Memórias Musicais no Palácio de Sintra · Sala dos Cisnes L’ARPEGGIATA “Mediterraneo” –...
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Re ncontrose- DA IDADE MÉDIA AO RENASCIMENTO -
Memórias Musicais no Palácio de Sintra
SALA DOS CISNES | 21:30
JULHO 2018
4ª TEMPORADA DE MÚSICA DA PARQUES DE SINTRAPS
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13/07 L’ARPEGGIATA
“Mediterraneo” – Música de Espanha, Itália, Grécia, Turquia e Macedónia
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13/07 | 21:30Sala dos Cisnes
L’ARPEGGIATA
“Mediterraneo” – Música de Espanha, Itália, Grécia, Turquia e Macedónia
Christina Pluharteorba e direção musical
Céline Scheen soprano
Vincenzo Capezzuto alto
Doron Sherwin corneto
Josep Maria Martí Duran guitarra barroca e teorba
Sergey Saprychevpercussões
Boris Schmidtcontrabaixo
Francesco Turrisicravo e percussão
PROGRAMA
• “Are mou Rindineddha”canto tradicional greco-salentino (Salento, Itália)
• CiacconaMaurizio Cazzati (1616-1678)
• “Pizzica di San Vito”canto tradicional (Salento, Itália)
• “Tarantella Napoletana”improvisação (Itália)
• “La Dia Spagnola”improvisação (Grécia)
• “La Carpinese”canto tradicional (Carpino, Itália)
• “De Santanyí vaig partir”canto tradicional (Maiorca, Espanha)
• “Canario”improvisação (Ilhas Canárias, Espanha)
• “Amor”Claudio Monteverdi (1567-1643), in “Lamento della ninfa”, SV 163
• Toccata “L’Arpeggiata”Girolamo Kapsberger (1580-1651)
• “So maki sum se rodila”canto tradicional (Macedónia)
• “Oriamu Pisulina”canto tradicional greco-salentino (Salento, Itália)
• “La dama d’Aragó”canto tradicional (Catalunha, Espanha)
• “Pizzicarella mia”canto tradicional (Puglia, Itália)
• “Hasapiko”improvisação (Grécia)
• Solo de percussãoimprovisação
• “Sileneziu d’amuri”Alfio Antico (n. 1956, Itália)
• “La passariellu”canto tradicional (Itália)
Are mou RindineddhaQuem sabe, pequena andorinha
Quem sabe, pequena andorinha,
de onde vieste a voar
e que mares atravessaste,
para com o bom tempo chegar.
Tens o peito cor de neve,
E as asas de azeviche,
o dorso azul como o mar,
a cauda longa e bifurcada
Caminho ao longo da costa
Observo-te a voar
sobes, desces, rodopias
até nas ondas tocar.
Mas não me diriges palavra,
por muito que te interpele
sobes, desces, rodopias
até nas ondas tocar.
Pizzica di San VitoDança de São Vito
Não era p’ra ter vindo, não era
p’ra ter vindo,
não era p’ra ter vindo, mas
acabei por vir.
Foram os teus suspiros, foram
os teus suspiros
foram os teus suspiros, que me
fizeram vir.
Ah uellì, ora o vejo a vir,
ora o vejo a ir-se embora,
pega-me na mão e já está a ir.
Ah uellì, ora o vejo a vir,
ora o vejo a ir-se embora,
pega-me na mão e já está a ir.
És mais bela, és mais bela,
és mais bela que a cereja.
Bendito o teu amor, bendito
o teu amor,
bendito o teu amor, quando
te beija.
Ah uellì uellì uellà,
quando chamo a minha bela
quando a chamo tem de vir.
Ah uellì uellì uellà,
quando chamo a minha bela
quando a chamo tem de vir.
Dos teus cabelos, dos teus
cabelos
dos teus cabelos estou
enamorado.
Vejo-os a voar, vejo-os a voar
vejo-os a voar ao vento.
Olho por olho,
que perca os olhos quem nos
maldisser
e que o seu coração se quebre.
Olho por olho,
que perca os olhos quem nos
maldisser
e que o seu coração se quebre.
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TEXTOS DAS OBRAS CANTADAS
Volto a dizer-te, volto a dizer,
volto a dizer uma e outra vez,
vai para a festa, vai a São Vito,
vai para a festa esta noite.
Ah uellì uellì uellà,
põe-te boa outra vez,
mas não te esqueças de mim.
Ah uellì uellì uellà,
põe-te boa outra vez,
mas não te esqueças de mim.
La CarpineseA Carpinese
Pega na pá, reaviva o fogo,
E vai a casa do teu amado,
E passa duas horas a jogar,
E se tua a mãe não gostar,
Diz-lhe que foi o fogo que te fez
corar,
Ou o que bem te aprouver,
Que a mulher faz o que quer!
Brilha o Sol quando faz bom
tempo,
Brilha o teu peito, dama galante,
No peito trazes dois punhais de
prata
E quem lhes toca, ó bela, torna-
se santo
E eu toco-lhes, que sou o
amante.
E ao paraíso iremos certamente,
Ou aonde bem te aprouver,
Que a mulher faz o que quer!
De Santanyí vaig partirParti de Santanyí
Parti de Santanyí
com uma escuridão cerrada
e pelo caminho disseram-me:
Andreu, a Roseta está morta.
Não sei se o faziam de propósito
ou para dar-me mais tristeza.
Uns diziam-me que estava morta,
outros que estava melhor.
No mercado me encontrava
quando tal nova me deram,
que aquela que mais estimava
estava prestes a expirar.
Com a minha guitarra fui até lá,
a pensar que a divertia.
Roseta dá-me alegria,
tu já não fazes caso de mim.
O mais pequeno que lá estava
não se podia consolar.
Foi até à sepultura
e começou a suspirar.
Despertai, alma minha,
que Deus te dê repouso.
Pudesse eu agora entrar
na sepultura convosco.
Amor
Amor — disse, parando
e olhando o céu,
onde, onde está a fidelidade
que o traidor jurou?
(Desgraçada!)
Traz-me de volta o meu amor
tal como ele era,
ou então mata-me,
para que cessem os meus
tormentos.
(Desgraçada! Não pode mais,
não aguenta tanta frieza!)
Não quero que suspire mais
a não ser longe de mim.
Não, não, os seus martírios
Não mais me farão sofrer.
(Desgraçada! Não pode mais,
não!)
Como anseio por ele,
todo orgulhoso está,
mas se dele fugir
manterá as suas súplicas?
(Desgraçada! Não pode mais,
não aguenta tanta frieza!)
Se os seus olhos são mais
serenos,
mais serenos do que os meus,
Já não acolhe no seu seio
o Amor, tão bela fé.
(Desgraçada! Não pode mais,
não aguenta tanta frieza!)
E não mais receberás
daquela boca os beijos doces,
nem tão suaves — Ah, cala-te!
Cala-te, pois sabes demais.
(Desgraçada!)
So maki sum se rodilaNasci com agonias
Nasci com agonias,
morrerei com aflições.
Escreve as minhas agonias
na minha pedra tumular.
Escalarei uma montanha
Descerei às cavernas escuras,
Extingue-se o meu olhar,
de não mais ver o Sol.
Descerei até ao jardim,
às flores cobertas de orvalho
até à rosa escarlate,
aos rebentos brancos
do manjericão.
Oriamu PisulinaMinha doce Pisulina
Doce e bela Pisulina,
Estás sempre a fazer troça
e sempre a rir-te de mim.
Estás sempre a fazer troça
e sempre a rir-te de mim.
És como o girassol, Pisulina,
um passarinho primaveril.
Voas para longe,
como um pássaro primaveril,
voas para longe.
Observei-te durante dez anos,
e conheço-te já lá vão onze,
e tu sempre a rir-te de mim.
Observei-te durante dez anos,
e tu sempre a rir-te de mim.
La dama d’AragóA dama de Aragão
Em Aragão há uma dama que
é bonita como um sol.
Tem o cabelo loiro, chega-lhe
aos calcanhares.
Ai, amorosa Anna Maria, ladra
do amor...
Ai, do amor...
Sua mãe penteava-a com um
pentezinho d’oiro,
Sua tia desembaraçava-lhe os
cabelos, de dois em dois.
Ai, amorosa Anna Maria, ladra
do amor...
Ai, do amor...
Cada cabelo uma pérola, cada
pérola um anel d’oiro.
Cada anel d’oiro uma cinta
que contorna todo o seu
corpo
Ai, amorosa Anna Maria, ladra
do amor...
Ai, do amor...
A sua irmã mais pequena
baixava-lhe a fita;
a fita que lhe baixa é uma
franja de muitas cores.
Ai, amorosa Anna Maria, ladra
do amor...
Ai, do amor...
O seu irmão mirava-a com
olhar todo amoroso.
Não fôssemos irmãos, Maria,
casar-nos-íamos os dois.
Ai, amorosa Anna Maria, ladra
do amor...
Ai, do amor...
Pizzicarella miaDiabrete
Diabrete, meu diabrete,
quando caminhas, la li li la,
quando caminhas parece que
danças.
Nunca páras quieta! Onde foi
que te picaram?
Debaixo das abas, la li li la,
debaixo das abas do seu saiote.
Ah! Quanto te amou o meu
coração!
Mas não te ama mais, la li li la,
mas não te ama mais, pois está
fechado.
Admirei-te desde a hora em que
te vi,
e deixei uma marca, la li li la,
e deixei uma marca nos teus
olhos.
Foi uma marca especial,
para que não os fechasses,
la li li la,
para que não os fechasses
ao amor.
Amor, amor, o que me fizeste
fazer!
Durante quinze anos, la li li la,
durante quinze anos fizeste-me
enlouquecer.
Diabrete, meu diabrete,
o teu modo de caminhar, la li li la,
quando caminhas parece que
danças.
Silenziu d’amuriSilêncio d’amor
Amei-te desde que estavas
no berço,
Dei-te o meu afeto, pedaço por
pedaço,
O silêncio do amor que me corre
nas veias.
Não consigo separar-me de ti.
Não chorem, não, ó oliveiras,
O amor e o bem vêm de longe.
amada, inspiração da minha
alma,
Dá-me o coração, pois eu dou-te
a vida.
Vazio e sem cor está o meu
espírito.
Só quando uma mãe esquecesse
os filhos,
Poderia eu esquecer o meu amor
por ti.
Voai, andorinhas, para junto
da amada,
Cantai para ela na vida e na
morte.
Estes campos são como
o mundo inteiro,
Tu és a rainha e eu o rei de
Espanha.
Lu passarielluO passarinho
Ui! Ui! O passarinho foi à aveia,
E se ninguém o parar,
Toda a aveia comerá.
Oh, diabo! Esta noite
A minha mulher caiu da cama;
Oh, diabo! Esta noite
A gata comeu os confeitos.
E se antes éramos três a dançar a tarantela
Ficámos apenas dois,
E a minha mulher é a mais bela.
São Miguel, salva os cristãos,
monjas, monges e artesãos.
Ui! Ui! O passarinho foi à aveia,
E se ninguém o parar,
Toda a aveia comerá.
Tradução dos textos originais:
Kennistranslations (Ana Yokochi, Bernardo Ferro, Hélder Telo)
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A “Fronteira das Oliveiras” e a nossa viagem musical
É vulgarmente aceite que as fronteiras da região mediterrânica
delimitam a área em que as oliveiras crescem, provindo daí
a referência por vezes feita à «Fronteira das Oliveiras». Apenas
uma pequena parte da França, da Turquia e dos países
do Norte de África fazem parte desta região, sendo que Portugal
e a Jordânia também lhe pertencem, por motivos culturais e
climáticos, apesar de as suas costas não serem banhadas pelo
Mediterrâneo.
O ponto de partida para este programa foram os canti
greci-salentini, canções e tarantelas cujas raízes musicais podem
ser encontradas na Itália, mas que têm vindo a ser cantadas em
grego e pela população grega residente em Salento há muitos
séculos. Esta amálgama fascinante das culturas meridionais grega
e italiana impulsionou-nos a empreender uma viagem musical
de descoberta na região mediterrânica. O nosso itinerário
leva-nos do sul da Itália para leste, na direção da Grécia
e da Turquia, e para ocidente, em direção a Espanha (Maiorca
e Catalunha).
Canto greco-salentino
Os gregos começaram a fixar-se no sul de Itália no século VIII
a. C. Através deste processo de colonização, a cultura grega foi
exportada para Itália e misturou-se com as culturas autóctones.
Os romanos chamaram à área que compreendia a Sicília,
a Calábria e a Apúlia Magna Graecia, por ser tão densamente
povoada por gregos. Muitas das cidades gregas recém-fundadas
depressa se tornaram ricas e poderosas, como Nápoles, Siracusa,
Taranto, Bari e outras.
Entre os séculos VIII e XI d. C., o sul de Itália foi de novo
fortemente helenizado, com o estabelecimento de uma
comunidade etnolinguística que existe ainda hoje. No ano 727,
o imperador bizantino Leão III decretou a destruição dos
símbolos e imagens sagradas em todas as províncias do Império
O mar não separa as culturas: une-as.
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Romano do Oriente. Não tardaram a eclodir, por toda a parte,
distúrbios violentos, liderados por monges que recusavam
obedecer ao édito imperial. Seguiu-se-lhes a primeira crise
iconoclasta, que durou várias décadas e degenerou rapidamente
numa sangrenta guerra civil. Para escapar a este massacre,
milhares de monges abandonaram as províncias orientais
do império e mudaram-se para as regiões do sul de Itália,
a Calábria e a Sicília, onde fundaram numerosos mosteiros.
Em pouco tempo, estas regiões recém-colonizadas tornaram-se
centros florescentes não apenas de cultura grega, mas também
de prosperidade social e económica, visto que, para além das
orações e do ascetismo, os monges se dedicavam também
ao cultivo dos campos e à produção de vinho e azeite.
Este fluxo inicial de imigração foi seguido por um outro, mais
prolongado. Em 867, o imperador Basílio I subiu ao trono
de Constantinopla. Tinha definido como objetivo pessoal a luta
contra os invasores árabes nos impérios do ocidente e do oriente.
Extensas regiões do sul de Itália tinham caído nas mãos dos
árabes, cujos ataques haviam devastado as cidades e o campo,
e os monges foram forçados a abandonar a Sicília e a Calábria
e a procurar refúgio em Salento. As novas comunidades
instalavam-se muitas vezes no interior de grutas, em busca
de proteção.
No início do século XI, assistiu-se aos primeiros ataques de novos
invasores vindos do norte da Europa: no espaço de algumas
décadas, os Normandos puseram fim ao domínio bizantino do
sul de Itália, criando na região um estado unitário e introduzindo
o feudalismo. Os novos soberanos professavam o catolicismo
romano, e não o ortodoxo, mas ainda assim deixaram
a população grega em paz. No entanto, embora não tenha
havido conflitos religiosos com os gregos ortodoxos no sul
de Itália, o monasticismo ortodoxo acabou por desaparecer por
completo no início do século XV, substituído por fundações
franciscanas e dominicanas. Após o Concílio de Trento, em 1563,
o clero grego ortodoxo foi igualmente suplantado pelo clero
católico, obrigando a comunidade ortodoxa a celebrar a missa
e a entoar as orações e as liturgias em latim, uma língua que
os membros não falavam. Como resultado, a proporção
de falantes de grego diminuiu gradualmente, especialmente
nas aldeias do Mar Jónico.
Em 1945, a Grécia Salentina — região situada no sul da Apúlia,
no extremo sudeste da península itálica — mantinha ainda cerca
de 40.000 residentes que falavam fluentemente griko. Existe
também uma região na Calábria onde se fala griko, que se
resume a um conjunto de aldeias na região montanhosa
e inacessível da Bovésia e a quatro distritos na cidade de Reggio
Calabria.
A seguir à segunda guerra mundial, um conjunto complexo
de fatores socioeconómicos, como a influência da rádio e da
televisão, das escolas e dos jornais, reduziu ainda mais o número
de falantes de griko. Nos últimos anos, porém, os habitantes da
região ganharam uma nova consciência das suas origens, história,
tradições e língua, que se mantém viva sobretudo através da
música e das velhas canções tradicionais transmitidas ao longo
das gerações.
O termo griko não designa apenas os falantes de grego que
vivem em Salento e na Calábria, mas também a sua língua.
Os dialetos gregos hoje falados variam de aldeia para aldeia
e integram palavras dos dialetos salentino e calabrês, o que lhes
confere uma musicalidade especial.
A tradição da música griko revela essencialmente as
características estilísticas, melódicas e harmónicas da música
popular do sul de Itália, mas inclui também algumas influências
turcas e árabes. É possível distinguir, em termos gerais,
as seguintes formas musicais: a ninna nanna (canção de embalar
para uma criança recém-nascida, como o menino Jesus),
a matinata e a serenata (canções matutina e vespertina para
jovens enamorados), o stornello (para rixas violentas entre
camponeses), a moroloja (um lamento para acompanhar cortejos
fúnebres), a tarantella e a pizzica.
O fenómeno da tarantela — uma forma de terapia musical
destinada a curar mordeduras de aranha — perdurou na Grécia
Salentina até aos dias de hoje. Existem três formas diferentes
de tarantela:
1. A Pizzica tarantella1
Transmitida através de fontes escritas, da Idade Média em
diante, trata-se de uma dança curativa, individual ou coletiva,
que era vista como o único remédio contra as mordeduras de
tarântula. No dia 29 de junho — durante a festa de São Paulo —,
os pobres seguiam em peregrinação até à capela da aldeia
grega de Galatina para dançar a tarantella no largo da igreja
e no seu interior, combinando assim costumes arcaicos
e cristãos.
2. A Pizzica de core (della gioia)2
É dançada sobretudo em festivais públicos, casamentos,
batizados e celebrações familiares de todos os tipos. Era
originalmente uma dança rápida, para um só par, mas hoje
é dançada também em filas de dois ou em quadrille. É suposto
exprimir alegria, amor, galanteria e paixão.
3. A Pizzica scherma (danza dei coltelli)3
Tem lugar na noite de 15 para 16 de Agosto, durante as
celebrações da festa de São Roque, na aldeia de Torrepaduli,
na província de Lecce. É dançada por dois homens, que
em tempos seguravam facas. A dança requeria os melhores
tocadores de tamburello, visto que durava horas, ou até mesmo
a noite toda. Hoje, as facas são substituídas pelos dedos, com
o indicador e o dedo médio a simular uma arma ameaçadora.
Os movimentos, gestos e expressões faciais, bem como
as posturas de ataque e defesa, respeitam um determinado
código de honra. Esta dança era usada para resolver disputas
e problemas de hierarquia entre ciganos ou comerciantes
de cavalos.
1Dança dos que foram mordidos pela aranha.2Pizzica do coração (da alegria).3Pizzica da esgrima (dança das facas).
CHRISTINA PLUHAR
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L’ARPEGGIATA
Fundado em 2000, L’Arpeggiata é um agrupamento
musical dirigido por Christina Pluhar.
Tem como base a improvisação instrumental,
uma abordagem diferente ao canto, centrada no
desenvolvimento da interpretação vocal influenciada
pela música tradicional, e a criação e encenação
de espetáculos apelativos.
Desde a sua fundação, L’Arpeggiata tem suscitado
uma excelente resposta por parte do público e da
crítica. Os seus álbuns foram considerados “Evento
do Mês”, pela Repertoire des Disques, em setembro
2001; “10 de Repertoire”; “Diapason Découverte”; “CD
da Semana”, pela BBC; e “CD do Mês”, pela Amadeus
(Itália). O grupo recebeu também o Prix Exellentia,
da Pizzicato (Luxemburgo); o “Timbre de platine”,
da Opéra International; e o prémio da Academia
Charles-Cros. O seu álbum Mediterraneo (2013) contou
com a participação da fadista Mísia. O grupo foi
galardoado, ainda, em 2009, 2010 e 2011, com o Echo
Klassik Preis (Alemanha); em 2009 com o Prémio
Edison (Holanda); e em 2008 com o VSCD Musiekprijs.
As suas gravações valeram-lhe também outros
prémios, como os Cannes Classical Awards; o Prémio
Platinum, da International Opera Magazine; e o título
de “CD do Mês”, na BBC Magazine, entre muitos outros.
L’Arpeggiata atuou com grande sucesso em festivais
e salas de concerto em todo o mundo, como
o Lufthansa Festival, em Londres, o Oude Muziek
Utrecht, o Brugge Musica Antica, o Musikverein
de Graz, o Ludwigsburger Schlossfestspiele,
o Concertgebouw de Amsterdão, o Festival de Artes
de Hong Kong, Sydney e o Carnegie Hall, em Nova
Iorque, entre muitos outros.
CHRISTINA PLUHAR
Após desenvolver uma carreira de sucesso como
instrumentalista multifacetada, dedicada ao repertório
da música antiga e barroca, Christina Pluhar veio
a destacar-se, no séc. XXI, como a fundadora
e diretora musical do agrupamento vocal/instrumental
L’Arpeggiata. Como seria de esperar, Pluhar trabalha
com este grupo um repertório semelhante, mas com
ênfase na tradição italiana e a introdução de elementos
jazz e folk. Pluhar domina vários instrumentos diferentes,
embora próximos uns dos outros — a guitarra barroca,
o alaúde renascentista, o arquialaúde, a teorba
e a harpa barroca — e já os tocou em público em
diversas ocasiões, como solista e como intérprete
de baixo contínuo, na Europa, Reino Unido e Austrália.
Gravou vários discos a solo e com o agrupamento
L’Arpeggiata para editoras como a Alpha Productions,
EMI e Naïve. Em 2000, escolheu para membros do
seu novo agrupamento alguns dos melhores músicos
europeus, incluindo o intérprete de guitarra barroca
Marcello Vitale e o cornetista Doron David Sherwin.
Com o seu primeiro disco, La Villanella (uma coleção
de obras vocais de Giovanni Kapsberger), lançado no
ano que o grupo foi fundado, e aclamado pela crítica,
Pluhar conduziu L’Arpeggiata a um sucesso quase
instantâneo. Entre os discos mais celebrados da artista
contam-se os álbuns La Tarantella, All’Improvviso (com
Gianluigi Trovesi), Los Impossibles (com os The King’s
Singers), Teatro d’amore (com Phillipe Jaroussky e Nuria
Rial, na coleção Virgin Classics CDs), Via Crucis (com
Barbara Furtuna), o Vespro della Beata Vergine,
de Monteverdi, Los Pájaros perdidos (um projeto
de música sul-americana) ou Mediterraneo (com
a fadista Mísia). Em 2012, L’Arpeggiata foi o primeiro
agrupamento barroco a ser escolhido para uma
residência artística no Carnegie Hall.
VINCENZO CAPEZZUTO
Foi bailarino principal na Ópera San Carlo, em Nápoles,
no English National Ballet, no Ballet Argentino
de Julio Bocca, na MMcompany de Michele Merola
e no Aterballetto, tendo dançado, por todo o mundo,
coreografias de Mauro Bigonzetti, William Forsythe,
Ohad Naharin, etc. Recebeu vários prémios, incluindo
o Prémio Toyp para a disseminação da arte no mundo,
o Prémio Leonide Massine, o Prémio Roscigno Danza,
em 2005, para o melhor bailarino, e o Prémio Giuliana
Penzi, em 2012, para a versatilidade e disseminação
da dança e música italianas no mundo. Como
cantor, colabora regularmente com o agrupamento
L’Arpeggiata, dirigido por Christina Pluhar, e participou
nos seus últimos álbuns, editados pela EMI/Virgin
Classics: Via Crucis (2010), Los Pájaros Perdidos (2012)
e Mediterraneo (2013). Capezzuto atuou em vários
festivais de música internacionais, incluindo o Festival
de Hong Kong, o Carnegie Hall, em Nova Iorque,
os BBC Proms, em Londres, e o Teatro Châtelet,
em Paris. Participou como cantor convidado no álbum
In Gondola, com o agrupamento Pomo d’oro, dirigido
por Riccardo Minasi, dedicado à beleza da música
barroca veneziana do séc. XVIII. Participou também
no célebre álbum Ti amo anche se non so chi sei,
ao lado dos mais prestigiados cantores italianos,
incluindo Fiorella Mannoia, Gianni Morandi, Lucio Dalla,
Franco Battiato e Ron. Em 2011, Vincenzo criou, em
conjunto com Claudio Borgianni, o Soqquadro Italiano.
CÉLINE SCHEEN
Céline Scheen completou a sua formação na Guildhall
School of Music and Drama, em Londres, com Vera
Rosza, graças ao apoio da Fundação Nancy Philippart.
Atuou nos principais festivais e salas de concerto, sob a
direção de Reinhard Goebel, Louis Langrée, Ivor Bolton,
René Jacobs, Christophe Rousset, Andrea Marcon,
Jordi Savall, Philippe Pierlot, Philippe Herreweghe,
Skip Sempé, Jean Tubéry e Leonardo García Alarcón.
Na ópera, foi Zerlina, no Don Giovanni (G. Corbiau),
Coryphée, no Alceste de Christoph Gluck (La Monnaie,
I. Bolton/B. Wilson), Atilia, no Heliogábalo de Francesco
Cavalli (La Monnaie, Festival de Innsbruck, R. Jacobs/
Boussart), Papagena, na Flauta Mágica de Mozart
(La Monnaie, Caen, Lille, Nova Iorque, R. Jacobs/W.
Kentridge) e Toulouse (C.P. Flor/N. Joël), Amor e Clarine,
na Platée de Rameau (Opéra du Rhin, C.Rousset/M.
Clément), a Música e Eurídice, no Orfeu de Monteverdi
(Cremona, A. Marcon).
Gravou ainda a música do filme Le Roi Danse (DG)
com o grupo Musica Antiqua Köln e Reinhard
Goebel; trabalhou com Paolo Pandolfo num álbum
de improvisações (Diapason d’or); no Orgelbüchlein
de J. S. Bach, com o grupo Mare Nostrum (M.A.);
numa produção de Barbara Strozzi, com La Cappella
Mediterranea e Leonardo García Alarcón (Ambronay);
de Amarante (Flora), com Philippe Pierlot e Eduardo
Eguez; do Belerofonte de Lully, com Les Talens
Lyriques e Christophe Rousset; das cantatas seculares
italianas de J. S. Bach, com Leonardo García Alarcón;
e das Vésperas de Monteverdi, com o Ricercar
Consort e Philippe Pierlot. Durante as temporadas
de 2014/2015/2016, Céline atuou com os seus
parceiros habituais, mas juntou-se também ao grupo
Caravansérail, o novo conjunto de Bertrand Cuiller,
e colaborou pela primeira vez com a Akademie für Alte
Musik Berlin.
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