NEUROBIOLOGIA da VINCULAÇÃO · 2019. 3. 21. · •Esta Plasticidade Dependente da Experiência...
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NEUROBIOLOGIA da VINCULAÇÃO
Mário David
Psiquiatra, Psicoterapeuta Psicanalítico
e Grupanalista
02-02-2014 1 Mário David 2013
Porque Amamos a nossa Mãe e (nosso Pai)?
Integração Neuro-Bio-Psicológica
da Vinculação e da Emocionalidade Associada
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Estamos Nós Orientados para o Amor ? (I)
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Segundo a Teoria das Pulsões (“Drive Theory”) Estas forças mentais básicas impulsionavam o funcionamento da Psyché, como explicavam o nosso desenvolvimento psíquico. Esta 1ª Teoria foi uma tentativa para descrever quais eram os determinantes mais básicos do comportamento humano a partir da perspetiva das experiências subjetivas. S. Freud dividiu e categorizou as Pulsões de diversas maneiras e considerou que elas estariam sempre submetidas a um princípio determinante e organizador: a Líbido; o Eros; a Pulsão de Vida (Freud, 1915; 1920; 1940)
Porquê um Bebé Ama a sua Mãe?
• Freud acreditava que a Vinculação Inicial do Bebé à sua Mãe seria
secundária ao fato dela satisfazer as suas necessidades e de o
proteger • Este Conceito de Líbido revela
significativas similaritudes com a função das Vias Ascendentes Dopaminérgicas Mesolímbicas e Mesocorticais ou SEEKING System
(J. Panksepp, 1998)
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Estaremos Nós Orientados para o Amor? (II)
• S. Freud entendia que as Pulsões “faziam a Mente trabalhar, e eram consequência da sua conexão com o Corpo”
• (Freud, 1915, pp.122)
• Todas as Motivações Humanas estavam baseadas na Pulsão Libidinal
• Bebé vincularia com a Mãe porque ela lhe reduzia a sua tensão pulsional através dos cuidados maternais e da proteção fornecida por si
• A Vinculação Inicial do Bebé seria então algo de secundário, de algo aprendido.
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Sistemas Instintivos de Vinculação (John Bowlby, 1907-1990)
• Crianças Maltratadas e Abandonadas e
Delinquentes • Impacto da Separação e da Perda Parental no
Desenvolvimento Normal e Patológico das Crianças
• Ideia de que a Vinculação é uma estratégia evolucionária de protecção dos predadores
• Função de Proteção e de Sobrevivência cujo objetivo é a Manutenção de Proximidade a uma Figura Cuidadora (Bowlby, 1969; 1980)
• A ligação à nossa Mãe ou a um Cuidador
Primário tem haver com algo de motivação primária ou inata (Bowlby,1969 ;1973)
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Sistemas Instintivos de Vinculação (Bowlby, J. 1969;1980;1988) (Holmes, J. 1993)
• Figuras de Vinculação;
• Procura de Proximidade ou de uma Base Segura • Conjunto de Sistemas Biológicos e
Motivacionais
• Tratam-se de Memórias Implícitas que desencadear rápidas e inconscientes decisões de Aproximação-Evitação
• “Interações precoces Mãe-Filho criariam certos Esquemas de Vinculação, os quais podiam predizer as reações subsequentes em relação aos Outros” (Bowlby, 1988)
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A Situação Estranha (Ainsworth, M. e colab., 1978)
A criança é observada a brincar durante 20 minutos enquanto os Cuidadores e
as Pessoas Estranhas entram e saem da sala, recriando um fluxo de
presenças familiares e não-familiares na vida da criança
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Observações sobre as Mães nas suas
Casas
A Situação Estranha para a
Criança (ISS)
Entrevista sobre a Vinculação do Adulto (AAI)
(Main & Goldwing, 1993)
Livre e Autónomo: Efectivamente,
Perceptivamente e Emocionalmente
Disponível
Segura: Criança procura a Proximidade e é
facilmente acalmada / Ela retorna para o jogo
Memórias detalhadas, balanceadas, com perspetiva e com
coerência na narrativa
Abandónico: Distante e Rejeitante
Evitante: Criança não procura
proximidade e não se mostra preocupada
Abandónico, Denegação,
Minimização, Idealização e falhas na
re-memorização
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Observações sobre as Mães nas suas
Casas
A Situação Estranha para a
Criança (ISS)
Entrevista sobre a Vinculação do Adulto (AAI)
(Main M. & Goldwing, P. 1993; 1998)
Embrulhado -Ambivalente : Efectivamente,
Perceptivamente e Emocionalmente não
Disponível
Ansiosa - Ambivalente:
Criança não procura a Proximidade, ela não é facilmente acalmada / Dificilmente retorna
para o jogo
Verborreia, Intrusões, Pressões,
Preocupados, Idealização com
Raivas
Desorganizado: Desorientado, Receoso com Comportamentos
sexualmente desadequados
Desorganizado: Caótico, Auto-
flagelação
Desorientado, Comportamentos Conflituais, Perdas
não resolvidas e Passado Traumático
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Processos de Vinculação
• Através da interação com os Cuidadores primários, a Criança desenvolve uns tais Modelos Internos (Internal Working Models) que irão regular os seus Padrões dos Comportamentos e a Percepção de Si-Próprio (Self) e
dos “Outros”. • Vão organizar-se em expectativas conscientes e
inconscientes acerca das relações sociais e as relações de intimidade (Waters & Waters, 2006; Lichtenberg, 1989)
• Motivações Fundamentais dos Seres Humanos: • A Necessidade de Pertença (Baumeister e Leary, 1995)
• A Afiliação Social • O Desejo de um Relacionamento Interpessoal
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Experiência Humana do Cérebro e da Mente é um Processo Unificado (S.. Cobb, 1944)
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O Cérebro Tri-Uno (P. D. MacLean, 1990)
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Neuro-Anatomia Dinâmica (J. Panksepp, 1998)
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Sequência dos Fenómenos Neuroplásticos na Depressão (D. F. Watt, 2007)
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Cérebro Social GAP Research Committee (Gardner Jr. R. et al., 2004)
• …O Cérebro é um órgão do Corpo que medeia as Interações Sociais enquanto serve de repositório para as mesmas Interações… ... entre a Fisiologia Cerebral e o Meio Envolvente do Individuo.
• O Cérebro é o órgão mais influenciado ao nível celular por fatores sociais ao longo do desenvolvimento … a expressão da função cerebral determina e estrutura as vivências pessoais e sociais de cada Indivíduo….
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Neurobiologia Interpessoal (A.N. Schore, 1993;2003a,b,c; L. Cozolino, 2006; 2010)
• Nos 3 primeiros anos de vida, aonde a importância da Vinculação é máxima, para o desenvolvimento
das Conexões Neurofisiológicas Cerebrais, nomeadamente, das linhas de Evolução Sensorial, Motórica, Cognitiva e Emocional (A.N.Schore, 2003a,b,c;)
• Tudo isto pode ser perspetivadas numa lógica de Fenómenos e de Mecanismos Interpessoais
(L. Cozolino, 2006; 2010)
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Socio-Biologia / Socio-Psicofisiologia (Wilson, E.O., 975) / Gardner Jr. R. & Wilson, D. R., 2004)
• Comportamento Social resulta da Evolução Natural e é explicado e examinado dentro de Contextos Sociais, Biológicos
• Baseia-se em duas permisas fundamentais:
• 1) Certos traços do Comportamento são herdados;
• 2) Eles são trabalhados pela Seleção Natural.
• Ao nível do Individuo, 2 Mecanismos Proximais:
a Causalidade (Mecanismo) e o Desenvolvimento (Ontogenia)
• Ao nível da Espécie, 2 Mecanismos Últimos:
• a Função (Adaptação) e a Evolução (Filogenia) (N. Tinbergen, Prémio Nobel da Medicina de 1973)
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Neurociência Social J.T. Cacioppo & G G. Berntson(2004); J. Decety & J.T. Cacioppo (2011)
• Estudo e Compreensão de como os Sistemas Biológicos implementam os Processos Sociais e os
Comportamentos, recorrendo a Conceitos e a Métodos Biológicos podem informar e re-definir as Teorias dos Processos Sociais e do Comportamento
• As Pessoas são encaradas como sendo fundamentalmente uma espécie social, mais do que
indivíduos isolados.
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Neurociências Afetivas (J. Panksepp, 1998; 2013)
• Existem 2 tipos de Consciência: (Afetiva / Cognitiva)
• O Funcionamento do Cérebro/Mente é determinado por balanços energéticos/informacionais gerados entre
os diferentes Sistemas Operativos Básicos e os seus Sistemas de Regulação (subcorticais e corticais)
• (In “Affective Neuro-Sciences” - J. Panksepp, 1998)
• 3 Níveis de Controlo das Atividades Afetivo-Emocionais
• Importantes Relações entre os Níveis de Processamento Emocional e o Desenvolvimento e a
Maturidade Neuronal (In “The Archaelogy of Mind” - J. Panksepp & L. Biven (2013)
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Níveis de Processamento Mental: Estimulação Não específica / P. Primário / P. Secundário / P. Terciário
Por Sandra Paulsen
in “The Archaelogy of Mind” (J. Panksepp & L. Biven, 2013) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 22
Dois Tipos de Consciência Cerebral (In “The Archaelogy of Mind” (J. Panksepp & L. Biven, 2013)
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Relações entre os Níveis de Processamento Emocional e o Desenvolvimento e a Maturidade Neuronal
(The Archaelogy of Mind - J. Panksepp & L. Biven (2013)
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Sistemas Operativos Emocionais (J. Panksepp, 1998)
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A Libido e o “SEEKING SYSTEM”
• Sistema Apetitivo-Motivacional
Que vai Suportar os nossos Desejos Sexuais e não Sexuais “de todos os dias”:
• “Vamos em direcção ao Mundo e a procurar nele, as coisas e as pessoas que
nos irão satisfazer as nossas necessidades e que nos irão dar o prazer” (Panksepp, 1998)
• Neurotransmissor Dominante é a DOPAMINA
• ↑↑ na Psicose e na Mania / ↓↓na Depressão • Ativado pela Cocaína e por outras
Substâncias Aditivas
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Vias dopaminégicas Ascendentes Mesocorticais e Mesolímbicas (“SEEKING System”)
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Correlatos Neuronais com a Vinculação Sistema “PÂNICO/LUTO” / “PANIC/GRIEF System”
• Sistema Límbico e filogenéticamente mais recente
• Giro Cingulato Anterior, Núcleos Talámicos e hipotalámicos, com fibras descendentes que alimentam a área cinzenta periacdutal (PAG)
• Serve provavelmente para ligar o Bebé à Mãe através do desencadeamento de uma Ansiedade de Separação logo um deles se afasta do Outro
• Modulado por Aminas Biogénicas(Serotonina) Neuropeptidos : a Oxitocina e as Endorfinas Neuromoduladores: a Prolatina
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Panksepp, J. (2003). Feeling the pain of social loss. Science, 302: 237-239.
Zubieta, J.K., et al (2003). Regulation of human affective responses by anterior cingulate and limbic mu-opioid neuro- transmission. Archives of General Psychiatry, 60, 1145-1153.
Similaridades entre Adicção a Opiáceos e a Dependência Social (Depressão)
(J. Panksepp, 1998)
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1. Dependência a Drogas 1. Conexão Social
2. Tolerância a Drogas
2. Alienação
3. Ressaca a Drogas
3. Ansiedade de Separação
a) Dor Psíquica b) Lacrimejo
a) Solidão b) Choro
c) Anorexia d) Desespero
c) Perda de Apetite d) Depressão
e) Insónia f) Agressividade
e) Dificuldade em Adormecer f) Irritabilidade
Porque o Amor Doí?
• Provoca Ansiedade, Tristeza, Dor (Psíquica e Física) e Sensação de Perda de
Objecto
• A Disforia ou Ansiedade de Separação => Paragem da Libertação de Endorfinas
Cerebrais
• os Narcóticos são tão Aditivos
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Dados Neurobiológicos Básicos em Sujeitos Humanos
• Privação Materna Precoce através da Separação ou de Depressão Maternas “resultaram numa ↓↓ do Funcionamento Cerebral, em ↑↑ níveis de Ansiedade e em maiores dificuldades numa Vinculação subsequente” (Brennan 2008; Tyrka, 2008)
• ↓↓ Níveis de Cuidados Maternais correlacionam-se:
• Comportamentos (+) receosos / (-) positivos / (-) atenção
• Desvio mais para o lado direito na Ativação Cerebral do Lobo Frontal (para emoções negativas / Depressividade)
• Todos estes dados foram correlacionáveis com níveis ↑↑ de Estresse e Excitação (Hane e Fox, 2006)
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Intervenções Biológicas e Ambientes Físicos e Sociais Enriquecidos
• Podem-se reverter os efeitos de ↓↓ níveis de Atenção Materna e de Privação Precoce através do eixo ACHT e
pelo Comportamento (Bredy e colab., 2004; Francis e colab., 2002; Szyf, e colab., 2005)
• Estresse Crónico / Trauma durante a Adolescência ou na Idade Adulta:
• “podem-se reverter os efeitos positivos ↑↑ dos níveis de Atenção Materna, nas fases precoces da Vida, pois eles
podem modelar o Cérebro de modo a que ele se assemelhe a um (Cérebro) que foi privado
precocemente por falta de Atenção Materna” (Ladd, Thrivikraman, Hout, Plotsky e colab., 2005)
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Impactos dos Cuidados Precoces Parentais
• Têm impacto nos Circuitos Emocionais Primários , os quais mantêm uma Plasticidade Dependente da Experiência ao longo da vida, em particular, em relação aos Relacionamentos Íntimos (Bowlby, 1988; Davidson, 2000)
• Esta Plasticidade Dependente da Experiência correlaciona-se principalmente com alterações nas dimensões do Córtex Pré-Frontal e do Hipocampo (Kolb & Gibb, 2002)
• Estruturas Centrais para a Aprendizagem e para as Memórias
• Áreas-Chave na Formatação dos Esquemas de Vinculação.
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Estruturas e Sistemas do Cérebro Social
Estruturas Corticais
e Subcorticais
Córtex Pré-frontal Orbital Mediano; Córtices Somato-Sensórios;
Ínsula; Córtex Cíngulado Amígdala; Hipocampo; Hipotálamo
Sistemas Sensórios, Motóricos e Afetivos
Sistemas de Reconhecimento da Face e da Expressão Facial;
Sistemas do “Espelhamento” (Mirror Neuron System)
Sistema da Ressonância
Sistemas Regulatórios
Regulação do Stress (Regulação Hormonal do Sistema ACTH)
Regulação do Medo (Córtex Pré-Frontal Orbital Mediano e a Amígdala)
Envolvimento Social (Regulação autonómica do Sistema Vagal)
Motivação Social (Reforço da Representação) 02-02-2014 35
Estruturas Corticais e Sub-Corticais (Davidson e colab. 2002)
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orbital PFC (OFC)
ventrolateral PFC (VLPFC)
dorsolateral PFC (DLPFC)
anterior cingulate
amygdala
hippocampus
Córtex Pré-Frontal Orbital Mediano
• Ápex das Redes Neuronais do Cérebro Social
• Zona de Convergência
Integração da Informação Sensorial e da Informação Emocional
• Conexão directa c/ Hipotálamo
Integração da Informação dos Mundos Interno e Externo com a Emoção, a Motivação e os Sistemas de Recompensa
• Papel Inibitório através da Amígdala e de outras Estruturas Adjacentes (Regulação Afectiva)
(Schore,A.N. 1994)
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Córtex Somato-Sensórios e Áreas Adjacentes (L. J. Cozolino, 2006)
02-02-2014 3º Ano Curso SPG 2010 / 2011 Mário David 38
Córtices Somato-Sensórios (SI/SII) • Contêm a Informação sobre as Experiências Corporais e
possuem Múltiplas Representações do Corpo
(com a participação da Ínsula e Córtex Cingulado Anterior)
Base da nossa Experiência sobre os nossos Selves Somáticos
• Estes Córtices SI/SII participam na geração da Intuição ou em sensações de base (“gut feelings”) ativadas pelas
Memórias Implícitas relacionadas com as nossas experiências e que nos ajudam a tomar decisões com
convicção (A. Damásio, 1994)
1. Geram-se no contexto das relações precoces e são dependentes da Experiência
2. As Experiências com os nossos Corpos tornam-se em Modelos para a Conexão, Compreensão e Empatia nos Relacionamentos com os Outros (A. Damásio, 2000)
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Estruturas Corticais e Sub-Corticais (L. J. Cozolino, 2006)
02-02-2014 3º Ano Curso SPG 2010 / 2011 Mário David 40
Córtex Cingulado • Área de Associação Informacional:
(Visceral, Motora, Táctil, Autonómica e Emocional)
• Comportamento Maternal, Brincar, Cuidados Parentais
• Certas Comunicações de Predador-Presa, de Procura de Companheiro Sexual e de Mãe-Filho (P. MacLean, 1995)
• A Integração de certos aspectos dos Processos Cognitivos e Emocionais mais a ativação, a modulação, e a coordenação entre os Circuitos Frontais/Motores
(Bush, Luu & Posner, 2000; Paus,1993)
• Destruição => Mutismo; Perda de Resposta ou Neglect Maternal e a Instabilidade Emocional e Autonómica
(Bush, Luu & Posner,2000; Bush, 2002; Joseph, 1996) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 41
Localização da Ínsula (J. Nolte & J.B. Angevine, 2007)
02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 42
Córtex da Ínsula
• “Córtex de Integração límbica” área de interconexão entre Estruturas Límbicas
e os Lobos Frontal, Parietal e Temporal
• Organizada como um Mapa do Corpo:
Como Experiências e Expressões da Auto-Consciência Corporal, Emoção e Comportamento (Carr, 2003; Phan, 2002)
• Expressões Faciais, Mudanças da Direcção do Olhar, Estados de Desconfiança perante os Outros
(Kawashima, 1999; Morris Friston, 1998)
• Destruição => Anosognosia (Garavan, Ross, & Stein, 1999)
02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 43
Estruturas Sub-Corticais
• Amígdala: Medo, Vinculação, Memorias Recentes e Memória Emocional
• Hipocampo: Evocação das Memórias e das Aprendizagens Conscientes
(em colaboração com a Amígdala e o Córtex Cerebral)
• Hipotálamo: Tradução dos nossas Interacções Sociais em Processos
Corporais via Eixo Adreno-Pituitário-Hipotalâmico
02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 44
Sistemas Internos Facilitadores da Conexão Interpessoal e de Regulação Afectiva (I)
• Sistemas do Medo e do Estresse:
Níveis de Excitação / Luta – Fuga /
Aproximação – Evitação
• Sistemas de Recompensa ou de Reforço
Procura da Proximidade / Dependência – Ligação / Vinculação / Conforto - Alívio / Motivação Social
Sistemas de Envolvimento:
Regulação Afetiva / Modulação do Medo /Redução do Estresse / Esquemas de Vinculação
(L. Cozolino, 2006)
02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 45
Sistemas Internos Facilitadores da Conexão Interpessoal e de Regulação Afectiva (II)
• Sistemas Visuo-Sociais:
Orientação e Reconhecimento das Faces
Orientação da Atenção / Expressões Faciais
Sistemas de Espelhamento:
Imitação / Aprendizagem / Comunicação / Coordenação / Ressonância / Empatia /
Sistemas Simbólicos:
Objetos Internos / Palavras / Metáforas / Narrativas (L. Cozolino, 2006)
02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 46
Áreas Conectadas pelos Neurónios de Espelhamento
(L. J. Cozolino, 2006)
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Neurónios de Espelhamento(Humanos) • Encontram-se Áreas Pré-Motoras dos Córtices
Sensoriais (SI/SII) e da área de Broca
• Estendem-se aos Lobos Temporais, Parietais e Frontais (mais na Imaginação dos Movimentos) (Decety & Chaminade, 2003a)
• Para a Ínsula, a Amígdala (mais na Imitação ou na Observação da Expressão Facial) (Carr, 2003)
• Para os Gânglios da Base e o Cerebelo (mais na Observação dos Movimentos das Mãos)
(Decety & Chaminade, 2003a)
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Sistemas de Ressonância e Espelhamento
• Observação das Acções, Gestos e Expressões Faciais dos Outros => Activação Reflexiva dos Sistemas Motóricos => Activação de Pensamentos e das Emoções associadas a estes Comportamentos
• Ex: criança a chorar, atleta que perdeu a corrida
• Promovem a Ressonância Emocional, a Sintonização Empática e a Compreensão Mútua (Wolf, 2000)
• Ativados durante a Observação, a Imaginação, a Empatia e a Execução de Acções, em particular, com as Mãos (Bonda, 1994; Buccino, 2004; Decety e Chaminade, 2003a, 2003b)
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Reflexos e Instintos (Vinculação) (I) “a Mãe e o Bebé ajustam, entre si, sons, gestos, movimentos
e emoções num dueto lírico” (Trevarthen, 1993)
• RN vem equipados com um aparato de reflexos que desencadeiam os Instintos Maternais, ↑ contacto visual e
prolongam o contacto físico
• Mães reconhecem pelo cheiro os seus RN após 1hora de contacto / / Bebés reconhecem muito cedo o cheiro do corpo da Mãe e do leite materno e do mamilo materno
• Mães reconhecem o choro dos RN ao fim do 1ºDia
• Ao fim de algumas horas os Bebés reconhecem e distinguem as caras mais familiares
02-02-2014 Curso Neurociências Mário David 50
Reflexos e Instintos (Vinculação) (II) • Imitação Reflexa da Mãe ensina o RN a relacionar entre
as expressões faciais da Mãe, as interacções sociais entre si e os Outros e ainda, os seus estados
emocionais internos
• “A Visão, em geral e a Face Emocionalmente Expressiva, da Mãe vão ter um papel central na Conexão e na Vinculação Humanos” (A. N. Schore, 1994)
• Sons, Sensações, Visão da Face Expressiva da Mãe ↑ os níveis de Dopamina e Endorfinas, tornando a Mãe na fonte primária de prazer e bem-estar do bebé
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Sistema de Motivação Social (E. E.Nelson & J. Panksepp, 1998) ( H. Fischer, 1998)
• Estende-se para a Amígdala, para o Cíngulo Anterior e para Córtex Pré-Frontal Orbital Mediano
A Vinculação / O Acasalamento / A Empatia /
O Comportamento Altruísta (Decety & Lamm, 2006)
• Três Subsistemas ou Circuitos:
1. Bonding e Vinculação (péptidos, vasopressina e oxitocina)
2. Atratividade (dopamina e outras catecolaminas)
3. Impulso Sexual (androgéneos e estrogéneos)
(H. Fischer, 1998)
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Uma Boa Mãe Internalizada (L. Cozolino, 2006)
Uma Regulação dos Afetos e uma Auto-Estima Saudáveis
Ter sido tocado de modo agradável
Ter sido embalado suavemente e de modo seguro
Ter sido confortado de modo “quente”
Ter experienciado uma regulação homeostática em relação ao sono, à fome e à estimulação sensorial geral, etc.
Experiências Repetidas sobre transições emocionais a partir de Estados de Angústia para Estados de Tranquilidade
Ter experienciado Estados Emocionais Positivos Sustentados 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 53
Capacidade Parental Adequada (L. Cozolino, 2006)
• Os melhores Preditores são:
• Capacidade de Elaboração Psíquica
• Processamento das Emoções e dos Afetos
• Integração das Experiências Precoces
• Construção de Narrativas Coerentes
• Os Pais mais Autónomos e mais Seguros:
• Níveis mais elevados de Integração Neuronal
• Atingem Níveis mais elevados de Regulação Afetiva
• Não usam tanto as Defesas de tipo Dissociativa
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FUNCIONAMENTO MENTAL PARENTAL
• Pais com Vinculação não Segura (3 Tipos):
• Apresentam Baixos Níveis de Integração Neurológica e Psicológica;
• Usam Defesas Psicológicas mais primitivas;
• Diminuição nos seus Níveis de Atenção e de Disponibilidade Emocional para com a criança.
02-02-2014 Mário David 2013 55
Bibliografia (I) • Adler, HM (2002). The sociophysiology of caring in the doctor-patient relationship. Journal of General Internal Medicine. Vol.17, nº11, pp. 883-890 • Ainsworth, M.D.S., Blehar, M.C., Waters, E., & Wall, S. (1978). Patterns of attachment: A psychological study of a strange situation. (Ed.) Erlbaum,
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02-02-2014 Mário David 2013 57
Muito Obrigado Pela Vossa
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Autora Joana Graça