MEDITAÇAO

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MEDITAAOPRIMEIROS PASSOS O primeiro passo na meditao consiste em cultivar o pensamento, at que se torne habitual, de que o corpo fsico um instrumento do esprito. Os que recm tomaram conhecimento do pensamento teosfico acham no comeo difcil de reverter seus pontos de vista; para eles a alma e o esprito so irreais. Os planos e corpos, dos quais os escritores Teosficos falam em suas tentativas de transmitir com clareza e preciso cientfica um pequeno vislumbre dos mistrios do ser humano, so memorizados em termos de algum diagrama, sendo cada nome evocado com um esforo da memria. O corpo fsico a nica realidade tangvel e o corpo supra-fsico uma evanescente e vaga, mera concepo intelectual. Mas gradualmente e quase imperceptivelmente este sentimento abandonado; um sentimento de percepo do supra-fsico comea a agir no crebro fsico e a dar vida ao que antes era uma simples teoria intelectual. A razo para isso no precisa ser procurada longe. Ler livros Teosficos pr-se em contato com foras poderosamente estimulantes no mundo dos arqutipos mentais; ler sobre os corpos superiores tende, por direcionarmos a ateno para aqueles corpos, a despertar a autoconscincia neles. Interesse e estudo do plano astral e do corpo astral gradualmente despertam o estudante naquele plano durante o sono fsico. A estimulao dos corpos superiores maior atividade tambm auxiliada ao estarmos dentro da aura de pessoas supra-fisicamente desenvolvidas. Como um resultado natural esta expanso da natureza interna comea a modificar a conscincia desperta, o conhecimento do Homem Superior lentamente se filtra para dentro do crebro fsico, e o estudante ver seu panorama da vida sofrendo grande mudana. Uma expanso da conscincia se torna perceptvel, novos horizontes de pensamento e sentimento se abrem diante de si, seu ambiente na vida assume um novo significado medida que desperta para eles, e as verdades da Teosofia comeam a passar da teoria intelectual para a experincia espiritual. Tal , brevemente falando, a razo fsica para a gradual expanso da conscincia, que acompanha as primeiras experincias da maior parte dos Teosofistas que so realmente srios; e podemos, de passagem, arriscar a idia de que os trs anos que devem transcorrer antes que um estudante se torne admissvel Escola Esotrica so prescritos no s para que sua perseverana na Teosofia possa ser testada, mas tambm que esse tempo possa ser concedido para essa mudana nos corpos supra-fsicos, pela qual ele poder intuitivamente vir a sentir-se como o Homem Superior usando um instrumento fsico. Agora esse processo e esse despertar podem ser materialmente estimulados. 'Ajude a Natureza', diz A Voz do Silncio, 'e trabalhe com ela; e a Natureza o ver como um de seus criadores e lhe ser obediente'. Um moderno escritor cientfico parafraseou a mesma verdade nas palavras 'a Natureza conquistada pela obedincia'; temos apenas que entender as leis da Natureza, e ento, corretamente selecionadas e aplicadas, elas se tornaro nossos servidores obedientes. Isso que ocorre lugar lenta e gradualmente no decurso comum do tempo pode ser acelerado com um esforo inteligente e bem direcionado. Por isso o primeiro exerccio do estudante em meditao pode apropriadamente ter em vista esta sua aspirao de perceber conscientemente o Homem Superior. A prtica a seguir uma que o presente autor utilizou com bons resultados, at que no houve mais necessidade de continu-la. MEDITAO SOBRE OS CORPOS Que o estudante comece pensando no corpo fsico; ento considere como possvel control-lo e dirigi-lo, e ento em pensamento se separe dele; considere-o como um veculo, e imagine-se por alguns momentos vivendo no corpo astral. Que reflita, ento, que ele pode controlar suas emoes e desejos; e, com um grande esforo, repudiar o corpo astral e perceber que ele no esse corpo de paixes, desejos e emoes em erupo e combate. Que imagine-se vivendo no corpo mental; e considere mais uma vez que pode controlar seus pensamentos, e que tem o poder de orientar sua mente para pensar em qualquer coisa que queira, e novamente com um esforo repudie o corpo mental. O estudante deveria agora deixar-se pairar na livre atmosfera do esprito onde h paz eterna, e, descansando l por algum tempo, procure com grande intensidade perceber Aquele que o verdadeiro Eu. Deixemo-lo agora descer novamente, trazendo consigo a paz de esprito atravs dos diferentes corpos. Deixemo-lo imaginar a aura do corpo mental irradiando sua volta, e deixe que a influncia da paz o inunde, enquanto reafirma que ele o Eu que usou o corpo mental como um instrumento a seu servio. Ento descendo para o corpo astral, novamente permita que a paz se irradie atravs da aura, enquanto reafirma que ele aquele que usa as emoes como suas servas; e finalmente, que retorne ao corpo fsico, reconhecendo-o como um instrumento, e um centro da divina paz, haja o que houver no mundo. O exerccio pode a princpio parecer estranho e infrutfero, pois o corpo fsico ainda a grande realidade, e pensamento e sentimento ainda so a grande realidade, e pensamento e sentimento ainda so passveis de serem considerados como produtos do crebro fsico. O iniciante deve lembrar que ele est procurando desfazer os hbitos mentais de anos, e portanto no deve impacientar-se por resultados imediatos. Possivelmente muito tempo poder passar antes que sua intuio lhe assegure infalivelmente que h um poder maior dentro de si, guiando suas aes e moldando seu curso pela vida. Muito naturalmente, ele pode considerar a hiptese de auto-hipnose, o pensamento de que ele possa por degraus sucessivos estar-se iludindo em crenas fantasiosas que no possuem nenhum fundamento de realidade. Para a mente bem equilibrada os primeiros estgios so de longe os mais difceis, porque h uma reticncia natural em aventurar-se no desconhecido e uma tendncia em bater em retirada mental a cada suspeita de perigo. A despeito disso, bastante razovel fazer uma tentativa sria num sistema exposto pelas maiores mentes da antigidade, prescrito em todas as grandes religies e experimentado por pessoas eminentemente ss e sinceras dos dias de hoje. E uma prtica um tanto regular e persistente necessria para conduzir obteno de certos resultados. Quo ntidos sero esses resultados e com que rapidez eles aparecero naturalmente depender do temperamento, da diligncia e das possibilidades do indivduo. UMA FORMA MAIS ELABORADA QUE ACIMA medida que o iniciante for ficando mais familiarizado com a meditao acima delineada, ele pode comear a elabor-la, de acordo com a tendncia de seu temperamento. Ele pode achar de utilidade, por exemplo, considerar a comparao do piano e do pianista. Como o piano produz som e msica organizada, assim o crebro e o corpo fsico do expresso ao pensamento, sentimento e atividade organizada. Mas o pianista que expressa a si mesmo por meio do instrumento. Da mesma maneira o corpo fsico (em suas atividades voluntrias) apenas vibra em resposta ao Homem Superior. Apartando-se em pensamento do corpo fsico e examinando-o com a fria discriminao da mente, ele deveria tentar perceber que ele s um veculo, um instrumento, uma vestimenta de carne. A fim de que a conscincia, que a manifestao do esprito, possa contatar o mundo fsico ela deve habitar um tabernculo de matria fsica relativo e afinado quele mundo fsico, pois somente um veculo fsico de conscincia pode entrar em relao vibratria com a matria fsica. Pela multiplicidade de experincias a serem obtidas do mundo fsico e pela gradual adequao do instrumento fsico para responder-lhes, o esprito desdobra seus poderes inatos da latncia potncia. Ele pode ento considerar como possvel control-lo e dirigi-lo, como ele responde aos ditames da inteligncia diretriz, o Eu. Pois separando-se dele em pensamento, deveria a seguir imaginar-se vivendo por alguns momentos no corpo astral. Que reflita, ento, que o corpo astral no seu Eu real. Ele pode controlar suas emoes e desejos, ele pode regular o jogo dos sentimentos. Suas emoes so apenas um aspecto de sua conscincia trabalhando no e limitada pelo corpo astral, o qual, por sua vez, uma habitao construda a partir da matria do plano astral, para que a conscincia interna possa entrar em relaes com ele. Ele prprio no este corpo de paixes, desejos e emoes irrompendo em luta. Em seus momentos mais tranqilos ele sabe que ele est acima da erupo das emoes. Seus arroubos de paixo, de inveja, de medo, ou egosmo e dio, nada disso ele mesmo, apenas o jogo das emoes que fugiram ao controle, como um cachorro pode fugir da coleira. No corao de seu corao ele sabe que muito disso j est sob seu controle, ento pela fora de pacincia perseverante e dedicado esforo tudo pode ser trazido no devido tempo para dentro dos devidos limites, e a maestria sobre as emoes ter sido atingida. Assim ficando como se de fora de suas emoes, olhando para baixo para a inteira esfera de suas atividades, que imagine-se a seguir como vivendo no corpo mental. No difcil para o iniciante separar-se de seus corpos fsico e emocional se foi ensinado na prtica da moralidade normal a detectar e controlar aes e emoes violentas; mas provavelmente no ter recebido muita instruo sobre o poder do pensamento, e conseqentemente ele acha difcil perceber de pronto a possibilidade de controlar seu pensamento. Assim ele possui o poder de direcionar sua mente para qualquer objeto de seu agrado, e por fora da perseverana pode aprender a mant-lo fixo l. E eventualmente pode ganhar tal controle sobre a mente que ser capaz de eliminar dela vontade qualquer pensamento inoportuno. E assim, passando atravs dos vrios estgios, ele pode elevar-se contemplao dAquele que est alm das palavras, inefavelmente real e sagrado, alcanando o verdadeiro relicrio de seu prprio ser, o altar sobre o qual a prpria Divina Shekinah1 (1 Segundo o Glossrio Teosfico de H. P. Blavatsky, Shekinah a Graa Divina, ou a Luz Primordial eterna. o ttulo aplicado pelos cabalistas ao Dcimo Sephira, Kether (Coroa), o primeiro da Trade Suprema, o Mistrio dos Mistrios. - N. do Trad.) se manifesta, e trazer com ele aquela radincia para os mundos dos sentidos exteriores. Quando o estudante por sua meditao e por seu reiterado pensamento durante o dia passou a considerar a si mesmo como o Homem Interno, trabalhando externamente no mundo atravs da instrumentalidade de um corpo fsico, pode ento passar para formas mais elaboradas e cientficas de meditao. Ele deveria comear a trabalhar com o mais completo entendimento de seus vrios detalhes e estgios, considerando-a ao mesmo tempo como um meio de regenerao espiritual e crescimento e uma cincia de controle da mente e dos sentimentos fugidios. CONCENTRAO A meditao usualmente dividida em trs estgios: Concentrao, Meditao e Contemplao. Poderia ser ainda mais subdividida, mas desnecessrio faz-lo aqui; de outra parte, o iniciante deveria manter em mente que a meditao uma cincia para toda a vida, de modo que no deve esperar atingir o estgio da pura contemplao em seus primeiros esforos. A concentrao consiste em focalizar a mente em uma nica idia e mant-la ali. Patanjali, o autor do clssico hindu Aforismos do Yoga, define Yoga como 'a suspenso das modificaes do princpio pensante'. Esta definio aplicvel concentrao, ainda que Patanjali provavelmente v alm em seu pensamento e inclua a cessao da faculdade mental de construo de imagens e de todas as expresses concretas do pensamento, virtualmente assim passando alm do estgio da mera concentrao para o da contemplao. Para poder se concentrar, ento, necessrio ganhar controle sobre a mente e aprender por prtica gradual a estreitar seu leque de atividades, at que se torne unidirecionada. Alguma idia ou objeto escolhido sobre o qual concentrar-se, e o passo inicial eliminar da mente todo o resto, excluir portanto toda a corrente de pensamentos alheios ao assunto, que danam ante a mente como as imagens cambiantes do cinema. verdade que muito da prtica inicial do estudante dever ser nos estgios inicias esta forma de excluso repetida de pensamentos; e pr-se a fazer isso um treinamento excelente. Mas h uma outra e muito melhor maneira de atingir a concentrao; consiste em se tornar to interessado e absorvido no tema escolhido que todos os outros pensamentos so por isso mesmo excludos da mente. Estamos constantemente fazendo isso em nossas vidas dirias, inconscientemente e por fora do hbito. Escrever uma carta, fazer contas, tomar grandes decises, resolver problemas difceis, todas estas coisas colaboram para que a mente seja induzida a um estado mais ou menos profundo de concentrao. O estudante deve aprender a consegui-la vontade, e ser mais bem-sucedido cultivando o poder e o hbito de observar e prestar ateno aos objetos externos. Tome qualquer objeto: um porta-canetas, um pedao de papel, uma folha, uma flor, e note os detalhes de sua aparncia e estrutura que normalmente passam despercebidos; enumere uma por uma suas propriedades, e logo achar o exerccio de um interesse absorvente. Se for capaz de estudar o processo de sua manufatura ou crescimento, o interesse aumentar ainda mais. Nenhum objeto na natureza de fato completamente tosco ou desinteressante; e quando algo se nos aparece assim, a falha em apreciar a maravilha e a beleza de sua manifestao reside em nossa prpria falta de ateno. Como auxlio concentrao, bom repetir em voz alta as idias que lhe passam pela mente. Assim; este porta-canetas preto; ele reflete a luz da janela em algumas partes de sua superfcie; tem cerca de dezessete centmetros de comprimento, cilndrico; sua superfcie gravada com um desenho; o desenho tem forma de galhos e formado por sries de linhas gravadas muito juntas; e assim por diante vontade. Desse modo o estudante aprende a retirar-se do mundo maior e fechar-se no pequeno mundo de sua escolha. Quando isso for conseguido satisfatoriamente ter atingido um certo grau de concentrao; mas evidente que haver ainda muitos e diversos pensamentos rolando pela mente, ainda que todos em torno do porta-canetas. O falar em voz alta ajuda a diminuir a velocidade dessa corrente de pensamentos e evita que a mente devaneie. Gradualmente pela prtica ele aprende a limitar ainda mais o crculo de pensamentos at que literalmente pode direcionar a focalizao da mente para um s ponto. A prtica acima por natureza um pouco difcil de ser conseguida; requer um grau de aplicao estrnua, e, mais que tudo, pode aparecer algo fria ao estudante, j que desperta pouca emoo. Um outro exerccio de concentrao pode portanto ser feito correntemente, mas antes de descrev-lo devemos dizer que o exerccio anterior, em algum momento da carreira do estudante, precisa ser dominado. Algum grau de maestria nisso pr-requisito para a visualizao bem-sucedida, isto , o poder de reproduzir mentalmente um objeto com mincia de detalhes sem ele estar visvel aos olhos, e a visualizao acurada uma parte necessria de muito do trabalho que feito pelos estudantes treinados em mtodos ocultos tais como a construo deliberada de formas-pensamento e a criao mental de smbolos no cerimonial. Coerentemente, o estudante que for mesmo dedicado no negligenciar este tipo de trabalho por causa de sua dificuldade e por requerer aplicao. Ele tambm se por a trabalhar na visualizao, observando e perscrutando cuidadosamente um objeto, e ento com os olhos fechados tentar fazer uma representao mental dele. O segundo mtodo mencionado antes o de no se concentrar sobre um objeto fsico, mas sobre uma idia. Se alguma virtude for tomada isso ter a vantagem de despertar o entusiasmo e a devoo do estudante, e essa uma considerao muito importante nos estgios iniciais da prtica, quando a perseverana e firmeza so com freqncia penosamente testadas. Alm disso, os esforos constroem aquela virtude no carter. Neste caso a concentrao mais dos sentimentos e menos evidentemente um processo mental. O estudante se esfora por reproduzir em si mesmo a virtude, digamos simpatia, pela qual anseia, e por fora de manter-se numa nica emoo, pelo poder da vontade eventualmente ter sucesso em sentir simpatia. mais fcil ser unidirecionado no sentimento do que no pensamento, pois este ltimo mais sutil e ativo; mas se uma intensa concentrao de sentimento puder ser induzida, a mente em certa medida a seguir. MEDITAO Tendo assim considerado a concentrao podemos passar agora segunda diviso principal de nosso assunto, isto , a meditao. A meditao a arte de considerar um assunto ou analis-lo mentalmente em seus vrios atributos e relaes. Propriamente falando, o estgio de meditao no se segue diretamente completa unidirecionalidade da mente que discutimos acima, antes secunda aquele estgio de concentrao relativa que baniu da mente todas as idias alheias ao nico assunto sob considerao; mas a eficincia de concentrao ser requerida medida que cada variedade de meditao for trabalhada. No precisamos ocupar mais espao com outras definies de meditao, mas podemos passar imediatamente para certos esquemas da prtica que ilustraro sua natureza e mtodo mais claramente que dissertaes tericas. Falamos acima no pensamento sobre a simpatia e podemos us-lo como tema de meditao.