Mestres + (nº1)

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Revista de abrangência estadual, a MESTRES + é voltada para professores da rede pública e particular do Estado do Rio Grande do Sul. Com circulação direcionada, a publicação traz entrevistas com educadores e profissionais ligados à Educação, matérias sobre o cotidiano dos professores e seções sobre: Saúde, Previdência, Finanças, Tecnologia na Educação, Diálogos com o Direito, bem como dicas de entretenimento. Boa leitura!

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“Feliz aquele que

transfere o que

sabe e aprende o

que ensina”

Cora Coralina

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Expediente

Direção Geral:

Ana Amélia Piuco

Márcio Sequeira

Paulo Pizzolotto

Sérgio Cezimbra

Direção de Marketing Jurídico:

Rodrigo Bertozzi

Direção Editorial:

Ana Lúcia Zotto

Direção de Arte e Design:

Caio Savaris

Redação:

Ana Carolina Paiva e Ana Lúcia Zotto

Para notícias, informações e sugestões de pautas: [email protected]

Fones: (51) 3930.6530

Revisão:

Professor Adão Lenartovicz

Aos Mestres

Que grande responsabilidade escrever sobre tão nobre pro�s-são. Professores são especiais, escolhidos a dedo por Deus para transmitir valores e conceitos, trocar experiências e guiar as mais diversas gerações no vasto campo do conhecimento.

Professores marcam a vida da gente para sempre. Impossível encontrar alguém que não tenha, no mínimo, uma história para contar. Eu mesma, por exemplo, jamais vou esquecer da minha professora de Geogra�a do extinto Primeiro Grau, que, a cada nova leitura, solicitava: “Leia alto, bom tom e sem erros”.

Ou do professor de Matemática, que me fez gostar da matéria pelo jeito sábio com que conduzia o assunto e pelo respeito que impunha. Ao entrar na sala, todos �cavam em pé para cumprimentá-lo. Bons tempos aqueles...

Valorizar o professor. Este foi o tema-chave que levou à construção desta nova publicação: Revista Mestres +. Estuda-mos as di�culdades enfrentadas pela classe, suas lutas e o orgulho de ser professor.

A cada reunião de pauta, ideias foram sendo formatadas, conceitos idealizados e matérias criteriosamente construídas.

Apresentaremos reportagens voltadas aos professores da rede pública e privada do Estado do Rio Grande do Sul, através de uma leitura ágil, dinâmica, repleta de informações atualiza-das e cuidadosamente elaboradas por nossa equipe.

Em nossa primeira edição, traremos uma entrevista com o Secretário de Estado da Educação, Jose Clovis de Azevedo, que abordou temas como segurança nas escolas, concurso público, desa�os enfrentados pelos gestores, e investimentos.

Voltamos o olhar para a saúde do professor, discutida na matéria sobre o stress pré-aposentadoria. Iremos apresentar também uma abordagem esclarecedora sobre o pagamento de precatórios e requisições de pequeno valor.

O escritor gaúcho Altair Martins nos presenteou com sua entrevista, falando de sua nova obra e de como administra a vida de escritor e professor, atividades que o encantam e de que diz não abrir mão.

Acompanhamos o dia a dia de três mestres. Suas lutas, sonhos, metodologia de trabalho e o que pensam sobre a Educação, e a falta de interesse dos jovens de hoje por uma pro�ssão que merece todo o respeito e admiração de todos nós.

Boa leitura.

Ana Lúcia ZottoDiretora Editorial

CarolAna

CaioRodrigoBertozzi

MárcioAna

Paulo Sérgio

Rua da República, 493 conj. 405/406 CEP 90050-321 Porto Alegre/RS Fone: 51 3930.6500 [email protected]

Há 10 anos no mercado, somosespecialistas em Direito Público

e Administrativo

Servidor Público | Previdência | Relação de Consumo | Família

Áreas de atuação voltadas a professores na esfera pública e privada

OAB-RS 2055

SELEM BERTOZZICONSULTORIA

Apoio:

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Sumário

entrevista

capa

tecnologia

SCPC Crediscore

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1908

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Expediente

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Ana Amélia Piuco

Márcio Sequeira

Paulo Pizzolotto

Sérgio Cezimbra

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Rodrigo Bertozzi

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Ana Lúcia Zotto

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Redação:

Ana Carolina Paiva e Ana Lúcia Zotto

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Revisão:

Professor Adão Lenartovicz

Aos Mestres

Que grande responsabilidade escrever sobre tão nobre pro�s-são. Professores são especiais, escolhidos a dedo por Deus para transmitir valores e conceitos, trocar experiências e guiar as mais diversas gerações no vasto campo do conhecimento.

Professores marcam a vida da gente para sempre. Impossível encontrar alguém que não tenha, no mínimo, uma história para contar. Eu mesma, por exemplo, jamais vou esquecer da minha professora de Geogra�a do extinto Primeiro Grau, que, a cada nova leitura, solicitava: “Leia alto, bom tom e sem erros”.

Ou do professor de Matemática, que me fez gostar da matéria pelo jeito sábio com que conduzia o assunto e pelo respeito que impunha. Ao entrar na sala, todos �cavam em pé para cumprimentá-lo. Bons tempos aqueles...

Valorizar o professor. Este foi o tema-chave que levou à construção desta nova publicação: Revista Mestres +. Estuda-mos as di�culdades enfrentadas pela classe, suas lutas e o orgulho de ser professor.

A cada reunião de pauta, ideias foram sendo formatadas, conceitos idealizados e matérias criteriosamente construídas.

Apresentaremos reportagens voltadas aos professores da rede pública e privada do Estado do Rio Grande do Sul, através de uma leitura ágil, dinâmica, repleta de informações atualiza-das e cuidadosamente elaboradas por nossa equipe.

Em nossa primeira edição, traremos uma entrevista com o Secretário de Estado da Educação, Jose Clovis de Azevedo, que abordou temas como segurança nas escolas, concurso público, desa�os enfrentados pelos gestores, e investimentos.

Voltamos o olhar para a saúde do professor, discutida na matéria sobre o stress pré-aposentadoria. Iremos apresentar também uma abordagem esclarecedora sobre o pagamento de precatórios e requisições de pequeno valor.

O escritor gaúcho Altair Martins nos presenteou com sua entrevista, falando de sua nova obra e de como administra a vida de escritor e professor, atividades que o encantam e de que diz não abrir mão.

Acompanhamos o dia a dia de três mestres. Suas lutas, sonhos, metodologia de trabalho e o que pensam sobre a Educação, e a falta de interesse dos jovens de hoje por uma pro�ssão que merece todo o respeito e admiração de todos nós.

Boa leitura.

Ana Lúcia ZottoDiretora Editorial

CarolAna

CaioRodrigoBertozzi

MárcioAna

Paulo Sérgio

Rua da República, 493 conj. 405/406 CEP 90050-321 Porto Alegre/RS Fone: 51 3930.6500 [email protected]

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Secretário da Educação discute sobre investimentos, concurso, carga horária e gestão escolar

Professores falam de sua paixão pela profissão

Lousa digital amplia possibilidades em sala de aula

Ferramenta gera polêmica

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Secretário de Estado da EducaçãoJose Clovis de Azevedo

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COM A PALAVRA

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Como está a situação dos concur-sos públicos no Estado? Haverá no-vos? Quando?

Realizamos em 2012 um concurso para 10 mil vagas, mas só foram aprovados 5.600. Em função disso, abrimos um novo edital, também para 10 mil vagas, que já conta com mais de 60 mil inscritos. Temos como objetivo abrir vagas para substituir contratos temporários – pois esta forma con-tratual causa instabilidade na rede. Então, até o fim de 2014, queremos todos esses professores nomeados para acabar com contratos temporários.

Qual o principal desafio de um ges-tor escolar atualmente? Como ava-liar o que é essencial?

O principal desafio do Rio Grande do Sul e do Brasil é a melhoria da aprendizagem. A não aprendizagem tem como consequência altos índices de reprovação e evasão. Aqui no Brasil, a não aprendizagem é naturalizada, ampliando a exclu-são social. Se analisarmos, há uma exclusão social natural e quando um aluno é reprovado, a escola está legitimando essa exclusão. Como professor de História, posso dizer que os 400 anos de escravização gravaram no país a exclusão como algo normal. Mas não podemos aceitar isso, pois são projetos de vida que se diluem, e isso é muito grave.

Quais são os valores do piso sala-rial? É possível fazer um compara-tivo com os demais pisos do país?

Hoje ninguém ganha menos do que o piso nacional, R$ 1.570. Em quatro anos de Governo, haverá um reajuste de 76,68%. Assim, deduzindo a inflação, podemos considerar um aumen-to real de 50%. Os reajustes são integralizados a cada ano, e o último será em novembro de 2014.

O que tem sido feito em termos de capacitação dos professores?

Aí entra a importância das novas tecnologias para acelerar o processo de capacitação. Embora o professor não tenha uma cultura de estar sempre estudando, sabemos que ele é o profissional que mais precisa se atualizar, viver em

constante formação. Temos uma política permanente de ca-pacitação e atualização para o professor. Um exemplo: em 2012 investimos R$ 18 milhões e para 2013 está previsto um investimento de R$ 30 milhões. Por isso, posso dizer que nossos professores estão sempre em movimento de estudo. Somente dias 25 e 26 de fevereiro deste ano, 40 mil professores participaram de uma formação para a abertu-ra do ano letivo. O aprimoramento envolve desde o Ensino Fundamental ao Ensino Médio e Técnico.

Como o senhor avalia o desenvolvi-mento da Educação no Estado? O que pode ser melhorado?

Estamos apostando que todo o processo em que trabalhamos vai abrir um novo período de ascensão no Rio Grande do Sul. Todas as medidas que estão sendo tomadas fundamentam uma fase de retomada da boa Educação, e não só no nosso Estado, mas no Brasil todo. Sou um otimista porque posso dizer que estamos em um processo de resgate da Educação no RS.

Como o Estado fiscaliza se estão sendo cumpridos os padrões curri-culares e as metas de desempenho nas escolas?

Isso é fiscalizado não só pelo Estado, mas também pelo Go-verno Federal por meio de provas e avaliações. Mas acho im-portante dizer que, além de saber se os conteúdos trabalhados cumprem os padrões curriculares, precisamos saber se eles são contextualizados com a realidade. Não podemos apenas reproduzir o conteúdo, encher o caderno e pronto. O que in-teressa é saber se o professor faz links com o dia a dia, se ensina o aluno a usar as informações como ferramentas para a construção do conhecimento. Os educadores devem fazer a mediação entre a informação existente e o desenvolvimento de novas competências para que o educando aprofunde suas percepções da realidade. Não basta repetir o conteúdo do livro didático; temos que trabalhá-lo a favor do aluno.

Sou um otimista porque posso di-zer que estamos em um processo de resgate da Educação no RS

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COM A PALAVRA

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COM A PALAVRA

Quais as diferenças de carga horária na rede de ensino públi-co e privado?

Existe uma legislação que estabelece a carga horária e todos precisam cumprir 200 dias letivos. Para o Ensino Fundamental, são 800 horas por ano, segundo a legislação. Para o Ensino Médio, são previstas 2.400 horas, embora a rede pública es-tadual do Rio Grande do Sul, em função da reforma curricular, cumpra uma grade de 3.000 horas.

O que é possível fazer para resgatar a autoestima do professor?

Trabalhamos com três bases: primeiro, é ter a oportunidade de crescer intelectualmente. Também apostamos na melhoria de salários e na política de formação permanente.

Falando sobre segurança, está sendo implantado o PPCI - Plano de Prevenção Contra Incêndio? De que forma?

Mais de 1.000 escolas já contam com o Plano de Prevenção Contra Incêndio. Inúmeras estão em reforma, e outras estão em processo de implantação. Gradativamente, queremos ga-

rantir que até o fim de 2014 todas as escolas passem a contar com o PPCI. Além disso, trabalhamos muito com Comitês de Prevenção à Violência nas Escolas (Copreves) em parceria com diversos órgãos, desenvolvendo ações educativas que contribuam com a formação de nossos alunos.

Estão sendo feitas obras emer-genciais em decorrência das chuvas? Quais cidades foram mais atingidas?

No ano passado, em outubro, novembro e dezembro, tivemos aproximadamente 200 escolas atingidas por eventos climáti-cos no Estado, principalmente na região de Santa Rosa, mas todas foram prontamente atendidas.

Sobre investimentos nas escolas. O que tem sido feito? O que deve-rá ser concretizado em 2013?

De janeiro de 2011 até agora já realizamos mais de mil obras de caráter emergencial, represadas pelas gestões anteriores, somando investimentos de R$ 114 milhões. Além disso, insti-tuímos o PNO – Plano de Necessidades de Obras – que prevê uma intervenção global nas escolas, inserindo um novo concei-to para o ambiente escolar. O PNO é composto por 17 itens, que incluem refeitório, sala de estudos para professores, clima-tização e paisagismo. Na primeira etapa serão contempladas 524 escolas. As obras devem iniciar até dezembro deste ano.

Como é a procura de jovens para ingressar na carreira da docência? Há incentivos do Estado para isso?

O maior incentivo que o jovem pode ter é a sociedade assu-mir a importância da Educação, pois, quando a Educação for prioridade para além do discurso, significará que a socieda-de realmente entendeu que ela é o fator fundamental para a formação de cidadãos competentes. Se isso acontecer, certamente a juventude se sentirá motivada ao exercício da profissão de educador. O grande número de inscritos para o próximo concurso significa que as nossas politicas educati-vas estão de certa forma animando os jovens a ingressarem no magistério.

Os educadores devem fazer a mediação entre a informação existente e o desenvolvimento de novas competências para que o educando aprofunde suas per-cepções da realidade

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A frase é contundente e verdadeira. O autor, o advogado Sérgio Cezimbra, que atua na área de Direito Adminis-trativo, em conversa com a revista Mestres +, apresenta uma realidade acerca da Lei do Piso Nacional do Ma-gistério. Além de ter criado um padrão para a uniformização e melhora dos salários dos professores do país, trou-xe importante alteração que, na visão do advogado, não está recebendo a devida atenção em relação à limitação da carga horária para o trabalho direto com os educandos.

Para tanto, a Lei do Piso limitou a jor-nada de trabalho do professor para 2/3 do total das horas trabalhadas em sala de aula, e o terço restante reservou para preparação e elaboração de aulas e para a formação do docente.

O que busca a Lei do Piso, com esta inovação, é proporcionar ao profes-sor espaço necessário e de qualidade para complementação da sua forma-ção. “Somente assim, com a redução da carga horária, haverá oportunidade para que o professor possa aperfeiço-ar-se e enfrentar as rápidas mudanças que o ensino atual exige”, pontua.

Conforme Cezimbra, a reorganização da estrutura pedagógica do ensino pú-blico passa por alguns fatores deter-minantes, dentre os quais podemos destacar: o aperfeiçoamento dos edu-cadores e o seu maior envolvimento com a comunidade escolar, pontos essenciais na busca de uma Educa-ção com qualidade. A modernização do ensino - acompanhando as neces-sidades atuais - deve ser buscada per-manentemente, e isso somente será possível se o professor tiver tempo para planejar suas atividades.

Mais decência

Sobre a Lei

• sancionada em 2008, estabeleceu que nenhum professor deveria rece-ber menos do que R$ 950 para 40 horas semanais

• permitiu que, ao longo de 2009, vantagens de carreira fossem incluídas no cálculo para atingir esse valor

• a partir de 2010, o valor teria de ser pago como vencimento básico, sem contabilizar gratificações e outras vantagens

• para conseguir isso, os governos poderiam fazer ajustes nos planos de carreira do magistério

• governos estaduais, inclusive o gaúcho, entraram com ações na Justiça argumentando que a lei era inconstitucional por interferir no orçamento dos Estados, e obtiveram uma liminar

• em abril de 2011, o STF concluiu que a lei era válida

• o acórdão com essa decisão foi publicado em agosto de 2011

• alguns governos, como o gaúcho, entraram com embargo pedindo es-clarecimento sobre a partir de qual data começou a vigorar o piso do magistério como vencimento básico da categoria

• o STF decidiu que vale a data em que a lei foi considerada constitucional: 27 de abril de 2011

• a decisão do STF livrou os governos de pagar o piso como salário-base durante todo o ano de 2010 até abril de 2011. Mas estabelece que, a partir desta data, tem validade retroativa.

“A Lei do Piso é muito mais abrangen-te do que, simplesmente, o aumento de salário que vem sendo discutido entre professores e governantes. Esta lei inovadora deu aos docentes, também, oportunidade para avanço na sua formação profissional, entregan-do-lhes tempo para que se aperfeiço-em pedagogicamente e envolvam-se com o meio estudantil”, defende.

E conclui: “Resta saber se os nossos governantes, que hoje discutem o ín-dice de correção do Piso Nacional do Magistério, cumprirão a redução da carga horária a que todos os professo-res têm direito.”

Para Cezimbra, a alteração não está recebendo a devida atenção em relação à limitação da carga horária

DiáLOgOS COM O DiREitO

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São anos dedicando-se ao próximo. Ati-vidades extracurriculares, horas extras, correção de provas nos sábados pela manhã e dilemas de pensamento no domingo à noite sobre como abordar tal assunto na manhã seguinte. Certo, a rotina pode até não ser esta, mas o sentimento de estranheza é o mesmo quando se pensa em aposentadoria.

Direito de todo cidadão, a aposentado-ria não deve ser encarada como uma vilã. No entanto, o período de descanso que deveria ser visto como mais uma fase boa da vida, pode trazer dores de cabeça antes mesmo de começar e acarretar problemas ainda maiores: o stress pré-aposentadoria.

A psiquiatra Raquel Heep Bertozzi ex-plica que o stress é toda situação que deixa o corpo, físico ou mental, em uma situação que foge do habitual. Como a aposentadoria é uma situação nova - uma vez que passamos parte da vida adulta trabalhando - nosso corpo só

conhece o que estava relacionando ao ambiente de trabalho, como amizades, atividades e lazer. “É um paradoxo, pois ele sempre sonhou com este dia, mas, quando chega, traz muitas incertezas, gerando o stress pré-aposentadoria”.

O professor aposentado Francisco Bos-catto sabe bem o que é isso. Docente desde 1974, começou sua vida acadêmi-ca na antiga 5ª Delegacia de Educação/Pelotas (RS), hoje 5ª CRE, dividindo sua rotina entre sala de aula, graduação e pós--graduação. Boscatto conta que na época foi contratado para a elaboração de gráfi-cos educacionais, mas também passou a fazer parte de outras funções, como almoxarifado, financeiro, serviços gerais, informática, Censo Escolar, dentre outros.

Permaneceu na Coordenadoria de Edu-cação até 1993, com 40 horas semanais, porém, como havia sido aprovado em um novo concurso, solicitou sua ida para uma única escola com 60 horas semanais, o Colégio Estadual Dom João Braga, onde assumiu a disciplina de Geografia.

A preocupação com a aposentadoria começou logo após o falecimento dos pais, no ano 2000. “Já bastante abalado não me passava pela cabeça o que fazer na aposentadoria. As leis começaram a mudar e eu, preocupado em ter que tra-balhar por muito mais tempo, solicitei a aposentadoria proporcional em 40 horas em 2003, continuando com 20 horas se-manais no educandário”.

Debilitado pelo falecimento dos pais e preocupado por ter perdido 15% da apo-sentadoria, que foi proporcional, come-

çou a sentir os primeiros sintomas do stress pré-aposentadoria. “Nunca havia me preocupado com aposentadoria e na realidade estava sem saber o que fazer”.

Os sintomas foram os mais diversos pos-síveis: desde insônia à úlcera duodenal. Junto a isso, havia também remédios para depressão e Síndrome do Pânico, medicação que permanece até hoje. “Chorava com a maior facilidade e as li-cenças se acumulavam, até que certo dia por pouco não agredi um aluno do Ensino Médio.” Após o episódio, a psicóloga da escola sugeriu o afastamento da sala de aula, desde então está com Delimitação de Função. “Não entro mais em sala de aula, só executo funções burocráticas”.

Com o apoio da família e dos dirigentes da escola, Boscatto recebeu o suporte necessário para enfrentar o problema e se reestabelecer. “Dediquei-me à poe-sia e possuo um site no Recanto das Le-tras onde coloco minhas alegrias, meus sofrimentos, minhas fantasias etc.” (www.franciscoalbanoboscatto.com)

hora de viver para você, não para os outros

Aposentadoria:

Professor Francisco Boscatto, que se dedicou à poesia para expressar suas alegrias, sofrimentos e fantasias.

Dra. Raquel Heep Bertozzi, psiquiatra

SAÚDE

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RecomeçoEm 2010, quando se divorciou, mudou para sua cidade na-tal, Flores da Cunha (RS), trabalhando na Escola Estadual de Ensino Médio São Rafael, com Delimitação de Função. Como não estava em sala de aula e ainda apresentava sin-tomas depressivos, Boscatto solicitou sua licença-prêmio de três meses e posteriormente licença de interesse por dois anos.

Hoje, reside em Niterói (RJ). “Eu e minha nova companhei-ra caminhamos quase todos os dias no calçadão, vamos a algumas peças de teatro e já estou matriculado para aulas de natação”.

Aposentadoria, e agora?Não há um momento ideal para começar a pensar na apo-sentadoria, mas é importante ter consciência que um dia ela chegará. De acordo com Raquel, com essa nova fase, ocorre uma mudança no papel da pessoa na sociedade, mas isso não significa que seja menos importante ou descartável.

Ela recomenda que se deve evitar sentimentos de inuti-lidade, improdutividade e baixa autoestima, pois a vida depois da aposentadoria é uma fase com muitas alegrias. “Cuidar dos netos, viajar quando quiser, cuidar mais da saúde e fazer coisas que gostamos é o que todos so-nham fazer quando se aposentam. E é o que devem fa-zer”, complementa.

Como preencher o tempoRaquel orienta que ter uma atividade física diária, acordar um pouco mais tarde, ter atividades sociais e de trabalho (fazer atividades profissionais iguais ou diferentes da ante-rior, mas num ritmo e tempo bem menores), ter atividades intelectuais (ler, voltar a estudar, dar aulas) e dar mais tem-po a seus laços familiares e de amizades são ótimas dicas para preencher o tempo da aposentadoria.

Gozando a aposentadoria com sabedoriaA psiquiatra explica que, nesta fase da vida, as pessoas são naturalmente mais sábias. Já adquiriram experiência de vida, viram tantas situações, pessoas e passaram por tantas dificuldades que trazem uma linda bagagem de sabedoria. “Porém, e isso costuma ocorrer em todas as fases da vida, não utilizamos muito nossa sabedoria em favor próprio. Adoramos aconselhar os outros, mas es-quecemos de aplicar os mesmos conselhos à nossa pró-pria vida. Então, trate de si como se estivesse dando um conselho à pessoa mais importante da sua vida”.

• alimente-se bem e com qualidade

• mantenha sua saúde física e cuide das doenças próprias da idade

• vá sempre ao médico

• faça exercícios físicos com regularidade: eles ajudam seu corpo e sua mente

• tenha independência econômica e seu próprio espaço físico ou moradia, se sua saúde permitir, pois isso o fará se sentir com muito mais autonomia

• tenha laços de amizade e vínculos fortes com a famí-lia; eles precisam de você

• mantenha um relacionamento íntimo com um(a) companheiro(a), pois isso preenche o sentimento de solidão

• tenha um vínculo com a comunidade, fazendo ativida-des voluntárias, grupos de lazer

• mantenha sempre planos para o futuro (lazer, empre-endimentos, viagens), afinal, você só se aposentou, mas os sonhos e planos devem continuar

Você só se aposentou, mas os sonhos e planos devem continuar

Dicas para aproveitar esta nova fase

Sintomas do stress pré-aposentadoriaOs sintomas podem ser os mais diversos possíveis, va-riando de pessoa para pessoa. Sentimentos de ansie-dade, insônia, irritabilidade, preocupações financeiras, isolamento social e pensamentos exagerados sobre o que fará são os mais comuns.

Para Raquel, algumas pessoas irão sentir mais efeitos do que outras, pois é uma situação nova, e por si só gera o stress. A psiquiatra diz que, caso os sintomas sejam de difícil controle e estejam atrapalhando a rotina diária, é necessário buscar auxílio médico. “O tratamento deve incluir medidas de acordo com o tipo de doença que a pessoa apresenta. Psicoterapias, uso de medicamentos, ampliar ações para reduzir stress (atividade física, fazer uma nova atividade, voltar a estudar, viajar etc.) são atitu-des eficientes”.

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SAÚDE

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Considerada mola propulsora, a tecnologia tornou-se uma aliada da Educação, sendo quase impossível pensar em uma sem pen-sar na outra. Cada vez mais presente, a era digital oferece um mundo muito mais fascinante aos estudantes, proporcionando um aprendizado interativo e facilitando o entendimento, além do acesso a diversas fontes de pesquisa oriundas da internet.

Dentre as novidades presentes no campo educacional, des-taca-se a lousa digital, metodologia usada com e para os alu-nos. Ela é parecida com uma tela grande de um computador e funciona como tal, mas com recursos como interação e sensibilidade ao toque. Além disso, dispõe de uma solução que poucos equipamentos contam: a magia de prender a atenção de alunos em uma sala da aula.

Com o equipamento é possível preparar aulas em programas comuns do computador, como apresentações em Power Point por exemplo. A novidade é poder complementar o con-teúdo didático com outras fontes, como: navegar na internet com estudantes, utilizar atividades ou jogos interativos e per-mitir que o aluno participe mais ativamente da aula.

Implantada tanto em escolas públicas quanto particulares, a lousa digital é vista como mais uma aliada da Educação. Para o Secretário de Estado da Educação do Rio Grande do Sul, Jose Clovis de Azevedo, a nova tecnologia em escolas da rede pública ainda é instrumento restrito, mas que está ga-nhando cada vez mais adeptos. “Estamos em um processo de construção. Há uma boa aceitação, mas também há certo

temor por parte dos professores por não saberem usar. É um processo desafiador, mas estamos trabalhando nele”.

Na rede particular não é diferente. Quando implantada no Co-légio Anchieta, a orientadora pedagógica, Maria Isabel Xavier, conta que os professores ficaram entusiasmados, embora alguns julgassem que não saberiam manusear os recursos ou que demorariam a aprender.

Para o professor de Geografia do Colégio Farroupilha, Diego Salvagni, a implantação gerou muita expectativa quanto ao uso e também às possibilidades que o equipamento traria. “Com certeza é uma novidade que permite desen-volver novos processos e aproximar a sala de aula do dia a dia dos alunos, pois eles estão convivendo a todo o mo-mento com novas tecnologias, e a sala de aula, como um espaço de produção do conhecimento, não poderia ir em sentido contrário”.

A professora de Física, Cláudia Jraige de Andrade, também do Colégio Farroupilha, conta que a implantação de novas tecnologias em sala de aula representa um ganho para o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendiza-gem. No entanto, como toda a mudança, a colocação de projetores interativos provocou um misto de expectativa e de receio aos professores. “Se fosse possível fazermos um vídeo dos sentimentos despertados no momento da ins-talação desses aparelhos, talvez encontrássemos muitas interrogações passando pela mente de cada professor”.

É possível interagir, jogar e ainda

navegar na internet durante a aula?

Com a lousa digital sim!

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tECNOLOgiA

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Já no Colégio Marista Rosário, de Por-to Alegre, a doutora em Informática na Educação e Vice-Diretora, Adriana Justin Cerveira Kampff, diz que já havia uma cultura de uso de tecnologias educacio-nais, o que tornou a disponibilização das lousas interativas nas salas de aula mais do que uma oferta institucional, um re-curso desejado pelos professores.

O diretor de marketing da BRAOX – empresa de tecnologia, Douglas Vitto Gomes, reflete que a tecnologia faz parte do dia a dia das crianças, mas que novos equipamentos só funcionam quando alia-dos a um profissional capacitado. “O que essas tecnologias educacionais necessi-tam fazer é criar uma solução, como as salas de aulas inteligentes. Um produto isolado nunca irá modificar o ensino. E o mais importante, a tecnologia deve ser uma aliada do professor, uma ferramenta, e não algo que irá substituí-lo”.

ResultadosAs primeiras lousas foram instaladas em 2008, 2011 e 2012 nos Colégios Marista Rosário, Anchieta e Farroupilha, respecti-vamente. No começo, Adriana conta que os alunos ansiavam por utilizá-las, pois poucas salas dispunham do recurso. “Os estudantes ficavam na expectativa de que os professores os levassem a tais salas, utilizassem objetos digitais intera-tivos e que pudessem ir à lousa”.

A novidade também chamou a aten-ção dos alunos do Colégio Anchieta. “Os estudantes gostaram muito do recurso, porque eles pertencem a uma geração que transita com muita desen-voltura no universo digital, virtual e in-terativo”, explica Maria.

Para a diretora pedagógica do Colégio Farroupilha, Marícia Ferri, a qualidade da aprendizagem dos alunos subiu, pois o professor disponibiliza de uma ferramenta que pode tornar suas au-las mais interativas e atrativas. “Além da internet que fica disponível, a utili-zação de diferentes softwares auxilia na aprendizagem”.

Mesmo recente, o Secretário conta que a aquisição do material foi posi-tiva, não só para os alunos mas tam-bém para os docentes, uma vez que manter-se atualizados às tecnologias é fundamental. “Eu costumo dizer que hoje, o computador está para alunos e professores como estava a caneta esferográfica nos anos 50”, brinca o Secretário da Educação do Estado.

A implantação dos projetores interativos possibilita a escolha de novos materiais didáticos, como livros digitais que po-dem ser acessados na sala de aula, além da busca de recursos e referências em tempo real, o que contribui para prender a atenção dos alunos.

Tablet que o Governo do Estado forneceu aos professores

Interação dos alunos de escola pública com a lousa digital

Dispõe de uma solução que poucos equipamentos

contam: a magia de prender a atenção de alunos

em uma sala de aula

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CapacitaçãoEssencial para que os educadores sin-tam segurança durante a utilização, to-das as escolas oferecem treinamentos quando adquirem novos equipamentos. O Secretário de Educação também afir-ma que não é distribuído nenhum equi-pamento sem capacitação. “Depois do treinamento, ainda oferecemos cursos de continuação”.

Já quando uma instituição adquire um produto BRAOX, é oferecido todo o pro-jeto da sala e a montagem total. A única preocupação da escola é deixar um pon-to de energia e outro, de internet. “Hoje temos parceria com a PUC-PR, onde a capacitação é feita por eles e entregue um certificado de conclusão de cursos. Havendo a necessidade dos professo-res, mais capacitações poderão ser fei-tas. O mais importante é que o profes-sor esteja apto a dar aula com todos os recursos que forem necessários”, conta Douglas.

Outras tecnologiasAlém das lousas digitais, os alunos podem contar com laboratórios de in-formática, computadores e tablets. No Colégio Marista Rosário, são cinco la-boratórios, com projetos para todos os segmentos, bem como recursos nas bibliotecas, nos demais laboratórios e auditórios. “Em breve iremos disponibi-

lizar acesso sem fio à internet para os estudantes”, afirma Adriana.

No Colégio Farroupilha não é diferente. “O Colégio também conta com labora-tórios de informática e na Educação In-fantil e nos anos iniciais usamos tablets no processo de ensino e aprendizagem. Se considerarmos todos os recursos tecnológicos disponibilizados pela ins-tituição, temos mais de 2.400 alunos beneficiados”, revela Marícia.

Além de todas as salas terem lousas di-gitais, no Colégio Achieta os professores do Ensino Fundamental II e Ensino Mé-dio também foram beneficiados: rece-

beram tablets para utilizar no ambiente educacional. “Os alunos podem acessar os livros digitalizados em sala de aula, usando tablets ou notes, mas essa pos-sibilidade é pessoal e livre. Muitos prefe-rem trazer o livro físico e trabalhar nele”, explica a orientadora pedagógica.

No Estado, aproximadamente 1.650 es-colas públicas contam com a tecnologia das lousas digitais, além de laboratórios de informática móveis, que vão até os alunos. Para 2013, o Governo também pretende entregar cerca de 40 mil lap-tops para alunos em regime de como-dato e 22 mil tablets para professores.

Eu costumo dizer que, hoje, o computador está para alunos e professores como estava a caneta

esferográfica nos anos 50

Aula interativa no Colégio Marista Rosário

Aula interativa no Colégio Farroupilha

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tECNOLOgiA

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BRAOXLocalizada em Caçador (SC), a marca BRAOX pertence à Sul Brasil, líder no Brasil na área de produção de plásticos e metais, e é fruto de uma parceria entre fábricas líderes no setor da América, Ásia e a Sul Brasil.

Responsável pela produção de equipamentos tecnológi-cos, a BRAOX oferece um conjunto de soluções e ferra-mentas que agregam valor para todos os alunos e profes-sores. Além das lousas digitais, disponibiliza a “sala de aula inteligente”, produto focado principalmente para alu-nos do Ensino Fundamental e Médio. “Cada aluno possui seu computador acoplado em sua carteira, onde cada um pode interagir com os colegas ao mesmo tempo com o professor. E o professor consegue controle total da sala de aula”, explica Douglas.

Hoje, a BRAOX está presente em Santa Catarina e Paraná. “Estamos ampliando para o Rio Grande do Sul também”.

Modelo de sala de aula inteligente da BRAOX

22 mil tabletsR$ 10,5 milhões

R$ 30 milhões39.531 laptops

De 6 a 10 mil reais por sala

Estado

Escolas particulares

Investimento

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tECNOLOgiA

Page 14: Mestres + (nº1)

Pequenas ações

e grandes

transformações

Ela é responsável pela superação de desafios dentro da

instituição de ensino e é imprescindível para garantir melhores condições de ensino aos alunos.

Engana-se quem pensa que gerir uma escola é tarefa fácil. Muito além do que contratar professores e passar conteúdos na sala de aula, adminis-trar uma instituição de ensino é como administrar uma empresa: é preciso andar lado a lado com a organização e construir um ambiente democrático. Aliado a isso, ainda há a responsabili-dade da educação dos alunos.

E para que isso aconteça da melhor forma, há um segredo simples: a ges-tão escolar. Ela é responsável pela superação de desafios dentro da ins-tituição e é imprescindível para garan-tir melhores condições de ensino aos alunos. São pequenas ações no dia a dia que garantem grandes transforma-ções dentro do ambiente escolar.

A diretora do Sindicato dos Profes-sores Municipais de Cachoeira do Sul (RS), Elaine Netto Paz, explica que, para existir uma gestão escolar

de sucesso, o gestor precisa estar ciente do seu papel, bem como, ter a capacidade de líder para mobilizar sua equipe em prol dos objetivos a serem atingidos. “A gestão deve ter por base a democracia, respeitando as instâncias da comunidade escolar, buscando a participação e valorização de todos os segmentos e suas diver-sidades, mostrando o compromisso com a construção de uma escola justa e acessível a todos”, aponta.

E uma boa gestão escolar não só traz melhorias para a escola - atingindo professores e alunos - como também abrange a comunidade na qual está in-serida. Um exemplo é o Colégio Martin Luther, situado em Estrela (RS). Reco-nhecido como um dos melhores colé-gios do Estado pelos índices de desem-penho no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a instituição de ensino aplica no dia a dia a prática da gestão, colhendo bons frutos com isso.

A escola deve ter conhecimento da realidade de seus alunos a fim de oferecer ao professor subsídios para interagir com essa realidade

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gEStÃO

Page 15: Mestres + (nº1)

Estratégia de sucessoA diretora do Colégio, Andréa Desbessel, conta que a recei-ta está no diferencial da instituição: a qualidade de ensino que mantém em todos os níveis de Educação, o cuidado com a qualificação do corpo docente, a disciplina e a exi-gência do aprendizado constante. Tudo sem deixar de ser uma escola que se preocupa com o bem-estar dos alunos.

Como o Colégio Martin Luther é uma escola evangélico--luterana, orienta-se por ensinamentos cristãos. “Temos consciência de que educar é um ato político que, num processo participativo, contribui na construção de uma sociedade mais fraterna e humana, em que os direitos fundamentais do Homem sejam respeitados e seus deve-res vivenciados.”

Mas, segundo a diretora, a estratégia do sucesso também está baseada na gestão participativa. A escola possui uma equipe diretiva composta pela direção, vice-direção, admi-nistração, coordenação pedagógica de Educação Infantil e Anos Iniciais, coordenação pedagógica de Ensino Fun-damental II, coordenação pedagógica de Ensino Médio e coordenação pedagógica dos Cursos Técnicos.

Segundo Andréa, todas as ações da escola são discutidas neste grupo e são levadas propostas para os professores e então novamente discutidas e finalizadas. A escola possui ainda uma mantenedora, onde muitas ações de médio e longo prazo são trabalhadas.

Sobre as estratégias para estar entre os melhores co-légios do Rio Grande do Sul, Andréa ressalta: “não há se-gredo: professores qualifica-dos, pais presentes e alunos dedicados. Um trabalho sé-rio, que é realizado desde a Educação Infantil até os Cur-sos Técnicos”. A proximidade com a comunidade também favorece a instituição quando o assunto é marketing. “Não possuímos uma estratégia de comunicação, pois nosso principal marketing é a satis-fação das famílias que estão conosco”, salienta.

Para as escolas que desejam implantar ou melhorar sua gestão escolar, Elaine expli-ca que a instituição deve ter conhecimento da realidade de seus alunos, a fim de ofe-recer ao professor subsídios

A gestão deve ter por base a democracia, respeitando as instâncias da comunidade escolar

para interagir com essa realidade, pois o pouco tempo que o professor permanece na escola não é o suficiente para deter todas essas informações. “Poderia haver, na escola, um banco de dados com todas as informações disponíveis”.

Também deve oferecer diferentes materiais didáticos e atualizados (sala digital, biblioteca, laboratório de ciências, material de Educação Física, entre outros), disponibilizar re-forço escolar, oficinas diversas, atividades interativas com a comunidade e atrair a família para a escola com o objetivo de responsabilizá-la também pela educação do aluno.

Equipe diretiva do Colégio Martin Luther – Da esquerda para a direita: diretora Andréa Desbessel; coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental II, Mônica Nunes; vice-diretor Werner Hilgemann; coordenadora pedagógica da Educação Infantil e Anos Iniciais, Karin Kern; administradora Isabel Scherer e coordenadora pedagógica do Ensino Médio, Celita Wachholtz

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gEStÃO

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Colégio Martin Luther A história do Colégio Martin Luther iniciou no ano de 1863, e é embasada em muita luta pela própria sobrevivência. Esta sempre foi uma característica marcante. Apesar de todas as dificuldades, o século XXI encontra a escola ativa, na busca dos ideais arquitetados ao longo da sua trajetória, mas atenta às novas dimensões que assume o ensino no mundo.

Atualmente, o Colégio conta com 93 colaboradores, entre professores e funcionários, cerca de 700 alunos, divididos em Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Técnicos de Alimentos, Contabilidade, Mecânica, Recur-sos Humanos entre outros. De acordo com Andréa, a insti-tuição investe forte, tanto em recursos pedagógicos como na infraestrutura, sempre oferecendo o que há de melhor para os alunos.

Quanto aos projetos de inclusão social e escolar, o Colégio possui dois: Menina Moça, que atende meninas carentes do município, no contraturno da aula, oferecendo aulas de atividades manuais como pinturas e patchwork; e Criança Esporte Clube, que também atende meninas, oferecendo escolinhas de voleibol. “Além disso, como instituição filan-trópica, oferecemos bolsas de estudos com desconto de 50% e 100% para alunos carentes.”

Andréa ainda explica que no município de Estrela não há muitas situações de violência, mas nem por isso o Colégio deixa de trabalhar a questão do bullying e a responsabili-dade que cada aluno tem com o seu grupo.

Para o futuro, a diretora conta que deseja ampliar o aten-dimento educacional oferecido para a comunidade local,

abrindo mais um turno de aulas. “Como Escola Comuni-tária, valorizamos o trabalho solidário e participativo com diferentes órgãos e segmentos da sociedade”.

Já para a capacitação e reciclagem dos professores, exis-te um planejamento anual de formação continuada para professores, coordenadores e direção escolar, por meio da Rede Sinodal de Educação, da qual fazem parte.

Uma boa gestão escolar não só traz melhorias para a escola, atingindo

professores e alunos, como abrange a

comunidade na qual ela está inserida

Colégio Martin Luther, que adota a gestão participativa como uma das estratégias da gestão escolar

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gEStÃO

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Sindicato Fundado em 1989, o Sindicato de Ca-choeira do Sul possui hoje 800 sócios. A diretoria é formada por professores municipais, sócios, eleitos por uma gestão democrática, transparente, ten-do foco na valorização do profissional de Educação. O tempo da gestão é de três anos, com direito à reeleição.

A instituição realiza anualmente a Jor-nada Nacional de Educação, um curso de aprendizagem e aperfeiçoamento com 41 horas, totalmente gratuito para o sócio. De acordo com Elaine, o Sindicato possui aproximadamente 74 convênios que podem ser desfruta-dos pelos sócios, através do desconto no dia do pagamento. Para quem é sindicalizado, há ainda, médicos, den-tistas, psicólogos, fisioterapeutas, au-las de dança e atividades físicas, além de assessoria jurídica totalmente gra-tuita, entre outros.

A presidente conta ainda que a sin-dicalização reflete na gestão escolar, pois o professor encontra apoio e res-paldo para situações inusitadas. “É um amparo a todos os professores. Sendo sócio do sindicato, o profes-

sor tem a certeza de que não estará sozinho. E, através da vivência sindi-cal, ele passa a ter uma experiência do que é um verdadeiro espaço de-mocrático, que é primordial para uma gestão escolar de sucesso”.

Equipe diretiva da gestão 2011/2014

Dicas para aplicar no dia a dia para uma

gestão escolar de sucesso:

Calendário escolar

atrativo e aprovado pela

comunidade escolar

Promover a união e

participação de todos

Evitar o bullying e

assédio moral

Trabalhar com previsão

orçamentária

Reivindicar, cobrar e oficializar

à mantenedora todas as

necessidades da escola

Priorizar a qualidade

educacional e

valorização profissional

Não acomodar-se a ponto

de concordar com tudo

que o sistema exige

Questionar, sugerir e filtrar o

que é de interesse da escola

e da comunidade escolar

Ser um empreendedor

com visão de futuro

Resolver imediatamente

as situações e problemas

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gEStÃO

Page 18: Mestres + (nº1)

Um dos assuntos mais importantes nas rodas de conversas de servidores públicos é a forma de recebimento dos valores oriundos dos processos judiciais, ou seja: pagamento por RPV – Requisição de Pequeno Valor? Ou por meio de Precatório?

Durante muito tempo, as dívidas dos governos não eram pagas, de modo que os credores, muitas vezes, fa-leciam sem receber o tão esperado

1A Requisição de Pequeno Valor (RPV) é a forma pela qual a Fazenda Pública

(União, Estados e Municípios) efetua os pagamentos das dívidas que não ultra-

passem: 30 salários mínimos – Municípios; 40 salários mínimos – Estados; 60

salários mínimos – União Federal.

2Já o Precatório é o expediente administrativo no qual a Fazenda Pública (União,

Estados e Municípios) efetua o pagamento das dívidas que ultrapassem os valo-

res acima descritos. É lançado no orçamento do Ente Público sempre até o mês

de julho do respectivo ano, para pagamento no exercício subsequente.

crédito ou negociavam e vendiam os valores por quantias irrisórias para “in-termediadores” que, por conseguinte, vendiam o crédito para empresas.

No entanto, após a publicação da Emen-da Constitucional 62/2009, a realidade de pagamento das dívidas dos governos mudou por completo. Tanto as RPVs – Requisições de Pequeno Valor1 como os Precatórios2 , estão sendo pagos pelos Municípios, Estados e pela União Federal.

Em muitos casos, mesmo que o paga-mento seja realizado com atraso, uma onda de esperança alcança os credores de RPVs e Precatórios, em todo o terri-tório nacional, num horizonte totalmen-te distinto do que havia antes.

No Estado do Rio Grande do Sul, desde 2009, os pagamentos de precatórios vêm sendo efetuados em obediência a dois critérios:

Pagamentos de Precatórios e Requisições de Pequeno Valor

PAGAMENTO DE PRECATÓRIO 1: ORDEM CRONOLÓGICA

PAGAMENTO DE PRECATÓRIO 2:

ORDEM CRESCENTE

Assim são classificados os precatórios que respei-tam a ordem de ingresso no Tribunal de Justiça do Estado para serem pagos, ou seja, o pagamento ocorrerá quando todos os outros anteriores a ele fo-rem quitados.

Na Ordem Cronológica, existe a preferência no paga-mento de precatórios de natureza alimentar, quando o credor tiver mais de 60 (sessenta) anos ou possuir alguma moléstia grave.

Em ambas as modalidades de pagamento, a Emenda Constitucional 62/2009 exigiu que o credor do precatório declarasse que é o legítimo titular do crédito. Tal declaração (que será anexada ao precatório) deverá informar que o credor NÃO CEDEU, NÃO VENDEU e/ou NÃO NEGOCIOU qualquer forma de repasse do crédito.

São os precatórios cujo valor não ultrapassa R$ 56.000,00 (cinquenta e seis mil reais). Eles são pa-gos, independentemente da idade do credor ou de seu estado de saúde.

Segundo informações da SPP - Setor de Pagamen-tos de Precatórios do Tribunal de Justiça do Estado do RS, esses precatórios da ordem crescente devem ser quitados até o final de 2013.

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PRECAtÓRiOS

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No Estado do Rio Grande do Sul, desde o ano de 2009, é dis-ponibilizado 1,5% (um e meio por cento) da receita corrente líquida para o pagamento de precatórios. Com essa destina-ção mensal, houve uma reserva de aproximadamente R$ 400 milhões, exclusivamente destinados para o pagamento dos precatórios.

Ocorreu que, em 14 de março de 2013, o Supremo Tribunal Federal julgou parcialmente procedente as Ações Diretas de Inconstitucionalidade números 4357 e 4425. Esse julgamento trouxe novas modificações quanto aos pagamentos de preca-tórios, voltando a valer as regras da Constituição de 1988 (que determinava o pagamento integral dos precatórios, sem qual-quer parcelamento).

Uma reviravolta ocorreu em 12 de abril de 2013, quando o Ministro Luiz Fux, do STF, determinou que todos os Tribunais de Justiça dessem continuidade ao pagamento dos precató-rios na forma como já vinham sendo realizados, garantindo

com isso, os pagamentos pela Ordem Cronológica e, tam-bém, os pagamentos na modalidade da Ordem Crescente.

Assim, em razão deste último julgamento, o Tribunal de Justi-ça do Estado do RS retomou os pagamentos de precatórios.

De tudo isso, concluímos que basta aos credores de precató-rios aguardarem o pagamento. Pois, com um pouco de paciên-cia, receberão seus valores para gozar em vida o que é seu de direito, não havendo necessidade de vender ou ceder o crédito. Na dúvida, sempre procure um advogado de sua confiança.

A demora no pagamento dos preca-tórios faz surgir um ótimo negócio para alguns especuladores: a com-pra de créditos. O Juiz Coordenador da Central de Precatórios do Tribu-nal de Justiça do RS, Luiz Antonio Alves Capra, explica que existem pessoas que muitas vezes se apro-veitam de servidores que estão descrentes quanto ao recebimento de seus créditos e procuram com-prar os precatórios por valores que, muitas vezes, estão em torno de 10 a 20% do valor total.

Como a procura para a compra de precatórios é muito comum, Capra orienta caso um servidor receba essa proposta: “o que eu sugiro é consultar o seu advogado ou sindi-cato, caso seja vinculado a algum, e também buscar informações junto ao setor de precatórios, pois muitas vezes a pessoa está incluída para

Paulo Cezar Pizzolotto

Advogado, graduado pela PUC-RS em 1998. Especialista em Direito Empresarial pela PUC-RS.

Orientações sobre a compra e venda de precatórios

receber e ela nem sabe. Por isso peço para que se oriente antes de vender seu crédito”.

O juiz também faz um alerta para que o servidor mantenha seu ad-vogado sempre informado com os dados básicos, como endereço e telefone, pois é o profissional quem faz todo o acompanhamento do pro-cesso. “Salvo um pedido expresso do credor, a ordem de pagamento é endereçada ao advogado, por isso é importante manter contato”.

LeãoOutro fator relevante que merece atenção, de acordo com o juiz, é a declaração dos valores pagos no Imposto de Renda, mesmo que o servidor seja isento. “É importante declarar no IR, porque o próprio de-vedor, quando faz o empenho, apon-

ta o valor à Receita Federal. Se hou-ver discrepância entre a informação do devedor e a informação do cre-dor, isso pode ser apontado na ma-lha fina da Receita Federal”, finaliza.

Dr. Luiz Antonio Alves Capra Juiz Coordenador da Central de Precatórios do Tribunal de Justiça do RS

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PRECAtÓRiOS

Page 20: Mestres + (nº1)

A Lei 7.713, de 22 de dezembro de 1988, complementada pelas Leis 8.541, de 23 de dezembro de 1992, e Lei 11.052, de 29 de dezembro de 2004, elenca quais doenças são consideradas graves para que o contribuinte seja isento do pagamento de Imposto de Renda.

No entanto, a lei exige que o contribuinte esteja aposentado e comprove ser portador de doença grave, apresentando laudo pericial emitido por serviço médico oficial, seja da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios junto à fonte pagadora, requerendo a suspensão da retenção sobre os seus rendimentos. Entre as moléstias graves, estão consi-deradas: HIV, alienação mental, cardiopatia grave, cegueira, contaminação por radiação, doença de Paget em estados avançados, doença de Parkinson, esclerose múltipla, espon-diloartrose anquilosante, fibrose cística, hanseníase, nefro-patia grave, hepatopatia grave, neoplasia maligna, paralisia irreversível e incapacitante, e tuberculose ativa.

Os proventos de aposentadoria ou reforma de portado-res de moléstia grave, recebidos pelo espólio ou por seus herdeiros, estão sujeitos à incidência do IR, devendo ser tributados na fonte e na Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física ou na Declaração Final de Espólio.

No caso de moléstia passível de controle, o laudo deverá ter prazo de validade. Para doenças que podem ser contro-ladas, o laudo deverá mencionar o tempo de tratamento, já que a isenção só será válida durante este período.

Por outro lado, não estão isentos do pagamento do tribu-to em questão, rendimentos auferidos em decorrência de quaisquer atividades laborais, como aqueles, oriundos de atividade empregatícia ou de atividade autônoma, recebidos,

concomitantemente, com os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão; com rendimentos de outra natureza, tais como alugueres e resgates de entidade de previdência priva-da, pelo Programa Gerador de Benefícios Livres e pelo Fundo de Aposentadoria Programada Individual.

Por fim, estão isentos do pagamento do IR, pessoas que percebam rendimentos mensais de até R$ 1.638,11 (um mil seiscentos e trinta e oito reais e onze centavos). Tam-bém estão isentos os ganhos com lucros e dividendos que já tenham sido tributados na fonte, ganhos com poupan-ça, letra de crédito imobiliário, letra hipotecária e certifica-dos de recebíveis imobiliários, benefícios concedidos pela Previdência Social em caso de morte ou invalidez perma-nente, parcelas isentas apuradas na atividade rural, recebi-mento de aviso prévio, FGTS e indenizações trabalhistas.

Também fazem parte, auxílio-doença e auxílio-funeral, re-cebimento de seguro-desemprego, recebimento de apo-sentadoria por parte de pessoas com mais de 65 anos, desde que não supere R$ 1.638,11 mensais, benefícios do Programa de Demissão Voluntária (PDV), recebimento de aposentadoria por acidente de serviço ou doença grave, bem como ganhos obtidos pelo cidadão com ações e em operações com ouro em bolsa de valores, cujo valor men-sal seja igual ou inferior a R$ 20 mil, para o conjunto das ações e para o ouro.

Ana Amélia Piuco

Advogada, graduada pela PUC-RS. Especialista em Direito Internacional (2002) e em Direito Empresarial pela UFRGS.

iMPOStOS

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Page 21: Mestres + (nº1)

O bom professor deve ser como uma “boa rapadura de leite”: firme, mas doce

Desdobrar-se em dois, até três turnos diários. Trabalhar com jornadas cansativas e estar ciente que o retorno fi-nanceiro nem sempre é compatível com o esforço – este também dividido entre atividades dentro e fora da sala de aula, como correções de provas, elaboração de aulas e inúmeras outras tarefas.

Mais do que por dinheiro, reconhecimento ou facilidade, escolhe-se a profissão de professor por amor. É preciso gostar e saber lidar com as intempéries que a profissão impõe. Talvez mais. É preciso acreditar. E, por sorte do mundo, há quem o faz.

A professora Maria de Fátima Quedi Martins acredita na trans-formação de sua profissão há 25 anos. Mas o desejo de lecio-nar começou ainda quando criança. “Durante uma brincadeira com colegas quando estava na segunda série do Ensino Funda-mental, em que tínhamos que dizer o que você iria ser quando crescesse, e eu já respondi: “professora”. E toda a minha ca-minhada foi nesta direção. O exemplo de casa foi importante; sou filha de educadores, herança de pai e mãe para filha; meus irmãos também são professores. Orgulhamo-nos muito disto”.

Emprestando as palavras da autora Antonia da Silva Medina, a professora define como deve ser o bom professor: “como

É preciso gostar e saber l idar com as intempéries que a profissão impõe. Talvez mais. É preciso acreditar. E, por sorte do mundo, há quem o faz.

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CAPA

Page 22: Mestres + (nº1)

uma “boa rapadura de leite”: firme, mas doce”. Segundo ela, esse é o caminho para atingir até aqueles alunos que já estão descrentes com a escola. Na instituição na qual atua, trabalha com a inclusão, tanto de alunos especiais quanto de crianças e jovens que, a partir de reprovações, tendem a se excluir do processo educativo. “A ideia é trabalhar com o resgate destes, dentro de uma proposta pedagógica que respeita as diferenças e foca nas capaci-dades de cada um”.

Com o vasto currículo voltado à carreira escolar, atuando na secretaria da escola, biblioteca, vice-direção, além de docente nas aulas de Educação Física, dança e teatro, atu-almente Maria de Fátima exerce a função de Coordenadora Pedagógica de todo o Ensino Fundamental (Séries Iniciais e Finais) e do Ensino Médio (em extinção e o Politécnico) – há quatro anos, ela conta que os maiores desafios hoje, para os professores é sair da zona de conforto e confrontar as mudanças. “O saber está sempre em transformação, nunca ficamos prontos”.

À frente da escola como Coordenadora Pedagógica, enten-de que sua função é, dentre outras, articular, coordenar, acompanhar, supervisionar, orientar e subsidiar os profes-sores no desenvolvimento do trabalho pedagógico. “Não somos fiscais ou carrascos, mas facilitadores do trabalho do professor que visa, em suas ações, agregar qualidade na atividade docente”.

A paixão pela profissão é compartilhada também por Geraldo Maus, professor de Ensino Fundamental de História e Geografia

há 30 anos. Segundo ele, essas são as qualidades imprescindí-veis para ser um professor.

O entusiasmo pela docência começou aos 22 anos, quan-do retornou aos estudos, apaixonando-se pelas matérias de História e Geografia. Sabendo que a dinamicidade era a maneira mais atrativa de prender a atenção dos alunos, adotava como método de gestão dentro da sala de aula, além da teoria, mapas e globos para localizações.

Baixa procuraSe antes o curso de Pedagogia era um atrativo frente a ou-tras profissões, hoje os jovens já não veem o mesmo en-canto pelo magistério como antes. Segundo Maus, essa baixa procura pela docência tem a ver com o baixo salário em relação a outras profissões. E Maria de Fátima com-pleta: “O baixo retorno financeiro proporcionado hoje pelo magistério afasta essa escolha dos jovens”.

O saber está sempre em transformação, nunca ficamos prontos

Uma das maiores qualidades do ser humano está na sua

capacidade de se relacionar entre siIçami Tiba

A professora Maria de Fátima trouxe de casa o exemplo para seguir a profissão

22

CAPA

Page 23: Mestres + (nº1)

PequenosQuatorze anos de dedicação à Educa-ção Infantil. Este é um belo capítulo da vida da professora Sílvia Regina da Silva Guimarães. Assim como Maria de Fátima, desde pequena, sempre quis ser professora. “Quando me per-guntavam o que eu queria ser quando crescesse, a resposta era a mesma: professora. Minhas brincadeiras eram sempre de “professora” e eu, claro, desempenhava o papel de profe. Mi-nha mãe conta que, quando eu era pequena, chorava, porque não con-seguia fazer a letra igual à da profes-sora. Tentava várias vezes, até conse-guir”, recorda.

Na Educação Infantil, trabalha com projetos inovadores, conforme os inte-resses e necessidades dos alunos. As atividades são desenvolvidas de acor-do com as áreas do conhecimento, ou seja, Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Sociais, Ciências Naturais, Motricidade Ampla e Fina, Artes Plásti-cas e socialização do grupo.

Inicialmente, Sílvia fez o curso de educador assistente. Depois o Ma-gistério, Gestão da Educação Infan-til e a graduação em Pedagogia. A professora valoriza o trabalho em equipe, trocando ideias constante-mente com a pedagoga, psicóloga e diretamente com sua auxiliar. “Com a orientação direta da minha peda-goga, Cátia Belmonte, com base no interesse dos alunos e faixa etária, planejamos o nosso projeto. Este é

trabalhado, através de planejamentos semanais e deste, colhemos dados para a avaliação do aluno através dos portfolios”, explica.

ImaginaçãoSílvia acredita que na Educação Infan-til, a melhor forma de prender a aten-ção dos alunos é através do lúdico. Instigar a imaginação, a criatividade, o interesse e o relacionamento do gru-po. Para administrar o tempo entre as atividades escolares, a professora su-gere dois ingredientes: organização e

praticidade, para não ficar envolvido o tempo todo com o trabalho. “Durante a semana, procuro planejar as ativi-dades a serem desenvolvidas para a semana seguinte, bem como os ins-trumentos a serem aplicados.”

Sobre ações voltadas à comunidade, a educadora inclui em seus projetos anuais, ao menos uma atividade vol-tada à comunidade fora da escola. Como exemplo, a que realizou numa escola carente. “Usei como instru-mento a história da Margarida Frio-renta de Fernanda Lopes de Almeida.

A professora Sílvia aposta no lúdico para prender a atenção dos alunos

Uma vez que a criança aprenda a aprender, nada pode

estreitar sua mente. A essência do ensino é fazer da

aprendizagem contagiosa para que contagie outros

Marva Collins

23

CAPA

Page 24: Mestres + (nº1)

Confeccionamos uma flor de almofada e cada criança le-vou-a para casa. A flor retornava com um agasalho para ser doado à escola. Com essa atividade, reforçamos que ajudar o próximo é um ato de carinho. Aguçar, nas crian-ças, desde cedo esse sentimento é muito importante. A inclusão hoje faz parte do nosso conceito de uma socieda-de sadia. Há dois anos, venho adquirindo experiência em inclusão do Transtorno do Espectro Autista (TEA)”, revela.

Quanto aos desafios para os profissionais da Educação, Sílvia considera um estímulo diário. “Lidar com pessoas que estão construindo o conhecimento é uma responsabi-lidade muito grande. É preciso ver o aluno como um todo, ou seja, um ser humano, com as suas dificuldades, seus desafios, interesses. Com suas emoções e sentimentos.”

Jovens de hojeAo responder à pergunta se os jovens hoje ainda têm o encanto pelo magistério como os de gerações anteriores e se o curso de Pedagogia continua sendo um atrativo frente a outras profissões, Sílvia acredita que alguns o têm. Ela acredita que a maioria dos jovens quer seguir uma profissão mais reconhecida financeiramente. Por ou-

A alegria não chega apenas

no encontro do achado, mas

faz parte do processo da

busca. E ensinar e aprender

não pode dar-se fora da

procura, fora da boniteza e

da alegria

Paulo Freire

tro lado, há jovens que ainda apostam e acreditam na Pe-dagogia. Nasceram educadores. Como diz o autor Rubem Alves, um conhecedor da alma dos educadores.

Professores há aos milhares. Mas o professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.

ver-se como um educador

amar sua profissão

ser muito criativo e dinâmico

ser organizado

saber lidar com situações difíceis

ser paciente

estar aberto ao novo

respeitar o próximo como um ser único

Qualidades apontadas por Sílvia para ser um bom

professor:

1

2

3

4

5

6

7

8

Cátia Belmont, Jéssica Brandão e Sílvia Guimarães

24

CAPA

Page 25: Mestres + (nº1)

Valor pago pelo município (Porto Alegre)

R$ 2.187,00

(40 horas semanais)

Piso nacional: R$ 1.567,00

*Fonte: Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul

“Lidar com pessoas que estão construindo o conhecimento é uma responsabilidade muito grande”, afirma Sílvia

Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no

espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em

torno, e quem sabe finalmente respirar

Lya Luft

É considerado o Estado com menor piso salarial do Brasil, com quase metade do valor estipulado pelo Ministério da Educação. Mas, de acordo com a Secretaria Estadual da Educação, um acordo garante que todos os professores recebam um completivo para que o salário alcance o exigido.

78 Instituições de Ensino Superior credenciadas junto à Secretaria da Educação do RS*

9.912 Escolas entre rede municipal, estadual e particular*

Panorama da Educação na Rede Pública do Rio Grande do Sul

Valor pago pelo Estado do Rio Grande do Sul

R$ 977,05

(40 horas semanais)

Educação

25

CAPA

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O tema é polêmico e as opiniões diversas. Para entender melhor o assunto e esclarecer os leitores sobre seus di-reitos, conversamos com o Desembargador Tasso Caubi Soares Delabary, da Nona Câmara Cível, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Em entrevista à Mestres + ele aponta regras deste sistema e apresenta os direitos a que o consumidor deve estar atento.

Score Crédito: benefício ou armadilha?

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Qual a sua opinião sobre o SCPC Score Crédito? Quais são as regras que regulamentam o seu uso?

O SCPC Score, assim como outras ferramentas utiliza-das pelo mesmo segmento de controle de crédito, cons-titui-se em um serviço disponibilizado aos associados de bancos de dados para avaliar o risco na concessão do crédito. Em princípio, até onde se tem conhecimento pe-los documentos que instruem os processos judiciais, as regras que devem nortear esse tipo de serviço são regu-ladas pelo Código de Defesa do Consumidor, haja vista estes bancos de dados terem caráter público e serem submetidos ao regimento do CDC.

Que limites devem ser estabeleci-dos no uso dessa ferramenta?

Os limites para a utilização dessa ferramenta devem ser aqueles previstos no código de regência. Ou seja, as informações disponíveis sobre qualquer consumidor e armazenadas no banco de dados - enfatize-se, de cará-ter público - devem obedecer ao prazo de disponibiliza-ção de cinco anos, ou até que a obrigação seja atendida mediante o pagamento ou outra forma que determine a baixa do dado. A partir daí, conforme regra expressa do CDC, esse dado não pode ser utilizado mais pelo banco de dados para qualquer outro tipo de serviço que implica restrição de crédito.

Em caso de constrangimento, o consumidor pode ser indenizado por danos morais? Os processos envolvem os lojistas ou apenas os bancos de dados?

Uma vez sendo prestadas informações através dessa ferramenta que utiliza dados armazenados no banco que

já deveriam ter sido baixadas, porque regularizada a si-tuação, quer pelo pagamento, quer por qualquer outra forma, inclusive por ordem judicial, porque a dívida era inexistente, por exemplo, pode gerar o dever de indeni-zar porque a atividade, ao meu senso, torna-se ilícita e contraria frontalmente regra de defesa do consumidor que impede a divulgação de dados já regularizados para qualquer outro fim. Nesse caso o responsável e suscetí-vel à indenização é o prestador do serviço, não o comer-ciante ou o lojista.

Quando as empresas podem ne-gar crédito ao consumidor?

O crédito ao consumidor é uma liberalidade do comer-ciante. Ninguém está obrigado a conceder o crédito den-tro de uma política ditada pela própria empresa, desde que essa negativa não se constitua em uma maneira de exposição do consumidor que extrapole a mera análise da condição para o crédito. Qualquer outro tipo de dis-criminação na concessão do crédito que não esteja res-trita à análise econômico-financeira, como reprimenda por qualquer outra atitude, como, por exemplo, anterior ingresso judicial para discutir o débito, que constitui di-reito do consumidor, uma vez comprovado, poderá gerar direito à indenização.

Desembargador Tasso Caubi Soares Delabary

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PontuaçãoNa visão do advogado Márcio Sequeira, esses novos sis-temas que qualificam o consumidor de acordo com um escore-padrão e baseiam-se no comportamento de ter-ceiros para atribuir uma pontuação média a determinada pessoa, não parecem respeitar algumas regras básicas do Direito do Consumidor e certas garantias constitucionais.

“A maioria das pessoas não sabe, mas trata-se de sistema oferecido a fornecedores de produtos e serviços, sigiloso e inacessível ao consumidor pelas vias normais, que ava-lia o histórico de crédito do consumidor e atribui-lhe uma pontuação, utilizada como fator decisivo na concessão (ou não) de crédito”, alerta.

Por ser sigiloso, não se tem muita clareza sobre as regras de funcionamento desse sistema, uma vez ser utilizado à margem da legislação aplicável. Tanto que, em alguns casos, este sistema aponta que “grupo de pessoas com escore semelhante” tende à inadimplência no período de um ano. “Ora, tanto a Constituição quanto o Código de Defesa do Consumidor não permitem que a análise de crédito seja baseada em estatística de certo “grupo de pessoas”, observa.

Defesa do consumidorAssim como explica o Desembargador, Sequeira comenta que o Código de Defesa do Consumidor regulamenta a forma de uso e as regras de funcionamento de bancos de dados de consumidores. “Requisito indispensável para

Qual o limite temporal autorizado pela lei para a manutenção de infor-mações em bancos de dados de cré-dito como o SCPC Score?

A previsão do CDC é a de que os registros negativos devem permanecer ativos no sistema pelo prazo máxi-mo de cinco anos, devendo ser baixados depois desse prazo, não podendo o dado ser utilizado para qualquer outra finalidade. Por isso é que entendemos que o ser-viço do SCPC Score e similares, prestados por banco de dados - que surgiram com publicidade de que eram analisadas multiplicidades de variáveis provenientes de dados acumulados no banco por período superior ao pre-visto no CDC - constitui prática ilegal e sujeita o banco ao dever de indenizar. Ainda mais, porque, igualmente, essa atividade vem sendo reconhecida como infratora do CDC, porque não tem a transparência que o serviço exi-ge. Invariavelmente, as avaliações e prognósticos sobre provável inadimplência do consumidor não são formula-das através de regras claras, inclusive com proibição de divulgação mediante disposição contratual, conforme se tem visto em documentos processuais.

As informações disponíveis sobre

qualquer consumidor e armazenadas no banco de dados devem obedecer ao prazo de disponibilização

de cinco anos

Advogado Márcio Sequeira

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abertura de qualquer cadastro é a comunicação prévia, anterior à publicização do cadastro, a fim de oportunizar ao consumidor conferir as informações que serão vei-culadas. O motivo para que conste tal determinação no Código Consumerista é para a correção ou exclusão de informações incorretas ou inverídicas.”

No caso dos sistemas por escore, por ser sigiloso e em razão de os consumidores não terem sido informados de sua existência, eventuais correções ou inverdades não po-dem ser retificadas.

O objetivo do sistema SCPC Score Crédito, segundo o advogado, é municiar os fornecedores de produtos e ser-viços com uma segunda forma de análise de risco na con-cessão do crédito, além da tradicional “lista de pagadores impontuais”. Logo, a ferramenta também tem por objetivo restringir o acesso ao crédito.

DivulgaçãoSequeira defende que, como o sistema é utilizado na de-cisão para a concessão ou negativa de crédito, deveria, sem dúvida, ser amplamente divulgado. Mais; o consu-midor deveria ter amplo acesso ao seu próprio escore, a fim de oportunizar a impugnação de dados incorretos ou inverídicos e, mais importante, informar ao consumidor os critérios utilizados para o cálculo da pontuação e as regras do sistema, de forma clara e objetiva.

“Caso haja a inscrição indevida em um órgão restritivo de crédito, o consumidor deve verificar, em primeiro lu-gar, se foi comunicado previamente acerca da inclusão de seu nome no cadastro de inadimplentes. Se descumprido esse requisito, a empresa mantenedora do cadastro (SPC, Serasa etc.) agiu ilicitamente e, por essa razão, causou danos ao consumidor.”

Em segundo lugar, revela, deve conferir a origem do registro negativo, ou seja, quem solicitou a inclusão do seu nome nesse registro de inadimplentes, que, a título de exemplo, pode ter sido um banco, uma loja ou uma companhia te-lefônica. “O consumidor que teve seu nome injustamente negativado deve procurar seu advogado de confiança, pois poderá, judicialmente, contestar o débito apontado, pleitear a exclusão de seu nome do cadastro e buscar, ao final, uma indenização por danos morais”, aconselha.

ConstrangimentoImaginando-se uma situação em que o cliente vá até uma loja e tenha seu crédito negado por estar incluso no SCPC por outra empresa, o advogado explica que a empresa que nega crédito pela existência de pendência financeira, ou fundada na pontuação do consumidor, não age ilicitamente.

O ato ilícito está na ausência de notificação prévia, ou seja, se a pessoa for surpreendida com um registro negativo, a empresa mantenedora do cadastro possivelmente dei-xou de comunicá-la previamente da abertura de cadastro. Logo, se não comunicou o consumidor de que seria inscri-to no rol de devedores impontuais, possibilitando a este quitar a dívida antes de entrar nesta lista, é a causadora do dano. “Dessa forma, eventual pleito de indenização de-verá ser dirigido à empresa que mantém o cadastro.”

Sequeira conclui afirmando que, caso o registro seja in-devido, ou seja, a dívida nunca existiu ou já foi quitada, o consumidor terá direito a ser reparado pela empresa que fez a inclusão do cadastro e pela empresa responsável pela divulgação do cadastro, caso não tenha remetido a carta comunicando a inclusão.

Qualquer outro tipo de discriminação na concessão do crédito que não esteja restrita a análise econômico-financeira,

como reprimenda por qualquer outra atitude, poderá gerar

direito á indenização

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LiVROS LiVROS LiVROS LiVROS LiVROS

FiLMES FiLMES FiLMES FiLMES FiLMES

Minha vida como traidora (Zarah Ghahramani – 2009)

Neste livro, Zarah Ghahramani conta a história de sua aterrorizante tribulação e des-creve como a dolorosa experiência a transformou em uma mulher corajosa e de-terminada. Uma autobiografia poderosa e lindamente escrita sobre a vida em um regime opressor.

O gosto da guerra (José Hamilton Ribeiro – 2005)

Livro-reportagem sobre a Guerra do Vietnã (1961-1975), para onde o jornalista brasi-leiro foi enviado como correspondente internacional. Na narrativa, o leitor acompa-nha tudo o que Hamilton Ribeiro viveu e sentiu no Vietnã, com o drama do acidente em que perdeu sua perna.

A Sociedade dos Poetas Mortos (1990)

Em 1959, um ex-aluno (Robin Williams) retorna para Welton Academy, tradicio-nal escola preparatória, para ser o novo professor de Literatura. No ambiente lutuoso da respeitada escola, os métodos de incentivo aos alunos para pen-sarem por si mesmos implantados pelo novo professor são vistos como po-lêmicos, principalmente quando fala sobre a “Sociedade dos Poetas Mortos”.

Indicado a quatro Oscars, sendo vencedor de melhor roteiro original.

As Sessões (2012)

Mark O’Brien (John Hawkes) é um escritor e poeta que, ainda criança, contraiu po-liomielite. Devido à doença, ele perdeu os movimentos do corpo, com exceção da cabeça. Mark passa os dias entre o trabalho e as visitas à igreja, onde conversa com o padre Brendan (William H. Macy). Sentindo-se incompleto por desconhecer o sexo, Mark passa a frequentar uma terapeuta sexual. Ela lhe indica os serviços de Cheryl Cohen Greene (Helen Hunt), uma especialista em exercícios de consciência corporal, que o inicia no sexo.

ENtREtENiMENtO

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DEStiNOS DEStiNOS DEStiNOS DEStiNOS

Serra do Rio do Rastro

Para quem deseja um pouco de aventura, a Serra do Rio do Rastro é uma excelente opção. Cartão postal da Serra Catarinense, a serra fica encravada na mon-tanha entre Lauro Müller e Bom Jardim da Serra. São 15 km de estradas em concreto, escavadas na rocha natural. Ela é considerada uma das estradas mais bonitas e desafiadoras do Brasil, mas seu percurso proporciona paisagens inesquecíveis. A região pos-sui ainda pousadas belíssimas, ideais para passeios a dois, família e amigos.

APRESENtAçÕES APRESENtAçÕES APRE

Rock in Rio

O evento, que chega à 13ª edição, tem início na sexta-feira, 13 de se-tembro de 2013, e segue pelos dias 14, 15, 19, 20, 21 e 22 de setem-bro, na Cidade do Rock, Rio de Janeiro.

Serão mais de 12 horas diárias de festa, com apresentações de nomes nacionais e internacionais no Palco Mundo, encontros musicais especiais no Palco Sunset, manifestações ar-tísticas na Rock Street e Djs consagrados na Eletrônica, além da novidade Street Dance, entre outras atrações preparadas pela organização do festival.

Confira a programação completa do festival no site: http://rockinrio.com/rio/line-up/

Espetáculo Corteo – Cirque du Soleil

Assistido por mais de 6,5 milhões de pessoas desde a primeira estreia no Canadá em 2005, a turnê brasileira de Corteo do Cirque du Soleil começou estreando em São Paulo. A temporada deve passar por seis cidades brasileiras até abril de 2014, entre elas: Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Confira a programação completa no site: http://www.cirquedusoleil.com

ENtREtENiMENtO

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Escritor gaúcho

Altair Martins

apresenta nova obra

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Pedro Vicente é assaltado e tem rou-bados os documentos. A partir daí, tranca-se, solitário, num apartamento do centro de Porto Alegre. Trata-se de um documento sobre a renúncia ao Brasil e a criação de um país com 65m2, no qual Pedro convive com os objetos domésti-cos (trata-se de uma população de “ser-tanejos” na república provisória que no seu apartamento se instala), mergulha-do numa inveja crescente da vocação re-volucionária da Nicarágua e em paralelos de cultura híbrida com outras realidades culturais, além do remanejo do próprio passado histórico brasileiro.

Este é o início da narrativa do roman-ce Terra Avulsa, sexto livro a ser pu-blicado este ano pelo escritor gaúcho Altair Martins. Nascido em Porto Ale-gre, em 1975, é bacharel em Letras e mestre em Literatura Brasileira pela

PrêmiosTanto talento rendeu ao escritor o título de novo papa-prêmios da literatura brasileira. A Parede no Escuro, seu primeiro ro-mance, foi vencedor do segundo Prêmio São Paulo de Literatu-ra, na categoria primeiro romance, em 2009. Com seus livros anteriores, Martins também foi vencedor do Prêmio Guima-rães Rosa da Radio France Internationale, em 1999, do Prêmio Luiz Vilela e do Concurso Nacional de Contos Josué Guima-rães, em 2001, e do Prêmio Açorianos na categoria Contos.

Foi ainda finalista do Prêmio Jabuti na categoria crônicas em 2001 com o livro Como se Moesse Ferro. A Parede no Escuro foi o vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2009 na ca-tegoria melhor romance de estreia.

“O pessoal brinca que fiquei milionário, mas é uma questão de investimento. Com o Prêmio SP, pude ter mais tempo para o

A escola e a família devem ser parceiras. Jogamos no mesmo time

meu doutorado. Agora sinto melhor isso de que se fala que é a profissionalização. A literatura me parece mais natural, mais adequada ao meu dia a dia. Está mais tranquilo escrever.”

O prêmio mais recente foi o Moacyr Scliar (2013). Da mesma forma que A Parede no Escuro (2008), foi consequência de sua dissertação de mestrado, sobre o narrador na literatura, Terra Avulsa tem relação com o doutorado, sobre teoria literária.

Realizado no Rio Grande do Sul, pela Secretaria de Estado da Cultura, por meio do Instituto Estadual do Livro e da Associa-ção Lígia Averbuck, o Prêmio Moacyr Scliar entrega R$ 150 mil ao autor brasileiro do melhor livro de contos, num ano, e de poesia, no outro. Em 2012, temporada dedicada à poesia, o vencedor foi Em Alguma Parte Alguma, de Ferreira Gullar. Agora, em 2013, Enquanto Água, de Altair Martins.

UFRGS. O primeiro livro foi publicado em 1999, totalizando cinco obras, com destaque para A parede no escuro (ro-mance) e Enquanto água (contos).

O doutorado, que versa sobre teoria da literatura, tem relação com o novo romance. O texto já está revisado jun-to à editora Record. Tem relação com Guaíba, adianta o autor, cidade em que ele viveu muitos anos – apesar de ter nascido em Porto Alegre.

“Penso que me tornei escritor por ser muito mentiroso. Queria canalizar essa capacidade de invenção de histó-rias para algo útil (se é que a literatura possa ser assim caracterizada). Penso que é uma maravilha poder tirar, das sucatas do dia a dia, um mundo au-têntico que se ergue a partir de um desejo”, afirma.

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Sala de aulaEm paralelo à literatura, da dedicação ao magistério, já são 19 anos de jornada. Dá aulas em dois cursos pré-vestibu-lares. Um deles, em Caxias do Sul, e no Ensino Médio do Colégio Rosário, na capital. É responsável pela cadeira de Conto no Curso de Formação de Escritores da Unisinos, em São Leopoldo. E quanto a administrar o tempo entre a sala de aula e a literatura?

“Cada vez fica mais difícil conciliar o professor e o escritor. Às vezes penso que um é o descanso do outro. Na escola encontro a matéria humana de que a literatura é feita. Na escrita, encontro a forma panorâmica de vislumbrar a rea-lidade. Hoje, contudo, o tempo do professor é demasiado em relação aos poucos momentos em que o escritor pega no lápis”, confessa.

Você duvida que alguma das atividades exerce maior en-cantamento do que outra? Altair Martins comenta que não as vê como duas profissões, por isso não se sente dividi-do. “Temo largar a sala de aula como temo não ter mais o que escrever. Meu encantamento é a coletividade: ofere-cer o melhor de mim nas condições que me são possíveis. Minha frustração é ter de entregar, seja aos alunos, seja a uma editora, o que não passou pelo meu controle pessoal de qualidade.”

Os contos de Como se Moesse Ferro e Enquanto Água, foram lidos por alunos do Ensino Médio, com ênfase à es-trutura do conto, as significações – o conto como ilustra-ção de nossa época.

Falando sobre a administração do tempo entre as duas ati-vidades, Martins é enfático ao afirmar que não abrirá mão de dar aula. “Tenho muito orgulho do trabalho de formação de leitores a partir dos clássicos que aplico com os alunos do Rosário. Apresentar Shakespeare para a gurizada, dis-cutir Shakespeare com eles é algo muito marcante.”

Sobre sua relação com os estudantes, o escritor diz se co-municar bem com os alunos, sempre com o cuidado que a profissão vai ensinando. “Tropeço, como todos. Sinto-os, contudo, cada vez mais “órfãos”. Quando falo de orfanda-de, quero discutir o papel dos pais na Educação dos filhos. Um dos problemas da Educação hoje, sem dúvida, é o fato de os pais considerarem a escola um adversário. Não: a escola e a família devem ser parceiras. Jogamos no mes-mo time”, alerta o escritor.

TecnologiaPara Martins, a tecnologia interfere nos mecanismos de leitura. “Sou, quase secretamente, um inimigo da tecno-logia. Mas é preciso esclarecer: não sou contra a inserção tecnológica na Educação.” O que Martins quer dizer é que alguém deve se opor ao canto da sereia, à ideia magnífica de que as fantasias coloridas de uma tela, as ferramentas de toque, tudo o que pouco acrescenta, são novidade.

“Escola moderna é aquela que não subestima o aluno e busca ensinar o que a humanidade vem considerando os bens da cultura. Por exemplo: sou professor de Literatura; meu propósito é abrir as possibilidades de leitura do livro, seja ele em qual meio for. Então, se me sugerem passar um filme ou qualquer recurso visual em substituição ao li-vro, tenho de dizer que não posso fugir da minha missão.”

Estamos num momento de transição em que o livro ele-trônico é ainda muito estranho. Ele virá, com certeza, a ocupar nossos espaços, e quanto a isso, o escritor não vê maiores problemas. O que teme é que as possibilidades tecnológicas venham a massacrar ainda mais a literatura. Por exemplo: há plataformas em que o sujeito está lendo e pode clicar no nome do personagem que aí aparece seu rosto, sua roupa, seu cabelo.

“Isso é literatura? Não, é videogame. Literatura é uma arte que exige que o leitor imagine o rosto do personagem, sua roupa, seu cabelo e até mesmo o que nem foi cita-do. Alguns colegas argumentam: disseram que o cinema mataria a literatura e não matou. Não matou mesmo? Um livro de sucesso (falo de literatura) vende em torno de sete mil exemplares no Brasil (de quase 200 milhões de habi-tantes). A literatura vive?”

Meu encantamento é a coletividade

Escola moderna é aquela que não subestima o aluno e busca ensinar o que a humanidade vem considerando os bens da cultura

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“Feliz aquele que

transfere o que

sabe e aprende o

que ensina”

Cora Coralina