Marxismo Na America Latina Lowy 1 (1)
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. Jorge del Prado, Revo/LI('l7ono Peru: (1971),439
· Pmtido Comunista Mexicaml, Pe!o pluralismo socialista (1977),444
· Carlos Nelson Coutinho, A democracia como valor universal (1980),447
VI. 0 MAOfsMO
· Pattido Comunista do Brasil, A revolu(o'[ionacional-dernocratica ( 1968),455
· Pattido COl11unistado Brasil, A guerra popular (1969),458
· PattidoComunista (ML) da Colombia, A guerra do povo (1965),461
VII. 0 TROTSKISMO
· Hugo Blanco, Milicia ou guerrilha: (1965),465
· Luis Vitale, America Latina:feudal ou capitalista: (1966),469
.0 POR holiviano e a guerrillw de Che (1967),477
· Adolfo Gilly, Mexico, a revolu('[io interrompida (1971),483
· Teses do PRTsohre a Revolu(:clOM exicana ( I976),490
· XI Congresso da IV Internacional, Reso!ll('[io sohre a America Latina ( 1979),496
5, NOVAS TENDENCIAS· Elisabeth Souza-Lobo, A c!asse operaria tem dois sexos (1982),509
·Frei Betto, Cristianismo e marxismo (1986),515
· Enrique Dussel, Teologia da liherta('[io e marxismo (1990),520
· Pattido dos Trabalhadores, 0socialismo petista (1990),526
·Foro de Sao Paulo,0rnanijestode Self)Paulo da esquerdellatino-arnericana (1990),534
.JoaoPedroSteclileeFrei Sergio,A lutapelaterr~ no Brasil (1993),538
· Exercito Zapatista de Libelta
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lo dos trabalhadorcs no rl1undo l'na America Lalina. Nesse sentido, a decada de
1920, a era do "comunismo original", anles da dogmatizw;:ao burocritica e do
empobrecimento ocasionados pelo triunfo do slalinismo, foi particularmente
favoravcl a um marxismo "aberto", assim como - ate certo ponlo e de maneira
mais contradit6ria - a nova era que se abriu com a Revolu
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das Americas (1925), Julio Antonio Mella participou da crial;ao do Partido Co-
munista Cubano (1925) e foi eleito membro do seu Comite Central. Em virtude
de suas atividades contra 0ditador Machado ("0 asno com garras", na famosa
expressflO do poeta comunista Ruben Martinez Villena), foi preso e obrigado a
exilar-se no Mexico. Juntou-se ao PC mexicano, mas, em 1928, desenvolveu
divergencias com a sua lideranl;a, que 0acusou de tendencias "trotskistas"12.
Mella organizou emigrados cubanos no Mexico e preparou urn desembarquearmado na ilha, mas foi assassinado pOI'agentes de Machado em lOde janeiro
de 1929, com 26 anosl'.
Como Mella via a luta revolucionaria em Cuba? Com 0grito de guelTa de
"Wall Street deve ser destrufda", ele propunha a forma\;ao de uma fJ-enteunica
antiimperialista, composta de "trabalhadores de todas as tendencias, campone-
ses, estudantes e intelectuais independentes", mas recusava-se a incluir a bur-
guesia nacional, que considerava cumplice da domina
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Mariategui foi tambem 0fundador do jornal operario Labor, cm 1928, e da
CGTP (Confedera"ao Geral dos Trabalhadores Peruanos), em 1929. Enquanto
desenvolvia intensa atividade polftica, Mariategui eontinuou sua obra teorica.
Em 1928, publicou seu livro mais importante, Sete ensaios de interpreta\'(lo da
realidade perL/ana, a primeira ten .ativa cle analise marxista cle uma forma"ao
social latino-american a concreta.
lncapacitado pel a doen"a de participar ciaprimeira Confereneia Comunis-
ta Latino-Americana (Buenos Aires, 1929), Mariategui enviou duas teses, sobre
a questao indigena e sobre a luta antiimperialista, com a delega"ao peruana; elas
provocaram debate e polemica intensos. Finalmente, em 1928-29, escreveu
Defesa do l1'/arxisJno,clesenvolvendo seus proprios conceitos filos6ficos e etico-
sociais em contraposi"ao aos de Henri de Man e Max Eastman. Mariategui pro-
curou nao tomar partido no conflito entre Stalin e a Oposi"ao de Esquerda, mas
seus artigos sobre a questao, embora pare"am aceitar a vitoria de Stalin como
inevitavel, mal escondem seu pesar peb derrota de Trotski:
Blc tcm um scnso intcrnacionalista, ccumcnico cia rcvo!U
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Para al6m das frontciras do Peru, Mariategui inclui toda a America Latina
na sua analise. A revolu
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camente nada. 1 · · .1 Imagino que a situa~ao de EI Salvador hoje e bem
pareeida com a da Fran~a antes da sua revolu~ao, da Russia antes da sua
revolu~ao e do Mexico antes da sua revolu~ao. A situa~ao esta madura
para 0 comunismo e os comunistas parccem terdeseoberto isso2".
executados. 0(inico sobrevivente da lideran.;:a do partido foi Miguel Marmol,
um !fder operario dado como morto pOl' um pelotao de fuzilamento.
Qual foi a rela\;ao do Comintern com esse epis6dio sem precedentes (e
sem repeti.;:oes!) na hist6ria dos partidos comunistas latino-americanos? De
acordo com M
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com a revolu
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encmceramento de dezenas de milhares de prisioneiros politicos. 0 proprio Pres-
tes foi detido e aprisionado por dez anos. Sua esposa, a comuni.,ta alema Olga
Benario, foi entregue a Gestapo. Artur Ewert enlouqueceu sob a tortura da poli-
cia brasileira.
A a
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A America Latina sCl1lprcscguiu l1luitoccdo ou l1luitotarde. Cada nlll-
dan\;a na silua\;iiomundi'll esta defasada com mudan\;as na situa\;iiocon-
tinental ou regional. Os partidos comunistas, seguindo as dirctrizcs do
COlllintern, encontranl-SC na contracorrcntc dus eventos rcgionais, enfrcn-
tando as suas larcfas especfficas a contrapelo:'J
democratas, liberais ou democratas, finalrnente apoiou Fulgencio Batista em
janeiro de 1939, pela simples razao de que tinha uma linha de "colaborayao
eficaz entre Cuba e os Estados Unidos contra a ameaya fascista"47.
o unico pais em que foi possivel constltlllr uma Irente popuiar com cenassimilaridades com 0 modelo europeu foi 0 Chile. Ali, 0 PC e 0 PS uniram-se sob
a hegemonia do Partido Radical, representado por Aguirre Acerda, que foi e1ei-
to presidente em 19384'.
Para 0
PC chilcno, 0
objetivo da Frente Popular foi aconcretizayao da etapa nacional-democnitica por meio de um desenvolvimento
progressivo do capitalismo chilcn04". A posiyao do Partido Socialista era mais
complcxa. Fundado em 1933 por uma fusao dc varios partidos e grupos social is-
tas pequenos, e fortalecido em 1937 com a adesao da Esquerda Comunista (a
facyao trotskista expulsa do PC), 0 PS chileno nao cra um partido social-demo-
crata, mas uma formayao politica singular, que declarava adcsao ao marxismo
em seu programa e reivindicava uma "ditadura do proletariado" c uma "Repll-
blica Socialista da America Latina". Nao obstante, scu principallidcr na decada
de 1930, 0comodoro Marmaduque Grove, um dos lideres de uma Repllblica
Socialista efemera, de 12 dias, estabelecida por um levantc militar em 1932, era
politicamente ecletico, mais proximo do nacionalismo socialista do que do mar-
xismo. 0PS resistiu durante algum tempo a conclamayao por uma frente popu-
lar, observando que ela transformaria os partidos dos trabalhadores em ins-
trumentos do radicalismo democnitico burgucs, ja que nao podiam adotar
um programa socialista que amedrontassc seus aliados capitalistas. Ainda
assim, no seu IV Congresso, em 1937,0 PS decidiu unir-se a Frente Popular,
que ja estava sendo criada pelo PC e pelo Partido Radical. Ao tornar-se rapi-
damente um partido de massa, 0 PS foi e continuaria a ser extremamente
heterogeneo, tanto polftica como ideologicamente, e a unir as mais diversas
correntes, do trotskismo a social-democracia classica, em uma federayuo
flexfvel e pouco integrada5
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correntes) contra os comunistas. Por exemplo, em 1946, 0 presidente radical,
Duhalde, atacou 0 PC com 0 apoio da ala direita socialista. Em 1947, 0 novo
presidente radical, Gonzalez Videla, atacou 0PS com 0apoio do PC (quc estava
participando do govcrno), ma~, COlli0illfcio da Guerra Fna em 1945, in verteu
alian
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Teera, Earl Browder, 0lider do Partido Comunista dos Estados Unidos, decla-
rou 0infcio de uma era de amizade e colaborac;ao intima entre 0campo social is-
ta e os Estados Unidos, que estava destinada a continual' mesmo depois da guer-
ra. Rro\vder extraiu conc!usocs '''CXCtsstva:j'' uessa perspectIva hist6rica e con-
verteu 0Partido Comunista dos EllA em uma vaga "associac;ao polftica". Essa
pratica foi condenada como liquidacionista pelo movimento comunista interna-
cional em um discurso de Jacques Duclos (lider do PC franccs) em abril de 1945.
Os partidos comunistas latino-americanos, porem, tambem haviam sido varri-
dos pel0 browderismo. Por exemplo, no livro Marchando para um mundo me-
lhor, pubJicado em 1944, Vittorio Codovilla escrevera 0 seguinte:
A coopera.;ao internacional entre os paises capitalistas mais importantes
e entre esses paises e a URSS,com 0 prop6sito de erial' um mundo melhor,
mostra que os Estados Unidos e a Inglaterra concordaram quanto a uma
polftica economica a ser seguida na America Latina que tem como objeti-
vo contribuir para 0desenvolvimento econ6mico, polftico e social de uma
maneira progressiva. 1..·1 Esse acordo devia basear-se na cooperayao des-
sas duas grandes potencias com os governos democrMicos e progressistas
da America Latina, para lev'll' a cabo um programa comul1l que, ao mes-
mo tempo que cria um mercado para 0scu capital que e dez ou 20 vezes
maior do que no presente, contribuira para 0desenvolvimcnto indepen-
dente desses paises e Ihes permitira, em alguns anos, eliminar 0atraso em
que estiveram mergulhados por muitas decadas57
o browderismo tambem teve conseqiicncias para os pmtidos comunistasno ambito politico nacional. Em Cuba, por exemplo, depois de ter participado
do governo do general Batista de J943 a 1944'",0 Partido Socialista Popular
57. CitadopOl'Ramos, Historia, p. 190-91. Na mesma veia, vel' uma carta de Bias Roca a EarlBrOWder, publlcada pelo PCc ubano em 1945: "Caroamigo, seu Iivroe urn documento de valor Inest/mavelr : ara 0 povoJatino:americano. [...] Ate agora, sustentamos que e apenas pOI'meiodanaclonallzagao de todo Invest/mentoe propnedade estrangeiros, em violenta oposigao aos inte-resses I~gleses e norte-amencanos, que poderfamos atingir 0nivel mais alto de desenvolvimen-to econo_mlco.[...] A colaboragao que os Estados Unidos, a Inglaterra e a URSS estabeleceramem Teeraabnu outra perspe~tiva.Ela nos abriu a perspectiva de obter esses resultados progres-slstas POI'me/o da colaboragao em urnprograma comumque voce nos sugere [...] a colaboragaocom a Inglaterrae os Estados Unidose urnplano total para resolver harmoniosamente os nos-sos problemas econ6micos mais agudos e urgentes" (Bias Roca, Estados Unidos, Teheran y la
America Latma, una carta a Earl Browder. Havana, Ed. Sociales, 1945).
58. Quando Batista renunclou em 1944, 0 PCcubano enviou-Ihe uma carta declarando: "Desde1940, nosso partido fOI0defensor mais leal e coerente das suas medidas governamentais e 0
promotor mals energlco da sua plataforma, inspirada pela democracia, justiga social e defesada prospendade naclonal". Bias Rocas, Los socialistas y la realidad popular. Havana Ed DelPSP, 1944. ' .
(0 novo nome do PC cubano) publicou um panfleto em 1945 intitulado "Colabo-
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ideologia "marxista" do movimento dos trabalhadores mexicanos podcria ser
comparada ao "marxismo legal" da Russia czarisla (P. Struve e outros), cujo
tema central era que a classe trabalhadora devia apoiar 0desenvolvimento in-
dustrial como uma precondiyao para a futura luta sociaL Nao obstante, Shulgovsky
apenas refere-se explicitamente a orientayao dos "marxistas" em torno da lide-ranya da CTM (Lombardo Toledano) e nao menciona que 0 partido comunista
tinha uma proposta bastante similar"2.
Um dos epis6dios mais famosos do pos-browderismo foi a postura em re-
layao ao peronismo adotada pclo PC argentino. Profundamente conveneidos de
que Per6n e seus adeptos cram fascistas, os comunistas argentinos participaram
da formayao da Uniao Democratica, uma ampla coalizao anti-Peron, cujas for-
yas, segundo Vittorio Codovilla (em seu relatorio a Confercncia Naeional do PCem dezembro de 1(45), inclufam:
I. Todos os partidos tradicionais.
2. A parte mais consciente e combati va do movimento operario e campones.
3. A maioria da juventude operaria e camponesa e a imensa maioria da
juventude universitaria, professores, profissionais e as classes medias.
4. A maioria dos industriais, comcrciantes, fazendeiros, criadores de gado
e financistas.
5. A maioria do exercito e da marinha e uma seyao da polfcia unifonnizada.
derava pro-fascista. A exceyao mais nol4.
Embora a corrente stalinista fosse nitidamente hegemonica no seio da es-
querda marxista, durante estc perfodo nao deixaram de existir tendencias crfti-
cas, se reclamando de lUll outro tipo de comunismo. Eo caso, em particular, dacorrente inspirada pelas ideias de Leon Trotski.
A oposiyao de esquerda comunista e 0 trotskismo surgiram na America
Latina no infcio da decada de 1930. No Brasil, um brilhante grupo de intelcc-
tuais - Mario Pedrosa, Livio Xavier, Rodolpho Coutinho - funda a primeira
organizayao trotskista na America Latina, 0Grupo Comunista Lenine, que se
transformaria pouco depois (1931) em Liga Comunista (Oposiyao), com a parti-
cipa.;;ao do poeta surrealista frances Benjamin Peret, que se encontrava nessa
epoca no Brasil (e, mais tarde, da escritora Rachel de Queiroz). Em outubro de
1934 se constitui, pOl' iniciativa dos trotskistas (Fulvio Abramo, Mario Pedrosa,
Livio Xavier) uma coalizao antihlscista em Sao Paulo, na qual participam os comu-
nistas do PCB - sob a direyao de Hermfnio Sachetta, que terminaria, alguns anos
depois, pOl'aderir a IV Internacional-, socialistas e sindicalistas, e que vai dispersal', pela forya, uma grande manifestayao integralista liderada pOl' Pllnio Salgado.
Em 1933, a Oposiyao de Esquerda Chilena, afiliada a Oposiyao de Esquer-da Internacional (dirigida pOl' Trotski), foi fundada pOl' uma frayao importante
do PCchileno, dirigida pOl'Manuel Hidalgo, Humberto Mendoza e Oscar Waiss,
que abandonara 0 partido em 1931. Contudo, a maioria dos membros desse
grupo uniu-se ao Partido Socialista em 1937, e 0trotskismo tornou-se, entao,
uma das difusas tenelcncias ideologicas do socialismo chileno. Foi, sobretuelo,
na Bolivia que a oposiyao trotskista real mente conseguiu implantar-se na classe
operaria. Fundado pOl' J. Aguirre Gainsborg e Tristan Marof, 0Partido Operario
Revolucion{lrio (POR), seyao boliviana ela IVInternacional, exerceu uma inl1ucncia
significativa no movimento operario elepois ela Segunela Guerra MundiaL Em1946, um congresso da Federayao Sindical dos Trabalhaelores Mineiros da Bolivia
(FSTMB), que se reuniu na cielade de Pulacayo, aprovou um conjunto ele teses de
inspirayao nitidamente trotskista - redigidas pOl' Guillermo Lora, urn dos
Apesar disso, a Uniao Democratica ainda possui um carateI' excessiva-
mente limitaelo, ja que alguns setores progressistas elo Partido Conservaelor nao
participam"3.
Sua participayao nessa alianya, que tambem foi apoiada pOl' Spwille Braden,
embaixaelor dos Estados Unielos na Argentina - que nao confiava no nacionalis-
mo demag6gico ele Peron -, teve conseqUcncias de Longo prazo para 0PC. Ocol'-
reu lima nftida divisao entre a maioria da classe trabalhaelora argentina, que
apoiava 0
peronismo, e os comunistas, que foram aCllsaelos pOl' Peron de colabo-rar com os militares e com a poryao mais conservaelora dos proprietarios de terra
("a oligarquia").
Desenvolveu-se uma situayao similar ern outros pafses do continente, es-
pecialmente na Bolfvia, onele () Partido ela Esquerela Revolucion{u-ia (PtR, pr6-
sovietico) uniu-se aos partielos tradicionais ela oligarquia em 1946 para delTubar
o governo do Movimento Nacional Revoluciom'irio (MNR, populista), que consi- 64. Nao obstante, 0 PCB Iambem teve uma arientaqao de "unidade nacional" p6s-browderista.Por exemplo, em urn Iivropublicadoem 1945, LuisCarlos Prestes escreveu: "Par intermediodesuas organizayoes sindicais a classe operaria pode ajudar 0governo e os patroes a encontrar soluyoes praticas, rapidas e eficazes para os graves problemas econ6micos de hoje"(Prestes,Unifio Nacionaf para a Democracia e 0Progresso, Rio de Janeiro, Ed. Horizonte, 1945, p. 25).Sobre esse tema ver 0 notavel ensaio de F.Weflort, "Origens do sindicato populista no Brasil",Estudos CEBRAP, n. 4, abril-junhode 1973.
62. AnatolShulgovsky,Mexico en fa encrucijada de sua historia. Cidade do Mexico,Ed.Fondo deCultura Popular, 1969, p. 494.63. Citadopelo jornal do PC mexicano, La Voz de Mexico, 13 de janeiro de 1946.
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clirigentes do POR -, cujo eixo central era a estrategia de transfonmu,;ao ciarevo-
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caminho para uma repressao sangrcnta e em larga escala, verdadciro terror branco,
enquanto aU nited Fruit Company retomava as terras desapropriadas.
Como foi possiveltal derrota? Em 1055,0 PGT publicou um balanyo auto-
crilico que reconhecia que 0 partido "nao seguiu uma linha suficientemente in-
dependente em rela
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na transiyao da Revoluyao Cllbana para 0socialisll10 (agosto-outubro de 1(60).
Isso nao foi resultado cias Iimitayoes especificas do PSI', mas conseqliencia cia
orientayao polftica fundamental do movimento comunista "oficial" do continen-
te. Nesse sentlc!o, a polftica do pSP de 1953 a 1960 iJustra a dificuldade, para os
partidos cOll1unistas, de desempenhar um papel revo1ucionario real, a despeito
da abnegayao dos seus membros.
A morte de Stalin (1953) e 0 xx Congresso do PCUS(1956) inallgurou uma
nova epoca do comunismo latino-americano "pr6-sovietico". A dissoluyao do
Cominform (I (56) nao significou a aboliyao dos vfneulos polfticos e ideol6gi-
eos entre os partidos comunistas e a lideranya sovi6tiea. A orientayao da URSS
favoravel ~lcoexistencia pacifica institucionalizada e sua virada rumo a modera-yao apos 0fim da Guerra Fria foram traduzidas pclos partidos comunistas lati-
no-americanos como uma Iinha polftica de apoio a governos capitalistas cons i-
derados progressistas e/ou democr:'iticos, como 0de ./uscelino Kubitschek, no
Brasil, e 0de Frondizi, na Argentina. 0fundamento teorico para essa linha foi
resumida em uma declarayao de maio de 1958 do PC brasileiro, segundo 0qual
a contradiyao entre 0 proletariado e a burguesia
proveito do comercio europeu. 1 . . . 1 Com tais elementos, articulados
numa organizayao puramente produtora, mcrcantil, constituir-se-a a
co!6nia brnsileinl?)
Pouco depois, Sergio Bagll, em A eCO/lOmiLlda sociedade colonial, publi-
cado em 1949, sugere uma hip6tese anaIoga, utilizando explicitamcnte 0con-
ceito de capitalismo colonial:
A cstrutura econ6mica que nasce na America do periodo que estudamos
foi mais de um tipo capitalista colonial que feudal. 1·· ·1A metr6pole cria
a America Iberica para integra-Ia ao cicio do capitalismo nascente, nao
para prolongar 0 cicIo feudal agonizanteBO
nao cxigc uma solu
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Enquanto isso, os historiac!ores "oficiais" do movimento comunista conti-
nuaram a defender a teoria tradicional contra ventos e mares. Por exemplo, Hernan
Ramirez Necochea, historiador do PC chileno, insistiu na tese de que a econo-mia colonial chilena
possuia principalmcnte elementos divcrsos de lllll tipo estritamcnte feudal. 1... 1
Tinha caraeteristicas adquiridas pe/ofeudalismo europeu no/im da Idade J\!/edia.
1···1A prodll
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no em Cuba (lelcfonia, eletricidadc, usinas de a
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que nos deixou 0capitalismo (a mercadoria como unidade, a rentabilidadc, 0
interesse economico individual como l11otiva
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Por volta dessa epoca, surgiu 0trabalho do jovem filosofo Frances Regis
Debray, que radicalizava algumas das ideias implfcitas na corrente castrista da
epoca. Seu livro Rev()lu~-{i()na Rev()lu~'(7o~(1966) teve um grande impacto e
suas proposic;()es pnnclpals, a prioridade do militar ante 0 polftico e 0 foco gucr-
rilheiro como substituto do partido polftico, foram adotadas por um numero
importante de organizac;5es castristas.
Por causa da oricntac;ao "militarista" e voluntarista, a maior partc desscs
movimcntos gucrrilheiros foi dcrrotada, tanto militar como politicamcnte. Ap6s
alguns succssos conjunturais, os combatentcs e scus Ifdcres foram dizimados c
os centros gucrrilheiros desapareceram - como na Bolfvia, no Peru e na Venezuela
- ou foram isolados c marginalizados. Em gcral, os gucrrilhciros conseguil'am
cstabelccer vfnculos locais com setores do campesinato pobre, mas a ausencia
dc um movimcnto dc massa c de organizac;ao polftica cm escala nacional limi-
tou a extcnsao da luta armada.
Uma nova ctapa no descnvolvimcnto do guevarismo - utilizamos csse tcr-
mo para dcfinir a nova forma da corrcnte gucrrilhcira dcpois da mortc de Che
Gucvara -, caracterizada particularmcntc pclo desenvolvimcnto dc movimcntos
guerrilhciros urbanos com considenivel impacto politico, teve inicio ap6s 1968.
Estes inclufam 0Movimento dc Libertac;ao Nacional- Tupamaros (lidcrado por Raul Scndic) no Uruguai, 0PRT-ERP(Partido Revolucionario dos Trabalhado-
res-Exercito Rcvoluciomirio do Povo, liderado por Robcrto Santucho) naAr-
gcntina, a ALN (Ac;ao Libertadora Nacional, liderada pOl'Carlos MarighelJa) e 0
MR-8 (Movimcnto Revoluciomirio 8 dc Outubro, liderado pclo capitao Carlos
Lamarca) no Brasil, e 0MIR(lidel'ado por MigucI Enrfquez) no Chilc. Embora
tivcssem bases no campo, esses movimentos cram fundamcntalmente U1-banos.
Encontraram apoio significativo em mcios estudantis c intelectuais e, em menor
grau, nas favelas centre certos setorcs radicalizados da classe opel'aria. A maio-
ria foi destrufda ou extremamente cnfraquccida pela brutal rcpressao
dcflagrada pclos rcgimes militarcs durantc a decada dc 1970. Alguns fizc-
ram um balanc;o autocrftico do scu "militarismo" e da sua incapacidade de
enraizar-sc organicamente nas massas opcrarias c camponcsas e tcntaram
reorientar a sua pratica polftica.
Apos 1974, a corrcnte guevarista organizou-sc em uma Junta dc Coor-
dcnac;ao Rcvolucionaria, cujos mcmbros eram 0PRT-ERP,0MIRchilcno, os
Tupamaros e 0 ELN boliviano. A junta entrou cm crise profunda ap6s 1977-
78 por causa de divergencias intcrnas c do enfraquecimento dos grupos-
membros.
Paralelamente
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I. A rejeic;:ao da teoria do fcudalismo latino-amcricano c a caracterizac;:ao da
estrutura colonial historica e da estrutura agl";:iriapresentc como esscncialmente
capitalistas.
2. A critica do conceito de uma "burgucsia nacional progressista" e da perspec-
tiva de urn possfvcl descnvolvimento capitalista independente nos pafses latino-
americanos.
3. Uma analise da dcrrota e!asexpericncias populistas como resultado da propria
natureza das formac;:oes sociais latino-americanas, sua dependcncia cstrutural e
a natureza polftica e social das burguesias locais.
4. A descoberta da origem do atraso economico nao no feudalismo nem em
obst:iculos pre-capitalistas ao desenvolvimento economico, mas no carater do
proprio desenvolvimento capitalista dependente.
5. Finalmente, a impossibilidade de um caminho "nacional-democr:itico" para 0
desenvolvimento social na America Latina e a necessidade de uma revoluyao
socialista como unica resposta realista e coerente ao subdesenvolvimento e adependencia.
para defender 0movimento contra os proprietarios de terras e a polfcia, mas a
repressao das Forc;:asArmadas destruiu os sindicatos camponeses e os seus lfde-
res foram presos J(J{l.
A simpatia trotskista pela Revoluc;:aoCubana e a auscncia de preconceitos
antitrotskistas entre os guevaristas permitiu 0estabelecimento de relac;:oesde
colaborac;:ao entre as duas correntes em uma serie de pafses, que, durante aIgum
tempo, chegaram a certa simbiose polftica e/ou organizacional.
Assim, no Chile, os trotskistas (Luis Vitale e seus amigos) participaram da
fundac;:ao do MIR em 1965. A organizac;:ao foi inrluenciada pebs suas ideias
mesmo depois de sua safda, alguns anos depois, e os trotskistas consideraram
durante um perfodo 0 MlR 0 mais proximo das suas ideias dentre todos os grupos
guevaristas.
Na Bolfvia, 0 POR de Gonzalez Moscoso e 0 ELN de Inti Peredo colabora-
ram intimamente de 196
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Comunista do Brasil (PCdOB),produto de uma correntc dissidcnte que dcixou 0
Partido Comunista Brasileiro (PCB)cm 1962.0 Partido Comunista do Brasil foi
fundado pOl' uma partc da antiga lidcranya do partido - Diogcncs Arruda, Joao
Amazonas, Pedro Pomar -, que, contll1uando a sc reclamar dc Stalin e dcscon-
tcntc com 0xx Congrcsso c a dcscstalinizayao, cncontrou cco para suas prco-
cupayocs na crftica ehinesa a Kruchev. A oricntayao do PCdOBcombinava um
retorno a politica de ofcnsiva do pcrfodo da Guerra Fria (1949-53) c uma tenta-
tiva de aplicar a cstrategia revolucionaria do PCchines. 0 partido maofsta brasi-
lciro, scguindo 0exemplo chines, propunha um "bloco dc quatro classes" e 0
estabelecimento de um governo revolucionario pela gucrra popular (conccbida
como 0"ccrco das cidades pelo campo"), cuja tarefa seria realizar uma rcvolu-
yao antiimpcrialista e antilatifundista. Os maofstas convcrgiam com os pro-so-
vietieos ao ncgar 0carateI' socialista da revoluyao na sua prcsente ctapa e na
insistencia sobrc a nccessidade dc uma alianya com a burgucsia nacional;
propunham, entretanto, a hegemonia do proletariado nessa alianya de classes e a
necessidade da luta armada. Durante a decada de 1960, 0PCdOBreeusou-sc a
tom'll' parte em ayoes armadas e criticou severamente as atividades dos guerri-
Iheiros castristas (ALN,MR-8 etc.) como contraditorias a uma verdadcira gucrra
popular. Nao obstante, em 1971-73,0 partido organizou uma ayao gucrrilheiracamponesa na Amazonia que foi dizimada pelo Exercito brasileiro. Nessa epo-
ca,o PCdOBfoi rcfon;:ado pela adcsao de uma grandeparteda Ayao Popular,
uma organizac;ao com origem na esquerda crista e que foi hegemonica no movi-
mento estudantil brasileiro na decada de 1960.
Organizac;oes similares ao PCdOBsurgi'ram em outros pafses: 0PCML(Par-
tido Comunista Marxista-Leninista) do Peru, 0PCMLda Bolivia, 0PCMLda
Colombia etc. Estes ultimos distinguiram-se dos outros grupos pOl' criar uma
importante organizayao de guerrilha rural, 0EPL(Exercito Popular de Libera-
yao), em 1967. POI' outro lado, a recusa do PCMLda Bolivia (liderado pOI'
Oscar Zamora) em apoiar os guerrilheiros de Che em 1967 foi um dos temas
do confronto politico entre 0maofsmo e 0guevarismo no continente. Durante
a decada de 1970, a nova polftica exterior chinesa - reaproximayao com os
Estados Unidos, uma postura ambfgua diante de Pinochet - provocou uma
profunda crise na corrente maofsta, c muitas das organizac;oes, a comeyar
pelo Partido Comunista do Brasil, se aproximaram da Albania. Hoje, 0maofsmo
nao existe como corrente na America Latina, salvo, talvcz, a guerrilha do
Sendero Luminoso no Peru, quc parcce, entretanto, mais inspirada pOI'Pol Pot
do que pOI'Mao Tse-Tung.
o dcsenvolvimento do castrismo/guevarismo, do trotskismo e do mao!smo
na America Latina ap6s 1960 representou um desario para a hegcmonia dos
partidos comunistas tradicionais sobrc 0movimcnto operario.
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Esses partidos reagiram de varias manciras ~lSorganizayl)cs castristas. Al-
guns (Argentina, Brasil, Colombia, Chilc), desde 0infcio, reeusaram-sc a coo-
perar com as novas correntes, classificado-as como aventureiras pcqueno-bur-
gucsas. Outros tentaram pcriodicamcnte colaborar corn grupos guerrilheiros
(Bolivia, Vcnezuela, Guatemala); ern alguns casos, divergencias profundas quanto
ao papcl da propria luta armada (como estrategia ou tatica) provocaram uma
divisao ern que mcmbros dajuvcntudc comunista (Inti Peredo, na Bolivia) jun-
taram-se as fileiras dos guerrilheiros guevaristas. Finalrnente, alguns partidos,
notavelmcnte 0uruguaio (sob a lideranya de Rodney Arismendi), participaram
da OLASe conscguiram cstabelccer um rnodus vivendi c chegaram atc mesmo a
colaborar corn a corrente gucvarista (os Tupamaros).
o partido que experimentou a crise mais profunda dcpois da RevoluyaoCubana foi provavclmente 0PCbrasileiroJ02. Integrado ao regime populista do
prcsidentc Joao Goulart c eonfiante no setor "nacional-democratico" das Forc;as
Armadas brasileiras, 0PCBfoi surprccndido pelo golpe militar dc abril dc 1964,
quc estabelcccu a ditadura que permancceria no poder atc 1985. Contudo, ao
contrario do POTguatemalteco, que emitiu ap6s a queda de Arbenz em 1954
uma autocrftica acerca da sua insuficiente autonomia face a burguesia, 0PCB,
em uma resoluyao do Comite Central, em maio de 1965, criticou a tendencia
"sectaria e esquerdista" do partido durante 1962-64, uma tendencia que teria
"afastado da frente unica importantes setores da burguesia nacional""". A der-
rota de 1964 e essa linha autocrftica - considerada clireitista pela oposic;ao -
provocou uma crise interna no partido que se aguc;ou com 0impacto da confe-
rencia cia OLAS.Apos 1967, muitos militantes e alguns dos principais Ifderes do
PCB- incluindo Carlos Marighella, Joaquim Camara Fcrreira, Mario Alves,
Apolonio de Carvalho e Jacob Gorender- deixaram 0 partido para fundal' orga-
nizac;6es de esquerda c engajar-se na luta armada.
Alguns partidos, como 0PCchileno, pOl' outro (ado, nao tiveram divisoes
importantes (exceto pOl'alguns setores })Vens que se juntaram ao MIR)e permane-
eeram impermeaveis a intluencia da Revoluc;ao Cubana. Grayas a sua forya organ i-zacional e coerencia ideologica, 0PCchileno tornou-se a fOl'c;ahegemonica no que
pode ser considerado a mais importante tentativa de buscar um caminho pacifico
para 0socialismo na Amercia Latina, 0governo da Unidade Popular no Chile.
102. 0PC venezuelana passou par uma seria crise em 1969-70, que levau a saida de grandeparte da sua Iideranga e de importantes setores da base, que lormaram ? MA_S(Movimento Rumaao Socialismo), liderada por Teadoro Petkoff. A principal causa da divisao nao 101 a luta armad_a,
mas a questao das relag6es do partido com a URSS, que lora posta em questao com .a rnvasao
da Tchec as lov aquia em 1968. No c ur so das anas 90, a MAS tar nau uma anentagaa s ac lal-
democrata e Petkoff passou a p articipar de governos neoliberais. . . .
103. Citado em Carlos Rossi, "Le PC bresilien", Revolution permanente en Amenque LatfrJe.
Paris, Maspero, 1972, p. 15.
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Devemos enfatizar que, diante das hesita
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mirio, como em Cuba, criticando a Frente Sandinisla como "ultra-esqucrdisla",
"avenlureira" e "influenciada pelo maoismo e pelo lrotskismo".
Em cerlos aspeclos, a RevollH,;ao Sandinisla lcmbra a cubana: a derrota
armada de uma diladura impopular, a criayao de Lltllpoder revolucionario baseado
no armamento do povo, na rcforma agniria, no confronlo corn 0imperialismo.
Contudo, cerlas caracteristicas originais foram especificas da Nicaragua: urn
papel mui lo mais importanle desempenhado pela populayao pobre e jovem das
cidades, a imporlftncia menor da guerrilha rural ante as insurreiyoes urban as e a
parlicipa
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Com a derrota eleitoral closandinismo e a muclan~a da conjuntura polftica
internacional (fim da Guerra Fria, clesapari~ao da URSS), os movimentos guerri-
Jheiros salvadorenhos e guatemaltecos decicliram aceitar acorclos de paz, que,
em troca do desarmamento clos grupos insurgentes, ofereceram certas garantias
democratic as para uma ativiclacle pltblica e legal das for~as de esquercla.
Enquanto se clava esse processo de luta na America Central, surgiram, a
partir de 1980, novos movimentos polfticos e sociais no Cone SuI cla America
Latina, especialmente a forma~ao cloPartido closl'rabaJhadores (fYf) e cla Cen-
tral Onica dos Trabalhadores (CUT) no Brasil. 0 processo de industriaJiza~ao,
dirigido pelo regime militar em associa~ao com 0capital multinacional, levou
ao surgimento de uma nova c!asse trabalhadora, que se mobilizou em grandes
greves em 1978-79, especialmente na regiao do ABC. Diante da repressao do
Estado, sindicalistas militantes, como Lula (0 Ifder do sinclicato dos metalltrgi-
cos de Sao Bernardo do Campo), se politizaram e tomaram a decisao de criar 0
Partido dos Trabalhadores, independente das for~as oposicionistas burguesas e
liberais do Pmtido do Movimento Democratico Brasileiro (PMDB). 0novo Par-
tido dos Trabalhadores logo conseguiu 0apoio e a adesao de muitos sindicalis-
tas e organizadores das comunidades eclesiais de base, assim como de intelec-
tuais de esquerda, antigos militantes das frentes guerriJheiras da decada de J960e grupos marxistas (sobretudo trotskistas). A CUT foi criada em J983 sob 0
fmpeto dos sindicalistas do fYf, unindo as correntes de lutas de classe do movi-
mento operario, e e hoje, com J() milh6es de membros, a fon;;a begemonica do
sindiealismo brasileiro. Com centenas de milhares de aderentes e dezenas de
milh6es de votos, 0fYf se tornou a prineipa( oposi
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() vcrdadeiro eonlexto para uma f e viva hoje e a hisl6ria da oprcssao c da
IUlade liberl~)(,;aOdiantc da opressao. Para nos siluannos ncssc conlcxlo,
porcrn, dcvcmos parlicipar vcrdadciramentc do proccsso de liberlac,;ao,
unindo partidos c organizac,;oesque scjal11instrul11enlosautenlicos da IUla
ciac1asselrabalhadora.
Os acontccimcntos dos anos 1989-91 nao dcixaram de tel' um impaclo so-
brc a csqucrda marxista latino-americana. Mais do que a queda do Muro dc
Beriim c 0 fim pouco glorioso da URSS - duramente scntidos sobretudo peb
corrente comunista identificada com 0modelo sovi6tico ~ foi a derrota sandttllsta
que teve maiores conseqi.iencias para 0conjunto das for
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POl' um lado, 0 EZLN e herdeiro do marxismo gucvarista, que inspirou 0
nCicleooriginal do movimento. E claro quc a cvolLH,;aodo zapatismo 0conduziu
para muito longe desta origem, mas a insurreiyao de janeiro de 1994, bem C0ll10
o proprio espirilo do ExercilO Zapatista de Liberta
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!\ pattirde 200 I ap,u'ece 0 Forum Social Mundial (FSM), que relll1eem potto Alegre
os principais movimentos sociais em lutacontra aglobalizayao capitalista neoliberal, e no
qual se debate, de forma democnitica e pluralista, as propostas alternativas deste ample
;'''n lo 'v 'ir n c n to des rnovinlcntos". Os lnarxistas c socialistas latino-cunericanos de varias
correntes sao uma das componentes importantes do movimento ahermundialista e tem
levado pat'a 0 FSM suas analises e proposiyoes, buscando ao mesmo tempo aprender com
a experiencia dos movimentos ecologicos, feministas, camponeses ou indigenas.
A experiencia do FSM- assim como a do Foro de Sao Paulo·- tem ajudado aesquerda latino-americana a superar as exclusoes sectarias e as intoleriincias que tanto
prejudicaram 0movimento no curso de sua hist6ria. Em todo 0continente, e em cada
pais, cresce 0nllmero de militantes que considera que, mais alem dos debates politicos
necess{lrios e das inevit{lYeis confrontayoes ideologicas, a unidade de ayao de todas as
correntes, marxistas ounao, que se consideram comprometidas com a causa dos explo-
rados e oprimidos, ou com a luta pelo socialismo, e, mais do que nunca, um imperativo
urgente neste comeyo do seculo XXI.
Como escrevia Mari{ltegui no lOde maio de 1924:
I:ormar uma Ii'cntcunida e exccutar LUll ato dc solidaricdadc no que diz rcspcito
a um problcma concrcto c uma nccessidadc urgcntc. Isso nao significa renunciar
,I S teorias que cada parlido sustcnta nem a posic,;aoque cada um ocupa na van-
guarda. Uma variedade de tendencias e dcgnlros bem-ddinidos e distint()snao.e
llm mal; e, ao contr:'1rio,um sinal de llmperiodo avanc,;adono processo rcvoillcio-
nltrio.0quc imporla e que csscs grup()s~ cssas tCI~dcnciassaibam como agir
conccrladamente ao conIi'ontar a rcalidade concretado dia. [...J Que nao cmpre-
guem suas armas [...J para ferir um ao Olltro,mas para combater a ordcm social,
as suas inslituic,;ocs,as suas injustic,;asc os seus crimcs.11a
Michael Lowy
Paris, abril de2005
PS: Esta ediyao brasileira e uma nova versao, revista e atualizada, desta antolo-
gia, publicadaanteriormente na Franya, no Mexico e nos Estados Unidos. A introduyao
roi publicada como Iivro autonomo na Alemanha e na Turquia.
(Traduzido do Ingles por Luis Carlos Borges.)
no continente America Libre, Cuademos del Sur, Herramienta, Rodaballo (Argentina), Vientos
del Sur, Dialectica, Histaria y Sociedad (Mexico), Margenes-Sur (Peru), Critica Marxista,
Margem Esquerda, Praga, Outubro, Lutas Sociais (Brasil) etc. - e 0 aparecimento de uma nova
gera