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XII POLITICOM Juiz de Fora (MG) - 17 e 18 de Outubro de 2013 XI Encontro Regional de Comunicação Juiz de Fora (MG) - 15 e 16 de Outubro de 2013 1 Narrações sobre a cidade: uma análise sobre a temática nos congressos da Socine e Intercom entre os anos de 2008 e 2012 1 Lucas Gamonal Barra de Almeida 2 Universidade Federal de Juiz de Fora Resumo: Considerando a temática das narrações sobre as cidades por meio dos produtos culturais como eixo central, o trabalho se propõe a investigar as pesquisas realizadas sobre o assunto e as publicações de seus resultados nos congressos da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual Socine e da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação Intercom nos últimos cinco anos. Para tanto, foi realizada uma análise de conteúdo das propostas apresentadas e seu resultado é o que permite traçar o pequeno panorama aqui abordado. Com relação às pesquisas na Socine percebe-se um número bastante reduzido de pesquisas que trabalhem a temática das cidades, sendo os objetos bastante plurais ainda que limitados ao campo da comunicação audiovisual. Esse mesmo cenário se repete nos trabalhos apresentados nos congressos da Intercom, ainda que com número um pouco maior de propostas e na diversidade dos elementos analisados. Como conclusões preliminares, temos que há uma lacuna nas pesquisas da temática, o que possibilita saber que há espaço aos pesquisadores para o investimento em novas investigações, seguindo esse enquadramento de múltiplos objetos de estudo. Palavras-chave: Cidade; Representação; Pesquisa; Socine; Intercom. Introdução: Conforme descreve Eduardo Duarte (2006), temos a cidade como grande marco de separação entre a natureza e a cultura. Signo da sedentarização humana, os complexos urbanos passam a se formar a partir de processos de ruptura com o nomadismo e um desejo de espécie, nos exercícios de suas habilidades. Dessa forma, então, se vê o desenvolvimento e a elaboração de fronteiras, linguagens e simbolismos que passam a envolver a tribo, culminando no espaço urbano contemporâneo, em toda sua complexidade. A cidade se configura como o principal espaço de (con)vivência dos sujeitos pós- modernos, sendo, portanto, o cenário em que a vida acontece. Indo além do habitar, o sujeito se apresenta como agente da constante ressignificação da urbe, mantendo-a em efervescência. Tratando de sua complexificação, Duarte (2006, p. 104) ainda aborda o desejo de cidade, que: 1 Trabalho apresentado ao GT 1 Teorias e Interfaces da Comunicação do XI Encontro Regional de Comunicação Juiz de Fora (MG). 2 Bacharel em Turismo e mestrando em Comunicação, na linha “Comunicação e Identidades”, ambos pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected].

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Narrações sobre a cidade: uma análise sobre a temática nos congressos da Socine e

Intercom entre os anos de 2008 e 20121

Lucas Gamonal Barra de Almeida2

Universidade Federal de Juiz de Fora

Resumo:

Considerando a temática das narrações sobre as cidades por meio dos produtos culturais como

eixo central, o trabalho se propõe a investigar as pesquisas realizadas sobre o assunto e as

publicações de seus resultados nos congressos da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e

Audiovisual – Socine e da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação –

Intercom nos últimos cinco anos. Para tanto, foi realizada uma análise de conteúdo das propostas

apresentadas e seu resultado é o que permite traçar o pequeno panorama aqui abordado. Com

relação às pesquisas na Socine percebe-se um número bastante reduzido de pesquisas que

trabalhem a temática das cidades, sendo os objetos bastante plurais – ainda que limitados ao

campo da comunicação audiovisual. Esse mesmo cenário se repete nos trabalhos apresentados

nos congressos da Intercom, ainda que com número um pouco maior de propostas e na

diversidade dos elementos analisados. Como conclusões preliminares, temos que há uma lacuna

nas pesquisas da temática, o que possibilita saber que há espaço aos pesquisadores para o

investimento em novas investigações, seguindo esse enquadramento de múltiplos objetos de

estudo.

Palavras-chave: Cidade; Representação; Pesquisa; Socine; Intercom.

Introdução:

Conforme descreve Eduardo Duarte (2006), temos a cidade como grande marco de

separação entre a natureza e a cultura. Signo da sedentarização humana, os complexos urbanos

passam a se formar a partir de processos de ruptura com o nomadismo e um desejo de espécie,

nos exercícios de suas habilidades. Dessa forma, então, se vê o desenvolvimento e a elaboração

de fronteiras, linguagens e simbolismos que passam a envolver a tribo, culminando no espaço

urbano contemporâneo, em toda sua complexidade.

A cidade se configura como o principal espaço de (con)vivência dos sujeitos pós-

modernos, sendo, portanto, o cenário em que a vida acontece. Indo além do habitar, o sujeito se

apresenta como agente da constante ressignificação da urbe, mantendo-a em efervescência.

Tratando de sua complexificação, Duarte (2006, p. 104) ainda aborda o desejo de cidade, que:

1 Trabalho apresentado ao GT 1 – Teorias e Interfaces da Comunicação do XI Encontro Regional de Comunicação – Juiz de Fora

(MG). 2 Bacharel em Turismo e mestrando em Comunicação, na linha “Comunicação e Identidades”, ambos pela Universidade Federal

de Juiz de Fora. E-mail: [email protected].

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[...] perpassa todas as escolhas e conflitos de escolhas, soma-se com o passado

fundador geográfico e com os sonhos de cada momento por futuros melhores.

Um desejo que sobrevive a invasões, destruições e pilhagens; que se reconstrói

num caminho possível ou perde vontade de existir e sucumbe em ruínas. Um

desejo composto por camadas ou estratos de vontades, sonhos, frustrações, que

constroem técnicas para satisfazê-los, mas que também são construídos pelas

mesmas técnicas. Cada salto de complexidade de uma sociedade pelo

agenciamento coletivo de uma técnica, faz emergir uma nova condição de

cognição coletiva no mundo e por sua vez novos desejos gestados a partir desse

novo referencial coletivo de pensar. Esses estratos se comunicam como um

rizoma, e fazem emergir uma ação, um movimento, que aqui chamamos de

desejo de cidade.

E esse desejo de cidade a mantém num constante processo de (re)construção que muito se

pauta, também, nos desejos da mídia e seus produtos culturais, propagando imagens e discursos

que farão, então, parte da composição das camadas da cidade e, em consequência, refletirão em

outros desejos de cidade.

Pautados por esse contexto, é central a importância sobre o que se produz em termos de

representação da cidade e sua arquitetura – não tratando apenas de sua engenharia e edificações,

mas toda a esfera simbólica que a compõe. Nesse sentido, as pesquisas sobre a temática se

apresentam com grande relevância e uma análise do cenário recente dessa reflexão na academia,

em dois congressos de visibilidade, é o que se deseja trabalhar nesse artigo.

Para isso, será levantado o histórico dos anais dos congressos nacionais da Sociedade

Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom e da Sociedade Brasileira de

Estudos de Cinema e Audiovisual – Socine, nos últimos cinco anos, a fim de observar,

quantitativa e qualitativamente, quais têm sido os olhares dos pesquisadores quando do seu

direcionamento à representação das cidades ou mesmo quando ela surge como temática

secundária nos estudos.

1. A complexidade do espaço urbano:

O cenário urbano se configura como um trabalho coletivo de diversos produtores que

mantêm constante seu processo de construção. A cidade-labirinto se coloca como um texto que

remete ao outro e que, por sua vez, conduz a um terceiro:

A cidade como ambiente construído, como necessidade histórica, é resultado da

imaginação e do trabalho coletivo do homem que desafia a natureza. Além de

continente das experiências humanas com as quais está em permanente tensão,

“a cidade é também um registro, uma escrita, materialização de sua própria

história”. (GOMES, 2008, p. 23)

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Enquanto “metrópole babélica”, temos que a construção da cidade é moldada em tensão,

como um quebra-cabeça. Dessa forma, suas peças se apresentam em variedade, com um produto

final que não é uniformizado, mas que se mantém como espetáculo de grande representação,

ainda que essa representação se coloque em multiplicidade. Tratando mais especificamente da

representação desse urbano no audiovisual, temos que ela pode se dar através de figurações reais,

no uso da estética e linguagem dos documentários; ou ficcionais, quando a cidade se coloca como

cenário e, muitas vezes, também como personagem da trama.

A cidade narrada pelos produtos culturais, conforme colocado por Susana Gastal (2005),

se apresenta como “marca da pós-modernidade” e como grande representação da “civilização da

imagem” em que vivemos. Cada vez mais a dimensão estética e as sensações obtidas através do

olhar ganham grande força em nossa formação como indivíduos, sendo capazes de criar ou alterar

valores e pensamentos.

Podemos dizer que há uma “estetização da vida cotidiana” (GASTAL, 2005, p. 30) e que

as inúmeras imagens que nos cercam em nossa paisagem urbana e também pelo contexto

midiático formam uma série de imaginários, que, assim como as cidades, estão sempre em

reformulação. Além disso, variam, também, conforme o contexto em que cada indivíduo está

inserido, seguindo as idéias apresentadas por Lynch (1997, p. 2).

A cidade não é apenas um objeto percebido (e talvez desfrutado) por milhões de

pessoas de classes sociais e características extremamente diversas, mas também

o produto de muitos construtores que, por razões próprias, nunca deixam de

modificar sua estrutura. Se, em linhas gerais, ela pode ser estável por algum

tempo, por outro lado está sempre se modificando nos detalhes e sua forma. Não

há resultado final, mas apenas uma contínua sucessão de fases.

Em toda essa efervescência e multiplicidade apresentadas pela cidade, também são

múltiplas as possibilidades de narração sobre o espaço urbano. Retomando o conceito do desejo

de cidade, temos que ele está sempre se deslocando, fazendo e refazendo sua urbanidade. A esse

fluido cenário, Duarte (2006) ainda acrescenta as intervenções advindas dos meios de

comunicação de massa, então denominadas pelo fenômeno do “espelho mídia”.

Em alusão metafórica ao espelho da fábula de Alice no país das maravilhas, o autor

referencia que “nessa potência reflexiva o espelho também permite um mergulho noutros

mundos, noutras quimeras de cidades, por sua vez também desdobradas no espelho mídia”

(DUARTE, 2006, p. 108). E no contexto mídia estão os meios inseridos em uma hiperdimensão

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da vida na cidade, que permitem a ampliação e multiplicação dos valores e sentidos que irão

compor as novas temporalidades da urbes.

As cavernas temporais desdobram infinidades de novas temporalidades criadas a

partir de telenovelas, documentários, programas de rádio, reportagens

jornalísticas, outdoors, cinema, em todo e qualquer suporte tecnológico escrito,

de som e imagem. São ampliadas peculiaridades de um bairro, personagens

simples do cotidiano assumem importância central de informação e formação

para a cidade. Em todo processo de seleção e escolha dos aspectos que surgem

no espelho mídia, naturalmente que muitas outras circunstâncias passam a não

serem vistas momentaneamente. Algumas consolidam maior visibilidade, outras

circulam de forma marginal, pois o próprio espelho possui também seus

instrumentos marginais, ou seus instantes marginais de visibilidade de valores.

Costumes, circunstâncias de outras cidades também atravessam a importância da

própria urbe na qual se vive. A mídia abre vários portais hiperdimensionais,

janelas de comunicação para realidades possíveis da própria cidade e de várias

cidades entre si (DUARTE, 2006, p. 108).

Como trata o excerto supracitado, das mais diversas plataformas emergem as múltiplas

narrações da cidade, que mantêm em movimento constante os valores disponíveis como

referências, que atuarão, então, na concepção de uma terceira via híbrida. Esse movimento, além

de constante, segue um fluxo rápido, que reflete em novos desejos de cidade, que também se

deslocam e se transformam de forma veloz.

Além disso, nas representações de um espaço real, inúmeros espectros de novas

territorialidades tornam-se imagináveis, de acordo, também, com quais direcionamentos darão

base a essas criações; imagens (re)criadas que pautam um (re)criar das cidades. E a partir daí é

aberta ainda uma série de possíveis apropriações midiáticas do que fora arquitetado, refletindo,

então, na engenharia das emoções.

2. As pesquisas da Socine:

Contextualizando a entidade científica aqui em análise, temos que a Sociedade Brasileira

de Estudos de Cinema e Audiovisual – Socine atualmente se configura em centralidade no

cenário da pesquisa em cinema e audiovisual, no Brasil e também no mundo. Criada em 1996 e

realizando encontros anuais, a entidade não só tem destaque na ciência, como também participa

ativamente na definição de políticas no campo de educação junto às agências de fomento à

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pesquisa, como Capes e CNPq, bem como propicia interação entre profissionais, pesquisadores,

professores e estudantes da área3.

Sobre a estruturação metodológica da pesquisa, foram examinados os anais eletrônicos

disponíveis no portal da Socine, entre os anos de 2008 e 2012, focalizando a identificação das

temáticas aqui pesquisadas a partir dos títulos dos trabalhos e de seus resumos expandidos, o

único material que se encontra disponível.

Não só o número total de trabalhos foi levantado, mas também quais os focos principais

das pesquisas, considerando que em alguns trabalhos a representação das cidades não se tratava

de sua tônica, mas também aparecia como pano de fundo ou questão secundária das reflexões.

Com relação ao XII Encontro da Socine, do ano de 2008, que ocorreu na cidade de

Brasília, há disponível apenas um livro eletrônico com uma seleção de propostas apresentadas no

congresso. Contudo, na análise desse material, considerando que possui um menor número de

trabalhos reunidos (50) que nos anais eletrônicos dos anos seguintes, não foi encontrado nenhum

trabalho que trouxesse à tona a narração sobre as cidades ou que tivesse a temática em um

segundo plano.

Na análise quantitativa, temos que no ano de 2009 foram encontrados quatro trabalhos,

entre as 290 propostas, representando apenas 1,38% do número total. Ainda assim, temos que a

representação narrativa da cidade é tema central de apenas um deles. Um dos trabalhos busca

trazer uma análise da cena musical da cidade de São Paulo e da vanguarda artística do fim das

décadas de 1970 e de 1980 e, nesse sentido, acaba por trazer aspectos da imagem da cidade nesse

determinado período.

Duas das pesquisas tomadas como recorte analisam os espaços urbanos e as interações

entre paisagens transculturais, evidenciando também o caráter de trânsito e transitoriedade,

bastante evidenciado nas recentes obras audiovisuais, tanto dos deslocamentos espaciais operados

pelos personagens em outras cidades quanto dos deslocamentos operados no próprio espaço

urbano.

Por fim, no último trabalho do ano de 2009, vemos uma preocupação em avaliar como

ocorrem as formas de apropriação de instrumentos técnicos de produção visual para representar a

3 Informações extraídas do portal oficial da sociedade científica: http://www.socine.org.br.

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cidade de Teresina, no Piauí, pela perspectiva do Grupo Mel de Abelha4, no período entre 1978 e

1985.

Já no encontro do ano de 2010 há um aumento no número de trabalhos publicados, que

somam oito propostas envolvendo a cidade. Nessa parcela de 2,28% do número total de

propostas, um deles aborda a proliferação do gênero “favela” a partir dos anos 1990 e discute a

representação desses espaços, da imagem brasileira e da instauração de uma nomenclatura dada a

um novo modelo cinematográfico, como colocado pelos pesquisadores e pela mídia, sendo aquele

que mais se distancia de uma análise que tem como tema central a cidade, mas apenas um de seus

inúmeros componentes.

Os demais trabalhos levantam as questões: a) como das relações entre o cinema e os

espaços urbanos, colocando que as cidades, além de locações reais, são construídas através de

imagens, impressões e sensações vividas pelos personagens; b) trazem a efervescência das

metrópoles; c) questionam quais registros identitários e de memória podem emergir a partir das

imagens projetadas pelos filmes; d) bem como levantam o desenvolvimento das metrópoles em

contextos específicos, como o da Revolução Industrial, e em cenários específicos, como o das

cidades de São Paulo e Brasília.

No XV Encontro Internacional da Socine, realizado no ano de 2011, entre os mais de 450

trabalhos apresentados, apenas sete deles abordavam questões ligadas às representações das

cidades, totalizando uma média de 1,6% do total. As propostas se apresentam de forma bastante

plural, emergindo diversos motes, analisando obras fílmicas de ficção e documentais.

Tratando a repercussão do filme Bahia de todos os santos, um dos artigos enfatiza as

críticas com relação à obra e sobre a imagem de Salvador que foi propagada. Em outros dois

trabalhos as atenções são voltadas à imagem da cidade de Brasília: uma das propostas aborda os

imaginários formatados sobre a capital brasileira, desde sua formação até a atualidade, colocando

o cinema como plataforma central nessas construções, enquanto o outro estuda a relação entre o

espaço criado pela câmera e o espaço geográfico e arquitetônico de Brasília, em 1970, a partir do

curta-metragem Brasília Ano 10, de Geraldo Sobral Rocha.

4 Grupo de jovens cineastas oriundos do Piauí, participantes do Cineclube Teresinense, realizadores de um cinema voltado para as

práticas socioculturais e com aspiração de profissionalização da arte no estado, que produziu, entre 1978 e 1985, sete filmes

representando cidades piauienses. ROCHA, Rosa Edite da Silveira. Cultura Visual Piauiense: Cidade e Modernidade nas

Produções Audiovisuais do Grupo Mel de Abelha. In: XIII Encontro Internacional da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema

e Audiovisual (Socine), 2009, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo: SOCINE, 2009. Disponível em: <http://www.socine.org.br/anais/interna.asp?nome=rosa%20edite%20da%20silveira%20rocha>.

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No corpo desses trabalhos, há também uma análise da realização de documentários de

curtametragem direcionados ao público jovem e que abordam questões de identidades urbanas,

meio ambiente, sociabilidade e civilidade e outro que explora uma relação entre a imagem como

representação e problematização das estéticas que organizam a polis.

Finalizando os trabalhos envolvidos na temática e apresentados no ano de 2011, temos

dois trabalhos relacionados à literatura. Um deles analisa o filme Budapeste, baseado no romance

homônimo escrito por Chico Buarque, que busca entender como os espaços reais e imaginários se

misturam na nossa mente para moldar noções que tornam as cidades específicas ou que

especificam as noções de cidade, também trabalhando com as questões de memória e da

construção de cartografias afetivas.

Já o outro trabalho que também se pauta em relações com as artes da escrita, é proposta

uma reflexão sobre a relação entre as construções da cidade com base na poesia e no cinema,

fazendo um contraponto com as imagens que emergem do sensacionalismo midiático. Dessa

forma, analisando a obra de João Cabral de Melo Neto, o artigo trata as representações de Recife,

no Pernambuco, que emergem pela obra do autor.

No congresso do ano de 2012, último examinado na análise aqui proposta, são registrados

cinco trabalhos incluídos nas questões do urbano. No contexto de 420, essa parcela representa

aproximadamente 1,2% do total, o que mostra uma queda ainda maior na produção sobre o

assunto quando comparados os dois últimos anos – 2010 e 2011.

Dois desses trabalhos têm como pano de fundo o Rio de Janeiro. O primeiro deles analisa

a produção de filmes, envolvidos em um contexto de projeto de pesquisa, que buscam provocar

debates sobre como cenas cotidianas em espaços públicos da cidade atuam tanto na construção,

como na problematização e na comunicação de uma sociedade urbana democrática. Já o outro

trata das relações entre corpo e espaço urbano, além de levantar pontos sobre os mitos de

formação da história do Rio de Janeiro – que são, também, possíveis mitos para a formação da

história do Brasil.

Temos, ainda, uma busca por apresentar quais imaginários e quais realidades são

construídas no/com o deslocamento das personagens na/pela cidade, tendo como justificativa o

foco temático no deslocamento o fato de ser nele que o imaginário, que as identidades

socioculturais e que os territórios se constroem, se transformam ou se transfiguram.

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Os outros dois trabalhos restantes abordam: a) o panorama da relação entre a globalização

e a produção cinematográfica do diretor Wong Kar-wai, que, nesse contexto, também traz

reflexões acerca da cidade de Hong Kong; e, tendo como foco filmes da década de 1920, b)

perceber como uma reflexão sobre a modernidade pode assumir formas fílmicas, combinando

essa representação em sua forma narrativa.

Podemos considerar esse fato como sintomático, refletindo que as pesquisas sobre as

apropriações midiáticas das cidades vêm ganhando força em um contexto mais recente. Há de se

ponderar, também, que esse resultado pode ter sido encontrado pela impossibilidade de acesso a

todos os trabalhos apresentados no congresso daquele ano, mas acaba por refletir inexistência ou

pouca notoriedade da temática no campo do cinema e do audiovisual.

Em linhas gerais, percebe-se que há um início e posterior incremento das pesquisas que

abordam a narração das cidades pelo cinema e audiovisual, ainda que como tema secundário no

caso de alguns dos trabalhos. Ainda assim também deve ser apontado que ocorre um pequeno

declínio nos dois últimos anos analisados, o que pode indicar que uma lacuna na temática vem

sendo aberta novamente.

3. As pesquisas da Intercom:

A fim de justificar a entidade científica no contexto das análises aqui realizadas,

abordamos um breve histórico da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação – Intercom. Criada no ano de 1977, em São Paulo, a instituição é, hoje, uma das

maiores e mais conceituadas referências na pesquisa em Comunicação no Brasil. Realiza,

anualmente, congressos regionais e nacionais, locais de encontro entre pesquisadores do campo,

tanto em nível de graduação quanto pós-graduação5.

No trabalho aqui realizado, também foram examinados os anais dos congressos nacionais

entre os anos de 2008 e 2012, excluindo os demais eventos participantes dos congressos, bem

como a categoria “Junior”. Como justificativa para o uso do princípio da negligenciabilidade,

temos que essa técnica foi adotada a fim de reduzir o corpus da análise, bem como delimitar o

trabalho em um contexto mais maduro de pesquisas. Além disso, a fim de localizar os trabalhos

que abordassem o assunto, foi utilizada a busca por palavras-chave como “cidade” e “urbano”.

5 Informações extraídas do portal oficial da sociedade científica: http://www.portalintercom.org.br.

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Iniciando a descrição dos objetos encontrados, apresentamos os dados da pesquisa no ano

de 2008. Ao todo, foram encontrados oito trabalhos que tivessem a representação das cidades

como tônica das reflexões. Divididos entre diferentes Núcleos de Pesquisa (NP),

quantitativamente entre eles, temos: “Comunicação e Cultura Urbanas” (05), “Comunicação,

Turismo e Hospitalidade” (01), “Jornalismo” (01) e “Publicidade e Propaganda” (01),

encontramos diversidades nos objetos de análise.

No NP “Jornalismo”, a pesquisa, através de um levantamento histórico, aborda os

discursos que emergem sobre a cidade de Juiz de Fora através do pensamento inscrito em um

jornal local. Já no NP “Publicidade e Propaganda”, a reflexão se volta para um exame das

apropriações simbólicas que surgem com as imagens divulgadas por cartazes promocionais,

considerando as ponderações recolhidas entre os usuários dos espaços urbanos. E no NP

“Comunicação, Turismo e Hospitalidade”, a proposta é discutir as imagens que emergem sobre a

cidade através dos cartões-postais, peças de promoção turística e que, implicitamente, também

acabam por revelar discursos do Estado.

Com relação ao NP “Comunicação e Cultura Urbanas”, temos objetos plurais: há uma

análise da cidade que emerge através da literatura, com base nos contos de Álvaro Moreyra;

proposta que, pautada nos Estudos Culturais, busca estudar a relação cidade X mídia, abordando

produtos culturais; artigo que desenha as singularidades da cartografia das favelas e do “agir

urbano”, pensando esse espaço público; e outros dois trabalhos que relacionam as manifestações

artísticas, em especial a música, e os processos de resignificação dos espaços urbanos.

Passando para as análises do congresso da Intercom realizado em 2009, percebemos um

pequeno aumento no número de trabalhos apresentados envolvendo as narrativas sobre as

cidades, em um total de 13 artigos. Mais uma vez há predomínio desses trabalhos no NP

“Comunicação e Culturas Urbanas” (09), mas também aparece o Grupo de Pesquisa (GP)

“Telejornalismo” (02), envolvido no NP “Jornalismo”, o GP “Geografias da Comunicação” (01),

dentro da Divisão Temática (DT) “Comunicação, Espaço e Cidadania” e o NP “Audiovisual”

(01).

Tratando da divisão com maior número de trabalhos, o NP “Comunicação e Culturas

Urbanas”, temos que, mais uma vez, os objetos de análise se apresentam de forma bastante

diversificada. Dois trabalhos discutem a imagem fílmica quando tem a cidade como seu objeto de

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apreensão ou representação, tratando dela através da ficção ou dos documentários e relatando os

interesses e discursos do contexto de produção como processos inerentes às obras.

Outros dois trabalhos analisam a construção das imagens sobre as metrópoles, focando a

cidade de São Paulo. O primeiro aborda essa construção através das mídias, em especial a

impressa; enquanto o outro analisa o recorte temporal da década de 1950 através das peças

teatrais censuradas, utilizando da análise de discurso. Há ainda mais um artigo que trabalha com a

mídia impressa: seus autores abordam as diferentes apropriações que surgem sobre o Rio de

Janeiro no mês de realização dos Jogos Pan-Americanos de 2007, que, principalmente, traziam à

tona um imaginário de violência.

Temos, ainda, um artigo que, utilizando-se da análise da novela gráfica de Will Eisner,

aborda a cidade através dos elementos de sua cartografia; outro que trata do imaginário de Belém,

no Pará, que emerge através da história em quadrinhos; e, também, um artigo que se propõe a

pensar o balladeur, um sujeito pós-moderno que circula pela cidade, sendo parte dela e também a

ressignificando. Por fim, utilizando-se apenas da revisão bibliográfica, o último artigo do NP

aborda bases teóricas para o estudo das representações da cidade pela mídia.

Nas demais divisões, temos o artigo do NP “Audiovisual”, que, como em outro trabalho

aqui apontado, traz a representação de Belém do Pará como temática central, analisando um

curta-metragem e o trabalho do GP Geografias da Comunicação, que busca retratar novas formas

simbólicas de apropriação do espaço urbano, abordando moda, design e arquitetura como

possíveis “recursos” dessa dinâmica cultural.

Encerrando as análises de 2009, temos os dois artigos do GP “Telejornalismo”, que

abordam o telejornalismo local e popular como formas de (re)construção de imaginários urbanos.

Um deles estuda os telejornais locais de uma afiliada da Rede Globo na cidade de Juiz de Fora,

enquanto o outro trata do programa Balanço Geral, da TV Record Porto Alegre.

No contexto dessa pesquisa, destaque é dado ao XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências

da Comunicação, realizado em Caxias do Sul no ano de 2010. Na investigação junto aos anais do

evento, apenas dois trabalhos que abordavam a temática das narrações sobre as cidades foram

encontrados e esse resultado mostra o menor índice da amostra quando considerado o recorte

temporal adotado. Nesse universo, o GP “Comunicação e Culturas Urbanas” traz um trabalho e o

GP “Comunicação, Turismo e Hospitalidade”, o outro.

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No artigo “Do espaço urbano às espacialidades midiáticas”, inscrito no GP “Comunicação

e Culturas Urbanas”, a autora busca discutir o espaço urbano e suas representações midiáticas,

enfocando “o percurso pelo qual são construídas imagens sobre São Paulo através das mídias, [...]

especificamente a mídia impressa” (LONGHI, 2010, p. 1).

Azevedo (2010), no outro trabalho, aborda o conflituoso cenário de representação das

cidades, que muito se pauta, também, em quais objetivos e plataformas darão o direcionamento

para a construção dessas narrativas simbólicas. Nesse sentido, o autor pretende “abordar uma

análise sociológica da dimensão turística das chamadas cidades criativas procurando demonstrar

o quanto as suas representações nos meios de comunicação são resultados de uma concorrência

intercidades” (AZEVEDO, 2010, p. 1). A publicação tem o foco de suas análises nas

apropriações midiáticas usadas mercadologicamente pelo turismo e por isso se justifica sua

integração ao GP “Comunicação, Turismo e Hospitalidade”.

Os números do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação do ano de 2011,

realizado em Recife, mostram uma elevação no número de trabalhos apresentados quando

comparados ao ano de 2010, mas ainda se apresentam em redução quando analisados os dois

primeiros anos desse trabalho.

No total de oito artigos, mais uma vez o GP “Comunicação e Culturas Urbanas” é o que

envolve o maior número de trabalhos na temática (03), seguido pelo GP Fotografia (02) e os

demais com apenas uma ocorrência cada: GP “Geografias da Comunicação” (01), GP “Cinema”

(01) e GP “História do Jornalismo” (01).

As pesquisas do grupo mais expressivo discutem: a) a relação da cidade virtual como

ambiente de interação e pertencimento para os sujeitos, então envolvidos em um processo de

mútua ressignificação constante; b) uma análise dos discursos e imagens que permeiam a cidade,

os sujeitos e suas narrativas no cotidiano, tendo como objeto o conteúdo produzido por

moradores de Crato, no Ceará; e, por fim, c) a representação do Rio de Janeiro em dois

momentos distintos, na Exposição Nacional de 1908 e nos Jogos Pan-Americanos de 2007,

discutindo a formatação dos imaginários que permeiam a capital carioca, tida como

“maravilhosa” e “violenta”, por exemplo.

No GT “Comunicação Audiovisual”, observamos os trabalhos do DT “Fotografia”,

examinando representações visuais de duas grandes cidades brasileiras, São Paulo e Rio de

Janeiro, em duas revistas semanais – “O Cruzeiro” e “Veja”, com recorte temporal nas décadas

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de 1950 e na primeira década de 2000, respectivamente e as apropriações das cidades através dos

cartões-postais, abordando, também, a experiência do fotógrafo, do viajante, do observador

ausente e do colecionador de postais e suas vistas urbanas. Ainda no mesmo GT, porém no DT

“Cinema”, temos um reflexão sobre a configuração espacial da cidade a partir da escrita fílmica

do documentário Memórias de Xangai, de Jia Zhang-ke.

Há uma abordagem sobre a influência da música e dos meios de comunicação,

especialmente o rádio, na formação do imaginário urbano do Rio de Janeiro das décadas de 1920

e 1930, reforçando a perpetuação do título de “Cidade Maravilhosa”, no GP “Geografias da

Comunicação”. Já o último trabalho em análise no ano de 2011, no GP “História do Jornalismo”,

busca explicitar a vinculação entre jornal e cidade, analisando, para isso, um periódico produzido

no interior do estado de São Paulo nos anos 1920.

Com relação ao XXXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, percebemos

uma linearidade da produção sobre as representações da cidade, com um total de sete artigos

publicados. Em semelhança aos demais anos, o GP “Comunicação e Culturas Urbanas” traz o

maior número de trabalhos (04), enquanto os demais apresentam apenas um cada, divididos em:

GP “Geografias da Comunicação” (01), GP “História do Jornalismo” (01) e GP “Telejornalismo”

(01).

Envolvidos no DT “Interfaces Comunicacionais” e no GP “Comunicação e Culturas

Urbanas”, três trabalhos discutem relação entre a cidade e os corpos, colocando as suas

manifestações como ressignificações mútuas, muito expressas por suas possíveis intervenções,

como a dança e a moda, e que acabam por refletir os imaginários urbanos, fluidos e híbridos.

Nessa linha, ainda utilizam obras cinematográficas e peças publicitárias como elementos-

símbolos da imagem da cidade sobre os corpos e vice-versa. Já o último trabalho em exame nesse

GP discute o tratamento da cidade pelos telejornais, levantando a discussão acerca da ocupação

das favelas e os discursos que emergem nesse contexto.

O trabalho do GP “Geografias da Comunicação” as possíveis narrações da cidade tendo

como objetos três obras literárias e suas protagonistas em trânsito, trazendo à tona a relação entre

o homem e o espaço-tempo das cidades. Em meio ao DT “Jornalismo”, temos uma discussão

sobre a Fortaleza do fim do século XIX que emerge das páginas de um pequeno jornal local, no

GP “História do Jornalismo” e um olhar sobre a relação entre a narrativa audiovisual e a

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representação urbana a partir das dos relatos de memórias e histórias de vida de jornalistas e

radialistas da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais.

Finalizando as análises dos congressos da Intercom, podemos observar que o cenário das

representações das cidades nas pesquisas apresentadas no congresso se mostra em um contexto

bastante plural, tanto com relação às divisões temáticas onde se colocam no evento, quanto sobre

a variedade de produtos midiáticos analisados. Ainda assim, percebe-se que, ponderando todo o

universo dos encontros realizados, ainda há pouca produção nas temáticas aqui enfocadas.

Considerações finais:

Em busca de traçar um panorama sobre as representações das cidades nos mais variados

enquadramentos de pesquisas, temos que, em linhas gerais, os cenários da Sociedade Brasileira

de Estudos de Cinema e Audiovisual – Socine e da Sociedade Brasileira de Estudos

Interdisciplinares da Comunicação – Intercom, nos últimos cinco anos, se caracterizam pela

multiplicidade. Conduzindo um olhar quantitativo, há que se ponderar o baixo número de

produções sobre o assunto em ambos os congressos, porém, em um viés qualititativo, a variedade

dos objetos se coloca como aspecto positivo.

Ainda em termos quantitativos, como pode ser observado no Gráfico 1*, existe certa

manutenção do número de trabalhos publicados entre os últimos anos da análise, 2011 e 2012,

mas ainda assim essa linearidade não pode ser garantida. É notório, também, que as pesquisas

ainda se apresentam em um número reduzido perto às diversas possibilidades metodológicas e de

objetos que a temática permite.

0 4

8

7 58

13

2

87

2008 2009 2010 2011 2012

Narrações sobre a cidade:Socine e Intercom - 2008 a 2012

Socine Intercom

*Gráfico 1 - Fonte: próprio autor.

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Com relação ao arcabouço teórico dos trabalhos, é significativa a adoção de uma

bibliografia amparada nos Estudos Culturais, tratando as cidades como complexas construções,

permeadas por um processo constante de ressignificações e que se abre às mais diversas

possibilidade de apropriações, como fora aqui colocado e reafirmado na descrição das pesquisas

publicadas nos últimos anos.

Referências bibliográficas:

AZEVEDO, Denio Santos. Turismo Criativo e a Imagem das Cidades Criativas. In: XXXIII

Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2010, Caxias do Sul. Anais eletrônicos... São

Paulo: Intercom, 2010. Disponível em:

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cidade. In: PRYSTHON, Angela (Org.). Imagens da cidade: espaços urbanos na comunicação e

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Disponível em: <http://www.socine.org.br/livro/X_ESTUDOS_SOCINE_b.pdf>. Acesso em 25

jul. 2013.

GASTAL, Susana. Turismo, Imagens e Imaginários. São Paulo: Aleph, 2005.

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LONGHI, Carla Reis. Do espaço urbano às espacialidades midiáticas. In: XXXIII Congresso

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LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

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Anais eletrônicos da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação –

Intercom (2008, 2009, 2010, 2011 e 2012). Disponível em:

<http://www.portalintercom.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1081&Ite

mid=134>. Acesso em jul. 2013.