Michael Kerrigan - A História Secreta dos Imperadores Romanos

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A HISTÓRIA SECRETA DOS IMPERADORES

ROMANOS

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A HISTORIA SECRETA DOS

IMPERADORES ROMANOS

DE JÚLIO CÉSAR À QUEDA DE ROMA

M i c h a e l K e r r i g a n

amber BOOKS

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CONTEÚDO

PRÓLOGO +

CAPÍTULO 1

OS PRIMEIROS CÉSARES •

CAPÍTULO 2 "BOTAS PEQUENAS"

CAPÍTULO 3

O VERGONHOSO IMPERADOR CLÁUDIO •

CAPÍTULO 4 NERO: " Q U E ARTISTA!"

CAPÍTULO 5

N A S PEGADAS DOS CÉSARES +

CAPÍTULO 6 BONS HOMENS...NA SUA MAIORIA

+

CAPÍTULO 7 CÔMODO: U M IMPERADOR PERTURBADO

CAPÍTULO 8 1 9 3 ; O ANO DA VERGONHA ROMANA

CAPÍTULO 9 CARACALA E GETA: IMPERADORES EM DISPUTA

+ CAPÍTULO 10

HELIOGÁBALO: UM ADOLESCENTE REPULSIVO

EPÍLOGO

INDEX

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Assassiiafo, fneest©, intrigaE corrupção... i a Roma Antiga, para cada feito de grande esplendor, havia outra

infinitamente negro. Em nenhum outro lugar se encontravam painéis f io fortes, apostas t io altas e política t io assassina somo

no topoj na corte imperial

Plait! O átrio ficou silencioso com o barulho e por um instante todos ficaram imóveis olhando para o local onde o escravo estremecia. Em frente a ele, no

d ã o , estava a travessa que ele trazia, cheia de comida. Ted as pensaram o mesmo, ele estava destinado a ser iscoteado, especialmente porque estava trabalhando no balcão central, onde a família imperial era servida.

Imperador não iria gostar. E então, junto a ele, todos viram o que tinha assustado

ir. • :> assim o escravo. Com seu corpo rígido, o jovem

Esc .erda: 0 Fórum Romano era um espaço público. Como a ágora k e t e^se, originalmente tinha sido um espaço de encontro e : scussão democrática de assuntos. No entanto, com a ascensão se - jgusto, o primeiro Imperador Romano, estes ideais -rii iblicanos estavam confinados ao passado

Britânico tinha o terror estampado nos olhos que fitavam o vazio. A sua cara, pálida como a de um fantasma, estava contorcida numa careta anormal. Parecia que eie estava tentando falar, mas apenas arfava.

Os convidados do Imperador levantaram-se e avançaram de maneira hesitante. Eles tinham que ajudar, pensavam, mas será que se atreveriam a se aproximar dos sofás onde estavam os familiares mais próximos do Imperador? Ao mesmo tempo, eles pareciam estupefatos, endireitando-se nos sofás onde antes estavam reclinados relaxadamente, olhando impotentes para o meio-irmào do Imperador sofrendo o ataque.

Só o Imperador parecia calmo e senhor da situação. Rapidamente assumiu o comando, explicando que Britânico sempre tinha sido propenso a esse tipo de ataques. Não havia motivos para preocupações. Eles

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Conforme ia pensando no assunto, a sua raiva ficou tingida com medo: com a partida de Britânico quem mais seria uma ameaça ao trono de Nero? Ela era a pessoa mais óbvia. Ela seria o próximo alvo do Imperador, mas como e onde ele atacaria, e quando exatamente?

ANTES DOS IMPERADORES Não deveriam existir imperadores em Roma. Nos seus primeiros 480 anos de história, os cidadãos de Roma governaram a sua cidade noTibre. Orgulhosamente, Roma tinha se tornado uma república em 510 a.C. quando um grupo de tribos se juntou para expulsar de lá os reis etruscos. Com base na Etrúria, ao norte, os etruscos tinham estendido o seu domínio sobre a Itália central, dominando os povos que lá sc encontravam. Os latinos ressentiram-se com esta invasão e assim que conseguiram se libertar, resolveram construir a sua própria cidade e o seu próprio estado, onde não teriam que reverenciar ninguém.

Nem mesmo uns aos outros: os romanos conduziam o seu estado juntos, numa assembleia governativa, à qual chamaram Senado. Só os patrícios, é claro - membros representativos das famílias dominantes - seriam membros do Senado. A idéia de que os homens comuns poderiam ter voz ativa pareceria estranha à época. (A noção de que as mulheres pudessem ter alguma represetação teria sido totalmente impensável. Cada homem era o senhor da sua própria casa.)

As legiões romanas^ centenas de milhares de homens fortes, eram temidas por todas as nações da região e começaram a tornar-se

uma ameaça para a própria Roma

O sistema republicano de Roma funcionava. A cidade prosperou e o estado de Roma cresceu em poder e influência. Rapidamente, conquistou várias cidades vizinhas. Conforme as décadas e os séculos iam avançando, estendeu o seu domínio por toda a Itália e por outros países a sua volta. Entre o terceiro e o segundo séculos a.C., Roma travou uma série de guerras com Cartago, uma potência naval da costa do Norte de África. Em 146 a.C., Cartago foi destruída e os romanos governavam toda a bacia mediterrânea.

OS HOMENS FORTES O Império continuou crescendo e estendeu-se pelos Bálcãs e pelo Oriente Médio. As legiões romanas, centenas de milhares de homens fortes, eram temidas por todas as nações da região e começaram a tornar-se uma ameaça para a própria Roma. Os grandes generais eram respeitados, quase reverenciados, pelos seus homens e podiam comandar a lealdade de forças gigantescas. Conforme o Império crescia vasta e fortemente, era cada vez mais difícil para o Senado manter o controle. Se um general não quisesse obedecer seus editais e se suas tropas o apoiassem, o que poderia o Senado fazer?

Em 88 a. C., foi dado a Lúcio Cornélio Sula o comando de uma campanha, onde hoje é a Turquia, cujo rei Mitrídates VT de Ponto tinha promovido uma rebelião contra o poder de Roma. A comissão era um privilégio e também um bilhete de acesso a uma fortuna considerável, pois um general vitorioso voltaria para casa com um saque bastante generoso. Tão sedutor era este prêmio que outro general, Caio Mário, subornou os representantes do povo para que dessem o comando a ele, e não a Sula.

Sula, que tinha acabado de sair para o leste, voltou com os seus homens assim que ouviu as notícias. Em vez de atacar Ponto, ele atacou Roma. Os correligionários de Mário lutaram de volta, o que gerou vários dias e noites de disputa intensa nas ruas, até que Sula ganhou a supremacia. Mário fugiu para o Norte da África e Sula partiu outra vez para lidar com Mitrídates.

Mal ele virou as costas, Mário retornou, deta vez com apoio do seu amigo Lúcio Cornélio Cina. Eles assassinaram os aliados de Sula e assumiram o controle do poder em Roma. No entanto, algumas semanas depois, Mário morreu com uma hemorragia cerebral, não tendo tempo para aproveitar os triunfos da sua conspiração tortuosa. Cina ficou descansado - pelo menos até chegarem as notícias de que Sula estava de volta. Nessa altura, Cina foi morto por suas próprias tropas, que não queriam estar do lado do opositor de Sula quando este regressasse.

Mário, no entanto, continuava a ser uma ameaça por meio dos seus seguidores e estes não estavam interessados em entregar o poder. Determinados a lutar por isso, eles resistiram teimosamente, mas após 18 meses de uma feroz luta civil, Sula acabou chegando em Roma.

Direita: Sula apoderou-se do poder ditatorial em 81 a.C. e rapidamente liquidou os seus opositores. No entanto, ele teve a humildade de abdicar do poder por sua vontade, assim que marcou a sua posição: nunca tinha pensado em ser Imperador

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12 PRÓLOGO

SPARTACUS E OS ESCRAVOS

Spartacus nasceu naTrácia, no norte da Grécia, e era soldado auxiliar no exército romano até se envolver em complicações com a lei por deserção e roubo. Por estes crimes foi condenado a ser um gladiador e a lutar na arena pública. Ele teria uma vida violenta, sanguinária e, certamente, curta. Spartacus estava acabando o seu treino de gladiador com outros 70 desafortunados, quando os convenceu a começarem uma rebelião. Usando facas de cozinha e cutelos, eles abriram caminho à força e escaparam para as montanhas acima da Baía de Nápoles.

Viveram na região como foragidos da lei, recrutando todos os escravos fugitivos que apareciam. Quando uma tropa do exércitos romanos foi enviada para combatê-los, o grupo já era composto por centenas de homens.

Na batalha, Spartacus revelou-se mais esperto que os romanos e derrotou-os num ataque surpresa. As notícias desta vitória improvável rapidamente se espalharam por toda a Itália; os escravos fugiam aos milhares e concentravam-se para se juntarem a Spartacus. N o auge, ele tinha mais de 120 mil soldados sob o seu comando, todos treinados por seus amigos gladiadores. Suas tropas lutavam desesperadamente, pois não tinham nada a perder, já que a captura significaria uma morte cruel.

Os escravos rebeldes de Spartacus conseguiram

uma série de vitórias, até que Marco Licínio Crasso surgiu com um exército enorme e os encurralou na Calábria, o "dedo do pé" da bota italiana. Apesar de Spartacus, um general genial, ter conseguido fugir, contra todas as possibilidades, acabou se deparando com outro vasto exército. Este era liderado por Gneu Pompeu Magno, que já era conhecido como Pompeu o Grande, devido às suas vitórias na guerra.

Os homens de Spartacus que perderam a vida lutando contra as legiões avançadas foram os mais sortudos, Todos os outros que foram capturados (6 mil ao todo) foram crucificados ao longo de toda a Via Ápia, a rua principal de Roma. Pregados vivos a cruzes de madeira, eles tiveram uma morte agonizante e lenta. Seus corpos foram deixados lá, pendurados, para serem bicados por corvos até sobrarem poucos pedaços de carne, decompondo-se durante semanas e até meses. Perto do fim, os macabros crucifixos com os esqueletos ficaram expostos nas margens da estrada durante muitos anos, como um aviso para os escravos que passavam.

Kirk Douglas assumiu o papel do escravo rebelde Spartacus, no filme com o mesmo nome de 1960, de Stanley Kubrick. Sir Lawrence Olivier interpretou o papel de Marco Licínio Crasso, seu opositor

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PRÓLOGO 13

SULA NO PODER Ao retornar à capital, Sula não tinha vontade de voltar a perdê-la. E m 81 a.C., o Senado elegcu-o como ditador. Esta decisão foi praticamente a última que lhes foi permitido tomar, pois dali em diante, a palavra de Sula era lei. Ao mesmo tempo, os seus aliados eliminavam qualquer pessoa suspeita de ter colaborado com o regime anterior. Isto incluía todos os que pudessem ser uma ameaça ao poder de Sula, mesmo que não tivessem colaborado com o inimigo. Centenas foram prescritos (denunciados como inimigos do estado), mais de 1500 patrícios foram executados, muitos suicidaram-se. Em vez de ficarem à mercê de Sula, preferiam se matar com as próprias espadas ou cortar os próprios pulsos. Isto oferecia a vantagem de, assim, segundo a lei romana, as suas fortunas e posses permanecerem com suas respectivas famílias. Se u m a pessoa fosse morta como traidora, todos os seus bens iriam para o estado, que, neste caso, era Sula.

Mas a sangria prosseguia muito além da classe patrícia. N o que dizia respeito a Sula, qualquer pessoa associada a um proscrito era condenada juntamente com ele. Ajudar um traidor, ou apenas mostrar simpatia pelo seu infortúnio, era um ato de traição em si. Começou a se desenvolver uma enorme paranóia e, quando o pânico diminuiu, mais de 9 mil pessoas t inham perdido a vida. Mesmo assim, nestes tempos comparativamente inocentes, a posição oficial de Roma era democrática. Depois de dois anos no poder, Sula demitiu-se voluntariamente do seu governo ditatorial.

JÚLIO CÉSAR Entre aqueles obrigados a fugir de Roma, na época da ditadura de Sula, estava o jovem Júlio César. C o m o era sobrinho de Mário, tratava-se de um homem marcado. Para piorar tudo, era casado com a filha de Cina e recusou-se a divorciar-se quando o pai dela foi proscrito. Destituído do seu posto e das suas posses, César teve que se esconder.

A mãe de César tinha conhecimentos no círculo de Sula e, com o tempo, conseguiu acalmar a situação o suficiente para que a pena de mor te que pendia sobre ele fosse retirada. Mas Sula continuava desconfiado, o que tornava Roma um local desconfortável. Então César alistou-se no exército, onde fez nome e carreira como um jovem oficial, bravo e inteligente. Quando

Sula morreu em 78 a.C., César estava em ascensão. De volta a Roma, ele começou a solidificar a sua

reputação. Sendo um orador brilhante e um político bastante habilidoso. César rapidamente compensou o tempo perdido durante os anos de Sula. U m a bem sucedida campanha de conquista da Espanha tornou-o um herói para as suas legiões, dando-lhe força militar para apoiar sua reputação, que ele já possuía. Como muitos generais ao longo da história, César estava impaciente com as hesitações dos políticos da sua terra e começou a questionar-se porque é que devia seguir o comando do Senado. Rapidamente descobriu que os outros generais, seus contemporâneos, seguiam a mesma linha de

pensamento, principalmente Crasso e Pompeu, que t inham acabado de triunfar sobre a enorme rebelião capitaneada pelo escravo Spartacus.

Juntos, eles formaram um triunvirato (literalmente, governo de três homens). N o início, os seus estatutos oficiais eram um pouco ambíguos. Teoricamente, o trio empunhava o poder em nome de um Senado cooperativo, mas não havia propriamente nada que o Senado pudesse fazer para se opor a qualquer decisão dos generais. Pompeu estacionou as suas tropas junto à capital, servindo como uma lembrança discreta da força que ele podia requerer, se necessário. Quando os representantes não conseguiam entender a mensagem, os seus homens utilizavam uma linguagem mais direta: um senador chamado Bibulo, que abusou da paciência de César com a sua oposição declarada, aprendeu a sua lição quando um grupo de marginais lhe despejou um balde de excrementos na cabeça. Dadas as circunstâncias, poucos se sentiam inclinados a continuar resitindo ao que já poderia ser denominado um golpe militar capitaneado pelos três generais.

Ajudar um traidor, ou apenas mostrar simpatia pelo seu infortúnio, era um ato de traição em si. Desenvolveu-se uma enorme paranóia e, quando o

pânico diminuiu, mais de 9 mil pessoas tinham perdido a vida.

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16 PRÓLOGO

Trata-se de um número assombroso, levando em consideração o fato de que o total da população no país girava em torno de quatro milhões.

Quando uma cidade, Avaricum (atual Bourges), se recusou a ceder, César ordenou que os seus homens fizessem um cerco alargado. A coragem dos habitantes apenas enfureceu César. Após 25 dias, quando a cidade foi tomada, as suas tropas dizimaram a população, apenas 800 habitantes escaparam. O resto, horripilantes 40 mil, foi exterminado, servindo como exemplo para outros gauleses rebeldes.

Avançar seria uma declaração de guerra, mas, para César, a retirada era impensável. "Alea iacta est (os dados estão lançados)", disse ele,

dando ordens para prosseguir.

E m Roma, as pessoas estavam resguardadas da realidade sobre a matança nos campos gauleses e César era visto em casa como um verdadeiro herói. Mas assim como a sua popularidade subia, o seu apreço com os seus companheiros de Triunvirato descia. Pompeu, principalmente, sentia-se ameaçado. Ele conseguiu que o Senado ordenasse a parada do exército de César. Quando eie, acintosamente, não cumpriu tal ordem, foi acusado de traição ao Estado.

Tal como Sula, César estava agora em apuros com o seu próprio Império. Da sua base na Gália, ele dirigiu-se para o sul com a sua legião. Logo estavam nas margens do rio Rubicão, na fronteira da Itália. Avançar seria uma declaração de guerra, mas, para César, a retirada era impensável. "Alea iacta est (Os dados estão lançados)" disse ele, dando ordens para prosseguir. Assim que atravessou o Rubicão, César tornou-se oficialmente um inimigo do estado. A guerra civil tinha começado e iria durar dois anos.

A GUERRA CIVIL DE CÉSAR Pompeu foi apanhado de surpresa com a rapidez e a resolução do ataque de César. Apesar de suas tropas serem em número superior às de César, Pompeu não atacou de volta. Em vez disso, comandando todos os navios possíveis, ele evacuou alguns para a Grécia e

outros para Espanha e preparou-se para uma campanha por todo o império.

N o entanto, César não iria permitir que resistissem. Ele estabeleceu o seu amigo, Marco Antônio, como o seu apoio em Roma, depois seguiu com o seu exército para a Espanha, completando a viagem em espantosos 27 dias. As tropas de Pompeu ainda não estavam preparadas e, sem o próprio Pompeu presente, foram facilmente derrotadas. Após a batalha, César voltou para o leste, passou pela Gália, atravessou a Itália e seguiu para a Grécia, onde Pompeu tinha o seu quartel-general. As tropas exaustas e esgotadas de César quase foram derrotadas quando se encontraram com as tropas frescas de Pompeu, na Batalha de Durrés, em 10 de Janeiro de 48 a.C. De volta a Roma, César foi nomeado ditador, mas ele fez questão de renunciar ao seu título, sob grande publicidade, alguns dias mais tarde.

DIVERSÕES EGÍPCIAS Pouco depois, Pompeu fugiu para a Alexandria, no Egito, esperando a proteção do rei local, Ptolemeu XIII. César perseguiu-o, mas Pompeu foi executado assim que chegou. Ptolemeu tinha ordenado a sua morte, esperando assim agradar a Roma. Dois antigos soldados de Pompeu, já ao serviço de Ptolemeu, foram enviados num bote para receber o navio quando este chegasse ao porto. Eles ofereceram-se para levá-lo à terra, para uma audiência com o governante egípcio, que tinha prometido encontrar-se com ele. O bote dirigia-se para terra com Pompeu e sua família, O general romano estava praticando o seu discurso de agradecimento a Ptolemeu quando, subitamente, os seus antigos companheiros o esfaquearem pelas costas, antes que sua mulher e seus filhos, aterrorizados, pudessem reagir.

Ptolemeu decapitou o corpo e presenteou-o a Júlio César, quando da sua chegada, mas o ditador não ficou agradecido. Ele encarou o mau-trato de Pompeu como um ultraje a Roma e deu seu apoio aos inimigos de Ptolemeu, naquilo que se tornou uma guerra civil egípcia. Segundo uma tradição antiga, Ptolemeu XIII era casado com a sua irmã Cleópatra. Pelo menos no nome ela era sua co-governante, mas ela estava determinada a reinar no seu próprio direito. Cleópatra ganhou a vantagem com a

Júlio César atravessa o Rubicão, tal como imaginado pelo monge que desenhou este manuscrito do século XV. 0 momento foi simbólico, pois representa o desafio de César à lei imposta pelo Senado - uma pista clara de que ele era a sua própria lei

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PRÓLOGO 17

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PRÓLOGO 19

1 assassinato de Pompeu serviu a César, tal como o rei k ; cio Rolemeu tinha previsto, mas ele escolheu ficar : ' = -3Ído com a desfeita a Roma. Devido a toda a sua = :ància e audácia, César podia conspirar com os -senhores: era perigoso subestimar a sua astúcia

i ^ g a d a de César, ao conseguir que ele apoiasse a guerra contra Ptolomeu. E m 47 a.C., as tropas de César

gphavam a Batalha do Nilo e Cleópatra tornava-se rainha i : Egito, assim como uma cliente leal a Roma.

GENERAL, DITADOR... REP Quando César regressou a Roma, a sua popularidade estava em alta. Ele patrocinou espetáculos lascivos e Tgos para celebrar as suas vitórias. Isto manteve o

povo do seu lado, apesar de ele já ser adorado como o : :nquistador da Gália, Ele também era muito "ibilidoso com a classe patrícia. César já tinha provado claramente na Gália que podia ser impiedoso quando a situação requeria, e não havia dúvidas de que eie podia ser politicamente impiedoso também.

Mesmo tendo sofrido às ordens de Sula, César tinha =ido discreto no seu desprezo, até que soube notícias da iemissão do seu antecessor. Segundo ele, Sula tinha sido um tolo em entregar o poder tão facilmente. Mas agora César recusava-se a exilar os seus oponentes. Como resultado disto, até aqueles que não partilhavam das suas . idas o olhavam com respeito e gratidão.

Era bom demais para durar. Mais u m a vez deram a César o título de Ditador, mas desta vez ele não renunciou ao fim de dez dias. Conforme a César-mania ia crescendo, o povo começou a falar em coroá-

rei e os membros da nobreza começaram a ficar rreocupados. César já tinha falado sobre deixar o seu titulo de ditador ao seu sobrinho-neto e filho adotivo Gaio Júlio César Otaviano, depois da sua morte . Mas í-erá que Roma queria mesmo cair sob a autoridade de outra dinastia de reis?

CONSPIRAÇÃO Os nobres, descontentes, agregaram-se em torno da figura de Marco Júnio Brutus, membro de uma das famílias mais distintas de Roma. Brutus era um dos amigos mais íntimos de César e foi um aliado inestimável na guerra contra Pompeu, mas encarava esta situação com reservas. Se a ascensão de César acontecesse sem aprovação, o que aconteceria a todas as liberdades pelas quais os fundadores de Roma tinham lutado nos séculos anteriores? Orgulhoso

dos seus antepassados, que t inham ajudado os primeiros romanos a livrarem-se dos tiranos etruscos, Brutus visitava regularmente os seus bustos de mármore, prestando-lhes respeito. Mas, cada vez com mais freqüência, ele encontrava os bustos marcados com pichações anônimas, perguntando como é que os descendentes de tais heróis podiam assistir de maneira passiva à formação de uma nova tirania.

Conforme a César-mariia ia crescendo, o povo começou a falar em coroá-lo rei e os membros da

nobreza começaram a ficar preocupados.

Brutus foi levado a agir e, com um homem da sua imponência assumindo a liderança, todos os murmúrios vagos se cristalizaram numa conspiração séria. N a realidade, tudo indica que foi Cássio, o cunhado de Brutus, quem originou a conspiração. Brutus era bravo e idealista, mas demasiado honesto para uma operação como esta. Eles teriam que ser impiedosos. César nunca desistiria por meio de pressões, violentas ou não. Eles sabiam que a única solução era o homicídio. Os conspiradores decidiram agir nos idos de março de 44 a.C (que corresponde ao dia 15 deste mês). Conforme a data ia se aproximando, as apreensões iam crescendo. Havia uma atmosfera de agouro por toda a cidade. U m dia, ao sair do edifício do Senado, Júlio César foi parado por um vidente que o avisou de maneira sombria - ou até codificada - "Cuidado com os idos de março!" Ao mesmo tempo, Calpúrnia, a mulher de César, sonhou que a estátua do marido estava jorrando sangue por centenas de lugares. César achou divertido: o conquistador da Gália e principal responsável pelo desaparecimento de Pompeu não iria ficar apreensivo com os medos de uma mulher.

ET TU, UI UTTE» • • ? Quando o dia chegou, os fatos desenrolaram-se rapidamente e todos os momentos foram tão excitantes como no famoso drama Júlio César, de Shakespeare. Foi por muito pouco que todo o plano dos conspiradores não deu errado. Servilio Casca, na véspera do ataque, devido à ansiedade, deixou escapar um comentário na frente de Marco Antônio, o melhor amigo de César.

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