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  • 3418 SEMANA ILLUSTRADA.

    SEMANA ILLUSTRADA.

    Rio, 21 de Fevereiro dc 186P.

    CAXIAS E ITVHLAXJ3JA_..Parabéns ! parabéns. Império da Cruz : Eil-

    os em teu seio, os dois heroes, chefes de he-roes. Árdua foi a missão com que os hon-raste, tarefa de gigantes; cumprida está. JNahora da partida dissesle-lhes: «Vingança egloria! Ide. íilhos! levais a cruz ea espada!Erguei alto o brasilio pendão. Cruzados doevangelho social, guia-vos a mão de Deus, se-gue-vos a benção da pátria.»

    Eil-os que voltam. Vingada estás, e arden-le de gloria, oh! terra das liberdades. Salve!salve!

    Um artigo mui bombásticoNo qual eu sou elogiado ;Dei-me pressa e logo o li :E não é que sou conip'radoA Novaes e TolentinoPelos versos que exibi ?

    — Julguei-me da fábula serO sapo ao touro igualado.

    E' demais —eu desatino !Quando, eu já alvenecenteCaio na sombra da tarde,Nelle sou também chamadoNovo astro alvorescente !

    Espere, senhor, e aguardeDesta minha musa valente,Trabalhos que muito agradeE laça rir a toda gente.

    Estás, A.... contente ?Tens o amigo enredadoNessa têa mui transparente ;Nessa, que diz muita gente :Dão divino e sagradoSer, das deusas — unicamente !

    ..inz.

    Pontos e vírgulas

    ilaridade:

    I Quando a minha interlocutor» ouviu os versos, bateu:palmas de contente. Depois analysou a poesia com im-| parcialidade.¦ —Não é por ora, disse ella, um grande poeta ; masjpresente-se já um bom talento que merece ser cultivadoe animado. Disto, sim, senhor, gosto eu. A isto chamo

    Dizia-me uma senhora de espirito :— Ha no seu paiz uma grande parti; „,

    a fecundidade poética. Ha mais poetas aqui do quell306^ ; es,ta' infinitamente superior aos poetas da terra,cogumellosna minha terra. Os jornaes andam cheios dej ^om e^Q^p, os. versos do Sr. Luiz são uma boa amos-versos por toda a parte e sobre todos os assuraptos : tra do que pôde fazer a sua lyra afinada pelas harpasversos amorosos, versos fúnebres, versos laudatorios : éiu"oníeras ^ils montanhasum verdadeiro dilúvio. ' |3ual madeixa cyclopica, ond

    Como ella se risse ao dizer-me isto, observei-lhe quea epidemia poética lavrava com effeito em todas as cias-ses contribuintes da sociedade, mas que alguns talen-tos jovens existiam dignos de serem animados.

    Duvidou.Apontei-lhe diversos, citei-lhe bonitos trechos, e

    afinal para melhor convencel-a commetti uma indis-crição que o edictor da Semana me perdoará ; recitei-lheuma composição inedicta destinada a este jornal.

    E' a resposta de um poeta que a Semana apresentouno numero passado.

    Dissemos que o auctor cultivaria com muito pro-¦veito a difficil arte da poesia cômica ; e o alumno dasmusas escreveu in continenti a um amigo a propósitodo elogio. Os versos são estes:

    Por dizer-me um amigo, viNa Semana publicado

    udoriferas dus montanhas do oriente. A inspiração,êa ao vento impetuoso e

    byronico que deve caracterisar a poesia do futuro. Quesimplicidade! e que graça ! Não é demasiado extenso,nem demasiado curto ; um meio termo, a conciliação dalégua e da polegada sob a forma de um metro, a ver-dadeira transfusão dos escriptos de Anacreonte. o poetacurto, com os de Homero, o poeta comprido. Ima

  • SEMANA ILLUSTRADA. 3419

    Todavia, jalante airelação á poesia e não á edademaneira com que o poeta repelle a expressão de astro 1^alvorescente, declarando-se apenas

    " alvenescente. °™

    O que todos nós desejamos é que o auctor cultive a

    poesia satyrica. Não trabalhe na epopéa, nem na elegia;trate só da satyra; essa é a sua corda.— Cumpra o quepromette;

    "faça rir a toda a gente" n as musas ficar-lhe-hão gratas.-

    A poesia satyrica, quando bem dirigida, é mais que oescal[ elo e a espada. Nelaton e Carlos Magno são dousbonecos ao pó de Juvenal. Quando o rei Salomão con-vocou os Estados geraes para curar do fabrico tepido ejuvenil das rosas de Alexandria, deu ordem ao mordo-mo que só poupasse os poetas satyricos, e foi por issoque Boileau escapou ás garras do centurião, dando aomundo duas obras primas: o Lutrin e a Mayonnaise.Eu creio que de todas as epopéas creadas estas duas sãoas maiores obras que honram o espirito humano. Assimpensava João de Panos; assim pensavam Rannier, Lubin, Piver, A ver, e toda a escola prycho-mystica.

    Alguns preterem o poeta Pedro Gralha (auctor do Cid)e o João Raiz (auctor de Andromacliá); outros amigosda fábula, preferem o Fonte ; eu confesso a minha pre-fereucia pelos satyricos.

    Receita para prosadores amenos :as flores cheias do orvalho da ma-

    r nhã 3 oitavasVestido roçagante do orgulho, lambendo alama da descrença 1 onça

    Dores cruciantes 2 onçasÁgua de adjectivos 1 garrafa

    Misture e mande.Não tenho receita de fazer poetas; mas affirmam-me

    que também ha.Das receitas parlamentares todos tem conhecimento.

    Eu mesmo já aqui dei uma receita de fazer oradores, queé uma providencia para a câmara onde a palavra é ne-cessaria. Compõe-se a receita de uma serie de ingre-dientes, dos quaes os principaes são :

    Timeo Danaos.A corrupção eleitoral.Os vários ramos dos negócios públicos.Vce victis.

    A opposição desenfreada.O governo corrupto.Etc, etc.

    Ainda não está convencida, minha senhora, disse-lhe-eu, do valor da poesia brasileira ?

    Mostrou-me um exemplo que eu acceito ; mas umexemplo que prova (

    Lancei mão do Jornal do Commercio e li-lhe umapoesia que começa por esta estrophe :

    Da terra quizera ser um potentadoTer honras e grandezas, poder te offertar,— - -Scr-reiT -ter u-m-thrcno p'-ra-q-ue4bss«S-craad__aE nelle comigo pudéssemos reinar.

    Quanto a mim, estou em pleno desacordo com a se-nhora de quem fallo.

    Acho que a litteratura é hoje o nosso grande cavallo debatalha, a feição mais proeminente da nossa cabeça. Napolitica, nas artes e na industria, não fasemos grandefigura ; mas nas lettras ninguém pôde comnosco.

    Querem saber porque ?E' porque já ha receitas para fazer litteratos como as

    ha para fazer bugias.Tenho á vista duas que são infalliveis :

    Receita para fazer prosadores, sérios:Desenvolvimento e progresso das classes

    sociaes pelo christianismo e pela liberdade. 2 onçasO Golgotha da civilisação V2 libraDelenda Carthago 1 gota.A suprema irradiação do futuro .... 3 onçasÁgua de adjectivos 1 garrafa

    Misture e mande.

    Ha dias.passando pela rua do Ouvidor,vi um grupo de ^pessoas que discutiam calorosamente; lia-se no rostode todas o interesse que a conversa inspirava. i

    Não tarda ahi, dizia um.Creio que não vem este mez, respondia outro.Mas se ha carta nesse sentido.E' impossível. '

    — Affirmo-lhes que ha. Deve estar aqui na quarta-feira com todo o estado maior....

    Cuidaes, leitor, que tratavam do marquez de Caxias iou do Osório ? Engano ! Tratavam do Arnaud e da j¦adTa-eempaohifi-pair-a-e-Aleaaa-F-. j

    _> ;E' provável que á hora em que apparecer a Semana

    já por aqui esteja a nova companhia que o Arnaud foibuscar á Europa, expressamente com o fim de provarque, se em politica não ha homens hecessarios,em thea-tro não ha mulheres necessárias.

    A Aimée vae ser posta n'um chinello; o Marchandfica sendo uma recordação da infância.

    Se o Arnaud teve em vista trazer damas que cantemmelhor que a Aimée, e nada mais, bem podia voltarcom ellas, porque o essencial de uma boa cantora é serbonita.

    Desde que o poeta dramático passou a penna ao ma-chinista e ao scenographo, o maestro entregou as suasoperas á cara das cantoras ; a voz é hoje um simplespretexto. Entre um bonito nariz e o dó do peito, nãoha comparação possível.

    Parece que finalmente está agarrado o assassino doinfeliz Cazenave Nebout.

  • 7 " I ~~

    — Não acceito taes desculpas.—E' oomo lhe digo; veio a tal mascara, puxou-me pelo braço, forno:

  • mm»

    Sermão da jguaresnía..—ârssim^-meu-S'-irmáõs7 podeis comer carne, que é um dos inimigos da alma; o outro inimigo,que e o mundo, comer-vos-ha a vós. e o terceiro, que é o diabo, comer-vos-ha a vós e ao mundoAmen .'

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    Jfe&íàdÉL. ^^^I[fe ítlIsSl -'- ¦ -A"'mmmmWmWk- "*- ''J?íN$ -n.. * >--

    ^^J^^hià&* *-! ¦

    tçostiuho José «le AndradeQueiroz,

    o grande illuminador.

    CARNAVAL ENSANGÜENTADO.Seja tudo pelo amor de Deus!

  • 3422 SEMANA ILLUSTRADA.

    Não louvo a policia pelo acto ; é seu dever prenderos criminosos. Mas tambem não a censurei porque nãoagarrou logo o assassino no theatro de S. Pedro. Pelocontrario, acho mais façanha policial agarral-o muitos1 dias depois, a algumas léguas da Corte, do que no pro-prio terreno do crime.

    No entretanto não faltaram censuras á policia; disse-ram que era a mais desmaselada deste mundo. Oaram-ba ! esta gente parece que não sabe o que se passa lápor fóra.

    Fiquem sabendo que se a policia pudesse prender to-dos os criminosos nunca se commettiam crimes. A es-perança de escapar ás garras policiaes é complice em to-dos os attentados. No dia em que houvesse certeza docontrario podia rasgar-se o código e desapparecer apolicia.

    De. Semana.

    bava o déspota paraguayo, que, em consequencia dos jtriumphos obtidos pelos inclitos marquez de Caxias e !visconde de Inhaúma, andava como que doudo furioso.A desforra, que não podia colher sobre o inimigo, tirava-a dos presos inermes e quasi moribundos. Supplieavam'estes a seus algozes, não a vida, que de taes feras se não jespera, e a taes miseráveis se não pede ; mas a morte Iprompta. Sorriam-se e respondiam que não tivessem cui- Idado; proseguindo.placidan.ente na destruição lenta;d'aquelles corpos, já dilacerados I" Afinal Leite Pereira succumbio aos tormentos, sen-'do depois fusilado o Sr. Vasconcellos '

    " Estes dados me foram ministrados por pessoa que:tudo isto presenciou, por estar no quartel general de Lo-1pez, a cuja rectaguarda se praticavam tão horrendos e

    '¦atrozes insultos á humanidade. E oomo essa pessoa jtem parentes em poder do tyranno, calo o seu nome." !

    Oh ! Século XIX! '

    O cônsul e o vice-cônsul de Portugal noParaguay.

    O Sr. M. R, Vieira, negociante portuguez em Mon-tevideo, remetteu-nos a seguinte noticia dos martyriosde que foram victimas os beneméritos da humanidade,Leite Pereira, e Vasconcellos. D'ella se vê que o pri-meiro não foi fusilado, como se disse, mas succumbio aostormentos, o que é mais horroroso.

    Informa-nos o mesmo senhor que a viuva de LeitePereira estava em poder do vil tyrano ; sem soccorros,e provavelmente attormentada; sendo muito para sup-por que tenha tambem succumbido !

    Eis o que se refere aos supplíciados :'- Quando a esquadra brasileira passou Humaitá,Lopez enfurecido mandou encarcerar e carregar de fer-ros, não só os prisioneiros, mas todos quantos podessemter ainnidade com o Brasil; sendo dos primeiros LeitePereira e Vasconcellos, que soccorriam os presos ;na me-dida de seus haveres. Todas as miséria, que soffreramem suas masmorras durante dous mezes, privados dear, de luz, de roupa, e quasi de água e alimento, ima-gine-as cada qual. Mas o que está acima de todas asimaginações é o continuado tormento a que foram sub-mettidas as .Ilustres victimas, afim de confessarem queestavam em correspondência com os alliados, de quemrecebiam os auxílios que ministravam aos prisioneiios.Não houve instrumento inquisitorial que não fosse ap-plicado aquelles infelizes, desde os anéis de ferro, até ascunhas; desde as agulhas, até o ferro em braza ! Os mar-tyres respondiam sempre a verdade ; isto é, que o di-nheiro gasto na alimentação e amparo de perto de dousmil prisioneiros, era seu próprio, juntando-lhe o preçodos valores que em seu poder deixara o Sr. Madruga(sogro de Leite Pereira e cônsul portuguez, cujo cargoaquelle exercia interinamente). Esta resposta exaccer-

    Poesia.

    Damos adiante um magnífico soneto, producção deum moço, cuja modéstia impede nomear. Pela leiturados versos podem os leitores avaliar do louvor que sin-ceramente lhe fazemos.

    RETRATO.Vencendo em formosura as mais formosas,Na pura singeleza as mais singelas,Vencendo em virgindade as mais donzellas,Na celeste virtude as virtuosas,Do rosto, nas feições, vencendo as rosas,Dos olhos, no fülgor, vencendo estrellas,No talhe mais gentil vencendo as bellas,E nas formas, as formas primorosas;Fallando como a Deusa da harmonia,Sorrindo como a alegre primavera,Pensando como o archanjo da poesia:Ai! quem por ella o coração não dera !Ai! quem por ella a vida não daria,Triste por não dar mais, se mais poderá !

    J. V.Justamente quando mandávamos estes versos para aimprensa, recebíamos outros, desta vez dedicados ao

    auetor do soneto, acompanhados de um pedido de inser-ção immediata.

    Não podemos recusar tão justo pedido • ahi vão osversos:

    A J. V.Que volúvel és tu prestando esta homenagem !Contemplas um retrato e esqueces outra imagem*.

  • SEMANA ILLUSTRADA. 3423Immolas neste altar a deusa, de outro céo;E enterras sem saudade o amor que já morreo.Não debalde o Senhor deo azas ao poeta.O' vario beija-flor, ó mosca, ó borboleta,Para tudo perder, para* tudo olvidar,Foi bastante interpôr-se a.vastidão do mar.Onde os sonhos de ha pouco ? os ideados planosDe aspirar, junto d'outra, a flor do3 bellos anncs ?Onde aquelle chorar por um tempo feliz,Que transformava a aldea em formosa Pariz ?Tudo acabou no olvido implacável, sinistro;Durou mais que uma flor e menos que um ministro.

    O amor, como eu o entendo, existe uma vez só ;Não se muda de amor come de paletot!O amor não ó a luz dos cem mil pirylamposQue andam a vaguear ahi por esses cumpos.Não é pagina solta ; é livro. Não é flor,E' arvore que affronta os séculos. O amorNão varia, persiste ; afferra-se, não vaga.Não perde n'un_a terra os sonhos de outra plaga.Não destingue o melhor; ama, e o que ama é bom.

    Desculpa se te fallo assim com este tom :E desculpa tambem se neste verso ingratoHa cousa que. moleste a dona do retrato.Haver, não pode haver, porque em summa ella estáNo ambicionado throno em que outra esteve já.Venceo uma rival no peito de um poeta;Caxias de outra escola, entrou nessa Villeta.Poz em fuga o inimigo apoz tamanho affan,Et le combat finit faute ãe eombatants.

    0 COFRE DE TARTARUGA.

    POR

    -áLxig-ixsto _E.M_.ilio Zaluar.(Continuação do n. 427).

    Praxedes.Eu tomava chá uma noute em casa de uma familia, de minha amisade

    Entre as moças que se achavão presentes, estava uma, cujos olhos de umpreto seduetor e brilhante, me fascinavão irresistivelmenle. No fim dochá, ella pedio-me um palito. Empalideci. Lembrei-me logo de minhaavó, e do seu prognostico. Quiz fallar, não pude. A lingua estava enro-lada no ceu da boca como um novello de linha. A moça estendia-me a mão:o paliteiro de prata luzia com um brilho infernal diante de meus olhos:O suor corria-me em lagas pela testa. Todos estavão com a vista cravadaem mim, e reinava na salla um silencio sepulcral... Tive idêa de me le-vantar, e sahir pela porta fora... Porem, o malvado companheiro que meI ncava do lado direito, no meio da perplexidade em que me achava,

    (appresenta-me

    o fatal paliteiro... Estendo a mão tremula... alongo o.braçoconvulsivo... e offereci um palito à moça... Tudo isto foi executado machi-nalmente, e sem consciência do que praticava!... apenas a moça tirou oI palito uma gargalhada estrondoza rebentou dos quatro ângulos da casa...

    Quasi perdi os sentidos...« Está dito que me não casarei este anno, disse eucomigo, e de mais a mais estamos no mez de janeiro.» Foi tambem este.segundo creio.o pensamento dos assistentes, porque ainda tenho nos ouvi-aos o som dos repetidos froxos de riso. com que se terminou esta scena!Therezinha.

    De maneira que foi uma gargalhada com o effeito de De profundisl Amorte da ultima illusão! o enterro da derradeira esperança ! O senhor6 o Praxedes mais infeliz que eu tenho conhecido!

    Scena Segunda.OS MESMOS PAULO E CARLOS, {entrando).

    Paulo.Alegro-me de encontral-as em tão boas disposições, minhas senhoras —Parece-me estar vendo um bando de cysnes em roda de dois perds aue seengordão para o Natal... '

    Praxedes [rindo).Este Sr. Paulo sempre tem umas comparações!

    Carlos.E' o effeito que nos produsirão, taciturnos e quasi anulados diante dé«-tas senhoras, que riem de tão bom gosto...

    TllEREZlNHA.Protesto contra a sua amável iujustiça. E" precizo dizer a verdade Ashonras da noite até este momento pertencem todas ao Sr. Praxedes.

    Paulo.: Pelo que vejo o Sr. Praxedes figura de heroe nesta festa, como o« car-|neiros nos sacrifícios antigos...

    Tiierezinua.Só (om a differença que em lugar de laços de fitas, traz um lenço pretoamarrado ao pescoço!

    Paulo.E' um progresso da civilização!

    IOlympia,

    Olhe como nos homens predomina o egoísmo, e são exclusivistas. Em, vez de dellenderem seu amigo, os senhores procurão tornar-lhe cada vez• mais embaraçoza a sua posição. Nós, as mulheres, somos mais unidas. Os, homens, como as féns bravias, izolão-se e guerreião-se; e as senhorasi unem-se, abração-se, deffendem-se e protegem-se mutuamente, porquesao mais compassivas e mais caridosas para com os infelizes e sobretudo| para com os que se não deffendem senão com o seu silencioeloquente... I

    Eugênio.I Já esperava essa allusão, minha senhora. Eu não sou o homem da pala-

    j vra, sou o homem da acçao. A palavra transige, a acção impera. Os ho-mens do mar não costumão seduzir os elementos, subjugão-n'os... Semequerem ver sahir da minha indolência --pparente exponhão-mè a umaI prova, confiem-me uma missão digna dos nossos brios, que lhes pro-Imetto por mim, e por meus companheiros, mostrar-lhes que somos dig-nos deum conceito mais elevado do que parecemos merecer a VV. EEas,;e que diante da nossa tenacidade em manter os foros do nosso sexo, a in-justiça com que as senhoras nos julgão terá um desmentido forma! e com-pleto.

    Therezmha.Bravo! Joga-nos então um cartel de desafio?

    Eugênio.. Não é um desafio, minha senhora. Proponho apenas uma experiência.

    Paulo.E seja qual ella fôr, acceitamos o compromisso, e protestamos mantel-ocomo uma prova da solidariedade do nosso sexo, de que segundo vejo, se

    parece neste momento duvidar. E' nossa divisa ser pelas senhoras, aindacontra as senhoras.(Continua.)

    Typ. do Imp. Inst. Artístico — Largo dc S. Francisco n. 161

  • «aixixiel destruindo os plxilisteus.— Eis-me armado de ponto em branco. Nada temo. Cuidado! Cada tiro dá cabo deuns poucos. Veremos se ha quem se agüente....