Márcia Cristina Bedutti -...

31
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Márcia Cristina Bedutti PODODERMATITE EM FRANGO DE CORTE - LINHAGEM CASCAVEL 2011

Transcript of Márcia Cristina Bedutti -...

Page 1: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Márcia Cristina Bedutti

PODODERMATITE EM FRANGO DE CORTE - LINHAGEM

CASCAVEL

2011

Page 2: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

Márcia Cristina Bedutti

PODODERMATITE EM FRANGO DE CORTE

Monografia de Conclusão Apresentada ao Curso

de Pós Graduação em Gestão da Cadeia Avícola,

da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito

parcial para obtenção do título de Especialista.

Orientadora: Profª. Anderlise Borsoi, MV, Dr

CASCAVEL

2011

Page 3: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

TERMO DE APROVAÇÃO

PODODERMATITE EM FRANGO DE CORTE

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialista em Gestão da Cadeia Avícola no Programa de Pós Graduação da Universidade Tuiuti do Paraná.

Cascavel, 09 de dezembro de 2011.

Programa de Pós Graduação

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientadora Prof. Dra. Anderlise Borsoi, MV, Dr Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária Prof. Dr. Sebastião Aparecido Borges Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária Prof. Dr. José Maurício França Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária Profª. Cleide Esteves Universidade Tuiuti do Paraná, Curso de Medicina Veterinária

Page 4: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

AGRADECIMENTO

À Deus, o meu respeito e a minha eterna gratidão por todas as oportunidades e

conquistas.

À minha família, agradeço por estar sempre presente em minha vida e, em

especial, ao meu pai (in memorian) e a minha mãe, sou grata pelo exemplo de

dignidade e caráter.

Ao meu filho, agradeço todo amor que dedica a mim.

Aos amigos e colegas de curso, agradeço os momentos especiais de aprendizado

e experiências que vivemos.

À empresa Cooperativa Agroindustrial Copagril, agradeço a confiança e o apoio

que sempre contribui com o meu desenvolvimento profissional.

Agradeço a todos os professores do curso que dividiram seus conhecimentos e

suas experiências profissionais comigo.

Page 5: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo conhecer a relação entre a ocorrência de pododermatite e a linhagem de frango de corte. Foi desenvolvido com dados de uma Cooperativa situada no oeste do estado do Paraná, referentes aos lotes de linhagens COBB abatidos no período de fevereiro a novembro de 2011. As análises foram feitas por meio de ponderação dos dados em planilha dinâmica do programa Excel. Na análise das variações das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow apresentou maior incidência de pododermatite. Palavras-chave: frango de corte, pododermatite, linhagem, calo de pé.

Page 6: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

TABELAS

TABELA 1 - ABATE DE FRANGO DE CORTE - ANO 2010 11

TABELA 2 - EXPORTAÇÕES DE CARNE DE FRANGO DE CORTE - ANO 2010 12

Page 7: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - PRODUÇÃO BRASILEIRA - 1000 TON................................................ 10

GRÁFICO 2 - PODODERMATITE EM FUNÇÃO DA LINHAGEM ........................... 27

Page 8: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - IMAGEM AOS 13 DIAS ............................................................................ 14

FIGURA 2 - IMAGEM AOS 20 DIAS ............................................................................ 14

FIGURA 3 - IMAGEM AOS 45 DIAS ............................................................................ 14

FIGURA 4 - PÉ TIPO "A" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA. DESCOLORAÇÃO FOCAL DO COXIM PLANTAR ..................... 16

FIGURA 5 - PÉ TIPO "B" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA. PODODERMATITE ULCERATIVA, DESTRUIÇÃO DO COXIM COM FORMAÇÃO DE CROSTA DE TONALIDADE CASTANHA.................... 17

FIGURA 6 - PÉ TIPO "C" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA. PODODERMATITE ULCERATIVA MÚLTIPLA. ÁREAS DE NECROSE NOS COXINS DIGITAIS E PLANTAR COM QUERANTINA ADERIDA ÀS ÁREAS LESIONADAS.................................................................... 17

FIGURA 7 - CONSTRUÇÃO PADRÃO......................................................................... 22

FIGURA 8 - CONSTRUÇÃO PADRÃO......................................................................... 22

FIGURA 9 - PÉ "A".......................................................................................................... 23 FIGURA 10 - CALO DE PÉ "B"...................................................................................... 24

Page 9: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

SUMÁRIO

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................14

2.1 EVOLUÇÃO DA PODODERMATITE............................................................... 14

2.2 CLASSIFICAÇÃO DA SEVERIDADE DAS LESÕES....................................... 15

2.3 PROVÁVEIS CAUSAS DA PODODERMATITE.............................................. 18

3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................21

3.1 LOCAIS DE EXPERIMENTO............................................................................ 21

3.2 CARACTERÍSTICAS DO GALPÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS AVES............... 21

3.3 DEFINIÇÕES DO PLANO DE AMOSTRAGEM............................................... 22

3.4 COLETA E LOCAL DE AVALIAÇÃO.............................................................. 23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................26

4.1 RELAÇÕES ENTRE PODODERMATITE E A LINHAGEM DO FRANGO DE CORTE...................................................................................................................... 26

5 CONCLUSÕES.....................................................................................................28

7 REFERÊNCIAS ....................................................................................................29

Page 10: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

10

1 INTRODUÇÃO

O Brasil desponta em produção de frango de corte, ocupando o terceiro lugar

como produtor e o primeiro lugar como exportador mundial de carne de frango.

A produção de carne de frango chegou a 12,23 milhões de toneladas em 2010

(GRÁFICO 1), em um crescimento de 11,38% em relação a 2009, quando foram

produzidas 10,980 milhões de toneladas. Com este desempenho o Brasil se aproxima da

China, hoje o segundo maior produtor mundial, cuja produção de 2010 teria somado

12,55 milhões de toneladas, abaixo apenas dos Estados Unidos, com 16,65 milhões de

toneladas, conforme projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). O

crescimento em 2010 foi impulsionado principalmente pelo aumento de consumo de

carne de frango e pela expansão de 5,1% nas exportações (UBABEF, 2011).

GRÁFICO 1 - PRODUÇÃO BRASILEIRA - 1000 TON

FONTE: Relatório Anual Ubabef , 2010/2011.

Page 11: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

11

Neste contexto, o estado do Paraná ocupa lugar de destaque, sendo o primeiro

colocado na produção (TABELA 1), com 27,77% do volume de frango abatido no Brasil

em 2010 e o segundo em exportações (TABELA 2), com 26,19% do volume de carne de

frango exportada (UBABEF, 2011).

TABELA 1 - ABATE DE FRANGO DE CORTE - ANO 2010

FONTE: Relatório Anual Ubabef , 2010/2011.

Page 12: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

12

TABELA 2 - EXPORTAÇÕES DE CARNE DE FRANGO DE CORTE - ANO 2010

FONTE: Relatório Anual Ubabef , 2010/2011.

Page 13: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

13

A comercialização de pés de frango, no Brasil, está direcionada aos mercados

asiáticos, especialmente China e Hong Kong, este fator agrega valor a um produto de

baixa aceitação no mercado interno, favorecendo a lucratividade das empresas brasileiras.

Com isso as empresas estão se desenvolvendo para atender as exigências

comercias e técnicas em relação à qualidade e segurança deste produto.

No Brasil não há uma legislação clara que define o Padrão de Identidade e

Qualidade de pés de frango, fazendo com que as empresas se adéquem ao atendimento

das especificações do cliente ou país exportador. Em 2010, o Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento publicou a Circular Nº 599/2010/CGPE/DIPOA, Brasília,

restringindo a remoção do calo apenas com o uso de faca, inviabilizando a possibilidade

de transformar um produto de classificação nível “B” em nível “A”.

Atualmente os pés de frango classificados como “PÉ B” são comercializados em

valor consideravelmente inferior, em relação ao “PÉ A”, podendo chegar a uma diferença

de até 30% (COPAGRIL, 2011).

Podemos citar a pododermatite como o maior fator limitante da qualidade dos

pés de frango para a exportação. Dependendo do grau da lesão, temos a depreciação do

produto com o corte para retirada da lesão ou mesmo o descarte dos pés, que ocorre nos

casos mais graves (TEIXEIRA, 2008).

Page 14: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EVOLUÇÃO DA PODODERMATITE

A evolução desta lesão foi demonstrada por Santos et al. (2002), aos 13 dias

observaram-se alterações macroscópicas discretas caracterizadas por fissuras cutâneas no

coxim plantar (FIGURA 1), aos 20 dias surgem as alterações macroscópicas

caracterizadas por erosão com formação de crostas nos coxins plantares e na face plantar

das regiões articulares dos dígitos (FIGURA 2) e aos 45 dias, o aspecto macroscópico foi

semelhante ao observado aos 20 dias (FIGURA 3).

FIGURA 1 - IMAGEM AOS 13 DIAS

FIGURA 2 - IMAGEM AOS 20 DIAS

FIGURA 3 - IMAGEM AOS 45 DIAS

FONTE: SANTOS, R.L. et al (2002).

Page 15: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

15

2.2 CLASSIFICAÇÕES DA SEVERIDADE DAS LESÕES

Em outros países e principalmente em países da Europa, pesquisadores têm

desenvolvido métodos para avaliar o grau de severidade das lesões de pododermatite,

alguns preocupados com a questão do bem-estar animal, outros visando o valor de

mercado desse produto. Teixeira (2008) descreve o programa de vigilância de saúde dos

pés das aves e seus métodos de coleta de dados. Esse sistema avaliava tanto a

percentagem de aves acometidas nos plantéis quanto o grau de lesões macroscópicas que

elas apresentavam. O sistema utilizou uma escala de três pontos, onde o escore 0 (zero)

indica ausência de lesão, o escore 1 indica lesões brandas e o escore 2 indica lesões

severas. Além do sistema de escala, para cada amostra dos lotes avaliados foi feito um

valor médio, que era calculado atribuindo pesos aos escores de lesões e calculando suas

frequências relativas. Os valores possíveis nesse sistema variaram de zero a 200, onde 0

representava amostras sem pododermatite e 200 representava amostras onde todos os pés

avaliados apresentaram lesões severas de pododermatite.

Outra metodologia mencionada por Teixeira (2008), utilizada para avaliação das

lesões de pododermatite em matadouros avícolas descreveu uma escala de quatro pontos

de observação onde zero indicava coxim plantar íntegro, escore 1 menos de 25% do

coxim acometido; 2, lesão cobrindo de 26 a 50% do coxim; e 3, lesão cobrindo mais de

50% do coxim. Essa avaliação foi realizada visualmente por observadores treinados.

Page 16: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

16

No trabalho realizado por Teixeira (2008), visando a exportação, os pés são

classificados por profissionais da empresa, treinados conforme as características

macroscópicas do coxim plantar:

A = sem lesão, aparentemente íntegros sem alteração da camada córnea (FIGURA 4);

B = lesões brandas, presença de edema e descamação da camada córnea (FIGURA 5);

C = lesões graves ou múltiplas, descamação intensa da camada córnea, acúmulo de

material orgânico, focos de necrose – destinados à graxaria (FIGURA 6).

FIGURA 4 - PÉ TIPO "A" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA. DESCOLORAÇÃO FOCAL DO COXIM PLANTAR

FONTE: TEIXEIRA, V.Q.; (2008).

Page 17: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

17

FIGURA 5 - PÉ TIPO "B" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA. PODODERMATITE ULCERATIVA, DESTRUIÇÃO DO COXIM COM FORMAÇÃO DE CROSTA DE TONALIDADE CASTANHA

FONTE: TEIXEIRA, V.Q.; (2008).

FIGURA 6 - PÉ TIPO "C" DE ACORDO COM O CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA. PODODERMATITE ULCERATIVA MÚLTIPLA. ÁREAS DE NECROSE NOS COXINS DIGITAIS E PLANTAR COM QUERANTINA ADERIDA ÀS ÁREAS LESIONADAS

FONTE: TEIXEIRA, V.Q.; (2008).

Page 18: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

18

2.3 PROVÁVEIS CAUSAS DA PODODERMATITE

Trabalhos prévios relacionam as dermatites a uma combinação de umidade na

cama, altas concentrações de amônia e outros fatores químicos associados à cama

(MEDEIROS, 2005; OTT, 2005; MUNIZ 2006; TEIXEIRA, 2008; MELLO, 2011).

O aparecimento da lesão, que inicia com uma inflamação da pele, em geral está

associado a fatores corrosivo presentes na cama. Isto está relacionado à grande

quantidade de fezes na cama, causada pelas altas densidades de aves em produções

comerciais. Essa doença é um importante marcador da degradação da cama aviária,

devido à alta densidade de alojamento que é severamente criticada pelas associações de

bem-estar animal (TEIXEIRA, 2008; BERNARDI, 2011).

Em alguns casos a pododermatite é o problema predominante em criações de alta

densidade e em linhagens de crescimento rápido (MUNIZ, 2006; TEIXEIRA, 2008).

De acordo com Teixeira (2008) a pododermatite é uma enfermidade que atinge,

principalmente, o coxim plantar, podendo afetar também os coxins digitais. Dependendo

da gravidade das lesões, causa claudicação e dificulta a locomoção, restringindo o acesso

das aves a alimento e água. Fatores relacionados ao manejo como alta umidade de cama,

alta densidade dos planteis, tipo de criação e deficiência de biotina, podem predispor à

pododermatite.

Sobre os efeitos genéticos que propiciam a pododermatite, os estudos são muito

escassos (TEIXEIRA, 2008; BERNARDI, 2011).

Page 19: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

19

A seleção para rápida taxa de crescimento em frango de corte é acompanhada

por uma diminuição da capacidade de locomoção. Há ainda uma correlação altamente

desfavorável entre o peso corporal e a habilidade de locomoção (BERNARDI, 2011).

Santos, et al. (2002) concluíram que a mais provável causa desta lesão foi o

excesso de umidade da cama nas áreas de aquecimento dos pintos.

Em experimento realizado por Martins et al. (2011) foi evidenciado que a

freqüência de pododermatite não sofreu influência da linhagem.

Os trabalhos têm mostrado que altas temperaturas contribuem para aumentar os

índices de pododermatite devido ao aumento do consumo de água pelas aves, propiciando

fezes mais líquidas. Esta condição torna a cama mais úmida, reduzindo a capacidade de

absorção e favorecendo a compactação (MEDEIROS, 2001; MEDEIROS, 2005;

MELLO, 2011).

Segundo Paganini apud Santos, (2009), a umidade relativa do ar e a temperatura

ambiente afetam a qualidade da cama e a tentativa de atenuar as oscilações dentro da

instalação deve ser realizada. Em épocas chuvosas, deve-se aumentar a ventilação a fim

de manter a umidade mais baixa. No calor, o uso de nebulizadores para arrefecimento da

temperatura do ar no interior do galpão pode, quando mal ajustado, molhar a cama e

causar seu emplastramento. No frio, na tentativa de manter mais alta a temperatura, é

comum diminuir muito a ventilação, o que leva ao excesso de umidade e de amônia no

interior do galpão.

As anormalidades nas pernas também têm sido associadas com a redução do

ganho de peso em frango de corte. Sabe-se que há uma relação positiva entre o peso

Page 20: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

20

corpóreo e a presença de anormalidades de grau médio, porém quando há aves com

graves anormalidades, estas tendem a pesar menos, provavelmente pela dificuldade em se

deslocar até os comedouros e bebedouros (KESTIN et al., 1992). Segundo Weeks et al.,

(2000), aves com claudicação visitam menos os comedouros que aves sadias, além disso,

aves com claudicação escolheram a posição deitada para comer, enquanto aves sadias

escolheram comer em pé.

Page 21: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

21

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 LOCAIS DE EXPERIMENTO

O trabalho foi desenvolvido, utilizando dados do período de fevereiro a

novembro de 2011, da Cooperativa Agroindustrial, no município de Marechal Cândido

Rondon.

A integração de frango de corte está distribuída em 14 municípios da costa-oeste

do estado do Paraná, em 138 propriedades.

3.2 CARACTERÍSTICAS DO GALPÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS AVES

Os barracões de 130 x 14 m, 100 x 14 m e 100 x 12 m, com pé direito de 2,80 m,

distanciado entre si em 18 metros. As instalações seguiam a normativa determinada pela

cooperativa, com telhas de barro, cortinas amarelas de polietileno, com faces norte-sul e

totalmente climatizados (FIGURA 7 e 8).

Page 22: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

22

FIGURA 7 - CONSTRUÇÃO PADRÃO

FIGURA 8 - CONSTRUÇÃO PADRÃO

FONTE: Acervo Copagril.

3.3 DEFINIÇÕES DO PLANO DE AMOSTRAGEM

A amostragem levou em consideração a capacidade da mão de obra e a

referência de plano de amostragem da ABNT (NBR5426, 1985), que determina para lotes

entre 35.000 e 150.000 unidades, amostragem de 200 unidades, no nível geral de

inspeção I.

As avaliações foram realizadas para lotes que variavam entre 29.572 a 44.842

pés. Foram estabelecidos como amostragem padrão, 50 pés por caminhão que chegava ao

abatedouro, quantidade esta superior à estabelecida na normativa da ABNT.

O manejo adotado pela empresa seguiu parâmetros semelhantes aos citados por

Paganini (2004), onde a empresa a empresa estava voltada para corrigir a umidade e a

ventilação de acordo com o período do ano para reduzir o impacto sobre a qualidade da

cama.

Page 23: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

23

3.4 COLETA E LOCAL DE AVALIAÇÃO

O fluxo do processo de produção de pés era aprovado dentro das exigências do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sendo cortados

automaticamente, no setor de evisceração e retornavam para o setor de escaldagem, para

serem escaldados, terem as películas removidas, serem selecionados e enviados ao setor

de pré-resfriamento, por meio de esteiras. A seleção consistia em separar os pés

classificados como “A”, “B” e descartes.

A coleta e avaliação dos pés foram realizadas após a etapa de retirada da

película, por profissionais treinados, do setor de controle de qualidade da empresa.

3.5 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DA PODODERMATITE

O critério de avaliação adotado pelo controle de qualidade da empresa

considerou a especificação técnica do cliente e a recomendação da inspeção federal da

unidade de processamento. A metodologia utilizada seguiu as diretrizes descritas no

procedimento da empresa que determina a classificação “A” para ausência total de lesões

e a classificação “B” para presença limitada de lesões (FIGURA 9 e 10).

FIGURA 9 - PÉ "A"

Page 24: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

24

FONTE: Acervo Copagril.

FIGURA 10 - CALO DE PÉ "B"

FONTE: Acervo Copagril.

Page 25: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

25

As avaliações foram realizadas por observadores treinados. Os valores

encontrados foram registrados em planilhas e digitados no sistema de informação da

empresa (Sistema de Gerenciamento Agrosys).

3.6 AVALIAÇÕES DE DADOS

Os dados gerados no sistema de informação foram transferidos para o programa

Excel, convertidos em tabela dinâmica, desenvolvida e já utilizada pela própria empresa

para análise de ganho de peso, GPD (Ganho de Peso Diário), linhagens, IEP (Índice de

Eficiência Produtiva), custos de produção, etc.

Com isso foi gerada uma metodologia de pagamento aos produtores que inclui

os resultados de pododermatite junto ao frigorífico, fortalecendo a busca do melhor

manejo.

Page 26: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

26

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 RELAÇÕES ENTRE PODODERMATITE E A LINHAGEM DO FRANGO DE CORTE

O plantel é fornecido por terceiros, onde a empresa específica a linhagem padrão

“COBB”, porém em virtude do grande volume adquirido é necessário complementar com

outras linhagens (HUBBARD e ROSS), existentes no mercado.

Esta condição propicia à empresa a possibilidade de conhecer e adquirir

experiência com diversas linhagens, se tornando um fator positivo na sua realidade.

Entre as diferenças observadas nas diversas linhagens alojadas pela empresa,

algumas se destacam para nortear as suas decisões, como peso médio, viabilidade,

conversão alimentar e condenações, nesta última se destacam dermatoses, celulite e

pododermatite. Além destes fatores, existem estratégias comerciais que definem os

mercados a serem atendidos, buscando a linhagem com perfil mais adequado aos cortes

necessário e o rendimento obtido após processo industrial. Este trabalho considerou a

linhagem COBB, nas variações COBB Slow e COBB Fast para análise comparativa, pois

as demais linhagens apresentavam-se em quantidades aves não significativas.

O trabalho configurou um total de 1637 lotes que resultou em um volume de

33.389.508 aves avaliadas e distribuídas entre as linhagens COBB Slow e COBB Fast.

Para cada linhagem obtivemos a seguinte distribuição de aves:

• COBB Slow: 66,66%

Page 27: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

27

• COBB Fast: 33,34%

Os resultados obtidos estão apresentados no GRÁFICO 2.

GRÁFICO 2 - PODODERMATITE EM FUNÇÃO DA LINHAGEM

FONTE: Dados Cooperativa Agroindustrial, no município de Marechal Cândido Rondon.

Na relação entre a pododermatite e diferentes variações da linhagem, o resultado

obtido para os índices de pododermatite em frango de corte foi de 9,24% para COBB

Slow e 7,82% para COBB Fast. Consideramos que este resultado pode estar associado à

velocidade de ganho de peso desta linhagem nos primeiros 14 dias. Ainda, para

linhagens, no experimento realizado por Martins et al, (2011) não foi evidenciada

influência da linhagem na freqüência de pododermatite.

Page 28: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

28

5 CONCLUSÕES

Nas condições do presente estudo conclui-se que:

• Os frangos da variação COBB Slow apresentaram maior

ocorrência de pododermatite.

• Melhores informações e fundamentações podem ser obtidas se adotarmos

outras ferramentas estatísticas para análise dos dados.

Page 29: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

29

7 REFERÊNCIAS

BERNARDI, R. Problemas locomotores em frango de corte. Universidade Federal da

Grande Dourados. Dourados, MS. 61 p. Tese de Mestrado. 2011.

CIRCULAR Nº 599/2010/CGPE/DIPOA, Brasília. Hong Kong - Exportação de Cortes

Congelados Pés. 29/07/2010.

Classificação Climática de Köppen-Geiger. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Classifica%C3%A7%C3%A3o_clim%C3%A1tica_de_K%C3%B6ppen-Geiger

KESTING, S. C. et al. Prevalence of leg weakness in broiler chickens and its relationship

with genotype. Vetenary Record, v. 131, p. 190-194, 1992.

MANTINS, B. B. Efeito da linhagem e sexo no desempenho e na freqüência de

pododermatite em frangos de corte. Publicação Técnica da XXII Latin American Poultry

Congress 2011. Disponível em http://pt.engormix.com/MA-avicultura/saude/artigos/efeito-

linhagem-sexo-desempenho-t542/165-p0.htm.

MARTRENCHAR, A.; MORISSE, J. P.; HUONNIC, D. et al. Influence of stocking

density on some behavioural, physiological and productivity traits of broilers. Vet. Res.,

v.28, p.473-480, 1997.

MEDEIROS, C. M. Ajuste de modelos e determinação de índice térmico ambiental de

produtividade para frangos de corte. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. 125p.

Tese Doutorado. 2001.

Page 30: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

30

MEDEIROS, C.M. et al. Efeitos da temperatura, umidade relativa e velocidade do ar em

frango de corte. Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13, n. 4, 277-286, out. dez.,

2005.

MELLO, J. L. M. et al. Incidência de pododermatite de contato em frangos de corte

submetidos a estresse térmico. Publicação Técnica da XXII Latin American Poultry

Congress 2011. Disponível em http://pt.engormix.com/MA-avicultura/industria-

carne/artigos/incidencia-pododermatite-contato-frangos-t521/471-p0.htm.

MUNIZ, E. C. Influência da densidade populacional sobre o peso médio, percentual de

calo de patas e histomorfometria da bolsa cloacal em aves (Gallus gallus). Universidade

Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, MS. 34 p. Tese de Mestrado. 2006.

NBR 5426. Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 1985.

OTT, R. P. Utilização de carboidrases em dieta para frangos de corte. Universidade

Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS. 83 p. Tese de Mestrado. 2005.

PAGANINI, F. J. Manejo da cama. In: MENDES, A.; NÄÄS, I.A.; MACARI, M.

Produção de frangos de corte. Campinas: FACTA, 2004. p.107-116.

SANTOS, F. F. Qualidade bacteriológica de pés de frangos de corte em diferentes etapas

do processamento tecnológico. Universidade Federal Fluminense. Niterói, RJ. 70 p. Tese

de Mestrado. 2010.

SANTOS, R. C. Cama de casca de café tratada com condicionadores químicos e sua

influência na qualidade do coxim planta de frangos de corte. Universidade Federal de

Viçosa. Viçosa, MG. 82 p. Tese de Doutorado. 2009.

Page 31: Márcia Cristina Bedutti - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/.../08/PODODERMATITE-EM-FRANGO-DE-CORTE-LINHAGEM.pdf · das linhagens COBB (COBB Slow e COBB Fast), a variação COBB Slow

31

SANTOS, R.L. et al. Pododermatite de contato em frango de corte. Arq. Bras. Med. Vet.

Zootec. v.54 n.6 Belo Horizonte dez. 2002

TEIXEIRA, V.Q. Anatomopatologia e bacteriologia da pododermatite em frangos de

corte sob inspeção sanitária. Universidade Federal Fluminense. Niterói, RJ. 2008.

TEIXEIRA, VQ. Anatomopatologia e bacteriologia da pododermatite em frangos de

corte sob inspeção sanitária. Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2008.

UBABEF, União Brasileira de Avicultura. Relatório anual. São Paulo, 2010/2011.

Disponível em HTTP://www.ubabef.com.br.

WEEKS, C. A. et al. The behavior of broiler chickens and its modifications by lameness.

Applied Animal Behavior Science, v67, n.1-2, p. 111-125, 2000.