópia carbono do meu relaciona-

ento com meu irmão mais velho. Embora tivéssemos uma competição

:~~rada, parte do nosso vínculo era de que ele devia ganhar e eu perder. Às

ezes eu ganhava, mas era como perturbar alguma lei básica universal - e

".apidamente retomava a velha combinação. Eu o adorava, e ter a certeza de:que ele me amava valia muito mais do que vencê-lo (mesmo que pudesse).

.. Em meu relacionamento com Amana, nós dois entramos nos papéis de

'pai e filha o tempo todo. Quando isso é inconsciente, em geral reconhecemos

',logo, vemos o que estamos fazendo e sentimos o que há na base. Temos ex-

:.piorado a nós mesmos e às nossas dinâmicas com profundidade suficiente

.·para saber quando um desses papéis está sendo representado. Se são cons-

. cientes, podem tornar-se fonte de profundo alimento. É natural e bonito cui-

il

.,I·

'1,

'liII

Ii

Page 102: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor nâo é Ult\ jog'o de criança Autodomínio - Saia do comportamento automático

11111dll 1111I11II ,IH' uma criança vulnerável quando não se é inconsciente,

11111"11\\\111111111Il\urna necessidade natural e saudável de fundir-se e separar- ,

I I JIIIII IItllll:lt}lIumento, essa necessidade surge nos momentos mais diver- :

1I ".111/1IIII'III/IHmais variadas, Se a outra pessoa quer se afastar, desperta o'

IlIIIi 111111I!111tio sor abandonados, Se quer fundir-se, desperta o medo da

1"11 1111illldll. O outro nunca faz o que queremos que faça. Cada vez que é',:

11I/11111,111111110anu ho simbiótico cai por terra. Sempre que a outra pessoa quer

Ijll 11"11111111'nu começa a exigir, o privilégio de encontrar a nós mesmos é

1111111111,:11,111.t 110ft10 temos alguma compreensão de como isso acontece, po-

111111111/1!.I'IIZ/I\'o fosso sem nenhum problema,

, tos íntimos. Esses relacionamentos ocorrem num ambiente em que a criança

: emocional cumpre estágios que não se completaram no início da vida.

Nossa criança emocional geralmente se volta para o outro nos relaciona-

mentos para satisfazer uma necessidade de amor incondicional (neces-

.,sidade simbiótica). Com mais consciência, percebemos não ser possível

esperar que o outro satisfaça essa necessidade nem mesmo que a enten-

, da. Temos que estar dispostos a "conviver" com essa necessidade sem a

,expectativa de que o outro a assuma.

1\ I 111 '"''

"Nossa criança emocional também se volta para o outro para satisfazer a

)-necessidade de apoio e orientação incondicionais na busca de si mesma

r (individuação). Com consciência, também percebemos não poder espe-

.~..rar que a outra pessoa nos dê essa permissão. Precisamos nos arriscar,f 1lltllll'VIlsous três relacionamentos mais significativos e pergunte-se se

VIII: wllti ropresentando o adulto ou a criança. Se for a criança, como

dltl x I rio s "r obediente e subserviente e passa a ser rebelde? Se for um

lI/I , (;1)1110deixa de ser carinhoso e controlador e passa a rejeitar? Sinta a

IIIIII/'Ki/lde cada um, sinta o que você diz quando está nesses papéis e

VIIII/HO .onsegue detectar algum medo ?culto n~les,

~~ ( JIlHllI'VOo que acontece com você quando quer se separar de alguém.

I) Como faz para dizer adeus?li] Quais os medos que aparecem? Como você os expressa?

c) Você espera que a pessoa aceite?

:1. NIJLno que acontece interiormente quando a outra pessoa se separa de você ..

11) uais são suas expectativas?11) uuis são seus medos? Você os expressa?

Tendo consciência desses estágios, também podemos aprender a com-

"partilhar os medos que surgem em nós quando o outro se individualiza

: sem culpa e sem agressão, bem como aprender a nos individualizar semi"'ser violentos nem reativos.

I,i

"11,,'11

(;0111prcondendo-se um pouco melhor os estágios do desenvolvimento

til 1';I'ikson e Mahler e o fenômeno dos contratos negativos, pode-se pre-

vur IIIUil os dos fossos nos quais as pessoas caem em seus relacionamen-

Page 103: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

" uigi foi motivado a fazer o nosso treinamento na Itália porque tinha con-'{}ido que as mulheres eram todas castradoras e queria saber corno lidar'm essa situação. Não é tão surpreendente que um italiano possa chegar a: a conclusão corno essa, mas Luigi era um caso especial. Ele queria saberquif fazer com isso - mas tinha grande dificuldade' el-e-enxetg'ar" que asülheres não eram o problema. O problema era ele, Quando a criança emo-'~nal olha o outro, toda mulher é castradora e controladora e todo homem.üm porco chauvinista, um macho dominador. Na verdade, basicamente~ existe nenhum problema com a outra pessoa nem mesmo com o relacio-

)l.rnento, o problema é que precisa ficar claro quem está olhando. Quando'~emos inconscientemente, através dos olhos da criança emocional, os pro-Ternas são inevitáveis,

Durante muito tempo procurei conhecer técnicas de relacionamento para:~j1,ldara mim mesmo e às pessoas com quem trabalhava a estabelecer cone-'xões mais íntimas. Hoje sei que não fui direto ao ponto. A questão é quem serelaciona. Estamos vindo da criança emocional, de um lugar que tem bas-.tants espaço interior para conviver com as decepções e a falta de comunica-c~'ãoque existem, sem nos perder num processo eterno de culpa ou conflito?:Estamos vindo de um espaço de pânico e perda no foco estreito das próprias

I

23Relacione-se com consciência

r'/;l

.;~i\.1,i'

t.,

Page 104: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é Um jogo de criança

1111111/1/I1tllIlIlI:1() arências ou somos capazes de entrar no relacionamento':

1111111111111111110abrangente, com sentimentos e cuidados para com a outra

1111,.1111111"lllIdlln10ntalmente, não são as técnicas nem os acordos e muito

11111111111/1luntulivas de mudar que fazem os relacionamentos dar certo. O

I111IIItil 111'1,11111'corto é trazer consciência à criança emocional. Quando estamos '

11111111/11/111111111,no stado mental da criança emocional, nenhuma técnica, ~

1111111111111IIc:OI'do, nada fará diferença. Por trás das palavras fantasiosas per- '

11111111111111110<111:->as expectativas, as reações, as esperanças, as fantasias e as

111I1t11111:1111.

( :1111111(;1)111 preensão mais profunda dos comportamentos e sentimentos'

"" I I IIII~II I mocional, podemos saber de que espaço estamos vindo, Em:111111/,qllllllllo me vejo entrar automaticamente num estado emocional in- ,';

1111111,111I '111()se agir nesse espaço haverá conflito. Hoje, quando sinto que a

11 11111,11uuincional está no controle, posso deixar de agir sob o comando

t11t111,':11III~:I)isso, já consigo perceber rapidamente. Às vezes perco o humor.

I" I 11 IIII/ldo, nada parece direito, sinto-me um fracassado que não tem nada "

11"VIlICII'I rlnr, a vida perde todo o sentido. Tudo e todos à minha volta só me

I 1111/1111111,MIIS é apenas um estado de espírito e sei que, por pior que seja,'

VIII I"I/I,'IIIJ'.Nesses momentos, é mais fácil reagir ao outro com exigências, "

'I 1"!I:llIlivlIs e frustrações e sentir-me decepcionado e mal-amado se não

11111I11lI1'1I101l(,:iio.Esperar que os outros estejam à nossa disposição não é uma -:11111111111'1"ti ista. É melhor ficar sozinho e. apenas observar. Na verdade, a-

ItllI 11dll 11110alguém está à nossa disposição é pensamento mágico. Seria um ,

VIIIdlldllil'!) milagre se alguém estivesse ali espontaneamente. Não obstante,

1111I1I111\1'IIlIi~veldeixar de obter o que queremos, e nossa criança emocional

I "1/111111111111vai procurar alguém que leve embora sua ansiedade. Mas nin-

1',111111111""') luzor isso.1\:1 I"l:;solls lentam trazer consciência aos relacionamentos fazendo acor-

tI"'l NI'VIIIIII:nto temos que perguntar quem está fazendo esse acordo, Se for

'I , 11,"11,11I mucional, os acordos não vão funcionar. Um dos acordos mais

, 111111111',111111111)um casal faz para não ter outros amantes. Se isso vier da

I IIlIljll'lllIlI:II\O,1 que os dois chegaram como resultado de uma busca interior

11111vhluul. Iliiu haverá necessidade de fazer acordo nenhum, pois o que se

IAubxlomínio - Saia do comportamento automático

,:partilha é a compreensão. Mas se vier, como em geral vem, do fato de;'querer agradar e apaziguar o outro ou reprimir alguma' coisa, só vai durar

uco tempo. O que pode acontecer é fazer o acordo, mas logo vamos rompê-

'om muita omissão e muita culpa. Já vi acontecer inúmeras vezes em meu" \

,alho e eu mesmo já passei por isso. Querer estar ou fingir estar em situa-::que não seja autêntica jamais dá certo.

~Ném disso, ninguém muda porque fez um acordo, muda porque se torna\'s consciente. Podemos fazer com que o outro ou nós mesmos nos torne-

:§l mais abertos por compartilhar, mais confiáveis e responsáveis e até

'::shonestos só porque queremos e concordamos que seja assim. As pessoas

~mum contrato para passar algum tempo juntas. Isso geralmente aconte-

em situações em que uma pessoa se frustra porque não passa o tempo que

'taria com a outra, Já me vi muitas vezes na situação daquele que é muito

upado para fazer outras coisas. Se concordava em passar mais tempo com

..ha companheira, era por medo. Naquela época, eu preferia fazer minhas

~as sozinho a me relacionar. Eu sabia muito pouco sobre a intimidade

"a querer compartilhar meu tempo livre e, além disso, estava sempre ocu-

o.iAgora isso mudou um pouco, em parte porque meu relacionamento..-Amana está livre de exigências e expectativas e em parte porque, deva-

J~as mui to devagar mesmo), venho aprendendo a relaxar um pouco mais.

:_9uanto mais sensíveis nos tornamos às nossas feridas, mais nos sensibi-~~os diante do outro. Ser sensíveis ao choque, à vergonha e ao medo do

-andono nos suaviza, É difícil fazer alguém sentir vergonha quando se

be o que isso significa. Quando conhecemos melhor o choque, podemos

conhecê-Ia nos olhos, nas expressões faciais e até na postura corporal do

utro, É difícil abandonar alguém de uma hora para outra quando conhece-

os o medo de nos separar ou de ser abandonados, E essa sensibilidadeplica-se também a coisas menores. É difícil deixar de fazer o que esperam

:' e-nós quando sabemos o que significa não poder contar com o outro, Sabemos

?' que sentimos se alguém nos diz que vai fazer alguma coisa e não faz ou

ments para nós. Um amigo nos contou há pouco tempo que sua companheira

?e'sete anos estava tendo um caso havia mais de um ano sem que ele soubes-

,se: Esse tipo de desonestidade não só é muito doloroso como só ocorre se os

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Page 105: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

Autodorrúnio - Saia do comportamento automáticoo amor nâoé urn jogo de criança

.111 I 1\ 11Ilvl 1'0111sintonia. Quando ela existe, ambos sentem a mais leve

1".lludllll •. 11.11monor desconfiança quando se instalam. Quanto mais nos

lI!111IIIIII.\IIIIIOS1111intimidade, maiores são nossos medos. Não podemos prote-

1111111111111'11111sous medos, mas também não é sintoma de amor provocá-los.

( ) 1111li111111S()aplica ao respeito pelos limites do outro. Todo mundo concor-

.111'1111111111111'11COl fiança só se aprofundam quando deixamos o outro ser quem

" 1111111tlllIl li~:(os mais importantes que tive de aprender foi a de que o cresci-

1111\1111111/plritunl e emocional da pessoa-que amo não é da minha conta. Essa'

1"1111\urlnhu que quer consertar, melhorar e conduzir pessoas não consegue

111111111111to E ara ampliar a intimidade. Na verdade, é preciso estabelecer

1111111dllll uciu dessa parte. que· deseja controlar o outro de qualquer maneira

/111'1" /l1I1'IIIIISaprofundar o amor e a confiança. Peter faz o nosso trabalho já há

Idl,lIlI/ IIII1IS.I~le nos contou em seu último workshop que se aborrecia com o111111di nludu uão ter conseguido um só caso de amor que desse certo. Mas não

v '1\1111'1II\;I! impulsivamente e até violentamente quando sente que a outra

11111'111111I1() o enxerga, então exige e reclama seus direitos e ainda sente que as

111\11111I'CIH querem possuí-lo. Em meus grupos, às vezes uso uma expressão de

'1'111111111:1(11)Williams em sua peça Gata em teto de zinco quente. Um dos perso-

1111)\111111principais, que é um alcoólatra, diz que só pára de beber quando "ouve'

11111t:l1'I"I)". Peter não será capaz de ter um relacionamento harmonioso en-'1ll1l1ltO111() "ouvir um clique" - quando puder afastar-se de sua criança emocio-

11" IIxil\OIILee reconhecer que é ele quem afasta as mulheres.( 1IIIIIdo comecei a fazer workshops para casais, pus grande ênfase em

1111111'uti lhnr. Hoje entendo que compartilhar só tem v.alor quando sabemos

'11111111111:1:\compartilhando. Quando duas pessoas resolvem conversar e uma,

11111111lillIOas duas, se acha em seu estado emocional infantil, é bem provável

'11111uiu ilu pouco se resolva. Num espaço reativo, não podemos ouvir o que o

111111'1111:lliítoutando dizer nem podemos vê-lo claramente. Temos um véu diante

dll'l 11111111'1.Ma' podemos ter a sensibilidade de reconhecer quando estamos

111111I'rlll(Jgendo e quando somos receptivos. Podemos aprender em ambos os

111'111',11qlll: ó relacionar-se. Há momentos em que queremos ver sangue - ;.

Itl IIIIIIII{1110furiosos e tão magoados que poderíamos matar o outro. A última --

1111'11111111'11\()ostamos interessados é manter um estado de abertura. Em outras

,'~siões sentimo-nos abertos e vulneráveis e queremos chegar mais perto. Se. orizamos um estado em detrimento do outro, vamos nos reprimir, nos tor-

.~-falsos e depois ficar ressentidos por isso. O que importa é reconhecer e. ídar cada estado em que nos encontramos.

;:' Nossa criança emocional gostaria que o outro tivesse o mesmo ponto de

,.>ta que nós - em relação a tudo. Não só a pessoa que amamos mas todoôundo. É onde encontro o intolerante, o racista que há dentro de mim. É a

~!~te da minha personalidade que espera homogeneidade para sentir-se bem.

.ão é um panorama muito bonito, mas ajuda a compreender de onde vemssa reação. Nossa criança emocional leva um susto quando descobrimos

e alguém não pensa nem se comporta como achamos que deva se compor-

. Reunimos em nossa volta pessoas que compartilham o mesmo ponto de

'~sta de todas as maneiras - política e socialmente - e julgamos quem não o

z: Isso deve funcionar no Rotary Club, mas não dá muito certo na intimi-,;

.fide. Na verdade, em geral atraímos pessoas diferentes para sair do que é

}mhecido e desafiar nosso medo. Quanto mais perto chegarmos de alguém,

,ais cedo nossa criança emocional terá de enfrentar a decepção quando

:~scobrir que o outro é diferente, quase sempre em aspectos fundamentais.

ara ela, isso traz ansiedade, raiva e desespero.

~o' Para nos relacionar conscientemente, temos que deixar a criança emocional

e lado e enxergar muito bem que convicções e pontos de vista são comparti-

lhados e quais não são, o que temos em comum e o que não temos. Precisamos

fazer isso em. todos os relacionamentos e em todas as áreas da vida - saber se

nossos conceitos de intimidade são similares ou diferentes, no que concorda-

C'mosou não concordamos, o que gostamos de fazer para nos divertir, como pas-

;:-samos nosso tempo livre, como gostamos de fazer amor, o que gostamos de

~:'comer, nossos padrões de limpeza, nossa espiritualidade e assim por di~nte

: Quanto mais perto chegamos, mais importantes se tornam até os menores as-.,..pectos da vida em comum. Basicamente, precisamos ver o outro como é e nos

': preparar para a decepção cada vez que nossa criança emocional sentir que não

,: há nenhuma homogeneidade.

Quando ergo o véu da criança emocional, muitas coisas se esclarecem.

Uma delas é que, mesmo ferido, assustado e inseguro, não é possível satisfá-

I

. ,i ·1, '

!i'., !

.,!

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Page 106: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é um jogo J" criança Autodomínio - Saia do comportamento automático

11111111111IIII:ddlldos dessa criança emocional. Essas necessidades insatisfei- :

111/1\,111111111JlII)V()Cmperturbação interior. Para ter intimidade, simplesmente-

tllI 11111111111111I11CI()nmnosso pensamento mágico e enfrentar os medos que surgi-'-'

11I11iI'llIfI/III:111111izades e nossos romances são oportunidades fantásticas de :,-

1IIIIIIIIdl11IIti: 11arte. Podemos nos abraçar e reconhecer que somos sensíveis ::

1111"1111111""11I dor do outro sem afastá-l o de seus sentimentos. São também"llllIllIllIdlldl)s oxcolentes de aprender a estabelecer limites. Quando tiver- '.

1111111111111111111110n nos respeitar, dificilmente seremos invadidos. Por fim, apren-

tllIllIlI/1111110 precisar de permissão para ocupar o espaço necessário, mas'

11111111/1'1"11I):-!Illrdispostos a enfrentar nossos medos de rejeição e desaprova- '.

11111I) IIIII()J'IJ li confiança florescem quando reconhecemos ser fundamental-

1I1I11I11I11t'lIl.Nossa atmosfera, tudo é possível. O amor traz em si uma profunda,

1IIIIlttlllllldlldl) em relação ao outro. Apesar dos medos e das angústias que

1'"/1111111111.'1snnlir em relação ao sexo, se a outra pessoa nos ama entenderá e

IlIlIJlllllll'lí iodos eles. O amor crescerá naturalmente com a consciência - não

111"111:I:I()uprcnder regras nem técnicas. Só temos que fazer um' esforço para

/Iodllll '1"0111está no controle em dado momento. É a nossa criança emocional

1111IIIl II(ISSOestado centrado de consciência?1':11111()SSOSworkshops, resumimos todas essas observações em cinco pon-

1111111i'ISiC:l1sque são como uma espécie de roteiro da relação consciente.( ) pl'i mniro ponto é honestidade total. Quando nos tornamos mais ccnsci- .

1111111:1dll nossa sensibilidade e vulnerabilidade, podemos entender facilmen-111'1"" purn nos abrir é preciso ser honestos. Quando ocultamos qualquer-

I 111111(111pessoa com quem partilhamos intimidade, seja namorado, seja amigo,

'I'" : I1I'lísentido. Mesmo que não perceba que de alguma forma estamos

'11111111.Iosonestos, sua criança interior sentirá e se afastará sem saber por

1111. 1/111uxcmplo incrível ocorreu num workshop recente. Um participante

I 111111111u umu sessão individual que estava tendo um caso e não sabia como

111111111'1\ esposa. Tinha certeza de que ela não sabia de nada e de que o

I"llIo.IIIII:tllll:lltO não estava sendo afetado. Ao mesmo tempo, sentia de alguma

111111111'1"1: os dois já não conseguiam se aproximar. Eu disse a ele que en-

'1"111111111110lesse honesto o relacionamento jamais se aprofundaria. Depois

01111I1(lt'~.';I/()p. Amaria e eu encontramos por acaso a mulher dele, que já co-

:ecíamos de outro trabalho. Ela nos agradeceu e disse que, depois do grupo,

'gwua coisa tinha mudado no relacionamento deles. Em certo sentido, a

íca coisa que devemos ao outro é a nossa honestidade. Isso é algo sobre o

al temos certo controle. Podemos escolher ser honestos!

:i; O segundo ponto é ter consciência dos nossos jogos de poder e escolher

àndoná-Ios. Nossas estratégias de controle, de manipulação e vingança

ão mecanismos bem desenvolvidos para conseguir que a outra pessoa faça

'.:que queremos ou para fazê-Ia sofrer se nos negar isso. Usamos esses méto-

. s desde a infância, e cada um tem os seus preferidos. Esses jogos são

-bituais e automáticos, mas sabotam a intimidade. Esperamos que o outro

andone seus jogos de poder primeiro. Só quando nos sentimos seguros

,andonamos os nossos. Isso é só outro jogo de poder. Nesse ponto, temos

te assumir a total responsabilidade de nos tornar conscientes de nossos

:gos e abandoná-los. É nossa função identificar e sentir os jogos que faze-

_'os e observar como destroem o amor. É nossa função correr riscos para

,)Jandoná-Ios. Uma vez, uma pessoa fez uma pergunta a uma amiga, Vasumati,-'/~e desenvolveu esse trabalho comigo quando começamos, há quinze anos.

.Ia perguntou se num relacionamento seria necessário que os dois fizessem

=trabalho. Não, respondeu Vasumati, apenas um dos, dois.-Mas esse tem

ue ser você.

~ O terceiro ponto é estar disposto a expor os medos e as inseguranças. É

'~orrer o risco de revelar à outra pessoa alguma coisa que lhe possa dar a

chance de nos magoar. Mas o que estam os protegendo afinal? O outro já sabe

~6 que temos medo ou o que nos faz sentir inseguros, se não conscientemente

ao menos intuitivamente. Quando escondemos o medo, o outro pode não

saber o que especificamente o causou, mas certamente sente esse medo. Quan-

~'dopedimos às pessoas para revelar alguns de seus medos ou inseguranças ao

{grupo, elas sempre se surpreendem porque os outros já sabem quais são. Da

,'mesma forma, quando contamos ao outro algo que estamos escondendo, a

:' carga diminui e podemos nos aproximar muito mais dele.O quarto ponto é desistir de mudar a outra pessoa. Quando desistimos

:'--disso, somos obrigados a sentir a dor do abandono porque o outro não é como

queremos ou esperamos que seja. Outro aspecto surge quando abandonamos

iJ:,I

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Ir11,I

Page 107: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é UITl jogo de criança

\ \1I1!11I1/\d/ldll do mudar o outro e começamos a amá-lo e aceitá-lo com todas': '.

1\ 111/\11I11'I ItII'l'Oições. Posso dizer com segurança: o que amamos no outro.

li, 11/1VIIIti Ido, as suas, imperfeições. Num grupo recente na Itália, quando

111111111111111lI/lHOponto, alguém comentou: "Ah, então isso significa que eu

11111111111111111'1111)num libertador. Basta dizer à minha mulher que a amo porque

I li! 11,111111'I, proguiçosa, velha e chata". Nós sugerimos que ele não havia

1IIIIIIIIdti" ruuito bem a questão.( ) qlllllto ponto é o mais importante de todos - a meditação. Sempre que

IIIWII111I)) I'f-llllllava a meu mestre alguma coisa sobre relacionamentos, sua res-1111/11/1uvurluvulmente insistia no mesmo ponto: o amor está baseado na medi-

1111,11 () uulr:o problema dos nossos casos de amor é que não meditamos o

11Idll1\11110.1,;10vinha nos dizendo isso havia vinte anos e ninguém ouvia. A

111\11111111,:1() I o último tópico da nossa lista, E por meditação ele se referia ao

1111\"1,11luturior, à habilidade de controlar o desconforto e viver o momento

1'111\1'1111\COIIhccemos que, fundamentalmente, somos sós.

i\ rupncidode de estar só é a capacidade de amar.

I'o/II! parecer paradoxal, mas não é.I~' 1//1111 verdade existencial:,'li) l/iludes que conseguem estar sós, ' /11 capazes de amar, compartilhar,I'nunt rur o centro mais profundo da outra pessoa -,'i"'1/ possuir, sem tornar-se dependentes, porque não estão viciados

/lI) 111/11'0.

Osho

: ;11111jl ligar se um é melhor que o outro, perceba se você se relaciona por

jll/)lll<,:1() ou por vulnerabilidade.

Autodomínio - Saia do comportamento automático

a) O que ~ente no corpo? A energia está localizada no plexo solar ou na

cabeça (proteção), no coração ou na barriga (vulnerabilidade)?

b) O que diz a voz interior?

. c) Observe a qualidade da sua energia.

d) Qual é a reação das pessoas quando você se protege ou está vulnerável?

e) Como se sente em um caso e no outro?

f) Que tipo de contato tem com sua criança interior em um caso e no

outro?

i.:. Tenha consciência de seu grau de honestidade.0:0",

LPassando pelas pessoas mais importantes de sua vida, pergunte-se:

a) Que segredos estou escondendo dessa pessoa?

b) Corno isso afeta meu relacionamento com ela?

c) O que sinto quando estou sendo desonesto com o outro?

d) Do que teria medo se fosse honesto?

rTenha consciência das compreensões compartilhadas.

Considere os seus relacionamentos mais. importantes e pergunte-se:

::.'-,,(3) Que compreensões compartilhamos sobre amizade e !el~~i?Ilamento?

" b) Que compreensões compartilhamos sobre espiritualidade?c) Que compreensões compartilhamos sobre sexo?

, .-, d) Que compreensões compartilhamos sobre comunicação?

lj, ]

~.. Compartilhe a vulnerabilidade.

t"· Este exercício pode ser feito a sós como teste de conscientização, mas se

preferir fazê-Io com um parceiro ou um amigo íntimo cada um terá o

mesmo tempo para falar. Se você começar culpando ou teorizando, isso

será sinal de que passou da vulnerabilidade para a proteção.

Escolha as pessoas mais importantes de sua vida e pergunte-se:

a) Como me sinto com ela?

b) O que eu diria a ela?

c) Existe alguma mágoa que ela não conhece?

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IJ:1!'1:r,

Page 108: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é um jogo de criança

,.1~I.p

II ",I I 24111111111 nlillçüo consciente, o outro não é o problema. O problema é causa- ~..dll 1'111' IlOSSO estado de inconsciência, Só temos de nos perguntar de que .11111111111'/1 11 nossa criança emocional se apresenta (os cinco comportamen-ItII!) 11 I) que está sentindo (os cinco sentimentos),

1:lIll1prOonsão profunda da nossa criança ferida nos torna naturalmen-111 11111111 .onscientes, sensíveis ~ centrados em nossos relacionamentosflll IIWIl, Reconhecemos a diferença entre relacionar-se de um estado11111111:111111-11 e de um estado estado mais centrado de consciência. Começa- :111111111 entender o que constrói a confiança e o que a destrói e que aquilo'1"11muchuca o outro é o mesmo que nos machuca.

,I \{olllc:ionar-seconscientemente é compreender algumas coisas que só sãov n(vois quando o véu da criança emocional é afastado dos olhos. Uma·1I01ls Ó que estamos sozinhos e não podemos esperar que os outros nos111'11111 cio sofrimento e da dor que sentimos, Outra é que nossos limites11111 () vinculados ao respeito que sentimos por nós mesmos. E, por fim, a

I I 1 im idade e a liberdade não são opostas, Ambas dependem do grau de1:I)I'agcm de enfrentar o medo da criança emocional.

o estado mental da criança emocional. dificilmente podemos apreciar a?·ssa beleza e as nossas qualidades naturais, Elas estão bloqueadas pela..rgonha. Díana, participante de um dos nossos treinamentos, é uma pessoainhosa, adorável e divertida e tem uma inteligência brilhante. Ela atrai

';'.ediatamente as pessoas. Mas Diana não acha que tem qualidades espe-íais. Ela só se vê como uma pessoa gorda e aborrecida. Está tão identificadaom sua auto-imagem humilhada que tem dificuldade de reconhecer que~iste muito mais. De uma maneira ou de outra, todos nós temos os mesmos~~blemas de Diana. Identificamo-nos facilmente com nossa humilhação e~squecemos o que temos de valioso, de belo e de especial.

.::~.. Ao mesmo tempo, quando nos conscientizamos de que somos únicos e.,especiais, também rompemos a identificação com a nossa vergonha. Diana jácumpriu um terço do treinamento intensivo de um ano e meio. A cada··mês

:;Ellase torna mais consciente de que é muito mais do que pensa a sua criança'emocional. Ela já começa a avaliar seus dons e suas qualidades e a maneira

,-:.ünicacomo fluem dela. Até que tenhamos consciência dessas qualidadesque nos são únicas e exclusivas, duvidamos de ser capazes de dar alguma:êontribuição à vida - o que nos confere esse sentido de pertinência e de. valor.

Page 109: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

o amor não é um jogo de criança

11I 11111111111I111l1'unta semente na terra: se ela for rega da, adubada e cuida-

d,l 11I11111111./11'.So não, apenas ficará adormecida, esperando brotar, e pode

,ill 11111111111{,II;lIl)(JnLOSa mensagem de que nosso valor como pessoas depen-

d" d'l '1111111I:r.1III()S o aprendemos a medir esse valor baseados no sucesso e11111111111tllHlImponho. Em geral, essa mensagem é transmitida de maneira

1,"1111/111,I) 1.11111que somos amados de qualquer maneira, não importa o que

1111111111111,1111:1ItO fundo sabemos que só o sucesso e as conquistas são valori-

111111/1() 1'I111111ladodessa imagem é crescer acreditando que só importa o

'1"1\ 1/1/111111111,o não o que somos. Não há nenhum espaço e não há nenhumv,illlI 1111111111'somente em fazer.

.'i1111'111'1ur.hci que, em algum momento, os pais têm de enfrentar uma

dllll 111/11'11'/1quando precisam apoiar as qualidades de seus filhos. Como

1111111111liI I' I lima criança a força e a confiança necessárias para perseverar e

'li '1111111111/1obstáculos e as decepções que se apresentam na busca da realiza-

1,1111dll «riut ívidade e ao mesmo tempo mostrar a ela que só relaxando e ."

1\11111/1111111do si mesma será possível t1orescer? Meu pai teve de vencer a

dI1IIVIIlIIIlj\IlITlde nascer judeu num mundo fortemente anti-semita, além de

111111111111P issoa extremamente míope. Essas duas desvantagens deram a ele11111111111'!.,:uincrível, mas o convenceram de' que a 'única maneira de vencer

111I r IZIII'comparações e competir. Sua sensibilidade foi soterrada sob o imen-

'111rllJ'llo do ter de provar seu valor. É muito comum as pessoas acharem que

1111111II1outra escolha senão forçar, controlar, comparar e lutar para conse-

Jl.1I11·IIlgllrll<l coisa. Expressar a si mesmo torna-se, então, uma luta intensa e _

1I/\lllIizlllllc entre esforçar-se e entregar os pontos. Esse dilema provoca um

1'"lIlIlldo distúrbio e um grande sofrimento interior. Nem sequer imagina-

11111:1'1"11() 1'1ores cimento pode ser o despertar natural e espontâneo de nossos

01'111:1I de nossas qualidades. Se obtemos sucesso, o creditamos às nossas

1IIII,ili.l"t!os agressivas, e não às virtudes. É difícil imaginar como as nossas

'1'IIIIIdllt!l!s se expressariam numa atmosfera de confiança e tranqüilidade.

(J 1:llllIlicionamento que a maioria das pessoas recebe com relação às

111111'1'1" il idudes contrasta fortemente com a orientação espiritual que os111111111'11:11/;10aos discípulos quanto ao desenvolvimento de dons. Essas orien-

1111,11111:1\I 1I1ma inspiração valiosa de como podemos florescer na virtude. Eu

Autodomínio - Saia do comportamento automático

Você não é bom ou não é bom O suficiente.Ninguém pode ajudá-Io a saber quem você é.O seu valor depende do que você faz.

A vida é urna selva na qual é preciso competir e lutar para brilhar.

.~?e essa experiência. Quando fui à Índia pela primeira vez, há vinte anos,

··.ara estar com meu mestre, tinha a intenção de tornar-me um terapeuta em

,,~a comunidade. Sentia-me muito atraído pela idéia de combinar terapia

.om meditação e achava que nada podia ser melhor que fazer o que amava

.um ambiente inspirador. As pessoas vinham de todas as partes do mundo

para crescer e aprender. Além disso, o trabalho que se fazia com as pessoas

nesse lugar era uma combinação nova e original dos mais recentes métodos

transpessoais de meditação sob a orientação pessoal de um mestre ilumina-

do. Eu deixei uma florescente prática terapêutica na Califórnia para realizar"esse sonho.

',,: Quando comecei a trabalhar na comunidade, tinha a expectativa de ra-

:.pidamente tornar-me um membro desse grupo de elite. Em vez disso, passei

cinco anos fazendo de tudo: lavei pratos, limpei quarto de residentes, traba-...lhei em carpintaria e construção, dirigi ônibus, pratiquei medicina _ tudo,

':~enos o que eu queria. Foi uma agonia. Não queria deixar a comunidade.porqus era o único lugar em que me interessava estar. Ao mesmo tempo,

"tinha de ver meus amigos fazer exatamente o que eu queria fazer e temia" jamais poder cumprir meu "destino criativo", Todo ano eu escrevia uma

.~··cartaao meu mestre perguntando se estava pronto. E ele respondia que eu'.estava muito bem onde estava.

Por fim, quando perdi a esperança de realizar meu sonho, recebi uma

mensagem para começar a trabalhar como terapeuta. Por estranho que pare-

. ça, finalmente eu me sentia bem no que estava fazendo. Hoje sou infinita-

mente grato por esse período difícil. Consigo ver que foi uma espécie de·:··treinamento para aprender a ser humano. Reconheço que o sucesso do meu

trabalho é mais um resultado desses cinco anos de espera que de todos os

!~I

Page 110: O Amor Não é um Jogo de Criança-Krishnananda

Condicionamento negativo

(auto-imaqem baseada na L-ergonha, que

leva à desistÊncia ou ao esforço e à luta)

Autodomínio - Saia do comportamento automático

I

I.1

~i!

o amor não é um jogo de criança

1"11111\"1\ 11/1/1/1111 ostudando, Deve-se também à minha determinação. Recen-1111111111111 11111 1111111'0 me perguntou o que aconteceu com a minha vontade de

111 1111111"111111 11111 lodos esses anos de espera. Pensei um pouco e respondj.11'"1 11111111 11111 hupodiria de realizar meu sonho. Isso acendeu em mim uma1111111111 1\1111 11111 njudou a suportar todas as decepções, os fracassos, as rejei-11111/1 11 1I dlll IIi 1110 que encontrei pelo caminho.

(111111'11111 ruconhece os dons do discípulo, mas o faz passar por provas.

1\"" dllllllllvolvOlll sua meditação, sua força de caráter, sua capacidade de.1'"11111 111111', :11111 confiança, sua compaixão e paciência. Meu mestre semprs

dlll 1111 1111111 1:1111'0 que aquilo que sabemos fazer não é o que somos e nosso •.1'111111 1111111) possoa nada tem a ver com aquilo que fazemos para viver. Nossodlllll 11 11111 .losdobramento natural da sintonia com a vida e do desenvolvi-1111\11111 dll 11111 senso de excelência interior. O sucesso ou o fracasso são.1111I11IVIIIIII:l - só o que importa é sintonizar a expressão dos nossos donsI 11111 /I illll'1I10!\ in e o fluxo da existência. Só o que importa é o aprofundamento"" IIll1d I1111,:: () - a nossa consciência, a capacidade de viver o momento com1111111111 dlll\::. Na verdade, essa capacidade é só um laboratório para chegar à

1111111 11I.:illl () nada mais. Todas as habilidades são iguais. O que difere é o/li 1111 di com prometimento, de sintoniae de presença: Seja o que for que nos11)-\1111111 fllZIlI' o seja qual for nosso talento natural, tudo terá o mesmo valor:/llIdllllll\lJlI1. artes marciais, tocar flauta, cozinhar, curar ou fazer chá.

UIIIIIHlo não estamos em sintonia com nossas qualidades, nós nos envol-·~VllllllliI 1111111<1 luta para conquistar para os outros e pesamos nossas conquis-1111 dI) nuordo com a comparação que fazemos com os outros. Trata-se de um

sforço doloroso e infinito que, obviamente, só nos afasta do nosso centro., uando reconhecemos nossas qualidades e nossos dons, que sempre estive-ãm presentes, também compreendemos que o valor deles não depende de:~~paração nem mesmo de avaliação. Eles são o que nós somos.

É simplesmente um fato que todos são únicos e todos têm certaindividualidade.Temos de abandonar as idéias sobre como as pessoas devem serE substitui-Ias pela filosofia de que, sejam como forem, as pessoas

.são belas.A humanidade pode ser jubilosa e adorável se aceitarmos as pessoascomo são.

Osho

1..,:::. Sente-se e feche os olhos. Espere entrar em sintonia consigo mesmo.Imagine-se sentado na frente de alguém que o ama profundamente ereconhece seus dons e sua unicidade muito melhor do que você mesmo.O que essa pessoa diria a seu respeito? Escreva sobre isso.

No desabrochar de suas qualidades, como você foi afetado pela competi-ção e pelas comparações? Como lidou com elas? Que estratégias especí-ficas usou para fazer desabrochar a c~iatividade? Como essas estratégiasrefletem suas convicções sobre competição e comparação?

Agora imagine um mundo sem competição nem comparações. Como suasqualidades floresceriam num ambiente assim?

I iI'

Ii!

Condicionamento positivo

(auto-imagem saudável baseada na

sintonia, na med;tação e na apreciaçãode nossa unicidade} . Estamos condicionados a acreditar que o valor está fundamentado no

desempenho e que, para que nossas qualidades floresçam, temos de com-

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o amor não é um jogo de criança

1111111 1\ ruulnr ia, em vez de receber apoio para que suas qualidades fio".111111,11111,11 ruprimida, abandonada e até punida.

( I IlIlItll/ldo do 'se condicionamento negativo é acreditar que a vida seja-1111111 ' 111 VII. Reagimos a esse ensinamento aceitando a nossa vergonha ou .1111/1 1111'1; uulo a superá-Ia. Nosso relacionamento com as qualidades na-1111'1I1'1 I cheio de tensão, de esforço e de medo.

I'; 1111 CHIII'O caminho, o mesmo que os mestres espirituais usam há mui-.~1I11 I1 r.ulos para guiar seus discípulos na busca de si mesmos e de seus111111'1, qu não é baseado na competição, na comparação nem no esforço.1';111111 1:0111 inho não é conhecido da mente ocidental, mas baseia-se na

111111~11 )()c:~;ão,na construção das resoluções interiores, no aprofundamentoIIIi uouuxão com a existência e na permissão de que nossos dons naturais1111 ruvulum como resultado desse processo interior. Esse caminho segue11 1111:11 .obri mento da virtude e o abandono da luta.

Conclusão

Certa vez, um discípulo procurou o mestre zen Bankei e lhe fez umapergunta:"Mestre", perguntou, "sinto uma raiva incontrolável.Como posso aprender a contê-Ia?""Mostre-me sua raiva", respondeu o mestre, "lsso me parecefascinante. n

."Não posso mostrá-Ia porque agora não a sinto. ""Muito bem, então traga-a aqui quando sentir.""Mas eu não posso trazê-Ia só quando a sinto ", protestou o discípulo."Ela surge de repente e certamente não estaria mais comigo quandoa trouxesse.""Nesse caso", disse Bankei, "ela não deve fazer parte da suanatureza. Se fizesse, você poderia trazê-Ia a qualquer momento.Quando você nasceu, não a tinha, portanto deve ter vindo de fora."

(História extraída de OS11O Neo-torot Deck)

o mesmo poderia ser dito em relação a todos os outros aspectos da.criança emocional. Nenhum deles faz parte de nossa verdadeira natureza.-Mas parecem fazer. Como seria se percebêssemos que os recebemos de fora?

:' Eles não são o que somos e não temos de viver como se assim fosse. Como

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o amor não é UlTl jogo de criança Conclusão

111111111V1111I como seria amar se não fôssemos conduzidos por nossa criança1111111111I11d'l'() ([1leacontece quando tomamos certa distância das nossas ex-plll 11111VII/I,du nossa culpa, das nossas reações e de todas as estratégias que"IIIHlllllitljllll'l\11I1I11pulare controlar o outro? O que seria o amor sem o dramaIjlll1Illdll 1:i~IOprovoca? O que aconteceria em nossa vida se fugíssemos do -.1IIII'IdllOdo tur c do incessante autojulgamento? O amor se tornaria aborreci-dll clvuzlo? Surn a automotivação a nossa criatividade não se desenvolveria? .',11111u nl lrur atento do nosso juiz interior seríamos psicopatas degenerados? .

(:mlllllHlllle essas são perguntas que nos fazemos. Mas reconheça que11111/vi I11do nossa mente, dos nossos medos e da desconfiança causada por .:1111/1(11)/11:1)11(1icionamentos. O passado prende-se a mim em todos os compor-IIIIIIIIIIIO:-lo sentimentos presentes em minha criança emocional. Todos eles :.I1II111cnuhouidos e bastante seguros. Foram eles que me deram esta idsntida-ti11.:'Cllll olos, facilmente me sentiria perdido. Mas, com eles, minha vida é

11111tlwllIstrc. A ruptura da identificação com a criança emocional é um pro-11I11t1l1q\lo oxige tempo, paciência e perseverança. Mas isso ajuda a ter certe-/.11dl1 <iIIO não precisamos dela. O amor não se baseia na necessidade, e simI1I «uusciência. Consciente, posso afastar-me da criança interior carente e1'111:11Ilh (leal' que ela é só uma parte da mente criada pelos condicionamentos .-111H'llivus. Isso não significa que eu tenha que negá-Ia, e sim reconhecer que.~/11111:1IliIsos estão no passado. Não têm nenhuma realidade no presente. Não ':lr n I) IIIUque Gautama, o Buda, disse que "você se basta a si mesmo".

() urnor que sinto por Amana não se baseia na necessidade um do outro,11111:1no compartilhamento de nossa consciência e no respeito que sentimos11111pulo outro como dois seres independentes. Reconhecemos que cada um111111.ruu criança emocional interior cheia de desconfiança, vergonha, medo,rnlvu (l mágoa e que algumas vezes ela se comporta de maneira inconsciente11I1I1',illllo,lendo expectativas ou mostrando-se insensível. Mas não é dessa1111111\:11que vem o amor. Pelo contrário, ela o sabota quando não estou cons-111111111.Quando a criança emocional não está no comando de minha vida1111111111:;;1,o fogo e a paixão desaparecem. Tudo fica muito mais tranqüilo.IllItlll II upaixonadc nem dramático porque os medos da criança emocional "."1111111til! cena. À medida que me torno mais centrado e me sinto mais à

von!ade com a minha solidão, a paixão perde sua força sobre mim. Alémdisso, descobri que, em vez de o amor que sinto por Amana diminuir, só se~pfofunda.- Eu jamais teria imaginado há alguns anos que minha criatividade e aapacidade de "fazer" viriam à tona sem o meu cobrador. Temia simples-

. .

,. ente me render às minhas inseguranças. Um professor que me deu muitaforça e me orientou no desenvolvimento criativo disse-me uma vez: "Krish,como é possível deixar que a existência lhe prove que as coisas acontecemao tempo certo e da melhor maneira se você está sempre forçando e fazen-o?" O meu grande desafio tem sido impedir que minha ambição e meus( edos me conduzam. Ao mesmo tempo, consigo ver claramente, graças às

inhas experiências passadas, que tudo acaba dando certo sem que eu te-a de interferir. Afastar a criança emocional compulsiva de minha expres-

ão criativa foi um grande alívio. Meus dons existem e se manifestamíndamente mesmo quando eu não "faço" as coisas acontecerem. Aos pou-.os vou reconhecendo que o meu cobrador não merece crédito nenhum.

Sem o juiz para esquadrinhar todos os meus movimentos, sinto-me livreara relaxar na vida diária e vou aprendendo a confiar mais na minha inte-'gencia, na minha sensibilidade e na minha motivação para crescer e en-ontrar a mim mesmo. Todos esses personagens - o cobrador, o juiz, a criançaarente -, todos eles se erguem na mente para reagir ao medo. Por um mo-~.~nto, acreditamos que sejam necessários. Mas logo eles se mostram inú-

tei~, remanescentes automáticos e inconscientes de outros tempos. A.consciência e a compaixão nos permitem colocá-Ias gentilmente de lado er etornar à nossa verdadeira natureza - confiando que temos tudo de queprecisamos para viver de maneira muito mais natural e espontânea. À medi-da que me distancio dos comportamentos e dos sentimentos da criança erno-

,~ional, transfiro os devidos créditos a quem realmente os merece - a{CapaCidade de me centrar, minhas qualidades naturais, minha compaixão,,'minha sinceridade e meu silêncio interior. Esses aspectos do meu ser nem.•.sempre mereceram os devidos créditos. Quanto mais reconheço isso, mais'profundamente relaxo. Sei que é uma longa jornada a, de uma maneira ou de

. "outra, apenas comecei. Mas já posso ver a luz no fim do túnel.

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o arnor não é um jogo de criança

N",/" /UI::,.:O lbes dizer sobre céu e inferno, punição e recompensa.

/11/1' "/111111I'<; que(,1I11t/1I""1I1 vasculiuuido o passado

/'1"" '/ti' nlo não pese sobre sua cabeça.I" IltllI vivani no futuro,( 11111 (1/1/1/(1 não aconteceu.r .1111/'/ ,,11'1 /lI toda a sua energia no aqui e agora.

/11111/11 fI 111-/10 sobre este momento,r :U/lI/J/IJIItJIIAnte,com a maior intensidade possível ...

M/li lu: iuuio a temer,,\ IId::II,IlI;ia 6 sua mãe.\ '/H ,/),.: .':Iioporte dela.10,'/" lI/lu vai destruí-ios, não vai afogar vocês.r !tI(llIl() nusis a aceitarem, mais serão alimentados.

tnm utt: uiais a reconhecerem, mais serão abençoados -AlUI:::;(,'ni(.

Osho