NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

26
NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica

Transcript of NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Page 1: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSES

David E. ZirmermanFundamentos Psicanalíticos

Teoria, técnica e clinica

Page 2: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

O que é Neurose na Psicologia

• Na psicologia moderna neurose é o sinônimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico e se refere a qualquer desordem mental que, embora cause tensão, não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa.

Page 3: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Neuroses

• As estruturas caracterológicas, os sintomas, as inibições e os estereótipos que configuram as diversas síndromes psicopatológicas resultam de um jogo dialético entre as relações objetais,as ansiedades e, para contra-arresta-las, os tipos de mecanismos que são utilizados pelo ego.

Page 4: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Neuroses

• Psicanaliticamente falando, podemos dizer que fazer um diagnóstico clinico implica fazer uma análise sintática de como se articulam entre si as diferentes partes e níveis das várias subestruturas psíquicas, sendo que, de inicio é útil estabelecer uma distinção entre sintoma, caráter, inibição e estereotipia.

Page 5: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Distinção entre sintoma, caráter, inibição e estereotipo

• Sintoma- refere a um estado de sofrimento que o paciente acusa e do qual está querendo se livrar.

• O neurótico percebe os sintomas, critica sua irracionalidade e não consegue fazê-los desaparecer. Sente-os como estranhos, sofre e procura ajuda para suprimir os sintomas. Também por isso dizemos que são ego-distônicos.

Page 6: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Distinção entre sintoma, caráter, inibição e estereotipia

• Zimerman (2001) coloca o sintoma como a manifestação (de uma enfermidade) da qual o paciente se queixa, e os benefícios primários e secundários seriam os proveitos que o paciente tira de sua enfermidade, onde geralmente estão presentes características histéricas.

• O benefício primário seria o de poder manter o recalcamento de conflitos inconscientes e o secundário implicaria em reconhecer os ganhos que acompanham a enfermidade fazendo com que esta persista.

Page 7: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Distinção entre sintoma, caráter, inibição e estereotipia

• Caráter- designa um estado organizado da mente e da conduta que pode resultar harmônico ou não, saudável ou não.

Ex: caráter obsessivo.

Page 8: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Distinção entre sintoma, caráter, inibição e estereotipia

• Inibição- Traço de caráter ou um estado preliminar de um sintoma.

• Estereótipo - atitudes aparentemente normais, mas que podem indicar papeis mecânicos designados significativas

Page 9: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSE Em psicanálise chamamos de neurose, afecções

psíquicas sem substrato anatômico detectável, cuja sintomatologia está ligada ao conflito intrapsíquico entre ideias fantasmáticas inconscientes, associadas ao Complexo de Édipo e às defesas que elas suscitam.

• Do ponto de vista dinâmico defini-se por uma tomada de posição do ego (sob a influência do superego) a favor do princípio da realidade em detrimento do princípio do prazer e, de modo geral, de todas as exigências pulsionais do Id (tendo como consequência o surgimento de uma angústia de castração).

Page 10: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSES

• Assim, Freud postula a existência de um mundo psíquico interno, organizado em termos de conflito entre instancias, onde há uma batalha entre o superego e o id frente as demandas da sexualidade e da agressividade por expressão de descarga ( Gabbard, 1998). Este conflito gera ansiedade, que sinaliza ao ego a necessidade de mecanismos defensivos, isto é, de processos mentais que defendam o ego do perigo da invasão de impulsos e conteúdos inconscientes.

Page 11: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSE

No início de sua obra Freud dividiu os transtornos emocionais que eram denominados psiconeurose em 3 categorias:

• Neuroses atuais- somatização• Neuroses tranferênciais- neuroses de defesas

( histeria, fobia, obsessiva)• Neuroses narcisistas- constituem os atuais

quadros psicóticos

Page 12: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSE

De forma genérica podemos discriminar 5 tipos de estrutura neuróticas:

• Neurose atual• Neurose de angustia• Histeria• Obsessivo Compulsivo• Fobia• Depressão

Page 13: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Neurose atual• Não é produzida por conflitos históricos, mas

por motivos atuais, de modo que não depende estritamente de fatores psicológicos.

• No caso das neuroses atuais a intensidade da energia sexual não é suficiente para romper o limiar psíquico e investir as representações mentais. A energia sexual somática é, nesses casos, defletida para vias inadequadas, geralmente corporais, produzindo uma gama de sintomas, tais como palpitações, fadiga, sudorese e somatizações diversas.

Page 14: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Neurose atual

• Inicialmente Freud, descreveu dois tipos de neurose atual:

- Neurose de angustia ( resultante da libido estancada, como no caso do “ coito interrompido”.

- Neurastenia em decorrência de uma excessiva descarga de substancias sexuais ( exagero da pratica da masturbação) acarretaria uma hemorragia de substancias sexuais, caracterizando a neurastenia, entendida como um quadro sintomático de fraqueza, apatia, cansaço, etc.

Page 15: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Neurose de angústia• Há uma tensão íntima, de caráter geral, manifestada

sob a forma de uma angústia constante e oscilante, ou de uma produtividade de angústia.

• A neurose de angustia consiste em um transtorno clinico que se manifesta por meio de uma angustia livre, quer sobre forma permanente ou por momentos de crise ou seja por equivalentes somáticos como uma opressão pré cordial, taquicardia, dispneia suspirosa, sensação de ¨ bola no peito ¨ ou como por uma indefinida e angustiante sensação de medo de que possa vir a morrer, enlouquecer, ou da iminência de alguma tragédia.

Page 16: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSES

• Atualmente seria difícil sustentar a idéia de que uma patologia psíquica encontra suas origens exclusivamente na falta de satisfações sexuais, em sua acepção genital. Contudo, se tomarmos “sexual” como sendo o propriamente pulsional, tal qual Freud parecia privilegiar, é bastante coerente afirmar que essas patologias resultam da transformação direta – não mediada pelo psiquismo –da pulsão não satisfeita.

Page 17: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Neurose atual• Freud descreveu um terceiro tipo de neurose atual: a

hipocondria, que poderia estar representando um núcleo “atual” de uma esquizofrenia.

• Uma das formas da manifestação da expectativa ansiosa é a hipocondria, que requer como pré-condição o aparecimento de parestesias ( sensações cutâneas de frio, calor, formigamento) e sensações corporais aflitivas, a distribuição da libido para o hipocondríaco tem o mesmo efeito da doença orgânica. Este perde o interesse e a libido relacionados aos objetos do mundo externo e fixa ambos no órgão que lhe traz desconforto.

Page 18: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Neurose atual X Psiconeuroses

• Para Freud (1905, 1923, 1925), a principal diferença entre as neuroses atuais e as psiconeuroses podia ser estabelecida por meio da etiologia: enquanto as primeiras eram tidas como consequência, por interferência química, de impedimentos da satisfação sexual na vida atual, as psiconeuroses eram vistas como consequência,por intermediação psíquica, de fixações e desvios da libido na infância.

Page 19: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

FOBIAS

• Uma complexa e diversificada combinação de pulsões, fantasias, angústias, defesas do ego e identificações patógenas pode determinar na personalidade do sujeito uma estruturação de natureza fóbica.

• Não há uma explicação unitária para as fobias, cabe tentar classificá-las de acordo com a pluralidade causal.

Page 20: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

FOBIAS• Além da angustia de castração, também está

sempre presente em qualquer fobia alguma forma de aniquilamento e, sobretudo de desamparo.

• Existe uma permanente simbolização e deslocamento da ansiedade, que se constitui como uma cadeia de significantes peculiares.Da mesma forma, comportam-se representações simbólicas que, transmitidas pela cultura milenar, transformam-se em medos universais ( serpentes, ratos, escuridão, etc)

Page 21: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

FOBIAS

• Provável que no passado houve uma intensa relação simbiótica com a mãe, com evidente prejuízo na resolução das etapas da fase evolutiva da separação-individuação.

• Identificação da cça com a fobia de ambos os pais, ou de um deles.

• Os estados fóbicos virtualmente sempre vem acompanhados de manifestações paranóides e obsessivas, e sempre estão encobrindo uma depressão subjacente.

Page 22: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSE OBSESSIVA COMPULSIVA

• O transtorno obsessivo-compulsivo é marcado por uma ambivalência que se estende por todos os aspetos de sua vida. Acarreta sofrimento pessoal e social. O indivíduo reconhece que as obsessões ou compulsões são excessivas e irracionais, mas é atormentado por esmagadora descarga de ansiedade se não obedece aos desígnios da doença.

Page 23: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

Zimermam (1999) aponta como principais fatores etiológicos a existência de:

• Pais obsessivos que impuseram um superego por demais rígido e punitivo;• Uma exagerada carga de agressão que o ego não conseguia processar, e,

igualmente, uma falha da capacidade do ego na função de síntese e discriminação das permanentes contradições que atormentam o obsessivo;

• Do ponto de vista estrutural, há um constante conflito inter-sistêmico (o ego está submetido ao superego cruel e pressionado pelas demandas do id); e há ainda um conflito intra-sistêmico (dentro do próprio id, as pulsões de vida e de morte podem estar em um forte conflito; ou nas representações do ego, o gênero masculino e o feminino não se entendem entre si).

• O entendimento da importância da defecação para a criança, com as respectivas fixações anais que se organizam em torno das fantasias que cercam o ato de defecar.

Page 24: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSE OBSESSIVA COMPULSIVA• Zimerman (1999) diz que esse conflito entre as

instâncias psíquicas explica os sintomas de ordem, limpeza, disciplina, escrupulosidade e afins, que caracterizam o obsessivo, sendo que a obsessividade pode manifestar-se com dois perfis caractereológicos: um se manifesta sob uma forma passiva (corresponde a chamada “fase anal retentiva”) e o outro tipo é de natureza ativa (corresponde à fase anal expulsiva) como foram denominadas por Abraham.

Page 25: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSE OBSESSIVA COMPULSIVA

• Tanto no tipo passivo quanto no ativo, há uma permanente presença de pulsões agressivas, mal resolvidas; de um superego rígido, muitas vezes cruel, ante a desobediência aos seus mandamentos; e de um ideal de ego, cheio de expectativas a serem cumpridas. Tudo isso os mantém em um continuado estado de culpa e numa conflitiva narcísica.

Page 26: NEUROSES David E. Zirmerman Fundamentos Psicanalíticos Teoria, técnica e clinica.

NEUROSE OBSESSIVA COMPULSIVA• Nas neuroses obsessivas o ego é mais cenário de ação

na formação dos sintomas do que na histeria. O ego se apega com toda a tenacidade as suas relações com a realidade e com a consciência. O obsessivo se esforça em “dissipar com um sopro” não meramente as conseqüências de um evento, mas o próprio evento.

• Na neurose obsessiva é encontrada pela primeira vez nos sintomas bifásicos, nos quais uma ação é cancelada por uma segunda, do modo que é como se nenhuma ação tivesse ocorrido, ao passo que na realidade, ambas ocorreram. (Freud, 1925, pág. 120)