FACELI - D1 - Zilda Maria Fantin Moreira - Linguagem Jurídica - AULA 05
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA
MARIA EDUARDA FANTIN DACHERI
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE CONCRETOS COM POLITEREFTALATO DE ETILENO SUBMETIDOS A ELEVADAS
TEMPERATURAS
Alegrete 2019
MARIA EDUARDA FANTIN DACHERI
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE CONCRETOS COM
POLITEREFTALATO DE ETILENO SUBMETIDOS A ELEVADAS TEMPERATURAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Simone Dornelles Venquiaruto Coorientador: Marcelo de Oliveira
Alegrete 2019
Dedico este trabalho a minha irmã, Isadora
e ao meu namorado, Fabiano, por todo
amor e compreensão durante minha
jornada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus familiares que, embora não tenhamos passado muito
tempo juntos nos últimos anos, certamente estavam presentes em pensamento.
A minha irmã Isadora, por entender mesmo pequena os motivos que me
fizeram sair de casa e buscar um futuro melhor, sendo minha motivação todos os dias.
Ao meu namorado Fabiano Oliveira, que foi o meu maior incentivador, não
permitindo que eu desistisse nos momentos difíceis, pela ajuda no laboratório e pela
paciência, compreensão e amor durante todo este período, não teria conseguido sem
você.
Aos meus avós, pelas orações, cuidado e amor que transmitiram a mim durante
toda a minha vida.
Aos meus amigos e colegas, que dividiram experiências, incentivos e apoio
durante esta jornada.
Aos professores por todo o ensinamento transmitido ao longo do curso. Em
especial a minha orientadora Dra. Simone Dornelles Venquiaruto pelo tempo dedicado
a mim, pela transmissão de ensinamentos e palavras de incentivo, que tornaram esse
trabalho possível e ao meu coorientador Eng. Marcelo de Oliveira pelo conhecimento
transmitido e auxílio durante todos os ensaios realizados.
Aos técnicos Raquel e Luizele por todo o suporte durante a realização dos
ensaios.
“Aprendi que depois de dar o primeiro
passo, tanto faz se o próximo for para
frente ou para trás, a marca da primeira
pisada vai ficar no mesmo lugar”.
Autor desconhecido
RESUMO
A construção civil atualmente consome grande quantidade de recursos
naturais, sendo responsável por parte da degradação ambiental que ocorre no mundo.
Em função da necessidade de reverter ou minimizar esse cenário, a introdução de
novos materiais em matrizes cimentícias - como o Politereftalato de Etileno (PET) -,
tem se mostrado uma boa opção. No entanto, para que seu uso seja difundido é
necessário avaliar as propriedades da matriz cimentícia com a incorporação desse
material e o seu comportamento frente aos ambientes agressivos, ao qual o concreto
pode ser exposto durante sua vida útil. Um incêndio se enquadra nesse contexto, pois
ao ser submetido a elevadas temperaturas, o concreto passa por transformações que
podem comprometer a capacidade de suporte da estrutura, podendo levá-la ao
colapso. Diante do exposto, o presente trabalho tem como intuito avaliar, algumas
propriedades mecânicas e de durabilidade de concretos produzidos com substituição
parcial de areia natural por areia de PET submetidos a distintos gradientes de
temperatura. A partir de um traço referência (sem PET), realizou-se a confecção de
mais dois concretos com substituição parcial em volume (teores de 20% e 50%) da
areia natural por areia de PET. Após a confecção dos concretos e cura submersa por
28 dias, os concretos foram expostos a diferentes gradientes temperaturas (200°C,
400°C e 900°C), para posteriormente terem suas propriedades avaliadas. Verificou-
se que os concretos sofreram perda significativa das propriedades mecânicas e de
durabilidade quando expostos a temperaturas superiores a 400°C. Os resultados
indicaram que a substituição parcial de areia de PET no teor de 20% apresentaram
resultados de resistência à compressão axial semelhantes ao traço referência, não
havendo redução expressiva dessa propriedade ao serem expostos até a temperatura
de 400°C. No entanto, o traço com substituição de 50% de areia de PET se mostrou
inviável, pela redução significativa das propriedades avaliadas.
Palavras-Chave: Concreto, areia de PET, incêndio, altas temperaturas.
ABSTRACT
Civil construction currently consumes a large amount of natural resources,
being responsible for part of the world’s environmental degradation. The introduction
of new materials in cementitious matrix - such as Ethylene Polyerephthalate (PET) -
has been a good option to reverse or minimize this scenario. However, to spread its
use it is necessary to evaluate the properties of cementitious matrix with the
incorporation of this material and its behavior against aggressive environments, to
which concrete can be exposed during its useful life. A fire fits into this context,
because when subjected to high temperatures, the concrete undergoes
transformations that can compromise the carrying capacity of the structure, which can
lead it to collapse. Considering the above, the present work aims to evaluate some
mechanical and durability properties of concrete produced with partial replacement of
natural sand by PET aggregate, submitted to different temperature gradients. From a
reference trait (without PET), two more concrete were made, which have partial volume
replacement (20% and 50%) of the natural sand by PET aggregate. After the
concreting and submerged curing for 28 days, the concretes were exposed to different
temperature gradients (200°C, 400°C and 900°C), so that after they had their
properties evaluated. It was verified that the concrete has been suffer significant loss
of mechanical properties and durability when exposed to temperatures above 400 ° C.
The results have indicated that the partial substitution of 20% PET aggregate have
presented axial compressive strength results similar to the reference trait, without
significant reduction of this property when exposed to 400°C. However, the 50%
substitution trait of PET aggregate proved unfeasible, due to the significant reduction
of the evaluated properties.
Keywords: Concrete, PET aggregate, fire exposed, high tempetures.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Alguns dos principais incêndios do Brasil. ................................................ 19
Figura 2 - Tipos de água associados aos silicatos de cálcio hidratados. .................. 23 Figura 3 - Lascamento na estrutura. ......................................................................... 28 Figura 4 - Esquema do Programa Experimental ....................................................... 31 Figura 5 - Agregados miúdos .................................................................................... 33 Figura 6 - Curva granulométrica da areia natural ...................................................... 35
Figura 7 - Curva granulométrica da areia de PET ..................................................... 35 Figura 8 - Composição das areias ............................................................................. 36 Figura 9 - Curva granulométrica da composição com 20% de PET .......................... 37
Figura 10 - Curva granulométrica da composição com 50% de PET ........................ 38 Figura 11 - Curva granulométrica do agregado graúdo ............................................. 39 Figura 12 - Corpos de prova desmoldados ............................................................... 42 Figura 13 - Abatimentos do tronco cone dos traços estudados................................. 43 Figura 14 - Forno elétrico Sanchis ............................................................................ 44
Figura 15 - Equipamento de propagação de onda ultrassônica ................................ 46 Figura 16 - Velocidade de onda ultrassônica para o traço referência ....................... 49 Figura 17 - Fissuras na superfície do traço referência após a exposição a 900°C ... 49
Figura 18 - Velocidade de onda ultrassônica para o traço 20% de PET ................... 50 Figura 19 - Velocidade de onda ultrassônica para o traço 50% de PET ................... 51 Figura 20 - Velocidade de onda ultrassônica dos traços estudados ......................... 52
Figura 21 - Resistência à compressão axial média dos traços estudados ................ 53 Figura 22 - Resistência à compressão axial em função do teor de PET ................... 55
Figura 23 - Resistência à compressão axial em função da temperatura ................... 56 Figura 24 - Absorção de água e índice de vazios a 23°C ......................................... 58
Figura 25 - Absorção de água e índice de vazios a 200°C ....................................... 58 Figura 26 - Absorção de água e índice de vazios a 400°C ....................................... 59
Figura 27 - Absorção de água e índice de vazios a 900°C ....................................... 59 Figura 28 - Absorção de água por imersão a total média dos traços estudados ....... 60 Figura 29 - Absorção de água por imersão total em função do teor de PET ............. 61 Figura 30 - Absorção de água por imersão total em função da temperatura ............ 62
Figura 31 - Traços estudados nas temperaturas de 23°C e 200°C ........................... 63 Figura 32 - Traços estudados na temperatura de 400°C .......................................... 64 Figura 33 - Impurezas presentes no concreto ........................................................... 64 Figura 34 - PET no interior do concreto a 400°C....................................................... 65
Figura 35 - Traços estudados na temperatura de 900°C .......................................... 65 Figura 36 - Vazios ocasionados pela degradação da areia de PET superficial ......... 66 Figura 37 - PET no interior do concreto -Traço 50PET- submetido a uma temperatura de 900°C ................................................................................................................... 67
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Levantamento dos principais incêndios no Brasil. ................................... 20
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Exigências físicas, mecânicas e químicas do cimento Portland CPIV - 32 .................................................................................................................................. 32
Tabela 2 - Caracterização da areia natural ............................................................... 34 Tabela 3 - Caracterização da areia de PET .............................................................. 34 Tabela 4 - Caracterização da composição com 20% de areia de PET ..................... 36 Tabela 5 - Caracterização da composição com 50% de areia de PET ..................... 37 Tabela 6 - Caracterização do agregado graúdo ........................................................ 39
Tabela 7 - Traços utilizados para a produção dos concretos. ................................... 41
Tabela 8 - Quantitativo de corpos-de-prova (CPs) por tipo de ensaio ....................... 42
Tabela 9 - Trabalhabilidade dos traços ..................................................................... 43 Tabela 10 - Temperaturas e umidades relativas do ar durante as moldagens. ......... 43 Tabela 11 - Tempo de permanência na mufla. .......................................................... 45 Tabela 12 - Massa específica dos concretos no estado fresco ................................. 47
Tabela 13 - Massa específica seca ........................................................................... 48 Tabela 14 - Análise ANOVA da resistência à compressão axial ............................... 54 Tabela 15 - Análise ANOVA da resistência à compressão axial até 400°C .............. 56
Tabela 16 - Teste de Duncan ................................................................................... 57 Tabela 17 - Análise ANOVA da absorção de água por imersão total ........................ 61
Tabela 18 - Análise ANOVA de absorção de água por imersão total até 400°C ....... 62 Tabela 19 - Síntese dos resultados obtidos na pesquisa em relação ao teor de PET .................................................................................................................................. 69 Tabela 20 - Síntese dos resultados obtidos na pesquisa em relação a temperatura de 23°C a 400°C ............................................................................................................ 69
Tabela 21 - Síntese dos resultados obtidos na pesquisa em relação a temperatura de 400°C a 900°C .......................................................................................................... 70
LISTA DE SIGLAS
ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland
ABIPET - Associação Brasileira da Indústria de PET
NBR - Norma Brasileira
PET - Politerftalato de Etileno
PPCI - Planos de Proteção e Prevenção Contra Incêndios
TRRF – Tempo Requerido de Resistência ao Fogo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 15
1.1 Objetivos ....................................................................................................... 17
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................ 17
1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................... 17
1.2 Justificativa ................................................................................................... 17
1.3 Estrutura do trabalho ................................................................................... 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 19
2.1 O incêndio e as suas consequências no Brasil ......................................... 19
2.2 Obras de engenharia e o risco de incêndio ................................................ 21
2.3 Comportamento dos materiais componentes do concreto em elevadas
temperaturas ............................................................................................................ 23
2.3.1 Água ............................................................................................................... 23
2.3.2 Pasta de cimento Portland ........................................................................... 24
2.3.3 Agregados ..................................................................................................... 25
2.3.4 Aço ................................................................................................................. 25
2.4 Alterações na estrutura do concreto em elevadas temperaturas ............ 26
2.4.1 Lascamento do concreto a elevadas temperaturas ................................... 27
2.5 Concretos com materiais alternativos submetidos a elevadas
temperaturas ............................................................................................................ 29
3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 31
3.1 Materiais ........................................................................................................ 32
3.1.1 Cimento Portland .......................................................................................... 32
3.1.2 Agregados miúdos ....................................................................................... 33
3.1.3 Agregado graúdo .......................................................................................... 38
3.1.4 Água ............................................................................................................... 40
3.1.5 Aditivo ............................................................................................................ 40
3.2 Procedimento de dosagem .......................................................................... 40
3.2.1 Produção dos concretos .............................................................................. 41
3.2.2 Aquecimento dos concretos a diferentes temperaturas ........................... 43
3.3 Propriedades mecânicas e de durabilidade dos concretos no estado
endurecido ............................................................................................................... 45
3.3.1 Ensaios de velocidade de propagação de onda ultrassônica .................. 45
3.3.2 Resistência à compressão axial .................................................................. 46
3.3.3 Absorção de água por imersão total ........................................................... 46
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................... 47
4.1 Massa específica do concreto ..................................................................... 47
4.2 Ensaios de velocidade de propagação de onda ultrassônica .................. 48
4.3 Resistência à compressão axial .................................................................. 52
4.4 Absorção de água por imersão total ........................................................... 57
4.5 Análise visual das amostras ........................................................................ 62
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 68
5.1 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................... 70
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71
APÊNDICES ............................................................................................................. 76
15
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland - ABCP a indústria
da construção civil no Brasil entre os anos de 2005 a 2012 passou por um rápido
crescimento devido ao desenvolvimento do país, estima-se que o aumento na
produção de concreto alcançou 180%. Após 2014, devido ao momento financeiro do
país, a construção civil teve uma queda na produção, causando uma instabilidade no
setor, porém os índices de desenvolvimento na construção voltaram a subir
gradativamente desde 2018 e as previsões para o setor mostram-se otimistas.
É de consenso geral que a construção civil é responsável por parte da
degradação ambiental, considerando a extração de recursos minerais e a produção
de resíduos. Atualmente, existe uma preocupação geral de tentar minimizar a
degradação do meio ambiente.
O impacto que a extração de minerais tem no equilíbrio ambiental torna-se
preocupante a medida que as ações humanas são refletidas em alguns processos
naturais que ocorrem no ecossistema. Nesse contexto, Canellas (2005) salienta que
devido a areia possuir pouco valor aquisitivo, e ter sua substituição de maneira
rentável difícil, é amplamente utilizada na construção civil, sendo sua extração
possível causadora de impactos no meio ambiente, podendo provocar erosão na
margem de rios, além de diminuir a função que possuem de filtro físico e biológico
para as águas subterrâneas.
A construção civil apesar de impactar o ambiente, também permite a
incorporação de materiais alternativos e novas técnicas construtivas. No entanto, é
necessário o aprimoramento de pesquisas, para que os materiais alternativos que
apresentem potencialidade para uso, possam ter seu uso validado e difundido no
mercado.
A utilização de materiais alternativos como o politereftalato de etileno,
conhecido como PET, vem sendo estudado por alguns pesquisadores (Jardim (2016),
Moura (2017), Della Flora et al. (2018)) com alguns resultados promissores.
O uso do politereftalato de etileno tem aumentado nas últimas décadas e seu
descarte na maioria das vezes não é realizado de forma adequada, tornando
necessário a descoberta de um novo destino para esse material. Segundo a
Associação Brasileira da Indústria de PET – ABIPET, foram consumidas cerca de 720
16
mil toneladas de embalagens de PET em 2014 e somente 314 mil toneladas foram
recicladas, o que equivale a cerca 44%. Atualmente estima-se que 51% das
embalagens descartadas no Brasil são recicladas, apesar da taxa crescente de
reciclagem, a implementação de novas utilizações para o material ainda é importante,
pois o PET demora cerca de 400 anos para se decompor na natureza.
Pesquisas de Jardim (2016) com complementação de Della Flora et al. (2018),
constataram que a substituição parcial do agregado miúdo natural por areia de PET é
viável até uma porcentagem de substituição de aproximadamente 20%, não alterando
significativamente as propriedades mecânicas do concreto obtido, sendo assim sua
utilização se torna benéfica em relação ao meio ambiente. Apesar de ter resultados
positivos nos primeiros estudos, é necessário que outras propriedades do concreto
sejam avaliadas, principalmente ás relacionadas com a durabilidade do material,
considerando o meio que a estrutura está inserida. Uma edificação está sujeita ações
imprevisíveis e excepcionais, como um incêndio. Essas situações devem ser
consideradas e analisadas, principalmente quanto se pretende validar o uso de um
novo material.
Os incêndios sempre são motivos de preocupação, já que é uma ação
imprevisível que pode gerar danos catastróficos, como perdas de vida e colapso da
estrutura (MARCELLI, 2007). O concreto por ser um material incombustível e possuir
baixa condutividade térmica apresenta um comportamento melhor que outros
materiais, como o aço, que acima de 400ºC perde sua resistência rapidamente.
No entanto, o concreto sofre alterações na sua estrutura quando exposto a
elevadas temperaturas, dependendo do grau de exposição e a taxa de temperatura
com qual o concreto foi submetido, ele pode sofrer deformações, fissuração e
dilatações térmicas, que comprometem a segurança da edificação. Além disso, há
pouco conhecimento das consequências da ação do fogo nos novos materiais que
estão sendo utilizados na construção civil.
Perante o exposto, o presente trabalho tem o intuito de avaliar o
comportamento e as propriedades mecânicas do concreto com substituição parcial de
areia de PET, submetidos a elevadas temperaturas, a fim de comparar com o concreto
convencional e assegurar a viabilidade de seu uso.
17
1.1 Objetivos
Os objetivos que norteiam esse trabalho são apresentados nos itens 1.1.1 e
1.1.2, respectivamente.
1.1.1 Objetivo geral
Avaliar o comportamento mecânico e durabilidade de concretos com
substituição parcial de areia natural por diferentes teores de areia de Politereftalato de
Etileno (PET) submetidos a elevadas temperaturas após a idade de 28 dias.
1.1.2 Objetivos específicos
Avaliar a propriedade de resistência à compressão axial de concretos com e
sem a substituição de PET após exposição a elevadas temperaturas, conforme
a norma NBR 5739 (ABNT, 2007).
Avaliar a velocidade de propagação de onda ultrassônica de concretos com e
sem substituição de PET antes e após a exposição a elevadas temperaturas,
conforme a norma NBR 8802 (ABNT, 2019).
Avaliar a absorção de água por imersão total de concretos com e sem
substituição de PET após exposição a elevadas temperaturas, conforme a
norma NBR 9778 (ABNT, 2009).
1.2 Justificativa
Atualmente buscam-se alternativas que possam melhorar os impactos gerados
no meio ambiente pela construção civil, seja utilizando materiais alternativos ou
reduzindo a extração de recursos naturais.
A substituição parcial de agregado miúdo por areia de PET está atrelada tanto
na incorporação de um novo material, barato e que possui quantidade exorbitante,
muitas vezes sem um destino adequado, quanto ao fato de contribuir para a
diminuição da extração desenfreada de areia para o setor da construção civil.
Diante de pesquisas (Canellas (2005), Jardim (2016), Duó (2017)), que têm
comprovado a eficácia desse material frente a esforços mecânicos de compressão,
tanto em argamassa quanto em concreto, surge a necessidade de conhecer sua
18
durabilidade frente a um ambiente agressivo, para que seja possível difundir o seu
uso.
Para a validação de um material alternativo, diferentes estudos devem ser
realizados, a fim de que se conheçam as modificações que esse material proporciona
nas propriedades e comportamento da matriz cimentícia, a qual muda de acordo com
o tipo de exposição que está sujeita.
A elevação da temperatura de elementos de concreto causada por um incêndio,
tem a capacidade de alterar as características na matriz cimentícia, modificando a
microestrutura e a porosidade, podendo gerar fissuras e lascamentos,
comprometendo a durabilidade do elemento, assim como a segurança de pessoas
quando analisado em relação a uma edificação.
Em função do exposto, o estudo das propriedades do concreto com substituição
parcial de areia natural por areia de PET submetidos a elevadas temperaturas,
justificam a relevância dessa pesquisa.
1.3 Estrutura do trabalho
O presente trabalho está estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo
apresenta a introdução, o objetivo principal, os objetivos específicos e a justificativa
da pesquisa. O capítulo dois apresenta a fundamentação teórica acerca do assunto,
e o capítulo três, a metodologia que será adotada para alcançar os objetivos
apresentados e o cronograma com as atividades a serem desenvolvidas. Por fim,
apresenta-se as referências bibliográficas consultadas.
19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os itens 2.1 a 2.4 apresentam a revisão bibliográfica que embasará a pesquisa
desse trabalho.
2.1 O incêndio e as suas consequências no Brasil
O incêndio é considerado uma força destrutiva causada pela propagação de
fogo indesejado, que causa milhares de mortes todos os anos, além de causar uma
perda financeira considerável, devido à perda de propriedade (BUCHANAN, 2017).
Marcelli (2007) define o incêndio como um evento de grande complexidade, o
relacionando com o crescimento tecnológico do país, que influência o uso de
equipamentos e materiais combustíveis, além do uso de materiais alternativos como
divisórias e forros leves altamente inflamáveis.
Apesar das pessoas não esperarem que ocorra em suas residências ou locais
de trabalho, um incêndio pode ocorrer em qualquer tipo de construção, a qualquer
momento (BUCHANAN, 2017). Marcelli (2007) destaca que apesar de todo o
investimento na segurança contra incêndio, não há como garantir a segurança da
estrutura, assim como a das pessoas.
O Brasil possui um histórico de grandes incêndios com consequências graves
pois além do dano material, proveniente do colapso das estruturas, provocaram a
perda de vidas humanas. A Figura 1 apresenta algumas edificações acometidas por
incêndios e o Quadro 1 apresenta um resumo dos principais incêndios em estruturas
de concreto armado ocorridos no Brasil ao longo dos anos, com as suas prováveis
causas e consequências.
Figura 1 - Alguns dos principais incêndios do Brasil.
20
Quadro 1 - Levantamento dos principais incêndios no Brasil.
Ano Local Causa Outras Informações Consequências Fonte
1972 Edifício Andraus
Provavelmente devido a uma sobrecarga no sistema elétrico.
O incêndio iniciou no segundo pavimento e posteriormente se alastrou para todo o edifício, atingindo 5 edifícios vizinhos.
Danos materiais. 16 mortes. 330 pessoas feridas. 300 pessoas resgatadas.
Folha de São Paulo
(2017)
1974 Edifício Joelma
Curto-circuito no 12º andar.
O edifício possuía 25 andares, a maioria ocupados por escritórios que possuíam diversos materiais inflamáveis, como carpetes, divisórias e móveis de madeira. O edifício não possuía saídas de emergência e nem um local apropriado para o pouso de helicópteros.
Danos materiais. 188 mortes.
Jovem Pan (2015)
1987
O Edifício CESP-
Companhia Energética
de São Paulo
Devido ao mal funcionamento de um reator de lâmpada fluorescente no primeiro bloco.
O edifício era composto por dois blocos e por ação da radiação térmica o fogo se propagou para o outro bloco, causando vários focos de incêndio em locais espalhados.
Colapso na estrutura, que resultou na ruína parcial do edifício. 1 morto. 300 feridos.
Zona de Risco (2014)
2004
Edifício Herm Stoltz
Provavelmente devido a um curto-circuito.
Gerou explosões causadas pelo superaquecimento dos gases em combustão. O fogo só foi totalmente extinguido 27 horas depois do início.
Danos materiais. Destruição dos últimos 6 andares do edifício.
Folha de São Paulo
(2004)
2013 Boate Kiss
O uso de um sinalizador provocou fogo na espuma de isolamento acústico no teto, gerando uma fumaça altamente tóxica.
Os extintores não funcionaram e os alvarás de funcionamento do local estavam vencidos.
Danos materiais. 242 mortos. 636 feridos.
O Globo (2013)
2018
Edifício Wilson
Paes de Almeida
Curto-circuito no 5º andar.
O edifício apresentava ocupação irregular, não possuindo extintores de incêndio, além de possuir instalações elétricas clandestinas.
Colapso da estrutura. 7 mortos. Dano nas edificações vizinhas.
G1 SP (2019)
2018 Museu
Nacional
Sobreaquecimento de ar condicionado causado por curto circuito.
Apresentava deficiências na segurança contra incêndio e na infraestrutura.
Perda de 90% do acervo.
Correio Braziliense
(2018)
21
Sousa e Silva (2015) relembram que antes dos incêndios dos edifícios Andraus
e Joelma não haviam normas rígidas de segurança contra o fogo, pois não haviam
ocorridos grandes incêndios com grande quantidade de perda de vidas que
preocupassem as autoridades.
Incêndios nos últimos anos como o na Boate Kiss, no edifício Wilton Paes de
Almeida e no Museu Nacional tem reacendido a importância da cobrança das
autoridades em relação as regulamentações dos planos de proteção e prevenção
contra incêndios – PPCI.
O PPCI não garante total segurança contra o fogo, porém é responsável pelo
primeiro combate, dificultando a propagação do fogo por meio das tentativas de
extinguir as chamas. Menegon (2017) ressalta que o conhecimento do comportamento
da estrutura durante e após o incêndio é de suma importância não só para o
aperfeiçoamento de normas vigentes, bem como para nortear o trabalho dos órgãos
fiscalizadores.
2.2 Obras de engenharia e o risco de incêndio
A segurança humana na presença do fogo deve ser considerada em todos os
projetos, seja residencial, público ou industrial. O comportamento real da edificação
em contato com o fogo depende de muitos fatores que se ligam entre si, sendo dever
do projetista uma análise precisa (MEHTA; MONTEIRO, 2008).
É possível reduzir os riscos de incêndio, porém nem sempre podem ser
evitados, sendo assim várias estratégias foram criadas para reduzir o dano causado
e impedir que o colapso da estrutura aconteça, como o uso de aspersores automáticos
de incêndio, equipamentos de detecção e alerta de incêndio, saídas de emergência e
estruturas com função corta-fogo, que garantem o isolamento térmico e a
estanqueidade à passagem de chamas (BUCHANAN, 2017).
Em edificações de concreto que possuam uma resistência convencional, o
colapso está associado ao fato da estrutura não conseguir absorver todas as
deformações térmicas horizontais causada pelo aumento de temperatura da
estrutura, e dificilmente a perda da resistência causará o colapso (LIMA, R., 2005).
Apesar disso, Souza (2010) afirma que o aumento de temperatura ocasiona ao
22
concreto, lascamentos superficiais e fissuras, que podem gerar escoamento do aço
da armadura, prejudicando a resistência da estrutura.
O processo que envolve o fogo, é formado por uma reação química entre
combustível e o oxigênio (DRYSDALE, 1999). A reação é acionada por uma fonte de
calor, que promove uma reação em cadeia até a extinção de um dos componentes.
Marcelli (2007) afirma que a duração do sinistro está diretamente ligada a quantidade
de materiais combustíveis e na quantidade de oxigênio que pode entrar no ambiente
No início do incêndio, ao começo da ignição, a temperatura passa a aumentar
gradualmente, período conhecido com pré-flashover (BUCHANAN, 2017). Durante
essa etapa, as chamas estão no material combustível onde se iniciou a combustão e
através da transferência de calor - condução, convecção e radiação - se propaga
para todo o ambiente (LIMA, R., 2005).
Em um ambiente fechado, a intensidade das chamas aumenta até que todo os
materiais estejam expostos ao fogo, é denominado flashover o curto espaço de tempo
onde todos os materiais estão em combustão, a partir desse ponto a intensidade e
temperatura dos gases crescem até atingir seu pico máximo (BUCHANAN, 2017).
Marcelli (2007) relata que esse momento onde ocorre a inflamação generalizada, é
considerando o momento mais crítico durando um incêndio.
Segundo Buchanan (2017), após o material combustível ter sido consumido o
fogo vai sendo resfriado gradualmente, período pós-flashover, considerado para os
projetistas, ainda preocupante, pois a elevada temperatura ainda é mantida por um
longo período, agravando as condições dos elementos de concreto.
O incêndio real apresenta todas essas fases, porém não é determinado
facilmente, pois apresenta um grande número de variáveis dependentes, como carga
de incêndio, ventilação, formato e características térmicas do ambiente.
Sousa e Silva (2015) destacam que para determinar a resistência de um
elemento estrutural durante um incêndio é necessário conhecer o comportamento do
material durante o incêndio.
A resistência ao fogo de um elemento estrutural é determinada pelo período de
tempo que o elemento é capaz de resistir a ação do fogo, este período de tempo é
conhecido como o tempo requerido de resistência ao fogo – TRRF e é considerado
um parâmetro de projeto. A NBR 14432 (ABNT, 2001) define que para ocupações
residenciais que possuem menos de 6 m de altura, o tempo mínimo requerido é de
30 minutos.
23
2.3 Comportamento dos materiais componentes do concreto em elevadas temperaturas
Nos itens 2.3.1 a 2.3.4 são apresentados o comportamento dos materiais
utilizados para a produção de concreto quando os mesmos são submetidos a
elevadas temperaturas.
2.3.1 Água
A água é fundamental para a formação do concreto, sendo responsável pelas
reações de hidratação com o cimento, formando a estrutura resistente do material.
(SILVA FILHO, 1994).
Na pasta de cimento hidratada, a água está presente em muitas formas,
classificada pela facilidade com que pode ser removida da pasta, sendo: água capilar,
água adsorvida, água interlamelar e água quimicamente combinada, representadas
na Figura 2. (MEHTA; MONTEIRO, 2008).
Figura 2 - Tipos de água associados aos silicatos de cálcio hidratados.
Fonte: Mehta; Monteiro, 2008.
Quando se encontra em processo de aquecimento, a água na forma líquida
começa a expandir levemente, quando ultrapassa os 100ºC atinge a condição de
evaporação, a temperatura se mantém constante até que toda a água no estado
líquido seja totalmente evaporada, nesta etapa há um grande aumento de volume da
água (LIMA, R., 2005).
24
A grande liberação de vapores durante o aquecimento, provoca a fissuração no
concreto, enfraquecendo-o. Cuoghi (2006) salienta que a pressão de vapor produzida
pelo aumento de temperatura tende a ocasionar o surgimento de lascamentos
explosivos (Spalling).
2.3.2 Pasta de cimento Portland
A pasta de cimento é resultado da reação química entre cimento Portland e
água, essa reação dá origem aos quatro componentes da forma sólida, os silicatos de
cálcio hidratados (C-S-H), que constituem de 50 a 60% do volume de sólidos, o
hidróxido de cálcio (portlandita), que constitui 20 a 25% do volume, os sulfoaluminatos
de cálcio, que ocupam 15 a 20% do volume, e os grãos de clínquer não-hidratados
(MEHTA; MONTEIRO, 2008).
Mehta e Monteiro (2008) ressaltam ainda que na pasta de cimento hidratado se
encontram vários tipos de vazios, dividindo-os em: espaços interlamelares do C-S-H,
compondo 28% da porosidade, os vazios capilares, sendo o espaço que não foi
preenchido na hidratação e os vazios de ar, composto por uma pequena quantidade
de ar que ficou presa dentro da pasta que contribui para a diminuição da resistência.
Lima, R. (2005) afirma que ao ser aquecida, a pasta de cimento torna-se
bastante vulnerável. De acordo com Mehta e Monteiro (2008) o efeito do aumento de
temperatura na pasta de cimento depende das condições de umidade e o grau de
hidratação da pasta.
A pasta de cimento ao atingir a faixa de 100ºC a 200ºC começa a perder
estabilidade, decorrente das fissuras causadas pela contração da pasta ao eliminar
os vapores de água devido ao aquecimento (COSTA; FIGUEIREDO; SILVA, 2002).
Aos 300ºC a água interlamelar do C-S-H e a água quimicamente combinada se
perdem (MEHTA; MONTEIRO, 2008).
Através de estudos, Lima, R. (2005) constatou que entre 100ºC e 400ºC houve
uma pequena perda de massa do concreto, em decorrência da desidratação do C-S-
H. Ao ultrapassar a temperatura de 400ºC, o autor observou que ocorre uma
acentuada perda de peso, devido a desidratação da portlandita e aos 500ºC a pasta
de cimento passa a sofrer uma degradação em função da decomposição do hidróxido
de cálcio. Quando a temperatura chega na casa do 900ºC há a completa
decomposição do C-S-H. (MEHTA; MONTEIRO, 2008).
25
2.3.3 Agregados
Os agregados são considerados um enchimento inerte no concreto ocupando
cerca de 60 a 80% do volume, as características do agregado são provenientes da
composição mineralógica da rocha mãe e de como ela foi exposta ao meio (MEHTA;
MONTEIRO, 2008).
Quando expostos a altas temperaturas os agregados apresentam um bom
comportamento até os 300ºC, após atingir essa temperatura há dilatações excessivas
que comprometem o concreto (MARCELLI, 2007). Costa, Figueiredo e Silva (2002)
também destacam o aparecimento de tensões internas na interface pasta-agregado,
conhecida como zona de transição.
Os diferentes tipos de agregados presentes no concreto apresentam
coeficientes de dilatação diferentes, dependendo do tamanho do agregado e da água
presente nos poros do agregado, contribuindo para o aparecimento de fissuras (LIMA,
R., 2005).
Costa, Figueiredo e Silva (2002) destacam que a condutividade térmica dos
agregados varia de acordo com a sua formação, basaltos apresentam baixa
condutividade, calcários e dolomitas possuem média condutividade, enquanto
quartzos possuem alta condutividade.
Mehta e Monteiro (2008) explicam que ao serem submetidos a temperaturas
cerca de 573ºC, os agregados silicosos que contêm quartzo (granito ou arenito)
passam por uma expansão na ordem de 0,85% devido as transformações do quartzo
de α para β, enquanto os agregados calcários sofrem expansões após 700ºC.
2.3.4 Aço
O aço não possui um bom comportamento frente a elevadas temperaturas,
considerando que a partir de 600ºC o aço perde metade de sua resistência total
(MARCELLI, 2007). Ao ser submetido a elevadas temperaturas, o aço sofre uma alta
redução de resistência e rigidez. Porém devido ao seu comportamento, a sua
capacidade de suporte pode ser recuperada após o resfriamento se a temperatura
máxima atingida for menor que 450ºC para aços laminados a frio, e 600ºC para aços
laminados a quente (LIMA, E., 2017).
26
Durante um incêndio dificilmente o aço atingirá seu ponto de fusão, cerca de
1550ºC (COSTA; FIGUEIREDO; SILVA, 2002). Apesar disso, outros danos na
estrutura podem ocorrer. Souza (2010), diz que através dos lascamentos e fissuras
em decorrência das elevadas temperaturas o escoamento do aço da armadura ocorre
facilmente, fragilizando a estrutura, podendo levar o concreto ao colapso.
A solidariedade do conjunto aço-concreto é fundamental para o funcionamento
do sistema estrutural. Khoury (2000) ressalta que ao ser submetido a elevadas
temperaturas, a força de ligação entre esses dois componentes é reduzida,
comprometendo o seu desempenho.
2.4 Alterações na estrutura do concreto em elevadas temperaturas
O concreto quando exposto a elevadas temperaturas pode sofrer alterações
físicas e químicas na sua estrutura, quando combinadas, essas alterações
proporcionam um dano significativo na capacidade resistente da estrutura (LIMA et
al., 2004).
Os componentes do concreto - pasta de cimento Portland, agregados e aço –
possuem coeficientes de dilatação diferentes, ao serem expostos a elevadas
temperaturas a variação de dilatação proporciona o aumento da fissuração na matriz
cimentícia (CUOGHI, 2006).
Durante o aquecimento a matriz cimentícia sofre expansões térmicas, a pasta
retrai em função da evaporação da água, enquanto os agregados expandem,
resultando na fissuração, principalmente na zona de transição, parte mais frágil da
matriz (FERNANDES et al., 2017).
As fissuras devido a tensões térmicas podem ser agravadas pela pré-existência
de microfissuras, estas funcionam como um caminho preferencial na formação das
fissuras (LIMA, R., 2005). Lima, R. (2005) diz que acima de 500ºC as fissuras tornam-
se visíveis a olho nu, ocorrendo ainda um aumento na quantidade de fissuras.
Para um adequado conhecimento da capacidade resistente da estrutura é
necessário a realização de análises em nível microestrutural, avaliando aspectos
como as microfissuras e os lascamentos, que ocorrem quando o concreto está
submetido ao alto grau de agressividade desse cenário (ALONSO et al. 2003 apud
LIMA, R., 2005).
27
A microestrutura do concreto é considerada complexa, devido ao fato de não
ser homogênea, ocorre diversas variações na pasta, podendo ser mais compacta ou
mais porosa, dependendo da relação a/c (LIMA, R., 2005).
As alterações que ocorrem na microestrutura do concreto em elevadas
temperaturas é resultado de transformações físico-químicas, como evaporação das
águas presentes na composição, as dissociação do hidróxido de cálcio e
descarbonatação dos agregados de calcários (LIMA, E., 2017).
Existe uma série de fatores que influenciam o comportamento do concreto que
sofreu um aquecimento, tanto a pasta quanto o agregado são materiais que se
decompõem com o calor, e deve ser levado em consideração, a permeabilidade, o
tamanho do elemento, a taxa de crescimento de temperatura na influência da
decomposição da estrutura (MEHTA; MONTEIRO, 2008).
A pasta de cimento é extremamente vulnerável a ação da temperatura, como a
pasta sofre diversas reações químicas, ocorre o aparecimento de fissuras e o
aparecimento de movimentações térmicas, que prejudicam a durabilidade das
estruturas.
2.4.1 Lascamento do concreto a elevadas temperaturas
O lascamento, também conhecido como “spalling” é um fenômeno onde ocorre
o desprendimento do elemento de concreto inesperadamente de forma violenta ou
não, quando os elementos estão expostos a elevadas temperaturas, a partir de um
aquecimento rápido (KHOURY,2000).
Hertz (2003) enfatiza que o fenômeno pode danificar a seção transversal do
elemento de concreto, reduzindo sua capacidade de carga, e por isso, deve ser
considerado durante o projeto. A Figura 3 ilustra o dano causado na seção com
exposição da armadura.
28
Figura 3 - Lascamento na estrutura.
Fonte: Lima et al. (2004).
O lascamento é considerado um fenômeno não muito bem compreendido, pois
depende de vários fatores, como o tipo de agregados, as tensões térmicas, sendo o
mais importante as tensões provocadas pelo vapor de água, que leva na maioria das
vezes a um comportamento imprevisível (BUCHANAN, 2017).
A alta densidade do concreto é uma propriedade muito importante para o
fenômeno, Anderberg et al. (1997) explica que uma estrutura compacta, ou seja, com
pequena quantidade de poros, diminui a permeabilidade dos vapores de água,
fazendo com que o lascamento ocorra através do acúmulo de tensões.
O lascamento pode ser dividido em quatro categorias, lascamento do agregado,
lascamento explosivo, lascamento superficial e lascamento de quina, sendo que os
três primeiros acontecem nos primeiros 30 minutos de aquecimento e o último entre
30 a 60 minutos (KHOURY, 2000).
O lascamento do agregado ocorre devido a sua expansão, onde partes dos
agregados próximos a superfície desprendem e deixam pequenas crateras na
superfície (HERTZ, 2003).
O lascamento superficial é o desprendimento de grandes camadas superficiais
de concreto e no lascamento de quina há o desprendimento dos cantos vivos de
elementos de concreto (HERTZ, 2003).
O lascamento explosivo ocorre de forma violenta e inesperada, havendo grande
liberação de energia devido ao excesso de pressão nos poros em função do aumento
de temperatura (SOUZA et al., 2012).
Existem meios de prevenir o lascamento ou a severidade dele, Buchanan
(2017) afirma que o método mais barato é com a adição de fibras de polipropileno, as
29
quais conseguem através de suas propriedades em altas temperaturas, conduzir os
vapores de água, diminuindo as tensões do elemento de concreto.
A adição de fibras de polipropileno em concretos é utilizada como meio de
melhorar as suas características, como: aumentar a resistência, a ductilidade à
compressão e diminuir a retração. (MEDEIROS, 2012).
Conhecendo os benefícios da utilização de fibras no concreto é importante
conhecer o comportamento das mesmas em situação de incêndio, visto que a
edificação atinge elevadas temperaturas neste cenário. Kitchen (2001) afirma que ao
serem submetidas a elevadas temperaturas as fibras começam a derreter aos 160ºC,
à medida que o calor aumenta elas se degradam, diminuindo o volume inicial ocupado
até restar a fuligem, que ocupa menos de 5% do volume inicial.
Os vazios deixados pelas fibras de polipropileno formam canais, que permitem
que os vapores de água migrem até a superfície, diminuindo a pressão nos poros e
consequentemente diminuindo o risco de lascamento explosivo (KALIFA; CHENE;
GALLE, 2001). Souza (2010) afirma através de sua pesquisa que além de reduzir o
lascamento, dependendo da quantidade de fibras adicionadas elas colaboram para
diminuição da severidade do lascamento.
2.5 Concretos com materiais alternativos submetidos a elevadas temperaturas
Atualmente na construção civil, alguns pesquisadores têm voltado os seus
trabalhos para a busca de materiais alternativos, como meio de reduzir o impacto
ambiental ocasionados pela extração/e/ou produção de matérias primas utilizadas
para a produção de concretos. Entre os diferentes produtos utilizados, está a areia de
PET (Politereftalato de Etileno).
Alguns pesquisadores como Jardim (2017), Moura (2017) e Della Flora et al.
(2018) apresentaram resultados satisfatórios quanto à propriedades mecânicas de
concretos com esse novo material, principalmente para os teores de substituição da
areia de PET de até 20%.
A areia de PET é produzida através do processo de trituração de garrafas PET,
formando resíduo com dimensão máxima de 2,4 mm (ALMEIDA et al., 2004). Como o
politereftalato de etileno é um polímero termoplástico, ele possui a capacidade de ser
moldado repetidas vezes e formar fibras para uso industrial.
30
Meneses (2011) conclui através de sua pesquisa de concreto com adição de
fibras de PET que a partir de 300ºC, o PET já atingiu seu ponto de fusão e se
transforma de sólido para líquido, a perda de volume gerada por essa transformação
resulta na formação de uma rede de canais que permitem a saída do vapor,
semelhante a fibra de polipropileno.
Silva (2013) em seus trabalhos com fibra de PET verificou que as fibras não
impediram o lascamento de ocorrer em concreto com resistência inferior a 50 MPa,
porém diminuíram a quantidade do lascamento e a força com o qual ocorreu.
Sabendo que a fibra de PET possui um bom comportamento frente a exposição
de altas temperaturas e que a areia de PET apresentou resultados satisfatórios de
comportamento mecânicos esta pesquisa será desenvolvida com o objetivo de
verificar o comportamento de concretos com areia de PET submetidos a elevadas
temperaturas, com o intuito de verificar se a areia de PET apresenta um
comportamento semelhante a fibras de polipropileno e fibras de PET quando
submetidas a elevadas temperaturas.
31
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O programa experimental dessa pesquisa é apresentado na Figura 4 e está
dividido em seis etapas distintas. Na primeira e na segunda etapa serão apresentadas
a caracterização dos materiais utilizados e a execução e cura dos concretos,
respectivamente. Na terceira etapa será realizado o ensaio do ultrassom, na quarta
etapa serão aquecidos os concretos a elevadas temperaturas, e na quinta etapa,
serão executados os ensaios mecânicos e de durabilidade. A última etapa
corresponderá a análise e discussão dos resultados.
Para a execução das etapas 1 a 5 serão utilizados os equipamentos e o espaço
físico do Laboratório de Materiais da Universidade Federal do Pampa, campus
Alegrete/RS.
Figura 4 - Esquema do Programa Experimental
Fonte: Elaboração Própria.
32
3.1 Materiais
Neste tópico estão apresentadas as características dos materiais utilizados na
confecção dos concretos de acordo com o programa experimental deste trabalho.
3.1.1 Cimento Portland
Para a confecção dos concretos foi utilizado como material aglomerante o
cimento Portland CPIV-32, da marca Votorantim Cimentos. A caracterização físico-
química e mecânica foi fornecida pelo fabricante, através da data e local de fabricação,
sendo apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 - Exigências físicas, mecânicas e químicas do cimento Portland CPIV - 32
Ensaios Químicos
Ensaios Unidade Resultados Exigências
Óxido de Magnésio - MgO % 5,6 ≤6,5
Trióxido de Enxofre - SO3 % 1,9 ≤4,0
Perda ao Fogo % 3,1 ≤6,5
Resíduo Insolúvel % 33,6 Não aplicável
Ensaios Físicos
Ensaios Unidade Resultados Exigências
Expansibilidade à quente mm 0 ≤5,0 mm
Início de Pega min 314,6 ≥60 min
Fim de Pega min 382,1 ≤600 min
Água de consistência normal % 31,6 Não aplicável
Área específica (Blaine) cm²/g 4334 Não aplicável
Índice de finura - # 200 % 0,6 ≥8,0 %
Índice de finura - # 325 % 2,4 Não aplicável
Resistência à Compressão
Ensaios Unidade Resultados Exigências
Resistência à Compressão - 3 dias MPa 19,8 ≥10 MPa
Resistência à Compressão - 7 dias MPa 24,3 ≥20 MPa
Resistência à Compressão - 28 dias MPa 36,8 ≥32 MPa
Fonte: Dados fornecidos pela empresa Votorantim.
A determinação da massa específica do cimento Portland foi fornecida pela
empresa Votorantim, tendo como resultado 2,81 g/cm³, cumprindo os requisitos
especificados pela ficha de informações de segurança de produtos químicos da
empresa.
33
3.1.2 Agregados miúdos
Os agregados miúdos utilizados foram a areia natural, proveniente do rio Ibicuí-
RS e a areia de PET, proveniente da empresa de reciclagem PETCEU/ Paraná-PR,
ambas apresentadas na Figura 5.
Figura 5 – Agregados miúdos
Fonte: Elaboração Própria
A caracterização do material foi realizada de acordo com os procedimentos
recomendados pelas normas brasileiras, listadas na sequência:
-NBR NM 27 (ABNT, 2001): Agregados – Redução da amostra de campo para ensaio
de laboratório.
-NBR NM 248 (ABNT, 2003): Agregados – Determinação da composição
granulométrica.
-NBR NM 45 (ABNT, 2006): Agregados - Determinação da massa unitária e do volume
de vazios.
-NBR NM 52 (ABNT, 2009): Agregado miúdo – Determinação da massa específica e
massa específica aparente.
A Tabela 2 e a Tabela 3 apresentam a caracterização da areia natural e da
areia de PET, respectivamente.
34
Tabela 2 - Caracterização da areia natural
Abertura das peneiras (mm) % Retida % Retida Acumulada
4,75 0,00 0,00
2,36 0,00 0,00
1,18 0,19 0,19
0,6 2,21 2,40
0,3 68,75 71,15
0,15 27,14 98,29
Fundo 1,71 100
Total 100 -
Diâmetro máximo (mm) 0,60
Módulo de Finura 1,72
Massa específica (g/cm³) 2,64
Massa Unitária – Método A (g/cm³) 1,66
Massa Unitária – Método C (g/cm³) 1,57 Fonte: Elaboração Própria
Tabela 3 - Caracterização da areia de PET
Abertura das peneiras (mm) % Retida % Retida Acumulada
4,75 0,72 0,72
2,36 3,09 3,80
1,18 24,46 28,26
0,6 35,26 63,52
0,3 22,64 86,16
0,15 6,51 92,67
Fundo 7,33 100
Total 100 -
Diâmetro máximo (mm) 2,36
Módulo de Finura 2,75
Massa Unitária – Método A (g/cm³) 0,40
Massa Unitária – Método C (g/cm³) 0,33
Fonte: Elaboração Própria
As Figuras 6 e 7 representam a curva granulométrica e os limites normativos
estabelecidos pela NBR 7211 (ABNT, 2009), da areia natural e da areia de PET,
respectivamente.
35
Figura 6 – Curva granulométrica da areia natural
Fonte: Elaboração Própria
Figura 7 - Curva granulométrica da areia de PET
Fonte: Elaboração própria
A areia natural (Figura 6) ultrapassou os limites da zona utilizável estabelecido
em norma nas peneiras 1,18 e 0,6mm. O agregado ensaiado apresentou um módulo
de finura de 1,72, que de acordo com a Bauer (2008) caracteriza-se como uma areia
fina por estar entre os limites de 1,71 e 2,85. Apesar de ter excedido parcialmente os
limites da zona utilizável, o agregado foi utilizado na confecção dos concretos por ser
o único disponível na região.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,1 1 10
% R
etida A
cum
ula
da (
%)
Abertura das Peneiras (mm)
Areia natural Zona utilizável Zona ótima
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,1 1 10
% R
etida A
cum
ula
da (
%)
Abertura das Peneiras (mm)
Areia de PET Zona utilizável Zona ótima
36
Na Figura 7 pode-se observar que a curva granulométrica da areia de PET
encontra-se dentro da zona utilizável. Após a determinação do módulo de finura, de
acordo com a classificação de Bauer (2008) a areia de PET é considerada uma areia
média.
Visando avaliar a influência da substituição da areia natural pela areia de PET,
foi realizada a composição granulométrica da mistura, sendo realizadas duas
composições, uma com 20% e a outra com 50% de substituição de areia de PET,
apresentadas na Figura 8. As Tabelas 4 e 5 apresentam o resultado da composição
granulométrica das misturas.
Figura 8 – Composição das areias
Fonte: Elaboração Própria
Tabela 4 – Caracterização da composição com 20% de areia de PET
Abertura das peneiras (mm) % Retida % Retida Acumulada
4,75 0,10 0,10
2,36 1,36 1,46
1,18 3,99 5,45
0,6 8,88 14,33
0,3 65,70 80,03
0,15 18,68 98,70
Fundo 1,30 100
Total 100 -
Diâmetro máximo (mm) 2,36
Módulo de Finura 2,00
Fonte: Elaboração Própria
37
Tabela 5 - Caracterização da composição com 50% de areia de PET
Abertura das peneiras (mm) % Retida % Retida Acumulada
4,75 0,13 0,13
2,36 1,67 1,80
1,18 7,20 9,00
0,6 12,54 21,55
0,3 56,71 78,26
0,15 20,31 98,57
Fundo 1,43 100
Total 100 -
Diâmetro máximo (mm) 2,36
Módulo de Finura 2,09
Fonte: Elaboração Própria
As Figuras 9 e 10 representam a curva granulométrica das duas composições,
20% e 50%, respectivamente.
Figura 9 - Curva granulométrica da composição com 20% de PET
Fonte: Elaboração Própria
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,1 1 10
% R
etida A
cum
ula
da (
%)
Abertura das Peneiras (mm)
Areia de PET Zona utilizável Zona Ótima
38
Figura 10 -Curva granulométrica da composição com 50% de PET
Fonte: Elaboração Própria
Observando as figuras acima, pode-se observar que com a composição houve
uma melhora na faixa 0,6 a 1,18 mm, a granulometria da areia natural, que antes não
se enquadrava na zona utilizável, com a mistura de 20% (Figura 9) quase entra na
zona utilizável inferior, enquanto na mistura de 50% (Figura 10) houve o
enquadramento da curva dentro na zona utilizável.
A partir do módulo de finura das composições é possível caracterizar as
composições como “areia fina”.
3.1.3 Agregado graúdo
O agregado graúdo utilizado no desenvolvimento deste trabalho é de origem
basáltica, sendo proveniente da jazida da região de Alegrete-RS.
A caracterização do agregado graúdo seguiu as prescrições das normas
listadas a seguir:
-NBR NM 27 (ABNT, 2001): Agregados – Redução da amostra de campo para ensaio
de laboratório.
-NBR NM 248 (ABNT, 2003): Agregados – Determinação da composição
granulométrica.
-NBR NM 45 (ABNT, 2006): Agregados - Determinação da massa unitária e do volume
de vazios.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,1 1 10
% R
etida A
cum
ula
da (
%)
Abertura das Peneiras (mm)
Areia de PET Zona utilizável Zona Ótima
39
-NBR NM 53 (ABNT, 2009): Agregado graúdo - Determinação da massa específica,
massa específica aparente e absorção de água.
A caracterização do agregado graúdo granulométrica, é apresentada na Tabela
6 e a Figura 11 mostra a curva granulométrica e os limites normativos estabelecidos
pela NBR 7211(ABNT, 2009).
Tabela 6 - Caracterização do agregado graúdo
Abertura das peneiras (mm) % Retida % Retida Acumulada
25 0,00 0,00
19 0,88 0,88
12,5 58,81 59,70
9,5 34,04 93,73
6,3 5,52 99,26
4,75 0,51 99,77
2,36 0,15 99,92
1,18 0,01 99,92
0,6 0,01 99,93
0,3 0,05 99,98
0,15 0,01 99,99
Fundo 0,1 100
Total 100 -
Diâmetro máximo (mm) 19
Módulo de Finura 6,94
Massa específica (g/cm³) 2,73
Massa unitária – Método A (g/cm³) 1,53
Massa unitária – Método C (g/cm³) 1,44 Fonte: Elaboração Própria.
Figura 11 - Curva granulométrica do agregado graúdo
Fonte: Elaboração Própria.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 10 100
% R
eti
da A
cu
mu
lad
a (
%)
Abertura das Peneiras (mm)
Limites normativos Agregado graúdo
40
A curva granulométrica do agregado graúdo (Figura 11) mostra que o material
excedeu o limite na peneira 19 mm, enquanto o resto está dentro dos limites
normativos estabelecidos pela NBR 7211 (ABNT, 2009)
3.1.4 Água
A água utilizada para a confecção dos concretos é proveniente da rede pública
de distribuição de água do município de Alegrete - RS, fornecida pela CORSAN –
Companhia Riograndense de Saneamento, sendo isenta de material orgânico e
impurezas.
3.1.5 Aditivo
Foi utilizado o aditivo superplastificante ADVA CAST 585, a base de
policarboxilatos, que fornece a manutenção do abatimento de cone. A opção por
adicionar o aditivo químico se deu a fim de compensar a perda de trabalhabilidade
ocasionada pela baixa relação água/cimento do traço (a/c=0,45), necessária para que
os concretos de referência atingissem a condição de concreto estrutural (25 MPa na
idade de 28 dias).
O teor de aditivo do traço de referência foi estabelecido em 0,065% para uma
trabalhabilidade de 8 cm. Para os demais traços (20% e 50% de PET) foram mantidos
o teor de aditivo e a relação a/c do traço de referência, com o objetivo de verificar a
real influência da areia de PET na trabalhabilidade dos concretos no estado fresco e
nas propriedades mecânicas dos concretos, no estado endurecido.
3.2 Procedimento de dosagem
Para o desenvolvimento do programa experimental foi estabelecido um traço
de referência (com areia natural), para permitir a comparação deste com as misturas
com substituição parcial do agregado miúdo por areia de PET.
O traço padrão (traço em massa) foi fixado em 1:4,5 (cimento: agregados), com
a relação água/cimento de 0,45 e consumo de cimento de 410,50 kg/m3. A escolha do
traço foi definida para que o concreto de referência atingisse o mínimo de 25 MPa de
resistência à compressão axial aos 28 dias, valor mínimo de acordo com as normas
brasileiras para o concreto ser considerado estrutural.
41
A substituição do agregado miúdo por areia de PET foi realizada em volume
nos teores de 0%, 20% e 50%. Os teores de substituição foram escolhidos a partir de
trabalhos realizados por pesquisadores como Jardim (2017) e Della Flora et al. (2018).
Segundo os pesquisadores, até um teor de substituição em volume de 20%, a areia
de PET não promove perda de desempenho mecânico dos concretos. Com base
nessas informações, foi selecionado um teor de substituição baixo (20%) e um teor de
substituição mais elevado (50%), objetivando observar as diferenças nas
propriedades dos concretos submetidos a elevadas temperaturas.
Os traços e a nomenclatura utilizada para a identificação dos concretos estão
apresentados na Tabela 7.
Tabela 7- Traços utilizados para a produção dos concretos.
Traço Unitário (em massa) Cimento Areia Brita a/c
1 1,64 2,86 0,45
Traços Cimento (kg) Areia (kg) PET (l) Brita (kg) Aditivo (%) a/c
REF 24,48 40,13 0 70 0,06 0,45
20PET 24,48 32,10 5,1 70 0,06 0,45
50PET 24,48 20,07 12,75 70 0,06 0,45
REF - concreto de referência (sem areia de PET); 20PET - concreto com substituição em volume de 20% do agregado miúdo por areia de PET; 50PET - concreto com substituição em volume de 50% do agregado miúdo por areia de PET.
Fonte: Elaboração Própria.
3.2.1 Produção dos concretos
O preparo dos concretos foi executado em betoneira de eixo inclinado,
conforme as prescrições da NBR 12655 (ABNT, 2015). O cimento, o agregado graúdo,
o agregado miúdo natural e a água foram determinados em massa, enquanto que a
areia de PET foi medida em volume, com dispositivo dosador, devido a sua massa
específica baixa.
A mistura dos materiais ocorreu após a imprimação na betoneira, e na
sequência foram adicionados o agregado graúdo, parte da água com aditivo químico,
o cimento Portland, os agregados miúdos (areia natural e areia de PET) e por fim, o
restante da água do traço.
Os adensamentos dos concretos foram executados manualmente para o traço
referência e para o traço 20% de PET, conforme a NBR 5738 (ABNT, 2015). Para o
traço 50% de PET o adensamento ocorreu com auxílio da mesa vibratória, em função
42
da baixa trabalhabilidade obtida, os corpos de prova poderiam não ficar bem
adensados.
Após 24 horas, os corpos de prova foram desmoldados e identificados (Figura
12), sendo mantidos em cura submersa, conforme a NBR 5738 (ABNT, 2015), até a
idade de controle dos ensaios.
Figura 12 - Corpos de prova desmoldados
Fonte: Elaboração própria.
Para a realização dos ensaios previstos nos concretos endurecidos foram
moldados corpos de prova cilíndricos nas dimensões de 10 x 20cm, nos quantitativos
apresentados na Tabela 8.
Tabela 8 - Quantitativo de corpos-de-prova (CPs) por tipo de ensaio
Descrição do Ensaio Idade de ensaio – 28 dias
Nº de CPs por temperatura Nº de CPs por traço
Resistência à compressão axial
6 24 Ensaio de propagação de onda - ultrassônica
Absorção de água por imersão total
3 12
Fonte: Elaboração própria.
A trabalhabilidade do concreto no estado fresco foi determinada pelo ensaio de
Abatimento do Tronco de Cone (Slump Test), conforme as recomendações da NM 67
(ABNT, 1998). O parâmetro de controle para a trabalhabilidade dos concretos foi
estabelecido em 8 2 cm.
A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para os diferentes teores de
concreto confeccionados e a Figura 13 apresenta o registro fotográfico dos
abatimentos do tronco cone para os três traços.
43
Tabela 9 – Trabalhabilidade dos traços
Traço Abatimento (cm)
REF 8
20PET 10,5
50PET 2,5 Fonte: Elaboração própria.
Figura 13 – Abatimentos do tronco cone dos traços estudados
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 13 mostra que o teor de 20% de substituição de areia de PET não
promoveu alterações na trabalhabilidade do concreto no estado fresco. No entanto,
quando o teor de areia de PET é aumentado para 50%, claramente observa-se uma
perda de trabalhabilidade da mistura.
A Tabela 10 apresenta as temperaturas e umidades relativas do ar durante a
moldagem dos traços estudados.
Tabela 10 – Temperaturas e umidades relativas do ar durante as moldagens.
Traço Temperatura (°C) Umidade (%)
REF 20,7 62
20PET 20,5 51
50PET 24,2 67
Fonte: Elaboração própria.
3.2.2 Aquecimento dos concretos a diferentes temperaturas
Na idade de controle de 28 dias os corpos-de-prova foram submetidos ao
aquecimento, realizado em um forno elétrico (Figura 14), da marca Sanchis, com
potência de 15 kW, temperatura de alcance de 1250ºC e capacidade de 120 litros.
44
Figura 14 - Forno elétrico Sanchis
Fonte: Elaboração própria
No período de 48h antes dos corpos de prova serem aquecidos, eles foram
retirados da cura submersa, para que diminuísse o teor de umidade. Os corpos de
prova foram então aquecidos até as temperaturas de estudo, 200ºC, 400ºC e 900ºC.
As temperaturas foram escolhidas com base na pesquisa de Lima, R. (2005), o qual
realizou uma análise termo-diferencial em pastas de cimento, obtendo os valores de
temperatura que se aproximam da mudança de fase, sendo possível analisar as
mudanças que ocorrem na estrutura do concreto no decorrer do aquecimento.
Para o aquecimento dos corpos de prova, a taxa de aquecimento utilizada foi
de 1ºC/min para cada corpo de prova, adotada seguindo as recomendações da RILEM
TC129 MHT (2000), as quais se baseiam na superfície diametral do corpo de prova.
Como foram aquecidos 9 corpos de prova juntos, para cada umas das temperaturas
estudadas, a taxa de aquecimento utilizada foi de 9ºC/min.
Após atingir a temperatura desejada, a mesma foi mantida por 30 minutos, o
tempo mínimo em que se espera que a estrutura resista ao fogo de acordo com a NBR
14432 (ABNT, 2001). Ao terminar o tempo, os corpos de prova foram resfriados em
ambiente de laboratório até atingirem a temperatura ambiente, para posteriormente
serem ensaiados.
45
A Tabela 11 apresenta o tempo em que os corpos de prova foram expostos a
temperatura de aquecimento.
Tabela 11 – Tempo de permanência na mufla.
Temperatura (°C) Tempo de rampa (min) Tempo de permanência (min)
200 23 30
400 45 30
900 100 30 Fonte: Elaboração própria
3.3 Propriedades mecânicas e de durabilidade dos concretos no estado endurecido
Nesta seção, nos itens 3.3.1 ao 3.3.4 apresenta os ensaios de controle dos
concretos no estado endurecido.
3.3.1 Ensaios de velocidade de propagação de onda ultrassônica
Os ensaios de propagação de onda ultrassônica nos concretos foram
executados aos 28 dias, após o encerramento do processo de cura. Na sequência, os
concretos foram submetidos ao processo de aquecimento nas temperaturas estudas
e, após essa etapa, novamente foram realizados o ensaio de propagação de onda-
ultrassônica.
A norma NBR 8802 (ABNT, 2019) – que forneceu o embasamento para a
realização desse ensaio - prescreve a utilização de equipamentos com transdutores
acima de 20KHz, com diâmetro de 50mm (Figura 15). O ensaio determinou a
velocidade de propagação de ondas ultrassônicas através de elementos de concreto,
e compara com um índice de qualidade previamente definido, permitindo verificar a
homogeneidade do concreto mostrando possíveis falhas internas e os danos
provocados pelas elevadas temperaturas a qual o corpo de prova foi submetido.
46
Figura 15 - Equipamento de propagação de onda ultrassônica
Fonte: Elaboração Própria
3.3.2 Resistência à compressão axial
Na idade especificada (28 dias), as amostras tiveram suas bases retificadas,
conforme NBR 5738 (ABNT, 2015). A retificação garantiu a planicidade das amostras
permitindo que o carregamento fosse aplicado uniformemente sobre a superfície.
O ensaio para a determinação da resistência à compressão axial em corpos de
prova cilíndricos seguiu as prescrições da NBR 5739 (ABNT 2007). O ensaio foi
executado após os concretos serem submetidos ao processo de aquecimento e ao
ensaio de propagação de onda ultrassônica.
3.3.3 Absorção de água por imersão total
O ensaio para determinação da absorção de água por imersão total em
concretos endurecidos seguiu as prescrições da NBR 9778 (ABNT, 2009). Na idade
de 28 dias os corpos de prova após o aquecimento permaneceram 72 horas em estufa
para estabilização de suas massas, após essa etapa foi realizado a saturação destes
em água à 23ºC por 72 horas e por último foram colocados em recipiente com água
que teve sua temperatura elevada progressivamente até a ebulição por 5 horas, após
o resfriamento dos corpos de prova foi possível realizar as últimas pesagens.
O conhecimento da absorção de água determinou o quão poroso o concreto se
tornou, sendo fundamental para a análise do comportamento do concreto submetido
a elevadas temperaturas.
47
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nesta seção estão apresentados e analisados os resultados dos ensaios
realizados referente ao comportamento dos concretos, referência e com substituição
de areia de PET, após serem submetidos ao aquecimento. O item 4.1 apresenta o
resultado da massa específica no estado fresco e endurecido, nos itens 4.2 a 4.4
apresentam os resultados dos ensaios realizados no estado endurecido e no item 4.5
os aspectos visuais observados nos concretos. Os resultados apresentados se
referem aos dados médios, os resultados individuais de cada corpo de prova está
apresentado nos apêndices.
4.1 Massa específica do concreto
A Tabela 12 apresenta os resultados obtidos da massa específica dos
concretos no estado fresco dos traços estudados, sendo obtidos pela média de dois
corpos de prova.
Tabela 12 – Massa específica dos concretos no estado fresco
Traço Massa específica do concreto fresco (kg/m³)
REF 2432,14
20PET 2365,04
50PET 2302,04 Fonte: Elaboração própria
Os resultados evidenciaram a redução da massa específica dos concretos com
o aumento do teor de areia de PET, sendo uma diminuição de 2,76% no teor de 20%
de PET e 5,35% no teor de 50% de PET, em relação ao traço referência. Pode-se
concluir que a redução da massa específica dos concretos está relacionada com o
aumento do teor de areia de PET, já que a areia de PET possui massa específica
menor que a areia natural.
A massa específica da amostra seca foi determinada com base na NBR 9778
(ABNT, 2009), sendo analisado o comportamento dos traços em função da
temperatura de aquecimento, conforme a Tabela 13.
48
Tabela 13 – Massa específica seca
Traço Massa específica seca (kg/m³)
23°C 200°C 400°C 900°C
REF 2320 2312 2323 2218
20PET 2231 2187 2225 2153
50PET 2143 2141 2139 2009 Fonte: Elaboração própria
Durante o aquecimento de cada traço não houve mudanças significativas no
seu valor até os 400°C, aos 900°C houve uma pequena diminuição, Costa (2008)
atribuí essa redução a evaporação da água.
Em relação aos teores analisados, no estado endurecido percebe que o
aumento da substituição da areia natural por areia de PET fez que com que a massa
específica diminuísse, mantendo a mesma tendência já observada para essa
propriedade no estado fresco.
4.2 Ensaios de velocidade de propagação de onda ultrassônica
Os resultados de velocidade de propagação de onda ultrassônica foram
comparados com a classificação de Whitehurst (1966) e Rincón et al (1998), os quais
relacionaram a velocidade de propagação de onda ultrassônica a qualidade do
concreto, classificando como “excelente” quando acima de 4500 m/s, “ótimo” de 3500
a 4500 m/s, “bom” de 3000 a 3500 m/s, “regular” de 2000 a 3000 m/s e “ruim” abaixo
de 2000 m/s.
A velocidade da onda ultrassônica dos traços obtida antes e após os concretos
serem submetidos as temperaturas de estudo (200ºC, 400ºC e 900ºC) estão
apresentadas nas Figuras 16, 18 e 19.
Os gráficos (Figuras 16, 18 e 19) mostram que os traços estudados
apresentaram uma tendência de decréscimo da resistência à compressão axial com
a variação da temperatura de aquecimento. Na temperatura ambiente (23ºC), todos
os traços apresentaram uma classificação de concreto “excelente”. Visualmente
observou-se que todos os concretos investigados mantiveram a sua integridade física
até os 400°C.
49
Figura 16 - Velocidade de onda ultrassônica para o traço referência
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 16 mostra que para as variações da temperatura de 200°C e 400ºC a
que os concretos de referência foram submetidos não promoveram alterações
expressivas na propagação da onda ultrassônica. Para os concretos submetidos a
essas temperaturas, os concretos foram classificados como “excelentes”.
Para a temperatura de 900ºC, a velocidade de propagação da onda. A redução
da velocidade já era esperada, o aspecto visual dos concretos submetidos a 900°C já
apresentarem fissuras na face externa dos corpos de prova (Figura 17).
Figura 17 - Fissuras na superfície do traço referência após a exposição a 900°C
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 18 mostra o comportamento do concreto com substituição de 20%, na
temperatura ambiente (23°C) apresentaram a classificação “excelente”. Nas
5144 5218 53485124
5375
1690
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
23 200 23 400 23 900
Velo
cid
ade (
m/s
)
Temperatura (°C)
Excelente Ótimo Bom Regular Ruim
50
temperaturas de 200°C e 400°C huve um pequeno descréscimo da velocidade,
enquanto na temperatura de 900°C a velocidade das ondas ultrassônicas
decresceram 70% em relação aos concretos a temperatura ambiente, podendo ser
classificado como um concreto “ruim”.
Acredita-se que o derretimento da areia de PET no interior do concreto contribui
para a formação de falhas internas, as quais estão diretamente ligadas a diminuição
da velocidade de propagação das ondas ultrassônicas.
Figura 18 - Velocidade de onda ultrassônica para o traço 20% de PET
Fonte: Elaboração própria.
4874
4491
49914673
5102
1565
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
23 200 23 400 23 900
Velo
cid
ade (
m/s
)
Temperatura (°C)
Excelente Ótimo Bom Regular Ruim
51
Figura 19 - Velocidade de onda ultrassônica para o traço 50% de PET
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 19 mostra que os concretos em temperatura ambiente (23ºC)
apresentaram classificação “excelente”. Após os 400°C houve um descréscimo
acentuado da velocidade da onda ultrassônica dos concretos investigados. Para os
concretos submetidos às temperaturas de 400°C e 900° C, a redução da velocidade
de propagação da onda ultrassônica foram de aproximadamente 17% e 86%,
repectivamente. Os concretos submetidos a temperaturas de 200ºC e 400ºC foram
classificados como “ótimos” e os concretos submetidos à temperatura de 900ºC como
“ruins”.
A Figura 20 apresenta um comparativo da velocidade da onda ultrassônica
entre os três traços estudados.
4621 44984730
3939
4573
654
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
23 200 23 400 23 900
Velo
cid
ade (
m/s
)
Temperatura (°C)
Excelente Ótimo Bom Regular Ruim
52
Figura 20 - Velocidade de onda ultrassônica dos traços estudados
Fonte: Elaboração própria.
O gráfico (Figura 20) indica que o aumento do teor de substituição de PET nas
misturas implicou na redução da velocidade da onda ultrassônica dos concretos para
todas as temperaturas de controle, Silva e De Sampaio Bonfim (2019) em seu trabalho
com fibras de polipropileno, observaram o mesmo resultado e atribuíram a baixa
densidade do material, como o PET também possui baixa densidade a mesma
justificativa pode ser atribuída. Observa-se que o concreto de referência apresentou o
melhor desempenho entre as misturas investigadas, e o traço com 50% de areia de
PET, o pior desempenho.
Verifica-se que a partir da temperatura de 400°C ocorre uma variação
acentuada da velocidade de propagação da onda ultrassônica em todas as misturas,
Dos Santos Silva et al (2018) atribui esse comportamento ao comprometimento da
estrura pois na temperatura de 900°C o grau de fissuração é muito elevado.
4.3 Resistência à compressão axial
A resistência à compressão do concreto é a propriedade mais importante em
termos de análise estrutural após o contato com elevadas temperaturas. A Figura 21
apresenta os valores obtidos de resistência à compressão axial na idade de 28 dias
para os traços de referência, com substituição de 20% de PET e com substituição de
0
1000
2000
3000
4000
5000
0 200 400 600 800 1000
Velo
cid
ade (
m/s
)
Temperatura (°C)
REF
20PET
50PET
53
50% de PET, em temperatura ambiente (23°C) e em relação as temperaturas de
aquecimento (200ºC, 400°C e 900°C) aos quais os concretos foram submetidos.
Figura 21 - Resistência à compressão axial média dos traços estudados
Fonte: Elaboração própria.
Verifica-se no gráfico que o traço referência apresentou os melhores resultados
de resistência à compressão axial entre os traços investigados, ou seja, a variação do
teor de PET nas misturas implicou na diminuição da resistência à compressão axial,
corroborando com alguns trabalhos científicos (Moura (2017), Fernandes (2017)).
Apesar da diminuição da resistência à compressão axial de 17% do traço de 20% de
PET para o traço referência, ele atingiu a resistência estipulada inicialmente de 25
MPa.
O gráfico analisado (Figura 21) demonstrou uma tendência de redução da
resistência à compressão axial com a elevação da temperatura, sendo intensificada a
partir de 400°C. Observa-se que o concreto referência apresentou um pequeno ganho
de resistência ao ser aquecido até 400°C e o concreto com substituição de 50% de
PET apresentou ganho na temperatura de 200°C, quando comparados com a
resistência em temperatura ambiente. Esse comportamento já tinha sido verificado em
outros programas experimentais (Lima, R. (2005), Silva (2013), Khoury (2000)), e foi
atribuído a um processo tardio de hidratação do cimento que foi estimulado pela
temperatura de aquecimento. Neville (1997) salienta também que a idade dos
31,7032,72
35,97
15,64
26,42 25,67
23,07
13,35
19,3021,02
19,29
6,46
0
5
10
15
20
25
30
35
40
23 200 400 900
Resis
tência
à c
om
pre
ssão a
xia
l (M
Pa)
Temperatura (°C)
REF
20%
50%
54
concretos influenciou nesse resultado, já que os concretos não tiveram tempo para
completar suas reações químicas.
A resistência à compressão axial dos concretos com a variação da temperatura
de 400°C para 900°C apresentou redução de 56% no traço referência, redução de
42% no traço 20% de PET, e redução de 66% no traço 50% de PET. Essa queda de
resistência dos concretos pode ser atribuída a alguns fatores. Segundo Cánovas
(1988) após os 400°C, o C-S-H já sofreu total desidratação, começando a se
decompor em óxido de cálcio e água, o que acaba resultando na diminuição da
resistência e no aparecimento de fissuras.
Meneses (2011) relata que o PET presente nos concretos nos 400°C, passa a
perder sua massa, resultando no aumento de vazios dentro do concreto, o que
influencia a redução da resistência. Como pode ser observado o traço com 50% de
PET obteve a menor resistência aos 900°C, sendo esse fator atribuído ao aumento de
vazios na sua estrutura.
Para a verificação de que as variáveis independentes dessa pesquisa (Teor de
PET e Temperatura) apresentaram influência significativa na variável de resposta
(resistência à compressão axial), os resultados passaram por uma análise de
variância (ANOVA), apresentados na Tabela 14.
A análise de variância (ANOVA) avalia os dados verificando se existe diferença
significativa entre as médias e se as variáveis independentes exercem real influência
em alguma variável dependente. Os valores são estatisticamente significativos
quando o resultado de “p” é menor que 0,05, podendo chegar a 95% de confiança nos
dados.
Tabela 14 - Análise ANOVA da resistência à compressão axial
ANOVA SQ GL MQ Teste F p
Intercessão 36606,32 1 36606,32 13262,15 0,000000
Teor PET 1878,32 2 939,16 340,25 0,000000
Temperatura 2768,51 3 922,84 334,34 0,000000
Teor PET x Temperatura 194,34 6 32,39 11,73 0,000000
Erro 165,61 60 2,76
Fonte: Elaboração própria.
A Tabela 14 mostra que as variáveis independentes (Teor de PET e
Temperatura) são significativas isoladamente (p<0,05), ou seja, influenciaram na
variável de resposta (Resistência à compressão axial). A interação dos fatores Teor
de PET x Temperatura também foi significativa.
55
As Figuras 22 e 23 mostram os resultados de resistência à compressão axial
em função das variáveis independentes (Teor de PET e Temperatura), obtidos a partir
da análise ANOVA.
Figura 22 – Resistência à compressão axial em função do teor de PET
Fonte: Elaboração própria.
Através da análise ANOVA (Tabela 14 e Figuras 22) observa-se que à medida
que o teor de PET é aumentado nas misturas, ocorre uma redução da resistência à
compressão axial dos concretos.
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
0 20 50
Resis
tência
à c
om
pre
ssão a
xia
l (M
Pa)
Teor de PET (%)
56
Figura 23 - Resistência à compressão axial em função da temperatura
Fonte: Elaboração própria
A análise ANOVA indicou uma diminuição da resistência à compressão axial
com o aumento da temperatura de aquecimento dos concretos, sendo essa variação
mais expressiva a partir da temperatura de 400°C (Figura 23).
A Figura 23 mostra que até a temperatura de 400°C parece não haver grandes
variações na resistência à compressão axial dos concretos. Em função dessa
observação foi gerada uma nova análise de variância (ANOVA) considerando apenas
os resultados até 400°C. Os resultados dessa nova análise de variância (ANOVA) são
apresentados na Tabela 15.
Tabela 15 - Análise ANOVA da resistência à compressão axial até 400°C
ANOVA SQ GL MQ Teste F p
Intercessão 36857,93 1 36857,93 6962,574 0,000000
Teor PET 1694,16 2 847,08 160,016 0,000000
Temperatura 3,96 2 1,98 0,374 0,689765
Erro 259,39 49 5,29 Fonte: Elaboração própria.
Os dados da ANOVA (Tabela 15) indicaram que o aquecimento dos concretos
até a temperatura de 400°C não promoveram influência nos resultados de resistência
à compressão axial dos concretos. Esses resultados corroboram com os resultados
de Lima, R. (2005), que concluiu que medidas de proteção ativa ou passivas que
impeçam o concreto de ultrapassar a temperatura de 400°C, são alternativas técnicas
8
13
18
23
28
23 200 400 900
Resis
tência
à c
om
pre
ssão a
xia
l (M
Pa)
Temperatura (°C)
57
para que a estrutura de concreto não sofra danos consideráveis ao ser afetado por
um incêndio.
O teste de Duncan (Tabela 16), geralmente executado após a análise de
ANOVA, foi realizado a fim de identificar quais os pares de média que diferiam
estatisticamente entre si. A tabela original de Duncan contendo os valores de
significância está apresentada nos apêndices.
Tabela 16 - Teste de Duncan
Fonte: Elaboração própria.
Os resultados (Tabela 16) mostraram que para todos os traços investigados -
a variação da temperatura de 23°C 200°C não promoveu mudanças significativas
na resistência à compressão axial dos concretos. As pesquisas de Lima, R (2005),
Silva (2013) e Wendt (2006), também observaram essa mesma tendência de
comportamento.
Para o traço com 50% de PET, a variação da temperatura de 23°C 400°C e
de 200°C 400°C também não promoveram alterações significativas na resistência
à compressão axial dos concretos investigados .
Para os demais traços, a variação da temperatura influenciou de maneira
significativa na variável de resposta (Resistência à compressão dos concretos).
4.4 Absorção de água por imersão total
As Figuras 24, 25, 26 e 27 apresentam os resultados da absorção de água por
imersão total e índice de vazios dos traços estudados, sendo divididos por cada
temperatura de estudo.
{1} {2} {3} {4} {5} {6} {7} {8} {9} {10} {11} {12}
31,695 32,17 35,97 15,64 26,42 25,67 23,068 13,34 19,29 21,01 19,29 6,46
{1} 0 23 NS S S S S S S S S S S
{2} 0 200 NS S S S S S S S S S S
{3} 0 400 S S S S S S S S S S S
{4} 0 900 S S S S S S S S S S S
{5} 20 23 S S S S NS S S S S S S
{6} 20 200 S S S S NS S S S S S S
{7} 20 400 S S S S S S S S S S S
{8} 20 900 S S S S S S S S S S S
{9} 50 23 S S S S S S S S NS NS S
{10} 50 200 S S S S S S S S NS NS S
{11} 50 400 S S S S S S S S NS NS S
{12} 50 900 S S S S S S S S S S S
Teor PET Aquecimento
Legenda : NS - Não Significativo S - Significativo
58
Figura 24 - Absorção de água e índice de vazios a 23°C
Fonte: Elaboração própria.
Figura 25 - Absorção de água e índice de vazios a 200°C
Fonte: Elaboração própria.
4,12 5,26 5,84
9,55
11,7412,51
0
5
10
15
20
25
0
2
4
6
8
10
12
14
REF 20% 50%
Índic
e d
e v
azio
s (
%)
Absorç
ão d
e Á
gua (
%)
Traço Analisado
Absorção de água Indice de Vazios
4,265,47 5,89
9,84
12,16 12,62
0
5
10
15
20
25
0
2
4
6
8
10
12
14
REF 20% PET 50% PET
Índic
e d
e v
azio
s (
%)
Absorç
ão d
e Á
gua (
%)
Traço Analisado
Absorção de água Índice de vazios
59
Figura 26 - Absorção de água e índice de vazios a 400°C
Fonte: Elaboração própria.
Figura 27 - Absorção de água e índice de vazios a 900°C
Fonte: Elaboração própria.
Observa-se que em todas as temperaturas de controle (Figura 24 a 27) o teor
de PET influenciou no aumento na absorção de água e consequentemente no índice
de vazios em relação ao traço referência. Canellas (2005) atribui o aumento da
absorção de água às características hidrofóbicas do PET, que faz com que a água
absorvida pela matriz cimentícia exceda a quantidade necessária para a hidratação,
4,865,74
6,81
11,2812,77
14,57
0
5
10
15
20
25
0
2
4
6
8
10
12
14
REF 20% PET 50% PET
Índic
e d
e v
azio
s (
%)
Absorç
ão d
e Á
gua (
%)
Traço Analisado
Absorção de água Índice de vazios
9,0410,26
13,29
20,06
22,09
26,70
0
5
10
15
20
25
0
2
4
6
8
10
12
14
REF 20% PET 50% PET
Índic
e d
e v
azio
s (
%)
Absorç
ão d
e Á
gua (
%)
Traço Analisado
Absorção de água Índice de vazios
60
ocasionando um aumento de fissuras na zona de transição, que eleva a porosidade
do concreto.
A Figura 28 faz um comparativo entre a absorção de água nos traços estudados
e as temperaturas em que os concretos foram submetidos.
Figura 28 - Absorção de água por imersão a total média dos traços estudados
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 28 mostra uma tendência de elevação da absorção de água com a
variação da temperatura de aquecimento dos concretos, sendo observado um pico de
crescimento mais expressivo entre 400°C a 900°C. Como relatado anteriormente, o
derretimento do PET e a degradação dos componentes na matriz cimentícia
contribuem de modo considerável para o aumento dos poros internos. Lima, R (2005)
relata que após os 450°C o diâmetro dos poros aumenta devido a essa degradação,
sendo esse fator o principal responsável pelo aumento da absorção de água a
temperaturas de 900°C.
A partir dos resultados de absorção de água por imersão total foi gerada uma
análise variância (ANOVA) – Tabela 17 - para verificar a significância das variáveis
independentes (Teor de PET e Temperatura) na variável de resposta (absorção de
água).
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
23 200 400 900
Absorç
ão d
e á
gua p
or
imers
ão tota
l (%
)
Temperatura (°C)
REF
20%
50%
61
Tabela 17 - Análise ANOVA da absorção de água por imersão total
ANOVA SQ GL MQ Teste F p
Intercessão 1634,046 1 1634,046 21274,28 0,000000
Teor de PET 34,372 2 17,186 223,75 0,000000
Temperatura 207,158 3 69,053 899,03 0,000000
Teor de PET x Temperatura 9,055 6 1,509 19,65 0,000000
Erro 1,843 24 0,077
Fonte: Elaboração própria.
A análise realizada (Tabela 17) mostrou que as variáveis independentes são
significativas, assim como a interação entre elas (Teor de PET x Temperatura). Ou
seja, as variáveis independentes influenciaram nos resultados da absorção de água
por imersão total.
As Figuras 29 e 30 mostram os resultados da absorção de água por imersão
total em função das variáveis independentes, obtidos a partir da análise ANOVA
(Tabela 17).
Figura 29 - Absorção de água por imersão total em função do teor de PET
Fonte: Elaboração própria.
Observa-se (Figura 29) que a variação do teor de PET promoveu um aumento
significativo da absorção de água por imersão total nos concretos investigados.
4
5
6
7
8
9
10
11
0 20 50
Absorç
ão d
e á
gua p
or
imers
ão tota
l (%
)
Teor de PET (%)
62
Figura 30 - Absorção de água por imersão total em função da temperatura
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 30 indica que a taxa de aquecimento aplicada nos concretos promoveu
um aumento significativo da absorção de água por imersão total nas misturas
estudadas. Percebe-se que houve uma mudança mais expressiva entre as
temperaturas de 400°C e 900°C e para determinar se realmente há significância entre
as temperaturas de 23°C e 400°C foi realizada uma nova análise de variância (Tabela
18), que indicou significância também para essas oscilações de temperatura.
Tabela 18 – Análise ANOVA de absorção de água por imersão total até 400°C
ANOVA SQ GL MQ Teste F p
Intercessão 776,097 1 776,097 12392,78 0,000000
Teor de PET 14,377 2 7,189 114,79 0,000000
Temperatura 2,719 2 1,3595 20,26 0,000010
Erro 1,4766 22 0,0671
Fonte: Elaboração própria.
4.5 Análise visual das amostras
Após as amostras serem retiradas do forno, elas foram inspecionadas e
fotografadas a fim de indicar as discrepâncias entre os traços e temperaturas
estudadas. A Figura 31 apresenta a comparação das amostras dos três traços na
temperatura ambiente com a temperatura de 200°C.
4
5
6
7
8
9
10
11
23 200 400 900
Absorç
ão d
e á
gua p
or
imers
ão tota
l (%
)
Temperatura (°C)
63
Figura 31 - Traços estudados nas temperaturas de 23°C e 200°C
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 31 mostra que não houve diferenças visuais nas amostras expostas
as temperatura de 200°C. Para essa temperatura não foi observada mudança de cor
nos concretos e nem foi visualizadas fissuras na superfície das amostras. Também foi
possível verificar que a areia de PET continuou intacta, como o previsto, uma vez que
o PET só começa a degradar acima da temperatura de 250°C.
A Figura 32 apresenta os traços estudados após serem expostos a temperatura
de 400°C.
64
Figura 32 - Traços estudados na temperatura de 400°C
Fonte: Elaboração própria.
Nota-se (Figura 32) que em comparação com as temperaturas anteriores
(200°C) houve um aumento dos poros superficiais, porém não foram observadas
microfissuras superficiais.
Nos traços com presença de PET foi possível perceber que na superfície ele
se degradou, e que algumas impurezas presentes na areia de PET, proveniente das
tampas de garrafas plásticas, que são compostas de polietileno, derreteram e
vazaram pelos poros (Figura 33).
Figura 33 – Impurezas presentes no concreto
Fonte: Elaboração própria.
65
Os corpos de prova foram quebrados ao meio (Figura 34), e foi possível
visualizar que o PET no interior do concreto não derreteu, pois apresentava seu
aspecto natural e cor transparente.
Figura 34 - PET no interior do concreto a 400°C
Fonte: Elaboração própria.
Os corpos de prova expostos a temperatura de 900°C são apresentados na
Figura 35.
Figura 35 - Traços estudados na temperatura de 900°C
Fonte: Elaboração própria.
66
A Figura 35 mostra que nos traços de referência e com 20% de PET ocorreu
lascamento do agregado. Esse fenômeno pode ser explicado devido à expansão do
agregado próxima a superfície. Todos os traços apresentaram microfissuras e
aumento da porosidade na face externa, sendo essas características intensificadas
com o aumento do teor de PET nos concretos.
O aumento da porosidade no traço com 50% de PET pode ser notado na Figura
36, onde fica visível que o PET superficial degradou completamente, ocasionando um
aumento de vazios. O aumento da porosidade superficial desses concretos também
pode ser observada no ensaio de absorção de água por imersão total, o qual os
resultados confirmaram o aumento da absorção com o aumento do teor de PET.
A Figura 37 apresenta o interior do corpo de prova com substituição de 50% de
PET, o qual mostrou que o PET no interior do concreto derreteu, perdendo seu formato
original, porém não degradou completamente.
Figura 36 - Vazios ocasionados pela degradação da areia de PET superficial
Fonte: Elaboração própria.
67
Figura 37 - PET no interior do concreto -Traço 50PET- submetido a uma temperatura de 900°C
Fonte: Elaboração própria.
Também é possível notar na Figura 37, que o interior do corpo de prova adquiriu
uma coloração escura em relação as bordas, esse aspecto já havia sido observado
por Lorenzon (2014).
68
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho avaliou a influência da substituição de areia natural por
areia de PET nas propriedades mecânicas e de durabilidade de concretos submetidos
a elevadas temperaturas.
Os resultados da caracterização da areia de PET, mostraram que o material
atende os limites normativos e a incorporação nos teores estudados (20% e 50%)
melhoram a curva granulométrica da areia natural. Observou-se que a massa
específica dos concretos com a incorporação da areia de PET diminuiu com o
aumento do teor na mistura, o que já era esperado, em função da menor densidade
do PET.
A avaliação da velocidade das ondas ultrassônicas mostrou que até a
temperatura de 400°C a compacidade dos concretos nos três teores estudados variou
entre “excelente e ótimo”. Até a temperatura de 400ºC e no tempo de exposição
considerados nessa pesquisa (30 minutos) não promoveram alterações expressivas
na compacidade dos concretos.
Em relação as propriedades mecânicas do concreto no estado endurecido,
verificou-se que a resistência à compressão axial dos concretos a temperatura
ambiente diminuiu com o aumento do teor de PET na mistura, a mistura com
substituição de 20% de PET, apesar de ter sua redução significante, manteve a
resistência à compressão axial acima do valor estipulado de 25 MPa, mínimo para ser
considerado estrutural. A substituição de 50% obteve uma resistência inferior,
corroborando com os resultados de Della Flora et al (2018), que verificaram que essa
substituição provocou perda de desempenho, inutilizando o seu uso.
Em relação a resistência à compressão axial dos concretos submetidos as
temperaturas de estudo, constatou-se que até a temperatura de 400°C não houve
redução significativa dessa propriedade. De acordo com Lima, R. (2005) é
recomendável a adoção de medidas de proteção passivas, aquelas incorporadas ao
sistema construtivo, e ativas, que combatem após o início do incêndio, garantam que
a temperatura dos elementos estruturais não ultrapassem os 400°C durante o TRRF,
determinado pela NBR 14432 (ABNT, 2000), mantendo a integridade da estrutura.
Quanto a absorção de água, os resultados mostraram que tanto o teor de PET
substituído quanto a temperatura, influenciaram o aumento da absorção de água e
consequentemente no índice de vazios dos concretos.
69
Os resultados obtidos, comprovam a potencialidade da substituição parcial da
areia natural no teor de 20% de areia de PET, para concretos estruturais expostos até
a temperatura de 400°C. No entanto, devem ser realizadas novas pesquisas a fim de
avaliar o dano real que o concreto com substituição de PET exposto a um incêndio
sofre, além disso, deve-se estudar o comportamento dessa mistura em outros
ambientes agressivos, para validação do uso desse material.
As Tabelas 19, 20 e 21 sintetiza os resultados obtidos ao longo da pesquisa.
Tabela 19 - Síntese dos resultados obtidos na pesquisa em relação ao teor de PET
Propriedades Avaliadas Resultado
Velocidade de propagação de onda ultrassônica
Resistência à compressão axial
Absorção de água por imersão total
Fonte: Elaboração Própria.
Tabela 20 - Síntese dos resultados obtidos na pesquisa em relação a temperatura de 23°C a 400°C
Propriedades Avaliadas Resultado
Velocidade de propagação de onda ultrassônica
Resistência à compressão axial
Absorção de água por imersão total
Fonte: Elaboração Própria.
70
Tabela 21 - Síntese dos resultados obtidos na pesquisa em relação a temperatura de 400°C a 900°C
Propriedades Avaliadas Resultado
Velocidade de propagação de onda ultrassônica
Resistência à compressão axial
Absorção de água por imersão total
Fonte: Elaboração Própria
Legenda: Melhorou as propriedades analisadas no ensaio.
Piorou as propriedades analisadas no ensaio.
Manteve as propriedades analisadas no ensaio.
5.1 Sugestões para trabalhos futuros
Durante o desenvolvimento da pesquisa e após a obtenção dos resultados,
alguns aspectos referentes ao aquecimento do concreto foram observados e
mostraram-se relevantes para investigações futuras. Desta forma, como sugestões
para realização de trabalhos futuros propõe-se:
Avaliar as propriedades mecânicas e de durabilidade na temperatura
intermediária entre 400°C e 900°C, a fim de determinar a partir de que ponto o
concreto passa a sofrer queda brusca de suas propriedades.
Realizar estudos avaliando a influência da umidade interna dos concretos
submetidos a elevadas temperaturas e o dano o qual o excesso de água
provoca.
Avaliar microscopicamente – através de análise de microscopia eletrônica de
varredura (MEV) por elétrons secundários - algumas amostras de concretos
com e sem PET após exposição a elevadas temperaturas.
71
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SILVA, Janaina Salustio da. Estudo de concretos de diferentes resistências à compressão submetidos a altas temperaturas sem e com incorporação de fibras de politereftalato de etileno (PET). Natal, 2013.
SOUSA, Douglas Alves de; SILVA, Guilherme Pereira. Estruturas de concreto em situação de incêndio. Goiânia, 2015.
SOUZA, Adriana Aparecida Ambrosio de. Procedimento de ensaio para verificação em laboratório da tendência ao lascamento do concreto em situação de incêndio. Campinas, 2010 SOUZA, Luiz Ailton de Araújo et al. Resistência e spalling do concreto sob condições de altas temperaturas. IBRACON, 2012.
WENDT, Sheila Cristina. Análise da mudança de cor em concretos submetidos a altas temperaturas como indicativo de temperaturas alcançadas e da degradação térmica. Porto Alegre, 2006.
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76
APÊNDICES
APÊNDICE A – Massa específica no estado fresco
Amostra Traço Massa específica no estado fresco
(kg/m³)
1 REF 2436,24
2 REF 2428,03
1 20PET 2375,99
2 20PET 2354,10
1 50PET 2309,30
2 50PET 2294,78
APÊNDICE B – Massa específica seca
Amostra Traço Massa específica seca (g/cm³)
23°C 200°C 400°C 900°C
1 REF 2,33 2,34 2,33 2,22
2 REF 2,32 2,27 2,33 2,22
3 REF 2,31 2,32 2,31 2,22
1 20PET 2,24 2,17 2,24 2,15
2 20PET 2,22 2,21 2,23 2,13
3 20PET 2,24 2,18 2,21 2,18
1 50PET 2,14 2,13 2,13 2,03
2 50PET 2,13 2,14 2,14 1,99
3 50PET 2,16 2,15 2,15 2,01
77
APÊNDICE C – Ensaio de propagação de ondas ultrassônicas antes e depois da exposição a elevadas temperaturas
Amostra Traço
Velocidade de propagação das ondas ultrassônicas (m/s)
Antes Depois Antes Depois Antes Depois
23°C 200°C 23°C 400°C 23°C 900°C
1 REF 5263 5249 5390 5115 5361 1624
2 REF 5305 5235 5390 5154 5420 1836
3 REF 5154 5305 5420 5154 5405 1666
4 REF 5012 5194 5305 5089 5333 1615
5 REF 5102 5194 5277 5154 5420 1713
6 REF 5025 5128 5305 5076 5309 1684
1 20PET 4866 4494 5037 4773 5076 1603
2 20PET 4914 4494 5076 4819 5221 1754
3 20PET 4842 4484 4807 4535 5115 1619
4 20PET - - 5076 4683 5076 1511
5 20PET - - 4936 4524 5076 1480
6 20PET - - 5012 4705 5050 1424
1 50PET 4629 4494 4773 3861 4618 677
2 50PET 4672 4672 4950 4115 4739 662
3 50PET 4739 4683 4618 3944 4454 625
4 50PET 4555 4494 4716 3780 4640 674
5 50PET 4618 4415 4618 4115 4484 613
6 50PET 4514 4228 4705 3816 4504 673
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APÊNDICE D – Resistência à compressão axial
Amostra Traço Fck (MPa) Desvio Padrão
23°C 200°C 400°C 900°C 23°C 200°C 400°C 900°C
1 REF 33,80 35,32 35,10 15,53
2,65 1,89 3,01 0,61
2 REF 30,41 30,91 34,10 14,75
3 REF 35,32 31,36 37,71 16,24
4 REF 28,90 33,57 31,60 15,94
5 REF 29,05 34,18 37,11 15,14
6 REF 32,69 30,96 40,18 16,24
1 20PET 25,70 25,85 24,35 11,69
1,00 1,58 2,25 1,21
2 20PET 27,90 24,00 21,95 14,93
3 20PET 26,23 27,15 19,05 14,45
4 20PET 27,10 - 23,48 13,58
5 20PET 26,49 - 25,14 12,57
6 20PET 25,10 - 24,44 12,85
1 50PET 20,14 21,22 17,15 6,88
0,99 0,84 1,23 0,59
2 50PET 20,19 21,68 18,98 7,17
3 50PET 18,38 20,84 18,9 6,38
4 50PET 18,9 20,85 20,39 5,69
5 50PET 20,15 21,95 19,99 6,77
6 50PET 18,01 19,55 20,32 5,88
APÊNDICE E – Teste de Duncan referente a resistência à compressão axial
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
31,70 32,72 35,97 15,64 26,42 25,67 23,07 13,35 19,30 21,02 19,29 6,46
1 0 23 0,29119 0,00011 0,00002 0,00011 0,00006 0,00005 0,00002 0,00003 0,00003 0,00002 0,00017
2 0 200 0,29119 0,00137 0,00002 0,00006 0,00005 0,00003 0,00002 0,00002 0,00003 0,00002 0,00002
3 0 400 0,00011 0,00137 0,00002 0,00005 0,00003 0,00003 0,00002 0,00002 0,00002 0,00002 0,00001
4 0 900 0,00002 0,00002 0,00002 0,00002 0,00003 0,00003 0,01999 0,00053 0,00005 0,00044 0,00006
5 20 23 0,00011 0,00006 0,00005 0,00002 0,43547 0,00133 0,00002 0,00003 0,00005 0,00003 0,00002
6 20 200 0,00006 0,00005 0,00003 0,00003 0,43547 0,00891 0,00002 0,00005 0,00007 0,00003 0,00002
7 20 400 0,00005 0,00003 0,00003 0,00003 0,00133 0,00891 0,00003 0,00037 0,03647 0,00044 0,00011
8 20 900 0,00002 0,00002 0,00002 0,01999 0,00002 0,00002 0,00003 0,00005 0,00003 0,00006 0,00011
9 50 23 0,00003 0,00002 0,00002 0,00053 0,00003 0,00005 0,00037 0,00005 0,07809 0,99458 0,00003
10 50 200 0,00003 0,00003 0,00002 0,00005 0,00005 0,00007 0,03647 0,00003 0,07809 0,09355 0,00003
11 50 400 0,00002 0,00002 0,00002 0,00044 0,00003 0,00003 0,00044 0,00006 0,99458 0,09355 0,00005
12 50 900 0,00017 0,00002 0,00001 0,00006 0,00002 0,00002 0,00002 0,00011 0,00003 0,00003 0,00005
Teor PET Temperatura
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APÊNDICE F – Absorção de água por imersão total
Amostra Traço Absorção de água (%) Desvio Padrão
23°C 200°C 400°C 900°C 23°C 200°C 400°C 900°C
1 REF 3,97 4,06 4,78 8,82
0,13 0,20 0,21 0,20 2 REF 4,21 4,47 4,69 9,20
3 REF 4,18 4,25 5,10 9,11
1 20PET 5,34 5,43 5,54 10,10
0,09 0,16 0,28 0,19 2 20PET 5,29 5,65 5,62 10,47
3 20PET 5,16 5,34 6,06 10,21
1 50PET 5,60 6,19 7,10 12,88
0,44 0,25 0,30 0,53 2 50PET 6,34 5,78 6,84 13,89
3 50PET 5,57 5,72 6,50 13,11
APÊNDICE G – Índice de vazios
Amostra Traço Índice de Vazios (%) Desvio Padrão
23°C 200°C 400°C 900°C 23°C 200°C 400°C 900°C
1 REF 9,25 9,50 11,14 19,55
0,27 0,32 0,42 0,45 2 REF 9,76 10,15 10,95 20,37
3 REF 9,64 9,86 11,75 20,25
1 20PET 11,97 12,10 12,40 21,68
0,22 0,40 0,53 0,35 2 20PET 11,73 12,59 12,52 22,30
3 20PET 11,53 11,80 13,38 22,29
1 50PET 12,02 13,19 15,11 26,09
0,86 0,49 0,56 0,85 2 50PET 13,50 12,36 14,62 27,68
3 50PET 12,02 12,31 14,00 26,33