MINtRIO DE MANGANES DE CARAJÁS PARA UTILIZAÇÃO EM...
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MINtRIO DE MANGANES DE CARAJÁS PARA UTILIZAÇÃO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS
l A. A. Mende s
'I
J . L. Silva·
511
A Cia. Va le do Rio Doce (CVRD) possui um a mina d e minério de manganês em Ca r ajás , no Par á , que, a lém do manga nês metalúrgico, produz um minério de a lto t eor, adequado para utilização e m pi lhas e le troquimica s. Esse minério vem sendo comercial izado pe la CVRD desde 1.985.
Nesse art i go são apresentados os se guintes tópicos: - Minera ção e tratament o do minér io para pilhas de Carajãs; - De sc rição sucinta de uma pilha Lec lanché e das
características químicas e es trutura is de minérios para pilhas ;
- Caracterí s tic as do minéri o da CVRD, e teste s de desempenho de pilha s fabricadas com o minério da CVRD e de outr a s companhias ;
- Merc a do mundial de minérios para pilhas.
CARAJÁS BATTERY GRADE MANGANESE ORE
Cia. Vale do Rio Doce (CVRD) owns a manganese ore mine i n Carajás, state of Pará, Bra zi l . Besides a concentrate for metallurgical applications, th is mi ne produces a high grade ore, s uitabl e for battery app lic a tions . Since 198 5, CVRD has been suplying the !ate r type of ore fo r the battery industries. The ore i s proces se d in a p lant nea r the ore body and tr ansported by r a ilroad to the Ponta da Made ira Port, s tate of Maranhão, where it i s shippe d.
Thi s paper presents the fo llowing topics: - CVRD battery grade ore reclamation and bene ficiation at the
plant site ; - Succinct desc ript i on o f dry cells (Leclanché); - Che mi c al and structural characte ristics of ba ttery grade ores; - Characteristics of CVRD battery ore and battery performance
tests with thi s ore; - Market share o f ba ttery grade manganese o r e .
1 Centro de Pesquisas I Ci a . Vale do Rio Doce, Rodovia BR-262, km 296, Santa Luzia- MG, Brasil; CEP 33.000.
2 . - . . . -Superlntendencla das Mlnas de CaraJas, CVRD.
51 2
INTRODUÇÃO
O complexo mineiro implantado pel a Cia. Vale do Rio Doce na
Serra dos Carajás, no Pará, possui uma reserva de minério de
manganês em torno de 60 milhões de toneladas, sendo que 10
milhÕes são apropriadas para utilização em pilhas e létricas.
De sde 1985, a CVRD comercializa o minério de manganês para
pilhas elétricas da mina do Azul (Carajás)
t e ndo vendido 36 mil toneladas e m 1.991.
no mercado mundial,
O mercado para pilhas é o segundo maior mercado para
minério de ma ng a nês, depois do metalúrgico. Existem trê s vias
de utilização desse minério na indústri a d e pilhas e létricas,
quais sejam, diretamente, sem transformação, se o miné rio
apresenta r ca rac t e rític as apropriadas para utilização em pilhas
(NMD), ou para fabricação de bióxido d e manganês eletrolítico
(EMD) ou bióxido de manganês químico (CMD).
Para realizar os estudos de avaliação eletroquímica do
minério para pilhas de Carajás, o Ce ntro de Pesquisas da CVRD
desenvolveu equipamentos e me todologias, e mo nto u um l a boratório
de pilhas elétricas. Poste riormente, essas me todo logias foram
transferidas para Carajás, e implantado lá um o utro laboratório
de pilhas, objetivando o controle de qualidade d a produção. Em
1.990, o Centro de Pesquisas modernizou o seu La boratório d e
Pilhas, e vem desenvolvendo estudos que comprovam a alta
qualidade do minério pa ra pilhas da CVRD.
No presente trabalho são abordados: a mineração e tratamento
do minério, sua composição química e estrutural e a performance
de pilhas fabricadas em escala de laboratório, tanto do minério
da CVRD quanto de outras companhias. são ainda apresentadas as
principais características desejáveis em um minério para
pilhas, e uma descrição sucinta de uma pilha Leclanché.
513
MINERAÇÃO E TRATAMENTO DO MINtRIO PARA PILHAS DE CARAJÂS (1)
o minério de mang a nês
concomi tan t ement e com o minér i o para
mina do Azu l a l av ra desenvo lve-se a
4 metros de altura.
capacidade d e 300 h . p. ,
O d e s monte
nao send o
para pilhas é lavrado
aplicação metalúrgica. Na
c eu aberto, e m b a ncadas de
é efetuado por tratar d ..
necessár ia a utilização de
e xplosivos. O c a r regamento utiliza pás carrega d e iras de rodas
com capacidade de .I
concha d e 9,9 m e o transporte é feito em
caminhões de 1 20 t . Todo ma t e rial não manganesífero r emovido da
mina é estocado fora d o pit de lavra , para recuperação futura
das áreas degradadas .
A l a vra é r ea lizada segund o
f unção da demanda pre v i sta.
planos anuais elaborados em
Os critérios utiliz a dos para
definição dos b locos a s e r e m desmontados baseiam-se na
qualidade química e e l etroquími ca de a most r as coletadas em
poços de 4 m d e profund i dade , distribuídos e m malha quadr ada de
10 m x 10 m.
Tratame nto
Para o me rcado consumidor, um aspecto de e x t r ema importância
é a homogeneidad e do p r o d u t o. Assim, a etapa preparatóri a ao
tratamento d o minério e a formação de pilhas d e ho mogeneização
do "run of mine " a i nda na mina, logo após o d e smonte. Essas
p ilhas sao formadas em cama d a s de 0,5 m de espessura e cada
camada é f o rmada por cordões con tínuos oriundos de uma varredura
no minério desmonta do. Este procedimento possibilita uma
alimentação uniforme da planta de tratamento.
A instalação de tratamento do minério de manganês de Carajás,
apresentada na Figura 1, é utilizada para todos os tipos de
minérios oriundos da Mina do Azul, e possui capacidade de
alimentação de um milhão de tpa. O processo fundamenta - se
basicamente
peneiramento
nas
a
operações
úmido,
de cominuição, deslamagem,
classificação gravimétrica e
514
desaguamento. O suprimento de água do processo é o b tido por
bombeamento, a uma vazão de 300 m1 /h, a partir de uma bac i a de
captação localizada no leito do Igarapé Calunga. A energia
consumida é proveniente da hidrelé trica d e Tucuruí.
O tratamento inicia com a alimentação do "ru n of mine " com
granulometria inferior a 12", o qual é reduzido a 2" a través d e
britador de mandíbulas. Em seguida, o mate rial br itado
alimenta um lavador rotativo (s c rubber ) que promove um
condicionamento do minério com água, para f ac ili tar a remoção da
fração argilosa nas e tapas seguintes do processo. A d e scarga d o
"scrubber" alimenta uma peneira vibrat6ria de 2 dec ks (1" e
l/4"). Nessa e tapa de peneiramento a úmido, o ove rsize do
primeiro deck (-2" +1") é conduz ido para rebritagem em britador
de mandíbulas e retorna e m circuito fechado e o ove rsiz e do
segundo deck (-1" +1/4") é conduzido ao segundo e stádio de
pene irame nto. O undersize do segundo deck (-1/4") s e gue para a
classificação gravimétrica no primeiro hidroclassifica dor, pa ra
reduzir a fração mai s fina e argi lo s a. O segundo peneiramento a
úmido, em dois deck s (3/8" e 1/8"), funciona como d e s baste na
a limentação do segundo hidroclassificador. O mate rial retido nos
do i s decks da peneira segue par a os s ilos e o materi a l pa s s a nte
do segundo deck alimenta o segundo hidroclassif i cador, q ue oper a
em série com o primeiro. O underfl ow do segundo cl assi fi c a do r,
ap6s desaguamento, constitui-se na fração fina que compõe o
produto final com os materiais já ensilados. Este produto tem
granulometria entre 1" e 100 mesh . O overflow constitue o
rejeito do tratamento , que r epresenta 28
lançado em barragem de contenção .
% da a lime ntação , e é
O minério para pilhas da CVRD é c omerciali z ado de duas
formas: A granel,
moído abaixo de
com granunoletria e ntre 1" e 100
200 mesh e embalado e m sacos de
utilização final do produto é sempre na forma moída.
me sh , ou
50 kg. A
A planta de moagem d o minério de manganê s de Carajás,
apresentada na Figura 2 , poss u i capac idade de 30.000 tpa .
515
F i gura 1. F luxograma da i nstalaç~o de b enef i c i amen t o do min~rio
d e mang a nês d e Cara jás .
Fi gura 2 . Fluxograma da instalaç~o de moagem do min~rio de
manganês d e Carajás.
51 6
O minério é moido, secado e cl ass ific~do e m um~ única oper~ção ,
em moinho de rolos Raymond (classi ficaçã o por palhe tas, ti po
"high side"). O material sai do moinho com umi dade de 1,5 %, e fi
es tocado e m um silo com capacidade de 40 t, de onde vai para o
e nsacamento .
Controle de Qualidade
As atividades de controle d e qualidade obj e tivam a a dequ ação
dos produtos gerados às exigências do merc ado consumidor. A
qualidade dos produtos começa a ser monitorada com a avaliação
das características do minério bruto repre sentado pelas amostra s
coletadas na mina em poços de 4 m de altu ra. As amostr as sofr e m
simulação do tratamento industria l, e nos produtos simulados
são executadas análises quími cas dos e lementos espec ificados .
Além disso, são desenvolvidos t e s tes de des emp enho
e l etroquímico, a partir de pilhas elé tricas fabr icadas nos
laboratório s da CVRD. Essas informações nortei am a programação
de alime ntação da planta industrial. Durante a produção do
bióxido d e manganês, são gerada s amostras por incrementos ,
r et irados a cada 15 minutos . Os produtos do tra tame nto são
depositados no Pátio de Espera até q ue sejam realizadas as
análises químicas. De posse dos r es ultados das anál ises, é
montada a programação de formação de pilhas de homogene i zação d o
minério, pilhas esta s que variam de 2000 a 3000 t. Feito isto, o
minério está pronto para ser embarcado à granel ou para
a limentar a Planta de Mo~gem.
Na Planta de Moagem é realizado o controle da granul ome tria e
da umidade do produto. O produto é embalado em sacos de 50 kg,
que são acondicionados em "big bags" de 1,5 t. Os "big bags"
são agrupados em lotes de 150 t, e cada lote apresenta
uma ficha de qualidade química e granulométrica, além de
dados de tensão inicial de massa depolarizadora feita com o
minério.
51 7
PILHA LECLANC!I:t:
Pi lha é uma font e de energ ia portá til. Os vá rios tipos de
pilhas exis tentes no
pil has primár i as e
mercado são class ificados em dois gru pos,
secundárias . As pi lha s pr imárias nao sao
recarregáveis e as secundári as sao recarregáveis, pe rmitindo
diversos cic l os de utilização . A pilha primária mais popular,
que uti liza minér i o de mang anês como d epo larizador, é a chamada
pi lha Lecl anché . Es sa pilha transforma, quando solicitada ,
e nergi a q uími ca em energ ia elét rica, por meio de uma reação de
ox i-redução eletroquimi ca , onde o Mnq é reduzido e o zinco é
ox idado . Em princ ípio, a reaç ão básica e a seguinte:
Zn + 2 Mn02
---)
O pe squisador Leclanché, qua ndo co ncebeu a pilha Zn-MnO ,
ut ili zou um e letr6 l ito liquido (NH Cl). Poste riorment e , o
ele tról ito foi ge latini zado com o uso d e ami do , e a p ilha p assou
a ser chamada de pilha seca. Os fato r es dec i s ivos para a
comerc i a li zação das pi lha s Lec lanc hé foram, sem d úvid a , a
uti liz ação do copo de zi nco como a nodo e recipiente e a
ge lat inizaç ã o do e le tró lito (2 ).
O minério
depo l arizador ,
pe rformance da
de polariza ção
de manganês é utiliz ado
e const itui o catado da
pilha é
do minério.
d epe ndente das
e m pilhas como
pilha. Assim, a
ca r acter í s ticas de
Apesar de a pilha Le c l a nc hé ser chamada d e seca , é
ne cessário que os seus eletrodo s es tejam úmidos pa ra h ave r
ge ração de ene rgia e l é trica . O MnO favorece a manutenção da l
umid ade na pi lha, o xidand o o H2
gerado pelas reações que
ocorrem na pilha , d epolari zando-a e fo rmando água . A t axa de
remoção de gás é proporcional ã reatividade do Mnq (3 ).
518
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM MIN~RIO PARA PILHAS
O comportamento eletroquímico de um minério de manganês é
influe nciado principalmente pela sua
estrutura mine ralógica e área superficial
Quimicamente, o minério deve possuir a lto
composição química ,
de suas partículas.
teor de MnO e baixo 2
nível de impurezas deletérias, tais como Cu, Ni, Co, As, Sb e
outros metais eletronegativos em relação ao zinco Além disso,
o minério deve ser suficientemente poroso, com area supe rficial
alta, para permitir que as reações ocorr am com maior
aproveitamento das partículas. O minério deve posuir também
estrutura mineralógica ativa eletroquimicamente,
preferencialmente com grandes quantidades d e nsutita,
todorokita, birnessita e litiofo r ita.
Existem mais de vinte importantes mine ra is d e manganes na
natureza, sendo qu e somente dois são estequiomé tri cos. São e les
a pirolusita (Mn0 2 beta) e a ramsdelita (Mn02
), que não são bons
depolarizadores. O restante apresenta defeitos est r utu ra is
diversos, e muitos contém cavidades onde se acomodam cátions de
Ba2+ . Pb2+ K+, Na+, Ca+ , Mn.í'+ e água de cristalização. A
nsutita (MnO gama- Mn(O,OH) apresenta estrutura des o rdenada
e grãos porosos, com uma rede de microporos e microtrincas
ligando o interior e o exterior das partículas.
com que
pilhas.
ela apresente boa
A todorokita ((Na,
performance
Ca, K, Ba,
quando
Mn 2+ )
Tudo isso faz
utilizada em
Mn5 0 12 .3H 2 0 )
também apresenta estrutura desordenada, pare cida com a da
nsutita, com caracteríticas apropriadas para uso e m pilhas. A
birnesita (Mn02
delta - (Ca, Na) Mn 7 ol4 . 3H 7. O) apresenta
estrutura desordenada e granulação mais fina, que proporcionam
as pilhas alta voltagem mas vida curta em descarga. Algumas
criptomelanas apresentam performance aceitável (vida longa) e a
rodocrosita é inadequada para uso em pilhas (4).
519
CARACTER1STICAS DO MINtRIO PARA PILHAS DA CVRD
Química
O NMD da CVRD apres e nta alto teor de MnO , acima de 80 %, 2
e ba ixos teores de e l ementos deletérios, semelhant e ao do
princ ipa l forne c e dor mundial, o minério proveniente do Gabão (se
s oma do o t e or de impure zas dos principais eleme ntos nocivos),
como pode s e r v i s to na Tabe la I. Mas , devido provavelmente ao
COMP ONENTES CVRD GABÃO GRANA Mtxico
Mn 53,4 54 ,6 53,2 45,8
Mn0 2 81,0 82,8 7 9,4 69,7
Si0 2 1 1 7 4 1,86 7,49 7,05
Al2
02
4 , 28 3 , 88 1 ,4 8 2, 17
Fe 2,82 1,63 1, 46 7 ,0 9
Ni (ppm) 640 435 476 86
Cu (ppm) 330 271 85 24
C o (ppm) 160 970 95 31
As (ppm) 40 36 160 31
H2 0 comb. 4,64 4,24 2 , 78 5,07
----------------------------------------------------------------Are a BET 15,0 11,0 715
Ta bela I. Compos ição química dos principais minérios de
manganês para pilhas do mundo , determinada no Centro
de Pe squisas da CVRD (5,6).
tipo estrutural do minério da CVRD, ele transfere menor
quantidade de e lementos deletérios a um eletrólito de cloreto
de z i nco e / ou cloreto de amônio (eletrólitos.utilizados
na pilha Leclanché), como ficou comprov ado em experiências
realizadas no Centro de Pesquisas da CVRD (ver Tabela II).
Ass i m, quando é utili z a do o NMD de Carajás, o ataque desses
520
elementos d e leté rios à chapa d e z inc o (anodo e r ecip i e n te da
pilha)
pilha.
s e r a me nor, e have r ã me no r f o rmaçã o de hidrogén i o n a
Isso torna-se ainda mai s importa nte pel o fato de q u e
atualme nte há uma grande pre ssã o
retirada d e me rcúrio das pilha s,
formação de g a s e s.
dos ambiental istas para
utilizado par a mi nimizar a
En s aios r e alizados em e quipamento BET (proj e t o St rho l ein ),
nas me s mas circunstâncias (110 °C, 15 minuto s), mostraram qu e
o produto BMl J para pilhas da CVRD apr e sento u á rea s u pe r fic i a l
mais alta qu e a dos minérios do Ga bão e de Ghana.
COMPONENTE
Ni (ppm)
Cu (ppm)
Co (ppm)
ELETR6LITO: NH4
Cl(*)
CVRD
0,96
0,14
0,02
Gabão
1,07
0,20
0,03
ELETR6LITO: ZnC1 l+ NH,, Cl (**)
CVRD
1, 29
2,47
0,5 7
Gabão
2,0 5
2 , 5 0
1, 77
(*) - 15 g de mi n é rio em contato c o m 50 ml de sol ução de NH 4 Cl
20 %, durante 72 horas, a 45 °C, e anális e q uimica d o
el e tról i to contaminado .
( **)- 20 g d e minério em contato c o m 100 ml de soluç ão de ZnCl2
(27 %) mais NH 4 Cl ( 3 %) , dura nte 8 horas, a 1 05 o c, e
anã lis e q uimica do eletrólito contaminado .
Tabela II. Compos ição quimica de e 1e trólitos cont a min a d o s c om
mi né rios para pilhas da CVRO e do Gabão ( 7 ).
Anãlise Granulométrica
Na Fig ura 3 sao mostradas as curvas d e d i s tr ib u i ç ã o
granulométrica do produto BMlJ (miné ri o mo ido d a CVRD , p r onto
para ser utili zad o na fabric a ção d e pilhas) e d os produt os
concorrentes (a mostras d a IBA, a na lisada s e m l abo r a tórios
estrangeiros) (8).
521
Mineralogia
A análise mine r a lóg ica do minério para pilhas de Cara jás ,
obtidn po r d i fr aç ã o de Raios-X (Fig ura 4), mostra que a nsutita
e stá presente e m gra nde quantidade nesse minér i o , além de
t odorokita e cr i ptomelana . Por i s s o , o NMD da CVRD apresenta
a lto desempe nho em utilizaçao em pi lhas e l étricas .
Performance de Pilhas
As caracteri s ticas quimicas e estruturais indicam se
um minério é a propriado para util i zação em pilhas e létricas.
Porém , a real capac ida de de um minério s e rá comprovada através
de testes de d esempenho de pilhas fabricadas com o minério.
Para i sso , o Centro de Pesquisas da CVRD possui um laboratório
para fabricação e teste de pilhas, com um versátil s istema
capaz de atender a automatizado para descarga d e pilhas,
qua lquer norma ou procedimento internacional. O paine l para
de s carga de pilhas desenvolvido no Centro de Pesquisas da CVRD
pode ser utilizado para qua i squer valores de resistência, com
e rro menor q ue 0,5 %. O sistema para teste de des c arga d e pilhas
implantado nesse laboratório é mostrado na Figura 5 .
Os t e stes d e descarga d e pilhas mai s utilizados sao os
seguintes :
1. Teste de d e s carga continua . A pilha é submetida a uma
de s carga elétrica cont inua, sob r es itência d e 3,9 ohm, até
que atinja a diferença de potencial de 0,9 V. Esse teste
simula solic itações mais pesadas ;
2 . Teste d e descarga rápida. Descarga inte rmite nte, durante
30 minutos ininterruptas por dia, sob r e sistência de 3,9 ohm,
até que a pilha atinja 0,9 V;
3. Te s te de descarga lenta . Descarga intermitente, durante
4 hora s ininterruptas por dia,
até que a pilha atinja 0, 9 V.
leves.
sob resistência de 39 ohm ,
Simula solicitaç ões mais
522
Ct) I 8 lO 10 ;o 60 RO 100 100 300 l QQ I ' ----+--+-t- .J_~~~~ iOO
~~. 1~ ~. B·_ j ; , ~~ .r . 1 1 ,_ t . i ' -- I I • -r J • I B0 -1- . .. - .+--L I _____ _ ;____ · .. ··-r-· _, - -----i- ---· RO
' ' ' Tr'Ghano ' : i · I , i I ~ ~l -q ~,:h~ : "~H 1 ! 'Fi'" 1\. . _ : _ l -j 0 1- ·z - Mixico · i ; ·· · .. , -- 1 I ! : . ' ' ·' - : I i i :
40 j ___ --· ··· ~ _____ _!_~--.- _ _ Gahao. ···-• ···-- --! ... ·t __ . ···-;- ·· . 40
t I I' ' I l . I : ' - : · I • ' i I ! . ! l
: i · i ! I 1 • ~ I . : ! .J
20 ~- - ~- . i .,-r:_ ~ -~,· ·r -r~-: ·: - ~-~ • r -_J·+-0 1--1 · 1 • • , , ·· 1 • : • I i :
o I ; I ~ I ' ! ; : --~-+4-+-i - --+--+--· . B lO 20 40 60 80 I 00 ~00 300
Tama nho das partí c ulas
Figura 3. Curvas de
minérios
distribuição granulométr i ca dos princ i pa i s
para pilhas do mundo, d e t erminadas em
equipa men to Malve rn, por di f r ação de las e r.
t.O ~6 ~2 ~~ u. •o n n a ln&wlo {&n")
Figura 4. Análise miner_a lóg ica do minério para pilhas da CVRD,
dete rmina da por difração de Ra ios-X.
523
Figura S. Equipamento para testes de descarga de pilhas .
Ensaios realizados com pilhas fabricadas em laboratório
com produtos da CVRD e
(utilizando-se mistura catódica
dos principais fornecedores
com as seguintes relações :
minério I negro de acetileno igual a 7; minério I ZnCl2
igual a 20 ; minério I NH 4Cl igual a 3 , 5 e negro de acetileno I
água igual a 2 ,3) mostram que o produto da CVRD apresenta alta
performance em todos esses três tipos de testes de descarga ,
como pode ser visto na Figura 6.
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Figura 6. Curvas de descarga
x CVRD
+ Cnb.:it)
• Aut 1;w
o Cham;1
r,) 4
~~
' _ _L ___ _
HO 120 160 l;il!
( ihJras)
300 400 soo 600 700 800
(minu to!':)
150 200 250 300
Tempo (Jo1nutos)
de pilhas fabricadas com os
principais minérios do mercado.
525
MERCADO DE MIN~RIOS PARA PILHAS
Histórico
Até a primeira guerra mundial , a principal fonte de minério
para pilhas e l étricas provinha da ex t inta URSS . Era um minério
constituído de pirolusita de alto teor, com 85 a 90 % de Mn02
•
Durante a guerra , foram utilizados os minérios da Bahia e de
Minas Gerais, que continham apenas 72 % de Mn02
mas
apresentavam melhor desempenho que o minério soviético. Depois
da primeira guerra, e até os anos 20 , europeus e japoneses
utiliz a ram um minério de Java, e os americanos consumiram um
minério de Montana . No início dos anos 20 apareceu o minério de
Ghana, da mina de Nsuta, donde provém o nome do mineral nsutita.
Esse minério , jun tamente com o mi nério da URSS , dominaram o
mercado nos anos seguintes . Foi também no início dos anos 20 que
iniciou-se a utilização de bióx i do de manganês sintético
em pilhas. Em 1935, o consumo mundial de NMD foi de
aproximadamente 60 mil toneladas , das quais 35 % provinham de
Ghana e 35 % da Rfissia . Em 1963 , surgiu um novo minério no
mercado, proveniente do Gabão, que acabou por dominar o
mercado. ~ também muito utilizado em pilhas o minério mexicano ,
de baixo teor de Mnü2
, menor que 70 %, mas com baixos níveis de
impurezas deletérias. Em 1 . 985 , foi iniciada a comercialização
do NMD de Carajás , e gradativamente este minério da CVRD vem
conseguindo conquistar uma boa fatia do mercado mundia l , com uma
participação atual de aproximadamente 18 % do total exportado no
mundo .
Produção e Consumo Mund ial
Em 1 . 990, o consumo mundia l de minério para pi l has foi de
aproximadamente 210 . 00 0 toneladas, e a exportação foi de 145 . 000
tone l adas , distribuídos con f orme os quad r os a seguir :
Cons umo :
Ásia • ...................... 100. 000 tpa
3 Américas . . . . . . . . . . . . . . . . . 40.00 0 tpa
Europa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 . 000 tpa
Áfr ica e Oriente Médio ..... 25 . 000 tpa
Exportação:
Gabão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75.000 tpa
Méxi co
Brasil (CVRD)
Outros
30.000 tpa
25.000 tpa
15. 000 tpa
526
Em 1. 990, o consumo mundial de Mn02
e l et rolítico para u so em
pilhas foi d e aproximadamenete 1 60.000 tone ladas (9).
CONCLUSÃO
Os trabalhos desenvo l vidos no Centro de Pesquisas da CVRD
comprovam que o minério de manganês de Carajás apresenta
característica s quím icas e e struturais mu ito apropri ada s à sua
utilização em p illhas e l etroquimicas. Sua mineralog ia,
principalmente constituída de nsutit a e todorokita , proporciona
às pilhas alta per forma nc e em uso.
Apesar de apresentar composição quím i ca semelhan t e à do
Gabão , o minério da CVRD tran s fere me nor quantidade d e
elementos de l etérios a um eletró lito semelhante ao utiliz ado em
uma p ilha Lec l anché. As pillhas fabricadas com o produto BM lJ,
da CVRD, apresentam d esempenho igual ou super ior ao da s
fabricadas com os produt os dos outros fornecedores .
Devido ao rigoro so controle estabelecido nas diversas etapas
de lavra e benefic i amento , os produtos para pilhas da CVRD
apresentam boa homogeneidade de composição química e
granulométri ca , proporcionando às pilhas valores de tensão
uni formes , c om estreita variação e m torno da média.
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