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R E V I S T A D A S O C I E D A D E B R A S I L E I R A D E A L I M E N T A O E N U T R I O

Nutrire

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J O U R N A L O F T H E B R A Z I L I A N S O C I E T Y O F F O O D A N D N U T R I T I O N

n. 1, abr. 2011

ISSN 1519-8928

NUTRIRE: REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAO E NUTRIO Comisso Editorial / Editorial CommitteeClia Colli - Editor Cientco / Scientic editor Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Elizabete Wenzel de Menezes - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Fernando Salvador Moreno - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Franco Maria Lajolo - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Hlio Vannucchi - Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo

Olga Maria S. Amancio - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Ralf Greiner - Federal Research Institute of Nutrition and Food - Germany Regina Mara Fisberg - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Rejane Andra Ramalho - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rui Curi - Instituto de Cincias Biomdicas da Universidade de So Paulo Semiramis Martins lvares Domene - Pontifcia Universidade Catlica de Campinas Silvia Berlanga de Moraes Barros - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Silvia Eloiza Priore - Universidade Federal de Viosa Sonia Tucunduva Philippi - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Sophia Cornbluth Szarfarc - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Tasso Moraes e Santos - Universidade Federal de Minas Gerais Thais Borges Cesar - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade Estadual Jlio de Mesquita Filho Tullia M. C. C. Filisetti - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo

Conselho Editorial / Editorial Boardlvaro Oscar Campana - Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Jlio de Mesquita Filho Amalia Antezana Valera - Depto de Biologia / Laboratorio de Servicos Academicos Y de Investigacion Universidad Mayor de San Simon, Facultad de Ciencias Y Tecnologia - BOLIVIA Anita Sachs - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Dirce Maria Sigulem - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Elizabeth de Souza Nascimento - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Elizabeth Aparecida Ferraz Silva Torres - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Emma Witting de Penna - Universidad do Chile Felix Reyes - Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas Jos Augusto de Aguiar Taddei - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Jos Alfredo Gomes Aras - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Jlio Cesar Moriguti - Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo Jlio Tirapegui - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Lilian Cuppari - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Luiz Antonio Gioielli - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Maria de Ftima N. Marucci - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Maria de Lourdes Pires Bianchi- Faculdade de Cincias Farmacuticas de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo Maria Lcia Rosa Stefanini - Instituto de Sade da Secretaria da Sade de So Paulo Maria Sylvia de Souza Vitalle - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Marina Vieira da Silva - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ/ Piracicaba da Universidade de So Paulo

Normalizao e indexao / Normalization and indexingBibliotecria Maria Cludia Pestana Sociedade Brasileira de Alimentao e Nutrio reservam-se todos os direitos, inclusive os de traduo, em todos os pases signatrios da Conveno Panamericana e da Conveno Internacional sobre os direitos autorais. No nos responsabilizamos por conceitos emitidos em matria assinada e tambm no aceitamos matria paga em nosso espao editorial. Os pontos de vista, as vises polticas e as opinies aqui emitidas, tanto pelos autores como pelos anunciantes, nem sempre reetem a orientao desta revista. The SBAN reserves all rights, including translation rights, in all signatory countries of the Panamerican Copyright Convention and of the International Copyright Convention. The SBAN will not be responsable for concepts expressed in signed articles, and do not accept payed articles. The views, political views and opinions expressed here by authors or by advertisers do not always reect the policies or position of the Nutrire. No articles published here may be reproduced or distributed for any purpose whatsoever without the express written permision. Reproduction of abstracts is allowed as long as the right source is quoted. Revisores: Alvaro Augusto Feitosa Pereira (ingls), Benedita E. S. de Oliveira (portugus), Maria Oriana del Reyes Figueiroa (espanhol).

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAO E NUTRIO-SBAN

NutrireR E V I S T A D A S O C I E D A D E B R A S I L E I R A D E A L I M E N T A O E N U T R I O J O U R N A L O F T H E B R A Z I L I A N S O C I E T Y O F F O O D A N D N U T R I T I O NISSN 1519-8928 Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-197, abril 2011

Sociedade Brasileira de Alimentao e Nutrio-SBAN Publicao quadrimestral/ Published three times to the year Tiragem/Print-run:1000 Impresso no Brasil/Printed in Brazil Capa: Ademar Assaoka Diagramao: Jotac Desenhos Grcos

Nutrire: revista da Sociedade Brasileira de Alimentao e Nutrio=Journal of the Brazilian Society of Food and Nutrition, So Paulo, SP. v.1, (1990) - So Paulo, SP: SBAN, 2000 Quadrimestral. Resumos em portugus, ingls e espanhol. Continuao dos Cadernos de Nutrio, a partir do v. 19/20 (2000). A partir do v. 31 de 2006 a revista passou a ter periodicidade quadrimestral. 1. Alimentos e alimentao Peridicos. 2. Nutrio Peridicos. I. Sociedade Brasileira de Alimentao e Nutrio-SBAN

ISSN1519-8928

CDD 612.305 664.005

permitida a reproduo de resumos com a devida citao da fonte/ Reproduction of abstracts is allowed as long as the right source is quoted. A Revista Nutrire indexada pelas seguintes bases de dados: CAB, Chemical Abstracts, Lilacs (Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Cincias da Sade), Peri (Esalq), Peridica e Latindex.

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Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr, So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-197, abr. 2011

SUMRIO/CONTENTSV Editorial

Artigos Originais/Original Articles1Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar Impact of different protein sources on the development of hepatic cells in newly-weaned rats submitted to a restriction diet followed by food repletion Denise Aparecida Gonalves de OLIVEIRA; Valdemiro Carlos SGARBIERI Impacto da complementao alimentar fornecida por um banco de alimentos, no estado nutricional de crianas de 1 a 6 anos de uma creche em Ibirit/Minas Gerais Impact of food complement supplied by a food bank on the nutritional status of children aged 1 to 6 years in a daycare center in Ibirit/Minas Gerais Bruna Carla SILVEIRA; Sandra Aparecida Vieira Neiva NOLASCO; Valria Aparecida Alves LOPES; Michele Pereira NETTO; Fabiana Maria da COSTA Ocorrncia de Staphylococcus spp. e S. aureus em superfcies de preparo de alimentos em unidades de alimentao e nutrio Occurrence of Staphylococcus spp. and S. aureus on surfaces used for preparing food in a food service Helosa Maria ngelo JERNIMO; Rita de Cssia Ramos do Egypto QUEIROGA; Ana Caroliny Vieira da COSTA; Isabella de Medeiros BARBOSA; Maria Lcia da Conceio; Evandro Leite de SOUZA Caractersticas socioeconmicas e estado nutricional de crianas e adolescentes de assentamentos rurais de Pacatuba, Sergipe Socio-economical characteristics and nutritional status of children and adolescents in rural settlements in Pacatuba, Sergipe Diva Aliete dos Santos VIEIRA; Dayanne da COSTA; Jamille Oliveira COSTA; Fernando Fleury CURADO; Raquel Simes MENDES-NETTO Qualidade na produo de refeies em restaurantes comerciais na regio de Cerqueira Csar, So Paulo Quality of food preparation in restaurants in the district of Cerqueira Csar, So Paulo Lvia da Cruz ESPERANA; Dirce Maria Lobo MARCHIONI Relao do ganho de peso, antes e durante a gravidez, com a macrossomia fetal em gestaes complicadas pelo diabetes gestacional e hiperglicemia leve Relationship of weight gain before and during pregnancy with fetal macrosomia in gestation complicated by diabetes and mild hyperglycemia Camila Pereira BRAGA; Felipe Andr dos SANTOS; Elaine Gomes da SILVA; Humberto Sadanobu HIRAKAWA; Ana Anglica Henrique FERNANDES; Iracema de Mattos Paranhos CALDERON Risco coronariano em adolescentes estimado pelo ndice de Conicidade Coronary risk in adolescents as estimated by the Conicity index Marcela Pinheiro MARQUES; Cllia de Oliveira LYRA; Severina Carla Vieira Cunha LIMA; Liana Galvo Bacurau PINHEIRO; Paulo Roberto de Medeiros AZEVEDO; Ricardo Fernando ARRAIS; Ana Lcia MIRANDA; Lucia de Ftima Campos PEDROSA

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Perl epidemiolgico do estado nutricional de crianas assistidas em creches no Estado da Paraba Epidemiological prole of the nutritional status in children assisted in daycare centers in the state of Paraba Carolina Pereira da Cunha SOUSA; Mayana Pereira da Cunha SOUSA; Ana Carolina Dantas ROCHA; Dixis Figueroa PEDRAZA Validade de peso e estatura informados por mulheres adultas no Municpio de So Paulo Validity of weight and height informed by adult women in the city of So Paulo Maria Fernanda Petroli FRUTUOSO; Fernanda vila FALSARELLA; Ana Maria Dianezi GAMBARDELLA Efeito da relao de calorias glicdicas/lipdicas da dieta sobre o balano nitrogenado e composio corprea de praticantes de musculao em treinamento Effect of the dietary glycid/lipid calorie ratio on the nitrogen balance and body composition of bodybuilders Raquel Simes MENDES-NETTO; Nailza MAEST; Erick Prado de OLIVEIRA; Roberto Carlos BURINI

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Artigos de Reviso/Revision Articles151Aspectos metablicos e nutricionais da contagem de carboidratos no tratamento do diabetes mellitus tipo 1 Metabolic and nutritional aspects of carbohydrate counting in the treatment of type 1 diabetes mellitus Ana Carolina Pereira COSTA; Mariana THALACKER; Nathlia BESENBRUCH; Rosana Farah SIMONY; Fernanda Castelo BRANCO Efeitos dos componentes do vinho na funo cardiovascular Effects of wine components on cardiovascular function Daniela Cristina Seminoti Jacques DOMENEGHINI; Sulem Aparecida de Frana LEMES Anemia ferropriva e obesidade: novos olhares para antigos problemas Iron-deciency anemia and obesity: a new look at old problems Ursula Viana BAGNI; Gloria Valeria da VEIGA

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EDITORIALA alterao dos padres de alimentao, e o aumento da dependncia de monoculturas levaram a importantes mudanas sociais, culturais e polticas, especialmente at o comeo do sculo XX, poca em que as questes de sade eram, em sua maioria, associadas desnutrio e s doenas infecciosas. Assim, do ponto de vista da evoluo, as mudanas que afetam a sade da populao humana, e que vem sendo muito discutidas, incluem o aumento do consumo de carboidratos provenientes de gros altamente processados e renados; o aumento do consumo de acar renado; a reduo do consumo de frutas e vegetais de um modo geral. Somam-se a esses, fatores como o aumento da densidade populacional e a distribuio desigual de alimento. o uso crescente de pesticidas e fertilizantes, e sua possvel ligao com a exausto do solo e outros tantos. Sob essa perspectiva evolucionria, alguns pesquisadores chamam a ateno para as adaptaes do organismo humano a alteraes de sua dieta. A dieta primitiva era crua, rica em bras pouco digerveis e hipocalricas. Eram grandes, portanto, os volumes ingeridos. Em consequncia, um trato gastrointestinal longo e volumoso era necessrio para acomodar e processar alimentos volumosos e extrair nutrientes a partir da celulose. Assim, os animais herbvoros tm intestinos mais longos do que os carnvoros. Entre os seres humanos e outros primatas, aqueles que comem alimentos de baixa qualidade nutricional, tm trato gastrointestinal maior. Como a qualidade da dieta melhorou, concomitantemente ao desenvolvimento de crebros maiores, houve tambm uma diminuio do tamanho do trato gastrointestinal. A dieta moderna tornou-se hipercalrica, pobre em bras e extremamente fcil de ser absorvida. Aps uma refeio com essas caractersticas, a absoro ocorre rapidamente, em picos, na poro proximal do intestino. A absoro, no intestino distal, tende a ser mnima, o que pode causar uma falta de produo de hormnios anorexgenos E tem sido descrito que tanto os indivduos diabticos como os obesos tm menor produo ps-prandial desses hormnios. Artigo de Santoro S e cols., publicado no peridico So Paulo Medical Journal, em 2006, apresentava essa hiptese para a questo da obesidade: os obesos seriam aqueles, na populao, que teriam o intestino delgado maior. O artigo Anemia ferropriva e obesidade: novos olhares para antigos problemas, publicado neste nmero da Nutrire, traz a anemia ferropriva para a pauta dessa discusso sobre a obesidade e suas causas. Clia Colli Editora Cientca

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Artigo original/Original Article

Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar Impact of different protein sources on the development of hepatic cells in newly-weaned rats submitted to a restriction diet followed by food repletionABSTRACT

OLIVEIRA, D. A. G.; SGARBIERI, V. C. Impact of different protein sources on the development of hepatic cells in newly-weaned rats submitted to a restriction diet followed by food repletion. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-21, abr. 2011. The aim of this study was to evaluate the effect of different protein sources with different amino-acid proles on liver cell development in Wistar rats submitted to a food restriction and recovery model. The food restriction model was based on a 50% ingestion restriction for the rats fed with the control diet (21 days) and ad libitum recovery (a period of 21 days). The protein sources used in this study were: Yeast autolysate (YA), whey protein concentrate from bovine milk (WPC), a mixture containing the YA and WPC in the proportion of 64:36 (protein base), commercial casein (CC) which was used as the experimental treatment (EC) and control treatment (CP). The following parameters were evaluated in this study: the amino-acid prole of the protein sources, the development of liver cells (liver weight and growth rates - RNA, DNA, protein), weight and number of hepatocytes in the whole organ. The results showed that the treatment with (YA) was the most affected by the food restriction, showing an incomplete (leucine-decient) amino-acid prole, a lower development of liver cells, lower growth of the liver due to a lower growth by cellular hyperplasia (number of cells), lower capacity of cell division and DNA synthesis. However, it showed a higher ability for RNA synthesis, thus indicating that growth in the restricted phase was mainly due to increase in the size of hepatocytes (cell hypertrophy). During the repletion period, all food treatments showed normal liver development, i.e. cell growth and organ hyperplasia and hypertrophy. Keywords: Liver. Food Restriction. Cell Hyperplasia. Cell Hypertrophy.

DENISE APARECIDA GONALVES DE OLIVEIRA1; VALDEMIRO CARLOS SGARBIERI2 1Doutoranda em Alimentos e Nutrio - Faculdade de Engenharia de Alimentos/ FEA/UNICAMP. 2Professor Titular da Faculdade de Engenharia de Alimentos/FEA/UNICAMP. Endereo para correspondncia: Denise Aparecida Gonalves de Oliveira Rua Aparecida DOeste, 464 Eldorado II CEP 13421-650 Piracicaba- SP. E-mail: [email protected] Baseado na tese de doutorado: em Alimentos e Nutrio defendida em 31/05/2004, Faculdade de Engenharia de Alimentos/ FEA Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP. Agradecimentos: aos funcionrios e pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL/Campinas, SP, Brasil). Especialmente ao Centro de Qumica de Alimentos e Nutrio Aplicada, setor de bioqumica por permitir a utilizao dos seus laboratrios.

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OLIVEIRA, D. A. G.; SGARBIERI, V. C. Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-21, abr. 2011.

RESUMEN

RESUMO

El objetivo de este estudio fue evaluar el efecto que diversas fuentes de protenas con diferentes perles de aminocidos ejercan en el desarrollo de las clulas hepticas en ratas Wistar sometidas a restriccin y reposicin de la ingestin de alimentos. El modelo de restriccin alimentar consista en disminuir 50% del consumo de los animales control (periodo de 21 das) y la recuperacin con ingestin ad libitum (perodo de 21 das). Las fuentes de protenas utilizadas en este estudio fueron: autolisado de levadura (ATL); concentrado proteico de suero de leche bovino (CPL); mezcla de CPL y ATL, en la proporcin de 64:36 (base proteica), casena comercial (CC), que fue utilizada como tratamiento experimental (CE) y como estndar (CP). Fueron evaluados el perl de aminocidos de las protenas, el desarrollo de la clula heptica (peso del hgado y las tasas de crecimiento: ARN, ADN y protena total), el peso y nmero de hepatocitos en el rgano. Los resultados mostraron que el grupo tratado con (ATL) fue el ms afectado por el proceso de restriccin de alimentos, la protena presenta un perl incompleto de aminocidos (deciente en leucina). Haba menor desarrollo de las clulas del hgado, menor crecimiento del hgado debido a un menor crecimiento por hiperplasia celular (nmero de clulas), menor capacidad de divisin celular y de sntesis de ADN, sin embargo, mostraron una mayor capacidad para sintetizar ARN indicando que el crecimiento en la fase de restriccin se debi principalmente al aumento en el tamao de los hepatocitos (hipertroa celular). Durante la fase de recuperacin alimentar de todos los tratamientos hubo un desarrollo heptico normal, o sea crecimiento de las clulas y del rgano por hiperplasia e hipertroa. Palabras clave: Hgado. Restriccin alimentcia. Hiperplasia celular. Hipertroa celular.

O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de diferentes fontes proteicas com diferentes pers de aminocidos sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos Wistar submetidos restrio e recuperao alimentar. O modelo de restrio alimentar foi baseado na restrio de 50% da ingesto dos animais controle (perodo de 21 dias), e recuperao ad libitum (perodo de 21 dias). As fontes proteicas utilizadas neste estudo foram: autolisado de levedura (ATL), concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL), mistura contendo CSL e ATL na porcentagem de 64:36 (base proteica), casena comercial (CC), a qual foi utilizada como tratamento experimental (CE) e como tratamento padro (CP). Avaliouse,neste estudo, o perl de aminocidos das fontes proteicas, o desenvolvimento celular heptico (peso do fgado e dos ndices de crescimento - RNA, DNA, protena total), peso dos hepatcitos e nmero de hepatcitos em todo rgo. Os resultados mostram que o tratamento com (ATL) foi o mais afetado pelo processo de restrio alimentar, apresentando um perfil de aminocido incompleto (deficincia em leucina); apresentou menor desenvolvimento celular heptico; menor crescimento do fgado em funo do menor crescimento por hiperplasia celular (nmero de clulas), menor capacidade de diviso celular e sntese de DNA. Entretanto, apresentou maior capacidade de sntese de RNA, indicando que o crescimento na fase de restrio ocorreu principalmente por aumento no tamanho dos hepatcitos (hipertrofia celular). Durante o perodo de restaurao alimentar todos os tratamentos apresentaram desenvolvimento heptico normal, ou seja, crescimento de clulas e do rgo por hiperplasia e hipertroa. Palavras-chave: Fgado. Restrio alimentar. Hiperplasia celular. Hipertroa celular.

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OLIVEIRA, D. A. G.; SGARBIERI, V. C. Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-21, abr. 2011.

INTRODUOO estado nutricional estabelece efeitos importantes na vida de um indivduo, desde o momento de sua concepo at a sua morte. Entre os nutrientes necessrios para equilbrio dinmico do organismo esto as protenas, denidas como molculas de estruturas complexas que constituem cerca de 50% do peso celular. Partes das molculas das protenas funcionam como biocatalisadores (hormnios e enzimas), controlando processos importantes como: crescimento, digesto, absoro e transporte (PELLEY, 2007). De acordo com Faria, Franceschini e Ribeiro (2010), o estado nutricional expressa o grau no qual as necessidades siolgicas por nutrientes so alcanadas para manter as funes adequadas do organismo, resultando do equilbrio entre ingesto e necessidade de nutrientes. A ingesto de nutrientes como protenas, lipdios, minerais e vitaminas em quantidade e qualidade adequadas importante para a manuteno do estado nutricional. Quando a ingesto de protenas deciente, o organismo defende-se reduzindo a eliminao urinria de nitrognio na tentativa de reequilibrar-se. Se a decincia for muito grande e prolongada, essa reduo chega at um mnimo e o corpo entra em desequilbrio proteico, iniciando-se um processo catablico proteico. O estado de desnutrio proteica caracterizado pela reduo das reservas proteicas do organismo e pela alterao do ritmo metablico dos aminocidos (MARTNEZ, 2001). O fgado o rgo que desempenha papel fundamental no metabolismo corporal, envolvendo mltiplos processos como a regulao do metabolismo das protenas, dos carboidratos e dos lipdios, principais macronutrientes responsveis pelo fornecimento de energia ao organismo vivo. No fgado, a desnutrio proteica calrica provoca um grande impacto nutricional, prejudicando o seu funcionamento (FERREIRA et al., 2009). O Brasil um dos maiores produtores mundiais de cana-de-acar. Em consequncia da grande produtividade da cultura de cana-de-acar e do amplo parque sucroalcooleiro, a biomasssa de levedura, tornou-se um grande excedente desta indstria. O autolisado de levedura um subproduto da biomassa da levedura, obtida por induo de autodigesto ou rompimento mecnico e consiste no contedo total da clula lisada, incluindo os componentes hidrossolveis, as protenas solveis e a parede celular. A caracterizao qumica do autolisado de levedura proveniente de destilarias de etanol apresenta um teor de protena na faixa de 40-46%; lipdios totais ao redor de 3,5%; cinzas entre 7-8% e bra alimentar total de 24-25% (CABALLERO-CRDOBRA; SGARBIERI, 1997; HISANO et al., 2008). O autolisado de levedura considerado uma boa fonte de protena e podemos destacar que os aminocidos mais abundantes encontrados nessa protena so: o cido glutmico, cido asprtico, lisina, alanina, serina e treonina, entretanto dependendo da forma de obteno do autolisado de levedura ele pode apresentar decincia nos aminocidos sulfurados (metionina + cistena) e, por vezes a leucina, quando comparados com padres internacionais como o da FAO/WHO, conforme citado por Vilela, Sgarbieri e Alvim (2000).

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OLIVEIRA, D. A. G.; SGARBIERI, V. C. Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-21, abr. 2011.

Alm do valor nutritivo, a levedura e seus derivados apresentam alguns componentes com propriedades funcionais importantes. Dentre esses componentes, podemos citar: nucleotdeos e nucleosdeos, glicanas e mananas, minerais (zinco e selnio) e vitaminas (complexo B). Essas substncias tm, em comum, a propriedade de proteger o organismo, atuando como moduladores do sistema imunolgico, tanto celular como humoral (SGARBIERI et al., 2002). Os nucleotdeos de pirimidina e purina esto envolvidos em quase todos os processos celulares e desempenham papel muito importante na funo estrutural, energtica e na regulao de vrios processos metablicos. Alguns anos atrs, acreditava-se que os nucleotdeos no eram necessrios para o crescimento e desenvolvimento normal, no eram considerados essenciais no aspecto nutricional, pois eram sintetizados no organismo pela via de novo, que utilizavam aminocidos como precursores, ou ainda pela via de salvamento, a partir da degradao de aminocidos e nucleotdeos da dieta. Sabe-se que em indivduos sob situaes de crescimento rpido, consumo limitado de nutrientes ou distrbio endgeno, os nucleotdeos dietticos passam a ter uma importncia fundamental no organismo, pois disponibilizam bases e nucleosdeos para serem utilizados imediatamente na sntese de nucleotdeos, pela via de salvamento (KEHOE et al., 2008). A via de salvamento extremamente importante em tecidos e rgos onde a sntese de nucleotdeos eciente e, portanto, necessria quando se inclui nucleotdeos na dieta. Os nucleotdeos dietticos participam dos processos de diviso e crescimento celular, como ativadores intermedirios na sntese de glicognio, glicoprotenas e fosfolipdios, e atuam como doadores de grupos metilo e sulfato; estruturalmente so componentes de inmeras coenzimas e tambm funcionam como efetores alostricos para as enzimas (ROSSI; XAVIER; RUTZ, 2007, SOMMER, 1998). O leite bovino um udo biolgico complexo cuja composio mdia apresenta 87% de gua, 3,5 a 3,7% de lipdios, 4,9% de lactose, 0,7% de cinzas e 3,5% de protena, que so divididas em 2,9% pela protena casena e 0,6% pela protena do soro de leite (LOURENO, 2000). A principal propriedade nutricional das protenas do soro de leite fornecer energia e os aminocidos essenciais para o desenvolvimento e crescimento. As protenas do leite possuem propriedades siolgicas importantes como fornecer peptdios bioativos, que favorecem a imunorregulao e regulao da microora intestinal e a regulao da digesto, que iro facilitar a assimilao de nutrientes como: as vitaminas (riboavina, tiamina e cido pantotnico) e minerais (clcio e fsforo), os quais so importantes para o crescimento celular e o restabelecimento tecidual (ANTONIONE et al., 2008; SGARBIERI, 2005). As casenas constituem a classe quantitativa principal do leite, representa 76 a 85% da protena total, e so qumica e estruturalmente mais complexas que as protenas do soro bovino, que representam cerca de 20% da protena do leite. Os concentrados de protena do soro de leite so considerados uma fonte de protena de alto valor biolgico,

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OLIVEIRA, D. A. G.; SGARBIERI, V. C. Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-21, abr. 2011.

contendo elevado teor de protena (30 a 90%) com teores de aminocidos superiores aos da casena. Tambm considerada uma protena de digesto e absoro rpida, o que determina, uma rpida disponibilidade de aminocidos plasmticos na corrente sangunea, favorecendo com isso a sntese proteica (LUIKING et al., 2005; WALZEM; DILLARD; GERMAN, 2002). Outras propriedades siolgicas funcionais importantes das protenas do leite so: desenvolvimento e proteo do sistema imunolgico, proteo contra carcingenos, atuam como alimentos prebiticos por promoverem o crescimento de populaes de bactrias bencas microbiota intestinal e melhoram as condies de sade de indivduos sob estresse nutricional e doenas neuro-degenerativas (LIEN, 2003; SGARBIERI, 2005). O objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos de diferentes fontes proteicas com diferentes pers de aminocidos sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos a uma dieta calrica restritiva, seguida de um perodo de recuperao. Os ndices de desenvolvimento celular do fgado avaliados neste estudo foram: RNA, DNA, protena total, peso dos hepatcitos e nmero de ncleos em todo o rgo.

MATERIAL E MTODOS AUTOLISADO TOTAL DE LEVEDURA (ATL)O ATL foi preparado de acordo com Sgarbieri et al. (1999) a partir das clulas ntegras de levedura (Saccharomyces cerevisae) provenientes de destilaria de lcool etlico. O processo de produo e desidratao do ATL foi realizado no setor de bioqumica do Centro de Qumica de Alimentos e Nutrio Aplicada, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL / Campinas, SP, Brasil).

CONCENTRADO PROTEICO DE SORO DE LEITE BOVINO (CSL)O CSL foi obtido a partir do leite bovino tipo B desnatado e pasteurizado adquirido da Cooperativa dos Produtores de Leite da Regio de Campinas. Todo o procedimento para a obteno do CSL foi realizado na planta piloto do Centro de Tecnologia de Laticnios (TECNOLAT), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL- Campinas, SP, Brasil), segundo processo desenvolvido por Borges et al. (2001).

MISTURA (CSL64: ATL36)A mistura foi obtida pela combinao do concentrado proteico de soro de leite e autolisado total de levedura (64:36g protena por 100g de dieta) em base proteica, respectivamente.

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OLIVEIRA, D. A. G.; SGARBIERI, V. C. Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-21, abr. 2011.

CASENAA casena foi adquirida da empresa M.Cassab Comrcio e Indstria Ltda, localizada no municpio de So Paulo, SP, Brasil.

PROTOCOLO EXPERIMENTALOs animais experimentais foram adquiridos no Centro de Animais de Laboratrio (CEMIB) da Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP - Campinas, SP, Brasil. Os animais escolhidos para o experimento foram ratos albinos da linhagem Wistar, livre de patgenos e parasitas especcos (SPF) que so criados dentro de um eciente sistema de barreiras que impedem contaminaes microbianas, aumentando com isso a conabilidade do experimento. O protocolo experimental foi conduzido com 55 ratos recm-desmamados, divididos em trs tempos; tempo zero (T0) institudo como animais que no passaram pelo processo de restrio e recuperao, tempo 21 (animais que sofreram restrio) e tempo 42 (animais em recuperao). Cinco animais foram sacricados no incio do experimento denominado tempo zero (T0), foram utilizados como controle. Os 50 animais restantes foram distribudos em 5 tratamentos, com 10 animais por grupo. Durante os primeiros 21 dias do experimento, os animais experimentais receberam dietas com 50% de restrio em relao dieta padro (CP) qual recebeu oferta ad libitum. No perodo de 21 a 42 dias, todos os grupos foram alimentados ad libitum. O protocolo nas fases de restrio e de realimentao encontra-se na gura 1. Este estudo foi aprovado e certicado pela Comisso de tica na Experimentao Animal (CEEA/UNICAMP), por estar de acordo com os Princpios ticos na Experimentao Animal adotado pelo Colgio Brasileiro de Experimentao Animal recebendo protocolo no. 114-2. As dietas foram preparadas segundo as recomendaes do American Institute of Nutrition (AIN-G), como descritas por Reeves, Nielsen e Fahey (1993) contendo 17g de protena/100g de dieta. Utilizou-se como fonte de protena: casena padro (CP) concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL), autolisado total de levedura (ATL) e mistura (CSL64: ATL36). Com objetivo de vericar a qualidade proteica da casena esta tambm foi includa como dieta experimental, recebendo a denominao de casena experimental (CE).

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55 ratos

05 animais sacricados (idade 21 dias)

T0

50 ratos

Dietas com 17% de protena RESTRIO ALIMENTAR (50%)/ T2

10 ratos CP

10 ratos CCE

10 ratos CSL

10 ratos ATL

10 ratos CSL64:ATL36

Controle

(50%)

(50%)

(50%)

(50%)

(25 animais sacricados, 05 por tratamento, coleta do fgado)

Dietas com 17% de protena RESTAURAO ALIMENTAR (100%) /T42 ad libitum

05 ratos CP

05 ratos CCE

05 ratos CSL

05 ratos ATL

05 ratos CSL64:ATL36

(25 animais sacricados, 05 por tratamento, coleta do fgado)Onde: T0 = Incio do experimento; T21=Amostras coletadas no 21 dia do experimento e T42 = Amostras coletadas no 42 dia do experimento.

Figura 1 Protocolo experimental do processo de restrio e restaurao alimentar em ratos recm-desmamados da linhagem Wistar.

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COMPOSIO QUMICA DAS FONTES PROTEICASA determinao da protena bruta dos tratamentos contendo casena, concentrado proteico de soro de leite (Nx6, 38), mistura (Nx6, 25) e autolisado de levedura (Nx5, 8) e a determinao das cinzas foram realizadas de acordo com os procedimentos da Association of Ofcial Agricultural Chemists (1998). Lipdios totais foram determinados pelo mtodo de Bligh e Dyer (1959). Fibras alimentares, solveis e insolveis foram identicadas pela tcnica de Asp et al. (1983). Os carboidratos totais foram obtidos por diferena (entre 100% e a soma dos demais macronutrientes). A composio em aminocidos foi determinada por hidrlise cida (HCL 6N, 110C, 22h) em aparelho HPLC (Dionex Dx-300), com separao em colunas de troca catinica e reao pscoluna com ninidrina. A quanticao foi realizada com base numa mistura de padres de aminocidos (Pierce kit 22). A determinao do triptofano foi realizada segundo metodologia descrita por Spies (1967).

COLETA DE FGADO E ANLISES HEPTICASOs fgados dos animais foram retirados, pesados, congelados e liolizados para a dosagem de RNA, DNA e protena total. A extrao dos rgos ocorreu nos tempos zero (T0), perodo de restrio (0-21 dias/T21) e perodo de recuperao (21 a 42 dias/T42). A extrao do cido ribonucleico (RNA) foi realizada de acordo com Schimidt e Thannauser; modicado por Munro (1966) e, a leitura foi realizada a 670nm em espectrofotmetro. A extrao do cido desoxirribonucleico (DNA) foi realizada de acordo com procedimento de Burton (1956), cuja leitura da absorbncia foi a 600nm em espectrofotmetro. A protena total foi analisada de acordo com Bradford (1976) e a leitura da absorbncia foi a 595nm, em espectrofotmetro.

NMERO DE NCLEOS E PESO DOS HEPATCITOSCom os resultados obtidos de DNA, RNA e protena total foi realizado o clculo matemtico, para determinar o nmero de ncleos (nmero de clulas em milhes) e peso/ ncleo (peso celular em mg) no fgado, de acordo com os critrios citados por Enesco e Leblond (1962), conforme expresses abaixo: Nmero de Ncleos = DNA total no rgo x 1000 = nmero de clulas (milhes) 7,3/9,3

Peso / Ncleo =

Peso do fgado x 1000 = peso de hepatcitos (mg) Nmero de Ncleos

Onde: 7,3 = contedo de DNA por ncleo em animais com idade entre 17 e 34 dias e 9,3= contedo de DNA por ncleo em animais com idade entre 35 e 94 dias.

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ANLISE ESTATSTICAO delineamento experimental estatstico utilizado no ensaio biolgico foi o inteiramente ao acaso. Para a anlise dos resultados obtidos, foi utilizada a anlise de varincia (ANOVA), e o teste de Tukey para diferena entre mdias ao nvel de signicncia de 5% (GOMES, 1982). O pacote estatstico utilizado foi Statistic (Basic Statistics and tables Program - Statsoft, 1995).

RESULTADOSA caracterizao qumica, em base seca, das diferentes fontes proteicas (CP, CSL, ATL e CSL64: ATL36), encontra-se na tabela 1. Os resultados mostraram que o CP apresentou teor de protena elevado, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos experimentais ao nvel de 5% de signicncia. Entre os tratamentos estudados, observamos que: o CSL apresentou o maior teor de lipdios totais, o ATL apresentou o maior teor para cinzas, bras totais e carboidratos diferindo estatisticamente dos demais.

Tabela 1 Caracterstica qumica das principais fontes proteicas utilizadas neste estudo: casena (CP), concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL), autolisado de levedura (ATL) e mistura composta por concentrado proteico de soro de leite + autolisado de levedura (CSL64: ATL36) Componentes CP CSL ATL Mistura Protena (%) 83,00,01a 81,30,03b 39,50,04d 66,20,01c Lipdios totais (%) 1,90,01c 3,20,00a 1,20,00d 2,50,01b Cinzas (%) 3,50,01c 3,5 0,01c 6,6 0,01a 4,60,01c Fibra total Carboidrato* (%) (%) nd nd 32,40,00a 11,70,01b 11,60,01d 12,00,02c 20,30,01a 15,00,00b

(*) Clculo por diferena (somatria dos componentes estudados-100); nd=no determinado.

Em relao ao Escore de Aminocidos Essenciais (EAE), observa-se na tabela 2 que as protenas estudadas (casena, CSL e mistura/CSL64: ATL36) apresentaram EAE igual ou superiores a um, conrmando seu elevado valor proteico e no apresentando nenhum aminocido limitante, tendo como nica exceo o tratamento com ATL que apresentou como aminocido limitante a leucina (EAE 0,91). Para o valor de PDCAAS, as protenas dos tratamentos experimentais casena e CSL, apresentaram os melhores pers de aminocidos essenciais, resultado esse esperado para protenas de alto valor biolgico que apresentam grande capacidade de promover crescimento e desenvolvimento no organismo vivo.

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Tabela 2 Aminocidos essenciais (AAE), escores de aminocidos essenciais (EAE) e PDCAAS para as diferentes fontes proteicas estudadas(+) AAE Treonina Met+cistena Valina Leucina Isoleucina Fen+tirosina Lisina Histidina Triptofano EAE PDCAAS (%) FAO/WHO (g/100 g P) 3,4 2,5 3,5 6,6 2,8 6,3 5,8 1,9 1,1 1,00 100 EQ (CP) (g/100 g P) 1,38 1,20 1,77 1,53 1,71 1,83 1,50 1,47 1,36 1,00 97 EQ(CSL) (g/100 g P) 2,00 1,96 1,54 1,59 2,04 1,05 1,71 2,89 1,82 1,00 95 EQ(ATL) (g/100 g P) 1,53 1,00 1,54 0,91* 1,50 1,03 1,50 2,21 1,18 0,91 (Leu) 82 EQ(mistura) (g/100 g P) 1,94 1,52 1,60 1,50 2,00 1,02 1,59 2,00 1,45 1,00 91

(+) - Amostras em duplicata; (*) - Aminocido limitante; EQ - Escore qumico sem correo.

EAE =

mg de aa/g N da protena teste mg de aa/g da protena padro

x 100

PDCAAS (%) = EAE x digestibilidade aparente.

Na gura 2A, observa-se o ganho de peso (GP), de ratos submetidos ao perodo de restrio alimentar (0-21dias), seguido de recuperao alimentar (ad libitum) com diferentes fontes proteicas. Durante o perodo de restrio, o grupo de animais com consumo de casena padro (CP) apresentou alta ingesto de dieta e, consequentemente ganho de peso elevado. Para o perodo de recuperao com a liberao da dieta ad libitum, observamos que o grupo com ingesto ATL apresentou menor poder de recuperao (p 0,05). Em relao ao consumo total de dieta/CD (Figura 2B) observamos que durante o processo de restrio alimentar, os tratamentos experimentais no diferiram entre si, enquanto que no perodo de recuperao alimentar (ad libitum), o restabelecimento da ingesto alimentar, provocou um aumento da velocidade de crescimento para todos os tratamentos, apesar do grupo ATL apresentar a menor taxa de crescimento.

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A - Ganho de Peso (GP)300 250 200 Peso (g) 150 100 b 50 GP (21-42 dias) 0 CP CCE CSL ATL Mistura b b b a GP (0-21 dias) a b bc c bc

Valores expressos como mdia ( desvio padro) de 05 animais por tratamento, onde: casena padro (CP), casena experimental (CE), concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL), autolisado total de levedura (ATL) e mistura (CSL64: ATL36). (a,b,c) Mdias seguidas por letras distintas (colunas) diferem entre si (p 0,05) dentro de cada perodo de tempo.

Figura 2 A Ganho de peso (GP) de ratos submetidos a perodos de restrio (0-21dias) e recuperao ad libitum alimentar (21-42dias) com diferentes fontes proteicas.

B - Consumo Total de Dieta (CD)500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 b bc

a

c

bc

Consumo (g)

a

b

b

b

b

CD (0-21 dias)

CD (21-42 dias) CP CCE CSL ATL Mistura

Valores expressos como mdia ( desvio padro) de 05 animais por tratamento, onde: casena padro (CP), casena experimental (CE), concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL), autolisado total de levedura (ATL) e mistura (CSL64: ATL36). (a,b,c) Mdias seguidas por letras distintas (colunas) diferem entre si (p 0,05) dentro de cada perodo de tempo.

Figura 2 B Consumo total de dieta (CD) de ratos submetidos a perodos de restrio (0-21dias) e recuperao ad libitum alimentar (21-42 dias) com diferentes fontes proteicas.

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Os tratamentos com ATL e mistura (Figura 3) durante o perodo de restrio apresentaram um peso do fgado inferior aos demais tratamentos (p 0,05), todavia durante o perodo de recuperao no ocorreu diferena entre eles.

Peso do fgado (Depleo-Repleo calrica)15 12 Peso (g) 9 6 3 0 CP a b b c ATL cb PF (21-42 dias) CCE CSL Mistura PF (0-21 dias)

Valores expressos como mdia ( desvio padro) de 05 animais por tratamento, onde: casena padro (CP), casena experimental (CE), concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL), autolisado total de levedura (ATL) e mistura (CSL64: ATL36). (a,b,c) Mdias seguidas por letras distintas (colunas) diferem entre si (p 0,05) dentro de cada perodo de tempo.

Figura 3 Peso do fgado (PF) de ratos submetidos a perodos de restrio (0-21dias) e recuperao ad libitum alimentar (21-42dias) com diferentes fontes proteicas.

Na tabela 3, encontram-se os resultados referentes ao desenvolvimento celular heptico (RNA, DNA e PT). Observamos que durante o perodo de restrio alimentar o contedo de RNA (fgado) dos tratamentos com CSL, ATL e mistura foram semelhantes e no diferiram da dieta padro (CP). Em relao ao perodo de restaurao, o grupo com ingesto de ATL apresentou maior contedo de RNA. Em relao ao contedo de DNA, durante o perodo de restrio, o tratamento com ATL apresentou resultado inferior aos demais tratamentos (p 0,05). No perodo de recuperao alimentar (ad libitum), no ocorreu diferena entre os tratamentos experimentais, a liberao da dieta permitiu a normalizao do crescimento e desenvolvimento celular, ou seja, foi restabelecida a capacidade de sntese de DNA e a multiplicao celular. Quanto ao teor de protena total (PT) nos hepatcitos durante o processo de restrio e recuperao, no houve diferena estatstica entre as dietas estudadas. Em relao aos resultados das relaes RNA/DNA e PT/DNA (Tabela 4) nos perodos de restrio alimentar e recuperao alimentar (ad libitum), observamos que o tratamento com ATL apresentou resultados superiores aos demais tratamentos. O que sugere uma maior capacidade de sntese de RNA e protena em relao sntese de DNA.

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Tabela 3 RNA (mg/g), DNA (mg/g) e Protena total (PT/mg/g) de fgado de ratos submetidos a perodos de restrio (0-21dias) e recuperao ad libitum alimentar (21-42dias) com diferentes fontes de protenasPerodo de restrio (0-21 dias) Tratamento RNA TO* CP* CE* CSL* ATL* Mistura*(*)

Perodo de recuperao (21=42 dias)

DNA 4,20,2a 4,50,6a 4,0 0,4a 4,100,5a 2,6 0,7b 3,80,5a

PT 711,1107,8a 625,5 29,4a 622,0110,8a 577,0 93,4a 680,426,0a 670,137,4a

RNA 8,61,1b 8,11,2b 8,0 1,0b 9,60,8ab 10,00,6a 8,60,3ab

DNA 4,20,2a 3,60,4a 4,20,7a 4,20,8a 3,90,3a 3,90,5a

PT 711,1107,8a 717,59,2a 687,066,7a 634,6113,4a 707,049,4a 712,352,8a

8,61,1b 12,41,2a 8,3 0,7b 9,81,5ab 11,01,5ab 11,01,2a

Valores expressos como mdia ( desvio padro) de 05 animais por tratamento, onde: casena padro (CP), casena experimental (CE), concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL), autolisado total de levedura (ATL) e mistura (CSL64: ATL36). (a,b, c) Mdias seguidas por letras distintas (colunas) diferem entre si (p 0,05) dentro de cada perodo de tempo.

Tabela 4 Relao RNA/DNA e PT/DNA (por grama) de fgado de ratos submetidos a perodos de restrio (0-21dias) e recuperao ad libitum alimentar (21-42dias) com diferentes fontes proteicas Perodo de Restrio (0-21 dias) Tratamento TO* CP* CE* CSL* ATL* Mistura* RNA/DNA 2,00,3b 2,70,5b 2,10,1b 2,40,3b 4,21,7 2,90,5b PT/DNA 167,330,5b 139,014,1b 155,517,8b 140,737,9b 261,785,5 176,325,0b Perodo de Recuperao (21- 42 dias) RNA/DNA 2,00,3b 2,30,3ab 1,90,2b 2,30,5ab 2,60,1 2,20,2ab PT//DNA 167,330,5b 199,325,0a 162,024,0a 149,732,0a 181,320,5 179,834,6a

(*) Valores expressos como mdia ( desvio padro) de 05 animais por tratamento, onde: casena padro (CP), casena experimental (CE), concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL), autolisado total de levedura (ATL) e mistura (CSL64: ATL36). (a,b, c). No grupo com ingesto de ATL, no ocorreu diferena estatstica entre as variveis estudadas. Mdias seguidas por letras distintas (colunas) diferem entre si (p 0,05) dentro de cada perodo de tempo.

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Na tabela 5, encontram-se os clculos para nmero de ncleos e peso por ncleo, segundo os critrios de Enesco e Leblond (1962). No perodo de restrio alimentar, nota-se que os animais do grupo com ATL apresentaram menor nmero de clulas diferindo estatisticamente dos demais, isto ocorreu pela baixa qualidade proteica que interferiu provavelmente com a velocidade de diviso celular e com a sntese de DNA. No perodo de recuperao alimentar (ad libitum), com a restaurao da ingesto calrica, ocorreu provavelmente uma normalizao na velocidade de diviso celular e na sntese de DNA, com isso observa-se que no houve diferena estatstica entre as dietas estudadas. Tabela 5 - Determinao de nmero de hepatcitos (nmero clulas/rgo) e peso dos hepatcitos (mg) de ratos submetidos a perodos de restrio (0-21dias) e recuperao ad libitum alimentar (21-42dias) em diferentes fontes proteicas Perodo de Restrio (0 - 21 dias) Tratamento N hepatcitos (milhes)* T0 CP CE CSL ATL Mistura 686,0 41,1a 612,3 83,6ab 550,7 53,7ab

Perodo de recuperao (21 - 42 dias) N hepatcitos (milhes)* 685,8 41,1a 385,8 45,1b 456,1 72,3b 455,7 89,5b 416,8 31,7b 425,6 52,5b Peso/ hepatcitos (mg)* 3,7 0,5b 21,9 1,5a 18,7 4,3a 18,5 4,1a 18,7 1,9a 18,4 3,5a

Peso/ hepatcitos (mg)* 3,7 0,5c 11,0 1,4a 8,1 1,2b 8,7 1,4ab 11,4 2,8a 7,6 0,9b

557,0 75,6ab 353,1 99,3c 517,0 72,3b

(*) Valores expressos como mdia ( desvio padro) de 05 animais por tratamento, onde: casena padro (CP), casena experimental (CE), concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL), autolisado total de levedura (ATL) e mistura (CSL64: ATL36). (a,b, c) Mdias seguidas por letras distintas (colunas) diferem entre si (p 0,05) dentro de cada perodo de tempo.

DISCUSSOEm relao caracterstica qumica das diferentes fontes proteicas estudadas, observamos uma alta concentrao de cinzas no ATL devido adio de cloreto de sdio durante o processo de obteno do produto, enquanto que o elevado teor de carboidrato explicado pela adio de maltodextrina no processo de secagem em spray drier. A composio da mistura (CSL64: ATL36) apresentou valores intermedirios de protena, bra total e cinzas, resultados estes de acordo com Santucci et al. (2003) e Vilela, Sgarbieri e Alvim (2000).

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Os valores nutritivos das protenas dependem principalmente da capacidade destas em suprir as necessidades do organismo de todos os aminocidos dieteticamente indispensveis. A qualidade proteica, a quantidade e a digestibilidade so de extrema importncia para a dieta, por serem indicadores do fornecimento de quantidades signicativas de aminocidos essenciais e reteno nitrogenada. A eccia da protena afetada por alguns fatores como: baixo consumo proteico, baixo consumo calrico e o estado siolgico do organismo, sendo que na ausncia do aporte calrico eciente, os aminocidos sero utilizados como substrato da via gliconeognese, para manuteno dos nveis de glicose sangunea (GOBATTO, 1991). O ATL apresenta um perl de aminocidos incompleto, decincia no aminocido leucina. Essa decincia afetou diretamente o valor de PDCAAS (91%), mostrando que o ATL apresenta menor valor biolgico em comparao s demais fontes proteicas estudadas por Pdua et al. (1997) e Pires et al. (2006). O fgado funciona como um laboratrio qumico realizando diversas funes vitais do organismo, dentre elas podemos citar: o armazenamento de diversas vitaminas; liberao de glicose para os vrios rgos; transformao do excesso de glicdios e protenas em lipdios; fabricao de vrias protenas do sangue; a desaminao dos aminocidos para que possam ser oxidados ou transformados em glicdios ou lipdios; fabricao dos demais aminocidos do corpo, a partir dos aminocidos essenciais; e ao desintoxicante; entre outras (MALAFAIA; MARTINS; SILVA, 2009). No perodo de restrio alimentar, o grupo (CP) mostrou crescimento heptico elevado, indicando um catabolismo e anabolismo normal, entretanto, o grupo com ATL, por apresentar decincia em leucina, apresentou um crescimento reduzido em relao ao peso corporal, ocorrendo nesta fase o crescimento provavelmente por aumento celular (hiperplasia). O crescimento de qualquer rgo pode ser causado pelo aumento no nmero de clulas (hiperplasia), por aumento no tamanho das clulas j existentes (hipertroa) ou por ambos. A repercusso da restrio alimentar sobre o fgado depende das condies experimentais no perodo em que foi provocada a condio de carncias e, principalmente, o tempo de durao desta condio. Os resultados apresentados, neste estudo, esto de acordo com os resultados apresentados por Mazeti e Furlan (2008), que mostram que a restrio alimentar reduz a taxa de crescimento ponderal e linear de ratas Wistar. Nossos resultados so superiores aos apresentados no estudo de Naves et al. (2006), que encontraram um peso mdio de fgado de 3,3g em ratos que ingeriram diferentes fontes proteicas (casena, gelatina e mistura de ambas). De acordo com Voltarelli e Mello (2008) e Winick (1970) h trs fases de crescimento para todos os rgos: na primeira fase ocorre um aumento no nmero de clulas (hiperplasia) e os tamanhos das clulas (hipertroa) permanecem constantes, portanto, ocorre um crescimento hiperplsico; na segunda fase o nmero de clulas continua aumentando, mas com menor velocidade do que na primeira fase, ocorre um aumento de tamanho das clulas que caracterizado por crescimento hiperplsico e hipertrco.

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OLIVEIRA, D. A. G.; SGARBIERI, V. C. Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-21, abr. 2011.

Na terceira fase, observa-se apenas o aumento no tamanho das clulas, ou seja, um crescimento hipertrco. Segundo Giacomelli e Natali (1999), as fases de crescimento dos ratos esto distribudas da seguinte forma: de zero a 21 dias de vida ocorre a hiperplasia celular em todos os rgos, com 21 a 42 dias continua a hiperplasia em todos os rgos exceto no crebro e pulmo, e de 65 a 86 dias ocorre a hipertroa das clulas em todos os rgos, exceto no tecido linfoide. Neste estudo, observamos que durante o perodo de restrio alimentar o peso do fgado dos animais experimentais apresentou uma reduo por crescimento hiperplsico (nmero de clulas), mas o tamanho celular permaneceu constante (hipertroa). A restrio energtica estimula processos hepticos de glicogenlise e gliconeognese na inteno de manter a glicemia e disponibilizar a glicose para rgos mais nobres como o crebro, fgado, pncreas e intestino. Para realizar a gliconeognese, o fgado utiliza como substrato a glicose (heptica), os lipdios (dos adipcitos) e os aminocidos provenientes de protelise da massa muscular esqueltica. Assim, tanto o tecido adiposo quanto o tecido muscular esqueltico so consumidos objetivando a manuteno da homeostase. Como consequncia, h liberao de aminocidos a partir do consumo muscular, com a nalidade de serem utilizados por rgos como fgado, pncreas e intestino. Portanto, o grupo com ATL que apresentou decincia no aminocido essencial leucina foi o mais afetado pelo processo de restrio calrica. Esses resultados esto de acordo com os encontrados por Oliveira, Paulo e Fujimori (2000) e Boza et al. (1996), que observaram que a restrio calrica interfere e reduz a sntese de protenas devido reduo na disponibilidade de aminocidos essenciais e no essenciais. Na etapa de recuperao (ad libitum) com a normalizao da ingesto calrica, os grupos de animais rapidamente entraram em equilbrio homeosttico aprimorando seu peso e alcanando o peso do grupo (CP), isso ocorreu provavelmente devido ao aumento na massa muscular. A desnutrio proteica promove uma redistribuio funcional das protenas musculares, para disponibilizar nitrognio necessrio para a sntese de protenas teciduais. Neste estudo, o teor de protena foi elevado 17g/100g de dieta, provavelmente, o elevado teor de protena e a qualidade no perl dos aminocidos essenciais apresentados pelas fontes proteicas utilizadas, funcionaram como uma barreira contra perdas drsticas de tecido muscular. A nica exceo foi o ATL, que apresentou um perl dos aminocidos inferior devido decincia no aminocido leucina. Os resultados para o desenvolvimento celular heptico indicaram que a restrio alimentar realizada aps o desmame, no comprometeu drasticamente os constituintes celulares (DNA, RNA e protena total), talvez porque, ela no tenha ocorrido durante o perodo mais intenso de diviso celular, que caracteriza-se 10 dias antes do nascimento e at 17 dias aps o nascimento, ou seja, fase do crescimento hiperplsico (ENESCO; LEBLOND, 1962). Resultados semelhantes foram encontrados por Albanes et al. (1990), que observaram que uma restrio calrica (40%) imposta por trs semanas em ratos

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OLIVEIRA, D. A. G.; SGARBIERI, V. C. Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-21, abr. 2011.

recm-desmamados resultou em uma reduo na sntese de DNA, quando comparado com os animais controle. Os ndices de RNA apresentados neste trabalho foram superiores aos resultados obtidos por Barbosa e Santiago (1994), que observaram o efeito da restrio alimentar sob crescimento de ratas adultas (6,7mg/g). O tratamento com ATL apresentou a menor capacidade de crescimento por hiperplasia (multiplicao celular) ou menor nmero de clulas, devido menor capacidade de diviso celular e sntese de DNA, mesmo sendo o ATL uma fonte de nucleotdeos que atuam na replicao de DNA e na sntese de DNA. De acordo com Rossi, Xavier e Rutz (2007), os nucleotdeos tm um papel siolgico importante no organismo como fonte de energia na forma de ATP e GTP, funcionando como cofatores na reao de oxidao e reduo (FAD, NAD+, NADP+) e interferindo na diviso de tecidos aumentando a replicao de DNA e a sntese de RNA, sendo que a participao dos nucleotdeos na sntese de RNA, regenerao de novos tecidos aps leso ou relativa decincia nutricional aumentada. Neste estudo, o menor contedo de DNA e o aumento na sntese proteica indicam que o crescimento do fgado no grupo com ATL ocorreu, principalmente, por aumento da massa tecidual sem aumento no nmero de clulas, conforme indicam os resultados dos quocientes RNA/DNA e PT/DNA. Sendo assim, no houve aumento na demanda por nucleotdeos durante a diviso celular e crescimento (VOLTARELLI; MELLO, 2008). O perl incompleto de aminocidos na dieta e a escassez de energia durante a fase de restrio alimentar indicou menor diviso celular no grupo com ATL, e consequentemente menor sntese de DNA e diviso dos hepatcitos. Neste perodo, a relao PT/DNA no diferiu entre os tratamentos, diferindo apenas de T0. Os resultados do estudo esto de acordo com os realizados por Carrillo et al. (1996), Goodman e Ruderman (1980), Loureno (1975) e Morgan e Peters (1971). Durante o perodo de recuperao alimentar (ad libitum), observamos uma normalizao na velocidade de diviso celular e na sntese de DNA, indicao de uma reduo no processo de hiperplasia (aumento no nmero de clulas) e um aumento no processo de hipertroa (aumento no tamanho celular) pela normalizao da energia e maturidade dos animais. A indicao de que os nmeros de ncleos/rgo diminuram e o tamanho dos ncleos aumentaram, na passagem da restrio para a recuperao alimentar (ad libitum), sugere que o crescimento do rgo se deu principalmente pela hipertroa celular.

CONCLUSESDo presente estudo resultaram os seguintes resultados: A anlise centesimal das fontes proteicas estudadas evidenciou que, o concentrado proteico de soro de leite bovino (CSL) e a casena comercial (CC) so excelentes fontes de protena, que o autolisado de levedura (ATL) apresentou bons teores

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OLIVEIRA, D. A. G.; SGARBIERI, V. C. Impacto de diferentes fontes proteicas sobre o desenvolvimento celular heptico de ratos recm-desmamados submetidos dieta restritiva seguida de recuperao alimentar. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 1-21, abr. 2011.

de bras totais, cinzas e carboidratos em relao aos demais tratamentos experimentais. Os teores de aminocidos dos concentrados proteicos mostraram-se adequados, quando comparados ao padro terico da FAO/WHO, exceto o autolisado de levedura que mostrou ligeira decincia no aminocido leucina, apresentando um escore de aminocidos essenciais (EAE) de 91%. Em relao aos PDCAAS todas as fontes proteicas estudadas apresentaram resultados superiores a 1, exceto o ATL (inferior a 1), devido decincia no aminocido leucina. Para os ndices de desenvolvimento celular (peso do fgado, RNA, DNA, protena total, peso dos hepatcitos e nmeros de ncleos), durante o perodo de restrio alimentar o grupo de animais com ingesto de ATL foi o mais afetado pelo processo de restrio alimentar, devido qualidade proteica que interferiu com a velocidade da diviso celular, portanto apresentou menor peso de fgado, menor desenvolvimento celular por hiperplasia celular e menor capacidade de sntese de DNA. O crescimento do grupo com ATL foi pelo aumento do tamanho celular (hipertroa celular) e maior capacidade de sntese de RNA. Durante o processo de restaurao, o desenvolvimento dos animais experimentais foi por hiperplasia + hipertroa celular.

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Artigo original/Original Article

Impacto da complementao alimentar fornecida por um banco de alimentos, no estado nutricional de crianas de 1 a 6 anos de uma creche em Ibirit/Minas Gerais Impact of food complement supplied by a food bank on the nutritional status of children aged 1 to 6 years in a daycare center in Ibirit/Minas GeraisABSTRACT

SILVEIRA, B. C.; NOLASCO, S. A. V. N.; LOPES, V. A. A.; NETTO, M. P.; COSTA, F. M. Impact of food complement supplied by a foodbank on the nutritional status of children aged 1 to 6 years in a daycare center in Ibirit/Minas Gerais. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 23-35, abr. 2011. Among the existing food and nutrition programs, an outstanding one is Prodal Food Bank, which aims to take food and redistribute it to registered philanthropic entities. The objectives of this study are to study the availability of food and the impact of the Food Bank donations on the nutritional status of children aged 1 to 6 years at a daycare center in the city of Ibirit, State of Minas Gerais, Brazil. The research was carried out in a cohort with 45 children. The following parameters were evaluated during three consecutive days: weight, height, and control of the menu given to the children. The indices assessed weight/height, weight/age, body mass index/age, height/ age were inuenced by food donations, even as in menu, since there was an expressive improvement in the supply of nutrients. The conclusion is that the Food Bank has emphasized the menu variety, making it possible to reach micro- and macronutrient adequacy. In fact, this is very relevant, since it is believed that in the long term, a positive impact on the nutritional status of the children will be rendered. Keywords: Child. Feeding. Nutritional Status. Nutrients.

BRUNA CARLA SILVEIRA1; SANDRA APARECIDA VIEIRA NEIVA NOLASCO1; VALRIA APARECIDA ALVES LOPES1; MICHELE PEREIRA NETTO2; FABIANA MARIA DA COSTA3 1Nutricionista pelo Centro Universitrio UNA. 2Nutricionista e Mestre em Nutrio pela Universidade Federal de Viosa, Doutora em Cincias da Sade pela Universidade Federal de Minas Gerais, Docente do Curso de Nutrio da Universidade Federal de Juiz de Fora. 3Nutricionista, Coordenadora do Prodal Banco de Alimentos. Endereo para correspondncia: Bruna Carla Silveira Rua Vesta, Bairro Alto dos Pinheiros, n 50, Belo Horizonte - MG. E-mail: [email protected] Instituio vinculada ao trabalho: Centro Universitrio UNA Belo Horizonte/MG.

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SILVEIRA, B. C.; NOLASCO, S. A. V. N.; LOPES, V. A. A.; NETTO, M. P.; COSTA, F. M. Impacto da complementao alimentar fornecida por um banco de alimentos, no estado nutricional de crianas de 1 a 6 anos de uma creche em Ibirit/Minas Gerais. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 23-35, abr. 2011.

RESUMEN

RESUMO

Entre los programas de alimentacin y nutricin existentes sobr esale el Prodal, Banco de Alimentos, que tiene como objetivo aprovechar alimentos y distribuirlos entre instituciones lantrpicas registradas. El objetivo del estudio fue evaluar la disponibilidad de alimentos y el impacto de la distribucin de alimentos por el Banco de Alimentos en el estado nutricional de nios de 1 a 6 aos de un jardn infantil en Ibirit, MG, Brasil. La investigacin fue conducida con un grupo de 45 nios; los datos utilizados fueron peso, altura y registro de los alimentos ofrecidos a los nios de la institucin durante tres das consecutivos. Los ndices evaluados: peso/estatura, peso/edad, IMC/edad, estatura/edad se modicaron por la distribucin de alimentos y tambin el men ofrecido, ya que la oferta de nutrientes sufri una mejora signicativa. La conclusin es que el Banco de Alimentos permiti variar el men posibilitando el alcance de niveles adecuados de macro y micronutrientes. Esta observacin es de extrema relevancia, puesto que se espera que a largo plazo provoque un impacto positivo en el estado nutricional de los nios. Palabras clave: Nios. Alimentacin. Estado nutricional. Nutrimentos.

Dentr e os pr ogramas de alimentao e nutrio existentes, r essalta-se o Pr odal Banco de Alimentos, que tem como objetivo aproveitar alimentos e distribu-los s entidades filantrpicas cadastradas. O objetivo desse estudo foi avaliar a disponibilidade dos alimentos e o impacto das doaes fornecidas pelo Banco de Alimentos, no estado nutricional das crianas de 1 a 6 anos de uma creche em Ibirit/MG. A pesquisa foi realizada em uma coorte de 45 crianas. Foram utilizados peso, altura e averiguao do cardpio oferecido s crianas da creche durante trs dias consecutivos. Os ndices avaliados peso/ estatura, peso/idade, ndice de massa corporal/ idade, estatura/idade sofreram interferncia aps as doaes de alimentos, assim como no cardpio, uma vez que houve expressiva melhora de oferta de nutrientes. Conclui-se que o Banco de Alimentos promoveu um cardpio variado, possibilitando atingir a adequao de micro e macronutrientes. Tal fato de extrema relevncia, pois acredita-se que, a longo prazo, seja constatado um impacto positivo no estado nutricional das crianas. Palavras-chave: Criana. Alimentao. Estado nutricional. Nutrientes.

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SILVEIRA, B. C.; NOLASCO, S. A. V. N.; LOPES, V. A. A.; NETTO, M. P.; COSTA, F. M. Impacto da complementao alimentar fornecida por um banco de alimentos, no estado nutricional de crianas de 1 a 6 anos de uma creche em Ibirit/Minas Gerais. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 23-35, abr. 2011.

INTRODUOOs programas de alimentao e nutrio so extremamente relevantes, pois visam preveno de decincias alimentares, que por sua vez determinam agravos sade das populaes mais vulnerveis, principalmente na faixa etria infantil (MARTINS et al., 2007). Nesta idade, a alimentao equilibrada possui um papel expressivo para o crescimento e desenvolvimento adequados (GIUGLIANI; VICTORA, 2000). Diante da magnitude das decincias nutricionais e da importncia da alimentao adequada na infncia, os programas de alimentao do Governo Federal destinados ao grupo infantil, visam oferecer alimentos seguros e acessveis em quantidade e qualidade sucientes (BRASIL, 2005; VASCONCELOS, 2005). De acordo com o Tribunal de Contas da Unio, Betto (2003) e Brasil (2005), o Banco de Alimentos um dos programas de alimentao e nutrio existentes, que tem como objetivo aproveitar os alimentos sem valor comercial, mas que ainda so prprios para o consumo. Para tal, estes so selecionados, higienizados, embalados e distribudos gratuitamente s entidades lantrpicas cadastradas. Na infncia, assim como em todo o ciclo vital, alm de uma alimentao segura, importante que esta seja adequada tanto do ponto de vista energtico quanto na quantidade de macronutrientes e micronutrientes. A adequao do estado nutricional reexo do equilbrio da alimentao e para que seja avaliada necessita-se conduzir uma investigao nutricional (ARAJO; CAMPOS, 2008; VELHO et al., 2008). Cabe destacar ainda que, o estado nutricional tambm est relacionado com as caractersticas socioeconmicas, presena ou ausncia de enfermidades, condies ambientais, entre outras. Na avaliao nutricional de determinada populao ou grupo social, o mtodo mais utilizado a antropometria, pela facilidade e baixo custo (SIGULEM; DEVINCENZI; LESSA, 2000). Atualmente, emprega-se a referncia da Organizao Mundial de Sade (OMS) (2006/2007), utilizando-se os ndices peso/idade, estatura/idade, peso/estatura e IMC/idade na avaliao de crianas e IMC/idade e estatura/idade para adolescentes (LEONE; BERTOLI; SCHOEPS, 2009). Dentre os demais mtodos de avaliao nutricional, ressalta-se a avaliao diettica que pode revelar as inadequaes de micro e macronutrientes (CRUZ et al., 2001). O presente trabalho tem como objetivo avaliar a disponibilidade dos alimentos e o impacto da complementao alimentar fornecida por um Banco de Alimentos no estado nutricional de crianas de 1 a 6 anos de uma creche em Ibirit/MG.

METODOLOGIARealizou-se um estudo experimental do tipo coorte em uma creche lantrpica em Ibirit, Minas Gerais, Brasil, no ano de 2009; instituio selecionada para receber doaes pelo Prodal Banco de Alimentos.

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Todas as crianas de um a seis anos presentes no dia da avaliao antropomtrica foram avaliadas, correspondendo a um total de 45 crianas. Os dados antropomtricos coletados foram peso e altura. As crianas foram pesadas descalas (com o mnimo de roupa possvel) por meio de uma balana digital, marca Welmy. A estatura foi medida atravs da ta inextensvel, marca Sanny com as crianas em p, encostadas na parede e com a postura ereta. As medidas das crianas menores de dois anos foram obtidas com a mesma na posio horizontal (BRASIL, 2004). Na avaliao dos dados antropomtricos, foram utilizados os parmetros da OMS 2006/2007, por meio do programa WHO ANTRHO verso 3.0.1. Os dados antropomtricos foram apresentados em escore-z. Para os parmetros peso/idade, peso/estatura e IMC/idade, consideraram-se inadequados os valores inferiores a -2 ou superiores a +2 escore-z; j para estatura/idade, a inadequao foi caracterizada quando os valores eram inferiores a -2 escore-z. Para anlise diettica, acompanharam-se em perodo integral, durante trs dias consecutivos e com registro fotogrco, por meio da cmera digital, marca Sony, no momento em que eram servidas as pores em medidas caseiras, de todas as refeies (desjejum, almoo, lanche e jantar) oferecidas s crianas da creche. O registro fotogrco das pores foi realizado com objetivo de facilitar, em momento posterior, a converso da poro de medidas caseiras para os valores em gramas ou mililitros de alimentos. Para a anlise dos dados dietticos, foi utilizado o Software Avanutri para quanticar vitamina A, vitamina C, ferro, clcio, protenas, carboidratos, lipdios e energia de todas as refeies presentes no cardpio. Na vericao da melhoria do cardpio aps a doao do Banco de Alimentos, foram determinados os percentuais de aumento dos nutrientes entre o primeiro e ltimo dia de avaliao. Utilizou-se as DRIs como referncia (INSTITUTE OF MEDICINE, 1997, 2000, 2001, 2002). Cabe destacar que foram feitas avaliaes de disponibilidade e no consumo de alimentos pelas crianas, visto que no se procedeu avaliao individual da dieta e sim a avaliao do cardpio da creche. O levantamento de dados ocorreu em duas etapas, sendo a primeira antecedente s doaes de alimentos e a segunda, aproximadamente, quarenta dias aps o incio das doaes. Utilizou-se o teste de Wilcoxon para vericar as diferenas antes e aps as doaes de alimentos e o teste de Qui-Quadrado para avaliar mudanas nas frequncias de inadequao do estado nutricional nos diferentes momentos do estudo. As anlises estatsticas foram feitas nos programas Epi Info 6 e Sigma Stat. O projeto foi aprovado pelo Comit de tica e Pesquisa do Centro Universitrio UNA Unio de Negcios e Administrao. A participao das crianas, no estudo, ocorreu aps autorizao e consentimento dos pais ou responsveis, por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

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RESULTADOSAs doaes fornecidas pelo Prodal Banco de Alimentos so baseadas em alimentos no perecveis e perecveis. Por se tratar de um Banco de Alimentos da Central de Abastecimento de Minas Gerais - CEASAMINAS, as principais categorias de gneros recebidas pelo banco so as doaes de frutas e hortalias recebidas em sua maioria dos doadores do entreposto da CEASAMINAS, com boa qualidade, mas sem valor comercial posteriormente distribudas s entidades cadastradas, aps todo processo de higienizao. O recebimento e distribuio das doaes so realizados diariamente pelo Banco de Alimentos. Dentre as 51 crianas matriculadas, 45 (88,2%) participaram da pesquisa, sendo 19 (42,2%) do gnero feminino e 26 (57,8%) do gnero masculino, na faixa etria de um a seis anos. A participao das crianas na pesquisa no foi integral, pois, nem todos os pais assinaram o Termo de Livre Consentimento. A tabela 1 mostra que as mdias e medianas encontram-se na faixa de eutroa (valores entre -2 e +2 escore-z) dos ndices peso/estatura, peso/idade, ndice de massa corprea (IMC)/idade, embora os valores mnimo e mximo tenham apresentado desvios nutricionais como: baixo peso e sobrepeso. Ao analisar os indicadores peso/estatura, peso/idade, IMC/ idade e estatura/idade aps o recebimento das doaes e compar-los com os valores iniciais, evidenciou-se que houve melhoria das mdias, inclusive nos valores mnimos e mximos de escore-z, apesar da permanncia dos desvios nutricionais. Tabela 1 Medidas de tendncias centrais dos ndices antropomtricos estabelecidos em escore-z nas crianas de 1 a 6 anos, antes e aps o recebimento de doaes pelo Banco de alimentos Mdia ndice Antes P/E* P/I IMC/I E/I 0,26 0,10 0,15 -0,08a Aps 0,27 0,28 0,16 0,09b Antes 0,55 0,18 0,14 -0,23 Aps 0,47 0,32 0,42 0,02 Antes 0,53 1,10 0,90 1,42 Aps 0,21 1,01 0,88 1,28 Antes -1,84 -3,65 -2,17 -5,12 Aps -1,43 -1,4 -1,4 -2,26 Antes 2,05 2,6 1,93 5,16 Aps 1,54 2,6 1,7 5,38 Mediana DP Min Mx

DP = Desvio padro, Min = Valor mnimo, Mx = Valor mximo, Antes = valores antes do recebimento das doaes, Aps = valores aps recebimento das doaes do Banco de Alimentos. *Apenas para as crianas menores de 5 anos. ab: teste de Wilcoxon.

Comparando a evoluo das medianas entre a primeira e a segunda avaliao pelo teste de Wilcoxon, percebeu-se que houve uma mudana signicativa no ndice estatura/idade (p = 0,008), entretanto, para os demais ndices no se encontraram diferenas estatsticas. Na tabela 2, pode-se observar as frequncias de inadequao encontradas, de acordo com os ndices peso/idade, peso/estatura e IMC/idade. J a baixa estatura esteve presente

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em 4,4% (n=2) das crianas tanto antes quanto aps a doao de alimentos. A inadequao do estado nutricional no diferiu estatisticamente entre as duas avaliaes e nem entre os sexos, para todos os ndices antropomtricos. Tabela 2 Estado nutricional segundo ndices antropomtricos das crianas de 1 a 6 anos antes e aps o recebimento das doaes pelo Banco de Alimentos Estado nutricional Baixo peso (%) Eutroa (%) Sobrepeso (%) Peso/idade Antes 2,2 95,6 2,2 Aps 0 93,4 6,6 Peso/estatura Antes 0 97 3 Aps 0 100 0 IMC/idade Antes 2,2 97,8 0 Aps 0 100 0

Antes = valores antes do recebimento das doaes; Aps = valores aps recebimento das doaes do Banco de Alimentos.

A tabela 3 evidencia que houve uma melhora expressiva no percentual de adequao, aps o recebimento das doaes de alimentos. Vericou-se que o percentual de adequao de vitamina C passou de 114,3% para 726,3%, o ferro de 143,3% para 204,3% e protenas de 220,8% para 275,5%, permanecendo acima das recomendaes da Necessidade Mdia Estimada - EAR aps as doaes de alimentos. Em relao ao percentual de adequao de vitamina A, constatou-se uma mudana de 91,1% para 291,3%, o que conrma que, aps o recebimento das doaes de alimentos, a adequao ultrapassou satisfatoriamente as recomendaes estabelecidas pela EAR. Para os nutrientes: vitamina A, vitamina C e ferro, as diferenas nos valores oferecidos antes e aps a doao do Banco de Alimentos foi estatisticamente signicante, demonstrando claramente que a incluso dos alimentos doados obtiveram impacto positivo. A tabela 4 demonstra que os valores referentes vitamina A passou de 83,8% para 229,9%, vitamina C de 97,7% para 567,4%, ferro de 105,6% para 131,7%, protena de 123,13% para 165,6%, apontando uma melhora signicativa; destaca-se que para os nutrientes vitamina A e C, as diferenas foram estatisticamente signicantes. J os nutrientes, clcio, carboidrato e aporte energtico, apresentaram valores abaixo do recomendado, segundo Ingesto Adequada - AI, Necessidade Mdia Estimada - EAR e Estimativa da Necessidade Energtica - EER, respectivamente, tanto antes quanto aps as doaes. Tais resultados so semelhantes aos representados na tabela 3, pois os alimentos oferecidos so os mesmos para ambas as faixas etrias, porm para as crianas de 1 a 3 anos acrescida a mamadeira. Observou-se tambm que o VCT do cardpio das crianas de 1 a 3 anos apresenta valor superior em relao ao cardpio das crianas de 4 a 6 anos, como demonstrado na tabela 4. importante ressaltar que as recomendaes nutricionais estabelecem valores dirios de referncia, j a alimentao oferecida na creche no objetiva atender ao mesmo perodo; desta forma, espera-se que a criana tenha sua alimentao complementada em casa.

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Tabela 3 Anlise do valor nutricional do cardpio oferecido s crianas de 1 a 3 anos referente mdia de trs dias consecutivos, antes e aps o recebimento das doaes de alimentos Nutrientes Vit. A (g/d) Vit. C (mg) Ca (mg) Fe (mg) PTN (g) CHO (g) LIP (g) VCT (Kcal) Mdia Antes 191,4a 14,86c 250,43