Nem todos conseguem voltar para a casa · 2019-11-09 · Jornal Laboratório do curso de Jornalismo...

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Jornal Laboratório do curso de Jornalismo - Centro Universitário Módulo Ano 8 - edição 24 | Segundo Semestre 2017 Nem todos conseguem voltar para a casa Diversos motivos podem levar uma pessoa a morar na rua. Um acidente, a morte de um amigo, uma decepção amorosa ou um conflito de ideais. Essas situações unem as histórias de dois moradores de rua. Valter Aparecido, 48, cinegrafista com registro, e Éder Lima, 63, aposentado do exército. A diferença entre eles é a perseverança de sair dessa situação.

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Jornal Laboratório do curso de Jornalismo - Centro Universitário Módulo Ano 8 - edição 24 | Segundo Semestre 2017

Nem todos conseguem voltar para a casa

Diversos motivos podem levar uma pessoa a morar na rua. Um acidente, a morte de um amigo, uma decepção amorosa ou um confl ito de ideais. Essas situações unem as histórias de dois moradores de rua. Valter Aparecido, 48, cinegrafi sta com registro, e Éder Lima, 63, aposentado do exército. A diferença entre eles é a perseverança de sair dessa situação.

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O Antenado é um Jornal Laboratório produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro

Universitário Módulo

Coordenador do Curso: Prof. Dr. Lourival da Cruz Galvão Jr (MTB: )

2 CARAGUATATUBA, 2º SEMESTRE DE 2017

editorial

Além de informar, mostrar esta-tísticas e responder para você, leitor, o que, porque, quando,

onde e como os fatos do dia a dia acon-teceram, a missão do jornalismo é contar a realidade da vivida pelo nosso povo e atuar para que a sociedade torne-se algo sociável, de fato.

Para ilustrar o cotidiano da população,

nós jornalistas, buscamos histórias. Fa-lamos nas matérias, não somente sobre uma cidade ter determinado número de pessoas morando na rua. Nós precisamos falar também sobre o que leva um ser hu-mano a tomar esta decisão. Isso vai além do “ter dinheiro”, “ter trabalho” e “ter fa-mília”. Questões emocionais e psicológi-cas devem ser observadas e o jornalismo

pode dar voz a isso.Outro tema muito falado nos jornais é

sobre os frequentes casos de assédio con-tra mulheres. E o jornalismo tem o dever de ir além da notícia. A mídia pode cons-cientizar, pode pressionar o governo a tomar medidas que protejam as mulheres do nosso país.

Existem casos em que a sociedade se

sente invisível. E o jornalismo pode “dar cor” para essas vidas. Pode lembrar os go-vernantes e a própria população em geral, que ninguém pode ser esquecido, mesmo que seja um pequeno grupo de pessoas.

O bom jornalismo não pode deixar nada escapar. Nenhuma notícia, nenhum personagem, nenhuma oportunidade de ajudar na progressão do país e do mundo.

tos Souza Demarchi, Erique Vicente Santos, Felipe Soares Landes da Silva, Hilton Learte da Paz Silva, Is-rael Souza Nunes, Ivanio Barbosa de Abreu, Jéssica Vidal Leite, Lucas Bueno, Nataly Mazariolli, Rafael César Figueiredo Barros, Rafael Rodrigues Kazon

Projeto Gráfi co: Prof. Ms. Paulo Rogério de Arruda - MTB 36577

Gráfi ca: Resolução Indústria Gráfi ca | Taubaté/SP | Telefone: (12) 36221020Tiragem: 1 mil exemplares

Se pudesse mudar alguma coisa em seu corpo, o que você muda-ria?

Seja diminuir umas gordurinhas aqui e ali ou mais músculos, é comum e até compreensível que exista essa vontade de querer melhorar algo em si.

Contudo, não é de hoje que a mídia e as redes sociais nos bombardeiam com o que seria o corpo “perfeito” e com as me-didas ideais.

O corpo feminino, porém, sofre ainda mais as consequências da ditadura da be-

leza, e suas silhuetas magras, quase sem-pre são associadas ao sucesso e a felicida-de. “Quando eu perder mais 5 quilinhos, vou estar realizada!”

A perda de peso já se tornou o objetivo da maioria das mulheres e a indústria da beleza mostra que não é algo impossível de se alcançar, basta ter força de vontade. Todos os dias surgem novos métodos que permitem uma perda cada vez mais rápida de gordura. Quem dera fosse só o “inofen-sivo” Photoshop das capas de revista!

E é por isso, que se tornou comum

encontrar tantas mulheres insatisfeitas com seus corpos e desencadeando cada vez mais distúrbios alimentares e proble-mas não só psicológicos como também físicos. Quando não há mais saída, algu-mas até acabam morrendo na busca de um padrão que, no fundo, nunca iriam encontrar.

Não importa o que as indústrias da moda, da beleza ou a mídia nos im-põem. Não interessa os produtos que colocam no mercado, prometendo mi-lagres. A vida não vale tentar atingir o

Todos os dias, milhares de atletas acordam com o sonho de alcançar seus objetivos. A

realidade nem sempre é favorável para todos. Quem nunca pensou em levantar a bandeira do Brasil com o hino da vitória de fundo?

Subir ao pódio nem sempre é possível, a trajetória é cruel com alguns. Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, pregou-se o “sonho” do legado olímpico, milhares de reais foram gastos em arenas, ginásios, centros de treinamentos e pouco se

O mito do legado que nunca fora alcançado |Rafael Rodrigues é estudante de jornalismo no 6º semestre

pensou no investimento humano.Ao custo de R$ 4 bilhões, toda essa

infraestrutura esportiva vai compor a Rede Nacional de Treinamento, criada pela Lei 12.395/2011. Ao pé da letra, o projeto é muito mais amplo, ele não só institui que sejam criados centros de treinamentos, o escopo principal é que o investimento em pessoas seja amplamente massifi cado, além de ampliar o desenvolvimento do esporte escolar, algo que já acontece nos principais países do mundo.

Muitos são os atletas e paratletas que esperam por oportunidades. O legado que muitos desses jovens e adultos esperam é serem reconhecidos, não como medalhistas olímpicos, mas como cidadãos. Talvez o maior legado que muitos sonham, é poderem tomar um ônibus e chegarem no horário estipulado, não é muito, porém nem sempre é possível.

Treinar talvez seja um utopia, já que as bolsas atletas distribuídas são escassas e nem sempre são disponibilizadas para

todos. Note que o legado está longe de ser alcançado, pois não existe uma política desenvolvida para o esporte.

Entretanto, a quantidade de medalhas que a nação conquista, ainda é discutida ao fi nal de cada olímpiada. Passados alguns anos, ainda se espera alcançar o Top 10 do ranking, não que seja errado ou impossível de alcançar tal realidade, porém, nosso desafi o é muito maior, é vencermos o “MITO” do legado que nunca existiu, esse é o verdadeiro legado do momento.

Professor Orientador: Prof. Ricardo Hiar Reis (Jornalista Responsável: MTB 47.857 )

Foto Capa: Gilberto Vieira - Flickr

Editores Assistentes: Felipe Soares Landes da Silva, Rafael César Figueiredo Barros

Secretário de Redação: Lucas BuenoRepórteres e Diagramadores: Ana Caroli-na Rodrigues de Souza, Bruna Natali dos Santos, Carolina dos Santos Cordeiro da Silva, Cristiane San-

inatingível. Cada pessoa tem uma bele-za singular, sejam homens ou mulheres.

E embora pareça clichê, nada vale a liberdade de se aceitar e estar satisfei-to seja lá qual for a sua forma. O impor-tante, sem dúvidas, é manter os hábitos saudáveis, até porque, nem sempre um corpo considerado ideal, é sinônimo de bem estar e saúde.

Mude o que você realmente quiser mudar, mas antes, refl ita se está fazen-do isso por você ou pelos olhos julgado-res dos padrões da sociedade.

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artigos

Distribuição: Dentro da Universidade e em bancas de jornais de Caraguatatuba e outras cidades do Litoral Norte, além de pontos estra-tégicos de Caraguá.

CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO – CAMPUS MARTIM DE SÁ

Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP.Tel. (12) 3897-2008

www.modulo.edu.br

|Bruna Natali é estudante de jornalismo no 5º semestre

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3 CARAGUATATUBA, 2º SEMESTRE DE 2017

“Aqui não é lugar para viver”, diz morador de rua

Valter Aparecido é cinegra-fi sta com registro, tem 48 anos e trabalhou em vá-rias emissoras de televisão

quando morava em São Paulo. Fez gravações no Palácio do Planalto e teve entrevistas com cantores fa-mosos. A carreira de sucesso con-trasta com sua atual realidade. Há um ano e meio ele vive nas ruas de Caraguatatuba, no meio da sujeira e do frio. Ele é um dos 200 moradores de rua da cidade, segundo levanta-mento da prefeitura.

Para superar os problemas, Val-ter compõe músicas gospel. Ele já enviou para igrejas e gravadoras, com o sonho de mudar sua vida. “Eu componho muitas músicas de Deus, poemas e até recito nas ruas. Já consegui dinheiro com isso. É uma alternativa que tenho já que ainda não consegui um novo emprego. Até concurso público eu já fi z. Estou me esforçando ao máximo. Aqui

não é lugar para viver”, ressaltou.Mas apesar de todos os proble-

mas, Valter conta que não passa fome. “Eu não sou de pedir, nem de bater de porta em porta. Então por sorte as pessoas me dão as coisas na rua. Quando eu preciso tomar banho eu vou num abrigo, se pre-ciso fazer alguma necessidade, vou até o banheiro da UPA (Unidade de Pronto Atendimento)”, falou.

O cinegrafi sta veio para Cara-guatatuba há 12 anos, para formar uma família com uma mulher que havia conhecido. Durante esse tem-po ele foi garçom em um restaurante, até que perdeu o emprego no ano passado. Mas o que fez ele perder a esperança na-quele momento foi a separação da esposa.

“Foi uma grande desilusão. Ti-vemos um desentendimento rela-cionado a nossa religião e nossas crenças. Não seguíamos o mesmo caminho e eu não queria isso. A

princípio estava tudo certo, mas fui descobrindo coisas que me deixa-ram muito triste. Ai larguei tudo e fui para a rua”, afi rmou Valter.

Mas nem todos querem mudar de vida

Esse é o caso de Éder Lima, 63 anos, aposentado do exército e que tem um apartamento no bairro Mar-tim de Sá. Ele diz que não tem uma

explicação para morar na rua, mas um aciden-te fez muita coisa mu-dar em sua vida.

“Eu tinha uma ma-deireira e fazia en-tregas de material no

país inteiro. Um dia um dos meus funcionários sofreu um grave aci-dente indo para o norte do país. A carreta que ele dirigia bateu em um caminhão. Foi morte na hora. Eu tinha seguro, não perdi dinheiro. Mas a partir desse momento, tudo começou a dar errado. Além de fun-cionário, o ‘Jangão’ (apelido) era um grande amigo”, afi rmou Éder.

REPORTAGEM: Carolina Coredeiro, Drielly Rodrigues, Lucas Bueno e Nataly Mazariolli

Éder ainda falou que tem um fi -lho, também militar, que mora em Ribeirão Preto, mas afi rma não que-rer ser um peso para sua família. “Eu não quero atrapalhar ninguém. Pelo contrário. O dinheiro da minha aposentadoria vai para minha irmã. Quando eu preciso ela me dá um pouco da grana. Meu fi lho já quis me tirar da rua, mas não serei um peso na vida dele. Ele é jovem e tem que lutar por si, precisa conquistar seus grandes objetivos. E eu tenho tudo que quero na rua. Não passo fome”, disse.

Assistência feitapelo poder público

O abrigo citado por Valter é o Centro de Recuperação Humano Renascer, mais conhecido como Casa do Caminho, que é ligada a Prefeitura e acolhe até 50 pessoas, entre homens e mulheres. O local ajuda temporariamente pessoas ca-rentes que desejam voltar para sua cidade de origem.

Lá é realizado uma triagem pela equipe psicossocial do projeto onde é verifi cada a real situação do in-divíduo e se ele possui familiares, proposta de emprego e moradia no local de destino. Após todo o pro-cesso, a passagem é liberada e a pessoa não poderá voltar a receber este benefício no período de um ano.

Segundo a prefeitura de Cara-guatatuba, os dados de morado-res de rua são recolhidos durante abordagens realizados por assisten-tes sociais. Dentre as 200 pessoas nessa situação, 92% são homens e 8% são mulheres. A administração responsabiliza a crise econômica e o período de baixa temporada turís-tica por essa estatística.

Além desses casos, existem mo-radores de rua envolvidos com o uso de drogas. Esse é ainda um pa-radigma para ser encarado, uma vez que a resolução dessa questão não depende apenas do poder público, pois o usuário precisa ter determi-nação para procurar tratamento e reabilitação.

Valter escreve suas músicas em pedaços de papelão que encontra na rua

O cinegrafi sta veio para Cara- tim de Sá. Ele diz que não tem uma

“EU NÃO QUERO ATRAPALHAR NINGUÉM”, DIZ EDER.

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Mulheres dão depoimentos sobre disturbios alimentares; Especialistas analisam casos

BULIMIA

“Na minha cabeça, eu pensava, se eu en-gordar ninguém

vai me querer”, foi o que rela-tou Rosangela*, 25, moradora de Ubatuba. Era esse pensamento que predominava em sua cabeça quando ela induzia o vômito to-dos os dias após as suas refeições.

A garota tornou-se inimiga núme-ro um de seu corpo e sua mente. Ro-sangela foi diagnosticada com bulimia e precisou fazer acompanhamento psicológico. Até hoje toma medica-mentos para controlar a ansiedade.

Analisando o caso, a psicóloga--clínica Juliette Swistalski declarou que o fator emocional faz com que “a pessoa que é propensa a ansie-dade, depressão, possui baixa au-toestima e se sente com medo da rejeição, caso esteja acima do peso

Bulimia é um distúrbio alimentar no qual a pessoa os-cila entre a ingestão exagerada de alimentos, com um sentimento de perda de controle sobre a alimen-

tação; e episódios de vômitos ou abusos de laxantes para impedir o ganho de peso. além disso, estão sempre pre-ocupadas com a aparência, principalmente com peso.

Reféns da magreza: “Cheguei a pesar 43kg e me achava gorda”

estipulado pelo grupo de convívio ou um padrão criado por si mes-mo, pode desencadear o distúrbio”.

Além do fator emocional, a espe-cialista afirmou que existem outros fatores, tais como: genéticos, sociais, familiares e culturais. “Os tratamen-tos precisam ser multidisciplinares, acompanhados de alguns profis-sionais: psicólogos, psiquiatras, en-docrinologistas e nutricionistas”.

Uma pesquisa realizada em 2014, pela Secretaria de Estado da Saú-de revela que 77% das jovens em São Paulo apresentam propensão a desenvolver algum tipo de dis-túrbio alimentar, como anorexia, bulimia e compulsão por comer.

Entre as participantes, 85% disse-ram acreditar que existe um padrão de beleza imposto pela sociedade; 46% afirmaram que mulheres ma-

Linha do Tempo

4 CARAGUATATUBA, 2º SEMESTRE DE 2017

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Mulheres dão depoimentos sobre disturbios alimentares; Especialistas analisam casos

Anorexia provoca uma perda de peso acima do que é considerado saudável para determina-da idade e altura. Pessoas com esse distúrbio

alimentar podem ter um medo intenso de ganhar peso, mesmo quando estão abaixo do peso normal. Elas costumam abusar de dietas e exercícios ou usar outros métodos prejudiciais buscando emagrecer.

R E P O R TA G E M : A n a R o d r i g u e s , B r u n a N a t a l i , R a e l l N u n e s

Reféns da magreza: “Cheguei a pesar 43kg e me achava gorda”

gras são mais felizes; e 55% adora-riam simplesmente acordar magras.

Em alguns casos, a dieta e o exer-cício físico não são suficientes para esculpir esses modelos corporais, sendo necessária a intervenção ci-rúrgica ou aplicações de ácidos e enzimas, como conta Amanda*, 35, também moradora de Ubatuba. “Primeiro eu comecei a tomar re-médios para emagrecer, daí só pio-rou a situação, eu engordei mais”.

Além de dispensar toda a ali-mentação diária, ela contou que, mesmo colocando sua saúde em risco, tomava medicamentos sem receita médica, que conseguia clan-destinamente. “Cheguei a pesar 43 kg e ainda me achava gorda”.

Amanda desmaiava frequen-temente e, segundo ela, fez apli-cações de uma substância na

barriga. O produto utilizado era hyalozima, que é o nome comer-cial da hialuronidas, uma enzima extraída de testículos bovinos.

Atualmente, a mulher tem três fi-lhos e com 35 anos diz ainda se sen-tir “complexada” com as questões estéticas, mas não faz mais proce-dimentos e nem dietas exageradas.

Assim como a psicóloga, o nu-tricionista Delano Moreira explicou que a recuperação que envolve os distúrbios alimentares deve ser feita em conjunto. “O tratamento, mui-tas vezes, se faz com a associação de drogas e tratamento cognitivo comportamental. O nutricionista entra com o apoio para garantir que o paciente volte a se alimentar com parâmetros saudáveis”, disse.

*Os nomes das personagens foram al-terados para preservar suas identidades.

ANOREXIA

Linha do Tempo

5 CARAGUATATUBA, 2º SEMESTRE DE 2017

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CARAGUATATUBA, 2º SEMESTRE DE 20176

Todos os dias, milhares de atletas acordam e seguem suas vidas de forma normal,

alguns com alguma estrutura, ou-tros nem tanto. A atleta Ellen Cristi-na Dias Braga, 32, que mora no muni-cípio de Caraguatatuba, mantém sua rotina diária. Acorda todos os dias às 6h, vai treinar no Centro Esportivo da cidade e segue ao trabalho.

Competidora da categoria F32 em arremesso de peso (para atletas com defi ciência cerebral), Ellen está entre as quatro melhores atletas do mundo. “Quando eu fi quei de cadei-

ra de rodas, tive muita vergonha de mim mesma”, relata.

Aos 24 anos, embora tivesse epi-lepsia, Ellen mantinha uma vida nor-mal, era membro do GAC (Grupo de Auxílio Civil), sendo socorrista, briga-dista e auxiliava em atividades de sobre-vivência na mata. A atleta sempre man-teve uma vida ativa, fazia fi sioterapia com neurologista por conta da epilep-sia.

Segundo ela, por conta de uma negligência médica, suas atividades do GAC tiveram que ser interrompidas. O aumento das doses do remédio que era ministrado

O sonho da conquista e a invisibilidade da trajetória

para evitar a evolução do problema, pode ter sido a causa de sua parali-sia. Chegou a ser considerada como natação, mas neste momento, seu foco maior é no arremesso de peso, categoria essa em que é a única atle-

ta brasileira. “Hoje o atletis-mo é a minha vida. Sinto que quando treino, eu motivo mais pessoas a faze-rem o mesmo”, diz.Não satisfeita

em participar somente do atletismo, Ellen também pratica natação, mas neste momento, seu foco maior é no arremesso de peso, categoria essa

em que é a única atleta brasileira. “Hoje o atletismo é a minha vida. Sinto que quando treino, eu motivo mais pessoas a fazerem o mesmo”, diz.

Seu maior sonho é estar na delega-ção paralímpica para os jogos de Tó-quio 2020, para a seleção. Para quem não conseguia sequer arremessar uma bola, hoje sou a quarta melhor do mundo”, relatou.

Por falta de apoio da cidade de Ca-raguatatuba, Ellen foi convidada pelo município de Taubaté para represen-tar o Vale do Paraíba. “Não tenho ne-nhum apoio aqui em Caraguá, a cida-de de Taubaté me convidou para ser atleta de lá e me ofereceram todo o suporte que preciso para chegar às olimpíadas”, conta.

Ellen Cristina, dentro de milhões de atletas continua se sentindo invisível. Sua defi ciência, que a torna diferen-te dos demais, se volta a ela com os olhares tortos das pessoas nas ruas, sem nenhuma intenção de ajuda.

REPORTAGEM: Cristiane Demarchi, Hilton Learte, Jéssica Vidal, Rafael Rodrigues

A universitária Ellen Cristina, exibe com orgulho suas várias conquistas

Os obstáculos e desafi os de uma atleta paralímpica que sonha em representar sua nação

“HOJE O ATLETISMO É A MINHA VIDA”

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CARAGUATATUBA, 2º SEMESTRE DE 20177

Em cinco meses, mais de 200 mulheres são vítimas de violência em São Sebastião

Segundo o comandante da GCM, Edgar Celestino, município desenvolve “Programa Mulher” que inclui a patrulha e cursos de defesa pessoal

Em um período de cinco me-ses, mais de 200 mulheres sofreram agressões em São

Sebastião, cidade do Litoral Norte de São Paulo. O dado foi contabilizado, após levantamento feito pela secre-taria de Segurança Urbana (SEGUR) sobre o número de atendimentos realizados pela patrulha “Maria da Penha” instituída pela Guarda Civil Municipal (GCM).

Segundo o balanço, nesses últi-mos cinco meses, foram feitos 292 atendimentos sendo 89 referentes às medidas protetivas, somando as-sim 203 casos de agressões diretas. São 40 mulheres agredidas por mês, sendo que não contabilizam as de-núncias feitas a outras instituições responsáveis por este tipo de crime.

A violência psicológica, física im-posta por um parceiro íntimo, como espancamento, relações sexuais for-çadas e outras condutas abusivas, é a forma mais comum de violência so-frida pelas mulheres em todo lugar. Acabar com as formas de violência contra as mulheres, jovens e adoles-centes é uma das metas do Centro de Referência Especializado de Assis-tência Social (Creas).

Giselle de Jesus Silva, que é Psi-cóloga do Creas, de Caraguatatuba. Atende grupos de 50 mulheres que foram vítimas da violência. Segundo ela, o objetivo é dar espaço de acolhi-mento e acompanhamento psicológi-co e social a mulheres em situação de violência.

“O atendimento especializado e o acompanhamento das vítimas são fatores muito importantes para a re-solução legal dos casos, e, principal-mente, para o resgate da dignidade das mulheres agredidas”, completou

a psicóloga.Na concepção da psicóloga, o as-

sédio a mulher acaba resultando em casos de violência mais agressivos e ofensivos pelos autores que acabam tendo um aumento de confi ança na questão de impunidade a crimes des-sa natureza.

“Eles vão tendo uma conduta mais violenta e persistente, que tem como objetivo fazer a vítima realizar uma atividade contra a sua própria vonta-de. Normalmente, a pessoa que está assediando se vê como alguém que está em posição superior ao do asse-diado e acha que tem total liberdade de humilhar”, destacou Silva.

A psicóloga ainda lembra que qualquer assédio, que seja até em relações amorosas, de trabalho ou sociais, provocam graves efeitos nas vítimas. “Esses efeitos se manifestam no corpo e no psicológico e inevita-velmente causam sofrimento”, afi r-mou.

“O traje não é o principal problema no meu ponto de vista e sim a falta de caráter dos homens”. Jaqueline Costa Santos, 27, Técnica ambiental

“Fui abordada por um senhor de idade quando ia trabalhar e ouvi a seguinte frase, ‘Te pego todinha’. Na hora fi quei totalmente sem gra-ça, pois o safado tinha idade para ser meu avô”. Andreza Paula San-tos de Oliveira, 27, autônoma

“Toda mulher deve ser respeitada e tratada bem. A solução para isso é a prisão, porque é crime e o cul-pado deve ser preso”. Flávio Oli-veira, 25, descarregador de pneus.

“Casos de assédios são causados por problemas psicológicos, psiqui-átricos, vícios como o álcool entre outros e a criação machista impos-ta em todo país e também na re-gião ”. Traud Rennert, conselheira da ONG Associação das Mulheres da Costa Sul de São Sebastião

Com o número de 40 mulheres por semana agredidas, as autoridades de São Sebastião tentam diminuir a estatísticas. (Foto: Rafael César)

REPORTAGEM: Rafael César, Felipe Landes, Ivânio de Abreu e Erique Vicente

Como denunciarDenúncias de assédio podem ser

formalizadas em qualquer delegacia, por meio de um boletim de ocorrên-cia. A orientação da Defensoria Pú-blica é de que as vítimas procurem os policiais militares imediatamente.

Para que os agentes consigam identifi car os autores do assédio, é importante descrever as caracterís-ticas físicas e as roupas usadas pelo agressor. O Disque 180 também re-cebe denúncias de assédio. Outra medida cabível é registrar o boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher da localidade onde vive.

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