Meu primeiro beijo valcir

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Curso Melhor Gestão Melhor Ensino Meu Primeiro Beijo

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Curso Melhor GestãoMelhor Ensino

Meu Primeiro

Beijo

Situação de Aprendizagem: Relatos de experiências de um adolescente

Tempo previsto: 12 aulasConteúdos e temas: Elementos do relato, leitura de gêneros da tipologia “relatar”, elaboração de relatos orais e escritos.Competências e habilidades: Ler, analisar, discutir, identificar as características da tipologia “relatar” em diferentes gêneros e produzir relatos.

Estratégias: Aula interativa, com a participação do aluno (roda de conversa), leitura compartilhada, em duplas e em grupos, valorização das experiências dos alunos.

Recursos: Computador, projetor, caixa de som, celular, textos de relatos: experiência vivida e poesia; música, dicionário de língua portuguesa.

Avaliação: Elaboração de fichas organizativas e produção escrita de relatos.

1ª ETAPA - TEMA: “MEU PRIMEIRO...”

Objetivo: levantamento do conhecimento de mundo

dos alunos.

Roda de conversa, problematização do tema: Os alunos relatam suas experiências ( 1º aniversário, 1ª viagem, 1º passeio, 1º livro, 1º amor, 1º beijo).Questionamentos:• O que vocês sentiram?• O que aprenderam?• Por que foi importante?

• O que aconteceu?

• Com quem?

• Quando?

• Onde?

• Por quê?

Lição de casa: Entrevistar amigos ou familiares sobre suas experiências vividas.

2ª etapa: Correção

• Análise da lição de casa:

Cada grupo terá um tema e deve escolher o melhor relato, segundo os critérios: coesão, coerência, clareza, organização da história, para uma produção escrita.

3ª ETAPA – Leitura do texto “ Meu primeiro beijo”, de Antonio Barreto.

1ª Leitura – professor

2ª Leitura – compartilhada.

Pesquisa de vocabulário, palavras desconhecidas.

Identificação da linguagem coloquial.

Anexo 1: Meu primeiro beijo –Antônio Barreto

É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era o “beijo”. Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...

Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:

“Você é a glicose do meu metabolismo.

Te amo muito!

Paracelso”

E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era o outro apelido dele. Assinou com uma letrinha tão minúscula que tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.

No dia seguinte, depois do inglês, pediu para me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:

-Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? –Fiz cara de desentendida.

Mas ele continuou:- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29

minúsculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. – Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:

- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânicas; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...

Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele

beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.

E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto, juntos, o abismo do primeiro beijo.

Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por várias semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do

tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram... E foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

Anexo 2: Vocabulário

• Pesquisa de vocabulário: glicose, metabolismo, perdigoto, salivando, albumina, matérias graxas, sais, ofegantes, transpostos, Paracelso.• Linguagem coloquial: 1º §: “Sabe com quem?”, “Pode?”, “E foi assim...”, “Até que foi legal”.3º§: “Que tipo de lance ia rolar?”.4º§: “Veio com o seguinte papo:”5º§: “Fiz cara de desentendida”.7º§: “Aí”.11º§: “O mundo rolou”, “Foi ficando nisso”, “Que nem meu primeiro beijo”.

4ª ETAPA – Entendimento do texto : Interpretação, através do questionamento:

Do que o texto fala?

O que aconteceu?

Com quem aconteceu?

Como aconteceu?

Por que aconteceu?

Quando aconteceu?

5ª ETAPA - Gramática no texto “Meu primeiro beijo”

• Linguagem direta:

“ – Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia?”.

• Linguagem indireta:

“No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa”.

6ª Etapa: MúsicaPrimeiro beijo

João Victor e Raphael

Lembro daquele beijo que me deu

No meio do intervalo aconteceu

Voltei pra sala com o coração

Completamente louco de paixão

Você ficou na sala me olhando,

Senti que a gente estava namorando

Naquela hora era o amor

Não deu nem pra ouvir o professor

Aí não consegui nem estudar

Só queria lembrar

Daquele momento que até hoje faz sonhar

A melhor emoção de todas que eu gosto de lembrar

Foi meu primeiro beijo

Foi a primeira paixão

Nunca mais te esqueci, guardei você

Pra sempre dentro do meu coração (2x)

Lembro daquele beijo que me deu

No meio do intervalo aconteceu

Voltei pra sala com o coração

Completamente louco de paixão

Você ficou na sala me olhando,

Senti que a gente estava namorando

Naquela hora era o amor

Não deu nem pra ouvir o professor

Aí não consegui nem estudar

Só queria lembrar

Daquele momento que até hoje faz sonhar

A melhor emoção de todas que eu gosto de lembrar

Foi meu primeiro beijo

Foi a primeira paixão

Nunca mais te esqueci, guardei você

Pra sempre dentro do meu coração (3x)

Marcas temporais

“Lembro daquele beijo que me deu.” (Pretérito Perfeito).

“Estávamos virgens nesse assunto...”

(Pretérito Imperfeito)

“ ... o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:”

(Pretérito Mais que Perfeito Composto)

7ª Etapa: Texto “Eu etiqueta” –Carlos Drummond de Andrade

• Pronomes pessoais: “eu”.

• Pronomes possessivos: “minha calça”, “que não é meu de batismo”.

• Pronome oblíquo: “E fazem de mim homem anúncio...”, “demito-me de ser”.

Eu etiquetaCarlos Drummond de Andrade

Em minha calça está grudado um nomeQue não é meu de batismo ou de cartório

Um nome...estranhoMeu blusão traz lembrete de bebidaQue jamais pus na boca, nessa vida,

Em minha camiseta, a marca de cigarroQue não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produtosQue nunca experimentei

Mas são comunicados a meus pés.Meu tênis é proclama coloridoDe alguma coisa não provada

Por este provador de longa idade.Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,Minha gravata e cinto e escova e pente,

Meu copo, minha xícara,Minha toalha de banho e sabonete,

Meu isso, meu aquilo.

Desde a cabeça ao bico dos sapatos,São mensagens,Letras falantes,Gritos visuais,

Ordens de uso, abuso, reincidências.Costume, hábito, premência,

Indispensabilidade,E fazem de mim homem-anúncio itinerante,

Escravo da matéria anunciada.Estou, estou na moda.

É duro andar na moda, ainda que a modaSeja negar minha identidade,

Trocá-lo por mil, açambarcandoTodas as marcas registradas,

Todos os logotipos do mercado.Com que inocência demito-me de ser

Eu que antes era e me sabiaTão diverso de outros, tão mim mesmo,

Ser pensante sentinte e solitárioCom outros seres diversos e conscientes

De sua humana, invencível condição.Agora sou anúncio

Ora vulgar, ora bizarro.

Em língua nacional ou em qualquer língua(Qualquer, principalmente.)

E nisto me comprazo, tiro glóriaDe minha anulação.

Não sou - vê lá - anúncio contratado.Eu é que mimosamente pago

Para anunciar, para venderEm bares, festas, praias, pérgulas, piscinas,

E bem à vista exibo esta etiquetaGlobal no corpo que desiste

De ser veste e sandália de uma essênciaTão viva, independente,

Que moda ou suborno algum a compromete.

Onde terei jogado forameu gosto e capacidade de escolher,Minhas idiossincrasias tão pessoais,

Tão minhas que no rosto se espelhavamE cada gesto, cada olhar,

Cada vinco da roupaSou gravado de forma universal,Saio da estamparia, não de casa,Da vitrine me tiram, recolocam,

Objeto pulsante, mas objetoQue se oferece como signo de outros

Objetos estáticos, tarifados.Por me ostentar assim, tão orgulhosoDe ser não eu, mar artigo industrial,

Peço que meu nome retifiquem.Já não me convém o título de homem.

Meu nome novo é Coisa.Eu sou a Coisa, coisamente.

Bibliografia

BARRETO, Antônio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Eu etiqueta.

Música: Primeiro beijo. João Victor e Raphael.