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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO, CAMPUS DE IRATI, PARANÁ MODELAGEM BIOMÉTRICA E FITOSSOCIOLOGIA DE PTERIDÓFITAS ARBORESCENTES EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO JOCASTA LERNER IRATI - PARANÁ 2016

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO,

    CAMPUS DE IRATI, PARAN

    MODELAGEM BIOMTRICA E FITOSSOCIOLOGIA

    DE PTERIDFITAS ARBORESCENTES EM

    FLORESTA OMBRFILA MISTA

    DISSERTAO DE MESTRADO

    JOCASTA LERNER

    IRATI - PARAN

    2016

  • JOCASTA LERNER

    MODELAGEM BIOMTRICA E FITOSSOCIOLOGIA DE PTERIDFITAS

    ARBORESCENTES EM FLORESTA OMBRFILA MISTA

    Dissertao apresentada Universidade

    Estadual do Centro-Oeste, como parte das

    exigncias do Programa de Ps-Graduao em

    Cincias Florestais, rea de concentrao em

    Manejo Florestal, para a obteno do ttulo de

    Mestre.

    Prof. Dr. Andrea Nogueira Dias

    Orientadora

    Prof. Dr. Afonso Figueiredo Filho

    Coorientador

    IRATI-PARAN

    2016

  • Catalogao na FonteBiblioteca da UNICENTRO

    LERNER, Jocasta. L616m Modelagem biomtrica e fitossociologia de pteridfitas arborescentes em Floresta

    Ombrfila Mista / Jocasta Lerner. Irati, PR : [s.n], 2016. 89f.

    Orientadora: Prof. Dr. Andrea Nogueira Dias Coorientador: Prof. Dr. Afonso Figueiredo Filho Dissertao (mestrado) Programa de Ps-Graduao em Cincias Florestais. rea de concentrao: Manejo Florestal. Universidade Estadual do Centro-Oeste, PR.

    1. Engenharia Florestal dissertao. 2. Alsophila setosa. 3. Dicksonia sellowiana. 4. Cyathea spp. 5. Samambaias. 6. Recursos no madeireiros. I. Dias, Andrea Nogueira. II. Figueiredo Filho, Afonso. III. UNICENTRO. IV. Ttulo.

    CDD 634.95

  • Aos meus pais,

    por todo amor e carinho,

    Dedico.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus, pelo dom da vida.

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel - CAPES, pela bolsa de estudos

    concedida.

    professora Andrea Nogueira Dias, pela orientao, carinho, disponibilidade e contribuio

    por meio dos conhecimentos repassados durante este curso que foram de grande valia para o

    desenvolvimento desta pesquisa, agradeo tambm o incentivo, a amizade e a preocupao

    para comigo enquanto aluna e pessoa.

    Ao Professor Afonso Figueiredo Filho, pela coorientao, participao, pelos ensinamentos,

    incentivos e desafios, agradeo tambm pela amizade.

    A todos os demais professores do programa de Ps-Graduao em Cincias Florestais da

    UNICENTRO, campus Irati por todo o conhecimento transmitido.

    Aos amigos e colegas de Ps-Graduao Karina Henkel Proceke de Deus, Ricardo Murilo

    Malheiros dos Santos, Alexandre de Almeida Garrett, Tiago Grespan, Josmar de Jesus Viana

    e Isabel Homczinski, aos graduandos Luiz Henrique Zich, Caroline Gaspar, Leonardo Gavlak

    Neto, Fernando Galvo, Carla Mussio, e Lorena Maximiv, e tambm a amiga Maria Isabela

    de Almeida, pela colaborao e participao na coleta dos dados a mim e Maria Caroline de

    Almeida, saibam que a ajuda de vocs foi imprescindvel. Ao graduando Leonardo

    Benvenutti pela colaborao com as exsicatas.

    Fundao Araucria pela bolsa de Iniciao Cientfica concedida a graduanda Maria

    Caroline de Almeida.

    graduanda Maria Caroline de Almeida, pela amizade, companheirismo e dedicao

    desenvolvidos ao longo da pesquisa.

    A todos os amigos e colegas do programa de ps-graduao, que de alguma forma

  • participaram e colaboraram com trocas de conhecimentos, em especial ao clube das

    meninas (Isabel Homczinski, Sueza Basso, Tamara Pay, Ana Paula Micali, Renata

    Carvalho e tambm Francieli Barella), saibam que vocs deixaram esta caminhada mais

    alegre e prazerosa.

    Aos meus irmos cientficos Tiago Grespan, Isabel Homczinski, Karina Henkel Proceke de

    Deus e Sueza Basso por toda amizade, ajuda e pacincia.

    Ao professor Paulo Labiak pela ajuda na identificao das espcies.

    A todos os amigos e professores de outros cursos que em algum momento participaram da

    minha caminhada acadmica.

    MUITO OBRIGADA!

  • Nenhum elo mais forte

    que o elo mais fraco

    da sua cadeia.

    (Arthur Conan Doyle)

  • RESUMO

    Jocasta Lerner. Modelagem Biomtrica e Fitossociologia de Pteridfitas Arborescentes em

    Floresta Ombrfila Mista.

    No Estado do Paran, existem treze espcies de samambaias de porte arborescentes, dentre

    elas Dicksonia sellowiana (Pres.) Hook, e as ciateceas Alsophila setosa Kaulf, Cyathea

    phalerata Mart. e Cyathea corcovadensis (Raddi) Domin. Objetivou-se com esse estudo,

    realizar a caracterizao biomtrica e fitossociolgica das samambaias arborescentes

    provenientes de um fragmento de Floresta Ombrfila Mista na Floresta Nacional de Irati.

    Foram avaliadas 25 unidades amostrais de 500 m cada, distribudas sistematicamente dentro

    de parcelas permanentes de 25 hectares instaladas em 2002 na FLONA de Irati em um

    remanescente de Floresta Ombrfila Mista sem interveno antrpica nos ltimos 70 anos.

    Foram mensuradas e identificadas todas as samambaias arborescentes acima de 1,3m de

    altura, tomando medidas do CAP com fita mtrica e altura total com rgua telescpica. Foi

    realizada coleta de material botnico e tombado no Herbrio da Universidade Estadual do

    Centro-Oeste, Campus Irati. Foi realizada cubagem rigorosa no destrutiva por Smalian. Para

    a modelagem foram ajustados 15 modelos hipsomtricos para D. sellowiana e 16 modelos

    volumtricos para A. setosa e D. sellowiana. Foram calculados parmetros fitossociolgicos

    de dominncia, densidade e frequncia em valores absolutos e relativos, alm do ndice de

    valor de importncia. No total, foram mensurados 1831 indivduos das quatro espcies sendo

    1682 de A. setosa, 26 de C. phalerata, 3 de C. corcovadensis e 120 de D. sellowiana, com

    DAP variando entre 6,5 e 60,2 cm e altura total variando entre 1,3 e 8,7 m. Para A. setosa no

    existe relao hipsomtrica e o modelo volumtrico escolhido estimou 50,5 m/ha e para D.

    sellowiana existe uma fraca relao hipsomtrica e seu volume total foi estimado em

    22,21m/ha e volume comercial 10,5 m/ha. Nos parmetros fitossociolgicos A. setosa

    apresentou o maior VI (93,46), a maior densidade (1345,6 indivduos/ha) e uma das maiores

    frequncias. D. sellowiana apresentou a terceira maior dominncia (5,98m/ha). O modelo

    hipsomtrico mostrou-se adequado para as estimativas para D. sellowiana e os modelos

    volumtricos mostraram-se eficientes para estimativas com as duas espcies. A. setosa e D.

    sellowiana destacaram-se nos parmetros fitossociolgicos, porm C. phalerata e C.

    corcovadensis no se destacaram nos parmetros fitossociolgicos.

    Palavras-chave: Alsophila setosa, Dicksonia sellowiana, Cyathea spp, Samambaias,

    Recursos no madeireiros.

  • ABSTRACT

    Jocasta Lerner. Biometric modeling and Phytosociology of Pteridophytes Arborescent in

    Araucaria Forest.

    In the state of Paran, there are thirteen species of tree ferns, among them Dicksonia

    sellowiana (Pres.) Hook, and ciateceas Alsophila setosa Kaulf, Cyathea phalerata Mart. and

    Cyathea corcovadensis (Raddi) Domin. The objective with this study perform biometric and

    phytosociologic characterization of tree ferns in a fragment of Araucaria Forest in Irati

    National Forest. We evaluated 25 sample units of 500 m each, were evaluated systematically

    distributed in permanent plots of 25 ha installed in 2002 Irati National Forest in a fragment of

    Mixed Rain Forest without intervention approximately 70 years. Were measured and

    identified all tree ferns up to 1.3m high, taking measurements of the CBH with tape measure

    and full height with telescopic ruler. Collection of botanical material was performed and

    tumbled in the Herbarium Universidade Estadual do Centro-Oeste, Campus Irati. It was

    performed nondestructive cubed by Smalian. For modeling were adjusted 15 hypsometric

    models for D. sellowiana and 16 volumetric models for A. setosa and D. sellowiana.

    Phytosociology, were calculated dominance, density and frequency in absolute and relative

    values, and the importance value index. Were measured in 1831 individuals of the four

    species and 1682 A. setosa, 26 C. phalerata, 3 C. corcovadensis and 120 of D. sellowiana,

    with DBH ranging between 6.5 and 60.2 cm and total height ranging from 1.3 and 8.7 m. To

    A. setosa there is not hypsometric relationship and the chosen volumetric model estimated

    50.5 m/ha and D. sellowiana there is a weak hypsometric relationship and its total volume

    was estimated at 22.21 m/ha and trade volume 10.5 m/ha. In phytosociology A. setosa had

    the highest VI (93,46), the highest density (1345.6 individuals/ha) and one of the higher

    frequencies. D. sellowiana had the third highest dominance (5,98 m/ha). The hypsometric

    model was adequate to estimates for D. sellowiana and volumetric models were effective for

    estimates for both species. A. setosa and D. sellowiana stood out in phytosociology, but C.

    phalerata and C. corcovadensis did not stand out in phytosociology.

    Keywords: Alsophila setosa, Dicksonia sellowiana, Cyathea spp, tree ferns, non-timber

    resources.

  • LISTA DE ANEXO

    Anexo 1: Tabela Fitossociolgica Completa de cada espcie para a Floresta Nacional de Irati com

    os valores ordenados de maneira decrescente conforme o IVI de cada espcie.................................... 87

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Ocorrncia Natural da Floresta Ombrfila Mista. ............................................................... 3

    Figura 2: Cudices de Dicksonia sellowiana coberto por razes adventcias. ..................................... 6

    Figura 3: Imagem de fronde de Dicksonia sellowiana. ....................................................................... 7

    Figura 4: Exemplares de Dicksonia sellowiana. ................................................................................. 7

    Figura 5: Exemplares de Alsophila setosa (A) e aflbias (B). ............................................................ 8

    Figura 6: Exemplar de Cyathea corcovadensis. Fronde (A). Detalhe do cudice (B). ....................... 9

    Figura 7: Exemplar de Cyathea phalerata. ......................................................................................... 9

    Figura 8: Localizao da Floresta Nacional de Irati (FNI), Paran. .................................................. 10

    Figura 9: Representao de ocorrncia das classes de solo na rea amostrada (25 ha de parcelas

    permanentes) na FNI, Paran. ........................................................................................................... 12

    Figura 10: Localizao das Parcelas Permanentes (25 ha) na FNI, Paran. ...................................... 13

    Figura 11: Croqui dos 25 ha de parcelas permanentes na FNI. Em vermelho, destacam-se as

    unidades amostrais mensuradas na pesquisa. .................................................................................... 14

    Figura 12: Fluxograma da Cadeia Produtiva de D. sellowiana no Estado do Paran. ...................... 24

    Figura 13: A) Mensurao do CAP com auxlio de fita mtrica. B) Mensurao da altura com

    auxlio de rgua telescpica. ............................................................................................................. 26

    Figura 14: Classes de qualidade. A) Samambaia arborescente com cudice com classe de qualidade

    8, exemplificado com Alsophila setosa. B) Samambaia arborescente com cudice de qualidade 7,

    exemplificado com Dicksonia sellowiana.C) Samambaia arborescente com cudice de qualidade 6,

    exemplificado com Alsophila setosa. D) Samambaia arborescente com cudice de qualidade 5,

    exemplificado com Dicksonia sellowiana.E) Samambaia arborescente com cudice de qualidade 4,

    exemplificado com Dicksonia sellowiana. Coroas secundrias em destaque. F) Samambaia

    arborescente com cudice de qualidade 3, exemplificado com Dicksonia sellowiana. G) Samambaia

    arborescente com cudice de qualidade 2, exemplificado com Dicksonia sellowiana. H) Samambaia

    arborescente com cudice de qualidade 1, exemplificado com Dicksonia sellowiana. Na parte

    superior destacado em azul a coroa principal e na parte inferior destacado em vermelho a coroa

    secundria. ......................................................................................................................................... 27

    Figura 15: A) Cubagem em samambaia de porte arborescente em p, exemplificado em Alsophila

    setosa. B) Distino das variveis analisadas nos espcimes das quatro espcies de samambaias

    arborescentes, exemplificado em Dicksonia sellowiana. FONTE: BIONDI et al (2009). ................ 29

    Figura 16: Etiqueta metlica numerada utilizada para marcar os xaxins. Em amarelo, a marcao

    para mensurar o DAP. ....................................................................................................................... 30

    Figura 17: Distribuio dos indivduos de Alsophila setosa para as oito classes de qualidade.

    Classes: 8 Retilneo. 7 Inclinado. 6 Inclinado com coroa redirecionada. 5 Coroa secundria.

    4 Cudice secundrio > 0,5m. 3 Tortuosidade > 45. 2 Tortuosidade at 45. 1 Coroa

    principal morta. ................................................................................................................................. 35

    Figura 18: Distribuio percentual dos indivduos de Alsophila setosa para as oito classes de

    qualidade. Classes: 8 Retilneo. 7 Inclinado. 6 Inclinado com coroa redirecionada. 5 Coroa

  • secundria. 4 Cudice secundrio > 0,5m. 3 Tortuosidade > 45. 2 Tortuosidade at 45. 1

    Coroa principal morta........................................................................................................................ 35

    Figura 19: Distribuio dos indivduos de Dicksonia sellowiana para as oito classes de qualidade.

    Classes: 8 Retilneo. 7 Inclinado. 6 Inclinado com coroa redirecionada. 5 Coroa secundria.

    4 Cudice secundrio > 0,5m. 3 Tortuosidade > 45. 2 Tortuosidade at 45. 1 Coroa

    principal morta. ................................................................................................................................. 36

    Figura 20: Distribuio percentual dos indivduos de Dicksonia sellowiana para as oito classes de

    qualidade. Classes: 8 Retilneo. 7 Inclinado. 6 Inclinado com coroa redirecionada. 5 Coroa

    secundria. 4 Cudice secundrio > 0,5m. 3 Tortuosidade > 45. 2 Tortuosidade at 45. 1

    Coroa principal morta........................................................................................................................ 36

    Figura 21: Indivduos de Alsophila setosa sustentado por outro indivduo. ..................................... 38

    Figura 22: Altura e DAP observados para os 1682 indivduos de Alsophila setosa amostrados na

    Floresta Nacional de Irati. ................................................................................................................. 39

    Figura 23: Distribuio por classe de altura dos indivduos de Alsophila setosa amostrados na

    Floresta Nacional de Irati. ................................................................................................................. 40

    Figura 24: Disperso de Resduos do Volume para os 4 melhores modelos ajustados para Alsophila

    setosa. ................................................................................................................................................ 42

    Figura 25: Altura e DAP observados para os 120 indivduos de Dicksonia sellowiana amostrados na

    Floresta Nacional de Irati. ................................................................................................................. 44

    Figura 26: Distribuio por classe de altura dos indivduos de Dicksonia sellowiana amostrados na

    Floresta Nacional de Irati. ................................................................................................................. 45

    Figura 27: Disperso de Resduos da Altura total em funo do DAP para os 4 melhores modelos

    ajustados para Dicksonia sellowiana. ................................................................................................ 46

    Figura 28: Disperso de Resduos da Altura comercial em funo do dimetro de base para os 4

    melhores modelos ajustados para Dicksonia sellowiana. ................................................................. 48

    Figura 29: Disperso de Resduos para os 4 melhores modelos volumtricos ajustados para

    Dicksonia sellowiana. ....................................................................................................................... 49

    Figura 30: Disperso de Resduos do Volume Comercial para os 4 melhores modelos ajustados para

    D. sellowiana. .................................................................................................................................... 52

    Figura 31: Altura e DAP observados para os 29 indivduos do gnero Cyathea amostrados na

    Floresta Nacional de Irati. ................................................................................................................. 55

    Figura 32: Distribuio por classe de altura dos indivduos do gnero Cyathea amostrados na

    Floresta Nacional de Irati. ................................................................................................................. 55

    Figura 33: Distribuio dos indivduos do gnero Cyathea para as 8 classes de qualidade. Classes: 8

    Retilneo. 7 Inclinado. 6 Inclinado com coroa redirecionada. 5 Coroa secundria. 4

    Cudice secundrio > 0,5m. 3 Tortuosidade > 45. 2 Tortuosidade at 45. 1 Coroa principal

    morta. ................................................................................................................................................ 56

    Figura 34: Distribuio percentual dos indivduos do gnero Cyathea para as 8 classes de qualidade.

    Classes: 8 Retilneo. 7 Inclinado. 6 Inclinado com coroa redirecionada. 5 Coroa secundria.

    4 Cudice secundrio > 0,5 m. 3 Tortuosidade > 45. 2 Tortuosidade at 45. 1 Coroa

    principal morta. ................................................................................................................................. 57

    Figura 35: Suficincia amostral pelo mtodo da Curva do Coletor, para o presente estudo na

    Floresta Nacional de Irati. ................................................................................................................. 73

  • Figura 36: Suficincia amostral pelo mtodo da Curva da Mdia Corrente, para o presente estudo na

    Floresta Nacional de Irati. ................................................................................................................. 74

    Figura 37: Riqueza por Famlia nas 25 parcelas estudadas na Floresta Nacional de Irati. ............... 77

    Figura 38: Exemplares de samambaias (Dicksonia sellowiana) arborescentes portando epfitas. ... 80

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Classes de Qualidade do cudice com base em exigncias paisagsticas. ......................... 26

    Tabela 2: Modelos hipsomtricos ajustados para Dicksonia sellowiana e Alsophila setosa. ........... 30

    Tabela 3: Modelos volumtricos ajustados para Dicksonia sellowiana e Alsophila setosa. ............. 31

    Tabela 4: Quantificao de indivduos amostrados, e valores mdio, mnimo e mximo do dimetro

    1,3m e altura total para as espcies encontradas na rea amostrada (1,25ha). ............................... 33

    Tabela 5: Valores mdio, mnimo e mximo de altura comercial, altura da coroa, dimetro de base e

    dimetro de coroa para Dicksonia sellowiana para a FLONA de Irati. ............................................ 38

    Tabela 6: Coeficientes Estimados (), Coeficiente de Determinao (Raj) e Erro Padro da

    Estimativa em Porcentagem (Syx%) dos modelos volumtricos ajustados para Alsophila setosa. .. 41

    Tabela 7: Nmero de indivduos, rea basal, volume e altura total para os espcimes de Alsophila

    setosa amostrados nas respectivas unidades amostrais na Floresta Nacional de Irati. ...................... 43

    Tabela 8: Nmero de indivduos, rea basal, volume e altura total para os espcimes de Alsophila

    setosa nas respectivas classes diamtricas amostradas na Floresta Nacional de Irati. ...................... 44

    Tabela 9: Coeficientes Estimados (), Coeficiente de Determinao (Raj) e Erro Padro da

    Estimativa em Porcentagem para cada um dos modelos hipsomtricos para Dicksonia sellowiana. 46

    Tabela 10: Coeficientes Estimados (), Coeficiente de Determinao (Raj) e Erro Padro da

    Estimativa em Porcentagem para os modelos hipsomtricos (altura comercial) ajustados para

    Dicksonia sellowiana. ....................................................................................................................... 47

    Tabela 11:Coeficientes Estimados (), Coeficiente de Determinao (Raj) e Erro Padro da

    Estimativa em Porcentagem para os modelos volumtricos ajustados para D. sellowiana. ............. 49

    Tabela 12: Nmero de indivduos, rea basal, volume total e altura total para os espcimes de D.

    sellowiana amostrados nas respectivas unidades amostrais na Floresta Nacional de Irati. .............. 50

    Tabela 13:Nmero de indivduos, rea basal, volume total e altura total para os espcimes de D.

    sellowiana nas respectivas classes diamtricas amostradas na Floresta Nacional de Irati. ............... 51

    Tabela 14: Coeficientes Estimados (), Coeficiente de Determinao (Raj) e Erro Padro da

    Estimativa em Porcentagem para cada um dos modelos matemticos para volumetria (comercial)

    ajustados para Dicksonia sellowiana. ................................................................................................ 52

    Tabela15: Nmero de indivduos, rea basal, volume comercial e altura comercial para D.

    sellowiana amostrados nas respectivas unidades amostrais na Floresta Nacional de Irati. .............. 53

    Tabela 16: Nmero de indivduos, rea basal, volume comercial e altura comercial para D.

    sellowiana nas respectivas classes diamtricas amostradas na Floresta Nacional de Irati. ............... 54

    Tabela 17: Dominncia absoluta (DoA, em m.ha-1

    ) e relativa (DoR), densidade absoluta (DA, em

    indivduos/ha-1

    ) e relativa (DR),frequncia absoluta (FA) e relativa (FR, em %) e valor de

    importncia (VI) de cada espcie para a Floresta Nacional de Irati com os valores ordenados de

    maneira decrescente conforme o VI de cada espcie. ....................................................................... 76

    Tabela 18: Principais espcies por estrato para Floresta Ombrfila Mista na Floresta Nacional de

    Irati com seus respectivos intervalos em altura (metros). ................................................................. 79

  • SUMRIO

    Captulo 1 - ASPECTOS GERAIS DA PESQUISA .............................................................. 1

    1.1 INTRODUO .................................................................................................................. 1

    1.2 REFERENCIAL TERICO ............................................................................................. 2

    1.2.1 Floresta Ombrfila Mista .................................................................................................. 2

    1.2.2 Pteridfitas da Floresta Ombrfila Mista .......................................................................... 4

    1.2.2.1 Famlia Dicksoniaceae .................................................................................................... 5

    1.2.2.2 Famlia Cyatheaceae ....................................................................................................... 8

    1.3 MATERIAL E MTODOS ............................................................................................. 10

    1.3.1 Descrio da rea de Estudo ........................................................................................... 10

    1.3.1.1 Localizao e Vegetao .............................................................................................. 10

    1.3.1.2 Clima ............................................................................................................................. 11

    1.3.1.3 Solos ............................................................................................................................. 11

    1.4 PROCEDNCIA DOS DADOS ..................................................................................... 13

    REFERNCIAS ..................................................................................................................... 14

    Captulo 2 - CARACTERIZAO E MODELAGEM BIOMTRICA DE

    PTERIDFITAS ARBORESCENTES EM FLORESTA OMBRFILA MISTA .......... 17

    Resumo .................................................................................................................................... 17

    CHARACTERIZATION AND MODELING BIOMETRIC OF FERNS

    ARBORESCENT IN MIXED RAIN FOREST ................................................................... 18

    Abstract ................................................................................................................................... 18

    2.1 INTRODUO ................................................................................................................. 19

    2.2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 20

    2.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 20

    2.2.2 Objetivos Especficos ...................................................................................................... 20

    2.3 REFERENCIAL TERICO ........................................................................................... 20

    2.3.1 Biometria ......................................................................................................................... 20

    2.3.2 Mercado, Produtos e Utilidades de Samambaias Arborescentes ..................................... 23

    2.4 MATERIAL E MTODOS ............................................................................................. 25

    2.4.1 rea de Estudo ................................................................................................................ 25

    2.4.2 Dados Coletados .............................................................................................................. 25

    2.4.3 Cubagem Rigorosa .......................................................................................................... 28

    2.4.4 Ajustes de Modelos Hipsomtricos ................................................................................. 30

    2.4.5 Ajustes de Modelos Volumtricos ................................................................................... 31

  • 2.4.6. Seleo dos modelos ....................................................................................................... 32

    2.5 RESULTADOS E DISCUSSO ..................................................................................... 33

    2.5.1 Caracterizao Biomtrica das Pteridfitas Arborescentes ............................................. 33

    2.5.2 Modelagem hipsomtrica e volumtrica de Alsophila setosa Kaulf. .............................. 39

    2.5.3 Modelagem hipsomtrica e volumtrica de Dicksonia sellowiana (Pres.) Hook ............ 44

    2.5.4 Cyathea corcovadensis (Raddi) Domin e Cyathea phalerata Mart. ............................... 54

    2.6 CONCLUSES ................................................................................................................. 57

    REFERNCIAS ..................................................................................................................... 58

    Captulo 3 - FITOSSOCIOLOGIA DE PTERIDFITAS ARBORESCENTES EM

    FLORESTA OMBRFILA MISTA .................................................................................... 62

    Resumo .................................................................................................................................... 62

    PHYTOSOCIOLOGY OF FERNS ARBORESCENT INARAUCARIA FOREST ........ 63

    Abstract ................................................................................................................................... 63

    3.1 INTRODUO ................................................................................................................ 64

    3.2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 65

    3.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 65

    3.2.2 Objetivos Especficos ...................................................................................................... 65

    3.3 REFERENCIAL TERICO ........................................................................................... 66

    3.3.1 Fitossociologia ................................................................................................................. 66

    3.3.2 Estudos Fitossociolgicos com Samambaias Arborescentes .......................................... 68

    3.4 MATERIAL E MTODOS ............................................................................................. 69

    3.4.1 rea de Estudo ................................................................................................................ 69

    3.4.2 Suficincia Amostral ....................................................................................................... 69

    3.4.3 Determinao e Anlise das Variveis Fitossociolgicas ............................................... 70

    3.4.3.1 Determinao das variveis fitossociolgicas .............................................................. 71

    Os clculos de densidade, dominncia, frequncia e valor de importncia foram feito segundo

    Souza e Soares (2013). ............................................................................................................. 71

    3.4.3.2 Posio sociolgica ...................................................................................................... 72

    3.4.4 Determinao e Anlise das Variveis de Epifitismo ..................................................... 73

    3.5 RESULTADOS E DISCUSSO ..................................................................................... 73

    3.5.1 Suficincia Amostral ....................................................................................................... 73

    3.5.2 Fitossociologia ................................................................................................................. 75

    3.5.2.1 Estrutura horizontal ...................................................................................................... 75

    3.5.2.2 Posio sociolgica ...................................................................................................... 79

    3.5.3 Epifitismo ........................................................................................................................ 80

    3.6 CONCLUSES ................................................................................................................. 81

  • REFERNCIAS ..................................................................................................................... 81

    ANEXOS ................................................................................................................................. 86

  • 1

    Captulo 1 - ASPECTOS GERAIS DA PESQUISA

    1.1 INTRODUO

    O Brasil possui diversos ecossistemas e diversas formas vida que compem a sua

    biodiversidade. H a necessidade de proteger esta biodiversidade e o melhor caminho a ser

    percorrido por meio de pesquisas que possibilitem conhecer a flora, principalmente as

    espcies botnicas raras ou ameaadas de extino. Conhecendo a flora, torna-se possvel no

    apenas conserv-la, mas tambm fazer uso de seus recursos de forma racional.

    A Floresta Ombrfila Mista, atualmente composta em sua maioria por fragmentos,

    necessita de conservao tanto quanto necessita de estudos mais aprimorados que permitam

    conhecer com maior riqueza de detalhes da sua estrutura e a sua dinmica como um todo.

    Grande proporo de estudos direcionados a Floresta Ombrfila Mista referem-se s espcies

    arbreas, sendo escassos estudos direcionados s espcies no arbreas, como as espcies de

    pteridfitas de porte arborescentes que tambm recebem a denominao de samambaias

    arborescentes. Segundo Campanili e Prochnow (2006), o sub-bosque da Floresta Ombrfila

    Mista constitudo por indivduos de diversas espcies arbreas, alm de samambaias

    arborescentes das famlias Cyatheaceae e Dicksoniaceae e de outras pteridfitas com hbito

    herbceo.

    No estado do Paran existem 13 espcies de samambaias arborescentes, dentre elas

    Dicksonia sellowiana (Pres.) Hook, Alsophila setosa Kaulf., Cyathea phalerata Mart.e

    Cyathea corcovadensis (Raddi) Domin. (KAEHLER et al., 2014).

    As samambaias arborescentes tm presena expressiva no apenas na formao

    florestal, mas tambm na ornamentao de propriedades rurais e urbanas, em que muitas

    vezes ostentam orqudeas, bromlias, dentre outras epfitas. Nesse sentido, a samambaia

    arborescente mais utilizada a Dicksonia sellowiana, justamente a nica espcie de

    pteridfita arborescente considerada ameaada de extino.

    Alm de ameaada de extino, pouco se conhece sobre Dicksonia sellowiana.

    Dados sobre sua estrutura populacional so escassos, assim como dados referentes s espcies

    da famlia Cyatheaceae. As Cyatheaceae no constam na lista da flora ameaada de extino,

    de acordo com a Instruo Normativa no 6, de 23/09/2008.Alsophila setosa, Cyathea

    phalerata e Cyathea corcovadensis so listadas em estudos florsticos, porm, as informaes

    so incipientes, dificultando o aprimoramento do conhecimento sobre as espcies. Mais

  • 2

    estudos devem ser elaborados, permitindo conhecer melhor estas espcies que so importantes

    componentes da Floresta Ombrfila Mista e de outras formaes florestais.

    Diante da insuficincia de dados sobre D. sellowiana, Alsophila setosa, Cyathea

    phalerata e Cyathea corcovadensis propem-se esta pesquisa visando contribuir com

    informaes para subsidiar futuros planos de manejo, o que pode contribuir para a

    conservao destas espcies e para desenvolvimento socioeconmico.

    Assim, esse estudo buscou realizar a caracterizao biomtrica e fitossociolgica das

    samambaias arborescentes provenientes de um fragmento de Floresta Ombrfila Mista na

    Floresta Nacional de Irati, Estado do Paran.

    Para facilitar a compreenso e explanao dos resultados, este trabalho foi

    estruturado em captulos. No Captulo 1 esto descritos os aspectos gerais da pesquisa; no

    Captulo 2 a caracterizao e a modelagem biomtrica das espcies estudadas Dicksonia

    sellowiana, Alsophila setosa, Cyathea phalerata e Cyathea corcovadensis; no Captulo 3 a

    fitossociologia de pteridfitas arborescentes em fragmento de Floresta Ombrfila Mista na

    Floresta Nacional de Irati.

    1.2 REFERENCIAL TERICO

    1.2.1 Floresta Ombrfila Mista

    A Floresta Ombrfila Mista, tambm conhecida como floresta de araucria, mata-

    de-araucria ou pinheiral um tipo de vegetao do Planalto Meridional, onde ocorria com

    maior frequncia (Figura 1). Muito embora no passado tenha se expandido bem mais ao norte,

    pois a famlia Araucariaceae apresentava disperso que sugere ocupao bem distinta da atual,

    verificou-se recentemente ocorrncia de fsseis na Regio Nordeste brasileira, cunhando que

    dentro da plataforma brasileira encontravam-se Coniferales, pois tais fsseis so tambm

    encontrados em pontos isolados da borda sul do Planalto Meridional (IBGE, 2012).

    A estrutura da floresta mista exibe dois estratos arbreos, um inferior e um

    emergente formado pela araucria, alm de um arbustivo. Sob a copa dos pinheiros, cresce a

    submata onde existem erva-mate (Ilex paraguariensis), imbuias (Ocotea porosa), cedro

    (Cedrela fissilis), entre outras. De maneira no menos importante que espcies arbreas,

    considera-se que no interior dessa mata vicejam espcies de samambaias arborescentes

    (TEIXEIRA; LINSKER, 2010).

  • 3

    Figura 1: Ocorrncia Natural da Floresta Ombrfila Mista.

    Fonte: Adaptado de Mapa da rea de Aplicao da Lei no 11.428 de 2006.

    Entende-se que a definio de Floresta Ombrfila Mista decorrente da mistura de

    floras de diferentes origens, sendo Drymis e Araucaria australsicos e Podocarpus afro-

    asitico, definindo padres fitofisionmicos tpicos em zonas climticas caracteristicamente

    pluviais, que justifica o termo Ombrfila que significa amigo da chuva (IBGE, 2012).

    Contm aproximadamente 352 espcies arbreas, sendo que destas, 13,3% so exclusivas,

    45,7% ocorrem preferencialmente e, os 41% restantes so preferncias de outras regies

    fitoecolgicas (CAMPANILI; PROCHNOW, 2006).

    A situao da Floresta Ombrfila Mista considerada crtica. De toda a sua extenso

    original, atualmente a rea remanescente prxima a 27% (PROBIO, 2007). Essa informao

    foi muito importante para incentivar medidas concretas realizadas pela sociedade, pois, existe

    a necessidade do planejamento da paisagem, estabelecendo um zoneamento que contemple

    reas de preservao e outras com diferentes nveis de manejo, no se esquecendo de realizar

    restaurao de florestas e o estabelecimento de corredores de ligao entre fragmentos

    (CAMPANILI; PROCHNOW, 2006).

    A fragmentao da Floresta Ombrfila Mista um aspecto de grande impacto. Isto

    gera no apenas a perda de habitat, como tambm a reduo e isolamento de populaes de

    espcies, provocando dificuldades no fluxo gnico alm de poder causar a perda da

  • 4

    biodiversidade seguida da extino de espcies, entre outras consequncias (CAMPANILI;

    PROCHNOW, 2006).

    Atualmente, da rea remanescente da Floresta Ombrfila Mista, pouco se encontra

    em boas condies de conservao. Preferencialmente devem ser destinadas para a

    conservao resultando que haja pouco espao para defender que essas reas sejam manejadas

    para fins econmicos. No entanto, conservao tambm implica manejo (SANQUETTA,

    2005).

    Sanquetta (2005) definiu que manejar racionalmente as florestas remanescentes,

    constitui-se na nica opo para evitar a completa substituio da floresta (outras formas de

    uso do solo). O autor ainda acrescentou que o manejo no deve contemplar somente produtos

    madeireiros, mas tambm produtos no madeireiros alm dos demais benefcios e servios

    proporcionados pela floresta (lazer, ecoturismo, entre outros).

    1.2.2 Pteridfitas da Floresta Ombrfila Mista

    A Floresta de Araucria exibe associaes de diversos grupos de plantas que ocupam

    distintos nichos ecolgicos, cada qual para determinado tipo de ambiente. Destacam-se do

    ponto de vista fisionmico as pteridfitas, um grupo de plantas que possui preferncias

    variadas em termos de habitat, sendo que as mesmas so consideradas as plantas vasculares

    pioneiras na conquista do ambiente terrestre (BARROS, 1953 apud BITTENCOURT;

    DALLA CORTE; SANQUETTA, 2004).

    As pteridfitas existem desde a poca Siluriana e proporcionam mltiplos benefcios

    ao homem. A partir delas pode ser feita a extrao de compostos como nicotina, acares,

    leos essenciais e protenas que so empregados na indstria de cosmticos, alimentos e

    medicamentos (BITTENCOURT; DALLA CORTE; SANQUETTA, 2004).

    Das utilidades das samambaias, podem-se citar as reservas de carvo fonte de

    energia, como herana do Perodo Carbonfero (RAVEN; EICHHORN; EVERT, 2006),

    importncia para a decorao e artesanato (SCHMITH, 2005), alm de potencial medicinal

    como a fronde do Dicksonia sellowiana que cura a asma (AGNCIA, 2006) e do potencial

    medicinal de Cyathea phalerata para diabetes e patologias hepticas (HORT et al., 2008).

    Dentro das pteridfitas tem-se um grupo que popularmente denominado de

    samambaias. Segundo Oliveira et al. (2013), as samambaias, tambm conhecidas como fetos

    (em ingls recebem a designao de tree fern), so plantas vasculares que se reproduzem por

  • 5

    meio de esporos. Essas plantas quando adultas normalmente so formadas por um caule, um

    rizoma e, por folhas denominadas de frondes.

    No grupo das samambaias existem aquelas de porte arborescente que de acordo com

    Schmitt (2005), representam um componente importante das florestas tropicais e subtropicais,

    formando muitas vezes um adensamento nas formaes florestais. Alm disso, colonizam

    clareiras dentro das florestas, campos de pastagens abandonados, beiras de estradas, ravinas e

    pntanos.

    No estado do Paran existem 33 famlias de samambaias com os mais diversos

    hbitos. Destas, duas famlias apresentam samambaias de porte arborescentes, sendo

    Dicksoniaceae com uma espcie, Dicksonia sellowiana, e Cyatheaceae com doze espcies,

    dentre elas Alsophila setosa, Cyathea phalerata e Cyathea corcovadensis (KAEHLER et al.,

    2014).

    Entretanto, as Cyatheaceae e as Dicksoniaceae, que pertencem a ordem Cyatheales,

    so alvo de extrativistas, por serem utilizadas para fabricao de vasos, em ornamentao e

    paisagismo, como moures de cercas, bem como substrato para cultivo de orqudeas ou outras

    plantas ornamentais (SCHMITT, 2005).

    Mesmo diante dos esforos para a descrio e quantificao da estrutura das

    comunidades vegetais da Floresta Ombrfila Mista, algumas formas de vida e determinados

    grupos de plantas tm sua organizao social minimamente conhecida, especialmente as

    espcies no lenhosas, pertencentes ao subdossel. Possivelmente, muitas espcies vegetais de

    pequeno porte so extintas sem mesmo serem descritas cientificamente (BITTENCOURT;

    DALLA CORTE; SANQUETTA, 2004) o que pode vir a acontecer com as samambaias

    arborescentes.

    1.2.2.1 Famlia Dicksoniaceae

    Dicksoniaceae uma pequena famlia de filicneas arborescentes, com hbitos

    semelhantes ao da famlia Cyatheaceae, sendo que essas se distinguem pela posio marginal

    dos esporos (JOLY, 1985). A famlia Dicksoniaceae tem apenas trs gneros sobreviventes de

    um total de nove gneros (OLIVEIRA et al., 2013).

    As espcies desta famlia so fetos tropicais, subtropicais e de latitudes temperadas

    quentes, encontradas em regies tropicais do hemisfrio sul, atingindo reas temperadas como

    o sul da Nova Zelndia. H gneros da famlia que se caracterizam por serem rasteiros e

  • 6

    possurem cudices muito pequenos, no entanto algumas das espcies podem atingir vrios

    metros de altura (Figura 2) (OLIVEIRA et al., 2013).

    Figura 2: Cudices de Dicksonia sellowiana coberto por razes adventcias.

    No Brasil, Dicksonia sellowiana a nica espcie da famlia Dicksoniaceae, sendo

    uma das espcies mais notveis dentre as plantas que caracterizam as florestas do Brasil

    meridional, em especial a Floresta Ombrfila Mista. A espcie cresce em altitudes que variam

    de 60 m, no Estado do Rio Grande do Sul at 2.200 m na Serra do Itatiaia, Rio de Janeiro

    (FERNANDES, 2000). Os indivduos pertencentes a esta espcie, distinguem-se das outras

    pteridfitas arborescentes por apresentar a poro ereta do caule com muitas razes

    adventcias (Figura 2), pois no possui casca. A base dos pecolos persistente, com tricomas

    multicelulares, amarelos a castanho-escuros. Possui raque sulcada e pilosa. Nas frondes

    (Figura 3) as pnulas so esparsamente serreadas (SAKAGAMI, 2006).

    Devido ao valor econmico esta espcie foi muito explorada, pois seu cudice foi

    muito utilizado para a produo de vasos e substratos utilizados no cultivo de plantas

    ornamentais (MONTAGNA et al, 2012).

    Suas folhas tambm so teis, pois na ltima dcada, o farmacutico e bioqumico,

    Elzo Ferreira, por meio de pesquisas realizadas em parceria com a Universidade Federal do

    Paran, desenvolveu um medicamento que cura a asma, utilizando o princpio ativo presente

    nas frondes (AGNCIA, 2006).

    Dicksonia sellowiana uma das espcies da Mata Atlntica que pode ser manejada

    de forma sustentvel. Mas deve-se ressaltar que qualquer uso ou manejo de espcies em reas

  • 7

    naturais necessita de conhecimentos tcnicos e cientficos, visando evitar as exploraes de

    forma predatria e no sustentvel (CAMPANILI; PROCHNOW, 2006).

    Figura 3: Imagem de fronde de Dicksonia sellowiana.

    Estudos sobre a biologia de Dicksonia sellowiana (Figura 4) so muito importantes,

    pois seu estado de conservao considerado vulnervel, por consequncia do extrativismo

    (WINDISCH; NERVO; SEIBERT, 2008). Embora seja protegida por lei, ainda h

    necessidade de aprimorar os dados sobre sua biologia, tanto que a literatura cientfica

    carente de informaes sobre a estrutura populacional desta espcie em formaes florestais,

    da mesma forma como tambm so escassos dados sobre aspectos relacionados sua

    autoecologia, sinecologia e caractersticas edficas em habitats naturais (MANTOVANI,

    2004).

    Figura 4: Exemplares de Dicksonia sellowiana.

  • 8

    1.2.2.2 Famlia Cyatheaceae

    As Cyatheaceae so geralmente de mdio a grande porte, podendo alcanar cerca de

    20 m de altura. O cudice em regra ereto e massivo, por vezes coberto por uma capa de

    razes adventcias, terminando em uma coroa com frondes. As frondes podem atingir alguns

    metros de comprimento com lmina bipinada. Essas plantas podem ocupar distintos habitats,

    tais como encostas de morros, beira de cursos dgua, borda de floresta, restingas e margens

    de estradas, sendo que a maioria delas ocorre no interior das florestas (SCHMITT, 2005).

    A famlia Cyatheaceae engloba a maioria das pteridfitas arborescentes, sendo que

    existem cerca de 650 espcies distribudas pelas regies paleotropicais e neotropicais do

    mundo (TRYON; TRYON, 1982). Na regio sul do Brasil, as samambaias arborescentes so

    conhecidas por xaxins ou samambaiaus e so alvos do extrativismo (SCHMITT, 2005).

    A maioria dos trabalhos sobre Cyatheaceae de cunho taxonmico descritivo.

    Trabalhos florsticos-taxonmico sobre pteridfitas brasileiras apresentam dados em geral

    sucintos sobre ecologia e habitat das espcies. Existem relativamente poucos estudos sobre

    ecologia e desenvolvimento de pteridfitas arborescentes, sendo que essas plantas so um

    componente importante das florestas tropicais e subtropicais do mundo (SCHMITT, 2005).

    Os indivduos da espcie Alsophila setosa (Figura 5) possuem cudice de at 10 m de

    altura, com espinhos nigrescentes sobre as bases dos estpetes remanescentes das frondes

    cadas. Os espinhos so curvos na poro inferior dos estpetes e na parte basal exibem de 2 a

    4 pares de aflbias. As frondes podem chegar a 3 m de comprimento (SCHMITT, 2005).

    Figura 5: Exemplares de Alsophila setosa (A) e aflbias (B).

  • 9

    Os espcimes de Cyathea corcovadensis (Figura 6) exibem um cudice que pode

    chegar a 6 m de altura, apresentado por toda sua extenso persistncia das partes basais dos

    estpites ou ainda envolvido por uma capa de razes adventcias. Os estpites so ascendentes

    longos. As frondes apresentam em torno de 2,7 m de comprimento, com pnulas inteiras,

    denteadas ou serradas (SCHMITT, 2005).

    Figura 6: Exemplar de Cyathea corcovadensis. Fronde (A). Detalhe do cudice (B).

    Os xaxins-espinhos da espcie Cyathea phalerata (Figura 7) possuem cudice ereto e

    os pecolos de colorao castanha tm bases persistentes. Em suas frondes, as pnulas

    apresentam margem crenada ou ondulada. Possui em suas raques escmulas infladas. Esta

    espcie encontrada no interior da floresta, em locais sombreados (SAKAGAMI, 2006).

    Figura 7: Exemplar de Cyathea phalerata.

  • 10

    1.3 MATERIAL E MTODOS

    1.3.1 Descrio da rea de Estudo

    1.3.1.1 Localizao e Vegetao

    A Floresta Nacional de Irati (FNI) originou-se da necessidade de se pesquisar o

    Pinheiro do Paran (Araucaria angustiflia (Bertol.) Kuntze), sob diferentes condies de

    cultivo, comeando sua atividade a partir de 26 de setembro de 1946, com a denominao de

    Parque Florestal Manoel Henrique da Silva. Posteriormente, essas reas foram utilizadas para

    testar o desenvolvimento de diferentes espcies e procedncias dos gneros Pinus e

    Eucalyptus, em diferentes ambientes e tratos silviculturais, como parte da poltica florestal do

    pas (ICMBIO, 2013).

    Por meio da Portaria do IBDF n 559, de 25 de outubro de 1968, passou a ser

    denominada Floresta Nacional. Localiza-se no estado do Paran, incluindo parcialmente o

    municpio de Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares, alm de confrontar com os municpios de

    Irati e Imbituva. Situa-se na regio centro-sul, no Segundo Planalto, como ilustrado na Figura

    8 (ICMBIO, 2013).

    Figura 8: Localizao da Floresta Nacional de Irati (FNI), Paran.

    Fonte: Mazza, 2006.

    http://www4.icmbio.gov.br/flonas/legislacao.php?id_arq=74

  • 11

    A Floresta Nacional de Irati abrange uma rea de 3495 hectares com maior

    concentrao de mata nativa, com predominncia de Araucria. Uma parte de sua rea, 1308

    hectares (37,5%), foi refloresta com Araucrias, Pinus e Eucalipto. uma unidade de

    conservao, e como tal, foi instituda pelo poder pblico, com limites definidos, com

    objetivos de conservao. Por ter caractersticas naturais relevantes em sua gesto e manejo

    deve ser garantida sua conservao (ICMBIO, 2013).

    Estudos realizados em uma rea de parcelas permanentes na Floresta Nacional de

    Irati apontam a presena de 124 espcies arbreas, 84 gneros e 42 famlias botnicas (ROIK,

    2012).

    1.3.1.2 Clima

    A regio da FNI possui clima subtropical, mido, mesotrmico, com veres frescos,

    geadas severas e frequentes e sem estao seca (ICMBIO, 2013).

    A temperatura tem amplitude de -5 C at 38C. As chuvas caem com mais

    intensidade de setembro a fevereiro, sendo que a precipitao mdia mensal de 193,97 mm e

    79,58% de umidade relativa mdia mensal (IBGE, 2014).

    A umidade relativa do ar apresenta pequena variao ao longo do ano na regio,

    oscilando entre 77% nos meses de agosto e novembro e alcanando 83% em maio e junho

    (ICMBIO, 2013).

    1.3.1.3 Solos

    A regio da FNI est situada na poro sudoeste do Segundo Planalto Paranaense,

    aos ps da Serra da Boa Esperana em seu limite leste. De maneira geral, a rea no apresenta

    diferenas abruptas de altitude, com relevo medianamente dissecado formando colinas e

    outeiros (ICMBIO, 2013).

    Na FNI destacam-se trs classes de solos: o Latossolo Vermelho Distrfico,

    concentrado no setor oeste, ocupa 65% da rea da unidade, o Cambissolo Hplico Distrfico,

    na poro mais ao norte, s vrzeas do rio Imbituva, perfazendo cerca de 25% da rea, e o

    Argissolo Vermelho-Amarelo Distrfico, disposto em manchas a sudeste e leste dos limites

    da unidade, corresponde a aproximadamente 10% da FNI (ICMBIO, 2013).

  • 12

    A seguir, ilustrado na Figura 9, o mapa detalhado de solos das parcelas permanentes

    (25 ha) onde a pesquisa foi realizada. Este mapa foi elaborado pelas pesquisadoras e

    professoras Aline Marques Gen e Ktia Cylene Lombardi, dos Departamentos de Agronomia

    e de Engenharia Florestal da UNICENTRO, respectivamente. O levantamento detalhado e o

    respectivo mapa fazem parte do Relatrio Tcnico de Figueiredo Filho (2011) elaborado para

    o CNPq (no publicado).

    Sobressaem na rea pesquisada quatro classes de solos: Latossolo Vermelho

    distrfico tpico (LVd), Cambissolo Hplico Ta distrfico tpico (CXvdt), Cambissolo

    Hplico Ta distrfico lptico (CXvdl) e Cambissolo Hplico altico tpico (CXal).

    Figura 9: Representao de ocorrncia das classes de solo na rea amostrada (25 ha de

    parcelas permanentes) na FNI, Paran.

    Fonte: Adaptado de FIGUEIREDO FILHO, 2011.

  • 13

    1.4 PROCEDNCIA DOS DADOS

    Os dados empregados nesta pesquisa provm de 25 parcelas permanentes (Figura 10)

    instaladas em 2002 em um fragmento de Floresta Ombrfila Mista (1272,9 ha) na Floresta

    Nacional de Irati. Todas as espcies arbreas tem respectivamente o dimetro a altura do peito

    e a altura medidos periodicamente a cada trs anos desde o ano de 2002. Porm, as espcies

    de pteridfitas de porte arborescente no tiveram sua dinmica acompanhada at o momento.

    Figura 10: Localizao das Parcelas Permanentes (25 ha) na FNI, Paran.

    Fonte: Adaptado de RODE, 2008.

  • 14

    Na Figura 11 observam-se as unidades amostrais (destaque em vermelho) onde os

    dados para a presente pesquisa foram coletados. A amostragem foi sistemtica com 25

    unidades amostrais e 500 m2 de rea. Corresponde a faixa 1 da parcela 3 dos blocos 1 ao 24,

    j no bloco 25 optou-se por amostrar a faixa 1 da parcela 1, respeitando assim, a metragem

    fixa de distncia entre as unidades amostrais. A rea total amostrada foi de 12.500 m2 ou 1,25

    ha.

    Figura 11: Croqui dos 25 ha de parcelas permanentes na FNI. Em vermelho, destacam-se as

    unidades amostrais mensuradas na pesquisa.

    REFERNCIAS

    AGNCIA Estadual de Notcias. 2006. Cultivo de xaxim e bambu poder gerar renda no

    Paran. Disponvel em: . Acesso em:

    21/novembro/2013.

    BITTENCOURT, S.; DALLA CORTE, A. P.; SANQUETTA, C. R. Estrutura da

    Comunidade de Pteridophyta em uma Floresta Ombrfila Mista, Sul do Paran, Brasil. Silva

    Lusitana, Lisboa, Portugal, v.12, n. 2, p. 243-254. 2004.

    CAMPANILI, M; PROCHNOW, M. 2006. Mata Atlntica Uma rede pela floresta. Rede

    de ONGs da Mata Atlntica, [on line], 2006, 332p.

    FERNANDES, I. 2000. Taxonomia dos representantes de Dicksoniaceae no Brasil.

    Pesquisas, Botnica 50: 5-26.

    FIGUEIREDO FILHO, A. Relatrio tcnico: Comparao da dinmica de uma Floresta

    Ombrfila Mista e uma vegetao arbrea estabelecida sob um plantio de Araucaria

    angustifolia no Centro Sul do estado do Paran, 2011, p. 36. No publicado.

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Paran: Irati. Disponvel em:

  • 15

    na|irati|infograficos:-historico>. Acesso em: 22 de novembro de 2014.

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  • 17

    Captulo 2 - CARACTERIZAO E MODELAGEM BIOMTRICA DE

    PTERIDFITAS ARBORESCENTES EM FLORESTA OMBRFILA MISTA

    Resumo

    Este estudo teve como objetivo a caracterizao biomtrica e a modelagem volumtrica e

    hipsomtrica de samambaias arborescentes em um remanescente de Floresta Ombrfila Mista

    na Floresta Nacional de Irati, PR. Foram avaliadas 25 unidades amostrais de 500m cada,

    distribudas sistematicamente dentro de parcelas permanentes de 25 hectares instaladas em

    2002 na FLONA de Irati em um remanescente de Floresta Ombrfila Mista. Foram

    mensuradas e identificadas todas as samambaias arborescentes acima de 1,3 m de altura,

    tomando medidas do CAP com fita mtrica e altura total com rgua telescpica. Foi realizada

    a cubagem rigorosa no destrutiva por Smalian. Para a caracterizao biomtrica foram

    utilizados dados descritivos de n amostral, DAP e alturas. Utilizaram-se oito classes de

    qualidade para classificar os indivduos estudados. Para a modelagem foram ajustados 15

    modelos hipsomtricos e 16 modelos volumtricos para A. setosa e D. sellowiana. Foram

    mensurados 1831 indivduos das quatro espcies sendo 1682 de A. setosa com DAP mdio de

    11 cm e altura total mdia de 3,9 m, 26 indivduos de C. phalerata com DAP mdio de 15,2

    cm e altura total mdia de 3,2 m, 3 indivduos de C. corcovadensis com DAP 20,8 cm e altura

    total mdia de 1,4 m e 120 indivduos de D. sellowiana com DAP mdio de 26 cm e altura

    total mdia de 3,2 m, para a altura comercial a mdia de 1,9 m e a altura da coroa mdia

    1,3 m. A maioria dos indivduos de A. setosa apresentou classe de qualidade 8, no existe

    relao hipsomtrica e o modelo volumtrico escolhido estimou 50,5m/ha, a unidade

    amostral com maior expresso foi a 15 (maior rea basal, volume e nmero de indivduos) e a

    classe diamtrica mais expressiva foi 11 cm (maior nmero de indivduos, rea basal e

    volume). A maioria dos indivduos de D. sellowiana apresentou classe de qualidade 3, existe

    uma fraca relao hipsomtrica e seu volume total foi estimado em 22,21m/ha e o volume

    comercial foi estimado em 10,5 m/ha, a unidade amostral com maior expresso foi a 22

    (maior nmero de indivduos, rea basal e volume total e comercial), as classes diamtricas

    com maior expresso foram 18, 22 e 30 cm (maior nmero de indivduos, rea basal e volume

    total e comercial). A maioria dos indivduos de Cyathea spp apresentou classe de qualidade 8.

    As quatro espcies tm potencial de regenerao e demonstraram rusticidade (capacidade de

    sobreviver a adversidades). O modelo hipsomtrico mostrou-se adequado para as estimativas

    para D. sellowiana e os modelos volumtricos mostraram-se eficientes para as estimativas

    para as duas espcies. D. sellowiana demonstrou potencial para reproduo vegetativa por

    meio dos indivduos que possuem mais de uma coroa (prximo a 5%).

    Palavras-chave: Biometria, Modelos hipsomtricos, Modelos volumtricos, Classe de

    qualidade. Potencial de regenerao.

  • 18

    CHARACTERIZATION AND MODELING BIOMETRIC OF FERNS

    ARBORESCENT IN MIXED RAIN FOREST

    Abstract

    This study objectified biometric characterization and modeling of tree ferns in a remnant of

    Araucaria Forest in the Floresta Nacional de Irati, PR. We evaluated 25 sample units of 500

    m each, systematically distributed in permanent plots of 25 hectares installed in 2002 in Irati

    National Forest in a remnant of Araucaria Forest. Were measured all and identified the tree

    ferns up to 1.3 m high, taking measurements of the CBH with tape measure and full height

    with telescopic ruler. It was performed nondestructive cubed by Smalian. For biometric

    characterization were used descriptive data sample n, DBH and heights.We used eight quality

    classes to classify the study. For modeling were adjusted 15 hypsometric models and 16

    models for volumetric A. setosa and D. sellowiana. Were measured 1831 individuals of four

    species being 1682 Alsophila setosa with an average DBH of 11 cm and total height of 3.9 m

    average, 26 individuals Cyathea phalerata with an average DBH of 15.2 cm and average

    total height of 3,2 m , 3 individuals Cyathea corcovadensis with DBH 20.8 cm and total

    height average of 1,42m and 120 individuals of Dicksonia sellowiana with average DBH of

    26 cm and height of 3.2 m overall average for the commercial height the average is 1.92 m

    and the average crown height is 1,32 m. Most A. setosa individuals have quality class 8, there

    is hypsometric relationship and the chosen volumetric model estimated 50.5 m/ha, the

    sampling unit with the highest expression was 15 (basal area, volume and number of

    individuals) and the most significant diameter class was 11 cm (larger number of individuals,

    basal area and volume). Most D. sellowiana individuals have quality class 3, there is a weak

    hypsometric relationship and its total volume was estimated at 22.21 m/ha and the trade

    volume was estimated at 10.5 m/ha, the sampling unit more expression was 22 (larger

    number of individuals, basal area and volume and trade), the diameter classes with higher

    expression were 18, 22 and 30 cm (larger number of individuals, basal area and total trade

    volume). Most of Cyathea spp individuals have quality class 8. The four species have the

    potential to regenerate and demonstrated hardiness (ability to survive adversity). The

    hypsometric model was adequate to estimates for D. sellowiana and volumetric models were

    effective for estimates for both species. D. sellowiana demonstrates potential for vegetative

    reproduction through the individuals who own more than one crown (close to 5%).

    Keywords: Biometrics, Hypsometric models, Volumetric models, Quality class.

    Regenerationpotential.

  • 19

    2.1 INTRODUO

    Para manejar uma dada espcie primeiramente necessrio conhecer a sua biologia.

    Para isto pode-se utilizar da mensurao de dados como o dimetro altura do peito (DAP), a

    altura, nmero de indivduos, entre outros que venham a formar um banco de dados

    qualitativos e quantitativos. O banco de dados indispensvel para poder propor um sistema

    de manejo com importncia local, regional ou nacional.

    Um plano de manejo florestal sustentvel e de uso mltiplo no deve ser apenas

    ecologicamente correto, mas tambm deve considerar os mbitos financeiro e social. Se um

    plano de manejo florestal obedecer aos critrios supracitados, no estar apenas conservando

    as formaes florestais para as geraes futuras, mas tambm estar conservando a natureza

    humana, promovendo o desenvolvimento socioeconmico.

    Atualmente, propor um modelo de manejo para a Floresta Ombrfila Mista um

    desafio devido multiplicidade e fragilidade dos ecossistemas envolvidos, dos diversos

    fatores e variveis a considerar e pela inexistncia de parmetros tcnicos suficientes e

    validados diante das experincias passadas. Devido a isso, a produo se restringe a

    bracatingais e de produtos no madeireiros como a erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hill),

    plantas medicinais e ornamentais (ROSOT, 2007).

    Segundo Campanili e Prochnow (2006), a pteridfita arborescente Dicksonia

    sellowiana pode ser manejada de forma sustentvel com a finalidade de ornamentao. Na

    prtica isto j realizado. Se o extrativismo sustentvel fosse incentivado, os produtores

    rurais poderiam ter uma alternativa para o incremento da renda, em especial os pequenos

    produtores rurais. O extrativismo sustentvel alm de respeitar a biologia da planta, auxilia no

    desenvolvimento das comunidades onde se insere e por diversas vezes responsvel por parte

    considervel da gerao de renda e, em alguns casos, tambm ampara na alimentao.

    O extrativismo enfrenta algumas problemticas na atualidade, a exemplo do mercado

    que necessita ser organizado e impulsionado. Outro fato importante para o mercado de

    produtos no madeireiros o desenvolvimento tecnolgico. Propem-se que haja mais

    investimento em pesquisas, pois necessria a realizao de testes para conhecer os diferentes

    perfis de espcies produtoras de madeira, fibras, leos e derivados que possuam valor de

    mercado, junto com potencialidades de industrializao. Tambm propem-se que exista um

    grupo de trabalho com pesquisadores, instituies e empresas para auxiliar no preenchimento

    dos gaps de pesquisas, processos, comercializao e legislao (COSTA; SOARES, 2013).

  • 20

    2.2 OBJETIVOS

    2.2.1 Objetivo Geral

    Caracterizao e modelagem biomtrica das espcies Dicksonia sellowiana,

    Alsophila setosa, Cyathea phalerata e Cyathea corcovadensis em Floresta Ombrfila Mista

    na Floresta Nacional de Irati, Paran.

    2.2.2 Objetivos Especficos

    Caracterizar e analisar a biometria das quatro espcies de pteridfitas de porte

    arborescente estudadas;

    Avaliar a qualidade comercial das quatro espcies de pteridfitas de porte arborescente

    estudadas;

    Ajustar modelos hipsomtricos e volumtricos para as espcies Alsophila setosa e

    Dicksonia sellowiana.

    2.3 REFERENCIAL TERICO

    2.3.1 Biometria

    A medio de variveis biomtricas constitui-se em uma atividade bsica e essencial

    nos trabalhos de inventrio florestal. O inventrio florestal uma ferramenta que objetiva

    informar sobre os recursos madeireiros e no madeireiros de uma comunidade florestal. Essas

    informaes servem como base para implantar planos de explorao e de manejo, alm de

    formular polticas florestais (BERTOLA et al., 2002).

    As variveis dendromtricas que podem ser obtidas de forma direta e indireta so o

    dimetro altura do peito, medido a 1,30 m do solo; altura total e comercial e dimetro da

    copa. Posteriormente, com estas informaes torna-se possvel mensurar rea de copa em m;

    rea transversal em m e por meio de equaes de volume e relaes hipsomtricas, o volume

    e a altura, respectivamente (GOMES et al., 2009)

  • 21

    Porm, Machado e Figueiredo Filho (2003) ressaltaram que nos inventrios em

    florestas nativas, geralmente no permitida a derrubada de rvores para realizar a cubagem,

    ou seja, seccionar a rvore em n sees (toras) levando medio de dimetros sucessivos ao

    longo do tronco de maneira previamente estabelecida. Em tais situaes, instrumentos que

    medem dimetros distncia podem ser utilizados. Outra alternativa seria a realizao de

    cubagem com a rvore em p, utilizando-se equipamentos especiais de escalada.

    Aps a realizao da cubagem so ajustadas equaes de volume para possibilitar a

    estimativa do mesmo. O emprego de tais funes facilita e diminui o custo dos inventrios

    florestais (THORNLEY, 1999).

    A respeito de inventrios sobre samambaias arborescentes, Gasper et al. (2011), no

    estado de Santa Catarina, estudou a espcie Dicksonia sellowiana para fornecer informaes

    sobre a distribuio apontando os locais de maior ocorrncia, densidade populacional, alm de

    informaes sobre a amplitude de altura e de dimetro e sua estrutura populacional.

    Mantovani (2004) no estado de Santa Catarina estudou Dicksonia sellowiana (densidade,

    valores de altura, valores de DAP, entre outros dados). Biondi et al. (2009) no municpio de

    Rio Negro, Paran, descreveram as variveis dendromtricas Dicksonia sellowiana (dimetro,

    altura e volume) para verificar diferenas entre as diferentes intervenes silviculturais.

    Schmitt e Windisch (2005) estudaram os aspectos ecolgicos de Alsophila setosa no

    estado do Rio Grande do Sul e descreveram sobre a estrutura populacional (amplitude da

    altura, densidade, classes de altura) alm de outros dados como a arquitetura das partes

    subterrneas.

    Costa et al. (2011) em Poos de Caldas, Minas Gerais, relataram variaes estruturais

    de uma rea florestal, onde encontraram Cyathea delgadii Sternb. e Cyathea phalerata. Os

    autores descreveram densidade, rea basal, entre outros dados. Schmitt e Windisch (2007)

    estudaram a estrutura populacional de Cyathea delgadii no estado do Rio Grande do Sul e

    relataram o potencial de regenerao, a distribuio da populao em classes de altura,

    densidade, entre outros dados.

    Para samambaias arborescentes no se utiliza a distribuio em classes diamtricas

    para caracterizar a populao, porque o mais adequado caracterizar a populao por classes

    de altura ciente de que a altura representa de forma mais adequada a idade. Esse mtodo foi

    desenvolvido inicialmente por Tanner (1983) e consiste em dividir a populao de

    samambaias arborescentes em classes com amplitude de 80 cm, mensurando todos os

  • 22

    indivduos, inclusive os espcimes que ainda no iniciaram seu ciclo reprodutivo (SCHMITT;

    WINDISCH, 2005).

    Quando estabelecido um critrio de incluso para estudar uma populao de

    samambaias arborescentes, no utilizado DAP mnimo, utilizada uma altura mnima que

    foi estabelecida por Mantovani (2004) em 1,3 m, fazendo com que indivduos que possuam

    altura menor que 1,3 m sejam considerados como regenerao.

    As samambaias arborescentes so consideradas produtos florestais no madeireiros e,

    de acordo com o SFB (2015), os produtos florestais no madeireiros so considerados de uso

    sustentvel dos recursos naturais, pois uma maneira de manter a floresta e atender as

    necessidades dos consumidores sem deixar de perpetuar as espcies, alm de auxiliar a

    sobrevivncia de comunidades rurais.

    Quando se trata das polticas voltadas para o extrativismo, a maioria destas

    direcionada para a regio amaznica. Para a regio do Cerrado, as polticas existentes ainda

    no possuem eficincia significativa (TURINI, 2013). Na Floresta Ombrfila Mista, assim

    como em todo territrio nacional, desde a publicao da Resoluo n 278 de 2001, que

    determina ao IBAMA a suspenso de autorizaes para corte ou explorao de espcies

    ameaadas de extino entre elas Araucaria angustifolia e Dicksonia sellowiana ficou

    vedado todo e qualquer aproveitamento comercial dessas espcies, com a suspenso dos

    planos de manejo florestal em execuo (ROSOT, 2007).

    A respeito de Dicksonia sellowiana, sabe-se que no Estado de Santa Catarina, antes

    da Resoluo n 278 de 2001, a Portaria Interministerial n 1 de 1996, estabelecia que alm

    dos Princpios Gerais e dos Fundamentos Tcnicos estabelecidos no art 2 da Portaria n 113

    de 1995, o Plano de Manejo Florestal Sustentvel visando a explorao do xaxim (Dicksonia

    sellowiana) deve obedecer aos critrios da explorao limitada a 30% dos indivduos adultos,

    cujos dimetros sejam maiores que 30 cm, medidos a 80 cm do solo, alm do plantio das

    ponteiras dos exemplares explorados em adio obrigatria conduo da rebrota de toua

    remanescente (MIELKE, 2002).

    Rosot (2007) relatou que a adoo do manejo florestal de uso mltiplo em toda a

    amplitude do conceito representa a medida mais eficaz contra o avano da fragmentao da

    Floresta Ombrfila Mista. Conjuntamente, deve-se buscar maior eficincia do plano de

    manejo florestal sustentvel em todas as dimenses de forma equilibrada, e assim, a Floresta

    Ombrfila Mista poder outra vez ser valorizada pelas populaes inseridas na sua regio de

    ocorrncia natural.

  • 23

    Faz-se necessrio descobrir formas de estimular os proprietrios para que continuem

    conservando suas florestas ao mesmo tempo em que possam ser utilizadas de modo racional,

    em especial as florestas em estgio mdio de sucesso. Apenas pela fora da lei no ser

    possvel assegurar a perpetuao da Floresta Ombrfila Mista. O desestmulo ao uso

    sustentvel dos recursos florestais pode vir a frustrar as expectativas e a incentivar a

    clandestinidade (SANQUETTA, 2005). Porem, se houver estmulo ao uso sustentvel dos

    recursos florestais, resultar que a floresta verdadeiramente representar uma fonte de

    recursos na propriedade rural, pela produo de bens e servios, garantindo a conservao da

    biodiversidade, integrando a paisagem de forma permanente, constituindo um elemento vivo e

    dinmico e no em algo que mantido somente devido a fora da lei (ROSOT, 2007).

    2.3.2 Mercado, Produtos e Utilidades de Samambaias Arborescentes

    Dentre as utilidades das samambaias arborescentes, Raven, Eichhorn e Evert (2006)

    relataram que as reservas de carvo utilizadas atualmente como fonte de energia, so herana

    do Perodo Carbonfero graas s pteridfitas. Schmitt (2005) relatou que Alsophila setosa,

    em algumas cidades do Estado do Rio Grande do Sul, utilizada para ornamentar igrejas em

    dias de casamento. As outras espcies de samambaias de porte arborescente, tambm possuem

    potencial paisagstico alm de poder ser utilizado em artesanato.

    Sobre Cyathea phalerata, existem estudos que demonstram seu potencial medicinal.

    Hort et al. (2008) relataram o potencial para diabetes e patologias hepticas. Zanatta et al.

    (2008) estudaram o potencial para diabetes. Yamasaki et al. (2011) desenvolveram estudos no

    Japo por saberem que um princpio ativo de C. phalerata exibe atividade semelhante a

    insulina. Hort (2006) relatou que o relevante potencial antioxidante de C. phalerata extrado

    do seu cudice, associado com a atividade vasodilatadora, pode ser importante para o

    tratamento de doenas relacionadas ao estresse oxidativo, especialmente doenas

    cardiovasculares.

    Para Cyathea corcovadensis as informaes ainda so sucintas e esto distribudas

    em trabalhos de taxonomia ou de florstica (NEUMANN, 2010)

    A respeito de Dicksonia sellowiana, sabe-se que as frondes tambm so teis, pois na

    ltima dcada, o farmacutico bioqumico Elzo Ferreira, por meio de pesquisas realizadas em

    parceria com a Universidade Federal do Paran, desenvolveu um medicamento com

    resultados promissores para o tratamento da asma, utilizando o princpio ativo presente nas

  • 24

    frondes. A substncia para produzir o medicamento no extrada do cudice, portanto sua

    explorao no compromete o desenvolvimento da espcie, podendo ser utilizada como fonte

    de renda na agricultura familiar (AGNCIA, 2006).

    A extrao de D. sellowiana para confeco de produtos (vasos, estacas, placas e p)

    considerada uma atividade econmica muito antiga, no sendo possvel precisar quem, ou

    em qual ano se iniciou no Brasil. Porm, relatos de produtores referenciaram a dcada de

    1940. Desta maneira, durante muitos anos, a comercializao de D. sellowiana no mercado de

    plantas ornamentais se tornou fonte de renda para vrios agentes econmicos dentro de um

    processo produtivo e comercial. As samambaias arborescentes em geral tm crescimento

    muito lento, residindo a a problemtica para o seu uso econmico (MIELKE, 2002).

    Mielke (2002), analisando a cadeia produtiva e comercializao de D. sellowiana no

    Estado do Paran, constatou junto aos fabricantes e atacadistas que a produo mensal era de

    aproximadamente 53.400 metros lineares, com renda prxima de R$ 587.400,00. Empregava

    de 390 a 580 pessoas em 12 municpios do centro-sul paranaense. Na Figura 12pode-se

    observar o fluxograma da cadeia produtiva de D. sellowiana.

    Figura 12: Fluxograma da Cadeia Produtiva de D. sellowiana no Estado do Paran.

    Fonte: MIELKE, 2002.

  • 25

    2.4 MATERIAL E MTODOS

    2.4.1 rea de Estudo

    O presente estudo foi desenvolvido na Floresta Nacional de Irati, no Estado do

    Paran. O detalhamento da rea com sua vegetao, tipo de solo, localizao e sistema de

    amostragem, esto descritos no Captulo I.

    2.4.2 Dados Coletados

    Para facilitar o trabalho em campo, adotou-se o limite de incluso de acordo com

    Mantovani (2004), ou seja, as samambaias de porte arborescentes que no apresentaram DAP

    (dimetro a altura do peito) so consideradas como regenerao, portanto os xaxins que no

    apresentaram altura suficiente para mensurar o DAP no foram includos. Foram coletadas

    amostras para a elaborao de exsicatas das quatro espcies estudadas e as mesmas foram

    tombadas no Herbrio da Universidade Estadual do Centro-Oeste, da Universidade Estadual

    do Centro-Oeste (HUCO), Campus Irati.

    Para todos os xaxins foram medidos CAP (circunferncia altura do peito) com fita

    mtrica e altura total com rgua telescpica (Figura 13) e, no caso de Dicksonia sellowiana,

    tambm foi mensurada a altura comercial, de acordo com Mantovani (2004) e Biondi et

    al.(2009), que consideraram como altura comercial a altura do cudice medido do solo at as

    primeiras cicatrizes deixadas pelas folhas mortas. Para espcies da famlia Cyatheaceae no

    foi encontrada uma definio de altura comercial, portanto foi medida apenas a altura total.

    Visando aprimorar a avaliao foram elaboradas oito classes de qualidade do cudice

    das samambaias arborescentes, ilustrado na Tabela 1, com base em exigncias paisagsticas.

  • 26

    Figura 13: A) Mensurao do CAP com auxlio de fita mtrica. B) Mensurao da altura com

    auxlio de rgua telescpica.

    Tabela 1: Classes de Qualidade do cudice com base em exigncias paisagsticas.

    Classe de Qualidade Descrio

    8 Samambaia com cudice retilneo (Figura 14.A)

    7 Samambaia com cudice retilneo, mas com certo grau de

    inclinao (Figura 14.B).

    6 Samambaia com cudice inclinado com coroa

    redirecionada em resposta ao fototropismo (Figura 14.C).

    5

    Samambaia apresentando ao menos uma coroa secundria

    com altura comercial maior que 0,5 m (Figura 14.D).

    Adaptado de Biondi et al (2009).

    4 Samambaia apresentando mais de uma coroa (Figura 14.E).

    3 Samambaia com cudice sinuoso e com ngulo maior que

    45 em relao ao solo (Figura 14.F).

    2 Samambaia com cudice sinuoso e com ngulo menor que

    45 em relao ao solo (Figura 14.G).

    1 Samambaia com mais de uma coroa e a coroa principal

    apresentava-se morta (Figura 14.H).*

    *Os xaxins que possuam ao menos uma coroa secundria com altura comercial maior que

    0,5m, receberam a qualidade 5. Os espcimes que possuem a coroa principal morta, mas no

    possuem coroas secundrias, so espcimes mortos que no foram considerados neste estudo.

  • 27

    Figura 14: Classes de qualidade. A) Samambaia arborescente com cudice com classe de

    qualidade 8, exemplificado com Alsophila setosa. B) Samambaia arborescente com cudice

    de qualidade 7, exemplificado com Dicksonia sellowiana.C) Samambaia arborescente com

  • 28

    cudice de qualidade 6, exemplificado com Alsophila setosa. D) Samambaia arborescente

    com cudice de qualidade 5, exemplificado com Dicksonia sellowiana.E) Samambaia

    arborescente com cudice de qualidade 4, exemplificado com Dicksonia sellowiana. Coroas

    secundrias em destaque. F) Samambaia arborescente com cudice de qualidade 3,

    exemplificado com Dicksonia sellowiana. G) Samambaia arborescente com cudice de

    qualidade 2, exemplificado com Dicksonia sellowiana. H) Samambaia arborescente com

    cudice de qualidade 1, exemplificado com Dicksonia sellowiana. Na parte superior

    destacado em azul a coroa principal e na parte inferior destacado em vermelho a coroa

    secundria.

    Windisch, Nervo e Seibert (2008) relataram que Dicksonia sellowiana tem um

    aspecto interessante na sua biologia que o potencial para desenvolvimento perene por meio

    de sucessivos tombamentos da parte ereta do cudice e regenerao do mesmo, ou seja, certa

    rusticidade. Neste caso, de tombamento, a coroa seria colocada em um nicho diferente do

    original, havendo uma mudana vertical, pois as novas frondes seriam produzidas juntas ao

    estrato herbceo com consequentes reflexos no seu desenvolvimento. Vale lembrar que a

    poro do cudice prostrada pode ser maior que a do presente momento em caso de

    decomposio das partes mais velhas e que em alguns casos, existe evidncias de que o

    processo de tombamento possa ser mais lento passando por uma fase inclinada.

    2.4.3 Cubagem Rigorosa

    Para cubagem foram selecionados 35 indivduos de Dicksonia sellowiana e tambm

    de Alsophila setosa, somando 70 xaxins distribudos proporcionalmente dentro das classes de

    altura total sendo que estas foram definidas pela frmula de Sturges, descrita a seguir.

    Em que, k a varivel (nmero de intervalos) que se procura, n o nmero de

    observaes, os demais so constantes da frmula.

    Inicialmente planejou-se a distribuio pelas classes de dimetro, porm, de acordo

    com a literatura consultada (SCHMITT; WINDISCH, 2005 e SCHMITT, WINDISCH, 2007)

    constatou-se que o mais adequado para pteridfitas arborescentes a distribuio pelas

    classes de altura.

    Para a cubagem rigorosa utilizou-se a frmula de Smalian e para obter o volume da

    ultima seo de cada xaxim (ponteira) foi utilizado a frmula de tronco de cone. Ambas as

    frmulas, Smalian e tronco de cone, so respectivamente apresentadas a seguir:

  • 29

    Em que v o volume (m), g1 a rea transversal (m) da extremidade maior da

    seo, g2 a rea transversal (m) da extremidade menor da seo e l o comprimento (m) da

    seo a ser cubada.

    Em que v o volume (m), g1 a rea transversal (m) da extremidade maior da

    seo, g2 a rea transversal (m) da extremidade menor da seo e h o altura (m) da seo.

    As medidas dos dimetros foram feitas a cada metro, com suta. O mtodo de

    cubagem escolhido foi o no destrutivo porque Dicksonia sellowiana est na lista da flora

    ameaada de extino. Para tanto, contou-se com o auxlio de escada e, em especfico para os

    espcimes de Alsophila setosa, foram selecionados os indivduos que possuam uma rvore

    prxima para utilizar a escada, pois os mesmos no suportam o peso de uma pessoa (Figura

    15.A). Esta metodologia foi adaptada de BIONDI et al (2009), conforme ilustrada na Figura

    15.B.

    Figura 15: A) Cubagem em samambaia de porte arborescente em p, exemplificado em Alsophila

    setosa. B) Distino das variveis analisadas nos espcimes das quatro espcies de samambaias

    arborescentes, exemplificado em Dicksonia sellowiana. FONTE: BIONDI et al (2009).

    Todas as samambaias de porte arborescente amostradas foram marcadas com

    etiquetas metlicas numeradas e fixadas no cudice com fio de nylon, como demonstrado na

    Figura 16. As samambaias arborescentes foram identificadas com um nmero e tambm

    anotadas suas coordenadas para viabilizar futuras medies, podendo assim conhecer a

    dinmica populacional das espcies de samambaias arborescentes da rea estudada.

  • 30

    Figura 16: Etiqueta metlica numerada utilizada para marcar os xaxins. Em amarelo, a marcao

    para mensurar o DAP.

    2.4.4 Ajustes de Modelos Hipsomtricos

    Foram mensuradas as alturas de todas as samambaias arborescentes amostradas e

    com o objetivo de otimizar o tempo de trabalho no campo em estudos futuros, foram

    ajustados 15 modelos hipsomtricos lineares e no lineares (Tabela 2).

    Tabela 2: Modelos hipsomtricos ajustados para Dicksonia sellowiana e Alsophila setosa. Nmero Modelo

    1 1

    2 1

    3 1

    4 1

    5 1

    6 1

    7 1

    8