MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa...

134
MARICELE NASCIMENTO BARBOSA RESPOSTA COMPORTAMENTAL E HORMONAL DE MACHOS NÃO REPRODUTORES DE SAGÜI, Callithrix jacchus, A ESTÍMULOS SENSORIAIS DE FILHOTES NÃO APARENTADOS. Natal 2009

Transcript of MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa...

Page 1: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

MARICELE NASCIMENTO BARBOSA

RESPOSTA COMPORTAMENTAL E HORMONAL DE MACHOS NÃO

REPRODUTORES DE SAGÜI, Callithrix jacchus, A ESTÍMULOS

SENSORIAIS DE FILHOTES NÃO APARENTADOS.

Natal

2009

Page 2: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA

MARICELE NASCIMENTO BARBOSA

RESPOSTA COMPORTAMENTAL E HORMONAL DE MACHOS NÃO

REPRODUTORES DE SAGÜI, Callithrix jacchus, A ESTÍMULOS

SENSORIAIS DE FILHOTES NÃO APARENTADOS.

Tese apresentada à Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, para a obtenção do título

de Doutor em Psicobiologia.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Teresa da Silva Mota

Natal 2009

Page 3: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 4: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Título: Resposta comportamental e hormonal de machos não reprodutores de sagüi,

Callithrix jacchus, a estímulos sensoriais de filhotes não aparentados.

Aluno: Maricele Nascimento Barbosa

Data: 27 de julho de 2009

Banca examindora:

_____________________________________________

Profa. Maria Teresa da Silva Mota

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN

_____________________________________________

Profa. Maria de Fátima de Arruda Miranda

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN

_____________________________________________

Profa. Maria Bernardete Cordeiro de Sousa

Departamento de Fisiologia, UFRN

_____________________________________________

Profa. Maria Adélia B. Oliveira

Universidade Federal Rural de Pernambuco, UFRPE

____________________________________________

Profo.Dr. Valdir Luna da Silva

Universidade Federal d Pernambuco, UFPE

Page 5: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

DEDICO

Aos meus pais, Mário Barbosa e Célia Barbosa, pelo exemplo de vida e

dignidade, em especial a minha mãe que foi a minha maior incentivadora sendo a

base da família, sem ela não teria chegado aonde cheguei.

À minha irmã Marcela pelo apoio, amizade e companheirismo

À minha orientadora Prof.Drª Maria Teresa da Silva Mota pelo incentivo,

apoio e maneira gandiosa com que conduzio a orientação deste trabalho me

orientando pacientemente desde a iniciação científica até o doutorado e por estar

sempre disposta a confiar, corrigir e me fazer acreditar-”você consegue”.

Page 6: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me dado força e coragem para chegar ao final

desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um

momento certo para acontecer.

As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio e carinho e ao meu avó Pedro

Moreira (in memorian) que mesmo estando em outra dimensão está orgulhoso por

mais uma vitória alcançada.

Aos professores do Departamento de Fisiologia da UFRN que muito

contribuíram para a minha formação acadêmica através dos conhecimentos e

experiências transmitidas ao longo do curso.

À professora Drª. Fátima Arruda pelo apoio, sugestões e grandiosa ajuda na

correção da língua Inglesa para a submissão dos artigos científicos.

À professora Drª. Hélderes pelas críticas e valiosas sugestões dadas em minha

qualificação.

Aos funcionários do Núcleo de Primatologia da UFRN pela dedicação no

manejo dos animais e pela colobaração em todos os momentos em que se fizeram

necessários.

Ao funcionário Antonio Barbosa da Silva (Tota) pelo auxílio na confecção

das gaiolas, captura e coletas de sangue e pela disposição em me ajudar sempre que

foi necessário.

Page 7: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Aos funcionários da secretaria do Departamento de Fisiologoa pela gentileza

nos serviços prestados.

A Luiz Carlos pelo apoio nas atividades laboratoriais e dosagem hormonal,

sendo assim, essencial para a realização deste estudo.

A Ana Karolina dos Santos pela amizade e grande ajuda nas observações

comportamentais.

A todos os amigos da Pós-Graduação em Psicobiologia pela amizade,

conhecimentos partilhados e pelos momentos de descontração no decorrer do curso.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pelos recursos concedidos.

Enfim, a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a

realização deste trabalho.

Page 8: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

RESUMO

Em mamíferos, o cuidado parental é influenciado por estímulos sensoriais

provenientes dos infantes, tais como, a vocalização e a visão e por mudanças

hormonais que ocorrem nos cuidadores. O objetivo desse estudo foi avaliar a

resposta comportamental e hormonal de 12 machos adultos não reprodutores de

sagüi, Callithrix jacchus, a vocalização, a visão e contato físico com filhotes recém-

nascidos. Seis dos doze machos utilizados tinham experiência prévia no cuidado à

prole. No primeiro artigo, analisamos os machos adultos quando expostos a

vocalização de filhotes por 10 minutos. Na condição controle a vocalização não foi

apresentada. No segundo artigo, os machos foram testados em 2 condições: a)

Controle: uma caixa de acrílico vazia (caixa teste) foi colocada nas gaiolas-viveiro

dos animais por 15 minutos; e b) Experimental: machos foram expostos a filhotes

colocados na caixa teste fechada, de modo evitar a influência de pistas sonoras,

olfativas e táteis do filhote nos machos de sagüi. No terceiro artigo, apresentamos os

resultados de machos que foram expostos a caixa teste com filhote aberta ou

fechada, permitindo ou não o acesso e interação física do macho com o infante.

Após todas as observações comportamentais, amostras de sangue foram coletadas

para avaliação dos níveis de cortisol dos machos. Nos três artigos, a resposta

comportamental dos machos adultos foi significativamente influenciada pela

vocalização, visão e contato físico com o infante. Os machos se aproximaram e

passaram mais tempo próximos da fonte sonora e se deslocaram mais durante

exposição à vocalização. Além disso, machos se aproximaram, cheiraram e

passaram mais tempo próximo da caixa teste quando o infante estava presente. Nos

dois primeiros artigos não foi encontrada diferença no padrão comportamental dos

animais com relação à experiência prévia no cuidado. No terceiro artigo, a

experiência prévia no cuidado influenciou significativamente o padrão

comportamental dos machos. Machos experientes recuperaram mais rapidamente e

carregaram mais os filhotes que os inexperientes. Todavia, a latência de recuperação

Page 9: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

diminui e o tempo de carregar aumentou nos inexperientes após exposição sucessiva

aos filhotes. Os níveis plasmáticos de cortisol variaram após a exposição à

vocalização de infantes, sendo significativamente mais elevados nos machos

experientes. Quanto ao efeito da visão do filhote, os níveis de cortisol não variaram

após a exposição, nem foram modificados pela experiência prévia do cuidador. A

ocorrência de interação social entre o cuidador e o filhote não modificou o perfil

hormonal dos machos de sagüi; contudo, enquanto maior a duração os episódios de

carregar pelos machos experientes menores os seus níveis de cortisol. Assim,

membros do grupo social ou cuidadores em potencial de sagüi expostos a pistas

sensoriais de filhotes dependentes, como a vocalização, visão, cheiro e contato

físico, apresentam mudança em suas respostas comportamental e hormonal que são

moduladores fisiológicos do comportamento de cuidado à prole em sagüi.

Page 10: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

ABSTRACT Parental care in mammals is influenced by somatosensory stimuli from infants, such

as vocalization and sight and by changes in the hormone levels of caretakers. The

aim of this study was to evaluate the behavioral and hormonal responses of twelve

non reproductive adult male common marmosets (Callithrix jacchus) to infant cues,

vocalization recordings, sight and physical contact with newborn. Six out of twelve

males had previous experience in caretaking. In article 1, adult males were exposed

to newborn vocalizations for 10 minutes. On control condition no sound was

presented. In article 2, males were tested on two conditions: a) Control: an empty

acrylic transparent box (test box) was placed in male’s cage for 15 minutes, and b)

Experimental: males were exposed to newborns into a closed text box for 15

minutes. The cage was kept closed to prevented from tactile, smell and acoustic

stimulation by the infant on common marmoset males. In article 3, males were

exposed to an open or closed text box, which allowed or not their access to and

social interaction with the infants. After each observation sessions, blood samples

were collected to evaluate the cortisol levels of males. In all studies, behavioral

response of adult males was significantly modified by newborns’ sight, vocalization

and physical contact. Males approached and spent more time near the sound source

and showed an increase in locomotion during sound exposure. Furthermore, males

approached, smelled and spent more time near the test box when the newborn was

inside it. There was no difference in behavioral pattern between experienced and

non-experienced males in articles 1 and 2. In article 3, behavioral pattern of males

was influence by previous caretaking experience. Experienced males recovered

quicker and carried the infants more than the inexperienced ones. However,

inexperienced males showed a decrease in recovery latency and an increase in

carrying time after successive exposure to infants. Cortisol levels changed after

exposure to infant’s vocalization, especially for experienced adult males. Male

hormonal profile was not affected by the sight of infants neither by their previous

Page 11: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

experienced in caretaking. The occurrence of social interaction between the

caretaker and infant did not modify the hormonal profile of common marmoset

males; however, as much as experienced males carried the infants their cortisol

levels decreased. Thus, members of a social group or potential caretakers common

marmosets exposed to sensory cues from dependent infant such as vocalization,

sight, smell and physical contact, changed their behavioral and hormonal responses

that are physiological modulators of parental behavior in common marmoset.

Page 12: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

SUMÁRIO

RESUMO GERAL

9

ABSTRACT

11

INTRODUÇÃO GERAL

13

OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

27

HIPÓTESES E PREDIÇÕES

28

Artigo 1 - Does Newborn Infant Vocalization Affect the Behavioral and

Hormonal Responses of Male Common Marmosets (Callithrix jacchus)?

30

Abstract

31

Introduction

32

Methods

36

Results

40

Discussion

42

References

47

Figures

54

Artigo 2 - Efeito da Visão do Infante na Resposta Comportamental e

Hormonal de Machos Adultos Não Reprodutores de Sagüi, Callithrix

jacchus.

58

Resumo

59

Introdução

60

Page 13: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Metodologia

63

Resultados

67

Discussão

74

Referências Bibliográficas

79

Artigo 3 – Responsividade Aloparental em Machos Não Reprodutores de

Sagüi, Callithrix jacchus, Durante Interação Social com Filhotes Recém

Nascidos.

84

Resumo

85

Introdução

86

Metodologia

89

Resultados

93

Discussão

104

Referências Bibliográficas

109

DISCUSSÃO GERAL

115

CONCLUSÕES GERAIS

120

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS

122

Page 14: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

INTRODUÇÃO GERAL

Cuidado Parental

Os seres vivos garantem a passagem dos seus genes às gerações seguintes por

meio da reprodução, o que pode ocorrer de maneira assexuada ou sexuada. Na

reprodução assexuada, um indivíduo dá origem a um novo ser geneticamente

idêntico, a partir de um processo de divisão celular pelo qual uma célula-mãe origina

duas células-filhas exatamente com a mesma informação genética. Esse tipo de

reprodução é comum em organismos unicelulares como os protozoários (Alcock,

2001).

Já a reprodução sexuada ocorre na maioria dos animais multicelulares e

envolve a formação de células sexuais (gametas) e a fertilização, que se refere à

fusão do material genético da fêmea com o do macho (Alcock, 2001). Na maioria

das espécies de aves, répteis e mamíferos a fertilização é interna, ou seja, o macho

através de um órgão copulador introduz os espermatozóides no interior do corpo da

fêmea onde irão fecundar os óvulos. Já na maioria das espécies de peixes, a

fertilização é externa, com a fusão dos gametas ocorrendo no meio ambiente (Krebs

e Davies, 1996).

No caso da ocorrência dos dois sexos, uma diferença fundamental é o

tamanho e composição dos gametas. As fêmeas produzem os óvulos em pequena

quantidade, gametas grandes, imóveis e ricos em nutrientes; enquanto que os

machos produzem os espermatozóides em grande quantidade, gametas pequenos,

móveis, e basicamente restritos a porções de DNA (Alcock, 2001).

Na maioria das espécies, os sexos raramente investem na reprodução da

mesma maneira. Geralmente os machos competem pelo acesso a fêmeas, com o seu

sucesso reprodutivo aumentando proporcionalmente com o número de cópulas com

Page 15: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

diferentes parceiras, enquanto que o sucesso da fêmea está relacionado ao

investimento na prole (Trives, 1972; Clutton-Brock e Goldfray, 1991). Assim sendo,

as estratégias reprodutivas apresentadas por ambos os sexos são diferenciadas, em

virtude de restrições fisiológicas e pressões ecológicas (Krebs e Davies, 1996).

Neste sentido, geralmente o investimento dos machos é voltado ao esforço de

acasalamento, ao passo que, o das fêmeas, ao investimento parental, definido por

Trivers (1974) como qualquer investimento dos pais direcionado ao filhote que

venha aumentar as chances de sobrevivência do filhote, em detrimento do

investimento em outra prole. Assim, o investimento realizado pelos pais acarreta

custos, como o gasto de tempo e energia e a redução das oportunidades reprodutivas.

Com relação ao cuidado parental, a literatura refere-a como uma forma de

investimento parental que inclui todas as atividades dos pais dirigidas à

descendência, com a finalidade de garantir a sobrevivência e o crescimento da

mesma (Alcock, 2001). Apesar desse comportamento, entre as fêmeas de

vertebrados, ser mais evidente após o nascimento dos filhotes, ele tem início no

momento da fertilização e segue-se através da manutenção do embrião, ao longo do

período gestacional (Brown, 1998).

Nesse sentido, o cuidado parental inclui comportamentos de interação direta e

indireta com o filhote, com o primeiro resultando em benefício visível e imediato

para a prole (ex: limpar, catar, alimentar e carregar os filhotes), enquanto que o

segundo aumenta suas chances de sobrevivência (ex: construção de ninhos e abrigos,

assegurar recursos, defesa do território) (Clutton-Brock, 1991; Snowdon e Soini,

1982). Esse comportamento pode ser executado por um ou ambos os pais.

Geralmente, a definição de quem vai executá-lo depende principalmente do sistema

de acasalamento da espécie (Krebs e Davies, 1996). No sistema monogâmico, os

pais formam um par com interação social estável (laço afetivo), compartilham o

ninho e coabitam por longos períodos. Normalmente ambos fornecem o cuidado aos

ovos, larvas ou filhotes. Por outro lado, na maioria das espécies poligínicas não há

formação de vínculos de longo prazo entre o par, e as fêmeas geralmente cuidam

Page 16: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

sozinhas da prole, pois os machos reprodutivos tendem a abandonar suas parceiras

em seguida ao acasalamento e, desta forma, aumentam seu sucesso reprodutivo

através de novos pareamentos (Kleiman e Malcom, 1981).

Entre os grupos de vertebrados, os que mais se envolvem no cuidado à prole

são as aves. Nesse grupo de animais, a monogamia prevalece e freqüentemente

ambos os pais cuidam dos filhotes (cerca de 90% das aves apresentam cuidado

biparental) (Nelson, 1995), que inclui a construção de ninhos, proteção dos ovos

após a postura até a independência dos jovens (pingüim: Aptenodytes patagonicus:

Garcia, Jouventin e Mauget, 1996; canário: Serinus canarius: Goldsmith, 1982;

Mimus polyglottos: Logan e Wingfield, 1995; pombo: Streptopelia risoria: Wang e

Buntin, 1999). O sucesso reprodutivo nas aves é, freqüentemente, limitado por sua

capacidade de alimentar os filhotes. Por esta razão, existe uma forte pressão seletiva

sobre os pais para que sejam bons entregadores de alimento (Krebs e Davies, 1996).

Nessas espécies, ambos os pais apresentam mudanças hormonais associadas a este

comportamento (Nelson, 1995; Buntin, 1996).

Já entre os mamíferos, a mãe é o cuidador preferencial, embora em algumas

espécies o macho participe desta atividade diretamente (Bridges, 1996; Snowdon,

1996). O cuidado materno começa no momento da fertilização, continua durante a

gestação e após o nascimento dos filhotes com a lactação (Nicolson, 1987). Nesses

animais, os embriões se desenvolvem no útero materno, de forma que existe

comunicação materno-fetal direta através de hormônios, nutrientes e movimentos

físicos do feto (Rosenblatt e Siegel, 1983).

A maioria dos estudos sobre o cuidado materno foi realizado em ratos e

outros roedores. Em fêmea de rato (Rattus novergicus), esse comportamento ocorre

antes do nascimento e é influenciado por mudanças hormonais que ocorrem no final

da gestação (Bridges, 1996). Por exemplo, a construção do ninho começa 4 a 5 dias

antes do parto e está associada com a diminuição dos níveis de progesterona e com o

aumento dos estrógenos e da prolactina no final da gestação (Brown, 1998). Durante

o parto, a fêmea lambe os filhotes à medida que vão nascendo, limpando-os dos

Page 17: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

fluidos embrionários. Em seguida, elas gastam a maior parte de seu tempo mantendo

o ninho, exibindo posturas de amamentação que facilitam o acesso dos filhotes aos

mamilos, como também sua recuperação, uma vez que podem deixar o ninho

(Brown, 1998). Além do cuidado materno ser modulado por mudanças hormonais

durante a gravidez, a estimulação vaginocervical durante o parto, bem como

estímulos somatosensoriais dos infantes (Bridges, 1996; Pryce, 1993) e a interação

entre hormônios são importantes para a facilitação do cuidado materno.

Com relação ao comportamento paterno, a participação do macho no cuidado

é rara, particularmente entre os mamíferos, sendo verificada uma variação no grau

de investimento em algumas espécies de roedores e primatas, nas quais essa

atividade foi observada (Kleiman e Malcom, 1981). De acordo com Kleiman (1977),

diferentes fatores podem atuar para promover a permanência dos machos

reprodutores junto às fêmeas durante o período pós-parto, tais como, a

disponibilidade de fêmeas para o acasalamento, a ocorrência do estro pós-parto, a

proteção contra a predação e a defesa de recursos específicos.

Em roedores, geralmente o macho não cuida das crias, podendo mostrar-se

agressivo, o que é evidenciado pela ocorrência de infanticídio (Brown, 1998).

Todavia, nas espécies em que o macho está envolvido no cuidado, sua participação

se inicia antes do nascimento com a preparação do ninho, seguindo-se após o parto

pela apresentação de comportamentos de lamber, carregar e agachar sobre os

filhotes, que são importantes para proteção e regulação da temperatura corporal

(Cantoni e Brown, 1997). Neste sentido, o cuidado paterno tem papel importante na

sobrevivência e no desenvolvimento da prole, especialmente em condição natural,

na qual os animais têm que se manter aquecidos, procurar comida e se proteger de

predadores.

A participação do macho reprodutor no cuidado parental foi verificada em

algumas espécies de primatas não humanos (Propithecus verreauxi coquereli:

Bastian e Brockman, 2007; Aotus trivirgatus: Dixson e Fleming, 1981; Callicebus

moloch: Hoffman, Mendoza, Henessy e Mason, 1995). Estudo realizado por

Page 18: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Mendoza e Mason (1986) verificou que os machos de C. moloch participam

efetivamente do cuidado através do transporte, partilha de alimento e socialização

dos infantes. Segundo Snowdon (1996), o cuidado paterno é essencial para a

sobrevivência dos infantes em Saguinus oedipus tanto no campo como no cativeiro,

sendo tal comportamento influenciado por pistas das fêmeas grávidas e por

estímulos dos infantes.

Assim, o cuidado parental em machos e fêmeas de mamíferos provavelmente

é modulado por diferentes fatores. O cuidado materno parece ser influenciado por

mudanças hormonais verificadas durante a gravidez e imediatamente após o parto,

que parecem estar associados ao aumento na responsividade materna a estímulos

provenientes dos filhotes. Por outro lado, o cuidado paterno parece depender de

pistas externas, tais como, o acasalamento, a coabitação com fêmeas grávidas e as

pistas sensoriais da prole (Brown, Murdoch, Murphy e Moger, 1995). Logo, estas

pistas promoveriam mudanças neuroendócrinas que levariam ao comportamento

paternal.

Além do cuidado oferecido pelos pais, outros indivíduos do grupo social

também participam dessa atividade que é classificado como aloparental (Tardif,

1997). Esse comportamento envolve o transporte, o provisionamento, a catação, a

limpeza, bem como a socialização dos infantes (Tardif, 1997). Dentre os mamíferos,

esse padrão de cuidado é visto em canídeos (Moehlman e Hofer, 1997), roedores

(Solomon e Getz, 1997) e primatas da família Callitrichidae (Bales, Dietz, Baker,

Miller e Tardif, 2000).

Cuidado Cooperativo em Calitriquídeos

A família Callitrichidae é constituída de seis gêneros: Cebuella, Callithrix,

Saguinus, Leontopithecus, Callimico e Mico (Rylands et al. 2000), e se caracteriza

pela formação de grupos sociais compostos pelo par reprodutor, seus descendentes e

Page 19: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

indivíduos não aparentados, o que levou a sua classificação como grupos familiares

ampliados (Ferrari e Digby, 1996). Em cativeiro, embora o grupo social possa ter

mais de uma fêmea adulta, normalmente só uma delas é reprodutivamente ativa, já

que a fêmea dominante inibe a reprodução das subordinadas, prevalecendo nesta

condição um sistema de acasalamento monogâmico (Abbott, Barrett e George

1993). Todavia no campo, o padrão de acasalamento mostra-se mais flexível, com a

ocorrência de poliandria (Goldizen, 1987), poliginia (Digby, 1995; Digby e Barreto,

1996), e também, de monogamia (Rothe e Darms 1993; Arruda et al. 2005). Assim,

atualmente assume-se que os calitriquídeos apresentam sistema de acasalamento

monogâmico com flexibilidade para outros tipos de sistema, o qual está associado à

formação de grupos familiares ampliados e a criação cooperativa da prole (Kappeler

e Van Schik, 2002; Lazaro-Perea et al. 2000).

Uma característica interessante da organização social desses primatas é a

ocorrência do cuidado cooperativo dos filhotes, com o pai, irmãos e ajudantes não

aparentados participando dessa atividade (Tardif, 1997), que envolve o carregar, a

partilha de alimento, a defesa do território, e ainda, comportamentos afiliativos,

como a catação, o contato corporal e brincadeiras sociais (Yamamoto, 1993).

Segundo Solomon e French (1997), os cuidadores nessas espécies geralmente são

indivíduos adultos, subadultos e juvenis não reprodutores, aparentados ou não. Esse

sistema de criação dos infantes provavelmente evoluiu e se mantém em função dos

benefícios que os indivíduos do grupo familiar obtêm, de modo a ser favorecido pela

seleção natural (Rylands, 1996). Entre esses fatores que explicam a permanência dos

ajudantes no grupo social e sua participação no cuidado, podemos citar o acesso aos

recursos do grupo (alimento, local de dormir), o aumento de sua aptidão abrangente

e a probabilidade de aquisição futura do posto reprodutivo, como também de

obtenção de experiência como cuidadores, que será importante durante a sua vida

reprodutiva, uma vez que poderá influenciar a taxa de sobrevivência de suas proles

(Bales et al. 2000; Emlen, 1991; Price, 1992; Snowdon, 1996).

Page 20: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Em particular, a fêmea reprodutora de Callithrix jacchus apresenta um

período de gestação de cerca de 5 meses, com a geração de gêmeos na maioria dos

nascimentos e receptividade sexual ao longo de todo o ciclo ovariano e na gravidez

(Hearn, 1983). Neste sentido, um sistema de cuidado cooperativo parece ser uma

adaptação em resposta às características da reprodução nessas fêmeas de primatas,

como o alto peso fetal ao nascimento (média = 22,8% no gênero Callithrix)

(Leutenneger, 1973) e a ocorrência de estro pós-parto (Dixson, 1993), podendo a

fêmea engravidar durante o período de amamentação, fatores esses que trazem um

alto custo reprodutivo para a mãe.

Entre os calitriquídeos, o padrão de carregar os filhotes varia entre os gêneros

e as espécies, com os machos reprodutores sendo os principais carregadores tanto no

campo (Albuquerque, 1994; Yamamoto, Box, Albuquerque e Arruda, 1996), como

no cativeiro (Oliveira, Lopes, Alonso e Yamamoto, 1999; Achenbach e Snowdon,

2002). Entre os ajudantes, esse comportamento está relacionado principalmente com

a idade, com os adultos carregando mais do que os subadultos e juvenis

(Albuquerque, 1999; Oliveira et al. 1999; Yamamoto et al. 1996). Essa associação

com a idade é decorrente da inexperiência desses indivíduos, da restrição no acesso

pelos animais dominantes do grupo e do pequeno tamanho corporal relativo ao peso

dos infantes (Emlen, 1991). Estudos de cativeiro em sagüi, C. jacchus, mostram que

os infantes são carregados quase todo o tempo durante o primeiro mês de vida e

tornam-se independentes por volta da oitava semana (Arruda, Yamamoto e Bueno,

1986; Oliveira et al. 1999; Yamamoto, 1993).Todavia, no ambiente natural, o

transporte dos filhotes pode se estender até a décima segunda semana (Albuquerque,

1999; Cutrim, 2007).

Page 21: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Cuidado Parental: Modulação Não Hormonal e Hormonal

Entre os fatores não hormonais que influenciam o padrão de comportamento

de cuidado, a experiência prévia tem papel importante. Estudo realizado com

pombos (Streptopelia risoria) mostrou que fêmeas experientes regurgitam mais

freqüentemente, passam mais tempo em contato com os filhotes e próximas do

ninho do que fêmeas inexperientes no cuidado (Wang e Buntin, 1999). Em roedores,

Fleming e Sarker (1990) evidenciaram um aumento na exibição de comportamentos

parentais por mães experientes. Resultado semelhante foi mostrado por Gubernick e

Laskin (1994) em machos e fêmeas de camundongos da Califórnia (Peromyscus

californicus).

Em primatas, Gibber e Goy (1985) avaliaram o padrão de recuperação de

filhotes em macaco rhesus (Macaca mulatta) e verificaram menor latência em

fêmeas adultas experientes do que por machos e fêmeas juvenis e fêmeas adultas

inexperientes. Da mesma forma, Hoofman et al (1995) usando machos da espécie

Callicebus moloch verificaram uma diminuição na latência de recuperação em

animais experientes. Desta forma, a experiência anterior no cuidado seria um

importante componente regulador do comportamento parental.

A importância da experiência anterior no cuidado à prole tem sido

evidenciada para os gêneros Callithrix (Ingram, 1977; Epple, 1978), Saguinus

(Ziegler, Wegner, Carlson, Lazaro-Perea e Snowdon, 2000; Cleveland e Snowdon,

1984; Pryce, 1993) e Leontophitecus (Hoage, 1978) da família Callitrichidae.

Snowdon (1996) mostrou que machos e fêmeas de S. oedipus que não cuidaram

anteriormente dos irmãos mais novos enquanto no grupo familiar tinham sucesso no

cuidado parental. Adicionalmente, estudos realizados por Pryce (1993) e Ingram

(1977) em C. jacchus verificaram que os ajudantes experientes carregaram mais

freqüentemente do que os inexperientes. Além disso, mães experientes mostraram-se

mais responsivas aos filhotes, o que favoreceu o aumento na taxa de sobrevivência

da prole.

Page 22: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Com relação à modulação hormonal da resposta de cuidado à prole, diferentes

hormônios, tais como os esteróides (cortisol, progesterona e estradiol) e peptídicos

(prolactina, vasopressina e ocitocina), estão envolvidos na expressão desse

comportamento. Dentre os hormônios esteróides, o cortisol é o principal

glicocorticóide de primatas humanos e não humanos que é secretado pela região

cortical das glândulas adrenais. Esse hormômio tem importante efeito no

metabolismo da glicose e no desenvolvimento das funções normais do organismo,

que incluem o crescimento, a maturação e desenvolvimento do sistema nervoso

central, a inibição do processo inflamatório e a modulação da resposta metabólica

(Lovallo e Thomas, 2000). Já nos roedores, como ratos e camundongos, o principal

glicocorticóide é a corticosterona cujo efeito é bastante similar ao do cortisol

(Nelson 2000).

Nos mamíferos, os glicocorticóides estão associados à resposta ao estresse,

contudo alguns estudos têm mostrado seu envolvimento no estabelecimento do laço

social entre pares acasalados (roedores: Carter, 1988; Carter e Altemuss, 1997) e no

comportamento parental (humanos: Fleming, Stener e Corter, 1997; Storey et al,

2000; ratos: Rees, Pamesar, Steiner e Fleming, 2004). Estudo realizado por

Hennessy, Harney, Smoteherman, Coyle e Levine (1977) mostrou que a remoção

das glândulas adrenais de ratas impediu a expressão normal do comportamento

materno. Resultado semelhante foi evidenciado por Rees et al (2004) que

encontraram uma diminuição na duração dos comportamentos parentais exibidos

pelas fêmeas primíparas de rato após a adrenalectomia. Todavia, os comportamentos

parentais foram restaurados após o tratamento com corticosterona. Neste sentido,

fêmeas que receberam altas doses do hormônio permaneceram mais tempo

agachadas e lambendo os filhotes e próximas ao ninho do que aquelas que

receberam baixas doses, reforçando a idéia de que esse glicocorticóide modula a

expressão de comportamentos associados ao cuidado parental.

Por outro lado, os glicocorticóides também têm sido correlacionados

negativamente com a resposta de cuidado em várias espécies de roedores e primatas

Page 23: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

não humanos (Rato, Rattus norvegicus: Rosenblatt et al, 1998; gorila, Gorilla

gorilla: Bahr, Pryce, Dobeli e Martin, 1998; macaco rhesus, Macaca mulatta: Bardi,

Shimizu, Fujita, Borgognini-Tarli e Huffman, 2001). De acordo com Roberts, Zullo,

Gustafson e Carter (1996), a administração pós-natal de corticosterona em fêmeas de

camundongos (Microtus ochrogaster) reduz a responsividade parental. Em babuínos

(Papio hamadryas), Bardi, French, Ramirez e Brent (2004) encontraram que as

mães com níveis elevados de cortisol no pós-parto permaneceram menos tempo em

contato com os infantes. Dessa forma, o papel dos glicocorticóides na modulação do

comportamento parental ainda neccessita ser elucidado, o que justifica sua

investigação.

Além do envolvimento do cortisol na resposta de cuidado a prole, outros

hormônios como a prolactina também tem sido investigados (roedores: Meriones

unguiculatus: Brown et al. 1995; Peromyscus californicus: Gubernick e Nelson,

1989; Phodopus campbelli, Phodopus sungorus: Reburn e Wynne-Edwards, 1999;

Rhabdomys pumilio: Schradin e Pillay, 2004). Em machos, Gubernick e Nelson

(1989) observaram uma relação entre a responsividade paterna e elevações

plasmáticas de prolactina em camundongos californianos. Adicionalmente, Brown

(1993) encontrou um aumento nesse hormônio em ratos machos durante a gravidez e

lactação de suas parceiras. Resultado semelhante foi evidenciado por Brown et al

(1995) em pais inexperientes e em machos ingênuos de ratos quando expostos a

infantes.

Dessa forma, as mudanças endógenas no padrão de secreção de hormônios e

de substâncias neuroquímicas em roedores estão relacionadas ao cuidado parental

exibido tanto pelas fêmeas como pelos machos (Bridges, 1996). As mudanças nos

níveis de progesterona, estrógeno, prolactina e ocitocina durante a gestação nas

fêmeas de roedores facilitam o comportamento materno (Brown, 1998). Por

exemplo, tanto a construção do ninho como a recuperação dos filhotes tem início

entre 24 e 36 horas antes do parto em fêmeas gestantes de rato, e o número de

fêmeas que mostraram o comportamento parental aumentou significantemente até

Page 24: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

14 horas antes do parto (Rosenblatt, Mayer e Giordano, 1988). Este aumento no

comportamento parental está relacionado com o declínio da progesterona e com o

aumento nos níveis de estrógeno e de prolactina no final da gestação.

A investigação da resposta hormonal associada ao cuidado parental em

primatas não-humanos da família Callitrichidae tem sido realizada principalmente

com as espécies Callithrix jacchus e Saguinus oedipus, descritos previamente como

cuidadores cooperativos. Dixson e George (1982) verificaram um aumento nos

níveis plasmáticos de prolactina em machos reprodutores de C. jacchus quando

carregando os filhotes. Da mesma forma, Mota (1999) e Mota e Sousa (2000)

encontraram um aumento nos níveis desse hormônio em machos reprodutores e

ajudantes de sagüi carregando filhotes. Além disso, os pais e os ajudantes não

reprodutivos apresentaram elevação nos níveis de prolactina nas últimas semanas

anteriores ao parto, sugerindo que pistas olfativas provenientes das fêmeas grávidas

podem funcionar como sinalizadores do seu estado reprodutivo, como sugerido por

Ziegler, Washabaugh e Snowdon (2004).

Em fêmeas de C. jacchus, Saltzman e Abbott (2005) encontraram uma

elevação nas concentrações de prolactina imediatamente após o nascimento dos

filhotes. Em S. oedipus, Ziegler et al (2000) verificaram um aumento nos níveis

urinários desse hormônio em fêmeas reprodutoras cujos filhotes sobreviveram

durante a primeira semana do pós-parto. Essas evidências apóiam os achados de

Tucker (1988) que verificou um aumento na secreção de prolactina em fêmeas de S.

oedipus associada a estímulos sensoriais proveniente do infante. Todavia, nos

machos reprodutores, os níveis de prolactina não variaram em resposta ao

nascimento (Ziegler et al. 2000).

Adicionalmente, Storey, Walsh, Quinton e Wynne-Edwards (2000)

verificaram aumento nos níveis de prolactina e diminuição nos de esteróides sexuais

(testosterona e estradiol) em homens e mulheres antes do nascimento do bebê.

Assim, o padrão de mudanças hormonais dos cuidadores pode ser modificado pela

exposição a pistas sensoriais advindas dos infantes.

Page 25: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Ao considerarmos a interação entre os fatores não hormonais (experiência

prévia no cuidado aos filhotes) e hormonais (padrão de liberação cortisol) em

calitriquídeos, Ziegler, Wegner e Snowdon (1996) investigando machos

reprodutores de S. oedipus encontraram níveis plasmáticos mais elevados de cortisol

em pais inexperientes. Nunes, Fite, Patera e French (2001) usando o Callithrix khuli

verificaram uma redução nos níveis urinários de cortisol em pais experientes quando

transportando infantes mas não naqueles sem experiência anterior.

Semelhantemente as evidências obtidas com o cortisol, machos e fêmeas do

S. oedipus experientes apresentaram uma elevação nos níveis de prolactina na

semana anterior ao parto e 6 meses após o nascimento dos filhotes (Ziegler et al.

1996). Esse achado foi posteriormente apoiado por Ziegler e Snowdon (2000). Os

autores sugerem que a experiência cumulativa no cuidado à prole pode modificar o

perfil desse hormônio. Por outro lado, Schradin e Anzenberg (2004) e Mota, Franci

e Sousa (2006) não encontraram variações significativas nos níveis de prolactina

associados à experiência prévia no carregar os infantes.

Em humanos, Fleming, Corter, Stallings e Steiner (2002) investigaram a

influência da experiência anterior na responsividade paterna ao choro de bebês

recém-nascidos e nos níveis hormonais. Foi encontrada uma elevação nos níveis de

prolactina e uma diminuição nos níveis de testosterona em pais experientes quando

expostos ao estímulo sonoro. Nesta perspectiva, a experiência prévia na interação

com o infante parece facilitar a subseqüente expressão do comportamento parental

em primatas humanos e não humanos.

É importante salientar que a ocorrência de cuidado também pode ser

influenciada em animais de ambos os sexos pela exposição prolongada a infantes,

um processo chamado de sensibilização (Rosenblatt, 1967). O autor verificou que

machos e fêmeas de ratos virgens alojados sozinhos com filhotes por um período de

5 a 10 dias eventualmente apresentaram comportamento parental. Resultado

semelhante foi obtido por Brown e Moger (1983) com ratos virgens de ambos os

sexos, sugerindo que a exposição sucessiva a filhotes tem efeito positivo na

Page 26: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

responsividade parental nesses animais. A exposição continuada a filhotes induz

mudanças hormonais em fêmeas virgens expostas a filhotes por 12 dias, expressa

pela semelhança nos seus níveis de prolactina com aquele de fêmeas lactantes que

tiveram seus filhotes removidos por 5 horas e reintroduzidos (Bridges, 1990). Dessa

forma, os hormônios parecem estar envolvidos na eliciação do cuidado, enquanto

que a estimulação sensorial pelo filhote parece ser requerida imediatamente após o

parto para a manutenção da resposta parental.

Segundo Rosenblatt, Siegel e Mayer (1979), estímulos visuais, olfativos e

auditivos advindos da prole influenciam a resposta comportamental e hormonal

associado ao cuidado parental em roedores de ambos os sexos. Sakaguchi et al

(1996) verificaram uma elevação nos níveis de prolactina em machos de ratos após a

estimulação somatosensorial pelo infante, sugerindo que o cuidado pode ser iniciado

e mantido por pistas sensoriais de suas crias. Da mesma forma, Brown et al (1995)

sugerem que o estímulo sensorial do filhote pode promover aumento nos níveis de

prolactina em fêmeas da espécie Meriones unguiculatus. Contudo, Stern e Siegel

(1978) e Brown e Moger (1983) não encontraram mudanças nos níveis de prolactina

em fêmeas e machos virgens de ratos em resposta a estimulação pelos filhotes.

Segundo Poindron e Le Neindre (1980), a exposição de fêmea de mamíferos aos

odores, vocalizações e outras pistas advindas da prole parece estar relacionada

particularmente com a manutenção do cuidado materno.

Em primatas não humanos, dados de cativeiro sugerem uma correlação entre

prolactina e estimulação tátil durante o comportamento de carregar os filhotes em C.

jacchus (Dixson e George, 1982). Machos que carregavam seus filhotes

apresentavam níveis médios de prolactina 5 vezes mais altos do que aqueles que não

realizavam esta atividade. Esses achados foram reforçados por Mota, Franci e Sousa

(2005) usando pais e ajudantes não reproditivos dessa espécie. Neste sentido, o

contato físico com a cria influencia a resposta hormonal de machos e fêmeas de

sagüi. Todavia, os autores não encontraram variação significativa nos níveis de

cortisol durante os episódios de carregar.

Page 27: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Por outro lado, Fleming (1993) encontrou correlação significativa entre as

concentrações plasmáticas de cortisol antes e após os episódios de amamentação e a

responsividade da mãe a estímulos sensoriais dos infantes em humanos. Mães com

níveis mais elevados de cortisol interagiram mais afiliativamente e foram mais

responsivas aos bebês do que mães com baixos níveis desse hormônio.

Posteriormente, Fleming, Ruble, Krieger e Wong (1997) encontraram que mães com

cortisol elevado se mostraram mais atraídas pelos odores do bebê, como também

mais discriminativas em relação aos odores de sua prole. Esses achados sugerem que

apesar do cortisol não parecer influenciar diretamente o comportamento materno,

pode atuar indiretamente pelo aumento do estado de alerta da mãe e sua

responsividade as pistas sensoriais provenientes do infante.

Apesar da existência de estudos sobre as alterações endócrinas e

comportamentais associadas com a exposição aos estímulos sensoriais provenientes

dos filhotes em outras espécies, a determinação do perfil hormonal e

comportamental de machos não reprodutores de C. jacchus pela estimulação por

pistas sensoriais dos infantes não foi descrito de modo sistemático. Tendo em vista

que o cuidado aloparental pode ser modulado por estimulação sensorial e pela

experiência prévia no cuidado em animais expostos a infantes familiares ou não, e

que o C. jacchus apresenta-se como modelo interessante e complexo para

investigação dos fatores associados ao cuidado aloparental, esse trabalho pretende

investigar o efeito da exposição sucessiva a diferentes tipos de estímulos sensoriais

provenientes dos infantes no perfil hormonal (cortisol) e comportamental em

machos adultos não reprodutivos de sagüi, C. jacchus, cativos.

Os resultados obtidos nesse estudo serão importantes para a compreensão da

base endócrina da responsividade de machos não reprodutores de calitriquídeos a

estimulação sensorial por filhote recém-nascido e de alguns determinantes da

expressão do padrão do comportamento aloparental no C. jacchus, o que pode

auxiliar também no entendimento de processos semelhantes em outras espécies de

primatas.

Page 28: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

OBJETIVOS

GERAL

- Avaliar a resposta comportamental e hormonal de machos adultos não

reprodutores de sagüi, Callithrix jacchus, expostos a estímulos sensoriais

provenientes de filhotes recém-nascidos não aparentados.

ESPECÍFICOS

- Avaliar a relação entre o perfil hormonal e o cuidado aloparental em machos

adultos de sagüi apresentados à vocalização de infantes recém-nascidos. (ARTIGO

1)

- Investigar o efeito da visão de filhotes não aparentados na resposta

comportamental e hormonal de machos não reprodutores de sagüi. (ARTIGO 2)

- Avaliar a resposta comportamental e hormonal de machos adultos não

reprodutores de sagüi, após interação social com filhotes recém nascidos (ARTIGO

3)

- Avaliar o papel da experiência prévia de machos adultos de sagüi nos níveis

plasmáticos do cortisol e em sua responsividade comportamental quando expostos a

diferentes estímulos sensoriais (vocalização, visão e contato físico) provenientes de

filhotes não aparentados. (ARTIGO 1, 2 e 3)

Page 29: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

HIPÓTESES E PREDIÇÕES

Hipótese 1

Machos adultos não reprodutores de sagui, Callitrix jacchus, expostos a

diferentes tipos de estímulos sensoriais (vocalização, visão e tato) advindos dos

fihotes apresentarão modificação em sua resposta comportamental.

Predições:

P1: Os machos se aproximarão e permanecerão por mais tempo próximos a

fonte sonora (aparato de reprodução da vocalização do filhote não aparentado) e da

caixa de acrílico na qual estará alojado um filhote recém-nascido (caixa teste).

P2: Os animais se locomoverão mais frequentemente entre os quadrantes das

gaiolas-viveiro após a exposição à vocalização ou visão de filhotes.

P3: animais apresentarão uma maior freqüência de comportamentos

investigativos (cheirar e lamber) quando o filhote estiver presente na caixa teste.

P4: Os machos se aproximarão e permanecerão mais tempo em proximidade

da caixa teste quando o acesso ao filhote for permitido (abertura da porta) e se

locomoverão mais quando o acesso não for permitido (porta fechada).

Hipótese 2

Machos adultos não reprodutores de sagui, Callitrix jacchus, expostos a

diferentes tipos de estímulos sensoriais (vocalização, visão, tato) advindos dos

fihotes apresentarão modificação em sua resposta hormonal.

Page 30: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Predição:

Os machos adultos não reprodutores apresentarão níveis plasmáticos de

cortisol significativamente mais elevados após a exposição à vocalização, visão, mas

não após a interação social com o filhote.

Hipótese 3

A experiência prévia no cuidado aloparental influencia a resposta hormonal e

comportamental de machos não reprodutores de sagüi quando expostos a diferentes

tipos de estímulos sensoriais (vocalização, visão e contato físico) advindos dos

filhotes.

Predições:

P1: As freqüências de aproximações e deslocamentos e o tempo de

permanência próximo à fonte sonora e da caixa teste com o infante presente serão

maiores nos machos experientes. Os machos experientes cheirarão e lamberão mais

a caixa teste com o infante no seu interior, bem como, se aproximarão, carregarão e

recuperarão mais rapidamente o infante.

P2: Os níveis plasmáticos de cortisol dos machos experientes se apresentarão

mais elevados do que aqueles dos inexperientes em resposta a vocalização e a visão,

mas não na sua participação no transporte dos filhotes.

Page 31: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

ARTIGO 1

Does Newborn Infant Vocalization Affect the Behavioral and Hormonal

Responses of Male Common Marmosets (Callithrix jacchus)?

Maricele Nascimento Barbosaa and Maria Teresa da Silva Motaa*

aDepartamento de Fisiologia, Centro de Biociências, UFRN, Caixa Postal 1511,

Campus Universitário, Natal-RN, 59078-970, Brazil.

Footnotes Title: Infant vocalization effect

*Correspondence to: Maria Teresa da Silva Mota, Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Centro de Biociências, Departamento de Fisiologia, Caixa Postal

1511, Campus Universitário, 59078-970, Natal-RN, Brasil

E-mail: [email protected]

Artigo submetido à revista Hormones and Behavior.

Page 32: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Abstract

Parental care in mammals is influenced by somatosensory stimuli from

infants, such as sight and sound and by changes in the hormone levels of caretakers.

To determine the responsiveness of common marmoset (Callithrix jacchus) adult

males with and without previous experience in caretaking to newborn sensory cues,

we exposed twelve males to infant vocalization recordings and assessed their

hormonal and behavioral responses. Males were placed in the testing cage for 10

minutes without (control condition) and with sound presentation (experimental

condition). We recorded the frequency of approach towards the sound source, the

time spent near it and locomotion frequency of males in the cage under both

conditions. Blood samples were collected after each test for cortisol measuring by

EIA method. All males approached and spent more time near the sound source and

showed an increase in locomotion during sound exposure compared to the control

condition. There was no difference in behavioral pattern between experienced and

non-experienced males. Cortisol levels were significantly higher following infant

vocalization exposure especially in experienced animals. Thus, the behavioral

responses of marmoset males to infant vocalization might be related to their cortisol

profile and previous experience in caretaking. This hormone seems to be important

for alertness to sensory stimuli, modulating their motivation to interact with infant

stimuli.

Keywords: Callithrix jacchus, behavioral response, cortisol, previous experience.

Page 33: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Introduction

Caretaking by one or both parents is critical for the survival and development

of infants in most vertebrate species (Trivers, 1972). This behavioral pattern can be

classified as direct (cleaning, grooming, feeding, carrying) and indirect (nest

building, territorial defense) (Clutton-Brock, 1991; Snowdon and Soini, 1982)

which can be exhibited by one or both parents. In mammals, mothers are the main

caretakers; however, males participate in these activities as well (Bridges, 1996;

Snowdon, 1996). Rodent mothers behave maternally before parturition, suggesting

that hormonal changes during pregnancy may modulate their responsiveness to

infants (Bridges, 1996).

With respect to paternal care, the participation of males in this activity is rare

in mammals and was recorded in rodents, canids and primates (Kleiman and

Malcom, 1981). In non-human primates such as Aotus trivirgatus (Dixson and

Fleming, 1981), Callicebus moloch (Hoffman et al. 1995) and Macaca mulatta

(Redican and Taub, 1981), males participate in infant carrying, food sharing, and

their socialization. Similarly, in marmosets and tamarins, small New World primates

belonging to the Callitrichidae family males show extensive parental care (Goldizen,

1987). Moreover, non-reproductive animals living with their social group also

participate in infant carrying, a behavior called alloparental care (Tardif, 1997; Bales

et al., 2000). Non-reproductive caretakers were also found in canids (Moehlman and

Hofer, 1997) and rodents (Solomon and Getz, 1997).

Callitrichid groups are formed by a breeding pair, their offspring and non-

related individuals (Ferrari and Digby, 1996). They are described as cooperative

breeders, with all members of the social unit participating in carrying, feeding, and

defending territory where infants are found (Yamamoto, 1993; Tardif, 1997).

Caretakers also interact affiliatively with infants through grooming, and bodily

contact involving play (Yamamoto, 1993), an important activity in their

socialization. By taking part in caretaking, animals may have several benefits, such

Page 34: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

as inclusive fitness, by investing in a relative, breeding status acquisition, and

learning parental skills (Bales et al. 2000; Emlen, 1991; Price, 1992; Snowdon,

1996).

The gestation period in common marmosets is five months, with females

usually producing twins (Hearn, 1983). They are reproductively receptive during

pregnancy and after parturition during postpartum oestrus (Hearn, 1983), a situation

that may influence male participation in caretaking. According to captive and field

studies, males are the preferential caretakers (Albuquerque, 1994; Yamamoto et al.

1996; Oliveira et al. 1999; Achenbach and Snowdon, 2002). Infants are carried

mainly in their 1st month of life and become independent in the 8th week after

parturition (Arruda et al. 1986; Oliveira et al. 1999). However in the field, they are

carried until the 12th week (Albuquerque, 1999; Cutrim, 2007).

In this context, parental care studies have been related to hormones (steroids:

cortisol, progesterone and estradiol; peptides: prolactin, vasopressin and oxytocin),

previous experience in infant carrying and somatosensory stimulus. Mammalian

hormones such as cortisol have been related to parental care (humans: Fleming et al.

1997; Storey et al. 2000; rats: Rees et al. 2004) and the social bond between

breeding pairs (rodents: Carter, 1988; Carter and Altemuss, 1997). Hennessy et al

(1977) and Ress et al (2004) found inhibited maternal response in female rats after

adrenalectomy and the restoration of parental behaviors after corticosterone

treatment. On the other hand, glucocorticoids were negatively correlated with

parental care in rodent and nonhuman primates (Rattus norvegicus: Rosenblatt et al.

1988; Gorilla gorilla: Bahr et al. 1998; Macaca mulatta: Bardi et al. 2001).

Moreover, prolactin has also been extensively investigated in biparental

species (Wynne-Edwards, 2001) such as rodents (Meriones unguiculatus: Brown et

al, 1995; Peromyscus californicus: Gubernick and Nelson, 1989; Phodopus

campbelli, Phodopus sungorus: Reburn and Wynne-Edwards, 1999; Rhabdomys

pumilio: Schradin and Pillay, 2004; non human primates: Callithrix jacchus, Dixson

Page 35: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

and George; 1982; Mota and Sousa, 2000; Mota et al., 2006; Saguinus oedipus:

Ziegler et al., 1996).

In addition to hormones, a strong factor that influences caretaking is previous

caretaker experience. In rodents, Fleming and Sarker (1990) and Gubernick and

Laskin (1994) showed an increase in parental behavior by experienced females and

males compared to non-experienced individuals. In Macaca mulata and Callicebus

moloch, experienced animals retrieved infants quicker than did non-experienced

ones (Gibber and Goy, 1985; Hoofman et al. 1995). In callitrichids, Snowdon

(1996) showed a decrease in the parental success of male and female cotton-tamarin

(S. oedipus) without previous parenting experience. Additionally, Pryce (1993) and

Ingram (1977) found an increase in infant carrying participation in experienced

caretakers in C. jacchus. Experienced mothers were more responsive to infants and

showed an increase in infant survival rate.

A relationship between previous experience and cortisol levels was found by

Nunes et al. (2001) using Callithrix khuli and by Ziegler et al. (1996) using S.

oedipus. On both studies, experienced fathers showed the highest levels of cortisol.

Another hormone influenced by caretaking previous experience is prolactin (S.

oedipus: Ziegler et al., 1996; Ziegler and Snowdon, 2000); however, see also

Schradin and Anzenberg, (2004) and Mota et al. (2006) with C. jacchus.

Further evidence of caretaker responsiveness comes from a process called

sensibilization (Rosenblatt, 1967), where the animals are continuously exposed to

infants. In rodents, Rosenblatt et al (1979) suggest that the somatosensory stimuli of

infants such as sight, scent, and sound can modify the behavioral and hormonal

components of parental care in males and females. Moreover, Sakaguchi et al (1996)

showed an increase in prolactin levels in male rats following somatosensory

stimulation. Poindron and Le Neindre (1980) reported that maternal behavior in

mammals is maintained by female exposure to scent, vocalization and other sensory

cues from infants. In callitrichids, a positive correlation was found between prolactin

and tactile stimulation during carrying episodes in C. jacchus, with males showing

Page 36: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

increase in prolactin levels while carrying infants than those not carrying (Dixson

and George, 1982). These findings were supported by Mota et al (2006) when

evaluating prolactin values in fathers and non-reproductive caretakers. However, no

relationship was found between plasma cortisol and carrying behavior.

With respect to sound stimulation, non-reproductive male responsiveness to

infant vocalization and infant cues as a possible releaser of caretaking or other

solicitous behavior from parents was not well investigated. On the other hand, some

authors evaluated the response of female non-human primates to the vocalization of

their own infants and also to unrelated individuals to determine whether they could

distinguish between them (Kaplan et al. 1978; Jovanic et al. 2000; Shizawa et al.

2005). For instance, female squirrel monkeys (Saimiri sciureus; Symmes and Biben,

1985) and Barbary macaques (Macaca sylvanus; Hammerschmidt and Fischer,

1998) that recognized their infant call spent more time near the sensory stimuli when

visual contact was constrained.

Taking into account the role of physiological variables such as hormones and

sensory cues in parental response initiation and maintenance in various mammal

species, we investigated the relationship between hormonal profile and alloparental

behavior in a neotropical primate species, the common marmoset (Callithrix

jacchus). To test this relationship, we exposed non-reproductive adult males to

newborn vocalization.

Page 37: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Methods

Animals

Twelve non-reproductive adult male common marmosets (Callithrix jacchus)

aged between 28 and 48 months were used. All animals were captive-born

(Yamamoto, 1993) and were housed in the breeding colony of the Physiology

Department of Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brazil

(05o46’S 35o12’W). Six out of the twelve males had previous experience in infant

carrying, and the others were naïve.

Each animal was kept in a wire mesh and brick wall outdoor cage measuring

2.00 x 1.00 x 2.00 m under natural light-dark cycles. The cage was provided with a

nest box, wooden platforms, branches and roost. The animals were visually and

physically isolated from the other members of the colony. They were fed twice a day

around 8:30:00 AM with a protein mixture (powdered milk, corn syrup, eggs, bread,

soy bean protein and bone flour supplemented with Vitamin A, D and E) and around

2:00 PM with a portion of regional tropical fruits. Water was provided ad libitum.

Experimental Procedure

This study compared the behavioral pattern and hormonal profile of animals

under two conditions: a) control condition (without sound presentation) and b)

experimental condition (exposure to infant vocalization playback). To obtain the

sound stimuli, 15 to 22 day-old infants (n = 3) were temporarily removed from their

family group and their vocalizations were recorded. A professional recorder

(Marantz pmd30) connected to a Sennheiser unidirectional microphone was used.

To determine the responsiveness of non-reproductive males to sensory

stimulation, a portable recorder (Philips MCM148/55) was placed outside the test

Page 38: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

cage and covered with a cloth to prevent animal visualization (Figure 1). Each

animal was exposed to infant vocalization recordings twice a week for 2 weeks. In a

ten-minute interval, the stimulus was presented four times for one minute with a

two-minute interval between them, totaling four minutes of vocalization recording

exposure. The behavioral tests were performed between 10:00 am and 12:30 pm.

The behavioral categories described in Table 1 were recorded by the continuous

focal method.

Figure 1. Experimental procedure.

Sound source

Page 39: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

_________________

Insert Table 1.

_________________

Blood Collection

The hormonal profile of caretakers was determined using blood samples (0.5

mL) obtained by femural venipuncture with a heparinized 1 mL syringe immediately

after each test. During blood sampling, the animals were placed in a restraint

apparatus for small primates (Hearn, 1983). The procedure lasted 80-150s after

handling the subjects. Following each procedure, the animals received an iron

supplement and additional vitamins and were rewarded with sweet milk. In this case,

a direct correlation between somatosensory stimulation and cortisol levels was

possible since the hormonal response of individuals occurred just after the tested

event.

Blood sample collection was carried out twice a week for two weeks (n = 4

tests for each animal under both conditions) after 10:00 AM. Samples were

centrifuged for 10 min at 3000 rpm and frozen at -20°C for subsequent

determination of cortisol concentrations by enzyme immunoassay (EIA) method.

Cortisol Assay

The analysis was run at the Hormonal Measures Laboratory in the Physiology

Department of the Universidade do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brazil. Cortisol

plasma levels were determined using an enzyme immunoassay (EIA). The technique

Page 40: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

was performed according to the protocol developed by Munro and Stabenfeldt

(1984) and modified by the Wisconsin Regional Primate Research CTR. Intra-assay

and inter-assay coefficients of variation were 1.56 and 5.49 %.for low pool and 1.57

and 3.54% for high pool, respectively.

Statistical Analyses

Before statistical analysis was carried out, cortisol levels were evaluated with

respect to their normal distribution and a log transformation was performed. The

influence of somatosensory exposure on hormonal levels was determined by a

dependent t test. To evaluate the effect of experimental conditions on the behavioral

data of non-reproductive marmoset males, the Wilcoxon matched-pairs signed-ranks

test (Z) was used. The effect of previous caretaker experience on behavioral and

hormonal data was determined by Mann Whitney U and independent t test,

respectively. P values ≤ 0.05 were considered significant.

Page 41: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Results

The behavioral pattern of non-reproductive adult males was significantly

influenced by exposure to infant vocalization. A comparison between both

conditions revealed that all males approached and spent more time near the sound

source and showed an increase in locomotion during sound exposure compared to

the control condition (approach: Z = 2.50, n = 48, p = 0.01; proximity time: Z =

2.13, n = 48, p = 0.03; locomotion: Z = 3.11, n = 48, p = 0.001) (Figure 1A and 1B).

No difference was found for leaving and scent marking frequency (Z = 1.82, n = 48,

p = 0.06; Z = 1.55, n = 48, p = 0.12, respectively) (Figure 1A).

___________________

Insert Figure 1.

___________________

Experienced and non experienced common marmoset adult males showed

significant difference in their behavioral pattern in response to newborn vocalization

when analysed separately. Experienced males approached and spent more time near

the sound source, moved and scent marked more around the cage during

somatosensory stimulus presentation (approach: Z = 2.09, n = 24, p = 0.04;

proximity time: Z = 2.01, n = 24, p = 0.05; scent mark: Z = 1.25, n = 24, p = 0.03, p ;

locomotion: Z = 2.51, n = 24, p = 0.01). The same behavioral pattern was found for

non-experienced males (approach: Z= 2.07, n= 24, p=0.03; proximity time: Z =

2.05, n = 24, p = 0.04; locomotion: Z = 1.97, n = 24, p = 0.05), except for scent

marking (Z = 0.07, n = 24, p = 0.93).

When evaluating the behavioral pattern of non-experienced and experienced

animals before and after exposure vocalization, no difference was found between

Page 42: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

groups (Control condition: approach: U = 273, n = 24, p = 0.94; leaving: U = 257, n

= 24, p = 0.68; proximity: U = 260.5, n = 24, p = 0,05; scent marking: U = 182.5, n

= 24, p = 0.06; locomotion: U = 256, n = 24, p = 0.67; Experimental condition:

approach: U = 228.5, n = 24, p = 0.31; leaving: U = 231, n = 24, p = 0.33;

proximity: U = 272, n = 24, p = 0.93; scent marking: U = 262, n = 24, p = 0.76;

locomotion: U = 208, n = 24, p = 0.14).

Hormonal Response

The cortisol plasma levels of all adult males increased after vocalization

presentation (t = -2.95, n = 48, p = 0.004) (Figure 2A). The comparison performed

within each male group showed that experienced males were more responsive to

somatosensory stimulus exposure (experienced: t = -2.94, n = 24, p = 0.007; non-

experienced: t = -1.29, n = 24, p = 0.20), as shown in Figure 2B. However, no

difference was found between experienced and non-experienced males before (t =

1.82, n = 24, p = 0.07) and after vocalization exposure (t = 0.08, n = 24, p = 0.93).

Cortisol levels of non experienced were higher than those of experienced ones on

both conditions.

________________

Insert Figure 2.

________________

Page 43: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Discussion

It can be concluded that infant vocalization affects the behavioral and

hormonal responses of non-reproductive male common marmosets. The increase in

approach frequency, time spent near the sound source and locomotion during sound

presentation suggest an interest and motivation by males to interact with the infant.

These findings support the assumption that sensory cues from the newborn are

critical to initiate and maintain caretaker responsiveness.

Rosenblatt and Mayer (1995) suggested an approach-avoidance or

motivational model of maternal behavior in rats. It proposes that maternal behavior

occurs when the mother tends to approach and interact with the infant when the cue

is stronger than the one to turn away or avoid it. For the common marmoset, Pryce et

al. (1993) point out that maternal behavior can be divided in two stages: appetitive

and consummatory. The former involves all of the behaviors the animal uses to gain

access to the goal stimulus (infant) and the latter, the behavioral sequence performed

to reach the infant. To test this behavior, mothers were placed in an experimental

device, where they could press a bar to see an infant replica and simultaneously

interrupt a tape recording of infant-distress call. Multiparous females showed an

increase in arousal state related to the recognition of a significant stimulus that

regulates maternal behavior. However, little is known about an animal’s

motivational state in response to its social environment, particularly male motivation

to interact with infants in common marmosets.

Infant stimuli, particularly crying, is considered a distress signal that

originally evolved, along with other attachment behaviors, to promote proximity to

or contact between infants and their caregivers (Kaplan et al, 1978). Thus, close

proximity between caregiver and infant plays a role in infant protection against

predators in a dangerous environment. Thus, the vocalization emitted by an infant

when it loses sight of its parents is useful to estimate infant requirements for parental

care. Moreover, Mastripieri (1995) reports that parental responsiveness to signals

Page 44: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

from infants is important for understanding the proximate regulation of the parent-

infant relationship and their evolutionary dynamics.

In this sense, Kaplan et al. (1978) state that infant vocalization usually

communicates an affective state and leads to an immediate response from the

caretaker. Mother squirrel monkeys (Saimiri sciureus) became aroused and spent

more time near the testing stimulus when exposed to their own infant. For example,

Elowson et al. (1998) showed that pygmy marmoset (Cebuella pygmaea) caretakers

approached and picked up infants more when they were vocalizing (babbling) than

when they were not. Jovanic et al (2000) used a playback experiment to demonstrate

that rhesus macaque (Macaca mulatta) mothers were responsive to infant

vocalization and were able to recognize their own infant’s call. A similar response

was obtained in Japanese macaque (Macaca fuscata) mothers by Shizawa et al.

(2005). These findings support the assumption that vocal stimulus is important to

caretaking behavior elicitation in mothers and other caretakers such as the non-

reproductive male common marmoset used in our study.

Another important point concerning parental skills is previous infant care

experience, which seems to be not critical for marmosets (Callithrix) than for

tamarins (Saguinus) genus. Data from Epple (1975, 1978) showed a decrease in

survival of the first set of infants in non-experienced female saddle-back tamarins

(Saguinus fuscicollis). According to the author, an increase in motivation to carry

and the type of social environment experienced by animals during development may

be as important as direct infant carrying experience in learning parental skills. Tardif

et al. (1984) found a similar trend in female cotton-top tamarins but not in

marmosets. With respect to non-reproductive animals, Tardif et al. (1992) found no

difference in carrying bout duration and retrieval frequency between subadult

cotton-top tamarins previously exposed to infants and non-experienced individuals.

Some studies have shown that experienced fathers spend more time carrying their

infants than do first-time fathers (Callithrix kuhli: Nunes et al., 2001; Saguinus

oedipus: Ziegler et al., 2004; Ziegler, et al. 2000). Recently, Zahed et al. (2008)

Page 45: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

investigated the parenting response of male common marmosets (C. jacchus) to

infant stimulus (related and unrelated infant vocalizations outside the family unit).

No difference was found for experienced fathers when exposed to both types of

infant vocalization; however, non-experienced males were less responsive than

experienced males under both conditions. Our study showed that non-reproductive

males, regardless of previous experience in infant care, showed a strong behavioral

response to infant vocalization by increasing stimuli-directed behaviors (i.e., looking

at, approaching, and staying close to the sound source). It seems that caretaker

exposure to infants while living with their family group as a sibling or parent is

important for positive reinforcement of parental skills acquisition. Accordingly,

vocalization might be related to hunger, pain, decreased body temperature or

separation from the mother or another caretaker. Thus, in cooperative breeding

systems, all individuals of a social unit are responsive to infant vocalization, a

behavior that may be a critical adaptation for infant survival; also their motor skills

are not well developed in the first two months after birth.

In humans, Fleming et al. (2002) investigated the response of fathers to an

infant cry and recording found a strong and immediate response of fathers to related

and unrelated infant cry compared to inexperienced fathers. Fathers exposed to

sound stimulus were more sympathetic and alert. Common marmoset males were

very responsive to newborn vocal stimuli, a behavior that may be related to

maintaining proximity and the caretaker-infant interaction during early

development. Despite the influence of previous experience on the behavioral pattern

of caretakers in callitrichids and other primate species, in the present study no

response difference was found between experienced and non-experienced

individuals to infant vocalization. Males were interested and motivated to socially

interact with the infant stimuli, regardless of caretaking experience, suggesting that

experience is important but not essential to caretaker responsiveness to infant

vocalization in common marmosets.

Page 46: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

The hormonal mechanisms of parental care in adult males of non-human

primates are poorly understood. We find an effect of somatosensory stimulus on

cortisol in response to sound exposure. The hormonal response of marmoset males

was related to the behavioral response to newborn vocalization and to previous

caretaking experience. Cortisol levels were influenced by infant vocalization,

suggesting an increased vigilant state that may be important in affiliative interaction.

Fleming (1993) found an increase in cortisol levels after women were exposed to the

body odor of their infants. Mothers with the highest cortisol levels were also better

able to recognize their infants’ body odors. Corroborating these findings, Carter

(1988) and Fleming et al. (1993) associated cortisol with mother-infant attachment

and social bond formation (Carter, 1988), respectively. This finding suggests that

cortisol may be related to alert, causing males more aware to respond to infant cues.

Similarly, Ziegler et al (2000) observed an increase in prolactin levels in

experienced male cotton-top tamarins. In humans, Fleming et al (2002) found that

experienced males listening to cries showed a greater percentage increase in

prolactin levels than first-time fathers. This finding suggests that parenting

experience affects several hormones profiles in some mammalian species.

Moreover, Storey et al. (2000) found a positive association between responsiveness

to infant sensory stimuli and prolactin levels in men. More recently, Delahunty et al.

(2008) showed that women’s prolactin levels increased significantly after exposure

to recorded infant cries but no change was found in expectant fathers and control

men.

Previous experience had a significant effect on cortisol levels when a

comparison was performed within each animal group. Experienced adult males

showed increased hormonal response after exposure to infant vocalization. Since

these males participate in caretaking while living in the social group, their hormonal

profile may be related to the infant sensory cue recognition and their role in

caretaking behavior. This assumption is supported by cortisol profile of

inexperienced males that did not change between both conditions. Data from Mota

Page 47: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

et al. (2006) with the same species showed an increase in cortisol levels in fathers

before parturition that could be part of the sexual strategy of breeding males to

strengthen pair bonding. In cotton-top tamarins, Ziegler et al. (1996) found an

increase in cortisol values in experienced breeding males before the birth of infants.

This increase was related to the interest of males for the female’s reproductive

status. It seems that cortisol, the stress response hormone, may influence the social

bond between individuals in critical situations such as the pairbond strenght and

maintenance of the breeding male and female, in addition to physiologically

preparing caretakers by improving their attention and motivation to interact with

newborn in their social unit.

In conclusion, we found that the exposure of members of a social group to

infant vocalization recordings seems to be an effective tool for evaluating their

behavioral and hormonal response to somatosensory cues from newborns. Males

behaved positively towards infant vocal signaling, which may affect their

motivational state to interact with the stimulus. The association between behavioral

response and cortisol levels suggests that cortisol may lead to an alert state,

important for recognizing somatosensory information during infant-caretaker

interaction.

Page 48: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

References

Achenbach, G. G. e Snowdon, C. T. (2002) Costs of caregiving: Weight loss in

captive adult male cotton0top tamarins (Saguins oedipus) following the birth of

infantss. International Journal of Primatology, 23: 179-189.

Albuquerque, F. (1994) Distribuição do cuidado a prole em grupos de Callithrix

jacchus (Callitrichidae: Primates), no ambiente natural. Dissertação de

Mestrado. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 62 p.

Albuquerque, F. (1999) Cuidado cooperativo a prole: dinâmica em ambiente natural.

Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo. 202 p.

Arruda, M.F., Yamamoto, M.E., Bueno, O.F.A., 1986. A descrição das relações

pai/mãe-filhote e da separação pai-filhote no sagüi comum (Callithrix jacchus).

In: Mello, M.T. (Ed.), A Primatologia no Brasil, vol 2. Sociedade Brasileira de

Primatologia, Brasília, DF, pp. 47-57.

Bahr, N.I., Pryce, C.R., Dobeli, M., Martin, R.D., 1998. Evidence from urinary

cortisol that maternal behavior is related to stress in gorillas. Physiol. Behav. 64,

429-437.

Bales, K., Dietz, J.M., Baker, A., Miller, K., Tardif, S.D., 2000. Effects of allocare-

givers on fitness of infants and parents in callitrichid primates. Folia Primatol.

71, 27-38.

Bardi, M., Shimizu, K., Fujita, S., Borgognini-Tarli, S., Huffman, M.A., 2001.

Hormonal correlates of maternal style in captive macaques (Macaca fuscata, M.

mulatta). Int. J. Primatol. 22, 647-662.

Bridges, R.S., 1996. Biochemical basis of parental behavior in the rat. Adv. Study

Behav. 25, 215-242.

Brown, R.E.; Murdoch, T.; Murphy, P.R., Moger, W.H., 1995. Hormonal responses

of male gerbils to stimuli from their mate and pups. Horm. Behav. 29, 474-491.

Cantoni, D., Brown, R.E., 1997. Paternal investment and reproductive success in the

california mouse, Peromyscus californicus. Anim. Behav. 54, 377-386.

Page 49: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Carter, C.S., 1988. Neuroendocrine perspectives on social attachment and love.

Psychoneuroendocrinology. 23, 779-818.

Carter, C.S., Altemus, M., 1997. Integrative functions of lactational hormones in

social behavior and stress management. Ann. N. Y. Acad. Sci. 7, 164-174.

Clutton-Brock, T.H., 1991. The evolution of parental care. Princeton, Princeton

University Press.

Cutrim, F. H. R. 2007. Aspectos do cuidado cooperativo em dois grupos de

Callithrix jacchus selvagens. MSc Thesis, Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, RN, Brazil.

Dixson, A.F., Fleming, D., 1981. Parental behaviour and infant development in owl

monkeys (Aotus trivirgatus). J. Zoo Lond. 194, 25-39.

Dixson, A.F., George, L., 1982. Prolactin and parental behaviour in a male New

World Primate. Nature. 29, 551-553.

Elowson, A.M., Snowdon, C.T., Lazaro-Perea, C. 1998. “Babbling” and social

context in infant monkeys: Parallels to human infants. Trends in Cognitive

Sciences, 2, 31-37.

Emlen, S.T., 1991. Predicting family dynamics in social vertebrates. In: Davies,

N.B. (Ed.), Behavioural Ecology, Oxford: Blackwell, pp. 228-253.

Epple, G., 1975 The behavior of marmosets monkeys (Callithrichidae). In:

Rosenbblum, L. A. (Ed.), Primate Behavior, vol 4. Academy Press New York,

pp. 195-239.

Epple, G., 1978. Notes on the establishment and maintenance of the pair bond in

Saguinus fuscicollis. In: Kleiman, D.G. (Ed.), The Biology and Conservation of

the Callitrichidae. Smithsonian Institution Press, Washington, D. C, USA. pp,

231-237.

Ferrarri, S.F., Digby, L.J., 1996. The Callithrix groups: stable extended families?

Am. J. Primatol. 26, 109-118.

Fleming, A.S., Sarker, J., 1990. Experience-hormone interactions and maternal

behavior in rats. Physiol. Behav. 47, 1165-1173.

Page 50: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Fleming, A. S., Ruble, D. e Wong, P. Y. 1997. Hormonal and experiential correlates

of maternal responsiveness during pregnancy and puerperium in human

mothers. Hormones and Behavior, 31: 145-158.

Fleming, A.S., Corter, C., Stallings, J., Steiner, M., 2002. Testosterone and prolactin

are associated with emotional responses to infant cries in new fathers. Horm.

Behav. 42, 399-413.

Gibber, J.R., Goy, R.W., 1985. Infant-directed behavior in Young rhesus monkeys:

sex differences and effects of prenatal androgens. Am. J. Primatol. 8, 225-237.

Goldizen, A. W. (1987) Facultative polyandry and the role of inafnt-carrying in wild

saddle-back tamarins (Saguinus fuscicollis). Behavioral Ecology and

Sociobiology, 20: 99-109.

Gubernick, D.J., Laskin., 1994. Mechanisms influencing sibling care in the

monogamous biparental California mouse, Peromyscus californicus. Anim.

Behav. 39, 916-923.

Gubernick, D.J., Nelson, R.J., 1989. Prolactin and paternal behavior in the biparental

califórnia mouse, Peromyscus californicus. Horm. Behav. 23, 203-210.

Hammerschmidt, K., Fischer, J., 1998. Maternal discrimination of offspring

vocalizations in barbary macaques (Macaca sylvanus). Primates. 39, 231-236.

Hearn, J. P. (1983) The common marmoset (Callithrix jacchus). Em: J. H. Hearn

(ed.) Reproduction in New World Primates. New Models in Medical Science.

MTP Press Limited, Boston, USA. Pp. 183-216.

Hennessy, M. B., Harney, K. S., Smoteherman, W. P., Coyle, S. e Levine, S. (1977)

Adrenalectomy-induced deficits in maternal retrieval in rat. Hormones and

Behavior, 9: 222-227.

Hoffman, K.A., Mendoza, S.P., Henessy, M. B., Mason, W.A., 1995. Responses of

infant titi monkeys, Callicebus moloch, to removal of one or both parents:

evidence for paternal attachment. Dev Psychobiology. 28, 399-407.

Page 51: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Ingram, J.C., 1977. Interactions between parents and infants and the development of

independence in commom marmoset (Callithrix jacchus). Anim. Behav. 25, 811-

827.

Jovanic, T., Megna, N.L., Mastripieri, D., 2000. Early maternal recognition of

offspring vocalizations in rhesus macaques (Macaca mulatta). Primates. 41,

421-428.

Kaplan, J.N., Winship-Ball, A., Lynne Sim., 1978. Maternal discrimination of infant

vocalizations in squirrel monkeys. Primates. 19, 187-193.

Kleiman, D. G. e Malcom, J. R. (1981) The evolution of male parental investment.

Em: D. J. Gubernick e P. H. Klopfer. (eds.) Parental Care in Mammals. Plenum

Press. pp. 347-387.

Mastripieri, D., 1995. Maternal responsiveness to infant distress calls in stumptail

macaques. Folia Primatol. 64, 201-206.

Moehlman, P.D., Hofer, H., 1997. Cooperative breeding, reproductive suppression,

and body mass in canids. In:. Solomon, N.G., French, J.A. (Eds.), Cooperative

Breeding in Mammals. Cambridge: Cambridge University Press. pp, 76-149.

Mota, M.T.S., Sousa, M.B.C., 2000. Prolactin levels of fathers and helpers related to

alloparental acre in common marmosets, Callithrix jacchus. Folia Primatol. 71,

22-26.

Mota, M.T.S., Franci, C.S., Sousa, M.B.C., 2006. Hormonal changes related to

paternal and alloparental care in common marmosets (Callithrix jacchus). Horm.

Behav. 49, 293-302.

Munro, C. Stabenfeldt, G. (1984) Development of a microtitre plate enzyme

immunoassay for the determination of progesterone. Journal of Endocrinology,

101:41-49.

Nunes, S., Fite, J.E., Patera, K.J., French, J.A., 2001. Interactions among paternal

behavior, steroid hormones, and parental experience in male marmosets

(Callithrix kuhlli). Horm. Behav. 39, 70-82.

Page 52: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Oliveira, M. S., Lopes, F. A., Alonso, C. e Yamamoto, M. E. (1999) The mother`s

participation in infant carrying in captive groups of Leontophitecus rosalia and

Callithrix jacchus. Folia Primatologica, 70: 146-153.

Poindron, P., Le Neindre, P., 1980. Endocrine and sensory regulation of maternal

behavior in the ewe. In: Rosenblatt, J.S., Hinde, R.A., Beer, C., Busnel, M.C.

(Eds.), Advances Study of Behavior, vol. 11. Academic Press, New York. pp,

75-119.

Price, E.C, 1992. Sex and helping: reproductive strategies of breeding male and

female cotton-top tamarins, Saguinus oedipus. Anim. Behav. 43, 717-728.

Pryce, C.R., 1993. The regulation of maternal behaviour in marmosets and tamarins.

Behav. Processes. 30, 201-224.

Pryce, C.R., Dobeli, M., Martin, R.D., 1993. Effects of sex steroids on maternal

motivation in the common marmoset (Callihrix jacchus): Development and

application of an operant system with maternal reinforcement. J. Comp Psychol.

1, 99-115.

Reburn, C.J., Wynne-Edwards, K.E., 1999. Hormonal changes in males of a

naturally biparental and uniparental mammal. Horm. Behav. 35, 163-176.

Redican, W.K., Taub, D.M., 1981, Male parental care in monkeys and apes. In:

Lamb, M.E. (Ed.), The role of the father in child development. New York:

Wiley. pp, 203-258.

Rees, S.L., Panesar, S., Steiner, M., Fleming, A.S., 2004. The effects of

adrenalectomy and corticosterone replacement on maternal behavior in the

postpartum rat. Horm. Behav. 46, 411-419.

Rosenblatt, J.S., 1967. Nonhormonal basis of maternal behavior in the rat. Science.

156, 1512-1514.

Rosenblatt, J. S., Siegel, H.I., Mayer, A.D., 1979. Progress in the study of maternal

behavior in the rat: hormonal, nonhormonal, sensory, and developmental aspects.

In: Rosenblatt, J.S.R., Hinde, A., Beer, C., Busnel, M.C. (Eds.), Advances Study

of Behavior, vol. 10. Academic Press, New York. pp, 225-311.

Page 53: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Rosenblatt, J. S., Mayer, A. D. e Giordano, A. L. 1988. Hormonal basis during

pregnancy for the onset of maternal behavior in the rat.

Psychoneuroendocrinology, 13(1-2): 29-46.

Rosenblatt, J. S., Mayer, A. D. 1995. An analysis of approach/withdrawal processes

in the initiation of maternal behavior in laboratory rat. In: Hood, K.E.,

Greenberg, G., Tobach, E. (Eds.), Behavioral Development. Garlands Press, New

York. pp. 177-230.

Sakaguchi, K., Tanaka, M., Ohkubo, T., Doh-ura, K., Fujikawa, T., Sudo, S.,

Nakashima, K., 1996. Induction of brain prolactin receptor long-term nRNA

expression and maternal behavior in pup-contacted male rats: Promotion by

prolactin administration and suppression by female contact.

Neuroendocrinology. 63, 559-568.

Schradin, C., Anzenberger, G., 2004. Development of prolactin levels in marmoset

males: from adult son to first-time father. Horm. Behav. 46, 670-677.

Schradin, C., Pillay, N., 2004. Prolactin levels in paternal striped mouse

(Rhabdomys pumilio) fathers. Physiol. Behav. 81, 43-50.

Shizawa, Y., Nakamichi, M., Hinobayashi, T., Minami, T., 2005. Playback

experiment to test maternal responses of Japanese macaques (Macaca fuscata)

to their own infant’s call when the infants were four to six months old. Behav.

Processes. 68, 41-46.

Snowdon, C.T., Soini, S. J., 1982. Parental behavior in primates. In: Fitzgerald, H.

E., Mullins, J.A., Gage, P. (Eds.), Child Nurturance,vol 3. Plenum Press, New

York. pp, 63-108.

Snowdon, C.T., 1996. Infant care in cooperatively breeding species. In: Rosenblatt,

J.S., Snowdon, C.T. (Eds.), Parental Care: Evolution, Mechanisms, and

Adaptative Significance, vol 25. Academic Press. San Diego. pp, 643-689.

Page 54: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Solomon, N.G., Getz, L.L., 1997. Examination of alternative hypotheses for

cooperative breeding in Rodentia. In: Solomon, N.G., French. J.A. (Eds.),

Cooperative Breeding in Mammals. Cambridge: Cambridge University Press. pp,

199-230.

Storey, A.E., Walsh, C.J., Quinton, R.L., Wynne-Edwards., 2000. Hormonal

correlates of paternal responsiveness in new and expectant fathers. Evolution

Human Behavi. 21, 79-95.

Symmes, D., Biben, M., 1985. Maternal recognition of individual infant squirrel

monkeys from isolation call playback. A. J. Primatol. 9, 39-46.

Tardif, S.D., Carson, R.L., Gangaware, B.L., 1984. Comparison of infant care in

family groups of the common marmoset (Callithrix jacchus) and the cotton-top

tamarin (Saguins oedipus). Am. J. Primatol. 22, 73-85.

Tardif, S.D., Carson, R.L. and Gangaware, B.L. 1992. Infant-care behavior of non-

reproductive helpers in a communal-care primate, the cotton-top tamarin

(Saguinus oedipus). Ethol. 92, 155-167.

Tardif, S.D., 1997. The bioenergetic of parental behavior and the evolution of

alloparental care in marmosets and tamarins. In: Solomon, N.G., French, J. A.

(Eds.), Cooperative Breeding in Mammals. Cambridge: Cambridge University

Press. pp, 11-33.

Trivers, R.L., 1972. Parental investment and sexual selection. In: Campbell, D.

(Ed.), Sexual Selection and Descent of Man. Aldine, Chicago, USA. pp,136-179.

Wynne-Edwards, K.E., 2001. Hormonal changes in mammalian fathers. Horm.

Behav. 40, 139-145.

Yamamoto, M.E., 1993. From dependence to sexual maturity: The behavioural

ontogeny of Callitrichidae. In: Rylands, A.R. (Ed.), Marmosets and Tamarins:

Systematics, Behaviour, and Ecology. Oxford University Press, Oxford, UK. pp,

235-254.

Page 55: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Figure 1.

0

20

40

60

80

Proximity

Du

rati

on

(s

)s)

*

B

0

2

4

6

8

10

12

Approach Leaving Scent mark Locomotion

Fre

qu

en

cyc

Control

Vocalization

*

*

A

Page 56: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Figure 2.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

CO

RT

le

ve

ls (

ng

/ml)

s(

(Control

Vocalization

*

A

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Inexperienced Experienced

CO

RT

levels

(n

g/m

l)m

l)

*

B

Page 57: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Figure Legends

Figure 1. Mean values (x ± EP) of behavioral response of common marmoset adult

males (Callithrix jacchus) in the control condition (white bar) and after exposure to

newborn vocalization recordings (black bar) * indicate statistical difference, p ≤

0.05 (Wilcoxon test).

Figure 2. Plasma cortisol levels (mean ± EP) of reproductive males (A) in the

condition control (white bar) and after exposure to newborn vocalization recordings

(black bar) of experienced and inexperienced animals (B) under both experimental

conditions (B). * indicate statistical difference, p ≤ 0.05 (t test).

Page 58: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Tables

Tabela 1. Behavioral categories recorded.

Behavior Definition

Individual Locomotion The cage was divided into 22 quadrants of 23 cm each

and the frequency of movement by the focal animal between two quadrants was recorded as 1 movement.

Scent marking Frequency of rubbing the anogenital region on a cage surface.

Affialiative Approach and leaving Frequency of going towards and away from the sound

source from an imaginary boundary of 15 cm for at least 3 sec.

Proximity Time spent within 15 cm of the sound source for at least 3 sec.

Page 59: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

ARTIGO 2

Efeito da Visão de um Infante Não Aparentado na Resposta Comportamental e

Hormonal de Machos Adultos Não Reprodutores de Sagüi, Callithrix jacchus.

Maricele Nascimento Barbosa, Ana Karolina dos Santos e Maria Teresa da Silva

Motaa*

aDepartamento de Fisiologia, Centro de Biociências, UFRN, Caixa Postal 1511,

Campus Universitário, Natal-RN, 59078-970, Brazil.

*Correspondence to: Maria Teresa da Silva Mota, Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Centro de Biociências, Departamento de Fisiologia, Caixa Postal

1511, Campus Universitário, 59078-970, Natal-RN, Brasil

E-mail: [email protected]

Artigo a ser submetido à Revista Physiology and Behavior.

Page 60: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Resumo

A expressão do comportamento de cuidado à prole está associada à

responsividade do cuidador as pistas sensoriais provenientes dos infantes, tais como

sua visão e vocalização, que levarão a ocorrência de interação social e ao

comportamento de carregar. O objetivo desse estudo foi avaliar a resposta

comportamental e hormonal de 12 machos adultos não reprodutores de sagüi a visão

de um filhote recém-nascido alojado em uma caixa de acrílico (caixa teste) colocada

em sua gaiola-viveiro. Seis dos doze machos utilizados tinham experiência prévia no

cuidado aos filhotes. Cada macho foi testado em 2 condições: a) Controle: a caixa

teste vazia foi colocada na gaiola-viveiro do macho não reprodutor por 15 minutos;

e b) Experimental: o macho foi exposto a filhotes colocados na caixa teste. A caixa

foi mantida fechada de forma a não permitir o contato auditivo, olfativo e físico

entre os animais testados e os filhotes. Após cada sessão de observação, amostras de

sangue foram coletadas para avaliação dos níveis circulantes de cortisol. A resposta

comportamental dos machos adultos foi significativamente influenciada pela visão

dos infantes. Os machos se aproximaram, cheiraram e passaram mais tempo

próximo da caixa teste quando o infante estava presente do que na condição

controle. Os níveis de cortisol não variaram após a exposição ao infante, não foram

influenciados pela experiência prévia no cuidado e nem pela exposição sucessiva

aos filhotes. Sugere-se que a prontidão do cuidador em potencial em resposta ao

filhote recém-nascido é fortemente influenciada por sinais sensoriais advindos dos

filhotes, como sua visão, provavelmente por facilitar a aproximação e permanência

do cuidador próximo e, conseqüentemente a ocorrência de carregar. Todavia, o

componente hormonal não foi influenciado pelo tipo de pista sensorial utilizada

nesse estudo.

Page 61: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Introdução O cuidado aloparental é descrito na literatura como sendo aquele fornecido

aos infantes por indivíduos não reprodutores do grupo familiar, como também por

animais não aparentados. Esse cuidado envolve o transporte, o provisionamento

alimentar, a catação, a limpeza corporal e os comportamentos de socialização dos

infantes, como a brincadeira social (Tardif, 1997). Dentre os mamíferos, podemos

observar o cuidado aloparental em canídeos (Moehlman e Hofer, 1997), roedores

(Solomon e Getz, 1997) e primatas da família Callitrichidae (Bales et al. 2000).

Neste último grupo, todos os membros da unidade social são atraídos pelos

infantes logo após seu nascimento, passando rapidamente a expressar o

comportamento parental (Yamamoto et al. 1996). Todavia, o cuidado é exercido

principalmente por indivíduos adultos e subadultos, com os juvenis carregando os

filhotes por menos tempo (Ingram, 1977, Yamamoto e Box, 1997). Essa variação no

padrão de carregar entre os indivíduos de idades diferentes parece estar relacionada

como a inexperiência no cuidado, a impossibilidade de acesso aos filhotes causada

pelos indivíduos dominantes do grupo e o seu pequeno tamanho corporal relativo ao

peso dos infantes após o nascimento (Ingram, 1977). Dentre os calitriquídeos,

Callitrhix jacchus e Saguinus oedipus são as espécies mais amplamente estudadas

com relação à modulação hormonal e não-hormonal do comportamento materno,

paterno e aloparental.

A exibição de cuidado está associada a estímulos sensoriais provenientes dos

infantes tais como sua vocalização, sua visão, seu cheiro e seu toque, os quais

podem influenciar significativamente a resposta comportamental e hormonal em

animais de ambos os sexos. Além disso, Rosenblatt et al. (1979) verificou mudança

na responsividade pelos cuidadores após a exposição prolongada a essas pistas

sensoriais. De acordo com Poindron e Le Neindre (1980), a exposição dos animais a

essas características dos filhotes parece estar relacionada com a manutenção do

cuidado materno. Em roedores, ratos sem experiência reprodutiva de ambos os sexos

Page 62: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

quando apresentados a filhotes recém-nascidos mostram comportamento de evitação

e aversão. Todavia após a exposição sucessiva a infantes, os animais se habituam e

passam a exibir comportamentos de cuidado, como aproximação, lamber,

recuperação, entre outros (Fleming e Luebke, 1981). Fêmeas virgens alojadas com

filhotes em gaiolas pequenas por 2 a 5 dias exibem comportamento materno.

Semelhantemente, Brown e Moger (1983) verificaram a inibição de comportamento

infanticida e a apresentação de comportamento parental por machos virgens quando

expostos sucessivamente a infantes.

A participação dos indivíduos no cuidado aos filhotes também influencia seu

perfil de liberação de glicocorticóides (cortisol ou corticosterona). Em roedores,

Koranyi et al. (1977) avaliaram as mudanças hormonais em fêmeas virgens de ratos

expostas a filhotes recém-nascidos (3-7 dias de vida) e, observaram um aumento nos

níveis de corticosterona uma hora após a exibição do comportamento de

recuperação. Estudo desenvolvido por Rees et al. (2004) também mostrou que a

administração de altas doses desse hormônio nas fêmeas modifica seu padrão

comportamental pelo maior tempo de permanência próximas ao ninho, agachadas

sobre e lambendo os filhotes quando comparado aquelas fêmeas que receberam

baixas doses de corticosterona. Semelhantemente, fêmeas de ovelhas apresentaram-

se mais maternais após a administração de glicocorticóides (Keverne e Kendrick,

1991).

Em primatas humanos e não-humanos, a relação entre a estimulação sensorial

pelos filhotes e a resposta hormonal e comportamental dos cuidadores também tem

se mostrado verdadeira. Em humanos, mães inexperientes com níveis elevados de

cortisol mostram-se mais atraídas e mais responsivas aos odores do bebê do que as

mulheres não mães com baixa concentração de cortisol. (Fleming et al. 1997). Além

disso, mães com níveis elevados desse hormônio foram aquelas que reconheceram

mais rapidamente o odor do seu filho. Diferentemente, Bahr et al. (1998)

encontraram uma correlação negativa entre as concentrações de cortisol urinário e o

tempo gasto carregando e interagindo afiliativamente com os filhotes em grupos de

Page 63: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

gorilas. Em Callithrix kuhli, machos com níveis elevados de cortisol carregam

menos os infantes (Nunes et al. 2001). Essa discrepância na relação entre as

concentrações de cortisol e comportamento parental em humanos e outras espécies

pode representar diferenças interespecíficas do papel do hormônio no

comportamento parental.

O sagüi comum, C. jacchus, por ser membro de uma família de primatas do

Novo Mundo caracterizada pelo cuidado cooperativo da prole, pelo fácil manuseio e

por sua grande capacidade de adaptação à vida em cativeiro (Hearn, 1983, Epple,

1970), se apresenta como um excelente modelo para o estudo da modulação

hormonal e não hormonal no cuidado aloparental. Assim, o objetivo desse estudo foi

avaliar a resposta comportamental e hormonal de machos adultos não reprodutores

de sagüi expostos a visão de filhotes recém-nascidos não aparentados.

Page 64: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Metodologia Animais Foram utilizados 12 machos de sagüi comum, Callithix jacchus, nascidos em

cativeiro e pertencentes ao Núcleo de Primatologia da UFRN. Todos os animais

utilizados eram adultos com idade entre 28 e 48 meses. Seis machos foram expostos

a pistas sensoriais provenientes dos infantes pela primeira vez durante a execução do

estudo, enquanto os outros animais já tinham experiência prévia quanto às pistas

testadas quando vivendo com seu grupo familiar (uma prole).

Cada animal foi mantido em uma gaiola medindo 2.00 x 1.00 x 2.00m

localizada na área externa do Núcleo, sob condições semi-naturais de temperatura,

umidade e ciclo claro-escuro. A dieta alimentar oferecida consistiu de 2 refeições

diárias, sendo uma papa protéica oferecida pela manhã e frutas variadas à tarde.

Além disso, os animais também receberam, após as coletas de sangue, uma

suplementação oral de ferro e complexo vitamínico.

Procedimento Experimental

A responsividade aloparental dos machos adultos foi avaliada utilizando-se

infantes recém-nascidos de sagüi com 15 a 20 dias de vida de ambos os sexos como

estímulo visual. Cada animal experimental foi testado em 2 condições: a) Controle:

o experimentador colocou no interior da gaiola-viveiro dos animais experimentais

uma caixa de acrílico transparente (caixa teste) vazia medindo 0,4 x 0,4 x 0,4 m por

15 minutos, e b) Exposição ao filhote: a caixa teste foi colocada na gaiola-viveiro

por 15 minutos e tinha no seu interior um filhote recém-nascido (Figura 1). A caixa

era constituída de uma dupla camada de acrílico com vedação que não permitia a

comunicação auditiva, olfativa e física do animal testado com o filhote. Os testes

Page 65: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

foram realizados 2 vezes por semana, ao longo de 2 semanas, totalizando 4 testes

para cada indivíduo em cada condição experimental. A observação da resposta

comportamental dos machos não reprodutores foram realizadas entre 10:00 e

12:30hs pelo método focal continuo. As variáveis comportamentais registradas estão

descritas na Tabela 1.

Figura 1. Procedimento Experimental: caixa teste vazia (A) e com o infante em seu interior (B)

Caixa Teste

B

A

Page 66: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Tabela 1. Variáveis comportamentais registradas durante as sessões de observação

comportamental de machos adultos não reprodutores de sagüi, Callithrix jacchus.

Variáveis Comportamentais Descrição

Deslocamento As gaiolas-viveiro foram divididas em quadrantes de 38cm cada, totalizando cerca de 60 divisões. Os deslocamentos efetuados pelo animal focal entre um quadrante e outro foram contabilizados como 1 deslocamento.

Marcação de cheiro Número de vezes que o animal focal esfrega a região anogenital em alguma superfície da gaiola.

Aproximação/ Afastamento Número de vezes que o animal focal se aproxima ou se afasta da caixa de acrílico na qual está o filhote ultrapassando o limite de 15 cm por pelo menos 3 segundos.

Proximidade Intervalo de tempo em segundos que o animal fica próximo à fonte a gaiola do infante a uma distância mínima de 15 cm por pelo menos 3 segundos.

Cheirar/ Lamber Número de vezes que o animal focal cheira ou lambe a caixa na qual está o filhote.

Coleta de sangue

As coletas de sangue foram realizadas imediatamente após as sessões de

observação comportamental em ambas as condições para avaliar os níveis

plasmáticos de cortisol. Após a captura e contenção de cada macho, foi coletado 0,5

ml de sangue por punção da veia femural. As amostras de sangue foram coletadas

dentro de 80-150 s após a captura dos animais. Após esse procedimento, o sangue

foi centrifugado por 10 minutos/3000 rpm, separado do plasma e estocado no freezer

a -20 C, para análise dos níveis de cortisol pelo método imunoenzimático (EIA).

Page 67: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Dosagem do Cortisol

Os níveis plasmáticos de cortisol foram analisados no Laboratório de

Medidas Hormonais do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte pelo método imunoenzimático (ELISA) conforme metodologia

desenvolvida por Munro e Stabenfeldt (1984). Os coeficientes intra- e inter-ensaio

de variação foram 1.09 e 7.78%, respectivamente.

Análise Estatística A análise estatística foi realizada através de testes paramétricos e não

paramétricos tendo em vista a normalidade dos dados.

Para comparar a resposta comportamental dos machos experimentais entre as

duas condições testadas (controle x exposição filhote) foi utilizado o teste de

Wilcoxon matched-pairs signed-ranks test (Z) para amostras dependentes. O efeito

do estímulo visual do infante nos níveis plasmáticos de cortisol foi avaliado através

do Teste t de Student para amostras dependentes. Para avaliar o efeito da experiência

prévia do cuidador na resposta comportamental e hormonal foram utilizados o teste

de Mann Whitney U e o teste t de Student para amostras independentes,

respectivamente. Para avaliar a resposta comportamental e hormonal dos machos

adultos entre os dias de exposição à visão de infantes recém-nascidos foi utilizado o

teste de Friedman (F) e ANOVA para medidas repetidas, respectivamente. O nível

de significância foi de p ≤ 0.05.

Page 68: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Resultados Resposta Comportamental

A resposta comportamental dos machos adultos de sagüi foi

significativamente influenciada por sua exposição a infantes recém-nascidos

colocados na caixa teste. Os machos se aproximaram e se afastaram mais da caixa

quando o filhote estava no seu interior do que quando ela estava vazia. Eles também

cheiraram mais e permaneceram mais tempo próximos ao aparato quando os filhotes

estavam presentes quando comparado com a condição controle (caixa teste vazia)

(aproximação: Z = 4.07, n = 48, p = 0.000; afastamento: Z = 3.58, n = 48, p =

0.000; cheirar: Z = 3.88, n = 48, p = 0.000; proximidade: Z = 5.28, n = 48, p =

0.000). (Figura 2A e 2B). As demais variáveis comportamentais não variaram

significativamente entre as condições testadas (marcação: Z = 1.3, n = 48, p = 0.19;

lamber: Z = 1.33, n= 48, p = 0.18; deslocamento: Z = 1.40, n = 48, p = 0.19)

(Figura 2A e 2C).

A comparação dentro de cada grupo experimental também mostrou diferença

significativa na responsividade dos machos à visão do filhote alojado na caixa teste.

O padrão comportamental dos machos experientes e não experientes foi semelhante

quando avaliado entre as condições controle e de exposição ao infante, à exceção do

número de afastamento dos machos não experientes que não se modificou

(Experiente: aproximação: Z = 3.55, n = 24, p = 0.000; afastamento: Z = 3.29, n =

24, p = 0.000; cheirar: Z = 2.90, n = 24, p = 0.003; proximidade: Z = 4.1, n = 24, p

= 0.000; Não experiente: aproximação: Z = 2.13, n = 24, p = 0.032; afastamento:

Z= 1.67, n= 24, p= 0.09; cheirar: Z = 2.50, n = 48, p = 0.012; proximidade: Z =

3.21, n = 48, p = 0.001). Ambos os grupos de machos não reprodutivos se

aproximaram, se afastaram, cheiraram e permaneceram por mais tempo próximo a

caixa na qual estava o filhote do que na condição controle (Figuras 3A e 3B). Apesar

Page 69: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

da semelhança na resposta comportamental entre os grupos, os machos experientes

se mostram mais responsivos ao filhote do que os não experientes. As demais

variáveis comportamentais não variaram significativamente entre as condições

(Experientes: marcação: Z = 1.61, n = 24, p = 0.10; lamber: Z = 0.73, n= 24, p =

0.43; deslocamento: Z = 0.98, n = 24, p = 0.32; Não experiente: marcação: Z =

0.15, n = 28, p = 0.87; lamber: Z = 1.18, n= 24, p = 0.23; deslocamento: Z = 0.97, n

= 24, p = 0.33) (Figura 3A e 3C).

Com relação ao efeito da experiência prévia no cuidado entre os grupos

investigados, não foi encontrada diferença significativa na resposta comportamental

entre os animais experientes e inexperientes (Controle: aproximação: U = 283, n =

24, p = 0.91; afastamento: U = 279, n = 24, p = 0.85; proximidade: U = 248, n = 24,

p = 0.40; marcação de cheiro: U = 283, n = 24, p = 0.92; deslocamento: U = 286, n

= 24, p = 0.97; cheirar: U = 270, n = 24, p = 0.71; lamber: U = 276, n = 24, p =

0.80; Exposição ao filhote: aproximação: U = 221, n = 24, p = 0.16; afastamento:

U = 231, n = 24, p = 0.23; proximidade: U = 202, n = 24, p = 0.07; marcação de

cheiro: U = 206, n = 24, p = 0.09; deslocamento: U = 270, n = 24, p = 0.71; cheirar:

U = 268, n = 24, p = 0.68; lamber: U = 255, n = 24, p = 0.49). Todavia, os valores

registrados de todos os comportamentos investigados foram maiores para os machos

experientes, com exceção para as freqüências de lamber e deslocamento.

Page 70: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

0

50

100

150

200

250

Proximidade

Du

raç

ão

(s

) (s

)

*

B

0

30

60

90

120

150

Deslocamento

Fre

qu

ên

cia

a

C

Figura 2. Freqüência e duração médias (X ± EPM) dos comportamentos apresentados pelos machos adultos não reprodutores de sagüi, Callithrix jacchus, diante da caixa teste vazia (barras brancas) e da caixa teste com o infante recém-nascido não-aparentado (barras pretas). * indica diferença estatística significante (Wilcoxon, p ≤ 0.05).

0

2

4

6

8

Marcação Cheirar Lamber Aproximação Afastamento

Fre

qu

ên

cia

c

Caixa vazia

Caixa com infante

*

*

*

A

Page 71: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

0

2

4

6

8

Exp Inexp Exp Inexp Exp Inexp Exp Inexp Exp Inexp

Fre

qu

ên

cia

u

Caixa vazia

Caixa c/ infante

Marcação Cheirar Lamber Aproximação Afastamento

*

*

*

* *

A

0

100

200

300

400

Exp Inexp

Du

raç

ão

(s

)o

Proximidade

*

*

B

0

30

60

90

120

150

Exp Inexp

Fre

qu

ên

cia

y

Deslocamento C

Figura 3. Freqüência média e duração média (X ± DP) dos comportamentos apresentados pelos machos adultos não reprodutivos de sagüi experientes e não experientes no cuidado aos filhotes, Callithrix jacchus, em resposta a caixa vazia (barras brancas) e a caixa com infante recém nascido. * indica diferença estatística significante (Wilcoxon, p ≤ 0.05).

Page 72: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

A comparação da resposta comportamental dos machos não reprodutivos

entre os dias de testes ou após exposição sucessiva aos filhotes não mostrou

diferença significativa como mostra a Tabela 2.

Além disso, quando avaliamos a resposta comportamental dentro de cada

grupo experimental (se experiente ou não experiente no cuidado à prole) também

não foi encontrada diferença significativa nos comportamentos analisados entre os

dias de exposição sucessiva à visão dos filhotes.

Tabela 2. Resposta comportamental (X ± EPM) dos machos adultos não reprodutores de sagüi, Callithrix jacchus, nos dias sucessivos de exposição à visão dos filhotes recém-nascidos (Teste de Friedman, p ≤ 0,05).

Comportamento Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 p

Marcação 1.00 ± 0.34 0.91 ± 0.24

1.33 ± 0.10

1.75 ± 0.16

n = 12, df= 3, p = 0.28

Cheirar 1.50 ± 0.24 2.00 ± 0.35

2.91 ± 0.18

2.33 ± 0.15

n = 12, df = 3, p = 0.26

Lamber 1.30 ± 0.21 1.00 ± 0.30

1.11 ± 0.19

1.33 ± 0.16

n = 12, df = 3, p= 0.56

Aproximação 5.33 ± 1.24 6.00 ± 0.85

5.50 ± 0.88

5.00 ± 0.85

n = 12, df = 3, p= 0.45

Afastamento 4.91 ± 0.44 5.41 ± 0.38

5.16 ± 0.48

3.91 ± 0.85

n = 12, df = 3, p = 0.57

Proximidade 135.33 ± 24.60

162.58 ± 32.54

147.66 ± 27.98

164.16 ± 21.65

n = 12, df = 3, p = 0.11

Deslocamento 55.25 ± 14.21

49.83 ± 15.29

43.54 ± 18.97

58.43 ± 15.34

n = 12, df = 3, p = 0.31

Page 73: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Resposta hormonal

A avaliação dos níveis plasmáticos de cortisol dos machos adultos de sagüi

não mostrou uma variação significativa após sua exposição à caixa teste com o

infante (t = 1.28, n = 48, p = 0.20) como mostra a Figura 4A. Semelhantemente, a

comparação dentro de cada grupo experimental não mostrou diferença significativa

nos níveis hormonais em resposta ao estímulo testado (Experiente: t = -0,20, n = 24,

p = 0.83; inexperiente: t = 1.93, n = 24, p = 0.06) (Figura 4B). A comparação dessa

resposta entre machos experientes e inexperientes na condição controle e após a

exposição ao filhote não mostrou efeito da experiência prévia no perfil hormonal dos

animais (Antes: t = 1.69, n = 24, p = 0.09; exposição ao filhote: t = -0,01, n = 24, p =

0.99).

Não foi verificada diferença significativa nos níveis plasmáticos de cortisol

dos machos entre os dias de observação ou após exposição contínua aos filhotes,

como mostrado na Tabela 3.

Tabela 3. Níveis plasmáticos de cortisol em ng/ml (X ± DP) dos machos adultos não reprodutivos de sagüi, Callithrix jacchus, nos dias de exposição à visão dos filhotes recém-nascidos. (Anova para medidad repetidas, p ≤ 0,05).

Grupo Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 p

Machos 1170 ± 87 970 ± 64

1053 ± 64

982 ± 0.16

n = 12, F= 1.56, p = 0.13

Experientes 1059 ± 47 1186 ± 58

1157 ± 51

1040 ± 43

n = 6, F= 0.98, p = 0.53

Inexperientes 1181 ± 43 1123 ± 65

1149 ± 40

1109 ± 48

n = 6, F= 1.01, p = 0.47

Page 74: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Figura 4. Níveis médios (X ± EPM) de cortisol plasmático de machos adultos de sagüi diante caixa teste vazia (barra branca) e caixa teste com infante recém-nascido não-aparentado (barra preta) (A) e para os animais experientes e não experientes nas duas condições testadas (B).

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Co

rtis

ol

(n

g/m

l)l)

ls Caixa vazia

Caixa c/ infante

A

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Experiente Inexperiente

Cort

isol (n

g/m

l)m

l)

B

Page 75: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Discussão

A exposição de machos adultos não reprodutivos de sagüi à visão de filhotes

recém-nascidos influenciou significativamente sua resposta comportamental. De

modo geral, a maioria dos machos se mostrou interessado e responsivo ao infante, o

que foi evidenciado pelo maior número de aproximações e afastamentos da caixa

teste, e por sua maior permanência e exploração (cheirar) do aparato utilizado. A

responsividade aumentada pode também ser evidenciada pela elevada freqüência de

aproximações e tempo de proximidade dos animais junto ao aparato no primeiro dia

de exposição, a exceção de um animal que não respondeu a apresentação do

estímulo. Isso demostra a variabilidade individual na responsividade aos estímulos

sensoriais dos infantes como evidenciado por Zahed et al (2008) utilizando pais

experientes de sagui. Nesse estudo os autores encontraram variação individual na

responsividade dos pais quando expostos a vocalização de filhotes familiares e não

familiares.

A comunicação entre primatas é construída por diferentes tipos de sinais, os

quais são transmitidos por quatro vias: a via visual (por ex., posturas e movimentos

corporais, piloereção, expressões faciais, Krebs e Davies, 1996), a via tátil (por ex.,

catação social, toques e contato corpóreo, Mendes e Ades, 2000); a via auditiva ou

vocal (por ex., sinais produzidos pelo aparato vocal, vocalizações, Mendes e Ades,

2004); e a via química (por ex., secreções glandulares e urinárias, Gosling et al.

1996). Dentre esses canais, o sinal visual é uma pista importante, especialmente para

animais que vivem no campo, na detecção de predadores, fontes alimentares e

necessidades de cuidado pelos filhotes.

Segundo Ehardt e Blount (1984), filhotes de macaca japonesa podem solicitar

a atenção, aproximação e interação física materna através de posturas e expressões

faciais. Estudo desenvolvido em humanos (Bowbly, 1982) apóia a afirmação de que

características faciais (traços infantis) são elementos essenciais na determinação da

Page 76: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

atratividade exercida pelos infantes, os quais evoluíram para iniciação do cuidado

parental pelos adultos. Em calitriquídeos, os infantes são muito atrativos para todos

os membros do grupo social e os ajudantes competem com os animais reprodutores

quanto às oportunidades de carregar (Price, 1991; Yamamoto e Box, 1997). Tendo

em vista esses aspectos, as pistas sensoriais provenientes de infantes, como sua visão

pode promover a proximidade física do cuidador. Nesse sentido, nosso estudo foi o

primeiro a investigar o efeito dessa pista sensorial isolada na ausência de outros

possíveis sinais emitidos pelos filhotes, como sua vocalização, cheiro e contato

físico.

Estudo realizado por Pryce et al. (1993) usando um paradigma de

condicionamento operante mostrou que além do estímulo vocal, a pista visual pode

ser utilizada para testar a responsividade parental em fêmeas adultas de sagüi. Para

tal, os animais foram treinados a pressionar uma barra para ter acesso à visão de uma

réplica de filhote. Os autores observaram que tanto fêmeas multíparas como

primíparas respondiam positivamente à pista visual, o que foi confirmado pela alta

freqüência de pressão na barra de acesso ao estímulo. Todavia, o interesse e a

motivação das fêmeas na busca pelo estímulo visual diminuíram ao longo das

sessões de testes. Diferentemente, no nosso estudo, a responsividade dos machos à

visão de infantes se manteve ao longo das exposições. Essa diferença entre os dois

estudos pode estar relacionada a dois fatores. Primeiro, o estímulo usado no estudo

de Pryce et al (1993) não variou entre os testes (réplica de filhote), o que pode ter

levado a habituação das fêmeas e, portanto a diminuição de sua motivação pelo

acesso a pista. Em contraste, no nosso estudo os sujeitos experimentais foram

expostos a filhotes vivos diferentes em cada sessão de observação comportamental,

o que pode ter contribuído para manutenção da responsividade do cuidador

potencial. Logo, esses fatores provavelmente contribuíram para a elevação da

resposta comportamental dos machos não reprodutores no nosso estudo.

Além da estimulação visual, outras pistas sensoriais tem sido eficazes na

modulação do comportamento de cuidado desses animais. Em Callithrix jacchus,

Page 77: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

um maior número de aproximações e tempo de contato pelos cuidadores foi

verificado quando os infantes vocalizavam do que nos períodos em que a pista vocal

estava ausente (Snowdon, 1997, Elowson et al. 1998). Recentemente, Zahed et al

(2008) mostraram que os pais de sagüi responderam rapidamente a vocalizações de

infantes, o que foi confirmado pela freqüência aumentada de aproximações,

manipulação da fonte sonora e pelo tempo gasto em proximidade do aparato onde o

estímulo sonoro estava presente. Vale salientar que os machos responderam de

forma semelhante a seus próprios filhotes e a filhotes estranhos. Estudo

desenvolvido em nosso laboratório mostrou que os machos adultos não reprodutores

de sagüi quando expostos a vocalização de filhotes recém-nascidos não aparentados

se aproximaram e passaram mais tempo próximo ao aparato eletrônico (gravador)

usado para a reprodução da vocalização dos infantes do que quando nenhum som era

apresentado (Barbosa, Franci e Mota, submetido).

O padrão comportamental dos machos não foi influenciado pela experiência

prévia no cuidado aos filhotes. Machos experientes e não experientes foram ambos

responsivos à visão do filhote no aparato desde o primeiro dia de exposição. Esses

dados são semelhantes aos descritos por Roberts et al (2001) que não verificaram

diferença na resposta de machos e fêmeas de sagüi não reprodutores experientes e

inexperientes a filhotes. Dez dos dezessete machos usados se aproximaram e

recuperaram filhotes no primeiro dia de exposição. Além disso, em camundongos da

espécie Microtus ochrogaster 70% dos animais não reprodutores de ambos os sexos

exibiram o comportamento parental no primeiro dia de teste com filhotes, sugerindo

que o comportamento aloparental pode ser expresso independentemente da

experiência previa no cuidado e da influência dos hormônios da gravidez e parto

(Roberts et al. 1999).

O papel da experiência prévia na expressão do cuidado à prole é amplamente

discutido por vários estudos com calitriquídeos, mas não há concordância quanto a

sua relação com o sucesso na criação dos filhotes. Evidências obtidas com Saguinus

oedipus (Tardif et al. 1984; Ziegler et al. 1996), Leontopithecus rosalia (Baker e

Page 78: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Woods, 1992), Callithrix kuhli (Nunes et al. 2001) e Callithrix jacchus (Ingram,

1977) mostram que a experiência prévia no cuidado é importante para o sucesso

reprodutivo dos animais, com os animais experientes mostrando-se mais

competentes e expressando maiores índices de comportamento parental. Por outro

lado, Tardif et al. (1992) não encontraram diferença significativa na duração dos

episódios de carregar os infantes entre machos subadultos de S. oedipus experientes

e inexperientes. Em C. jacchus, Yamamoto e Box (1997) encontraram que os

ajudantes subadultos inexperientes recuperam mais rápido, carregam mais

freqüentemente e por longo período os infantes do que os animais experientes,

sugerindo que a experiência diminui a motivação para interagir com o infante entre

os animais subadultos. No presente estudo, apesar de não ter sido encontrada

diferença significativa na responsividade dos animais à visão de infantes com

relação à experiência prévia no cuidado, os machos experientes apresentaram

valores mais elevados em quase todos os comportamentos investigados que os não

experientes, sugerindo que a experiência anterior pode influenciar, mas não

determinar a expressão do comportamental de cuidado em sagüi e em outras

espécies.

No que diz respeito ao componente hormonal do cuidado, não foi encontrada

variação significativa nos níveis de cortisol plasmático dos machos adultos, nem

com relação a sua experiência prévia no cuidado a prole. Os níveis de cortisol dos

animais não aumentaram entre a condição controle e a exposição ao filhote.

Todavia, foi verificada uma diminuição nos níveis hormonais após a exposição

sucessiva. Assim, a estimulação visual pela colocação do filhote no aparato não

induziu modificação nos níveis hormonais dos machos, sugerindo um menor grau de

alerta ou responsividade por esses animais ou que a via visual tem papel importante

apenas na determinação da resposta comportamental. Vale salientar que estudo feito

com o sagüi em nosso laboratório mostrou elevação nos níveis de cortisol quando

machos adultos foram expostos a vocalização de filhotes recém-nascidos. Esses

achados sugerem que o significado das pistas sensoriais advindas dos filhotes

Page 79: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

recém-nascidos pode ser diferente para os cuidadores, o que poderia influenciar

diferentemente sua resposta comportamental e hormonal. Nesse caso, a pista sonora

poderia ser considerada como primária levando a uma modificação nas respostas

comportamental e hormonal pelo cuidador, enquanto a pista visual teria um papel

complementar sob a responsividade dos animais do grupo social. Diferentemente,

estudo realizado por Saltzman e Abbott (2005) com C. jacchus verificou um

aumento dos níveis plasmáticos de cortisol em fêmeas reprodutoras após a

exposição a pistas sensoriais dos infantes não familiares (visão, toque, vocalização).

Os autores sugerem que o aumento nos níveis de cortisol não estava relacionado à

exposição a filhotes não familiares, mas sim ao estresse durante o procedimento

experimental pelo uso de colar nas fêmeas para impedir a agressão ao filhote durante

os testes.

É importante mencionar que o cortisol tem sido associado negativamente com

o comportamento parental em fêmeas de primatas não humanos (Bahr et al. 1998;

Bardi et al. 2001), mas positivamente com esse comportamento em humanos

(Fleming et al. 1997). Mães que apresentam altos níveis de cortisol plasmático

interagem mais afiliativamente com seus bebês (Fleming et al. 1997), são mais

reativas a sua vocalização (Stallings et al. 2001) e aos seus odores (Fleming et al.

1997). Com relação aos pais, também foi observado um aumento nos níveis de

cortisol plasmático após sessões de exposição ao choro de bebês (Fleming et al.

2002). O cortisol elevado parece ser importante para aumentar o estado de alerta e

de prontidão do cuidador em responder aos sinais sensoriais da prole.

Sugere-se que a exposição de um possível cuidador a pistas visuais de

filhotes de sagüi se mostra importante elemento modulador da responsividade

aloparental, provavelmente por facilitar sua aproximação e, conseqüentemente a

interação social e o comportamento de carregar. Além disso, esse tipo de sinal (por

ex, posturas, movimentos e expressões faciais) pode sinalizar ao cuidador a

necessidade de cuidado. A experiência prévia no cuidado e os níveis de cortisol

Page 80: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

parecem não estar relacionados com a iniciação de comportamentos de aproximação

do cuidador em resposta ao estímulo visual pelos filhotes.

Referências Bahr, N. I., Pryce, C. R., Dobeli, M. e Martin, R. D. (1998) Evidence from urinary

cortisol that maternal behavior is related to stress in gorillas. Physiology and

Behavior, 64: 429-437.

Baker, A. J., Woods, F. (1992) Reproduction of the emperor tamarin (Saguinus

imperator) in captivity, wich comparison to cotton-top and golden lion tamarins.

American Journal of Primatology, 26: 1-10.

Bales, K., Dietz, J. M., Baker, A., Miller, K. e Tardif, S. D. (2000) Effects of

allocare-givers on fitness of infants and parents in Callitrichid primates. Folia

Primatologica, 71: 27-38.

Bardi, M., Shimizu, K., Fujita, S., Borgognini-Tarli, S. e Huffman, M. A. (2001)

Hormonal correlates of maternal style in captive macaques (Macaca fuscata, M.

mulatta). International Journal of Primatology, 22: 647-662.

Bowbly, J. 1982. Formação e rompimento de laços afetivos.– Abordagem etológica

da pesquisa sobre desenvolvimento infantil, SP: Martins Fontes. pp. 23-40.

Brown, R. E. e Moger, W. H. (1983) Hormonal correlates of parental behavior in

male rats. Hormones and Behavior, 17: 356-365.

Elowson, M; Snowdon, C. T; Lazaro-Perea, C. 1998. “Babbling”and social context

in infant monkeys: parallels to human infants. Trends in Cognitive Sciences,

2(1):31-37.

Ehardt, C. L.; Blount, B. G. (1984). Mother-infant visual interaction in japanese

macaques. Developmental Psychobiology, v. 17, n. 4, p. 391-405.

Epple, G. (1970) Maintenance, breeding and development of marmoset monkeys

(Callitrichidae) in captivity. Folia Primatologica, 12:56-76.

Page 81: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Fleming, A. S. e Luebke, C. (1981) Timidity prevents the virgin female rat from

being a good mother: emotionality differences between nulliparous and

parturient females. Physiology and Behavior, 27 (5): 863-868.

Fleming, A. S., Steiner, M. e Corter, C. (1997) Cortisol, hedonics, and maternal

responsiveness in human mothers. Hormones and Behavior, 32: 85-98.

Fleming, A. S., Corter, C., Stallings, J. Steiner, M. (2002) Testosterone and prolactin

are associated with emotional responses to infant cries in new fathers. Hormones

and Behavior, 42: 399-413.

Gosling, L. M.; Atkinson, N. M.; Collins, S. A.; Roberts, R. J. & Walters, R. L.

(1996). Avoidance of scent-marked areas depends on the intruder’s body size.

Behaviour,133, 491-502.

Hearn, J. P. (1983) The common marmoset (Callithrix jacchus). Em: J. H. Hearn

(ed.) Reproduction in New World Primates. New Models in Medical Science.

MTP Press Limited, Boston, USA. Pp. 183-216.

Ingram, J. C. (1977) Interactions between parents and infants and the development

of independence in commom marmoset (Callithrix jacchus). Animal Behaviour,

25: 811-827.

Kervene, E. B e Kendrick, K. M. (1991) Morphine and corticotrophin-releasing

factor potentiate maternal acceptance in multiparous ewes after vaginocervical

stimulation. Brain Research, 540 (1-2): 55-62.

*Krebs, J. R. & Davies, N. B. (1996). Introdução à ecologia comportamental.

Editora Ateneu, São Paulo, 349-374.

Koranyi , L., Phelps, C. P., Sawyer, C. H. (1977) Changes in serum prolactin and

corticosterone in induced maternal behavior in rats. Physiology and Behavior,

18(2): 287-292.

Mendes, F. D. C. & Ades, C. (2000). Sociedade alternativa dos muriquis. Ciência

Hoje, 27, 72-74.

Page 82: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Mendes, F. D. C. & Ades, C. (2004). Vocal sequential exchanges and intragroup

spacing in the Northern Muriqui Brachhyteles arachnoides hypoxanthus. Anais

da Academia Brasileira de Ciências, 76, 399-404.

Munro, C. Stabenfeldt, G. (1984) Development of a microtitre plate enzyme

immunoassay for the determination of progesterone. Journal of Endocrinology,

101:41-49.

Nunes, S., Fite, J. E., Patera, K. J. e French, J. A. (2001) Interactions among paternal

behavior, steroid hormones, and parental experience in male marmosets

(Callithrix kuhlli). Hormones and Behavior, 39: 70-82.

Poindron, P. e Le Neindre, P. (1980) Endocrine and sensory regulation of maternal

behavior in the ewe. Em: J. S. Rosenblatt., R. A. Hinde., C. Beer. e M. C.

Busnel. (eds.) Advances Study of Behavior. Vol. 11. Academic Press, New

York. pp. 75-119.

Price, E. C. (1991) Competition to carry infants in captive families of cotton-top

tamarins (Saguinus oedipus). Behavior. 118: 66-88.

Pryce, C. R; Dobeli, M. Martin, R. D. (1993) Effects of sex steroids on maternal

motivation in the common marmoset (Callithrix jacchus): Development and

application of an operant system with maternal reinforcement. Journal of

Comparative Psychology. 1:99-115.

Rees, S. L., Panesar, S., Steiner, M. e Fleming, A. S. (2004) The effects of

adrenalectomy and corticosterone replacement on maternal behavior in the

postpartum rat. Hormones and Behavior, 46: 411-419.

Roberts, R. L., Miller, A. K., Taymans, S. E., Carter, S. (1999) Role of social and

endocrine factors in alloparental behavior of prairie voles (Microtus

ochrogaster). Canadian Journal of Zoology. 76(10): 1862-1868.

Roberts, R.L., Jenkins, K.T., Lawler, T., Wegner, F.H., Newman, J.D., 2001.

Bromocriptine administration lowers serum prolactin and disrupts parental

responsiveness in common marmosets (Callithrix jacchus). Hormones and

Behavior. 39, 106-112.

Page 83: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Rosenblatt, J. S., Siegel, H. I. e Mayer, A. D. (1979) Progress in the study of

maternal behavior in the rat: hormonal, nonhormonal, sensory, and

developmental aspects. Em: J. S. Rosenblatt., R. A. Hinde., C. Beer. e M. C.

Busnel. (eds.) Advances Study of Behavior. Vol. 10. Academic Press, New

York. pp. 225-311.

Saltzman, W. e Abbott, D. H. (2005) Diminished maternal responsiveness during

pregnancy in multiparous female common marmosets. Hormones and Behavior,

47: 151-163.

Solomon, N. G. e Getz, L. L (1997) Examination of alternative hypotheses for

cooperative breeding in Rodentia. Em: N. G. Solomon e J. A. French. (eds.)

Cooperative Breeding in Mammals. Cambridge: Cambridge University Press. pp.

199-230.

Snowdon, C. T. 1997. Affiliative processes and vocal development. Annals of the

New York Academy of Sciences. 807:340-351.

Stallings, J. e Fleming, A. S., Corter, S., Worthman, C. e Steiner, M. (2001) The

effects of infant cries and odors on sympathy, cortisol and autonomic responses

in new mothers and nonpostpartum women. Parent Science Pract, 1(1): 71-100.

Tardif, S.D., Carson, R.L., Gangaware, B.L., 1984. Comparison of infant care in

family groups of the common marmoset (Callithrix jacchus) and the cotton-top

tamarin (Saguins oedipus). Am. J. Primatol. 22, 73-85.

Tardif, S.D., Carson, R.L. and Gangaware, B.L. 1992. Infant-care behavior of non-

reproductive helpers in a communal-care primate, the cotton-top tamarin

(Saguinus oedipus). Ethol. 92, 155-167

Tardif, S. D. (1997) The bionergetic of parental behavior and the evolution of

alloparental care in marmosets and tamarins. Em: N. G. Solomon e J. A. French.

(eds.) Cooperative Breeding in Mammals. Cambridge: Cambridge University

Press. pp. 11-33.

Page 84: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Zahed, S.R., Prudom, S.L., Snowdon, C.T., Ziegler, T.E., 2008. Male parenting and

response to infant stimuli in the common marmoset (Callithrix jacchus). Am. J.

Primatol. 1, 84-92.

Ziegler, T. E., Wegner, F. H., Snowdon, C. T. (1996) Hormonal responses to

parental and nonparental conditions in male cotton-top tamarins, Saguinus

oedipus, a New World primate. Hormones and Behavior, 30:287-297.

Yamamoto, M. E. e Box, H. O., Albuquerque, F. S. e Arruda, M. F. (1996) Carrying

behaviour in captive and wild marmosets (Callithrix jacchus): A comparison

between two colonies and a field site. Primates, 37(3): 297-304.

Yamamoto, E. M e Box, H. O. 1997. The role of non-reproductive helpers in infant

care in captive Callithrix jacchus. Ethology. 103:760-771.

Page 85: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

ARTIGO 3

Responsividade Aloparental em Machos Não Reprodutores de Sagüi, Callithrix

jacchus, Durante Interação Social com Filhotes Recém-Nascidos.

Maricele Nascimento Barbosaa, Ana Karolina Santos e Maria Teresa da Silva Motaa*

aDepartamento de Fisiologia, Centro de Biociências, UFRN, Caixa Postal 1511,

Campus Universitário, Natal-RN, 59078-970, Brazil.

*Correspondence to: Maria Teresa da Silva Mota, Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Centro de Biociências, Departamento de Fisiologia, Caixa Postal

1511, Campus Universitário, 59078-970, Natal-RN, Brasil

E-mail: [email protected]

Artigo a ser submetido à International Journal of Primatology

Page 86: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Resumo

Nos mamíferos, a experiência prévia no cuidado aos infantes é um

componente importante que facilita a iniciação e manutenção do cuidado parental.

Neste sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar a influência da responsividade

aloparental de machos não reprodutores a interação social com infantes não

aparentados de sagüi. Foram utilizados 12 machos adultos, seis deles com

experiência prévia no cuidado aloparental. Cada macho foi exposto quatro vezes

durante 15 minutos a um infante recém-nascido colocado em uma caixa teste. Nessa

condição experimental, o animal foi testado em 2 condições: a) Caixa teste com

filhote fechada e b) caixa teste com filhote aberta. Na segunda condição, os machos

poderiam buscar o contato físico e carregar o infante. Foram registradas as

freqüências de aproximação, afastamento, marcação de cheiro, cheirar e lamber o

infante, e a duração dos episódios de carregar e a latência de recuperação. Após as

observações comportamentais foram coletadas amostras de sangue dos machos para

avaliar seus níveis de cortisol. A resposta comportamental dos machos adultos foi

fortemente influenciada pela experiência prévia. Machos experientes se

aproximaram, passaram mais tempo próximos, carregaram e recuperaram mais

rapidamente o infante do que os inexperientes. Além disso, a exposição sucessiva a

infantes levou a exibição do comportamento de carregar pelos machos inexperientes,

bem como diminuiu sua latência de recuperação do infante. Os níveis plasmáticos de

cortisol não foram influenciados pela experiência prévia nem pela exposição

contínua aos infantes. Assim, sugere-se que a exposição sucessiva a infantes e a

experiência prévia no cuidado com os irmãos quando vivendo no seu grupo familiar

influencia a responsividade de machos de sagüi às pistas sensoriais dos infantes. A

ausência de variação nos níveis de cortisol dos machos durante o carregar sugere

que o contato físico com o infante não foi considerado um evento estressante.

.

Page 87: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Introdução

Hormônios, experiência prévia e estímulos sensoriais provenientes dos

infantes interagem de forma complexa para modular a responsividade parental de

cuidadores em aves e mamíferos. Em roedores, a rápida expressão do

comportamento materno após o nascimento dos filhotes se deve em parte às

mudanças nos níveis de estrógeno, progesterona, cortisol, prolactina e ocitocina que

ocorrem durante a gestação e o parto (Numan, 1994). Essas alterações hormonais

são essenciais para a manutenção do feto e para a formação do vínculo da mãe com

a prole. Uma vez estabelecida a interação mãe-filhote, o comportamento parental

passa a ser mantido por estímulos dos filhotes, minimizando a dependência

hormonal (Fleming et al. 1999).

Com relação ao comportamento aloparental, esse pode ser expresso em

machos e fêmeas virgens de ratos após a exposição prolongada a infantes, processo

conhecido como sensibilização (Rosenblatt, 1967). Por exemplo, fêmeas de ratos

nulíparas quando alojadas por um período prolongado de tempo com infantes

passam a exibir a maioria dos componentes da resposta materna, exceto a lactação

(Lonstein et al. 1999). Dessa forma, a permanência de indivíduos ingênuos

reprodutivamente na presença de filhotes modula componentes importantes de sua

resposta parental, como o reconhecimento de pistas sensoriais dos filhotes.

Nessa perspectiva, a experiência que as fêmeas adquirem quando interagem

com os infantes tem conseqüência a longo prazo como observado pela diminuição

na latência para a exibição do comportamento materno (Fleming e Sarker, 1990).

Além da experiência obtida pela habituação a filhotes, a experiência prévia no

cuidado parece ter papel importante na sobrevivência da prole, pois diminui a

ocorrência de comportamentos aversivos ou até mesmo de infanticídio como

evidenciado em machos de roedores (Huck et al. 1982; Elwood e Kennedy, 1991).

Em calitriquídeos, a experiência prévia parece ser também crítica no

aperfeiçoamento das habilidades parentais (Tardif et al. 1984; Snowdon, 1996;

Page 88: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Tardif, 1997). Nessa família caracterizada por grupos de criação cooperativa, os

irmãos mais velhos podem participar do cuidado aos infantes e adquirir experiência

parental. Indivíduos que cuidaram de seus irmãos mais novos quando vivendo no

grupo familiar desenvolvem esse padrão comportamental e exibem repertório

apropriado quando produzem sua própria descendência (Tardif et al. 1984).

É importante salientar que sinais provenientes dos filhotes recém-nascidos

como o contato físico durante o carregar, a vocalização, o cheiro e a visão podem

influenciar o comportamento paterno e aloparental em primatas humanos e não

humanos (humanos: Storey et al. 2002; Callithrix jacchus: Zahed et al. 2008; Pryce,

1993; Saimiri sciureus: Soltis et al. 2005). Além disso, essas pistas também têm

papel importante na determinação da resposta hormonal dos cuidadores.

A relação entre os correlatos hormonal e comportamental do cuidado à prole

tem sido bem estudados em fêmeas de mamíferos, especialmente em roedores

(Rosenblatt, Mayer e Giordano, 1988; Bridges, 1990). Isso provavelmente se deve à

ligação próxima que se estabelece entre as mães e seus filhotes durante a gravidez, o

parto e a lactação. Entre os mediadores hormonais envolvidos no comportamento de

cuidado à prole em mamíferos, alterações nos níveis de glicocorticóides (cortisol e

corticosterona) têm sido evidenciadas. Em roedores, a corticosterona modula a

responsividade parental, mas sua presença parece não ser necessária para a

expressão do comportamento materno (Rees et al. 2004). Neste caso, a remoção da

glândula adrenal, a fonte de corticosterona, diminui o contato físico e o

comportamento de lamber os infantes, enquanto que sua administração em doses

elevadas aumenta a expressão desses comportamentos pelas fêmeas de rato no

período pós-parto (Rees et al. 2004). Por outro lado, estudo posterior utilizando

fêmeas virgens de rato expostas à infantes por um período prolongado mostrou um

efeito inibitório da administração de corticosterona na responsividade parental após

adrenalectomia (Rees et al. 2006). Dessa forma, a relação entre a expressão de

cuidado e o perfil hormonal pode variar de acordo com o estado reprodutivo da

fêmea.

Page 89: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Em humanos, o cortisol parece ter um efeito positivo na resposta dos

cuidadores aos estímulos sensoriais dos infantes. Níveis elevados de cortisol em

mães após o nascimento de seus filhos foram relacionados com uma maior exibição

de comportamentos parentais que envolveram a interação física com o infante, maior

atratividade a seus odores e maior aumento na responsividade ao seu choro (Fleming

e Anderson, 1987; Fleming et al. 1997; Stallings et al. 2001)

No gênero Callithrix, alguns estudos mostram uma associação entre o perfil

hormonal dos cuidadores e sinais provenientes dos filhotes. Dados de Dixson e

George (1982), Mota e Sousa (2000), Roberts et al. (2001) e Mota et al. (2006)

mostram uma elevação nos níveis de prolactina em pais e ajudantes não reprodutores

de sagüi, C. jacchus, após estimulação tátil pelo carregar dos infantes. Além disso,

Nunes et al. (2001) e Fite et al. (2005) como C. khulli e Mota et al. (2006) com o C.

jacchus verificaram uma diminuição no cortisol nos carregadores após participação

no carregar. Por outro lado, Prudom et al (2008) observou uma diminuição nos

níveis plasmáticos de testosterona em pais de sagüi após a exposição a marcação de

cheiro de filhotes. Dessa forma, a relação hormônio e comportamento parental em

primatas, e em especial naqueles do Novo Mundo, é complexa e pode envolver

diferentes vias neuroendócrinas, que ainda não estão bem definidas.

O sagüi, C. jacchus, tem sido usado como sujeito experimental nas mais

diversas áreas da biologia, como a endocrinologia, a pesquisa etológica e

farmacológica. Tal fato se deve a algumas características comportamentais e

fisiológicas apresentadas por essa espécie, como o pequeno porte, a fácil

manutenção em cativeiro, a flexibilidade quanto ao sistema de acasalamento, a

produção de gêmeos em cada gestação, o estro pós-parto, o rico repertório

comportamental e a participação dos membros do grupo social no cuidado com a

prole. Levando em consideração esses aspectos o objetivo desse estudo foi avaliar a

resposta comportamental e hormonal de machos adultos não reprodutores de sagüi,

Callithrix jacchus, após interação social com filhotes recém nascidos, como também

o papel da experiência prévia na responsividade aloparental.

Page 90: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Metodologia Animais Foram utilizados 12 machos de sagüi, Callithix jacchus, nascidos em

cativeiro e pertencentes ao Núcleo de Primatologia da UFRN. Todos os animais

utilizados eram adultos (28 a 48 meses). Seis machos foram expostos a pistas

sensoriais advindas dos infantes pela primeira vez durante a execução do

experimento. Os outros animais utilizados já tiveram experiência prévia quanto às

pistas testadas (1 prole), como ajudantes não reprodutores no seu grupo familiar.

Cada animal foi mantido em uma gaiola medindo 2.00 x 1.00 x 2.00m

localizada na área externa do Núcleo, sob condições naturais de temperatura,

umidade e ciclo claro-escuro. A dieta alimentar oferecida consistiu de 2 refeições

diárias, sendo uma papa protéica pela manhã e frutas à tarde. Os animais também

receberam, após as coletas semanais de sangue, uma suplementação oral de ferro e

complexo vitamínico.

Procedimento Experimental

A responsividade aloparental foi avaliada utilizando-se infantes de sagüi de

10 a 15 dias de vida de ambos os sexos como estímulo. Cada macho foi exposto a 2

condições: a) Caixa teste com filhote fechada: os animais experimentais foram

expostos a filhote recém-nascido alojado em caixa teste medindo 0,4 x 0,4 x 0,4 m

por 15 minutos, b) Caixa teste com filhote aberta: o experimentador coloca a caixa

teste na gaiola-viveiro dos animais com um filhote no seu interior com sua porta

aberta, de forma a permitir o acesso e a interação física do macho adulto com o

infante (Figura 1). Os testes foram realizados 2 vezes por semana, ao longo de 2

semanas, totalizando 4 testes. Cada sessão de exposição durou 15 minutos e incluiu

Page 91: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

a observação da resposta comportamental dos machos não reprodutores que foram

realizadas entre 10:00 e 12:30 hs pelo método focal contínuo. As variáveis

comportamentais registradas estão descritas na Tabela 1.

O procedimento experimental utilizado nesse estudo pela exposição de

machos adultos à infantes não familiares parece ser um método seguro, tendo em

vista que nos estudos desenvolvidos por Roberts et al (2001) e Saltzman e Abbott

(2005) utilizando o C. jacchus, não foi verificada a ocorrência de agressão pelos

machos e fêmeas quando expostos a filhotes não familiares.

Figura 1. Procedimento Experimental: caixa teste fechada com filhote (A) e caixa teste aberta com filhote (B).

B

A

Page 92: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Tabela 1. Comportamentos registrados

Variáveis Comportamentais Descrição Deslocamento As gaiolas-viveiro serão divididas em quadrantes de

38cm cada, totalizando cerca de 60 divisões. Os deslocamentos efetuados pelo animal focal entre um quadrante e outro serão contabilizados como 1 deslocamento.

Marcação de cheiro Número de vezes que o animal focal esfrega a região anogenital em alguma superfície da gaiola.

Aproximação Número de vezes que o animal focal se aproxima da fonte sonora/gaiola/infante ultrapassando o limite de 15 cm por pelo menos 3 segundos.

Afastamento Número de vezes que o animal focal se afasta da fonte sonora/gaiola/infante dentro de 15 cm por pelo menos 3 segundos.

Proximidade Intervalo de tempo em segundos que o animal fica próximo à fonte sonora/gaiola/infante a uma distância mínima de 15 cm por pelo menos 3 segundos.

Latência de recuperação Intervalo de tempo em segundos entre a exposição do animal focal ao infante e a exibição do comportamento de pegar o infante pela primeira vez.

Cheirar Número de vezes que o animal focal cheira a gaiola/infante.

Lamber Número de vezes que o animal focal lambe a gaiola/ infante.

Rejeição Número de vezes que o animal focal esfrega o infante contra o substrato e/ou impede que ele seja carregado.

Episódios de carregar Freqüência e intervalo de tempo que o animal focal se encontra carregando o infante na região dorsal.

Coleta de sangue

As coletas de sangue foram realizadas após as observações comportamentais

para avaliar os níveis plasmáticos de cortisol. Após a captura e contenção de cada

macho, foram coletados 0,5 ml de sangue por punção da veia femural. Após esse

procedimento, o sangue foi centrifugado por 10 minutos/3000 rpm, separado do

Page 93: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

plasma e estocado no freezer a -20 C, para análise posterior dos níveis de cortisol

(método imunoenzimático – EIA).

Dosagem do Cortisol

Os níveis plasmáticos de cortisol foram analisados no Laboratório de

Medidas Hormonais do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte pelo método imunoenzimático (ELISA) conforme metodologia

desenvolvida por Munro e Stabenfeldt (1984). Os coeficientes intra- e inter-ensaio

de variação foram de 1,25 e 3,67%, respectivamente

Análise Estatística A análise estatística foi realizada através de testes paramétricos e não

paramétricos tendo em vista a normalidade dos dados.

Para avaliar o efeito da experiência prévia do cuidador na resposta

comportamental e hormonal após a exposição aos infantes foi utilizado o teste de

Mann Whitney U e o teste t para amostras independentes, respectivamente. Para

verificar se houve diferença na resposta comportamental dos machos adultos entre

os dias de exposição sucessiva aos infantes foi utilizado o teste de Friedman (F). Em

seguida o teste de Wilcoxon (Z) foi aplicado para identificar em que dias de

exposição ocorreram as variações. A análise de variância (ANOVA) para medidas

repetidas foi utilizada para verificar o efeito da exposição sucessiva aos infantes na

resposta hormonal. O teste de correlação de Spearman (rs) foi usado para a avaliação

da correlação entre o comportamento de carregar e os níveis plasmáticos de cortisol

dos machos adultos. O nível de significância foi de p ≤ 0.05 para todos os testes

estatísticos aplicados.

Page 94: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Resultados

A comparação da resposta comportamental dos machos adultos de sagüi entre

as condições (exposição a caixa teste com infante fechada x caixa teste aberta)

mostrou diferença significativa apenas para a freqüência de deslocamentos. Machos

adultos se deslocaram entre os quadrantes da gaiola-viveiro quando expostos a caixa

teste com filhote com a porta fechada (Z = 4.03, n = 48, p = 0.0000) (Figura 2B). As

demais variáveis investigadas não mostraram diferença significativa entre as

condições testadas (aproximação: Z = 0.68, n = 48, p = 0.49; afastamento: Z =

0.71 , n = 48, p = 0.47;; marcação: Z = 0.98, n = 48, p = 0.11; proximidade: Z =

0.97, n = 48, p 0.10) (Figura 2A).

Padrão semelhante foi verificado quando comparada a resposta

comportamental dentro de cada grupo experimental (experiente e não experiente).

Ambos os grupos se locomoveram mais freqüentemente quando a caixa estava

fechada e o acesso ao filhote não era permitido (Experiente: Z = 2.95, n = 24, p =

0.003; Não experiente: Z = 2.66, n = 24, p = 0.007). Não foi observada diferença

para as demais variáveis comportamentais (Experientes: aproximação: Z = 0.17, n

= 24, p = 0.86; afastamento: Z = 0.05, n= 24, p = 0.95; marcação: Z = 1.22, n = 24,

p = 0.20; proximidade: Z = 0.87, n = 48, p= 0.45; Não experiente: aproximação:

Z = 0.99, n = 24, p = 0.32; afastamento: Z = 1.08, n= 24, p = 0.27; marcação: Z =

1.24, n = 24, p = 0.21; proximidade: Z = 1.21, n = 48, p= 0.23).

Page 95: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Figura 2. Freqüência média (X ± EPM) dos comportamentos apresentados pelos machos adultos não reprodutores de sagüi, Callithrix jacchus, diante da caixa teste fechada (barras brancas) e da caixa teste aberta com o infante recém nascido não-aparentado (barras pretas). * indica diferença estatística significante (Wilcoxon, p ≤ 0.05).

0

2

4

6

8

10

Marcação Aproximação Afastamento

Fre

quência

a Caixa fechada

Caixa aberta

A

0

30

60

90

120

150

Deslocamento

Fre

qu

ên

cia

a

B

*

0

100

200

300

400

Proximidade

Du

ração

(s)s

)

C

Page 96: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

A resposta comportamental dos machos adultos foi significativamente

influenciada pela experiência prévia no cuidado quando foi permitido aos animais a

interação com os filhotes pela abertura da porta da caixa teste. Machos experientes

se aproximaram e permaneceram por mais tempo próximo ao infante do que os

inexperientes (aproximação: U = 132, n = 24, p = 0.001; proximidade: U = 174.5,

n = 24, p = 0.01). Os machos experientes ao se aproximarem da caixa teste ficaram

próximos a sua abertura ou foram para o seu interior onde estava o filhote, sendo

essas aproximações seguidas na sua maioria por episódios de carregar (carregar: U

= 118, p = 0.000). Além disso, os filhotes foram recuperados mais rapidamente por

machos experientes (latência de recuperação: U = 196, n = 24, p = 0.05) (Figura

3A e 3B). Esses animais também se afastaram mais dos filhotes (U = 148, n = 24, p

= 0.003). Os demais comportamentos registrados não foram influenciados pela

experiência prévia do macho não reprodutor (marcação: U = 222, n = 24, p = 0.17;

cheirar o filhote: U = 268.5, n = 24, p = 0.68; lamber o filhote: U = 255, n = 24, p

= 0.49) (Figura 3A e 3C). Machos não experientes tenderam a se locomover mais

entre os quadrantes das gaiolas-viveiro do que os experientes (U = 189, n = 48, p =

0.06).

A resposta comportamental dos machos ao longo dos quatro dias de

exposição aos infantes mostrou diferença entre os machos experientes e

inexperientes. Foi verificada uma diferença significativa para a latência de

recuperação e duração dos episódios de carregar exibido pelos machos inexperientes

entre os dias de exposição ao infante (latência de recuperação: F = 12.84, df = 3, p

= 0.005; carregar: F = 6.87, df = 3, p = 0.06) (Figuras 4 e 5). Sua responsividade ao

filhote parece aumentar com a exposição sucessiva, o que pode ser verificado pela

diminuição na latência de recuperação e aumento na exibição do comportamento de

carregar ao longo dos dias do teste (latência de recuperação: Z = 2.02, p = 0.03;

carregar: Z = 1.98, p = 0.04) (Figura 4 e 5). Não foi verificada variação nos demais

comportamentos entre os dias de exposição dos machos ao estímulo (marcação: F =

2.44, df = 3, p = 0.48; cheirar: F = 3.27, df = 3, p = 0.27; lamber: F = 6.00, df = 3,

Page 97: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

p = 0.11; aproximação: F = 2.20, df = 3, p = 0.53; afastamento: F = 2.48, df = 3, p

= 0.47; deslocamento: F = 3.05, df = 3, p = 0.48; proximidade: F = 1.50, df = 3, p

= 0.68).

Não foi verificada diferença significativa no padrão comportamental dos

experientes (latência de recuperação: F = 5.06, df = 3, p = 0.16; carregar: F =

2.75, df = 3, p = 0.43; marcação: F = 2.00, df = 3, p = 0.57; cheirar: F = 3.90, df =

3, p = 0.27; lamber: F: 6.00, df = 3, p = 0.11; aproximação: F = 3.43, df = 3, p =

0.32; afastamento: F = 3.84, df = 3, p = 0.27; deslocamento: F =5.00, df = 3, p =

0.17; proximidade: F = 2.60, df = 3, p = 0.45

Page 98: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

0

2

4

6

8

10

Marcação Cheirar Lamber Aproximação Afastamento

Fre

qu

ên

cia

c

Inexperiente

Experiente

**

A

0

100

200

300

400

Proximidade Latência de

Recuperação

Carregar

Dura

ção (s)s

)

B

*

**

0

50

100

150

200

Deslocamento

Fre

qu

ên

cia

a

Inexperiente

Experiente

C

Figura 3. Freqüência média e duração média (X ± EPM) dos comportamentos exibidos por machos adultos não reprodutores de sagüi, Callithrix jacchus, inexperientes (barras brancas) e experientes (barras pretas) no cuidado com acesso a filhotes recém nascidos alojados em caixa de acrílico. * indica diferença estatística significante. * Teste de Wilcoxon, p ≤ 0.05.

Page 99: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Tabela 2. Resposta comportamental (X ± EPM) dos machos adultos não reprodutores de sagüi, Callithrix jacchus, entre os dias de exposição ao infante recém-nascido alojado na caixa com a porta aberta. (Teste de Friedman, p ≤ 0,05).

Comportamentos Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 P

Marcação 0.25 ± 0.01 0.16 ± 0.09

0.33 ± 0.12

0.45 ± 0.1

n = 12, df= 3, p = 0.72

Aproximação 4.16 ± 0.56 3.91 ± 0.69

3.75 ± 0.68

3.83 ± 0.65

n = 12, df = 3, p = 0.96

Afastamento 3.58 ± 0.51 3.91 ± 0.50

3.66 ± 0.59

3.75 ± 0.66

n = 12, df = 3, p= 0.85

Deslocamento 33.75 ± 4.53 38.53 ± 4.65

37.75 ± 0.88

49.25 ± 4.15

n = 12, df = 3, p= 0.09

Cheirar 3.33 ± 0.44 5.41 ± 0.38

5.16 ± 0.48

3.91 ± 0.85

n = 12, df = 3, p = 0.27

Lamber 0.2 ± 0.6 0.1 ± 0.6

0.1 ± 0.6

0.1 ± 40

n = 12, df = 3, p = 0.11

Proximidade 127 ± 31 141 ± 49

123 ± 37

140± 40

n = 12, df = 3, p = 0.42

0

100

200

300

400

Total Experiente Inexperiente

Dura

ção (s))

o

Dia 1

Dia 2

Dia 3

Dia 4

*

*

Figura 4. Latência média (X ± EPM) do comportamento de recuperação dos infantes por machos adultos não reprodutores de sagüi, Callithrix jacchus, nos dias de exposição ao infante. * Wilcoxon, p ≤ 0.05.

Page 100: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

0

100

200

300

400

Total Experiente Inexperiente

Dura

ção (s))

ç

Dia 1

Dia 2

Dia 3

Dia 4

*

Figura 5. Duração média (X ± EPM) dos episódios de carregar os infantes exibidos por machos adultos não reprodutivos de sagüi nos dias de exposição ao infante recém-nascido não aparentado. * Wilcoxon, p ≤ 0.05

Resposta Hormonal

Com relação ao perfil hormonal dos machos adultos de sagüi entre as

condições (exposição à caixa teste com filhote com porta fechada x caixa teste com

filhote aberta) foi evidenciada diferença significativa nos níveis plasmáticos de

cortisol. Os maiores níveis do hormônio foram verificados após a exposição à caixa

teste com a porta fechada (t = 3.05, p = 0.003) (Figura 6). Quando foi levado em

consideração a experiência prévia no cuidado, apenas os machos experientes

apresentaram diferença nos níveis de cortisol entre as duas condições (experientes: t

= 2.70, p = 0.01; não experientes: t = 1.52, p = 0.14).

Page 101: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Figura 6. Níveis médios (X ± EPM) de cortisol plasmático de machos adultos de sagüi após a exposição ao infante alojada na caixa teste fechada (barra branca) e aberta (barra preta). * Teste t, p ≤ 0.05

Não foi verificada diferença significativa nos níveis plasmáticos de cortisol

entre os machos adultos de sagüi com relação à experiência prévia no cuidado

quando testados na condição caixa teste aberta com acesso permitido ao filhote (t = -

1.34, p = 0.18) como mostrado na Figura 7. Além disso, a comparação geral dos

valores médios de cortisol dos animais com relação a participação ou não no

carregar dos filhotes não mostrou diferença significativa (t = 0.23, p = 0.81).

Resultado semelhante foi obtido quando se considerou a experiência prévia do

cuidador (experientes: t = 0.40, p = 0.68, inexperientes: t = 1.65, p = 0.11) (Figura

8).

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Total Experiente Inexperiente

Co

rtis

ol (n

g/m

l)m

l)

Caixa fechada

Caixa aberta

* *

Page 102: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Cort

isol (n

g/m

l))o

l

Inexperiente

Experiente

Figura 7. Níveis médios (X ± EPM) de cortisol plasmático de machos adultos de sagüi inexperientes (barra branca) e experientes (barra preta) após a exposição ao infante alojada na caixa teste com a porta aberta.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Total Experientes Inexperientes

Cort

isol (n

g/m

l))l)l

Não carregando

Carregando

Figura 8. Níveis médios (X ± EPM) de cortisol plasmático de machos adultos de sagüi quando carregando (barra preta) e não carregando (barra branca) infantes não aparentados

Page 103: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

A comparação dos níveis plasmáticos de cortisol dos machos não

reprodutores entre os dias de testes ou após exposição sucessiva aos filhotes não

mostrou diferença significativa (Tabela 2). Padrão semelhante foi verificado dentro

de cada grupo experimental

Tabela 2. Níveis plasmáticos de cortisol em ng/mL (X ± EPM) dos machos adultos não reprodutivos de sagüi, Callithrix jacchus, nos dias de exposição a filhotes recém-nascidos. ANOVA para medidas repetidas

Grupo Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 p

Machos 1076 ± 54 989 ± 38

943 ± 44

935 ± 34

n = 12, F = 11.5, p = 0.31

Experientes 1059 ± 47 1186 ± 58

1157 ± 51

1040 ± 43

n = 6, F = 12.08, p = 0.37

Inexperientes 1181 ± 43 1123 ± 65

1149 ± 40

1109 ± 48

n = 6, F = 16.24, p = 0.76

Quando foi aplicado o teste de correlação de Spearman, não foi encontrada

correlação entre o comportamento de carregar o infante e os níveis plasmáticos de

cortisol dos machos adultos de sagüi (rs = -0.25; p = 0.23). Todavia, quando foi

considerado o efeito da experiência prévia, foi verificada uma correlação negativa

entre o comportamento de carregar e os níveis plasmáticos de cortisol dos machos

experientes (experientes: rs = -0.67; p = 0.0041; não experientes: rs = -0.21; p =

0.63) (Figura 9)

Page 104: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Figura 9. Correlação entre os níveis plasmáticos de cortisol dos machos adultos

experientes e o comportamento de carregar o infante (n =16; r =-0.67). Correlação

de Spearman, p ≤ 0.05..

-100 0 100 200 300 400 500 600

Carregar (s)

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

2200

2400

Co

rtis

ol (n

g/m

l)

Page 105: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Discussão

Os machos adultos não reprodutores de sagüi, Callithrix jacchus,

responderam positivamente aos infantes recém-nascidos não aparentados o que foi

evidenciado pela maior freqüência de aproximação e de tempo próximos dos

filhotes. Além disso, os machos exibiram elementos do comportamento aloparental

tais como diminuição da latência de recuperação dos filhotes e aumento na duração

dos episódios de carregar. Vale salientar que esse padrão comportamental foi

influenciado pela experiência prévia no carregar, com os machos experientes se

apresentando mais responsivos e expressando os maiores índices desses

comportamentos.

O papel da experiência no cuidado tem sido evidenciado em vários estudos

utilizando mamíferos. Em roedores, estudo realizado por Wang e Novak (1994)

utilizando camundongos da espécie Microtus orchrogaster mostraram que mães

experientes passavam significativamente mais tempo no ninho e exibiram maiores

índices de comportamentos parentais, como, a limpeza e recuperação dos filhotes do

que as mães primíparas. Os autores também avaliaram alguns indicadores do

desenvolvimento físico dos filhotes (por exemplo, o aparecimento de pêlos e a

abertura dos olhos) e mostram que sua ocorrência foi significativamente mais rápida

em grupos nos quais os pais eram experientes. Machos da espécie Meriones

unguiculatus raramente permanecem no ninho no dia seguinte ao nascimento de

seus filhotes, mas nos dias subseqüentes eles permanecem junto da ninhada quase

tanto tempo quanto suas parceiras (Clark e Galef, 2000). Todavia, se os machos já

tiveram experiência anterior no cuidado com os filhotes, eles passam mais tempo

com os recém-nascidos do que os inexperientes.

Nos grupos de primatas não humanos e humanos (Macaca mulatta: Gibber e

Goy, 1985; Callithrix jacchus: Pryce, 1993; Zahed et al. 2008; Saguinus oedipus:

Ziegler et al. 2004; humanos: Fleming et al, 2002), a experiência prévia dos

cuidadores com outras proles afetam sua resposta comportamental. Estudo realizado

Page 106: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

por Hoofman et al (1995) utilizando machos de Callicebus moloch, encontraram

uma diminuição na latência do comportamento de recuperação pelos animais

experientes, mas não nos inexperientes. Em C. jacchus, Newman et al. (1993)

observou uma maior freqüência de recuperação pelos animais adultos do grupo

social após o nascimento dos filhotes, principalmente naqueles com experiência

prévia no cuidado. O efeito da experiência na resposta comportamental foi também

evidenciado em machos adultos de sagüi após exposição a registros de vocalização

de filhotes. Pais experientes investigaram mais o aparato usado na reprodução da

vocalização (ex. olhar e manipular o aparato sonoro) e uma menor latência de

entrada na gaiola onde estava localizado o estímulo do que os inexperientes (Zahed

et al. 2008). O padrão comportamental mostrado pelos machos experientes no nosso

estudo sugere que a experiência anterior no cuidado adquirida com uma prole de

irmãos mais novos, quando vivendo no grupo familiar, influencia aspectos

importantes dessa resposta tais como a latência de recuperação e tempo de carregar.

Sugere-se assim uma maior prontidão pelos machos experientes em resposta as

necessidades imediatas dos filhotes, com a conseqüente aproximação pelo cuidador,

seguida de contato físico pelo transporte dos filhotes.

Com relação ao padrão comportamental dos machos inexperientes, os dados

obtidos nesse estudo mostraram uma mudança na responsividade desses indivíduos

ao longo dos dias de teste pela redução na latência de recuperação e maior

participação no carregar dos filhotes. Vale salientar que 4 dos 6 machos

inexperientes usados carregaram os infantes apenas no último dia de exposição.

Estudo realizado por Roberts et al. (2001) utilizando machos inexperientes de sagüi

mostrou um aumento no número dos animais que recuperaram infantes ao longo dos

testes. A taxa de recuperação foi de 29% no primeiro e de 59% no quarto teste

(Roberts et al. 2001). Esse resultado, assim como os obtidos no presente estudo,

sugerem que a exposição sucessiva a infantes parece ter sensibilizado os machos

inexperientes para o cuidado. O processo de sensibilização foi descrito pela primeira

vez por Rosenblatt (1967) em estudo com roedor. Foi observado que machos

Page 107: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

castrados e intactos e fêmeas virgens de ratos expressam o comportamento parental

após a exposição prolongada a infantes. Fêmeas nulíparas, ovarectomizadas e

hipofisectomizadas, bem como machos castrados e intactos quando expostos

continuamente a filhotes por um período de 10 a 15 dias não exibiram diferença na

latência para apresentação de comportamento parental. O autor sugere que o

comportamento parental seria desencadeado pela exposição continuada dos animais

a sinais sensoriais advindos dos infantes estranhos, não sendo modulada pelos

hormônios circulantes.

Outras evidências com roedores reforçam esse padrão de resposta

comportamental. Machos e fêmeas virgens de ratos e camundongos não exibem o

comportamento aloparental quando expostos a infantes pela primeira vez. Pelo

contrário mostram-se muito agressivos e infanticidas (Buntin et al. 1984). Contudo,

quando fêmeas nulíparas são expostas a infantes por vários dias, o comportamento

parental é observado, tais como o recolhimento, a limpeza, e o contato físico com os

filhotes (Meriones unguiculatus: Clark, Spencer e Galef, 1986). Padrão semelhante

foi encontrado em estudo recente com fêmeas de ratos (Seip e Morrel, 2008). Essas

evidências com roedores juntamente com os resultados obtido no nosso estudo

sugerem que a interação física com o infante pode ser iniciada pela sensibilização do

cuidador, que se torna interessado em se aproximar e interagir socialmente com a

prole. Dessa forma, a latência para a exibição dessa resposta diminui com a

exposição contínua a vocalização, o cheiro e a visão dos filhotes.

Em calitriquídeos, o comportamento de carregar os filhotes é um forte

indicador de investimento parental. Machos reprodutores carregam extensivamente

os infantes (Leontopithecus rosalia: Santos et al. 1997; Callithrix flaviceps: Ferrari,

1992; Callithrix jacchus, Yamamoto, 1993; Albuquerque, 1999; Cutrim, 2007;

Saguinus oedipus: Achenbach e Snowdon, 2002; Saguinus mystak: Heyman, 1990).

Exceção é vista no Callimico goeldii com a contribuição paterna no carregar sendo

menor do que aquela pela mãe (Schradin e Anzenberger, 2001). Além disso, outros

membros do grupo social também participam ativamente dessa atividade (C.

Page 108: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

jacchus: Yamamoto et al. 1996; Albuquerque, 1999; Schradin e Anzenberger, 2001).

Todavia, o comportamento de carregar envolve um alto custo energético, como visto

pela redução no tempo de alimentação e locomoção (Price 1992; Sanchez et al.

1999), pela diminuição de peso corporal quando esses animais participam do

carregar dos filhotes (Sánchez et al, 1999, Achenbach e Snowdon, 2002) e pelo

aumento no risco de predação durante o transporte (Snowdon, 1996). Apesar dos

custos envolvidos, os membros do grupo social mostraram-se interessados em

interagir socialmente com os filhotes desde seu primeiro dia de vida, sugerindo um

estado de motivação para exibição do comportamento de cuidado que está associado

com a aptidão abrangente, a probabilidade de aquisição futura do posto reprodutivo

e experiência no cuidado de infantes, o que pode promover e incrementar seu

sucesso reprodutivo futuro.

Com relação ao perfil hormonal, os níveis plasmáticos de cortisol dos machos

adultos de sagüi após a exposição ao infante variaram em resposta a condição

experimental, se a porta da caixa na qual foi alojado o infante se encontrava aberta

ou fechada. O cortisol se elevou significativamente após exposição à caixa teste com

a porta fechada, particularmente nos machos experientes. Esse perfil hormonal pode

ser uma resposta de estresse pelo não acesso ao filhote por animais que se

mostraram interessados em interagir com o estímulo testado (filhote).

Além disso, os níveis plasmáticos de cortisol dos machos adultos de sagüi

não se modificaram entre os dois grupos de animais testados quando foi levada em

consideração sua experiência prévia. Estudos com outras espécies de calitriquídeos

(Saguinus oedipus e Callithrix khulli) mostraram uma associação entre a experiência

prévia e o perfil hormonal dos machos reprodutores. Pais inexperientes e machos

não reprodutores de S. oedipus apresentaram níveis urinários de cortisol mais

elevados que pais experientes nas duas semanas anteriores e posteriores ao

nascimento dos infantes. Todavia, em ambos os grupos (experientes e

inexperientes), os níveis de cortisol não aumentam após a exposição ao filhote e com

o comportamento de carregar (Ziegler et al. 1996; Nunes et al. 2001). Em C.

Page 109: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

jacchus, Mota et al (2006) encontraram que os pais experientes apresentam níveis

plasmáticos de cortisol mais elevados que os inexperientes antes do parto, os quais

parecem estar associados ao estreitamento do laço afiliativo com a fêmea

reprodutora, detecção do parto ou ambos.

Com relação ao perfil hormonal dos machos após exposição sucessiva a

filhotes não aparentados, várias estudos não mostram essa associação. Fêmeas de

ratos virgens expostos a infantes apresentam uma diminuição dos níveis de

corticosterona (Koranyi et al. 1977). No nosso estudo, foi encontrada uma

diminuição, embora não significativa, nos níveis hormonais dos machos adultos

após a exposição sucessiva a infantes caracterizando uma menor responsividade dos

animais a interação com o filhote ou que essa interação não seria um elemento

estressor como visto por Mota et al (2006). Esses autores não encontram variação no

cortisol plasmático de pais e irmãos mais velhos de sagüi quando carregando os

filhotes. Em Callithrix kuhlli, os níveis urinários de cortisol dos pais foram mais

baixos quando carregando e negativamente correlacionados com o comportamento

de carregar (Nunes et al. 2001). Foi sugerido que o contato físico com os filhotes

durante o carregar minimiza a resposta de estresse fisológico dos animais. Padrão

semelhante foi evidenciado no presente estudo pela correlação negativa entre a

participação no carregar e os níveis de cortisol para os machos experientes no

cuidado aloparental, reforçando o carregar como um evento não estressante.

Assim, a interação social entre o cuidador e o infante modificou sua resposta

comportamental e hormonal. Machos adultos experientes expostos sucessivamente

as pistas sensoriais advindas do filhote foram mais responsivos, recuperando

rapidamente e carregando por mais tempo. O contato físico pela participação desses

animais no transporte parece ser um elemento redutor de estresse, já que os níveis de

cortisol não se modificaram durante a exibição dessa atividade.

Page 110: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Referências

Achenbach, G.G., e Snowdon, C. T. (2002). Costs of caregiving: weight loss in

captive adult male cotton-top tamarins (Saguinus oedipus) following the birth of

infants. International of Primatology, 23:179–189

Albuquerque, F. (1999) Cuidado cooperativo a prole: dinâmica em ambiente natural.

Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo. 202 p.

Bridges , R. S. (1990) Endocrine regulation of parental behavior in rodents. Em: N.

A. Krasnegor, e R. S. Bridges (eds.) Mammalian Parenting: Biochemical,

Neurobiological, and Behavioral Determinants. Oxford University Press, New

York. pp. 93-117.

Buntin, J. D., Jaffe, S. Lisk, R. D. (1984) Changes in responsiveness to newborn

pups in pregnant, nulliparous golden hamsters. Physiology and Behavior, 32 (3):

437-439.

Clark, M. M., Spencer, C. A., Galef, B. G. (1986) Responses to novel odors mediate

maternal behavior and concaveation in gerbils. Physiology and Behavior, 36(5):

845-851.

Clark, M. M. e Galef, B. G. (2000) Why some male Mongolian gerbils may help at

the nest:testosterone, asexuality and allopareting. Animal Behavior, 59:801-806.

Cutrim, F. H. R. 2007. Aspectos do cuidado cooperativo em dois grupos de

Callithrix jacchus selvagens. MSc Thesis, Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, RN, Brazil.

Elwood, R. W. e Kennedy, H. F. (1991) Selectivity in paternal and infanticidal

responses by male mice: effects of relatedness, location, and previous sexual

partners. Behavioral and Neural Biology, 56(2):129-47.

Ferrari, S. F. (1992) Ecological differentiation in the Callitrichidae. Marmosets and

Tamarins: Systematics, Ecology and Behaviour.Em: A. B. Rylands. (ed.) Oxford

University Press.pp.314-328

Page 111: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Fite, J. E., French, J. A., Patera, K. J., Hopkins, E. C., Rukstalis., M., Ross, C. N.

(2005) Elevated urinary testosterone excretion and decreased maternal

caregiving effort in marmosets whem conception occurs durinh the period.

Fleming, A. S. e Anderson, V. (1987) Affect and nurturance: mechanisms mediating

maternal behavior in two female mammals. Progress in neuro-

psychopharmacology & Biological psychiatry, 11 (2-3):121-127.

Fleming, A. S. e Sarker, J. (1990) Experience-hormone interactions and maternal

behavior in rats. Physiology and Behavior, 47: 1165- 1173.

Fleming, A. S., Steiner, M. e Corter, C. (1997) Cortisol, hedonics, and maternal

responsiveness in human mothers. Hormones and Behavior, 32:85-98.

Fleming, A. S., O’Day, D. H e Kraemer, G. H. (1999) Neurobiology of mother-

infant interactions: experience and central nervous system plasticity across

development and generations. Neuroscience Behavioral Reviews, 23(5):673-85.

Fleming, A. S., Corter, C., Stallings, J. Steiner, M. (2002) Testosterone and prolactin

are associated with emotional responses to infant cries in new fathers. Hormones

and Behavior, 42: 399-413.

Gibber, J. R. e Goy, R. W. (1985) Infant-directed behavior in Young rhesus

monkeys: sex differences and effects of prenatal androgens. American Journal

of Primatology, 8: 225-237.

Heyman, E. W. (1990) Social behaviour and infant carrying in a group of

moustached tamarins, Saguinus mystax (Primates: Platyrrhini: Callitrichidae),

on Padre Isla, Peruvian Amazonia. Primates, 31:183-196.

Hoffman, K. A., Mendoza, S. P., Henessy, M. B. e Mason, W. A. (1995) Responses

of infant titi monkeys, Callicebus moloch, to removal of one or both parents:

evidence for paternal attachment. Dev Psychobiology, 28: 399-407.

Huck, U. H., Carter, C. S. e Banks, E. M. (1982) Natural or hormone-induced sexual

and social behaviors in the female brown lemming (Lemmus trimucronatus).

Hormones and Behavior, 16(2): 199-207.

Page 112: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Koranyi, L., Phelps, C. P. e Sawyer, C. H. (1977) Changes in serum prolacin and

costicosterone in induced maternal behavior in rats. Physiology and Behavior,

18(2):287-292.

Lonstein, J. S., Wagner, C. K., De Vries, G. J. (1999) Comparison of the “nursing”

and other parental behaviors of nulliparous and lactating female rats. Hormones

and Behavior, 36 (3):242-251.

Mota, M. T. S. e Sousa, M. B. C. (2000) Prolactin levels of fathers and helpers

related to alloparental care in common marmosets, Callithrix jacchus. Folia

Primatologica, 71: 22-26.

Mota, M. T. S., Franci, C. S. e Sousa, M. B. C. (2006) Hormonal changes related to

paternal and alloparental care in commom marmosets (Callithrix jacchus).

Hormones and Behavior, 49:293-302.

Munro, C. Stabenfeldt, G. (1984) Development of a microtitre plate enzyme

immunoassay for the determination of progesterone. Journal of Endocrinology,

101:41-49.

Newman, J. D., Baldwin, A., Moody, K., (1993) Latency to retrieve isolated infant

marmosets. American Journal of Primatology, 30: 337-338.

Numan, M. (1994) Maternal behavior. Em: E. Knobil e J. D. Neill (eds.) Physiology

of Reperoduction. Raven Press, New York. Pp.221-302.

Nunes, S., Fite, J. E., Patera, K. J. e French, J. A. (2001) Interactions among paternal

behavior, steroid hormones, and parental experience in male marmosets

(Callithrix kuhlli). Hormones and Behavior, 39: 70-82.

Price, E. C. (1992) Sex and helping: reproductive strategies of breeding male and

female cotton-top tamarins, Saguinus oedipus. Animal Behavior, 43: 717-728.

Pryce, C. R. (1993) The regulation of maternal behaviour in marmosets and

tamarins. Behavioural Processes, 30: 201-224.

Pudrom, S. L., Broz, C. A ., Schultz-Darken, N., Ferris, C. T., Snowdon, C e Ziegler,

T. E. (2008) Exposure to infant scent lowers serum testosterone in father

common marmoset, Callthrix jacchus. Biology Letters, 4:603-605.

Page 113: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Rees, S. L., Panesar, S., Steiner, M. e Fleming, A. S. (2004) The effects of

adrenalectomy and corticosterone replacement on maternal behavior in the

postpartum rat. Hormones and Behavior, 46: 411-419.

Rees, S. L., Panesar, S., Steiner, M. e Fleming, A. S. (2006) The effects of

adrenalectomy and corticosterone replacement on induction of maternal behavior

in the virgin female rat. Hormones and Behavior, 49: 337-345.

Roberts, R. L., Jenkins, K. T., Lawler, T., Wegner, F. H. e Newman, J. D. (2001)

Bromocriptine administration lowers serum prolactin and disrupts parental

responsiveness in common marmosets (Callithrix jacchus). Hormones and

Behavior, 39: 106-112.

Rosenblatt, J. S. (1967) Nonhormonal basis of maternal behavior in the rat. Science,

156: 1512-1514.

Rosenblatt, J. S., Mayer, A. D. e Giordano, A. L. (1988) Hormonal basis during

pregnancy for the onset of maternal behavior in the rat.

Psychoneuroendocrinology, 13(1-2): 29-46

Saltzman, W. e Abbott, D. H. (2005) Diminished maternal responsiveness during

pregnancy in multiparous female common marmosets. Hormones and Behavior,

47: 151-163

Sánchez, S., Pelaz, F., Gil-Burman, C. e Kaumanns, W. (1999) Costs of infant-

carrying in the cotton-tiop-tamarin (Saguinus oedipus). American Journal of

Primatology, 48:99-111

Santos, C. V., French, J. A., e Otta, E. (1997) Infant carrying behavior in callitrichid

primates: Callithrix and Leontopithecus. International Journal of Pimatology, 18

(6):889-907.

Schradin, C. e Anzenberger, G. (2001) Infant carrying in family groups of goeldi's

monkeys (Callimico goeldii), 53(2):57:67.

Seip, K. M., Morrel, J. L. (2008) Exposure to pups influences the strenght of

maternal motivation in virgin female rats. Physiology and Behavior, 95:599-608.

Page 114: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Soltis, J.,Wegner, F. H., Newman, J. D. (2005) Urinary prolactin is correlated with

mothering and allo-mothering in squirrel monkeys. Physiology and Behavior,

84(2): 295-301.

Snowdon, C. T. (1996) Infant care in cooperatively breeding species. Em: J. S.

Rosenblatt e C. T. Snowdon (eds.) Parental Care: Evolution, Mechanisms, and

Adaptative Significance. V. 25. Academic Press. San Diego. Pp. 643-689.

Stallings, J. e Fleming, A. S., Corter, S., Worthman, C. e Steiner, M. (2001) The

effects of infant cries and odors on sympathy, cortisol and autonomic responses

in new mothers and nonpostpartum women. Parent Science Pract, 1(1): 71-100.

Storey, A. E., Walsh, C. J., Quinton, R. L. e Wynne-Edwards (2000) Hormonal

correlates of paternal responsiveness in new and expectant fathers. Evolution and

Human Behavior, 21: 79-95.

Tardif, S. D., Ritcher, C. B., Carlson, R. L. (1984) Effects of siblings rearing

experience on future reproductive sucess in two species of the Callitrichidae.

American Journal of Primatology, 6: 377-380.

Tardif, S. D. (1997) The bioenergetic of parental behavior and the evolution of

alloparental care in marmosets and tamarins. Em: N. G. Solomon e J. A. French.

(eds.) Cooperative Breeding in Mammals. Cambridge: Cambridge University

Press. pp. 11-33.

Zahed, S.R., Prudom, S.L., Snowdon, C.T., Ziegler, T.E., (2008.) Male parenting

and response to infant stimuli in the common marmoset (Callithrix jacchus).

Am. J. Primatol. 1, 84-92.

Ziegler, T. E., Wegner, F. H., Snowdon, C. T. (1996) Hormonal responses to

parental and nonparental conditions in male cotton-top tamarins, Saguinus

oedipus, a New World primate. Hormones and Behavior, 30: 287-297.

Ziegler, T. E. Washabaugh, K. F. e Snowdon, C. T. (2004) Responsiveness of

expectant male cotton-top tamarins, Saguins oedipus, to mate`s pregnancy.

Hormones and Behavior, 45: 84-92.

Page 115: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Yamamoto, M. E. (1993) From dependence to sexual maturity: The behavioural

ontogeny of Callitrichidae. Em: A. R. Rylands (ed.) Marmosets and Tamarins:

Systematics, Behaviour, and Ecology. Oxford University Press, Oxford, UK. Pp.

235-254.

Yamamoto, M. E. e Box, H. O., Albuquerque, F. S. e Arruda, M. F. (1996) Carrying

behaviour in captive and wild marmosets (Callithrix jacchus): A comparison

between two colonies and a field site. Primates, 37(3): 297-304.

Wang, Z. e Novak, M. A. (1994) Parental Care and Litter Development in

Primiparous and Multiparous Prairie Voles (Microtus ochrogaster). Journal of

Mammalogy, 75(1):18-23

Page 116: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

DISCUSSÃO GERAL

Os dados obtidos nos três estudos mostraram que a resposta comportamental

e hormonal dos machos adultos não reprodutores de sagüi, Callirhix jacchus, são

influenciadas por estímulos somatosensoriais advindos de infantes não aparentados,

como sua vocalização, sua visão, seu cheiro e o contato físico.

No primeiro artigo verificamos que a vocalização do infante modificou o

padrão comportamental dos animais, tendo em vista o maior número de

aproximações e tempo de proximidade junto a fonte sonora. Os machos se

locomoveram mais quando expostos a pista sonora do que quando na sua ausência.

Esses resultados corroboram com a Predição 1 da Hipótese 1 que sugere que a

vocalização de infantes influencia o estado motivacional dos animais, que buscaria

interagir com o estímulo testado. Nesse sentido, a exposição de cuidadores em

potencial a vocalização de filhotes com poucos dias de vida é importante para a

iniciação, e posterior manutenção da resposta parental como evidenciado em estudos

desenvolvidos com primatas humanos e não humanos (Snowdon, 1997; Storey et al.

2000; Soltis et al. 2005; Zahed et al. 2008).

O padrão vocal apresentado por infantes além, de incluir padrões de som

imaturos que desaparecem na vida adulta, também apresenta uma série de

características semelhante ao balbucio de bebês humanos caracterizado por

repetições freqüentes e aparentemente aleatórias (Snowdon, 1997; Elowson et al.

1998). De acordo com esses estudos, os cuidadores permaneceram mais tempo em

contato com os filhotes quando esses vocalizavam. Em humanos, estudo usando

ressonância magnética mostrou que o choro de bebês estimula a atividade de áreas

cerebrais provavelmente envolvidas na expressão do comportamento parental em

mamíferos (Lorberbamm et al. 2002). Adicionalmente, Christensson et al. (1995)

mostraram que o estímulo sonoro (choro) de infantes de 0 a 4 meses é uma pista

eficaz para o restabelecimento do contato com a mãe quando a mesma se distancia.

Page 117: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Assim, as evidências apresentadas e os dados desse estudo apóiam a idéia de que a

vocalização de filhotes imaturos é um estímulo sensorial significativo para os

membros do grupo social em sagüi, a qual leva o cuidador a se aproximar da pista, e

consequentemente exibir o comportamento parental.

No diz respeito ao perfil hormonal, a vocalização de infantes influenciou os

níveis plasmáticos de cortisol dos machos não reprodutores de sagüi experientes.

Esse resultado corroborou a predição 2 da Hipótese 1 que propõe maiores

concentrações desse hormônio após a exposição as gravações das vocalização.

Semelhantemente, estudos com humanos mostraram uma elevação no cortisol de

pais após a exposição ao choro (Storey et al. 2000) e aos odores do bebê (Fleming,

1993; Fleming et al. 1997a). No nosso estudo, a variação encontrada nessa variável

fisiológica sugere um maior estado de alerta ou prontidão pelos machos de sagui e o

reconhecimento da pista sensorial, o que poderia torná-los mais aptos a responder ao

chamado dos filhotes quando no campo e cativeiro. Dessa forma, quando um infante

vocaliza, ele pode estar sinalizando ao cuidador algum tipo de necessidade, como

por exemplo, fome, sede ou desconforto, que levam a uma mudança na

responsividade dos animais. Isso se torna mais crítico em animais de vida livre, onde

o risco de predação e as áreas de uso dos grupos sociais podem variar quanto a sua

extensão.

No segundo artigo avaliamos o efeito da visão de filhotes de sagüi isolado de

outras pistas sensoriais (vocalização e o cheiro) na resposta comportamental e nos

níveis de cortisol dos machos adultos. Semelhante ao que foi verificado no primeiro

artigo utilizando o estímulo sonoro, a visão de infantes alojados na caixa teste com a

porta fechada modificou seu padrão comportamental. Os machos se aproximaram

mais, cheiraram mais e passaram mais tempo próximo da caixa teste quando o

filhote estava no seu interior. Eles também se locomoveram mais nessa condição

experimental. Esses achados corroboraram a predição 1, 2, 3 e 4 da Hipótese 1 e

sugerem que a visão do filhote pelo cuidador é um importante elemento para

motivar o interesse pelo cuidador e também de avaliação do filhote. A importância

Page 118: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

da pista visual na eliciação do comportamento parental foi observada em primatas

não humanos (Macaca fuscata: Ehardt e Blount, 1984). Em humanos, Lorenz (1993)

propõe que o estímulo visual (traços juvenis) desencadeia o que ele denomina de

mecanismos liberadores inatos de afeto e cuidado em indivíduos adultos. Estudo

com o sagüi (Pryce, 1993) treinou machos e fêmeas em aparato de condicionamento

operante e avaliou sua motivação quanto a visualização de uma réplica de filhote

pela pressão de uma barra. Todos os animais testados mostraram-se interessados

pela pista sensorial. Nesse sentido, o estímulo visual, assim como a vocalização,

poderia favorecer a formação do vínculo afetivo entre o cuidador e a prole e modular

o padrão de comportamento parental.

Vale salientar, contudo, que o padrão comportamental dos machos não foi

influenciado pela experiência prévia no cuidado aos filhotes como proposto. Machos

experientes e não experientes foram responsivos a visão do filhote no aparato desde

o primeiro dia de exposição. Esses achados refutam parcialmente a predição 1 da

Hipótese 3 que prediz que os maiores índices comportamentais seriam mostrados

pelos animais experientes. Apesar do resultado não significativo, os machos

experientes cheiraram e se aproximaram mais da caixa teste do que os inexperientes,

e passaram mais tempo próximo à caixa. Dessa forma, a experiência anterior parece

influenciar, mas não determinar a expressão comportamental de cuidado em sagüi e

em outras espécies.

Em contraste com o primeiro artigo, os níveis plasmáticos de cortisol dos

machos adultos de sagüi não variaram entre as duas condições testadas (caixa teste

vazia x caixa teste com filhote) como esperado. Por outro lado, o cortisol diminuiu

ao longo dos dias de exposição, embora não significativamente. Essa resposta sugere

que a visão do filhote não aparentado na caixa teste não seria um evento estressor.

Portanto, a predição da Hipótese 2 foi refutada. Quando avaliado o efeito da

experiência anterior no cuidado nos níveis de cortisol entre as duas condições

também não foi encontrada diferença, o que refuta a predição 2 da Hipótese 3.

Page 119: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Por fim, no terceiro artigo foi investigada o padrão comportamental e perfil

hormonal dos animais experientes e não experientes quando expostos a caixa teste

fechada e aberta com o filhote no seu interior, ou seja, sem e com possibilidade de

interação social com os filhotes. Apenas a freqüência de deslocamento se elevou

significativamente após a exposição à caixa fechada, com os animais se deslocando

mais entre os quadrantes das gaiolas-viveiro. Esse resultado corrobora a predição 4

da Hipótese 1. Como sugerido por Smith et al. (1998) e Barbosa e Mota (2009)

usando o sagüi, o deslocamento parece ser um indicativo não invasivo de estresse e

agitação, que pode estar associado às tentativas mal sucedidas pelos machos adultos

em interagir com filhote presente na caixa.

Foi verificado ainda que a experiência prévia no cuidado interferiu

significativamente na resposta comportamental dos machos de sagüi após a

exposição a caixa teste aberta. Machos experientes se aproximaram, passaram mais

tempo próximo, carregaram e recuperaram mais rápido o infante do que os

inexperientes corroborando parcialmente a predição 1 da Hipótese 3. Contudo

quando foi considerado o efeito da exposição sucessiva dos machos aos filhotes, os

animais inexperientes diminuíram seu tempo de latência de recuperação e

aumentaram a duração de seus episódios de carregar. Esses achados reforçam

aqueles dos estudos com Macaca mulatta (Gibber e Goy, 1985), Callithrix jacchus

(Newman et al. 1993; Pryce, 1993; Zahed et al. 2008), Saguinus oedipus (Ziegler et

al. 2004) e em humanos (Fleming et al. 2002) que mostraram que animais

experientes são mais responsivos e capazes de reconhecer as pistas sensoriais dos

filhotes, levando a aproximação, e conseqüentemente, a ocorrência de contato físico

pelo transporte dos filhotes. Além disso, foi verificado que animais sem experiência

prévia presentes no grupo social podem ser sensibilizados às pistas sensoriais

advindas dos filhotes por exposição sucessiva no período pós-parto em sagüi.

Quanto ao perfil hormonal dos machos, os níveis plasmáticos de cortisol dos

animais experientes se elevaram após exposição à caixa teste fechada quando

comparada a caixa aberta. Essa resposta, semelhante ao que foi observado para o

Page 120: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

deslocamento, pode indicar uma resposta fisiológica de estresse a restrição de acesso

e interação com o filhote recém-nascido. De acordo com o esperado, os níveis

hormonais dos machos experientes e não experientes de sagüi não se elevaram

durante o transporte dos filhotes (carregando x não carregando). Todavia, foi

verificada uma correlação negativa entre os níveis de cortisol e a duração dos

episódios de carregar para os experientes, corroborando com a predição da Hipótese

2. Como sugerido por Mota et al. (2006), a participação dos machos no carregar não

induziria variação nos níveis de cortisol, apesar dos custos energéticos envolvidos

nessa atividade, sugerindo uma minimização da resposta fisiológica ao estresse

particularmente entre os machos experientes.

Baseado no exposto sugere-se que para garantir a participação dos membros

do grupo social no cuidado parental, o processo evolutivo dotou o filhote com

características físicas e comportamentais que eliciam a vinculação e a motivação

para cuidar. Tal motivação é influenciada por estímulos auditivos, visuais, olfativos

e tátil provenientes de filhotes, que influenciam a resposta comportamental e

hormonal dos cuidadores que fazem parte dos mecanismos fisiológicos de iniciação

e manutenção do comportamento de cuidar, essencial para a sobrevivência da

descendência.

Page 121: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

CONCLUSÕES

1. A exposição de membros de um grupo social de calitrquídeos a diferentes

tipos de estímulos sensoriais pelos filhotes recém-nascidos, vocalização,

visão e contato físico, parece ser um método eficaz para avaliação de sua

resposta comportamental e hormonal dos cuidadores.

2. Machos não reprodutores responderam positivamente a exposição ao

estímulo sonoro (vocalização de filhotes), tendo em vista os valores

aumentados de comportamentos que indicavam interesse e motivação

(freqüência de aproximação e tempo de proximidade) para interagir com o

estímulo apresentado.

3. A elevação do cortisol pelos machos não reprodutores após exposição a

estímulação sonora (vocalização) parece indicar um maior estado de alerta do

indivíduo, que é importante para o reconhecimento das pistas sensoriais pelo

cuidador em potencial durante sua interação com o infante.

4. A exposição do cuidador a pistas visuais de filhotes recém-nascidos de sagüi

parece ser um importante modulador da responsividade comportamental pelo

cuidador aloparental, provavelmente por facilitar sua aproximação e,

conseqüentemente a ocorrência de comportamento de cuidado com a prole.

5. A experiência prévia no cuidado e os níveis de cortisol parecem não estar

relacionados com a iniciação de comportamentos de aproximação do

cuidador em resposta ao estímulo visual pelos filhotes.

Page 122: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

6. A exposição sucessiva a infantes e a experiência prévia no cuidado com os

irmãos quando vivendo no seu grupo familiar influencia a responsividade de

machos de sagüi às pistas sensoriais dos infantes.

7. A experiência prévia no cuidado aloparental parace não influenciar os níveis

de cortisol dos machos não reprodutores após a interação social com o

infante.

8. A ausência de variação nos níveis de cortisol dos machos durante o carregar

sugere que o contato físico com o infante reduziu a resposta ao estresse.

Page 123: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS

Abbott, D. H., Barrett, J. e George, L. M. (1993) Comparative aspects of the social

suppression of reproduction in female marmosets and tamarins. Em: A. R.

Rylands (ed.) Marmosets and Tamarins: Systematics, Behaviour, and Ecology.

Oxford University Press. pp. 152-163.

Achenbach, G. G. e Snowdon, C. T. (2002) Costs of caregiving: Weight loss in

captive adult male cotton0top tamarins (Saguins oedipus) following the birth of

infantss. International Journal of Primatology, 23: 179-189.

Albuquerque, F. (1994) Distribuição do cuidado a prole em grupos de Callithrix

jacchus (Callitrichidae: Primates), no ambiente natural. Dissertação de

Mestrado. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 62 p.

Albuquerque, F. (1999) Cuidado cooperativo a prole: dinâmica em ambiente natural.

Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo. 202 p.

Alcock, J. (2001) Animal Behavior: na evolutionary approach. 7. ed. Sinauer

Associates, Sunderland.

Arruda, M. F., Araújo, A., Sousa, M. B. C., Albuquerque, A. C. S. R., e Yamamoto,

M. E. (2005) Two breeding females within free-living groups may not always

indicate polygyny: alternative subordinate female strategies in common

marmosets (Callithrix jacchus). Folia Primatologica, 76: 10-20.

Arruda, M. F., Yamamoto, M. E. E Bueno, O. F. A. (1986) A descrição das relações

pai/mãe-filhote e da separação pai-filhote no sagüi comum (Callithrix jacchus).

Em: M. T. de Mello (ed.) A primatologia no Brasil. Sociedade Brasileira de

Primatologia, Brasília. Pp: 47-57.

Bahr, N. I., Pryce, C. R., Dobeli, M. e Martin, R. D. (1998) Evidence from urinary

cortisol that maternal behavior is related to stress in gorillas. Physiology and

Behavior, 64: 429-437.

Page 124: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Bales, K., Dietz, J. M., Baker, A., Miller, K. e Tardif, S. D. (2000) Effects of

allocare-givers on fitness of infants and parents in Callitrichid primates. Folia

Primatologica, 71: 27-38.

Barbosa, M. N. B e Mota, M. T. S. (2009) Behavioral and hormonal response of

common marmosets, Callithrix jacchus, to two environmental conditions.

Primates, 50:253-260.

Bardi, M., Shimizu, K., Fujita, S., Borgognini-Tarli, S. e Huffman, M. A. (2001)

Hormonal correlates of maternal style in captive macaques (Macaca fuscata, M.

mulatta). International Journal of Primatology, 22: 647-662.

Bardi, M., French, J. A., Ramirez, S. M. e Brent, L. (2004) The role of the endocrine

system in baboon maternal behavior. Biology Psychiatry, 55: 724-732.

Bastian, M. L. e Brockman, D. K (2007) Paternal Care in Propithecus verreauxi

coquereli. International Journal of Primatology, 28: 305-313.

Bridges , R. S. (1990) Endocrine regulation of parental behavior in rodents. Em: N.

A. Krasnegor, e R. S. Bridges (eds.) Mammalian Parenting: Biochemical,

Neurobiological, and Behavioral Determinants. Oxford University Press, New

York. pp. 93-117.

Bridges, R. S. (1996) Biochemical basis of parental behavior in the rat. Advances in

the Study of Behavior, 25:215-242.

Brown, R. E. (1993) Hormonal and experiential factors influencing parental

behaviour in male rodents: An integrative approach. Behavioural Processes,

30:1-28.

Brown, R. E. (1998) Hormônios e comportamento parental. Em: M. J. P. Costa e V.

U. Croemberg. (eds.). Comportamento Materno em Mamíferos. Bases Teóricas e

Aplicações aos Ruminantes Domésticos. Sociedade Brasileira de Etologia. São

Paulo. Pp. 53-99.

Brown, R. E. e Moger, W. H. (1983) Hormonal correlates of parental behavior in

male rats. Hormones and Behavior, 17: 356-365.

Page 125: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Brown, R. E.; Murdoch, T.; Murphy, P. R. e Moger, W. H. (1995) Hormonal

responses of male gerbils to stimuli from their mate and pups. Hormones and

Behavior., 29: 474-491.

Buntin, J. D. (1996) Neural and hormonal control of parental behavior in birds. Em:

J. S. Rosenblatt e C. T. Snowdon. (eds.) Parental Care: Evolution, Mechanisms,

and Adaptative Significance. San Diego, Academic Press. pp. 161-213.

Cantoni, D. e Brown, R. E. (1997) Paternal investment and reproductive success in

the california mouse, Peromyscus californicus. Animal Behavior, 54: 377-386.

Carter, C. S. (1988) Neuroendocrine perspectives on social attachment and love.

Psychoneuroendocrinology, 23: 779-818.

Carter, C. S. e Altemus, M. (1997) Integrative functions of lactational hormones in

social behavior and stress management. Annais New York Academic Science, 7:

164-174.

Christensson, K., Bhat, G. J. Eriksson, B., Shilalukey-Ngoma, M. P., Sterky, J.

(1995) The effect of routine hospital care on the health of hypothermic newborn

infants in Zambia. Journal of Tropical Pediatrics, 41 (4): 210-214.

Cleveland, J. e Snowdon, C. T. (1984) Social development during the first 2o weeks

in the cotton-top tamarin (Saguinus oedipus oedipus). Animal Behaviour, 32:

432-444.

Clutton-Brock, T. H. (1991) The evolution of parental care. Princeton, Pricenton

University Press.

Clutton-Brock, T. H. e Goldfray, C. (1991) Parental investment. Em: J. R. Krebs e

N. B. Davies. (eds.) Behavioural Ecology. Oxford: Blackwell Scientific

Publications. Pp. 235-262.

Cutrim, F. H. R. 2007. Aspectos do cuidado cooperativo em dois grupos de

Callithrix jacchus selvagens. MSc Thesis, Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, RN, Brazil.

Page 126: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Digby, L. J. (1995) Infant care, infanticide, and female reproductive strategies in

polygynous groups of common marmosets (Callithrix jacchus). Behavioral

Ecology and Sociobiology, 37: 51-61.

Digby, L. J. e Barreto, C. E. (1996) Activity and ranging patterns in common

marmosets (Callithrix jacchus): implications for reproductive strategies. Em: M.

A. Norconk., A. L. Rosenberg. e P. A. Garber. (eds.) Adaptative Radiations of

Neotropical Primates. New York: Plenum Press. pp. 173-185.

Dixson, A. F. (1993) Callitrichidae mating systems: Laboratory and field approaches

to studies of monogamy and polyandry. Em: A. R. Rylands (ed.) Marmosets and

Tamarins: Systematics, Behaviour, and Ecology. Oxford University Press.

pp.164-175.

Dixson, A. F. e Fleming, D. (1981) Parental behaviour and infant development in

owl monkeys (Aotus trivirgatus). Journal Zoo Lond, 194: 25-39.

Dixson, A. F. e George, L. (1982) Prolactin and parental behaviour in a male New

World Primate. Nature, 29: 551-553.

Ehardt, C. L.; Blount, B. G. (1984) Mother-infant visual interaction in japanese

macaques. Developmental Psychobiology, 17( 4):391-405.

Elowson, M., Snowdon, C., e Lazaro-perea, C. (1998) “Babbling” and social context

social in infant monkeys:parallels to human infants. Trends in Cognitive

Sciences, 2(1):31-37.

Emlen, S. T. (1991) Predicting family dynamics in social vertebrates. Em: N. B.

Davies. (ed.) Behavioural Ecology. Oxford: Blackwell. pp. 228-253.

Epple, G. (1978) Notes on the establishment and maintenance of the pair bond in

Saguinus fuscicollis. Em: D. G. Kleiman (ed.) The Biology and Conservation of

the Callitrichidae. Smithsonian Institution Press, washington, D. C, USA. Pp.

231-237.

Ferrarri, S. F. e Digby, L. J. (1996) The Callithrix groups: stable extended families?

American Journal of Primatology, 26: 109-118.

Page 127: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Fleming, A. S., Ruble, D. e Wong, P. Y. (1997a) Hormonal and experiential

correlates of maternal responsiveness during pregnancy and puerperium in

human mothers. Hormones and Behavior, 31: 145-158.

Fleming, A. S. e Sarker, J. (1990) Experience-hormone interactions and maternal

behavior in rats. Physiology and Behavior, 47: 1165-1173.

Fleming, A. S., Steiner, M. e Corter, C. (1997b) Cortisol, hedonics, and maternal

responsiveness in human mothers. Hormones and Behavior, 32: 85-98.

Fleming, A. S., Corter, C., Stallings, J. Steiner, M. (2002) Testosterone and prolactin

are associated with emotional responses to infant cries in new fathers. Hormones

and Behavior, 42: 399-413.

Garcia, V.; Jouventin, P. e Mauget, R. (1996) Parental Care and the prolactin

secretion pattern in the king penguin: an endogenously timed mechanism?

Hormones and Behavior, 30: 259-265.

Gibber, J. R. e Goy, R. W. (1985) Infant-directed behavior in Young rhesus

monkeys: sex differences and effects of prental androgens. American Journal of

Primatology, 8: 225-237.

Goldizen, A. W. (1987) Facultative polyandry and the role of inafnt-carrying in wild

saddle-back tamarins (Saguinus fuscicollis). Behavioral Ecology and

Sociobiology, 20: 99-109.

Goldsmith, A. R. (1982) Plasma concentrations of prolactin during incubation and

parental feeding throughout repeated cycles in canaries (Serinus canarius).

Journal of Endocrinology, 94: 51-59.

Gubernick, D. J. e Laskin (1994) Mechanisms influencing sibling care in the

monogamous biparental California mouse, Peromyscus californicus. Animal

Behaviour, 39: 916-923.

Gubernick, D. J. e Nelson, R. J. (1989) Prolactin and paternal behavior in the

biparental califórnia mouse, Peromyscus californicus. Hormones and Behavior,

23: 203-210.

Page 128: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Hearn, J. P. (1983) The common marmoset (Callithrix jacchus). Em: J. H. Hearn

(ed.) Reproduction in New World Primates. New Models in Medical Science.

MTP Press Limited, Boston, USA. Pp. 183-216.

Hennessy, M. B., Harney, K. S., Smoteherman, W. P., Coyle, S. e Levine, S. (1977)

Adrenalectomy-induced deficits in maternal retrieval in rat. Hormones and

Behavior, 9: 222-227.

Hoage, R. J. (1978) Parental care in Leontopithecus rosalia. Sex and age differences

in carrying behavior and the role of prior experience. Em: D. G. Kleiman (ed.)

The Biology and Conservation of the Callitrichidae. Smithsonian Institution

Press, washington, D. C, USA. Pp. 293-305.

Hoffman, K. A., Mendoza, S. P., Henessy, M. B. e Mason, W. A. (1995) Responses

of infant titi monkeys, Callicebus moloch, to removal of one or both parents:

evidence for paternal attachment. Dev Psychobiology, 28: 399-407.

Ingram, J. C. (1977) Interactions between parents and infants and the development

of independence in commom marmoset (Callithrix jacchus). Animal Behaviour,

25: 811-827.

Kappeler, P. M. e van Schaik, C. P. (2002) Evolution of primate social systems.

International Journal of Primatology, 23: 707-740.

Kleiman, D. G. (1977) Monogamy in mammals. The Quaterly Review of Biology,

52: 36-69.

Kleiman, D. G. e Malcom, J. R. (1981) The evolution of male parental investment.

Em: D. J. Gubernick e P. H. Klopfer. (eds.) Parental Care in Mammals. Plenum

Press. pp. 347-387.

Krebs, J. R. e Davies, N. B. (1996) An Introduction to Behavioural Ecology. 3.ed.

Blackweel Scientific Publications, Oxford, UK.

Lazaro-Pera, C., Castro, C. S. S., Harrison, R. Araujo, A.,Arruda, M. F. e Snowdon,

C. T. (2000) Behavioral and demographic changes following the loss of the

breeding female in cooperatively breeding marmosets. Behavioral Ecology and

Sociobiology, 48: 137-146.

Page 129: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Leutenegger, W. (1973) Maternal-fetal weight relationship in primates. Folia

Primatologica, 20: 280-293.

Loberbaum, J. P., Newman, J. D., Horwitz, A. R., Dubno, J. R., Lydiard, R. B,

Hamner, M. B., George, R. S. (2002) A potential role for thalamocingulate

circuitry in human maternal behavior. Biology Psychiatry, 51 (6): 431-445.

Logan, C. A. e Wingfield, J. C. (1995) Horomnal correlates of breeding status, nest

construction, and parental care in multiple-brooded northern mockingbirds,

Mimus polyglottos. Hormone and Behavior, 29: 12-30.

Lorenz, K. (1993) Os fundamentos da etologia. São Paulo:Unesp.

Lovalloo, W. R., e Thomas, T. L. (2000) Stress hormones in psychophsiological

research. In: J. T. Cacioppo., L. G. Tassinary e G. G.Berntson (eds.). Handbook

of Psychophysiology. 2. ed. Cambridge University Press. pp. 342-367.

Mendoza, S. P. e Mason, W. A. (1986) Parental division of labour and

differentiation of attachments in a monogamous primate (Callicebus moloch).

Animal Behavior, 34: 1336-1347..

Moehlman, P. D. e Hofer, H. (1997) Cooperative breeding, reproductive

suppression, and body mass in canids. Em: N. G. Solomon e J. A. French. (eds.)

Cooperative Breeding in Mammals. Cambridge: Cambridge University Press. pp.

76-149.

Mota, M. T. S. (1999) Hormonal and behavioural studies of parental and

alloparental care, and reproductive success in common marmosets (Callithrix

jacchus). Tese de doutorado apresentada à Universidade de Reading- Inglaterra.

Mota, M. T. S. e Sousa, M. B. C. (2000) Prolactin levels of fathers and helpers

related to alloparental acre in common marmosets, Callithrix jacchus. Folia

Primatologica, 71: 22-26.

Mota, M. T. S., Franci, C. S. e Sousa, M. B. C. (2006) Hormonal changes related to

paternal and alloparental care in commom marmosets (Callithrix jacchus).

Hormones and Behavior.

Page 130: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Nelson, R. J. (1995) An Introduction to Behavioral Endocrinology. Sinaeur

Associates, Inc. Sunderland. Pp. 289-330.

Nelson, R. J. (2000) Stress. In: R. J. Nelson (ed.). An introduction to behavioral

endocrinology. Sinauer Associates. Sunderland, Massachussets. pp. 557-591.

Nicolson, N. A. (1987) Infants, mothers, and other females. Em: B. B. Smuts., D. L

Cheney., R. M. Seyfarth., R. W. Wranghan e T. T. Struhsaker. (eds.) Primates

Societies. Chicago University Press. pp. 330-342.

Newman, J. D., Baldwin, A., Moody, K., (1993) Latency to retrieve isolated infant

marmosets. American Journal of Primatology, 30: 337-338.

Nunes, S., Fite, J. E., Patera, K. J. e French, J. A. (2001) Interactions among paternal

behavior, steroid hormones, and parental experience in male marmosets

(Callithrix kuhlli). Hormones and Behavior, 39: 70-82.

Oliveira, M. S., Lopes, F. A., Alonso, C. e Yamamoto, M. E. (1999) The mother`s

participation in infant carrying in captive groups of Leontophitecus rosalia and

Callithrix jacchus. Folia Primatologica, 70: 146-153.

Poindron, P. e Le Neindre, P. (1980) Endocrine and sensory regulation of maternal

behavior in the ewe. Em: J. S. Rosenblatt., R. A. Hinde., C. Beer. e M. C.

Busnel. (eds.) Advances Study of Behavior. Vol. 11. Academic Press, New

York. pp. 75-119.

Price, E. C. (1992) Sex and helping: reproductive strategies of breeding male and

female cotton-top tamarins, Saguinus oedipus. Animal Behavior, 43: 717-728.

Pryce, C. R. (1993) The regulation of maternal behaviour in marmosets and

tamarins. Behavioural Processes, 30: 201-224.

Reburn, C. J. e Wynne-Edwards, K. E. (1999) Hormonal changes in males of a

naturally biparental and uniparental mammal. Hormones and Behavior, 35: 163-

176.

Rees, S. L., Panesar, S., Steiner, M. e Fleming, A. S. (2004) The effects of

adrenalectomy and corticosterone replacement on maternal behavior in the

postpartum rat. Hormones and Behavior, 46: 411-419.

Page 131: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Roberts, R. L., Zullo, A., Gustafson, E. A. e Carter, C. S. (1996) Perinatal steroid

treatments alter alloparental and affiliative behavior in prairie voles. Hormones

and Behavior, 30: 576-582.

Rosenblatt, J. S. (1967) Nonhormonal basis of maternal behavior in the rat. Science,

156: 1512-1514.

Rosenblatt, J. S., Siegel, H. I. e Mayer, A. D. (1979) Progress in the study of

maternal behavior in the rat: hormonal, nonhormonal, sensory, and

developmental aspects. Em: J. S. Rosenblatt., R. A. Hinde., C. Beer. e M. C.

Busnel. (eds.) Advances Study of Behavior. Vol. 10. Academic Press, New

York. pp. 225-311.

Rosenblatt, J. S. e Siegel, H. I. (1983) Physiological and behavioural changes during

pregnancy and parturition underlying the onset of maternal behaviour in rodents.

Em: R. W. Elwood (ed.) Parental Behaviour of Rodents. New York. John Wiley

e Sons Ltd, USA. pp. 23-66.

Rosenblatt, J. S., Mayer, A. D. e Giordano, A. L. (1988) Hormonal basis during

pregnancy for the onset of maternal behavior in the rat.

Psychoneuroendocrinology, 13(1-2): 29-46.

Rothe, H. e Darms, K. (1993) The social organization of marmosets: a critical

evaluation of recent concepts. Em: A. B. Rylands (ed.) Marmosets and Tamarins:

Systematics, Behaviours, and Ecology. Oxford: Oxford University Press. pp.

176-199.

Rylands, A. B. (1996) Habitat and the evolution of social and reproductive behavior

in Callitrichidae. American Journal of Primatology, 38: 5-18.

Rylands, A. B.; Scheneider, O.; Langguth, A.; Mittermeier, R. A.; Groves, C. P.;

Rodriguéz-luna, E. (2000). An assessment of the diversity of New World

Primates. Neotropical Primates, 8(2), 61-93.

Sakaguchi, K., Tanaka, M., Ohkubo, T., Doh-ura, K., Fujikawa, T., Sudo, S. e

Nakashima, K. (1996) Induction of brain prolactin receptor long-term nRNA

expression and maternal behavior in pup-contacted male rats: Promotion by

Page 132: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

prolactin administration and suppression by female contact.

Neuroendocrinology, 63(6): 559-568.

Saltzman, W. e Abbott, D. H. (2005) Diminished maternal responsiveness during

pregnancy in multiparous female common marmosets. Hormones and Behavior,

47: 151-163.

Schradin, C. e Pillay, N. (2004) Prolactin levels in paternal striped mouse

(Rhabdomys pumilio) fathers. Physiology and Behavior, 81: 43-50.

Smith, T. E., McGreer-withworth, B. e French, J. A. (1998) Close proximity of the

heterosexual partner reduces physiological and behavioral consequences of

novel-cage housing in blacked tufted-ear marmosets (Callithrix khuli).

Hormones and Behavior, 32 (3): 211-222.

Snowdon, C. T. e Soini, S. J. (1982) Parental behavior in primates. Em: H. E.

Fitzgerald, J. A. Mullins e P. Gage (eds.) Child Nurturance.V. 3. Plenum Press,

New York. Pp. 63-108.

Snowdon, C. T. (1996) Infant care in cooperatively breeding species. Em: J. S.

Rosenblatt e C. T. Snowdon (eds.) Parental Care: Evolution, Mechanisms, and

Adaptative Significance. V. 25. Academic Press. San Diego. Pp. 643-689.

Snowdon, C. T. (1997) Affiliatives processes and vocal development. Annals of the

New York Academy of Sciences, 807:340-351.

Solomon, N. G. e French, J. A. (1997) The study of mammalian cooperative

breeding. Em: N. G. Solomon. e J. A. French. (eds.) Cooperative Breeding in

Mammals. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 1-10.

Solomon, N. G. e Getz, L. L (1997) Examination of alternative hypotheses for

cooperative breeding in Rodentia. Em: N. G. Solomon e J. A. French. (eds.)

Cooperative Breeding in Mammals. Cambridge: Cambridge University Press. pp.

199-230.

Page 133: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Stern, J. M. e Siegel, H. I. (1978) Prolactin release in lactating, primiparous and

multiparous thelectomized and maternal virgin rats exposed to pup stimuli.

Biology of Reproduction, 19: 177-182.

Storey, A. E., Walsh, C. J., Quinton, R. L. e Wynne-Edwards (2000) Hormonal

correlates of paternal responsiveness in new and expectant fathers. Evolution and

Human Behavior, 21: 79-95.

Tardif, S. D. (1997) The bionergetic of parental behavior and the evolution of

alloparental care in marmosets and tamarins. Em: N. G. Solomon e J. A. French.

(eds.) Cooperative Breeding in Mammals. Cambridge: Cambridge University

Press. pp. 11-33.

Trivers, R. L (1972) Parental investment and sexual selection. Em: D. Campbell

(ed.) Sexual Selection and Descent of Man. Aldine, Chicago, USA. Pp.136-179.

Trivers, R. L. (1974) Parent-Offspring Conflit. American Zoologist, 14: 249-264.

Tucker, H. A. (1988) Lactation and its hormonal control. Em: E. Knobil e J. Neill

(eds.) The Physiology of Reproduction. Raven Presse, New York. Pp. 2235-

2263.

Wang, Q. e Buntin, J. D. (1999) The roles of stimuli from young, previous breeding

experience, and prolactin in regulation parental behavior in ring doves

(Streptopelia risoria). Hormones and Behavior, 35: 241-253.

Yamamoto, M. E. (1993) From dependence to sexual maturity: The behavioural

ontogeny of Callitrichidae. Em: A. R. Rylands (ed.) Marmosets and Tamarins:

Systematics, Behaviour, and Ecology. Oxford University Press, Oxford, UK. Pp.

235-254.

Yamamoto, M. E. e Box, H. O., Albuquerque, F. S. e Arruda, M. F. (1996) Carrying

behaviour in captive and wild marmosets (Callithrix jacchus): A comparison

between two colonies and a field site. Primates, 37(3): 297-304.

Zahed, S.R., Prudom, S.L., Snowdon, C.T., Ziegler, T.E., (2008.) Male parenting

and response to infant stimuli in the common marmoset (Callithrix jacchus).

Am. J. Primatol. 1, 84-92.

Page 134: MARICELE NASCIMENTO BARBOSA · desse trabalho e por iluminar o meu caminho mostrando que cada coisa tem um momento certo para acontecer. As minhas avós Antônia e Paú pelo apoio

Ziegler, T. E., Wegner, F. H., Snowdon, C. T. (1996) Hormonal responses to

parental and nonparental conditions in male cotton-top tamarins, Saguinus

oedipus, a New World primate. Hormones and Behavior, 30: 287-297.

Ziegler, T. E. e Snowdon, C. T. (2000) Preparental hormone levels and parenting

experience in male experience in male cotton-top tamarins, Saguinus oedipus.

Hormones and behavior, 38: 159-167.

Ziegler, T. E., Wegner, F. H., Carlson, A. A., Lazaro-Perea, C. e Snowdon, C. T.

(2000) Prolactin levels during the preparturitional period in the biparental cotton-

top tamarin (Saguinus oedipus): interactions with gender, androgen levels, and

parenting. Hormones and Behavior, 38: 111-122.

Ziegler, T. E. Washabaugh, K. F. e Snowdon, C. T. (2004) Responsiveness of

expectant male cotton-top tamarins, Saguins oedipus, to mate`s pregnancy.

Hormones and Behavior, 45: 84-92.