Nessahan Alita - O Magnetismo nas Relações Sociais - livro verdadeiro

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    O Magnetismo nas Relaes Sociais

    A Submisso do Ser Humano atravs de suas Fraquezas

    Por Nessahan Alita(Inspirado em um livro de Eliphas Lvi)

    Dados para ci tao:

    ALITA, Nessahan (2002). O Magnetismo nas Relaes Sociais: A Submisso do Ser Humano atravs de suas Fraquezas. Edio vir tual independente de 2008.

    Palavras-chave:

    magnetismo - atrao - encantamento - paixes - vontade

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    O Magnetismo nas Relaes Sociais

    Introduo

    1. As atraes e repulses2. As cadeias magnticas

    3. A resistncia e a manipulao das correntes4 . A manipulao e a instrumental izao das crenas

    5. As tendncias de instalao da crena6. A natureza da paixo humana

    7. A apoderao da vontade alheia8. O carter auto-dominatrio da manipulao

    9. A singularidade comportamental do elemento passivo10. O uso da simpatia da maioria dos elos de uma cadeia por homens vis

    11. O magnetismo nas polmicas12. A dinmica psicolgica do encantamento e da fei t iaria

    Concluses

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    Introduo

    Neste pequeno ensaio tenho por meta demonstrar a necessidade de

    superarmos nossas fraquezas passionais: os desejos e os medos.

    Por meio das fraquezas, estamos expostos maldade e manipulao.

    Somos vtimas de vrias circunstncias pela debilidade de nossa vontade.

    O homem nasce da vitria sobre o animal, sobre o instinto. Vencer o

    instinto no enfraquec-lo ou suprim-lo, mas domin-lo, transcend-lo,

    dirigi-lo e us-lo em nosso favor. Em uma palavra: assimil-lo.

    A domnio sobre os instintos requer a morte dos egos, elementrios,

    agregados psquicos, eus, valores, complexos ou como queiramos cham-

    los: os nossos defeitos. Nos confere um poder inigualvel. Entretanto,

    aquele que fizer uso errado ou egosta do poder ser um criminoso e ter

    que responder por isso.

    Apenas com a finalidade de dar orientao e permitir s pessoas que

    se protejam das malignas influncias hipnticas da vida que forneo esses

    importantes conhecimentos sobre a manipulao do homem.

    Esclareo que os conhecimentos contidos neste livro no apresentam

    nenhuma relao com as tcnicas hipnticas e/ou manipulatrias mas, ao

    contrrio, resultam de reflexes filosficas diametralmente opostas. A

    inteno deste trabalho auxiliar as pessoas a resistirem a mltiplas

    influncias hipnticas, sugestes subliminares, influncias psquicas,

    manipulaes mentais e fascinaes, combatendo as nefastas influncias de

    quaisquer tcnicas e processos de ludibriao manipulatria queintensifiquem o adormecimento da conscincia. Posiciono-me

    completamente a favor do despertar da conscincia e radicalmente contra o

    seu adormecimento.

    Desejo-lhe a vitria.

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    1. As atraes e repulses

    Em 29 de dezembro de 2002.

    As relaes sociais obedecem a princpios magnticos como o fazemos corpos inanimados.

    Os seres humanos instalam entre si e com o mundo relaes de

    atrao e r epulso: so atrados pelo que gostam e repelidos pelo que

    detestam. Quando so irresistivelmente atrados ou repelidos, atua o

    magnetismo universal.

    Por trs das influncias magnticas esto as fascinaes. A qualidade

    das mesmas determinam o que ser atraente ou repelente. Quanto mais

    expostos fascinao estivermos, mais vitimados pelas circunstncias

    seremos.

    Os fluxos magnticos formam estruturas sociais que vo dos pares de

    casais, famlias ou parcerias de amigos at a humanidade inteira.

    A fora psquica promove agregaes sociais por afinidade simptica

    e desagregaes por efeitos antipticos. A simpatia se origina da

    convergncia de desejos e a antipatia da divergncia.

    O sentido assumido pelo desejo o fluxo da libido. Uma mesma

    pessoa possui mltiplos e conflitantes fluxos libidinais. Sua linha

    psicolgica principal ser determinada pelos fluxos libidinais

    predominantes, os quais a expem ao perigo da manipulao por um inimigo

    astuto, que tenha experincia na dominao dos sentimentos alheios.

    Os manipuladores intensificam a simpatia ou a antipatia por meio da

    excitao dos desejos conscientes e, principalmente, inconscientes de sua

    vtima, levando-a dependncia, entrega e submisso completas. O

    segredo de seu perverso poder a engenhosa estratgia de identificar as

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    paixes da vtima que lhe sero teis, estimul-las e acentu-las. A vtima

    deste modo induzida, inconscientemente, a ador-lo, tem-lo ou odi-lo.

    A fora magntica muito perigosa. Seu poder de atrao pode ser

    muito intenso e nos fulminar. Para moviment-la precisamos de um pontode fixidez, o auto-centramento, o qual obtido por meio da dissoluo dos

    complexos que nos confere liberdade comportamental e o poder de resistir

    s atraes e repulses fatais do magnetismo universal.

    sempre conveniente, na medida do possvel, evitar antipatias mas

    para tanto necessrio dissolver os egos. A antipatia no nos em geral

    favorvel a no ser que disponhamos de intensa dose de simpatia para lhe

    fazer frente de maneira muito segura. Devemos evitar ao mximo a

    constelao de antipatias.

    Quando mexemos na corrente magntica, isto , no fluxo libidinal

    interpessoal ou intrapessoal, desencadeamos reaes. A prescincia das

    mesmas fundamental para no sermos fulminados.

    O meio para determinar simpatias e antipatias a observao. Por

    meio da observao o manipulador descobre quais so os objetos de amor ede dio. A afinidade simptica se estabelece pela correspondncia de

    atitudes, pela convergncia de comportamentos. Se atuarmos contrariamente

    ao que algum detesta e favoravelmente ao que algum ama, entraremos em

    afinidade simptica.

    Para se superar uma grande antipatia preciso uma dose superior de

    simpatia. A supresso de um dio ou mgoa imensos requer a aplicao

    exaustiva do magnetismo em sentido contrrio e proporcional hostilidadesentida.

    Somos seres altamente mecnicos. Reagimos aos acontecimentos

    automaticamente e dentro de padres detectveis. Para sermos induzidos a

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    aes ou estados de mente e sentimento, basta que o manipulador conhea a

    forma de provoc-los.

    Por exemplo, induzimos algum que sente prazer na oposio gratuita

    a defender nossas idias quando fingimos defender idias opostas s que emrealidade so as nossas. Induzimos um fofoqueiro a propagar uma notcia

    quando lhe pedimos para ocult-la sob a alegao de ser um grande segredo.

    Assim age o manipulador.

    O primeiro passo na manipulao a identificao dos

    condicionamentos do outro. O segundo passo descoberta do agente

    desencadeador da ao mecnica. O terceiro passo a instrumentalizao

    desse condicionamento, a descoberta de situaes em que o mesmo til

    aos nossos propsitos. Ento basta apertar os botes e as reaes se

    desencadeiam.

    O manipulador faz um levantamento dos condicionamentos

    comportamentais e dos objetos que exercem atrao e repulso em sua

    vtima. Ento os utiliza conforme as circunstncias.

    Quando as reais intenes do manipulador so percebidas, suaimagem sofre um desgaste perante a vtima. Para recuper-la, este precisar

    agir como se o objeto de seu desejo fosse altamente desinteressante e, em

    seguida, dar continuidade aos atos encantadores.

    Na manipulao opera-se por alternncia. No se ope fora contra a

    fora mas, ao contrrio, se intensifica e instrumentaliza os fluxos de fora

    existentes. A insistncia em uma nica direo produz um fluxo de fora

    resistente na direo contrria. A lisonja e o carinho contnuos e excessivosconduzem irritao e ao fastio. A indiferena e o desprezo contnuos

    consolidam a frieza e afastamento.

    O manipulador combina dialeticamente os opostos: toma atitudes

    encantadoras ao mesmo tempo em que simula estar desinteressado. Ento

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    vai acompanhando a evoluo do processo de enlouquecimento de sua

    vtima.

    Pode-se induzir no outro estados internos por simpatia ou antipatia.

    Todas as nossas atitudes desencadeiam no outro reaes mecnicas contraas quais se indefeso. Para instrumentaliz-las, basta observar os efeitos de

    cada atitude e descobrir situaes em que seriam desejveis.

    As pessoas reagem automaticamente ante as circunstncias, de modo

    padronizado. So absolutamente manipulveis atravs de um jogo de atrao

    e repulso que corresponde ao fluxo do magnetismo universal.

    A voz e o olhar so poderosas ferramentas de encantamento. Induzema atitudes de modo facilmente verificvel.

    Encarar ou ofender verbalmente um homem de natureza exaltada

    induz-lo, sem chances de defesa, a criar um conflito e cair em estados

    psicolgicos negativos.

    A simpatia se estreita e intensifica quando algum toma as idias do

    outro e a desenvolve e amplifica como se fossem suas atravs da palavra.

    Ao endossar as frases do prximo, estar cumprindo sua vontade.

    O contato contnuo mas no desgastante por insistncias unilaterais

    essencial no instalao da simpatia ou antipatia. A distncia prolongada

    induz ao esfriamento, neutralidade.

    Em torno de um objeto de desejo ou de dio, pode-se criar toda uma

    cadeia magntica envolvendo um nmero infinito de pessoas.

    Obviamente, o desejo est contido no dio sob forma de intensos

    impulsos de buscar a distncia ou de ocasionar danos ao objeto detestado.

    Querer afastar-se de uma situao quase o mesmo que querer aproximar-se

    da situao oposta.

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    Nos nveis inconscientes da psique, o magnetismo apresenta liberdade

    de direcionamento e intensidade em seu fluxo. Continuamente nos

    influenciamos reciprocamente sem o perceber. Eis o perigo do manipulador

    hbil .

    O manipulador hbil consegue enxergar a parte oculta da psique

    alheia. Identifica e instrumentaliza fraquezas que a vtima desconhece

    possuir para transform-la em um fantoche excitando suas debilidades e

    induzindo crenas.

    Os padres de atrao e repulso de cada pessoa apresentam um

    estrato individual, exclusivo dela, e um estrato coletivo, compartilhado com

    outras pessoas ou at mesmo com a humanidade inteira.

    A simpatia se instala quando uma pessoa considera que outra a

    auxiliar a realizar seus desejos. Antipatia se instala na situao oposta:

    quando a satisfao do desejo ameaada.

    Opor-se satisfao do outro torn-lo nosso inimigo e favorec-la

    torn-lo nosso amigo. Dar livre curso aos desejos alheios tornar a si

    mesmo de algum modo til e necessrio ao outro.

    Contra os prprios desejos, a resistncia dos seres humanos comuns

    nula por no terem dissolvido o ego. No se tem notcia da existncia de

    algum que se torne inimigo de uma pessoa por ter sido auxiliado pela

    mesma na satisfao de seus desejos, sonhos, anelos etc. Depreende-se,

    assim, que este um ponto fraco que nunca se fecha. Tal abertura

    manipulao utilizada pelos malfeitores expertos mas pode tambm ser

    aproveitada em casos justos nos quais precisamos nos defender ou ajudaralgum.

    Uma vez excitada a paixo ou desejo, seu portador se mobiliza para

    satisfaz-las, atirando-se em direo ao objeto cobiado como uma bala de

    revlver em direo ao alvo. algo absolutamente mecnico e irresistvel.

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    O controle deste processo exige do manipulador a capacidade de influenciar

    sem ser influenciado, de encontrar nos impulsos alheios utilidades, de

    aceit-los tal como se manifestam e de conhecer as palavras e aes que os

    intensificam.

    So particularmente interessantes os casos em que o elemento

    manipulado acredita estar enganando o manipulador ao ter os seus desejos

    satisfeitos. As pessoas mais propcias a este tipo de enganao so as pouco

    evoludas, muito primitivas e que querem sempre levar vantagem s custas

    do prximo. Obviamente, exigida imensa frieza e indiferena por parte do

    elemento ativo para que ridicularizaes, escrnio etc. sejam suportados

    com tranquilidade.

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    2. As cadeias magnticas

    Quando as vontades se unem, formam cadeias magnticas (egrgoras).

    Por afinidade simptica, formam-se e propagam-se socialmente espontneas

    cadeias de sentimentos comandadas desde o centro por indivduos

    manipuladores. As cadeias podem ser de teor poltico, comercial, artstico,

    religioso etc. A abrangncia temporal e espacial que possuem varivel.

    As guerras so exemplos de cadeias magnticas altamente destrutivas

    e se devem ao choque de cadeias antagnicas.

    No atual mundo globalizado, formam-se cadeias simpticas de

    abrangncia geogrfica internacional que podem ter como ncleo umaempresa, um governo, uma notcia, uma grande produo do cinema ou da

    arte.

    Quanto mais extensa for uma cadeia simptica, maior ser sua fora.

    A fora simptica se propaga pela comunicao entusiasmada contnua e se

    desencadeia por prticas slidas.

    Os seres humanos comuns necessitam de liderana. Um homem degnio forma sua prpria cadeia para atingir seus objetivos. Adquire um

    ponto de fixidez, a imobilidade psquica, e desencadeia em seguida uma

    ao circular perseverante de iniciativas. Possui grande fora de ao e

    direo. Se for um gnio do bem, utilizar sua fora para ajudar seus

    semelhantes. Se for um gnio do mal, os levar desgraa e ter que

    responder por isso.Hitler foi um gnio do mal. Hoje h muitos gnios do

    mal ativos.

    O movimento do agente magntico duplo e se multiplica em sentido

    contrrio pois a cada ao corresponde uma reao equivalente (por

    exemplo: o privilgio concedido a algum desencadear a simpatia do

    beneficiado por quem o concedeu mas, ao mesmo tempo, provocar a

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    antipatia dos inimigos do beneficiado ao benfeitor). O segredo consiste em

    calcular as reaes antecipadamente e evitar agir por impulso. Aquele que

    no se isola das correntes magnticas fulminado por no resistir

    tentao de satisfazer seu desejo a despeito das reaes contrrias e

    perigosas que sua satisfao possa desencadear. Cada ato cria uma

    sequncia encadeada de efeitos em rede.

    As opinies circulantes influenciam diretamente a fora do agente

    magntico formador da cadeia, motivo pelo qual preciso avaliar

    cuidadosamente a abrangncia e a profundidade das predisposies

    existentes, sob o risco de se desencadear uma catstrofe contra ns mesmos

    ou contra o mundo.

    O amor superior ao dio por ser intrinsecamente simptico. Cristo

    foi crucificado por estar influenciando a multido progressivamente e em

    um sentido contrrio aos interesses dos centros das cadeias mais fortes de

    sua poca.

    As cadeias esto submetidas a um movimento pendular, evoluem e

    involuem. Uma cadeia finalizante sucedida por uma cadeia oposta.

    Atualmente (ano 2003), a cadeia simptica mundial que tem os EUA

    como centro entrou em lento movimento regressivo. Os democratas

    retardam esse processo histrico atravs de sua maleabilidade e os

    republicanos, seus antagonistas, o apressam atravs de atitudes unilaterais.

    George Bush acelera a difuso do anti-americanismo no mundo sem o

    querer e apressa, portanto, a derrocada do imprio dentro da escala

    temporal das idades das naes.

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    3. A resistncia e a manipulao das correntes

    Uma chave utilizada pelos manipuladores para o encantamento e o

    enfeitiamento a capacidade de esperar os resultados de antemo e

    acompanh-los lentamente, com pacincia e sem ansiedade por atingir a

    meta. O pretenso encantador que esteja tomado de paixo fracassar por no

    suportar a espera. O mesmo necessita ir contra si mesmo, conter-se, para

    acompanhar a evoluo do processo.

    impossvel que algum seja escravo e senhor ao mesmo tempo, com

    relao a um mesmo fluxo magntico. Se uma pessoa estiver imune

    atrao, ser senhor do objeto; se for vitimada pela paixo, ser escrava.

    por isso que aqueles que tentam manipular as foras magnticas para fins

    pessoais so fulminados mais cedo ou mais tarde.

    Resistir s atraes e repulses resistir s tentaes. Os agregados

    psquicos so os fatores de debilidade. Quando mortos, estamos imunes

    manipulao pois as fraquezas estaro eliminadas. Aqueles que no

    suportam as tentaes colocam a satisfao dos desejos frente dos efeitos

    colaterais das aes e se queimam ao tentar criar cadeias simpticas que

    atendam aos seus desejos e concupiscncias pois no possuem prescincia

    das reaes sociais que sero liberadas. A pessoa tomada por um dsejo est

    louca, sendo incapaz de julgar e discernir.

    Quanto mais dbil, propensa histeria, nervosa, impressionvel,

    fascinvel e menos resistente psiquicamente aos acontecimentos for uma

    pessoa, maior ser seu poder inconsciente de concentrao e propagao da

    fora magntica e sua atuao como elemento propulsor da cadeia. Oentusiasmo altamente contagioso.

    Atravs de atitudes, o charlato exalta a paixo alheia. Entretanto, a

    paixo concentrada altamente contagiosa e pode fulminar o pretenso

    manipulador em um movimento retrgrado caso esteja tomado por desejo

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    passional e no se isole da corrente magntica que concentrou e comeou a

    movimentar. O isolamento se consegue pela recordao de si e pela morte

    dos egos1.

    Quanto mais mortos estivermos psiquicamente, tanto menoscondicionados estaremos e tanto maior ser nossa capacidade de nos

    comportarmos de maneira a simpatizar ou antipatizar com o outro.

    A dissoluo dos egos erradica os condicionamentos

    comportamentais, nos proporcionando liberdade interna para agirmos tanto

    de uma maneira como da maneira oposta, de acordo com as necessidades

    circunstanciais. Ao invs de vtimas, nos convertemos em senhores das

    circunstncias.

    Para dominar o fluxo dos acontecimentos necessrio, antes de tudo,

    no possuirmos condicionamentos comportamentais. Os condicionamentos

    comportamentais so fraquezas por onde somos manipulados pelas

    circunstncias.

    Aquele que se entrega a uma paixo no pode domin-la pois est

    dominado. O simples aparecimento de um velhaco que o tome atravs destapaixo o converter em escravo.

    Aquele que estiver imune ao magnetismo, ou seja, fascinao e,

    consequentemente, sem o condicionamento comportamental correspondente,

    pode influenciar algumas paixes do prximo por meio de outras paixes

    que o mesmo possua pois os fluxos libidinais de cada pessoa so mltiplos

    e conflitantes. Deste modo, podemos fazer com que uma pessoa que nos

    odeia passe a nos amar ou decepcionar algum que nos admira. Toda ao,atitude ou comportamento exerce em efeito sobre os sentimentos de quem a

    sofre ou presencia.

    1 Refiro-me a manipulaes sadias, utilizadas em legtima defesa, que no violentam o livre-arbtrio alheio eno atendem a fins egostas.

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    Enquanto tenhamos os egos vivos, seremos manipulveis. Se, em um

    dado instante, algum for incapaz de nos manipular, isto se dever

    unicamente ao fato de no estar emitindo os comandos corretos. Somos

    robs viventes, de carne e osso, autmatos que atuam mecanicamente de

    acordo com as circunstncias. Basta que sejam apertados alguns botes para

    que tenhamos certos sentimentos, determinados pensamentos e executemos

    automaticamente as aes correspondentes. O que impede nossa total

    manipulao unicamente o desconhecimento dos corretos comandos por

    parte do manipulador e no nossa resistncia ao fatal poder do magnetismo

    universal. Este o ponto central a ser compreendido.

    O desconhecimento a causa das tentativas de enfeitiamento e

    encantamento que surtem efeitos contrrios aos almejados. Explica, por

    exemplo, porque um homem que entrega flores de joelhos a uma mulher no

    conquista seu corao ao passo que outro que a ignora ou rejeita por

    consider-la feia torna-se objeto de sua obsesso. O que ocorre aqui um

    desconhecimento da mecnica do magnetismo: aquele que entrega flores no

    compreende que seu ato surte um efeito oposto ao esperado.

    So fatos interessantes de se observar as provocaes irritantes quevisam enfurecer ou as agresses que visam ferir o prximo. O

    agressor/provocador necessita do sofrimento de sua vtima e atua de modo a

    alcanar esta meta, tendo por motivao a crena de que seu ato surtir o

    efeito imaginado. Quando o efeito obtido com tais atitudes hostis oposto

    ao esperado pelo manipulador, este sofre as consequncias do processo que

    criou. Isso se chama "efeito especular do feitio". O velhaco, ao tentar

    ferir, est movido pelo desejo de causar sofrimento e, portanto, submetido a

    uma paixo. Se a psiquismo da vtima, por sua peculiaridade natural ou

    treinamento espiritual, repele a fora magntica, isto , no aceita a

    influncia, a paixo do agente no satisfeita e o mesmo sofrer na

    proporo dos seus desejos de causar o mal, os quais se convertero em

    verdadeiros parasitas interiores que o tragaro vivo. Por isso se diz que o

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    feitio repelido retorna quele que o lanou. Exemplos: se um homem tenta

    me ridicularizar ou irritar e descobre que seu ato provocador me faz bem ao

    invs de mal, por eu considerar sua atitude ridiculamente engraada ou

    agradvel, sentir em si mesmo os estados emocionais negativos que havia

    destinado a mim; ento se enfurecer com a inteno de me amedrontar para

    que eu sofra com o medo mas, se descobrir que considero suas ameaas vs

    por serem visivelmente inofensivas, sofrer mais ainda. Seu sofrimento ser

    diretamente proporcional sua impotncia em me fazer mal. Seu sofrimento

    somente ir abandon-lo quando conseguir me causar algum dano. O

    fracassado manipulador insistir dia e noite na tentativa de transferir sua

    dor para mim. Sua situao ser ainda pior se eu no lhe houver dado

    nenhum motivo para me odiar. Ento, neste caso, eu terei repelido todos osseus fluxos magnticos, todos os seus feitios e tentativas de hipnotizao.

    Apesar de eu estar aparentemente passivo, minha ausncia de reao e meu

    silncio sero sentidos como atos provocadores de mltiplos sentimentos e

    pensamentos resultantes do trabalho involuntrio da mente do inimigo, a

    qual ento ir corro-lo. A morte do ego nos transforma em um espelho que

    refrata os feitios. Exemplo: um vendedor que fracassa em encantar o

    cliente, um sedutor que se apaixona miseravelmente por uma mulher que

    tentou encantar etc.

    importante emanciparmos a vontade, torn-la livre das influncias

    das circunstncias, o que se consegue por meio da morte dos egos.

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    4. A manipulao e a instrumentalizao das crenas

    Um dos requisitos para provocar a paixo ocultar esta inteno para

    que o ego da vtima no reaja manipulao de sua mente. Caso esta

    chegue a tomar conscincia das reais intenes do criminoso, reagir com

    indignao ao fato de estar sendo manipulada e usada, compreender que os

    atos falsos e fingidos do manipulador tm como nico objetivo o controle

    do seu comportamento.

    O charlato hbil faz a vtima crer que domina a situao e que o est

    enganando. A crena da vtima em sua autonomia fundamental para evitar

    reaes contrrias.

    Os padres individuais ou coletivos de reaes mecnicas obedecem

    s crenas. Manipular crenas manipular significados atribudos e, por

    extenso inequvoca, as reaes correspondentes. Os significados se fazem

    e alteram atravs de atitudes. O manipulador ser tanto mais perigoso

    quanto maior for sua liberdade interna, ou seja, sua capacidade de tomar

    atitudes antagnicas dentro de uma mesma situao.

    Por ser capaz de assumir o comportamento que quiser, o espertalho

    induz crenas a seu bel prazer. Atua como santo para que creiam que

    honesto ou como cafajeste para que creiam que desonesto. Atua como

    tmido para que creiam que covarde ou como arrogante para que creiam

    que poderoso.

    A fora magntica habilmente instrumentalizada em manipulaes da

    mente alheia hipntica. Um estado hipntico induzido um estado de

    crena. Se o hipnotizado for levado a crer que um co, latir. Se for

    levado a crer que seu amigo vai mat-lo, tentar se defender travando uma

    luta de vida ou morte.

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    As crenas possuem intensidade varivel, na proporo direta da qual

    influenciam a conduta. Acreditamos facilmente naquilo que desejamos ou

    tememos intensamente.

    Induzir crenas operar sobre a imaginao. Se estou convicto quefulano um ladro, porque assim o imagino.

    Os combates ideolgicos, verbais ou corporais so definidos pelo

    poder de induo de crenas. Aquele que for induzido a crer que inferior

    ao adversrio ser derrotado.

    As crenas e imaginaes definem, portanto, o sentido fluxional do

    magnetismo universal.

    Aquele que odeia atua de acordo com o que acredita poder ferir o

    inimigo, fsica ou emocionalmente, porque sua inteno prejudicar.

    Aquele que ama atua de acordo com o que acredita poder ajudar ou proteger

    a pessoa amada. O manipulador pondera previamente a respeito das reaes

    de sua vtima com a inteno de prev-las e desencade-las. Pergunta-se,

    diante do inimigo: de que maneiras esta pessoa tentar me prejudicar caso

    eu provoque o seu dio? Em seguida busca benefcios ocultos entre as possveis tentativas de danificao. Se o identifica, calcula as

    probabilidades de que a vtima reaja exatamente da forma prevista. Em

    seguida aperta os botes. As crenas do odiante condicionam suas aes em

    relao ao odiado. As aes do odiado so como botes psicolgicos que

    ativam de forma exata certos comportamentos ao serem apertados. Tudo se

    resume em encontrar os botes corretos de acordo com os benefcios que

    busca o manipulador. Um erro de clculo pode ser fatal. O dio um dos

    impulsionadores mais fortes do comportamento. Aqueles que eliminam o

    ego, eliminam os botes.

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    5. As tendncias de instalao da crena

    Os homens so to inocentes que acreditam rapidamente em qualquer

    comportamento que os pilantras simulem. Tambm tendem a crer, sem

    duvidar, no que dizem pessoas que admiram ou amam.

    Quando algo dito para algum atravs de palavras diretas, a pessoa

    tende mais facilmente a desconfiar do que quando dito indiretamente,

    atravs de palavras que tenham o desdobramento desejado pelo manipulador

    ou atravs de comportamentos simulados. Este o mecanismo da

    propaganda subliminar utilizada por empresas e desenvolvidos por certos

    especialistas na arte de ludibriar os trouxas.

    Parece-me sobremaneira difcil aos homens duvidarem dos

    comportamentos simulados. Basta que algum simule desafiar um homem,

    ridiculariz-lo ou estar interessado em sua esposa para desviar rapidamente

    sua ateno de alvos que no tenham relao com esses pontos. Ento o

    mesmo se converter em vtima indefesa.

    Uma mulher incapaz de crer que um homem est fingindo quando

    este simula olhar para seus decotes ou para suas pernas. Um indivduo

    arrogante no consegue desconfiar da autenticidade do comportamento

    daquele que simula ser submisso ou se envergonhar diante de seus ataques.

    Conduz-se facilmente a crena alheia quando se tenta direcion-las no

    rumo de suas tendncias naturais: seus desejos e medos. As pessoas

    acreditam facilmente no que temem e no que desejam. Deste modo, suas

    paixes so e xcitadas.

    Para domar sua vtima, fundamental ao charlato engan-la,

    fazendo-a crer atravs de atitudes manipulatrias. Mas o manipulador

    tambm pode se valer da fala indireta ou da fala direta a um terceiro que

    seja caro vtima.

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    Um dos segredos da manipulao consiste em conseguir identificar as

    possibilidades de induo de crena no outro e instrumentaliz-las. O

    manipulador necessita saber em que campo aplic-las e principalmente,

    diante da necessidade, saber qual a melhor crena que poder ser

    induzida. Se o manipulador falhar nesse clculo, cair no descrdito e seu

    poder magntico ficar reduzido.

    A reao antiptica do manipulador forma peculiar de expresso do

    outro dificulta a manipulao. Ao invs de opor fora contra fora, tentando

    forar a vtima a deixar de ter a atitude antiptica, os mais astutos

    consideram estratgico receber e aceitar a pessoa tal como e lhes chega,

    dirigindo suas crenas dentro das possibilidades fornecidas por suas

    tendncias passionais naturais. No possvel criar paixes novas mas

    possvel atiar e excitar paixes latentes previamente existentes. A

    dificuldade est em encontrar as tendncias espontneas do outro que sejam

    teis aos propsitos manipulatrios.

    Na manipulao, importa mais a capacidade de encontrar sentido nas

    fraquezas passionais previamente existentes da vtima do que a capacidade

    de forar sua vontade. Mas para tanto, faz-se necessrio antecipar osresultados que a excitao das paixes provocar e escolher a paixo

    correta que resultar no resultado almejado. Trata-se de um clculo em que

    um pequeno erro pode ser fatal.

    A miopia em detectar os efeitos de uma paixo excitada pode fazer

    com que os mesmos sejam revertidos contra quem tentou desencade-los.

    Da a importncia, nos casos de legtima defesa em que devolvemos os

    feitios e desarticulamos manipulaes, de termos uma conscincia penetrante e envolvente, que consiga captar os fatos com abrangncia e

    profundidade para minimizar o risco dos efeitos colaterais e, ao mesmo

    tempo, sermos altamente resistentes ao contra-impacto magntico do

    manipulador que estiver sofrendo os efeitos do retorno especular.

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    O contra-impacto magntico o efeito colateral da tentativa de

    fascinao e pode surgir como reao consciente de defesa legtima por

    parte daquele que est recebendo o contra-feitio. Somente a fortificao da

    vontade por meio da morte dos egos confere resistncia contra o mesmo.

    Quando o manipulador se depara com uma pessoa resistente ao seu

    magnetismo, sente-se impotente e atingido pela antipatia. O caminho para

    no termos nossas crenas manipuladas isolar o manipulador em suas

    tentativas de manipulao, para que ele perca o seu tempo com vs

    tentativas solitrias.

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    6. A natureza da paixo

    A essncia da paixo a necessidade. Aquele que est apaixonado

    necessita do objeto de paixo e no suporta a sua falta.

    O objeto de paixo sempre visto como superior pelo apaixonado e

    jamais como inferior ou igual. Da sucede que o repdio intensifica o desejo

    do repudiado.

    Desejamos aquilo que acreditamos necessitar, mesmo que seja apenas

    para o nosso bem estar. No h desejo sem necessidade, ainda que apenas

    psquica. Quando no desejamos algo, no precisamos daquilo. E se temos

    averso, precisamos do afastamento.

    As mulheres amam alucinadamente os homens ricos, famosos e

    poderosos porque eles no necessitam delas. Os homens desejam

    ardentemente as mulheres lindas porque elas no necessitam deles.

    Sabendo disso, h pessoas que manipulam as paixes alheias e

    submetem o prximo a torturas emocionais. Atravs das atitudes,

    comunicam subliminarmente ao outro que esto em posies vantajosas eno necessitam de ningum, inclusive no sentido afetivo-ertico. As

    pessoas que exercem sobre o sexo oposto atraes poderosas comportam-se

    como se tivessem sua disposio, a qualquer momento, os seres mais

    interessantes e desejveis do mundo. Deste modo, sugerem sutilmente, de

    maneira quase invisvel: No preciso de voc porque disponho do amor e

    do desejo de pessoas muito melhores. O inconsciente das vtimas, ento,

    acredita que estas pessoas altamente atraentes sejam quase sobre-humanas e

    escondam algum segredo maravilhoso, prazeres inimaginveis e amores

    inefveis. Este o motivo pelo qual as mulheres se lanam com tanta

    determinao na conquista de um homem quando sabem que ele dispe de

    uma companheira maravilhosa, que todos gostariam de ter.

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    O processo de apaixonamento o processo de instalao de uma

    crena atravs da imaginao exaltada: a crena de que o outro

    infinitamente superior a ns e um caminho para a realizao de todos os

    nossos sonhos.

    Portanto, no jogo da paixo vence aquele que possui mais fora

    interna e no se deixa fascinar.

    A oscilao intencional entre atitudes opostas uma artimanha do

    elemento ativo, apaixonador, para estimular a paixo da vtima at a

    loucura; aplicada por meio de estratgias prticas que variam

    infinitamente.

    As estratgias consistem, muitas vezes, em enviar sinais opostos ao

    inconsciente do elemento passivo de modo a confund-lo e submet-lo.

    Vejamos alguns exemplos:

    1. Marcar um encontro, aparecer e tratar bem a pessoa demodo a encant-la. No dia seguinte faltar e apresentar uma desculpa a

    tempo, antes que o elemento passivo se polarize na averso.

    2. Maltratar levemente o apaixonante e agrad-lo apsalgum tempo, antes que se polarize na averso.

    Aquele que tenta encantar sem ter a fora interna necessria para

    resistir aos efeitos colaterais do encantamento fulminado pelas foras que

    desencadeou.

    Mulheres e homens experientes ou que sofreram muitas vezes com o

    apaixonamento, desenvolvem grande resistncia ao encantamento.

    Administram os opostos vontade porque no temem perder o parceiro.

    Dificilmente caem nas garras de elementos apaixonantes porque esto

    protegidos pelo ceticismo e duvidam do comportamento simulado do

    manipulador.

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    A superao da barreira manipulatria imposta pelos jogos de atitudes

    contrastantes alcanada quando o fluxo hipntico devolvido ao emissor.

    A devoluo requer:

    1. que a vtima apaixonante perceba a inteno das estratgias dooutro;

    2. comporte-se como se no tivesse cincia do que se passa;3. conquiste a independn cia interna (conseguindo ser indiferente

    tanto s manifestaes de amor como de desprezo);

    4. administre os sentimentos do apaixonador com suas prpriasestratgias.

    A vtima apaixonante mantida constantemente na dvida atravs das

    atitudes contraditrias do apaixonador. Um mistrio criado e mantido a

    todo custo por meio de atitudes incoerentes e contrastantes.

    As atitudes de afastamento, geradoras de repulso, nunca so

    extremas. So sempre tnues pois as atitudes extremas eliminam a dvida navtima e a tornam capaz de se decidir, optando pelo afastamento definitivo.

    O apaixonador luta por no se polarizar em nenhum lado.

    O mais desapaixonado o mais apto a jogar com suas prprias

    atitudes contrastantes de modo a confundir o outro a respeito de suas

    intenes e manter o mistrio. Ento a vtima ser incapaz de tirar uma

    concluso definitiva a respeito do que o outro sente e do valor que confere

    relao por no ter parmetros coerentes para julgar.

    As atitudes so tomadas em funo do que acreditamos e se os dados

    forem contraditrios, no conseguiremos acreditar se a outra pessoa nos

    ama ou nos despreza.

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    No obstante, o manipulador sugere vtima, sem lhe dar certeza, que

    a ama e no de que a odeia. Excita sua imaginao ao sugerir-lhe que seu

    anelo de ser amado pode ser satisfeito.

    A mentira, sagrada lei regente das relaes sociais neste mundotenebroso, se mescla constantemente verdade na fala e no comportamento

    geral do perigoso apaixonador.

    A proteo conseguida preservando-se a cincia de que as atitudes

    do apaixonador formam um conjunto de mentiras misturadas com verdades

    no qual no se pode acreditar e nem tampouco passar ao extremo oposto: o

    da descrena absoluta.

    H uma grande vantagem em sermos desapaixonados porque, deste

    modo, nos tornamos resistentes s tentativas de encantamento por parte de

    pessoas deson estas.

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    7. A apoderao da vontade alheia

    26 de maro de 2003

    Todo o comportamento humano apresenta reflexos ou reaes no

    outro. Tudo o que algum faz possui a inteno de provocar sentimentos, pensamentos e aes nas outras pessoas. Quando cumprimentamos algum,

    temos a inteno de faz-lo crer que somos amigveis e de sentir simpatia

    ou, pelo menos, evitar que sinta antipatia. Aquele que escarnece de uma

    pessoa, quer induz-la a se enfurecer ou a se sentir diminuda. O bandido

    que aponta um revlver para sua vtima, quer induz-la a sentir medo.

    Queremos ostentar luxo para que os demais sintam admirao ou inveja. A

    mulher que exibe seu corpo quer provocar desejo. Todos esses

    comportamentos, e quaisquer outros comportamentos sociais, so

    intencionais e manipulatrios pois visam forar o prximo a cair em estados

    emocionais especficos. O ser humano, ainda inconscientemente, no age

    sem segundas intenes. Isso no , em si, mau, desde que no sirva como

    meio para prejudicar o prximo ou atingir fins egostas. As habilidades

    humanas devem ser empregadas para defesa legtima ou para benefcio do

    prximo.

    A identificao dos rumos assumidos pelos fluxos libidinais de

    algum permite estreitamento da afinidade simptica. Os fluxos libidinais

    so as fraquezas: amores, dios, anelos e terrores. Uma vez identificadas, as

    fraquezas podem ser instrumentalizadas para dominao.

    A instrumentalizao acontece principalmente pela fala, mas tambm

    pela expresso facial e pelas atitudes.

    Para roubar a vontade alheia, o manipulador precisa falar mal daquilo

    que a vtima detesta, elogiar aquilo que ela ama e dar-lhe segurana contra

    aquilo que teme. Deste modo, o fluxo libidinal intensificado pela juno

    de fluxos libidinais equidirecionados e cria-se uma cadeia magntica.

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    A eficcia do poder magntico diretamente proporcional vontade

    impressa no ato. Se o manipulador agir com vacilao, o elemento passivo

    no ser magnetizado suficientemente.

    Ao falar-se com intenso sentimento e concentrao, imprime-se fora corrente magntica e esta aborve os fluxos da vontade alhia.

    Em geral, aquele que quer se apoderar da vontade de algum, costuma

    primeiramente estreitar sua afinidade simptica com esse algum, como

    fazem alguns vendedores. Para obter tal estreitamento, as paixes

    necessitam ser identificadas. Em seguida, o espertalho bendiz aquilo que a

    pessoa ama e maldiz o que a mesma detesta a fim de se encaixar

    perfeitamente na estrutura de suas paixes. Assim a afinidade simptica se

    estreita e se aprofunda at um ponto perigoso.

    Uma vez que a cadeia esteja ativa, ou seja, que a simpatia tenha se

    aprofundado o manipulador se defronta com a dificuldade em control-la.

    O controle obtido ao se fazer o outro crer que realizar seus desejos

    ao adotar os comportamentos desejados pelo velhaco. A palavra joga um

    grande peso nesta etapa.

    Uma vez que a vtima esteja aberta, em guarda baixa, induzida a

    acreditar, atravs do dilogo, nas vantagens das atitudes que o manipulador

    quer que a mesma tome.

    Mas nada disso ser possvel se a vtima estiver fechada influncia.

    O isolamento simptico atrapalha totalmente este trabalho e , portanto,

    uma maneira de nos defendermos contra os charlates.

    O desejo mais intenso e profundo da alma de um homem, por mais

    sublime, altrusta e maravilhoso que seja, seu ponto fraco principal, a

    chave para sua perdio. Se um inimigo acenar com a possibilidade de

    satisfaz-lo, incendiar sua paixo e poder lev-lo aonde quiser,

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    enlouquecido. Por este motivo, as pessoas que nos agradam podem ser to

    perigosas quanto as que nos desagradam. Pergunte-se: "Quais so os desejos

    mais intensos que possuo?". A resposta ir revelar os meios pelos quais sua

    vontade pode ser capturada e manipulada por um inimigo, tornando-o

    escravo.

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    8. O carter auto-dominatrio da manipulao

    O processo dominatrio auto-propulsor. Na verdade, no , em

    ltima instncia, o manipulador que domina o outro: o elemento passivo

    dominado por seus prprios complexos (defeitos ou egos). Ao ativar suas

    fraquezas passionais, o criminoso apenas atua como simples agente

    facilitador e intensificador de um processo que j existia.

    Na manipulao, o charlato no impe seus caprichos, anelos e

    metas contra a vontade da vtima mas, ao contrrio, confere s suas

    vontades, j existentes, uma utilidade. No a fora a ir contra si mesma: a

    joga de cabea em seus prprios desejos, sonhos e loucuras. Isto sempre

    um crime contra a alma e contra o livre-arbtrio que apenas em casos

    especiais de legtima defesa se justifica2.

    Para encontrar sentido nas tendncias alheias preciso imensa

    experincia com o trato humano e conhecimento da singularidade do

    elemento passivo. O manipulador descobre, nas tendncias alheias,

    convergncias com suas metas e no tenta impor, a partir de suas metas, a

    tendncia a ser excitada. Entretanto, tudo depender do objetivo. Se for sua

    inteno destruir ou abusar do prximo, o que infelizmente o mais

    comum, algumas paixes especficas tero que ser ativadas. Nos casos em

    que a inteno ajudar, outras sero as paixes excitadas. Ativar o gosto

    pela vida em um candidato a suicida uma boa ao.

    A partir de certos comandos especficos, as emoes impelem

    necessariamente as pessoas em certas direes. Para conduz-las

    inconscientemente nessa mesma direo, basta que se conhea os comandoscorretos e os aplique. A manipulao depende da aptido de identificar as

    tendncias que, inversamente aparncia, levem o elemento passivo ao

    encontro dos objetivos. Este o ponto mais difcil. Uma vez identificada a

    2 Por leg t ima defesa entenda-se: o ato de desart icular as manipulaes de uma pessoamal intencionada.

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    Por desgraa, muito mais fcil excitar a paixo alheia para o mal do

    que para o bem pois o mal corresponde s tendncias reprimidas. O mal

    corresponde aos desejos proibidos, os quais possuem enorme carga libidinal

    contida. O conhecimento da disposio do outro indispensvel e obtido

    por meio da observao.

    O rigoroso cuidado posto sobre a nossa morte psicolgica nos torna

    imunes aos efeitos hipnticos e contra-hipnticos que as operaes

    desencadeiam, nos permitindo fazer frente aos charlates e velhacos

    manipuladores, devolvendo-lhes influncias. Sem a morte dos desejos

    somos vitimados pelas foras fascinatrias que ativamos ou que tentam

    ativar em ns.

    Ao lidarmos com pessoas extremamente perigosas, complicadas ou

    difceis, temos que aprender a nos mover entre suas paixes. "Colocar-se na

    mesma corrente de pensamentos que um espri to", como escreveu Eliphas

    Lvi (1855/2001), ser capaz de simular semelhana e convergncia de

    propsitos. "Manter-se moralmente acima do mesmo", estar isolado da

    mesma influncia e no ser atrado pelo mesmo objeto. Em outras palavras:

    simular um comportamento com o cuidado de no ser absorvido e dominado por este comportamento, reforar as idias do outro sem ser magnetizado

    por e las.

    Tudo se resume em estar interiormente livre para permitir o curso das

    paixes alheias sem ser afetado e nem arrastado pela corrente que se cria

    mas, ao contrrio, arrastando-a.

    Os maus necessitam do sofrimento dos bons para se satisfazerem.

    Empreendem imensos sacrifcios para prejudic-los e at mesmo se expoem

    a riscos. Quando no conseguem atingir este intento, sofrem

    emocionalmente pois a energia maligna que criaram dentro de si no

    encontra receptculo fora e retorna ao seu ponto de partida, podendo

    inclusive provocar-lhes doenas. deste modo que os bons atormentam os

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    maus. Logo, uma grande vantagem sermos superiores aos malvados e o

    conseguimos quando somos impenetrveis ao medo, ao dio, aos afetos, aos

    apegos e a todas as paixes. Quando dissolvemos os egos, nos tornamos

    imunes a todo feitio e encantamento por no sermos mais o plo reativo

    contrrio receptor do magnetismo mas sim emissor. Seremos um espelho

    que refletir e devolver exatamente aquilo que nos for lanado. Se nos

    lanarem feitios de dor (insultos, ameaas, improprios, dio etc.), no

    sofreremos e esta dor retornar ao seu ponto de partida. Se nos lanarem

    encantamentos de prazer (tentativas mal intencionadas de seduo por meio

    de elogios, manipulaes amigveis, insinuaes sexuais etc.), no nos

    envolveremos e nem seremos encantados, fazendo com que o manipulador

    caia na frustrao e sofra por no alcanar seu propsito. Nossa aurarepelir as pessoas malvadas.

    Do ponto de vista moral, o contra-feitio e o contra-encantamento so

    justos porque so legtimas defesas. No h nada de errado em defender-se

    das investidas de um manipulador para devolver-lhe as exatas

    consequncias internas de suas prprias atitudes e os decorrentes venenos

    que haviam sido destilados e destinados para ns. O erro est em tomar a

    iniciativa de enfeitiar ou encantar, ato que sempre se dever cobia e aos

    desejos egostas. Eis porque devemos perdoar, resistir internamente s

    influncias hipnticas e no reagir s provocaes, insultos, humilhaes,

    ameaas, perseguies etc. Entretanto, resistir s influncias hipnticas nem

    sempre significa ausncia de ao3 pois h casos em que impensvel

    manter-se de braos cruzados e compactuar com a injustia e com o

    massacre dos inocentes e indefesos.

    Se voc for capaz de ir contra si mesmo (suas rgidas estruturas de

    pensamento e sentimento), aceitando as metas, pontos de vista e aes

    absurdas de seu manipulador sem, entretanto, com elas se identificar,

    3 Mas significa exatamente isso na maioria das vezes. O caminho o ensinado por Ganhdi, Budha e Cristo: ano-ao e o boicote maldade.

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    poder excitar suas paixes e lev-lo a se auto-destruir, como uma pessoa

    que at ingida na cabea pelo prprio bumerangue que lanou.

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    estudar, o usurpador de vontades tirar concluses errneas a respeito dos

    nossos padres de ao e reao. Ento ficar surpreso ao perceber que no

    reagimos como ele havia previsto. Tentar repet-lo outras vezes mas

    sempre ficar desconcertado com a ausncia de padres reativos.

    Deste modo, ou seja, pela morte dos egos, impedimos o manipulador

    de penetrar em nossa individualidade.

    A observao e a interao com a vtima permite a identificao seus

    temores e desejos especficos e gerais, principais e secundrios. Uma vez

    identificadas tais fraquezas, o manipulador as excitar at nveis

    insuportveis para que suas nefastas consequncias se faam sentir.

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    10. O uso da simpatia da maioria dos elos de uma cadeia por homens vis

    As correntes magnticas so instrumentalizadas habilmente por uma

    categoria especial de homens vis: os covardes que fogem de todo confronto

    individual solitrio com um rival e travam embates somente diante da vista

    de vrias pessoas. Os tenho encontrado em vrios ambientes.

    A presena de um grupo expectador previamente e inconscientemente

    cooptado fornece refgio e nutrio energtica ao covarde. O significado

    que sua figura possui para a coletividade funciona como uma arma que pode

    ser instrumentalizada para endossar seus ataques contra uma infeliz vtima

    desconhecida entre a multido. Sua posio privilegiada (por ser um lder

    ou uma autoridade, ainda que de modo no assumido) lhe permite dispor do

    fluxo energtico da maioria dos presentes para endossar a fora de seus

    golpes.

    Esse reforo conseguido pela simpatia. O covarde especialista em

    combater sob observao dos outros sugere multido, de modo

    imperceptvel, que as idias que ele defende convergem perfeitamente com

    as idias da coletividade presente. Deste modo, h um reforo no substrato

    energtico emocional da fala pela identificao inconsciente das pessoas

    presentes com o que o velhaco defende. Uma rpida observao permite

    flagr-lo no ato de dar a entender aos ignorantes que suas idias e as destes

    ltimos so exatamente as mesmas. Assim advm um incremento artificial

    da energia.

    Alm disso, se valem da preocupao da vtima solitria com sua

    prpria auto-imagem. Jogam com esta fraqueza todo o tempo e a dominamdesviando sua ateno para a preservao da auto-imagem ao faz-la a

    sentir que a mesma est sendo arranhada ou destruda. Podem se valer de

    vrias ferramentas para induzir seus oponentes timidez e ao medo

    (erudio, meno a nomes de obras literrias ou autores consagrados pelo

    grupo presente, meno a ttulos, a cargos, a nomes de alguma famlia

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    importante qual pertena, amizades que possua com figuras importantes

    da sociedade etc. etc. etc.) e no consenso coletivo de que as mesmas so

    sinais de superioridade, sabedoria e conhecimento verdadeiros.

    Em geral, essa classe de eunucos do entendimento foge aterrorizadade embates individuais. Sozinhos, so raquticos e indefesos. Quando os

    desafiamos, tentam a todo custo trazer a luta para a esfera coletiva, seu

    terreno, pois no possuem fora prpria, se valendo apenas das foras

    alheias para interagirem com rivais.

    Um modo de despontenci-los sermos mais simpticos do que eles

    com a massa de pessoas hipnotizadas. Alm disso, podemos for-los a cair

    em descrdito atraindo-os, atravs de suas paixes, para alguma atitude que

    quebre a simpatia da imagem sobre a qual seus poderes repousam (induzi-

    los a perder o controle e a nos atacar furiosamente, por exemplo).

    Um modo de atorment-los a nveis insuportveis sermos superiores

    a eles em profundidade e nobreza de esprito, fluxo de idias e sofisticao

    da palavra. Se agirmos assim e tais atributos forem simpticos

    comunidade que lhes d sustentao, os foraremos a cair em desespero

    devido perda de um ponto de apoio e fonte de alimentao. Eles ento

    comeam a atingir a si mesmos.

    Em qualquer cadeia magntica os encontramos. So sempre aqueles

    que conseguem se apoderar rapidamente da vontade dos demais sem serem

    detectados. Os fantoches, manipulados, acreditam que possuem vontade e

    atitudes prprias mas, na verdade, simplesmente atendem aos interesses do

    manipulador.

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    11. O magnetismo nas polmicas

    24 de novembro de 2002

    Nos vrios dilogos que tive com certos tipos de intelectuais4

    observei que o poder dos mesmos se encontrava mais na induo de

    insegurana, ira e confuso no outro do que na coerncia das idias que

    defendiam. Observei tambm que tendem a relutar em ir para o confronto

    direto, incisivo e concentrado, preferindo desconcertar o interlocutor com

    indiretas que o deixem na dvida a respeito de estar ou no sendo atacado.

    As armas mais proeminentes que verifiquei foram o sorriso cnico

    associado calma e fala debochada no assumida. So elementos que parecem sustentar-se na sensao auto-induzida de se estar no controle da

    situao e que possuem grande poder magntico de induo e grande

    impacto emocional em pessoas abertas e indefesas.

    Ao ser o interlocutor forado a cair em estados emocionais

    desfavorveis, seu fluxo de idias sofre uma interrupo, o que o leva a

    girar em crculos procura da melhor reao, das melhores frases a serem

    ditas e das melhores idias a serem expressas.

    Para nos protegermos e refratarmos esse fluxo de fora

    imprescindvel mantermos a calma ao mximo, relaxando enquanto

    aplicamos uma sobreposio concentrada de nossa idia com descarte total

    das ludibriadoras idias e falas alheias. Assim raptamos ao intelectual a

    sensao de controle e firmeza que induziu a si mesmo como ponto de

    apoio.

    O fundamento da sobreposio concentrada da idia a colocao do

    nosso ponto de vista durante as pausas no monlogo que o intelectual

    pretende instalar aliada manuteno de uma ausncia total de reao

    4 Refiro-me a velhacos sofistas e no aos estudiosos sinceros.

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    As respostas corretas existem previamente em nossa psique

    inconsciente. A dificuldade reside em extra-las pois, durante as discusses,

    nos paralisamos ao tentar cri-las.

    Nas discusses h um forte substrato emocional que preponderantena definio de seus desfechos. Ao contrrio das aparncias em que todos

    acreditam, o que determina quem as vence a convico de estar com a

    razo e a capacidade de ser mais frio, direto e objetivo do que o outro.

    Preocupe-se em ser superior ao seu oponente em calma e frieza. Deixe que

    ele enlouquea. Esteja presciente contra reaes violentas e as receba com

    naturalidade. No se deixe ser atingido por gritos ou tentativas de

    humilhaes.

    As discusses so jogos: cada uma das partes tenta atingir a outra ao

    mximo e ser atingida ao mnimo.

    H vrios egos que nos tornam vulnerveis: a preocupao com o que

    o outro pode estar pensando, o desejo de faz-lo reconhecer seus erros, o

    medo de sermos expostos ao ridculo, a impacincia ante suas rajadas de

    palavras etc. etc. etc. Todos nos vulnerabilizam e conduzem parada

    psquica.

    Os defensores de idias absurdas, velhacos que odeiam a verdade e

    amam a mentira, trabalham com a desconcentrao: impedem que o

    pensamento do interlocutor oponente se concentre. Ao impedir a

    concentrao do pensamento, desarticulam a anlise concentrada,

    fragmentando-a. Para induzir a desconcentrao fragmentadora da anlise,

    abordam muitos assuntos simultaneamente sem nenhuma profundidade.

    por isso que muitas vezes a pessoa que defende a idia mais coerente a

    que perde a discusso.

    O poder magntico da fala do charlato atrai a ateno do interlocutor

    oponente e arrasta seu pensamento para mltiplos temas que nenhuma

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    importncia possuem para a compreenso do ponto especfico levantado mas

    que so eficientes para confundir a anlise e criar no outro a necessidade de

    se explicar, de tentar corrigir erros, desfazer mal-entendidos etc. Ao "correr

    atrs" das bobagens ditas pelo espertalho, o oponente sincero cai em uma

    armadilha: atrado para a anlise fragmentada e superficial que aborda

    simultaneamente muitos pontos sem penetrar em nenhum. assim que as

    falhas lgicas, incoerncias, falcias e sofismas se preservam. assim que

    perguntas desaparecem sem terem sido respondidas. o caos dialgico, o

    pandemnio de idias, a confuso que favorece a mentira, o engano.

    Combatemos esta artimanha com a concentrao da ateno e do

    pensamento na anlise que estamos realizando, sem nos deixar desviar u

    distrair, a despeito de todas as provocaes, desafios etc. Costuma dar

    resultado o procedimento de ignorar totalmente as asneiras que o oponente

    diz e ir colocando nossa idia aos poucos, como se fssemos absolutamente

    surdos s tentativas de induo de desconcentrao, desvios e distraes.

    Jamais corra atrs do que lhe for dito, na v esperana de que erros do

    velhaco possam ser reconhecidos. Quando as rajadas de palavras forem

    disparadas, deixe-as sair, aguente e aguarde calmamente. No perca seu

    tempo correndo atrs delas pois isso o que seu oponente deseja para

    confund-lo. Obviamente, ele ter que parar para respirar e, neste momento,

    voc faz suas colocaes, as quais devem ser incisivas, sintticas, diretas,

    curtas e fulminantes. Nos casos extremos em que o manipulador fala e grita

    como uma cachoeira, sem interrupes, podemos falar simultaneamente. Em

    algumas situaes, podemos cal-lo somente olhando fixamente em seus

    olhos de forma determinada, quase ameaadora, se conseguirmos instalar o

    estado interno correto. O olhar e a voz possuem enorme peso na emisso ena devoluo dos feitios e encantamentos por serem hipnticos e anti-

    hipnticos ao mesmo tempo.

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    Algumas poucas (muito poucas!) vezes, voc pode extrair do lixo dito

    por seu adversrio alguma idia para tecer um comentrio destrutivo e

    confund-lo.

    O que importa, aqui, no faz-lo compreender nada mas sim cumprirnossa parte, esclarecendo nosso ponto de vista (ato que pode ter o efeito de

    confund-lo), pois somente podemos fazer compreender erros queles que

    desejam compreend-los e no queles que desejam defender suas idias.

    perda de tempo tentar fazer um polemizador compreender algo. Divirta-se

    em v-lo perdido e estonteado.

    Para resistir rajada de palavras, importante no se identificar com

    as mesmas. Resista ao magnetismo fatal da voz humana.

    Antes de tudo, necessrio um estado interno correto que se

    caracteriza por frieza, incisibilidade, objetividade, impiedosidade,

    adaptabilidade, flexibilidade e calma. O estado interno correto vem antes

    mesmo dos argumentos.

    Em polmicas, os intelectuais sempre costumam impedir a exposio

    das idias opostas s suas por meio de seguidas intervenes que afastam o pensamento do ncleo da anlise, evitando seguir o curso do raciocnio que

    expomos, nos interrompendo a todo momento com observaes e perguntas

    que embaralham as idias etc. Esta prtica tem como efeito confundir.

    Falam e pensam rpido, para confundir. Rejeitam totalmente a anlise calma

    e imparcial. Temem se exporem ao confronto sozinhos e necessitam da

    segurana proporcionada pelas cadeias magnticas que criam e comandam.

    A estratgia que utilizam para vencer as discusses levar o oponente a se

    perder na confuso de sentimentos caticos, induzindo-o a ficar possesso

    por emoes como ira, medo, vergonha etc. Para venc-los, sempre tive que

    faz-lo psicologicamente, dominando-me, ou seja, vencendo a mim mesmo

    para em seguida venc-los por extenso.

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    Podemos sintetizar os mecanismos sabotadores de anlise nas

    polmicas do seguinte modo:

    intervenes que afastam a ateno e o pensamento da questoprincipal em d iscusso;

    intervenes que tem o efeito de atingir o sentimento,confundindo;

    intervenes mltiplas, contnuas e rpidas que no permitem queo pensamento do interlocutor seja exposto e acompanhado;

    utilizao de voz alta para provocar medo; aluses a aspectos delicados da vida pessoal do interlocutor; tentativas de diminuir e envergonhar o intelocutor mediante o

    apelo a titulaes e fatos econmicos.

    Precisamos ser absolutamente impenetrveis a todas as formas de

    feitio apontadas cima. Nenhuma deve ser capaz de afetar nosso nimo. Se

    nos mantivermos firmes e inacessveis como uma rocha enquanto expomosnossas idias, ignorando totalmente as falas inteis do manipulador, seu

    feitio ser lanado de volta, pela lei do movimento especular, atingindo-o.

    Ento o veremos surtar loucamente atingido pelo dio, pela vergonha, pelo

    medo e por outros estados internos malficos que haviam sido destinados a

    ns mas que repelimos.

    Uma conjunctio de fria e calma se faz indispensvel. A

    destrutividade do esprito de combate necessita ter seu lugar na alma, domesmo modo que a amabilidade e a doura. Todas so funes psquicas

    que no podem ser dispensadas. Em polmicas graves, um dos segredos

    uma espcie de raiva intensa porm controlada e direcionada. Olhe seu

    oponente nos olhos com fria, sem medo, como em um combate. Porm

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    sempre avalie as consequncias posteriores que tal confronto possa ter.

    Nunca saudvel ter inimigos porque, se os vencemos, eles no nos

    esquecem e prosseguem nos perturbando, reunindo foras contra ns etc.

    Certos charlates materialistas dogmticos, cticos unilaterais,ortodoxos conservadores, fanticos religiosos e outros sofistas inimigos da

    verdade5 rejeitam o estudo metdico por inquirio em estilo socrtico.

    Tentam convencer confundindo ao invs de buscarem convencer

    esclarecendo porque vencer as discusses sua meta nica e maior, pela

    qual esto apaixonados. No almejam estudar e compreender em comunho

    com o interlocutor. Rechaam o estudo sincero imparcial e a compreenso

    dos temas sob o ponto de vista alheio. Quando os pontos nevrlgicos de

    suas teorias so tocados por perguntas incisivas, lanam mo de estratgias

    ludibriadoras para distrair o inquiridor: falam muito ou lanam vrios

    questionamentos recheados por termos provocativos com o intuito de

    desviar a ateno dos pontos fracos de suas hipteses para assim mant-los

    ocultos. Quando encurralados, se enfurecem para amedrontar (caracterstica

    animal). Em ltima instncia, esto comprometidos em defender as prprias

    idias e no se interessam em estudar.

    A disposio que os sofistas possuem para o estudo verdadeiro

    apenas parcial, relativa, pois a sustentam somente at o momento em que as

    falhas lgicas nos pontos nevrlgicos de suas teorias so expostas. A partir

    da a disposio para o estudo termina. No possuem preparo psicolgico

    para os desconfortos da anlise e carecem de uma capacidade fundamental

    em qualquer analista: a de trocar de ponto de vista continuamente.

    Infelizmente, no meio acadmico de muitos pases eles ainda somaioria. Acreditam-se donos da cincia e rejeitam a filosofia e a religio,

    ignorando que filosofia, cincia e religio se tornam desvios aberrantes

    quando divorciados. Como dominam os aparatos oficiais de elaborao de

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    conhecimento e contam com a legitimao do poder, desde tal posio

    difundem a ignorncia sob disfarce de sabedoria na sociedade. Alis, a

    priorizao de seus compromissos polticos e econmicos em detrimento da

    verdade provm desta posio.

    Podemos concluir, assim, que os sofistas charlates defendem suas

    mentiras por serem estupidamente ignorantes ou talvez, na pior das

    hipteses, por serem terrivelmente mal-intencionados. Assim opera neles o

    magnetismo.

    Observemos como se discute com charlates em geral. Devemos nos

    ater ao ponto nevrlgico que d origem discusso e resistir a toda

    investida fascinatria que possa nos distrair e desviar o rumo da anlise.

    Os charlates necessitam, pela prpria natureza de seus objetivos

    desonestos, impedir a anlise esclarecedora e instalar a confuso, j que

    somente assim que mentiras e hipteses mal elaboradas podem resistir. Para

    tanto, costumam principiar a discusso em torno de um ponto e em seguida

    inserem, propositalmente, muitos outros pontos na discusso para torn-la

    catica. Estes pontos inseridos astuciosamente aparentam ter ligao com o

    tema estudado mas na verdade apenas se destinam a distrair e confundir o

    pensamento, gerando o que chamo de caos dialgico. Este caos dialgico

    ento camufla as incoerncias e falhas lgicas dos raciocnios falaciosos

    fazendo as mentiras parecerem verdades e as verdades parecerem mentiras.

    por esta razo que os juzes no permitem discusses em tribunais,

    mas apenas inquiries, pois sabem muito bem que as piores pessoas

    costumam ser as melhores na arte de ludibriar. pela mesma razo que os

    filsofos antigos decidiam antecipadamente quem iria perguntar e quem iria

    responder.

    5 Refiro-me a fanticos extremistas e no aos representantes sensatos e lcidos das vrias correntes depensamento materialista ou espiritualista existentes. Em ambos os lados h pessoas conscientes e insensatas.

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    Combate-se facilmente tais artimanhas por meio da concentrao e da

    recordao de si mesmo. Primeiro: deve-se capturar o ponto nevrlgico da

    discusso e no larg-lo de maneira alguma. Segundo: deve-se resistir a

    todas as tentativas de induo de fascinao e distrao. indispensvel

    jamais correr atrs dos equvocos manifestados pelo opositor na tentativa de

    faz-lo compreender e admitir seu erro pois exatamente isso o que ele

    quer. Ao perder o tempo tentando convenc-lo, voc se distrai e deixa de

    aprofundar o ponto que o espertinho quer manter oculto.

    Os charlates sofisticam-se na arte de fascinar e distrair. Enquanto

    esto conseguindo fascinar, esto no comando, manipulando as crenas,

    sentimentos e pensamentos do opositor. Se, entretanto, este se torna

    refratrio s fascinaes, isto , se passa a ignor-las totalmente e continua

    em seu pensamento, a tentativa de induo de sentimentos fracassa

    totalmente. Ento acontece algo curioso: o velhaco atingido pelo fluxo de

    energia fascinatria que criou na mesma proporo de seus esforos para

    nos fascinar. Quanto maiores os esforos para manipular nossos

    sentimentos, maior a frustrao ao no consegu-lo. Ento vrios

    sentimentos negativos o invadem, do mesmo modo que seramos invadidos

    caso no houvssemos fechado a passagem ao fluxo magntico.

    .

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    12. A dinmica psicolgica do encantamento e da feitiaria

    Em 25/07/00, 31/07/00 e 09/11/00

    O que os supersticiosos chamam de enfeitiamento corresponde,

    psicologicamente, fascinao da conscincia. Ambos sero considerados

    aqui como uma s coisa e no como duas coisas anlogas.

    O enfeitiamento uma forma de fascinao extremada, exarcebada.

    Por isso os feiticeiros necessitam da crena de suas vtimas em seu poder de

    matar ou fazer adoecer.

    Uma pessoa absolutamente ctica imune ao poder de um feiticeiro.

    Se um ctico for enfeitiado, isso indica que seu ceticismo no foi absoluto,

    que houve uma vacilao inconsciente.

    O mesmo processo se verifica na seduo. Uma mulher invulnervel

    ao poder de um sedutor quando no cr que ele tenha algo que lhe interesse

    e, por extenso, o poder de atra- la.

    Entretanto, algumas vezes cremos estar invulnerveis ao poder de

    algum em um primeiro momento e, em outra situao, o surgimento de

    algo novo e ainda no conhecido por ns faz a convico anterior ruir.

    Ento ficamos vulnerveis.

    O encantamento requer o conhecimento prvio das debilidades de

    quem vai ser encantado. No possvel que algum seja encantado em uma

    direo contrria de suas fraquezas.

    O encantamento apenas ocorre na direo das fraquezas previamenteexistentes, sejam elas conscientes ou inconscientes. Trata-se, portanto, da

    instrumentalizao ou aproveitamento de impulsos que j existiam: uma

    forma perversa de se aproveitar das fraquezas do prximo e violentar seu

    livre arbtrio.

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    O encantador identifica e excita os impulsos e instintos em sua vtima

    at lev-la a um estado alterado de conscincia. A profundidade da

    alterao depender da natureza de cada um e do grau de exposio.

    Todos temos fraquezas. Essas fraquezas correspondem nossafascinao louca por algumas coisas em detrimento de outras. Os objetos

    dessa fascinao so os instrumentos de submisso a um inimigo astuto.

    Os crimes e as matanas que assolam o mundo se devem fascinao

    da conscincia por um objeto, um alvo, uma meta. o maior perigo

    psquico que pode nos acometer porque a debilitao da vontade levada ao

    extremo.

    O poder do feiticeiro consiste em fazer com que sua vtima entre em

    um estado alterado de conscincia atravs do medo. Seus ritos visam

    aumentar o poder de impressionismo e impactar psiquicamente o inimigo. O

    poder intensificado quando o bruxo se entrega a uma possesso por

    complexos autnomos altamente densos.

    Aps inmeras crueldades e tormentos inflingidos a si prprio e a

    outras pessoas ou animais, o bruxo realiza dentro de si o mal. Ento, possesso, comunica a sua vtima o que fez por canais conscientes ou

    inconscientes. Sua expresso, entonao vocal, gestos corporais e atitudes

    horrveis impactam a vtima emocionalmente e debilitam sua razo e

    vontade. A mesma se abre a suas influncias "diablicas" e sofre

    igualmente uma possesso por elementos psquicos inumanos que jaziam em

    seu inconsciente. Ocorre um choque psicossomtico. A pessoa somatiza

    violentamente o medo e morre ou adoece.

    A primeira soluo para no ser vulnervel bruxaria no tem-la.

    Por isso os religiosos devotos so invulnerveis. Entretanto, se esse os

    mesmos forem fanticos, sero vulnerveis aos encantos e maldies de sua

    religio, podendo ser por eles encantados, manipulados e atingidos.

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    A fascinao brutal da conscincia corresponde aos perish of soul

    estudados por Jung. A pessoa perde sua "alma" habitual e possuda por

    outra "alma" demonaca, ou melhor, um pedao fragmentado e autnomo de

    alma que aguardava nas profundidades de sua prpria psique para se

    manifestar. A conscincia violentada por um primitivo e grotesco

    agregado psquico do inconsciente.

    No h nisso nada de mstico, fantstico ou mgico. So fenmenos

    empiricamente constatveis.

    Em pequena escala, o encantamento est presente em nosso cotidiano

    a todo momento.

    As palavras que emitimos, as roupas que usamos e tudo o que

    fazemos possuem o poder de provocar nos demais determinados sentimentos

    dos quais no podem fugir. A palavra, os assuntos abordados e conversas, a

    entonao vocal, as atitudes e os olhares so meios de instalao de

    afinidade simptica com elementos psquicos que habitam o interior da

    psique e aguardam por uma oportunidade de expresso.

    Todos somos, de um modo ou de outro, vtimas das circunstncias.Elas definem o que iremos sentir e pensar e at fazer. Isso prova que somos

    enfeitiados a todo instante.

    Quando algum nos ofende, no temos normalmente o poder de no

    nos sentirmos ofendidos: estamos enfeitiados.

    A fascinao ocorre sempre com a colaborao inconsciente da

    vtima. Ela a sofre por no saber como se isolar das foras hipnticas dooutro.

    Quando duas pessoas com desejos do mesmo tipo se unem, a de maior

    vontade absorve e manipula a vontade da mais fraca e a domina. O mesmo

    fenmeno se verifica em crculos sociais de vrios tipos. Sempre h uma

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    hierarquia de poder na absoro da vontade alheia. Esses so outros modos

    de encantamento.

    Todo ato fascinador e hipntico porque provoca efeitos na psique

    do prximo. O poder das caras feias e palavras hostis em causar desconforto uma prova disso.

    H uma dinmica hipntica nas relaes sociais. Os homens tendem a

    reagir mecanicamente uns aos outros. No so poucas as vezes em que

    somos forosamente induzidos a ter emoes indesejveis. Contra a nossa

    vontade, somos lanados, a partir de atitudes alheias, a certos estados de

    sentimento.

    A loucura e a exaltao passional so formas de embriagus

    fascinatria.

    Observando uma pessoa podemos saber em que direo flui sua

    libido. nessa direo que se d a queda da pessoa em uma loucura.

    Entretanto, nem todo encantamento mau. H casos em que ele

    benfico. Ex: converso religiosa de malfeitores.

    Quando trabalhamos a nossa psique, o efeito fascinatrio das imagens

    externas e internas diminui pouco a pouco sua influncia. Ento a fora

    vampirizada nesse processo, desperdiada em coisas inteis ou at

    perigosas, pode nos servir para auto-curas e auto-regenerao interna.

    Encantamento, enfeitiamento, fascinao e hipnose so vrios nomes

    dados a uma s coisa e no a coisas distintas e anlogas.

    Quando detestamos algo ou algum estamos, sem o saber,

    negativamente fascinados ou hipnotizados por imagens ligadas a tais

    elementos.

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    Existe uma relao analgica entre os procedimentos mgicos e os

    seus resultados. Os ritos de feitiaria e seus impactos sobre as vtimas

    possuem uma similaridade simblica demonstrvel pela anlise cuidadosa.

    Isso aponta para a relao psquica que h entre ambos. Ela se d, em sua

    maior parte, em nveis inconscientes. Muitas vezes, o enfeitiador e o

    enfeitiado no se do conta da complexa rede energtica que os envolve

    atravs de palavras, sentimentos, pensamentos e atitudes. E justamente

    isso que d magia uma aparncia sobrenatural e mstica pois aquilo que o

    homem no percebe objetivamente se torna altamente atraente para a

    imaginao fantasiosa. Mas, na verdade, a magia uma manipulao de

    foras naturais inerentes ao homem.

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    Concluses

    As paixes tornam o ser humano vulnervel. Os desejos so paixes e

    nos arrastam.

    A mente do apaixonado est obsediada por elementrios (larvas ou

    formas-pensamento).

    O apaixonado no dono de si mesmo, suas aes no lhe pertencem.

    No lcito man ipular o prximo.

    lcito desarticular tentativas de manipulao de nosso psiquismo

    por parte de outras pessoas.

    Convm superar os medos e fraquezas para nos protegermos de

    tentativas de manipulao.

    Nem sempre as pessoas simpticas querem o nosso bem e nem sempre

    querem o nosso mal.

    Nem sempre as pessoas antipticas querem o nosso mal e nem sempre

    querem o nosso bem.

    A fora manipulatria flui no cotidiano.

    O livre-arbtrio alheio deve ser respeitado.

    O livre-arbtrio alheio desrespeitado pelo manipulador.

    A ao especular (ao refratria) devolve as conseqncias dos

    feitios ao manipulador.

    Evitamos que nossas crenas sejam manipuladas por meio do correto

    ceticismo.

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    A temperana, o equilbrio, a serenidade e a sobriedade muito mais

    recomendveis do que a exaltao passional.

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    Referncia:

    LVI, Eliphas (2001). Dogma e Ritual de Alta Magia (Edson Bini, trad.).

    So Paulo: Madras. (Originalmente publicado em 1855). 5 edio.

  • 8/8/2019 Nessahan Alita - O Magnetismo nas Relaes Sociais - livro verdadeiro

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    Sobre o autor

    O autor deste l ivro NO MESTRE de ningum e NO ACEITA

    DISCPULOS. Ele NO LDER DE NENHUMA RELIGIO.

    Este autor to somente um LIVRE-PENSADOR independente, que

    no possui nenhum compromisso com quaisquer grupos polticos, sectrios,

    religiosos, partidrios ou econmicos. Suas idias so PROVISRIAS e

    foram publicadas apenas para serem discutidas e aprimoradas. No existe

    nenhum grupo, em lugar algum da Terra, que represente as idias deste

    autor. Obviamente, existem grupos de pessoas inteligentes com linhas de

    pensamento semelhantes dele mas tais grupos, definitivamente, no o

    representam.

    Este autor NO QUER FS E NEM ADMIRADORES, quer somente

    leitores crticos e reflexivos.