A nacionalização da banca no contexto do processo revolucionário ...
Nacionalização do processo de soldagem aplicado na união ...
Transcript of Nacionalização do processo de soldagem aplicado na união ...
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Dissertação de Mestrado
Márcio de Santana
Nacionalização do processo de soldagem aplicado na união de barris em aço fundido ASTM A27 de 1 polegada
de espessura de forma a garantir a sua integridade dimensional e mecânica
Belo Horizonte
Outubro de 2017
Márcio de Santana
Nacionalização do processo de soldagem aplicado na união de barris em aço fundido ASTM A27 de 1 polegada
de espessura de forma a garantir a sua integridade dimensional e mecânica
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais do CEFET-MG, na área de concentração de Ciência e Desenvolvimento de Materiais, na Linha de Pesquisa em Seleção, Processamento e Caracterização, como parte integrante dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais.
Orientador: Profª. Drª. Maria Celeste Monteiro de Souza Costa
Coorientador: Prof. Dr. Jhojan Enrique Rojas Flores
Belo Horizonte
Outubro de 2017
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca - Campus I / CEFET-MG Bibliotecário: Wagner Moreira de Souza - CRB6-2623
Santana, Márcio de S231n Nacionalização do processo de soldagem aplicado na união de barris
em aço fundido ASTM A27 de 1 polegada de espessura de forma a garantir a sua integridade dimensional e mecânica/Márcio de Santana. - 2017.
61 f. : il. Orientadora: Maria Celeste Monteiro de Souza Costa. Co-orientador: Jhojan Enrique Rojas Flores Dissertação (mestrado) – Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais, Belo Horizonte, 2017.
Bibliografia.
1. Tensões residuais. 2. Soldagem. 3. Aço Carbono. I. Santana, Marcio de. II. Costa, Maria Celeste Monteiro de . II. Título.
CDD: 620.193
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela saúde, sabedoria e disposição na minha vida profissional e
acadêmica, e por me direcionar aos caminhos de superação aos obstáculos
apresentados;
Aos meus Pais Hugo de Santana (in memoriam) e Maria José de Santana (in
memoriam) pela educação e amor incondicional;
Aos meus irmãos e familiares por todo incentivo nesta jornada e motivação para as
minhas escolhas;
À minha orientadora Dra Maria Celeste Monteiro de Souza Costa e coorientador Dr
Jhojan Flores pelo suporte e orientação neste trabalho;
Aos amigos Rômulo Almeida, Jadir Oliveira, Jeann Oliveira, Eduardo Jeunnon, Angelo
Fernandes e toda equipe que participou e me apoiou na condução deste projeto;
As Empresas GE Transportation, Calende Prensas Hidráulicas e ao Centro Federal
de Educação Tecnológica de Minas Gerais pelos recursos disponibilizados para
execução desta pesquisa;
A minha esposa Luciene Santana e a minha filha Gabriela Santana, pelo amor,
paciência, dedicação e incentivo em toda a minha jornada.
A todos que de alguma forma contribuíram para a condução deste trabalho.
RESUMO
Caracterizado por um processo de grande complexidade física e uma diversidade de
aplicações em Engenharia, a união de componentes por soldagem, envolve
interações térmicas, mecânicas e microestruturais, o que levam estes processos a
serem focos de uma série de estudos. O objeto de estudo deste trabalho foi
desenvolver um processo que viesse a minimizar os efeitos causados pelo aporte
térmico de forma a garantir a integridade física e mecânica na soldagem de dois barris
de 1 polegada espessura em aço ASTM A27 aplicados na fabricação de carcaças
utilizadas nos estatores de motor de tração de locomotivas. Para o desenvolvimento
deste trabalho foi previsto uma prensa basculante com movimento rotacional de
capacidade de 120 toneladas, onde após montado os conjuntos barris e pacotes de
lâminas em aço silício, partes integrantes do motor de tração, foram prensados a 42
toneladas, realizado um alívio em compensação as deformações inerentes ao
processo de soldagem, executado inicialmente um passe de raiz, em toda a região
periférica da junta, pelo processo GMAW. Na sequência, e após basculamento da
prensa a 90°, 10 passes de solda pelo processo de soldagem por arco submerso
(SAW), finalizando assim a união destes componentes. Os parâmetros de soldagem
aliados à carga aplicada através da prensa, permitiram uma condição de união por
soldagem garantindo às variações dimensionais inerentes ao processo de soldagem,
dentro das condições especificadas pelo projeto original. A magnitude da tensão
residual, calculada pelo método do furo cego, revelou-se relativamente abaixo da
tensão limite de escoamento, comprovando assim a baixa influência do processo de
soldagem na formação de tensões residuais. O ensaio de tração apresentou valores
dentro do limite de resistência à tração referente ao aço ASTM A27. A partir do ensaio
de dobramento não foram evidenciados defeitos acima dos valores especificados em
norma.
PALAVRAS CHAVE: Soldagem, Aço ASTM A27, Tensão Residual
ABSTRACT
Characterized by a process of great physical complexity and a diversity of applications
in Engineering, the union of components by welding, involve thermal, mechanical and
microstructural interactions, which cause these processes to be the focus of a series
of studies. These studies aim to represent with fidelity several aspects related to the
process, such as the identification of thermally affected regions and their influence on
the materials mechanical properties, the determination of the residual stress
distribution profile and the correct mechanical representation of the union between the
welded components. As a focus of this work a process was developed that would
minimize the effects caused by the thermal input, guaranteeing the physical and
mechanical integrity in the welding of two barrels of steel ASTM A27, with one inch of
thickness, applied to the manufacture of carcass used for rotors of traction motors of
locomotives. For this process development was provided a tilting press machine and
rotational movement with a capacity of 120 tons, where after the assembly of the
barrels and packages of silicon steel slides, parts of the traction motor, will be pressed
to 42 tons, a relief in compensating the deformations inherent to the process, initially
performed a root pass, throughout the peripheral region of the joint, by the GMAW
process. Subsequently, and after tilting the 90 ° press, 10 solder passes through the
submerged arc welding process (SAW) complement this process, thus finalizing the
joining of these components. The parameters of the welding process, together with
the load applied through the press, allow a joint condition by welding, guaranteeing
the dimensional variations inherent to the welding process, within the conditions
specified by the design. The magnitude of the residual stress, calculated by the hole
drilling method, was shown to be relatively below the yield stress, proving the low
influence of the welding process on the formation of residual stresses. The tensile test
presented values of the tensile strength limit for ASTM A27 steel. From the folding
test, no defects were detected above the values specified in the standard. Finishing,
the macrographic test demonstrates that the process was conducted with penetration
levels and weld passes within the specified in design.
KEYWORDS: welding, steel ASTM A27, residual stress
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Regiões de uma solda por fusão (esquemática) ................................. 16
Figura 2: Esquema do comportamento das tensões residuais nas vizinhanças
de uma união por soldagem de chapas finas. ..................................................... 19
Figura 3: Tensões residuais do tipo II. ................................................................. 20
Figura 4: Tensões residuais desenvolvidas junto à superfície de uma peça
sendo esmerilhada ................................................................................................. 21
Figura 5: Volume ocupado pelo metal de adição: (a) no estado líquido e (b) à
temperatura ambiente, esquemático .................................................................... 23
Figura 6: Diagrama esquemático da montagem das três barras: (a) conjunto de
barras presas nas extremidades e (b) barra central aquecida. .......................... 24
Figura 7: Diagrama esquemático das tensões internas em função da
temperatura na barra central. ................................................................................ 25
Figura 8: (a) Comparação entre as tensões residuais desenvolvidas na
montagem de três barras e (b) as tensões residuais longitudinais formadas ao
longo da direção transversal (y) de uma solda de topo por fusão. ................... 26
Figura 9: Influência da tensão residual de compressão. σrc(Tensão residual
compressiva) e σs (Tensão de serviço). .............................................................. 28
Figura 10: Esquema simplificado de uma ligação de um extensômetro a uma
Ponte de Wheatstone. ............................................................................................ 30
Figura 11: Fluxograma com as etapas do procedimento experimental. ........... 31
Figura 12: Características dimensionais do cilindro inferior, no detalhe “C”
região de chanfro preparada para receber o processo de soldagem. ............... 32
Figura 13: Características dimensionais do cilindro superior, no detalhe “C”
região de chanfro preparada para receber o processo de soldagem. ............... 32
Figura 14: Detalhes do componente a ser soldado, confinando em seu interior
o conjunto de pacote de lâmica de aço. ............................................................... 34
Figura 15: Características dimensionais dos cilindros a serem soldados ....... 34
Figura 16: Fluxograma com detalhamento das etapas do processo de
soldagem dos barris. ............................................................................................. 35
Figura 17: Detalhamento da prensagem e processo de soldagem dos barris. 36
Figura 18: Maquete dos componentes a serem soldados e visão preliminar do
processo de prensagem e soldagem. .................................................................. 36
Figura 19: Representação esquemática proposta para o processo de
prensagem e soldagem. ........................................................................................ 37
Figura 20: Detalhes do processo de abastecimento do conjunto a ser soldado.
Barril inferior, iternamento confinado com pacote de lâminas, e dispositivo de
alinhamento e ba.rril superior ............................................................................... 38
Figura 21: Esquemático da prensa hidráulica, composta pelo processo de
Soldagem Mig-Mag, Processo de Soldagem por Arco Submerso e a prensa de
42.5 toneladas. ....................................................................................................... 38
Figure 22: Tocha de soldagem GMAW. ................................................................ 39
Figura 23: Processo de Soldagem por Arco Submerso. Reservatório de
armazenagem de fluxo, tocha de soldagem e aspirador de fluxo não
consumido no processo. ....................................................................................... 39
Figura 24: Blocos soldados nos cilindros para validação da variação
dimensional em funçaõ da carga aplicada. ......................................................... 41
Figura 25: Preparação da superfície para medição da tensão residual ............ 42
Figura 26: Aplicação dos extensômetros sobre a superfície de medição ........ 43
Figura 27: Conversor para dados de entrada no programa de medição ........... 43
Figura 28: Detalhes da fixação dos extensômetros na carcaça soldada .......... 44
Figura 29: a) Foto dos corpos de prova utilizados nos ensaios de tração. b)
Região de ruptura dos corpos de prova (detalhes na macrografia na região do
cordão de solda)..................................................................................................... 45
Figura 30- Corpo de prova para ensaio de tração seção reta ............................ 45
Figura 31: Vista em corte e comprimento do barril soldado .............................. 48
Figure 32: Gráfico com a variação do comprimento medido em 6 barris após
soldagem. ............................................................................................................... 48
Figura 33: Dados de cálculo e medições de tensão residual referentes a
amostra 01. ............................................................................................................. 50
Figura 34: Dados de cálculo e medições de tensão residual na amostra 02. ... 50
Figura 35: a)Foto dos corpos de prova para ensaio de dobramento. b) Detalhes
do ensaio de dobramento. ..................................................................................... 51
Figura 36: Detalhes dos corpos de prova após o ensaio de dobramento. ....... 52
Figura 37: Região seccionada para ensaio macrográfico e mapeamento de
dureza. ..................................................................................................................... 53
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Principais causas do aparecimento de tensões residuais do tipo I .. 19
Tabela 2: Tensão de Contração e Tensão de Escoamento à T0= 20°C. ............. 27
Tabela 3: Principais métodos de medição de Tensão Residual. ....................... 29
Tabela 4: Dados de composição química do aço ASTM A27 grade 65-35 ........ 33
Tabela 5: Propriedade mecânica aço ASTM A27 grade 65-35 ............................ 33
Tabela 6: Dados das medições realizadas entre os blocos de aço,
considerando 2 amostras, onde P1/1 e P2/1 se referem aos barris 1 e 2 após
soldagem e P1/2 e P2/2, os barris 1 e 2 com medição após 12 horas
resfriamento. .......................................................................................................... 47
Tabela 7: Dados referentes ao aço ASTM A27, para cálculo da tensão residual.
................................................................................................................................. 49
Tabela 8: Resultado do Ensaio de Tração aplicados aos corpos de prova ...... 51
Tabela 9: Resultado do Ensaio de Dobramento sobre os corpos de prova(face
e raiz) ....................................................................................................................... 52
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
TIG – Tungsten Inert Gas
MIG-MAG – Metal Inert Gas/ Metal Active Gas
ASTM - American Society for Testing and Materials
GMAW – Gas Metal Arc Welding
SAW – Submerged Arc Welding
Fe-C – Liga de Aço Ferro Carbono
ZF – Zona Fundida
ZTA – Zona Termicamente Afetada
MB – Metal Base
Mpa – Mega Pascal, unidade padrão de pressão e tensão
𝛼 – Coeficiente de Expansão Térmica
𝑇𝑠 – Temperatura de Amolecimento
𝑇0 – Temperatura ambiente
AISI – American Iron and Steel Institute
C – Carbon
Mn – Manganês
P – Fósforo
Si- Silício
S – Enxofre
2G – Posição de Soldagem Horizontal
ER70S-6 – Arame Sólido Cobreado Manganês-Silício para processo MIG/MAG
pol – Polegadas
μm – micrometros
°C – Graus Celsius
Kgf – Kilograma força
mm – milímetros
v – Coeficiente de Poison
𝝈𝒙 – Tensões Residuais na direção x
𝝈𝒚 – Tensões Residuais na direção y
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. 4
RESUMO ................................................................................................................................... 5
ABSTRACT ............................................................................................................................... 6
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 15
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 15
3 REVISÃO BIBLIOGRAFICA ........................................................................................ 16
3.1 TENSÕES RESIDUAIS E DISTORÇÕES .......................................................... 17
3.1.1 Tensões Residuais Macroscópicas ou do Tipo I TIPO I ......................................... 18
3.1.2 Tensões Residuais Microscópicas ou do Tipo II .................................................... 20
3.1.3 Tensões Residuais Submicroscópicas ou do Tipo III ............................................. 20
3.1.4 Tensão Residual Proveniente pelo Processo de Soldagem ..................................... 21
3.2 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE TENSÃO RESIDUAL ......................................... 28
3.2.1 Técnica do Furo Cego ............................................................................................. 29
4 METODOLOGIA ............................................................................................................ 30
4.1 SÓLIDO A SER ANALISADO ................................................................................ 31
4.2 DEFINIÇÃO DO PROCESSO DE SOLDAGEM .................................................... 35
4.3 DEFINIÇÃO DOS INSUMOS DE SOLDAGEM UTILIZADOS ........................... 40
Insumos Processo GMAW ............................................................................................... 40
Insumos do Processo SAW .............................................................................................. 40
4.4 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE SOLDAGEM ........................................... 40
4.5 VALIDAÇÃO DA CARGA DE PRENSAGEM ...................................................... 41
4.6 MEDIÇÃO DA TENSÃO RESIDUAL PELA TÉCNICA DO FURO CEGO ........ 42
4.7 ENSAIOS MECÂNICOS ......................................................................................... 44
4.8 ENSAIO MACROGRÁFICO ................................................................................... 46
5 RESULTADO E DISCUSSÕES ..................................................................................... 47
5.1 VALIDAÇÃO DO PROCESSO DE PRENSAGEM/SOLDAGEM. ....................... 47
5.2 RESULTADO DA TENSÃO RESIDUAL (MÉTODO FURO CEGO) .................. 49
5.3 ENSAIOS MECÂNICOS E METALOGRAFIA ..................................................... 50
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 54
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................... 55
8 ANEXO A ESPECIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE SOLDAGEM ................... 56
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 58
13
1 INTRODUÇÃO
As juntas soldadas são largamente utilizadas nas mais diversas aplicações de
engenharia, estando presentes nas indústrias de óleo e gás, automobilística e
aeronáutica, entre outras. Com o principal objetivo de unir componentes, além de
possuir outras aplicações como realização de reparos, os processos de soldagem por
fusão se caracterizam como processos de grande complexidade física, principalmente
por envolverem interações entre fenômenos de natureza térmica, mecânica e de
transformação das fases microestruturais. Em função disso, as juntas soldadas se
tornaram foco de uma série de estudos, visando representar com fidelidade diversos
aspectos relativos ao processo, como a identificação de regiões termicamente
afetadas e sua influência nas propriedades mecânicas do material, no levantamento
do perfil de distribuição de tensões residuais e a correta representação mecânica da
união entre os componentes soldados.
Os processos de soldagem, em função da sua versatilidade, são bastante difundidos
na indústria, caracterizando-se como um processo de fabricação de grande
importância com as mais diversas aplicações. A soldagem por fusão em especial se
destaca pela grande variedade de processos (como TIG, MIG-MAG, eletrodo
revestido e Arco Submerso), aplicáveis para os mais diversos tipos de materiais
metálicos e diferentes características geométricas. De uma forma geral, os processos
de soldagem por fusão englobam o acoplamento de três princípios físicos distintos
(fenômeno térmico, fenômeno microestrutural e fenômeno mecânico), que ocorrem
simultaneamente e que exercem influência mútua entre os mesmos.
O fenômeno térmico é dito na literatura como o fenômeno de maior importância, uma
vez que este fenômeno é responsável pela fusão localizada do material além provocar
a transformação de fases microestruturais, gerando assim um campo de deformações
térmicas nos componentes soldados.
O fenômeno microestrutural se caracteriza pela ocorrência de transformação de fases,
provocada pelo tratamento térmico localizado que é gerado pela fonte de calor de
soldagem (arco elétrico). A presença de uma distribuição de fases microestruturais
14
diferente da original do metal de base provoca alterações nos comportamentos
térmicos e mecânico do material, além de causar deformações plásticas localizadas.
O fenômeno mecânico se mostra com a principal consequência do processo de
soldagem, sendo afetado pelos demais, embora ele também exerça uma influência
reduzida sobre os mesmos. O campo de deformações provocado pelos fenômenos
térmico e microestrutural é responsável pela presença de tensões residuais na junta,
normalmente com tensões residuais trativas próximas ao cordão e compressiva longe
dele, podendo comprometer a integridade do componente em operação, caso elas
sejam desconsideradas no projeto.
De uma forma geral, algumas abordagens mais tradicionais envolvem estudos
térmicos isolados para o levantamento da zona de fusão e da zona termicamente
afetada e simulações termomecânicas acopladas, para o levantamento da distribuição
de tensões residuais após o resfriamento da junta, podendo incluir recursos para
representar deposição de cordões em soldas multipasses.
Além destas abordagens, outra característica de grande importância consiste na
correta representação do comportamento estrutural da junta soldada. Na prática, os
componentes soldados são unidos pelo cordão de solda e pelas regiões onde é
observada a fusão e solidificação do material de base. Desta forma, é de grande
importância que durante a etapa de modelagem se observe a definição de contatos
entre os componentes assim como a representação a ser usada para o cordão de
solda.
Neste contexto o objetivo geral deste trabalho passa pelo levantamento e definição de
um processo que venha garantir e atenuar de forma preventiva as deformações
causadas por estes fenômenos que ocorrem quando se utilizam os processos de
soldagem. Por questões de propriedade intelectual algumas informações tiveram que
ser omitidas ao longo deste trabalho, o que não descaracteriza o conteúdo desta
pesquisa.
15
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste trabalho passa pelo levantamento e definição de um processo
que venha garantir e atenuar de forma preventiva as deformações causadas pelos
processos de soldagem aplicadas na união de 2 barris em aço ASTM A27, de
1 polegada de espessura.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Definição dos parâmetros de soldagem envolvidos na soldagem de dois cilindros
de aço fundido quando se utiliza o processo de soldagem GMAW e SAW;
• Desenvolver e nacionalizar um processo de atenuação inerente às deformações
causadas pelos processos de soldagem;
• Analisar a variação dos parâmetros de soldagem nas tensões residuais de forma a
configurar os parâmetros do processo que minimize a ocorrência de tensões
residuais;
• Validar os resultados de ensaio de tensão residual praticado com um dos métodos
disponíveis para este tipo de ensaio.
16
3 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
Denomina-se soldagem ao processo de união entre duas partes metálica realizada
com a aplicação de calor e/ou deformação plástica tendo com resultado, alterações
nas propriedades dos materiais, o que nem sempre é desejável. Tais alterações
influenciadas pelas reações ocorridas da solidificação e resfriamento do cordão de
solda, bem como a sua microestrutura resultante. Alterações sofridas na estrutura do
material podem compreender desde detalhes grosseiros(macroestrutural) até
detalhes de organização interna dos átomos(estrutura eletrônica). (VILLANI, at al.,
2007)
Para se conhecer os efeitos da soldagem em aços, é necessário o conhecimento
prévio de sua microestrutura e de como esta pode ser alterada pelos tratamentos
térmicos e variações de composição química. Uma ferramenta importante para o
entendimento destas fases presentes no aço e para primeira análise da formação de
sua microestrutura, particularmente em condições de resfriamento lento, é o diagrama
de equilíbrio metaestável Fe-C. (CHIAVERINI, 1982)
Outra característica importante de controle é o fluxo de calor, os quais deslocados ao
longo da junta resultam na formação da poça de fusão e solidificação localizadas da
junta, gerando desta forma altos gradientes térmicos, variações bruscas de
temperatura e, consequentemente, alterações de microestrutura e propriedades
mecânicas, em um pequeno volume de material. (VILLANI, at al., 2007)
A macroestrutura de uma solda é composta por três regiões básicas, conforme
apresentado na figura 01:
Figura 1: Regiões de uma solda por fusão (esquemática)
Fonte: VILLANI, at al. 2007, p.92.
17
A. Zona Fundida (ZF): região onde o material fundiu-se e solidificou-se durante a
operação de soldagem. As temperaturas de pico desta região foram superiores
a temperatura de fusão do metal base;
B. Zona Termicamente Afetada (ZTA): região fundida do metal de base que teve
sua microestrutura e/ou propriedades mecânicas alteradas pelo ciclo térmico
de soldagem. As temperaturas de pico nesta região foram superiores à
temperatura crítica do material em questão e inferiores à sua temperatura de
fusão;
C. Metal de Base (MB): região mais afastada do cordão de solda e que não foi
afetada pelo processo de soldagem. As suas temperaturas de pico são
inferiores à temperatura crítica do material. (VILLANI, at al., 2007).
Segundo Abreu Filho (2008), quanto mais alto for o aporte de calor (energia de
soldagem) inserido na junta soldada, maior será a quantidade de energia calorífica
transferida à peça, maior a poça de fusão, mais larga a zona termicamente afetada
entre outros efeitos. Por outro lado, a utilização de baixos valores de aporte térmico
pode provocar falhas de penetração na junta soldada assim como elevadas
velocidades de resfriamento, o que, em certas ocasiões pode ser prejudicial.
Portanto, a energia de soldagem é um parâmetro simples de se definir e ser medido,
devido à abrangência pela qual é utilizado em normas e trabalhos de pesquisa
especificando as condições de soldagem. Conforme Modenesi. Marques e Santos
(2006) nem sempre existe uma relação direta entre a energia de soldagem e seus
efeitos na peça, pois os parâmetros de soldagem (corrente, tensão e velocidade de
deslocamento da tocha) afetam de modo diferente a intensidade do arco e o
rendimento térmico do processo. Assim, embora utilizando o mesmo processo e
energia de soldagem, é possível obter soldas de formatos completamente diferentes
pela variação individual dos parâmetros de soldagem.
3.1 TENSÕES RESIDUAIS E DISTORÇÕES
Materiais estruturais são empregados na indústria em geral, podendo muitas vezes
alcançar condições de solicitação crítica. A presença de tensões residuais em
elementos de engenharia pode modificar de forma significativamente no desempenho
18
dos materiais, como por exemplo, na capacidade dos elementos de suportar cargas
externas. Logo o conhecimento do comportamento destas tensões nas estruturas e
componentes tem grande importância, devido ao efeito conjunto das tensões residuais
com as tensões aplicadas, podendo ocasionar a fratura dos mesmos. (CARMO, 2007)
Definem-se tensões residuais aquelas que permanecem atuantes na peça quando
todos os esforços externos e/ou gradientes de temperatura forem removidos (LU,
1996; Gurova, et. AL. 2006). Estas tensões são formadas pelo estado de tensões
internas do material, que se mantém equilibrados (somatórios das forças e dos
momentos igual a zero) quando livre de forças externas, presentes em todos os
componentes mecânicos utilizados pela engenharia. (SOUZA, 2012)
A classificação mais comum das tensões residuais é quanto à área de abrangência,
sendo elas tensões residuais macroscópicas, microscópicas e submicroscópicas.
3.1.1 Tensões Residuais Macroscópicas ou do Tipo I TIPO I
As tensões residuais macroscópicas ou do Tipo I se estendem sobre grandes porções
volumétricas se comparadas com o tamanho de grão do material. As deformações
originadas são praticamente uniformes para muitos grãos. As macro-tensões residuais
são provenientes de condições ou fontes mecânicas, térmicas ou químicas que afetam
um volume considerável do material estendendo-se por área comparável às
dimensões do equipamento. Estas tensões assumem um estado de equilíbrio (auto-
compensação) e qualquer alteração, como a retirada do material ou mudança de
forma do componente, exige que tensões se rearranjem para que nova configuração
seja obtida. Tais tensões são tensoriais, com magnitudes e direções principais que
variam em diferentes regiões do material. (SOUZA, 2012). As medidas dessas
tensões geralmente são feitas através de técnicas destrutivas ou semidestrutivas
(NUNES, 2008; RODRIGUES, 2007).
Exemplos típicos deste tipo de tensão apresentam-se em materiais deformados
plasticamente de maneira não uniforme, como barras sujeitas a dobramento além do
limite elástico, processos de laminação, gradientes térmicos, têmpera em aço,
19
estando alguns desses mecanismos presentes nas etapas dos processos de
fabricação. (Tabela 01)
Tabela 1: Principais causas do aparecimento de tensões residuais do tipo I
Causas Processos
Conformação Laminação, Trefilação, Extrusão, Forjamento, estampagem, dentro outros.
Tratamento Térmico Têmpera, Endurecimento, Nitretação, Cementação.
Usinagem Torneamento, Furação, Fresamento, Retificação e Aplainamento.
Revestimento Galvanização, Revestimento, Deposição.
Junções Soldagem, Brasagem.
Carregamento elastoplástico Tração, Compressão, Flexão, Torção.
Fonte: SOUZA,2012, p.4
Um padrão típico de tensões residuais longitudinais macroscópicas encontrados em
chapas finas soldadas está apresentado na figura 2. Tem-se o valor máximo de tensão
trativa no cordão de solda e ocorre uma redução deste valor na medida em que se
afasta do cordão até que a tensão se torne compressiva, para manter o equilíbrio dos
carregamentos internos, considerando-se que as tensões são constantes ao longo da
espessura. (MAXWELL, 2011)
Figura 2: Esquema do comportamento das tensões residuais nas vizinhanças de uma união
por soldagem de chapas finas.
Fonte: Disponível em http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10462/10462_3.PDF MAXWELI
20
3.1.2 Tensões Residuais Microscópicas ou do Tipo II
As tensões residuais microscópicas ou do Tipo II (Figura 3) estão presentes em
materiais policristalinos e mantêm uma distribuição uniforme ao longo do grão ou em
boa parte dele. Essas tensões podem correr em interfaces entre fases e partículas
precipitadas e a matriz. Desenvolvem-se durante a deformação elastoplástica de um
material policristalino com grãos aleatoriamente orientados e cuja resistência ao
escoamento e ao encruamento dependem da orientação cristalográfica. (MAXWELL,
2011)
Figura 3: Tensões residuais do tipo II.
Fonte: SOUZA, 2012, p. 05
3.1.3 Tensões Residuais Submicroscópicas ou do Tipo III
Também conhecida como tensões residuais Tipo III ou micro tensões localizadas, são
tensões residuais submicroscópicas que abrangem distâncias interatômicas, dentro
de uma pequena porção de um grão. Ocorrem nos materiais metálicos sujeitos a
processos que produzam descontinuidades na rede cristalina como átomos
substitucionais, intersticiais, vacâncias, impurezas ou falhas de empilhamentos, entre
outros. (SOUZA, 2012). Dependendo da causa da geração das tensões residuais
modifica-se a escala (tipo de tensão) e pode-se escolher a melhor forma de
caracterizá-la e quantificá-las com melhores aproximações (NUNES, 2008;
RODRIGUES, 2007)
21
Existem tensões residuais em materiais e estruturas, independentes da presença de
quaisquer cargas externas. A maioria dos processos de fabricação, incluindo
usinagem e soldagem, criam tensões residuais (KIM E JUNG 2015). Exemplo de
tensões residuais em uma peça submetida a processo de esmerilhamento ou
jateamento, ocasionando o escoamento plástico de material próximo a superfície dado
a deformação plástica não uniforme, causado por efeitos mecânicos ou térmicos.
Como as regiões mais internas da peça não se deformam igualmente, elas restringem
o escoamento superficial, causando o aparecimento das tensões residuais de
compressão. Neste caso as tensões residuais de tração na superfície da peça devem
ser contrabalanceadas por tensões de compressão desenvolvidas em seu interior.
Conforme figura 4, caso o equilíbrio seja perturbado, a exemplo pelo corte da peça,
as tensões serão redistribuídas para restaurar o equilíbrio, causando uma distorção
adicional na peça (VILLANI, at al., 2007).
Figura 4: Tensões residuais desenvolvidas junto à superfície de uma peça sendo esmerilhada
Fonte: VILLANI, at al. 2007, p.114
3.1.4 Tensão Residual Proveniente pelo Processo de Soldagem
Durante a soldagem, tensões residuais são desenvolvidas devido ao aquecimento
localizado e resfriamento não uniforme acompanhado de gradientes térmicos que
surgem na zona de soldagem. Adicionalmente, transformações de fases podem
22
ocorrer no metal de solda e adjacências da zona afetada pelo calor (ZTA), por
exemplo, em aços estruturais, contribuindo para a evolução da tensão residual
(Henzi,Shenk e Rethmeier, 2011).
Os metais dilatam e contraem na mesma proporção que aquecem e resfriam. O
aquecimento que ocorre no processo de soldagem não é uniforme e há uma diferença
de temperatura na região da solda e áreas adjacentes. Este montante de aquecimento
não uniforme e as limitações parciais criam tensões na área da solda, incluindo o metal
base a ser soldado. Se ocorrer a mudança de temperatura a tensão irá ser maior que
o ponto de escoamento do metal de base. O escoamento irá ocorrer até que a tensão
residual ou retida irá ser o ponto de escoamento do metal. Isto significa que a tensão
no ponto de escoamento dentro do conjunto soldado poderá ocorrer em todas as
direções simultaneamente. Esta tensão interna ou remanescente é conhecida como
tensão residual (CARY E SCORR 2005).
A tensão residual induzida pela soldagem é um dos fatores mais críticos e que podem
afetar o ciclo de vida da estrutura soldada em situações reais (Kong, Ma e Kovacevic
2011).
Alguns problemas devido às tensões residuais incluem trincas, falhas por fadiga ou
fratura e perda de estabilidade dimensional.
A figura 5 apresenta uma forma de visualizar o desenvolvimento de tensões internas,
onde, quando o material é depositado no início da soldagem, no estado líquido,
ocupando conforme volume mostrado na figura 5(a) que após solidificado, à
temperatura ambiente, ocupa o volume conforme 5(b). Entretanto, como foram
formadas ligações em nível atômico com o metal base durante o processo, este
material ocupa ao final da operação o mesmo volume que ocupava inicialmente,
estando, portanto, intensamente tensionado e deformado.
23
Figura 5: Volume ocupado pelo metal de adição: (a) no estado líquido e (b) à temperatura
ambiente, esquemático
Fonte: VILLANI, at al. 2007, p.115
Segundo Cunha (1989), aumentando a temperatura, o limite de escoamento, o módulo
de elasticidade e a condutividade térmica do aço decrescem, aumentando o
coeficiente de dilatação térmica, afetando assim o escoamento e a uniformidade do
calor. Dentre os fatores que influenciam na deformação destacam: a energia de
soldagem, grau de restrição, tensões internas e as propriedades dos materiais. Os
metais quando aquecidos expandem de acordo com o coeficiente de dilatação, e
quanto maior este, maior a tendência à deformação durante a soldagem. Ainda a
condutividade térmica, ou seja, a facilidade com que o calor tende a escoar através
de um material, sendo quanto menor, maior a contração na solda e áreas adjacentes.
Para acomodar a contração da junta soldada no resfriamento, as tensões devem
atingir a tensão de escoamento do metal de solda. Sendo quanto maior a tensão de
escoamento, maiores serão as tensões residuais. As tensões de escoamento podem
ser alteradas através de tratamento térmico e mecânicos.
24
A analogia de três barras presas nas extremidades exemplifica as condições das
tensões a desenvolver nos processos de soldagem. A barra central aquecida, de
maneira uniforme tende a se dilatar, atingem o limite de escoamento, ocorrendo a
deformação plástica, e o limite de escoamento tende a diminuir como aumento da
temperatura, conforme figura 6.
Figura 6: Diagrama esquemático da montagem das três barras: (a) conjunto de barras presas
nas extremidades e (b) barra central aquecida.
Fonte: VILLANI, at al. 2007, p.116
A figura 7 mostra esquematicamente o desenvolvimento das tensões em função da
temperatura. No ponto “A” a tensão é nula, quando se aumenta a temperatura a barra
central tende a se expandir, como ela está restringida pelas barras laterais a
temperatura ambiente, experimenta um esforço de compressão, até que as tensões
internas atinjam o limite de escoamento em “B”, a barra passa a se deformar
plasticamente, com diminuição de comprimento e aumento da seção transversal. Este
processo continua até que cesse a temperatura no ponto C, quando a peça tende a
esfriar e contrair termicamente. O esforço de compressão tende a diminuir, até se
anular acima do ponto D.
25
Figura 7: Diagrama esquemático das tensões internas em função da temperatura na barra
central.
Fonte: VILLANI, at al. 2007, p.116
Desta forma, continuando o resfriamento a barra central passa a sentir um esforço de
tração e deformação elástica à medida que a temperatura continua cair, até atingir o
limite de escoamento em tração no ponto “E”, onde a barra passa a se deformar
plasticamente até a temperatura ambiente. Assim a barra está submetida a tensões
residuais da ordem do limite de escoamento à tração. Para manter o equilíbrio, as
barras laterais estão sujeitas a tensões de compressão.
A figura 8 mostra a distribuição das tensões longitudinais da junta soldada ao longo
da direção transversal.
26
Figura 8: (a) Comparação entre as tensões residuais desenvolvidas na montagem de três barras
e (b) as tensões residuais longitudinais formadas ao longo da direção transversal (y) de uma
solda de topo por fusão.
Fonte: VILLANI, at al. 2007, p.118
Segundo Leggatt (2008) tensões residuais trativas máximas tendem a atingir
aproximadamente a magnitude do escoamento se as seguintes condições forem
atendidas:
• Há uma restrição das contrações térmicas do material aquecido;
• Há deformação devido à contração térmica é maior que o escoamento do
material, conforme equação 5.
𝛼(𝑇𝑠 − 𝑇0 ) ≥ 𝜎𝑌/𝐸 5
Onde 𝛼 é o coeficiente de expansão térmica; 𝑇𝑠 é a temperatura de amolecimento,
definida neste caso como a temperatura na qual a tensão de escoamento cai 10% do
seu valor à temperatura ambiente; 𝑇0 é a temperatura ambiente ou temperatura de
27
pré-aquecimento uniforme; E o módulo de elasticidade; 𝜎𝑌 é a tensão de escoamento
à temperatura ambiente ou temperatura de pré-aquecimento.
Valores típicos das propriedades relevantes dos materiais para um aço austenítico
inoxidável (AISI 316) e o aço carbono manganês são mostrados na tabela 2. A
magnitude da tensão residual é susceptível a ocorrer quando a tensão de contração
na penúltima coluna é maior que a tensão de escoamento na última coluna, o que
ocorre para o aço inoxidável AISI 316, onde a tensão térmica é dez vezes superior
que a tensão de escoamento. Já para um aço C-Mn as tensões térmicas de contração
é aproximadamente cinco vezes a tensão de escoamento, sendo possível, em ambos
os casos, a ocorrência de tensões residuais da ordem da tensão de escoamento (
Leggatt, R.H. 2008).
Tabela 2: Tensão de Contração e Tensão de Escoamento à T0= 20°C.
Material 𝜶 (𝑪−𝟏) 𝑻𝒔 (°𝑪) 𝝈𝒀 (MPa) E (MPa) 𝜶(𝑻𝒔 − 𝑻𝟎 ) (%) 𝛆𝒀=𝝈𝒀/𝑬 (%)
𝐴𝐼𝑆𝐼 316 18 𝑥 10−6 1050 300 193.000 1.85 0.16
𝐶 − 𝑀𝑛 12 𝑥 10−6 ≥ 650 350 207.000 ≥ 0.76 0.17
Fonte: LEGGATT 2008, p. 14
As tensões residuais também apresentam natureza benéfica e estão relacionadas a
três fatores, tais como: I) tipo do material, ou seja, se ele encrua ou amolece durante
o processo de deformação plástica cíclica; II) tipo de carregamento que o componente
mecânico está submetido e III) perfil das tensões residuais introduzidas durante o
processo de fabricação ou transformação da peça mecânica (SOARES, 1998).
Tensões residuais compressivas influenciam na nucleação e propagação de trincas,
uma vez que tendem a interromper este fenômeno. O mecanismo de formação de
falha em materiais metálicos inicia com o processo de formação de bandas de
escorregamento provocadas pela movimentação de discordâncias no reticulado
cristalino do metal, levando a formação de intrusões e extrusões. Isso irá acarretar no
acúmulo de grandes deformações plásticas localizadas, provocando instabilidade.
Pequenas sobrecargas de tensão durante ciclos de fadiga podem levar a liberação de
discordâncias ancoradas, facilitando a movimentação, a nucleação ou a propagação
28
de trincas. Na ausência de defeitos internos, a trinca de fadiga inicia na superfície do
metal, pois os grãos cristalinos encontram na superfície menor restrição à deformação
plástica (SOUZA, 2012). Contudo, as tensões residuais compressivas irão contrapor
as tensões de linha de escorregamento dificultando a nucleação e/ou propagação
(figura 9).
Figura 9: Influência da tensão residual de compressão. σrc(Tensão residual compressiva) e σs
(Tensão de serviço).
Fonte: SOUZA, 2012, p.10
3.2 TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE TENSÃO RESIDUAL
Tensões residuais podem reduzir a resistência do material e causar fraturas. Podem
ser avaliadas mais precisamente para estimar a confiabilidade e envelhecimento da
estrutura soldada, embora dificultada a medição de forma precisa. Processos de
tratamentos térmicos podem ser utilizados para aliviar as tensões residuais causadas
pelo processo de soldagem (KIM e JUNG, 2015).
A necessidade de monitorar os componentes mecânicos, fez com que estudos sobre
tensões residuais ganhassem uma importância relevante. Logo, se faz necessário o
desenvolvimento de uma série de técnicas, dispositivos e instrumentos de medição
experimental baseados em diferentes princípios. Essa vigília constante da tensão
29
residual em peças mecânicas possibilita o correto gerenciamento e a análise de risco,
e ainda, indicar se o processo de produção está favorecendo ou não à durabilidade
de um determinado componente (SOUZA, 2012).
As técnicas de medição de tensões residuais dividem-se em destrutivas,
semidestrutivas e não destrutivas, de acordo com o nível de dano introduzido na peça
medido quando de sua aplicação. Tabela 03.
Tabela 3: Principais métodos de medição de Tensão Residual.
Classificação Principais Métodos Comentários
Semi-
destrutivos
• Método do Furo Cego
Execução de furos de 0,8 a 3,2 mm de
diâmetro, segundo ASTM-E 837
Destrutivos • Método da remoção de camadas(Método da Deflexão);
Camadas retiradas por ataque
químico. Podendo estar aliado ao
método de difração de Raio X;
• Método do Seccionamento
Cortes parciais longitudinais ou
transversais ao eixo de peças
assimétricas. Ex.: Cilindros;
Não-
Destrutivos
• Difração de Raio X
Variação da distância entre planos
atômicos (SAE-J784a);
• Difração de Nêutrons
Similar ao Raio X, com inspeçao do
volume;
• Método Ultrassônico
Variação da velocidade ultrassônica
no interior do material;
• Método Magnético
Propriedadesmagnéticas.
Permeabilidade, indução e efeito de
Barkhausen.
Fonte: SUTÉRIO, 2005, p. 10
3.2.1 Técnica do Furo Cego
A técnica do furo cego (hole drilling) mais utilizada, consiste na usinagem de um
pequeno furo não passante na superfície a ser avaliada para medição do alívio de
30
tensões gerado pela usinagem desse furo (figura 10). A usinagem de um furo na
medição de tensões residuais pode ser associada a técnicas experimentais para
determinação das redistribuições de tensões por ele causadas. Tais técnicas são a
Extensometria com uso de extensômetros de resistência elétrica, a Fotoelasticidade
por Reflexão, a Holografia Eletrônica e o Moiré Interferométrico. Estas últimas podem
ser aplicadas em medições de peças com tamanhos reduzidos ou na medição em
pequenos domínios (MAXWEL, 2003).
Figura 10: Esquema simplificado de uma ligação de um extensômetro a uma Ponte de
Wheatstone.
Fonte: MAXWELL, 2003, p. 49
4 METODOLOGIA
A condução experimental e a validação deste projeto de estudo foram realizadas em
parceria com algumas empresas do ramo industrial mecânica. O fluxograma
apresentado na figura 11 mostra de forma esquemática as etapas experimentais
adotadas ao longo deste trabalho.
31
Figura 11: Fluxograma com as etapas do procedimento experimental.
Fonte: O próprio autor.
4.1 SÓLIDO A SER ANALISADO
Para a realização do procedimento experimental foram utilizados dois cilindros em aço
fundido ASTM A27, normalizado e revenido, de espessura de 22.5 mm e diâmetro
externo 844.3 mm, devidamente preparados com chanfro conforme dimensões e
características detalhadas nas figuras 12 e 13.
32
Figura 12: Características dimensionais do cilindro inferior, no detalhe “C” região de chanfro
preparada para receber o processo de soldagem.
Fonte: O próprio autor
Figura 13: Características dimensionais do cilindro superior, no detalhe “C” região de chanfro
preparada para receber o processo de soldagem.
Fonte: O próprio autor
33
Por se tratar de peças fundidas com aços médio teor de carbono foi realizado
tratamento térmico de alívio de tensões, para refinar a estrutura e melhorar a
ductilidade do material.
A composição química especificada do aço ASTM A27, grade 65-35 utilizado como
metal de base neste trabalho está apresentada na tabela 04, com os percentuais
máximos dos elementos que compõem este tipo de aço.
Tabela 4: Dados de composição química do aço ASTM A27 grade 65-35
Composição Química ASTM A27 Grade 65-35
Elemento C Mn Si P S Cu Al CE
Faixa(%) 0.25-
0.30
0.60-
0.70
0.30-
0.50
Máx.
0.040
Máx.
0.040
0.15-
0.25
0.020-
0.060
Máx.0.76
Resultado(%) 0.25 0.69 0.39 0.021 0.011 0.22 0.059 0.545
Fonte: Standard Specification for Steel Casting, Carbon, for general application ASTM
A27/A27M-13
A tabela 05 apresenta os valores das propriedades mecânicas aplicados a estes
grupos de aços.
Tabela 5: Propriedade mecânica aço ASTM A27 grade 65-35
Propriedades Mecânicas ASTM A27 Grade 65-35
Limite de Resistência a Tração, ksi (Mpa) min 65 (450)
Limite de Escoamento, ksi (Mpa) min 35 (240)
Alongamento em 2 polegadas (50 mm) % min 24
Redução de Área (estricção) % min 35
Fonte: Standard Specification for Steel Casting, Carbon, for general application ASTM
A27/A27M-13
Conforme (figura 14) são caracterizados os barris a serem soldados, confinado
internamente por 500 lâminas de fina espessura de aço que formarão posteriormente
a carcaça de um motor elétrico de tração de locomotiva. Este conjunto de lâminas,
após soldado os barris, ocupam o espaço interno destes, exercendo uma força de
retração contrária às partes a serem unidas, denominado neste trabalho como efeito
34
mola. É importante ressaltar que as características dimensionais finais deste
componente (motor elétrico) devem ser preservadas.
Figura 14: Detalhes do componente a ser soldado, confinando em seu interior o conjunto de
pacote de lâmica de aço.
Fonte: O próprio autor
O processo de soldagem dos dois cilindros (figura 15) foi definido em duas etapas:
incialmente referente à execução do passe de raiz utilizando o processo de soldagem
GMAW, seguindo do preenchimento da junta utilizando o processo de soldagem arco
submerso (SAW). Neste processo foi aplicado uma carga 42.5 toneladas, como
contenção mecânica, para compensar as reações do pacote de lâminas confinados
internamente e às deformações inerentes do processo de soldagem .
Figura 15: Características dimensionais dos cilindros a serem soldados
Fonte: O próprio autor
35
4.2 DEFINIÇÃO DO PROCESSO DE SOLDAGEM
Para a definição do processo de soldagem a ser replicado, foi elaborado uma
especificação técnica que permitiu definir as condições do projeto e a execução do
processo de união dos barris, incluindo o sistema de prensagem, passe de raiz
(GMAW) e a soldagem por arco submerso (SAW), conforme sequência na figura 16.
Figura 16: Fluxograma com detalhamento das etapas do processo de soldagem dos barris.
Fonte: O próprio autor
Embora por especificação do produto uma carga entre 42.5 toneladas sejam suficiente
para este processo, foi sugerido inicialmente uma capacidade nominal de 120
toneladas para não limitar as condições funcionais da prensa, conforme mostra a
figura 17.
36
Figura 17: Detalhamento da prensagem e processo de soldagem dos barris.
Fonte: O próprio autor
Com o objetivo de melhorar o desempenho do processo, uma forma de simular
fisicamente todo processo e assim melhor definir o processo de soldagem, uma
maquete em isopor na escala 1:5 foi confeccionada levando em consideração os itens
a serem soldados e uma proposta inicial do processo de prensagem e soldagem,
conforme figura 18. Desta forma consegue-se tornar visível e fácil similação para
qualquer pessoa envolvida neste projeto que não tenha afinidade com sistemas de
simulação computadorizado.
Figura 18: Maquete dos componentes a serem soldados e visão preliminar do processo de
prensagem e soldagem.
Fonte: O próprio autor
Após obter as informações com o auxílio da maquete, foi feita uma proposta inicial,
cujas condições de processo a ser seguido está apresentado na figura 19.
37
Figura 19: Representação esquemática proposta para o processo de prensagem e soldagem.
Fonte: O próprio autor
Com a validação do pré-projeto, se deu início a confecção do dispositivo. Os
equipamentos de soldagem GMAW e SAW, definidos previamente, foram
incorporados ao processo.
O processo fundamenta-se pelo abastecimento dos componentes a serem soldados
(cilindro inferior, conjunto de lâminas de aço silício e cilindro superior) sobre uma base.
Previamente o barril inferior foi posicionado sobre a base de um dispositivo que
permitiu a sua fixação, alinhamento e movimentação longitudinal necessários neste
processo de união. Posteriormente os demais componentes: pacote de lâminas e
barril superior foram agregados ao conjunto para iniciar o processo de soldagem. Por
um sistema de gaveta este conjunto foi posicionado abaixo da prensa para o início
das operações de união, definidos para este processo conforme figura 20.
38
Figura 20: Detalhes do processo de abastecimento do conjunto a ser soldado. Barril inferior,
iternamento confinado com pacote de lâminas, e dispositivo de alinhamento e ba.rril superior
Fonte: O próprio autor
Uma carga de 42.5 toneladas foi aplicada sobre o conjunto, seguindo de um retorno
em dimensão mínima, para compensar as deformações inerentes ao processo de
soldagem, garantindo assim as condições dimensionais finais pós-solda. Figura 21
Figura 21: Esquemático da prensa hidráulica, composta pelo processo de Soldagem Mig-
Mag, Processo de Soldagem por Arco Submerso e a prensa de 42.5 toneladas.
Fonte: O próprio autor
39
Na sequência duas tochas posicionadas a 180° foram aproximadas do conjunto na
região da junta iniciando assim o processo de soldagem GMAW (posição 2G), pela
rotação da própria prensa. (Figura 22)
Figure 22: Tocha de soldagem GMAW.
Fonte: O próprio autor
Na sequência deste processo, a prensa em movimento de basculamento posiciona o
conjunto horizontalmente para o preenchimento de 10 passes de solda pelo processo
SAW, na posição de soldagem 1G. Neste momento a tocha de soldagem em conjunto
com o reservatório de fluxo avançam sobre a peça a ser soldada. Á medida que os
insumos são depositados a escória formada por este processo é então removida por
gravidade, quando definidos os parâmetros de soldagem corretamente, conforme
Figura 23.
Figura 23: Processo de Soldagem por Arco Submerso. Reservatório de armazenagem de
fluxo, tocha de soldagem e aspirador de fluxo não consumido no processo.
Fonte: O próprio autor
40
Após o preenchimento dos cordões de solda a prensa retorna para a posição vertical
para que o produto deste processo seja retirado.
4.3 DEFINIÇÃO DOS INSUMOS DE SOLDAGEM UTILIZADOS
A definição dos insumos utilizados neste trabalho foi feita em função da
compatibilidade das propriedades mecânicas do metal de base a ser soldado com o
consumível.
Insumos Processo GMAW
Para a soldagem do passe de raiz foi definido como consumível o arame tubular com
proteção gasosa suplementar, baseado na AWS A 5.18, AWS - ER70S-6, compatíveis
com a resistência mecânica e a composição química do metal base ASTM A-27. A
utilização do arame tubular como consumível foi em função da sua alta eficiência, alta
taxa de deposição, produtividade e qualidade final da solda. A definição do diâmetro
do arame de 1.2 mm foi baseada nas dimensões da junta a ser soldada. Como
proteção gasosa externa utilizada durante a soldagem foi feita através da mistura de
gases na proporção de 80% de argônio e 20% de CO2.
Insumos do Processo SAW
Em conformidade com a AWS A5.17, baseado no metal de base e das dimensões da
junta, foi definida a utilização do arame de diâmetro de 2 mm, classe AWS EL12 em
combinação com o fluxo ativo classificação AWS F7A2-EM12K, por combinar melhor
qualidade de acabamento do cordão, facilidade de remoção da escória e
soldabilidade.
4.4 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE SOLDAGEM
Os parâmetros de soldagem foram definidos com o auxílio de uma EPS (Especificação
do Procedimento de Soldagem). Essa EPS foi elaborada baseando na norma AWS
D1.1 e indicações dos fornecedores dos equipamentos e consumíveis, desta forma
no Anexo 1 o documento retrata esta condição inicial.
41
4.5 VALIDAÇÃO DA CARGA DE PRENSAGEM
Com o intuito de validar a carga de prensagem sobre os componentes a serem
soldados, de forma a preservar as características dimensionais e conter as
deformações inerentes ao processo de soldagem dos barris, quatro blocos de aço de
dimensões 1 pol x 1 pol e a ½ pol da face de união, foram soldados e posteriormente
usinados, para permitir a medição da distância em função da carga aplicada. Este
procedimento foi adotado para permitir a medição em vários pontos em torno dos
barris soldados (Figura 24).
A medição em um total de 2 barris soldados, foi realizada com a utilização de um
paquímetro digital 300 mm, resolução 0.01 mm.
A carga aplicada sobre o conjunto foi de 42 toneladas, já proposto como especificação
em desenho, confirmando as medições entre os blocos em dois intervalos, sendo
imediatamente após a soldagem e aguardando doze horas de resfriamento do
conjunto.
Figura 24: Blocos soldados nos cilindros para validação da variação dimensional em funçaõ
da carga aplicada.
Fonte: O próprio autor
42
4.6 MEDIÇÃO DA TENSÃO RESIDUAL PELA TÉCNICA DO FURO CEGO
Para a execução do ensaio de tensão residual foram utilizados os seguintes materiais
e equipamentos:
a) Broca com diâmetro de 2 mm;
b) Furadeira radial com base magnética;
c) Lixa rotativa;
d) Cola loctite 496;
e) Cabos elétricos 0,25 mm2;
f) Extensômetro de resistência elétrica OMEGA SGD-3/350-LY 11(350 Ohms);
g) Roseta extensômetrica de resistência elétrica OMEGA SGD-3/120-RY 51(120
Ohms);
h) Módulo conversor de sinal analógico para digital (PAC- Módulo MI9219/
National Instruments).
i) Programa de coleta de dados e medição de tensão residual (Lab View).
Inicialmente a furadeira foi apoiada com base magnética sobre uma superfície plana
do conjunto soldado. Para melhorar a aderência dos instrumentos de medição
(extensômetros) foi feito uma limpeza e lixamento da superfície nas proximidades do
ensaio. Figura 25.
Figura 25: Preparação da superfície para medição da tensão residual
Fonte: O próprio autor
43
Na sequência foram posicionados e fixados os extensômetros na região de medição,
definindo um ponto de medição na região central do cordão de solda e nos dois lados
da Zona Termicamente Afetada. (Figura 26).
Figura 26: Aplicação dos extensômetros sobre a superfície de medição
Fonte: O próprio autor
Cabos elétricos foram conectados aos extensômetros para que o mesmo pudesse
enviar o sinal ao conversor (figura 27) e as conexões para o programa (Lab View) de
coleta de dados no computador.
Figura 27: Conversor para dados de entrada no programa de medição
Fonte: O próprio autor
44
Depois de fixados os extensômetros e conectados ao conversor (figura 28), iniciou-se
as furações nas regiões previamente demarcadas com envio dos dados para o
programa de coleta de dados (Lab View).
Figura 28: Detalhes da fixação dos extensômetros na carcaça soldada
Fonte: O próprio autor
4.7 ENSAIOS MECÂNICOS
Após a soldagem dos cilindros, este foi seccionado para retirada dos corpos de prova
e realização do ensaio mecânico de tração e análise macrográfica, com o objetivo de
avaliar as condições de resistência e penetração da solda do conjunto soldado.
Os ensaios de tração e dobramento foram realizados em uma máquina universal de
ensaios Modelo UHF 1000 Kna, a partir dos corpos de prova retirado do conjunto
soldado, previamente usinados e atacados em Nital 15% com o intuito de revelar a
região soldada.(Figura 29)
45
Figura 29: a) Foto dos corpos de prova utilizados nos ensaios de tração. b) Região de ruptura
dos corpos de prova (detalhes na macrografia na região do cordão de solda).
a) b)
Fonte: O próprio autor
Definiu-se para validar os ensaios de tração da seção transversal (Figura 30) e
dobramento de face e de raiz a norma AWS D1.1 versão 2015.
Figura 30- Corpo de prova para ensaio de tração seção reta
Fonte: AWS D1.1 M2015
Onde:
A - Comprimento da seção reduzida: 60 mm
L - Comprimento geral: Conforme equipamento de teste
W - Largura da seção reduzida: 20 mm
C - Largura da seção de aderência: 12 mm
t - Espessura do espécime: 25 mm
r - Raio de filete: 16 mm
46
4.8 ENSAIO MACROGRÁFICO
A amostra para o ensaio macrográfico foi retirada da seção transversal da junta
soldada. A amostra foi lixada através da sequência de lixas de granulometria #300,
#400 e #600 e por fim, polidas em panos com pasta de diamante 9 μm , 3 μm e 1 μm.
O ataque para revelação da microestrutura da amostra foi feito com imersão ao
reagente Nital 10% (solução alcoólica com 10% em volume de ácido nítrico), por 30
segundos a uma temperatura de ataque de 23°C, revelando assim a macrografia do
cordão de solda nas condições de penetração da solda.
47
5 RESULTADO E DISCUSSÕES
5.1 VALIDAÇÃO DO PROCESSO DE PRENSAGEM/SOLDAGEM.
Na Tabela 06 são apresentados os valores das alterações dimensionais ocorridas nos
dois intervalos de medição entre os 4 blocos previamente soldados ao longo da região
periférica, seguindo os procedimentos, imediatamente após a soldagem e após
12 horas de resfriamento.
Os resultados apresentados são referentes à condição onde foi aplicada a carga de
42 toneladas conforme especificação preliminar deste produto.
Tabela 6: Dados das medições realizadas entre os blocos de aço, considerando 2 amostras,
onde P1/1 e P2/1 se referem aos barris 1 e 2 após soldagem e P1/2 e P2/2, os barris 1 e 2 com
medição após 12 horas resfriamento.
Bloco B1(mm) B2 (mm) B3(mm) B4 (mm) Média
(mm)
Desvio
Padrão
(mm)
P1/1 254.65 254.48 254.44 254.29 254.47 0.15
P1/2 254.23 254.28 254.01 254.01 254.13 0.14
P2/1 254.33 254.33 254.03 254.03 254.18 0.17
P2/2 253.96 254.17 253.95 253.95 254.01 0.11
Fonte: O próprio autor
Pelo exposto na tabela 6, obteve-se uma média de 0.25 mm de contração,
considerando as medições realizadas após os passes de soldagem e o intervalo de
12 horas de resfriamento. Estes valores auxiliam na confirmação da carga definida de
prensagem e das condições de retorno e compensação das deformações da solda.
No projeto, conforme figura 31, o comprimento final do conjunto soldado deve estar
entre 1053.85 mm a 1066.55 mm.
48
Figura 31: Vista em corte e comprimento do barril soldado
Fonte: O próprio autor
Para validação do comprimento da carcaça, 6 amostras deste conjunto foram
soldadas pelo processo descrito anteriormente.
Com base nos resultados apresentados e na análise do gráfico da figura 32,
conseguiu-se, com a carga aplicada de 42 toneladas aliado aos parâmetros de
soldagem dos processos GMAW e SAW (Corrente, velocidade de soldagem e
insumos), preservarem as condições dimensionais especificadas ao produto em
condições normais de temperatura.
Figure 32: Gráfico com a variação do comprimento medido em 6 barris após soldagem.
Fonte: O próprio autor
49
5.2 RESULTADO DA TENSÃO RESIDUAL (MÉTODO FURO CEGO)
Tendo como referência os dados do aço ASTM A27 apresentado na Tabela 7 para o
módulo de elasticidade, coeficiente de Poison e tensão limite de escoamento, aliado
aos valores dimensionais de deslocamentos, obtidos a partir da técnica de medição
de tensão residual pelo “método do furo cego” nas regiões da zona fundida e zona
termicamente afetada (esquerda e direita), foram calculados os valores da tensão
residual, pelas equações 7 e 8.
Tabela 7: Dados referentes ao aço ASTM A27, para cálculo da tensão residual.
Dados do Aço ASTM A27
Módulo de Elasticidade(E) 1.9 x 109 Pa
Coeficiente de Poison 0.29
Tensão Limite de Escoamento 241 x 106 Pa
Fonte: Disponível em http://www.makeitfrom.com/material-properties/ASTM-A27-Cast-Carbon-
Steel.
𝝈𝒙 = (𝑬/𝟏 − 𝒗𝟐) ∗ (𝑬𝒙 + 𝝂 ∈𝒚) eq.7
𝝈𝒚 = (𝑬/𝟏 − 𝒗𝟐) ∗ (𝑬𝒙 + 𝝂 ∈𝒙) eq.8
Onde:
- σx , σy: representam as tensões residuais na direção x e y respectivamente (no caso deste trabalho foi considerado as tensões residuais variando na coordenada x);
- E: Módulo de Elasticidade (Módulo de Young) Pa;
- ʋ: Coeficiente de Poison;
Nas figuras 33 e 34 são apresentados os valores dimensionais após a aplicação do
método de furo cego, assim como os valores das tensões residuais calculadas neste
processo. A coluna de tensão residual percentual foi obtida através da fração da
tensão residual pela tensão de escoamento. Valores não apresentados para o
calibrador 3, se deve ao fato de se ter utilizado um extensômetro bidimensional, não
apresentando o terceiro valor.
50
Figura 33: Dados de cálculo e medições de tensão residual referentes a amostra 01.
Fonte: O próprio autor
Figura 34: Dados de cálculo e medições de tensão residual na amostra 02.
Fonte: O próprio autor
A magnitude das tensões residuais calculadas a partir do método do furo cego, se
apresentam relativamente inferiores quando se compara com a Tensão Limite de
Escoamento do aço ASTM A27, no valor de 241 x 106 M Pa. Comprovando-se, desta
forma, a baixa influência das tensões residuais originárias do processo de soldagem
definido neste projeto. Em complemento a baixa influência do processo de soldagem
sobre as tensões residuais, pode ser verificada ainda pelos percentuais da tensão
residual em relação à Tensão de Escoamento.
5.3 ENSAIOS MECÂNICOS E METALOGRAFIA
Conforme tabela 08, os resultados obtidos do ensaio de tração demonstram que a
resistência do conjunto soldado está acima do limite de resistência especificado para
o metal base, estando, portanto aprovado sobre as condições de resistência à tração.
Os valores obtidos através do ensaio de tração estão dispostos na tabela 8.
51
Tabela 8: Resultado do Ensaio de Tração aplicados aos corpos de prova
Medições Unidade Corpo de Prova 01 Corpo de Prova 02
Largura mm 19.87 20.03
Espessura mm 16.55 14.84
Força Máxima Kgf 17.769 16.055
Área Seção Transversal mm 2 328.73 297.23
Limite de Resistência Mpa 530.1 529.75
Estricção % 62.89 48.75
Fonte: O próprio autor
Com o objetivo de analisar os parâmetros como encruamento do material e raio
mínimo que o mesmo pode ser dobrado, evitando a ruptura, o retorno elástico do
dobramento após a retirada da carga e a formação de defeitos na região dobrada, foi
realizado o ensaio de dobramento. Este ensaio foi conduzido com o auxílio da
máquina universal de ensaios de dobramento, com a utilização do cutelo, aplicando
uma força perpendicular à amostra. O material é considerado aprovado caso não
apresentar um nível de trincas ou fissuras, conforme Figura 35.
Figura 35: a)Foto dos corpos de prova para ensaio de dobramento. b) Detalhes do ensaio de
dobramento.
Fonte: O próprio autor
Na Tabela 9 são apresentados os resultados dos ensaios de dobramento nas
condições realizadas para a face e a raiz da solda.
52
Tabela 9: Resultado do Ensaio de Dobramento sobre os corpos de prova(face e raiz)
Ensaio de Dobramento Longitudinal – Face/Raiz
Corpo de Prova Dimensões (mm) Inspeção Visual
01 (Face) 246.20 x 40.02 x 10.24 Soma das descontinuidades < 6.00 mm/ Maior descontinuidade
2.81 mm.
02 (Raiz) 246.70 x 40.02 x 10.30 Soma das descontinuidades < 6.00 mm/ Maior descontinuidade 0.12
03 (Face) 262.32 x 39.87 x 10.04 Não apresentou descontinuidades
04 (Raiz) 258.20 x 39.91 x 10.09 Descontinuidades < 3 mm Fonte: O próprio autor
A resistência do processo de soldagem pode ser evidenciada ainda pelo ensaio de
dobramento, onde as somas das maiores descontinuidades se encontram abaixo do
limite especificado, sendo considerado desta forma aprovado pelo ponto de vista
deste procedimento, conforme Figura 36.
Figura 36: Detalhes dos corpos de prova após o ensaio de dobramento.
Fonte: O próprio autor
A resistência da solda pode ser evidenciada ainda, pela macrografia
apresentada(figura 37), onde foi revelada uma penetração do processo de soldagem
de 100% sobre a junta. Nas regiões de metal de base caracterizado pela
microestrutura característica de um aço hipoeutetóide nas fases ferrítica e perlítica.
Como mapeamento da região fundida Em complemento a caracterização da região
soldada, foi realizado também a medição de microdureza em 8 pontos de extensão
53
da seção transversal da solda com o objetivo de determinar as variações de dureza
ao longo da zona fundida, zona termicamente afetada e metal base. , neste pode ser
verificado as diferenças de dureza medidas onde a microdureza menos acentuada
na zona fundida, maiores na zona termicamente afetada e intermediárias na região do
metal de base.
Figura 37: Região seccionada para ensaio macrográfico e mapeamento de dureza.
Fonte: O próprio autor
O processo desenvolvido em questão teve todos os seus quesitos aprovados,
baseados na norma de soldagem AWS D1.1, tendo como referência os ensaios aqui
registrados, estando em conformidade com os valores definidos, garantindo assim um
processo com qualidade e repetitividade, estando portanto aprovado para o fim a que
se destina.
54
6 CONCLUSÕES
- Após a análise de todos os testes realizados neste trabalho, pode-se concluir
através dos resultados obtidos e após discussões técnicas, que os parâmetros
do processo definidos para soldagem do componente em questão aliados à
carga aplicada através da prensa, como contenção mecânica, permitem uma
condição de união por soldagem garantindo as variações dimensionais
inerentes ao processo de soldagem, dentro das condições especificadas pelo
projeto.
- Visando chegar à estabilização do processo, no que se refere às condições
dimensionais finais, recomenda-se uma amostragem maior, uma vez que 2 das
6 amostras utilizadas neste trabalho, se apresentaram próximos dos limites
superior e inferior dentro das tolerâncias especificadas no comprimento final da
carcaça soldada.
- A magnitude da tensão residual calculada pelo método do furo cego, revelou-
se relativamente abaixo da tensão limite de escoamento, comprovando a baixa
influência do processo de soldagem sobre a condição de formação de tensões
residuais pelo processo de soldagem aplicado.
- Os ensaios mecânicos complementaram a validação deste processo, a carga
de rompimento no ensaio de tração apresentou-se acima dos valores do limite
de resistência à tração referente ao aço ASTM A27, a partir do ensaio de
dobramento não foram evidenciados defeitos acima dos valores especificados
em norma. Finalizando, o ensaio macrográfico demonstrou que o processo foi
conduzido com os níveis de penetração e passes de solda dentro do esperado
e especificado em projeto.
55
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
✓ Simulação das tensões residuais, pela técnica de elementos finitos, visando
prever a magnitude das tensões residuais;
✓ Aliado à simulação computacional, utilizar alguma outra técnica em
comparação ao método do furo cego;
✓ A possibilidade de eliminação do passe raiz pelo processo GMAW, e possível
redução dos 10 passes de soldagem SAW, trabalhando nos parâmetros de
processo, poderia ser uma outra vertente como validação e otimização do
processo previamente definido.
58
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU FILHO, C. Metalurgia da Soldagem. [Apostila]. CEFET: Belém. 2008. 42 p.
ASM Handbook, ASM International. Metallography and Microstructures. 9. ed. vol 6,
Colorado: ASM, 2873p.
Associação Nacional dos Transportes Ferroviários ANTF; Brasília, jul 2015.
Disponível em <http://www.antf.org.br/index.php/material-rodante>, Acesso em: 04 de
Jul. 2015.
AWS D1.1- Structural Welding Code Steel, American Welding Society, 2010 572 p
BENITEZ, D.B. “Metodologia de análise da influência das tensões residuais no
comportamento à fratura”. Tese de doutorado. Departamento de Engenharia
Mecatrônica e Sistemas Mecânicos da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
CALLISTER, William D. Ciência e engenharia de materiais, Uma introdução. 5. Ed.
Rio de Janeiro, Ed. LTC, 2002, p589.
CANALE, L. “Engenharia de superfície: Tratamentos superficiais”. Escola de
Engenharia de Santa Catarina. Santa Catarina, 2006.
CARMO, D.C. “Análise de tensões por ultra-som em barra de ação sob flexão”.
Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da
Universidade Federal d Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
CASTRO, C.A.C. “Estudo do comportamento à fadiga de metais dentro e fora da água
na presença da pressão hidrostática”. Tese de Doutorado. Departamento de
Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
Minas Gerais, 2007.
CHIAVERINI, V.; Aços e Ferros Fundidos. Característicos Gerais Tratamentos
Térmicos Principais Tipos. 5. Ed ver. e amp. São Paulo: Ed. ABM, 1982. 518p.
59
CORDOVIL, F. C. S. “Desenvolvimento de um dispositivo para simulação
experimental de tensões residuais por carregamento mecânico”. Dissertação de
Mestrado, UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.
DALLY, J. W.; W.F. & McCONNELL, K. G. “Instrumentation for engeneering
measurements”. John Wiley and Sons, 2rd ed., 1993, 586p.
DONE, Brad. ASTM A27 Steel: A Guide to Choosing the Right Grade for Your
Casting. Canada, jul. 2015. Disponível em <http://www.reliance-
foundry.com/blog/ASTM-A27-steel-castings-mild-grades>. Acesso em: 04 de Jul.
2015.
FUCHS, H. O. “Regional tensile stress as a measure of the fatigue strength of notched
parts”. Proc. of the International Conference on Mechanical Behavior of Materials. V.
II, p. 478-488, Japan, 1971.
Grades e especificações ASTM A27 http://www.makeitfrom.com/material-
properties/ASTM-A27-Grade-65-35-450-240-J03001-Cast-Carbon-Steel
GRANT, P.V. et al. 2002. “Measurement good practice guide No. 53. UK”. National
Physical Laboratory, 53 p.
HEIZE, D; at all; “Numerical calculation of residual stress development of multi-
pass gas metal arc welding”
JUN, T.; KORSUNSKY, A. M. “Evaluation of residual stresses and strains using the
eigenstrain reconstruction method”. International Journal of Solids and Structures,
v.47, p. 1678–1686, 2010.
KANDIIL, F. A. at all. “A Review of Residual Stress Measurement Methods”. A Guide
to Technique Selection, NPL Materials Centre, Queens Road, Teddington, Middlesex,
UK, 2001.
60
KOCKELMANN, H.; SCHWARZ, T., 1993. “Die Bohrlochmethode–ein für viele
Anwendungsbereiche optimales Verfahrenzur experimentellen Ermittlung von
Eigenspannungen”. MTB von HBM, 29(2):33–38.
LU, J. “Handbook on measurement of residual stresses”. SEM - Society for
Experimental Mechanics, The Fairmont Press, Lilburn, GA, USA, 1996.
MONDENESI, P. J. Soldabilidade dos Aços Transformáveis, UFMG: Belo
Horizonte. 2004. Disponível em: www.infosolda.com.br. Acesso em: abr/ 2015.
NICE, Karin. Como funcionam as locomotivas a diesel. EUA, jul. 2015. Disponível
em < http://viagem.hsw.uol.com.br/locomotivas-a-diesel.htm>. Acesso em: 04 de Jul.
2015.
ROCHA, R. S. “Avaliação do alívio mecânico de tensões residuais devido à sobre
carga provocada por teste hidrostático”. Dissertação de Mestrado, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2009.
SOARES, M.C.B.V. “Influência das tensões residuais no comportamento em fadiga e
fratura de ligas metálicas”. Tese de Doutorado. Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares, Autarquia Associada à Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
SOUSA, D. A. “Determinação de Tensões Residuais em Materiais Metálicos por
meio de Ensaio de Dureza”. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São
João del Rei, Minas Gerais, 2012.
SUTERIO, R. “Medição de tensões residuais por indentação associada à holografia
eletrônica”. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, Brasil, 2005.
SUTERIO, R.; VIOTTI, M. R.; ALBERTAZZI JR., A.; KAUFMANN, G. H. K. “Avaliação
preliminar de métodos alternativos de medição de tensões residuais por indentação e
por aquecimento localizado, combinados α holografia eletrônica”. COTEQ / VII SAET
-Simpósio de Análise Experimental de Tensões, Salvador, BA, 19-21 Ago., 2002.
61
VALDÉZ, C.E.S. “Avaliação através da inspeção magnética da condição superficial de
anéis de rolamento de aço DIN 100 Cr6 após torneamento duro a seco”. Tese
(Doutorado). Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
VILLANI, Paulo; MODENDESI Paulo; BRACARENSE, Alexandre. SOLDAGEM:
fundamentos e tecnologia. 2. ed. rev. aum. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2007.
362p.
WAINER, Emilio; BRANDI, Sérgio; MELLO, Fábio. SOLDAGEM, processos e
metalurgia. 5. ed. São Paulo: Ed. Edgard Blucher, 1992, 494p.
WEBSTER, G.A.; WIMPORY R.C. “Non-destructive measurement of residual stress
by nêutron diffraction”. Journal of Materials Processing Technology, v. 117, p. 395-
399, 2001.