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MEMÓRIA E ARTE TRÁGICA NA “METAFÍSICA DE ARTISTA” DE NIETZSCHE - LONGOBUCO, Nilcinéia Neves
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de
dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
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MEMÓRIA E ARTE TRÁGICA NA “METAFÍSICA DE ARTISTA” DE
NIETZSCHE
LONGOBUCO, Nilcinéia Neves
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Memória Social – UNIRIO
RESUMO
O artigo analisa a relação memória e arte trágica na perspectiva do filósofo alemão FriedrichNietzsche.
Procura compreender de que modo a tragédia grega pode sugerir um modelo de ação no presente, a
partir da compreensão do pathos trágico. A contribuição do pensamento nietzschiano na abordagem da
memória social é destacada, neste trabalho, pela investigação dos conceitos de apolíneo e dionisíaco
elaborados pelo filósofo alemão. O espaço trágico proposto pela filosofia de Nietzsche - no qual os
impulsos artísticos da natureza (apolíneo e dionisíaco) se inter-relacionam e convivem numa lógica de
complementaridade - aponta para a relação paradoxal entre memória e esquecimento, o que sugere,
nessa abordagem, à existência de uma memória trágica. Tal conceito remete à ideia de uma volta ao
pathos trágico, numa possibilidade de pensar na época dos gregos antigos como modelo de cultura a ser
experimentada.
Palavras-chave: Memória. Arte trágica. Nietzsche.
ABSTRACT
The article analyzes the relationship memory and tragic art in view of the German philosopher Friedrich
Nietzsche . Seeks to understand how the greek tragedy may suggest a model of action in the present,
from the understanding of the tragic pathos . The contribution of Nietzsche's thought in the social
memory approach is highlighted in this paper for investigating the apollonian and dionysian concepts
developed by the german philosopher . The tragic space proposed by the philosophy of Nietzsche - in
which the artistic impulses of nature ( apollonian and dionysian ) interrelate and coexist in a
complementary logic - points to the paradoxical relationship between memory and forgetfulness , which
suggests , in this approach , the existence of a tragic memory. This concept refers to the idea of a return
to the tragic pathos, a chance to think about the time of the ancient greeks as culture model to be
experienced .
Key-words: Memory. Tragic art. Nietzsche.
INTRODUÇÃO
Este artigo analisa a relação memória e arte trágica na perspectiva do filósofo alemão
Nietzsche. Procuramos compreender de que modo a tragédia grega pode sugerir um modelo de
ação no presente, a partir da compreensão do pathos trágico existente na cultura dos gregos
antigos. A contribuição do pensamento nietzschiano na abordagem da memória social é
destacada, neste trabalho, pela investigação dos conceitos de apolíneo e dionisíaco elaborados
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pelo filósofo alemão. O espaço trágico exaltado nafilosofia de Nietzsche; nele, os impulsos
artísticos da natureza (apolíneo e dionisíaco) se inter-relacionam e convivem numa lógica de
complementaridade. Tal dinâmica de impulsos compreende a relação paradoxal entre memória
e esquecimento, num permanente jogo de construção e destruição de formas, da adoção de
diferentes maneiras de viver.
Num primeiro momento, abordamos em que consiste a “metafísica de artista” de
Nietzsche, apontando algumas questões sobre o pensamento do filósofo alemão no primeiro
período de sua obra, os chamados “escritos da juventude”. Veremos, neste ponto, a abordagem
da arte como atividade metafísica, porém enfatizamos que a metafísica nietzschiana se
apresenta numa concepção diferente da tradição filosófica.
Num segundo momento, destacamos as concepções de trágico e antitrágico na
perspectiva nietzschiana, evidenciando o contraponto entre essas duas ideias e como o filósofo
usa esses conceitos para estabelecer a sua crítica à época moderna e exaltar a era trágica dos
gregos. Já num terceiro momento, enfocamos a relação entre memória e arte trágica, partindo
das concepções de apolíneo e dionisíaco para pensarmos tal relação.
A discussão estabelecida neste artigo integra a temática desenvolvida em nossa tese de
doutorado em Memória Social, na qual abordamos a relação entre arte e memória na primeira
fase do pensamento nietzschiano. Refletir sobre os questionamentos do jovem Nietzsche nos
leva a pensar em novos caminhos para a cultura, na qual novos valores podem ser construídos,
entendendo, por outro lado, que outros devam ser deixados no esquecimento. Essa dinâmica
que integra o jogo entre memória e esquecimento mostra como a relação paradoxal entre esses
conceitos postula um processo de transformação no âmbito da cultura. Dinâmica que não cessa,
que está sempre em movimento e que, portanto, gera ações no meio social.
1. A METAFÍSICA DE ARTISTA DE NIETZSCHE
Colocar-se na escola dos gregos é aprender a lição de uma civilização trágica para
quem a experiência artística é superior ao conhecimento racional, para quem a arte
tem mais valor do que a verdade. (MACHADO, 2002, p. 8).
A obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche é frequentemente dividida em três
períodos: o primeiro que vai de 1870 a 1876, o segundo, de 1876 a 1882 e o terceiro de 1882 a
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18881. A proposta de nosso trabalho é promover uma investigação do primeiro período da obra,
a denominada “metafísica de artista” do jovem Nietzsche2, na qual a arte ocupa um lugar
privilegiado. A reflexão sobre a arte e filosofia trágica dos gregos percorre toda obra de
Nietzsche, porém, neste trabalho, focaremos nossa análise nos primeiros escritos do filósofo3.
No período da “metafísica de artista”, Nietzsche se encontra sob a influência de alguns
ideais de sua época, do romantismo alemão, da música de Wagner e da filosofia de
Schopenhauer. A partir de tais referenciais, o filósofo estabelece a sua teoria da “arte como
tônico da vida”. Ametafísicanietzschiana, de forma alguma, reflete os propósitos da metafísica
tradicional dominante na cultura ocidental, o conceito ganha um sentido diferente. A metafísica
abordada no pensamento nietzschiano é uma metafísica da arte: a arte como valor superior. Em
O nascimento da tragédia, como o próprio Nietzsche define, a sua metafísica de artista se
propõe a “considerar a ciência sob a ótica do artista e a arte sob a ótica da vida” (NIETZSCHE,
2007, p. 15). Veremos adiante como se configura essa concepção da arte como atividade
metafísica do homem.
Para o filósofo, a arte é mais importante do que a ciência e os textos do período de 1870
a 1876 vão refletir basicamente essa ideia, além de questionar o destino da cultura. O jovem
filólogo4 encontra na música de Wagner e na concepção filosófica de Schopenhauer a
inspiração para a elaboração de sua concepção de trágico, na qual a arte ocupa um lugar
privilegiado na cultura: “Para o jovem autor de O nascimento da tragédia, a tragédia, na época
de esplendor dos primeiros helenos, é a manifestação mais genuína da força, da exuberância e
brilho dessa cultura esplendorosa” (BARRENECHEA, 2014, p. 13). Neste trecho, Barrenechea
traduz o encantamento de Nietzsche pela tragédia ática dos helenos, que, para o filosófo
alemão, constituem um modelo de cultura e civilização, pois exalta e celebra todas as forças
vitais. A concepção de que a arte é a atividade “propriamente metafísica do homem” é o que 1 Utilizamos aqui a mesma periodização adotada por Scarllet Marton. ( MARTON, Scarlett. Nietzsche: das forças
cósmicas aos valores humanos. São Paulo: Brasiliense, 1990). 2 A expressão “jovem Nietzsche” também é frequentemente utilizada pelos comentadores do filósofo como
referência ao primeiro período de sua obra. 3 Os textos do jovem Nietzsche são constituídos, principalmente, pelas seguintes obras: O drama musical grego,
Sócrates e a tragédia, A cosmovisão dionisíaca, O nascimento do pensamento trágico (1870); Sócrátes e a
tragédia grega (1871); Sobre o futuro de nossas instituições de ensino, Cinco prefácios para cinco livros não
escritos, O nascimento da tragédia (1872); A filosofia na época trágica dos gregos, Sobre verdade e mentira no
sentido extramoral, Primeira consideração intempestiva: David Strauss - o devoto e o escritor (1873); Segunda
consideração intempestiva: Da utilidade e desvantagem da história para a vida, Terceira consideração
intempestiva: Schopenhauer como educador (1874); Quarta consideração intempestiva: Richard Wagner em
Bayreuth (1876). (Cf. GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche. São Paulo: Publifolha, 2000, p. 30) 4 Nietzsche foi durante um período de sua vida, na época de sua juventude, professor de filologia clássica na
Universidade da Basileia.
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caracteriza a “metafísica de artista” de Nietzsche: “a arte é a tarefa mais elevada e a atividade
essencialmente metafísica desta vida” (NIETZSCHE, 2007, p. 26).
Pensar a partir desta concepção no século XIX – que, segundo Nietzsche é um exemplo
de uma época antitrágica5 - aponta para um discurso que segue na contra-corrente da época,
pois foge do senso comum de exaltação da racionalidade vigente no momento vivido por ele. O
jovem filósofo exalta a exuberância da cultura trágica e também dirige uma crítica incisiva
contra o socratismo6. O racionalismo imposto pelo socratismo instaura um contramovimento à
irracionalidade vislumbrada na tragédia, a exaltação da razão realizada por esse movimento,
que domina a cultura ocidental no século XIX, põe em xeque os valores trágicos. De acordo
com Nietzsche, podemos afirmar que a época moderna se caracteriza pela valorização de uma
cultura antitrágica. Os conceitos de trágico e antitrágico são fundamentais para o entendimento
da interpretação nietzschiana sobre a história do Ocidente, já que, como analisa Nietzsche, há
uma mudança fundamental de valores na cultura quando a época trágica dos gregos cede lugar à
era antitrágica de Sócrates.
O filosófo alemão, por meio destes conceitos, instaura uma verdadeira apologia à
experiência estética proporcionada pela arte trágica grega, para ele, ela proporciona a
experiência metafísica. Machado (2002) questiona qual seria o significado dessa apologia à arte
trágica na reflexão filosófica de Nietzsche, segundo ele, tal exaltação configura a criação de
uma contra-doutrina, de uma contra-noção, na luta contra a metafísica tradicional e contra a
ciência. A formulação nietzschiana adota ares de denúncia contra o desaparecimento da arte
trágica e a conseqüente ascensão do espírito científico, assinalando, assim, o antagonismo na
relação entre arte e ciência: “O que em termos conceituais quer dizer a oposição entre razão
científica e instinto estético ou entre duas formas de saber: o saber racional e o saber artístico”
(MACHADO, 2002, p. 29).
O que observamos nessa fase da obra nietzschiana, em se tratando das reflexões sobre
questões fundamentais da existência, é a valorização da arte e não do conhecimento, o que
contrapõe às ideias dominantes do pensamento da modernidade. A proposta de Nietzsche
5 Veremos mais adiante em que se constitui a ideia de trágico e anti-trágico em Nietzsche.
6 Investigação filosófica baseada na dialética. Nietzsche condena veementemente essa investigação e acusa-a de
ser a responsável pela decadência do espírito trágico na modernidade: “O que significa o mito trágico
precisamente entre os gregos da melhor, da mais forte, da mais valorosa época? E o prodigioso fenômeno do
espírito dionisíaco? O que significa a tragédia, nascida dele? – E ainda, aquilo de que morreu a tragédia, o
socratismo da moral, a dialética, a ponderação e a serenidade do homem teórico – como? Esse mesmo socratismo
não poderia ser justamente o sinal da decadência, do esgotamento, da fragilização, do anarquismo que dissolve
instintos? (NIETZSCHE, 2007, p. 14).
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reflete uma alternativa contra a metafísica clássica, criadora da racionalidade, para ele “a arte
tem mais valor do que a ciência por ser a força capaz de proporcionar uma experiência
dionisíaca” (MACHADO, 2002, p. 29), ou seja, capaz de celebrar os afetos e tudo aquilo que é
próprio do homem, conciliando elementos paradoxais como a dor e a alegria de viver.
2. O TRÁGICO E O ANTITRÁGICO
Nietzsche, ao tematizar a tragédia grega, exalta a exuberância da cultura dos helenos, a
denominada era trágica exprime uma era de força, de saúde, de celebração da vida em sua
totalidade. Logo após essa época, conforme a ótica nietzschiana, surge uma época antitrágica,
decadente, doente, que rejeita a existência, ao postular um mundo inteligível e racional. Com a
irrupção do socratismo, o ocidente passa a desvalorizar as potências trágicas da vida,
acreditando em utopias de pretensos mundos perfeitos. Esse movimento é visto, por Nietzsche,
como um processo doentio que exaure forças e tira da humanidade todo o sentido, todo valor da
vida.
O filósofo alemão, em sua primeira obra, O nascimento da tragédia (1873), defende que
a tragédia grega surge a partir dos antigos cortejos e rituais dionisíacos7. De acordo com
Nietzsche, na Grécia arcaica dois impulsos artísticos dominavam a cultura: o apolíneo e o
dionisíaco. Apolo era o deus da medida, das artes plásticas, da poesia épica, da escultura (das
imagens de modo geral). O impulso apolíneo estava ligado às pulsões de limites e harmonia das
formas. Por outro lado, Dioniso, era o deus da desmedida, da embriaguez e da música. No
impulso dionisíaco encontramos as pulsões de forças de criação e destruição de formas.
A noção de “tragédia”8, numa compreensão convencional e corriqueira, alude a
situaçõesde catástrofes, perda, dor, a algo inevitável. Já a tragédia grega, em sua origem, trata
de um ritual que se vinculava à dor e à morte, mas também alude à alegria de uma vida plena.
Concordamos com Barrenechea (2014) quando diz que “conjunção de dor e alegria, floração e
morte, que está no âmago da festa trágica, desafia uma interpretação unilateral da existência,
pois o ritual trágico resgata a ambigüidade, a contradição e a pluralidade do mundo” (p. 27-28).
7 Essa tese é apresentada pela primeira vez em “o drama musical grego” e é retomada durante todo o período
posterior a esta conferência. 8 Tragédia, em seu sentido etmológico, vem do grego tragoedia e significa “canto do bode”.
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A tragédia grega concilia contradições, assim alude à totalidade da experiência humana, é uma
arte que apresenta uma compreensão ampla do mundo.
A arte trágica não tem como tarefa purificar, consolar nem propiciar a resignação, mas
permite dizer um “sim” à vida até mesmo em meio ao sofrimento e à dor:
O essencial na tragédia, entendida como representação teatral, como ritual e,
no fundo, como interpretação da vida, consiste em sua capacidade de suscitar
e potencializar as emoções, os sentimentos, de multiplicar as possibilidades de
vida, de incentivar a existência e a alegria de viver. Por isso, a tragédia é o
lugar em que todas as potências vitais são exaltadas, em que as intensidades
são fomentadas, em que os instintos são celebrados e não cerceados nem
expurgados. Também, o espaço trágico é lugar em que convivem todas as
diferenças: o não, a negatividade, os aspectos confusos e contraditórios da
existência não são confinados nem barrados. No espaço trágico, as diferenças
são celebradas: se a morte é gloriosa, se a dor é gloriosa, não há nada no
universo que possa ser considerado condenável, desprezível. Os aspectos
dolorosos e até medonhos do mundo não são tolerados, mas consagrados,
pois não é possível o próprio sem outro; a festa não é possível sem percorrer o
sofrimento; a derrota antecipa o momento glorioso, aliás a glória está
configurada por derrotas (BARRENECHEA, 2014, p. 39-40, grifos do autor).
Como apresenta Barrenechea, na tragédia encontramos uma compreensão do mundo
para além dos dualismos, das dicotomias, das parcialidades que limitam o mundo. A concepção
de trágico contradiz a metafísica tradicional, na qual as diferenças e a alteridade são negadas; no
espaço da tragédia nada é negado, as intensidades e as diferenças são consagradas. Nietzsche
interpreta o trágico como a conjunção de forças conflitantes, de impulsos estéticos antitéticos: o
apolíneo e o dionisíaco. A conjunção desses impulsos sintetiza o caráter complexo do mundo. A
realidade não é marcada por uma única verdade, mas por múltiplas perspectivas.
O estado dionisíaco é caracterizado como um estado de transformação, como se via nos
cortejos a Dioniso. O estado de embriaguez dionisíaco rompe com uma ligação com a
identidade e com a consciência tornando possível a percepção de imagens inconscientes como
imagens vivas e também da metamorfose da passagem de um a outro personagem. O fenômeno
da passagem a uma outra individualidade se diferencia do rito apolíneo, neste a identidade se
mantém já que há um distanciamento que permite a simples contemplação da imagem, não há
aqui um processo de transformação, de mudança como nos ritos dionisíacos, há permanência
das formas, podemos dizer, então, que o apolíneo é a permanência de formas e o dionisíaco a
destruição delas.
A tragédia, segundo Nietzsche, entendida como uma imitação artística desse fenômeno
de transformação, que rompe com o princípio de individuação, teria sua origem, no coro
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ditirâmbico e somente depois teriam sido introduzidos outros elementos dramáticos como o
mundo visível da cena, o diálogo e a ação trágica: “A arte trágica nasce da visão cantada e
celebrada pelo coro, a qual, com o tempo, tornou-se mais forte e durável e foi se constituindo
como „ação‟, ou seja, „exteriorização viva da figura da visão‟ (NIETZSCHE apud
CAVALCANTI, 2006, p. 53).
A música é um elemento essencial na reflexão sobre a arte trágica, pois torna possível a
passagem do estado dionisíaco, sem forma ou conceito, ao mundo apolíneo das imagens. Para
Nietzsche, o coro trágico representa o papel da música e do canto nos antigos cultos; possibilita
através da transformação (metamorfose) a vivência da experiência, inacessível à imagem e ao
conceito. A tragédia simboliza,assim, a união entre as pulsões apolínea e dionisíaca: a partir da
música (elemento não figurativo), a imagem e a forma são engendradas.
Na primeira fase do pensamento nietzschiano, metafísica e religiosidade se entrelaçam à
arte e ao processo de criação artística. Assim, o filósofo alemão compreende o drama antigo das
tragédias gregas como uma interpretação da experiência religioso-extática dos cultos
dionisíacos:
A arte do ator, de entrar em outro personagem e a partir dele falar e agir,
encontra sua gênese na transformação de próprio que os seguidores dos cultos
dionisíacos sentiam acontecer no estado de metamorfose. O ditirambo
dionisíaco é descrito como “fenômeno dramático originário” (...), pois nele a
metamorfose dos coreutas em sátiros dá expressão a um antigo princípio, o de
sair de si, distanciar-se de si próprio, a fim de vivenciar um domínio da
experiência distinto do eu e da vontade individual. Os atores trágicos que,
sobre seus coturnos e portando enormes máscaras, interpretam Prometeu,
Édipo ou Antígona, transformam em imagens vivas, como vimos, os
sofrimentos e combates do deus cantados pelo coro. E O drama musical
grego, Nietzsche comenta: “Não é porque alguém se mascara e procura iludir
os outros que começa o drama: mas porque o homem sai de si mesmo e se crê
transformado e enfeitiçado”. (CAVALCANTI, 2006, p. 57)
Na interpretação de Nietzsche, a experiência artística é fundamental no que se refere ao
aspecto trágico da existência, pois a tragicidade da existência “não é um estágio transitório que
pode ser transformado e superado, mas um aspecto fundamental de sua constituição”
(CAVALCANTI, 2006, p. 58). Na experiência artística da tragédia há o permanente jogo dos
impulsos apolíneo e dionisíaco, impulsos esses próprios da dinâmica da vida. A existência
humana, nesse sentido, é expressão do jogo efêmero entre criação e destruição de formas, de
permanente transformação, o que possibilita sempre novas formas de interpretação da
existência.
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Nietzsche enxerga uma estrita relação entre os efeitos estéticos produzidos pela música
e pela imagem; ele compreende o espetáculo trágico como um entralaçamento contínuo entre a
experiência musical dionisíaca e o mundo apolíneo da cena. O herói trágico e a ação cênica
performada projetam um mundo de experiência dionisíaca:
Nietzsche articula os mais antigos elementos dos rituais – os ritos de
fertilidade e celebração da natureza, a participação no mundo das forças e
poderes divinos – à arte trágica antiga, formado de uma interpretação da arte
como participação no jogo das pulsões criadoras da natureza. A tragédia
grega, formada pela união entre as pulsões apolíneas e dionisíacas, tornava
possível um experiência da proximidade dos opostos, da dor e do prazer como
um eterno e necessário jogo de conversão e criação. (CAVALCANTI, 2006,
p. 63)
Um dos aspectos singulares da interpretação de Nietzsche sobre a arte trágica é o de
associar a experiência dos cultos e rituais dionisíacos à experiência artística. O que está em jogo
na arte trágica não é a narrativa que desperta a imaginação, como na epopéia, mas o páthos, que
mobiliza e torna ativo o sentimento. É assim que a experiência da tragédia grega proporciona ao
espectador uma vivência. O público se envolve na ação dramática e experimenta as sensações
daquilo que está sendo representado, diríamos que há um estado de “comunidade” entre o
público e atores. Nietzsche mostra por meio da análise da tragédia grega como numa cultura
estão intrinsicamente unidos ritual religioso e arte. O ritual dionisíaco para Nietzsche simboliza
a experiência da vivência, pois mimetiza a vida humana e social. Como já afirmamos,
Nietzsche formula uma hipótese metafísica a partir do encontro do apolíneo com o dionisíaco:
não pensa a arte apenas como atividade humana que se encarna em obras, mas a apresenta como
algo que se encontra na esfera da natureza.
Na arte grega, o apolíneo e o dionisíaco aparecem lado a lado, assim o artista trágico
joga com o sonho e a embriaguez ao mesmo tempo. Nesse jogo entre impulsos antagônicos, o
povo grego soube afirmar a existência em sua totalidade. A tragédia “proporciona ao grego a
possibilidade de experimentar o dionisíaco e voltar para o dia a dia, sem a visão pessimista da
vida” (DIAS, 2011, p. 94). A tragédia traz consolo para o sofrimento da existência, tornando-a
suportável.
O jogo entre os impulsos apolíneo e dionisíaco, na perspectiva nietzschiana, representa
o espaço da criação do novo. Há um constante movimento de criação e dissolução de formas, o
que implica em modificações no espaço social. Nietzsche, ao analisar a tragédia grega, fala de
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uma cultura que conciliava a arte a essa dinâmica, portanto a arte possui um papel fundamental
nesse tipo de cultura.
O impulso apolíneo configura o que é permanente, o que é fixo, tudo o que representa o
figurativo no espaço vivido (ou representado). O impulso dionisíaco é o impulso propiciador da
transformação, já que dá a liberdade de se desvencilhar de padrões e modelos estipulados,
dando liberdade de agir de forma singular: diferentes ações sugerem diferentes perspectivas de
vivências. A tragédia grega configura um espaço de criação, assim propicia uma transformação,
seja no âmbito individual ou coletivo. Podemos sintetizar a ideia de trágico, nesse caminho
trilhado por Nietzsche, como um espaço dotado de uma complexidade mais próxima da
dinâmica da vida. Enquanto, por outro lado, a cultura antitrágica contradiz os valores vitais
exaltados pelo trágico, se caracteriza por compreender o mundo como dicotômico e por adotar
uma perspectiva unilateral, na qual determinados valores são exaltados em detrimentos de
outros. Diferentemente, no espaço trágico tudo vale ser celebrado.
3. MEMÓRIA E ARTE TRÁGICA NA PERSPECTIVA NIETZSCHIANA
O que é arte e a importância dela para a vida são questões fundamentais na filosofia
nietzschiana: é característica marcante nos primeiros escritos do filósofo: “Por causa da força
de todos os seus instintos a vida dos helenos era mais rica em sofrimentos. Qual era o antídoto?”
(NIETZSCHE apud MACHADO, 2002, p. 17). A resposta para essa pergunta, sem dúvidas, é a
arte. Como aponta Machado, se é possível adotar um ponto de partida da reflexão sobre a arte
na Grécia, ele se encontra na “correlação entre uma sensibilidade exarcebada para o sofrimento
e uma extraordinária sensibilidade artística que caracteriza os gregos e que se explica pela força
de seus instintos” (MACHADO, 2002, p. 17). Nietzsche parte da reflexão sobre a Grécia
arcaica, como vimos anteriormente, como modelo de civilização que pode ser adotado para
propor a superação de valores decadentes de sua época.É nesse caminho que Nietzsche vai
trilhar, a arte trágica age como um antídoto para a superação da racionalidade dominante na
modernidade: “por meio da arte a vida é tornada possível e digna de ser vivida” (Cf.
NIETZSCHE, 2007, p. 29).
Em O nascimento da tragédia, Nietzsche mostra como uma era “antitrágica” começa a
dominar o mundo helênico, após uma época “trágica”na qual todas as forças naturais
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dominavam. Surge uma compreensão escatológica e antinatural do mundo que toma o lugar, na
cultura européia, de uma vida plena, afirmativa de todas as potências naturais. Assim, o pathos
trágico é aniquilado por um racionalismo exacerbado. Ao entrar em crise, a era trágica abre
espaço para a doutrina socrático-platônica se estabelecer, criando a crença num além mundo.
Nasce a metafísica, que sustenta a crença em um mundo perfeito, eterno e imutável. Assim, o
filósofo reconhece, no homem moderno, um modo negativo de conceber a vida, pois enfatiza
aspectos racionais e desvalorizando aspectos não-racionais (os afetos, as emoções, os
impulsos).
Para superar a decadência vivida pelos seus contemporâneos, cultuada e perpetuada na
modernidade, Nietzsche aponta a retomada do pathos trágico como uma saída para a renovação
da cultura alemã. Ele vê nos gregos arcaicos um modelo de cultura autêntica, na qual os
filósofos e os artistas afirmavam a existência em todas as suas facetas, desde os aspectos mais
belos e intensos até os mais terríveis e dolorosos.
Essa retomada do pathos trágico e a adoção dos gregos clássicos como modelo de
cultura, apontada por Nietzsche, é uma investigação importante em nossa pesquisa, já que nesse
jogo entre o apolíneo e o dionisíaco está em jogo também a inter-relação entre a memória e o
esquecimento. Na perspectiva nietzschiana, tal jogo impulsionaria a criação de uma cultura
renovada, partindo do modelo grego. Nossa pesquisa se propõe, dentre outras questões, analisar
o espaço trágico e suas influências na Memória Social.
A postura anticanônica adotada por Nietzsche revela um pensador provocador e crítico
do tempo presente. As considerações intempestivas (ou extemporâneas), por exemplo, revelam
todo o vigor crítico do filósofo alemão, que empreende um verdadeiro ataque à cultura de sua
época. Para ele, a época moderna padece de uma doença9 que desfigura a cultura de então, ela
não apresenta, por isso, um “estilo” próprio. Assim, por meio da valorização da arte trágica, o
jovem Nietzsche semeia a ideia do surgimento de uma nova era trágica10
- a retomada do pathos
trágico vivenciado pelos gregos antigos - e a conseqüente superação de valores decadentes da
modernidade. A cultura antitrágica da modernidade mostra, segundo Nietzsche, um processo
doentio na relação com a vida. Ao negar a celebração da vida em sua totalidade, essa cultura
busca a afirmação em utopias de um mundo perfeito, de um “além-mundo”. A “febre
9 O termo “doença” é utilizado por Nietzsche para expressar tudo aquilo que enfraquece o homem, tudo que o torna
um negador da vida. 10
Essa ideia vai permear não somente a primeira fase da obra, mas também as fases seguintes.
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histórica”11
abordada na Segunda consideração intempestiva é um exemplo da relação doentia
que há entre o homem moderno e o seu passado:
(...) ela está doente, esta vida desagrilhoada, está doente e precisa ser curada.
Ela está enferma de muitos males e não sofre apenas da lembrança de seus
grilhões – ela sofre, o que nos diz respeito especialmente, da doença histórica.
O excesso de história afetou a sua força plástica, ela não sabe mais se servir do
passado como de um alimento poderoso. (NIETZSCHE, 2003, p. 94-95).
O passado, sob a ótica desse texto de Nietzsche, é exaltado como simples lembrança do
que já foi, não é adotado como modelo de ação para o presente. Não suscita, portanto mudanças
na cultura; O homem moderno encontra no passado apenas um “ídolo” para adorar. A
lembrança de um tempo anterior, nessa visão, não age em prol da existência, não impulsiona a
ligação entre passado, presente e futuro. Apenas coloca em evidência um fato ou personagem
histórico pelo desejo de uma mera contemplação ou conservação de um passado que se quer
cristalizar. O exagero de memória perpetuado na cultura moderna impõe ao homem desse
tempo o não esquecimento, defende que tudo deve ser lembrado, rememorado, impondo a
superioridade da memória sobre o esquecimento. Nietzsche vai nos dizer que nessa relação –
entre memória e esquecimento – não há um elemento que se sobrepõe ao outro, mas há, na
verdade, um jogo de forças, uma dinâmica - assim como a luta entre o apolíneo e o dionisíaco -,
um movimento permanente de construção e destruição de formas, um complexo jogo entre
lembranças e esquecimentos, agindo em prol do constante movimento que determina o
processo cultural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os gregos arcaicos, por intermédio da tragédia, mostraram o seu “estilo próprio” como
defendido por Nietzsche. Para o jovem filósofo, cultura é “unidade de estilo artístico em todas
as manifestações de um povo” (NIETZSCHE, 1932, p. 6) e por isso os gregos antigos
constituem um modelo de cultura a ser seguido, pois foram capazes de criar uma “unidade” com
dois impulsos antagônicos (o apolíneo e o dionisíaco) e mostraram um “estilo próprio” de viver.
A arte trágica tonifica o viver de modo peculiar, considerando esta perspectiva explorada por
Nietzsche, ela constitui um modelo a ser experimentado. Trazer à tona a memória da tragédia é
criar a possibilidade de transformação do viver, da adoção de novas perspectivas diante do
futuro: “somente pela capacidade de usar o que passou em prol da vida e de fazer história uma
11
A febre histórica refere-se ao apelo exagerado ao conhecimento histórico característico do século XIX.
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vez mais a partir do que aconteceu, o homem se torna homem” (NIETZSCHE, 2003, p.12) e
constrói um futuro. Abordar essa memória do pathos grego é pensar num uso frutificador do
passado: usar o passado em prol do presente. É pensar numa memória que traz o passado não só
como forma de contemplação, mas como forma de ação. Conceber uma memória trágica
implica em conciliar elementos contraditórios, entendendo-os como fatores próprios do devir.
É trazer à tona a lembrança de um modelo de ação capaz de impulsionar o criar de uma nova
cultura.
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