Mariposas (Lepidoptera) como Indicadoras de Mudanças ... · MARIPOSAS ( LEPIDOPTERA ) COMO...

2
Cerrados MARIPOSAS ( LEPIDOPTERA ) COMO INDICADORAS DE MUDANÇAS AMBIENTAIS d Amabílio J. A. e Camargo [email protected] Embrapa Cerrados, . Postal 08223, CEP 73301-970, Planaltina-DF CX INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO A região do Cerrado, considerada uma das últimas fronteiras agrícolas, é hoje um dos ecossistemas mais ameaçados do País. O modelo de uso agrícola para a região, baseado na utilização intensiva de insumos e máquinas pesadas tem provocado uma série de prejuízos ao meio ambiente. Pela sensibilidade que possuem os insetos podem ser bons indicadores de mudanças ambientais. Para os lepidópteros, a avaliação do impacto das atividades antrópicas pode ser feita através do acompanhamento das flutuações da biodiversidade, combinada com o monitoramento da composição de espécies. Monitorar a diversidade biológica, usando o índice de Simpson e de Margalef, e também similaridade pelo índice de Morisita de espécies de lepidópteros noturnos em um projeto agrícola e áreas preservadas adjacentes. OBJETIVO OBJETIVO MATERIAL E MÉTODOS MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado em Balsas-MA e, as coletas feitas com armadilhas luminosas, realizadas no mês de fevereiro dos anos de 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000. Para cada noite de coleta, para um total de 20, foram instaladas quatro armadilhas luminosas, compostas de dois tecidos brancos de 2,0 m de comprimento por 1,5 m de largura. Os pontos de coleta foram distribuídos conforme figura. Área com vegetação nativa Área com soja 350m S IV S III S II S I 350m 50m 600m Esquema de amostragem Ao todo, foram analisados 22199 exemplares, distribuídos em 993 espécies e 33 famílias. Observou-se diferença significativa na composição de espécies entre os locais (p<0,01) pelo teste F. A classificação dos locais amostrados pela Análise de Componentes Principais (PCA) mostrou uma comunidade de insetos muito diferenciada, associada com a distância da lavoura. A diversidade biológica foi alta em todos os anos amostrados, apresentou, no entanto, tendência de queda no segundo e terceiro anos de estudo, com pequena recuperação no quarto e quinto anos. O número médio de espécies coletadas, foi de 94±37 na lavoura, de 148±27,4 a 50 m da lavoura, de 145,6±34,6 a 400 m e de 132,8±38,6 a 750 m. O índice de similaridade apresentou tendência de crescimento ao longo dos cinco anos na lavoura, enquanto nos outros locais de coleta a tendência foi de queda. Figura 1. Armadilha luminosa utilizada nas coletas. RESULTADOS RESULTADOS Pelo método de Margalef houve redução da diversidade biológica após o 1º ano de implantação da lavoura, mas com tendência de recuperação posterior. A diversidade de Lepidópteros, calculada pelo índice de Simpson, não apresentou alteração significativa. Houve uma redução do número de espécies após o 1º ano de implantação da lavoura com tendência de recuperação no 4º e 5º anos. Com 5 anos de estudo a curva de crescimento de espécies novas ainda não estabilizou. Nas áreas preservadas adjacentes a maioria das espécies são raras (até 3 exemplares observados), inclusive com registro de espécies novas descritas recentemente pelo autor. Percentual de importância econômica: variou de 8 a 12 % nas áreas estudadas. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Criação e Arte: Othávio Augusto Setor de Informação - Embrapa Cerrados CONCLUSÕES CONCLUSÕES 94 148 145,6 132,8 y = 30,602Ln(x) + 105,79 R 2 = 0,5426 0 50 100 150 200 I II III IV Número médio de espécies Regressão logarítmica do numero médio de espécies em cinco anos de estudos. Locais estudados 1 389 236 267 318 514 y = 51,286x 2 - 274,51x + 604,2 R 2 = 0,9727 0 100 200 300 400 500 600 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano Número total de espécies capturadas O número de espécies capturadas durante o estudo mostra que no segundo ano houve uma queda brusca com crescente recuperação posterior. Ano de estudo 2 1 Número de espécies 645 524 389 903 993 y = 380,45Ln(x) + 326,52 R 2 = 0,9086 0 200 400 600 800 1000 1200 0 1 2 3 4 5 6 Curva do crescimento acumulado de espécies em função do tempo de estudo. Ano de estudo 3 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1996 1997 1998 1999 2000 SI SII SIII SIV Valores de diversidade Valores de diversidade biológica Simpson. Ano de estudo 4 Diversidade biológica calculada pelo método de Margalef. 0 5 10 15 20 25 30 35 1996 1997 1998 1999 2000 SI SII SIII SIV Valores de diversidade Ano de estudo 5 Valores de similaridade na composição de espécies pelo índice de Morisita. 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 96/97 96/98 96/99 96/2000 SI SII SIII SIV Similaridade Período de comparação 6 Cluster de similaridade entre os sítios amostrados em relação a composição de espécies em cinco anos de estudo. 7 Cluster de similaridade entre os sítios amostrados em relação a composição de espécies em cinco anos de estudo, incluindo duas áreas de mata MA4 e MA5. 8

Transcript of Mariposas (Lepidoptera) como Indicadoras de Mudanças ... · MARIPOSAS ( LEPIDOPTERA ) COMO...

Page 1: Mariposas (Lepidoptera) como Indicadoras de Mudanças ... · MARIPOSAS ( LEPIDOPTERA ) COMO INDICADORAS DE MUDANÇAS AMBIENTAIS Amabílio J. A. de Camargo amabilio@cpac.embrapa.br

Cerrados

MARIPOSAS ( LEPIDOPTERA ) COMO INDICADORAS DE MUDANÇAS AMBIENTAIS

dAmabílio J. A. e [email protected]

Embrapa Cerrados, . Postal 08223, CEP 73301-970, Planaltina-DF CX

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A região do Cerrado, considerada uma das últimas fronteiras agrícolas, é hoje um dos ecossistemas mais ameaçados do País. O modelo de uso agrícola para a região, baseado na utilização intensiva de insumos e máquinas pesadas tem provocado uma série de prejuízos ao meio ambiente. Pela sensibilidade que possuem os insetos podem ser bons indicadores de mudanças ambientais. Para os lepidópteros, a avaliação do impacto das atividades antrópicas pode ser feita através do acompanhamento das flutuações da biodiversidade, combinada com o monitoramento da composição de espécies.

Monitorar a diversidade biológica, usando o índice de Simpson e de Margalef, e também similaridade pelo índice de Morisita de espécies de lepidópteros noturnos em um projeto agrícola e áreas preservadas adjacentes.

OBJETIVOOBJETIVO

MATERIAL E MÉTODOSMATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado em Balsas-MA e, as coletas feitas com armadilhas luminosas, realizadas no mês de fevereiro dos anos de 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000. Para cada noite de coleta, para um total de

20, foram instaladas quatro armadilhas luminosas, compostas de dois tecidos brancos de 2,0 m de comprimento por 1,5 m de largura. Os pontos de coleta foram distribuídos conforme figura.

Área com vegetação nativa Área com soja

350m

S IV S III S II S I

350m 50m 600m

Esquema de amostragem

Ao todo, foram analisados 22199 exemplares, distribuídos em 993 espécies e 33 famílias. Observou-se diferença significativa na composição de espécies entre os locais (p<0,01) pelo teste F. A classificação dos locais amostrados pela Análise de Componentes Principais (PCA) mostrou uma comunidade de insetos muito diferenciada, associada com a distância da lavoura. A diversidade biológica foi alta em todos os anos amostrados, apresentou, no entanto, tendência de queda no segundo e terceiro anos de estudo, com pequena recuperação no quarto e quinto anos. O número médio de espécies coletadas, foi de 94±37 na lavoura, de 148±27,4 a 50 m da lavoura, de 145,6±34,6 a 400 m e de 132,8±38,6 a 750 m. O índice de similaridade apresentou tendência de crescimento ao longo dos cinco anos na lavoura, enquanto nos outros locais de coleta a tendência foi de queda.

Figura 1. Armadilha luminosa utilizada nas coletas.

RESULTADOSRESULTADOS

Pelo método de Margalef houve redução da diversidade biológica após o 1º ano de implantação da lavoura, mas com tendência de recuperação posterior.

A diversidade de Lepidópteros, calculada pelo índice de Simpson, não apresentou alteração significativa.

Houve uma redução do número de espécies após o 1º ano de implantação da lavoura com tendência de recuperação no 4º e 5º anos.

Com 5 anos de estudo a curva de crescimento de espécies novas ainda não estabilizou.

Nas áreas preservadas adjacentes a maioria das espécies são raras (até 3 exemplares observados), inclusive com registro de espécies novas descritas recentemente pelo autor.

Percentual de importância econômica: variou de 8 a 12 % nas áreas estudadas.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Criação e

Art

e: O

thávio

August

oSeto

r de Info

rmação - E

mbra

pa C

err

ados

CONCLUSÕESCONCLUSÕES

94

148 145,6 132,8

y = 30,602Ln(x) + 105,79

R2 = 0,5426

0

50

100

150

200

I II III IV

Núm

ero

médio

de

espécie

s

Regressão logarítmica do numero médio de espécies em cinco anos de estudos.

Locais estudados

1

389

236267

318

514

y = 51,286x2 - 274,51x + 604,2

R2 = 0,9727

0

100

200

300

400

500

600

1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano

Núm

ero

tota

l de e

spécie

scaptu

radas

O número de espécies capturadas durante o estudo mostra que no segundo ano houve uma queda brusca com crescente recuperação posterior.

Ano de estudo

2

1

Núm

ero

de e

spécie

s

645524

389

903993

y = 380,45Ln(x) + 326,52

R2 = 0,9086

0

200

400

600

800

1000

1200

0 1 2 3 4 5 6

Curva do crescimento acumulado de espécies em função do tempo de estudo.

Ano de estudo

3

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1996 1997 1998 1999 2000

SI

SII

SIII

SIV

Valo

res

de d

ivers

idade

Valores de diversidade biológica Simpson.

Ano de estudo

4

Diversidade biológica calculada pelo método de Margalef.

0

5

10

15

20

25

30

35

1996 1997 1998 1999 2000

SI

SII

SIII

SIV

Valo

res

de d

ivers

idade

Ano de estudo

5

Valores de similaridade na composição de espécies pelo índice de Morisita.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

96/97 96/98 96/99 96/2000

SI

SII

SIII

SIV

Sim

ilaridade

Período de comparação

6

Cluster de similaridade entre os sítios amostrados em relação a composição de espécies em cinco anos de estudo.

7

Cluster de similaridade entre os sítios amostrados em relação a composição de espécies em cinco anos de estudo, incluindo duas áreas de mata MA4 e MA5.

8

Page 2: Mariposas (Lepidoptera) como Indicadoras de Mudanças ... · MARIPOSAS ( LEPIDOPTERA ) COMO INDICADORAS DE MUDANÇAS AMBIENTAIS Amabílio J. A. de Camargo amabilio@cpac.embrapa.br

MARIPOSAS ( LEPIDOPTERA ) COMO INDICADORAS DE MUDANÇAS AMBIENTAIS

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,PECÚARIA E ABASTECIMENTO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Cerrados

Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento BR 020, km 18, Rodovia Brasília/Fortaleza, Planaltina, DF

Telefone: (61) 388- 9898 Fax: (61) 388- 9879

2002

Cerrados

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,PECUÁRIA E ABASTECIMENTO