Nova Era Marcos André

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Conheçam as sutilezas do Diabo Para enganar as Pessoas,,, "A Nova Era é uma forma sutil de levar as pessoas ao erro...

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O Q U E E ?DE ONDE VEM? 0 QUE PRETENDE?

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Publicado com a devida autorização e com todos os direitos reservados por Editora Betânia S/C Caixa Postal 5010 31.611-970 Venda Nova, MG

Revisão e estilização: Mima Maria de Alcântara Campos

Primeira edição, 1992

É proibida a reprodução total ou parcial sem permissão escrita dos editores.

Composto e impresso nas oficinas da Editora Betânia S/C Rua Padre Pedro Pinto, 2435 Belo Horizonte (Venda Nova), MG

Capa: Kleber Faria

Printed in Brazil

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“Ao Rei consagro o que compus.” (SI 45.1.)

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AGRADECIMENTOS

Ao casal Darque e Janice França, irmãos amados que, es­tando eu longe de minha terra, me acolheram em seu lar,

onde este trabalho foi desenvolvido.

Ao irmão Ananias Vilela, que sempre apoiou meu ministério.

E aos muitos irmãos que, de uma forma ou de outra, con­tribuíram para que este livro se tomasse realidade.

De coração, muito obrigado.

Marco André

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ÍNDICEIntrodução .......................................................................... 9

Parte IO Pano de Fundo do Movimento Nova E r a ...... 131. Contexto Histórico S ecu lar............................... 132. Contexto Histórico Espiritual ........................... 19

Raízes Históricas do Conflito Espiritual ................ 20Efeitos do Conflito Espiritual naHistória Humana ...................................................... 23O Futuro do Conflito Espiritual ............................ 25

Parte IIA Ideologia do Movimento Nova E r a ......................... 291. Doutrinas da Nova E r a ........... ................................30

Deus ............................................................................. 30O H om em ................................................................... 34Os Extraterrestres ...................................................... 39Lúcifer ......................................................................... 48As E r a s ........................................................................50Jesus Cristo ................................................................ 53O Avatar ..................................................................... 54A Natureza ................................................................. 58Os Bruxos .................................................................. 60

2. Peculiaridades da Nova E r a ....................................65Os Símbolos .............................................................. 65Termos Peculiares ..................................................... 68

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Parte IIIAtuação e Propagação do Movimento Nova Era ...... 711. Na Política Mundial .................................................. 722. Através da Ciência .................................................... 753. Nas Entidades Educacionais................................... 774. Na Religião ................................................................. 815. Através dos Meios de Comunicação ..................... 836. Na M úsica................................................................... 86

A Música da Nova E r a ............................................. 86Música S ecu la r............................................................ 88

7. Na Medicina A lternativa........................................... 908. Na Psicologia ............................................................. 94

Parte IVA Igreja e o Movimento Nova Era ............................ 971. A Ideologia da Nova Era na Ig re ja ....................... 98

O Poder da Mente .................................................... 99A Regressão TVanspessoal ..................................... 100Projeção Astral .............. .......................................... 102

2. A Postura da Igreja Frente à Nova E r a ............ 102

Bibliografia...................................................................... 106

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10DUÇÃ0Este nosso mundo não será para sempre como tem

sido até então. São muitos os textos bíblicos que descre­vem os últimos dias, textos que enumeram os sinais que caracterizarão o tempo do fim. E verdade que em todos os momentos críticos por que passou a humanidade levantaram-se alguns proclamando serem aqueles momen­tos os tais últimos dias profetizados pela Bíblia. Porém, a Bíblia deixa claro que é um conjunto de sinais que in­dicarão tais dias, e não alguns sinais isolados.

Nas primeiras vezes em que ouvi falar sobre Nova Era, recebi as informações um tanto cético. As pessoas diziam que Nova Era seria o fim dos tempos. A princípio achei que fosse apenas uma seita a que davam demasiada importância aqueles que a combatiam. Alguns fatos atribuídos à Nova Era, porém, chamaram-me a atenção, mas não o suficiente para me fazer aprofundar no estudo do assunto. Foi neces­sário um mover de Deus para que me envolvesse de fato.

Participei então de um congresso da Nova Era. O que vi e ouvi trouxe-me um peso muito grande ao coração. Percebi que o movimento já ia muito mais longe do que

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eu pensava e eram muitas os que estavam sendo enreda­dos nele. A partir daí procurei envolver-me cada vez mais, participando de suas reuniões. A medida que assimilava seus ensinamentos, deparava-me em cada frente do mo­vimento com o cumprimento de um sinal bíblico para os últimos dias. Descobri que não se trata de apenas mais uma seita ou crença, mas um movimento de grande alcance.

A ideologia da Nova Era está presente na política, na educação, na medicina, nas religiões orientais, na cultura, etc. Nova Era não é uma seita, pois compõe-se de várias linhas de pensamentos, bodas com variações dentro de uma ideologia geral. Por isso é que aqueles que procuram es­tudar de fora o assunto, incorrem em muitos erros ao ten­tar explicar o que é Nova Era.

Muitos definem o movimento todo por uma única li­nha, a que conheceram. Com isso tem havido uma con­fusão muito grande de informações sobre o que vem a ser, na verdade, Nova Era.

Nova Era não é um movimento organizado, que tem uma liderança ou uma frente de trabalho única. TVata-se de um movimento de incontáveis segmentos, todos base­ados num mesmo princípio ideológico.

No “pacote” Nova Era encontramos linhas bruxólicas medievais (como a Ordem dos Magos da Nova Era — OMNE — por exemplo), o movimento holístico ou new Vision (que tenta parecer desvinculado dele, mas possui a mesma base ideológica e trabalha com os mesmos al­vos), a linha ufológica (geralmente mais fatalista), as prá­ticas adivinhatórias (através de tarot, búzios, runas, etc.), a psicologia transpessoal (com práticas de regressão e si­milares), o movimento ecológico, e tantos outros, todos profundamente esotéricos e místicos, divergentes em al­guns pontos doutrinários, mas congruentes em sua ide­ologia básica.

Neste trabalho não vamos nos ater às variações exis­tentes nas diversas linhas, mas procurar delinear o tronco ideológico básico de onde procedem as ramificações desse movimento. Veremos que todas essas frentes têm tendên­cias iguais, cada segmento flui para a mesma direção, ape­sar de divergirem doutrinariamente nos pormenores. Va-

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Introdução 11

mos procurar encontrar nesse conjunto tão complexo, aparentemente destonante, a harmonia que faz da Nova Era um movimento de proporções gigantescas e de ação tão eficaz em todas as áreas em que atua.

E exatamente aí que veremos retratado o conjunto de sinais que a Bíblia descreve para os últimos dias. Tànto na ideologia quanto na prática, o movimento Nova Era traduz claramente o cumprimento dos sinais descritos para os dias finais.

A Nova Era pode ser um desafio para a Igreja, levando- a a posicionar-se e assumir seu papel de agência do reino de Deus, frente a uma sociedade convulsionada por uma filosofia de caráter tão maligno, mas também pode servir de agravante para a visão fatalista que algumas linhas cristãs adotam. Embora a interpretação escatológica apresentada neste trabalho seja pré-tribulacionista, ela não deve ser encarada como fatalista. Se este modesto trabalho contri­buir de alguma forma para despertar a Igreja para o fato de que a nossa omissão frente aos problemas da huma­nidade toma-nos cúmplices tanto da injustiça social quanto da perdição espiritual e degradação moral, então sentir- me-ei compensado no meu esforço.

Por outro lado, se a leitura não desafiar o leitor a as­sumir a integralidade do cristianismo, terei então fracas­sado nesse empreendimento que julguei útil ao reino de Deus.

O autor.

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0 PANO DE FUNDOD O M W Ii* ) M l

Nova Era é um grande quebra-cabeça, com um sem número de pequenas peças. Toma-se bem mais fácil mon­tar um quebra-cabeça quando se sabe o ambiente que ele retrata, a paisagem que nele está expressa. Assim também, será bem mais fácil compreender o que é o movimento Nova Era conhecendo-se os bastidores desse movimento: o que está por trás, quem encabeça o movimento, quais os seus objetivos, como, onde e porque começou.

Iniciemos nossa busca por identificar o pano de fundo histórico desse movimento. Reportemo-nos à história es­piritual da humanidade, pois é o contexto em que se acham inseridas todas as profecias e o mais significativo de todos os conflitos: o conflito entre o bem e o mal na disputa pelo homem.

1. CONTEXTO HISTÓRICO SECULAR

O primeiro fato que nos chama a atenção é que o mo­vimento não tem data de fundação e nem fundador; não tem, também, liderança humana a que esteja subordinado

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ou que lhe trace as diretrizes, embora ele esteja indo exa­tamente para onde deseja. Enganamo-nos, no entanto, se pensamos que a Nova Era não possui nenhum tipo de li­derança. Os verdadeiros líderes, reconhecidos pelos adep­tos, são seres espirituais, a quem chamam de espíritos, anjos, extraterrestres. Como, por exemplo, relata um artigo da revista Ano Zero, falando sobre o banqueiro califomiano Allan Gold:

“Atualmente ele se dedica a financiar empresas da Nova Era, e com grande êxito. Tlido começou com uma revelação de caráter semelhante à mediunidade, ou channel, segundo denominam os especialistas ameri­canos. O fenômeno se caracteriza quando um ser de outra dimensão — espírito, anjo ou extraterrestre — envia mensagens a um ser humano receptivo”.1

Quanto ao início do movimento também não temos como precisar uma data. O máximo que podemos fazer é nos reportar a 1962, quando surgiram os beatniks, que propunham a tomada de consciência de uma ecologia pla­netária. Encontramos em seguida os hippies, exaltando o amor à natureza, a origem, a liberdade sexual, a paz, e a Nova Era de Aquário, que foi cantada em prosa e verso no musical Hair. Embora se diga que o movimento hippie fracassou, vale observar que, a nível espiritual, esse mo­vimento deixou suas seqüelas. A rejeição aos valores e prin­cípios cristãos em nossos dias é, de certa forma, resultado direto do movimento hippie. Essa rejeição foi fundamental para preparar o caminho do atual movimento Nova Era, que não obteria tal penetração se a sociedade ocidental ainda estivesse apegada aos valores e princípios cristãos como outrora.

Não podemos, porém, ser ingênuos a ponto de pensar que esses movimentos surgiram de repente, do nada.

Vários indivíduos e grupos trabalharam de maneira di­reta para a existência do movimento, não só no século XX, mas em todo o decorrer da História.

Assim foi com o filósofo Aldous Huxley (autor do livro Admirável Mundo Novo), que influenciou profundamente,

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já nos anos 40, um grupo internacional de intelectuais, artistas e cientistas, com suas reflexões de transcendência e de transformação, pregando a cura por meios paranor- mais, um desenvolvimento da consciência humana, e um novo tipo de governo e economia para o mundo.

Importante e expressiva foi também a participação e influência do jesuíta Pierre Teilhard Chardin. Em 1931, Chardin escreveu em seu ensaio O Espírito da Tèrra que “a mente humana vem-se submetendo a sucessivas reor­ganizações através de toda a história da evolução, até que atingiu um ponto crucial — a descoberta de sua própria evolução”. O que, segundo ele, “é a futura e natural his­tória do mundo” que estaria rumando para um ápice, ao qual chamou de “Ponto Ômega”. Esse Ponto Ômega, para ele, deveria ser uma “conspiração mundial” que mudasse por completo os valores humanos e levasse o homem a compreender o seu verdadeiro poder da mente. TM cons­piração seria chamada mais tarde, em 1980, de “Conspi­ração Aquariana”, por Merilyn Ferguson.

Cari Jung, psicanalista suíço, também deu sua contri­buição à Nova Era, com seus pensamentos sobre uma di­mensão transcendente da consciência que, em contexto mais amplo, introduziu a idéia do inconsciente coletivo. Essa idéia tem suas raízes no pensamento oriental que acredita ser o homem parte do todo que é Deus, rejeitando assim a idéia de um Deus pessoal.

No século XIX, Helena P. Blavatsky preconizava as idéias que regem o atual movimento Nova Era, através da Sociedade Teosófica, além de ser uma sagaz perseguidora dos valores e princípios do cristianismo, conforme ela mesma declarou:

“A doutrina da expiação é um perigoso dogma em que os cristãos acreditam e que ensina que, indepen­dente da enormidade de nossos crimes contra as leis de Deus e dos homens, temos de apenas acreditar no auto-sacrifício de Jesus para a salvação da humanidade, e que seu sangue lavará todas as máculas. Faz vinte anos que prego contra isso”.2

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Entre 1835 e 1860, surgiu nos EUA um grupo deno­minado “TYanscendentalistas”, trabalhando em cima dos mesmos ideais e propagando as mesmas crenças da Nova Era. Seu principal precursor foi Ralph Waldo Emerson, que escreveu a obra Natureza, em 1836, marcando o iní­cio identificável do movimento transcendentalista. Eles di­ziam que o homem tinha que alcançar níveis de consci­ência mais altos através dos variados tipos de idealismo filosófico, e que tinha de libertar-se dos elementos das Es­crituras e da tradição cristã. Embora tenham ficado pouco conhecidos nos meios mais populares, eles influenciaram “muitas noções românticas a respeito da natureza e des­tino humanos, que se tornaram parte central da experi­ência norte-americana nesses últimos cem anos”.3

Outro grupo que surgiu no século passado e que re­siste firme até hoje, em pleno progresso, é o da Fé Bahá’í. A Fé Bahá’í surgiu em 1844, no Irã, sendo estabelecida em 1863 por Bahá’u’lláh, um nobre persa, que transmitiu seus ensinamentos durante mais de 40 anos. Ela está, hoje, em todos os países e territórios do mundo, com sua lite­ratura publicada em mais de 700 idiomas. Sua principal pregação é a unificação mundial em todos os setores, com a conseqüente formação de um governo mundial e a as- cenção de um líder mundial que estabelecerá a plena paz para a humanidade.

Embora reclamem os maçons que a maçonaria tenha surgido nos primórdios da humanidade, os registros his­tóricos parecem datar seu início em meados do século XVII. Em 1717, foi fundada a Grande Loja de Londres e, logo em seguida, a organização cresceu rapidamente, abrindo mais de 1700 lojas, e chegando aos EUA no ano de 1730.4 No século XVIII ela desponta no cenário histórico como importante representante do pensamento e planos do atual movimento Nova Era.

E inegável sua influente participação nos movimentos políticos dos países onde se estabeleceu. Sua atuação no campo político foi sempre com o objetivo de libertar nações do jugo de sistemas ditatoriais ou monárquicos. Tfemos o exemplo da maçonaria participando ativamente na histó­

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ria da independência do Brasil e, posteriormente, lutando pela proclamação da República em movimentos como a Inconfidência Mineira. Essa atuação política se deve ao fato de o sistema de crenças da maçonaria ter como or­dem Liberdade-Fratemidade-Igualdade. Acreditam os ma­çons que o mundo deve possuir um sistema igualitário em todos os aspectos, o que os faz lutar tanto no campo po­lítico. O pensamento maçon é panteísta — vê Deus não como um ser pessoal, mas o identifica como uma energia da qual tudo faz parte. Também são uma sociedade ocul- tista de princípios esotéricos, tal qual a visão do movi­mento Nova Era.

Recuando ainda mais no tempo encontramos os rosa- cruzes publicando em 1614 um livro intitulado A Reforma Geral do Mundo, que defende a tendência de busca de uma nova humanidade, nos mesmos moldes da Nova Era. Essa organização vem pregando desde aquela época a fra­ternidade universal, o conhecimento intuitivo, o conheci­mento além dos cinco sentidos, a consciência cósmica e uma existência mais plena; todos esses temas são defen­didos hoje pela Nova Era.

Já entre o período de 1118 e 1307 encontramos a Ordem dos Cavaleiros Templários, representando o pensamento Nova Era na História, como descreve a revista Ano Zero:

“De guerreiros passaram a refinados intelectuais, graças a seus contatos com sábios judeus e muçulma­nos, com cabalistas e místicos de todas as tendências. Criaram um sincretismo espiritual com base em mo­delos de culturas ancestrais, tanto orientais quanto oci­dentais, mediante a inclusão, em seus rituais, de divin­dades diversas”.5

Os cavaleiros templários foram uma protomaçonaria, pois possuíam as mesmas crenças e lutavam pelos mes­mos ideais abraçados pela maçonaria desde que surgiu. Ordem riquíssima e de importante influência na história medieval, os templários possuíam profundas raízes esoté­ricas, tendo em seu corpo de doutrinas os mesmos prin­cípios do atual movimento Nova Era.

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Foram extintos por razões políticas, pois seu poder es­tava sobrepujando o do rei francês Felipe IV, que devia uma quantia volumosa à Ordem dos Cavaleiros Templá­rios. Felipe IV conseguiu armar um complô juntamente com o Papa Clemente V, que era um fantoche nas mãos do rei, e condenar os templários por heresia, executando dois grão-mestres e extinguindo provisoriamente a ordem.

No primeiro milênio da era cristã nasce um movimento filosófico hoje completamente aceito e respeitado pelos aquarianos de todas as linhas — o movimento gnóstico. E provável que os próprios apóstolos tenham tido proble­mas com os gnósticos, que tentavam distorcer os ensina­mentos apostólicos e associá-los à filosofia grega e orien­tal. Foi provavelmente sobre esse movimento que João se referiu quando disse que o espírito do anticristo já estava agindo no mundo em sua época (1 Jo 4.3).

Entre as difíceis definições do gnosticismo encontra­mos a de Hans Jonas, importante expoente contemporâneo da história das religiões, que deixa bem claro como a gnose é significativa para a Nova Era.

“O gnosticismo é um fenômeno religioso geral do mundo helenista e é o produto da fusão entre a cul­tura grega e a religião oriental.”6

Visto que a ideologia da Nova Era é um sincretismo de crenças religiosas e pensamentos filosóficos, encontra importante representação de suas ideologias no movimento gnóstico, pois ambos são o encontro de várias linhas de pensamento — reúnem os mesmos elementos filosófico- religiosos. Ambos são regidos pelo mesmo espírito, como afirmou João — o espírito do anticristo.

Embora alguns estudiosos afirmem que o movimento gnóstico é apenas a helenização do cristianismo, uma aná­lise mais acurada nos leva a concluir que a gnose com­preende, além de uma distorção do cristianismo, elemen­tos da cabala judaica; do pensamento oriental, através do zoroastrismo, que abarca matérias védicas provenientes do hinduísmo primitivo; da astrologia babilónica; do esoterismo egípcio; e do pensamento platônico.

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Esse encontro de pensamentos no movimento gnós- tico e seu desenvolvimento histórico até o movimento Nova Era, leva-nos a concluir que os elementos que compõem o atual pensamento Nova Era datam dos pri­mórdios do pensamento humano, e se harmonizam com Platão, Confúcio, Buda, Zoroastro, Lao Tzé, os Vedas, a Cabala. Na verdade, todas essas correntes de pensa­mento decorrem do pecado e rebeldia do homem no Éden; assim, o pano de fundo que estamos procurando estabelecer ficaria incompleto, sem uma análise do con­texto histórico espiritual.

2. CONTEXTO HISTÓRICO ESPIRITUAL

Quando compreendemos a existência do mundo espi­ritual revelado na Bíblia, entendemos que nada na Histó­ria acontece por acaso. Sabemos que há um mundo es­piritual atuante, decorrente do conflito entre as forças do bem e as forças do mal. A humanidade chegou ao estágio em que está, sofrendo influências de estratégias inteligen­temente armadas no mundo espiritual. Portanto, para com­preendermos o momento em que vivemos e sua crucial importância histórica não podemos nos limitar ao que nos revela a história secular. Temos de ir além, mas não buscar essas respostas em conjecturas, opiniões pessoais e elu­cubrações humanas. Temos de nos fundamentar em fonte segura, séria e de absoluta veracidade, a fim de não enveredar-nos pelo caminho daqueles que, alegando pos­suir “revelações” individuais, cometeram erros notórios e, não reconhecendo tais erros, deram à luz seitas heréticas e tornaram-se instrumentos nas mãos do enganador. E a única fonte de absoluta autoridade sobre o mundo espi­ritual é a Bíblia.

Passemos então ao histórico espiritual, revelado pela Bíblia, desde o princípio do conflito entre o bem e o mal, e de como esse conflito abarcou a história humana, fazendo da criação o palco dessa dramática guerra e, do homem, o objeto desse conflito.

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A Bíblia revela o começo, meio e fim desse conflito, delineando de maneira magistral o cenário necessário ao esclarecimento do momento em que vivemos. A his­tória espiritual da humanidade revela como cada peça do quebra-cabeça Nova Era encaixa-se perfeitamente, for­mando o quadro que a Bíblia descreve para os últimos dias.

Raízes Históricas do Conflito Espiritual

O conflito espiritual que envolveu o homem no É- den é muito antigo. Visto que esse conflito foi gerado pelo tentador, devemos nos reportar à história de Sata­nás, a fim de encontrarmos as raízes históricas desse conflito.

Em Ezequiel 28.11-19, o profeta recebe uma revela­ção para levantar uma lamentação sobre um rei — o rei de Tiro. Porém o texto não se refere a um príncipe hu­mano, mas sim a um príncipe celestial — um querubim (v. 14).

O profeta, no resumo que fez da história de Satanás, revela informações muito importantes sobre o caráter do tentador e as raízes históricas do conflito espiritual que envolveu a história humana.

1) Ele foi criado por Deus; é, portanto, criatura e não criador: “no dia em que fostes criado”. (V. 13b.)

2) Deus o ungiu e lhe deu autoridade, mas com o ob­jetivo de ele ser um servo: “Tli eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci”. (V. 14a — Rev. e Cor.)

3) Deus o criou perfeito, sábio e formoso: “Perfeito eras nos teus caminhos” (v. 15a); “cheio de sabedoria e for­mosura”. (V. 12b.)

4) Deus o colocou em seu jardim, o Éden: “Estavas no Éden, jardim de Deus”. (V. 13a.)

5) É provável que Deus lhe deu a função de guardador do seu jardim: “Tb eras querubim ungido para proteger”. (V. 14a — Rev. e Cor.)

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6) Pedras preciosas o cobriam e instrumentos musicais foram preparados para ele, provavelmente para que refle­tisse a glória de Deus e para que prestasse louvor ao Se­nhor: “Toda a pedra preciosa era a tua cobertura...: a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados”. (V. 13 — Rev. e Cor. Ver também Ezequiel 26.13.)

7) Satanás corrompeu-se porque toda sua glória subiu- lhe à cabeça: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor”. (V. 17a.)

8) A sua corrupção levou-o à loucura de querer tomar o trono de Deus: “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono... Subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”. (Is 14.13a, 14.)

9) Ele instigou uma rebelião (o termo comércio no seu significado original é “andar por aí”), o que parece sugerir que ele andou entre os anjos para assegurar a fidelidade deles ao seu programa de rebelião contra Deus: “Na mul­tiplicação do teu comércio se encheu o teu interior de vio­lência”. (V. 16a.)

10) Por causa do seu pecado ele caiu e foi expulso da congregação de Deus: “Na multiplicação do teu comércio se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei profanado fora do monte de Deus”. (V. 16. Ver também Isaías 14.12 e João 3.8.)

11) A sua condenação é eterna, sem possibilidade de reconciliação: “E nunca mais serás para sempre”. (V. 19b— Rev. e Cor.)

Alguns estudiosos bíblicos julgam que essa primeira parte da história de Satanás tenha ocorrido num espaço de tempo dentro de Gênesis 1.1, quando a Terra sofreu com a queda de Lúcifer e, por conseqüência, pode ter-se tornado o caos descrito em Gênesis 1.2, conforme salienta C. Scofield em seu comentário sobre Isaías 45.18: “Por­que assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não

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a fez para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro”.

“Esta é uma das passagens bíblicas que sugerem a in­terpretação do Divino Julgamento de Gênesis 1.1,2. Esta interpretação defende que a terra foi criada perfeita. Após um indefinido período de tempo, possivelmente em conexão com o pecado de Satanás e sua rebeldia contra o Todo-Poderoso, o juízo desencadeou-se sobre a terra e ela ficou “sem forma e vazia”. Um outro intervalo indefinido se passou depois que “o Espírito de Deus pairava por so­bre as águas” (Gn 1.2) numa recriação da terra. Alguns argumentos deste ponto de vista são:

“1) Apenas a terra, não o universo, ficou “sem forma e vazia”.

“2) A superfície da terra está marcada pela catástrofe.“3) A palavra traduzida “era” também poderia ser tra­

duzida para “tornou-se”, como ficou indicado acima — “tomou-se sem forma e vazia”.

“4) A expressão hebraica para “sem fonna e vazia” (tohu wabohu) é usada para descrever uma condição produzida por julgamento divino em apenas mais dois textos, onde as duas palavras foram usadas em conjunto (Is 34.11; Jr 4.23).

“5) Um julgamento divino assim pré-histórico lançaria alguma luz sobre a queda de Satanás e o peculiar rela­cionamento que parece ter com a terra.

“6) Esta interpretação dá lugar para um indeterminado período de tempo entre a criação original e o julgamento divino. Adão, criado depois dos acontecimentos de Gêne­sis 1.1,2, foi o primeiro homem.”7

Assim, apesar de ter sido criado por Deus como um anjo santo, Lúcifer, com o seu poder de escolher entre o bem e o mal, escolheu o mal. O pecado irremediável de seu coração o degenerou e tornou-o um ser comple­tamente diferente daquele que Deus criou. Porém a sua personalidade é melhor compreendida ao avaliarmos as qualidades que tinha em vista do propósito para o qual fora criado. Com sua queda ele deixou de ser Lúcifer (“Lu­

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minoso”, “Brilhante” ou “Portador de luz”, conforme Isa- ías 14.12)* e passou a ser Satanás (“Adversário”). Deixou de utilizar a sua enorme capacidade para o bem e passou a utilizá-la, bem como o seu grande poder e sabedoria, para o mal, em proveito próprio. Uma vez corrompido, ele passa a ser descrito como mentiroso (Jo 8.44); enga­nador (2 Co 11.3); ladrão (Jo 10.10); homicida (Jo 8.44; 10.10); armador de ciladas (Ef 6.11); tentador (Mc 1.13); obstinado em sua maldade (Lc 4.13); deturpador da Pa­lavra de Deus (Mt 4.6); acusador (Ap 12.10); e todos os atributos malignos que podem-se acumular num ser (1 Jo 3.8).

Efeitos do Conflito Espiritual na História Humana

Como “adversário” o objetivo de Satanás é colocar-se contra os propósitos de Deus. Mas, como não pode opor- se diretamente ao Senhor Deus todo-poderoso, seu alvo é o objeto do amor de Deus, o homem (Jo 3.16), tentando fazer dele instrumento de oposição a Deus.

Suas razões, no entanto, em atacar o homem, em de­sejar destruí-lo não param aí. Notemos que Deus criou o homem e colocou-o no Éden, dando-lhe a função de protetor do jardim (Gn 2.15). Imagino que foi grande a ira de Satanás, acendida por sua inveja e ciúme, ao ver-se substituído, e a sua glória transferida a outro ser criado. A partir daí, vemos Satanás tentando penetrar na vida do homem com o intuito de destruí-lo.

A primeira investida de Satanás contra o homem ob­teve o resultado desejado. Em Gênesis 3 ele se apresentou a Eva com sutileza e com muita astúcia, e fez-lhe uma pro­posta. Como Satanás não podia obrigá-la a pecar, pois o homem possuía liberdade de opção, lançou mão de uma proposta — uma proposta atrativa o suficiente para o ho­

*Em seu livro Tèologia Sistemática (Imprensa Batista Regular, pág. 367), Chafer afirma que o vocábulo utilizado para “Lúcifer” significa “lu­minoso” ou "brilhante”. Támbém o Novo Dicionário da Bíblia (Edições Vida Nova. Vol. II, pág. 967), diz que em Isaías 14.12 "Lúcifer” aparece como tradução do vocábulo hêlêl (brilhante), com a observação de que a Septuaginta traduz por heõsphoros (portador de luz).'lulil

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mem virar as costas ao Deus de bondade, misericórdia e amor. Foi uma proposta bem própria do caráter infiel e amotinado de Satanás.

“Porque Deus sabe que no dia em que dele co­merdes (do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal) se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” (Gn 3.5.)

A utopia de querer tomar o lugar de Deus invadiu o coração do homem tanto quanto transbordou do coração de Lúcifer. 0 homem embebeu-se do veneno que jorrou da taça de Satanás e rebelou-se contra Deus. Desobede­cendo a orientação divina, entregou-se ao pecado. En­quanto imaginava que seria Deus, entorpecido pelo veneno da antiga serpente, tomou-se escravo de Satanás, subju­gado pelo pecado. (Rm 6.16.)

O pecado fez com que a justiça de Deus exigisse se­paração entre o homem impuro e corrompido e o Deus puro e santo, doador da vida (Is 59.2). Deus, então, pro­nunciou a sentença da condenação do homem: a morte. (Ez 18.20a.)

A criação, que estava sujeita ao homem (SI 115.16), teve de curvar-se perante aquele a quem o homem submetera-se (Rm 8.20,21), tornando-se vítima e, ao mesmo tempo, palco da trama diabólica. E até difícil compreender a dimensão do significado dos abrolhos e cardos que a terra passou a produzir por causa da maldição que recaiu sobre ela. (Gn 3.17b, 18.)

Porém, diante dessa fatalidade, enquanto Satanás pen­sava que tudo estava perdido para o homem, e toda a pá­tria celeste aguardava em expectativa o fatídico fim hu­mano, o próprio Deus insurge como Guerreiro salvador! Enquanto a sua justiça condenava o homem à morte, o seu divino amor exigia o resgate humano. E era dado no céu o veredito: o próprio Filho guerrearia cara a cara com Satanás para resgatar o homem (Gn 3.15).

Estava armada a trama que permearia toda a história da existência humana.

E a partir daí, vê-se Satanás trabalhando incansavel­

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mente contra o homem — ele próprio em pessoa ou atra­vés de seus mensageiros (2 Co 12.7), ao longo de toda a história da humanidade.

O Futuro do Conflito Espiritual*

Ao revelar os objetivos de Satanás de desferir seu golpe final nos últimos dias, a Bíblia traça o futuro do conflito espiritual. Ela traz claramente expresso que esse conflito desencadeará acontecimentos que o definirá de uma vez por todas.

Satanás não trabalha de maneira desordenada na ten­tativa de alcançar os seus objetivos. Ele desenvolveu um plano que tem seguido através dos séculos. Esse plano, elaborado pelo sábio e perigoso adversário, é-nos revelado pela Bíblia, quando descreve os acontecimentos finais.

Entrará em cena, no auge do seu plano maligno, uma personagem principal — o anticristo, o homem do pecado, que L. S. Chafer descreve como sendo “a obra-prima e personificação final de Satanás”.8 Os acontecimentos ma­nipulados por Satanás para estabelecer o poder do anti­cristo são os seguintes:

1) As nações se unirão em tomo da paz (1 Ti 5.3).Essa situação naturalmente criará espaço político para

um herói que lute pela paz. O homem do pecado (o an­ticristo) surgirá tendo “aparência de piedade” (2 Tm 3.5— Rev. e Cor.) e chegará a promover a guerra em prol da paz, até que a alcancem e digam que há paz e segu­rança (1 'K 5.3). Ele prosperará em todo o seu empreen­dimento e deterá todo poder, e toda a terra o seguirá (Ap 13.3).

*E verdade que este assunto é bastante controverso entre os estudio­sos da Bíblia. Existem várias posições que sustentam visões diferentes desta sobre o futuro do conflito espiritual. Creio porém que, como servo de Deus, devo apresentar os argumentos que levam-me a crer nesta po­sição e suas respectivas passagens bíblicas, por considerar de grande im­portância tal tema, frente aos acontecimentos contemporâneos que, ilu­minados por uma visão escatológica séria e coerente, revelam-se verdadeiros sinais dos tempos. Com isto, não coloco em desprezo qualquer outra po­sição. Entendo que o leitor deve analisar tudo à luz da Bíblia e ficar com a posição mais fiel às Sagradas Escrituras. (N.A.)

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2) A unificação das nações em tomo de um único go­verno.

Surgirá daí a necessidade de um líder mundial que go­verne o mundo unificado, là l govemo será, obviamente, entregue ao anticristo (Ap 13.7).

3) Um grande desenvolvimento na ciência nos últimos dias (Dn 12.4).

O desenvolvimento de um sistema tecnológico que per­mita a comunicação rápida em todo o mundo, propagará mundialmente a ideologia do anticristo, o que tom ará pos­sível, na prática, um govemo mundial, detendo o controle de tudo.

4) A mistificação do homem nos últimos dias, com conseqüente apostasia (1 Thi 4.1).

Satanás fará com que a humanidade deposite confiança no homem do pecado não apenas no caráter de bom go­vernante, mas sobretudo como líder espiritual, que leve todos ao engano (2 Ti 2.9-11). Ele será um místico (Dn 8.23 — Rev. e Cor.) e terá todo poder de Satanás para operar “sinais e prodígios da mentira” (2 Ti 2.9), o que, aliado à sua “aparência de piedade”, fará dele uma figura bastante carismática (Ap 13.3-6). A previsão de apostasia indica também que grande parte da igreja se envolverá com a ideologia do espírito do anticristo, tomando-se uma igreja apóstata e cheia de falsos profetas, enquanto a outra parte da igreja se tornará lutadora, fiel e sofredora (Mt 24.10-14).

5) Um movimento filosófico-religioso que influencie o homem a abandonar os princípios morais e éticos da Pa­lavra de Deus (Mt 24.11,12).

Quando o anticristo se levantar contra Deus e contra os seus princípios (2 2.4), levará todos a adorá-lo e tam­bém a Satanás, elevando-se a si mesmo como se fosse Deus (Ap 13.4,5). O abandono dos princípios morais e éticos da Palavra de Deus será essencial para que a humanidade aceite a adoração satânica.

6) Restauração do templo e do culto judeu e seus rituais.Esse acontecimento contribuirá para convencer os ju­

deus de que o anticristo é o esperado Messias de Israel.

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Isso contribuirá bastante para a unificação religiosa entre a humanidade. Porém, tal aliança com os judeus durará apenas três anos e meio. Ao final desse período, ele que­brará a aliança firmada com os judeus. Então “começará a abominação da desolação” que durará outros três anos e meio (Mt 24.15; Dn 9.27; 12.11), completando o total de sete anos de atuação do anticristo, quando haverá uma grande perseguição aos judeus que se converterem.

A essa altura, o antigo propósito de Satanás de tomar o lugar de Deus como soberano, parecerá ter-se concre­tizado. Mas é aí que virá a grande derrota e condenação; tanto para ele, como para os seus anjos e todos que não creram na Palavra de Deus (Mt 24.29-35; 25.31-46; 2 Ts 2.8; Ap 19.11-21; 20.1-6).

Agora, de posse dessas importantes informações que formam a estrutura espiritual da Nova Era, poderemos analisá-la à luz da Bíblia. Tànto na ideologia quanto na prática, esse movimento vem cumprindo as profecias bí­blicas, harmonizando-se com os planos e objetivos de Sa­tanás em sua estratégia de batalha para os últimos dias. Os acontecimentos mundiais vêm sendo visivelmente ma­nipulados por propostas do pensamento Nova Era, em pleno acordo com esses objetivos satânicos.

Se nos pesa o coração antever toda essa tragédia hu­mana, alegra-nos o zelo do Senhor por nós, ao nos revelar antecipadamente todas essas coisas, para que não sejamos enganados.

“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito.” (Mt 24.24,25.)

E necessário, pois, que estejamos bem fundamentados na Palavra de Deus, para não sermos abalados pelo forte engano corrente em nossos dias.

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A IDEOLOGIADO MOVIMENTO NOVA ERA

O movimento Nova Era não tem data de fundação e nem fundador. O mesmo acontece com a formulação da sua ideologia — reúne em seu corpo doutrinário preceitos de várias religiões. O leque doutrinário e os princípios do movimento podem ser considerados o extrato das menti­ras diabólicas propagadas entre as milhares de crenças es­palhadas pelo mundo através dos séculos. O número des­sas crenças é tão grande, tantas são suas contradições, que parece impossível qualquer tipo de acordo entre elas. Po­rém, levando-se em consideração que o autor de todas elas é Satanás, aliado à natureza corrompida e pecami­nosa do homem, logo todas têm origem comum. Assim, o próprio Satanás sabe como resumi-las, como direcioná- las num mesmo sentido, uma mesma direção. Para tanto, ele procurou formular um corpo de doutrinas de acordo com as filosofias mais antigas que formam os principais troncos religiosos.

Enganam-se, porém, aqueles que acham que a doutrina da Nova Era é idêntica em todos os seus segmentos. Os vários pensadores dos segmentos que compõem o movi-

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30 Nova Era

mento têm pontos discordes entre si. São variações resul­tantes da miscelânea de que se origina a sua ideologia. Contudo, conseguem deixar suas diferenças de lado, em busca de objetvos afins, devido à linha básica comum de pensamento que os une.

Esse tipo de acordo permite que a ideologia da Nova Era penetre em todas as camadas sociais, nos diversos se­tores da sociedade. É essa linha ideológica básica que tem direcionado homens importantes, de papéis significativos no mundo, dando à atual história humana os rumos que Satanás deseja.

Daí a importância de nos atermos à linha ideológica básica do movimento, visto ser impossível tentar retratar cada segmento, dada a sua multiplicidade.

Portanto, traçando essa linha básica teremos o pensa­mento central de todos os segmentos, o que nos permitirá identificar qualquer um deles com que nos depararmos no dia-a-dia.

1. DOUTRINAS DA NOVA ERA

DeusEste é o ponto principal do pensamento Nova Era. Todo

o seu corpo doutrinário gira em tomo do eixo da sua dou­trina sobre Deus.

O seu conceito de divindade é resgatado dos antigos conceitos orientais, que refutam a idéia de um Deus pes­soal, detentor de atributos pessoais. Deus não está sentado em seu trono como Rei soberano regendo todas as coisas; é apenas uma energia universal de onde derivam todas as coisas.

Como explicou Helena R Blavatsky (já falecida), influente pensadora da Nova Era, em entrevista a um inquiridor:

— Vocês acreditam em Deus?— Depende do que você quer dizer com o termo.— Refiro-me ao Deus dos cristãos, o Pai de Jesus

e o Criador; o Deus bíblico de Moisés.

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— Nesse Deus nós não acreditamos. Refutamos a idéia de um Deus pessoal, extracósmico e antropo­mórfico, que é apenas a gigantesca sombra de homem e não do homem em seu melhor aspecto. Dizemos — e provamos — que o Deus da teologia é uma porção de contradições e uma impossibilidade lógica. Destarte, nenhuma relação temos com ele.

— Então vocês são ateus?— Que saibamos, não; a menos que o epíteto de

ateu deva ser aplicado àqueles que não acreditam num Deus antropomórfico. Acreditamos num Princípio Di­vino Universal, a raiz de tudo, de onde tudo procede e para onde tudo será absorvido no final do grande ciclo do Ser.1

Essa rejeição ao Deus pessoal e verdadeiro se deve ao fato de a ideologia da Nova Era ser essencialmente pan- teísta, isto é, crer que Deus é tudo e que tudo é Deus. Para eles Deus é apenas uma energia que, por vezes, de­nominam de Absoluto.

Como energia absoluta, então a divindade compreende todas as forças existentes, inclusive todos os opostos, como bem e mal, masculino e feminino, etc. Dentro dessa visão, o Absoluto emana a sua luz divina, que é a criação, atra­vés da união de seus pólos opostos. Por isso, crêem que cada partícula de matéria é divina, é Deus, pois emite luz, e possui em si todas as informações do Universo, sendo partes do Todo-Absoluto.

Em suma, acreditam que tudo o que existe no universo é Deus. Exemplificando, dentro dessa visão, Deus é como uma nuvem que passou por um fenômeno pluvial, choveu, transformando-se em várias gotas d’água. Cada gota dessa chuva é água, embora seja apenas uma parte de toda a água que compunha a nuvem. Assim como a nuvem era composta de partículas de H20 suspensas na atmosfera, cada gota d’água continua sendo composta de H20.

Dessa mesma maneira, acreditam eles que cada coisa que existe é constituída de essência divina, e Deus é o Todo-Absoluto do qual todas as coisas são parte. Por isso

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Shirley McLaine afirma: “Reconheça todas as partes que formam o todo, pois você é o criador”.2

Essa doutrina remonta às escrituras védicas na índia e o Tào-Te Ching na China, que datam de centenas de anos a. C. Segundo a filosofia expressa nessas escrituras, cada uma das partes do todo deve evoluir e buscar níveis mais elevados de sua consciência divina. Roberto Crema, da Universidade Holística Internacional em Brasília, DF, assim se expressou a esse respeito: “Deus dorme nos mi­nerais, sente nos vegetais, sonha nos animais, e desperta nos humanos”.3

Assim, apenas através de várias encarnações cada parte pode evoluir e alcançar níveis mais elevados de consciên­cia. Essa evolução pode chegar ao ponto de não neces­sitar mais reencarnar, atingindo um estado evolutivo onde se torna um espírito cósmico.

De acordo com esse pensamento ninguém inventa nada; apenas descobre as informações divinas que estão dentro de si, e assim vai adquirindo níveis mais elevados de cons­ciência divina, o eu maior do qual todos fazem parte. Tàis descobertas, que levam o ser a níveis superiores da cons­ciência cósmica, podem ser adquiridas num processo de várias encarnações. Pierre Weil faz uma citação de Maryse Choisy, que expressa esse princípio.

“Na teoria da ida e volta, o espírito decide encarnar- se e passa dos níveis mais sutis aos planos grosseiros. Em conseqüência, a matéria não se aquieta enquanto não volta à sua fonte divina primitiva. E a involução- evolução, simbolizadas pelos dois triângulos que compõem a estrela de Davi. Não era isso que ensinava Platão, ao afirmai" que conhecer é iembrar-se? Ou então quando Lamartine escrevia: “O homem é um deus de­caído que se lembra dos céus”? Coitado, o homem tem memória tão curta... Volta e meia é preciso lembrar- lhe o que já sabe!”4

Como podemos ver, a reencarnação é ponto funda­mental no pensamento Nova Era. Essa doutrina diabólica afasta definitivamente da cruz de Cristo aqueles que nela

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crêem, pois passam a crer que podem se salvar por inter­médio do autoconhecimento, através de várias encarnações.

A Bíblia nega com veemência, do princípio ao fim, a doutrina da reencarnação, através do plano da salvaçãona cruz de Cristo.

“E, assim como aos homens está ordenado mor­rerem uma só vez e, depois disto, o juízo, assim tam­bém Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.” (Hb 9.27,28.)

O homem passa por apenas uma encarnação, e no de­correr dela não pode salvar a si mesmo; precisa do sacri­fício perfeito de Jesus Cristo na cruz do Calvário. A cruz de Cristo é a maior prova de que a reencarnação não existe. Enquanto não existem provas palpáveis de que ocorre a reencarnação, a cruz de Cristo tem lugar no tempo e no espaço — é fato — aconteceu em determinado tempo e lugar. E prova real, histórica e inegável. Seu plano reden­tor salvífico é indiscutível. Foi vaticinado pelos profetas desde a queda do homem, documentado nos registros do Antigo Testamento e confirmado pelos apóstolos nos do­cumentos neotestamentários.

No entanto, o homem acha mais fácil crer na fábula diabólica da reencarnação, ensinada por demônios atra­vés da boca de médiuns possessos, sensitivos e moderna­mente chamados cham eis (seres humanos que são “ca­nais de espíritos”). Crer na cruz de Cristo significa abandonar a antiga utopia de ser igual a Deus. Significa abandonar o “trono” e curvar-se diante de Jesus Cristo numa atitude como a de Tomé, confessando-o como Se­nhor e Deus (Jo 20.28). Por isso o coração do homem, ainda intoxicado pelo veneno da antiga serpente, prefere dar as costas ao Deus verdadeiro e soberano, negando-lhe a existência e preferindo crer numa divindade caótica como a humanidade e toda a criação, onde o deus-homem se debate no desespero de encontrar razão para a existência, e a deusa Gaia (terra) se autodestrói em catástrofes cada

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vez mais freqüentes. Nunca antes teve-se notícia de tantos terremotos, furacões, maremotos, etc. O apóstolo Paulo diz que tais homens serão indesculpáveis diante de Deus.

“A ira de Deus se revela do céu contra toda im­piedade e perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode co­nhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes ma­nifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divin­dade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas. Tkis homens são por isso indesculpá­veis; porquanto, tendo conhecimento de Deus não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes se tomaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando- se por sábios, tomaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus entregou tais homens à imun­dícia, pelas concupiscências de seus próprios corações, para desonrarem os seus corpos entre si; pois eles mu­daram a verdade de Deus em mentira, adorando e ser­vindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém.” (Rm 1.18-25.)

O Homem

O homem é o centro de toda a doutrina da Nova Era. Como acreditam que tudo o que existe é Deus, o homem se tom a a expressão máxima de evolução divina na ter­ceira dimensão, que é a dimensão física. Dentro desse con­ceito o homem nada menos é do que deus. Embora al­guns segmentos temam afirmar isso claramente, deixam esse conceito subentendido, enquanto outros o defendem abertamente.

Um bom exemplo disso é a tentativa, sem êxito, do P e Lauro TVevisan, em justificar a doutrina homem-deus, de forma a não assustar os seus leitores.

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“A consciência da sua própria consciência, produ­zindo a consciência do seu próprio poder e de sua dimensão superior, levando o homem a percorrer do alpha ao ômega — na linguagem de Teilhard Chardin— isto caracteriza a nova humanidade de aquárius.

“Pode-se dizer agora que não há nada no mundo a não ser o homem; não há nada no homem a não ser a mente; não há nada maior na mente a não ser Deus.

“A compreensão da unidade Deus-homem ou homem- Deus, não no sentido de que o homem seja Deus, mas na significação de que no homem está Deus."5

Para clarear essa explicação de Trevisan, onde ele quer dizer que não quis dizer o que disse, vamos ver um texto mais coerente e claro, onde Helena P. Blavatsky, numa en­trevista, afirma a idéia do homem-deus.

— Vocês acreditam que o homem é um deus?— Por favor, diga Deus e não um deus. A nosso

ver, o homem é o único Deus que podemos conhecer. E como poderia ser de outra forma? Nosso postulado aceita como verdadeiro que Deus é um princípio uni­versalmente difuso, infinito e, sendo assim, como po­deria o homem sozinho escapar de ser embebido por e na Deidade? Chamamos “Pai do céu” a essa essência deífica que reconhecemos dentro de nós, em nosso coração e em nossa consciência espiritual.6

Dessa maneira, acreditam que todas as forças existen­tes no Universo estão dentro do homem e que, através do poder da mente, o homem pode realizar qualquer mi­lagre divino.

Assim como o homem possui o poder de realizar gran­des milagres, também possui o poder de provocar grandes catástrofes. Acreditam que, como ser divino, no homem habita todo o bem e todo o mal do Universo. Por isso Eli- zabeth Kubler-Ross afirmou que “há um Hitler dentro de cada um de nós, e se admitirmos isso poderemos nos tor­nar uma madre Tereza de Calcutá”.7

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Mas as forças opostas no homem não se restringem, para eles, ao bem e ao mal. Todo ser humano é igualmente mas­culino e feminino; amor e ódio; cristo e demônio; positivo e negativo; e todos os demais opostos existentes.

Dizem que a evolução do homem está rumando para um equilíbrio entre todas essas forças opostas, pois é esse equilíbrio entre os pólos opostos que fará com que a luz divina possa se manifestar com plenitude no homem-deus.

A Nova Era será uma era de plenitude divina para a humanidade, onde a luz do cristo que há dentro de cada um se manifestará com intensidade. Tanto o cristo quanto o demônio são níveis de consciência que o homem pode atingir. Logo, o demônio não existe como entidade pes­soal, mas como um estado de consciência. Da mesma forma, cristo não é uma qualidade exclusiva de Jesus, mas tam­bém um estado de consciência elevado que qualquer ser pode alcançar através da evolução.

Dentro desse aspecto, afirmam que a divisão do nosso cérebro em dois hemisférios (direito e esquerdo) faz grande diferença para a nossa condição evolutiva, porque acre­ditam que o lado esquerdo do cérebro é o que analisa, abstrai, conta, marca o tempo, planeja, verbaliza. Tudo com base na lógica. O lado esquerdo é o lado masculino do ser. Já o lado direito, que compreende metáforas, usa a intuição, cria idéias e sonha, é o lado feminino.

Para o homem tomar-se um ser evoluído tem de bus­car o equilíbrio entre esses dois lados cerebrais. O ser hu­mano precisa equilibrar raciocínio lógico e intuição; mas­culino e feminino. Por essa razão apóiam plenamente as práticas hetero e homossexuais. Defendem que, desde que haja um “relacionamento saudável”, os “seres mais evolu­ídos” devem possuir plena liberdade de relações amorosas entre os sexos.

Esperam que esse tipo de comportamento afete com­pletamente a sociedade da Nova Era, determinando um novo paradigma social, um novo estilo de vida para a hu­manidade. Esse novo paradigma deverá determinar o fim do núcleo familiar e produzir uma condição de igualdade absoluta entre os homens.

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Através da criação de comunidades e a eliminação do núcleo familiar, a humanidade passará a possuir uma ati­tude mais cooperativista e solidária entre todos, pois a ins­tituição familiar individualiza o ser e cria o egoísmo, a in­veja, o ciúme, e a possessividade. A instituição familiar faz com que o homem trabalhe para reunir bens para a sua descendência e não para a posteridade comunitária, criando assim os conflitos, competições, ciúmes e egoísmos que corroem o bom relacionamento social. A solução está, pois, em eliminar o núcleo familiar e instituir a vida comunitária.

Atualmente já existem algumas comunidades espalha­das pelo mundo que estão vivenciando essas idéias, como relata Pierre Weil em seu livro Sementes Para Uma Nova Era.

“Em certas comunidades existe uma liberdade to­tal de relações amorosas entre os sexos. Existe, por exemplo, na Alemanha, um movimento comunitário chamado “Action Analysis Comune” que exigiu em fi­losofia de vida a eliminação total do núcleo familiar. Consideram a relação de duas pessoas no núcleo fa­miliar, à luz da experiência coletiva, como uma ver­dadeira doença. Muito influenciada pelas idéias de Reich, a comunidade considera o núcleo familiar como oriundo de uma necessidade materialista de assegurar a posse da propriedade privada. A comunidade existe para satisfazer as necessidades materiais e existenciais dos seus membros. Há nela um respeito muito grande pela vida. Por exemplo, o aborto é inconcebível nela. A comunidade dá amparo à mãe durante a gestação e assume a responsabilidade da criação dos filhos. Rajneesh preconiza também um sistema desta natureza e afirma que é muito mais saudável para uma criança ter vários modelos de adultos com que identificar e escolher o seu próprio comportamento, do que ape­nas dois, sobretudo quando estes modelos são inde­sejáveis do ponto de vista humano. Cari Rogers tam­bém questiona bastante o atual modelo familiar. As experiências atuais de “casamento aberto” constituem

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tamoém uma reação aos aspectos penosos de certomodo de vida familiar”8

Isso tudo vem em cumprimento da profecia do após­tolo Paulo, onde ele afirmou que nos últimos dias sobre­viriam tempos difíceis porque o homem seria amante de si mesmo (2 Tm 3.1-5). E qual maior manifestação que homens amantes de si mesmos poderiam ter nos últimos dias senão consideraram-se Deus?

O apóstolo prossegue no texto listando o paradigma maligno que caracterizaria essa sociedade final citando a avareza, a presunção, a soberba, a blasfêmia, a desobe­diência aos pais, a ingratidão, a profanação, a falta de afeto natural; onde o apóstolo poderia estar muito bem referindo- se à fuga das relações conjugais, que é o afeto natural para o qual o homem foi criado (Mt 19.8), e a prática homos­sexual, que significa mudar o uso natural da criação hu­mana de relação entre homem e mulher para unir-se ho­mem com homem e mulher com mulher, lais pessoas, segundo o apóstolo, receberiam a recompensa por seu pe­cado em seus próprios corpos (Rm 1.26,27). Paulo prevê sofrimento físico resultante de tais práticas homossexuais.

O apóstolo segue a sua listagem com a irreconciliação, a calúnia, a incontinência, que significa falta de moderação na sensualidade, a crueldade, a falta de amor para com os bons, a traição, a obstinação, o orgulho; homens mais amigos dos prazeres que amigos de Deus.

Paulo encerra dizendo que tais homens ainda teriam aparência de piedade! No grego, a palavra piedade é “eu- sebeia”, usada como fruto do desenvolvimento espiritual, corno “verdadeira religião”.

E incrível como toda essa doutrina demoníaca da Nova Era, que leva o homem aos mais baixos níveis morais, ainda consegue ser anunciada e aceita como desenvolvimento espiritual.

Resta aos que são nascidos de novo, que possuem um compromisso sincero com o evangelho de Jesus Cristo, o conselho de Paulo ao findar a sua listagem: “Foge tam­bém destes.” (V. 5.)

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Nada temos com esse novo paradigma social. Nosso comportamento deve ser irrepreensível e sincero, de “filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta”, na qual resplandecemos como “luzeiros no mundo”. (Fp 2.15.)

Os ExtraterrestresA ufologia também é uma questão importante no que

diz respeito ao movimento Nova Era.Atualmente os estudiosos que se dedicam à questão

ufológica têm movido suas pesquisas baseados na filosofia da energia divina evolutiva. Acreditando que as partes do divino passam por um processo evolutivo, concluem que os extraterrestres são partes da energia divina que estão em outros estágios de evolução.

Alguns conceitos bastante complexos que envolvem a ciência quântica têm sido desenvolvidos para tentar expli­car a questão dos extraterrestres. Esses conceitos estão profundamente associados aos princípios ideológicos da Nova Era e, nesse ponto, ciência e misticismo se confun­dem, pois as teorias científicas acabam indo ao encontro das crenças místicas, fazendo com que se percam as noções de limites entre elas.

Há uma indefinição muito grande quanto à natureza dos seres cósmicos, se são extraterrestres, ultraterrestres, ou os dois.

Os extraterrestres são seres que vivem em outros pla­netas, localizados em outras galáxias. Entre esses seres deve haver os que estão menos evoluídos que nós e os que se encontram em estágios mais avançados. Essa evo­lução dá-se em termos tecnológicos, onde podem existir civilizações muito menos evoluídas que a nossa, ao mesmo tempo que outras estão bem mais adiante, desenvolvendo inclusive naves espaciais que lhes permitem realizar via­gens intergaláticas, que ainda são um desafio para a nossa tecnologia. No entanto, algumas civilizações altamente de­senvolvidas tecnologicamente podem não o ser espiritual­mente, acabando por serem civilizações nocivas para a so­ciedade cósmica.

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Já os ultraterrestres seriam seres de alto desenvolvi­mento espiritual, muito evoluídos, que já viveram várias encarnações neste e/ou em outros planetas e estão, agora, no nível onde já não precisam mais encarnar. Esses seres são considerados mestres cósmicos, que só se encarnam se houver uma missão a ser realizada no mundo físico. Esses seres se moveriam em outras dimensões, sem ne­cessitarem qualquer aparato material.

A ciência tem chamado o mundo desses seres ultrater­restres de mundo paralelo, ou seja, um mundo sobreposto ao nosso em outra dimensão. Dessa maneira esses seres poderiam se mover independentes de tempo e espaço. Se­gundo acreditam, seres extraterrestres mais evoluídos que nós já descobriram isso e desenvolvem a sua tecnologia espacial em cima da “realidade" dos universos paralelos. Isso permitirá que seres extraterrestres que vivem em pla­netas localizados a milhares de anos-luz da Terra e que levam um tempo incalculável para chegarem aqui, possam vir em questão de segundos através do hiperespaço — um tipo de túnel em outra dimensão, onde inexiste tempo e espaço.

Um artigo da revista Ano Zero exemplifica isso, citando o filme de ficção científica Guerra nas Estrelas:

“Quando os heróis de Guerra nas Estrelas se vêem encurralados pelos cruéis seguidores de Dart Vader, se lançam no hiperespaço e desaparecem num túnel de luz”.9

Aproveitando o exemplo do filme Guerra nas Estrelas, vemos nesse filme que, ao mesmo tempo em que o herói Luke Skywalker e seus companheiros eram seres de várias origens planetárias, pertencentes a uma mesma dimensão, havia mestres cósmicos que viviam em outra dimensão e que eram os guias que o ajudavam no seu desenvolvimento espiritual. O filme mostra que os mestres cósmicos que ajudavam o herói, eram seres evoluídos que já tinham vi­vido em encarnações na mesma dimensão que ele.

Toda essa ginástica de idéias fabulosas, que tenta ex­plicar cientificamente a questão ufológica, que até hoje

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não possui qualquer base científica concreta, tem suas im­plicações no mundo espiritual.

Em primeiro lugar, é importante notar que todas essas abstrações da moderna ciência são desenvolvidas a partir do único fato de objetos voadores não identificados (OV- NIs) terem sido observados e até mesmo fotografados por muitas testemunhas. Daí, qualquer elucubração humana ou proposta explicativa diabólica pode encaixar-se ao fato— como diz o ditado popular: “De noite todo gato é pardo.”

A ciência perde-se completamente diante da realidade que envolve o fato da aparição desses fenômenos ufoló- gicos. Mostra-se completamente incapaz de compreender através das leis da física o que fazem as “naves espaciais”.

As aparições mostram tais “naves espaciais” fazerem manobras em ângulo reto; não fazem curva para mudar a trajetória. As manobras em ângulo reto só têm uma ex­plicação aceitável: a ausência de massa.

A dedução a que somos obrigados a chegar pelas leis da física, diante desse fato, é muito bem descrita pelo Pr. José Benedito de Lira Neto, num estudo que desenvolveu sobre ufologia:

“Qualquer veículo, ao mudar de direção, sofre o efeito da força centrífuga, que tende a mantê-lo na di­reção anterior. Essa força centrífuga é diretamente pro­porcional à massa e ao quadrado da velocidade do apa­relho. Ora, para que o veículo execute uma viagem perpendicular, é necessário que a força centrífuga seja nula e que a sua massa seja zero, pois a velocidade dele, como se sabe, não o é. Uma coisa poderosa e inteligente, cuja massa é zero, só pode pertencer ao mundo espiritual.”10

As leis da física não são as únicas que dão respaldo para deduzirmos que o fenômeno ufológico é de origem espiritual. Entre os muitos testemunhos que podem escla­recer esse fato, é bastante claro o do ocorrido durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Nessa guerra, Israel foi atacado pelas nações árabes e encontrava-se em enorme desvantagem militar. Mesmo assim, Israel abateu 400 aviões

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egípcios e 600 tanques em pouquíssimo tempo. Soldados egípcios se renderam diante de Israel por terem visto an­jos com espadas desembainhadas ao lado de Israel. Ca­nhões completamente novos, que a URSS havia fornecido aos árabes, foram apreendidos sem ter sido dado qualquer disparo. Nesse período, a NASA registrou a presença de milhares de OVNIs sobre a região do conflito.11

Um último fato que precisamos levar em consideração antes de uma conclusão final é o de que o testemunho das pessoas que fazem qualquer contato direto com naves espaciais e seres cósmicos é analisado, em grande parte das vezes, em estado hipnótico, porque os pesquisadores descobriram que os seres extraterrestres praticam a hip­nose com as pessoas que com eles têm contato. A revista Planeta descreve um desses casos.

“Um dos casos mais famosos é o de Bety e Bamey Hill, casal norte-americano que, somente sob hipnose, narrava um encontro imediato de terceiro grau, quando teriam sido levados a bordo de uma espaçonave e sub­metidos a detalhado exame médico por humanóides extraterrestres...

“Sabemos que a hipnose é uma técnica altamente vantajosa no sentido de desencadear e melhorar a ESP*, dando alto resultado em testes controlados — por exem­plo, em telepatia, visão à distância (clarividência) e pre- cognição.

“Ao mesmo tempo, são inacreditavelmente fre­qüentes na causuística ufológica as experiências em que os referidos fenômenos parapsicológicos estão pre­sentes, sendo mesmo a telepatia o meio usual de co­municação com os UFO-operadores, segundo os con­tatados.“Certos indivíduos que viveram uma experiência ufo­lógica marcante passaram a ter o que nós chamamos “efeito residual”: após o incidente, entram em es-

*ESP — São as iniciais de Extrasensory Perception (Percepção Extra- Sensorial), que se refere à capacidade de perceber sensações sobrenatu­rais que o cérebro comum não consegue captar ou transmitir.

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tado de transe sonambúlico, de maneira espontânea ou induzida, dando informações de teor variado, da­dos técnicos, “planetas” de origem, nomes dos coman­dantes de naves e mensagens místicas!’12

Um testemunho também muito esclarecedor a esse res­peito é o da experiência de Eve Camey e suas duas filhas, de uma visita que fizeram a uma nave espacial.

“Há muitos anos, em minha casa situada nos pro­fundos bosques da Pensylvânia, minhas filhas e eu es­távamos juntas em meditação, quando três Irmãos Es­paciais apareceram no jardim em frente à casa. Preferiram permanecer lá fora quando os convidei para entrar, devido a sua diferença de altura em relação às portas e tetos normais. Convidaram-nos a conhecer sua nave, o que aceitamos com satisfação. Fixaram a hora da visita para 8:00 horas do dia seguinte, dando- nos instruções para relaxarmos em posição horizon­tal, no piso, para que pudesse vir a escolta.

“Agradecidas, regressamos à casa. Minhas filhas pu­deram ver a nave sobre nós,já que ambas têm o dom perceptivo visual.

“Ao entardecer do dia seguinte relaxamos, como combinado, e fizemos três experiências com meditações diferentes. Abandonei meu corpo e apoiei minhas mãos sobre os braços de minhas escoltas, experimentando uma emoção tremenda enquanto ascendíamos, a uma velocidade incrível, à nave que nos esperava acima. Imediatamente encontrei-me parada no aposento de controle principal, frente a Athena, enquanto as lágri­mas rolavam-me pela face. Chorando abraçamo-nos. Athena (comandante mulher) começou a mostrar-me vários mapas. Senti que uma de minhas filhas seguia por um longo passadiço. Embora eu não tenha visto, sabia que se encontrava em alguma outra parte da nave. Caminhamos e passamos por uma parede transparente, através da qual pude ver minha outra filha reclinada sobre uma mesa de exame médico, com alguém junto dela. Essas recordações são fragmentadas.

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“Depois de alguns minutos, não mais de quinze, estávamos de volta a nossa consciência e começamos a comparar nossas experiências.”13

Luiz Gonzaga Scortecci, um dos mais respeitados ufo- logistas do Brasil, vai mais adiante; chega a afirmar que os contatos com extraterrestres são simplesmente manifes­tações mediúnicas.

“O contato se faz de forma mediúnica e é mais fácil do que se pode imaginar. Muitas das manifestações de espiritismo ou da umbanda, por exemplo, poaem ser con­tatos de terceiro grau com Ets, pois esta é a maneira de eles se comunicarem no estágio atual da humanidade. Antes, esses contatos eram feitos materialmente e mui­tos deles estão registrados. Buda, Krishna, Gandi e Je­sus Cristo, por exemplo, são seres cósmicos humanos, em um estágio de alto desenvolvimento, e digo huma­nos, porque a humanidade é uma só, tanto na terra como em qualquer outro planeta, sistema solar ou galáxia, as­sumindo formas físicas diferentes.”14

Se tais experiências são realizadas em estado de transe hipnótico e através de mediunidade, como podemos dis­tinguir o que é realmente físico e o que é espiritual numa experiência de contato ufológico? Ora, uma pessoa em es­tado de transe hipnótico pode ter qualquer coisa impressa em sua mente, inclusive uma mentira diabólica. E se os próprios pesquisadores não conseguem determinar a na­tureza da experiência, não há como afastar a enorme pos­sibilidade de que essa seja apenas mais uma ardilosa ma­nipulação demoníaca sobre a frágil mente do homem degenerado pelo pecado.

Diante dos fatos, somos obrigados a concluir que os fenômenos ufológicos são atuações de seres espirituais, mais provavelmente mensageiros de Satanás, pois, como a Bíblia mesma adverte, são capazes de se transformarem em anjos de luz (2 Co 11.14).

Esse fato tem suas implicações no mundo espiritual. Como na filosofia da Nova Era existe o conceito de que

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há uma classe de seres muito evoluída, acreditam que es­ses seres sejam mestres cósmicos que devam ser consul­tados, pois podem ajudar o homem na sua evolução.

Esse tipo de crença é bastante antiga, embora hoje ve­nha revestida de uma roupagem espacial. O Bhagavad- Gita orienta os seus seguidores a cultuarem e se subme­terem aos seres superiores, mais evoluídos:

“Descerá sobre vós a bênção dos seres superiores, se os cultivardes; e a prosperidade que demandais vos será dada como prêmio do culto que lhes prestardes.

“Aquele, porém, que goza os dons dos seres supe­riores e prospera com seus favores, mas retém tudo para si, sem nada restituir aos céus donde veio — esse é ingrato e ladrão.”15

A cabala judaica também ensina a necessidade de con­tato com seres mais evoluídos para se obter informações necessárias à evolução humana, como demonstra Perle Epsteins.

“Os indivíduos mais desenvolvidos espiritualmente, dominados pelo nível intelectual da alma, sonharão que estão no reino celestial, onde se comunicam com seres desencarnados, a que chamam de “anjos”. A função formadora de imagens, própria da natureza ani­mal, transforma essas “jornadas” em sonhos, e assim o indivíduo pode obter mensagens significativas da re­gião celestial. Ele deve ser cuidadoso, pois a informação, freqüentemente, está misturada a desejos subjetivos e distorções resultantes de sua própria vida emocional. Os sábios judeus, portanto, sempre preveniram que é impossível a uma pessoa comum ter um sonho real­mente profético sem uma considerável mistura de in­formações inúteis.

“Os cabalistas que proferiram os nomes de Deus e alteravam seus padrões de respiração, estavam fazendo uso do terceiro degrau da escada da alma — a res­piração que os ligava ao mundo espiritual. Ligando-se mentalmente a um “ser espiritual” específico, o caba-

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lista poderia ou elevar-se mais ainda (como Abulafia ensinou), ou obter importantes informações sobre o futuro. Essa segunda prática era perigosa, pois, com freqüência, resultava em fazer contato com os shedim— seres demoníacos — que alteravam e confundiam a mente dos meditados. Ao longo desse caminho, coloca-se o perigo da insanidade Por isso, a respiração, ou terceiro nível da alma, era considerada uma espada de dois gumes.”16

Há muitas outras fontes que comprovam que o diabo sempre procurou enganar o homem, levando-o a crer na necessidade da prática antibíblica de consultas aos espí­ritos. Especialistas que estudam fenômenos paranormais, têm observado a prática de consultas a mestres cósmicos, pelos adeptos do movimento Nova Era, e a têm denomi­nado de channeling (que no inglês quer dizer “canalização”).

A realização da channeling consiste numa prática de meditação onde a pessoa entra em transe hipnótico. Du­rante esse exercício a mente do indivíduo que o pratica sai do nível de ondas beta do cérebro, que é o estado de vigília, e entra no nível de ondas alpha, um nível inferior, onde a pessoa fica em estado de transe hipnótico. No es­tado alpha, geralmente a pessoa visualiza um lugar muito bonito, onde pode. tatear, sentir cheiro e ouvir sons pro­venientes do local. Nessas circunstâncias, a pessoa pode visualizar um ser que vem sempre revestido de muita luz, que pode ser denominado mestre cósmico, anjo, ou sim­plesmente ET. Esse ser, então, transmite mensagens à pes­soa que está fazendo o contato e, muitas vezes, a leva a passear em lugares distantes, até mesmo celestes, ou ainda, a momentos do seu passado, nesta vida ou em “outras en­carnações”.

O fato de esses ET^ serem espíritos revestidos de luz não nos admira. Pelo contrário, essa “luz” e as mensagens antibíblicas que transmitem, apenas revelam sua verdadeira identidade, como nos advertiu o apóstolo Paulo: “Mas. ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evan­gelho que vá além do que vos temos pregado, seja aná-

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tema” (G1 1.8); pois “não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (2 Co 11.14).

Postulam os adeptos do movimento que na Nova Era a humanidade estabelecerá um relacionamento aberto com os seres cósmicos. Ao alcançar um maior desenvolvimento espiritual a humanidade viverá um verdadeiro regime “cos- mocrático”, como preconiza TYevisan.

“A Nova Era ruma para a cosmocracia, que é um passo além da democracia. O cosmo será a forma de vida ideal, onde o indivíduo se sentirá um no todo.”17

Parte dos segmentos do movimento afirma que algu­mas pessoas se negarão a sofrer a evolução necessária para a instauração da Nova Ordem e que esses tais terão de ser retirados daqui, como afirma Célia Labome Tavares.

“Os que não assumirem o trabalho para o autoco- nhecimento e aperfeiçoamento, deverão esperar por outro ciclo de reconstrução em algum lugar do cos­mos. A manifestação crística do nosso tempo é muito acentuada e clara, e não há tempo a perder”18

Tkis pessoas “menos evoluídas” serão seqüestradas por um enorme disco voador, e, levadas para outro lugar, pas­sarão pela evolução necessária, afirmam alguns pensado­res da Nova Era.

Aleluia! Até o diabo é obrigado a reconhecer a reali­dade do arrebatamento da Igreja de Jesus Cristo! E o diabo é obrigado a trabalhar de acordo com o fato de que o arrebatamento ocorrerá. Caso contrário, após o arrebata­mento muitas pessoas passariam a crer nas palavras pre­gadas pelos cristãos, pois Satanás seria desmentido.

Embora alguns segmentos afirmem que serão levados os seres menos evoluídos, outros afirmam que serão seres escolhidos para passarem por um trabalho de evolução maior, mas que já possuem certa evolução no plano da Nova Era.

De qualquer forma, parece ponto pacífico a crença de um arrebatamento ufológico de um grupo de pessoas. Er- gom trata sobre isso no seu livro Projeto Evacuação Mun­

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dial, onde afirma que o capitão da nave que efetuará o resgate chama-se Sananda, e que esse ta] Sananda foi co­nhecido na terra como o mestre Jesus.19

Num ponto ele está certo: é o próprio Jesus quem vem buscar a sua Igreja. Mas este Jesus não é um capitão in- tergalático em alto estágio evolutivo. Este Jesus é o Ge­neral dos exércitos, o Senhor dos senhores, em quem po­demos seguramente esperar.

“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde tam­bém aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as cousas.” (Fp 3.20,21.)

LúciferA idéia de evolução espiritual cria, automaticamente,

a idéia de uma cadeia evolutiva em diferentes graus de desenvolvimento e conseqüente hierarquia dentro deles— o que subentende que há alguém no topo dessa hie­rarquia, ou um ser mais evoluído do que os demais, ou pelo menos uma elite entre eles.

Neste ponto há uma questão pouco comentada nas li­teraturas e palestras do Nova Era. Tàl questão, porém, é de grande importância, pois revela o caráter maligno do movimento — é o Fator Lúcifer.

É ponto básico no pensamento Nova Era a existência de um ser superior a todos os outros em nível de evolução. Alguns segmentos chamam abertamente esse ser de Lú­cifer, outros utilizam outros nomes. Suas características são as mesmas em todos os segmentos. Daí denominar essa questão de Fator Lúcifer, já que existem tantos no­mes para descrever um mesmo ser.

Durante o II Congresso Holístico Internacional, ocor­rido em julho de 1991, em Belo Horizonte (MG), Carlos Byngton afirmou que Lúcifer não é um ser maligno, pelo contrário, seu próprio nome já declara que ele é um “ema- nador de luz”. Segundo Carlos Byngton, o cristianismo

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cometeu um grande erro em atribuir caráter maligno a Lúcifer.

A presença do Fator Lúcifer no movimento Nova Era fica ainda mais patente ao estudarmos as entidades que promovem a filosofia New Age, pois entre elas encontra­mos a Lucis Thist (que quer dizer Confiança em Lúcifer). Essa entidade foi fundada em 1922, com o nome Lúcifer Publishing Company (Companhia de Publicações Lúcifer), que foi mudado no ano seguinte para a então Lucis TYust. Em 1987 essa organização já contava com seis mil mem­bros ativos.20

J. Benitez, em seu livro A Rebelião de Lúcifer, sugere que Lúcifer foi inocente e que, na realidade, ele é um mes­tre cósmico bom, que deseja ajudar a humanidade.

O Fator Lúcifer também está presente nas obras de TVigueirinho, líder de um movimento místico ufológico que anuncia o despertar de uma nova era.

José TVigueirinho Netto é formado em psicologia e de­senvolve o seu trabalho dentro da linha teosófica, adotando os ensinamentos de Alice Bailey. Ele foi discipulado por Paul Bournton que, por sua vez, cursou a Lucis Trust. TVi­gueirinho fala sobre a hierarquia cósmica e cita a existên­cia de um ser mais evoluído que todos os outros.

“Neste capítulo estamos utilizando novamente al­gumas indicações de Djwhal Khul, atualizando o que ele deixou escrito sobre Amuna Kur na época em que este ainda era chamado Sanat Kumara. Amuna Kur também foi conhecido anteriormente como o Senhor do Mundo, o Jovem Eterno, o Ancião dos Dias, Mel- quisedeque e Deus, tendo passado pelas etapas que a Lei Divina apresenta a todo ser evoluído. (...)

“Amuna Kur tem hoje a consciência muito ampliada, e controla a evolução das raças de superfície de todos os planetas habitados que estão submetidos à Lei de Purifi­cação, até que estes consigam, em estado divino, transcendê-la. Assim, quando tivermos atingido esse ponto, Amuna Kur se transferirá para outro planeta cuja raça de superfície esteja ainda sob a Lei de Purificação.”21

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Embora TYigueirinho afirme que esse ser mudou de nome hoje e se chama Amuna Kut; desperta-me muito a atenção o fato de o seu antigo nome cósmico ser Sanat Kumara. Ora, se invertermos apenas duas letras do nome Sanat, encontraremos o nome Satan: o ser a quem TVi- gueirinho atribui o mérito de a humanidade vir a alcançar uma nova era.

Para outro segmento, de ordem ufológica, o nome desse ser é Ashtar, onde encontramos as mesmas descrições que determinam o Fator Lúcifer. O absurdo é colocar esse ser acima de Jesus na hierarquia cósmica, como descreve Er- gom.

“Ashtar e aqueles que o servem são tão reais como você e eu. Na Aliança da Confederação Intergalática, o Comandante Ashtar é a mais alta autoridade para o nosso hemisfério. Ele é o Comandante da Nave es­trelar do nosso Amado Senhor e Grande Comandante Jesus-Sananda para a maior parte de seu tempo. Ele tem autoridade para aclarar qualquer canal e para in­terromper ou tomar controle de qualquer comunicação, de qualquer fonte, em qualquer momento, sobre nosso planeta.”22

Esses exemplos deixam claro que Satanás é o mentor e chefe maior do atual movimento Nova Era. Não é de admirar que ele já esteja-se revelando através desse Fator Lúcifer, pois a Bíblia diz que durante o governo do an- ticristo todos serão levados a adorar Satanás (Ap 13.4). Para que a humanidade chegue a ponto de adorar Satanás será necessário que haja uma predisposição mental por parte das pessoas; é o que vem fazendo o Fator Lúcifer dentro da ideologia da Nova Era.

As ErasA razão por que tem-se ouvido tanto sobre uma nova

era fundamenta-se na crença de que os ciclos divinos de evolução são desenvolvidos através de diferentes eras as­trológicas, cada uma com sua característica distinta.

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Acreditam que a humanidade evoluiu dentro das se­guintes eras:

• Era de Touro: de 4304 a 2154 a. C.• Era de Carneiro: de 2154 a 4 a. C.• Era de Peixes: de 4 a. C. a 2146 d. C.• Era de Aquário: 2146 a 4296 d. C.Cada era compreende um período de 2.150 anos. Nem

todos os segmentos concordam com essas datas, mas são unânimes na seqüência das eras: Touro — Carneiro — Pei­xes — Aquário.

A Era de Touro é atribuída à antiga cultura egípcia, que tinha a vaca como deusa da fertilidade e a pecuária como principal cultura. Os astrólogos dizem que essa foi a era em que a cultura egípcia se desenvolveu e foi o cen­tro da civilização.

Com o final da Era de Touro, o domínio egípcio ces­sou e deu lugar à de Carneiro, o signo que passou a do­minar. Os astrólogos dizem que foi Israel que dominou essa era, devido ao sacrifício do cordeiro, o ritual mais marcante da religião de Israel, além da ovinocultura (criação de ovelhas), sua principal cultura. Dizem que a fase de transição entre as duas eras foi a saída de Israel do Egito, e que os hebreus ainda tentaram preservar o poder de Touro, quando fizeram o bezerro de ouro no deserto, mas Moisés (avatar da Era de Carneiro) os repreendeu e inau­gurou a Era de Carneiro. Afirmam que Jesus foi chamado de “Cordeiro de Deus” (Jo 1.36) porque era filho do povo dominante da Era de Carneiro.23

Jesus Cristo (avatar da Era de Peixes) teria, então, inau­gurado essa era, dando evidência disso ao chamar os após­tolos para serem pescadores de homens, fazendo alusão à humanidade pisciana.

Por causa de Jesus Cristo, o povo dominante da Era de Peixes seriam os cristãos. Para provar que o cristianismo é o que domina a Era de Peixes, apegam-se ao fato de que o mais antigo símbolo cristão é o peixe. Os cristãos primi­tivos adotaram o peixe porque a palavra, no grego, formava as iniciais da frase Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador (Peixe— Ichthys — Iésous Christos Theou Hyos Sõter).

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Jaap Huibers diz que, pelo fato de o peixe viver submerso na escuridão das profundezas do mar, a Era de Peixes está marcada pelas trevas, onde o homem busca mais o material do que o espiritual. Um claro exemplo disso são as próprias catedrais cristãs, sempre sombrias e luxuosas.24

Terminando a Era de Peixes surge a de Aquário. A- quário é um signo regido pelo planeta Urano, que foi des­coberto em 1781, coincidindo com a Revolução Francesa. Por isso, dizem alguns que a palavra de ordem de Urano é “liberdade, igualdade e fraternidade” (essa é também a palavra de ordem na Maçonaria), que foi a palavra de or­dem na Revolução Francesa. Palavra de ordem necessária para que o planeta Terra possa se transformar numa al­deia global, vivendo uma Nova Ordem Mundial, num re­gime cosmocrático.

Urano, por sua vez, é um deus da mitologia grega, que se casou com Gea (ou Gaia). Eles tiveram um filho cha­mado Kronos, que foi expulso por Urano. Kronos vingou- se do pai cortando-lhe os testículos e, assim, Urano dei­xou de ser completamente homem, mas também não pas­sou a ser completamente mulher. A interpretação que os aquarianos dão para a história de Urano é a de que Urano é o céu e Gea (Gaia) é a terra. A tragédia de Urano ter perdido os testículos apenas veio estabelecer um equilí­brio cósmico nas forças celestiais, marcando, desse modo, a característica da Era de Aquário: um céu, parceiro da mãe terra, estabelecendo um equilíbrio cósmico de todas as energias.

Por fim, alegam que é a isso que se referiu João no Apocalipse, quando falou de novo céu e nova terra (Ap 21.1). Ele teria se referido à nova era que Urano, o Ancião dos Dias, derramaria sobre a humanidade, quando disse que via a nova Jerusalém (Nova Era, segundo eles) des­cendo do céu (Urano).

Nossa esperança não se fundamenta no deus inexistente Urano (disfarce de Satanás), nem como deus nem como as­tro regente de uma nova era. A mensagem do cristianismo não se secará como as supostas águas de Peixes, pois são palavras eternas, do Salvador eterno, Deus verdadeiro e Se­

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nhor de todos os tempos, de todas as eras, que merece toda a glória e honra. Como declarou Judas, irmão de Tiago, ho­mem de profunda visão do mundo espiritual:

“Ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e so­berania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém.” (Jd 25.)

Jesus Cristo

No pensamento Nova Era cristo não é qualidade re­dentora exclusiva de Jesus. Acreditam que cristo é um ní­vel evolutivo que qualquer um pode alcançar e que está potencialmente dentro de cada ser existente.

Por isso, pregam que na Nova Era o homem atingirá um estágio de alta evolução crística, e que é esse fator que faz da Era de Aquário uma era de profunda harmonia da humanidade cósmica.

Para eles Jesus foi apenas um dos muitos mestres cós­micos que tiveram papel importante de auxílio no processo evolutivo da humanidade. Jesus seria, nessa visão, um ser de alto desenvolvimento crístico e por isso acabou sendo conhecido como Jesus Cristo.

O papel de Jesus foi de muita importância para a hu­manidade, pois, por se tratar de um ser de alta evolução, foi escolhido para implantar a Era de Peixes, para ser o seu avatar, como afirma TVevisan.

“Jesus inaugurou a Era de Peixes, mas anunciando a Era de Aquário. Graças à semente lançada há dois mil anos, hoje a humanidade chegou ao seu grande momento. Foi o Mestre quem implantou as bases da Nova Era.”25

Por essa razão, dificilmente chamam Jesus de Senhor, pois o senhorio de Jesus finda com a Era de Peixes. Não é de admirar, já visto que a Bíblia diz que ninguém pode chamar Jesus de Senhor se não for pelo Espírito Santo (1 Co 12.3).

Em um artigo da revista Destino, de abril de 1991, en-

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contramos o ponto de vista dos aquarianos sobre o Se­nhor Jesus Cristo face aos “novos tempos” trazidos pela Era de Aquário.

“A passagem de Peixes para Aquário, do ponto de vista da astrologia, é extremamente difícil, pois as ca­racterísticas dos dois signos são bem diferentes. Peixes é representado pelo espírito de sacrifício, da caridade. Aquário aponta em outra direção. É o signo da ami­zade, do companheirismo, da esperança e da criação de um mundo novo.

“Com a mudança de Peixes para Aquário, dizem os astrólogos, sai de cena também Jesus Cristo, o grande avatar da era que termina, dando lugar ao patrono má­ximo de Aquário, o mestre Saint Germain.”26

Lembremo-nos do que disse o apóstolo João:

“Quem é o mentiroso senão aquele que nega que Jesus é Cristo? Este é o anticristo, o qu t nega o Pai e o Filho.” (1 Jo 2.22.)

É exatamente o que faz a Nova Era: nega o Pai e o Filho. Segundo o apóstolo João, essa doutrina não é ape­nas diabólica, mas a própria doutrina do anticristo, pois nega a existência do Pai como um Deus pessoal e único, e também nega a glória e a majestade do Filho.

Mas, de acordo com as Sagradas Escrituras, Jesus é o Rei único e soberano.

"... Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e de­baixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Fp 2.9-11.)

Pois, “Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre” (Hb 13.8).

O AvatarOs adeptos da Nova Era esperam por um tipo de mes­

sias — avatar — que coloque ordem no mundo e estabe-

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leça a paz. Acreditam que cada era possui o seu avatar e que para a Era de Aquário também se levantará uma espécie de messias.

Os segmentos da Nova Era usam nomes diferentes para designar o avatar; os mais correntes são Saint Germain e Lord Maitreya. No entanto, crêem unanimente na vinda desse avatar, e esperam que essa personagem unifique todo o mundo debaixo de um único governo e estabeleça a paz para a humanidade.

Worls Goodwill, um destacado adepto da Nova Era, diz o seguinte sobre o avatar.

“Este é um tipo de preparação não apenas para uma nova civilização e cultura numa Nova Ordem Mun­dial, mas também para a vinda de uma nova dispen- sação espiritual. A humanidade não está seguindo um curso não planejado. Há um plano divino no cosmos do qual somos parte. No fim de uma era os recursos humanos e instituições estabelecidas parecem inade­quados para suprirem as necessidades e resolverem os problemas do mundo. Em tal tempo, a vinda de um Mestre, um líder ou avatar espiritual, é antecipada e invocada pelas massas da humanidade em todas as partes do mundo. Hoje o reaparecimento do Instrutor do mundo — o Ungido — é esperado por milhões, não só por aqueles da fé cristã, mas por aqueles de todas as fés que esperam o avatar, debaixo dos nomes: Senhor Maitreya, Krishna, Messias, Iman Mahdi e o Bodhisattva... A preparação por homens e mulheres de boa vontade é necessária para introduzir novos va­lores; novos padrões de comportamento, novas atitu­des de não separação e cooperação, guiando as retas relações humanas a uma paz mundial. O Instrutor mun­dial vindouro estará principalmente preocupado, não com o resultado ou erros passados e insuficiências, mas com as necessidades de uma Nova Ordem Mun­dial e com a organização da estrutura social.”27

Esse líder mundial surge de forma a satisfazer as re­ligiões, pois ele é apresentado como o “esperado” de to-

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das elas. Naturalmente o homem sabe que precisa de um salvador, e é ponto comum nas diversas religiões seus se­guidores acreditarem na vinda de um salvador. A Nova Era explica que, na realidade, todos esses esperados salvado­res são um mesmo ser, com nomes diferentes — o Mai- treya de alguns místicos é o mesmo Saint Germain de ou­tros, que por sua vez é o Messias dos judeus, o quinto Buda dos budistas, o Iman Mahdi dos muçulmanos, o Kri- shna dos hindus, e também o Cristo dos cristãos. Todos, “mestres-salvadores” para as suas respectivas religiões, es­perados por seus seguidores.

Com relação ao Cristo dos cristãos eles fazem uma im­portante distinção entre Jesus e o Cristo que voltará. Ben- jamin Creme, que afirma ser o porta-voz do Maitreya, ex­plica essa distinção dizendo que Jesus é um discípulo de Maitreya. Assim, Jesus teve o seu momento de Cristo mas já não o é mais.

Foi realizada em Londres, nos dias 21 e 22 de abril de 1982, uma grande conferência com importantes líderes de diversas religiões, políticos do mundo todo e jornalis­tas. Sobre essa conferência relata um artigo da revista Areopagus:

“Alguns destes participantes disseram ter visto Mai­treya aparecer e desaparecer e terem-no ouvido falar dos seus ensinamentos e trabalhos. Creme afirma ser este o evento mencionado por um jornal americano, o National Examiner, quando ele citou o bispo do Va­ticano dizendo: “Há uma evidência irresistível de que Cristo já está voltando para tomar lugarf28

Devido a matérias que saíram em vários jornais do mundo, na época do evento, sob títulos do tipo “O Cristo Chegou”, algumas pessoas interpretaram o evento como sendo o nascimento do Maitreya. No entanto, o que Creme chamou de “Dia da Declaração” do Maitreya, em 1982, não se referia ao seu nascimento.

Embora Benjamin Creme tenha se intitulado porta-voz do Maitreya, no meio aquariano ele não é de todo acre­ditado. Os aquarianos mais informados têm certa reserva

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contra Creme por ter ele, certa vez, predito uma data para o Armagedom e tal evento não ter ocorrido. Mesmo as­sim, como acreditam piamente na vinda do avatar, dão certo crédito ao que Creme anuncia sobre o senhor Maitreya, mas sempre com reservas, conseqüência de seu fracasso anterior.

A ascensão do anticristo é o objetivo máximo de Sa­tanás. Tbdas as suas articulações diabólicas giram, há muito tempo, em tomo desse propósito. Ele tem trabalhado in­cansavelmente para criar as condições para esse evento, e, através de toda essa filosofia, preparar a mente humana para que aceite o homem do pecado (anticristo), conforme já revelou Helena P. Blavatsky, há um século atrás.

“Se a tentativa atual, em forma de nossa sociedade, for melhor sucedida que as anteriores, ela será então um corpo organizado, vivo e saudável quando chegar a hora crucial do século vinte. A condição geral da mente e do coração do homem terá sido melhorada e purificada pela expansão de seus ensinamentos e, como já disse, seus preconceitos e ilusões dogmáticas terão sido, até certo ponto, removidos. Não apenas isso, mas além dele uma literatura profícua e acessível terá chegado às mãos do homem, e o próximo impulso en­contrará um corpo numeroso e unido de pessoas pron­tas a darem as boas-vindas ao novo portador da Ver­dade. Ele encontrará a mente do homem preparada para sua mensagem, uma linguagem pronta para ele, capaz de transmitir as novas verdades que traz, uma organização que espera a sua chegada, que removerá os obstáculos meramente mecânicos e materiais e as dificuldades de seu caminho. Pense em quanto alguém, a quem esta oportunidade fosse dada, poderia fazer. Compare isso com o que a Sociedade Ttosófica real­mente conseguiu nos últimos quatorze anos, sem ne­nhuma dessas vantagens e rodeada por hostes de im­pedimentos que não impediriam o novo líder. Considere tudo isto e diga-me então se sou muito otimista quando digo que, se a Sociedade Tfeosófica sobreviver e for ver-

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dadeira a sua missão aos seus impulsos originais, du­rante as próximas centenas de anos — diga-me, pergunto-lhe, se vou longe demais quando afirmo que a terra será um paraíso no século vinte e um em com­paração com o que é agora.”29

Não fosse a Palavra de Deus, creio que não suporta­ríamos diante de tão forte pressão espiritual destes dias. E verdade que muitos sucumbirão. O próprio Jesus disse que nos últimos dias o amor de muitos se esfriará (Mt 24.12), e Paulo acrescenta que muitos abandonarão a fé para se­guir doutrinas de demônios (1 TVn 4.1).

Bem-aventurados aqueles que nestes dias podem de­clarar juntamente com o apóstolo Paulo:

“Porque, ainda que há também alguns que se cha­mem deuses, quer no céu, ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as cousas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também por ele.” (1 Co 8.5,6.)

A Natureza

Panteístas que são, os seguidores da Nova Era acre­ditam que a Terra também é parte do todo divino — um ser vivo que tem espírito.

Tentando criar uma ponte entre essa visão mística e a ciência, o professor James Lovelock formulou a hipótese de Gaia, onde tenta encontrar elementos científicos que comprovem que certas características do planeta Terra são semelhantes àquelas que os gregos atribuíam à deusa Gaia, a Mãe-Terra. Tenta, assim, comprovar que a Terra é uma entidade viva, consciente, que sente e respira.

Por essa razão, todos os segmentos da Nova Era preocupam-se igualmente com a questão ecológica. Acre­ditam que o espírito da Terra possui força capaz de for­talecer e delegar poder aos que o buscam. Crêem que o homem é constituído por um corpo energético, e que a natureza possui forças que podem fortalecê-lo, conforme

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declaração do místico Ronnie Von, em uma entrevista à revista Destino:

“Destino. As plantas têm energias como as dos cris­tais?

“Ronnie. Elas têm uma radiação energética, talvez até mais poderosa do que a desses objetos.

“Destino. Como a arruda é usada para espantar maus fluidos?

“Ronnie. A arruda libera uma energia que fortalece o nosso campo astral e toma-o capaz de repelir forças que poderiam afetá-lo negativamente. Outro exemplo é a lavanda. Ela atrai energias positivas, deixando-nos mais próximos da divindade.”30

Acreditam também que as energias são liberadas atra­vés dos “elementais” da natureza. Esses “elementais” são pequenos gnomos, duendes, fadas e um grande número de outros seres semelhantes que trabalham através dos quatro elementos da natureza: terra, água, fogo e ar. Acre­ditam mesmo que esses seres existem, e já têm, inclusive, desenvolvido muitas pesquisas sobre o tema.

Tenho participado de muitos congressos e palestras so­bre esses assuntos, e admira-me ver pessoas de alto nível intelectual acreditar em tanta fábula. Mas é interessante notar que o apóstolo Paulo previu esse comportamento para os últimos dias.

“Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, se­gundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.” (2 Thi 4.3,4.)

Outro fato importante na questão filosófica do movi­mento ecologista é que na mitologia o espírito da Terra é representado por um dragão. A Gaia que o atual pen­samento Nova Era tem levado muitos a cultuar e adorar não passa de um dragão; figura que a Bíblia utiliza apenas para referir-se a Satanás (Ap 12.9).

Enquanto Satanás é o espírito que está por trás desse

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movimento de cultuação à natureza, e declara que ela é uma entidade divina e poderosa, nós a vemos curvada diante do poder do Deus altíssimo. Pois ao mesmo tempo que o homem a cultua e busca preservá-la, a natureza obedece às determinações do Senhor, respondendo, como nunca antes, por meio de terremotos, enchentes, furacões e ou­tras manifestações catastróficas, sinais esses previstos para os tempos do fim (Is 24.19,20).

Mas o homem tem-se endurecido cada dia mais para não dar ouvidos à Palavra de Deus e para não enxergar as verdades que lhe são óbvias. Nem com todos os sinais e nem pelo próprio testemunho da natureza o homem tem parado para ouvir a voz de Deus; se o fizesse por apenas um momento, certamente ouviria palavras desafiadoras como as que Jó ouviu, e que tomam inegável a veracidade absoluta da existência do Deus criador, a quem toda a na­tureza está sujeita.

“Depois disto o Senhor, do meio de um redemoi­nho, respondeu a Jó: Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os teus lombos como homem, pois eu te pergu­ntarei, e tu me farás saber. Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo, se tens entendimento.” (Jó 38.1-4.)

Os Bruxos

Embora pareça brincadeira falar sobre bruxos em pleno final do século XX, o assunto é levado muito a sério den­tro do pensamento corrente em nossos dias, graças às cren­ças místicas largamente difundidas pelo pensamento Nova Era. A sociedade atual tem sofrido uma grande transfor­mação, o que a caracteriza como profundamente mística. Mas vale lembrar que o anticristo será profundamente mís­tico, mestre em adivinhações (Dn 8.23), e realizará diver­sos sinais milagrosos (2 Ti 2.9).

Existe atualmente um movimento de proporções mun­diais preparando esse caminho por intermédio da misti­ficação. As barreiras do ceticismo têm caído e um número

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cada vez maior de pessoas aderem às crenças místicas. As organizações esotéricas têm arrebanhado um número sempre crescente de novos adeptos, acusando um cresci­mento sem precedentes.

No movimento Nova Era os responsáveis pela difusão de tanto misticismo são denominados bruxos ou magos. E, se até algum tempo atrás, ser chamado de bruxo era ofensa, hoje já não o é. Todo aquele que lida com o mís­tico, seja qual for a linha, é denominado bruxo, mago, ilu­minado, etc.

Essas pessoas são consideradas seres mais evoluídos, se comparados aos seres considerados normais. Esses se­res paranormais seriam dotados de poderes especiais, al­cançados través do processo evolutivo. Qualquer pessoa pode alcançar esse estágio, dizem, desde que se dedique a exercícios constantes de meditação transcendental.

Em meio a todo este movimento místico, com um sem número de tendências, é possível, no entanto, distinguir duas linhas básicas, de onde procedem diversas ramifi­cações.

A primeira linha é a adivinhatória, onde os bruxos limitam-se à adivinhação através de diversos recursos. E essa linha inclui jogos como o tarot, as runas, os búzios; a astrologia, que procura prever o futuro das pessoas atra­vés do movimento do astros; a informática, usada para se fazer mapa astral por computador, análise de caligrafia para prever o futuro; a quiromancia, que é a adivinhação pela leitura das linhas das mãos; e demais práticas afins.

A outra linha é a ritualista, onde os bruxos, além das adivinhações, dedicam-se a algum tipo de ritual “bruxólico”. Nessa linha encontram-se o xamanismo, que está funda­mentado nos rituais dos pajés indígenas; a bruxaria tra­dicional européia, onde os rituais resgatam as práticas re­alizadas pelas bruxas medievais e pelos druidas celtas, incluindo rituais como o sabbat (missa negra), por exem­plo; e o esoterismo oriental, onde buscam o desenvolvi­mento através de práticas como a yoga, com exercícios de meditação transcendental, e o tranta, que é realizado através da prática sexual ritualística.

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Nesses ramos da linha ritualista encontramos o resgate de muitos princípios do antigo Egito, como o uso da pirâmide para energização, crentes de que seja fonte de grande energia.

Encontramos aí também a prática de projeção astral, exercício que permite ao bruxo abandonar o seu corpo dormindo, enquanto o seu espírito se desloca para um ou­tro lugar. E o que descreve a revista Planeta:

“Até uns poucos anos atrás chamava-se a peculiar experiência de estar fora do corpo de “projeção astral”, mas ultimamente ela tem sido denominada “experiên­cia extracorpórea”. A viagem astral consiste, essencial­mente, na projeção do corpo interior ou personalidade do corpo físico, geralmente durante o sono, mas não exclusivamente. As projeções astrais acontecem na vi­gília e costumam ser chamadas de “deslocamentos mo­mentâneos”...

“Nesse fenômeno, a pessoa viaja cobrindo distâncias diversas, desde o teto de seu quarto até o outro lado do continente, e permanece ligada ao corpo físico por um fio prateado que nem sempre lhe é visível...

“Os habituais efeitos físicos e emocionais da pro­jeção astral são os seguintes:

“• Sensação de extremo cansaço ao despertar, mesmo que a pessoa tenha dormido por muitas horas.

“• No final de cada projeção astral, sensação de queda de grande altura, de estar girando em direção ao solo, geralmente acompanhada pelo medo de cair. Isso representa apenas a reação física à desaceleração de vibrações, que se dá à medida que o eu interior retoma ao invólucro físico, restabelecendo a ligação com ele.

“• A nítida lembrança de ter atravessado muros aparentemente sólidos ou de ter visto de cima o pró­prio corpo, geralmente no início da viagem. Sensações de estar flutuando para fora do corpo, primeiro deva­gar, elevando-se até o teto do quarto, depois ganhando velocidade, às vezes fulminante, deslocando-se rapida-

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mente pela paisagem; observação, ao mesmo tempo, dos marcos físicos em volta e, às vezes, sensações de conforto ou desconforto devidas à temperatura, tais como calafrios, umidade ou calor. Ocasionalmente, ob­servação de um fio prateado atrás de si, que tomava a se enrolar por ocasião do regresso.

“• Ao fim da viagem ou no local de destino, ob­servação de pessoas ou cenas, geralmente com inca­pacidade de estabelecer contato através da fala. Há registros de contatos visuais.

“• Posse plena das faculdades de raciocínio durante o sonho.”31

No caso dos bruxos, a prática de projeção astral é sem­pre voluntária e controlada, ou seja, desenvolveram a ca­pacidade de sair do corpo no momento que desejarem ir a algum lugar.

Durante o Festival da Magia, em Florianópolis, SC, em agosto de 1991, eu estava com um grupo de irmãos fazendo evangelização, e encontramos um casal que afir­mava ter-se conhecido durante uma viagem astral. Con­taram que, enquanto faziam a projeção astral, cruzaram pelo mesmo caminho, pararam para conversar e marca­ram um encontro para quando estivessem novamente no próprio coipo.

Esse assunto tem sido levado muito a sério, inclusive pela ciência. Já existem centros mundiais de pesquisas so­bre o assunto, como, por exemplo, o Instituto Internacio­nal de Projeciologia do Rio de Janeiro, dirigido pelo Dr. Waldo Vieira, membro da Society for Psychical Research, de Londres, e da American Society for Psychical Research, de Nova Iorque. O Dr. Waldo Vieira escreveu um livro intitulado Projeciologia, um volume de mais de 900 páginas, tratanto da projeção astral.

Certa vez, quando terminei uma palestra sobre a Nova Era, uma jovem me procurou para contar-me uma expe­riência que teve com projeção astral.

Na escola onde estudava, havia um rapaz que praticava a projeção astral. Esse rapaz estava bastante envolvido com

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misticismo, mas nem por isso ela lhe deu crédito; achava tal prática impossível.

Então o rapaz a desafiou: pediu-lhe seu endereço, e que, antes de dormir, deixasse, em lugar visível em seu quarto, um papel em branco com uma caneta ao lado. Ele a visitaria durante a noite e deixaria uma mensagem es­crita no papel. Ela aceitou o desafio e fez o que o rapaz havia pedido. No dia seguinte, no entanto, o papel estava em branco.

A moça foi para a escola pronta para zombar do rapaz. Quando se encontrou com ele, perguntou, em tom de zom­baria, por que ele não havia ido; ele respondeu-lhe aspe­ramente que tinha ido, mas que ela não havia lhe contado que era filha de pastor, pois ao chegar ao portão da casa um grande anjo o barrou e disse-lhe que na casa do pastor ele não entraria.

Se achamos que essas coisas são fantásticas demais para merecer crédito, convém recordar que os bruxos de Faraó fizeram suas varas transformarem-se em serpentes através dos seus encantamentos (Êx 7.8-12), e que o pró­prio Jesus nos advertiu que surgiriam nos últimos dias fal­sos cristos e falsos profetas fazendo grandes sinais e pro­dígios que enganariam, se possível, até os escolhidos (Mt 24.24).

Ora, não afirmam eles que esses bruxos são seres mais desenvolvidos em suas capacidades crísticas? Não afirmam serem eles os profetas de uma nova era? Falsos cristos e falsos profetas. Exatamente como Jesus profetizou, alertando-nos: “Vede que vo-lo tenho predito”. (Mt 24.25.)

Não temos desculpas para nos envolver com tais prá­ticas, e nem corremos o risco de ser enganados se formos obedientes à Palavra de Deus.

“Quando uma alma se virar para os adivinhadores e encantadores, para se prostituir após deles, eu porei a minha face contra aquela alma, e a extirparei do meio do seu povo. Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus.” (Lv 20.6,7 — Rev. e Cor.)

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Esse texto faz uma severa advertência sobre a linha adivinhatória (adivinhadores) e a ritualista (encantadores), deixando bem clara a sentença que pesa sobre aqueles que se envolverem com tais práticas.

2. PECULIARIDADES DA NOVA ERA

Os Símbolos

Os seguidores da Nova Era utilizam-se muito cie sim­bolismo. Isso se deve ao seu extremo misticismo. E muito grande o número de figuras simbólicas que utilizam, mas cada segmento adota apenas aquelas que atendem às suas necessidades. Algumas dessas figuras, no entanto, são co­muns a praticamente todos eles.

Muito embora não tenhamos encontrado uma biblio­grafia específica quanto à simbologia, realizamos uma pes­quisa junto aos próprios esotéricos que vendem objetos com os símbolos aqui apresentados, com seus respectivos significados.

1) Arco-Íris. É a manifes­tação da luz divina com sua multicoloração, uma espécie de ponte simbolizando a união entre terra e céu, en­tre os seres terrenos e extra- terrenos numa nova era.

2) Borboleta. Simboliza o aquariano que saiu das tre­vas do casulo de Peixes para a dimensão celestial de Aqu­ário. Pode também significar o próprio movimento Nova Era, tendo o mesmo sentido de libertação do casulo das trevas da Era de Peixes.

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3) Yin-Yang. An­tigo símbolo orien­tal que representa o negativo-positivo. Simboliza o equilí­brio das energias cósmicas divinas com seus dois pólos opostos.

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5) Urano. É o pla­neta que rege a Era de Aquário, segundo os astrólogos. Simbo­liza a harmonia e o equilíbrio.

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4) Fita entrela­çada. Simboliza a in­terdependência glo­bal com a unificação de todos os setores. Foi utilizada por Ma­rilyn Ferguson em seu livro A Conspi­ração Aquariana, em 1980.

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6) Pirâmide. Utili­zada como captadora de energia cósmica.

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8) Estrela de Davi. Simbo­liza os ciclos divinos de invo- lução-evolução. O triângulo que aponta para baixo demons­tra a involução da energia di­vina descendo às formas gro­tescas, e o triângulo que a- ponta para cima demonstra es­sas formas tomando o caminho evolutivo para retomarem o seu estado divino.

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7) Pentagrama. De cabeça para cima simboliza o Ser Cós­mico Divino em sua plenitude, o Todo Divino, o Absoluto. O' triângulo superior com um olho ao centro significa o ser superior a todos na cadeia hie­rárquica, onde encontramos presente o Fator Lúcifer. Acre­ditam que o pentagrama é um potente emanador de bons flui­dos. Já de cabeça para baixo, toma-se emanador de maus fluidos.

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O verdadeiro significado desse símbolo para os judeus, no entanto, é o da plenitude de Deus para o homem e a plenitude do homem para Deus no trono de Davi, ou seja, a reconciliação redentora entre o homem e Deus através do Filho de Davi.

9) Pomba com ramo. Simboliza a luta dos aquarianos pela paz e a espe­rança de que as á- guas de Peixes se se­quem dando lugar à nova era.

Termos Peculiares

1) Para designar o movimento. Nova Era (New Age) Conspiração Aquariana Era de Aquário ou Aquárius Nova Ordem Mundial Nova Ordem Internacional Nova Consciência

10) Símbolo da Paz. Embora não es­teja sendo utilizado por todos os segmen­tos do movimento Nova Era, muitos místicos o utilizam.

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2) Para expressar a unificação entre os homens.Interdependência Fraternidade Universal Família Global Cidadão do Mundo Holístico (que quer dizer global)Colônia GlobalParadigma (que quer dizer padronizaçãoi

3) Que descrevem o relacionamento do homem com espíritos.Channeling (que quer dizer “canalização”)CanalNível de Consciência Superior

4) Referentes ao planeta Terra.Mãe Terra Nave Terra Mãe d’Âgua Mãe Gaia

5) Para descrever o relacionamento do homem com a natureza.Consciência Ecológica

6) Espíritos com quem estabelecem contato.Mestres Cósmicos Mestres Universais Extraterrestres ou ETS Espíritos Cósmicos

7) Para designar Deus.Eu Maior AbsolutoGrande Mente Universal A Força

8) Líder mundial que governará na Nova Era.Avatar O Ungido

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Instrutor do Mundo Senhor Maitreya Saint Germain

9) Aqueles que trabalham em prol da Nova Era, atra­vés de contatos com espíritos cósmicos, realizan­do algum tipo de sinal.BruxosMagosSensitivosParanormaisMédiuns da Nova Era

Essa alistagem dos símbolos e termos peculiares da Nova Era não é para que ergamos uma placa de “Temporada de Caça aos Aquarianos”. Devemos ter muito cuidado para não classificarmos como aquariana uma pessoa ou instituição que use um desses símbolos ou termos. O importante é que, conhecendo-os, este­jamos aptos a reconhecer e rejeitar mensagens que venham acompanhadas por algum deles.

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PARTE III

ÂTUAÇÀO E PROPAGAÇÃO0 0 MOVIMENTO NOVA ERA

Não há dúvida de que estamos vivendo sérios momen­tos de transformação histórica em nosso planeta. Uma grande revolução social está modificando os padrões de comportamento humano em todos os setores da socie­dade.

Ao analisarmos essas transformações, choca-nos con­cluir que elas correspondem aos objetivos propostos pela ideologia da Nova Era. E, como já vimos, tudo se encaixa no que a Bíblia traça para os últimos dias. Nem é neces­sário denunciar que adeptos da Nova Era estão por trás de grande parte dessas transformações — eles mesmos já o declararam. Através do movimento que Marilyn Fer- guson chamou de “Conspiração Aquariana”, estão agindo com firmeza para alcançarem seus objetivos, como ela mesma declara em seu livro que leva esse mesmo nome.

“Uma rede poderosa, embora sem liderança, está trabalhando no sentido de provocar uma mudança ra­dical no mundo. Seus membros romperam com alguns elementos-chave do pensamento ocidental, e até mes­

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mo podem ter rompido com a continuidade da Histó­ria...

“Há Conspiradores Aquarianos de todos os níveis de renda e educação, dos mais humildes aos mais po­derosos. São professores, auxiliares de escritório, cien­tistas famosos, funcionários do governo e legisladores, artistas e milionários, motoristas de táxi e celebrida­des, expoentes da medicina, da educação, do direito e da psicologia. Muitos são conhecidos em suas áreas de trabalho, e seus nomes podem ser familiares. Ou­tros se mantêm em silêncio quanto a seu envolvimento, acreditando que possam ser mais eficazes se não fo­rem identificados com idéias que, com demasiada freqüência, têm sido mal interpretadas.”1

Infelizmente, não são apenas os conspiradores que têm colaborado para a instauração da Nova Era. Em todas as áreas da sociedade vêm-se desenvolvendo tendências que apontam para a mesma direção dos seus objetivos. Deve-se isso ao fato de ser ela, antes de mais nada, uma conspiração no mundo espiritual, dirigida pelo anjo rebelde (Satanás). Por isso, muita coisa tem acontecido de forma a colaborar com os objetivos do movimento, mesrrvo sem estar necessariamente ligado à Conspiração Aquariana.

1. NA POLÍTICA MUNDIAL

Ao enfocarmos o cenário político mundial, tenhamos em mente que o movimento Nova Era visa à unificação mundial, que criará as condições para a ascensão do ava- tar aquariano. É como esclarece Marilyn Ferguson ao tra­tar dos objetivos da Conspiração Aquariana.

“Victor Hugo profetizou que no século XX as guerras acabariam, as fronteiras desapareceriam, o dogma morreria — e o homem viveria. “Ele possuirá alguma coisa mais elevada do que essas — um grande país, toda a terra... e uma grande esperança, todo o céu.

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“Hoje em dia há milhões de habitantes desse grande país, toda a terra. Nos seus corações e nas suas men­tes, guerras, fronteiras e dogmas já não existem. E eles têm aquela grande esperança de que Hugo falou.”2

Hoje estamos presenciando mudanças radicais no quadro político mundial que estão levando o nosso mun­do exatamente na direção dessa unificação. A unificação de mercados comuns como o da Europa e o do Cone Sul, indica a tendência de uma economia mundial unificada com moeda única. O fim oficial do regime de Apartheid, na Africa do Sul, começa a derrubar uma grande barreira de separação racial. A Perestroika e a Glasnost causaram a falência do comunismo e a frustração do estalinismo, leninismo e marxismo. Essa reviravolta no comunismo, por sua vez, foi marcada por acontecimentos como a queda do Muro de Berlim e a unificação alemã; o frus­trado golpe de estado comunista na URSS, que num úl­timo suspiro desesperado de sobrevivência acabou tendo efeito contrário, com o fortalecimento do apoio às refor­mas de abertura no imperialismo de Fidel Castro.

Com a revolução russa o mundo já não mais se divide em dois grandes blocos — comunista e capitalista — mas caminha a passos largos para a integração em seus diver­sos setores.

Com isso os EUA acabaram erguendo-se como a gran­de potência mundial. Suas ações, por sua vez, têm tido grande importância para a queda de ditaduras, o que co­labora cada dia mais para a pretendida unificação mun­dial. Todas as intervenções norte-americanas (Granada, Panamá, Golfo Pérsico, etc.) estão criando uma Nova Or­dem Mundial, que pode não ser a que o presidente George Bush pretende. Os EUA poderão ser traídos pela própria crise econômica que vivem atualmente. Enquanto as intenções norte-americanas estão voltadas para o esta­belecimento de uma nova ordem imperialista, podem es­tar plantando em campo alheio, onde outros colherão. Até mesmo porque a própria expressão usada por George Bush — Nova Ordem Mundial — não lhe pertence; é um

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termo que a Nova Era utiliza para referir-se à unificação mundial, expressão encontrada em livros do movimento já no princípio dos anos 80. Ou o presidente está traba­lhando consciente dos objetivos do movimento Nova Era ou será traído por suas intenções.

Outro fator importante a ser considerado é o fortale­cimento da ONU. Após a Guerra no Golfo Pérsico, a ONU tem demonstrado um pulso bem mais firme nas questões políticas mundiais, o que não possuía antes. lem os de res­saltar que na ONU existem importantes adeptos da Fé Bahá’í — segmento do movimento Nova Era que trabalha pela unificação mundial em todos os seus aspectos. Desde 1970 a Comunidade Bahá’í é membro consultivo do Con­selho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.3

O processo de unificação tem caminhado rapidamen­te. Já em 1977, em assembléia mundial realizada na Áus­tria, foi adotado o anteprojeto da Constituição da Fede­ração do Planeta Terra. Em maio de 1991, em TYóia, Por­tugal, foram aprovadas emendas para essa constituição e atualmente ela está circulando entre as lideranças mun­diais para retificações.

Essa Constituição da Federação do Planeta Terra de­verá ser a carta magna do mundo unificado. Ela já traz em si o diagrama do Governo Mundial4 e determina que esse governo seja dirigido por uma Procuradoria Geral Mundial e por uma Comissão de Procuradores Mundiais Regionais. A Procuradoria Geral Mundial será composta de cinco membros, um dos quais será nomeado como Procurador Geral Mundial e cada um dos outros quatro será nomeado como Procurador Geral Mundial Asso­ciado,5 Em outras palavras, esse documento testifica as profecias bíblicas sobre um governo mundial, dirigido por um grande líder mundial, que a Bíblia diz ser o anticristo (Ap 13.3).

Essa constituição também estabelece a criação da Po­lícia Mundial, um órgão responsável pela apreensão e pri­são dos violadores das leis e da legislação mundial.6 Isso vem confirmar as profecias bíblicas de perseguição aos

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santos por um governo mundial controlador (Ap 13.7,8).Temos de admitir que tudo isto não está sendo arti­

culado apenas por intervenção humana. Há todo um mundo espiritual agindo por trás desses acontecimentos. É humanamente impossível mover o mundo inteiro para uma mesma direção, como está acontecendo. Os próprios adeptos da Nova Era admitem isso, e explicam que há um governo secreto, liderado por extraterrestres, que está co­mandando todas as transformações. Mas nós sabemos qual é a verdadeira natureza desses extraterrestres e quais os seus objetivos.

2. ATRAVÉS DA CIÊNCIA

Alem de haver muitos cientistas adeptos do movimento Nova Era, o próprio curso do desenvolvimento científico virá naturalmente a colaborar com a Conspiração Aquariana. A tecnologia avançada de nossos dias tem papel fundamental no exercício de um governo mundial único e controlador.

Prova disso é a própria palavra cibernética, uma ma­téria na ciência que, à primeira vista, parece nova, mas que já é discutida desde Platão.

Cibernética é uma palavra grega que, no princípio, sig­nificava o conhecimento técnico de pilotagem que per­mitia ao piloto conduzir adequadamente a sua embarcação.

Platão enriqueceu o seu significado, empregando ci­bernética no sentido de reger, não só o rumo dos barcos, mas o destino dos homens numa sociedade; assim, o seu significado passou a ser: a arte de governar.

“A cibernética salva dos maiores perigos não ape­nas as almas, mas também os corpos e os bens.” (Platão.)

Jocelyn Bennaton nos conta que, em meados dos anos 40, o matemático norte-americano Norbert Wiener resol­veu se servir da palavra cibernética para designar “o do­mínio da teoria da comunicação e do controle, seja na máquina ou no animal”.7

Com isso em vista, a ciência moderna tem trabalhado

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para desenvolver sistemas capazes de uma interligação mun­dial da rede de computadores, o que permitirá o controle total de informações por um governo mundial, ou seja, um governo mundial “cibernético”.

A revista Isto é/Senhor, de 6 de dezembro de 1989, traz um artigo a esse respeito.

“Apenas um toque apocalíptico para os que pen­sam na Era de Aquário como sendo flores, harmonia, paz e compreensão. A rede mundial de computadores dobra a cada três anos, o que significa que até o ano 2000 toda a rede de informática e telecomunicações poderá se interligar criando uma “consciência tecno­lógica”, uma inteligência artificial criada pelo homem, como o computador super-inteligente do filme “2001— Uma Odisséia no Espaço”. Grandes companhias de informática de todo o mundo já têm colocado cientis­tas para estudai' o que esse acontecimento inédito pode provocar”8

Essa rede mundial permite que, através de computa­dores, informações sejam trocadas em qualquer lugar do mundo. Se eu estiver no Brasil e precisar de informações que estejam registradas num computador na Austrália, bas­tará requisitar, através da rede de computadores, como se fosse um simples telefonema, e imediatamente estarei re­cebendo, em meu computador, as informações requisita­das. Documentos, incluindo fotografias, já podem ser as­sim transmitidos e recebidos através de fax simile.

Uma maneira bastante fácil de criar um controle mun­dial, que seria ter o cidadão e todas as informações a seu respeito controladas, é o sistema do código de barras; é um sistema eficiente, que permite acesso a todas as infor­mações sobre determinado produto. E real a possibilidade de cada cidadão do mundo possuir gravado em sua testa ou mão direita um código de barras, o que daria acesso a todos os seus dados pessoais. Essa gravação fica invi­sível, só podendo ser lida por um pequeno aparelho cha­mado “leitor ótico”, que passa ao computador de consulta as informações desejadas.

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Exemplificando, um japonês que sofresse um acidente no México poderia ser eficientemente atendido, pois bas­taria que o médico mexicano entrasse em contato com o computador japonês, através da rede mundial de com­putadores, para obter a ficha completa do paciente.

Espera-se também que, num futuro próximo, com a unificação monetária, haja um sistema que dispense a mo­eda corrente, pois todo o movimento financeiro de uma pessoa poderia ser conhecido pelo código de barras. As­sim, tudo que recebesse entraria automaticamente na sua conta e todo o pagamento que efetuasse seria debitado, também automaticamente, de sua conta, como se o indi­víduo usasse somente um tipo de cartão magnético ban­cário, válido em qualquer lugar do mundo.

Se todo o sistema de mercado funcionar assim, quem não tiver um código pessoal não poderá comprar e nem vender nada, tal qual o apóstolo João profetizou em Apo­calipse (Ap 13.16,17).

Não estamos com isso afirmando que o código de bar­ras será a marca da besta, mas apenas demonstrando que já existe tecnologia para se criar um sistema onde o in­divíduo que não fizer parte desse sistema não poderá so­breviver. Seja qual for o sistema usado pelo governo do anticristo, os avanços tecnológicos dão indícios de que já é possível um controle absoluto por um governo mundial.

3. NAS ENTIDADES EDUCACIONAIS

A educação tem sido uma arma poderosa nas mãos dos aquarianos. Eles têm disseminado os seus pensamen­tos em larga escala nas universidades, oferecido cursos em empresas e aplicado técnicas de relaxamento com crian­ças e adolescentes nas escolas públicas e particulares. Já criaram universidades que chamam de Universidades Ho- lísticas, onde desenvolvem planos e estudos que promo­vam meios para alcançarem seus objetivos.

Uma dessas universidades foi construída^em Brasília, com recursos do próprio Distrito Federal. E a Universi-

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dade da Paz, presidida atualmente pelo Dr. Pierre Weil. E não apenas a universidade, mas, desde 1987,y está sendo construída na região do planalto central a cidade chamada Alvorada — Cidade da Paz. O objetivo é que essa cidade seja uma das futuras capitais do mundo uni­ficado. Segundo os místicos, Brasília foi escolhida devido à grande força espiritual que existe na região.

Durante o II Congresso Holístico Internacional, ocor­rido em julho de 1991, em Belo Horizonte, MG, vários membros dessas universidades holísticas e profissionais da área de educação reuniram-se para discutir como a edu­cação poderia ser utilizada como veículo de transformação social de forma mais eficiente, dentro dos objetivos da ho- lística.

A primeira proposta, muito bem aceita por todos, in­clusive pelos representantes da UNESCO ali presentes, foi trazida pelo psiquiatra chileno Cláudio Naranjo. Naranjo propôs que se incluísse no programa oficial de matérias curriculares nas escolas de todo o mundo o “Laboratório de Religião”.

No programa constariam exercícios de relaxamento e meditação transcendental, com práticas de visualização em estado alpha. O objetivo seria o de promover a busca in­dividual de sua própria espiritualidade pelo aluno, desprendendo-se dos dogmas tradicionais herdados por ele.

Segundo Naranjo, isso promoveria a criatividade atra­vés da expansão dos níveis de consciência.

O “Laboratório de Religião” deverá constar do currí­culo escolar desde o primeiro ano de estudo da criança, na idade de seis anos, segundo esperam.

A segunda proposta veio do psiquiatra brasileiro José Ângelo Gaiarsa. Gaiarsa defendeu a tese de que as mães falharam na sua missão educadora e que por essa razão o mundo se encontra em estado caótico. Segundo ele, a solução seria a criação da “escola de mães”. Aos seis anos, alegou, a personalidade já está formada. Logo, toma-se necessário um programa que atinja o indivíduo durante o período de formação de sua personalidade.

Com a "escola de mães”, mulheres seriam capacitadas

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para educar crianças nesse período de formação de per­sonalidade. Essas mulheres não precisarão ser necessaria­mente as progenitoras das crianças, pois, segundo a pro­posta, mãe deverá ser uma profissão remunerada. Assim, nas comunidades haveriam profissionais na educação das crianças, previamente preparadasem escolas especializadas.

Embora a proposta de José Ângelo Gaiarsa pareça um sonho maluco de sociedade do futuro, a proposta de Cláu­dio Naranjo já está a um passo da realidade.

Oficiosamente as técnicas de relaxamento e visualização já têm sido amplamente aplicadas em diversas escolas do mundo. Viajando por todo o Brasil a serviço do ministé­rio, tenho passado em vários lugares onde estudantes têm praticado exercícios de meditação nas salas de aula.

Atualmente uma idéia que tem permeado a educação moderna é a de que o aluno não precisa aprender nada de fora para dentro, mas, sim, de dentro para fora, pois todo o saber está contido nele. E uma idéia que provém do pensamento filosófico do atual movimento Nova Era.

Pierre Weil defende essa prática na educação da se­guinte forma:

“Há evidências suficientes da existência de outros estados de consciência, em que estas outras ordens de realidade podem ser percebidas ou mesmo viven- ciadas de modo direto. Sabemos, por exemplo, que, como no caso de Einstein, grandes intuições quanto às leis que regem o universo “sobrevieram” aos seus autores de repente, quando estavam em outro estado de consciência: o estado de devaneio, em que são pro­duzidas ondas eletroencefalográficas mais lentas (al- pha) e é despertada a criatividade...

“A educação não pode ficar alheia ao surgimento de uma educação “transpessoal”. cujo objetivo é jus­tamente ampliar o campo da consciência até chegar à vivência da consciência cósmica ou transpessoal.

“Dentro desta nova concepção, a educação atual limitou-se a operar apenas dentro de um estado de consciência: o estado de consciência de vigília. A edu­

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cação do futuro será uma cosmo-educação, que levará em conta a possibilidade de ajudar o homem a entrar em estado de superconsciência.”10

Ainda no campo da educação, a Nova Era possui di­versas organizações espalhadas pelo mundo, responsáveis por promover cursos e alistar mais adeptos. As pessoas que participam de cursos desse género dificilmente sabem que estão-se envolvendo com o movimento Nova Era. O que aprendem em tais cursos é na verdade a ideologia aquariana, seus princípios e práticas esotéricas.

Quando essas pessoas tomam conhecimento de alguma das facetas do movimento, ela é facilmente envolvida, pois sua mente e coração já estão preparados. Elas vão sendo envolvidas de forma gradativa.

Um artigo que saiu na revista On Principie, relata:“Existe um a enorme e crescente subcultura da

Nova Era penetrando os estabelecimentos de edu­cação, negócios e publicidade... Ford, Westinghouse e Calvin Klein, são algumas das inúmeras companhias que enviaram funcionários para treinamento. A “Stan- ford Graduate School of Business” oferece um se­minário sobre criatividade nos negócios, incluindo a meditação, entoação de cânticos, trabalho de so­nho, o uso de cartas tarot e discussão sobre o ca­pitalismo da Nova Era.”11

A educação é sem dúvida uma arma poderosa para se iniciar a mente num princípio ideológico. A Teoria da Evolução de Darwin foi ensinada nas escolas, o que aca­bou se tomando um grande problema. Muitos colocaram a Bíblia em descrédito por causa de um ensinamento que nunca saiu do campo da teoria.

Mais rápido que pensamos, nosso maior desafio será com a ideologia da Nova Era; os “tempos difíceis” que Paulo profetizou, onde os homens não darão ouvidos à sã doutrina, mas “cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças” (2 Tfti 3.1; 4.3).

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4. NA RELIGIÃO

Atualmente está havendo um movimento forte no âmbito religioso que vem colaborar diretamente com os objetivos de unificação. É o movimento ecumênico, que tem con­seguido reunir religiosos de todas as tradições.

Esse é o ponto de maior desafio para a unificação. É a religião que mais tem gerado divisões na História. São incontáveis as guerras que se moveram durante toda a exis­tência humana por causa do fator religioso.

Mas, apesar desse imenso desafio, o movimento ecu­mênico tem-se mostrado capaz de superar as dificuldades; grandes barreiras tém caido, e já é realidade atual reuniões entre líderes de diferentes religiões com objetivos ecumê­nicos, como relata Don Bell.

“Barbados gurus, taciturnos mullahs muçulma­nos, budistas carecas, judeus com bonés, adoradores de fogo zoroastros e sikks de turbantes, chegaram nesta sonolenta cidade na encosta da montanha onde São Francisco ensinou ao homem amar o homem. Juntos com os outros 700 representantes das prin­cipais religiões do mundo, eles oraram pela paz mun­dial, num dia pelo qual o Papa João Paulo II pediu que os canhões de guerra guardassem silêncio... O Papa condenou o que ele chamou de “cultura do desprezo", que considera outras culturas primitvas, insignificantes e indígenas... O homem forte da Lí­bia, Coronel Muammar Kadhafi, enviou um represen­tante religioso pessoal... e o patriarca de Moscou en­viou um delegado... Um dos primeiros a chegar foi o Dalai Lama, o líder religioso (e deus vivo) do Ti- bet, que vive em exílio na índia... As várias religiões não devem lutar umas contras as outras, mas coo­perar, ele disse. Mas enquanto o espírito do ecume­nismo parecia prevalecer em Assis, havia também uma nota amarga nos círculos reacionários católicos (es­ses reacionários católicos são pequenos grupos con­servadores que não aceitam o ecumenismo).”12

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Vários ramos do cristianismo têm-se envolvido com o movimento ecumênico. E adotado, inclusive, práticas que vulgarizam o evangelho de Jesus Cristo. Pierre Weil afirma que o responsável por introduzir a Nova Era no cristia­nismo é o Papa João Paulo II.13 Mas o raio de ação de João Paulo II se limita ao catolicismo. O que não significa que não hajam representações dentro das linhas protes­tantes. Atualmente estamos assistindo à introdução de prin­cípios absurdos dentro da igreja evangélica, que são com­pletamente antibíblicos, mas harmoniosamente acordes com os princípios ideológicos da Nova Era. A consagração de homossexuais para o ministério em igrejas protestantes, o ensino do sexo livre e a desvalorização da virgindade, são exemplos atuais do que tem acontecido.

Há casos isolados, como o do bispo John Spong, da Igreja Episcopal nos Estados Unidos, que além de orde­nar um homossexual para o ministério, escreveu um livro onde afirma que a Bíblia é apenas uma série de figuras e que, por isso, não podemos considerar fato real nenhuma das histórias nela escritas. Suas declarações nesse seu li­vro intitulado Resgatando a Bíblia do Fundamentalismo, chegam a ser sacrílegas.

Spong, porém, não está sozinho em suas profanações. Timbém nos EUA criou-se uma comissão na Igreja Pres­biteriana para defender a liberdade sexual e a ordenação de homossexuais na igreja. Chegaram a lançar um relató­rio onde defendem seus pontos de vista:

“A Comissão de Sexualidade Humana, um grupo de dezessete membros, lançou o relatório: Mantendo corpo e alma remidos — sexualidade, espiritualidade e justiça social.

“O documento de 197 páginas descreve a profunda crise da sexualidade na cultura moderna, notando um significante abismo entre os ensinamentos da religião e as práticas sexuais da maioria das pessoas. Segundo o relatório, a igreja deveria, ao invés de tentar deter­minar quem pode dormir com quem, questionar se uma relação é responsável, se há uma dinâmica ge­

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nuinamente mútua, e se existe amor e carinho entre os amantes.

“O documento declara que “todas as pessoas, se­jam hetero ou homossexuais, sejam solteiras ou não, têm direito moral à expressão sexual”. A maturidade e não o casamento deveria determinar quando os ado­lescentes estão prontos para manter relações. Além disso, propõe o grupo, a igreja deveria ordenar pasto­res homossexuais e celebrar cerimônias semelhante ao casamento para pessoas do mesmo sexo.’'14*

A verdadeira Igreja de Jesus Cristo deve estar firme em suas convicções e alerta para não se envolver com a grande Babilônia que se levantará com muitas abominações nos últimos dias (Ap 17.1-6).

“Não vos ponhais em jugo desigual com os incré­dulos; porquanto, que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? ou que comunhão da luz com as trevas?” (2 Co 6.14.)

Isso não significa que devamos deixar de ir a eles para evangelizar e dar testemunho da Luz. Foi o próprio Jesus quem nos enviou como ovelhas para o meio de lobos (Mt 10.16). Que possamos seguir a orientação que o Senhor deu a Jeremias: "... eles se tornarão a ti, mas tu não pas­sarás para eles”. (Jr 15.19.)

5. ATRAVÉS DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Há um slogan publicitário para promover a própria pro­paganda que diz que “a propaganda é a alma do negócio”. Sem dúvida nenhuma a propaganda é uma arma muito poderosa, principalmente nos dias de hoje, em que men­sagens podem ser enviadas para todas as pessoas do mundo, via satélite. Satanás tem-se utilizado largamente da arma publicitária para promover seu plano. O rádio, a televisão, o cinema, a música, os jornais, as revistas, têm sido veí-

‘ Este relatório foi recusado na Assembléia Geral cia Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, ocorrido ein Baltiinorft de 4 a 12 de julho de 1991, por 90% dos seiscentos e dois delegados integrantes.

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calos de mensagens que conquistam o homem sem que ele tome conta disso.

Tem-se tomado cada vez mais comum em nosso dia- a-dia, através dos meios de comunicação, imagens de fi­guras homossexuais simpáticas; histórias de amor onde os adúlteros são as personagens heróicas; rituais místicos e de ocultismo, apresentados como oriundos do “lado do bem”; figuras extraterrestres boas e amigas; ridicularização do sagrado; e a presença de toda a ideologia da Nova Era.

Quem assistiu ao filme ET, de Steven Spilberg, deve-se lembrar do extraterrestre bom, amoroso, simpático e amigo. Um extraterrestre que, durante o filme, toma-se um só com o menino. O menino sentia e fazia tudo como o ET. E, no término, quando o ET volta para o cosmos de onde viera, ele põe o dedo na testa do menino e diz que estaria ali, na mente dele. Quando sobe da terra em direção ao céu, a nave deixa um rastro colorido em forma de meio arco-íris, exatamente igual ao símbolo da Nova Era. O filme transmite uma mensagem de confiança nos extraterrestres. A criança não precisa temer ter um amigo ET, um ser cós­mico.

Outro grande sucesso do cinema, transmissor da men­sagem aquariana, é o filme Star Wars (Guerra nas Estre­las). Nesse filme, George De Lucas sugere haver uma ener­gia cósmica divina chamada a força. E interessante que, ao mesmo tempo em que a força era uma energia boa, ela possuía também o lado negro. Esse suposto deus de Guerra nas Estrelas possuía tanto o positivo quanto o ne­gativo, ou, em outras palavras, era um Yin-Yang.

Vale também lembrar um desenho animado de muito sucesso; He-Man. Traduzindo He-Man (Ele-Homem), po­demos ter o nome o homem, evocando nesse nome o pa­radigma (modelo) do homem da Nova Era — o homem perfeito, o homem-deus. Quando ele grita “eu tenho a força " há uma transformação do homem normal num homem- deus, e ele se tom a o Homem, um ser humano com poderes divinos, que promove (defende) o bem. O de­senho é ainda recheado de bruxarias, ocultismo e seres extraterrestres, alguns, amigos; outros, inimigos.

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Nossas crianças têm recebido uma avalanche de men­sagens desse gênero. E importante que os pais que temem ao Senhor incentivem cada vez mais os seus filhos a aban­donarem a televisão e buscarem brinquedos sadios, para que vivam as suas fantasias infantis sem serem explorados e violentados por Satanás.

Há também uma grande tendência na produção de fil­mes que começam a evitar a violência antes tão explorada. Estão-se apresentando atualmente como filmes poéticos, que pregam a paz e a esperança de um mundo novo, o que acaba tomando difícil distinguir a mensagem que há por trás dessas produções, a menos que conheçamos as doutrinas do movimento Nova Era. Essa é uma forma de divulgação muito sutil.

Participei de uma palestra cujo tema era “Os Meios de Comunicação no Mundo em TVansformação”, promo­vida pelo segmento holístico do movimento Nova Era, para tratar de como os meios de comunicação podem ser um agente eficaz de transformação social e como o movimento pode aproveitá-los melhor. Fiquei admirado quando a atriz Odete Lara falou sobre a maneira sutil de seu trabalho na novela “O Dono do Mundo”, exibida pela Rede Globo. A novela mostra uma sociedade falida, onde o rico cor­rupto é um infeliz insatisfeito com a vida, e a moça pobre, criada dentro dos princípios religiosos, é uma pessoa cheia de rancores e pronta para fazer o mal. Em meio a esse caos social, há uma personagem (vivida por Odete Lara) que é completamente diferente das demais. É uma feliz ecologista que vive em paz consigo mesma e com os ou­tros, e sempre que aparece traz uma breve mensagem, car­regada da ideologia da Nova Era, surgindo como luz numa sociedade obscura e doentia.

O inimigo está usando todos os veículos de comuni­cação de que dispõe, para disseminar tais princípios, sem­pre transmitidos num clima de aprovação. As imagens são um grande incentivo ao “faça igual” e nunca “não faça assim". Toda essa propaganda do imoral, do deixe os ve­lhos padrões, é uma forma eficaz de predispor as pessoas a serem receptivas às doutrinas da Nova Era.

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6. NA MÚSICA

Reservamos um espaço só para tratar da música, dada a grande influência que ela exerce no espírito e até mesmo no físico da pessoa. Vale o que disse o profeta Ezequiel: “...a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados”. (Ez 28.13— Rev. e Cor.) Esse texto refere-se a Lúcifer, o querubim ungido.

Daí podemos facilmente concluir que Satanás possui intimidade milenar com a música e, portanto, conhece muito bem suas técnicas e efeitos. Em sua astúcia ele não deixa de se valer dessa importante arma. O surgimento da mú­sica na história na humanidade se deu através de um ho­mem chamado Jubal, que a Bíblia afirma ter sido o pai de todos os músicos (Gn 4.21). Jubal era descendente de Caim, o que parece sugerir que ele não servia a Deus com a sua música.

Mas foi Deus quem criou a música, assim como criou tudo que é bom. E como é próprio de Satanás deturpar tudo que é bom, ele deturpou a música, e a tem utilizado como arma maléfica. Por isso existem dois tipos de mú­sica: a boa música, provinda de Deus, e a música maléfica, usada por Satanás.

A música usada pela “Conspiração Aquariana" pode ser distinguida em dois tipos. A primeira, chamada música New Age, ou música da Nova Era; e a segunda, a própria música secular.

A Música da Nova Era

A chamada “música da Nova Era” tem estilo específico, um estilo mantra temperado com a mais moderna tecno­logia. Através de sintetizadores e aparatos eletrônicos dos mais modernos, a música New Age pode ser considerada uma versão futurística do estilo mantra.

A palavra mantra, em sânscrito, significa “libertação da mente” {man significa mente e tra, libertação). O lingüista Háj Ross prefere traduzir a palavra mantra por “ferramenta da mente”.15

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Esse significado deve-se à função que os sons dos man- tras têm de alterar e influenciar o estado de consciência do cérebro. Os mantras são sons, palavras ou frases que, emitidos repetidamente, têm o poder de alterar sensivel­mente o estado de consciência.

O mantra é procedente da tradição oriental, que o uti­liza para o relaxamento e meditação.

Quem está introduzindo a música New Age na Amé­rica Latina é a repórter Mima Grzich. Mima viveu alguns anos na Califórnia, onde foi discipulada por teóricos do movimento. Existem atualmente sete ou oito emissoras New Age de rádio em todos os EUA, e as demais emissoras em geral têm um programa nesse estilo. Mima está ten­tando trazer essa música para o Brasil e América Latina, e já tem obtido resultados. Hoje ela comanda programas de rádio em várias partes do Brasil com programação de música New Age.

Ela explica o desenvolvimento desse estilo de música da seguinte forma-.

“Os computadores e sintetizadores trouxeram uma possibilidade enorme de criação de sons, que faziam você se sentir no útero de sua mãe como no espaço sideral. Por outro lado, a melhoria de recursos técni­cos possibilitou um novo tipo de gravação de instru­mentos acústicos, como violão, piano, flauta. Esses dois aspectos levaram a um tipo de música que é feito para a pessoa que está trabalhando. Atrás de todo músico de New Age existe uma busca; ele pode ser discípulo de Yogananda, de Gurdjieff; pode fazer algum tipo de meditação, ou estar-se iniciando a ter uma visão dife­rente.

“Há também o lado funcional: alguns instrumen­talistas estão trabalhando para terapeutas, não só fa­zendo composições vindas do coração deles como po­etas, mas trabalhando com a música sob uma ótica científica — como Steve Halpem e outros. Eles criam uma música para relaxar, usando inclusive instrumen­tos ultra-sofisticados, que produzem freqüências não

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audíveis ao nosso ouvido, mas capazes de levar a pes­soa a um estado de equilíbrio, de repouso.”16

A música New Age é a única que não passou pelo re­gistro em vinil (disco convencional); foi diretamente gra­vada em CD (compact disc). Isso se deve ao seu objetivo. 0 compact disc é o tipo de gravação ideal para transmitir som puro, livre de ruídos e chiados, necessário para que a música New Age desempenhe sua função de produzir relaxamento e levar à meditação.

É alta a vendagem de discos de música New Age, e só perde para os clássicos, que são os best sellers do com­pact disc.

Mirna Grzich explica essa grande vendagem; é que, quanto mais as pessoas têm acesso à música New Age, mais necessitam dela.17

Música SecularEmbora a música New Age seja o estilo específico do

movimento Nova Era, a música secular também tem dado a sua colaboração. E ambas trabalham juntas no plano espiritual. Mas é preciso deixar claro que isso não signi­fica que haja um trabalho a nível^humano de compactuação entre os dois tipos de música. E muito improvável que tal articulação seja feita nesse nível. Porém, a nível espiritual, Satanás se utiliza de ambas as músicas na luta por lançar seus objetivos.

Na música secular a influência de Satanás vai desde as letras carregadas de pensamentos concordes com a ideo­logia da Nova Era, até os estilos declaradamente satânicos.

Quando falamos de música secular diabólica, pensa­mos logo em grupos de rock “pesado”. Porém, a idéia de adultério e prostituição permeia a grande maioria das mú­sicas românticas. O sexo livre é pregado poeticamente e o homossexualismo é claramente defendido em algumas letras.

Mas o caso mais grave é a penetração da música se­cular na igreja, a começar com as ridículas paródias, onde conteúdo espiritual é colocado em músicas mundanas. Um

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povo que possui o Espírito de Deus para louvar ao Senhor pode ser original, e não precisa recorrer a imitações. Ou­tro fato lastimável são letras evangélicas em ritmos como rock pauleira e lambada — ritmos criados por adoradores e servidores de Satanás.

O objetivo declarado de muitos grupos de rock é a ado­ração satânica. Já em 1966 os Beatles declaravam: “O cris­tianismo passará. Hoje somos mais populares que Jesus.” (John Lennon.) “... nenhum de nós crê em Deus.” (Paul McCartney.) “De qualquer modo, creiam ou não creiam, nós não somos o anticristo, mas somente antipapas e an- ticristos.” (Ringo Star.) É deles a música Yellow Subma­rine, que faz uma alusão à viagem nas drogas, referindo-se ao LSD, que é uma droga de cor amarela. Também é deles a canção The Devils White Album (O Álbum Branco do Diabo). E os grupos que deram continuação ao movimento iniciado pelos Beatles inclinaram-se ainda mais aos pro­pósitos satânicos. Tornaram-se famosos grupos como KISS (Knights in Satan’s Service — Cavaleiros a Serviço de Sa­tanás), QUEEN (que quer dizer rainha, mas na gíria britânica significa homossexual), ACDC {Antichrist, Death to Christ — Anticristo, morte ao Cristo) e um sem número de outros grupos, sem mencionar o uso do backward mas­king, mensagens que podem ser ouvidas rodando-se o disco ao contrário, recurso utilizado por muitos deles, desde os tempos dos Beatles.

Um outro problema quanto à música rock é o ritmo, também chamado beat. Este ritmo foi desenvolvido mate­maticamente de forma a excitar o sistema nervoso. Com a excitação do sistema nervoso, o ouvinte, pode chegar ao delírio e à histeria, dependendo da altura do som.

Em shows de rock o som é elevado a sete decibéis, acima da tolerância do sistema nervoso, o que é feito pro­positadamente. Somado a isso tudo, as músicas contém ultra-sons que ultrapassam 30.000 oscilações por segundo, imperceptíveis ao ouvido humano. Esses ultra-sons esti­mulam a produção no cérebro de uma substância de efeito semelhante ao das drogas.

Esse arranjo satânico causa a princípio sensações boas,

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por serem excitantes; depois, porém, leva à depressão, re­volta e agressividade. Os jovens que passam por essas ex­periências, não conseguem explicar por que apresentam tais desvios de comportamento que os tem levado às dro­gas e à prostituição, no intuito de satisfazer os desejos des­pertados e buscar saída para a depressão e a revolta.

Um dos objetivos de Satanás é que a Era de Aquário ofereça solução para todos os conflitos e ansiedades do homem. Ora, o próprio Satanás destrói os princípios de Deus nos adeptos de música desse tipo, causando conseqüente depressão e ansiedade. Depois ele apresenta uma filosofia que condena o Deus da Era de Peixes “que deixou que tudo isso acontecesse” e, então, propõe a paz e a harmonia através do misticismo e esoterismo de Aquário. Oferece uma música harmoniosa para o homem, que leva ao relaxamento e à libertação das depressões e ansiedades — uma excelente proposta que está conquis­tando cada vez mais pessoas.

7. NA MEDICINA ALTERNATIVA

Através da medicina alternativa o movimento Nova Era tem obtido bons resultados na sua penetração na socie­dade, transmitindo conceitos básicos de seu pensamento. As bases dessa medicina fundamentam-se em conceitos importantes da ideologia da Nova Era, e quem recorre a ela recebe informações “médicas”, mais relacionadas com misticismo do que com ciência.

A medicina alternativa fundamenta seus princípios no conceito de que o homem possui um corpo energético de onde provém todos os problemas físicos, com base na crença de que Deus é uma energia e o homem é parte dessa energia. Para eles, o corpo físico é apenas uma ma­nifestação do corpo energético de que o homem é com­posto.

Afinal, o que vem a ser medicina alternativa? Na re­alidade, medicina alternativa não é patrimônio exclusivo do movimento Nova Era. E toda e qualquer forma de me-

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dicina não aprovada pela medicina convencional, por não haver comprovação científica de sua eficácia. Qualquer prá­tica de curandeirismo é classificada como medicina alter­nativa.

Esse conceito de que o homem possui corpo energé­tico tem invadido todas as linhas que trabalham com me­dicina alternativa. E a avalanche de idéias da Nova Era fez com que o movimento abarcasse, quase que na tota­lidade, as diversas linhas de medicina alternativa existen­tes, e ainda abrisse espaço para a criação de muitas outras.

O conceito de que o homem possui um corpo ener­gético, que também pode ser chamado de corpo emocio­nal, é a base da atual medicina alternativa. Acreditam que o corpo físico é o espelho do corpo emocional e, por isso, todo o problema que se manifesta no corpo físico é mero reflexo de um problema existente no corpo emocional.

Por esta razão, acreditam que através de pensamentos positivos a mente é capaz de operar curas no corpo físico, como explica Louise H. Hay, em seu livro Cure o Seu Corpo.

“Como me sinto feliz ao descobrir as palavras “cau­sas metafísicas". Elas descrevem o poder das palavras e pensamentos que dão origem às experiências. Essa nova consciência me fez compreender a relação entre pensamentos e as diferentes partes do corpo e proble­mas físicos. Aprendi como, inconscientemente, criei as doenças em mim mesma e isso modificou muito a minha vida. Agora podia parar de reclamar, como todo mundo, daquilo que estava errado na minha vida e no meu corpo. Podia agora responsabilizar-me completa­mente pela minha saúde sem reprovações ou senti­mentos de culpa. Comecei a perceber como evitar mo­delos de pensamentos negativos que dessem origem a futuras doenças.”18

Então, quando uma pessoa sofre uma experiência ne­gativa, determinada parte do corpo energético é afetada. Esse pensamento se deve ao fato de crerem que, como a energia divina é luz, e a luz possui as cores, assim nosso corpo energético, que é divino, é formado pelas cores con­

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tidas na luz branca. Eles chamam a essas cores que compõe o corpo energético de chakras.

O corpo energético seria formado de sete chakras, a saber;

• Vermelho — localizado no plexo sacro, refletindo esqueleto, linfa e sistema de eliminação.

• Laranja — localizado no plexo lombar, refletindo reprodução e assimilação.

• Amarelo — localizado no plexo solar, refletindo músculos e sistema digestivo.

• Verde — localizado no plexo cardíaco, refletindo respiração, circulação e sistema imunológico.

• Azul — localizado no plexo cervical, refletindo crescimento e metabolismo.

• índigo — localizado no plexo carotídeo, refletindo sistema endócrino.

• Violeta — localizado no cérebro, refletindo sistema nervoso.

Por isso, dependendo do tipo de problema que a pes­soa sofre, o tratamento é efetuado sobre um chákra.

O tratamento é feito através da energização do chakra afetado, que, por algum motivo, está enfraquecido e cau­sando a enfermidade. O enfraquecimento de um chakra pode ser resultante de problemas emocionais ou falta de contato com elementos da natureza que possuem energias específicas para determinados chakras. Por exemplo, um problema renal pode resultar da falta de contato dos pés com a terra, que energiza o chakra vermelho. Por essa razão, utilizam-se de palmilhas com ímãs nos sapatos, a fim de suprir a falta de contato dos pés com a terra. Tàm- bém a utilização de colchões magnéticos objetiva a ener­gização dos supostos chakras.

Vamos, pois, encontrar diversas terapias em tomo desse trabalho de energização dos chakras do corpo energético, como a terapia com uso de cores, energização através de pirâmides, cristais, o sistema de acupuntura, a medicina homeopata, os Florais de Bach (tratamento através das flores), frases de conteúdo positivo, musicoterapia, massa­gens orientais, e uma infinidade de outras terapias.

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8. NA PSICOLOGIA

No campo da psicologia sempre existiram alguns con­ceitos condizentes com a ideologia do atual movimento Nova Era. Reich, um importante pensador da psicologia, acreditava que tudo que existe no universo é composto de uma mesma energia cósmica, a que ele chamou de or- gônio.19 Encontramos, também, Jung introduzindo con­ceitos filosóficos orientais na psicanálise. Jung trabalhou com uma dimensão transcendente da consciência, pro­curando unir o intelecto à mente intuitiva, considerando a existência de um inconsciente coletivo. Ele também de­senvolveu uma pesquisa procurando provar geneticamente que todo homem possui em si um conjunto de caracte­rísticas psicológicas femininas, ao que chamou de "anima”, e que toda a mulher possui em si um conjunto de carac­terísticas psicológicas masculinas, ao que chamou de "ani- mus”. 0 próprio Jung chegou a admitir que todas as noi­tes conversava, ainda acordado, com um espírito de nome Philemon, que, segundo Jung, possuía uma atmosfera egíp­cia gnóstica.20

Mais recentemente, um psicólogo de nome Stanisiaw Grof trabalhou um pouco mais esses conceitos, dando iní­cio a uma nova linha dentro da psicologia, que é a psi­cologia transpessoal.

A psicologia transpessoal procura trabalhar com a pes­soa em estados alterados de consciência, a fim de levar o indivíduo a transcender os limites de tempo, espaço e individualidade.

A psicóloga Doucy Douek chega a afirmar que essa alteração de estado de consciência é necessária para se atingir a consciência cósmica.

O trabalho de psicologia transpessoal foi desenvolvido, inicialmente, por Grof, com o uso de LSD, para provocar a alteração dos estados de consciência. Posteriormente, abandonou-se o uso de LSD e passou-se a trabalhar com a meditação transcendental, que proporcionou os mes­mos resultados de alteração dos' níveis de consciência.

A alteração de consciência possibilita levar o sujeito

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Atuação e Propagação do M ovimento Nova Era 95

a vivenciar situações do seu passado como se fossem pre­sentes. Alguns terapeutas trabalham inclusive com uma regressão que ultrapassa o ventre materno e leva o paciente a “supostas vidas passadas”. Essa terapia inclui também a prática de visualização, pois o paciente não apenas re­corda as situações, mas as revive — pode sentir cheiro, tocar objetos, ouvir vozes e sons produzidos no local vi­sualizado.

Essa prática é, pois, idêntica às práticas místicas da Nova Era. O fenômeno do channeling, onde o médium, ao invés de receber o espírito, encontra-se com ele em estado alterado de consciência, não tem nenhuma diferença dessa experiência da psicologia transpessoal.

Místicos e parapsicólogos chegam a considerar que as pessoas carregam traumas de seu passado, que ficam im­pressos no corpo emocional, podendo causar problemas psicológicos e até de ordem física.

Essa prática é realizada num estado alterado de cons­ciência, em que o paciente fica em estado hipnótico. Isso, por sua vez, possibilita que o seu inconsciente traga ima­gens já vividas por ele, ou que lhe sejam fantasiosas, ou ainda possibilita a manipulação, por parte do terapeuta, com sugestão de imagens alheias ao inconsciente do pa­ciente.

O objetivo é descobrir uma razão para o problema do paciente, fazendo-o pensar que encontrou uma resposta. Isso gera nele uma certa compensação, embora sem trazer uma solução concreta para o problema.

Dessa forma, muitos daqueles que buscam auxílio psi­cológico, acabam-se envolvendo em experiências mais mís­ticas do que científicas.

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PARTE IV

A IGREJAEOMO' NTO NOVA ERA

Para boa parte da igreja os detalhes do momento his­tórico que vivemos trazem uma sensação de choque. É como se, no íntimo, se dissesse: “E não é que a Bíblia estava certa mesmo?!” O fato é que muitos de nós cremos bem menos no cumprimento das profecias bíblicas do que professamos crer. E a prova disto está na nossa maneira de viver. Mais da metade da população do mundo ainda não ouviu falar de Jesus! Quando nossa crença é super­ficial, vivemos irresponsavelmente, não assumimos com­promissos, negligenciamos nossos deveres e, mesmo diante de realidades incontestáveis, custa-nos acreditar.

Uma das profecias ligadas aos últimos dias diz respeito à igreja. A ascensão e eventual governo do anticristo serão precedidos pela apostasia. A igreja sofrerá perdas. É o que confirma o apóstolo Paulo: “... o Espírito afirma expres­samente que, nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios” (1 TVn 4.1).

Ao mesmo tempo em que Paulo fala de apostasia (2 Ti 22.3), faz também menção de um segundo tipo de igreja

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98 Nova Era

— uma igreja profundamente comprometida com o Senhor Jesus, uma igreja cheia do Espírito Santo de Deus, a ponto de impedir a plena manifestação do anticristo, de atrapa­lhar, de atravancar o caminho do homem do pecado (2 Ti 2.6,7).

Quando Jesus prega seu sermão profético, em Mateus 24, ele também faz referência a dois tipos de igreja dos últimos dias. Jesus diz que “nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se mul­tiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos" (10-12). Naturalmente Jesus não se refere aos que não o amam. Esses não têm amor para se esfriar. Esse quadro apóstata descreve a igreja. Mas, ao mesmo tempo, Jesus fala de uma igreja que será perseguida, que será entregue para ser atormentada; muitos serão mortos, e os que so­breviverem serão odiados por causa do seu nome. Porém, essa igreja perseverará até o fim e ainda pregará o evan­gelho do reino em todo mundo, em testemunho a todas as gentes, e só então virá o fim (9,13,14). Enquanto uma persevera, prega, vive e sofre por Jesus, a outra se escan­daliza, aborrece e trai o Senhor e sua Palavra.

Não podemos, portanto, ignorar esses dois tipos de com­portamento dentro da igreja. Vejamos então como a ide­ologia da Nova Era está penetrando na igreja e abrindo caminho para a apostasia.

1. A IDEOLOGIA DA NOVA ERA NA IGREJA

Somos bastante ingênuos quanto à dimensão do con­flito que está-se travando no mundo espiritual nestes dias. Enquanto achamos que ninguém está preocupado conosco, muitos bruxos jejuam constantemente para a queda de pas­tores e líderes da igreja. Ainda não nos apercebemos de que somos muito mais do que uma pedrinha no sapato de Satanás. A igreja é uma ostensiva muralha no caminho do diabo, e ele não pode derrubá-la com um simples pon­tapé. Temos de levar em conta que o nosso inimigo é muito

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A Igreja e o Movimento Nova Era 99

astuto e um guerreiro de experiência milenar. Ele sabe que se cavar as bases do muro, se minar os pontos estra­tégicos da igreja, poderá obter um resultado catastrófico. E é exatamente aí que ele trabalha. O apóstolo Paulo fala que a apostasia será resultante da entrada de doutrinas demoníacas na igreja (1 TVn 4.1). Doutrinas que aos pou­cos vão-se alastrando, corroendo como células cancerosas no corpo. Doutrinas que se caracterizam pelo afastamento da simplicidade e pureza do evangelho de Jesus Cristo.

Tenho encontrado muitos ministros do evangelho en­volvidos com doutrinas características do movimento Nova Era. Alguns são declaradamente comprometidos com o movimento, mas a grande maioria está ingenuamente en­volvida com ele, por desconhecê-lo.

Outro dia, conversando com um pastor que usa certas práticas duvidosas em seu ministério, procurei alertá-lo so­bre isso. Temos de ter parâmetros para o que realizamos. E nosso aferidor tem de ser a Palavra de Deus. Tfemos de ser fiéis à sã doutrina. Se não há base bíblica, se não vemos na Bíblia exemplos claros, vivos, que nos dêem res­paldo àquilo que desejamos fazer, não podemos fazê-lo.

Há igrejas adotando as mesmas doutrinas e práticas da Nova Era, apenas com um rótulo diferente. Vejamos algumas delas.

O Poder da Mente

Essa doutrina tem penetrado na igreja das mais dife­rentes formas. E a doutrina através da qual o crente é visto como um super-homem que tudo pode. O crente é con­siderado um semi-deus, que tem autoridade sobre todas as coisas, que pode ordenar qualquer coisa e isso acon­tece. Pode ordenar a existência de qualquer coisa, descre­vendo detalhes, que aquilo se materializa. Exatamente como é usado o pensamento positivo da Nova Era. É o evan­gelho da prosperidade, da riqueza, do “tudo posso”. O nome de Jesus é usado como um abra-cadabra; uma palavra má­gica que concretiza o que o pensamento positivo construiu. E o evangelho do bom negócio, onde se aceita Jesus e se torna filho do Rei, com direito ao carro do ano e tudo

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100 Nova Era

o mais, enquanto o irmãozinho do lado que, supostamente, tem menos fé, tem de passar fome para aprender.

Essa doutrina, construída sobre textos fora de contexto, tem levado muitos à frustração. É uma doutrina que agrada a qualquer ouvinte, que enche a igreja; mas produz uma igreja inchada, sem compromisso com o reino de Deus, apenas compromissada com o consumismo. Quando Paulo, por exemplo, afirma: “Ttido posso naquele que me forta­lece”, ele o faz em um contexto de estar satisfeito em toda e qualquer situação, fosse de alegria ou dor, fartura ou fome. Cristo era sua força, seu sustento. Isso é fé, e difere substancialmente de pensamento positivo e poder da mente.

Temos de confiar que quando depositamos um pedido nas mãos do Senhor e vivemos de acordo com a sua Pa­lavra, ele sempre nos atende (Jo 15.7). O Senhor sempre nos abençoa, mesmo quando nos diz não. Se aprender­mos esse princípio, então saberemos o que é, realmente, viver pela fé.

A Regressão TYanspessoal

Infelizmente muitos pastores têm aplicado essa técnica em suas igrejas. Essa prática envolve a alteração dos es­tados de consciência, deixando a pessoa sob hipnose, quando ela fica suscetível a receber qualquer sugestão e assumi-la como verdadeira. E essa sugestão não precisa vir necessariamente por via humana. Quase sempre o que a pessoa recebe vem por via espiritual e demoníaca. A visualização realizada numa regressão nada mais é que a prática do channeling da Nova Era.

As pessoas não crêem que o fenômeno seja de origem demoníaca, porque se recordam, em grande parte, de fa­tos que realmente aconteceram, que podem ser confir­mados por testemunhas. Bem, num centro espírita, quando um demônio se apresenta como sendo o espírito de um morto, ele fala sobre coisas que a família pode testemu­nhar que aconteceram de fato, que são verídicas. Mas, se aquele demônio esteve rondando a vida da pessoa, ele pode utilizar o que testemunhou para enganar posteriormente.

Não estamos com isso combatendo o trabalho de cura

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interior, que muitos pastores desenvolvem. Precisamos é estabelecer uma diferença entre a regressão transpessoal e a cura interior. Se a uma chamamos cura interior, cha­memos a outra — a regressão — de cura anterior.

Podemos dizer que a cura interior é o trabalho pas­toral no trato de traumas, mágoas e problemas afins, que sejam fruto de situações vividas em qualquer época da vida de uma pessoa, e que estão presentes no seu interior. O processo de cura interior não requer nenhum tipo de al­teração no estado de consciência do indivíduo. A pessoa tem consciência da existência da ferida e o Espírito Santo a auxilia nesse processo. E mesmo quando não a tem, é o próprio Espírito que a traz à tona.

Já a regressão traz à tona situações que o sujeito nem mesmo imaginava que pudessem ter alguma ligação com o seu problema; situações anteriores que não vêm à tona sem alterações nos níveis de consciência, o que inviabiliza o trabalho.

Se para o trabalho de cura interior encontramos res­paldo bíblico (Tg 5.16), o mesmo não acontece com o pro­cesso de regressão transpessoal. A Bíblia afirma que “se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5.17). Por isso Paulo diz: “esquecendo-me das coisas que trás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13,14 — Rev. e Cor.)

Desde que uma pessoa abra mão das lembranças amar­gas de seu passado, a experiência do novo nascimento trans­forma a pessoa em nova criatura. Do contrário, nega-se a eficácia da cruz de Cristo; toma-se insuficiente o seu sacrifício; limita-se a redenção a salvar-nos apenas da con­denação futura, da condenação do inferno. Ao aceitarmos a prática da regressão transpessoal, negamos que a con­versão nos leva a uma cruz que possui um sacrifício per­feito e suficiente para nos redimir de nosso passado, pre­sente e futuro.

A regressão transpessoal subentende a ineficácia do sacrifício de Cristo, nega a profecia de Isaías 53, e retira

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102 Nova Era

das costas do indivíduo a responsabilidade de seus atos, já que sugere que a pessoa é vítima de um passado in­consciente.

Projeção AstralTêm sido cada vez mais freqüentes os testemunhos “ma­

ravilhosos” de crentes que vão passear no céu.Arrebatamentos ao céu, ao inferno, viagens em naves

espaciais, em lugares distantes, e tantos outros passeios fantásticos têm extraído muitas glórias e aleluias no meio das igrejas hoje em dia.

Mas qual é a base bíblica para realizar-se excursões turísticas espirituais? Onde vemos, na Bíblia, algum servo de Deus ministrando um arrebatamento a outra pessoa? Muito, pelo contrário, a iniciativa de todo arrebatamento bíblico partiu do Senhor.

Essas experiências místicas são grosseiras imitações da projeção astral feita pelos bruxos da Nova Era. Cria uma igreja deformada, cheia de contradições entre práticas mís­ticas e a Bíblia. Cria uma igreja sem os pés no chão, in­consciente de sua participação e papel no momento his­tórico que vive. Cria uma igreja sem estrutura sólida, sem firmeza na Rocha, estruturada sobre a areia de experiên­cias abstratas, completamente solapada pelo inimigo.

A única maneira de permanecermos firmes em nossa fé é mantermos a Bíblia como a nossa única regra de fé e prática. Não podemos nos esquecer de que a vinda do anticristo é segundo a eficácia de Satanás, com todo po­der, e sinais e prodígios da mentira (2 TS 2.9), e a única maneira de não nos envolvermos e nem sermos engana­dos por tais sinais é estarmos fundamentados na Palavra de Deus. Os que assim não estiverem se afastarão da fé, engrossando as fileiras da igreja apóstata.

2. A POSTURA DA IGREJA FRENTE A NOVA ERA

O maior erro que podemos cometer diante desse mo­vimento é pensar que precisamos descobrir uma nova pos-

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tura para a igreja. Seja diante do movimento Nova Era ou de qualquer filosofia ou regime, a postura da igreja deve permanecer a mesma. Agentes externos não podem deter­minar o comportamento da igreja; seu comportamento deve sempre ser determinado pela Palavra de Deus.

É verdade que a igreja precisa assumir uma postura diante de tudo isso, mas não é uma nova postura. Muito ao contrário, a igreja precisa assumir é a sua antiga pos­tura, a original.

A igreja foi levantada para ser agente do reino de Deus neste mundo. E o que vemos hoje é mais uma organização promotora de lazer do que uma agência do reino do céu. Uma organização a que o indivíduo se associa, ganha uma carteirinha e passa a ter um local para convívio social, com programações visando a agradá-lo e conquistar novos as­sociados. Por isso temos uma igreja flutuante, composta de pessoas que ficam pulando de comunidade a comuni­dade, procurando a que oferece melhor programação.

Theodore O. Wedel contou, certa vez, uma parábola que se aplica muito bem ao que estamos tratando aqui.

“Numa perigosa costa, onde naufrágios são freqüentes, havia, certa vez, um tosco, pequeno posto de salvamento. O prédio não passava de uma cabana, e havia um só barco salva-vidas. Mesmo assim, os mem­bros, poucos e dedicados, mantinham uma vigilância constante sobre o mar e, sem pensar em si mesmos, saíam dia e noite, procurando incansavelmente pelos perdidos. Muitas vidas foram salvas por esse maravilhoso pequeno posto, de modo que acabou ficando famoso. Algumas das pessoas que haviam sido salvas, além de várias outras residentes nos arredores, queriam associar- se ao posto e contribuir com seu tempo, dinheiro e esforço para manter o trabalho de salvamento. Novos barcos foram comprados e nova tripulação treinada. O pequeno posto de salvamento cresceu.

“Alguns membros do posto de salvamento estavam descontentes com o fato de o prédio ser tão tosco e tão parcamente equipado. Achavam que um lugar mais

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104 Nova Era

confortável deveria servir de primeiro refúgio aos náu­fragos salvos. Assim, substituíram as macas de emer­gência por camas e puseram uma mobília melhor no prédio, que foi aumentado. Agora, o posto de salva­mento tornou-se um popular lugar de reunião para seus membros. Deram-lhe uma bela decoração e o mo­biliaram com requinte, pois o usavam como uma es­pécie de clube. Agora, era menor o número de mem­bros interessados em sair ao mar em missão de salvamento. Assim, tripulações de barcos salva-vidas foram contratadas para fazer esse trabalho. O motivo predominante na decoração do clube ainda era o sal­vamento de vidas, e havia um barco salva-vidas litúr- gico na sala em que eram celebradas as cerimônias de admissão ao clube. Por essa época, um grande na­vio naufragou ao largo da costa, e as tripulações con­tratadas trouxeram barcadas de pessoas com frio, mo­lhadas e semi-afogadas. Elas estavam sujas e doentes, e algumas delas eram de pele preta ou amarela. O belo e novo clube tornou-se um caos. Por isso, o comitê responsável pela propriedade imediatamente mandou construir um banheiro do lado de fora do clube, onde as vítimas de naufrágio pudessem se limpar antes de entrar.

“Na reunião seguinte, houve uma cisão entre os membros do clube. A maioria dos membros queria sus­pender as atividades de salvamento por serem desa­gradáveis e atrapalharem a vida social normal do clube. Alguns membros insistiram em que o salvamento de vidas era o propósito primário e chamaram a atenção para o fato de que eles ainda eram chamados “posto de salvamento”. Mas. por fim, estes membros foram derrotados na votação. Foi-lhes dito que, se queriam salvar a vida de todos os vários tipos de pessoas que naufragassem naquelas águas, eles poderiam iniciar seu próprio posto de salvamento mais abaixo, naquela mesma costa. E foi o que fizeram.

“Com o passar dos anos, o novo posto de salva­mento passou pelas mesmas transformações ocorridas

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A Igreja e o Movimento Nova Era 105

no antigo. Acabou tomando-se um clube, e mais um posto de salvamento foi fundado. A história continuou a repetir-se, de modo que, quando se visita aquela costa hoje em dia, encontram-se vários clubes exclusivos ao longo da praia. Naufrágios são freqüentes naquelas águas, mas a maioria das pessoas morre afogada.”1

Creio na igreja que vai oferecer resistência a Satanás nos últimos dias, que vai sofrer pelo nome de Jesus e que vai pregar o evangelho em sua plenitude a todas as gentes; na igreja que não deixará o azeite acabar, mas que estará pronta, sem mancha, sem mácula e sem ruga, para encontrar-se com Jesus Cristo no dia de sua vinda. A igreja na qual a vida sincera de cada um será requisito básico para sua participação nela.

'“Bem-aventurado aquele servo a quem seu Senhor, quando vier, achar fazendo assim.” (Mt 24.46.)

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BIBLIO G RAFIA

PARTE I

1. Artigo Nova Era. Revista Ano Zero n.° 1. Rio de Janeiro, maio de 1991, pág. 44.

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MG, 1991.11. ALMEIDA, Abraão de. Israel, Cogue e o Anticristo. Casa Publi-

cadora das Assembléias de Deus, 8.a edição. Rio de Janeiro, 1989, págs. 71-75.

12. Artigo Hipnose na Pesquisa Ufológica. Revista Planeta Ufologia. Editora TVês. São Paulo, abril de 1982, pág. 19.

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17. TREVISAN, Lauro. Ib. pág. 54.18. Artigo O Novo Ciclo. Estado de Minas. 30 de junho de 1991, pág 8.19. ERGOM. Ib. pág. 39.20. BELL, Don. A Rede Cresce TVadução de Georg G. Smith. Caixa

Postal 1892. CEP 86.001 Londrina, PR, pág. 4.21. TRIGUEIRINHO, José, Netto. MIZ TLI TLAN. Pensamento, 5.a

edição. São Paulo, 1990, pág. 125.22. ERGOM. Ib. pág. 50.23. HUIBERS, Jaap. Aquário. Hemus Editora. São Paulo, 1984, pág. 43.24. HUIBERS, Jaap. Ib. págs. 46-52.25. TREVISAN, Lauro. Ib. pág. 20.26. Artigo O Despertar da Nova Era. Revista Destino. Editora Globo.

Ano II, n.° 21, abril de 1991, pág. 51.27. BELL, Don. Ib. pág. 3.28. Artigo Gods of the New Age Revista Areopagus. Tão Fong Shan

Christian Centra Hong Kong, Christmas, 1990, págs. 42 a 51.29. BLAVATSKY, Helena P. Ib. págs. 262 e 263.30. Artigo O Mago das Plantas. Revista Destino. Editora Globo. Ano

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Sonhos. Editora TVês. São Paulo, n.° 186-B, págs. 54 e 55.

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108 Nova Era

PARTE III

1. FERGUSON, Marilyn. A Conspiração Aquariana. Record, 4.a edição. Rio de Janeiro, págs. 23 e 24.

2. Ib. pág. 411.3. BAHAÍ. Informações prestadas pela sede de Belo Horizonte, em

setembro de 1991.4. Constituição Para a Federação do Planeta Terra. 4 a capa.5. Ib. seção B/l e 2..6. Ib. seção C/l.7. BENNATON, Jocelyn. O que é Cibernética. Brasiliense, 4,a edição.

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Governo do Distrito Federal, Gabinete do Governador, 1987.10. WEIL, P ierre Sementes Para Uma Nova Era. Editora Vozes, 2 a

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Postal 1892. CEP 86.001 Londrina, PR, pág. 1.12. BELL, Don. Ib., págs. 2 e 3.13. WEIL, Pierre. Ib. pág. 166.14. Artigo Fiéis Ttentam Reconciliar Sexo e Religião. O Globo. Rio

de Janeiro, 16 de junho de 1991, pág. 42.15. ROSS, Háj. Palestra. A Linguagem Como Veículo Para a Auto-

TVansformação. II Congresso Holístico Internacional. Belo Horizonte, ju­lho de 1991.

16. Artigo Os Sons da Nova Era Já Estão Aqui. Revista Planeta n.° 184. Editora TVês. São Paulo, janeiro de 1988, pág. 12.

17. Ib. pág. 13.18. HAY, Louise H. Cure o Seu Corpo. Espaço, Vida e Consciência,

3.a edição. São Paulo, pág. 13.19. Artigo Um Herege do Século XX. Revista Ano Zero n.° 3. Rio

de Janeiro, julho de 1991, pág. 71.20. JUNG, Franz. Revista Ano Zero n.° 6. Rio de Janeiro, outubro

de 1991, pág. 38.

PARTE IV

1. CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento Pastoral. São Paulo, Pau­linas; São Leopoldo, RS. Sinodal, 1987, págs. 13 e 14.

Page 105: Nova Era   Marcos André

Era de aquário, regressão a vidas passadas, viagem astrai, estado alfa, poder dos cristais...

VOCÊ SABE 0 QUE SIGNIFICA TUDO ISSO?Esses termos estão ligados ao movimento Nova Era, que vem ganhando notoriedade e influência no mundo inteiro. A TV, o rádio, os jornais, as revistas abrem espaço para a propagação de suas filosofias e ensinamentos. Apresentam inclusive personalidades famosas como porta-vozes da Nova Era.

VOCÊ N À O PODE IGNORAR AS ARTIMANHAS DO DIABO.Até mesmo nas escolas há professores induzindo seus alunos ao ocultismo, meditação transcendental e outras práticas da Nova Era. E, por incrível que pareça, até a igreja evangélica pode sofrer algum tipo de influência desse movimento.

MAS, AFINAL, 0 QUE PRETENDE?Este livro traz uma visão esclarecedora do que é, de onde vem e o que pretende a Nova Era. Mostra como Satanás usa esse movimento para desfruir vidas e direcionar o mundo para o estabelecimento do governo do anticristo.E, principalmente, traz a posição bíblica que vai ajudá-lo a discernir falsos ensinos e firmar-se ainda mais na verdade.

Editora 8® B eíâniaLeitura para uma vida bem-sucedida

Caixa Postal 5010 — 31611 Venda Nova, MG