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Maria Cecília Lopes Compreensão Oral em Língua Inglesa IESDE Brasil S.A. Curitiba 2012 Edição revisada

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Maria Cecília Lopes

Compreensão Oral em Língua Inglesa

IESDE Brasil S.A.Curitiba

2012

Edição revisada

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ __________________________________________________________________________________L854c Lopes, Maria Cecília, 1964- Compreensão oral em língua inglesa / Maria Cecília Lopes. - ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 200p. : 28 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-2859-7 1. Língua inglesa - Estudo e ensino. 2. Língua inglesa - Compêndios para estrangeiros. I. Inteligência Educacional e Sistemas de Ensino. II. Título

12-4735. CDD: 428.24 CDU: 811.111’243

06.07.12 19.07.12 037141 __________________________________________________________________________________

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Sumário

A (very) brief look at the history of English | 7Povos que influenciaram a língua inglesa | 8Algumas características da língua inglesa oral | 10Breve histórico sobre compreensão oral em língua inglesa | 12

Sentence and word stress are very important | 19

Different accents for the same language | 35Greetings and farewells – Cumprimentos e despedidas | 38

Hit or miss consonants | 51A pronúncia e o stress observado nas consoantes | 53

English as a global language | 71O stress em verbos da língua inglesa | 73Verbos relacionados a viagens | 74

Pandora's box: the mysteries of language | 91Unindo (Linking) as palavras – algumas regras | 93

Rhythm is in the air, it is everywhere | 111Numbers 0 to 20 (Números de 0 a 20) | 114Calendar – Calendário (dia e mês) | 119The months of the year – Os meses do ano | 120Prepositions of time – Preposições de tempo | 121

Intonation is crucial for communication | 131

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Differences between American and British English | 147Describing the weather – (descrevendo o tempo) Vocabulary (vocabulário) | 151

Differences between Scottish English and Standard English | 159Describing people (descrevendo as pessoas) Vocabulary (vocabulário) | 161

Canadian English | 173Currency (Moeda) | 174Ways of paying | 175

Australian English | 183

Referências | 195

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Apresentação

Esta disciplina tem por objetivo apresentar aos alunos de Letras aspec-tos diferenciados da pronúncia da língua inglesa, considerados importantes para a compreensão auditiva da mesma. No transcorrer do material, o alu-no terá acesso a aspectos históricos, culturais e situacionais que podem fa-zer diferença quando do contato auditivo com a língua. De forma clara, com exemplos e exercícios escritos e auditivos o aluno terá contato com diversas situações do uso cotidiano e típico da língua inglesa, bem como com diferen-tes pronúncias da mesma (britânica, americana, australiana). Também são apresentadas estratégias de compreensão auditiva de textos autênticos (ou fragmentos de textos) em língua inglesa.

Os 12 capítulos apresentam: noções básicas sobre a língua inglesa, suas origens e sua formação sonora; noções sobre o stress da língua ingle-sa em vogais, consoantes e diferentes classes gramaticais; a ligação sonora entre palavras na fala em língua inglesa; o ritmo e a entonação da língua inglesa e as diferenças entre as pronúncias de diversos falantes nativos.

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A (very) brief look at the history of English

Maria Cecília Lopes*Mudam-se os tempos,

mudam-se as vontades

Luíz Vaz de Camões (1524-1580)1

Assim como os seres humanos, a língua é dotada de vida. Ela se apresenta com características próprias, como se fosse um ser autônomo, trilhando um caminho paralelo ao nosso, evidenciando e re-gistrando a cultura, os hábitos e as crenças de seus falantes. Tal qual os seres humanos, a língua está em constante mudança. Mais do que um conjunto de signos linguísticos, a língua expressa o modo de viver e agir dos indivíduos de uma comunidade num determinado momento. As origens da língua enquanto um conjunto linguístico são de difícil precisão, mas provavelmente ela teve seu início quando o homem deixou de ser nômade e passou a viver em pequenos grupos sociais. Desenvolver um padrão de comu-nicação passou a ser essencial e desde então linguagem, língua e fala têm sido objetos de estudo para milhares de pesquisadores.

Linguagem, língua e fala são distintas em termos de significado e quando unidas possibilitam a interação social entre indivíduos de uma mesma comunidade. A linguagem pode ser vista sob diversos prismas: pode ser a linguagem familiar, a técnica, a erudita, a linguagem comercial, só para citar alguns exemplos. A língua se constitui como um conjunto de signos linguísticos que possibilita aos indivíduos que expressem suas crenças, ideias, opiniões, desejos e a fala é um dos meios pelos quais a língua é uti-lizada para expressar tais anseios. A oralidade manifesta-se de maneiras variadas, oscila de acordo com

* Doutoranda em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas. Mestre em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas. Bacharel em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC–SP). Tradutora e assessora linguística para escolas de idiomas. Professora no Ensino Supe-rior em disciplinas de Graduação em Letras e em Pós-Graduação em Língua Inglesa.1 Poeta português, um dos maiores nomes da Renascença, e possivelmente de toda a literatura portuguesa, escreveu entre outras obras Os Lusíadas. Soube como poucos usar os recursos da língua portuguesa para expressar fatos, sentimentos e ideias. Até hoje é um dos autores mais lidos e estudados no mundo.

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8 | A (very) brief look at the history of English

seus falantes, com o local em que se encontram, com o grupo social a que pertencem. Daí tantas dife-renças observadas nos falantes de uma mesma língua: ora as sílabas são ditas pausadamente, ora são suprimidas, novos termos são criados, outros são esquecidos. Diante deste quadro, é possível concluir que a fala precede a escrita, pois a velocidade com que novos termos são criados, utilizados e descarta-dos não é a mesma com que o registro escrito é feito.

A língua portuguesa, se comparada à língua inglesa, tem uma característica singular: a grafia das pala-vras é semelhante à maneira com a qual tais palavras são pronunciadas. Já a língua inglesa imprimiu caracte-rísticas diferentes à escrita e à fala. E esta distinção não pode representar um empecilho, uma vez que a língua inglesa está ao alcance dos nossos olhos e ouvidos na forma de música, revistas, internet, livros, filmes entre outros. Para chegar a esse status de “língua do mundo”, o inglês trilhou um longo caminho permeado pela influência linguística e cultural de povos que dominaram os britânicos durante séculos.

Povos que influenciaram a língua inglesa Como em qualquer língua, a língua inglesa tem origem pré-histórica, situada num tronco co-

mum: o indo-europeu. Passou por diversas transformações até atingir seu estágio atual. Veja a evolução dessa língua na linha do tempo abaixo:

Principais povos que colaboraram para a criação da língua inglesa no decorrer dos séculos

Século I A.C. Século XXI D.C.

Celtas Romanos Germânicos; Anglos, Saxões

e Jutos

Escandinavos Normandos Países que falam inglês

como 1.ª língua:

Inglaterra

Irlanda

Irlanda do Norte

Gales

Escócia

EUA

Canadá

Austrália

Índia

África do Sul

Como mostra a linha do tempo, esses povos foram responsáveis pelo início da civilização britâni-ca e colaboraram também para a criação da língua inglesa moderna. Eles ocuparam as terras que hoje

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9|A (very) brief look at the history of English

conhecemos como Reino Unido e Grã-Bretanha. Cabe ressaltar que o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte é formado por pequenas ilhas e duas grandes ilhas:

Mar

ilu S

ouza

.

AtlanticOcean

0°5°

55°

55°

10°

IRELAND

WALES

ENGLAND

ENGLISH CHANNELFRANCE

ISLE OF MAN

SCOTLAND

Inverness

Glasgow

Edinburgh

Irish SeaYork

Manchester

Cambridge

LondonBath

Cardiff

NORTHERNIRELAND

137 km0

S

W E

N

EUROPE

O estado do Reino Unido é formado por quatro nações: Escócia, Inglaterra, Gales (ilha da Grã- -Bretanha) e Irlanda do Norte (ilha da Irlanda). Ao sul da ilha da Irlanda encontra-se a República da Irlan-da, país independente do Reino Unido.

Para entender a evolução da língua inglesa até o presente, observe a estrutura linguística apre-sentada a seguir:

Línguas

Celtas Latinas Germânicas Escandinavas

Língua atuais

Escocês

Irlandês

Galês

Manx

Bretão

Português

Espanhol

Italiano

Francês

Alemão

Holandês

Inglês

Norueguês

Dinamarquês

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10 | A (very) brief look at the history of English

Como se pode observar, a língua inglesa sofreu influência de diversos povos e essa influência é comprovada pelo registro escrito da evolução da língua inglesa, que se divide em três períodos: Inglês Antigo, Inglês Médio e o Inglês Moderno. Observe os exemplos abaixo:

Exemplo de inglês antigo Em inglês moderno Em português

Hē saede He said Ele disse

Exemplo de inglês médio Em inglês moderno Em português

Engelond England Inglaterra

Em termos de oralidade, o Inglês Antigo e Médio apresentavam a sílaba tônica na raiz das palavras. Du-rante a Dinastia Tudor2 (Inglês Médio), a língua inglesa perdeu várias flexões verbais e nominais, observando- -se a incorporação de várias palavras francesas ao léxico da língua inglesa. Observe o exemplo a seguir:

Em francês moderno Em inglês moderno Em português moderno

Vision Vision Visão

Algumas características da língua inglesa oralConforme dito no início deste capítulo, a oralidade antecede a escrita. Não é apenas através dos

olhos que se aprende uma língua, mas também através da audição (que em inglês se denomina liste-ning skills), em situações de comunicação (ouvindo ao noticiário, filmes, programas de entrevistas etc.). Assim sendo, a fala engloba a habilidade de ouvir e prestar atenção ao que está sendo dito. Esses são os requisitos essenciais para o desenvolvimento da compreensão da língua inglesa, já que há diferenças na pronúncia e entonação das palavras e sentenças. Também implica discutir e entender a fonologia da língua, já que esta fornece elementos necessários para a compreensão da entonação, do ritmo e do stress próprios da língua inglesa. Lembrando que o stress é a acentuação tônica. Ele indica onde deverá ocorrer a ênfase da pronúncia numa palavra ou frase. Na língua portuguesa isso ocorre de três formas: palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. Já em inglês, além dessas, há pelo menos outras duas possibilidades que não têm paralelo em português. É importante frisar que em inglês não há acentua-ção tônica por meio de sinais ortográficos como em português.

Muitos questionam: “Por que o som da língua inglesa não coincide com a escrita?”. Talvez a razão se encontre em um fato ocorrido no século XVI. Uma acentuada mudança na pronúncia das vogais do inglês ocorreu principalmente durante os séculos XV e XVI. Praticamente todos os sons vocálicos, inclusive ditongos, sofreram alterações e algumas consoantes deixaram de ser pronunciadas. Ou seja, palavras cujas vogais longas eram pronunciadas a partir de um movimento na parte inferior da boca passaram a ser pronunciadas na parte mais superior.

2 Dinastia significa uma sequência de soberanos de uma mesma família no comando de um Estado. A Dinastia Tudor (1485-1603), posterior à Dinastia Stuart, governou o que alguns consideram como os anos de ouro do Reino Unido. Nessa época ocorreram fatos importantes: obras de Shakespeare, expansão do reinado britânico e o movimento religioso denominado Reforma.

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De maneira geral, as mudanças das vogais corresponderam a um movimento na direção dos ex-tremos do espectro de vogais.

O sistema de sons vocálicos da língua inglesa antes do século XV era muito semelhante ao das demais línguas da Europa ocidental. O período seguinte, conhecido como Inglês Moderno, marcou um fenômeno conhecido como a “Grande Mudança Vocálica” na língua inglesa (“The Great Vowel Shift”). Este fenômeno distanciou a pronúncia das palavras e seu registro escrito em inglês. Por exemplo:

Palavra Pronúncia Inglês Médio Pronúncia Inglês Moderno

Name (nome) / : / /neim/

Há diferenças na pronúncia da mesma vogal em palavras com o mesmo radical. Observe no exem-plo abaixo a transcrição fonética do segundo “i” nas palavras invite e invitation:

Palavra raiz Transcrição Fonética Palavra derivada Transcrição Fonética

Invite (convidar) /ɪn’vaɪt/ invitation (convite) /ɪn.vɪ’teɪ. en/

Ao comparar a língua inglesa e a língua portuguesa, observa-se uma grande diferença na sinali-zação fonética e no sistema fonológico das duas línguas. Sinalização fonética significa a quantidade de som articulado por unidade de sentido, tendo-se a sílaba como som articulado e a palavra como unida-de de sentido. A língua inglesa mostra uma sinalização fonética reduzida se comparada ao português, pois apresenta uma quantidade superior de palavras monossílabas. Por exemplo:

ball (monossilábica) bo-la (dissílaba)

chair ca-dei-ra (trissílaba)

O número de palavras polissilábicas, na língua inglesa, é pequeno, se comparado ao português. Mas a maior diferença é quanto à irregularidade entre ortografia e pronúncia das vogais na língua in-glesa. Ou seja, um mesmo grafema (letra) quase sempre não corresponde ao mesmo fonema (som). Observe as cinco representações fonéticas do grafema i:

/ / – pizza

/ / bit

/ / – bite

/ / – noise

/ / -bird

Outro exemplo: se compararmos a língua portuguesa e a inglesa temos vogais pronunciadas – consoantes mudas: gato x cat. O som da vogal “o” em “gato”’ é pronunciado, enquanto que não há som vocálico após o ‘t’ de ‘cat’. Assim, muitas vezes numa frase, tem-se a impressão de ouvir-se apenas ‘ca’ e não ‘ cat’.

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É justamente nesse âmbito que surge a necessidade de desenvolver habilidades específicas ao ato de falar/ouvir uma língua estrangeira, no caso a inglesa, para compreender e ser compreendido, disto de-pende a eficácia comunicativa. Cabe ainda considerar os propósitos envolvidos na compreensão oral em língua inglesa. Tais propósitos variam de acordo com as necessidades do ouvinte em envolver-se numa conversa com um falante de língua inglesa (promovendo a interação social), obter informações (assistir a uma palestra, por exemplo), assistir televisão, ouvir rádio, por prazer ou por qualquer outro motivo. Por-tanto, as diferentes necessidades são ditadas pelas diversas situações comunicativas.

Breve histórico sobre compreensão oral em língua inglesa Inicialmente, a aquisição de uma língua estrangeira voltou-se para o ensino da escrita, privile-

giando a estruturação de parágrafos, diferentemente da língua falada, marcada pelas frases curtas e pela fragmentação. Dessa forma, a compreensão oral era vista como uma decodificação de estruturas linguísticas, ou seja, a compreensão oral (auditiva) de línguas estrangeiras era estudada tomando-se por base a estrutura formal da língua. Assim, ela adquiriu maior importância com a introdução da abor-dagem comunicativa. Lopes (2006) afirma que tal abordagem propunha o rompimento com a linha estruturalista de Chomsky, aproximando-se da língua falada como meio de aumentar a eficiência co-municativa. Por meio de funções comunicativas (pedir informações, fazer pedidos, cumprimentos, entre outros) observam-se as categorias semânticas (por exemplo: verbos, substantivos, sentenças).

Assim sendo, pode-se afirmar que a compreensão oral depende de dois fatores:

A inteligibilidade (decodificação).::::

A interpretabilidade (dedução e entendimento).::::

O ouvinte de língua inglesa vale-se de estratégias diversas, que vão desde pistas oferecidas pelo contexto até o seu conhecimento de mundo, na busca para construir um significado. Há de se ressaltar as diferenças no modo como textos falados são registrados: há variações de pronúncia, hesitações, cog-natos, enfim fenômenos da língua falada, que pode ser entendida como linguagem formal ou informal, de acordo com o contexto em que se inserem.

Cantinho cultural

EUA: no início uma mistura de povosEntre os séculos XVI e XVII colonizadores espanhóis exploraram e colonizaram as regiões

conhecidas atualmente como o sul da Flórida, as regiões leste e sul dos Estados Unidos (por exem-plo, Califórnia, Texas). Os holandeses iniciaram a colonização da atual região da cidade de Nova York no século XVII.

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Algumas outras colônias americanas se estabeleceram quando ingleses fugiram do Reino Uni-do, temendo a perseguição religiosa. Eles levaram para o Novo Mundo suas doutrinas religiosas, a língua inglesa e seus costumes no início do século XVII.

Muitos dos atuais estados da região centro-norte americana (Dakota do Sul, Oklahoma e Colo-rado entre outros), além da atual cidade de Nova Orleans, pertenciam aos franceses até o início do século XIX. O ato, conhecido como a Compra da Luisiana3 foi firmado entre França e EUA em 1803 pelo então presidente americano Thomas Jefferson.

Em termos da filosofia da religião, é possível identificar os seguintes grupos religiosos:

Quakers: (:::: Religious Society of Friends) grupo religioso protestante. Fugiram da Europa e instalaram-se na Pensilvânia.

Luteranos: grupo formado por alemães e alguns :::: ducth quakers. Instalaram-se na Filadélfia.

Católicos: instalaram-se em Maryland.::::

Mar

ilu S

ouza

.

3 A Compra da Luisiana foi a aquisição pelos Estados Unidos da América de um território de 2 144 476 km2 da França em 1803 em valores atualizados de cerca de 193 milhões de dólares. A região da Luisiana foi dividida nos atuais estados de Luisiana, Arkansas, Missouri, Iowa, Min-nesota, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Nebraska, Novo México, Texas, Oklahoma, Kansas, Montana, Wyoming e Colorado.

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Texto complementar

O inglês como língua internacionalAssim como não é a direção do vento que determina o rumo do navegador,

não é a língua que o mundo fala que determinará o nosso destino.

In the same way that the direction of the wind doesn’t determine the sailor’s destination, the language we speak will not determine our destiny.

(SChütz, 2005)

O passadoAnalfabetismo era comum na Idade Média. Quando um rei precisava comunicar-se com ou-

tro, contratava um escriba para desenhar a mensagem em linguagem escrita. É fato sabido, por exemplo, que Carlos Magno, no século VIII, era analfabeto. A inexistência da imprensa dificultava a padronização da ortografia, fazendo da escrita uma arte complexa. A arte de bem escrever era uma habilidade profissional especializada, ao alcance de poucos. Esta talvez seja a razão pela qual em 1500 a expedição portuguesa sob o comando de Pedro Álvares Cabral trouxe Pero Vaz de Caminha como escrivão da armada.

Por volta de 1700 o índice de pessoas alfabetizadas na Europa era de apenas de 30% a 40%. Esse mesmo índice, por volta de 1850, já era de 50% a 55%, enquanto que durante a segunda me-tade do século XIX a habilidade de escrever tornou-se uma qualificação básica do ser humano. No século XX o analfabetismo tornou-se definitivamente uma deficiência intolerável em qualquer pla-no social, em qualquer profissão. Um analfabeto nos países desenvolvidos de hoje seria uma pessoa totalmente marginalizada.

Isto que aconteceu com a habilidade de ler e escrever está começando a acontecer com a ha-bilidade de se dominar uma segunda língua. Se compararmos a importância de se falar uma língua estrangeira 50 anos atrás com a necessidade hoje de uma pessoa ser bilíngue, pode-se facilmente entender a ameaça que o monolinguismo representa e imaginar o problema em que se constituirão quando nossos filhos tornarem-se adultos.

Fatos históricos recentesA história, ao coroar o inglês como língua do mundo, sentenciou o monolinguismo nos países

de língua não inglesa a se tornar o analfabetismo do futuro. Mas como isso aconteceu?

Em primeiro lugar, devido ao grande poderio econômico da Inglaterra no século XIX, ala-vancado pela Revolução Industrial, e a consequente expansão do colonialismo britânico, o qual chegou a alcançar uma vasta abrangência geográfica e uma igualmente vasta disseminação da língua inglesa.

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Em segundo lugar, devido ao poderio político-militar do EUA, a partir da Segunda Guerra Mun-dial, e à marcante influência econômica e cultural resultante, que acabou por deslocar o francês dos meios diplomáticos e solidificar o inglês na posição de padrão das comunicações internacionais.

O presenteA atual busca de informação aliada à necessidade de comunicação em nível mundial já fez com que

o inglês fosse promovido de língua dos povos americano, britânico, irlandês, australiano, neozelandês, canadense, caribenhos e sul-africano a língua internacional. Enquanto que o português é atualmente falado em quatro países por cerca de 195 milhões de pessoas, o inglês é falado como língua materna por cerca de 400 milhões de pessoas, tendo já se tornado a língua franca, o latim dos tempos modernos, falado em todos os continentes por cerca de 800 milhões de pessoas (Todd IV, minha tradução).

Estimativas mais radicais, incluindo falantes com níveis de menor percepção e fluência, sugerem a existência atual-mente de um total superior a um bilhão. (Crystal 360, minha tradução)

Além disso, há estimativas de que 75% de toda comunicação internacional por escrito, 80% da informação armazenada em todos os computadores do mundo e 90% do conteúdo da internet são em inglês.

Acrescente-se a isso a redução de custos de passagens aéreas, o que aumenta contatos inter-nacionais em nível interpessoal. Em paralelo, a atual revolução das telecomunicações proporciona-da pela informática, pela fibra ótica, e por satélites, despejando informações via TV ou colocando o conhecimento da humanidade ao alcance de todos via internet, cria o conceito de autoestrada de informações. Estes dois fatores bem demonstram como o mundo evoluiu, a ponto de tornar-se uma vila global, e o quanto necessário é que se estabeleça uma linguagem comum.

Ao assumir este papel de língua global, o inglês torna-se uma das mais importantes ferramen-tas, tanto acadêmicas quanto profissionais. É hoje inquestionavelmente reconhecido como a língua mais importante a ser adquirida na atual comunidade internacional. Este fato é incontestável e pa-rece ser irreversível. O inglês acabou tornando-se o meio de comunicação por excelência tanto do mundo científico como do mundo de negócios.

Philip B. Gove, no seu prefácio ao Webster’s Third New International Dictionary ilustra:

Parece bastante claro que antes do término do século 20 todas as comunidades do mundo vão ter aprendido a se comunicar com o resto da humanidade. Neste processo de intercomunicação a língua inglesa já se tornou a língua mais importante no planeta. (5.ª, minha tradução)

E David Crystal acrescenta:

À medida que o inglês se torna o principal meio de comunicação entre as nações, é crucial garantirmos que seja ensinado com precisão e eficientemente. (3, minha tradução)

O futuroHoje já é previsível que dinheiro e riqueza material serão substituídos por informação e conhe-

cimento, como fatores determinantes na estruturação da futura sociedade humana e a proficiência na linguagem de então será essencial para se alcançar sucesso.

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Formação acadêmica

Mercado de trabalho

Voz política

Proficiência em inglês

You don’t need long arms to embrace the world; you need English.

Atividades1. Quais povos influenciaram a formação da língua inglesa nos seus primórdios?

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2. Qual fenômeno alterou a pronúncia da língua inglesa no período conhecido como Inglês Moderno?

3. Quais são os dois fatores dos quais a compreensão oral depende mais?

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18 | A (very) brief look at the history of English

4. Quais foram os dois fatores na história recente que coroaram o inglês como língua mundial?

Gabarito1. Celtas, romanos, escandinavos, anglo-saxões e normandos.

2. A Grande Mudança Vocálica (The Great Vowel Shift).

3. A interpretabilidade (inferência e entendimento) e a inteligibilidade (decodificação).

4. O primeiro fator foi o grande poderio econômico da Inglaterra no século XIX. O segundo foi o po-derio político-militar dos EUA a partir da Segunda Guerra Mundial e a marcante influência econô-mica e cultural resultante, que acabou por deslocar o francês dos meios diplomáticos e solidificar o inglês na posição de padrão das comunicações internacionais.