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UNIVERSIDADE
E D U A R D O
MONDLANE
FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO RURAL
O PAPEL DA EXTENSÃO RURAL NO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO: O CASO DE
ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO MANGUIZA NO DISTRITO DE BOANE
AUTOR: TELES FAIFE SABÃO
Maputo, Setembro, de 2018
ii
UNIVERSIDADE
E D U A R D O
MONDLANE
FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO RURAL
O PAPEL DA EXTENSÃO RURAL NO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO: O CASO DE
ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO MANGUIZA NO DISTRITO DE BOANE
Autor : Teles Faife Sabão
Supervisor: Prof. Doutor Castilho Mussa Amilai
Maputo, Setembro de 2018
Dissertação de Mestrado apresentado ao
programa de Pós graduação em
Desenvolvimento Agrário, da Faculdade de
Agronomia e Engenharia Florestal da
Universidade Eduardo Mondlane, como parte
dos requisitos necessários para obtenção do
título de Mestre em Desenvolvimento Rural
iii
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Teles Faife Sabão, declaro por minha honra que esta dissertação nunca foi apresentada, na sua
essência, para a obtenção de qualquer grau académico e que ela constitui o resultado da minha
investigação pessoal, estando indicado no texto e na bibliografia as fontes que utilizei.
Maputo, Setembro de 2018
___________________________
Teles Faife Sabão
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a memória dos meus pais João Sabão e Amélia Faife,
À Olga António Inguane minha esposa e,
À Imerson, Mário, Teles Júnior e Lindiwe meus filhos.
v
AGRADECIMENTOS
Este trabalho realizou-se graças a várias instituições e pessoas singulares que directa ou
indirectamente deram o seu contributo, pelo que, aqui, deixo o meu reconhecimento.
Sinceros agradecimentos e gratidão vão para o meu Supervisor, o Professor Doutor Castilho
Mussa Amilai, que de forma paciente, sábia e dedicada soube orientar e acompanhar a elaboração
desta dissertação, dando os conselhos e comentários sempre que fosse necessário.
Importa destacar o Professor Doutor Roland Brouwer que prestou o seu apoio incondicional no
início da elaboração desta tese.
A todos docentes da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal que me prestaram o seu
apoio.
Um agradecimento especial vai para a minha esposa Olga António Inguane e o professor Doutor
Jacob Israel Maswangane que sempre insistiram para que concluísse com o nível de mestrado.
Aos Mestres Félix Langa e Milton Marcelino Inguane que prestaram ajuda no trabalho, sem
esquecer do Dr. Faquira António e engenheiro Lúcio que, incansavelmente, ajudaram para a
concretização desta dissertação sem nenhum condicionalismo.
A administração do distrito de Boane e todo o corpo técnico administrativo.
Aos Serviços Distritais de actividades Económicas de Boane especialmente os extensionistas
Fabião José Machava e Sara.
A todos que, de alguma forma, contribuíram com sugestões, incentivos e críticas o meu muito
obrigado.
vi
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE HONRA ................................................................................................. iii
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ iv
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... v
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ viii
LISTAS DE GRÁFICOS .......................................................................................................... ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................ x
RESUMO .................................................................................................................................. xi
CAPÍTULO I .............................................................................................................................. 1
I. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
1.1 O Problema de Estudo .......................................................................................................... 3
1.2. Objectivo Geral ................................................................................................................... 5
1.2.1 Objectivos Específicos ....................................................................................................... 5
CAPÍTULO II ............................................................................................................................. 6
II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 6
2.1 Conceitos .............................................................................................................................. 6
2.2 Tecnologia ............................................................................................................................ 9
2.3 Sistemas Agrários ............................................................................................................... 13
2.4 A Extensão Rural e a inovação dos sistemas de produção ................................................. 16
2.4.1 Métodos de extensão ....................................................................................................... 16
CAPÍTULO III ......................................................................................................................... 19
III ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................... 19
3.1. Província de Maputo ......................................................................................................... 19
3.2 Distrito de Boane ................................................................................................................ 19
3.2.1 Clima e hidrografia .......................................................................................................... 20
3.2.2 Solos ................................................................................................................................ 21
3.2.3 Agricultura ....................................................................................................................... 22
3.2.4 Economia ......................................................................................................................... 23
vii
CAPÍTULO IV ......................................................................................................................... 25
IV- METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ......................................................................... 25
4.1. Recolha de dados ............................................................................................................... 25
4.2. Instrumentos e técnica de recolha de dados ..................................................................... 25
4.3. Amostragem ...................................................................................................................... 26
4.3.1. Análise de dados .............................................................................................................. 26
4.3.2 Limitações do estudo ...................................................................................................... 27
CAPÍTULO V .......................................................................................................................... 28
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 28
5.1 Resultados e discussão de características demográficas .................................................... 28
5.2 Técnicas de produção de culturas ....................................................................................... 32
CAPÍTULO VI ......................................................................................................................... 41
VI. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .......................................................................... 41
VII. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................................. 45
VIII. ANEXOS ......................................................................................................................... 52
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização do distrito de Boane na província de Maputo ............................................... 20
Figura 2. Solo do vale do rio Umbelúzi ........................................................................................... 22
Figura 3. Formas de transporte dos produtos ................................................................................... 39
Figura 4 - Venda se produtos ao ar livre .......................................................................................... 40
ix
LISTAS DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Membros da Associação Manguiza sexo ..................................................................... 28
Gráfico 2 - Escolaridade dos membros ........................................................................................... 29
Gráfico 3 - Actividades praticada por membros .............................................................................. 30
Gráfico 4 - Predominância das culturas ........................................................................................... 31
Gráfico 5- Inovações introduzidas pelos extensionistas ................................................................... 33
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
EP1 Ensino Primário do Primeiro Grau da (1ª a 5ª ) classe
EP2 Ensino Primário do Segundo Grau da (6ª a 7ª ) classe
ESG1 Ensino Secundário Geral do 1º Ciclo (8ª a 10ª ) classe
ESG2 Ensino Secundário Geral do 2º Ciclo (11ªa 12ª ) classe
MAE Ministério de Administração Estatal
MINAG Ministério de Agricultura
DINAGECA Direcção Nacional de Geografia e Cadastro
P.A. Posto Administrativo
GATV Gabinete de Atendimento e Testagem Voluntaria
COV Crianças Órfãs Vulneráveis
FDD Fundo do Desenvolvimento Distrital
FDA Fundo de Desenvolvimento Agrário
HIV-SIDA Vírus de Sindroma de Imunodeficiência Adquirida
PIB Produto Interno Bruto
CDR Campo de Demonstração de Resultados
PITTA Programa Integrado de Tecnologia Agrária
SDAE Serviços Distritais de Actividades Económicas
INE Instituto Nacional de Estatística
T&V Treinamento e Visita
PROAGRI Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário
MINAG Ministério de Agricultura
MPF Ministério de Plano e Finanças
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PAPA Plano de Acção de Produção Agrária Estratégica de Revolução Verde
ONG Organização Não Governamental
PT Posto de transformação de energia
UPS Unidade de produção agrária
ADSA Análise diagnostico de um Sistema Agrário
xi
RESUMO
Este trabalho é o resultado de um estudo sobre o papel da extensão rural no desenvolvimento
agrário em Boane, o caso da associação Manguiza, e teve como objectivo geral: Compreender os
mecanismos da introdução de inovações no sistema agrário e teve como objectivos específicos, (i)
identificar as tecnologias que descrevem os sistemas de produção no Distrito de Boane,
especificamente na associação Manguiza (ii) Identificar o papel da extensão rural na
configuração dos sistemas de produção dos agricultores.
A colecta de dados de campo passou por duas fases. A primeira foi em 2006, quando o trabalho de investigação foi iniciado. A segunda foi em 2016, quando se fez uma primeira análise dos dados colhidos em face às grandes mudanças ocorridas durante o período intermédio.
A entrevista semi-estruturada foi o instrumento usado na recolha de dados cujo objectivo foi de obter informações e dados detalhado, incluindo a recolha das diversas variáveis, foi conduzida pelo pesquisador procurando abranger a todos os membros da associação Manguiza cujo guião se mostra nos anexos 1. Igualmente a observação directa serviu de meio para a recolha de dados, e para a obtenção dos resultados usamos a revisão bibliográfica e documental e uma pesquisa do campo.
A amostra foi dirigida tomando em consideração que as condições de produção são mais ou menos uniformes (população mais ou menos homogénea em termos de culturas produzidas, rendimentos agrícolas similares, sistemas de produção idênticos). Foram entrevistados 55 produtores familiares, dos 62 membros que compõem a associação
Para analise e sistematização de dados, houve a necessidade de codificação das respostas e
registadas num banco de dados, em tabelas, mesmo variáveis fornecidas de uma forma aberta ou
qualitativa, usando o pacote estatístico SPSS que permitiu a ilustração de gráficos para facilitar a
leitura e compreensão.
Há grandes diferenças entre o antes e depois da intervenção dos extensionistas no uso das novas
tecnologias no sistema de produção. O papel do extensionista mostra-se importante para o
desenvolvimento agrário. Comparando-se o antes e o depois da assistência técnica dos
extensionistas nota-se diferenças. Em suma considera-se que a extensão contribui para o
desenvolvimento agrícola na associação de Manguiza.
Notam-se algumas limitações decorrentes do período de pesquisa, recursos financeiros, mudança
de supervisor e mudança de local de trabalho do autor da pesquisa.
Palavras chaves : Extensão Rural, Sistemas Agrários, extensionista, Agricultura.
1
CAPÍTULO I
I. INTRODUÇÃO
Moçambique usufrui de condições naturais excepcionais assentes na diversificação da base
natural de recursos e na sua posição geográfica, que lhe dá acesso quer por mar quer por
terra, à mercados regionais e internacionais e condições para o desenvolvimento da produção
agrária diversificada. Contudo, o aproveitamento destas vantagens, está condicionado a
outros factores exógenos ao sector agrário, como: vias de comunicação, rede de
comercialização, transporte e carga, infra-estruturas e serviços essenciais de apoio à produção
agrária.
Melhorar a tecnologia e a capacidade de gestão dos recursos dos produtores é fundamental no
processo de alívio à pobreza e crescimento económico. O papel fundamental de um serviço
de extensão é facilitar a troca de ideias e partilha de conhecimentos e desencadear o processo
de disseminação através introdução de novas tecnologias, desenvolvidas ou pelo sistema de
investigação ou por produtores, testando e adaptando as mensagens num processo
participativo com os produtores, nas suas machambas.
A produção agrária é levada a cabo por dois principais sectores de produção designadamente
o sector familiar e o empresarial, sendo que o sector familiar explora cerca de 90% da área
actualmente cultivada, representando um grande potencial produtor (Mafavisse e Clemente,
2012).
Este trabalho aborda questões ligadas ao papel da extensão rural nos sistemas de produção
dos agricultores da associação Manguiza, em Boane.
Em Moçambique, a agricultura é dividida em dois grandes grupos: Agricultura comercial que
corresponde aos sectores estatal, cooperativo, privado e misto e agricultura do sector familiar
(Billing, 1990).
Na ausência do desenvolvimento tecnológico a terra é a principal fonte de riqueza na
economia familiar (Araújo e Schuh, 1977).
2
Em muitos países, o desenvolvimento da agricultura tem por objectivo o aumento da
produção para fazer face aos problemas do rápido crescimento da população e da
incapacidade financeira para a importação de alimentos de que necessitam. Com vista a
reduzir os constrangimentos de recursos, as mais atractivas opções de produção nesses países
são aquelas que usam de forma mais eficiente a terra, a força do trabalho e o capital
empregue na agricultura (Van den Ban & Hawkins, 1999).
A tecnologia faz parte dos sistemas de produção e esta pode ser incorporada nos mesmos por
diferentes meios e formas. Uma das formas de introdução de tecnologias nos sistemas de
produção é através da extensão rural.
3
1.1 O Problema de Estudo
O desenvolvimento rural ocupa um lugar de destaque das agendas sobre o desenvolvimento
económico e social do País, pois mais de setenta por cento da população vive no meio rural.
A pobreza está, de alguma forma, associada ao fraco desenvolvimento da agricultura.
Diversas actividades tem sido levadas a cabo em todo o território nacional, quer pelo Estado,
quer pelo sector privado, organizações da sociedade civil, comunidades rurais e outros
actores, visando o desenvolvimento (MPD/DNEEAP, 2010).
Aqui em Moçambique, a agricultura emprega mais de 80% da população. Contudo, esta
actividade económica contribui com cerca de 40% do Produto Interno Bruto e cerca de 60%
da receita das exportações (PROAGRI,2004).
O crescimento da produção agrícola posterior ao Acordo Geral de Paz assinado em 1992,
ainda que pequeno, foi responsável pela redução da pobreza que caiu de 69% em 1996/1997,
para cerca de 50% nos anos 2002 e 2003 (INE,2006). Mesmo assim, na última década, esse
persistente fraco desempenho da agricultura em Moçambique foi considerado um dos
principais entraves para a redução da pobreza. Nos anos 2008 e 2009, 55% da população
vivia abaixo da linha nacional da pobreza, mostrando que, em média, esses índices
mantiveram -se nos últimos anos (MPD/DNEEAP, 2010).
Uma das formas preconizadas no âmbito do crescimento económico em países com um
grande peso do sector rural é o desenvolvimento. A adaptação de novas tecnologias agrícolas
susceptíveis de serem adoptadas pelos produtores agrários. A referida adopção pode resultar
num aumento da receita dos produtores, numa diminuição do preço real dos produtos
agrícolas para os consumidores, numa redução da pobreza rural, num aumento de eficiência
económica e do crescimento da economia nacional. Portanto, em muitos países a
especificação, desenvolvimento, adaptação verificação e adopção pelo agricultor de novas
tecnologias agrícolas tornou-se elemento fundamental da estratégia de desenvolvimento rural
(Johnson & Kellogg, 1991).
O objectivo final da extensão agrícola é a elevação gradual das formas organizativas de
produção dos agricultores, aumentando permanentemente a produtividade do trabalho, a
produção e os rendimentos. A melhoria da economia camponesa e a sua gradual integração
na economia nacional é um dos principais objectivos ( Mosca,2010).
4
As famílias dispõem de uma série de recursos de terra, florestas e força de trabalho e de
conhecimentos de como aproveitar estes recursos. As comunidades rurais também dispõem
de outros recursos que são aproveitados para solucionar problemas colectivos que superam o
alcance de seus membros individuais. Estes conhecimentos locais continuam a ser
importantíssimos em garantir a sobrevivência e bem-estar da população rural. Entretanto, o
ambiente rural está a mudar, a pressão demográfica aumenta, a fertilidade dos solos diminui,
o clima continua a variar. Além destas mudanças, a economia rural está em expansão e é
preciso ter uma visão das futuras necessidades de informação onde cada vez mais produtores
produzem principalmente para o mercado (Mosca, 2010).
A extensão agrária a componente do programa que disponibiliza informações úteis aos
produtores e estimula a troca de informações entre eles relativamente a novas opções
tecnológicas e organizacionais dos mesmos. A aplicação destes novos conhecimentos
permitirá maximizar o aproveitamento dos recursos disponíveis aos produtores e, em
consequência, aumentar a produção e produtividade agrária e o rendimento dos mesmos
(MINAG:2007).
A importância da agricultura para o país pode ser resumida em dois aspectos fundamentais: o
primeiro como fonte de alimentação da população e o segundo como base para a contribuição
do desenvolvimento da economia nacional, através da exportação de culturas de mercado.
Tendo em conta que o grosso da população moçambicana vive na zona rural e está ligado ao
sector agrário, equivale a dizer que actividade agrícola de subsistência ou de mercado
constitui um imenso potencial de postos de trabalho para a população rural (MINAG,1995).
É neste contexto que surge o presente no sentido de identificar e compreender os mecanismos
da introdução de inovações no sistema agrário em Boane.
5
Assim, estudou-se a associação de Manguiza com os seguintes objectivos:
1.2. Objectivo Geral
• Compreender os mecanismos da introdução de inovações nos sistemas agrários.
1.2.1 Objectivos Específicos
• Identificar as tecnologias que descrevem os sistemas de produção em Boane.
• Identificar o papel da Extensão Rural na configuração dos Sistemas de Produção dos
agricultores.
6
CAPÍTULO II
II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Conceitos
Falar de extensão é falar de uma área muito vasta com variados conceitos e significados.
De acordo com o Peixoto (2009) é difícil conceituar o termo Extensão Rural devido à sua
multiplicidade de objectivos e da diversidade dos meios para se atingir em seus objectivos.
Não há um conceito único e universalmente aceite do que seja extensão rural, existindo na
verdade uma evolução e variação do conceito, à medida que ao longo dos tempos mudam
nos princípios e estratégias de acção nos diversos países. Neste contexto de diversidade
alguns autores apresentam as seguintes definições:
''A extensão rural é um sistema dinâmico de métodos educativos, utilizados de modo não
formal e extra curricular, para capacitar adultos e jovens nas técnicas agropecuárias, para
desenvolverem liderança acção em grupo, organização comunitária, visando elevar as
condições socioeconómicas e culturais das populações rurais'' ( Almeida,1989).
EMBRATER (1984) entende por extensão rural, um processo educativo com o objectivo de
contribuir para o aumento da produção e da produtividade, da renda e da qualidade de vida
das famílias rurais, sem causar danos ao meio ambiente.
A extensão rural '' é um processo contínuo de transmissão de informações úteis à população
(dimensão comunicativa) e sucessivamente de assistência a esta população na aquisição dos
conhecimentos, capacidades e atitudes necessário para utilizar eficazmente essa informação
ou tecnologia'' ( Swanson,1991).
Freire (1983), extensão significa estender, transferir conhecimento e técnicas à um mundo
cultural alheio, ou seja, transmitir a população rural conhecimentos e habilidades sobre
práticas agrícolas reconhecidas como importantes e necessárias para a melhoria da
produtividade.
7
Segundo Hawkins (1994) a extensão rural é um sistema de ensino apostado na difusão de
conhecimentos à comunidade rural. Assim sendo, ela pode usar várias estratégias como por
exemplo:
• Extensão formativa, visa resolver os problemas de uma maneira interactiva e
considerável em que os clientes sejam capazes de resolver por si mesmos os seus
problemas;
• Extensão agrícola, é o principal vector da penetração de novas tecnologias no mundo
rural de modo a garantir uma significância nas inovações agrícolas e,
• Extensão persuasiva, não muito diferente da extensão informativa está subordinada a
sensibilização dos indivíduos e da comunidade em geral, a tomarem determinadas
atitudes perante uma certa situação (Hawkins, 1994).
A (FAO, 1973) define extensão rural como um serviço ou sistema que ajuda as populações
rurais, através do processo educativo, a melhorar os seus métodos e técnicas de produção
agrícola, melhorando a eficiência da população e das receitas, os seus níveis de vida e elevar
os padrões socioculturais no meio rural.
''O inicio do serviço de extensão foi uma resposta à industrialização crescente; a necessidade
em incrementar o fornecimento de matérias- prima de origem vegetal e animal, sendo por
isso a agricultura convocada a intensificar a sua produção. Durante esse período ocorreu um
incremento genético com o surgimento de novas sementes, e novas raças de animais. O
aumento da produtividade envolvia a aprendizagem de novas técnicas, o que levou a criação
da extensão para ensinar como melhorar os métodos de trabalho dos agricultores. Estas
experiencias foram implementadas por outros países, por escolas de agricultura,
Universidades ou instituições de pesquisa'' ( Luchetti,2003).
Muder (1973) citado por Swanson (1991) refere que a extensão rural é um serviço ou sistema
que ajuda a população rural através de processos educativos a melhorar os métodos e técnicas
agrícolas com vista a aumentar a eficiência da produção e as receitas, a melhorar os seus
níveis de vida e elevar os padrões sociais e culturais da vida rural.
8
A Extensão é organizada de diferentes maneiras de acordo com os objectivos que se
pretendem alcançar. Extensão Rural tem segundo as seguintes concepções: Voorlichting que
significa " iluminar o horizonte"; para ajudar as pessoas a encontrar o caminho; os alemães e
ingleses usam o termo beratung que significa " dar conselhos"; os austríacos falam em
forderung que significa "estimulação"; os franceses dizem vulgarization ressalvando a
necessidade de "simplificar a mensagem em beneficio do homem vulgar "; os espanhóis usam
capacitacion para mostrar a intenção de melhorar as "habilidades pessoais" pelo treinamento
(Van Den Ban, 1996).
9
2.2 Tecnologia
Existem vários modelos de introdução de tecnologias, uns com maior impacto no grau de
adopção pelos camponeses e outros com maior impacto. São exemplos destes modelos a
transferência de tecnologias, ensaios nas machambas e a investigação participativa. Todos
estes modelos diferem no grau de envolvimento dos camponeses no processo da introdução
de novas tecnologias (Mutimba, 1997).
A transferência de tecnologias é baseada nos pressupostos de que existe um fluxo de
informação científica e tecnologias prontas a serem transferidas dos investigadores para os
camponeses. Os investigadores determinam as prioridades de investigação, o desenho
experimental e desenvolvem as tecnologias em condições controladas na estação de
investigação, e só depois disso estas são disseminadas aos camponeses pelos extensionistas
(Farrington e Martin, 1987).
Nos ensaios nas machambas, os investigadores desenvolvem tecnologias nas estações de
investigação, e quando atingem o potencial desejado estas são depois testadas nas
machambas antes de serem recomendadas aos camponeses. Neste modelo, os investigadores
procuram testar as novas tecnologias sob condições diferentes das estações de investigação.
Os camponeses limitam-se a oferecer mão-de-obra e terra. Por vezes, são consideradas
algumas observações dos camponeses relacionada com a nova tecnologia (Mutimba, 1997).
A investigação participativa surge para gerar inovações aos camponeses com recursos
escassos e em áreas marginais, e a necessidade de fazer o uso de conhecimentos locais dos
camponeses no desenvolvimento de novas tecnologias. O investigador é visto como um
simples consultor, enquanto o camponês faz a gestão de todo o processo (Mutimba, 1997).
Algumas inovações podem ser originadas pelas estações de investigação e outras pelos
próprios agricultores. Geralmente as inovações são classificadas em duas categorias,
inovações técnicas agrícolas e sociais. As inovações agrícolas podem ser simples práticas
agrícolas até às complexas.
As inovações sociais podem ser as mudanças de âmbito social organização de trabalho,
metodologias, etc. (Adams 1984).
10
Algumas inovações são adoptadas com maior facilidades do que as outras. As relativamente
mais simples e compatíveis com a experiência do agricultor são usualmente adoptadas com
maior rapidez do que as complicadas (Adams, 1984).
De acordo com o modelo difusionista proposto por Rogers e Shoemaker (1990), a difusão de
inovações é o processo pelo qual as inovações são comunicadas aos membros de um sistema
social. De acordo com estes autores, o processo da difusão compreende cinco etapas
nomeadamente:
• Conhecimento – esta é a etapa na qual o agricultor simplesmente toma conhecimento
da nova ideia. Talvez somente conheça o seu nome, desconhece maiores detalhes.
Não sabe de que se trata; ignora suas qualidades intrínsecas, só sabendo que ela
existe.
• Interesse - nesta etapa o indivíduo se torna interessado na ideia. Procura obter
informação sobre os factos relativos à ideia.
• Avaliação – nesta etapa o individuo aplica mentalmente a nova ideia à sua situação
presente, antecipa os resultados futuros, pesa os prós e contras, as diferentes
alternativas, e decide se deve ou não experimentar a ideia.
• Ensaio ou experiência – nesta etapa o agricultor deseja testar a ideia. Quer ter a
oportunidade de experimentá-la a seu modo e em suas condições. Mesmo que as
universidades, estações experimentais e outros possam evidenciar a vantagem da
prática, sem dúvida o agricultor quer fazer sua experiência em pequena escala.
• Adopção esta é a etapa final do processo mental. Pode ocorrer de formas diferentes:
a) - Uso da ideia em grande escala;
b) – Uso continuado da ideia;
c) – Satisfação com a ideia.
(Rogers, 1968).
Segundo Rogers, 1968, para o caso de adopção de culturas vegetais, a implementação da
decisão requer, consideravelmente, conhecimentos adicionais e decisões sobre como fazer
11
crescer seus vegetais mais efectivamente. Neste caso e outros, não se está lidando com a
adopção de uma inovação, mas com um grupo de inovações que têm que ser adaptadas a
uma situação especifica na qual serão usadas.
A adopção de uma inovação resulta de um processo de formação de decisão que os
agricultores seguem. O processo de formação de decisão que a investigação do processo da
difusão pode seguir, de forma a obter melhores resultados, é identificado pelos seguintes
estágios (Van den Ban & Hawkins, 1988):
a) Percepção do problema. Avaliação da presente situação;
b) Verificação da situação desejada (definição de objectivos);
c) Avaliação/diagnóstico do problema;
d) Formulação de soluções alternativas;
e) Avaliação dos resultados esperados das alternativas;
f) Escolha de uma alternativa ou experiência com algumas alternativas;
g) Implementação da alternativa escolhida e
h) Avaliação.
O processo de adopção não só é afectado pelos aspectos técnicos da inovação, como também
pelos aspectos sociais e pela personalidade do adoptante ( Rogers ,1983). Os agricultores
pobres dificilmente tomam a decisão de adopção sem uma ajuda externa. Muitas vezes, a
mensagem difundida é distorcida pelo tempo que leva a alcançar o agricultor pobre.
As pessoas podem ser classificadas nas seguintes categorias, de acordo com a rapidez ou
lentidão com que aceitam as novas ideias (Roger, 1983):
a) Inovadores aceitam imediatamente; normalmente são camponeses independentes; possuem
uma renda mais alta; machambas maiores; têm um estatuto social mais elevado e são mais
activos; têm um nível educacional elevado e, geralmente, são mais jovens;
b) Adoptantes precoces (líderes formais) adoptam práticas provadas. Eles dispõem de
recursos; têm estatuto social elevado; são socialmente activos; têm nível educacional mais
elevado que a maioria; acesso à meios de comunicação (jornais, revistas, rádio) e podem
exercer maior influência que os inovadores;
12
c) Maioria precoce (líderes informais) só adopta depois que estão seguros da viabilidade da
prática. Têm estatuto social e económico representativo dos grupos a que pertencem; poucos
contactos fora da comunidade; suas machambas são ligeiramente maiores que a média da
comunidade; são importantes no processo de difusão porque a maioria somente adopta depois
que eles o fazem;
d) Adoptantes tardios constituem a maioria. Seguem os líderes informais. Têm um estatuto
social médio; mostram pequena participação nas actividades da comunidade; não apreciam
associações; têm nível educacional mais baixo; contactos reduzidos fora das comunidades;
machambas geralmente menores que a média; geralmente são mais idosos e,
e) Não adoptadores nunca adoptam. Têm estatuto social mais baixo e nível educacional mais
baixo; Geralmente, não participam nas organizações das comunidades; têm muitas
superstições; possuem menores machambas e menores rendas. Frequentemente são as
pessoas mais idosas da comunidade.
13
2.3 Sistemas Agrários
Um sistema seria ''Um complexo de elementos em interacção'' (Bertalanffy,1976).
Um sistema"é um objecto complexo, de estrutura global, formado por componentes distintos em interacção mútua e dinâmica, ligados entre si por certo número de relações e organizados em função de um objectivo '' ( Rosnay,1975),
Spedding, citado por Mettrick (1994.), um sistema" consiste em certo número de componentes que interagem, que operam conjuntamente para alcançar um propósito comum, e capaz de reagir como um todo aos estímulos externos."
Estas definições permitem identificar alguns pressupostos fundamentais que perfazem a abordagem sistémica (DURAND, 1990).
Vissac (1979), citado por Mettrick (1994), o sistema agrário é definido pela associação das
produções e das técnicas colocadas em prática por uma sociedade com vistas a satisfazer suas
necessidades. Este contexto exprime a interacção entre o sistema biotecnológico representado
pelo meio natural e um sistema sociocultural, por intermédio das práticas adquiridas
principalmente da experiência e do saber técnico.
O conceito de sistema agrário '' é o mais apto a restituir à região o seu conjunto e a sua
dinâmica. A pertinência do conceito como ferramenta de desenvolvimento está na sua visão
globalizante. Um dos principais objectivos do diagnóstico de um sistema agrário é propor
uma hierarquia das dificuldades do desenvolvimento'' ( Maigrot & Poux,1991).
Roudart e Mazoyer (1986) apresentam a definição de sistema agrário mais actual, completa e
ampla no âmbito das ciências agrárias. Segundo estes autores, um sistema agrário é um
modo de exploração de meio historicamente constituído e durável, um conjunto de forças de
produção adaptado às condições bioclimáticas de um espaço definido e que responde às
condições e necessidades sociais de momento. Pode definir-se um sistema agrário como
sendo a combinação das seguintes variáveis essenciais:
• O meio cultivado;
• Os instrumentos de produção (materiais e força de trabalho);
• O modo de articulação do meio;
• A divisão social do trabalho entre agricultura, artesanato e indústria;
14
• Os excedentes agrícolas e as relações de troca com outros actores sociais;
• As relações de força e de propriedade que regem a repartição do produto do trabalho;
• dos factores de produção e dos bens de consumo;
• O conjunto de ideias e instituições que permitem assegura a reprodução social.
A teoria dos sistemas agrários
A teoria dos sistemas agrários disponibiliza os elementos teóricos capazes de apreender a
complexidade de cada forma de agricultura e de perceber, em grandes linhas, as
transformações históricas e a diferenciação geográfica das diferentes formas de agricultura
implementadas pela humanidade. Para compreender o que é um sistema agrário é preciso, em
princípio, distinguir de um lado, a agricultura tal qual é efectivamente praticada o que
constitui um objecto real de conhecimento, e por outro lado, o que o observador pensa desse
objecto real e o que diz sobre ele, o que forma um conjunto de conhecimentos abstractos, que
podem ser metodicamente elaborados para constituírem um verdadeiro objecto concebido, ou
objecto teórico de conhecimento e de reflexão ( Mazoyer e Roudart,1986).
A operacionalização do conceito de sistema agrário
A operacionalização do conceito de sistemas agrários no estudo de uma realidade agrária ou de uma forma de agricultura é realizada basicamente através da realização de um diagnóstico de sistema agrários, também chamado"análise - diagnóstico de um sistema agrário"(ADSA). Para a realização de um diagnóstico de um sistema agrário, recomenda-se observar, com cuidado e atenção, alguns princípios, tais como:
• analisar as condições de implementação de inovações num determinado meio rural através do estudo e da experimentação das condições de apropriação dessas inovações pelos grupos sociais locais;
• ter em conta as relações sociais, as contradições e limitações dos grupos sociais; • buscar a participação, ao lado dos técnicos e pesquisadores, dos produtores e
agricultores envolvidos; • buscar a concepção e elaboração de inovações socialmente apropriadas, ecológica e
economicamente adaptadas às condições reais das actividades produtivas.
Para GRET(1984), BROSSIER(1987) e JOUVE(1992) os principais objectivos de um
15
de sistemas agrários são:
• detectar os principais factores e condições limitantes da produção agrícola, hierarquizá-los, pesquisar e experimentar localmente as propostas de solução;
• verificar as condições de apropriação das inovações propostas e as condições para as difundir para maior número de agricultores e produtores rurais;
• realimentar a pesquisa fundamental, fornecendo um diagnóstico pertinente e realista do meio rural em questão;
• permitir a capacitação e o aperfeiçoamento de pesquisadores, técnicos, agricultores e produtores rurais e,
• subsidiar a concepção e a implantação de políticas e programas de desenvolvimento rural de abrangência local, regional ou nacional.
São as seguintes as principais etapas de um diagnóstico de sistemas agrários, para GRET(1984), JOUVE(1992), MONDAIN-MONVAL(1993) e DUFUMIER(2007)
ZONEAMENTO REGIONAL: Consiste na identificação do espaço geográfico no
qual os elementos do tipo ecológico e do tipo antrópico se articulam entre si de forma
organizada e finalizada. O espaço geográfico deve ser necessariamente definido e delimitado
de maneira clara e precisa pelo pesquisador. Essa delimitação do espaço geográfico é uma
"Construção" progressiva, segundo a necessidade e o interesse do pesquisador. Igualmente,
proceder-se á caracterização do espaço geográfico e é uma descrição das diferentes
"Paisagens Agrárias" e suas características fundamentais do ponto de vista
geomorfopedológico, natural e humano.
Caracterização da evolução e diferenciação dos sistemas agrários: Consiste na
reconstituição da evolução e diferenciação dos sistemas agrários que se sucederam no espaço
e no tempo no espaço geográfico em estudo. Essa reconstituição, além da utilização de
informações qualitativas, deve fazer uso, dentro do possível, de" variáveis socioeconómicas e
produtivas" que apresentem informações relevantes acerca de agricultura e do mundo rural.
Nesse sentido, deve-se ter o cuidado de buscar explicitar as causas e factores
desencadeadores surgimento, apogeu, declínio e decadência dos diferentes sistemas agrários
que se sucederam ao longo da história agrária.
16
2.4 A Extensão Rural e a inovação dos sistemas de produção
A principal responsabilidade do pessoal extensionista é a educação. Existe um número
significativo de métodos e técnicas de ensino comprovados, que o extensionista pode
escolher para criar situações educativas e maximizar a transferência de informações e
capacidades ao grupo alvo. Uma vez definidas as necessidades de uma zona ou comunidade,
cabe aos trabalhadores extensionistas seleccionar os métodos de ensino mais eficazes para a
consecução dos seus objectivos ( Kang e Song, 1993).
Antes de seleccionar um método de ensino, devem ser tidos em conta os seguintes aspectos
(Kang e Song, 1993):
• Nenhum método é em si melhor que qualquer outro. O extensionista deve escolher as
técnicas mais adequadas à situação;
• Devem ser usados vários métodos na realização do programa;
• A experiência adquirida no trabalho de extensão demonstra que quantas mais forem as
formas em que se apresenta nova a informação, mais rapidamente o indivíduo aprende
e;
• Aconselha-se o uso de material visual e escrito sempre que possível, o que pode
reforçara eficácia da própria extensão ( Lairid, 1972).
2.4.1 Métodos de extensão
De acordo com Van Den Ban (1996) existem vários métodos de extensão tais como:
• Visita ao campo e ao domicílio - este método implica um encontro individual
com o agricultor ou trabalhador agrícola no campo ou em sua casa;
• Visitas e consultas ao serviço de extensão este método tem a ver com as visitas
feitas por beneficiários ao serviço de extensão, procurando informação e apoio;
17
• Contactos informais - são os encontros não estruturados planeados com
beneficiários num ambiente informal, o que facilita a criação de laços pessoais, a
discussão de problemas e a recomendação de soluções;
• O agricultor modelo este método implica a identificação de um agricultor cujos
métodos de cultivo e atitudes pessoais sejam tão superiores que a sua exploração
agrícola pode servir de exemplo para os outros seguintes;
• A bandeira de campo – esta técnica tem a ver com uma técnica de comunicação
individual a utilizar quando os agricultores ou famílias rurais não estão em casa ou
nos campos a quando da visita do extensionista. Este método funciona da seguinte
maneira: um extensionista visita uma exploração agrícola para ajudar o agricultor
a detectar doenças das plantas ou insectos daninhos num determinado campo. Os
resultados do exame da cultura e recomendações para o tratamento se houver, são
escritas e colocadas numa bolsa numa bandeira de vinil vermelho atada a um pau
ou um arame fino. Existem, portanto métodos individuais, de grupo e de massa.
Os métodos de ensino de grupo são mais frequentemente usado no trabalho de extensão, do
que os individuais. Isto não é surpreendente, pois, utilizando técnicas de grupo, um
extensionista pode chegar a mais pessoas do que poderia se utilizasse apenas técnicas
individuais. Este é um factor importante quando se tem falta de tempo e também de pessoal.
Os métodos de grupo são particularmente eficazes para persuadir os beneficiários a
experimentar uma nova ideia ou prática. Uma decisão de grupo no sentido de experimentar
uma nova prática terá, provavelmente, maior peso que uma decisão individual nesse sentido
(Kang e Song, 1993).
Entre os exemplos de métodos abordados estão a demonstração de métodos, a demonstração
de resultados, as jornadas de campo e as viagens de estudo. Também se abordam os
concursos, que são importantes nos programas orientados para a juventude (Kang e Song,
1993).
As sessões de esclarecimento e inovação constituem outro grupo importante de técnicas de
grupo. Os tipos de sessões abordados incluem a palestra tradicional, o painel, o simpósio, nos
18
quais o público, em geral, tem um papel passivo, ouvindo um ou mais oradores. Apesar deste
tipo de sessão poder apresentar uma grande quantidade de informações aos beneficiários, a
aprendizagem é, por vezes, dificultada pelo aborrecimento ou falta de participação do
público.
19
CAPÍTULO III
III ÁREA DE ESTUDO
3.1. Província de Maputo
O estudo centrou-se na província de Maputo distrito de Boane, que se localiza na zona sul de
Moçambique.
A província do Maputo está dividida em nove distritos nomeadamente:
Boane, Magude, Manhiça, Marracuene, Matutuine, Moamba, Namaacha e Matola. Em
termos de municípios ela apresenta quatro que são os seguintes:
Matola, Manhiça, Namaacha e Boane.
A província do Maputo é a mais meridional de Moçambique, tendo uma área de 22.693Km2
com densidade de 96.2 Km2 e uma população de 2.507.098 habitantes, (Censo de 2017).
A sua capital é a Cidade da Matola, situada a cerca de 10 Km a oeste da Cidade do Maputo.
Faz limite, à norte com a província de Gaza, à leste com o Oceano Índico, à sul com a
província sul-africana do Kwazulu-Natal e à oeste com a Suazilândia e a província sul-
africana de Mpumalanga.
A província é dirigida por um Governador Provincial nomeado pelo Presidente da República.
3.2 Distrito de Boane
O Distrito de Boane está localizado a sudoeste da província de Maputo, sendo limitado a
norte pelo distrito de Moamba, a Sul e Sudoeste pelo Distrito da Namaacha, e a Oeste pela
Cidade da Matola e pelo distrito de Matutuine (MAE, 2014).
Boane foi elevado a categoria de distrito de1ª classe em Abril de 1987 pelo decreto-lei nº
8/87 e a sua Sede, localizada a 30 km da cidade do Maputo foi elevada a Vila pela resolução
nº 9/87 de 25 de Abril do conselho de Ministros, (MAE, 2014)
20
Figura 1. Localização do distrito de Boane na província de Maputo
Fonte: MAE( 2014)
Com uma superfície de 806 km2 e uma população estimada em 210.498 mil habitantes em
2017. Com uma densidade populacional aproximada de 166 hab/km2, prevê -se que o distrito
em 2020 venha atingir os 190 mil habitantes. (MAE, 2014).
A relação de dependência económica potencial é de aproximadamente 1:1.2, isto é por cada
10 crianças e anciões existem 12 pessoas em idade activa. (MAE, 2014).
A população é jovem situando-se nos 42%, com idade de 15 anos abaixo, maioritariamente
feminina (taxa de masculinidade de 47%) e de matriz urbana e semi-urbana com a taxa de
urbanização de 23% (MAE, 2014).
3.2.1 Clima e hidrografia
O clima da região é sub-húmido e com deficiência de chuva na estação fria, caracterizado por
alternância entre as condições secas, induzidas pela alta pressão sub-continental e as incursões
de ventos húmidos do oceano. Vagas de frio podem trazer tempestades violentas e chuvas
torrenciais de curta duração, ( MAE, 2014).
21
A temperatura média é de 23.70c verificando-se que os meses mais frios são os de Junho e
Julho e os mais quentes de Janeiro e Fevereiro. A amplitude térmica anual é de 8.80c (MAE,
2014).
A humidade relativa média anual é de 80.5%, variando de um valor máximo de 86% em Julho
a um mínimo de 73,5% em Novembro. A pluviosidade média anual é de 752 mm variando
entre os valores médios de 563,6 mm para o período húmido e os 43,6mm no período seco. O
período húmido estende-se de Novembro a Março e o período seco vai de Abril a Outubro
(MAE, 2014).
O Distrito é propenso à ciclones, depressões, secas e cheias. Entre os já ocorridos são de
salientar:
• as grandes secas nos anos de 1983,1990 e 1991;
• as cheias de grande relevo em 1984 e 2000, (MAE, 2014).
Os cursos de água do distrito de Boane pertencem às bacias hidrográficas dos rios Umbelúzi,
Tembe e Matola. O distrito é ainda atravessado pelos rios Movene e Nwlate, de regime
periódico (afluentes do rio Umbelúzi). Destes o mais importante é o rio Umbelúzi, que nasce
na Suazilândia e após 70 km de percurso, desemboca no Estuário do Espírito Santo, onde
também têm a sua foz os rios Matola e Tembe, ( MAE, 2014).
O Rio Umbelúzi é a fonte de água potável das Cidades de Maputo e Matola. Com o crescente
aumento da população, a quantidade de água tornou-se cada vez mais escassa pelo que se
necessitam a construção da barragem dos Pequenos Libombos, que se integra numa estratégia
de utilização dos recursos naturais e de aproveitamento das potencialidades da região, (MAE,
2014).
3.2.2 Solos
O distrito de Boane apresenta três grandes grupos de solos que são: (1) solos fluviais de alta
fertilidade que abundam principalmente ao longo das margens dos rios Tembe e Umbeluzi,
concretamente nos bairros de Belo Horizonte, Campoane, 25 de Setembro e Jossias
Tongogara. (2) Solos arenosos de fertilidade muito baixa e com baixa retenção de água,
ocupando grande parte do Distrito e, (3) solos argilosos vermelhos que ocupam uma
proporção espacial intermédia entre os dois tipos de solos anteriormente apresentados,
22
particularmente nos bairros Mavoco, Rádio Marconi, Filipe Samuel Magaia, Massaca I e II e
Mahanhane, (DINAGECA, 1997).
O vale do Rio Umbelúzi possui solos com potencial agrícola e pecuário, que são explorados
por agricultores do sector privado e familiar.
Existe no distrito uma diferença notável entre as zonas em relação à segurança alimentar. A
zona sul, mais estável é coberta pela rede de rios, beneficia de regadios e húmidas baixas e
apta para hortícolas, bananas e citrinos. Em contrapartida, a zona Norte (Posto
Administrativo da Matola-Rio), o potencial existente é mais apropriado para os cajueiros e
avicultura.
A região é, por natureza, dominada em parte por rochas basálticas, e em outra parte, por
sedimentos recentes do Rio Umbelúzi, por conseguinte solos basálticos e solos derivados de
Mananga, ( INIA,1993). Figura 2. Solo do vale do rio Umbelúzi
Fonte: SDAE:( 2014)
3.2.3 Agricultura
O Distrito apresenta uma aptidão agro-ecológica que vai de alta à moderada para prática da
agricultura de sequeiro bem como de regadio, embora pelas mesmas características se possa
perceber ainda que é possível adaptar parte significativa dessas mesmas áreas em agro-
pecuárias. A actividade pecuária a nível distrital é complementar a agricultura. Dedica-se a
23
mais a produção de animais de pequeno a médio porte. Isto pode ser sustentado por outro
lado pela fraca existência de infra-estruturas pecuárias no terreno.
Os últimos dados sobre o uso da terra datam de 2006 ( SDAE 2007). De acordo com estes
dados, o sector agrário ocupa uma área total de 43 200ha, dos quais 20 000 ha pertencem ao
sector familiar disperso, correspondente a um total de 13 300 camponeses, onde cada família
tem, em média, 1.4 ha, e os restantes fazem parte do sector privado. Para além da agricultura
de sequeiro praticada maioritariamente pelo sector familiar, existem áreas com potencial de
irrigação (5 000 ha), sendo que a área irrigada actual é de 1 730 ha. O sector agro-comercial
ocupa um total de 7000 ha e os 15000 ha são destinada a pastagem privada e comunitária,
(SDAE, 2007).
De acordo com a mesma fonte, as principais culturas alimentares praticadas são: o milho, a
mandioca, os feijões, o amendoim, o repolho e o tomate. De entre estas culturas, a mais
praticada é o milho, numa área de produção total de 15.682 ha, o que corresponde a 56% da
área de produção agrícola total no distrito sendo ocupada, maioritariamente, pelo sector
familiar que produz em regime de sequeiro.
As principais culturas de rendimento praticadas no Distrito são: as hortícolas ( repolho, feijão
verde, tomate, etc.), a batata-reno, a banana e os citrinos.
O sector familiar disperso produz culturas tolerantes a seca como: o milho, a mandioca, o
feijão-nhemba e o amendoim. A cultura do milho é praticada pelo maior número de famílias
do Distrito.
3.2.4 Economia
A partir dos finais da década 90, o distrito de Boane registou grandes projectos de impacto
nacional sendo referência de grande destaque a construção da Indústria de Fundição de
Alumínio Mozal, pólo de atracção de outras empresas e industriais, nacionais e estrangeiras,
que têm afluído ao Parque Industrial de Beluluane.
Adicionalmente, a auto-estrada Maputo-Witbank (na África do Sul) que atravessa o Posto
Administrativo da Matola-Rio, é um contributo importante para o desenvolvimento da região
e, que como consequência, contribui para a redução do desemprego, ( MAE; 2014).
24
A agricultura é a base da economia distrital, tendo como principais culturas as hortícolas, o
milho, a mandioca, o feijão, a banana e os citrinos. As espécies de animais predominantes são
bovinos, ovinos e aves destinados para o consumo familiar e comercialização, ( MAE; 2014).
A recuperar dos efeitos das cheias do ano 2000, o sector agrícola familiar está em expansão e
as explorações privadas, que ocupam uma parte significativa das terras férteis, e absorvem
cerca de metade da mão-de-obra assalariada do distrito, ( MAE, 2014).
Com base nos dados da organização “ Médicos sem fronteira” estima-se que a média de
reservas alimentares de cereais e mandioca, por agregado familiar, corresponde a cerca de 3
meses, admitindo-se que 5% da população está em situação potencialmente vulnerável, o que
afecta sobretudo os camponeses com menos posse, principalmente idosos e famílias chefiadas
por mulheres. Esta situação pode ser atenuada pelo facto de a zona beneficiar de uma
razoável integração regional de mercados, bem como acesso à actividades geradoras de
rendimento, nomeadamente o emprego na Cidade de Maputo e nas minas da África do Sul, (
MAE; 2014.)
O Rio Incomate é o principal recurso hídrico que favorece a prática da actividade pesqueira e
agro-pecuária, ( MAE,2014).
O distrito conta com seis jazigos de areias e pedreira, fontes importantes para
aprovisionamento do sector de construção da província e cidade de Maputo ( SDAE,2006 ).
No conjunto do distrito existem, ainda um total de outras 211unidades industriais, sendo137
no posto administrativo de Boane e 74 no posto administrativo da Matola rio ( MAE, 201).
A proximidade de Maputo e dos países vizinhos da Suazilândia e da África do Sul, contribui
para uma actividade comercial bastante activa no distrito de Boane.
O comércio, sobretudo informal e de fronteira, ocupa 36% da população activa de 22% das
mulheres economicamente activas, na sua maioria das zonas urbanas e semi-urbanas do
distrito, ( MAE,2014).
25
CAPÍTULO IV
IV- METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
4.1. Recolha de dados
O presente trabalho iniciou com uma revisão bibliográfica, seguida da recolha de dados secundários. posteriormente, realizou-se o trabalho de campo para a colecta de dados.
A colecta de dados de campo passou por duas fases. A primeira foi em 2006, quando o trabalho de investigação foi iniciado. A segunda foi em 2016, quando se fez uma primeira análise dos dados colhidos em face às grandes mudanças ocorridas durante o período intermédio: a degradação da agricultura na zona e a venda de terrenos para construção. Os primeiros sub-capítulos fazem parte de dados secundários, com o seu enforque nas abordagens da extensão rural, a agricultura e a vida dos residentes de Manguiza.
4.2. Instrumentos e técnica de recolha de dados
A entrevista semi-estruturada foi o instrumento usado na recolha de dados empíricos cujo objectivo foi de obter informações e dados detalhado, incluindo a recolha das diversas variáveis onde foram consideradas as seguintes categorias:
• Variáveis agroecológicas: os dados relacionam-se com clima, solo, humidade;
• Variáveis sociais: idade, nível académico;
• Variáveis económicas: rendimentos, preços, bens disponíveis,
• Variáveis psicológicas: opinião das pessoas e,
• Variáveis agronómicas: culturas desenvolvidas.
A entrevista semi-estruturada foi conduzida pelo pesquisador procurando abranger a todos os
membros da associação Manguiza cujo guião se mostra nos anexos 1. Igualmente a
observação directa serviu de meio para a recolha de dados.
A opção pela entrevista semi-estruturada foi por ela permitir que o inquérito o inquérito
tenha alguma liberdade para desenvolver as respostas segundo a direcção que se considera
adequada, ( Quivy e Campenhoudt,1992).
26
A observação é o método de investigação mais frequente utilizado em ciências sociais como sendo a base do caso de estudo, ( Bisqueira,1989).
4.3. Amostragem
Trata-se de uma amostra dirigida tomando em consideração que as condições de produção
são mais ou menos uniformes (população mais ou menos homogénea em termos de culturas
produzidas, rendimentos agrícolas similares, sistemas de produção idênticos). Foram
entrevistados 55 produtores familiares, dos 62 membros que compõem a associação, sendo
que os restantes 7 não se apresentavam na associação há já algum tempo.
4.3.1. Análise de dados
Para analisar os dados, houve a necessidade de codificação das respostas e registadas num
banco de dados, em tabelas. Mesmo variáveis fornecidas de uma forma aberta ou qualitativa,
como por exemplo, atitudes e opiniões, estas foram convertidas em um conjunto de códigos
limitados para um propósito estatístico e de apresentação, conforme o recomendado por
Portela (1978).
A análise e o processamento dos dados foram feitos através da estatística descritiva para
ciências sociais usando o programa estatístico SPSS descrito por Pestana e Gageiro, ( 2000 ).
27
4.3.2 Limitações do estudo
Notam-se algumas limitações decorrentes do período de pesquisa, recursos financeiros,
mudança de supervisor e mudança de local de trabalho do autor da pesquisa.
O estudo foi feito somente num distrito, mas a ideia inicial era fazê-lo em três distritos
sendo um por cada zona ( sul, centro e norte) mas que por falta de condições financeiras
para suportar os custos optou-se por fazer num único distrito por ser de fácil acesso e de um
potencial elevado em matéria de desenvolvimento agrário.
Durante um longo período, o primeiro supervisor andou fora do país o que de certa maneira
fez com que o trabalho parasse. Este supervisor acabaria por ficar posteriormente
incomunicável, sendo por isso substituído por outro supervisor.
A transferência do autor para fora de Maputo, em missão de serviço também contribuiu
sobremaneira para que o trabalho não continuasse visto que o mesmo se encontrava numa
zona sem acesso à internet para dialogar e trocar impressões com o Supervisor.
28
CAPÍTULO V
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Resultados e discussão de características demográficas Gráfico 1 - Membros da Associação Manguiza sexo
Fonte: Pesquisa, (2018).
O gráfico indica os membros da associação dos agricultores de Manguiza. A associação é
composta por 62 membros, sendo 48 mulheres e 14 homens. Nesta associação foram
entrevistados 55 agricultores sendo 14 homens o equivalente a 25,4 % e 41 mulheres
correspondente a 74,5 %. A associação Manguiza ocupa uma área de 18 hectares.
Como podemos ver a maior parte dos membros da associação é composta por mulheres que
desempenham esta actividade agrícola que é a base para a sua sobrevivência.
29
Gráfico 2 - Escolaridade dos membros
Fonte: Pesquisa, (2018).
No concernente ao nível de escolaridade 30,9% dos membros são analfabetos, não sabem
ler nem escrever, existindo alguns que nem sequer sabem dizer a sua idade. Outros 65,5%
têm o nível de escolaridade que varia desde a primeira a quinta classe.
Deste universo de 55 agricultores somente dois tem o nível secundário sendo um deles com
o nível académico da 10ᵃ classe e o outro com o nível académico de 12ᵃ classe o que
representa 1,8 % para cada um deles.
30
Gráfico 3 - Actividades praticada por membros
Fonte: Pesquisa, (2018). Dos membros da associação, 96,4% pratica somente a agricultura e 3.6% é que pratica
agricultura e pesca simultaneamente sendo o rio que passam de Boane um impulso que
propicia ambas actividades.
Com uma percentagem de 100% os agricultores têm acesso à água através do sistema de
rega instalado na associação, sendo que todos agricultores praticam as suas actividades
agrícola no regadio e no sequeiro.
31
Gráfico 4 - Predominância das culturas
Fonte: Pesquisa, (2018). No respeitante às cultura praticadas, soube-se que a couve é a cultura mais produzida 34,5%
seguida da alface com 21.8% , o repolho e cebola com 16.4% , o tomate com 3.6% e as
restantes culturas com uma produção em pequena escala, nomeadamente a cenoura,
beterraba, pepino e pimento com uma produção de 1.8%.
De referir que estas culturas são produzidas no regadio, enquanto no sequeiro as culturas
produzidas são o milho, a mandioca, o feijão-nhemba e amendoim com maior destaque para o
milho.
Salientar-se que os agricultores preocupam-se mais com a produção no regadio
comparativamente ao sequeiro argumentando que no regadio produzem durante época do
ano enquanto no sequeiro estão dependentes da chuva que é imprevisível e, por
conseguinte muito arriscado investir no sequeiro. Apesar disso, nunca deixam de praticar a
32
agricultura no sequeiro porque também constitui a fonte de rendimento e para a sua
sobrevivência.
100% dos agricultores dizem ter aprendido e tido contacto com tecnologias através da
assistência dos extensionistas. Afirmaram todos os entrevistados existirem grandes
diferenças nas formas de produzir no antes e após a intervenção dos programas de extensão
em termos de tecnologias.
5.2 Técnicas de produção de culturas
A cultura de milho tem um enorme potencial em Boane.
De acordo com os entrevistados antes da assistência dos extensionistas, a agricultura era
praticada de forma não devidamente organizada isto é sem se seguir determinadas normas
técnicas.
Após a assistência dos extensionistas, a agricultura passou a ser planificada e organizada da
melhor forma, verificando-se recursos existentes antes de começar com a actividade agrícola
de modo a conseguir e suprir com todas despesas ao longo de todo o processo de produção e
que engloba as seguintes fases:
• Preparação do solo;
• Sementeira;
• Adubação;
• Rega;
• Colheita;
• Transporte;
• Comercialização.
Instrumentos de produção
Antes da assistência dos extensionistas a terra era preparada usando a enxada de cabo curto,
catanas, machado, e charrua por alguns agricultores.
33
Actualmente usa-se a enxada de cabo longo, catana, machado, tractor, charrua mecânica,
grade, capinadeira, multicultivadora.
Com o uso de tractor, o trabalho fica muito facilitado e rápido para limpar a terra em pouco
tempo e sem maior esforço.
Gráfico 5 - Inovações introduzidas pelos extensionistas
Fonte: Pesquisa, (2018).
Após a intervenção dos extensionistas, mudanças ocorreram e, de acordo com os
entrevistados, 32.7% dos membros da associação afirmaram que ocorreu mudanças no
sistema de rega, ultimamente usa-se o gota-a-gota, 27.3% afirmaram que ocorreram na
adubação, 23.6 % foram unânimes em afirmar que a forma de semear mudou, 10.9%
afirmaram que as mudanças verificaram se na forma de preparar o solo, enquanto que a
34
colheita, transporte e, a comercialização corresponde a 1.8% respectivamente os que
afirmaram ter havido mudanças.
Sementeira
Antes da intervenção dos extensionistas, a sementeira era feita de uma forma diferente e
comumente se usava a semente local.
A sementeira não era feita em linha e nem se aplicavam compassos adequados por exemplo,
na sementeira de milho. Lançava-se num covacho 4 a 6 grãos de milho de uma única vez,
porque achava se que algumas sementes não poderiam germinar, e se germinassem toda, as
plantas cresciam atrofiadas interferindo assim na produção. A sementeira era feita em
consociação de culturas.
Actualmente a sementeira é feita de uma forma organizada e as sementes usadas são
sementes exóticas ou melhoradas. A sementeira é feita em linha e observa se o compasso,
não havendo predominância de consociação de culturas.
Na sementeira do milho lançam-se num covacho 1 a 2 grãos para permitir que o milho
depois de germinar cresça livremente proporcionando assim uma melhor produção.
Adubação na produção de hortícolas
A adubação consistia em espalhar todo o adubo no solo. Este sistema propiciava o
crescimento de todo tipo de ervas daninhas. Havia um duplo desperdício de adubo e
tratamento exorbitante da erva e injestantes incrementados pela deficiente actividade
agrotecnica.
Após a colheita os estolhos de milho eram queimados assim como o respectivo capim.
Depois de sacha este material era juntado e queimado, o que não é uma boa pratica.
A adubação, depois da assistência dos extensionistas, passou a ser feita da seguinte maneira:
O adubo é depositado local ou directamente na planta. Isto tem a vantagem de impedir o
crescimento de ervas daninhas e poupar-se se o adubo porque só se aplica onde é necessário.
35
O capim e os estolhos já não são queimados como se fazia anteriormente mas sim este
material é enterrado o que ajuda na fertilização do solo.
Uma outra técnica, introduzida foi a adubação verde que é uma pratica agrícola que consiste
na utilização de plantas em rotação, sucessão ou consociação com as culturas principais,
incorporando-as ao solo ou deixando-as na superfície para proteger superficialmente o solo.
A adubação verde caracteriza-se pelo uso de plantas da família das leguminosas com o
objectivo de aumentar a produtividade das culturas .
Funções e benefícios da adubação verde
• Aumento da capacidade de retenção de água do solo, atenuação das variações de
temperatura, redução na evaporação e aumento na disponibilidade de água para as
culturas;
• Protecção do solo contra erosão e desagregação, como chuvas e ventos, e contra os
efeitos da radiação solar e variáveis térmicas;
• Recuperação de solo degradado e de baixa fertilidade;
• Potencial de utilização múltipla na propriedade agrícola: alimentação animal e
humana;
• Melhoria do aproveitamento e da eficiência dos fertilizante.
Combate de doenças e pragas
Antes de assistência dos extensionistas não havia conhecimento sobre determinadas técnicas
para combater doenças as pragas e, por vezes, produzia se sem pulverizar o campo o que
contribuía sobremaneira para a fraca produção e obtenção de produtos sem qualidade. As
culturas eram constantemente atacadas mas não se podia combater porque não se sabia como
combater.
Actualmente, no combate às pragas usam se pesticidas que são aplicados de acordo com o
tipo de cultura a praticar, e para se obter bons resultados na aplicação de pesticidas é
necessário o seguinte:
36
• Identificar a praga, doença ou infestante a controlar;
• Dispor de produtos eficazes para o controlo;
• Usar doses recomendadas;
• Preparar a calda em recipientes próprios;
• Utilizar equipamento adequado para a formulação da dosagem;
• Utilizar equipamento de protecção pessoal;
• Evitar atingir alvos que não sejam os de controle.
Por outro lado, são usadas folhas e sementes de árvores de moringa que são piladas e, depois
misturadas com água para fazer a pulverização das culturas.
Houve conhecimento de que o piripiri, é um bom repelente de insectos como gafanhotos,
pulgões etc. O piripiri não se pode aplicar em espécies como: tomate, pimento, beringela,
malagueta e batata reno.
O alho também é usado como fungicida, combatendo doenças como mildio e ferrugens, etc.
Alho é um bom repelente contra insectos ( lagartas, pulgões) servindo como inibidor da
digestão de insectos.
O sistema de rega
A rega antes da assistência dos extensionistas era feita por gravidade. Este processo gastava
muita água. Outros faziam furos e tiravam água. Usando regadores irrigavam as suas
machambas. De certo modo, era muito fatigante e levavam muitas horas para com a irrigar as
machambas, bem como tinham elevados gastos em salários dos trabalhadores para quem os
tinha.
O sistema de rega usado depois da assistência dos extensionistas é o de gota a gota nas associações de produtores e privados.
O sistema de rega gota a gota, é reconhecido pelo baixo consumo de água e energia
comparativamente a outros métodos de irrigação, porém, proporciona alta eficiência. Este
sistema aplica-se a qualquer tipo de solo. Portanto, em áreas ou regiões de baixa
37
disponibilidade de água é possível realizar cultivos sob rega localizada durante todo período
seco do ano com a utilização de baixo volume de água .
O sistema de rega gota a gota é o mais adequado para a aplicação eficiente de fertilizantes
dissolvidos através do processo denominado de fertirrigação. A fertirrigação proporciona a
aplicação parcelada de nutrientes ao longo do ciclo das culturas, com consequente redução de
perdas e aumento da eficácia de absorção de nutrientes pelas plantas.
Outra vantagem de interesse do sistema da rega gota a gota é a possibilidade de
automatização de todos os processos que compõem o método, sobretudo o uso de mão-de-
obra para a rega e proporcionando maior eficiência de uso de água.
Além das suas características desejáveis, o sistema de rega gota-a-gota, requer um
investimento inicial relativamente alto, o que faz com que o sistema seja indicado para
culturas de alto valor agregado como as hortícolas e fruteiras.
O sistema gota-a-gota proporciona uma aplicação localizada da água, cujo objectivo é
formar uma faixa molhada na superfície através da sobreposição das áreas molhadas de cada
gotejador. Este sistema tem muitas vantagens, nomeadamente :
• Aplicação localizada e controlada de água;
• Favorecimento e o desenvolvimento e produção das plantas ;
• Tem alta eficiência de irrigação e, consequentemente, alta eficiência de aplicação de
fertilizantes e outros produtos químicos;
• Tem maior eficiência no uso de água pela planta resultando em economia de água;
• Ė de baixo consumo de energia;
• Adaptável a todos tipos de solo;
• Limita o desenvolvimento e a disseminação de plantas daninhas;
• Reduz a existência de mão-de-obra operação, manutenção;
• Facilita as práticas culturais como sachas, pulverizações, podas, colheitas.
38
Colheita e pôs colheita das hortícolas
A qualidade da colheita das culturas é de grande importância uma vez que esta pode
contribuir para a qualidade do produto e proporcionar um maior tempo de conservação.
Antes da assistência dos extensionistas, Depois da assistência dos extensionistas o tratamento
pós - colheita das hortícolas, ainda apresenta vários aspectos que necessitam de ser
melhorados. A colheita é feita de duas maneiras:
A primeira que é efectuada pessoalmente pelos produtores e são tidos todos os cuidados pós-
colheita por forma a que os produtos sejam ou vendidos ou transportados de forma segura.
A segunda, a mais comum, a colheita é feita por intermediários. Os mesmos compram os
colhem, pessoalmente as hortícolas na machamba e as levam na cabeça em embalagens ou
viaturas, em condições inadequadas. Aqui cada embalagem ou saco t sobrepõe-se um acima
do outro, acelerando assim os danos físicos dos produtos.
Hortícolas de bolbos, como a cebola e o alho, necessitam de cura antes de serem
comercializadas. A cura é um dos processos mais simples para reduzir a perda de água e
deterioração do produto. Neste caso, as plantas são dispostas em fileiras, com as folhas de
uma planta cobrindo os bolbos da planta seguinte, de modo a evitar apanhar sol directamente
no bolbo.
Outros cuidados importantes que devem ser tomadas são a apresentação do produto livre de
sujidades que vem do campo e o descarte de partes impróprias para o consumo. Como é o
caso das hortícolas folhosas, das quais são retiradas as folhas externas danificadas.
São os seguintes cuidados que se devem observar na colheita e pós-colheita:
• A colheita deve ser realizada nas horas mais fresca do dia;
• Não deixar os produtos expostos ao sol e,
• Quando o sol estiver muito quente, deve-se cobrir o veículo com lona ou sombrite
para transportar o produto.
39
Comercialização
O sistema de comercialização em Boane não mudou tanto antes e depois, exceptuando a
criação actualmente de um mercado novo, ao longo da estrada e perto do Instituto
Pedagógico do Umbelúzi.
Boane não tem um sistema logístico eficiente para recolha, embalagem armazenamento e
transporte de produtos hortícolas. A pós-colheita é caracterizada por elevadas perdas devido
à deficiência nos sistemas de transporte, vias de acesso para as machambas , conservação e
escoamento.
O escoamento de produtos agrícolas em Boane é realizada de duas formas:
• Carregamento na cabeça por grossistas que compram ao produtor nas machambas de
produção, a um preço baixo, e que, posteriormente, vendendo nos mercados
retalhista formal e informal;
• Viaturas que variam de 1 tonelada a 4 toneladas que transportam os produtos para as
várias regiões de Boane, Cidades de Matola e Maputo.
Figura 3 - Formas de transporte dos produtos
Fonte: Pesquisa, (2018).
40
A comercialização é feita em diversos pontos de venda ao ar livre ruas, passeios e mercados
formais e informais e por vezes em condições impróprias de higiene.
Figura 4 - Venda de produtos ao ar livre
Fonte: Pesquisa, (2018).
O sistema de armazenamento em Boane é praticamente inexistente e a logística de
distribuição é deficiente.
41
CAPÍTULO VI
VI. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 CONCLUSÕES
O Distrito de Boane tem uma densidade populacional e com uma grande procura de terreno
por parte dos citadinos proveniente da Cidade de Maputo.
De um modo geral, a agricultura é praticada em sequeiro e em regime de consociação de
cultura com base em sementes de variedades locais. Alguns agricultores usam a tracção
animal e/ou tractores para lavrarem as suas machambas. Em média, as famílias camponesas
exploram uma área de 0,8 hectar.
Os principais regimes de agricultura praticados são o de sequeiro, dependente das quedas
pluviais e praticada pela maior parte da população, e o de regadio, mais comum no sector
privado e associações do sector familiar que usam sementes exóticas ou melhoradas.
Existe uma diferença entre as várias zonas do distrito com relação à segurança alimentar.
A zona sul tem grande potencial para hortícolas, banana e citrinos. Na zona norte no Posto
Administrativo da da Matola-Rio, o potencial existente é mais apropriado para o cajueiro e
avicultura.
O fomento pecuário tem sido fraco. Porém, dada a tradição existente de criação de gado e o
investimento privado, o efectivo bovino teve uma recuperação importante nos últimos anos.
O distrito conta, ainda, com jazigos de areias e uma pedreira, fonte importantes para o
aprovisionamento do sector de construção da província e da cidade de Maputo.
No âmbito da mitigação da estiagem e seca a população beneficia de sistema de rega
(associados) e o sector privado utiliza na irrigação, a água captada nos rios Umbelúzi,
Nhwalasi e Movene através de bombas ou moto-bomba, para além do sistema gota-a- gota.
Com vista ao aumento da fertilidade dos solos, nas culturas de regadio são, por vezes,
utilizados adubos compostos e simples. O sector familiar recorre à uma combinação de
técnicas tradicionais, como a consociação, a rotação de cultura e a aplicação de estrume.
42
Os factores que afectam o desenvolvimento agrícola em Manguiza prendem-se com a
insuficiência de semente melhoradas, roubos nas machambas, a falta de um mercado fixo, a
falta de vias de acesso para a evacuação dos produtos a partir das machambas.
Depois da intervenção dos extensionistas, os agricultores passaram a usar as novas
tecnologias, transmitidas pelos extensionistas contribuindo assim para o aumento da
produção e de boa qualidade, assim , eles passaram a usar novos instrumentos assim como
agricultura mecanizada nomeadamente:
• tractor;
• Charrua mecânica;
• capinadeira;
• grade e,
• multicultivadora.
O uso de sistemas de produção nomeadamente:
• na preparação do solo, não queimar o capim e estolhos como forma de preparar o
solo;
• na sementeira, usa-se o compasso e a sementeira em linha sem muita consociação de
culturas;
• na adubação, os estolhos e o capim e enterrado para servir como estrume no solo e
usa-se adubação verde,
• no sistema de rega, passou se a usar o sistema gota-a-gota que poupa muita água,
energia e, reduz esforço humano assim como poupa dinheiro no pagamento de
salários aos trabalhadores para quem os têm;
• no combate a doenças e pragas, passou se a usar pesticidas que são aplicados
dependendo do tipo de cultura a praticar, por outro lado passou-se a usar o piri-piri e
alho que são produtos repelentes de insectos como lagartas, gafanhotos e pulgões,
assim como as folhas e sementes de moringa que são pilados e misturados com agua
para a pulverização;
43
• na colheita, cuidados são tomados em conta no processo de colheita e pós-colheita
colheita para evitar criar danos precoce os produtos, aconselhando-se colher os
produtos nas horas frescas do dia e evitando expor os mesmos ao sol;
• no transporte deve se evitar sobrepor as embalagem uma em cima da outra nas
viaturas no memento de transporte para as diversas zonas de Boane, Cidade de Me
Matola e,
• na comercialização, ainda não há um mercado fixo e em algum momento os produtos
são vendidos ao ar livre sem observar as condições mínimas de higiene.
44
6.2 RECOMENDAÇÕES
O governo deve apoiar iniciativas de produção intensiva, através de financiamentos de
capital intensivo. Deve tambám em coordenação com outros sectores da sociedade
estabelecer padrões na produção e expandir cada vez mais o sistema de variedade de
sementes melhoradas de modo que as perdas diminuam na agricultura.
O desenvolvimento da agricultura depende dos esforços do governo em proporcionar
condições para que os produtores possam ter acesso a políticas favoráveis à produção,
questões relacionadas com as infra-estruturas, prestação aos bens e serviços assim como
facilidades de acesso aos mercados pelo que estes elementos contribuem para o actual estágio
da agricultura.
As viaturas que transportam as culturas das machambas para os mercados ou outras zonas
para a venda deviam ter lonas de protecção para evitar o sol nas culturas.
Os comerciantes que compram os produtos nas machambas deviam ter instruções com os
camponeses de como colher e transportar e os produtos antes de o fazer.
45
VII. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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52
VIII. ANEXOS
8.1 Anexo: 1 Guião de entrevistas aos camponeses
8.2 Anexo 3: Listas de pessoas contactadas
8.3 Anexo 4: Edifício do governo do distrito de Boane
8.4Anexo 5: Edifício dos serviços distritais de actividade económicas de Boane
8.5 Anexo 6: Rio Umbelúzi
53
Anexo 1: Questionário aos produtores
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL
CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO
Questionário para entrevista aos camponeses do Distrito de
Boane Província......................................................................................................................................
Distrito..........................................................................................................................................
Associação....................................................................................................................................
Data.............................................................................................................................................
1.Nome…………………………………………………………………………………….......
2. Idade..................... sexo…………….
3. Escolaridade ? a) Analfabeto.......b)EP1........c) EP2.......d)ESG1........e) ESG2........f)
ES.........
4. Pratica outras actividades além da agricultura? Sim ................... Não.................................
5. Quais são? .............................................................................................................................
6. Tem acesso a água? Sim ...................Não ....................
7. Onde normalmente cultiva as culturas? Sequeiro...............Regadio.................Ambas...........
8. Quais são as culturas que tem praticado?1..........................................2..................................
3..................................................................4...........................................5...................................
6..................................................................7...........................................8...................................
9.................................................................10.........................................11.................................
9.Tem tido alguma assistência técnica ou não ? Sim ........................... Não ...........................
Se sim quem tem prestado esse apoio? 1.........................2 ...............................3........................
10.Existe ou não alguma diferença na sua forma de produzir com esta assistência?
Sim..............Não...............
Se sim em que aspectos?1..................................2.......................................3..............................
4.....................................5...................................6.....................................7.................................
7....................................8....................................9...................................10.................................
11....................................12...........................................13..........................................................
14....................................15...........................................16..........................................................
54
11. Pode-me dizer exactamente, antes desta assistência como produzia?
Sementes
Antes.............................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Depois...........................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
12. Que instrumentos de produção usava antes da assistência do extensionista?
1.........................................2.......................................................3................................................
4........................................5........................................................6................................................
E depois da assistência ? 1........................................................2..............................................
3........................................4.........................................................5..............................................
6........................................7.........................................................8..........................................
13. Quais são as técnicas de produção que usava antes da assistencia do extensionista?..
1....................................................................................................................................................
2....................................................................................................................................................
3....................................................................................................................................................
4....................................................................................................................................................
5....................................................................................................................................................
6....................................................................................................................................................
7....................................................................................................................................................
8....................................................................................................................................................
9....................................................................................................................................................
10................................................................................................................................................
11..................................................................................................................................................
E depois da assistência do extensionista ?
1....................................................................................................................................................
2..................................................................................................................................................
3....................................................................................................................................................
4....................................................................................................................................................
5....................................................................................................................................................
6.................................................................................................................................................
7....................................................................................................................................................
8....................................................................................................................................................
55
9....................................................................................................................................................
10.................................................................................................................................................
11..................................................................................................................................................
14. Como era feita a colheita, pôs colheita e a sua conservação da produção ?
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
E como é feita actualmente? .......................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
15. Antes da assistencia como era feita a comercialização da produção ?
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
E depoois da assistencia? ...........................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
...........................................................................................................
16. Indique tres das grandes vantagens que considera ter tido após a intervenção do
extensionista
1……………………………………………………………….....................…………………
………………….........................................................................................................................
2……………………………………………................................................................................
.......................................................................................……………………………...................
3……………………………………………………………………………................................
.....................................................................................................................................................
56
Anexo 2: Lista de pessoas e entidades contactadas
LISTA DE PESSOAS E ENTIDADES CONTACTADAS
1. Administração do distrito de Boane
2. Serviços Distritais de Actividades Económicas de Boane
3. Cândido Maria Bruno Supervisor da extensão nos serviços distritais de Agricultura de
Boane
4. José Carlos Muianga Extensionista
5. Cardelino Pascoal Extensionista
6. Rafael Zaisson Bila Extensionista
7. Fabião José Machava Extensionista
8. Armando M. Cossa Extensionista
9. Sara Eduardo Extensionista
57
Anexo 3: Edifício do governo do distrito de Boane
58
Anexo 4: Edifício dos serviços distritais de actividades económicas de Boane
59
Anexo 5: Rio Umbelúzi