Mauro wilton

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - Escola de Comunicações e Artes Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação Área: Interfaces Sociais da Comunicação Linha: Educomunicação Disciplina: Educomunicação – Fundamentos, Áreas e Metodologias Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares Mauro Wilton de Sousa e as Interfaces da Comunicação / Educação Autoras Luci Ferraz de Mello Maria Izabel Leão Queila Borges Paula H. Barroso 1. Introdução......................................................... .........................2 2. Formação Acadêmica / Experiência Profissional..................................2 3. Atuação e Contribuições no Campo de Interfaces da Comunicação/Educação............................................... ...................3 1

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - Escola de Comunicações e Artes Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação

Área: Interfaces Sociais da Comunicação Linha: Educomunicação

Disciplina: Educomunicação – Fundamentos, Áreas e MetodologiasProf. Dr. Ismar de Oliveira Soares

Mauro Wilton de Sousa e as Interfaces da

Comunicação / Educação

AutorasLuci Ferraz de MelloMaria Izabel LeãoQueila BorgesPaula H. Barroso

1. Introdução..................................................................................22. Formação Acadêmica / Experiência Profissional..................................23. Atuação e Contribuições no Campo de Interfaces da

Comunicação/Educação..................................................................3

3.1 Modernidade e Pós-Modernidade.................................................3

3.2 Estudo da recepção e mediação na atualidade...............................6

3.3 Espaço e tempo......................................................................10

3.4 A escola na atualidade.............................................................15

3.5 Mediações na escola................................................................18

3.6 Identidade e pertencimento......................................................18

3.7 Mediação, Comunicação e Educação...........................................19

3.8 Proposta sobre a interface entre Comunicação e Educação.............20

3.7 Desdobramentos Práticos - Reflexões sobre possíveis abordagens de

práticas educomunicativas........................................................20

4. Bibliografia consultada para elaboração deste trabalho........................275. Orientações.................................................................................29

6. Produção literária de Mauro Wilton de Souza.....................................31

7. Anexo 1 - Entrevista com Mauro Wilton............................................37

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Nada de bom será feito sem o envolvimento apaixonado dos indivíduos.”

(Pierre Lévy1)

1) INTRODUÇÃO

A proposta inicial era escrever um breve relato sobre as

possíveis contribuições do Professor Doutor Mauro Wilton de

Sousa para o esclarecimento sobre as interfaces da

conjugação entre a Comunicação e a Educação, em

comemoração aos 10 anos do Núcleo de Comunicação e

Educação da ECA/USP.

Desafio aceito, fomos a campo. Porém, o que parecia ser um pouco mais que um

levantamento de dados, mostrou-se um caminho de descobertas e reflexões.

Realizamos uma entrevista inicial com o objetivo de conhecer um pouco suas

realizações. Acabamos tendo uma aula sobre comunicação, cultura, mediações e

filosofia de vida, entre outras abordagens.

A primeira parte do texto que segue foi elaborado a partir da entrevista realizada

presencialmente, bem como de obras e artigos escritos, citados ou indicados pelo

entrevistado Mauro Wilton de Sousa. Para a segunda parte, optamos por desenvolver

algumas reflexões extras acerca da inter-relação Comunicação / Educação, visando

identificar possíveis contribuições entre os trabalhos de dois grupos de estudos, Grupo

de Estudos sobre Práticas de Recepção Midiática e Núcleo de Comunicação e

Educação, ambos da ECA-USP. Esperamos ter contribuído para mostrar ao menos uma

parte importante, ainda que pequena, da grande colaboração deste docente para o

esclarecimento sobre o tema. Até porque, como ele mesmo diz, definir sua

contribuição em algumas páginas não seria correto e justo. Como ser buscante que é,

prossegue seu caminho refletindo sobre os questionamentos que continuam surgindo,

apesar de muitas respostas já terem sido vislumbradas. A nós, só resta dizer: Muito

obrigado!

2) FORMAÇÃO ACADÊMICA / EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

1 LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência – O futuro do pensamento na era da informática. 15a. ed. São Paulo: Editora 34, 2006, pág. 131.

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Mauro Wilton de Sousa é professor-titular e pesquisador no Departamento de Cinema,

Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Atua principalmente com os seguintes temas: Comunicação, Cotidiano, Cultura,

Recepção e Telenovela. Dedica-se ao estudo da recepção dos meios de comunicação

de massa e ao espaço público, sobretudo no âmbito da pesquisa acadêmica em pós-

graduação, a partir de uma linha mais ampla de análise dos sistemas de significação

em imagem e som na contemporaneidade.

Coordena o Grupo de Estudos sobre Práticas de Recepção Midiática da ECA-USP e é

responsável pela publicação da Revista Novos Olhares, cuja qualidade dos artigos

resultou na compilação de alguns dos melhores textos ali disponibilizados, publicado

como “Recepção Mediática e Espaço Público – Novos Olhares”, por ele organizado.

Graduado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

(1968), com especialização em Análise Comportamental de Tarefas pelo Centro

Nacional de Formação Profissional (1974), mestrado em Ciências Sociais pela

Universidade de São Paulo (1972) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade

de São Paulo (1986) e pós-doutorado pela Universidade Stendhal de Grenoble (1993),

França.

3) ATUAÇÃO E CONTRIBUIÇÕES NO CAMPO DE INTERFACES DA COMUNICAÇÃO/EDUCAÇÃO

3.1 Modernidade e Pós-Modernidade

Professor da ECA desde 1978, Mauro Wilton de Sousa trabalha há dez anos a relação

da comunicação com a educação a partir do recorte das mediações que fundamentam

a área da recepção. Quanto à contribuição para maiores esclarecimentos da

conjugação Comunicação-Educação, Sousa esclarece que coordena o Grupo de Estudos

sobre Práticas de Recepção Midiática da ECA-USP, cujo eixo fundamental é o estudo da

recepção.

Ele lembra que a recepção é uma categoria que até pouco tempo atrás era entendida

sob o ponto de vista de um apassivamento das consciências através da mídia. Ela era

estudada a partir do seu próprio nome – recepção - , colocando-se como um elemento

dependente de um processo mais amplo da sociedade, através dos meios. Barbero2

esclarece essa abordagem ao dizer:

2 MARTIN-BARBERO, Jesus. América Latina e os anos recentes: o estudo da recepção em comunicação social. In SOUSA, Mauro Wilton. Sujeito – O lado oculto do receptor. 3a. ed. São Paulo: Brasiliense, 2002, pg. 39-68.

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“Entendo modelo mecânico como sendo aquele em que não há nem verdadeiros

atores nem verdadeiros intercâmbios. É o modelo em que comunicar é fazer

chegar uma informação, um significado já pronto, já construído de um pólo a

outro. Nele, a recepção é um ponto de chegada daquilo que já está concluído”.

(Barbero, 2002, pág. 40)

Barbero prossegue alertando para a necessidade de se rever e repensar o processo de

comunicação, no sentido de se desenvolver uma “pesquisa de recepção que leve a

uma explosão do modelo mecânico que, apesar da era eletrônica, continua sendo o

modelo hegemônico dos estudos de comunicação” (Barbero, 2002, pág. 40).

Seu grupo de estudos questiona essa interpretação e busca verificar outras opções de

visualização do processo da recepção, a partir do que chama de “novos olhares”. O

eixo de estudo se dá a partir da área de Comunicação, mas coloca a recepção diante

do espaço público, com as dimensões política e cultural ali presentes. Ou seja,

desenvolve estudos considerando, de um lado, a dimensão política envolvida na

construção do espaço público que é a socialização do processo comunicacional mais

amplo. E, de outro lado, considera também as práticas culturais ou a própria cultura

que no fundo define e redefine o ângulo pelo qual a recepção se dá.

Sousa explica que, em sua essência, trabalha a seguinte triangulação: recepção,

cultura e espaço público. Atualmente, uma das preocupações de seu grupo de estudos

é analisar até que ponto as práticas de recepção podem ser vistas como sendo práticas

de pertencimento dentro da própria sociedade, a partir do contexto de uma sociedade

em crise de pertencimento. Em sua mais recente publicação, Sousa3 discorre sobre

pertencimento dizendo:

“O pertencimento pode se confundir: deixa de ser sentimento para se traduzir

em ação; deixa de ser sentimento para ser prática, e é por esse caminho que a

identidade se revela e o sujeito se torna ator. Ser sujeito não se restringe nem

se confunde com a individualidade, com a definição de “um esforço para unir os

desejos e as necessidades pessoais à consciência de pertencer à empresa e à

nação, ou `a face defensiva, à face ofensiva do ser humano” (Sousa, 2006,

pg.235-236)

Uma das questões que embasa seus estudos é exatamente a interpretação das

diferenças de linguagem entre o que se chama de Modernidade e Pós-modernidade.

Entende que os processos comunicacionais devem ser estudados a partir do contexto

social e histórico no qual estão inseridos. Em sua disciplina de pós-graduação, indica

3 SOUSA, Mauro Wilton de. Recepção Mediática e Espaço Público – Novos Olhares. 1a. ed. São Paulo: Paulinas, 2006.

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diversos estudiosos com diferentes abordagens para discutir as bases da Modernidade,

que se caracteriza por um projeto de busca da auto-emancipação de uma humanidade

razoável, emancipação esta que se daria por meio de um conjunto de valores e ideais,

a partir do racionalismo, o individualismo e o universalismo. Ao abordar Adorno4, ele

inicia a discussão sobre o surgimento da televisão como sinônimo de veículo de

comunicação com forte poder de manipulação das massas pelas elites burguesas.

Com o texto de Rouanet5, ele incentiva a reflexão sobre o mal-estar da civilização

anteriormente analisado por Freud6 em um de seus textos, e a insatisfação que as

premissas do Iluminismo e da Modernidade trouxeram ao homem, com seus aspectos

autoritários e absolutos, os quais são amplamente questionados pela sociedade

contemporânea. Em contrapartida, indica autores como Lyotard (1989)7, que defendem

que a sociedade já se encontra no que chama de Pós-Modernidade. Enquanto a

Modernidade prega o que chama de verdade racional, a Pós-Modernidade parece

buscar uma conexão com o lado emocional do Homem.

A Pós-Modernidade parece surgir a partir dos questionamentos sobre esses planos não

concretizados e a conseqüente morte das narrativas da estado político, da família

perfeita, da religião, da sociedade universal, da paz mundial. Ou seja, as utopias não

foram atingidas, o plano maior para todos parece não ter funcionado. Ao contrário,

parece ter aprofundado as diferenças. Então, o homem passa a querer o prazer agora e

não mais amanhã. A partir daí, as complexidades são inúmeras e não cabe seu

aprofundamento neste espaço.

Dentre as transformações pelas quais a sociedade contemporânea tem passado,

destaca-se o que se chama de “fragmentação do modelo da modernidade”, a qual tem

originado o que estudiosos do tema chamam de conjunto de manifestações explícitas

da desigualdade social. Ou seja, nunca antes se observou tanta valorização das

comunidades, nunca se viu tantos movimentos sociais, tanto surgimento de ONGs,

tantas manifestações da “fragmentação do sujeito e do direito de ser dentro da

sociedade”. Como Sousa afirma, “Nunca tivemos tanta necessidade de inclusão por

tantos processos de exclusão”. Busca a base para essa discussão em Hall8, que

ressalta que:

4 ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. A Indústria Cultural - O Iluminismo como Mistificação de Massa. In LIMA, Luiz Costa. Teoria da Cultura de Massas. 1a.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000, pág. 169-216.5 ROUANET, Paulo Sergio. Mal-estar da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, pg. 96-119.6 FREUD, Sigmund. Mal-estar da Civilização. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. 1a. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pg. 73-148.7 LYOTARD, JEAN-FRANÇOIS . Condição Pós-Moderna, 2a.ed Lisboa: Gradiva, 1989.8 HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 7a. ed. São Paulo: DP&A, 2003.

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“ O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável,

está se tornado fragmentado; composto não de uma única, mas de várias

identidades, algumas vezes contraditórias ou não-

resolvidas.Correspondentemente, as identidades, que compunham as paisagens

sociais “lá fora” e que asseguravam nossa conformidade subjetiva com as

“necessidades” objetivas da cultura, estão entrando em colapso, como

resultado de mudanças estruturais e institucionais” (Hall, 2003, pág. 12).

A questão das linguagens é trabalhada em sua obra “Novas Linguagens”. Nela Sousa9

delineia os contrastes entre esses dois contextos. “A Modernidade é um projeto social.

É , como diria Foucault, uma episteme. É uma ambiência, um modo de ser, um modo

de sentir a vida baseado num princípio: o fundamental é organizar racionalmente a

própria vida. Modernidade significa ter o futuro como condicionante do presente”

(Sousa, 2003, p. 15). Vive-se a partir de projetos: de estudo, de família, de religião.

Preparar, trabalhar e sofrer hoje, para ganhar o céu amanhã.

Porém, uma coisa é certa: transformações estão ocorrendo. Trata-se de um novo

contexto, onde se identifica uma estrutura social em crise em âmbito mundial, com

manifestações locais. É o processo de globalização da sociedade. Trata-se da

manifestação da desestruturação de um tipo de capitalismo num certo tempo histórico,

fazendo com que a desigualdade atual seja duplamente trabalhada. Ressalta-se o

processo de uma globalização que, a princípio, une, mas que, na verdade, ao invés de

unir, mostra mais ainda a decomposição da sociedade atual.

3.2 Estudo da Recepção e Mediação na atualidade

Daí a importância de se estudar a recepção a partir de novos olhares, com destaque

para a questão do sujeito. Sousa lembra que há vários ângulos para se trabalhar essa

questão. O importante é se estabelecer um contexto, para, então, se realizar o estudo.

Logo, se a opção for analisá-lo a partir do lugar que ele tem na construção do saber e

do conhecer, está-se falando de um sujeito que é datado historicamente e que tem

circunstâncias que o redefinem de uma forma racional, como ator, e não

necessariamente um super homem, um super dotado no processo social. Ele deixa de

ser onipotente, onipresente e racional.

Sousa lembra que o homem vive hoje como sempre viveu na história: em busca de seu

próprio lugar. Ele cita Ruiz10 que reflete que o ser humano é dual e que a vida é a

busca no sentido de que diante de fraturas impostas pela vida, sejam elas biológicas,

9 SOUSA, Mauro Wilton de. Novas Linguagens. 2a. Ed. São Paulo: Salesianas, 2003.10 RUIZ, Carlos Bartolomé. Paradoxos do Imaginário. 2a. Ed. São Leopoldo/RS: Unisinos, 2004.

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filosóficas ou religiosas, o desafio do homem é ser sutura, é buscar o encontro dessas

partes.

Explica ainda que esse pensamento não está distante do princípio freudiano do prazer

e do princípio da realidade. O homem está diante do mesmo processo, a partir de

contextos distintos, o qual consiste na permanente luta pela identidade do eu. Esse

tema é trabalhado de forma interessante por Freud11 em “Mal-estar da civilização”.

Nesse texto, Freud analisa a crise que o homem vivencia em função da sua busca pelo

prazer. E joga luz sobre o desafio do homem em lidar com as contradições de viver em

uma sociedade civilizada que procura atender (ou não) a seus anseios individuais,

pessoais e emocionais.

Essa problemática pode ser observada a partir do caos que se constata ao redor do

mundo, através do aumento da violência local, guerras entre países e movimentos

fundamentalistas religiosos, entre outras manifestações. Falando em termos de Brasil,

ao se analisar seus processos político, educacional e cultural de vinte anos atrás e

compará-los com os dias atuais, observa-se que as condições do “eu” são diferentes

em cada época. Sousa destaca: “estou na diáspora, buscando minha identidade nesse

trânsito nomático”.

O estudo dessa dialética é fundamental para se entender os processos

comunicacionais, de se trabalhar a alteridade do eu e do outro. Ou seja, uma coisa sou

eu comigo, outra sou eu com o outro e uma terceira o outro comigo. As dialéticas de cá

e de lá geram conflito, colocando os homens diante de um emaranhado permanente de

relações de interesses que não são lineares, mas, na verdade, extremamente

contraditórias. Conseqüentemente, observa-se a importância de se analisar a própria

comunicação na relação que ela tem em si mesma com o mundo e com a vida, tanto

quanto com o processo educacional.

Trabalhar esse processo de recepção resulta em necessariamente adentrar o campo

das mediações que fundamentam a recepção, sendo exatamente o processo

educacional uma dessas mediações.

Em relação à preocupação com a conjugação desses dois campos, Comunicação e

Educação, trata-se de um objeto de estudo mais recente. Especificamente na ECA-USP,

o estudo dessa inter-relação se dá a partir da Comunicação, especialmente porque

esta foi a opção feita pela equipe de pesquisadores da escola. Ou seja, a centralidade

do processo está na comunicação, sendo que o recorte na área de educação se dá

11 FREUD, Sigmund. Mal-estar da Civilização. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. 1a. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pg. 73-148.

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como elemento componente da significação social e política de uma ação

comunicacional, o qual envolve necessariamente a educação como um dos objetos de

campo de trabalho. Não se trata apenas do processo comunicacional em si.

E se de um lado o processo educacional está presente na prática de professores numa

instituição como a ECA/USP, por outro lado, ele se torna objeto de estudo enquanto

ação de preocupação quanto aos processos comunicacionais que se estabelecem nos

processos educacionais. Exemplos disso são as eventuais contribuições do Núcleo de

Comunicação e Educação - NCE no sentido de maximizar a participação dos

professores da ECA diante da qualificação de quadros docentes.

A recepção midiática é um dos temas estudados. A respeito dos meios de

comunicação, o ideal seria que houvesse um parâmetro categórico final – único – para

todo esse contexto. Porém, a sociedade não é uma cabeça definida, mas a própria

contradição da vida, da história. Logo, tratar do lugar da comunicação na sociedade

não é tarefa simples. A sociedade tem estruturas que se re-estruturam, tem

configurações que se re-configuram, como elemento central de seu eixo.

Conseqüentemente, o processo comunicacional não tem o que poderia se chamar de

“um chapéu específico para essa cabeça em mutação”. Frente aos vários papéis, o

processo educacional é meio uma linha instrumentalizada. E nesse sentido, o processo

comunicacional é agente de busca de outras coisas, de outros valores. Num momento,

ele é agente de reforço e noutro, agente de mudança.

O processo comunicacional é uma linguagem contemporânea, uma das mediações

mais importantes da contemporaneidade, o que não significa que ele tenha uma “cor”

única. As mediações são distintas. E atualmente, na centralidade de uma sociedade

globalizada, fragmentada e desigual, o papel mediador dele é crescente. Talvez hoje,

em função da dinâmica da sociedade, o homem esteja valorizando o processo

comunicacional um pouco mais do que valoriza o próprio trabalho, como disse

Habermas12. “O que foi o trabalho ontem enquanto categoria fundamental para

compreensão do mundo (capitalismo industrial), talvez hoje seja o que a comunicação

está desempenhando como mediação”, cita Sousa.

Ao contrário do que Orozco defende em relação às mediações, mais especificamente

em relação à mediação mercantilista, Sousa reflete sobre o aspecto instrumentalista

dessa colocação. Ele prefere dizer que tudo é mediação. Talvez possa ter uma

dimensão mercantil predominante num determinado momento, mas o importante é

buscar quais são as mediações hegemônicas num determinado contexto. Num de seus

12 HABERMAS, J. Mudança Estrutural da Esfera Pública. 2a. Ed. Rio de Janeiro: Biblioteca Tempo Brasileiro, 2003.

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estudos ainda em elaboração sobre o significado da pós-modernidade na construção do

marketing contemporâneo, uma das categorias que mais o faz refletir, com grande

carinho, é a dimensão do tempo.

Talvez não seja interessante operacionalizar as mediações de uma forma tão estanque,

predefinindo essas mediações múltiplas. Quase como caixinhas. As mediações são

múltiplas no contexto onde se estiver trabalhando, pois se pressupõe a busca da

hegemonia. Ou seja, ela pode ser mercantil hoje, tecnológica amanhã. Estão num

movimento constante e não estanque como alguns costumam colocar. Elas são uma

pluralidade.

Hoje se fala sobre um processo comunicacional estruturado na identidade líquida, que

mostra que as referências e valores da modernidade já não existem de uma forma tão

incisiva e normativa como ocorria há alguns anos atrás. Essa identidade se designa a

partir da introdução das novas tecnologias. O sujeito não é mais o sujeito Homem, mas

sim os meios de comunicação. As pessoas já têm condições de questionar a mudança

porque elas são a mudança. Trata-se de uma dimensão que conjuga um pouco de

filosofia.

De fato, Hall13 pondera que identidade parece ter-se tornado uma celebração móvel:

“A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente e uma

fantasia. Ao invés disso, à medida em que os sistemas de significação e

representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma

multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada

uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente” (Hall,

2003, pág. 13).

3.3 Espaço e tempo

Ao se resgatar o tempo e a imagem em Heidegger14 e Santo Agostinho15 (“Tempo: Se

ninguém me perguntar, eu sei; porém, se quiser explicar a quem perguntar, já não

sei!") num contexto mercadológico, há que se refletir cuidadosamente sobre isso.

Quando um aluno analisa o lugar e o tempo na construção da mídia e na construção do

significado desta na vida das pessoas, ele analisa também a sociedade da velocidade.

Isso tem um objetivo que, na prática, não se consegue atingir. É a contradição do mal-

estar, pois o homem não consegue acompanhar o que ele mesmo busca. Então, fica

clara a importância de mediações como esta.

13 HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 7a. ed. São Paulo: DP&A, 2003.14 HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 15a. Ed. São Paulo: Vozes/Universidade São Francisco, 2005.15 AGOSTINHO, Bispo de Hipona. Confissões. 10a. Ed. São Paulo: Paulus, 1984.

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Prefere buscar menos a compreensão dos fatos e objetos nos processos. Ele vê a

mediação não no contexto de um tersus, de estar entre o homem e a mídia, entre o eu

e o outro. “Seria como se quisesse chegar ao meu pai pela minha mãe. Ela, então,

seria um tersus”, diz Sousa. Apesar de admitir essa possibilidade, ele não trabalha esse

conceito. Prefere atuar mais na linha de Williams16 e Barbero17, sobre a mediação

enquanto diferencial nas relações e que explica como diferença a própria relação.

Williams (1992)18 destaca que, em função de suas formas mais atuantes e recentes, o

termo “cultura” deve ser analisado enquanto uma convergência de interesses e

métodos os mais diversos, buscando esclarecer seus diversos significados e as formas

como influenciam nas mediações dos processos comunicacionais.

E Barbero19 reprova o pensamento de Adorno20 e da Escola Frankfurtiana, que reduzia

os meios a ferramentas moralizadas a partir de seu uso: “...seriam maus nas mãos das

oligarquias reacionárias, mas ficariam bons no dia em que o proletariado assumisse

seu controle” (Barbero, 2003, pg. 291). Ele aponta a cultura como um dos grandes

mediadores junto aos processos comunicacionais, a partir de estudos realizados na

América Latina. Reconhece que:

“os meios de comunicação constituem hoje espaços-chave de condensação e

intersecção de múltiplas redes de poder e de produção cultural, mas também

alertar, ao mesmo tempo, contra o pensamento único que legitima a idéia de

que a tecnologia é hoje o “grande mediador” entre as pessoas e o mundo,

quando o que a tecnologia medeia hoje, de modo mais intenso e acelerado, é a

transformação da sociedade em mercado, e deste em principal agenciador da

mundialização” (Barbero, 2003, pg. 20).

Sousa ilustra essa opção da seguinte forma: suponha um casal com dois filhos – um

casal de adolescentes – frente a uma televisão, assistindo a um programa qualquer. O

objetivo é estudar se o fato de se ter duas mulheres e dois homens, há diferenças

quanto ao modo de ler a TV. Não é a TV enquanto programa que importa, mas o

conhecimento sobre qual a mediação que a sustenta. Essa mediação pode ser o

gênero, a idade, a formação cultural, entre outras variáveis.

16 WILLIAMS, Raymond. Cultura. 2a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.17 MARTIN-BARBERO, Jesus. Dos Meios às Mediações – Comunicação, Cultura e Hegemonia. 2a. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2003.18 WILLIAMS, Raymond. Cultura. 2a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.19 MARTIN-BARBERO, Jesus. Dos Meios às Mediações – Comunicação, Cultura e Hegemonia. 2a. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2003.20 ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. A Indústria Cultural - O Iluminismo como Mistificação de Massa. In LIMA, Luiz Costa. Teoria da Cultura de Massas. 1a.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000, pág. 169-216.

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Reforça que a mediação fundamental não está necessariamente na TV e no programa

ao qual se está assistindo. Busca saber se o fato do telespectador ser mulher ou ser

homem, por exemplo, é uma mediação que distingue a forma como o modo de ler a TV

ocorre, se esse é o diferencial a partir desse olhar. Num momento, a mediação que

sustenta o modo de ler a TV pode ser o sexo. E no outro, pode ser a formação cultural,

a idade.

Esse aspecto pode ser observado em diversos cenários, inclusive na própria sala de

aula. Ao analisar a questão da mediação de uma mesma situação aplicada a duas

turmas aparentemente similares, pode-se observar aspectos interessantes desse

processo de mediação. Apresentar, por exemplo, o filme “Muito Além do Jardim” para

uma classe mista de alunos de audiovisual e para outra composta por oitenta por cento

de mulheres sem formação em audiovisual, pode resultar em informações

interessantes sobre o tema. De fato, a primeira classe, em função da formação

educacional em audiovisual analisa o filme do ponto de vista estético da produção

cinematográfica, a questão dos planos, do roteiro, da imagem e do próprio

desempenho dos atores. Porém, não se atentaram quanto ao conteúdo em si da

película, aspecto esse que mais chamou a atenção da segunda classe, formada por

uma maioria de moças.

Trata-se de uma conjugação de mediações, das referências culturais de cada grupo e a

influência que cada uma delas tem nos processos de mediações. É delicado generalizar

como se deu o processo de comunicação para esses grupos, pois se observa que o

agente estimulador para um é diferente do reforço para o outro.

A partir dessas constatações, um outro trabalho que está sendo desenvolvido pelo

grupo de estudos coordenado por Sousa é sobre o processo comunicacional cultural no

processo migratório. Ou seja, quando uma pessoa decide mudar de país, qual a

mediação dos meios no estímulo para a migração? Qual o lugar da mídia para silenciar

sobre seu país de origem ou na constituição desse novo ser que vive as duas culturas?

E isso tem que ser trabalhado sob as múltiplas mediações, isto é, se foi solteiro, com

família, se tem nível superior, se foi empregado ou em busca de um emprego. Enfim,

há uma série de mediações possíveis.

Sousa reflete que optou por trabalhar com Comunicação e Ciências Humanas

exatamente pelo aspecto de mudança constante que estes dois campos apresentam.

“Do contrário, seria mais fácil e direto, como em Ciências Exatas. O grande desafio é

buscar sabendo que não tenho respostas fixas, sabendo que as respostas são

provisórias. Trata-se de assumir que o estudioso do campo da Comunicação é um

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Page 12: Mauro wilton

eterno caminhante que busca sempre, mesmo sabendo que nunca irá encontrar tudo o

que busca”, destaca Sousa.

Falar de mediações e da conjugação da comunicação e da educação, é transitar dentro

de uma dinâmica acontecendo e não de um resultado obtido. É importante não fazer

da comunicação um valor bíblico ou normativo. Trata-se da relatividade do saber de

cada um.

Apesar de alguns autores, como Barbero21, enxergarem a mediação na

contemporaneidade como algo novo, Sousa destaca que como objeto ela já existe

historicamente. Todo o processo social da comunicação é social mediado, isso já vem

de longe. O conceito de mediação é estruturante no pensamento marxista. Ele está

sendo incorporado na contemporaneidade para elucidar melhor as variáveis que

intervêm no processo de construção do resultado de uma vida. Nesse sentido, pode

estar ocorrendo, inclusive, uma maximização de seu uso, quase que uma centralização

do seu significado de fato. Porém, talvez esse processo não se dê exatamente da forma

como o termo vem assumindo, como se fosse a chave que desbarata todas as coisas.

Sousa reflete que talvez, tanto Barbero como outros, em função da própria dificuldade

de conceituar e operacionalizar a mediação, acabem por mostrar um caminho mais

voltado ao operacional imediato do que do reflexo. Trata-se da instrumentalização, de

buscar maneiras de arranjar a mediação através da utilização de mídias como rádio,

televisão e blogs. A mediação é tratada muitas vezes como um objeto, um

instrumento, o que é incorreto, pois ela é subjetiva, é fluída. Ela reflete a tentativa de

se descobrir como um conjunto de variáveis pode intervir na definição de um processo.

Sousa cita como exemplo dessa subjetividade um trabalho muito interessante de

Salete Talk, em Pernambuco. Foi um estudo sobre quais eram as mediações que

sustentavam as lutas do poder nos canaviais. Ela constatou que a mediação não

estava nos objetos e estratégias, mas naquela relação anterior que sustentava esses

objetos e estratégias, na dimensão de poder, por exemplo.

Sousa acredita que estudar o poder da tecnologia num determinado contexto é muito

mais importante do que estudar a tecnologia. Lembra que há muita coisa da mediação

que é apenas a visibilidade de um processo que não mostra sua cara invisível. E

destaca os vários níveis de influência que a cultura pode ter sobre contextos distintos.

Ou seja, uma mesma temática pode ser tratada junto a diferentes culturas,

apresentando formas diversas de atuação das mediações. Um dos aspectos

21 MARTIN-BARBERO, Jesus. Dos Meios às Mediações – Comunicação, Cultura e Hegemonia. 2a. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2003.

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fundamentais é descobrir quais os interesses políticos e culturais que motivam o

processo.

O mercado parece fazer uso desse contexto já há algum tempo, através de campanhas

de publicidade. Um exemplo é a recente campanha veiculada pelo Citibank que

apresenta como uma das frases de chamada “Crie filhos e não herdeiros”. Observe

qual o valor que sustenta essa publicidade, qual seu contexto de tempo e de espaço.

O contexto histórico atual apresenta um processo de dominação segundo valores que

não são necessariamente os de ontem, nem necessariamente para todas as categorias.

O objetivo, então, e descobrir quais as mediações que interferem na aceitação do

público. Trata-se de um duplo processo: o das mediações da produção e o das

mediações do consumo. É importante se observar a aderência ou não às fases dele.

Sousa reflete também sobre a abordagem dos estudos atuais sobre recepção,

considerando que atualmente ela é entendida como simples audiência. Aponta que

muitos a analisam ainda como o próprio ato de se expor fisicamente à materialidade

midiática e acabam por se focar nos veículos, quando na verdade o seu estudo está

ligado diretamente ao processo que justifica a materialidade da relação.

Sousa pondera que talvez outras escolas e centros de pesquisa no Brasil podem estar

indo mais rápido que a equipe da ECA – Escola de Comunicações e Artes nos estudos

sobre essa temática, tanto em termos de tempo como de qualidade. Porém, a ECA

apresenta algumas referências realmente interessantes a serem analisadas.

Complementa defendendo que o próprio termo “recepção” tem ajudado muito à não

compreensão do que de fato ele é. Ao invés de ser um elemento de estímulo, tem sido

um elemento de barreira, pois no conjunto da academia como da sociedade observa-se

ainda uma sociedade positivista e funcionalista. Daí o preconceito existente em relação

ao tema. A recepção é parte do todo, mas o desafio é conhecer e entender qual o todo

que justifica essa parte.

Seu estudo passa ainda pelo entendimento formal que as pessoas têm de que o

importante é consumir e não necessariamente conhecer os condicionantes de

consumo. Há grandes controvérsias de abordagem entre quem pesquisa o tema de

forma conceitual e teórica e quem o faz na prática, pois há uma dificuldade grande de

se associar a prática com o conceito. Apesar de sua importância, essa área de estudo

ainda não foi enraizada suficientemente, pois a questão do receptor é realmente

incômoda no estudo. Sousa se questiona se isso ocorre também porque a forma como

ela será recebida demonstra também o poder que se tem inclusive como emissor.

13

Page 14: Mauro wilton

A recepção é estudada atualmente a partir do contexto de uma relação de troca que

não tem dois lados. Sousa relembra o “eu e o outro freudiano”. Ou seja, é como se

houvesse apenas um lado da questão, quando na verdade não se pode olhar a partir

de um ou de outro, mas para relação que os dois têm. De acordo com Freud22, é

inerente ao ser humano, olhar para as coisas a partir de si mesmo. Sousa lembra que,

como pesquisador, não se pode olhar apenas do eu para o outro ou do outro para o eu,

mas para a relação dos dois com o objeto.

Sousa pondera que a causa dessa dificuldade pode estar ligada à descrição da

objetividade e da subjetividade. Barbero23 fala da verdade que afeta o homem. Ou seja,

o homem só busca como objeto de estudo aquilo que tem a ver com ele, com a sua

vontade. Ao se escolher, por exemplo, o objeto que se toma como recorte a partir do

campo da comunicação enquanto campo disciplinar, ele é tendencialmente do real, do

objetivo, mas também é razoavelmente do subjetivo. Neste aspecto, Sousa destaca

que “é o meu olhar sobre o mundo, são minhas referências. Quando olho o mundo, eu

o faço a partir de um lugar extremamente meu. ... A verdade que busco na pesquisa é

a que busco para mim”. É exatamente aí que reside a subjetividade, a partir das

referências internas de cada indivíduo.

Sousa filosofa que a temática é interessante exatamente por estar frente a olhares

distintos: “meu olhar não é único e, para eu admitir o seu olhar, ele tanto poder ser um

incômodo como pode ser um reforço”. Trata-se do conflito da sutura. O homem é um

ser “costurante” por natureza.

3.4 A escola na atualidade

Há, contudo, um contexto maior a ser explorado aqui, o qual se mostra a partir das

transformações que estão sendo vivenciadas na sociedade contemporânea.

Transformações essas que têm influenciado diretamente esses processos

comunicacionais junto à área educacional especificamente. Trata-se dos

questionamentos sobre os aspectos da modernidade e da pós-modernidade

propriamente ditas e os seus reflexos sobre os processos comunicacionais identificados

nos processos educacionais.

A escola no formato que conhecemos se originou a partir do Iluminismo, sendo que se

caracteriza por aspectos que definem a modernidade. “Por princípio, trata-se de uma

instituição laica e universal, baseada no saber de origem científica e racional”. (Sousa,

22 FREUD, Sigmund. Mal-estar da Civilização.23 MARTIN-BARBERO, Jesus. América Latina e os anos recentes: o estudo da recepção em comunicação social. In SOUSA, Mauro Wilton. Sujeito – O lado oculto do receptor. 3a. ed. São Paulo: Brasiliense, 2002, pg. 39-68.

14

Page 15: Mauro wilton

2006, p. 129). Ao se observar a área educacional a partir desse contexto de

modernidade, constata-se que essa é organizada por fases e etapas. Cada etapa

pressupõe a preparação para a etapa seguinte, sendo que não se observa uma

aplicabilidade imediata do conteúdo das mesmas: “...a escola traz consigo a promessa

moderna do progresso, da ascensão e do desenvolvimento social e de um futuro

melhor, ainda que não seja capaz de garantir isso” (Sousa, 2006, p. 129).

Um outro aspecto interessante diz respeito à questão da obrigatoriedade. Ou seja, o

prazer de aprender é quase que vedado aos alunos, sendo que a motivação escolar é

baseada em disciplina e repressão, sem uma preocupação quanto à qualidade do

envolvimento do aluno nesse processo.

Com as transformações recentes dos modelos da sociedade para o dito formato da

pós-modernidade, o próprio aluno apresenta feições diversas daquelas que aceitavam

as características educacionais acima expostas: “O jovem pós-moderno quer aplicar

seus conhecimentos no ato, quer ter relação mais emotiva com a matéria, quer que a

escola seja espaço de troca, de prazer, de relacionamento interpessoal” (Sousa, 2006,

pg. 130). Sousa24 complementa, apontando para o imediatismo hoje observado nos

alunos: “Por isso, rejeita aquilo que não se aplica de imediato e não crê nas

possibilidades de transformação prometidas pela escola num período de tempo

bastante longo” (Sousa, 2006, p. 130).

A fim de esclarecer um pouco sobre as razões pelas quais a pós-modernidade vem se

construindo com o advento das novas tecnologias que trazem para o cotidiano das

pessoas uma avalanche de informações, imagens, sons transformando todas as formas

de se aprender e conhecer, Castells25cita Françoise Sabbah, o qual avalia as novas

tendências da mídia:

“... a nova mídia determina uma audiência segmentada, diferenciada que,

embora maciça em termos de números, já não é uma audiência de massa em

termos de simultaneidade e uniformidade da mensagem recebida. A nova mídia

não é mais mídia de massa no sentido tradicional do envio de um número

limitado de mensagens a uma audiência homogênea de massa. Devido à

multiplicidade de mensagens e fontes, a própria audiência torna-se mais

seletiva. A audiência visada tende a escolher suas mensagens, assim

aprofundando sua segmentação, intensificando o relacionamento individual

entre o emissor e o receptor” (Castells, 2003, pg. 242)..

24 SOUSA, Mauro Wilton. Recepção Mediática e Espaço Público – Novos Olhares. 1a. Ed. São Paulo: Paulinas, 2006.25 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. 1a. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

15

Page 16: Mauro wilton

Essa postura parece reforçar a idéia de que houve uma mudança de padrão quanto à

forma de lidar com o aspecto tempo e espaço. Anteriormente falava-se em estudar e

se preparar para que esse conteúdo fosse aplicado num futuro (próximo ou distante).

Atualmente o aluno busca um conteúdo a ser aplicado de maneira mais imediata, hoje.

Por uma série de fatores econômicos, sociais, culturais, políticos, e até frustrações, as

pessoas parecem não querer mais esperar pelo amanhã. Elas querem fazer aqui e

agora. “No mundo pós-moderno não há tempo para o adiamento, seja dos resultados,

seja da emoção” (Sousa, 2006, p. 130).

Vale refletir se não seria um possível exemplo de atendimento a essa nova postura a

própria formatação e reconhecimento, pelo MEC, dos novos Cursos de Tecnologia no

Brasil. Com duração de dois anos, apresentam como uma de suas premissas básicas

que os educadores recrutados para ministrar disciplinas estejam ligados ao dia-a-dia do

mundo do trabalho e atentos às suas rápidas e intensas modificações. A finalidade

seria exatamente levar aos alunos exemplos reais e atuais da aplicação das teorias

sobre as quais os alunos estariam estudando. Porém, essa é uma outra discussão.

Em contraste com o aspecto autoritário e absolutista da modernidade, Sousa26 observa

que o aluno não mais aceita a chamada relação vertical com seu educador e até

desafia essa autoridade. E destaca que esse cenário é derivado de um contexto sócio-

histórico, o qual deve ser visto como “uma das mediações mais atuantes nas relações

efetivadas na sala de aula e nas relações educacionais, em geral, seja familiar,

comunitária ou religiosa. Compreender as razões do conflito e entender os significados

dessa mediação, no entanto, pode tornar a atividade mais fácil e adequada ao mundo

contemporâneo” (Sousa, 2006, pg. 130). A facilitação e adequação dos processos

educacionais ao mundo contemporâneo passam exatamente pela compreensão das

razões desse conflito e dos significados dessa mediação.

Um outro aspecto importante a se considerar diz respeito à linguagem. Voltando ao

Iluminismo e seus aspectos racionais, constata-se que a escrita se mostrava como a

tecnologia de produção do conhecimento. A partir desse contexto de “verdade”

racional, pode-se observar que a escola rejeita outras formas de aquisição do

conhecimento que não seja a escrita racional. Com o esclarecimento desse contexto,

entende-se a resistência quanto à utilização da imagem e outras maneiras mais lúdicas

e intuitivas no processo de apreensão do saber.

O aparecimento e a utilização das tecnologias do audiovisual como espaço de prazer e

também de aprendizagem contribuiu fortemente para que esse contexto histórico se

26 SOUSA, Mauro Wilton de. Recepção Mediática e Espaço Público – Novos Olhares. 1a. Ed. São Paulo: Paulinas, 2006.

16

Page 17: Mauro wilton

modificasse. O desenvolvimento das tecnologias de audiovisual, como TV e rádio,

possibilitou que essas se integrassem ao cotidiano das pessoas, contribuindo

imensamente para a produção de novas experiências de viver, sentir e saber.

Sousa (2006) aponta Paulo Freire como um dos educadores desse novo contexto, mais

sensível a essas modificações, que defendia “...uma maior ampliação do diálogo com

essas novas fontes de informação, lazer e conhecimento ...” (Sousa, 2006, pg. 131).

Esses fatos fizeram com que a comunidade escolar buscasse apreender novos modelos

de aquisição e construção de saberes, bem como de respeitar a multiplicidade de

identidades, as quais estavam subjugadas pela “hegemonia da racionalidade moderna”

(Sousa, 2006)

Sobre o estudo do processo comunicacional que se desenvolve dentro do processo

educacional propriamente dito, trata-se exatamente de compreender a busca dessa

sutura através do processo de troca de conhecimentos de valores subentendidos, tanto

quanto dos meios em que estão – e aqui é importante separar o processo da

comunicação dos meios – e o seu resultante, que consiste nos dois trabalhando juntos.

Ao final, são esses os parâmetros que sustentam os dois processos como distintos e

iguais.

3.5 Mediações na escola

O estudo da comunicação e das mediações a partir do contexto cultural dentro da

escola apresenta-se como um desafio interessante no Brasil. Os professores

apresentam formações muito diferentes entre si, sendo que há alguns com uma

formação excelente e outros com formação básica. Não se pode ter um olhar único,

pois há os processos de mediação e o que há por trás disso. Ainda que utilizem

mediações tecnológicas, há a influência cultural por trás disso, sendo que o resultado

deveria ser o estudo de toda essa interação.

Contudo, alguns pesquisadores têm buscado chegar a um produto pronto, com tudo

igual para todos. Sousa alerta que ainda se parte do pressuposto que o professor só

teve uma orientação, a formação básica, e que ficaram parados no tempo. Não se

considera que esse professor, como o empresário ou mesmo seu próprio aluno,

também acessa a internet e busca novas informações e atualizações, até mesmo por

ser instigado por seu aluno. Como analisar esse contexto de mediação?

3.6 Identidade e Pertencimento

E esse questionamento remete novamente à questão da identidade, sobre como pode

o homem se tornar o que é ou o que gostaria de ser numa pluralidade de

17

Page 18: Mauro wilton

circunstâncias como essas. Observa-se que a norma social não necessariamente

existe, não há referências paternas ou maternas. No caso específico do Brasil, por

exemplo, Faoro 27 analisa a formação cultural do seu povo que diz que o pai é o Estado,

ou seja, é uma formação patriarcal. Porém, o que se vê é um modelo de família

patriarcal onde se constata a crise do pai real e do pai político, que se mostra como um

pai ausente, para não dizer morto ou falido. Constata-se o vazio do povo frente a essa

crise e a conseqüente busca por possíveis heróis. Essa crise da identidade remete à

crise do pertencimento, na qual o homem busca onde se segurar nessa sociedade,

onde o pai desejado já não existe e o pai real já se foi.

Em termos de conjunto de sociedade, é a própria definição do fim que foi colocada

para os homens em geral, é a sociedade da promessa na qual se vive hoje. Como dito

anteriormente sobre a modernidade, a sociedade prometeu a liberdade, igualdade e

fraternidade. Ontem a Igreja dizia que o homem precisava se salvar e que Deus viria

para salvá-lo. Trata-se da relação indivíduo e Deus. Quando esse discurso muda para a

vontade de emancipar, do “vamos estar juntos, trabalhar juntos”, tem-se o surgimento

da sociedade das promessas, onde o consumismo é a visibilidades dessas promessas

(“Tenha e seja um vitorioso”).

As pessoas têm a concepção de que são livres, mas, na verdade, estão dentro de uma

prisão. Trata-se de um paradoxo, mas a liberdade só se dá quanto mais o homem está

ligado a normas e valores.

3.7 Mediação, Comunicação e Educação

Então, Sousa lembra que ao se questionar sobre o lugar da mídia, é preciso que se

identifique qual pai se busca e qual a relação desse homem com ele, pois o processo

comunicacional é tangenciado pelas mediações que fundamentam a autoridade na

sociedade.

Daí ser delicada a relação da comunicação na educação. Corre-se o risco de ficar no

superficial, quando, na verdade, estudar a comunicação na educação é buscar a

própria compreensão da educação, sua visão de mundo e de sociedade. Atualmente,

ao se falar de comunicação na educação, fala-se muito sobre a utilização dos veículos,

da tecnologia. Sousa lembra que a educação vem antes disso, que se deveria estudar a

comunicação na própria proporção de que o processo da educação é de compreensão

de vida e de mundo.

27 FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder – Formação do patronato político brasileiro. 3a. Ed. São Paulo: Globo, 2001.

18

Page 19: Mauro wilton

Trata-se também de usar o rádio, o cinema, a TV. Ao se compreender a relação do eu e

do outro, eu e outro sistema, eu e outro enquanto mídia, já se está comunicando. Não

se trata apenas de dominar tecnologias ou a invisibilidade dos interesses que

sustentam isso. De “endeusar” ou “endemoniar” a mídia, mas de realmente

compreender o papel da mídia no cotidiano das pessoas, da escola e da família.

É preciso que negocie com a mídia como se negocia com a vida, como apontado por

Barbero28. Sousa exemplifica que quando se está frente à TV e alguém pergunta o que

se achou sobre um determinado programa quanto à sua intenção de educar o

telespectador, trata-se de um contexto mais complexo. Para se ler a mídia, é preciso

contextualizar, entender a vida, a sociedade e inclusive o lugar da mídia nesse cenário.

Sousa ressalta seus temores sobre o estudo da relação da comunicação com a

educação, pois, dependendo do contexto no qual se baseia para se fazer a análise, o

resultado obtido pode ser uma visão parcial. Não é possível enxergar o intercâmbio

entre os dois campos se se analisar a área educacional a partir dos valores da vida,

estruturantes, e deixar a análise dos valores acidentais, circunstanciais, contextuais,

de entretenimento, para o âmbito comunicacional.

3.8 Proposta sobre a interface entre Comunicação e Educação

Sousa se considera um ser buscante, sem propostas definitivas sobre como trabalhar a

comunicação na educação. Busca entender o encontro dos dois campos, ao participar

de bancas na faculdade de educação que discute comunicação e bancas na faculdade

de comunicação que discutem educação. Sob esse ponto de vista, Sousa se sente

como um tersus, um mediador.

O entrevistado considera que o trabalho da comunicação seria o de mostrar a

circunstancialidade da sociedade na construção desse eu. Ele defende o estudo dos

processos comunicacionais na educação como tentativa de ajudar a própria

comunicação a entender o processo que sustenta a educação. Ou seja, estudar as

relações entre o eu e o outro, mostrando as dimensões da interatividade da

contemporaneidade para entender mais os processos.

28 MARTIN-BARBERO, Jesus. América Latina e os anos recentes: o estudo da recepção em comunicação social. In SOUSA, Mauro Wilton. Sujeito, o lado oculto do receptor. 3a. ed. São Paulo: Brasiliense, 2002, pg. 39-68.

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Page 20: Mauro wilton

3.9 Desdobramentos Práticos - Reflexões sobre possíveis abordagens de

práticas educomunicativas

Como destacado anteriormente, Adorno29, ao discorrer sobre a influência dos veículos

de comunicação, especialmente o rádio e a televisão, mostrou-os como poderosas

ferramentas de manipulação da burguesia junto às massas, no sentido de incentivá-las

ao consumo em excesso, entre outras finalidades. Essa análise mostrou o lado elitista

desses processos comunicacionais, gerando quase como que um estigma quanto ao

acesso dessas massas a esses veículos em relação á produção de seus conteúdos.

Por outro lado, Bourdieu30 destaca o perfil do modelo de escola defendido na

modernidade, o qual era considerado reprodutivista. Ou seja, o processo de

aprendizagem se resumia em mera transmissão do conhecimento. A aprendizagem

não consegue “ser espaço de vida, de referências nem para criar e negociar a

autonomia da vida” (Sousa, 2003, pg. 25).

Em função das características apontadas por Adorno31 em relação aos meios de

comunicação e do formato educacional da modernidade apontado por Bourdieu32,

pode-se perceber a razão de alguns estudiosos dizerem que os educadores propõem

uma educação inovadora, mas não chegam até a comunicação porque esta pertence à

burguesia.

Ao longo das últimas décadas, os esforços da UNESCO em estudar (e até minimizar) as

influências do Primeiro sobre o Terceiro Mundo que se dá através da educação e dos

meios de informação, e as possibilidades abertas pela democratização das relações

políticas (principalmente na América Latina), reforçaram os estudos sobre a relação

Educação-Comunicação, com base na educação para os meios, no uso das tecnologias

da informação do ensino e o emprego das comunicações e de suas tecnologias na

defesa dos interesses das comunidades.

Paralelo a esse movimento, pôde-se observar o que vários estudiosos defensores da

modernidade tardia ou da pós-modernidade apontam as mudanças na forma de

aprendizagem por parte dos educandos junto às instituições de ensino. A

transformação da forma de ver e pensar o mundo a partir de sua constante exposição

especialmente aos diversos veículos de comunicação, tornou-os mais imediatistas.

29 ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. O Iluminismo como Mistificação de Massa. 7a. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.30 BOURDIEU, Pierre; CATANI, Afrânio Mendes. Escritos de Educação. 3a. ed. São Paulo: Vozes, 2001.31 ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. O Iluminismo como Mistificação de Massa. 7a. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.32 BOURDIEU, Pierre; CATANI, Afrânio Mendes. Escritos de Educação. 3a. ed. São Paulo: Vozes, 2001.

20

Page 21: Mauro wilton

Como conseqüência dessas mudanças de modelos, intensificaram-se os estudos sobre

recepção, o que resultou na constatação da utilização cada vez maior desses veículos

de comunicação como mediador dos processos comunicacionais, inclusive naqueles

voltados ao processo educacional (Sousa, 2003).

Pesquisa desenvolvida pela equipe do NCE- Núcleo de Comunicação e Educação da

USP – Universidade de São Paulo durante os anos de 1997 a 1999, constatou o

surgimento de um novo campo do saber: a inter-relação Comunicação-Educação,

atualmente também chamada por alguns estudiosos de Educomunicação. Exatamente

em função dessas mudanças paradigmáticas, o campo vem conquistando autonomia e

apresenta grande agilidade no processo de consolidação (Soares, 1999)33. E no que diz

respeito à intervenção social, a educomunicação aponta para a existência de quatro

áreas concretas de intervenção: educação para a comunicação; mediação tecnológica

na educação; gestão comunicativa; e reflexão epistemológica.

Soares34 afirma que a Educomunicação consiste num campo de convergência, não

apenas das áreas de comunicação e educação, mas de todas as áreas das ciências

humanas, e que tem na busca da cidadania e participação a sua força. Ele comenta

sobre os diferentes visões da educação tradicional, que olha para essa área como algo

que, às vezes, pode estar ameaçando a sua ortodoxia, e da comunicação, que olha

para esse campo como algo pobre, de gente que não está no mercado. E lembra que o

objetivo desse novo campo não é ocupar o lugar dos campos conhecidos hoje como de

Educação e da Comunicação. Sua finalidade é estudar as interfaces entre eles, no

sentido de contribuir para a identificação de novas metodologias de ensino, a partir da

utilização de veículos de comunicação, aos quais esses alunos já têm acesso, como

receptores passivos e ativos.

Lévy35 define interface para além do seu conceito específico em informática ou

química, esclarecendo que sua noção remete a “operações de tradução, de

estabelecimento de contato entre meios heterogêneos. Lembra ao mesmo tempo a

comunicação (ou o transporte) e os processo transformadores necessários ao sucesso

da transmissão” (Lévy, 2006, pg. 176).

E complementa dizendo que:

“Cada nova interface transforma a eficácia e a significação das interfaces

precedentes. É sempre questão de conexões, de re-interpretações, de traduções

33 SOARES, Ismar de Oliveira. Comunicação/Educação, a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais, in Contato, Brasília, Ano I, N.I, jan/mar, 1999, pg. 19-74.34 SOARES, Ismar de Oliveira. Comunicação/Educação, a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais, in Contato, Brasília, Ano I, N.I, jan/mar, 1999, pg. 19-74.35 LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. 15a. ed. São Paulo: Editora 34, 2006.

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Page 22: Mauro wilton

em um mundo coagulado, misturado, cosmopolita, opaco, onde nenhum efeito,

nenhuma mensagem pode propagar-se magicamente nas trajetórias lisas da

inércia, mas deve, pelo contrário, passar pelas torções, transmutações e

reescritas das interfaces”. (Lévy, 2006, pg. 176).

Os resultados obtidos com a pesquisa desenvolvida pelo NCE trouxeram rico conteúdo

e importantes sinalizações sobre as possibilidades de aprofundamento em relação às

questões abordadas. Essa inter-relação Comunicação-Educação já iniciou o que o

estudioso denomina de um “novo paradigma discursivo transverso”, composto por

conceitos transdisciplinares com novas categorias analíticas” (Soares, 1999).

Fala-se em transversalidade, pois toda a ação educativa é perpassada pela

comunicação. Trata-se de um processo dialógico na medida que reconhece o potencial

de contribuição de todos que estão no processo, ou seja, aluno, professor e meios,

entre outros.

Como ressaltado anteriormente, as “mudanças nas práticas de Educação para a

Comunicação na América-Latina decorrem de uma revisão conceitual e programática à

luz da denominada ‘teoria das mediações, segundo a qual tanto os media exercem

uma função de intermediação na produção da cultura, quanto o próprio fenômeno da

recepção é mediado por instâncias da sociedade tais como a família, a escola, os

grupos de amizade, a Igreja, entre tantas outras” (Soares, 1999). Logo, ao se confirmar

a existência de outras influências que não apenas a influência direta dos meios sobre

seus usuários, admite-se a necessidade de se conhecer também a influência que os

aspectos culturais do receptor exercem sobre as atitudes dos mesmos e,

conseqüentemente, sobre os resultados finais dos processos educomunicativos.

Sociólogo espanhol atualmente radicado na Colômbia, Barbero36 traz importante

contribuição a essa temática ao vislumbrar uma nova mudança nas perspectivas de

análise de campo, com consistente desenvolvimento das pesquisas sobre a recepção,

indicando como o público – já não tão passivo e domesticável como descrito

anteriormente – interage com a mensagem, participando ativamente de um mesmo

movimento cultural, quando de sua interação com os meios. Começa-se a perceber

uma maior conscientização e uma certa reflexão quanto aos conteúdos apresentados

nos meios, por parte dos receptores.

36 MARTIN-BARBERO, Jesús. Ensanchando territórios en comunicación/Educación, in VALDERRAMA, Carlos. Comunicación & Educación, Bogotá, Universidad Central, 2000, pg. 101-113.

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Page 23: Mauro wilton

Indo de encontro a esses resultados, Barbero37 destaca as mudanças nos territórios, o

desordenamento dos saberes e a re-configuração da cidadania, observados a partir

dessa inter-relação da comunicação / educação, os quais vão conectar as

transformações dos modos de estar junto e os novos modos de comunicar. E ressalta a

importância

de que a escola converta-se em um lugar de re-imaginação e recreação do espaço

público. Ou seja, que passe a representar um lugar de conversa entre gerações e entre

jovens que se atrevam a levar à escola suas verdadeiras perguntas e mestres que

queiram escutar, convertendo a escola em um espaço público de memória e invenção

do futuro.

Retomando os estudos de Sousa38, ele discorre exatamente sobre essa mudança

quanto às formas de aprendizagem ocorridas em função das transformações de

paradigmas básicos culturais. Transformações essas influenciadas inclusive pelos

atuais veículos de comunicação, como TV, rádio e internet. Observa-se o que Soares39

chama de uma demanda social voltada à formação da cidadania, ensino e

aprendizagem.

Sousa40, a partir dos estudos que realiza sobre relações mediáticas e espaço púbico,

aponta que “a cultura não é vista como a dimensão político ideológica, ao contrário, é

resgatada sua autonomia como agente no processo de negociação do poder. A

interação ideológica-política-cultural pode existir e coexistir por força desse

pressuposto de negociação e não como categorias com pressuposto de dominação de

uma sobre outra” (Sousa, 2002, pág.26). Observa-se que esse sujeito da comunicação

ocupa uma posição contraditória, na medida que é negociador e busca significações e

produções incessantes de sentido junto à vida cotidiana. Sousa41 destaca que ele deixa

de ser visto como um mero “consumidor necessário de supérfluos culturais” para

ocupar um papel de produtor cultural também.

Barbero42, porém, alerta que,

37 MARTIN-BARBERO, Jesús. Ensanchando territórios en comunicación/Educación, in VALDERRAMA, Carlos. Comunicación & Educación, Bogotá, Universidad Central, 2000, pg. 101-113.38 SOUSA, Mauro Wilton. O lugar social da comunicação mediática. São Paulo: Revista Caminhos da Educomunicação, NCE – ECA – USP, no. 03, 1999, pág. 21-32.39 SOARES, Ismar de Oliveira. Comunicação/Educação, a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais, in Contato, Brasília, ano I, jan/mar. 1999, pág. 19-74.40 SOUSA, Mauro Wilton. A recepção sendo reinterpretada. In SOUSA, Mauro Wilton (org.). Recepção mediática e espaço público: novos olhares. 1a. ed. São Paulo: Paulinas, 2006, pág. 13-26.41 SOUSA, Mauro Wilton. Recepção e comunicação: a busca do sujeito. In SOUSA, Mauro Wilton. Sujeito, o lado oculto do receptor. 3a.ed. São Paulo: Brasiliense, 2002, pág. 13 – 38.42 MARTIN-BARBERO, Jesús. Heredando al futuro. Pensar la Educación desde la Comunicación, in Nómadas, Bogotá, sepetiembre de 1996, n. 5, pág. 10-22.

23

Page 24: Mauro wilton

“A simples introdução dos meios e das tecnologias na escola pode ser a forma

mais enganosa de ocultar seus problemas de fundo sob a égide da

modernização tecnológica. O desafio é como inserir na escola um ecossistema

comunicativo que contemple ao mesmo tempo: experiências culturais

heterogêneas, o entorno das novas tecnologias da informação e da

comunicação, além de configurar o espaço educacional como um lugar onde o

processo de aprendizagem conserve seu encanto” (Barbero, 1996).

Especificamente quanto aos processos cognitivos de aprendizagem e a provável

influência mediadora que a cultura do sujeito pode exercer junto a esse processo,

Kaplún43 ressalta que a construção do conhecimento e sua comunicação são “o

resultado de uma interação: abraça-se a organização e a clareza desse conhecimento

ao convertê-lo em um produto comunicável e efetivamente comunicado” (Kaplun,

1999, pág. 74). Em relação aos processos educomunicativos de intervenção social para

a formação da cidadania, ele complementa, dizendo que “para que o educando se

sinta motivado e estimulado a empreender o esforço de intelectualidade que essa

tarefa supõe, necessita destinatários, interlocutores reais: escrever sabendo que vai

ser lido, preparar suas comunicações orais com a expectativa de que será ouvido”

(Kaplun, 1999, pág. 74).

E em suas reflexões sobre a existência desse campo, Huergo44 alerta que a escola está

sendo desprezada pelos meios e seu horizonte cultural, e se encontra,

conseqüentemente, em uma profunda crise de hegemonia. Isso sinaliza para um forte

embate da cultura na busca de uma definição de seu significado, o qual reflete uma

multiplicidade de valores, vozes e intenções. A partir dessas constatações, as

investigações sobre a inter-relação (Soares) ou conjugação (Sousa) da

Comunicação/Educação passam a considerar a intensidade das contradições sócio-

culturais e redes de conformismos, reconhecimentos ou oposições que se mostram nas

instituições educativas. E verifica-se que, de fato, a compreensão sócio-cultural

recorreu à semiótica social, ao interacionismo simbólico, à etnometodologia e à

etnografia, como destacado por Huergo45. Ele aponta ainda a questão das

alfabetizações múltiplas, as quais são provocadas pelos meios e pelas novas

tecnologias, na forma de uma “pedagogia perpétua” que excede o controle e a

organização escolar, mas reconhece outras fontes de significação, como a “cultura de

43 KAPLÚN, Mario. Processos Educativos e canais de comunicação, in Comunicação e Educação, jan/abr, 1999, pg. 68 a 75.44 HUERGO, Jorge. Comunicación/Educación: itinerários transversales, in VALDERRAMA, Carlos. Comunicación & Educación, Bogotá, Universidad Central, 2000, pg. 3-25.45 HUERGO, Jorge. Comunicación/Educación: itinerários transversales, in VALDERRAMA, Carlos. Comunicación & Educación, Bogotá, Universidad Central, 2000, pg. 3-25.

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Page 25: Mauro wilton

casa” (família) e dos grupos de referência que nela se configuram, e mesmo a cultura

da escola.

Ao se considerar os projetos educomunicativos como um processo de gestão

comunicacional a ser planejado, contendo objetivos a serem atingidos e estratégias de

ação a serem traçadas, verifica-se a importância de se conhecer de maneira mais

aprofundada as variáveis ou fatores passíveis de influenciar nos resultados finais desse

processo.

E uma das grandes contribuições para a consolidação do campo da Educomunicação e

conseqüente desenvolvimento de uma metodologia básica voltada à concretização

desses projetos passa diretamente pelos estudos desenvolvidos sobre recepção

mediática e espaço público proposto por Sousa46 e sua equipe de pesquisadores e

orientandos. Os resultados das pesquisas realizadas sobre essas temáticas são de

grande importância para os estudos que a equipe do Núcleo de Comunicação e

Educação, no sentido de municiá-los com informações sobre como ocorrem essas

mediações e qual sua influência em vários contextos, para a possível identificação das

ações e tecnologias mais adequadas a cada um dos públicos aos quais se destinam os

projetos educomunicativos. Sempre buscando o objetivo maior dessa metodologia, que

é a formação de cidadãos reflexivos e críticos em relação aos meios de comunicação e

à sociedade.

Finalmente, é importante destacar que esse novo campo que alguns já denominam

como Educomunicação não se resume simplesmente na utilização de veículos de

comunicação de tecnologia avançada na busca por uma simulação e/ou criação de

processos comunicacionais simplesmente estruturalistas. Trata-se de desenvolver uma

metodologia de ensino que traga as mídias para o processo de aprendizagem e que

sinalize uma nova abordagem de ensino, que mostre essa inter-relação e seja efetiva

na formação de cidadãos reflexivos e conscientes quanto ao poder que cada um

desses veículos representa em função de seus próprios espaços, inclusive como

espaços públicos de aprendizagem.

Ou, sob uma visão mais abrangente da sociedade, como diria Lévy47

46 SOUSA, Mauro Wilton et al. Mediações sociais e práticas escolares. In SOUSA, Mauro Wilton. Recepção Mediática e Espaço Público. 1a ed. São Paulo: Paulus, 2006, pág. 119-140.47 LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. 15a. Ed. São Paulo: Editora 34, 2006.

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Page 26: Mauro wilton

“Na era do planeta unificado, dos conflitos mundializados, do tempo acelerado,

da informação desdobrada, das mídias triunfantes e da tecnociência multiforme

e onipresente, quem não sente que é o preciso repensar os objetivos e meios da

ação política? A integração plena das escolhas técnicas no processo de decisão

democrática seria um elemento chave a necessária mutação da política. As

sociedades ditas democráticas, se merecem seu nome, têm todo o interesse em

reconhecer nos processos sociotécnicos fatores políticos importantes, e em

compreender que a instituição contemporânea do social se faz tanto nos

organismos científicos e nos departamentos de pesquisa e desenvolvimento das

grandes empresas, quanto no Parlamento ou na rua. Ao lançar o catálogo

eletrônico ou trabalhar as manipulações genéticas, contribui-se da mesma

forma par a forjar a sociedade quanto votando” (Lévy, 2006, pg. 195-196).

Ele ainda finaliza, dizendo:

“Não alimento nenhuma ilusão quanto a um pretenso domínio possível do

progresso técnico, não se trata tanto de dominar ou de prever com exatidão,

mas sim de assumir coletivamente um certo número de escolhas. De tornar-se

responsável, todos juntos. O futuro indeterminado que é o nosso neste fim do

século XX deve ser enfrentado de olhos abertos” (Lévy, 2006, pg. 196).

4) BIBLIOGRAFIA CONSULTADA PARA ELABORAÇÃO DESTE TRABALHO: ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. A Indústria Cultural – O Iluminismo como Mistificação de Massa. In, LIMA, Luiz Costa. Teoria da Cultura de Massa. 7a. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

AGOSTINHO, Bispo de Hipona. Confissões. 10a. Ed. São Paulo: Paulus, 1984.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede.7a. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder – Formação do patronato político brasileiro. 3a. Ed. São Paulo: Globo, 2000.

FREUD, Sigmund. Mal-Estar da Civilização. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. 1a. Ed. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. 7a. Ed. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 2003.

HABERMAS, J. Mudança Estrutural da Esfera Pública. 2a. Ed. Rio de Janeiro: Biblioteca Tempo Brasileiro, 2003.

HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 15a. Ed. São Paulo: Vozes/Universidade São Francisco, 2005.

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HUERGO, Jorge. Comunicación/Educación: itinerários transversales. In VALDERRAMA, Carlos. Comunicación & Educación. Bogotá: Universidade Central, 2000, pg. 3-25.

KAPLÚN, Mario. Processos educativos e canais de comunicação, in Comunicação e Educação, jan/abr, 1999, pg. 68-75.

LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência – O futuro do pensamento na era da informática. 15a. ed. São Paulo: Editora 34, 2006, pág. 131.

LYOTARD, JEAN-FRANÇOIS . Condição Pós-Moderna, 2a.ed Lisboa: Gradiva, 1989.

MARTIN-BARBERO, Jesús. Heredando al futuro. Pensar la Educación desde la Comunicación, in Nómadas, Bogotá, sepetiembre de 1996, n. 5, pág. 10-22.

MARTIN-BARBERO, Jesús. Ensanchando territórios en comunicación/educación. In VALDERRAMA, Carlos. Comunicación & Educación, Bogotá: Universidad Central, 2000, pg. 101-113.

MARTIN-BARBERO, Jesús. América Latina e os anos recentes: o estudo da recepção em comunicação social. In SOUSA, Mauro Wilton. Sujeito, o lado oculto do receptor. 3a. ed. São Paulo: Brasiliense, 2002.MARTIN-BARBERO, Jesús. Dos Meios às Mediações – Comunicação, cultura e hegemonia. 2a. Ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2003.

ROUANET, Paulo Sergio. Mal-Estar na Modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, pg. 96-119.

RUIZ, Castor Bartolomé. Os Paradoxos do Imaginário. 1a. Ed. São Leopoldo/RS: Unisinos, 2004.

SOARES, Ismar de Oliveira. Comunicação/Educação, a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais, in Contato, Brasília, Ano I, N.I, jan/mar, 1999, pg. 19-74.

SOUSA, Mauro Wilton. Recepção Midiática como linguagem de pertencimento: entre o comum e o público – Uma análise crítica da bibliografia a respeito. Bauru, 2006. Compós. Grupo de Trabalho.

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SOUSA, Mauro Wilton. Novas Linguagens. 2a. ed. São Paulo: Salesiana, 2003.

SOUSA, Mauro Wilton (Org.). Sujeito, o lado oculto do receptor. 3a. ed. São Paulo: Brasiliense, 2002.

SOUSA, Mauro Wilton. Práticas de Recepção Mediática como Práticas de Pertencimento Público. São Paulo: Revista Novos Olhares, ECA – USP, no. 03, 1999.

SOUSA, Mauro Wilton. Recepção e práticas públicas de comunicação. São Paulo, 1997. Tese. Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo.

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SOUSA, Mauro Wilton. Novos olhares sobre as práticas de recepção em Comunicação. Temas contemporâneos em comunicação.

WILLIAMS, Raymond. Cultura. 2a. Ed. São Paulo: Paz e Terraz, 2000.

5) ORIENTAÇÕES

Formação de novos pesquisadores / Atuação como orientador, por seus

orientandos.

Admirado por seus orientandos, ele estabelece uma relação muito próxima com seus

alunos, ao instigá-los à pesquisa, sempre lembrando-os sobre a importância da

investigação bem feita, detalhada. Talvez pela própria linha de pesquisa que

desenvolve, enfatiza o constante auto-questionamento por seus orientandos, sob

“novos olhares”, de maneira que esses efetivamente se abram à exploração dos textos

estudados para descobertas significativas, que resultem em questionamentos

consistentes para o desenvolvimento de novas linhas de raciocínio e conhecimento

concreto aprofundado do tema. Mais do que um orientador, ele instiga seus orientando

a se assumirem como “seres buscantes”. Sempre.

Orientações em andamento:

Dissertações de Mestrado:

Christian Godoy. Mini tecnologias e comunicação contemporânea. Início: 2006. Dissertação (mestrado em Ciências da Comunicação) – Universidade de São Paulo (Orientador).

Guilherme Ranova. Identidade e comunicação em Foucault. Início: 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Universidade de São Paulo. (Orientador)

Tese de Doutorado:

Fernando Scavone. Aspectos Plásticos das imagens em processo digitais. Início: 2002. Tese (Doutorado em Curso Superior do Audiovisual) – Universidade de São Paulo. (Orientador)

Supervisões e Orientações concluídas:

Dissertação de mestrado:

Marcelo Henrique Leite. Imagem virtual e os paradoxos do tempo: a imagem e a cultura na contemporaneidade. 2006. Dissertação (Mestrado em COMUNICAÇÃO E

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Page 29: Mauro wilton

ESTÉTICA DO AUDIOVISUAL) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Rafael Luís Pompéia Gioielli. A identidade líquida - a experiência identitária na contemporaneidade dinâmica. 2005. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Eliany Salvatierra Machado. O gosto Cultural de Jovens. Estudo sobre o papel dos media e dos valores culturais na construção do gosto. 2002. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Elson Faxina. Participação e subjetividade em movimento sociais: um estudo de caso sobre as práticas culturais contemporâneas como espaço de construção e legitimação do ser individual e ator social.. 2001. 0 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Elide Maria Fogolari. Fazenda Esperança: estudo sobre as mediações culturais e a recepção da telenovela Terra Nostra. 2001. 0 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Helena Corazza. Comunicação e Relacões de Gênero. 1999. 0 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Manuel Gustavo Manrique Gianoli. O Torcedor de Futebol e O Espetáculo da Arquibancada.. 1996. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Milton Soares de Sousa. Telenovela: O Papel Social do Vilão. Leituras e usos sociais do vilão no cotidiano de receptores de telenovela. 1996. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Lúcio Sérgio de Oliveira Vilar. Tv e Janela do Cotidiano.. 1995. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Eliana Nery Conde Malta. Telenovela e Receptores: Um Fórum de Debates.. 1994. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Magno L. Medeiros da Silva. A Televisao Invisivel: O Receptor e O Olhar Simbolico. 1991. Dissertação - Escola de Comunicações e Artes, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Teses de Doutorado:

Rovilson Robbi Britto. Uma leitura da cibercultura a partir dos Estudos Culturais. 2006. 261 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

29

Page 30: Mauro wilton

Ronaldo M Castelhano. Diferença e identidade: sentidos em construção. 2006. 203 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Renato Levi Pahim. Alquimistas do Som. O Experimentalismo na Música Popular Brasileira. 2002. 174 f. Tese (Doutorado em Curso Superior do Audiovisual) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Luiz Signates. A sombra e o avesso da Luz - Apropriação da teoria dual de sociedade em Habermas para os estudos contemporâneos de comunicação social. 2001. 0 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Maria Luiza Cardinale Baptista. O Sujeito da Escrita e a Trama Comunicacional. 2000. 0 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Lúcio Flávio Spinelli Pinheiro. Contribuições do pensamento psicanalítico de W. R. Bion para o estudo dos processos sociais de recepção à TV. 2000. 0 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Mario Fernando Gutierrez Olortegui. Televisão, entre o vazio e a sedução. 2000. 0 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

Fernando Jesus Giraldo Salinas. O Som Na Telenovela, Articulações Som e Receptor.. 1994. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) - Universidade de São Paulo, . Orientador: Mauro Wilton de Sousa.

6) PRODUÇÃO LITERÁRIA DE MAURO WILTON DE SOUZA

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SOUSA, M. W. ; LEITE, Marcelo Henrique ; GIOIELLI, R. L. P. ; MATHIAS, José Ronaldo Alonso . Mediações e Práticas Escolares. REVISTA NOVOS OLHARES, SÃO PAULO, v. 12, 2003.SOUSA, M. W. . O comum mediático e o pertencimento nas práticas de recepção. REVISTA NOVOS OLHARES, SÃO PAULO, v. 11, 2003.

SOUSA, M. W. . O lugar social da comunicação mediática. Revista Mackenzie Eduacação Arte E História da Cultura, SÃO PAULO, v. 2, n. 2, p. 111-119, 2002.

SOUSA, M. W. . Práticas de Recepção Mediática: o pertencer ao comum social. Revista Novos Olhares, São Paulo, v. 3, n. nº 7, p. 47-53, 2001.

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SOUSA, M. W. . Comunicação e Educação: entre meios e mediações. Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, São Paulo, v. 106, p. 2-26, 1999.

SOUSA, M. W. ; SIGNATES, L. . Bibliografia Comentada: Esfera Pública e Comunicação. Revista Novos Olhares, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 50-55, 1999.

SOUSA, M. W. . A Recepção sendo reinterpretada. Revista Novos Olhares, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 39-46, 1998.

SOUSA, M. W. . Ficção ou Realidade. Revista Vogue, São Paulo, n. 243, p. 78-82, 1998.

SOUSA, M. W. . Um Novo Modo de Olhar o Cinema. Informativo Summus, São Paulo, v. 3, n. 11, p. 2-2, 1998.

SOUSA, M. W. . O Lugar Social da TV na Inglaterra. Informativo Summus, São Paulo, v. 3, n. 11, p. 12-12, 1998.

SOUSA, M. W. . Comunicação e Contexto Sócio-Cultural. Revista Integração, São Paulo, v. I, n. 7, p. 8-9, 1997.

SOUSA, M. W. . Juventude e os nossos espaços sociais de construção e negociação de sentido. Revista Educação e Realidade, Rio Grande do Sul, v. 22, n. 2S/97, p. 47-58, 1997.

SOUSA, M. W. . Quem É o Sujeito da Comunicação?. Revista Interação, SÃO PAULO, v. 12, p. 8-8, 1995.

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SOUSA, M. W. . Situacao e Perspectiva de Recursos Humanos Para a Formação Profissional No Brasil: aspectos da experiência do CENAFOR. SERIE REFLEXOES, São Paulo, v. 8, p. 1-10, 1980.

SOUSA, M. W. . Exposicão a Veículos de Comunicação de Massa e Caracteristicas Aspiracionais de Estudantes Paulistas de nível médio: aspectos de uma experiência de Estudo. Revista Comunicacoes E Artes, São Paulo, v. 8, n. 4, p. 101-121, 1979.

Artigos publicados em periódicos:

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SOUSA, M. W. . Novas Linguagens. São Paulo: Editora Salesiana, 2001. v. 1. 71 p.

SOUSA, M. W. . Sujeito, O Lado Oculto do Receptor. SÃO PAULO: BRASILIENSE, 1995. 231 p.

SOUSA, M. W. . Empresariado Industrial e Imprensa: Questoes de Ontem, Hoje. SAO PAULO: FGV/SP, 1989. 101 p.

AISSAR, M. ; SOUSA, M. W. . Escola Normal, Hoje?. SAO PAULO: CENAFOR, 1984. 102 p.PRESCIVALLE, O. ; SOUSA, M. W. . Experiências e Perspectivas Sobre Escolas de Produção no Meio Urbano no Brasil. SAO PAULO: CENAFOR, 1982. v. 1. 240 p.

AISSAR, M. ; SOUSA, M. W. ; BORI, C. ; PRANDI, R. ; GUIMARÃES, H. ; PACHECO, R. . Técnica de Pesquisa Survey - 3 Volumes. SAO PAULO: CENAFOR, 1980. 734 p.

MARIANI, N. ; MARQUES, W. ; SOUSA, M. W. . Mercado de Trabalho Para Profissionais de Nível Medio - 2 Volumes -. RECIFE: SECRETARIA DE EDUCACAO DE PERNAMBUCO, 1977. 244 p.

SOUSA, M. W. ; BLASI, A. C. . Escolas de Segundo Grau na Área Primária No Brasil: Estudo Quantitativo e Qualitativo - 4 Volumes -. SAO PAULO: CENAFOR, 1974. v. 1. 422 p.

Capítulos de livros publicados:

LEITE, Marcelo Henrique ; SOUSA, M. W. ; GIOTELLI, Rafael Luís Pompéia . Práticas de receção mediática: cultura da imagem e identidade cultural. In: Nilda Jacks; Elisa Piedras; Rosario Sanchez Vilela. (Org.). O que sabemos sobre audiências? Estudos latino americanos. 1 ed. Porto Alegre: Armazém Digital, 2006, v. 1, p. -.

SOUSA, M. W. . A recepção sendo reinterpretada. In: Mauro Wilton de Sousa. (Org.). Recepção mediática e espaço público: novos olhares. 1 ed. São Paulo: Edições Paulinas; SEPAC, 2006, v. 1, p. 13-26.

LEITE, Marcelo Henrique ; SOUSA, M. W. ; GIOTELLI, Rafael Luís Pompéia ; MATHIAS, José Ronaldo Alonso . Mediações sociais e práticas escolares. In: Mauro Wilton de Sousa. (Org.). Recepção mediática e espaço público: novos olhares. ' ed. São Paulo: Edições Paulinas; SEPAC, 2006, v. 1, p. 119-142.

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SOUSA, M. W. . Práticas de recepção mediática como práticas de pertencimento público. In: Mauro Wilton de Sousa. (Org.). Recepção mediática e espaço público: novos olhares. 1 ed. São Paulo: Edições Paulinas; SEPAC, 2006, v. 1, p. 215-242.

SOUSA, M. W. . História Empresarial Mediadora do Futuro. In: Paulo Nassar. (Org.). Memória de Empresa - História e comunicação de mãos dadas a construir o futuro das organizações. São Paulo: Aberje, 2004, v. 1, p. 89-96.

SOUSA, M. W. . O Lugar Social da Comunicação Mediática. In: Ismar de Oliveira Soares. (Org.). Cadernos de Educomunicação - Caminhos da Educomunicação. São Paulo: Editora Salesiana, 2002, v. 1, p. 21-34.

SOUSA, M. W. . Novos Cenários no Estudo da Recepção Mediática. In: Eugênio Trivinho; Dirceu Fernandes Lopes. (Org.). Sociedade Mediática - Significação, mediações e exclusão. Santos: Ed. Universitária Leopoldianum, 2000, v. 1, p. 77-89.

SOUSA, M. W. . Modernidade e Pós-Modernidade: o lugar social da Comunicação. In: Maria Cecília Sanchez Teixeira; Maria do Rosário Silveira Porto. (Org.). Imaginário, Cultura e Educação. São Paulo: Plêaide, 1999, v. 1, p. 13-.

SOUSA, M. W. . Novos Olhares Sobre Práticas de Recepção em Comunicação. In: Maria Immacolata Vassalo Lopes. (Org.). TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM COMUNICAÇÃO. SÃO PAULO: EDICOM - INTERCOM, 1997, v. 1, p. 277-289.

SOUSA, M. W. . Recepção e Comunicação: A Busca do Sujeito. In: Mauro Wilton de Sousa. (Org.). SUJEITO, O LADO OCULTO DO RECEPTOR. SÃO PAULO: BRASILIENSE, 1995, v. , p. -.

SOUSA, M. W. . Pesquisa de Recepcao. In: Sem Fronteiras. (Org.). SEM FRONTEIRAS: 20 ANOS. SAO PAULO: SEM FRONTEIRAS, 1992, v. , p. 53-97.

SOUSA, M. W. . Televisao e Familia: O Lugar da Juventude. In: I. S. Didoné; Ismar de Oliveira Soares. (Org.). O JOVEM E A COMUNICACAO. SAO PAULO: LOYOLA, 1992, v. , p. 16-32.

SOUSA, M. W. . Jovens e Telenovela, Seduções da Vida Cotidiana. In: Elza Dias Pacheco (org). (Org.). Comunicação, Educação e Arte na Cultura Infanto-Juvenil. SAO PAULO: LOYOLA, 1991, v. , p. 85-111.

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SOUSA, M. W. . Falta Qualidade à Mídia que Chega a Nossa Casa. Jornal O Estado de São Paulo - Caderno 2/Cultura, São Paulo, v. 1031, p. D6 - D6, 30 jul. 2000.

SOUSA, M. W. . Com os Eletrônicos, a Liberdade de Ser e Estar. Jornal da Tarde - Caderno de Sábado, São Paulo, v. 10.780, p. 6 - 6, 26 fev. 2000.

SOUSA, M. W. . Euforia Estimulada por Ilusões. O Popular - Caderno 2, Goiânia - Goiás, p. 1 - 1, 26 dez. 1999.

SOUSA, M. W. . Dramaturgia e Vídeo Pastoral. Revista Interação, São Paulo, v. 1, p. 6 - 7, 01 dez. 1999.

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SOUSA, M. W. . Os Aparelhos que Tiram as Pessoas do Sério. Jornal da Tarde - Caderno Variedades, São Paulo - SP, p. 1C - 1C, 24 ago. 1999.

SOUSA, M. W. . A Verdadeira Paixão Nacional. Jornal da USP, São Paulo, v. 434, p. 6 - 7, 08 jun. 1998.

SOUSA, M. W. ; FAERMAN, M. . Ficção ou Realidade (Depoimento). Revista Vogue, São Paulo, v. 243, p. 78 - 83, 01 mar. 1998.

SOUSA, M. W. ; PINTO, P. . Quem Tem Medo do Poder da Televisão. A Gazeta, Cuiabá - Mato Grosso, p. 4A - 4A, 31 mar. 1997.SOUSA, M. W. . Quem é o sujeito da Comunicação. Jornal Deadline, São Paulo, v. 12, p. 8 - 8, 03 maio 1995.

SOUSA, M. W. . O Poder da Telinha. Diário Popular - Suplemento Revista, São Paulo, v. supl, p. 1 - 1, 25 maio 1992.

SOUSA, M. W. . Crítica de programas televisivos - Diário Popular. Diário Popular - suplemento Revista, São Paulo, v. supl., p. 6 - 6, 20 nov. 1990.

Comunicações e Resumos Publicados em Anais de Congressos ou Periódicos

(Completo)

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7) ANEXO 1: Íntegra da entrevista com o Prof. Dr. Mauro Wilton, realizada por Maria Izabel Leão e Luci Ferraz de Mello, em Junho/2006.

ENTREVISTA COM MAURO WILTON

Qual o seu envolvimento como pesquisador no tema comunicação educação?

Objetivamente colocado, no tempo da ECA, onde sou professor desde 1978, mas de uma forma mais imediata, mais objetiva, nos últimos 10 anos talvez. Temos trabalhado um pouco mais a relação da comunicação com a educação a partir, do próprio recorte que eu tenho tentado aprofundar que é a área exatamente da recepção. Então ao trabalhar o processo da recepção, entramos necessariamente nas mediações que fundamentam a recepção, uma dessas mediações é exatamente o processo educacional. Nesse sentido, como objeto de estudo, a preocupação imediata é uma preocupação relativamente recente, estou falando da conjugação das duas variáveis: Comunicação e educação.

Consegue perceber durante esse período em que está trabalhando nessa área Comunicação e Educação qual a sua contribuição para o campo e é possível ver os diagnósticos do caminho dessa inter-relação entre a Comunicação e a Educação?

Eu acredito que temos colocado muito a Comunicação na centralidade que ela tem como objeto de estudo, não apenas por estarmos na ECA, mas também pelo próprio fato de termos feito uma opção de trabalho pela comunicação. Então, a centralidade do processo está na comunicação, acredito que o recorte na área de Educação, entra como um elemento componente, já não mais só da análise do processo da comunicação em si, mas da significação social e política de uma ação comunicacional, de uma ação política e envolve necessariamente a educação, como um dos objetos de campo de trabalho.

Há duas relações ai. Se, de um lado, o processo educacional está presente na prática de professores numa instituição como esta, de outro, entra também como objeto de estudo enquanto uma ação de preocupação, como por exemplo as eventuais contribuições do NCE no sentido de maximizar a nossa participação diante da qualificação de quadros docentes .

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O senhor tem um Núcleo de Pesquisas, ele se volta para essa área também?

Olha a nossa preocupação ou o eixo fundamental é o estudo da recepção. Enquanto uma categoria que até agora pouco foi colocada sob o ponto de vista de um apassivamento das consciências através da mídia ou então como sendo o que o próprio nome está dando, colocando como um elemento dependente de um processo mais amplo da sociedade através dos meios. Questionamos isso, tentando verificar quais são as alternativas de visualizar de outra maneira, mas numa perspectiva já diferente que é colocar a recepção diante do espaço público, a dimensão política que está presente e a cultura. Então, meu eixo é dentro do quadro da comunicação, a dimensão política envolvida na construção do espaço público que é a socialização do processo comunicacional mais amplo (tem uma dimensão política) e depois o outro lado dessa vertente, ou seja, quais são as práticas culturais ou a própria cultura que no fundo define e redefine o ângulo pelo qual a recepção se dá.

Na essência é essa triangulação: recepção, cultura, e espaço público. Por exemplo, hoje, a minha preocupação é analisar até que ponto as práticas de recepção podem ser vistas como sendo práticas de pertencimento dentro da própria sociedade num contexto de uma sociedade com crise de pertencimento. Quer dizer, a fragmentação da sociedade contemporânea, a fragmentação do modelo de modernidade (se é que se pode chamar a modernidade de modelo), está trazendo hoje o que chamaríamos (...) do conjunto de manifestações explicitas da desigualdade social. Nunca tivemos tanta valorização das comunidades resgatadas agora sob outro sentido, nunca tivemos tanto movimentos sociais, tantas ongs, tantas manifestações sociais da fragmentação do sujeito e do direito de ser dentro da sociedade. Nunca tivemos tanta necessidade de inclusão por tantos processos de exclusão.

E isso tudo por que?

É esse contexto de uma estrutura social em crise, ela é mundial, mas ao mesmo tempo com manifestações locais. Então, na verdade, é o processo de globalização da sociedade. É apenas a manifestação dessa desestruturação de certo tipo de capitalismo num certo tempo histórico fazendo com que a desigualdade hoje seja duplamente trabalhada. Primeiro, na farsa de uma globalização que une, mas na prática que ao invés de unir, mostra mais ainda a decomposição da sociedade.

O senhor acha que esse sujeito dessas comunidades está perdido? Que esse processo todo de capitalismo, de estímulo ao consumo excessivo, de manipulação das massas acabou esvaziando essa questão cultural, a cultura popular, esse processo teria causado um esvaziamento e feito com que o sujeito acabe ficando perdido?

Tem vários ângulos para trabalhar a questão do sujeito. Se pegar do ponto de vista do lugar que ele tem na construção do saber e do conhecer é claro que passo de um sujeito onipotente e racional para um sujeito que é datado historicamente que tem circunstâncias que o redefine de uma forma racional, mas ator e não necessariamente um super homem, um super dotado no processo social.

Por outro lado, acredito que vivemos hoje como sempre vivemos na história a busca do próprio lugar. Nesse ponto penso um pouco como “Paradoxos do imaginário”: somos de origem estruturalmente duais e a vida é a busca no sentido de que diante de fraturas impostas pela vida, sejam biológicas, filosóficas, religiosas, o desafio do homem é ser sutura, é buscar o encontro dessas partes.

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Isso não está muito longe do princípio freudiano do prazer e do princípio da realidade. Estamos diante do mesmo processo, porém em contextos distintos. É a luta permanente pela identidade do eu.

Analisando os processos educacional, político e cultural no Brasil de vinte anos atrás e comparando com a atualidade, as condições do meu eu são diferentes em cada época. Estou na diáspora, buscando minha identidade neste transito nomático.

PCC, violência, discussão da lista, mídia, espetáculo e questão da culpa...Freud (Mal Estar da civilização)...ser humano...

Isso é uma postura que depende do ponto de vista tomado, humanista ou sob um outro ponto de vista, é exatamente o desafio lidar com as contradições e desafios que o sistema tem, é nessa dialética que nós temos que trabalhar, do eu e do outro. Assim como a dialética subentendida do outro, que é o sistema com a minha própria dialética interna, ou seja, uma coisa sou e o outro, outras coisas são. As dialéticas de cá e as dialéticas de lá geram conflito, colocando-nos diante de um emaranhado, de um novelo permanente de relações de interesses que não são lineares, mas extremamente contraditórias. É por isso que eu acho que isso é tão importante de ser compreendido que a própria comunicação na relação que tem em si mesma com o mundo com a vida, tanto quanto com o processo educacional, transita isso.

O que é o processo comunicacional no processo educacional? Qual é o veio? É a compreensão da busca dessa sutura, pelo processo de troca de conhecimentos de valores subentendidos, tanto quanto dos meios em que estão (sempre separo muito o processo da comunicação dos meios) e o resultante que são os dois trabalhando juntos, e no fim são os parâmetros que sustentam os dois como distintos e iguais.

Como o senhor vê a presença da mídia na vida cotidiana? Produz, reproduz ou dinamiza valores, crenças sentimentos preconceitos que circulam na sociedade?

Eu acho bom que seria bom se nós tivéssemos um parâmetro categórico final, único para tudo isso, como se fosse um chapéu que eu pudesse colocar para explicar qual o lugar da comunicação na sociedade, eu acho que a sociedade não é uma cabeça definida, ela é a própria contradição da vida, da história. Ela tem estruturas que se re-estruturam, tem configurações que se modificam, tem mudança como elemento central de seu eixo. O processo comunicacional não tem um chapéu específico para essa cabeça em mutação. Tem vários papéis, o processo educacional é meio numa linha instrumentalizada, nesse sentido, ele é agente de busca de outras coisas, de outros valores. Num momento ele é agente de reforço e noutro ele é agente de mudança.

O processo comunicacional é uma linguagem contemporânea, uma das mediações mais importantes da contemporaneidade (não significa que ele tem uma cor única), as mediações são distintas, agora na centralidade de uma sociedade globalizada, fragmentada, desigual, o papel mediador dele é crescente. Talvez hoje nós estejamos valorizando, como disse Habermas, o processo comunicacional um pouco mais do que valorizamos o próprio trabalho pela dinâmica da sociedade. O que foi o trabalho ontem enquanto categoria fundamental para compreensão do mundo (capitalismo industrial) seja agora o que a comunicação está desempenhando como mediação.

Orozco: não podemos esquecer que hoje uma das mediações é a mediação mercantilista feita pelas empresas. Você vê essa mediação também?

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Esse conceito que ele usa de mediação eu acho muito instrumentalizado, eu prefiro que tudo seja mediação. Talvez possa ter uma dimensão mercantil predominante num determinado momento, mas o importante é buscar quais são as mediações hegemônicas num tempo dado, num contexto dado. Estou trabalhando num texto sobre o significado da pós-modernidade na construção do marketing contemporâneo, uma das categorias que mais me assusta e que eu tenho trabalhado não necessariamente porque eu quis, mas porque os meus alunos me provocam sobre isso e eu estou alimentando meus alunos para trabalhar isso com muito carinho, é a dimensão do tempo.

Quando se começa resgatar o tempo e a imagem em Heildelger, em Santo Agostinho, quando um aluno reflete sobre o lugar do tempo na construção da mídia e na construção do significado desta na vida das pessoas, discute também sobre a sociedade da velocidade. Isso tem um objetivo que, na prática, não se consegue atingir. É a contradição do mal-estar, pois o homem não consegue acompanhar o que ele mesmo busca. Então percebemos a importância de mediações como esta.

Gostaria de entender talvez menos fatos e objetos nos processos. Eu vejo a mediação não no contexto de um tersus, de estar entre mim e a mídia, entre mim e você... é como se quisesse chegar a meu pai pela minha mãe. Ela seria então um tersus. Não trabalho esse conceito, mesmo admitindo a possibilidade dele. Eu estou muito mais na linha de Raymond Williams – que num certo sentido vislumbra também Barbero – de que a mediação é aquele diferencial nas relações e que explica como diferença a própria relação. Pode parecer complicado, mas é mais ou menos o seguinte: Podemos estar aqui diante da televisão; a mediação fundamental não está necessariamente nesta descrição. Quero saber, por exemplo, se o fato de você ser mulher e eu ser homem é uma mediação fundamental que distingue como diferencial o nosso ponto de vista, o nosso modo de ler a TV. Não é a TV enquanto programa que me importa. O que me importa é conhecer qual a mediação que a sustenta. Neste caso pode ser sexo, mas podem ser outras variáveis como formação cultural, idade...

Podemos estar nós 3 aqui e de repente tem ali a Televisão... então eu acho que a mediação fundamental não está necessariamente da TV estar ali onde vc ... eu quero saber o fato de voc ser mulher e eu ser homem, pro exemplo, é uma mediação fundamental que distingue como diferencial o nosso ponto de vista, o nosso modo de ler a TV...não é a TV enquanto programa que me importa... o que me importa é conhecer qual a mediação que a sustenta... aqui pode ser sexo, de repente pode ser formação cultural, pode ser idade... então numa sala de aula na hora em que apresento um filme como aconteceu na semana passada...na sala de aula, onde apresento “Muito Além do Jardim”... filme fundamental, importante...ou então, “Beleza Americana”... e de repente numa classe mista de alunos de áudio visual, a reação foi completamente diferente de uma outra classe onde 80 era moças de nível de formação não voltada para áudio visual... então, ... no sentido de que os alunos começaram a ver sob o ponto de vista estético a produção cinematográfica, a questão dos planos, a questão do roteiro, a questão da imagem, a questão do próprio desempenho de atores.. eles não conseguiam perceber os valores do conteúdo... são as referências...na hora que você analisa a outra classe, a variável formação no áudio visual interferiu terrivelmente pq eles não tinham a formação, mas interferiu sobretudo no seguinte...eles não estavam preocupados com a estética, com a produção... estavam preocupados com o conteúdo... e com um detalhe: 80% da classe eram alunas mulheres.

Apresentei um filme a uma classe mista de alunos de audiovisual e a reação foi completamente diferente de uma outra classe onde oitenta eram moças de nível de formação não voltada para o audiovisual.

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Os alunos de audiovisual voltaram olhar para a estética: a produção cinematográfica, a questão dos planos, o roteiro, a questão da imagem, o desempenho dos atores. Não conseguiam perceber os valores do conteúdo. São as referências. Na hora que você analisa a outra classe, a variável formação no áudio visual interferiu terrivelmente porque eles não tinham a formação. Estes não estavam preocupados com a estética, mas com o conteúdo. Detalhe: 80% da classe eram mulheres.

Trata-se então de uma conjugação de mediações. Não posso generalizar como se deu o processo de comunicação para essas pessoas. É um agente estimulador para um diferentemente do reforço para outro... então, nesse sentido, um outro trabalho que estou analisando é quando você vê por exemplo o processo comunicacional cultural no processo migratório.

Por exemplo, na hora que uma pessoa decide mudar de país. Ela viaja descobre que não sabe sobre o Brasil quando antes sabia sobre o país para o qual se mudou. Questiono a mediação dos meios no estimulo para a migração. Qual o lugar da mídia para silenciar sobre seu país de origem ou na constituição desse novo ser que vive as duas culturas?

Isso tem que ser trabalhado sob as múltiplas mediações: Se foi solteiro, se foi com família, se tem nível superior, se foi empregado, se foi desemprego...

Acho isso interessante e é por esse motivo que a gente trabalha com comunicação e ciências humanas. É mudança permanente. Do contrário, seria mais fácil. Iria para ciências exatas. O desafio é buscar sabendo que não tenho respostas fixas. Terei sempre respostas provisórias. Por isso que eu me sinto, às vezes, como um caminhante que busca, mas sabendo que nunca vou encontrar.

Chega um determinado momento, tanto do processo de vida quanto de produção cultural, que você vai pela esquerda por causa da rapidez. Mas de repente você tem que vir para a direita porque o processo é impressionante. Sempre vejo esse ser buscante na área da comunicação. Ao analisar um processo, dou um olhar e a coisa continua. É a transitoriedade e a relatividade não só porque eu não conheço o todo, pois é impossível conhece-lo como porque tem uma dinâmica na história que toma cores e formas que seria um ato divino eu querer tê-lo... e sabe-lo por inteiro.

Mas que sempre vai conhecer, mais, não?

Ouvi na França há um tempo atrás quando o Cezar (grande prêmio do cinema francês) estava sendo transmitido pela tv no mesmo momento que o ator principal do filme que ganhava estava sendo velado, então a câmera mostrava, o cenário do velório e o da premiação, quem foi receber o prêmio foi a atriz coadjuvante do ator principal que era também diretor, num determinado momento dessa conjugação de cenários, veio uma frase do diretor que morreu, que era mais ou menos o seguinte: eu não morri, eu não vivi, eu passei pela vida.

Era como se de repente nós fôssemos folhas de uma árvore, não? E simplesmente a folha caiu. O que é que é isso? Então, na verdade, vejo um pouco isso, esse ser buscante, e nós que estamos na área da comunicação, vemos um processo, damos um olhar e a coisa continua. É a transitoriedade e a relatividade, eu não conheço o todo porque é impossível conhecê-lo.

É o próprio conhecimento, agora de um outro contexto de relativo, não?!

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Da relatividade do meu saber, por isso que quando eu falo de mediações tanto quanto eu falo de comunicação e educação, eu sempre transito dentro de uma dinâmica acontecendo e não de um resultado obtido. É não fazer da comunicação um valor bíblico ou normativo!

Por isso é horrível falar de comunicação, não? Tudo é ótimo. É isso que eu chamo o nosso processo comunicacional estruturado na identidade líquida, eu já estou fazendo a associação. E é por isso que ele é instigante. Eu não tenho a certeza das referências e valores da modernidade de uma forma mais tão incisiva e normativa, já tenho condições de questionar a própria mudança porque eu sou necessariamente mudança. Por isso que a minha velhice física pode corresponder a uma velhice de compreensão disso que eu falei, a folha velha pode ser folha velha na árvore, mas estar ainda integrada à árvore, que é o processo da própria vida.

Então é uma dimensão nesse sentido que conjuga um pouco de filosofia, mas voltando à questão, não gosto muito dessa operacionalização de mediações dessa forma tão estanque, como caixinhas.

Por exemplo, eu dei uma entrevista recente sobre um tema semelhante, não me sinto à vontade para trabalhar entre essas mediações múltiplas pré-definidas, acho que elas são múltiplas no contexto onde eu estiver trabalhando, porque eu busco a hegemonia. Questiono as múltiplas mediações do Orozco, o que existe ou deixa de existir entre elas não as define, em outras palavras, acho que há múltiplas, mas ela pode ser a mercantil hoje, tecnológica amanhã, na verdade estão num movimento constante, não dá para olhar de forma estanque, então, não são três, são uma pluralidade.

Então o Barbero vê a mediação como lugar novo para a construção do sentido... como que o senhor vê isso?

Não se trata de um lugar novo, a mediação, talvez estejamos tomando o termo mediação na contemporaneidade como algo novo, mas como objeto ele já existe historicamente. Todo o processo social da comunicação é social mediado, isso já vem de longe. Em termos da estrutura do pensamento marxista, o conceito de mediação é estruturante no pensamento marxista e agora nós o incorporamos na contemporaneidade para talvez falar um pouquinho sobre quais são as variáveis que intervêm no processo de construção de um resultado de uma vida. Então, nesse sentido eu acho que está havendo uma maximização do uso, quase que uma centralização do seu significado e que de fato ele tem, mas não da forma como o termo vem assumindo, como se fosse a chave que desbarata todas as coisas. Mas, tanto para Barbero como para outros, por causa da própria dificuldade de conceituar e operacionalizar a mediação, vamos arranjando aí ao longo dessa caminhada aqueles líderes que mostram o caminho muito mais na parte operacional imediata do que do reflexo. É esse pessoal que fica instrumentalizando, procurando formas de como arranjar a mediação.

É típico de quem não compreendeu o que é mediação. É como se mediação fosse um objeto, um instrumento, como se desse para você pegar e isso não é verdade, não dá para se pegar, é subjetiva, fluída. É a tentativa de descobrir como um conjunto de variáveis se situa intervenientes na definição de um processo.

Dentro da nossa revista Novos Olhares, tem um trabalho muito interessante da Salete Talk, no Pernambuco, discutindo quais eram as mediações que sustentavam as lutas do poder nos canaviais. A mediação não estava nos objetos e estratégias, mas naquela relação anterior que sustentava esses objetos e estratégias, na dimensão de poder, por exemplo. Estudar o poder sobre tecnologia num determinado contexto é

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muito mais importante do que estudar a tecnologia. Tem muita coisa da mediação que é apenas a visibilidade de um processo que não mostra sua cara invisível.

É curiosa a própria influência da cultura na abordagem a partir de contextos distintos: uma mesma temática pode ser tratada junto a diferentes culturas e a forma de atuação das mediações sempre se modifica.

O mais importante é descobrir quais os interesses políticos e culturais que motivam todo um processo. Um exemplo é a publicidade na área. Veja o slogan do Citibank: “Crie filhos e não herdeiros”. Parece frase de caminhão urbano e não de roça. Observe qual o valor que sustenta essa publicidade. Isso é a dimensão do tempo que mencionei anteriormente.

Hoje num processo de dominação segundo valores que não são necessariamente o ontem e que não são para todas as categorias. Procura-se então descobrir quais as mediações que interferem na aceitação do público. Trata-se de um duplo processo: o das mediações da produção e o das mediações do consumo. Pode-se observar ver a aderência ou não às fases dele.

Como o senhor vê as pesquisas dessa área de recepção? Na ECA... elas têm contribuído de alguma forma?

Estamos muito iniciantes nessa relação. Acho que ainda engatinhamos pelo fato entendemos recepção simplesmente como audiência. Há muita gente que ainda entende recepção como o próprio ato de se expor fisicamente à materialidade midiática. Foca-se nos veículos quando na verdade o estudo da recepção vai ao processo que justifica a materialidade da relação. É diferente. Acho que outras escolas e outros centros de pesquisa no Brasil estão indo mais rápido do que nós, não só em termos de tempo, mas também em termos de qualidade. Embora aqui talvez a gente tenha algumas referências interessantes para analisar. Na minha opinião, o próprio termo “recepção” tem ajudado muito à não compreensão do que de fato ele é.

Então, em vez de ser um elemento de estímulo, tem sido um elemento barreira. Há muito preconceito em relação a isso, pois no conjunto da academia como da sociedade nós ainda somos uma sociedade positivista e funcionalista.

A recepção é parte do todo. Agora qual é esse todo que justifica a parte? As pessoas ainda compreendem muito essa mecânica formal de que o

importante é consumir e não necessariamente os condicionantes de consumo. Nesse sentido eu tenho certa frustração porque basta você perguntar quem que estuda de fato é recepção? Na hora que faz a contraposição entre quem pesquisa conceitual e teoricamente e quem pesquisa na prática, começa o dissenso, uma dificuldade muito grande de associar a prática com o conceito. É um campo de estudo que foi muito importante por algum tempo, mas que ainda não foi enraizado suficientemente.

Falta muito que fazer em termos de compreensão e em termos de prática. A questão do receptor é realmente incômoda no estudo. De certa maneira, até porque a forma como ela será recebida demonstra também o poder que se tem inclusive como emissor.

É uma relação de troca que não tem dois lados. Nesse sentido, volto ao eu e o outro freudiano. É como se eu tivesse só um lado da questão, quando na verdade não posso olhar a partir de um ou de outro, mas devo olhar a relação que os dois têm. De acordo com Freud é inerente ao ser humano, olhar para as coisas a partir de si mesmo.

Eu como pesquisador, não posso olhar só do eu para o outro ou do outro para o eu. Preciso olhar a relação dos dois como objeto.

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Não se consegue essa relação?

Eu acho que essa dificuldade está ligada à famosa descrição da objetividade e da subjetividade. Barbero fala que a pesquisa da verdade nos afeta. Ou seja, eu só busco como objeto de estudo aquilo que tem a ver comigo, com a minha verdade. Ao escolher a educação, a comunicação ou arquitetura enquanto campo disciplinar ou dentro do campo mais específico da comunicação, o objeto que você tem como recorte, ele é tendencialmente do real, do objetivo, mas também é razoavelmente do subjetivo. É meu olhar sobre o mundo, são minhas referências. Quando olho o mundo, o faço a partir de um lugar extremamente meu. Embora, se estivéssemos no alto de uma montanha, meu olhar sobre a planície será diferente do seu apesar de estarmos no mesmo lugar – isso também é mediação – a verdade que busco na pesquisa é a que busco para mim. É aí que reside a dimensão da subjetividade. De novo, aquilo que eu falo sobre as referências internas de cada indivíduo...

Por isso que é interessante, uma vez que se está frente a olhares distintos e por isso o meu olhar não é único e para eu admitir o seu olhar, ele tanto pode ser um incômodo como pode ser um reforço, pode ser tanta coisa, quantos olhares num mesmo olhar? Pode parecer romântico, filosófico, mas é isso que é o conflito da sutura, não?! No fundo, somos seres costurantes.

Na verdade, para a educação, hoje em dia, quando se propõe a estudar como é feita a comunicação dentro da escola por professores que têm formações tão diversas, porque você tem desde professores extremamente bem formados até aqueles que ensinam “nóis vai e nóis fica”, não dá para olhar com um olhar único, vai havendo os processos de mediação, o que tem por trás disso, mesmo você se utilizando das mediações tecnológicas, mas o que tem de influencia por trás disso e o que vai dar como resultado de toda essa interação, não há como ter um único olhar. Mas o que mais se faz, é chegar com um produto pronto, com tudo igualzinho para todos, com um detalhe, ainda partimos do pressuposto de que o professor só tem essa orientação, a formação básica e que ficaram parados no tempo, só que a gente esquece que não foi só o empresário ou o aluno que teve acesso à internet, esse professor também está tendo acesso e por estar sendo cutucado pelo aluno ele também está buscando essas informações.

Então, como que fica isso? Ele não está tão situado na realidade, mas também não está tão fora, então esse estar meio lá meio cá, como fica esse processo de mediação?

Você volta à questão da identidade, como se tornar o que você é ou que gostaria de ser numa pluralidade de circunstâncias como essas? Onde a norma social não necessariamente existe, onde você não tem um pai e uma mãe para dizer vai por aqui, sendo que há uma cultura que diz que o pai é o Estado, citado no livro, os donos do poder. Ou ainda buscando Faoro que fala da formação da cultura brasileira, que é uma formação patriarcal, mas é um pai ausente, totalmente ausente, para não dizer morto, hoje falido.

Bom exemplo esse, uma família patriarcal, um modelo de família patriarcal onde o pai real e o pai político estão em crise, cadê meu pai? Cadê meu Lula? Não tem. Disse que ia salvar e sumiu? E o povo? Esse é que é o vazio e a gente fica em busca dos heróis. Que heróis são esses?

A crise do pertencimento que é a crise de identidade, aonde eu me seguro numa sociedade, aonde o meu pai desejado não existe, o meu pai real já se foi. Ao

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questionarmos lugar da mídia, precisamos identificar qual pai eu busco e a minha relação com ele, pois o processo comunicacional é tangenciado pelas mediações que fundamentam a autoridade na sociedade.

É por isso que fazer comunicação na educação pode se correr risco. Por esse motivo ao se fazer comunicação na educação, corre-se um risco no sentido de dar coca-cola para as pessoas para matar a sede, dar um refrigério, no sentido de abrir cabeça, de ficar no superficial, quando na verdade a comunicação em educação é a própria compreensão da educação; visão de mundo e de sociedade.

A educação vem antes, quando nós falamos de comunicação, estamos falando muito de veículos ainda, de tecnologias, quando eu estou achando que o que falta na educação é a comunicação na própria proporção de que o processo da educação é de compreensão da vida, do mundo. Quando eu compreendo essa relação de eu e o outro, eu e o outro sistema, eu e outro mídia, já estou comunicando. Não é o ato de usar o rádio, o cinema, a tv, não é o ato de dominar tecnologias nem a invisibilidade dos interesses que sustentam isso, não é colocar a mídia como grande irmão, nem a mídia como grande demônio, mas começar a compreender que estou entre demônios sim na sociedade. Eu tenho que negociar com ela como eu negocio com a vida, isso eu aprendi com o Barbero, num dos textos dele que eu cito toda hora. Você tem que negociar com ela e eu não estou diante da mídia, estou diante da vida, inclusive diante da mídia.

Quando estou aqui, agora diante da televisão e você vem me perguntar o que eu achei daquele programa com a intenção de me educar para eu poder ver a mídia, eu digo, escuto, mas essa relação, essa formação é muito pragmática. Para eu ler a mídia tenho que entender a vida, a sociedade, inclusive o lugar da mídia ai dentro. Na hora que você vem me entrevistar, eu não sou um ser que você coloca num altar para me idolatrar, já fui. Tem minha família, tem meu trabalho, tem meu ontem, tem meu esporte, tem meu sexo, tem minha religião, tem minha trajetória de vida, eu não sou o que você me mostra aqui, eu sou aquilo que você tem de “leuse”. Eu sou uma imagem cristal, eu sou um hiper prisma, se você me pega só de um lado, você não me viu, eu sou um borbulhante de um todo, daí a imagem cristal, mas não essa visão que temos de um ontem, um hoje e um amanhã, que eu tentava colocar da minha recusa de falar do passado, que é tudo tão embaralhado, nesse sentido, é um todo.

É por tais motivos que eu tenho certo medo também da relação da comunicação com a educação, porque está embutido nisso que eu coloquei, porque a visão de comunicação para a educação seja uma visão como se fosse de um acessório para ser engatilhado na sua vida e é muito mais que isso.

Essa relação de comunicação e educação é muito delicada. Para entender melhor uso uma metáfora do carro, é um risco de que a comunicação vire um acessório importante ou um motor. Não se pode considerar como da área educacional os valores de vida, estruturantes, deixando os valores acidentais, circunstanciais, contextuais, de entretenimento, para o âmbito comunicacional. Ao se adotar esta postura, não é possível visualizar o intercâmbio entre os campos. Na verdade há que se compreender o movimento do carro cujo subcondutor é a vida. Pode até não ser acessório só e ser um motor, quando na verdade não é ser acessório ou ser motor, mas compreender o movimento do carro, aí sim você volta para o acessório e para o motor, mas o costurador não é ele, o subcondutor é a vida, é um movimento, é isso que Manheime falava há muitos anos atrás sobre visão de mundo, a visão de mundo define o resto.

Onde nós perdemos essa visão de mundo?

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Page 45: Mauro wilton

Há várias histórias para serem mostradas. Em termos de conjunto de sociedade, é a própria definição do fim que foi colocada para todos nós, é a sociedade da promessa que nós estamos vivendo. A sociedade que prometeu a libertação, igualdade, fraternidade, que mudou de nome, que se chama emancipação. Quando ontem a igreja dizia que precisava salvar e Deus veio me salvar, um indivíduo. Eu e Deus, uma relação. Quando o discurso muda para a vontade de emancipar, do “vamos estar juntos, trabalhar juntos”, chega a sociedade das promessas. O consumismo é a visibilidade destas promessas. “Tenha e então já é vitorioso”... Criou-se a própria morte porque o sistema não é aí. As pessoas prendem com a concepção de que estão livres, quando, na verdade, estão dentro da prisão, o que não chega a ser de todo estranho. Aprendi que liberdade só se dá quanto mais você está ligado a normas e valores.

É essa transição que a historio, usando agora a metáfora da árvore, tem muita chuva, tem muito vento, tem muito sol, tem muito fogo e o tempo vai dando para essa árvore continuar. Tem uma hora que essa árvore começa a pegar fogo, na tela do meu computador tem uma árvore chamada pau d´olho, que está verde, verdejante, mas machucada, porque algum dia sofreu uma intervenção de fogo, de destruição. Está viva, mas um galho dela está seco, quando você analisa isso, você começa a perceber que isso que o aconteceu com a árvore, acontece comigo, com você, com o conjunto e aí que se encontram as mediações. Você estudou, sofreu, foi massacrada enquanto o outro não foi bem acarinhado, criado em berço de ouro, saudável, etc. Você tem uma árvore machucada e tem outra não machucada e eu sou apenas uma árvore que dou frutos porque fui enxertada, você dá frutos? Qual a mediação do seu fruto?

Você teria propostas para trabalhar a comunicação na educação?

Não tenho proposta nenhuma para nada. Eu sou apenas um buscante, o dia que você tiver você me mostra, apenas acho que o processo comunicacional tem a ver com educação na proporção exatamente disso, que eu possa contribuir. Tenho participado de algumas bancas na faculdade de educação que discute comunicação e tenho participado de bancas na ECA que envolve educação e fico meio perdido no sentido de ver e entender qual o olhar que os dois têm e eu me coloco um pouco acima (não no sentido de superior), mas no sentido de buscar qual o nexo dos dois campos.

Nesse sentido eu seria um tersus, um mediador. Tenho para mim que é um sistema de força que se eu quiser analisar é um sistema competitivo falso se eu quiser analisar a comunicação sob um ângulo de meios, de tecnologias quando o fim esta aqui... Olho na educação e o fim está aqui. É uma visão de quem é quem nessa história... como diz um colega, eu sou mulher ou sou mãe, qual o meu lugar? Enquanto mulher eu sou uma coisa, enquanto mãe sou outra, como se de repente uma coisa que é essencial num e acidental noutra... O trabalho da comunicação seria o de mostrar a circunstancialidade da sociedade na construção desse eu. Vejo muito mais a comunicação na educação como tentativa de ajudar a própria comunicação a entender o processo que sustenta a educação. Mostrar uma capa, um momento, uma circunstância dentro do quais as pessoas estão. Em outras palavras, eu e o outro. Mostrar as dimensões da interatividade da contemporaneidade.

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