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    . Jorge del Prado,   Revo/LI('l7ono Peru:   (1971),439

    · Pmtido Comunista Mexicaml,  Pe!o pluralismo socialista   (1977),444

    · Carlos Nelson Coutinho,   A democracia como valor universal   (1980),447

    VI. 0   MAOfsMO

    · Pattido Comunista do Brasil,  A revolu(o'[ionacional-dernocratica ( 1968),455

    · Pattido COl11unistado Brasil, A guerra popular   (1969),458

    · PattidoComunista (ML) da Colombia, A guerra do povo   (1965),461

    VII. 0 TROTSKISMO

    · Hugo Blanco,  Milicia ou guerrilha:   (1965),465

    · Luis Vitale, America Latina:feudal ou capitalista:   (1966),469

    .0 POR holiviano e a guerrillw de Che   (1967),477

    · Adolfo Gilly, Mexico, a revolu('[io interrompida   (1971),483

    · Teses do PRTsohre a Revolu(:clOM exicana ( I976),490

    · XI   Congresso da IV Internacional,   Reso!ll('[io sohre a America Latina ( 1979),496

    5,   NOVAS TENDENCIAS· Elisabeth Souza-Lobo,   A c!asse operaria tem dois sexos   (1982),509

    ·Frei Betto,  Cristianismo e marxismo   (1986),515

    · Enrique Dussel,  Teologia da liherta('[io e marxismo   (1990),520

    · Pattido dos Trabalhadores,   0socialismo petista   (1990),526

    ·Foro de Sao Paulo,0rnanijestode Self)Paulo da esquerdellatino-arnericana   (1990),534

    .JoaoPedroSteclileeFrei Sergio,A   lutapelaterr~ no Brasil   (1993),538

    · Exercito Zapatista de Libelta

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    lo dos trabalhadorcs no rl1undo l'na America Lalina. Nesse sentido, a decada de

    1920, a era do "comunismo original", anles da dogmatizw;:ao burocritica e do

    empobrecimento ocasionados pelo triunfo do slalinismo, foi particularmente

    favoravcl a um marxismo "aberto", assim como - ate certo ponlo e de maneira

    mais contradit6ria - a nova era que se abriu com a Revolu

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    das Americas (1925), Julio Antonio Mella participou da crial;ao do Partido Co-

    munista Cubano (1925) e foi eleito membro do seu Comite Central. Em virtude

    de suas atividades contra   0ditador Machado   ("0   asno com garras", na famosa

    expressflO do poeta comunista Ruben Martinez Villena), foi preso e obrigado a

    exilar-se no Mexico. Juntou-se ao   PC   mexicano, mas, em 1928, desenvolveu

    divergencias com a sua lideranl;a, que   0acusou de tendencias "trotskistas"12.

    Mella organizou emigrados cubanos no Mexico e preparou urn desembarquearmado na ilha, mas foi assassinado pOI'agentes de Machado em lOde janeiro

    de 1929, com 26 anosl'.

    Como Mella via a luta revolucionaria em Cuba? Com   0grito de guelTa de

    "Wall Street deve ser destrufda", ele propunha a forma\;ao de uma fJ-enteunica

    antiimperialista, composta de "trabalhadores de todas as tendencias, campone-

    ses, estudantes e intelectuais independentes", mas recusava-se a incluir a bur-

    guesia nacional, que considerava cumplice da domina

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    Mariategui foi tambem   0fundador do jornal operario   Labor,   cm 1928, e da

    CGTP   (Confedera"ao Geral dos Trabalhadores Peruanos), em 1929. Enquanto

    desenvolvia intensa atividade polftica, Mariategui eontinuou sua obra teorica.

    Em 1928, publicou seu livro mais importante,   Sete ensaios de interpreta\'(lo da

    realidade perL/ana,   a primeira ten .ativa cle analise marxista cle uma forma"ao

    social latino-american a concreta.

    lncapacitado pel a doen"a de participar ciaprimeira Confereneia Comunis-

    ta Latino-Americana (Buenos Aires, 1929), Mariategui enviou duas teses, sobre

    a questao indigena e sobre a luta antiimperialista, com a delega"ao peruana; elas

     provocaram debate e polemica intensos. Finalmente, em 1928-29, escreveu

     Defesa do l1'/arxisJno,clesenvolvendo seus proprios conceitos filos6ficos e etico-

    sociais em contraposi"ao aos de Henri de Man e Max Eastman. Mariategui pro-

    curou nao tomar partido no conflito entre Stalin e a Oposi"ao de Esquerda, mas

    seus artigos sobre a questao, embora pare"am aceitar a vitoria de Stalin como

    inevitavel, mal escondem seu pesar peb derrota de Trotski:

    Blc tcm um scnso intcrnacionalista, ccumcnico cia rcvo!U

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    Para al6m das frontciras do Peru, Mariategui inclui toda a America Latina

    na sua analise. A revolu

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    camente nada.   1 · · .1   Imagino que a situa~ao de EI Salvador hoje e bem

     pareeida com a da Fran~a antes da sua revolu~ao, da Russia antes da sua

    revolu~ao e do Mexico antes da sua revolu~ao. A situa~ao esta madura

     para   0 comunismo e os comunistas parccem terdeseoberto isso2".

    executados.   0(inico sobrevivente da lideran.;:a do partido foi Miguel Marmol,

    um !fder operario dado como morto pOl' um pelotao de fuzilamento.

    Qual foi a rela\;ao do Comintern com esse epis6dio sem precedentes (e

    sem repeti.;:oes!) na hist6ria dos partidos comunistas latino-americanos? De

    acordo com M

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    com a revolu

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    encmceramento de dezenas de milhares de prisioneiros politicos. 0 proprio Pres-

    tes foi detido e aprisionado por dez anos. Sua esposa, a comuni.,ta alema Olga

    Benario, foi entregue a Gestapo. Artur Ewert enlouqueceu sob a tortura da poli-

    cia brasileira.

    A a

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    A America Latina sCl1lprcscguiu l1luitoccdo ou l1luitotarde. Cada nlll-

    dan\;a na silua\;iiomundi'll esta defasada com mudan\;as na situa\;iiocon-

    tinental ou regional. Os partidos comunistas, seguindo as dirctrizcs do

    COlllintern,   encontranl-SC   na contracorrcntc   dus eventos rcgionais, enfrcn-

    tando as suas larcfas especfficas a contrapelo:'J

    democratas, liberais ou democratas, finalrnente apoiou Fulgencio Batista em

     janeiro de 1939, pela simples razao de que tinha uma linha de "colaborayao

    eficaz entre Cuba e os Estados Unidos contra a ameaya fascista"47.

    o unico pais em que foi possivel constltlllr uma Irente popuiar com cenassimilaridades com   0   modelo europeu foi  0   Chile. Ali, 0  PC  e  0 PS  uniram-se sob

    a hegemonia do Partido Radical, representado por Aguirre Acerda, que foi e1ei-

    to presidente em 19384'.

      Para  0

      PC   chilcno,  0

      objetivo da Frente Popular foi aconcretizayao da etapa nacional-democnitica por meio de um desenvolvimento

     progressivo do capitalismo chilcn04".   A posiyao do Partido Socialista era mais

    complcxa. Fundado em 1933 por uma fusao dc varios partidos e grupos social is-

    tas pequenos, e fortalecido em 1937 com a adesao da Esquerda Comunista (a

    facyao trotskista expulsa do   PC), 0 PS   chileno nao cra um partido social-demo-

    crata, mas uma formayao politica singular, que declarava adcsao ao marxismo

    em seu programa e reivindicava uma "ditadura do proletariado" c uma "Repll-

     blica Socialista da America Latina". Nao obstante, scu principallidcr na decada

    de 1930,   0comodoro Marmaduque Grove, um dos lideres de uma Repllblica

    Socialista efemera, de 12 dias, estabelecida por um levantc militar em 1932, era

     politicamente ecletico, mais proximo do nacionalismo socialista do que do mar-

    xismo.   0PS  resistiu durante algum tempo a conclamayao por uma frente popu-

    lar, observando que ela transformaria os partidos dos trabalhadores em ins-

    trumentos do radicalismo democnitico burgucs, ja que nao podiam adotar 

    um programa socialista que amedrontassc seus aliados capitalistas. Ainda

    assim, no seu   IV   Congresso, em 1937,0   PS  decidiu unir-se a Frente Popular,

    que ja estava sendo criada pelo   PC   e pelo Partido Radical. Ao tornar-se rapi-

    damente um partido de massa,   0 PS foi e continuaria a ser extremamente

    heterogeneo, tanto polftica como ideologicamente, e a unir as mais diversas

    correntes, do trotskismo a social-democracia classica, em uma federayuo

    flexfvel e pouco integrada5

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    correntes) contra os comunistas. Por exemplo, em 1946,   0 presidente radical,

    Duhalde, atacou   0 PC com   0 apoio da ala direita socialista. Em 1947,   0 novo

     presidente radical, Gonzalez Videla, atacou   0PS com   0apoio do PC (quc estava

     participando do govcrno), ma~, COlli0illfcio da Guerra Fna em 1945, in verteu

    alian

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    Teera, Earl Browder,   0lider do Partido Comunista dos Estados Unidos, decla-

    rou  0infcio de uma era de amizade e colaborac;ao intima entre   0campo social is-

    ta e os Estados Unidos, que estava destinada a continual' mesmo depois da guer-

    ra. Rro\vder extraiu   conc!usocs '''CXCtsstva:j''   uessa perspectIva   hist6rica e con-

    verteu   0Partido Comunista dos EllA em uma vaga "associac;ao polftica". Essa

     pratica foi condenada como liquidacionista pelo movimento comunista interna-

    cional em um discurso de Jacques Duclos (lider do PC franccs) em abril de 1945.

    Os partidos comunistas latino-americanos, porem, tambem haviam sido varri-

    dos pel0 browderismo. Por exemplo, no livro   Marchando para um mundo me-

    lhor, pubJicado em 1944, Vittorio Codovilla escrevera 0 seguinte:

    A coopera.;ao internacional entre os paises capitalistas mais importantes

    e entre esses paises e a URSS,com   0 prop6sito de erial' um mundo melhor,

    mostra que os Estados Unidos e a Inglaterra concordaram quanto a uma

     polftica economica a ser seguida na America Latina que tem como objeti-

    vo contribuir para  0desenvolvimento econ6mico, polftico e social de uma

    maneira progressiva. 1..·1   Esse acordo devia basear-se na cooperayao des-

    sas duas grandes potencias com os governos democrMicos e progressistas

    da America Latina, para lev'll' a cabo um programa comul1l que, ao mes-

    mo tempo que cria um mercado para   0scu capital que e dez ou  20   vezes

    maior do que no presente, contribuira para   0desenvolvimcnto indepen-

    dente desses paises e Ihes permitira, em alguns anos, eliminar   0atraso em

    que estiveram mergulhados por muitas decadas57

    o browderismo tambem teve conseqiicncias para os pmtidos comunistasno ambito politico nacional. Em Cuba, por exemplo, depois de ter participado

    do governo do general Batista de J943 a 1944'",0 Partido Socialista Popular 

    57.   CitadopOl'Ramos,   Historia,   p.   190-91.  Na mesma veia, vel' uma carta de Bias Roca a EarlBrOWder, publlcada pelo PCc ubano em   1945:   "Caroamigo, seu Iivroe urn documento de valor Inest/mavelr : ara 0 povoJatino:americano. [...] Ate agora, sustentamos que e apenas pOI'meiodanaclonallzagao de todo Invest/mentoe propnedade estrangeiros, em violenta oposigao aos inte-resses I~gleses e norte-amencanos, que poderfamos atingir 0nivel mais alto de desenvolvimen-to econo_mlco.[...] A colaboragao que os Estados Unidos, a Inglaterra e a   URSS  estabeleceramem Teeraabnu outra perspe~tiva.Ela nos abriu a perspectiva de obter esses resultados progres-slstas POI'me/o da colaboragao em urnprograma comumque voce nos sugere [...] a colaboragaocom a Inglaterrae os Estados Unidose urnplano total para resolver harmoniosamente os nos-sos problemas econ6micos mais agudos e urgentes" (Bias Roca,   Estados Unidos, Teheran   y   la

     America Latma, una carta   a   Earl Browder.   Havana, Ed. Sociales,   1945).

    58. Quando Batista renunclou em   1944,   0 PCcubano enviou-Ihe uma carta declarando: "Desde1940,  nosso partido fOI0defensor mais leal e coerente das suas medidas governamentais e 0

     promotor mals energlco da sua plataforma, inspirada pela democracia, justiga social e defesada prospendade naclonal". Bias Rocas,   Los socialistas   y   la realidad popular.   Havana Ed DelPSP,   1944. ' .

    (0 novo nome do PC cubano) publicou um panfleto em 1945 intitulado "Colabo-

    ra

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    ideologia "marxista" do movimento dos trabalhadores mexicanos podcria ser 

    comparada ao "marxismo legal" da Russia czarisla (P. Struve e outros), cujo

    tema central era que a classe trabalhadora devia apoiar    0desenvolvimento in-

    dustrial como uma precondiyao para a futura luta sociaL Nao obstante, Shulgovsky

    apenas refere-se explicitamente   a   orientayao dos "marxistas" em torno da lide-ranya da CTM (Lombardo Toledano) e nao menciona que   0 partido comunista

    tinha uma proposta bastante similar"2.

    Um dos epis6dios mais famosos do pos-browderismo foi a postura em re-

    layao ao peronismo adotada pclo PC argentino. Profundamente conveneidos de

    que Per6n e seus adeptos cram fascistas, os comunistas argentinos participaram

    da formayao da Uniao Democratica, uma ampla coalizao anti-Peron, cujas for-

    yas, segundo Vittorio Codovilla (em seu relatorio   a   Confercncia Naeional do PCem dezembro de   1(45),   inclufam:

    I. Todos os partidos tradicionais.

    2.  A parte mais consciente e combati va do movimento operario e campones.

    3.   A maioria da juventude operaria e camponesa e a imensa maioria da

     juventude universitaria, professores, profissionais e as classes medias.

    4.   A maioria dos industriais, comcrciantes, fazendeiros, criadores de gado

    e financistas.

    5. A maioria do exercito e da marinha e uma seyao da polfcia unifonnizada.

    derava pro-fascista. A exceyao mais nol4.

    Embora a corrente stalinista fosse nitidamente hegemonica no seio da es-

    querda marxista, durante estc perfodo nao deixaram de existir tendencias crfti-

    cas, se reclamando de lUll outro tipo de comunismo. Eo caso, em particular, dacorrente inspirada pelas ideias de Leon Trotski.

    A oposiyao de esquerda comunista e   0 trotskismo surgiram na America

    Latina no infcio da decada de   1930.   No Brasil, um brilhante grupo de intelcc-

    tuais - Mario Pedrosa, Livio Xavier, Rodolpho Coutinho - funda a primeira

    organizayao trotskista na America Latina,   0Grupo Comunista Lenine, que se

    transformaria pouco depois   (1931)   em Liga Comunista (Oposiyao), com a parti-

    cipa.;;ao do poeta surrealista frances Benjamin Peret, que se encontrava nessa

    epoca no Brasil (e, mais tarde, da escritora Rachel de Queiroz). Em outubro de

    1934 se constitui, pOl' iniciativa dos trotskistas (Fulvio Abramo, Mario Pedrosa,

    Livio Xavier) uma coalizao antihlscista em Sao Paulo, na qual participam os comu-

    nistas do PCB - sob a direyao de Hermfnio Sachetta, que terminaria, alguns anos

    depois, pOl'aderir   a   IV Internacional-, socialistas e sindicalistas, e que vai dispersal', pela forya, uma grande manifestayao integralista liderada pOl' Pllnio Salgado.

    Em   1933,  a Oposiyao de Esquerda Chilena, afiliada   a   Oposiyao de Esquer-da Internacional (dirigida pOl' Trotski), foi fundada pOl' uma frayao importante

    do PCchileno, dirigida pOl'Manuel Hidalgo, Humberto Mendoza e Oscar Waiss,

    que abandonara   0 partido em   1931.   Contudo, a maioria dos membros desse

    grupo uniu-se ao Partido Socialista em   1937,   e   0trotskismo tornou-se, entao,

    uma das difusas tenelcncias ideologicas do socialismo chileno. Foi, sobretuelo,

    na Bolivia que a oposiyao trotskista real mente conseguiu implantar-se na classe

    operaria. Fundado pOl' J. Aguirre Gainsborg e Tristan Marof,   0Partido Operario

    Revolucion{lrio (POR), seyao boliviana ela IVInternacional, exerceu uma inl1ucncia

    significativa no movimento operario elepois ela Segunela Guerra MundiaL Em1946, um congresso da Federayao Sindical dos Trabalhaelores Mineiros da Bolivia

    (FSTMB), que se reuniu na cielade de Pulacayo, aprovou um conjunto ele teses de

    inspirayao nitidamente trotskista - redigidas pOl' Guillermo Lora, urn dos

    Apesar disso, a Uniao Democratica ainda possui um carateI' excessiva-

    mente limitaelo, ja que alguns setores progressistas elo Partido Conservaelor nao

     participam"3.

    Sua participayao nessa alianya, que tambem foi apoiada pOl' Spwille Braden,

    embaixaelor dos Estados Unielos na Argentina - que nao confiava no nacionalis-

    mo demag6gico ele Peron -, teve conseqUcncias de Longo prazo para   0PC. Ocol'-

    reu lima nftida divisao entre a maioria da classe trabalhaelora argentina, que

    apoiava  0

     peronismo, e os comunistas, que foram aCllsaelos pOl' Peron de colabo-rar com os militares e com a poryao mais conservaelora dos proprietarios de terra

    ("a oligarquia").

    Desenvolveu-se uma situayao similar ern outros pafses do continente, es-

     pecialmente na Bolfvia, onele () Partido ela Esquerela Revolucion{u-ia (PtR, pr6-

    sovietico) uniu-se aos partielos tradicionais ela oligarquia em 1946 para delTubar 

    o governo do Movimento Nacional Revoluciom'irio (MNR, populista), que consi-   64.   Nao obstante,   0  PCB   Iambem teve uma arientaqao de "unidade nacional" p6s-browderista.Por exemplo, em urn Iivropublicadoem   1945,   LuisCarlos Prestes escreveu: "Par intermediodesuas organizayoes sindicais a classe operaria pode ajudar 0governo e os patroes a encontrar soluyoes praticas, rapidas e eficazes para os graves problemas econ6micos de hoje"(Prestes,Unifio Nacionaf para   a   Democracia   e  0Progresso,   Rio de Janeiro, Ed. Horizonte, 1945,   p.  25).Sobre esse tema ver  0 notavel ensaio de F.Weflort, "Origens do sindicato populista no Brasil",Estudos   CEBRAP,   n. 4,  abril-junhode   1973.

    62.  AnatolShulgovsky,Mexico en fa encrucijada de sua historia.   Cidade do Mexico,Ed.Fondo deCultura Popular, 1969,   p.  494.63.  Citadopelo jornal do PC  mexicano,   La Voz de Mexico,   13  de janeiro de   1946.

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    clirigentes do   POR -,   cujo eixo central era a estrategia de transfonmu,;ao ciarevo-

    lu

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    caminho para uma repressao sangrcnta e em larga escala, verdadciro terror branco,

    enquanto aU nited Fruit Company retomava as terras desapropriadas.

    Como foi possiveltal derrota? Em 1055,0   PGT publicou um balanyo auto-

    crilico que reconhecia que  0 partido "nao seguiu uma linha suficientemente in-

    dependente em rela

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    na transiyao da Revoluyao Cllbana para   0socialisll10 (agosto-outubro de 1(60).

    Isso nao foi resultado cias Iimitayoes especificas do  PSI',   mas conseqliencia cia

    orientayao polftica fundamental do movimento comunista "oficial" do continen-

    te. Nesse sentlc!o, a polftica do  pSP   de 1953 a 1960 iJustra a dificuldade, para os

     partidos cOll1unistas, de desempenhar um papel revo1ucionario real, a despeito

    da abnegayao dos seus membros.

    A morte de Stalin (1953) e 0 xx Congresso do PCUS(1956) inallgurou uma

    nova epoca do comunismo latino-americano "pr6-sovietico". A dissoluyao do

    Cominform (I (56) nao significou a aboliyao dos vfneulos polfticos e ideol6gi-

    eos entre os partidos comunistas e a lideranya sovi6tiea. A orientayao da URSS

    favoravel ~lcoexistencia pacifica institucionalizada e sua virada rumo  a   modera-yao apos   0fim da Guerra Fria foram traduzidas pclos partidos comunistas lati-

    no-americanos como uma Iinha polftica de apoio a governos capitalistas cons i-

    derados progressistas e/ou democr:'iticos, como  0de ./uscelino Kubitschek, no

    Brasil, e  0de Frondizi, na Argentina.   0fundamento teorico para essa linha foi

    resumida em uma declarayao de maio de 1958 do PC brasileiro, segundo   0qual

    a contradiyao entre   0 proletariado e a burguesia

     proveito do comercio europeu.   1 . . . 1   Com tais elementos, articulados

    numa organizayao puramente produtora, mcrcantil, constituir-se-a a

    co!6nia brnsileinl?)

    Pouco depois, Sergio Bagll, em  A eCO/lOmiLlda sociedade colonial,   publi-

    cado em 1949, sugere uma hip6tese anaIoga, utilizando explicitamcnte   0con-

    ceito de capitalismo colonial:

    A cstrutura econ6mica que nasce na America do periodo que estudamos

    foi mais de um tipo capitalista colonial que feudal. 1·· ·1A metr6pole cria

    a America Iberica para integra-Ia ao cicio do capitalismo nascente, nao

     para prolongar   0  cicIo feudal agonizanteBO

    nao cxigc uma solu

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    Enquanto isso, os historiac!ores "oficiais" do movimento comunista conti-

    nuaram a defender a teoria tradicional contra ventos e mares. Por exemplo, Hernan

    Ramirez Necochea, historiador do PC chileno, insistiu na tese de que a econo-mia colonial chilena

     possuia principalmcnte elementos divcrsos de lllll tipo estritamcnte feudal. 1... 1

    Tinha caraeteristicas   adquiridas pe/ofeudalismo europeu   no/im   da Idade J\!/edia.

    1···1A prodll

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    no em Cuba (lelcfonia, eletricidadc, usinas de a

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    que nos deixou   0capitalismo (a mercadoria como unidade, a rentabilidadc,   0

    interesse economico individual como l11otiva

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    Por volta dessa epoca, surgiu   0trabalho do jovem filosofo Frances Regis

    Debray, que radicalizava algumas das ideias implfcitas na corrente castrista da

    epoca. Seu livro   Rev()lu~-{i()na Rev()lu~'(7o~(1966) teve um grande impacto e

    suas proposic;()es pnnclpals, a prioridade do militar ante 0 polftico e 0 foco gucr-

    rilheiro como substituto do partido polftico, foram adotadas por um numero

    importante de organizac;5es castristas.

    Por causa da oricntac;ao "militarista" e voluntarista, a maior partc desscs

    movimcntos gucrrilheiros foi dcrrotada, tanto militar como politicamcnte. Ap6s

    alguns succssos conjunturais, os combatentcs e scus Ifdcres foram dizimados c

    os centros gucrrilheiros desapareceram - como na Bolfvia, no Peru e na Venezuela

    - ou foram isolados c marginalizados. Em gcral, os gucrrilhciros conseguil'am

    cstabelccer vfnculos locais com setores do campesinato pobre, mas a ausencia

    dc um movimcnto dc massa c de organizac;ao polftica cm escala nacional limi-

    tou a extcnsao da luta armada.

    Uma nova ctapa no descnvolvimcnto do guevarismo - utilizamos csse tcr-

    mo para dcfinir a nova forma da corrcnte gucrrilhcira dcpois da mortc de Che

    Gucvara -, caracterizada particularmcntc pclo desenvolvimcnto dc movimcntos

    guerrilhciros urbanos com considenivel impacto politico, teve inicio ap6s 1968.

    Estes inclufam   0Movimento dc Libertac;ao Nacional- Tupamaros (lidcrado por Raul Scndic) no Uruguai,   0PRT-ERP(Partido Revolucionario dos Trabalhado-

    res-Exercito Rcvoluciomirio do Povo, liderado por Robcrto Santucho) naAr-

    gcntina, a  ALN   (Ac;ao Libertadora Nacional, liderada pOl'Carlos MarighelJa) e 0

    MR-8 (Movimcnto Revoluciomirio 8 dc Outubro, liderado pclo capitao Carlos

    Lamarca) no Brasil, e  0MIR(lidel'ado por MigucI Enrfquez) no Chilc. Embora

    tivcssem bases no campo, esses movimentos cram fundamcntalmente U1-banos.

    Encontraram apoio significativo em mcios estudantis c intelectuais e, em menor 

    grau, nas favelas centre certos setorcs radicalizados da classe opel'aria. A maio-

    ria foi destrufda ou extremamente cnfraquccida pela brutal rcpressao

    dcflagrada pclos rcgimes militarcs durantc a decada dc 1970. Alguns fizc-

    ram um balanc;o autocrftico do scu "militarismo" e da sua incapacidade de

    enraizar-sc organicamente nas massas opcrarias c camponcsas e tcntaram

    reorientar a sua pratica polftica.

    Apos 1974, a corrcnte guevarista organizou-sc em uma Junta dc Coor-

    dcnac;ao Rcvolucionaria, cujos mcmbros eram   0PRT-ERP,0MIRchilcno, os

    Tupamaros e   0 ELN boliviano. A junta entrou cm crise profunda ap6s 1977-

    78 por causa de divergencias intcrnas c do enfraquecimento dos grupos-

    membros.

    Paralelamente  

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    I. A rejeic;:ao da teoria do fcudalismo latino-amcricano c a caracterizac;:ao da

    estrutura colonial historica e da estrutura agl";:iriapresentc como esscncialmente

    capitalistas.

    2. A critica do conceito de uma "burgucsia nacional progressista" e da perspec-

    tiva de urn possfvcl descnvolvimento capitalista independente nos pafses latino-

    americanos.

    3. Uma analise da dcrrota e!asexpericncias populistas como resultado da propria

    natureza das formac;:oes sociais latino-americanas, sua dependcncia cstrutural e

    a natureza polftica e social das burguesias locais.

    4. A descoberta da origem do atraso economico nao no feudalismo nem em

    obst:iculos pre-capitalistas ao desenvolvimento economico, mas no carater do

     proprio desenvolvimento capitalista dependente.

    5. Finalmente, a impossibilidade de um caminho "nacional-democr:itico" para 0

    desenvolvimento social na America Latina e a necessidade de uma revoluyao

    socialista como unica resposta realista e coerente ao subdesenvolvimento e adependencia.

     para defender    0movimento contra os proprietarios de terras e a polfcia, mas a

    repressao das Forc;:asArmadas destruiu os sindicatos camponeses e os seus lfde-

    res foram presos   J(J{l.

    A simpatia trotskista pela Revoluc;:aoCubana e a auscncia de preconceitos

    antitrotskistas entre os guevaristas permitiu   0estabelecimento de relac;:oesde

    colaborac;:ao entre as duas correntes em uma serie de pafses, que, durante aIgum

    tempo, chegaram a certa simbiose polftica e/ou organizacional.

    Assim, no Chile, os trotskistas (Luis Vitale e seus amigos) participaram da

    fundac;:ao do   MIR    em 1965. A organizac;:ao foi inrluenciada pebs suas ideias

    mesmo depois de sua safda, alguns anos depois, e os trotskistas consideraram

    durante um perfodo   0 MlR 0  mais proximo das suas ideias dentre todos os grupos

    guevaristas.

     Na Bolfvia,   0 POR de Gonzalez Moscoso e   0 ELN   de Inti Peredo colabora-

    ram intimamente de   196

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    Comunista do Brasil (PCdOB),produto de uma correntc dissidcnte que dcixou   0

    Partido Comunista Brasileiro (PCB)cm 1962.0 Partido Comunista do Brasil foi

    fundado pOl' uma partc da antiga lidcranya do partido - Diogcncs Arruda, Joao

    Amazonas, Pedro Pomar -, que, contll1uando a sc reclamar dc Stalin e dcscon-

    tcntc com   0xx Congrcsso c a dcscstalinizayao, cncontrou cco para suas prco-

    cupayocs na crftica ehinesa a Kruchev. A oricntayao do PCdOBcombinava um

    retorno a politica de ofcnsiva do pcrfodo da Guerra Fria (1949-53) c uma tenta-

    tiva de aplicar a cstrategia revolucionaria do PCchines. 0 partido maofsta brasi-

    lciro, scguindo   0exemplo chines, propunha um "bloco dc quatro classes" e  0

    estabelecimento de um governo revolucionario pela gucrra popular (conccbida

    como   0"ccrco das cidades pelo campo"), cuja tarefa seria realizar uma rcvolu-

    yao antiimpcrialista e antilatifundista. Os maofstas convcrgiam com os pro-so-

    vietieos ao ncgar   0carateI' socialista da revoluyao na sua prcsente ctapa e na

    insistencia sobrc a nccessidade dc uma alianya com a burgucsia nacional;

     propunham, entretanto, a hegemonia do proletariado nessa alianya de classes e a

    necessidade da luta armada. Durante a decada de 1960,   0PCdOBreeusou-sc a

    tom'll' parte em ayoes armadas e criticou severamente as atividades dos guerri-

    Iheiros castristas (ALN,MR-8 etc.) como contraditorias a uma verdadcira gucrra

     popular. Nao obstante, em 1971-73,0 partido organizou uma ayao gucrrilheiracamponesa na Amazonia que foi dizimada pelo Exercito brasileiro. Nessa epo-

    ca,o PCdOBfoi rcfon;:ado pela adcsao de uma grandeparteda Ayao Popular,

    uma organizac;ao com origem na esquerda crista e que foi hegemonica no movi-

    mento estudantil brasileiro na decada de 1960.

    Organizac;oes similares ao PCdOBsurgi'ram em outros pafses:   0PCML(Par-

    tido Comunista Marxista-Leninista) do Peru,   0PCMLda Bolivia,   0PCMLda

    Colombia etc. Estes ultimos distinguiram-se dos outros grupos pOl' criar uma

    importante organizayao de guerrilha rural,   0EPL(Exercito Popular de Libera-

    yao), em 1967. POI' outro lado, a recusa do PCMLda Bolivia (liderado pOI'

    Oscar Zamora) em apoiar os guerrilheiros de Che em 1967 foi um dos temas

    do confronto politico entre   0maofsmo e 0guevarismo no continente. Durante

    a decada de 1970, a nova polftica exterior chinesa - reaproximayao com os

    Estados Unidos, uma postura ambfgua diante de Pinochet - provocou uma

     profunda crise na corrente maofsta, c muitas das organizac;oes, a comeyar 

     pelo Partido Comunista do Brasil, se aproximaram da Albania. Hoje,   0maofsmo

    nao existe como corrente na America Latina, salvo, talvcz, a guerrilha do

    Sendero Luminoso no Peru, quc parcce, entretanto, mais inspirada pOI'Pol Pot

    do que pOI'Mao Tse-Tung.

    o dcsenvolvimento do castrismo/guevarismo, do trotskismo e do mao!smo

    na America Latina ap6s 1960 representou um desario para a hegcmonia dos

     partidos comunistas tradicionais sobrc   0movimcnto operario.

    52

    Esses partidos reagiram de varias manciras ~lSorganizayl)cs castristas. Al-

    guns (Argentina, Brasil, Colombia, Chilc), desde   0infcio, reeusaram-sc a coo-

     perar com as novas correntes, classificado-as como aventureiras pcqueno-bur-

    gucsas. Outros tentaram pcriodicamcnte colaborar corn grupos guerrilheiros

    (Bolivia, Vcnezuela, Guatemala); ern alguns casos, divergencias profundas quanto

    ao papcl da propria luta armada (como estrategia ou tatica) provocaram uma

    divisao ern que mcmbros dajuvcntudc comunista (Inti Peredo, na Bolivia) jun-

    taram-se as fileiras dos guerrilheiros guevaristas. Finalrnente, alguns partidos,

    notavelmcnte   0uruguaio (sob a lideranya de Rodney Arismendi), participaram

    da OLASe conscguiram cstabelccer um   rnodus vivendi   c chegaram atc mesmo a

    colaborar corn a corrente gucvarista (os Tupamaros).

    o   partido que experimentou a crise mais profunda dcpois da RevoluyaoCubana foi provavclmente   0PCbrasileiroJ02.   Integrado ao regime populista do

     prcsidentc Joao Goulart c eonfiante no setor "nacional-democratico" das Forc;as

    Armadas brasileiras,   0PCBfoi surprccndido pelo golpe militar dc abril dc 1964,

    quc estabelcccu a ditadura que permancceria no poder atc 1985. Contudo, ao

    contrario do POTguatemalteco, que emitiu ap6s a queda de Arbenz em 1954

    uma autocrftica acerca da sua insuficiente autonomia face a burguesia,   0PCB,

    em uma resoluyao do Comite Central, em maio de 1965, criticou a tendencia

    "sectaria e esquerdista" do partido durante 1962-64, uma tendencia que teria

    "afastado da frente unica importantes setores da burguesia nacional""". A der-

    rota de 1964 e essa linha autocrftica - considerada clireitista pela oposic;ao -

     provocou uma crise interna no partido que se aguc;ou com   0impacto da confe-

    rencia cia OLAS.Apos 1967, muitos militantes e alguns dos principais Ifderes do

    PCB- incluindo Carlos Marighella, Joaquim Camara Fcrreira, Mario Alves,

    Apolonio de Carvalho e Jacob Gorender- deixaram   0 partido para fundal' orga-

    nizac;6es de esquerda c engajar-se na luta armada.

    Alguns partidos, como   0PCchileno, pOl' outro (ado, nao tiveram divisoes

    importantes (exceto pOl'alguns setores })Vens que se juntaram ao MIR)e permane-

    eeram impermeaveis a intluencia da Revoluc;ao Cubana. Grayas a sua forya organ i-zacional e coerencia ideologica,   0PCchileno tornou-se a fOl'c;ahegemonica no que

     pode ser considerado a mais importante tentativa de buscar um caminho pacifico

     para 0socialismo na Amercia Latina,   0governo da Unidade Popular no Chile.

    102.  0PC venezuelana passou par uma seria crise em 1969-70, que levau  a   saida de grandeparte da sua Iideranga e de importantes setores da base, que lormaram   ?   MA_S(Movimento Rumaao Socialismo), liderada por Teadoro Petkoff. A principal causa da divisao nao  101   a luta armad_a,

    mas a questao das relag6es do partido com a URSS, que lora posta em questao com .a rnvasao

    da Tchec as lov aquia em 1968. No c ur so das anas 90, a MAS tar nau uma anentagaa s ac lal-

    democrata e Petkoff passou a p articipar de governos neoliberais. . . .

    103. Citado em Carlos Rossi, "Le PC bresilien",   Revolution permanente en Amenque LatfrJe.

    Paris, Maspero, 1972, p. 15.

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    Devemos enfatizar que, diante das hesita

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    mirio, como em Cuba, criticando a Frente Sandinisla como "ultra-esqucrdisla",

    "avenlureira" e "influenciada pelo maoismo e pelo lrotskismo".

    Em cerlos aspeclos, a RevollH,;ao Sandinisla lcmbra a cubana: a derrota

    armada de uma diladura impopular, a criayao de Lltllpoder revolucionario baseado

    no armamento do povo, na rcforma agniria, no confronlo corn   0imperialismo.

    Contudo, cerlas caracteristicas originais foram especificas da Nicaragua: urn

     papel mui lo mais importanle desempenhado pela populayao pobre e jovem das

    cidades, a imporlftncia menor da guerrilha rural ante as insurreiyoes urban as e a

     parlicipa

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    Com a derrota eleitoral closandinismo e a muclan~a da conjuntura polftica

    internacional (fim da Guerra Fria, clesapari~ao da   URSS),   os movimentos guerri-

    Jheiros salvadorenhos e guatemaltecos decicliram aceitar acorclos de paz, que,

    em troca do desarmamento clos grupos insurgentes, ofereceram certas garantias

    democratic as para uma ativiclacle pltblica e legal das for~as de esquercla.

    Enquanto se clava esse processo de luta na America Central, surgiram, a

     partir de 1980, novos movimentos polfticos e sociais no Cone SuI cla America

    Latina, especialmente a forma~ao cloPartido closl'rabaJhadores   (fYf)   e cla Cen-

    tral Onica dos Trabalhadores   (CUT)   no Brasil.   0 processo de industriaJiza~ao,

    dirigido pelo regime militar em associa~ao com   0capital multinacional, levou

    ao surgimento de uma nova c!asse trabalhadora, que se mobilizou em grandes

    greves em 1978-79, especialmente na regiao do   ABC.   Diante da repressao do

    Estado, sindicalistas militantes, como Lula (0 Ifder do sinclicato dos metalltrgi-

    cos de Sao Bernardo do Campo), se politizaram e tomaram a decisao de criar   0

    Partido dos Trabalhadores, independente das for~as oposicionistas burguesas e

    liberais do Pmtido do Movimento Democratico Brasileiro   (PMDB).   0novo Par-

    tido dos Trabalhadores logo conseguiu   0apoio e a adesao de muitos sindicalis-

    tas e organizadores das comunidades eclesiais de base, assim como de intelec-

    tuais de esquerda, antigos militantes das frentes guerriJheiras da decada de J960e grupos marxistas (sobretudo trotskistas). A   CUT   foi criada em J983 sob   0

    fmpeto dos sindicalistas do   fYf,   unindo as correntes de lutas de classe do movi-

    mento operario, e e hoje, com   J()   milh6es de membros, a fon;;a begemonica do

    sindiealismo brasileiro. Com centenas de milhares de aderentes e dezenas de

    milh6es de votos,   0fYf   se tornou a prineipa( oposi

  • 8/17/2019 Marxismo Na America Latina Lowy 1 (1)

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    () vcrdadeiro eonlexto para uma f e  viva hoje e  a hisl6ria da oprcssao c da

    IUlade liberl~)(,;aOdiantc da opressao. Para nos siluannos ncssc conlcxlo,

     porcrn, dcvcmos parlicipar vcrdadciramentc do proccsso de liberlac,;ao,

    unindo partidos c organizac,;oesque scjal11instrul11enlosautenlicos da IUla

    ciac1asselrabalhadora.

    Os acontccimcntos dos anos 1989-91 nao dcixaram de tel' um impaclo so-

     brc a csqucrda marxista latino-americana. Mais do que a queda do Muro dc

    Beriim c   0   fim pouco glorioso da   URSS -   duramente scntidos sobretudo peb

    corrente comunista identificada com  0modelo sovi6tico ~ foi a derrota sandttllsta

    que teve maiores conseqi.iencias para   0conjunto das for

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    POl'   um lado,   0 EZLN   e herdeiro do marxismo gucvarista, que inspirou   0

    nCicleooriginal do movimento.   E   claro quc a cvolLH,;aodo zapatismo   0conduziu

     para muito longe desta origem, mas a insurreiyao de janeiro de   1994,   bem C0ll10

    o proprio espirilo do ExercilO Zapatista de Liberta

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    !\ pattirde 200 I ap,u'ece  0  Forum Social Mundial   (FSM), que relll1eem potto Alegre

    os principais movimentos sociais em lutacontra aglobalizayao capitalista neoliberal, e no

    qual se debate, de forma democnitica e pluralista, as propostas alternativas deste ample

    ;'''n lo 'v 'ir n c n to   des rnovinlcntos". Os lnarxistas  c   socialistas latino-cunericanos de varias

    correntes sao uma das componentes importantes do movimento ahermundialista e tem

    levado pat'a  0 FSM suas analises e proposiyoes, buscando ao mesmo tempo aprender com

    a experiencia dos movimentos ecologicos, feministas, camponeses ou indigenas.

    A experiencia do   FSM-   assim como a do Foro de Sao Paulo·- tem ajudado aesquerda latino-americana a superar as exclusoes sectarias e as intoleriincias que tanto

     prejudicaram   0movimento no curso de sua hist6ria. Em todo   0continente, e em cada

     pais, cresce   0nllmero de militantes que considera que, mais alem dos debates politicos

    necess{lrios e das inevit{lYeis confrontayoes ideologicas, a unidade de ayao de todas as

    correntes, marxistas ounao, que se consideram comprometidas com a causa dos explo-

    rados e oprimidos, ou com a luta pelo socialismo, e, mais do que nunca, um imperativo

    urgente neste comeyo do seculo   XXI.

    Como escrevia Mari{ltegui no lOde maio de 1924:

    I:ormar uma Ii'cntcunida e exccutar   LUll ato dc solidaricdadc no que diz rcspcito

    a um problcma concrcto c uma nccessidadc urgcntc. Isso nao significa renunciar 

    ,I S  teorias que cada parlido sustcnta nem a   posic,;aoque cada um ocupa na van-

    guarda. Uma variedade de tendencias e dcgnlros bem-ddinidos e distint()snao.e

    llm mal; e, ao contr:'1rio,um sinal de llmperiodo avanc,;adono processo rcvoillcio-

    nltrio.0quc imporla e que csscs grup()s~ cssas tCI~dcnciassaibam como agir 

    conccrladamente ao conIi'ontar a rcalidade concretado dia. [...J  Que nao cmpre-

    guem suas armas [...J  para ferir um ao Olltro,mas para combater a ordcm social,

    as suas inslituic,;ocs,as suas injustic,;asc os seus crimcs.11a

    Michael Lowy

    Paris, abril de2005

    PS: Esta ediyao brasileira e uma nova versao, revista e atualizada, desta antolo-

    gia, publicadaanteriormente na Franya, no Mexico e nos Estados Unidos. A introduyao

    roi publicada como Iivro autonomo na Alemanha e na Turquia.

    (Traduzido do Ingles por Luis Carlos Borges.)

    no continente   America Libre, Cuademos del Sur, Herramienta, Rodaballo   (Argentina),   Vientos

    del Sur, Dialectica, Histaria   y   Sociedad   (Mexico),   Margenes-Sur    (Peru),   Critica Marxista,

    Margem Esquerda, Praga, Outubro, Lutas Sociais   (Brasil) etc. - e  0 aparecimento de uma nova

    gera