Mudanças Climáticas e Turismo_desafios e Possibilidades

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_______________Revista Brasileira de Climatologia________________ ISSN: 1980-055x (Impressa) 2237-8642 (Eletrônica) Ano 8 Vol. 11 JUL/DEZ 2012 55 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O TURISMO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES GRIMM, Isabel Jurema [email protected] PRADO, Lilliam [email protected] GIACOMITTI, Renata Brockelt [email protected] MENDONÇA, Francisco [email protected] PPGMADE / UFPR Universidade Federal do Paraná Resumo Eventos climáticos têm variações decorrentes de causas naturais, mas, o ser humano, tem sido apontado como o principal responsável pelas mudanças climáticas na atualidade. O turismo representa uma das atividades socioeconômicas de interferência e sensibilidade diante ao cenário projetado pelas mudanças climáticas. No entanto, tais mudanças são caracterizadas pela imprevisibilidade e sua repercussão ainda é pouco conhecida pelo setor turístico. Na tentativa de tecer reflexões sobre a temática, o presente artigo parte da revisão da literatura, desenvolvendo questões e diálogos interdisciplinares para compreender se é possível estabelecer relações consistentes entre mudanças climáticas globais e a realidade local vivenciada nos destinos turísticos do litoral paranaense. Tal trajetória mostrou-se complexa, sobretudo quando confrontada a discrepância entre discursos científicos, ideológicos e políticos, incompatíveis para efetivação de planos de mitigação de impactos socioambientais envolvendo o setor turístico. Palavras-chave: Mudanças climáticas, clima, turismo. CLIMATE CHANGE AND TOURISM: CHALLENGES AND OPPORTUNITIES Abstract Weather events have variations due to natural causes, but humans have been identified as the main cause of climate change today. Tourism is one of the socioeconomic activities of interference and sensitivity to the scenario projected by climate change. However, such changes are characterized by unpredictability and its impact is still little known by the tourism sector. In an attempt to weave reflections on the subject, this article part of the literature review, developing issues and interdisciplinary dialogues to understand whether it is possible to establish consistent relationships between global climate change and the reality experienced in the local tourist destinations of the coast of Paraná. This course proved to be complex, especially when confronted the discrepancy between scientific discourses, ideological and political incompatible for effective mitigation plans involving social and environmental impacts of the tourism industry. Key Words: Climate change, climate, tourism. 1 INTRODUÇÃO A compreensão sobre as mudanças climáticas requer a inclusão de um amplo espectro de perspectivas sob diálogos interdisciplinares, pois se trata de um conhecimento sistêmico e complexo, remetendo a necessidade de uma racionalidade ambiental compatível à leitura e interpretação dos fenômenos naturais e sociais em ritmos e intensidades díspares. A estruturação dessa trajetória reflexiva sobre os aspectos climáticos e o turismo no litoral do Paraná foi elaborada com base da literatura, e inserção de novas reflexões (re)interpretações e questionamentos sobre o estado da arte, as condições e relações possíveis diante ao arcabouço teórico sobre o tema e os limites diante as condições que imperam na construção do conhecimento cientifico. Inquietações que motivaram esse estudo estão relacionadas à compreensão da dinâmica e paradoxos que envolvem a relação entre ambiente e desenvolvimento. Diante dessa possibilidade, grande repertório de questões-

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    Ano 8 Vol. 11 JUL/DEZ 2012 55

    MUDANAS CLIMTICAS E O TURISMO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

    GRIMM, Isabel Jurema [email protected] PRADO, Lilliam [email protected]

    GIACOMITTI, Renata Brockelt [email protected] MENDONA, Francisco [email protected]

    PPGMADE / UFPR Universidade Federal do Paran

    Resumo

    Eventos climticos tm variaes decorrentes de causas naturais, mas, o ser humano, tem sido apontado como o principal responsvel pelas mudanas climticas na atualidade. O turismo

    representa uma das atividades socioeconmicas de interferncia e sensibilidade diante ao cenrio projetado pelas mudanas climticas. No entanto, tais mudanas so caracterizadas pela

    imprevisibilidade e sua repercusso ainda pouco conhecida pelo setor turstico. Na tentativa de tecer reflexes sobre a temtica, o presente artigo parte da reviso da literatura, desenvolvendo

    questes e dilogos interdisciplinares para compreender se possvel estabelecer relaes consistentes entre mudanas climticas globais e a realidade local vivenciada nos destinos tursticos

    do litoral paranaense. Tal trajetria mostrou-se complexa, sobretudo quando confrontada a discrepncia entre discursos cientficos, ideolgicos e polticos, incompatveis para efetivao de

    planos de mitigao de impactos socioambientais envolvendo o setor turstico. Palavras-chave: Mudanas climticas, clima, turismo.

    CLIMATE CHANGE AND TOURISM: CHALLENGES AND OPPORTUNITIES

    Abstract Weather events have variations due to natural causes, but humans have been identified as the main

    cause of climate change today. Tourism is one of the socioeconomic activities of interference and sensitivity to the scenario projected by climate change. However, such changes are characterized by

    unpredictability and its impact is still little known by the tourism sector. In an attempt to weave reflections on the subject, this article part of the literature review, developing issues and

    interdisciplinary dialogues to understand whether it is possible to establish consistent relationships between global climate change and the reality experienced in the local tourist destinations of the

    coast of Paran. This course proved to be complex, especially when confronted the discrepancy between scientific discourses, ideological and political incompatible for effective mitigation plans

    involving social and environmental impacts of the tourism industry. Key Words: Climate change, climate, tourism.

    1 INTRODUO

    A compreenso sobre as mudanas climticas requer a incluso de um amplo

    espectro de perspectivas sob dilogos interdisciplinares, pois se trata de um

    conhecimento sistmico e complexo, remetendo a necessidade de uma

    racionalidade ambiental compatvel leitura e interpretao dos fenmenos

    naturais e sociais em ritmos e intensidades dspares.

    A estruturao dessa trajetria reflexiva sobre os aspectos climticos e o turismo

    no litoral do Paran foi elaborada com base da literatura, e insero de novas

    reflexes (re)interpretaes e questionamentos sobre o estado da arte, as

    condies e relaes possveis diante ao arcabouo terico sobre o tema e os

    limites diante as condies que imperam na construo do conhecimento

    cientifico.

    Inquietaes que motivaram esse estudo esto relacionadas compreenso da

    dinmica e paradoxos que envolvem a relao entre ambiente e

    desenvolvimento. Diante dessa possibilidade, grande repertrio de questes-

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    problemas foi lanado, dentre as quais se destaca: compreender em que medida

    as mudanas climticas e o turismo no litoral do Paran se apresenta possveis.

    A sistematizao de uma metodologia que pudesse orientar a resposta dessa

    questo mostrou-se rdua diante complexidade do tema.

    Na abertura, o primeiro item delimita o referencial terico-metodolgico do

    campo de conhecimento da cincia geogrfica e especificamente da climatologia.

    Tal referencial volta-se importncia da relao sociedade-natureza e, nesse

    caso a geografia apresenta compatibilidade dialgica desejvel a essa articulao

    e so apresentadas algumas noes elementares sobre a gnese, hipteses e

    discurso envolvendo as mudanas climticas globais. Nesse contexto, assume-se

    como premissa a abordagem cientifica enquanto um conhecimento discutvel e

    questionvel. Os argumentos apresentados primam pela objetivao na

    apreenso da realidade, embora se reconhea a impossibilidade da neutralidade

    do sujeito-pesquisador. De qualquer maneira, procura manter a clareza diante a

    relatividade dos fatos, assumindo uma posio prudente e preventiva diante a

    incerteza e imprevisibilidades envolvendo as mudanas climticas. No segundo

    item, observa-se a relao entre clima e turismo, considerando as diretrizes e

    condies apresentadas por rgos governamentais e internacionais. Nesse

    ponto, algumas lacunas impediram a fluncia das afirmaes uma vez que a

    reviso do tema na literatura do campo do turismo mostrou-se escassa. Todavia,

    o turismo em si contempla amplo panorama no cenrio mundial, sobretudo

    envolvendo planos estratgicos de ampliao das atividades do setor, bem como

    discursos sobre os cenrios atuais e projees no que diz respeitos a sua

    participao na mitigao dos impactos ambientais em escala global. O terceiro

    item procura transpor dilogos analisando dinmicas e vulnerabilidades da zona

    costeira paranaense com a necessidade de medidas de mitigao e adaptao da

    atividade turstica s mudanas do clima, entendendo que, quanto menos

    eficazes ou inexistentes forem as aes tomadas, maiores sero as dificuldades

    para adaptaes sociais e econmicas no futuro, sobre tudo em regies cuja

    economia depende quase exclusivamente do turismo.

    2 MUDANAS CLIMTICAS: GNESE, HIPTESES E DISCURSOS.

    A compreenso sobre as mudanas climticas requer perspectivas sistmicas e

    complexas dos fenmenos sociais e naturais, sendo possvel encontrar

    contribuies nos mais distintos campos do conhecimento. A climatologia,

    especificamente, apresenta contribuies importantes, vez que estuda os

    fenmenos que acontecem na Troposfera englobando o conjunto de sistemas

    naturais que esto em constante conexo e dinamismo: hidrosfera, litosfera e

    atmosfera o que representa um vasto universo de elementos e sistemas. A

    troposfera corresponde camada da atmosfera onde h condies ambientais

    para o desenvolvimento da vida (biosfera). Portanto o estudo do clima est

    diretamente relacionado ao campo de conhecimento que tem como unidade

    analtica central a relao sociedade-natureza.

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    Contudo, o entendimento sobre mudanas climticas remete histria geologia

    da Terra. A paleoclimatologia apresenta dados de grande relevncia para

    compreenso da dinmica do Planeta durante diversas eras ou perodos glaciais

    e interglaciais. Conti (1998) apud Mendona (2007) hierarquizou as diferentes

    eras das modificaes pelas quais o planeta teria passado, as quais

    desencadearam naturalmente mudanas climticas significativas (tabela 01).

    preciso enfatizar que a Terra sofre influncias determinantes de fatores externos

    ao prprio planeta, fato reconhecido h muito tempo pelas cincias.

    Tabela 01 - Hierarquizao das modificaes Globais dos Climas.

    TERMO DURAO CAUSAS PROVAVEIS

    Revoluo Climtica

    Superior a 10milhes de anos

    Atividades geotectnicas e possveis variaes polares.

    Mudana Climtica

    10 milhes a 100mil anos Mudanas na orbita de translao

    e na inclinao do eixo terrestre.

    Flutuao Climtica

    100 mil anos a 10 anos Atividades vulcnicas e mudanas

    na emisso solar.

    Interao Climtica

    Inferior a 10 anos Interao atmosfera-oceano.

    Alterao Climtica

    Muito curta Atividade antrpica, urbanizao,

    desmatamento, armazenamento de gua ,etc.

    Fonte: CONTI, 1998 apud, MENDONA, 2007.

    A fonte primria de energia para o planeta Terra o Sol de natureza dinmica

    e no linear. As variaes solares so diversas e podem ser relacionadas a

    alteraes do campo magntico, manchas solares e ciclos. A abordagem de

    ciclos solares torna-se eficiente na busca da compreenso relacional e sistmica

    dos fenmenos climticos, tais como os ciclos: decadal do Pacifico1 (~11 anos),

    o ciclo de Gleissberg2 (~90 anos), ciclos de Milankovitch3 entre outros.

    Durante os perodos glaciais as mdias das temperaturas globais so

    extremamente baixas (inferiores a 0C) e nveis dos oceanos reduzidos, em

    funo da formao de geleiras. J os perodos interglaciais, so caracterizados

    pelo aumento da temperatura global mdia e derretimento das geleiras de

    grande parte do globo terrestre. A dinmica da rbita terrestre ao redor do Sol

    permite que a radiao solar atinja a superfcie em diferentes graus de

    1 Oscilao Decadal do Pacfico (ODP) = Pacific Decadal Oscillation (PDO). A designao PDO deve-se

    a Steven Hare e Robert Francis, que a propuseram entre 1995/96, ao pesquisar conexes entre ciclos de produo de salmo no Alaska e condies climticas no Oceano Pacfico (Hare e Francis, 1995). 2 O ciclo Gleissberg um perodo aprox. 90 anos - que aparentemente causou um resfriamento na

    temperatura global, mas, suficiente para causar algumas alteraes climticas considerveis. 3 Milution Milankovic, (1879-1958) foi um cientista srvio que contribuiu para a cincia mundial.

    Com a teoria sobre o "cnone da Terra Insolao", que caracteriza o clima de todos os planetas

    do sistema solar. E a explicao da Terra em longo prazo mudanas climticas causadas por

    mudanas na posio da Terra em relao ao sol, conhecido como ciclos de Milankovitch.

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    intensidade, o que desencadeia uma redistribuio contnua de energia trmica e

    viabiliza diferentes escalas de mudanas na temperatura da superfcie.

    A dinmica astrofisica, sobretudo considerando o Sol e o movimento orbital da

    Terra, tem uma importncia fundamental na formao e dinmica da atmosfera

    do Planeta, relacionado aos eventos climticos como as eras glaciais e

    interglaciais. A oscilao desse movimento conhecida como Ciclos de

    Milankovitch, que controla a radiao solar que incide na Terra. Portanto, a

    energia provinda do Sol, que atinge a superfcie da Terra o fator mais

    importante no desenvolvimento dos processos fsicos que geram o tempo

    meteorolgico e o clima.

    A dinmica climtica condicionada, primariamente, pela radiao solar, que a fonte bsica de energia para a Terra. Cerca de 30% dessa radiao so refletidos,

    imediatamente ao adentrar a atmosfera terrestre, de volta para o espao, dos quais as nuvens so responsveis pela metade (15%) e os 15% restantes, pelos aerossis e

    molculas que compem a atmosfera e pela superfcie terrestre, sem produzir qualquer aquecimento. A proporo entre a radiao refletida e a incidente chamada albedo,

    que varivel para diferentes tipos de superfcie a exemplo dos oceanos - cerca de 10%, e a neve e o gelo - em torno de 90% (LINO, 2009, p.8 apud MENDONA, 2011,

    p 31).

    Os oceanos, por sua vez, constituem outro fator decisivo na regulao do clima

    global. essencial observar as caractersticas dos oceanos e suas influncias no

    clima da Terra, em todas as latitudes e considerando as suas configuraes

    geogrficas, a distribuio das suas propriedades conservativas, a circulao das

    massas de gua em diversas escalas, os diversos indicadores biolgicos, os

    gases dissolvidos nas guas dos mares e a importncia crucial das nuvens que

    pode tanto refletir calor como absorver calor, portanto, representando mais uma

    interrogao da complexa equao do clima.

    O terceiro fator central na configurao do clima global refere-se s nuvens e a

    circulao das massas de ar na atmosfera. Um dos fatores mais desconhecidos e

    incertos sobre o seu funcionamento, dado do dinamismo dos seus fenmenos.

    Alm disso, as nuvens podem tanto refletir calor como absorver calor, portanto,

    representa mais uma interrogao da complexa equao do clima. O problema

    reside justamente acerta o equilbrio dessa complexa relao. A incerteza sobre

    o funcionamento do efeito estufa e o aquecimento global esbarra-se na falta de

    conhecimento suficiente sobre a funo das nuvens e dos oceanos no clima.

    Ambos tm enorme influncia no equilbrio trmico do planeta, porm as nuvens

    podem refletir radiao e tambm ret-la, enquanto os oceanos absorvem o

    calor, retardando o aumento dele na atmosfera. O problema reside justamente

    acerta o equilbrio dessa complexa relao.

    Pesquisas sobre o clima ganham evidencia mundial diante a possibilidade do

    impacto e desequilbrio4 ambiental gerado pela ao humana, a partir 1980, com

    um imenso repertrio de produes cientificas e jornalsticas com perspectivas

    4 Desequilbrio um conceito que pode conduzir a equvocos. No existe equilbrio esttico na

    natureza ela est sempre em movimento e apresenta oscilaes, portanto em um desequilbrio natural e dinmico.

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    variadas, discordantes e antagnicas. Diante ao volume de demandas, estudos e

    repercusso sobre o tema so convocadas uma serie de Convenes e Congresso

    para discutir, divulgar e propor planos de ao diante aos cenrios alarmantes

    envolvendo as mudanas climticas. Foi nesse contexto que a ONU cria o IPCC.

    A hegemonia de grande parte da comunidade cientifica sobre o aquecimento

    global, torna ainda mais importante o cuidado e a necessidade de estudos sobre

    os pesquisadores que apresentam argumentaes distintas, sobretudo, quando

    os mesmo representam importantes cientistas voltados aos estudos do tema.

    (...) ainda que um conjunto representativo de cientistas de todo o mundo tenha se

    pronunciado publicamente afirmando que as temperaturas mdias do planeta aumentaram cerca de 1,5C nos dois ltimos sculos, e que ocorrer uma

    intensificao da ordem aproximada de 2C a 6 no sculo XXI, algumas vozes dissonantes de cientistas que apontam para a ocorrncia de um fenmeno contrrio a

    este consenso tem evidenciado a necessidade do aprofundamento do debate acerca das mudanas climticas globais (...) (MENDONA, 2006, p.14).

    Um dos documentos mais importantes e vigentes do IPCC, o AR4 apresenta uma

    perspectiva sistmica sobre as mudanas climticas, bem como enfatiza a

    relao entre sociedade natureza, caracterizando enfaticamente a ao antrpica

    como nuclear em seus estudos como indicativo as argumentaes sobre o

    aquecimento. O sistema natural consta, como um atributo de menor significado

    nos processos e causas das dinmicas climticas.

    A evidncia de que alguns gases, como o gs carbnico e o metano, agem como

    regulador da temperatura terrestre foi apresentado em 1859 por John Tyndall5.

    Seus estudos avanaram sobre as pesquisas de Joseph Fourier (1768-1830).

    Tyndall desenvolveu pesquisas em torno do fenmeno natural conhecido como

    efeito estufa. Em equilbrio dinmico os gases do efeito estufa garantem em sua

    atuao a composio necessria vida, mas em excesso ou escassez pode

    acarretar em efeitos malficos. O efeito estufa indica que existe um processo de

    radiao solar de ondas longas e curtas em funo do albedo6.

    Portanto, os gases do efeito estufa (GEE) existem naturalmente e garantem o

    equilbrio dinmico necessrio vida, mas em excesso ou escassez podem

    acarretar em problemas que so investigados at os dias atuais, pois o

    conhecimento desse processo entrelaado a variveis de natureza dinmica de

    difcil preciso e condies de mensurar seus efeitos. A figura - 01 foi elaborada

    tendo com fonte de informao os dados do IPCC e, evidencia progressivo

    5John Tyndall (1820-1893) testou de que forma alguns gases permitiam que a radiao do Sol

    penetrasse a atmosfera, mas conseguiam barrar depois o calor emitido pela superfcie terrestre em

    forma de raios infravermelhos. O experimento testou diferentes concentraes de vapor da gua e o chamado "gs-carvo", uma mistura de CO2, metano (CH4) e hidrognio, e quanta energia era

    absorvida. Para tanto, usou fontes de calor que emitiam radiao infravermelha dentro de um tubo onde dosava diferentes concentraes dos gases, medindo a energia que passava com uma pilha

    termoeltrica (que funcionava base de calor). 6 O albedo constitui a capacidade dos materiais e superfcies em refletir ou absorver o calor, ele representa, portanto um ndice de reflexo dos raios solares. A superfcie do planeta diversa, logo

    esse ndice varia bastante, nas cidades, o ndice de absoro do calor alto dado a pavimentao do

    solo e as sombras dos edifcios, portanto cerca de 80% do calor absorvido. Nas reas verdes, como

    florestas, refletem o calor, por isso costuma apresentar sensao trmica mais refrescante.

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    aumento das atividades antropognicas em funo do aumento da temperatura

    no Planeta.

    Figura 1

    Gases do efeito estufa Atividades Antropognicas. (Fonte: http://www.ipcc.ch/graphics/syr/fig2-1.jpg)

    Se de um lado a perspectiva hegemnica concentrada no IPCC indica o

    aquecimento global em decorrncia das atividades antropognicas7, do outro,

    pesquisadores contrrios a essa hipteses argumentam que as alteraes

    antrpicas so insignificantes diante a fatores de ordem astrofsicas e geofsicas.

    E justificam que ainda que haja tais impactos, esse considerado de pequena

    proporo quando comparado a enorme e decisiva importncia de aspectos

    como os ciclos solares ou a dinmica dos oceanos interagindo com a atmosfera.

    De acordo com Felcio et al., (2012):

    Deve-se ressaltar que a influncia do vapor dgua no clima da Terra de suma importncia. Sua capacidade de transferir calor, e manipular colossal quantidade de energia so superiores a qualquer gs estufa provenientes das cartilhas do IPCC. Este

    fato tem que ser levado em conta nos processos climticos. Se h queimas, de qualquer espcie natural, ou de processos antropognicos, a principal contribuio

    desta ser o vapor dgua liberado para a atmosfera, e no os gases de nfima parte, como o CO2 (FELICIO et al., 2012, p.12).

    O aparato tecnolgico nesse contexto das mudanas climticas, tem sido de

    grande valia, mas, preciso ponderar quando modelos matemticos tem maior

    credibilidade do que pares cientficos discordantes. Atualmente, os modelos

    7 Foi a partir deste perodo que documentos passaram a fazer meno necessidade de se proteger

    o meio ambiente, tendo em vista as incertezas cientficas existentes. Na Conveno de Viena muito se discutiu sobre a necessidade de proteo da Camada de Oznio, onde foi elaborado um dos

    primeiros documentos que tratou, sobre a necessidade de reduo da influncia da ao humana sobre o meio ambiente, especialmente quanto necessidade de se reduzir a produo e

    comercializao de gases que destroem a camada de oznio. Entretanto, so outros dois documentos os considerados marcos histrico para mitigao da ao humana dentro do campo de mudanas

    climticas: a Conveno Quadro das Naes Unidas sobre Mudanas do Clima, ocorrida na Cpula da

    Terra (ECO92), e o Protocolo de Quioto, elaborado a partir da Conferncia das Partes da Conveno

    sobre Mudanas do Clima.

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    matemticos aplicados a anlise do clima simulam e projetam cenrios futuros

    considerando como hiptese que a ao antrpica a gnese do aquecimento

    global. Para calcular esses dados foi definido como parmetro, a Sensibilidade

    Climtica (SC8), mas esse mtodo apresenta uma considervel margem de erro

    e incertezas.

    Essa incerteza sobre a (SC) geradora de polmicas sobre o tema. Isso

    acontece, pois, parte da comunidade cientifica afirmam que a temperatura

    perderia o controle se a concentrao de gs carbnico ultrapassasse 450 (ppm),

    chefes de estado adotam at 550(ppm) nas negociaes do novo acordo

    climtico na ONU. Contudo, possvel delimitar um repertrio de questes

    problemas, orientaes de estudos de casos e possibilidades de tratamento

    metodolgico envolvendo a questo climtica. De acordo com Mendona (2011)

    possvel refletir sobre o tema considerando quatro eixos de anlise:

    Primeiramente a referncia participao antropognica no aquecimento global;

    segundo a possibilidade (ou no) de amenizar esse fenmeno climtico e como isso deve ser realizado; terceiro a temporalidade dos efeitos do aquecimento sobre a

    sociedade e o meio ambiente; e quarto a severidade desses efeitos (MENDONA, 2011, p.34).

    Percebe-se que as mudanas climticas, no tem uma dimenso linear,

    previsvel e padronizada. No h como afirmar de maneia contundente sobre o

    caos em todos os lugares do planeta. Mais uma vez, a prudncia sobre o cuidado

    metodolgico ao delimitar a escala, contexto do estudo podem ser indicativos de

    uma maneira mais prxima e cautelosa para tratar as mudanas climticas.

    3 TURISMO E MUDANAS CLIMTICAS: IMPLICAES E DESAFIOS.

    O turismo analisado como alternativa para promoo do desenvolvimento

    econmico, ganhando visibilidade no cenrio mundial. Muito alm de um

    fenmeno econmico, o turismo uma realidade social que tem se afirmado em

    numerosos pases e uma atividade que abrange completa gama de atividades

    econmicas e sociais. Contudo, um setor bastante suscetvel, com irrefragveis

    incidncias sazonais, depende das condies geoclimaticas, da paz, da

    segurana, e da estabilidade do pas ou regio receptora, como da plasticidade

    da economia de mercado. Para Matzarakis (2008):

    A interao entre o clima e o turismo apresenta duas vertentes. Por um lado, o turismo

    afeta o clima e responsvel por 5% das emisses dos gases com efeito de estufa. Por outro lado, o clima aquecimento global - e as condies do tempo so os principais

    8 SC = expressa a resposta de equilbrio do clima em termos de elevao de temperatura mdia global, forante das emisses de gases de efeito estufa (GEE). Para efeitos de calibrao desses

    modelos convencionou-se utilizar o valor da sensibilidade climtica correspondente duplicao da concentrao atmosfrica de CO

    2 relativamente quela que existia na poca da Revoluo Industrial

    (260 ppmV), que denotaremos por SC2xCO2

    .

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    fatores promotores do turismo e do recreio ao ar livre, conjuntamente com a natureza e a paisagem (MATZARAKIS, 2008, p. 01, traduo nossa).

    Os destinos tursticos se aliceram num conjunto de fatores de interligao

    climtica, paisagstica, ambiental, patrimonial, cultural, gastronmica, de lazer

    entre outros que interferem nas motivaes dos visitantes e determinam boa

    parte dos fluxos e tendncias de procura turstica. A relao clima turismo

    ampla admitindo a correlao do clima (causal) com o comportamento da

    sociedade (racional), ou seja, a motivao do turista em deslocar-se para

    determinado destino turstico est diretamente relacionado ao clima do lugar e

    as demandas sociais de comportamento.

    O clima tem sido identificado como um fator-chave para o turismo e um atributo

    importante para os destinos tursticos (HU & RITCHIE, 1992) ou muitas vezes

    o principal recurso, por exemplo, no caso dos destinos de praia (KOZAK et al.,

    2008) cuja imagem do destino e a preferncia dos turistas para locais

    especficos so influenciados pelas condies do tempo. O clima de acordo com

    Andrade (2006) possui influncia preponderante na sazonalidade, continuidade e

    regularidade dos fluxos tursticos que se dirigem ao ncleo receptivo.

    Contudo, at recentemente, tanto o setor turstico como a comunidade

    acadmica, pouco haviam pesquisado quer sobre os impactos das alteraes

    climticas na atividade turstica quer, inversamente, sobre o peso que o turismo

    e atividades com ele relacionadas tm surtido nas mudanas ambientais globais

    (SCOTTS et al., 2009).

    De acordo com a figura -02, o Brasil ou mais especificamente a Amrica do Sul

    no est to vulnervel s mudanas climticas, cujos efeitos (FE) maior nmero

    de fenmenos extremos; (PDBT) perda de biodiversidade biolgica terrestre;

    (PDBM) perda de biodiversidade biolgica marinha e (APV) aumento dos preos

    das viagens como consequncia da poltica migratria so os principais impactos

    das mudanas climticas nos destinos tursticos.

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    Figura 02

    Distribuio geogrfica dos principais impactos das mudanas climticas nos destinos tursticos.

    (Fonte: Organizao Mundial do Turismo (OMT) / Programa das Naes Unidas para o

    Meio Ambiente (PNUMA) 2008, Mudanas Climticas e Turismo Responder aos Desafios Mundiais, Sumrio, OMT; Madri).

    Porm, aes localizadas contribuem para aumentar os efeitos negativos das

    mudanas climticas em contexto global, decorrendo em eventos extremos que

    podem afetar os destinos tursticos considerados mais vulnerveis. Parece no

    haver nenhum estudo que fornea evidncias diretas sobre o crescimento

    econmico e a estabilidade social e poltica ligada mudana climtica e como

    isso afetaria o turismo, pois, so poucos os estudos que avaliam as

    consequncias da poltica de mitigao no turismo para os efeitos das mudanas

    climticas (SCOTT et al., 2009). A literatura focaliza as consequncias indiretas

    da mudana climtica, percebe-se a urgncia de produzir o debate e pesquisa

    que relacione atividade turstica e mudanas climticas, sua intensidade e efeitos

    nos destinos tursticos.

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    A partir da tabela - 02 possvel visualizar os principais eventos climticos que

    podero de maneira direta impactar os destinos tursticos. Eles esto

    relacionados ao aumento das temperaturas, ao aumento da frequncia e

    intensidade das tempestades e alteraes significativas das precipitaes. Suas

    implicaes sobre os destinos tursticos ainda no foram detalhadamente

    estudadas, carecendo de pesquisas principalmente na Amrica do Sul em

    especial no Brasil.

    Tabela 02 - Impactos climticos: principais mudanas e implicaes para os destinos tursticos mundiais.

    IMPACTOS IMPLICAES NO TURISMO (efeitos derivados)

    Temperaturas mais quentes.

    Sazonalidade alterada, estresse trmico para os turistas, custos de refrigerao, transmisso de doenas infecciosas.

    Se subir a temperatura da superfcie do mar.

    Aumento de branqueamento dos corais e de recursos marinhos. Degradao na esttica dos destinos de mergulho, snorkel.

    Elevao do nvel do mar. Eroso costeira, perda de rea de praia, custos mais elevados para proteger e manter a orla.

    Precipitao reduzida e aumento da evaporao.

    Escassez de gua, a concorrncia sobre a gua entre o turismo e outros setores, desertificao.

    Diminuio da camada de

    neve, encolhimento das geleiras.

    Ausncia de neve nos destinos de inverno, aumento de custos, estaes de esportes de inverno mais curtos, esttica da paisagem reduzida.

    Aumento da frequncia e intensidade

    de tempestades extremas.

    Risco para instalaes tursticas, aumento dos custos de seguro, interrupo de lucros das empresas (lucros cessantes).

    Aumento da frequncia e intensidade das chuvas.

    Inundaes com danos ao patrimnio histrico arquitetnico e cultural, infraestrutura turstica, e alterao na sazonalidade.

    Fonte: Adaptado por GRIMM a partir da OMT, do PNUMA e da OMM, 2007.

    O sistema turstico est interligado por quatro elementos fundamentais o

    espao geogrfico turstico, a demanda turstica, a oferta turstica e os agentes

    do sistema que podem ser alterados direta ou indiretamente, pelos fenmenos

    das mudanas climticas. No entanto aes de planejamento e intervenes

    permitem em tempo hbil que o setor possa agir sobre os diferentes elementos

    estruturando os possveis efeitos derivados.

    Efeitos decorrentes dos eventos climticos aos quais os destinos tursticos esto

    expostos dependem da variabilidade natural do clima os quais, por sua vez,

    podem determinar a sazonalidade turstica. Segmentos tursticos - sol e praia,

    ecoturismo, esportes de neve, entre outros - expostos a eventos climticos

    podero ser influenciados pela mudana climtica, afetando sua infraestrutura e

    exigindo medidas de preparao para situaes de emergncia, elevando os

    gastos de manuteno e interrompendo por vezes a atividade comercial. Isso

    significa segundo a OMT (2007) que, mesmo sob condies atuais, a

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    rentabilidade e viabilidade do destino so pelo menos parcialmente influenciadas

    pelo clima:

    El cambio climtico tendr en el sector turstico repercusiones tanto negativas como

    positivas que variarn apreciablemente por segmento del mercado y por regin

    geogrfica. La incidencia del cambio climtico en una empresa o destino turstico cualquiera tambin depender en parte del efecto que tenga en la competencia.

    Cuando un elemento del sistema turstico sufre los efectos del cambio climtico, puede que surjan oportunidades en otro mbito. Por consiguiente, habr ganadores y

    perdedores entre las empresas, los destinos y las naciones (OMT, 2007, p. 09).

    O aumento da temperatura global poder encurtar o perodo das estaes de

    inverno, diminuindo as camadas de gelo nessas regies, e seus efeitos alm de

    diminuir o potencial turstico, poderiam inclusive vir a inviabilizar a realizao do

    turismo, gerando toda uma problemtica econmica e social nas regies mais

    afetadas. Contudo, h o outro lado da situao, pois, da mesma forma que a

    mudana climtica poder inviabilizar a prtica do turismo em regies mais

    conhecidas, poder destacar o potencial turstico de regies pouco exploradas.

    importante que se perceba a relao de reciprocidade existente entre o turismo

    e mudana climtica, como a mudana no clima ir afetar a atividade turstica, e

    como a poluio gerada pelo turismo contribui para o aquecimento global.

    Debates e encontros tm discutido a questo das mudanas climticas e o

    turismo a nvel internacional. A 1 Conferencia Internacional sobre Mudanas

    Climticas e Turismo realizado na Tunsia em 2003, estabeleceu marco de aes

    para empresrios e setor pblico, diante do compromisso da organizao com o

    desenvolvimento sustentvel e o combate pobreza e como o turismo pode

    contribuir para o alcance desta meta. Mas, as discusses ganharam fora em

    2007, na segunda edio do evento, que aconteceu em Davos9, na Sua. Na

    ocasio, constatou-se que:

    O clima um elemento fundamental para a existncia do turismo, que dever ser duramente afetado por conta do aquecimento global; que cada vez mais urgente

    adotar polticas que considerem o turismo como um meio para a reduo da pobreza e o enfrentamento do desafio das mudanas climticas e que encorajem o setor a agir

    com responsabilidade ambiental, social, econmica e climtica; que o turismo precisa mitigar suas emisses de gases de efeito estufa, especialmente as provenientes de

    transporte e hospedagem; h que se pensar em meios de adaptar o negcio turstico e os destinos s inevitveis mudanas do clima; que fundamental usar as tecnologias

    j existentes e criar novas que garantam a eficincia energtica e que ser necessrio garantir recursos financeiros para ajudar as regies mais pobres a lidar com os efeitos

    das mudanas climticas (DAVOS DECLARATION, 2007, p. 1 - 4).

    9 Nesta edio nasceu o documento, A Declarao de Davos cujo resultado serviu de base para a Cpula OMT Ministro do Turismo e Mudanas Climticas, marcada para o Mundo Travel Market, em Londres, Reino Unido, em novembro de 2007. Foi apresentada para aprovao na Assembleia Geral

    da OMT em Cartagena das ndias, Colmbia, em novembro 2007, e tambm apresentada na Conferncia sobre Mudanas Climticas das Naes Unidas em Bali, Indonsia, em dezembro de

    2007. Documento na integra disponvel em:

    http://sdt.unwto.org/sites/all/files/docpdf/davosdeclaration.pdf.

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    No Brasil o tema ganha visibilidade no Congresso Nacional em 2008, durante as

    comemoraes do Dia Internacional do Turismo 27 de setembro. Esta data foi

    dedicada reflexo em todo o planeta sobre os impactos das mudanas

    climticas provocadas pelo aquecimento global sobre as atividades tursticas. Na

    ocasio, a OMT props debater sobre um novo desafio: o de discutir, de maneira

    mais ampla e fundamentada, os impactos das alteraes climticas na operao

    e no desenvolvimento de destinos tursticos em todo o Planeta. Diante das

    preocupaes com os efeitos do clima foi apresentada proposta da Poltica para

    as Mudanas do Clima e o Plano Nacional para adaptar e mitigar essas

    alteraes, divulgando tambm o Frum das Mudanas Climticas no Brasil. O

    objetivo estimular a sociedade brasileira a debater as mudanas do clima por

    meio da disseminao de informaes acerca dos provveis impactos desse

    fenmeno sobre a economia, a sociedade e os recursos naturais.

    3.1 O turismo e as aes de mitigao das mudanas climticas.

    Estudos da OMT (2007) apontam que o crescimento vertiginoso do turismo

    internacional, mantendo-se as prticas atuais - em 1950, a atividade envolvia

    apenas 25 milhes de pessoas; hoje mobiliza cerca de 900 milhes de cidados

    em todo o mundo; em 2020, poder chegar a 1,6 bilho de turistas - resultar,

    em apenas trs dcadas, um aumento de 150% das emisses de gases do Efeito

    Estufa - dixido de carbono - CO2, o xido nitroso- N2O, o metano, CH4, o

    hexafluoreto de enxofre - SF6, os hidrofluorcarbonos - HFC, e os

    perfluorcarbonos, PFC gases controlados pelo Protocolo de Quioto.

    Durante a 2 Conferncia Internacional sobre Turismo e Alteraes Climticas

    (Davos, Sua, Outubro de 2007) uma equipe de especialistas da OMT, do

    PNUMA e da OMM formulou uma primeira tentativa de quantificao de emisses

    de GEE resultantes dos mais importantes subsectores tursticos transporte,

    alojamento e atividades realizadas durante a estadia, de que so exemplo as

    visitas a museus, parques temticos ou atividades de ar livre, como desportos

    (esqui, golfe). Este painel estimou a contribuio do turismo para a totalidade de

    emisses de gases em cerca de 5%, em 2005 (SIMPSON, et al., 2008). O

    transporte areo segundo o mesmo autor origina, por si s, cerca de 40%

    destas. Impese, por isso, que sejam tomadas medidas de mitigao e

    adaptao pelo setor turstico.

    Gssling (2002) destaca que as repercusses da atividade turstica refletem

    sobre maneira nas alteraes e na ocupao e uso do solo, no consumo

    energtico e na emisso de gases com efeito de estufa (Gee), na biodiversidade

    (introduzindo novas espcies, ou induzindo a extino de espcies autctones) e

    na difuso de doenas. O autor demonstra ainda como o turismo pode potenciar

    mudanas na percepo ambiental dos turistas e introduzir alteraes no

    consumo de recursos hdricos. Diante deste cenrio, adotar prticas eficientes

    do ponto de vista ambiental devese, especialmente, pela presso por parte do

    consumidor consciente em direo a padres de produo e consumo

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    sustentveis, a reduo de custos atravs do aperfeioamento da eficincia

    tecnolgica que permite minimizar consumos e a subordinao dos

    empreendimentos tursticos s regulaes existentes.

    Gestionar os recursos e os territrios esto, por norma, entregues aos governos

    locais e nacionais. Portanto, importante, que a preocupao com os efeitos das

    alteraes climticas seja incorporada e antecipada ao planejamento territorial e

    econmico. Para isso, o governo brasileiro tem tido um papel preponderante nos

    debates internacionais relacionados questo do clima e tem avanado no

    dilogo sobre as medidas mitigadoras a serem implementadas no pas pelos

    diferentes setores da economia. Internamente, construiu uma proposta de

    Poltica Nacional sobre Mudana do Clima, que vem se somar aos esforos j

    empreendidos pelo Congresso Nacional, nesse sentido. Um instrumento

    relevante da Poltica vem sendo tambm elaborado, trata-se do Plano Nacional

    sobre Mudana do Clima (PNMC), cujos objetivos permanentes so: reduzir as

    emisses antropognicas de gases de efeito estufa e reforar sumidouros de

    carbono no territrio nacional; definir e implementar medidas que promovam a

    adaptao mudana climtica por comunidades locais, municpios, estados,

    regies e setores econmicos e sociais, especialmente aqueles que so mais

    vulnerveis aos efeitos adversos do clima.

    O turismo tem um papel relevante nesse debate, por se tratar de um setor que

    afetado pelos efeitos das mudanas do clima, mas que tambm contribui como

    parte importante de emisses de gases de efeito estufa, tendo em vista sua

    logstica (transporte de passageiros) e infraestrutura (alojamento). Portanto,

    como dispe a OMT (2007) fundamental que a atividade turstica busque a

    ecoeficiente empregando menos recursos e gerando menos resduos, a partir de

    algumas aes como reduzir a intensidade com que emprega materiais;

    diminuindo consumo energtico; eliminar a disperso de produtos txico-

    poluentes; fomentar a reciclagem de materiais; maximizar o uso sustentvel de

    recursos renovveis; ampliar a durabilidade dos produtos; promover a educao

    dos consumidores/clientes para um uso mais racional dos recursos naturais e

    energticos.

    4 ZONA COSTEIRA PARANAENSE: DINMICAS E VULNERABILIDADES

    A regio litornea, pelos seus fatores determinantes climticos caractersticos,

    tradicionalmente objeto de estudo dentro do campo da metereologia e

    climatologia. Estas regies apresentam aspectos importantes na anlise

    ambiental - biodiversidade, geomorfologia - e socioeconmica - populacional,

    turismo e lazer (VANHONI & MENDONA, 2008, p. 120).

    Como um espao de alta complexidade, as zonas costeiras configuram-se como

    uma rea de transio (ODUM, 1988) abrangendo um mosaico de paisagens e

    um conjunto de fenmenos marcados por irregularidades, o que lhes confere

    uma dinmica, tais como ondas, mars, praias, correntes litorneas, processos

    atmosfricos (CUNHA, 2007). portanto, a dinmica natural da costa martima

    que define hbitos, usos e costumes deste territrio.

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    O clima na plancie litornea apresenta mdia (anual e sazonal) entre 16 e 18C

    decaindo com o aumento a altitude. No vero a mdia apresenta-se entre 19 e

    21C e no inverno, as mdias situam-se entre 12 e 14C. Devido aos fatores

    estticos e dinmicos atuantes, o clima do litoral paranaense apresenta-se de

    maneira complexa e particular de acordo com Vanhoni e Mendona (2008). A

    chuva varia sazonalmente, concentrando-se nos meses de vero, sendo que

    menores mdias destacam-se nos meses de inverno.

    (...) dados meteorolgicos de inmeras localidades na regio Sul do Brasil constataram uma tendncia elevao das temperaturas em toda a regio o que em

    termos gerais estima-se que nos ltimos quarenta anos a temperatura mdia regional elevou-se cerca de 1,3C, o que teria sido acompanhado por uma elevao dos totais

    pluviomtricos mdios anuais.(...) as mais evidentes tendncias de intensificao do aquecimento e da pluviosidade-umidade regional so mais evidentes no Estado do

    Paran (...) (VANHONI e MENDONA, 2008, p. 01).

    De acordo com Grimm (2010) na regio costeira do Paran a quantidade e

    distribuio das chuvas apresentam variaes temporais e espaciais,

    dependendo da evapotranspirao, da energia solar disponvel, da vegetao e

    das caractersticas do solo. Depende ainda da interao dos organismos vivos,

    incluindo a microfauna e a microflora. Qualquer alterao do clima ou da

    paisagem alterar a quantidade e a qualidade da gua

    Tanto a quantidade como a qualidade das guas sofrem alteraes em

    decorrncia de causas naturais ou antrpica. Entre as causas naturais que

    alteram o clima e, consequentemente, a disponibilidade de gua, destaca-se a

    sazonalidade, alm de outras variaes climticas naturais. Outras causas sem

    um ciclo determinado podem ser classificadas como "catstrofes". Entre as aes

    humanas que podem alterar o balano hdrico, destacam-se em escala local e

    regional o desmatamento, a mudana do uso do solo, os projetos de irrigao e

    a construo de barragens. Em escala global, destaca-se a mudana climtica

    decorrente da alterao das caractersticas qumicas da atmosfera como gases

    que promovem o efeito estufa (Grimm, 2010, p. 160).

    A regio costeira representa um ecossistema frgil devido sua localizao na

    interface continente-oceano-atmosfera. Esse espao torna-se ainda mais

    vulnervel diante do uso e ocupao do solo considerando as atividades,

    porturias, densidade demogrfica, urbanizao desordenada e o turismo de

    massa. Esse processo de interferncia antrpica, de acordo com Marandola

    (2009) gera cenrios de vulnerabilidade socioambiental, cujo grau de exposio

    ou suscetibilidade aos riscos e desastres, s fragilidades e capacidades das

    pessoas e sistemas naturais de passar pela experincia de perigo, a exemplo dos

    riscos das reas fragilizadas diante as mudanas climticas dependem da

    capacidade adaptativa e da magnitude da exposio dos sistemas a riscos

    eventos extremos.

    O mar, a linha de costa e seus recursos naturais esto em contnuo movimento,

    num grau de intensidade maior que os fenmenos que conformam a terra firme,

    assim como os elementos caractersticos dos sistemas metereolgicos e seus

    reflexos so igualmente mveis e praticamente intangveis (CUNHA, 2007). O

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    nvel do mar, desde 1993, teve seu aumento estimado em 3,1mm/ano (2,4 a

    3,8) devido principalmente, ao aquecimento global e, consequentemente, ao

    derretimento de glaciares e capas de gelo polares. Alteraes nos regimes de

    chuvas foram observadas no incio do sculo XX, e desde ento, as precipitaes

    aumentaram significantemente no leste da Amrica do Norte e Amrica do Sul.

    As mudanas no clima podero afetar de forma mais propensa reas costeiras,

    com alteraes de ecossistemas devido ao aumento dos nveis do mar (IPCC,

    2007).

    Observando escalas regionais, nos ltimos 6.000 ou 7.000 anos o mar tem

    permanecido mais estvel, variando, em geral, menos que 10 m, mas, estas

    variaes so suficientes para provocar mudanas na zona costeira. No Paran

    os balnerios foram construdos em grande parte sobre terrenos que emergiram

    h menos de 5.000 anos e, neste perodo a variao do nvel do mar em

    diversas regies foi diferente (ANGULO, 2004). Dinmicas de longo prazo que

    definiram a conformao geral da plancie litornea, devem ser compreendidos

    quando se objetiva prever qual o comportamento futuro da zona costeira frente

    a mudanas climticas globais ou regionais. Angulo (2004) observa que a

    conjuno das variveis de Milankovitch conduz a Terra para um novo perodo

    glacial e consequentemente de mar baixo. Supondo que o homem o maior

    agente geolgico do presente parece haver um esforo na tentativa de reverter

    esta tendncia. Porm, salienta o autor, mesmo que as previses de elevao do

    nvel do mar se confirmem, o efeito desta elevao sobre as zonas costeiras

    deve ser diferente de acordo com suas caractersticas especficas e sua histria

    evolutiva e cada caso deve ser analisado localmente, porm considerando as

    variveis regionais e globais.

    o efeito combinado do vento com as ondas que provoca a elevao do nvel do

    mar pelo empilhamento da gua sobre a costa, a denominada mar

    metereolgica. Estas mars de acordo com Angulo (2000) so irregulares,

    imprevisveis e, probabilidades de sua ocorrncia e seus efeitos no podem ser

    feitos com muita antecedncia. Convm observar que quando a mar comea a

    subir tende a forar a intensidade do movimento das ondas que se propaga em

    direo costa, assim, em situaes extremas Cunha (2007) destaca que as

    mars metereolgicas tm um grande poder destrutivo, ocasionando

    inundaes, ressacas e processos erosivos (figuras 03 e 04) e, que a rigor em

    cada situao de ondas e em cada ressaca a corrente de deriva - correntes que

    movimentam enorme quantidade de sedimento que so transportados ao longo

    do litoral - assume configuraes prprias, com efeitos diferenciados.

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    Figuras 03 e 04

    Eroso na parte norte da Praia Brava de Caiob aps a ressaca de maio de 2001 e Avenida Beira Mar no Balnerio Flamingo parcialmente destrudo aps a

    ressaca do mesmo perodo. (Fonte: ANGULO, 2004).

    Estes fenmenos so complexos, marcados pela interao de vrios agentes e

    processos regulares e irregulares de natureza interna e externa, configurando a

    dinmica da zona costeira. Destaca-se que a ao antrpica nessa dinmica

    complexa pode gerar destruio e de acordo com Angulo (2000) qualquer obra

    que obstrua a deriva litornea a montante gera eroso a jusante em funo da

    decomposio praial. Dias et al., (2012) lembram que as zonas costeiras so

    afetadas tambm de forma positiva ou negativamente pelas intervenes feitas

    nas bacias hidrogrficas, como pelas alteraes no clima, pelas mudanas na

    agitao martima e pelas transformaes que induz no comportamento

    litosfrico. O turismo contribui para as alteraes, desde a ocupao

    desordenada do solo, contaminao da gua por esgoto, nas emisses de gases

    do efeito estufa (liberao de dixido de carbono - CO2), o que constitui

    questes que devem buscar aes de mitigao de seus impactos.

    4.1 A dinmica do turismo no litoral paranaense. O homem coloca a natureza ao seu dispor, instituindo-se como espcie

    dominante e principal agente modelador das zonas costeiras. Com o poder

    tecnolgico tenta assumir-se entidade reguladora dos processos dos quais

    depende, mas que mal conhece, que no controla, entrando em conflito consigo

    mesmo. Esses conflitos so manifestos na explorao dos recursos, no uso e

    ocupao turstica, nas obras porturias. Portanto, essencial compreender

    como o litoral foi progressivamente ocupado, e como atividades humanas

    influenciam na dinmica costeira (DIAS et al., 2012).

    No Paran as praias totalizam 126 km, distribudos de noroeste para sudeste,

    segundo Sampaio (2006). O uso do litoral para o turismo configurou a regio

    como balnerio, atividades de navegao recreativa e pesca esportiva, cujo

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    processo envolve populaes diferentes em diferentes ritmos, e at certo ponto,

    em diferentes espaos. Os turistas sazonais, e de segunda residncia, ocupam

    reas nobres. Migrantes e boa parte das pessoas de baixa renda, que vem ao

    litoral em busca de novas oportunidades, ocupam espaos menos valorizados.

    Os balnerios se localizam nas praias mais abrigadas, onde morros prximos ou

    bancos de areia diminuem a energia das ondas. Tal o caso das praias mansas de

    Caiob e Matinhos, Guaratuba e Pontal do Sul. No litoral norte, o processo de

    ocupao foi retardado pela falta de acesso terrestre e pela dificuldade do

    ingresso martimo. Neste setor, todas as praias localizam-se em ilhas naturais ou

    artificiais. No litoral centro-sul, a ocupao ocorre junto linha de costa mesmo

    sobre a praia, desconsiderando a morfologia e, sobretudo, a dinmica dos

    ambientes costeiros (problemas de eroso). O uso turstico voltado para a

    navegao de recreao se caracteriza, principalmente, pela necessidade de

    marinas e portos, que so relativamente escassos na costa paranaense (PIERRI

    et al., 2006).

    O modelo de ocupao urbana segundo Sampaio (2006) segue o parcelamento

    do solo, na forma de loteamentos chamados balnerios com predominncia

    quase absoluta de localizao com frente para praia, e, na maioria das vezes,

    sem continuao, continente adentro. Loteamentos, produto de iniciativa

    privada, de empresa ou famlia, muitos so colocados venda sem presena de

    qualquer infraestrutura tcnica, constituindo-se apenas por um arruamento

    aberto na restinga (figuras 05 e 06). Verifica-se ainda, existncia de construes

    irregulares na faixa costeira, com usos de moradia e comrcio nos balnerios. A

    ocupao da orla e supresso da vegetao de restinga, dada sua importncia na

    estabilidade da dinmica no ambiente de transio entre o meio marinho e o

    terrestre, vem sofrendo fortes presses ao longo dos anos.

    Figura 05 e 06

    Ocupao inadequada da orla em Pontal do Paran e Paranagu (1955) respectivamente.

    (Fonte: Figura 05 www.omelhordolitoralparana.blogspot.com/2011/07/fotos-paranagua.html. Figura 06 - Projeto ORLA, Pontal do Paran, 2004).

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    Embora historicamente e frequentemente desrespeitado, notrio o

    conhecimento cientifico, bem como a regulamentao ambiental fixando

    conhecer a dinmica de algumas praias do Paran, o que permite estabelecer

    faixas de segurana mnimas que deveriam ser respeitadas na ocupao das

    plancies litorneas. Essas faixas oscilam 50 m a 120 m nas costas mais estveis

    e instveis, respectivamente, podendo ser maiores, onde, nos ltimos 30 anos

    as variaes foram maiores que 120 m. Como a ocupao atual muitas vezes

    ultrapassa essas faixas necessrio, verificar cada caso para estabelecer a faixa

    de segurana vivel e controlar o uso das reas ocupadas (ANGULO, 2000).

    O turismo de praia se consolida em funo do clima\tempo, e responsvel pela

    atrao do fluxo de visitantes. Muitas vezes sazonal e massivo, contribuindo

    para a perda de qualidade ambiental e desgaste da imagem dos destinos

    tursticos. O turismo no litoral do Paran de acordo com a Secretaria de Turismo

    do Estado (SETU) tem sua maior demanda no perodo de dezembro a fevereiro,

    quando passa pela regio nmero superior a um milho de visitantes, buscando

    principalmente o sol e as praias, como tambm ecoturismo, turismo nutico e

    turismo de aventura que so explorados ao longo do ano, os quais dependem

    das condies do tempo\clima para sua prtica.

    Em relao organizao turstica dos municpios, observa-se que todos eles

    possuem rgo oficial de turismo, sendo alvo de Pesquisa de Demanda Turstica

    nos perodos de alta temporada (desde 1998) e baixa temporada (desde 2006),

    realizada pela SETU. Objetivado tornar o turismo no litoral mais competitivo,

    atraindo maior fluxo de turista, aumentando entrada de divisas nos destinos, h

    incremento do turismo na regio em funo dos projetos e programas

    institudos, onde aes apoiam a qualificao e fortalecimento dos atrativos

    tursticos fazendo a regio trabalhar cada vez mais no sentido de diversificar

    produtos ganhando novos mercados. Contudo, no se tem visto aes ou

    pesquisas que visem avaliar as intervenes do turismo nas mudanas climticas

    - quer inversamente - sobre o peso que o turismo e atividades com ele

    relacionadas tm surtido nessas mudanas (SCOTT et al., 2009).

    imprescindvel, tomar medidas de mitigao e adaptao, pois, quanto menos

    eficazes forem s mitigaes, maiores sero as dificuldades para adaptaes

    sociais e econmicas no futuro, destacando-se tambm regies cuja economia

    depende quase exclusivamente do turismo.

    Anastasiadis (2005) ao abordar as dificuldades de incorporao das

    ameaas do aquecimento global como problema social e econmico aponta que

    apesar de haverem evidncias de que polticas de enfrentamento podem

    promover benefcios econmicos, o meio ambiente e a competitividade so

    atualmente compreendidos como mutuamente excludentes, as dificuldades de

    solues alternativas concebveis promovem arriscada confiana nas solues

    tecnolgicas - ainda indisponveis - e, questes das mudanas climticas so

    ignoradas por profissionais que no atuam na rea ambiental.

    O desafio, portanto, est em compatibilizar a ocupao do litoral com sua

    dinmica analisando-a em diversas escalas espaciais e temporais. Prever o

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    comportamento futuro da zona costeira frente s eventos climticos extremos,

    globais ou regionais em processos de longo prazo; os processos locais de curto

    perodo observando os resultados de todos estes processos, nisso reside de

    acordo com Angulo (2004), a dificuldade de compreender a dinmica das zonas

    costeiras.

    5 CONSIDERAES FINAIS

    As mudanas climticas globais j esto em curso, provocando aumento da

    temperatura e mudanas nos regimes de precipitao, o que esperado dentro

    do ciclo da natureza. Contudo, possvel atribuir alguns eventos extremos mais

    frequentes e intensos, como enchentes e secas prolongadas como consequncia

    das aes antrpicas, gerando situaes que impactam negativamente

    ecossistemas e a vida das populaes. Apesar dos avanos nos modelos

    matemticos para estudo do clima climticos, existe uma enorme quantidade de

    variveis no mensurveis, dinmicas e complexas que inviabilizam projetar a

    intensidade com que as mudanas afetaro o planeta.

    Pesquisa mostra que 97% dos cientistas com produo ativa na rea concordam

    que o aquecimento do clima global real, perigoso e causado pelo homem. O

    eixo central da hiptese do aquecimento argumentado diante ao ritmo

    acelerado dos gases do efeito estufa (GEE) oriundo da ao antrpica. A

    hegemonia de grande parte da comunidade cientfica sobre o aquecimento global

    torna ainda mais importante o cuidado e a necessidade de investigao sobre

    pesquisas que apresentam argumentaes distintas, sobretudo, quando as

    mesmas representam importantes cientistas voltados aos estudos na rea.

    Trata-se de um tema evidente no cenrio de discusses atuais e, portanto, sob o

    risco de estar impregnado de modismos que ofusca o debate consistente e pode

    gerar julgamentos precipitados. Nesse mbito, o desenvolvimento das reflexes

    apresentadas no artigo foi oportuno para articulao, em linhas gerais, de como

    a viso hegemnica de um paradigma cientifico pode acarretar em

    comportamentos tendenciosos ou manejo de planos de aes envolvendo a

    relao ambiente e desenvolvimento.

    No que tange a relao turismo e mudanas climticas, a reviso literria denota

    que o investimento em pesquisa sobre o tema no Brasil pouco expressiva, no

    havendo adaptao ou desenvolvimento de metodologias que possam auxiliar ao

    setor turstico em pesquisa e aes de mitigao das mudanas climticas.

    Diferente da realidade da sia, Europa ou Amrica do Norte, onde efeitos dos

    eventos climticos extremos tm ocasionado perdas humanas e econmicas, e

    talvez por essa razo as pesquisas tenham sido desenvolvidas de maneira mais

    vigorosa.

    Objetivando neste artigo, tecer reflexes para tentar compreender se possvel

    estabelecer relaes consistentes entre mudanas climticas globais e a

    realidade local vivenciada nos destinos tursticos do litoral paranaense, pode-se

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    considerar que esta trajetria mostrou-se complexa, sobretudo quando

    confrontada a discrepncia entre discursos cientficos, ideolgicos e polticos,

    incompatveis para efetivao de planos de mitigao de impactos

    socioambientais envolvendo os destinos tursticos do litoral paranaense. Essas

    questes devem ser levantadas para subsidiar um debate destinado a orientar o

    planejamento de aes voltadas ao enfrentamento dos variados efeitos

    decorrentes das mudanas climticas. Inundaes, secas, elevao do nvel do

    mar, por exemplo, no constituem fatos novos nem eventualidades extremas

    decorrentes das mudanas climticas globais.

    Quanto ao processo de elevao do nvel do mar, destinos tursticos do litoral

    paranaense devem estar atentos para discutir medidas que visem o

    planejamento das novas construes para que no ocupem reas de risco,

    evitando assim, prejuzos dos investimentos pblicos e privados em

    consequncia da eroso costeira. Faz-se necessrio estudar formas de proteo

    do litoral, ao avano do mar, com alternativas que garantam continuidade de

    atividades socioeconmicas que possam ser afetadas caso elevao do nvel do

    mar afete significativamente as reas nas quais esto instaladas. Porm, deve-

    se considerar que, mesmo que as previses de elevao do nvel do mar se

    confirmem, o efeito desta elevao sobre as zonas costeiras deve ser diferente

    de acordo com suas caractersticas especficas e sua histria evolutiva (ANGULO,

    2004).

    As mudanas climticas devem produzir variaes no clima, alterando perodos

    de chuva e seca. A possibilidade de que ocorra reduo da capacidade hdrica em

    decorrncia das mudanas climticas e a intensificao da ocupao e

    adensamento dos municpios litorneos pelos empreendimentos tursticos

    merecem uma ateno especial, uma vez que tais empreendimentos produzem

    impactos diretos nas reservas hdricas da Zona Costeira, verificando-se a

    necessidade de realizao de estudos destinados avaliao da vulnerabilidade,

    capacidade de suporte e modelo de gesto desses recursos.

    A eroso costeira poder ser gradativamente, intensificada com o aumento do

    nvel dos oceanos, acarretando tambm a salinizao dos solos e submerso de

    reas baixas, ocasionando danos em vrias estruturas urbanas e em algumas

    importantes atividades produtivas implantadas na faixa litornea. Cenrios

    futuros dos processos erosivos no litoral do Paran visualizados por Angulo

    (2004) entre outras possibilidades destaca-se a estabilidade nas praias ocenicas

    sem ocupao ou cuja ocupao est recuada em relao a linha de costa;

    continuao da tendncia erosiva do setor norte da Praia do Farol, na Ilha do

    Mel; aumento da eroso praial na Praia Central de Matinhos pelas obras rgidas -

    muros, enrocamento e gabies. Na parte norte desta praia pode haver

    estabilidade devido a retirada de residncias e liberao de uma faixa sem

    ocupao; aumento da eroso na parte norte de Praia Brava de Caiob, devido a

    invaso da praia e pelas obras de controle de eroso.

    Este cenrio requer o estabelecimento de estratgias destinadas a proteger o

    patrimnio construdo na faixa da orla. A realizao de pesquisas para identificar

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    provveis efeitos da elevao do nvel do mar sobre as cidades e atividades que

    fornecem a sustentao econmica no litoral paranaense possibilitar a seleo

    dos espaos a serem protegidos e a captao dos recursos necessrios para

    implantao das obras de proteo costeira, como j acontece em vrios pases

    que se anteciparam, instalando obras de conteno do avano do mar para

    preservar suas cidades e atividades econmicas.

    Analisando-se detidamente as complexas relaes entre o turismo e mudana

    climtica, e, em particular os efeitos que este ltimo gera em diferentes destinos

    tursticos, nota-se que so necessrias medidas no setor para adaptar-se s

    instveis condies do clima, adotando aes preventivas para enfrentar

    possveis futuros efeitos das mudanas climticas, assim como minimizar o

    impacto que o turismo produz sobre o meio ambiente. Da mesma maneira so

    necessrias medidas que visem adequao das polticas pblicas do turismo e

    mudanas climticas subscrevendo todos os acordos intergovernamentais,

    governamentais e multilaterais afins, na busca de solues associadas que

    previnam a incidncia deste fenmeno em escala global, regional e local.

    Por envolver muitas naes e considerando que o turismo refere-se a uma

    atividade econmica rentvel, h especial ateno dos organismos oficiais de

    turismo, como a OMT em fomentar pesquisas, eventos e canais de divulgao

    sobre o tema. Contudo, tais informaes precisam ser devidamente analisadas

    por instituies acadmicas que apoiem aos governos locais e s organizaes

    de gesto de destinos na aplicao de medidas de adaptao e mitigao que

    respondam aos efeitos especficos da mudana climtica. Do mesmo modo, os

    resultados de qualquer investigao relevante sobre mudana climtica e o

    turismo, devem constituir uma base de dados sobre o tema para difuso do

    conhecimento e metodologia de trabalho, possibilitando adequao e aplicao

    em diferentes escalas, pois, a constante relao de interdependncia entre o

    local, regional e global, evidencia que, para compreenso dos fenmenos

    naturais em nvel macro importante enxergar peculiaridades daqueles que

    vivem na esfera local.

    Nesse momento, cabvel expor suspeitas de que a institucionalizao por

    muitas vezes, no apresenta funcionalidade ou ainda so sistemas regulatorios

    subutilizados, ignorados ou mesmo no refletem a realidade local. Qualquer que

    seja a situao a atuao inocua, tornando inoperante aes mitigadoras que

    tenham algum significado plausvel.

    Do mesmo modo, observando o caminho inverso dessa abordagem

    questionvel a validade de julgamentos sob a responsabilidade turistica como

    deflagadora de mudanas climticas. Talvez, mais modestamente, essas

    alteraes em escala local ou regional apresentem impactos ambientais severos

    e localizados, que podem ser detectados nas pesquisas in loco, para posterior

    projees ou consolidao de dados numa tentativa de projeo global. Apesar

    dos modelos do IPCC serem desenvolvidos em alta resoluo, ainda carece de

    conhecimentos a nvel microclimtico, podendo gerar previses pouco precisas.

    Todavia, esses aspectos devem ser minimizados com o passar do tempo e estes

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    no devem ser considerados como percalos s imprescindveis aes de

    mitigao e adaptao a este fenmeno que , seno o maior, um dos maiores

    desafios deste sculo.

    Diante ao cenrio de incertezas, as hipteses sobre mudanas climticas devem

    ser analisadas considerando-a como um fenmeno complexo, relativo, voltil e

    compatvel com a experincia cientifica que acredita na certeza da incerteza

    (Demo) e admite a importncia do principio da incerteza e da precauo.

    6 REFERNCIAS

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