Como tudo começou? Breve histórico sobre a evolução de

alguns conceitos ecológicos

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Unidade: Como tudo começou?

Breve histórico sobre a evolução de alguns conceitos ecológicos.

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MATERIAL TEÓRICO

Responsável pelo Conteúdo:

Profa. MS. Claudia Ferreira Mendes Tavares

Revisão Textual:

Profa. Esp.Márcia Ota

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Breve histórico sobre a evolução de alguns conceitos ecológicos.

Para compreendermos como os ecólogos modernos chegaram a

conceitos tão importantes sobre a estrutura e o funcionamento dos

ecossistemas, precisamos fazer uma viagem no tempo. Vamos buscar na

Grécia Antiga, algumas das raízes da Ecologia, acompanhando o

desenvolvimento da História Natural e a construção dos primeiros conceitos

ecológicos. Vamos seguir os passos dos naturalistas-viajantes e vislumbrar

o nascimento de uma nova ciência, a Ecologia. Vamos acompanhar como

essa ciência se consolidou e como vem sendo desenvolvida nos dias atuais.

Apertem os cintos, que a viagem vai começar!

Em 1869, o zoólogo Ernst Haeckel (Fig. 1), introduziu o termo

ecologia, definindo-a como sendo a “ciência das relações entre o organismo

e o mundo externo circunvizinho”.

Fig.1. O Zoólogo Ernst Haeckel.

(extraído de http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ernst_haeckel_3.jpg)

Haeckel escreveu:

“ Por ecologia, nós queremos dizer o corpo de conhecimentos relativo à

economia da natureza – a investigação de todas as relações do animal,

tanto com seu ambiente orgânico quanto com seu ambiente inorgânico,

incluindo acima de tudo suas relações amigáveis e não amigáveis com

aqueles animais e plantas com os quais ele entra em contato direto ou

indireto –; em outras palavras, Ecologia é o estudo de todas as complexas

relações referidas por Darwin como as “condições da luta pela

sobrevivência” (Ricklefs, 2003).

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Por volta de 1900, a Ecologia estava no caminho para se tornar uma

ciência capaz de compreender os inúmeros problemas das populações e

das comunidades. Mas muito antes de Haeckel alguns princípios ecológicos

já haviam sido postulados. Quer saber mais? Então, vamos voltar no tempo

e acompanhar um pouco dessa história.

Nossa primeira parada, século IV a.C, na Grécia Antiga. O filósofo

grego Aristóteles e seu discípulo Teofrasto (Fig.2), foram um dos primeiros

a sistematizar e a organizar conhecimentos sobre a natureza. Em sua obra

Historia animalium , Aristóteles apresenta ilustrações sobre a vida animal. E

Teofrasto em seu livro Historia plantarum, aborda os lugares mais favoráveis

para a existência de diversas plantas e sua distribuição em diferentes áreas

geográficas.

Fig.2 .Os dois grandes filósofos Aristóteles (extraído de

http://cwx.prenhall.com) e Teofrasto (extraído de

www.dec.ufcg.edu.br/biografias)

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:O_Partenon_de_Atenas.jpg

SAIBA MAIS!

A palavra ecologia tem origem no grego, “oikos”

significa casa; “logos” significa estudo, então

ecologia significa o estudo da casa, ou de forma mais

genérica, do lugar onde se vive.

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Até os séculos XV e XVI, os conhecimentos sobre a História Natural

progrediram muito pouco. Período marcado pelas invasões bárbaras (Fig. 3).

Os livros que continham conhecimentos mais próximos aos de ecologia se

constituíam principalmente em bestiários ou herbários ilustrados, muitos dos

quais refletiam uma mistura de mito, folclore e fato.

Fig. 3. Imagem representando o período das invasões bárbaras na Europa (extraído de

http://www.rome-decouverte.com/la-rome-antique/une-page-d-histoire/les-invasions-barbares.html)

Já os séculos XV / XVI são marcados pela conquista de novos

mundos, os tropicais, inclusive o Brasil (Fig.4). Período das grandes

navegações europeias, aumentam as expedições ao novo mundo e os

inventários da natureza. Os registros feitos por escrivães, cartógrafos e

naturalistas, apresentam a diversidade biológica tropical ao velho mundo.

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Fig.4. As grandes navegações e a descoberta de um novo mundo. (extraído de http://www.educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/as -disputas-territoriais-as-grandes-navegacoes.htm)

Próxima parada, século XVIII. Este período foi marcado pelos

“sopros ecológicos”. A obra de CARL VON LINNÉ, é um marco nas ciências

naturais (Fig. 5). O Systema Naturae , como a obra é conhecida, propõe um

sistema universal de catalogação de plantas, animais e minérios.

Fig.5. O naturalista Carl Von Linné (extraído de

http://www.linnaeus.uu.se/online/li fe/8_0.html) e sua obra Systema naturae

(extraído de http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Linnaeus1758-title-page.jpg)

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Ainda na segunda metade do século XVIII, intensificam-se as

expedições científicas aos trópicos. Alexander Von Humboldt dá um passo

a mais em direção à moderna Ecologia. A nova concepção de paisagem

criada por Humboldt motiva grande número de viajantes, incluindo Alfred

Wallace, Charles Darwin, entre muitos outros (Fig.6). Com Humboldt,

surgem os primeiros registros de relação entre o mundo vivo e o mundo

inanimado, os fatores bióticos e abióticos e a diversidade que resultava em

diferentes paisagens.

Fig.6. Alexander Von Humboldt, Charles Darwin e Alfred Wallace e o início da Ecologia moderna.

(Extraído de www.upch.edu.pe e Wikimedia.Commons)

Uma pausa no século XIX. Com a vinda da corte portuguesa para o

Brasil, inicia-se um novo ciclo das grandes viagens científicas ao continente

sul-americano, o que contribuiu para o progresso da História Natural.

CHARLES DARWIN, autor de A origem das espécies, viajando a

bordo

do Beagle, desembarcou pela primeira vez no Brasil em 28 de fevereiro de

1832 (Fig.7). Com a teoria da seleção natural, a Biologia, e, em particular a

Ecologia, tem um grande avanço. Foi neste período que Ernest Haeckel,

referindo-se a Darwin, introduziu o termo Ecologia.

Alexander Von Humboldt

Charles Darwin

Alfred Wallace

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Fig.7. A viagem de Darwin a bordo do Beagle. (extraído de http://www.answersingenesis.org/articles/ee/natural-selection-vs-evolution)

Finalmente, aterrizamos no século XX, período marcado pela

expansão das ideias ecológicas. As informações reunidas pelos naturalistas

durante o século XIX foram se consolidando e vários conceitos novos

levaram o estudo da Ecologia para novas direções.

Um desses conceitos, a comunidade biológica, surgiu em 1927, da

percepção de que as relações de alimentação ligam organismos numa

entidade funcional única. O primeiro entre os proponentes desse ponto de

vista foi o ecólogo inglês Charles Elton (Fig.8).

Fig. 8. Charles Elton zoólogo e ecólogo inglês está entre os ecologistas mais influentes do

século XX. (extraído de http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Sutherland_Elton)

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Em 1935, um segundo conceito, considerava os animais e as plantas

em grupos, juntamente com os fatores físicos do ambiente, como um

sistema ecológico fundamental. O ecólogo Arthur G. Tansley (Fig.9),

denominou esse sistema ecológico fundamental de ecossistema.

Fig. 9. O botânico inglês Arthur Tansley é considerado um pioneiro na ecologia das plantas.

(extraído de http://ecotope.org/about/history/#Tansley,_A._G._1935.)

Em meados do século XX, uma teoria geral de sistemas foi

desenvolvida pelo físico Ludwig von Bertalanffy (Fig. 10a) e ecólogos, como

G. E. Hutchinson (Fig. 10b), Ramon Margalef (Fig. 10c), Kenneth Watt,

Bernard Patten(Fig. 10d) e H. T. Odum (Fig. 10e).

Para Odum (1983), um sistema consiste em componentes

interdependentes que interagem regularmente e formam um todo unificado.

Segundo Iglesias (1992), quando algum desses elementos é um ser

vivo, podemos falar de sistemas ecológicos ou ecossistemas.

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Fig 10. Principais cientistas que desenvolveram teorias a respeito de sistemas ecológicos.

( Extraído de (a) http://escoladeredes.ning.com/page/itinerarios-de-leituras-4 ;

(b) http://www.biology.duke.edu/upe302/syllabus2005.html;

(c ) http://www.issha.org/Welcome-to-ISSHA/HAB-Trail-Blazers/Ramon-Margalef;

(d) http://www.ecology.uga.edu/facultyMember.php?Patten-31/;

(e) http://www.ees.ufl.edu/prev_news.asp?page=33)

Em 1972, James Lovelock (Fig.11) desenvolveu a Hipótese de Gaia,

num artigo intitulado “Gaia as seen trough the atmosphere”. Considerando

que a vida evoluiu na Terra e que a atmosfera se modificou numa forma de

ação-reação com os seres vivos, Lovelock admite que os limites entre as

partes vivas e não-vivas dos ecossistemas são muito sutis. Essa hipótese é

controversa e, durante muitos anos, grupos renomados de pesquisadores

em Ecologia sequer faziam referência a ela.

A Teoria de Sistemas e a hipótese de Gaia se somam às informações

sobre o desenvolvimento da História Natural, que juntas apontam para um

ser humano que vem há muitos milhares de anos modificando os

ecossistemas naturais para obtenção de recursos para sua sobrevivência.

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Fig.9. James Lovelock e seu livro sobre a “Hipótese de Gaia”. (Fonte: www.ecolo.org)

Ao retroceder no tempo, você acompanhou a evolução do

pensamento científico e o surgimento de uma nova ciência, a Ecologia. Deve

ter reparado que ao longo dessa história, novos termos foram surgindo. Essa

nova ciência, trouxe com ela uma profusão de novos conceitos e suas

definições. Um desses conceitos surgiu da percepção de que as relações de

alimentação ligam organismos numa entidade funcional única, a

comunidade biológica. O outro conceito considerava os animais e as

plantas, juntamente com os fatores físicos de seus arredores, como um

sistema ecológico fundamental. Esse sistema ecológico fundamental foi

chamado de ecossistema.

Blauth e Oliveira (1982), argumentam que os maiores avanços nos

conhecimentos científicos deveram-se, em grande parte, a mentes criativas

– mentes suficientemente perceptivas e originais que pudessem reavaliar,

quando necessário, as idéias científicas aceitas até o momento e formular

novas hipóteses.

A ecologia hoje possui uma visão global da estrutura e funcionamento

dos ecossistemas, da reciclagem de nutrientes. Utiliza equações e modelos

matemáticos, imagens de satélite, para responder a muitas de suas

questões.

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Mas como nasceram muitos dos principais conceitos que sustentam a

ecologia moderna? Qual foi a contribuição de Linnaeus e de Darwin para a

ecologia ? E a de Haeckel que lhe deu o nome ? Que repercussão teve a

nova ciência no pensamento dos cientistas/naturalistas brasileiros do século

XIX ?

Ao abordar a história da ciência, o professor apresenta ao aluno o

raciocínio de um cientista, que parte de uma constatação e chega a uma

conclusão. Isso permite ao aluno, acompanhar o processo de formulação do

pensamento científico, entendendo melhor a relação existente entre a teoria

e o fenômeno observado.

É importante também que o aluno perceba que a teoria elaborada por

um cientista está inserida em um contexto histórico. Que tanto criador como

criatura são influenciados pelos avanços tecnológicos, surgimento de novos

conceitos e descobertas e por segmentos não científicos como a religião, a

economia e a política.

Assim, o aluno pode compreender que teorias e conhecimentos estão

restritos às circunstâncias do tempo, sujeitos a constante reformulação e

refutação conforme a realidade do momento.

Para Avila-Pires (1999), a compreensão da história evita a

perpetuação de erros e permite que, mais que puros consumidores de

conceitos prontos, nós sejamos capazes de olhar para os limites atuais e de

fazer, nós mesmos, as alterações do nosso tempo.

Se você gostou do tema e quer saber mais aqui vão

alguns vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=1dsOmzB6p5M

http://www.youtube.com/watch?v=87wNrPAhons&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=HOpWWktmE8s&feature=related

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Anotações

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Referências

AVILA-PIRES, F. D. De. Fundamentos Históricos da Ecologia, Ribeirão Preto,

Holos, 1999.

BLAUTH, P.; OLIVEIRA, M. G. de. 1982. A História da Ciência no ensino de

ciências, Revista do ensino de Ciências, 7: 25.

IGLESIAS RIOS, R. I. Estrutura e funcionamento dos Ecossistemas:

Conectância, diversidade e hierarquia ou: O pequeno é bonito. Será ele

possível?. In: Maciel, T. (org.). O ambiente inteiro. A contribuição crítica da

Universidade à questão ambiental. Editora UFRJ, Rio de Janeiro, 285p. 1992.

ODUM, E.P. Ecologia. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 1983.

RICKLEFS, R.E. A economia da natureza. 5ª edição, Rio de Janeiro,

Guanabara Koogan, 501p. 2003.

SILVA, B. A. O.da. Elementos de ecologia e conservação. v. 1. 2 ed. – Rio de

Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008.

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