Metalúrgia Básica para Ourives e Designers

download Metalúrgia Básica para Ourives e Designers

of 40

Transcript of Metalúrgia Básica para Ourives e Designers

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    1/40

    ---METALURGIA BASICAPARA OURIVES E DESIGNERS

    ,

    DO METAL A lOlA

    .1 EDITORAC . BLUCHER 50 anos

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    2/40

    Metalurgia Basicapara Ourives e Designersdo metal ajoiaAndrea Madeira Kliauga

    Maurizio FerranteL a n ~ a m e n t o 2009

    ISBN: 9788521204596Paginas: 348Formato: 20,5x25,5 em

    Peso: 0,755 kg

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    3/40

    ""METALURGIA BASICAPARA OURIVES E DESIGNERS

    DO METAL A lOlAPrimeiro livro brasileiro para estudantes da arteda ourivesaria, proflssionais atuantes e tecnicosresponsaveis pela p r o d u ~ a o industrial de joias emouro e prata m a c i ~ a s e de joias folheadas. 0 livrofaz uma i n t r o d u ~ a o sabre conceitos e propriedadesdos materiais metalicos e aborda a p r o d u ~ a o deprodutos metalicos par processos de f u n d i ~ a o ,c o n f o r m a ~ a o medinica e brasagem/soldagem. Naobra sao apresentadas propriedades e caracteristicasde f a b r i c a ~ a o de ligas de ouro, prata, latao e estanho,de forma did

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    4/40

    CONTEDO

    1. Uma introduo sobre a matria 11.1 A histria do tomo 11.2 Ligaes qumicas e a matria 10

    2. Materiais metlicos e suas propriedades 152.1 Principais caractersticas dos materiais metlicos 152.2

    Propriedades dos metais de interesse na joalheria 192.2.1 Aspectos gerais 202.2.2 Comportamento qumico dos metais (oxidao e ataque qumico) 342.2.3 Densidade 362.2.4 Brilho e cor 41

    2.2.5Propriedades trmicas (calor especfico, calor latente de fuso,coeficiente de expanso trmica e condutividade trmica) 44

    2.2.6 Resistncia mecnica 48

    3. A ormao de ligas metlicas 573.1 Misturando os elementos metlicos 573.2 O calor de soluo e os diagramas de fase 603.3 Diagramas de fase de interesse 68

    3.3.1 Os sistemas Au-Ag, Au-Cu e Ag-Cu 68

    3.3.2 Sistema ternrio Ag-Au-Cu 793.3.2.1 Como ler diagramas ternrios 793.3.2.2 O sistema Ag-Au-Cu 833.3.2.3 Caractersticas das ligas comerciais Au-Ag-Cu 893.3.2.4 A influncia de outros elementos de liga 97

    3.3.3 Sistemas Ag-Au-Pd e Au-Cu-Ni, o ouro branco 1003.3.3.1 Sistema Au-Cu-Ni 1013.3.3.2 Sistema Ag-Au-Pd 104

    3.3.4 Ligas de cobre os lates e os bronzes 106

    3.3.5Ligas de baixo ponto de fuso ligas de estanho(Sn-Sb, Sn-Pb, Sn-Ag) 116

    3.4 Clculo de ligas 120

    4. Fuso e solidifcao 1294.1 Fuso 129

    4.1.1 Equipamentos para fuso 1314.1.2 Cadinhos 1404.1.3 Fluxos 1434.1.4 Caractersticas de fuso das ligas comerciais 1464.1.5 A fundibilidade 1534.1.6 O vazamento do metal 1564.1.7 Lingoteiras 156

    Diag metalurgia1_2_final.indd VDiag metalurgia1_2_final.indd V 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    5/40

    VI METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    4.2 A solidificao 1584.2.1 A contrao da pea solidificada 163

    5. Tecnologia de undio 1695.1 Perspectiva histrica 169

    5.2 Noes tericas da fundio 1725.3 Fundio em coquilha 1815.4 Fundio em molde de areia 1825.5 Fundio centrfuga 1855.6 Fundio por cera perdida 187

    5.6.1 O modelo 1895.6.2 O molde de borracha 1935.6.3 A injeo da cera 1995.6.4 A montagem da rvore 2045.6.5 Preparando o molde cermico 2075.6.6 Retirando a cera (decerao) 2115.6.7 Calcinao do revestimento 2135.6.8 A fundio 2165.6.9 Extrao do revestimento e limpeza 2195.6.10 Defeitos de fundio 220

    6. Conormao mecnica 2256.1 A microestrutura da deformao 2256.2 A recristalizao 2316.3 Processos de conformao mecnica 239

    6.3.1 Forjamento 2396.3.2 Laminao 2496.3.3 Trefilao 2596.3.4 Corte, estampagem, dobramento 267

    7. Tratamentos trmicos 2817.1 Introduo 2817.2

    Tratamentos de homogeneizao e solubilizao 2857.3 Tratamento de precipitao (ou de envelhecimento) 2897.4 Oxidao durante o tratamento trmico 2947.5 Controle da oxidao superficial 2967.6 Equipamentos para tratamentos trmicos 297

    8. Procedimentos de unio: brasagem e soldagem 3018.1 Conceitos: a diferena entre brasagem e soldagem 3018.2 Brasagem 301

    8.2.1 Ligas de brasagem 3038.2.2 Fluxos de brasagem 3068.2.3 Condies para formao de uma junta resistente 3098.2.4 Segurana durante a brasagem 319

    8.3 Soldagem 320

    8.3.1 Soldagem termoqumica 3238.3.2 Soldagem termoeltrica 3258.3.3 Soldagem a laser 3338.3.4 Segurana na soldagem 336

    Referncias Bibliogrficas 337ndice Remissivo 339

    Diag metalurgia1_2_final.indd VIDiag metalurgia1_2_final.indd VI 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    6/40

    1Uma introduo sobre a matria

    1.1 A histria do tomo

    Oreconhecimento de que a matria consiste de tomos oi lento e se estendeu por dois milnios.

    O conceito de tomo oi desenvolvido por Democritus e Epicuro por volta de 400 a.C. para

    resolver um conito lgico: por um lado, havia a observao de que os objetos naturais esto

    num constante estado de transormao; de outro, a inabalvel de que as coisas reais so indestrutveis.

    Os gregos achavam que esse impasse flosfco poderia ser evitado se tomos invisveis ossem aceitos como

    constituintes permanentes do universo, e se as transormaes observadas ossem interpretadas em termos

    de seus movimentos.

    Com a ideia do tomo, podia-se entender muitas propriedades da matria:

    Os slidos seriam ormados por tomos tendo extenses com as quais poderiam unir-se ormando uma massa rgida.

    Os tomos dos lquidos seriam lisos para deslizarem uns sobre os outros.

    O gosto de algumas substncias estaria ligado a arestas agudas de seus tomos, que eririam a lngua.

    a) b) c)

    Figura 1.1 Representao do que seriam os tomos imaginados pelos gregos em 400 a.C. baseando-se em estruturas que encon-

    tramos no dia a dia: a) tomo dos slidos pea de montagem de jogo inantil; b) tomo dos lquidos bolas de gude;

    c) tomos de substncias cidas estrutura de um ourio do mar.

    Enquanto algumas dessas ideias so de uma preciso notvel (as molculas das enzimas de abacaxi cru naverdade erem a lngua, destruindo a estrutura das protenas), elas no deixam de ser construes mentais.

    As principais objees estavam dirigidas sua simplicidade em comparao com a complexidade da nature-

    za. Como que uma coisa pequenina e inanimada poderia ser responsvel por objetos que tinham vida?

    Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:1Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:1 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    7/40

    UMA INTRODUO SOBRE A MATRIA 3

    visveis com pesos dierentes (cada elemento teria tomos dierentes) que se combinavam entre si para or-

    mar compostos de propores (peso, volume) defnidas. Foi o italiano Avogadro quem em 1811 elaborou a

    hiptese de que volumes iguais de gases continham nmeros iguais de molculas. Mais tarde (1858), Stanis-

    lao Cannizzarro comprovou esta hiptese provando que os pesos moleculares so mltiplos inteiros de al-

    gum nmero que muito provavelmente seria o peso atmico expresso em gramas. Cannizzaro tambm ve-

    rifcou que o peso atmico poderia ser medido atravs do seu calor especfco, ou seja, do calor necessrio

    (em calorias) para azer com que 1 g do material aumente de 1 C.

    F

    E

    C H

    LK

    A

    B

    D

    C

    G H

    A

    B

    D

    C

    Figura 1.2 Cristal de quartzo e representaes de arranjos de partculas esricas de acordo com Hooke (1745) e Huygens (1690).

    Os pesos atmicos so quocientes adimensionais que no tm relao com qualquer unidade parti-

    cular de medida. O nmero de Avogadro (N = 6,023 X 1023), representa o nmero de tomos presen-

    tes quando tomamos o peso atmico em gramas, ou 1 moldaquele elemento. O volume molecular de

    um slido expresso em cm3/mol, dividido pelo nmero de Avogadro, ornece o volume aproximado de

    10-4 cm3. A raiz cbica deste nmero, aproximadamente 10-10 m, d uma aproximao da ordem de gran-

    deza do raio do tomo. Perrin, em 1909, mediu experimentalmente o nmero de Avogrado em 15 expe-

    rimentos dierentes e em 1926 recebeu o Prmio Nobel por ter defnitivamente mostrado a existncia

    dessa entidade sica.

    Graas comprovao da hiptese de Avogadro por Cannizzarro, o conhecimento sobre os elementos e

    seus pesos evoluiu, e em 1869 Mendeleev organizou a primeira tabela peridica. Ele disps os elementos

    segundo seu peso atmico e segundo a sua valncia, que a base para entender por que os elementos or-

    mam amlias naturais e apresentam proundas analogias qumicas e sicas uns com os outros. Valncia,

    segundo uma defnio de 1850, a capacidade combinatria de um elemento. Mas, para entender melhor

    as valncias, necessrio caminhar mais um pouco na histria.

    Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:3Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:3 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    8/40

    UMA INTRODUO SOBRE A MATRIA 11

    mas metais amoros s so conseguidos por meio de misturas adequadas de tomos somadas a um resria-

    mento muito rpido do lquido.

    a) b)

    c) d)

    Figura 1.11 Estados da matria: a) gasoso; b) lquido; c) slido amoro; d) slido cristalino.

    Como oi dito, valncia signifca que existem eltrons mais racamente ligados ao tomo e que podem

    tomar parte na ormao de ligaes qumicas. A maneira de os tomos se combinarem depende da sua

    energia de ionizao. As afnidades eletrnicas dos no metais so em geral mais altas do que a dos metais, eeles tm maior tendncia aquisio de eltrons do que os metais e semimetais. Essencialmente, existem

    quatro tipos de ligaes atmicas: ligaes inicas, covalentes, metlicas e de van der Waals.

    Ligao inica

    Quando um tomo doa ou recebe um eltron, ele se torna on positivo, no primeiro caso, ou negativo, no

    segundo. Ou seja, a sua carga eltrica total deixa de ser nula. O aspecto essencial da ligao inica a simetria

    eletrnica. A transerncia de eltrons de tomos de baixa energia de ionizao (metais) para tomos de alta

    afnidade eletrnica (no metais) produz ons com cargas opostas, cuja atrao mtua (oras de Coulomb)

    conduz a um cristal estvel. O exemplo deste tipo de ligao o sal de cozinha, NaCl. O sdio doa um eltron

    para a nuvem eletrnica do cloro e passa a ter uma carga positiva enquanto o cloro adquire carga negativa. Por

    ora eletrosttica, os dois tomos se atraem e, na presena de outros tomos com o mesmo tipo de ligao

    qumica, orma-se um reticulado contnuo que procura anular a carga eletrnica total do conjunto.

    Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:11Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:11 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    9/40

    UMA INTRODUO SOBRE A MATRIA 13

    O-

    O-

    O-O-

    Si+

    Figura 1.14 Distribuio espacial de molculas de SiO4

    4- ormando o cristal de quartzo.

    Ligao metlica

    As ligaes metlicas podem ser entendidas como ligaes covalentes no saturadas, ou seja, no h

    preenchimento dos orbitais externos do tomo, sendo que sempre h mais eltrons do que ligaes neces-

    srias para a saturao. Isto az com que os eltrons circulem livremente em uma estrutura de ons posi-

    tivos. A boa condutividade trmica e eltrica dos metais explicada por esta liberdade dos eltrons. Como

    no h nada alm da geometria para restringir o nmero de vizinhos atmicos, os tomos metlicos tendem

    a se agrupar de maneira compacta, como em um conjunto de eseras slidas. Em metais puros, isto leva a

    estruturas cristalinas bem simples.

    - - -

    - - -

    - - -

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    +

    Nuvem de eltrons

    Ncleos atmicos

    Figura 1.15 Representao esquemtica da ligao metlica.

    Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:13Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:13 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    10/40

    2Materiais metlicos e suas propriedades

    2.1 Principais caractersticas dos materiais metlicos

    Atualmente so conhecidos 109 elementos qumicos, dos quais 88 so metais. Destes, apenas um

    tero tem signifcado prtico, isto , so utilizados como material de abricao. Estes metais

    precisam:

    Estar disponveis na natureza em grande quantidade. Ser extrados do seu minrio de maneira economicamente vivel.

    Ter propriedades que possibilitem o seu uso na orma de componentes de aplicao prtica.

    Os metais tm as seguintes caractersticas:

    Podem ser deormados mecanicamente.

    So opacos, refetem a luz quando a sua supercie est polida.

    Oerecem boa condutividade ao calor e eletricidade.

    Formam estruturas cristalinas compactas.

    Os que se encontram prximos uns dos outros na tabela peridica, na maioria das vezes, misturam-se acilmente ormando ligas.

    Os mais distantes so, na maioria das vezes, incompatveis. O porqu disto ser visto no Captulo 3.Nos metais, a estrutura cristalina pode ser modelada fsicamente pelo empacotamento de eseras rgidas. A

    maneira mais compacta de agrupar eseras de mesmo tamanho arranjar um primeiro plano de orma a ter

    cada esera rodeada por seis outras conorme mostra a Figura 2.1. Para reerncia utura, pode-se nomear estes

    espaos ocupados com a letra A. Uma segunda camada de eseras adicionada nos vazios da primeira; e a h

    duas possibilidades: ou nos lugares marcados com a letra B ou nos marcados com a letra C. Supondo que sejam

    preenchidos os espaos B, pode-se preencher o terceiro plano voltando posio A ou ir posio C. Com isto

    se constroem dois tipos de arranjo cristalino: a sequncia ABABAB gera um reticulado hexagonal, ou seja, os

    centros das eseras do primeiro plano ormam um hexgono. A sequncia ABCABCABC gera um reticulado

    cbico compacto denominado cbico de ace centrada, pois equivale a um empilhamento cbico com tomos

    intermedirios alocados no centro das aces. Nos dois casos, cada esera possui 12 eseras vizinhas, que gera o

    agrupamento mais compacto, com 74% do espao til ocupado pelos tomos.

    Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:15Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:15 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    11/40

    MATERIAIS METLICOS E SUAS PROPRIEDADES 17

    Os elementos metlicos sempre assumem uma destas trs confguraes, e alguns possuem ormas alo-

    trpicas, podendo assumir duas confguraes dierentes, como mostra a Tabela 2.1. Mas os metais utiliza-

    dos como matria-prima no so ormados de cristais nicos, e sim de uma juno de vrios cristais, deno-

    minadosgros, orientados de dierentes modos e unidos por interaces chamadas de contornos de gro. Em

    situaes especiais, como na ponta de um lingote na regio do rechupe, ou quando o metal atacado quimi-

    camente de maneira preerencial nos seus contornos de gro e em seguida raturado, pode-se observar a

    supercie destes cristais, que tem ormato poligonal (ver Figura 2.3b).

    Tabela 2.1 Tipo de reticulado cristalino dos elementos metlicos

    Li

    ccc

    Be

    hc

    B

    ccc cbico de corpo centrado

    hc hexagonal compacto

    cc cbico de ace centradaNaccc

    Mghc

    Alcc

    Kccc

    Caccc, cc

    Sccc

    Tihc, ccc

    Vccc

    Crccc

    Mnccc

    Feccc, cc

    Cohc

    Nicc

    Cucc

    Znhc

    Rb

    ccc

    Sr

    cc

    Y

    hc

    Zr

    hc

    Nb

    ccc

    Mo

    ccc

    Te

    hc

    Ru

    hc

    Rh

    cc

    Pd

    cc

    Ag

    cc

    Cd

    hc

    Cs

    ccc

    Ba

    ccc

    La

    hc

    H

    hc

    Ta

    ccc

    W

    ccc

    Re

    hc

    Os

    hc

    Ir

    cc

    Pt

    cc

    Au

    cc

    Hg

    a) b) 10m

    Figura 2.3 a) Representao esquemtica de um agrupamento de cristais metlicos com orientao dierente se encontrando em

    contornos de gro; b) supercie de gros de uma liga de ouro-nquel raturada por corroso sob tenso em gua sanitria

    comercial (microscopia eletrnica de varredura) (Fonte: Reerncia 2.2).

    Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:17Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:17 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    12/40

    MATERIAIS METLICOS E SUAS PROPRIEDADES 33

    O eletrlito mais comum soluo aquosa de 3-5% de osato de sdio 3 (como a soda tambm est

    presente na coca-cola, esta tambm pode ser utilizada como eletrlito) e a cor pode ser controlada variando

    a voltagem aplicada:

    Tabela 2.3 Formaes de cor em titnio durante a oxidao galvnica.

    Voltagem (V)

    9-1618-22

    275870

    Cor

    AmareloAzul claro

    Azul escuroVioleta

    Azul esverdeado

    Exemplo

    A densidade de corrente de trabalho de 500 A/cm2. Em imerso, uma placa de ao inoxidvel ou de

    estanho pode ser utilizada como contra-eletrodo, mas tambm possvel utilizar um guardanapo de papel,

    ou pincel de cabo metlico, embebidos em eletrlito e ligados a um dos plos da bateria para desenhar

    sobre o metal.

    Figura 2.10 Desenhando sobre placa de titnio com pincel polarizado embebido em eletrlito (rerigerante tipo coca-cola) (Fonte:

    Gugenheim Museum Bilbao).

    A cor altera-se por abraso (retirada da pelcula de xido), portanto, aps colorao, a supercie no

    pode ser limpa com substncias que contenham abrasivos e deve-se evitar o contato com outras supercies

    metlicas que possam arranhar o titnio.

    Esta figura se

    repete na prancha

    colorida.

    Esta figura se

    repete na pranchacolorida.

    Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:33Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:33 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    13/40

    MATERIAIS METLICOS E SUAS PROPRIEDADES 51

    (escala Rockwell C). Materiais muito duros, ou supercies fnas, so medidos com o cone de diamante e

    uma carga de 60 kg (escala Rockwell A). Se a amostra or muito fna, o ensaio se az com pr-carga de 3 kg e

    carga adicional de 15, 30 ou 45 kg. Cada 2 m de proundidade corresponde a 1 HR.

    Tabela 2.6 Mtodos de medida de dureza.

    Formato da impresso

    Teste Corpo de penetrao Vista lateral Vista de topo CargaFrmula para nmero

    de dureza

    Brinell

    Esera eita de ao ou

    de carboneto de

    tungstnio

    D

    d

    d Varivel P (N)

    HB = 0,102 . 2P . D(D - D2 - d2

    d = (0,2...0,7)D

    Vickers Pirmide de diamante

    136d2d

    Varivel P (N)

    HB = 0,189 Pd2

    d = mdia aritmtica das

    diagonais da impressoem mm

    Rockwell

    Cone de diamante ou

    esera de ao comdimetros de

    1 1 1 1

    32 8 4 2, , ,

    polegadas

    120

    60 kg A

    100 kg B150 kg C

    Proundidade da

    impresso:1 H R = 2m

    A Figura 2.20 mostra as durezas de alguns metais puros no deormados. A dureza uma grandeza mui-

    to sensvel microestrutura; varia com o grau de deormao do material materiais encruados so mais

    duros do que materiais no deormados , com a presena de elementos de liga ou de mais de uma estrutu-ra cristalina. Em geral, as ligas metlicas so mais duras do que os seus metais puros. Enquanto o ouro e a

    prata puros tm 20 a 25 HB respectivamente, ligas de ouro tm dureza entre 80 e 150 HB e ligas prata-

    cobre, entre 60 e 80 HB.

    Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:51Diag metalurgia1_2_final.indd Sec1:51 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    14/40

    3A ormao de ligas metlicas

    3.1 Misturando os elementos metlicos

    Mesmo os mtodos de extrao e refno mais modernos no conseguem obter metais absolu-tamente puros, constitudos de uma nica espcie atmica. Sempre esto presentes outrostipos de tomo em pequena ou grande quantidade, que inuenciam suas propriedades.Metais puros s so abricados para aplicaes especiais, pois os processos de refno so complexos e caros.

    As Normas defnem o grau de pureza comercial dos metais: no Brasil, as normas NBR 8000 e NBR 13703classifcam graus de pureza de ouro e prata respectivamente.

    Uma liga uma substncia macroscopicamente homognea que possui propriedades metlicas e com-posta de duas ou mais espcies qumicas. Qualquer espcie qumica pode servir como elemento de liga,embora apenas os elementos metlicos sejam adicionados em maior quantidade. Primeiro sero discutidasas ligas binrias, ou seja, ligas com apenas dois elementos, e apresentados alguns princpios bsicos.

    O elemento de maior proporo chamado de solventee o de menor proporo, de soluto. Uma liga podeser constituda por umasoluo slida, isto , o segundo elemento se incorpora na rede cristalina do primei-ro, ou de umamistura de fases, quando o segundo elemento se separa do primeiro ormando cristais de na-

    tureza dierente.Assumindo que a um metal puro sejam adicionados tomos de um segundo elemento, e que seja dado

    tempo sufciente para que ajustem suas posies na estrutura cristalina, at atingir o equilbrio: que tipode estrutura ter a liga? Isso vai depender do tipo de interao dos dois tipos de tomos: atrao, repulso,ou indierena.

    Para comear, podem-se azer as seguintes generalizaes (Figura 3.1):

    1) Se os dois tomos so indierentes, a mistura homognea a nvel atmico e asoluo slida aleatria. Em muitas ligas, a

    distribuio atmica se aproxima deste ideal tendo distribuio aproximadamente homognea; as ligas Au-Ag e Au-Cu so um

    bom exemplo.

    2) Se tomos dierentes se atraem mais do que os iguais, a tendncia ter vizinhos prximos de espcies dierentes, ou seja, ABA-

    BAB... A natureza da estrutura resultante depende muito dos atores que determinam a atrao. Quando ormada por elementos

    metlicos, a estrutura costuma ser ordenada ou ormar umsuper-reticulado, como no caso do sistema Au-Cu para certas propor-

    es bem defnidas. Quando os componentes dierem eletroquimicamente ou a atrao A-B muito grande, a ligao entre os

    diag metalurgia3_4_final.indd 57diag metalurgia3_4_final.indd 57 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    15/40

    58 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    tomos passa a serparcialmente inica e so ormados compostos intermetlicos, como ocorre durante a ormao de Cu5Zn

    8em

    ligas Cu-Zn. Em casos extremos, quando o elemento adicionado um no metal muito eletronegativo, como O, S, Cl, ormada

    uma substncia que no possui mais as qualidades metlicas de uma liga. Um exemplo o xido de cobre Cu2O que se orma em

    ligas Ag-Cu quando undidas sem proteo de uxo.

    Compostos intermetlicos, assim como compostos inicos, so duros e rgeis, no suportam quase nenhuma deormao plstica.

    3) Se os tomos dierentes se atraem menos do que os iguais, os dois tipos tendem a se separar em dois cristais dierentes. Estas

    misturas heterogneas se chamam mistura de fases. Este o caso do sistema Ag-Cu.

    Uma soluo slida pode ser substitucionalou intersticial. Soluo slida substitucional aquela em que

    os tomos de soluto ocupam o lugar de tomos de solvente na rede cristalina, como em ligas Au-Ag. Solu-

    es intersticiais so aquelas em que os tomos de um componente so to pequenos com relao ao outro

    que ocupam os espaos (interstcios) entre o reticulado do solvente. O melhor exemplo de soluo intersti-

    cial o ao: soluo de erro e carbono, com carbono dissolvido nos interstcios da rede cristalina do erro

    (ver Figura 3.1).

    As solues slidas aleatrias so mais dcteis do que solues ordenadas ou misturas de ases.

    Aleatria OrdenadaMistura

    de fases

    Soluo slida

    intersticialSoluo slida

    substitucional

    Figura 3.1 Possveis combinaes de tomos em uma estrutura metlica.

    Uma soluo slida pode existir dentro de um intervalo de composio. Em qualquer composio fxa

    dentro deste intervalo, o material totalmente homogneo e as propriedades sicas do seu reticulado die-

    rem muito pouco das de suas composies vizinhas. So poucas as solues slidas que cobrem todo o

    campo de um metal puro a outro, o que exige que os componentes tenham miscibilidade total. Na maioria

    das vezes, no entanto, a miscibilidade limitada, ou seja, existe um limite de solubilidadepara o soluto. As

    diag metalurgia3_4_final.indd 58diag metalurgia3_4_final.indd 58 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    16/40

    66 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    mostra alguns ataques recomendados para ligas de ouro e prata, lato e estanho. O manuseio da maioria dos

    cidos deve ser realizado com cuidados especiais, como uso em lugar ventilado, de preerncia em capela,

    proteo para os olhos e luvas de borracha.

    Gros metlicos aps ataque

    Gros metlicos sem ataque

    Imagem no microscpio tico

    Figura 3.5 Explicao esquemtica da ormao de imagem em um microscpio tico. Supercie metlica polida e atacada.

    A imagem da Figura 3.6 mostra os gros de uma liga de prata vistos em um microscpio tico.

    Figura 3.6 Liga Ag950 laminada e recozida atacada com reagente n. 5 da Tabela 3.2, vista em microscpio tico com aumento de

    500 vezes.

    diag metalurgia3_4_final.indd 66diag metalurgia3_4_final.indd 66 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    17/40

    A FORMAO DE LIGAS METLICAS 83

    3.3.2.2 O sistema Ag-Au-Cu

    A Figura 3.21 mostra a projeo da supercie liquidusdo sistema Ag-Au-Cu, com suas linhas isotrmicas, ouseja, cada linha cheia representa composies qumicas que tm o seu ponto liquidusna temperatura indicada.

    Ela se assemelha a um mapa de uma regio de colinas, com um vale que corre do ponto euttico binrio Ag-Cu(779 oC) at o ponto K (800 oC). Neste mapa tambm esto representadas algumas linhas de cortes de isocon-centrao (trao-ponto) representando ligas de importncia comercial: Au750, Au585, Au420 e Au333.

    .

    ..

    .

    Figura 3.21 Projeo da supercie liquidus do sistema Ag-Au-Cu.

    Deste diagrama vemos que as ligas Au333 e Au420 se solidifcam dentro do campo da calha do euttico

    binrio, que parte do ponto euttico do sistema Ag-Cu. A liga Au420 tangencia o ponto K. Nesta calha

    euttica, a reao de solidifcao a seguinte:

    lquido ase (rica em Ag) + ase 3 (rica em Cu) + lquido

    3 Na literatura, a ase recebe a denominao 2(Au,Cu). Para manter coerncia com o diagrama binrio Ag-Cu e evitar

    conuses de denominao, manteve-se o nome para esta ase rica em cobre.

    diag metalurgia3_4_final.indd 83diag metalurgia3_4_final.indd 83 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    18/40

    4Fuso e solidifcao

    4.1 Fuso

    Fundir metais e ligas prtica diria do ourives e da indstria de joalheria; assim, sero apresentadosalguns conceitos e tcnicas de uso para esses setores.

    O Captulo 2 mostrou que, mesmo em temperatura ambiente, os tomos que compem a redecristalina dos metais no esto imveis, mas em contnua vibrao, e que oras de atrao mtua os man-tm unidos. como se pequenas eseras estivessem unidas umas s outras por molas.

    Quando a temperatura sobe de 15 K, o movimento relativo dos tomos dobra de intensidade e a estru-tura cristalina se alarga. Com o aumento da distncia entre os tomos, a sua ora de atrao diminui e omaterial amolece. Alm disso, o aquecimento provoca um aumento de volume do metal.

    Quando a temperatura de uso atingida, o movimento relativo entre os tomos maior do que a or-a de coeso e eles se desprendem uns dos outros. A microestrutura no se dissolve instantaneamente, poispassa por um processo gradativo que tem incio nos contornos de gro; isso ocorre porque nesta regio ostomos tm um nmero menor de ligaes do que no interior dos gros. Com a aproximao da tempera-tura de uso, os tomos comeam a sair de seus lugares e a ormar lacunas. As lacunas (vazios) migram para

    os contornos de gro ou, por vezes, alojam-se nos interstcios da rede cristalina, degradando sua ordem. Aospoucos a regio do contorno de gro se desintegra e orma-se o lquidoComo o calor chega primeiro supercie do bloco metlico, esta regio que atinge primeiro a tempe-

    ratura de uso, com a uso iniciando nas regies de contorno de gro enquanto o interior do metal conti-nua slido. Em seguida, a rao volumtrica de lquido cresce paulatinamente, os gros se arredondam paradiminuir a rea da interace slido-lquido, e vo se dissolvendo at que todo o material se torna lquido,como mostra esquematicamente a Figura 4.1 da esquerda para a direita.

    Figura 4.1 Representao esquemtica da uso de um metal monosico policristalino.

    diag metalurgia3_4_final.indd 129diag metalurgia3_4_final.indd 129 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    19/40

    FUSO E SOLIDIFICAO 133

    na primeira etapa que a maior parte do calor liberada; nela o gs combustvel e o oxignio damistura gasosa entram em reao, mas, como a combusto no completa, orma-se uma atmoseraredutora com CO. Na segunda etapa o consumo de carbono se completa pela reao do CO ormadona primeira etapa com o ar atmosrico; orma-se CO 2, sobra oxignio e a atmosera oxidante. Na

    segunda etapa, o calor liberado menor, pois o aquecimento do nitrognio contido no ar atmosricorouba calor da combusto.

    Externamente, pode-se ver as etapas de queima, pois a chama apresenta zonas dierentes no seu interior,como mostra a Figura 4.5. A primeira etapa de combusto ocorre no cone e na zona de chama redutora,sendo que no cone (ou dardo) a quantidade de oxignio disponvel para oxidao alta e, portanto, a usode metais sujeitos a oxidao (como lato, ligas de prata) deve ocorrer na regio redutora. A segunda etapade oxidao ocorre na regio do penacho da chama.

    Zona de combusto primria

    (regio de temperatura mxima)

    Penacho

    Dardo

    (combusto secundria)

    Bloco de metal

    Figura 4.5 Representao esquemtica das zonas de reao de uma chama.

    Misturar dois gases capazes de produzir reao exotrmica no ir necessariamente gerar chama. Por exem-

    plo, o metano (CH4) s queima se a proporo de oxignio estiver entre 8 e 25%. Fora destes limites (mnimoe mximo), no h chama. A Tabela 4.1 mostra os limites de inamabilidade dos gases de combusto.

    Tabela 4.1 Limites de inamabilidade de gases de combusto.

    Gs Proporo de oxignio para produo da chama (%)

    Hidrognio (H2) 10-70

    Etano (C2H

    6) 3-12

    Acetileno (C2H

    2) 3-65

    Butano (C4H

    10) 2-9

    Propano (C3H8) 2-10Gs de rua (H

    2+ CH

    4+ CO) 6-35

    Gs Natural (CH4

    + N2

    + C2H

    6) 5-13

    diag metalurgia3_4_final.indd 133diag metalurgia3_4_final.indd 133 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    20/40

    FUSO E SOLIDIFICAO 141

    Tabela 4.2 Temperaturas mximas de utilizao de cadinhos cermicos comerciais.

    Material do cadinhoTemperatura mxima

    de utilizao (oC)Utilizao

    Slica-alumina (40%

    Al2O

    3+ 60% SiO

    2)

    1.500Mais baratos, mas de menor durabilidade. So apropriados para a uso

    de ligas base de nquel, lates, prata e ouro.

    Alumina (Al2O

    3> 90%) 1.600-1.700

    Devem ser aquecidos muito lentamente, pois possuem baixa resistncia

    a choques trmicos e a sua temperatura mxima de utilizao ir

    depender da porosidade. Tm condutividade trmica baixa quando

    comparada de outros materiais cermicos puros. Apropriados para

    ligas de ouro branco ao nquel.

    Zircnia (ZrO2) 1.600-1.650

    Extremamente reratria, inerte, com alta estabilidade e resistncia

    corroso em temperaturas acima da temperatura de uso da alumina.Utilizada como revestimento de ornos, tubos de proteo para

    termopares e cadinhos, e undio de ligas de platina, paldio e rutnio.

    Magnesita (MgO > 95%) 1.800Muito utilizada na indstria do ao, adequada para a uso de ligas de

    ouro branco ao nquel.

    Slica vtrea (SiO2) 1.650

    Cermica de alto desempenho com coefciente de expanso trmica muito

    baixo, excelente resistncia corroso pelo metal lquido.

    Carbeto de silcio 1.450

    Intermetlico preto, de dureza superior da alumina e de custo

    relativamente baixo. Os cadinhos de carbeto de silcio so em geral

    uma mistura de carbono-SiC e tm maior resistncia mecnica a

    quente e maior resistncia ao choque trmico do que outras

    cermicas. Em atmoseras no redutoras, ormam uma pelcula de

    SiO2

    que protege da oxidao.

    Grafte-cermica

    Grafte (atmosera

    redutora)

    1.510

    2.000

    Cadinhos de grafte so atacados por uxos alcalinos, como soda e

    carbonatos, e tambm por resduos de cido ntrico. Alguns abricantes

    recomendam uxos especfcos para determinados cadinhos em uno da

    escria ormada durante a uso. Devem ser utilizados em atmosera

    redutora, ou a vcuo. Podem undir ligas de ouro, prata e lato.

    A Figura 4.13 mostra os ormatos mais comuns de cadinho. Cadinhos para uso de pequenas quantida-des de metal (Figura 4.13a, b, c) so geralmente utilizados em ofcinas de ourives e quase sempre tm or-

    diag metalurgia3_4_final.indd 141diag metalurgia3_4_final.indd 141 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    21/40

    FUSO E SOLIDIFICAO 145

    o brax orme sua camada vtrea protetora sobre o lquido. Os outros sais utilizados como uxo (NaCl,K

    2CO

    3, Na

    2CO

    3) tm temperatura de uso ainda mais alta. Na fgura fca claro que as misturas de sais di-

    minuem consideravelmente o ponto de uso do uxo. Por exemplo, a mistura de soda (Na2CO3) comcarbonato de potssio (K2CO3) na proporo 1:1 reduz a temperatura de uso para 690

    oC, e a mistura de

    sal de cozinha com soda unde a 620 oC. Tambm possvel utilizar o brax em ligas de ponto de uso maisbaixo, atravs de misturas tais como:

    2 partes de Na2CO

    3+ 2 partes de K

    2CO

    3+ 1 parte de Na

    2B

    4O

    7

    1 parte de NaCl + 2 partes K2CO

    3+ 1 parte de Na

    2B

    4O

    7(ponto de uso mais baixo do que a mistura

    anterior)

    So ainda comercializadas vrias outras misturas de uxo, para fns especfcos.

    Uma atmosera redutora tambm pode ser obtida via coberturas como:

    3 partes de carvo (puro)

    2 partes de acar 1 parte de cloreto de amnia

    Cu 1.100

    1.000

    900

    800

    700

    600

    500

    400

    300

    200

    100

    K CO Na CO

    Au

    70Cu30Zn Au750

    Au585

    Au800

    94Sn6Sb

    76Sn4Pb

    NaCl Na B O 7

    50% Na CO + 50% K CO

    35% NaCl + 65% NaCO

    KNO

    NaNO

    H BO

    50% NaNO + 50% KNO

    Intervalo de fuso

    de metais e ligas

    Temperatura

    (C)

    Ponto de fuso

    de fluxo

    Figura 4.15 Pontos de uso de alguns uxos e ligas metlicas.

    diag metalurgia3_4_final.indd 145diag metalurgia3_4_final.indd 145 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    22/40

    5Tecnologia de fundio

    5.1 Perspectiva histrica

    Aundio iniciou por volta de 4000-3000 a.C., quando, na denominada era do bronze, o ho-mem aprendeu a usar o cobre e logo depois o estanho e o chumbo na abricao de objetos eadornos. A pea undida mais antiga que se conhece um pequeno sapo de bronze provenien-te da antiga Mesopotmia (hoje Iraque), abricado pelo processo de cera perdida e que data de 3200 a.C. Nandia, as primeiras peas undidas pertenceram civilizao Harappan (Figura 5.1a), da qual se conhecem

    peas de cobre, ouro, prata e chumbo j em 3000 a.C., e onde oram desenvolvidos os cadinhos para un-

    dio. deste pas que vm os primeiros textos mencionando tcnicas sobre a arte de extrao, uso e

    undio de metais, por exemplo, o Arthashastra (500 a.C.). Na mesma poca, as tcnicas de undio de

    metais e ligas eram conhecidas no Ir e na China, onde alcanaram altos nveis de pereio e de onde se

    conhecem peas de bronze (2100 a.C.), sinos de alta preciso (1000 a.C.) e as primeiras peas de erro un-

    dido, que datam de 500 a.C. (Figura 5.1b).

    a) b)

    Figura 5.1 a) Objeto de orma antropomrfca, ndia, 1300-1500 a.C.; b) Vaso para vinho em bronze, China, 800 a.C.

    Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 169Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 169 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    23/40

    174 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    Do ponto de vista do molde, o eeito mais marcante no preenchimento da pea a velocidade com que

    ele extrai o calor, pois, quanto maior, mais cedo se iniciar a solidifcao e se interromper o uxo do metal.

    A presena de umidade nas paredes do molde tambm aumenta a taxa de extrao de calor. J o aumento da

    rugosidade superfcial diminui a velocidade de preenchimento.

    Temperatura de vazamento

    (Au585 amarelo)

    1.040 C

    1.060 C

    Ao de vcuo Dierena de presso

    (T 1.100 C; Au585 amarelo)

    200 mbar

    500 mbar

    Fora centruga Velocidade de rotao

    (Au585 amarelo)

    Baixa rotao

    Alta rotao

    Figura 5.4 Exemplo de medidas de uidez . Eeito da temperatura de vazamento e da ao de oras externas por ao de vcuo e

    ora centruga (liga de ouro amarelo Au585) (Fonte: Reerncia 5.5).

    Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 174Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 174 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    24/40

    180 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    Figura 5.9 Dierentes modos de se montar um molde para vrios modelos de pea: a) mtodo de rvore; b) mtodo de

    arbusto;c) mtodo de sobreposio.

    As recomendaes padro para a montagem de um bom sistema de alimentao so:

    O bocal de vazamento e o canal de descida devem ser cnicos para compensar o aumento da velocidade do uxo durante a descida. O dimetro do canal de descida deve ser sufciente para que este seja a ltima regio a se solidifcar. Os canais de ataque devem ter uma inclinao prxima a 60 com relao espiga central. As peas devem estar unidas ao canal de ataque por sua parte mais espessa ou de maior massa. O canal de ataque no deve ser muito fno para que mantenha o suprimento de lquido enquanto a pea estiver solidifcando. Se a pea tiver ormato irregular, mais de um canal de ataque pode ser utilizado, mantendo como regra geral que o metal entre

    pelas partes mais espessas indo para as mais fnas da pea (ver exemplos na Figura 5.10).

    Figura 5.10 Exemplos de posicionamento de canais de ataque em modelos de undio.

    Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 180Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 180 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    25/40

    200 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    A injetora de cera um equipamento que consiste em um orno eltrico e um sistema de presso, que

    comprime o ar dentro do orno e expele a cera lquida. Os modelos mais simples e antigos tm uma bomba

    manual e uma vlvula que az com que ar seja succionado para dentro da cmera de uso e comprima a

    massa de cera lquida. A cera escapa por um bico que, ao ser pressionado, abre um oricio em contato com

    o interior da cmera, como mostra a Figura 5.23. Inicialmente, a injetora aquecida at aproximadamente

    70 C, a cera slida introduzida na cmera, que echada, e em seguida aplica-se uma presso de cerca de

    0,5 bar. A presso exercida pelo molde de borracha contra o bico injetor e o tempo de enchimento devem

    ser ajustados por tentativa e erro.

    Tampa da cmera

    de presso

    Bomba e vlvula

    de presso

    ResistnciaBico deinjeo

    Cera

    lquida

    a) b) c)

    Figura 5.23 Modelo de injetora de cera: a) aparncia externa; b) sistema de uncionamento; c) controle manual da injeo.

    Outro modelo de injetora, mais sofsticado, o de injeo com aplicao de vcuo na cavidade do

    molde. Este equipamento diminui a incidncia de problemas envolvidos com o injetor, tais como presen-

    a de bolhas de ar, preenchimento incompleto e limitao da espessura de parede a ser preenchida. O

    equipamento conta com uma bomba de vcuo que esgota o ar do molde antes da injeo da cera. O sis-

    tema pode contar ainda com uma central que controla o tempo de injeo, a temperatura da cera e o ciclo

    de operao. Outro equipamento dispe de uma prensa pneumtica, que fxa o molde de borracha e

    Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 200Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 200 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    26/40

    6Conformao mecnica

    Acapacidade de se deormar plasticamente de extrema importncia para o uso dos metais.Esta propriedade az com que eles possam assumir a orma desejada por meio de trabalhomecnico, de maneira mais econmica do que por outros mtodos.A maioria dos processos de conormao mecnica (orjamento, laminao, extruso, treflao) utili-

    za oras de compresso ou dobramento, que, em comparao com a deormao por trao, tm a van-tagem de evitar que a estrico antecipe a ratura.

    Alm de modiicar a orma, esses processos alteram as microestruturas ormadas durante a sol idi-icao e, em geral, azem com que o material adquira melhores propriedades mecnicas pelas seguin-tes razes:

    Diminuio do tamanho de gro. Fechamento de poros de contrao. Aumento do comprimento dos contornos de gro, por unidade de volume, diminuindo o eeito deletrio de impurezas na resis-

    tncia mecnica.

    Por essas razes, as peas obtidas por conormao mecnica so em geral mais resistentes do que asundidas. Por exemplo, garras para cravao de gemas produzidas por undio em cera perdida podem

    quebrar com maior requncia do que aquelas produzidas a partir de fos laminados e treflados.Neste captulo sero apresentadas as tcnicas convencionais de conormao mecnica utilizadas em

    joalheria, enocando o comportamento do material, mas primeiro ser explicado o que ocorre com amicroestrutura do metal durante a deormao.

    6.1 A microestrutura da deformaoRecapitulando alguns dos conceitos introduzidos no Captulo 2 e acrescentando outros, obtm-se o se-

    guinte conjunto de inormaes:

    Os metais so constitudos de cristais e a deormao se d ao longo dos planos mais densos destes. Os metais ormados porcristais cbicos (ou seja, praticamente todos os de interesse em joalheria) tm muitos planos onde o escorregamento pode acon-

    tecer e por isso so acilmente deormveis.

    Todo cristal sore deormao elstica (reversvel) antes de sorer deormao plstica (irreversvel).

    Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 225Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 225 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    27/40

    232 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    Este primeiro estgio chamado de recuperao e nele que ocorre o alvio das tenses internas causadaspelo processo de deormao plstica. Na recuperao, algumas propriedades do material no deormadoso parcialmente restitudas, mas sem a ormao de novos cristais.

    Incio da recristalizao

    Material deformado

    Material recristalizado

    b) c)

    d)

    500 nm500 nm

    50 m

    Figura 6.6 a) Representao esquemtica do processo de recristalizao; b) liga Al-4%Cu deormada a rio (MET); c) liga Al-4%Cu

    deormada a rio e recristalizada (MET); d) liga de lato 70/30 deormada a rio e recristalizada (MO).

    Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 232Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 232 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    28/40

    CONFORMAO MECNICA 247

    Reduo de altura (%)

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    Foraaplicada/rea(ton

    /mm)

    100 20 30 40 50 7060

    a)

    D C B A

    D C B A

    Reduo de altura (%)

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    Foraaplicada/rea(ton/mm)

    100 20 30 40 50 7060

    b)

    A B C D E

    DC EBA

    Figura 6.18 Eeito da variao da geometria do corpo de prova na presso (t/mm2) necessria para que ocorra deormao em um

    ensaio de compresso entre placas paralelas: a) variao da espessura; b) variao da rea de contato.

    A orma da erramenta durante o orjamento aeta o modo de deormao do material; assim, em orja-mento a martelo, pode-se escolher entre quatro tipos de supercie de deormao (Figura 6.19):

    Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 247Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 247 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    29/40

    250 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    caixa dos cilindros, o que garante o paralelismo do sistema. Sistemas mais modernos possuem lubrifca-o automtica das partes rolantes do equipamento.

    a) b)

    c)

    Cone axialCilindro fixo

    Mandril

    Cilindro centralizador

    Anel

    Figura 6.22 a) Laminador movido a motor eltrico com duas caixas de cilindros de laminao para chapas e perfs; b) esquema de

    possveis confguraes para laminao de perfs de seco cilndrica, meia-cana e quadrada; c) laminao de anis.

    A confgurao mostrada na Figura 6.22c permite a laminao de anis e pode ser utilizada na abricaode alianas em srie, e para isso o equipamento tem o eixo de laminao na vertical. A matria-prima, j em

    orma de anel, pode vir de uma undio centruga ou de processos de estampagem ou orjamento; e o anel

    Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 250Diag Metalurgia5_6_correc_final.indd 250 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    30/40

    7Tratamentos trmicos

    7.1 Introduo

    Tratamento trmico defnido como uma operao ou conjunto de operaes realizadas no

    estado slido e que compreendem aquecimento, permanncia em temperaturas defnidas e

    resriamento. Durante os tratamentos trmicos de ligas ocorre redistribuio de soluto e a

    microestrutura do material alterada. Como as propriedades das ligas dependem da microestrutura, as

    propriedades mecnicas (resistncia, dureza, ductilidade, tenacidade) e resistncia corroso so altera-

    das, s vezes de maneira considervel.

    Neste captulo sero apresentadas algumas das alteraes microestruturais e de propriedades que so

    aetadas pelos tratamentos trmicos, e mostrada sua relevncia para a manuatura de joias.

    As mudanas de propriedades se azem pelo controle dos chamados mecanismos de endurecimento.

    Estes so: disperso de tomos de soluto em soluo slida, disperso de partculas de ase intermediria, de

    deormao plstica e reduo do tamanho de gro. Os princpios atuantes nestes mecanismos so contro-

    lados pela tendncia do material de buscar diminuir a sua energia interna e j oram delineados nos Captu-

    los 3, 4 e 6. Os objetivos mais requentes dos tratamentos trmicos so:

    Homogeneizar a distribuio de solutos em peas undidas (homogeneizao, normalizao). Promover transormaes de ase. Estes so os tratamentos de solubilizao e precipitao. Em aos so utilizadas tambm as

    denominaes: tmpera, austmpera e revenimento.

    Controlar o grau de encruamento e o tamanho de gro (recuperao, recristalizao, crescimento de gro).

    O tratamento de recristalizao oi visto com detalhe no Captulo 6 e por isto sero apresentados aqui

    apenas os tratamentos de homogeneizao, solubilizao e endurecimento por precipitao.

    A Figura 7.1 mostra esquematicamente o que ocorre com as propriedades mecnicas dos metais aps

    tratamentos trmicos. Partindo de uma condio inicial do metal undido:

    O tratamento de homogeneizao ir dissolver partculas, redistribuir solutos segregados durante a solidifcao e propiciar o

    crescimento de gro, tornando o material mais dctil mas com menor resistncia mecnica, e, portanto, mais malevel e adequa-do conormao mecnica.

    O tratamento de recristalizao (visto em detalhe no Captulo 6) o nico tratamento que consegue conciliar aumento de resis-

    tncia mecnica com aumento de tenacidade, da a sua importncia na manuatura de bens metlicos.

    Diag Metalurgia7_8_final.indd 281Diag Metalurgia7_8_final.indd 281 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    31/40

    286 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    a) b)

    Figura 7.5 Liga Ag925 solidifcada com dierentes taxas de resriamento: a) rpido em coquilha; b) lento em molde cermico (undio

    por cera perdida) (Fonte: Reerncia 7.8).

    O tratamento de solubilizao da liga Ag925 consiste em elevar a temperatura para que a liga fque

    dentro do campo (acima de 745 C) e, depois de um certo tempo, resri-la rapidamente (ver o dia-

    grama de equilbrio Ag-Cu na Figura 7.6). Como, devido segregao, a liga em geral contm regies

    de composio euttica, a temperatura de tratamento deve ser menor do que 779 C; o recomendado

    est entre 750 e 760 C por tempos de 30 min.

    1.200

    1.000

    800

    600

    400

    200

    0

    88

    779 C

    275

    L +

    0Cu

    1.000Ag

    100

    900

    925

    15050 200

    800

    250 300Cu

    700Ag

    Temperatura(C)

    940 C

    Mistura de fasesistura de fases + + Mistura de fases +

    Figura 7.6 Diagrama de equilbrio Ag-Cu.

    Diag Metalurgia7_8_final.indd 286Diag Metalurgia7_8_final.indd 286 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    32/40

    294 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    O envelhecimento de ligas de Ag-Cu pode ser eito para ligas com teor de Cu menor do que 88. O

    tratamento tpico para a Ag925 a 300 C /1 h.

    7.4 Oxidao durante o tratamento trmico

    Ligas prata-cobre

    Em altas temperaturas a prata absorve oxignio do ar mesmo no estado slido. Esse metal no reage com o

    oxignio, mas o cobre sim, ormando primeiro Cu2O, e CuO para longos tempos de exposio em atmosera

    rica de oxignio. O xido Cu2O avermelhado quando observado sob luz polarizada em microscpio tico, e

    responsvel pelas manchas azuladas, que fcam evidentes durante a ase de acabamento de peas de prata con-

    tendo cobre, que passaram por recozimentos sucessivos. Essas manchas azuladas so causadas por uma disperso

    de xido na matriz de prata que se estende por vrios mcrons abaixo da supercie (Figura 7.14).

    Zona de oxidao

    20 m

    Figura 7.14 Zona de oxidao na supercie de uma aliana produzida com prata 925 aps vrios ciclos de deormao e recozimento.

    A velocidade de oxidao depende da composio da liga, pois a diuso de oxignio mais rpida na ase

    do que na ase ; portanto, na liga Ag800 a velocidade de oxidao atinge o seu mximo. Quando a liga

    comea a apresentar ase ormada por reao euttica, a velocidade diminui bastante e a oxidao passa a

    se concentrar na supercie.

    A proundidade da camada oxidada ir depender tambm da temperatura e do tempo de tratamento de

    recozimento; ver exemplo da Figura 7.15, que mostra a oxidao de uma liga Ag925. Passando de 600 para

    700 C, a proundidade de oxidao dobra. A oxidao tambm ocorre durante as operaes de brasagem,quando a pea deve ser aquecida entre 680-800 C. Portanto, durante a abricao de joias de prata a oxida-

    o se acumula, tendo que ser retirada ao fnal por limagem e lixamento.

    Diag Metalurgia7_8_final.indd 294Diag Metalurgia7_8_final.indd 294 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    33/40

    TRATAMENTOS TRMICOS 295

    0,08

    0,07

    0,06

    0,05

    0,04

    0,03

    0,02

    0,01

    0Profundidadedeoxid

    ao(mm)

    0 155 10 20 25 30

    Tempo (min)

    750 C

    700 C

    650 C

    600 C

    Figura 7.15 Eeito da temperatura e tempo de recozimento na proundidade de oxidao em uma liga Ag925 (Fonte: Reerncia 7.9).

    Quando a proundidade de oxidao excede 25 m, o material pode sorer trincas durante a deormao

    mecnica. Isto ocorre porque a camada com partculas de xido bem menos dctil do que o metal abaixo

    dela. Durante a conormao o metal sem oxidao se deorma mais do que o da supercie, que contm os

    xidos, azendo com que surjam trincas perpendiculares supercie. Estas trincas propiciam caminho livre

    para nova diuso de oxignio e aproundam a camada de oxidao. Em casos extremos, a oxidao to

    prounda que o material ratura completamente.

    A camada oxidada tambm interere na qualidade das juntas de brasagem, pois o xido tem pouca aderncia ao

    metal lquido (tenso superfcial alta) e a juno no ocorre, causando descolamento do metal de preenchimento.

    O tratamento de limpeza em soluo de cido sulrico que utilizado em ligas de prata dissolve o xido

    de cobre superfcial, mas no o xido interno, pois s as partculas que entrarem em contacto com o cido

    que sero dissolvidas. Este procedimento gera uma camada de prata pobre em cobre e porosa, o que no

    impede que o material continue oxidando em aquecimentos subsequentes.

    Ligas Ag-Au-Cu

    Em ligas de Au-Cu, a oxidao tambm ocorre pela ormao de CuO, mas menor do que em ligas

    Ag-Cu pois o ouro no absorve tanto oxignio quanto a prata. Em ligas de maior teor de cobre, no entanto,

    tambm ocorre oxidao interna, e a adio de prata aumenta a tendncia oxidao interna do cobre. Por

    isso, ligas de baixo quilate com maior teor de prata oxidam mais do que as de quilate mais alto. Por teremmais cobre, ligas de tom mais avermelhado oxidam mais do que as de cor esbranquiada, e as com teor de

    ouro abaixo de Au500 (vermelhas) podem apresentar oxidao interna. Ligas Au750 no oxidam muito e a

    camada oxidada pode ser acilmente dissolvida em soluo de cido sulrico.

    Diag Metalurgia7_8_final.indd 295Diag Metalurgia7_8_final.indd 295 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    34/40

    TRATAMENTOS TRMICOS 299

    a) b)

    c)

    parte interna

    Figura 7.17 Fornos para tratamento trmico: a) tipo mua; b) atmosera controlada e caixa de resriamento rpido; c) orno de esteira.

    Reerncias bibliogrfcas7.1 E. BREPOHL. Teorie und Praxis des Goldschmiedes. 15. ed. Leipzig: Fachbuchverlag Leipzig, 2003, 596p.

    7.2 L. VIIELLO. Orefceria moderna, tcnica e prtica. 5. ed. Milo: Hoepli, 1995.

    7.3 D. PION.Jewellery technology processes o production, methods, tools and instruments. Milo: Edizioni

    Gold Srl., 1999, 407p.

    7.4 Diebener Handbuch des Goldschmiedes. Band II. 8. ed. Stuttgart: Rhle-Diebener Verlag, 1998, 192p.7.5 A. CORELL.An introduction to metallurgy. 2. ed. London: Te Institute o Materials, 1995.

    7.6 A. LANGFORD. Cold work and annealing o karat gold jewelry alloys. Te Santa Fe Symposium on

    Jewelry echnology, 1990, p. 349-371.

    Diag Metalurgia7_8_final.indd 299Diag Metalurgia7_8_final.indd 299 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    35/40

    8Procedimentos de unio:

    brasagem e soldagem

    8.1 Conceitos: a dierena entre brasagem e soldagem

    Muitas vezes, a abricao de artigos de joalheria envolve ormas complexas, que no podem ser

    conseguidas a partir de um nico processo; com isso, a abricao de peas pelos mtodos tra-

    dicionais requentemente envolve tcnicas de juno. Mesmo peas undidas precisam ser

    montadas, e um exemplo a fxao de pinos em brincos. Uma juno satisatria deve ser orte, mas im-

    perceptvel; evidente que em ligas de ouro a cor deve ser igual do metal base.

    Na brasagem e na soldagem, as partes metlicas so unidas pela ao de uma liga undida, e a maioria das

    operaes eitas na coneco de joias se enquadra na classifcao de brasagem. Em joalheria, tanto no Brasil

    como no exterior, comum utilizar indistintamente a palavrasoldagem para designar qualquer mtodo de unio

    por metal lquido, mas, como dierentes mtodos envolvem mecanismos distintos, necessrio dierenci-los:

    Nabrasagem o metal de juno tem ponto de uso mais baixo do que a temperatura solidusdas partes

    metlicas e, portanto, unciona como uma cola, com pouca alterao da regio prxima junta. Esta deve

    ter encaixe preciso e o vo deve ser o menor possvel (entre 0,02 e 0,12 mm). O enmeno central do pro-

    cesso a interdiuso entre a liga de brasagem e as ligas ou metal base.

    J nasoldagem a unio de partes metlicas eita pela adio de calor e/ou presso, com ou sem a adiode um metal de ponto de uso prximo ao dos metais sendo ligados. Isto signifca que as partes metlicas

    so parcialmente undidas na regio da juno, tendo sua microestrutura ortemente modifcada. A junta de

    soldagem tradicional tem ormato em V como uma calha que recebe o metal de solda.

    Em ligas de ouro, as convenes internacionais exigem que o teor de ouro da pea seja igual ao da sua

    quilatagem, com variaes mnimas de composio. Isto exige que as ligas utilizadas para juno tenham

    o mesmo quilate que a pea, restringindo o leque de variaes de composio possveis para os metais de

    brasagem, o que incentivou a introduo de procedimentos de soldagem na produo industrial de joias.

    8.2 BrasagemNo processo de brasagem, duas partes metlicas que no precisam ter necessariamente a mesma compo-

    sio qumica pode-se at unir uma parte metlica a uma cermica so colocadas muito prximas uma

    da outra e aquecidas.

    Diag Metalurgia7_8_final.indd 301Diag Metalurgia7_8_final.indd 301 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    36/40

    304 METALURGIA BSICA PARA OURIVES E DESIGNERS DO METAL JOIA

    Tabela 8.2 Ligas de brasagem para prata.

    Ligas de brasagem Ag Cu Zn SnIntervalo de

    fuso (C)

    Densidade

    (g/cm3

    )Temperatura de trabalho (C)

    Forte 750 230 20 10 740-775 770 785

    Mdia 675 235 90 9,7 700-730 730 740

    Fraca 600 260 140 9,5 695-730 710 740

    Fraca 600 230 145 25 620-685 9,6 690

    O zinco da liga de brasagem tambm o principal elemento de adeso da junta, pois ele que diunde

    com maior proundidade nos materiais de base em ligas de ouro e prata, embora parte se perca durante a

    uso por evaporao. Por exemplo, em um trabalho realizado por Pinasco e colaboradores [Reerncia 8.7],

    juntas de ouro amarelo 18 Kt (Au750) realizadas com uma liga de brasagem contendo 120 Zn apresen-taram apenas 70 deste elemento na regio da junta aps a solidifcao.

    Tabela 8.3 Ligas recomendadas para a brasagem de lato ala.

    Ligas de

    brasagemAg % Cu % P % Zn %

    Intervalo de

    fuso CCor

    Forte 92,6 7,4 710-810 Vermelho

    Forte 93,8 6,2 710-890 Vermelho

    Mdia 2 91,5 6,5 650-810 Vermelho

    Mdia 5 89 6 645-815 Vermelho

    Fraca 6 87 7 646-720 Amarelo

    Fraca 14,5 81 4,5 645-800 Cinza

    Fraca 45 30 25 675-745 Amarelado

    Fraca 60 26 14 695-730 Branco

    Mdia 67,5 23,5 9 700-730 Branco

    Forte 75 23 2 740-775 Branco

    As abelas 8.4 e 8.5 mostram as composies sujeridas pelo Conselho Mundial do Ouro para ligas de

    brasagem utilizadas na unio de ligas amarelas Ag-Au-Cu, e de ouro branco do sistema Au-Cu-Ni.

    Diag Metalurgia7_8_final.indd 304Diag Metalurgia7_8_final.indd 304 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    37/40

    PROCEDIMENTOS DE UNIO: BRASAGEM E SOLDAGEM 321

    A abela 8.7 resume os processos de soldagem utilizados na abricao de joias, e a Figura 8.15 ilustra

    uma mudana estrutural tpica causada por esses processos; trata-se do eeito de um eixe laser pulsando

    sobre uma chapa de ao inoxidvel bisico. Observa-se que o metal de base tem a microestrutura usual de

    um material conormado mecanicamente, com as duas ases do ao alinhadas na direo de laminao. Na

    regio prxima de uso, apesar de manter-se no estado slido, o metal aqueceu e modifcou a sua micro-estrutura: houve recristalizao e dissoluo parcial de uma das ases. Esta zona aquecida, com gros grossei-

    ros, denominadazonatermicamente aetada(ZA). A regio que superou o ponto de uso apresenta mi-

    croestrutura de solidifcao e denomina-se metal depositado ou metal de solda. Portanto, dierentemente da

    operao de brasagem, a soldagem introduz mudanas signifcativas na microestrutura do metal base e isso

    causa grandes variaes nas propriedades mecnicas.

    A zona termicamente aetada sempre a parte mais rgil da soldagem, porque uma regio de gros

    bem maiores do que os do metal base. Quanto mais concentrado or o calor da onte de energia utilizada,

    menor a zona aetada pelo calor e, por isso, processos de maior concentrao de calor produzem juntas de

    maior resistncia.

    Estrutura de solidificao

    Metal baseZTA

    Estrutura de solidificao

    Metal base

    ZTA

    Figura 8.15 Microestrutura resultante da uso superfcial de uma chapa de ao inoxidvel bisico (dplex) causada por um eixe de

    laser. Trs zonas distintas podem ser observadas: metal base, zona termicamente aetada (ZTA) e metal depositado com

    microestrutura de solidifcao.

    Diag Metalurgia7_8_final.indd 321Diag Metalurgia7_8_final.indd 321 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    38/40

    PROCEDIMENTOS DE UNIO: BRASAGEM E SOLDAGEM 331

    maior controle da proundidade de penetrao da solda.

    A escolha do gs de proteo depende de vrios atores, incluindo o tipo de material sendo soldado, dese-

    nho da junta e aparncia fnal do cordo de solda. Argnio o mais utilizado pois d maior estabilidade ao

    arco, principalmente quando se utiliza corrente alternada. Outro gs muito utilizado na soldagem de metais

    de alta condutividade (cobre, ouro e prata) o hlio, que aumenta a penetrao da solda e a velocidade desoldagem. Este gs produz um arco menos estvel e, por isso, costuma ser utilizado misturado com argnio.

    Os atuais abricantes de mquina de solda GAW para joalheria aconselham o uso de hlio como gs de

    proteo na soldagem de ligas de ouro amarelas, platina e paldio.

    A soldagem manual sem metal de adio deve iniciar com a tocha azendo um arco de 60 da horizontal

    e em direo oposta da soldagem, mantendo 15 mm entre a ponta do eletrodo e o metal base. Para abrir

    o arco de alta requncia, diminui-se a distncia para 5 mm, e em sequncia aumenta-se o ngulo para 75-

    80, ormando, assim, a poa de uso. Podem-se azer movimentos circulares para ajudar na ormao do

    metal lquido. A Figura 8.25 mostra esta tcnica de soldagem, com 100% de penetrao.

    Direo de

    soldagem 90

    d = Dimetro do eletrodo nu

    Vista lateralVista frontal

    2 d

    60

    15 mm

    Direo de

    soldagem

    d

    1,5 - 2,0 d1,5 - 2,0 d

    1,5 - 2,0 d

    75 - 80

    a)

    b) c)

    Figura 8.25 Tcnica de soldagem GTAW sem metal de adio.

    A soldagem manual com metal de adio se az com soldagem esquerda, como mostra a Figura 8.26.

    Ela inicia como a tcnica anterior e, uma vez ormada a poa de metal lquido, aproxima-se o eletrodo

    (metal de adio) a um ngulo de 10-20 da horizontal (ver Figura 8.26c). O metal de adio deve estar

    Diag Metalurgia7_8_final.indd 331Diag Metalurgia7_8_final.indd 331 27/0527/05

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    39/40

    METALURGIA BAsICAPARA OURIVES EDESIGNERS

    AlII EDITORA\.JBLUCHER SO.nos

    Este livro esta avenda nas seguinteslivrarias e sites especializados:

    .1 EDITORAc . SLUCHER. . . . j . I L i ' v ~ a r i ' a s ICurit

  • 7/29/2019 Metalrgia Bsica para Ourives e Designers

    40/40