NOTA TÉCNICA 02 AC PORFIRO
Transcript of NOTA TÉCNICA 02 AC PORFIRO
Projeto AAnnááll iissee ddoo MMaappeeaammeennttoo ee ddaass PPooll íítt iiccaass ppaarraa
AArrrraannjjooss PPrroodduutt iivvooss LLooccaaiiss nnoo NNoorrttee,, NNoorrddeessttee ee MMaattoo GGrroossssoo ee ddooss IImmppaaccttooss
ddooss GGrraannddeess PPrroojjeettooss FFeeddeerraaiiss nnoo NNoorrddeessttee
Nota Técnica 02
Mapeamento, metodologia de identificação e critérios de seleção para políticas de apoio nos
Arranjos Produtivos Locais
Acre
www.politicaapls.redesist.ie.ufrj.br
www.redesist.ie.ufrj.br
ii
Projeto
Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Norte, Nordeste e Mato Grosso e dos Impactos dos Grandes Projetos Federais no
Nordeste
Nota Técnica 02
ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NO ESTADO DO ACRE: MAPEAMENTO, METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO E CRITÉRIOS DE SELEÇÃO PARA
POLÍTICAS DE APOIO
Acre
Equipe Estadual
Coordenador: José Porfíro da Silva
Pesquisadores: Elder Andrade de Paula
Orlando Sabino da Costa Filho
Maria Jeigiane Portela da Silva
Frank Oliveira Arcos
Estagiários: Francisca Delaíza Paula Chaves
Equipe de Coordenação do Projeto / RedeSist
Coordenadora: Valdênia Apolinário
Maria Lussieu da Silva Thaís de Miranda Moreira
iii
Sumário
INTRODUÇÃO................................................................................................................ 1 1. ANTECEDENTES/HISTÓRICO, CONCEITOS UTILIZADOS E
DESENVOLVIMENTO DA ATENÇÃO DADA À QUESTÃO DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NOS ESTADOS. ..................................... 3
2. ORGANISMOS RESPONSÁVEIS PELO APOIO A APLS NO ESTADO DO ACRE E POLÍTICAS DE APOIO IMPLEMENTADAS .................................... 11
2.1 Instituições e agências governamentais.................................................................... 11 2.2 Organizações Não-Governamentais – ONGs........................................................... 13 2.3 Organizações públicas de interesse privado ............................................................. 16 3 CONCEITOS E METODOLOGIAS ADOTADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO
DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E OS CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS ARRANJOS OBJETOS DAS POLÍTICAS ............................. 19
3.1. O mapeamento realizado pelo Banco da Amazônia................................................ 19
3.2. O mapeamento realizado pela Agência de Desenvolvimento da Amazônia - ADA21 3.3. SEBRAE.................................................................................................................. 23 3.4. O Apoio da Federação das Indústrias do Acre/IEL................................................. 24 3.5. A atuação do Governo do Estado do Acre – Secretaria de Desenvolvimento,
Ciência e Tecnologia............................................................................................. 25 4 MAPEAMENTOS/LISTAGENS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
IDENTIFICADOS E QUE SÃO FOCOS DE POLÍTICAS NOS ESTADOS..... 27 4.1 APL Móveis.............................................................................................................. 28 4.2 APL Madeireiro........................................................................................................ 29 4.3. APL Oleiro Cerâmico.............................................................................................. 31 4.4 APL Farinha de Mandioca........................................................................................ 32 4.4 APL Castanha........................................................................................................... 34 5 OS DEMAIS ARRANJOS NÃO APOIADOS....................................................... 36 5. 1. Os arranjos identificados nos mapeamentos existentes e que não estão sendo
estimulados por políticas para APLs no estado..................................................... 36
5. 2. Os arranjos não incluídos em listagens/mapas estaduais de APLs......................... 36
CONCLUSÕES.............................................................................................................. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 40
iv
TABELAS Tabela 1 - Investimentos previstos para o Estado do Acre no período 2007-2010......... 6 Tabela 2 - APLs, Beneficiados, Localidade e Intensidade – SEBRAE – Out, 2007...... 16 Tabela 3 – Produção em Kg da Farinha de mandioca e sub-produto – ano base 2008 .. 33 ANEXOS Anexo I – Planilha 1: Lista de APLs identificados e apoiados ...................................... 42 Anexo II - Planilha 2: Lista de APLs identificados e não apoiados .............................. 42 Anexo III – Planilha 3: Lista de APLs identificados e apoiados.................................... 43 Anexo IV - APLs Selecionados pelo SEBRAE ............................................................. 44 Anexo V - Apoio ao Programa Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre [http://www.bndes.gov.br/noticias/2005/not129_05.asp] - 30.05.05 .................... 44 Anexo VI - SEBRAE/AC – Informaçõe do Questionário – Informações do Próprio Órgão .............................................................................................................................. 45
INTRODUÇÃO
O conceito de Arranjos Produtivos Locais (APLs) emergiu no final da década
passada, justamente num momento que o sistema governamental acriano se encontrava
bastante debilitado. Somente a partir de 1999 que se iniciou um processo de transição
política e de reestruturação dos aparelhos governamentais que tornasse o Estado com
condições razoáveis de pensar e executar políticas públicas de desenvolvimento, o que
passou a se manifestar nos idos de 2001, sem ainda qualquer alusão ao conceito de
APLs, fato que somente veio ocorrer ao longo do ano de 2003, não por iniciativa de
governos locais (estadual ou municipais), mas por ocasião de ações de órgãos externos
ao estado, como o BASA, ADA, SEBRAE, etc. Quando o governo do estado passou a
usar o conceito foi apenas por questões funcionais, atendendo exigências de órgãos
federais (nacional ou regionais), à medida que era necessário. Essa situação se
manifestará ao longo de toda esta Nota Técnica (NT).
Esta NT trata, de forma descritiva, dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) no
estado do Acre (mapeamento, metodologia de identificação e critérios de seleção para
políticas de apoio). A mesma é parte de uma das fases do projeto “Análise do
Mapeamento e das políticas para arranjos produtivos locais no norte e nordeste do
Brasil.
No Acre somente existe dois mapeamentos de APLs. Um de autoria do Banco da
Amazônia (BASA), contratado ao IPEA, que na realidade utilizava a terminologia
“cluster”. O outro mapeamento foi realizado pela Agência de Desenvolvimento da
Amazônia (ADA), cumprindo uma demanda do Ministério da Integração Nacional.
Nesse sentido, estes foram os dois documentos mais sistematizados que foram usados
para a confecção desta NT. Todas as demais informações foram provenientes de visitas,
entrevistas e contatos com os representantes de diversos órgãos estaduais, municipais e
de organizações não-governamentais.
2
A NT está dividida em cinco itens, seguindo o padrão da metodologia do
projeto. Além dessa introdução, descrevem-se brevemente no capítulo 1, os
antecedentes/histórico, conceitos utilizados e desenvolvimento da atenção dada à
questão dos arranjos produtivos locais nos estados, evitando repetir o que constará no
capítulo 2, que faz detalhamento dos organismos responsáveis pelo apoio a APLs no
estado do Acre e das políticas de apoio implementadas. No capítulo 3 é realizada uma
descrição dos conceitos e metodologias adotadas para a identificação dos arranjos
produtivos locais e os critérios para seleção dos arranjos objetos das políticas. No
capítulo 4 é listado os mapeamentos/listagens de arranjos produtivos locais
identificados e que são focos de políticas nos estados.
1. ANTECEDENTES/HISTÓRICO, CONCEITOS UTILIZADOS E DESENVOLVIMENTO DA ATENÇÃO DADA À QUESTÃO DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NOS ESTADOS.
Diferentemente do que ocorreu na maioria das unidades federativas do Brasil, no
estado do Acre, as “reformas do Estado” passaram a ser implementadas de forma mais
intensa e articulada somente a partir do final da década de 1990. A mudança no
comando do poder executivo estadual decorrente da vitória eleitoral em 1998, de uma
ampla coalisão de partidos (denominada “Frente Popular”) liderada pelo Partido dos
Trabalhadores, acabaria desinterditando, tanto na esfera da sociedade política quanto na
da sociedade civil, a passagem para adoção de um conjunto de políticas e estratégias de
desenvolvimento consideradas inovadoras em razão da incorporação das “preocupações
ambientais” nas políticas estruturantes. Foi o primeiro estado a “assimilar” o chamado
“desenvolvimento sustentável” nos moldes propostos por organismos multilaterais
como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Internacional para a
Reconstrução do Desenvolvimento (BIRD).
Assim, o governo da “Frente Popular” no Acre, que assumiu em 1999, passaria a
despertar fortes espectativas internas e externas no que diz respeito ao conjunto de
inovações anunciadas na esteira do “desenvolvimento sustentável”. Dada as restrições
de financiamento interno, o governo estadual procurou valer-se da “onda ambientalista”
para promover captação de recursos externos. Para se dequar às exigências de potenciais
fontes como o BID e BIRD, foi colocado em marcha um conjunto de ações voltadas
para o saneamento das finanças, “modernização administrativa”, modificações na
legislação estadual, particularmente no que diz respeito ao uso das florestas e,
alavancagem das obras de infraestrutura.1
1 No momento que o governo da “Frente Popular” assumiu, em 1999, a máquina estadual acriana era
considerada um completo destroço, tanto em função dos problemas fiscais do estado, característico dos
4
Com as leis Complementares nº. 63, de 13 de janeiro de 19992; 1426, de 21 de
dezembro de 20013 e 115, de 31 dezembro de 20024, procurou-se satisfazer as
“parcerias público/privada”. Essas modificações deixaram explícitas as determinações
no sentido de transferir funções exercidas anteriormente pelo Estado para a iniciativa
privada, como bem revela Art. 19 do referido capítulo ao atestar que para “(...)
desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação, supervisão, e controle de
execução de obras, serviços e outras atividades de sua competência (...)” a
administração, continua o referido Artigo, “procurará desobrigar-se da realização
material das tarefas executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta,
através do setor privado, mediante contratos, concessões ou permissões.” (SOUZA,
2005).
Mapa 1 – Mapa Político do Estado do Acre
Fonte: www.ac.gov.br
estados brasileiros dos anos de 1980 e 1990, quanto em função dos desmandos administrativos que vinha ocorrendo.
2 Dispõe sobre a Reorganização da Administração Pública e dá outras providências. 3 A Lei nº 1426 dispõe sobre a conservação das florestas institui o Sistema Estadual de Áreas Naturais
Protegidas, cria o Conselho Florestal Estadual e o Fundo Estadual de Florestas. De acordo com a referida lei, “a gestão direta dos recursos florestais cabe à Secretaria Executiva de Floresta e Extrativismo - SEFE e ao Instituto de Meio Ambiente do Acre – IMAC, podendo para tanto celebrar convênios e contratos com instituições públicas e privadas”.
4 Altera dispositivos da lei Complementar nº. 63, de 13 de Janeiro de 1999.
5
Na área de infraestrutura, o governo tomou diversas iniciativas. Pode-se destacar
como principais, a recuperação e ou pavimentação de importantes rodovias, como a BR
317, que integra o eixo de ligação com o Oceano Pacífico e a BR 364,5 ligando Rio
Branco ao município de Cruzeiro do Sul, no outro extremo do estado. A ampliação da
capacidade de oferta de energia e melhorias no sistema de comunicações
complementam essas iniciativas.
A elaboração prévia do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), funcionou e
funciona como um se fosse um “passaporte verde” para implementação dos projetos de
infraestrutura. O arcabouço do ordenamento territorial e o conjunto de medidas de
controle e gestão previstos aparecem como garantidores da alavancagem de um
“desenvolvimento sustentável”, capaz de harmonizar crescimento econômico e
conservação ambiental tendo em vista, ainda, as preocupações com equidade social
(Mapa 1, acima).
Deve-se adicionar ainda a esse cenário, grandes expectativas geradas em torno
do ambiente político. Isto é, sinergias emanadas das afinidades entre governo, sociedade
civil e organizações ligadas a chamada cooperação internacional em torno da
alavancagem de um desenvolvimento sustentável.
Deve-se lembrar, que após o assassinato no final de 1988, do então presidente do
STR de Xapuri, Chico Mendes, o estado do Acre passou a se constituir em objeto de
atenções e interesses diversos. A partir daí, a assossiação entre a luta de resistência dos
seringueiros em defesa de seus territórios e a “causa ambientalista” acabaria
repercutindo fortemente nos acontecimentos futuros. A “chegada” de grandes ONGs
ambientalistas a partir da década de 1990, desencadearia um conjunto de ações na
âmbito da sociedade civil voltadas para incentivar “iniciativas comunitárias”
comprometidas com o desenvolvimento sustentável nos moldes propostos pelo BIRD e
BID (PAULA, 2005).
Enfim, o governo da “Frente Popular” iniciado em 19996, amplia e potencializa
o consenso construído no Acre em torno do desenvolvimento sustentável. A posse desse
5 A BR 364 começa em Limeira (SP), passa por MG, GO, MT, RO, e termina no Município de Rodrigues
Alves (AC), após cortar todo o estado. 6 4. O governo da “Frente Popular” foi reeleito em 2002 (reconduzindo ao cargo o então governador Jorge
Viana) e em 2006 com a eleição de Binho Marques.
6
Nº Programas Estruturantes e Investimentos Previstos na área de Desenvolvimento Econômico Valor (R$)1 Programa Integrado de Manejo Florestal de Uso Múltiplo 37.757.000,002 Fomento e Modernização da Produção Agroindustrial 21.969.399,903 Preservação e Conservação do Ativo Ambiental com Implementação do ZEE 44.578.944,404 Turismo Gerador de Riquezas e Trabalho com Valorização Cultural e Inclusão Social 45.546.348,715 Compras e Serviços Governamentais Dinamizando a Economia 44.342.199,006 Ações Tranversais (Formação Profissional e Sistemas de Defesa Animal e Vegetal) 64.918.164,007 Assistência Técnica e Extensão Rural 12.459.693,008 Ciência Tecnologia e Inovação como Fatores do Desenvolvimento Sustentável 9.266.676,109 Desenvolvimento de Energias alternativas e Renováveis 37.988,2610 Fomento a Produção Industrial 15.456.931,1611 Fomento e Modernização da Produção Agroindustrial 10.936.950,0012 Implantação e Consolidação de Parques Industriais 43.999.724,6513 Outros Projetos Complementares - Desenvolvimento Econômico 23.190.733,0414 Qualificação e Requalificação Profissional 2.692.590,60
SUBTOTAL 377.153.342,82Programas Estruturantes e Investimentos Previstos na área de Infraestrutura
1 Conservação e Manutenção de Rodovias 47.008.358,512 Gestão e Manutenção de Espaços Públicos e Vias Urbanas 33.582.216,893 Gestão Sustentável do Sistema de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário 16.671.433,094 Habitação de Interesse Social 388.892.383,405 Implantação de Marcos Regulatórios Estaduais 975.000,006 Infra-Estrutura de Comunicação 13.715.000,007 Infra-Estrutura e Logística de Transporte 1.351.850.003,618 Infra-Estrutura e Logística Energética 132.569.048,089 Programa Integrado de Saneamento Ambiental 235.683.362,3410 Programa de Investimento em Obras Públicas 99.308.051,3611 Saneamento da COHAB 2.403.500,00
SUBTOTAL 2.322.658.357,28Progrmas Estruturantes e Investimentos Previstos na área de Inclusão Social
1 Universalização do Acesso a Bens Culturais e Dinamização da Cultura 49.322.729,352 Modernização e Fortalecimento Institucional do Sistema de Inclusão Social 122.405.378,523 Estruturação e Fortalecimento do Sistema Estadual de Assistência 35.117.330,004 Educação com Qualidade Para Todos 272.908.629,165 Programa Estadual de Direitos Humanos 52.075.740,646 Prevenção e Repressão a Criminalidade 666.947,647 Modernização e Reaparelhamento da Polícia e Corpo de Bombeiro 32.562.951,418 Esporte e Lazer com Oportunidades para Todos 5.814.523,929 Fortalecimento da Rede de Cuidados do SUS 77.883.862,7110 Outros Projetos Complementares - Inclusão Social 56.710.984,23
SUBTOTAL 705.469.077,58Progrmas Estruturantes e Investimentos Previstos na área de Gestão e Finanças
1 Eficácia da Gestão do Estado 41.734.500,002 Excelência no Atendimento ao Cidadão 40.836.952,17
SUBTOTAL 82.571.452,17TOTAL GERAL 3.487.852.229,85
“capital político” acabaria facilitando a obtenção de empréstimos externos, como no
caso do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre (PDS), financiado pelo
BID.
Tabela 1 - Investimentos previstos para o Estado do Acre no período 2007-2010
Fonte: Com base em informações da SDCT.
7
O PDS-BID foi aprovado em 2002 e foi estruturado em três eixos: 1) manejo
sustentável e conservação dos recursos naturais; 2) apoio e fomento do desenvolvimento
produtivo sustentável e do emprego; e, 3) infraestrutura pública do desenvolvimento. O
total dos investimentos previstos era de 108 milhões de dólares, sendo 65 milhões
financiados pelo BID e 43 milhões como contra-partida (SOUZA, 2008). A aprovação
deste empréstimo, também refletia o bom relacionamento que o governo do estado tinha
com o poder central, já desde o ano de 1999.
Outro financiamento relevante para o governo, além do Projeto BID, é o
Programa Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Acre – Fases I (2002), II
(2005), III (2008) e IV (2009) – que o governo vem assinando com o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), nestes últimos sete anos (confira
Anexo I, p. 44). Este programa tem um escopo bastante vasto, constituído de ações
estruturantes e inter-setoriais, abrangendo cerca de vinte projetos. Entretanto, é possível
destacar, dentre outros, em função dos objetivos desta Nota Técnica, (i) a usina de
álcool verde, (ii) a fábrica de piso, (iii) a fábrica de preservativos masculinos, e (iv) o
frigorífico de aves de Brasiléia. Desafortunadamente, apenas o último empreendimento
está funcionando.7
Figura 1 - Fontes de Financiamento previstas para o período de 2007-2010.
7 Nas fábricas de pisos e de preservativos masculinos foram investidos mais de 130 milhões, conforme
dados disponíveis nos sites dos jornais locais, da Assembléia Legislativa e do Governo do estado. A fábrica de pisos, no município de Xapuri (abstraindo os meandros que levaram seu formato final), por exemplo, luta penosamente há quase dois anos para encontrar uma maneira de entrar em operação, após uma fracassada engenharia empresarial com uma empresa do Sul.
PROGRAMAS ESTRUTURANTE
S
Recursos Próprios - OGE
Orçamento Federal - OGU
CEF
Setor Privado
PAC BID
BIRD
BNDES
8
A retomada de investimentos por parte do Estado brasileiro – especialmente
através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e sua interface com a Integração
da Infra-estrura regional Sul Americana (IIRSA)8 – acabaria ampliando as fontes de
financiamento, principalmente no setor de infraestrutura, conforme indicado acima.
É sob esse contexto mais geral de transformações em curso no território acriano,
que devem ser analisadas as atuações das instituições e organizações envolvidas em
políticas para APLs. Como já assinalado, na última década pré-1999, o estado do Acre
não vinha adotando nenhuma ação pública de desenvolvimento planejada e coordenada.
Quando o atual grupo político assumiu naquele período, o grande desafio era
estabelecer as condições mínimas para que a máquina pública pudesse ter algum poder
de intervenção. O que foi buscado pela aproximação com o governo federal e com as
organizações internacionais. Na virada do milênio, quando muitos estados da federação
já estavam absorvendo o conceito de APLs (CASSIOLATO e LASTRES, 2003;
CASSIOLATO e SZAPPIRO, 2003; LASTRES e CASSIOLATO, 2008),9 o estado do
Acre ainda estava se inserindo numa estratégia de aproximação com o governo central e
com as organizações e entidades internacionais. Nos primeiros anos deste século, não
tinha nenhuma percepção estratégica autônomo de desenvolvimento que se aproximasse
da noção de APLs.
Uma das consequências mais evidentes do entrelaçamento que o governo buscou
estabelecer com as organizações, instituções e entidades externas ao espaço estadual foi
vinculação direta de todas as políticas, programas e ações com o formato institucional
de atuação destes órgãos – BIRD, BID, BNDES. E outras, como no caso do
8 Para uma excelente abordagem sobre o IIRSA, vide Igor Fuser (Le Monde Diplomatique Brasil, nº 8,
março, 2008), Carlos Tautz (Le Monde Diplomatique Brasil, nº 19, fevereiro, 2009); confira também Caminho ao Pacífico paga tributo a incas (Jornal Folha de São Paulo, 01-12-2007). Talvez essa iniciativa de integração latino-americana (no Eixo Peru-Bolívia-Brasil: redirecionamento do fluxo das exportações agrícolas brasileira para o Pacífico) tenha uma influência muito grande nas transformações do estado do Acre, visto que além de ser um projeto continental também é encampado pelo governo local em todas suas dimensões. Recentemente foi estabelecido linha de ônibus do Acre para Puerto Maldonado, no Peru, com previsão de se estender a Cusco assim que forem concluídas as obras de asfaltamento da rodovia que compõe o eixo mencionado acima; criando uma nova opção de transporte regional, além da aérea. Veja no site do BID: IIRSA: IIRSA: Building a New Continent <http://idb docs.iadb.org/wsdocs/getdocument.aspx?docnum=834687>.
9 O conceito de APLs, conforme autores acima, enfatiza a dimensão local do processo sistêmico de produção e inovação (absorção, utilização e difusão tecnológica), situado num determinado contexto econômico, político, social e cultural de aprendizagem e capacitação, voltado fortemente para o campo das implicações normativas.
9
financiamento do ZEE, por uma organização alemã, e do projeto de manejo florestal,
financiado pela Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO), com base na
Ásia.
Dessa forma, um estado que praticamente não mantinha intercâmbio com os
organismos financiadores externos, na década de 1990, passou a ter uma estreita relação
com o BID, BIRD, BNDES e outros. O corolário mais imediato desta situação foi uma
necessidade de adaptação da concepção de desenvolvimento do estado com a estratégia
de desenvolvimento destes órgãos, por motivos operacionais de acesso aos recursos
financeiros.10
Assim, percebe-se explicitamente que o conceito de APLs dentro do aparato
governamental acriano é absorvido de maneira funcional e despreendida de quaisquer
vinculação estratégica, visto que para estabelecer os importantes e indispensáveis
compromissos com os orgãos e instituições mencionadas, não se tinha a necessidade de
usar o conceito de APLs, a não ser por motivos de adequação à estretégia do governo
federal, no âmbito do PPA,11 pois o governo tem seu próprio conceito (sic), baseado no
Zoneamento Econômico-Ecológico (Fase II), denominado de Zonas Especiais de
Desenvolvimento e Zonas de Atendimento Prioritário, a partir do qual o planejamento
estratégico12 do estado foi construído.
O gerente do Departamento de Monitoramento de Plano e Programas
Estruturante da SEPLAN sugeriu que fosse consultado o Planejamento Estratégico do
estado (Gestão 2007-2010) para conferir os nove programas estruturantes definido pelo
governo: 1 – Implantação e Consolidação de Parques Industriais Baseados na Cadeia
Produtiva Florestal; 2 – Programa Integrado de Manejo Florestal de Uso Múltiplo; 3 –
Fomento e Modernização da Produção Agroindustrial; 4 – Preservação e Conservação
do Ativo Ambiental com Implementação do ZEE; 5 – Turismo Gerador de Riquezas e
Trabalho com Valorização Cultural; 6 – Compras Governamentais Elevando a Renda do
Produtor Rural e Fortalecendo as Micro e Pequenas Empresas; 7 – Ciência, Tecnologia
e Inovação como Fatores de Desenvolvimento Sustentável; 8 – Infra-estrutura como
10 Não cabe nesta Nota Técnica explicitar o modo como o governo procura se desvencilhar desta amarra,
tanto interna como externamente mediante o “conceito” de florestania, muito badalado no campo dos movimentos ambientais.
11 Afirmação obtida em entrevista com o gerente do Departamento de Monitoramento de Plano e Programas Estruturante da SEPLAN, em 2007, que ainda tem o mesmo sentido.
12 http://www.ac.gov.br/images/stories/plan_estrat_gov_acre_2007_2010_vf.pdf.
10
Suporte ao Desenvolvimento Sustentável (Rodovias, Hidrovias, Aerovias, Energia e
Comunicações); 9 – Ações Transversais (Qualificação Profissional e Sistema de Defesa
Animal e Vegetal).
É importante ressaltar, que no documento Desenvolvimento Econômico (2009),
elaborado pela Secretaria de Planejamento do Governo do Estado, onde estão
discriminados todos os planos de ações de cada secretaria de governo, não encontramos
ao longo do documento o registro da expressão ou palavra isolada referente a arranjos
produtivos locais ou similar, o que reforça a ideia de que realmente o governo não
utiliza o conceito de APLs em sua estratégia de desenvolvimento; o mesmo acontece no
texto do planejamento estratégico (gestão 2007-2010).
No planejamento estratégico (gestão 2007-2010), no programa estruturante 7
(Ciência, Tecnologia e Inovação como Fatores de Desenvolvimento Sustentável) foi
definido três projetos básicos: Implantação da Rede Metropolitana de Alta Velocidade
para Ciência e Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na Cidade de Rio
Branco; Fortalecimento do Programa de Formação de Pesquisas Locais; e,
Fortalecimento do Programa de Iniciação Científica.
2. ORGANISMOS RESPONSÁVEIS PELO APOIO A APLS NO ESTADO DO ACRE E POLÍTICAS DE APOIO IMPLEMENTADAS
A seguir será registradas algumas informações obtidas em diferentes esferas do
governo em relação ao conceito de APLs. Respeitaremos em muitas casos as
afirmações, literais, dos entrevistas, mesmo que elas reflitam mais a posição do
entrevistado e menos como efetivamente o conceito vem sendo trabalhado pelo núcleo
duro do governo.
2.1 Instituições e agências governamentais
A Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (SDTC) é o órgão
responsável pelo Núcleo Estadual de APLs desde maio de 2007. Este núcleo é uma
extensão GT Permanente para Arranjos Produtivos Locais do MDIC. Ele foi instituído
pela Portaria 35, de 15 de maio de 2007, e é formado por 27 representantes de
instituições governamentais e de organizações da sociedade civil.
Conforme a compreensão de Carlos Lourenço, Gerente de Planejamento e
Projetos, antes de 2007, o governo estadual “tinha uma política própria, porém muito
tímida e de pouca articulação entre as demais instituições apoiadoras”, esse papel de
coordenação era exercido pela Fundação de Tecnologia do Estado do Acre – FUNTAC,
uma instituição de direito público, fundada em 1987 e reestruturada pela Lei
Complementar nº 124 de 29 de dezembro de 2003. Atualmente (2009), está subordinada
à SDCT.
Carlos Lourenço também informou que nos critérios de identificação de APLs
não foi adotada “nenhuma forma de conceituação, somente passou a ser feito através da
12
metodologia desenvolvida pelo MDIC”. De acordo com ele, dos 13 APLs identificados
(Móveis, Madeira, Cerâmico, Farinha, Castanha, construção civil, avicultura,
agricultura, milho, mandiocultura, cana-de-açucar, oleiro cerâmico, pecuária de leite e
produtos florestais não madeireiros), foram apresentados 11 ao poder executivo estadual
que optou pela escolha de cinco para serem inscritos junto ao MDIC (Móveis, Madeira,
Cerâmico, Farinha e Castanha). O governo decidiu selecionar estes para enviar ao
MDIC por estarem “em um nível de organização e desenvolvimento mais avançado que
os demais”.
No que diz respeito às formas de apoio mais freqüentes (programas, projetos
e/ou ações) adotados pela SDTC para apoiar os APLs, Carlos Lourenço informou que a
“SDCT só articula, pois não dispõe de previsão orçamentária para atuar ou investir em
qualquer ação voltada aos APLs do Estado, sejam eles apoiados ou não”. O MDIC foi
apontado como principal parceiro do governo estadual. O depoimento de Carlos
Lourenço deixa a impressão de que até o momento, o enfoque nos APLs como
orientação de políticas e estratégias de desenvolvimento não tem uma interação
substantiva com a dinâmica operacional interna do poder executivo estadual.
Devemos ponderar algumas das afirmações do entrevistado, pois efetivamente o
GT-APL estadual apenas envia a listagem para o MIDC, com insignificante interação
com o núcleo duro de planejamento do governo.
No âmbito municipal foi criada a Coordenadoria do Trabalho e Economia
Solidária (CONTES). Tem como função principal, segundo entrevista de seu
Coordenador, Paulo Sérgio Brana, a “Inclusão das Mulheres no processo produtivo; a
“melhoria da qualidade de vida; aumento da renda familiar; geração de novos postos de
trabalho; melhor distribuição de renda”.
A CONTES optou por trabalhar com o único APL identificado, segundo Paulo
Brãna. Trata-se do APL ligado à produção e comercialização de móveis e artefatos em
madeira, articulado em torno da Cooperativa de produção Moveleira de Rio Branco –
CooperMóveis. O apoio ao APL tem se dado através de incentivo financeiro com
recursos oriundos de um projeto executado pela Prefeitura Municipal de Rio Branco e
financiado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO) e SUDAM. Este projeto tem por finalidade, segundo Paulo Brãna, promover a
capacitação dos marceneiros, a inserção de jovens e mulheres no processo de produção
13
das marcenarias, agregação de valor aos produtos, criação de novos designs, promoção,
divulgação e a comercialização da sua produção.
A divulgação dos móveis e campanha de valorização desses produtos junto ao
comércio local, visando a sua inserção na sua linha de vendas, consiste em outra forma
de apoio da Prefeitura Municipal de Rio Branco, mencionada por Paulo Brãna. Quando
perguntado sobre os desafios do APL, Paulo Brãna respondeu que seria tornar a
cooperativa mais independente, no sentido da mesma não ficar somente esperando ajuda
do poder público, passando a buscar novas parcerias e formas de comercialização de
seus produtos a partir da utilização de espécies florestais. Com essa afirmativa, o
entrevistado apontou a fragilidade do APL, no que se refere a sua dependência em
relação ao governo.
2.2 Organizações Não-Governamentais – ONGs
É sabido que o estado do Acre tem uma forte inflência das organizações não-
governamentais, dado o significado que as questões ambientais têm naquele espaço.
Dessa forma, o conhecimento das ações destas organizações civis ajuda a compreeender
a dinâmica das ações de política daquele estado, visto que estas possuem um forte inter-
relacionamento tanto com a totalidade dos demais atores da sociedade civil, bem como
com os próprios agentes da sociedade política. Assim, sintetizaremos a atuação de
algumas das mais relevantes organizações que vem atuando no Acre.
O Fundo para a conservação da natureza – WWF –, criado em 1961, é uma das
organizações ambientalistas mais conhecidas internacionalmente.13 Atualmente, o
WWF-Brasil executa projetos em todo o país por meio de parcerias com empresas,
organizações não governamental, órgãos dos governos federal, estaduais e municipais,
13 O WWWF é sediado na Suíça e é composto por organizações e escritórios em diversas partes do
planeta, contando com aproximadamente cinco milhões de associados distribuídos em cinco continentes, atuando ativamente em mais de cem países, nos quais desenvolve cerca de 2 mil projetos de conservação do meio Ambiente. Desde 1985, o WWF investiu mais de US$1,165 milhões em mais de 11 mil projetos em 130 países. Em 1996, o Brasil se tornou a 25ª organização nacional da rede WWF e a primeira da América Latina, que inclui ainda escritórios no México, Peru, Colômbia, Bolívia, e Costa Rica( responsável por toda a América central), além de organizações associadas na Argentina ( fundación Vida Silvestre Argentina), Equador (fundación natura) e Venezuela ( fudena). Os passos seguintes foram a aprovação do primeiro plano estratégico para o período 1996-2001, consolidando objetivos e metas do programa de conservação; a intensificação das ações de educação Ambiental, comunicação e políticas públicas.
14
desenvolvendo atividades de pesquisa e diagnóstico; proteção de espécies e de
ecossistemas ameaçados; desenvolvimento de modelos alternativos de conservação e
uso dos recursos naturais; capacitação e desenvolvimento de entidades parceiras;
disseminação de resultados por meio de educação ambiental, políticas ambientais e
comunicação; e campanhas de mobilização social.
Além da sede em Brasília, o WWF-Brasil conta ainda com outros seis
escritórios: São Paulo-SP; Rio branco-AC; Manaus-AM; Macapá- AP; Campo grande e
Corumbá-MS. Em 2004 foi inaugurado um novo escritório da WWF no Acre, o
primeiro na Amazônia, reestruturado com móveis todos oriundos de madeiras
certificada pelo selo Forest stewardship council (conselho de manejo florestal) – FSC,
por ocasião das celebrações do dia da Amazônia e da visita do diretor-geral da WWF
internacional, Claude Martin no referido Estado. No mesmo ano, um projeto - piloto do
WWF-Brasil, em parceria com o instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia -
IMAZON, realiza no Acre a exploração sustentável de espécies como o mogno, o
cumaru-ferro e o bálsamo. (WWF-Brasil, 2004 P.12)
Nos detivemos um pouco na caracterização do WWF para dimensionar o seu
peso político num estado como o Acre. Para se ter uma pequena idéia dessa influência,
recentemente o Governo do Acre e Prefeitura Municipal de Rio Branco assinaram
acordo para eliminar madeira ilegal de obras e compras públicas. O acordo foi assinado
com a mediação do WWF-Brasil.
Na entrevista realizada com Elektra Rocha, envolvida com o Programa de apoio
ao desenvolvimento sustentável do WWF, ela afirma que o WWF atua nas capacitações
na cadeia produtiva e intermediação na área de comercialização dos produtos. De
acordo com ela o WWF teria sido precursor dos APLs no Acre, tendo iniciado em 2001
o apoio ao APL de castanha e, posteriormente, os APLs de copaíba (2004) e de
borracha através do incentivo a fabricação da Folha de Defumação Líquida – FDL
(2008). Todas essas iniciativas envolveriam as populações residentes em áreas de
reservas extrativistas. O WWF “Conceituava APL de forma que estivesse ligada a
conservação da natureza, ou seja, é considerado APL o que valorizava o meio natural”,
diz Elektra Rocha.
Quando indagada sobre as parcerias e formas de apoio aos APLs mencionados,
Elektra Rocha, informou que o ICMBIO, SEAPROF, WWF, UICN e CTA atuam na
15
parte do manejo, enquanto a COOPERIACO e FUNTAC no Controle de qualidade com
a emissão de laudos técnicos aprovando a atestando ser produto de origem vegetal. Ela
também afirmou que o WWF atua na ponte da cadeia da comercialização, contratando
inclusive consultor para efetivar pesquisa de mercado e busca de empresas com
interesse no produto e a COOPERACRE, atua na compra de castanha no estado do Acre
junto as outras cooperativas.
Apesar de não ter sido mencionado pela entrevistada, o apoio do WWF não se
restringe aos APLs mencionados. O WWF tem forte participação no APL madeireiro,
participa tanto dos “manejos comunitários” quanto dos empresariais. Toda a certificação
de madeira extraída nesses projetos é certificada pelo FSC, que é ligado ao WWF.
Outra ONG que passou a ter influência no estado foi a União Internacional para
a Conservação da Natureza – UICN. Esta ONG foi fundada na Inglaterra, em 1948, a
partir de “um grupo de planejadores políticos e econômicos reunidos no Real Instituto
de Assuntos Internacionais (RIIA), o principal órgão de planejamento estratégico do
establishment britânico”. Desde a sua origem, a UICN elegeu como principal missão a
conservação da biodiversidade. Ela tem atuado em vários continentes em conjunto com
o “Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP), criado por Maurice Strong em
1972, e o World Resources Institute. A UICN empreendeu uma "estratégia global de
biodiversidade", que inspira os planos de conservação de muitas nações”.14
Assim como o WWF, a UICN exerce forte influência nas políticas ambientais de
diferentes governos. A sua atuação no Acre, contudo, é bem mais recente em
comparação com o WWF e sua influência parece bem menor junto a sociedades política
e civil. A UICN assemelha-se ao WWF também nos critérios de definição dos APLs a
serem apoiados. Na entrevista com a Coordenadora da UICN no Acre, Liliana Pires, ela
informa que o apoio da UICN está direcionado para os APLs castanha, borracha (FDL)
e madeira. Quanto ao critério para a seleção dos APLs a serem apoiados ela diz que são
“aqueles que tinham como base a conservação com desenvolvimento socioeconômico”.
No que diz respeito às formas de apoio, concentram-se no “fortalecimento da gestão,
qualificação das ações e treinamento dos produtores”.
O Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA) é uma das ONGs mais antigas
do Acre; fundada em 1983. Ela tinha a finalidade de fortalecer a luta de resistência dos
14 http://www.alerta.inf.br/Geral/978.html, acesso em 26/05/09.
16
trabalhadores, nos últimos anos da ditadura brasileira. Começou atuar em colaboração
com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, desenvolvendo ações voltadas ao
fortalecimento da base social do Sindicato, além de trabalhar no processo de
alfabetização dos seringueiros por intermédio do “Projeto Seringueiro”, baseado no
método Paulo Freire; o apoio financeiro era do Oxford Committee for Famine Relief
(Oxfam).
O CTA, a partir de 1990, deslocou seu eixo de atuação prioritário para
iniciativas de cunho produtivista, conforme o seu coordenador em entrevista. Com isso
modificou também bastante o seu perfil, deixou de ser uma ONG de apoio e passou a
ser proponente e executora de projetos. Tendo o Projeto Agroextrativista-PAE Porto
Dias como unidade piloto, deu início a implantação do “manejo florestal comunitário”,
destinado a exploração comercial de madeira. Atualmente, além do Porto Dias, o CTA
atua também no PAE e São Luis do Remanso, ambos certificados pelo sistema FSC.
Na identificação dos APLs apoiados, a grande maioria é madeira, os “não
madeireiros” são pouco expressivos. Os critérios utilizados para o apoio, a exemplo de
WWF e UICN, estão centrados em “cadeia produtiva voltada para a conservação do
meio ambiente”. A seleção dos APLs condiciona-se a existência de envolvimento de
“cooperativas e associações”. Na entrevista, não ficou explicitada as formas de
concretização do apoio do CTA aos APLs mencionados.
2.3 Organizações públicas de interesse privado
Em outubro de 2007 o SEBRAE/AC tinha uma base de sete APLs como alvo de
políticas (tabela abaixo).
Tabela 2 - APLs, Beneficiados, Localidade e Intensidade – SEBRAE – Out, 2007 Setor
Econômico Empresas
Beneficiadas Pessoas Físicas Beneficiadas Municípios Intensidade
de Gestão Período
Madeira e Móveis – Baixo
Acre 50 75 Rio Branco Alta
08/2004 a 12/2007
Madeira e Moveis – Vale
Juruá 15 50
Cruzeiro do Sul
Alta 02/2005 a 12/2008
Fruticultura – 250 250 Brasiléia e Alta 01/2006 a
17
Setor Econômico
Empresas Beneficiadas
Pessoas Físicas Beneficiadas Municípios Intensidade
de Gestão Período
Alto Acre Xapuri 12/2008 Aqüicultura e Pesca – Baixo
Acre 30 30
Bujari e Rio Branco
Alta 01/2005 a 12/2009
Mandiocultura – Baixo Acre
200 200 Capixaba e Rio Branco
Alta 01/2006 a 12/2008
Mandiocultura – Juruá
244 244 Cruzeiro do
Sul Alta
01/2005 a 12/2008
Turismo – Vale do Acre
60 60 Onze (Vale do
Acre*) Alta
01/2006 a 12/2008
* Municípios: Acrelândia; Assis Brasil; Brasiléia; Bujari; Capixaba; Epitaciolândia; Plácido de Castro; Porto Acre; Rio Branco; Senador Guiomard; Xapuri.
Nesse momento, já fazia mais de quatro anos que o SEBRAE Nacional vinha
trabalhando com o conceito de APLs. No Acre, o SEBRAE embora adotasse a
terminologia padrão nacional, detectava-se que os responsáveis pela questão
procuravam fazer ponderações sobre o que efetivamente representa a noção de APLs
para o Acre. Em entrevista com o Gerente da unidade de Gestão Estratégica
(entrevistado em outubro de 2007), ficou explicito que existia um consenso sobre a
ausência de uma situação ideal, no estado, para caracterizar um aglomerado produtivo
como APL, ou seja, conceitualmente não existiria APL no Acre, assegurava o Gestor.
Nesse sentido, a Instituição elegeria alguns setores econômicos como área prioritária de
trabalho, evitando-se, em alguns deles, denominá-los de APLs. Neste caso, apenas um
destes setores econômicos seria considerado APLs, sem muitas restrições: Madeira e
Móveis – Baixo Acre. (vide tabela acima, de outubro de 2007).
Em entrevista em junho de 2009, o Gerente da unidade de Gestão Estratégica
afirmou que o SEBRAE/AC trabalha com o conceito de APLs desde 2003; antes desse
momento predominava as ações individuais, setoriais e em cadeias produtivas.
No âmbito estrito do setor industrial, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL/AC) vem
desenvolvendo algumas atividades ao longo dos últimos anos, como conseqüência das
orientações de sua direção nacional. De 2001 a 2003, foi desenvolvido o projeto
Desenvolvimento Tecnológico Regional (DTR), que tinha o objetivo de formar atores
locais focalizados na tecnologia, conforme a consultora técnica do órgão. A atuação
privilegiou três cadeias produtivas: de carne, couro e leite; madeira e móveis; e,
18
piscicultura (SENA e SILVA, 2004). Em 2006, mediante o projeto Internacionalização
de APLs15, participou com o APL de Madeira/Móveis.
15 Projeto de intercâmbio entre países na busca de parcerias (Espanha, Itália e Japão). A participação do
Acre não chegou a fase dos intercâmbios. Apenas os estados do Ceará, Piauí e Paraná realizaram intercâmbio.
3 CONCEITOS E METODOLOGIAS ADOTADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E OS CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS ARRANJOS OBJETOS DAS POLÍTICAS
Neste capítulo serão apresentadas as principais metodologias utilizadas para
identificação dos arranjos produtivos no Estado do Acre, assim como os critérios para
seleção dos arranjos apoiados por políticas.
3.1. O mapeamento realizado pelo Banco da Amazônia
O Banco da Amazônia iniciou em 2002 um projeto denominado Iniciativa pela
Amazônia, com o apoio técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e
da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia – ANPEC,
visando mapear iniciativas que pudessem ser apoiadas e gerar desenvolvimento de
espaços econômicos que apresentassem condições mais favoráveis à implantação e
consolidação de clusters. As aglomerações identificadas no âmbito deste estudo estão,
em sua grande maioria, localizadas ou relacionadas ao setor Agrícola. Ademais, dada a
metodologia adotada, as aglomerações identificadas estão entre as mais importantes no
âmbito econômico do Estado. O conceito de cluster adotado nesse estudo baseia-se em
Porter (1998), para quem:
“Clusters são concentrações geográficas de empresas e instituições interconectadas numa área de atuação particular. Eles incluem um conjunto de empresas e outras entidades ligadas que são importantes para competição. Os clusters abrangem, por exemplo, fornecedores de insumos especializados, tais como componentes, máquinas, serviços e provedores de infraestruturas especializadas. Clusters freqüentemente se estendem na cadeia para incluir canais de comercialização e mesmo compradores, ou produtores de bens complementares, atingindo algumas vezes empresas relacionadas por
20
qualificação da mão-de-obra, tecnologias ou insumos comuns. Finalmente, muitos clusters incluem instituições governamentais e de outra natureza, tais como universidades, instituições de controle de qualidade, empresas de pesquisa e geração de idéias, especializadas em qualificação profissional, e associações patronais, que provêem treinamentos especializados, educação, informações, pesquisa, e suporte técnico” (Porter, 1998, apud BASA, 2002, p. 02).
Os critérios adotados para a seleção dos clusters foram: (i) concentração espacial; (ii)
tamanho; (iii) maturidade relativa; e (iv) inserção nos mercados.
A partir da compatibilização de dados secundários, estabeleceu-se uma tipologia
que permitiu identificar as características fundamentais de cada um dos clusters. A
referida tipologia englobou cinco diferentes tipos de cluster, a saber: (a) fundados em
capital social; (b) gerados pela concentração espacial da demanda; (c) formados a partir
de externalidades positivas; (d) formados pela concentração espacial da disponibilidade
de recursos naturais; e (e) forjados por políticas públicas.
Como resultado desse conjunto de procedimentos foi selecionado 04 clusters no
Estado do Acre, conforme segue: (i) Pecuária Bovina de Corte; (ii) Mandioca; (iii)
Indústria de Madeira e Mobiliário; (iv) Milho.
Mapa 2 - Clusters identificados – mapeamento Banco da Amazônia
Fonte: Elaboração própria com base nos estudos do Banco da Amazônia.
21
Buscando validar o resultado desse estudo realizaram-se encontros para
discussão dos resultados e priorização dos investimentos. Após esses encontros
definiram-se como clusters prioritários o de Pecuária Bovina de Corte e o de Mandioca.
Dando continuidade ao processo, foram desenvolvidos planos de ação para os
clusters prioritários de forma a conhecer seus principais entraves e as prioridades de
investimentos para que os mesmos se tornassem competitivos superando, dessa forma,
tais dificuldades. Os principais entraves de acordo com BASA (2002) eram: deficiência
no controle zoosanintário; baixo nível tecnológico; baixo valor agregado da produção;
baixa capacitação da mão-de-obra; alto custo dos insumos; não priorização de pesquisa
para o setor; escoamento da produção precário; falta de priorização de políticas públicas
para o setor/regulamentação ambiental; falta de cultura de integração dos produtores;
degradação de pastagens; baixo nível de capacitação gerencial e tecnológica; energia
elétrica; falta de concorrência dos frigoríficos locais; deficiência de estratégia de
marketing/diferenciação do produto; e falta de informações mercadológicas.
3.2. O mapeamento realizado pela Agência de Desenvolvimento da Amazônia - ADA
Em 2003 a ADA realizou a “Primeira Jornada de Seminários Participativos para
Indicação de Referências Prioritárias para o Planejamento do Desenvolvimento
Regional da Amazônia - SPIRAL”. Tratou-se de um esforço conjunto para a construção
do Plano Amazônia Sustentável, conduzido com metodologia própria por servidores da
ADA. Tal fato também se deu por solicitação do Ministério da Integração Nacional e
Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio. Participaram agentes de
governo e da sociedade civil para discutir as aglomerações econômicas de referência:
seu estado atual, suas carências, suas potencialidades, seus limites.
Trabalhou-se com o conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL), entendidos
“como aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – centrados
em um conjunto específico de atividades econômicas que apresentam vínculos, mesmo
que incipientes” (ADA, 2003). Os conceitos norteadores dessa discussão foram: (a)
ênfase no caráter territorial na abordagem dos APL, o que exige a definição do espaço
onde os processos produtivos, inovativos e cooperativos têm lugar; (b) ênfase na
diversidade de atividades e atores econômicos, políticos e sociais, dado que os APL
22
envolvem não apenas empresas e suas variadas formas de associação e representação,
mas também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para a formação e
a capacitação de recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento, engenharia, política,
promoção e financiamento; (c) reconhecimento do valor, nos APL, do conhecimento
tácito nos processos de geração, compartilhamento e socialização de inovações por parte
das empresas, instituições e indivíduos; (d) reconhecimento da importância do
aprendizado interativo na introdução de novos produtos, processos e formatos
organizacionais, para garantir, em muitos casos, a competitividade dos diferentes atores
locais, tanto individual, quanto coletivamente; (e) ênfase na existência, na conformação
dos APL, de diferentes modos de coordenação entre os agentes e atividades, que
envolvem a produção e a distribuição de bens e serviços, assim como o processo de
geração, disseminação e uso de conhecimentos e de inovações.
Considerou-se as ações de identificação dos clusters já realizadas pelo Banco da
Amazônia, a lista de APL da Plataforma Tecnológica do Ministério da Ciência e da
Tecnologia (MCT), a indicação fundamentada de outros arranjos de expressão
comprovada, a discussão e precisão da territorialidade dos arranjos antes indicados. Para
a identificação dos APLs foram utilizados os seguintes critérios, conforme ADA (2003):
(1) capacidade demonstrada e potencial do APL para promover redistribuição de renda;
(2) capacidade demonstrada e potencial do APL para implantar ou proteger a
sustentabilidade ambiental; (3) capacidade demonstrada e potencial do APL para criar
ou fortalecer o capital humano local; e (4) capacidade demonstrada e potencial do APL
para formar ou desenvolver o capital produtivo e social local.
Tendo como ponto de partida a lista de cluster do BASA e dos indicados pelas
Plataformas Tecnológicas do MCT para efeito de identificar coincidências; atribuíram-
se pontos (escala de 0 a 6) para enquadramento dos APL nos quatro critérios descritos
acima. Considerou-se que os pontos cinco e seis seriam atribuídos às atividades que
apresentassem forte ou plena capacidade de contemplar o critério em pauta; no outro
extremo, os pontos de zero a dois seriam atribuídos às atividades com baixa capacidade
de atender aos requisitos estabelecidos em curto prazo (ADA, 2003).
Com base nesses critérios foram identificados 09 APLs, a saber: indústria
florestal integrada, ecoturismo, mandioca, madeira e mobiliário, piscicultura, grãos,
pecuária de corte, oleiro cerâmico e milho.
23
Mapa 3 - Mapeamento da Agência de Desenvolvimento da Amazônia ADA - APLs
Fonte: Elaboração própria com base dos dados da Agencia de Desenvolvimento da Amazônia - ADA.
Destaque-se que algumas das aglomerações identificadas neste estudo também
constaram de outros mapeamentos e são, atualmente, apoiadas. As exceções foram
devidamente indicadas na lista que relaciona os APLs identificados e não apoiados.
3.3. SEBRAE
O SEBRAE/AC conceitua e identifica APLs a partir de territórios que
apresentem aglomeração de micro e pequenos negócios associados ou não entre si,
conforme o Gerente da Unidade de Gestão Estratégica (junho de 2009), bem como as
média e grande empresas, que operem em forma de rede, incluindo mesmo
concentração de grandes indústrias que apresentem elevado potencial de integração com
as micro e pequenas empresas.
Na mesma entrevista o Gerente da Unidade de Gestão Estratégica respondeu que
foram identificados seis APLs: Farinha de Mandioca, Móveis, Cerâmica, Alimentos,
Artesanato e Turismo; os mesmos que foram apoiados.
Em outubro de 2007 foi apresentado um quadro que aparecia o APL Madeira e
Móveis (tabela 2, acima). Agora Móveis aparece de forma isolada. Ressalta-se nessa
24
entrevista o fato do entrevistado não ter enfatizado nem mencionado que no Acre não
existe APLs ideais, de acordo com o conceito, tal como demarcado na seção 2.3.
3.4. O Apoio da Federação das Indústrias do Acre/IEL
Como visto no final do capítulo 2, o IEL vem desenvolvendo algumas atividades
relacionadas com o conceito de APLS. Desde 2006 o referido Instituto vem
desenvolvimento o projeto Empreende Cultura 90 (ago/2006 a jul2008). Um projeto do
IEL Nacional, do SESI Nacional e do Ministério da Cultura. Seu objetivo é agregar a
cultura local aos produtos, dando uma identidade local. O projeto foca a inovação com
ênfase na cultura local. Neste projeto está sendo trabalhado o APL Móvel, em cinco
empresas piloto16, afirmou a consultora Rosineide (out/2007). Conforme a entrevistada,
Weruska L. Bezerra (maio/2009), este projeto tem um impacto social cultural, pois
através do projeto “Empreende Cultura” neste caso especificamente, foi idealizado a o
trabalho na área cultural, levando para dentro das empresas envolvidas nos APLs o
fortalecimento da cultura regional e entras ocasiões agregar valor aos produtos
fornecidos por estas. O Empreende Cultura é um projeto que apóia o desenvolvimento e
o crescimento dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) pelo fortalecimento da cultura
regional. Para a entrevista, esses aspectos apareceriam como justificativas de
prioridades para a escolha dos projetos e APLs que estão sendo alvo de ações.
A consultora da Instituição informou que o IEL participou do Programa de Ação
do Sistema Indústria no Desenvolvimento Territorial com Foco em Arranjos Produtivos
Locais, com recursos do BID. O Acre foi o único estado da região Norte selecionado,
para trabalhar o APL de Móveis. O projeto tinha uma previsão de 60 meses, a partir de
mar/2008. Objetivo: aumentar o aperfeiçoamento da gestão, identificar oportunidades,
dinamizar os territórios, desenvolver a cultura da internacionalização e aumentar a
competitividade. Não foi dado mais informações do estágio atual desta ação.
Quando perguntada sobre os critérios que o IEL utilizada para selecionar os
APLs que são alvo de alguma ação, a entrevistada respondeu que é por meio de um
diagnóstico socioparticipativo.
16 Neste projeto tem um Diagnóstico do Empreende Cultura APL – Móveis de Rio Branco/AC. Todas as
informações desse projeto podem ser encontradas no site: www.ipti.com.br/ec.
25
3.5. A atuação do Governo do Estado do Acre – Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia
Até 2007 trabalhavam-se os conceitos utilizados pelo BASA e pela ADA tendo
em vista a participação do governo nos encontros e seminários realizados por essas
instituições. Com a aproximação do MDIC o estado passou a considerar o conceito de
APL para os arranjos apoiados e de cadeia produtiva para atividades apoiadas, mas não
cadastradas no MDIC como APL. Tais cadeias são consideradas como atividades com
potencial de desenvolvimento no estado.
Apenas em 15 de maio de 2007, por meio da portaria nº 035, foi
institucionalizado o Grupo de Trabalho Interinstitucional do Núcleo Estadual de Apoio
aos Arranjos Produtivos Locais o qual é composto por 17 instituições.
Em relação à metodologia adotada pelo Núcleo Estadual de Apoio aos APLs do
Acre – NE-APL/AC, implantado com base na recomendação do Grupo de Trabalho
Permanente para Arranjos Produtivos Locais – GTP/APL, seguiu-se a indicada pelo
Termo de Referência para Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento de Arranjos
Produtivos Locais (MDIC, 2004) e também critérios relacionados aos objetivos da
política de desenvolvimento sustentável do estado do Acre (conforme cap.II) para a
definição dos APLs objetos de políticas públicas: (i) Concentração setorial de
empreendimentos no território; (ii) Relevante impacto econômico-social; (iii)
Cooperação entre os atores participantes do arranjo; (iv) Existência de mecanismos de
governança.
Com a formalização do NE-APL/AC foram identificados 12 APLs: Móveis,
Madeira, Cerâmico, Farinha, Castanha, construção civil, avicultura, agricultura (Milho),
mandiocultura, cana-de-açúcar, pecuária de leite e produtos florestais não-madeireiros.
Em atendimento à chamada do Grupo Permanente de Apoio aos Arranjos
Produtivos Locais – GTP/APL, o NE-APL/AC elegeu como prioritários junto à política
pública federal 05 APLs da lista acima: Móveis, Madeira, Cerâmico, Farinha e
Castanha.
Esses APLs são objetos de políticas públicas em consonância com as ações do
Governo Federal e demais instituições parcerias, dentre as quais se destacam: Federação
26
das Indústrias do Acre, Embrapa, SEBRAE, ONGs, Sindicatos, Cooperativas, Banco da
Amazônia, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, BID, etc. Tais políticas
foram elaboradas, sob a coordenação do Núcleo Estadual, por meio da elaboração dos
Planos de Desenvolvimento de cada APL.
4 MAPEAMENTOS/LISTAGENS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS IDENTIFICADOS E QUE SÃO FOCOS DE POLÍTICAS N OS ESTADOS17
O mapeamento dos Arranjos Produtivos Locais, que de certa forma entendido
em outras instituições como cadeia produtiva está alinhada com as políticas
governamentais para o desenvolvimento deste importante nicho comercial dentro da
economia no estado.
A identificação e caracterização fazem-se necessário para que haja um melhor
entendimento sobre o escopo inicial dos Arranjos Produtivos Locais no estado do Acre
e, desta forma estão espacializados dentre os municípios.
O estado do Acre vem passando por uma enorme reestruturação político-
administrativa, no que se refere aos novos investimentos em infraestrutura, inclusão
social e desenvolvimento econômico.
Inúmeras obras em fase de conclusão e outras em continuidade, vale ressaltar,
que todos os municípios do estado estão recebendo novos benefícios com esta nova
frente de trabalho que tem parcerias com o governo federal e incluem-se as obras do
PAC (Plano de Aceleração do Crescimento).
No quesito inclusão social, o governo do estado a partir de suas secretarias
estratégicas vem dinamizando e oportunizando todas as classes sociais em todos os
municípios. A construção de novos centros de tecnologia voltados para a qualificação
profissional do município objetivará concorrência às novas vagas de emprego que
17 Ressalta-se que não faremos neste nenhuma correspondência com as seções 3.1 e 3.2, visto que em
nenhuma entrevista foi mencionado o mapeamento realizado pelo BASA e pela ADA. Embora estes dois trabalhos não tenham rebatido diretamente no formato das políticas do governo do Acre, eles possuem uma relevância no sentido de ter sido uma iniciativa que abrangeu toda a região amazônica.
28
surgirão, aliando-se a isto, os investimentos em tecnologias voltadas para conservação
do patrimônio natural do estado.
As boas práticas entendidas a partir do princípio conservacionista, delegada as
comunidades assistidas pelas secretarias especiais e/ou organizações não-
governamentais, visam em tese o fomento de uma nova consciência entre a conturbada
relação homem/natureza.
Como parte inerente e propiciando impacto positivo às comunidades envolvidas
e seus atores sociais, o desenvolvimento econômico vem atrelando conservação
ambiental e geração de emprego e renda, não somente a um pequeno grupo, mas as
comunidades do entorno que também são contempladas com as políticas voltadas para
esta importante conexão entre o Estado e os povos da floresta.
Diante da necessidade de integração, geração de emprego, renda, inclusão social,
e almejando o desenvolvimento socioeconômico do Estado, criou-se a partir de novos
critérios um outro enfoque conceitual a partir de Arranjos Produtivos Locais (APLs)
que em outro momento passaria por uma priorização de investimentos e resultados.
Dentre esta nova forma de organização elencamos cinco APLs, distribuídos por
quase todo o estado e, considerando a vocação comercial e empresarial de cada
município para receberem os investimentos do governo estadual.
4.1 APL Móveis
Este APL foi influenciado decorrente da valorização da madeira e seus
subprodutos, levando em conta outras cadeias produtivas (madeira, compensado,
laminado, artefatos, móveis e construção de casas), o incremento deste setor também
trouxe novas tecnologias, uma vez que houve uma mudança paradigmática sobre a
maneira como se extraia a madeira da floresta, as novas técnicas aperfeiçoaram o tempo
e os custos, que neste setor é imprescindível.
Logo, a predominância do trabalho cooperativo e associativo, que deu aporte de
valorização quanto ao parâmetro sustentabilidade ambiental e capital humano,
fomentando uma nova estrutura organizacional nos municípios de Acrelândia,
29
Epitaciolândia, Rio Branco, Capixaba, Feijó, Sena Madureira, Cruzeiro do Sul, Porto
Acre e Tarauacá no estado do Acre.
Esta atividade dá suporte a criação de inúmeras marcenarias e movelarias, a citar
o caso de sucesso, a Coopermóveis, APL coordenado pela Coordenadoria do Trabalho e
Economia Solidária – CONTES, com apoio da Prefeitura Municipal de Rio Branco
(PMRB) que teve início em 2007 e finalizando em 2008. Este projeto obteve
financiamento da ONU/FAO, Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), que
teve como objetivo a valorização pela capacitação, que consistiu na formação de novos
marceneiros e a inserção de jovens e mulheres no processo de produção, elaboração de
um catálogo de produtos com uma nova modelagem, atratividade e apelo comercial.
Nesse sentido, as mudanças logo foram percebidas pelos cooperados, principalmente na
geração de emprego e renda entre os atores envolvidos e as pequenas marcenarias que
fazem parte desta cooperativa.
4.2 APL Madeireiro
O APL madeireiro tem importante participação na relação econômica quanto
cadeia produtiva relacionada para os municípios de Acrelândia, Epitaciolândia, Rio
Branco, Capixaba, Feijó, Sena Madureira, Cruzeiro do Sul, Porto Acre, Tarauacá e
Xapuri, entre outros aspectos vinculados a governança destes arranjos quanto a sua
capacidade de produção e comercialização em nível local, regional e nacional.
De acordo com SEBRAE (2003) a instância da governança do APL deverá ter
uma atuação fundamental no desenvolvimento, na gestão e na avaliação das ações
desenvolvidas no APL. A definição de indicadores e metas associadas a estes aspectos é
de fundamental importância para o estabelecimento de um sentido de orientação para as
diversas iniciativas.
Por outro lado, o desenvolvimento contínuo das lideranças que atuam na gestão
deve ser enfatizado de forma permanente visando a formação de uma competência
adequada para atuação e sustentabilidade das ações do APL. Nesse processo, deverá ser
enfatizada a busca de competências duráveis, como: desenvolvimento da liderança,
desenvolvimento de equipes, administração de conflitos, condução de reuniões e
captação de recursos.
30
Considerando o APL madeireiro que é composto especificamente por indústrias
que realizam o primeiro beneficiamento das toras de madeira retiradas da floresta,
caracterizadas em sua maioria como serrarias. Já os produtos resultantes têm maior
saída no mercado regional, devido à qualidade, melhor poder de compra e, o produto
tem registro por certificação dentro dos planos de manejo homologados em áreas
próprias.
De acordo com Arcos (2007) para a madeira certificada o mercado impõe o
custo, por ser produto certificado que obedece a critérios rígidos de fiscalização, pois o
menor descuido com as normas impostas pela empresa certificadora é o mínimo motivo
para se perder a tutela da certificação, que uma vez retirada não volta mais. Obedecendo
toda esta lógica é considerado a cadeia de custódia do produto florestal manejado e
certificado, ou seja, um registro da madeira como forma de identificação e procedência,
pois através da cadeia de custódia identifica-se rapidamente a origem do produto, que já
passou por etapas como, extração, beneficiamento, produção (transformação) e
comercialização.
Entre os impactos positivos em relação ao desenvolvimento da cadeia produtiva
da madeira estão à melhoria no processamento e na qualidade dos produtos, maior
aproveitamento da matéria-prima, redução do desperdício no processo produtivo,
aproveitamento de resíduos com geração de subprodutos com valor agregado e inovação
de produtos e em alguns casos indústrias de compensados e laminados, sendo as duas
últimas voltadas à fabricação de produtos destinados ao mercado externo e interno.
A quantidade de indústrias madeireiras e moveleiras vêm crescendo nos últimos
anos devido ao aumento do consumo de matéria-prima utilizada nos processos
produtivos. Esse aquecimento na demanda aumenta a concorrência entre as empresas,
pois essas passam a disputar preferências dos clientes.
No que consiste ao APL em tela é que a busca da eficiência na articulação das
distintas fases desta cadeia produtiva tende a assegurar a competitividade, o que prioriza
a noção de logística que envolve fatores como armazenamento e transporte.
A madeira retirada das floretas do Acre, com a anuência dos planos de manejo
florestal, leva uma grande vantagem em relação no quesito competitividade, pois, segue
a rígidos parâmetros de qualidade, com isso, eleva a renda e fomenta o desenvolvimento
socioeconômico do estado.
31
Segundo BASA (2009) o Acre tem um potencial florestal considerável, com 88
% do seu território constituído de floresta, ordenamento territorial através do ZEE é uma
política clara para o setor florestal, com ênfase a legislação de toda madeira explorada, o
que garante confiança do mercado no momento de comercialização. Tem-se ainda a
experiência da Cooperfloresta que trabalha com manejo comunitário e madeira
certificada, além de mais duas indústrias certificadas pela CFS.
Nesta perspectiva e diante das fases de implantação do Zoneamento Ecológico
Econômico do Estado, fora identificado que Rio Branco concentra 38,5% (média de 22
indústrias) das empresas madeireiras do Estado e, em Cruzeiro do Sul identificou-se que
8,77% das empresas madeireiras do Estado estão sediadas nesta importante cidade da
regional do Juruá, onde o setor madeireiro gera empregos diretos e indiretos com média
nas indústrias com variação de 10 a 60 postos de trabalho.
Com a pesquisa realizada constatou-se que 85,73% da matéria-prima é
provenientes de Planos de Manejo; 52,5% da matéria-prima é de floresta própria;
83,81% utilizam matéria-prima do próprio município e, que 86% das empresas
apresentam uma taxa de ocupação de aproximadamente 3 mil m².
E diante desta estrutura e norteada pelas políticas publicas, esta atividade obteve
com a comercialização dos produtos o valor de R$ 22.372.748.90 com base em
levantamentos efetuados pela Secretaria de Estado da Fazenda para 2008.
4.3. APL Oleiro Cerâmico
No Período 2001-2004 houve a estruturação do Arranjo Produtivo do Setor
Cerâmico do Estado do Acre, projeto apoiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT), BASA e Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica
(ABIPTI). Com os dados levantados com a finalidade de verificar a necessidade quanto
ao aporte tecnológico voltado ao APL e a classe empresarial considerando às demandas
de políticas públicas para o setor de construção civil, onde incluem-se o Programa
Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQPH e o Programa Setorial da
Qualidade – PSQ, que prezam pela melhoria da qualidade dos serviços e produtos
oferecidos no meio comercial no estado.
32
Objetiva-se com este novo setor (cerâmico) no estado do Acre, a busca por
soluções contíguas, identificação de possíveis entraves, fomentar a sensibilização do
empresariado do setor da construção civil quanto aos níveis de qualidade de seus
serviços e produtos ofertados a sociedade.
Podemos evidenciar que nos municípios de Brasiléia, Rio Branco e Cruzeiro do
Sul se inserem de forma importante no setor contribuindo nesta cadeia com novos itens
que estão sendo produzidos nestes municípios: telhas, agregado cerâmico “pedra de
barro”, blocos cerâmicos estruturais, pisos, elementos de revestimento e decorativos de
fachadas são alguns exemplos de produtos que possuem um mercado amplo e crescente
nesta região.
Com estas novas unidades teremos uma produção de tijolos para pavimentação
de vias e calçadas, proporcionando aos municípios envolvidos no processo redução de
custos com o uso de implementos asfalticos, que por sua são onerosos aos cofres
municipais e estaduais.
Doravante a partir da implementação deste APL alguns resultados foram
obtidos, como por exemplo, o levantamento de dados técnicos e econômicos nas
cerâmicas de Rio Branco e do interior do Estado, coleta de amostras de matérias-primas
utilizadas pelas cerâmicas para execução de ensaios físico-mecânicos no laboratório de
Cerâmica da FUNTAC, análise química de amostras em parceria com o laboratório de
Solos da EMBRAPA/AC e SENAI/SP, elaboração de estudo de mercado para produção
e comercialização de novos produtos, formalização de convênio com o SEBRAE/AC
para gestão deste Arranjo Produtivo Local e estruturação do Programa Setorial da
Qualidade para o Setor Cerâmico (sensibilização e adequação de metas).
4.4 APL Farinha de Mandioca
O APL Farinha de Mandioca está localizado no município de Cruzeiro do Sul,
liderada pela CASAVAJ, e com ocorrências em outros municípios como, Acrelândia,
Porto Acre, Brasiléia, Epitaciolândia, Porto Walter, Bujari, Mâncio Lima, Rio Branco,
Capixaba, Marechal Thaumaturgo, Rodrigues Alves e Sena Madureira.
33
Na cidade de Cruzeiro do Sul, o projeto envolve 6 (seis) associações de
produtores no total de 140 famílias, que havia um volume de produção. O produto
mandioca tem outros sub-produtos como a fécula de mandioca, a farinha (tradicional
alimento) nas comunidades urbanas e rurais dos municípios do Estado, esta que recebeu
maiores incentivos por parte das políticas públicas estaduais no sentido do
desenvolvimento da cadeia produtiva da mandioca (mandiocultura).
Na tabela a seguir verificaremos os dados apresentados em maio de 2009 com
base no ano corrente de 2008 sobre a evolução da exportação da mandioca e a fécula de
mandioca.
Tabela 3 – Produção em Kg da Farinha de mandioca e sub-produto – ano base 2008
2008 – INTERESTADUAL Produtos Medida Qtde Valor em R$/und Valor final (R$)
Farinha de mandioca kg 9.670.490,00 0,30 2.901.147,00 Fécula de mandioca kg 4.400,00 0,96 4.224,00
Como podemos observar o produto mandioca embora seu expressivo volume
tem baixo valor agregado, distoante do valor proposto para o sub-produto a fécula de
mandioca que tem baixa produção, porém consegue melhor valor de compra. Inerente a
farinha de mandioca, a fécula começa a ser apreciada no ramo da gastronomia, onde
inclusive faz-se está sendo bastante difundido seu uso na rede de restaurantes e
hotelarias.
A farinha do estado do Acre, popularmente chamada de Cruzeiro do Sul, passou
nos últimos anos por um processo de reestruturação no que concerne desde a base de
produção até o fechamento final da cadeia com a comercialização. As boas práticas
destinadas a produção de uma farinha de qualidade só foram possíveis a partir das
mudanças ocorridas nas comunidades onde a farinha é produzida.
Um melhor nível incluindo higienização, construção de novas casas de preparo,
capacitação e treinamento dos atores envolvidos no processo de produção, tudo isto
corroborou para o fortalecimento da cadeia e colocou o produto “farinha de mandioca”
entre os mais consumidos na região norte, com forte apelo comercial e novas
embalagens, que tem a finalidade de dar maior credibilidade ao produto.
34
4.4 APL Castanha
O Acre é o maior produtor brasileiro de castanha-do-brasil, com
aproximadamente 11 mil toneladas/ano, representando cerca de 50% da produção
nacional. A castanha é considerada uma das maiores riquezas da região, sendo
responsável pelo sustento de, aproximadamente, 4000 mil famílias. Para garantir esta
posição, o governo do Estado vem intensificando ações na melhoria da qualidade
sanitária da castanha, investindo em infraestruturas de armazenagem adequadas nos
seringais e capacitando os extrativistas em boas práticas de produção (SEAPROF,
2009).
Com algumas ações de fomento e apoio a cadeia produtiva, observou-se a
elevação da renda familiar, pois em 1998 a renda anual do extrativista (castanheiro)
chegava a R$ 750,00, já em 2006 foi observado uma expressiva melhora nos ganhos dos
atores sociais percebendo neste ano a quantia de R$ 3.300,00/ano representando um
aumento de 450% de incremento quanto a sua atividade.
Vale ressaltar a parceria do Estado com a Cooperacre, que atualmente possui a
concessão da usina de beneficiamento de castanha no município de Brasiléia. Esta
instituição atua em 11 municípios, agregando 20 organizações extrativistas, gerando
empregos diretos e beneficiando mais de 1.900 produtores.
A castanha-do-brasil pelo seu forte incremento na economia, assim como outras
cadeias produtivas também passou pelo processo de certificação, uma vez que trata-se
de produto de nível internacional, com inúmeros aporte a exportação do produto para
outros países. Nesse sentido, 149 famílias receberam as visitas de inspeção para
certificação orgânica durante o primeiro ano do projeto, ao todo 48% das famílias foram
certificadas.
A partir do processo de certificação das famílias dos municípios de Acrelândia,
Capixaba, Sena Madureira, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Bujari e Rio Branco,
houve a exportação de 2 contêineres de castanha convencional para a trade suíça Equal
Exchange e 01 contêiner de castanha certificada FLO para a Cooperativa Chico Mendes
na Itália.
35
O Projeto Castanha Acre-Brasil tem participação nas principais feiras voltadas
para negócios, no setor da fruticultura e para produtos agro-ecológicos. Levantado os
indicadores de mercado para castanha comum, beneficiada e certificada (SEAPROF,
2009).
No total de saídas para exportação ou interestadual, segundo a Divisão de
Estudos Econômicos Fiscais (2009) da Secretaria de Estado da Fazenda obteve um
volume de R$ 8.522.608.70 para o ano base de 2008.
5 OS DEMAIS ARRANJOS NÃO APOIADOS
5. 1. Os arranjos identificados nos mapeamentos existentes e que não estão sendo estimulados por políticas para APLs no estado
Aqui há um paradoxo. Ao longo desta Nota Técnica foi expresso que o governo
do estado não adota em seus documentos básicos o conceito de APLs (exceto em sua
lista enviado ao GT do MDIC). No entanto, as ações do governo, provenientes dos
financiamentos do governo federal e organismos internacionais (BID, BIRD e ONGs),
chamados de estruturantes (documentos oficiais já citados) abrangem todos os APLs
aqui mencionados, sejam os selecionados pelo BASA e ADA (e não lembrados por
outros órgãos), sejam aqueles contidos na listagem do GT-APL estadual e do SEBRAE,
conforme as políticas do governo, chamadas de estruturantes (nota 12, p. 9).
5. 2. Os arranjos não incluídos em listagens/mapas estaduais de APLs
Em relação a possível existência de APLs não identificados a equipe considerou
que as atividades produtivas do estado estavam incluídas nas listas de APLs dos
mapeamentos do BASA, ADA, GT-APLs, Sebrae. O estado possui uma base econômica
muito limitada, comparada com outros estados da federação. Evidentemente, por mais
que se pense que a quantidade de APLs indicada é pequena, isso não significa que não
esteja abrangendo toda a base econômica. O fato do próprio governo estadual não
utilizar em seus documentos básicos a denominação de APLs, considerando-os apenas
implicitamente dentro dos programas estruturantes, já induz o entendimento de que as
políticas têm o propósito de abranger a totalidade das atividades econômicas do estado.
Nesse sentido, dada a curta base econômica do estado e o escopo da política do governo
37
do estado (projetos estruturantes), a planilha 3 não terá nenhum arranjo indicado pela
equipe.
CONCLUSÕES
O mapeamento, metodologia de identificação e critérios de seleção para políticas
de apoio nos APLs do Acre procurou apresentar o sentido do processo de formulação de
políticas do estado. Percebe-se que a dinâmica desse processo é bastante dependente dos
organismos externos (poder central, BID, BIRD e ONGs). Verificou-se, também, que o
mapeamento realizado pelos organismos regionais não são mencionados pelos órgãos
locais (governo, prefeitura, Sebrae, ONGs); não se conseguiu especular sobre as razões.
Os órgãos que direta ou indiretamente tem alguma relação com os APLs
mencionados nesta nota, seja pela seleção, seja pela adoção de política das mais
variadas formas, desde ação direta ou com atitudes mobilizadoras são os seguintes:
- Governo do estadual e Prefeitura de Rio Branco (seção 2.1);
- As ONGs WWF-Brasil, UICN e CTA (seção 2.2);
- SEBRAE e IEL.
No que se refere aos arranjos identificados, basicamente todos são alvos de
políticas, mesmo que não nominados especificamente (vide anexos nas páginas finais
desta Nota Técnica). Isso dá pelo fato das políticas estaduais estarem desenhadas com
uma concepção atrelada às fontes de financiamento. Este possibilitou o governo chamá-
los de estruturantes. Dadas as características socioeconômicas do estado, todas estas
políticas alcançam direta ou indiretamente os APLs mencionados nesta Nota a partir dos
fontes e agentes consultados.
Em relação aos conceitos utilizados para identificação dos APLs, foi observado
que o trabalho do BASA, realizado por intermédio do IPEA, na realidade usou o
conceito de clusters, e no final nomeou de APLs. A ADA usou o conceito de APLs
propriamente dito, mesmo que os órgãos locais não mencionem esse trabalho, muitas
vezes até desconhecendo sua existência.
39
Os APLs selecionados pelo SEBRAE foram selecionados seguindo a orientação
nacional do órgão de trabalhar com o conceito. Nesse sentido, há aquele compromisso
de não se descuidar daquilo que está escrito nos documentos do SEBRAE nacional
sobre o conceito de APLs. Por isso não é tão simples afirmar como o órgão trabalha
como o conceito. Em 2007, foi manifestado certo grau de receio sobre a aplicação do
conceito no Acre, por não existir os “APLs ideais”. Atualmente, com os mesmos APLs
selecionados não houve ponderações sobre o uso do conceito, segundo o mesmo
entrevistado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACRE, Governo do Estado do Acre. Relatório Consolidado - Saída (Interestadual e Exportação) - Ano 2008. Secretaria de Estado da Fazenda/Diretoria de Administração Tributária/Divisão de Estudos Econômicos Fiscais, 2009.
AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA. I Jornada de Seminários Participativos para Indicação de Referências Locais Prioritárias ao Planejamento do Desenvolvimento Regional da Amazônia – SPIRAL I Arranjos Produtivos. Belém: ADA, 2003. (Versão Preliminar em revisão de forma).
AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA. Planejamento do Desenvolvimento Regional Estruturação de APL: Acre. Agência de Desenvolvimento da Amazônia , Banco da Amazônia. Belém: ADA, 2006.
ARCOS, Frank Oliveira. Manejo Florestal: Menores danos face ao Planejamento para exploração de Madeira no Estado do Acre: Caso da Indústria de Madeira Nova Canaã e Fazenda Nova Guachupé. Relatório de pesquisa apresentado ao curso de Geografia da UFAC, 2007.
BANCO DA AMAZÔNIA (BASA). Plano de aplicação dos recursos – todas as fontes, 2009.
BANCO DA AMAZÔNIA. Projeto de Contribuição ao Desenvolvimento dos Principais Arranjos Produtivos Locais Potenciais dos Estados da Amazônia - Estado do Acre. Belém: 2002.
CASSIOLATO, José Eduardo; LASTRES, Helena Maria Martins. O foco em arranjos produtivos e inovativos locais de micro e pequenas empresas. In: LASTRES, Helena M. M.; CASSIOLATO, J. E.; MACIEL; Maria Lucia. Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio de Janeiro, Relume Dumará : IE/UFRJ, 2003. pp. 21-34.
CASSIOLATO, José Eduardo; SZAPPIRO, Marina. Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas. In: LASTRES, Helena. M M.; CASSIOLATO, J. E.; MACIEL; Maria Lucia. Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio de Janeiro, Relume Dumará : IE/UFRJ, 2003. pp. 35-50.
LASTRES, Helena Maria Martins; CASSIOLATO, José Eduardo. Políticas para arranjos produtivos locais no Brasil. In: F.B. Oliveira (Ed.) Política de gestão pública integrada , Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2008.
MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC (2004). Termo de Referência para a Política Nacional de Apo io ao Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais. Brasília: MDIC.
41
MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC (2006). Oficina Regional de Orientação à Instalação de Núcleos Estaduais de Apoio a Arranjos Produtivos Locais. Brasília: MDIC.
PAULA, Elder A; (2005) (Des)envolvimento Insustentável na Amazônia Ocidental, dos missionários do progresso aos mercadores da natureza. Edufac: Rio Branco.
SEAPROF - Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar. Modernização e fortalecimento da cadeia produtiva da castanha-do-brasil. SEAPROF, 2009. [folder].
SEBRAE – Serviço Brasileiro às Micro e Pequenas Empresas. Termo de referência para atuação do sistema SEBRAE em APL. SEBRAE, 2003.
SENA, Roseneide Mendonça de.; SILVA, Sérgio Barroso da. Projeto Desenvolvimento Tecnológico Regional: A experiência da implantação da metodologia DRT na Região do Baixo Acre. In: IEL. Desenvolvimento Tecnológico Regional (DRT): três experiências de sucesso para o fortalecimento de arranjos produtivos. Brasília: IEL/NC; SEBRAE, 2004. cap. II.
SEPLAN. Secretaria de Planejamento do Governo do Estado do Acre. Desenvolvimento Econômico. Documento síntese de atividades de todas as secretarias de governo. 2009.
SOUZA, Israel D. (2005) Reforma do Estado e o discurso florestânico no governo da “Frente Popular” : entre a epopéia e a tragédia. Monografia apresentada no Curso de Ciências Sociais/UFAC.
SOUZA, João V. (2008) O “Programa de desenvolvimento sustentável do Acre”: uma análise á luz do discurso do desenvolvimento sustentável e da cooperação internacional. Dissertação de Mestrado apresentada no Curso de Pós-Graduação em Direito da UFSC.
ANEXOS
Anexo I – Planilha 1: Lista de APLs identificados e apoiados APL
Atividade Produtiva Principal (CNAE*)
Localização Geográfica** Organização responsável pelo apoio
Móveis 3101-2 120001, 120017, 120020, 120040, 120050, 120060
Governo do Estado do Acre, CONTES, IEL, UFAC, SENAI, SESI e SEBRAE
Madeireiro 1610-2 02
120001, 120017, 120020, 120025, 120030, 120040, 120080, 120060, 120070
Governo do Estado do Acre, IEL, UFAC, SENAI, SEBRAE, CTA, IUCN
Oleiro Cerâmico
2342-7 02 120010, 120020, 120040 Governo do Estado do Acre,
IEL
Farinha de Mandioca
1063-5
120001, 120010, 120013, 120017, 120017, 120020, 120080, 120039, 120040, 120042, 120050
Governo do Estado do Acre, SEBRAE
Castanha 1031-7
120001, 120010, 120013, 120017, 120040, 120025, 120050, 120070
Governo do Estado do Acre; CTA, IUCN, GTA, SEBRAE
* CNAE (Código) = Será utilizado o código a três dígitos para Extração, Indústria e Serviços e a quatro dígitos para Agricultura. ** Municípios que integram o APL – código IBGE.
Anexo II - Planilha 2: Lista de APLs identificados e não apoiados
APL Atividade Produtiva
Principal (CNAE*) Localização Geográfica**
Organização responsável
pela identificação
Pavimentação mineral não metálico
1532-9/00 120040 IEL – SEBRAE
Borracha 0212-7 IUCN,WWF
Milho 0111-2 Porto Acre, Brasiléia, Sena Madureira, Feijó, Plácido de Castro, Rio Branco, Senador Guiomar, Acrelândia e Capixaba
BASA, ADA
43
APL Atividade Produtiva
Principal (CNAE*) Localização Geográfica**
Organização responsável
pela identificação
Pecuária Bovina de Corte
0141-4/01 Rio Branco, Xapuri, Capixaba, Senador Guiomard, Acrelândia, Plácido de Castro, Bujari e Porto do Acre.
BASA,ADA
Pecuária Bovina de leite
0141-4/02 SDCT
Piscicultura 0512-6/01 Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Cruzeiro do Sul,Porto Walter,Marechal Thaumaturgo,Bujari,Rio Branco,Capixaba,Porto Acre,Senador Guiomard e Acrelândia
SDCT
Ecoturismo Não foi possível indentificar o código
Mâncio Lima, Rodrigues Alves,Porto Walter,Marechal Thaumaturgo,Bujari,Rio Branco,Capixaba,Porto Acre,Senador Guiomard e Acrelândia
SDCT
Avicultura 5133-0/02 , 5134-9/00
Brasiléia SDCT
Cana-de-acúcar 1562-8 Capixaba
Produtos Florestais Não Madeireiros
Não foi possível indentificar o código
SDCT
Artesanato GTA * CNAE (Código) = Será utilizado o código a três dígitos para Extração, Indústria e Serviços e a quatro dígitos para Agricultura. ** Municípios que integram o APL – código IBGE.
Anexo III – Planilha 3: Lista de APLs identificados e apoiados APL
Atividade Produtiva Principal (CNAE*)
Localização Geográfica** Organização responsável pelo apoio
-- -- -- --
* CNAE (Código) = Será utilizado o código a três dígitos para Extração, Indústria e Serviços e a quatro dígitos para Agricultura. ** Municípios que integram o APL – código IBGE.
44
Anexo IV - APLs Selecionados pelo SEBRAE
APL Atividade Produtiva Principal (CNAE*) Localização Geográfica** Organização
responsável
Móveis 3101-2 120001, 120017, 120020, 120040, 120050, 120060
Gov.Acre
Madeireiro 1610-2 02 120001, 120017, 120020, 120025, 120030, 120040, 120080, 120060, 120070
Gov.Acre
Oleiro Cerâmico 2342-7 02 120010, 120020, 120040 Gov.Acre
Farinha de Mandioca
1063-5
120001, 120010, 120013, 120017, 120017, 120020, 120080, 120039, 120040, 120042, 120050
Gov.Acre
Castanha 1031-7 120001, 120010, 120013, 120017, 120040, 120025, 120050, 120070
Gov.Acre
Fonte: entrevista, maio 2009.
Anexo V - Apoio ao Programa Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre [http://www.bndes.gov.br/noticias/2005/not129_05.asp] - 30.05.05
O apoio do BNDES à segunda etapa do Programa Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre (PIDS Acre II) representa a maior operação de financiamento da Área de Inclusão Social do Banco a um projeto de desenvolvimento regional na Região Norte do País. Serão R$ 170 milhões investidos, dos quais R$ 136 milhões (aproximadamente 80%) apoiados pelo BNDES através de financiamento reembolsável (FINEM).
A relevância desta operação, contudo não se resume ao significativo montante de recursos investidos.
Trata-se de uma ação estruturante, intersetorial e abrangente, formada por um conjunto de 20 diferentes tipos de projetos, inteiramente integrados, que englobam investimentos diretos em 14 dos 22 municípios do Acre, e norteados por um consistente Programa de Desenvolvimento Sustentável do Estado, que busca o desenvolvimento das potencialidades econômicas regionais, respeitando os princípios de sustentabilidade e de redução das desigualdades sociais.
Os projetos que compõem este novo portfolio de investimentos guardam uma relação de continuidade e complementaridade às ações apoiadas na primeira etapa do Programa, contratada em abril de 2002 e que totalizou R$ 40 milhões de financiamento do BNDES para projetos em Desenvolvimento Social, Urbano Regional e de Integração.
Estes novos investimentos também são complementares a outros projetos, programas e convênios do Estado em parceria com o BID, com o Governo Federal e com diversas outras instituições públicas e privadas.
O PIDS Acre II contribui para o fortalecimento da economia e da institucionalidade local em uma região de fronteira, com grande relevância geopolítica. Como objetivo geral, busca promover e fortalecer a infra-estrutura urbana e rural, promover o desenvolvimento econômico e social, proporcionar a integração regional do estado, além do fortalecimento do eixo turístico. Destaca-se, contudo, a forte ênfase em investimentos para o desenvolvimento da infra-estrutura econômica e de integração (R$ 78 milhões, ou cerca de 46% do total), configurando-se significativo estímulo ao segmento produtivo.
As diversas ações específicas se dividem em 4 componentes setoriais:
I - Fortalecimento do Turismo - Implantação de 2 museus-memoriais, um em Cruzeiro do Sul e o outro em Xapuri. O último dedicado ao mártir Chico Mendes. Além do apelo turístico, estes
45
investimentos promovem o resgate cultural e histórico, com valorização da cidadania do povo acreano.
II - Infra-estrutura Urbana - Realização de investimentos na capital, Rio Branco, como: ampliação e modernização do Sistema de Circulação Viária; elaboração do Plano Diretor de Transportes; reforma do Terminal Urbano de Transportes Coletivos; contenção de encosta e recuperação do Mercado Velho. Além disso, quatro outros municípios serão contemplados com projetos de urbanização de suas vias principais.
III - Infra-estrutura Econômica - Viabilização de projetos que objetivam fortalecer e estruturar a economia de base florestal, de maneira sustentável, com inclusão das populações tradicionais (seringueiros, ribeirinhos, pequenos agricultores). O mais desafiador deles é a implantação de 10 projetos de Assentamentos Agroflorestais, beneficiando 679 famílias, além da inserção de 404 famílias no sistema de manejo florestal comunitário, em regiões sob influência do desmatamento (total de 9 municípios), contemplando-as com infra-estrutura de acesso, energia e outros serviços que possibilitem a inclusão social desta parcela da população.
Tais áreas serão planejadas como "sistemas produtivos locais". Nesse sentido, os investimentos previstos também contemplam a construção de um abatedouro para ave, de uma fábrica de ração e de uma central de comercialização, além da modernização de três agroindústrias de polpa de frutas. O Estado objetiva, com isso, aproveitar economias de aglomeração e elevar a competitividade dos produtos chaves dos assentamentos.
A implantação dos Assentamentos terá apoio, além do governo do Acre, de diversas instituições como, por exemplo, a Embrapa, o SEBRAE, o INCRA, o Ministério da Integração, o programa Pró-Florestania, o Conselho Nacional dos Seringueiro - CNS, o BID e o PRONAF, dentre outros.
Outro projeto de grande importância é a implantação de uma Fábrica de Pisos em Xapuri. O investimento contempla uma linha de beneficiamento primário de madeira (serraria) e linhas de preparação de pisos revestidos e de decks, utilizando madeiras nativas da região, obtidas através de manejo florestal sustentável, sob orientação e supervisão do Governo do Estado. A indústria proposta irá produzir pisos maciços de madeira e decks para exportação.
Os investimentos em infra-estrutura econômica e de integração ainda contemplam: implantação de silos graneleiros; aquisição de patrulhas mecanizadas para recuperação de ramais e para manejo florestal comunitário; construção de aeródromos em 4 municípios; e implantação de uma Estação Aduaneira de Interior - EADI, mais conhecida como "Porto Seco".
IV - Desenvolvimento Social - Construção de Biblioteca Pública Temática de Florestas em Rio Branco. Também serão realizadas obras para construção do Centro Olímpico de Rio Branco e implantação de espaços comunitários esportivos, em complementação a recursos repassados pelo Ministério dos Esportes. Haverá ainda ações de apoio às comunidades indígenas.
Esta operação reafirma o compromisso do BNDES com o desenvolvimento da Região Norte, sobretudo através do apoio a projetos estruturantes, representativos na busca por soluções para a promoção da economia florestal em bases sustentáveis, que contribuem de forma decisiva para a redução das desigualdades regionais observadas no País. Ademais, o aprendizado oriundo de experiências desta natureza auxilia de maneira significativa o apontamento de modelos que possam ser estendidos a outras regiões da Amazônia.
Anexo VI - SEBRAE/AC – Informaçõe do Questionário – Informações do Próprio Órgão
INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DAS POLÍTICAS APOIO Principais APL apoiados:
46
Nome MÓVEIS, CASTANHA DO BRASIL, COMÉRCIO VAREJISTA, CERÂMICA, TURISMO, ARTESANATO, CONFECÇÕES, HORTICULTURA, PISCICULTURA
Data de criação O SEBRAE/AC possui uma carteira de 22 projetos com datas variadas de início e finalização.
Objetivos Os projetos do SEBRAE variam entre si em relação ao foco estratégico: consolidação e expansão de mercados, inovação de processos produtivos e melhorias nos processos de gestão, acesso ao crédito, fortalecimento da cooperação.
Público-alvo (beneficiários diretos) Número: Categoria:
Empresas formais e informais ligados aos APL e territórios priorizados. Os projetos atuais beneficiam diretamente 6.957 empreendimentos formais e informais.
O programa/ação/projeto é continuidade de algum outro programa/ação? Em caso afirmativo, qual? Que mudanças ocorreram?
Os projetos nos APL ARTESANTO, PISCICULTURA, TURISMO e MÓVEIS são complementares a projetos anteriores, mas com focos estratégicos diferentes, visando outros resultados finalísticos.
Recursos Financeiros envolvidos (segundo a vigência)
O PLANO PLURIANUAL 2009 A 2011 contempla recursos da ordem de R$ XX em projetos finalísticos voltados para APL.
Fonte dos Recursos Financeiros CONTRIBUIÇÃO SOCIAL ORDINÁRIA E CONVÊNIOS.
Recursos humanos da instituição envolvidos no apoio: - Número
TOTAL DE COLABORADORES DO QUADRO DE PESSOAL: 93 (ENVOLVIDOS DIRETA E INDIRETAMENTE) E MAIS INSTRUTORES E CONSULTORES EXTERNOS CONTRATADOS CONFORME DEMANDA.
INSTITUCIONALIDADE APOIO Por programa/Projeto/Ação
(Se possível por APL apoiado) Cooperação existente (com quem coopera?)
AS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS NOS PROJETOS COOPERAM ATRAVÉS DE SERVIÇOS COMPLEMENTARES AOS DO SEBRAE/AC.
Formas/tipos de cooperação PROMOÇÃO DE CURSOS, CONSULTORIAS, ASSISTÊNCIA TÉCNICA EXTENSIONISTA, ESTUDOS E PESQUISAS.
Motivação e importância da cooperação
A COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL EVITA A SOBREPOSIÇÃO DE ESFORÇOS E CONTRIBUI COM A OBTENÇÃO DOS RESULTADOS PARA OS BENEFICIÁRIOS.
Que outras instituições poderiam estar participando do apoio
-X-
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA ADERÊNCIA, PENETRAÇÃO, EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS18
APOIO Por programa/Projeto/Ação (Se possível por APL apoiado)
Resultados pretendidos OS RESULTADOS VARIAM CONFORME O FOCO ESTRATÉGICO DOS PROJETOS:
1. AUMENTO DO VOLUME DE VENDAS E DO
18 Questões a serem apresentadas e aprofundadas no Produto 5.
47
FATURAMENTO; 2. AUMENTO DA PRODUÇÃO; 3. AUMENTO DA PRODUTIVIDADE; 4. AUMENTO DA RENDA; 5. AUMENTO DE POSTOS DE TRABALHO.
Resultados alcançados OS RESULTADOS FINAIS SÃO SEMPRE MENSURADOS NA ETAPA FINAL DOS PROJETOS. AO LONGO DA EXECUÇÃO SÃO REALIZADAS PESQUISAS DE MENSURAÇÕES PARA AVALIAÇÃO GERAL E MEDIDAS DE GESTÃO.
Principais desafios programa/projeto/ação: -Operacionalização -Financeiros -Qualificação de pessoal -Rotatividade/descontinuidade de pessoal - Outros (especificar)
INEXISATÊNCIA NO MECADO LOCAL DE PROFISSIONAIS EM ÁREAS DE ESPECIALIZAÇÃO ESPECÍFICAS, COMO POR EXEMPLO, INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, DESIGN.
Formas de acompanhamento do programa/projeto/ação
OS PROJETOS SOFREM MONITORAMENTO INTENSIVO E OS
Formas de avaliação do programa/projeto/ação: - Indicadores quantitativos (especificar) - Indicadores qualitativos (especificar)
SÃO ESTABELECIDOS INDICADORES E METAS PARA OS RESULTADOS PLANEJADOS, DE ACORDO COM O FOCO ESTRATÉGICO DOS PROJETOS. A MENSURAÇÃO É REALIZADA ATRAVÉS DE PESQUISAS JUNTO AOS PÚBLICOS-ALVOS.
Avaliação geral dos beneficiários sobre este programa/projeto/ação: - Da existência do mesmo - Dos resultados pretendidos - Dos resultados alcançados
OS DIVERSOS PÚBLICOS-ALVOS PARTICIPAM ATIVAMENTE DAS AÇÕES PROGRAMADAS NOS PROJETOS.
Avaliação geral da instituição sobre este programa/projeto/ação e sugestões de aprimoramento: - Da existência do mesmo - Dos resultados pretendidos - Dos resultados alcançados - Sugestões para o aprimoramento do apoio
OS PROJETOS FINALÍSTICOS SÃO CONSIDERADOS ALTAMENTE RELEVANTES POIS ALINHAM-SE COM A ESTRATÉGIA INSTITUCIONAL DEFINIDA E PROPORCIONAM RESULTADOS CONCRETOS PARA OS BENEFICIÁRIOS.