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moda manifesto gilles lipovetsky um encontro entre filosofia e moda e mais: ronaldo fraga em entrevista exclusiva moinhos fashion show a volta do balonê l moda além do óbvio l #1 l out/05 l em revista

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modamanifestogilles lipovetsky

um encontro entrefilosofia e moda

e mais:

ronaldo fraga em

entrevista exclusiva

moinhos fashion show

a volta do balonê

l moda além do óbvio l #1 l out/05 l

em revista

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editorial ...................................................................................................................3

quem faz .................................................................................................................3

um encontro com gilles lipovestky .............................................................................4

moinhos fashion show ..............................................................................................7

minimalismo ........................................................................................................... 10

descosturando ronaldo .......................................................................................... 12

brechómania.......................................................................................................... 14

último grito ............................................................................................................ 15

a moda e o existencialismo ..................................................................................... 16

um pequeno desejo em grande estilo ..................................................................... 18

a semana farroupilha ............................................................................................. 20

o retorno do balonê ............................................................................................... 22

cinema + moda: cult total ....................................................................................... 23

glossário ................................................................................................................ 24

fashionauta ........................................................................................................... 25

teoria de moda ...................................................................................................... 25

Coordenação

Thais Gomes Fraga

Conteúdo, Reportagem e Edição

Ana Carolina Acom

Carolina Citton Puccini

Janaína Kiesling Braga

Laura Ferrazza de Lima

Laura Madalosso

Marianna Rebelatto

Renata Cerolini

Thais Gomes Fraga

Projeto Gráfico

Carolina Citton Puccini

Laura Madalosso

Diagramação

Carolina Citton Puccini

Revisão

Ana Carolina Acom

Carolina Citton Puccini

Laura Madalosso

Marianna Rebelatto

Renata Cerolini

Thais Gomes Fraga

expedienteíndice

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editorial quem faz

modamanifesto

A idéia da Revista Eletrônica surgiu a partir da realização docurso de extensão “A História Social da Moda no Século XX”,ocorrido na PUC nos meses de maio e junho de 2005, em que seacreditava oportuno um espaço para pensar e discutir novosconceitos sobre consumo, cultura, sociedade, comportamento,luxo, gênero, enfim um espaço multidisciplinar e absolutamentearejado para pensar Moda, enquanto fenômeno cultural da soci-edade contemporânea do século XXI.

Iniciamos um circuito de reuniões e principalmente troca dee-mails. Fomos afinando idéias, redefinindo-as, confirmando-as.Nossos e-mails tornavam-se mais e mais coloridos e suculentosbeirando a poli sensorialidade, como sugere nosso guru GillesLipovetsky. O grupo formado por filósofa, jornalistas, historiado-ras, publicitárias, está convencido que a transdiciplinariedadedeve ser de fato uma práxis.

Assim, foram surgindo as idéias, as histórias, as memóriase outros que tais, os quais apresentamos aqui dentro desse es-paço, e que esperamos se torne um delicioso lugar para com-partilhar e descobrir novas possibilidades para se pensar MODA,esse tema tão controverso e ao mesmo tempo tão instigante!

Thais Gomes FragaHistoriadora e Pesquisadora de Moda

Ana Carolina AcomFilósofa da moda - formadaem Filosofia pela UFRGS,pesquisa moda e semióticadas vestimentas.

Carolina Citton PucciniEstudante de Publicidade ePropaganda da PUCRS, dia-gramadora de plantão ecom a moda no sangue.

Janaína Kiesling BragaBacharel em Direito pordescuido e estudante au-to-didata de moda desdeos 14 anos. Atualmentetrabalha na área de ven-das e possui um Brechó.

Laura Ferrazza de LimaGraduada em História pelaUFRGS. Pesquisadora deHistória da Moda.

Laura MadalossoEstudante de Publicidade ePropaganda da UFRGS,pseudo-designer e fashionaddicted declarada.

Marianna RebelattoEstudante de Jornalismo daPUCRS e interessada pelamoda e sua história.

Renata CeroliniEstudante de Jornalismoda PUCRS, amante donovo e exagerada emtudo.

Thais Gomes FragaMestre em história pelaUFRGS, pesquisadora demoda. Movida pela curiosi-dade e pelas coisas belas.

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Estrear uma revista que fala de moda, com-portamento, arte e tantos outros temas ligados acontemporaneidade é por si só excitante. Porém,poder ter na nossa primeira edição uma entrevis-ta recente de um dos maiores, senão o maior pen-sador de moda da atualidade é um verdadeiro furode reportagem. Esse personagem real é o filósofofrancês Gilles Lipovetsky que esteve em visita re-cente ao nosso país e mais especificamente aonosso estado, o Rio Grande do Sul. Autor de li-vros como: “A Era do Vazio”, no qual discute aquestão da pós-modernidade, “O Império doEfêmero”, onde constrói uma arqueologia daModa, para anunciá-la enquanto fenômeno his-tórico. Conta ainda com “O Luxo Eterno”, um deseus últimos trabalhos traduzidos no Brasil, ondefaz um apanhado do luxo ao longo da história dahumanidade, para lhe dar um novo conceito, queultrapassa a idéia do supérfluo. Poderia discorrerlongamente sobre a extensa produção teórica doautor, mas vamos aos fatos!

O encontro não se deu num lugar qualquer,mas em um grande evento cultural já consagra-do no estado, foi na 11ª Jornada Literária de Pas-so Fundo, um evento de proporções internacio-

um encontro com

nais. Gilles Lipovetsky foi convidado para com-por uma mesa de debates no dia 24 de agostode 2005. Sob a lona principal do circo da cultu-ra, se instalam centenas, quiçá milhares de pes-soas, numa tarde de vento frio, ás 14:30 iniciou-se a mesa de palestras. Composta por inúmerosnomes ilustres da literatura e humanidades:Inácio de Loyola Brandão, Alcione de Araújo, Jú-lio Diniz (anfitriões do encontro) e palestrantescomo Carlos Reis, crítico literário português, Pro-fessor da Faculdade de Coimbra, Portugal;Mauro Maldonado, psicanalista italiano e GillesLipovetsky, o qual já foi longamente referido. Otema do painel era: A Indústria Cultural,homogeneização, diversidade e resistências.

Os três palestrantes principais abordaramcada um dentro de sua especialidade e linha depensamento o tema proposto. O primeiro a fa-lar foi Carlos Reis que tratou da transformaçãoda produção literária voltada para um mercadode consumo. Logo após falou Gilles Lipovetsky,como sempre polêmico. Disse que a questão daIndústria Cultural não é de hoje, seria um deba-te antigo. O que o sociólogo questiona é a acu-sação que pesa sobre a mesma, a de ser um ins-

trumento de manipulação das massas. Ele nãodeixa de fazer uma denúncia ao processo deglobalização, que tenta impor um modelohegemônico e máquinas de produzir cultura. Amídia tem um certo poder na mudança de com-portamentos e gostos. Teria mesmo a capacida-de de criar uma similitude de comportamentos.

Porém, ele critica a idéia de homoge-neização, mesmo que a mídia se dirija a todosnão consegue homogeneizar. Os gostos e práti-cas culturais podem ser determinados pela clas-se de origem. O impacto da TV difere conformea classe social a que pertencemos. Essas idéiastêm pertinência, mas a mídia é mais, é o adven-to de uma nova cultura individualista. As cultu-ras não são mais compartimentadas entre clas-ses, há uma erosão das barreiras culturais eclassistas. Afinal, todos os grupos participam doconsumo, ao menos tem acesso ao universo doconsumismo, podem ver o que está na moda,mesmo os desfavorecidos.

Ele afirma que por trás de uma aparenteuniformização existe uma heterogenização decomportamentos. A hipermodernidade gera gru-pos que não são mais homogêneos em si, mas

Gilles LipovetskyPor Laura Ferrazza de Lima

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permeados por gostos individuais. Portanto, amídia não deve ser vista como uma máquinapoderosa que domina a mente. É preciso recu-sar a visão de que as pessoas estão passivas pe-rante a cultura de massa. Os indivíduos possu-em seus filtros. Assim, ela teria também um ladopositivo, de trazer diferentes opções e acesso ainformação. Gera questionamentos, mas as crí-ticas radicais se apagam e as parciais se multi-plicam. Não há acordos e consensos.

Por um lado, a mídia faz com que não sepense, superficializa comportamentos e cultu-ras, por outro coloca em questão seu própriocomportamento. Acusa-se a Indústria Cultu-ral de romper com culturas, mas a questão émais complexa. A tentativa de globalizaçãocultural gera uma necessidade de defender asdiferenças e identidades regionais. Não pode-mos permanecer passivos diante da mesma,porque ela não é uma mercadoria como asoutras. A cultura identifica um povo e é essen-cial para a criação.

O último a falar foi o psicanalista italianoMauro Maldonado, que defendeu a idéia de queo homem é um animal cultural. O único capazde acumular memória e de tirar proveito dela.

Após a apresentação para o grande públi-co, nossa equipe pode participar da coletiva deimprensa de Gilles Lipovetsky. Num auditório deproporções médias, mas com um número nemtão expressivo de jornalistas. Tratando-se de umacoletiva temos um jogo de perguntas e respos-tas que tentarei sintetizar para vocês leitores.

A fala do autor inicia com uma apreciação arespeito da Jornada Literária. Segundo Lipovetskynão se poderia imaginar um evento assim na Eu-

ropa, uma tal concentração de pessoas num even-to cultural o transforma de certa maneira nemevento de massa. Chegou a referi-lo como umaespécie de gigantismo cultural. A presença maci-ça das pessoas faz crer que o evento responde aum certo número de necessidades. Isso poderiaser uma indicação para os intelectuais que temque se adaptar a outro universo.

exaltação do gozo do presente. Só há essa vida edeve ser aproveitada.

Quando questionado sobre a diferençatemática entre ele e os filósofos clássicos, faz umacrítica ao pensamento conservador: “Talvez exis-ta no código genético dos filósofos uma resis-tência ao efêmero”.Segundo ele, foi através daobservação da sociedade atual e da percepçãode um papel preponderante que o efêmero ocu-pa nela que ele encontra as grandes perguntasfilosóficas. Algumas das quais por ele citadas eque enumero aqui: “De um modo geral para queespécie de mundo o luxo e o efêmero estão nosconduzindo? Será que é preciso denunciá-lo ousacralizá-lo completamente? Não haveria algode positivo nesse universo da versatilidade?” Elecoloca-se como um moderado ao responder taisproblemas em relação a seus predecessores. Aquase totalidade desses denunciava o luxo, comoum vício. Ele afirma que na situação nova emque vivemos elogiar o luxo é obsceno. Contudoele declara-se incapaz de denunciá-lo. Nas pala-vras dele: “O luxo significa de qualquer maneiraa beleza, o sonho, a extrema qualidade... será quenós desejamos um universo sem luxo, sem essagenerosidade da beleza?” Ele pondera a questãocom o desejo de que o luxo seja um pouco me-nos privado e mais público.

Finalmente essa humilde historiadora, queempreendeu a aventura jornalística que as cir-cunstâncias exigiam lançou sua questão. Resga-tando seus estudos acerca da moda, solicitei umarelação entre essa e a arte, se a criação artísticapoderia ser comparada com a criação de algunsestilistas. As ligações entre a moda e a arte erammuito amplas e complexas para serem respon-

Muitas das perguntas giram em torno doseu livro mais recente lançado no Brasil, “O LuxoEterno”. Sobre o luxo o autor responde com ar-gumentos inovadores. Conforme ele há 50 anosa sociedade de consumo e de comunicação le-gitimou o prazer neste mundo. Todos os praze-res na nossa sociedade hedonista seriam reco-nhecidos como legítimos e o luxo é um deles. Associedades antigas, regidas pela Igreja condena-vam o luxo. Atualmente há uma cultura de

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didas numa en-trevista. Mesmoassim Lipovets-ky não se furtoude uma respos-ta analítica. Con-forme ele, “amoda modernaa partir de mea-dos do séculoXIX inventou asnúpcias entre amoda e a arte.Por que o gran-de costureiro secoloca realmen-

te como um artista, se coloca como um criador.Mesmo atu-almente os gran-des criadores não secolocam como comerciantes, mas como criado-res”. Entretanto, nos últimos 20 anos entramosnuma nova fase. Antes, o costureiro era mesmoum criador soberano. Ele era capaz de impor umestilo, impor uma moda. Era uma espécie de di-tador de aparências. As mulheres da alta socie-dade obedeciam à moda. Isso acabou, as mu-lheres não aceitam mais mudanças de estilo im-postas do exterior. Isso não corresponde mais àcultura viva.

Acrescenta ainda que o aspecto artístico nosentido forte do termo está recuando em favordo marketing. Existe hoje a necessidade de es-cutar o mercado. O grande costureiro do séculoXIX era uma espécie de senhor da moda. Ele ga-nhava dinheiro, mas não estava preocupado emsatisfazer as necessidades da sociedade. Nenhu-ma grande “maison” de hoje funciona assim.

Não quer dizer que os costureiros não sejam maisgrandes criadores, mas o lado comercial assu-me uma importância cada vez maior. Ele apontaessas como uma das razões pela qual não ve-mos mais grandes revoluções na moda. Afirma-ção que certamente fará muitos fashionistas pularda cadeira. Ele afirma que se age atualmentecomo se fosse necessário responder ao merca-do, o que segundo ele escapa do conceito origi-nal da moda.

Outro ponto a destacar na entrevista é autilização de conceitos novos, como o dahipermodernidade. Segundo ele, seria uma revi-são do conceito de pós-modernidade que elemesmo ajudou a difundir. Baseado no avançotecnológico acredita que assistimos a umaradicalização da modernidade. Seria a saída deuma modernidade autoritária e ideológica emfavor de um hedonismo de consumo, isso teriase desenvolvido a partir da década de 50, 60 e70. Porem, a sociedade hiper só vai entrar nasua fase de pleno desenvolvimento com aglobalização no final dos anos 90.

O tema da publicidade também é nuançado,sobre o seu papel Lipovetsky reforça a posiçãoque tinha apresentado em sua palestra. Ela temum papel nas transformações, mas é um elemen-to entre outros. Segundo ele a mudança funda-mental está no fato de que no passado as classespopulares pensavam que o luxo não era para elas.A sociedade de consumo revolucionou tudo isso.Trouxe a idéia de que o prazer existe para todos.A publicidade colocou isso em imagens, mas todomundo contribui para criar uma espécie de víciopelo bem estar. Portanto, considera os ataquesde certos intelectuais a publicidade um exagero.

Ela não é uma espécie de ditador que poderia tudomudar sozinha.

Ressoou pelo auditório uma pergunta,afinal, como fica a questão da inclusão socialem relação a publicidade, ela exclui? Respostado autor: “sim e não. Sim, porque a publicida-de e o consumo fazem de certa maneira comque toda sociedade participe de um mesmomundo. Ao mesmo tempo podemos conside-rar que ela acentua o sentimento de exclusão.Justamente o sentimento de que não se parti-cipa. Por isso falamos com freqüência que aviolência da mídia é terrível. Existe de certamaneira também uma violência da publicida-de, no consumo, capaz de criar um sentimen-to de inferioridade. Esse fenômeno é muito vi-olento para as pessoas desfavorecidas. Por queeles não são apenas pobres, mas pobres quenão gostariam de sê-lo, que não aceitam a con-dição em que estão”.Talvez seja melhor dizerque além de excluídos sociais ficam tambémà margem do consumo.

Certamente foram deixados de lado nessareportagem alguns detalhes tanto da palestracomo da entrevista. Espero ter conseguido apre-sentar as idéias principais que acompanham opensamento desse grande teórico da moda. Mui-tas vezes ambíguo, outras vezes paradoxal, mascertamente instigante. Lipovetsky nos estimulaa refletir sobre temas efêmeros, por que talvezeles sejam a melhor tradução da sociedade atu-al. A moda ganha complexidade, o luxo prepon-derância. Os debates suscitados são polêmicos.Apesar da qualidade de sua escrita e de sua ora-tória sedutora, certamente ele mesmo não gos-taria de nos ver aceitar passivos suas idéias.

Gilles Lipovetsky

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O modamanifesto também esteve presenteno domingo de desfiles que teve como tema“Peace and Love around the world”.

Idealizado por Soraya Mendes Ribeiro,o evento propôs a reunião de criadores eempresários de moda na Associação LeopoldinaJuvenil, para a exposição das tendências deprimavera-verão 2005/2006 ao público.

A data emblemática não passou despercebida. O 11 de setembroinspirou a equipe de produção, que por sua vez transmitiu a idéia aoscriadores das coleções. Todas as marcas que subiram à passarela tiveramuma temática sugerida, em sua maioria pedidos de paz como “Revolution,o protesto” de Maria Xique e o “Luto” de Vol Fioravantte. As temáticasserviram de guia para a escolha doslooks desfilados.

O domingo também foi dehomenagens, com destaque paraaquelas feitas à Célia Ribeiro e RuiSpohr. A jornalista teve reverenciadoseu trabalho realizado em diversosveículos de comunicação na área demoda ao longo dos anos. Rui,comemorando cinco décadas de-dicadas à moda, tanto na alta-costuraquanto no prêt-à-porter, mostrou ao

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● a proposta de tolerância e maior en-tendimento entre as crenças da BênçãoEcumênica;● os manifestos explícitos de amor e paz quedesfilaram junto com os looks;● o desfile da sempre rock and roll Carmim, esua trilogia love, sexy and beauty;● as saias de gomo em todas as cores,comprimentos e materiais;● as bermudas pontuadas pelos favos deabelha das bombachas na passarela deLuciana Candia;● os tricôs misturados com crochê, bordado,fuxico e renda trazidos pela Kaimana;● os acessórios e sobreposições que a NoStress investiu na primeira parte do seudesfile;● Fernanda Evangelista e suas tatuagens;● a acessibilidade das meninas da produção.

O que o modamanifesto amou:O que o modamanifesto amou:O que o modamanifesto amou:O que o modamanifesto amou:O que o modamanifesto amou:

público a coleção criada com a par-ticipação de Gonçalo Assis Brasil, que játrabalhou com Marc Jacobs e atualmentecolabora no ateliê de Jill Sanders.

Além dos quatro blocos de 10desfiles cada que perpassaram o diainteiro, o Moinhos Fashion Show tambémcontou com a mostra “Talentos Pre-miados”, na qual Vitória Cuervo, DanielLyon, Nájua Saleh, Rafael Korbes eHoerton, que mesmo jovens já tiveram seutrabalho reconhecido, expuseram algumascriações juntamente com cinco estilistasque pela primeira vez apresentavam-se aogrande público: Helga Kern, DanielaKreling, Maria Carolina Stockler, Dunga eJuliana Homrich.

Criação de Dunga

Criação de Vitória Cuervo

Por Laura Madalosso

MOINHOSFashion

SHOW

Exposição de novos talentos

O evento pediu paz no mundo

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Fernanda Evangelista Carmim

Calil Bopp Maria Xique Maria XiqueCalil Bopp

Carmim Carmim Carmen Steffens

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Vestido de Noite Vol Fioravantte

Kaimana Saia de gomosBenção Ecumênica - Monge Budista Hering - Camisetas Customizadas Saia de gomos versão glamour

Vestido de NoiteLuciana CandiaCadica e Borghetti paraLuciana Candia

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O Minimalismo, formade arte conceitual, emergiunos anos 50 perdurandoatravés dos anos 60 e 70.Teve suas manifestações napintura e escultura, influen-ciando também a música, aarquitetura e mais tarde a

moda. Sua inspiração, meio século depois, partiude um quadro do pintor russo KasimirMalevitch, que mostra um quadrado preto sobreum fundo branco.

Esta forma artística é resultado de umareação ao action painting, ramo do Expres-sionismo Abstrato que dominou a arteamericana de vanguarda durante grande parteda década de 50. O Expressionismo Abstratopriorizava excessos de profunda subjetividadee emocionismo alusivo. Já o Minimalismo,representa o ápice das tendências reducionistasda arte moderna, caracterizado pela extremasimplicidade de formas e pela abordagemobjetiva de seus temas. Seu amplo conceito aludeà redução da variedade visual na imagem,conciliando conteúdo e forma. Esta arte se

Minimalismoarte, moda e reação ao cansativoapelo visual do excesso

concentra no poder dos materiais, cores eespaço. Usa formas geométricas bem simples.Seus principais expoentes na pintura são: AdReinhardt, Frank Stella, Elsworth Kelly, Karl Benja-min, Kenneth Noland e Dorothea Rockburne. Naescultura: Carl André , Dan Flavin, Donald Judd,Sol Lewitt e Robert Morris. E na música: PhilipGlass, que inclusive chegou a tocar em galeriasde arte.

Moda década de 80, explodia a tradicionalextravagância nas vestes, a qual crescia cada vezmais vergada pelo sucesso. A fascinação pelamoda tomava conta de todo o mundo, quevoltava os olhos para Europa. E a moda se tor-nava sinônimo de exacerbação; lugar de bor-dados, dourados, coloridos, além de enormesombreiras.

Em meio a isso tudo, surge o japonês YohjiYamamoto, consagrando o preto de vez. Háquem esteja de luto até hoje, graças a esse gêniodos tecidos. Yohji rompe com o exagero que ca-racterizou esta década, por muitos definida comoperdida. Usando uma palheta de coressimplificada, ele erradica de suas indumentáriasqualquer afetação, reduzindo a roupa ao essen-

“O Minimalismo ésempre uma res-posta. Mas o que

vejo na moda brasi-leira, é uma confu-

são entre identidadenacional com regio-

nalismo.“

Por Ana Carolina Acom

Desfile de Glória Coelhono São Paula FashionWeek Verão 2006.

Na abertura doartigo, modelos deYohji Yamamoto.

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Vestido de Huis Clos

cial. Sem quaisquer acessórios, ele envolve a si-lhueta feminina em mistério, não abandonandoa sensualidade. É a sua reação a degradaçãoirreversível da moda e de seus valores tradicio-nais de elegância. Emerge, assim, a modaconceitual?

Yohji Yamamoto é hoje conhecido como opai do Minimalismo na moda, influenciando ge-rações de estilistas. Como um escultor da arteMinimalista ele começa pelo material, tocandoe observando a vocação formal que este possui,para depois, então, criar. Alguns definiram suas

roupas na época, com uma austeridade medie-val. O fato é que ele revolucionou os códigos depudor e sedução, indo de embate a um mundoque exaltava o corpo e sua exposição a todos osolhares.

É mais ou menos isso que acontece no Bra-sil. Os minimalistas do SPFW, chamam atençãoem meio a tanta “carregação” em coloridos emisturas. Se destacaram aqueles que usarammonocromia e a forma vocacional dos tecidos.O desfile de Glória Coelho foi muito bem suce-dido no uso das cores, ao melhor estilominimalista; o preto com detalhes coloridos, nãopoderia ser mais verão, preto com azul, verme-lho, amarelo... O destaque material fica por contado tule, tendência fortíssima dos estilistas naEuropa. Este tecido revivido, vem apesar decarregado de lembranças, super moderno. Alémdisso também houve tons pastéis e chá, comroupas super leves envoltas em belíssimas flo-res que inevitavelmente mexem com o imagi-nário feminino.

Sol Lewitt

Destacooutros desfilescomo o daFórum, algomais para oc o m e r c i a l ,mas que abu-sou do pretomais uma vez.Outros des-files minima-listas que de-ram um showde moda con-ceitual foram;Huis Clos, eJefferson Ku-lig. O desfile

da grife Uma também se destaca, pelas corese androgenia, apesar de ser uma moda maissport wear.

O Minimalismo é sempre uma resposta.Longe de fazer qualquer comparação com ahomogeneidade dos anos 80, pois hoje se temuma liberdade total de criação, além dos maisdiferentes tipos de consumidores. Mas o que vejona moda brasileira, é uma confusão entre iden-tidade nacional com regionalismo. A sensualida-de, como mostrou Yamamoto, não está só na ex-posição corporal. E como vimos nos desfiles doBrasil de verão, a identidade brasileira não estánecessariamente nas cores e estampas só por-que somos um país tropical.

Mas, usemos o preto, o branco. Abusemosda reinvenção dos clássicos, tornando-os comuma cara bem nossa.

Elsworth Kelly

Donald Judd

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Nos dias 30 e 31 de agosto aconteceu oEncontro de Moda e Negócios do RS, realizadopelo Núcleo RS Moda, da FIERGS. Visando atin-gir comeciantes, estudantes e pessoas de outrasáreas interessadas em moda, o evento trouxe parao estado vários palestrantes interessantes, comoPaulo Pedó Filho, gerente de Marketing daMelissa, e Jussara Romão, editora de moda darevista Elle. Quem também participou foi RonaldoFraga, que em entrevista exclusiva, falou do ani-versário de 10 anos de carreira e de sua últimacoleção, Descosturando Nilza.

Como é que começou seu interesse porComo é que começou seu interesse porComo é que começou seu interesse porComo é que começou seu interesse porComo é que começou seu interesse pormoda?moda?moda?moda?moda?

Na verdade sempre me interessei muitopelo desenho, pelo traço, por esse processo datransformação do traço em produto, e isso des-de criança. Se a gente pode colocar isso comomoda, talvez tenha começado daí. Agora o tra-balho mesmo com moda, foi no final dos anos80, quando eu ingressei no curso de estilismoda UFMG de Belo Horizonte.

VVVVVocê encontrou alguma dificuldade no ceocê encontrou alguma dificuldade no ceocê encontrou alguma dificuldade no ceocê encontrou alguma dificuldade no ceocê encontrou alguma dificuldade no ce-----nário quando começou? Como era o ce-nário quando começou? Como era o ce-nário quando começou? Como era o ce-nário quando começou? Como era o ce-nário quando começou? Como era o ce-nário de moda?nário de moda?nário de moda?nário de moda?nário de moda?

Claro que sim, isso foi há quase 20 anosatrás. Então você imagina o que era falar de

moda nessa época, no final dos anos 80. Modaera só roupa, era quem tivesse maior agilidadeem copiar o que era lançado lá fora e só. Até oensino de moda, quando se falava em ingres-sar numa faculdade de moda, isso era visto, nomínimo como se a pessoa fosse um lunático quenão se preocupava com o seu futuro, uma coi-sa absurda. Em virtude das transformações eda democratização da informação de modanesses últimos 10 anos, eu olho pra trás e pos-so dizer que passei por muitas dificuldades, sim.Mas eu estava lá, achando que era isso mesmo,que era o caminho que eu tinha escolhido e re-solvi encarar.

TTTTTodas as suas coleções contam uma histó-odas as suas coleções contam uma histó-odas as suas coleções contam uma histó-odas as suas coleções contam uma histó-odas as suas coleções contam uma histó-ria. Como é que acontece esse processoria. Como é que acontece esse processoria. Como é que acontece esse processoria. Como é que acontece esse processoria. Como é que acontece esse processode criação, tua inspiração, o desenvolvi-de criação, tua inspiração, o desenvolvi-de criação, tua inspiração, o desenvolvi-de criação, tua inspiração, o desenvolvi-de criação, tua inspiração, o desenvolvi-mento de tudo?mento de tudo?mento de tudo?mento de tudo?mento de tudo?

Eu acredito que a moda hoje, muito maisdo que produto, ela é contexto, ela tem que seaproximar muito mais, se não do mundo real,do mundo imaginário que o design quer proporpra quem vem a consumir a moda. Sendo as-sim, eu gosto desse exercício de estar criando, acada coleção, um universo para convidar as pes-soas a penetrar. Hoje vale dizer que muito maisdo que criar um produto, você tem que desen-volver e oferecer um universo inteiro. Então éA coleção, apresentada primeiramente no SPFW, foi

adaptada para ser vista pelos participantes do evento

Por Carolina Citton Puccini

Descosturando Ronaldo12

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uma forma que eu me sinto extramente à vonta-de de estar fazendo e falando de moda.

A participação na produção da lei básicaA participação na produção da lei básicaA participação na produção da lei básicaA participação na produção da lei básicaA participação na produção da lei básicavai até aonde?vai até aonde?vai até aonde?vai até aonde?vai até aonde?

Na Lei Básica eu faço a direção criativado núcleo. A Lei Básica tem sua equipe própria,eu crio um núcleo de pesquisa, o tema da cole-ção, a parte prática e comercial. O desdobra-mento da coleção é feito por uma equipe. Eudesenho em torno de 80 modelos, 700 peças.

O que mais marcou na sua carreira atéO que mais marcou na sua carreira atéO que mais marcou na sua carreira atéO que mais marcou na sua carreira atéO que mais marcou na sua carreira atéagora?agora?agora?agora?agora?

Eu acho que não tiraria nada, tudo vem emum processo de evolução. A minha história nãoexiste sem essa ou aquela coleção, ou aquelemomento. Houve momentos que, para os estudi-osos, e quem acompanha meu trabalho, são co-locados como marcantes, até na história da modabrasileira. A minha estréia no Phytoervas Fashion,com a coleção “Eu Amo Coração de Galinha”, acoleção “Quem Matou Zuzu Angel”, que foi emuma época que ninguém falava, nem sabia quemera Zuzu Angel, “O Corpo Cru”, que foi a coleçãopós 11 de setembro, que não tinha modelos napassarela, me deu prazer fazer. Na coleção doDrummond, foi delicioso esse exercício de olhar

a obra de um medalhão que você admira e tentarolhar e falar dele através da moda, que é algo queainda é muito recente no Brasil, esse exercício. Aúltima coleção, que foi meu vigésimo desfile, tam-bém por falar de uma coisa que é simples e que ébásico, que é essa coisa da criação e da produ-ção, e que às vezes a mídia coloca um buracoimenso entre uma coisa e outra.

Moda é arte ou é consumo?Moda é arte ou é consumo?Moda é arte ou é consumo?Moda é arte ou é consumo?Moda é arte ou é consumo?Nenhum dos dois. A moda é e pode vir a

ser arte aplicada. Ela pode ter um diálogo com aarte. E a moda não sobrevive só com o consu-mo. Ela precisa de tudo isso.

A coleção homenageia Nilza, costureira do estilista. Ronaldo traz muitos voils, gases e malhas furadinhas, tudo nas cores que chama de “cores de sabonete”.

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Brechó – a palavra é uma corruptela de Belchior, nome do comerci-ante português que fundou a primeira loja de roupas usadas no Rio deJaneiro no final do século XIX. A loja era chamada de “Loja de Belchior” ou“Casa de Belchior”, e no linguajar popular Belchior acabou transforman-do-se em brechó. Os brechós também podem recebem a denominaçãode bricabraques (do francês bric a brac) ou adelos (do árabe ad dallãl).

A venda de roupas usadas é um dos comércios mais antigos queexiste e tem sua provável origem nas casas de penhores, onde as pessoasde baixa renda e os nobres falidos dos séculos passados obtiamempréstimos dando como garantia suas roupas (e tudo o mais que tivessevalor), sempre na esperança de poder resgatá-las, o que fatalmente nãoocorria, quando então elas eram vendidas a outras pessoas.

Durante muito tempo os brechós caminharam à margem da socie-dade, passando por períodos de alguma inserção social no final dos anos60 e durante os anos 70, com os jovens estudantes de Paris e o movimen-to hippie norte-americano. Estiveram em baixa nos anos 80, com exceçãodos brechós de luxo que vendem roupas de grifes famosas e surgiram nes-sa época. Nos anos 90 e 2000 com a onda vintage, a moda brechó voltoucom força total e agora proliferam-se por toda parte brechós dos maisvariados estilos e freqüentá-los não é mais vergonhoso e sim exemplo detotal adequação aos novos tempos, em que nada deve ser desperdiçado eeconomizar é sinônimo de inteligência, não de pobreza.

Outro fator preponderante no culto aos brechós é o desejo de indivi-dualidade e exclusividade.

A moda brechó serve para quem quer estar na moda, masprimordialmente para quem quer criar moda, ser referência, lançartendências - existe na Alemanha o chamado trendshopper (comprador detendências) que vai à caça daquilo que ele próprio dita como tendência,recorrendo à brechós e aos novos estilistas da cena alternativa, rejeitandototalmente o usual e vestindo hoje o “must have” de amanhã.

O revival das décadas passadas e a presente liberdade no vestir, tor-nam os brechós uma escolha econômica e divertida, bem como pede amoda dos anos 2000. Para ingressar no universo dos brechós tenha emmente duas palavrinhas da salvação: garimpar e “mixagem”.

Garimpar é uma mania e uma arte. Vasculhe tudo. Com paciência,olho clínico e um pouquinho de informação de moda, você será uma per-feita ratinha (ou ratinho) de brechós e dará um “up” no seu guarda-roupagastando quase nada.

A “mixagem” garante cadeira vip no mundinho fashion. Mesclar be-las peças antigas com outras super atuais lhe conferem um visual moder-no e único, por que o abuso do retrô pode transformá-la na musa (ou rei)do baile do ridículo. De qualquer maneira o espelho é o melhor conselhei-ro... Consulte - o sempre.

Os brechós servem à todos os tipos de pessoas que tiverem menteaberta e tempo livre para decifrá-los e devorá-los. Experimentem, e vejamse conseguem resistir à “Brechómania”!

Por Janaína Kiesling Braga

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As bermudas dão um ar esportivo à produção alémde serem extremamente confortáveis. Saruel, demodelagem justa até o joelho, ou mais curtastendendo para o oversized; todas estão valendo, é sóescolher.A tendência está mais democrática do que nunca. Noinverno apareceu em looks bem urbanos e o povofashion aderiu com vontade. Gostamos de vê-las comsaltos altos e finos, bem hi-lo. Agora também montamproduções leves com cara de beach wear, fresquinhaspara encarar a estação do calor. As bermudasmarcaram presença na passarela do DFI em váriasversões, principalmente para Colcci e Zapping.

As produções do público que conferiu o Donna Fashion Iguatemiadiantaram nos corredores as tendências desfiladas na passarela.Eis as nossas apostas para a primavera-verão 2005/6:

As lojas estão cheias de acessóriosdourados. São cintos (principalmente ostressês, como o do detalhe), bolsas detodos os formatos e tamanhos e sandáliasde verão. Muita gente resiste e fica nadúvida se deve ou não apostar no tom,com medo de parecer perua. Mas acredite:o acessório dourado, além de fácil de serusado, é um clássico. O dourado deveser usado apenas em uma das peças daprodução (mesma premissa das estampasde bicho). No calor fica bem principal-mente com branco e tons pastéis. Apro-veite para realçar a pele bronzeada!

Esse é a cara da próxima estação. Nos últimos desfiles,poucas foram as grifes que não mostraram ao menosum vestido longo na passarela. Ele surge maisesportivo para poder ser usado durante o dia, emtecidos bem leves, como jérsei ou algodão.A onda vem dos anos 70 e a modelagem mais vistatem cintura império, com corte logo abaixo do busto,como se fosse uma bata bem longa. Outro modeloque vai ser hit no verão é o vestidão cigano, com asaia em gomos. Mas há opções para todos os gostos:camisão, caftan e modelos bem godês. Omodamanifesto flagrou entre um desfile e outro estelindo modelo em patchwork.

1. Muito Ouro:

3. Bermuda revisitada:

2. Vestido longo para o dia:

Por Carolina Puccini e Laura Madalosso

ZappingColcci Zapping

Zapping

Isabela Capetopatchwork - lounge DFI

Colcci

bota dourada - lounge DFI Cinto Tressê

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empenhos de Sartre, ela é liberdade,o lugar por excelência de todas ascontradições, de todos os encontrose desencontros, sinônimo que é, semnenhuma retórica adjetivante, daprópria existência humana”.

O Existencialismo, com seuprincipal expoente em Jean PaulSartre, se desenvolveu na França emum ambiente de desânimo e deses-pero do pós-guerra. Sua repercussãonão foi somente nos meios acadê-micos, pois além de doutrina filosó-fica foi constantemente identificadocomo um estilo de vida, formacomportamental, caracterizadacomo atitude excêntrica pelos meiosde comunicação, com estardalhaço.Envolvendo seus adeptos em umaverdadeira mitologia. Jovens vestidos displicentemente, com casacos decouro preto circulavam pelas caves parisiense, ouvindo jazz.

A cantora Juliette Greco foi considerada a musa existencialista,circulava entre a boemia francesa em meio a Jean Cocteau, Sartre e outrospoetas e intelectuais. O estilo de Juliette foi muito copiado, cabelos negrose chanel com franja. Seu estilo era uma fusão de intensidade intelectualcom uma tendência à sensualidade “divertida”. O Existencialismo foi

Por Ana Carolina Acom

“A existência pressupõe a essência”. É o quedefende o existencialismo sartreano, sem entrarmos emdetalhes conceituais, é possível ver a efemeridade damatéria ou mesmo a sua função “essencial”. Gostariade chamar a atenção que até onde a moda é impensável,há moda. Pois as roupas devem dizer algo da pessoaque as veste, ainda que seja: “não dou a mínima”. Aroupa está intrinsecamente ligada à noção de identi-

dade, já que ela é parte de umaescolha ou obrigação. Ter estilo nãosignifica preocupação com mo-dismos e aparência, mas sim saberescolher, se conhecer muito bem ese definir. Por quê ligar Sartre àmoda, o escritor do niilismo? Citoum trecho de Gerd Bornheim: “ Sehá uma palavra que define todos os

Juliette Greco, cantora emusa existencialista

A moda e o Existencialismo100 anos do nascimento de Jean Paul Sartre

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bastante disseminado no Brasil,principalmente nos anos 60, onde eracool ser intelectual, ler Sartre, Joice eassistir filmes noir franceses (nouvellevague) de Truffaut e Godard.

Segundo a teoria Existencialista,a base da existência humana está naliberdade de escolha que cada homemfaz de si mesmo e de sua maneira deser. O homem é inteiramente res-ponsável por aquilo que ele é; não temsentido as pessoas quererem atribuirsuas falhas a fatores externos, comohereditariedade ou ação do meioambiente ou a influência de outraspessoas.

É abrir mão da liberdade naescolha de sua essência agir porimitação, sujeitando-se ao ridículo

imposto, assentando em vestir o que é dito moda. Em contraponto, dentrodos limites convencionais morais da sociedade, o indivíduo tem espaçopara afirmação de sua identidade, onde a escolha arbitrária de um estilode vida e a opção visual são imprescindíveis. Sartre costumava escreverem cafés, mesmo repleto de pessoas, diferente da solidão e recolhimentode lugares como bibliotecas.

Moda não deve ser a imposição de vitrines e revistas, isto éuniformização bitolada, é abrir mão do auto conhecimento que envolve o

momento da escolha. Em um mundo onde pertencer a um grupo significaalienação de si mesmo em pró do pensamento, visual e atitude homogêneacom o grupo escolhido. Moda é ter estilo, e este adotado exclusivamentepor aquilo que a pessoa é, ou melhor, como define o existencialismo, ohomem não é nada mais além daquilo que projeta ser. Pois através daliberdade o homem escolhe o que há de ser, o homem é pura liberdade,escolhe sua essência e busca realizá-la.

Toda essa liberdade possuída pelo homem, descrita por Sartre, nãoprecisa ser interpretada, na questão do vestuário, como a aparênciadescuidada e desprezo pelo estético. Masa liberdade de escolha entre alternativas(hoje quero ser uma lady retrô, ou umaromântica princesa roqueira, ou mesmoambas) se defronta com o que constituia essência, a identidade.

Hoje em dia, mais do que nunca,na moda é tempo de liberdade. Hátendências para todos os estilos egostos, basta saber que projeto tens desi mesmo e ir em busca de sua definição,de sua identidade. Pois primeiro ohomem existe, descobre-se, surge nomundo; depois se define. O homem, talcomo concebe o existencialismo,primeiramente não é nada, depois seráalgo, dependendo de como ele próprio“se fizer”.

Sartre e Simone de Beauvoir

Jean Cocteau, intelectual amigo deSartre e Juliette Greco

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No mês passado, quando o modamanifesto modamanifesto modamanifesto modamanifesto modamanifesto estava ainda em viasde oficialização, realizei – como criança estreando em parque de diversões– minha primeira “cobertura oficial” de um evento de moda. Tratava-se dodesfile beneficente Um Pequeno Desejo em Grande Estilo, que reuniucriações exclusivas de dez dos mais renomados estilistas gaúchos.

Desde 2003, através de parcerias e de ajuda voluntária, o Instituto Enio,ONG aqui de Porto Alegre concede pequenos desejos a pequenos bravosguerreiros. Tendo o site e o mailing list como ferramentas, a instituição estabele-ce um canal entre crianças em tratamento médico e aqueles que querem epodem realizar seus desejos. A proposta é simples, foi baseada no trabalho daamericana Make a WishMake a WishMake a WishMake a WishMake a Wish e os números comprovam o sucesso: aproxima-damente 700 desejos realizados até hoje. No intuito de celebrar as conquistas,recrutar novos colaboradores e voluntários, e por sua vez ajudar cada vez mais‘pequenos’, o Instituto organiza eventos como o desfile em que estive presente.

Aquela noite deu-se realmente em grande estilo. Flashes, glamour,alta-costura, sorrisos de satisfação, desejos realizados. Soube em contatocom a presidente do Instituto, Rosane Verlangieri, que todos a quem elahavia solicitado apoio para a organização tinham aderido com entusiasmoe se colocado à inteira disposição. Ou seja, o Instituto não teve nenhumadespesa e contabilizou, ao final da mobilização, mais 40 novos desejosrealizados. O sucesso de público também foi comentado. Foram vendidostodos os 500 convites impressos e, nas próprias palavras de Rosane, “setivéssemos mais 300 teríamos vendido facilmente”.

Então, a minha dúvida. A maioria das pessoas ao pensar em modarecorre apenas do efêmero ao fútil; da vaidade egoísta ao materialismo e aoconsumismo. Pergunto eu por que, mesmo assim vemos a defesa de grandescausas como a do Instituto Enio, constantemente associadas ao fenômeno?Como permitimos que a nobre solidariedade tenha na moda uma das maisassíduas aliadas?

Não. Não estou tentando convencer ninguém de que a moda vai mudaro mundo - até porque a dissonância por si só é inconcebível. Defendo sim,

Um Pequeno Desejo em Grande Estilo:Moda e Solidariedade

Por Laura Madalosso

Apresentando três criações exclusivas cada, Elisa Chanan, NeusinhaPereira, Luciano Baron, Sergio Pacheco, Milka, Clarice Innig, Solaine Piccoli,Marco Tarragô, Rui Spohr e Vol Fioravantte reuniram-se na mesmapassarela em pró das crianças do Instituto Enio – Um Pequeno Desejo.

Realizado no Country Club de Porto Alegre, o desfile Um Pequeno Desejoem Grande Estilo alcançou público máximo que aplaudiu trajes ricos embeleza e perfeição de acaba-mento.

A heterogeneidade dos estilistas pro-porcionou uma explosão deinformação na passarela. Democracia de cores, comprimentos, cortes etecidos para todos os gostos.

O ápice da noite foi o momento em que pisou na passarela JéssicaCunha Pires, 15 anos, de Estância Velha. Usando um luxuoso vestido frenteúnica branco criado por Vol Fioravantte, a menina representou em grandeestilo todos os pequenos que já foram ajudados pelo Instituto Enio.

Deise Nunes esteve presente e desfilou modelitos para Milka e MarcoTarragô.

Confira a catwalk exclusiva Um Pequeno Desejo em Grande Estilopara o modamanifestomodamanifestomodamanifestomodamanifestomodamanifesto.

Por Laura Madalosso e Renata Cerolini

Alta-costura ao vivo e em todas as coresAlta-costura ao vivo e em todas as coresAlta-costura ao vivo e em todas as coresAlta-costura ao vivo e em todas as coresAlta-costura ao vivo e em todas as cores

a adoção de uma ótica livre de tantos preconceitos. Consideremos a modacomo o fenômeno social e cultural de grande capacidade de convencimentopopular que é, e que do fato dela se inserir cotidianamente entre as pessoasvem tal potencial de mobilização, por exemplo, em pró da solidariedade.Acredito não ser grande sacrifício refletirmos um pouco mais antes decondenarmos a moda.

Uma visão crítica, mas não limitada. Esse é o meu pequeno desejo.Saiba mais sobre o Instituto Enio – Um Pequeno Desejo (que não tem

preconceitos com a moda) em www.pequenodesejo.org.

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Elisa Chanan Sérgio Pacheco Deise Nunes para Milka Clarice Inning Solaine Piccoli

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Rui Spohr Vol Fioravantte Neusinha Pereira Luciano Baron Marco Tarragô

catwalk

Deise Nunes paraMarco Tarragô

Jéssica para Vol

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Em 1935 foi inaugurada uma exposição de proporções inimagináveispelos habitantes da cidade de Porto Alegre. Tratava-se de um evento deenorme envergadura, cujo intento eram as comemorações do Centenárioda Revolução Farroupilha aliada à divul-gação da produção rio-grandense nasáreas da indústria, do comércio e daagro-pecuária, momento em que todagrandiosidade e poder do Estado Repu-blicano do Sul estariam visíveis.

A exposição ocorreu no Campo daRedenção, também conhecida como Vár-zea pelos porto-alegrenses até então, eque a partir desse evento se denominaráParque Farroupilha. O Parque recebeupor conta da exposição um “plano deembelezamento” projetado pelo urbanis-ta Agache que constava da construção deum verdadeiro cenário para abrigar vári-os pavilhões que sediariam os prédiosdos estados estrangeiros, brasileiros e dosrespectivos municípios gaúchos.

Foram construídos inúmeros equi-pamentos, tais como a fonte luminosa,que se tornou um espetáculo à parte, “pela sua beleza e ineditismo” nosbrindando até hoje com a atmosfera daqueles dias que tinham o objetivode seduzir os visitantes. Além disso, contava a exposição com um pórtico

de entrada monumental em que era exibida a escultura gigante do famosoBento Gonçalves, herói farroupilha em seu garboso cavalo, que foi posteri-ormente transferida para avenida de mesmo nome. Também, foram previs-

tos a construção de um estúdio fotográ-fico, que seria responsável pelo registrodaqueles dias afortunados, e um cassi-no para que “reunisse o nosso mundosocial em ambiente seleto e de alto con-forto”, assim registraram os responsá-veis pela organização do evento.

Mas havia muito mais: lago, audi-tório, pavilhão cultural, hoje atual Insti-tuto de Educação General Flores da Cu-nha, parque de diversões, departamen-to de imprensa, bilheteria, sanitáriosentre outros.

A inauguração se deu em 20 de se-tembro de 1935 e esteve repleta comonão poderia deixar de ser pelo “eskol”das elites argentina, uruguaia, brasileirae obviamente gaúcha. Foram dias“fashion” em que casacas, fraques, gra-vatas, chapéus, cartolas, vestidos, sapa-

tos, sombrinhas desfilaram aos borbotões.A presença do Presidente da República Getúlio Vargas, sempre de

irretocável aparência, coloca em evidência a moda masculina e nos propõe

Por Thais Gomes Fraga

No início foi a Exposição do Centenário Farroupilha...No início foi a Exposição do Centenário Farroupilha...No início foi a Exposição do Centenário Farroupilha...No início foi a Exposição do Centenário Farroupilha...No início foi a Exposição do Centenário Farroupilha...

A Semana FarroupilhaHoje, é ela:Hoje, é ela:Hoje, é ela:Hoje, é ela:Hoje, é ela:

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nesse contexto estético e social a percepção de comoos trajes e acessórios da indumentária tornam-sedocumentos para análise daquela sociedade. Tam-bém, nesse evento político e social que foi a exposi-ção, podemos perceber a importância na economiagaúcha de diversas fábricas e lojas ligadas ao vestuá-rio como, por exemplo, Rheingantz, Fábrica de Cha-péus Renner Ltda, Fiateci entre outras, que tiveramimportante papel no desenvolvimento da indústriado vestuário e da moda no Rio Grande do Sul.

Não por acaso, esse mesmo espírito gaúchotem suas reedições anuais, para lembrar, ou me-lhor, para que não se esqueçam certas tradições.Essas são celebradas na badalada Expointer e pos-teriormente na singular Semana Farroupilha. En-quanto a primeira ocorre anualmente no Parquede Exposições Assis Brasil, no município de Esteio, e certamente é uma dasmaiores vitrines do setor agropecuário, a segunda ocorre por todos os can-tos desse Rio Grande. Porto Alegre sedia esse culto ao gauchismo no Par-que da Harmonia onde é montada uma verdadeira cidade dos gaúchos emque se instalam literalmente de mala e cuia. Destacamos ainda, o elemento“abaixo de chuva”, pois o mês de setembro costuma ser chuvoso, além dalama, muita lama, da melhor espécie é claro, pois, o parquesitua-se numa grande extensão de terra no chamado “chãobatido” muito ao gosto da gauderiada.

Mas, se voltarmos ao tema tradição um dos fatos quemais chamam atenção nesses dois grandes eventos são asvestimentas. Aliás, o uso da “pilcha gaúcha” comoindumentária foi oficializado como traje de honra e de usopreferencial no Rio Grande do Sul para ambos os sexos pelalei nº 8.813, de 10 de janeiro de 1989. Onde se estabelececomo “pilcha gaúcha” os elementos de sobriedade históri-ca, conforme os ditames do Movimento TradicionalistaGaúcho, podendo essa substituir o traje convencional emtodos os atos oficiais, públicos ou privados realizados noRio Grande do Sul. Quanto poder para a pilcha!

“N“N“N“N“Nesse contexto es-esse contexto es-esse contexto es-esse contexto es-esse contexto es-tético e socialtético e socialtético e socialtético e socialtético e social os trajes eos trajes eos trajes eos trajes eos trajes eacessórios da indumenacessórios da indumenacessórios da indumenacessórios da indumenacessórios da indumen-----

tária tornam-se documen-tária tornam-se documen-tária tornam-se documen-tária tornam-se documen-tária tornam-se documen-tos para análise daquelatos para análise daquelatos para análise daquelatos para análise daquelatos para análise daquela

sociedade.sociedade.sociedade.sociedade.sociedade.”””””

As fotos mostram a inauguraçãoda Expo-Farroupilha.

Na página anterior, aspecto daInauguração da estatua equestre

a Bento Gonçalves.

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Por Marianna Rebelatto

Constantemente, estilistas buscam inspiração em outrasépocas para criarem suas coleções. Modelitos que até poucotempo atrás eram considerados bregas são repaginados e voltama freqüentar os guarda-roupas dos moderninhos. Nada se cria,tudo se copia. Já faz algum tempo que os estilistas vêm trazendopara as passarelas referências dos anos 80. O punk, as mangas-morcego e outros exageros da época foram relembrados emcoleções recentes.

Mas, quem pensou que os anos 80 iam dar um tempo antesde voltar ao mundinho da moda se enganou. Um dos ícones dadécada, o balonê, é a nova proposta de marcas como Zapping,Triton e outras. Deixando de ser uma referência cafona nopassado de muita gente, o estilo volumoso e bufante está nassais e shorts, tudo muito míni, e também nas mangas. Com umar romântico e jovial, as peças balonês surgiram mais discretas,com um volume menor do que o usado no passado, porém,inconfundíveis.

A proposta foi lançada. Agora, é esperar para ver se o públicovai aderir a mais essa moda retro. Depois dessa, fica uma dica:pense duas vezes antes de jogar fora aquela roupinha horrorosaque você comprou há uns anos atrás e acha que nunca mais vaiusar. Ela pode ser útil algum dia.

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Vestidos, bermudas, saias e mangas balonê na coleção da Zapping

A Triton também apostou no balonê para sua última coleção

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O dia já está amanhecendo quando umindefectível táxi novaiorquino pára em frenteà Joalheria Tiffany’s e uma jovem de armisterioso salta do carro carregando seu cafécom rosquinhas ou coisa similar. Aí está ela:Holly Golightly com seu look preto total, luvase óculos, uma profusão de pérolas e umacoroa de strass. A imagem perfeita do poderde sedução da jovem e do preto. Assim é oimpacto da cena inicial do filme “Breakfast atTiffany’s” ou o famoso “Bonequinha de Luxo”lançado em 1961. O diretor Blake Edwardstransformou o roteiro inspirado na novela deTruman Capote em um filme memorável,

tanto por sua temática quanto pelo carisma e elegância de Audrey Hepburnaliados aos figurinos de Givenchy. A excelente fotografia e os maravilhososfigurinos desenhados pelo estilista francês especialmente para AudreyHepburn, foram os principais elementosque transformaram “Bonequinha deLuxo” em um dos maiores cult’s docinema. O figurino da atriz, compostopor vestidos pretos são copiados atéhoje. Givenchy fez também os figurinospara vários filmes de Audrey Hepburn,como “Sabrina” (1954), “Cinderela emParis” (1957) e “Charada” (1963).

“Bonequinha de Luxo” foi ambien-tado nos mais autênticos cenários deManhattam e tem como protagonistasAudrey Hepburn interpretando HollyGolightly, em uma de suas melhoresatuações no cinema, e George Peppard

Por Thais Gomes Fraga

Cena clássica de “Bonequinha”, comGivenchy assinando os figurinos

A beleza de Audreyem “Sabrina”

no papel de Paul Varjak. O par românticode Holly e Paul se identifica pela suacondição de iguais que buscama superação de suas vidas vaziase solitárias através do encontrodo amor, da amizade libertadorae verdadeira que colocará a nocauteos medos e frustrações de ambos. Comuma forte carga emocional e estética deprêelegante a personagem de Holly parece anteciparem 40 anos o mundo desbussolado em quevivemos, “fico deprimida quando engordo ouquando chove”. Arredia tanto quanto seu gato,outra pérola do filme, o gato adestrado que se chamava simplesmente“gato”, era amarelo malhado e protagoniza com a atriz a cena final dofilme, onde fica protegido por ela, dentro de um trench coat Givenchy. Aatriz se abraça a George Peppard, e assim os dois personagens se beijam,embaixo de uma chuva torrencial tipicamente novaiorquina ao som de“Moon River. A trilha musical acabou sendo premiada com o Oscar demelhor música de 1961, e foi executada por Henry Mancini, autor das maisconhecidas canções compostas para o cinema”.

Além da harmonia musical, o filme teve uma importante campanhapublicitária, aliada as já comentadas belas tomadas externas de Nova York,filmadas nas ruas, nos parques e na própria loja Tiffany’s, que comove oscorações, “A Tiffany’s costuma ser generosa” refere-se o vendedor diantede um pedido inusitado do par romântico.

O cinema desde seus primórdios criou mitos e despertou muitos desejosde consumo, em “Bonequinha de Luxo” por exemplo, o guarda-roupa dapersonagem Holly Golightly estava repleto de clássicos, como os vestidospretos, as luvas, as sapatilhas Chanel, as calças capri, os trench coat, quetornaram Audrey Hepburn e Givenchy sinônimos de elegância e refinamentoafirmando a moda como um dos principais vetores da sétima arte.

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(do inglês acid, ácido e wash, lavagem)processo de lavagem de jeans patenteadopela firma italiana Cândida Laundry.Consiste em bater pedra pomes com cloroe usar esse poder abrasivo para alvejaro jeans em contrastes acentuados(nítidos). A técnica, e as peças re-sultantes do processo também sãoconhecidas como moon, fog, marble, icee frosted.

a palavra vem do inglês customized ou customade, justamentedessa idéia de “feito por encomenda”, “sob medida”. Na modacontemporânea, o termo refere-se a interferências de qualquerespécie feitas em peças de roupas e acessórios. Recortes,apliques, tingimentos, costuras, bordados, enfim, a intençãoé transformar e/ou renovar as peças do armário. A custo-mização hoje é movimento consolidado por viabilizar apersonalização do vestir.

recente tendência de moda que propõe amistura de elementos de estilo requintadocom outros de apelo popular, num mesmolook. O nome, que vem da abreviação deduas palavras em inglês - high (alto) e low(baixo) -, automaticamente conceitua o tipode produção. Estão reunidas uma parte“alta”, como uma peça de grife cara, e umaparte “baixa”, ou “menos nobre”. É hi-lo,usar jeans e camiseta básica com acessóriossofisticados, por exemplo uma bolsa todabordada em paetês e sandálias carésimas.

(do inglês over (pref.), extremamente; excessivamente esize, tamanho) refere-se às roupas de modelagem grande,maior do que a numeração teoricamente ideal. Pela liberdadede movimentos que as dimensões largas proporcionam, atendência foi adotada em larga escala pelos skatistas edessa forma ganhou destaque. É aposta do atual hip hopstyle, cujas calças e bermudas inevitavelmente caídasdeixam aparentes as cuecas samba-canção.

palavra do inglês que significa algocomo “trabalho feito de retalhos”.Trata-se de uma técnica de artesanato,pela qual se dá a união coordenada deretalhos ou de tecidos de diferentespadronagens e cores. Surgiu no OrienteMédio, como processo de reciclagem, efoi trazida para o Ocidente peloscolonizadores ingleses. Em vez decosturar os pedaços de pano de qualquerjeito, as artesãs pioneiras planejavame costuravam formando padrões muitoartísticos dando vazão às suas ambições, desejos esentimentos. É freqüentemente tendência do mundinho fashion.A saber, foi personagem central no desfile primavera/verão 2005-2006 de Lino Villaventura, na SPFW.

Por Laura Madalosso

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Os japoneses são super ligados emmoda. Consumo desenfreado, têndenciasnovas a cada semana, combinações inusi-tadas, e muito, muito estilo. Nesse site épossível ver a moda que os japinhas estãousando em fotos atualizadas frequente-mente. As fotos são separadas por catego-rias: moda de rua, vitrines, desfiles e con-venções de cosplay. Cada foto possui umadescrição embaixo e você ainda pode vo-tar na sua favorita. Em inglês.

“Por milhares de anos os seres humanos têm secomunicado na linguagem das roupas. Muito antes deeu ter me aproximado o suficiente para falar com vocêna rua, em uma reunião ou em uma festa, você comunicaseu sexo, idade, e classe social através do que estávestindo.” Assim começa o livro A Linguagem dasRoupas de Alison Lurie.

Dos muitos símbolos e expressões, a roupa é umadas mais importantes linguagens não verbalizadas doeu. E este adorável livro, aborda as questões da identidadee as significações que a as roupas refletem, como instrumento para tal, Luriepassa pela história, estética, psicologia, ética, artes plásticas, sociologia,comportamento, economia, literatura entre outros. O livro não é uma história damoda linear, mas sua análise percorre as mais diversas fases e contextos dahumanidade. Expondo as diferenças e expressões das roupas através dos gêneros,das plurais opções sexuais, hábitos da juventude e velhice, sem, com tudo issoesquecer da elegância, da tradição do jeans e claro do mau gosto, também.

A autora defende, que as roupas que usamos, dizem muito a nosso respeito,quem somos ou parecemos ser. Além de transmitirem, antes mesmo de nosexpressarmos verbalmente, informações a respeito de nossa profissão, origemgeográfica, personalidade, opiniões, gostos, desejos e estado de ânimo. Seja pelouso das cores, uniformes, idade aparente ou época do tempo em que nosencontramos.

Enfim, é um livro delicioso não só para quem se interessa por moda ecomportamento. Com divertidíssimas gravuras, este livro, como diz sua orelha:“tem licença para figurar com destaque em todas as estantes, do estudante demoda ao mais exigente intelectual, do jornalista aos diversos formadores deopinião, do estilista a freqüentadores das colunas sociais, do historiador diletanteaos psicanalistas, do ator ao cenógrafo, da feminista pós-moderna às garotasliberadas.”

Por Ana Carolina Acom

Por Carolina Citton Puccini

Page 26: Moda Manifesto Vol 1 VERS.O 5.1modamanifesto.com/files/modamanifesto.pdf · O último a falar foi o psicanalista italiano Mauro Maldonado, que defendeu a idéia de que ... observação

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Capa:Desenho exclusivo de Val Kuhn

Agradecimentos

Bureau de Estilo by Soraya Mendes RibeiroFIERGS/Núcleo RS Moda

Organização Moinhos Fashion Show

Gabriel IbiasJoão Rosito

Joseane CamargoMaria Elisa Cruz Lema

Maria Stella MadalossoMuriel Paraboni (Produtora Solaris)

Raiza Gomes FragaVal Kuhn

Fotos

Pág. 6 - Tiago Lermen/ReproduçãoPág. 7 - Janaína Kiesling Braga

Págs. 8 e 9 - Carolina Citton Puccini, LauraMadalosso e Janaína Kiesling Braga

Págs. 10 e 11 - ReproduçãoPágs. 12 e 13 - Laura Ferrazza de Lima

Pág. 14 - Janaína Kiesling BragaPág. 15 - Laura Madalosso/Reprodução

Págs. 16 e 17 - ReproduçãoPág. 19 - Renata Cerolini

Págs. 20 e 21 - ReproduçãoPágs. 22, 23, 24 e 25 - Reprodução

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