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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ALEXSANDRA GOMES RESENDE DE SOUZA DA SILVA Análise das notificações das Infecções Primárias de Corrente Sanguínea em Unidades de Terapia Intensiva Adulto de Goiânia-GO. Goiânia 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ALEXSANDRA GOMES RESENDE DE SOUZA DA SILVA

Análise das notificações das Infecções Primárias de

Corrente Sanguínea

em Unidades de Terapia Intensiva Adulto de Goiânia-GO.

Goiânia 2018

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ALEXSANDRA GOMES RESENDE DE SOUZA DA SILVA

Análise das notificações das Infecções Primárias de

Corrente Sanguínea

em Unidades de Terapia Intensiva Adulto de Goiânia-GO.

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências da Saúde da Universidade

Federal de Goiás como parte dos

requisitos para a obtenção do Título de

Mestre em Ciências da Saúde.

Orientadora: Prof.ª Dra. Maria

Auxiliadora Carmo Moreira

Coorientadora: Prof.ª Dra. Silvana de

Lima Vieira dos Santos

Goiânia 2018

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Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

da Universidade Federal de Goiás

BANCA EXAMINADORA

Aluna: Alexsandra Gomes Resende de Souza da Silva

Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Auxiliadora Carmo Moreira

Coorientadora: Prof.ª Dra. Silvana de Lima Vieira dos Santos

Membros:

________________________________________ Profª Dra. Maria Auxiliadora Carmo Moreira Presidente da banca e orientadora - UFG

________________________________________ Profª Dra. Heliny Carneiro Cunha Neves

Membro efetivo - UFG

________________________________________ Profª Dra. Zilah Cândida Pereira das Neves

Membro efetivo - PUC-GO

_______________________________________ Profª Dra. Denise Milioli Ferreira

Suplente – UFG

DATA: 29/08/2018

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Dedico a meu pai e minha mãe que muito me ensinaram,

e a meu esposo, pelo amor e companhia

em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus por conduzir minha vida segundo os Seus maravilhosos

planos. A Ele, toda honra, toda glória e todo louvor.

Aos meus pais, Margarete Gomes de Oliveira e Joaquim Resende de Souza, que me

ensinaram a acreditar que eu poderia ser melhor a cada dia.

A meu esposo, Ângelo Márcio da Silva Resende de Souza, pela compreensão e

motivação para a realização deste sonho.

Aos meus irmãos, Sander Kennedy Resende de Souza e Lucas Resende de Souza, pela

inspiração e apoio.

Aos meus amigos Flávio Souza Silva, Jessyca Rodrigues Braga, Natália Santana e

Flaviane Rocha, pela fiel amizade, disponibilidade e contribuições na construção

deste trabalho.

À minha amiga Cris e a toda sua família, pelo apoio e carinho durante todo esse

período.

À orientadora Profa. Dra. Maria Auxiliadora Carmo Moreira pela oportunidade de

aprender e crescer academicamente, como também pela sabedoria e paciência.

À minha coorientadora Profa. Dra. Silvana de Lima Vieira dos Santos por ter me

ensinado por meio do seu exemplo de vida e pertinentes conselhos.

Aos professores, pela influência, assim como ao Núcleo de Estudo e Pesquisa de

Enfermagem em Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à

Saúde- NEPIH, pela oportunidade de engajamento em projetos acadêmicos.

À Coordenação Municipal de Segurança do Paciente e Controle de Infecção em

Serviços de Saúde- COMCISS por permitirem a realização deste trabalho, em

especial, às profissionais Elisângela Eurípedes Resende Guimarães, Sergiane Bisinoto

Alves e Zilah Cândida Pereira das Neves.

Ao Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES pela

bolsa de estudo que possibilitou a conclusão deste projeto e à Universidade Federal

de Goiás pelo palco de conhecimento que oferece a todos os seus alunos.

Ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da

Universidade Federal de Goiás por proporcionar a realização desse sonho.

Enfim, a todas as pessoas que fizeram parte desta etapa decisiva em minha vida.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .............................................................................. vii

LISTA DE QUADROS E TABELAS ............................................................... viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................... ix

RESUMO.......................................................................................................... xii

ABSTRACT ..................................................................................................... xiii

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 7

2.1 Breve histórico da vigilância das infecções relacionadas à assistência à

saúde ................................................................................................................. 7

2.2 A fisiopatogenia da infecção primária de corrente sanguínea .................... 16

2.3 Os critérios de diagnóstico para infecções primárias de corrente sanguínea

......................................................................................................................... 18

2.4 Tipo de cateteres ........................................................................................ 20

2.5 Epidemiologia das Infecções Primárias de Corrente Sanguínea em unidades

terapia intensiva ............................................................................................... 23

2.6 Medidas de prevenção para as Infecções Primária de Corrente Sanguínea

......................................................................................................................... 29

2.7 O desafio da resistência microbiana .......................................................... 39

3. OBJETIVOS ................................................................................................. 46

3.1 Objetivo geral ............................................................................................. 46

3.2 Objetivos específicos ................................................................................. 46

4. MÉTODO ...................................................................................................... 47

4.1 Tipo e local do estudo ................................................................................ 47

4.2 População de estudo .................................................................................. 47

4.2.1 Critérios de Inclusão e Exclusão ............................................................. 48

4.3 Procedimentos para a coleta de dados ...................................................... 49

4.3.1 Fontes de informações ............................................................................ 49

4.3.2 Variáveis .................................................................................................. 50

4.4 Análise dos dados ...................................................................................... 51

4.5 Aspectos Ético-Legais ................................................................................ 53

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5. RESULTADOS ............................................................................................. 54

5.1 Perfil da tendência temporal das infecções primárias de corrente sanguínea

laboratorial de UTI adulto. ................................................................................ 54

5.2 Análise do perfil microbiológico das infecções primárias de corrente

sanguínea laboratorial em UTI ......................................................................... 58

6. DISCUSSÃO ................................................................................................ 63

- Tendência das Infecções primárias de corrente sanguínea (IPCS) nas UTI

adulto ............................................................................................................... 65

- Densidade de incidência (DI) das IPCSL e taxa de utilização de CVC nas UTI

......................................................................................................................... 66

- Percentil da distribuição da Densidade de incidência (DI) das IPCS ............. 69

- Principais microrganismos identificados nas IPCS das UTI adulto ................ 71

- Perfil de resistência dos microrganismos das IPCS ....................................... 74

- A redução da IPCS favorece a qualidade da assistência à saúde. ................ 79

7. CONCLUSÕES ............................................................................................ 83

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 85

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 87

APÊNDICES .................................................................................................. 111

Apêndice I ...................................................................................................... 111

ANEXOS ........................................................................................................ 113

Anexo 1 – Planilha de Indicadores Epidemiológicos ...................................... 113

Anexo 2 - Parecer do Comitê de Ética ........................................................... 114

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vii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Linha histórica dos principais eventos do sistema de

vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde............. 09

Figura 2: Fisiopatogenia da infecção da corrente sanguínea associada

a cateter central.......................................................................................... 16

Figura 3: Fluxograma da metodologia da pesquisa.................................... 53

Figura 4:Tendência temporal da densidade de incidência da IPCS da UTI

adulto, do município de Goiânia, 2012-2016............................................... 55

Figura 5:Distribuição dos microrganismos Gram positivo/ negativo e

fungos notificados como agente etiológico de IPCSL associada ao uso de

CVC na UTI Adulto. Goiânia-GO, 2014-2016............................................. 58

Figura 6: Distribuição da porcentagem de resistência aos

antimicrobianos dos bastonetes Gram-negativos notificados como

agente etiológico de IPCSL nas UTI adulto. Goiânia-GO, 2014-2016......... 61

Figura 7: Distribuição da porcentagem de resistência aos

antimicrobianos das bactérias Gram-positivas notificados como agente

etiológico de IPCSL nas UTI adulto. Goiânia-GO, 2014-2016..................... 62

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viii

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1: Contextualização das políticas nacionais sobre a vigilância

e controle das IRAS................................................................................ 14

Quadro 2: Critérios epidemiológicos para notificação de IPCS

laboratorialmente confirmadas associadas a cateter central.................. 19

Quadro 3: Indicação e recomendações para cada tipo de cateter

central..................................................................................................... 22

Quadro 4: Principais medidas de prevenção para as IPCS associada

a cateter central...................................................................................... 33

Tabela 1: Taxa de utilização de CVC, densidade de incidência da

IPCSL e percentis da distribuição das densidades de incidência das

IPCSL das UTI de Goiânia-GO, 2014-2016............................................ 56

Tabela 2: Preditores da densidade de incidência IPCSL na UTI adulto,

Goiânia-GO, 2014-2016......................................................................... 57

Tabela 3: Distribuição dos microrganismos notificados como agente

etiológico de IPCSL associado ao uso de CVC na UTI Adulto. Goiânia-

GO, 2014-2016....................................................................................... 59

Tabela 4: Densidade de Incidência das IPCSL e taxa de utilização de

CVC-dia das UTI adulto, por estabelecimento de saúde. Goiânia- GO.

2014 a 2016............................................................................................ 111

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ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A. baumannii - Acinetobacter baumannii

Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APIC - Association for Professionals in Infection Control and Epidemiology

Bundles - pacotes de medidas

CCIH – Comissão de controle de infecção hospitalar

CDC - Centers for Disease Control and Prevention

CGLAB - Coordenação Geral de Laboratórios

CNCIRAS - Comissão Nacional de Prevenção e Controle de Infecções

Relacionadas à Assistência à Saúde

CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde

COMCISS - Coordenação Municipal de Segurança do Paciente e Controle de

Infecção em Serviços de Saúde

Curarem - Comitê Técnico Assessor para Uso Racional de Antimicrobiano e

Resistência Microbiana

CVC - Cateter venoso central

DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

DI - Densidade de incidência

E.coli - Escherichia coli

EA - Evento adverso

ECDC - European Centre for Disease Prevention and Control

ESBL - β-lactamases de espectro ampliado

EUA - Estados Unidos da América

FEN/UFG - Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás

FormSUS - Formulário Eletrônico do Sistema Único de Saúde - SUS

GIPEA - Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos

Adversos

GT - Grupos de Trabalho

HELICS - Hospital in Europe Link for Infection Control through Surveillance

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x

HM - Higienização das mãos

ICS - Infecção de corrente sanguínea

ICSRC - Infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter

IHI - Institute for Healthcare Improvement

INICC - International Nosocomial Infection Control Consortium

IPCS - Infecções Primárias de Corrente Sanguínea

IPCSC - IPCS com confirmação clínica

IPCSL - Infecção Primária da Corrente Sanguínea confirmadas

laboratorialmente

IRAS - Infecção Relacionada à Assistência à Saúde

ISC - Infecções do Sítio Cirúrgico

KPC- K. pneumoniae Carbapenemase

K. pneumoniae - Klebsiella pneumoniae

MCR - Micobactérias de crescimento rápido

MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social

MRSA - Staphylococcus aureus resistente à meticilina

MSSA - S.aureus suscetível à meticilina

NEPIH - Núcleo de Estudos e Pesquisas de Enfermagem em Prevenção e

Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde

NHSN - National Healthcare Safety Network

NNIS - National Nosocomial Infections Surveillance System

OMS - Organização Mundial de Saúde

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde

ORSA-Staphylococcus aureus resistente à oxacilina

P. aeruginosa - Pseudomonas aeruginosa

PAV - Pneumonia associadas à ventilação mecânica

PICC - Cateter central de inserção periférica

PNCIH- Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar

PNPCIRAS - Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções

Relacionadas à Assistência à Saúde

RDC - Resolução de Diretoria Colegiada

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xi

Rede RM - Rede Nacional de Monitoramento da Resistência Microbiana em

Serviços de Saúde

RM - Resistência Microbiana

S. aureus - Staphylococcus aureus

SCon - Staphylococcus coagulase negativos

SENIC - Study on the Efficacy of Nosocomial Infection Control

SINAIS - Sistema Nacional de Informações para o Controle de Infecções nos

Serviços de Saúde

SPSS- Statistical Package for the Social Sciences

TAS - Trabalhadores da área da saúde

UTI - Unidades de Terapia Intensiva

VISA - S. aureus com sensibilidade intermediária à vancomicina

VRE - Enterococcus spp. Resistente à Vancomicina

VRSA - S. aureus resistentes à vancomicina

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xii

RESUMO

SILVA, Alexsandra Gomes Resende de Souza da. Análise das notificações

das Infecções Primárias de Corrente Sanguínea em Unidades de Terapia

Intensiva Adulto de Goiânia-GO. xviii.118p. Dissertação (Mestrado em

Ciências da Saúde). Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em

Ciências da Saúde, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

Introdução: As infecções primárias de corrente sanguínea são frequentes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ocasionando prolongamento no tempo de internação, elevados custos hospitalares e óbitos. Mediante essa situação, a vigilância, prevenção e controle são imprescindíveis. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico e microbiológico das infecções primárias de corrente sanguínea de UTI adulto do Município de Goiânia. Método: Estudo analítico ecológico, realizado a partir de dados secundários de notificações de infecções primárias de corrente sanguínea clínicas e laboratoriais das UTI adulto no Município de Goiânia-GO, no período de 2012-2016. Utilizou-se os Softwares SPSS -17.0 e Stata, versão 14.0. Os dados foram apresentados por meio da tendência temporal, estatística descritiva e percentis. Considerou-se IC: 95% e p<0,05 de significância de p<0,05. Resultados: Analisou-se 1988 fichas de notificações de IRAS dos referentes a 42 UTI adulto. A tendência temporal da densidade de incidência das infecções primárias de corrente sanguínea foi estacionária. A densidade de incidência das infecções primárias de corrente sanguínea laboratoriais variou de 3,32 a 4,34 infecções por 1000 cateteres-dia. A taxa de utilização de cateter venoso central no período foi de 55,36%. Em relação aos percentis houve elevação no período de estudo com destaque no ano de 2016 no percentil 90. Não houve associação estatística entre as variáveis analisadas. Quanto ao perfil microbiológico e de sensibilidade antimicrobiana identificou-se: SCon e S. aureus resistentes à oxacilina em 91,8% e 71,4% respectivamente em 2016. K. pneumoniae e Acinectobacter spp. resistentes às cefalosporinas de 3ª e 4ª gerações e aos carbapenêmicos. Conclusão: Conclui-se que a tendência temporal das infecções primárias de corrente sanguínea se manteve estacionária; a densidade de incidência e os percentis apresentaram elevação no decorrer dos anos. Os principais patógenos foram os SCon e K. pneumoniae com resistência a antimicrobianos de amplo espectro. Medidas de monitoramento dos serviços de saúde e de educação permanente dos trabalhadores da área da saúde, quanto a prevenção e controle dessas infecções, devem ser instituídas.

Descritores: Infecção de corrente sanguínea, Infecção Relacionada a Assistência à Saúde, Infecção da Corrente Sanguínea Associada a Linha Central, Unidade de Terapia Intensiva, Cateter Venoso Central, Resistência a Antibióticos, Vigilância Sanitária.

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xiii

ABSTRACT

Title: Analysis of notifications of central-line associated bloodstream infections in adult ICUs in Goiânia, Brazil

Introduction: Central-line associated bloodstream infections (CLABSIs) are common in Intensive care units (ICUs), leading to longer hospital stays, high hospital costs and death. As such, surveillance, prevention and control are indispensable. Objective: Analyze the epidemiological and microbiological profile of central-line associated bloodstream infections in adult ICUs in the municipality of Goiânia, Brazil. Method: Analytical ecological study conducted using secondary data from reports of all clinical and laboratory central-line associated bloodstream infections in adult ICUs in Goiânia, between 2012 and 2016. SPSS-17.0 and Stata software (version 14.0) were used. Data were expressed as temporal trend, descriptive statistics and percentiles. Data analysis considered a 95% confidence interval and significance level of p<0.05. Results: We analyzed 1988 healthcare-associated infection (HAI) notifications from 42 adult ICUs. The temporal trend of central-line associated bloodstream infections incidence density was stationary. The incidence density of laboratory central-line associated bloodstream infections varied from 3.32 to 4.34 infections per 1000 catheters/day. The rate of central venous catheter use in the period was 55.36%. In relation to percentile, increase was observed in the study period, particularly in 2016 in the 90th percentile. There was no statistical association between the variables analyzed. With respect to the microbiological and antimicrobial susceptibility profile, SCon and S. aureus showed 91.8% and 71.4% resistance to oxacillin, respectively, in 2016. K. pneumoniae and Acinectobacter spp. Were resistant to 3rd and 4th generation cephalosporins and carbapenems. Conclusion: It was concluded that the temporal trend of central-line associated bloodstream infections was stationary, and incidence density and percentiles increased over the years. The primary causative agents were SCon and K. pneumoniae, with broad spectrum antimicrobial resistance. Measures should be implemented to monitor health services and provide continuing education for health workers regarding the prevention and control of these infections.

Descriptors: Bloodstream Infection, Healthcare-Associated Infection, Central Line Associated Bloodstream Infection, Intensive Care Unit, Central Venous Catheter, Resistance to Antibiotics, Health Surveillance.

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1

1 INTRODUÇÃO

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) foram criadas com o propósito de

atender pacientes em estado crítico e que necessitam de cuidados e observação

contínua. O conceito de UTI surgiu durante a guerra da Criméia, quando

Florence Nightingale teve a preocupação em separar os pacientes mais graves

com a intenção de atendê-los melhor, realizar os cuidados imediatos, agrupar e

isolar áreas como medida para prevenir infecções e epidemias, o que resultou

em redução da mortalidade (LINO; SILVA, 2001; FERNANDES et al., 2011).

Tal ambiente, além de atender pacientes hemodinamicamente instáveis,

também é considerado um local com maior probabilidade de se adquirir Infecção

Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS). As infecções adquiridas nas UTI

representam cerca de 20% do total das infecções hospitalares. Em comparação

com outros setores, nestas unidades, o risco dos pacientes desenvolverem

infecções varia de 5 a 10% (LIMA; ANDRADE; HAAS, 2007).

Além disso, as UTI possuem características que contribuem para essa

situação, tais como: a complexidade nos atendimentos, gravidade clínica dos

pacientes, a quantidade de procedimentos intensivos e o uso rotineiro de

antimicrobianos. Estes aspectos favorecem a ocorrência de surtos de infecção e

de resistência bacteriana, que são os responsáveis pela alta morbimortalidade e

altos custos hospitalares (PAULA, 2011; PERNA et al., 2015).

Calcula-se que aproximadamente 20% das infecções em UTI sejam de

corrente sanguínea e que 60% dessas infecções estejam ligadas a algum tipo

de dispositivo intravascular, sendo o cateter venoso central (CVC) o principal

(PAULA, 2011). A relação dos cateteres centrais com as Infecções Primárias de

Corrente Sanguínea (IPCS) somente é reconhecida se, na data da infecção, o

paciente estiver a mais de dois dias em uso desse dispositivo ou até dois dias

após sua retirada (ANVISA, 2017b).

As IPCS levam a consequências sistêmicas graves, como bacteremia ou

sepse. É evidente que, para sua confirmação, a hemocultura e os sinais clínicos

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2

não podem estar relacionados a nenhum outro foco infeccioso (ANVISA, 2013a;

ANVISA, 2017c).

Os fatores de risco para o desenvolvimento da IPCS, são: menor idade

(neonatos), doenças subjacentes, sexo (masculino), internação prolongada

antes da inserção do cateter, uso prolongado do cateter, inserção em veia

femoral, nutrição parenteral, cateter multilúmen, e o não cumprimento da técnica

asséptica para a inserção do cateter (COMMISSION, 2012).

Em vista disso, calcula-se que cada episódio de IPCS tem um gasto extra

de 3.700 a 39.000 dólares, de acordo com algumas estimativas norte-

americanas (MARSCHALL et al., 2014). No Brasil, existem poucos estudos

estimando os custos das IPCS, porém, no estudo de Dal Forno et al. (2012),

conjectura-se que esse custo seja cerca de 90.000 dólares por episódio de IPCS

em UTI.

Ademais, estudos mostram diferenças na incidência das IPCS entre os

países em desenvolvimento e os desenvolvidos. Nos países em fase de

desenvolvimento, tais infecções são mais frequentes e seus impactos mais

significativos (ANVISA, 2010a; ROSENTHAL et al., 2011; ROSENTHAL et al.,

2012). Ratifica-se essa diferença ao se verificar a taxa das IPCS associadas ao

cateter, que alcança 12,2 em países de baixa renda e 5,5 infecções por mil

cateteres-dia nos países de renda média alta (ROSENTHAL et al., 2012)

Nos Estados Unidos da América (EUA), a taxa de IPCS foi de 0,9

infecções por mil cateteres-dia em 2012 (DUDECK et al., 2013). Outro estudo

envolveu 43 países participantes do International Nosocomial Infection Control

Consortium (INICC), a maioria dos países em desenvolvimento e, nele, a taxa

de IPCS associada a cateter central nas UTI foi de 4,9 infecções por mil

cateteres-dia, sendo que, na UTI adulto e pediátrica, essa taxa foi de 4,78 (IC

95%, 4,7-4,9) (ROSENTHAL et al., 2014). Esses dados confirmam mais uma vez

as diferenças da taxa de IPCS entre os países.

Um estudo brasileiro, composto por 152 hospitais de 10 estados das cinco

regiões do Brasil, encontrou uma prevalência geral de IRAS de 10,8% (IC 95%:

10,1-11,6%). A região com a prevalência mais alta das IRAS foi a Centro Oeste

com 1,59% (IC95% 1,01-2,51) e a infecção de corrente sanguínea (ICS) foi o

segundo sítio mais acometido (1,5%) nesta região. Nas UTI, a prevalência de

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3

IRAS foram ainda mais elevadas (29,1%), com a taxa de ICS de 4,8%

(FORTALEZA et al., 2017).

Embora exista variação nas taxas de IPCS, é relevante a realização de

estudos epidemiológicos para analisar a situação atual dos serviços de saúde,

devido à elevada taxa de mortalidade relacionada a essa infecção. Por exemplo,

a taxa de mortalidade por IPCS nos EUA ultrapassa a 10%, podendo chegar a

25% em pacientes de alto risco (TIMSIT et al., 2009; APIC, 2015). Essa taxa, no

Brasil, é em torno de 40% (MARRA et al., 2011).

Além do monitoramento dessas taxas, a identificação do tipo de agente

patogênico e perfil de sensibilidade aos antimicrobianos é de suma importância

para o controle e prevenção das IPCS.

Verifica-se que dentre os principais microrganismos identificados na IPCS

das UTI, destacam-se: Staphylococcus coagulase negativos (SCon),

Staphylococcus aureus (S. aureus), Klebsiella pneumoniae (K. pneumoniae),

Enterococcus spp. e Pseudomonas aeruginosa (P. aeruginosa). Já os fungos,

como a Candida spp., são encontrados principalmente nas UTI de população

infantil (MCGRATH; ASMAR, 2011; DATTA et al., 2014; CANTEY; MILSTONE,

2015; PARAJULI et al., 2017).

Estudo realizado em um hospital público de Goiânia analisou o perfil de

susceptibilidade do microrganismo Acinetobacter baumannii (A.baumannii) e da

P. aeruginosa em duas UTI. Constatou-se que a P. aeruginosa foi identificada

na corrente sanguínea em 34,69% das infecções e A.baumannii em 45,83%, no

trato respiratório (NÓBREGA; CARMO FILHO; PEREIRA, 2013).

Quanto ao perfil de susceptibilidade do A.baumannii e P. aeruginosa, ficou

evidente que são altamente resistentes à muitos antimicrobianos, tais como:

Ampicilina-Sulbactam, Amicacina, Cefepime, Ciprofloxacina, Imipenem e

Piperacilina e Tazobactam (NÓBREGA; CARMO FILHO; PEREIRA, 2013).

Diante do exposto, percebe-se que há elevada incidência das IPCS nos

serviços de saúde, principalmente nas UTI. Contudo, vários estudos evidenciam

a possibilidade da redução de tal infecção por meio dos bundles (pacotes de

medidas) (PRONOVOST et al., 2006; PRONOVOST et al., 2010; MARSTELLER

et al., 2012; EXLINE et al., 2013; JAGGI et al., 2013; OSORIO et al., 2013;

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KLINTWORTH et al., 2014; MENEGUETI et al., 2015; MITSOGIANNI et al.,

2016).

Os bundles para as IPCS, são um conjunto de medidas preventivas,

compõem-se de ações voltadas para os momentos antecedentes da inserção do

cateter, durante a inserção e nos cuidados de manutenção e retirada desse

dispositivo. Além disso, outras ações podem ser incluídas como a educação

continuada, treinamento da prática e a vigilância dos resultados (ANVISA,

2017c).

De acordo com os dados do Centers for Disease Control and

Prevention (CDC), nos EUA, houve uma redução de 58% da IPCS nas UTI no

ano de 2009, comparado com os dados de 2001. Essa redução pode representar

cerca de 6.000 vidas salvas e uma economia de cerca de 414 milhões de dólares

em possivéis custos excessivos em saúde. A diminuição na incidência dessa

infecção foi associada aos esforços nacionais, estaduais e das agências dos

EUA, juntamente com as unidades prestadores de serviços de saúde, em

implementar medidas para a prevenção da IPCS (LIANG; MARSCHALL, 2011).

Em relação às medidas preventivas para as IRAS, destacam-se as

baseadas em evidência, por serem altamente efetivas e evitarem em torno 65%

a 70% das IPCS (UMSCHEID et al., 2011). Entretanto, estudos revelam que, por

meio da implementação de pacote de medidas preventiva para IPCS, é possível

ir além da redução dessa infecção e, sim, alcançar taxa zero (ROYER, 2010;

MCALEARNEY; HEFNER, 2016). Em decorrência dessas evidências, iniciaram-

se campanhas com o tema “tolerância zero”, reafirmando o poder prevenivo das

IPCS.

Adicionalmente, o The Joint Commission e o Department of Health and

Human Services, importantes orgãos dos EUA, utilizaram o “Zero CLABSIs”

como ferramenta política para incentivar hospitais a adererim a campanha

instituida, resultando na mobilização de inciativas para alcançar e manter a

redução das IPCS (WEEKS et al., 2011; CLANCY, 2012; MANNING; MURPHY,

2013).

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Embora a taxa zero para as IPCS possa parecer uma meta inalcançável,

o número de hospitais que tem atingido a taxa próxima de zero tem crescido

cada vez mais (ZINGG; WALDER; PITTET, 2011; EXLINE et al., 2013;

KLINTWORTH et al., 2014).

Com isso, entendemos que o conhecimento das taxas e dos patógenos

causadores da IPCS é indispensável para a vigilância e controle dessas

infecções. Em um estudo realizado há mais de trinta anos já comprovava a

efetividade na implantação de um programa de vigilância das IRAS, constatando-

se uma redução de até 30% dessas infecções, além da diminuição nos custos

hospitalares (HUGHES, 1988).

Dentre as IRAS monitoradas no Brasil, as IPCS têm tido notificação

prioritária. Desde 2010, tornou-se obrigatória a notificação dessa infecção pelo

estabelecimento de saúde com leito de UTI (ANVISA, 2010a).

Além disso, o Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções

Relacionadas à Assistência à Saúde (PNPCIRAS) na sua segunda versão,

correspondente aos anos de 2016 a 2020, estipulou metas para a redução das

IPCS nas UTI. Dentre as metas está atingir uma redução de 15% da densidade

de incidência da IPCS laboratorial e 50% dos hospitais com implementação do

Check list de verificação das práticas de inserção segura de CVC (ANVISA,

2016b).

Diante da importância das ICS relacionadas à assistência à saúde,

principalmente dos pacientes em UTI, faz-se necessário conhecer a

epidemiologia das IPCS das UTI localizadas na cidade de Goiânia a fim de

proporcionar um diagnóstico situacional e impulsionar a reflexão sobre a

gravidade da temática entre os profissionais de saúde e seus gestores, bem

como contribuir para a elaboração de estratégias para melhoria da qualidade na

prestação de serviços à saúde do Município de Goiânia.

Para auxiliar nas mudanças e adoção dessas medidas, faz-se necessário

alertar os trabalhadores da área da saúde (TAS) assistenciais e gestores sobre

a incidência das IPCS nos serviços de saúde.

Apesar de muitos protocolos e manuais serem lançados pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ( ANVISA, 2017b; ANVISA, 2017c) com

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o objetivo de melhorar a qualidade da assistência, ainda assim, as UTI continuam

com altas taxas de IPCS, tornando-se um desafio que precisa ser estudado,

analisado e compreendido.

O presente estudo, deste modo, é relevante por analisar o perfil

epidemiológico e microbiológico das IPCS das UTI do Município de Goiânia,

podendo apontar aspectos ainda não explorados em estudos anteriores, o que

contribui para o controle de infecção das IPCS.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Breve histórico da vigilância das infecções relacionadas à assistência

à saúde

Um grande marco na história da prevenção e controle das infecções

ocorreu em 1847, com a observação de Ignaz Philipp Semmelweis, médico

cirurgião húngaro, que instituiu uma das principais medidas de prevenção de

infecções: a higienização das mãos (HM). Implantou-se essa medida ao notar-

se alta taxa de infecção puerperal em mulheres atendidas por estudantes de

medicina que não lavavam as mãos após necropsia, verificando-se grande

redução da infecção após implantação da HM (OLIVEIRA; MARUYAMA, 2008;

OLIVEIRA; SILVA; LACERDA, 2016).

Por volta do ano de 1865, surgiu outra pioneira, Florence Nightingale, que

se preocupou em reorganizar os hospitais com medidas de higienização, limpeza

do ambiente, isolamento dos pacientes, realização de cuidados básicos ao

pacientes e anotação sobre as principais causas de mortalidade. Isto resultou

também em redução na taxa de mortalidade (OLIVEIRA; MARUYAMA, 2008;

OLIVEIRA; SILVA; LACERDA, 2016).

O primeiro estudo sobre IRAS no mundo foi realizado nos EUA na década

de 1970, por meio do CDC, intitulado Study on the Efficacy of Nosocomial

Infection Control (SENIC). Este estudo avaliou a tendência das taxas de

infecções, as áreas mais afetadas e a resistência aos antimicrobianos (HALEY

et al., 1980).

Entre os anos de 1970 e 1974, o CDC lançou os resultados do estudo

SENIC que mostrou redução de até 30% das IRAS ao se utilizar um sistema de

vigilância (HALEY et al., 1980). No ano de 1986, criou-se a primeira rede de

vigilância das IRAS, então nomeada de National Nosocomial Infections

Surveillance System (NNIS), que foi incorporada pela rede National Healthcare

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Safety Network (NHSN) (GARNER et al., 1988; NOGUEIRA JUNIOR et al.,

2014).

Acompanhando os norte-americanos, a Europa inicia o monitoramento

das IRAS na década de 1970 e para unificar as ações de vigilância das IRAS, a

União Europeia lançou o projeto Hospital in Europe Link for Infection Control

through Surveillance (HELICS) em 1995. Como consequência, vários países

também começaram a criar seu próprio sistema de vigilância, entre eles:

Alemanha, Holanda e Inglaterra (NOGUEIRA JUNIOR et al., 2014; NOGUEIRA

JUNIOR et al., 2016).

Na América do Sul, destacou-se a criação do programa de vigilância do

Chile, na década de 80, denominado de Programa Nacional de Control de

Infecciones. Posteriormente, em 2004, a Argentina iniciou o Programa Nacional

de Vigilancia de Infecciones Hospitalarias de Argentina que promoveu o

desenvolvimento de um software específico para IRAS. Esse movimento foi

seguido por outros países, como Uruguai e Colômbia, que também

implementaram o programa nacional de vigilância e controle das infecções

hospitalares em suas Unidades Federativas (NOGUEIRA JUNIOR et al., 2014).

No Brasil, desde a década de 50, já se discutia sobre as medidas de

prevenção e controle das infecções, por meio de temas como: as técnicas de

limpeza, assepsia em procedimentos invasivos, método de esterilização,

problema do lixo nos hospitais e a resistência antimicrobiana (LACERDA, 2002).

Na figura 1 é apresentado os principais marcos históricos do sistema de

vigilância das IRAS no Brasil.

À vista disso, surgiu, no Brasil, a primeira comissão de controle de

infecção hospitalar (CCIH) no ano de 1963, implementada pelo Hospital Ernesto

Dornelles, do Rio Grande do Sul (FERNANDES et al., 2000).

No final da década de 1970, de forma muito tímida, aumentou-se o

interesse pela prevenção e controle de IRAS, originando outras CCIH formadas

pelos hospitais. Neste período, o Ministério da Previdência e Assistência Social

(MPAS) solicitou a criação da CCIH em sua rede hospitalar, contudo, não houve

fiscalização para essa medida (LACERDA; JOUCLAS; EGRY, 1996).

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Figura 1: Linha histórica dos principais eventos do sistema de vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde- IRAS no

Brasil.

De todo modo, é somente no ano de 1983 que foi publicada a primeira legislação brasileira, a Portaria 196, de 24 de

junho de 1983 (BRASIL, 24 jun. 1983), que obrigava a implementação de CCIH nos hospitais brasileiros (NOGUEIRA JUNIOR

et al., 2014; NOGUEIRA JUNIOR et al., 2016).

Em 1985, com a morte do presidente Tancredo de Almeida Neves, devido a uma infecção cirúrgica, houve o aumento

das ações políticas voltadas para suprir as deficiências no controle de infecção hospitalar, por meio de materiais e treinamentos

(LACERDA; JOUCLAS; EGRY, 1996).

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Assim, em 1988, foi criado o Programa Nacional de Controle de Infecção

Hospitalar (PNCIH), instituído pela Portaria nº 232/88, do Ministério da Saúde

(BRASIL, 1988). Foi posteriormente criada a Divisão Nacional de Controle de

Infecção Hospitalar, por meio da Portaria nº 666, de 17 de maio de 1990

(BRASIL, 17 maio de 1990). Outro marco ocorreu em 1989 com a realização do

1º Congresso Brasileiro sobre Infecção Hospitalar (ANVISA, 2004).

Em seguida, em 1992, houve a substituição da Portaria 196 pela 930, de

27 de agosto de 1992, que determinava a manutenção do programa de controle

de infecção hospitalar em todos hospitais, independente de entidades

mantenedoras (BRASIL, 24 jun. 1983; BRASIL, 27 ago. 1992).

A princípio, utilizava-se o termo infecção hospitalar para referir-se às

infecções adquiridas após a admissão hospitalar de um paciente, podendo estar

ligada à procedimentos hospitalares realizados durante a internação e se

manifestar ainda no período de internação ou mesmo após a alta (BRASIL,

1998). Posteriormente, em 2007, o CDC passou a utilizar um novo termo,

“Healthcare-associated infection”, o qual não se restringia apenas ao ambiente

hospitalar, ampliando para as unidades extra-hospitalares (SIEGEL et al., 2007).

No Brasil, a Anvisa também seguiu essa mudança, adequando o termo para

Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (BRASIL, 2010a).

Em 1994, foi realizado no Brasil o primeiro estudo sobre a prevalência das

IRAS, o qual teve a participação de 99 hospitais do país, com resultados

inquietantes, pois encontrou prevalência de IRAS de 15,5% (PRADE et al.,

1995).

Outro marco no sistema de vigilância no Brasil foi a criação da Anvisa, em

janeiro de 1999, por meio da Lei nº 9.782/99 (BRASIL, 1999). No ano seguinte,

o PNCIH passou a ser vinculando a Anvisa, e houveram várias inciativas

nacionais que contribuíram para a prevenção e o controle das IRAS

(PADOVEZE; FORTALEZA, 2014)

Apesar dos esforços em instituir as CCIH, elaborar o programa de controle

de infecção hospitalar e a criação da Anvisa, ainda não existia um banco nacional

de dados para a notificação das taxas de infecção hospitalar no Brasil.

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Em 2003, a Unidade de Controle de Infecção Hospitalar passou a ser

chamada de Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos

Adversos (GIPEA), por meio da Portaria de nº 385, de 04 de junho de 2003, que

objetivou o fortalecimento do sistema nacional de vigilância sanitária (ANVISA,

2003).

Destacou-se também a criação do Sistema Nacional de Informações para

o Controle de Infecções nos Serviços de Saúde – SINAIS, em 2004, que estava

de acordo com o NNIS/CDC e objetivava avaliar e aprimorar as ações de controle

das IRAS dos hospitais brasileiros (NOGUEIRA JUNIOR et al., 2014; OLIVEIRA;

SILVA; LACERDA, 2016).

Este programa foi disponibilizado pela Anvisa de forma gratuita, o que

permitia a notificação dos dados de IRAS pela CCIH dos hospitais cadastrados.

Contudo, permaneceu apenas por quatro anos, devido à pouca aderência dos

hospitais a essa ferramenta e à ausência de padronização dos critérios nacionais

para a notificação das infecções, ocorrendo, assim, inconsistência nos dados, o

que levou ao fim da manutenção dessa ferramenta (NOGUEIRA JUNIOR et al.,

2014; OLIVEIRA; SILVA; LACERDA, 2016).

Em 2005, a Anvisa, em parceria com Organização Pan-Americana da

Saúde (OPAS) e a Coordenação Geral de Laboratórios (CGLAB), do Ministério

da Saúde, iniciou a Rede Nacional de Monitoramento da Resistência Microbiana

em Serviços de Saúde - Rede RM. O objetivo da Rede RM é monitorar o perfil

de resistência dos microrganismos das IRAS para a formulação das medidas e

estratégias para prevenção e controle, de forma a proporcionar a diminuição da

disseminação da resistência microbiana (RM) (ANVISA, 2008).

As notificações das IPCS confirmadas laboratorialmente (IPCSL)

associadas ao uso de CVC eram reportadas mensalmente pelas CCIH dos

serviços de saúde que faziam parte da Rede RM. Neste contexto, foi iniciado,

em 2006, pela Anvisa, o monitoramento do perfil de sensibilidade de agentes

prioritários da IPCS, por meio da GIPEA (ANVISA, 2017e).

Apesar da inciativa de criar um programa nacional de notificação das IRAS

no Brasil, ainda não se possuía critérios de diagnóstico nacional estabelecidos,

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sendo utilizados os critérios de diagnóstico do NHSN/CDC para pacientes de UTI

adulto, pediátrica e neonatal. Em 2008, houve a participação de 97 hospitais

notificantes mensalmente a essa rede de monitoramento (ANVISA, 2017e).

Posteriormente, a fim de padronizar os critérios para as notificações, a

partir do ano 2008, teve-se início a organização dos Grupos de Trabalho (GT)

com a função de estabelecer os Critérios de Diagnóstico Nacional de IRAS e

desenvolver manuais sobre Medidas de Prevenção para as principais IRAS.

Esses materiais auxiliaram os profissionais do controle de infecção a

estabelecerem suas estratégias de prevenção e controle para os serviços de

saúde (ANVISA, 2017e).

Enquanto os trabalhos dos GT seguiam, em 2010, a Anvisa disponibilizou

o Formulário Eletrônico do Departamento de Informática do Sistema Único de

Saúde (FormSUS/DATASUS) para o cadastramento das CCIH dos serviços de

saúde público ou privado que possuíssem 10 ou mais leitos de UTI (adulto,

pediátrica e neonatal). Sendo assim, os hospitais que atendessem aos critérios

estabelecidos pela Anvisa deveriam realizar as notificações das IPCS

relacionadas ao uso de CVC das UTI mensalmente (ANVISA, 2014).

Com isso, as IPCS associadas aos CVC em serviços de saúde com UTI

tornaram-se evento adverso (EA) de notificação obrigatória com o propósito de

redução dessas infecções em 30%, devido a sua importância e relevância no

ambiente de terapia intensiva (ANVISA, 2010a).

Dessa forma, com a definição dos Critérios de Diagnóstico Nacional para

IRAS, em 2012, um mil cento e quarenta e quatro serviços de saúde passaram

a notificar mensalmente os indicadores de IPCS associadas ao uso de CVC em

pacientes internados na UTI (adulto, pediátrica e neonatal), contendo no

formulário os microrganismos prioritários (ANVISA, 2017e).

Percebe-se que, ao longo dos anos, houve uma melhor adesão a essas

notificações, o que possibilitou a análise e o conhecimento do comportamento e

características das IRAS no país.

Em 2013, foi lançado o Programa Nacional de Prevenção e Controle de

Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde- PNPCIRAS. Contou na sua

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primeira versão, as metas para os anos de 2013 a 2015, criadas pela Comissão

Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à

Saúde (CNCIRAS), e teve como principal objetivo a redução da incidência das

IRAS (BRASIL, 2013e).

Para alcançar esse propósito, outros objetivos secundários foram

implantados, tais como a redução das IPCS e das Infecções do Sítio Cirúrgico

(ISC); estabelecimento de mecanismos de controle sobre a resistência

microbiana (RM) em serviços de saúde; e aumento do índice de conformidade

do PNPCIRAS, segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS)

(ANVISA, 2013d).

Com as avalições preliminares da primeira versão do PNPCIRAS (2013-

2015), foi lançado sua nova versão com objetivos e metas para os anos de 2016

a 2020 (ANVISA, 2016b).

Neste contexto de desenvolvimento de estratégias para redução desse

tipo de infecção, os instrumentos legais têm função importante para este

propósito. No quadro a seguir, destacam-se as principais legislações em ordem

cronológica: as legislações que vigoram para a prevenção e o controle de

infecção:

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Quadro 1: Contextualização das políticas nacionais sobre a vigilância e controle das IRAS.

ANO Legislação DESCRICÃO

1983 Portarias de n° 196 Dispõe sobre instruções para ao controle e prevenção das infecções hospitalares (BRASIL, 24 jun. 1983).

1988 Portarias de n° 232 Institui o Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (BRASIL, 1988).

1992 Portarias de n° 930 Dispõe sobre novas normas gerais para o controle de infecções hospitalares e revoga a Portaria n° 196/83 (BRASIL, 27 ago. 1992).

1997 Lei 9.431 Dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção de um programa de controle de infecções hospitalares pelos hospitais do país e preconiza a criação de CCIH (BRASIL, 6 jan. 1997).

1998 Portaria do Ministério da Saúde nº 2.616

Dispõe sobre as diretrizes e as normas para prevenção e controle das infecções hospitalares (BRASIL, 1998).

2000 Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) Nº48

Aprova o roteiro de inspeção do Programa de Controle de Infecção Hospitalar (ANVISA, 2000).

2003 Portaria nº 385 Dispõe sobre novas normas gerais para o controle de infecções hospitalares e revoga a Portaria n° 196/83 (ANVISA, 2003)

2005 Portaria nº 1.133/GM, Institui o Comitê Técnico Assessor para Uso Racional de Antimicrobiano e Resistência Microbiana - Curarem (Curarem) (BRASIL, 2005).

2009 RDC Nº 8 Dispõe sobre as medidas para redução da ocorrência de infecções por micobactérias de crescimento rápido – MCR em serviços de saúde ( ANVISA, 2009).

2010 RDC Nº 7 Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências (ANVISA, 2010d)

2010 RDC Nº 42 Dispõe sobre a obrigatoriedade de disponibilização de preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos, pelos serviços de saúde do País, e dá outras providências (ANVISA, 2010c).

2010 Instrução normativa da ANVISA Nº 4 Dispõe sobre indicadores para a avalição de Unidade de Terapia Intensiva (ANVISA, 2010e).

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Continuação do Quadro 1

2011 RDC Nº 20 Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação (ANVISA, 2011b)

2011 INFORME TÉCNICO - RDC Nº 20/2011:

Orientações de procedimentos relativos ao controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação (ANVISA, 2011a).

2012 RDC Nº 26 Altera a RDC Nº 7 que dispõe sobre os requisitos mínimos para o funcionamento de Unidade de Terapia Intensiva e dá outras providências (ANVISA, 2012).

2013 RDC Nº 36 Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências (ANVISA, 2013c).

2013 Programa nacional de prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde. PNPCIRAS (2013 – 2015)

O objetivo geral do PNPCIRAS foi diminuir, em âmbito nacional, a incidência de IRAS (ANVISA, 2013d).

2013 RDC Nº 53 Altera a RDC Nº 36, de 25 de julho de 2013 que institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências (ANVISA, 2013e).

2015 Plano Integrado para a Gestão Sanitária da Segurança do Paciente em Serviços de Saúde

Monitoramento e investigação de Eventos Adversos e Avaliação de Práticas de Segurança do Paciente (ANVISA,2015)

2016 Programa nacional de prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde PNPCIRAS (2016-2020).

Reduzir, em âmbito nacional, a incidência de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) em serviços de saúde (ANVISA, 2016b).

2018 Nota técnica GVIMS/GGTES nº 05/2017– revisada:

Orienta sobre a notificação nacional das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), Resistência Microbiana (RM) e monitoramento do consumo de antimicrobianos (ANVISA, 2018a).

Fonte: Elaborado pela autora

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2.2 A fisiopatogenia da infecção primária de corrente sanguínea

As ICS podem se apresentar como bacteremia e sepse. A Bacteremia é

a presença de bactéria na corrente sanguínea, sem desencadear uma resposta

inflamatória no hospedeiro. Já a sepse é uma inflamação sistêmica que denota

um processo infeccioso (FREIRE et al., 2013).

A saber, o mecanismo para o episódio de IPCS associada a cateteres

vasculares ocorre pela colonização extraluminal, sucedendo nas duas primeiras

semanas, onde o local de inserção pode ser colonizado pela própria microbiota

da pele do paciente ou das mãos dos profissionais. Esse mecanismo é mais

comum nos cateteres de curta permanência (CARRARA, 2016; BRASIL, 2017c).

Outro mecanismo para a IPCS é a colonização intraluminal, decorrente do

manuseio inadequado do hub por consequência da frequência na manipulação

do dispositivo ou por infusão de soluções contaminadas. Essa via de

contaminação está associada ao uso prolongado do cateter, como os cateteres

tunelizados e cateteres centrais de inserção periférica (PICC). A via menos

comum para essa infecção é a colonização da ponta do cateter por disseminação

hematogênica (CARRARA, 2016; BRASIL, 2017c). A figura 2 ilustra os

mecanismos para o episódio de IPCS.

Figura 2: Fisiopatogenia da infecção da corrente sanguínea associada a cateter central.

Fonte: Maki, Goldmnan e Rhame (1973); Safdar e Maki (2004).

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Ressalta-se que dentre os mecanismos da fisiopatogenia da IPCS

associada a CVC está a formação de biofilmes, que pode ser descrita como um

aglomerado de bactérias aderidas em uma mesma superfície, envolvidas por

uma matriz extracelular autoprodutiva. O biofilme pode permanecer por um longo

tempo aderido nessa superfície ou se desprender e colonizar outro sítio,

causando uma ICS. As células bacterianas do biofilme têm uma resistência maior

para os antimicrobianos e ao próprio sistema imune do paciente (CARRARA,

2016; GOMINET et al., 2017).

Embora o termo IPCS de confirmação laboratorial associada a cateter

central e infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter (ICSRC) sejam

muitas vezes usadas como termos semelhantes, ou seja, sinônimos, contudo,

são episódios diferentes (ANVISA, 2017b).

A IPCS de confirmação laboratorial associada a cateter central é um

diagnóstico de vigilância epidemiológica, não necessitando de ser retirado o

cateter e de técnicas avanças para sua confirmação. Além dessas vantagens,

esse diagnóstico é fácil de ser aplicado e apresenta boa sensibilidade. Contudo,

uma das desvantagens é a falta de especificidade, principalmente nos pacientes

propensos a infecção, dificultando a diferenciação da infecção primária e

secundária (COMMISSION, 2012; ANVISA, 2017b).

Por outro lado, a ICSRC é um diagnóstico clínico, mais rigoroso e preciso,

que procura identificar, com maior precisão, o cateter como a fonte da ICS. Além

disso, auxilia nas decisões terapêuticas como o tipo de tratamento, a

necessidade de exames complementar e na remoção do dispositivo

(COMMISSION, 2012; ANVISA, 2017b).

A remoção do cateter nas ICSRC ocorre se o paciente apresentar

instabilidade hemodinâmica ou infecção no sítio de inserção ou não houver

hemoculturas de automação com vigilância continuada de crescimento ou de

hemoculturas quantitativas. Entretanto, para esse diagnóstico, os custos são

mais elevados, apesar de apresentar melhor acurácia diagnóstica (ANVISA,

2017b).

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2.3 Os critérios de diagnóstico para infecções primárias de corrente

sanguínea

Até o ano de 2016, as notificações da IPCS eram classificadas em IPCS

de confirmação laboratorial (IPCSL) e clínica (IPCSC). Considerava-se IPCSL

quando o paciente apresentava hemocultura positiva (uma ou mais), de

preferência de sangue periférico, sendo que o patógeno identificado não poderia

estar associado a outro sítio de infecção e apresentar pelo menos um dos sinais

e sintomas, como febre (>38ºC), oligúria, tremores e hipotermia. O critério

utilizado para IPCSC era apresentar apenas um dos sinais e sintomas citados

acima, possuir hemocultura negativa ou não ter realizado, não ter nenhuma

infecção em outro sítio e indicação de tratamento com antibiótico para sepse pelo

médico (ANVISA, 2013a).

Adequando-se às recomendações internacionais, a partir de 2017, a

Anvisa estabeleceu que, para os pacientes adultos e pediátricos, é necessário

notificar somente as IPCSL, não exigindo mais a notificação das IPCSC devido

à subjetividade dos critérios clínicos (ANVISA, 2017b).

Essas medidas estimulam os hospitais a realizarem hemocultura para

confirmação da infecção e para identificação do microrganismo e, por

conseguinte, favorecem uma melhor análise e conhecimento de tais infecções

(ANVISA, 2017b).

Dessa forma, com a identificação do microrganismo e seu perfil de

resistência e sensibilidade, permite-se uma escolha mais adequada da terapia

antimicrobiana, o que resulta em melhor assistência ao paciente, recuperação

mais rápida e a redução de mortalidade e morbidade (FREIRE et al., 2013).

Assim, a partir de 2017, considera-se como critérios epidemiológicos para

a notificação de IPCSL associada a cateter central (ANVISA, 2017b):

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Quadro 2: Critérios epidemiológicos para notificação de IPCS laboratorialmente

confirmada associada a cateter central.

Critério 1

Paciente acima de 28 dias com agente patogênico identificado em uma ou mais hemoculturas E O microrganismo identificado não está relacionado a outro foco infecciosoa

Critério 2

Paciente > 1 ano apresenta pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: ∙ Febre (>38°C) ∙ Calafrios ∙ Hipotensão (pressão sistólica ≤ 90 mmHg) E Duas ou mais hemoculturas, coletadas em momentos distintos no mesmo dia ou no máximo no dia seguinteb, positivas para agentes contaminantes de pele: Corynebacterium spp. (exclui C. diphtheriae), Bacillus spp. (exclui B. anthracis), Propionibacterium spp., SCon, Streptococcus do grupo viridans, Aerococcus spp. e Micrococcus spp. E O microrganismo identificado não está relacionado a outro foco infecciosoa

Critério 3

Crianças > 28 dias e ≤ 1ano apresenta pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: ∙ Febre (>38°C) ∙ Hipotermia (<36°C) ∙ Apneia ∙ Bradicardia E Duas ou mais hemoculturas, coletadas em momentos distintos no mesmo dia ou no máximo no dia seguinteb, positivas para agentes contaminantes de pele: Corynebacterium spp. (exclui C. diphtheriae), Bacillus spp. (exclui B. anthracis), Propionibacterium spp., SCon, Streptococcus do grupo viridans, Aerococcus spp. e Micrococcus spp. E O microrganismo identificado não está relacionado a outro foco infecciosoa

a Outro foco infeccioso se aplica quando o paciente tem critério epidemiológico para outro tipo de infecção E - a cultura do sítio específico + hemocultura possui pelo menos um agente em comum OU - a hemocultura positiva é um elemento que define o sítio específico e é coletada dentro do período de janela para a data da infecção. b Nos critérios 2 e 3, a frase “duas ou mais hemoculturas coletadas em momentos distintos” significa que as amostras de sangue de pelo menos duas coletas separadas foram obtidas no mesmo dia ou no dia seguinte OU que foram coletadas de forma a sugerir que houve dois preparos diferentes do sítio de coleta. Desta forma, reduz-se o risco de contaminações de coleta ser consideradas IPCS. Por exemplo, duas coletas de sangue de diferentes sítios (diferentes punções venosas, a combinação de uma punção venosa e coleta de um lúmen do cateter central, ou coleta de dois lumens diferentes de um mesmo cateter central) ou de um mesmo sítio em diferentes horários foram preparadas de forma separadas.

Fonte: Anvisa (2017b).

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Além do mais, incluiu-se a notificação de IPCSL associada a dano de

barreira mucosa. Os pacientes em tratamento quimioterápico ou transplante de

medula óssea podem apresentar mucosite como efeito colateral do tratamento.

Essa inflamação pode propiciar a translocação de bactérias, ocasionando a ICS.

As notificações devem ser somadas às taxas de IPCSL associada a cateter. No

entanto, recomenda-se que a vigilância dessas infecções sejam feitas

separadamente (ANVISA, 2017b).

2.4 Tipo de cateteres

Na assistência à saúde, os CVC são de grande importância, apesar de

serem considerados fontes para as IPCS, principalmente nas UTI. Dados

revelam que cerca de 150 milhões de cateteres são utilizados anualmente nos

EUA, dos quais, 5 milhões são CVC (MCGEE; GOULD, 2003).

Os cateteres centrais são dispositivos intravasculares que têm sua

terminação próxima ao coração ou em grandes vasos, como a artéria pulmonar,

aorta, veias cavas, veias braquicefálicas, veias jugulares internas, veias

subclávias, veias ilíacas externas e comum, veias femorais e, em paciente

neonatal, artéria ou veia umbilical (ANVISA, 2017b; CDC, 2018).

A utilização desses dispositivos intravasculares ocorreu a partir da década

de 70, devido à necessidade de infusão de grande quantidade de líquido por via

endovenosa em curto período. Estes dispositivos estão cada vez mais

frequentes na prática clínica, principalmente nas UTI, sendo utilizados para

monitoramento hemodinâmico, infusão de nutrição parenteral, realização de

hemodiálise, administração de hemoderivados, soluções hidroeletrolíticas e de

medicamentos e para coleta de sangue para exames (BASILE-FILHO et al.,

1998; TARDIVO; FARHAT NETO; FARHAT JUNIOR, 2008; PASSAMANI;

SROS, 2011; CORRÊA et al., 2012; GOMINET et al., 2017).

Os avanços tecnológicos trouxeram inúmeros benefícios para os

pacientes de UTI. O CVC, por exemplo, se tornou um dispositivo indispensável

para manter e recuperar a vida destes pacientes. Em função disto, o uso dos

CVC aumentou consideravelmente. No entanto, os fatores de risco para IPCS e

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as complicações relacionadas aos CVC também se elevaram (NEWMAN, 2006;

MARCO; DENTI; MANFREDINI, 2014).

Apesar das vantagens dos CVC, tais dispositivos podem ocasionar outras

complicações desnecessárias, além da infecção, como a formação de trombos

e problemas mecânicos. Dentre as complicações mecânicas estão a punção

arterial, hematoma, pneumotórax, hemotórax, tamponamento cardíaco e

embolia (O'GRADY et al., 2011; COMERLATO et al., 2017).

No estudo de Comerlato et al. (2017), na UTI, 11,2% dos pacientes em

uso de cateter central apresentaram complicação infecciosa e 6,5% complicação

mecânica associada a punção. Além disso, este estudo, identificou que o local

de inserção com menor risco de desenvolver complicações relacionadas ao

cateter foi a veia subclávia quando comparado com a punção na jugular.

Existem vários tipos de CVC, os quais se diferenciam pelo tempo de

permanência (curto prazo ou longo prazo), local de inserção (jugular, subclávia

ou femoral), quantidade de lumens (monolúmen ou multilúmen) e pelo seu

percurso da pele ao vaso sanguíneo (semi-implantáveis ou totalmente

implantáveis) (O'GRADY et al., 2011).

Os cateteres mais utilizados são: cateteres centrais de curta permanência,

PICC, cateteres semi-implantáveis ou tunelizados e cateteres totalmente

implantáveis. Apesar da utilidade e benefícios desses dispositivos, sobressaem-

se que eles podem propiciar o aumento das ICS se as medidas preventivas não

forem implementadas durante a assistência (PASSAMANI; SROS, 2011;

GOMINET et al., 2017).

Além disso, a densidade de incidência (DI) das infecções relacionadas a

esse dispositivo varia em de 1,7 por mil cateteres-dias para os cateteres arteriais,

2,1 para cateteres PICC e até 2,7 para CVC não tunelizados de curto prazo

(ZINGG; WALDER; PITTET, 2011).

Na tabela abaixo, descreve-se os principais cateteres centrais e suas

indicações (O'GRADY et al., 2011; COMMISSION, 2012; ANVISA, 2017c).

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Quadro 3: Indicação e recomendações para cada tipo de cateter central.

Tipo de cateter central Principais indicações e recomendações

Cateter central de curta permanência

- Indicado para quando não é possível o acesso venoso de inserção periférica; quando o paciente necessita de monitoração hemodinâmica; quando há necessidade de terapia dialítica de emergência; quando há necessidade de infusão de solução incompatível simultaneamente, por meio de cateteres de múltiplos lúmens; ou soluções que não podem ser infundidas por via periférica. - Normalmente são inseridos na veia subclávia, jugular ou femoral. - Quando o tratamento prever a necessidade de utilizar o dispositivo por mais de 21 dias, preferir cateteres de média ou longa permanência.

Cateteres centrais de inserção periférica (PICC)

- Indicado para terapia de longo período. - A inserção desse cateter deve ser preferencialmente dirigida por ultrassonografia. - A taxa de infecção por esse cateter é menor que os não tunelizados e os cateter central de curta permanência. - Normalmente são inseridos nas veias basílica, cefálica ou braquial. - Para os pacientes pediátricos e neonatais, outros sítios podem ser utilizados, tais como: veias axilares, temporal e auricular posterior e veia safena e poplítea. - Geralmente o tempo de uso é de curto prazo a intermediário.

Cateter semi-implantáveis ou tunelizados

- Indicado para tratamentos que necessitam de longa permanência desse dispositivo, muito utilizado em pacientes onco-hematológicos, portadores de insuficiência renal e pacientes que necessita de nutrição prolongada. - A inserção desse cateter é de forma cirúrgica, em ambiente como centro cirúrgico ou sala de hemodinâmica. - Normalmente são inseridos na veia subclávia e jugular. - Apresenta menor risco para infecção e mais conforto que os CVC não tunelizados. - Normalmente o tempo de uso é de semanas a meses.

Cateter totalmente implantável

- Indicado quando há necessidade de acesso seguro por período prolongado. - Proporciona uma melhor autoimagem do paciente, menor risco para infecção e não necessita de cuidados locais com o cateter. - Assim como os cateteres semi-implantáveis, devem ser inseridos cirurgicamente, preferencialmente nas veias subclávias, jugular ou cefálica. - O reservatório é inserido abaixo da pele e o seu acesso é por meio de uma agulha própria para esse procedimento. - Recomenda-se também que antes do acesso ao reservatório seja feita antissepsia da pele e durante a punção mantenha-se a técnica asséptica. - Podem permanecer por meses, até mesmo por anos.

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Continuação do Quadro 3

Cateteres umbilicais - Pode ser utilizado para administração de fluidos e medicamento, também para coleta de amostra e mensuração da pressão arterial. - Deve ser analisado a necessidade desse cateter, para não colocar de forma desnecessária devido ao risco de complicações. - São inseridos em veia ou artéria umbilical. - Recomenda-se a realização da antissepsia do coto e da região peri-umbilical, sendo contraindicado a utilização de tintura de iodo. - Deve utilizar barreira máxima durante a inserção; escolher método de estabilização do cateter; manter o sítio umbilical limpo e seco e não utilizar pomadas antimicrobiana tópica nesse local. - É importante também limitar o tempo de uso desse dispositivo de 7 a 14 dias devido ao aumento do risco de infecção.

Fonte: Elaborado a partir de O’grady (2011) Commission (2012), e Anvisa (2017c).

Sabe-se que há uma variação nas taxas de IPCS associadas a cateteres

de acordo com o local e método de inserção, número de lúmens do cateter,

solução infundida, período de permanência e qualidade da equipe. Para estas

infecções, a taxa de mortalidade nas UTI pode chegar a 69% (ANVISA, 2013b).

Por isso, é fundamental que os profissionais assistenciais realizem os

cuidados essenciais para a manutenção desse dispositivo, tais como a limpeza

do sítio de inserção com clorexidina, utilização de técnica asséptica na realização

do curativo oclusivo, a inspeção do óstio de saída do cateter; limpeza das

conexões (álcool a 70%) e verificação da validade de tais; e monitoramento das

soluções infundidas (PEDROLO et al., 2011; ANVISA, 2017c; CDC, 2018).

2.5 Epidemiologia das Infecções Primárias de Corrente Sanguínea em

unidades terapia intensiva

O conhecimento da epidemiologia das IRAS, assim como sua população,

causas e relações, auxilia na construção das medidas de prevenção e controle

(CAVALCANTE; FORTALEZA, 2016). Nas UTI, são fundamentais a vigilância,

prevenção e controle dessas infecções para garantir a qualidade da assistência.

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No Brasil, essas ações são garantidas por meio da RDC 7, que dispõe

sobre os requisitos mínimos para o funcionamento das UTI, na qual determina a

obrigatoriedade da notificação dos eventos adversos, dentre eles as IRAS.

Sendo de responsabilidade da equipe da UTI e da CCIH as ações de prevenção

e controle das IRAS (ANVISA, 2010d).

Sabe-se que o perfil da UTI está relacionado às características dos

pacientes atendidos nestes locais. Na UTI adulto, por exemplo, são

predominantes os pacientes do sexo masculino e de idade avançada. Os

principais motivos de internação nessa unidade são em razão de doenças

respiratórias, cardiovasculares, neurológicas, metabólicas, neoplasia, trauma e

cirurgia eletiva (FAVARIN; CAMPONOGARA, 2012; DATTA et al., 2014;

YESILBAĞ et al., 2015; PARAJULI et al., 2017).

A principal IRAS nestes locais é a pneumonia associadas à ventilação

mecânica (PAV), a qual chega a corresponder à metade das infecções

hospitalares nessa população. Em seguida, estão as IPCS associadas a CVC e

a infecção do trato urinário associada ao cateter vesical (KANJ et al., 2012;

YESILBAĞ et al., 2015; PARAJULI et al., 2017).

Entretanto, as IPCS são as IRAS de maior custo, sendo que, as causadas

por Staphylococcus aureus resistente à oxacilina (ORSA) estão associadas a

mais elevados custos hospitalares, chegando a corresponder a mais de 58.000

doláres (ZIMLICHMAN et al., 2013).

Apesar da IPCS não ser a IRAS mais frequente em pacientes adultos em

condições críticas, a taxa de mortalidade chama a atenção nesses pacientes,

correspondendo a 60%, sendo superior quando comparada a taxa de

mortalidade encontrada nos pacientes sem infecção que foi de 19% (KANJ et al.,

2012).

Já em relação aos dados dos EUA, a taxa de mortalidade é bem menor,

38,1% (IC 95% 35,7-40,4) (ROSENTHAL; MAKI; JAMULITRAT; et al., 2010).

Semelhantemente, um estudo do Nepal encontrou uma taxa de mortalidade de

36,3% nos pacientes com IPCS. Ressaltamos que a maioria desses pacientes

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possui outras comorbidades, podendo essa taxa estar relacionada a múltiplas

causas (PARAJULI et al., 2017).

A taxa da ICS pode ser influenciada por fatores relacionados ao paciente,

como a gravidade clínica, por fatores relacionados ao cateter como o local de

inserção, tipo de cateter e até mesmo por característica da instituição como

número de leitos e presença de atividade de ensino. Esses fatores podem ser

utilizados para a comparação das taxas intra e inter-unidades (O'GRADY et al.,

2011).

De modo semelhante, há variação nas taxas de IPCS conforme o tipo de

UTI. Em um estudo realizado em UTI do Egito, a variação foi de 0 a 9,2 infecção

por mil cateteres-dias, sendo a maior taxa encontrada em UTI de trauma. Os

pacientes internados nessas UTI necessitam de múltiplos procedimentos

cirúrgicos, vários dispositivos invasivos, transfusões sanguíneas, o que favorece

a alta incidência de infecção nessas UTI (TALAAT et al., 2016).

Consequentemente, essas infecções são frequentes em UTI e

representam uma complicação grave para pacientes em estado crítico,

favorecendo aumento significativo das taxas de mortalidade. Verifica-se também

uma elevada incidência dessa infecção relacionada a uma frequência cada vez

maior do uso das terapias invasivas, destacando–se o cateter intravenoso. O uso

frequente desse dispositivo representa maior risco para o desenvolvimento das

IPCS (LEÃO et al., 2007).

Assim, o risco para a IPCS associada ao uso dos cateteres pode ser

devido a fatores intrínsecos ou extrínsecos. Os fatores intrínsecos estão

relacionados a característica dos pacientes não modificáveis, como a idade

(sendo as maiores taxas encontradas em neonatos), sexo masculino e doenças

subjacentes (doença hematológica, imunológica, cardiovasculares e

gastrointestinais) (MAKI; KLUGER; CRNICH, 2006; O'GRADY et al., 2011).

Por outro lado, os fatores extrínsecos são aqueles que podem ser

modificáveis e estão associados a inserção ou manutenção do cateter. Esses

fatores, que podem aumentar o risco para infecção, são: hospitalização

prolongada antes da inserção do cateter, uso de múltiplos cateteres, nutrição

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parenteral, local de inserção, quebra na técnica estéril no momento da inserção

do cateter e inserção do cateter em emergência (MAKI; KLUGER; CRNICH,

2006; O'GRADY et al., 2011).

De acordo com estudo de PINA et al. (2010), a taxa de utilização de CVC

nas UTI de Portugal, no período de 2001 a 2002, foi de 0,98, o que significa que

os pacientes dessas unidades utilizaram pelo menos um CVC em 98% dos dias

de internação. Apesar da taxa de utilização de CVC ter sido superior à média

das UTI europeia (64%), a DI encontrada de 2,9 por mil cateteres-dia foi próxima

das UTI europeia (3,0 por mil cateteres-dia).

No Golfo Árabe, a taxa geral de ICS foi de 3,1 (IC 95%, 2,8-3,3) infecções

por mil cateteres-dias e, nas UTI, essa taxa variou de 2,6 a 5,0 com maior taxa

na UTI neonatal (BALKHY et al., 2017).

A DI da IPCS associada a CVC varia muito entre os estudos. Isto pode

estar relacionado a diferentes métodos de pesquisa e às divergentes situações

entre os países. Encontramos uma variação de 1,3 e 44,6 IPCS por mil cateteres-

dias (ROSENTHAL et al., 2006; ALLEGRANZI et al., 2011; KANJ et al., 2012;

DATTA et al., 2014; DUDECK et al., 2015; PARAJULI et al., 2017).

Em relação a realidade do nosso país, os dados da Anvisa demonstram

que a DI da IPCSL nas UTI, no ano de 2015, foi mais elevada para os pacientes

neonatais (por categoria de peso), variando de 6,8 a 8,6 infecções por mil

cateteres-dias, e nos pacientes adultos e pediátricos as densidades foram de 4,8

e 5,7 infecções por mil cateteres-dia respectivamente (ANVISA, 2016a).

Além do monitoramento das taxas das IPCS, é fundamental o

acompanhamento dos principais microrganismos causadores dessa infecção.

Tendo como exemplo, o programa de monitoramento intitulado SENTRY

Antimicrobial Surveillance Program, realizado no período de 1997 a 2002, que

analisou cepas isoladas de ICS da América do Norte, América Latina e Europa.

Os principais microrganismos encontrados foram S. aureus, SCon e Escherichia

coli (E.coli). Contudo, na América do norte, predominaram os Enterococcus spp.,

na Europa, E. coli e, na América Latina, os bastonetes Gram-negativo

(BIEDENBACH; MOET; JONES, 2004).

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Em um estudo realizado na Coréia, em UTI, as bactérias Gram-positivas

(52,3%) apresentaram-se com maior frequência na ICS associada ao cateter

central, seguidas dos bastonetes Gram-negativo (31,8%) e fungos (13,6%). Os

microrganismos mais encontrados foram Enterococcus e Candida spp. com

30,4% e 20,3%, respectivamente (CHO et al., 2017).

No estudo de MITSOGIANNI et al. (2016), os principais microrganismos

causadores das ICS em UTI foram K. pneumoniae, A.baumannii, Providencia

stuartii. Entretanto, houve redução desses microrganismos após a intervenção

de cuidados na inserção e manutenção do CVC.

Na vigilância das IRAS no período de 4 anos de uma UTI adulto em um

hospital de ensino na Itália, observou-se a distribuição dos microrganismos

responsáveis pelas IRAS. Para as ICS associadas a cateter central destacou-se

os SCon, K. pneumoniae e A.baumannii (BIANCO et al., 2018).

No Brasil, os microrganismos mais frequentes nas IPCS das UTI são: K.

pneumoniae, SCon, S. aureus e Candida spp., sendo este fungo frequente em

pacientes de UTI neonatal e pediátrica (ANVISA, 2016a).

Salientamos que a frequência dos microrganismos variou conforme a

região demográfica. Na região Centro Oeste, no ano de 2015, obteve-se a menor

frequência de Candida spp. com 8,0%, quando comparado com as outras

regiões. Já na região norte, esse fungo chegou a 21,1% entre os pacientes

neonatais (BRASIL, 2016). Em relação aos microrganismos presentes nas IPCS,

esses podem variar conforme o local e a população analisada (SPIR, 2007).

Estudo realizado em uma UTI de um hospital universitário de Goiânia

analisou 304 hemoculturas de 195 pacientes, durante o período de 12 meses

(abril/2003-abril/2004). Observou-se que não houve diferença estatisticamente

significativa entre os isolados das bactérias Gram-positivas (21%) e os

bastonetes Gram-negativos (22%). Neste estudo, as bactérias mais isoladas

foram Pseudomonas stutzeri (18,2%), S. aureus (13,6 %), K. pneumoniae

(13,6%) e Staphylococcus spp. (11,3%) (LEÃO et al., 2007).

Em relação ao perfil de resistência aos antimicrobianos, os dados das UTI

do Brasil assinalam que, entre os Gram-negativos, destaca-se a resistência à

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oxacilina, sendo encontrada alta taxa de resistência nos microrganismos SCon

e nos S. aureus. Nas UTI adulto e pediátrica, entre os Gram-positivos,

apresentam-se elevadas taxas de Acinectobacter spp. resistentes aos

carbapenêmicos nos últimos anos (ANVISA, 2017a).

Nas UTI neonatais, a resistência mais prevalente entre os Gram-positivos

estão as K. pneumoniae e as Enterobacter spp., resistentes a cefalosporinas, e

Acinectobacter spp., resistentes aos carbapenêmicos (ANVISA, 2017a).

Quanto ao perfil de resistência dos microrganismos aos antimicrobianos,

no estudo de Leão et al. (2007), realizado em Goiânia, verificou-se que 100%

dos S. aureus e 83,3% SCon foram resistentes à ampicilina. Ainda, a resistência

desses microrganismos à oxacilina foi de 66,7%. Já quanto às bactérias Gram-

positivas, todas foram sensíveis à linezolida e à vancomicina e 68,7% ao

trimetoprim-sulfametaxazol. Entre as Enterobactérias, a taxa de resistência foi

de 100% à ampicilina, 70% ao trimetoprim-sulfametoxazol e 60% à piperacilina.

Percebe-se que o perfil de resistência dos microrganismos e a taxa de

ICS são variáveis entre os países e regiões, o que sobreleva a importância da

avaliação do perfil epidemiológico da realidade local. Dessa forma,

diagnosticando os principais microrganismos a serem monitorados, direcionam-

se as estratégias e ações para esse desafio, segundo as características locais e

os dados epidemiológicos mundiais (ANVISA, 2017e).

Nos últimos anos, a DI das IPCS associadas à CVC da UTI adulto no

Brasil tem-se reduzido gradativamente. Em 2011, a DI foi de 5,9 e caiu para 4,8

no ano de 2015. Os principais microrganismos encontrados nas IPCS das UTI

adultos foram: K. pneumoniae, S. aureus, SCon e Acinectobacter spp. (ANVISA,

2016a).

Diante disso, a Anvisa lançou a segunda versão do programa PNPCIRAS,

composto por metas nacionais para a redução das IRAS durante o período de

2016 a 2020. A meta para redução das IPCSL associadas a CVC nas UTI, seja

adulto, pediátrica ou neonatal, é de 15% até 2020, tendo como valor de

referência os dados de 2015. Estipulou-se também como meta a adesão de 50%

dos hospitais com leito de UTI, a implantação do Check list de verificação das

práticas de inserção segura de CVC (ANVISA, 2016b).

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2.6 Medidas de prevenção para as Infecções Primária de Corrente

Sanguínea

A segurança do paciente é interrompida quando ocorre falha durante à

assistência, ocasionadas por EA, que são incidentes que resultam em danos

desnecessários ao paciente, interferindo diretamente na qualidade da

assistência. As IPCS, por exemplo, são um dos EA frequentes na UTI, contudo,

são uma das IRAS que apresentam maior poder preventivo (ANVISA, 2015).

A utilização de pacote de medidas (bundles) para inserção dos cateteres

centrais tem um impacto positivo na redução das IPCS associadas a esse

dispositivo e, além do mais, são medidas de baixo custo. Evitar tal infecção

significa reduzir a ocorrência de sofrimento demasiado ao paciente e redução

nos custos hospitalares (OSORIO et al., 2013; ANVISA, 2015).

Assim, a ocorrência dos EA nos serviços de saúde, contrapõe-se aos

objetivos desses serviços, que são focados na recuperação e não em causar

danos à saúde. Portanto, para a mudança dessa situação, é necessário o

empenho, principalmente dos líderes e gestores da saúde (MARSCHALL et al.,

2014).

A administração deve estar voltada para o paciente, não apenas em

redução de gastos, pois uma assistência com recursos escassos pode

representar um risco ao paciente. É fundamental também a mudanças na

mentalidade dos TAS em não apenas controlar as infecções, mas principalmente

em preveni-las (MARSCHALL et al., 2014).

Várias organizações, como The Joint Commission, CDC, Association for

Professionals in Infection Control and Epidemiology (APIC), Infusion Nurses

Society e Institute for Healthcare Improvement (IHI), elaboram manuais com

recomendações baseadas em evidência científica para a prevenção e

monitoramento das IPCS associadas ao cateter. Essas recomendações são

focadas em desenvolver uma melhor prática de prevenção antes, durante e após

a inserção do cateter (ROYER, 2010; CDC, 2011; COMMISSION, 2012; APIC,

2015).

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Entretanto, observa-se que existem barreiras para a implementação de

medidas preventivas para as IRAS, frisamos aquelas voltadas para as IPCS. Um

dos obstáculos encontra-se no nível organizacional e inclui: a falta de

comprometimento e responsabilidade das lideranças dos serviços de saúde em

alcançar taxa zero de infecção; falta de cultura de segurança; e a falta de

recursos (COMMISSION, 2012).

A cultura de segurança refere-se ao compromisso das instituições em

proporcionar aos profissionais um ambiente sem culpa ou medo para relatar suas

falhas, reconhecer a capacidade de erros nas atividades desenvolvidas e

direcionar e buscar soluções para a segurança do paciente. Ressalta-se que

algumas medidas de prevenção para a IPCS são de baixo custo, como a HM, a

diminuição no tempo de uso do cateter e a vigilância constante. Tais medidas

possuem forte impacto na redução das IPCS (COMMISSION, 2012; WEAVER

et al., 2013).

Outra barreira é no número insuficiente de profissionais por paciente.

Estudos apontam uma relação da incidência da IPCS com o índice baixo de

profissional de enfermagem nas UTI (ALONSO-ECHANOVE et al., 2003;

CIMIOTTI et al., 2006; STONE et al., 2007).

A constante mudança da equipe e a falta de profissionais permanentes

podem interferir na taxa da IPCS. Um estudo observou que os pacientes que

foram atendidos, na maior parte do tempo, por enfermeiro flutuantes ( enfermeiro

que poderia ser designado para outra unidade hospitalar ou agência externa)

apresentou risco 2,6 vezes maior de desenvolver IPCS (ALONSO-ECHANOVE

et al., 2003).

A falta de experiência, educação continuada e treinamento da equipe

sobre as indicações de uso do cateter, inserção e manutenção também são

obstáculos para a prevenção das IPCS (COMMISSION, 2012).

Reafirmando a importância de vencer essas barreiras, o estudo de

Mcalearney e Hefner (2016) identificou fatores relacionados ao sucesso de

instituições em atingir a taxa zero para IPCS. Eles constataram que as

instituições com maior desempenho compartilhavam em todos os níveis o

compromisso com a meta de zero para IPCS, não ficando apenas no nível

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organizacional. Isto confirma que todos os profissionais precisam estar

engajados no objetivo de não permitir que ocorra essa infecção.

Outros aspectos identificados foram o objetivo estar aliado aos valores

institucionais e a expectativa de sucesso. As instituições que acreditavam na

possibilidade de atingir a meta zero para a infecção teve maior desempenho,

enquanto que nas de baixo desempenho o pensamento era apenas reduzir as

IPCS. O feedback dos resultados foi considerado um motivador para todos

profissionais em manter a adesão às medidas preventivas, assim como a

influência do grupo de pares e a interação da equipe, tais aspectos foram

associados aos melhores resultados (MCALEARNEY; HEFNER, 2016).

É fundamental também garantir que os profissionais envolvidos na

inserção e manutenção do cateter estejam preparados para realizar uma

assistência segura. Para isso, é fundamental o treinamento contínuo de toda a

equipe sobre as práticas básicas para a prevenção das IPCS (COMMISSION,

2012; MARSCHALL et al., 2014).

Entendemos que para a diminuição da taxa de IPCS, o programa

educacional é primordial, objetivando a mudança do comportamento humano

nas práticas de assistência à saúde. Por existirem várias estratégias e métodos

educacionais, considera-se importante que essas intervenções abordem o

conhecimento, o pensamento crítico, comportamento, as habilidades e crenças

dos profissionais de saúde (O'GRADY et al., 2011).

De acordo com uma revisão da literatura, a implantação dos bundles

promove a redução das IPCS independentemente do tempo da intervenção e do

número de medidas. O estudo encontrou uma redução que variou de 40% a

87%, não havendo correlação com o tempo da intervenção e do número de

medidas (SILVA; OLIVEIRA, 2018).

Dentre as medidas preventivas, está a realização do curativo para o CVC,

a principal função é proteger o local de inserção e prevenir a colonização de

bactérias. Existem vários tipos de curativos, no entanto, as coberturas mais

utilizadas são as gazes e o filme transparente de poliuretano (PEDROLO et al.,

2011; SANTOS, S. F. D. et al., 2014).

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Pedrolo et al. (2011) realizaram a comparação desses dois tipos de

curativos e não encontrou diferença estatisticamente significante na redução de

ICSRC. Contudo, o curativo com filme transparente possui algumas vantagens,

como o maior tempo de permanência, que pode chegar a 7 dias caso o local de

inserção não apresentar sinal de sangramento ou secreção.

Além disso, essa cobertura permite a visualização do local de inserção

sem necessitar retirá-lo. Diferentemente, para o curativo com gaze, a troca deve

ser feita com maior frequência, a cada dois dias ou quando apresentar umidade

ou sujidade (SANTOS, S. F. D. et al., 2014).

Outras recomendações são importantes quanto ao curativo no local de

inserção do cateter, dentre elas sobressaem-se (O'GRADY et al., 2011; ANVISA,

2017c):

• A troca imediata do curativo se caso apresentar sujo, úmido ou

solto; em caso de sangramento local ou diaforese excessiva,

utilizar gazes e fita estéril;

• O cuidado durante o banho do paciente para não mergulhar o

cateter em água, o dispositivo e suas conexões devem ser

protegidos;

• Não utilizar pomadas ou creme no local de inserção do cateter

(exceto em cateteres de diálise);

• Uso de esponja impregnada com gliconato de clorexidina ou

cobertura semipermeável de poliuretano com gel hidrofílico

contendo gliconato de clorexidina

• Monitorar o local do curativo, caso apresente sinal de infecção,

retirar o curativo para observação.

A quadro a seguir aborda, de forma resumida, as principais medidas para

prevenção e monitoramento das IPCS antes e durante a inserção do cateter e

para a manutenção e retirada desse dispositivo (ANVISA, 2017c).

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Quadro 4: Principais medidas de prevenção para as IPCS associada a cateter central.

Período Principais Medidas

Antes da inserção do cateter

- Fornecer número suficiente de profissionais por paciente; - Educar os TAS quanto: as indicações do uso dos cateteres, melhores práticas de inserção e manutenção dos cateteres e sobre as medidas preventivas para as IPCS; - Avaliar o conhecimento dos TAS e verificar a adesão as medidas de prevenção; - Certificar que os profissionais responsáveis pela inserção do cateter sejam submetidos a um processo de credenciamento para certificar-se de sua competência em realizar a inserção do CVC sem acompanhamento; - Fornecer treinamento quando houver mudança de produto, equipamento ou tecnologia, atualizando os profissionais quanto ao uso correto; - Disponibilizar uma lista de indicação para o uso de CVC, e que seja de fácil acesso. Dessa forma, irá evitar inserção desnecessária; - Disponibilizar Kits de inserção contendo todo o material necessário; - Educar o paciente e/ou familiares quanto ao procedimento e cuidados com o cateter.

Durante a inserção do cateter

- Utilizar Kits que contenham todos os materiais necessários para a inserção do cateter; - HM antes e após a inserção do cateter e para qualquer manipulação do dispositivo; - Utilizar barreira máxima durante a inserção do cateter

- Preparar a pele com solução alcóolica de gliconato de clorexidina 0,5% e aguardar secagem espontânea do antisséptico; - Escolher o sítio de inserção considerando os fatores de risco para complicações infecciosas; - Não realizar punção em veia femoral de rotina; - Preferir inserção do cateter guiada por ultrassom;

Manutenção do cateter - Utilizar cateteres impregnados/ recobertos de minociclina/rifampicina ou clorexidina/ sulfadiazina prata de segunda geração, pois pode reduzir o risco de infecção em pacientes adultos críticos;

- Realizar banho com clorexidina a 2% em paciente de UTI de 2 meses de idade, em situações de alta taxa de IPCS e pacientes de alto risco e com infecção recorrente. - Disponibilizar número suficiente de TAS de acordo com a quantidade e gravidade dos pacientes; e evitar rotatividade dos profissionais; - HM antes da manipulação do cateter; - Usar dispositivos de estabilização sem sutura;

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- Realizar o curativo com gaze e fita estéril ou filme transparente na técnica asséptica, para os pacientes que apresenta saída de exsudato no sítio de inserção, preferir a cobertura com gaze e fita estéril; - Realizar troca do curativo, sendo com gaze a cada 48 horas e filme transparente a cada 7 dias e/ou sempre que estiver sujo, úmido ou solto realizar troca imediata; - Proteger as coberturas, cateteres e conexões durante o banho; - Utilizar esponjas impregnadas com gliconato de clorexidina ou cobertura semipermeável; - Desinfetar conexões, conectores e ports de adição de medicamento com solução antisséptica por meio de fricção mecânica de 5 a 15 segundos; - Avaliar pelo menos uma vez ao dia o sítio de inserção do cateter, realizando inspeção visual e palpação sobre o curativo; - Avaliação diária sobre a necessidade da permanência do dispositivo; - Usar conectores sem agulha no lugar de dânula; - Utilizar técnica asséptica em todos aspectos da utilização de frascos de medicamento e soluções e administração dos medicamentos parenterais; -Trocar os conectores em intervalos não inferiores a 96 horas. Se houve desconexão do cateter ou do sistema de infusão, e presença de sangue ou sujidade, a troca deve ser imediata; - Trocar o equipo e dispositivos complementares de nutrição parenteral total e de hemocomponente a cada bolsa; e para a infusão lipídica a trocar a cada 12 horas e para administração de propofol de 6 a 12 horas; - Realizar limpeza e desinfecção da superfície e do painel das bombas de infusão a cada 24 horas ou na troca de paciente.

Remoção ou troca do cateter

- Remover o cateter quando não houver mais indicação; - Realizar troca de cateter (não ultrapassar 48h) quando inserido em situação de emergência ou quando não utilizado barreira máxima durante a inserção; - Não remover o cateter de forma pré-programada, sua remoção deve ser exclusivamente devido ao tempo de permanência.

Fonte: Elaborado a partir de O'grady et al. (2011), Commission (2012) e Anvisa (2017c).

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Entretanto, diversos produtos estão sendo desenvolvidos e lançados com

o objetivo de reduzir o risco para a ICSRC. Alguns países possuem a aprovação

desses produtos, contudo, alguns ainda estão em fase de avaliação, sobre sua

verdadeira indicação para a redução das ICSRC. Essas novas tecnologias e

insumos são (ANVISA, 2017c):

• PICC recobertos/ impregnados por antissépticos ou

antimicrobianos: assim como foi produzido o CVC recoberto/

impregnado por minociclina/rifampicina, também houve a fabricação para

PICC recobertos por esses produtos em ambas as faces (extra e

intraluminal). Além disso, recentemente, lançou-se um PICC recoberto/

impregnado por clorexidina também em ambas as faces. Embora a

indicação desses produtos ainda não esteja bem estabelecida, deve-se

considerar sua utilização em situações como: alta taxas de IPCS em

usuários de PICC, em pacientes de alto risco de complicações ou para

infecções recorrentes (ANVISA, 2017c).

• Protetores de conectores com produtos antissépticos: devido à

dificuldade no monitoramento e adesão à desinfecção das confecções

dos cateteres, criou-se os protetores de conectores com produtos

antissépticos. Dentre os produtos utilizados, está o álcool isopropílico

(ANVISA, 2017c). No estudo Sweet et al. (2012), por exemplo, utilizou-se

esses protetores impregnados de álcool em pacientes adultos e observou-

se que houve redução da IPCS associada ao cateter de 2,3 para 0,3

infecção por mil cateteres-dia e diminuição na taxa de hemoculturas

contaminadas.

• Uso de conectores impregnados com produtos antissépticos: o uso

desses novos conectores pode estar relacionado a menor risco para a

infecção (ANVISA, 2017c). No estudo de Jaboc et al. (2015), por exemplo,

utilizou-se conectores impregnados de sais de prata em pacientes adultos

em uso de cateter central, notou-se uma redução de até 32% na taxa da

IPCS associada ao cateter.

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• Novas soluções para Look: além do etanol e da taurolina que são

utilizados para a selamento dos cateteres de longa permanência, os

novos produtos têm apresentado resultados positivos como o azul de

metileno/prabeno/citrato, EDTA tetrassódico e citrato/gliceril trinitrato com

baixa concentração de etanol (ANVISA, 2017c).

• Cateteres totalmente implantados recobertos por substâncias

semelhantes ao glicocálix: o pré-tratamento dos dispositivos totalmente

implantáveis com o uso de produtos “semelhante a glicocálix”, como a

meticelutose e polietilenoglicol, tem resultado em impregnação que se

mantém ao longo do tempo (ANVISA, 2017c).

Compreende-se que, no momento em que as instituições fornecem

infraestrutura, conhecimento técnico-científico e prático para os TAS, isto

favorece uma melhor adesão às práticas preventivas e cuidados tanto durante a

inserção do cateter como na sua manutenção. É, de todo modo, também

importante o monitoramento e a observação dessas práticas.

Com objetivo de monitoramento dos serviços de saúde, uma das metas

do Plano Integrado para a Gestão Sanitária da Segurança do Paciente em

Serviços de Saúde é a avaliação e monitoramento da prática de segurança do

paciente dos hospitais com leito de UTI. A meta é atingir 60% dessas instituições

com leito de UTI adulto no período de 2 anos e 90% em 5 anos (ANVISA, 2015).

Diante disso, foi realizado a primeira Autoavaliação das Práticas de Segurança

do Paciente em 2016 (de maio a agosto de 2016) (ANVISA, 2017f).

A partir de maio de 2016, a Anvisa disponibilizou o formulário de

Autoavaliação das Práticas de Segurança do Paciente, em modelo eletrônico, e

o documento instruindo sobre o seu preenchimento. O formulário foi composto

por 15 indicadores de processo e estrutura, contudo, a participação das

instituições foi voluntária (ANVISA, 2017f).

A participação dos hospitais do país com leito de UTI adulto em 2016

correspondeu a 40,1%. Todavia, houve unidades federativas que não enviaram

o relatório. (ANVISA, 2017f). No segunda autoavaliação, realizado no ano

seguinte, houve um pequeno aumento na participação dos hospitais (49,1%),

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mesmo assim, não se atingiu a meta de 60% instituído no Plano Integrado da

Gestão Sanitária da Segurança do Paciente (ANVISA, 2018b). Entretanto o

Estado de Goiás obteve participação acima de 60% das suas instituições nos

dois anos (2016 e 2017) (ANVISA, 2017f; ANVISA, 2018b).

O resultado da conformidade das instituições aos indicadores foi

apresentado em três categorias, sendo elas: conformidade alta (correspondendo

a 67% a 100% de conformidade aos indicadores), conformidade média

(correspondendo a 34% a 66% de conformidade aos indicadores) e

conformidade baixa (correspondendo a 0% a 33% de conformidade aos

indicadores) (ANVISA, 2017f).

Observa-se que, em 2017, o Estado de Goiás teve um aumento do

número de hospitais que obtiveram conformidade alta, das 54 instituições

participantes, 18 obtiveram alta conformidade aos indicadores avaliados

(ANVISA, 2018b).

Um dos indicadores de estrutura avaliado nas instituições foi a existência

de protocolo para a prevenção de IPCS associada ao uso de CVC implantado.

Esse indicador teve uma frequência relativa de conformidade de 84,3% em 2016,

e no ano 2017 houve melhora desse indicador passando para 87,8% (ANVISA,

2017f; ANVISA, 2018b).

Contudo, os resultados mostram uma diferença nos indicadores de

estrutura e processo para a HM, as instituições relataram alta frequência de

conformidade para o indicador de estrutura (que inclui número adequado de

lavatórios/ pias e dispensadores de preparação alcoólica para a HM), no entanto,

para o monitoramento da prática de HM, obtiveram uma frequência baixa de

50,5% em 2016. Todavia, esse indicador mostrou uma melhora no ano seguinte,

chegando a 66,7% (ANVISA, 2017f; ANVISA, 2018b).

Diante dos obstáculos para a assistência segura, a OMS, em 2005, lançou

o primeiro desafio global para a segurança do Paciente, intitulado “Uma

assistência limpa é uma assistência mais segura” para reforçar as ações para a

segurança do paciente e a adesão da HM por profissionais de saúde para a

redução das infecções. Em 2009, houve a extensão desse programa, o “Salve

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Vidas: Higienize suas Mãos”, fortalecendo os “Meus 5 Momentos para a Higiene

das Mãos”, com o objetivo de proteção aos pacientes, profissionais de saúde e

o ambiente e de evitar assim as infecções e a disseminação dos microrganismos

(WHO, 2004; WHO, 2009; BRASIL, 2015).

Os cincos momentos para a HM são: antes do contato com o paciente,

antes de realizar procedimento limpo/asséptico; após risco de exposição a

fluidos corporais; após contato com pacientes e/ ou áreas próximas dos

pacientes (ANVISA, 2007; WHO, 2009).

Além dessas instruções, a OMS orienta a implementação das estratégias

multimodais para melhoria da adesão a HM, sendo composta por: garantia de

infraestrutura adequada para a HM; fornecimento de educação para os

profissionais da saúde sobre a importância dessa medida, a técnica e os

momentos corretos para a HM; monitoramento do conhecimento e da prática dos

profissionais de saúde e da infraestrutura; lembrete sobre indicação e

procedimento para HM; e proporcionar o clima de segurança institucional (WHO,

2009).

No estudo de Santos et al. (2014), realizado em hospital de São Paulo, o

indicador de infraestrutura para a HM foi de 83,3%, entretanto, a prática de HM

correta foi de 17,2%. Os profissionais apontaram como dificuldade para a adesão

à HM a falta de tempo, esquecimento, número insuficiente de profissionais,

desconhecimento da necessidade da HM, distância das pias, ressecamento da

pele, alergia ao produto, entre outros. Apesar desses aspectos relatados, o

índice de conformidade para adesão à HM em situação de risco de exposição a

fluidos corporais foi de 65,6%. Os profissionais mostraram conhecimento sobre

a HM, porém, é necessário a mudança no comportamento e a adesão a essa

prática.

Outro estudo brasileiro avaliou os indicadores para a prevenção e controle

das ICS. O pior índice geral de conformidade foi o indicador de avaliação da

prática de adesão a HM em situação relacionadas ao cateter vascular que foi

nulo. Os momentos observados para a HM foram na troca do sistema de infusão

(10,3%), na coleta de sangue (36,1%), administração de medicamentos (27,1%)

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e troca e realização de curativo (26,9%), todos esses componentes geraram

baixo índice de conformidade (OLIVEIRA et al., 2015).

Tais resultados revelam que as instituições estão preocupadas e atentas

em fornecer uma estrutura adequada. Por outro lado, o monitoramento da prática

de HM ainda é deficiente. Salienta-se que as mãos dos profissionais podem ser

propagadoras de microrganismos, inclusive os multirresistentes, sendo de

grande preocupação, principalmente no ambiente de terapia intensiva. Diante

disso, a prática de HM é uma das medidas mais simples para a prevenção das

IRAS, sendo de grande importância a adesão dos TAS durante a assistência

(SANTOS, T. C. R. et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2015; ANVISA, 2017c).

2.7 O desafio da resistência microbiana

A resistência microbiana (RM) é uma crescente crise nos serviços de

saúde do mundo e o seu controle tornou um desafio mundial. Diante disso, a

OMS, durante a Assembleia Mundial de Saúde, em 2014, solicitou um plano de

ação global sobre RM (WHO, 2014a).

Em maio de 2015, a Assembleia Mundial de Saúde aderiu a esse plano

composto por cinco objetivos: melhorar a conscientização e compreensão sobre

a RM por meio da comunicação, educação e treinamento; reforçar o

conhecimento e a base de evidência por meio da pesquisa e vigilância; reduzir

a incidência de infecção; proporcionar o uso racional dos antimicrobianos; e

aumentar o investimento em novos medicamentos, métodos de diagnósticos e

outras intervenções (WHO, 2015).

Esse plano elaborado pela OMS serviu também para guiar os países

signatários para a elaboração do seu próprio plano para o enfrentamento do

desafio da resistência aos antimicrobianos nos próximos 5 a 10 anos. Nesse

propósito, a Anvisa lançou o Plano de Ação da Vigilância Sanitária em

Resistência aos Antimicrobianos com estratégias e metas para as diferentes

áreas da vigilância sanitária como alimentos, serviços de saúde, laboratório,

entre outros (ANVISA, 2017d).

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No entanto, reconheceu-se a necessidade de um plano nacional

especificando as ações nos serviços de saúde, sendo assim lançado o Plano

Nacional para a Prevenção e o Controle da Resistência Microbiana nos Serviços

de Saúde. Este plano buscou definir e adicionar ações nacionais para detecção,

prevenção e redução da RM nos serviços de saúde do país (ANVISA, 2017e).

Com isso, percebemos que para a redução dos microrganismos

multirresistentes, e necessário o engajamento de todos os setores envolvidos.

De acordo com a Anvisa, define-se microrganismos multirresistentes

aqueles resistentes a pelo menos um agente de três ou mais classes de

antimicrobianos. Apesar de encontrar nos termos de alguns microrganismos com

resistência a somente um agente antimicrobiano, como por exemplo,

Enterococcus spp. resistente à Vancomicina – VRE, estes apresentam

frequentemente resistência a vários antimicrobianos (ANVISA, 2015).

O termo microrganismos extensamente resistentes refere-se àqueles que

são “resistentes a pelo menos um agente de praticamente todas as classes de

antimicrobianos, exceto duas ou menos”, um exemplo são as K. pneumoniae

Carbapenemase (KPC), sensível somente à tigeciclina e à colistina. Outro termo

utilizado é pan-resistentes que são aqueles que têm resistência in vitro

confirmada para todos antimicrobianos de todas categorias existentes (ANVISA,

2015; KAYE; POGUE, 2015).

De acordo com o CDC, presume-se que pelo menos dois milhões de

doenças são ocasionadas por bactérias resistentes aos antimicrobianos, sendo

responsável por cerca de 23.000 mortes anualmente (CDC, 2013). Calcula-se

que nos EUA o gasto anual com a resistência bacteriana seja de cerca de 4 a 5

bilhões de dólares (DEL FIOL et al., 2010).

Com o aumento das IRAS, os antimicrobianos também passaram a ser

mais utilizados no ambiente hospitalar e o uso generalizado dessas drogas

favoreceu o surgimento de microrganismos multirresistentes. A seleção de cepas

resistentes é decorrente de fatores como a mutação ou transferência genética

por plasmídeo, transposons e integron (ANVISA, 2017e).

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As infecções causadas por microrganismos multirresistentes ocasionam

consequências graves como: aumento nos custos hospitalares (uso de drogas

de alto custo; tempo de internação; procedimentos adicionais), aumento na

morbidade e mortalidade (ORSI; FALCONE; VENDITTI, 2011; LAUTENBACH;

PERENCEVICH, 2014).

No estudo de Roberts et al. (2009), o custo dessas infecções foi cerca

de 30.000 de doláres, o tempo de internação dos pacientes com infecção por

microrganismo resistente aos antimicrobianos foi de 5 a 12 dias e a taxa de

mortalidade atribuível chegou a 6,5%.

Em uma revisão da literatura, identificou-se uma variação de 2.294 a

259.385 doláres no custo das infecções por microrganismo resistente aos

antibióticos (LARSON, 2010). Em estudo recente, encontrou-se valores ainda

maiores, com o custo anual do tratamento para as infecções com resistência aos

antimicrobianos chegando a corresponder 2,2 bilhões de dólares (THORPE;

JOSKI; JOHNSTON, 2018), sendo que os gastos são mais elevados para as ICS

que excedem em 22.752 dólares quando comparados às infecções em outro sítio

(LARSON, 2010).

Estes dados realçam o quanto pode ser economizado ao evitar e controlar

as infecções por microrganismos resistentes aos antimicrobianos. Tais recurso

poderiam ser utilizados em outras áreas da saúde pública, melhorando a

qualidade dos serviços de saúde.

Além destes aspectos citados, a RM gera falta de opção terapêutica,

podendo chegar a situação em que essas opções de tratamento sejam

inexistentes (WHO, 2014a; ANVISA, 2017e; BIANCO et al., 2018). Dessa forma,

a disseminação de microrganismos multirresistentes evidencia a inquietante

necessidade das indústrias farmacêuticas para a formulação de novos

antimicrobianos.

Posto isso, para o enfretamento dessa situação, é necessária a

participação conjunta de ações governamentais e da sociedade, de forma que

possam incluir políticas públicas de investimento em pesquisas, tecnologias e

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desenvolvimento de recursos humanos, a fim de minimizar os efeitos para a

população (ANVISA, 2017e).

São considerados patógenos multirresistentes de importância clínica das

infecções/colonizações relacionadas à assistência à saúde: Enterococcus spp. -

resistente aos glicopeptídeos; Staphylococcus spp. com resistência ou

sensibilidade intermediária à vancomicina; P. aeruginosa; A. baumannii; e

Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos (ertapenem, meropenem ou

imipenem) (ANVISA, 2010b).

Entretanto, as bactérias multirresistentes de importância epidemiológica

para o estado de Goiás são as seguintes: S. aureus resistente a meticilina

(MRSA) e/ou S. aureus resistentes ou com sensibilidade intermediária à

vancomicina (VRSA/VISA); Enterobactérias produtoras de β-lactamases de

espectro ampliado (ESBL) e/ou carbapenemases; VRE; bactérias gram-

negativas não fermentadoras resistentes a carbapenêmicos e/ou polimixinas; e

E. coli resistente a polimixinas (SUVISA, 2017).

Nos EUA, as infecções causadas por bactérias Gram-positivas como

MRSA, VRE e Clostridium difficile têm sido um grande desafio devido à

resistência a múltiplas drogas (CDC, 2013).

De acordo como o CDC, os MRSA representam mais de 50% dos S.

aureus isolados nas UTI. Apesar disso, houve uma diminuição nos últimos anos.

Já as K. pneumoniae e E.coli resistentes às cefalosporinas de terceira geração

têm aumentado, assim como as P. aeruginosa resistentes à imipenen (NQF,

2010; O'GRADY et al., 2011).

As infecções ocasionadas por MRSA elevam os custos hospitalares e a

taxa de mortalidade, sendo estes microrganismos responsáveis principalmente

pelas ICS, infecção de ferida cirúrgica e infecção associada a corpo estranho.

As opções terapêuticas para infecções graves causadas por S. aureus sensíveis

a meticilina são: oxacilina, nafcilina e cefazolina. No entanto, para o MRSA o

padrão ouro é a vancomicina, porém, pode gerar complicações ao paciente,

como a nefrotoxidade (ORSI; FALCONE; VENDITTI, 2011).

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43

A disseminação dos MRSA levou ao maior uso da vancomicina,

conduzindo ao surgimento de cepas de S. aureus com suscetibilidade reduzida

a esse antibiótico, e mais tarde houve a ocorrência de isolados VRSA

(GARDETE; TOMASZ, 2014).

Além disso, o problema da RM é reportado em vários estudos de

diferentes países. Na Turquia, um estudo, realizado em UTI, apontou a taxa de

MRSA de 61,54%, já das bacterias E. coli e Klebsiella spp. produtora ESBL foi

de 48,72% (DERELI et al., 2013).

Em outro estudo realizado na Arábia Saudita, 81% dos Acinetobacter spp.

foram resistentes a multiplas drogas, 57% K. pneumoniae foram produtoras de

ESBL e 29% das P. aeruginosa, resistentes a imipenem (KHAN, 2012).

No Brasil, também encontramos esse desafio, ao observar o resultado de

um estudo brasileiro que apontou tendência crescente da RM durante uma

década (1999 a 2008). Neste estudo, os Gram-negativos multirresistentes

triplicaram, sendo a maioria desses microrganismos de pacientes internados nas

UTI. Os mais frequentes Gram-negativos multirresistentes foram Acinetobacter

baumannii, Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae. Os VRE tiveram

um aumento de 18,7%, e os SCon resistentes à oxacilina aumentaram 19,3%

(RUBIO et al., 2013). Estes dados são alarmantes por revelarem o aumento dos

microrganismos multirresistentes e salientarem que a problemática da RM é

evidente em nosso país.

Além disso, no Brasil, tem se elevado o número das Enterobactérias

resistentes a carbapenêmicos, que são produtoras da enzima carbapenemase

que inibe os antibióticos da classe -lactâmicos (ANVISA, 2010b).

Sabe-se que os Enterococcus spp. normalmente fazem parte da

microbiota intestinal humana, mas tais microrganismos podem causar infecções

graves como as ICS, infecções intra-abdominais e de ISC. Estes patógenos são

preocupantes devido a sua resistência intrínseca a cefalosporinas, clindamicina,

cotrimoxazol e aminoglicosídeos. Adicionalmente, as infecções por VRE são

mais graves, o que aumenta o risco de mortalidade e adição de custos

hospitalares (ORSI; FALCONE; VENDITTI, 2011).

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44

Dados nacionais evidenciam que as IPCS ocasionadas por bactérias

Gram-positivas nas UTI adulto prevaleceram com resistência à oxacilina e à

vancomicina. Os resultados indicam uma resistência à oxacilina em até 78,7%

dos SCon e 63,1% dos S. aureus em 2016. Outra preocupação são os

Enterococcus spp. resistentes à vancomicina, que chegaram a corresponder

25,8% em 2016. Esses dados trazem grande preocupação já que esses

patógenos apresentam resistência a fármacos potentes (ANVISA, 2016a).

Neste contexto, os bastonetes Gram-negativos merecem atenção

especial, em função da resistência que tem crescido nesse grupo. De acordo

com os resultados de um estudo realizado em UTI neonatal em Taiwan, 17,3%

das bacteremias foram causadas por bastonetes Gram-negativos resistentes a

múltiplas drogas. Desses, 12,8% eram bastonetes Gram-negativos produtores

de ESBL (TSAI et al., 2016).

A bactéria K. pneumoniae tem desenvolvido resistência cada vez mais a

cefalosporinas de 3ª e 4ª geração e aos cabarpenêmicos. Dados nacionais

comprovam que, em 2012, as taxas de resistência a esses fármacos eram de

25,3% e chegaram a 46,8% em 2016. As Enterobacter spp. também

apresentaram resistência crescente a esses mesmos antimicrobianos, passando

de 11,4%, em 2012, para 21,6% no ano de 2015. Apesar das notificações dos

hospitais terem crescido nos últimos anos, é indispensável o monitoramento e

atenção para do aumento na resistência desses microrganismos (ANVISA,

2016a).

Constata-se ainda que a resistência aos cabarpenêmicos tem prevalecido

entre os bastonetes Gram-negativos nos pacientes adultos: a resistência nas

amostras de Acinectobacter spp. e P. aeruginosa chega a 77,4% e 39,1%,

respectivamente. Na família das Enterobacteriaceae, a resistência aos

cabarpenêmicos e a cefalosporinas de amplo espectro foi de 43,3% das K.

pneumoniae, 21,6% das Enterobacter spp. e 9,7% das E. coli (ANVISA, 2016a).

Dados dos EUA apontam que cerca da metade dos pacientes com ICS

por Enterobacteriaceae foram a óbito. Tal microrganismo tem apresentado

resistência a todos ou quase todos os antibióticos disponíveis (CDC, 2013).

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45

O conhecimento epidemiológico dos microrganismos e seu perfil de

resistência local torna-se de grande relevância, uma vez que há variação na taxa

de resistência dos microrganismos e do seu mecanismo de acordo com os

aspectos regionais e as características das instituições (RUBIO et al., 2013).

Assim, considera-se a vigilância e controle dos microrganismos como

pontos chaves para redução de patógenos multirresistentes, assim como a

conscientização sobre o uso racional de antimicrobianos, a prática da HM, a

limpeza do ambiente e a uso de precauções de isolamento dos pacientes

infectados (KHAN, 2012).

Em face do exposto, nota-se uma situação conflitante devido ao crescente

número de patógenos multirresistentes, o que dificulta a eficiência do tratamento

disponível para as infecções e torna elementar seu estudo localmente.

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46

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Analisar o perfil epidemiológico e microbiológico das Infecções Primárias

de Corrente Sanguínea de Unidades de Terapia Intensiva adulto no Município

de Goiânia.

3.2 Objetivos específicos

• Analisar a tendência temporal das Infecções Primárias de Corrente

Sanguínea;

• Avaliar a densidade de incidência das Infecções Primárias de Corrente

Sanguínea com confirmação laboratorial (IPCSL);

• Analisar a distribuição da IPCSL em percentis;

• Estimar e analisar a taxa de utilização de CVC;

• Identificar os microrganismos de maior impacto para IPCSL;

• Descrever o perfil de resistência dos microrganismos identificados nas

IPCSL.

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4. MÉTODO

4.1 Tipo e local do estudo

Trata se de estudo analítico ecológico, realizado a partir de banco de

dados disponíveis na Coordenação Municipal de Segurança do Paciente e

Controle de Infecção em Serviços de Saúde (COMCISS), da Secretaria

Municipal de Saúde de Goiânia que é administradora das notificações de IRAS

do respectivo município.

4.2 População de estudo

Composta por todas as notificações de IPCS clínica e laboratorial das UTI

adulto do município de Goiânia, disponíveis nas bases de dados do COMCISS

da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, notificados por planilha em Excel,

no período de 2012 a 2013, e por meio do FormSUS, de 2014 a 2016.

Conforme a Anvisa, todos os estabelecimentos de saúde do Brasil que

possuem leitos de UTI devem realizar notificações de IRAS por meio do

formulário eletrônico FormSUS, disponível no portal da Anvisa (ANVISA, 2018a).

As CCIH dos serviços de saúde brasileiros com UTI devem realizar a

coleta de dados utilizando os Critérios Nacionais de IRAS e enviá-los

mensalmente até o 15º dia do mês subsequente ao mês da vigilância (ANVISA,

2018a).

Os formulários de notificação estão disponíveis portal eletrônico da

Anvisa1, em sua página inicial, e são separados por grupos etários, classificados

em neonatos, pediátricos e adultos. Nas UTI adulto, são atendidos pacientes

com idade igual ou superior a 18 anos, mas, caso esteja nas normas da

instituição, pode-se incluir no atendimento pacientes de 15 a 17 anos (ANVISA,

2010d). As IPCSL e as IPCSC não foram notificadas separadamente até 2014

1 http://portal.anvisa.gov.br/

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e, por esse motivo, para a análise da IPCSL, incluíram-se as notificações a partir

do ano de 2014.

Para a notificação, os serviços de saúde devem informar o número no

Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES) no Formulário

Eletrônico do Sistema Único de Saúde (FormSUS), sendo possível uma

notificação por tipo de população (neonato, pediátrico e adultos) de UTI.

No entanto, alguns estabelecimentos possuem mais de uma UTI para os

pacientes adultos, como UTI cirúrgica, clínica, neurológica, cardíaca, dentre

outras. Apesar da população estar no mesmo grupo etário, esses pacientes

possuem características diferentes. De todo modo, a notificação é realizada em

um único formulário e, devido a esta particularidade, não foi possível separar os

dados de acordo com o perfil dos pacientes.

Quanto ao número de serviços de saúde, no ano de 2012, foram 36 UTI

adulto, 34 em 2013, passando para 36 no ano de 2014, 39 em 2015 e 41 no ano

de 2016. No presente estudo, o total de UTI avaliadas foram 42 unidades de

terapia intensiva adulto.

4.2.1 Critérios de Inclusão e Exclusão

Foram incluídas, no estudo, todas as notificações de IPCS das UTI adulto

de Goiânia encaminhadas à COMCISS.

Excluiu-se as notificações repetidas, incompletas, com erros ou com

algum dado inconsistente. Considerou-se dados inconsistentes as informações

das fichas com notificação de IPCS sem registro de paciente com diagnóstico de

IPCS ou fichas com notificação de IPCSL sem identificação do microrganismo.

Nas fichas excluídas, encontrou-se erros nos dados do numerador ou

denominador do indicador (densidade de incidência - DI da IPCS e taxa de

utilização de CVC). Algumas fichas excluídas registravam IPCS laboratorial, no

entanto, não constavam nenhum microrganismo. Outras constavam o

microrganismo, mas nenhuma IPCS associada, sendo assim também excluídas.

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49

4.3 Procedimentos para a coleta de dados

A pesquisa foi desenvolvida em parceria com o Núcleo de Estudos e

Pesquisas de Enfermagem em Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas

à Assistência à Saúde - NEPIH, da Faculdade de Enfermagem da Universidade

Federal de Goiás (FEN/UFG), e com a COMCISS da Secretaria Municipal de

Saúde de Goiânia.

A COMCISS é responsável por desenvolver ações de prevenção e

controle de infecção e segurança do paciente, no município de Goiânia. Entre os

seus membros executores, estão profissionais enfermeiros, médico-

infectologista, farmacêutica bioquímica/microbiologista e um técnico

administrativo.

4.3.1 Fontes de informações

Os dados referentes aos anos de 2012 e 2013 foram coletados a partir de

planilhas em Excel que continham as notificações enviadas pelos hospitais à

COMCISS (ANEXO 1) e os dados dos anos seguintes, pelo banco de dados

FormSUS.

O FormSUS é um serviço do DATASUS para criação de formulários na

web. Por meio desta ferramenta, foi elaborada a ficha de notificação das IRAS,

para a coleta das informações relativas à vigilância epidemiológica e

microbiológica.

É um serviço de uso público no qual os usuários devem seguir as normas

de utilização, compatíveis com a legislação e com a Política de Informação e

Informática do SUS. Esse serviço contribui com as diretrizes da Política Nacional

de Informação e Informática por permitir a democratização das informações e a

transparência da gestão pública.

O acesso ao banco de dados do FormSUS ocorreu por meio da

COMCISS. Os dados do FormSUS foram compostos pelas fichas de notificações

do período de 2014 a 2016. Os dados eram apresentados em planilha de Excel

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50

e importados para disco móvel para posteriormente serem verificados e

analisados.

Apesar de terem ocorrido mudanças nos formulários de notificação, as

variáveis incluídas no estudo foram aquelas presentes em todos os anos. Para

isso, realizou-se a separação das variáveis que fossem possíveis de serem

analisadas durante o período determinado para este estudo. A taxa de

mortalidade por IPCS, por exemplo, não esteve presente em todos os anos nos

formulários, sendo, assim, impossível de incluir na análise.

Para as variáveis: tipo de hospital referente à natureza jurídica, presença

de atividade de ensino e o número de leitos de UTI, utilizou-se as informações

disponíveis no site do CNES (http://cnes2.datasus.gov.br). A coleta dessas

variáveis deu-se por meio do número de CNES de cada instituição para cada

ano estudado.

Utilizou-se o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão

17.0, para a construção do banco de dados e para algumas análises.

4.3.2 Variáveis

De acordo com Marconi e Lakatos (2010), a variável precisa conter valor,

podendo ser uma classificação, quantidade, conceito operacional, desde que

seu aspecto, valor e propriedade sejam embasados em um objetivo de estudo e

ser possível de mensuração. No caso deste estudo, as variáveis são as que

seguem.

a) Variável dependente: Infecção primária de corrente sanguínea

laboratorial.

b) Variáveis independentes:

- Perfil da UTI: tipo de hospital, número de leitos, unidade de saúde,

apresentado em anos.

- Dados relacionados ao CVC: taxa de utilização cateter venoso.

- Resultado de hemocultura positiva: tipo de microrganismo, perfil de

resistência.

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51

Para a variável número de leito, realizou-se a categorização de acordo

com a Portaria nº 2.224/GM, de 5 de dezembro de 2002, que classifica o número

de leitos de UTI em quatro categorias: I (01 a 04 leitos); II (05 a 09 leitos); III (10

a 29 leitos); e IV (30 ou mais leitos) (BRASIL, 2002).

Para a variável taxa de utilização de cateter-dia e DI da IPCS, foi realizado

o cálculo da prevalência das infecções de IPCS para cada indicador.

• Taxa de densidade de incidência da infecção primária de corrente

sanguínea associada a cateter venoso central: a fórmula para cálculo

dessa taxa é:

Nº absoluto de IPCS X 1000

Nº de paciente com cateter-dia no período

O numerador é composto por número absoluto das IPCS identificado no

mês de vigilância. O denominador é a soma de pacientes em uso de

cateter central, a cada dia, correspondente ao mês de vigilância (ANVISA,

2017b).

• Taxa de utilização de cateter central: a fórmula para o cálculo é:

Nº cateter venoso central-dia no período X 100

Nº de pacientes-dia no período

O numerador é composto por número de CVC-dia do mês de vigilância. O

denominador é a soma do total de pacientes a cada dia de permanência

na unidade hospitalar (ANVISA L, 2017b).

4.4 Análise dos dados

Os dados foram tratados por meio do software SPSS, versão 17.0, e

utilizou-se procedimentos de estatística descritiva (média, mediana, desvio

padrão e percentil). Foram calculadas as DI das IPCS e a taxa de utilização de

CVC-dia, com intervalos de 95% de confiança e consideradas estatisticamente

significantes as associações que obtiveram valor de p<0,05.

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52

Utilizou-se o programa estatístico Stata, versão 14.0, para a análise da

tendência temporal e dos preditores da IPCS.

Para análise da tendência temporal, utilizou-se o modelo de regressão

linear de Prais Winsten (ANTUNES; CARDOSO, 2015). Inicialmente, foi

realizada a transformação em logaritmo natural da DI da IPCS, que é capaz de

reduzir a heterogeneidade da variância dos resíduos da análise de regressão. A

seguir, foi realizada a análise de regressão, considerando como variável

dependente “Y” a densidade de incidência da IPCS e a variável independente

“X” o mês. Assim, a equação da regressão linear pode ser assim descrita:

Log(Yt) = β0 + β1X

Onde:

β0 é a constante ou intercepto;

Log(Yt), corresponde ao valor;

β1 é o coeficiente de tendência linear;

X é o termo residual.

Consequentemente, as tendências foram consideradas crescentes,

decrescentes ou estacionárias.

Para verificar os preditores da DI, foram realizados modelos de regressão

de Poisson com variância robusta. O modelo da UTI adulto foi ajustado pelas

seguintes variáveis: ano, número de leitos de UTI, tipo de hospital (público ou

privado), estabelecimento filantrópico (não ou sim) e atividade de ensino (não ou

sim).

Ainda, foram feitas adaptações na variável correspondente ao número de

leitos, agrupando as categorias em I/II e III/IV, devido a poucos estabelecimentos

de saúde para as categorias I e II.

A taxa de utilização de CVC foi incluída como variável de exposição. Os

resultados são apresentados como Razão de Taxa Ajustada (RTaj) e intervalo

de confiança de 95% (IC 95%). Em todas as análises, valores de p < 0,05 foram

considerados estatisticamente significantes.

Toda a metodologia apresentada está condensada na Figura 3.

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53

Figura 3: Fluxograma da metodologia da pesquisa.

Fonte: Elaborado pela autora.

4.5 Aspectos Ético-Legais

Este estudo foi elaborado como subprojeto de um projeto maior intitulado

Avaliação do impacto das Infecções Relacionadas aos Cuidados de Saúde no

Município de Goiânia-GO. O referido projeto obteve a aprovação da Secretaria

Municipal de Saúde de Goiânia e autorização para realização da pesquisa junto

à COMCISS.

Em cumprimento à Resolução nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde

(BRASIL, 2012), sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas

envolvendo seres humanos, este projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal de Goiás para avaliação quanto aos aspectos

éticos e isenção da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

dos participantes, por se tratar de pesquisa com dados secundários. Foi

aprovado e recebeu o parecer de número 1.269.485 (ANEXO 2).

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54

5. RESULTADOS

Foram incluídas, neste estudo, 1.988 fichas de notificação de Infecção

Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) das UTI adulto. O número de UTI

analisadas foram 42, sofrendo variações durante o período estudado, devido a

abertura ou fechamento de algumas unidades. São apresentados a seguir os

resultados obtidos a partir destes dados coletados.

5.1 Perfil da tendência temporal das infecções primárias de corrente

sanguínea laboratorial de UTI adulto.

Verificou-se que a tendência da DI da IPCS foi estacionária. Apesar do

valor de demonstrar uma redução por ano de -0,006, ressalta-se que o valor

de foi transformado em logaritmo. Encontrou-se um valor de t (teste de

significância) de -1,38 e valor de p= 0,172, não sendo estaticamente significante

a redução ao longo dos anos, sendo assim a tendência estacionária. A Figura 4

indica a tendência temporal da DI ao longo do período analisado.

Nesta figura, observa-se também que, apesar da tendência ter sido

estacionária, nota-se que houve queda da DI da IPCS durante os anos de 2013

e 2014, e a partir de 2015 houve um aumento crescente.

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Figura 4: Tendência temporal da densidade de incidência da IPCS da UTI adulto, do

município de Goiânia, 2012-2016.

Quanto a DI das IPCSL, observou-se que houve poucas variações anuais,

contudo teve um pequeno aumento na incidência das IPCSL de 0,99 de 2014 a

2016. Neste mesmo período houve também o aumento do número de hospitais

que notificaram as IPCSL (Tabela 1).

Ao observar a distribuição da DI das IPCSL em percentil, nota-se que no

ano de 2016 houve um aumento de 31,4% no percentil 90, que corresponde as

maiores taxas. Em relação à taxa de utilização de CVC não houve grande

variação ao longo dos anos, encontrando uma média de 55,36% (Tabela 1).

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56

Tabela 1: Taxa de utilização de CVC, densidade de incidência da IPCSL e percentis da distribuição das densidades de incidência

das IPCSL das UTI de Goiânia-GO, 2014-2016.

Ano Nº

hospitais

paciente-

dia

IPCSL

CVC-

dia

Taxa de

utilização

CVC *

(média)

DI

IPCSL §

(média)

IC 95% Desvio

Padrão

Percentil

10% 25% 50% 75% 90%

2014 36 160006 203 88219 54,05 3,35 2,2-4,5 3,4 0 0,68 2,47 5,06 8,24

2015 39 155317 232 88118 56,82 3,32 2,2-4,45 3,45 0 0,95 2,28 4,3 8,51

2016 41 161670 307 95123 55,11 4,34 2,91-5,77 4,53 0 1,37 3,02 5,93 11,18

Total

2014-

2016

42 476993 742 271460 55,36 3,69 2,98-4,4 3,85 0 0,95 2,58 5,32 9,48

*nº cateter venoso central-dia no período X 100 § nº absoluto de IPCS X 1000

nº de pacientes-dia no período nº de paciente com cateter-dia no período

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57

Identificou-se que das 36 UTI analisadas no ano de 2014, três

estabelecimentos apresentaram DI acima do percentil 90, variando de 9,17 a

14,18. Em 2015 (39 UTI), verificou-se que três estabelecimentos apresentaram

DI de IPCSL acima das maiores taxas, abrangendo taxas de 10,24 a 13,99. Já

em 2016, foi analisado 41 UTI, sendo quatros estabelecimentos de saúde com

DI de IPCSL acima do percentil 90 (variando de 11,42 a 19,93). Na análise da DI

da IPCSL por estabelecimento de saúde, notou-se que dois estabelecimentos

mantiveram a DI da IPCSL acima do percentil 90 por dois anos consecutivos.

Alguns hospitais apresentaram DI das IPCSL anual igual a zero, no ano

de 2014 foram cinco hospitais, sete em 2015 e seis em 2016. Os dados

referentes à DI da IPCSL por estabelecimento de saúde estão em apêndice

(Apêndice 1).

No que se refere à natureza jurídica de cada estabelecimento de saúde,

83,3% eram privados, 16,7% públicos, e 7,1% exercia atividade de filantropia.

Estando a atividade de ensino presente em 28,6% das UTI.

A Tabela 2 apresenta o modelo de Poisson para a DI da IPCSL da UTI

adulto. Verificou-se que a DI foi 86% menor (RTaj: 0,14; IC 95%: 0,06-0,29;

p<0,001) nos estabelecimentos que exercem atividade de filantropia quando

comparados às UTI sem essa característica. Observou-se que não houve

associação estatística entre a DI da UTI adulto e as seguintes variáveis: tipo de

hospital, atividade de ensino, número de leitos e ano.

Tabela 2: Preditores da densidade de incidência IPCSL na UTI adulto, Goiânia-

GO, 2014-2016.

Variáveis Taxa (IC 95%) RTaj IC 95% p-valor

Tipo de hospital

Público 3,36 (1,74-4,98) 1,00

Privado 3,76 (2,96-4,56) 1,22 0,45-3,30 0,668

Atividade de ensino

Não 3,80 (3,00-4,60) 1,00

Sim 3,44 (1,93-4,95) 0,92 0,38-2,22 0,860

Estabelecimento filantrópico

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58

Continuação da Tabela 2

Variáveis Taxa (IC 95%) RTaj IC 95% p-valor

Não 3,85 (3,11-4,60) 1,00

Sim 1,15 (0,21-2,10) 0,14 0,06-0,29 < 0,001

Número de leitos

I/II 4,65 (1,59-7,72) 1,00

III/IV 3,56 (2,75-4,37) 0,78 0,42-1,47 0,458

Ano

2014 2,45 (1,61-3,29) 1,00

2015 2,26 (1,62-2,90) 0,99 0,58-1,70 0,998

2016 2,32 (1,56-3,08) 1,20 0,70-2,08 0,498

RTaj: Razão de Taxas ajustada; IC 95%: Intervalo de confiança de 95%; *Modelo ajustado por tipo de hospital, atividade de ensino, estabelecimento filantrópico, número de leitos e ano.

5.2 Análise do perfil microbiológico das infecções primárias de corrente

sanguínea laboratorial em UTI

Em relação ao perfil microbiológico das IPCSL das UTI adulto, observa-

se que prevaleceram os bastonetes Gram-negativos e houve aumento crescente

dos cocos Gram-positivos e de fungos (Figura 5).

Figura 5: Distribuição dos microrganismos Gram positivo/ negativo e fungos notificados

como agente etiológico de IPCSL associada ao uso de CVC na UTI Adulto. Goiânia-GO,

2014-2016.

6560,5

51,4

31,735,3

42,4

3,3 4,2 6,2

0

10

20

30

40

50

60

70

2014 2015 2016

Gramnegativo

Gram positivo

Fungos

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59

Os agentes patogênicos mais frequentes como causadores das IPCSL,

foram os SCon, K. pneumoniae, P. aeruginosa e Acinetobacter spp. Observou-

se que, no ano de 2016, surgiram novos microrganismos que não foram

notificados nos anos anteriores, como os Citrobacter koseri, Morganella

Morganii, Sphingomonas paucimobilis e várias espécies de Staphylococcus

(Tabela 3).

Tabela 3: Distribuição dos microrganismos notificados como agente etiológico

de IPCSL associado ao uso de CVC na UTI Adulto. Goiânia-GO, 2014-2016.

Microrganismo Nº Ano 2014

% Nº Ano 2015

% Nº Ano

2016

%

Gram-negativo

Acinetobacter spp. 1 31 14,7 35 13,4 32 10

Enterobacter spp 4 8 3,8 12 4,6 11 3,4

Escheriachia coli 14 6,63 20 7,7 11 3,4

K. pneumoniae 38 18 43 16,5 54 16,9

Klebsiella oxytoca - - 2 0,6

Serratia spp 8 3,8 9 3,4 14 4,4

Outras Enterobacterias

(proteus,morganella,cirobacter)

9 4,3 4 1,5 3 1

P. aeruginosa 29 13,8 32 12,2 27 8,4

Complexo Burkholderia cepacia - 1 0,4 4 1,2

Stenotrophomonas maltophilia - 2 0,8 4 1,2

Citrobacter koseri - - 1 0,3

Morganella Morganii - - 1 0,3

Sphingomonas paucimobilis - - 1 0,3

Total Gram- negativo 137 65 158 60,5 165 51,4

Gram- positivo

S. aureus 21 9,9 26 10 38 11,9

SCon 39 18,5 59 22,6 61 19

Staphylococcus Hominis - 2 0,7

S.Haemolyticus - - 4 1,2

S. Epidermidis - - 4 1,2

S. Lugdunensis - - 1 0,3

S. Caprae - - 1 0,3

S. Capitis - - 1 0,3

Enterococcus spp3 7 3,3 7 2,7 24 7,5

Total Gram-positivo 67 31,7 92 35,3 136 42,4

Fungo

Candida spp.4 7 3,3 11 4,2 20 6,2

Total 211 100 261 100 321 100

1- Acinetobacter spp.: 28(2016), Acinetobacter Baumannii: 4 (2016); 2- Enterobacter Cloacae: 2

(2016), Enterobacter spp: 9 (2016); 3- E. Faecalis: 5 (2014), 6 (2015), 16 (2016); E. Faecium: 1

(2014), 0 (2015), 4 (2016); Enterococcus spp.: 1 (2014), 1 (2015), 4 (2016); 4- Candida Albicans:

4 (2014), 7 (2015),10 (2016); Candida não Albicans: 3 (2014), 4 (2015), 10 (2016).

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60

Em relação ao perfil de resistência aos antimicrobianos, verificou-se as

maiores taxas de resistência, em 2014, para as cepas de P. aeruginosa e

Acinetobacter spp., sendo esta resistência aos cabarpenêmicos. Observou-se,

no período analisado, aumento de 24% na taxa de resistência da E. coli às

cefalosporinas de amplo espectro (terceira e quarta geração).

Contudo, outros microrganismos têm demonstrado diminuição na taxa de

resistência aos antimicrobianos, tais como as P. aeruginosa com redução de

45,7% na resistência aos carbapenêmicos, e as Enterobacter spp. resistentes a

cefalosporinas de 4ª geração apresentaram redução de 26,4% (Figura 5).

Outros microrganismos apresentaram variações na taxa de resistência

aos antimicrobianos no período analisado. Por exemplo, a taxa de Enterobacter

spp. resistentes às cefalosporinas de 4ª geração apresentou queda em 2015

seguido de aumento em 2016. O mesmo ocorreu com a K. pneumoniae

resistente aos carbapenêmicos e às cefalosporinas de 3ª e/ou 4ª geração (Figura

6).

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61

Figura 6: Distribuição da porcentagem de resistência aos antimicrobianos dos bastonetes Gram-negativos notificados como agente etiológico

de IPCSL nas UTI adulto. Goiânia-GO, 2014-2016.

25

37,5

7,1

21,4

55,3

15,8

80,682,7

16,6

25

10

45

32,5

46,5

85,7

37,533,3

11,19,1

45,448,1

33,3

89,3

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Enterobacter sppresistente às cefal.

4ª carbapenens

Enterobacter sppresistente a cefal. 4ª

E. coli resistente àscarbapenens cef. 3ª

e/ou 4ª

E. coli resitente cef.3ª e/ou 4ª

K.pneumoniaeresistente às

carbapenens cef. 3ªe/ou 4ª

K.pneumoniaeresistente às cef. 3ª

e/ou 4ª

Acinetobacter sppresistente a

carbapenens

P.aeruginosaresistente aoscarbapenens

2014

2015

2016

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62

As maiores taxas de resistência microbiana (RM), entre as bactérias Gram-

positivos, deram-se à oxacilina. Os SCon apresentaram tendência crescente para

resistência a esse antibiótico, chegando a atingir 91,8% (Figura 6).

Os S. aureus apresentaram redução na resistência à oxacilina de 34,6%.

Entretanto, sua resistência concomitante à vancomicina e oxacilina tem aumentado. No

período de 2014 a 2016, a taxa de RM aumentou de 0% para 13,1%. Neste mesmo

período, os Enterococcus spp. apresentaram decréscimo na resistência à vancomicina

de 20,2% (Figura 7).

Figura 7: Distribuição da porcentagem de resistência ao antimicrobianos das bactérias Gram-

positivas notificados como agente etiológico de IPCSL nas UTI adulto. Goiânia-GO, 2014-2016.

74,3

18

71,4

0

28,6

78

3,4

38,5

7,70

91,8

1,6

36,8

13,18,3

0102030405060708090

100

SCON resistenteà oxacilina

SCON resistente àvancomicina e

oxacilina

S. aureusresistente à

oxacilina

S.aureusresistente à

vancomicina eoxacilina

Enterococcus sppresistente àvancomicina

2014

2015

2016

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63

6. DISCUSSÃO

É notório que conhecer a epidemiologia das infecções relacionadas a

assistência à saúde (IRAS) e compreender como ocorrem nos estabelecimentos de

saúde é imprescindível, pois, a partir dessas informações, é que se pode identificar

e implementar ações para redução das taxas de infecção, em especial as IPCS.

Este conhecimento e compreensão estão em consonância com os objetivos

da vigilância epidemiológica das IRAS que são: a segurança do paciente, a

segurança dos TAS, a biovigilância (NOGUEIRA JUNIOR et al., 2016), o controle e

a redução das mesmas (ROSENTHAL et al., 2011; ROSENTHAL et al., 2012).

No Brasil, em 1998, foi publicada a Portaria nº 2.616 com diretrizes e normas

para a prevenção e controle das IRAS (BRASIL, 1998). Em 2004, a Anvisa

disponibilizou o programa SINAIS para notificação das IRAS, o qual não se manteve.

Atualmente, as notificações são feitas pelo formulário eletrônico FormSUS.

Compreende-se que, por meio da análise das notificações contidas nesse formulário,

é possível estabelecer estratégias direcionadas para a prevenção e controle dessas

infecções (NOGUEIRA JUNIOR et al., 2014; OLIVEIRA; SILVA; LACERDA, 2016).

Observou-se neste estudo que o número de hospitais com leito de UTI

notificantes das IPCS aumentou durante o período analisado. O mesmo ocorreu com

os dados nacionais, houve um aumento gradativo dos hospitais notificantes das

IPCSL e na regularidade das notificações. De acordo com a Anvisa, em 2016, o

Estado de Goiás teve adesão de 53% dos hospitais com leito de UTI, com

notificações por períodos de 10 a 12 meses as IPCSL (ANVISA, 2017f).

Entretanto, considera-se o padrão ouro a notificação durante todos os meses

do ano. Para a UTI adulto, 68,8% dos hospitais atingiram esse padrão para a

notificação da IPCSL, de acordo com os dados da Anvisa em 2016 (ANVISA, 2017f).

Além da regularidade na notificação, é importante também realizar o preenchimento

correto dos formulários, para que os dados informados sejam reais e confiáveis.

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64

Os problemas encontrados na qualidade dos dados são, provavelmente,

provenientes da falha da vigilância, interpretação equivocada e desatenção por parte

dos profissionais responsáveis pelos preenchimentos dos formulários.

Isso corrobora com o Boletim da própria Anvisa que, nos seus estudos de

esfera nacional, também encontrou inconsistência nas notificações de IRAS

(ANVISA, 2016a). Há, portanto, necessidade de profissionais mais capacitados para

o programa de controle das IRAS, para sanar as limitações na qualidade dos dados

notificados pelos estabelecimentos de saúde.

De acordo como o Plano Integrado para a Gestão Sanitária da Segurança do

Paciente em Serviços de Saúde, inclui-se, nas ações de prevenção e controle das

IRAS, o acompanhamento das Coordenações (estadual, distrital ou municipal) às

notificações dos serviços de saúde, sendo feito a verificação e a identificação de

erros ou inconsistência nos dados informados no formulário FormSUS (ANVISA,

2015).

A meta nacional do PNPCIRAS, para até 2020, é chegar a 80% dos hospitais

com leito de UTI notificando regularmente (10 a 12 meses) as IPCSL (ANVISA,

2017e). Para se alcançar excelência na qualidade da assistência, as medidas devem

ser implementadas e avaliadas, sendo os indicadores de resultados usados na

maioria das vezes como indicador forte para guiar as ações de prevenção e controle

das infecções.

Com esse objetivo, em 2010, foram implantadas as principais medidas de

prevenção das IPCS de acordo com a realidade brasileira, sendo sua última

atualização em 2017 (ANVISA, 2017c). Essas infecções têm levado a óbito milhares

de indivíduos, visto que necessitam de tal assistência (KANJ et al., 2012; PARAJULI

et al., 2017).

Sabe-se que as UTI segregam pacientes com quadros de altíssima gravidade

e imunossuprimidos. Os estabelecimentos de saúde precisam dispensar maior

atenção aos pacientes dessas unidades, devido ao risco de adquirirem infecções.

Certamente, as UTI são unidades prioritárias para a vigilância e investigação

das IRAS, devido a susceptibilidades dos pacientes e a alta frequência dessas

infecções nesses locais, o que é ratificado a seguir.

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65

- Tendência das Infecções primárias de corrente sanguínea (IPCS) nas UTI

adulto

Na epidemiologia, uma série temporal é a organização dos dados em um

intervalo de tempo durante um período específico. Os elementos que compõem a

série temporal são: a tendência, sazonalidade, associação e variação aleatória. O

primeiro elemento da análise é a tendência, que pode ser definida como “movimento

prolongado em uma série ordenada” (LATORRE; CARDOSO, 2001; ANTUNES;

CARDOSO, 2015). Em função disso, a tendência promove o conhecimento do

comportamento ao longo dos anos do evento analisado.

No presente estudo, observou-se que a linha de tendência das IPCS manteve-

se estacionária. Encontrou-se redução discreta na DI da IPCS das UTI adulto, mas

não foi estaticamente significante. Tal redução esteve em conformidade com a do

cenário nacional que mostrou redução na DI da IPCS durante os anos de 2011 a

2016 (ANVISA, 2017a).

Assim também os dados da European Centre for Disease Prevention and

Control (ECDC), para a taxa ajustada das ICS das UTI europeia manteve-se estável

em 2014 em comparação ao ano de 2012 (ECDC, 2016).

Todavia, alguns estudos mostram redução na taxa dessa infecção. Por

exemplo, os dados de uma UTI italiana, correspondente ao período similar ao nosso

estudo, indicam diminuição na taxa de IPCS associada a cateter, a redução foi de

11,2 para 7,8 infecção por mil cateteres-dia nos anos de 2013 a 2016 (BIANCO et

al., 2018).

Outro estudo realizado em UTI adulto na Índia mostrou redução gradativa de

IPCS após a abordagem multidimensional do consórcio internacional INICC, que

incluiu conjunto de intervenções, educação, supervisão dos resultados e processos,

feedback das taxas de IPCS e as consequências dessa infecção. A taxa dessa

infecção passou de 6,4 para 3,9 infecções por mil cateteres-dia, representando uma

redução de 53% (JAGGI et al., 2013).

Diante disso, é preciso investigar se as instituições de saúde estão adotando

as medidas preventivas para a IPCS, pois estudos comprovam que a implantação e

supervisão de tais medidas promovem a redução dessa infecção (CHO et al., 2017).

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66

- Densidade de incidência (DI) das IPCSL e taxa de utilização de CVC nas UTI

Ao comparar a DI da IPCSL do ano de 2015 (3,3 infecções por mil cateteres-

dia) deste estudo com os dados nacionais informados pela Anvisa (4,8 infecções por

mil cateteres-dia) e do Estado de Goiás (3,7 infecções por mil cateteres-dia)

referentes ao ano ao mesmo ano, nota-se que a taxa encontrada neste estudo foi

inferior (ANVISA, 2016a).

Do mesmo modo, ao comparar a DI da IPCSL deste estudo com os dados da

Anvisa referentes ao mesmo período (2014 a 2016), nossos resultados foram bem

inferiores. (ANVISA, 2016a; ANVISA, 2017a).

A taxa de DI das IPCSL evidenciada nas UTI adulto (3,7 infecções por mil

cateteres-dia) foi menor que as citadas em alguns estudos, nos quais variaram de

3,9 a 19,7 infecções por mil cateteres-dia (CUELLAR et al., 2008; ASSIS et al., 2012;

KANJ et al., 2012; ROSENTHAL et al., 2014; IDER et al., 2016; PARAJULI et al.,

2017; SALGADO YEPEZ et al., 2017; BIANCO et al., 2018).

Por outro lado, foi superior à taxa dos EUA de 0,5 infecções por mil cateteres-

dia em unidades críticas (DUDECK et al., 2015) e aproximada ao encontrado em

estudo no Egito que foi de 2,6 infecções por mil cateteres-dia (TALAAT et al., 2016)

e da ECDC de 2,4 infecções por mil cateteres dia. (ECDC, 2016).

De todo modo, há variação na taxa de incidência das IRAS entre pesquisas

desenvolvidas em único centro e daquelas multicêntricas (MELLO et al. (2009). São

exemplos as taxas de IPCS de 8,6 infecções por mil cateteres-dia no Nepal a 16,7

infecções por mil cateteres-dia no Paquistão, sendo estes estudos conduzidos em

um único hospital (PARAJULI et al., 2017; RIZWAN et al., 2017). No Brasil, estas

taxas variam de 9,6 a 15 infecções por mil cateteres-dia (OLIVEIRA et al., 2009;

FIGUEIREDO; VIANNA; NASCIMENTO, 2013).

Todavia, essas taxas elevadas podem representar as características do

próprio hospital pesquisado, inviabilizando a generalização dos dados. Uma variação

na DI da IPCS, em UTI adulto, de 1,7 a 44,6 infecções por mil cateteres-dia foi

reportado em uma revisão, por exemplo (ALLEGRANZI et al., 2011).

A literatura descreve que as taxas de infecções são maiores em países em

desenvolvimento. Os motivos apontados são: a falta de legislação para

implementação do programa de vigilância; irregularidade no cumprimento das

diretrizes estabelecidas; a baixa adesão da prática de HM; recursos escassos; baixo

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67

índice de profissionais por paciente, principalmente na equipe de enfermagem; e a

superlotação dos hospitais. Isto resulta, numa sobrecarga para a equipe assistencial

e favorece a quebra das medidas preventivas (ROSENTHAL et al., 2008; DAL-BÓ;

SILVA; SAKAE, 2012; ROSENTHAL et al., 2014).

O Brasil já possui legislação para o programa de controle de infecção, sendo

que a primeira foi implementada em 1983 e atualizada em 1997 (BRASIL, 6 jan.

1997; BRASIL, 24 jun. 1983). Sabe-se que a promulgação de várias normas que

auxiliam no controle e vigilância das IRAS acarretam na melhora da qualidade da

assistência.

Cerca de 90% das ICS estão associadas ao uso de cateter (BIANCO et al.,

2018), estudos apontam que quanto maior o tempo de uso desse dispositivo maior

o risco de desenvolver infecção (BICUDO et al., 2011; OSORIO et al., 2013; SILVA

et al., 2017). Por isso, a monitorização da taxa de utilização de cateter é incluída na

vigilância e no controle das IPCS, contribuindo assim para a interpretação das taxas.

Notou-se, no presente estudo, que a taxa de utilização de CVC nas UTI adulto

esteve em torno de 55% durante todo o período avaliado, semelhante a estudo

realizado em 43 países que mostrou taxa de utilização de CVC em torno de 54%

(ROSENTHAL et al., 2014). Outros estudos apresentam taxa superior à encontrada

neste estudo, como de os Salama et al. (2016) que correspondeu a 79%, 74% de

Thom et al. (2014) e 77% de Bianco et al. (2018). De acordo com ECDC, a taxa

média nas UTI dos países europeus foi de 70% no ano de 2014 e, variou de 57% a

83% (ECDC, 2016).

Em contrapartida, estudo realizado no Egito encontrou taxa de utilização de

cateter inferior (40%) ao presente estudo (TALAAT et al., 2016).

Quanto à natureza jurídica dos hospitais, encontrou-se conformidade com o

cenário nacional, entretanto, houve uma predominância maior de hospitais privados

(83,3%versus 35,4%) e um percentual inferior dos hospitais públicos (16,7% versus

29,7%) (ANVISA, 2016a).

O presente estudo não encontrou diferença estaticamente significativa na DI

da IPCSL entre os hospitais públicos, privados e com atividade de ensino. Foi

semelhante a estudo de Rosenthal et al. (2012) que observou taxas semelhantes de

IPCS em relação aos tipos de hospitais.

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68

Porém, outro estudo encontrou uma pequena diferença na taxa dessa

infecção entre os hospitais privados e acadêmicos (10,8 vs. 14,3 IPCS por mil

cateteres-dia; p <0,03), e semelhança nos hospitais públicos e acadêmicos (14,6 vs

14.3 IPCS por mil cateteres-dia; p = 0,86) (ROSENTHAL et al., 2011).

Já para os hospitais que exercem atividade filantrópica, a DI da IPCSL foi

significantemente menor quando comparado com os hospitais que não exerciam

essa atividade. Porém, não encontramos uma explicação plausível para essa

associação, assim, necessita-se de mais estudos que inclua outras variáveis e as

características das instituições filantrópicas.

A associação da DI com o número de leitos de UTI adulto não teve

significância, apesar da DI da IPCSL ser 22% menor nos hospitais com maior número

de leitos (categoria III/IV). No entanto, o estudo de Weiner et al. (2016) observou que

a proporção de IRAS foi mais frequente em hospitais gerais e acima de 200 leitos. A

frequência das IRAS foi o dobro nos hospitais com 201 a 500 leitos (42,2%) se

comparados aos hospitais de menor porte de 51 a 200 leitos (18,6%) (WEINER et

al., 2016).

Com isso, notamos que o tamanho da instituição pode influenciar na taxa de

IPCS, isto porque há mais facilidade no treinamento da equipe sobre os cuidados

com o cateter nas instituições de menor porte. As instituições de grande porte

possuem uma quantidade maior de profissionais e mais frequente é a rotatividade

do pessoal, aspectos estes que podem tornar difícil o treinamento para todos os

profissionais, impossibilitando a construção de uma equipe completamente

capacitada (HERRING, 2017).

Alguns estudos analisaram a relação entre o nível socioeconômico dos países

e as taxas de IRAS e constatou-se que quanto mais elevado o nível socioeconômico,

menor são os riscos para IRAS (ROSENTHAL et al., 2011; ROSENTHAL et al.,

2012). (ROSENTHAL et al., 2011; ROSENTHAL et al., 2012). Possivelmente, isto

está relacionado à utilização de tecnologias que proporcionem maior segurança ao

paciente, como a disponibilidade de soluções para o preparo da pele, coberturas

para a fixação dos cateteres, dimensionamento de profissionais e insumos

suficientes para uma assistência segura (ROSENTHAL et al., 2008; ROSENTHAL et

al., 2011; ROSENTHAL et al., 2014)

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69

Outro aspecto é que maioria dos estudos sobre IPCS associadas ao uso de

cateteres são realizados nas UTI. Dados apontam que, nas enfermarias, a taxa

dessa infecção pode ser semelhante à da UTI e também apresentam maior tempo

de uso dos cateteres de forma desnecessária e a utilização do cateter para nutrição

parenteral é mais recorrente, aumentando assim o risco para as IPCS (ZINGG;

WALDER; PITTET, 2011).

Em um estudo realizado em UTI adulto, identificou-se que 66,5% dos

pacientes tiveram pelo menos um cateter inserido fora da UTI, o que, deste modo,

pode ter refletido em aumento da incidência de ICSRC (SILVA et al., 2017).

Dessa forma, as medidas de prevenção das IPCS associadas a cateter nos

ambientes fora da UTI tornam-se de extrema relevância. Tais medidas devem

abranger todas as unidades de internação dos pacientes, evitando restringir-se às

UTI (SILVA et al., 2017).

- Percentil da distribuição da Densidade de incidência (DI) das IPCS

As Coordenações (Estadual, Distrital e Municipal) estimulam os serviços de

saúde a realizarem o monitoramento mensal de seus indicadores, de forma que

possam identificar se suas taxas então dentro do limite máximo ou mínimo de acordo

com o perfil esperado para a instituição (ANVISA, 2015).

Considera-se como indicador alto as taxas agregadas acima do percentil 75%

e/ou 90% e como indicador baixo as taxas agregadas menores que o percentil 25%

e/ou 10%. A taxa ideal é encontrada no percentil 50%, que é a mediana das taxas

de todas as UTI (ANVISA, 2015).

No presente estudo, ao identificarmos o percentil da distribuição da DI da

IPCSL das UTI, foi possível constatar o número de estabelecimentos de saúde com

as menores taxas (percentil 25) e com maiores taxas (percentil 90). Nas UTI adulto,

cinco unidades obtiveram taxas baixas e duas com taxas acima do percentil 90.

Ainda, duas unidades obtiveram DI da IPCSL igual a zero, podendo estar relacionada

à falha na vigilância.

Estes casos de hospitais com taxa zerada para IPCSL podem indicar uma

subnotificação, falha no método de vigilância ou na análise laboratorial, e até mesmo

a não utilização dos critérios nacionais para confirmação da infecção. Do mesmo

modo, a Anvisa relata essa situação em esfera nacional, e afirma que os principais

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motivos apontados pelos hospitais notificantes para a ocorrência dessa falha nos

dados são a dificultada de acesso aos laboratórios e a falta de insumos para a

realização da análise laboratorial (ANVISA, 2016 a). Tal situação é preocupante, uma

vez que é de grande importância a identificação do patógeno para o tratamento das

IPCS e para o monitoramento dessa infecção.

A falta de acesso aos laboratórios e insumos insuficientes para a análise

laboratorial pode levar a uma subnotificação das IPCS pelos hospitais. Podendo

assim, apresentar taxas baixas, mas não representar a verdadeira incidência das

IPCS nesses locais (ANVISA, 2016 a).

Comparamos nossa taxa com as dos estudos do NHSN e do INICC. O NHSN

é o sistema nacional de vigilância das IRAS dos EUA, pioneiro na vigilância

epidemiológica dessas infecções. É composto por três pilares: a segurança do

paciente, segurança dos profissionais de saúde e biovigilância (NOGUEIRA JUNIOR

et al., 2016). A participação dos hospitais é voluntária (exceto em alguns Estados) e

os dados coletados são analisados pelos CDC.

Já o INICC é um sistema internacional, multicêntrico e sem fins lucrativos,

fundado em 1998 pelo Dr. Victor Rosenthal, na Argentina. Atualmente, é composto

por várias instituições de saúde em todo o mundo. Essa rede multinacional tem como

objetivo controlar e reduzir as IRAS, seguindo os critérios de diagnóstico do CDC-

NHSN (ROSENTHAL et al., 2011; ROSENTHAL et al., 2012).

Notamos que a DI da IPCSL da UTI adulto, do presente estudo, foi maior

quando comparada com as maiores taxas (percentil 90) dos EUA referente à mesma

população (DUDECK et al., 2015).

Entretanto, ao comparar nossos dados com o estudo realizado pelo INICC em

503 UTI, encontramos similaridade no percentil 50% (mediana) (2,58 vs 2,46). No

entanto, no percentil 90%, nossa taxa esteve um pouco abaixo (9,48 vs 15,6)

(ROSENTHAL et al., 2014). Este estudo incluiu vários países, inclusive o Brasil, e,

consequentemente, a proximidade dos dados pode ser devido à realidade dos países

serem semelhantes ao do local deste estudo.

No Brasil, a Anvisa tem acompanhado a DI da IPCSL das UTI e sua

distribuição em percentil. Observou-se que as taxas do percentil 90%, deste estudo,

estiveram um pouco abaixo das maiores taxas nacionais dos anos de 2014 e 2015

(ANVISA, 2016a; ANVISA, 2017a).

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Contudo, houve um aumento de 31,4% na DI de IPCSL no percentil 90% em

2016. Os dados nacionais também apresentaram elevação na DI da IPCSL no

mesmo percentil (7,3%), porém, um aumento inferior ao deste estudo (ANVISA,

2016a; ANVISA, 2017a).

Recomenda-se que as instituições com indicadores altos para IRAS devem

investigar as causas e intervir com um plano de ações focado na redução desses

indicadores. Entretanto, os indicadores baixos também devem ser investigados,

verificando-se o método de vigilância para a detecção das IRAS está adequado

(ANVISA, 2015).

Vale ressaltar que a Anvisa mantém atualizados os manuais de instrução tanto

para a identificação como para a prevenção das IRAS. Os serviços de saúde devem

acompanhar e seguir essas orientações (ANVISA, 2017b; ANVISA, 2017c).

- Principais microrganismos identificados nas IPCS das UTI adulto

Quanto aos patógenos isolados nas IPCS, neste estudo, os bastonetes Gram-

negativos foram os mais frequentes, apresentando conformidade com estudos que

relatam a predominância destas bactérias e uma tendência a aumento no período

estudado (MACHARASHVILI et al., 2009; GELDENHUYS et al., 2017; PARAJULI et

al., 2017).

O estudo de Cantey e Milstone (2015) mostrou que, nos EUA, Israel e Taiwan,

na UTI neonatal, prevaleceram os cocos Gram-positivos nas IPCS. Uma explicação

para essa diferença é a frequência do patógeno Gram-positivo, SCon, como

causador das ICS, correspondendo a mais da metade dessas infecções (GRISARU‐

SOEN et al., 2012; LIM et al., 2012).

No estudo de Zakhour et al. (2017), observou-se uma diferença na etiologia

das IPCS em pacientes oncológicos adultos e pediátricos, notou-se que os Gram-

negativos foram mais frequentes nos adultos (46%) e na população pediátrica

destacou-se os Gram-positivo, sobressaindo-se o SCon (37%). Os autores ressaltam

que essa diferença pode estar relacionada à doença e ao grau de imunossupressão.

Diante disso, nota-se que há relevância no conhecimento dos principais causadores

das IPCS em cada país, região e instituição de saúde.

Obteve-se, no presente estudo, similaridade com achados de outros estudos,

em relação aos principais patógenos encontrados nas UTI, quais sejam: SCon

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(BRITO et al., 2010; MCGRATH; ASMAR, 2011; DAL-BÓ; SILVA; SAKAE, 2012;

KANJ et al., 2012; CATARINO et al., 2013; SIEVERT et al., 2013; HOOVEN; POLIN,

2014; MATSUI et al., 2015; ANVISA, 2016a; WEINER et al., 2016; PARAJULI et al.,

2017; BIANCO et al., 2018) e K. pneumoniae (MCGRATH; ASMAR, 2011; ANVISA,

2016a; ECDC, 2016; GELDENHUYS et al., 2017; PARAJULI et al., 2017; BIANCO

et al., 2018).

Além dos microrganismos acima citados, foram frequentes, na UTI adulto, os

Acinectobacter spp. (BARROS et al., 2012; GASPAR; BUSATO; SEVERO, 2012;

KANJ et al., 2012; ROSENTHAL et al., 2014; PARAJULI et al., 2017; BIANCO et al.,

2018), S. aureus (BARROS et al., 2012; GASPAR; BUSATO; SEVERO, 2012; KANJ

et al., 2012; ECDC, 2016; PARAJULI et al., 2017) e Enterococcus spp (KANJ et al.,

2012; ECDC, 2016).

A identificação dos microrganismos causadores das IPCS possibilita

relacionar o patógeno com a fisiopatogenia da infecção, apontando os possíveis

pontos que necessitam ser revistos, para a melhoria da qualidade da assistência. As

P. aeruginosa Enterococcus spp., Candidas e Staphylococcus spp. são

habitualmente identificados em casos de contaminação do hub, conexões e

conectores. Assim, as medidas, como a HM, desinfecção das conexões, técnica

asséptica no procedimento de infusão e diminuição na manipulação do dispositivo,

podem contribuir para reduzir o risco de contaminação por via intraluminal (APIC,

2015).

Os microrganismos que colonizam a pele, como os SCon e S. aureus, estão

relacionados a colonização extraluminal, sendo mais comum em cateteres venosos

centrais de curta permanência, com menos de 14 dias de uso (APIC, 2015). De modo

corroborativo, estudo mostra que o uso do CVC por mais de 14 dias aumenta o risco

de se adquirir a infecção (SILVA et al., 2017).

S. aureus estão relacionados a colonização da pele. Assim, avaliação do sítio

de inserção que apresente menor potencial de contaminação é de extrema

relevância. A literatura reporta que o sítio de 1ª escolha para pacientes adultos é a

veia subclávia, que interfere no desenvolvimento de IPCS (COMMISSION, 2012;

APIC, 2015; COMERLATO et al., 2017)

Os SCon normalmente são associados a contaminação da amostra, que pode

ocorrer no momento da coleta ou durante a análise laboratorial. Portanto, nesses

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casos deve-se atentar para a antissepsia da pele, HM, para as medidas de

manutenção do dispositivo e as recomendações de coleta de amostra (APIC, 2015).

Outro mecanismo para a IPCS é a infusão de liquido, soluções ou

hemoderivados contaminados, na qual, o microrganismo pode ser introduzido

durante o preparo das soluções ou durante a sua fabricação. Nestes casos, os

bacilos Gram-negativos são os mais frequentes (APIC, 2015).

Destacou-se também, neste estudo, os Acinectobacter spp, considerados

importantes causadores de infeções, principalmente do trato respiratório (POGUE et

al., 2013; VIEHMAN; NGUYEN; DOI, 2014).

Esse microrganismo pode ser encontrado em pacientes colonizados ou

infectados no ambiente hospitalar e em equipamentos médicos. Além disso, eles

possuem mecanismo que favorecem a formação de biofilme. Por isso, deve-se

atentar para os cateteres vasculares e os equipamentos de ventilação mecânica

(VIEHMAN; NGUYEN; DOI, 2014), uma vez que o biofilme dificulta a eliminação do

microrganismo por favorecer resistência à defesa imunológica do próprio paciente e

aos antibióticos (COMMISSION, 2012; CARRARA, 2016; GOMINET et al., 2017)

Os Acinectobacter spp podem ser transmitidos a partir do contato direto ao

ambiente ou equipamentos contaminados, sendo disseminado por meio das mãos

dos profissionais, ou por transmissão da via aérea de pacientes colonizados.

Conhecendo essas características desse patógeno, as instituições que apresentam

elevada incidência desse microrganismo, deve reforçar as medidas de limpeza dos

ambientes e dos equipamentos, a HM, a precaução de contato (VIEHMAN;

NGUYEN; DOI, 2014; LATIBEAUDIERE et al., 2015).

Diante do exposto, o conhecimento dos principais microrganismos

causadores das IPCS de cada instituição, favorece o direcionamento da vigilância

epidemiológica e das medidas preventivas a serem implementadas.

Vale realçar que, em outras regiões do país, ocorreram diferenças na etiologia

da IPCS (ANVISA, 2016a). Isto pode estar relacionado às características locais,

como os antimicrobianos mais utilizados, a prática do controle e prevenção de

infecção e até mesmo ao clima, fatores que possivelmente influenciam nessa

diferença (FORTALEZA et al., 2014).

Em uma revisão sobre a redução dos ICS por meio dos bundles, identificou-

se que apenas 31% dos estudos analisados descreviam o agente etiológico da ICS

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associada a cateter (SILVA; OLIVEIRA, 2018). Esse dado denota a importância de

se acompanhar a redução das taxas de ICS, bem como de seus causadores.

No estudo de Salama et al. (2016), após implementar medida de inserção do

cateter, encontrou-se redução na DI da IPCS associada a cateter de 14,9 para 11,0

infecções por mil cateteres-dia e diminuição de microrganismos multirresistentes.

Contudo, há carência de estudos em que se verifica se há relação na adoção das

medidas preventivas e na mudança dos microrganismos e do seu perfil de

resistência.

Deste modo, para o tratamento da IPCS, é importante a identificação do

microrganismo responsável e seu perfil de resistência aos antimicrobianos, para

assim fornecer um tratamento adequado. Além do mais, a vigilância epidemiológica

deve fornecer aos estabelecimentos de saúde o conhecimento do perfil de

resistência dos principais microrganismos identificados na instituição.

- Perfil de resistência dos microrganismos das IPCS

No presente estudo, quanto ao perfil de resistência na UTI adulto, as

cefalosporinas de 3º e/ou 4º geração e ao cabarpenêmicos prevaleceram entre os

bastonetes Gram-negativos.

Semelhantemente aos dados da Anvisa na UTI adulto, os Acinectobacter spp.

mantiveram constante resistência aos cabarpenêmicos, atingindo quase 100%

(ANVISA, 2017a) (Figura 5).

Outros estudos como de Sievert et al., 2013 (64,5%), Rosenthal et al. (2014)

(66,3%) e Salgado Yepez et al. (2017) (100%) mostraram alta resistência dos

Acinetobacter baumannii aos carbapenêmicos. Tais dados são inquietantes, ao

saber que a taxa de mortalidade por esse microrganismo varia de 16% a 76%

(VIEHMAN; NGUYEN; DOI, 2014).

Diferentemente do nosso estudo, nos EUA, o percentual de Acinectobacter

spp. resistentes a essa classe de antibióticos têm apresentado diminuição ao longo

dos anos, de acordo com o último relatório do NHSN. Entretanto, não houve uma

explicação para a redução (WEINER et al., 2016).

O CDC afirma que 63% dos Acinectobacter spp. causadores de IRAS são

multirresistentes, ou seja, resistentes a pelo menos três classes diferentes de

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antibióticos. Isto ratifica a preocupação com esse microrganismo e a relevância do

seu monitoramento (CDC, 2013).

De qualquer maneira, percebe-se a mudança no percentual de resistência

entre alguns fenótipos. As P. aeruginosa, por exemplo, tiveram redução na

resistência aos cabarpenêmicos, nos anos de 2015 e 2016. Apesar da redução, a

taxa deste estudo foi superior aos dados dos EUA (25,8%), mas foi um pouco inferior

aos dados da Anvisa (42,9%) e ao estudo do INICC conduzido em 503 UTIS de

quatro continentes, que foi de 42,4% (imipenem e meropenem) (WEINER et al.,

2016; ROSENTHAL et al., 2014; ANVISA, 2017a). No Equador, a taxa de resisitência

desse microrganimos aos imipenem e meropenem foi muito mais elevada,

correspondendo a 71,4% (SALGADO YEPEZ et al., 2017).

As k. pneumoniae obtiveram resistência tanto a cefalosporinas de 3º e/ou 4º

geração e ao cabarpenêmicos, chegando a corresponder a quase 50% na maioria

dos anos pesquisados. Esses valores foram superiores aos dos EUA, na qual, a

resistência das Klebsiella (pneumoniae/oxytoca) aos carbapenêmicos foi de 10,9%

e 24,1% a cefalosporinas de 3º e 4º geração (WEINER et al., 2016) . Entretanto, as

taxas mais elevadas foram encontradas no estudo do INICC, com 71,2% desse

patógeno resistente a cefalosporinas de 3° geração e 19,6% aos carbapenêmicos

(ROSENTHAL et al., 2014). Uma grande preocupação com ICS por k. pneumoniae

resistente a carbapenêmicos é o aumento na taxa de mortalidade atribuível a esse

microrganismo, podendo corresponder a 50% (BORER et al., 2009).

O mesmo ocorre ao comparar as E.coli resistentes as cefalosporina de 3º e/ou

4º geração deste estudo (50%) com os dados dos EUA (22,2%) (WEINER et al.,

2016) e o estudo do INICC (65,5%) (ROSENTHAL et al., 2014). Uma possível

explicação para aproximação dos dados da presente pesquisa com o estudo do

INICC é em virtude de o estudo abranger países com realidades socioeconômicas

semelhante as nossas.

Quanto aos SCon, foi crescente a resistência à oxacilina, o que divergiu dos

dados nacionais, que assinalam pouca alteração. Além disso, a porcentagem de

SCon resistentes a esse antibiótico, neste estudo, foi maior quando comparada com

os dados da Anvisa (ANVISA, 2017a) (Figura 6).

No que concerne aos S. aureus identificados nas UTI adulto, a taxa de

resistência à oxacilina foi um pouco superior ao estudo do INICC no ano de 2014

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(71,4 versus 61,2%) e aos dos EUA (50,7%) e do Equador (60%). Porém, nos anos

seguintes, houve uma redução pela metade, sendo estas taxas inferiores às

relatadas pela Anvisa em 2015 e 2016 (ROSENTHAL et al., 2014; ANVISA, 2017a;

SALGADO YEPEZ et al., 2017; WEINER et al., 2016). Acrescenta-se que um estudo

conduzido na Mongolia chegou a encontrar total resistencia dos S. aureus à oxacilina

(IDER et al., 2016).

Apesar de se ter encontrado S. aureus e SCon resistentes à vancomicina,

essa informação não consta em estudo da Anvisa sobre a avaliação dos indicadores

nacionais das IRAS e resistência microbiano nos serviços de saúde (ANVISA, 2016a;

ANVISA, 2017a). Uma possível explicação é a contaminação dessas amostras. A

Anvisa tem monitorado esses dados, mas ainda não foi possível confirmar essa

informação.

Entretanto, de acordo com os critérios de diagnóstico das IPCS, é

recomendado duas os mais hemocultura coletadas em momentos diferentes,

justamente para evitar a contaminação (ANVISA, 2017b). É possível também que

haja erro de digitação dos formulários, uma vez que esses casos são incomuns, e

os dados da Anvisa já apontaram problemas de digitação dos formulários (ANVISA,

2017a)

Sabe-se que é raro os casos relatos sobre a resistência à vancomicina em S.

aureus no mundo. Nos EUA, o primeiro caso foi em 2002, sendo recentemente

confirmado 14º caso (LIMBAGO et al., 2014; WALTERS et al., 2015). Outros casos

de infecção por esse patógeno foram reportado em outros países como Índia,

Paquistão, Irã e Portugal (MELO-CRISTINO et al., 2013; MORAVVEJ et al., 2013).

No Brasil, há relato de apenas um caso de S. aureus resistente à vancomicina

(VRSA), sendo este isolado em um paciente com ICS causado por MRSA, mas que

adquiriu resistência à vancomicina. O estudo sugere que o plasmídeo pBRZ01,

contendo o gene vanA, foi adquirido durante o tratamento de antibiotioterapia

(ROSSI et al., 2014).

Em 2015, Panesso et al. (2015) relatou a caracterização da cepa de S.aureus

suscetível à meticilina (MSSA) e resistente à vancomicina, reafirmando que esse

plasmídeo foi adquirido por um isolado invasivo de MSSA dentro do mesmo paciente.

Contudo, não houve mais relatos de resistência à vancomicina por esse

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microrganismo no Brasil. Entretanto, a disseminação da resistência a vancomicina

pelos S.aureus é uma situação alarmante para saúde pública, uma vez que a

vancomicina é a opção para tratamento de primeira linha para MRSA.

De acordo com o CDC, fatores como infecção ou colonização prévia por VRSA

ou Enterococos; condicção subjacente como diabetes e grave problema de pele; e

antecedente de tratamento com vancomicina podem predispor o paciente para

infecção por VRSA (CDC, 2014).

O CDC recomenda que logo após a confirmação de VRSA, o laboratório deve

avisar imediatamente ao cuidador do paciente, os profissionais que realizam o

atendimento e ao responsável do controle de infecção, para que assim, haja a

implantação das precauções necessárias. As autoridades e departamentos de saúde

pública local e estadual também devem ser informadas sobre a confirmação de caso

de VRSA (CDC, 2014; WALTERS et al., 2015).

Os métodos recomendados para a confirmação e identificação do VRSA são:

micro-diluição em caldo de referência, diluição em ágar, difusão em gradiente e

placas de ágar com tela de vancomicina. Não é indicado o método de disco de

difusão por não ser possível diferenciar o diâmetro da área produzida por cepas

suscetíveis a vancomicina e por S. aureus com sensibilidade intermediário à

vancomicina (VISA) (WALTERS et al., 2015). Por esses motivos, é importante

conhecer o método de identificação e realizar a investigação da cepa de VRSA, para

que não ocorra a divulgação de resultado falso.

Estudo realizado no Egito também apontou como desafio para o sistema de

vigilância a capacidade limitada dos laboratórios para a identificação microbiológica

e para os testes de susceptibilidade de qualidade (TALAAT et al., 2016). No Brasil,

também foi reportado dificuldade dos hospitais no acesso aos laboratórios de

microbiologia e a falta de insumos para a realização de teste laboratoriais

(ANVISA,2017a).

Tais aspectos revelam a importância de investimento material, seja nos

insumos necessários para a realização dos testes ou no treinamento do pessoal

técnico. A falha nos métodos laboratoriais pode subestimar a prevalência dos

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microrganismos e a resistência aos antimicrobianos, limitando o real conhecimento

do perfil das infecções.

Com o propósito de sanar essas limitações e de melhorar o monitoramento da

resistência microbiana no Brasil, foi criada em 2013 a Sub-rede analítica de

resistência microbiana em serviços de saúde. Considerando elementar o trabalho da

Sub-rede para a identificação de surtos, de novos mecanismos de resistência e para

o monitoramento do perfil de resistência nas instituições brasileiras (ANVISA,2015).

Diante dessas informações, é preciso verificar quais os métodos laboratoriais

foram utilizados para os casos notificados de VRSA, além disso, se foram

encaminhadas as amostras e acompanhadas pelos laboratórios que faz parte dessa

sub-rede, para a realização de teste específicos e confirmação desse diagnóstico.

No entanto, neste estudo não foi possível obter tais informações, impossibilitando a

confirmação desses dados encontrados. Mesmo diante dessa limitação, é de suma

importância investigar esses casos, uma vez que, os VRSA são raros e de grande

relevância epidemiológica.

Em relação aos Enterococcus resistentes à vancomicina, os dados foram

semelhantes aos da Anvisa somente no ano de 2014. Nos outros anos, as taxas de

resistência esteve bem abaixo das encontradas nos dados nacionais, assim como

dos estudos dos EUA (9,5%) e do INICC (12,2%) (SIEVERT et al., 2013;

ROSENTHAL et al., 2014; ANVISA, 2016a; ANVISA, 2017a). Deve-se realizar

constante vigilância da resistência à vancomicina, sendo este um dos mais potentes

antibióticos.

Nos EUA, aproximadamente 66.000 infecções por Enterococcus ocorrem

anualmente. De acordo com o CDC, 30% das IRAS causadas por Enterococcus são

resistentes à vancomicina, o qual é um antibiótico de última instância (CDC,2013).

Estudo no Nepal, em UTI adulto, observou que todos os microrganismos

isolados das IPCS apresentaram 100% de resistência a múltiplas drogas (PARAJULI

et al., 2017). Esses dados são preocupantes, pois a múltipla resistência adquirida

pelos microrganismos diminui as opções terapêuticas.

A situação emergente da resistência aos antimicrobianos traz diversos

desafios e problemas. Entre eles, estão o aumento da morbimortalidade, os

excessivos gastos hospitalares, que podem atingir cerca de US $ 20 bilhões ao ano

(LAUTENBACH; PERENCEVICH, 2014).

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Cerca de 10% das complicações das internações hospitalares são devido às

IRAS, sendo que 75% dessas infecções são ocasionadas por microrganismos

resistentes a tratamento por antimicrobianos de primeira linha (LAUTENBACH;

PERENCEVICH, 2014).

Diante do exposto, os dados da resistência microbiana são preocupantes,

posto que a maioria dessas infecções são preveníveis. Ademais, a resistência

microbiana acarreta ônus aos serviços de saúde em razão do aumento nos custos

hospitalares com tratamento mais potentes e procedimentos complexos e, ainda,

maior tempo de hospitalização e óbito. Outra importante consequência da resistência

adquirida pelos microrganismos é a falta de opção terapêutica e até mesmo a

inexistência de tratamento (CDC,2013).

O crescente aumento desses microrganismos enfatiza a importância e

urgência do controle do uso dos antimicrobianos disponíveis. Seu uso de forma

consciente e adequada é o mais recomendado, de modo que possibilite o sucesso

no tratamento das infecções com os antimicrobianos disponíveis. Assim, também há

a necessidade da adoção de medidas que evitem a disseminação de microrganismos

multirresistentes nos estabelecimentos de saúde.

- A redução da IPCS favorece a qualidade da assistência à saúde.

A OMS tem como objetivo a segurança do paciente, para isso, deve-se

proporcionar um atendimento seguro e de qualidade. Reconhece-se a necessidade

de esforços conjuntos e ações abrangentes para a segurança ambiental e para o

gerenciamento de riscos, podendo assim, identificar e gerenciar os riscos reais e

potenciais que interrompam a assistência segurança e reconhecer possíveis

soluções para evitar os EA (WHO, 2004).

Destaca-se a responsabilidade dos gestores de saúde e dos TAS ao

executarem a assistência de forma segura, sem ocasionarem danos aos pacientes.

Contudo, percebe-se que as instituições (fontes pagadoras, administradores de

serviços de saúde) priorizam o atendimento com o mínimo de recursos possíveis,

seja pessoal ou material. Este tipo de gerenciamento resulta em baixa qualidade da

assistência e possibilita a ocorrência de infecções ( ANVISA, 2017a).

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Estudos apontam que o cumprimento dos bundles para IPCS leva a redução

dessa infecção (PRONOVOST et al., 2006; PRONOVOST et al., 2010;

MARSTELLER et al., 2012; EXLINE et al., 2013; OSORIO et al., 2013; BLOT et al.,

2014; KLINTWORTH et al., 2014; TANG et al., 2014; MENEGUETI et al., 2015;

MITSOGIANNI et al., 2016). As medidas preconizadas são: utilização de barreira

máxima estéril na inserção do cateter; HM ; preparo da pele do paciente com

clorexidina; escolha do sítio de inserção (evitar punção na veia femoral); revisão

diária da necessidade do cateter e retirada imediata quando não houver mais

necessidade ( ANVISA, 2017c).

No estudo de Tang et al. (2014), houve diminuição na taxa de IPCS após as

intervenções que incluíram os bundles para inserção de CVC, educação e vigilância

nas taxas. A taxa de IPCS passou de 1,65 para 0,65 infecções por mil cateteres-dia.

Outra descoberta do estudo foi que a inserção do CVC por médico intensivista é um

fator de proteção para a infecção.

Um estudo desenvolvido em UTI de 15 países em desenvolvimento mostrou

que a implementação da educação, o feedback de desempenho e a vigilância de

resultados e processos das taxas IPCS, resultaram na melhor adesão às medidas

preventivas e obteve redução de 54% na incidência das IPCS e diminuição de 58%

nas mortes por essa infecção (ROSENTHAL; MAKI; RODRIGUES; et al., 2010).

A redução da taxa de IPCS tem impactos significativos, tais como diminuição

da mortalidade, tempo de internação e nos custos hospitalares. O estudo de Thom

et al. (2014) desiginou uma enfermeira para atividades de segurança do paciente e

controle de infecção com foco na redução de IPCS. O resultado foi a redução de

70% das IPCS (DI da IPCS de 5,0 para 1,5 infecções por mil cateteres-dia), o que

corresponderia a uma economia anual de 205.200 doláres.

O estudo de Hammarskjold et al. (2014) expõe que um programa de

prevenção das IPCS liderado por uma equipe qualificada e ativa manteve a taxa de

infecção baixa (0,6 IPCS por mil cateteres-dia) durante o periodo de 6 anos.

Contudo, alguns fatores podem dificultar a implantação desses bundles nas

unidades de saúde, entre eles: a falta de conhecimento e consciência sobre a

magnitude da infecção; falta de recursos para realizar a prática segura da

assistência; e a inconformidade com as diretrizes estabelecidas (BLOT et al., 2014).

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Por isso, são de extrema importância a capacitação das equipes multidisciplinares,

fornecimento de uma estrutura adequada e investimento na educação continuada

para fortalecer a adesão a tais medidas.

Dentre as medidas dos bundles, destaca-se a HM por ser simples e de baixo

custo, em contrapartida, de grande impacto para a redução das IRAS e para

diminuição da disseminação dos microrganismos multirresistentes (WHO, 2014b;

AWOKE et al., 2018).

Apesar dos seus benefícios a HM ainda apresenta pouca adesão pelos TAS.

Segundo a OMS, a média de adesão é de 40%, variando de 5% a 89% (WHO, 2009).

Infelizmente, os dados de estudos nacionais sugerem que a adesão a essa

prática continua baixa. No estudo de Santos, T.C.R. et al. (2014), a adesão foi

17,2%, no de Silva e Oliveira (2017), foi 22,7% e 43,7% no estudo de Souza et al.

(2015). Apesar de ser simples e de baixo custo, esforços devem ser feitos para

melhorar a prática de HM, gerando assim grandes benefícios na assistência e na

segurança do paciente.

A OMS afirma que a adesão a HM só é possível se os serviços de saúde

fornecerem uma infraestrutura adequada e fornecer produtos confiáveis e

permanente nos pontos de assistência, estando de acordo com os cinco momentos

para a HM (WHO, 2009).

Uma das técnicas de HM, a fricção com antisséptico para mãos (com

preparação alcoólica), despende de pouco recursos e infraestrutura. Pode, deste

modo, ser realizada por meio dos dispensadores fixados nas paredes em pontos

estratégicos e frascos fixados em áreas próximas dos pacientes ou nos carrinhos de

curativos ou de medicamentos, sendo levados para os locais de assistência (WHO,

2009; BRASIL, 2015).

Sabe-se que a mãos dos profissionais de saúde são colonizadas por diversos

microrganismos, podendo apresentar persistente colonização por microrganismos

patogênicos como S. Aureus e bacilos Gram-negativos (WHO, 2009).

Por consequência, a disseminação desses microrganismos pode ocorrer por

meio das mãos dos profissionais, equipamentos contaminados, entre outros. Logo,

a finalidade da HM é a remoção de tais microrganismos da superfície da pele, assim

como sujidades que contribuem para a permanência e proliferação dos

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microrganismos (WHO, 2014b). Diante do exposto, a HM é uma das principais

medidas para evitar as IRAS e impedir a transmissão de microrganismo,

principalmente os multirresistentes.

Uma limitação do presente estudo foi a utilização de dados secundários e

retrospectivos. Por isso, algumas variáveis não foram passíveis de serem

controladas, como a qualidade dos dados, os critérios de diagnósticos utilizados, a

falha no método de vigilância, inconsistências dos registros dos dados, entre outros.

Outra limitação a ser considerada foi a alteração, ao longo dos anos, que

ocorreu no Formulário de Notificação - FormSUS. De acordo com a COMCISS, a

partir do ano de 2016, os formulários de notificação (FormSUS) das IPCS passaram

a ser verificados com maior atenção para alcançar maior qualidade nos dados

obtidos. Caso houvesse erro ou inconsistência nos dados, a COMCISS solicitava ao

estabelecimento de saúde a adequação dos dados, essa medida forneceu melhor

consistência nos dados, permitindo, por conseguinte, o conhecimento concreto da

magnitude e do perfil das infecções.

O ponto forte deste estudo foi propiciar, de forma inédita, o conhecimento do

perfil das IPCS nas UTI adulto do município de Goiânia. Os dados fornecidos, por

meio deste estudo, poderão contribuir para o controle das IPCS desde o nível

gerencial até o nível assistencial, não somente neste município, como poderão ser

extrapoladas, em alguns aspectos, para outros municípios e/ou regiões. Considera-

se fundamental, para tal, o trabalho conjunto, com atuação de equipes

interdisciplinares, observando medidas baseadas em evidência científica para a

prevenção dessas infecções e contribuindo para diagnóstico das falhas nos serviços

de saúdes em relação ao controle das IRAS.

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7. CONCLUSÕES

1) Nas UTI adulto, observou-se que a tendência foi estacionária para a taxa de IPCS

no período avaliado. Nota-se a necessidade de avaliação para verificar se medidas

preventivas estão sendo adotadas nas intuições, uma vez que levam a redução das

IPCS.

2) A DI das IPCSL teve um aumento ao longo dos anos analisados, assim como no

número de UTI notificantes. Encontrou-se predominância das UTI privadas, no

entanto, houve associação das menores taxas de DI da IPCSL com os

estabelecimentos filantrópicos, mas não foi possível encontrar uma explicação para

esse dado. Quanto às outras variáveis (tipo de hospital, atividade de ensino, número

de leitos e ano), não houve associação estatística com a DI de IPCSL da UTI adulto.

3) Quanto ao percentil da distribuição da DI das IPCSL, notou-se que dois

estabelecimentos mantiveram a DI da IPCSL acima do percentil 90 por dois anos

consecutivos. É, portanto, necessário a avaliação dessas instituições quando há a

sustentação de taxas elevadas para as IPCS. Porém, outros estabelecimentos

apresentaram taxa anual zerada para a DI das IPCSL, podendo representar uma

subnotificação dos dados. Sendo assim, necessário também a investigação dessas

instituições, quanto aos métodos de vigilância e os critérios de diagnóstico utilizados.

4) Para a taxa de utilização de CVC, houve baixa variação, mas há tendência de

aumento e ela manteve-se acima de 50% durante todo o período do estudo.

5) Em relação aos tipos de microrganismos, verificou-se que predominaram os

bastonetes Gram-negativos, mas os Gram-positivos e fungos, mostram crescente

aumento no período analisado. Na distribuição da porcentagem de cada

microrganismos, o SCon apresentou maior frequência, seguido das K. Pneumoniae.

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6) Quanto ao perfil de sensibilidade no que se refere às IPCLS, os bastonetes Gram-

negativos apresentaram resistência aos cabarpenêmicos e às cefalosporinas de 3ª

e/ou 4ª geração. Quanto às bactérias gram-positivos, a resistência à oxacilina foi

mais frequente.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que estudos adicionais serão necessários para verificar se as

instituições de saúde estão aderindo às medidas de prevenção para IPCS e às

estratégias de vigilância, aspectos que não foram enfocados no presente estudo.

Há também a necessidade de estudo que analise as IPCS nos outros setores

hospitalares, uma vez que o uso de cateter ocorre também nestes outros locais.

Adicionalmente, observamos que há escassez de estudo sobre esta infecção nestes

setores, impossibilitando o conhecimento real das IPCS fora das UTI e, além disso,

a vigilância deve abranger todas as unidades da instituição, assim como as medidas

preventivas.

Os resultados deste estudo serão reportados a COMCISS, de forma que

possam contribuir para a elaboração de estratégias de prevenção e controle de

infecções nas UTI do município de Goiânia, relacionadas aos indicadores de

processos e resultados.

Sugerimos ao serviço de Segurança do paciente e controle de infecção do

Município estudado, mediante a identificação de elevadas taxas de IPCS associada

a cateter central, que se faça vigilância dos estabelecimentos de saúde in loco,

quanto à instituição de políticas de segurança do paciente, ao programa de uso

racional de antimicrobianos, à adesão aos bundles e à adesão dos TAS as medidas

preventivas, uma vez que estudos comprovam redução das taxas dessa infecção a

partir da implementação de tais medidas.

Recomenda-se também que os dados sejam divulgados aos

estabelecimentos de saúde, por meio de informativo epidemiológico para os TAS, os

quais estão na linha de frente dos cuidados de saúde e devem ser incentivados a

aderirem às medidas preventivas.

Consideramos de suma importância que as equipes de enfermagem

compreendam a magnitude da IPCS, ampliando assim o seu conhecimento sobre a

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vigilância e controle dessa infecção. Salientamos que adesão às práticas preventivas

por tais profissionais contribui muito para melhor qualidade da assistência.

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111

APÊNDICES

Apêndice I

Tabela 4: Densidade de Incidência das IPCSL e taxa de utilização de CVC-dia das UTI adulto, por

estabelecimento de saúde. Goiânia- GO. 2014 a 2016.

UTI adulto DI IPCSL- 2014

DI IPCSL- 2015

DI IPCSL- 2016

DI IPCSL- 2014-2016

Taxa de utilização de CVC 2014-2016

1 2,92 4,17 2,05 3,02 55,57

2 0 0,29 3,02 1,17 58,66

3 0 0 0 0 53,55

4 0,42 0 0,78 0,40 91

5 5,87 6,59 7,66 6,33 40,45

6 0,72 1,99 4,38 2,39 72,86

7 1,79 3,22 15,52 5,52 40,4

8 4,78 5,38 2,52 4,26 72,15

9 1,43 0,22 0,18 0,69 56,17

10 - 1,95 4,15 3,61 74,63

11 - - 6,09 6,09 38,22

12 4,75 2,53 3,25 3,42 33,80

13 5,81 7,15 11,42 7,75 62,59

14 1,44 2,78 1,83 1,99 61,58

15 0 1,97 0 0,70 36,06

16 5,92 0 2,81 2,85 7,47

17 7,85 8,52 2,24 6,20 44,85

18 0 6,79 10,26 6,42 51,86

19 6,80 1,95 4,02 4,27 41,62

20 0,46 1,43 3,03 1,57 68,07

21 - - 10,20 10,20 38,13

22 2,78 1,71 3,58 2,73 65,1

23 14,18 10,24 0 9,01 26,9

24 4,12 2,90 5,53 4,01 57,37

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25 2,33 4,31 4,33 3,53 62,86

26 2,33 1,53 4,57 2,91 45

27 0,67 3,27 2,20 1,93 39,92

28 0,31 0,95 0 0,47 75,29

29 2,49 12,85 19,93 10,82 50,05

30 3,79 0 13,79 3,70 57,01

31 2,73 1,45 1,32 1,78 73,73

32 - - 6,32 6,32 51,15

33 2,46 3,49 1,53 2,45 44,13

34 3,31 0 - 2,89 44,47

35 - 0 0 0 50,36

36 5,15 5,74 6,42 5,59 57,14

37 11,94 3,57 5,79 7,26 65,36

38 0 0 1,95 1,12 52,85

39 0,97 2,64 1,43 1,81 51,72

40 - 13,99 3,26 4,58 73,51

41 9,17 2,29 0 4,39 79,6

42 0,98 1,99 0,92 1,39 77,41

*nº cateter venoso central-dia no período X 100 § nº absoluto de IPCS X 1000

nº de pacientes-dia no período nº de paciente com cateter-dia no período

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ANEXOS

Anexo 1 – Planilha de Indicadores Epidemiológicos

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Anexo 2 - Parecer do Comitê de Ética

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