No seu forte abraco pag - Editora Ave-Maria · relação com Deus: a humildade do seu testemunho de...

47

Transcript of No seu forte abraco pag - Editora Ave-Maria · relação com Deus: a humildade do seu testemunho de...

7

Apresentação

Neste texto, o leitor encontrará a prática devo-cional do Mês de São José, readaptada, porém, ao nosso tempo, de modo a alimentar a formação de uma espiritualidade cristã que leve em consideração os tesouros da tradição.

Santo universalmente venerado e presente em numerosíssimas efígies nas igrejas e nas casas, José continua a falar com o seu estilo concreto e silencio-so e a sua proximidade ao mistério da Encarnação. Homem de ação e de contemplação, distinguido pelo título de “padroeiro da Igreja universal” (Pio IX, 1870), vem sendo proposto por diversas ge-rações como mestre de vida interior e de oração, protetor das famílias e dos esposos cristãos, modelo de cada sacerdote, exemplo para os operários, ao qual costumam se dirigir na falta de trabalho, pai providente no enfrentamento de toda necessidade na vida, aquele a quem se confia o momento escuro e trágico do próprio falecimento.

A sua figura continua atual no nosso tempo, sobretudo no que diz respeito à educação para a relação com Deus: a humildade do seu testemunho de vida consignado nos Evangelhos, de fato, conti-nua a falar da necessidade para os crentes de um constante abandono à Providência, fruto de um dis-cernimento da vontade de Deus e de um empenho fiel e generoso.

8

No seu forte abraço

Por isso, João Paulo II, que nunca ocultou a sua devoção a São José, reapresentou-a ao povo cristão com a sua carta escrita em 1989 intitulada Redemptoris custos (O guarda do Redentor). Nesse texto, o papa, servindo-se abundantemente da Sagrada Escritura e do Concílio Vaticano II, descre-veu a característica principal de uma espiritualidade josefina, ou seja, a essencial peregrinação na fé de São José reforçada pela escuta e pela obediência à Palavra de Deus.

Nos Evangelhos, José aparece sempre em se-gundo plano, quase uma sombra no cenário das vicissitudes de Maria e da infância de Jesus, mas continuamente descrito como aquele que cumpre a sua missão de esposo da Virgem (Mt 1,24; Lc 1,27) e de pai do Verbo encarnado (Lc 2,27.33.41.43.48). Essas duas marcas particulares da sua identidade as-sinalam sinteticamente o sentido da sua missão e constituem os motivos da sua perene magnitude.

José de Nazaré é a imagem do esposo fiel que custodia os tesouros mais preciosos do Altíssimo, em uma disponibilidade sem reservas ao mistério da Encarnação, com a única certeza do cumprimento da Palavra, para a qual foi educado na escola dos seus pais (cf. Dt 1,11).

A atualidade do seu exemplo consiste em uma fé capaz de animar cada particularidade da existência humana, em obediente escuta da Palavra de Deus e em fiel resposta de vida. José é verdadeiramente o mo-delo do servo fiel e prudente (cf. Ef 6,5-7; Tt 2,9-10), que se aproxima com humildade dos imperscrutáveis

9

Um mês com São José

mistérios de Deus sem apresentar adiamentos ou obs-táculos aos planos da Providência. É um homem no qual não existe separação entre fé e vida, e a sua fé orienta de maneira decisiva as suas ações, tanto que, mesmo agindo, paradoxalmente, fica de lado para deixar a Deus a liberdade de realizar a sua obra. É um homem justo (Mt 1,19) porque a sua existência está ajustada à Palavra de Deus.

Em razão disso, a sua figura continua a ser atual pela sua atitude no silêncio, tão necessário nos nossos dias; aprender a manter-se em silêncio, de fato, não significa esquecer as agitações pró-prias da alma, e sim capacidade de deixar espaço à Palavra de Deus, para que possa agir e produzir fru-to na peregrinação terrena de cada um (cf. Mc 4,20).

O “custódio da Palavra feita carne” conserva a sua atualidade como modelo de uma robusta interio-ridade que é pressuposto da autêntica justiça (cf. Mt 5,20), como testemunha da esperança no cumpri-mento da sua especial paternidade, como exemplo para todo pai de família agarrado às preocupações com o futuro dos filhos, com os problemas da casa e do trabalho, como referência na relação entre os côn-juges e entre as gerações, como ícone perfeito dos sacerdotes e de quantos são consagrados ao serviço do Reino (cf. Lumen gentium, 28). Olhando para esse homem cheio de virtudes, todos podemos aprender a arte de amar sem nos apossarmos uns dos outros, juntamente com a esperança de obter a cura para as feridas afetivas, com a condição de entrar, como ele, no projeto que Deus propõe a cada filho seu.

10

No seu forte abraço

Desejei, pois, esta publicação, que se funda-

menta em um esquema de oração já aprovado pelo

tempo e pela espiritualidade, apropriado para con-

vencer outros a dar um passo adiante no “caminho

de São José”. Nas páginas que se seguem se encon-

trará, de fato, a prática do Mês de Março, inspirada

em um antigo manual que remonta aos primeiros

anos do século passado (1906), que me foi dado a

seu tempo por um paroquiano, pelo temor de que se

perdesse depois da sua morte. Pessoalmente achei-o

benéfico, e é o que desejo para todos os que queiram

servir-se dele. Adaptada na linguagem, enriquecida

por referências bíblicas e adequada em alguns pon-

tos à impostação teológica, essa prática devocional

pode constituir um válido instrumento de educação

para uma autêntica espiritualidade josefina.

Agradecendo à Effatà Editrice e agora tam-

bém à Editora Ave-Maria pela sensibilidade e pela

disponibilidade demonstradas no aceitar esta minha

proposta, dedico este escrito a todos os devotos de

São José, especialmente à minha comunidade pa-

roquial, colocada sob a sua proteção, e da qual me

honra ser o pároco.

Pe. Giuseppe Militello

19 de março de 2010

Solenidade de São José

11

Atualidade da devoção

Depois da devoção a Maria, a devoção a São José ocupa um lugar de destaque, tendo alcançado, a partir do seu lançamento nos séculos XVIII-XIX, perío dos de fases alternadas. Os vários textos de de-voção à sua figura, todavia, atestam um fervor nunca inteiramente adormecido, que deu ocasião a muitos de difundir os sentimentos e as preocupações íntimas.

Não se trata, é claro, de repropor servilmente tudo o que a espiritualidade devocional transmitiu; são oportunas algumas correções e ampliações. Aos olhos do leitor moderno, de fato, não escapa a insis-tência sobre uma espiritualidade individualista, que privilegia a relação pessoal com Deus mais que a relação comunitária, favorece a expressão de uma sensibilidade fortemente emotiva, utiliza uma lingua-gem popular em vez da erudita.

Não obstante esses limites, porém, os textos de devoção conservam uma riqueza insuperável, como por exemplo a de terem sido eficaz instrumento educativo para o contato cotidiano com Deus, fa-vorecendo decisões e empenhos de vida cristã, formando personalidades adultas que descobrem a importância prioritária da oração e da meditação.

Também nesse caso, mais que sufocar, trata-se de ousar uma tentativa inteligente de recuperação daqueles textos, para animá-los mais profundamente com a Palavra de Deus, enraizando-os decididamente

12

No seu forte abraço

no terreno sólido da vida da Igreja, que, a partir do ritmo da vida litúrgica, estimula a um maior en-volvimento comunitário na missão eclesial. Se o conteúdo e a forma de toda oração devem ser ade-quada expressão da doutrina e da espiritualidade da Igreja, mais proveitoso ainda será enriquecer as tradicionais práticas de devoção pondo-as a serviço da fé da Igreja, edificada e sustentada pela vida litúr-gica e sacramental, testemunhada em cada estado de vida e contexto social.

Os textos de devoção, além do mais, são ex-pressões populares da tradição cristã que podem ser, também para o nosso tempo, uma oportunidade pastoral da qual nos valer no mais amplo empenho educativo da Igreja, sem esconder toda expressão do sentimento religioso e cristão, mas levando-o a exprimir a sinceridade de uma fé que precisa de ri-tos adaptáveis a cada nível cultural abandonado, por longuíssimo tempo, na área sombria de disparata-das e nem sempre adequadas práticas devocionais. Estas, de fato, apoiando-se sobre um natural sentido religioso, arriscam, se sufocadas, a desembocar em formas de superstição e em macaquices consolató-rias dos mais elevados ritos litúrgicos. No contexto massificante e esquizofrênico da sociedade do nosso tempo, essas práticas têm a preciosa oportunidade de favorecer uma relação com Deus dentro de um cotidiano que estimula a procurar ocasiões de sus-tentação, de encorajamento e de serenidade.

Não se deve esquecer a elementar evidên-cia para qualquer processo educativo de precisar

13

Um mês com São José

adquirir uma “regra de vida”, sem a qual se torna quase totalmente impossível o amadurecimento de uma consciência pessoal e eclesial em condições de dar asas para uma vida cristã que descubra o dever e a urgência do testemunho e da missão. Os textos de devoção serviam também a esse escopo, regulando o tempo e os empenhos de cada devoto ao ritmo de apontamentos regulares e carregados de familiarida-de com o mistério de Deus.

Além dessas razões, não se deixe passar em branco o fato de que tais textos constituem também uma bagagem cultural, testemunhas da longa sabe-doria espiritual da Igreja. São um pedaço da tradição eclesial que, renovando-se de época em época, não pode porém jamais prescindir de quanto a precedeu e fecundou.

Por esses motivos, pensei ser útil, adaptando-a ao nosso tempo, reapresentar a prática devocional do Mês de São José.

Como já acenei, a exemplaridade de São José para cada estado de vida foi percebida sobretudo como a de um homem de fé: dos Padres da Igreja aos santos, dos teólogos aos pontífices, todos entraram extasiados no raio da sua fé total, evidenciando-lhe aqueles traços de humanidade e de espiritualidade que dele fizeram um homem confiável e ao qual nos podemos confiar. A fé tornou realmente dinâmica a sua vida, brilhante de uma beleza interior capaz de atrair a si as almas, fazendo-se sentir como presen-ça constante no qual se pode confiar porque sabe escutar, um confidente a quem se pode recorrer

14

No seu forte abraço

porque está sempre disponível a interceder. A fé sempre o tornou um confiável mestre nos caminhos do Espírito, um homem capaz de guardar no silêncio os segredos de Deus e os penares de tantos cora-ções angustiados. Também a fé o tira da escuridão da sombra no mistério da Encarnação para a plena luz do sol que nasce do alto (cf. Lc 1,78), até fazê-lo entrar plenamente na casa de Deus. Novamente a fé esclareceu o significado dos seus sonhos (cf. Mt 1,20; 2,13; 2,19; 2,22), que, no abandono confian-te da sua resposta, abriam espaço ao esplendor da Palavra.

José, portanto, é um homem que sabe escutar porque nele resplandece o fascínio de uma vida que protege a Palavra no mais profundo de cada noite, na escuridão de um cotidiano comum e das flutua-ções do coração, no amor pela esposa que revela um ânimo atento porque sabe que “nada é impossí-vel a Deus” (cf. Lc 1,37) e que tudo se resolverá em bem para quem caminha à sombra da proteção do céu (cf. Sl 90[91],1).

O Evangelho narra as etapas do seu longo itinerário de fé, a partir do primeiro desafio que pre-cisou superar, e que foi também todo o conteúdo da sua missão: dar, como filho de Davi, parentesco e paternidade ao Menino, impondo-lhe aquele nome do qual ele e Maria conheciam bem a profundidade: Jesus, “Deus salva” (cf. Mt 1,21). José não levan-ta qualquer objeção, não apresenta escusas e, mais uma vez, confia e obedece em toda tribulação que deverá sustentar a vida daquele Menino confiado aos

15

Um mês com São José

seus cuidados. A ele, que cala e contempla, é dado em antecipação conhecer os mistérios do Reino pre-sente na pessoa do Filho, escondendo-o na sombra da sua proteção (cf. Lc 8,10), e que um dia os após-tolos revelarão em toda parte da terra (cf. Mc 16,15), assim como sob o seu véu havia encontrado refúgio a virgindade da esposa e a incomparável grandeza do Salvador dos homens. A ele é concedido cami-nhar dando a mão à Palavra escondida, Jesus, para confiá-la um dia às mãos dos seus discípulos, que levarão a toda parte a alegre palavra do Evangelho.

Juntamente com Maria, a obra-prima do Espírito Santo, José é o homem que não envelhece, não se enrijece com o passar do tempo, mas rejuve-nesce abrandando-se, simplificando sempre mais a sua vida, desembaraçando-se de tudo o que atrapa-lha a realização dos tempos de Deus.

Caminhar, pois, um mês, dia após dia em sua companhia, significa dar oportunidades a cada um de favorecer aquelas condições de paz, de desapego, de paciência e de fé indispensáveis à ação de Deus no mundo e nas almas: Deus tem necessidade do nosso tempo, particularmente dos tempos silencio-sos, para realizar o seu trabalho.

Na escola de São José será possível penetrar mais profundamente no mistério da paciência de Deus (cf. 2Pd 3,9) e adiantar-se com a Igreja nos tempos que virão.

O Autor

17

O mês de março em companhia de São José

Exortação

O mistério da Encarnação, assim como vem traçado no Evangelho, contém de maneira eminen-te a devoção a São José, unida ao culto a Jesus e a Maria, tendo encontrado uma colocação apropriada em todo um Mês, chamado de São José.

É uma prática surgida no início do século XIX, de maneira quase contemporânea na França e na Itália, que se difundiu em pouco tempo por toda parte. Os fiéis começaram a honrar esse santo por um mês inteiro, como faziam todo mês de maio para Maria, induzindo a Igreja a enriquecer com indul-gências ambas as práticas.

A Igreja, dessa maneira, entendeu propor um modelo de vida cristã sempre atual no decorrer dos tempos, um modelo na contracorrente das exigên-cias sempre mais fortes do direito de emancipação e de autodeterminação, da ansiedade por bens terre-nos, da busca desesperada de tempos de repouso e de distensão para poder sobreviver na corrida frené-tica do dia a dia, da ansiedade por superar sempre a si mesmo, por elevar-se e aumentar o próprio status, do orgulho do mundo por suas conquistas científicas e técnicas...

18

No seu forte abraço

São José, com efeito, foi um homem de fé provada, que nunca conheceu a dúvida, cujo cora-ção sempre repousou sobre a rocha indestrutível da Palavra de Deus. Em um mundo que se contenta com julgar só pelas aparências, a Igreja oferece o tesouro de uma vida que é verdadeiro modelo de santidade na observância dos mandamentos, no cumprimento, sob o olhar de Deus, de tantos atos aparentemente comuns e cotidianos.

A grandeza e a perene atualidade de um ho-mem que recebeu o nome novo de justo (cf. Mt 1,19) consistem paradoxalmente e para sempre no teste-munho de uma vida escondida, humilde e silenciosa na sua proximidade ao mistério da presença de Deus no meio dos homens.

A devoção a São José é um instrumento eficaz de regeneração e de santificação, de renovação da vida cristã nas almas, de generosidade nos empe-nhos de vida assumidos em obediência à Palavra do Senhor, de imitação das suas virtudes.

Entreter-se com ele nesse Mês significa reforçar a vontade para colocar-se a cada dia no seguimen-to do Redentor, aumentando aquele amor espiritual que tem necessidade também de palavras humanas e se exprime em gestos concretos.

O Mês de São José é um método prático que se adapta às ocupações cotidianas de cada um e oferece a ocasião de adquirir as virtudes da fidelidade e da perseverança nos necessários pro-pósitos de vida espiritual para crescer na escola da santidade.

19

Um mês com São José

Pode ser a ocasião para fazer também da pró-pria casa o lugar do colóquio com Deus. Reserve-se para tanto um espaço onde colocar uma pequena imagem ou estampa do santo, diante da qual orar com este subsídio e prometer, antes de sair, respei-tar os propósitos tomados na oração, sobretudo os de viver constantemente em companhia do “guarda da Palavra”, de participar a cada dia, ou ao menos a cada quarta-feira, da Missa, de recorrer a ele com alguma jaculatória, de escolher alegremente alguma pequena penitência ou decidir fazer um dia de retiro por mês.

Neste subsídio são expostas dia a dia no Mês algumas reflexões que propõem um traço da vida de São José, hauridas de diversos autores a ele particu-larmente devotos.

A todos os que se servirem deste texto de ora-ção eu desejo que cresçam no “caminho de São José” na escola do divino Mestre.

21

Vigília do mês de março

Invocação e oração para cada dia do mês

Veni, Sancte Spiritus.Reple tuorum corda fidelium et tui amorisin eis ignem accende.Emitte Spiritum tuum et creabuntur.Et renovabis faciem terrae.

Vinde, Espírito Santo,enchei os corações de vossos fiéise acendei neles o fogo do vosso amor.Enviai o vosso Espíritoe tudo será criado.E renovareis a face da terra.

Oremus

Deus qui corda fidelium Sancti Spiritusillustratione docuisti,da nobis in eodem Spiritu recta sapere,et de eius semper consolatione gaudere.Per Christum Dominum nostrum.Amen.

Oremos

Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéiscom a luz do Espírito Santo,

22

No seu forte abraço

fazei que apreciemos retamente todas as coisassegundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo Senhor nosso. Amém.

Oração

Ó meu querido protetor São José, digne-se ilu-minar a minha mente, reaquecer o meu coração, para que eu possa compreender e amar tudo quanto eu considerar sobre sua pessoa. Conceda-me a gra-ça de imitar as suas virtudes e de fugir de tudo o que possa desagradar a você, a Jesus e a Maria. Amado pai meu, quero que a minha vida seja uma imitação da sua, para poder um dia cantar com você no céu as misericórdias do Senhor. Amém.

Reflexão

Conselhos e método

A devoção do Mês de São José, como qual-quer outra prática de piedade, tem como objetivo ajudá-lo a crescer no conhecimento e na imitação de Jesus Cristo. Você deve, por isso, empenhar-se em conhecer a grande tarefa da vocação cristã e abraçá-la generosamente.

Como primeiro conselho, invoque a cada dia o Espírito Santo com a oração já apresentada do “Vinde, Espírito Santo” ou com alguma outra fór-mula: compreenderá a importância da devoção aos santos, sobretudo a São José. A prática da devo-ção em seu Mês o ajudará a se abrir àquilo que

23

Um mês com São José

o Senhor, por sua intercessão, quiser ensinar-lhe, dispondo-se de modo particular à escuta cotidiana da sua Palavra na santa Missa e ao dom de si mesmo na Eucaristia.

Proponho-lhe, pois, um método cotidiano para que você possa crescer dia após dia no caminho de São José: meditar, orar, praticar.

Dedique sempre alguns minutos para meditar sobre um momento da sua vida, um aspecto da sua interioridade, para compreender como você deve valorizar a si mesmo.

Ore para reforçar a sua vontade com a graça de Deus para realizar aquele bem que a meditação lhe tiver feito conhecer como verdadeiro e estimável: com muita frequência, de fato, o que falta não é o conhecimento do bem, mas a força para praticá-lo.

Iluminado pela meditação, fortalecido pela ora-ção, você estará em condições de praticar quanto a graça de Deus lhe inspirou, sem se limitar a palavras ou a desejos, não mais adiando para amanhã aquilo que você pode fazer hoje.

Não tenha medo de se enganar ou cair, mas reerga-se com coragem, tornando-se sempre mais humilde e mais forte, confessando para si mesmo e, com a expressão dos santos nos lábios – Agora eu começo! –, retome o caminho.

Fique também atento para que na sua devoção não exista egoísmo, ou seja, não pense só em você mesmo, mas procure conformar-se ao Senhor só por amor a ele e ao próximo, verificando se efetivamente você o escuta e o serve a cada dia e em cada coisa.

24

No seu forte abraço

Dedique-se neste Mês a louvá-lo de modo parti-cular por ter honrado grandemente São José, tendo frequentemente no coração e nos lábios expressões de gratidão e de alegria para com tão grande pro-tetor. Nada é mais agradável aos santos que ter na terra quem se una a eles para louvar a Deus no céu.

Oração

São José, meu querido pai, volte o seu olhar para mim. Prostrado aos seus pés lhe suplico: quero amá-lo, venerá-lo, imitá-lo. Quero fazê-lo por toda a minha vida, mas especialmente neste Mês, no qual tantas pessoas levantam a você, com amor, a sua voz de louvor e de oração. Sou insignificante e pecador, mas confio no seu amor de pai. A cada dia vou me entreter com você, vou lhe oferecer a minha mente, o meu coração e todo o meu ser. Abençoe com o seu paterno afeto os meus propósitos e conceda-me a graça de tornar-me neste Mês mais fervoroso cris-tão e mais querido ao seu coração.

25

1º de março

Reflexão

Importância da devoção a São José

A grande Santa Teresa de Ávila deixou escrito: Ainda que vocês honrem muitos santos como seus protetores, tenham uma devoção especial para com São José, o qual eu acredito que é grande diante de Deus.

Se eu reflito sobre como passam os anos, os séculos, me confundo ao pensar que sobre a terra morrem e se sucedem rapidamente inúmeras gera-ções, todas chamadas à glória eterna. Não só porque a sua existência natural termina, mas porque Deus chama contínua e ativamente a cada um.

O coração de cada homem é um mistério e só Deus o conhece, mas a todos ele faz chegar a sua voz no mais profundo da alma. Em harmonia com as disposições que cada um assume do ambiente ou do caráter, com os tempos e as incertezas que a hu-manidade imprime em cada época, Deus sempre faz ouvir a sua voz no segredo da consciência, às vezes de modo manifesto, voz de amor que atrai e inquie-ta. Basta escutá-la e saber acolhê-la.

Mas foi sobretudo na Igreja, entre os seus filhos, que Deus ergueu o templo da sua presença,

26

No seu forte abraço

que mais fortemente, mais docemente, mais ur-gentemente se pode ouvir a sua voz, através dos ensinamentos do Papa, dos sacerdotes, dos santos, das intenções mais puras de cada cristão, vozes se-cretas e particulares que penetram e tocam todas as fibras do ser. Na Igreja, esposa de Cristo, ele derra-ma toda a riqueza do seu amor, sabendo encontrar alguém disposto a acolhê-lo com generosidade na sua vida. Em cada época, em cada tempo, a Igreja peregrinante no mundo procede através de lutas e de sofrimentos, mas Deus não cessa de fazer ouvir a sua voz de conforto e de ajuda, penetrando efi-cazmente nos corações dos filhos para sustentá-los, reforçá-los e erguê-los para a meta eterna.

São José se eleva como um astro luminoso no horizonte da Igreja: considere, portanto, a devoção a ele como um dos caminhos mais belos e eficazes pelos quais Deus conduz as almas à santidade. Teve você até agora na devida consideração a devoção a São José? O seu afeto por ele se traduz em obras de caridade? Se assim não for, não tema, mas compro-meta-se agora com Deus, para no futuro escutar o convite que ele lhe dirige através da devoção terna e sincera a São José.

Oração

Querido São José, arrependo-me por tê-lo es-quecido tanto e peço perdão por isso. Uno-me a todos os que na Igreja o escolhem como seu protetor e guia no caminho de Jesus. Quero, de agora em

27

Um mês com São José

diante, que você, com Jesus e Maria, tome estável morada no meu coração; quero manter-me sempre unido a você, forte apoio das almas. Vou procurar difundir a sua devoção entre todos aqueles que ainda não o conhecem, para que tantos como eu confiem e se abandonem à sua proteção.

Último pensamento

São José – Este Mês é dedicado a mim, meu filho. Quer você aprender algo dos meus ensi-namentos? Recorra a mim a cada dia e escute a minha voz.

Hoje recorde: se você quer manter-se puro neste mundo (cf. Mt 5,8; Jo 15,3) e quer crescer cristãmente, faça cada coisa sob o meu olhar. Eu me inclinarei sobre você, afastarei as insídias do demônio, escutarei os seus pedidos e os apresen-tarei eu mesmo a Jesus... Ele não recusa nada a mim, que sou o pai dele sobre a terra. Cada ano, neste mês, eu obtenho conversões, favores parti-culares para as pessoas... Escreva hoje todas as graças que você quer obter mediante a minha in-tercessão, recorde-as a mim a cada dia e escolha alguma pequena prática de piedade em minha ho-menagem. Verá como o amarei e o escutarei em tudo o que for para o seu maior bem.

28

2 de março

Reflexão

Excelência da devoção a São José

Os afazeres do mundo, a ansiedade pelas ri-quezas, as fraquezas de caráter frequentemente o arrastam para onde você não quer e o afastam do caminho correto, a ponto de fazê-lo andar sem rumo pelas vielas e pelos becos da terra, impedindo-lhe o seguimento de Jesus (cf. Mt 16,24-26).

É tão miserando o espetáculo infantil que fre-quentemente você dá de si mesmo! Porque, mesmo sabendo que tem uma alma e conta com pouco tempo para se preparar para a vida eterna, aque-le pouco que não é absorvido pelas preocupações terrenas o cansa, parece-lhe tempo perdido, e você gasta tanto tempo da sua vida em coisas vãs, que não darão nunca a alegria verdadeira prometida por Jesus (cf. Jo 15,11).

Entre frequentemente em si mesmo, coloque-se diante da Verdade verdadeira e não se negue a fazê--la entrar na sua mente, no seu coração e no seu agir, mesmo que isso lhe pareça pesado e desanimador. Se está convencido, escute a voz do Senhor que o convida a segui-lo no caminho estreito da vida (cf. Mt 9,9), e siga-o não contra a vontade, mas com amor.

29

Um mês com São José

Se a sua vontade for sincera, abraçará tudo quanto é necessário para a salvação: a união com Jesus Cristo, o firme propósito de não se afastar nunca dele – o que significa já estar salvo –, o em-penho em conseguir a união mais íntima e possível com ele (cf. Jo 14,20).

Os meios para continuar unido a ele são vários, mas aproveite o dom de poder amar de maneira particular a sua santa Mãe e São José: tudo o que se refere a São José, de fato, refere-se diretamente a Jesus. Experimente também você a sua poderosa intercessão junto de Jesus, que, pela grande missão que lhe confiou sobre a terra, nada a ele nega e nun-ca deixa de escutá-lo.

Saiba você que Jesus gosta de ser procurado, invocado, mas sobretudo imitado (cf. Lc 10,37). Decida, pois, colocar a sua vida nas mãos de São José, para que cuide de você como uma das pes soas a ele mais queridas e preciosas; escolha-o agora como seu protetor. Apesar das suas fraquezas e ten-tações, aproveite as ajudas mais oportunas que a Providência colocou no seu caminho: seja São José o seu amigo mais íntimo depois da Virgem Maria, mais que todos os outros santos, porque, melhor do que qualquer outro, fala a você de Jesus, e você pode falar de você a ele. Aproveite enquanto há tempo.

Oração

Também hoje, estimado São José, eis-me aqui lhe pedindo perdão, porque a cada dia mais reconheço o meu erro. Pensava amar Jesus, mas

30

No seu forte abraço

percebo agora não tê-lo nunca amado como devo e não ter nunca recorrido a você para agarrar-me ainda mais a ele. Você e Maria estarão sempre no meu coração ao lado de Jesus, que se dignou mani-festar-se, crescer e viver junto de vocês. Jesus reine sempre no meu coração junto de você e de Maria, para que se manifeste em cada ação minha. Diga apenas uma palavra, e tudo o que hoje lhe prometo não se afastará jamais do meu coração.

Último pensamento

São José – Se você soubesse quanto nos amávamos na pequena casa de Nazaré! Maria pro-curava em cada coisa agradar a Jesus, Jesus fazia tudo o que podia para contentar Maria, e eu fa-zia tudo o que podia para que a nenhum dos dois viesse a faltar nada. O que faz você com a sua fa-culdade de amar, se não se serve dela para tornar felizes aqueles que estão ao seu redor?

31

3 de março

Reflexão

Qual devoção se deve ter por São José

O mundo ridiculariza quem se dedica com empenho à própria santificação e não está dispos-to a escutar as suas razões, porque é incapaz de provar as doçuras do espírito. Continue sozinho a praticar com convicção a sua devoção a São José, sabendo o quanto ela é importante e excelente entre todas aquelas dirigidas aos santos. Deve, porém, ter cuidado para que ela exprima a sua ternura, a sua veneração e, sobretudo, o seu desejo de imitação com a sua oferta de si mesmo.

Para exprimir a ternura, que é uma exigência natural do coração, a devoção a São José, como a devoção à Virgem, corresponde a todos os sen-timentos do seu ser. Amá-lo como um bom pai, amá-lo com a ternura da criança que sobe aos joelhos do seu pai e o cobre de beijos e de carícias, lança-lhe os braços ao pescoço, abraça-o forte e repousa sobre o seu peito. Fixe os seus olhos sobre a figura de São José: aqueles olhos, aqueles lábios não revelam a você toda a bondade e toda a doçura de um pai tão bom?

Ame São José com veneração, porque depois de Deus, só ao qual se deve adoração, e a Maria,

32

No seu forte abraço

a mais santa de todas as criaturas, ele é digno da sua maior devoção, porque pai de Jesus na face da terra. A Igreja, dedicando-lhe um dia por semana, um mês no ano, uma solenidade própria, deseja que você aproveite essas ocasiões para se aproximar ainda mais de Deus.

Ame São José com o desejo de imitá-lo, para que você se torne o mais possível semelhante a ele, e cresça no verdadeiro amor de quem quer confor-mar-se em tudo ao amado. Empenhe-se em fugir de tudo o que pode desagradar a esse pai tão bom e em colocar em prática tudo o que lhe pode ser agra-dável, não pensando poder amá-lo somente com palavras, porque assim agindo você não seria senão um hipócrita.

Ofereça-se a ele totalmente, porque assim ele quer, para que você seja certamente digno dele, porque você tem necessidade da ajuda dele. Apoie-se nele, que pode sustentar você na sua fraqueza, levantando-o se cai, ajudando-o se vacila. Se você quer verdadeiramente ser fiel à cruz de Cristo (cf. 1Cor 2,14), não se contente com o sentimentalis-mo, mas examine-se a si mesmo e proponha-se a melhorar.

Oração

Estimado São José, ofereço-lhe o primeiro fru-to deste seu Mês: quero que toda a minha vida seja um canto contínuo à sua grandeza. Sei não estar pronto para louvá-lo dignamente, porque a minha

33

Um mês com São José

devoção por você é ainda muito humana; sei que estou iludido, crendo poder amá-lo sem me abando-nar totalmente a você, sem me empenhar em seguir o seu exemplo. Perdoe-me, meu pai, e obtenha-me a graça de que este Mês em sua honra assinale o início de uma vida nova, com a mais firme vontade de cumprir sempre tudo o que me une a você.

Último pensamento

São José – Não creia, meu filho, que a minha vida tenha transcorrido sem sobressaltos e sem sacrifícios. Se Deus pedisse a você o que pediu a mim, perceberia a sua falta de fidelidade. Não ouve dentro de você uma voz que lhe sussurra: “Jesus ficaria contente se você fizesse desse modo, se você fizesse este sacrifício”? Prometa-me fazer hoje tudo o que a sua consciência lhe disser para realizar a fim de agradar a Jesus.

34

4 de março

Reflexão

Silêncio dos Evangelhos sobre São José

O mistério de silêncio e de obscuridade que en-volve São José começa no berço, no momento em que não se conhece nem onde nem quando tenha nascido. O Evangelho, única fonte aceitável para sua vida, teceu dele a genealogia, mostrando-o homem maduro (Mt 1,16).

De nada serve a você perder-se em conjec-turas fantasiosas sobre o seu nascimento e a sua juventude, mas faça sobretudo sua a palavra de São Boaventura, que diz: O louvor a São José está no Evangelho. Isso lhe é suficiente para lhe permitir entrar nos desígnios divinos sobre a obscuridade das suas origens e elevá-lo ao seu olhar em toda a sua grandeza.

No Evangelho, não obstante a obscuridade que paira sobre as origens de São Jose, é colocada em evidência, com duas únicas palavras, toda a gran-deza da sua pessoa e da sua missão: ele é um homem de bem (Mt 1,19), o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus (Mt 1,16). É sobre essas palavras que você deve fixar a sua atenção para poder amá-lo mesmo sem conhecer todas as particularidades da sua vida.

35

Um mês com São José

Reflita sobre o fato de que Deus avalia de ma-neira peculiar a verdadeira grandeza do homem: não é a fama, nem quanto pode satisfazer a curio-sidade ou os dons com os quais a mão de Deus enriquece que o tornam grande junto dele, mas uni-camente a beleza do coração. Você vale, pois, tanto quanto você é diante de Deus pela sua virtude. Se a sua superficialidade o leva mais a aparecer aos olhos dos homens que a procurar viver honestamen-te aos olhos de Deus, mascarando a visão de todo seu defeito para que os outros falem sempre bem de você, é um mal pior não querer reconhecer as pró-prias fraquezas. Quanto menor o rumor, por isso, em torno de você e do seu nome, menos ansiedade pela estima dos homens e menos hipocrisias para conservá-la. Assim fazendo, você será um digno imitador do justo São José, oculto no silêncio impe-netrável no Evangelho, grande exatamente porque viveu sempre na presença de Deus.

Oração

Como tenho sido estulto, meu pai São José! Procurei até agora colocar em evidência a mim mesmo, sem refletir que, quanto mais procurava a estima do mundo, tanto mais me subtraía à estima de Deus. Hoje, confrontando-me com o seu estilo silencioso e humilde, compreendo ter errado. Com a mente fixa em Deus e com o coração aberto ao céu, somente de lá você obteve inspiração para o seu comportamento na vida. Eu, por minha vez, mesmo

36

No seu forte abraço

ouvindo a voz da minha consciência que me declara miserando aos olhos de Deus, minto a mim mesmo e aos outros desejando um olhar, uma palavra de louvor, pronto até a sacrificar a amizade com Deus.

Querido pai São José, dê-me a graça de não desejar o louvor dos homens, de não temer a desa-provação deles, mas de querer somente agradar a Deus sobre cada coisa e ser agradável aos seus olhos no constante empenho pela santidade da vida.

Último pensamento

São José – Eu trabalhava com empenho por-que sabia que o meu trabalho era necessário para Jesus; que felicidade eu experimentava ao poder dizer a mim mesmo a cada instante do dia: “É por Jesus! É para Jesus”. Também o seu trabalho, se você quiser, servirá a Jesus, e será aquele tesouro espiritual com que abrirá outras almas para a luz da fé e do amor, como o meu trabalho se tornava o tesouro que lhe proporcionava o pão de cada dia.

37

5 de março

Reflexão

Missão de São José

No mundo São José passa silencioso, obscuro, porque a sua missão foi proteger o Filho de Deus e ser-lhe a sombra do Pai. Ele é como a sombra que cobre e desvela o mistério da Encarnação, o guarda da Virgem colocada à sua sombra e tornada digna por ele de aparecer entre os homens, aquele que protegeu Jesus, nascido de Maria por obra do Espírito Santo, na humildade da sua pessoa. É um santo inteiramente singular, predestinado para um ministério que cobrisse a glória de Jesus até o dia da sua manifestação, quando a ignomínia da cruz teria feito resplandecer a sua divindade (cf. 1Cor 1,18).

Considere, pois, que também você tem uma missão sobre a terra; como um navio que se afasta do porto, corta as águas e prossegue deixando atrás de si uma esteira branquejante, navegando entre pe-rigos e tempestades, mas sabendo estar seguro se o porto para o qual navega o acolher, da mesma maneira você um dia saiu de Deus, que o colocou em condições de percorrer a sua estrada na vida; perigos e tempestades não lhe faltaram, mas quanto caminho deixou para trás ao observar aquela longa

38

No seu forte abraço

esteira, indelével, que assinala a sua corrida neste mundo, às vezes doce, outras vezes rude!

Nunca você se perguntou se aquela era a sua estrada que o conduziria seguramente ao porto da vida, se estava cumprindo a sua missão sobre a ter-ra? Reflita se verdadeiramente você está disposto a percorrer aquela senda que Deus lhe indica para ser feliz (cf. Dt 4,40), ou então se está vagando distante dele, sem força e sem meta, falhando irreparavel-mente, como tantas pessoas que se extraviaram do caminho luminoso aberto por Deus diante delas e se perderam entre as trevas. Como São José, cumpra você também a sua missão na vida, qualquer que seja, magnífica ou humilde aos olhos dos homens, mas a faça com amor e fidelidade. Se até agora tem errado a estrada, peça perdão a Deus e peça-lhe que o guie no seu futuro caminho.

Oração

Querido São José, percebo um estridente con-traste entre o juízo de Deus e o juízo dos homens; compreendo que glória e honras passam logo sem deixar nada, e o que realmente vale é percorrer o caminho traçado pela mão de Deus. Você, bendito entre todos os homens, levou sempre no coração esse pensamento e o manifestou continuamente na sua vida. Querido santo, faça-me conhecer o cami-nho traçado por Deus para mim, ajude-me a seguir o seu exemplo para caminhar nessa estrada com co-ragem e alegria; difícil ou fácil, pouco me importa,

39

Um mês com São José

quero segui-lo e percorrê-lo a todo custo. Essa é a vontade de Deus e isso me basta.

Último pensamento

São José – Imagine, quando você ora, que está no meio da nossa santa Família, escuta a oração como a dizia Jesus, participa com recolhi-mento e responde sem pressa, sem precipitação, sem levantar a voz, pensando naquilo que diz e a quem o diz.

40

6 de março

Reflexão

Grandeza de São José

A missão de São José sobre a terra, mesmo que aparentemente obscura, na realidade é luminosa e grandiosa, precisamente devido ao seu cumprimen-to desenvolvido nesta a terra.

José foi escolhido para desenvolver uma tarefa especial nos confrontos de Jesus e foi honrado com graça e santidade sobre todos os santos. Era um homem justo porque fiel à missão na observância dos mandamentos de Deus e da sua palavra, esco-lhido para servir de pai ao Redentor do mundo e para esposo de Maria, depositário dos segredos de Deus, ministro dos desígnios divinos. A ele foram confiados os tesouros do céu e da terra, nas suas mãos esteve o preço do nosso resgate, devido ao seu silêncio e à sua humilde adoração foi protegido o sacramento da nossa fé.

Exulte pela sua dignidade, porque também você é grande, mesmo quando você se reconhece pecador, e estime a grandeza da sua vida, para que você seja verdadeiramente tal. Contemple a imagem que você traz impressa em si mesmo (cf. Gn 1,26), trazendo esculpidos os traços de um Pai divino que

41

Um mês com São José

fez você membro de uma família santa, destinando-o para a pátria do céu. Admire embevecido a sua gran-deza para ser morada de Deus e santuário da sua graça, pertencendo a ele desde o dia do seu Batismo e hospedando-o em você quando se aproxima dos sacramentos. Considere como é a graça de Deus que faz grandiosa a vida do homem, enriquecendo-a com os seus dons e santificando-a inexaurivelmente. Estime sempre, por isso, tal dignidade sua, ame-a e guarde-a como o bem mais precioso. Trate com res-peito a sua própria pessoa e os seus irmãos e não os deixe emporcalhar-se na lama do vício e do pecado.

Oração

Céu e terra o louvam, querido São José, por-que você cumpriu dignamente o grande fardo da honra que lhe foi confiada por Deus. Também eu fui preenchido com os dons de Deus desde os primeiros alvores da minha vida, elevado a templo da sua pre-sença, mas nem sempre estimei a minha grandeza e inúmeras vezes eu a atraiçoei, em lugar dela dando a preferência a vis prazeres e satisfações indignas. Se a minha alma, inundada pela graça do santo Batismo e aformoseada pela íntima união com Deus, não se tivesse jamais manchado, resplandeceria hoje certa-mente diante de Deus. Obtenha para mim o perdão, querido São José, e infunda em mim a humilde alti-vez de quem, sabendo ter valor aos olhos de Deus (cf. Lc 12,7), guarda no seu coração e aumenta a espiritual grandeza da qual ele o fez digno.

42

No seu forte abraço

Último pensamento

São José – Eu gostava do silêncio, e duas coi-sas sobretudo faziam que o amasse: o empenho no trabalho, tendo-me determinado a tarefa de cada hora sem me afastar nunca enquanto não a tives-se terminado, e a atenção a Jesus, que enriquecia o meu coração e a minha mente. Faça você hoje, em minha honra, ao menos um quarto de hora de verdadeiro silêncio.

43

7 de março

Reflexão

São José, esposo de Maria

Maria era bela, embora ignorasse talvez os desígnios divinos a seu respeito, e docilmente se abandonava aos braços de Deus. Como escolher entre tantos jovens que desejavam o seu coração? “Traga cada um ramo seco”, disse o sumo sacerdo-te, “os colocaremos no templo, e aquele cujo ramo florescer será o esposo de Maria”. Só o ramo de José floriu. Na beleza divina do fato evangélico e na beleza poética da lenda refulge a mão de Deus que, como dirige o curso das estrelas no céu, assim dirige o coração e a vida dos homens. Muito pro-vavelmente foi a profecia de Isaías que deu origem à lenda do ramo florido: Um broto despontará do tronco de Jessé, um rebento brotará das suas raí-zes (Is 11,1). Como quer que seja, Deus aproximou dois corações feitos um para o outro e os encami-nhou para a preparação imediata da grande obra da redenção humana. E José tornou-se o esposo de Maria, o que quer dizer que ele é aquele que, entre os homens, se assemelha mais à mais perfeita entre as criaturas saídas da mão de Deus, aquele que tem o lugar mais próximo dessa criatura escolhida por

44

No seu forte abraço

Deus, cujo coração e cuja alma se uniram para sem-pre com aquela que trouxe na alma e no coração o Filho de Deus, o chefe e o protetor da Rainha do universo que, perfeita em tudo, ultrapassou todas as outras mulheres no respeito e na submissão ao seu esposo. São duas almas grandes, e o seu amor é to-talmente puro e virginal; assim como José conhece o mistério dessa mulher, sabe que nada impuro a deflorou, e Maria conhece a virgindade do coração de José e o ama, venera-o e vive com ele em uma intimidade tão delicada que jamais a terra havia con-templado, derramando a sua plenitude de graça (cf. Lc 1,28) no companheiro da sua vida, no protetor da sua fraqueza.

Considere, pois, como Deus não condena o amor (cf. 1Jo 4,8), dando-se aos homens inteira-mente. Ame, se Deus o uniu a uma criatura humana, mas ame a imagem de Deus no cônjuge que lhe foi confiado como reflexo do seu amor. E se você não está ligado a nenhuma criatura una-se mais pro-fundamente a Jesus, aprendendo a amar como ele, que, mesmo sendo Deus, se fez pobre por amor dos homens.

Oração

Virgem esposo de Maria, escute a pobre voz desta criatura que se extasia contemplando a sua grande virtude, a sua grande santidade. Pela pureza da sua alma virginal, pela retidão do seu grande co-ração, você teve a incomparável honra de ser esposo

45

Um mês com São José

da Mãe de Deus. Faça-me compreender a grandeza e a santidade da união com Jesus nos sacramentos e na vida da graça. Conceda-me viver tão castamente no meu estado, que nunca o afeto das criaturas en-fraqueça o amor que devo ter por Jesus.

Último pensamento

São José – Aprenda de mim a submissão, meu filho. Eu era obediente a todas as ordens que recebia. Saiba você dizer também como eu: “Este pedido me aborrece, me esgota, mas Deus o quer; façamos pois a sua vontade”. Ore por todos aque-les que têm dificuldade em obedecer.

46

8 de março

Reflexão

Perturbação de São José

Todo o gênero humano, privado da amizade com Deus, perscrutava o horizonte com tremor e, como em uma visão ao seu surgir, um dia uma vir-gem esposa apareceu mãe, tendo respondido com pudor ao inesperado anúncio de um mensageiro de Deus: Faça-se em mim segundo a sua palavra (cf. Lc 1,38). O Verbo se fez carne, a grande obra estava cumprida (cf. Jo 1,14), exultaram os céus, a terra ig-norava, assim como José, o casto esposo da Virgem que já começava a mostrar os sinais da sua divina maternidade.

José foi tomado por uma perturbação extrema (cf. Mt 1,19), mas não ousava colocar em dúvida a virtude da sua esposa, da qual conhecia o passado de uma juventude incomparavelmente pura, da qual via a serenidade do olhar que nenhuma inquietação vinha ofuscar. Não queria nem mesmo exigir uma explicação, porque teria sido demasiado penosa para Maria e para si mesmo, e então decidiu: segui-ria os conselhos do seu coração; inspirando-se na bondade, usaria de prudência e delicadeza. Decidiu entregar tudo ao julgamento de Deus porque,

47

Um mês com São José

secretamente, sem estrépito, sem escândalo, aban-donaria a sua jovem esposa e os homens não teriam nada a ver com esse acontecimento.

Admire como José, sob o peso de um com-bate interior que divide e estraçalha o seu coração, toma a decisão generosa e heroica de sacrificar a si mesmo e de poupar a Maria uma suspeita, uma sombra, uma palavra só de penosa explicação. Observe como você se sente quando uma calúnia lacera o seu nome, até fazer-lhe sangrar o coração. Tenha você a coragem de olhar para o Crucificado, olhe para José e para Maria e, como disse Jesus, no sofrimento alegre-se, porque seu é o Reino dos céus (cf. Mt 5,12). Aprenda a oferecer em silêncio os seus sofrimentos, confiando só a Deus os seus pe-nares, chorando diante do seu tabernáculo, aprenda a refrear a língua, sem se deixar iludir pelo seu amor-próprio, que lhe sugere as suas tenuíssimas reivindicações.

Oração

Querido São José, você provou no seu coração uma das mais violentas aflições que se podem ex-perimentar sobre a terra. Digne-se obter para mim a graça de poder imitar a sua prudência e a sua sa-bedoria em todas as provações da vida. Dê-me a força de suportá-las com paciência, sem que nunca um lamento ou uma murmuração escape dos meus lábios. Faça-me conhecer a felicidade de uma alma que, mesmo desprezada e amargurada, se apoia

48

No seu forte abraço

somente em Deus e livremente o ama e o serve. Reforce o meu amor por quanto Deus quer de mim e não permita que, pela fraqueza dos meus sentimen-tos e do meu espírito, me afaste do cumprimento dos seus desígnios sobre mim.

Último pensamento

São José – Eu era pobre e amava a minha pobreza: porque era a posição na qual o bom Deus me havia colocado, e eu queria tudo o que ele queria; porque por uma graça particular eu com-preendia toda a canseira que causam as riquezas (cf. Sl 61[62],11). Ore hoje por aqueles que são do-minados pelo desejo de possuir bens e de aparecer.

49

9 de março

Reflexão

São José divinamente consolado

José, rudemente combalido e oprimido na alma por dúvidas, estava a ponto de realizar o que o seu coração acreditava ser a solução melhor. Mas Deus velava sobre ele. Uma noite em que, cansado do trabalho, agravado pelos tristes pensamentos no ânimo, tomado por angústias mais dolorosas, havia se posto a repousar, o anjo do Senhor apareceu dizendo-lhe: José, filho de Davi, não tema tomar consigo Maria, sua esposa, porque o que nela é gerado vem do Espírito Santo (Mt 1,20). Aquelas palavras foram um raio de luz para a sua alma in-quieta, dissipando todas as incertezas como nuvens à luz do novo dia e colocando o justo novamente diante da esposa do Espírito Santo. Ao irromper aquela luz, José viu delinear-se claramente toda a missão a ele confiada por Deus: defender a honra de Maria e de Jesus, cobrindo com a sua sombra de esposo e de pai a Mãe e o Filho, respeitando uma como o templo do Altíssimo, nutrindo e prote-gendo o outro como o próprio filho. Ao recordar a longa história da sua família, o filho de Davi sentiu--se estimulado a tornar-se o custódio do Redentor, a

50

No seu forte abraço

assumir a sua grande responsabilidade e a submeter o seu ânimo ao peso da sua tarefa: Acordado do sono – diz o Evangelho – fez como lhe havia or-denado o anjo do Senhor, e tomou consigo a sua esposa (Mt 1,24). Esse foi o prêmio do humilde e silencioso sofrimento de José, que havia entregado a Deus cada coisa, preferindo manter-se em silêncio.

Considere, pois, como se comporta você quan-do algo o aflige, como duvida logo do amor e da fidelidade de Deus. Nada é sem valor aos seus olhos (cf. Lc 12,7), especialmente se às vezes é necessário sofrer em silêncio, dispostos também a saber perdoar quem nos aflige, entregando todas as coisas nas suas mãos. Seja você forte e não se detenha no caminho, não se assuste com os espinhos que fazem sangrar os seus pés, porque lá no fim da estrada está Deus que o aguarda, lá no fim o prêmio na felicidade eterna.

Oração

Dulcíssimo pai meu São José, seja você eterna-mente bendito. Bendito pela fortaleza heroica com a qual levou o fardo do seu íntimo penar; bendito seja pela fé forte com a qual nas suas angústias se aban-donou à divina Providência; bendito porque você obteve de Deus ser iluminado e consolado. Sou uma frágil criatura e carrego o peso do sofrimento por-que me é impossível evitá-lo, mas nada de generoso e de nobre existe na minha dor. Queixo-me, revolto--me, chegando às vezes até a culpar o próprio Deus no meu íntimo.

51

Um mês com São José

Querido São José, ajude-me a compreender o valor da dor, cuja glória será coroada no céu, para que possa sofrer, se não de maneira generosa, ao menos como discípulo fiel à cruz de Jesus.

Último pensamento

São José – Eu estava sempre unido a Jesus, deixando-o o menos que podia. Próximo dele eu trabalhava, orava, repousava, com ele tomava as minhas refeições e, se alguma vez precisava au-sentar-me, no meu coração conservava sempre a imagem de Jesus. Ore por todos que, na sua fra-queza, esquecem a presença de Deus e se deixam arrastar pelo mal.

52

10 de março

Reflexão

A viagem a Belém

Maria e José viviam felizes na pequena casa de Nazaré, orando e aguardando o cumprimento do grande mistério. Em uma recíproca efusão de fé e de esperança, viam aproximar-se a hora em que nas-ceria o Salvador, e já antecipavam disso a alegria. Eis que um acontecimento imprevisto veio tirá-los do silêncio das suas paredes domésticas.

César Augusto, querendo saber quantos obe-deciam às suas leis, com quantos súditos contava o seu reino, mandou fazer um recenseamento geral, e em toda parte os cidadãos foram constrangidos a se recensear (cf. Lc 2,1). Era necessário obedecer, e no mês de dezembro José e Maria se colocaram a caminho de Belém, onde, ambos descendentes de Davi, tivera origem a sua família (cf. Lc 2,4-5).

Eram dois pobres que viviam do trabalho co-tidiano, obrigados a abandonar imprevistamente a doce e tranquila vida de Nazaré, mas profundamen-te abandonados a Deus. Viajando pelos caminhos montanhosos da Samaria e da Judeia, com apenas algumas escassas provisões e com uma pobre ba-gagem com as coisas mais necessárias, eram vistos

53

Um mês com São José

com compaixão e desprezo pelos ricos senhores de Jerusalém sobre os seus cavalos arreados, pelas ri-cas hebreias envolvidas em esplêndidos mantos de seda de Damasco, obedientes também elas à ordem de César. Mas os olhos de Deus pousavam com-placentes sobre Maria e José, que levavam consigo o suspirado das gerações. Mesmo que o mundo o ignorasse, os santos esposos desconhecidos e es-carnecidos continuariam o caminho. Deus o queria: fosse feita a sua vontade.

Eis a grande palavra: seja feita a vontade de Deus! Sempre, em qualquer parte onde seja mani-festada, quer pelos homens ou nos acontecimentos da natureza. Seja feita, porque é, não obstante, a vontade de Deus, e a ação dos homens é um véu que cobre os profundos mistérios da sua obra. Essa visão serena e profunda das coisas dava a calma, a paz a José e a Maria.

Observe como o mundo se agita e trepida, crendo poder dispor de tudo sem Deus. Em cada vicissitude, contemple a mão de Deus que sempre move e muda, opõe ou assimila, estimula a tudo e a todos para a mesma meta. Levante o véu e, por trás dessas sombras, você encontrará a mão piedosa de Deus atuando nos grandes como nos mais peque-ninos acontecimentos da vida, do dia e do instante.

Oração

Querido São José, enche-me de pasmo o seu admirável abandono à vontade de Deus manifestada

54

No seu forte abraço

por um orgulhoso soberano: sem hesitação, sem um lamento você obedeceu, e com que sacrifício seu! Eu, por minha vez, não sei encontrar nunca a força de me submeter à vontade dos outros, mil razões me sugerem mil desculpas para não obedecer.

Querido pai, ilumine a minha mente, para que em todas as coisas reconheça a vontade de Deus, e dê-me a força de servir-me de cada coisa como de uma escada para subir ao céu.

Último pensamento

São José – Eu conduzia uma vida escon-dida, em nada gostando de aparecer... Que me importavam os louvores? Bastava-me o sorriso de aprovação de Jesus e de Maria. Que me importa-vam as aprovações dos outros? Bastava-me a doce palavra de Jesus. Por que você procura ser aprova-do em tudo o que faz? Não lhe basta a aprovação da sua consciência?