Monografia contrabaixo acustico

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ANDERSON F. GODINHO CLENICE REIS DA SILVA DAIANA RODRIGUES CERQUEIRA MARCOS ANTONIO C. DA SILVA RAPHAEL DATOVO RODRIGO FRANCO SILMARA A. OLIVEIRA Design Digital – NA4 DESIGN E ARTESANATO: INSTRUMENTOS MUSICAIS CONTRABAIXO ACÚSTICO São Paulo 2007/2

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI 

ANDERSON F. GODINHO 

CLENICE REIS DA SILVA 

DAIANA RODRIGUES CERQUEIRA 

MARCOS ANTONIO C. DA SILVA 

RAPHAEL DATOVO 

RODRIGO FRANCO 

SILMARA A. OLIVEIRA 

Design Digital – NA4 

DESIGN E ARTESANATO: INSTRUMENTOS MUSICAIS 

CONTRABAIXO ACÚSTICO 

São Paulo 

2007/2

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ANDERSON F. GODINHO 

CLENICE REIS DA SILVA 

DAIANA RODRIGUES CERQUEIRA 

MARCOS ANTONIO C. DA SILVA 

RAPHAEL DATOVO 

RODRIGO FRANCO 

SILMARA A. OLIVEIRA 

Design Digital – NA4 

DESIGN E ARTESANATO: INSTRUMENTOS MUSICAIS 

CONTRABAIXO ACÚSTICO 

Trabalho  interdisciplinar  apresentado  como exigência parcial para a aprovação do quarto período  do  curso  de  graduação  ­  Design Digital da Universidade Anhembi Morumbi. 

Orientadores: Professor Rui Alão Professor Álvaro Gregório 

São Paulo 

2007/2

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SUMÁRIO 

Introdução .............................................................................................................. 

1.  Artesanato e Design .......................................................................................... 

1.1  ­ Artesanato ................................................................................................ 

1.2  ­ A importância da Cultura para o Desenvolvimento Artesanal .................. 

1.3  ­ Design ...................................................................................................... 

1.4 ­ Relações entre Design e Artesanato ........................................................ 

2.  O Artesanato Aplicado na Produção de Instrumentos Musicais 

2.1 – Luthieria .................................................................................................... 

2.2 – Contrabaixo Acústico ................................................................................ 

2.3 – Luthier: Walter Rogério Gabriel (WGabriel) .............................................. 

3.  A Aplicação da Ergonomia na Construção do Contrabaixo Acústico Artesanal 

3.1 – Ergonomia do Design ............................................................................... 

3.2 – Ergonomia no Contrabaixo Acústico ........................................................ 

4.  Conceito de Criação .......................................................................................... 

Considerações Finais .............................................................................................. 

Referências ............................................................................................................. 

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Resumo 

A  ergonomia  é  uma  ciência  que  procura  adequar  da  melhor  maneira  os  objetos  às 

pessoas.  O  artesanato  não­tradicional  é  um  fazer  manual  e  criativo,  cujo  objetivo 

principal  é  a  comercialização.  Inclui­se  neste  tipo  de  artesanato  a  luthieria,  que  é  a 

construção  artesanal  de  instrumentos  musicais,  inclusive  do  contrabaixo  acústico, 

objeto desta pesquisa. Com base nisso, realizamos um levantamento bibliográfico para 

estabelecer as possíveis relações primeiramente entre artesanato e design, para num 

segundo  momento  discutirmos  questões  referentes  à  ergonomia  dos  objetos 

desenvolvidos pelos artesãos. Posteriormente pesquisamos sobre o trabalho do luthier 

para entendermos  como é  o  seu  processo  de  criação  e  produção, especialmente do 

contrabaixo acústico, conversando com um profissional com experiência neste tipo de 

instrumento. Pudemos perceber que a ergonomia é muito importante na construção do 

contrabaixo acústico,  bem como para a  construção  de qualquer  instrumento musical, 

devendo ser observada pelo artesão ou pelo designer que poderá fazer as intervenções 

necessárias. 

Palavras­chave: Ergonomia, artesanato, cultura, design, luthieria, contrabaixo acústico.

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Introdução 

Pretendemos com este estudo avaliar questões referentes à ergonomia aplicada 

na construção artesanal do contrabaixo acústico. 

Para  tanto,  buscamos  conceituar  e  estabelecer  relações  entre  design  e 

artesanato,  ressaltando a  importância da cultura para o  fazer  artesanal no capítulo 1. 

Tratamos  de  luthieria  e  das  características  do  contrabaixo  acústico,  além  de 

apresentarmos  o  luthier Walter Gabriel  e  um  pouco de  seu  trabalho no  capítulo  2. A 

questão  da  ergonomia  será  abordada  no  capítulo  3,  onde  além  de  relacionarmos  a 

ergonomia  ao  design,  buscamos essa  relação e aplicabilidade na produção artesanal 

do  contrabaixo  acústico.  Por  fim,  procuramos  demonstrar  a  questão  da  ergonomia 

aplicada no contrabaixo acústico artesanal, por meio de um site documental, conforme 

capítulo 4.

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1.  Artesanato e Design 

1.1 – Artesanato 

Artesanato é todo o trabalho manual em que pelo menos 80% da peça é obtida 

pela  transformação da matéria­prima pelo próprio artesão. “Este processo vai desde a 

obtenção da matéria­prima, domínio de técnicas de produção e do processo de trabalho 

até a comercialização do produto ao consumidor” (FRANÇA, 2005, p.10). 

O artesanato possui  características  domésticas e,  no  geral,  é valorizado pelo 

cunho pessoal de que se  revestem seus produtos,  elaborados à mão ou com auxílio 

de rudimentares instrumentos de trabalho. 

É comum  tratar artesanato como arte popular. Porém, o artesanato diferencia­ 

se  da  arte  popular  pelo  seu  caráter  comercial  em que  os  objetos  são produzidos  de 

maneira  repetitiva  com  pequenas  diferenças,  enquanto  a  arte  popular  é  exclusiva  e 

original. Para Barroso  (2001)  o artista  tem profundo compromisso com a originalidade 

enquanto para o artesão esta questão mera casualidade. 

Outra característica presente no artesanato é o seu valor utilitário, enquanto o 

produto da arte popular é muito mais contemplativo, fruto da expressão do artista. 

Artesanato  é,  portanto,  um  modo  de  produção  em  que  o  artesão  produz 

artefatos únicos ou em pequenas séries visando sua comercialização. O artesanato se 

aproxima muito mais da necessidade do que da arte pela arte. 

Os  primeiros  artesãos  surgiram no período neolítico e a  partir  do  século XI o 

artesanato ficou restrito a espaços conhecidos por oficinas onde os aprendizes viviam 

com  os  mestres  artesãos  e  em  troca  de  seu  trabalho  barato  recebiam  comida  e 

aprendizado.   Nessa época surgiram as primeiras Corporações de Ofício 1 . Com o fim 

das corporações depois da revolução francesa, as máquinas passaram a fazer parte da 

rotina  de  trabalho  do  homem  e  acreditou­se  neste  momento  que  o  trabalho  artesão 

estaria  condenado  ao  fim. No  entanto  a  produção  artesanal  sempre  se  fez  presente 

independentemente da industrialização. 

1 Associações que reuniam trabalhadores de acordo com seus interesses comuns de trabalho e defesa mútua.

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De acordo com Dormer (1995), no final do século XX há uma mudança no fazer 

artesanal,  especialmente nos artefatos de cerâmica,  tecelagem e marcenaria,  onde o 

ofício  deixou  de  ser  executado  pelas  classes  trabalhadoras  ou  pelos  artesãos 

tradicionais  e  se  tornou  uma  atividade  criativa,  realizada  também  pela  classe média, 

haja vista o elevado número de ateliês espalhados pelos grandes centros urbanos. 

1.2– A Importância da Cultura para o Desenvolvimento Artesanal 

É  impossível  falar  em  artesanato  sem  falar  em  cultura,  já  que  o  artesanato 

reflete  o  seu meio  cultural.  Em conformidade  com Aranha  (1989),  o  homem possui a 

capacidade de  transformar a natureza por meio de seu trabalho. O trabalho é a ação 

transformadora dirigida por finalidades conscientes, a partir da qual o homem responde 

aos desafios da natureza. 

A ação humana transformadora não é solitária, mas social. As necessidades do 

homem  são  satisfeitas  a  partir  de  condutas  sociais  consideradas  adequadas  em  um 

determinado momento e lugar. 

De acordo  com Santos  (1994), cultura é uma construção histórica e não algo 

natural decorrente de leis físicas ou biológicas. Para ele: 

[...] Cultura não é algo parado, estático... o fato de que as transições de uma  cultura  possam  ser  identificáveis  não  quer  dizer  que  não  se transformem, que não tenham sua dinâmica (SANTOS, 1994, p. 46). 

Portanto,  cultura  é  a  transformação  que  o  homem  exerce  sobre  a  natureza, 

mediante o trabalho, os instrumentos e as idéias utilizados nessa transformação e o ser 

humano se faz mediado por essa cultura, uma vez que o mundo cultural é um sistema 

de significados já estabelecidos por outros, e, ao nascer, o homem encontra um mundo 

de valores a serem aprendidos e apreendidos, como a língua, o jeito de falar, a maneira 

de comer, correr, etc. 

As  culturas  humanas  tendem  à  ritualização  e  à  repetição,  amparadas  na 

tradição e no  aprendizado,  ao mesmo  tempo em que  representam a possibilidade de 

mudança e adaptação.

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Nesse  contexto,  a  noção  de  trabalho  é  fundamental  para  o  entendimento  de 

cultura, pois além de um ato de transformação é um ato de liberdade, no sentido de que 

o homem transformando a natureza pode superar obstáculos. 

Seguindo  este  raciocínio,  e  entendendo  cultura  como  um  conjunto  de  idéias, 

crenças,  valores  e  artefatos  produzidos  pelo  homem,  fica  evidente  a  importância  da 

cultura para a produção artesanal, pois, o artesanato está diretamente ligado à cultura e 

mais que isso, inserido nela. 

Os artefatos produzidos pelo homem podem ter utilidade prática ou uma função 

simbólica, transmitindo informações sobre a sociedade a qual o indivíduo pertence. 

Estas  características  simbólicas  estão  presentes  principalmente  no  chamado 

artesanato  tradicional, que traz em sua produção uma carga muito  forte de identidade 

com suas origens. Este tipo de artesanato é conhecido também por artesanato étnico e 

além  das  características  que  o  identificam  culturalmente,  a  tradição  está  presente 

também no próprio fazer do artesão, onde as técnicas são transmitidas de geração em 

geração. 

Por  outro  lado,  há  o  artesanato  não­tradicional,  também  chamado  de 

contemporâneo, que se difere por ter um caráter mais comercial, ainda que o modo de 

fazer siga basicamente os mesmos padrões do artesanato tradicional. Nesse caso, os 

artefatos  produzidos  não  se  confundem  com  a  história  das  pessoas  e  a  motivação 

principal do artesão é a comercialização. 

1.3 – Design 

“Etimologicamente a palavra design  tem origem latina (designare), significando designar  e  também  desenhar  (CARDOSO,  2004,  p.  28).  Esta  dualidade  contida  em 

suas origens faz do design objeto de várias definições e centro de muita discussão. De 

acordo  com  Cardoso  (2004),  muitas  definições  sobre  o  assunto  concordam  que  o 

design  ”atribui  forma material  a  conceitos  intelectuais”.  Por  esse motivo,  o  campo  de 

atuação do design é universal, uma vez que sua teoria de projeto é aplicável a qualquer 

área do conhecimento, não se prendendo a apenas uma ciência, mas transitando por 

várias, dependendo do seu objeto de estudo.

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Segundo Barroso (2001), o design é uma atividade criativa que tem por objetivo 

determinar as múltiplas qualidades de um objeto, processo, serviço ou sistema em todo 

seu ciclo de vida. Deste modo o design é o fator central na humanização da tecnologia 

e fator crucial nos processos de intercâmbio cultural e econômico. 

O que basicamente diferencia design e artesanato é que o primeiro projeta um 

objeto  para  a  produção  industrializada  e  seriada,  sem  necessariamente  executá­lo, 

considerando os possíveis problemas e  intervenções necessárias, e o segundo cria o 

objeto e executa de forma manual, participando de cada etapa do processo produtivo. 

É  difícil  precisar  em  que  época  os  meios  mecânicos  foram  introduzidos  nos 

processos produtivos já que ocorreram em momentos distintos em diversas regiões. No 

entanto, mais fácil que precisar quando houve a separação entre projeto e execução é 

saber quando o termo designer foi usado pela primeira vez na história: na Inglaterra do 

século XIX, durante a Revolução Industrial. 

Segundo Cardoso (2004) os primeiros designers surgiram dentro das fábricas, 

evoluindo em suas funções como operários. Com o crescimento da industrialização e o 

desenvolvimento  da  tecnologia,  as  fábricas  tomaram  o  lugar  das  pequenas  oficinas, 

ainda numerosas, mas que representavam a minoria do volume do que era produzido. 

Assim, a indústria barateou os preços dos artefatos graças à divisão do trabalho 

realizado por operários sem qualificação, o que além de lucro garantia o controle sobre 

a mão­de­obra.  Não  havia  necessidade  de  empregar  grandes artesãos,  um designer 

podia projetar o que a mão­de­obra barata podia produzir em grande escala. 

No  final  do  século  XIX,  o  design  passa  a  projetar  a  cultura material  e  visual 

desencadeada  pela  entrada  da mulher  no mercado  de  trabalho  e  ao  redesenho  das 

casas  que  se  tornavam  cada  vez  mais  luxuosas  e  cheias  de  aparelhos 

eletrodomésticos. 

O design  do  período  entre­guerras  foi marcado pelas  influências artísticas do 

Futurismo, Cubismo, Construtivismo e Neo­Plasticismo, especialmente no que se refere 

ao design gráfico, e  pela  criação da Bauhaus, escola de design alemã que se tornou 

referência no ensino agregando propostas e idéias inovadoras. 

Porém o legado da Bauhaus para o design, segundo Cardoso (2004),  foi o de 

cristalizar  um  estilo  específico  chamado  alto  modernismo,  ou  seja,  a  idéia  de  que  a

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forma ideal de qualquer objeto deve ser determinada pela sua função, determinada por 

convenções esteticamente rígidas.  Diz ainda que: 

[...]  contrariando  as  raízes  no  movimento  de  artes  e  ofícios  e  a  sua prática  de  produção  manual  e  artesanal,  a  experiência  da  Bauhaus acabou  contribuindo  para  a  consolidação  de  uma  atitude  de antagonismo dos designers com relação à arte e ao artesanato. Apesar de ser uma escola cheia de artistas e artesãos acabaram prevalecendo aquelas  opiniões  que  buscavam  legitimar  o  design  ao  afastá­lo  da criatividade  individual  e  aproximá­lo  de  uma  pretensa  objetividade técnica e científica. (CARDOSO, 2004, p.120­121). 

Com o crescimento do consumo no século XX, especialmente no período pós­ 

guerra (a partir de 1950), é que o design se afirma como atividade para agregar valor a 

um determinado produto. 

No  Brasil,  as  primeiras  escolas  de  design  surgiram  na  década  de  60, 

primeiramente  com  a  criação  do  curso  de  desenho  industrial  da  Escola  Superior  de 

Desenho Industrial e posteriormente do curso de comunicação visual e design. 

Somente  nos anos  80 houve  incentivo da  indústria ao design  como  forma de 

agregar valor ao produto, e esta é a consciência que se tem atualmente do design: de 

união  de  valores  técnicos,  comerciais,  sentimentais  e  históricos,  de  beleza, 

funcionalidade e simplicidade. 

Consoante  Leal  (2005),  o  design  brasileiro  é  reconhecido mundialmente  pela 

sua  criatividade e valorização de nossa cultura, características presentes  também em 

nossos produtos artesanais,  que atualmente são bastante exportados para países de 

todo o mundo. 

1.4 – Relações entre Design e Artesanato 

O artesanato talvez seja uma semente do design devido a sua inventividade e 

qualidade reprodutiva. 

Em conformidade  com França  (2005), a  valorização do artesanato em  todo o 

mundo  trouxe à  tona a discussão de como o design poderia  intervir para promover o 

resgate do artesanato, abrindo novos mercados, sem desvinculá­lo de sua cultura.

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O  papel  do  design  nesse  sentido  é  o  de  redescobrir  o  fazer  artesanal, 

orientando,  identificando  diferenciais,  planejando  decisões  e  práticas  que  de  fato 

possam  contribuir  para  a  produção  e  comercialização  dos  produtos  artesanais  nos 

mercados nacionais e internacionais. 

Além desse caráter mercadológico, a contribuição do design para o artesanato 

pode  ser  a  de melhorar  o produto,  no  sentido de buscar novos desenhos ou mesmo 

falhas no processo de fabricação. Assim, a função do designer junto ao artesão é o de 

aperfeiçoar seus artefatos em todos os seus aspectos funcionais. 

A  produção  manual  a  que  nos  referimos  neste  contexto  é  uma  produção 

especializada,  feita  pelo  artesão  não­tradicional.  O  tipo  de  artefato  resultante  desta 

produção  é  um  objeto  desenvolvido  sob  encomenda  e  sob medida  para  um  público 

específico e exigente. 

A  personalização  de  produtos  é  algo  muito  atrativo  e  atualmente  em  alta, 

especialmente  nas  classes  sociais  mais  elevadas  onde  a  customização  e  a 

exclusividade são bem aceitas e almejadas. 

Esta  atividade  artesanal  proporciona  uma  alternativa  estética  e  técnica  aos 

produtos, dificilmente alcançadas por produtos similares, porém industrializados. 

Eis  aí  uma  questão  importante:  na  busca  da  personalização e  da  riqueza  de 

detalhes, muitos artesãos passaram a não ter a preocupação com sua função prática, 

apenas estética, ou ainda com questões relativas à ergonomia do produto cabendo ao 

designer investigar e propor soluções.

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2.   O Artesanato Aplicado na Produção de Instrumentos Musicais 

2.1 – Luthieria 

Luthieria  se  refere  à  arte  da  construção  e  da  manutenção  de  instrumentos 

musicais.  A origem do  termo  luthieria  é  bastante discutível, mas  a  teoria  de que  sua 

origem seja  francesa é bastante aceitável. Há quem diga ainda,  que o  termo vem do 

inglês  lute­maker  (fabricante de alaúde). Segundo Lima (on­line), a origem da  luthieria 

encontra­se na primeira versão dos instrumentos de corda, chamada de luth nos países 

da Europa Ocidental. “O artesão que construía o luth (ou liute) passou a chamar­se, na Itália, de liutaio. O liutaio pode ser chamado de violin maker (na Inglaterra), de luthier (na França) ou Geigenbauer (na Alemanha)”. 

Conta  a  história  que  no  fim  da  Renascença  e  início  do  Período  Barroco,  os 

grandes compositores e instrumentistas exigiam dos luthier a produção de instrumentos 

cada vez melhores e mais capazes de executar as composições que se tornavam cada 

vez mais complexas e difíceis. 

Neste período aparecem, em toda Europa, vários centros que concentravam a 

construção  artesanal  de  instrumentos  de  cordas.  Cada  centro  desenvolveu 

características  próprias  de métodos,  medidas,  estilos  e  ideal  de  sonoridade.  Surgem 

então as principais escolas de  luthieria, na Itália (Cremona, Veneza, Brescia, Nápoles, 

entre outros), na Alemanha, nos Países­Baixos (Bélgica, Holanda) e na França. A mais 

importante escola é sem dúvida a italiana, que deixou nomes como Stradivari, Guarneri, 

Guadagnini, Amati, Montagnana, entre outros. 

Porém, independentemente de suas origens é certo afirmar que a profissão de 

luthier  requer  muito  conhecimento,  técnica  e  sensibilidade,  pois  a  produção  de  um 

instrumento  musical  engloba  uma  série  de  detalhes,  como  a  preocupação  com  a 

madeira utilizada e a adaptação do material à umidade da região, fatores fundamentais 

para  o  sucesso  da  fabricação.  Por  esse  motivo,  o  luthier  tem  que  conhecer 

profundamente o  tipo de material com que trabalha e escolher a madeira correta para 

cada parte do instrumento.

Page 13: Monografia contrabaixo acustico

12 

2.2 – Contrabaixo Acústico 

Historicamente  existem  poucos  registros  da 

evolução  dos  instrumentos,  principalmente  dos 

instrumentos  de  arcos.  Isto  se  deve  ao  fato  de  que 

muitos  luthiers  não  tinham  interesse  em  divulgar  como 

fabricavam  os  instrumentos  e  guardavam  essas 

informações como segredos. 

Os  registros  mais  antigos  de  que  se  tem 

conhecimento são do século XIII, na segunda metade da 

Idade  Média.  Os  primeiros  exemplares  conhecidos  que 

apontam  o  nascimento  do  moderno  contrabaixo 

encontram­se vinculados à família das violas. E eles são 

divididos em dois grupos: as de braço e as de perna. 

Naquela  época,  usava­se  o  nome  Gige  para  denominar  tanto  a  rabeca, 

instrumento  de  origem  árabe  com  formato  parecido  com  o  alaúde,  quanto  o  guitar­ 

fiddle, espécie de violão com formato parecido com o do violino. Na Alemanha, a Gige 

referia­se também aos  instrumentos tocados com arco e eram classificados de acordo 

com sua sonoridade em grandes ou pequenos. 

Os registros históricos mostram que as músicas tocadas na época não exigiam 

um número grande de notas musicais e isso passou a mudar a partir do século XV. 

Muitos  compositores  da  época  reclamavam  dos  timbres  muito  agudos  dos 

baixos,  e  para  solucionar  este  problema,  os  construtores  de  instrumentos  realizaram 

alterações  em  suas  escalas,  a  fim  de  conseguir  atingir  notas  mais  graves,  sem,  no 

entanto causar grandes mudanças na estrutura destes instrumentos. 

Assim, surge o violone, que pode ser considerado o parente mais próximo do 

contrabaixo de orquestra. O violone era também conhecido por viola contrabaixo. Este 

instrumento  passou  então  a  ser  utilizado  para  a  obtenção  das  notas  mais  graves. 

Somente no século XVIII o contrabaixo adquire sua forma estrutural existente até hoje e 

se separa definitivamente da viola. 

Figura 1

Page 14: Monografia contrabaixo acustico

13 

O formato do contrabaixo acústico tem como padrão o formato semelhante aos 

violões, violinos, etc. No corpo (bojo), tem a parte de baixo que é a maior, onde ficam os 

sons  de  freqüência  baixa  (mais  grave),  no  meio,  onde  tem  as  curvas,  ficam  as 

freqüências médias, e na parte de cima as freqüências mais agudas. 

O contrabaixo é um instrumento raramente utilizado para uma interpretação de 

solo, cabendo a ele a  tarefa de dar suporte e reforço ao baixo da harmonia na região 

grave e complementar a harmonia. 

A  principal  característica  do  contrabaixo  é  sua  voz  forte,  possante,  grave  e 

profunda. Quanto à música e afinação, de acordo com Vasconcelos (2005): 

[...] Sua música é geralmente escrita na clave de FÁ, sendo a altura da nota emitida uma oitava abaixo da altura em que está escrita. É por esse motivo  um  instrumento  transpositor.  As  canoas  do  contrabaixo  são afinadas em quartas justas, e, quando não dedilhadas, produzem sons MI­1,  LÁ­1,  RÉ0  e  SOL0,  que  nas  partes  para  este  instrumento  estão escritas uma oitava acima (VASCONCELOS, 2005, p.87). 

As notas mais agudas do contrabaixo, assim como em  todos os  instrumentos 

de arco, são variáveis e dependem sempre do músico. A técnica do contrabaixo é muito 

parecida  com a do  violoncelo,  no entanto, o arco do  contrabaixo é mais curto e mais 

pesado e isso deve ser considerado para a composição da música. 

O contrabaixo acústico não possui muita variedade de timbres por se tratar de 

um instrumento com sonoridade surda nas cordas mais graves e uma sonoridade mais 

incisiva nas cordas mais agudas. 

Existem quatro tamanhos de contrabaixo acústico: 4/4, 3/4, 2/4 e 1/4, conforme 

demonstra  a  tabela  abaixo.  No  entanto,  as  medidas  aqui  apresentadas  não  são 

padronizadas e podem variar de acordo com cada desenvolvedor. 

REFERÊNCIA DE MEDIDAS COMUNS DOS CONTRABAIXOS ACÚSTICOS 

(em centímetros) 4/4  3/4  1/2  1/4 

A  Altura Total  189,99  181,86  166,88  155,96 

B  Altura do Corpo  116,08  111,00  102,11  95,00 

C  Comprimento do braço  109,98  104,90  96,52  89,92

Page 15: Monografia contrabaixo acustico

14 

D  Largura do Corpo (parte de cima)  54,10  51,56  47,50  43,94 

E  Largura do Corpo (parte de baixo)  68,07  65,02  59,94  55,63 

F  Inicio do Braço até a extremidade da Cabeça  78,49  74,93  69,09  64,01 

G  Largura da Cabeça  4,57  4,32  4,06  3,81 

De acordo com o luthier WGabriel, todo instrumento tem suas medidas e tudo é 

feito proporcionalmente para este instrumento. A diferença em relação aos tamanhos é 

a sonoridade, sendo que quanto maior o baixo, mais grave o som. 

Vale  ressaltar  que  o  tamanho  mais  utilizado  é  o  3/4,  reconhecido  como  um 

contrabaixo de tamanho regular. 

Uma  variação  na  maneira  de  tocar  o  contrabaixo  está  no  que  se  chama 

“pizzicato”,  onde  o  instrumento  é  tocado  sem o  arco,  apenas  com o  uso dos dedos, 

apresentando assim, uma sonoridade mais demorada e muito harmônica. 

O desenvolvimento da música popular  no  final  do  séc. XIX, principalmente no 

que  diz  respeito  ao  jazz,  inicia  a  introdução  do  contrabaixo  com  uma  inovação:  o 

instrumento  tocado  com  os  dedos  e  não  com  os  arcos,  a  fim  de  que  tivesse  uma 

marcação mais acentuada. 

O  jazz se populariza e durante  toda a primeira metade do  séc. XX, o  baixo é 

visto como um imenso instrumento oco de madeira usado para bases de intermináveis 

solos de sax. 

O domínio do grande contrabaixo acústico como única opção para a emissão 

de sons graves perdurou até o ano de 1951, ano em que foi inventado o primeiro baixo 

elétrico da história.

Page 16: Monografia contrabaixo acustico

15 

2.3 – Luthier: Walter Rogério Gabriel (WGabriel) 

Walter Rogério Gabriel é paulistano e 

trabalha como luthier profissional desde 1990. 

Porém, seu aprendizado vem de muito antes, 

aprendeu  o  ofício  com  seu  pai  que  foi  um 

grande construtor de violinos. 

De acordo  com o próprio  luthier,  foi  a 

necessidade  que  o  impulsionou  para  a 

realização  de  seu  trabalho  de  maneira 

profissional e hoje,  trabalha com dedicação e 

amor pelo que faz.   A observação sempre foi 

sua grande aliada e o  luthier está sempre em 

busca  de  novidades  para  se  manter  no 

mercado.  Procura  sempre  se  atualizar  e  experimentar  novas  idéias,  sem,  no  entanto 

fugir das tradições. 

Seu  ateliê,  localizado  em  Pinheiros,  São  Paulo,  um  verdadeiro  reduto  de 

músicos,  é  sempre  repleto  de  encomendas  de  instrumentos  variados,  fruto  de  uma 

carreira  vitoriosa  e  do  reconhecimento  entre  músicos  de  vários  gêneros  e 

nacionalidades.  Hoje,  renomados  contra­baixistas  brasileiros,  solos  ou  que 

acompanham  artistas  famosos,  utilizam  os  baixos  construídos  por  W.  Gabriel,  entre 

eles, Arthur Maia, Ricardo Gasparini  (Ira), Thiago do Espirito Santo (Yamandu Costa), 

Ximba  (Solo),  Ney  Conceição  (João  Bosco),  Sylvio  Mazzuca  Júnior  (Maria  Rita)  e 

também músicos  internacionais, como Roger Waters do Pink Floyd. 

Segundo WGabriel,  combinação  e escolha de madeiras adequadas,  segundo 

WGabriel,  é  o  grande  diferencial  do  instrumento  feito  por  um  artesão. A  escolha  das 

madeiras obedece a um critério: madeiras para o  tampo dos  instrumentos devem ser 

mais moles, porém resistentes, pois esta característica contribui para maior vibração. 

A madeira mais  utilizada  para o  tampo é o  pinho europeu. Para  o  fundo  são 

escolhidas madeiras mais  duras porque  nesta  região  a  vibração  deve  ser menor. Se 

esta  ordem  for  alterada,  a  qualidade  do  som  do  instrumento  fica  completamente 

Figura 2

Page 17: Monografia contrabaixo acustico

16 

comprometida. Segundo WGabriel, os músicos profissionais geralmente não entram em 

estúdio  com  instrumentos  industrializados,  e  sim com  instrumentos  feitos por  luthiers, 

pois há grandes diferenças na maneira de tocar, na afinação, no volume, e no timbre, 

além  do  conforto  proporcionado  por  um  instrumento  feito  sob  medida,  aspectos 

extremamente observados e cuidados pelos artesãos que primam pela perfeição. 

Para a produção de um contrabaixo acústico, são necessários pelo menos 

seis  meses,  por  se  tratar  de  um  trabalho  artesanal  e  a  produção  de  outros 

instrumentos concomitantemente. 

Na  explicação  do  luthier,  todo 

instrumento  tem  o  formato  de  uma 

concha (arredondado), e o seu desenho 

influencia  na  acústica,  no  som,  na 

vibração e na qualidade. 

O  contrabaixo  acústico,  por  ser 

grande,  tem  um  som  mais  grave,  pois 

vibra  muito  mais,  tem  muito  mais 

madeira  para  vibrar  e  a  sonoridade  é 

mais grave.   Este é o objetivo dele, sua 

função. O contrabaixo pertence à família 

dos  instrumentos de arcos e na mesma 

família estão também o violino, a viola, o 

violoncelo,  sendo  o  violino  o  que 

apresenta  som  mais  agudo,  a  viola 

apresenta som mais grave, seguida pelo violoncelo e o mais grave de todos que é o 

contrabaixo. A diferença entre eles consiste basicamente no tamanho. Quanto menor, 

menos  madeira  para  vibrar  e  conseqüentemente  mais  agudo  o  som  fica  e,  ao 

contrário,  quanto maior o  instrumento, mais madeira para vibrar e  o  resultado é um 

som mais grave. 

Figura 3

Page 18: Monografia contrabaixo acustico

17 

3.   A Aplicação da Ergonomia na Construção do Contrabaixo Acústico Artesanal 

3.1 – Ergonomia no Design 

O  termo ergonomia é derivado de duas palavras gregas:  "ergon", significando 

trabalho  e  "nomoi",  significando  leis  naturais.  A  ergonomia é  uma  ciência 

multidisciplinar, que  foca as necessidades humanas no design de produto, processos 

de trabalho e sistema tecnológicos,  tornando­as mais confortáveis e eficientes em seu 

uso. Para  isso,  são  considerados comportamentos  humanos  físicos  e  psicológicos, 

como peso, altura,  sentidos da visão, audição, temperaturas e outras. Devido a isso, a 

ergonomia é também conhecida como a engenharia dos fatores humanos. 

A  ergonomia  é  uma  ciência  que  busca  “sempre  a  melhor  adequação  ou 

adaptação possível do objeto aos seres vivos em geral  [...] mais particularmente, nas 

atividades e  tarefas humanas”  (GOMES FILHO, 2003,  p.17). Por estar muito  ligada à 

indústria e ao design, a primeira vista parece ser uma criação do mundo moderno, mas 

veremos que sua origem vem de muito antes disso. 

Iniciou­se  quando  o  homem  primitivo  criou  seus  primeiros  objetos  artesanais 

“para  garantir  sua  sobrevivência  (design  de  objetos  rudimentares,  como  armas, 

utensílios, moradias,  ferramentas, vestimentas, veículos, etc.)  fazendo uso apenas de 

sua  intuição  criativa  e  do  bom  senso”  (GOMES  FILHO,  2003,  p.17).  Nesse  período, 

onde os objetos eram fabricados artesanalmente, suas características físicas atendiam 

somente  a  sua  utilização,  iniciando­se  desta  maneira  os  princípios  da  ergonomia 

citados acima, quando mesmo de maneira rústica, esses eram pensados para facilitar 

seu manuseio. 

Com o inicio da industrialização em meados do século XVIII, surgiu o Desenho 

Industrial, onde entre outros objetivos, estava a criação de objetos funcionais em que “a 

simplicidade das formas e da maneira como funcionam se torna a fórmula: a eficiência 

máxima deve  ser  atingida  com o mínimo de presença”  (PAZ, on­line). Desta maneira 

vemos que o design sempre buscou na forma do objeto o menor esforço possível para 

sua utilização, de maneira que este quase se torne uma extensão do corpo do usuário, 

e só com a utilização de estudos ergonômicos para chegar a este objetivo.

Page 19: Monografia contrabaixo acustico

18 

No  período  da  Segunda  Guerra  Mundial,  houve  a  necessidade  de  que  os 

objetos  respondessem  o  mais  rápido  e  eficientemente  possível,  então,  grupos  de 

profissionais de diversas áreas organizaram­se para adaptarem melhor estes objetos à 

utilização do ser humano, em conformidade com Gomes Filho (2003): 

Esses  aparelhos  excediam  ou  não  se  adaptavam  às  características humanas,  ou  seja,  essas  equipes  se  organizavam  para,  entre  outros fatores,  adequarem  operacionalmente  equipamentos,  ambientes  e tarefas  aos  aspectos  neuropsicológicos  da  percepção  sensorial,  aos limites  da  memória,  atenção  e  processamento  de  informações,  á capacidade  fisiológica de esforço, adaptação  ao  frio  ou ao calor e de resistência às mudanças de pressão, temperatura e biorritmo (GOMES FILHO, 2003, p. 68). 

Com o fim da Segunda Guerra Mundial os estudos dessa nova tecnologia foram 

difundidos e aplicados em praticamente todos os ramos da indústria. 

3.2 – Ergonomia no Contrabaixo Acústico 

O design do contrabaixo acústico tem sua evolução ergonômica muito ligada ao 

desenvolvimento  de  outros  instrumentos mais  antigos  da  sua  família  como  o  violino, 

onde: 

[...]  Sua  concepção  e  fabricação  tem  sido  de  responsabilidade  de mestres artesões talentosos que utilizavam, criativa e intuitivamente, os métodos e processos do próprio design e os princípios e procedimentos ergonômicos de adaptação do objeto ao homem (GOMES FILHO, 2003, p.102). 

A ergonomia é questão muito observada e presente no trabalho de artesãos de 

instrumentos  musicais.    De  acordo  com  o  luthier  WGabriel,  considerando  que  o 

contrabaixo é uma ferramenta de trabalho para o músico, o trabalho do artesão é tentar 

através  do  design,  construir  um  instrumento  bem  acabado,  com  qualidade  sonora  e 

confortável, sem no entanto alterar sua mecânica. 

Ainda segundo WGabriel, o luthier trabalha respeitando a anatomia particular de 

cada músico, experimentando sua maneira de “abraçar” o instrumento, observando as 

medidas de sua mão, buscando sempre o conforto.

Page 20: Monografia contrabaixo acustico

19 

A dimensão  física do  trabalho  do músico é  facilmente observável e  se  revela 

por  meio  das  posturas  assumidas  quando  da  execução  do  instrumento,  do  esforço 

muscular  exigido  incluindo  a  sustentação  estática  dos  instrumentos,  as  torções  de 

tronco, os ângulos das articulações, a posição de punhos e cotovelos. 

Na  construção  artesanal  de  um  instrumento,  o  músico  pode  sempre  opinar 

quantos aos seus gostos particulares e preferências e, na medida do possível o luthier 

tenta  fazer  as  alterações.  Isso  porque  existem  questões  de  ordem  técnica  que  não 

podem ser escolhidas pelo músico e quem avalia é o artesão. 

O tamanho da mão do músico é fundamental para a questão do conforto e por 

esse motivo ela é sempre medida. As medidas do braço, o acabamento da madeira e a 

regulagem  das  cordas  são  fatores  importantes,  considerando  a  força  aplicada  nas 

cordas e a mão que faz os acordes. Vale dizer que contrabaixos feitos para mulheres 

têm sempre o braço mais fino. 

Observamos aqui algumas relações entre os processos de fabricação industrial 

e artesanal desse instrumento.  O design do projeto industrial segue a racionalidade. A 

ergonomia é focada no resultado acústico e na usabilidade deste por parte do usuário. 

Porém,  esta  ergonomia  é  pensada  em  um  público  genérico  diferenciando­se  de  um 

projeto artesanal que não necessariamente precisa seguir está racionalidade. 

Em alguns aspectos o artesanato pode até se assemelhar à arte, quando gera 

símbolos  e  significados,  despertando  sentidos,  criando  valor  de  unicidade  ao  objeto. 

Desta maneira queremos dizer que no projeto artesanal, o artesão tem a  liberdade de 

adaptar  o  instrumento  ergonomicamente  às  características  do  usuário,  isso  é  claro 

dependendo do intere­se deste.

Page 21: Monografia contrabaixo acustico

20 

4.   Conceito de Criação 

O  site  documental  consistirá  em  uma  peça  interativa  na  qual  contaremos  a 

história,  curiosidades  e  o  desenvolvimento  artesanal  do  contrabaixo  acústico, 

relacionando a questão da ergonomia à atividade do designer. 

Para atingirmos estes objetivos, utilizaremos a pesquisa teórica e o depoimento 

do luthier WGabriel. 

O site será construído em tabless, o que demonstra nossa preocupação com a 

acessibilidade.

Page 22: Monografia contrabaixo acustico

21 

Considerações Finais 

A luthieria é um trabalho artesanal importante para o meio artístico porque busca 

personalizar  os  instrumentos  musicais,  adequando­os  às  particularidades  de  cada 

músico. 

O contrabaixo acústico é um  instrumento grande, se considerarmos o  tamanho 

mais utilizado que é o 3/4, e por esse motivo alguns aspectos referentes à ergonomia 

podem  ser  avaliados,  como  por  exemplo,  a medida da mão em  relação  ao  braço  do 

instrumento. 

Percebemos que o artesão, quando da construção de um contrabaixo, observa 

tais aspectos, no sentido de fazer pequenas, porém eficientes alterações buscando um 

melhor conforto ao músico e que, portanto, a questão da ergonomia é fundamental para 

a realização de seu trabalho. 

O  trabalho  do  designer  neste  sentido  deve  ser  o  de  observar  estas  questões 

relacionadas à ergonomia, auxiliando o trabalho do artesão.

Page 23: Monografia contrabaixo acustico

22 

Referências 

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1989. 

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Pernambuco, Recife, 2005. 

DORMER,  Peter.  Os  Significados  do  Design  Moderno  ­  A  Caminho  do  Século  XXI. Porto: Centro Português de Design, 1995. 

FRANÇA, Rosa Alice.  Design  e  Artesanato:  uma proposta social. Revista Design em Foco, Bahia, v.2, n.2, p.9­15, jul.­dez. 2005. 

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LEAL, Jolce Joppert. Um breve olhar sobre o design brasileiro. Revista da ESPM. São 

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SANTOS,  José  Luiz  dos.  O  que  é  Cultura.  13.ed.  São  Paulo:  Brasiliense,  1994. (Primeiros Passos). 

VASCONCELOS,  José.  Acústica  Musical  e  Organologia.  Porto  Alegre:  Movimento, 2002. 

BARROSO,  N.  Eduardo.  Design  no  Artesanato.  2001.  Disponível  em  < 

http://www.eduardobarroso.com.br/design_artesanato.htm> Acesso em: 20 ago. 2007.

Page 24: Monografia contrabaixo acustico

23 

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Imagens: 

Figura 1: Contrabaixo Acústico. Disponível em: 

http://www.meloteca.com/imagens/instrumentarium/contrabaixo.jpg Acesso em:  08  set. 

2007. 

Figura 2: Luthier Walter Gabriel. Imagem feita pelo grupo. 

Figura  3:  Luthier  Walter  Gabriel  em  seu  ateliê  com  contrabaixo  acústico  de  sua 

fabricação. Imagem feita pelo grupo.