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MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO ENTRE TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DE DUAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO Salvador 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

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MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO ENTRE TÉCNICOS

ADMINISTRATIVOS DE DUAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

Salvador

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

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MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO ENTRE TÉCNICOS

ADMINISTRATIVOS DE DUAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em

Administração, Escola de Administração, Universidade

Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Administração.

Orientadora: Profª Drª Diva Ester Okazaki Rowe

Salvador

2016

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Escola de Administração - UFBA

P289 Passos, Maria D’Ajuda Costa.

Qualidade de vida no trabalho: um estudo entre técnicos administrativos

de duas instituições federais de ensino / Maria d’Ajuda Costa Passos. –

2016.

146 f.

Orientadora: Profa. Dra. Diva Ester Okazaki Rowe.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de

Administração, Salvador, 2016.

1. Universidade Federal do Vale do São Francisco – Qualidade de vida

no trabalho. 2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Sertão Pernambuco – Qualidade de vida no trabalho. 3. Universidades e

faculdades – Administração de pessoal – Brasil. 4. Universidade e faculdades -

Estudo comparado – Brasil. I. Universidade Federal da Bahia. Escola de

Administração. II. Título.

CDD – 378.11

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MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO ENTRE TÉCNICOS

ADMINISTRATIVOS DE DUAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em

Administração, junto à Universidade Federal da Bahia, para a seguinte banca examinadora:

Profª. Draª Diva Ester Okazaki Rowe – Orientador __________________________________

Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Profª. Mscª. Renata Gomes de Jesus ______________________________________________

Mestre em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES)

Prof. Dr. Abdinardo Moreira Barreto de Oliveira ____________________________________

Doutor em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)

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Às mulheres de minha família. Raízes

fortes e imortais de minha árvore. Os

frutos de mim nascidos, por vocês

também foram gerados.

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AGRADECIMENTOS

A gratidão é dos nobres sentimentos aquele que mais admiro. Admiti-lo, é reconhecer-

se vitorioso sem estar sozinho. É dividir em pequenas parcelas o todo de sua conquista, sem

lhe tirar o mérito, sem gozar dele em solidão. Reconheço que ganhei pelo que foi feito e

aprendido, mas obtive ainda mais ao aproveitar da companhia daqueles que me ensinaram,

incentivaram e apoiaram. Assim, a gratidão me faz perceber, ao observar o meu entorno, que

se somam às formalidades deste texto e à sincera gratidão de minha alma, o benefício de ter a

quem agradecer, porque não estive só e não ser só é ser ainda mais.

Com o coração repleto de alegria seguem os meus agradecimentos:

Ao meu Deus de bondade, meu pai celeste, meu mistério na terra, minha certeza na

vida, porque sem ti nada sou. Tua bondade vencerá.

À Nossa Senhora, Maria, mãe de Deus, pela proteção divina e cuidado maternal.

Às minhas famílias: aquela que me forjou e aquela que hoje forjo. Reconhecendo as

nossas limitações e erros, ainda nos sobra a imensa vantagem de nosso verdadeiro amor. Com

especial carinho a minha mãe, Edileuza, pela admiração e respeito verdadeiro que alimenta

nosso afeto.

A Saulo José, meu Zezinho e meu abacaxizinho. As horas dedicadas a esta dissertação

foram mais belas porque inúmeras vezes assisti ao seu sorriso. Nos dias que virão, contarás

com mais esse registro, entre os tantos que lhe faço, para saber-se amado, querido e desejado,

meu filho. Grata por cada sorriso que me deu, emoldurando com beleza as minhas lembranças

deste momento da minha vida. Por favor, nos amemos até o fim.

Ao meu querido Leonardo Neves. Dos muitos títulos que dividimos, companheiro, é

o que mais gosto.

Às queridas e cuidadosas Lene e Angelita pelo apoio e cuidado com o meu José,

usando da mesma dedicação com que cuidam de todos ao seu redor.

À Diva Ester Okazaki Rowe pela dedicação com que me orientou e me manteve

firme nessa trajetória. Obrigada pelas consideráveis lições e pelo respeito às minhas

limitações.

Aos Professores Renata Gomes de Jesus e Abdinardo Moreira Barreto de

Oliveira pela disposição e ajuda em uma etapa muito importante de meu trabalho.

À Profª. Milka que, ainda no começo de tudo, forneceu o impulso para os primeiros

passos dessa caminhada.

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À Univasf pela oportunidade de desenvolvimento profissional aos seus servidores,

através desse convênio. À Superintendência de Gestão de Pessoas, na pessoa de sua

gestora, Maria Auxiliadora, pela abertura do espaço à pesquisa e participação nesse

processo. Aos colegas da equipe, em particular o SIASS, que durante esse tempo ofereceram

suporte ao desenvolvimento dos trabalhos. Agradeço a Kilma e Ketússia pelas entrevistas

concedidas e materiais cedidos.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, em

especial à Diretoria de Gestão de Pessoas, pela abertura de suas portas, facilitando o

desenvolvimento dessa pesquisa. Dedico um agradecimento especial à psicóloga e colega

Márcia Padilha, pelo atendimento às inúmeras solicitações feitas em nome desse trabalho.

A todos os colegas servidores públicos das duas instituições pela disponibilidade em

responder ao questionário, auxiliando na construção desse estudo. Unidos, com o nosso

trabalho, servimos ao nosso país.

A toda equipe do NPGA da UFBA, pela acolhida calorosa, pelos ensinamentos

doados e os incentivos constantes à turma. Em especial, agradeço a Cristina e Artur pela

solicitude em me ajudar, inclusive oportunizando a solução de problemas quando me

encontrava longe e impossibilitada de atuar.

Aos colegas e parceiros dessa jornada, membros da turma MPA 14, que além dos

momentos de companhia, ainda me proporcionaram algumas boas e gostosas gargalhadas.

Com carinho agradeço ao Marcos, pessoa que levo em meu coração com grande admiração e

respeito; Célia, mulher forte, carinhosa e admirável; Gabi, de uma presença delicada e

calmante e; Ailson, com seu humor afinado e sua postura ética respeitável.

Apesar do cansaço e da distância da minha atual casa, a ida para a “minha” Salvador

sempre foi recheada da presença de bons e velhos amigos, além da revigorante beleza contida

no espetáculo natural daquela terra, daquela baía, com seu belíssimo mar e seu pôr-do-sol

deslumbrante. Imagens que mostram que na labuta dos dias difíceis, Deus continua

desenhando belas histórias.

Gratitude.

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PASSOS, M.D.C Qualidade de Vida no Trabalho: um estudo entre técnicos administrativos

de duas instituições federais de ensino. 146 f. 2016. Dissertação (Mestrado) - Escola de

Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo principal identificar a percepção dos técnicos

administrativos em educação acerca da Qualidade de Vida no Trabalho, nos contextos da

Universidade Federal do Vale do São Francisco e do Instituto Federal do-Sertão

Pernambucano. A pesquisa é definida como descritiva, tendo utilizado metodologias

quantitativas e qualitativas. O modelo conceitual que norteou esse trabalho foi o

biopsicossocial e organizacional (BPSO) de Limongi-França (1996). O instrumento utilizado

na pesquisa foi idealizado pela mesma autora e adaptado para o contexto do serviço público.

Também foram utilizadas como técnicas de coleta de dados a entrevista semiestruturada e a

análise documental. A análise quantitativa foi realizada por meio de análises descritivas,

análise fatorial exploratória e confirmatória, enquanto os dados qualitativos foram analisados

através da análise de conteúdo. Os resultados identificaram que os servidores se encontram

moderadamente satisfeitos, com resultados significativamente diferentes entre as instituições.

O confronto da percepção dos servidores com as práticas de gestão apontaram um

desalinhamento entre as expectativas dos servidores e o que é possível ser ofertado pelas

instituições, reforçando a importância de um diálogo. Existe um maior interesse na temática

Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos setores ligados à saúde do servidor, porém ainda

é limitada à influência da Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor

Público Federal, ao passo que a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal mostrou

uma influência mais abrangente. Evidencia-se a ausência de um programa em Qualidade de

Vida no Trabalho nos dois órgãos, mas os resultados mostram caminhos, apontados pelos

próprios servidores, a serem tomados nesse sentido. Ressalta-se que o tema ainda se manifesta

de forma ocasional em práticas pontuais, indicando a importância de a Qualidade de Vida no

Trabalho avançar como um tema estrategicamente pensado e comum a toda instituição e

reforça a importância de estudos que dirimam os entraves para a construção coletiva de um

modelo em Qualidade de Vida no Trabalho na administração pública, e que contemplem

satisfatoriamente todas as dimensões estudadas.

Palavras-chave: Qualidade de Vida no Trabalho, Biopsicossocial e Organizacional, Setor

Público, Gestão de Pessoas, Satisfação, Técnicos Administrativos.

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PASSOS, M.D.C Quality of Life at Work: a study among administrative federal employees

of two federal educational institutions. 146 f. 2016. Dissertation (Masters)- Escola de

Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

ABSTRACT

This research aimed to identify the perception of administrative federal employees in

education about the Quality of Life at Work (QLW) in the Universidade Federal do Vale do

São Francisco and Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão

Pernambucano contexts. This research is defined as exploratory and descriptive by using

quantitative and qualitative methodologies. The conceptual model that guided this work was

the biopsychosocial and organizational (BPSO-96) from Limongi-France (1996). The

instrument used in the research was designed by the same author and adapted to the public

service reality. Moreover, they were also used as data collection techniques the semi-

structured interviews and document analysis. Quantitative analysis was performed using

descriptive statistics, exploratory and confirmatory factor analysis, while qualitative data were

analyzed using content analysis. The results showed that the federal employees are

moderately satisfied, but also pointed to a significantly difference in the results between the

two institutions. The confront of the federal employees' perceptions about management

practices indicated a misalignment between the expectations of these employees and what can

be offered by the institutions, reinforcing the importance of a dialogue. There is a greater

interest in the subject Quality of Life at Work by the sectors related to employee's health, but

the Health Care Policy is still limited to them, while the National Personal Development

Policy showed a wider influence. The absence of a Quality of Life at Work program in the

two institutes is evdente, but the results show paths indicated by the employees themselves to

be taken accordingly. It is emphasized that the issue also manifests itself occasionally on

specific practices, indicating the importance of Quality of Life at Work to advance as a

strategically thought out theme common to every institution and reinforces the importance of

studies that settle barriers to the collective construction of a Quality of Life at Work model in

public administration and that satisfactorily address all of the studied dimensions.

Keywords: Quality of Life at Work, Organizational, Biopsychosocial, Public Sector, People

Management, Satisfaction, Administrative Technicians.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Ações de QGVT nas dimensões BPSO

25

Figura 2 Representação da pesquisa

28

Figura 3 Relações hierárquicas da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas da

Univasf

30

Figura 4 Relações hierárquicas da Diretoria de Gestão de Pessoas do IF-Sertão

32

Quadro 1 Organização do roteiro de entrevista

44

Figura 5 Servidores participantes das entrevistas

44

Figura 6 Modelo da escala do instrumento BPSO-96

46

Figura 7 Dimensões do instrumento BPSO-96

47

Quadro 2 Adaptações aos Itens do Instrumento BPSO-96

48

Quadro 3 Disposições dos itens no questionário aplicado

48

Quadro 4 Alterações refrentes ao pré-teste 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Caracterização dos participantes por campus

34

Tabela 2 Caracterização da amostra pelas variáveis pessoais

34

Tabela 3 Caracterização da amostra pelas variáveis ocupacionais

35

Tabela 4 Variância total explicada para 32 variáveis de QVT

55

Tabela 5 Variância total explicada para 19 variáveis de QVT

55

Tabela 6 Comparação de média entre instituições 56

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFC Análise Fatorial Confirmatória

AFE Análise Fatorial Exploratória

BPSO Modelo Biopsicossocial e Organizacional

BPSO-96 Instrumento de coleta do modelo Biopsicossocial e Organizacional

DAP Diretoria de Administração de Pessoas

DB Dimensão Biológica

DDP Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas

DGP Diretoria de Gestão de Pessoas

DNSP Diretoria de Normas e Seleção de Pessoal

DO Dimensão Organizacional

DOP Dimensão Opinião Pessoal

DP Dimensão Psicológica

DS Dimensão Social

KMO Kaiser-Meyer-Olkin

MEC Ministério da Educação

OMS Organização Mundial da Saúde

PAC Plano Anual de Capacitação

PASS Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor

Público Federal

PCCTAE Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em

Educação

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PNDP

Plano Nacional de Desenvolvimento de Pessoal

QV Qualidade de Vida

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IF-Sertão Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão

Pernambucano.

QVT Qualidade de Vida no Trabalho

SGP Superintendência de Gestão de Pessoas

SIASS Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor

SIASS UNIVASF

Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor da

Univasf

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Univasf Universidade Federal do Vale do São Francisco

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SUMÁRIO

SUMÁRIO ............................................................................................................................... 27

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14

1.1 OS OBJETIVOS ................................................................................................................ 19 1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 19

1.1.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 19

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 20

2 DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ........................................................................ 22

2.1 O MODELO TEÓRICO DA PESQUISA .......................................................................... 22

2.2 O DESENHO DA PESQUISA ........................................................................................... 26 2.3 CONTEXTOS DO ESTUDO ............................................................................................. 28 2.4 PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................................................... 32 2.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .............................................................. 37

2.5.1 Estudo I: gestão de pessoas e a qualidade de vida no trabalho em duas instituições

federais de ensino – Estudo Qualitativo ....................................................................... 38 2.5.1.1 O foco na gestão em QVT: pesquisa documental......................................................... 38 2.5.1.2 O foco na gestão em QVT: realização das entrevistas semiestruturadas ..................... 43

2.5.2 Estudo II: Qualidade de Vida no Trabalho: percepções dos servidores técnico-

administrativos em duas instituições federais de ensino – Estudo quantitativo ....... 45

2.6 ASPECTOS ÉTICOS ......................................................................................................... 51 2.7 ANÁLISES DOS DADOS ................................................................................................. 52 2.7.1 Tratamento dos dados qualitativos: a análise de conteúdo ....................................... 52

2.7.2 Tratamento dos dados quantitativos: a análise fatorial ............................................. 53

3 APRESENTAÇÃO DOS RESUMOS DOS ARTIGOS ................................................... 57

A) RESUMO DO ESTUDO I: GESTÃO DE PESSOAS E A QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO EM DUAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO ................................... 57 B) RESUMO DO ESTUDO II: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: PERCEPÇÕES

DOS SERVIDORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM DUAS INSTITUIÇÕES

FEDERAIS DE ENSINO ......................................................................................................... 58

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 59

Gestão de pessoas e qualidade de vida no trabalho em duas instituições federais de

ensino ....................................................................................................................................... 59

Qualidade de Vida no Trabalho: percepções dos servidores técnico-administrativos em

duas instituições federais de ensino ....................................................................................... 80

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 102

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DAS

ENTREVISTAS ..................................................................................................................... 113

APÊNDICE B – ROTEIRO PARA CONDUÇÃO DAS ENTREVISTAS .......................... 115

APÊNDICE C – ROTEIROS DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA. ...................... 116

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APÊNDICE D – CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA ............................. 119

APÊNDICE E– TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO

QUESTIONÁRIO .................................................................................................................. 120

APÊNDICE F - INSTRUMENTO UTILIZADO NA PESQUISA ...................................... 121

APÊNDICE G – RESULTADOS DAS ANÁLISES ESTATÍSTICAS REALIZADAS ..... 127

APÊNDICE H – PRINCIPAIS TRECHOS DAS ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS

................................................................................................................................................ 137

ANEXO B – CARTA DE ANUÊNCIA DA UNIVASF. ...................................................... 146

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1 INTRODUÇÃO

Vive-se um momento em que o mundo do trabalho vem absorvendo profundas

mudanças, impulsionadas em parte pela revolução tecnológica, que dita um ritmo cada vez

mais acelerado de produção e novas exigências às formas do ser humano de desempenhar o

seu trabalho. Diante disso, questionamentos são construídos no intuito de compreender quais

os custos decorrentes dessas metamorfoses para o trabalhador e, consequentemente, para os

processos de produção. Estudar o comportamento humano nas organizações, sejam elas

públicas ou privadas, é também uma forma de entender como as relações de trabalho podem

ser clarificadas para então serem aperfeiçoadas (ALBUQUERQUE; LIMONGI-FRANÇA,

1998).

Se em toda organização o desempenho humano é, em maior ou em menor grau,

responsável pelo seu funcionamento, é preciso criar e aperfeiçoar uma forma de gerenciar e

orientar o comportamento humano no trabalho. Para isso, desde o século passado,

mecanismos de cuidado ao trabalhador foram criados, mas com um enfoque diferenciado do

que hoje denominamos de modelos de gestão de pessoas, já que seu foco não era o indivíduo,

mas sim o seu potencial produtivo. Oriundos dos antigos departamentos de pessoal, as

práticas de gestão são reorientadas e hoje buscam, mesmo com o viés da produtividade

presente, focar em aspectos humanos até então negligenciados, como as emoções e

necessidades humanas (LIMA, 2008).

Inseridos nesse contexto de mudanças incessantes e sem precedentes históricos, o

trabalho ocupa cada vez mais uma parte significativa do tempo do homem, sendo a

organização um local importante da vida do indivíduo o que, forçosamente, transformou o

tema da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) em um assunto cada vez mais relevante.

Muitas foram as definições e tendências apresentadas sobre essa temática desde a década de

1970 até o princípio dos anos 1980, criando uma panaceia de modelos e pensamentos sobre o

assunto que ameaçaram minar a imagem e a importância desse conteúdo. Contudo, observa-se

que a temática tem se consolidado cada vez mais nas empresas privadas e, em ritmo menor,

nas empresas públicas, principalmente por conta dos resultados de diversas pesquisas no

mundo acadêmico que evidenciaram a necessidade de uma preocupação com as

consequências de um ritmo desmedido de trabalho (SUCESSO, 2013).

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O foco desse estudo está na relação de troca de benesses entre organização e

indivíduo, e nas necessidades e vontades que emergem nas pessoas a partir do vínculo com o

trabalho. Já é discutido na literatura, a exemplo do trabalho publicado por Limongi-França e

Rodrigues (2005) e nos estudos de Dejours na década de 1980 ( DEJOURS, 1992; 2005) na

área da psicodinâmica do trabalho, que a relação trabalho e indivíduo interfere

dramaticamente nas condições subjetivas do indivíduo, com impactos diretos sobre a

produção e sobre os produtores, ou seja, os trabalhadores. Tais consequências podem ser

identificadas no desempenho nos ambientes de trabalho, nas atitudes e valores e,

principalmente, no estado de saúde.

Destaca-se, então, em virtude do interesse dessa pesquisa, que a Qualidade de Vida no

Trabalho é um dos diversos desafios enfrentados cotidianamente também pelo setor público.

Enquanto na iniciativa privada a temática da QVT está mais presente, na iniciativa pública a

discussão e o interesse se manifestam de forma ainda tímida (FERREIRA, 2012).

O setor público sofreu, nos últimos 30 anos, diante das transformações sociais,

políticas e econômicas da sociedade brasileira, mudanças significativas, mobilizadas em

grande parte pela nova formatação presente nas relações de trabalho, com o advento de

trabalhadores mais politizados, o foco cada vez maior nas relações socioprofissionais do

ambiente organizacional e no surgimento de novas propostas de gerir pessoas (ARAÚJO,

2006). Ocorreu, então, a exigência de novos métodos de trabalho, a alteração do perfil das

pessoas necessárias para a execução do serviço e uma nova organização na forma de efetuar o

mesmo.

Diante do exposto, surgiu na compreensão do Governo Federal a importância de novas

demandas de conhecimento e ferramentas capazes de aprimorar as práticas de gestão de

pessoas e suprir as necessidades advindas dessa relação entre o homem e o trabalho. Frente a

esse desafio, a QVT, como campo de conhecimento e prática, tem muito a contribuir, desde

que reconhecida pela gestão de pessoas como uma política importante, assumida como um

processo e não apenas como um resultado final, capaz de trazer grandes benfeitorias para a

organização e, necessariamente, para o servidor (FERREIRA, 2013).

As cobranças por uma intervenção do Estado nas relações de trabalho tiveram um

resultado recente quando o Governo Federal reconheceu a necessidade de cuidar e intervir nos

prejuízos obtidos pelos trabalhadores (em instituições públicas e privadas) com os desajustes

nos ritmos do trabalho. Para tanto, instituiu a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da

Trabalhadora, a partir da Portaria Nº. 1.823 de 23 de agosto de 2012 que tem a finalidade de:

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Definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas

três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o

desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na

vigilância, visando à promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a

redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e

dos processos produtivos. (BRASIL, 2012)

No âmbito das organizações públicas também foram pensadas intervenções que

auxiliassem nas melhorias do ambiente de trabalho, resolvendo antigas e recorrentes questões

da saúde e segurança no trabalho. Uma das estratégias do Governo Federal foi criar, nos

últimos anos, um conjunto de ações e planejamentos que culminaram, em 2007, na Política de

Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal (PASS). Essa política

se fundamenta numa base legal, num sistema de informação em saúde, numa rede de unidades

e serviços com recursos financeiros específicos para ações e projetos, que ajudaria a

compartilhar as ações em saúde e segurança no trabalho em toda rede do governo federal e

aperfeiçoaria as ações, causando um impacto positivo na Qualidade de Vida dos servidores. A

PASS amplia o debate e reforça a importância da temática da QVT no serviço público, ainda

muito atrelada as questões de saúde e segurança do servidor, mas não limitada a isso.

Exemplo disso é a Portaria Normativa nº 03, de 25 de março de 2013 que institui as diretrizes

gerais de promoção da saúde do servidor público e integram o conjunto de ações da PASS.

Em um de seus parágrafos postula:

Parágrafo único. As ações abrangem as mudanças na organização e no

ambiente de trabalho, com foco na prevenção dos acidentes e das doenças

relacionadas ao trabalho e na educação em saúde para a adoção de práticas

que melhorem as condições e a qualidade de vida no trabalho. (BRASIL,

2013)

Outra medida que também intentou melhorias na gestão no que tange o

desenvolvimento profissional do servidor público foi a criação do Decreto nº 5.707 de 23 de

fevereiro de 2006 que instituiu a política e as diretrizes para o desenvolvimento de pessoal da

administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e regulamenta dispositivos da

Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Esse decreto é responsável por consolidar o modelo

da gestão por competências e os critérios de capacitação que incidem sobre a progressão

funcional do servidor.

Naturalmente, que leis como essa, adicionada das demais já existentes, não suplantam

as muitas idiossincrasias comuns a cada contexto de trabalho. Por isso, é importante frisar

dois pontos relevantes para a construção de uma política de Qualidade de Vida no Trabalho

que alinhe os interesses da Gestão de Pessoas com a expectativa dos servidores: primeiro uma

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mudança de mentalidade ao se pensar a forma de gestão, que retire alguns obstáculos como

ideias, valores e crenças capazes de impedir diferentes modos de agir em QVT; segundo, é

necessário um diagnóstico aprofundado, contendo diversos pontos de vista e falhas

identificadas, não somente pela gestão, mas pelos indivíduos em seus diferentes aspectos

(FERREIRA, 2012).

Nas instituições estudadas, o esforço em ampliar a Qualidade de Vida no Trabalho dos

servidores resultou em escolhas diferentes por parte da gestão. A Universidade Federal do

Vale do São Francisco (Univasf) implementou, em parceria com o Ministério do

Planejamento, a unidade SIASS UNIVASF, submetida diretamente à Superintendência de

Gestão de Pessoas (SGP), através da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas (DDP) da

universidade e responsável pela Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor. A implantação

ocorreu em 2010 com a responsabilidade de ser uma unidade de referência para as instituições

públicas federais da região, em busca de uma política de excelência em saúde, segurança e

Qualidade de Vida do trabalhador, contemplando os eixos da vigilância dos ambientes, perícia

e promoção em saúde, sendo esta última responsável pelo planejamento e execução de ações

em QVT no órgão sede. Além disso, o DDP acumula outra coordenação que também trabalha

direta e indiretamente em prol da QVT na instituição, a Coordenação de Capacitação e

Desempenho. As duas coordenações juntas estabelecem no setor de gestão de pessoas o eixo

de ações em prol da humanização das práticas de trabalho na instituição.

Dos órgãos conveniados ao SIASS UNIVASF mais um se destaca por atender ao

interesse dessa pesquisa: o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão

Pernambucano (IF-Sertão). Nesta instituição coube à Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP) a

responsabilidade pelo planejamento e execução das ações promotoras de QVT na instituição,

através da Coordenação de Assistência à Saúde do Servidor. Só recentemente, no ano de

2013, a DGP incorporou ao seu organograma a Coordenação da Gestão do Conhecimento,

responsável pela execução do Decreto Nº 5.707 de 23 de fevereiro de 2006.

Algumas semelhanças favoreceram a escolha dessas duas instituições para a realização

desta pesquisa. Ambas estão submetidas ao mesmo Ministério da Educação, seus servidores

ao mesmo plano de Cargos e Carreiras, a mesma estratégia de gestão, determinado pela Lei nº

5.707, que institui o Modelo da Gestão por Competência e instaladas na mesma região

geográfica, com atuação em diversos campi, atuando em parceria em diversos momentos.

Com isso, torna-se viável uma comparação entre a mesma categoria profissional, os técnicos-

administrativos, entre essas duas instituições, no que tange o grau de satisfação dos mesmos

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18

com a Qualidade de Vida no Trabalho, porém, a pesquisa avaliou diferentes modelos de

atuação e contextos de trabalho com diferentes formas de gestão.

Cabe salientar que o Acordo de Cooperação Técnica Nº 02/2012 que vincula a unidade

SIASS UNIVASF com o IF-Sertão, não responsabiliza o primeiro órgão pela política de

recursos humanos na área de promoção à saúde, segurança e Qualidade de Vida no Trabalho a

serem desenvolvidas no segundo, mas apenas a ofertar suporte na parceria, em acordo com

Portaria Normativa nº 2 de 22 de março de 2010 da Secretaria de Recursos Humanos (SRH),

que estabelece as orientações básicas para os procedimentos de realização de Acordos de

Cooperação Técnica nas unidades do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor

Público Federal.

Por fim, a realização de uma pesquisa em duas instituições com similitudes e

distinções foi um esforço em oferecer subsídios para a construção de um programa mais

efetivo, percebido como uma tarefa coletiva, mas que deve estar respaldada no modelo de

gestão de cada instituição, respeitando as suas particularidades e interesses. Portanto,

interessou a essa pesquisa auxiliar no debate nacional que busca identificar como a QVT tem

sido construída no serviço público e como tem se dado a percepção disto pelos servidores

públicos do país.

Diante do exposto, surgiu o seguinte problema: qual a percepção dos servidores

técnicos administrativos em educação acerca da sua Qualidade de Vida no Trabalho, no

contexto do serviço público em duas instituições federais de ensino federal?

Algumas definições teóricas foram necessárias à condução da pesquisa:

Para Qualidade de Vida no Trabalho foi adotado o conceito da Limongi–França

(2013) que define a QVT como um conjunto de ações que possui implicação direta

na melhoria humana das organizações.

Também interessa a esse estudo um dos conceitos consensuais de QVT, no qual o

mesmo é considerado uma ramificação da Qualidade de Vida (QV) e se

caracteriza como um conjunto de aspectos subjetivos e objetivos compreendidos

de forma individual pelo trabalhador (SILVA; PEDROSO; PILATTI, 2010), a

exemplo da satisfação com o seu trabalho, e que resultam em ações que

humanizam as relações de trabalho e em melhor produtividade e qualidade por

parte da organização.

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19

Satisfação no trabalho é compreendido aqui como o “grau de contentamento dos

empregados com relação aos programas e ações de QVT realizados pela empresa”.

(STEFANO et al, 2006, p.39).

Para bem-estar, utilizou-se o conceito de uma “condição de saúde coletiva das

pessoas e, numa perspectiva biopsicossocial, abrangendo, consequentemente,

diferentes domínios da vida, como o trabalho, a família, o lazer, as finanças e o

próprio self” (MENDONÇA et al , 2012, p. 18 apud SUCESSO, 2013, p. 229).

Para saúde, utilizou-se a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) que

compreende a saúde como completo bem-estar biopsicossocial e não somente a

ausência de afecções ou enfermidades.

1.1 OS OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Identificar a percepção dos técnicos administrativos em educação acerca da sua

Qualidade de Vida no Trabalho, considerando os contextos de duas instituições públicas

federais de ensino, a Univasf e o IF-Sertão.

1.1.2 Objetivos Específicos

a) Identificar as práticas desenvolvidas pela Gestão de Pessoas relacionadas à

Qualidade de Vida no Trabalho nas instituições estudadas;

b) Confrontar as práticas desenvolvidas pela Gestão de Pessoas relacionadas à

Qualidade de Vida no Trabalho entre as instituições estudadas;

c) Identificar a satisfação com a Qualidade de Vida no Trabalho entre os técnicos

administrativos em educação das instituições de ensino estudadas;

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20

d) Confrontar a percepção dos técnicos administrativos com as práticas da área de

gestão de pessoas, quanto à Qualidade de Vida no Trabalho nas duas instituições

de ensino estudadas.

1.2 JUSTIFICATIVA

O Governo Federal há alguns anos tem se atentado para a importância de acompanhar

os avanços obtidos na área de gestão de pessoas, empreendendo esforços na construção de

estratégias que melhorem a vivência e, consequentemente, os resultados dos serviços

ofertados pelos trabalhadores em suas organizações. A discussão cada vez mais presente sobre

a temática e a tomada de medidas legais que objetivam, entre outras coisas, cobrar a ação da

gestão como coparticipante na promoção da QVT, são exemplos desse empenho e do

interesse em transformar as relações entre a organização e o indivíduo em um vínculo

benéfico para ambos.

No entanto, em um país de dimensões territoriais imensas e características culturais

múltiplas, naturalmente são encontradas contextos exclusivos e lacunas específicas que

interferem na execução com completo êxito de seus objetivos. Embora isso não inviabilize a

implantação de ações em QVT em âmbito nacional, a presença de estudos voltados para o

serviço público aumentam as chances de sucesso e será sempre uma resposta às

complexidades e ao dinamismo das questões referentes ao mundo do trabalho, como sugerido

pelos estudos de Medeiros e Oliveira (2011); Sá et al. (2008); Ferreira, Alves e Tostes (2009);

Ferreira et al. (2009); Amorim (2010); Marques e et al. (2012); e Pinto, Boas e Pereira

(2013).

Nesse intuito, a realização dessa pesquisa tem um papel relevante ao considerar duas

instituições federais de ensino, submetidas ao mesmo aparato legal que norteia a execução do

trabalho na área de Gestão de Pessoas, dentre elas, a Política de Atenção à Saúde e Segurança

do Trabalho do Servidor Público Federal e o Decreto Nº 5.707, localizadas em um espaço

geográfico próximo, o semiárido nordestino, e imbuídas de prestarem um dos serviços

fundamentais de nossa sociedade, a educação. Assim sendo, esse estudo auxiliou no

delineamento de uma situação particular e de grande relevância da dinâmica do serviço

público, que é a busca em proporcionar Qualidade de Vida no Trabalho para o servidor,

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atentando-se para as especificidades das duas instituições públicas de ensino, dando subsídios

para a criação e expansão das QVT nos locais estudados.

O estudo pode contribuir também socialmente, uma vez que a promoção de Qualidade

de Vida no Trabalho dos servidores da Univasf e do IF-Sertão proporcionará uma melhor

condição de assunção de seus cargos e execução de suas tarefas, ao buscar implantar

melhorias nas rotinas de trabalho. Essas melhorias refletiriam, consequentemente, nos

serviços prestados à sociedade, como posto por Alfenas e Ruiz (2015).

Por fim, como sugerido por Pinto, Boas e Pereira (2013), estudos que contribuam com

avanços científicos na área da QVT são importantes para difundir ainda mais a reflexão e

discussão acerca da temática no âmbito das instituições públicas federais, implicando na

construção desse constructo, em práticas mais resolutivas e impulsionando a QVT no serviço

público.

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22

2 DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

Esse estudo deseja investigar, como já exposto, a percepção dos servidores referente a

sua Qualidade de Vida no Trabalho em duas instituições públicas federais de ensino. Para

tanto, serão descritas a seguir as diferentes estratégias metodológicas utilizadas para a

conquista dos objetivos já expostos, obtendo-se como resultado a construção de dois artigos.

Este capítulo encontra-se dividido da seguinte forma: modelo teórico da pesquisa, desenho da

pesquisa, contexto do estudo, população alvo, procedimentos de coleta e análise dos dados e

aspectos éticos.

2.1 O MODELO TEÓRICO DA PESQUISA

Em termos gerais, a Qualidade de Vida no Trabalho acaba gerando muita confusão

pela diversidade de conceitos que compõem a temática. Para Limongi-França (2014), o

conceito de QVT perpassa pelas escolhas que impliquem em bem-estar no contexto da

organização, num esforço, por parte da gestão, em atender as expectativas alimentadas por

todos os beneficiados com ações dessa natureza. Considerando a existência de um leque de

denominações e características acerca do tema, a autora defende uma tentativa de

sistematização, apenas com propósito analítico, em três escolas de pensamento:

socioeconômica, organizacional e condição humana no trabalho. São essas as principais

características das três escolas:

a) Escola Socioeconômica: tem como principal idealizador Anthony Giddens (1998)

que, com foco na sociopolítica, traz como contribuição a percepção de que novos

paradigmas surgem nesse campo, com novas e mais relevantes preocupações

sociais, tais como o desenvolvimento da cidadania, responsabilidade e projetos

sociais, igualdade com liberdade, preservação do meio ambiente e o

desenvolvimento sustentável.

b) Escola Organizacional: é focada na análise de fenômenos de trabalho

contextualizada pela natureza do ambiente onde se desenvolvem. São muitos os

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autores que contribuíram ou contribuem para essa escola: Taylor com a sua

racionalização dos processos de produção, Elton Mayo e o movimento que enfatiza

as relações humanas, McGregor com a sua teoria administrativa X e Y, Crhis

Argyris e os modelos de maturidade e imaturidade. Mais a frente, Maslow e o

conceito de hierarquia das necessidades , Hersberg com as necessidades higiênicas

e de satisfação e, na década 1970, Juran e Deming são os pioneiros na discussão

entre qualidade pessoal e qualidade organizacional. Já na década de 1990,

destacam-se Schein, Handy, Mintzberg e Ulrich, com novos conceitos com temas

relacionados a competência, estratégia, cultura e talento. Já direcionados à temática

da Qualidade de Vida no Trabalho, temos Walton, Spink, Fernandes e Rodrigues.

Nessa escola, podem-se destacar as seguintes características: expansão dos

processos de qualidade e produtividade para o de qualidade pessoa, política de

gestão de pessoas – valorização e capacitação, marketing - imagem corporativa e

comunicação interna, tempo livre – desenvolvimento cultural, hábitos de lazer e

esporte e risco e desafio como fatores de motivação e comprometimento.

c) Escola Condição Humana no Trabalho: nessa escola a discussão está relacionada à

visão biopsicossocial do sujeito, advinda da medicina psicossomática e que teve

em Lipowski, na década de 1970, seu precursor. Assim, todo sujeito é uma

construção de condições biológicas, psicológicas e sociais. Nessa perspectiva, os

fatores psicossociais se tornaram fundamentais para a explicação da saúde e da

doença. Sem uma definição exata do conceito de qualidade de vida no trabalho

nessa escola, alguns aspectos fundamentais dessa visão holística do homem foram

acrescidos da dimensão organizacional, ampliando a discussão para

especificidades do ambiente institucional.

Desta forma, a Escola Condição Humana no Trabalho empresta a essa pesquisa o

conceito biopsicossocial apresentado. Conceito este que devido à sua importante contribuição,

consta na definição de saúde adotada e ainda utilizada pela OMS. Nesta perspectiva, interessa

a visão holística e integrada do sujeito, diferente da visão cartesiana fragmentada (LIMONGI-

FRANÇA, 2014). Assim cabe uma melhor compreensão do conceito apresentado.

Segundo Lipowski (1986 apud ARELLANO, 2008) as dimensões constituintes do

modelo biopsicossocial são assim descritas:

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-Dimensão Biológica: é relacionada às características físicas, herdadas ou adquiridas,

bem como as questões de metabolismo e condições vulneráveis ou resistentes dos

órgãos e sistemas.

-Dimensão Psicológica: está relacionada com o constructo emocional, afetivo e

cognitivo do indivíduo, que fazem parte da sua personalidade e a forma como

percebem o mundo e se posicionam diante deste.

-Dimensão Social: é definida por todas as formas de organização social – família,

cultura, trabalho, valores socioeconômicos, localização geográfica, comunidade,

meio-ambiente - nas quais se insere o indivíduo.

Limongi–França e Rodrigues (2005) definem que a inter-relação entre as

características biológicas, psicológicas e sociais são constituintes da natureza humana e que,

embora fundamentalmente possuam distintas funcionalidades, não podem ser compreendidas

de maneira fragmentada. Contudo, a adoção deste modelo por Limongi-França (1996)

resultou em uma ampliação em sua tese de doutorado, “Indicadores Empresariais de

Qualidade de Vida Trabalho: esforço empresarial e satisfação dos empregados no ambiente de

manufaturas com certificação ISO 9000”, que incluiu mais uma dimensão, a organizacional,

propondo assim, o modelo Biopsicossocial e Organizacional (BPSO).

A dimensão acrescida reconhece que as relações de trabalho existem dentro das

unidades de produção, onde se estabelecem suas práticas e valores, inseridos no ambiente da

organização e sem a qual não haveria uma avaliação de QVT (ARELLANO, 2008). Para fins

de análise em QVT, pode-se sintetizar que na dimensão biológica se refere especialmente aos

hábitos saudáveis; na dimensão psicológica, foca-se na autoestima e no reconhecimento; na

dimensão social, associa-se principalmente aos benefícios, educação, consumo, comunidade e

sustentabilidade; e na dimensão organizacional representa-se por lideranças, comunicação e

produtividade saudável, gestão de riscos, imagem organizacional interna e externa

(LIMONGI-FRANÇA, 2013).

O modelo BPSO contempla o esforço empreendido pelo gestor, atrelado às quatro

dimensões propostas e, ainda nessas dimensões, as variáveis que influem sobre a satisfação

dos funcionários. Acerca da aplicação gerencial da QVT, nas últimas décadas, destaca-se a

importância do exercício estratégico deste modelo dentro das organizações, ampliando a sua

compreensão para a realidade do exercício organizacional. Sobre isso, pode-se citar:

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25

Agora, as responsabilidades dos profissionais envolvidos com o tema – seja

os próprios gestores ou pessoas terceirizadas – têm início em questões de

saúde e segurança e ampliam-se para a qualidade pessoal, qualificação

profissional e cultural, planejamento, trabalho voluntário e cidadania, o que

requer novas competências. Para tornar esta competência mais precisa, é

preciso ampliar o conceito, saindo da abordagem estritamente

biopsicossocial e ampliando-se para uma abordagem organizacional,

considerando-se assim a lógica da cadeia produtiva. (SCHIRRMEISTER,

2006, p.34)

Assim, para Limongi-França (2013, p.43) a QVT pode ser aplicada na perspectiva da

Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho (GQVT), de acordo com a figura expressa a seguir,

objetivando a avaliação positiva dos trabalhadores com as ações da organização:

Figura 1 - Ações de QGVT nas dimensões BPSO

Controle dos riscos ergonômicos e ambientais. Atendimento aos problemas de saúde.

Oportunidade de realização de atividades físicas. Estado Geral de saúde dos colegas e

superiores. Palestras e eventos de promoção à saúde.

Confiança nos critérios de recrutamento e seleção. Forma de avaliação do

desempenho do trabalho. Clima de camaradagem entre os colegas no trabalho.

Oportunidades de evolução na carreira. Ausência de interferência na vida pessoal.

Esporte, cultura e lazer. Integração organização-família. Programa de preparação para

a aposentadoria (PPA). Orientação ao uso de crédito e consumo. Atividades

comunitárias e de responsabilidade social.

Ações de valorização do servidor e imagem do governo. Participação em eventos e

treinamento profissional. Melhorias nos Processos de Trabalho e novas

Tecnologias. Oportunidades de Participação e Comitês de Decisão. Melhoria dos

Procedimentos Administrativos, visando à redução burocrática.

Fonte: Limongi-França (2013)

A adoção deste modelo, focado nas condições humanas no trabalho, auxiliará na

identificação e análise, através destes critérios, dos fenômenos relacionados ao bem-estar no

trabalho, além de oferecer o instrumento de coleta de dados que investigará a satisfação dos

servidores da pesquisa.

Biológica

Social

Psicológica

Organizacional

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2.2 O DESENHO DA PESQUISA

O presente trabalho apresentou como resultado dois estudos descritivos: um de

natureza qualitativa e outro de natureza quantitativa com dados qualitativos complementares.

O plano de pesquisa eleito para este trabalho está diretamente ligado ao atendimento dos

objetivos estudados: gerar descrições bem fundamentadas que expliquem uma condição

específica dos servidores das instituições de ensino investigadas (HAIR JR. et al, 2005).

Inicialmente, para definição do modelo teórico da pesquisa, optou-se por realizar uma

busca por estudos que houvessem utilizado o mesmo instrumento e pudessem oferecer maior

compreensão sobre o uso do mesmo, atendendo ao problema estudado. Para isso, foi feito um

breve levantamento, através de pesquisas em sítios virtuais, de trabalhos nacionais que

fizeram uso do modelo BPSO, de forma adaptada ou integral, sendo então apreciados

trabalhos desenvolvidos desde 1996, quando o mesmo foi desenvolvido.

A revisão bibliográfica apontou um número consistente de trabalhos que optaram pelo

modelo teórico da abordagem biopsicossocial e organizacional, mas ficou significativamente

reduzido quando o critério de seleção dos trabalhos investigados era, além do modelo teórico,

o uso do instrumento BPSO-96. Para essa pesquisa, então, utilizou-se como palavras-chave

“BPSO-96” e “BPSO” nas bases de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e

Dissertações (BDTD), na Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL), Google

Acadêmico, Revista Psicologia: Organização e Trabalho (RPOT) e no Scientific Electronic

Library Online (SciELO). Para interesse da pesquisa, buscava-se saber as seguintes

informações em cada trabalho: população da pesquisa, natureza da organização (pública ou

privada), quais as variáveis relacionadas à temática QVT, a abordagem metodológica e se

houve adaptação do instrumento.

O número de trabalhos identificados mostrou que o instrumento escolhido não

somente atende ao objetivo, como vem sendo utilizado no contexto das instituições públicas,

adequando-se às particularidades desse modelo de organização. Ao todo foram encontradas

duas teses e quatro dissertações com o uso desse instrumento, e 16 trabalhos entre os

publicados em periódicos nacionais. A pesquisa na Plataforma Lattes e no Currículo Lattes da

autora não alterou esse quantitativo. Porém, a busca em outros bancos de dados nacionais

poderá ter influência quantitativa e qualitativa nos resultados até então encontrados. Após

essa etapa e confirmado o uso da abordagem eleita, foram definidos para essa pesquisa os

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seguintes métodos: pesquisa documental, entrevistas semiestruturadas e survey contendo o

instrumento para avaliação da satisfação com a Qualidade de Vida no Trabalho, baseado no

protocolo BPSO da Limongi-França (1996). Foi necessária, para o alcance de todos os

objetivos apresentados nessa pesquisa, a complementação dos dados obtidos

quantitativamente, com dados descritivos de caráter qualitativo. A utilização do instrumento

quantitativo associado com a investigação qualitativa reforça a natureza complexa do

fenômeno estudado e não inviabiliza a abordagem metodológica, já que mais importante que

as formas de pesquisas empregadas é a adequação do mesmo para as questões a serem

respondidas (GODOY, 2005).

Os dois artigos resultantes dessa pesquisa foram organizados da seguinte forma: o

primeiro estudo buscava conhecer a realidade da QVT nos contextos estudados em acordo

com o primeiro e o segundo objetivo específico, além de auxiliar na consecução do quarto em

conjunto com os demais dados. Para tanto, realizou-se uma pesquisa documental entre os anos

de 2010 e 2014, e entrevistas semiestruturadas com servidores em cargos de gestão de pessoas

das duas instituições ligadas ao desenvolvimento de práticas em QVT, conhecendo, assim, o

contexto dessas organizações. O segundo estudo, buscava identificar as percepções dos

servidores num confronto com as práticas de gestão e constou da realização de uma survey

com os servidores técnico-administrativos, através da aplicação de parte adaptada do

instrumento BPSO-96 e também de entrevistas semiestruturadas com gestores, atendendo ao

terceiro e quarto objetivos específicos.

Cabe observar que as entrevistas semiestruturadas ocorreram em duas etapas e com os

mesmos entrevistados: na primeira etapa aconteceu anterior à análise dos dados quantitativos,

durante a aplicação do questionário, com o objetivo de ajudar na identificação e confrontação

das práticas de QVT nas duas instituições e após a análise dos dados quantitativos obtidos

com a pesquisa survey, objetivando complementar questões que emergiram após essa análise

e que pudessem enriquecer a compressão dos resultados. A Figura 2 ilustra o desenho da

pesquisa:

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Figura 2 - Representação da Pesquisa

Fonte: elaborado pela pesquisadora

2.3 CONTEXTOS DO ESTUDO

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O estudo foi realizado em duas instituições públicas de ensino, localizadas no nordeste

brasileiro: a Universidade Federal da Vale do São Francisco e o Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano.

A Universidade Federal do Vale do São Francisco é uma instituição de ensino,

pesquisa e extensão, vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e fundada pela Lei nº

10.473 de 27 de junho de 2002, com sede na cidade de Petrolina- PE. Para o desenvolvimento

de suas atividades a Univasf conta, ao todo, com seis campi distribuídos em três estados:

Bahia, Pernambuco e Piauí. A universidade é responsável pela oferta de cursos de graduação

e pós-graduação na modalidade presencial e de ensino à distância, na tentativa de alcançar

uma extensão geográfica maior. No período de realização desta pesquisa, o quadro de

servidores efetivos constava de 468 docentes e 359 técnicos administrativos com a sede da

gestão de pessoas operando na cidade de Petrolina-PE.

A Superintendência de Gestão de Pessoas (SGP) da Univasf está subdividida em três

diretorias: Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas (DDP), Diretoria de Normas e Seleção

de Pessoal (DNSP) e Diretoria de Administração de Pessoas (DAP). Embora a DNSP e o

DAP também façam parte da SGP, coube a DDP o foco desta pesquisa por ser desta diretoria

a responsabilidade pelo desenvolvimento e coordenação de programas e projetos relacionados

ao desenvolvimento de pessoas, bem como coordenação da aplicação das políticas e diretrizes

relativas a atenção à saúde e qualidade de vida no trabalho do servidor. Este trabalho é

desenvolvido através de duas coordenações: Coordenação de Capacitação e Desempenho e

Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor.

A Coordenação de Atenção à Saúde é a responsável pela Unidade SIASS UNIVASF,

inaugurada em 2010, e pelo desenvolvimento das ações em Qualidade de Vida no Trabalho. O

trabalho desta coordenação está atrelado com a Política de Atenção à Saúde e Segurança do

Trabalho do Servidor Público Federal e é responsável pela coordenação e integração das

ações e programas nas áreas de assistência à saúde, perícia oficial, promoção, prevenção e

acompanhamento da saúde de todos os partícipes citados, mas não funciona como o

responsável em criar e executar programas e ações em nenhuma dessas áreas, exceto na

Univasf. Esta unidade está ligada a mais quatro instituições, através do Acordo de Cooperação

Técnica Nº 02/2012, sendo um deles o IF-Sertão, que consiste na outra instituição estudada

nessa pesquisa.

A Coordenação de Capacitação e Desempenho é a responsável pelo desenvolvimento

dos instrumentos legais destinados a capacitação e a avaliação de desempenho dos servidores,

técnicos administrativos e docentes, objetivando melhorias que impactem positivamente no

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desenvolvimento profissional dos servidores. A coordenação está alinhada com a

determinação legal prevista pelo Decreto N.º 5.707 de 23 de fevereiro de 2006, que trata da

Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal (PNDP) ao cumprimento do Plano de

Carreira dos Cargos Técnicos- Administrativos em Educação (PCCTAE) em acordo com a

Lei 11.091 de 12 de janeiro 2005. Na página institucional da Univasf, esta coordenação define

seus trabalhos como o esforço em “promover o constante desenvolvimento profissional e

pessoal, refletindo assim de forma significativa na qualidade dos serviços prestados à

comunidade e na qualidade de vida dos servidores”. A Figura 3 indica as relações hierárquicas

referentes a Superintendência de Gestão de Pessoas, com foco na Diretoria de

Desenvolvimento de Pessoas:

Figura 3 – Relações hierárquicas da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas da Univasf

Fonte: elaborado pela pesquisadora

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano foi

criado a partir da modificação que a Lei 11.892/2008 provocou nos Centros Federais de

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31

Educação Tecnológica de todo o país, incluindo estes na Rede dos Institutos Federais de

Educação, Ciência e Tecnologia. Anteriormente chamado CEFET Petrolina, o IF-Sertão

nasceu da Escola Agrotécnica Federal Dom Avelar Vilela, em novembro de 1999. O IF-

Sertão conta, atualmente, com oito campi em funcionamento e oferece cursos na área de

ensino superior, ensino médio integrado, subsequente e pós-graduação. O quadro de

servidores, quando na realização desta pesquisa, era formado por 758 servidores e a sede da

gestão de pessoas está localizada em Petrolina-PE.

A Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP) faz parte da Pró-Reitoria de

Desenvolvimento Institucional. A mesma está subdividida na Coordenação de Assistência à

Saúde do Servidor, Coordenação de Gestão do Conhecimento e no Departamento de

Administração de Pessoas. A Coordenação de Assistência à Saúde do Servidor é a instância

dentro da diretoria responsável pelo desenvolvimento das Políticas de Saúde e Qualidade de

Vida no Trabalho na instituição. Quanto a Coordenação de Gestão do Conhecimento, esta

trabalha com a execução do Plano Anual de Capacitação (PAC), sendo responsável por uma

das determinações constantes na Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal,

consolidando o modelo da Gestão por Competências, adotado desde 2011 na instituição, além

de PCCATE. A Figura 4 indica as relações hierárquicas da DGP, com destaque nas

coordenações de maior interesse:

Figura 4 - Relações hierárquicas da Diretoria de Gestão de Pessoas do IF-Sertão

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Fonte: elaborado pela pesquisadora

Diferente das coordenações em foco na Univasf, aquelas destacadas no IF Sertão- PE

não assumem textualmente um trabalho em conjunto direcionado a QVT, no entanto, levando

em consideração que, embora possuam nomes e organizações distintas, são os mesmos

dispositivos legais assumidos pelas coordenações em ambas as instituições, assim como é

relevante e significativo o impacto que possuem na vida funcional dos servidores. Partindo

dessas considerações, o foco nessas coordenações nas duas organizações mostrou-se

importante para a consecução dos objetivos desse estudo.

2.4 PARTICIPANTES DA PESQUISA

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33

A elaboração do problema orientou para a escolha de uma categoria profissional que

pudesse delinear bem as escolhas metodológicas a serem realizadas. Nas duas instituições a

categoria profissional é formada por: docentes, técnicos administrativos, terceirizados e

estagiários. O primeiro critério de exclusão utilizado foi que o público-alvo dessa pesquisa

fosse formado por servidores com vínculo estatutário com as instituições, o que reforça um

período maior de permanência na casa e garante o mesmo regime jurídico. Excluiu-se,

portanto, os terceirizados e estagiários. Em seguida, o segundo critério de exclusão baseou-se

na escolha de uma categoria que reunisse um conjunto de características funcionais passíveis

de comparação entre as duas instituições. Os docentes das duas instituições possuem

diferenças em relação a natureza de suas funções e o público para o qual desenvolvem o seu

trabalho: na Univasf são docentes do curso superior e de pós-graduação e no IF-Sertão

prestam serviço também para os cursos técnicos de nível médio, impossibilitando um melhor

comparativo entre eles. Por fim, as diferenças entre as categorias profissionais restantes,

docentes e técnicos administrativos, funcionou como o terceiro critério de exclusão. Técnicos

e docentes não estão submetidos ao mesmo plano de cargo e carreira, carga horária, regime de

trabalho, etc., o que afeta diretamente em algumas intervenções oferecidas pela instituição, a

exemplo do plano de capacitação dos funcionários e, consequentemente, em uma avaliação de

satisfação. Em virtude destes critérios, os técnicos administrativos foram selecionados como o

público alvo dessa pesquisa, excluindo-se os docentes.

Além disso, é favorável ao problema investigativo dessa pesquisa que os técnicos

administrativos possuam igualdades no que tange a natureza do seu trabalho nas duas

organizações, facilitando a comparação dos resultados entre as mesmas. Vale ressaltar que

esse estudo reforça a importância desta categoria profissional para o funcionamento e êxito

das instituições de ensino, o que os constituem como um grupo importante para as políticas

internas de gestão de pessoas.

Todos os servidores técnico-administrativos em serviço nas duas instituições foram

convidados a participar da pesquisa, com exceção daqueles cedidos a outros órgãos. Ao todo

foram 796 servidores convidados nas duas instituições. A Tabela 1 demonstra o número de

servidores por campus na época da pesquisa e o quantitativo de participantes por unidade:

Tabela 1 - Caracterização dos participantes por campus

Campi

IF-

Sertão

N.º de

Servidores

Frequência

% Campi

Univasf

N.º de

Servidores

Frequência %

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34

Petrolina 217 53 19,0 Petrolina 239 125 44,8

Petrolina

Zona

Rural

79 15 5,4 Petrolina

Ciências

Agrárias

32 10 3,6

Floresta 46 15 5,4 Juazeiro 41 19 6,8

Salgueiro 43 21 7,5 Senhor do

Bonfim

8 2 0,7

Ouricuri 43 8 2,9 Paulo

Afonso

8 4 1,4

Serra

Talhada

14 4 1,4 São

Raimundo

Nonato

11 1 0,4

Santa Mª

da Boa

Vista

15 2 0,7 - -

TOTAL 457 118 100 TOTAL 339 161 100

Fonte: dados da pesquisa

A amostra da pesquisa foi de 303 servidores técnico-administrativos dos diferentes

campi pertencentes às duas instituições, mas apenas 279 preencheram os dados

sociodemográficos. É importante destacar que a maioria dos respondentes pertence à Univasf

com um total de 161 participantes, enquanto do IF-Sertão foram 118, apesar desta possuir um

número maior de servidores. Os campi responsáveis pelo maior número de respondentes

foram os de Petrolina, nas duas instituições, onde também se encontra a maior concentração

de servidores técnico-administrativos. A Tabelas 2 ilustra as variáveis pessoais investigadas.

Tabela 2 - Caracterização da amostra pelas variáveis pessoais

Variáveis Frequência % % Válido

Gênero Feminino 155 51,1 55,6

Masculino 124 40,9 44,4

Sem resposta 24 7,9

Idade 18 até 30 anos 92 30,4 33,0

Entre 31 a 40 112 37,0 40,1

Entre 41 a 50 60 19,8 21,5

Entre 51 a 60 14 4,6 5,0

Entre 61 a 70 1 0,3 0,4

Sem resposta 24 7,9

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35

(continuação)

Estado Civil Solteiro 87 28,7 31,2

Casado 168 55,4 60,2

Viúvo 1 0,3 0,4

Separado 14 4,6 5,0

Outro 9 3,0 3,2

Sem resposta 24 7,9

Última Formação

Concluída

Ensino Médio 17 5,6 6,1

Graduação 57 18,8 20,4

Especialização 164 54,1 58,8

Mestrado 37 12,2 13,3

Doutorado 2 0,7 0,7

Sem resposta 24 7,9

Total 303 100 100

Fonte: dados da pesquisa

Quanto às variáveis pessoais, o gênero feminino correspondeu ao maior grupo de

respondentes (55,6%). A variável idade apresentou um grupo diverso na amostra, com idade

entre 19 e 62 anos, com média de 36 anos, desvio-padrão de 8,5; e a moda de 29 anos, idade

indicada por 21 respondentes. Obteve-se um número predominante de participantes casados

(60,2%), assim como a maioria expressiva da amostra possui a especialização como titulação

em sua formação acadêmica (58,8%). A Tabela 3 ilustra as variáveis ocupacionais da amostra.

Tabela 3 - Caracterização da amostra pelas variáveis ocupacionais

Variáveis Frequência % % Válido

Instituição que

trabalha

Univasf 161 53,1 57,7

IF-Sertão 118 38,9 42,3

Sem resposta 24 7,9

Carga horária

semanal

40 horas 265 87,5 95

30 horas 12 4,0 4,3

20 horas 2 0,7 0,7

Sem resposta 24 7,9

Possui Outro

Vínculo

Trabalhista

Sim 32 10,5 11,5

Não 247 81,3 88,5

Sem resposta 24 8,2

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36

(continuação) Tempo de Serviço

na Instituição

Menos de 01 ano 15 4,9 5,4

Entre 01 e 10 anos 241 79,3 86,4

Entre 11 e 20 anos 9 3,0 3,6

Entre 21 e 30 anos 14 4,3 4,8

Entre 31 e 40 anos 0 0

Sem resposta 24 8,2

Possui Função

Gratificada ou

Cargo de Direção

Sim 101 33,2 36,2

Não 178 58,6 63,8

Sem Resposta 24 8,2

Total 303 100 100

Fonte: dados da pesquisa

A Tabela 3 reitera os dados da Tabela 1, indicando predomínio de participantes da

Univasf (57,7%). Os dados referentes à carga horária demonstram que a maioria possui carga

horária de 40 horas semanais (95%); quanto à existência de outro vínculo trabalhista, se

obtém um alto percentual entre os participantes com vínculo apenas com as instituições

estudadas (88,5%). Ainda sobre os dados ocupacionais, a amostra se caracteriza por maior

número de servidores técnico-administrativos que não exercem funções de chefia ou função

gratificada (63,8%) e com tempo de serviço entre 01 e 29 anos, com média de 5,6 anos, com

desvio-padrão de 5,5; e moda de 01 ano de tempo de serviço, com 58 respondentes nessa

categoria. Quanto a esse último dado, é importante pontuar que uma das instituições

estudadas, a Univasf, é uma instituição nova, tendo completado em 2014 uma década de

funcionamento.

Para melhor compreensão dos resultados, é importante considerar que ocorreram algumas

alterações nos valores amostrais em algumas análises. A ferramenta online utilizada para a

coleta de dados não permitiu missing values, no entanto, a opção ‘N/T’, mantida em respeito à

escala original, forçou a existência de dados perdidos, já que não se constitui como um valor a

ser considerado para efeitos da análise de satisfação dos servidores com a QVT. Assim,

quando na realização da análise fatorial exploratória, optou-se por assumi-los como missing

values e excluí-los, resultando em 172 respondentes como constituintes desta etapa da análise.

Contudo, a ferramenta utilizada para realização da Análise Fatorial Confirmatória (AFC) não

permite a existência de missing values, utilizando-se, alternativamente, a opção de estimar os

dados através da média para os valores N/T assinalados, sendo considerados neste caso, os

303 respondentes iniciais.

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37

2.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Esta pesquisa envolveu diferentes estratégias metodológicas e, portanto, a coleta foi

realizada com um conjunto de diferentes técnicas, buscando adequar a escolha de cada técnica

ao material que se desejava coletar. Tendo esse critério, definiu-se um plano de ação para a

coleta de campo, estabelecendo a ordem de uso dos instrumentos a serem utilizados. A

primeira coleta realizada foi a pesquisa documental, cumprindo assim com o levantamento

dos documentos institucionais pré-selecionados que indicassem as práticas de QVT na

instituição e o posterior confronto dos dados encontrados entre os órgãos. Em seguida,

decidiu-se pela aplicação do instrumento quantitativo eleito para avaliar a satisfação dos

servidores com a QVT. Esta etapa necessitou de um tempo maior para o cumprimento e a

escolha por iniciá-la logo em seguida à pesquisa documental foi uma forma de respeitar essa

demanda de tempo e garantir o maior número de respondentes possível. Concomitantemente

com a aplicação dos questionários, ocorreu a primeira etapa das entrevistas semiestruturadas,

e que complementou a análise do material coletado na pesquisa documental. A última coleta

feita, após o encerramento da survey, foi a segunda etapa das entrevistas semiestruturadas.

O critério estipulado para o encerramento da coleta com os instrumentos qualitativos

foi a saturação dos dados, ou seja, quando os mesmos se tornaram redundantes ou não

ofereceram novidades à pesquisa (GODOY, 2005). A pesquisa survey foi encerrada após o

período de dois meses e 10 dias, já que não houve mais respondentes, apesar dos pedidos

pessoais e via e-mail.

Os artigos resultantes dessas etapas foram construídos de acordo com os objetivos que

atendiam e a natureza de método investigativo apropriado àquela investigação. Assim, o

primeiro artigo, qualitativo, foi responsável pelo foco investigativo nas instituições de ensino,

já que os métodos se mostraram mais apropriados e o segundo, quantitativo, direcionou a sua

investigação para os servidores, identificando a satisfação e a percepção destes com qualidade

de vida no trabalho nas instituições.

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38

2.5.1 Estudo I: gestão de pessoas e a qualidade de vida no trabalho em duas instituições

federais de ensino – Estudo Qualitativo

Por se tratar de um estudo em um ambiente organizacional, onde muitas relações

multifatoriais se estabelecem, a literatura ressalta a importância de se conhecer alguns

aspectos de forma mais aprofundada. Segundo Godoy (2005, p.117) “(...) é preciso conhecer

um pouco da história da estrutura e do funcionamento da organização. ” Para conhecer como

se caracterizava a QVT no contexto das duas instituições, foram selecionadas duas técnicas de

coletas de dados que se mostraram mais apropriadas.

2.5.1.1 O foco na gestão em QVT: pesquisa documental

A escolha por instrumentos de coleta de natureza qualitativa se mostrou apropriada

para aprofundar conhecimentos para além da realidade identificada. Para Yin (2005), as

análises documentais têm como objetivo corroborar e ampliar as informações obtidas com

outras fontes. Por isso, a escolha dessa técnica foi fundamental para um conhecimento das

ações desenvolvidas na instituição e, posteriormente, auxiliaram no confronto com a realidade

disposta na prática. Nesse estudo, foi realizada uma verificação do documento responsável

pelo planejamento estratégico das instituições em busca de informações que esclarecessem se

a Qualidade de Vida no Trabalho já se mostrava presente como um objetivo estratégico claro

na instituição, indicado a importância de práticas nesse sentido. Nessa categoria de

documento está o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) das duas instituições.

Também foi analisada a Carta de Serviço ao Cidadão da Univasf e do IF-Sertão que descreve

o funcionamento dos serviços executados pelos órgãos, prezando pela transparência do

funcionamento das organizações públicas. Para obtenção desses dois materiais foi consultado

o site institucional das duas instituições, onde os mesmos já se encontravam disponíveis.

Ainda com o uso da mesma técnica de investigação, foram analisados os relatórios

anuais da SGP da Univasf:, no período de tempo eleito, de onde se retirou os projetos que

descreviam as ações que já estavam disponibilizadas pelo próprio setor e tinham alguma

relação com a QVT. Adicionalmente, analisaram-se os Planos Anuais de Capacitação

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39

disponíveis no site institucional.

No IF-Sertão, não foi possível obter os relatórios setoriais da Diretoria de Gestão de

Pessoas em razão de não existirem registros dos mesmos na instituição. No entanto, foram

analisados os projetos que descreviam as ações que já estavam em prática na instituição e os

cursos ofertados pelos Planos Anuais de Capacitação, disponibilizados através da DGP. Os

documentos foram analisados entre o período de outubro e novembro de 2015, com exceção

dos Planos Anuais de Capacitação que foram analisados em dezembro de 2015 e só foram

descritos os projetos que tiveram sua execução iniciada até o ano de 2014. Relata-se a seguir

os documentos analisados com maiores detalhes:

a) O Plano de Desenvolvimento Institucional é previsto pelo art. 3º da lei 10.861 de

14 de abril de 2004, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Superior (SINAES). Ele é o principal instrumento de gestão nas instituições de

ensino superior e é nesse documento que há o registro do planejamento

institucional, embasados na missão, visão e valores que delineiam as perspectivas

do futuro institucional, registrando assim características da identidade da

organização. Nele constam os objetivos estratégicos, metas e indicadores que

ajudarão a definir o que se ambiciona para o futuro durante um período

estabelecido de tempo. A Univasf encontra-se em processo de elaboração de novo

PDI, com previsão de conclusão no segundo semestre de 2016. O atual tinha

vigência para o período de 2009 até 2014. Ainda assim, como não houve conclusão

dos trabalhos, o último aprovado pela comunidade acadêmica serviu para os

interesses dessa pesquisa. Quanto ao PDI do IF-Sertão, o período de planejamento

diz respeito aos anos de 2014 até 2018.

b) A Carta de Serviço ao Cidadão foi instituída pelo Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão, através do Decreto Nº 6.932 de 11 de agosto de 2009. Nela

deve constar a descrição de todos os serviços desenvolvidos na instituição,

favorecendo o acesso dos cidadãos e servindo como uma forma de avaliação da

qualidade desses serviços. A Carta de Serviço ao Cidadão deve, além de servir

como um instrumento de transparência do serviço público, esclarecer quais as

políticas institucionais que orientam as ações desenvolvidas com a oferta dos

serviços prestados e como elas têm sido executadas.

c) O Plano Anual de Capacitação é um dos instrumentos exigidos pela política de

desenvolvimento dos servidores e trata de como será realizada a qualificação dos

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40

servidores daquela instituição federal de ensino. Sua construção e execução deve

atender a Lei Nº 11.091/2005 e aos decretos editados no ano de 2006 de números:

5.707, 5.824 e 5.825. Neste documento devem constar os cursos a serem oferecidos

e as informações detalhadas de como se dará a sua execução.

d) O Relatório Setorial tem o objetivo de informar com exatidão e clareza o

desenvolvimento das atividades executadas por um setor em um determinado

período de tempo. Com esses registros é possível acompanhar e avaliar as

atividades ofertadas e como elas têm atendido aos planejamentos internos do setor e

também aqueles macros de toda a instituição. O IF-Sertão informou não possuir

esses registros e, portanto, não foi possível a realização da análise dos mesmos. No

entanto, a Univasf disponibilizou os relatórios referentes ao período de 2010 até

2014 da SGP, sendo alvo dessa análise aqueles registros referentes às coordenações

diretamente envolvidas com as ações em QVT: Coordenação de Atenção à

Saúde/SIASS UNIVASF e a Coordenação de Capacitação e Desempenho. Nesses

relatórios estão descritos os projetos que depois foram analisados individualmente.

e) O projeto “Melhoria da Qualidade de Vida e Saúde Mental do Servidor” faz

parte da Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor do IF-Sertão e em seu texto

descreve como objetivo “Estimular os servidores a construírem uma vida mais

saudável, tanto no ambiente de trabalho, familiar e social, possibilitando tomarem

consciência de suas práticas cotidianas e viabilizando uma busca pelo equilíbrio de

todos os fatores que influenciam sua saúde física e mental”. O mesmo propõe o

desenvolvimento de diversas ações, tais como, esportes, oficinas de canto, ginástica

laboral, orientação nutricional, semana de cuidados à saúde e projeto “Coração

Saudável”.

f) O “Projeto Vida e Saúde” é de responsabilidade da Coordenação de Atenção à

Saúde do Servidor do IF-Sertão e objetiva viabilizar a divulgação de informações

acerca de sintomas, prevenção e tratamento disponíveis para várias doenças a

exemplo da depressão, câncer de mama e outros, para os seus servidores. Para isso

utilizam os diversos meios de comunicação interna, respeitando-se os critérios

recomendados pelos órgãos nacionais e internacionais responsáveis pelas políticas

de saúde e ampliando o alcance dos benefícios já disponíveis à população.

g) O “Projeto Saúde Vocal” é uma iniciativa do setor de Promoção à Saúde da

unidade SIASS UNIVASF com o objetivo de despertar os servidores para os

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cuidados com a sua voz durante o exercício profissional. A criação e execução

desse projeto são de responsabilidade da fonoaudióloga da equipe multiprofissional

e as ações acontecem através da formação de turmas com um número limite de

inscritos entre técnicos administrativos e docentes. O programa teve início no ano

de 2015, sendo semestral a sua oferta. A primeira edição ocorreu no campus

Petrolina- PE, mas a perspectiva é de ampliar essa ação para outros campi da

universidade.

h) O “Projeto Acolhimento” faz parte do setor de promoção à saúde da unidade

SIASS UNIVASF e objetiva humanizar o atendimento neste local, através de uma

postura acolhedora para com seus usuários, em uma atitude empática às suas

demandas, respeitando as peculiaridades e os preceitos ético-culturais de cada

indivíduo. O projeto está em vigor desde 2013 e é de responsabilidade de toda

equipe profissional do órgão. Sua execução acontece em todos os campi quando a

equipe se faz presente para o desenvolvimento de alguma ação.

i) O “Projeto Coração Saudável” faz parte do setor de promoção à saúde da unidade

SIASS UNIVASF e objetiva acompanhar os participantes com fatores de riscos que

propiciam o aparecimento e/ou agravamento de doenças cardiovasculares,

reduzindo a possibilidade de adoecimento. Esse projeto atende tanto a servidores

como a terceirizados da instituição e está em vigor desde 2008. Em 2015 ocorreu

uma reformulação, com um novo modelo de aplicação que entrará em vigor a partir

de 2016 e incluirá o acompanhamento dos servidores que estejam inseridos em um

grupo de risco, propondo ações que incentivem a adoção de escolhas mais

saudáveis de vida. A execução desse projeto aconteceu em todos os campi, sendo

de ocorrência anual.

j) O “Programa Integralmente Bem” faz parte do setor de promoção à saúde da

unidade SIASS UNIVASF e objetiva ofertar conhecimentos sobre práticas

integrativas e complementares em saúde, visando á Qualidade de Vida no Trabalho.

Nesse sentido, oferece diversas ações periódicas que oportunizam a vivência

temporária acerca dessas práticas alternativas e o conhecimento dos benefícios

possíveis de serem alcançados através delas. O projeto teve início no ano de 2015, é

de responsabilidade de toda a equipe multiprofissional e é direcionado a todos os

servidores. Sua execução se dá na sede da unidade SIASS UNIVASF no campus de

Petrolina. Entre as ações já desenvolvidas estiveram a oferta de sessões de yoga,

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reiki, bioenergética e relaxamento induzido.

k) O “Projeto Integrar” é uma realização conjunta entre a Diretoria de Gestão de

Pessoas do IF-Sertão e a Superintendência de Gestão de Pessoas da Univasf. O

trabalho objetiva realizar um dia de integração entre os servidores das duas

instituições, através da vivência de um dia recreativo, com a execução de diversas

atividades que proporcionem bem-estar aos mesmos. A proposta é reforçar os

vínculos entre as duas instituições e entre os próprios membros de cada instituição.

O projeto iniciou em 2014 e terá execução anual.

l) O “Projeto Escuta-Ação” é desenvolvido pelo setor de Promoção à Saúde da

unidade SIASS Univasf e tem como objetivo humanizar a admissão do servidor

público, através do acolhimento psicológico e acompanhar o mesmo durante o

período de adaptação na instituição. Para tanto, os servidores são recepcionados

individualmente pela psicóloga da equipe multiprofissional em um espaço aberto

para o diálogo com a instituição e participam de ações de acompanhamento

realizadas em um período de até um ano da entrada desse servidor. Além disso, são

convidados a apresentar qualquer problema que possa ocorrer durante a sua

adaptação no trabalho para escuta e operacionalização por parte da SGP. As ações

aqui descritas iniciaram no ano de 2013 e somente em 2015 a primeira ação de

acompanhamento ocorreu, mas apenas com os técnico-administrativos recém-

empossados que participaram do curso de Iniciação ao Serviço Público. No entanto,

as ações pretendem ser anuais e alcançar todos os servidores públicos admitidos

nesse período.

m) O “Projeto Imunização” é realizado pelo setor de Promoção à Saúde da unidade

SIASS UNIVASF em parceria com a Secretaria de Saúde dos municípios com

campus da instituição. O objetivo é ofertar, anualmente, as três vacinas do

calendário preconizadas para adultos, quais sejam, Difteria e Tétano, Hepatite B e

Influenza. Esse projeto teve seu início em 2008 e atende tanto aos servidores como

aos terceirizados da instituição.

n) O “Projeto Sementes do Bem” é um projeto de cunho social desenvolvido pelo

setor de Promoção à Saúde da unidade SIASS UNIVASF e objetiva angariar

donativos para beneficiar uma instituição filantrópica nos municípios onde estão

localizados os diversos Campi da Univasf, na perspectiva de resgate da

solidariedade e cidadania. Em 2008 o projeto teve início e tem como público-alvo

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os servidores técnicos administrativos e docentes.

Nesta etapa da pesquisa, foi feito um corte temporal no período compreendido entre

2010 e 2014, por corresponder ao espaço de tempo no qual a unidade SIASS UNIVASF

inaugura a sua atuação sob o viés biopsicossocial que orienta a política de atenção à saúde do

servidor. Além disso, o IF-Sertão é transformado por lei em uma instituição participante da

Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, assumindo a nova formatação

organizacional com a qual trabalha e vinculando-se a unidade SIASS UNIVASF.

Para a análise deste material foi importante utilizar uma categorização, baseada em

um modelo capaz de correlacionar os resultados ao referencial teórico escolhido, assim como

construir uma explicação a partir do conjunto dessas categorias eleitas. (VERGARA, 2010). A

escolha foi o modelo proposto pela abordagem biopsicossocial e organizacional, oriundas da

abordagem metodológica já aplicada, de forma a facilitar quando no momento de confrontar

as práticas identificadas com a avaliação dos servidores acerca de sua satisfação com a QVT.

2.5.1.2 O foco na gestão em QVT: realização das entrevistas semiestruturadas

Segundo Collis e Hussey (2005), a entrevista consiste em um método de coleta de

dados no qual as perguntas são feitas com o intuito de se descobrir o que fazem, o que pensam

ou o que sentem os entrevistados. Nesse momento da coleta, após a identificação documental

do que existe em práticas de QVT nas instituições, utilizar a entrevista como instrumento

mostrou-se muito apropriado, já que se trata de uma pesquisa que buscou, entre outras coisas,

conhecer por parte dos sujeitos gestores entrevistados o que a gestão compreende como

Qualidade de Vida no Trabalho, como isso se reflete no planejamento das práticas de gestão.

No contexto da pesquisa, ampliou o leque de informações a serem confrontadas entre as

instituições e subsidiou as discussões acerca da percepção dos servidores, como observou

alguns dos objetivos específicos.

As entrevistas ocorreram em dois momentos, portanto, foram necessários dois roteiros

a serem elaborados. No primeiro momento, as perguntas foram elaboradas com o auxílio da

literatura da área e o modelo teórico adotado por esse estudo. No total foram 27 perguntas

(Apêndice A) distribuídas em cinco blocos, conforme Quadro 1.

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Quadro 1 - Organização do roteiro de entrevista

BLOCOS Nº DE PERGUNTAS

Temática Qualidade de Vida no Trabalho 07

Dimensão Biológica 06

Dimensão Psicológica 04

Dimensão Social 03

Dimensão Organizacional 06

Fonte: elaborada pela pesquisadora

A segunda entrevista teve o seu roteiro estabelecido após a coleta e análise dos dados

quantitativos (Apêndice A), e foi embasada pelos resultados, garantindo assim que algumas

lacunas percebidas pelos servidores respondentes acerca das práticas da gestão pudessem ser

mais bem investigadas.

Todas as entrevistas semiestruturadas foram realizadas com os servidores

empossados em cargos de direção e coordenação vinculados ao setor de gestão de pessoas, em

um total de cinco entrevistas. Com isso, objetivou-se confrontar alguns posicionamentos deste

setor acerca do conteúdo das respostas observadas no questionário dos servidores. A Figura 5

demonstra os cargos entrevistados:

Figura 5 – Servidores participantes das entrevistas

Fonte: elaborada pela pesquisadora

As entrevistas aconteceram individualmente, em locais definidos pelos próprios

entrevistados, de acordo com a disponibilidade de agenda dos mesmos, levando, em média,

trinta minutos. As mesmas foram gravadas e o material obtido teve os seus principais trechos

Univasf

Superintendente da Gestão de

Pessoas

Coordenador da Atenção à Saúde

e da Unidade SIASS

UnivasfUNIVASF

Coordenador da Capacitação e de

Desempenho

IF-Sertão

Diretor da Gestão de Pessoas

Coordenador da Assistência à

Saúde do Servidor

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45

destacados, sendo depois organizados segundo as categorias criadas a partir do modelo BPSO.

A análise de conteúdo foi à técnica de tratamento de dados eleita para o material obtido nessa

investigação.

Por se tratar, nesse momento, de uma pesquisa qualitativa, é importante considerar,

como disse Bardin (2004), que a questão do significado e da intenção por trás da palavra é

uma condição comum aos atos, às relações humanas e às estruturas sociais. Esse destaque se

faz necessário porque duas situações de grande relevância aconteciam nas instituições

estudadas. Durante o período de realização das primeiras entrevistas, acontecia no IF-Sertão e

na Univasf um momento politicamente relevante que foi a eleição para reitor da instituição.

No caso do IF-Sertão, este processo de consulta eleitoral acontecia após dois anos de

adiamento e muita espera, em virtude de suspensão, por parte do Ministério da Educação

(MEC), da consulta eleitoral realizada no período ordinário. Durante a entrevista, essa

informação esteve presente na fala dos entrevistados, assim como empiricamente se observou

as considerações carregadas de conteúdo emocional e pessoal, os posicionamentos políticos

contrários, sendo fundamental para o pesquisador considerar os conteúdos subjetivos

emergentes presentes na mensagem.

Outra situação relevante para essas entrevistas ocorre em nível nacional, mas afeta

diretamente o clima de trabalho dos servidores públicos: a crise fiscal e política do governo.

Assim, os cortes de gastos anunciados na área da educação, mais a instabilidade e dificuldade

em realizar previsões sensatas sobre o futuro esteve presente em alguns momentos da

entrevista, principalmente no que se refere aos ajustes financeiros que impactariam sobre os

trabalhos das instituições públicas de ensino. Essa foi uma dificuldade citada por todos os

respondentes na segunda etapa das entrevistas, que ocorreram em abril de 2016.

2.5.2 Estudo II: Qualidade de Vida no Trabalho: percepções dos servidores técnico-

administrativos em duas instituições federais de ensino – Estudo quantitativo

Este estudo teve o foco nos servidores técnico-administrativos. Nesta etapa

quantitativa da pesquisa, o instrumento de QVT eleito foi o BPSO-96 Parte 2: Satisfação do

Empregado (LIMONGI-FRANÇA, 1996). O mesmo possibilitou a avaliação das questões

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referentes ao estado de satisfação pessoal com a QVT. A escolha de um instrumento nacional

validado possibilitou um escopo de estudos que serviram de referência para este.

Este é um instrumento criado a partir de indicadores empresariais selecionados de

acordo com a abordagem biopsicossocial e organizacional e formado por duas partes. A parte

1 é direcionada a gestores, no intuito de avaliar o grau de esforço da gestão nas ações em

QVT e a parte 2, direcionada aos subordinados, intenta avaliar a satisfação dos mesmos

quanto a QVT, de acordo com as dimensões biológica, psicológica, social e organizacional.

Para essa pesquisa, apenas a parte 2 foi utilizada, já que o interesse no uso desse instrumento

está na coleta de dados dos servidores alvos das práticas de QVT da gestão e não do esforço

empregado pela mesma.

A parte 2 do instrumento original, que avalia o ponto de vista do trabalhador, é

formada por quatro blocos. O ‘Bloco 1- Resultados Internos de Satisfação em QVT’

corresponde a 26 itens distribuídos nas quatro dimensões e com escala do tipo Likert de 0

(insatisfação total) a 10 (satisfação total), além do valor neutro representado pelo numeral 5.

Há também o item ‘Não existe na instituição de ensino’ figurado pela grafia N/T e dispostos

como mostra a Figura 6.

Figura 6 - Modelo da escala do instrumento BPSO-96

N/T 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: elaborada pela pesquisadora

Ainda no Bloco 1, é dado ao respondente a possibilidade de acrescentar manualmente

seis itens divididos igualmente nas opções ‘Outras Ações de QVT na Empresa’ e ‘Ações de

QVT que Faltam na Empresa’, dispostos para avaliação segundo a mesma escala Likert. O

‘Bloco 2 – Qualidade de Vida no Trabalho’ deseja conhecer o que significa QVT para o

respondente, dispondo algumas palavras associadas com a temática e foi pedido que eles

selecionassem aquelas que consideraram mais importantes. O ‘Bloco 3 – Estado Pessoal de

QVT’ contém a dimensão “Opinião Pessoal” onde o respondente faz uma autoavaliação de

sua satisfação com o estado pessoal de QVT, com uso da mesma escala tipo Likert, em cinco

itens de Bem-Estar. Além disso, existe um item para o registro de ocorrências de

saúde/doença e uma questão dissertativa sobre qual a melhoria mais importante para a QVT

na organização em que serviam. Por fim, o ‘Bloco 4 – Dados Gerais’ é responsável por tratar

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do perfil sociodemográfico dos respondentes. Na Figura 7 é possível visualizar as dimensões

trabalhadas no instrumento:

Figura 7 - Dimensões do instrumento BPSO-96

Fonte: Limongi-França (1996)

A utilização do questionário foi precedida de algumas adaptações necessárias ao seu

uso, principalmente por ter sido um instrumento originalmente utilizado em organizações

privadas, possuindo algumas características que não condizem com instituições públicas.

Primeiro, a palavra “empresa” foi substituída em todo o instrumento pela palavra

“instituição”, adequando-se assim à nomenclatura das organizações estudadas. Algumas

alternativas foram excluídas e outras incluídas (Quadro 2), em observância à cultura

organizacional das instituições de ensino, sua natureza pública e à oferta de serviços presentes

ou não na mesma.

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Quadro 2 - Adaptações aos Itens do Instrumento BPSO-96

ITEM AÇÃO REALIZADA DIMENSÃO

“Qualidade das SIPATS - Sem. De Prev. De Acidentes” Exclusão Biológica

“Atendimento do ambulatório” Exclusão Biológica

“Qualidade das Refeições oferecidas pela empresa” Exclusão Biológica

”Qualidade da atuação da CIPAs” Exclusão Biológica

“Atendimento aos filhos (creches, escola)” Exclusão Social

“Qualidade da cesta básica” Exclusão Social

“Qualidade dos seguros de previdência privada” Exclusão Social

“Qualidade dos Planos de Aposentadoria” Inclusão Social

“Qualidade dos Programas de Promoção e Prevenção à

Saúde” Inclusão Biológica

“Integração das Equipes de Trabalho” Inclusão Organizacional

“Qualidade da limpeza interna e externa às edificações” Inclusão Biológica

“Forma de organização dos servidores (associações,

conselhos, sindicatos)” Inclusão Social

“Relações hierárquicas do meu trabalho” Inclusão Organizacional

“Espírito de Cooperação” Inclusão Psicológico

“Ética Organizacional” Inclusão Organizacional

Fonte: elaborada pela pesquisadora

Além disso, no ‘Bloco 1- Resultados Internos de Satisfação em QVT’ as opções

‘Outras Ações de QVT na Empresa’ e ‘Ações de QVT que Faltam na Empresa’ foram

retiradas, sendo substituídas por uma questão que pedia que os servidores citassem até cinco

ações em QVT que faltassem na instituição. Ainda nesse bloco, os itens foram dispostos

aleatoriamente, não obedecendo a sequência das dimensões em que estavam no instrumento

original e acrescidas da dimensão opinião pessoal que pertencia originalmente ao Bloco 3. Os

itens foram identificados com códigos que esclarecessem a que dimensão pertenciam. Porém,

esses códigos foram utilizados apenas para o controle da pesquisa, sem repasse da informação

aos servidores, conforme exposto no Quadro 3:

Quadro 3 - Disposição dos itens no questionário aplicado

Página 01

DO: Imagem da instituição junto aos servidores

DOP:Sensação de bem-estar no trabalho

DS:Qualidade dos Planos de Aposentadoria

DB:Qualidade dos Programas de Promoção e Prevenção à Saúde

DO:Oportunidade de treinamento e desenvolvimento profissional

DOP: Estado geral de tensão (stress) pessoal

DS:Qualidade de convênios (farmácias, compras, supermercado)

DP:Forma de avaliação do desempenho do seu trabalho

DOP: Satisfação com o seu modo próprio de viver o dia a dia (estilo de vida)

DB:Estado geral da saúde dos colegas e superiores

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(continuação) DO:Melhorias nos processos de trabalho e novas tecnologias

Página 02

DP:Confiança nos critérios de recrutamento e seleção

DO:Integração das Equipes de Trabalhos

DOP: Adequação das ações de QVT da sua instituição para as suas necessidades pessoais

DB:Controle dos riscos ergonômicos e ambientais

DP:Clima de camaradagem entre as pessoas

DS:Oportunidade para distração (futebol, áreas de lazer, excursões, etc.)

DO:Oportunidades de participar de comitês de decisão

DP:Oportunidade de carreira

DB:Qualidade da limpeza interna e externa às edificações

DP:Satisfação com o salário

Página 03

DO:Qualidade dos procedimentos administrativos (ausência de burocracia)

DB:Atendimento do convênio médico

DS:Forma de organização dos servidores ( associações, conselhos, sindicatos)

DOP: Forma de organização dos servidores ( associações, conselhos, sindicatos)

DO:Relações hierárquicas do meu trabalho

DP:Ausência de interferência na vida pessoal

DB:Oportunidade de realizar ginásticas no trabalho

DO:Atendimento às rotinas de pessoal (registro, pagamentos, documentos, etc.)

DP:Espírito de Cooperação

DS:Financiamentos para cursos externos (faculdade, inglês, cursos técnicos, Profissionalizantes, etc.)

DO:Ética Organizacional

Fonte: elaborado pela pesquisadora

Notas: DO: dimensão organizacional (nove itens)

DB: dimensão biológica (seis itens)

DP: dimensão psicológica (sete itens)

DS: dimensão social (cinco itens)

DOP: Opinião Pessoal (cinco itens)

Segundo Sucesso (2013), palavras são comumente utilizadas na investigação de

processos cognitivos, portanto, o ‘Bloco 2 - Qualidade de Vida no Trabalho’, do instrumento

original, foi mantido. Ocorreu a inclusão de novas palavras nesse bloco, ajustando melhor o

instrumento à cultura organizacional, à natureza do serviço público, sem desconsiderar o

material teórico que subsidia essa pesquisa. As palavras acrescidas às já existentes foram as

seguintes: estabilidade, local de trabalho, autonomia e flexibilidade de horários. Foram

mantidos os dados de ocorrência de saúde-doença e a questão descritiva que buscava saber

qual a melhoria mais importante para a QVT na organização a que pertenciam, informações

antes localizadas no “Bloco 3- Estado Pessoal de QVT”. Por fim, os dados sociodemográficos

foram adaptados para o perfil dos respondentes dessa pesquisa e constavam das seguintes

informações: gênero, idade, estado civil, última formação concluída, instituição de ensino em

que trabalha, campus de lotação, carga horária semanal, exercício de função gratificada ou

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cargo de direção, tempo de serviço na instituição e existência de outro vínculo trabalhista. A

conclusão do questionário se deu com uma pergunta que buscou saber se os servidores

acreditavam que aquela pesquisa poderia ser utilizada para o desenvolvimento de ações em

QVT na instituição a qual pertencia.

Após as adaptações da escala e definição dos dados pessoais e ocupacionais

solicitados, o questionário foi inserido no SurveyMonkey® Brasil. Em seguida, seis pessoas

foram convidadas, via e-mail, a realizar o pré-teste do instrumento, colaborando através do

preenchimento do questionário e construindo uma devolutiva com as considerações que

pudessem acarretar em melhorias à aplicação do mesmo e, consequentemente, aos resultados

da pesquisa. Para escolha dos participantes foram eleitos servidores empossados no cargo

técnico-administrativo em educação das instituições estudadas, todos graduados, cinco

ocupantes de cargo de nível superior e um de nível médio, no quantitativo de três servidores

por instituição. Todos os questionários foram respondidos e as devolutivas, enviadas via e-

mail, resultaram em algumas alterações (Quadro 4).

Quadro 4 - Alterações referentes ao pré-teste

ALTERAÇÕES

Nº DE

SUGESTÕES

Alteração na cor de uma das células da legenda, clareando a sua tonalidade. 01 respondente

Inclusão do termo ESPECIALIZAÇÂO no item 13, Bloco 4 – Dados Sócio

Demográficos, sobre o nível de escolaridade.

03 respondentes

Retirada dos asteriscos sobre os números dos enunciados do Item 17 e do Item

19, Bloco 4 - Dados Sócio Demográficos, impossibilitando sua perfeita

visualização.

01 respondente

Alteração no formato do item 18, Bloco 4 - dados Sócio Demográficos,

especificando que o tempo de serviço estava sendo calculado por anos.

02 respondentes

Necessidade de incluir a opção ‘20 horas’ no item 16, Bloco 4 – Dados Sócio

Demográficos.

02 respondentes

Substituir a expressão “Instituição de Ensino Superior” pela expressão

“Instituição de Ensino” no enunciado do item 14, Bloco 4 - Dados Sócio

Demográficos.

01 respondente

Mudança no layout da pesquisa, garantindo assim que a escala possa ser vista

durante o preenchimento de todas as questões, mesmo em telas de aparelhos

pequenos.

01 respondente

Fonte: elaborado pela pesquisadora

Após o pré-teste e a realização das modificações sugeridas, a aplicação do instrumento

(Apêndice F) ocorreu por meio eletrônico, através da inserção do questionário no software

SurveyMonkey® Brasil, que disponibilizou um link de acesso a todos os servidores. A

divulgação do questionário ocorreu via correio eletrônico pessoal, na tentativa de obter um

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número maior de servidores respondentes, além de reduzir o custo e o tempo de implantação,

já que evita gastos com papel e deslocamento e de cobrir um maior espaço geográfico. Como

limitação, há a menor adesão a esse modelo de levantamento de dados, mas foram buscadas

alternativas que minimizaram esse risco, como o contato e apoio dos gestores na divulgação

da pesquisa. (ANTONIO, 2011).

O questionário foi liberado para os respondentes no dia 05 de outubro de 2015 e

encerrado no dia 14 de dezembro de 2015. Como inicialmente o número de respondentes foi

muito baixo, realizaram-se visitas pessoais aos setores da Univasf, no intuito de apresentar

melhor a pesquisa, explicando seus objetivos e solicitando aos servidores que colaborassem

com a mesma. No IF-Sertão, a pesquisa contou com o apoio de três profissionais servidores

da instituição que ajudaram na divulgação e no incentivo para aumentar o número de

respondentes. O encerramento da pesquisa ocorreu quando, apesar dos pedidos, pessoalmente

ou via correio eletrônico, não houve mais registros de respondentes. Para análise dos

resultados obtidos utilizou-se, testes de estatística descritiva e a análise fatorial exploratória e

análise fatorial confirmatória.

2.6 ASPECTOS ÉTICOS

O passo antecedente a coleta foi a apresentação do projeto às reitorias das duas

Instituições para solicitação de autorização da coleta de dados nas instituições (Anexos A e

B). Após essa etapa, em conformidade com os princípios éticos da pesquisa com humanos na

área de saúde e em obediência à Carta de Anuência concedida pelos reitores, os

procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com

Seres Humanos, de acordo com a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho

Nacional de Saúde e foi submetida à aprovação do Comitê de Ética e Deontologia em Estudos

e Pesquisa – CEDEP/Univasf, sendo a coleta de dados só iniciada após aprovação.

Para fins de esclarecimento, todos os respondentes tiveram acesso ao objetivo do

estudo e concordaram com o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), que se

encontra no Apêndice B. Como solicitado pelo CEDEP/Univasf, o TCLE apresentado aos

participantes continham, obrigatoriamente, as informações obrigatórias a esse tipo de

documento, portanto, possuíam conhecimento de que poderiam desistir em qualquer tempo de

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sua participação, sem perdas ou danos decorrentes dessa escolha. Além disso, sabiam de que

teriam assegurados o sigilo das informações declaradas e que as mesmas só seriam utilizadas

para fins acadêmicos. A participação de todos se deu de forma voluntária.

2.7 ANÁLISES DOS DADOS

2.7.1 Tratamento dos dados qualitativos: a análise de conteúdo

Os dados qualitativos coletados nos dois estudos foram submetidos a análise de

conteúdo. Segundo Bardin (2004, p.33), esta técnica de análise reúne “um conjunto de

técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição do conteúdo das mensagens”. Em acordo com esta definição, Dellagnelo e Silva

(2005) reforçam a escolha dessa técnica ao considerar que este é um método de análise de

dados em pesquisa que se presta a diferentes técnicas de tratamento do material coletado,

algumas baseadas na linguística e outras na estatística. Esse modelo sistematiza de forma

metodológica a compreensão dos conteúdos das mensagens, através da descrição e da busca

de significados que podem ir além da informação concreta.

Ainda se tratando da análise de conteúdo, Cavalcante, Calixto e Pinheiro (2014),

considera a relevância desse método de análise para estudar fenômenos sociais atrelados a um

objeto, mas as suas limitações precisam ser consideradas. Cabe ao pesquisador a superação ou

aceitação de alguns dos limites dessa técnica, como a habilidade em lidar com os instrumentos

adotados e atenção as subjetividades comuns a interpretação dos dados e às peculiaridades

presentes no estudo de contextos humanos. Como posto por Bardin (2004), a análise de

conteúdo é uma técnica metodológica empírica e cabe ao pesquisador fugir da armadilha da

interpretação superficial, utilizando procedimentos sistemáticos e objetivos que permitam

inferências sobre as condições de produção/recepção dos conteúdos das mensagens.

Nesse estudo, a análise de conteúdo foi usada nas respostas obtidas na pesquisa

documental e na entrevista semiestruturada. A pré-seleção, anterior à análise propriamente

dita, ocorreu através da eleição dos documentos a serem avaliados e na construção do roteiro

de entrevista semiestruturado, respectivamente. Em seguida foram escolhidas as categorias de

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análise a serem usadas, as quatro dimensões do protocolo BPSO, que também foram

utilizadas na coleta dos dados quantitativos. A escolha de uma grade fechada buscou atender

aos objetivos propostos com o uso de categorias que, alinhadas ao modelo utilizado para as

demais análises dos dados, forneceriam um constructo mais homogêneo e fácil de

correlacionar.

Após leituras dos documentos de forma integral, o principal termo-chave utilizado

para a exploração dos documentos de forma mais detalhada foi “Qualidade de Vida no

Trabalho”. Outras palavras utilizadas como auxílio na análise foram: ‘saúde’, ‘bem-estar’,

‘ergonomia’, ‘promoção’, ‘valorização’, ‘oportunidade’, ‘reconhecimento’,

‘desenvolvimento’, ‘carreira’, ‘recrutamento’, ‘seleção’, ‘grupos’, ‘família’, ‘sociedade’,

‘integração’, ‘comunidade’, ‘esporte’ ‘cultura’, ‘lazer’, ‘imagem’, ‘capacitação’,

‘participação’ e ‘treinamento’. A escolha dessas palavras se deu em virtude das definições

feitas para cada dimensão utilizada na análise e sua utilização não ambicionava uma busca

quantitativa nos textos pesquisados, mas funcionaram como possíveis indicadores de

conteúdos da mensagem relativos ao tema e possíveis de serem analisadas de forma

sistematizada. Quando identificada a presença das mesmas em algum documento, o trecho era

imediatamente investigado e se fosse verificado algum conteúdo do interesse da pesquisa, este

era categorizado. A organização dos trechos aconteceu com ajuda do aplicativo de planilhas

eletrônicas Microsoft Excel®, de acordo com a grade eleita, seguindo-se a interpretação dos

dados.

A entrevista teve seus principais trechos transcritos no aplicativo de editor de textos

Microsoft Word®. Em seguida foram destacados todos os trechos que apresentavam

informações que atendiam de alguma forma aos objetivos previamente estabelecidos. A

categorização também ocorreu através do aplicativo de planilhas eletrônicas da Microsoft

Excel® e a interpretação dos dados com auxílio do referencial teórico adotado. Para

transcrição das falas dos entrevistados nessa entrevista optou-se pelos códigos GI1 e GI2 para

os dois gestores do IF-Sertão e GU1, GU2 e GU3 para os três gestores entrevistados na

Univasf.

2.7.2 Tratamento dos dados quantitativos: a análise fatorial

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Precedeu a análise multivariada o tratamento dos dados, com verificação dos outliers.

Realizou-se também a análise de normalidade dos dados, através do teste de Kolmogorov-

Smirnov, e os desvios de normalidade encontrados indicaram a necessidade do uso de testes

não-paramétricos (Apêndice G).

Para análise dos dados obtidos, via survey, elegeu-se a análise descritiva e análise

fatorial. A análise fatorial reúne um conjunto de “métodos estatísticos multivariados, cujo

objetivo principal é definir a estrutura subjacente em uma matriz de dados” (HAIR, et al,

2005, p.91). As análises fatoriais realizadas foram a análise fatorial exploratória (AFE) e a

análise fatorial confirmatória respectivamente. Para realização dos cálculos utilizou-se o

softwares IBM® SPSS® Statistics versão 19 (AFE) e o IBM® SPSS® Amos versão 24

(AFC). Inicialmente, foram observados os critérios que permitem a realização deste tipo de

análise. O critério de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) verificou a adequação da amostra para o

modelo de análise eleito e o Teste de Esfericidade de Bartlett constatou a presença de

correlações entre as variáveis.

A realização da AFE teve como intuito validar o conteúdo da escala utilizada, por

meio dos dois principais usos da análise fatorial: resumo e redução dos dados. A intenção é

observar como as variáveis se agrupam em um número menor de fatores e qual a relação de

cada variável com cada fator (HAIR, et al, 2005). A AFE foi realizada via análise dos

componentes principais, através do critério de autovalor superior a 1,0, e explicação de

variância total dos dados de no mínimo 60%. Em virtude de se tratar de um instrumento

fundamentado em conteúdos das ciências sociais e a partir da condição teórica de

interdependência dos fatores, o método de rotação PROMAX (Kappa 4) foi eleito,

considerando ser esse um método de rotação oblíqua, definido por identificar o grau com que

cada fator está correlacionado, obtendo fatores teoricamente significativos e agrupados com

maior precisão (HAIR et al, 2005). Após essa etapa, a confiabilidade dos fatores encontrados

foi testada com uso do Alpha de Cronbach, com índice de aceitabilidade igual ou maior que

0,70, conforme Hair JR et al. (2005).

A Tabela 4 apresenta o resultado do número de dimensões a serem extraídos, através

da análise dos componentes principais. Verifica-se que as 32 variáveis originais se agrupam

em cinco dimensões, com explicação de 63,6% da variância total, atendendo ao desejado onde

o mínimo esperado é o valor de 60%. A partir da 6º dimensão, os autovalores apresentados

são menores do que um e indicam que são menos expressivas do que a variável original, não

sendo consideradas análises dos componentes principais.

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55

Tabela 4 - Variância total explicada para 32 variáveis de QVT

Dimensões Eigenvalues iniciais Soma das cargas fatoriais

rotacionadas

Total % Variância %

Acumulado

Total %

Variância

%

Acumula

do

1 14.366 44.894 44.894 14.366 44.894 44.894

2 1.983 6.198 51.894 1.983 6.198 51.092

3 1.569 4.903 55.995 1.569 4.903 55.995

5 1.351 4.223 60.218 1.351 4.223 60.218

5 1.071 3.346 63.564 1.071 3.346 63.564

6 .989 3.090 66.654

Fonte: dados da pesquisa

O passo seguinte foi analisar a matriz dos componentes rotacionados para definição da

estrutura fatorial. Nessa etapa os itens foram excluídos seguindo os seguintes critérios (1)

itens com carga fatorial menores que 0,4; (2) itens com cargas fatoriais similares em dois ou

mais fatores e (3) indeterminação da relação entre fatores e variáveis, não cabendo a mesma

variável em mais de um fator. Seguindo estes critérios, foram excluídos seis itens, reiniciando

o processo de análise fatorial.

Após seis tentativas encerrou-se a fase exploratória, realizou-se a AFC, via

modelagem das equações estruturais, com o intuito de averiguar se a estrutura fatorial

encontrada seria confirmada (TABELA 5). Como posto pela literatura, a AFC objetiva não

somente verificar a estrutura fatorial proposta, como também explorar se quaisquer

modificações significantes são necessárias (HAIR et al, 2005).

Tabela 5 - Variância total explicada para 19 variáveis de QVT

Dimensões Eigenvalues iniciais Soma das cargas fatoriais

rotacionadas

Total %

Variância

%

Acumulado

Total %

Variância

%

Acumulado

1 8.704 45.808 45.808 8.704 45.808 45.808

2 1.678 8.833 54.641 1.678 8.833 54.641

3 1.158 6.097 60.738 1.158 6.097 60.738

4 .924 4.864 65.602

Fonte: dados da pesquisa

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Para obtenção do escore de satisfação típico desta amostra, foi utilizado o cálculo da

média e desvio-padrão. Para verificar as diferenças significativas de opinião entre os

resultados das duas instituições fez-se uso do teste de Mann-Whitney que é uma alternativa ao

teste paramétrico t, eleito dado a ausência de normalidade dos dados ( TABELA 6). Os dados

sociodemográficos foram dispostos com a ajuda da estatística descritiva.

Tabela 6 - Comparação de média entre instituições

Dimensões Univasf (n= 163)

Média ±DP

IF Sertão- PE (n = 116)

Média ±DP

Benefícios Advindos dos Vínculos

Institucionais

Teste U de Mann-Whitney

6,2 ± 1,6

p =.000

4,3 ± 1,7

p =.000

Investimento na carreira e no cuidado

do servidor

Teste U de Mann-Whitney

6,6 ± 1,6

p =.000

5,1 ± 1,7

p =.000

Relações Socioprofissionais no

Trabalho

Teste U de Mann-Whitney

7,3 ± 1,9

p =.000

6,4 ± 1,9

p =.000

Fonte: dados da pesquisa

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57

3 APRESENTAÇÃO DOS RESUMOS DOS ARTIGOS

Serão apresentados, nesse capítulo, os resumos dos artigos constituintes dessa

dissertação.

A) RESUMO DO ESTUDO I: GESTÃO DE PESSOAS E A QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO EM DUAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

O presente estudo apresenta como objetivo identificar as práticas desenvolvidas pela Gestão

de Pessoas relacionadas à Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) em duas instituições

federais de ensino, confrontando essas duas realidades. Para tanto, realizou-se uma pesquisa

documental e entrevistas semiestruturadas com gestores ocupantes de cargos de chefia no

setor de Gestão de Pessoas das duas instituições, ligados ao desenvolvimento das práticas

estudadas. A abordagem teórica adotada nesse estudo foi o modelo biopsicossocial e

organizacional proposto por Limongi-França (1996). Os dados obtidos foram tratados através

da Análise de Conteúdo. Os resultados apontaram maior interesse na temática QVT por parte

dos setores ligados à saúde do servidor. Porém, ainda é limitada a influência da Política de

Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal, ao passo que a

Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal mostrou uma influência mais abrangente,

além da ausência de um programa em Qualidade de Vida no Trabalho nos dois órgãos.

Evidencia-se que o tema ainda se manifesta de forma ocasional em práticas pontuais,

indicando a importância de a QVT avançar como um tema estrategicamente pensado e

comum a toda instituição e reforça a importância de estudos que dirimam os entraves para a

construção coletiva de um modelo em QVT na administração pública e que contemplem

satisfatoriamente todas as dimensões estudadas.

Palavras-Chave: Qualidade de Vida no Trabalho; Gestão de Pessoas; Servidores Públicos;

Técnico-Administrativos; Biopsicossocial.

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58

B) RESUMO DO ESTUDO II: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: PERCEPÇÕES

DOS SERVIDORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM DUAS INSTITUIÇÕES

FEDERAIS DE ENSINO

Este estudo objetivou identificar a satisfação com a Qualidade de Vida no Trabalho dos

servidores técnico-administrativos em duas instituições federais de ensino, confrontando a

percepção dos servidores com as práticas da área de gestão de pessoas. Para tanto, realizou-se

uma pesquisa quantitativa com dados qualitativos complementares, aplicando-se um survey

em 303 servidores e entrevistas semiestruturadas com cinco gestores ocupantes de cargos de

chefia no setor de gestão de pessoas dos dois órgãos. A abordagem teórica e o instrumento

que norteou esse estudo fazem parte do modelo biopsicossocial e organizacional proposto

pela Limongi-França (1996). Os dados quantitativos foram tratados através de análises

descritivas e multivariadas, e os dados qualitativos foram analisados pela análise de conteúdo.

Os resultados identificaram que os servidores estão moderadamente satisfeitos com sua

qualidade de vida no trabalho, com diferenças significativas nos resultados de satisfação entre

as instituições. O confronto da percepção acerca da QVT dos servidores com as práticas de

gestão apontou um desalinhamento entre as expectativas dos servidores e o que é possível ser

ofertado pelas instituições, reforçando a importância de um diálogo. Os resultados sugerem

maiores intervenções nas dimensões biológica e organizacional, nas duas instituições,

principalmente na oportunização de espaços para a realização de atividades físicas e

intervenções profissionais que incentivem as práticas comportamentais saudáveis.

Palavras-chave: Qualidade de Vida no Trabalho, Gestão de Pessoas, Setor Público,

Satisfação.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo a apresentação ocorrerá através dos artigos construídos com os

resultados encontrados e as discussões provenientes destes. O primeiro artigo descreve os

resultados da análise dos documentos utilizados e das entrevistas realizadas com os gestores

de cargos ligados a gestão de pessoas e funcionou para a identificação e confrontação das

práticas em QVT realizadas pelo setor de gestão de pessoas nas instituições estudadas. O

segundo artigo trata da percepção dos servidores técnico-administrativos com a Qualidade de

Vida no Trabalho nas duas instituições de ensino públicas do Nordeste do Brasil, através da

avaliação da satisfação destes servidores e das considerações acerca do tema, e o confronto

entre esses resultados e as práticas da área de gestão de pessoas. A construção desses artigos

atende, assim, aos quatro objetivos específicos determinados.

Gestão de pessoas e qualidade de vida no trabalho em duas instituições federais de

ensino

1. Introdução

O trabalho é uma estrutura dinâmica na sociedade. As mudanças impostas pela

reestruturação produtiva, ainda em curso, impõem transformações contemporâneas,

desconhecidas em sua totalidade, aceleradas, inexoráveis e que impactam diretamente na vida

subjetiva do indivíduo que vê as fronteiras entre o trabalho e a vida pessoal paulatinamente

sendo reduzidas. Tal fato parece estar associado à mudança de um cenário onde o trabalho é

avaliado pela sua produção, para outro, onde configuram como importantes e diferentes

abordagens, experiências e iniciativas. É nesse cenário de mudanças críticas e de dimensões

ainda desconhecidas em sua totalidade que se coloca a importância do resgate, incentivo e

ampliação da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) no âmbito das organizações

(FERREIRA, 2012).

A inserção desse tema nas organizações enfrenta as suas particularidades e, na ciência,

ainda se mostra como uma disciplina científica em desenvolvimento. Como apontam Alfenas

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e Ruiz (2015), o tema QVT é multidisciplinar, recente, está em acelerado processo de

construção e, em razão disso, não existe um consenso na literatura acerca da sua definição.

Assim, QVT vem sendo tratado como um tema multidimensional, com forte carga subjetiva

de avaliação e que busca proporcionar melhorias nos ambientes de trabalhos, com foco na

humanização dos mesmos.

Em se tratando do setor público, Alfenas e Ruiz (2015), em uma revisão dos estudos

em QVT na Administração Pública nos anos de 2007 a 2013 identificaram 24 publicações,

indicando certa regularidade produtiva, mas sem grandes avanços no desenvolvimento

científico, sugerindo a necessidade de novos estudos.

Em um trabalho de Sant’Anna, Kilimnik e Moraes (2011) sobre o desenvolvimento

dos estudos na área, observou-se a predominância dos estudos quantitativos em QVT. Para os

autores é importante que também ocorram trabalhos de natureza qualitativa, com interesse em

compreender os contextos e as dinâmicas das situações estudadas, identificando não somente

o nível em que a QVT se encontra, mas a complexidade das variáveis que influenciam a sua

configuração, buscando uma compreensão menos descritiva e mais relacionada à gestão.

Ferreira (2012) corrobora essa conclusão, após um estudo do estado da arte que concluiu

existir um número consideravelmente maior de estudos quantitativos e necessidade de

investimentos em pesquisas que mesclassem as duas abordagens metodológicas.

A observação do contexto deste estudo, a Administração Pública, indica ações do

governo para proporcionar melhorias que impactam na QVT dos servidores, à exemplo da

Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal (PASS),

em 2007, e que mais tarde terá como fruto um órgão responsável pela sua execução que é o

Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS). Outra iniciativa é a Política

Nacional de Desenvolvimento de Pessoal (PNDP), criada pela Lei 5.707 de 23 de fevereiro de

2003, que institui as diretrizes para o desenvolvimento de pessoal na administração pública.

Ambas funcionam como exemplo do esforço do governo em repensar sua administração e

devem subsidiar as formas de intervenção da gestão de pessoas com os servidores, reforçando

a necessidade de uma investigação que contribua com os estudos em QVT.

Em atenção aos esforços empregados pelo governo, o presente estudo focaliza sua

investigação em duas instituições públicas de ensino, localizadas no Nordeste brasileiro: a

Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e o Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF-Sertão). Ambas possuem reitoria no

campus Petrolina-PE, estrutura multicampi, com unidades espalhadas por cidades do

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semiárido nordestino. A Univasf econtra-se distribuída em três estados: Bahia, Pernambuco e

Piauí.

Ao perceber as extensões dessas instituições, vislumbram-se desafios à execução

dessas políticas. A QVT precisa ser pensada e construída a partir do contexto onde as relações

de produção ocorrem. Portanto, há um desafio em assumir a responsabilidade de planejar e

executar a construção de uma realidade focada no agente humano e em seu desenvolvimento

pessoal e profissional.

Nesse contexto, esse estudo objetiva identificar as práticas desenvolvidas pela Gestão

de Pessoas relacionadas à Qualidade de Vida no Trabalho, com foco nos técnicos

administrativos, em duas instituições federais de ensino, e confrontar essas práticas entre as

mesmas.

A organização deste artigo procederá com a apresentação do referencial teórico, dos

procedimentos metodológicos, dos resultados e discussão e das considerações finais.

2. Um olhar sobre qualidade de vida no trabalho

O conceito de qualidade de vida (QV) está intimamente ligado com a área de saúde,

principalmente a partir da década de 1970, quando a preocupação com o estado de saúde fez

emergir as ações em mensuração de indicadores de saúde. Embora esses conceitos estejam

intimamente atrelados, destaca-se que saúde é um dos domínios da QV, sendo a sua

conceituação muito mais ampla do que isso (PEDROSO, 2013). A Associação Brasileira de

Qualidade de Vida – ABQV (Online), em seu website, define QV como o nível auto

percebido de prazer na vida das pessoas. Partindo dessa premissa, percebe-se o quão subjetiva

pode ser essa definição, já que a dimensão prazer inclui um aspecto individual de avaliação.

Arellano (2008) corrobora com a afirmativa de que não existe um conceito único e conclusivo

de QV. Para essa autora, a QV assume diversas facetas, a partir das relações que estabelece

com o mundo. Na medicina, a saúde é o destaque da QV, para a psicologia, a satisfação, e

para o domínio social, o bem-estar.

Neste sentido é que se apresenta um dos conceitos consensuais de QVT, no qual o

mesmo é considerado uma ramificação da Qualidade de Vida (QV) e se caracteriza como um

conjunto de aspectos subjetivos e objetivos compreendidos de forma individual pelo

trabalhador (SILVA; PEDROSO; PILATTI, 2010). Assim, o desejo em estender para os

ambientes profissionais aspectos promotores do bem-estar, constituintes da QV, exemplifica a

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diversidade a ser explorada nesse campo e os desafios do mesmo às organizações públicas e

privadas.

O uso do termo Qualidade de Vida no Trabalho vem sendo utilizado desde os anos

1970 nos Estados Unidos, relacionado com ações e estudos que objetivavam a melhoria das

empresas, através da identificação dos fatores que afetavam a saúde e o bem-estar dos

trabalhadores e a relação destes com os níveis de satisfação no trabalho. Na Europa, a França

se destaca como uma das culturas mais críticas e dedicadas aos estudos das condições de

trabalho. No Brasil, observa-se sistematicamente, nos últimos anos, o surgimento de novos

estudos e aplicações metodológicas na área, indicando que o tema Qualidade de Vida no

Trabalho oferece um constructo sistêmico, dinâmico e com muitas aplicações no campo

teórico e prático (LIMONGI- FRANÇA, 2013).

São diversos os modelos adotados e desenvolvidos pelos estudiosos da QVT em

reposta a uma demanda cada vez maior das organizações em criar condições de vida e bem-

estar em um cenário de competitividade e mudanças socioeconômicas impactantes. O uso de

modelos tornou-se amplamente utilizado, tanto no meio acadêmico, quanto na área da gestão.

Apesar disso, estudos como o de Medeiros e Oliveira (2011) reforçam a importância de

esforços que avancem o desenvolvimento de uma disciplina científica, consolidando o

movimento QVT e corroborando que essa temática tem se mostrado para além dos modismos

gerenciais.

No contexto brasileiro, um levantamento da produção acadêmica no período entre

2001 e 2011, realizado por Batista, Antunes e Iizuka (2012), foi responsável por indicar a

presença de autores tradicionais ainda como destaques na literatura, como Hackman e Oldman

(1975), Westley (1975), Werther e Davis (1983), Huse e Cummings (1985), Nadler e Lawer

(1983). Mas foram dois os autores mais citados nos 42 estudos encontrados: Richard E.

Walton (24 citações) e Ana Cristina Limongi-França (19 citações).

A abordagem teórica utilizada nesse estudo é o modelo Biopsicossocial e

Organizacional (BPSO) da Limongi-França (1996). Segundo Limongi-França (2013), a

expressão biopsicossocial tem sua origem na medicina psicossomática que atribui a todos os

indivíduos uma complexidade em sua formação e que orientam as diversas formas como cada

ser interage com os demais e com as condições de vida. São eles: os aspectos biológicos

(características orgânicas herdadas ou adquiridas durante toda a vida), psicológicos (aspectos

do raciocínio, afetivos e emocionais que constituem a personalidade do indivíduo e a forma

como se relaciona com outras pessoas e com os contextos de vida) e sociais (formado pelos

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valores, crenças e papéis desempenhados nos mais diferentes grupos sociais, incluindo as

diferenças geográficas e culturais nas quais o indivíduo se insere).

O modelo BPSO acrescentou aos fatores já descritos o aspecto organizacional, que

trata da cultura da organização, envolvendo questões da imagem da instituição, tecnologia,

aspectos contratuais, valores e práticas de gestão. A reunião dessas dimensões forma a

percepção pessoal do trabalho e dessa contínua interação, troca e interdependência que marca

os processos intrínsecos e extrínsecos em nossa sociedade (OLIVEIRA et al, 2013).

Para subsidiar a escolha por esse modelo teórico, realizou-se um levantamento dos

trabalhos publicados no Brasil que tivessem utilizado a abordagem biopsicossocial e

organizacional. As buscas foram realizadas nas plataformas Scientific Periodicals Electronic

Library (SPELL), Google Acadêmico, nos Períodicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic) e

no Scientific Electronic Library Online (SciELO) e utilizaram como descritores

“biopsicossocial e organizacional”, “BPSO-96” e “BPSO” . Foram encontrados 16 artigos e,

destes, nove foram realizadas em instituições públicas do Brasil. Isso posto, almeja-se que

esse estudo funcione como uma ampliação nas contribuições da área acadêmica nesta

temática e influencie o debate e a aplicação, por parte dos gestores, da QVT na administração

pública.

A intenção deste estudo também se alinha com o que é externado por Amorim (2010)

no trabalho que objetivou conhecer os pressupostos para a QVT dos servidores públicos e

concluiu que ainda são inexpressivas as iniciativas de programas nessa área. Para a autora,

investir em conhecimento científico em prol da administração pública implica em gerar

benefícios não somente ao servidor, mas também à sociedade, através da qualidade dos

serviços prestados à mesma.

3. Procedimentos metodológicos

Para cumprir com o objetivo deste estudo, realizou-se um estudo descritivo com

abordagem qualitativa.

Para nortear esse trabalho, alguns pressupostos foram elaborados:

P1: As práticas executadas em QVT pelo setor de Gestão de Pessoas não atendem a

nenhum objetivo estratégico macro da instituição.

P2: Não existem programas em QVT nas instituições.

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P3: É possível identificar a influência da Política de Atenção à Saúde e Segurança do

Trabalho do Servidor Público Federal e da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal

nas práticas de QVT.

Duas técnicas foram selecionadas para essa investigação, sendo elas a pesquisa

documental e a entrevista semiestruturada, funcionando como complementares e favorecendo

a compreensão do objeto estudado de forma mais abrangente. Para a análise adotou-se a

técnica de análise de conteúdo, já que a mesma se caracteriza como uma técnica de análise

amplamente utilizada em pesquisa qualitativa, oferecendo um aparato metodológico

suficientemente capaz de subsidiar as conclusões a serem alcançadas (DELLAGNELO e

SILVA, 2005). As categorias da pesquisa escolhidas nesse trabalho foram formadas pelo

modelo da abordagem teórica eleita: biológica, psicológica, social e organizacional.

As práticas investigadas relacionavam-se à categoria dos técnico-administrativos. O

critério surgiu da necessidade de comparação entre as duas instituições, o que não seria

possível com a inserção das práticas exclusivas aos docentes, já que estes possuem diferenças

quanto à prática de seu trabalho no IF-Sertão e na Univasf, ao contrário dos técnicos, o que

implica em diferenças nas intervenções da gestão de pessoas.

Os documentos selecionados para a pesquisa foram o Plano de Desenvolvimento

Institucional (PDI) das duas instituições, por constituírem o principal documento estratégico

institucional; a Carta de Serviço ao Cidadão do setor responsável pela gestão de pessoas de

cada órgão, fornecendo informações sobre o funcionamento e a operacionalização dos

serviços ofertados por esses setores; os Planos Anuais de Capacitação (PAC) dos anos de

2010 até 2014; e os projetos e ações ocorridos nessa temática, no mesmo período de tempo,

no IF-Sertão e na Univasf, e que estivessem direta ou indiretamente ligados aos setores

responsáveis pela Gestão de Pessoas. Além disso, foram pesquisados os relatórios anuais dos

anos de 2010 até 2014 da Superintendência de Gestão de Pessoas (SGP) da Univasf, com foco

na Diretoria de Desenvolvimento de Pessoa (DDP), que é a diretoria responsável pelas ações

em desenvolvimento humano e com a temática QVT nesta Secretaria. O IF-Sertão não

possuía relatórios setoriais da Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP), sem justificar a razão

dessa ausência.

Após a leitura dos documentos, alguns termos e palavras foram utilizados na busca,

não com intenção de registro de frequência, mas como auxílio para encontrar trechos mais

específicos com o conteúdo relacionado ao tema e possível de ser sistematizado. O termo

chave “Qualidade de Vida no Trabalho” foi o primeiro a ser utilizado, seguido dos buscadores

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“técnico-administrativos” e “técnico”. Quando identificada a presença dos mesmos em algum

documento, a referência era imediatamente analisada e, se fosse verificado algum conteúdo de

interesse, o mesmo era categorizado.

As entrevistas semiestruturadas ocorreram com cinco servidores em cargos de chefia

no setor de gestão de pessoas ligados as ações em QVT: o Superintendente de Gestão de

Pessoas da Univasf, o Coordenador da Unidade SIASS UNIVASF, o Coordenador de

Capacitação e Desempenho da Univasf, o Diretor de Gestão de Pessoas do IF-Sertão e o

Coordenador de Assistência à Saúde do Servidor do IF-Sertão. Para efeitos de representação

das falas, optou-se pelo uso dos códigos GI1 e GI2 para os dois gestores entrevistados do IF-

Sertão e os códigos GU1, GU2 e GU3, para os da Univasf. A associação entre códigos e

respondentes foi feita mediante ordem de ocorrência da entrevista. O roteiro das entrevistas

somente foi concluído após a pesquisa documental e para a elaboração deste foi utilizado o

modelo BPSO e o aparato legal que dá suporte à política de Gestão de Pessoas nos órgãos da

administração pública.

Por fim, buscou-se avaliar os relatórios setoriais disponibilizados pela Univasf. A

utilização do termo chave ‘Qualidade de Vida no Trabalho’ resultou em registros nos anos de

2014, 2013 e 2012. Nos anos de 2010 e 2011 não há qualquer menção direta ao termo. Para

sistematização e categorização dos projetos encontrados nos relatórios, utilizou-se o objetivo

geral como o principal indicador da categoria de inserção do mesmo, devido a

multidisciplinaridade de seus conteúdos. Para o PAC a análise teve dois objetivos: enquadrar

os cursos oferecidos nas categorias de análise, utilizando como referência as palavras chaves e

os objetivos gerais a que atendiam e inserir o próprio PAC em uma dimensão correspondente.

4. Apresentação e discussão dos resultados

O presente capítulo está dividido de acordo com as categorias do modelo da

abordagem teórica eleita: biológica, psicológica, social e organizacional.

4.1. Dimensão Biológica

A dimensão biológica, como indicador da QVT, diz respeito às ações que estimulem

as condições saudáveis do organismo, estando relacionadas à saúde, segurança e ergonomia.

Pode-se citar o controle dos riscos ergonômicos e ambientais, o atendimento aos problemas de

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saúde, oportunidade de realização de atividades físicas, estado geral de saúde dos colegas e

superiores, palestras e eventos de promoção à saúde (LIMONGI-FRANÇA, 2013).

A Figura 1 descreve os principais achados nessa dimensão no IF-Sertão.

Figura 1 - Principais Registros Encontrados no IF-Sertão

DOCUMENTOS PRINCIPAIS REGISTROS ENCONTRADOS

PDI

Referência ao controle dos riscos ergonômicos e ambientais: contratação

de empresa especializada para realização dos Exames Médicos Periódicos

entre os servidores do IF-PE anualmente.

Referência aos atendimentos aos problemas de saúde: como meta da DGP

a implantação de um programa em Saúde e QVT para os servidores e; como

objetivo da DGP a promoção de ações em saúde e QVT para os servidores.

PROJETO Projeto Melhoria da Qualidade de Vida e Saúde Mental do Servidor.

Projeto Vida e Saúde

PLANO ANUAL

DE

CAPACITAÇÃO

Referência a realização de curso na área de cuidados a saúde 01 (2014)

Fonte: dados da pesquisa

O PDI do IF-Sertão inclui a temática QVT no primeiro dos objetivos da DGP. Esse

registro demonstra que a temática é discutida estrategicamente pela gestão maior da

instituição. Pela perspectiva apresentada, a QVT está diretamente vinculada às questões de

saúde e segurança no trabalho. Quanto aos projetos desenvolvidos, dois se inserem nessa

categoria e se mostram alinhados com o proposto no PDI da instituição, estando intimamente

voltados à promoção de condições de melhorias que afetem a saúde do organismo.

Documentalmente, portanto, a QVT e os cuidados com a saúde estão objetivamente ligados

no IF-Sertão. Justifica-se, então, que coube à Coordenação de Assistência à Saúde do

Servidor cumprir com a meta da diretoria a qual está submetida, responsabilizando-se pelo

planejamento das práticas em QVT. A entrevista exemplifica como se deu essa relação da

QVT:

Não existe outra coordenação. Existem coordenações de saúde nos campi,

mas o trabalho lá, na área de saúde, é muito voltado para o aluno. Não é

voltado para o servidor, entendeu? Então, a única coordenação voltada para

o servidor é a coordenação de saúde ligada ao DGP. (GI1)

Para um dos gestores do IF-Sertão, o setor de saúde funciona como uma espécie de

porta de entrada das queixas relacionadas ao trabalho na instituição, e reforça ainda mais o

vínculo entre saúde e QVT, resultado da ausência de um modelo de gestão que realmente

valorize e incentive a QVT para além das ações de saúde e em toda a organização, sendo “a

Qualidade de Vida no Trabalho uma das maiores queixas dos servidores no IF-Sertão”,

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principalmente porque são muitas as características presentes na instituição que “tencionam as

relações de trabalho e afetam significativamente a saúde”.

Quanto a pesquisa documental da Univasf, descreve-se na Figura 2 os principais

registros encontrados:

Figura 2 - Principais Registros Encontrados no Univasf

DOCUMENTOS PRINCIPAIS REGISTROS ENCONTRADOS

CARTA DE

SERVIÇOS

Referência aos controles dos riscos ergonômicos e ambientais: na descrição

dos trabalhos da equipe de vigilância à saúde da unidade SIASS UNIVASF.

Referências ao atendimento aos problemas de saúde: concessão da saúde

suplementar: em acordo com o Artigo 230 da Lei nº 8.112, de 1990, e

Portaria/SRH/MP 03/2009, de 30 de julho de 2009, através da responsabilidade

da DDP a coordenação da aplicação das políticas e diretrizes relativas à atenção

à saúde do servidor, entre elas a PASS e a Comissão Interna de Saúde do

Servidor Público (CISSP) e na referência aos trabalhos desenvolvidos pelo

SIASS UNIVASF nas áreas de promoção, perícia e vigilância à saúde.

RELATÓRIOS DO

SETOR

Referência aos atendimentos aos problemas de saúde: Descrição do número

e tipos de atendimentos realizados por membros da equipe multiprofissional em

forma de atendimentos assistenciais na saúde.

Projeto Imunização;

Projeto Coração Saudável;

Projeto Saúde Vocal;

Projeto Integralmente Bem.

PLANO ANUAL

DE

CAPACITAÇÃO

Referência ao planejamento dos seguintes cursos na área de cuidados a

saúde, higiene e segurança no trabalho: 02 (2010), 04 (2011), 02 (2012), 01

(2013) e 03 (2014)

Referência aos cursos executados.

Fonte: dados da pesquisa

Foram encontrados registros na Carta de Serviços, nos Relatórios Setoriais, na

existência de projetos inseridos nessa dimensão e no Plano Anual de Capacitação. Na Carta de

Serviços, pode-se pontuar as questões legais que norteiam as ações em saúde da DDP, com

destaque para a execução da PASS. Nos relatórios nota-se a atuação direta de alguns membros

da equipe multiprofissional em forma de atendimentos assistenciais na saúde. Sobre os

projetos, alguns já eram executados desde a época em que a unidade SIASS UNIVASF

funcionava como Setor de Saúde, mas sofreram reformulações, identificadas nos documentos

a partir de 2012, que incluíram melhorias no decorrer do tempo e começaram a inserir a

temática QVT como um dos objetivos a serem alcançados. O Plano Anual de Capacitação da

Univasf apresentou uma oferta de 12 cursos entre o período de 2010 e 2014, mas, segundo os

relatórios, apenas seis ocorreram. A não ocorrência desses cursos variaram entre dificuldades

orçamentárias, atrasos nos processos licitatórios e, cabe destacar, a ausência de inscritos.

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No que tange ao primeiro pressuposto deste estudo, pode-se observar que cabe a essa

dimensão o único registro do PDI no IF-Sertão, orientando as práticas da DGP. Porém, no que

tange a inexistência de registros no PDI da Univasf a gestão da mesma encara como uma

limitação, sendo importante para as melhorias dos trabalhos desenvolvidos que o tema seja

percebido estrategicamente como comum a toda a organização, resultando em práticas

administrativas que incentivem o bem-estar do servidor. Um dos gestores contempla essa

perspectiva como uma realidade próxima:

A Gestão de Pessoas se responsabilizou, durante as discussões do novo PDI

da instituição, a cuidar e ampliar as discussões sobre Qualidade de Vida no

Trabalho na instituição. O novo PDI já traz referências estratégicas à QVT.

(GU2)

A observação do material nos dois órgãos traz em comum o pioneirismo do setor de

saúde nas questões de QVT. Dos questionamentos feitos à gestão e que versavam sobre

aspectos dessa dimensão, apenas um dos entrevistados não mencionou a implantação da

Unidade SIASS UNIVASF como uma das causas da ampliação do interesse na área. Dito

isso, essa dimensão traz uma informação que atende ao investigado no terceiro pressuposto

estudado e que buscava saber sobre a influência da PASS nas práticas em QVT.

A Portaria Normativa da Secretaria de Recursos Humanos da União nº 02 de 22 de

março de 2010 é mencionada na Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do

Servidor Público Federal (PASS) da seguinte maneira:

Equipes de promoção e comissões internas de saúde do servidor, apoiadas

pelas unidades do SIASS, contemplam o modelo estrutural do Subsistema

para dar suporte às políticas de recursos humanos na área de promoção à

saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho. (BRASIL, 2010)

Depreende-se do texto subscrito, então, que a PASS contempla a necessidade do

subsistema em dar suporte às equipes apoiadas pelas unidades, nas áreas de interesse da

política, entre elas, a QVT. No entanto, quando os entrevistados são questionados sobre a

influência da PASS sobre o trabalho da gestão de pessoas, apenas os gestores da Univasf

reconhecem que a PASS auxiliou na discussão da temática QVT, através do fomento à

discussão e às práticas, investindo em capacitações na área, e na formulação de algumas

normativas que mencionam a QVT “agora também muito voltadas, as normativas, para a

questão de qualidade de vida e saúde”. Ainda para o mesmo entrevistado, a PASS necessita

de uma normatização específica sobre o tema e que traga um modelo mais forte a ser adotado

pelas instituições federais de ensino na criação de programas.

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Para um dos entrevistados do IF-Sertão, a PASS é pouco conhecida pela diretoria de

gestão de pessoas e não vê nenhuma influência da mesma no trabalho desenvolvido por essa

diretoria.

No que diz respeito ao questionamento sobre as falhas identificadas pela gestão que

implicam em prejuízos à saúde do servidor, o IF-Sertão e a Univasf pontuam dificuldades

administrativas parecidas: o engessamento dos processos administrativos, a imaturidade sobre

o tema por parte de todo o corpo administrativo, o que dificulta iniciativas do setor de gestão

de pessoas, e as questões orçamentárias que impedem um desenvolvimento de programas

mais sólidos. Como posto por um dos entrevistados:

Essas falhas esbarram na burocracia, na falta de recursos para desenvolver

projetos, aí você termina não desenvolvendo aquilo que você quer

implementar. Porque tudo depende de recurso e com essa escassez de

recursos e com essa crise que está sendo anunciada, acaba surgindo uma

grande falha que impede que a gente implemente tudo que a gente quer.

(GI1)

Por fim, o confronto nessa dimensão, nas duas instituições, permite verificar que a útil

associação entre saúde e segurança no trabalho é o grande chamariz responsável por construir

uma lógica de bem-estar na instituição. Segundo a literatura de QVT, a percepção de bem-

estar pode ser o resultado da intervenção de políticas e práticas coletivas, como intervenções

da gestão de pessoas, especialmente, “(...) nas áreas de segurança e saúde do trabalho,

promoção da saúde (...)” (LIMONGI-FRANÇA, 2013, p.41).

Ainda como visto na literatura, aqui também se verifica a aproximação entre o

conceito de saúde e a QVT. Para Abbad (2013, p. 228), a saúde só pode ser compreendida

através da avaliação de que a mesma depende “de fatores ligados ao trabalho e à organização,

bem como da Qualidade de Vida e de saúde da coletividade em que se insere o indivíduo

trabalhador”. No entanto, a elaboração de um programa com o envolvimento de todos os

setores institucionais é uma ambição comum para as duas instituições, mesmo que atualmente

realizem-se apenas práticas de saúde ocasionais e insuficientes para a importante, mas não

única demanda na área de QVT: ações que reduzam os impactos negativos do trabalho na

saúde dos servidores.

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4.2. Dimensão Psicológica

A dimensão psicológica diz respeito às ações da organização que impactam sobre as

construções afetivas e cognitivas do indivíduo. Ações que estejam ligadas ao clima, à carreira,

ao salário e à vida pessoal. Nessa dimensão, destaca-se a confiança nos critérios de

recrutamento e seleção, na forma de avaliação do desempenho do trabalho, no clima de

camaradagem entre os colegas no trabalho e nas oportunidades de evolução na carreira

(LIMONGI-FRANÇA, 2013).

A Figura 3 expressa os principais achados no IF-Sertão.

Figura 3 - Principais Registros Encontrados no IF-Sertão

DOCUMENTOS PRINCIPAIS REGISTROS ENCONTRADOS

PDI

Referência aos critérios de recrutamento e seleção: critérios de seleção e

contratação (leis n°. 8.112/90, n° 11.091/05 e legislação complementar).

Referência avaliação do desempenho do trabalho: através da Comissão

Própria de Avaliação, menção a necessidade de revisão da metodologia

utilizada no sistema de Avaliação de Desempenho dos Servidores, incluindo o

estágio probatório.

Referências a carreira e suas oportunidades: através do Incentivo a

Qualificação Profissional, do Regulamento do Programa Institucional de

Qualificação do IF-SERTAO(2013) e do Plano de Carreira (Plano de Carreira

dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação - PCCTAE, criado através

da Lei no 11.091, de 12/01/2005, alterada pelas Leis nº 11.233 de 22/12/2005

e nº 12.772 de 28/12/2012 e regulamentado pelos Decretos nº 5.824 e 5.825,

de 29/06/2006) e no Regime de trabalho (Decreto-Lei nº 1.445/76, art. 16 -

Decreto-Lei nº972/69, art. 9º. Lei nº 9.436/97, art. 1º. Lei nº 9.436/97, art. 1º.

Código NS-909 ou LT-NS 909 PCC/PGPE - 30 horas semanais-Decreto-Lei nº

2.140/84, arts. 5º e 6º).

PLANO ANUAL

DE

CAPACITAÇÃO

Referência ao planejamento de cursos na área de trabalho em equipe e

gestão de conflitos: 04 (2012), 01 (2013) e 03 (2014).

Fonte: dados da pesquisa

O PDI do IF-Sertão faz a descrição dos processos legais por trás de importantes

aspectos da vida funcional dos servidores. Ainda em se tratando do PDI do IF-Sertão, vale

ressaltar que as menções aos aparatos legais que influenciam nessa categoria estão presentes

nos tópicos que descrevem justamente os modelos estratégicos de gestão de pessoas. O Plano

Anual de Capacitação tem, a partir de 2012, oito cursos voltados a essa dimensão,

relacionados com clima e relacionamentos interpessoais.

As entrevistas buscaram reconhecer qual o investimento da organização na autoestima

de seus servidores, situação que exige muito mais do que somente seguir corretamente as

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71

determinações da lei. Os gestores do IF-Sertão apresentaram diferentes posicionamentos na

fala, embora tenham apontado resultados semelhantes na prática. Para um dos entrevistados, a

gestão não reconhece a importância desses fatores no resultado da QVT e na prática não há

esse investimento para a categoria dos técnico-administrativos. Para este respondente, uma

das razões é o fato de que “os gestores que estão na pró-reitoria são professores” e um

possível conflito entre as carreiras proporia investimentos para os docentes, em detrimento

dos técnicos. Por outro lado, o segundo entrevistado visualiza que a gestão reconhece a

importância de reconhecer e valorizar os seus profissionais, embora afirme que haja mais uma

intenção do que uma ação nesse sentido.

Quanto aos documentos consultados na Univasf, a Figura 4 apresenta os principais

registros.

Figura 4 - Principais Registros Encontrados na Univasf

DOCUMENTOS PRINCIPAIS REGISTROS ENCONTRADOS

PDI

Referência aos critérios de recrutamento e seleção: Concurso Público.

Referência a avaliação do desempenho do trabalho: Avaliação pela

Comissão Própria de Avaliação.

Referências à carreira e suas oportunidades: Referência no Programa de

Capacitação e Aperfeiçoamento do Pessoal Técnico-Administrativo (PCA):

Regulamentado pela resolução nº 2/2008 – CONUNI, na promoção do Mestrado

e Doutorado Interinstitucional.

CARTA DE

SERVIÇOS

Referência aos critérios de recrutamento e seleção: Concurso público para

técnico-administrativo em educação: Lei nº 8.112/90; Decreto nº 6.944/2009;

Lei nº 11.091/2009; Portaria MEC nº 243, de 03/03/2011.

Referência a avaliação do desempenho do trabalho: Estágio Probatório: Art.

20 da Lei nº 8.112/90 e Orientação Normativa nº 01/2008 (TAE)

Referências à carreira e suas oportunidades: Progressão por mérito

profissional: Lei nº 11.091/2005, Progressão por capacitação: Lei nº

11.091/2005, Incentivo à qualificação: Lei nº 11.091/2005 e Afastamento para

pós-graduação: Artigo 96-A da Lei nº 8.112/1990. Cabe ao Departamento de

Normas prestar auxílio técnico no acompanhamento da legislação referente aos

planos de carreiras.

Referências ao Departamento de Desenvolvimento de Pessoas como setor

responsável por desenvolver e coordenar programas e projetos relacionados ao

desenvolvimento de pessoas da Univasf de forma sistêmica e estratégica, em

conformidade com a legislação vigente e suas atualizações.

PLANO ANUAL

DE

CAPACITAÇÃO

Referência ao planejamento de cursos na área de trabalho em equipe,

autoestima e gestão de conflitos: 02 (2010), 03 (2011), 02 (2012), 03 (2013) e

01 (2014).

RELATÓRIOS

DO

SETOR

Referência ao Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão em

Organização Públicas

Referência aos projetos executados

Projeto Escuta-Ação

Fonte: dados da pesquisa

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72

O PDI e a Carta de Serviço apresentam algumas descrições sobre como funcionam os

mecanismos administrativos que interferem sobre a carreira do servidor. Na carta estão

descritos os processos administrativos adotados pelo setor em suas rotinas funcionais, as

normativas legais e as resoluções internas desenvolvidas com a participação representativa de

todas as categorias pelo órgão mais importante da instituição, o Conselho Universitário.

Quanto aos projetos, apenas um se insere nessa dimensão. No que tange ao PAC, foram

planejados 11 cursos e ocorreram nove. Destaque para o Programa de Pós-Graduação Lato

Sensu em Gestão em Organizações Públicas. Este, além de funcionar com uma ação de

incentivo ao desenvolvimento na carreira, implica em melhorias diretas na carreira. Em

virtude disso, também cabe a essa dimensão a ação da Coordenação de Capacitação e

Desempenho em propiciar Bolsas de Incentivo Funcional, a partir do ano de 2013, que

auxiliam com um valor determinado em edital, aqueles que estejam cursando algum curso de

formação profissional à distância e participem do processo seletivo.

O PAC também tem sido utilizado como uma ferramenta para proporcionar cursos que

auxiliem na eliminação de situações que propiciam o mal-estar no ambiente de trabalho, como

aqueles relacionados ao clima organizacional e os relacionamentos interpessoais.

Vejo também que a equipe de capacitação que trabalha na SGP, ela tem feito

alguns trabalhos, gerenciamento de conflitos, relações interpessoais, tivemos

cursos de coach, gerenciamento de tempo, mas ainda acredito que ficam

ações soltas, não possuem continuidade. (GU1)

O confronto dos modelos nas duas instituições demonstra que no serviço público as

amarrações legais que norteiam a carreira dos servidores se impõem sobre as demais práticas

de gestão. Como descrito na literatura, embora haja uma legislação específica no serviço

público para orientar a administração, as questões de QVT precisam estar transversalmente

presentes no planejamento e execução dessas atividades, o que nem sempre ocorre, porque

implicam em um investimento financeiro, grande compromisso e esforço gerencial para

empreender as mudanças necessárias na cultura e na estrutura das organizações (ABBAD,

2013).

Em uma investigação realizada por Arellano (2008), apenas 6% das organizações

investigadas propunham ações de ordem psicológica, embora ocorressem melhoras nesse

sentido, por exemplo, no clima organizacional. O resultado atual parece indicar que nestes

contextos ocorre um maior investimento nesta categoria, sugerindo um amadurecimento da

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73

temática, embora os registros feitos indiquem mais esforço por parte da Univasf do que do IF-

Sertão.

4.3. Dimensão Social

A dimensão social considera as ações da organização que proporcionam a formação de

grupos sociais, ampliando o compartilhamento de crenças e valores. As ações podem ser

direcionadas ao esporte, cultura e lazer, integração organização-família, programa de

preparação para a aposentadoria, orientação ao uso de crédito, consumo e atividades

comunitárias e de responsabilidade social (LIMONGI-FRANÇA, 2013).

Assim, tem-se os seguintes resultados na Figura 5.

Figura 5 - Principais Registros Encontrados no IF-Sertão

DOCUMENTOS REGISTROS ENCONTRADOS

PDI

Referências a Responsabilidade Comunitária e Social: Missão Institucional:

Promover o desenvolvimento regional sustentável, com foco na ciência e

tecnologia, por meio do Ensino, Pesquisa e Extensão, formando pessoas capazes

de transformar a sociedade.

Referências a programas de aposentadoria: meta da DGP.

PLANO ANUAL

DE

CAPACITAÇÃO

Referências a um curso sobre responsabilidade socioambiental: 01 (2013)

PROJETOS Projeto Integrar.

Fonte: dados da pesquisa

O PDI destaca apenas a sua missão, que exige um envolvimento com a sociedade na

execução de seu trabalho, e a instalação de um programa de aposentadoria como meta da

DGP. O PAC só descreve uma única ação nesse sentido, assim como só há um projeto,

desenvolvido em parceria com a Univasf e dedicado a integrar as duas instituições.

As entrevistas pontuam a existência de grupos sociais, mas não incentivadas pela

gestão de pessoas ou relacionadas com a QVT, como esclarece o seguinte trecho da

entrevista: “existem alguns projetos, algumas pessoas, alguns professores que fazem

pesquisa, extensão, mas aí eles recebem por isso”. Um dos gestores chama a atenção para a

descontinuidade de alguns trabalhos desenvolvidos nessa área e que antes contavam com o

incentivo do governo, através de verbas direcionadas para tanto, mas suspensas há

aproximadamente dois anos.

No que tange a Univasf, para esta categoria, a Figura 6 descreve os achados.

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Figura 6 - Principais Registros Encontrados na Univasf

DOCUMENTOS REGISTROS ENCONTRADOS

PDI

Referências a Responsabilidade Comunitária e Social: Referências na

missão institucional, no papel social dos servidores técnico-administrativos nos

itens dos Princípios da Responsabilidade Social da Univasf, de Política de

Extensão da Univasf e no desenvolvimento das atividades práticas.

PLANO ANUAL

DE

CAPACITAÇÃO

Referências ao planejamento de cursos que reforçam vínculos entre

grupos externos e internos: 02 (2012), 01 (2013) e 02 (2014).

RELATÓRIOS

DO

SETOR

Projeto Sementes do Bem

Projeto Integrar

Referência aos cursos executados.

Fonte: dados da pesquisa

O PDI da Univasf destaca apenas a responsabilidade dos servidores no

desenvolvimento do semiárido nordestino, expresso através de sua missão e apresentando em

outras descrições do texto. O PAC já contempla algumas ações nesse sentido, a partir de

2012, como no caso da ação de Inclusão e Acessibilidade referente ao programa de

Desenvolvimento de Pessoal no âmbito das ações que envolvem a relação entre Pessoa,

Família e Sociedade.

A entrevista com o gestor da Univasf faz referência à contribuição dos setores ligados

à pesquisa e extensão no fomento e desenvolvimento de ações que impactam na vida social do

servidor, e destaca a existência do Fórum dos Servidores Técnico-Administrativos que acaba

agregando a categoria em torno do debate de temas comuns à carreira.

Nessa dimensão, foi encontrado o menor número de ações da Gestão de Pessoas nas

duas instituições. A missão das duas instituições no Semiárido Nordestino Brasileiro foi uma

iniciativa de fomento ao crescimento regional e essa intenção deve conduzi-las a uma postura

de envolvimento e responsabilidade social na execução de seu trabalho.

A observação desta categoria colabora com os achados de Oliveira et al. (2013) que

investigaram o grau de satisfação de professores dos Institutos Federais do país com a QVT,

utilizando as mesmas variáveis do modelo biopsicossocial e organizacional, e constataram

que a dimensão social foi a que apresentou o menor índice de satisfação. Na conclusão da

pesquisa, os autores pontuaram a necessidade de uma política de gestão que reforçasse alguns

dos aspectos dessa dimensão, como ações que fortalecessem benefícios e apoio familiar e

comunitário no grupo.

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4.4. Dimensão Organizacional

A dimensão organizacional considera as ações da organização que reforçam os

vínculos de trabalho dentro da instituição e estão voltadas para a imagem da organização, as

políticas e as rotinas. Inserem-se aí ações de valorização do servidor e imagem do governo,

participação em eventos e treinamento profissional, melhorias nos processos de trabalho e

novas tecnologias, oportunidades de participação em comitês de decisão e melhoria dos

procedimentos administrativos, visando a redução burocrática (LIMONGI-FRANÇA, 2013).

A Figura 7 descreve os achados do IF-Sertão:

Figura 7 - Principais Registros Encontrados no IF-Sertão

DOCUMENTOS PRINCIPAIS REGISTROS ENCONTRADOS

PDI

Referências a valorização do servidor: em todos os objetivos estratégicos da

DGP.

Referência a participação em eventos e em treinamentos: através da Rede

e-TEC, do Plano de Capacitação e Qualificação.

Referência a oportunidades de participação em comitês de decisão:

participação no Conselho Superior Universitário, na Comissão Interna de

Supervisão da Carreira dos Técnico- Administrativos em Educação e na

Comissão Própria de Avaliação.

Referências às melhorias nos processos de trabalho e novas tecnologias: nos objetivos estratégicos de todas as pró-reitorias.

PLANO ANUAL

DE

CAPACITAÇÃO

Referências ao planejamento de cursos de treinamento e desenvolvimento

profissional: 10 (2011), 11 (2012), 31 (2013) e 17 (2014).

Fonte: dados da pesquisa

O PDI corresponde, de certa maneira, a um documento que visa o aperfeiçoamento da

organização e dos atos necessários para tanto, traçando objetivos a serem alcançados, em um

determinado período de tempo, a fim de que os serviços estejam sempre em constante

progresso. Essa categoria está bem contemplada no IF-Sertão, assim como na quantidade de

cursos ofertados pelo PAC. PDI e PAC refletem demandas de melhorias feitas pelos

servidores, como dito por um entrevistado. No entanto, na prática há um descumprimento das

intenções documentadas e isso já afeta a satisfação dos servidores, como constatado na

seguinte fala:

Na verdade, a cobrança é essa por parte dos servidores, principalmente aqui

na diretoria, é nesse investimento para desenvolver a qualidade de vida do

servidor. (...). É uma reclamação de quase 100% dos servidores. (GI2)

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76

A ausência de um diálogo entre servidores e gestão pode influenciar negativamente na

proposição de melhorias. Na tentativa de perceber como a instituição está trabalhando a

temática, foi questionado aos entrevistados se gestão e servidores compartilham da mesma

compreensão sobre o que seria QVT. A resposta, compartilhada pelos dois entrevistados do

IF-Sertão é que não há esse alinhamento, embora curiosamente eles discordem quanto à

ausência ou não do debate na instituição. Para um deles, o tema é amplamente debatido “em

quase todos os conselhos de dirigentes da instituição” enquanto que para o outro, esse

processo não acontece.

Nas entrevistas no IF-Sertão foi questionado se há o cuidado, por parte da instituição,

em construir uma imagem favorável junto ao servidor. Os dois entrevistados não identificam

esse investimento.

A pesquisa documental na Univasf levou aos seguintes achados (Figura 8):

Figura 8 - Principais Registros Encontrados na Univasf

DOCUMENTOS PRINCIPAIS REGISTROS ENCONTRADOS

PDI

Referências a valorização do servidor: encontradas no item de Políticas de

Ensino.

Referência a oportunidades de participação em comitês de decisão:

participação na Comissão Própria de Avaliação.

CARTA DE

SERVIÇO

Referência a participação em eventos e em treinamentos: direito ao

afastamento para pós-graduação.

PLANO ANUAL

DE

CAPACITAÇÃO

Referências ao planejamento de cursos de treinamento e desenvolvimento

profissional: 07 (2010), 08 (2011), 06 (2012)

18 (2013) e 29 (2014).

RELATÓRIOS DO

SETOR

Referência a participação em eventos e em treinamentos: Participação da

Equipe Multiprofissional em Saúde no curso “Diagnóstico, Política e

Programa de QVT como Instrumentos para a promoção à Saúde e Segurança

na Administração Pública Federal”

Referência aos cursos executados.

Fonte: dados da pesquisa

O documento da Univasf também destaca a escolha estratégica da instituição na

valorização do servidor. Em um dos trechos do PDI, a QV e a valorização do ser humano são

citadas como condições a serem perseguidas pela instituição, mas não contemplam muitas

informações que preencham essa categoria.

No que concerne ao PAC, essa categoria é aquela que mais apresenta cursos na área de

treinamento. Ao falar do PAC, é importante considerar que, embora ele esteja atrelado à

progressão funcional e implique em ganhos salariais para a categoria profissional estudada,

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ele objetiva principalmente oportunizar aos servidores aperfeiçoamento profissional a partir

da demanda expressa pelos setores da universidade, visando impactar positivamente nos

resultados organizacionais. Desta forma, embora ele tenha sido desmembrado nas demais

categorias, o PAC, em razão do seu objetivo geral, cabe nesta dimensão. Deve-se acrescentar

que, como no IF-Sertão, os cursos são resultados de demandas dos próprios servidores,

realizado anualmente, pelo Levantamento Anual de Capacitação e sugestões retiradas do

Programa de Avaliação e Desenvolvimento.

Quanto aos relatórios, destaca-se o curso de capacitação e a tentativa nos anos de

2012, 2013 e 2014 da execução de um diagnóstico da QVT dentro da instituição. As

entrevistas esclarecem que a realização desse inventário implicaria em altos custos, não

cobertos com o orçamento disponível e, portanto, não ocorreram.

As entrevistas trazem a oportunidade de fazer um link entre o que é documentado e

aquilo que é posto na realidade do servidor. Dessa forma, para os gestores entrevistados o que

está escrito faz parte de um debate da gestão, mas a prática se distancia um pouco.

Eu sempre vejo nos debates institucionais Qualidade de Vida no Trabalho

como um dos alicerces da instituição, mas acho que está precisando sair do

discurso e colocar em prática, em construir. Como é que vai chegar a esse

objetivo de ter um programa em Qualidade de Vida no Trabalho? (GU1)

Em contraponto à instituição do IF-Sertão, os gestores da Univasf veem um esforço

claro da instituição em tornar a gestão mais participativa e ter melhores resultados quanto à

sua imagem. Para um dos gestores “ (...) houve uma melhora com a última gestão, eu sinto

que os servidores têm participado das discussões e decisões (...)”.

Ao confrontar a análise documental entre as instituições, encontrou-se um

considerável número de registros, mas insuficientes na opinião de todos os gestores. No IF-

Sertão, os gestores atribuem a insuficiência a uma desarticulação interna entre a alta gestão e

o setor de gestão de pessoas, agravada nos últimos dois anos, devido às complicações

ocorridas na eleição para reitor, que resultou em anulação e sugestão de novas eleições pelo

Ministério da Educação. Até a realização dessa pesquisa, o cargo era ocupado por um reitor

pro tempore. Para a Univasf, os avanços são notados, mas a descontinuidade das ações

planejadas e a presença da temática ainda em planos secundários na instituição dificultam, por

exemplo, a criação de um programa. Em grande parte, isso ocorre porque a temática ainda não

foi compreendida como um tema transversal às práticas administrativas da instituição, sendo

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suplantadas pela persistente natureza das práticas burocráticas comuns às muitas instituições

públicas do país.

Esses achados corroboram os resultados encontrados por Ferreira, Alves e Tostes

(2009) que perceberam um desalinhamento entre os investimentos das organizações públicas

em QVT com as necessidades de seus servidores. Assim, sugeriram que estudos

identificassem se esse descompasso estava presente em outros órgãos brasileiros. A

observação dos dados dessa dimensão indica a existência desse descompasso, mas apontam

para causas como a desarticulação entre as diferentes instâncias da gestão que não dialogam

ou priorizam a QVT da mesma forma.

5. Considerações Finais

Alguns pressupostos nortearam a busca pela realização do objetivo principal

propostos para este estudo de identificar as práticas desenvolvidas pela Gestão de Pessoas

relacionadas à Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) em duas instituições federais de ensino,

confrontando essas duas realidades. O primeiro deles auxiliou na identificação de que as

práticas executadas em QVT, pelo setor de Gestão de Pessoas, atendem a objetivos

estratégicos apenas no IF-Sertão, já que existe a identificação de registros sobre a QVT no

PDI, citando as metas do setor de Gestão de Pessoas. Ao contrário, na Univasf, não cabem

registros no documento estratégico da instituição.

O segundo pressuposto é confirmado. Não existem programas em QVT nas

instituições. Nas duas instituições o tema ainda se manifesta timidamente, sendo mais

representativo na dimensão biológica, em virtude de serem os setores de saúde da gestão de

pessoas aqueles que mais investem ou se dedicam à temática. Ferreira et al. (2009) em seu

estudo sobre os desafios, dúvidas e expectativas dos gestores brasileiros com a implantação de

um programa em QVT, reforçam a necessidades de estudos científicos que iluminem o

conhecimento, por parte dos gestores, acerca de programas em QVT com foco preventivo.

O terceiro pressuposto também é confirmado, já que identifica, nas duas instituições,

um impacto da PASS no que tange o trabalho dos gestores ligados à área de saúde, mas a

política é pouco conhecida, inclusive entre os demais gestores da instituição. Ao contrário, a

PNDP encontra-se mais estabelecida, atinge um número mais expressivo de servidores com

seus cursos e, inclusive, sofre intervenções por parte deles, como no caso da Univasf em que o

levantamento das necessidades de capacitação de cada setor ajuda a formular o PAC.

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A resposta ao objetivo geral desse estudo é que a identificação das práticas, nas duas

instituições, levou à compreensão de que a QVT acontece ainda de forma pontual, sendo uma

temática ainda inicial e pouco resolutiva, como afirmam os gestores na entrevista. A

comparação entre as instituições observou cenários parecidos no que tange as dificuldades

para a inserção da QVT nas instituições, mas houveram percepções mais positivas quanto aos

avanços e melhorias nessa área por parte dos gestores da Univasf, em relação aos do IF-

Sertão. Em se tratando disso, deve-se considerar que o modelo de gestão está sujeito a feições

diferentes no setor público e no privado. Como posto por Amorim (2010), algumas

características presentes no serviço público podem servir como entraves à atuação do gestor,

como as questões burocráticas, as amarras legais, as limitações orçamentárias, os jogos

políticos, entre outros.

Porém, a temática já se inseriu nessas organizações, sendo pertinentes algumas

recomendações: a necessidade de um reconhecimento amplo, por parte da administração,

sobre os benefícios de uma instituição que prioriza práticas promotoras de bem-estar,

alinhando a QVT as estratégias organizacionais. Além disso, deve-se incentivar e capacitar os

gestores para uma gestão criativa e participativa, a fim de uma atuação menos operacional e

mais estratégica. Pelo exposto, sugerem-se estudos que aprofundem o conhecimento sobre as

barreiras encontradas pela administração pública na promoção da QVT aos servidores e

clarifiquem os benefícios do investimento nessa área que contemplem ao máximo as

dimensões estudadas.

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Qualidade de Vida no Trabalho: percepções dos servidores técnico-administrativos em

duas instituições federais de ensino

1. Introdução

A história e a paleontologia dão inúmeras provas de que, desde o início das

civilizações, o ser humano preocupou-se em construir artefatos, ferramentas e métodos que

intervissem na sua relação com o trabalho, garantindo melhorias na produtividade e

diminuição dos desgastes decorrentes dessa relação, tornando, assim, mais amena a sua luta

pela sobrevivência. Na Revolução Industrial, observam-se mais investimentos em

compreender e intervir nas relações provenientes do trabalho, porém, desta feita emerge o viés

científico, destacando-se o interesse em estudar os impactos das condições de trabalho sobre a

produção e a moral dos trabalhadores. Segue-se um gradativo aumento da atenção por essa

área, por parte da pesquisa e do mercado, no decorrer da história (SANTA’ANNA;

KILIMNIK; MORAES, 2011).

Nas últimas décadas, o interesse pelas melhorias no contexto do trabalho vem sendo

expressa através do investimento em Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), tanto pelas

organizações quanto pela ciência. O interesse no tema emergiu na década de 1970,

objetivando melhorias no desempenho das pessoas e nos efeitos do trabalho sobre a saúde e o

bem-estar dos trabalhadores (AMORIM, 2010).

Todavia, a busca por uma definição sobre QVT, através da observação da produção

literária na área, demonstra que a conceituação desta temática perpassa por diversas

explicações, assumindo-se, atualmente, como um conceito multifatorial, em virtude de sua

natureza multidisciplinar e em constante reformulação. É consensual, no entanto, que o

interesse em QVT reflete a busca pela maior humanização do trabalho (ALFENAS; RUIZ,

2015).

No Brasil, em se tratando do interesse científico na área, o estudo de Batista, Antunes

e Iizuka (2012) delineia traços pertencentes ao cenário, após a análise da produção acadêmica

presente nos Encontros da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em

Administração (ANPAD), nos anos de 2001 a 2011. Neste estudo, eles verificaram que,

embora haja um nível de interesse crescente na temática QVT e a mesma estivesse presente na

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preocupação de pesquisadores, a produção acadêmica ainda não alcançou um nível suficiente

para dar robustez e autonomia à área.

Este estudo foca em um contexto específico da realidade brasileira: o serviço público.

Alfenas e Ruiz (2015) realizaram uma revisão da literatura sobre QVT na administração

pública brasileira, no período de 2007 a 2013, e concluíram uma regularidade produtiva com

um total de 24 publicações e 65 diferentes autores e co-autores identificados. Mas também

reforçam que não existe um desenvolvimento científico avançado e destacam a importância

de novos estudos para ampliação desse cenário. Outro dado revelado pelos autores e que se

torna relevante para essa pesquisa é a predominância de estudos na esfera federal, na região

sudeste do país e com a categoria docente, reforçando a importância da ampliação desse leque

investigativo na administração pública.

Amorim (2010) buscou conhecer os pressupostos sobre a percepção dos servidores

públicos sobre QVT, no Ministério Público do Estado de Pernambuco e sugeriu que fossem

realizadas novas pesquisas em diferentes realidades organizacionais públicas, ampliando a

análise sobre a temática e as principais variáveis que interferem na QVT do servidor público.

Salientou-se que o tema ainda se destaca como de maior interesse para a organização privada

de grande porte do que nas instituições públicas.

No que tange a categoria dos técnico-administrativos em educação, pesquisas como a

de Freitas, Souza e Quintella (2013) e Pinto, Boas e Pereira (2013) observaram aspectos

críticos e de insatisfação que incidiam sobre a QVT desses servidores, destacando a

importância de novos estudos em outras instituições. O segundo estudo ainda ressalta a

importância da adoção de modelos nacionais.

Assim, diante da importância da temática no contexto organizacional apresentado e da

necessidade de mais estudos de QVT no setor público citados anteriormente, esse estudo

objetivou identificar a satisfação com a QVT dos servidores técnico-administrativos de duas

instituições públicas de ensino do nordeste brasileiro, a Universidade Federal do Vale do São

Francisco (Univasf) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão

Pernambucano (aqui retratado como IF-Sertão) e confrontar a percepção dos servidores com

as práticas da área de Gestão de Pessoas quanto à Qualidade de Vida no Trabalho.

Para tanto, esse artigo apresenta um referencial teórico com uma breve

contextualização do tema e da abordagem teórica eleita, um capítulo para os procedimentos

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metodológicos que explicam a condução da pesquisa, a apresentação e discussão dos

resultados e, por fim, as conclusões e as recomendações de estudos futuros.

2. Qualidade de Vida no Trabalho no contexto brasileiro

Para Batista, Antunes e Iizuka (2012) o contexto de emergência da Qualidade de Vida

no Trabalho é defendido por duas correntes teóricas. A primeira, e a mais adotada pelos

estudiosos da área, acredita que a QVT foi motivada como uma resposta ao modelo taylorista-

fordista e os exageros cometidos contra o trabalhador. A segunda, por sua vez, acredita que

esse interesse surgiu a partir da constatação dos estudos de Elton Mayo, em Hawthorne, na

década de 1920, de aspectos subjetivos na produtividade.

Os interesses acerca da QVT resultaram no cenário atual, onde o tema suscita uma

crescente atenção, mostrando a sua relevância como poderosa ferramenta da gestão de pessoas

para que as vivências profissionais sejam experienciadas com qualidade. Se inicialmente a

temática focalizava em aspectos relativos à saúde e ao bem-estar do servidor, hoje se

caracteriza por posicionar-se estrategicamente no mercado como um diferencial que impacte

na competitividade (SÁ; VIANNA; OLIVEIRA, 2008).

O aumento da produção acadêmica serve como insumo à implantação das melhorias

pretendidas. Batista, Antunes e Iizuka (2012) destacam que, na literatura brasileira, os

primeiros esforços acadêmicos nessa área ocorreram há aproximadamente duas décadas com

os estudos de Eda Fernandes. No levantamento de trabalhos científicos realizado por esses

autores, dois nomes se destacam com os mais adotados nas pesquisas do país, sendo um autor

estrangeiro e outro brasileiro, respectivamente: Richard E. Walton e Ana Cristina Limongi-

França.

Walton (1973 apud AMORIM, 2010) foi um dos pioneiros nos trabalhos nessa área e

o seu modelo teórico tornou-se bastante influente nos estudos da área. Nele estão presentes

oitos fatores que seriam responsáveis por influenciar expressivamente a QVT e a satisfação

dos servidores no ambiente de trabalho: remuneração, condições de trabalho, uso e

desenvolvimento de capacidades, oportunidades de crescimento profissional, integração social

na organização, direitos na instituição, equilíbrio trabalho e vida e relevância do trabalho.

Limongi-França (1996) propôs um modelo considerado abrangente e integrador,

responsável por avaliar QVT a partir de quatro dimensões: biológica, psicológica, social e

organizacional (BPSO). Biopsicossocial é um conceito oriundo da medicina psicossomática

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que orienta uma visão integrada, holística do ser humano em oposição à visão cartesiana

fragmentada (LIMONGI-FRANÇA, 2013). O constructo organizacional é adicionado pela

autora e é responsável em avaliar a QVT a partir do contexto da organização. No presente

estudo, o modelo BPSO foi eleito para o desenvolvimento dos trabalhos, priorizando-se um

modelo nacional.

O desenvolvimento dos estudos acadêmicos permite considerar que, no geral, QVT é

encarada como um conjunto de ações da gestão de pessoas que atuam sobre aspectos

influentes de uma produtividade saudável: motivação, desenvolvimento humano e bem-estar

pessoal e organizacional.

Em se tratando da ação da gestão de pessoas no serviço público brasileiro, Amorim

(2010) indica uma insuficiência das práticas em QVT, embora o interesse na temática tenha

sido maior nos últimos anos. Ocorre por parte dos gestores a identificação de que a adoção da

QVT pela gestão pública pode auxiliar a sanar lacunas referentes à preocupação com o bem-

estar dos servidores públicos. Mas é importante frisar que ainda existem muitas incertezas por

parte da gestão de pessoas quanto às responsabilidades que devem ser assumidas no âmbito

das instituições no campo da QVT.

Ferreira et al. (2009), em um trabalho de natureza qualitativa realizado com gestores

de um órgão público federal brasileiro que participaram da implementação de um Programa

em Qualidade de Vida no Trabalho, identificaram os três principais desafios, dúvidas e

expectativas implicados nesse processo. Os desafios diziam respeito à necessidade de

melhorar a QVT dos servidores públicos, conseguir que os servidores adiram aos programas

de QVT e combinar QVT e produtividade. As dúvidas estavam em qual o papel dos gestores

com relação à QVT, quais eram os objetivos/premissas do programa e se o mesmo teria

continuidade. As expectativas eram melhorar a QVT dos servidores, o desempenho da

organização e, por fim, desenvolver ações e práticas nesse sentido.

Por fim, estudos como o de Ferreira, Alves e Tostes (2009) reforçam a importância de

pesquisas em torno da QVT dos servidores públicos. Os autores são responsáveis por um

estudo com uso de técnicas quantitativas e qualitativas, realizado em dez órgãos públicos

federais no Brasil, que objetivou caracterizar a QVT a partir da percepção dos gestores. O que

se identificou foi um desalinhamento entre os problemas encontrados e as práticas de QVT

existentes. Esse desajuste desconsiderava aspectos como a importância de adequação do

trabalho às necessidades do servidor, a promoção do bem-estar não somente como um

fomento à produtividade e a ineficácia do desenvolvimento de ações assistencialistas, reativas

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e que não atendiam aos problemas existentes. Conclusões assim fortalecem a importância de

estudos que auxiliem nas demandas da gestão e sua necessidade de pensar e repensar suas

estruturas de atuação, além de consolidar a importância de que toda ação que pretende

humanizar as relações de trabalho também precisa incluir os servidores que terão ganhos reais

da implementação de um programa de QVT, criando mecanismos que substanciem as

possibilidades de acertos em promover a satisfação no trabalho.

Para Oliveira (2011), todos os conceitos de QVT estão ligados, de uma forma geral,

com a satisfação no trabalho, desde as primeiras pesquisas nessas áreas, o que gerou uma

profusão de definições acerca do tema. Morin et al. (2011) ressaltam que as consequências da

satisfação no trabalho são de suma importância para as organizações, em termos das

implicações sobre diversas variáveis (eficiência, produtividade, qualidade das relações de

trabalho, entre outras), como em nível individual, em seus possíveis impactos sobre a saúde e

bem-estar dos trabalhadores.

Em seu artigo sobre os paradigmas da QVT, Ahamad (2013, p.73) descreve que

“Pesquisas sobre QVT sugerem que existem diferentes relações entre a satisfação com a vida

de trabalho e, por exemplo, o envolvimento dos funcionários, e compromisso com a

atividade”. Dentre as dimensões descritas por ele em comum com a QVT está a satisfação (as

demais são: saúde e segurança, segurança no trabalho, estresse ocupacional, ambiente de

trabalho, equilíbrio na vida de trabalho e relações humanas). Para o autor, a satisfação no

trabalho é a atitude positiva multidimensional de um funcionário em relação à situação de

trabalho e que implica em um aumento na QVT. No entanto, a percepção de satisfação inclui

um aparato subjetivo para seu julgamento e pode ser influenciado por diferentes aspectos dos

vivenciados no trabalho. O destaque aqui é que um bom setor de gestão de pessoas orienta

para um trabalho que seja produtivo e gere satisfação; daí, que a QVT está se tornando uma

ferramenta de gestão de pessoas fundamental para as organizações.

Nesse sentido, o modelo desenvolvido por Limongi-França (1996), por ter um

embasamento biopsicossocial e organizacional, demonstrou um caráter mais integralista,

estreitando a relação gestão empresarial e Qualidade de Vida, e destacando o caráter

individual da autopercepção do trabalhador sobre aquilo que a gestão oferece e ele percebe

como satisfatório. A escolha desse modelo foi precedida de um levantamento dos trabalhos

publicados no Brasil que tivessem utilizado a abordagem biopsicossocial e organizacional. As

buscas foram realizadas nas plataformas Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL),

Google Acadêmico, nos Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic) e no Scientific

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Electronic Library Online (SciELO) e utilizaram como descritores “biopsicossocial e

organizacional”, “BPSO-96” e “BPSO” . Foram encontrados 16 artigos e, destes, nove foram

estudos realizados em instituições públicas brasileiras. Isto posto, almeja-se que esse estudo

contribua para uma ampliação do conhecimento da área acadêmica nesta temática e influencie

ao debate e a aplicação da QVT na administração pública.

3. Procedimentos metodológicos

Trata-se de uma pesquisa descritiva, assim definida porque almejou descrever

diferentes aspectos constituintes da temática QVT no contexto das instituições estudadas

(HAIR JR et al., 2005).

Realizou-se uma pesquisa survey como técnica predominantemente quantitativa, junto

com a entrevista semiestruturada, uma técnica complementar de coleta de natureza qualitativa,

no intuito de enriquecer os dados coletados. Trata-se, portanto, de uma pesquisa

fundamentalmente quantitativa, com dados qualitativos complementares.

3.1. Instrumentos de coleta de dados

O questionário aplicado foi baseado na parte dois do instrumento constituinte do

protocolo BPSO. Consistia em 32 itens, responsáveis por avaliar a satisfação dos funcionários

com a QVT, dispostos em cinco dimensões: biológica (DB), psicológica (DP), social (DS),

organizacional (DO) e a opinião pessoal (DOP). Esta última, originalmente pertencente à

parte responsável pela autoavaliação da satisfação com o estado de bem-estar pessoal, foi

somada aos demais fatores. Utilizou-se, conforme escala original de Limongi-França (1996),

escala Likert de zero (insatisfação total) a dez (satisfação total), sendo, portanto, o valor

neutro representado pelo número cinco. O instrumento original continha ainda o item ‘Não

existe na instituição de ensino’ (N/T). Após consulta na literatura da área e constatação de que

o instrumento possuía variáveis que não se adequavam ao contexto do estudo, realizaram-se

alterações no mesmo. Um pré-teste foi realizado com seis servidores, três de cada instituição,

resultando em sugestões de melhorias na forma e na estrutura, sem implicações nos conteúdos

apresentados.

Além disso, constavam no instrumento três questões qualitativas que buscavam saber:

até cinco ações em QVT ausentes na instituição; a escolha de três palavras, por ordem de

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importância, dentre as dispostas no instrumento, que expressassem o significado de QVT e; se

era possível identificar melhorias em QVT na instituição - caso houvesse, que fosse

mencionada (s) qual (is). Também fizeram parte do questionário questões sobre dados

sociodemográficos.

As entrevistas semiestruturadas ocorreram em dois momentos: o primeiro durante a

aplicação dos questionários e o segundo após a análise dos resultados dos servidores. Neste

primeiro momento, interessava investigar as práticas em QVT ofertadas pelos órgãos e

promover algumas comparações. No segundo momento, as entrevistas tiveram como objetivo

a melhor compreensão dos dados quantitativos obtidos juntos aos servidores. Os cargos

entrevistados foram: Superintendente de Gestão de Pessoas da Univasf, o Coordenador da

Atenção à Saúde da Univasf, o Coordenador de Capacitação e Desempenho da Univasf, o

Diretor de Gestão de Pessoas do IF-Sertão e o Coordenador de Assistência à Saúde do

Servidor do IF-Sertão.

3.2. Procedimentos de análise

Para análise da validade do conteúdo da escala, utilizou-se a Análise Fatorial

Exploratória (AFE) e Análise Fatorial Confirmatória (AFC). A análise também contou com

uso de estatística descritiva. Para realização dos cálculos utilizou-se os softwares IBM®

SPSS® Statistics versão 19 (AFE) e o IBM

® SPSS

® Amos versão 24 (AFC). Precedeu a essa

análise o tratamento dos dados com verificação dos outliers. A análise de normalidade foi

realizada através do teste de Kolmogorov-Smirnov (p-value > 5%), e os desvios de

normalidade encontrados indicaram a necessidade do uso de testes não-paramétricos. O

critério de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e o Teste de Esfericidade de Bartlett verificaram a

adequação da amostra para o modelo de análise eleito.

A AFE observa como as variáveis estão relacionadas entre si, identificando padrões de

correlação na formação de fatores (DANCEY; REIDY, 2006). O uso dessa técnica visou a

obtenção de dimensões com um agrupamento de variáveis mais preciso. A análise ocorreu

através da análise dos componentes principais, pelo critério do autovalor, escolhendo apenas

as dimensões com autovalores acima de 1,0, e explicação de variância total dos dados de no

mínimo 60%. Em virtude de se tratar de um instrumento fundamentado em conteúdos das

ciências sociais e a partir da condição teórica de interdependência dos fatores, o método de

rotação PROMAX (Kappa 4) foi eleito, considerando ser esse um método de rotação oblíqua,

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definido por identificar o grau com que cada fator está correlacionado, obtendo fatores

teoricamente significativos e agrupados com maior precisão (HAIR JR et al, 2005). Após essa

etapa, a confiabilidade dos fatores encontrados foi testada com uso do Alpha de Cronbach.

Após a fase exploratória, realizou-se a AFC com o intuito de averiguar se a estrutura

fatorial encontrada seria confirmada. Como posto pela literatura, a AFC objetiva não somente

verificar a estrutura fatorial proposta, como também explorar se quaisquer modificações

significantes são necessárias (HAIR JR et al, 2005)

Para obtenção do escore de satisfação típico desta amostra, foi utilizado o cálculo da

média e desvio padrão. Para verificar as diferenças significativas de opinião entre os

resultados das duas instituições fez-se uso do teste U de Mann-Whitney.

As respostas aos questionamentos da parte qualitativa do instrumento, assim como os

trechos considerados relevantes nas entrevistas foram mantidos como dados complementares

e auxiliaram a confrontar a percepção dos servidores com as práticas da área de gestão de

pessoas quanto à QVT nas duas instituições de ensino. A categorização da análise de

conteúdo desses dados seguiu o modelo BPSO, com o uso das quatro dimensões propostas

pela teoria. Os códigos utilizados na identificação dos respondentes são GU1, GU2, GU3 para

os gestores da Univasf e GI1 e GI2 para os do IF-Sertão.

3.3. Descrição da amostra

Todos os 796 servidores técnicos administrativos das duas instituições foram

convidados a participar da pesquisa, via correio eletrônico, que disponibilizou o link de acesso

ao instrumento. A aplicação do questionário se deu por meio da ferramenta on line Survey

Monkey®

, após aceite do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Ao todo foram 303

questionários preenchidos, e destes, somente 279 preencheram corretamente os dados

pessoais e ocupacionais, quantitativo considerado nas análises descritivas. A amostra

apresentou na variável idade um grupo diverso, com idades entre 19 e 62 anos, com média de

36 anos, desvio padrão de 8,5; e a moda de 29 anos, idade indicada por 21 respondentes. A

variável tempo de serviço na instituição apresenta entre 01 e 29 anos de serviço, com média

de 5,6 anos, com desvio-padrão de 5,5; e moda de 01 ano de tempo de serviço, com 58

respondentes nessa categoria.

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A amostra se constituiu por 55,6% dos respondentes do sexo feminino, 60,2% casados

(as), 58,8% com especialização, 58,4% de servidores da Univasf, 95% em regime de trabalho

de 40 horas semanais e 63,8% de não ocupantes de cargos comissionados.

Cabe destacar que algumas particularidades implicaram em alterações nos valores

amostrais. A ferramenta online utilizada para a coleta de dados foi programada para não

permitir missing values, no entanto, a opção ‘N/T’, mantida em fidedignidade à escala

original, forçou a existência de dados perdidos, já que não se constitui como um valor a ser

considerado para efeitos da análise de satisfação dos servidores com a QVT. Assim, quando

na realização da análise fatorial exploratória, optou-se por assumi-los como missing values e

excluí-los, resultando em 172 respondentes como constituintes desta etapa da análise.

Contudo, a ferramenta utilizada para realização da AFC não permite a existência de missing

values, utilizando-se, alternativamente, a opção de estimar os dados através da média para os

valores N/T assinalados, sendo considerados neste caso, os 303 respondentes iniciais.

4. Apresentação e discussão dos resultados

4.1. Considerações acerca da satisfação com a QVT nas instituições

A Análise Fatorial Exploratória é uma técnica multivariada capaz de reduzir e

sumarizar as variáveis, explicando satisfatoriamente a relação entre elas em torno de fatores

comuns (DANCEY; REIDY, 2006). A realização dessa análise exige alguns pressupostos,

assim, a primeira etapa consistiu em verificar a adequação da amostra para a realização da

análise fatorial. Os critérios constam no Quadro 1, onde se verifica o cumprimento dos

principais pressupostos na análise concluinte.

Quadro 1 - Resultados da adequabilidade da amostra

Nível de Mensuração Critérios* Valores do Estudo

Amostra Razão entre o número de observações e a

quantidade de variáveis igual ou superior a cinco.

N =172

Razão = 9,05.

KMO Mínimo de adequabilidade é maior que 0,6. KMO = 0,9

Teste de Esfericidade de

Bartlett p-value < 0,05 p-value< 0,001.

Fonte: dados da pesquisa

Nota:*Critérios identificados em Hair JR et al. (2005).

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Após seis tentativas, o modelo mais parcimonioso obtido é apresentado na Tabela 1,

com resultado de três fatores e exclusão de 13 variáveis. Nota-se um resultado de 19 variáveis

agrupadas em três fatores que explicam ao todo 60.7% da variância total.

Tabela 1 - Variância total explicada para 19 variáveis de QVT

Dimensões

Eigenvalues iniciais Soma das cargas fatoriais

rotacionadas

Total %

Variância

%

Acumulado Total

%

Variância

%

Acumulado

1 8.704 45.808 45.808 8.704 45.808 45.808

2 1.678 8.833 54.641 1.678 8.833 54.641

3 1.158 6.097 60.738 1.158 6.097 60.738

4 .924 4.864 65.602

Fonte: dados da pesquisa

Procedeu-se a nomenclatura das novas dimensões, levando em consideração que

variáveis com altas cargas em um fator são aquelas mais fortemente relacionadas a ele e,

portanto, devem ser consideradas na hora de nomeá-lo (DANCEY & REIDY, 2006). O

Quadro 2 apresenta o grau de correlação entre as variáveis e as dimensões resultantes, a partir

dos valores de suas cargas fatoriais.

Quadro 2 - Matriz dos fatores rotacionados para as 19 variáveis de QVT

Dimensão 1: Benefícios Advindos dos Vínculos Institucionais

Variáveis

Valor da

Carga

Fatorial

Qualidade de convênios (farmácias, compras, supermercado) .864

Controle dos riscos ergonômicos e ambientais .781

Qualidade dos Programas de Promoção e Prevenção à Saúde .768

Adequação das ações de QVT da sua instituição para as suas necessidades pessoais .739

Imagem da instituição junto aos servidores .670

Forma de avaliação do desempenho do seu trabalho .647

Qualidade dos Planos de Aposentadoria .616

Melhorias nos processos de trabalho e novas tecnologias .545

Dimensão 2: Investimento na Carreira e no Cuidado do Servidor

Variáveis

Valor das

Cargas

Fatoriais

Financiamentos para cursos externos (faculdade, inglês, cursos técnicos,

profissionalizantes, etc.) .924

Oportunidades de participar de comitês de decisão .783

Oportunidade de carreira .730

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90

(continuação)

Fonte: dados da pesquisa.

As dimensões apresentadas foram submetidas à análise da confiabilidade pelo método

da consistência interna, utilizando-se o coeficiente de alfa de Cronbach. O limite inferior de

aceitabilidade mínimo está entre 0,60 e 0,70, segundo Hair JR et al. (2005) ou superior a 0,7

como sugerido por Nunnally e Bernstein (1994). Neste estudo, os três fatores formam três

subescalas precisas com valores de α = 0,898 (Dimensão 1), α = 0,831 (Dimensão 2) e α =

0,857 (Dimensão 3).

Terminada a fase exploratória, efetuou-se a análise confirmatória. O modelo apresenta

índices de ajuste satisfatórios, com exceção do Índice de Ajuste Normado (NFI) que está

próximo ao aceitável, adotando-se esse resultado para realização da análise. Cabe considerar

que as melhorias possíveis para esse valor, sugeridas no item índices de modificações, não

puderam ser realizadas em razão do software não aceitar a existência de banco de dados com

missing values, dados esses com sua existência forçada em razão do item N/T da escala

original. Os índices de ajuste obtidos constam na Tabela 2.

Tabela 2 - Resultados das medidas de ajuste para o modelo estrutural

Índice de Ajuste Valor Meta*

Índice de Ajuste Comparativo (CFI) 0,91 0 – 1

Raiz do erro quadrático médio de aproximação

(RMSEA)

0,078 < 0,08

Índice de Ajuste Normado (NFI) 0,87 > 0,90

Fonte: dados da pesquisa

Nota: *Hair et al (2005).

Oportunidade de treinamento e desenvolvimento profissional .623

Atendimento às rotinas de pessoal (registro, pagamentos, documentos, etc.) .605

Forma de organização dos servidores (associações, conselhos, sindicatos) .469

Atendimento do convênio médico

.408

Dimensão 3: Relações Socioprofissionais no Trabalho

Variáveis

Valor das

Cargas

Fatoriais

Clima de camaradagem entre as pessoas .999

Integração e Cooperação entre setores .953

Relações hierárquicas do meu trabalho .665

Ausência de interferência na vida pessoal .596

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A análise geral dos índices de adequação indica a possibilidade de melhora dessa

escala, no entanto, de forma geral pode-se dizer que a estrutura latente do construto foi

confirmada, conforme Figura 1.

Figura 1 - Resultado da análise fatorial confirmatória

Fonte: dados da pesquisa

Notas: DS2 a DP6- Itens do instrumento BPSO-96 (ver Figura 6).

Fator 1: Benefícios Advindos dos Vínculos Institucionais.

Fator 2: Investimento na Carreira e no Cuidado do Servidor.

Fator 3: Relações Socioprofissionais no Trabalho.

O resultado das análises fatoriais não apresentou a mesma estrutura concebida pela

Limongi-França (1996). No intuito de comparação do modelo encontrado, buscou-se entre os

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16 artigos levantados no estado da arte com instrumentos baseados no modelo adotado nesta

pesquisa, estudos que realizaram análise fatorial, mas não houve achados. Ao acrescentar

teses e dissertações, revelaram-se duas dissertações que realizaram a análise fatorial

exploratória e que resultaram em novas estruturas de organização daquelas apresentadas no

modelo original (Quadro 3). Não foram identificados estudos com uso de análise fatorial

confirmatória.

Quadro 3 - Pesquisas com uso de análise fatorial e instrumento BPSO-96

Referência Variáveis

Relacionadas

Instrumentos

Utilizados Fatores Extraídos

Garcia (2013) Satisfação Adaptação do BPSO-96

(Limongi, 1996)

Relações de Trabalho

Processos de Trabalho e suas

relações interpessoais

Condições de saúde e bem-

estar pessoal

Carreira funcional

Procedimentos

administrativos.

Sampaio

(2010)

Comportamento

Alimentar

Adaptação do BPSO-96

(Limongi, 1996) e

Comportamento

Alimentar (Alvarenga,

2001)

Desenvolvimento

Empresarial (QVT)

Atuação Organizacional

(QVT)

Fonte: dados da pesquisa

Constata-se, inicialmente, uma correlação relevante entre fatores. Além disso, pode-se

observar uma nova composição dos itens por fator, havendo a presença de indicadores de

diferentes constructos formando uma nova dimensão, em um reagrupamento significativo do

contexto das instituições estudadas. Isso significa que essas variáveis, no presente estudo,

independente do constructo a que pertencem, são significativamente correlacionadas. No

estudo de Garcia (2013), realizado em um órgão público e com técnicos administrativos,

observa-se essa mesma formação mista de fatores, a exemplo da dimensão ‘Condições de

saúde e bem-estar pessoal’ que envolvem itens originalmente referentes às dimensões

‘Opinião Pessoal’ e ‘ Biológica’, o que sugere que o uso de instrumentos construídos em

função do contexto do serviço público seria mais recomendado.

A AFE ordenou as dimensões por ordem decrescente, a partir do critério de

verificação do percentual de variância explicada por cada fator, obtendo-se assim a ordem

com que as variáveis implicam na satisfação dos servidores dessas instituições. Assim, pode-

se observar que a dimensão ‘Benefícios advindos dos vínculos institucionais’ é a que possui o

maior percentual de explicação da variância das respostas e reuniu variáveis relacionadas às

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ações desenvolvidas pela organização que refletem em benefícios diretos ao servidor, seja

através do suporte aos processos e às condições de trabalho ou aos ganhos subjetivos

resultantes da confiança e orgulho gerados pelo vínculo com instituição. Acerca disso, a

literatura pondera que as percepções de QVT estão fortemente atreladas à organização em que

se trabalha e a natureza desse vínculo pode ser fonte de bem-estar e mal-estar, segundo

Limongi-Ferreira (2013). Assim, os ganhos aqui identificados através de cada variável

incidem sobre os contextos de trabalho, os processos de trabalho, o estado de saúde, o vínculo

afetivo com a instituição, os benefícios financeiros e as condições de aposentadoria planejadas

para esse servidor ao fim de sua carreira. A análise desse constructo remete a uma

consideração de Blanch (2013) que descreve, como uma das vias conceituais da QVT, a

atenção aos processos pelos quais uma organização atende às necessidades do seu pessoal,

sejam elas de cunho social ou individual. Ferreira (2013) realizou um estudo com

servidores públicos federais, com um considerável número de 8.164 participantes, no qual ele

questiona sobre o que é qualidade de vida no trabalho. As respostas obtidas, após

categorizadas, resultaram em cinco núcleos temáticos estruturantes, no qual três deles

conseguem melhorar a compreensão sobre os itens agrupados na segunda dimensão,

‘Investimento na carreira e no cuidado ao servidor’. Descreve o autor:

Os servidores quando falam da QVT, enfatizam fortemente o desejo de que

as organizações devam se constituir em lugares que possibilitem a realização

pessoal e profissional com nítida associação com as questões da gestão

humanizada do trabalho e do ambiente de trabalho saudável. (FERREIRA,

2013, p.23)

A análise das variáveis constituintes do segundo fator são representações das

necessidades descritas nesse eixo. Então, para essa amostra, as quatro primeiras variáveis

tratam explicitamente de ações que cuidam da realização profissional e pessoal com a

oportunização de melhorias na carreira, através de cursos formativos, da participação nos

processos decisórios, na existência de planos de carreiras com boas oportunidades e de cursos

de treinamento e desenvolvimento. Os três itens seguintes, ‘Atendimento às rotinas de pessoal

(registro, pagamentos, documentos etc.)’, ‘Forma de organização dos servidores

(associações, conselhos, sindicatos)’ e ‘Atendimento do convênio médico’ explicitam a

necessidade de que essas melhorias sejam atreladas a processos humanizados da gestão e a

condições saudáveis de trabalho. Em termos práticos, rotinas administrativas humanizadas e

bem executadas em um ambiente caracterizado pela prática burocrática no exercício de suas

ações, implicam em celeridade nas solicitações dos servidores, inclusive quando na busca por

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melhorias profissionais. Além disso, os avanços na carreira no serviço público costumam

ocorrer por meio de grupos coesos e bem articulados, como sindicatos e associações, que

funcionam como uma ferramenta de negociação tradicional para as melhorias profissionais

almejadas. Quanto a variável “Atendimento do convênio médico” duas coisas sugerem sua

inserção, pela amostra, nessa categoria: a importância atribuída à saúde para o

desenvolvimento do trabalho e o quanto valorizam esse retorno da instituição. Esta análise

não ignora que a atuação da gestão direta destes órgãos sofre com engessamentos resultantes

das amarras legais sobrepostas as práticas de gestão no serviço público, mas isso não

impossibilita uma gestão humanizada que invista e cuide do servidor.

Por fim, na terceira dimensão apresentada, ‘Relações Socioprofissionais no Trabalho’,

foram reunidas variáveis de duas das cinco dimensões testadas, a organizacional e a

psicológica, com significados precisos relacionados às relações interpessoais no trabalho. O

primeiro item verificado ‘Clima de camaradagem entre as pessoas’ apresenta maior carga

fatorial dentre as demais variáveis de todos os fatores. Em uma pesquisa realizada por Ferreira

(2012), as relações socioprofissionais no trabalho configuraram como uma importante fonte

de bem-estar no trabalho e devem se manifestar em interações harmoniosas e produtivas com

pares e chefias. Para o autor a satisfação dos trabalhadores está intimamente relacionada com:

(...) o relacionamento socioprofissional com os colegas de trabalho, a

percepção de segurança no local de trabalho, o exercício da autonomia e da

responsabilidade no trabalho, o relacionamento entre chefias e clientes, o

reconhecimento no trabalho e, por fim, com a possibilidade de progressão

profissional (...). (FERREIRA, 2012, p.56)

Reforçando a importância para a QVT dos aspectos relacionais presentes nesse fator,

há os resultados apresentados por Sucesso (2013, p.58) que concluiu em um estudo com 235

pessoas atuantes em diversos setores da economia, “que os relacionamentos positivos com os

colegas é o principal fator de QVT para os entrevistados”, assim como houve uma elevada

atribuição de importância aos relacionamentos com superiores hierárquicos, confirmando,

segundo a autora, o papel da liderança no clima organizacional e na qualidade de vida no

trabalho.

Para cumprir com o objetivo de identificar a satisfação dos técnicos administrativos

com a QVT nas duas instituições, apresentam-se os dados da Tabela 3.

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95

Tabela 3 - Comparação de média entre instituições

Dimensões Univasf (n= 163)

Média ±DP

IF Sertão- PE (n = 116)

Média ±DP

Benefícios Advindos dos Vínculos

Institucionais

6,2 ± 1,6

4,3 ± 1,7

Investimento na carreira e no cuidado

do servidor

6,6 ± 1,6

5,1 ± 1,7

Relações Socioprofissionais no

Trabalho

7,3 ± 1,9

6,4 ± 1,9

Teste U de Mann-Whitney p =.000 p =.000

Fonte: dados da pesquisa

No geral, as médias foram levemente superiores ao ponto médio de neutralidade de

valor 5,0, exceto pela Dimensão 1 no IF-Sertão, que apresentou um resultado que aponta

tendência a insatisfação quanto aos benefícios para o servidor advindos do vínculo com a

instituição. As maiores médias se encontram na Dimensão 3 que representa quatro variáveis

referentes aos relacionamentos interpessoais. Vale ressaltar que destas quatro variáveis, três

pertencem originalmente à dimensão psicológica, constructo este que costuma encontrar

melhores médias de satisfação em outros estudos, como no trabalho de Schirrmeister (2006)

que apontou a dimensão psicológica como uma das constituintes das melhores médias de

satisfação entre as equipes multicontratuais de uma empresa pública, com média (7,68) ao

lado da dimensão que avalia bem-estar pessoal (6,93) e também no estudo realizado por

Garcia (2013) com servidores técnico-administrativos que destacou os aspectos psicológicos

como aqueles com maior média (6,1).

Com o objetivo de testar se há diferenças estatísticas significativas entre as médias de

opinião dos grupos formados pelos servidores de cada instituição, foi realizado o teste U de

Mann-Whitney, mais apropriado em razão da não normalidade dos dados apresentados

(DANCEY; REIDY, 2006). Assumiu-se como hipótese nula que as amostras teriam

resultados semelhantes entre as instituições, sendo esta negada. Assim, os resultados mostram

que existem diferenças significativas entre as médias dos servidores das duas instituições: os

servidores da Univasf apontam satisfação com a qualidade de vida em maior intensidade que

os servidores do IF-Sertão em todas as dimensões avaliadas.

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4.2. Percepção dos servidores acerca das práticas de gestão de QVT nas duas instituições

de ensino

A parte qualitativa do instrumento, adicionada às entrevistas, buscavam investigar as

percepções acerca da QVT dos servidores nas instituições. Para análise e categorização das

respostas, manter-se-á o modelo teórico biopsicossocial e organizacional.

O Quadro 4 apresenta os resultados da primeira questão que buscava saber até cinco

ações em QVT tidas como ausentes na instituição.

Quadro 4 - Ações ausentes em QVT nas instituições em números absolutos

Principais Ações Identificadas

(Nº absolutos de sugestões por dimensão)

Univasf IF-Sertão

Dimensão Biológica

(N=259)

Dimensão Biológica

(N=194)

Oportunidade para realização de atividades

físicas (N = 120): ginástica laboral foi a ação

mais citada (N=67).

Cuidados com a saúde (N=82): as medidas de

atendimento aos problemas de saúde foram as

mais solicitadas (N=45), com destaque para o

atendimento nutricional e psicológico.

Controle de riscos ergonômicos e ambientais

(N=57): investimento em ergonomia representa

o total dos pedidos desse aspecto.

Oportunidades para realização de atividades

físicas (N=84): ginástica laboral foi a ação mais

citada (N = 45).

Cuidados com a saúde (N=67): as medidas de

atendimento aos problemas de saúde e as palestras e

eventos de promoção à saúde se igualam em número

de solicitações (N=26).

Controle dos riscos ergonômicos e ambientais

(N=40): investimento em ergonomia representa o

maior número de menções (N=37), os demais

correspondem a melhorias nas condições do

ambiente (N = 3).

Dimensão Psicológica

(N=35)

Dimensão Psicológica

(N= 41)

Oportunidade de evolução na carreira (N

=18): maior número de menções incentivo à

qualificação (N=10).

Clima de camaradagem entre os colegas de

trabalho (N = 15): melhorias nas relações

interpessoais ( N=11).

Forma de avaliação de desempenho no

trabalho (N = 2): necessidade de melhorias na

avaliação de desempenho dos servidores (N=2).

Oportunidade de evolução na carreira (N =18): maior número de menções a insatisfação com o

salário (N=7).

Clima de camaradagem entre os colegas de

trabalho (N = 20): cooperação entre os colegas (N

= 9).

Forma de avaliação de desempenho no trabalho

(N = 3): melhorias na avaliação de desempenho dos

servidores (N = 3).

Dimensão Social

( N= 56)

Dimensão Social

(N=69)

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97

(continuação)

Principais Ações Identificadas

(Nº absolutos de sugestões por dimensão)

Univasf IF-Sertão

Ações de esporte, cultura e lazer (N= 38): maior número de menção a atividades de lazer

entre os servidores (N=19).

Programa de Preparação para a

Aposentadoria (N= 9).

Integração Empresa-Família (N=5): creches

(N = 5).

Atividades comunitárias e de

responsabilidade social (N= 4): maior número

de citações a ações assistenciais com a

comunidade (N = 4).

Ações de esporte, cultura e lazer (N= 54): maior

número de menção a atividades de lazer entre os

servidores (N=25).

Programa de Preparação para a Aposentadoria

(N= 5).

Integração Empresa-Família (N=2): creches (N =

2).

Atividades comunitárias e de responsabilidade

social (N= 8): convênios com farmácias, postos de

gasolina, clubes de recreação e supermercados (N =

4).

Dimensão Organizacional

N= 119

Dimensão Organizacional

N = 126

Investimento em treinamento e

desenvolvimento profissional (N=23).

Melhorias administrativas e nos processos

de trabalho (N = 83): redução da carga horária

para 30h semanais (N = 30).

Ações de valorização do servidor e imagem

do governo (N = 11): melhorias na

comunicação com setores administrativos (N

=4).

Oportunidade de participação em processos

decisórios (N = 2).

Investimento em treinamento e desenvolvimento

profissional (N=20).

Melhorias administrativas e nos processos de

trabalho (N = 75): condições de trabalho

adequadas a realização do trabalho (N= 14) e

redução de carga horária para 30h semanais (N =

18).

Ações de valorização do servidor e imagem do

governo (N = 20): comportamento ético que

valorize o servidor pelos seus méritos (N= 11).

Oportunidade de participação em processos

decisórios (N = 11).

Fonte: dados da pesquisa

Estes resultados demonstram aproximações consideráveis entre as necessidades

apontadas pelos servidores quanto à QVT. A dimensão biológica contém o maior número de

solicitações e insinua-se como o constructo com a necessidade premente de atuação por parte

da gestão. Contudo, se para os gestores entrevistados esse resultado sinaliza uma demanda

justa e esperada, as ações destacadas como as mais pedidas (ginástica laboral e atendimento

clínico assistencial) apontam um contraponto entre a oferta da gestão e as necessidades de

seus servidores. Ferreira (2013) ajuda a esclarecer melhor o posicionamento da gestão. Para o

autor, tem sido um modelo hegemônico no serviço público a oferta de programas e ações do

tipo antiestresse, mas em suas pesquisas, os trabalhadores “evocam fatores e dimensões que,

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efetivamente, parecem estar na origem das vivências de mal-estar ou bem-estar no trabalho”

(FERREIRA, 2013, p.32). A fala de um gestor exemplifica esse contraponto:

Algumas questões que foram apresentadas no resultado vão contra a política

e as atribuições que tem este setor. E acho que justamente fica essa lacuna

entre o que eles esperam e o que a gente oferece, mas aí eu vejo que entra

agora é a questão de realmente esclarecer qual é o nosso papel. (GU1)

No entanto, todas as dimensões apresentam semelhanças entre as instituições. Chama

a atenção que algumas queixas em comum vão para além do domínio da gestão direta,

estando vinculadas às insatisfações da categoria, como a redução da carga horária, item

presente na segunda dimensão mais mencionada pelos dois órgãos, a organizacional.

Sobre o conceito de QVT, o Quadro 5 apresenta as palavras que cada servidor, por

ordem de importância, julgou conceituar a QVT.

Quadro 5 - Palavras que conceituam a QVT nas instituições em números absolutos

Palavras Univasf IF-Sertão

DB

Saúde N = 69 N = 47

Flexibilidade de horários N = 52 -

Segurança N = 11 N = 11

Ausência de acidentes N = 04 -

DP

Realização Pessoal N = 70 N = 52

Paz N = 37 N = 26

Amor N = 28 N = 16

DS

Confiança N = 59 N = 33

Local de Trabalho N = 22 N = 18

Amizade N = 16 N = 18

Responsabilidade N = 16 N = 19

DO

Humanismo N = 45 N = 43

Estabilidade N = 44 N = 21

Autonomia N = 12 N = 8

Investimento N = 04 -

Competitividade - -

Fonte: dados da pesquisa

Foram acrescidas às palavras do instrumento mais quatro expressões: flexibilidade de

horário, local de trabalho, autonomia e estabilidade. Essa decisão ocorreu após revisão da

literatura e observação do contexto do trabalho, entendendo que estas expressam situações

significativas da organização pública.

Todas as palavras foram escolhidas, com exceção do termo ‘competitividade’. As

palavras mais significativas estão no Quadro 6:

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Quadro 6 - Resultados com as principais palavras associadas à QVT

Ordem de importância Univasf IF-Sertão

1ª Realização Pessoal Realização Pessoal

2ª Saúde Saúde

3ª Confiança Humanismo

Fonte: dados da pesquisa

Os resultados qualitativos aproximam os técnicos administrativos das duas instituições

quanto às percepções acerca da temática. A inexistência de marcações no termo

competitividade nas duas instituições indica que há poucas relações de melhorias na carreira

envolvendo disputas entre colegas, estando a maioria atrelada a questões legais como Plano

de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE), criado através da

Lei no 11.091, de 12/01/2005. Mais uma vez, a dimensão biológica se insere como uma

categoria importante para a promoção de QVT nessas instituições, reforçando o histórico de

associação entre o tema e a área de cuidados em saúde e segurança do servidor, como

discutido na literatura. Curiosamente estabilidade no emprego não apareceu de forma intensa

entre os resultados.

Por fim, interessava saber se os servidores identificavam melhorias na instituição,

referente à QVT, conforme Quadro 7.

Quadro 7 - Resultados da identificação de melhorias em QVT em números absolutos

Contexto de Melhorias Univasf IF-Sertão

Reconhece a existência 75 10

Não sabe se ocorreram 73 30

Não ocorreram 15 76

Total 163 116

Fonte: dados da pesquisa

Os resultados mostraram dois cenários diferentes, reforçando as diferenças entre as

duas instituições, e possibilitando inferências acerca dos resultados estatísticos de satisfação

encontrados. Os resultados mais positivos da Univasf podem ser consequência de uma

percepção dos servidores de investimentos em melhorias por parte da gestão ou até da não

atenção para estas ocorrências, fato contrário ao IF-Sertão que não identifica investimentos

nessa área.

Das melhorias identificadas pela Univasf, a maioria se insere na dimensão biológica

(43), embora, curiosamente, tenha sido onde mais os servidores sentiram ausência de ações. O

IF-Sertão, por sua vez, só reconheceu melhorias na dimensão organizacional (10), com

aquisição de material e ambiente mais apropriado para o trabalho, embora essa ainda seja uma

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queixa por parte dos servidores, conforme exposto na Figura 5. É possível que uma das

explicações para essas constatações, seja o fato de que em uma instituição multicampi, a

oferta de serviços não ocorra da mesma forma, assim, as melhorias percebidas por um local

ainda não tenham sido verificadas em outros, como bem coloca um entrevistado.

É difícil descentralizar as ações por falta de verba, de pessoal. Quando

fazemos algumas ações aqui, temos dificuldade de conseguir liberação dos

servidores ou como bancar a vinda deles. Alguns não se interessam pelo

desgaste, afinal, tem campi que é muito afastado. (GI3)

No geral, os resultados mostram perfis aproximados entre os servidores das duas

instituições quanto às percepções com a QVT, mas o confronto dessas ideias com a gestão

resulta em um desalinho que sugere melhorias no diálogo. Como reflexão, cabe aqui a

conclusão de Blanch (2013, p.98) em que os avanços científicos podem contribuir para

melhorias nesse campo, mas esses benefícios nem sempre “caminham lado a lado com a

vontade, nem com a competência ou com a oportunidade política para impulsionar o

progresso efetivo para uma melhora da QVT”.

5. Considerações Finais

Esse trabalho objetivou identificar a satisfação com a QVT dos servidores técnico-

administrativos de duas instituições públicas de ensino do nordeste brasileiro e confrontar a

percepção dos servidores com as práticas da área de Gestão de Pessoas quanto à Qualidade de

Vida no Trabalho. As dimensões encontradas após as análises fatoriais reuniram diversas

variáveis com semelhanças de conteúdo constantes em diversos outros modelos, com

destaque naqueles desenvolvidos e validados no serviço público brasileiro: Ferreira (2012),

Medeiros (2007) e David e Bruno Faria (2007). No entanto, a comparação com esses

materiais permite apontar que, embora Limongi-França (1996) seja responsável pela

construção de um modelo conceitual abrangente, o instrumento utilizado no presente estudo

não ofereceu o melhor modelo de avaliação de satisfação com a QVT, mesmo que tenha

atendido aos objetivos dessa pesquisa. Particularmente, a identificação dos problemas

advindos do item N/T da escala que gerou perda considerável de respondentes em uma das

análises, mostrou-se uma importante limitação desta pesquisa. Em se tratado da análise da

satisfação, os resultados encontrados parecem apontar para algumas importantes

considerações: nessa amostra, os indicadores resultantes indicam a relevância para a

satisfação de algum retorno ou investimento dos órgãos que impliquem em melhorias e,

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consequentemente na realização pessoal e profissional dos servidores. No geral, os servidores

se encontram razoavelmente satisfeitos, com resultados mais positivos por parte da Univasf.

Quanto ao confronto da percepção dos servidores com as práticas da área de gestão de

pessoas, quanto à QVT nas duas instituições de ensino, o modelo BPSO mostrou-se bastante

revelador e didático. Cabe aqui ressaltar que o caráter qualitativo desta análise complementar

sofre, naturalmente, interferência da subjetividade do autor, cabendo a inclusão de termos e

ações em dimensões que pudessem ser vistos de outra maneira por outro estudioso, como bem

colocou Sucesso (2013). Nessa subjetividade inerente à pesquisa qualitativa reside outra

possível limitação da pesquisa. Salienta-se que os resultados encontrados acordam com os

resultados de Ferreira, Alves e Tostes (2009) no que se refere à importância da gestão em

dialogar com os servidores quanto às expectativas dos mesmos, propondo uma construção

mais realista e dialogada nos contextos estudados, ressaltando que nesse momento os

resultados sugerem maiores intervenções nas dimensões biológicas e organizacionais nas duas

instituições.

Por fim, por parte dos servidores, existem expectativas de melhorias que não cabem à

gestão local, mas a administração pública superior, como a redução da carga horária semanal

e melhorias salariais. Assim, também é recorrente na fala dos gestores os impeditivos e

dificuldades gerados por essa submissão às estruturas administrativas externas. Em razão

disso, sugerem-se futuros estudos que aprofundem o conhecimento das reais limitações

incidentes sobre as práticas gerenciais na aplicação de um programa em QVT, advindas do

engessamento imposto pelas relações hierárquicas e legais da administração pública.

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5 CONCLUSÃO

Neste capítulo se inserem as considerações finais do estudo sobre a Qualidade de Vida

no Trabalho dos técnicos administrativos de duas instituições federais de ensino do nordeste

brasileiro. A construção desse trabalho partiu de um questionamento - qual a percepção dos

servidores técnicos administrativos em educação acerca da sua Qualidade de Vida no

Trabalho, no contexto do serviço público em duas instituições de ensino? Partindo disso, o

objetivo geral estabelecido quis identificar a percepção dos técnicos administrativos em

educação acerca da sua Qualidade de Vida no Trabalho, nos contextos da Univasf e do IF-

Sertão. Assim, estabeleceu-se um plano de trabalho no qual, quatro objetivos específicos

foram responsáveis por nortear a coleta dos dados necessários, conduzindo assim os achados

que auxiliaram na compreensão dessa problemática. Desta forma, as conclusões aqui

encontradas serão apresentadas a partir da condução metodológica eleita, no entanto, não se

desconsidera o fato de que todos os achados se relacionam, devido a natureza complexa do

tema estudado.

Considerando as duas etapas de trabalho dessa pesquisa, temos o primeiro estudo

voltado para a gestão e o modelo gerencial de QVT. Aqui, coube a resposta aos dois primeiros

objetivos específicos propostos: identificar as práticas desenvolvidas pela Gestão de Pessoas

relacionadas à Qualidade de Vida no Trabalho nas instituições estudadas e o confronto destas

práticas entre as instituições estudadas. Nesse estudo, nas duas instituições, evidenciou-se o

perfil do gestor público e a sua importância como condutor das políticas estudadas. O

confronto entre as duas instituições revelou cenários muito parecidos, com um número maior

de programas por parte da Univasf. Desta forma, identificou-se a existência de práticas que

objetivam melhorar e humanizar as relações de trabalho, mesmo que pontualmente, mas

destaca-se entre esses achados como é importante a participação do gestor público e a forma

como lidam com as limitações impostas pela administração pública para a execução de um

programa maior em Qualidade de Vida no Trabalho. Assim, a inexistência de um programa

nessa linha, pode ser o resultado da desarticulação, notória nas entrevistas, entre os diferentes

gestores de cada instituição, da pouca divulgação conceitual sobre o tema e, principalmente,

de não ser esse um tema prioritário, mesmo quando assumidos como estratégicos. Ferreira

(2009) expõe dúvidas e expectativas dos gestores públicos brasileiros em como lidar com a

QVT. Os resultados aqui encontrados reforçam o proposto pelo autor de que a ciência ainda

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103

tem muito a oferecer nesse sentido, através da proposição de melhorias e na oferta de

conhecimento que ofereçam ferramentas que os ajude a sanar essas dúvidas e assumir

posturas mais propositivas nessa área.

Assim, ainda considerando essa primeira etapa e o enfoque no contexto do serviço

público, a sugestão deste trabalho é que as instituições implementem uma gestão em

qualidade de vida no trabalho, com um programa que busque atender, prioritariamente,

aqueles pontos mais delicados evidenciados nesta pesquisa. Cabem, então, três medidas

importantes: melhorar o debate nas esferas gerenciais nas duas instituições, identificando as

possibilidades reais de instalação de um programa; um alinhamento estratégico que

transforme a QVT não em um fim obtido através de ações pontuais, mas em um processo

construído em um esforço contínuo e; a divulgação, capacitação e abertura ao diálogo sobre a

QVT para toda a comunidade acadêmica, tendo em vista o pouco conhecimento sobre

políticas como a PASS, por exemplo.

A observação dos dados obtidos na segunda etapa deste estudo focou nos servidores e

nas suas percepções acerca dos cenários descritos na primeira etapa. Dois foram os objetivos

aqui considerados: identificar o nível de satisfação com a Qualidade de Vida no Trabalho

entre os técnicos administrativos em educação das instituições estudadas e confrontar a

percepção dos servidores com as práticas da área de gestão de pessoas. Dois pontos merecem

ser discutidos separadamente nessa conclusão: primeiro, os resultados das análises fatoriais

realizadas e; segundo, as interpretações possíveis com os resultados obtidos.

A realização das análises fatoriais foi responsável por revelar uma importante

limitação do trabalho: o instrumento utilizado para medir a satisfação dos servidores. Além de

uma nova organização dos itens por fator, muito diferente daquela originalmente construída, a

escala utilizada criou um problema considerável: a perda de respondentes para a realização de

uma das análises, a análise fatorial exploratória, O uso do item “Não existe na instituição de

ensino” (N/T), mostrou-se um erro na medida em que forçou a existência de dados perdidos,

não admitidos pela ferramenta online de aplicação da pesquisa. A marcação desse item pelo

respondente implicava na exclusão deste respondente, já que este não avaliava a satisfação

dos servidores com a QVT nas instituições e, portanto, precisavam ser desconsiderados. Para

a realização da análise, optou-se pela adoção desses dados como missing values e posterior

exclusão dos mesmos, resultando em apenas 172 dos 303 respondentes iniciais. Sugere-se a

replicação dessa escala sem o uso da alternativa N/T em estudos futuros.

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Contudo, o modelo resultante da análise, com três dimensões e 19 variáveis mostrou-

se muito significativo. Em destaque sobre esse resultado está a importância atribuída pelos

servidores aos ganhos pessoais e profissionais advindos da relação com a instituição, assim

como os investimentos da organização na carreira e na pessoa do servidor e os frutos positivos

advindos das relações socioprofissionais no trabalho. Esses são indicativos norteadores para o

desenvolvimento do trabalho dos gestores.

Em um segundo momento da análise deste estudo, pode-se observar que as médias de

satisfação encontradas apontam uma avaliação moderadamente positiva por parte dos

servidores, com melhores resultados na Univasf, e as observações obtidas dos dados

qualitativos do instrumento indicam necessidades a ser sanadas pela gestão, ao ponto que

delineiam onde têm ocorrido erros e acertos. No entanto, cabe considerar que esses resultados

também evidenciaram, nas duas instituições, que ainda não existe um alinhamento entre a

oferta da gestão e as expectativas dos servidores. Dos resultados depreende-se que os

cuidados com a saúde são muito valorizados pelos servidores, e embora a gestão concorde que

o investimento nessa área é substancial, discorda dos servidores quanto a prioridade no tipo de

ações a serem ofertadas. Ainda assim, ações que oportunizem as práticas esportivas, ações de

promoção e cuidados com a saúde e auxílio profissional no combate a maus hábitos como uso

de álcool, drogas e costumes alimentares não saudáveis devem ser pensadas dentro das

possibilidades institucionais, como práticas urgentes e com grande impacto sobre a QVT dos

servidores. Mais uma vez, o diálogo expansivo dentro das instituições é sugerido como uma

forma de suplantação para esse impasse.

Outro ponto a ser considerado pelas instituições é o reajuste de algumas práticas

administrativas que impactariam positivamente sobre os servidores. Melhorias nos processos

e nas condições de trabalho, como melhor redistribuição do serviço e, particularmente no IF-

Sertão, investimento em insumos para a realização adequada do trabalho, são sugestões a

serem consideradas pelos órgãos. No entanto, algumas das melhorias administrativas

pretendidas pelos servidores esbarram em amarras legais que só podem ser resolvidas em

nível nacional, como o aumento do salário e, principalmente, a redução da jornada de trabalho

de quarenta horas semanais para trinta horas semanais. Esse engessamento, por parte da

administração pública é um fator limitante com o qual os gestores públicos precisam saber

lidar.

Em termos acadêmicos, as contribuições desse estudo ajudam a fortalecer a discussão

da temática QVT no serviço público. A escolha do modelo conceitual BPSO da Limongi-

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França (1996) se mostrou construtivo e auxiliou na consecução dos objetivos propostos, além

de configurar a preferência no uso de um modelo nacional, em contraposição a escolha

predominante de modelos pensados e construídos no exterior, como também ressaltou Pinto

(2013). Quanto às contribuições de ordem prática, esta pesquisa oferta um material que pode

auxiliar na implantação de um programa ou de melhorias que resultem em maior humanização

das práticas de trabalho, além de delinear algumas limitações a serem superadas e pontos

positivos a serem aproveitados

Por fim, os resultados dessa pesquisa, acabam por despertar ainda mais o interesse em

aprofundar o conhecimento sobre as minúcias do serviço público, em particular, mas não

exclusivamente, da categoria profissional dos servidores técnico-administrativos. Desta

forma, sugere-se a ampliação desse estudo com amostras maiores e com o uso de

instrumentos pensados a partir da dinâmica da administração pública brasileira, configurando

assim resultados ainda mais proveitosos. Sob outra perspectiva, também seria interessante

novos estudos que avaliassem as ferramentas pessoais e gerenciais disponíveis aos servidores

em cargos de gestão para lidar com o engessamento proporcionado pelas limitações legais da

administração pública e como isso pode ter resultado na expansão da Qualidade de Vida no

Trabalho nos órgãos públicos federais.

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Ensino Básico Federal, de que trata a Lei no 11.784, de 22 de setembro de 2008; sobre a

contratação de professores substitutos, visitantes e estrangeiros, de que trata a Lei no 8.745,

de 9 de dezembro de 1993; sobre a remuneração das Carreiras e Planos Especiais do Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e do Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação, de que trata a Lei no 11.357, de 19 de outubro de 2006; altera

remuneração do Plano de Cargos Técnico-Administrativos em Educação; altera as Leis nos

8.745, de 9 de dezembro de 1993, 11.784 de 22 de setembro de 2008, 11.091, de 12 de janeiro

de 2005, 11.892 de 29 de dezembro de 2008, 11.357, de 19 de outubro de 2006, 11.344, de 8

de setembro de 2006, 12.702, de 7 de agosto de 2012, e 8.168, d 16 de janeiro de 1991;

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113

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido das Entrevistas

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: Qualidade de Vida no Trabalho dos Técnicos-Administrativos:

Estudo de Caso em Duas Instituições Federais de Ensino. Nome da Pesquisadora: Maria D’Ajuda Costa Passos

Nome da Orientadora: Profa. Dra. Diva Ester Okazaki Rowe

O (a) senhor (senhora) está sendo convidado (a) a participar desta pesquisa que tem como

finalidade identificar o nível de satisfação e as condições de saúde e bem-estar dos técnico-

administrativos em educação da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e

do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (Univasf) e

relacionar com as ações em qualidade de vida no trabalho propostos pela Gestão de Pessoas

das duas instituições.

A população da pesquisa é composta por Técnico-Administrativos efetivos da Univasf e do If-

Sertão, com total de 354 servidores e 452, respectivamente.

Ao participar deste estudo a (o) Sra (Sr) permitirá que a pesquisadora Maria D’Ajuda Costa

Passos possa aplicar o questionário e obter as informações necessárias para desenvolvimento

do estudo. A Sra (Sr.) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar

participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para a Sra (sr)

(_____________). Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através

do telefone do (a) pesquisador (a) do projeto e, se necessário através do telefone do Comitê de

Ética em Pesquisa.

A participação nesta pesquisa não infringe as normas legais e éticas. Não oferece riscos à

integridade física das pessoas, bem como não serão realizados procedimentos invasivos.

Porém, no mínimo poderá provocar um desconforto pelo tempo exigido para responder os

itens do instrumento de coleta e algum constrangimento com o conteúdo das perguntas e os

possíveis resultados obtidos, comprometendo-se o pesquisador em indenizar o participante

que venha a ter algum dano ocasionado pela participação nessa pesquisa. Os procedimentos

adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos

conforme Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde.

Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade.

Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais. Somente o (a)

pesquisador (a) e seu (sua) orientador (a) (e/ou equipe de pesquisa) terão conhecimento de sua

identidade e nos comprometemos a mantê-la em sigilo ao publicar os resultados dessa

pesquisa.

Ao participar desta pesquisa a(o) Sra. (sr.) não terá nenhum benefício direto, entretanto,

esperamos que este estudo traga informações importantes sobre os resultados das ações em

qualidade de vida no trabalho oferecidos na instituição e se os mesmos têm contribuído para

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114

melhorias na vida profissional dos servidores, bem como poderá fornecer subsídios para

auxiliar a gestão de pessoas da instituição no planejamento das políticas para qualidade de

vida no trabalho dos servidores. O pesquisador se compromete a divulgar os resultados

obtidos, respeitando-se o sigilo das informações coletadas, conforme previsto no item

anterior.

A (o) senhora (senhor) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem

como nada será pago por sua participação.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar

desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem:

Confirmo que recebi cópia deste termo de consentimento, e autorizo a execução do trabalho

de pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste estudo.

Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito. Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu

consentimento em participar da pesquisa.

____________,_____ de____________de ______.

_________________________________________

Nome do Participante da Pesquisa

__________________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

__________________________________________

Assinatura do Pesquisador – Maria D’Ajuda Costa Passos

___________________________________________

Assinatura do Orientador – Profa. Dra. Diva Ester Okazaki Rowe

Pesquisador: Maria D’Ajuda Costa Passos. Contato: (87) 2101-6745

Orientador: Dra. Diva Ester Okazaki Rowe. Contato: (71) 3283-7341 – NPGA/UFBA

COMITÊ DE ÉTICA E DEONTOLOGIA EM ESTUDOS E PESQUISAS - CEDEP

Coordenador do CEDEP: Alvaro Rego Millen Neto

Vice-Coordenadora: Deuzilane Muniz Nunes

Telefone do Comitê: 87 2101-6896

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115

APÊNDICE B – Roteiro para condução das entrevistas

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

Tempo estimado para cada etapa da entrevista:

1º parte: 60 minutos;

2º parte: 30 minutos;

1. Apresentação do pesquisador, do objetivo da pesquisa e da dinâmica adotada para a

realização da entrevista;

2. Solicitação de autorização para registrar em áudio e informa sobre a análise e divulgação

dos resultados.

3. Esclarecimentos sobre o anonimato e a confidencialidade dos dados dos Participantes e

Apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;

4. Inicia-se as perguntas evitando interferências e procurando manter um ambiente de

confiança para que o entrevistado possa se sentir à vontade. Importante incentivar ao

respondente a explicar suas respostas, a fim de obter certo aprofundamento nas questões;

5. Por fim, agradece sua participação e se coloca à disposição para esclarecimentos de

dúvidas ou comentários.

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116

APÊNDICE C – Roteiros da entrevista semiestruturada.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

PRIMEIRO ROTEIRO

1. Qual a relação do cargo ocupado com o desenvolvimento das ações em Qualidade de

Vida no Trabalho nesta instituição?

2. Existe, nesta instituição, algum estudo que identifique quais as necessidades em

Qualidade de Vida no Trabalho nesta instituição e que foram apresentadas pelos

servidores?

3. Existe, nesta instituição, alguma pesquisa que trate da satisfação do servidor com a

Qualidade de Vida no Trabalho?

4. Na sua opinião pessoal, os servidores estão satisfeitos com a Qualidade de Vida no

Trabalho nesta instituição?

5. Você identifica melhorias implementadas pela gestão desta instituição para a

Qualidade de Vida no Trabalho dos servidores?

6. Quais ações que são identificadas por você como necessárias, porém inexistentes na

instituição?

7. Você identifica, por parte da alta gestão, um esforço em implementar um programa em

Qualidade de Vida no Trabalho?

8. Foi observada, durante a pesquisa documental, que a Qualidade de Vida no Trabalho,

nesta instituição, está fortemente vinculada a área de saúde? Quais as razões que

justificariam isso?

9. Quais os dados que embasam a criação das ações em saúde em prol do servidor?

10. De que forma a Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor

Público Federal – PASS influencia o trabalho da gestão de pessoas nesta instituição?

11. A gestão tem alguma forma de avaliação do impacto das ações desenvolvidas na área

de saúde?

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117

12. Você identifica falhas relacionadas a gestão que possam influenciar negativamente na

saúde dos servidores? Se sim, quais?

13. Você identifica possíveis melhorias que a gestão deveria implementar para

proporcionar melhores condições de trabalho? Se sim, quais?

14. A instituição investe na autoestima e no reconhecimento dos servidores?

15. A instituição promove melhorias para o desenvolvimento profissional de seus

servidores? Se sim, quais?

16. A instituição promove condições de bem-estar aos seus servidores?

17. A instituição tem avaliado as condições de trabalho a que estão submetidos os seus

servidores?

18. Existe investimento, por parte da instituição, em reforçar os grupos sociais da

instituição, tanto os formados entre os servidores, como os grupos formados pelos

servidores e a comunidade externa?

19. A instituição desenvolve ações que impactam sobre a vida social do servidor, a

exemplo de ações de esporte, cultura, lazer, etc.

20. Existem ações, promovidas pela instituição que integrem os servidores com a

comunidade externa? Ex: atividades comunitárias, incentivo ao consumo local, etc.?

21. O tema Qualidade de Vida no Trabalho é visto pela instituição como um tema

importante que deve estar presente no desenvolvimento de todas as práticas da

organização?

22. A missão, a visão e os valores descritos no PDI da instituição contemplam a

Qualidade de Vida no Trabalho?

23. A instituição investe na imagem que transmite ao servidor incentivando o orgulho do

servidor em fazer parte dessa instituição? Se sim, como?

24. Existe um esforço da instituição em promover e valorizar o servidor?

25. Existe participação dos servidores em processos decisórios importantes?

26. Você acredita que existe um alinhamento entre a gestão e os servidores sobre o que

seria qualidade de vida no trabalho?

27. O tema Qualidade de Vida no Trabalho é amplamente debatido nesta instituição?

SEGUNDO ROTEIRO

Após a apresentação parcial dos resultados acerca da instituição, questiona-se:

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118

1) Os resultados apresentados causam algum estranhamento?

2) A instituição está em acordo com as ações e melhorias solicitadas pelos servidores?

3) Este setor da gestão de pessoas reconhece participação nas melhorias apresentadas

pelos servidores?

4) Quais as dificuldades enfrentadas por este setor no que concerne o desenvolvimento

das ações citadas como ausentes pelos servidores e referentes ao trabalho

desenvolvido aqui?

5) De que forma este setor pode contribuir para as melhorias solicitadas pelos servidores?

6) Existe algum planejamento de ações, dentre os mencionados como ausentes pelos

servidores, concernentes ao trabalho deste setor?

7) O Sr. (Srª) consegue identificar fatores que ajudem a justificar as semelhanças nos

resultados entre as duas instituições?

8) O Sr. (Srª) identifica características da administração pública, que envolvam aspectos

comuns à categoria profissional dos técnicos, e sejam responsáveis pela insatisfação

em qualquer instituição?

9) O Sr. (Srª) identifica características da administração pública que trariam problemas

comuns a programas em QVT em qualquer órgão público?

10) 10)Acredita que estes resultados podem auxiliar no desenvolvi mento dos trabalhos

deste setor?

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119

APÊNDICE D – Convite para participação na pesquisa

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

Você está sendo convidado a participar desta pesquisa que tem como finalidade identificar a

satisfação com a qualidade de vida no trabalho dos técnico-administrativos em educação em

duas instituições federais de ensino. Para a efetivação desse estudo, conto com a sua

colaboração e afirmo que a participação na mesma ocupará uma pequena parte do seu

precioso tempo. Saliento que não é solicitada a identificação do respondente. Em caso de

dúvidas, podem entrar em contato por meio do seguinte endereço eletrônico:

[email protected]. Esperando contar com seu apoio, desde já agradeço. Maria

D'Ajuda Costa Passos - Mestranda em Administração/UFBA.

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120

APÊNDICE E– Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Questionário

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

“Convido-o(a) participar da pesquisa “Qualidade de Vida no Trabalho dos Técnicos-

Administrativos: Um Estudo em Duas Instituições Federais de Ensino.”, cujo o objetivo é

identificar a satisfação com a qualidade de vida no trabalho dos técnico-administrativos em

educação da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e do Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (Univasf). Para isso, será

necessário a sua participação com o preenchimento de um questionário. Sua participação é

voluntária. As informações pessoais dos participantes não serão divulgadas sob nenhum

pretexto e todos os dados serão armazenados sob inteira responsabilidade da pesquisadora,

vinculada à Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia. Ao prosseguir neste

questionário, você deverá declarar ter lido e entendido todas as informações repassadas sobre

o estudo, e indicar que concorda em participar desta pesquisa.”

Diante dos esclarecimentos expostos:

o Declaro minha ciência sobre os procedimentos desta pesquisa e minha condição

voluntária de participante.

o Eu não concordo em participar.

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121

APÊNDICE F - Instrumento Utilizado na Pesquisa

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

QUALIDAE DE VIDA NO TRABALHO DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS:

ESTUDO EM DUAS INSTITUIÇOES FEDERAIS DE ENSINO

INDICADORES EMPRESARIAIS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO -

BLOCO 1

Página 01

Como preencher o questionário:

1º - Leia cuidadosamente, responda francamente, mas não demore muito em um item.

2º - Todas as questões devem ser assinaladas.

3º - Não pule item, mesmo que ache difícil responder, assinale apenas a alternativa que

se adapte melhor à sua opinião.

Atribua notas de 0 a 10 (zero a dez) que expressem a sua SATISFAÇÃO com a qualidade das

ações da instituição de ensino em que trabalha para a sua Qualidade de Vida no Trabalho.

*2. Marque as colunas de acordo com a legenda a seguir:

N/T 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

N/T=Não existe a ação na instituição de ensino.

Imagem da instituição junto aos servidores N/

T 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sensação de bem-estar no trabalho

Qualidade dos Planos de Aposentadoria

Qualidade dos Programas de Promoção e

Prevenção à Saúde

Oportunidade de treinamento e

desenvolvimento profissional

Estado geral de tensão (stress) pessoal

Qualidade de convênios (farmácias, compras,

supermercado)

Forma de avaliação do desempenho do seu

trabalho

Satisfação com o seu modo próprio de viver o

dia a dia (estilo de vida)

Estado geral da saúde dos colegas e superiores

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122

Melhorias nos processos de trabalho e novas

tecnologias

Página 02

Como preencher o questionário:

1º - Leia cuidadosamente, responda francamente, mas não demore muito em um item.

2º - Todas as questões devem ser assinaladas.

3º - Não pule item, mesmo que ache difícil responder, assinale apenas a alternativa que

se adapte melhor à sua opinião.

Atribua notas de 0 a 10 (zero a dez) que expressem a sua SATISFAÇÃO com a qualidade das

ações da instituição de ensino em que trabalha para a sua Qualidade de Vida no Trabalho.

*3. Marque as colunas de acordo com a legenda a seguir:

N/T 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

N/T=Não existe a ação na instituição de ensino.

Confiança nos critérios de recrutamento e

seleção

N/

T 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Integração das Equipes de Trabalhos

Adequação das ações de QVT da sua

instituição para as suas necessidades pessoais

Controle dos riscos ergonômicos e ambientais

Clima de camaradagem entre as pessoas

Oportunidade para distração (futebol, áreas de

lazer, excursões, etc.)

Oportunidades de participar de comitês de

decisão

Oportunidade de carreira

Qualidade da limpeza interna e externa às

edificações

Satisfação com o salário

Página 03

Como preencher o questionário:

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123

1º - Leia cuidadosamente, responda francamente, mas não demore muito em um item.

2º - Todas as questões devem ser assinaladas.

3º - Não pule item, mesmo que ache difícil responder, assinale apenas a alternativa que

se adapte melhor à sua opinião.

Atribua notas de 0 a 10 (zero a dez) que expressem a sua SATISFAÇÃO com a qualidade das

ações da instituição de ensino em que trabalha para a sua Qualidade de Vida no Trabalho.

*4. Marque as colunas de acordo com a legenda a seguir:

N/T 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

N/T=Não existe a ação na instituição de ensino.

Qualidade dos procedimentos administrativos

(ausência de burocracia)

N/

T 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Atendimento do convênio médico

Forma de organização dos servidores (

associações, conselhos, sindicatos)

Importância da QVT para o resultado do seu

trabalho

Relações hierárquicas do meu trabalho

Ausência de interferência na vida pessoal

Oportunidade de realizar ginásticas no

trabalho

Atendimento às rotinas de pessoal (registro,

pagamentos, documentos, etc.)

Espirito de Cooperação

Finaciamnetos para cursos externos

(faculdade, inglês, cursos técnicos,

profissionalizantes, etc.)

Ética organizacional

Página 04

*5. Cite até cinco ações em Qualidade de Vida no Trabalho que faltam na sua instituição

de ensino

1.

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124

2.

3.

4.

5.

Página 05

Neste bloco queremos saber sua opinião sobre o que significa Qualidade de Vida no

Trabalho para você.

*6. Indique TRÊS PALAVRAS que expressem a qualidade de vida no trabalho de

acordo com a ordem de importância que você atribui a elas:

Primeira mais importante

Segunda mais importante

Terceira mais importante

Outro (especifique):

Página 06

Neste bloco queremos saber sua opinião sobre o que significa Qualidade de Vida no

Trabalho para você.

*7. Qual a melhoria mais importante que a UNIVASF/IF-Sertão fez para a Qualidade de

Vida no Trabalho?

Não sei de melhorias para a Qualidade de Vida no Trabalho realizadas pela instituição

onde trabalho.

Não ocorreu nenhuma melhoria para a Qualidade de Vida no Trabalho na instituição

onde trabalho.

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125

Sim, posso citar a melhoria mais importante para a Qualidade de Vida no Trabalho

ocorrida na instituição de ensino onde trabalho. Utilize o quadro abaixo para citar a melhoria.

Página 07

*8. Selecione, de acordo com as opções, as suas seguintes OCORRÊNCIAS DE SAÚDE-

DOENÇA nos últimos 12 meses.

Ocorrências

Utilizou remédios para dores específicas SIM/NÃO

Sofreu internação em hospital SIM/NÃO

Foi atendido em pronto-socorro SIM/NÃO

Utilizou o convênio médico SIM/NÃO

Compareceu a Junta médica ou Perícia Médica em virtude de

adoecimento SIM/NÃO

Faltou ao trabalho por mal-estar ou doença SIM/NÃO

9. Utilize esse espaço se deseja comentar sobre um ou mais dos itens anteriormente

respondidos.

Página 08

DADOS SÓCIO DEMOGRÁFICOS – BLOCO 4

10. Gênero

Feminino

Masculino

*11. Idade:

18 anos à 70 anos

*12. Estado Civil

Solteiro Casado Viúvo Separado Outro

*13. Última Formação Concluída

Ensino Médio Graduação Especialização Mestrado Doutorado

Pós-Doutorado

*14. Servidor de qual instituição de ensino?

UNIVASF

IF-Sertão

*15. Qual Campus de Lotação?

*16. Carga horária semanal:

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126

*17. Possui Função Gratificada ou Cargo de Direção:

*18. Qual o Tempo de Serviço na Instituição ?

*19. Possui outro vínculo trabalhista?

*20. Você acredita que esta pesquisa poderá ser utilizada para ações de Qualidade de

Vida no Trabalho da sua instituição?

Página 09 21. Para finalizar, se desejar, informe seu contato.

Endereço de e-mail

Agradeço muito a sua participação!!

Maria D'Ajuda

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127

APÊNDICE G – Resultados das Análises Estatísticas Realizadas

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

Factor Analysis

Descriptive Statistics

Mean Std. Deviation Analysis N

DO1 7.40 1.885 172

DS1 5.80 2.093 172

DB1 6.13 2.304 172

DO2 6.74 2.233 172

DS2 4.20 2.540 172

DP1 6.70 2.063 172

DO3 6.62 2.053 172

DOP4 5.89 2.223 172

DB3 5.09 2.402 172

DP3 7.18 1.961 172

DO5 6.30 2.235 172

DP4 6.35 2.210 172

DB5 6.26 2.277 172

DS4 6.28 1.868 172

DO7 7.42 1.988 172

DP6 7.02 2.265 172

DO8 6.79 2.166 172

DP7 7.16 2.084 172

DS5 5.65 2.631 172

KMO and Bartlett's Test

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy. .913

Bartlett's Test of Sphericity Approx. Chi-Square 1911.286

DF 171

Sig. .000

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128

Communalities

Initial Extraction

DO1 1.000 .634

DS1 1.000 .449

DB1 1.000 .579

DO2 1.000 .566

DS2 1.000 .593

DP1 1.000 .537

DO3 1.000 .596

DOP4 1.000 .743

DB3 1.000 .708

DP3 1.000 .798

DO5 1.000 .609

DP4 1.000 .606

DB5 1.000 .363

DS4 1.000 .542

DO7 1.000 .684

DP6 1.000 .578

DO8 1.000 .477

DP7 1.000 .818

DS5 1.000 .662

Extraction Method: Principal

Component Analysis.

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129

Total Variance Explained

Component

Initial Eigenvalues

Extraction Sums

of Squared

Loadings

Total % of Variance Cumulative % Total

1 8.704 45.808 45.808 8.704

2 1.678 8.833 54.641 1.678

3 1.158 6.097 60.738 1.158

4 .924 4.864 65.602

5 .822 4.327 69.929

6 .735 3.869 73.798

7 .696 3.662 77.460

8 .595 3.133 80.592

9 .569 2.996 83.589

10 .497 2.617 86.205

11 .462 2.432 88.637

12 .444 2.338 90.975

13 .357 1.880 92.856

14 .306 1.609 94.465

15 .260 1.366 95.831

16 .246 1.296 97.126

17 .231 1.216 98.343

18 .195 1.025 99.367

19 .120 .633 100.000

Page 132: MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS - Ufba · MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO ENTRE TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DE DUAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

130

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131

Pattern Matrixa

Component

1 2 3

DS2 .864

DB3 .781

DS1 .768

DO1 .739

DB1 .670

DP1 .647

DOP4 .616

DO3 .545

DS5 .924

DO5 .783

DP4 .730

DO2 .623

DO8 .605

DS4 .469

DB5 .408

DP3 .999

DP7 .953

DO7 .665

DP6 .596

Extraction Method: Principal Component

Analysis.

Rotation Method: Promax with Kaiser

Normalization.

a. Rotation converged in 6 iterations.

Component Correlation Matrix

Component 1 2 3

1 1.000 .664 .572

2 .664 1.000 .501

3 .572 .501 1.000

Extraction Method: Principal Component Analysis.

Rotation Method: Promax with Kaiser Normalization.

Page 134: MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS - Ufba · MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO ENTRE TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DE DUAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

132

Reliability

Scale: ALL VARIABLES

Case Processing Summary

N %

Cases Valid 187 61.7

Excludeda 116 38.3

Total 303 100.0

a. Listwise deletion based on all variables in the

procedure.

Reliability Statistics

Cronbach's Alpha

Cronbach's Alpha

Based on

Standardized

Items N of Items

.898 .899 8

Item Statistics

Mean Std. Deviation N

DS2 4.10 2.566 187

DB3 4.94 2.459 187

DB1 6.06 2.363 187

DOP4 5.79 2.311 187

DO1 7.25 1.994 187

DP1 6.63 2.081 187

DS1 5.70 2.150 187

DO3 6.53 2.100 187

Summary Item Statistics

Mean Minimum Maximum Range

Maximum /

Minimum Variance N of Items

Item Means 5.875 4.102 7.251 3.150 1.768 .999 8

Page 135: MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS - Ufba · MARIA D’AJUDA COSTA PASSOS QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO ENTRE TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DE DUAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

133

Item-Total Statistics

Scale Mean if

Item Deleted

Scale Variance if

Item Deleted

Corrected Item-

Total Correlation

Squared Multiple

Correlation

Cronbach's Alpha

if Item Deleted

DS2 42.90 145.984 .614 .407 .892

DB3 42.06 139.195 .783 .654 .875

DB1 40.94 145.174 .701 .520 .883

DOP4 41.21 140.363 .821 .715 .871

DO1 39.75 151.200 .724 .531 .882

DP1 40.37 155.890 .586 .367 .893

DS1 41.30 157.880 .522 .281 .899

DO3 40.47 149.272 .721 .557 .882

Scale Statistics

Mean Variance Std. Deviation N of Items

47.00 190.677 13.809 8

Reliability

Scale: ALL VARIABLES

Case Processing Summary

N %

Cases Valid 229 75.6

Excludeda 74 24.4

Total 303 100.0

a. Listwise deletion based on all variables in the

procedure.

Reliability Statistics

Cronbach's Alpha

Cronbach's Alpha

Based on

Standardized

Items N of Items

.831 .834 7

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134

Item Statistics

Mean Std. Deviation N

DS5 5.48 2.738 229

DO5 6.07 2.545 229

DP4 6.19 2.237 229

DO2 6.59 2.378 229

DO8 6.66 2.288 229

DS4 6.14 1.978 229

DB5 6.22 2.318 229

Summary Item Statistics

Mean Minimum Maximum Range

Maximum /

Minimum Variance N of Items

Item Means 6.193 5.480 6.655 1.175 1.214 .150 7

Item-Total Statistics

Scale Mean if

Item Deleted

Scale Variance if

Item Deleted

Corrected Item-

Total Correlation

Squared Multiple

Correlation

Cronbach's Alpha

if Item Deleted

DS5 37.87 98.649 .550 .353 .815

DO5 37.28 98.606 .613 .474 .802

DP4 37.16 100.627 .678 .512 .793

DO2 36.76 102.729 .574 .385 .809

DO8 36.69 102.968 .600 .402 .805

DS4 37.21 107.980 .588 .416 .808

DB5 37.13 107.948 .472 .303 .824

Scale Statistics

Mean Variance Std. Deviation N of Items

43.35 136.070 11.665 7

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135

Reliability

Scale: ALL VARIABLES

Case Processing Summary

N %

Cases Valid 297 98.0

Excludeda 6 2.0

Total 303 100.0

a. Listwise deletion based on all variables in the

procedure.

Reliability Statistics

Cronbach's Alpha

Cronbach's Alpha

Based on

Standardized

Items N of Items

.857 .861 4

Item Statistics

Mean Std. Deviation N

DP3 6.90 2.104 297

DP7 6.90 2.221 297

DO7 7.08 2.256 297

DP6 6.69 2.468 297

Summary Item Statistics

Mean Minimum Maximum Range

Maximum /

Minimum Variance N of Items

Item Means 6.894 6.690 7.081 .391 1.058 .026 4

Item-Total Statistics

Scale Mean if

Item Deleted

Scale Variance if

Item Deleted

Corrected Item-

Total Correlation

Squared Multiple

Correlation

Cronbach's Alpha

if Item Deleted

DP3 20.67 35.261 .714 .707 .815

DP7 20.67 32.444 .797 .749 .778

DO7 20.49 33.555 .723 .528 .809

DP6 20.89 34.352 .591 .414 .869

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136

Scale Statistics

Mean Variance Std. Deviation N of Items

27.58 57.536 7.585 4

Tests of Normality

Instituição

Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk

Statistic df Sig. Statistic df Sig.

D1 IF Sertão ,038 116 ,200* ,994 116 ,913

Univasf ,088 163 ,003 ,956 163 ,000

D2 IF Sertão ,100 116 ,006 ,971 116 ,014

Univasf ,075 163 ,026 ,960 163 ,000

D3 IF Sertão ,113 116 ,001 ,933 116 ,000

Univasf ,141 163 ,000 ,881 163 ,000

a. Lilliefors Significance Correction

*. This is a lower bound of the true significance.

Mann-Whitney Test

Ranks

Instituição N Mean Rank Sum of Ranks

D1 IF Sertão 116 91,88 10658,00

Univasf 163 174,25 28402,00

Total 279

D2 IF Sertão 116 99,69 11563,50

Univasf 163 168,69 27496,50

Total 279

D3 IF Sertão 116 114,25 13252,50

Univasf 163 158,33 25807,50

Total 279

Test Statisticsa

D1 D2 D3

Mann-Whitney U 3872,000 4777,500 6466,500

Wilcoxon W 10658,000 11563,500 13252,500

Z -8,405 -7,042 -4,504

Asymp. Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000

a. Grouping Variable: Instituição

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137

APÊNDICE H – Principais trechos das entrevistas semiestruturadas

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS

PRIMEIRO MOMENTO

QUESTÕES ENTREVISTADO GU1

1ª “Eu defino Qualidade de Vida no Trabalho de uma forma bem abrangente

que está muito além das questões pontuais, mas uma construção de uma

política de mudança cultural dentro da organização. Qualidade de Vida está

relacionada aos aspectos físicos, aos aspectos sociais, culturais da instituição

e até as questões biológicas de adoecimento de cada servidor.”

2ª “Percebo que dentro da instituição, a grande maioria das pessoas, ainda veem

qualidade de vida como aquelas ações pontuais, sem dar uma real

importância ao fato de que isso tem que ser construído ao longo de muito

tempo, com muito trabalho e com todos os servidores envolvidos. Não

adianta a gente desenvolver uma ação que a gente não saiba se é a

necessidade do servidor.”

4ª “Existem várias queixas com relação a qualidade de vida no trabalho”.

4ª “Eu vejo muitas queixas, principalmente, em relação as relações no trabalho,

com relação aos conflitos entre os pares, a falta de adaptação com processo

de trabalho.”

5ª “Nós temos uma universidade nova, com uma estrutura física boa, bem

diferente da maioria das instituições de ensino mais antigas, então, quem

chega nessa universidade, vê uma estrutura física que não é o padrão do que

acontece no país.”

5ª “Isso (QVT) são ações que nós fazemos duas vezes no ano e no resto do ano

fica aquele espaço de tempo onde não acontece nada.”

6ª “Vejo também que a equipe de capacitação que trabalha na SGP, ela tem

feito alguns trabalhos, gerenciamento de conflitos, relações interpessoais,

tivemos cursos de coaching, gerenciamento de tempo, mas ainda acredito

que ficam ações soltas, não tem continuidade.”

7ª “Em relação à qualidade de vida, a primeira ação seria discutir no âmbito de

toda a universidade uma política organizacional que trabalhasse com essa

questão da qualidade de vida no trabalho. Em vez de a gente estar fazendo

ações pontuais, a gente devia estar fazendo coisas mais macros para ir

afunilando.”

7ª “Houve um tempo em que queríamos trazer um Inventário em QVT, mas

ficou oneroso.”

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138

8ª “Na falta da qualidade de vida no trabalho, normalmente, a gente chega no

adoecimento, então, eu vejo que as pessoas relacionam muito com a questão

de saúde e realmente é muito importante.”

8ª “Hoje, realmente, a maioria dos projetos são ligados ou a saúde ou na área da

capacitação.”

10ª “Estão relacionadas sim as normativas (da PASS) com a questão da

qualidade de vida, agora também muito voltadas, as normativas, para a

questão de qualidade de vida e saúde.”

10ª “Hoje, a PASS, dentro das normativas dela a gente encontra a pontuação da

Qualidade de Vida no Trabalho, no entanto, ainda não tem nenhuma

normativa, diretamente para se falar sobre qualidade de vida no trabalho.”

10ª “A PASS, assim, ela ampliou tanto a temática em si, como ela favoreceu

para a melhora do conhecimento (...) ela deu maior suporte e despertou mais

interesse.”

14ª “As pessoas dizem que é muito difícil o reconhecimento nas instituições

públicas porque a gente fez um concurso para executar aquilo ali e

normalmente o reconhecimento do seu trabalho é um cargo de chefia, mas

não há cargo de chefia para todo mundo.”

21ª “Eu sempre vejo nos debates institucionais Qualidade de Vida no Trabalho

como um dos alicerces da instituição, mas acho que está precisando sair do

discurso e colocar em prática, em construir. Como é que vai chegar a esse

objetivo de ter um programa em Qualidade de Vida no Trabalho?”

23ª “Nas últimas gestões eu vejo que o servidor está mais próximo das

discussões, das decisões e isso de certa forma já trás um certo

reconhecimento, está sendo chamando para discutir algumas temáticas.”

QUESTÕES ENTREVISTADO GU2

2ª “QVT no trabalho, para mim, tem um sentido bem mais amplo. A QVT

envolve uma percepção do ser como pessoa integral, tanto nos aspectos de

relações interpessoais dentro da instituição, como os aspectos mais amplos

também ligados a vida pessoal, é bem amplo o sentido.”

5ª “Eu acho que as ações de valorização do potencial do servidor são ações que

melhoram a QVT, então: ações de integração e capacitação melhoram a QVT

do servidor. Há ações que já foram desenvolvidas nesse sentido, até o

próprio mestrado que dá um gás, bolsa de incentivo a qualificação, porque é

um estímulo para o servidor.”

6ª “Tem algumas ações que precisam ser fortalecidas. Elas precisam ser ações

mesmo de desenvolvimento, de capacitação. São ações que precisam estar

mais fortalecidas, na promoção a saúde existem projetos, mas esses projetos

também precisam ser mais fortalecidos.”

7ª “Eu percebo o seguinte: que a alta gestão é aberta para mudanças e assim: ao

levar uma proposta bem fundamentada acredito que vai ser aceita, identifico

como ações que poderão ser implantadas.”

10ª “Eu participo desde a criação das primeiras reuniões da implantação das

políticas de atenção à saúde do servidor e desde o início foi discutido com

relação ao setor que ficaria ligado essa política e sempre não conseguiu se

deslumbrar um outro setor que não seja a gestão de pessoas, porque a gestão

de pessoas é macro.”

12ª “Ando muito reflexiva com relação as minhas ações porque o nosso sistema

é bruto, você tem a intenção, mas você não consegue chegar a ação, então o

que entendo é que existe projeto, existe a equipe, existem boas intenções,

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139

mas a gente não consegue chegar a ação.”

23ª “Sim, a instituição investe (na imagem), através da comunicação, através da

valorização, através dos projetos que são realizados e assim eu vejo que a

instituição hoje tem uma preocupação tanto com a imagem dela

internamente, como externamente.”

26ª “(...) acredito que essa compreensão com relação à QVT precisa ser melhor

difundida, ela precisa de um alinhamento. Não é que todos concordem com

relação ao que é QVT, mas está faltando alinhamento, percebo que um grupo

de pessoas sabe o que é QVT, mas está faltando uma divulgação e um

alinhamento do que seja a QVT.”

QUESTÕES ENTREVISTADO GU3

7ª “Sim, acho que existe sim, e é muito relevante que seja pensado mais

concretamente sobre isso porque hoje se sabe muito bem que nosso local,

nossa rotina é pesada e pensar sobre QVT contribuiria significativamente

para a gente trabalhar melhor. A gestão pensando nisso, vai ser muito bom

pros próprios servidores que vão se sentir motivados, mais valorizados pela

organização.”

8ª “(...) quando penso em QVT penso em bem-estar, o bem-estar físico, bem-

estar mental e quando tempos um bem-estar físico e bem-estar mental a

gente tem saúde, então a associação de QVT com saúde é exatamente estar

bem (...)”.

13ª “(...) acho que deveria ter é realmente uma política de QVT de uma maneira

mais ampla, o pensar nisso como uma política, ações que poderiam ser

inseridas. Nós já fazemos muita coisa aqui na universidade visando essa

qualidade de vida, mas a gente ainda não tem uma política (...). Não

podemos dizer que a universidade tem uma política de qualidade de vida,

isso seria bem legal, para mostrar o que a gente pensa em relação a isso, o

que a gente poderia executar em relação a isso.”

14º “(...) e como eu disse, é uma gestão que há muito diálogo, muito conversa,

você percebe que há uma valorização contínua todos os momentos, que há

oportunidades para o gestor, os gestores enaltecem as equipes sobre o

trabalho, acho que em momentos oportunos, diretamente ou indiretamente,

esses servidores são reconhecidos e valorizados e isso provoca autoestima.”

15ª “(...) a questão da capacitação é exatamente a promoção contínua pelo

desenvolvimento profissional, então, como eu disse, a gente tem buscado

cada vez mais aumentar o numero de ações de capacitação, aumentar o

numero de servidores capacitados, oportunizamos muitos servidores a

participarem de ações fora da instituição como congressos, seminários,

eventos que eles possam promover, a instituição realiza diversas parcerias

com instituições para que esses servidores se capacitem e se qualifiquem,

como exemplo do mestrado profissional da UFBA que é uma parceria que

oportunizou 14 servidores realizarem um mestrado, então, isso é uma

questão de desenvolvimento profissional, sem contar que o investimento é

muito alto para a instituição e ela tem certeza que esse investimentos trará

um retorno para a própria instituição, visando a melhoria dos serviços

prestados e tal. Tem também a questão do programa de bolsas que desde

2013 que a instituição iniciou esse programa, a partir de 2015 foi instituído

uma resolução com relação a isso e agora é exatamente oportunizar aos

servidores que estejam fazendo graduação e especialização, mestrado e

doutorado, um incentivo financeiro pra ajudar nos estudos, seja no

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140

pagamento de mensalidades, seja no material, seja no deslocamento, então,

isso com certeza promove essa melhoria do desenvolvimento (profissional).”

16ª “Continuamente são realizados eventos aqui na instituição, são eventos que

buscam essa questão do bem estar, por exemplo: quando a gente tem eventos

de socialização com servidores, quando temos eventos de reuniões que tem

esse aspecto que não é somente profissional, ali sim está tendo uma ação de

bem estar, além do trabalho do próprio SIASS que já realiza ações de

prevenção, e uma preocupação muito grande em permanecer com os

servidores com essa qualidade de vida, com esse bem-estar, no seu

ambiente.”

22ª “(...) a visão, missão e valores no PDI são extremamente restrito às questões

de ensino, pesquisa e extensão. Como houve uma revisão do PDI para os

próximos dez anos, talvez tenha inserido no atual.”

23ª “(...) acho que há uma vontade com relação a isso (investir na imagem), mas

ainda não se descobriu o caminho pra fazer isso, até porque, como é natural,

a gente tem pessoas que gostam e pessoas que não gostam, que vestem a

camisa e não vestem a camisa.”

25ª “(...), hoje temos diversos fórum na instituição, existem fórum dos discentes,

fórum dos administradores, fórum de pró-reitorias, fórum dos técnicos e

fórum de coordenadores, então, a gente tem diversos fóruns e esse fóruns são

o momento de discussão, de diálogo, de abertura para participação.

Logicamente que ali não vai ser tomada a decisão especifica, mas ali vai ter

um embasamento, ter uma participação do servidor para tomada de decisões,

então, há uma abertura muito grande nesses fóruns.”

26ª “É complicado, eu acho que existe sim um alinhamento, mas também acho

que existe uma expectativa muito grande dos servidores no que seria a QVT

e talvez essa expectativa não tenha sido alcançada, mas no meu ponto de

vista a gestão tem conhecimento da QVT e os servidores tem noção da

QVT”.

27ª “Amplamente não, esse tema precisa ser ainda amplamente debatido, mas

ainda não é.”

QUESTÕES ENTREVISTADO GI1

“Não existe outra coordenação. Existem coordenações de saúde nos campi,

mas o trabalho lá, na área de saúde, é muito voltado para o aluno. Não é

voltado para o servidor. Então, a única coordenação voltada para o servidor é

a coordenação de saúde ligada ao DGP.”

2ª “Não existe o hábito, pelo menos na instituição em que trabalho, não existe o

hábito de estar elogiando o outro.”

7ª “Muita fala, mas esforço real em implementar um programa em QVT, não.”

8ª “Eu acho que está ligado, porque qualidade de vida é saúde, né? Mas porque

esta ligação, não sei não.”

10ª “Eu acho que eles nem conhecem (a PASS).”

10ª “Inclusive, lá no meu setor, não existe qualidade de vida, é pressão 24

horas.”

15ª “Existe essa separação entre professor, e sei que não é só lá no instituto, e

administrativo. Para eles (o instituto) o professor é importante e precisa

ganhar bem e o administrativo não.”

18ª “Existem alguns projetos, algumas pessoas, alguns professores que fazem

pesquisa, extensão, mas aí eles recebem por isso (trabalhos com a

comunidade externa)”

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141

19ª “Teve um período em que o próprio instituto, era uma coisa, inclusive,

nacional, que a gente viajava, praticava esporte, eu jogava vôlei, duas vezes

por semana a gente se encontrava lá no campus Petrolina, no campus zona

rural (...) jogo coletivo. O governo pagava as nossas viagens, encontro dos

IF’s do nordeste, mas tem dois anos que o governo não libera mais a verba

para isso.”

21ª “Quando você está bem, quando você tem qualidade de vida, dentro do

trabalho e fora dele, acho que você trabalha melhor.”

21ª “Alguns (gestores) até comentam (sobre QVT), assim específico mesmo,

nunca foi feito nada não. Não vejo eles se mobilizando para esse tipo de

coisa, não.”

QUESTÕES ENTREVISTADO GI2

4ª “A gente não tem estrutura, a gente não tem servidores para fazer o que

realmente tem que ser feito.”

5ª “É das maiores queixas dos servidores é com a qualidade de vida, com a

atenção à saúde no instituto.”

6ª “Primeiro a gente tem que ter essa diretoria que cuide da qualidade de vida

do servidor, desenvolvimento na carreira, atenção pós-carreira, a gente tem

que ter um projeto para as pessoas que se aposentam que a gente não tem.”

7ª “Tem um esforço grande para implementar (QVT). O problema que está

ocorrendo é que a gente está em um período que houve uma eleição e o reitor

não assumiu, aí veio um reitor indicado pelo MEC, só para organizar a

eleição e ele ficou dois anos e a eleição (...) ainda não aconteceu, então,

muita coisa está parada.”

12ª “Essas falhas esbarram na burocracia, na falta de recursos para desenvolver

projetos, aí você termina não desenvolvendo aquilo que você quer

implementar. Porque tudo depende de recurso e com essa escassez de

recursos e com essa crise que está sendo anunciada, acaba surgindo uma

grande falha que impede que a gente implemente tudo que a gente quer.

(Entrevista GI1)”

21ª “Eu acho que o princípio é a Qualidade de Vida no trabalho, o trabalhador

tem que estar realizando as suas atribuições a contento.”

24ª “Umas das maiores cobranças é essa dos servidores, principalmente aqui da

diretoria, é esse investimento para desenvolver a qualidade de vida do

servidor, inclusive nessa eleição os dois candidatos estão prometendo muito

essa parte, estão batendo muito na qualidade de vida, isso é uma reclamação

de quase 100% dos servidores.”

26ª “Cada um tem um pensamento diferente e os servidores acham que é

obrigação só deste setor de fazer isso e não é, né, todos tem que fazer isso.”

27ª Quase toda reunião do conselho superior, conselho de dirigentes e outras

reuniões com servidores é debatido (o tema QVT), com o sindicato.

PRINCIPAIS TRECHOS DAS ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS

SEGUNDO MOMENTO

QUESTÕES ENTREVISTADO GU1

1ª “O que me causou surpresa foi em um dos itens, eles terem reafirmado uma

coisa que a gente acha, que a nosso ver, no nosso entendimento de qualidade

de vida, não é uma coisa que vai afetar tanto, que é justamente a questão da

ginástica laboral, das práticas esportivas. Estranho que é muito pequeno as

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142

outras dimensões: a questão dos processos de trabalho, a relação entre o

trabalho e o lazer, essas outras partes. O que a gente ainda vê é que qualidade

de vida é saúde e não se pensa na parte mais política.”

2ª “Algumas questões que foram apresentadas no resultado vão contra a política

e as atribuições que tem este setor. E acho que justamente fica essa lacuna

entre o que eles esperam e o que a gente oferece, mas aí eu vejo que entra

agora é a questão de realmente esclarecer qual é o nosso papel.”

“Existe a demanda, existe o desejo deles e existe o que a gente está ofertando

e que está um pouco diferente, está distante.”

3ª “Eu reconheço, sim, que as melhorias apresentadas pelo setor são resultados

das ações que a gente faz aqui.”

4ª “As ações assistencialistas estão fora das previstas pelo setor.”

“A universidade é uma universidade com um desenho bem diferente, onde

ficam vários campi, em alguns estados, o que dificulta um pouco essas ações

serem ofertadas ao longo do ano em todos esses campi.”

8ª “Tem muita coisa da categoria técnica que não dá para brigar localmente, é

uma coisa da categoria, por exemplo, a gente vê muita insatisfação dos

técnicos quanto a flexibilidade de horário, por exemplo.”

9ª “ A administração pública ela é rígida, tem muitas burocracias, tem muitas

normativas que estão aí para serem cumpridas e isso engessa um pouquinho

quando a gente vai implementar um projeto de QVT.”

“Por exemplo, os processos de trabalho, algumas pessoas questionam que

deveriam mudar para melhorar. Só que mudar um processo de trabalho

dentro de uma instituição pública é extremamente complicado.”

10ª “Então, a gente percebe aquela coisa imediatista. As pessoas não estão

pensando em qualidade de vida ainda de uma forma que tem que ser

construída, e que envolve outros aspectos e que tudo está ligado. Saúde está

ligado com gerenciamento, saúde está ligado com a parte das relações no

trabalho, que está ligado com o seu tempo de trabalho e de lazer, com a

relação da confiança, da autonomia, então, tudo é qualidade de vida.”

QUESTÕES ENTREVISTADO GU2

4ª “A grande dificuldade que temos hoje é a dificuldade de pessoal, porquê

percebo que o setor tem a intenção, mas não adianta termos a intenção se não

temos como viabilizar as ações, estamos em um período que temos

dificuldades, estamos buscando parcerias, mas aí também não depende

somente da gente, depende de outras instituições.”

6ª “Algumas ações sim, principalmente na dimensão social, sim, a dimensão

social faz parte do planejamento (...) também a capacitação está sempre se

renovando.”

8ª “Cada instituição é uma instituição, mas nós estamos hoje dentro de um

contexto maior que é o serviço publico, e no serviço público nós tempos

algumas dificuldades, somos do ministério da educação, uma ligada ao

ensino superior e o IF também tem ensino superior e tecnológico, mas assim

nós temos um gestor maior que é o MEC e algumas políticas são vindas

desse gestor maior, então, temos certas dificuldades e talvez, por isso, nossos

resultados sejam parecidos.”

9ª “Eu acho que no serviço público a gente lida com setor público e as

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143

características de trabalho são um pouco diferente do setor privado. Então,

um programa em QVT requer do serviço publico coisas mais especificas do

que no setor privado (...), tem toda a questão de além de recursos financeiros

e humanos, no serviço público eu percebo que existe a boa intenção, mas de

trabalhar com pouco e fazer mais, umas das situações que dificulta um

pouco.”

QUESTÕES ENTREVISTADO GU3

2ª “Acho que há um esforço grande para atender essas melhorias, mas no meu

ponto de vista, melhorias é algo que tem que acontecer de maneira contínua,

então, a gente atende umas necessidades, mas amanhã outras necessidades

surgem, então, é importante sempre observar, acompanhar, no meu ponto de

vista há um esforço da instituição em promover essas melhorias que são

observadas pelos servidores.”

3ª “(...) quando é observado essas demandas dos servidores, automaticamente já

é se pensado quais ações deveriam ser feitas e isso vai muito exatamente na

área de gestão de pessoas, então, todas as demandas que chegam até a área

de gestão de pessoas são avaliadas e prontamente elas são analisadas de que

forma podem ser atendidas, então, acredito que o setor reconhece sim a

participação.”

4ª “As principais dificuldades que a gente enfrenta é ofertar cursos e os

servidores não participarem desse curso. Aí há um contraditório. Quando a

gente faz um levantamento das necessidades de capacitação, um plano de

capacitação, a gente faz com base no levantamento, nas ações que são

colocadas, elas foram demandadas, então, quando a gente disponibiliza essas

ações que não há servidores ou um número muito pequeno, é uma

contradição muito grande, porque ali há um planejamento, há um trabalho

todo que é realizado nessa área e acaba sendo um quanto frustrante (...).

Agora, com relação a essa questão de incentivo, a maior dificuldade da

gente, com certeza, é orçamentária, então, para a gente poder promover mais

ações de incentivos ou mais essa questão da qualificação a gente teria que ter

mais recursos, trabalhamos com limitação orçamentária, então isso restringe

parcerias, ter recurso maior em bolsas, incentivo a qualificação, por exemplo,

formalizar novos contratos, exemplos o mestrado e o doutorado, isso

dificulta.”

8º “Eu acho que essa questão de horário de trabalho é uma coisa que

normalmente é insatisfatório para todos. É muito comum que os servidores

queiram trabalhar com uma carga horária menor, até porque isso está

relacionado a QVT, ter mais tempo para a família, para se cuidar, para outras

questões que não é só trabalhar (...). Agora, essa questão da burocracia da

administração pública, isso também provoca muita insatisfação dos

servidores, até porque acaba impactando na celeridade de alguns processos

que a gente visualiza que poderiam ser mais rápidos, mais flexíveis e não são

pelo próprio acesso da burocracia da administração pública (...), muitas

greves, o plano de carreira em si é uma, então, muitos servidores não se

sentem valorizados e buscam melhorias e não enxergam isso dentro da

administração publica.”

10ª “(...) está fazendo uma análise com base na opinião dos servidores, trás

sugestões de áreas que poderiam ser mais trabalhadas e uma área de gestão

de pessoa e uma área desenvolvimento humano, aperfeiçoamento é um setor

que certamente vai poder utilizar esses resultados para fazer novas

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144

contribuições para a instituição.”

QUESTÕES ENTREVISTADO GI1

“Essa questão de desconto em supermercado, em posto de gasolina, a gente

tem através da associação de Petrolina. Inclusive, só existem essas

associações no Campus da Zona Rural e no Campus Petrolina.”

2ª “Todos os campus tem sua coordenação de saúde, no campus Petrolina tem

médico, tem enfermeiro, tem assistente de enfermagem, tem dentistas, tem as

psicólogas, pro servidor e pro aluno, e essa equipe pode trabalhar (referindo-

se às questões de saúde), mas eles ficam esperando que organize tudo (a

coordenação de Petrolina).”

3ª “Exatamente, a gente faz os projetos e não recebe resposta nenhuma, nem se

está bom ou se está ruim.”

“Ficou de ser criada uma comissão para trabalhar com Qualidade de Vida e

era para ser uma pessoa de cada campo (...) e essa comissão nunca foi feita,

teve reunião com o reitor e tudo. È só conversa, reunião, pessoal reclama,

fala e na hora da ação mesmo todo mundo cai fora (...).”

5ª “Tentando colocar dentro da capacitação a Educação para Aposentadoria.”

6ª “Eu acho que é inclusive a questão política que a gente está vivendo nesse

momento, né? A gente não tem verba para nada, nem capacitação.”

“Cada ano o valor é menor. Foi menor ano passado e esse ano foi ainda

menor (verba). A questão é que a gente não recebe recursos para isso. (...) O

dinheiro da Univasf e do IF vem do mesmo lugar e, infelizmente, é uma

situação bem difícil que a gente está vivendo.”

QUESTÕES ENTREVISTADO GI2

1ª “A gente só tem uma diretoria que não tem uma estrutura para ver a

qualidade de vida, a gente é mais a parte de pagamento e pessoal. Hoje, no

IF, a gente tem um setor de gestão de pessoas que não está estruturado para

ser gestão de pessoas.”

2ª “Vamos começar as novas ações com a posse da nova gestora.”

2ª “A gente não fazia ações a longo prazo, porque ações de saúde tem que ser a

longo prazo.”

3ª “Temos dificuldade com pessoal, quantitativo de servidores que nós temos

pouco, na área de gestão de pessoas, principalmente, nessa área de

desenvolvimento de pessoas.”

“É difícil descentralizar as ações por falta de verba, de pessoal. Quando

fazemos algumas ações aqui, temos dificuldade de conseguir liberação dos

servidores ou como bancar a vinda deles. Alguns não se interessam pelo

desgaste, afinal tem campi que é muito afastado.”

4ª “Tem a parte política, né? Que os servidores dizem que a coisa não está

prestando porque não o gestor que ele queria.”

8ª “A insatisfação do servidor começa pela carreira. O salário de técnico

administrativo é o piso salarial mais baixo do executivo. (...). A parte dos

benefícios que não há isonomia com o judiciário.”

9ª “Primeiro é a questão de orçamento que estão cortando tudo e vai cortar mais

ainda com essa crise política.”

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145

ANEXO A – Carta de Anuência do IF Sertão – PE.

NIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

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146

ANEXO B – Carta de Anuência da Univasf.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO