Natalia Restrepo-Coupe, Brad Christoffersen, Daniel F. Amaral, Plínio B. de Camargo;
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Universidade de Brasília
Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências da Informação e Documentação
NATALIA FERNANDES CAMARGO
ANÁLISE DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL DOS CORREIOS
Brasília – DF
Dezembro / 2009
Universidade de Brasília
Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências da Informação e Documentação
ANÁLISE DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL DOS CORREIOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Administração
como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Administração.
Professor Orientador: Doutor, Tomás de Aquino Guimarães
Brasília – DF
Dezembro / 2009
Camargo, Natalia Fernandes.Análise do Comprometimento Organizacional na Administração
Central dos Correios / Natalia Fernandes Camargo. – Brasília, 2009.47 f. : il.
Monografia (bacharelado) – Universidade de Brasília, Departamento de Administração, 2009.
Orientador: Prof. Dr. Tomás de Aquino Guimarães, Departamento de Administração.
1. Comprometimento. 2. Comportamento. 3. Organização. I. Título.
Universidade de Brasília
Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências da Informação e Documentação
ANÁLISE DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL DOS CORREIOS
A Comissão Examinadora, abaixo identificada, aprova o Trabalho de
Conclusão do Curso de Administração da Universidade de Brasília da
aluna
Natalia Fernandes Camargo
Doutor, Tomás de Aquino GuimarãesProfessor-Orientador
Doutor, Pedro Paulo Murce MenesesProfessor-Examinador
Brasília, 10 de dezembro de 2009
Dedico este trabalho aos meus pais, Ivone Fernandes Camargo e Marcelo de Almeida Camargo, que, com o amor incondicional, me levaram a acreditar em mim mesma e a desafiar obstáculos.
“O segredo do sucesso não é prever o futuro. É preparar-se para um futuro que não pode ser previsto.” (Michael Hammer)
RESUMO
As empresas do século XXI atuam em ambientes competitivos e necessitam adotar ações proativas visando aumentar os respectivos níveis de competitividade. Nessa linha, a adoção de políticas de gestão de pessoas que impulsionem o desempenho dos empregados e aumentem o nível de comprometimento com a organização, fazem parte do contexto de suporte à competitividade. A análise do nível de comprometimento de funcionários, portanto, representa etapa fundamental para as práticas de gestão de pessoas. Nesse cenário, o objetivo do presente trabalho é analisar o enfoque de comprometimento organizacional percebido por funcionáriosda Administração Central dos Correios e as relações existentes entre o grau de comprometimento e dados demográficos dos colaboradores. Desta forma foi realizada uma pesquisa de caráter descritivo, do tipo quantitativa, que por meio de um questionário desenvolvido por Meyer e Allen (1991) possibilitou atingir os objetivos da pesquisa. O referencial teórico explorou os principais conceitos e tipologias relacionados com o tema pesquisado, sendo que comprometimento organizacional é definido, para os efeitos deste trabalho, como um vínculo de natureza afetiva, normativa ou calculativa estabelecido entre o indivíduo e a organização. Os dados foram coletados junto a funcionários da Administração Central dos Correios, em Brasília – DF. O questionário utilizado englobou os três enfoques de comprometimento estudado, a partir de uma escala do tipo Likert de concordância (1=discordo totalmente até 5=concordo totalmente); bem como questões sócio-demográficas. Esse questionário foi distribuído pessoalmente e por intermédio da Intranet da empresa. A amostra atendeu a proporção mínima indicada por Richardson, 310 funcionários, e caracteriza-se como amostra por acessibilidade. Os dados foram analisados com o auxílio do software SPSS versão 13, mediante técnicas estatísticas descritivas (média, moda, desvio padrão) e inferenciais (Teste-T). Os resultados revelaram o comprometimento afetivo como o predominante na empresa. A pesquisa, também, identificou uma significativa diferença da percepção do comprometimento nos quesitos sexo, idade, tempo de serviço e função ocupada. A pesquisa realizada pode contribuir para outros estudos sobre comprometimento organizacional, principalmente no que se refere à relação entre as políticas de gestão de pessoas e o comprometimento.
1. Comprometimento 2. Comportamento 3. Organização
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Antecedentos, Correlatos e Consequentes do Comprometimento. .........22
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados Demográficos: ..............................................................................30
Tabela 2 – Dados do Comprometimento Calculativo: ...............................................32
Tabela 3 – Dados do Comprometimento Afetivo:......................................................33
Tabela 4 – Dados do Comprometimento Normativo: ................................................33
Tabela 5 – Análise Descritiva dos Enfoques do Comprometimento Organizacional: 34
Tabela 6 – Teste T entre Médias do Comprometimento x Variáveis Demográficas: 36
Tabela 7 – Teste T de Significância entre o Comprometimento x Variáveis Demográficas: ...........................................................................................................37
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................10
1.1 Contextualização do Assunto .........................................................................10
1.2 Formulação do problema................................................................................11
1.3 Objetivo Geral.................................................................................................12
1.4 Objetivos Específicos .....................................................................................12
1.5 Justificativa .....................................................................................................13
1.6 Métodos e Técnicas de Pesquisa...................................................................14
1.7 Estrutura e Organização da Monografia .........................................................14
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................16
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA .........................................................25
3.1 Tipo e descrição geral da pesquisa ................................................................25
3.2 Caracterização da organização, setor ou área ...............................................25
3.3 População e amostra......................................................................................27
3.4 Caracterização dos instrumentos de pesquisa ...............................................28
3.5 Procedimentos de coleta e de análise de dados ............................................29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................30
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.............................................................39
REFERÊNCIAS.........................................................................................................41
APÊNDICES..............................................................................................................44
Apêndice A – Organograma da Administração Central dos Correio .........................44
Apêndice B – Questionário........................................................................................45
10
1 INTRODUÇÃO
Neste início de século XXI as organizações estão imersas em um ambiente
dinâmico, com constantes mudanças tecnológicas, sociais, econômicas e políticas.
Nesse contexto, a sobrevivência das empresas está fundamentada na busca pela
competitividade, que vem se tornando cada vez mais acirrada.
Com a agilidade das mudanças e competitividade do mercado, uma empresa
prevenida, que possui visão de futuro e informação, acompanha a evolução da
tecnologia e as mudanças de mercado. Portanto, é recomendável que a empresa
esteja atenta a este ambiente com rápidas e profundas transformações e busque
novas idéias, antecipando-se e sendo agente da própria mudança.
Este cenário da busca pela competitividade não está centrado apenas em
estratégias adequadas de mercado, finanças, logística e marketing. A vantagem
competitiva também está nos colaboradores da empresa, que internalizam os
objetivos estratégicos da organização e o executam como se fossem seus próprios
objetivos.
Nesse sentido, pode-se dizer que quando um indivíduo se identifica com a
organização e deseja manter-se como um membro dela para satisfazer seus
interesses e facilitar o alcance da missão organizacional, há a identificação do
comprometimento organizacional (FLAUZINO; BORGES-ANDRADE, 2008).
Nessa linha, cabe aos administradores de sucesso lidar com essas incertezas. No
entanto, é necessário que haja comprometimento por parte dos funcionários. Assim,
“os funcionários comprometidos com sua empresa tornam-se sua margem
competitiva” (DESSLER, 1996, p. 5). Desta forma, os estudos relacionados ao
comprometimento organizacional são favoráveis à busca de estratégias para
aumentar o comprometimento organizacional do empregado, pois consideram esta
ação uma vantagem competitiva sobre as outras empresas que não tem seguido tal
estratégia (SILVA, 2007).
É evidente que um alto grau de comprometimento com a organização contribui para
que as empresas alcancem seus objetivos, como relata Muller (2005). Assim, o
11
sucesso da organização está nos colaboradores comprometidos e dispostos a lutar
pelos objetivos da organização.
1.1 Contextualização do Assunto
A consecução de objetivos, o alcance de metas e a competitividade de uma
empresa dependem, necessariamente, do comprometimento organizacional de seus
membros trabalhadores. Por isso faz-se necessário a realização de pesquisas e
estudos nesse campo.
A pesquisa sobre comprometimento organizacional ganhou impulso no final da
década de 1970, fortemente marcado pela investigação do comprometimento no
trabalho. No entanto foi a partir de 1990 que a visão do comprometimento foi
reconhecida como um fenômeno multidimensional devido à sua ‘constelação de
conceitos’ (BASTOS, 1994).
No Brasil, as pesquisas de Chang (2001), Medeiros (2003), Bastos (1994) e
Bandeira (1999) são provas do crescente interesse pelo tema. Esses pesquisadores
estão contribuindo para um conceito nacional do comprometimento, bem como para
o desenvolvimento de instrumentos de mensuração mais completos (SILVA, 2007).
Os estudos acerca do comprometimento têm introduzido a análise do tema sob
diversos aspectos, a serem tratados ao longo do próximo capítulo deste trabalho e
que serão a base para a análise do comprometimento organizacional identificado
nos Correios.
1.2 Formulação do problema
Os Correios, uma organização pública que trabalha com a pontualidade de seus
serviços e que é reconhecida pelos brasileiros como uma das cinco empresas mais
confiáveis, devem estar atentos ao grau de comprometimento de seus funcionários,
pois a falta de comprometimento pode afetar a imagem do serviço prestado pela
empresa.
12
Segundo Randall (1998) citado por Silva (2007), os estudos acerca do
comprometimento organizacional têm revelado que baixos níveis de
comprometimento remetem à baixa qualidade de trabalho, possíveis pedidos de
demissão, lentidão no avanço da carreira, atrasos, maior rotatividade e absenteísmo.
A importância deste estudo está na possibilidade de um maior entendimento acerca
das relações existentes entre determinadas variáveis e comportamentos que devam
contribuir para o alcance das metas e objetivos organizacionais, gerando assim, o
estabelecimento de relacionamentos desejáveis no ambiente de trabalho, propícios
a obtenção do sucesso contínuo.
Considerando esse contexto, esta pesquisa propõe-se a responder a seguinte
questão: qual o enfoque de comprometimento organizacional predominante entre
funcionários da Administração Central dos Correios e possíveis relações entre
variáveis demográficas e funcionais desses funcionários com a percepção do
comprometimento?
1.3 Objetivo Geral
Identificar o enfoque de comprometimento organizacional predominante nos
funcionários da Administração Central dos Correios e possíveis relações entre
variáveis demográficas e funcionais desses funcionários com a percepção a respeito
do comprometimento.
1.4 Objetivos Específicos
Identificar o enfoque geral de comprometimento organizacional predominante nos
funcionários da Administração Central dos Correios.
Identificar as principais características pessoais inerentes aos funcionários
entrevistados em cada um dos focos de comprometimento.
13
1.5 Justificativa
O sucesso dos objetivos estratégicos da empresa advém do comprometimento de
seus funcionários. Assim, ter empregados comprometidos é benéfico para o
aumento do desempenho da organização.
O comprometimento é um importante conceito para as organizações e muitas
empresas têm reconhecido que a qualidade dos serviços tem como base o
comprometimento de seus funcionários. Segundo Muller (2005, p. 511), “o
comprometimento está baseado na evidência de que dele derivam atitudes e
comportamentos que aumentam o desempenho do colaborador”.
O comprometimento organizacional é um tema que deve ser bem entendido pela
organização para uma melhor gestão das pessoas e conseqüente sucesso nos
negócios.
A análise do comprometimento organizacional por meio do estudo de suas
dimensões possui uma grande aplicabilidade prática visto que oferece embasamento
teórico aos gestores, auxiliando-os no direcionamento de esforços com o objetivo de
engajar o colaborador à empresa.
Assim, esta pesquisa busca verificar no contexto da Administração Central dos
Correios, percepções sobre o comprometimento organizacional dos funcionários da
empresa, a fim de impulsionar novas políticas de gestão de pessoas que possam
elevar o grau de comprometimento de seus funcionários.
Este trabalho vem a contribuir propiciando uma base de auxílio à tomada de
decisões no sentido de implantar ações e políticas para desenvolver as bases de
comprometimento organizacional dos Correios de forma a facilitar a consecução dos
objetivos organizacionais.
14
1.6 Métodos e Técnicas de Pesquisa
A pesquisa do comprometimento organizacional realizada na Administração Central
dos Correios se configura como de natureza quantitativa, uma vez que avalia a
forma de comprometimento percebida por um conjunto de colaboradores da
empresa, mediante levantamento de percepções.
A coleta de dados se deu por meio de um questionário, já validado, que busca
identificar em qual nível de comprometimento o funcionário está enquadrado. Este
modelo foi desenvolvido por Meyer e Allen (1991) e adaptado ao Brasil por Siqueira
(2001), além de incluir itens referentes a dados demográficos e funcionais dos
respondentes. O questionário foi aplicado a 310 funcionários da Administração
Central, cuja amostra foi do tipo probabilística, por acessibilidade.
A análise de dados se deu por meio do software estatística SPSS, por meio de
estatística descritiva e Teste T, de modo a permitir análises do comprometimento
predominantes e tendências de comprometimento em função de características dos
pesquisados.
1.7 Estrutura e Organização da Monografia
O presente trabalho está estruturado em quatro capítulos que orientarão o trabalho
sobre comprometimento organizacional a ser desenvolvido nos Correios. Para tanto,
o primeiro capítulo apresentou o problema de pesquisa: caracterização geral do
tema, objetivos e justificativa da pesquisa a ser desenvolvida.
O segundo capitulo versa sobre o referencial teórico acerca do comprometimento.
Esse capítulo tratará das diversas vertentes teóricas, dos conceitos identificados
nesse tema e dos principais enfoques e correlatos envolvidos no assunto.
O capítulo 3 expõe a metodologia a ser aplicada na pesquisa sobre a forma de
comprometimento predominante na Administração Central dos Correios, bem como
a forma em que os dados serão coletados e analisados. Esse capítulo também
15
envolve a caracterização da organização a ser pesquisada e possui de um
cronograma que estabelece as datas previstas das ações necessárias para a
conclusão da elaboração deste trabalho.
Nos elementos pós-textuais tem-se a lista de referências literárias que deram
subsídios para o desenvolvimento do projeto e o modelo do questionário a ser
aplicado na coleta de dados.
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O presente capítulo aborda uma revisão bibliográfica do tema estudado, servindo
como referencial teórico para a pesquisa a ser desenvolvida.
Na literatura, há contribuição de distintas disciplinas científicas, durante mais de três
décadas de estudo, sobre as diversas concepções do comprometimento
organizacional (ZANELLI, BORGES-ANDRADE, BASTOS & COLS, 2004).
A Sociologia, as Teorias Organizacionais e a Psicologia Social foram três áreas de
teoria contribuíram para a investigação do comprometimento organizacional. A partir
dessas origens de contribuição, foi possível identificar cinco grandes vertentes de
pesquisa: o enfoque afetivo; instrumental; sociológico; comportamental e normativo
(BASTOS, 1993).
O comprometimento pode ser dirigido a diversos focos. De acordo com Naves e
Coleta (2003), múltiplos aspectos podem ser alvos do comprometimento do
indivíduo: a organização, o sindicato, a carreira, o grupo de colegas, o conjunto de
tarefas executadas, os objetivos e os valores.
Este trabalho se limitará à abordagem do comprometimento com foco na
organização, no qual ainda “podem ser identificadas distintas abordagens que
implicam em conceituação e propostas de mensuração diferenciadas” (BASTOS,
1994, p. 41), ou seja, o comprometimento com foco na organização ou
comprometimento organizacional possui múltiplas bases de naturezas distintas.
A seguir, serão tratados com mais aprofundamento os conceitos, as principais
vertentes, os antecedentes e os conseqüentes sobre os estilos de comprometimento
com foco na organização.
2.1 Conceito de Comprometimento
Vários pesquisadores assumem que o comprometimento organizacional é um
vínculo existente entre o indivíduo e a organização em que trabalha. No entanto,
17
uma divergência do conceito se refere à forma com que esse vínculo é estabelecido.
Bandeira, Marques e Veiga (2000) entendem o comprometimento organizacional
como um forte vínculo indivíduo-organização, que dispensaria energia e lealdade
nesta relação. Este último fator também interpretado por Bastos (1994).
Para Mowday (1982), o vínculo existente nesta relação está caracterizado pelos
fatores: esforço, crença e aceitação de valores e objetivos propostos pela
organização, bem como o desejo de se manter neste contexto.
Rego e Souto (2002) afirmam que do vínculo derivam atitudes e comportamentos
relevantes para a organização, visto que atitudes ligadas à assiduidade,
desempenho, pontualidade, intenção de abandono da organização e comportamento
são precursores do comprometimento.
Segundo Bastos (1997, p. 101), o vínculo pode ser descrito como “o desejo de
permanecer, de continuar; o sentimento de orgulho por pertencer; a identificação, o
apego, o envolvimento com objetivos e valores e engajamento, exercer esforço,
empenho em favor de”.
Enfim, há vários anos o comprometimento organizacional pode ser entendido como
um vínculo, ligação, conexão e envolvimento entre o indivíduo e a organização,
conforme sugerem distintos autores (Quadro 1).
Kanter (1968) – ligação afetiva e emocional de um indivíduo com o grupo.
Sheldon (1971) - conexão entre a identidade da pessoa e da organização.
Hall at al (1970) - congruência entre as metas individuais e organizacionais.
Buchanan (1974) - ligação afetiva com as metas e valores organizacionais.
Mowday at al. (1982) – identificação e envolvimento do indivíduo com uma organização.
Quadro 1: Definições do Comprometimento OrganizacionalFonte: Adaptada da Figura 2 Definições do Comprometimento Organizacional de Silva (2007, p. 23)
Diante do exposto, pode-se afirmar que o comprometimento organizacional é
caracterizado por um envolvimento que incita o indivíduo a realizar um esforço em
prol da empresa, sendo este afetado pela natureza do vínculo: afetivo, calculativo ou
normativo (NAVES e COLETA, 2003).
18
2.2 Comprometimento Afetivo
O comprometimento afetivo é o enfoque mais abordado no comprometimento
organizacional e tem como base as teorias de Etzioni (1975), que foram aprimoradas
com os trabalhos de Mowday, Porter e Steers (1979).
O comprometimento afetivo, também designado como atitudinal por alguns autores,
é caracterizado pela identificação do funcionário com a organização, desejando
manter-se como membro desta, de modo a viabilizar a execução dos objetivos
organizacionais (MULLER et al., 2005).
Neste mesmo enfoque, autores como Porter et al. (1979), Mowday (1998) e Meyer e
Allen (1997), citados por Silva (2007, p. 30), convergem na idéia de que o
comprometimento afetivo possui relação com três componentes “uma forte crença e
aceitação das metas e valores da organização; uma disposição em exercer um
considerável esforço em nome da organização e um firme desejo de manter-se
como membro da organização”.
Esses autores complementam essa definição com o sentimento de lealdade que o
indivíduo possui com a organização. Corroborando com as idéias de Mowday, Porter
e Steers (1982), Bastos (1993, p. 54) afirma que a abordagem atitudinal envolve
sentimentos de lealdade, desejo de permanecer na organização e de se esforçar em
prol dela, complementando que:
“Quando o comprometimento é assim definido, ele representa algo
além da simples lealdade passiva a uma organização. Ele envolve
uma relação ativa, na qual o indivíduo deseja dar algo de si próprio
para contribuir com o bem-estar da organização.”
Assim, este enfoque baseia-se no vínculo emocional e afetivo entre o indivíduo e a
organização, na qual o funcionário possui o desejo de contribuir com a organização
e demonstra sentimento de orgulho em permanecer nela.
Ao contrário de alguns autores nacionais, os precursores desta corrente assinalam
que além das crenças e opiniões dos indivíduos, o comprometimento afetivo pode
19
ser interferido pelas ações, bem como o comprometimento com a organização não
exclui a probabilidade de comprometimento com outros aspectos do ambiente, como
família, sindicato e partido político (BASTOS, 1993).
2.3 Comprometimento Calculativo
O enfoque instrumental do comprometimento organizacional tem como base as
teorias de Becker (1960) e, posteriormente, Ritzer e Trice (1969) e Hrebiniak e Alluto
(1972). Becker (1960, citado por Medeiros e Enders, 1998) afirma que a
permanência do indivíduo na organização ocorre devido a custos e benefícios
associados a sua saída. Desta maneira, acredita-se que o trabalhador preferia
permanecer na empresa, enquanto acreditava receber benefícios dela. Caso
contrário, o trabalhador optava por abandonar a organização.
Esta forma de comprometimento também é conhecida como instrumental,
continuação ou side bet, que pode ser traduzido como trocas laterais, que seria uma
analogia ao tempo, esforço e dinheiro investidos pelos trabalhadores.
Segundo Bastos (1993), o enfoque instrumental teria uma natureza mais sociológica
e seria a tendência de se engajar em linhas consistentes de atitudes devido aos
custos associados a agir de forma diferente, mecanismo este que envolve
investimentos que limitam o raio de ação posterior.
2.4 Comprometimento Normativo
A vertente normativa do comprometimento organizacional surgiu com a teoria de
Wiener (1982) e posteriores trabalhos de McGee e Ford (1987), ambos influenciados
por Etzioni (1975). Para esses autores, os indivíduos comprometidos exibem
comportamentos organizacionais que acreditam que seria certo e moral fazê-lo.
O comprometimento normativo pode ser definido como “a totalidade das pressões
normativas internalizadas e a conseqüente ação, de maneira a satisfazer os
interesses organizacionais” (Wiener, 1982, citado por Silva, 2007, p. 31).
20
Wiener e Vardi (1990, citados por Naves e Coleta, 2003) defendem a influência da
cultura organizacional nos trabalhadores, a fim de envolvê-los nos ideais da
empresa. Os autores ressaltam que a cultura só será influenciável desde que os
valores e normas sejam reconhecidos pelos membros como conduta moral e ética.
Outra abordagem desses autores se refere às pressões internalizadas em padrões
de comportamento, tais como o sacrifício, a persistência e a preocupação pessoal.
Nesse sentido, Bastos (1993, p.58) relata que a cultura é definida como o conjunto
de valores que produzem pressões normativas sobre os membros, as quais se
associam ao sistema de recompensas para influenciar o comportamento, ou seja, as
pressões predispõem o indivíduo a se comportar conforme padrões internalizados:
“Quanto mais forte o comprometimento, maior a predisposição do
indivíduo guiar as suas ações por padrões internalizados, mais do
que considerações racionais acerca das conseqüências dessas
ações. Assim, indivíduos comprometidos apresentam certos
comportamento não porque eles calculam que, em os apresentando,
obterão benefícios pessoais, mas porque eles acreditam que é certo
e moral fazê-lo.”
Bandeira, Marques e Veiga (2000) afirmam que esses pesquisadores também
acreditam que o comportamento é determinado pelo fator atitudinal, no sentido da
atitude como resultado da avaliação dos resultados da ação e pelo fator normativo,
acerca da percepção da ação como resultado de pressões normativas, geralmente
da cultura da empresa.
Segundo Rego e Souto (2004), o comprometimento normativo é identificado quando
o trabalhador interioriza as normas organizacionais ou quando recebe benefícios e
experiências que o induzem a sentir vontade de agir reciprocamente.
2.5 Antecedentes e Conseqüentes do Comprometimento
Apesar de Bandeira, Marques e Veiga (2000) afirmarem serem recentes os estudos
acerca das correlações das políticas organizacionais com o comprometimento
considerando, portanto, pouco consistentes em sua totalidade, os estudos nesse
sentido perduram desde 1982.
21
Estudiosos como Mowday, Portes e Steers (1982) já se preocupavam com a
identificação de antecedentes do comprometimento e consolidaram uma estratégia
de pesquisa que se define pelo uso de dados quantitativos e emprego de análises
estatísticas para identificar vínculos causais entre dados coletados (BASTOS, 1994).
Mathieu e Zajac (1990) também contribuíram com os antecedentes do
comprometimento ao publicarem uma revisão e meta-análise dos antecedentes do
comprometimento que resumem os resultados das pesquisas realizadas nesta área,
conforme representado na Figura 1, onde o autor considera correlações entre 0 e 20
como pequenas, entre 21 e 40 como moderadas e acima de 40 como altas.
Assim, os estudos acerca do comprometimento buscam examinar o quanto o
comprometimento está relacionado com as características pessoais e
organizacionais, bem como sua relação com variáveis como o absenteísmo,
rotatividade e desempenho no emprego.
FIGURA 1: Antecedentes, Correlatos e Conseqüentes do ComprometimentoFonte: Figura 2 Antecedentes, Correlatos e Conseqüentes do Comprometimento (correlações “corrigidas” apresentada na meta-análise de Mathieu e Zajac, 1990) de Bastos (1993, p. 61).
Para Tamayo (2001), os antecedentes do comprometimento estão ligados à
variáveis individuais (idade e tempo de empresa), características do trabalho
22
(tamanho, centralização, formalização), experiências no trabalho e características do
papel.
A respeito destas variáveis, o autor afirma que quanto maior a idade e o tempo de
empresa, mais elevado será o comprometimento. Entretanto, quanto maior o nível
educacional, menor será o grau de comprometimento. Além disso, Tamayo (2001)
estabelece correlações positivas entre o caráter inovador e o comprometimento.
Corroborando com as idéias de Tamayo (2001), Bastos (1993) cita que maior idade,
maior tempo na organização, maior nível ocupacional e maior remuneração
associam-se a um maior comprometimento. Bastos (1993) complementa a
informação afirmando que o comprometimento é maior entre os homens e que tende
a decrescer quanto maior o nível educacional.
Quanto às relações grupo-liderança, correlações mais elevadas de
comprometimento foram encontradas no estilo participativo de gerência e na
habilidade de comunicação do líder (BASTOS, 1993).
Bastos (1994) destaca outras correlações entre comprometimento e diversas
variáveis citadas por inúmeros autores, conforme relatado no Quadro 2.
No que se refere aos conseqüentes do comprometimento, as pesquisas buscam
relacionar as formas e graus de comprometimento com a performance do indivíduo
no trabalho, bem como as relações com as variáveis rotatividade e absenteísmo.
Assim, os estudos apontam que o alto grau de comprometimento leva a menor
rotatividade, baixo absenteísmo e melhoria do desempenho, ressaltando que a
relação comprometimento-rotatividade é mais forte em fase de início de carreira e
comprometimento-absenteísmo e comprometimento-desempenho são mais fortes
nas fases intermediárias e finais da carreira (BASTOS, 1993).
Ainda no âmbito dos conseqüentes, o autor afirma correlações mais expressivas
com várias intenções comportamentais como desejo de deixar o emprego em busca
de um novo emprego.
Acerca das formas de comprometimento, os estudos têm mostrado que quanto
maior o grau de comprometimento afetivo do funcionário, maior será sua
performance e quanto maior o grau de comprometimento instrumental, menos
satisfatório será o desempenho deste empregado no trabalho.
23
Assim, no que se refere ao comprometimento afetivo, Meyer e Allen (1997), citados
por Silva (2007, p. 28), afirmam que “os indicadores de desempenho verificados em
diversas amostras, sugerem que empregados com forte comprometimento afetivo
serão mais valiosos para a organização do que aqueles que apresentam
comprometimento afetivo fraco.”
Nesse contexto, Zanelli et al. (2004) afirmam que empregados comprometidos
afetivamente apresentam melhores indicadores de desempenho e ainda possuem
menores taxas de rotatividade, absenteísmo e intenção de sair da empresa.
Já no enfoque do comprometimento instrumental esses autores relatam uma relação
negativa do comprometimento com motivação, desempenho no trabalho e intenção
de sair da empresa. Desta forma, empregados com alto grau de comprometimento
instrumental tendem a ser menos motivados e a apresentarem menor nível de
desempenho no trabalho.
No âmbito do comprometimento normativo, os autores afirmam que experiências
individuais de socialização cultural, familiar e social anteriores à entrada na empresa,
quando se internaliza a importância de ser fiel a uma dada organização; e o
processo de socialização na própria empresa, na qual após a sua entrada, o
trabalhador pode acreditar que é esperado dele um forte compromisso normativo.
Autor CitaçãoLuthan et al. (1987); Glisson e Durik (1988); Mottaz (1998)
As correlações entre o comprometimento e as características pessoais tendem a ser reduzidas. Maior comprometimento está associado com maior idade, maior tempo na organização e maior remuneração.
Angle e Perry (1986) - Morris e Scherman (1981) - Mowday et al. (1982) - Dornstein e Matalon (1989)
O comprometimento entre as mulheres e entre os casados (homens e mulheres) tende a decrescer quanto maior for o nível educacional deles.
Buchnan (1974) - Kidron (1978) - Blau (1987)
O comprometimento é mais elevado entre os que aderem à ética protestante do trabalho.
Putti et al. (1989) O comprometimento é mais elevado entre os que aderem aos valores extrínsecos.
Mathieu & Hamel (1989) A descentralização afeta o comprometimento.Chelte & Tausky (1987) O tipo de ocupação constitui um dos moderadores da
imensidade do comprometimento.Vardi et al. Em organizações onde há grande valorização da sua
missão, os trabalhadores apresentam maior comprometimento normativo.
Caldwell et AL. (1990) Os processos de recrutamento e seleção, aliados a um sistema de valores claros, se associam a níveis mais elevados de comprometimento baseados na internalização.
24
Butler & Vodanovich (1992) O comprometimento normativo difere do instrumental em termos de valores relativos ao trabalho: trabalhadores com menos tempo na organização e que sustentam um comprometimento instrumental apóiam mais fortemente os valores extrínsecos, e aqueles que apresentam um comprometimento normativo valorizam os aspectos intrínsecos do trabalho.
Witting-Berman & Lang (1990) O comprometimento afetivo apresenta uma relação negativa mais forte com sintomas de stress e alienação, e relações positivas com comportamentos em favor da sociedade.
Popper & Lipshitz (1992) A preferência por trabalhar em organizações significativas para a sociedade associa-se ao comprometimento.
Shore & Wayne (1993) O comprometimento afetivo se relaciona com a percepção do suporte organizacional, revelando-se preditor do comportamento de cidadania organizacional, ao contrario do instrumental.
QUADRO 2: Citações descritas por Bastos (1994) sobre comprometimento v. variáveis diversasFonte: Bastos (1997), citado por Silva (2007, p. 29)
25
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA
Para a viabilização da análise do comprometimento organizacional percebido pelos
funcionários dos Correios, neste capítulo serão apresentados os aspectos
metodológicos da pesquisa, de acordo com o desenvolvimento das seguintes
seções: descrição geral da pesquisa; caracterização da organização ou área/setor
investigado; caracterização da população e amostra; caracterização dos
instrumentos de pesquisa; e descrição dos procedimentos de coleta e de análise de
dados empregados.
3.1 Tipo e descrição geral da pesquisa
A pesquisa do comprometimento organizacional realizada na Administração Central
dos Correios buscou avaliar o enfoque de comprometimento percebido pelos
colaboradores da empresa.
Além da identificação do enfoque de comprometimento, a pesquisa expõe sobre as
características dos funcionários e suas correlações com o comprometimento,
portanto trata-se de uma pesquisa de caráter descritiva.
O processo de investigação abordou uma pesquisa de campo, quantitativa, cuja
coleta dos dados se deu por meio de um questionário, já validado, que buscou
identificar em qual enfoque de comprometimento o funcionário está enquadrado.
A partir dos dados e correlações encontrados, o trabalho apresentou ações que
desenvolvam o comprometimento organizacional dos funcionários da empresa.
3.2 Caracterização da organização, setor ou área
A organização pesquisada foi a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos,
empresa pública, onde seu único acionista é o Governo Federal. Trata-se de uma
26
organização subordinada ao Ministério das Comunicações. A missão dos Correios é
“oferecer soluções acessíveis e confiáveis para conectar pessoas, instituições e
negócios, no Brasil e no mundo” e sua visão é “ser uma empresa de classe
mundial”.
A empresa possui valores focados na ética, meritocracia, respeito às pessoas,
compromisso com o cliente e sustentabilidade. Sua criação, no dia 20 de março de
1969, pela Lei nº. 509, foi essencial para a reorganização do sistema postal no país.
O antigo Departamento de Correios e Telégrafos (DCT) era uma entidade obsoleta
que não vinha conseguindo satisfazer a nova demanda por serviços de correios no
Brasil. Sua antiga infra-estrutura não era compatível com as necessidades dos
usuários.
Após 1969, a Empresa evoluiu bastante em vários aspectos e passou a ser uma
organização que realiza importante função de integração e de inclusão social. Nesse
sentido, a empresa oferece vários programas sociais e culturais em todos os
estados brasileiros e no Distrito Federal. Além disso, a empresa também é
responsável pelo patrocínio de diversas atividades esportivas no cenário nacional.
Na década de 1980, a empresa se afirmou como instituição nacional de maior
credibilidade perante a sociedade, devido à qualidade dos serviços postais por ela
prestados.
Os Correios prestam inúmeros serviços e possuem um grande leque de produtos
nacionais e internacionais. Entre eles, pode-se citar: telegramas, encomendas,
cartas comuns e especiais e malotes.
A empresa oferece à sociedade serviços expressos, com rapidez, segurança,
comodidade e com alto nível de credibilidade, como o Sedex. Este produto é um dos
maiores responsáveis pela receita da empresa e possui algumas variações no que
diz respeito ao tempo de entrega (urgência): Sedex comum, Sedex 10, Sedex Hoje,
Sedex Mundi, e-Sedex e outros.
Atualmente, pode-se afirmar que a globalização econômica e a integração de
mercados trouxeram uma grande dinamicidade ao mercado postal brasileiro e diante
desse desafio, surgiu em 2009 o Plano de Diretrizes de Modernização dos Correios,
elaborado pelo Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), criado pelo Presidente da
27
República. Tal Plano versa sobre políticas e ações para a modernização da
empresa.
Outro assunto recente se refere à conquista do monopólio postal, em agosto de
2009, na qual o Supremo Tribunal Federal julgou improcedente a ação de quebra do
monopólio postal dos Correios pela ação de apresentada em 2003 pela Associação
Brasileira das Empresas de Distribuição (Abraed).
Com a manutenção do monopólio, os Correios continuarão atuando com
exclusividade na captação e entrega de telegramas, cartões postais,
correspondências agrupadas e cartas. Já as remessas de mercadorias,
encomendas, impressos em geral continuarão sendo exploradas em regime de livre
concorrência.
Com relação a sua estrutura administrativa, os Correios possuem uma
Administração Central, sediada no Setor Bancário Norte, em Brasília e 28 Diretorias
Regionais distribuídas nos vários estados brasileiros. A Administração Central uma é
atualmente é composta pelo Conselho Fiscal, Conselho de Administração, Auditoria,
Presidência, Gabinete da Presidência, Superintendência Executiva e seis Diretorias,
bem como seus departamentos subordinados, como mostra o Anexo A.
Esta cúpula da empresa é composta por membros nomeados pelo Presidente da
República, que dentre outras funções, fixam a orientação geral dos negócios da
empresa, aprovam seu orçamento e seus planos gerais e exercem a administração
superior da empresa.
O quadro de pessoal da empresa é composto por 108.808 funcionários, dos quais
cerca de 85% pertencem à área operacional e 15% à área administrativa. A
Administração Central dos Correios representa um quadro de pessoal composto por
2.436 funcionários. Desse efetivo, há pesquisas realizadas pela empresa que
relatam que, 56% são do sexo masculino e 70% possuem ensino superior completo.
3.3 População e amostra
O universo da pesquisa foram os funcionários da Administração Central dos
Correios, que inclui chefes de departamento, gerentes, analistas e técnicos dos
28
quarenta departamentos das áreas comercial, tecnológica, operacional, gestão de
pessoas, presidência e departamentos independentes.
O quadro efetivo dos Correios conta com 108.808 funcionários, do quais cerca de
85% são carteiros e 15% estão distribuídos entre as áreas administrativas e
estratégicas da Administração Central e das 28 Diretorias Regionais.
A pesquisa se limitou à Administração Central, que conta com o efetivo de 2.436
funcionários. Deste total, uma amostra permitirá tirar conclusões sobre a forma de
comprometimento organizacional identificado em toda a organização.
Desta forma, o cálculo da amostra, com um nível de confiança de 95%, margem de
erro de 5% e com o índice de 1/3 para a ocorrência da forma de comprometimento,
perfaz o total de 310 questionários aplicados, conforme demonstração abaixo:
Portanto, a amostra é não probabilística, por acessibilidade e por processo bola de
neve, uma vez que os funcionários foram selecionados de acordo com o grau de
contato com a pesquisadora, bem como uma amostra aleatória de funcionários deu
origem a outras amostras.
3.4 Caracterização dos instrumentos de pesquisa
O instrumento de pesquisa (Anexo B) foi baseado no modelo desenvolvido por
Meyer e Allen (1991), adaptado ao Brasil por Siqueira (2001, p.8), contemplando
questões fechadas de escalonamento tipo Likert, que conforme relatado por
Malhotra (2001), é a técnica que possui cinco alternativas que vão de concordo
totalmente a discordo totalmente.
n = 310
25 * 2.435 + 4 * 33,3 * 66,6
4 * 33,3 * 66,6 * 2.436n =
e2 (N-1) + 2 p.q
2. p . q . Nn =
29
O processo de validação empírica deste questionário resultou em índices
estatísticos que atestam a viabilidade de sua aplicação: 34,8% total de variância e
Alphas de Cronbach variando entre 0,86 e 0,92.
O modelo dos autores supracitados aborda um conjunto de itens do questionário
pretende demonstrar o enfoque de comprometimento predominante: Afetivo,
Normativo ou Instrumental. O questionário contempla 15 itens acerca do
comprometimento Calculativo, 5 itens referentes ao Afetivo e 7 itens sobre o
Normativo.
O instrumento também conta com itens objetivos a respeito de dados demográficos
e funcionais dos respondentes (sexo, estado civil, escolaridade, função ocupada,
escolaridade e tempo de serviço), que auxiliaram na identificação de possíveis
relações de causa e efeito entre as variáveis e forneceram maior evidência quanto
às correlações já identificadas por outros pesquisadores da área.
Por meio deste questionário, foi permitida possíveis associações entre os dados
demográficos e a forma de comprometimento predominante nos funcionários dos
Correios.
3.5 Procedimentos de coleta e de análise de dados
Os questionários foram entregues pessoalmente e via e-mail a funcionários de
diversos departamentos, abordados aleatoriamente, com uma breve explanação
escrita sobre a pesquisa. Os instrumentos foram entregues na manhã dos dias 27 e
28 de outubro, com o prazo de 48 horas para sua devolução.
Os dados obtidos pelo questionário foram organizados, tabulados e analisados por
meio do software Statistical Package for the Social Sciences – SPSS versão 13 para
caracterização (freqüência, média, desvio padrão e moda) e testagem das
associações entre os dados demográficos e os três enfoques de comprometimento
dos funcionários dos Correios.
30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados os resultados e análises da pesquisa aplicada na
Administração Central dos Correios, com base nos objetivos e no referencial teórico
desse trabalho.
Visando esclarecer os objetivos propostos, primeiramente serão abordados os
resultados das análises estatísticas descritivas, tais como média (M), moda (Mo) e
desvio-padrão (dp) dos dados demográficos e dos itens referentes a cada um dos
três fatores do comprometimento organizacional. Ainda serão analisados os fatores
do comprometimento e as variáveis demográficas, por meio do Teste T para o
cálculo de diferença entre duas variáveis.
A partir da aplicação da parte II do Questionário (Apêndice A), referente aos dados
demográficos, foi possível identificar que a maioria dos questionados são homens
(59%), casados (60,3%), com nível superior completo (50,6%), sem função (40,3%),
com uma média de 39 anos de idade e de 12 anos de empresa, conforme
constatado na Tabela 1.
Freqüência PercentualDesvio Padrão
Média
Sexo Feminino 125 41,00%-
Masculino 185 59,00%
Estado Civil Solteiro 123 39,70%-
Casado 187 60,30%
Escolaridade Ensino Médio Completo 44 14,20%
-
Superior Completo 157 50,60%Especialização Completa
95 30,60%
Mestrado Completo 11 3,50%
Doutorado Completo 3 1,00%
Função Não Possui Função 125 40,30%
-
Entre Analista I e VI 100 32,30%Entre Analista VII e XII 54 17,40%Gerente Corporativo 10 3,20%
Chefe de Departamento 5 1,60%
Outros 16 5,20%
Idade - - 9,34 39,19
Tempo de Serviço - - 10,9 12,21Tabela 1: Dados DemográficosFonte: Dados de pesquisa
31
A partir da aplicação da parte I do Questionário (Apêndice A), que abordou 27 itens,
com questões associadas a um escala do tipo Likert de 5 pontos (1=discordo
totalmente até 5=concordo totalmente) possibilitou-se a obtenção do enfoque de
comprometimento organizacional predominante na Administração Central da
empresa.
Diante da escala Likert, valores entre 1 a 2,49 são considerados baixos; valores
entre 2,5 a 3,49 são considerados moderados e valores superiores a 3,5 são
considerados altos.
No que consiste ao desvio padrão, medida indicadora de discrepâncias no momento
da marcação da resposta, ou seja, que acusa heterogeneidade do grupo
pesquisado; é denotado como presença de divergência entre respostas os desvios
padrões elevados (dp>0,90) e homogeneidade de respostas para desvios padrões
baixos (dp<0,90).
A Tabela 2 consiste da apresentação dos itens 1 a 15, que compõe o
comprometimento calculativo, no qual é possível identificar uma média geral de 2,55
e desvio padrão geral de 0,69.
Percebe-se que a tendência de resposta para os itens referentes ao
comprometimento calculativo foi de discordância (Mo=2), logo a média geral
(M=2,55) representa um grau de comprometimento calculativo moderado, com um
baixo desvio padrão (dp=0,69).
Vale destacar que os itens 7 e 13, que atingiram melhores avaliações (M=2,99 e
M=3,50) se referem a estabilidade e aos benefícios, respectivamente. Assim, infere-
se que os funcionários estão relativamente satisfeitos com os benefícios oferecidos
pela empresa e se mantém ligados a ela devido à estabilidade no emprego.
A percepção dos funcionários quanto ao item 10, relacionado às dificuldades para
ganhar um salário tão bom quanto ao que o funcionário possui em um possível
pedido de demissão, foi o item que apresentou maior dispersão de respostas, com o
desvio padrão (dp=1,15), o que se infere dizer que não há um consenso entre os
respondentes a respeito desse item.
32
Itens do Comprometimento Calculativo Média ModaDesvio Padrão
1.Eu perderia o prestígio que tenho hoje por ser empregado dessa empresa.
2,01 1 1,06
2. Eu estaria prejudicando minha vida profissional. 2,20 2 1,03
3.Eu teria mais coisas a perder do que ganhar com esse pedido de demissão.
2,84 2 1,13
4.Eu estaria desperdiçando todo o tempo que já dediquei a essa empresa.
2,46 2 1,13
5. Eu deixaria para trás tudo que já investi nessa empresa. 2,71 2 1,136. Eu estaria jogando fora todo o esforço que fiz para aprender. 2,18 2 1,08
7.Eu perderia a estabilidade no emprego que tenho hoje nessa empresa.
2,99 4 1,21
8.Eu demoraria para conseguir ser tão respeitado em outra empresa como sou hoje dentro da empresa.
2,49 2 1,15
9.Eu jogaria fora todos os esforços que fiz para chegar onde cheguei dentro dessa empresa.
2,50 2 1,06
10.Eu teria dificuldades para ganhar um salário tão bom quanto o que tenho hoje.
2,32 2 1,15
11.Eu teria dificuldade para conseguir outro cargo que me desse o mesmo prestígio que tenho com o meu cargo atual.
2,29 2 1,09
12.Eu demoraria para encontrar em outra empresa pessoas tão amigas quanto as que tenho hoje entre meus colegas de trabalho.
2,68 2 1,08
13. Eu deixaria de receber vários benefícios que essa empresa oferece. 3,50 4 1,07
14.Eu perderia a liberdade que tenho de realizar meu trabalho dentrodessa empresa.
2,80 3 1,07
15. Eu levaria muito tempo para me acostumar com um novo trabalho. 2,22 2 0,95
Médias Globais 2,55 2 0,69Tabela 2: Dados do Comprometimento CalculativoFonte: Dados de pesquisa
A Tabela 3 apresenta os itens 16 a 20, que se relacionam ao comprometimento
afetivo. Dentre os enfoques de comprometimento estudados, o Afetivo foi o que
obteve a maior média e desvio padrão (M=3,11 e dp=0,90).
Apesar de ter apresentado a maior média, considerada moderada, o
comprometimento afetivo percebido pelos funcionários pesquisados não foi
consensual, visto que o desvio padrão foi alto.
Os itens 19 e 20, referentes ao comprometimento afetivo tiveram avaliações
superiores aos demais itens do questionário (M=3,41 e M=3,43). Essa pontuação
permite afirmar que os funcionários possuem o sentimento de orgulho e interesse
pela empresa em que trabalham. Tais constatações podem ser explicadas devido ao
reconhecimento dos Correios, eleito recentemente como uma das cinco instituições
33
mais confiáveis pelos brasileiros, o que remete aos próprios funcionários o
sentimento de orgulho em trabalhar nessa instituição.
O item com a menor pontuação foi o 16 (M=2,76), relativo ao baixo entusiasmo que
o funcionário possui pela empresa, podendo ser explicado devido à recente
reestruturação na Administração Central e constantes mudanças políticas na direção
da empresa, que afetam os funcionários. Ou seja, apesar do orgulho e sentimento
de interesse demonstrado pelos funcionários, há fatores inerentes à administração
que os levam a um baixo índice de entusiasmo.
Itens do Comprometimento Afetivo Média ModaDesvio Padrão
16. Animado com ela. 2,91 3,00 1,0617. Contente com ela. 3,04 4,00 1,0518. Entusiasmado com ela. 2,76 3,00 1,0419. Interessado por ela. 3,41 4,00 1,0820. Orgulhoso dela. 3,43 4,00 1,10Médias Globais 3,11 4,00 0,90Tabela 3: Dados do Comprometimento AfetivoFonte: Dados de pesquisa
O terceiro enfoque de comprometimento pesquisado é o Normativo, que apresentou
média geral 2,25 e desvio padrão geral 0,66, conforme representado na Tabela 4.
Diante desta pontuação, ao comparar os enfoques de comprometimento, percebe-se
que o Normativo possui média e desvio padrão inferiores.
Os itens do comprometimento normativo que apresentaram menores avaliações
foram os itens 22 e 23 (M=1,77 e M=1,65), dizem respeito à desonestidade ao sair
da empresa e a obrigação em continuar trabalhando na empresa. Já o item mais
expressivo dessa categoria, item 24, se refere ao que a empresa fez pelo funcionário
no passado. Assim, os funcionários reconhecem o investimento que a empresa fez
por eles e continuam trabalhando nos Correios devido a esse reconhecimento. No
entanto, não se vêem obrigados a continuar na empresa somente por esse motivo.
Itens do Comprometimento Normativo Média ModaDesvio Padrão
21. Eu seria injusto com essa empresa se pedisse demissão agora e fosse trabalhar em outra empresa.
1,97 2 0,96
22. Seria desonesto de minha parte ir trabalhar para outra empresa agora.
1,77 2 0,80
23. É minha obrigação continuar trabalhando para essa empresa. 1,65 1 0,8724. Nesse momento, essa empresa precisa de meus serviços. 2,81 3 1,17
34
25. É a gratidão por essa empresa que me mantém ligado a ela. 2,29 2 1,1126. Essa empresa já fez muito por mim no passado. 2,89 3 1,21
27. Continuar trabalhando nessa empresa é uma forma de retribuir o que ela já fez por mim.
2,37 2 0,99
Médias Globais 2,25 2 0,66Tabela 4: Dados do Comprometimento NormativoFonte: Dados de pesquisa
A partir da análise fragmentada dos itens da parte I do Questionário, pode-se
verificar na Tabela 5 a maior média nos itens referentes ao comprometimento afetivo
(M=3,11 e dp=0.90), seguido do comprometimento calculativo (M=2,55 e dp=0,69) e
o comprometimento normativo (M=2,25 e dp=0,66). Portanto, o enfoque de
comprometimento organizacional predominante na Administração Central dos
Correios é o comprometimento afetivo.
Segundo Naves (2003) e Zanelli (2004), os funcionários afetivamente
comprometidos tendem a contribuir de forma positiva para a empresa tendo em vista
que, assim, manifestam um desejo de permanecer como membro da organização e
exercem um esforço considerável em favor dela. Assim, os funcionários pesquisados
estão expressando seu desejo de permanecerem na organização.
Ao se reportar a resposta sobre qual é o enfoque de comprometimento
organizacional predominante nos Correios, obtém-se que a base de
comprometimento mais evidente é a afetiva. No entanto não é única e exclusiva,
visto que é sustentada pelos outros enfoques calculativo e normativo, em menores
escores. Portanto, o apego às normas e às compensações que o emprego nos
Correios oferece também são sentimentos constatados pelos funcionários da
Empresa.
Enfoques do Comprometimento Organizacional Média ModaDesvio Padrão
Comprometimento Afetivo 3,11 4 0,9Comprometimento Calculativo 2,55 2 0,69Comprometimento Normativo 2,25 2 0,66Tabela 5: Análise descritiva dos Enfoques do Comprometimento OrganizacionalFonte: Dados de pesquisa
Com o objetivo de investigar variações de comprometimento com relação às
características funcionais e pessoais dos entrevistados, as Tabelas 6 e 7
apresentam os resultados do Teste T, com nível de significância <0,05. Assim, foram
reunidos dois grupos de cada variável demográfica que possibilitaram identificar as
35
diferenças entre grupos nos enfoques do comprometimento. A definição da média de
corte entre os grupos de cada variável demográfica foi baseada nas médias globais
apresentadas anteriormente.
Pode-se constatar na Tabela 6 que, no quesito sexo, as médias do
comprometimento organizacional apresentaram maiores índices para o sexo
masculino. Apesar da maior média (M=3,23) estar centrada no comprometimento
afetivo masculino, nota-se que a maior diferença entre os sexos se referiu ao
comprometimento calculativo, com o grau de significância menor que 0,01, ou seja,
a diferença entre a média de respostas da categoria sexo do comprometimento
calculativo foi significativa (p<0,01). Assim, infere-se que, os homens tendem a
ponderar se tempo, o esforço dedicado e o dinheiro recebido compensam continuar
trabalhando na organização ou abandoná-la. Na análise aprofundada dos itens, os
resultados mostram ainda que os homens possuem maior receio em perder
liberdade, retribuições e investimentos profissionais do que as mulheres.
Esse comportamento pode ser explicado devido ao sólido posicionamento do
homem no mercado, enquanto as mulheres ainda estão conquistando este espaço
em busca de boas recompensas profissionais seja nos Correios ou em outra
instituição.
No quesito sexo, vale ressaltar que o grau de significância registrado no
comprometimento afetivo (p<0,05) é expressivo, o que conclui afirmar que os
questionados do sexo masculino são mais comprometidos afetivamente, que as
mulheres.
De forma geral, os homens que participaram da pesquisa relataram médias de
comprometimento maiores que as mulheres, o que confirma a hipótese de Bastos
(1993) ao relatar que o comprometimento é maior entre os homens.
Nas categorias referentes ao estado civil e escolaridade, embora Tamayo (2001)
afirme que quanto maior o nível educacional, menor será o grau de
comprometimento; os níveis de significância da pesquisa são todos superiores a
0,05, indicando não haver diferenças significativas entre as percepções de casados
e solteiros; e escolaridade até o nível superior e acima deste.
O dado demográfico relacionado à função ocupada demonstrou níveis de
significância superiores nos comprometimentos calculativo e normativo, com p<0,01.
36
Assim, no que se refere ao comprometimento calculativo, os funcionários com
menores funções se mostraram mais comprometidos quando comparados aos que
possuem maiores funções. Por outro lado, os funcionários com funções mais
elevadas apresentaram maiores médias de comprometimento normativo.
Diante do exposto, infere-se que os funcionários com funções até Analista VI,
tendem a avaliar melhor as perdas sociais, de investimentos feito na organização, de
retribuições funcionais e profissionais que sofreriam se saíssem da empresa, fatores
estes inerentes ao comprometimento calculativo. Desse comportamento infere-se
que os colaboradores com menores funções se comprometem mais, pois ainda
vislumbram a possibilidade de crescimento na empresa.
Os quesitos tempo de serviço e idade apresentaram altos níveis de significância
p<0,01 em todos os tipos de comprometimento quando foram calculadas as
diferenças entre médias. Ressalta-se que para a categoria tempo de serviço, o
número de corte foi de 12 anos de empresa e na categoria idade, o número de corte
foi de 39 anos de idade.
Da Tabela 6 pode-se verificar que é significativo que os colaboradores com tempo
de empresa menor que 12 anos e com menos de 39 anos idade possuem maior
nível de comprometimento calculativo, afetivo e normativo. Assim, infere-se que os
colaboradores mais novos e com menor tempo de empresa são mais engajados e
motivados no trabalho, a fim de conquistarem reconhecimento, respeito e ascensão
profissional na empresa; espaço este já conquistado por aqueles com idade acima
de 39 anos e com mais de 12 anos de empresa.
Nesse contexto, Medeiros e Enders (1998) afirmam que manter os funcionários
dedicados, engajados e empáticos com a organização é uma das grandes
preocupações das organizações.
Ao contrário do que afirmam Bastos (1993) e Tamayo (2001), que quanto maior a
idade e o tempo de empresa, mais elevado será o comprometimento do colaborador,
a pesquisa revelou, por meio do Teste T, que essa constatação não ocorre na
pesquisa realizada.
37
Calculativo Afetivo Normativo
N MédiaDesvio Padrão
MédiaDesvio Padrão
MédiaDesvio Padrão
SexoFeminino 125 2,32 0,60 2,94 0,86 2,17 0,68
Masculino 185 2,71 0,71 3,24 0,93 2,31 0,64
Estado CivilSolteiro 123 2,55 0,67 2,98 0,85 2,38 0,64
Casado 187 2,55 0,71 3,20 0,93 2,17 0,67
Função Ocupada
Até Analista VI
185 2,68 0,71 3,23 0,94 2,36 0,68
Acima de Analista VI
125 2,35 0,61 2,94 0,84 2,10 0,60
Tempo de Serviço
Até 12 anos 121 2,85 0,73 3,41 0,83 2,48 0,70
Acima de 12 anos
189 2,36 0,59 2,93 0,91 2,11 0,59
IdadeAté 39 anos 154 2,74 0,73 3,28 0,90 2,39 0,65
Acima de 39 anos
156 2,36 0,59 2,95 0,88 2,12 0,65
Escolaridade
Até Nível Superior
266 2,55 0,70 3,10 0,91 2,27 0,64
Acima de Nível Superior
44 2,57 0,66 3,21 0,93 2,16 0,76
Tabela 6:Teste T de diferença entre as médias do comprometimento x variáveis demográficasFonte: Dados de pesquisa
Dados Demográficos
ComprometimentoComparação Variância
t DFSig. (2-tailed)
Sexo Calculativo Assumida -5,123 308 0
Não assumida -5,275 295,563 0
Sexo Afetivo Assumida -2,823 308 0,005
Não assumida -2,863 283,847 0,005
Sexo Normativo Assumida -1,784 308 0,075
Não assumida -1,763 259,968 0,079
Estado Civil Calculativo Assumida -0,055 308 0,956
Não assumida -0,056 269,319 0,956
Estado Civil Afetivo Assumida -2,119 308 0,035
Não assumida -2,16 277,562 0,032
Estado Civil Normativo Assumida 2,676 308 0,008
Não assumida 2,704 270,245 0,007
Função Calculativo Assumida 4,241 308 0
Não assumida 4,37 291,102 0
Função Afetivo Assumida 2,773 308 0,006
38
Não assumida 2,835 285,235 0,005
Função Normativo Assumida 3,452 308 0,001
Não assumida 3,544 288,567 0
Tempo de Serviço Calculativo Assumida 6,581 308 0
Não assumida 6,281 216,768 0
Tempo de Serviço Afetivo Assumida 4,655 308 0
Não assumida 4,744 271,648 0
Tempo de Serviço Normativo Assumida 5,045 308 0
Não assumida 4,871 226,012 0
Idade Calculativo Assumida 4,968 308 0
Não assumida 4,961 293,602 0
Idade Afetivo Assumida 3,293 308 0,001
Não assumida 3,293 307,614 0,001
Idade Normativo Assumida 3,565 308 0
Não assumida 3,566 307,986 0
Escolaridade Calculativo Assumida -0,222 308 0,824
Não assumida -0,231 59,964 0,818
Escolaridade Afetivo Assumida -0,733 308 0,464
Não assumida -0,718 57,265 0,476
Escolaridade Normativo Assumida 1,056 308 0,292
Não assumida 0,94 53,757 0,352Tabela 7: Teste T de Significância do comprometimento x variáveis demográficasFonte: Dados de pesquisa
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5 CONCLUSÕES E RECOMEDAÇÕES
O presente trabalho teve como objetivo verificar o enfoque de comprometimento
organizacional predominante nos funcionários da Administração Central dos
Correios, e possíveis relações entre variáveis demográficas e funcionais desses com
o comprometimento organizacional.
Para viabilizar o estudo, foi realizada uma revisão teórica sobre o tema que forneceu
subsídios para a pesquisa descritiva realizada com os 310 funcionários da ECT.
Pode-se considerar que o objetivo foi alcançado visto que foi possível identificar que
o comprometimento organizacional predominante é o Afetivo, que apresentou maior
média e também foi possível verificar que há uma diferenciação de percepção do
comprometimento de acordo com dados pessoais e funcionais dos pesquisados.
Vale ressaltar que, além do comprometimento organizacional afetivo, a pesquisa
também identificou a presença do Normativo e Calculativo.
Acerca dos três principais enfoques do comprometimento, Hersey e Blanchard (1982
apud Silva, 2007) afirma que a pessoa sadia é aquela que tem uma personalidade
que mantém equilíbrio entre os estados de ego inerentes ao comprometimento
afetivo, calculativo e normativo.
Tendo em vista que não foi identificado comprometimento com médias equilibradas
entre os três enfoques, sugerem-se algumas recomendações acerca das políticas de
gestão de pessoas na tentativa de promover a elevação do grau de
comprometimento geral dos funcionários da empresa.
Segundo Bandeiras, Marques e Veiga (2000), as políticas de recursos humanos
influenciam, de certa forma, o envolvimento dos empregados, sendo que esse
vínculo pode assumir inúmeras facetas.
Na análise das variáveis demográficas, os pontos identificados como críticos da
pesquisa se referem à média de comprometimento dos funcionários que possuem
maior tempo de serviço (M=2,11 e dp=0,59) e escolaridade maior que o nível
superior (M=2,16 e dp=0,76), principalmente no que tange ao comprometimento
normativo.
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Na análise dos enfoques de comprometimento, o Normativo (M=2,25 e dp=0,66) e o
Calculativo (M=2,55 e dp=0,69) apresentam baixos índices de comprometimento.
Diante das estatísticas apresentadas, recomendam-se mudanças e melhorias nas
políticas e práticas de gestão de pessoas, com atenção especial para o tempo de
serviço e grau de escolaridade do funcionário. Assim, os colaboradores que
apresentaram os menores índices de comprometimento teriam definições claras
acerca dos benefícios que as variáveis: tempo de serviço e nível de escolaridade
poderiam proporcionar.
Segundo Naves e Coleta (2003), o comprometimento normativo pode ser percebido
quando há benefícios e experiências que induzem a sentir vontade de agir
reciprocamente. Assim, políticas de recursos humanos como ações de valorização
dos funcionários com mais de 12 anos de empresa e com mestrado e doutorado,
poderiam elevar o grau de tal comprometimento, que se mostrou com baixa
avaliação.
Para uma clara avaliação acerca das melhores políticas de recursos humanos que
desencadeiam altos níveis de comprometimento sugere-se uma análise
aprofundada, com entrevistas individuais e grupos focais, visando identificar
mudanças e melhorias nas políticas e práticas de gestão de pessoas para o
aumento do grau de comprometimento dos funcionários.
Concluindo, o trabalho realizado apurou que existem aspectos do comprometimento
que podem ser melhorados mediante adoção de ações de recursos humanos que
visem aumentar o grau de comprometimento dos empregados. Portanto, faz-se
necessária que a realização de tal pesquisa seja uma frequente na ECT, de modo a
monitorar o grau de comprometimento dos empregados em relação às políticas de
pessoal adotadas pela empresa, buscando assim, com colaboradores mais
comprometidos, ser uma empresa mais fortalecida perante o mercado.
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REFERÊNCIAS
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VERGARA, C. S. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração, 7ª Ed. São Paulo: Ed. Atlas S.A., 2007
ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. & cols. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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ANEXOS
Anexo A: Organograma da Administração Central dos Correios
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Anexo B: Questionário
Prezado (a) colaborador (a),
Sou aluna do curso de Administração da Universidade de Brasília e meu trabalho de conclusão de curso consiste em uma pesquisa sobre o comprometimento organizacional percebido por funcionários da Administração Central dos Correios.
Neste sentido, solicito sua colaboração para responder ao questionário anexo. Há 27 afirmativas para as quais você deve assinalar um número entre “1” e “5”, sendo que quanto mais próxima de um for a sua resposta, mais você discorda e quanto mais próxima de cinco a sua resposta, mais você concorda com a afirmativa.
No final do questionário peço informações sobre alguns de seus dados biográficos e funcionais, que serão utilizados apenas para verificação de possíveis tendências de respostas em razão das características de grupos de participantes da pesquisa.
Sua participação é voluntária e seu nome não será divulgado. Os dados serão analisados de forma agregada, de modo a não associar a indivíduos de forma específica. Não existem respostas certas ou erradas. O que importa é sua percepção a respeito de cada afirmativa.
Peço a gentileza de responder ao questionário, se possível, em até 48 horas, prazo em que serão recolhidos.
Agradeço antecipadamente sua participação.
Natália Fernandes [email protected]
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QUESTIONÁRIO
PARTE I – COMPROMETIMENTO
Considerando a organização em que você trabalha, responda os 27 itens de acordo com o quanto você concorda com cada uma das afirmativas conforme a escala abaixo.
1 2 3 4 5Discordo
totalmenteDiscordo
Não concordo Nem discordo
ConcordoConcordo totalmente
Pedir demissão da empresa onde eu trabalho e ir para outra instituição não valeria a pena porque...
1 Eu perderia o prestígio que tenho hoje por ser empregado dessa empresa. 1 2 3 4 5
2 Eu estaria prejudicando minha vida profissional. 1 2 3 4 5
3 Eu teria mais coisas a perder do que ganhar com esse pedido de demissão. 1 2 3 4 5
4 Eu estaria desperdiçando todo o tempo que já dediquei a essa empresa. 1 2 3 4 5
5 Eu deixaria para trás tudo que já investi nessa empresa. 1 2 3 4 5
6 Eu estaria jogando fora todo o esforço que fiz para aprender. 1 2 3 4 5
7 Eu perderia a estabilidade no emprego que tenho hoje nessa empresa. 1 2 3 4 5
8Eu demoraria para conseguir ser tão respeitado em outra empresa como sou hoje dentro da empresa. 1 2 3 4 5
9 Eu jogaria fora todos os esforços que fiz para chegar onde cheguei dentro dessa empresa. 1 2 3 4 5
10 Eu teria dificuldades para ganhar um salário tão bom quanto o que tenho hoje. 1 2 3 4 5
11Eu teria dificuldade para conseguir outro cargo que me desse o mesmo prestígio que tenho com o meu cargo atual. 1 2 3 4 5
12Eu demoraria para encontrar em outra empresa pessoas tão amigas quanto as que tenho hoje entre meus colegas de trabalho. 1 2 3 4 5
13 Eu deixaria de receber vários benefícios que essa empresa oferece a seus funcionários. 1 2 3 4 5
14 Eu perderia a liberdade que tenho de realizar meu trabalho dentro dessa empresa. 1 2 3 4 5
15 Eu levaria muito tempo para me acostumar com um novo trabalho. 1 2 3 4 5
A empresa onde eu trabalho me faz sentir...
16 Animado com ela. 1 2 3 4 5
17 Contente com ela. 1 2 3 4 5
18 Entusiasmado com ela. 1 2 3 4 5
19 Interessado por ela. 1 2 3 4 5
20 Orgulhoso dela. 1 2 3 4 5
Sobre a empresa que eu trabalho, posso perceber...
21Eu seria injusto com essa empresa se pedisse demissão agora e fosse trabalhar em outra empresa. 1 2 3 4 5
22 Seria desonesto de minha parte ir trabalhar para outra empresa agora. 1 2 3 4 5
23 É minha obrigação continuar trabalhando para essa empresa. 1 2 3 4 5
24 Nesse momento, essa empresa precisa de meus serviços. 1 2 3 4 5
25 É a gratidão por essa empresa que me mantém ligado a ela. 1 2 3 4 5
26 Essa empresa já fez muito por mim no passado. 1 2 3 4 5
27 Continuar trabalhando nessa empresa é uma forma de retribuir o que ela já fez por mim. 1 2 3 4 5
PARTE II - DADOS DEMOGRÁFICOS
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Idade: ____ anos
Tempo de Serviço: ____ anos
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Estado Civil: ( ) Solteiro/vive só ( ) Casado/vive com alguém
Escolaridade: ( ) Fundamental completo ( ) Ensino médio completo ( ) Superior completo ( ) Especialização completa ( ) Mestrado completo ( ) Doutorado completo
Função Ocupada: ( ) Não possuo função ( ) Entre Analista I e VI ( ) Entre Analista VII e XII ( ) Gerente Corporativo ( ) Chefe de Departamento