NOTÍCIAS E COMENTÁRIOS - uc.pt · VARIA DE ARCHAEOLOGIA ... em texto que tive a honra de com ele...
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VARIA DE ARCHAEOLOGIA
Os primeiros anos do 3o milénio revelaram-se férteis em descobertas e iniciativas arqueológicas, de sorte que importa fazermo-nos eco de algumas delas, quiçá mais directamente ligadas à História Antiga, remetendo o leitor mais interessado para uma revista como a Al-madan, órgão do Centro de Arqueologia de Almada, que terá neste ano de 2002 a sua I Ia edição.
Trata-se, na verdade, da única revista actualmente em publicação no panorama editorial português que, para além de um tema central sobre que é pedida a colaboração de especialistas, dá miúda conta do que foi a actividade arqueológica no País no ano em curso.
Religiões da Lusitânia
E, seguramente, o que ficará a marcar o ano de 2002 a nível de História Antiga em Portugal é a exposição levada a efeito no Museu Nacional de Arqueologia, a pretexto de uma comemoração alargada da publicação da obra máxima de José Leite de Vasconcelos, As Religiões da Lusitânia: \ volume, 1897; II, 1905; III, 1913. Recorde-se que, entre 1988 e 1991, a Imprensa Nacional - Casa da Moeda procedeu à reimpressão facsimilada desses verdadeiros monumentos de reflexão histórica, acrescidos de um vol. IV, da autoria de José Manuel Garcia, intitulado Religiões Antigas de Portugal, em que se procurava actualizar toda a informação recolhida por Leite de Vasconcelos.
O tema das religiões foi, como se sabe, no dobrar do milénio (não podia deixar de sê-lo!), um tema na ordem do dia e, por isso, o Dr. Luís Raposo, director do Museu, solicitou ao Dr. José Cardim Ribeiro, director do Museu de S. Miguel de Odrinhas, que apresentasse ao Instituto Português de Museus
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o projecto de uma grande exposição retrospectiva do que se sabia e do que havia relacionado com as manifestações religiosas ao tempo dos Romanos em Portugal.
O desafio surtiu o efeito desejado e só restrições orçamentais impediram que ele visse a luz do dia mais depressa. Em todo o caso, a inauguração fez-se com pompa e circunstância, a 27 de Junho.
E se o espaço pode parecer - e é - exíguo para conter tanto monumento epigráfico que, de todos os cantos do País, ali se logrou fazer afluir (rara foi a peça importante que se não conseguiu trazer), o certo é que a ala nascente do Museu Nacional de Arqueologia se transformou num grande santuário, a merecer visita demorada.
A exposição ainda estará patente pelo menos durante o ano de 2003, mas dela vai ficar, sobretudo, o monumental catálogo, que traz como subtítulo Loquuntur Saxa. Na verdade, especialistas nacionais e internacionais foram convidados a dar, aí, o seu testemunho e a fazer o ponto da situação no âmbito dos campos de investigação em que se têm notabilizado.
Com as suas densas 578 páginas, magnificamente ilustrado, Religiões da Lusitânia - Loquuntur Saxa é mais do que um mero catálogo: é a síntese, um século depois, do muito que, sobre o tema da religiosidade indígena e romana, se tem investigado no território actualmente português.
Magia
Desse catálogo permita-se-me que destaque um aspecto que directamente pode interessar aos leitores de Humanitas pela diversidade de aspectos que abarca.
Trata-se da descoberta, em Alcácer do Sal, de uma pequena placa de chumbo (15,3 x 9,2 x 0,15 cm), datável do séc. II d. C , que contém o que poderemos designar por defixio ou esconjuro. João Carlos Lázaro Faria, o seu descobridor, director do Museu de Alcácer do Sal, deu-a também a conhecer, em texto que tive a honra de com ele preparar, no livro Alcácer do Sal ao Tempo dos Romanos (Edições Colibri / Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Lisboa, 2002, p. 105-111). E no XII Congresso Internacional de Epigrafia Grega e Latina (Barcelona, Setembro de 2002) o achado foi considerado um dos mais relevantes dos últimos anos em Portugal.
Vale a pena transcrever o texto e apresentar sobre ele brevíssimo comentário.
DOMINE MEGARE 1NVICTE TV QVI ATTIDIS CORPVS ACCEPISTI ACC1PIAS COR PVS EIVS QVI MEÃS SARCINAS
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SVPSTVLIT QVI ME COMPILAVIT DE DOMO HISPANI ILLIVS CORPVS TIBI ET ANIMA DO DONO VT MEÃS RES INVENIAT VNC TIBI OSTIA
QVADRIPEDE DONE ATT1S VOVEO SI EAS IVRE INVENERO DOMNE ATTIS TE ROGO PER TVM NOCTVRNVM VT ME QVAM PRIMV COMPOTE FACIAS
A leitura afigura-se clara; o texto, porém, oferece dificuldades de interpretação - sobre que, mesmo ao de leve, nos debruçámos no catálogo atrás referido (p. 259-263), pois que essa é uma das notáveis peças expostas, e para aí remetemos.
Ousamos, apesar de tudo, arriscar, em linguagem corrente, uma interpretação, decerto não a única possível:
Domine Megare invicte! Tu, qui Attidis corpus accepisti, accipias corpus eius qui meãs sarcinas supstulít, qui me compilavit de domo Hispani. Illius corpus tibi et anima do dono ut meãs res inueniat. Hunc tibi ostia quadripede done, Attis, voveo, si eas iure invenero. Domne Attis, te rogo, per tuum Nocturnum, ut me quam primum compote facias!
O Senhora Mégara Invicta! Tu, que recebeste o corpo de Ãtis, digna-te receber o corpo daquele que levou as minhas bagagens, que me roubou da casa de Hispano. Ofereço-te como dádiva o corpo e a alma dele, para que eu encontre os meus haveres. Eu te prometo de presente como vítima este quadrúpede, A tis, se, como é de justiça, eu os encontrar. Rogo-te, ó Senhor Atis, pelo teu Nocturno, que faças com que eu os possua quanto antes.
Estaremos, muito provavelmente, perante o caso de um roubo importante de haveres. Desconhecemos o autor da maldição. Nem se deveria saber. Trata-se, porém, de maldição bem forte, porque se deseja a morte do prevaricador. Para isso se oferece uma vítima, o sacrifício de um animal - e, daí, que não seja tão oculto o lugar donde provém a peça, um santuário: o(a) dedi-cante, para que não restassem dúvidas das suas intenções, fez questão em que elas eternamente constassem na tabeliã, inclusive para que a divindade não arranjasse pretexto para olvidar.
Na cosmopolita Salada, importante entreposto comercial entre o Oriente e o Ocidente, não é de admirar este testemunho de cultos oriundos da
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antiga Frigia. Uma vez que Átis aparece quase sempre associado a Cibele, a Magna Mater, geradora de prosperidade, põe-se a hipótese de ter havido aqui um lapso do lapicida: leu, na minuta, MEGARE onde estaria escrita a palavra grega MEG ALE, «a grande». Contudo, uma referência a Mégara, filha de Creonte, rei de Tebas, que a dera em casamento a Héraclès, também não parece de todo desprovida de senso, uma vez que se regista o achamento de asses que ostentam no anverso o busto do herói grego.
Promete-se, contudo, um quadrúpede sacrificado a Átis - e esse é um vestígio claro do taurobolium ou do criobolium, característicos do culto mis-térico de Cibele.
Praça da Figueira
Para se construir um parque subterrâneo automóvel na Praça da Figueira, em Lisboa, de nada valeram as reclamações dos ecologistas (ali confluem as duas mais importantes ribeiras de Lisboa, a oriental ou de Arroios, e a ocidental ou de Valverde); dos engenheiros (os prédios da Baixa estão assentes sobre estacaria em meio húmido, que só nesse meio pode con-servar-se sem perigo de desmoronamento); e dos arqueólogos, que assim viram destruir-se para sempre a oportunidade única de «lerem» a história multissecular de Olisipo, pois que a praça se localiza fora do perímetro urbano e, conseguintemente, em zona de notável necrópole romana.
Aqui, ao contrário de Foz Côa, a política e a economia falaram mais alto que a história. Mas não se pode deixar de registar uma passagem dum dos muitos testemunhos contrários ao empreendimento que circularam, por exemplo, na internet. Escreveu, pois, José Luís de Matos, técnico que bem conhece a Arqueologia olisiponense, a propósito da construção desse «enorme bunker subterrâneo»:
«Os "buldozers" puseram a descoberto [...] parte de um bairro islâmico dos finais do século XI que tudo indica ter sido habitado por cristãos moçára-bes que se acolhiam à protecção de Santa Justa e Rufina, duas santas sevilhanas patronas de oleiros. [...] A necrópole romana situada em níveis de 7 a 9 metros de profundidade foi só parcialmente escavada nos anos 60 e revelou já a existência de importantes estruturas funerárias, vestígios de mausoléus com estuques pintados, por exemplo. Sob os restos do Hospital de Todos os Santos surgirá agora o que não foi possível escavar então.
Surgiu, sim; mas... emparedou-se!
José d'Encarnação
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FESTIVAL DE TEATRO DE TEMA CLÁSSICO 2002
Este ano o Festival Internacional de Teatro de Tema Clássico, constituído, como em anos anteriores, por duas realizações — o III Festiva! Escolar de Teatro de Tema Clássico e o IV Festival Internacional de Verão de Teatro de Tema Clássico —, movimentou 10 grupos (dois deles comuns aos dois Festivais) que puseram em cena 15 peças, num total de 30 espectáculos.
O "Festival de Teatro Escolar de Tema Clássico", decorreu nos dias 11, 12, 15, 20, 21 e 24 de Abril, 2, 3 de Maio — mas com extensão a 15 e 18 de Maio, para comemorar o Dia da Latinidade e o Dia dos Museus, respectivamente — e teve por palco o Museu Monográfico de Conimbriga; o Museu Machado de Castro, em Coimbra; o Instituto Português da Juventude e o Teatro Viriato, em Viseu; o Museu de Odrinhas, em Sintra; o Pátio Grego da Faculdade de Letras de Lisboa; e no Vaie do Côa (Meda e Vila Nova de Foz Côa):
- Heraclidas de Euripides, pelo "Thíasos do IEC", da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com duas representações: uma em Vila Nova de Foz Côa (21 de Abril, pelas 21 h30) e a outra no Museu de Odrinhas, em Sintra (15 de Maio, pelas 11, 00 horas).
- O Anfitrião de Plauto. Thíasos do IEC, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com cinco representações: Museu Machado de Castro, em Coimbra (II de Abril, pelas 11, 00 horas); Viseu, no Anfiteatro do Instituto da Juventude (12 de Abril, pelas 11, 00 horas), Conimbriga (15 de Abril, pelas 11, 00 horas); Meda (20 de Abril, pelas 21, 30 horas); no Pátio Grego da Faculdade de Letras de Lisboa (15 de Maio, pelas 17, 30 horas).
- As Bodas de Figaro de Mozart, ópera pelo grupo "O Canto e o drama" do Conservatório de Música de Coimbra, com duas representações: Meda (24 de Abril, pelas 21, 30 horas); Conimbriga (18 de Maio, pelas 21, 30 horas).
- Electra de Sófocles. Grupo Calatalifa de Madrid: Museu Machado de Castro, em Coimbra (2 de Maio de 2002, pelas 11.00 horas).
- Lisístrata de Aristófanes. Grupo Calatalifa de Madrid: Museu Machado de Castro, em Coimbra (2 de Maio de 2002, pelas 15.30 horas).
- Electra de Euripides pelo grupo Sardina do l.E.S. Elpiíla, Corunha: Conimbriga (3 de Maio de 2002, pelas 11.00 horas).
- Os Meneemos de Plauto pelo grupo Sardiíla do l.E.S. Elpifia, Corunha: Conimbriga (3 de Maio de 2002, pelas 15.30 horas).
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- O Eunuco de Terêncio, Grupo Calatalifa de Madrid: Viseu, no Teatro Viriato (3 de Maio de 2002, pelas 21.30 horas). Integrado no Festival Juvenil de Teatro, promovido pela Câmara Municipal de Viseu.
O IV Festival Internacional de Verão de Teatro de Tema Clássico, além do seu objectivo primordial de divulgar o teatro, em especial o teatro clássico, teve também por finalidade animar espaços monumentais, como Conimbriga; a Praça 8 de Maio, o Pátio da Universidade e o Museu Machado de Castro, em Coimbra; o antigo Mercado de Viseu; as Termas Romanas de Braga; o Claustro do Mosteiro de Tibães; a Citânia de Sanfins; e várias localidades do Vale do Côa, como Vila Nova de Foz Côa, Castelo de Pinhel, Castelo Rodrigo e Meda:
- Antígona de António Pedro, pelo Teatramus do Colégio de Nossa Senhora da Apresentação de Galvão: em Conimbriga (22 de Julho, pelas 17h30).
- O Anfitrião de Plauto. Thíasos do IEC, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com cinco representações: Museu Machado de Castro, em Coimbra (25 de Junho, pelas 21, 30 horas); Vila Nova de Foz Côa, no parque de Santo António (13 de Julho, pelas 21, 30 horas); Meda, no Centro Cultural (14 de Julho, pelas 21, 30 horas); no Castelo de Pinhel (20 de Julho, pelas 21, 30 horas); Castelo Rodrigo (21 de Julho, pelas 21, 30 horas).
- Ion de Euripides, pelo Grupo Selene do LE.S Carlos III (Madrid), representado em Conimbriga, no dia 29 de Junho, pelas 21h30; e nas Termas Romanas de Braga, no dia 3 de Junho, pelos 21h30.
-A Comédia do Fantasma de Plauto, pelo Grupo Balbo do I.E.S. de Santo Domingo, Puerto de Santa Maria (Cádis), na Praça 8 de Maio, em Coimbra (dia 5 Julho, pelas 2!h30).
-As Coéforas de Euripides, pelo Grupo Balbo do I.E.S. de Santo Domingo, Puerto de Santa Maria (Cádis), com dois espectáculos: Claustro do Cemitério do Mosteiro de Tibães (7 de Julho, pelas 21h30); Museu Machado de Castro, em Coimbra, no 8 de Julho, pelas 21h30 (embora marcada para o Pátio da Universidade de Coimbra, a representação foi para aí transferida devido ao mau tempo).
-As Troianas de Euripides, pelo Grupo Balbo do I.E.S de Santo Domingo de Puerto de Santa Maria (Cádis), nas Termas Romanas em Braga (6 de Julho, pelas 21 h30).
- A Comédia da Marmita de Plauto, pelo Grupo Balbo do I.E.S de Santo Domingo, Puerto de Santa Maria (Cádis): na Citânia de Sanfins, na Sala do Museu, devido à chuva (9 de Julho, pelas 17h30).
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-Lisístrata de Aristófanes. Grupo Calatalifa de Madrid, com três representações: no Auditório Mirita Casimiro, em Viseu, no dia 9 de Julho, pelas 21h30 (embora marcada para o antigo Mercado, a representação foi para aí transferida devido ao mau tempo); no Aparthotel Sottomayor, Figueira da Foz (10 de Julho de 2002, pelas 21h30); Pátio da Universidade de Coimbra (11 de Julho de 2002, pelas21h30).
- Uma Experiência sobre As Mulheres no Parlamento de Aristófanes, pelo Grupo de Teatro da Escola Secundária de Trancoso: em Conimbriga (27 de Julho, pelas 17h30).
O público compareceu em número significativo, com uma assistência total que ronda, ou supera mesmo, as 4700 pessoas (média de 150 por espectáculo). A aposta na descentralização, parece ganha, ao verificar a adesão do público em terras pequenas como Sanfins (Paços de Ferreira), Pinhel, Meda, Tibães.
Um aspecto significativo e de certo alcance cultural reside no facto de o bilhete ser um livro de bolso com o texto integral da peça encenada. Desse modo, no caso do Festival Escolar, enviados às escolas com mês e meio de antecedência, serviram de apoio pedagógico. Nos dois festivais, foram distribuídos, pelo país, mais de 4500 livros com o texto das peças representadas, contribuindo assim de forma significativa para a divulgação dessas obras e para a promoção da leitura.
José Ribeiro Ferreira
XLVIII EDIÇÃO DO FESTIVAL DE TEATRO CLÁSSICO DE MERIDA
(de 11 de Julho a 16 de Agosto de 2002)
Durante mais de um mês, a Emérita Augusta reviveu os tempos romanos de outrora, encheu o seu majestoso teatro com espectáculos dramáticos, de dança, de música, de rara beleza cénica, de verdadeira magia, em noites de luar.
A intemporalidade dos mitos clássicos greco-latinos, assente na perenidade da essência do humano, permite que a eles se recorra, para explicar, através da arte e da literatura, muitos dos problemas da humanidade. Os horrores da guerra, o terrorismo, nos quatro cantos do mundo, esse mundo globalizado que a tudo assiste em directo, pela televisão, inspiraram espectá-
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culos como "Troya, siglo XXI" (dança teatro), e "Édipo XXI" (teatro), verdadeiros manifestos contra a violência.
Foram ainda levadas à cena outras realizações dramáticas: "Pentesilea" (teatro) do alemão Henrich von Kleist, sobre o mito que narra a morte da rainha das Amazonas, dirigida pelo famoso Peter Stein; e "Agripina" (teatro), uma produção da Estremadura espanhola, adaptada, com base nos textos de Tácito, Suetónio, Séneca, Dion Cassio e Juvenal, por Fermín Cabal e dirigida por Eugénio Amaya.
Deslumbrante de cor, de expressividade, de beleza, numa fusão admirável do clássico e do moderno, foi o Ballet da Komische Oper de Berlin, "El suefío de! Minotauro" (dança). Este surge em diversos quadros que, na sua variedade, respeitam uma unidade intrínseca, a da história e da cultura clássicas, nos seus matizes mais diversos: 1. Minotauro 2. Mar 3. Guerra 4. Safo 5. Amor 6. Festas 7. Sátiros e Ninfas 8. Bacanal 9. Desporto 10. Escultura.
A internacionalização dos espectáculos do grandioso teatro romano de Mérida atingiu o seu auge, ao abrir-se à Ásia, com "Medea" (ópera), adaptação de Luo Jin Lin do texto dramático de Euripides para a ópera tradicional chinesa Hebbei Clapper Opera. Esta baseia-se em cantos, diálogos, movimentos corporais e acrobáticos e caracteriza-se pela estilização de movimentos da vida real, do vestuário, da maquilhagem (a maquilhagem facial, os mantos-dragões, o calçado com altas plataformas), que recriam, para o grego, o bárbaro, e oferecem ao espectador moderno o exotismo, a reflexão sobre a universalidade do mundo clássico.
A terminar o Festival, a Orquestra da Ópera Nacional de Sófia, precedida, dias antes, pelo concerto de Maria João Pires com Caio Pagano.
Teatro, música, pintura, além dos espectáculos "Sanando Roma", preencheram o "Festival alternativo y Zona Off, durante este verão, em Mérida.
Paralelamente aos espectáculos no teatro romano, e a servir-lhes de suporte cultural e literário, decorreu, no Museo Nacional de Arte Romana, o "Ciclo Ideas", coordenado pelo Prof. Doutor Santiago López Moreda (Universidad de Extremadura). Ao longo do festival, foram proferidas treze conferências por professores universitários nacionais e estrangeiros. Estas, que coincidiam com os dias dos espectáculos e versavam sempre temas que se prendiam com a temática das representações, abriam os horizontes do conhecimento dos valores da paideia clássica a um público mais vasto e diversificado. Além disso, foram um meio privilegiado de divulgação, nos círculos universitários, da Europa às Américas, de um evento de cultura, de arte e de beleza inexcedíveis.
NOTÍCIAS E COMENTÁRIOS •(?')
Notável e inesquecível este "XLVIII Festival de teatro clássico de Mérida", em que se conjugaram a primorosa organização e a qualidade técnica e artística dos espectáculos, a enorme afluência de público, a dimensão cultural e pedagógica do património arqueológico, o calor da paisagem humana.
Nair de Castro Soares
COLECÇÃO ENCONTROS DE TEATRO DE TEMA CLÁSSICO
A colecção Encontros de Teatro de Tema Clássico fundamentalmente de divulgação, publicou esta ano mais seis títulos: Electra de Euripides; A Lisístrata de Aristófanes; O Anfitrião, Os Meneemos e A Comédia do Fantasma (Mostellaria) de Plauto; e O Eunuco de Terêncio, traduzidos, respectivamente, por Fernanda Brasete, Maria de Fátima Silva, C. A. Louro Fonseca (os dois primeiros de Plauto), Reina Marisol Troca Pereira e Aires do Couto. Esses pequenos livros de bolso, com o texto integral das peças representadas, são os bilhetes do Festival Escolar de Teatro de Tema Clássico, organizado em colaboração com o Thíasos e com a Liga de Amigos de Conimbriga.
José Ribeiro Ferreira
CONGRESSO INTERNACIONAL 'PENELOPE E ULISSES'
Entre os dias 18 e 20 de Abril de 2002 decorreu em Coimbra, sob os auspícios da Euroclassica — Fédération Européenne des Associations de Professeurs de Langues et de Civilisations Classiques, o Congresso Internacional 'Penélope e Ulisses', coorganizado pela Associação Portuguesa de Estudos Clássicos, o Instituto de Estudos Clássicos e o Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra.
Depois de pequenas alterações em relação ao programa oportunamente divulgado, os trabalhos decorreram como segue:
18 de Abril de 2002
09.30 - Sessão de abertura — Auditório da Faculdade de Direito 10.00 - Sessão plenária — Auditório da Faculdade de Direito
- Sir John Boardman (Cast Gallery, Ashmolean Museum, Oxford): Odysseus' travels: real and mythical geography.
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-Carlos Reis (Univ. de Cgimbra): Eça de Queirós e o motivo do regresso.
! 1.30 - Sessão pienária — Auditório da Faculdade de Direito - Hans-Joachim Gluecklich (Univ. Heidelberg): What makes Penelope
faithful? Is Penelope a Roman or a Greek heroine? - Dieter Lohmann (Univ. Tuebingen): Untypical typical scenes: the
love affairs of Ulysses.
14.15 - Sessão plenária - Auditório da Faculdade de Direito - López Ferez (UNED, Madrid): Penélope y Ulises en la Odisea.
Desde el primer encuentro hasta el reconocimiento mutuo. - A . Bagordo (Univ. Freiburg iB): Odisseo nelP Aiace e nel Filottete
di Sofocle. - Vasco Mantas (Univ. Coimbra): Penélope e Ulisses na Lusitânia.
16.00 — Sessão plenária - Auditório da Faculdade de Direito
- José António Segurado e Campos (Univ. Lisboa): A Ulisseia de Gabriel Pereira de Castro.
- Marta Teixeira Anacleto (Univ. Coimbra): Regressos e errâncias estéticas: Ulisses na literatura francesa do final do séc. XVII.
- Abílio Hernandez Cardoso (Univ. Coimbra): Ulisses de James Joyce.
18.00 - 19.30 — Anf. II - Faculdade de Letras
- Ana Maria Moreira (Univ. Lisboa): A literatura do Império Médio Egípcio e a Odisseia.
- Maria de Lurdes Palma (Univ. Lisboa): A intervenção divina na Epopeia de Gilgamesh e na Odisseia.
- Nuno Simões Rodrigues (Univ. Lisboa): Ulisses e Gilgamesh. Elementos para uma caracterização do paradigma do herói épico.
- Maria Leonor Santa Bárbara (Univ. Nova de Lisboa): Astúcia versus virtude: Ulisses e Ájax e as armas de Aquiles.
18.00 - 19.30 - Anf. III - Faculdade de Letras
- James Neville (UK): Odysseus and Ithaka. - Gabriela Cretia (Univ. Bucareste): Ulysse et Pénélope dans la
littérature roumaine. - Elisabeth Berkvens (Euroclassica, Amsterdam): Who wants to be
Penelope? - Ana Pinheiro (Univ. Católica): Ulisses e Penélope em A Filha de
Homero de Robert Graves. - Alberto Prieto Arciniega (Univ. Autónoma de Barcelona): Penélope
en el cine.
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18.00 - 19.30 - Sala 6 - Faculdade de Letras
-Luís Cerqueira (Univ. Lisboa): Ulisses na poesia latina da época clássica.
-António Moniz (Univ. Nova de Lisboa): O mito ulisseico da fundação de Lisboa na Literatura Renascentista Portuguesa.
-Cármen Soares (Univ. Coimbra): A teia de Ulisses: A canção de Tróia de Colleen McCullough.
-Pascal Thiercy (U. Brest): Ulysse et Pénélope dans Naissance de l'Odyssée de J. Giono.
18.00 - 19.30 - Anf. IV - Faculdade de Letras
- Pedro Serra (Univ. de Lisboa): O poema ííaca de Constantin Cavafy. -John Bulwer (Euroclassica, Londres): Penelope in Modern English
Poetry. - Luísa de Nazaré Ferreira (Univ. de Coimbra): O tema de Ulisses em
Hélia Correia. - M. Fátima Silva (Univ. de Coimbra): A Aventura de Ulisses. Uma
história para crianças. - Adriano Cordeiro (ESE Torres Novas): Penélope e Ulisses nos
itinerários do maravilhoso mundo da Literatura Ínfanto-Juvenil.
19.45 - Recepção no Centro Cultural D. Dinis
21.30 - Museu Nacional de Machado de Castro — Igreja de São João de Almedina
-Representação do Anfitrião de Piauto pelo Grupo de Teatro Thiasos
19 de Abril de 2002
09.30 - Sessão plenária - Auditório da Faculdade de Direito -Concepción López Rodriguez (Univ. Granada): Penélope en La
tejedora de suenos, de Antonio Buero Vallejo. -José Ribeiro Ferreira (Univ. Coimbra): Penélope e Ulisses na poesia
portuguesa contemporânea. -Ignacio Alfagéme (Univ. Complutense de Madrid): Aspectos de la
imágen de Penélope en la poesia espanola.
11.30- Sessão plenária - Auditório da Faculdade de Direito -José Luís Navarro (UNED, Madrid): Penélope y Nausícaa en la obra
de António Gala Porquê corres, Ulises? -Rita Marnoto (Univ. de Coimbra): O Ulisses de Dante na cultura
italiana do séc. XX.
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11.30-Encontro sobre o Ensino do Latim na Europa, coordenado por Eva Tarandi (Euroclassica, Estocolmo) (Sala 8 - Faculdade de Letras).
11.30-Encontro sobre o Ensino do Grego na Europa, coordenado por Elizabeth Berkvens (Euroclassica, Amsterdam) (Sala 9 - Faculdade de Letras).
14.15 -Sessão plenária-Auditório da Faculdade de Direito - Maria Aparecida Ribeiro (Univ. Coimbra): Nem tanto a Ulisses nem
tanto a Penélope. Uma leitura do mito em Cleonice Lispector. - Maria Eleftheria Giatrakou (Univ. Atenas): Ulysses in Modem Greek
Literature. - Aníbal Pinto de Castro (Univ. Coimbra): O tema de Ulisses e
Penélope do Renascimento ao Barroco em Portugal. 16.30 - Sessão plenária - Auditório da Faculdade de Direito
- Maria Helena da Rocha Pereira (Univ. Coimbra): A teia de Penélope.
20 de Abril de 2002
09.30 - Assembleia Geral da Euroclassica — Sala de Conselhos - Faculdade de Letras.
15,00 - Visita às ruínas e ao Museu Monográfico de Conimbriga.
Dos cerca de 200 participantes, cerca de 60 vieram de outros países europeus (Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Dinamarca, Espanha, França, Grécia, Holanda, Inglaterra, Itália, Roménia, Suécia, Suiça), o que enriqueceu sobremaneira o congresso e permitiu não só a sua divulgação prévia em várias revistas internacionais, incluindo Euroclassica Newsletter, como, já depois da realização, a publicação de apreciações bastante laudatórias em Espanha, Bélgica e Holanda.
Está em preparação a obra colectiva 'Penélope e Ulisses', que recolherá os contributos mais significativos e será apresentada antes de fins de Dezembro.
Francisco de Oliveira
COLÓQUIO «O RETRATO LITERÁRIO E A BIOGRAFIA COMO ESTRATÉGIA DE TEORIZAÇÃO POLÍTICA»
Nos dias 4 e 5 de Março de 2002, numa organização conjunta do Instituto de Estudos Clássicos e do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, decorreu o Colóquio «O retrato literário e a biografia como
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estratégia de teorização política», com os seguintes participantes e conferências:
J. S. Rusten (Universidade de) — «O retrato de Péricles em Tucídides». Maria de Fátima Silva (Universidade de Coimbra) — «O retrato
cómico do político: uma caricatura». José Luis Calvo (Universidade de Granada), «Oratória y biografia. El
retrato de Elcibíades en Lisias e Isócrates» Aurélio Pérez Jiménez (Universidade de Málaga) — «As biografias da
Plutarco como meio de teorização política». Cristina de Sousa Pimentel (Universidade de Lisboa) — «O retrato
literário em Tácito». José Luís Brandão (Universidade de Coimbra) — «Os retratos dos
Césares em Suetónio». António Ribeiro Rebelo (Universidade de Coimbra) — «A estratégia
política através da hagiografia». Nair de Nazaré Castro Soares (Universidade de Coimbra) — «O retrato
de príncipes como modelo de educação no Renascimento». Rita Marnoto (Universidade de Coimbra) — «O Príncipe de
Maquiavel». Helena Santana (Universidade de Coimbra), «Retrato e anti-retrato: a
grande homem em Eça de Queirós» Fernando Catroga (Universidade de Coimbra) — «A biografia no
discurso historiográfico do séc. XIX: o exemplo de Oliveira Martins».
Do programa do colóquio fez parte a representação de As Mulheres no Parlamento de Aristófanes, pelo Grupo Semeie do Departamento de Estudos Clássicos da Universidade de Málaga.
EUROCLASSICA ACADEMIA HOMÉRICA 2003
A próxima edição da Academia Homérica, anualmente realizada em Quíos sob os auspícios da Euroclassica e direcção da Prof. Dr. Maria Eleftheria Giatrakou, coadjuvada pela Prof. Marianna Georgountzou-Nikitopoulou, com especial apoio da Etaireia Hellenon Philologon e do Centro Cultural Home-rion, decorrerá entre 11 e 20 de Julho; professores e estudantes deverão che-
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gar a Atenas no dia 10, sendo o encontro marcado para o Theoxenia Hotel, junto de Kaningos e da Omonia Square, na rua Gladstonos, n° 3, tel. +30-1-3800250.
A 11 de Julho realiza-se uma visita a Micenas, Epidauro, Argos, Náu-plion e Corinto. Para o dia 12 estão programadas visitas à Acrópole, incluindo o respectivo Museu, e ao Museu Arqueológico de Atenas; no finai desse dia os participantes tomarão o barco para Quíos. Aqui, o alojamento será na Residência Universitária da Universidade do Egeu, frente ao mar.
O curso organizar-se-á em três sessões: uma para estudantes, sobre 'Homero e a Literatura Mundial: Uma herança clássica'; outra para professores helenistas, sobre 'Homero no Mundo'; a terceira, aberta a todos, sobre 'Grego Moderno: Língua e Literatura', apoiada por especialistas da Universidade de Atenas.
Paralelamente, para os interessados, haverá lições de dança grega tradicional e visitas a museus, sítios arqueológicos bizantinos e medievais, e cruzeiros a outras ilhas, em especial às Oinoussae.
Recomenda-se conhecimento adequado de inglês, que será a língua-base de conferências e work-shops.
As sessões decorrerão no Centro Cultural Homerion e na Universidade do Egeu, com distribuição final de certificados para todos os participantes.
O custo de participação, no montante de 500,00 Euros (a transferir para o ERGOBANK, Panepistimiou Street, conta n° 001/39685-00010/29 Euro-classica Academia Homérica), inclui todos os custos de estadia, deslocações e actividades programadas (exclui a viagem aérea para Atenas). Poderá colher informações complementares junto do Doutor Francisco de Oliveira (Faculdade de Letras - 3049-447 Coimbra; tel. 231423856; telemóvel 962957733; email: [email protected]).
As inscrições estão abertas até 30 de Abril de 2003, devendo ser enviadas para
Dr. MARIA-ELEFTHERIA GIATRAKOU 13, NIKIFOROU OURANOU 11471 ATHENS - Greece Tel/Fax: 0030 103642131 Telemóvel: +0932368388
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Dear as Fm interested in participating in Academia Homérica (11-20 July
2003) in Chios - Greece, in scholars/students or Modern Greek session, I apply, asking you to be accepted.
I enclose the receipt of my participation fees, 500 EURO. Very kindly yours,
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