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Cap. 003 OS PECADOS DA VIDA Novela de Alexandre Peixoto Escrita por Alexandre Peixoto Personagens deste capítulo ALINE AGNALDO ANA PAULA ARIOVALDO ARMANDO CAMILA CARINA CELINA CLÁUDIO DANIEL ÉDER FELIPE FÉLIX ABRAMOVITZ FERNANDO HENRIQUE JANICE JOÃO LUÍSA MANUELA MARCOS PENHA MURIEL NATÁLIA ONERO ROSA SARA SUMAIA TALITA VERIDIANA VÍTOR VITÓRIA VIVIANA WILLIAM WILLY YOLANDA ZENAIDA Participações especiais FRED MILITÂNCIA PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE CARCEREIRO RAPAZ I RAPAZ II

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Cap. 003

OS PECADOS DA VIDA

Novela de

Alexandre Peixoto

Escrita por

Alexandre Peixoto

Personagens deste capítulo

ALINE

AGNALDO

ANA PAULA

ARIOVALDO

ARMANDO

CAMILA

CARINA

CELINA

CLÁUDIO

DANIEL

ÉDER

FELIPE

FÉLIX ABRAMOVITZ

FERNANDO

HENRIQUE

JANICE

JOÃO

LUÍSA

MANUELA

MARCOS PENHA

MURIEL

NATÁLIA

ONERO

ROSA

SARA

SUMAIA

TALITA

VERIDIANA

VÍTOR

VITÓRIA

VIVIANA

WILLIAM

WILLY

YOLANDA

ZENAIDA

Participações especiais FRED

MILITÂNCIA

PROFESSOR CARLOS ALEXANDRE

CARCEREIRO

RAPAZ I

RAPAZ II

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

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CENA 1. ALTO DO CAMINHÃO DE SOM. EXTERIOR. NOITE.

Continuação direta e imediata do fim do capítulo an terior.

Exatamente a mesma coisa, só que na reação de Manue la, que

no final do Cap. 02 a cena é paralisada, aqui pross egue.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 2. ESTACIONAMENTO DO COMITÊ. EXTERIOR. NOITE.

Rapidamente a militância ainda presente no final da

carreata, mais Marcos, Manuela, Felipe, João, Vitór ia,

Carina, Celina e Sara vão correndo até a parte tras eira do

prédio do comitê e constatam: O carro de Manuela es tá em

chamas. Close na moça apavorada com a cena.

MANUELA — (apavorada) Meu Deus do céu!

FELIPE — (SEM ENTENDER) Mas quem é que fez isso?

JOÃO — O comitê estava vazio, todos estavam na

carreata.

CARINA — É, mas alguém ficou aqui. Ou entrou.

CARINA — E sabe Deus agora quem...

Alguns homens portando de artifícios para tal apaga m o fogo.

MANUELA — (decidida) Ah, mas eu vou descobrir quem

foi.

Close em Manuela. Close no carro, com o fogo contro lado.

CORTA PARA:

CENA 3. RESTAURANTE CHIQUE. BANHEIRO. INTERIOR. NOI TE.

Aline entra no banheiro e rapidamente vai até a pia e lava o

rosto. Close nela no espelho.

ENTRADA PARA FB: TRECHO DESCRITO DA CENA 66 DO CAP.

ANTERIOR.

WILLY — Eu tomei coragem e vou dizer agora tudo o

que eu sinto pra você. Não me importo com o

que você vai dizer depois, não me importa

sua resposta, não me importa sua reação.

Porque eu sei quais serão. A única coisa que

me importa é que eu vou desentalar tudo que

ainda tá aqui na garganta e vou dormir

tranqüilo. (p) Aline, eu estou completamente

apaixonado por você!

Aline não se espanta, sabia o que iria ouvir.

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WILLY — Eu sou louco por você desde o primeiro dia

em que eu te vi. Você é linda, inteligente,

sexy... e não merece esperar por um homem

casado! Você merece coisa melhor e eu sou

melhor do que o Muriel, porque eu tenho uma

coisa que ele não pode te dar: AMOR ! Eu

estou disposto a fazer você esquecer o

Muriel, é só você querer.

Close em Aline sem reação.

SAÍDA DE FB : O close volta em Aline no espelho.

CORTA PARA:

CENA 4. CASA DE VÍTOR. EXTERIOR. NOITE.

STOCK-SHOT DA AMBIENTAÇÃO.

FUSÃO PARA:

CENA 5. CASA DE VÍTOR. SALA. INTERIOR. NOITE.

Já na sala estão Felipe, Manuela e os outros que es tavam com

eles na carreata acompanhados de Viviana, de pé per to do

sofá e de Vítor na sua cadeira de rodas.

VÍTOR — (PASMO) Meu Deus, quem será que fez isso

com o seu carro, Manuela?

MANUELA — Pois é isso que eu quero descobrir.

VIVIANA — Mas tem pistas?

MANUELA — Pista não. Apenas suspeitas. (vai

caminhando para algum lado) Algumas

suspeitas que passam por minha cabeça.

VITÓRIA — Oposição?

MANUELA — Pode ser. Ou apenas outro tipo de pessoa,

sei lá. O que importa mesmo é que essa

pessoa que pôs ou mandou pôr não está de

brincadeira.

CARINA — Você tem que se cuidar, Manu.

Principalmente porque as eleições já são no

mês que vem.

Close em Manuela apreensiva.

Corta para:

CENA 6. CASA NOVA. SALA. INTERIOR. NOITE.

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Cláudio está na sala lendo jornal e Camila chega mo desta.

CAMILA — (MESMO TOM DE MODÉSTIA) Oi, pai.

CLÁUDIO — (SORRINDO) Oi, filha. Como foi a aula

hoje?

CAMILA — (AINDA MODESTA) Foi boa... A gente pode

conversar um pouquinho?

CLÁUDIO — Claro! (gesto) Senta aqui!

Camila senta.

CLÁUDIO — (DANDO ATENÇÃO) Me diz... Sobre o que é

que você quer falar?

CAMILA — Eu queria falar sobre o Daniel.

CLÁUDIO — Aquele seu namoradinho?

CAMILA — É, ele sim.

CLÁUDIO — O que tem ele?

CAMILA — Pai, eu to amando.

CLÁUDIO — (SORRI IRONICAMENTE) Que bom... Tomara qu e

dê tudo certo entre vocês.

CAMILA — (sem entender) Só isso?

CLÁUDIO — E o que você queria que eu dissesse?

Camila sem resposta.

CLÁUDIO — Fico feliz que minha filha querida tem um

namorado... Rezo que dê tudo certo. E

entendo perfeitamente que você já tá na

idade de ter namorados, assim como seu

irmão. Mas no caso dele, são namoradas.

CAMILA — Nesses últimos dias nós estivemos bem

próximos...

CLÁUDIO — Em que sentido?

CAMILA — Naquele sentido!

CLÁUDIO — (irônico) Se você o ama, seja feliz.

Cláudio sai e beija sua filha. Close nela sem enten der

absolutamente nada.

Corta para:

CENA 7. DANCETERIA. PISTA DE DANÇA. INTERIOR. NOITE

CLIPE: Muriel e sua esposa estão na pista de dança. Ênfase

em Natália, completamente eufórica, parece que está dopada.

Close nela louquinha, maluquinha. Ela agarra o seu marido e

o beija apaixonadamente ali mesmo. Valorizar por um tempo.

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CORTA PARA:

CENA 8. RESTAURANTE CHIQUE. INTERIOR. NOITE.

Willy e Aline se beijam apaixonadamente. Depois de um

tempo...

WILLY — Eu te prometo que vou te fazer feliz e

fazer você esquecer o Professor Muriel.

ALINE — E eu prometo que vou aprender a te amar.

Você é uma pessoa sensacional.

Se beijam de novo.

Corta para:

CENA 9. REPÚBLICA. QUARTO DE LUÍSA. INTERIOR. NOITE .

Conversa entre mãe e filha.

LUÍSA — Então é isso, mãe. Satisfeita? O que

pensou que era?

JANICE — (sem jeito) Nada, minha filha, nada. Me

desculpe. Eu jamais pensei que você estava

vendo modelos de biquíni de uma grife. Você

sabe que eu não tenho condições de te dar

roupas importadas, mesmo sendo biquíni que é

uma peça mais em conta.

LUÍSA — Eu não ia te pedir nada, mãe. Eu sou

consciente. Mas nada me impede de ver na

internet a última moda, a senhora sabe como

e sou apaixonada por isso.

JANICE — Eu sei sim. (p) Bom, eu vou servir a

janta.

LUÍSA — Já desço pra te ajudar.

Janice beija a filha e sai. Close em Luísa. Essa fo i por

pouco. A menina volta ao computador para ver fotos de

mulheres seminuas.

CORTA PARA

CENA 10. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA.

PLANOS DA CIDADE.

FUSÃO PARA:

CENA 11. COMITÊ DE MANUELA. INTERIOR. DIA.

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Manuela e Marcos conversam numa mesa vendo jornais.

MARCOS — (vendo vários jornais) Sucesso, prefeita!

Carreata perfeita, capa de todos os jornais

da cidade.

MANUELA — Até que publicaram demais.

MARCOS — Mas isso é muito bom! O deputado Félix

deve estar se roendo nesse momento... só

nota de pé de página pra ele! E pra

candidatos dos partidos nanicos, nem se

fala.

MANUELA — Vamos fazer mais carreatas nos próximos

dias, Marcos. As eleições estão chegando e

eu quero deixar o povo cada vez mais

motivado pra resultados como esse de ontem,

apesar dos pesares.

MARCOS — Você não tá andando com seguranças?

MANUELA — Pra quê? Você acha que eu devo?

MARCOS — Sei lá... Você não pode se arriscar assim

desse jeito.

MANUELA — É, mas estive pensando essa noite e

cheguei à conclusão de que só querem me

assustar... Porque se quisessem ir mais

além, não teriam feito apenas o que fizeram.

MARCOS — Sim, mas depois dos sustos, sabe Deus o

que vem.

MANUELA — Eu não tenho medo. O que tiver que

acontecer, Deus é justo.

MARCOS — Tomara...

Close em Marcos inquieto.

MANUELA — (desconfiada) O que foi, Marcos? Por acas o

você sabe de alguma coisa?

MARCOS — Não, eu não sei de nada. Eu só acho

coisas.

MANUELA — O quê?

MARCOS — Pode ter sido coisa do Félix.

MANUELA — Será?

MARCOS — Aquele cara é capaz de tudo pra conseguir

o poder. Tudo. E sobre esses sustos não me

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espantaria se fossem mandados por ele pra

fazer você desistir da candidatura.

MANUELA — Ah, eu não sei...

MARCOS — Você é muito ingênua, Manuela. Tem cabeça

nova. Você ainda tem que apreender a

desconfiar das pessoas analisando os fatos .

Desconfiar não é acusar, você pode até

errar, mas as possibilidades de acertar,

nesse caso, são grandes. O Félix não passa

confiança pra ninguém, ele só tem

popularidade porque puxa o saco dos pobres

quando é época de eleição.

MANUELA — Eu confio no povo.

MARCOS — Não se pode confiar nem em si mesmo. Em

política tem que desconfiar até de sua

própria sombra... Principalmente se faz

política honesta no Brasil, porque pouco

existe. Só te peço que tome cuidado.

MANUELA — Isso vai passar. Depois da tormenta,

sempre vem a bonança.

MARCOS — Tomara que seja assim.

Close em Manuela e CORTA PARA:

1º INTERVALO COMERCIAL.

CENA 12. REPÚBLICA. CORREDOR. INTERIOR. DIA.

Tranqüilidade no corredor dos quartos. Aparecem Tal ita e

Yolanda cheias de sacolas rumo ao quarto.

TALITA — Mãe, adorei essa lingerie que você

comprou! Mais bonita do que as minhas!

YOLANDA — Fui comprar só pra você, mas bati o olho e

não resisti. Eu vou experimentar.

Mãe e filha entram no quarto e fecham a porta. De f ininho,

saído de algum lugar, Agnaldo vai até a porta e esp ia na

fechadura.

PONTO DE VISÃO de Agnaldo no buraco da fechadura: Y olanda

tira a blusa e está de sutiã.

Close em Agnaldo e uma mão é colocada sobre seu ombro. E le

olha. É Janice. Agnaldo congela.

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E CORTA PARA:

CENA 13. COMITÊ DE MANUELA. EXTERIOR. DIA.

Externa do comitê; Na rua, lentamente um carro supe r

moderno, de cor escura na pintura e nos vidros se a proxima e

pára em frente ao prédio. Um homem desce. Focamos d e costas.

Suspense. Agora sim, close nele. É Félix que já tir ando seus

óculos escuros, trajado de um terno escuro italiano , observa

o prédio.

FÉLIX — (OLHANDO O PRÉDIO) Belo prédio! Tá bem a

minha adversária! / Mas não por muito tempo.

Félix entra no prédio. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 14. CASA DE MURIEL. SALA. INTERIOR. DIA.

Muriel está na sala e Natália aparece com cara de s ono, com

ressaca.

MURIEL — (sorri) Bom dia, menina... Tava boa a

farra?

NATÁLIA — Não gostou?

MURIEL — Claro que eu gostei. Há muitos anos eu não

tinha uma noitada como aquela.

NATÁLIA — Eu me senti jovem de novo. E me senti tão

culpada antes e depois.

MURIEL — Você não é velha, meu amor.

NATÁLIA — Não sou velha, mas também não sou nova

como ter dezessete, dezoito anos. / Muito

obrigado, meu amor... Ontem, depois do nosso

casamento, foi a noite mais feliz da minha

vida.

MURIEL — Foi a minha também. A última farra que

tivemos foi exatamente na festa do nosso

casamento. A gente tava precisando de noites

assim pra esquecer os problemas e outras

coisas e só pensar na gente e no nosso

amor...

NATÁLIA — E tomara que o meu pouco tempo de vida

ainda me permita vivenciar mais noites

assim.

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MURIEL — Claro que vai. A gente tem muito ainda pra

aproveitar na nossa vida. Sem culpa, sem

receio... só com amor!

Os dois se abraçam.

CORTA PARA:

CENA 15. CASA NOVA. SALA. INTERIOR. DIA.

Ana Paula lê o jornal e se espanta com uma notícia. Suspense

muito grande .

ANA PAULA — (espantada) Meu Deus! Eu não acredito n o

que eu li!

HENRIQUE — (chegando) Oi, mãe...

Ana Paula larga o jornal correndo.

ANA PAULA — Oi, filho. Vai tomar café?

HENRIQUE — Não, e nem quero. To sem fome.

ANA PAULA — Vai ficar a manhã toda sem comer nada?

Depois não vai conseguir nem se concentrar

na escola.

HENRIQUE — Mas eu to sem fome, se caso eu tiver,

depois eu como alguma coisa lá na escola

mesmo. (beija a mãe) / (p) Ah, eu já ia me

esquecendo: hoje eu vou dormir na casa do

Eduardo, meu colega.

ANA PAULA — Mas amanhã você tem aula, filho. Não é

final de semana.

HENRIQUE — Eu sei, mas é que nós temos que fazer um

trabalho pra feira de ciências e ainda não

deu tempo de terminar. Vamos entrar a

madrugada fazendo.

ANA PAULA — Tudo bem, mas depois da aula você vem e m

casa ainda, né?

HENRIQUE — Venho só pra pegar minhas coisas. / Tcha u,

mãe.

ANA PAULA — Tchau, querido.

Henrique beija a mãe e sai. Close em Ana preocupada com o

que leu no jornal. Ela pega de novo e lê novamente a

notícia.

ANA PAULA — Ainda bem que eu me mudei...

Close nela.

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CORTA PARA:

CENA 16. REPÚBLICA. CORREDOR. INTERIOR. DIA.

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 12. Agnaldo ainda está

paralisado sem ação nenhuma.

Atenção aos atores: TOM DIMINUÍDO PARA EVITAR ESCÂN DALOS.

JANICE — Quem você tá espiando aí na fechadura?

AGNALDO — (meio que gaguejando) Eu... Eu vim ver se

tinha alguém aqui nesse quarto porque eu

quero pintar.

JANICE — (irônica) Ah, você quer pintar?

AGNALDO — É, faz tempo que esses quartos não são

pintados... Precisamos deixar o negócio

bonito pros hóspedes, não acha?

JANICE — Tá, tudo bem que você queira pintar, mas

eu não entendi o motivo de você estar

espiando na fechadura.

AGNALDO — É que eu queria ver se tinha alguém aqui

dentro.

JANICE — Custa bater na porta? E se visse alguém

pelado? Aqui só tem meninas que tem idade

pra serem suas filhas.

Close em Agnaldo.

JANICE — Escuta aqui, Agnaldo... Se eu te pegar

espiando essas meninas, eu te denuncio pra

polícia! Eu não quero nem saber!

AGNALDO — Você tá louca, mulher? Tá me achando com

cara de pedófilo por acaso?

JANICE — Maridos tarados vemos, costumes não

sabemos... Mas você tá avisado.

Janice sai. Close em Agnaldo aliviado. Mas não por muito

tempo. Yolanda abre a porta e se assusta. Grito. Cl ose em

Agnaldo sem reação.

CORTA PARA:

CENA 17. ESCOLA. SALA DOS PROFESSORES. INTERIOR. DI A.

O Professor Carlos Alexandre está na sala dos profe ssores e

o sinal toca. Ele está mexendo em uns papéis. Depoi s de um

tempo, entra Muriel.

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MURIEL — (chegando) A turminha problemática do

terceiro ano mesmo depois do sinal ter

tocado ainda está no corredor.

CARLOS ALEXANDRE — É que eles tem no horário a

professora Aline. E ela não apareceu ainda.

MURIEL — Sim, mas por que o Willy não dá um jeito?

CARLOS ALEXANDRE — Porque ele também não apareceu.

MURIEL — (espantado) Que estranho... e os dois são

sempre tão responsáveis.

CARLOS ALEXANDRE — Às vezes se dá recaída...

FUSÃO PARA:

CENA 18. QUARTO DE MOTEL. INTERIOR. DIA.

Willy e Aline estão deitados na cama, abraçados. Fi zeram

amor durante a noite. Willy acorda e sorri. Beija s ua amada

no rosto e se levanta. Aline não dá bola e vira pro lado

para continuar dormindo. Willy vai até a sacada do motel e

temos como visão, o mar. Close. Maravilha. Close em Willy

orgulhoso.

ALINE — Olhando o paraíso?

WILLY — (se vira) Não... O verdadeiro paraíso é

você.

ALINE — (sorri) Passamos da conta, e os nossos

compromissos?

WILLY — Eu vou telefonar pra alguém lá na escola

depois, agora vamos tomar café.

Selinho entre os dois.

CORTA PARA: TAKES DOS DOIS, NA CAMA, ELE SEM CAMISA E ELA DE

LINGERIE, TOMANDO CAFÉ DA MANHÃ. OS DOIS BRINCAM, S ORRIEM,

POR UNS MOMENTOS SE BEIJAM, SE ACARICIAM, COMEM FRUTAS

JUNTOS, MUITO AMOR. QUE A DIREÇÃO VEJA UM BOM TAKE

APAIXONADO E VALORIZADO.

CORTA PARA: OS DOIS TOMANDO BANHO NO CHUVEIRO, SE BEIJAM

APAIXONADAMENTE, MUITO AMOR, NUS BANHADOS A UMA ÁGUA MORNA,

OS DOIS SORRIEM... VALORIZAR ESSES MOMENTOS CALIENT ES

RESPEITUOSOS NOS FOQUES.

CORTA PARA:

CENA 19. ESCOLA. SALA DOS PROFESSORES. INTERIOR. DI A.

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Carlos Alexandre no telefone. Muriel junto com ele.

Interpretar ou não como continuação da cena 18.

CARLOS ALEXANDRE — (no tel.) Ainda bem que você deu

sinal, Willy. Todo mundo tava estranhando o

seu sumiço sem avisar. (p) Sim. (p) Sim, eu

faço, pode deixar. (p) Tudo bem. (p) (sorri)

Você morreu? / Tá bom, a gente se vê amanhã

então. Ok, abraços.

Carlos Alexandre larga o telefone.

MURIEL — Onde ele está?

CARLOS ALEXANDRE — O homem tá louco... disse que nã o

veio hoje na escola porque está em frente ao

paraíso!

MURIEL — Então deve ter morrido.

CARLOS ALEXANDRE — (sorrindo) Foi o que eu pergunte i pra

ele.

Close em Muriel rindo.

FUSÃO PARA:

CENA 20. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA.

STOCK-SHOTS.

FUSÃO PARA:

CENA 21. PRESÍDIO. EXTERIOR. DIA.

CONTINUA: PRESÍDIO. CELA DE ARIOVALDO. INTERIOR. DI A

TAKE: Movimentação no presídio. Notamos que é dia d e visita.

Closes no pátio movimentado, cheio de detentos, par entes e

amigos. A câmera passeia um instante até focar Ario valdo

sentado num canto, solitário.

CARCEREIRO — Mais um dia de visita solitário,

Ariovaldo?

ARIOVALDO — Pois é, mas é o último. Em breve eu vou

sair desse lugar e vou nunca mais nem passar

aqui em frente.

Close no Carcereiro; close em Ariovaldo. CAM foca a trás

dele, sem ele ver, Vítor se aproximando, caminhando .

VÍTOR — É, mas eu tenho uma notícia pra te dar...

Você acabou de receber uma visita.

ARIOVALDO — (SORRI / VIRA-SE) Meu irmão...

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Close em Vítor. Ele tasca uma arma de seu bolso e a ponta

para Ariovaldo. Ariovaldo se espanta.

EFEITO. A imagem volta em Ariovaldo, na sua cela, a cabado de

acordar com um susto. Ele fica aliviado. O Carcerei ro bate

na grade da cela.

CARCEREIRO — Ariovaldo, chegou uma visita. Tá te

esperando lá na sala.

ARIOVALDO — Quem é?

CARCEREIRO — É o advogado responsável pelo teu caso .

Parece que ele tá trazendo boas notícias.

O carcereiro abre a cela e leva Ariovaldo.

CORTA PARA:

CENA 22. CASA DE VÍTOR. ESCRITÓRIO. INTERIOR.DIA

Vítor no seu escritório ao telefone. Segue.

VÍTOR — (ao tel.) Então a informação que saiu no

jornal procede? Não mentiram, não omitiram

nada? (p) Sim, sim. Bom, a notícia é boa,

agora vai começar uma nova fase, um novo

desafio pra mim, já que sou a única pessoa

da família dele viva. (p) Claro, mas se eu

precisar de ajuda, eu te procuro de novo.

Muito obrigado pelo esforço, eu não esperava

outra coisa de você. Me livrou de uma tarefa

árdua. (p) Um abraço...

Viviana aparece.

VÍTOR — Boas notícias.

VIVIANA — O que foi?

VÍTOR — Você não viu o jornal hoje?

VIVIANA — Dei uma olhada meio por cima. Você sabe

que eu só olho a coluna social e o caderno

de TV.

VÍTOR — Bom, então eu vou te dizer: Saiu no jornal

hoje e eu acabei de falar via telefone com o

advogado que cuida do caso do Ariovaldo.

VIVIANA — O que tem?

VÍTOR — O Ariovaldo será liberado na semana que

vem.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

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VIVIANA — (SEM REAÇÃO) Não sei o que dizer. Isso va i

gerar uma grande mudança nas nossas vidas a

partir de agora. Principalmente no andamento

da campanha da Manuela que tá em fase final

e derradeira.

VÍTOR — Eu acho que na campanha da Manuela não vai

influenciar em nada, mas nas nossas vidas é

inevitável. Principalmente levando em

consideração a influência da nossa família

na cidade.

VIVIANA — O que você pensa em fazer?

VÍTOR — Ainda não sei. Mas pra cá está certo que

eu não vou trazer.

VIVIANA — Mas é claro que não...

VÍTOR — Sim, mas eu não posso deixá-lo

desamparado. Apesar dos pesares, é meu irmão

e eu tenho que dar alguma ajuda a ele.

VIVIANA — Aluga um apartamento ou um quarto de

hotel.

VÍTOR — É, você tem razão. Eu vou ajudá-lo com

moradia e mais alguma coisa até ele

conseguir um emprego.

VIVIANA — (sorri) Há, e você acha que vai ser assim

tão fácil um ex-condenado de setenta e

tantos anos e oitenta de idade arrumar um

emprego? Dê essa tarefa como impossível, meu

bem. Seu irmão é preso desde criança, ele

não sabe fazer absolutamente nada.

VÍTOR — O Ariovaldo é esperto o bastante para se

virar. Ele que não pense que eu vou

sustentá-lo até o fim da vida. E apesar de

seus oitenta anos, tem disposição de

quarenta.

VIVIANA — Vai comprar briga com um bandido perigoso

como o seu irmão.

VÍTOR — Antes de tudo ele é meu irmão. Eu vou dar

um jeito nele. Do contrário...

Close em Viviana.

VIVIANA — Do contrário vai fazer o quê? Matá-lo?

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

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VÍTOR — Jamais sujaria minhas mãos dessa maneira.

Mas um castigo diferente não seria de todo

mal. Só espero que com a idade que o

Ariovaldo tem, ele também tenha maturidade

para tentar uma nova vida. Eu acho que

setenta anos de prisão servirão de alguma

coisa.

VIVIANA — Sinceramente eu não sei o que pode

acontecer.

VÍTOR — O complicado é que eu estando desse jeito

vai me impossibilitar de fazer muitas

coisas. E eu vou precisar muito de sua

ajuda, Viviana. Bastante.

No close em Viviana, corta para:

CENA 23. TRAILER DE SUMAIA. INTERIOR. DIA

Sumaia está inquieta. Paloma chega.

PALOMA — Oi, mãe...

SUMAIA — Oi. (a beija) Como foi de trabalho?

PALOMA — Quase não fiz nada agora de manhã. Passei

mais ao telefone desmarcando compromissos

pro Seu Vítor e algumas coisas repassando

pra secretária do filho dele.

SUMAIA — Tem sabido notícias do seu patrão?

PALOMA — Ele tá bem. Não sei se vai voltar a

trabalhar com a cadeira de rodas.

SUMAIA — É, para o Vítor voltar a andar, as

notícias são boas. Vem muita coisa boa pra

ele nos próximos tempos. Mas nem tudo vai

ser um mar de rosas.

PALOMA — Como assim?

SUMAIA — O Vítor tem um irmão. Ele está há mais de

setenta anos preso e vai ser libertado daqui

uns dias, inclusive já saiu a notícia até no

jornal.

PALOMA — Mãe, eu fiquei intrigada com uma coisa:

Por que o Seu Vítor não quis saber da sua

visita aquele dia no hospital?

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

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SUMAIA — Você sabe da história que aflige o seu

patrão desde quando ele era criança, né?

PALOMA — Ah, eu sei sim, aquela história que

mataram os pais dele quando ele era

pequeno...

SUMAIA — É essa mesmo. Eu sei quem mandou matar os

pais dele, só que ele não quer acreditar.

PALOMA — Ah.../

SUMAIA — (corta) Isso aí mesmo. Foi esse irmão o

mandante do crime.

Close em Paloma espantada.

CORTA PARA:

CENA 24. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. SALA DE FELIPE. I NTERIOR.

DIA

Felipe lê jornal e se espanta com a notícia listada .

FELIPE — (ESPANTADO) Meu Deus! (lê) O bandido

Ariovaldo de Andrade será libertado na

semana que vem do Presídio de Segurança

Máxima dos Jardins, no Rio de Janeiro,

depois de cumprir setenta anos de detenção

por roubos e assassinatos juntamente com uma

quadrilha pelo qual fazia parte na década de

quarenta.

CORTA PARA:

CENA 25. CASA DE VÍTOR. SALA. INTERIOR. DIA.

Vítor conversa com Felipe.

VÍTOR — Eu to sempre a par de tudo o que acontece

com ele, Felipe.

FELIPE — E o que o senhor vai fazer?

VÍTOR — Eu tava falando isso com sua mãe agora a

pouco. Vou alugar pra ele um quarto de hotel

ou um apartamento, ainda não sei. Tenho que

pensar.

FELIPE — No dia da libertação o senhor vai estar

lá?

VÍTOR — Vou mandar uma pessoa.

FELIPE — Quem?

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

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VÍTOR — (DIRETO) Você!

FELIPE — (ESPANTADO) Eu?

VÍTOR — Sim, você é o meu braço direito, digno de

minha confiança. Eu, nas minhas atuais

condições, não quero ir, irei só depois

conversar com ele em algum lugar, mas eu

peço que você vá recebê-lo no dia da

liberdade dele.

FELIPE — Mas eu nem conheço ele direito.

VÍTOR — Eu sei, mas não tem erro. E ele é muito

parecido comigo. Eu vou te dar umas

instruções e você fará isso para seu

papai...

FELIPE — (VENCIDO) Tudo bem...

Fim do áudio : Vítor orienta seu filho. Close nele prestando

atenção.

CORTA PARA:

2º INTERVALO COMERCIAL.

CENA 26. CASA DE MURIEL. SALA. INTERIOR. DIA

Natália está arrumando a sala, abre as cortinas, as janelas,

deixa a casa bem aberta, arejada. Veridiana aparece bem

arrumada.

NATÁLIA — (SORRI) Nossa, que linda, que chique...

Aonde vai, vai a uma festa, a uma cerimônia

de casamento?

VERIDIANA — Não, vou só pagar contas, minha querida .

NATÁLIA — Hum, de repente arruma um namorado

também...

VERIDIANA — (RI) Eu, com namorado? Você só pode est ar

maluca.

NATÁLIA — O amor não tem idade, não tem cor, não te m

religião, nem sexo e nem time de futebol.

Todo mundo pode amar.

VERIDIANA — É, mas eu já to gasta e velha. Não muit o

usada, é verdade. Mas já passei da conta. Eu

só vou pagar conta, voltar pra casa e fazer

as minhas obrigações. Ah, tem comida ponta

lá na cozinha. Fiz guisado de frango.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

18

NATÁLIA — Hum, adoro seu guisado de frango.

VERIDIANA — Então aproveite que ainda está quentinh o e

suculento.

NATÁLIA — Eu vou esperar o Muriel chegar.

VERIDIANA — E eu já vou indo.

Veridiana vai saindo.

NATÁLIA — Veri...

VERIDIANA — (PÁRA, VIRA) Sim.

NATÁLIA — Eu vou mudar esse seu visual. Você tá

linda, mas pode ficar ainda mais.

VERIDIANA — (SORRI) Vai sonhando... (sai)

Close em Natália que senta no sofá sorrindo.

CORTA PARA:

CENA 27. COMITÊ DE MANUELA. INTERIOR. DIA.

Félix se aproxima de Manuela que se surpreende ao v ê-lo.

MANUELA — (espantada) O senhor?

FÉLIX — Espantada em me ver, candidata?

MANUELA — De certa forma, sim. Não é comum um

candidato visitar o outro.

FÉLIX — Mas de minha parte é. Eu sou só adversário

político, nada mais. Não tenho nada contra a

sua pessoa e espero que a senhora não tenha

nada contra a minha.

Close em Manuela.

FÉLIX — Mas eu não vim pra falar sobre isso e sim,

parabenizá-la pela belíssima e grandiosa

carreata que a senhora fez. Parabéns. Oxalá

se eu pudesse e tivesse condições de fazer

igual.

MANUELA — É só fazer campanha limpa, com um único

objetivo: o povo. Se todos os políticos

fizessem assim... O senhor também consegue.

Todo mundo consegue. É só ser honesto. Mas

aí pouco existe.

FÉLIX — Levarei isso em consideração. Nos veremos

no próximo debate do rádio, candidata.

Apertam-se as mãos. Félix vai saindo, Marcos aparec e.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

19

MARCOS — Esse cara ficou louco ou é impressão

minha?

MANUELA — Eu não sei. Só que eu estou começando a

acreditar em você. Não estou gostando nada

disso. Nada.

Close neles. Close em Félix saindo.

CORTA PARA:

CENA 28. COMITÊ DE MANUELA. EXTERIOR. DIA.

Já avistando seu carro, Félix...

FÉLIX — É, candidata... Vai ser um debate que

ficará para a história!

Félix entra no carro e parte.

CORTA PARA:

CENA 29. MERCADO MUNICIPAL. INTERIOR. DIA.

Carina, Sara e Celina passeiam pelo Mercado.

SARA — Só a faculdade mesmo pra nos trazer aqui.

CARINA — E o que tem de mal? Todo mundo deveria vir

aqui, o lugar é muito agradável.

CELINA — Será?

Dois rapazes observam as três e chegam nelas.

RAPAZ I — (admirando-as) Olha só, três gostosas!

RAPAZ II — Com certeza... três pitelzinhos!

RAPAZ I — Mas nós somos dois. E a terceira?

RAPAZ II — A terceira é a sobremesa!

Os rapazes se aproximam cada vez mais delas. Elas e stão

assustadas. Close em Fernando que, de longe, observ a tudo.

Ele corre para ajudá-las e parte pra cima dos rapaz es.

FERNANDO — Deixem elas em paz!

RAPAZ I — (nervoso) Pera aí, pera aí... Quem tu

pensa que é?

FERNANDO — Alguém que tu não queria conhecer.

Ritmo alucinante! Fernando soqueia o Rapaz I. O seg undo vem

por trás e acerta Fernando. Está zonzo. As meninas ajudam.

Carina pega uma cadeira de um barracão e gruda na c abeça do

rapaz I. O zonzo agora é ele. Fernando cuida do II. Celina

chuta os países baixos do rapaz I. Os dois, sem saí da,

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

20

fogem. As meninas comemoram. Fernando está um pouco

debilitado. As meninas vão ajudá-lo.

CARINA — (P/ FERNANDO) Você está bem?

FERNANDO — (um pouco debilitado) Estou...

CARINA — (DÁ A MÃO) Muito prazer. Carina.

FERNANDO — (O MESMO) Fernando... Encantado.

Fernando e Carina: entreolhares duradouros. Áudio : Música

romântica. Depois de um tempo, as meninas o ajudam a

levantar. Fernando e Carina ainda se olham fixos.

CORTA PARA:

CENA 30. CASA DE ALINE. SALA. INTERIOR. DIA.

A CAM passeia pela sala e Aline abre a porta. Chega em casa,

cansada, joga sua bolsa longe, tira seus sapatos e senta no

sofá.

ALINE — (suspira) Ai, meu Deus, será que eu fiz a

coisa certa?

No close em Aline,

CORTA PARA:

CENA 31. CASA DE MURIEL. COZINHA. INTERIOR. DIA.

Muriel e sua esposa estão ao lado do fogão. Ela peg a um

pouco do guisado de frango e dá na boca dele, o faz endo

experimentar.

MURIEL — Maravilhoso, me dá mais uma...

NATÁLIA — Não... Isso não é pra beliscar, é pra

servir no prato e comer. Vá lavar as mãos

que eu vou arrumar a mesa.

MURIEL — Tudo bem... Mas antes...

Muriel agarra sua mulher e a beija.

NATÁLIA — Por que isso?

MURIEL — Estava com saudade dessa cinturinha de

pilão!

Muriel tasca um selinho nela e vai lavar as mãos.

Close em Natália sorrindo.

FUSÃO PARA:

CENA 32. RIO DE JANEIRO. TAKES DE HELICÓPTERO. INTE RIOR.

DIA.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

21

Apenas takes de lugares bonitos. E no RJ é o que nã o falta.

FUSÃO PARA:

CENA 33. CASA DE VÍTOR. JARDIM/PÁTIO. EXTERIOR. DIA

William está caminhando junto a umas flores, curtin do o

jardim, ali ele conhece tudo, apesar de ser cego. A câmera,

em movimento nervoso, vai até o muro do vizinho, nã o muito

longe dali, muro não muito grande, onde um rottweil er tenta

a todo custo pular. Suspense. Close em William nova mente.

Não percebe.

CORTA PARA:

CENA 34. CASA DE VÍTOR. SALA. INTERIOR. DIA

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 25. Vítor e seu filho ainda

conversam.

FELIPE — Tá, deixa eu ver se entendi bem: O senhor

quer que eu vá recebê-lo no dia da

libertação e levá-lo praquele hotel lá perto

do mar da Barra?

VÍTOR — Exato. Aquele hotel é bom, é em frente ao

mar... Tudo perfeito, não me incomodo. Nem

de pagar pra ele, nem nada. Mas com a

condição de que ele não me apareça aqui.

FELIPE — Tudo bem.

VÍTOR — Eu vou falar com o advogado que cuida do

caso dele e avisar que você irá recebê-lo.

FELIPE — Quem é que tá cuidando do caso?

VÍTOR — O Doutor Carlos Alberto.

FELIPE — Competentíssimo.

VÍTOR — Em tudo que faz. Essa liberdade do

Ariovaldo tem o dedo dele, da sua

competência.

CORTA PARA:

CENA 35. REPÚBLICA. QUARTO. INTERIOR. DIA.

Mesmo quarto onde entrou Yolanda e Talita. Agnaldo está na

cena, Talita, não.

YOLANDA — (mostra o teto) Aqui, seu Agnaldo, já que

o senhor quer pintar os quartos, aqui tem

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

22

que começar no forro. Tá muito ruim, muito

feio. Talvez precise até de um verniz

depois...

Agnaldo não presta atenção e fica olhando para o de cote

dela. Yolanda percebe.

YOLANDA — Algum problema, seu Agnaldo?

AGNALDO — (gaguejando) Não, nenhum... hoje mesmo eu

vou providenciar a pintura. Com licença.

Agnaldo sai. Close em Yolanda.

YOLANDA — (sorri) Sem vergonha... Mas fazer o quê,

eu sou uma gostosona mesmo!

Close em Yolanda.

YOLANDA — E ele não é de se jogar fora também.

Yolanda solta uma senhora gargalhada.

CORTA PARA:

CENA 36. CASA DE FERNANDO. EXTERIOR. DIA

Carina encosta-se de carro em frente à casa de Fern ando.

Dele, desce a motorista, Carina, Fernando na frente e atrás,

Celina e Sara. As garotas ficam afastadas, o papo é entre

Carina e Fernando que está com o ombro imobilizado.

CARINA — Bom, agora você cuida bem desse ombro... o

ombro é muito chato pra curar quando

fratura.

FERNANDO — É, eu vou ter que arrumar uns ajudantes

pra erguer aquelas caixas de frutas. Mas eu

me viro, pode deixar. / Muito obrigado pela

ajuda. Serei eternamente grato.

CARINA — Gratas seremos nós por você ter espantado

aqueles caras de perto da gente. Se não

fosse por você, a essa hora nem sei como nós

estaríamos. Muito obrigado.

FERNANDO — Tudo de bom pra vocês.

Lentamente eles se apertam as mãos. Entreolhares novamente.

Close em Sara e Celina que perceberam tudo. Fernand o

cumprimenta as duas, mais afastadas e elas abanam. Fernando

entra em casa. Carina sorri. As meninas se aproxima m dela.

SARA — (sorrindo) Ai, ai, ai, tem alguém

apaixonada.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

23

CARINA — (SE FECHA) Apaixonada que nada... Mas é

sempre bom ajudar ao próximo. Vamos.

As três embarcam no carro.

CORTA PARA:

CENA 37. CASA DE FERNANDO. SALA. INTERIOR. DIA

Fernando chega em casa e sua mãe está assistindo te levisão.

Ela se espanta ao ver o filho com o ombro imobiliza do.

Fernando beija sua mãe.

ZENAIDA — Mas o que foi que aconteceu?

FERNANDO — (SENTA – SUSPIRA) O que aconteceu é que eu

fui dar uma de Super Homem e me dei um pouco

mal. Mas eu bati também.

ZENAIDA — Bateu em quem?

FERNANDO — Ai, mãe, é uma longa história. Pra

resumir: bati em dois rapazes que estavam se

passando com três meninas. Eu não gostei e

parti pra cima deles.

ZENAIDA — Mas que perigo, e se esses caras tivessem

armados?

FERNANDO — Corri o risco, assumo, mas eu não podia

deixar aqueles caras indo pra cima das

meninas. Elas se desesperaram e eu só fui

ajudar.

Close em Zenaida fazendo gesto negativo.

FUSÃO PARA:

CENA 38. RIO DE JANEIRO. TAKES. EXTERIOR. DIA

STOCK-SHOTS.

INSERIR LEGENDA: UMA SEMANA DEPOIS...

FUSÃO PARA:

CENA 39. PRESÍDIO. PÁTIO. EXTERIOR. DIA.

ÁUDIO: QUALQUER MÚSICA CLÁSSICA, MAS DE IMPACTO.

A porta da penitenciária é aberta e de lá sai Ariov aldo rumo

ao pátio. A câmera, de lá, foca de longe Felipe o e sperando.

PV DE ARIOVALDO: Felipe o esperando de longe. Ariovaldo

continua caminhando.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

24

A CAM o acompanha ao som da música solicitada até chegar ao

encontro de Felipe.

FELIPE — Ariovaldo?

ARIOVALDO — Sim.

FELIPE — (DÁ A MÃO PARA CUMPRIMENTÁ-LO) Felipe,

filho do Vítor, seu irmão.

ARIOVALDO — (o cumprimenta) Então você é meu sobrin ho?

FELIPE — Exatamente.

ARIOVALDO — Por que o Vítor não veio me receber?

FELIPE — O meu pai teve alguns problemas e em breve

irá vê-lo. Ele me mandou aqui para recebê-

lo.

ARIOVALDO — Pra onde você vai me levar?

FELIPE — É só me acompanhar que o senhor saberá.

Os dois partem até o portão. Ligar o áudio novamente.

CORTA PARA:

3º INTERVALO COMERCIAL.

CENA 40. CASA DE VÍTOR. SALA DE JANTAR. INTERIOR. D IA

Café da manhã em família. Vítor, Viviana e Carina p resentes.

Os empregados vão servindo os patrões e o papo rola .

VIVIANA — Hoje que o Ariovaldo sai da cadeira, né?

VÍTOR — É, falei com o Felipe hoje cedo pra dar a

ele mais algumas orientações. (olha no

relógio) Há essa hora ele já deve estar

livre, o Carlos Alberto nos disse que ia ser

de manhã.

CARINA — O senhor vai trazê-lo aqui, pai?

VÍTOR — Não é a minha intenção, minha filha. Mas

vai ser inevitável um dia trazer. Eu me dei

bem na vida, cresci, me formei, casei, tive

filhos e ele nunca participou de nenhum

momento. Mas eu quero proteger vocês

primeiramente.

CARINA — Como assim?

VÍTOR — O seu tio é um homem muito perigoso,

Carina. Ele tem oitenta anos de idade e

setenta de prisão. Pra você ver como é.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

25

Desde criança o Ariovaldo sempre se envolveu

com gente ruim.

CARINA — O que ele cometeu pra ter tido setenta

anos de prisão?

VÍTOR — Não foram coisas pra tanto. Somou-se todo

esse tempo por diversas vezes ele ter fugido

e ter sido recapturado. A última vez, há uns

vinte anos atrás, ele foi pego lá na Ponte

da Amizade com contrabando.

CARINA — Eu queria um dia conhecê-lo.

VÍTOR — E vai. Eu quero ajudar o Ariovaldo, ele é

o meu único irmão. E vou adorar que vocês o

ajudem também. Todo mundo merece uma segunda

chance.

VIVIANA — O Felipe vai levá-lo até aquele hotel que

você disse perto da praia?

VÍTOR — Vai. E eu vou visitá-lo à tarde.

VIVIANA — Mas como é que você vai ir assim, desse

jeito?

VÍTOR — Que jeito?

VIVIANA — Você não pode caminhar.

VÍTOR — Eu não posso caminhar, mas ainda sou uma

pessoa lúcida e normal. E o João vai me

levar até lá. Pode ter certeza, meu amor.

Não é uma cadeira de rodas que vai me manter

trancafiado dentro de casa. E acho que já na

semana que vem eu vou voltar a cumprir as

minhas obrigações como advogado no

escritório. Eu não posso sobrecarregar o

Felipe com tantas coisas. Ele já tem as dele

também.

CARINA — (VAI SAINDO) Bom, eu vou pro meu quarto

terminar o meu trabalho sobre o convívio no

comércio da cidade.

VIVIANA — Aonde vocês foram, Carina?

CARINA — Nós fomos ao Mercado Municipal.

VÍTOR — Belo ponto de inspiração.

CARINA — Eu vou lá terminar de uma vez. Com

licença.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

26

Carina sai.

VIVIANA — (P/ VÍTOR) Não se esqueça que amanhã tem

debate da Manuela no rádio.

VÍTOR — Bei, eu já ia me esquecendo mesmo. Amanhã

vamos jantar escutando.

VIVIANA — Vítor, outra coisa que eu já ia me

esquecendo: você tem que voltar ao médico

pra uma consulta de rotina até já pra

encaminhar tudo pra começar o seu tratamento

de fisioterapia pra ver se consegue voltar a

andar.

VÍTOR — Ah, com certeza, é tudo o que eu quero.

Mas primeiro eu quero resolver esse assunto

com o Ariovaldo de uma vez e deixar passar o

debate da Manuela. Eu gosto de fazer tudo

aos poucos, não me sobrecarregar. Depois sai

tudo errado.

VIVIANA — Eu não vou descansar até ver você andando

de novo.

VÍTOR — Somos dois, meu amor.

Close em Viviana sorrindo.

CORTA PARA:

CENA 41. CARRO DE FELIPE. EXTERIOR. DIA.

Felipe leva seu tio ao hotel. Ele se admira com as

paisagens. Alternar as falas com closes na praias e outros

pontos do Rio de Janeiro .

ARIOVALDO — (admirando) Nossa, como o Rio de Janeir o

mudou...

FELIPE — Há quanto tempo o senhor não via essas

paisagens?

ARIOVALDO — Desde a última vez que me pegaram há vi nte

anos. Na verdade não parei muito pra

admirar, pois fugi pro Paraná.

FELIPE — Depois desse tempo não quis fugir mais?

ARIOVALDO — Não, depois desse tempo eu desisti. A

idade foi aumentando e o pique já não era

mais como antes. Na minha primeira fuga eu

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

27

fiquei quase um ano refugiado como sem-terra

numa fazenda perto de Goiânia.

FELIPE — O senhor é um viajado com essas fugas.

ARIOVALDO — De que adianta? De que adianta ser viaj ado

só para fugir? Ah, se eu pudesse voltar no

tempo...

FELIPE — Ainda dá pra recomeçar.

ARIOVALDO — Agora não adianta mais, meu rapaz. Oite nta

anos, quase setenta preso... Não dá mais pra

recomeçar. Eu sinto pena é do Vítor que vai

ter essa mala agora... ele se deu bem na

vida sendo honesto.

FELIPE — É, mas até hoje ele vive na cabeça com a

pergunta de quem matou os pais de vocês. Ele

não é completamente feliz.

ARIOVALDO — Eu também tenho essa pergunta. Mas é um

caso impossível de desvendar.

FELIPE — Passou tanto tempo, né?

ARIOVALDO — E como.

FELIPE — O meu pai ainda quer desvendar esse

mistério.

ARIOVALDO — (RI) É louco... Fazem mais de sessenta

anos, duvido que consiga descobrir algo...

Close em Felipe.

CORTA PARA:

CENA 42. CASA DE VÍTOR. QUARTO DE CARINA. INTERIOR. DIA.

Carina chega no quarto, vai ao computador, mas não se

concentra. Está pensativa. Close em seu belo rosto.

Entrada para FB : Trecho da cena 29 deste mesmo capítulo.

CARINA — (P/ FERNANDO) Você está bem?

FERNANDO — (um pouco debilitado) Estou...

CARINA — (DÁ A MÃO) Muito prazer. Carina.

FERNANDO — (O MESMO) Fernando... Encantado.

Fernando e Carina: entreolhares duradouros. Áudio : Música

romântica. Depois de um tempo, as meninas o ajudam a

levantar. Fernando e Carina ainda se olham fixos.

Saída de FB : A imagem volta à Carina.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

28

CARINA — Ah, eu não acredito que eu não vou

conseguir esquecê-lo!

Carina se decide. Pega a chave do carro e sai.

CORTA PARA:

CENA 43. CASA DE JOÃO. SALA. INTERIOR. DIA.

João recolhe a mesa do café. William escuta televis ão.

JOÃO — Filho, de tarde eu vou ter que sair com o

seu Vítor.

WILLIAM — Não tem problema. Eu sou acostumado a

ficar sozinho.

JOÃO — Eu sei, mas não é porque eu quero. A gente

tem essa casa, vive de favor, com o

propósito de sempre servir aos patrões

quando eles precisarem.

WILLIAM — Não disse nada demais. Só disse que eu so u

acostumado a ficar sozinho.

JOÃO — Você vai ficar sozinho aqui dentro?

WILLIAM — Lá fora no jardim.

JOÃO — Eu não gosto que você fique lá fora

sozinho, meu filho. Principalmente lá

naqueles muros do Seu Antenor que tem

aqueles cachorros chatos.

WILLIAM — Não tem problema, eu me cuido. Mesmo sem

enxergar eu conheço as coisas. E se eu

precisar eu grito lá pras empregadas e elas

me ajudam.

Close em João.

CORTA PARA:

CENA 44. CASA DE FELIPE. EXTERIOR. DIA.

Plano da casa : Abre-se a porta da garagem para a saída de um

carro. Avistamos Manuela ao volante.

Um carro estacionado quase em frente a casa parte p ara

segui-la. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 45. HOTEL. QUARTO DE ARIOVALDO. INTERIOR. DIA.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

29

CAM passeia pelo quarto. Modesto, sem muito luxo, m as bonito

e aconchegante. Tem sacada e vista para o mar. Entr am Felipe

e Ariovaldo. Ariovaldo trás consigo uma mala. Ele l arga na

cama.

FELIPE — Esse aqui vai ser o seu lar por algum

tempo. Meu pai entende que é melhor mantê-lo

aqui do que morar junto com ele em sua casa

até para sua privacidade.

ARIOVALDO — Diga ao seu pai que eu agradeço de

coração.

FELIPE — O hotel não é daqueles luxuosos, mas é

modesto. Tem sacada e vista para o mar, vai

dormir ouvindo o ruído das ondas.

ARIOVALDO — Quando o seu pai vai vim me ver?

FELIPE — Eu ainda não sei. Talvez ainda hoje.

Felipe pega um bolo de notas de cem e dá para Ariov aldo.

FELIPE — Pro senhor se manter por algum tempo. Como

pode perceber o senhor vai ter que sair para

comer. E aproveite e compre roupas e outras

coisas, como material de higiene pessoal.

ARIOVALDO — (PEGA O DINHEIRO) Muito obrigado.

FELIPE — Bem, eu já vou indo. Qualquer coisa (dá um

cartão) aqui está o meu número de celular e

escritório. Pra o que precisar, fale comigo.

O quarto do hotel tem telefone.

ARIOVALDO — (LENDO O CARTÃO) Você é advogado...

FELIPE — O meu pai também é.

ARIOVALDO — Então por que não foram vocês que cuida ram

do meu caso?

FELIPE — Isso o senhor vai ter que perguntar direto

a ele. Mas o advogado que cuidou do senhor

foi nomeado por nós e é de nossa inteira

confiança.

Ariovaldo gesticula positivamente com a cabeça.

FELIPE — Tchau.

ARIOVALDO — (APERTAM-SE AS MÃOS) Tchau... e muito

obrigado. De novo.

Felipe sai. Ariovaldo se joga na cama e ri. Close n ele.

CORTA PARA:

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

30

CENA 46. CASA NOVA. SALA. INTERIOR. DIA.

Cláudio está limpando um ventilador. Ana Paula, lim pa a sala

com o espanador.

CLÁUDIO — (LIMPANDO O VENTILADOR) Que coisa bem

suja, meu Deus.

ANA PAULA — Há, você não viu ainda o ventilador do

Henrique.

CLÁUDIO — Como é que suja tanto assim?

ANA PAULA — Não é questão de sujar, Cláudio. É que faz

tempo que esses ventiladores não são limpos!

CLÁUDIO — Mas como? Eu sempre limpei...

ANA PAULA — Do ano passado pra trás. Depois de lá,

você nunca mais limpou. E não vem.

Close em Cláudio que sorri.

ANA PAULA — E tem o fato da nossa mudança também. T udo

acumula pó, não tem jeito.

Camila chega.

CAMILA — Mãe, cadê o meu ventilador?

CLÁUDIO — Tá aqui, Camila. Eu to limpando.

CAMILA — Se comprasse um ar-condicionado pra cada

quarto não precisava ficar limpando

ventilador.

CLÁUDIO — Ar-condicionado é muito caro. E três

ainda, complica demais. Além da careza da

luz ainda. Você, Camila, que não trabalha,

tem que aprender a dar valor ao dinheiro.

Quando você tiver sua casa, tiver que

sustentar a sua família, vai se lembrar e

concordar comigo.

CAMILA — Mas nós temos condições de ter pelo menos

um, pai.

CLÁUDIO — Não, minha filha (rindo) Quem tem

condições, sou eu. Você não trabalha. (t)

Mas eu vou pensar no seu caso.

Camila beija seu pai.

CLÁUDIO — Camila, agora mudando de assunto, quando é

que você vai trazer o seu namoradinho aqui

pra gente conhecer?

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

31

CAMILA — Eu ainda não sei, vou falar com ele. Pode

ser num jantar amanhã, de repente?

CLÁUDIO — Ótimo.

CAMILA — Eu vou ligar pra ele.

Camila sai.

ANA PAULA — Estranha essa sua curiosidade em conhec er

o namorado da Camila. Nunca se importou.

CLÁUDIO — É, mas tudo muda. Ela já tá crescida, de

repente quer algo sério e... eu preciso

conhecer muito bem antes de freqüentar a

minha casa todos os dias.

ANA PAULA — Olha lá, hein?! Vê se não vai fazer a

menina passar vergonha.

CLÁUDIO — Pode deixar.

Cláudio ri.

CORTA PARA:

4º INTERVALO COMERCIAL

CENA 47. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA

STOCK-SHOTS.

CORTA PARA:

CENA 48. ESCRITÓRIO DE FÉLIX. INTERIOR. DIA.

Félix e Fred conversam.

FÉLIX — Amanhã você vai começar a agir.

FRED — Quer que eu faça alguma coisa em especial?

FÉLIX — Isso aí é com você. Não vou me meter em

absolutamente nada no que você fizer, falar

ou agir. Mas amanhã é o dia ideal pra você

entrar na vida dela por causa do debate no

rádio que teremos.

FRED — Posso fazer como eu quiser?

FÉLIX — Seja criativo. À noite, teremos debate. É

no rádio, não vai ter tanta movimentação

como é num debate televisionado. Ou seja: de

amanhã não pode passar.

FRED — Tudo bem.

FÉLIX — Não vai me falhar, Fred. É uma missão

importantíssima.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

32

FRED — Não se preocupe, não vou decepcionar.

FÉLIX — Melhor pra você...

Close em Félix sorrindo. Close em Fred. Suspense .

CORTA PARA:

CENA 49. CASA DE JOÃO. SALA. INTERIOR. DIA.

Continuação Da cena 43.

JOÃO — Eu já vou então, filho. Qualquer coisa é

só chamar o povo lá da casa grande.

WILLIAM — Pode deixar.

João beija seu filho. Sai.

CORTA PARA:

CENA 50. CASA DE VÍTOR. JARDIM. EXTERIOR. DIA

João vai saindo e Vitória aparece.

JOÃO — Vitória, eu vou sair com o Seu Vítor e não

sei que horas eu vou voltar. O William ficou

dentro de casa escutando televisão, você

pode dar uma olhadinha nele pra mim de vez

em quando?

VITÓRIA — Claro que posso.

JOÃO — Não precisa ficar de olho toda hora, só

umas olhadinhas pra ver se ele está bem.

VITÓRIA — Pode ficar tranqüilo que eu olho de vez e m

quando aquela gracinha pra ver se ele está

precisando de alguma coisa.

JOÃO — (SORRI) Obrigado.

João sai. Close em Vitória. Suspense. Close no muro do

vizinho. Áudio : Latidos do cachorro de Antenor.

CORTA PARA:

CENA 51. CASA DE VÍTOR. SALA. INTERIOR. DIA.

Vítor e Viviana estão na sala. João chega.

JOÃO — O carro já está pronto, senhor.

VÍTOR — Ótimo. Vamos indo.

João carrega Vítor.

VIVIANA — Vítor, antes que você vá... (P) Cuidado!

VÍTOR — Não se preocupe, minha querida. Eu conheço

bem o meu irmão. Ele não vai fazer nada.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

33

Viviana beija seu marido na testa. João o leva. Clo se em

Viviana aflita. Manuela chega.

MANUELA — Ué, onde é que o meu sogro está indo?

VIVIANA — (preocupada) Vai visitar o irmão que saiu

hoje da cadeia.

MANUELA — (desconfiada) E a senhora está muito

preocupada.

VIVIANA — E não é pra menos... Há muitos anos

aqueles dois não se encontram, sabe Deus o

que pode acontecer...

MANUELA — Acredito que não acontecerá nada demais.

VIVIANA — Falou com o Felipe?

MANUELA — Falei... Ele me contou que o tio dele foi

muito agradecido por tudo que estão fazendo

por ele. E está disposto a recomeçar.

VIVIANA — (SUSPIRO) Que esteja falando a verdade...

Close em Viviana aflita. Manuela sorri e abraça a s ogra.

CORTA PARA:

CENA 52. CASA DE VÍTOR. JARDIM. EXTERIOR. DIA.

Vítor e João embarcam no carro e partem. Acompanhar .

FUSÃO PARA:

CENA 53. CASA NOVA. EXTERIOR. DIA.

Close em Camila, de cima a baixo, sexy, linda e mui to

sensual. Daniel encosta o carro e dá uma buzinada. Ela

embarca. Acompanhar.

CORTA PARA:

CENA 54. CASA DE FERNANDO. SALA. INTERIOR. DIA.

Zenaida assistindo televisão, Fernando aparece para em

direção à porta.

FERNANDO — Vou na padaria, mãe, já venho.

ZENAIDA — Tá bom...

Fernando sai. Close em Zenaida.

CORTA PARA:

CENA 55. CASA DE FERNANDO. EXTERIOR. DIA.

Fernando passa o portão e é surpreendido por uma vo z...

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

34

CARINA — (alto) Fernando!

Fernando vira. PV : Carina de perfil.

FERNANDO — (SORRI) Carina!

SARA — (COCHICHA) Viu, eu te disse que é aqui que

ele morava. Eu conheço bem esses lados.

CARINA — (grita p/ Fernando) Posso falar com você?

Vamos sair por aí pra conversar um pouco!

Close em Fernando que sorri.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 56. CASA DE FERNANDO. SALA. INTERIOR. DIA.

Imediatamente.

ZENAIDA — (questiona) Sair com uma garota?

FERNANDO — É, mãe. Aquela menina que eu ajudei lá n o

Mercado. Ela veio aqui e me convidou pra

sair.

ZENAIDA — Mas o que ela quer com você?

FERNANDO — Só saindo pra saber... (p) Olha, eu trou xe

o seu pão. A Margarida tá vindo aqui pra

ajudar a senhora, tá bom?

ZENAIDA — Tá bom, filho. (o beija) Vai com Deus!

Fernando sai.

CORTA PARA:

CENA 57. CASA DE FERNANDO. EXTERIOR. DIA

Carina espera Fernando sorrindo escorada em seu car ro. Ele

aparece e os dois embarcam. Sara fica por ali mesmo .

Acompanha os dois saírem.

FUSÃO PARA:

CENA 58. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA

PLANOS DO RIO DE JANEIRO. SEJA EM TAKE DE HELICÓPTE RO OU EM

TERRA. O IMPORTANTE É PASSAR BELOS TAKES DESSA CIDA DE

MARAVILHOSA.

CORTA PARA:

CENA 59. HOTEL. QUARTO DE ARIOVALDO. INTERIOR. DIA

Ariovaldo lê o jornal. Close no jornal com a foto d e

Ariovaldo.

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 003 Pág.:

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ARIOVALDO — (SORRINDO) Até que eu to bonitinho na

foto!

A campainha toca. Ariovaldo larga o jornal e vai at ender. É

Vítor trazido por João. Close em Ariovaldo espantad o em ver

seu irmão na cadeira.

ARIOVALDO — (ESPANTADO) Vítor?!

Close em Vítor. Em Ariovaldo, ainda espantado.

CORTA PARA:

CENA 60. CASA DE MURIEL. COZINHA. INTERIOR. DIA.

Muriel e Natália estão almoçando. Muriel saboreia c om gosto.

MURIEL — Mas que comida boa, hoje a sua irmã se

superou!

NATÁLIA — É verdade, tá demais hoje mesmo.

MURIEL — E por falar nela, onde ela tá?

NATÁLIA — Saiu pra pagar conta.

MURIEL — A essa hora?

NATÁLIA — Sei lá... Cada um, cada um. Só sei que

amanhã eu vou ir pro centro pagar conta

também. Quero voltar a fazer o que sempre

quis. O meu melhor remédio vai ser voltar a

viver a minha vida normal.

MURIEL — (FELIZ) Mas isso é maravilhoso, meu amor.

Assim que tem que ser mesmo, e eu vou te

apoiar sempre!

NATÁLIA — Você tem aula agora a tarde?

MURIEL — Não.

NATÁLIA — (LEVANTA, SE APROXIMA DO MARIDO) Então nó s

poderíamos fazer um programinha, né?

(massageia os ombros do marido) Eu posso

deixar que a Veridiana pague o resto das

contas pra nós irmos passear por aí...

MURIEL — E pra onde a minha gatinha está pensando

em ir?

NATÁLIA — Por que nós não vamos nesse parque que

chegou essa semana aqui na cidade?

MURIEL — (ESPANTADO) (ênfase no espanto ) Parque?

NATÁLIA — É! Por acaso tá com medo, tá pensando que

parque é só pra criança, pra adolescente?

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MURIEL — Eu não tenho idade pra parque, Natália.

NATÁLIA — É claro que tem, meu amor. Nós temos idad e

pra tudo na vida, pra tudo que você possa

imaginar!

MURIEL — (INDECISO) Ah, eu não sei...

NATÁLIA — (FRENTE A ELE, IMPLORANDO) Por favor,

Muriel. Por mim...

MURIEL — (P) Tudo bem...

NATÁLIA — (PULA DE ALEGRIA) (FALANDO E DANDO

DIVERSOS SELINHOS NO SEU MARIDO) Ai,

Obrigada, obrigada, obrigada, obrigaada!

Close em Muriel sorrindo.

CORTA PARA:

CENA 61. HOTEL. QUARTO DE ARIOVALDO. INTERIOR. DIA

Imediata continuação da cena 59.

Vítor já está dentro do quarto junto com seu irmão e os dois

conversam. João está na cena também.

ARIOVALDO — Quer dizer que você está assim por caus a

de um acidente de carro?

VÍTOR — Exatamente. Não sei te dizer com certeza

se um dia eu possa voltar a andar. Quem

sabe. Vai depender muito de mim também.

ARIOVALDO — Eu lamento, acredite.

Um celular toca. É de João.

JOÃO — Desculpe, eu vou atender ali na sacada.

João se afasta. Os irmãos ainda continuam conversan do.

Atenção, direção: Corta para a sacada.

JOÃO — Alô?!

Tempo. João ouve uma voz desesperada.

JOÃO — (GRITA DESESPERADO) O quê?

Close em Ariovaldo e Vítor que olham para João. Joã o passa

mal, deixa cair o telefone e desmaia. Rapidamente A riovaldo

sai correndo para ajudá-lo.

VÍTOR — (PASMO) Meu Deus!

Ariovaldo se aproxima de João. Close no rosto de Jo ão

desacordado.

CORTA.

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FIM DO CAP. 003