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1 NADION ROGÉRIO INDALÊNCIO DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO ANIMAL PARA A ANÁLISE BIOMECÂNICA DA RESISTÊNCIA DO TECIDO PERIARTICULAR DE JOELHOS DE RATOS AO MOVIMENTO DE FLEXÃO APÓS 7 DIAS E 14 DIAS DE IMOBILIZAÇÃO FLORIANÓPOLIS - SC 2007

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NADION ROGÉRIO INDALÊNCIO

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO ANIMAL PARA A ANÁLISE

BIOMECÂNICA DA RESISTÊNCIA DO TECIDO PERIARTICULAR DE JOELHOS

DE RATOS AO MOVIMENTO DE FLEXÃO APÓS 7 DIAS E 14 DIAS DE

IMOBILIZAÇÃO

FLORIANÓPOLIS - SC

2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTOS – CEFID

COORDENADORIA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO

MOVIMENTO HUMANO

NADION ROGÉRIO INDALÊNCIO

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO ANIMAL PARA A ANÁLISE

BIOMECÂNICA DA RESISTÊNCIA DO TECIDO PERIARTICULAR DE JOELHOS

DE RATOS AO MOVIMENTO DE FLEXÃO APÓS 7 DIAS E 14 DIAS DE

IMOBILIZAÇÃO

Dissertação apresentada à banca examinadora do mestrado em ciências do movimento humano da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do título de Mestre. Orientador: Dr. Noé Gomes Borges Júnior

FLORIANÓPOLIS – SC

2007

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NADION ROGÉRIO INDALÊNCIO

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO ANIMAL PARA A ANÁLISE

BIOMECÂNICA DA RESISTÊNCIA DO TECIDO PERIARTICULAR DE JOELHOS

DE RATOS AO MOVIMENTO DE FLEXÃO APÓS 7 DIAS E 14 DIAS DE

IMOBILIZAÇÃO

Dissertação aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre, no programa

de pós-graduação do curso de mestrado em Ciências do Movimento Humano da Universidade

do Estado de Santa Catarina

Banca examinadora:

Orientador: _________________________________________________________ Dr. Noé Gomes Borges Júnior Universidade do Estado de Santa Catarina Membro: _________________________________________________________ Dr. Antônio Renato Pereira Moro Universidade Federal de Santa Catarina Membro: _________________________________________________________ Dra. Susana Cristina Domenech Universidade do Estado de Santa Catarina Membro: _________________________________________________________ Dr. Hélio Roesler Universidade do Estado de Santa Catarina Membro : _________________________________________________________ Dra. Monique da Silva Gevaerd Loch Universidade do Estado de Santa Catarina

FLORIANÓPOLIS, Setembro 2007

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Dedicatória

Dedico esta conquista aos meus filhos Amanda, Pedro e Henrique que enchem minha

vida de alegria e que são sempre um motivo para continuar lutando.

Dedico também a uma pessoa muito especial Telma Giacomossi Indalêncio, não

somente minha esposa, mas minha amiga, incentivadora e companheira, que esteve a meu

lado em todo o desenvolvimento desta pesquisa. Juntos, buscamos os animais, imobilizamos,

cuidamos deles diariamente. Você aprendeu a pegar, anestesiar e até a engessar os animais,

tudo com muita dedicação e boa vontade, e posso afirmar que saiu-se muito bem... e tudo isto

por mim .

A você Telma, todo meu agradecimento e meu AMOR.

TELMA , esta vitória é nossa!!!

TE AMO !!!!!

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AGRADECIMENTOS

Aos Professores Dr. Noé Gomes Borges Júnior e a Dra. Susana Cristina

Domenech um sincero obrigado por sua colaboração e orientação, pelos

ensinamentos, incentivos e compreensão.

A bolsista Ana Paula Shiratori um especial agradecimento por todo o auxílio e

dedicação durante todo o desenvolvimento desta pesquisa.

Ao amigo Antônio Vinícius Soares pelo incentivo para realização deste

mestrado.

Aos fisioterapeutas Felipe Guadagnin e Angélica Zorthéa pelo auxílio no

desenvolvimento desta pesquisa.

Ao Chefe de Departamento da Univille Dr. Gilmar, por ceder o biotério e o

laboratório de Farmacologia para realização desta pesquisa.

A todos os amigos do LABIN –Laboratório de Instrumentação que

participaram ou incentivaram esta pesquisa.

Aos meus familiares que sempre torceram pelo meu sucesso.

A todos os professores do programa de mestrado que de maneira muito

honrosa transmitiram seus conhecimentos.

E a todas as pessoas que direta ou indiretamente ajudaram nesta pesquisa.

A todos muito obrigado.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................8

LISTA DE TABELAS ..............................................................................................................9

LISTA DE QUADROS ...........................................................................................................10

LISTA DE GRÁFICOS...........................................................................................................11

ACRÔNIMOS E ABREVIAÇÕES.........................................................................................12

RESUMO ................................................................................................................................13

ABSTRACT ............................................................................................................................14

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................15

1.1 O PROBLEMA DA PESQUISA ..................................................................................15

1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................16

1.2.1 Objetivo Geral .........................................................................................................16

1.2.2 Objetivos Específicos ..............................................................................................16

1.3 JUSTIFICATIVA ...........................................................................................................16

1.4 HIPÓTESES ...................................................................................................................17

1.5 DEFINIÇÃO DE TERMOS............................................................................................17

1.6 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS....................................................................................18

1.7 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .....................................................................................19

1.8 LIMITAÇÕES DO ESTUDO .........................................................................................19

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................20

2.1 TECIDO CONJUNTIVO................................................................................................20

2.1.1 Estrutura e Biossíntese do Colágeno .......................................................................23

2.2 ANATOMIA E BIOMECÂNICA DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO HUMANO .....26

2.2.1 Cartilagem Articular ................................................................................................29

2.2.2 Cápsula Articular.....................................................................................................30

2.2.3 Ligamentos ..............................................................................................................32

2.2.4 Menisco ...................................................................................................................36

2.2.5 Tendão .....................................................................................................................38

2.2.6 Sinóvia e Bursas ......................................................................................................39

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2.2.7 Musculatura .............................................................................................................39

2.2.8 Inervação do Joelho .................................................................................................41

2.2.9 Suprimento Sangüíneo.............................................................................................41

2.3 IMOBILIZAÇÃO ...........................................................................................................42

2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE ENSAIOS MECÂNICOS................................................46

2.4.1 Ensaio de Flexão......................................................................................................48

2.4.1.1 Limite de Proporcionalidade ............................................................................49

2.4.1.2 Limite Máximo.................................................................................................49

2.4.1.3 Resiliência ........................................................................................................49

2.4.1.4 Tenacidade........................................................................................................50

3 METODOLOGIA.................................................................................................................51

3.1 TIPO DE PESQUISA .....................................................................................................51

3.2 ANIMAIS .......................................................................................................................51

3.3. MÉTODO ......................................................................................................................52

3.3.1 Materiais para os Procedimentos Experimentais.....................................................52

3.3.2 Tratamento Estatístico .............................................................................................53

3.3.3 Protocolo Experimental .......................................................................................53

3.3.3.1 Cuidado dos Animais .......................................................................................53

3.3.3.2 Procedimento para Sedação e Imobilização ....................................................54

3.3.3.3 Eutanásia e Dissecação dos Animais................................................................55

3.3.3.4 Ensaio Mecânico do Movimento de Flexão do Joelho.....................................56

3.3.3.5 Confiabilidade das Medições ...........................................................................58

3.3.3.6 Análise dos Resultados.....................................................................................60

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS...........................................................................63

DISCUSSÃO...........................................................................................................................66

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................70

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................71

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Ossos da articulação do joelho direito (vista lateral).........................................26

FIGURA 2 – Movimentos da articulação do joelho................................................................27

FIGURA 3 – Joelho direito em flexão (vista anterior)............................................................33

FIGURA 4 – Joelho direito em extensão (vista posterior). .....................................................34

FIGURA 5 – Músculos do joelho direito (vista anterior)........................................................40

FIGURA 6 – Músculos e nervos do membro inferior direito. (vista posterior). .....................41

FIGURA 7 – Curva de Carga vs Deflexão ..............................................................................49

FIGURA 8 – Rato com o membro posterior imobilizado pelo aparelho gessado...................55

FIGURA 9 – Ratos com o membro posterior imobilizado livre na gaiola plástica..................55

FIGURA 10 – Remoção da pele da pata posterior direita........................................................56

FIGURA 11 – A - Pata posterior com toda a musculatura......................................................56

FIGURA 12 – Garra confeccionada para o ensaio mecânico. ..................................................57

FIGURA 13 – A - Haste metálica sem o rolete........................................................................57

FIGURA 14 - Máquina Universal de Ensaios, modelo: DL3000.............................................58

FIGURA 15 - Modelo mecânico durante ensaio. ..................................................................59

FIGURA 16 - Imagem das mensurações obtidas pelo programa Gráfico. ............................62

FIGURA 17 - Imagem das mensurações obtidas pelo programa gráfico................................62

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Distribuição dos grupos experimentais segundo os protocolos da pesquisa. .......51

TABELA 2 – Distribuição dos animais no término do experimento. ......................................63

TABELA 3 -Estatística Descritiva – ANOVA.........................................................................64

TABELA 4 – Post Hoc Turkey ................................................................................................64

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Principais características dos tipos de colágeno mais frequentes.....................24

QUADRO 2 - Principais características dos tipos de colágeno mais frequentes .....................24

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1- 10 Curvas dos Ensaios em um dos modelos mecânicos ....................................59

GRÁFICO 2 - Comparação entre os 3 modelos mecânicos e seu desvio padrão.....................60

GRÁFICO 3 - Curva força x tempo – TESC ........................................................................61

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ACRÔNIMOS E ABREVIAÇÕES

cm - centímetro

º C - graus célsius

GAGs - Glicosaminoglicanas

g - gramas

J - joules

kg – quilogramas

L – litro

m - metro

mg - miligramas

MHz – Megahertz

mL- mililitros

mm - milímetros

ms- milisegundos

N – Newton

NASA - National Aeronautics and Space Administration

R – rigidez

W/cm² – Watts por centímetro quadrado

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RESUMO

O procedimento de imobilização é um tratamento freqüentemente utilizado nas

desordens do sistema músculo-esquelético como entorses, fraturas, tendinites com o objetivo

de repouso, pós-operatórios, etc. No entanto, pode ocasionar vários efeitos prejudiciais, tais

como: a atrofia muscular, rigidez articular e degeneração da cartilagem articular. Neste

sentido, existem vários modelos animais para estudo dos efeitos da imobilização sobre o

tecido ósseo, muscular e cartilagem. Mas, poucos estudos retratando as respostas do tecido

periarticular submetido a diferentes tempos de imobilização. Portanto a proposta desta

pesquisa foi desenvolver um modelo animal para o estudo dos efeitos da imobilização,

avaliando a resistência à flexão imposta pelo tecido periarticular do joelho de ratos e sua

utilização em três grupos, imobilizados em diferentes períodos, sete dias, quatorze dias e um

grupo controle sem imobilização. Para tanto foram utilizados 8 animais em cada grupo

experimental e 6 no controle. A imobilização foi realizada através de aparelho gessado e os

ensaios mecânicos em Máquina Universal de Ensaios Mecânicos, utilizando-se célula de

carga de 20N. O modelo animal desenvolvido, que abordou anestesia, imobilização,

dissecação e instrumentação mostrou-se eficiente para este tipo de pesquisa. Para o tratamento

estatístico foi realizado teste de Normalidade, após a verificação da normalidade foram

calculadas as medidas descritivas. Para comparação entre os grupos foi empregado teste

ANOVA p ≤ 0,05. Em relação aos grupos estudados, verificou-se na variável força máxima

tendência a diferença significativa entre o grupo controle e o imobilizado 14 dias. No ângulo

horizontal inicial tendência a diferença significativa entre o grupo controle e o imobilizado 7

dias e diferença significativa entre o controle e o imobilizado14 dias. Quanto ao torque

tendência a diferença significativa entre o grupo imobilizado 7 dias e 14 dias e diferença

significativa entre o grupo controle e o imobilizado 14 dias.

PALAVRAS-CHAVE: Imobilização, Tecido periarticular e Ensaio Mecânico,

Instrumentação.

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ABSTRACT

The immobilization procedure is a frequently used treatment in the skeletal muscle

disorders, as sprains, fractures and tendinitis aiming at rest, postoperative, etc. However, it

can have harmful effects as: muscle atrophy, joint stiffness and joint degeneration. There are

several animal models which study of the effects of immobilization of the bone, muscle and

cartilage tissues. Few studies approach the response of the periarticular tissue submitted to

different immobilization periods. Thus, the idea of this research was to develop an animal

model to study the immobilization effects, evaluating the flexion resistance imposed by the

periarticular tissue on the knees of rats, and its utulization in three groups, immobilized for

different periods; seven days, fourteen days and a control group that was not immobilized. For

that, eight animals were used in each experiment group, and six in the control group. The

immobilization was performed through plaster devices, and the mechanical tests, with a

Mechanical Test Equipment, using a load cell of 20N. The animal model developed, which

approached anesthesia, immobilization, dissection and instrumentation proved to be efficient

to this kind of research. For the statistics, the Normality Test was performed. Afterwards, the

descriptive measurements were taken. The ANOVA p ≤ 0,05 test was applied for the

comparisons among the groups. Regarding the groups studied, the maximum force of the

control group tends to be very different from the group that was immobilized for fourteen

days. In the horizontal plan, there are important differences between the control group and the

group immobilized for seven days; and between the control group and the group immobilized

for fourteen days. Regarding the torque, there tends to be a significant difference between the

group immobilized for seven days and the group immobilized for fourteen days, and na

important difference between the control group and the group that was immobilized for

fourten days.

KEY WORDS: Immobilization, Periarticular Tissue, Mechanical Tests, Instrumentation.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O PROBLEMA DA PESQUISA

A imobilização é um tratamento freqüentemente utilizado nas desordens do sistema

músculo-esquelético, apesar de ocasionar vários efeitos prejudiciais, tais como: atrofia,

aumento do volume do tecido conectivo, fibrose intramuscular, perda da extensibilidade,

força e resistência (BUSCHBACHER, 2000). As fraturas ósseas, rupturas ligamentares,

lesões musculares, como também doenças degenerativas ou articulares, podem exigir, após

cirurgia ou tratamento conservador, imobilização dos membros, a qual é comumente

realizadas por meio da aplicação de ataduras gessadas (APPELL, 1990).

Contudo a imobilização prolongada está associada à alterações na cartilagem, na

cápsula articular, nos ligamentos, nos músculos e no complexo osso-ligamento, gerando

proliferação de tecido fibroso periarticular. Adicionalmente a perda da mobilidade pode

provocar dor, degeneração e/ou rigidez articular, diminuição da função e aumento no tempo

de retorno funcional do membro imobilizado (MARSOLAIS; DVORAK; CONZEMIUS,

2003; CONZEMIUS, 2004).

Embora as cargas dos tecidos moles sejam difíceis de computar, a cápsula sustenta parte

da carga imposta sobre a articulação. Qualquer imobilização da cápsula altera as propriedades

mecânicas do tecido capsular e pode resultar em rigidez articular (PALASTANGA, 2000).

Como o estudo dos efeitos da imobilização ficam inviáveis em humanos, torna-se

necessária a utilização de modelos animais, sendo esta uma alternativa para estudos destes

efeitos.

Há vários modelos animais para estudo dos efeitos da imobilização sobre o tecido ósseo,

muscular e cartilaginoso. Mas existem poucos estudos retratando as respostas do tecido

periarticular submetido a diferentes tempos de imobilização. As alterações encontradas variam

conforme o modelo animal, tipo e período de imobilização, articulação estudada e até da região

da articulação escolhida. Diante do exposto, o presente estudo apresenta uma proposta de

desenvolvimento de um modelo animal para o estudo dos efeitos da imobilização, avaliando a

resistência à flexão imposta pelo tecido periarticular do joelho de ratos e sua utilização em um

grupo imobilizado sete dias, um imobilizado quatorze dias e um grupo controle sem

imobilização. Formula-se então a seguinte questão:

Quais os efeitos do procedimento de imobilização durante sete ou quatorze dias, sobre a

resistência do tecido periarticular de joelho, ao movimento de flexão no modelo animal

proposto?

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1.2 OBJETIVOS

Para a presente pesquisa formularam-se os seguintes objetivos:

1.2.1 Objetivo Geral

Desenvolver um modelo animal onde se possa verificar qual a influência de 7 dias e 14

dias de imobilização na resistência do tecido periarticular de joelho de ratos ao movimento de

flexão.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Definir um método de imobilização, anestesia e de dissecação adequados ao estudo das

propriedades mecânicas do tecido periarticular do joelho de ratos.

• Elaborar um método de mensuração da resistência mecânica ao movimento de flexão e

torque do tecido periarticular do joelho de ratos ao movimento de flexão fisiológica.

• Verificar se existem diferenças estatisticamente significativas na variável biomecânica

(momento de uma força ou torque) e na resistência ao movimento de flexão

fisiológica, entre grupos de ratos imobilizados sete dias e quatorze dias em relação a

um grupo controle.

1.3 JUSTIFICATIVA

A imobilização é um recurso amplamente utilizado nos consultórios e clínicas

ortopédicas e o tempo de imobilização sete dias e quatorze dias são tempos comumente

usados quando o objetivo é dar repouso ao segmento afetado.

Quando uma articulação é imobilizada ocorrem diversas mudanças na cápsula

articular. O conteúdo intracelular de água diminui e conseqüentemente há uma diminuição na

distância entre as fibras que constituem a cápsula articular. Estas alterações ocasionam um

aumento na formação de ligações transversas entre as fibras e adesões capsulares (EDMOND,

2000).

Como a literatura não esclarece a partir de quanto tempo de imobilização começa-se a

apresentar as alterações no tecido periarticular, e o estudo em humanos é inviável, torna-se

necessário o desenvolvimento de um modelo animal onde se possa observar tais fenômenos.

O entendimento destes efeitos em modelos animais, mesmo não podendo gerar uma

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correlação direta com seres humanos, pode trazer informações importantes para a prática

clínica.

1.4 HIPÓTESES

Hipótese Geral

• método de ensaio mecânico desenvolvido é apropriado para mensuração da resistência

à flexão e torque do tecido periarticular do joelho de ratos.

• Existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos imobilizados em

diferentes períodos, nas variáveis resistência à flexão e torque.

1.5 DEFINIÇÃO DE TERMOS

Deformação - é a mudança dimensional que se verifica no material como resultado da

carga aplicada. Exprime-se quase sempre em porcentagens. Contudo, na torção por exemplo,

a deformação está relacionada com o ângulo de torção, expresso em radianos. (CHIAVERINI

1977 apud PENHA 2004)

Ductilidade - corresponde à capacidade de um material poder ser deformado

apreciavelmente antes de se romper. Os materiais não dúcteis são chamados frágeis, sendo a

fragilidade o termo característico correspondente. (CHIAVERINI 1977 apud PENHA 2004)

Resistência - é carga ou tensão máxima suportada pelo material, dentro de

determinadas condições. Por exemplo a resistência elástica, resistência à carga máxima e

resistência à ruptura, entre outras. (CHIAVERINI 1977 apud PENHA 2004)

Tenacidade - corresponde à quantidade de energia necessária para romper um material,

podendo, portanto, ser medida pela quantidade de trabalho pela unidade de volume necessário

para levar o material à ruptura sob a ação de carga elástica. A tenacidade pode ser expressa

em Joules/m³. (CHIAVERINI 1977 apud PENHA 2004)

Glicosaminoglicanas: Também chamada abreviadamente de GAG; polissacarídeos de

molécula muito grande e que consiste em unidade repetidas, cada unidade formada por dois

glicídeos, sendo um deles aminado. Geralmente ligada a uma proteína para construir uma

proteoglicana. É componente da matriz extracelular. (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2000).

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1.6 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

Variáveis Independentes do Estudo

Tempo de Imobilização – Os animais serão imobilizados através de engessamento por

períodos de sete e quatorze dias e sem imobilização..

Raça – Ratus Albinus Norvegicus, variedade Wistar.

Sexo dos animais- Serão utilizadas fêmeas com massa corpórea 308g ±20g.

Acondicionamento – Serão acondicionados em gaiolas especiais para ratos com dois animais

em cada gaiola.

Alimentação - comercial para ratos e água Ad libitum

Anestesia : Foi utilizado primeiro um relaxante muscular a base de a Cloridrato de xylazina

via intramuscular (7 mg/ kg de peso corporal). Após 5 minutos, seguiu-se com a aplicação do

anestésico a base de Cloridrato de ketamina por via intramuscular (37 mg/kg de peso

corporal).

Temperatura do Biotério – 22 graus célsius ±1 grau.

Luz – Fotoperíodo de 12 horas.

Variáveis dependentes do Estudo

• Resistência biomecânica (força máxima) do tecido periarticular do joelho de ratos ao

movimento de flexão fisiológica após sete e quatorze dias de imobilização, através de

ensaio mecânico realizado na máquina universal de ensaios EMIC.

• Torque: é definido como a fração da força aplicada sobre um objeto que é

efetivamente utilizada para fazer ele girar em torno de um eixo ou ponto central,

conhecido como ponto pivô ou ponto de rotação. A distância do ponto pivô ao ponto

onde atua uma força ‘F’ é chamada braço do momento e é denotada por ‘D ’.

• Ângulo inicial em relação à horizontal (<ih): ângulo formado entre uma linha

horizontal e o eixo femural;

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1.7 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Foi desenvolvido um modelo animal para a análise da resistência ao movimento de

flexão do joelho de ratos após sete dias e quatorze dias de imobilização.

1.8 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O modelo animal será utilizado apenas em 2 grupos e com um número pequeno de animais.

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2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 TECIDO CONJUNTIVO

O tecido conjuntivo é constituído de quatro componentes principais: colágeno,

elastina, proteoglicanas e glicoproteínas. Várias células mesenquimais, incluindo fibroblastos,

osteoblastos, condroblastos e odontoblastos são responsáveis pela síntese dessas substâncias.

O colágeno é o principal dos tecidos que necessitam de alta força tênsil, como os vasos

sanguíneos, osso, córneas, ligamentos, escleróticas, pele, tendões, entre outros. A elastina,

com propriedades semelhantes às da borracha, ocorre em estruturas distensíveis, como artérias

e pulmões. As proteoglicanas e as glicoproteínas unem as células e outros elementos na matriz

extracelular (ROSKOSKI, 1997).

O tecido conjuntivo apresenta diversos tipos de células, separadas por abundante

material extracelular sintetizado pelas mesmas. A riqueza em material extracelular é uma de

suas características mais evidentes. Esse material é representado por uma parte com estrutura

microscópica definida, as fibras do conjuntivo, e pela matriz extracelular ou substância

fundamental, um gel viscoso de macromoléculas alongadas (glicosaminoglicanas,

proteoglicanas e glicoproteínas adesivas) muito hidratadas, que formam um arcabouço

entrelaçado e ligado às fibras e a receptores celulares denominados integrinas (JUNQUEIRA

& CARNEIRO, 1999).

Para Donatelli & Owens – Burkhart (1981), a matriz extracelular é designada

freqüentemente de substância fundamental, sendo formada por glicosaminoglicanas (GAGs)

e água. Para compreender as modificações que ocorrem com a imobilização, é importante

estar familiarizado com as GAGs e seu efeito sobre a extensibilidade do tecido conjuntivo.

Quatro GAGs principais são encontradas no tecido conjuntivo: ácido hialurônico,

condroitina-4-sulfato, condroitina-6-sulfato e sulfato de dermatan. Em geral as GAGs estão

ligadas a uma proteína e são designadas coletivamente de proteoglicanas. No tecido

conjuntivo, as proteoglicanas se combinam com a água para formar um agregado de

proteoglicanas.

De acordo com Akeson (1980), a água constitui de 60 % a 70 % do conteúdo total do

tecido conjuntivo. As GAGs possuem enorme capacidade de fixar água e são responsáveis

por este grande conteúdo hídrico. Juntas, as GAGs e a água formam um gel viscoso

semilíquido no qual estão engastados o colágeno e os fibrócitos. Admite-se que o ácido

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hialurônico com a água funciona como lubrificante entre as fibras colágenas. Este lubrificante

mantém certa distância entre as fibras, permitindo assim o deslizamento livre das fibras umas

sobre as outras, prevenindo possivelmente as ligações cruzadas excessivas. Esse deslizamento

livre é essencial para a mobilidade normal do tecido conjuntivo.

Com base na organização de suas fibras colágenas, o tecido conjuntivo é geralmente

classificado em dois tipos: irregular e regular. O tipo irregular de tecido conjuntivo

caracteriza-se por fibras que correm em diferentes direções no mesmo plano. Isso é de valor

funcional para as cápsulas, as aponeuroses e as bainhas, que são solicitadas fisiologicamente

em várias direções. Inversamente, nos tecidos organizados regularmente, as fibras colágenas,

correm mais ou menos no mesmo plano e na mesma direção linear. Essa organização

proporciona grande força elástica aos ligamentos e tendões que, do ponto de vista fisiológico,

recebem principalmente uma solicitação unidirecional (ANDREWS, 2000)

A matriz extracelular é muito hidratada e constituída principalmente de

proteoglicanas e glicoproteínas adesivas

A matriz extracelular ou substância fundamental do tecido conjuntivo é um gel

incolor, muito hidratado e transparente que preenche o espaço entre as células e as fibras do

conjuntivo, constituindo um veículo para a passagem de células, moléculas hidrossolúveis e

íons diversos, e uma barreira à penetração de microrganismos. Os fixadores histológicos

preservam mal a matriz extracelular, e nos preparados comuns ela aparece como um material

granuloso localizado entre as células e fibras do conjuntivo. Essa matriz é formada

principalmente por proteoglicanas e glicoproteínas adesivas, assim chamadas porque

participam da aderência entre as células, fibras e macromoléculas de matriz extracelular.

(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999)

As proteoglicanas são compostos macromoleculares, constituídas por

glicosaminoglicanas sulfatadas ligadas por covalência a proteínas. Uma molécula de

proteoglicana parece uma “escova de limpar frascos”, com uma parte central protéica (cerne

protéico) e as glicosaminoglicanas como os “pêlos da escova”. (JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 1999)

Glicosaminoglicanas (GAGs) são polímeros lineares (não ramificados) de peso

molecular elevado, formados por unidades dissacarídicas constituídas por um ácido urônico e

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uma hexosamina. As glicosaminoglicanas eram chamadas mucopolissacarídeos, designação

que não é mais aconselhada. Porém as doenças resultantes de defeitos no metabolismo das

glicosaminoglicanas ainda são chamadas mucopolissacaridoses. (JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 1999)

Possuindo numerosos grupos carboxila e sulfato em suas moléculas, as

glicosaminoglicanas são poliânions, ligando-se por eletrovalência a elevado número de

cátions, principalmente íon sódio. Os cátions, por sua vez, atraem grande quantidade de

moléculas de água. Por sua hidratação, as moléculas de proteoglicanas ocupam enorme

espaço, tornando-se muito eficientes para resistir a forças de compressão, enquanto as fibras

colágenas são muito resistentes a forças de distensão. (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999)

As proteoglicanas exercem muitas outras funções, além das já mencionadas. Por

exemplo, algumas servem como locais de ancoragem para o fator do crescimento fibroblástico

(que atua também sobre outras células) e para outras proteínas que estimulam a proliferação

celular. Fixando ou excluindo moléculas biologicamente ativas, as proteoglicanas influenciam

as células próximas. (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999).

As moléculas das glicoproteínas adesivas contêm uma parte protéica que se associa a

glicídios. Porém, ao contrário das proteoglicanas, há uma predominância da parte protéica, e

as glicoproteínas não apresentam os polissacarídeos lineares constituídos por unidades

dissacarídicas contendo hexosaminas. Nas glicoproteínas, a parte glicídica é uma estrutura

ramificada. As moléculas dessas glicoproteínas possuem regiões que aderem a receptores

celulares e regiões que aderem a fibras do conjuntivo, promovendo a ligação entre esses

elementos. A fibronectina e a laminina são glicoproteínas adesivas do conjuntivo,

biologicamente importantes. (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999)

A fibronectina representa uma família de glicoproteínas, com sítios de aderência para

células, colágeno e glicosaminoglicanas. Esta aderência torna possível a migração das células,

que só pode ser feita sobre um substrato, e a fixação das células em locais determinados.

(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999)

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2.1.1 Estrutura e Biossíntese do Colágeno

Os organismos animais pluricelulares são abundantemente constituídos de colágeno,

uma proteína cuja principal característica é a formação de fibras insolúveis com alta

resistência elástica.( VIIDIK & VUUST, 1980)

O colágeno constitui uma família de proteínas que se diferenciaram durante a

evolução, para exercer funções diversificadas.

Durante o processo evolutivo, certas proteínas estruturais foram se modificando sob as

influências do meio ambiente e das necessidades funcionais dos organismos animais,

desenvolvendo graus variáveis de rigidez e de resistência à tração. Essas proteínas são

conhecidas, coletivamente, como colágenos. (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999)

O colágeno, é a principal macromolécula do tecido conjuntivo, é a proteína humana

predominante, responsável por um terço de toda a massa protéica corporal. O colágeno

humano é constituído de mais de uma dúzia de tipos diferentes de cadeias α geneticamente

distintas. (ROSKOSKI, 1997)

Essa família de proteínas é produzida por diversos tipos celulares e se distingue pela

composição bioquímica, características morfológicas, distribuição, funções e patologia. De

acordo com sua estrutura e funções, o colágeno pode ser classificado em grupos, como

descrito a seguir. Colágenos que formam fibrilas: As moléculas desses colágenos se agregam,

sem gasto de energia, para formar fibrilas bem visíveis no microscópio eletrônico. Pertencem

a esse grupo os colágenos I, II, III, V e XI, conforme mostra o Quadro 1e 2. O colágeno do

tipo I é o mais abundante no corpo humano, fazendo parte de muitos tecidos, onde ocorre

como estruturas que correspondem ao que, classicamente, se denomina fibras colágenas,

presentes nos ossos, dentina, tendões, cápsulas de diversos órgãos, derme, entre outros.

Inicialmente se admitia que a síntese de colágeno era restrita a um pequeno número de

células, como os fibroblastos, osteoblastos, odontoblastos e condroblastos. Porém atualmente

se sabe que essa atividade é muito generalizada e que muitos tipos celulares produzem

colágeno (ROSKOSKI, 1997).

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QUADRO 1 – Principais características dos tipos de colágeno mais frequentes Tipo de

colágeno

Distribuição Microscopia óptica Microscopia eletrônica

I Derme, tendão, osso,

fibrocartilagem

Fibras grossas, não argrirófilas,

fortemente birrefringentes

Fibrilas grossas densamente

agrupadas, grande variação no

diâmetro

II Cartilagem hialina, disco

intervertebral

Fibrilas em feixes mal organizados,

visíveis somente com luz

polarizada.

Não forma fibras, fibrilas

circundadas por abundantes

substâncias fundamental

III Músculo liso, tecido

conjuntivo reticular

Fibras finas, argirófilas fracamente

birrefringentes

Fibrilas finas, de diâmetros uniforme

IV Lâmina basais Finas, P.A.S.- positivas e

argirófilas

Não constituem fibrilas

V Derme, tendão, osso,

fibrocartilagem

Forma fibrilas com colágeno tipo I Fibrilas

VII Derme Não visível

IX Cartilagem hialina

XI Cartilagem hialia, disco

intervertebral

Forma fibrilas com o tipo II Fibrilas

XII Tendão ligamentos

QUADRO 2 - Principais características dos tipos de colágeno mais frequentes Tipo de

colágeno

Células produtora Interação com

glicosaminoglicanas

Principal Função Organização

molecular

I Fibroblastos,

odontoblastos,

osteoblastos,

condroblastos

Fraca, principalmente com

sulfato de dermatana

Resistência a trações Forma fibrilas

II Condroblastos Forte interação com sulfato

de condroitina

Resistência à pressão Forma fibrilas

III Células musculares lisas,

células reticulares,

células de Schwann

Interação média com sulfato

de heparana

Manutenção da

estrutura de tecidos

delicados e

expansíveis

Forma fibrilas

IV Células endoteliais

epiteliais e de Schawan

Grau médio de interação com

sulfato de heparana

Suporte de estruturas

delicadas, filtração

Forma rede

tridimensional

V Fibroblastos Participam das

funções do colágeno

tipo I

Forma fibrilas

VII Une células do tecido Colágeno de

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conjuntivo ancoragem

IX Condroblastos Associação lateral das

fibrilas

Colágeno

associado a

fibrilas

XI Condroblastos Participa das funções

do colágeno tipo II

Forma fibrilas

XII Fibroblastos Associação lateral de

fibrilas

Colágeno

associado a

fibrilas

Os principais aminoácidos encontrados no colágeno são glicina (33,5%), prolina

(12%) e hidroxiprolina (10%). O colágeno contém dois aminoácidos que são característicos

desta proteína: hidroxiprolina e hidroxilisina. A unidade protéica que se polimeriza para

formar fibrilas colágenas é uma molécula alongada denominada tropocolágeno, que mede 280

nm de comprimento por 1,5 nm de espessura. A molécula de tropocolágeno consiste em três

cadeias polipeptídicas disposta em hélice. As diferenças na estrutura química dessas cadeias

são responsáveis pelos vários tipos de colágeno. (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999)

A unidade molecular básica da fibrila é o tropocolágeno, que é uma molécula protéica

fibrosa de aproximadamente 300 nm de comprimento e 1,5 nm de espessura. O tropocolágeno

é constituído por três cadeias polipeptídicas do mesmo tamanho, enroladas em forma de

hélice. A periodiocidade de 67 nm das estriações das fibras de colágenas resulta da agregação

paralela dos tropocolágenos que se sobrepõem de ¾ de seu comprimento em relação a cada

molécula. ( DE ROBERTIS, 2001)

Através das interações entre as moléculas de tropocolágeno, tem-se a formação de

microfibrilas, a menor unidade estrutural do tecido conjuntivo que podem ser vistas em

microscópio eletrônico de varredura como um filamento fino de 4 nm . (NIMNI, 1998)

Nos colágenos dos tipos I, II e III, as moléculas de tropocolágeno se agregam em

unidades microfibrilares que se juntam para formar fibrilas. Pontes de hidrogênio e interações

hidrofóbicas são importantes para a união dessas unidades que, posteriormente, são reforçadas

por ligações covalentes, catalisadas pela atividade da enzima extracelular lisil-oxidase, que

oxida moléculas do aminoácido lisina, estabelecendo pontes entre elas. (JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 1999)

Existem aproximadamente 25 classes de tropocolágenos. Em todas elas um terço dos

aminoácidos são glicinas, outro terço são prolinas e hidroxiprolinas e o terço restante constitui

outros tipos de aminoácidos. Tais cadeias polipeptídicas se combinam de diversas maneiras, o

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que resultam em 15 tipos diferentes de fibrilas de colágeno. Os principais correspondem aos

colágenos do tipo I,II, IV, VII, IX, XI.. (DE ROBERTIS, 2001)

As fibrilas colágenas são estruturas delgadas e alongadas, com diâmetro variável,

geralmente entre 20 e 90 nm, com uma estriação transversal característica, determinada pela

sobreposição das moléculas de tropocolágeno. As faixas escuras aparecem assim porque têm

maior número de radicais químicos livres e, por isso, retêm maior quantidade do contraste

(geralmente chumbo) usado na preparação do tecido para estudo ao microscópio eletrônico.

Nos colágenos tipos I e III, as fibrilas formam fibras e no tipo I, as fibras podem formar

feixes.

2.2 ANATOMIA E BIOMECÂNICA DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO HUMANO

O joelho é a maior articulação do corpo humano, com três ossos (fêmur, tíbia e patela)

FIGURA1 , dois graus de liberdade de movimento e três superfícies que se articulam: as

articulações tibiofemoral medial, tibiofemoral lateral e patelofemoral, as quais estão

encerradas dentro de uma cápsula articular comum (MOORE, 1992; HALL, 2000).

FIGURA 1 – Ossos da articulação do joelho direito (vista lateral). Fonte: Rohen; Yokochi; Lütjen-Drecoll (2002, p.427) modificada.

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Os côndilos femorais avantajados articulam–se sobre os côndilos também avantajados

da tíbia, numa linha mais ou menos horizontal. Como o fêmur se projeta para baixo, num

ângulo oblíquo em direção à linha média, seu côndilo medial é ligeiramente mais largo que o

lateral. O topo do côndilo medial e lateral da tíbia, conhecidos como platô tibial medial e

platô tibial lateral, servem como receptáculos para os côndilos femorais.

A tíbia é o osso medial da perna e sustenta muito mais intensamente o peso do corpo

do que a fíbula, que, apesar de servir como inserção para algumas estruturas articulares

importantes do joelho, não se articula com o fêmur nem com a patela, não fazendo, portanto,

parte da articulação do joelho. A patela é um osso sesamóide contido dentro do grupo

muscular do quadríceps e do tendão patelar. Sua localização permite que ela funcione para o

quadríceps como uma polia criando um ângulo de tração mais acentuado, que resulta numa

maior vantagem mecânica durante a extensão do joelho (THOMPSON & FLOYD, 2002).

A articulação do joelho é classificada como uma articulação gínglimo, ou seja, é uma

articulação em dobradiça, onde predomina o movimento de flexo-extensão, mas permitindo o

movimento de rotação axial da tíbia sobre o fêmur (FIGURA 2). É composto ainda de

estruturas moles, que são as cartilagens e os ligamentos, que dão estabilidade e permitem

melhor movimentação da articulação, além do líquido sinovial, que tem a função de nutrir e

lubrificar a articulação (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997, DANGELO; FATTINI, 2002,

WALLACE et al. 2000, LIPPERT, 2003).

O movimento rotacional ocorre quando o joelho encontra-se flexionado, esta rotação é

um componente acessório que acompanha a flexão e extensão (KAPANDJI, 2000; LIPPERT,

2003).

FIGURA 2 – Movimentos da articulação do joelho. Fonte: Calais-Germain (1992) modificada.

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Para Chhabra; Elliot; Miller (2001) as articulações têm por objetivo permitir o

movimento dos segmentos ósseos que o cercam, resistindo às cargas impostas pela gravidade

durante os movimentos. A complexa interação do fêmur, tíbia, patela e fíbula permite que a

articulação do joelho resista às forças durante as fases normais da deambulação, assim como

nas atividades mais dinâmicas como subir e descer escadas e corrida.

Segundo Kapandji (2000) a extensão é um movimento que afasta a face posterior da

perna da face posterior da coxa, relata ainda que não existe uma extensão absoluta, pois na

posição de referência o membro inferior está no seu estado de alongamento máximo. Porém, é

possível realizar principalmente com o movimento passivo uma extensão de 5° a 10° graus a

partir da posição de referência, sendo denominado este movimento de hiperextensão.

Quando ocorre o movimento de flexão do joelho, a patela move-se descendo uma

distância de quase o dobro de seu comprimento, entrando na incisura intercondilar do fêmur.

O movimento da patela ocorre pelo comprimento do tendão patelar, pela superfície articular e

por mínima ação quadríceps femoral (HAMILL; KNUTZEN, 1999).

Nos primeiros 20° de flexão, é de extrema importância a estabilidade oferecida pelo

côndilo lateral, pois a maioria das luxações e subluxações ocorrem nesta amplitude de

movimento inicial, onde a tíbia gira internamente e a patela é deslocada de seu

posicionamento lateral para dentro do sulco no qual o primeiro contato é feito com as facetas

inferiores (HAMILL; KNUTZEN, 1999, WALLACE et al., 2000).

De acordo com Kapandji, (2000) em condições patológicas, a flexão passiva está

limitada pela retração do aparelho extensor, principalmente do quadríceps, ou pelas retrações

capsulares.

Os músculos do joelho atuam nos movimentos de flexão e extensão da articulação e

também dão estabilidade para articulação (KENDALL et al,. 1995).

Wallace et al., (2000) citam que a forma geométrica do joelho é, do ponto de vista

ósseo, desenhada deficientemente para a estabilidade. Para aumentar a estabilidade, um

sistema fibroelástico do menisco repousa sobre a concha tibial.

De acordo com Moore (1992) os músculos são considerados estabilizadores

dinâmicos, enquanto que os ligamentos são considerados estabilizadores estáticos. O músculo

mais importante na estabilização da articulação do joelho é o quadríceps femoral,

particularmente as fibras inferiores dos músculos vasto medial e vasto lateral. As evidências

deste comportamento são que a articulação do joelho funcionará muito bem após um

estiramento dos ligamentos se o músculo quadríceps for bem desenvolvido.

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Quando o joelho está completamente estendido, os ligamentos colaterais medial e

lateral estão tensos, contribuindo para a estabilidade do joelho. Estes ligamentos cedem

quando a articulação flexiona, e esta é uma das razões pela qual uma quantidade de rotação

transversa pode ter lugar na posição fletida (HAMILL; KNUTZEN, 1999).

De acordo com Kapandji, (2000) a rotação axial, denominada automática, está

involuntariamente ligada aos movimentos de flexão-extensão, este movimento ocorre

principalmente no início da flexão ou nos últimos graus de extensão do joelho.

2.2.1 Cartilagem Articular

Segundo Junqueira & Carneiro (1999), a cartilagem articular é formada por uma forma

especializada de tecido conjuntivo de consistência rígida, que reveste superfícies articulares

onde absorve choques e facilita os deslizamentos.

A cartilagem articular contém somente um tipo de células (os condrócitos) uma matriz

extracelular e nenhuma célula nervosa ou vasos sanguíneos (BUCKWALTER; MARTIN,

1999, PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000).

“As propriedades da cartilagem são asseguradas pela composição e organização intra-

estrutural dos principais componentes da matriz; o colágeno e os proteoglicanos” (FULLER;

PASTOR, 2000, p. 140).

Sabe-se que as superfícies articulares são aquelas que entram em contato numa

determinada articulação. Estas superfícies são revestidas em toda sua extensão, por cartilagem

hialina (cartilagem articular) que representa a porção do osso que não foi invadida pela

ossificação (DANGELO; FATTINI, 2002).

A cartilagem é um tecido conjuntivo feito de células (condroblastos e condrócitos) que

produz uma matriz extracelular de proteoglicanas e fibras colágenas com um alto teor hídrico.

A resistência tênsil da cartilagem é dada pelo componente colágeno. Sua resistência à

compressão é dada pela capacidade da proteoglicana em atrair e manter a água. Os tipos de

cartilagem incluem a cartilagem articular ou hialina, a fibrocartilagem que existe nos locais

de inserção de ligamentos, tendões e ossos; a cartilagem fibroelástica encontrada nos

meniscos e discos intervertebrais; e a cartilagem da placa de crescimento localizada na

epífise de ossos imaturos (GROSS; JOSEPH; ROSEN, 2002).

A cartilagem articular apresenta diferentes características, conforme passa da

superfície a zonas mais profundas. Estas diferenças estão relacionadas com a quantidade e

organização dos componentes da matriz e dos condrócitos, o que dá às camadas

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características biomecânicas conforme a região. Em função destas variações, divide-se a

cartilagem em quatro camadas: superficial, média, profunda e calcificada. Em uma superfície

articular normal, a espessura da cartilagem articular apresenta grandes variações, conforme a

região (JURVELIN et al, 1986; TYYNI; KARLSSON, 2000; VANWANSEELE et al, 2002).

2.2.2 Cápsula Articular

A cápsula articular forma uma “manga” em torno das articulações, fixando-se

imediatamente acima dos côndilos femorais e abaixo dos côndilos tibiais. Anteriormente, há

um recorte para a patela, e posteriormente há uma dobra central em que quase se divide o

espaço articular. Retináculos e ligamentos reforçam e se tornam partes integrantes da cápsula.

O tendão proximal do músculo poplíteo perfura a cápsula para fixar-se no côndilo femoral

lateral (SMITH; WEISS; LEHMKUL, 1997).

Cápsula articular é uma membrana conjuntiva que envolve a articulação sinovial como

um “manguito”. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a

membrana sinovial (interna). A primeira é mais resistente e pode estar reforçada em alguns

pontos, por feixes também fibrosos que constituem os ligamentos capsulares, destinados a

aumentar sua resistência. Em muitas articulações sinoviais, todavia existem ligamentos

independentes da cápsula articular denominados extra capsulares ou acessórios e em algumas,

como na do joelho, aparecem também ligamentos intra-articulares (PALASTANGA; FIELD;

SOAMES, 2000).

A cápsula basicamente define a articulação, criando a porção inter-articular da

articulação, ou a parte de dentro da articulação, que possui uma cavidade articular com

pressão atmosférica reduzida. Embora as cargas dos tecidos moles sejam difíceis de computar,

a cápsula sustém parte da carga imposta sobre a articulação. Qualquer imobilização da

cápsula altera as propriedades mecânicas do tecido capsular e pode resultar em rigidez

articular. Do mesmo modo, lesão na cápsula geralmente resulta no desenvolvimento de uma

secção espessa ou fibrosa, que pode ser palpável externamente (PALASTANGA; FIELD;

SOAMES, 2000).

A camada fibrosa da cápsula articular é formada por tecido conjuntivo denso, sendo

mais desenvolvida nos locais sujeitos a trações fortes. Ela envolve os ligamentos da

articulação e os tendões que se inserem próximo às extremidades ósseas (JUNQUEIRA;

CARNEIRO, 1999).

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De acordo com Kapandji, (2000) a cápsula articular é uma estrutura fibrosa que

contorna a epífise distal do fêmur e a epífise proximal da tíbia mantendo-as em contato e

formando as paredes não-ósseas da articulação. Sua camada mais profunda é recoberta pela

membrana sinovial.

A cápsula articular tem por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disto

impede o movimento em planos indesejáveis e limita a amplitude dos movimentos

considerados normais, junto com os ligamentos. (GOULD III, 1996; DANGELO;

FATTINI, 2002).

Segundo Palastanga; Field; Soames (2000) não há uma cápsula fibrosa independente

contínua unindo a tíbia e o fêmur, há apenas fibras capsulares verdadeiras correndo entre os

ossos. A fixação da cápsula no fêmur é deficiente anteriormente, onde se funde com os

tendões fundidos do quadríceps. Sua fixação à tíbia é mais completa, porém, é deficiente

apenas na região da tuberosidade tibial, a qual dá fixação ao ligamento patelar. Posteriormente

as fibras capsulares originam-se dos côndilos femorais acima das superfícies articulares e da

linha intercondiliana e passam verticalmente para baixo a fim de fixar-se no bordo posterior

da extremidade superior da tíbia.

“A cápsula é redundante anterior e posteriormente para permitir a flexão/extensão em

virtude de uma disposição em X frouxa das fibras capsulares (colágenas)”. (SAMBROOK et

al, 2003, p. 148).

A cápsula posterior do joelho é frouxa em flexão, mas fica tensa em extensão

tornando-se um importante estabilizador da articulação (GOULD III, 1996).

Conforme Weinstein; Buckwalter, (2000) a membrana sinovial é um tecido delgado

que junto com a cartilagem hialina envolve toda a cavidade sinovial da articulação. A

cartilagem hialina é nutrida pelo líquido sinovial que tem origem no exsudato de capilares

sinoviais e tem como propriedades principais a viscosidade e lubrificação da articulação.

De acordo com Gould III (1996) a membrana sinovial participa da articulação em pelo

menos três aspectos fisiológicos: provê um revestimento de baixa fricção e produz o ácido

hialurônico, que é o componente mucínio do líquido sinovial; transporta nutrientes

necessários para o interior do espaço articular removendo as perdas metabólicas através de

seu sistema capilar linfático e tem um importante papel na manutenção da estabilidade

articular.

O líquido sinovial é um ultra filtrado do sangue, no qual é adicionado o ácido

hialurônico, que por sua vez é secretado pelos sinoviócitos, conferindo viscosidade ao líquido

e atuando como lubrificante articular (SAMBROOK et al. 2003).

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Em condições normais, a quantidade de líquido sinovial é escassa. Contudo, os

movimentos de flexão/extensão asseguram a limpeza permanente das superfícies articulares

pela sinóvia, o que contribui para a boa nutrição da cartilagem e, principalmente, para a

lubrificação das zonas de contato (KAPANDJI, 2000).

Como a cartilagem articular, a cápsula articular e os ligamentos associados se adaptam

a alterações no padrão de atividade. Por exemplo, um dos maiores perigos associados à

imobilização das articulações para fins de reabilitação diz respeito às adaptações que ocorrem

na cápsula e nos ligamentos articulares. Aparentemente, o tecido conjuntivo tende a se adaptar

ao menor comprimento funcional; quando uma articulação é imobilizada, a cápsula e os

ligamentos se encolhem, e um novo tecido é sintetizado para acomodar o menor

comprimento. Essas modificações reduzem a mobilidade da articulação. Imobilizações assim

podem contribuir para o desenvolvimento de osteoartrite (VIDEMAN, 1987 apud ENOKA

2000).

2.2.3 Ligamentos

Os ligamentos são estabilizadores estáticos das articulações que conectam ossos a

ossos (FIGURA 3). Os ligamentos e outras estruturas capsulares da articulação são feitos de

tecido conjuntivo denso e organizado. Os ligamentos contêm colágeno e uma quantidade

variável de elastina. O colágeno fornece força tênsil ao ligamento e a elastina provê

elasticidade. As fibras de colágeno estão arranjadas mais ou menos paralelas às forças que o

ligamento deve resistir. A maioria dos ligamentos e tecidos capsulares penetram no osso

como uma progressão a partir de fibras colágenas, para a fibrocartilagem, desta para a

cartilagem calcificada e, então, finalmente para o osso (GROSS; JOSEPH; ROSEN, 2002).

Para Hamil; Knutzen, (1999) os ligamentos tem a função de resistir às forças tensivas

ao longo da linha das fibras colágenas, estabilizar, controlar e limitar o movimento articular.

Estes podem ser capsulares, extracapsulares ou intra-articulares. Os capsulares são

espessamentos na parede da cápsula, como os ligamentos glenoumerais. Os extracapsulares

ficam fora da articulação, como o ligamento colateral fibular ou lateral do joelho. Já os intra-

articulares são localizados dentro articulação sinovial, como por exemplo os ligamentos

cruzados.

Em relação à parte ligamentar, o joelho é composto pelos ligamentos

meniscopatelares, patelofemorais, coronário, colateral lateral, colateral medial, oblíquo

posterior, poplíteo oblíquo, cruzado anterior, cruzado posterior e dois ligamentos comuns (Fig

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3), porém de função desconhecida que são os ligamentos de Wrisberg e de Humphrey.

(FIGURAS 3 e 4) De todos, merecem destaque os ligamentos cruzado anterior, cruzado

posterior, colateral medial e lateral. O ligamento cruzado anterior repousa mais anteriormente

na cavidade intercondilar do fêmur, originado na depressão anterior à eminência tibial média.

A partir desta origem ele se dirige em uma direção superior, oblíqua e posterior para se inserir

no côndilo femoral lateral em um padrão semicircular, dando-lhe uma configuração retorcida

(GOULD III, 1996; MACNICOL, 2002; SOLOMON et al., 2002).

O ligamento colateral medial tem origem no tubérculo do adutor no côndilo medial do

fêmur, e avança distalmente até inserir-se na diáfise medial da tíbia, aproximadamente 7,5 a

10,0 cm abaixo da linha articular, inferiormente à inserção da “pata de ganso”. Este ligamento

e as estruturas capsulares associadas são fortes estabilizadores do aspecto medial do joelho,

servindo de proteção contra a abertura em valgo e forças de rotação externa da tíbia, mais

notavelmente quando o joelho está flexionado (WALLACE et al., 2000; ELLENBECKER,

2002; SOLOMON et al., 2002).

FIGURA 3 – Joelho direito em flexão (vista anterior). Fonte: Netter (1999) modificado.

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FIGURA 4 – Joelho direito em extensão (vista posterior). Fonte: Netter (1999) modificado.

O ligamento colateral lateral, redondo e em forma de “lápis”, é muito mais curto e

delgado que o ligamento colateral medial. Tem origem no côndilo lateral do fêmur e avança

distalmente e posteriormente sobre o tendão do poplíteo, e insere-se na parte próximo lateral

da cabeça da fíbula. Este ligamento é responsável pela proteção contra a tensão da abertura

em varo no joelho (WALLACE et al., 2000; ELLENBECKER, 2002; SOLOMON et al.,

2002).

Segundo Palastanga; Field; Soames (2000, p.388), “os ligamentos cruzados são

compostos principalmente de fibras colágenas, com uma pequena proporção de fibras

elásticas (10%), desse modo dando aos ligamentos uma alta resistência à tração”.

Os ligamentos cruzados possuem um suprimento sanguíneo razoavelmente bom,

derivado principalmente da artéria genicular média, com uma pequena contribuição da artéria

genicular ínfero-lateral. Os vasos sanguíneos formam uma bainha periligamentar em torno

dos ligamentos, da qual se originam pequenos vasos penetrantes (PALASTANGA; FIELD;

SOAMES, 2000).

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Segundo Ellenbecker, (2002), os ligamentos cruzados anteriores auxiliam no controle

dos seis graus de liberdade do movimento do joelho, em virtude de suas amplas inserções na

tíbia e no fêmur. Alguns feixes colagenosos sofrem maior tensão, enquanto outros são

submetidos a menores cargas, com base na amplitude de movimento e na orientação

rotacional. Em geral, suas fibras alongam-se com o aumento da flexão do joelho, enquanto as

inserções posteriores diminuem no comprimento durante a flexão do joelho.

Ainda há outros dois ligamentos que restringem movimentos mais complexos da

articulação do joelho. O ligamento poplíteo oblíquo posterior, localizado na região póstero-

medial do joelho, impede a hiperextensão do joelho e a translação ântero-medial da tíbia, e o

complexo arqueado, que é uma estrutura composta pela porção tendinosa do músculo poplíteo

e o ligamento arqueado. Esta estrutura impede a hiperextensão do joelho e a translação ântero-

lateral da tíbia e está localizado na região póstero-lateral do joelho (WALLACE et al., 2000).

De acordo com a pesquisa realizada por Buttler; Noyes; Grood, apud Gould III (1996),

o ligamento cruzado anterior é responsável de 85 % a 87 % da contenção total em flexão de

30° e 90°.

O ligamento cruzado posterior é composto por duas porções, uma ântero- lateral mais

espessa, tencionada em flexão e, outra póstero-medial, menor e tensionada em extensão.

Origina-se na face lateral do côndilo medial e insere-se em uma depressão posterior de

superfície articular da tíbia (SCHWARTSMANN; LECH; TELÖKEN, 2003).

O ligamento cruzado posterior tem como função impedir a posteriorização da tíbia em

relação ao fêmur e desempenha função importante no mecanismo desacelerador da

articulação, sendo essa função sinérgica ao quadríceps, que desempenha o mesmo papel. Esse

ligamento é responsável por 95 % da estabilização posterior do joelho (HEBERT, 2003).

Conforme Kapandji (2000), quando a flexão do joelho aumenta até 90º e depois até

120º, o ligamento cruzado posterior se endireita verticalmente e se contrai proporcionalmente

mais que os ligamentos cruzados anteriores. Em extensão e hiperextensão, todas as fibras dos

ligamentos cruzados anteriores estão tensas, enquanto só as fibras póstero-superiores do

ligamento cruzado posterior estão tensas. Portanto, os ligamentos cruzados anteriores estão

tensos em extensão (sendo este um dos “freios” da hiperextensão) e o ligamento cruzado

posterior está tenso em flexão. Durante a flexão, os ligamentos cruzados anteriores agem

dirigindo o côndilo para frente. Então, pode-se dizer que o ligamento cruzado anterior é

responsável pelo deslizamento do côndilo para frente. Contudo, durante a extensão, o

ligamento cruzado posterior é responsável pelo deslizamento do côndilo para trás, associado

ao seu rolamento para adiante.

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Com o exercício, os ligamentos se adaptam às maiores cargas, tornando-se maiores e

se hipertrofiando ou modificando suas propriedades ao adquirir uma maior força por unidade

de área (WOO et al., 1980).

Os ligamentos respondem às cargas impostas a eles e, tornam-se mais fortes e rígidos

com o tempo. Tendões e ligamentos são sensíveis tanto ao treinamento quanto ao desuso.

(BUCKWALTER, 1995).

Os ligamentos são compostos por tecidos dinâmicos, que sofrem hipertrofia com o

exercício e atrofia com a imobilização prolongada (MAFFULI, 1992).

Os ligamentos e cápsula articulares apresentam suprimento sanguíneo deficiente, e

quando lesados, têm recuperação lenta. Porém, possuem um suprimento nervoso abundante e

assim, são fontes importantes de dor (LIANZA, 2001).

2.2.4 Menisco

Em várias articulações sinoviais, interpostas às superfícies articulares encontram-se

formações fibro-cartilagíneas, os discos e meniscos intra articulares, de função discutida:

serviriam à melhor adaptação das superfícies que se articulam (tornado-as congruentes) ou

seriam estruturas destinadas a receber violentas pressões agindo como “amortecedores”

FIGURA 3 e 4. Meniscos, com sua característica forma de meia lua, são encontrados na

articulação do joelho (BROWN; NEWMANN, 2001; AMATUZZI et al., 2003).

De acordo com Placzek; Boyce, (2004), os meniscos são compostos de células e

matriz extracelular de colágeno, proteoglicanos, glicoproteínas e elastina. O colágeno é em

90% do tipo I com menores quantidades dos tipos II, III, V e VI. No seu terço externo as

células são do tipo fibroblástico, no seu terço interno condrócitas e no seu terço médio são

fibrocondrocíticas.

Segundo Behnke (2004), as bordas externas dos meniscos são grossas, convexas e

estão conectadas à tíbia pelo ligamento coronário. No entanto, as bordas internas são como

papel fino e permanecem livremente nas faces condilares da tíbia. As faces superiores nos

meniscos são côncavas, para acomodarem os côndilos do fêmur.

O menisco tem inúmeras funções importantes que incluem: aumento da estabilidade e

congruência da articulação do joelho, distribuição e transmissão das cargas, absorção dos

choques, propriocepção articular e participação na lubrificação e nutrição articulares. A

Inserção da cápsula do joelho segue a superfície articular das articulações patelofemoral e

tibiofemoral, e insere-se perifericamente nas margens articulares. A cápsula apresenta um

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recesso posterior que reveste tanto o côndilo medial como o lateral, uma identificação

seguindo a cavidade intercondilar do fêmur e uma bolsa patelar superior grande (GOULD III,

1996).

Os meniscos estão inseridos no platô tibial pelos ligamentos coronários. Uma faixa

fibrosa delgada, conhecida como ligamento transverso do joelho, une as bordas anteriores dos

dois meniscos. Esta conexão permite que se movimentem juntos durante os movimentos do

fêmur sobre a tíbia (WALLACE et al., 2000; GOULD III; 1996; MCCARTY et al., 2002).

Palastanga; Field; Soames, (2000), afirmam que, do mesmo modo os meniscos

acompanham o movimento do fêmur em relação à tíbia, eles também sofrem considerável

distorção durante seu movimento.

Segundo Gould III, (1996), o suprimento vascular dos meniscos provém da periferia

da cápsula articular, presumivelmente recebem sua nutrição a partir do líquido sinovial, mas

também por difusão dos plexos vasculares, que estão presentes nos tecidos moles adjacentes

nas inserções no osso ou cápsula fibrosa.

Para Schwartsmann et al.,(2003), a vascularização dos meniscos é dividida em três

áreas. A área vermelha-vermelha apresenta suprimento sanguíneo na parte capsular e no

próprio menisco. A área vermelha-branca possui suprimento periférico e a parte central é

avascular. A área branca-branca não apresenta suprimento vascular.

O menisco medial tem forma de “C” e está aderido firmemente ao ligamento colateral

medial. Também possui inserções na cápsula, patela (ligamentos alares), ligamento cruzado

anterior e músculo semimembranoso. Devido a estas fortes fixações e a grandes forças que

são transmitidas no compartimento medial do joelho, o menisco medial é mais susceptível a

lesões. O menisco lateral tem forma de “O” e é mais móvel que o menisco medial por ter

menos inserções. Além das inserções comuns aos dois meniscos, possui inserções na cápsula,

músculo poplíteo e ligamento cruzado posterior (CALAIS-GERMAIN, 1992; KISNER;

COLBY,1998; HEBERT, 2003).

Da flexão para a extensão, ambos os meniscos movem-se posteriormente, com o

lateral recuando duas vezes mais do que o medial, aproximadamente 12 mm e 6 mm,

respectivamente. Durante este movimento, o menisco lateral sofre maior deformação do que o

medial, principalmente porque os seus cornos anteriores e posteriores estão mais próximos um

do outro. Somente um elemento passivo está envolvido no movimento dos meniscos, os

côndilos femorais empurram-nos anteriormente durante a extensão. Contudo, ativamente, na

extensão do joelho, ambos são puxados para frente pelas fibras menisco patelares, que são

esticadas, puxando o ligamento transverso para frente. Além disso, durante a flexão, o

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menisco lateral é tracionado posteriormente pela fixação do poplíteo no mesmo.

Posteriormente, o menisco medial recebe uma cobertura do tendão semimembranoso em

forma de cápsula. Isso resulta em um deslocamento posterior durante a flexão (KAPANDJI,

2000; SOLOMON et al., 2002).

2.2.5 Tendão

O tendão tem a função de conectar o músculo ao osso, por isso, é dito que está em

série com a fibra muscular (ACHOUR, 1998).

O tendão é constituído por feixes paralelos de fibras colágenas densamente agrupadas,

separadas por fileiras de núcleos comprimidos pertencentes aos fibrócitos produtores de

colágeno, dando a coloração esbranquiçada a esse tecido (CORMACK, 1993; JUNQUEIRA;

CARNEIRO, 1999).

Segundo Ross; Romrell; Reith, (1993) é considerado como um tecido conjuntivo

denso ou modelado. É constituído de colágeno, elastina, proteoglicanas e água.

Culav; Clarck; Merrilees, (1999) também descrevem a constituição do tendão como

sendo principalmente de colágeno tipo I, sendo que o colágeno tipo III está presente no

começo da fase de cicatrização, onde sua função principal é dar força mecânica a uma matriz

recém formada. A fibras de colágeno do tendão possuem uma disposição paralela, o que

permite ao mesmo resistir a forças unidirecionais e transmitir esta força à inserção óssea, local

onde as fibras formam uma aponeurose fibrocartilagínea.

Para Burkitt; Young, (1994), são faixas resistentes, inelásticas, mas flexíveis, que

conectam determinados músculos a diversas estruturas, permitindo que as forças musculares

sejam exercidas a alguma distância do corpo do próprio músculo, e em alguns casos, em

diferentes direções.

Mcilwraith, (1994), descreve que o tendão pode receber irrigação sanguínea desde a

junção miotendínea e óssea. Somente 25 % da irrigação tendínea é de origem muscular ou

óssea, tanto distal como proximal ao tendão. O para tendão, bem como o mesotendão

associados às bainhas tendíneas contribuem de maneira significativa com a irrigação

sanguínea.

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2.2.6 Sinóvia e Bursas

O tecido sinovial fica na parte interna das articulações sinoviais. Tem duas funções:

produzir fluídos lubrificantes e fagocitar fragmentos estranhos. A sinóvia é altamente

vascularizada e inervada. (GROSS et al. 2002)

Apesar de representar menos que 1/10000 da massa corporal de um indivíduo adulto, a

sinóvia tem funções especializadas como a produção de componentes da matriz extracelular e

de líquido sinovial, interação com os elementos da resposta imune (incluindo complexo Ag-

Ac, proteínas do complemento e linfócitos B), e é alvo de doenças inflamatórias capazes de

produzir intensa incapacidade física. Ela não é uma membrana verdadeira, mas um espaço

tecidual modificado, formada pelas células de revestimento da superfície e a matriz

especializada, conhecida como íntima; e a subíntima, localizada na porção subjacente, que é

rica em componentes vasculares. A íntima está associada a uma matriz fibrilar fina ou amorfa

com fibras colágenas ausentes ou intermitentes. Logo abaixo desta existe uma camada

relativamente rica em colágeno, bastante distensível, que forma a base da membrana física.

Abaixo desta, existe uma camada frouxa que fica junto aos ligamentos, tendões, periósteo ou

outras estruturas fibrosas, e que permite a membrana movimentar-se livremente (WALSH et

al, 1997) Discute-se se a sinóvia é uma verdadeira secreção ou um ultra-filtrado do sangue,

mas é certo que contém ácido hialurônico que lhe confere a viscosidade necessária à sua

função lubrificadora. (DANGELO & FATTINI, 2002)

Os sacos bursais servem para reduzir a fricção. Assim estão localizados sempre que

houver a necessidade de movimento em proximidade as estruturas. (GROSS et al. 2002)

2.2.7 Musculatura

Para Smith; Weiss Lehmkuhl (1997) existem treze músculos que atuam na região do

joelho(FIGURA 5 e 6). Destes treze músculos, cinco são biarticulares, ou seja, são

responsáveis por movimentar duas articulações distintas. São eles: reto femoral, grácil,

gastrocnêmio, sartório, bíceps femoral:

• Extensores do joelho: O grupo de músculos quadríceps consiste em quatro

músculos: reto femoral, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio; estes

músculos formam uma única inserção sobre a patela. O músculo articular do

joelho é um pequeno músculo achatado , que auxilia na extensão do joelho;

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• Flexores do joelho: Os músculos bíceps da coxa, o semitendinoso e o

semimembranoso. Músculos que ajudam na flexão do joelho, gastrocnêmio,

plantar, poplíteo, grácil e sartório;

• Rotadores internos: Os músculos que atuam na rotação interna são:

semitendinoso, semimembranoso, poplíteo, grácil e sartório;

• Rotadores externos: É realizado pelo bíceps da coxa.

FIGURA 5 – Músculos do joelho direito (vista anterior) Fonte: Netter (1999) modificado.

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FIGURA 6 – Músculos e nervos do membro inferior direito. (vista posterior). Fonte: Netter (1999) modificado.

2.2.8 Inervação do Joelho

A inervação da articulação é feita por ramos dos nervos obturatório, tibial, femoral e

fibular comum (SANTOS, 2002).

Os nervos femoral e ciático são responsáveis pela inervação do joelho (Fig. 6). O

ciático divide-se em nervo fibular comum e nervo tibial. O nervo femoral é responsável pelo

mecanismo de extensão. A musculatura flexora é inervada pelas ramificações do nervo ciático

(fibular comum e tibial) que se situam na fossa poplítea. O músculo semimembranoso,

semitendinoso e a cabeça longa do bíceps femural são inervados pelo nervo tibial. A cabeça

curta do bíceps é inervada pelo fibular comum (CAILLET 2001).

2.2.9 Suprimento Sangüíneo

Segundo Lippert, (2003) a irrigação do joelho é feita pela artéria poplítea, que passa

pela região denominada espaço poplíteo, localizado por sua vez atrás do joelho, é uma área

preenchida pelos nervos tibial e fibular comum. Esta região é limitada superiormente pelos

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músculos semitendíneo, semimembranáceo, na porção lateral pelo bíceps femoral e nos

limites inferiores pelo gastrocnêmio (cabeça lateral e medial).

A artéria femoral passa através do hiato tendíneo do músculo adutor magno e penetra

na fossa poplítea com o nome de artéria poplítea. Esta é a principal artéria da região do joelho

e cruza a fossa poplítea com obliqüidade lateral, adjacente à face posterior do fêmur e, à

articulação do joelho os ramos da artéria femoral são os seguintes:

• Artérias geniculares: fazem parte da rede arterial periarticular do joelho. São cinco: as

geniculares superiores, medial e lateral, geniculares inferiores medial e lateral e

genicular média;

• Ramos musculares: são de pequeno calibre, para os músculos adjacentes,

especialmente as artérias surais que irrigam o gastrocnêmio (DÂNGELO; FATINI,

2000).

Em torno do joelho, as artérias geniculares superiores e inferiores se anastomosam

entre si e ainda com o ramo descendente da artéria circunflexa lateral do fêmur, a descendente

do joelho da femoral e a artéria recorrente tibial anterior para formar uma rica circulação

colateral em torno da articulação do joelho, a rede arterial periarticular do joelho

(DÂNGELO; FATINI, 2000).

Santos (2002) descreve que em torno do joelho encontram-se as artérias articulares,

que são ramos dos vasos que formam as anastomoses geniculares. Estas artérias são

responsáveis pelo suprimento sanguíneo da articulação. A artéria genicular do joelho (um

ramo da artéria poplítea) penetra na cápsula fibrosa e supre os ligamentos cruzados, cápsula

sinovial e as bordas periféricas (espessas) dos meniscos.

2.3 IMOBILIZAÇÃO

As fraturas ósseas, rupturas ligamentares, lesões musculares, como também doenças

degenerativas ou articulares, podem exigir, após cirurgia ou tratamento conservador,

imobilização dos membros, que é comumente realizada por meio da aplicação de ataduras

gessadas (APPELL, 1990).

O estudo dos efeitos da imobilização utilizando aparelho gessado vem sendo realizado

em grande freqüência, contando inclusive com o apoio da NASA (National Aeronautics and

Space Administration), que busca determinar os mecanismos de atrofia muscular em

contenção em indivíduos que são submetidos a microgravidade (MUSACCHIA, 1988).

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Modelos animais de imobilização têm sido amplamente utilizados para o estudo de

processos degenerativos desse tecido. As alterações bioquímicas e metabólicas e suas relações

com a função ainda não são conclusivas (LEROUX et al, 2001; NARMONEVA et al, 2002).

Períodos longos de imobilização levam a múltiplas complicações, como atrofia

muscular, aderências teno-cutâneas, alterações tróficas neurais, osteoartrite, tromboflebite,

necrose de pele, osteoporose e re-ruptura. Essas complicações prejudicam a reabilitação

motora levando a um atraso da função tendinosa. Se a cicatrização puder ser acelerada, a

duração da imobilização pode ser reduzida para minimizar seus efeitos deletérios

(ENWEMEKA, 1989).

As complicações da imobilização podem surgir no sistema osteomuscular, no tecido

conjuntivo, tecido ósseo, tecido articular, sistema respiratório, sistema metabólico e sistemas

gastrointestinais (ARTILES et al., 1997 apud RAPOSO; LÒPEZ 2002).

A imobilização prolongada após cirurgia articular está associada a alterações na

cartilagem, ligamentos, músculos e complexo osso-ligamento, gerando uma proliferação do

tecido fibroso periarticular. A perda da mobilidade articular pode provocar dor, degeneração

articular, diminuição da função do órgão e aumento no tempo de retorno funcional do

membro operado (MARSOLAIS; DVORAK.; CONZEMIUS, 2003; CONZEMIUS, 2004).

As contraturas podem ser outro efeito da imobilização, podendo envolver os músculos

e outros tecidos moles que rodeiam a articulação, provocando atrofia e incompetência

funcional pelo desuso. Este efeito não é apenas a redução do tamanho do músculo, mas

também uma redução no movimento funcional, alongamento, resistência e coordenação

(KRASNOFF 1999 apud RAPOSO; LÓPEZ 2002).

No tecido articular Oliveira et al. (1999 apud RAPOSO; Lopez 2002), apontam como

conseqüência da imobilização o espessamento da sinóvia e fibrose articular, gerando uma

nutrição deficiente, ocasionando uma atrofia da cartilagem com proliferação do tecido fibro-

gorduroso.

Está bem descrito que a imobilização provoca alterações degenerativas na cartilagem

articular. (BEHRENS et al, 1989, VANWANSEELE et al, 2002).

Estudos mostraram o aumento da rigidez e a diminuição progressiva do movimento

depois de curtos períodos de imobilização, que variaram de doze dias a oito semanas

(REYNOLDS 1996; TRUDEL 1997).

Os efeitos da imobilização sobre o tecido conjuntivo podem ser assim resumidos :

1. Redução no conteúdo de água e de GAGs, que acarreta diminuição da

matriz extracelular;

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2. Redução na matriz extracelular, que está associada com diminuição na

lubrificação entre as ligações cruzadas das fibras;

3. Redução na massa de colágeno;

4. Aumento no ritmo de renovação, de degradação e de síntese do colágeno;

5. Aumento nas ligações cruzadas das fibras colágenas anormais.

A imobilização causa deterioração rápida nas propriedades bioquímicas e mecânicas

dos ligamentos, devido em parte à atrofia, que acarreta uma perda global na força e na rigidez

dos ligamentos e grande deterioração dentro de poucas semanas, quando as células do

ligamento produzem um material ligamentar de qualidade inferior, contribuindo para a

fraqueza estrutural do complexo ligamentar (FRANK, 1996).

Elder; McComas (1987) deixaram ratos jovens em suspensão por 14, 28 e 206 dias e

observaram que o maior grau de atrofia muscular ocorreu nos 28 primeiros dias. Já para

McNulty et al., (1992) o período de maior presença de atrofia foi nos 7 primeiros dias após a

suspensão.

A atrofia muscular pode ser o resultado do desuso prolongado de um membro em

decorrência de afecções ortopédicas, neurológicas (MILLIS, 2004) e após procedimentos

cirúrgicos que necessitam de imobilização articular prolongada (MORRISSEY et al., 1985;

APPEL et al., 1990), sendo observada tanto em animais (MILLIS, 2004) como em seres

humanos (GOULD III et al., 1986; GIBSON et al., 1988). Entre as seqüelas encontradas pode

se citar a diminuição da força muscular, instabilidade e rigidez articular (GOSSMAN et al.,

1986) e diminuição da síntese das proteínas musculares (GIBSON et al., 1988).

Quando uma articulação é imobilizada ocorrem diversas mudanças na cápsula

articular. O conteúdo intracelular de água diminui e conseqüentemente há uma diminuição na

distância entre as fibras que constituem a cápsula articular. Estas alterações ocasionam um

aumento na formação de ligações transversas entre as fibras e adesões capsulares (EDMOND,

2000).

Com a imobilização ocorre proliferação fibroadiposa, que provoca adesões intra-

articulares, alterações bioquímicas em tendões, ligamentos e nos tecidos capsulares da

articulação, assim como, contraturas articulares e enfraquecimento ligamentar. Com lesões ou

degeneração da cápsula, ocorre diminuição do feedback proprioceptivo que poderá ocasionar

alterações nas respostas de equilíbrio do indivíduo (KISNER e COLBY, 1998).

As duas principais mudanças patológicas na imobilização são o aumento da rigidez da

cápsula e degeneração da cartilagem (Evans 1960, Halar; Bell 1998).

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Thompson, (1934) apud Oliveira 2004, utilizou-se da imobilização gessada para

imobilizar os membros posteriores de coelhos em posição flexionada naturalmente adquirida

pelo animal, o que permitia a descarga de peso. Em outro grupo, os animais foram

imobilizados em extensão, não permitindo a descarga de peso. Os animais foram sacrificados

a cada semana, por seis semanas. A análise foi direcionada às características histológicas dos

músculos da panturrilha e isquiotibiais e teve como resultado que a imobilização provocou

grande atrofia e que esta foi menor no grupo que teve apoio do peso.

Cooper (1972) apud Oliveira 2004 realizou estudo experimental em gatos com

imobilização gessada por 6 e 22 semanas. Os resultados evidenciaram um decréscimo de 25

% no peso muscular do animais imobilizados por 6 semanas e 70 % nos imobilizados por 22

semanas, concluindo ser difícil correlacionar os estudos experimentais devido à grande

variação metabólica entre os mamíferos.

Jarvinen (1977) apud Oliveira 2004 avaliou os efeitos da imobilização nas

propriedades mecânicas dos músculos gastrocnêmios de ratos imobilizados por 7, 14, 21 e 42

dias. Dentre os resultados foi encontrada uma redução significativa das propriedades

mecânicas de carga e alongamento máximos, da resiliência e da rigidez nos animais que

fizeram uso de imobilização por uma semana.

Hauschka, Roy e Edgerton (1987) apud Oliveira 2006, observaram que a redução do

peso muscular após imobilização é menor do que a redução do tamanho das fibras

musculares. A partir destas observações, sugeriram que o aumento do tecido conectivo

intramuscular pode ocultar a extensão verdadeira da atrofia.

Javinen et al. (1992) apud Oliveira 2006, realizaram experimento e os mesmos

resultados foram encontrados, confirmando que a partir de uma semana de imobilização

encontra-se atrofia muscular significativa e redução nas propriedades mecânicas.

Caiozzo (2002) apud Oliveira 2006 sugere que a atrofia muscular parece resultar em

uma perda de resistência e módulo de elasticidade. Estes resultados precisam ser ampliados

para que haja um claro consenso a respeito dos efeitos da imobilização nestas propriedades

dos tecidos biológicos.

Mazzanti (2002), realizou a imobilização externa rígida da articulação fêmoro-

tibiopatelar por um período de 30 dias após artroplastia do joelho, com intuito de promover

estabilização articular suficiente para reparação tecidual. O autor, no entanto, verificou atrofia

da musculatura da coxa, aderências e diminuição na amplitude articular, fato este também

encontrado por Carvalho, (2001); Edgerton et al., (2002); Brandt, (2003).

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Segundo Walker, (1996); Leroux, et al, (2001), a imobilização provoca deterioração

de propriedades mecânicas e bioquímicas da cartilagem articular.

A atrofia da musculatura da coxa e rigidez articular foi encontrada por Mazzanti et al.

(2004) quando usaram a fixação esquelética externa temporária para a imobilização da

articulação fêmoro-tibio-patelar em cães após artroplastia do joelho. Resultados semelhantes

foram observados por Salbego (2006) ao empregarem o mesmo tipo de imobilização na

reconstrução do ligamento cruzado cranial em cães.

2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE ENSAIOS MECÂNICOS

Segundo Penha (2004) a Biomecânica tem sua própria terminologia que é baseada na

Engenharia Mecânica. Os tradutores do código de biomecânica são os engenheiros que tem

desenvolvido seu dialeto.

Muitos dados de testes de biomecânica têm pouco valor em razão das técnicas usadas

para os testes. Infelizmente ainda não há padrão para se testar ossos. A adaptação de

semelhantes padrões deveria aumentar conforme dados biomecânicos de diferentes

laboratórios. (TURNER; BURR, 1993 apud PENHA, 2004)

Os ensaios mecânicos podem ser classificados de acordo com a velocidade de

aplicação da carga em estáticos (com baixa velocidade de aplicação da carga) e em dinâmicos

(onde as cargas são aplicadas com altas velocidades). Dentre os ensaios estáticos estão os

ensaios de tração, compressão, torção, cisalhamento e flexão e dentre os ensaios dinâmicos

estão os ensaios de fadiga e impacto.

Sob condições laboratoriais controladas, o ensaio de materiais envolve a aplicação de

forças conhecidas e a medida da deformação produzida. As forças podem ser divividas

basicamente em três tipos, de acordo com o sentido de aplicação: tração, compressão e

cisalhamento .

A tração é produzida no material quando duas forças são aplicadas em sentidos

opostos na mesma linha de aplicação com o objetivo de alongar o material. A resistência à

tração provém das forças moleculares atrativas que tendem a dificultar a separação do

material. A compressão, por sua vez, é o resultado de duas forças atuando na mesma linha

indo uma em direção a outra com o objetivo de achatar o material. A resistência à compressão

provém das forças moleculares repulsivas, que mantém as mínimas distâncias interatômicas.

O cisalhamento, ocorre quando duas forças atuam paralelas uma à outra mas não na mesma

linha (EINHORN, 1996).

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Com a gravação das forças e deformações ocorridas durante o ensaio mecânico e

conhecimento da geometria do material pode-se construir a curva tensão vs deformação. A

partir desta curva podem ser obtidas as principais propriedades dos materiais. A porção linear

da curva tensão vs deformação é conhecida como região elástica. No ponto onde a curva

torna-se não-linear, a região elástica cede lugar à região plástica e a tensão neste ponto é

conhecida como limite elástico. O ponto na curva onde isso ocorre é conhecido como ponto

de escoamento. Carregamento adicional além do ponto de escoamento causará deformação

permanente no material. Esta propriedade é conhecida como plasticidade e indica à resistência

de um material a deformação permanente. Na região elástica, o material deformará somente

enquanto a carga está sendo aplicada a ele, retornando ao seu tamanho e dimensões originais

quando a carga é removida. Abaixo do limite elástico, a força aplicada ao material alonga suas

ligações atômicas mas não rearranja suas ligações atômicas (EINHORN, 1996 apud

HOLANDA, 1999).

Em baixos níveis de tensão, e dentro do limite elástico do material, há um

relacionamento linear entre tensão e a deformação resultante. A medida do coeficiente angular

desta reta é chamada de Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young . Se esta curva for

gerada por ensaios de ossos inteiros, e não for possível a obtenção das propriedades

geométricas, esta inclinação fornecerá a rigidez do osso . (CHIAVERINI 1977 apud PENHA

2004)

A resistência de um osso ou amostra de tecido ósseo é determinada pelo cálculo da

tensão máxima aplicada no material até a ruptura. A deformação até o ponto de ruptura é

conhecida como dutilidade. A integração da curva fornece a área e esta é a medida da energia

de deformação. A energia total de deformação absorvida pelo material até o ponto de ruptura

é chamada tenacidade. A energia injetada no material até o ponto de escoamento pode ser

recuperada após a remoção da carga. A energia recuperada é conhecida como resiliência e é a

medida da habilidade de armazenar energia. Embora esta energia não seja recuperável na

forma útil, não será perdida contando que o material não atinja a deformação permanente

(EINHORN, 1996 apud HOLANDA, 1999).

Na determinação das propriedades mecânicas, aplicam-se cargas (forças) conhecidas.

Como resultado dessa aplicação ocorre uma distribuição interna de forças ou componentes de

forças que podem resultar numa mudança na forma da peça submetida à carga. Define-se

“tensão” como a intensidade dessas formas, correspondendo, portanto, à carga dividida pela

secção transversal do corpo. A força deve ser expressa em Newtons (pelo Sistema

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Internacional de Medidas) e a seção transversal em metros quadrados. Pascal é a unidade de

tensão, em N/m². MPa –106Pa.

Há vários tipos de tensão em função do tipo de carga aplicada :

• Tensão de tração - na qual há uma tendência de separação do material em duas

partes, em relação ao plano de tensão;

• Tensão de compressão - que é o inverso da tração; as partes do material adjacentes

ao plano de tensão tendem a comprimir-se uma contra outra;

• Tensão de cisalhamento - em que as duas partes tendem a escorregar entre si;

• Tensão de flexão - em que ocorre uma combinação simples das tensões normais de

flexão e compressão. Quando o material é vergado , as suas fibras externas (do

lado convexo) são tracionadas, e as fibras internas (do lado côncavo) são

comprimidas. A combinação das tensões criadas de tração e compressão é

chamada de tensão de flexão.

• Tensão de torção - é produzida por uma força atuando com o braço de alavanca ou

pode surgir por meio de um eixo girando e transmitindo potência.

Matematicamente, há somente dois tipos de carga ou tensões, pois a compressão pode

ser considerada como a versão negativa da tração.

Até certo nível de tensão aplicada, o material trabalha em um regime elástico linear,

isto é, segue a Lei de Hooke e a deformação linear específica é proporcional ao esforço

aplicado. A proporcionalidade pode ser observada no trecho retilíneo do diagrama tensão vs

deformação. (CHIAVERINI 1977 apud PENHA 2004)

Segundo Souza (1974 apud FRATESCHI 2002), a determinação das propriedades

mecânicas de um material é realizada por meio de ensaios que podem ser destrutivos, quando

promovem a ruptura e/ou a inutilizar o material, ou não destrutivos, em caso contrário. Na

primeira categoria estão classificados os ensaios de tração, impacto, dobramento, flexão,

torção, fadiga, compressão e outros. A escolha do ensaio mecânico mais adequado para cada

material depende da finalidade do material, dos tipos de esforços que ele sofrerá e das

propriedades mecânicas que se desejam medir.

2.4.1 Ensaio de Flexão

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Se as forças atuam sobre um material de modo que elas tendem a induzir tensões de

compressão em um lado da secção transversal e tensões de tração na parte restante, diz-se que

o material está sob flexão. A cada incremento de carga aplicada no material, é anotada a

deflexão correspondente para posteriormente construir o gráfico Carga vs Deflexão (FIGURA

7). A partir deste gráfico, pode se obter as mesmas propriedades do ensaio de tração: rigidez,

limite de proporcionalidade (LP), limite máximo( LM), resiliência e tenacidade.

FIGURA 7 – Curva de Carga vs Deflexão 2.4.1.1 Limite de Proporcionalidade

O limite de proporcionalidade é o ponto de término da relação linear entre a carga e a

deflexão no gráfico Carga vs Deflexão Fig 8 . Após o limite de proporcionalidade termina a

relação linear entre cara e deformação, sendo que após o material sofrer um pequeno

escoamento, tem início a região conhecida como plástica.

2.4.1.2 Limite Máximo

O limite máximo é utilizado como critério de avaliação da resistência, e é o maior valor da

carga com a deformação correspondente observada em cada ensaio (ponto máximo)

2.4.1.3 Resiliência

Resiliência é a capacidade do material de absorver energia quando deformado

elasticamente e readquirir a forma inicial quando descarregado da carga que provocou a

deformação. A resiliência é obtida calculando-se a área abaixo da curva Carga vs Deflexão na

região elástica, delimitada por triângulo OAB da FIGURA 7.

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2.4.1.4 Tenacidade

Tenacidade é a capacidade do material absorver energia até a ruptura. A tenacidade é

calculada obtendo-se a área total abaixo da curva carga vs deflexão.

O ensaio de flexão em corpos de prova que seguem o padrão da ABNT é realizado na

máquina universal de ensaios, sendo que os seguintes cuidados devem ser tomados:

1. O corpo de prova deve ter um formato que permita a utilização de um vão

adequado. O comprimento do corpo de prova deve ser de 6 a 12 vezes a sua

largura para evitar falha por cisalhamento;

2. A área de contato com o material ensaiado deve ser tal que não haja

concentrações de tensões;

3. O arranjo das partes deve ser estável sob carregamento.

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3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Esta pesquisa classificada por Gil (1991) como experimental, pois teve como objetivo

geral a comparação entre tempos de imobilização.

Delineamento da pesquisa: formaram-se 3 grupos de animais, sendo um imobilizado

por sete dias, outro por quatorze dias e um grupo controle sem imobilização, sendo que após

estes períodos de imobilização foi realizada a análise biomecânica da resistência a flexão do

tecido periarticular .

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética no uso de Animais do Centro de

Ciências Agroveterinárias – CAV, localizado na cidade de Lages, Santa Catarina, seguindo

todas as normas e princípios éticos na experimentação animal deste Comitê.

3.2 ANIMAIS

O grupo experimental foi constituído por 22 ratas da raça Rattus Norvegicus Albinus

variedade Wistar, adultos, com peso em média 308 gramas escolhidos de forma aleatória,

fornecidos pelo biotério da Associação Catarinense de Ensino ACE-Joinville.

Os animais foram divididos em 2 grupos experimentais, com 8 animais em cada grupo

e 6 no grupo controle. A tabela 1 apresenta a distribuição dos animais e as características dos

grupos.

TABELA 1 Distribuição dos grupos experimentais segundo os protocolos da pesquisa.

Grupo Nº. de animais

Descrição

1

(controle)

6 Os animais permaneceram sem restrições na gaiola por 14 dias,

após foram sacrificados e dissecada a pata posterior direita.

2 8 Imobilização gessada por 7 dias, após foram sacrificados e

dissecada a pata posterior direita.

3 8 Os animais permaneceram imobilizados por 14 dias, após

foram sacrificados e dissecada a pata posterior direita.

Total 22

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3.3. MÉTODO

3.3.1 Materiais para os Procedimentos Experimentais

Os materiais, medicamentos e equipamentos que foram utilizados nas diferentes etapas

dos procedimentos experimentais e da coleta de dados foram:

Contenção dos Animais:

• Gaiolas tipo caixa padrão de polissulfona para ratos, com tampa tipo aramado em aço

inox.

• Bebedouros em vidro com anel de vedação em silicone e bico de aço inox.

• 1 Câmara Digital Fotográfica Cyber-shot DSC-W5 5.1 Megapixels (Sony).

Imobilização:

• Alicates

• 20 mL Cloridrato de xylazina (Rompum ®, Bayer do Brasil. SA.) aplicação

intramuscular de 7 mg/kg de peso corporal.

• 20 mL Cloridrato de ketamina (Ketamina Agener ® União Química Farmacêutica

Nacional SA.) aplicação intramuscular 37 mg/kg de peso corporal.

• 30 cm x 100 cm de tela metálica Nº. 10.

• 20 Rolos atadura gessada de secagem rápida de 10 cm.

• 1 Caixa de Luvas de látex para procedimentos (Descarpack ®)

• 2 Pacotes com 10 seringas para insulina 30 unidades ou menos 0,3 mL, com agulha

12,7 mm x 0,33 mm. (BD Ultra- Fine ™)

• Tesoura .

Dissecação:

• 2 Cabos Bisturi Nº. 4

• 30 Lâminas bisturi Nº. 21 (Solidor ®).

Ensaios Mecânicos:

• Máquina Universal de Ensaios, DL3000 (EMIC Equipamentos e Sistemas de Ensaio

LTDA.).

• Célula de carga de 20N

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3.3.2 Tratamento Estatístico

Tratamento Estatístico: Foi utilizado Teste de Normalidade de Shapiro Wilk, nos

dados das variáveis Força máxima, torque e ângulo horizontal inicial nos grupos controle,

imobilizados 7 dias e imobilizados 14 dias a um nível de significância de 0,05.

Após a verificação da normalidade foram calculadas medidas descritivas das

diferentes variáveis ( média, desvio padrão, coeficiente de variação e intervalos de confiança.

Para comparação entre os grupos controle, imobilizados 7 dias e imobilizados 14 dias

com relação as variáveis dependentes foi empregado o teste ANOVA para dados

independentes (α = 0,05) seguido do teste post hoc de Tukey. Utilizado para análise o

programa SPSS for windows versão 14.

3.3.3 Protocolo Experimental

Conforme mencionado anteriormente foram utilizadas 22 ratas da raça Ratus

Norvegicus Albinus variedade Wistar, peso médio 308g,. Os animais foram alocados no

Laboratório de Farmácia da Univille em Joinville, sendo divididos em 3 grupos, imobilizados

sete dias (8 animais), imobilizados quatorze dias (8 animais) e grupo controle não

imobilizados (6 animais). Para o procedimento de imobilização, inicialmente os animais

foram anestesiados e somente depois foram imobilizados por meio de aparelho gessado com

quadril e joelho em extensão. Após o período de imobilização os animais foram sacrificados e

dissecada a pata posterior direita. Foi realizado ensaio mecânico de flexão do joelho dos

animais com a máquina universal de ensaios EMIC, utilizando célula de carga de 20N. Foram

realizados cálculos de momento de força ou torque e tratamento estatístico.

3.3.3.1 Cuidado dos Animais

O cuidado dos animais foi realizado no biotério do Laboratório de Farmácia do

Departamento Farmacologia da Univille em Joinville. Os animais foram criados pelo Biotério

Associação Catarinense de Ensino. Os animais ficaram locados em caixas padronizadas e

acondicionados a temperatura controlada (22 ± 1) °C. Os procedimentos do estudo foram

realizados com animais que atingiram a massa corporal entre 275g e 325g, com idade

aproximada de 3 meses, com livre acesso à água e ração e submetidos a fotoperíodos de 12

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horas. Os experimentos foram realizados durante o período matutino e vespertino, segundo as

diretrizes éticas da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP, 1983).

3.3.3.2 Procedimento para Sedação e Imobilização

Para a confecção da imobilização os animais foram sedados conforme o protocolo de

12 horas descrito por Simpson (1997, apud TERRANCE; STEVEN, 1999) assim utilizando-

se inicialmente um relaxante muscular a base de Cloridrato de xylazina (Rompum ®, Bayer

do Brasil. SA.) via intramuscular (7 mg/ kg de peso corporal). Após 5 minutos, seguiu-se com

a aplicação do anestésico a base de Cloridrato de ketamina (Ketamina Agener ® União

Química Farmacêutica Nacional SA.) também por via intramuscular (37 mg/kg de peso

corporal).

Depois do animal sedado realizou-se a imobilização utilizando-se aparelho gessado.

Foi utilizada uma tala tubular de algodão de 4 cm de largura para prevenir a formação de

úlceras de pressão, seguido de aplicação de uma camada de atadura gessada de 5 cm de

largura partindo do joelho do animal em extensão e realizando ancoragem em forma de

cinturão no quadril. Foi colocada uma malha metálica nº. 10 de 4 cm de largura e em seguida

mais uma camada gesso de 5 cm de largura, aplicada de maneira convencional. A tela

metálica teve o objetivo de evitar ou diminuir a ação dos animais roendo o próprio gesso.

Nesta fase teve-se cuidado para que a tela ficasse bem coberta pelo gesso e afastada do

contato direto com o corpo do animal para evitar lesões. A manutenção diária preventiva da

imobilização foi realizada com a finalidade de assegurar a eficiência da imobilização e

detecção de complicações como edemas, escaras ou acúmulo de fezes ou urina dos animais no

gesso . A inspeção foi realizada de forma visual. Foram realizados reparos no engessamento

quando necessário e uma substituição total, quando o animal molhava o gesso, neste caso

optou-se pela troca do mesmo utilizando-se o mesmo procedimento de imobilização, sendo

que foi mantida a posição de extensão do joelho durante todo o tempo.

O posicionamento final do segmento foi joelho em extensão total, quadril em

extensão e abdução (FIGURA 8). O posicionamento em abdução do quadril é importante para

que o animal não urine diretamente sobre o gesso. Este tipo de imobilização permite a

movimentação do animal na caixa (FIGURA 9).

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FIGURA 8 – Rato com o membro posterior imobilizado pelo aparelho gessado.

FIGURA 9 – Ratos com o membro posterior imobilizado livre na gaiola plástica. 3.3.3.3 Eutanásia e Dissecação dos Animais

Após o término do período de imobilização, os animais foram eutanasiados de acordo

com Cardoso (2002), por decapitação com o uso de guilhotina. Por opção, anestesiou-se os

animais antes de decaptá-los. Este procedimento foi realizado no Laboratório de

Instrumentação (LABIN), do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

A técnica de dissecação desenvolvida iniciou-se por incisões e remoção da pele da pata

posterior direita (FIGURA 10), após desinserção dos adutores do quadril e depois

desarticulação do mesmo, desinserção dos flexores e extensores do quadril e joelho (FIGURA

11). Foram retirados os músculos inseridos na coxa e perna do animal, desarticulado o

tornozelo, restando somente o tecido periarticular do joelho. A integridade da cápsula

articular foi preservada, a cabeça do fêmur também foi retirada .

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FIGURA 10 – Remoção da pele da pata posterior direita

FIGURA 11 – A - Pata posterior com toda a musculatura B –Pata dissecada restando somente desarticular tornozelo e seccionar cabeça do fêmur 3.3.3.4 Ensaio Mecânico do Movimento de Flexão do Joelho

Para a realização do ensaio mecânico do movimento de flexão do joelho, foi

confeccionado dispositivo para fixação da tíbia , permitindo dessa forma o acoplamento à

máquina universal de ensaios. Este dispositivo que chamou-se de garra, foi confeccionado em

alumínio e tem sua fixação na base da máquina (FIGURA 12).

A B

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FIGURA 12 – Garra confeccionada para o ensaio mecânico.

Foi confeccionada também uma haste metálica que foi acoplada à célula de carga

(FIGURA 13) e que fez o contato direto com o material de ensaio. Na extremidade desta haste

foi colocado um rolete para diminuir o atrito no osso durante o ensaio. (FIGURA 13B)

FIGURA 13 – A - Haste metálica sem o rolete B- Haste metálica com rolete acoplado

Os ensaios foram realizados na máquina de ensaios mecânicos no Laboratório de

Instrumentação (LABIN), do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Foi utilizada a Máquina Universal de

Ensaios, modelo: DL3000 (FIGURA 14) fabricados pela EMIC® Equipamentos e Sistemas

de Ensaio LTDA com célula de carga de 20N. As deformações foram registradas pelo

software TESC que é um programa de automação de ensaios, compatível com as máquinas de

ensaios micro processadas marca EMIC®, que recebe informações da máquina para que o

software possa convertê-las em resultados de ensaios tornando possível comparar de forma

A B

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precisa, as cargas de deformação e força obtidas através de cada ensaio, a partir da geração de

gráficos força vs deformação.

FIGURA 14 - Máquina Universal de Ensaios, modelo: DL3000.

Protocolo de Ensaio

• Fixação da haste na célula de carga de 20N;

• Fixação da garra na máquina;

• Definição dos limites superior e inferior da máquina;

• Fixação da tíbia na garra;

• Acionamento da máquina com velocidade de 3mm/min;

• Filmagem do ensaio para cálculo do torque;

3.3.3.5 Confiabilidade das Medições

Para avaliar a confiabilidade do método de mensuração foram criados 3 modelos

mecânicos (FIGURA 15) para que se pudesse avaliar a repetitividade dos ensaios. Os modelos

foram desenvolvidos a partir de tubos de hastes de algodão (cotonete), e uma lâmina de aço

mola fixada aos dois tubos, sendo em um dos lados usado resina do tipo “durepoxi”. De

acordo com o comprimento da lâmina cria-se a resistência imposta ao movimento e esta

resistência fica dentro dos limites elásticos deste tipo de aço.

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FIGURA 15 - Modelo mecânico durante ensaio.

Foram realizadas 10 medições em cada modelo mecânico utilizando os mesmos

parâmetros propostos para o ensaio com os joelhos de ratos e o resultado mostrou-se

repetitivo conforme mostrado no Gráfico 1

GRÁFICO 1- 10 Curvas dos Ensaios em um dos modelos mecânicos

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60

O gráfico 2 mostra a comparação entre os 3 modelos mecânicos e seu desvio padrão.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0 10 20 30 40 50

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0 10 20 30 40 50

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

modelo 3

Fo

rça

(N

)

Deformação (mm)

modelo 2

modelo 1

GRÁFICO 2 - Comparação entre os 3 modelos mecânicos e seu desvio padrão

Analisando as curvas e os valores encontrados nos 3 modelos mecânicos pode-se

afirmar que a metodologia e instrumentação foram confiáveis e com resultados reprodutíveis.

3.3.3.6 Análise dos Resultados

Para análise dos resultados foram utilizados os dados obtidos pelo ensaio mecânico e a

filmagem utilizada para o cálculo do momento de força ou torque.

Foram obtidos através do TESC que é o programa para aquisição de dados da EMIC,

os valores de força em Newton durante um espaço de tempo pré-determinado. Estes valores

geram uma curva de força x tempo, conforme mostrado no Gráfico 3

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GRÁFICO 3 - Curva força x tempo – TESC

O programa gera também uma tabela com todos os pontos da curva, onde foram retirados os

seguintes dados:

Tempo inicial (ti ) – que é o tempo após o acionamento da máquina onde a haste sai do

limite superior pré-determinado até o toque no corpo de prova.

Força máxima (fmax) : maior valor de força encontrado no ensaio.

Tempo na força máxima (tfmax): é o tempo onde apresentou o maior valor de força.

Foi realizada a filmagem de todos os ensaios. Estas imagens foram colocadas em um

programa chamado VirtualDub-1.7.2 que permite a observação e cópia quadro a quadro.

Foi então selecionado o quadro no exato momento em que o rolete toca o corpo de

prova, este quadro foi transferido para o programa gráfico e realizado a seguinte mensuração:

Ângulo inicial (<i) : ângulo entre um eixo traçado da extremidade proximal até a distal

da tíbia e o eixo femural;

Ângulo inicial em relação à horizontal (<ih): ângulo formado entre uma linha

horizontal e o eixo femural;

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Distância do Braço de Alavanca (d): Distância do ponto fixo até o ponto de aplicação

da força; (FIGURA 18)

FIGURA 16 - Imagem das mensurações obtidas pelo programa Gráfico.

Após foi selecionado o ponto da força máxima encontrada e avaliado os seguintes

dados:

Ângulo final (<f) : ângulo entre um eixo traçado da extremidade proximal até a distal

da tíbia e o eixo femural no ponto do força máxima;

Ângulo final em relação à horizontal (<fh): ângulo formado entre uma linha horizontal

e o eixo femural no ponto da força máxima; (FIGURA 19)

FIGURA 17 - Imagem das mensurações obtidas pelo programa gráfico

11 graus113 graus

13,50 milímetros

18,67 milímetros

Ângulo inicial em relação à horizontal

Distância do Braço de Alavanca

Ângulo Incial

42 graus

67 graus

Ângulo final em relação à horizontal

Ângulo final

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63

De posse dos valores foi calculado o momento de força (M) ou torque em cada

ensaio. Momento é representado pela fórmula:

M = F x d

Onde : F significa força d significa distância

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Após o término dos experimentos houve mudança na distribuição dos animais

conforme mostrado na TABELA 2.

TABELA 2 – Distribuição dos animais no término do experimento.

Grupo Nº. inicial Nº. excluído Causa da exclusão Nº. final

Controle 6 - - 6

Grupo 1 8 2 Óbito por causa desconhecida. 6

Grupo 2 8 2 1 Óbito por anestesia

2 Excluído por motivos técnicos.

5

Os animais excluídos por motivos técnicos foram um erro na dissecação, houve uma

incisão que comprometeu a cápsula articular.

TESTE DE ANOVA

A TABELA 3 mostra os resultados obtidos nas variáveis força máxima, ângulo horizontal inicial e torque e a TABELA 4 o Post Hoc Turkey. Intervalo de Confiança Variáveis Grupo X S CV Limite Inferior Limite

Superior

Controle

0,0497 0,0088 17,7062 0,0404 0,0589

Imobilizados 7 dias

0,0567 0,0172 30,3350 0,0139 0,0994

Força

Imobilizados 14 dias

0,357 0,2733 76,55 -0,0690 0,701

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Controle

-12,5000 6,9209 -55,3677 -19,7631 -5,2369

Imobilizados 7 dias

- 0,5 9,0277 1805,54 -13 11

Ângulo Horizontal Inicial

Imobilizados 14 dias

4 9,6695 241,737 - 5 20

Controle

0,7248 0,1321 18,2257 0,5862 0,8635

Imobilizados 7 dias

0,8467 0,2700 31,8885 0,1758 1,5175

Torque

Imobilizados 14 dias

5,258 4,1910 79,707 0,966 0,2316

TABELA 3 -Estatística Descritiva – ANOVA

Post Hoc Turkey VD Grupos Diferença

entre médias p

Controle x Imob. 7dias

- 0,0201 0,995

Controle x Imob. 14 dias

- 0,5448 0,051

Força Máxima

Imob. 7 dias x Imob. 14 dias

- 0,5246 0,061

Controle x Imob. 7dias

-12,00 0,067

Controle x Imob. 14 dias

-15,00* 0,021

Ângulo Horizontal Inicial

Imob. 7 dias x Imob. 14 dias

-3,00 0,817

Controle x Imob. 7dias

- 0,2716 0,995

Controle x Imob. 14 dias

- 7,5178* 0,038

Torque

Imob. 7 dias x Imob. 14 dias

- 7, 2461* 0,046

* Diferença entre as médias significativas p ≤ 0,05. TABELA 4 – Post Hoc Turkey

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65

Teste ANOVA

Força Máxima: Tendência a diferença significativa entre o grupo controle e o

imobilizado 14 dias.

Ângulo Horizontal Inicial: Tendência a diferença significativa entre o grupo controle e

o imobilizado 7 dias e diferença significativa entre o controle e o imobilizado14 dias.

Torque: Tendência a diferença significativa entre o grupo imobilizado 7 dias e 14 dias

e diferença significativa entre o grupo controle e o imobilizado 14 dias.

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66

DISCUSSÃO

Nesta pesquisa foram utilizadas ratas da raça Rattus Norvegicus Albinus variedade

Wistar, porque a quantidade de machos disponíveis no Biotério da Faculdade de Ciências da

Saúde de Joinville era menor do que a necessária para a pesquisa. Consultando a literatura

observa-se que muitas pesquisas utilizam fêmeas como cobaias desprezando fatores

hormonais, autores como: Carvalho, (2001); Frateschi, (2002); Silva; Volpon, (2004);

Oliveira et al., (2004); Oliveira, (2006), confirmam esta afirmação em suas pesquisas.

Para definição de um modelo de imobilização buscaram-se na literatura vários

modelos, sendo que alguns merecem destaques, sendo o primeiro proposto por Coutinho et

al., (2002), onde o animal é imobilizado por uma camiseta de algodão pela parte superior e

uma na parte inferior. Este não foi adotado para esta pesquisa pela difícil confecção do

aparelho de imobilização. Cancelliero et al., (2005) descreve um modelo de resina onde é

colocado o membro posterior que se deseja imobilizar, associado a uma cinta abdominal de

PVC por dois rotadores laterais Não se optou por este modelo porque o autor utilizou este

sistema somente por no máximo sete dias e na presente pesquisa o tempo de imobilização

chega a quatorze dias. O modelo de imobilização proposto por Booth; Kelso (1973) e por

Salvini (2000), é realizada a imobilização gessada nos dois membros posteriores.

Definiu-se como modelo de imobilização o modelo proposto por Booth; Kelso (1973)

e por Salvini (2000), adaptado colocando-se uma tela metálica entre o gesso para que o

animal não o roesse, e assim evitando que a imobilização fosse ineficiente, e utilizado nesta

pesquisa somente para um dos membros, adotou-se este modelo pelo baixo custo da atadura

gessada e por ser de rápida confecção. Este modelo mostrou-se bastante eficiente e de fácil

confecção, sendo que necessita de cuidados nas primeiras horas de imobilização pela

possibilidade de formação de edema por garroteamente e observações diárias para

manutenção preventiva.

Para realização da imobilização os animais foram sedados de acordo com o protocolo

de 12 horas descrito por Simpson (1997, apud TERRANCE; STEVEN, 1999), devido às

drogas serem aplicadas por via intramuscular assim sendo menores as chances de erro na

aplicação reduzindo o número de óbitos dos animais e pelo fato das drogas serem fáceis de

serem encontradas para venda, e de sua rápida ação. Foi respeitado o volume máximo de

administração por sítio em doses intramuscular de 0,5 ml conforme descrito por Paiva;

Maffili; Santos (2005).

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67

Utilizou-se como controle outro grupo de animais e não o membro contra lateral, pois

embora autores o tenham usado, Heslinga et al., (1992 apud FRATESCHI 2002.) mostraram

que tecidos contra lateral, não são totalmente adequados para avaliar os efeitos da

imobilização, pois também sofrem alterações nas propriedades mecânicas quando o membro

oposto é imobilizado.

Todos os animais foram imobilizados com o quadril e joelho em total extensão, porque

Trudel; Uhthoff (2003) demonstram que o posicionamento do membro durante a imobilização

influencia na formação da cápsula articular depositando mais fibras em regiões em que há

maior carga de peso.

Para eutanásia a foi escolhida a decapitação com o uso de guilhotina de acordo com

Cardoso (2002) por ser rápido e não trazer sofrimento ao animal, nesta pesquisa optou-se por

anestesiar os animais antes do sacrifício.

Woo et al., afirma que o armazenamento de tecidos a –20º C mostra-se adequado,

para a manutenção das características mecânicas de ligamentos de coelhos. No entanto, nesta

pesquisa optou-se por realizar o ensaio imediatamente após a dissecação.

Os procedimentos de dissecação mostraram-se bastante eficazes, evitando que as

estruturas periarticulares sofressem qualquer tipo de dano, um dos animais foi eliminado do

grupo pois houve uma falha no procedimento e isto pode ter comprometido a amostra.

Segundo Souza (1997 apud FRATESCHI 2002), que afirma que a escolha do ensaio

mecânico mais adequado para cada material depende da finalidade do material, dos tipos de

esforços que ele sofrerá e das propriedades mecânicas que se deseja medir.

Nesta pesquisa foi realizado ensaio de flexão com o uso da máquina de Ensaios

Universal (EMIC ®), primeiramente por este tipo de ensaio atingir os objetivos propostos na

pesquisa e ser um ensaio simples de ser realizado e proporcionar resultados comparáveis e

reprodutíveis conforme Shimano e Shimano (2000).

Outros autores como Carvalho (2001) e Frateschi (2002), também utilizaram a

máquina de Ensaios Universal (EMIC ®), e afirmam que os materiais biológicos e os usados

na engenharia são diferentes, porém técnicas de análise utilizadas na engenharia podem ser

adaptadas aos estudos de materiais biológicos. Nesta pesquisa foi utilizada uma célula de

carga de 20 N, disponível no LABIN – Laboratório de Instrumentação CEFID - UDESC

Florianópolis.

Como o controle da distância onde a haste toca o fêmur e o centro do joelho ficou

bastante difícil de controlar pela variação do comprimento das patas dos animais, foi realizado

filmagem do ensaio e através das imagens realizada a mensauração desta distância no ponto

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68

onde houve a força máxima e então calculado o momento de força ou torque e daí então

realizado tratamento estatístico.

Para o tratamento estatístico foi utilizado Teste de Normalidade de Shapiro Wilk, nos

dados das variáveis força máxima, torque e ângulo horizontal inicial nos grupos controle,

imobilizados 7 dias e imobilizados 14 dias a um nível de significância de 0,05.

Após a verificação da normalidade foram calculadas medidas descritivas das

diferentes variáveis ( média, desvio padrão, coeficiente de variação e intervalos de confiança.

Para comparação entre os grupos controle, imobilizados 7 dias e imobilizados 14 dias

com relação as variáveis dependentes foi empregado o teste ANOVA para dados

independentes (α = 0,05) seguido do teste post hoc de Tukey. Utilizado para a análise o

programa SPSS for windows versão 14.

Quanto aos resultados na variável força máxima demonstrou tendência a diferença

significativa entre o grupo controle e o imobilizado 14 dias.

Quanto aos resultados na variável ângulo horizontal inicial demonstrou tendência a

diferença significativa entre o grupo controle e o imobilizado 7 dias e diferença significativa

entre o controle e o imobilizado14 dias.

Quanto aos resultados na variável torque demonstrou tendência a diferença

significativa entre o grupo imobilizado 7 dias e 14 dias e diferença significativa entre o grupo

controle e o imobilizado 14 dias.

A comparação destes resultados com outros autores torna-se dificultada pela ausência

de estudos diretamente relacionados ao tecido periaricular. Jarvinen (1977) apud Oliveira

2004 avaliou os efeitos da imobilização nas propriedades mecânicas dos músculos

gastrocnêmios de ratos imobilizados por 7, 14, 21 e 42 dias. Dentre os resultados foi

encontrada uma redução significativa das propriedades mecânicas de carga e alongamento

máximos, da resiliência e da rigidez nos animais que fizeram uso de imobilização por uma

semana. Resultados estes que concordam com os encontrados nesta pesquisa, que mostra uma

aumento significativo no torque entre o grupo controle e o grupo imobilizado 14 dias e uma

tendência entre os grupos imobilizados 7 e 14 dias e quanto a força máxima tendência a

diferença significativa entre o grupo controle e o grupo imobilizado 14 dias.

Resultado da análise do Ângulo inicial (<i) que é o ângulo entre um eixo traçado da

extremidade proximal até a distal da tíbia e o eixo femural, em posição vertical preparado

para o ensaio, observando a média dos ângulos tem-se grupo controle 96,5˚, grupo

imobilizado 7 dias 104˚ e o grupo imobilizado 14 dias 109˚, levando em consideração que

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nesta posição as amostras estão sofrendo a ação da gravidade e que esta é constante nos três

grupos pode-se afirmar que há um aumento na resistência ao movimento.

Quanto ao Ângulo inicial em relação a horizontal (<ih) que é o ângulo formado entre

uma linha horizontal e o eixo femural, o teste estatístico mostrou diferença significativa

p ≤ 0,05 entre os grupos controle e imobilizados 14 dias e tendência a diferença significativa

entre o grupo controle e imobilizados 7 dias.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto à técnica de anestesia com o protocolo de 12 horas descrito por Simpson

(1997, apud TERRANCE; STEVEN, 1999) utilizando-se inicialmente um relaxante muscular

a base de a Cloridrato de xylazina via intramuscular (7 mg/ kg de peso corporal). Após 5

minutos, a aplicação do anestésico a base de Cloridrato de ketamina também por via

intramuscular (37 mg/kg de peso corporal), mostrou-se bastante eficiente, sendo de ação

rápida, fácil aplicação e bom tempo de anestesia.

A técnica de imobilização gessada com a utilização de uma malha de aço mostrou-se

bastante segura, tendo-se que realizar a manutenção diária, pois na tentativa de roer o gesso,

os animais algumas vezes deixavam expostas partes da tela o que poderia levar a úlceras de

pressão ou lesões diretas.

Os procedimentos para dissecação mostraram-se seguros, de fácil aprendizado e

rápidos, mantendo-se desta forma um tempo seguro entre a dissecação e o ensaio mecânico.

Os ensaios realizados na Máquina Universal de Ensaios EMIC, mostraram-se

confiáveis, sendo que os modelos mecânicos utilizados para avaliar a repetitividade dos

ensaios confirmaram estes dados.

Quanto aos grupos, os testes estatísticos mostraram resultados significativos no

aumento do torque entre o grupo controle e o grupo imobilizado 14 dias, variação

significativa no ângulo horizontal inicial entre o grupo controle e o grupo imobilizado 14

dias.

Tem-se com esta pesquisa um modelo animal e uma instrumentação confiável para a

avaliação dos efeitos da imobilização na resistência ao movimento de flexão do joelho de

ratos.

Sugere-se continuidade desta pesquisa utilizando-se este modelo animal, mais com

um número maior de animais e imobilizações em outros tempos.

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