Monografia Patrícia Enfermagem 2012
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII
BACHARELADO EM ENFERMAGEM
PATRÍCIA MICHELA MACHADO SANTANA
A VISÃO DA ENFERMAGEM SOBRE ACOLHIMENTO E VÍNCULO, PARA A
PRODUÇÃO DO CUIDADO HUMANIZADO NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE,
DO MUNICÍPIO DE SENHOR DO BONFIM - BAHIA.
SENHOR DO BONFIM
2012
PATRÍCIA MICHELA MACHADO SANTANA
A VISÃO DA ENFERMAGEM SOBRE ACOLHIMENTO E VÍNCULO, PARA A
PRODUÇÃO DO CUIDADO HUMANIZADO NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE,
DO MUNICÍPIO DE SENHOR DO BONFIM - BAHIA.
Monografia apresentada como pré-requisito para
conclusão do curso de Bacharelado em
Enfermagem, turma 2007.2 da Universidade do
Estado da Bahia, Campus VII.
Orientadora: Enfª. Esp. Eliana do Sacramento de
Almeida.
Coorientadora: Enfª. Esp. Juliana Alcântara
Franco Barbosa.
Senhor do Bonfim
2012
PATRÍCIA MICHELA MACHADO SANTANA
A visão da enfermagem sobre acolhimento e vínculo, para a produção do cuidado
humanizado na atenção básica de Saúde, do município de Senhor do Bonfim - Bahia.
Trabalho de Conclusão de Curso, para obtenção de grau de Bacharelado em
Enfermagem pela Universidade do Estado da Bahia.
____/____/_____
Data da Aprovação
Banca:
_____________________________________________________
Eliana do Sacramento de Almeida
Orientador (a)
_____________________________________________________
Dra. Maria de Fátima Brazil dos Santos Souto
Membro da Banca
_____________________________________________________
Márcia Evangelista Vale
Membro da Banca
Senhor do Bonfim
2012
Dedico a concretização de mais uma etapa da
minha vida ao meu pai Djan, meus irmãos
Patrick e Michael, meus tios e toda minha
família, especialmente a uma pessoa que me
forneceu e vem fornecendo toda a estrutura
para realizá-la, a minha guerreira mãe Rea
Silvia! O mérito desta conquista é todo de
vocês, que tiveram que lidar com a distância e
a saudade ao longo desses anos, e nunca
deixaram de acreditar no meu potencial.
AGRADECIMENTOS
À Deus e ao meu anjo da guarda, por me conceder força, sabedoria e coragem para superar
todas as dificuldades que surgiram ao longo desta jornada universitária. Agradeço ao
incentivo e apoio da minha família, do meu noivo e amigos, especialmente a Elisângela, por
me acolher fraternamente em seu lar assim que cheguei nesta cidade. Agradeço também a
contribuição de toda equipe docente da UNEB, em especial a Fátima Brazil e a Eliana
Sacramento, bem como a todos os profissionais dos locais onde estagiei ao longo desses anos
de academia.
“Jamais se desespere em meio as sombrias
aflições de sua vida, pois das nuvens mais
negras cai água límpida e fecunda”.
(Provérbio Chinês)
A VISÃO DA ENFERMAGEM SOBRE ACOLHIMENTO E VÍNCULO, PARA A
PRODUÇÃO DO CUIDADO HUMANIZADO NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE,
DO MUNICÍPIO DE SENHOR DO BONFIM - BAHIA.
RESUMO
O acolhimento e o vínculo são elementos indispensáveis para uma assistência de
qualidade e humanizada nos serviços de saúde, bem como para a participação/autonomia dos
seus usuários; constitui um dos grandes desafios na construção e efetivação do SUS como
política pública, com relação aos modos de operar o trabalho na atenção e na gestão em saúde.
Baseado no contexto da saúde pública na atualidade, com relação às práticas de acolhimento
na atenção básica, o estudo objetiva identificar a relevância do Acolhimento e Vínculo na
produção do cuidado humanizado, por parte dos enfermeiros que atuam na atenção básica de
saúde. Para isso, realiza-se uma pesquisa de campo, descritiva e exploratória, de abordagem
qualitativa, tendo um questionário aberto como instrumento de coleta de dados. As análises
dos discursos revelam os seguintes resultados: A respeito dos conceitos e importância do
acolhimento e vínculo, referem como sendo contato essencial e que deve fazer uso de boa
receptividade, escuta qualificada e formação de vínculo, a fim de tornar a assistência
resolutiva e humanizada; além disso, devem ser praticados de modo a estimular a autonomia
dos sujeitos com o próprio cuidado. Quando questionados sobre a sua ocorrência, os
pesquisados afirmam que ocorre, mesmo perante alguma dificuldade; que deve ser de
responsabilidade multiprofissional, e que todos devem estar qualificados para exercê-lo. Com
relação à forma como deve ser realizado o acolhimento, respondem que deve incluir práticas
de escuta qualificada, como forma de reconhecer e atender as reais necessidades da clientela.
No que diz respeito a reorganização dos processos de trabalho, os pesquisados se pronunciam
otimistas com a descentralização da atenção do eixo médico-centrado; destacam a necessidade
de capacitação e responsabilização de todos os profissionais enquanto equipe
multiprofissional, além da promoção de assistência integral e contínua como forma de torná-la
mais humanizada. Entre as dificuldades encontradas para efetivação do modelo de atenção
através do acolhimento, a maioria das pesquisadas identificam a desqualificação e a falta de
compromisso dos profissionais, a estrutura física inadequada, a falta de recursos financeiros,
rotatividade dos profissionais e acúmulo de funções, os determinantes sociais e o nível
cultural; apenas uma delas não referiu dificuldades, por considerar sua equipe compromissada
e qualificada com as novas práticas. Conclui-se então, uma urgente necessidade de mudanças
e adesões para o modelo atual de atenção em saúde embasados em aspectos humanizantes,
como acolher, e que, a implantação do mesmo só será possível quando houver total empenho
e compromisso da equipe de saúde com o intuito de consolidá-lo.
Palavras-chave: Acolhimento. Vínculo. Humanização. Atenção básica. Processo de trabalho.
ABSTRACT
The host and the link are essential to quality care and humanized health services, as well as
for participation / autonomy of its users, consist of one of the major challenges in the
construction and effectuation of SUS (single system of health) like public policy, in respect to
the ways the work is operated in primary care and in health care management. Based on the
context of public health nowadays, in regards to practices in primary care, this study aims to
identify the relevance of the host and the link in production of humanized care on the part of
nurses working in primary health care. For this, we made a field survey, descriptive and
exploratory, in a qualitative approach, having an open questionnaire as an instrument of data
collection. The speeches analyzed reveal the following results: In respect to the concepts and
importance of host and link, refer to as essential contact and should make use of good
reception, qualified listening and bonding in order to render a resolute and humanized
assistance, moreover, practices should be done in a way to encourage the autonomy of
individuals with the proper care. When asked about their occurrence, respondents stated that it
occurs with some difficulties, it should be multi-professional responsibility, and that everyone
should be qualified to exercise it. In regards to how the host should be done, responded that it
must include practices of qualified hearing as a way to recognize and meet the real needs of
customers. Regarding the reorganization of work processes, the respondents are optimistic
about the decentralization of the primary care of the centered physician, highlighted the need
for training and responsibility of all professionals as a multidisciplinary team, besides the
promotion of a continuous and comprehensive care as a way to make it more
humanized. Among the difficulties encountered in the effective model of care through the
host, most of the respondents identify the incompetence and the lack of commitment of
professionals, inadequate physical infrastructure, lack of financial resources, rotation of
personnel and the accumulation of functions, the social determinants and cultural level, only
one of them reported difficulties, considering his team committed and qualified with the new
practices. Concluding, an urgent need for changes and accessions of the current model of
health care based on humanizing aspects such as host, and that the implantation of the same
will be possible only when there is full engagement and commitment of the health team
with order to consolidate it.
Keywords: Host, Link, Humanization, Primary care, working process.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 9
2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................................... 11
2.1 ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE. ................................................................................................ 11
2.2 ACOLHIMENTO E VÍNCULO. .................................................................................................... 11
2.3 A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH). ........................................................... 13
2.4 A REORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE. ................................... 14
3 METODOLOGIA ............................................................................................................................ 19
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................................... 21
4.1 A CONCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS SOBRE ACOLHIMENTO E VÍNCULO, BEM COMO
A SUA IMPORTÂNCIA NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE. ................................................ 21
4.2 A OCORRÊNCIA DO ACOLHIMENTO E VÍNCULO NA PRÁTICA PROPRIAMENTE
DITA. .................................................................................................................................................... 23
4.3 A REORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO: SERÁ POSSÍVEL ABANDONAR
DEFINITIVAMENTE O MODELO MÉDICO-CENTRADO? ........................................................... 25
4.4 DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA EFETIVAÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO DE
SAÚDE ATRAVÉS DO ACOLHIMENTO, PROPOSTO PELA PNH. .............................................. 28
5 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 31
SUGESTÕES ....................................................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 34
APÊNDICES ........................................................................................................................................ 38
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) .................. 39
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO APLICADO PARA COLETA DE DADOS. ............................... 40
ANEXOS .............................................................................................................................................. 42
ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ........................................... 42
9
1 INTRODUÇÃO
A Política Nacional da Atenção Básica no capítulo 1 da Portaria GM/MS nº 648/2006
determina o acesso universal e contínuo para os seus usuários como um dos seus princípios; e
para isto refere alguns elementos fundamentais: o Acolhimento, o Vínculo e a Humanização,
já que a Atenção Básica é protagonista no papel de grande acolhedora, por ser o contato
preferencial dos usuários com os sistemas de saúde (BRASIL, 2006a).
O acolhimento e o vínculo são elementos indispensáveis para uma assistência de qualidade
nos serviços de saúde, bem como para a participação e controle dos seus usuários (CAMPOS
1997).
Para Bueno e Merhy (2012), o acolhimento na saúde deve construir uma nova ética, da
diversidade e da tolerância aos diferentes, da inclusão social, escuta clínica solidária e
responsabilização, abrangendo novos valores de solidariedade e compromisso com a
construção da cidadania.
O vínculo que se estabelece entre equipe e usuários elevam a eficácia dos serviços prestados
nas unidades de saúde e promove a autonomia do ser assistido, ao estimular a cidadania e
incentivar a sua participação durante a assistência, promovendo o auto-cuidado (CAMPOS
1997).
“O Acolhimento é um dos grandes desafios na construção e efetivação do SUS como política
pública, com relação aos modos de operar o trabalho na atenção e na gestão em saúde”
(BRASIL, 2010a).
Para Brasil (2011), o acolhimento na atenção básica - uma estratégia da Política Nacional de
Humanização (PNH) - ainda representa um grande desafio para a efetivação de uma
assistência de qualidade e, por conseguinte, humanizada. Sua problemática é tamanha, que o
Ministério da Saúde fez uso deste tema como eixo norteador da sua 14ª Conferência Nacional
de Saúde: “Acesso e acolhimento com qualidade - um desafio para o SUS”.
O Sistema Único de Saúde (SUS) espera, por meio de uma boa acolhida e humanização
durante a atenção em saúde, promover a autonomia dos sujeitos e dos coletivos envolvidos,
bem como estabelecer vínculos solidários entre equipe e usuários, a fim de torná-lo mais
10
acolhedor, ágil e resolutivo, comprometido em qualificar a ambiência e os serviços de saúde,
garantindo acesso universal e assistência integral (BRASIL, 2010b).
Baseado no contexto da saúde pública nos dias atuais, e nas experiências vivenciadas no
decorrer da graduação em enfermagem, com relação às práticas de acolhimento na atenção
básica, propôs-se como objetivo geral identificar a relevância do Acolhimento e Vínculo na
produção do cuidado humanizado, por parte dos enfermeiros que atuam na atenção básica de
saúde, na sede do município de Senhor do Bonfim- BA. Além deste, buscou-se também
analisar o significado do acolhimento como estratégia do PNH na assistência prestada pelos
enfermeiros das unidades básicas; descrever a política de acolhimento (se) utilizada; e as
dificuldades encontradas pelos enfermeiros na efetivação dessa política.
O trabalho foi elaborado por meio de uma pesquisa de campo, descritiva e exploratória, de
abordagem qualitativa, realizada nas unidades de atenção básica da sede do município de
Senhor do Bonfim-BA. Teve como instrumento de coleta de dados um questionário aberto e,
como sujeitos da pesquisa, os enfermeiros empregados nestas unidades, que incluem as
Estratégias de Saúde da Família (ESF), Postos de Saúde (PS), Centros de Saúde e Estratégia
de Agentes Comunitários de Saúde (EACS).
Em seguida foi realizada uma análise dos discursos obtidos com a aplicação do questionário,
de forma qualitativa, e as respostas com a mesma linha de pensamento foram agrupadas em
suas respectivas categorias.
Os pesquisados receberam todas as informações referentes à pesquisa, e concordaram em
assinar o Termo de Consentimento Informado Livre e Esclarecido (APÊNDICE A),
atendendo às Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres
Humanos: Resolução CNS 196/96 (BRASIL, 1996).
Como forma de manter assegurada a confidencialidade da pesquisa e preservada a identidade
dos sujeitos da pesquisa, os mesmos foram identificados pelo uso de pseudônimos (nomes de
flores). O presente projeto foi executado após a aprovação do processo nº 0603110189741
pelo Comitê de ética em pesquisa da Universidade do Estado da Bahia.
11
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE.
A Política Nacional de Atenção Básica foi regulamentada em 2006, pela portaria MS nº 648;
caracteriza-se por ações de saúde (individuais e coletivas) que abrangem a prevenção de
agravos, a promoção, proteção e a reabilitação da saúde; por práticas gerenciais e sanitárias
democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe; está orientada pelos
princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e
continuidade, da integralidade, responsabilização, humanização, equidade e participação
social; além de considerar o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e
na inserção sócio-cultural (BRASIL, 2006a).
A resolução discorre também sobre a composição da atenção básica, que deve ser realizada
por equipe multiprofissional, com presença de profissionais de nível superior na área de saúde
(a de médicos e enfermeiros são mais constantes) e de agentes comunitários de saúde, que
devem estar vinculados a uma população de um determinado território (BRASIL, 2006a).
O mesmo autor refere também alguns dos principais fundamentos da política, dos quais seus
gestores e assistentes nunca devem perder de vista durante a organização e prestação dos
serviços de saúde: acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos,
de forma a permitir o planejamento e a programação descentralizada, e em consonância com o
princípio da eqüidade; efetivar a integralidade das ações programáticas e demanda
espontânea, com trabalho de forma interdisciplinar e em equipe; desenvolver relações de
vínculo e responsabilização entre as equipes e a população garantindo a continuidade das
ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado; valorizar os profissionais de saúde por
estímulos e acompanhamento constante de sua formação e capacitação; e estimular a
participação popular e o controle social.
2.2 ACOLHIMENTO E VÍNCULO.
12
O acolhimento pressupõe que o serviço de saúde se organize de forma a centralizar todas as
suas ações no usuário, por meio de uma equipe multiprofissional que deve receber, escutar,
orientar, atender, encaminhar e acompanhar; significa a base da humanização das relações
profissional e usuário, além de caracterizar o primeiro ato de cuidado, contribuindo para o
aumento da resolutividade dos serviços ofertados (BRASIL, 2004).
Brasil (2010a, p. 03-04), em seu caderno de acolhimento nas práticas de produção de saúde
faz as seguintes considerações sobre o acolhimento:
O acolhimento como postura e prática nas ações de atenção e gestão nas unidades de
saúde, favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso dos
usuários com as equipes e os serviços, contribuindo para a promoção da cultura de
solidariedade e para a legitimação do sistema público de saúde. Favorece, também, a
possibilidade de avanços na aliança entre usuários, trabalhadores e gestores da saúde
em defesa do SUS como uma política pública essencial da e para a população
brasileira.
Campos (1997) complementam essas considerações defendendo que o acolhimento deve
propor plasticidade, ou seja, a capacidade de um serviço adaptar técnicas e atividades de
modo a melhor respondê-los, adequando-os aos aspectos sociais, culturais e econômicos,
presentes no cotidiano.
Vínculo significa segundo o dicionário Aurélio, “1. tudo o que ata, liga ou aperta. 2. Nó,
liame. 3. Fig. Ligação moral” (FERREIRA, 2004). Em outras palavras, pode ser definido
como elemento essencial para a humanização da relação do profissional com o usuário, e sua
construção requer o reconhecimento das responsabilidades de cada membro da equipe nas
tarefas necessárias ao atendimento, seja em atividades rotineiras ou imprevistas; o vínculo é o
resultado das práticas do acolhimento e, principalmente, da qualidade da resposta recebida
pelo usuário, seja ela clínica ou não (BRASIL, 2004).
Para Merhy (1994) estabelecer vínculos traduz relações tão próximas e claras, que faz com
que o profissional se sensibilize com toda a angústia e sofrimento do outro, aumentando a
responsabilidade para com o mesmo e possibilitando uma intervenção nem burocrática e nem
impessoal. Assim, só é possível construir vínculo, quando o usuário passa a ser reconhecido
na condição de sujeito, que fala, julga e deseja (CAMPOS, 1997).
É importante relembrar então, com relação ao acesso, que a atenção básica é a principal porta
de entrada dos usuários aos serviços de saúde (BRASIL, 2006a). Assim, a atividade de
recepção em um serviço de saúde deve ser compreendida como um espaço que, ao acolher e
vincular permite o reconhecimento das necessidades do usuário, a investigação, elaboração e
negociação de quais serão atendidas (TEIXEIRA, 2001).
13
Dessa forma, o acolhimento não deve ser entendido necessariamente como uma atividade em
si, mas como parte de toda atividade assistencial, que requer uma busca contínua do
reconhecimento cada vez maior das necessidades de saúde dos usuários, e de todas as formas
possíveis para satisfazê-las, resultando então, em encaminhamentos, deslocamentos e trânsitos
pela rede assistencial, ou seja, em assistência integral (TEIXEIRA, 2003).
2.3 A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH).
Pensando em superar a desumanização na atenção em saúde, o SUS criou em 2003 a Política
Nacional de Humanização da Atenção e Gestão – HumanizaSUS , a fim de efetivar os seus
princípios no cotidiano das práticas de atenção e gestão. Esta faz uso do Acolhimento como
sua principal estratégia na produção da saúde (BRASIL, 2010b).
É validada aqui a definição da PNH a cerca do acolhimento:
Recepção do usuário, desde sua chegada, responsabilizando-se integralmente por
ele, ouvindo sua queixa, permitindo que ele expresse suas preocupações, angústias, e
ao mesmo tempo, colocando os limites necessários, garantindo atenção resolutiva e
a articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência
quando necessário. (BRASIL, 2006, p.24).
A humanização é de um modo geral, um movimento que propõe a inclusão dos integrantes de
um serviço para que possam reconstruir de forma mais compartilhada e coletiva modos de
gerir e de cuidar, considerando princípios e diretrizes, que são pressupostos éticos, clínicos e
políticos (BRASIL, 2010c).
De acordo com a PNH, a Humanização deve ser entendida como forma de valorizar os mais
diversos sujeitos do processo do cuidado; produzir a autonomia dos usuários; estabelecer
vínculos solidários entre equipe e usuários; modificar os modelos de atenção e gestão em sua
indissociabilidade, focando as necessidades dos usuários e a produção de saúde; propor um
trabalho coletivo, a fim de tornar o SUS mais acolhedor, ágil e resolutivo; comprometimento
em qualificar a ambiência, melhorando as condições de trabalho e atendimento; lutar para
humanizar o SUS, com a participação de todos, comprometido em qualificar os serviços de
saúde, garantir acesso universal e assistência integral (BRASIL, 2010b).
14
É função também da Política Nacional de Humanização contribuir para a construção de
modos de fazer, para que o universo do SUS, seus usuários, trabalhadores e gestores,
passassem a experimentar novas possibilidades de manejo das tensões e alegrias do trabalho
em saúde, alterando modos de gerir e modos de cuidar (BRASIL, 2010c).
A fim de implementar as ações de humanização na atenção básica, segundo Brasil (2010b,
p.41-42) foram delineados os seguintes parâmetros a serem seguidos:
Organização do acolhimento [...] eliminando as filas, organizando o atendimento
com base em riscos/vulnerabilidade priorizados e buscando adequação da
capacidade resolutiva;
[...] Avançar na perspectivas do: a) exercício de uma clínica ampliada, capaz de
aumentar a autonomia dos sujeitos, das famílias e da comunidade; [...];
Organização do trabalho, com base em equipes multiprofissionais e atuação
transdisciplinar, incorporando metodologias de planejamento e gestão participativa,
[...] na gestão compartilhada dos cuidados/atenção;
Implementação de sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores, [...];
Garantia de participação dos trabalhadores em atividades de educação permanente
em saúde;
Promoção de atividades de valorização e de cuidados aos trabalhadores da saúde,
[...].
O mesmo autor espera, com a implantação e efetivação das ações propostas pela PNH, atingir
os seguintes resultados:
Redução de filas e tempo de espera, com ampliação do acesso, boa acolhida e atendimento
resolutivo baseado nas necessidades do usuário;
Os usuários terão seus direitos garantidos, pelas conquistas já asseguradas em lei, com
ampliação de sua participação ativa, e de sua rede sócio-familiar, com relação ao plano
terapêutico, acompanhamento e cuidados em geral;
As unidades assegurarão gestão participativa para os trabalhadores e usuários, investindo
em educação permanente em saúde dos trabalhadores;
Adequação da ambiência, com espaço de trabalho acolhedor, aumentando a integração
entre equipe e usuários em diversos momentos;
Implementar atividades para valorizar e cuidar dos trabalhadores da saúde.
Entre outros importantes movimentos do SUS e que se entrelaçam com ele, a PNH se alicerça
na defesa do direito à saúde, da vida e da democracia nas organizações, respondendo a uma
demanda social por humanização na atenção e na gestão (BRASIL, 2010c).
2.4 A REORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE.
15
Segundo Franco, Bueno e Merhy (1999), o acolhimento propõe uma reorganização do
processo de trabalho, partindo dos seguintes princípios: atender a todos os usuários,
garantindo acesso universal; reorganizar o processo de trabalho, deslocando o eixo medico-
centrado para o multiprofissional; e qualificar a relação entre profissional e usuário a partir de
fundamentos humanitários de solidariedade e cidadania.
Além disso, esta reorganização prevê a construção pactuada de diretrizes e metas para a
orientação do trabalho das equipes, a fim de garantir a produção de consensos sobre a nova
organização, considerando as seguintes premissas:
• Vínculo com produção de co-responsabilização entre trabalhadores/equipes e usuário-rede
sócio-familiar e comunidade;
• Acolhimento como diretriz ético-política do trabalho em saúde;
• Trabalho em rede intra e inter-equipes com co-responsabilização; e
• Articulação entre ações de promoção e prevenção, com as de cura e reabilitação (BRASIL,
2006b).
Pires (1999, p.32) faz a seguinte consideração sobre o processo de trabalho:
[...] processo de trabalho dos profissionais de saúde tem como finalidade a ação
terapêutica de saúde; como objeto - o indivíduo ou grupos doentes, sadios ou
expostos a risco, necessitando medidas curativas, preservar a saúde ou prevenir
doenças; como instrumental de trabalho - os instrumentos e as condutas que
representam o nível técnico do conhecimento que é o saber de saúde e o produto
final é a própria prestação da assistência à saúde que é produzida no mesmo
momento que é consumida.
Assim, o novo modelo de atuação deve estar centrado no usuário, onde o acolhimento, o
acesso e a relação profissional-usuário estejam embasados em fundamentos humanitários
(FRANCO, BUENO e MERHY, 1999).
Entre as diversas estratégias criadas pela atenção básica a fim de se efetivar o novo modo de
produção de saúde estão:
O ACOLHIMENTO PEDAGÓGICO
Pensando na reestruturação dos serviços na saúde, a Resolução CIB 239/2010 da Comissão
Intergestores Bipartite da Bahia (CIB, 2010) criou como estratégia para a adoção do novo
processo de trabalho, o Acolhimento Pedagógico com fins a capacitação dos seus
profissionais, que inclui todos os integrantes da equipe de saúde (desde o vigia até o médico)
16
e a transformação de ações médico-centradas em usuário-centradas, com a responsabilização
de todos os setores pela assistência.
Segundo esta resolução, o acolhimento está baseado na necessidade da qualificação dos
profissionais da ESF, representando um primeiro momento educativo no Processo de
Educação Permanente e que não se encerra como ação pontual; deve estar articulado com as
ações de Gestão e de Transformação das Práticas de Cuidado e dos Serviços, formando uma
agenda sinérgica entre educação, gestão e mudança das práticas de cuidado.
A mesma resolução traça ainda os seguintes objetivos principais do Acolhimento Pedagógico
das ESF e Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF): Acolher os seus profissionais,
permitindo que reflitam sobre o processo de trabalho e as ações de cuidado na atenção básica;
articular momentos de aprendizagem e formação a partir da reflexão da prática do cotidiano
de trabalho como dispositivo para estruturação da Educação Permanente junto às equipes de
Saúde da Família.
O PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS)
O conceito de projeto terapêutico está em construção, desde o início dos anos noventa, e vem
se modificando com a história do SUS; pode ser definido como um movimento de co-
produção e de co-gestão do processo terapêutico de indivíduos ou coletivos, em situação de
vulnerabilidade (BRASIL, 2010c). Para Ayres et al., (2003) deve-se entender por
vulnerabilidade, as possibilidades políticas, sociais e individuais/singulares expressas pelas
pessoas e pelo coletivo, em suas relações com o mundo, nos seus contextos de vida. Esta
singularidade, segundo Aranha e Silva (2005) é a razão e base do projeto terapêutico, pois em
função de um sujeito singular e junto com ele, são determinadas as ações para alcançar o
objetivo de produzir saúde.
Para Brasil, (2010c) o PTS deve ser um processo de construção coletiva envolvendo,
necessariamente, os componentes da equipe de saúde e os usuários em torno de uma situação
de interesse comum, com formação de compromisso como modo de responsabilização entre
os sujeitos; deve ser entendido como tecnologia da lógica do trabalho em equipe
interdisciplinar, tendo como referência prática, as equipes de saúde na Atenção Básica; assim,
para se formular e operar um PTS faz-se necessário a realização de três movimentos, que
devem estar necessariamente sobrepostos e articulados: A co-produção da problematização;
Co-produção de projeto e a Co-gestão/avaliação do processo.
17
De acordo com o mesmo autor, o primeiro movimento está relacionado ao processo de
produção do acesso dos sujeitos à singularidade do caso em discussão; para isso, será preciso
que a equipe além de passar a reconhecer a capacidade dos indivíduos interferirem na sua
própria relação com a saúde e a doença, coloque também em análise seus próprios saberes; o
movimento de co-produção pressupõe a busca de resoluções com e não para o outro, visando
a construção de um novo Ethos para profissionais de saúde e usuários, no sentido da produção
de cidadania e liberdade; acrescenta-se a isso, a necessidade de práticas de aproximação entre
equipe e usuário como, ofertar encontros e momentos de conversa, seja no serviço, na rua ou
no domicílio das pessoas, pois, além favorecer a criação do vínculo, se constitui como
estratégia para facilitar a coleta de informações, bem como a co-produção de problematização
na formação e composição de olhares sobre a situação-problema, suas hipóteses explicativas
e, até de imediato, algumas possíveis soluções.
O segundo movimento, a Co-produção de Projeto, ainda para o referido autor, traz consigo o
desafio de conciliar as práticas de planejamento, com o sentido de projetualidade, ao mesmo
tempo em que produza estímulo para participação ativa dos indivíduos envolvidos; assim, no
cotidiano dos serviços de saúde, as atividades de planejamento voltam-se muito mais para a
resolução pragmática de problemas, do que na produção de novos contextos com fins a
produção de saúde; diante disso, surge como proposta a dinâmica de planejamento no PTS
que deve partir do princípio de que tudo que se mobiliza em termos de conhecimento e de
fluxos afetivos com relação ao caso é motivo para análise (a Co-produção de
Problematização), a qual deve buscar um entendimento profundo do caso (sem
reducionismos), por parte da equipe e do próprio usuário implicado, como passo essencial
para a discussão e o planejamento das ações.
Uma equipe na qual os profissionais não trabalham de forma interdisciplinar na avaliação de
uma mesma problemática, produz um conjunto de ações muitas vezes incoerente e até
contraditório, diminuindo a resolutividade no seu conjunto e aumentando as chances de
intervenções danosas ao usuário; no PTS, a forma mais coerente de trabalho em equipe seria
aquela na qual o espaço coletivo de discussão busca articular no seu Campo, através de
diversos Núcleos profissionais com saberes e práticas específicas, diferentes formas de ver a
problemática em questão, compondo estratégias conjuntas de intervenção, que aumentam as
chances de sucesso e reduzem as possibilidades de danos (BRASIL, 2010c).
O terceiro movimento do PTS, a Cogestão-Avaliação do processo, surge desde o momento
em que a equipe, antes mesmo de definir o caso, sente a necessidade ou é estimulada a criar
18
ou qualificar os espaços coletivos de reunião no seu cotidiano de trabalho; tornando-se
importante legitimar na própria equipe e com outras equipes, com a gestão e com a população,
o PTS como dispositivo importante para se ampliar a capacidade resolutiva da equipe e do
serviço; para tanto, é fundamental que equipe e gestão se convençam e convençam os outros
sujeitos da importância de uma pausa para discutir um caso, mesmo com todo o “excesso de
demanda” que chega aos serviços diariamente (BRASIL, 2010c).
Segundo Brasil (2010c), a garantia de continuidade, de avaliação e de reavaliação do processo
terapêutico sem que, no entanto, isso implique em burocratização do cuidado, do acesso e da
organização do serviço representam grandes dificuldades e desafios para os serviços e para as
equipes de saúde que se propõem a fazer PTS; uma estratégia que procura favorecer essa
articulação entre formulação, ações e reavaliações e promover uma dinâmica de continuidade
do PTS é a escolha de um profissional de referência; aquele que articula e acompanha o
processo; aquele que a família procura quando sente necessidade; que aciona a equipe caso
aconteça um evento muito importante; podendo ser qualquer componente da equipe,
independente de formação (BRASIL, 2010c). Geralmente é escolhido o que possui modo de
vinculação mais estratégico no caso em discussão (OLIVEIRA, 2008). Vale ressaltar que o
tempo de reavaliação do caso deve ser o mínimo possível, para que as ações planejadas
produzam o efeito esperado; uma sugestão é que as equipes se organizem e incluam uma
rotina de discussões de casos no serviço.
O PTS se configura então, como um potente instrumento de incentivo aos processos de
mudanças nas práticas de saúde, contribuindo para a diversificação das ofertas nos serviços de
saúde, que deve estar alinhada com um projeto maior de saúde e de cidadania (BRASIL,
2010c).
Diante do discorrido sobre as estratégias para o redirecionamento do processo de trabalho na
assistência em saúde, destaca-se como um dos seus fundamentos o trabalho em equipe, em
harmonia com o universo dos usuários; que deve fazer uso da intersetorialidade, que por seu
imenso potencial de resolutividade, permite a criação de laços de confiança e vínculo,
extremamente necessários para a melhoria da qualidade dos serviços prestados na saúde, bem
como para aperfeiçoar a humanização das práticas assistenciais (BRASIL, 2004).
19
3 METODOLOGIA
A elaboração deste trabalho advém de uma pesquisa de campo, descritiva e exploratória, de
abordagem qualitativa, realizada nas unidades de atenção básica da sede do município de
Senhor do Bonfim-BA. Este possui uma população de 74.419 mil habitantes, sendo que
57.566 habitam na sede e 16.853 na zona rural; situada no Piemonte da Chapada Diamantina
(IBGE, 2010). Segundo o portal da prefeitura do município, possui como principais atividades
do setor econômico, o comércio, a pecuária, a extração mineral e a agricultura (SENHOR DO
BONFIM, 2012).
Teve como sujeitos da pesquisa, os enfermeiros empregados nestas unidades, que incluem as
ESF, PS, CS e EACS. Não fizeram parte da pesquisa as unidades que ficam situadas nos
distritos da cidade/zona rural, e os demais profissionais de enfermagem (técnicos e auxiliares)
que não de nível superior.
Os enfermeiros empregados nestas unidades foram abordados em ambiente de trabalho, e
preencheram um questionário aberto (APÊNDICE B). Assim, participaram efetivamente da
pesquisa 02 enfermeiras do I Centro de Saúde, 01 enfermeira da ESF Novo Horizonte, 01
enfermeira do II Centro de Saúde, 01 enfermeira da ESF Bonfim III, 01 enfermeira da ESF
Santos Dumont, 01 enfermeira da ESF Alto da Maravilha I, 01 enfermeira da ESF Alto da
Maravilha II, 01enfermeira do PS São Jorge e 01enfermeira da EACS São Jorge.
Em seguida foi realizada uma análise dos discursos obtidos com a aplicação do questionário,
de forma qualitativa, e as respostas com a mesma linha de pensamento foram agrupadas em
suas respectivas categorias. Vergara (2005) defende que a análise de discurso deve ser
entendida como um método que não visa somente entender como uma mensagem é
transmitida, mas também explorar o seu sentido.
Os pesquisados receberam todas as informações referentes à pesquisa, e concordaram em
assinar o Termo de Consentimento Informado Livre e Esclarecido (APÊNDICE A),
atendendo às Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres
Humanos: Resolução CNS 196/96 (BRASIL, 1996). Como forma de manter assegurada a
confidencialidade da pesquisa e preservada a identidade dos seus sujeitos, os mesmos foram
identificados pelo uso de pseudônimos (nomes de flores). O presente estudo teve a aprovação
20
do Comitê de ética em pesquisa Universidade do Estado da Bahia, processo nº
0603110189741 (ANEXO A).
21
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa foi realizada com todos os enfermeiros que atuam nas unidades básicas de saúde
da sede do município de Senhor do Bonfim, Bahia, totalizando 10 (dez) entrevistados. Os
sujeitos da pesquisa responderam um questionário aberto que lhes foram entregues a cerca do
acolhimento, vínculo, processo de trabalho e humanização da assistência. Todos os
participantes da pesquisa foram do sexo feminino; e apenas 03 (três) das 10 (dez) possuíam
menos de quatro anos de experiência.
4.1 A CONCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS SOBRE ACOLHIMENTO E VÍNCULO,
BEM COMO A SUA IMPORTÂNCIA NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE.
A maioria das pesquisadas relacionam o acolhimento como primeiro contato essencial, que ao
fazer uso de uma boa receptividade e escuta qualificada permite identificar e atender as
necessidades do usuário, tornar a assistência mais resolutiva, além de conceber uma relação
de confiança, ou seja, estabelecer vínculos. Assim, destacam-se as seguintes concepções sobre
acolhimento e vínculo:
É a resposta as necessidades dos cidadãos que procuram o serviço de saúde, através de uma
boa receptividade, de escuta qualificada possibilitada também com maior proximidade entre
usuário e trabalhador de saúde (Girassol).
Primeiro contato com o cliente. É a entrevista com a coleta de dados para elaborar respostas
às necessidades da clientela que nos procura nos serviços de saúde. É nesta escuta que
classificamos aqueles usuários que precisam de atendimento com prioridade e não por ordem
de chegada. [...] construindo com esta comunidade uma relação de confiança e identidade,
reconhecendo assim todas as suas necessidades, traçando projetos e executando atividades
para a manutenção do bem estar geral (Violeta).
Corroborando com esses pensamentos, Schimith e Lima (2004) afirmam que o acolhimento
permite regular o acesso quando passa a ofertar os serviços mais adequados de acordo com a
necessidade do cliente, contribuindo para a otimização da assistência e a satisfação do mesmo.
22
Processo onde se dá a formação de vínculo com o paciente. Deve ocorrer de forma humana
desde o momento da chegada do paciente na unidade; processo de escuta ativa do paciente,
dando atenção as suas queixas, angustias, preocupações, conquistando sua confiança. [...]
Garantir a confiança do usuário no profissional e seu retorno ao estabelecimento de saúde,
para continuidade do cuidado (Jasmim).
Segundo Leitão (1995), a escuta acolhedora durante o atendimento em saúde permite
interpretar o sentir, o pensar e agir do cliente, bem como a realidade onde está inserido; E na
mesma direção, está a importância da compreensão da realidade vivida pelos usuários como
forma de fortalecer o vínculo e ampliar a resolutividade, garantindo assim a implantação de
planos terapêuticos mais direcionados ao cliente.
A visão das enfermeiras pesquisadas condiz com a linha de pensamento de Silva Júnior e
Mascarenhas (2004) que defendem que o acolhimento requer durante o encontro entre
profissionais da saúde e usuários, a ocorrência da disponibilidade em receber, ouvir e tratar
humanamente, considerando as reais necessidades da clientela, contribuindo dessa forma com
a criação do vínculo ao estabelecer uma relação de interesse, confiança e apoio mútuo.
O acolhimento favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso para com
o outro; juntamente com o vínculo podem ser as principais ferramentas de troca de
conhecimentos, favorecendo a promoção, prevenção e reabilitação (Cravo).
Também para Boareto (2004) a interação que geralmente deve ocorrer entre profissional da
saúde e usuário durante a assistência revela-se como importante ferramenta influente no
tratamento, cabendo à equipe preparar-se para lidar com a dimensão subjetiva e social daquele
indivíduo, dando-lhe o suporte emocional necessário; neste sentido, a escuta é tida como um
valioso instrumento terapêutico que pode contribuir com a redução dos medos e ansiedades
que acabam dificultando o processo de cura.
Além destas concepções, o acolhimento e o vínculo são ainda percebidos como instrumentos
dos profissionais da saúde para estimular a produção da autonomia da clientela, ao incentivar
a sua participação no cuidado:
[...] pois é através deste acolhimento que o paciente decidirá se irá retornar ou não à
unidade de saúde. O vínculo de uma instituição de saúde com os seus usuários ampliam a
eficácia das ações de saúde, favorecendo assim a participação dos usuários durante a
prestação do serviço (Rosa).
23
[...] o vínculo, trata-se da relação do profissional e paciente, promovendo a participação e
conhecimento durante a prestação de serviço, tornando-os meramente reconhecido como um
SER especial (Tulipa).
O vínculo entre equipe e usuários cria referências seguras durante o processo de
aprendizagem sobre auto-cuidado, fazendo com que os usuários se sintam capazes e aptos a se
cuidarem (FRANCO e MERHY, 2005).
Segundo Campos (1994, p.50):
[...] curar alguém seria sempre lutar para a ampliação do coeficiente de autonomia
dessa própria pessoa. Neste sentido, faria parte fundamental de qualquer processo
terapêutico todo esforço voltado para aumentar a capacidade de autonomia do
usuário.
Surge diante deste contexto, uma necessidade dos trabalhadores da saúde em passar por uma
capacitação de suas técnicas pedagógicas, a fim de incentivar o auto-cuidado, ampliando a
capacidade de intervenção dos clientes sobre suas vidas (CAMPOS, 2003).
4.2 A OCORRÊNCIA DO ACOLHIMENTO E VÍNCULO NA PRÁTICA
PROPRIAMENTE DITA.
Quando questionados se o acolhimento faz parte do modo de produção de trabalho em suas
respectivas unidades e como este ocorre, todos os participantes afirmaram que sim, mesmo
perante a alguma(s) dificuldade(s).
Com relação a co-responsabilização pelas práticas assistenciais e acolhedoras, a maioria delas
referiram que o acolhimento deve ser de responsabilidade de toda a equipe de saúde e que
todos devem estar qualificados para exercê-lo:
Sim. O processo de trabalho é acordado entre os membros da equipe, definindo-se campo e
núcleo de competência de cada profissional, com o objetivo de acolher e produzir vínculo
com os usuários. A atividade de acolhimento deve ser de responsabilidade de toda a equipe
(Margarida).
Existe. Se inicia pelo vigilante, recepção, dando seguimento pela triagem, enfermeiro e
médico. Este acolhimento é de extrema importância e vem ganhando uma atenção crescente,
requalificando a discussão a respeito deste problema (Rosa).
24
Sim. Porém não ocorre de forma sistematizada, [...] pois acredito que para levar acolhimento
é necessário que todos, desde vigilante, recepção, técnicos, enfim, toda equipe deve está
capacitada e incorporar atitudes no dia-a-dia na unidade. Trabalhamos com postura
acolhedora (Lírio).
[...] muitas vezes este acolhimento fica sob responsabilidade unicamente do enfermeiro da
unidade de saúde, como é o nosso caso. [...] (Violeta).
De acordo com Oliveira, Fiorin, Ferreira et al., (2010), todos os profissionais devem estar
dispostos a ajudar e receber toda a demanda; e que, para se realizar um bom atendimento é
essencial o envolvimento e o comprometimento de toda a equipe. Cecílio (2006) reafirma
Oliveira, defendendo que para um atendimento eficaz, é essencial a participação
multiprofissional para compreender e assimilar inseguranças e intervir no sentido de garantir
uma solução diante das queixas do usuário.
No que diz respeito a capacitação profissional, Brasil (2008) afirma uma necessidade em
ampliar a qualificação técnica de toda a equipe em atributos e habilidades relacionais de
escuta qualificada, de modo constituir vínculos, ou seja, a estabelecer interação humanizada,
cidadã e solidária com usuários, familiares e comunidade, bem como reconhecer e atuar nos
problemas de saúde de natureza aguda ou relevantes para a saúde pública.
Já com relação à forma como era realizada o acolhimento nas unidades, as pesquisadas
responderam que o mesmo incluía a escuta qualificada, como forma de reconhecer e atender
as reais necessidades da clientela:
Sim. Fazemos o possível para facilitar o acesso e conquistar o usuário, ao ouvir suas queixas
e atender suas necessidades. Vejo que na maioria das unidades o enfermeiro e os agentes
comunitários são os membros da equipe que mais possuem vínculos com os usuários. [...]
(Tulipa).
Existe. [...] São acolhidos desde o vigilante até o médico e todos que formam a equipe
multiprofissional, de forma humanizada, onde escutamos e tentamos sermos capazes de
resolver os problemas dos mesmos [...] (Orquídea).
Sim, apesar dos dias de muita demanda na unidade, busca-se oferecer um atendimento
humanizado, dando atenção as principais queixas do paciente, seus medos e anseios (escuta
ativa do paciente), dando assim aconselhamentos e buscando resolução dos seus problemas
na medida do possível (Jasmim).
25
Percebe-se aqui, a presença constante e essencial do diálogo como forma de acolher e
vincular. Segundo Teixeira (2003), primeiramente, o acolhimento requer, antes de tudo, o
caráter de um acolhimento “moral” do usuário do serviço e de suas demandas (clínica ou
não); esse gesto receptivo se faz acompanhar de um diálogo, que é o segundo traço descritivo
deste dispositivo. Esse diálogo se orienta pela busca de um maior conhecimento das
necessidades do usuário e dos modos de satisfazê-las, pautando-se todas as práticas de
conhecimento que se dão no serviço (todas as formas de conversa, individuais ou em grupo,
em que, de alguma forma, se “pesquisa” alguma coisa), não se esquecendo de que as nossas
necessidades não nos são sempre imediatamente transparentes e nem jamais definitivamente
definidas.
O autor insere então, o termo “acolhimento-diálogo” como prática assistencial humanizada,
que corresponde a uma espécie de protocolo geral de comunicação entre todos os integrantes
da rede, que não se trata necessariamente de uma atividade em particular, mas de um
conteúdo de qualquer atividade assistencial; é dessa forma, então, que o acolhimento-diálogo
desempenha papel fundamental na dinâmica organizacional, redundando em
encaminhamentos, trânsitos pela rede assistencial, que são, em última instância, o resultado
do que se passa e das decisões tomadas num encontro pautado nas disposições “morais” e
“cognitivas”; trata-se rigorosamente de uma técnica de conversa, um diálogo orientado pela
busca de uma maior “ciência” das necessidades de que o usuário se faz portador, e das
possibilidades e dos modos de satisfazê-las.
Lopes, Silveira e Ferreira (1999), complementam dizendo que por meio da escuta ativa, o
profissional mostra ao outro que o compreende; através da aceitação, aceita o outro de forma
compreensiva; por meio da empatia, compreende os sentimentos dos outros e não apenas suas
idéias; através da confiança, possibilita a tomada de consciência das próprias emoções e do
manejo adequado; e com a conduta de ausência de julgamento negativo, que desencadeia
condutas inadequadas, e frequentemente a não adesão a terapêutica.
4.3 A REORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO: SERÁ POSSÍVEL
ABANDONAR DEFINITIVAMENTE O MODELO MÉDICO-CENTRADO?
26
Diante deste questionamento, as enfermeiras se pronunciaram otimistas com a reorganização
do fluxo da atenção, a qual denota a descentralização deste, ao passar do eixo médico-
centrado para o multiprofissional.
Para Cecílio (2001), o atendimento as necessidades dos usuários durante a consulta é tido
como eixo estruturante para o sistema de saúde, pois possibilita aos trabalhadores do serviço
fazerem uso de uma melhor escuta da sua clientela, tomando as necessidades desta, como
centro de suas intervenções e práticas.
Algumas participantes da pesquisa destacaram a necessidade da responsabilização de todos os
profissionais, enquanto equipe multiprofissional, para com o cuidado com o usuário:
Sim. Analisando o processo de trabalho da equipe, descrevendo o conjunto de atividades
desenvolvidas e identificando as responsabilidades de cada trabalhador, [...] (Margarida).
Sim. Desde que os profissionais se reorganizem, deslocando o eixo central do médico
e passe a se responsabilizar enquanto um membro de uma equipe multiprofissional, capaz de
acolher, escutar e ter compromisso em resolver os problemas de saúde existentes (Orquídea).
Com relação a esta responsabilização, Campos (1997) apud Schimith e Lima (2004), ao
discutir a reorganização dos modos de trabalho nas equipes de saúde, propõem o modelo
campo e núcleo de conhecimento para se trabalhar; estando voltados para o campo, os saberes
e responsabilidades comuns a várias profissões e especialidades e, já para o núcleo, somente
os específicos. Para o autor este modelo contribuiria para acabar com um problema bem
corriqueiro, a desumanização com relação ao longo tempo de espera, contando é claro, com o
empenho dos profissionais que compõe a equipe de saúde.
Segundo Franco, Bueno e Merhy (1999) o acolhimento deve ser percebido enquanto
ferramenta de análise dos processos que edificam as relações nas práticas de saúde, visando a
produção da responsabilização clínica e sanitária, bem como uma intervenção resolutiva,
reconhecendo principalmente, que só haverá produção da responsabilização diante de uma
boa acolhida e vinculação ao usuário.
Além do compartilhamento de responsabilidades, uma das pesquisadas abordou ainda a
inclusão da atenção integral e contínua por parte da equipe na produção de trabalho, como
forma de tornar a assistência mais humanizada:
Sim. A partir do momento que toda equipe seja entendida, respeitada (pela mesma e pela
instituição) e integrada. E que todos percebam que para a realização de ações humanizadas
27
é necessário atuação integral, harmoniosa e contínua de todos, desde recepção até médica
(Lírio).
Deste modo, a integralidade existe em ato e pode ser disponibilizada na organização de
serviços e renovação das ações de saúde, sendo reconhecida nas práticas que valorizam o
cuidado e que tem em suas concepções a forte idéia de considerar o usuário como sujeito a ser
atendido e respeitado em suas necessidades (PINHEIRO e MATTOS, 2005).
Para Mattos (2001, p.57):
A integralidade emerge como um princípio de organização contínua do processo de
trabalho nos serviços de saúde, que se caracteriza pela busca também continua de
ampliar as possibilidades de apreensão das necessidades de saúde de um grupo
populacional.
Com relação às necessidades de saúde, Cecílio (2001) define uma taxonomia para essas,
descrevendo-as como uma forma do serviço construir a integralidade da assistência; e as
necessidades são classificadas em quatro grupos, sendo o primeiro, ter boas condições de
vida; o segundo, ter acesso e poder consumir toda tecnologia de saúde capaz de melhorar e
prolongar a vida; o terceiro, a insubstituível criação de vínculos efetivos entre usuário e
equipe e/ou profissional; e o quarto, à necessidade de cada pessoa ter graus crescentes de
autonomia no seu modo de levar a vida.
A garantia da integralidade na assistência constitui para Nery (2006) um dos desafios para
efetivação do novo modelo de atenção em saúde, bem como o compromisso da equipe em
fazer uso da escuta, atendendo e compreendendo da melhor forma possível as necessidades de
saúde apresentadas pelo usuário.
Outros informantes incluíram em suas concepções, a necessidade de qualificação e
capacitação para todos os profissionais que atuam nos serviços de saúde da atenção básica,
incentivando a criação de vínculos através de uma postura acolhedora:
Esta proposta só será possível quando reconhecermos a importância da ampliação e
qualificação técnica dos profissionais e das equipes de saúde para proporcionar essa escuta
qualificada dos usuários com intenção humanizada, cidadã e solidária da equipe, usuário,
família e comunidade (Violeta).
Sim, e a depender do profissional, já se encontra em prática, pois na maioria das vezes o
primeiro contato do paciente ocorre com o profissional de enfermagem, ficando este
responsável pelo acolhimento em si, já que na maioria das vezes o profissional médico só
atende a patologia do paciente, não realizando um acolhimento qualificado, seja pela alta
28
demanda de atendimentos, falta de tempo ou pressa. Deveria haver mais capacitação
profissional para que estes entendam a importância do devido acolhimento e formação de
vínculo na atenção básica para se ter uma atenção mais qualificada e devida promoção a
saúde (Jasmim).
Sim. Através de uma capacitação da equipe multiprofissional, que foque a redistribuição e o
compartilhamento de responsabilidades; [...] (Girassol).
Insere-se aqui a necessidade do Acolhimento Pedagógico, como forma de capacitar os
profissionais de saúde com relação ao novo fluxo de atenção, esclarecendo e incentivando a
responsabilização de toda a equipe pelo cuidado com o usuário (CIB, 2010).
Foram abordados também pelos pesquisados, a importância em orientar a comunidade com
relação ao novo modelo de trabalho/atenção, de modo a conscientizá-la sobre os benefícios de
uma assistência descentralizada, como por exemplo, torná-la mais resolutiva e qualificada:
Sem dúvidas as ações nas unidades ainda é o médico-centrado, e com certeza e com mais
insistência e reorganização dos processos de trabalho, em um futuro próximo conseguiremos
essa descentralização, através de conscientização dos usuários de que a unidade de saúde é
composta por uma equipe multiprofissional, capazes e preparados para prestação de serviço
com qualidade (Rosa).
[...] bem como uma orientação aos usuários para que possa compreender a importância da
reorganização dos serviços como forma de aperfeiçoar, qualificar e humanizar a assistência
(Girassol).
4.4 DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA EFETIVAÇÃO DO MODO DE
PRODUÇÃO DE SAÚDE ATRAVÉS DO ACOLHIMENTO, PROPOSTO PELA
PNH.
Diante da análise dos dados, a maioria das pesquisadas identificaram como principais
dificuldades a desqualificação e a falta de compromisso dos profissionais, a estrutura física
inadequada, a falta de recursos financeiros, rotatividade dos profissionais e acúmulo de
funções:
29
Profissionais desqualificados; falta de capacitação na equipe multiprofissional; falta de
estrutura física; acúmulo de funções; falta de compromisso/responsabilização dos
profissionais; Rotatividade de alguns membros da equipe (Girassol).
A rotatividade freqüente dos profissionais das unidades de saúde (Violeta).
Descaso dos profissionais; Falta de preparo dos profissionais; Espaço físico inadequado
(Cravo).
Por parte dos profissionais o acolhimento ocorre da melhor maneira possível, porém às vezes
o vínculo acaba sendo enfraquecido devido a descrença dos usuários quanto a marcação de
alguns exames e encaminhamento à atenção secundária, que acabam demorando meses para
agendamento por não ter no município ou pela demanda ser muita e o número de vagas
pequeno. Então o que acaba dificultando é a falta de financiamento para maior quantidade
de vagas para estes serviços, pois esta é uma das principais queixas dos pacientes (na
maioria das vezes quando feita busca destes) que acabam desacreditando na atenção
qualificada (Jasmim).
Alguns destacaram os determinantes sociais e o nível cultural como principais dificuldades no
que diz respeito ao esclarecimento sobre a assistência descentralizada, em detrimento da
médico-centrada e dos cuidados com a própria saúde:
Um dos fatores que mais influencia é a cultura e o nível de escolaridade dos usuários,
tornando difícil a nossa tentativa de descentralização destes serviços, pois estes dois fatores
criam uma resistência a mudança (Rosa).
O que dificulta a efetivação são os determinantes sociais, como o nível de escolaridade, a
cultura, etc (Tulipa).
Supervalorização do médico; Conceito de saúde da própria população; Imediatismo - no
atendimento de necessidades; [...] (Lírio).
Percebe-se nestes recortes que, diante dos níveis culturais e de escolaridade (geralmente
baixos na rede pública), ocorrem dificuldades em compreender a dinâmica da assistência
descentralizada e noções de auto-cuidado. Este quadro evidencia a necessidade de intensificar
as orientações, através da educação em saúde a estes indivíduos, afim de que passem a
entender as práticas adotadas na assistência e tornem-se sujeitos autônomos com relação ao
próprio cuidado.
30
Brasil (2010b) diz que no nosso país, ainda com grandes desigualdades socioeconômicas, o
acesso com qualidade aos serviços e aos bens de saúde, bem como a ampliação do processo
de co-responsabilização entre profissionais e usuários nos processos de gerenciamento e
cuidado continuam com graves lacunas.
O autor relata ainda alguns problemas que representam grandes desafios na saúde e, que
condizem com as dificuldades encontradas pelas pesquisadas em suas respectivas unidades: a
precariedade das relações interpessoais de trabalho; a desvalorização dos profissionais da
saúde; investimento insuficiente nos processos de educação permanente em saúde dos
trabalhadores; a reduzida participação na gestão dos serviços e a fragilidade do vínculo com
os usuários; a falta de preparo dos profissionais como um todo, para lidar com a dimensão
subjetiva que toda prática de saúde requer; a existência de modelos de gestão centralizados e
verticalizados, desapropriando o trabalhador de seu próprio processo de trabalho.
Apenas a seguinte pesquisada não referiu dificuldades neste modo de produção embasado no
acolhimento, pois considera sua equipe compromissada e qualificada com relação às práticas
vinculantes e humanizadas entre profissional e usuário:
Nada dificulta na unidade de trabalho, pois todos já acolhemos e temos uma equipe
multiprofissional compromissada. Temos que escutar os usuários, solicitar dos gestores
qualificações entre a relação trabalhador e usuário, que deve dar-se
por parâmetros humanitários, de solidariedade e cidadania (Orquídea).
Nesta fala fica clara a importância que a enfermeira exerce na unidade, ao evidenciar que
todos os objetivos só serão alcançados mediante compromisso e responsabilidade do
profissional; ao serem identificadas falhas no modo de atenção, houve da mesma a atitude de
cobrar dos gestores uma capacitação para sua equipe, a fim de que sua unidade de saúde passe
a oferecer uma assistência de qualidade, resolutiva e humanizada.
Diante de tais dificuldades, Brasil (2010b) ressalta uma urgente necessidade de mudanças,
tanto nos modelos de atenção como nos modelos de gestão.
Campos (1994) apud Schimith e Lima (2004), consideram praticamente impossível a
implantação de um modelo de atenção em saúde sem que haja o empenho da maioria dos
trabalhadores com o intuito de consolidá-lo.
31
5 CONCLUSÃO
O estudo revelou que o acolhimento, como prática humanizante, deve incluir uma escuta
qualificada, com responsabilização de todos os profissionais da unidade, desde a porta de
entrada, com o vigia, recepção até o médico, a fim de que sejam estabelecidos vínculos. Esta
aproximação favorece o reconhecimento das reais necessidades do usuário, de modo a tornar
as práticas assistências mais direcionadas e resolutivas. Além disso, a equipe não deve
esquecer que esta seja talvez a principal ferramenta para a adesão do seu cliente ao tratamento
e conseguintemente, para o seu retorno a unidade de saúde.
Fica evidente também, uma preocupação com a promoção da autonomia dos usuários, em
transformá-los em sujeitos ativos, participantes no processo do cuidado. Os profissionais
precisam entender o homem-usuário dos serviços de saúde como um ser pensante, subjetivo,
com crenças, cultura e valores, para assim incentivá-lo a abandonar o papel de mero
telespectador do seu processo saúde-doença, cabendo ao mesmo a decisão de ser ou não o ator
principal com o próprio cuidado. Além disso, o tratamento humanizado não deve ser
excludente, deve respeitar as individualidades/particularidades do cliente, dialogando sobre o
melhor tratamento a ser adotado e considerando a realidade onde o mesmo está inserido.
A promoção da autonomia requer, além da relação de confiança com o profissional através do
vínculo, a prática da educação em saúde com a população assistida, como instrumento que
deve estar continuamente presente no meio de trabalho, a fim de torná-los co-responsáveis
pelo cuidado com a sua saúde.
Alguns participantes destacaram a necessidade de reorganizar o fluxo interno, pois, na prática,
o médico continua sendo o eixo central. Neste sentido, a garantia da integralidade da
assistência, bem como a falta de qualificação dos profissionais, como forma de adotar o novo
modo de produção de trabalho e atender as necessidades de saúde, ainda representa um dos
desafios para a efetivação do atual modelo nas unidades deste município. Esta reorientação
busca uma atenção descentralizada, interdisciplinar, com responsabilização de toda a equipe,
guardada as devidas proporções, de modo a atender as necessidades do indivíduo assistido.
Para que seja melhor compreendida e efetivamente utilizada, a atenção básica criou o
Acolhimento Pedagógico e o Projeto Terapêutico como estratégias para qualificar e capacitar
os profissionais com relação as novas práticas assistenciais, mas o município pesquisado
32
ainda não possui um núcleo de educação permanente para capacitação dos profissionais, na
figura do NASF.
Ainda com relação a reorganização do novo modo de trabalho, foi percebida uma premência
em orientar a comunidade, através de educação em saúde, sobre o novo modelo de atenção,
descentralizado, com responsabilização de toda a equipe pela atenção aos usuários, a fim de
fazê-los compreender que assim como o médico, outros profissionais da unidade também são
capacitados, dentro das suas especificidades, para atender as suas necessidades. Isso acabaria
com o longo tempo de espera no atendimento e melhoraria a qualidade da assistência,
tornando-a mais humanizada e resolutiva devido a redução da demanda, antes centrada no
médico.
Conclui-se então, que o acolhimento e o vínculo, bem como a integralidade e o atendimento
as necessidades do usuário (também em sua subjetividade) só será possível diante da
capacitação e qualificação dos profissionais, principalmente do compromisso e
responsabilidade de cada um deles, em reorientar as práticas assistenciais, a fim de torná-las
mais qualificadas, eficazes e humanizadas. Devendo o enfermeiro ser o protagonista desta
reorganização, e não o único, por seu papel gerencial e assistencial nos serviços de saúde;
servindo como exemplo e como incentivador das novas práticas, que incluem principalmente
acolher, ouvir, vincular, identificar as necessidades, direcionar a assistência, torná-la mais
eficiente, eficaz, qualificada e, por conseguinte humanizada.
33
SUGESTÕES
Faz-se necessário, neste contexto, que o município de Senhor do Bonfim, uma cidade de
médio porte, com quase oitenta mil habitantes, passe a contar com pelo menos uma equipe do
NASF, a qual tem como uma de suas funções a capacitação das equipes de saúde ao fazer uso
da Educação Permanente, através do Acolhimento Pedagógico e incentivo ao Projeto
Terapêutico (com discussão de problemáticas com fins a uma intervenção mais adequada),
reforçando diretrizes essenciais, como a interdisciplinaridade, a intersetorialidade, a educação
popular, a integralidade, a promoção da saúde e a humanização.
34
REFERÊNCIAS
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campo psicossocial. Rev. Latino-am. Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 13, n. 3, p. 441-449,
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perspectivas e desafios. In: CZERESNIA, D. e FREITAS, C. M. (Org.). Promoção da saúde:
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39
APÊNDICES
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA
PESQUISADORA: Eliana do Sacramento de Almeida
GRADUANDA ORIENTADA: Patrícia Michela Machado Santana
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
A VISÃO DA ENFERMAGEM SOBRE ACOLHIMENTO E VÍNCULO, PARA A PRODUÇÃO DO
CUIDADO HUMANIZADO NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE, DO MUNICÍPIO DE SENHOR DO
BONFIM - BAHIA.
O(A) Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa “A visão da enfermagem
sobre Acolhimento e Vínculo, para a produção do cuidado humanizado na Atenção básica de saúde, do
município de Senhor do Bonfim- Bahia”, de responsabilidade da pesquisadora Eliana do Sacramento de
Almeida.
Segundo o Ministério da Saúde, “o padrão de acolhida aos cidadãos usuários e aos
cidadãos trabalhadores da saúde, nos serviços de saúde, é um dos grandes desafios do SUS na
atualidade”. Diante de tal preocupação, o presente projeto visa identificar a relevância do Acolhimento
e Vínculo na produção do cuidado humanizado, por parte dos profissionais de enfermagem que atuam
na atenção básica.
A fim de conhecer o seu olhar a cerca desta problemática, lhe será aplicado um questionário
aberto e estruturado, que cumpre a Resolução CNS 196/96, sobre as Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos.
Desde já, esclareço que a pesquisa não traz risco nenhum ao participante, e que este pode ter
seus dados retirados da pesquisa a qualquer momento sem aplicação de pena ou punição. Da mesma
forma, garanto o sigilo dos dados confidenciais e a preservação da identidade do participante. Informo
também que não haverá nenhum tipo de gratificação ou bonificação pela participação no estudo, e que
os dados obtidos poderão ser utilizados em trabalhos, pôsteres e apresentações em congressos.
Eu,_________________________________________________________________________,
declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima
descrito.
Senhor do Bonfim - Bahia, _____ de ____________ de _______.
Eliana do Sacramento de Almeida
(pesquisadora)
40
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO APLICADO PARA COLETA DE DADOS.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA
PESQUISADORA: Eliana do Sacramento de Almeida
GRADUANDA ORIENTADA: Patrícia Michela Machado Santana
A VISÃO DA ENFERMAGEM SOBRE ACOLHIMENTO E VÍNCULO, PARA A PRODUÇÃO DO
CUIDADO HUMANIZADO NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE, DO MUNICÍPIO DE SENHOR DO
BONFIM - BAHIA.
QUESTIONÁRIO
1) Defina:
A- ACOLHIMENTO
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
B- VÍNCULO
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
2) Qual a importância do ACOLHIMENTO e VÍNCULO na produção do cuidado?
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__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
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41
3) Existe acolhimento na sua unidade? Como ocorre este processo?
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__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
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4) Sabe-se que o atual fluxo de ações nas unidades de saúde é o Médico-centrado. Para um acolhimento
eficaz e mais humanizado, a proposta é a reorganização dos processos de trabalho. Será esta uma
proposta possível de ser realizada? De que forma?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
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__________________________________________________________________________________
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5) O que dificulta a efetivação dessa política (uma proposta do programa Humaniza SUS) na Unidade
onde trabalha?
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ANEXOS
ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA