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Manutenção de coberturas verdes
Apoio ao projeto
Ana Luísa Rodrigues Coelho
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Construção e Reabilitação
Orientadoras: Professora Doutora Maria Cristina de Oliveira Matos Silva
Professora Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen
Júri
Presidente: Professor Doutor Pedro Manuel Gameiro Henriques
Vogais: Professora Doutora Maria Cristina de Oliveira Matos Silva
Professor Doutor Manuel Guilherme Caras Altas Duarte Pinheiro
Outubro 2014
i
Agradecimentos
O meu profundo agradecimento a todos os que contribuíam para concretização desta investigação, tais como o engenheiro
Paulo Palha, arquiteto paisagista Caldeira Cabral, arquiteto Miguel Teixeira Pinto, Doutora Teresa Pereira Coutinho,
engenheiro Carlos Reis, engenheiro João Garcia, engenheira Margarida Ruivaco, engenheiro José Nascimento, engenheira
Catarina Ferreira, engenheiro João de Castro Venceslau e arquiteta Manuela Geirinhas.
Obrigada professora Cristina
Obrigada professora Inês
Obrigada Hugo
Obrigada pais
Obrigada
Obrigada
Obrigada!
ii
iii
Resumo
A manutenção é um componente decisivo na gestão dos edifícios tendo um peso significativo nas despesas globais. Uma
adequada gestão de manutenção define estratégias desde o projeto, promovendo intervenções posteriores mais eficazes e
económicas.
A presente dissertação pretende aprofundar o conhecimento na área da manutenção das coberturas verdes, desde as
opções de projeto até às ações de manutenção a levar a cabo de forma a garantir o desempenho correto da cobertura
verde sem custos acrescidos na sua manutenção assim como evitar a ocorrência de anomalias.
A análise de 11 casos de estudo em Portugal pretende aferir a aplicação prática das indicações teóricas pesquisadas, no
que respeita aos sistemas construtivos aplicados, anomalias correntes e ações de manutenção aplicadas. O tratamento de
resultados permite, assim, consolidar a proposta de calendarização de ações de manutenção bem como a sistematização
dos elementos fonte de manutenção envolvidos e suas vidas úteis ajustados ao clima português.
Essa investigação culmina na elaboração de uma ficha de apoio ao projeto direcionado na otimização do sistema
construtivo na fase de manutenção.
Essa ficha pretende ser uma ferramenta de trabalho do projetista. De fácil consulta, sintetiza a tecnologia das coberturas
verdes dando particular enfase às ações de manutenção mais adequadas e às medidas de projeto que contribuam à sua
execução facilitada.
Palavras‐chave: Coberturas Verdes, Manutenção, Anomalias, Vida útil
iv
v
Abstract
Maintenance is a key component in buildings management having a significant weight in the overall costs. An adequate
maintenance management defines strategies from design, promoting more effective and economic later interventions.
This dissertation aims to deepen green roofs maintenance knowledge, from design options to later maintenance actions,
ensuring the correct performance of the green roof as well as avoiding malfunctions without increasing maintenance costs.
The analysis of 11 case studies in Portugal intends to evaluate the practical application of theoretical researched information
regarding the building systems applied, current anomalies and maintenance actions. The results analysis allows
consolidating the proposed timing of maintenance actions as well as the systematization of maintenance source elements
involved and their service life, adjusted to the Portuguese climate.
This research culminates in the development of a support form for the project, aimed at optimizing the building system in the
maintenance phase.
This form is intended to be a working tool for the designer. Easy to consult, it summarizes the technology of green roofs,
giving particular emphasis to the most appropriate maintenance actions and the design measures that contribute to its easier
implementation.
Keywords: Green roofs, Maintenance, Anomalies; Service life
vi
vii
Índice Geral
Agradecimentos.............................................................................................................................................................. i
Resumo............................................................................................................................................................................ iii
Abstract........................................................................................................................................................................... v
Índice Geral..................................................................................................................................................................... vii
Índice de figuras............................................................................................................................................................. ix
Índice de tabelas............................................................................................................................................................. xiii
1. Introdução
1.1. Enquadramento geral ................................................................................................................................ 01
1.2. Objetivos e metodologia de trabalho ......................................................................................................... 01
1.3. Organização do trabalho............................................................................................................................ 01
2. Tecnologia, patologia e manutenção das coberturas verdes
2.1. Considerações iniciais .............................................................................................................................. 03
2.2. Enquadramento.......................................................................................................................................... 03
2.2.1. Nomenclatura.......................................................................................................................... 03
2.2.2. Evolução histórica................................................................................................................... 04
2.2.3. Vantagens e desvantagens..................................................................................................... 10
2.2.4. Políticas de incentivo, legislação e diretrizes.......................................................................... 14
2.3. Tecnologia de coberturas verdes............................................................................................................... 16
2.3.1. Exigências funcionais do sistema de coberturas verdes......................................................... 16
2.3.2. Classificação............................................................................................................................ 17
2.3.3. Camadas constituintes............................................................................................................ 19
2.3.4. Sistemas de coberturas verdes............................................................................................... 25
2.3.4.1. Construção em multi‐camada............................................................................... 26
2.3.4.2. Construção em camada única.............................................................................. 29
2.3.4.3. Pontos singulares da cobertura............................................................................ 30
2.3.4.4. Sistema de drenagem........................................................................................... 32
2.3.4.5. Sistema de irrigação............................................................................................. 32
2.3.4.6. Proteção e acessibilidades................................................................................... 32
2.4. Patologia em coberturas verdes................................................................................................................ 33
2.4.1. Fatores de alteração e degradação......................................................................................... 33
2.4.2. Anomalias correntes e causas prováveis................................................................................ 34
2.5. Manutenção em coberturas verdes............................................................................................................ 40
2.5.1. Elementos fonte de manutenção ............................................................................................ 41
2.5.2. Vida útil dos elementos da cobertura ..................................................................................... 41
2.5.3. Ações de manutenção dos elementos da cobertura verde..................................................... 43
2.5.4. Periodicidade das ações de manutenção................................................................................ 46
2.6. Considerações finais.................................................................................................................................. 49
viii
3. Casos de estudo
3.1. Considerações gerais ............................................................................................................................... 51
3.2. Proposta da ficha de inspeção................................................................................................................... 51
3.3. Inspeção de coberturas verdes ................................................................................................................. 53
3.3.1. Caracterização geral das coberturas inspecionados............................................................... 53
3.3.2. Caracterização dos sistemas construtivos ............................................................................. 57
3.3.3. Caracterização das anomalias detetadas e causas possíveis................................................ 63
3.3.4. Caracterização das técnicas de manutenção aplicadas.......................................................... 65
3.4. Síntese de resultados................................................................................................................................ 66
3.5. Considerações finais.................................................................................................................................. 67
4. Proposta de ações de manutenção e requisitos de projeto
4.1. Considerações gerais................................................................................................................................ 69
4.2. Identificação dos EFM e estimativa de vidas úteis.................................................................................... 69
4.3. Proposta de planeamento das ações de manutenção............................................................................... 72
4.4. Decisões de projeto condicionantes das operações de manutenção........................................................ 75
4.4.1. Escolha do tipo de cobertura verde e vegetação.................................................................... 75
4.4.2 Cuidados na especificação do sistema de coberturas verdes.................................................. 77
4.4.3 Registo das soluções adotadas para consulta posterior......................................................... 79
4.5. Considerações finais................................................................................................................................. 79
5. Conclusões e desenvolvimentos futuros
5.1. Considerações gerais ............................................................................................................................... 81
5.2. Conclusões gerais ..................................................................................................................................... 81
5.3. Desenvolvimentos futuros.......................................................................................................................... 82
Bibliografia .................................................................................................................................................................... 83
Anexos A .Ficha de Apoio ao projeto
1. Introdução .................................................................................................................................................... a
2. Caraterização dos tipos de coberturas verdes ............................................................................................ a
3. Sistemas de coberturas verdes .................................................................................................................... b
4. Anomalias correntes..................................................................................................................................... d
5. Manutenção.................................................................................................................................................. k
6. Decisões de projeto...................................................................................................................................... p
6.1. Escolha do tipo de cobertura verde e vegetação....................................................................... p
6.2. Cuidados na especificação do sistema de cobertura verde....................................................... s
6.3. Registo das soluções adotadas para consulta posterior........................................................... u
ix
Índice de figuras
Fig. 2.1 - Desenho do zigurate de Ur .............................................................................................................................. 04
Fig. 2.2 - Monumento Megalítico Newgrange na Irlanda . ............................................................................................... 04
Fig. 2.3 - Imagem da Villa dei Misteri ............................................................................................................................. 05
Fig. 2.4 - Imagem de igreja na Islândia com solução "Sod roof"...................................................................................... 05
Fig. 2.5 - Ilha- Mont-Saint- Michel. ................................................................................................................................... 05
Fig. 2.6 - Claustro do Mont-Saint- Michel......................................................................................................................... 05
Fig. 2.7 - Palácio Piccolomini………………………………………………………………………………………......……..…. 05
Fig. 2.8 - Torre del Guinigis……………………………………………………..…………………………………….…………. 06
Fig. 2.9 - Palácio Kremlin……………………………………………………………..……………………………….…………. 06
Fig. 2.10 - Terraço do 1º piso da casa Savoye……………………………………..…………………………………...……… 06
Fig. 2.11 - Rockefeller Center em Nova Iorque………………………………………………………………………………... 07
Fig. 2.12 - Complexo Potsdamer Platz……………………………………………..…………………………………..……….. 07
Fig. 2.13 - Universidade Tecnológica de Nanyang , Singapura………………………………………………………....……. 07
Fig. 2.14 - Centro de convenção de Vancouver, Canadá……………………………………………………….....…………. 08
Fig. 2.15 - Fábrica da Ford em Dearborn, EUA…………………………………………………………………….....………. 08
Fig. 2.20- Aldeia olímpica em Vancouver……………………………………...…………………………………….…………. 08
Fig. 2.17 - Centro comercial Meydan, Turquia……………………………………………………………………...…………. 08
Fig. 2.18 - Hotel Ritz, Lisboa…………………………………………………………………………………………................. 08
Fig. 2.19 - Gulbenkian, Lisboa………………………………………………………………………………………..………….. 08
Fig. 2.20 - Edifício Portugal Telecom, Lisboa …………………………………………………………………………………. 09
Fig. 2.21 - Sede do Banco Mais, Lisboa……………………………………………………………………………......………. 09
Fig. 2.22 - Fundação Champalimaud, lisboa…………………………………………………………….........................…… 09
Fig. 2.23 - Benefícios das coberturas verdes………………………………………………………………………..…………. 11
Fig. 2.24 - Fases de definição das políticas e programas apresentadas no manual “A Resource Manual for Municipal
Policy Makers” ……………………………………………………………….…..………….................................................... 15
x
Fig. 2.25 - Esquema representativo das tipologias das coberturas verdes.....................………………………………….. 18
Fig. 2.26 - Imagem ilustrativa de uma cobertura de carácter semi-intensivo…………………………………….....………. 18
Fig. 2.27 - Imagem ilustrativa de uma cobertura de carácter extensivo………………………………………….…………. 18
Fig. 2.28 - Imagem ilustrativa de uma cobertura de carácter intensivo…………………………………………...…………. 18
Fig. 2.29 - Sistema geral de cobertura verde em cobertura não isolada………………………………..................……….. 20
Fig.2.30 - Esquema de cobertura verde extensiva com pendente inferior a 8º. .....................……………..…...........….. 26
Fig. 2.31 - Esquema de cobertura verde extensiva sem pendente …………..................……………………...………….. 26
Fig. 2.32 - Esquema de cobertura verde com isolamento sob impermeabilização....................………........…...……….. 27
Fig. 2.33 - Esquema de cobertura verde com pendente até 8º em coberturas invertidas. ..............………….…………. 27
Fig. 2.34 - Esquema de cobertura verde com pendente até 20º. .............……………………………..………..………….. 28
Fig. 2.35 - Esquema de cobertura verde com pendente superior a 20º. .......................……………………….………….. 28
Fig. 2.36 - Elementos de drenagem e suporte do substrato em coberturas verdes com pendente superior a 20º.......... 28
Fig. 2.37 - Esquema de sistema com camada drenante com características isolantes. .................................………….. 28
Fig. 2.38 - Esquema de sistema algibe..........................…………………………..…………..……………...............……… 28
Fig. 2.39 - Sistemas modulares: A) sistema de tapete; B)Sistema de bandeja; C) Sistema de Saco............................ 29
Fig. 2.40 - Exemplo de sistema modular híbrido.....................................…………………………………..…...………..…..30
Fig. 2.41 - Remate da impermeabilização em paramentos verticais, elementos emergentes e beirados.........…...……. 30
Fig. 3.1 - Registo fotográfico das coberturas verdes II, III e IV, respetivamente……………………………......………….. 54
Fig. 3.2 - Registo fotográfico das coberturas verdes V e VI, respetivamente. Cobertura VI…………………...………….. 54
Fig. 3.3 - Registo fotográfico das coberturas verdes VII e VIII, respetivamente. Cobertura VII ………...........………….. 55
Fig. 3.4 - Registo fotográfico das coberturas verdes IX. ………………………………………....…………….....………….. 55
Fig. 3.5 - Registo fotográfico das coberturas verdes X e XI, respetivamente. …………………….………......………….. 56
Fig. 3.7 - Registo fotográfico da execução da cobertura verde II…………………………....……………….........……….. 59
Fig. 3.8 - Registo fotográfico de sistema de drenagem e rega da cobertura V………………...…………….....………….. 60
Fig. 3.9 - Registo fotográfico da cobertura verde VI……………………………………….....…..........................………….. 60
Fig. 3.10 - Registo fotográfico da execução da cobertura verde VII………………………………..…………........……….. 61
xi
Fig. 3.11 - Registo fotográfico da execução da cobertura verde XI………………………..………………………...………. 63
Fig.3.12 - Gráfico percentual de anomalias inspecionados nos casos de estudo………………………...........………….. 64
Fig. 3.13 - Registo fotográfico da anomalia morte da vegetação em 5 casos de estudo………………………………….. 65
Fig. 3.14 - Registo fotográfico das anomalias: Encharcamento da cobertura XI; Caixas de visita cobertas
com vegetação nas coberturas II e IX; Acumulação de resíduos/sujidade nas caleiras e permanência de água
nas caleiras na cobertura V……………………………......................................................................................………….. 65
Fig. 3.15 - Registo fotográfico das anomalias: Descolamento de remates na cobertura III; Percursos com
fissuração nas coberturas VI e IX; Vegetação parasitária nos percursos pedonais na cobertura IX…………….......….. 65
Fig. 4.1 - Esquema de proposta de estratégia de manutenção para coberturas verdes……………...............………….. 73
Fig. 4.2 - Esquema fatores condicionantes na escolha do tipo de cobertura verde e vegetação …...............………….. 76
xii
Índice de tabelas
Tabela 2.1- Classificação dos grupos de exigências a serem satisfeitos pelas coberturas verdes................................. 17
Tabela 2.2 - Síntese das características dos três tipos de coberturas................................................................……….. 19
Tabela 2.3 - Impermeabilização de coberturas em terraço.............................................................................................. 21
Tabela 2.4 - Isolamento térmico em coberturas............................................................................................................... 25
Tabela 2.5 - Pontos singulares numa cobertura……………………………….....………………………….......................... 31
Tabela 2.6 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de suporte.…………….........………….. 34
Tabela 2.7 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de impermeabilização.………...………. 35
Tabela 2.8 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes nas camadas anti-raízes de proteção da
impermeabilização, drenante /de retenção de água e filtrante .......................................................................………….. 36
Tabela 2.9 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de substrato.…………………………… 36
Tabela 2.10 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de vegetação..………......……………. 37
Tabela 2.11 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes do sistema de drenagem....................................... 38
Tabela 2.12 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de isolamento térmico.............……… 39
Tabela 2.13 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes do sistema de remates.……………………...….. 39
Tabela 2.14 - Estimativa de vidas úteis para as camadas constituintes de coberturas verdes……………….................. 42
Tabela 2.15 - Ações de manutenção e periodicidades para a vegetação de coberturas verdes…..............................… 47
Tabela 2.16 - Ações de manutenção e periodicidades dos elementos construtivos em coberturas verde…………........ 48
Tabela 3.1 - Proposta de Ficha de inspeção - Dados de identificação............................................................................ 51
Tabela 3.2 - Ficha de inspeção - Sistema construtivo, anomalias e causas prováveis…................................................ 52
Tabela 3.3 - Ficha de inspeção - Caracterização de manutenção………………………................................................... 53
Tabela 3.4 - Identificação e síntese das características gerais dos casos de estudo………………................................ 57
Tabela 3.5 - Caracterização dos sistemas construtivos aplicados nos casos de estudo………………..............……….. 58
Tabela 3.6 - Análise comparativa do cumprimento e aplicação nos casos de estudo das indicações estudas
no capitulo 2………………................................................................................................................................................ 62
Tabela 3.7 - Identificação das anomalias detetadas.……………….................................................................................. 64
Tabela 3.7 - Caracterização das ações de manutenção e periodicidade de visitas………………................................... 66
xiii
Tabela 4.1. Proposta de elementos fonte de manutenção e sua estimativa de vida útil para coberturas verdes…...…. 70
Tabela 4.2- Proposta de elementos fonte de manutenção de coberturas verdes (continuação)..................................... 71
Tabela 4.3 - Proposta de inspeções programadas ( Monitorização) ………………......................................................... 73
Tabela 4.4 - Proposta de ações preventivas……………………………………………....................................................... 74
Tabela 4.5 - Distribuição de ações por visita……………….............................................................................................. 75
1
1. Introdução
1.1. Enquadramento geral
Soluções construtivas mais sustentáveis como as coberturas verdes têm emergido na tentativa de minimizar o impacto da
indústria da construção.
Hectares de coberturas de edifícios aproveitadas e revestidas com material vegetal podem desempenhar não só a sua
função primordial de proteção do espaço interior dos agentes atmosféricos externos, garantindo o conforto térmico interior,
como acrescentar um conjunto vasto de funções que contribuem para a melhoria da qualidade ambiental do meio urbano,
nomeadamente do microclima, da qualidade do ar e do regime hídrico, bem como para uma economia de energia, redução
de emissões, reutilização e reciclagem de materiais (SPENCE e MULLIGAN, 1995).
As coberturas verdes são utilizadas na construção há décadas em diversos países, existindo inúmeros estudos sobre o
tema. Em Portugal, esta utilização é ainda retraída, vista com alguma apreensão quanto à sua viabilidade económica na
fase de execução e de exploração.
No entanto, nos últimos anos têm surgido diversos estudos portugueses sobre esta solução construtiva, como são os casos
das dissertações de COSTA (2010), AZEVEDO (2011), SILVA (2012), PRATES (2012), RAPOSO (2013) ou FERREIRA
(2013). Importa também desmitificar os procedimentos adequados para manter o seu desempenho em serviço, através de
uma correta manutenção, bem como aferir as opções de projeto mais adequadas a essa mesma manutenção.
Os edifícios devem ser encarados como investimentos e, como tal, geridos em termos técnicos, económicos e sociais
durante o seu ciclo de vida útil. Durante a fase de exploração, é importante garantir as exigências de habitabilidade,
conforto, segurança e economia, tendo como objetivo principal a sustentabilidade das construções.
A manutenção é um elemento decisivo na gestão dos edifícios tendo um peso significativo nas despesas globais. Uma
adequada gestão de manutenção define estratégias desde o projeto, promovendo intervenções posteriores mais eficazes e
económicas (FLORES e BRITO, 2002).
1.2. Objetivos e metodologia de trabalho
Pretende-se com este trabalho, no âmbito do sistema de coberturas verdes:
sistematizar os elementos fonte de manutenção envolvidos na solução bem como propor a sua estimativa de vida
útil
desenvolver uma proposta de calendarização das ações de manutenção para os vários tipos de coberturas verdes
propor algumas medidas de conceção do sistema construtivo que contribuam para durabilidade da solução e
eficiência na manutenção servindo estas de apoio ao projeto.
Este trabalho terá como metodologia a pesquisa alargada de referências bibliográficas sobre o tema, a análise de soluções
construtivas comercialmente disponíveis, a aferição prática da pesquisa em casos de estudo portugueses, correlacionando
os sistemas construtivos aplicados com as anomalias e operações de manutenção executadas.
A abordagem neste trabalho, apesar de pretender tocar em todos elementos envolvidos nestes sistemas, dará enfoque aos
elementos construtivos, tendo em conta o mestrado em que se insere, não querendo com isso tirar relevância, às áreas de
botânica, fundamentais para o correto desempenho da solução no seu conjunto.
2
1.3. Organização do trabalho
De acordo com os temas que se pretendem abordar, o trabalho organiza-se da forma a seguir explicada.
O capítulo introdutório dará o enquadramento geral, exteriorizando os objetivos e metodologia de desenvolvimento da
dissertação, bem como a organização do trabalho.
No capítulo 2 "Tecnologia, patologia e manutenção das coberturas verdes" apresenta-se o estado de arte do tema. Este é o
produto final da pesquisa desenvolvida, no qual são identificadas as nomenclaturas utilizadas, a sua evolução histórica,
vantagens/desvantagens e legislação ou políticas de incentivo aplicadas às coberturas verdes. Neste capítulo é
sistematizada ainda a tecnologia das coberturas verdes, com a sua classificação, camadas constituintes e sistemas
construtivos, como também são identificadas as anomalias correntes, suas causas prováveis e as técnicas de manutenção
necessárias para a conservação do desempenho da solução.
No capítulo 3 "Casos de estudo" é proposta uma ficha de inspeção, posteriormente utilizada na caracterização dos sistemas
de coberturas verdes que serviram de casos de estudo, identificação das suas anomalias e causas prováveis, bem como as
operações de manutenção aplicadas. O objetivo deste capítulo passa por aferir a aplicação prática da informação reunida
no capítulo anterior com a posterior análise de resultados.
No capítulo 4 " Proposta de ações de manutenção e requisitos de projeto " é proposto um planeamento de operações de
manutenção para coberturas verdes sendo identificados os seus elementos fonte de manutenção, salientando medidas de
conceção que contribuem para o correto desempenho da cobertura verde.
No capítulo 5, são apresentadas as principais conclusões obtidas com a realização deste trabalho.
O produto final desta investigação apresenta-se no anexo A, através de uma ficha de apoio ao projeto com enfoque nas
medidas e fatores que beneficiem a solução na fase de manutenção para o seu correto desempenho ao longo da sua vida
útil.
3
2. Tecnologia, patologia e manutenção das coberturas verdes
2.1. Considerações iniciais
Neste capítulo pretende-se apresentar a síntese da pesquisa desenvolvida organizada nas temáticas: enquadramento,
tecnologia, patologia e manutenção das coberturas verdes.
O subcapítulo "Enquadramento" pretende identificar as diversas nomenclaturas, a evolução histórica, os incentivos,
regulamentação e normalização aplicáveis, bem como os benefícios comprovados da sua aplicação.
No subcapítulo "Tecnologia de coberturas verdes" pretende-se caracterizar o sistema construtivo: coberturas verdes,
especificando as suas exigências funcionais, âmbito e classificação, bem como as camadas constituintes e os tipos de
soluções construtivas.
No subcapítulo "Patologia de coberturas verdes" o objetivo passa por identificar as anomalias correntes e suas causas
prováveis e no subcapítulo de " Manutenção de coberturas verdes" pretende-se reconhecer as técnicas de manutenção
necessárias para a conservação do desempenho da solução.
A pesquisa sintetizada neste capítulo, teve como referência base dois documentos de diretrizes para conceção de
coberturas verdes:
o documento alemão FLL "Forschungsgesellschaft Landschaftsentwicklung Landschaftsbau", “Diretrizes para o
Planeamento, Instalação e Manutenção de Coberturas Verdes” (FLL, 2008)
o documento espanhol NTJ 11C "Normas Técnológicas de jardinería y paisajismo - Ajardinamientos especiales:
cubiertas verdes" “ Normas tecnológicas de jardinagem e paisagismo - Jardins especiais: coberturas verdes (NTJ
11C, 2012)
Tendo em conta que este último documento está adaptado ao clima espanhol e sendo este similar ao clima português
serviu de referência principal para fatores que tenham influência climática.
2.2. Enquadramento
2.2.1. Nomenclatura
Uma cobertura verde pode ser definida como a criação de espaço verde contido por cima de uma estrutura feita pelo
homem (PECK e CALLAGHAN, 1999). Fundamentalmente, é um sistema construtivo de revestimento de cobertura,
projetado por forma a permitir o crescimento de vegetação no topo dos edifícios enquanto protege e mantém a integridade
da estrutura subjacente (RAPOSO, 2013).
Existem diversas nomenclaturas para esta solução construtiva. O termo mais comum é green roofs (coberturas verdes),
embora a palavra ecoroof (eco-coberturas) comece também a estar associada a coberturas verdes (RAPOSO, 2013).
Segundo pesquisa de SILVA (2012), a terminologia roof gardens (coberturas ajardinadas) surge mais orientada para
coberturas com tratamento vegetal próximo de um jardim corrente e constituído por uma camada de substrato com
profundidade adequada a sustentar vegetação de médio ou grande porte. Esta terminologia está, à partida, também
associada a uma cobertura que exige mais manutenção. O termo living roofs (coberturas vivas), surge como a nomenclatura
mais abrangente, englobando todas as soluções, como a de coberturas com substrato vegetal que não se pretende
obrigatoriamente verde, podendo ter diversas colorações.
4
Seguindo a terminologia usada nos documentos FLL (2008) e NTJ 11C (2012), "Coberturas verdes" será a nomenclatura
utilizada nesta dissertação, pretendendo-se com esta referir de forma genérica a todos os sistemas construtivos e tipos de
revestimento vegetal.
2.2.2. Evolução histórica
As coberturas verdes são práticas recorrentes na construção há milhares de anos. Têm sido construídos com diversos
objetivos, como o de isolamento térmico (PECK e CALLAGHAN, 1999; MAGILL et al., 2011) de evasão à pressão do
ambiente urbano (MAGILL et al., 2011) ou com pretensões estéticas.
As primeiras referências históricas sobre utilização desta solução datam de 3200 a.C. nas antigas cidades da civilização
Suméria, na antiga Mesopotâmia. As suas edificações feitas de adobe originaram uma construção dominantemente
horizontal com terraços planos. Sobre estes plantavam jardins que conferiam sombra protegendo do calor intenso (MAGILL
et al., 2011). As cidades consolidaram-se, formando colinas artificiais coroadas pelas características pirâmides de degraus
da Mesopotâmia. O zigurate de Ur (fig. 2.1), de 2250 a.C, é a maior referência sobrevivente de coberturas verdes (COSTA,
2010).
Fig. 2.1 - Desenho do zigurate de Ur [W1]
Fig. 2.2- Monumento Megalítico Newgrange na Irlanda [W2]
Na Europa, entre 3000 e 2000 a.C, apesar de existirem construções mais primitivas também se recorria à colocação de solo
nas coberturas das suas sepulturas coletivas (fig. 2.2). Um megalítico é constituído por um corredor e uma câmara
funerária, construídos com grandes lajes de pedra e depois cobertos por uma grande massa de terra (MARCHAND,1994).
No entanto, as coberturas verdes mais célebres surgiram na cidade da Babilónia no século VI a.C, conhecidos por Jardins
suspensos da Babilónia, do Palácio do Rei Nabucodonosor II (AZEVEDO,2011 ; COSTA,2010; PECK e CALLAGHAN,
1999; MAGILL et al., 2011).
Estas coberturas verdes com cerca de 1600m² (RAPOSO, 2013) eram edificadas em camadas que assentavam sobre uma
estrutura de abóbadas e colunas com 25 m de altura. A maior abóbada tinha cerca de 75 metros de altura, sendo o ponto
mais alto do jardim. A execução destas coberturas verdes exigiu a impermeabilização da estrutura com camadas de tijolos
de barro cozido e folhas de chumbo. Tiravam partido da forma das abobadas para criar diversidade de vegetação. Nas
zonas menos profundas no topo das abobadas plantavam vegetação rasteira reservando a área sobre as colunas com
grande profundidade para árvores e vegetação de médio porte (COSTA, 2010 e RAPOSO, 2013). Já nessa época foram
previstos cuidados de manutenção que passavam pela utilização de um sistema de rega. Através da captação de água do
rio Eufrates bombeado até ao nível mais alto da construção, os jardins eram regados de forma natural, descendo por
gravidade em longo dos vários níveis (COSTA, 2010; RAPOSO, 2013 e FERREIRA, 2013).
5
Apesar de pouco marcante, nas civilizações grega e romana esta solução foi encontrada em Itália, nas ruínas de três villas,
preservadas debaixo das cinzas da erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C., que soterrou parcialmente a cidade de Pompeia.
A maior das três, a Villa dei Misteri é constituída por um terraço em forma de U (fig. 2.3), no qual foram descobertas raízes
de plantas (COSTA, 2010).
MAGILL et al. (2011) refere que Carlos Magno exigiu a colocação de vegetação sobre as coberturas com o intuito de
proteção contra incêndios e relâmpagos.
As populações escandinavas medievais, genericamente apelidadas de Vikings, também aplicavam esta solução nas suas
habitações, cobrindo as paredes e telhados com relva ou algas para proteger das intempéries e isolar. Os “sod roofs”
(coberturas relvadas), habitações rurais tradicionais dos países do norte da Europa do séc. XIX, perpetuaram-se até aos
dias de hoje, como se pode observar um exemplo na Islândia na figura 2.4 (PECK e CALLAGHAN, 1999; SILVA, 2012;
MAGILL et al., 2011 e AZEVEDO, 2011). Essas construções tradicionais utilizavam vegetação local e como camada de
impermeabilização e drenagem das águas aplicavam casca de bétula (MAGILL et al., 2011).
Em Itália, na época renascentista, as coberturas verdes eram aplicadas em edifícios monumentais de famílias influentes
(COSTA, 2010) e ordens religiosas (MAGILL et al., 2011) visto serem sistemas dispendiosos. Estas surgiam quando não
era possível implantar os jardins em solo natural, mas eram necessários em termos formais e estéticos para o
enquadramento paisagístico pretendido (COSTA, 2010).
Na costa francesa, numa pequena ilha situada no Golfo de Saint-Malo (fig. 2.5), conhecida como Mont-Saint-Michel, existe
um mosteiro do século XIII que contém um claustro, bem como alguns terraços com jardins sobre coberturas, como se pode
observar na fig. 2.6 (COSTA, 2010).
Fig. 2.5 - Ilha- Mont-Saint- Michel [W5] Fig. 2.6 - Claustro do
Mont-Saint- Michel [W6]
Fig. 2.7 - Palácio Piccolomini [W7]
O Papa Pio II mandou executar uma das primeiras e mais bem conservadas coberturas verdes do Renascimento em Itália.
O Palazzo Piccolomini (fig. 2.7) em Pienza, tem um terraço sobrelevado, sobre o qual surge um amplo jardim formal com
Fig. 2.3 - Imagem da Villa dei Misteri [W3]
Fig. 2.4- Imagem de igreja na Islândia com solução "Sod roof" [W4]
6
canteiros de buxo (COSTA, 2010).
Outro exemplo de época em Itália é a Torre del Guinigis (fig. 2.8), na cidade de Lucca, construída pela abastada família
Guinigi. Esta destaca-se das outras torres renascentistas pelo seu jardim na cobertura a 36.5 m de altura. Esse jardim
contém carvalhos plantados em canteiros elevados, de tijolo e sistema de rega subterrâneo. Apesar de existirem registos da
sua existência em 1660, desconhece-se a data exata da sua construção (COSTA, 2010 e RAPOSO, 2013).
Na época Czarista da Rússia, a nobreza tinha as coberturas verdes como símbolo de ostentação. Um exemplo a referir foi a
cobertura verde do palácio Kremlin, em Moscovo (fig. 2.9) no século XVII. O jardim de 40000m² foi construído ao nível dos
quartos da residência, mais dois terraços adicionais num nível inferior junto ao rio Moscou (COSTA, 2010).
Como forma de impermeabilização destas coberturas verdes foram aplicadas chapas de chumbo, sendo necessárias 10,24
toneladas no terraço mais alto com 122 m de comprimento. Essa solução de impermeabilização obrigou à execução de um
reforço estrutural com vigas de aço. O palácio original bem como esses jardins foram demolidos em 1773 para permitir a
construção do novo palácio (COSTA, 2010).
Em São Petersburgo, durante o período barroco na Rússia, Catarina II mandou construir o edifício Hermitage, adjacente ao
Palácio de Inverno. Nos terraços desse último, Catarina II encomendou a criação de um jardim formal, com pequenas
árvores em ambos os lados do passeio embelezado com estátuas de figuras da mitologia clássica (COSTA, 2010).
Em 1867, na Segunda Exposição Mundial de Paris (Exposition universelle d'Art et d'industrie), foi exibido um edifício modelo
do projeto de Karl Rabbitz reconhecido como um avanço na impermeabilização e a primeira de várias experiências que se
desenvolveram até então na Europa Ocidental. Percebendo as vantagens funcionais de uma cobertura verde, Rabbitz
construiu um jardim sobre a cobertura de uma casa tradicional de classe média, em Berlim (COSTA, 2010).
No início do século XX surge o Modernismo, caracterizado pela introdução do betão como material estrutural, de baixo
custo e desempenhos excecionais. Este novo material permitiu revolucionar os sistemas de construção, generalizando as
construções verticais com maior capacidade de cargas e coberturas planas. Arquitetos como Frank Lloyd Wright e Le
Corbusier tiraram partido desse potencial, incorporando espaços funcionais com coberturas verdes (PECK e CALLAGHAN,
1999 e RAPOSO, 2013).
Wright incluiu coberturas verdes como extensão do interior dos edifícios em projetos como o Midway Gardens em Chicago
em 1914, a casa Hollyhock, a casa Cheney, a casa da cascata, a Hillside HomeSchool ou Horseshoe Inn (PECK e
CALLAGHAN, 1999) e Le Corbusier, a partir de 1920, projetou coberturas verdes de forma sistemática para clientes
abastados, como é o caso da casa Savoye (fig. 2.10), que incluía terraços com vegetação perene em canteiros
sobrelevados (COSTA, 2010).
Não bastando a sua aplicação, Le Corbusier e Charles- Edouard Jeanneret, em 1926, publicaram os cinco elementos
Fig. 2.8 - Torre
del Guinigis [W8]
Fig. 2.9- Palácio Kremlin [W9] Fig. 2.10- Terraço do 1º piso da casa Savoye
[W10]
7
fundamentais da arquitetura moderna, nos quais surgiam os espaços verdes sobre terraços.
Outro projeto a referir de Le Corbusier, trata-se de um edifício governamental, o Palácio do Secretariado de Chandigarh e a
maior construção do Complexo do Capitólio, sede do poder executivo dos governos do Punjab e Haryana, construído em
1956, em Punjab na India (COSTA, 2010).
Possivelmente as primeiras coberturas verdes projetadas na malha urbana foram as de Rockefeller Center (fig.2.11) em
Nova Iorque, nos anos 30. Este complexo constituído por dezanove edifícios comerciais destacou-se pela instalação de
cinco coberturas verdes, reduzindo o impacto visual negativo comum das quintas fachadas (MAGILL et al., 2011 e
GREENROOFS, 2013).
Nas décadas de 60 e 70, países como a Suíça e a Alemanha desenvolveram estudos sobre novas tecnologias para
execução das coberturas verdes, bem como os seus benefícios nas zonas urbanas. Nos anos 80, o desenvolvimento do
movimento ambientalista impulsionou a exigência por cidades mais verdes, e tendo em conta o elevado custo do solo
urbano, o interesse rapidamente se voltou para a implementação de espaços verdes nas coberturas (COSTA, 2010). Desta
forma começaram a surgir projetos de espaços verdes em coberturas de índole pública, como o caso de metropolitanos,
parques de estacionamento ou centros comerciais.
Entre os anos 89-96, na Alemanha, a expansão das coberturas verdes foi muito rápida, apresentando uma taxa de
crescimento anual até 20%, ou seja, um aumento de 1 milhão para 10 milhões de m² de coberturas verdes. O crescimento
observado deveu-se em grande parte a incentivos do Estado. Incentivos como esses são, atualmente, utilizados em vários
países europeus (PECK e KUHN, 2003).
Atualmente, grandes edifícios de serviços, administrativos, comerciais e educacionais dão novo sentido aos remotos jardins
suspensos, aplicam uma solução com vantagens ambientais já conhecidas pretendendo também humanizar o edifício, criar
um ambiente de maior qualidade para seus utentes prestigiando assim a entidade ou empresa (COSTA, 2010).
A figura 2.12 apresenta um exemplo de aplicação desta solução em edifícios comerciais, o complexo Potsdamer Platz. A
eficiência energética e o reaproveitamento das águas pluviais são a marca deste complexo, considerado de reduzido
impacto ambiental, sendo o primeiro quarteirão de uma cidade a receber o certificado de sustentabilidade do DGNB (SILVA,
2012).
Esse conceito é também evidente no projeto da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura. O edifício foi
concebido de forma a rentabilizar a captação dos raios solares e a economizar a energia e iluminação artificial, mantendo
através da cobertura verde a temperatura ambiente interior (fig.2.13).
Com 24000m², o projeto de expansão do Centro de convenções de Vancouver de LMN Architects em parceria com MCM e
DA, com consciência ambiental eximia, incorporou vegetação ao longo de todas as suas coberturas inclinadas (fig.2.14),
Fig. 2.11 - Rockefeller Center em
Nova Iorque [W11]
Fig. 2.12 - Complexo Potsdamer
Platz [W12]
Fig. 2.13 - Universidade Tecnológica de Nanyang ,
Singapura [W13]
8
sendo a maior cobertura verde no Canada. Este edifício foi construído em 2008 e foi considerado um dos 10 melhores
projetos verdes pelo Committee on the Environment (COTE) do American Institute of Architects (AIA) (E-ARCHITECT,
2013).
Seguindo a mesma lógica dos edifícios administrativos, começa-se a aplicar a solução de coberturas verdes em edifícios
industriais. Nestes casos, o intuito vai muito além da pretensão de prestigiar a empresa e criar um ambiente de maior
qualidade para seus trabalhadores, sendo as melhorias de eficiência térmica e atenuação dos picos de cheia das águas
pluviais fatores determinantes.
A fábrica da Ford em Dearborn (fig. 2.15), projeto de William McDonough construído em 2003, é o exemplo da maior
cobertura verde extensiva da América do Norte com cerca de 42000m² (XERO FLOR, 2013 e MCDONOUGH, 2013). Outros
exemplos são a fábrica de reciclagem da Veolia em Oslo, de 2008, na qual se tirou máximo proveito desta solução com
aplicação dos 28000m² de cobertura verde extensiva (SILVA, 2012 e ARKITEKTKONTORET GASA AS, 2008) e o edifício
de triagem da FedEx no Aeroporto de O’Hare em Chicago, em 2010, no qual foi instalada uma cobertura verde com
14000m², a maior cobertura verde em Chicago (XERO FLOR, 2013).
Ainda em 2010, na vertente habitacional, foram construídos 26500m² de coberturas verdes na aldeia olímpica em
Vancouver (fig. 2.16) para servir os jogos olímpicos de Inverno de 2010 (SILVA, 2012).
Em edifícios comerciais esta solução construtiva é aplicada tendo em vista os benefícios a nível de consumo energético
assim como a grande recetividade da população, cada vez mais sensibilizada para as questões ambientais. Um caso de
exemplo é o projeto The Meydan em Istambul, construído em 2007 (fig. 2.17).
Em Portugal, apesar de existirem poucos exemplos históricos de coberturas verdes, podem-se referir dois casos do
séc. XVIII, seguindo o desenho formal do período Barroco. Na Quinta Real de Caxias, junto à cascata, bem como na Quinta
Real do Queluz no jardim Pênsil ou de Neptuno, estas coberturas foram construídas sobre reservatórios de água, peças
Fig. 2.14 - Centro de convenção de
Vancouver, Canadá [W14]
Fig. 2.15 - Fábrica da Ford em Dearborn, EUA
[W15]
Fig. 2.20- Aldeia olímpica em Vancouver
[W16]
Fig. 2.17 - Centro comercial Meydan, Turquia [W17] Fig. 2.18 - Hotel Ritz, Lisboa [W18] Fig. 2.19- Gulbenkian, Lisboa [W19]
9
centrais de sistemas de captação e distribuição de águas (COSTA, 2010). Nessa época os objetivos da utilização desta
solução eram meramente decorativos e de enquadramento paisagístico de equipamentos necessários.
Nos anos 50, no projeto do Hotel Ritz, em Lisboa (fig. 2.18), da autoria do arquiteto Pardal Monteiro, foi previsto um terraço
ajardinado na cobertura inferior complementado com um espelho de água (IGESPAR, 2013 e RAPOSO, 2013). A escolha
desta solução assumidamente urbana pretendeu porporcinar um espaço de lazer numa cota mais elevada, com vista
privilegiada privada sobre a cidade.
Uma das obras mais conhecidas, no entanto, é a fundação Calouste Gulbenkian (fig. 2.19). Inaugurado em 1969, este
edifício foi projetado por Ruy Athouguia, Pedro Cid e Alberto Pessoa (SILVA, 2012). Neste projeto, esta solução veio
contribuir para a integração do edifício na paisagem natural envolvente.
Nos anos 80, no edifício da Portugal Telecom (fig. 2.20), em Picoas, foram executados 2000 m² de coberturas verdes
(PRATES, 2012) com exigentes requisitos de gestão dos recursos necessários na sua manutenção, tendo em conta a sua
dimensão (COSTA, 2010 e PRATES, 2012). Pretendia-se com esta solução reduzir o impacto visual da área de cobertura,
amenizar as temperaturas dos espaços sob a cobertura, bem como criar um espaço de biodiversidade prazeroso para os
trabalhadores do edifício (PRATES, 2012).
Posteriormente, foi construído o Centro Cultural de Belém da autoria dos arquitetos Manuel Salgado e Vittorio Gregotti, em
1993, destacando-se aqui o Jardim das Oliveiras sobre o parque de estacionamento, voltado para o rio Tejo, permitindo
uma valorização visual para usufruto dos utentes.
No final dessa mesma década, foi igualmente construída a Torre Verde, em Lisboa, dos arquitetos Livia Tirone e Ken
Nunes. Nesse projeto foram previstas três coberturas verdes pontuadas com decks de madeira (COSTA, 2010 e RAPOSO,
2013).
Diversas empresas privadas e instituições bancárias, já integram esta solução construtiva, como é o caso do projeto da
Sede do Banco Mais em Alcântara (fig. 2.21), da autoria de Gonçalo Byrne, construído em 1999 (BYRNE, 2013).
Outro exemplo, este de 2010, é uma cobertura verde com oliveiras na sede da Fundação Chamapalimaud, em Lisboa,
projecto do arquiteto goês Charles Correa (fig.2.22).
Em 2011, a cobertura da estação de tratamento de águas residuais de Alcântara e o edifício sede da SIMTEJO foram alvo
de uma reconversão projetada pelos arquitetos Aires Mateus e Frederico Valsassina. Tem cerca de 14000 m², sendo um
exemplo de inserção no meio ambiente, permitindo uma continuidade da paisagem de Monsanto (SILVA, 2012; PRATES,
2012 e VALSASSINA, 2014).
Como se pode verificar ao longo da história, a solução de coberturas verdes tem sido aplicada em edifícios com as mais
variadas funções para responder a diversas solicitações, de ordem estética ou funcional.
Fig. 2.20- Edifício Portugal Telecom, Lisboa
[W20]
Fig. 2.21- Sede do Banco Mais, Lisboa
[W21]
Fig. 2.22- Fundação Champalimaud, lisboa
10
2.2.3. Vantagens e desvantagens
As coberturas verdes têm vantagens a nível ambiental, social e económico, sendo de destacar o seu desempenho térmico,
acústico e de gestão das águas pluviais (fig. 2.23).
1) A nível ambiental
Diversas pesquisas comprovaram que as coberturas verdes têm benefícios ambientais, tais como:
substituição de paisagens deslocadas
redução do risco de inundações (NIACHOU et al., 2001; TOLDERLUND, 2010 e MORAN et al., 2004)
melhoria da qualidade de escoamento de águas pluviais (HILTEN, 2005)
possível atenuação de ruído (SAADATIAN et al., 2013)
melhoria da qualidade do ar, direta ou indiretamente, pelo aumento de oxigénio devido a uma maior retenção de
dióxido de carbono (NEOTURF, 2012) e redução da contaminação do ar (substâncias tóxicas no ar como gases e
partículas sólidas que ficam em suspensão na atmosfera), através do processo de fotossíntese das plantas
criação de ecossistemas que albergam muitos organismos benéficos na absorção de poeiras e poluentes aéreos
(GRIMMOND et al., 2010)
mitigação do efeito de ilha de calor através da remoção de calor do ar pela evapotranspiração das plantas, o que
conduz a uma redução das temperaturas da superfície da cobertura e do ar circundante (ALEXANDRI e JONES,
2008; PARIZOTTO e LAMBERTS, 2011; MENTENS et al., 2006; TOLDERLUND, 2010)
criação de um ecossistema contínuo ou semi-contínuo, podendo ser considerados como elementos pertencentes
à Estrutura Verde Urbana que contribui para a sustentabilidade da paisagem (COSTA, 2010). Na Europa,
coberturas verdes têm sido definidas como parte de sistemas de corredores ecológicos nas áreas urbanas, sendo
habitats que se ligam por via aérea, para aves de nidificação e migração, insetos e sementes disseminadas pelo
vento (NEOTURF, 2012). A biodiversidade dessa cobertura aumenta de acordo com o aumento da profundidade
do solo e também com o tipo de plantas de que é constituída
produção local de alimentos em pequena escala, através de hortas, permite um desenvolvimento mais
sustentável, reduzindo parcialmente o impacto ambiental inerente à distribuição de produtos a longas distâncias
(TOLDERLUND, 2010).
No entanto, existe um fator negativo a ser considerado no que respeita aos materiais constituintes do sistema. As
coberturas verdes levam em média 25 anos para equilibrar a poluição libertada no ar, devido ao processo de produção de
polímeros que as constituem. A aplicação de materiais reciclados pode ser uma forma de redução da pegada ecológica das
coberturas verdes (BIANCHINI e HEWAGE, 2012).
2) A nível social
As coberturas verdes surgem como uma solução de planeamento urbano, promovendo espaços aprazíveis, contribuindo na
saúde dos utentes, com:
redução de stress
maiores níveis de satisfação na permanência dos locais, incentivando à atividade social e física (TOLDERLUND,
2010)
redução da radiação eletromagnética até 94%, que pode ser encorajador em edifícios com equipamentos de
telecomunicações na cobertura (TOLDERLUND, 2010).
As coberturas verdes podem ser também adotadas com objetivos educacionais, através do desenvolvimento de hortas e
locais de recreio para os alunos (PECK e KUHN, 2003; TOLDERLUND, 2010).
11
3) A nível económico
O custo global desta solução construtiva tem sido o principal entrave à sua expansão mais franca (RAPOSO, 2013). Os
custos mais elevados são o resultado de diversos fatores, como:
custo dos equipamentos necessários para içar os materiais para a cobertura
custo do trabalho especializado, na instalação e manutenção
valor elevado de seguros
eventual custo acrescido do suporte estrutural. De forma a reduzir o peso global da solução, generalizou-se a
utilização de materiais como plásticos, mantendo assim o desempenho de camadas de impermeabilização sem
comprometer o custo das coberturas verdes (BIANCHINI e HEWAGE, 2012a). É necessário avaliar o balanço
desse benefício económico face ao aumento de utilização de materiais menos sustentáveis
custo da manutenção (RAPOSO, 2013).
Os benefícios económicos associados à utilização das coberturas verdes são inúmeros, tais como:
a redução dos consumos energéticos devido ao aumento da sua eficiência no edifício e a melhoria do conforto
térmico
aumento da eficiência dos sistemas de AVAC e dos painéis solares e fotovoltaicos que nelas se encontrem devido
à redução da temperatura de verão na superfície das coberturas verdes (ZINCO, 2012; TOLDERLUND, 2010)
aumento da durabilidade das impermeabilização e revestimentos das coberturas (TSANG e JIM, 2011), visto que
a vegetação e o substrato moderam as elevadas flutuações de temperatura que criam tensões sobre os materiais
do sistema de cobertura convencional (EKATERINI, 1998).
Fig. 2.23 - Benefícios das coberturas verdes
4) Desempenho térmico
O desempenho térmico das coberturas verdes está condicionado por diversos fatores, como o clima local, o desenho e
características da solução e as características específicas da construção.
Diversos estudos chegaram à conclusão que uma cobertura verde tem capacidade de:
atenuar as temperaturas máximas na superfície da cobertura e no interior do edifício, comparando com coberturas
convencionais sem isolamento em climas subtropicais, tropicais húmidos ou mediterrânicos (SIMMONS et al.,
2008; MURAU et al., 2012; NIACHOU et al., 2001)
12
amortecer as amplitudes térmicas em climas subtropicais e tropicais húmidos, com temperaturas altas e episódios
de chuva intensos (SIMMONS et al., 2008; MURAU et al., 2012)
atrasar algumas horas a temperatura de pico devido ao complemento de inércia térmica do substrato em climas
subtropicais, com temperaturas altas (SIMMONS et al., 2008).
Esse acréscimo de capacidade isolante e inércia térmica pode ter algumas desvantagens como reduzir as temperaturas
interiores no Inverno comparativamente com as coberturas convencionais sem isolamento, em climas subtropicais, com
temperaturas altas (SIMMONS et al., 2008).
Vários estudos concluíram igualmente que o desempenho térmico final da cobertura verde vai ser influenciado por
características da vegetação e substrato, tais como:
a espessura, elementos constituintes e níveis de humidade do substrato, que definem o seu valor de
condutibilidade térmica e a correspondente transferência de calor para o edifício. Por exemplo, substratos com
maiores profundidades (0.70 m) permitem reduzir as temperaturas máximas do ar interior (KOKOGIANNAKIS et
al., 2011 e SAILOR, 2008) em climas chineses, no caso de edifícios sem camada de isolamento térmico. No
entanto, quando o substrato está seco, a sua temperatura pode exceder a temperatura de superfície de uma
cobertura convencional (SANTAMOURIS, 2012)
a altura e densidade da vegetação, chamada de índice de área foliar (IAF), que definem os níveis de
sombreamento e de transferência de radiação através das suas camadas (SANTAMOURIS, 2012). Vegetação
verde escura e grossa contribui para temperaturas de superfície mais baixas do que coberturas com vegetação
escassa (NIACHOU et al., 2001; SANTAMOURIS, 2012).
No estudo descrito em SIMMONS et al. (2008) foi possível verificar que as cores a utilizar na cobertura também vão
influenciar as temperaturas. A utilização de cores claras aumenta a reflexão. A intensidade da reflexão da radiação solar é
influenciada pelas diferentes superfícies do solo, pela sua cor, textura e composição. Este facto designa-se por albedo, isto
é, a razão entre a quantidade de radiação solar refletida e a quantidade de radiação total recebida.
Altos albedos diminuem a absorção e a acumulação de calor na cobertura diminuindo a sua temperatura superficial. Por sua
vez, a emissividade das coberturas define a sua capacidade de dissipar o calor através de emissão de radiação
infravermelha. Maiores valores de emissividade correspondem também a temperaturas mais baixas da superfície. O valor
típico de emissividade de uma cobertura verde varia de 0,9 a 0,95, dependendo do tipo de plantas (SANTAMOURIS, 2012).
SPALA et al. (2008) referem que os sistemas de cobertura verde podem minimizar o consumo de energia no arrefecimento
dos edifícios até aproximadamente 40%.
No Canadá, estudos realizados permitiram concluir que há uma redução do fluxo de calor de 70% a 90% no Inverno e de
10% a 30% no Verão, reduzindo o consumo de energia no edifício até 75% (PRATES, 2012).
As coberturas verdes têm maior potencial ao nível de economia de energia e conforto térmico em reabilitações de edifícios
mal isolados ou sem qualquer isolamento do que em edifícios novos bem isolados (JAFFAL et al., 2012).
As coberturas verdes também têm contributos térmicos ao nível do microclima urbano. A Ilha de calor é um fenómeno
conhecido há quase um século e explica as altas temperaturas sentidas nas zonas urbanas em comparação com as áreas
adjacentes suburbanas e rurais. Essas temperaturas elevadas devem-se ao armazenamento excessivo de energia da
radiação solar pelas construções da cidade, em particular por elementos de cor escura como asfalto, betão e granito,
dissipadores reais de calor que libertam esse calor armazenado à noite. A temperatura da superfície das coberturas
convencionais pode atingir valores muito elevados no verão (WILLIAMS, 2010). Esse fator é intensificado pela escassez de
espaços verdes, de planos de água e de circulação de ar nas vias urbanas e a capacidade reduzida da radiação
13
infravermelha emitida escapar para atmosfera (OKE et al., 1991 e BOUKHABL e ALKAM, 2012).
Áreas rurais não estão expostas a este problema, em parte, devido à vegetação. Árvores e plantas ajudam a controlar a
temperatura ambiente por evapotranspiração e proporcionam sombra, protegendo da luz solar direta e difusa. Em áreas
abertas as plantas usam a energia solar para controlar a temperatura, libertando vapor e contribuindo para o ciclo da água
(BIANCHINI e HEWAGE, 2012a). Dado que a superfície do solo não construída disponível na zona urbana é bastante
limitada e o valor económico é muito alto, as coberturas tornam-se uma área de excelência para aplicar técnicas de redução
do efeito de ilha de calor (SANTAMOURIS, 2012).
5) Desempenho acústico
Relativamente ao isolamento acústico, a análise dos resultados em diversos estudos precisa de cautela, uma vez que as
previsões quantitativas dependem fortemente dos detalhes geométricos dos edifícios, da definição de construção e do ruído
existente envolvente. No entanto, de uma forma geral, o desempenho acústico das coberturas verdes está associado à
redução de ruído de impacto (chuva) e ruído ambiente (tráfego), pois as coberturas verdes melhoram as propriedades de
isolamento do edifício fornecendo massa adicional, baixa rigidez e amortecimento (SAADATIAN et al., 2013). Ao passo que
o substrato é mais eficaz a isolar baixas frequências, as plantas bloqueiam as altas frequências. Dependendo da espessura
do substrato a redução de ruído pode chegar aos 50dB (PECK et al., 1999).
6) Desempenho no escoamento e qualidade das águas pluviais
A elevada percentagem de superfície impermeável nas cidades resulta num aumento do escoamento superficial e
consequente risco de inundações. 75% da chuva que cai numa cidade é conduzida diretamente para as condutas de águas
pluviais enquanto que numa área florestal é perdida superficialmente apenas 5% (NEOTURF, 2013).
As coberturas verdes podem reter uma grande quantidade de água. 50 a 80% da água da chuva é absorvida pelas plantas
ou evaporada, reduzindo e atrasando o pico de escoamento das águas pluviais (NIACHOU et al., 2001; TOLDERLUND,
2010 e MORAN et al., 2004). Mesmo em climas Mediterrâneos, o impacto do escoamento de água das tempestades é
reduzido no seu volume e pico bem como no tempo de concentração, embora tenham um desempenho reduzido para
períodos longos de elevada precipitação, devido à saturação dos elementos (FIORETTI et al., 2010).
A espessura de substrato também vai influenciar este desempenho, profundidades elevadas reduzem o escoamento em
85%, enquanto que profundidades reduzidas reduzem apenas 60%, comparando com coberturas convencionais.
Alguns estudos observaram também o efeito dos materiais das coberturas sobre a qualidade da água do escoamento.
Independentemente do sistema de cobertura, os seus materiais adicionam produtos químicos ou compostos de metais para
a água de escoamento (MENDEZ et al., 2011). No entanto, as coberturas verdes acrescentam menos compostos químicos
devido à retenção de alguns poluentes no seu substrato e vegetação. O escoamento em coberturas verdes com
profundidades elevadas tem 3 vezes menos contaminação de chumbo, 1,5 vezes menos contaminação de zinco, 2,5 vezes
menos contaminação de cádmio e 3 vezes menos contaminação de cobre (SAADATIAN et al., 2013).
É importante salientar que a pesquisa destes autores não considerou a possibilidade de adição de fertilizantes e pesticidas
por parte dos proprietários para proteger e melhorar o crescimento da vegetação, resultando em mais produtos químicos na
água escoada (BIANCHINI, HEWAGE, 2012a).
A utilização e reutilização de águas pluviais pode ser prevista na conceção da cobertura verde. Por exemplo, os efluentes
produzidos por uma fábrica de produtos de limpeza biodegradáveis na Bélgica, construída em 1992 com dois hectares de
gramíneas nativas e flores silvestres na cobertura, são tratados gradualmente numa cisterna e, posteriormente, filtrados
através da cobertura verde, servindo simultaneamente para irrigação e como fonte de nutrientes para as plantas (PECK et
al., 1999).
14
2.2.4. Políticas de incentivo, legislação e diretrizes
Segundo LAWLOR et al. (2006), os Municípios podem usar diversas ferramentas e incentivos para estimular a
implementação de cobertura verdes e o mercado local, tais como a educação, os incentivos financeiros indiretos e diretos,
medidas regulamentares, sistemas de classificação de desempenho ou códigos e regulamentos de construção.
A utilização das coberturas verdes encontra-se legislada em países pioneiros neste tema, como a Alemanha, reconhecida
como líder mundial na tecnologia das coberturas verdes, onde 43% das cidades apresentam incentivos à construção desta
solução (NEOTURF, 2012).
CARTER E FOWLER (2008) analisaram os instrumentos de política na América do Norte e observaram que a oferta de
incentivos financeiros estimula o desenvolvimento de coberturas verdes (CHEN, 2003).
Tais políticas de incentivo legislado estão a ser aplicadas em cidades altamente urbanizadas em países como a Alemanha e
a Bélgica, Singapura e Japão (CHEN, 2003), EUA ou Canadá. Como exemplos podem-se destacar:
Energia EUA Limpa e Lei de Garantia de Investimento, na qual os proprietários de imóveis residenciais e
comerciais recebem um crédito de imposto de 30% para a instalação de uma cobertura verde em pelo menos
50% da cobertura
Lei estadual de Nova Iorque que inclui incentivos semelhantes
Projeto Escola Verde na Coreia do Sul, que usa técnicas eco-friendly, incluindo coberturas verdes, para reparar e
renovar as escolas primárias e secundárias (CHEN, 2003)
Projeto Taiwan Campus Sustentável, lançado pelo Ministério da Educação em 2002, semelhante ao da Coreia do
Sul
Projeto T.A.I.B.E. Verde (Trafego Verde, Arquitetura verde, Indústria Verde e Economia verde), em 2010, na
cidade de Nova Taipei. Com o objetivo de melhorar a aparência da cidade, promove o desenvolvimento de
edifícios verdes subsidiando a conversão de todas as coberturas existentes em coberturas verdes.
Algumas cidades avançaram mesmo para a regulamentação da obrigatoriedade da instalação desta solução sob
determinadas condições, como são os casos:
da Prefeitura de Tóquio que exige a construção de coberturas verdes em edifícios recém construídos e
ampliados com área de implantação superior a 1000 m² (CHEN, 2003)
do Código Municipal de Toronto, que exige a todos os empreendimentos com uma área bruta mínima de
2000 m² a inclusão de coberturas verdes em 20-60% da superfície de telhado (LAWLOR et al., 2006)
do regulamento autónomo da Nova Taipei, em 2011, que criou a obrigatoriedade de todos os novos edifícios
terem metade da área total com coberturas verdes
o governo da cidade de Kaohsiung anunciou um regulamento semelhante para estabelecer coberturas mais
verdes.
Outra forma de incentivo e reconhecimento dos benefícios ambientais desta solução é evidenciado pela atribuição de
créditos em vários sistemas voluntários de avaliação da sustentabilidade dos ambientes construídos, como o sistema
LEED® "Leadership in Energy and Environmental Design", dos EUA e do Canadá, ou o sistema LiderA® - sistema
voluntário para a avaliação da construção sustentável, em Portugal (TOLDERLUND, 2010; RAPOSO, 2013 e LAWLOR et
al., 2006).
Em 2006 foi criado no Canadá o manual “A Resource Manual for Municipal Policy Makers” com o intuito de servir de apoio
aos governantes municipais na implementação de legislação e apresentação de incentivos para a construção de coberturas
verdes (LAWLOR et al., 2006). A equipa de pesquisa selecionou doze jurisdições de diferentes países como EUA, Suíça,
15
Alemanha, Japão e Singapura tendo em conta a sua maturidade, tipos de políticas, programas e incentivos implementados
bem como o seu sucesso na promoção das coberturas verdes.
O manual apresenta seis fases na definição das políticas e programas apropriados de coberturas verdes, como se pode
observar na figura 2.24, podendo estas funcionar em simultâneo.
Fig. 2.24 - Fases de definição das políticas e programas apresentadas no manual “A Resource Manual for Municipal Policy Makers”
adaptado de LAWLOR et al. (2006).
Em 1982, na Alemanha, foi emitida a primeira diretiva para o planeamento, instalação e manutenção de coberturas verdes,
estabelecendo os seus princípios urbanos, ecológicos e económicos, desenvolvida pelo Instituto de investigação,
desenvolvimento e construção da paisagem a FLL-"Forschungsgesellschaft Landschaftsentwicklung Landschaftsbau".
Desde 1992 tem sofrido várias reformulações, que culminaram na última edição de 2008 denominada “FLL – Green roofing
guideline”, na qual foram introduzidos os mais recentes desenvolvimentos e conhecimentos na área, com base nas
atualizações de normas (FLL, 2008). Este guia é hoje uma referência mundial na área das coberturas verdes, servindo de
apoio ao desenvolvimento de regulamentos e guias de outros países, nomeadamente, Canadá, Suíça, Estados Unidos e
Japão (FLL, 2008).
São também apresentadas várias normas referentes às características técnicas das coberturas verdes, por exemplo, os
sistemas de proteção anti-raízes apresentam, com base em estudos previamente realizados, as seguintes duas normas:
UNE-EN ISO 846:1998 e UNE-EN 13948:2008, sendo este apresentado como essencial para a correta implementação de
uma cobertura. É de referir que não existem registos de quaisquer anomalias construtivas em coberturas verdes instaladas
segundo as normas presentes no FLL (PRATES, 2012).
Com base no guia FLL, foram desenvolvidas em Espanha as normas técnicas de jardins e paisagismo, na qual se destaca a
“NTJ 11C - Cobiertas Verdes” e, em França, o guia “Règles Professionnelles pour la conception et la realisation des
terraces et toitures vegetalisées” (ADIVET, 2014 e NTJ 11C, 2012).
Em Portugal verifica-se uma ausência de legislação e políticas de incentivos sobre esta solução, embora atualmente se
observe um interesse maior pelo tema.
São de salientar os exemplos dos Municípios do Barreiro e de Almada que introduziram nos seus regulamentos municipais
recomendações relativas a coberturas verdes, como se pode ler nas transcrições abaixo.
No Regulamento Municipal de espaços verdes do Município do Barreiro (deliberação nº 61/2011), no anexo I, capítulo 4 -
Conceção e dimensionamento de espaços exteriores consta:
"4.2.1 COBERTURAS AJARDINADAS - Recomenda-se a utilização em coberturas ajardinadas de material vegetal de baixa
manutenção, adequado às características climáticas usualmente associadas a zonas de cobertura, nomeadamente, intensa
exposição à radiação solar e a ventos, para além das inerentes limitações de drenagem das águas superficiais. Nesse
16
sentido, recomenda-se a utilização de espécies herbáceas e subarbustivas da flora autóctone privilegiando, no caso da
preferência pela utilização de plantas exóticas, espécies xerófitas.
Salienta-se ainda que a espessura mínima de terra vegetal admitida é de 1,00 m para plantas arbóreas e de 0,60 m para
plantas arbustivas, subarbustivas e herbáceas. "
No Regulamento Urbanístico do Município de Almada - Ruma, na secção II componentes da edificação, consta no artigo
63º- coberturas:
"(...)5 - Sempre que tecnicamente possível ou urbanisticamente adequado devem ser utilizadas coberturas com
revestimento vegetal, que promovem a regulação climática e a biodiversidade em meio urbano.
6 - As coberturas devem ser concebidas de modo a permitir o acesso fácil aos equipamentos e instalações técnicas aí
localizados, assim como ser providas de meios de acesso a partir de zonas comuns do edifício, de circulação e de proteção
que permitam a fácil e segura realização de trabalhos de limpeza, manutenção e reparação, bem como de fixação e
manutenção dos referidos equipamentos."
O Regulamento nº 305/2011 (9 de Março) do Parlamento Europeu - RPC – Regulamento dos Produtos da Construção,
estabelece condições para a comercialização dos produtos de Construção revogando a Diretiva Comunitária dos Produtos
das Construção (DPC) – Diretiva 89/106/CEE, de 21 de Dezembro de 1988, na qual se estabeleceu o conceito de marcação
CE. O DL 174/2013 (10 de Setembro) veio executar na regulamentação nacional o RPC.
A marcação CE é um parâmetro importante de uniformização da qualidade dos bens transacionados entre os Estados
membros da União Europeia (UE) pois evidencia que esses produtos estão conformes às disposições das diretivas
comunitárias que lhes são aplicáveis, permitindo a sua livre circulação no Espaço Económico Europeu (EEE) (RAPOSO,
2013).
Em Junho de 2013, foi emitida a primeira Aprovação Técnica Europeia (ETA – European Technical Approval) para soluções
construtivas dos sistemas de coberturas verdes, com o número 13/0668 (ZINCO, 2014).
Os ensaios aplicam-se unicamente a sistemas de coberturas verdes com uma vida útil prevista de 25 anos e com uma
inclinação até 15°, não estando implementados métodos de ensaio da qualidade da vegetação utilizada (RAPOSO, 2013).
O desempenho dos vários componentes funcionais é avaliado quanto às suas características mais relevantes, tais como a
resistência à penetração de raízes da tela anti‐raízes, a eficiência da proteção, resistência à tração e durabilidade da
camada de proteção, a capacidade de escoamento de água e resistência à compressão da camada drenante, a resistência
à tração e tamanho da porosidade da camada filtrante e a capacidade de saturação e permeabilidade à água, componentes
orgânicos, nutrientes e salinidade do substrato (RAPOSO, 2013).
2.3. Tecnologia de coberturas verdes
2.3.1. Exigências funcionais do sistema de coberturas verdes
Os edifícios devem possuir características que permitam a satisfação das necessidades dos seus utilizadores.
Segundo o Regulamento dos produtos de construção, regulamento nº305/2011 do parlamento europeu e do conselho de 9
de março de 2011, as exigências essenciais das obras devem, em condições normais de manutenção, ser satisfeitas
durante um período de vida útil economicamente razoável e referem-se geralmente a fatores previsíveis.
As exigências funcionais da cobertura verde traduzem os requisitos a impor, independentemente dos materiais e soluções
construtivas utilizadas, para que esta esteja apta a desempenhar as suas diversas funções, constituindo assim a resposta
técnica às necessidades dos ocupantes. Esses requisitos derivam não apenas da função primordial de proteção do edifício
17
do ambiente exterior, contra a ação do vento, chuva, neve e intempéries, como também de funções particulares de
tipologias de uso e de processos construtivos (MORGADO, 2012).
De acordo com a pesquisa reunida de diversos autores, tendo como base principal a NTJ 11C (2012), são apresentados na
tabela 2.1.os requisitos essenciais para os elementos que constituem as coberturas verdes tendo em conta os grupos de
exigências referidos no RPC (2011).
Tabela 2.1 - Classificação dos grupos de exigências a serem satisfeitos pelas coberturas verdes, adaptado de NTJ 11C
(2012), RPC (2011), MORGADO (2012), LOPES (2009) e ALVES (2013)
Resistência mecânica e estabilidade
Estabilidade e resistência a ações permanentes, variáveis e acidentais, de punçoamento Resistência das camadas superiores à ação do vento
Segurança contra incêndio Resistência ao fogo
Higiene, saúde e ambiente Estanqueidade - Água/neve/granizo e ar/poeiras
Segurança na utilização Acesso para ações de manutenção e reparação Dispositivos de segurança para a realização de ações de manutenção e reparação
Proteção contra o ruído Isolamento acústico ao ruído aéreo e de percussão dos espaços subjacentes
Economia de energia e isolamento térmico
Isolamento térmico, suscetibilidade a condensações e proteção solar - Cumprimento do coeficiente de transmissão térmica regulamentar
Utilização sustentável dos recursos naturais
Durabilidade - Conservação das características dos materiais Limitação do custo global - Custos de construção, de conservação e manutenção
2.3.2. Classificação
Segundo o guia FLL (2008), as coberturas verdes podem-se dividir em três tipos distintos: Intensiva, Intensiva simples e
Extensiva. O tipo de cobertura verde escolhido deve ser adequado a cada edifício, devendo ter-se em conta vários fatores,
como o uso, vegetação e requisitos de manutenção pretendidos, capacidade estrutural do edifício, o clima da região e os
métodos de execução (FLL, 2008 e NTJ 11C, 2012).
No entanto, a classificação mais recorrente nos inúmeros estudos e documentos sobre o tema, como o caso da NTJ 11C
(2012) dividem as coberturas nos três tipos (fig. 2.25):
intensiva
semi-intensiva
extensiva
As coberturas verdes semi-intensivas são consideradas uma solução intermédia (fig. 2.26), uma conjugação do tipo
extensivo e intensivo, onde o tipo extensivo deve representar 25% ou menos da área total da cobertura verde (YANG et al.,
2008). Este tipo tira partido das vantagens dos outros dois tipos, com as menores necessidades de manutenção, irrigação e
fertilização das coberturas extensivas, e a maior diversidade de vegetação das coberturas intensivas. Entre as diferentes
nomenclaturas, verificam-se similaridades entre o conceito de cobertura semi-intensiva e a intensiva simples referido no FLL
(2008). Na cobertura intensiva simples ou semi-intensiva é utilizada vegetação rasteira, como gramíneas, plantas perenes e
arbustos. É uma cobertura geralmente acessível, com camadas de substrato, entre 10-25 cm (NTJ 11C, 2012). Esta
solução requer geralmente alguma manutenção, irrigação e fertilização (FLL, 2008 e NTJ 11C, 2012).
As coberturas extensivas (fig. 2.27) são geralmente colocadas de forma contínua, sendo acessíveis apenas para
manutenção. Têm uma camada fina de substrato, com uma profundidade geralmente inferior a 15 cm (FLL, 2008 e NTJ
11C, 2012). Apesar de serem referidos intervalos aconselháveis para a espessura de substrato de uma cobertura verde
extensiva, não existe nenhum valor mínimo consensual. Na Alemanha, por exemplo, a espessura mínima de substrato
aconselhada é de 6 cm enquanto em Espanha é de 7 cm (AZEVEDO, 2011; FLL, 2008 e NTJ 11C, 2012).
18
Fig. 2.25 - Esquema representativo das tipologias das coberturas
verdes. COSTA (2010)
Fig. 2.26 - Imagem ilustrativa de uma cobertura de carácter semi-
intensivo [W22]
A vegetação que se desenvolve neste tipo de cobertura é caracterizada pela sua capacidade de regeneração e tolerância a
condições mais adversas, nomeadamente ventos fortes, temperaturas extremas, falta de água e elevado índice de radiação.
Trata-se de vegetação com um crescimento geralmente lento e baixo. As espécies de Sedum e gramíneas rasteiras são o
tipo de vegetação mais comum neste tipo de cobertura. Esta vegetação, uma vez consolidada, exige uma manutenção
muito baixa (NTJ 11C, 2012), e quando necessário, as plantas são tratadas em massa, sendo as operações de manutenção
executadas por toda a área. Tem consequentemente poucos custos na fase de exploração e devido às suas espessuras
diminutas são sistemas leves, não contribuindo para o acréscimo de carga no edifício.
As coberturas intensivas (fig.2. 28) estão associadas aos jardins de cobertura. Como necessitam de uma profundidade de
substrato superior, aproximadamente de 0.15 a 1.2 m, são sistemas pesados que exigem geralmente reforços estruturais na
aplicação em edifícios existentes. Existe a tendência para usar espessuras mais moderadas de 0.2 a 0.6 m, por forma a
minimizar os custos acrescidos da estrutura (AZEVEDO, 2011). Podem conter arbustos ou árvores, tendo como espécies
dominantes as gramíneas, ervas perenes e coníferas e arbustos, podendo a sua altura variar de 0.1-1 m (BIANCHINI e
HEWAGE, 2012a). Exigem rega, manutenção e fertilização regulares (FLL, 2008). São coberturas, de uma forma geral,
acessíveis e para utilização frequente.
Fig. 2.27 - Imagem ilustrativa de uma cobertura de carácter extensivo [W23]
Fig. 2.28 - Imagem ilustrativa de uma
cobertura de carácter intensivo [W24]
Atualmente, alguns autores consideram ainda uma variante das coberturas extensivas. As chamadas coberturas castanhas
(Brown roof), são coberturas que foram cobertas com substrato, mas nenhum material vegetal foi propositadamente
plantado. Apenas se cria o espaço para que a biodiversidade vá surgindo de forma espontânea (NEOTURF, 2012). Nesta
variante, são por vezes aplicados pedaços de tijolo e betão, areias e cascalhos para compor o desenho da cobertura,
podendo ser moldado com algum relevo em pequenos outeiros para maximizar a diversidade ecológica (RAPOSO, 2013). A
longo prazo, estas coberturas apresentam um aspeto aproximado às coberturas extensivas comuns de sedum mas num
estado mais selvagem.
19
Na NTJ 11C (2012) é apresentada uma classificação similar com a terminologia de "cubierta verde biodiversa ou de
sucesión ecológica" em inglês " biodiverse roof", na qual se refere a um acabamento desenhado para favorecer a
reabilitação do habitat de um número limitado de espécies ou para criar uma diversidade de habitats de forma a ampliar ou
preservar as variedades de flora e fauna autóctones.
Apresenta-se na tabela 2.2 a síntese das características das três tipologias de coberturas verdes com base nas referências
IGRA "International Green Roof Association", FLL, (2008), NTJ 11C (2012) e BOUATTOUR e ALLAIN (2009).
Tabela 2.2 - Síntese das características dos três tipos de coberturas verdes. IGRA (2012); FLL, (2008); NTJ 11C (2012);
BOUATTOUR e ALLAIN (2009)
Tipo extensivo Tipo semi-intensivo Tipo intensivo
Manutenção da vegetação Muito reduzida e pontual Moderada e periódica Intensa e regular
Irrigação Pontual Periódica Regular
Fertilização Muito reduzida e pontual Reduzida Regular
Plantas comunitárias
Musgo Seduns Herbáceas Suculentas Cespitosas Vivaces
Relva Gramíneas perenes Cespitosas Herbáceas Vivaces Sub-arbustos Arbustos
Relva Perenes Gramíneas Cespitosas Arbustos Árvores
Espessura do substrato 7 - 250 mm 100 - 250 mm >150 mm
Carga <120 Kg/m² 150 - 350 Kg/m² >120 Kg/m²
Custo Baixo Médio Alto
Uso Não transitável Transitável moderadamente Transitável
Pendente máxima 100% 20% 5%
2.3.3. Camadas constituintes
Os sistemas de coberturas verdes podem ser constituídos por inúmeras camadas que desempenham funções particulares,
podendo variar a sua posição dentro do sistema.
No entanto, podem-se destacar oito camadas funcionais transversais a todas as coberturas verdes, como se apresenta na
figura 2.29.
Fig. 2.29 - Sistema geral de cobertura verde em cobertura não isolada. Adaptado de [W25]
20
A. Suporte do sistema
O suporte deverá ter capacidade para sustentar a carga de todo o sistema de cobertura verde quando saturado, tendo
particular atenção as ações dos pesos próprios, específicos ou sobrecargas, cargas de neve e do vento (NTJ 11C, 2012).
Este pode ser constituído por uma estrutura rígida contínua, como é o caso das lajes de betão armado, ou por uma
estrutura flexível descontínua, como as estruturas metálicas e de madeira ou mesmo plástico e materiais compósitos
(RAPOSO, 2013).
São consideradas estruturas rígidas aquelas cuja deformabilidade seja insignificante para o vão vencido e dividem-se em
contínuas e descontínuas, caso sejam executadas sem juntas ou com espaçamentos regulares (MORGADO, 2012).
Quando o suporte resistente apresenta uma superfície regularizada que permita a aplicação direta da impermeabilização ou
do isolamento térmico, não é necessária qualquer camada de regularização.
Alguns sistemas de cobertura verde plana exigem uma pendente mínima para facilitar e direcionar o escoamento da água,
devendo nesse caso ser considerada uma camada de forma. Quando se recorre a materiais de baixa condutibilidade
térmica para executar a camada de forma, tais como o poliestireno expandido extrudido ou granulado leve de materiais
isolantes como a cortiça negra expandida incorporado no betão, esta desempenha também função de isolamento térmico
(ALVES, 2013).
B. Camada de impermeabilização
Esta camada tem uma relevância primordial para o correto funcionamento de todo o sistema evitando inúmeras anomalias.
Tem como função resistir à pressão hidrostática e assegurar a estanquidade do edifício. Caso cumpra os requisitos de
resistência à penetração de raízes da FLL (2008), pode assumir simultaneamente a função da proteção anti-raízes
(RAPOSO, 2013).
Os sistemas de impermeabilização podem ter várias classificações. As mais frequentes têm como base os tipos de
materiais e técnicas utilizadas ou o tipo de ligação ao suporte. Deste modo, os sistemas podem classificar-se quanto à sua
constituição, podendo ser sistemas tradicionais ou não tradicionais. Ambos podem ser executados in situ ou recorrendo a
produtos pré-fabricados como se pode observar na tabela 2.3.
Tabela 2.3 - Impermeabilização de coberturas em terraço. Adaptado de MARQUES (2009)
Sistemas de Impermeabilização
Tipos de aplicação Materiais
Tradicionais Aplicados "in situ" Asfaltos ou emulsões betuminosas - camadas múltiplas
Pré-fabricados Membranas, telas ou filtros betuminosos - camadas múltiplas
Não tradicionais Aplicados "in situ"
Resinas acrílicas e poliméricas, ou de poliéster , de emulsões de betumes modificados ou espumas de poliuretano - camadas múltiplas
Pré-fabricados Betumes modificados, termoplásticos e elastoméricas -membranas
O sistema de impermeabilização também pode ser classificado quanto à sua forma de ligação ao suporte (MORGADO,
2012):
sistemas aderentes - executados utilizando produtos de ligação, aplicados a quente ou a frio (betumes e colas
adequadas), ou executados por fusão, por ação de calor no material superficial do revestimento sendo este
pressionado contra o suporte. Este tipo de ligação é mais suscetível a fissurações quando submetido a
deformação do suporte
sistemas semi-aderentes (semi-independentes) - aplicados a quente ou a frio, podem utilizar vários tipos de
material auxiliar, como feltros simples ou betuminosos, perfurados em percentagem definida, determinando assim
21
a percentagem de aderência da membrana ao suporte. Este apresenta maior resistência às deformações
sistemas independentes (ou não aderentes) - executados sobre o suporte e separados deste por uma camada de
separação. Este sistema é o que melhor resiste ao aparecimento de fissuras (ALVES, 2013)
sistemas de fixação mecânica - utilizam peças em aço inox, galvanizado ou temperado, alumínio ou plástico, para
fixar o revestimento de impermeabilização e camadas subjacentes ao suporte. É particularmente utilizado em
estruturas resistentes de chapas metálicas nervuradas ou elementos de madeira ou seus derivados (ALVES,
2013).
No caso de membranas de impermeabilização com características anti-raízes, estas têm incorporado na respetiva mistura
betuminosa ou membranas de PVC aditivos anti-raizes, reforçadas com poliéster, fibra de vidro, plástico e grânulos minerais
(MORGADO, 2011), de borracha sintética ou de polietileno (PÉREZ et al., 2012).
Após a instalação da membrana de impermeabilização deverá ser feito um teste de inundação para verificar se a membrana
não tem fugas. Este ensaio de fácil execução, é particularmente vantajoso visto que permite resolver eventuais falhas na
instalação antes de todos os outros elementos terem sido colocados na cobertura, prevenindo problemas futuros graves
(TOLDERLUND, 2010 e SILVA, 2012).
C. Proteção anti-raízes
A principal finalidade desta camada, como o nome indica, é repelir o crescimento de raízes, evitando assim a perfuração da
impermeabilização. Deverá ser colocada logo acima da impermeabilização, caso esta última não tenha características anti-
raízes incorporadas.
Existem dois tipos de barreiras às raízes: físicas e químicas (NTJ 11C, 2012). As barreiras físicas são constituídas por uma
camada fina (0.5 mm de espessura), de polietileno de baixa ou alta densidade - LDPE ou HDPE polietileno (PP), cloreto de
polivinilo (PVC), poliolefina termoplástica (TPO) ou polietileno de alta densidade (PEAD ou cobre) (WILKINSON e REED,
2009 e TOLDERLUND, 2010). As barreiras químicas são produtos à base de cobre ou hidróxido de cobre impregnado
(BIANCHINI e HEWAGE, 2012a, TOLDERLUND, 2010, e PRATES, 2012).
Em climas semi-áridos e áridos, as raízes tendem a ser mais agressivas para efeitos de sobrevivência, sendo de extrema
importância prever esta camada (TOLDERLUND, 2010). Ainda assim, essas barreiras não são eficazes para todos os tipos
de raízes. Raízes com nível de agressividade grande, como as dos bambus, exigem uma solução extra de proteção (FLL,
2008). Uma solução passa pela introdução dos vários constituintes da cobertura verde em caixas de betão armado
impermeável por forma a impedir a difusão de raízes. Neste caso deverá ser aplicada mais de uma camada desta
membrana de forma a aumentar o tempo de vida e o grau de eficiência (PRATES, 2012 e TOLDERLUND, 2010).
D. Proteção da impermeabilização
Esta camada confere uma proteção mecânica à camada de impermeabilização durante a instalação do sistema da
cobertura verde (NTJ 11C, 2012) ou na fase de manutenção, bem como a ações de punçoamento. Consiste numa manta
geotêxtil estendida em rolo, sobreposta 10 cm, com espessuras aproximadas de 2-12 mm (NTJ 11C, 2012). Devido à sua
boa capacidade de retenção, pode funcionar como camada de retenção de água e de nutrientes (NTJ 11C, 2012 e
RAPOSO, 2013) ou como camada de separação (RAPOSO, 2013) devendo o seu peso quando saturada ser considerado
nos esforços estruturais.
Devido à proximidade das raízes da vegetação, esta deve ser química e biologicamente neutra, com resistência à
decomposição (NTJ 11C, 2012). Em caso de incompatibilidade com os materiais adjacentes dever-se-á considerar uma
barreira de separação química (ALVES, 2013). Esta análise deve ser rigorosa, uma vez que a escorrência das águas pode
transportar compostos químicos e originar a deterioração da camada de impermeabilização (SILVA, 2012).
22
Quando as variações dimensionais da camada de proteção não se coadunam com a resposta dada pela impermeabilização,
é necessário aplicar uma camada de dessolidarização, podendo esta ser efetuada pela aplicação de uma folha plástica,
manta geotêxtil (ALVES, 2013), filme de polietileno de baixa densidade ou fibra de poliéster (ZINCO, 2014).
A colocação de placas de isolamento térmico sobre a tela de impermeabilização (cobertura invertida) pode também conferir
a proteção necessária da mesma (FLL, 2008).
E. Camada drenante / retenção de água
A camada drenante tem a função de gerir o escoamento de água, sendo responsável pela regulação da retenção da
mesma, pela drenagem rápida e eficiente do excesso e o arejamento do substrato e raízes (NTJ 11C, 2012). A quantidade
de água retida é posteriormente recuperada pela vegetação e libertada por evapotranspiração. A inclinação aconselhada
para a drenagem varia entre 2-8%. Para inclinações iguais ou superiores a 8% é necessário implementar um sistema de
retenção mais expedito para evitar quebras nas ligações ou enrugamento das camadas (FISHBURN, 2004).
Esta camada pode ser executada em diversos tipos de materiais ou soluções técnicas, tais como:
materiais granulares
tapetes porosos
telas pitonadas
A camada composta por materiais granulares tal como argila expandida, xisto expandido, pedra-pomes ou pozolana natural
tem capacidade de absorver alguma água permitindo escoar o excesso nos vazios entre grânulos (PÉREZ et al., 2011). É
importante aplicar a granulometria adequada, sendo desejável que o volume de vazios seja o maior possível com
granulometrias uniformes (LOPES, 2004). A espessura da camada também depende do material que a constitui, podendo
rondar entre os 10-25 cm, tendo diâmetros de materiais granulares de 40-50 mm para casos de espessuras de substrato
superiores (AZEVEDO, 2011).
Quando a camada é aplicada com tapetes porosos geralmente produzidos de materiais reciclados, esta funciona como
esponja, absorvendo a água em toda a sua estrutura. No entanto, a possibilidade de absorver excessivamente a humidade
do substrato pode ser prejudicial à vegetação.
As telas pitonadas, também chamadas de painéis nodulares de drenagem, são feitas de materiais leves, finos e flexíveis,
como polietileno e polipropileno, sendo bastante aplicadas em coberturas verdes extensivas devido às limitações de peso e
espessuras. Estes materiais facilitam não só o seu transporte em rolo, como são de fácil instalação, alta resistência e
durabilidade e baixo custo de produção. Estas telas apresentam-se sob variadas formas mas genericamente contém
pequenas bolsas na base da membrana que acumulam água e perfurações no topo que escoam o excesso. Estes módulos
requerem alguns cuidados de aplicação e manutenção, uma vez que devem permanecer livres de substrato ou outras
partículas, evitando que seja afetada a sua capacidade de drenagem bem como a das saídas de escoamento (FLL, 2008).
Nas coberturas verdes intensivas com cargas grandes, a camada drenante, é mais simples e pesada (BIANCHINI e
HEWAGE, 2012a). Por vezes, esta camada de polímero tem ligado na superfície superior (ou superior e inferior) um
geotêxtil (camada filtrante) que impede as pequenas partículas do substrato migrarem e bloquearem o escoamento. Nesse
caso não será necessário aplicar a camada a seguir referida.
F. Camada filtrante
O objetivo da camada filtrante consiste em impedir que as partículas finas e sedimentos do substrato, com o escoamento da
água, bloqueiem a camada drenante (NTJ 11C, 2012), mantendo também a integridade do substrato e da vegetação.
Esta tela de fibras poliméricas, de poliolefinas, polipropileno, poliéster ou polipropileno-polietileno (TOLDERLUND, 2010)
deve ser montada com uma sobreposição mínima de 10 cm, devendo subir acima da cota final do substrato (FLL, 2008).
23
G. Substrato
Esta camada contribui para o desempenho térmico e retenção de água, para além de fornecer nutrientes e água às plantas
(BIANCHINI e HEWAGE, 2012a). Serve de suporte das plantas permitindo a penetração e desenvolvimento das raízes para
que estas resistam à força do vento e chuva. A constituição do substrato vegetal deve ser adequada a cada localização, tipo
de cobertura verde (extensiva, semi-intensiva ou intensiva) e tipo de plantas a utilizar.
Ao contrário do solos naturais, a constituição físico-química dos substratos técnicos a aplicar em coberturas verdes é
fundamental, devendo estar a cargo de técnicos especializados. Trata-se de uma combinação de matéria inorgânica,
matéria orgânica, ar e água (TOLDERLUND, 2010). Geralmente tem um teor elevado de minerais porosos e um baixo teor
de matéria orgânica (no máximo 30% em coberturas extensivas e 45% nas intensivas) por forma a manter o equilíbrio entre
peso/volume e desempenho, diminuindo a consolidação do substrato (BIANCHINI e HEWAGE, 2012a). O conteúdo
orgânico no substrato é composto de solo com o musgo de turfa, casca, serradura, compostagem e minhocas, e a matéria
inorgânica é a mistura de areia, cascalho, escória e minerais porosos leves (TOLDERLUND, 2010). Também podem ser
incorporados no substrato materiais alternativos como as resinas orgânicas produzidas através de ureia e formaldeído.
Estes materiais sob a forma de grânulos de 1-20 mm de diâmetro e elevada capacidade de retenção de água são
misturados com a terra vegetal. Com o decorrer do tempo e devido à decomposição das resinas é libertado algum azoto,
que posteriormente é consumido pelas raízes das plantas. Também se utilizam derivados de petróleo e materiais reciclados,
como é o caso de materiais cerâmicos. No entanto, devido à limitada reserva de nutrientes, a inclusão deste tipo de
materiais não favorece a proliferação das espécies vegetais (PRATES, 2010 e AZEVEDO, 2011).
O substrato, mesmo quando saturado, deve ter capacidade de conter um volume de ar adequado para o tipo de vegetação
plantada (NTJ 11C, 2012).
Em algumas situações é necessário proteger o substrato da erosão e rápida perda de água, principalmente nas fases
iniciais em que as plantas ainda não se desenvolveram. Uma solução alternativa é a adoção de sistemas pré-plantados
(SILVA, 2012).
H. Vegetação
Esta camada é o elemento vivo do sistema, pelo que a seleção das espécies vegetais é determinante no bom desempenho
da solução. Os critérios de seleção devem considerar as condições climáticas e os requisitos de manutenção das plantas
(RAPOSO, 2013).
As condições ambientais nos telhados, por si só, são mais agressivas do que as sentidas ao nível térreo. Por isso, é
recomendado o uso de plantas com ácido metabólico crassuláceo (CAM). Plantas CAM abrem os poros das suas folhas e
trocam oxigénio e dióxido de carbono durante a noite permitindo a conservação da água em condições de seca. Tais
características reduzem a gama de plantas disponíveis, mas os sedums e musgos atendem a essas exigências, sendo, por
isso, o tipo mais popular de vegetação em coberturas (BIANCHINI e HEWAGE, 2012a). No entanto, o uso generalizado de
Sedum pode limitar a diversidade de espécies e a riqueza dos ecossistemas (PRATES, 2010).
A implementação de coberturas verdes em ambiente mediterrânico, como é o caso de Portugal, caracterizado por
precipitação fraca no verão e radiação e temperaturas elevadas, exige uma escolha rigorosa e restrita do tipo de vegetação,
por forma a manter a solução sustentável (CORREIA, 2012). A seleção de espécies autóctones garante uma adequação
sustentável, durável, com biodiversidade e reduzido risco de invasão de vegetação infestante. Essa escolha permite
igualmente redução dos custos de manutenção, rega e fertilização (CORREIA, 2012).
Para além do clima, a sobrevivência da vegetação também está condicionada por fatores como:
existência de saliências e paredes que levem a períodos de sombreamento, afetando o desempenho da
24
vegetação (TOLDERLUND, 2010)
proximidade a fachadas com materiais altamente refletores, como painéis de metal, que provoquem extremos de
temperatura ou de reflexão solar durante períodos específicos (TOLDERLUND, 2010)
orientação do edifício que leve a cobertura a receber pouca luz solar nos meses de inverno, contribuindo para a
possível permanência do substrato congelado (TOLDERLUND, 2010)
capacidade de carga estrutural que pode limitar o tipo e posicionamento da vegetação (TOLDERLUND, 2010)
proximidade de aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC) (TOLDERLUND, 2010)
nível de cuidados de manutenção e orçamento disponível para a sua execução em particular nos primeiros anos
durante o seu estabelecimento e enraizamento (PECK e KUHN, 2003)
No que respeita à segurança contra incêndios, a vegetação alta é muitas vezes considerada um risco de incêndio, enquanto
que as suculentas são resistentes ao fogo. A aplicação de certas plantas deve ser proibida em coberturas verdes, não
apenas por razões de segurança contra incêndio como por questões sanitárias, assim como em projetos paisagísticos para
pátios ou áreas adjacentes aos edifícios. Muitas empresas de coberturas verdes trabalham com horticultores e viveiros
locais para garantir que as plantas selecionadas prosperem e não envolvem riscos (WARK e WARK, 2003).
I. Outras camadas
Podem ainda existir outras camadas, dependendo da solução de cobertura verde adotada, como são os casos da camada
de barreira anti-vapor, de separação, de isolamento térmico, da camada de dessolidarização, entre outras.
Barreira anti-vapor
Nas soluções de cobertura onde o isolamento térmico é aplicado como suporte da camada de impermeabilização (cobertura
tradicional), deverá ser considerada uma barreira ao vapor de água. A função da barreia anti-vapor é impedir a chegada do
vapor de água proveniente dos compartimentos inferiores à zona fria da cobertura, impedindo a sua condensação. Este
problema é particularmente gravoso no caso do isolamento térmico ter grande capacidade de absorção de vapor de água. A
barreira anti-vapor pode ser constituída por filmes plásticos, de polietileno ou uma emulsão betuminosa (ALVES, 2013),
feltros (fibra de vidro, poliéster não tecido) e folhas de alumínio (MORGADO, 2012). Quando o isolamento térmico é
aplicado sobre a camada de impermeabilização (coberturas invertidas), protege-a das acentuadas diferenças térmicas com
o interior, dispensando assim a utilização desta barreira.
Camada de separação
A camada de separação, como já foi referido, é colocada para evitar o contacto de materiais quimicamente incompatíveis e
para impedir tensões e níveis de atrito indesejáveis entre os diferentes materiais (FLL, 2008). É constituída por uma manta
de geotêxtil.
Isolamento térmico
Esta camada vai limitar as trocas de calor entre o interior e o exterior garantindo o conforto térmico desejado. Nesta camada
são utilizados materiais como a lã de rocha ou o aglomerado de cortiça expandida, sendo o poliestireno expandido moldado
(EPS) e o poliestireno expandido extrudido (XPS) os materiais mais utilizados em Portugal (ALVES, 2013).
Esta camada aplicada na cobertura verde, para além de ter as propriedades físico-químicas características dos isolantes
térmicos, deve ter capacidade mecânica para suportar cargas resultantes do substrato, água acumulada e pessoas,
mantendo a estabilidade das suas dimensões.
A camada de isolamento térmico pode ser agrupada quanto à natureza das matérias-primas e quanto ao modo de
produção. A natureza das matérias-primas, apresentada na tabela 2.4 é bastante relevante na compatibilidade química com
as camadas adjacentes (ALVES, 2013).
25
Tabela 2.4 - Isolamento térmico em coberturas. Adaptado de ALVES (2013) e MORGADO (2012)
Quanto à Natureza das matérias-primas
Mineral Lã de rocha; Vermiculite expandida; Perlite expandida; betões leves (celular e com agregados leves)
Vegetal Aglomerado de cortiça expandida; Aglomerado negro de cortiça; Aglomerado de fibras ou partículas de madeira;
Aglomerado de aparas de madeira mineralizada; Aglomerado de fibras de linho
Sintética Poliestireno expandido; Espumas rígidas de poliuretano; Espumas fenólicas
Mista Perlite expandida e poliuretano; Perlite expandida e lã de rocha
Camada de dessolidarização
Uma camada de dessolidarização é por vezes considerada, também sob a forma de manta de geotêxtil. Esta é colocada
entre a camada de proteção e a camada de impermeabilização com o objetivo de o proteger das variações dimensionais e
tensões adicionais (BARROS, 2008 e NTJ 11C, 2012).
2.3.4. Sistemas de coberturas verdes
Os sistemas de coberturas verdes disponíveis no mercado atualmente são de alguma complexidade, com muitas opções de
produtos e multiplicidade de camadas.
No entanto, podem-se agrupar em dois tipos essenciais de construção, quanto à relação entre as camadas drenante,
filtrante e de substrato (FLL, 2008):
Construção em multi‐camada - engloba soluções de tripla ou dupla camada. Consiste na aplicação dessas
camadas individualmente.
Construção em camada única - engloba soluções que aplicam uma única camada de suporte da vegetação, que
desempenha igualmente funções filtrantes e drenantes.
Independentemente do tipo de sistema, é essencial prever as restantes camadas anteriormente referidas, como a barreira
anti‐raízes e camada de proteção e sistema de impermeabilização (FLL, 2008).
2.3.4.1 Construção em multi‐camada
Na construção em multi-camada, os sistemas de coberturas verdes podem ter diferentes componentes e características
consoante a inclinação da cobertura e o tipo de cobertura a adotar.
i. Sistemas de coberturas verdes planas sem isolamento térmico
Nestes sistemas distinguem-se duas soluções fundamentais:
solução com pendente mínima (inferior a 8º)
solução sem pendente.
Na primeira solução (fig. 2.30) a inclinação mínima recomendadas é de 2% (FLL, 2008 e NTJ 11C, 2012). Essa pendente é
relevante em coberturas extensivas, com camada drenante e substrato pouco profundos, uma vez que qualquer deflexão na
cobertura leva a acumulação de água por cima da camada drenante sendo nocivo para a vegetação e para a estrutura.
A segunda solução permite que as coberturas verdes sejam instaladas em coberturas sem qualquer inclinação, nas quais
se assume à partida que permanecem acumulações de água até uma altura definida. Neste caso o sistema deverá ser
concebido de forma a evitar a asfixia radicular das plantas aquando da acumulação de água.
A solução passa pela utilização de uma camada drenante mais elevada que garanta a distância necessária entre o nível da
água e as raízes (NTJ 11C, 2012). No exemplo da figura 2.31, a camada drenante mais alta é fabricada em poliestireno
reciclado expandido, sendo uma solução que não acrescenta cargas relevantes no conjunto (ZINCO, 2012).
26
Em coberturas intensivas, a camada de substrato mais espessa já vai desempenhar a função de retenção parcial da água,
pelo que o sistema drenante deverá ser mais expedito e com maior resistência à compressão devido a essas cargas.
ii. Sistemas de coberturas verdes planas com isolamento térmico
Nestes sistemas distinguem-se duas soluções fundamentais:
solução com isolamento sob a tela de impermeabilização
solução com isolamento sobre a tela de impermeabilização.
Na primeira solução, que segue o método tradicional de coberturas com isolamento, abaixo da tela de impermeabilização,
deve ser aplicada uma barreira de vapor abaixo do isolamento para evitar condensações (fig.2.32). Este sistema permite um
leque variado de materiais para a camada de isolamento térmico, visto que não lhe é exigida características de
impermeabilidade. O tipo e método de instalação da membrana de impermeabilização deve ser adequado, de forma a não
danificar o isolamento térmico. Como exemplo a técnica de colagem com recurso a maçarico é desaconselhável.
Fig. 2.32 - Esquema de cobertura verde com isolamento sob impermeabilização.
UPWAY (2013)
Fig. 2.33 - Esquema de cobertura verde com pendente
até 8º em coberturas invertidas. ZINCO ( 2012)
Quando se pretende aliar o sistema de cobertura invertida (isolamento térmico por cima da impermeabilização) a uma
cobertura verde, deverá ser especificada a solução com a sequência indicada na figura 2.33. Dever-se-á especificar um
isolamento térmico que mantenha o seu desempenho isolante perante a presença continuada de água. Neste caso, é
preciso salvaguardar que todas as camadas colocadas sobre as placas de isolamento térmico (geralmente XPS) são
permeáveis ao vapor.
iii. Sistema em cobertura inclinada
Nas coberturas verdes inclinadas distinguem-se duas soluções fundamentais:
solução para pendentes até 20º
solução para pendentes superiores a 20º.
De uma forma geral, consideram-se coberturas inclinadas aquelas com pendente superior a 10° (18%) (NTJ 11C, 2012).
Fig.2.30 - Esquema de cobertura verde extensiva
com pendente inferior a 8º. ZINCO (2012) Fig. 2.31 - Esquema de cobertura verde extensiva sem pendente.
ZINCO (2012)
27
Nesse caso, a partir de 10°, a configuração do sistema de cobertura verde é significativamente diferente (fig. 2.34).
A inclinação da cobertura é determinante na estabilidade do sistema construtivo e da própria vegetação. Neste tipo de
coberturas os requisitos prioritários são a estabilidade do substrato e retenção da água. As forças de corte (deslizamento)
aumentam com a inclinação da cobertura. Regra geral, este movimento surge nas interfaces entre materiais (NTJ 11C,
2012).
Qualquer impermeabilização para uma cobertura com inclinação superior a 3° deve ser aplicada por fixação mecânica ou
aderência ao suporte e deverá ser especificada com características anti-raízes (NTJ 11C, 2012).
A seleção de plantas e o método de plantação têm de ser ajustados à inclinação. É também imprescindível prever uma
manta de proteção com elevada capacidade de armazenamento de água.
Para inclinações entre 11° e 15°, as forças de corte terão de ser minimizadas através do reforço da estrutura das
platibandas e utilizando barreiras anti‐deslizamento. A camada do substrato tem de ser protegida contra a erosão. Acima de
15°, a proteção contra a erosão e proteção contra o deslizamento devem estar combinadas, utilizando tapetes de vegetação
pré-cultivados, redes de proteção contra a erosão ou através de uma hidro‐semeação combinada com agentes de ligação
para melhorar a fixação (RAPOSO, 2013).
O elemento de drenagem específico para estas pendentes, fabricado geralmente em poliestireno reciclado, desempenha
também um papel essencial para a estabilização do substrato nas coberturas (ZINCO, 2012).
Para inclinações entre 20° e 30°, devem ser previstas medidas adicionais contra o deslizamento, através de mantas e
tecidos geotêxteis especiais ou placas e perfis anti‐deslizamento. Para evitar o deslizamento da vegetação, o substrato
selecionado deve ter solidez estrutural que não seja afetada pela água, limitando, assim, a quantidade de finos lixiviados
pela água. A fim de evitar a erosão deve‐se ainda promover o crescimento rápido das raízes para garantir a ligação do
sistema.
Fig. 2.34 - Esquema de cobertura verde com pendente até 20º.
ZINCO (2012)
Fig. 2.35 - Esquema de cobertura verde com pendente superior a
20º. ZINCO (2012)
Acima de 30°, a vegetação pode manifestar problemas devido à falta de resistência do substrato a forças de corte, sendo
recomendado limitar o tipo de vegetação aos tapetes de vegetação ligeiros pré‐cultivados (RAPOSO, 2013).
Como se pode observar na figura 2.35, nas coberturas com inclinações elevadas (até 35°) os elementos de drenagem são
especiais, geralmente fabricados em polietileno reciclado e integrados com o substrato. Estes elementos (fig. 2.36), depois
de preenchidos pelo substrato, oferecem espaço para as raízes das plantas se estabelecerem e se desenvolverem,
reforçando a coesão do conjunto. A seleção de plantas tem de ser adaptada às condições extremas das coberturas verdes
com pendentes elevadas, já que a radiação solar é mais elevada (especialmente se estiver virada a Sul) e o escorrimento
da água é muito mais rápido. A irrigação deve ser planeada, mesmo que só seja necessária em tempos de seca, para evitar
falhas na vegetação que poderia levar à erosão da cobertura (ZINCO, 2012).
28
Fig. 2.36 - Elementos de drenagem e suporte do substrato em coberturas verdes com pendente
superior a 20º. TOLDERLUND (2010)
No mercado das coberturas verdes têm surgido tentativas de criar sistemas que já incorporem o isolamento, rentabilizando
assim a espessura total. No exemplo da figura 2.37, a configuração tem como elemento central a camada drenante, que
neste caso também funcionará como isolante térmico adicional (ZINCO, 2012).
Também têm sido desenvolvidas soluções construtivas de coberturas verdes que incluem o armazenamento e
reaproveitamento das águas pluviais drenadas (fig. 2.38). Esta solução permite disponibilidade de água para a vegetação
em períodos de seca, sem recorrer a rega. Desta forma, é possível estender o leque de espécies, aumentando a
diversidade (INTEMPER, 2013).
Fig. 2.37 - Esquema de sistema com camada drenante com
características isolantes. ZINCO (2012)
Fig. 2.38 - Esquema de sistema algibe. INTEMPER (2013)
Este sistema desenvolve-se sobre um suporte sem pendente, sobre a qual é colocada a membrana de impermeabilização.
Sobre esta são colocadas peças acessórias que vão sobrelevar e suportar toda a estrutura superior do sistema. Sobre
essas peças são colocadas lajetas, elementos resistentes com ou sem isolamento incorporado, e acima destas lajetas é por
fim instalado o substrato. Entre as lajetas e o substrato existe uma membrana absorvente filtrante que desce entre lajetas
até ao nível da água. Desta forma, e por capilaridade, é possível que as plantas instaladas no substrato vegetal possam
alcançar a água sem estarem em contacto direto com a mesma. A altura do reservatório é variável consoante a altura dos
suportes (INTEMPER, 2013).
2.3.4.2. Construção em camada única
Na construção em camada única destacam-se as coberturas verdes modulares.
O conceito principal inerente ao sistema modular é a criação de um sistema em pequenas partes padronizadas que são
facilmente instaladas e repostas.
Para os sistemas de coberturas verdes, os módulos são muitas vezes blocos auto-suficientes pré-plantados, dando um
efeito verde instantâneo e maior flexibilidade na fase de inspeção, manutenção e reparação. Sistemas modulares de
29
cobertura verde podem ser divididos em três tipos principais:
sistema de tapete
sistema de bandeja
sistema de saco
O sistema de vegetação em tapete, apresentado na figura 2.39 A), engloba várias camadas como vegetação pré-cultivada e
substrato, e por vezes o filtro e drenagem. Como se trata de um sistema muito leve, com espessura diminuta de cerca de 45
mm, facilita o transporte em rolo de todo o sistema (HUI e CHAN, 2008).
Fig. 2.39 - Sistemas modulares: A) sistema de tapete. [W26]; B)Sistema de bandeja. LIVEROOF (2013); C) Sistema de Saco. PAKS
VERDE (2013)
A figura 2.39 B), mostra um exemplo de sistema de bandeja. Atualmente, o sistema de bandeja é o tipo de sistemas
modulares mais comum em coberturas verdes.
Com este sistema, o escoamento, o substrato e as plantas são contidas dentro de um módulo de polietileno de alta
densidade leve (HDPE), de dimensões variadas (VELASQUEZ, 2003).
O substrato contido no tabuleiro pode ser facilmente removido ou substituído, sem afetar a estrutura original ou outras
plantas.
O sistema de Saco (fig. 2.39 C)) é composto por módulos flexíveis que podem facilmente conformar-se a áreas irregulares.
Nesta solução, o substrato permanece selado no interior do módulo de tecido até serem criadas aberturas para plantar,
depois de posicionados no telhado.
De uma forma geral, os sistemas modulares exigem menos tempo para instalar e mão-de-obra menos especializada o que
torna estes sistemas mais económicos. Esta solução é preferencialmente utilizada para as coberturas verdes extensivas. As
espécies vegetais utilizadas são limitadas a plantas tolerantes e resistentes à seca como sedums.
Uma das principais vantagens em relação ao sistema contínuo na fase de exploração é que a posição dos módulos pode
ser alterada sazonalmente e movida em qualquer momento para manutenção ou reparação. O substrato tem uma
constituição semelhante ao sistema contínuo. Da mesma forma que as coberturas verdes multi-camada com vegetação pré-
plantada, o sistema de cobertura verde modular com a vegetação pré-plantada pode ser instalado em qualquer época do
ano, proporcionando uma taxa de sobrevivência maior, visto que os sistemas radiculares já estão estabelecidos (HUI e
CHAN, 2008).
O efetivo desempenho deste sistema divide os profissionais da área. Alguns profissionais questionam a facilidade do
transporte e manuseio, visto que os módulos compostos por vários elementos terão um peso considerável, em particular os
de bandeja ou saco . Salientam ainda que estes sistemas não oferecem a mesma proteção para a impermeabilização que
os sistemas contínuos, visto que nunca cobrem toda a área da cobertura ou áreas críticas de telhado, como penetrações de
água, fossas e parapeitos. A remoção dos módulos, que à partida seria uma vantagem, pode tornar-se um grave obstáculo
tendo em conta que um módulo quando saturado pode chegar a pesar 80 kg. A alternativa de arrastar os módulos pode
30
danificar a telas de impermeabilização (BREUNING, 2011).
Outra questão apontada é justamente o encontro dos módulos de bandeja que ficam percetíveis e expostos aos agentes
agressivos acelerando o processo de envelhecimento. Em resposta a este ponto surgiram os sistemas híbridos modulares.
Estes módulos aliam as vantagens de desempenho do sistema de bandeja à leitura contínua da cobertura do sistema
contínuo (fig. 2.40).
Os módulos são interligados entre eles na camada de drenagem permitindo uma coesão do conjunto. Uma vez instalados,
os painéis laterais são completamente removidos, proporcionando uma integração total no substrato e uma superfície
natural contínua durante todas as estações do ano (GROROOF, 2013).
Fig. 2.40 - Exemplo de sistema modular híbrido. GROROOF (2013)
2.3.4.3. Pontos singulares da cobertura
A camada de impermeabilização apresenta uma zona alargada de aplicação e alguns pontos singulares nos quais se
incluem as juntas de dilatação, os elementos emergentes (fig. 2.41) como muretes, platibandas ou chaminés ou os remates
de soleiras de vãos de acesso à cobertura. O desempenho adequado da impermeabilização vai depender da correta
pormenorização, especificação e execução desses pontos singulares, visto que parte das anomalias tem origem na sua
deficiente execução.
Na tabela 2.5 sintetiza-se os pontos singulares mais relevantes e cuidados a ter. Sendo percetível algumas disparidades de
valores de afastamentos entre os autores NTJ 11C (2012), ALVES (2013) e RAPOSO (2013), apresentam-se os valores
máximos e mínimos pesquisados.
Todos os remates devem ser reforçados e aderentes, de forma a garantir maior resistência ao arrancamento, deslizamento
ou fissuração, independentemente do tipo de ligação previsto na zona corrente ALVES (2013).
O substrato e vegetação devem ter afastamentos de 30-50 cm a todos os pontos singulares e perímetro da cobertura e 30
cm das caixas de visitas do sistema de drenagem (NTJ 11C, 2012), preenchido de agregados de pedra (cascalho, seixo
rolado ou gravilha) ou de lajetas de pavimentação, de forma a facilitar inspeções e reparações (fig.2.41), bem como
resguardar a vegetação de ventos fortes, evitar a propagação de fogo da vegetação para outros elementos em caso de
incêndio e prevenir que as raízes atinjam esses pontos mais frágeis (TOLDERLUND, 2010 e FLL, 2008).
Fig. 2.41 - Remate da impermeabilização em paramentos verticais, elementos emergentes e beirados. ZINCO (2013) apud. RAPOSO
(2013)
31
Tabela 2.5 - Pontos singulares numa cobertura. Adaptado de NTJ 11C (2012), ALVES (2013) e RAPOSO (2013)
Remate da impermeabilização em paramentos verticais, elementos emergentes e beirados
execução em contínuo de todo o perímetro elevado acima do substrato. Paramentos verticais: elevado 15-20 cm em coberturas planas e no mínimo 10 cm em coberturas inclinadas. Em beirados: elevado 10-20 cm em coberturas planas e 5 cm em coberturas inclinadas
ângulos salientes ou reentrantes arredondados ou chanfrados, para uma melhor aderência
banda de reforço com cerca de 30 centímetros de largura, para aumentar a resistência da zona dos remates aos esforços mecânicos
topo do remate embutido em roços ou protegido superiormente por elementos pré-fabricados, como rufos em chapa de zinco
Coroamento de platibandas
utilização de peças pré-fabricadas, com uma ligeira pendente para o interior da cobertura
platibandas com altura diminuta com membranas a cobrir a face superior do murete
Remate em tubos emergentes
garantia de perfeita aderência à superfície dos mesmos
utilização de um cordão flexível, aplicado junto à base do remate para minimizar os efeitos dos possíveis movimentos de dilatação e contração desses tubos
aplicação de acessórios de cintagem da impermeabilização para remate superior
Juntas de dilatação
eliminação de tensões nas juntas de dilatação devido aos movimentos da camada de suporte.
uma faixa não aderida de cerca de 15 cm de cada lado sobre um elemento flexível que sirva de suporte a este
Remate em soleiras
remate elevado no mínimo 15 cm
casos com elevação inferior, prolongamento sob a soleira 1-2 m para o interior e 0.5 m para cada um dos lados do vão lados
garantia de pendente mínima de 2% no pavimento exterior, numa distância mínima de 2 m.
Fixação de equipamentos ( AVAC, painéis solares, mobiliário, entre outros)
garantia da estanquidade da impermeabilização nesses pontos
possível colocação de peças fixas às camadas acima da impermeabilização (ZINCO, 2012).
execução de maciço em betão para receber fixação
2.3.4.4. Sistema de drenagem
É fundamental que os sistemas de coberturas verdes tenham as saídas das águas bem dimensionadas, com um mínimo de
1 tubos de queda e 1 tubo ladrão que devem estar protegidos e visitáveis (FLL, 2008).
Este sistema é constituído por vários acessórios, compreendendo uma tampa perfurada designada por ralo que encaixa
num acessório (boca de descarga), sendo este por sua vez introduzido no tubo de queda. O remate da impermeabilização
no tubo de queda necessita de um rebaixo da camada de suporte de cerca de 10 mm, com diâmetro suficiente para
acomodar a boca de descarga, evitando a sobrelevação na impermeabilização. Deve ser garantido um afastamento do tubo
de queda a elementos circundantes (muretes, platibandas, equipamentos técnicos, etc.), de modo a que a aba da boca de
descarga seja completamente integrada no remate da impermeabilização. Deve ainda garantir-se que o prolongamento da
boca de descarga (canhão) seja introduzido no tubo de queda, numa extensão suficiente que evite o refluxo ou o
transbordamento da água no seu movimento de descida pelo tubo (ALVES, 2013).
Para a garantia do bom funcionamento da drenagem, mesmo em circunstâncias de chuva intensa, devem ser previstos e
especificados em projeto descarregadores de superfície, de forma a evitar a criação das lâminas de água na superfície do
substrato vegetal, o arrasto do substrato e morte das plantas por asfixia radicular e o aumento da carga na cobertura.
Os elementos que constituem este sistema devem ser facilmente acessíveis, não devendo existir substrato junto às caixas
de visita. Nessa zona deverá ser colocado material arenoso de calibre grosseiro para possibilitar o escoamento das águas e
impedir a passagem de finos e raízes para os tubos de queda e ralos (SILVA, 2012).
2.3.4.5. Sistema de irrigação
O ambiente das coberturas verdes pode ser extramente exigente com flutuações de temperatura extremas e condições de
32
seca. Alguma vegetação resistente à seca pode sobreviver sem água suplementar uma vez estabelecida. No entanto, até
ao seu estabelecimento e em períodos de seca extrema prolongada, será necessário incluir algum sistema de irrigação
temporário ou permanente.
O sistema de irrigação, como o por aspersão, gota a gota, manual por mangueira ou capilar enterrado deverá ser escolhido
de acordo com as necessidades e características da vegetação.
A instalação de equipamentos de monitorização de irrigação, tais como temporizadores, fluxómetros, sensores, podem
contribuir para um sistema de irrigação mais eficiente e adequado às necessidades efetivas da vegetação (TOLDERLUND,
2010).
2.3.4.6. Proteção e acessibilidades
A proteção e acessibilidade à cobertura verde são fatores importantes, não apenas na fase de construção, mas em toda a
vida útil da cobertura. Algumas coberturas verdes são concebidas especificamente para um acesso regular, podendo ter
algum tráfego de visitantes, e outras para não serem acessíveis a visitantes.
No entanto, a necessidade de transportar materiais de jardinagem deve ser contemplada mesmo para as coberturas verdes
menos exigentes e não acessíveis a visitantes (PECK e KUHN, 2003 e NTJ 11C, 2012). Deverá ser prevista uma forma de
acesso que confira segurança às pessoas que vão levar a cabo as ações de manutenção ou reparação e que poderão ter
de transportar ferramentas e elementos pesados. A forma de acesso ideal seria por meio de elevador ou escadas
(TOLDERLUND, 2010). Se o acesso for apenas por escada amovível ou escadote poderá exigir o içamento dos materiais, o
que encarecerá todo o processo de manutenção.
Devem ser previstas estruturas de proteção a acidentes de queda em coberturas verdes elevadas com mais de 3 m de
altura (FLL, 2008 e TOLDERLUND, 2010). Mesmo no caso de coberturas não acessíveis, estas são passíveis de terem
pessoas para manutenção, inspeções ou reparações. A integração da solução de proteção com a própria solução de
arquitetura pode ter vantagens, devendo ser considerada logo na fase de projeto. Algumas soluções possíveis são a
conceção de platibandas mais elevadas ou instalação de vedações (SILVA, 2012). No caso de coberturas não acessíveis
podem ser previstos pontos de fixação para linha de vida ou arnês (FLL, 2008). Existem no mercado sistemas de segurança
que se integram no sistema de cobertura verdes, no qual se fixam acima da camada de impermeabilização, evitando assim
a sua perfuração e possíveis infiltrações (ZINCO, 2012).
2.4. Patologia das coberturas verdes
Com base no estudo estatístico do Institut Technique du Bâtiment et des Travaux Publics de 1982 e no estudo mais recente
de ILOZOR et al. (2004), verificou-se que as coberturas são o segundo elemento construtivo a apresentar mais anomalias,
logo a seguir às fachadas dos edifícios (MORGADO, 2012, MADRIGAL, 2012).
Neste subcapítulo são analisados não só os principais fatores de degradação de coberturas verdes como as anomalias e
respetivas causas.
O termo Patologia deriva do grego phátos que significa doença mais logos que significa tratado ou estudo, referindo-se à
parte da Medicina que estuda as doenças, seus sintomas e a natureza das modificações que elas provocam no organismo.
Na mesma lógica, as edificações também podem apresentar modificações ou alterações nos seus elementos que
configuram sintomas devido a defeitos ou efeitos externos (doenças). O uso do termo patologia pode ser utilizado para o
estudo sistemático das anomalias, dos seus sintomas e da natureza das modificações que estas provocam no edifício
(MAGALHÃES, 2002).
33
2.4.1. Fatores de alteração e degradação
A deficiente execução do sistema não é o único fator de degradação prematura. Vários autores como GRIFFIN (1984),
HODGES (1999) e PIRLA et al. (1999), demonstraram que a degradação prematura das coberturas também se deve a
fatores atmosféricos, como a água, temperatura, radiação solar, agentes químicos ou vento, a poluição do tráfego e uso
indevido de origem humana (MORGADO, 2012).
Nas coberturas verdes, a água, nas suas várias formas (chuva, neve ou vapor de água), é um dos fatores com mais
impacto.
A radiação solar, as amplitudes térmicas e agentes químicos têm os seus efeitos minimizados devido à presença de
revestimento vegetal e substrato que vão proteger as camadas mais suscetíveis de envelhecimento, como o caso da tela de
impermeabilização (FLL, 2008).
As anomalias que surgem devido ao efeito do vento na camada de impermeabilização, em coberturas convencionais, são
também minimizados nas coberturas verdes.
No entanto, o vento exerce não só forças de sucção que podem provocar o arrastamento do substrato e das plantas e em
situações extremas o deslocamento de todo o sistema, bem como forças de fricção que resultam na erosão do revestimento
vegetal. Esses efeitos verificam-se, em particular, nas soluções de cobertura com impermeabilização e isolamento não fixos
ao suporte, com peso insuficiente nas camadas superiores. A intensidade do seu efeito vai depender não só das
características do vento, intensidade e direção, como das características do edifício, forma e altura. O impacto do vento na
cobertura também vai variar ao longo da sua área, sendo as áreas centrais da cobertura mais protegidas dos seus efeitos
(FLL, 2008 e NTJ 11C, 2012).
A colocação de seixo rolado ou outros elementos com peso nas zonas mais expostas, em particular em todo o perímetro da
cobertura, é uma medida que permite minimizar da degradação provocada pelo efeito do vento sobre a vegetação (FLL,
2008 e NTJ 11C, 2012).
O uso indevido, por parte, dos utentes do imóvel, por desconhecimento ou negligência poderá também levar a
degradações prematuras nos diversos elementos que constituem uma cobertura (MORGADO, 2012). As operações de
manutenção nestes sistemas podem também dar origem a anomalias, visto que os técnicos de manutenção nem sempre
têm informação sobre o sistema construtivo onde estão a intervir, utilizando ferramentas inadequadas que podem deteriorar
ou danificar os elementos abaixo do substrato, pisoteando repetidamente ou depositando cargas pontuais de equipamentos
sobre a área de substrato que levará à sua compressão e a danos na vegetação (RAPOSO, 2013).
2.4.2. Caracterização das anomalias e causas
Nas tabelas 2.6 a 2.13 são sistematizadas as principais anomalias identificadas nos diferentes elementos constituintes de
uma cobertura verde e respetivas causas, tendo como base a informação recolhida nas diversas referências bibliográficas,
como o FLL (2008), NTJ 11C (2012), MORGADO (2012), RAPOSO, (2013), PALHA (2012), TOLDERLUND (2010), ALVES
(2013) e MADRIGAL (2012).
De uma forma genérica, as principais causas de anomalias em sistemas de coberturas verdes são:
deficiências na conceção e instalação da solução construtiva, em particular dos pontos singulares
(TOLDERLUND, 2012)
dimensionamento incorreto do sistema de drenagem (TOLDERLUND, 2012)
falta de manutenção e limpeza do sistema de drenagem (TOLDERLUND, 2012)
deficiente funcionamento do sistema de rega (TOLDERLUND, 2012)
34
aplicação incorreta de sistemas de suporte dos equipamentos mecânicos, painéis solares, ancoragens de árvores,
entre outros (TOLDERLUND, 2012)
execução de operações de manutenção de forma incorreta (RAPOSO, 2013)
Tabela 2.6 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de suporte. NTJ 11C (2012), MORGADO
(2012), PALHA (2012), PRATES (2012) e MADRIGAL (2012)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Fendilhação/ Fissuração
● Cargas excessivas
● Proteção anti-raízes inadequada
● Utilização de vegetação inadequada
MORGADO (2012)
NTJ 11C (2012)
PALHA (2012)
Deformação ● Carga permanente excessiva MORGADO (2012)
MADRIGAL (2012)
Esmagamentos localizados ● Cargas pontuais excessivas
● Ação do vento MORGADO (2012)
Desagregação ● Carbonatações MORGADO (2012)
Degradação biológica ● Efeito de fungos ou insetos xilófagos MORGADO (2012)
Corrosão ● Presença de água, infiltrações MORGADO (2012)
Falta de resistência, contraventamento
ou rigidez
● Dimensionamento incorreto da estrutura
● Execução incorreta da estrutura
● Cargas excessivas
MORGADO (2012)
Manchas de Humidades
● Presença de água, infiltrações
● Inexistência de tela para-vapor sob isolamento térmico (em cob.
tradicional)
MORGADO (2012)
MADRIGAL (2012)
Colapso
● Cargas excessivas
● Acumulação excessiva de água
MORGADO (2012)
PALHA (2012)
PRATES (2012)
Infiltrações ● Perfuração da tela de impermeabilização MORGADO (2012)
No caso de coberturas verdes, a tela de impermeabilização está coberta e, portanto, protegida dos principais agentes de
degradação, reduzindo a incidência de anomalias nesta camada. No entanto, quando estas surgem são de difícil localização
e a sua reparação é extremamente onerosa.
Das várias anomalias identificadas na camada de impermeabilização, destaca-se a perfuração da tela como a mais
gravosa, sendo as três causas mais prováveis:
a falta de cuidados em obra com execução de trabalhos sobre a tela já aplicada sem qualquer proteção pode levar
à perfuração da impermeabilização ainda em obra devido a cargas pontuais sobre ou sob a mesma.
a fixação posterior de objetos na cobertura sobre a tela
a inexistência de tela proteção adequada às raízes
Geralmente, as impermeabilizações aplicadas sobre o isolamento térmico, são mais propensas a anomalias do que nos
casos em que estas são aplicadas diretamente sobre estruturas de suporte (ALVES, 2013).
35
Tabela 2.7 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de impermeabilização. FLL (2008), NTJ 11C
(2012), MORGADO (2012) e MADRIGAL (2012)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Deslizamento das membranas
● Pendente excessiva
● Fixação inadequada das membranas em coberturas verdes
inclinadas
MORGADO (2012)
Fissuração
● Movimentos diferenciais
● Contração ou expansão
● Inexistência de camada de dessolidarização
● Incompatibilidade de materiais
MORGADO (2012)
Perfurações ou rasgamentos ● Cargas pontuais associado à inexistência de camada de proteção
da impermeabilização
● Fixação posterior de objetos
● Manutenção da vegetação com objetos cortantes
● Presença de elementos com arestas vivas
● Devido às raízes - inexistência ou ineficácia da camada anti-
raízes
MORGADO (2012)
NTJ 11C (2012)
Empolamentos ou bolsas de ar
● Inadequada execução da colagem das telas
● Falta de planeza e encurvadura do suporte
● Ineficaz limpeza do suporte
MORGADO (2012)
Descolamento nas juntas de
sobreposição
● Deficiente execução das membranas
● Deficiente aplicação das juntas
● Ineficaz fixação da impermeabilização
● Quantidade de produto de colagem insuficiente
MORGADO (2012)
MADRIGAL (2012)
Formação de pregas
● Ineficaz fixação do sistema de impermeabilização MORGADO (2012)
Decomposição da tela ● Hidrolise-devido a incompatibilidade de materiais FLL (2008)
Acumulação de água e manchas de
corrosão em locais pontuais
● Sistema de drenagem ineficiente ou entupido
● Presença de elementos metálicos sem proteção à corrosão MORGADO (2012)
Os efeitos do vento, água, amplitudes térmicas altas, temperaturas máximas altas, e radiação ultravioleta, contribuem para
o surgimento de anomalias nos elementos mais expostos, tais como o descolamento dos remates da cobertura ou a
fissuração do revestimento betuminoso.
Na camada de substrato destacam-se duas anomalias:
encharcamento - devido a pendentes inferiores a 1-3% associado a uma camada drenante pouco espessa
(ZINCO, 2014), ao funcionamento ineficaz do sistema de drenagem, a uma camada drenante inexistente ou
inadequada ou a um número insuficiente de pontos de escoamento (RAPOSO, 2013)
deslizamento e erosão - devido ao efeito excessivo do vento, à falta de vegetação a consolidar a camada de
substrato ou a um pendente excessiva sem qualquer camada de proteção e consolidação (NTJ 11C, 2012).
36
Tabela 2.8 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes nas camadas anti-raízes, de proteção da
impermeabilização, drenante /de retenção de água e filtrante. FLL (2008), NTJ 11C (2012) e PALHA (2012)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Decomposição da tela
anti-raízes ● Hidrolise-devido a incompatibilidade de materiais FLL (2008)
Membrana de proteção rasgada ● Presença de elementos com arestas vivas com cargas excessivas
● Colocação incorreta das telas NTJ 11C ( 2012)
Deslizamento das telas ● Pendente excessiva
● Inexistência de barreiras de contenção em coberturas inclinadas NTJ 11C ( 2012)
Obstrução/ entupimento da camada
drenante
● Material orgânico ou argiloso em excesso no substrato técnico
● Inexistência da camada filtrante
● Colocação incorreta da camada filtrante
● Aplicação de solo natural
NTJ 11C (2012)
Obstrução/colmatação dos poros da
camada filtrante ● Inclusão de elementos calcários na camada drenante
● Presença excessiva de material orgânico ou argiloso no substrato
técnico
● Aplicação de solo natural
NTJ 11C (2012)
PALHA (2012)
Tabela 2.9 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de substrato. FLL (2008), NTJ 11C (2012),
RAPOSO (2013), PALHA (2012), PRATES (2012) e TOLDERLUND (2010)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Encharcamento
● Pendentes inferiores a 3% com camada drenante com
espessura insuficiente
● Ineficiente funcionamento do sistema de drenagem
● Camada drenante inexistente ou inadequada
● Número insuficiente de pontos de escoamento
MORGADO (2012)
NTJ 11C (2012)
RAPOSO (2013)
PALHA (2012)
PRATES (2012)
Deslizamento e erosão
● Pendente excessiva
● Efeito do vento no perímetro (em particular cantos)
● Inexistência de vegetação
NTJ 11C ( 2012)
FLL (2008)
TOLDERLUND (2010)
RAPOSO (2013)
Contração/ retração excessiva
● Material orgânico em excesso na constituição do substrato
● Períodos excessivos sem rega
● Exposição excessiva à radiação solar sem vegetação a sombrear
TOLDERLUND (2010)
Compactação
● Distribuição granulométrica inadequada
● Excesso de matéria orgânica
● Excesso de pisoteio por utilizadores ou técnicos de manutenção
RAPOSO (2013)
37
Segundo o FLL (2008), a erosão do substrato é identificada como uma das principais anomalias, em particular nas fases de
instalação e desenvolvimento, sendo mais evidenciada em coberturas verdes inclinadas devido à maior exposição à
radiação solar e ventos em determinadas orientações. Nestes casos o revestimento vegetal tem um papel primordial de
proteção contra a erosão (TOLDERLUND, 2010).
Tabela 2.10 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de vegetação. FLL (2008), NTJ 11C (2012),
RAPOSO (2013), PALHA (2012) e TOLDERLUND (2010)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Vegetação seca
● Rega insuficiente
● Pendente excessiva sem capacidade de retenção de água
FLL (2008)
TOLDERLUND (2010)
Vegetação infestante
● Rega excessiva
● Fertilização excessiva
● Manutenção insuficiente ou programada incorretamente
FLL (2008)
PALHA (2012)
Lesões, congelamento e morte de
vegetação
● Efeito do vento no perímetro
● Proximidade de saídas de ventilação - ar muito frio, muito
quentes ou correntes de ar fortes
● Vegetação ou substrato inadequados
● Manutenção insuficiente ou inexistente
● Período excessivos sem rega
● Pisoteio excessivo
● pragas, fungos e doenças
● Asfixia radicular por encharcamento
FLL (2008)
RAPOSO (2013)
NTJ 11C (2012)
Queda de vegetação
● Efeito do vento associado a ancoragens inexistentes ou
inadequadas
● Efeito do vento associado a profundidade de substrato
insuficiente
● Vegetação inadequada
RAPOSO (2013)
PALHA (2012)
Daí ser determinante a altura do ano em que a instalação é realizada, para que as condições sejam mais favoráveis para o
crescimento e enraizamento da vegetação e imbricamento com o substrato, evitando assim a sua erosão.
Dever-se-á também seguir uma série de medidas complementares, como:
aplicação substratos vegetais estáveis com cargas adequadas e mistura granulométrica correta (RAPOSO, 2013)
seleção de vegetação de maior durabilidade e com rapidez de cobrimento da superfície
38
conservação do substrato húmido durante o primeiro ano (RAPOSO, 2013)
aplicação de um fixador de solo que permita fixar as sementes e a superfície do substrato
colocação uma camada de proteção contra a erosão até terminar o primeiro ano após instalação (TOLDERLUND,
2010; RAPOSO, 2013)
hidro-semeação da vegetação ou cobrimento de toda a superfície com tapetes de vegetação pré-cultivados
(RAPOSO, 2013).
Na vegetação as anomalias mais comuns dizem respeito:
à morte /seca da vegetação - deve-se geralmente à falta de rega ou asfixia radicular por encharcamento do
substrato quando se verifica em toda a extensão da cobertura. A morte, em áreas pontuais pode-se dever
também a pragas ou inadaptação de algumas das espécies escolhidas (FLL, 2008; RAPOSO, 2013)
vegetação infestante - devido a rega ou fertilização desnecessária ou a manutenção insuficiente ou
incorretamente programada no ano.
Tabela 2.11 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes no sistema de drenagem. FLL (2008), MORGADO
(2012) e PALHA (2012)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Entupimento dos ralos
● Vegetação a obstruir
● Substrato inadequado- finos em excesso
● Acumulação de detritos
MORGADO (2012)
PALHA (2012)
Sujidade superficial/ acumulação de
detritos
● Falta de manutenção- limpeza
● Acumulação de vegetação seca - Inadequada separação da
vegetação envolvente
PALHA (2012)
Fissuração das caleiras metálicas
● Conceção deficiente dos pontos de evacuação
● Ação da temperatura e da radiação ultravioleta
● Envelhecimento natural do material
MORGADO (2012)
Rotura das juntas entre caleiras
● Conceção deficiente das juntas de dilatação
● Inadequada execução da proteção do bordo superior do remate
● Deficiente controlo de qualidade
● Ação da temperatura e da radiação ultravioleta
● Envelhecimento natural do material
● Conceção deficiente dos pontos de evacuação de águas pluviais
MORGADO (2012)
Perfuração
● Fixação de objetos
● Manutenção da vegetação com objetos cortantes
● Presença de elementos com arestas vivas
FLL (2008)
Corrosão ● Fraca qualidade (na resistência à corrosão) do material MORGADO (2012)
Acumulação de água junto aos tubos
de queda e caleiras ● Deficiente regularização das superfícies acabadas
● Deficiente limpeza do suporte
● Acumulação de detritos
● Ausência de manutenção
● Estrangulamento dos pontos de evacuação
MORGADO (2012)
39
No sistema de drenagem, as principais causas de anomalias são a ineficaz manutenção e os erros de conceção e
dimensionamento dos seus elementos, bem como ao tamponamento dos tubos de queda com o próprio sistema sem a
colocação de proteção adequada e a inexistência de caixas de visita que facilitem a inspeção do sistema. Essas
consequentes deficiências no escoamento que levam à acumulação de água podem não só pôr em causa a sobrevivência
da vegetação como a sobrevivência estrutural do próprio edifício.
Tabela 2.12 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de isolamento térmico. ALVES (2013)
Anomalias Causas prováveis Autores
Encharcamento/presença água ou
condensações
● Inexistência de tela para-vapor - quando o isolamento está sob a
camada de impermeabilização
● Perfuração da tela de impermeabilização - quando o isolamento
está sob a camada de impermeabilização
● Material incorreto de isolamento - quando está sobre a camada de
impermeabilização
ALVES (2013)
Tabela 2.13 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes no sistema de remates. MORGADO (2012)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Fissuração dos remates verticais
● Inexistência de proteção térmica das platibandas altas e rígidas
com material isolante eficaz
● Inexistência de proteção vertical do remate
● Diferenças de comportamento térmico e mecânico entre a
estrutura resistente e o elemento emergente
MORGADO (2012)
Fissuração dos remates de juntas de
dilatação
● Execução incorreta MORGADO (2012)
Fluência ou deslizamento dos remates
● Ação da temperatura
● Altura excessiva do remate de impermeabilização MORGADO (2012)
Descolamento dos remates
● Aplicação dos remates em condições atmosféricas desfavoráveis
● Inexistência de juntas de sobreposição
● Inadequada proteção do bordo superior do remate
● Deficiente processo de fixação dos rematas de
impermeabilização às tubagens emergentes
MORGADO (2012)
Analisando as causas apontadas para as anomalias mais correntes, pode-se concluir que uma correta conceção, execução
e estratégia de manutenção, vão permitir que grande parte das anomalias sejam minimizadas ou eliminadas.
40
2.5. Manutenção em coberturas verdes
A necessidade de realizar intervenções de manutenção surgiu no sector da indústria, nomeadamente na aviação comercial
com o intuito de garantir a segurança dos passageiros. A aplicação de ações preventivas deu origem a uma nova área, a
“Engenharia de manutenção”, que pretendia manter a fiabilidade dos equipamentos. É deste sector que a manutenção de
edifícios se baseou, aplicando e adaptando técnicas e conhecimentos apreendidos e desenvolvidos ao património edificado
(ALVES, 2012).
Segundo as definições presentes nas normas ISO 15686-1 (2000) e NP EN 13306 (2007), o conceito "Manutenção"
abrange a combinação de todas as ações que permitam que o edifício e os seus elementos desempenhem, durante a vida
útil, as funções para as quais foram concebidos (IPQ, 2007).
Em Portugal, a publicação da versão revista do Regulamento Geral de Edificações irá substituir o termo “conservação” do
antigo RGEU, pelo termo “manutenção”, que abrange ações de manutenção inspeção e reparação nos elementos ao longo
da vida útil do edifício (FLORES-COLEN, 2009).
Segundo FLORES-COLEN (2009), a manutenção dos edifícios engloba três tipos de estratégias de atuação:
manutenção preventiva ou planeada - ações periódicas planeadas de manutenção, contribuindo para a
redução do número de trabalhos não-planeados e uma estimativa dos custos envolvidos
manutenção preditiva ou condicionada - inspeções periódicas para avaliar o estado de degradação e
desempenho dos componentes, com posterior planeamento das ações de manutenção. Esta estratégia permite
conhecer melhor o desempenho em serviço, ajustando os meios mais eficientes de reduzir os encargos com a
manutenção
manutenção reativa - ações de manutenção após a ocorrência de anomalias imprevistas. O seu carácter de
urgência origina sobrecustos neste tipo de estratégia.
As ações de manutenção reativa em coberturas verdes podem pôr em causa a viabilidade da solução, visto serem
demasiado onerosas quaisquer ações de reparação ou substituição de uma das suas camadas, em particular camadas
interiores como a membrana de impermeabilização. Um grau de exigência elevado na fase de execução significa,
geralmente, custos iniciais mais elevados, mas permitirá uma solução construtiva com uma vida útil superior, com custos
controlados e previsíveis na fase de manutenção.
Interessa desenvolver uma estratégia de manutenção pró-ativa que abrange ações de manutenção preventiva e preditiva,
na qual através de um conjunto de ações integradas se pretende controlar o processo de degradação e minimizar os custos
(FLORES-COLEN, 2009).
Não existem coberturas verdes sem necessidade de qualquer manutenção. Até mesmo as coberturas projetadas com
vegetação de baixa ou quase nula manutenção continuam a exigir visitas uma a duas vezes por ano para limpeza de
caleiras e ralos e remover todos os detritos prejudiciais.
A manutenção necessária em coberturas verdes vai depender do resultado pretendido pelo cliente, o que pode variar de
verificações semanais durante o verão numa cobertura intensiva a consultas trimestrais ou bianuais em coberturas verdes
extensivas (PECK e KUHN, 2003). A estratégia de manutenção é portanto um fator determinante ao conceber a cobertura
verde, influenciando não só a escolha entre cobertura verde de carácter intensivo ou extensivo bem como determinadas
opções de projeto, materiais e sistemas.
2.5.1. Elementos fonte de manutenção (EFM)
Cada elemento que constitui o edifício apresenta mecanismos próprios de degradação. É necessária a subdivisão do
41
edifício em vários elementos, designando-os por elementos fonte de manutenção (EFM). Os EFM podem organizar-se em
classes, tendo em conta a sua função (MORGADO, 2012).
Esta subdivisão pretende responder aos diferentes comportamentos destes elementos, no que respeita às condições e
mecanismos próprios de degradação durante a vida útil do edifício.
Dentro do elemento fonte de manutenção - cobertura - também se podem estabelecer sub-elementos, constituídos por cada
camada da cobertura.
Esta estrutura por níveis permite a organização do trabalho de manutenção, possibilitando a codificação dos sub-elementos
e facilitando a identificação do EFM em causa. A leitura por parte dos técnicos de manutenção será mais expedita
diminuindo a probabilidade de erros derivados da má execução do plano (ALVES, 2012).
2.5.2. Vida útil dos elementos da cobertura verde
Com base na definição da ISO 15686-1 (2000) considera-se vida útil o período de tempo, após a construção, no qual o
edifício e os seus elementos excedem os requisitos mínimos funcionais para o qual o edifício foi projetado (RAPOSO,
2012).
Existem várias formas de avaliar a previsão da vida útil, tais como a referência de experiências anteriores em construções,
usos e efeitos climáticos similares, medição da taxa natural de degradação num curto espaço de tempo de utilização e
exposição, pela estimativa do limite da durabilidade, e por interpolação de ensaios acelerados como forma de encurtar a
resposta à ação de um ou mais agentes de degradação (FLORES E BRITO, 2003).
Dependendo do clima e características das camadas aplicadas, em particular da membrana de impermeabilização, uma
cobertura verde pode durar 2.5 a 3 vezes mais que uma cobertura convencional. Na Alemanha existem coberturas verdes
com mais de 40 anos (TOLDERLUND, 2010).
Não será exagerado estimar que a vida útil das coberturas verdes varia de 40 a 55 anos, enquanto a vida das coberturas
convencionais é cerca de 20 anos (BIANCHINI, HEWAGE, 2012). Outros autores, como PALHA (2012), referem mesmo
que o tempo de vida estimado de uma cobertura tradicional nos Estados Unidos é de 15 a 50 anos e para uma cobertura
verde é de 50 a 100 anos.
No entanto, cada elemento que constitui o sistema tem uma vida útil estimada particular. E tendo em conta a diversidade de
materiais possíveis presentes numa cobertura verde com diferentes comportamentos de desempenho ao longo do ciclo de
vida, interessa sistematizar as vidas úteis dos mesmos.
Com base em diversos autores como MORGADO (2012), MADRIGAL (2012), BARROS (2008) e FERREIRA (2009)
apresenta-se na tabela 2.12 as vidas úteis estimadas para as diversas camadas dos sistemas de coberturas verdes.
É percetível a existência de discrepâncias de valores entre eles. Essas diferenças são verosímeis tendo em conta o
conjunto de fatores de contexto que podem influenciar a durabilidade dos elementos, como a agressividade do meio ou as
ações de manutenção aplicadas.
Em consulta a algumas fichas técnicas de fabricantes e instaladores de sistemas de coberturas verdes, verifica-se que é
considerada uma vida útil de 40 anos para a membrana de impermeabilização. No entanto, em documentos de
homologação dos sistemas é garantida apenas uma vida útil mínima de 10 anos sem qualquer reparação e com
manutenção normal. As marcas salientam comercialmente que os sistemas estão concebidos para terem um tempo de vida
útil igual ao edifício corrente, apontando para 50 anos a vida útil expectável.
A normativa britânica British Standard BS 7543:1992 refere que os requisitos de durabilidade diferem em função do tipo de
edifício e tipo de elemento. Estes dependem não só do uso, como do orçamento disponível e da manutenção aplicada. Esta
42
norma refere também que o promotor do edifício deverá estabelecer a vida útil que pretende e o arquiteto deverá
concebê-lo de forma a alcançar esse prazo (MADRIGAL, 2012). Com base nessa norma que refere que os elementos cuja
substituição é onerosa ou difícil deverão ter uma vida útil igual ao edifício, pode-se afirmar que a vida útil mínima exigível
para o sistema de coberturas verdes é de 60 anos para edifícios correntes, como habitação.
Tabela 2.14 - Estimativa de vidas úteis para as camadas constituintes de coberturas verdes. MORGADO (2012),
MADRIGAL (2012), BARROS (2008) e FERREIRA (2009)
Elementos Fonte de Manutenção MORGADO
(2012)
MADRIGAL (2012)
BARROS (2008)
FERREIRA (2009)
Camada drenante
Telas pitonadas
Material granular
Tapete poroso
Proteção da impermeabilização
10-30
Camada de impermeabilização
Asfalto 25-36 10-90 20-30 20
Betume 17-35 10-90
Plásticos 10-35
10-90
Isolamento térmico
Mineral 35-36 20-100 30-50
Vegetal 35-36 20-100
Sintético 35-36 20-100 20
Barreira para-vapor
30-50
Estrutura/ suporte
Betão armado 30-50 28-100
Madeira 35-40
Metálica 30-40
Sistema de drenagem
Metálico 20-40
40
PVC 10-30
Fibrocimento 20-25
Fibra de vidro 20-25
Membranas Asfálticas 25-30
12
Remates
Metálicos 15-30
Membranas betuminosas 15-30
Membranas asfálticas 15-30
12
Mástique
6
Alvenarias
Cerâmica 50
Pedra natural 50
Betão 50
A vida útil da vegetação está diretamente relacionado com a espécie aplicada. No entanto, de acordo com o estudo
desenvolvido por ROWE et al. (2012) para algumas espécies vegetais com mais de 7 anos verificou-se que a taxa de
sobrevivência era superior em substratos mais profundos. As plantas que inicialmente sobrevivem podem eventualmente
experimentar um cobrimento reduzido de superfície ou desaparecer completamente devido à concorrência, a variabilidade
no clima e outros fatores.
A cobertura verde ou parte dos seus elementos chegam ao seu fim de vida útil a partir do momento que deixam de cumprir
os requisitos para os quais foram projetados, devendo aí ser substituídos.
Elementos, como é o caso da membrana de impermeabilização, pretendem-se que tenham a vida útil do conjunto para
evitar os elevados custos de substituição. No entanto, caso seja necessária a sua substituição, será mais adequado manter
as membranas existentes e colocar novas membranas sobre essas. Evita-se com isso custos de remoção das telas, bem
como o seu transporte para aterros. Este critério permite também, de certa forma, tornar redundante a eficácia desta
camada. Quando a cobertura verde não ocupa a totalidade da cobertura, o critério de substituição passa por remover as
43
camadas superiores do sistema para outra zona do telhado, em particular o substrato e vegetação, ficando aí armazenado
enquanto as membranas de impermeabilização estão a ser substituídas. O custo adicional é somente o da mão-de-obra
mas este será comparável ao custo de instalação original. Se todas as camadas acima do elemento a ser substituído
tiverem de ser deslocadas temporariamente para outro local fora da cobertura, os custos vão aumentar em conformidade
com a deslocação, e os argumentos para começar tudo de novo com um novo meio de plantio tornam-se mais convincentes
(PECK E KUHN, 2003).
De todos os componentes, os vedantes entre o remate da membrana de impermeabilização e o perfil periférico são os que
terão uma vida útil menor (aproximadamente 5 anos), tendo em conta a exposição à radiação solar, pelo que terá de se
efetuar ações de substituição ao longo da vida útil do conjunto.
2.5.3. Ações de manutenção dos elementos da cobertura verde
De uma forma genérica, é necessária a regular manutenção e inspeção das membranas nos diversos pontos críticos e
vários elementos estruturais da cobertura, bem como alguns cuidados como irrigação, fertilização, poda e replantio
(TOLDERLUND, 2010). No entanto, é de salientar que uma correta escolha e distribuição das espécies de plantas na área
de cobertura reduz drasticamente os requisitos de manutenção, garantindo a sua sustentabilidade.
Devem ser minimizados quaisquer danos na cobertura verde durante a manutenção, e algumas questões devem ser tidas
em conta, como a consciencialização dos trabalhadores sobre o tipo de construção, as ferramentas adequadas de modo a
não interferir ou danificar nada abaixo do substrato e a programação dos trabalhos, de modo a minimizar a quantidade de
tráfego na cobertura após a instalação (GREEN ROOF GUIDELINES, 2013).
As inspeções têm, como objetivo principal, identificar anomalias e suas causas prováveis, bem como sinais de pré-
patologia.
A limpeza de uma cobertura é uma das ações de manutenção mais relevantes, visto que termina a evolução de
determinados acontecimentos (como acumulação de detritos e vegetação) que levariam ao desenvolvimento de anomalias
no sistema. A intervenção de limpeza é um processo que deverá apresentar um eficaz planeamento, de forma a não
degradar nenhum elemento construtivo.
As intervenções ligeiras têm como base a aplicação de técnicas de reparação pontuais, com o intuito de corrigir pequenas
anomalias, evitando assim a sua propagação (MORGADO, 2012).
As intervenções profundas constituem técnicas de reparação a uma escala maior, geralmente próximo do fim da vida útil
do elemento.
As inspeções e ações de manutenção mais frequentes incidem em elementos com elevada exposição aos agentes
agressivos ou em elementos com menores vidas úteis, ao contrário das ações de manutenção profundas que são
realizadas entre períodos mais espaçados.
É indicado que sejam estabelecidos acordos contratuais com as empresas instaladoras, estendendo-se além do período de
garantia. Na pós-instalação, os empreiteiros deverão incluir um período acordado de manutenção regular, enquanto a
cobertura se estabelece. Alguns fornecedores de sistemas extensivos de coberturas verdes terão os seus próprios
empreiteiros que irão monitorizar o progresso imediatamente após a instalação e após a primeira estação de crescimento
completo, geralmente entre 12-18 meses, antes de finalmente passar as tarefas de manutenção ao dono ou administrador
do edifício (FLL, 2008).
Segundo o FLL (2008) as ações de manutenção em coberturas extensivas incluem:
fertilização
44
remoção de vegetação infestante
poda / desbaste
semeadura ou replantação de preenchimento
substrato de enchimento para compensar a erosão
controlo de crescimento de vegetação em áreas de afastamento sem substrato (perímetros, caleiras, entre outros)
remoção de folhas, detritos ou aparas
controlo de pragas
limpeza de qualquer crescimento excessivo que possa interferir com o funcionamento dos dispositivos
controlo e proteção das plantas e dos sistemas anti‐deslizamento em coberturas inclinadas
irrigação
limpeza das instalações técnicas e sistema de drenagem pluvial
conservação do sistema de irrigação.
No que respeita às coberturas intensivas, às ações acima referidas acrescem:
controlo da camada superior de casca de árvore ou outro material orgânico de proteção contra a erosão
medidas de proteção contra geada e neve
controlo das soluções de ancoragens de arbustos e árvores
escarificação e arejamento
Durante as visitas de manutenção alguns fatores devem ser considerados, tais como:
● Vegetação indesejável - estas podem ser prejudiciais para o regime de vegetação intencional, a biodiversidade e a
estrutura do edifício (FLL, 2008; GREEN ROOF GUIDELINES, 2013; BOUATTOUR e ALLAIN, 2009; TOLDERLUND,2010).
A vegetação oportunista deve ser eliminada e as áreas limpas devem deixar-se regenerar naturalmente com sedum ou
outro colonizador natural, tais como gramíneas. Outra alternativa será replantar vegetação nas áreas nuas. Depois de 3 a 4
semanas as estacas estarão estabelecidas. Essa replantação deverá ser efetuada durante a primavera ou no outono para
evitar extremos climáticos que vão inibir o crescimento (GREEN ROOF GUIDELINES, 2013).
● Irrigação - O acesso a um ponto de água para rega manual pode ser necessário durante a fase de enraizamento da
vegetação (TOLDERLUND, 2010), devendo ser previsto 1 para tal. A necessidade de rega numa cobertura verde vai
depender do clima onde se insere. No caso de coberturas em clima mediterrâneo é indicado prever a instalação de um
sistema de irrigação permanente (NTJ 11C, 2012). A sua utilização depois de estabelecida a vegetação poderá ser pontual
e apenas em períodos de seca prolongada. Nesses momentos permite minimizar o stress hídrico da vegetação ou até
mesmo a sua morte (BOUATTOUR e ALLAIN, 2009; NTJ 11C, 2012). Quanto mais profunda for a camada de substrato
mais humidade pode reter e garantir a sobrevivência das plantas durante esses períodos. A sustentabilidade da cobertura a
longo prazo vai depender da correta gestão de rega. O excesso de rega é um fator negativo visto que não permite que a
vegetação adquira a resistência necessária para sobreviver, favorecendo o aparecimento de espécies oportunistas. A forma
mais adequada de irrigação em coberturas verdes é por sistema gota a gota enterrado, visto que fornece água de forma
controlada e sem perdas. Só em casos pontuais, como as coberturas inclinadas ou vegetação mais exigente, se justifica a
uso de sistemas de rega por aspersão. O requisito de água varia de acordo com a inclinação de exposição e o clima (NTJ
11C, 2012, BOUATTOUR e ALLAIN, 2009).
Dever-se-á proceder à inspeção periódica dos elementos do sistema como os pulverizadores (TOLDERLUND, 2010).
● Fertilização - A opção ideal será não fertilizar coberturas verdes extensivas, pois a diversidade de espécies pode ser
comprometida e a utilização de fertilizantes irá resultar num aumento dos níveis de nutrientes nos escoamentos de águas
45
pluviais que irá afetar negativamente a qualidade da água local. Quando a utilização de fertilizantes convencionais for
indispensável para a sobrevivência da vegetação, deverá ser mantida num nível mínimo e deverá ser captada
temporariamente para reciclagem ou reutilização noutras áreas com vegetação. Quando a água da chuva é colhida
diretamente para o sistema público de águas pluviais da cobertura verde, o fertilizante convencional não deve ser aplicado
(GREEN ROOF GUIDELINES, 2013; EMILSSON et al., 2007).
Este adubo adicional só deve ser aplicado no período de maturação da vegetação. No caso de sistemas pobres em
nutrição, como substratos de espessura muito fina, pode ser necessário realizar ações de fertilização periódicas.
● Camada de impermeabilização - Deve-se proceder a inspeções regulares em todas as juntas, elementos emergentes,
apoios de aparelhos AVAC e perímetro da cobertura (TOLDERLUND, 2010).
● Sistema de drenagem - O excesso de água deve sair da cobertura de forma expedita, evitando a sua retenção que pode
resultar na sobrecarga da cobertura bem como asfixia radicular e outras anomalias. Este sistema deve ter inspeções
programadas bem como inspeções adicionais após grandes eventos climáticos, como chuvas intensas (GREEN ROOF
GUIDELINES, 2013), devendo ser equipados com caixa de visitas para um fácil controlo (TOLDERLUND,2010).
Todos os tubos de queda, ralos e caixas de visita devem ter ações de limpeza por forma a permanecerem livres de
vegetação e detritos (FLL, 2008).
● Inspeção a estruturas nas coberturas (mobiliário, entre outros) - Estes elementos devem ser instalados
salvaguardando a integridade da membrana de impermeabilização e do sistema de drenagem. Devem-se proceder
inspeções regulares nesses componentes e ações de limpeza para mantê-las livre de detritos (TOLDERLUND, 2010).
● Replantação (TOLDERLUND, 2010).
● Sistema de segurança contra quedas - Quando a manutenção é realizada a menos de 2 metros dos limites perimetrais
de uma cobertura verde elevada, deve ser fornecida proteção contra quedas. É importante que os sistemas de proteção
contra quedas sejam mantidos e verificados uma vez por ano e que os regulamentos que regem a prevenção de acidentes
sejam respeitados (GREEN ROOF GUIDELINES, 2013).
● Herbicidas - Não podem ser aplicados em coberturas verdes (FLL, 2008).
As operações de manutenção que envolvem o pisoteio do substrato e vegetação devem ser realizadas por técnicos
qualificados assim como as inspeções técnicas aos elementos construtivos.
As ferramentas devem ser cuidadosamente escolhidas de modo a não interferir ou danificar qualquer elemento abaixo do
substrato e os trabalhos devem ser programados de modo a minimizar a quantidade de tráfego no telhado verde após a
instalação. O excessivo pisoteio numa área limitada da cobertura verde irá resultar na compressão do substrato e danos
para a vegetação (GREEN ROOF GUIDELINES, 2013).
● Raízes com nível de agressividade grande - áreas com vegetação característica de raízes com nível de agressividade
grande exigem inspeções cuidadas periódicas para aferir a conservação e eficácia dos sistemas de contenção dessas
raízes (FLL, 2008).
2.5.4. Periodicidade das ações de manutenção
O planeamento das ações de manutenção deve discriminar as diversas operações essenciais, tais como a inspeção, a
limpeza, os tratamentos de proteção, possíveis reparações, substituições ou reposições pontuais, reparações em áreas
extensas ou substituição integral no final da vida útil. A par desse planeamento, deverá ser contemplada a possibilidade de
ações corretivas e de emergência quando assim for necessário (MORGADO, 2012).
Alguns procedimentos de manutenção e inspeção devem ser agendados após eventos como cheias e tempestades,
46
enquanto outros podem ser programados de acordo com os eventos sazonais, como o período de germinação, épocas
certas de aparecimento de espécies invasivas e indesejadas, e no outono, após a queda de folhas. Geralmente a
manutenção ocorre no final do inverno ou início da primavera, e antes da época de nidificação começar, em locais onde se
espera aves de criação.
O planeamento das inspeções deve indicar o tipo de verificação e a periodicidade dessas ações. Na periodicidade das
inspeções interessa reter três períodos principais:
● Período inicial: inspeções entre 2 a 5 anos logo após a construção para a avaliação de fenómenos de pré-patologia e de
eventuais anomalias de juventude
● Período intermédio: inspeções periódicas durante 1 ou 2 anos depois de qualquer intervenção para avaliar o
comportamento esperado do elemento. Essas inspeções permitem também detetar eventuais fenómenos de “repatologia”,
resultantes de deficientes reparações anteriores
● Período final: inspeção nos 2 a 5 anos antes do fim do ciclo vida previsto, com o propósito de avaliar a tendência do
elemento para atingir o nível mínimo de qualidade e respetiva proximidade ao estado de “rotura iminente”, com o
agravamento dos fenómenos de patologia.
Relativamente aos tipos de inspeção, estas poderão ser apenas visuais ou recorrer a meios auxiliares mais ou menos
complexos, consoante a informação a obter. Durante a inspeção deve ser recolhida informação que permita caracterizar as
anomalias principais, a sua extensão, as causas mais prováveis, as ações a seguir e o seu escalonamento
(FLORES, 2003).
Os critérios de decisão e escalonamento das ações não deverão limitar-se aos aspetos puramente técnicos. São também
importantes os aspetos económicos, funcionais, contextuais, ambientais, psicológicos, estéticos e culturais. Com base nas
evidências encontradas (tipo de manifestação patológica e extensão do problema), na sua projeção de evolução
(prognóstico) e na presença de riscos para os utentes, é tomada a decisão mais acertada (FLORES E BRITO, 2003).
Cada inspeção deve seguir o procedimento previamente especificado para ela, estando o procedimento de recolha de
informação durante a inspeção também definido. Essa recolha ficará registada em fichas para o efeito tornando a ação
expedita.
As ações de manutenção de coberturas verdes podem-se dividir em três fases (FLL, 2008; NTJ 11C, 2012 e
TOLDERLUND, 2010):
1. Fase de pós-implantação – Esta fase pós-implantação tem uma duração de 1-2 anos aproximadamente e corresponde
à última operação da implementação do sistema de cobertura verde. No final deste período pretende-se que o
revestimento vegetal cubra aproximadamente 60% da cobertura para se proceder‐se à receção da obra por parte do
cliente.
2. Fase de desenvolvimento – Tem uma duração de 2-3 anos até o cobrimento de vegetação de aproximadamente 90%
da área da cobertura e coincide com o período de garantia do sistema construtivo.
3. Fase de manutenção – A partir do 3º- 4º ano, é aplicada ao longo da vida útil da cobertura verde e corresponde à
execução de todas as operações de manutenção necessárias para que desempenhe as funções para as quais foi
concebida.
Nas tabelas 2.15 e 2.16 são apresentadas as ações de manutenção necessárias numa cobertura verde intensiva e
extensiva e ações de manutenção nos seus elementos construtivos.
As ações de manutenção e periodicidade das intervenções estão diretamente relacionadas com o tipo de vegetação.
Anualmente são recomendadas para coberturas intensivas 8-10 visitas de manutenção (FLL, 2008) e 2-3 inspeções (NTJ
47
11C, 2012), para semi-intensivas 2-12 visitas de manutenção (FLL, 2008), enquanto que para as coberturas extensivas 2- 4
visitas serão suficientes e 1-2 inspeções visuais (FLL, 2008). Interessa ressalvar que a periodicidade está grandemente
condicionada pela vegetação aplicada, e no caso de coberturas semi-intensivas muito exigentes dever-se-ão considerar as
periodicidades das coberturas verdes intensivas (NTJ 11C, 2012).
Tabela 2.15 - Ações de manutenção e periodicidades para a vegetação de coberturas verdes. FLL (2008), NTJ 11C (2012),
TOLDERLUND (2010), BOUATTOUR e ALLAIN (2009)
Ações de manutenção Tipo de cobertura Número de visitas Autores
Ext. Int. Fase 1 Fase2 Fase 3
Inspeções visuais
● ●
1-2/ano
1-2/ano
1-2/ano
FLL (2008) TOLDERBUND (2010)
Limpeza ● ● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Rega
● 3/dia 1/sem. Verão
1/sem. Verão
BOUATTOUR e ALLAIN (2009)
● ++ + + FLL (2008)
● ++ ++ ++ FLL (2008)
● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Fertilização
●
1/ano TOLDERBUND (2010)
● ● 4/ano 2/ano 2/ano FLL (2008)
●
+ ++ NTJ 11C (2012)
● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Inspeção técnica ● ● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Poda/ Aparo de pontas ● ● ++ ++ ++ FLL (2008)
●
+ ++ NTJ 11C (2012)
Ceifa ● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Remoção de vegetação infestante ● ● ++ ++ ++ FLL (2008)
● + + ++ NTJ 11C (2012)
Escarificação /arejamento do solo
● + + + FLL (2008)
●
+ ++ NTJ 11C (2012)
●
+ NTJ 11C (2012)
Adição de substrato ● ● + + + FLL (2008)
●
++ NTJ 11C (2012)
Reposição de camada de casca de árvore para proteção contra erosão
●
+ NTJ 11C (2012)
● ++ ++ ++ FLL (2008)
Eliminação de vegetação de locais indesejáveis
● ● ++ ++ ++ FLL (2008)
●
+ ++ NTJ 11C (2012)
● + + ++ NTJ 11C (2012)
Poda de raízes
●
+ NTJ 11C (2012)
Semeadura ou Replantação
● ● + + + FLL (2008)
● + ++ ++ NTJ 11C (2012)
● + + + NTJ 11C (2012)
Controlo de pragas ● ● + + + FLL (2008)
● ● + + + NTJ 11C (2012)
Tratamento de lesões
● + + + NTJ 11C (2012)
Controlo das ancoragens das árvores e arbustos
● ++ ++ ++ FLL (2008)
● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Remoção de vegetação seca e detritos ● ● ++ ++ ++ FLL (2008)
● ●
++ ++ NTJ 11C (2012)
Alisamento do substrato ●
+ + NTJ 11C (2012)
Controlo e proteção das plantas e dos sistemas anti‐deslizamento em coberturas
inclinadas ● ● ++ ++ ++ FLL (2008)
Legenda: Ext. do tipo extensivo; Int. do tipo intensivo; + Apenas se necessário ++ Necessário regularmente
48
A calendarização das intervenções deve ser de acordo com eventos sazonais (como o período de germinação, épocas de
invasão de espécies infestantes e no Outono com a queda de folhas) (TOLDERLUND, 2010). Por exemplo, nas ações de
manutenção bianuais devem ser executadas numa única visita e, geralmente, devem ser escolhidas tendo em conta as
condições atmosféricas e a estação do ano, repondo as condições de desempenho originais depois da estação mais rígida,
ou preparando e potenciando o desenvolvimento da vegetação no começo dessa estação do ano.
Tabela 2.16 - Ações de manutenção e periodicidades dos elementos construtivos em coberturas verdes. FLL (2008), NTJ 11C
(2012), TOLDERLUND (2010), BOUATTOUR e ALLAIN (2009) e MORGADO (2012)
Ações de manutenção Tipo de cobertura Número de visitas Autores
Ext. Int. Fase 1 Fase2 Fase 3
Inspeção técnica ● ● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Inspeção da impermeabilização áreas expostas
● ● 3/ano 3/ano 3/ano TOLDERBUND (2010)
Controlo e limpeza dos elementos do sistema de drenagem
● ● 3/ano 3/ano 3/ano TOLDERBUND (2010)
● 1/ano 1/ano 1/ano GREEN ROOF GUIDELINES (2013)
● ++ ++ ++ FLL (2008)
● ++ ++ ++ FLL (2008)
● ● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
● ● 2/ano 2/ano 2/ano MORGADO (2012)
Controlo e limpeza das claraboias e sistemas de ventilação
● ● 3/ano 3/ano 3/ano TOLDERBUND (2010)
● ●
+ ++ NTJ 11C (2012)
● ● ++ ++ ++ FLL (2008)
Inspeção do sistema de drenagem após ocorrências relevantes
● ● 3/ano 3/ano 3/ano TOLDERBUND (2010)
Controlo e regulação das ancoragens e medidas de segurança anti-queda
● ● 1/ano 1/ano 1/ano GREEN ROOF GUIDELINES (2013)
● ● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Inspeção a estruturas na coberturas (mobiliário, entre outros)
● ● 3/ano 3/ano 3/ano TOLDERBUND (2010)
Inspeção e limpeza dos remates ● ● 1/ano 1/ano 1/ano MORGADO (2012)
Inspeção dos elementos de alvenaria ● ● 2/ano 2/ano 2/ano MORGADO (2012)
Conservação do bom estado dos elementos de alvenaria
● ● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Substituição dos filtros de drenagem ● ●
++ NTJ 11C (2012)
Controlo e limpeza de acumulações de carbonatos nas caleiras
● ●
++ ++ NTJ 11C (2012)
Inspeção e regulação do sistema de rega ● ● ++ ++ ++ FLL (2008) NTJ 11C (2012)
Controlo e eliminação de vegetação nas áreas sem substrato -perímetro, pontos singulares e caixas de visita
● ● ++ ++ ++ FLL (2008)
● ● + ++ ++ NTJ 11C (2012)
Inspeção e regulação do nível de água em sistemas com reserva de água
● ● ++ ++ ++ NTJ 11C (2012)
Inspeção profunda da impermeabilização ● ● A cada 5 anos MORGADO (2012)
Inspeção da estrutura de suporte ● ● A cada 3 anos MORGADO (2012)
Legenda: Ext. do tipo extensivo; Int. do tipo intensivo; + Apenas se necessário ++ Necessário regularmente
49
Algumas empresas recomendam a incorporação de um sistema de deteção eletrónica de fugas de água entre ou debaixo
da membrana de impermeabilização para identificar a localização exata de infiltrações de água. Esta solução de
monitorização pode levar a poupanças importantes, tendo em conta que numa situação de infiltração rapidamente será
detetado o local exato da mesma, evitando infiltrações mais prolongadas que levam a anomalias mais graves, bem como
poupança nos custos da remoção apenas pontual das camadas superiores do sistema, de forma a proceder à reparação da
membrana (PECK e KUHN, 2003).
2.6. Considerações finais
As coberturas verdes são prática recorrente na construção há milhares de anos (PECK E CALLAGHAN, 1999; MAGILL et
al., 2011).
Nas últimas décadas, grandes edifícios de serviços, administrativos, comerciais e educativos dão novo sentido aos remotos
jardins suspensos (COSTA, 2010).
Diversas pesquisas comprovaram que as coberturas verdes têm inúmeros benefícios ambientais, tais como a substituição
de paisagens deslocadas, a redução do risco de inundações, melhoria da qualidade de escoamento de águas pluviais
(HILTEN, 2005), possível atenuação de ruído, melhoria da qualidade do ar, direta ou indiretamente, pelo aumento de
oxigénio e uma maior reciclagem de dióxido de carbono (NEOTURF, 2012) e mitigação do efeito de ilha de calor através da
remoção de calor do ar pela evapotranspiração das plantas, o que conduz a uma redução das temperaturas da superfície
da cobertura e do ar circundante (ALEXANDRI e JONES, 2008; PARIZOTTO e LAMBERTS, 2011; MENTENS et al., 2006).
De uma forma geral são consideradas três tipos de coberturas verdes, intensiva, semi-intensiva e extensiva (NTJ 11C,
2012). Estas distinguem-se quanto ao tipo de vegetação, profundidade de substrato e níveis de exigência de manutenção,
rega e fertilização.
Nos diferentes sistemas construtivos de coberturas vezes existem camadas transversais a todos eles que desempenham
função essenciais numa cobertura verde, como o suporte estrutural, a camada de impermeabilização, proteção anti-raízes,
proteção da impermeabilização, camada drenante, camada filtrante ,substrato e vegetação.
Erros de conceção e execução do sistema construtivo da cobertura verde, sistema de drenagem e irrigação e equipamentos
nela instalados assim como uma deficiente manutenção (TOLDERLUND, 2012 e RAPOSO, 2013) podem dar origem a
anomalias como fendilhação ou colapso do suporte, perfuração ou decomposição da impermeabilização, obstrução ou
colmatação das camadas drenantes e filtrantes, encharcamento e erosão do substrato ou infestação de vegetação
oportunista e morte ou queda da vegetação ( FLL, 2008; NTJ 11C, 2012; MORGADO, 2012; RAPOSO, 2013; PALHA, 2012;
TOLDERLUND, 2010 e ALVES, 2013).
De uma forma genérica, é necessária a regular manutenção e inspeção das membranas nos diversos pontos críticos e
vários elementos estruturais da cobertura, bem como alguns cuidados como irrigação, fertilização, poda e replantio
(TOLDERLUND, 2010). No entanto, é de salientar que uma correta escolha e distribuição das espécies de plantas na área
de cobertura reduz drasticamente os requisitos de manutenção, garantindo a sua sustentabilidade.
Este capítulo pretendeu sistematizar a informação disponível sobre a tecnologia, anomalias e ações de manutenção em
coberturas verdes por forma a servir de base para o desenvolvimento de uma análise comparativa dos casos de estudo
apresentados no capítulo 3.
50
51
3. Casos de estudo
3.1. Considerações gerais
Neste capítulo pretende-se analisar vários casos de estudo em Portugal no que respeita aos sistemas construtivos
aplicados em coberturas verdes, anomalias mais correntes e técnicas de manutenção aplicadas.
Essa análise pretende corelacionar a ocorrência de anomalias específicas, tendo em conta o clima português, com as
soluções de sistemas construtivos executadas e as operações e periodicidades de manutenção asseguradas.
3.2. Proposta da ficha de inspeção
Para se proceder a essa análise comparativa foi desenvolvida uma ficha de inspeção genérica, com base na pesquisa
desenvolvida no capítulo 2, que permita o registo dos dados mais relevantes sobre a cobertura verde.
A ficha de inspeção apresenta-se dividida em três partes essenciais:
Dados de identificação do edifício e da cobertura
Constituintes do sistema de cobertura verde, anomalias e causas prováveis
Ações de manutenção e periodicidade das visitas
À semelhança de uma "checklist", a ficha de inspeção que se apresenta dividida nas tabelas 3.1, 3.2 e 3.3 apresenta as
opções mais comuns tendo em conta a pesquisa do capitulo 2. Desta forma pretende-se facilitar o preenchimento aquando
da inspeção, com a seleção das opções que se aplicam à cobertura inspecionada.
Tabela 3.1 - Proposta de Ficha de inspeção - Dados de identificação
O cabeçalho dos dados de identificação, tabela 3.1, está reservado para a informação relativa à ficha em si, a sua
numeração, data e técnico responsável pelo preenchimento. Também deverão ser identificadas as condições atmosféricas
do dia da inspeção, pois irão influenciar o estado da cobertura durante a inspeção. Nos dados de identificação do edifício e
cobertura, para além da caracterização local, temporal e dimensional do edifício e cobertura, foi sistematizada uma listagem
de fatores específicos condicionantes do desempenho da cobertura verde, como já tinha sido aferido no capítulo anterior.
Em cada camada são listadas na forma de "checklist" anomalias comuns e causas prováveis por forma a serem marcadas
as anomalias detetadas e as suas causas prováveis durante a inspeção. Apesar de estarem listadas na ficha algumas
anomalias das camadas intermédias, verificou-se ser inviável estas serem analisadas na inspeção visual executada nestes
casos de estudo por falta de acesso.
52
Tabela 3.2 - Ficha de inspeção - Sistema construtivo, anomalias e causas prováveis
53
A tabela 3.3, parte final da ficha de inspeção referente à manutenção da cobertura verde, pretende não só identificar as
operações de manutenção aplicadas com base numa lista de ações já identificadas no capítulo anterior, como registar a
periodicidade das visitas, tendo em conta a fase de manutenção em que se encontra, reservando-se ainda uma área para o
registo de eventuais intervenções anteriores de reparação, restauro ou reabilitação.
Tabela 3.3 - Ficha de inspeção - Caracterização de manutenção
Com base no preenchimento da ficha de inspeção proposta pretendeu-se reunir toda a informação necessária para
proceder à análise comparativa dos casos de estudo.
3.3. Inspeção de coberturas verdes
A informação recolhida para a análise dos casos de estudo foi obtida através de inspeções visuais com registo fotográfico
na qual se procedeu ao preenchimento da ficha de inspeção proposta. Paralelamente, foi recolhida informação dos autores
do projeto, instaladores ou técnicos responsáveis da manutenção por forma a completar as fichas acima apresentadas.
Com o objetivo de ter uma caracterização abrangente de casos em Portugal, e tendo em conta a variante climática entre o
Norte e Sul do país, foram analisados aproximadamente metade dos casos de estudo na região Norte do país e os
restantes na região de Lisboa e vale do Tejo.
3.3.1. Caracterização geral das coberturas inspecionados
Foram visitadas onze coberturas verdes inseridas em edifícios de habitação, serviços/comércio ou equipamento, sendo 45%
deles espaços privados e 55% espaços públicos.
O caso de estudo I, no Porto, corresponde a uma cobertura verde intensiva plana com cerca de 800m², sobre um
estacionamento enterrado anexo de uma moradia unifamiliar. O cliente pretendia que essa cobertura fosse o prolongamento
contínuo do jardim envolvente, com modelação do terreno e vegetação semelhante ao jardim original.
A cobertura encontra-se ao nível térreo sendo o seu acesso feito pelo exterior. Os desafios de especificação e execução
desta cobertura incidiram sobre a fronteira e transição entre o terreno natural e a cobertura verde, e a modelação acentuada
54
em alguns pontos da cobertura. A visita foi feita em Dezembro de 2013, num dia com chuva sendo que esta se encontrava
na fase final de instalação. Não houve autorização para efetuar qualquer registo fotográfico.
O caso de estudo II, em Vila Nova de Gaia, diz respeito à cobertura verde extensiva plana do anexo da piscina interior da
moradia unifamiliar. A cobertura, com cerca de 250m², está elevada um piso e é acessível diretamente por escadas
exteriores. Esta cobertura verde foi executada em paralelo com a construção da moradia, em 2010. A inspeção foi efetuada
em Dezembro de 2013, num dia com chuva, e o registo fotográfico foi autorizado apenas em detalhes da cobertura (fig.3.1).
Os casos de estudo III e IV situam-se em duas coberturas na mesma moradia unifamiliar, localizada no Porto. Ambas foram
instaladas em simultâneo com a construção do edifício em 2011. O acesso a estas coberturas é feito pelo interior do
edifício, que tem dois pisos elevados e um piso enterrado. A cobertura III, com 250 m², corresponde ao terraço no último
piso, sendo uma cobertura verde semi-intensiva plana não acessível. A cobertura verde IV do tipo intensivo, plana e não
acessível, localiza-se ao nível do piso térreo sobre o acesso do estacionamento no piso enterrado. Estas inspeções foram
efetuadas em Dezembro de 2013, num dia com chuva, e o registo fotográfico foi autorizado apenas em detalhes da
cobertura (fig.3.1).
Estas quatro coberturas foram visitadas com o acompanhamento do engenheiro instalador das coberturas verdes e atual
responsável pela manutenção das mesmas.
Fig. 3.1 - Registo fotográfico das coberturas verdes II, III e IV, respetivamente.
O caso de estudo V, em Cascais, diz respeito à cobertura de uma moradia unifamiliar com um piso parcialmente elevado.
Trata-se de uma cobertura verde intensiva plana com cerca de 400m². Tirando partido do declive do terreno, a cobertura
termina de nível com o terreno envolvente, sendo acessível diretamente pelo exterior. Esta cobertura foi instalada em
paralelo com a construção da moradia, em 2008. A inspeção foi efetuada em Junho de 2014, num dia com sol (fig.3.2).
Fig. 3.2 - Registo fotográfico das coberturas verdes V e VI, respetivamente. Cobertura VI [W27]
O caso de estudo VI diz respeito ao condomínio aberto Alto dos Moinhos, dois quarteirões de blocos habitacionais, com
comércio, equipamentos ao nível térreo e estacionamento enterrado (fig.3.2). A cobertura verde intensiva com uma suave
55
inclinação, compreendida sobre o estacionamento, localiza-se em toda a área interior do quarteirão sendo este espaço
público acessível através dos arruamentos envolventes.
O caso de estudo VII diz respeito à praça de Lisboa, no Porto, também conhecida como Passeio dos clérigos, um projeto de
reabilitação premiado construído em 2012 (fig.3.3). A cobertura do edifício comercial foi aproveitada para espaço público,
tirando partido do declive natural do terreno, criando para tal uma cobertura verde intensiva inclinada acessível. A inspeção
foi efetuada em Dezembro de 2013, num dia com sol e véspera com chuva, e o registo fotográfico foi efetuado sem
qualquer restrição. No entanto, toda a informação sobre o projeto da cobertura e construção do edifício foi recolhida apenas
através de elementos disponíveis na internet, visto que as entidades competentes não facultaram qualquer informação
técnica.
O caso VIII, as coberturas verdes intensivas planas do Centro Cultural de Belém, construídas em 1990 e com cerca de
5700 m², constituem o exemplo mais antigo em estudo (fig.3.3). Este espaço público com acesso pelo exterior foi visitado
duas vezes. A primeira em Fevereiro de 2014, num dia com sol, onde foi executada a inspeção visual e o registo fotográfico
da cobertura. Na segunda visita, em Março, inspecionou-se o piso inferior à cobertura, de estacionamento, após o
engenheiro responsável pela manutenção ter facultado informação técnica.
O caso de estudo IX diz respeito à cobertura do Centro Cultural do Bom Sucesso, em Alverca do Ribatejo, um projeto
construído em 2008. A cobertura foi aproveitada para espaço público, tirando partido da diferença de cotas entre ruas. Para
tal, foi criada uma cobertura verde intensiva inclinada acessível com ligação aos arruamentos envolventes. Tendo em conta
a elevada profundidade de substrato, vários técnicos que prestaram informações não consideram esta uma cobertura verde,
com as suas exigências de manutenção particulares, mas sim um edifício enterrado no declive de terreno com vegetação,
como se de um jardim público convencional se tratasse. A inspeção realizou-se em Junho de 2014, num dia com sol. O
registo fotográfico foi efetuado sem qualquer restrição, mas as entidades competentes não forneceram toda a informação
técnica solicitada sobre a manutenção atual, tendo sido recolhida apenas parcialmente por elementos disponíveis na
internet sobre o projeto e construção do edifício e elementos fornecidos pelos instaladores da cobertura.
O caso de estudo X corresponde à cobertura verde semi-intensiva plana na estação da Trindade do Metro do Porto. Esta
cobertura concluída um ano após a construção da estação em 2005 é acessível a pessoas, sendo um espaço público com
3208 m² (fig. 3.5). A inspeção foi realizada em Dezembro de 2013, num dia com sol e véspera com chuva, e o registo
fotográfico foi efetuado sem qualquer restrição, sendo a restante informação técnica fornecida pela equipa técnica
responsável pela manutenção.
Fig. 3.3 - Registo fotográfico das coberturas verdes VII e VIII, respetivamente. Cobertura VII [W28]
56
O caso de estudo XI corresponde à cobertura verde semi-intensiva da ETAR de Alcântara, em Lisboa. Esta cobertura com
inclinações variáveis, executada em 2011, está elevada um piso cobrindo os 24300 m² sobre o edifício de escritórios e
estacionamento. É acessível para manutenção através de uma área de cobertura verde relvada inclinada que liga ao nível
térreo (fig.3.5). A inspeção foi efetuada em Junho de 2014, num dia com sol, e o registo fotográfico foi efetuado sem
qualquer restrição, sendo a restante informação técnica fornecida pelo técnico responsável pela manutenção ou recolhida
em anteriores teses como a de PRATES (2012).
Fig. 3.5 - Registo fotográfico das coberturas verdes X e XI, respetivamente.
A tabela 3.4 apresenta o resumo das características gerais dos edifícios e coberturas verdes visitadas.
Como se pode observar:
73% das coberturas verdes visitadas têm menos de 4 anos em serviço
64% da coberturas verdes têm áreas superiores a 500m², sendo de destacar o caso da ETAR de Alcântara com
uma área superior a 20 000 m²
55% são coberturas em edifícios habitacionais. No entanto, apenas em metade desses casos se trata da
cobertura efetiva de espaços habitáveis
27% dos casos são coberturas verdes inclinadas
No que respeita às cotas da cobertura verde, apesar de só 3 casos serem assumidamente de nível com a
envolvente, outras 3 tiram partido dos declives do terreno por forma à cobertura verde poder ser acedida de nível
com a cota da via envolvente em algum ponto.
64% dos casos são coberturas verdes intensiva, a solução mais aproximada a um jardim convencional
Pode-se ainda acrescentar que o ano de execução da cobertura verde coincide com a construção do edifício em todas as
coberturas exceto a da estação do Metro da Trindade que terá sido concluída no ano seguinte, pelo que se pode concluir
que nesta amostragem não existem casos de reabilitação de edifícios com a inclusão de coberturas verdes.
Fig. 3.4 - Registo fotográfico das coberturas verdes IX.
57
Tabela 3.4 - Identificação e síntese das características gerais dos casos de estudo
3.3.2. Caracterização dos sistemas construtivos
Como já foi referido, a recolha da informação sobre as camadas constituintes das coberturas verdes em estudo, em
particular as camadas interiores, só foi possível através de registos fornecidos pelos instaladores, arquitetos ou
construtores, existindo alguns casos em que não foi fornecida tal informação.
Verificou-se que os sistemas aplicados nos casos de estudo são maioritariamente soluções atuais e correntes, com a
aplicação de todas as camadas necessárias na ordem correta. Na tabela 3.5 apresenta-se um resumo comparativo dos
Nº Nome e Localização Ano construção Área Função Posição Tipo de da cobertura m² Ed. Cob. cobertura verde
I Moradia unifamiliar
Porto 2013 800 H ES
II Moradia unifamiliar
Vila Nova de Gaia 2010 250 H EQ
III Moradia unifamiliar
Porto 2011 250 H H
IV Moradia unifamiliar
Porto 2011 3 H H
V Moradia unifamiliar
Cascais 2011 384 H H
VI Condomínio Alto dos Moinhos
Lisboa 2011 3130
H C
EQ
ES
VII Praça de Lisboa
Porto 2012 4500 C C
VIII Centro Cultural de Belém
Lisboa 1990 5700 EQ ES
IX Centro Cultural do Bom Sucesso
Alverca do Ribatejo 2008 2700 EQ EQ
X Estação do Metro da Trindade
Porto 2006 3208 S S
/
XI ETAR de Alcântara
Lisboa 2011 24300 S
ES
S
LEGENDA:
FUNÇÕES H- Habitação; EQ - Equipamento; S - Serviço; C- Comércio; ES - Estacionamento
TIPO DE COBERTURA VERDE
Intensiva semi-intensiva extensiva
Intensivo semi-extensivo extensivo
POSIÇÃO DA COBERTURA VERDE NO
EDÍFÍCIO
Elevada plana Elevada inclinada Térrea plana Térrea inclinada
58
sistemas construtivos de todas as coberturas. Para tal foram ordenadas numericamente desde o suporte até à vegetação
todas as camadas que constituem o sistema de cada caso de estudo. Como se pode observar o sistema construtivo do
caso de estudo II, tem a estrutura em betão (1), sobre esta foi aplicada a camada de impermeabilização com características
anti-raízes (2), seguida da proteção da impermeabilização (3) e do isolamento térmico (4). Sobre este foi colocado um filtro
hidrófobo (5), telas pitonadas como camada drenante (6) e sobre estas a camada filtrante (7). A cima desta foi colocado o
substrato técnico (8) e a vegetação (9) constituída por suculentas.
Tabela 3.5 - Caracterização dos sistemas construtivos aplicados nos casos de estudo
Camadas
Coberturas I II III IV V VI VII VIII IX X XI
Vegetação
arbustos ❾
❾ ❾ ❽ ❾ ❼ ❿ ❻ ❼
árvores ❾
❾ ❽ ❾ ❼ ❿ ❻ ❼
relva ❾
❽ ❾ ❼ ❿ ❻ ❼
suculentas
❾ ❾
❻
herbáceas
❾ ❽ ❾
❼
Substrato natural
❾ ❺
técnico ❽ ❽ ❽ ❽ ❼ ❽ ❻
❻ ❻
Camada de enchimento para modelação terreno
Poliestireno expandido ❻
Betão leve e alvenaria sobre betonilha de assentamento
❹
Camada filtrante
❺ ❼ ❼ ❼ ❻ ❼ ❺ ❽ ❹ ❺ ❺
Camada drenante
telas pitonadas ❹ ❻ ❻ ❻
material granular
❺ ❹ ❺❼ ❸❺ ❹ ❹
tapete poroso
Filtro hidrófobo
❼ ❺ ❺ ❺ ❹
Proteção da impermeabilização
❸ ❸ ❸ ❸ ❸ ❹ ❹
❸
Proteção anti-raízes
❻ ❺
❸
Camada de impermeabilização
sem características anti-raízes
❷ ❷ ❷
❷ ❷
com características anti-raízes
❷ ❷ ❷ ❷ ❷ ❷
Isolamento térmico
❹ ❹ ❹ ❸ ❸ ❸
Barreira para-vapor
Betonilha armada
❻ ❻
Estrutura/ suporte
betão ❶ ❶ ❶ ❶ ❶ ❶
betão e metálica
❶
Betão, camada de forma ou de regularização
❶ ❶ ❶
❶
Sistema de rega
gota a gota ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
aspersão ●
● ● ● ● ●
manual ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
O sistema construtivo aplicado nas primeiras quatro coberturas é similar, visto estas coberturas terem sido instaladas com
soluções do mesmo fabricante. Neste sistema pode-se destacar a aplicação da camada drenante com telas pitonadas, que
desempenham a função de drenagem e retenção da água em simultâneo assim como a aplicação de um filtro hidrófobo
59
sobre o isolamento térmico para agilizar o escoamento das águas.
O caso de estudo I difere dos restantes três nos seguintes pontos:
não tem camada de isolamento térmico, visto tratar-se da cobertura de um espaço sem requisitos térmicos -
estacionamento.
solução construtiva adaptada para garantir a modelação pretendida do terreno sem sobrecarregar a estrutura.
Para tal, foram colocados blocos de poliestireno expandido com várias alturas e um afastamento entre si de
15 cm, preenchido com argila expandida para facilitar o escoamento.
foi executada a ancoragem das árvores de médio porte, evitando a sua queda por ação do vento. Para tal, foram
colocados painéis de malha metálica por baixo da camada de substrato aos quais as árvores foram amarradas.
Esses painéis ficam estabilizados com o peso do substrato sobre eles.
como já foi referido, pretendia-se que esta cobertura verde ligasse em contínuo com o jardim natural envolvente.
Para tal, foi criada uma vala profunda em todo o perímetro da cobertura com caleira de drenagem para evitar que
o solo natural e as águas do jardim envolvente invadissem e se misturassem com o substrato técnico da cobertura
verde.
o sistema de rega gota a gota enterrada, presente nas outras três coberturas, foi complementado nesta cobertura
com sistema de rega por aspersão na área relvada
Relativamente à cobertura verde II, apresenta-se o registo fotográfico da sua instalação na fig.3.7. Esta cobertura não foi
projetada para ser acessível a pessoas, sendo previsto um percurso para manutenção com telas de proteção, de acordo
com as indicações já descritas nas normas FLL (2008) e NTJ (2012).
Fig. 3.7 - Registo fotográfico da execução da cobertura verde II. [W29]
Nas coberturas II e III, por exigência do cliente, não foram considerados os afastamentos recomendados nas diretrizes FLL
(2008) e NTJ (2012) da vegetação aos perímetros e elementos emergentes com seixo rolado. Na cobertura II, a platibanda
foi executada elevada cerca de 15 cm acima na camada de substrato. No entanto, as telas de proteção da
impermeabilização e tela filtrante não surgem acima da camada de vegetação. Na cobertura III, a solução de platibanda
concebida com um capeamento largo em zinco permitiu a elevação oculta e remate das telas apesar desta estar pouco
elevada em relação à camada de vegetação.
Na solução construtiva da cobertura verde V, uma cobertura invertida caracterizada por pequenas modelações de terreno e
camada drenante com material granular, salienta-se a opção de sistema de drenagem externo ao sistema de cobertura
60
verde, que revela vantagens claras de fase de inspeção e manutenção.
A caleira de drenagem percorre um perímetro exposto externo ao perímetro de vegetação. Nesta solução, como se pode
observar na figura 3.8, fica visível todo o percurso de caleira bem como as entradas para os tubos de queda com ralos de
pinha. Esta cobertura também tem, para além de percursos pedonais, áreas de deck com banco para permanência. O
sistema de rega automática gota a gota é complementado com pontos de rega manual encastrados no substrato em caixas
de visita (fig. 3.8).
Fig. 3.8 - Registo fotográfico de sistema de drenagem e rega da cobertura V
O caso de estudo VI, como se pode observar na figura 3.9, é uma solução de espaço público que reproduz um jardim
natural, com modelação de terreno, árvores e vegetação variadas e espelhos de água, tendo diversos percursos pedonais.
A solução aplicada foi adaptada à modelação de terreno pretendida, sendo para tal aplicada uma camada de enchimento de
betão leve e alvenarias. Sobre essa camada foi aplicado ainda um reforço com betonilha e telas anti raízes e sobre estes a
camada de substrato e vegetação.
Fig. 3.9 - Registo fotográfico da cobertura verde VI
No caso de estudo VII existe o registo fotográfico da execução da cobertura, apesar de não existir informação a confirmar
as características de cada camada. Como se pode observar na fig. 3.10, após a colocação da impermeabilização foi
considerado um reforço sob as árvores. Sobre a impermeabilização foi colocado isolamento térmico, pelo que se pode
concluir que se trata de uma cobertura invertida.
No caso de estudo mais antigo, de 1990, cobertura verde VII, foi aplicada uma solução menos convencional na qual se
podem destacar três particularidades:
aplicação de um geotêxtil de proteção da impermeabilização, acima do isolamento térmico, em vez de ser
aplicado diretamente sobre a tela de impermeabilização.
aplicação de uma betonilha armada com 5 cm de espessura no meio da camada drenante, composta por argila
expandida solta. Essa betonilha poderá desempenhar a função de proteção anti-raízes.
aplicação de terra vegetal em vez de substrato técnico.
Relativamente à cobertura IX, não foi obtida na íntegra informação sobre as características de todas as camadas que
61
constituem a sistema construtivo. Através da consulta de registos fotográficos da execução da cobertura verde fornecidos
pelos instaladores, verificou-se que sobre a camada de impermeabilização foi colocada uma camada drenante de material
granular (argila expandida) seguida de uma tela filtrante geotêxtil, sobre a qual foi colocado o substrato. Neste caso, com
base nos elementos disponíveis, não ficou claro que tenha sido aplicado substrato técnico. Salienta-se também que não foi
aplicada nenhuma tela de proteção da impermeabilização, o que pode ter originado perfurações logo na fase de obra.
Fig. 3.10 - Registo fotográfico da execução da cobertura verde VII. [W30]
O caso de estudo X, cobertura da estação de metro do Porto, é caracterizada pelo plano relvado e um percurso pedonal em
calçada a ligar o edifício à rua envolvente. Tem dois acessos previstos, um através da rua e outro através dos elevadores e
escadas do edifício. Foi aplicado material granular como camada drenante e como a solução de relvado confere maiores
exigências ao nível de rega foi considerado sistema de aspersão, tendo profundidades superiores de substrato
comparativamente a uma cobertura verde extensiva.
A extensa cobertura não acessível da ETAR de Alcântara, caso de estudo XI, é caracterizada pela grande diversidade de
vegetação autóctone composta por áreas delimitadas de várias cores e densidades. Nesta cobertura verde foi aplicado o
sistema de rega gota a gota, com reaproveitamento das águas tratadas da ETAR. Nos pontos mais altos da cobertura, por
questões de segurança nas operações de manutenção, foram previstas linhas de vida. No entanto, não foram considerados
quaisquer afastamentos da vegetação e substrato aos limites perimetrais ou elementos emergentes, nem foi considerado
qualquer percurso para manutenção.
Analisando o conjunto de casos de estudos, verifica-se que:
100% das coberturas verdes são sistemas construtivos de multi‐camada. Como refere o FLL (2008), estes
consistem na aplicação dessas camadas individualmente.
55% das coberturas têm camada de isolamento térmico, sendo que todas elas seguem a solução de cobertura
invertida
100% das coberturas tem incluída uma camada filtrante
73% considerou uma camada de proteção das telas de impermeabilização, sendo que das 3 coberturas que não a
aplicaram, uma poderá ser essa função salvaguardada com o isolamento térmico aplicado contiguo a esta.
62
Com base na pesquisa desenvolvida no subcapítulo 2.2, que sistematizou a tecnologia, sistemas envolvidos e cuidados de
conceção e execução das coberturas verdes, apresenta-se na tabela 3.6 uma análise comparativa sobre o cumprimento e
aplicação desses requisitos nos casos de estudo. A classificação "cumpre parcialmente" foi aplicada em casos nos quais os
parâmetros ou medidas não foram aplicadas em toda a extensão da cobertura verde ou não foram aplicadas na posição
correta. Nas "camadas indicadas" a previsão de proteção anti-raízes foi classificada de "cumpre parcialmente" nas
coberturas V e VIII, visto que no primeiro caso esta camada foi considerada mas não foi colocada logo acima da camada de
impermeabilização como recomendado. No caso VII apesar de não ter sido especificada este camada foi considerada uma
betonilha armada no meio da camada drenante que poderá desempenhar essa função. Nos "pontos singulares", foi
considerado que a cobertura III, no que respeita às elevações mínimas cumpre parcialmente, porque apesar de estarem
elevadas acima da camada de substrato como é recomendado não são elevadas à altura recomendada. Na cobertura X o
afastamento mínimo da vegetação e substrato não foi considerado na totalidade do perímetro da cobertura, sendo por essa
razão considerado que "cumpre parcialemente". Nos pontos relativos à proteção para manutenção refere-se que na
cobertura VII existem vedações que "cumprem parcialmente", visto que não dão proteção a toda a área de vegetação a ser
tratada. No entanto, não existindo linhas de vida, é possível ser colocado, arnês e cabos de segurança na vedação como
recurso, mas certamente que não será a solução mais adequada. Na cobertura XI, não foram consideradas linhas de vida
para colocação de arnês na totalidade da área da cobertura verde.
Tabela 3.6 - Análise comparativa do cumprimento e aplicação nos casos de estudo das indicações estudas no capitulo 2
Camadas indicadas Coberturas I II III IV V VI VII VIII IX X XI Substrato técnico ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▼ ▼ ▲ ▲
Camada filtrante ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲
Camada drenante ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ? ▲ ▲ ▲ ▲
Proteção anti-raízes: incorporada ou não na impermeabilização ▲ ▲ ▲ ▲ ► ▲ ? ► ▲ ▼ ▲
Proteção da tela de impermeabilização ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ? ▲ ▼ ▲ ▼ Camada de impermeabilização ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲
Sistema de drenagem
Mínimo de um tubo de queda e um tubo ladrão ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲
Com caixas de visita para inspeção ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲
Sistema de irrigação
Mínimo de um ponto de água na cobertura ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲
Sistema de rega previsto ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲
Pontos singulares
Afastamento mínimo de 15-30 cm dos perímetro da cobertura - ▼ ▼ ▼ ▲ - ▲ ▲ ▼ ► ▼ Afastamento mínimo de 15 cm dos elementos emergentes ▲ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ - ▼ Afastamento mínimo de 15 cm das caixas de visita ▲ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ Elevações mínimas das telas nos perímetros e pontos singulares ▲ ▼ ► ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ Acessibilidades para manutenção da cobertura
Percurso para manutenção ▼ ▲ ▼ ▼ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▼ Acesso por meio de escadas, elevadores, rampas ou de nível ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ Relação de número de acessos / área de cobertura verde ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▼ Proteção para manutenção da cobertura
Estruturas de proteção a acidentes de quedas em coberturas acima de 3 m: - ▼ ▼ ▼ ▼ -
linha de vida para arnês
►
platibandas ou vedações
► ▲ ▲ ▲ afastamento de 2 m ao limite da cobertura
LEGENDA: ▲ cumpre na totalidade ► cumpre parcialmente ▼ não cumpre - não se aplica ao caso de estudo ? sem informação
disponível
Observando a distribuição de cores nas tabela 3.6 é percetível que de uma forma geral são cumpridas as indicações sobre
a previsão de todas as camadas constituintes e sistemas necessários. O fator onde a maioria dos casos de estudos não
63
cumpre diz respeito ao tratamento dos pontos singulares no que respeita ao afastamentos mínimos da vegetação e
substrato. Em termos de acessibilidade para ações de manutenção, de uma forma global foram previstas formas
adequadas de acesso, no entanto não foram previstos percursos para manutenção em todas elas. A relação entre o número
de acessos por área de cobertura é um fator pouco considerado na bibliografia pesquisada, mas que se revela determinante
na facilidade e viabilidade das ações de manutenção. Esta questão foi evidente na cobertura da ETAR de Alcântara que tem
previsto uma única forma de acesso através de uma rampa relvada para a área de 24300 m², sendo que por layout da
arquitetura foram concebidos rasgos em áreas da cobertura, que impossibilita a passagem de uma zona para outra, senão
contornando centenas de metros, como se pode observar na figura 3.11. Esta relação reflete-se grandemente na facilidade
de manutenção visto que um técnico demora demasiado tempo para percorrer um extremo da cobertura até à rampa de
acesso. Para minimizar o impacto dessa opção de projeto já foi prevista uma ponte que permite justamente esse
atravessamento, como se pode observar na figura 3.11. No entanto revela-se insuficiente, pelo que está agendada uma
revisão ao projeto para a conceção de mais atravessamentos e formas de acesso.
Ainda no caso XI, por opção arquitetónica, não foram previstos elementos construtivos como platibandas ou vedações. Para
minimizar o perigo de queda em particular nas áreas de cobertura mais inclinadas foram aplicadas linhas de vida nas
laterais mais elevadas, para utilização de cabos e arnês. No entanto, essa solução revela-se impraticável tendo em conta a
altura da vegetação que bloqueia os cabos impedindo os trabalhadores se deslocarem na cobertura.
Uma conclusão que se retira é que na generalidade por questões estéticas não são consideradas proteções contra quedas
a menos que tenham obrigatoriedade legal, sendo evidente a diferença entre edifícios de caracter privado, como habitação
e os edifícios ou espaços públicos.
Fig. 3.11 - Registo fotográfico da execução da cobertura verde XI
3.3.3. Caracterização das anomalias detetadas e causas possíveis
As anomalias detetadas nas inspeções ou pelos utilizadores ao longo do tempo de vida útil incidem essencialmente nas
camadas mais expostas e visíveis. Este facto é justificado não apenas por serem as camadas mais expostas aos agentes
agressores, mas por serem as únicas visualmente acessíveis. Como se pode observar na figura 3.12, a camada de
vegetação apresenta 28% do total de anomalias detetadas seguido do sistema de drenagem com 24%.
Na tabela 3.7 apresenta-se a lista das anomalias identificadas nos diversos casos de estudo. Como se pode observar, a
principal anomalia detetada na camada de vegetação foi morte parcial da mesma (fig. 3.13). As causas prováveis dessa
anomalia, diferem de caso para caso sendo:
no caso de estudo III devido à presença de fungos radiculares
no caso de estudo V devido a doença
64
nos casos de estudo IX e X devido pisoteio excessivo de pessoas sobre a vegetação
no caso da cobertura XI, parte devido pragas e doenças e em algumas áreas devido à plantação da vegetação
demasiado à superfície do substrato, deixando as raízes expostas ao vento.
Fig.3.12 - Gráfico percentual de anomalias inspecionados nos casos de estudo
Tabela 3.7 - Identificação das anomalias detetadas.
Camadas Coberturas Anomalias
I II III IV V VI VII VIII IX X XI
Vegetação Morte (5% da área) ● ● ● ● ● Vegetação infestante ● ●
Substrato Retração ● Encharcamento ● ●
Estrutura/ suporte
Empolamento NA NA NA NA NA NA ● NA
Humidades/infiltrações NA NA NA NA NA NA ● NA
Sistema de drenagem
Caixas de visita cobertas com vegetação
● ●
Permanência de água nas caleiras
●
Acumulação de resíduos/sujidade nas caleiras
●
Entupimentos ● ●
Sistema de remates
Descolamento dos remates ●
Teto contíguo Infiltrações/humidades ●
Empolamentos ●
Percursos Fissuração/fendilhação ● ●
Vegetação parasitária ●
Sistema de rega
Saídas de água partidas/vandalizadas
●
LEGENDA: NA sem acesso autorizado
Relativamente ao substrato, as duas anomalias apontadas devem-se a condições atmosféricas extremas. No caso do
estudo II, a retração deveu-se à exposição por um período excessivamente longo ao calor sem chuva ou rega. No caso de
estudo VII, o encharcamento deveu-se a um período excessivamente longo e intenso de chuva.
Na cobertura XI também foi detetado encharcamento do substrato no nível mais baixo da cobertura inclinada, como se pode
observar na figura 3.14. Esse encharcamento surge devido à conceção incorreta do sistema de drenagem, prevendo os
28%
12%
8% 24%
4%
8%
12% 4%
vegetaçao
substrato
suporte
sist. Drenagem
remates
tetos
percursos
rega
65
tubos de queda acima desse nível.
Fig. 3.13 - Registo fotográfico da anomalia morte da vegetação em 5 casos de estudo.
Coberturas III, V, IX, X e XI respetivamente
O entupimento das caleiras é a anomalia mais comum nos sistemas de drenagem, sendo a sua causa provável a deposição
de calcário ou detritos associado a inspeções e limpezas insuficientes na fase de manutenção.
Em alguns dos casos de estudo verificou-se a presença de vegetação sobre as caixas de visita que dificulta as inspeções e
pode levar ao entupimento dos ralos e tubos de queda (fig.3.14).
Na cobertura V, foi possível fazer inspeção visual às caleiras visto estas serem exteriores. Nelas foram detetadas deposição
de detritos e permanência de água nas caleiras, como se pode observar na figura 3.14.
No sistema de remates foi identificada apenas uma anomalia, o descolamento das telas de impermeabilização nos
elementos emergente da cobertura II, sendo a sua causa provável a exposição excessiva direta aos raios UV (fig. 3.15) ou
má execução da colagem desses remates. No que respeita aos percursos inspecionados, foram detetadas anomalias em 2
coberturas: fissurações e vegetação infestante (fig. 3.15).
No caso da cobertura verde do CCB foram identificadas anomalias ao nível do suporte e teto contíguo como empolamento,
infiltrações e manchas de humidade perto das juntas de dilatação devido à presença da água vinda da cobertura. Estas
existem há alguns anos sendo as causas mais prováveis a má execução ou perfuração da impermeabilização,
eventualmente sobre as juntas de dilatação. As anomalias evidenciam-se nas juntas de dilatação, mas dado a incerteza do
local da perfuração, quaisquer ações corretivas exigem a remoção de todas as camadas em toda a extensão da cobertura,
o que as torna demasiado onerosas. Para minimizar essas anomalias a solução adotada foi a instalação de "pratos" de
recolha das águas ao nível do teto do estacionamento, sendo aí encaminhado para a rede de águas residuais. Dever-se-á
Fig. 3.14 - Registo fotográfico das anomalias: Encharcamento da cobertura XI; Caixas de visita cobertas com vegetação nas
coberturas II e IX; Acumulação de resíduos/sujidade nas caleiras e permanência de água nas caleiras na cobertura V
Fig. 3.15 - Registo fotográfico das anomalias: Descolamento de remates na cobertura III; Percursos com fissuração nas
coberturas VI e IX; Vegetação parasitária nos percursos pedonais na cobertura IX
66
questionar as consequências ao nível da estrutura de betão da cobertura em contacto permanente com água.
3.3.4. Caracterização das técnicas de manutenção aplicadas
Todas as coberturas visitadas têm manutenção regular, programada ou com equipas permanentes de jardinagem que vão
controlando e procedendo às operações de manutenção de forma continuada.
Na tabela 3.7 apresenta-se uma caracterização comparativa das operações de manutenção aplicadas.
A visita à cobertura verde I ocorreu no final da instalação do sistema de cobertura verde com a vegetação pré-plantada, daí
se justifica não existir registo de operações de manutenção. No entanto, o técnico instalador encarregue da manutenção
prevê 29 visitas anuais seguindo ações similares às aplicadas na cobertura verde 4, ambas coberturas intensivas.
As coberturas I e III exigem menor periodicidade de visitas visto se tratarem de coberturas verdes do tipo extensivo e semi-
intensivo.
Três das coberturas têm manutenção permanente, com a presença diária de um técnico de jardinagem e a cobertura V
recebe 2 a 3 visitas semanais de um técnico de jardinagem que também executa a manutenção do jardim envolvente.
Não foi possível obter mais informação sobre as operações de manutenção nas coberturas VII e IX, para além das
operações evidentes e visíveis aquando da visita.
Tabela 3.7 - Caracterização das ações de manutenção e periodicidade de visitas
Coberturas Periodicidade
I II III IV V VI VII VII IX X XI
Número de visitas/ ano 29 4 4 12-29 130 365 - 365 - 52 365
Operações de manutenção
Inspeção técnica
● ● ● ●
Limpeza
● ● ● ● ●
Adição de substrato de adição
●
Poda/desbaste/ aparo e corte de galhos
● ● ● ● ●
Fertilização
● ● ● ● ●
Eliminação da vegetação das superfícies sem substrato e zona de proteção sem vegetação
●
Eliminação de plantas infestantes
● ● ● ● ● ● ● ●
Inspeção e regulação do nível de água (sistema com reserva de água)
●
Controlo e limpeza dos equipamentos de drenagem
● ● ● ● ● ●
Rega
● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Replantação
● ● ● ●
Controlo de pragas e doenças
● ● ● ● ● ●
Escarificação/arejamento do substrato
● ●
Controlo e limpeza de elementos emergentes
● ●
Eliminação das plantas secas
● ● ● ● ●
Conservação das alvenaria ( rel. sistema de estanquidade)
● ●
Inspeção e regulação do sistema de rega e remoção de sujidade e depósitos nos pulverizadores
● ● ● ●
Reposição de proteção da superfície de substrato
● ●
67
3.4. Síntese de resultados
Apesar do número de casos analisados (11) não servir de amostragem estatísticas, podem-se retirar alguns resultados e
conclusões. Os casos de estudo analisados em Portugal, tiveram uma distribuição espacial de cerca de metade no Norte do
país e a restante na grande Lisboa, sendo cerca de metade espaços públicos.
É possível verificar que 73% das coberturas verdes visitadas são coberturas recentes, com menos de 4 anos em serviço, o
que corresponde essencialmente às primeiras duas fases de manutenção consideradas no FLL (2008) e NTJ 11C (2012) já
anteriormente explicadas. 64% da coberturas verdes têm áreas superiores a 500m², existindo 1 caso com uma área
superior a 20 000 m². 55% são coberturas verdes em edifícios habitacionais, sendo apenas 50% desses casos a cobertura
efetiva de espaços habitáveis, com requisitos térmicos. No que respeita à caracterização das cobertura verdes, 100% das
coberturas verdes são sistemas construtivos de multi‐camada, com aplicação das camadas individualmente, não existindo
um único caso de sistemas modulares. Pode-se verificar que 64% dos casos são coberturas verdes intensivas e 73% são
coberturas verdes planas. Em termos altimétricos, 55% das coberturas têm acesso de nível, direto parcial ou total através
dos limites envolventes.
No que respeita às camadas constituintes, é percetível que de uma forma geral são cumpridas as indicações sobre a
previsão de todas as camadas constituintes e sistemas necessários, destacando que:
55% tem camada de isolamento térmico, sendo que todas elas seguem a solução de cobertura invertida
100% tem incluída a camada filtrante
73% tem camada de proteção das telas de impermeabilização
No entanto, maioria dos casos de estudos não cumpre os requisitos recomendados nas diretrizes, no que diz respeito ao
tratamento dos pontos singulares, em particular nos afastamentos mínimos da vegetação e substrato. Em termos de
acessibilidade para ações de manutenção, de uma forma global foram previstas formas adequadas de acesso, no entanto
não foram considerados percursos para manutenção em parte delas.
Em termos de distribuição percentual de anomalias detetadas, a camada de vegetação é a mais afetada com 28%, seguida
do sistema de drenagem com 24% e do substrato e percursos com 12% cada.
Todas as coberturas têm manutenção regular, em particular nas operações de jardinagem, nas quais é evidente uma
postura de manutenção pró-ativa e preventiva. Ao nível da manutenção dos sistemas construtivos, como é o caso das
operações de inspeção técnica, inspeção e limpeza das caleiras e caixas de visita, inspeção do estado de conservação dos
remates nos elementos emergentes e a médio/longo prazo do estado de conservação das várias camadas, é adotada uma
postura de manutenção reativa. Essa postura é constatada quando são analisadas as anomalias mais recorrentes, de
entupimentos de caleiras e infiltrações.
Com base na análise destes resultados é possível tirar algumas conclusões genéricas.
As coberturas verdes são uma solução construtiva com cada vez mais aceitação em Portugal. A pesquisa de exemplos em
Portugal e a análise de alguns deles torna evidente essa afirmação, apesar de ser também percetível que essa aceitação
incide particularmente em coberturas do tipo intensivo. A solução é aplicada com o objetivo de reproduzir um jardim
convencional em áreas de coberturas expostas visualmente, com potencial de lazer e ligação a circulações envolventes.
Esse fator demonstra que até à data, em Portugal, o principal objetivo e requisito para as coberturas verdes recai na sua
vertente estética, ficando desprezadas outras potencialidades deste sistema construtivo.
Também é percetível que esta solução ainda é vista por parte dos clientes e projetistas como uma solução onerosa, com
um fator de risco intrínseco acrescido e com maiores exigências de manutenção comparativamente com uma cobertura
convencional. O fator de risco acrescido é visto por desconhecimento e desconfiança da qualidade de execução, associado
68
aos eventuais custos e transtornos consequentes de ações corretivas. Daí não ser estranho que a sua aplicação acabe por
incidir em edifícios públicos e de serviço com grandes áreas de coberturas, com maior controlo e exigência na qualidade
dos aplicadores dos sistemas e com equipas permanentes para posterior manutenção, ou em edifícios de habitação de
gama alta, essencialmente moradias unifamiliares, nas quais o custo não é um fator determinante e já está à partida
considerada uma manutenção regular em conjunto com os jardins envolventes a essas moradias.
3.5. Considerações finais
A análise de casos estudo desenvolvida neste capítulo, embora não tenha sido exaustiva em quantidade, pretendia ser
abrangente. Assim sendo, a seleção dos casos de estudo, contemplou todos os tipos de coberturas verdes nas diversas
tipologias de edifícios, ao longo do país mas ficou limitada a um número de 11 casos, não podendo deste modo servir de
amostragem estatística.
Esta análise de campo decorreu ao longo de 10 meses, tendo sido detetada alguma dificuldade em levar a cabo o estudo
do número pretendido de coberturas. Os casos de estudo exigiram não apenas uma inspeção visual à cobertura verde mas
também dados técnicos sobre os constituintes do sistema e as operações de manutenção, limitando o leque de casos. No
sector da habitação, os clientes que recorrem a estas soluções em moradia unifamiliares dão particular relevância a
questões de privacidade e anonimato, não autorizando a pesquisa. Nos casos que autorizaram, o proprietário não tinha
conhecimento relativo à constituição e características técnicas da sua cobertura verde, sendo necessário contactar
instaladores ou projetistas. Por outro lado, em coberturas verdes de edifícios públicos ou de serviços, apesar de terem o
acesso facilitado, foi bastante difícil estabelecer contacto por forma a obter todas as informações técnicas necessárias sobre
o sistema e a manutenção aplicados.
A metodologia proposta para a análise dos casos apresentados teve como base a elaboração de uma ficha de inspeção que
se pretendia expedita e concisa, recolhendo a informação mais relevante para se proceder à análise comparativa.
De uma forma geral, as coberturas verdes inspecionadas apresentam um bom estado de conservação, em particular ao
nível da última camada - vegetação. É percetível um nível de exigência de desempenho superior por parte dos utilizadores
para esta camada. Apenas um caso, a cobertura do centro cultural do Bom Sucesso, apresenta um cuidado menor de
manutenção da vegetação, com características de abandono.
Em relação ao nível construtivo constatou‐se que os sistemas instalados, apesar de diferentes entre si, com diferentes
soluções de camadas e adaptados às condicionantes específicas do projeto, estão coerentes e corretamente especificados.
No entanto, com este estudo não fica averiguada a sua correta instalação que pode contribuir para a ocorrência de
anomalias.
69
4. Proposta de requisitos no projeto e exigências de manutenção
4.1. Considerações gerais
Os projetistas tem um papel fundamental para o sucesso da solução de coberturas verdes, pois as suas opções vão
determinar a sobrevivência da vegetação e a viabilidade das operações de manutenção. É de salientar que os problemas
que advém de uma execução ou manutenção inadequadas são de tal ordem dispendiosos e difíceis de solucionar que é
essencial serem tomadas medidas na fase de conceção para os evitar.
Esta solução é vista com algumas dúvidas. Em particular, na forma mais correta de especificar a solução de forma a
garantir que a cobertura não apresente anomalias no futuro e mantenha o seu desempenho.
Parece correto concluir que em parte o entrave à proliferação da solução de coberturas verdes em Portugal incide nas
equipas de projetistas que têm dificuldade em especificar corretamente de forma a torna-la viável na fase de manutenção e
nos cliente que têm dúvidas sobre as exigências a ter ao nível da manutenção para salvaguardar o sucesso da cobertura
verde.
Este capítulo pretende responder a essas questões, sistematizando requisitos mínimos de manutenção a exigir numa
cobertura verde e algumas opções de projeto condicionantes na fase de manutenção. O objetivo passa por sensibilizar o
projetista na especificação correta do sistema de coberturas verdes na ótica da salvaguarda das exigências de desempenho
ao longo da vida útil. Pretende também auxiliar o cliente nos requisitos a exigir em futuras propostas de planos de
manutenção de empresas especializadas, de forma a que esse plano mantenha o desempenho pretendido pelo cliente e
para o qual o projetista concebeu a cobertura verde.
O culminar deste capítulo resulta na elaboração de uma ficha concisa de apoio ao projeto com a síntese dos elementos
constituintes duma cobertura verde, vidas úteis e calendarização de ações de manutenção bem como critérios a ter em
conta na fase inicial de escolha do tipo de cobertura verde e algumas opções de conceção relevantes.
4.2 Identificação dos EFM e estimativa de vidas úteis
A diversas diretrizes, como a FLL (2008) e a NTJ (2012) salientam a necessidade de ser previsto um contrato de
manutenção, logo após a instalação da cobertura verde, devendo ser exigido que este seja executado nos primeiros anos
pelo próprio instalador, justamente para a responsabilização deste sobre a qualidade de execução que se irá manifestar
logo nos primeiros anos em serviço. O cliente deverá solicitar esse plano de manutenção ciente o que deverá exigir e
abranger esse plano.
O plano de manutenção vai incidir sobre o elemento fonte de manutenção - cobertura verde, sendo que esse elemento se
apresenta dividido nas diversas camadas que o constituem. Importa sistematiza-las, distinguindo os materiais envolvidos,
visto que cada elemento possui mecanismos de degradação e níveis de desempenho distintos.
Com base na pesquisa analisada no capítulo 2, e complementada com a informação recolhida nos casos de estudo, é
possível elaborar uma proposta de classificação dos elementos fonte de manutenção para o sistema de coberturas verdes.
Seguindo a estrutura de classificação dos elementos fonte de manutenção de coberturas proposta por MORGADO (2012),
apresentam-se quatros níveis de hierarquia. O primeiro nível diz respeito ao sistema em si - a cobertura verde, o segundo é
composto pelos vários elementos constituintes, o nível 3 corresponde à classificação geral de grupo de materiais ou de
elementos e o último nível pormenoriza os materiais utilizados em cada grupo.
A proposta apresentada nas tabelas 4.1 e 4.2 tem em consideração apenas os elementos mais relevantes do sistema,
70
podendo existir outros elementos tendo em conta de diversidade de camadas e soluções construtivas. Parte dos EFM
propostos constituem camadas interiores que apesar de terem acesso difícil numa inspeção, pontualmente ao longo da vida
útil terão de ser verificados.
Tabela 4.1. Proposta de elementos fonte de manutenção e sua estimativa de vida útil para coberturas verdes
Elementos Fonte de Manutenção Vida útil
Nível 2 Nível 3 Nível 3
Estrutura de suporte
contínua
Laje maciça de betão 60
Laje aligeirada de betão 60
Pré-lajes de betão 60
descontínua
Pranchas vazadas 40
Perfis especiais 40
Chapas metálicas nervuradas 40
Estruturas de madeira 40
Camada de impermeabilização
tradicional
Aplicação "in situ" - Camadas múltiplas de asfalto ou emulsões betuminosas
60
Produtos pré-fabricados - Camadas múltiplas de membranas, telas ou feltros betuminosos
60
não tradicional
Aplicação "in situ" - Camadas múltiplas de resinas acrílicas; resinas poliméricas; emulsões de betumes modificados; espumas de poliuretano
60
Produtos pré-fabricados - membranas de betumes modificados (APP ou SBS); membranas termoplásticas (PVC), membranas elastoméricas
60
Mistura betuminosa ou membranas de PVC com aditivo anti-raízes incorporado, reforçadas com poliéster, fibra de vidro, plástico e grânulos minerais
60
Borracha sintética ou de polietileno 60
Tela anti-raízes
barreira física
Polietileno de baixa densidade (LDPE) 60
Polietileno (PP) 60
Cloreto de polivinilo (PVC) 60
Poliolefina termoplástica (TPO) 60
Polietileno de alta densidade (PEAD) 60
barreira química Produtos à base de cobre 60
Hidróxido de cobre impregnado 60
Proteção da impermeabilização
Geotêxtil de polipropileno 60
Membrana de poliéster 60
Camada drenante/retenção
tela pitonada
Polietileno 60
Polipropileno 60
Poliestireno 60
Material granular
Argila expandida 60
Xisto expandido 60
Pedra-pomes 60
Pozolana natural 60
tapetes porosos Materiais reciclados 60
Camada filtrante Fibras poliméricas 60
Poliolefinas 60
Com base na pesquisa referida no capítulo 2, e apesar de existirem inúmeros fatores condicionantes como as condições
atmosféricas envolventes, qualidade de execução do sistema ou cuidados nas operações de manutenção ou de utilização
da cobertura, dever-se-á estimar a vida útil da cobertura verde aproximada à do próprio edifício, como já foi referido
anteriormente.
O plano deverá ser executado para a vida útil expectável da cobertura verde contemplando nele as substituições
71
necessárias de alguns dos elementos ao longo desse período. Para tal, importa saber quais as vidas úteis expectáveis de
cada elemento que constitui a cobertura verde, por forma a prever a substituição atempada dos constituintes com vida útil
inferior ao conjunto.
Tabela 4.2- Proposta de elementos fonte de manutenção de coberturas verdes (continuação)
Elementos Fonte de Manutenção Vida útil
Nível 2 Nível 3 Nível 4
Substrato técnico Teor elevado de minerais porosos e um baixo teor de matéria orgânica
-
Grânulos de resinas orgânicas de ureia e formaldeído -
Vegetação
médio ou grande porte
Arbustos, coníferas, gramíneas, suculentas, perenes e árvores -
pequeno porte Pequenos arbustos, subarbustos, suculentas ,planta vivaces, herbáceas, gramíneas e perenes
-
rasteira Sedums, musgos, suculentas, Herbáceas e Gramíneas. -
Isolamento térmico
origem mineral
lã de rocha 60
vermiculite expandida 60
perlite expandida 60
betões leves (celular e com agregados leves) 60
origem vegetal
aglomerado de cortiça expandida 60
aglomerado de fibras ou partículas de madeira 60
aglomerado de aparas de madeira mineralizada 60
aglomerado de fibras de linho 60
origem sintética
poliestireno expandido moldado (EPS) 60
poliestireno expandido extrudido (XPS) 60
espumas rígidas de poliuretano 60
espumas fenólicas 60
origem mista perlite expandida e poliuretano 60
perlite expandida e lã de rocha 60
Singularidades
remates
metálicos 15
membranas betuminosas 15
membranas asfálticas 12
mástique 6
sistema de drenagem
metálico 30
PVC 20
fibrocimento 23
fibra de vidro 23
membranas Asfálticas 21
sistema de rega
Válvulas de aspersão 10
Mangueira de rega gota a gota 4
Filtros 15
Tubagens 30
alvenarias Pedra natural 50
betão 50
cerâmica 50
A proposta de vida útil apresentada nas tabelas 4.1 e 4.2 em conjunto com os EFM teve como base as estimativas
elaboradas por MORGADO (2012), MADRIGAL (2012), BARROS (2008) e FERREIRA (2009) desenvolvidas de acordo com
inúmeros documentos da área. Estes autores apresentaram propostas de estimativas de vidas úteis para coberturas
tradicionais ou invertidas, não existindo referencia a alguns elementos presentes apenas em coberturas verdes, a não ser
por valores mínimos globais exigidos em documentos de homologação de sistemas.
Para os elementos fonte de manutenção interiores protegidos de agentes agressores foram propostas estimativas de vidas
úteis iguais à vida útil expectável para a cobertura no seu conjunto, prevendo-se assim uma única substituição total do
sistema de cobertura verde. Para elementos expostos e também mais acessíveis foram propostas vidas úteis médias
72
baseadas na pesquisa do capítulo 2, à exceção dos elementos de remates que se propõe os valores mínimos pesquisados,
tendo em conta a análise dos casos de estudo do capitulo 3. Estes revelaram que a durabilidade dos remates é bastante
afetada tendo em conta a intensidade de radiação solar e temperaturas em Portugal.
A vida útil do sistema de rega considerado nesta proposta, será um valor aproximado muito condicionado pela qualidade
dos equipamentos instalados, tendo servido como base o estudo de AGOSTINHO (2011). No entanto salienta-se que a
estimativa de vida útil das mangueiras de rega gota a gota de 4 anos refere-se à colocação à superfície, sendo de estimar
uma vida útil superior para o sistema de rega gota a gota enterrado, visto que não está exposto ao raios UV.
4.3 Proposta de planeamento das ações de manutenção
A realização de ações de manutenção eficazes e com periodicidades apropriadas permite minimizar a degradação
prematura dos elementos construtivos da cobertura verde bem como prolongar a sua vida útil.
O planeamento da manutenção deverá identificar a periodicidade de operações como inspeções, limpezas, tratamentos de
proteção, reparações, substituições localizadas ou substituição integral no final da vida útil.
Para além das ações programadas, poderão ser necessárias ações corretivas, caso surjam anomalias não previstas, por
prescrição incorreta em projeto, por má execução dos sistema, falta de reparação ou deficiências não aparentes. Essas
ações nos primeiros anos de vida serão da responsabilidade do instalador da cobertura verde, devendo posteriormente ser
consideradas idealmente nas propostas do plano de manutenção.
Nas ações de manutenção das coberturas verdes, podem ser considerados 3 intervenientes, parte das ações de inspeção e
limpeza podem ser executadas pelo proprietário ou utilizador, as operações mais regulares essencialmente relacionadas
com a manutenção da vegetação, deverão ser desempenhadas por técnicos de jardinagem, e algumas das ações
respeitantes a elementos construtivos deverão ser executadas por técnicos especializados.
A estratégia de manutenção proposta pretende estabelecer uma calendarização ponderada, que permita um balanço entre
os custos inerentes às ações de manutenção e a sua eficácia, retirando custos acrescidos por ações de manutenção e
deslocações de técnicos especializados desnecessárias. Dessa forma a estratégia passa pela monitorização de todos os
elementos da cobertura verde através de inspeções passiveis de serem executadas pelo proprietário ou utilizador regular do
edifício (fig. 4.1).
Fig. 4.1 - Esquema de proposta de estratégia de manutenção para coberturas verdes
O proprietário deverá ter acesso a um manual de manutenção e utilização, no qual é esclarecido e orientado sobre a forma
adequada de utilização da cobertura verde, bem como as inspeções periódicas que deverá levar a cabo.
Na tabela 4.3, tendo como base a pesquisa reunida no capítulo 2 e a verificação prática nos casos de estudo em Portugal,
apresenta-se uma proposta das ações de inspeção a aplicar aos EFM de uma cobertura verde, sua periodicidade e
73
entidade responsável. A proposta apresenta-se de acordo com a distinção de fases de desenvolvimento de uma cobertura
verde estabelecida pelos guias FLL (2008) e NTJ 11C (2012), ajustando a periodicidade das ações de manutenção à fase
em que se encontra. Como já foi referido, a primeira fase de pós-implantação diz respeito ao 1º ano, até que cerca de 60%
da cobertura esteja preenchida de revestimento vegetal, a segunda fase (de desenvolvimento) corresponde ao 2º e 3º anos
até o cobrimento de vegetação estar em 90% da área da cobertura e a terceira fase, de manutenção, serão os anos
subsequentes (NTJ 11C, 2012).
Tabela 4.3 - Proposta de inspeções programadas (Monitorização)
Código de ações
Ações de manutenção Tipo de cobertura Número de visitas Entidade Responsável
Extens. Intens. Fase 1 Fase2 Fase 3
M01 Inspeções visuais ● ● 2/ano 2/ano 2/ano Proprietário
M02 Inspeções técnicas ● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. especializado
M03 Inspeção da impermeabilização nas áreas expostas
● ● 2/ano 2/ano 2/ano T. especializado
M04 Controlo dos elementos do sistema de drenagem
● ● 2/ano 2/ano 2/ano T. especializado
M05 Inspeção do sistema de drenagem após ocorrências relevantes
● ● + + + Proprietário
M06 Controlo das claraboias e sistemas de ventilação
● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. especializado
M07 Controlo e regulação das ancoragens e medidas de segurança anti-queda
● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. especializado
M08 Inspeção a estruturas na coberturas (mobiliário, entre outros)
● ● 2/ano 2/ano 2/ano Proprietário
M09 Inspeção dos remates ● ● 1/ano 1/ano 1/ano Proprietário
M10 Inspeção dos elementos de alvenaria ● ● 2/ano 2/ano 2/ano Proprietário
M11 Controlo de acumulações de carbonatos nas caleiras
● ● - 1/ano 1/ano T. especializado
M12 Inspeção e regulação do sistema de rega ● ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M13 Controlo presença de vegetação nas áreas sem substrato -perímetro, pontos singulares e caixas de visita
● ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M14 Inspeção e regulação do nível de água em sistemas com reserva de água
● ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M15 Inspeção profunda da impermeabilização ● ● A cada 5 anos T. especializado
M16 Inspeção da estrutura de suporte ● ● A cada 3 anos T. especializado
M17 Controlo de pragas ● ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M18 Controlo das plantas e dos sistemas anti‐deslizamento em coberturas inclinadas
● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M19 Controlo das ancoragens das árvores e arbustos
● 1/ano 1/ano 1/ano T. jardinagem
Legenda: + Quando necessário
A tabela 4.4, seguindo a mesma lógica da tabela anterior, apresenta a calendarização as ações de manutenção
preventivas, com indicação dos intervenientes apropriados para executar cada operação.
De forma a minimizar o número de visitas sobre o substrato e vegetação, várias ações deverão ser agrupadas numa mesma
visita.
74
Tabela 4.4 - Proposta de ações preventivas
Código de ações
Ações de manutenção Tipo de cobertura Número de visitas Entidade Responsável
Extens. Intens. Fase 1 Fase2 Fase 3
P01 Limpeza geral ● ● 1/ano 1/ano 1/ano Proprietário
P02 Limpeza dos elementos do sistema de drenagem
● ● 2/ano 2/ano 2/ano Proprietário
P03 Limpeza das claraboias e sistemas de ventilação
● ● 1/ano 1/ano 1/ano Proprietário
P04 Conservação do bom estado dos elementos de alvenaria
● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. especializado
P05 Substituição dos filtros de drenagem ● ● - - + T. especializado
P06 Limpeza de acumulações de carbonatos nas caleiras
● ● - + + T. especializado
P07 Rega ● ● 1/dia + + automática com sensores
P08 Fertilização ● 1/ano + + T. jardinagem
● 1/ano 1/ano 1/ano T. jardinagem
P09 Poda/ Aparo de pontas ● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. jardinagem
P10 Ceifa ● 1/ano 1/ano 1/ano T. jardinagem
P11 Remoção de vegetação infestante ● 1-2/ano 1-2/ano 2/ano T. jardinagem
● 1/ano 1/ano 2/ano T. jardinagem
P12 Escarificação /arejamento do solo
● - + + T. jardinagem
P13 Adição de substrato ● + + + T. jardinagem
● - - + T. jardinagem
P14 Reposição de camada de casca de árvore para proteção contra erosão
● ● + + + T. jardinagem
P15 Eliminação de vegetação de locais indesejáveis
● 1-2/ano 1-2/ano 2/ano T. jardinagem
● - 1-2/ano 2/ano T. jardinagem
P16 Poda de raízes ● ● - - + T. jardinagem
P17 Semeadura ou Replantação ● + + + T. jardinagem
● + 1/ano 1/ano T. jardinagem
P18 Tratamento de lesões
● + + + T. jardinagem
P19 Remoção de vegetação seca e detritos ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
● 2/ano 2/ano 2/ano T. jardinagem
P20 Substituição de remates de mástique ● ● A cada 6 anos T. especializado
P21 Substituição de remates de membranas asfálticas
● ● A cada 12 anos T. especializado
P22 Substituição de remates metálicos e de membranas betuminosas
● ● A cada 15 anos T. especializado
P23 Substituição de componentes do sistema de rega
● ● A cada 5 anos T. especializado
Legenda: + Quando necessário
As ações de manutenção a executar pelo proprietário e por técnicos especializados incidem essencialmente nos elementos
construtivos e são similares nos diferentes tipos de coberturas verdes. A diferença entre os dois tipos (intensivo e extensivo)
é mais evidente nas ações de manutenção a executar pelo técnico de jardinagem.
Na tabela 4.5 sintetiza-se por entidade responsável em forma de "cheklist" as ações a levar a cabo em cada visita para
minimizar o pisoteio do substrato e vegetação evitando as anomalias daí decorrentes.
Apesar de teoricamente se considerarem apenas duas visitas anuais, na prática esse número está dependente da área de
cobertura verde, dimensão de vegetação, número de técnicos envolvidos em cada ação de manutenção, assim como as
75
horas de trabalho por visita. Apesar de em cada visita indicada na tabela 4.5 estarem previstas inúmeras ações de
manutenção, estas podem não ser exequíveis todas numa só visita, daí se referir que anualmente são recomendadas para
coberturas intensivas 8-10 visitas de manutenção (FLL, 2008) para semi-intensivas 2-12 visitas (FLL, 2008) e para as
coberturas extensivas 2- 4 visitas (FLL, 2008).
Tabela 4.5 - Distribuição de ações por visita
Entidade Responsável
Visitas anuais
Ações de manutenção a executar
Proprietário
1
Fase 1 M01, M08, M09, M10, P01, P02
Fase 2 M01, M08, M09, M10, P01, P02
Fase 3 M01, M08, M09, M10, P01, P02
2
Fase 1 M01, M08, M10, P02, P03
Fase 2 M01, M08, M10, P02, P03
Fase 3 M01, M08, M10, P02, P03
T. especializado
1
Fase 1 M02, M03, M04, M06, M07, P04
Fase 2 M02, M03, M04, M06, M07, M11, P04, P06
Fase 3 M02, M03, M04, M06, M07, M11, M15 (a cada 5 anos), M16(a cada 6 anos), P04, P05, P06, P20 (a cada 6 anos), P21 (a cada 12 anos), P22 (a cada 12 anos), P23 (a cada 5 anos)
2
Fase 1 M03, M04
Fase 2 M03, M04
Fase 3 M03, M04
T. jardinagem
1
Fase 1 M12, M13, M14, M17, M18, M19, P08, P11, P15, P19
Fase 2 M12, M13, M14, M17, M18, M19, P11, P15, P19, P08-P17 (I)
Fase 3 M12, M13, M14, M17, M18, M19, P11, P15, P19, P08-P17 (I)
2
Fase 1 M12, M13, M14, M17, M18, P09, P10, P19 (I)
Fase 2 M12, M13, M14, M17, M18, P09, P10, P19 (I)
Fase 3 M12, M13, M14, M17, M18, P09, P10, P11, P15, P19 (I)
Legenda: M0 - ação mínima; M0 - ação facultativa; P0 (I) - só aplicado às coberturas intensivas
4.4. Decisões de projeto condicionantes das operações de manutenção
As propostas dos elementos fonte de manutenção e sua estimativa de vida útil bem como as ações de manutenção a exigir
apresentadas anteriormente servem de base para orientar na escolha acertada de tipo de cobertura verde bem como
nalgumas medidas e opções de projeto condicionantes na fase posterior de manutenção.
O projetista deverá conceber a cobertura verde com soluções que permitam que a sua vida útil seja igual à vida útil do
próprio edifício, minimizando durante a fase de exploração custos acrescidos de eventuais substituições do sistema.
Nessa ótica, e tendo em conta a proposta das vidas úteis das diversas camadas, a cobertura verde deverá ser concebida
para ter uma vida útil mínima de 60 anos em edifícios correntes. No entanto, e tendo em conta as categorias de vida de
desenho de edifícios da BSI (1992) este valor pode ser reduzido para 10 anos ou acrescido para 120 anos caso sejam
edifícios de caracter temporário ou edifícios públicos de alta qualidade.
É particularmente relevante o projetista estar sensibilizado para as operações que estão inerentes à manutenção de uma
cobertura verde, de forma a tomar opções de projeto que facilitem essas operações contribuindo para um correto
desempenho da solução sem custos acrescidos.
76
4.4.1. Escolha do tipo de cobertura verde e vegetação
A primeira etapa, quando se começa o projeto de uma cobertura verde, passa por determinar o real objetivo do trabalho
tendo em conta inúmeros fatores relevantes ( fig. 4.2), tais como:
Pretensões do cliente: tipo de uso, custos e necessidades de manutenção e irrigação
Capacidade do suporte estrutural
Condicionantes geométricas: inclinações da cobertura e espessura disponível para a camada de substrato
Condições climáticas envolventes
Limites de custos de construção
Tempo disponível para execução
O balanço destes fatores vai determinar a escolha do tipo de cobertura verde e a vegetação a prever, que vai por sua vez,
condicionar o planeamento de ações de manutenção necessárias.
Uma avaliação de custo de ciclo de vida para a cobertura verde, pode ser de extrema relevância na decisão da opção mais
viável (TOLDERLUND, 2010).
Fig. 4.2 - Esquema fatores condicionantes na escolha do tipo de cobertura verde e vegetação
No que respeita às pretensões do cliente, interessa saber qual o uso que o cliente pretende dar à cobertura verde, ou seja,
se pretende uma área de jardim para permanência e circulação de pessoas com vegetação de grande ou médio porte ou se
pretende uma cobertura com vegetação rasteira à qual não se pretenda aceder. Também interessa perceber por parte do
cliente, se este pretende uma solução com baixos níveis de necessidades de manutenção e irrigação ou se algum desses
pontos é irrelevante para essa cobertura verde em particular. Salienta-se ainda que o aspeto que o cliente pretender para a
vegetação vai ter efeito direto ao nível das necessidades de rega e manutenção, pelo que o cliente deverá ser informado
atempadamente das consequências das opções que estão a ser tomadas.
A capacidade do suporte estrutural é um fator muito relevante em particular se o projeto incidir sobre a reabilitação da
cobertura de um edifício existente, a escolha de soluções com cargas significativas pode obrigar a custos acrescidos no
reforço estrutural o que pode tornar a solução inviável tendo em conta o fator seguinte indicado de limite de custos de
construção da cobertura verde. As condições climáticas e condicionantes geométricas são fatores que se relacionam
77
diretamente com a camada de vegetação, estes podem contribuir de forma decisiva na sobrevivência das diferentes
espécies de vegetação a considerar. O tempo disponível para a execução da cobertura verde, também poderá condicionar
a escolha do sistema construtivo, podendo obrigar a soluções de camadas com aplicações mais expeditas como o recurso
da vegetação pré-plantada ou sistemas modulares.
Para além desses 6 fatores, a escolha do tipo de vegetação deve ser orientada por um técnico qualificado na área da
botânica, visto que o sucesso e sobrevivência da vegetação vai depender de uma multiplicidade de características
climáticas em todas as suas vertentes, como o clima da região, microclima, volume de precipitação, nível de exposição
solar, períodos de seca, gelo ou neve, direção e intensidade do vento e as condicionantes construtivas, como áreas de
sombras, saída gases de chaminés, reflexão de fachadas envolventes, entre outros (FLL, 2008).
É importante que todo o projeto seja desenvolvido de forma sólida com uma equipa multi-disciplinar de arquitetos,
engenheiros de estruturas, águas e esgotos, bem como de arquitetos paisagista e engenheiros agrónomos.
4.4.2. Cuidados na especificação do sistema de coberturas verdes
Dando particular enfoque ao papel do arquiteto, o desenho da cobertura verde deve ter em conta 8 fatores principais que
condicionam as operações de manutenção e a ocorrência de anomalias:
i. afastamentos mínimos da vegetação ao perímetros, elementos emergentes e restantes pontos singulares
Nos casos de estudo foi percetível a renitência dos arquitetos e clientes em considerarem os afastamentos mínimos da
vegetação aos limites perimetrais e restantes pontos singulares.
Esses afastamentos devem ser respeitados. Estes têm vários objetivos, desde evitar a propagação de um eventual fogo,
facilitar o acesso a inspeções nos pontos singulares da cobertura bem como garantir que a vegetação obstrua o sistema de
drenagem.
ii. caminhos de circulação para manutenção
Os percursos de manutenção reforçados com telas de proteção às camadas subjacentes raramente considerados nos
casos de estudos analisados, evitam a circulação desnecessária sobre o substrato para proceder a algumas ações de
manutenção e consequente ocorrência de anomalias como morte da vegetação, compactação do substrato, entre outras.
No desenho da cobertura verde, pode-se integrar na mesma área, afastamentos perimetrais que sirvam de caminhos de
circulação para manutenção. Neste caso deverão ser consideradas larguras mínimas de 80 cm (NTJ 11C, 2012).
iii. ancoragem da vegetação de grande porte
Na especificação de uma cobertura verde do tipo intensivo, na qual se pretenda arvores ou arbusto de médio porte, deverá
ser garantida a sua estabilidade. A estabilidade pode ser conseguida através de ancoragens ou ajudas estáticas e redução
de copa. Para a execução das ancoragens devem ser previstos:
3 tirantes de cabo galvanizado, equidistante 120º em planta e 45º em alçado aproximadamente.
cabos com estilingues de proteção acolchoados nas zonas de fixação do tronco.
Antes de tensionar os cabos deverá ser comprovada a resistência prevista. Estas ancoragens não devem atravessar a
membrana de impermeabilização. Devem ser fixas a malhas metálicas situadas entre a camada drenante e do substrato
(FLL, 2008, NTJ 11C, 2012). Esta solução foi adotada no caso de estudo I e permite evitar a ocorrência de anomalias como
a queda de árvores.
iv. deteção automática de perfuração da tela de impermeabilização
Outro componente que poderá ser especificado pelo projetista e que será um complemento importante na fase de
manutenção, diz respeito aos sistemas de deteção automática de perfuração da tela de impermeabilização. Esta solução de
78
monitorização pode levar a poupanças importantes. Numa situação de infiltração rapidamente será detetado o local exato
da mesma, evitando infiltrações mais prolongadas e anomalias mais graves. Esta solução permite também poupanças nos
custos da remoção apenas pontual das camadas superiores do sistema, de forma a proceder à reparação da membrana
(PECK e KUHN, 2003 e TOLDERLUND, 2010).
v. Sistemas de rega
O projetista deverá considerar pelo menos um ponto de ligação de água na cobertura para rega manual, protegida de
eventuais efeitos de gelo para o período inicial de cobrimento da vegetação com necessidades acrescidas e em períodos
pontuais de temperaturas altas no verão ou períodos longos sem chuva no Inverno, nos quais a vegetação revele stress
hídrico (FLL, 2008).
Regra geral, o sistema de rega mais indicado para a vegetação aplicada em coberturas verdes é o de rega automática e
programada gota a gota enterrada. Este apresenta uma eficiência de consumos de água superior em relação ao sistema de
aspersão, agredindo menos a camada de substrato. No entanto, esta última poderá ser necessária em coberturas relvadas,
mais exigentes em termos de rega. Deve-se salientar que a solução de relva sobre cobertura, é uma solução característica
dos climas nórdicos que não deveria ser recomendada ou incentivada em climas mediterrânicos como o português.
Com a previsão de um sistema de rega na cobertura verde, não se pretende incentivar o seu uso contínuo, idealmente este
sistema será pouco usado, mas em casos necessidade vital para a sobrevivência da vegetação devido a condições
climáticas excecionais, este sistema pode-se revelar fundamental para assegurar o correto desempenho da cobertura
verde, no que respeita à camada de vegetação.
Como já foi referido, a rega em demasia, para além dos custos acrescidos em termos de consumos de água, irá reduzir a
resistência e robustez da vegetação deixando-a mais vulnerável. Como tal dever-se-á prever um sistema com programação
dos tempos de rega e periodicidades adequados à vegetação e clima em que se encontra. Idealmente deverá ser
implementada uma solução, similar à aplicada na cobertura de tratamento de resíduos de TIRME em Palma de Maiorca, um
sistema de controlo de rega com base nas condições meteorológicas. Uma estação meteorológica carregada por energia
solar próxima da cobertura verde transmite via wireless dados de humidade, de evapotranspiração potencial e estado da
vegetação para os controladores ajustarem o programa de rega, evitando assim períodos de seca extrema ou de
encharcamento do substrato (ROCA, 2012 e NTJ 11C , 2012).
vi. Sistemas de drenagem
O sistema de drenagem é um elemento fundamental para o bom funcionamento da cobertura verde, devendo, como tal, ser
dimensionado corretamente por técnicos qualificados. Ressalva-se, no entanto, que independentemente da área de
cobertura, deverá ser considerado pelo menos um tubo de queda e um tubo ladrão como escoamento de emergência, para
evitar anomalias mais graves aquando do um eventual entupimento do tubo de queda. Este será igualmente o sistema que
maiores cuidados terá na fase de manutenção, competindo ao arquiteto a conceção de uma solução que permita e facilite
as ações de manutenção.
O FLL (2008) refere três tipos de soluções de drenagem:
drenagem dentro da área de vegetação.
drenagem fora da área de vegetação.
sistema de drenagem separado entre as zonas com vegetação e sem vegetação.
A solução adotada no caso de estudo V referido no capítulo 3, na qual o sistema de drenagem de caleira e sumidouros foi
colocado visível, fora da área de vegetação no perímetro exterior da cobertura, apresenta inúmeras vantagens. Como tem
uma barreira mais efetiva de separação da vegetação, permite uma inspeção mais eficaz e direta a todo o sistema de
79
drenagem, afastando-a do limite da cobertura, como recomendado por questões de proteção à propagação de incêndio.
Quando for adotada a opção de drenagem dentro da área de vegetação deverão ser consideradas caixas de visita em cada
ralo na saída dos tubos de queda, para facilitar a inspeção. Essas caixas deverão estar colocadas com os afastamentos
mínimos de 15 cm da camada de substrato e vegetação para evitar eventuais entupimentos, caso este cuidado não seja
considerado terá de existir uma exigência superior ao nível da monitorização e limpeza dessas áreas, o que levará a custos
acrescidos de manutenção.
vii. Acessos
A facilidade de acesso à cobertura para ações de manutenção é um fator que não deve ser ignorado pelo projetista, em
particular quando se trata de coberturas verdes intensivas e semi-extensivas, que exigem a remoção de lenha e vegetação
seca da cobertura, o transporte de substrato e vegetação para reposições, transporte de ferramentas de jardinagem, entre
outros. A cobertura verde deverá ser concebida de forma a que os acessos facilitem essas atividades, podendo ser por
escadas, elevador ou tirando proveito de acessos diretos à cobertura por desníveis da envolvente.
Deverá também ser ponderado o número de acessos para a área de cobertura verde a projetar. Áreas elevadas com
trajetos longos entre o extremo da cobertura verde e o ponto de acesso vão dificultar as ações de manutenção, tornando as
visitas mais morosas. Nesses casos, deverão ser considerados vários locais de acesso.
viii. Segurança nas operações de manutenção
A segurança dos técnicos que vão executar a manutenção deverá ser salvaguardada na solução adotada pelo projetista. O
fator de maior risco diz respeito à altura a que se encontra a cobertura, devendo ser prevenido o risco de acidentes por
queda.
Existem no mercado várias soluções integradas nos sistemas de cobertura verde com inclusão de linhas de vida, que
permitem posteriormente ao técnico de manutenção fixar um cabo com arnês. No entanto como se pôde verificar no caso
de estudo XI, onde a solução de linha de vida para fixação de cabo com arnês foi aplicada, esta tem-se revelado
inadequada para a execução das operações de manutenção, tendo em conta a altura da vegetação que impede a
movimentação dos cabo presos ao técnico. Outro fator a ter em conta é que esta solução irá exigir inspeções regulares por
parte de técnicos especializados para monitorizarem a conservação do sistema.
A solução ideal passa por prever platibandas elevadas ou guarda-corpos no perímetro da cobertura, especificando, neste
último, formas de fixação corretas para não fragilizar a capacidade de estanquidade da impermeabilização ou platibandas.
4.4.3. Registo das soluções adotadas para consulta posterior
Deverá ser fornecido ao cliente e utilizador um manual de utilização e manutenção por parte da equipa multidisciplinar de
projetistas, com toda a informação relevante sistematizada, por forma a dar um apoio efetivo nas operações de
manutenção, evitando assim ações indevidas e permitir o utilizador contribuir de forma consciente para durabilidade e
correto desempenho da cobertura verde.
Nesse manual deverão constar todas a opções de projeto justificadas, com a especificação e características de cada
camada, bem como as exigências de manutenção que deverão ser consideradas na fase de exploração. Deverão também
ficar indicadas quaisquer restrições de cargas, para evitar uma futura relocalização inadequada de vegetação ou plantações
adicionais em áreas que não permitem acomodar essa carga adicional (PECK e KUHN, 2003).
A completar esse manual deverá constar um registro fotográfico exaustivo da instalação da cobertura verde, com particular
enfase nos pontos singulares. Essa informação é de extrema utilidade para um análise posterior e verificação de alguma
deficiência de execução que justifique o aparecimento de uma eventual anomalia, permitindo ações corretivas assertivas.
80
4.5. Considerações finais
Existem inúmeros fatores que podem contribuir para o correto desempenho das coberturas verdes, sendo a correta
especificação por parte dos projetistas e a correta manutenção, fatores primordiais.
Este capítulo pretendeu responder a estes dois pontos.
Apresentou-se, portanto, uma sistematização de informação relevante sobre a solução construtiva, na qual se propôs a vida
útil das diversas camadas e calendarização das exigências de manutenção mínimas para o correto desempenho da
cobertura verde. Sintetizou-se também algumas medidas de projeto que pretendem dar apoio aos arquitetos ao conceber
esta solução. É uma realidade a dificuldade que os projetistas presenciam no momento de especificar, com a garantia e
segurança de que a solução terá um bom desempenho e transmitir a confiança no sistema ao próprio cliente.
Essa sistematização pretendeu sensibilizar para escolhas em projeto bem como servir de base para a futuros manuais de
utilização e manutenção que se recomenda serem desenvolvidos pelos projetistas das coberturas verdes, completados
pelos instaladores e entregues ao cliente.
A síntese deste capítulo integrado na pesquisa desenvolvida na capítulo 2 e aferida nos casos de estudo do capítulo 3
concretiza-se numa ficha de apoio ao projeto, no anexo A. Esta sintetiza a tecnologia da cobertura verde, anomalias e
ações de manutenção fomentando uma consulta fácil dos critérios a ter conta em projeto de forma a serem concebidas
soluções de coberturas verdes viáveis e com um desempenho adequado ao longo da sua vida útil.
81
5. Conclusão
5.1. Considerações gerais
As coberturas verdes apresentam-se como uma solução construtiva sustentável com potencial para desempenhar inúmeras
funções particulares no edifício, desde a proteção do espaço interior, isolamento térmico interior à criação de um espaço
aprazível ao utilizador do edifício, assim como funções abrangentes à escala urbana.
Já não é questionável que o desempenho das coberturas verdes em termos ambientais, contribui para a substituição de
paisagens deslocadas, a redução do risco de inundações, a melhoria da gestão das águas pluviais, possível atenuação de
ruído, melhoria da qualidade do ar, a criação de ecossistemas que albergam organismos benéficos na absorção de poeiras
e poluentes aéreos, mitigação do efeito de ilha de calor bem como a criação de um ecossistema contínuo ou semi-contínuo.
Os diversos custos associados às coberturas verdes têm sido o principal entrave à sua expansão sendo o custo da
manutenção um dos mais relevantes a ser ponderado. No entanto, não se pode ignorar os benefícios económicos ligados à
utilização desta solução, como a redução dos consumos energéticos, o aumento da eficiência dos sistemas de AVAC e dos
painéis solares e fotovoltaicos que nelas se encontrem, aumento da durabilidade da impermeabilização.
5.2. Conclusões gerais
Na gestão dos edifícios, a manutenção é um fator evidente nos custos totais. Deve ser delineada uma correta estratégia de
manutenção desde o projeto, que contribua para intervenções posteriores mais eficazes e económicas.
A dissertação procurou metodizar procedimentos adequados de manutenção para manter o correto desempenho das
coberturas verdes, bem como definir medidas de projeto, que contribuam para a facilidade e eficácia das ações de
manutenção, aumentando a durabilidade da solução.
Para tal foi proposto um planeamento de operações de manutenção, sistematizando os elementos fonte manutenção
envolvidos nestes sistemas construtivos e a sua estimativa de vida útil.
Por forma a correlacionar a pesquisa desenvolvida nesta dissertação com a aplicação prática à realidade portuguesa, foram
analisados 11 casos de estudos que permitiram aferir as soluções mais adequadas e eficazes na fase de manutenção.
Concluiu-se que a manutenção das coberturas verdes está grandemente condicionada pelas opções de projeto, sendo
determinante fatores como a acessibilidade e segurança nas operações de manutenção. Essa opções ao contrário de
outras claramente assumidas por questões estéticas, são por vezes tomadas pela falta de sensibilização e
desconhecimento dos projetista das ações envolvidas na manutenção das coberturas verdes.
Conclui-se também que algumas recomendações teóricas, indicadas nas diversas diretrizes, não se revelam viáveis na
prática para todos os tipos de coberturas verdes. Um exemplo disso é a solução de linhas de vida e arnês para a execução
das ações de manutenção em segurança, esta solução em coberturas verdes com vegetação alta torna-se inviável como se
pode observar no caso de estudo da ETAR de Alcântara.
Outro aspeto que se pode concluir é que esta solução exige uma equipa multidisciplinar tendo em conta a diversas áreas
nela contidas, esse envolvimento é essencial para a correta conceção de uma cobertura verde com a garantia do sucesso
da solução e viabilidade da fase de manutenção.
82
5.3. Desenvolvimentos futuros
Tendo em conta a pesquisa já desenvolvida na área da tecnologia das coberturas verdes e analisadas as ações de
manutenção a exigir bem como os critérios de projeto a ter em conta para que essas ações se façam de forma facilitada e
expedita, o desenvolvimento mais assumido desta solução em Portugal passa pela implementação de políticas e estratégias
de incentivos, e legislação ou normas de estabeleçam critérios de conceção, execução e manutenção que credibilizem a
qualidade deste sistema.
Para tal interessa a continuação da análise de casos de estudos em Portugal, de forma ampla e abrangente, por forma a
estabelecer uma caraterização estatísticas das tecnologias adotadas, anomalias mais correntes e ações de manutenção
consideradas, estabelecendo com mais precisão a vida útil dos seus componentes.
83
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92
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
Índice
1. Introdução .................................................................................................................................................................. pág. a
2. Caraterização dos tipos de coberturas verdes ...................................................................................................... pág. a
3. Sistemas de coberturas verdes ................................................................................................................................ pág. b
4. Anomalias correntes.................................................................................................................................................. pág. d
5. Manutenção................................................................................................................................................................. pág. k
6. Decisões de projeto.................................................................................................................................................... pág. p
6.1. Escolha do tipo de cobertura verde e vegetação....................................................................................... pág. p
6.2. Cuidados na especificação do sistema de cobertura verde....................................................................... pág. s
6.3. Registo das soluções adotadas para consulta posterior........................................................................... pág. u
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
a
1.Introdução
Esta ficha pretende ser uma ferramenta de trabalho dirigida a projetistas.
De fácil consulta, sintetiza a tecnologia das coberturas verdes dando particular enfase às ações de manutenção.
Possibilita uma tomada de decisão mais consciente sobre coberturas verdes ao indicar quais as medidas de projeto que
promovem intervenções de manutenção mais eficazes e económicas, contribuindo para um aumento da vida útil da
cobertura.
2. Caraterização dos tipos de coberturas verdes
Fig. A.1 - Esquema representativo das tipologias das coberturas verdes. COSTA (2010)
Tabela A.1 - Síntese das características dos três tipos de coberturas verdes. IGRA (2012); FLL, (2008); NTJ 11C (2012);
BOUATTOUR e ALLAIN (2009)
Tipo extensivo Tipo semi-intensivo Tipo intensivo
Manutenção da vegetação Muito reduzida e pontual Moderada e periódica Intensa e regular
Irrigação Pontual Periódica Regular
Fertilização Muito reduzida e pontual Reduzida Regular
Plantas comunitárias
Musgo Seduns Herbáceas Suculentas Cespitosas Vivaces
Relva Gramíneas perenes Cespitosas Herbáceas Vivaces Sub-arbustos Arbustos
Relva Perenes Gramíneas Cespitosas Arbustos Árvores
Espessura do substrato 7 - 250 mm 100 - 250 mm >150 mm
Carga <120 Kg/m² 150 - 350 Kg/m² >120 Kg/m²
Custo Baixo Médio Alto
Uso Não transitável Transitável moderadamente Transitável
Pendente máxima 100% 20% 5%
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
b
3. Sistemas de coberturas verdes Soluções multi-camada - camadas colocadas individualmente
Fig. A.2 - Sistema geral de cobertura verde em cobertura não isolada. Adaptado de
[W25]
Fig. A.3 - Esquema de cobertura verde extensiva sem pendente.
ZINCO (2012)
Fig. A.4 - Esquema de cobertura verde com pendente até 20º. ZINCO (2012)
Fig. A.5 - Esquema de cobertura verde com isolamento sob impermeabilização.
UPWAY (2013)
Fig. A.6 - Esquema de cobertura verde com pendente até 8º em
coberturas invertidas. ZINCO (2012)
Fig. A.7 - Esquema de cobertura verde com pendente superior a 20º. ZINCO (2012)
Soluções camada única - sistemas modulares
Fig. A.8 - Sistemas modulares: A) sistema de tapete. [W26]; B)Sistema de bandeja. LIVEROOF (2013); C) Sistema de Saco. PAKS
VERDE (2013); D) Sistema híbrido. GROROOF (2013)
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
c
Tabela A.2 - Pontos singulares numa cobertura. Adaptado de NTJ 11C (2012), ALVES (2013) e RAPOSO (2013)
Remate da impermeabilização em paramentos verticais, elementos emergentes e beirados
execução em contínuo de todo o perímetro elevado acima do substrato. Paramentos verticais: elevado 15-20 cm em coberturas planas e no mínimo 10 cm em coberturas inclinadas. Em beirados: elevado 10-20 cm em coberturas planas e 5 cm em coberturas inclinadas
ângulos salientes ou reentrantes arredondados ou chanfrados, para uma melhor aderência
banda de reforço com cerca de 30 centímetros de largura, para aumentar a resistência da zona dos remates aos esforços mecânicos
topo do remate embutido em roços ou protegido superiormente por elementos pré-fabricados, como rufos em chapa de zinco
Coroamento de platibandas
utilização de peças pré-fabricadas, com uma ligeira pendente para o interior da cobertura
platibandas com altura diminuta com membranas a cobrir a face superior do murete
Remate em tubos emergentes
garantia de perfeita aderência à superfície dos mesmos
utilização de um cordão flexível, aplicado junto à base do remate para minimizar os efeitos dos possíveis movimentos de dilatação e contração desses tubos
aplicação de acessórios de cintagem da impermeabilização para remate superior
Juntas de dilatação
eliminação de tensões nas juntas de dilatação devido aos movimentos da camada de suporte.
uma faixa não aderida de cerca de 15 cm de cada lado sobre um elemento flexível que sirva de suporte a este
Remate em soleiras
remate elevado no mínimo 15 cm
casos com elevação inferior, prolongamento sob a soleira 1-2 m para o interior e 0.5 m para cada um dos lados do vão lados
garantia de pendente mínima de 2% no pavimento exterior, numa distância mínima de 2 m.
Fixação de equipamentos ( AVAC, painéis solares, mobiliário, entre outros)
garantia da estanquidade da impermeabilização nesses pontos
possível colocação de peças fixas às camadas acima da impermeabilização (ZINCO, 2012).
execução de maciço em betão para receber fixação
Fig. A.9 - Remate da impermeabilização em paramentos verticais, elementos emergentes e beirados. ZINCO (2013) apud. RAPOSO
(2013)
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
d
4. Anomalias correntes
Tabela A.3 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de suporte. NTJ 11C (2012), MORGADO
(2012), PALHA (2012), PRATES (2012) e MADRIGAL (2012)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Fendilhação/ Fissuração
● Cargas excessivas
● Proteção anti-raízes inadequada
● Utilização de vegetação inadequada
MORGADO (2012)
NTJ 11C (2012)
PALHA (2012)
Deformação ● Carga permanente excessiva MORGADO (2012)
MADRIGAL (2012)
Esmagamentos localizados ● Cargas pontuais excessivas
● Ação do vento MORGADO (2012)
Desagregação ● Carbonatações MORGADO (2012)
Degradação biológica ● Efeito de fungos ou insetos xilófagos MORGADO (2012)
Corrosão ● Presença de água, infiltrações MORGADO (2012)
Falta de resistência,
contraventamento ou rigidez
● Dimensionamento incorreto da estrutura
● Execução incorreta da estrutura
● Cargas excessivas
MORGADO (2012)
Manchas de Humidades
● Presença de água, infiltrações
● Inexistência de tela para-vapor sob isolamento térmico
(em cob. tradicional)
MORGADO (2012)
MADRIGAL (2012)
Colapso
● Cargas excessivas
● Acumulação excessiva de água
MORGADO (2012)
PALHA (2012)
PRATES (2012)
Infiltrações ● Perfuração da tela de impermeabilização MORGADO (2012)
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
e
Tabela A.4 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de impermeabilização. FLL (2008), NTJ 11C
(2012), MORGADO (2012) e MADRIGAL (2012)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Deslizamento das membranas
● Pendente excessiva
● Fixação inadequada das membranas em coberturas
verdes inclinadas
MORGADO (2012)
Fissuração
● Movimentos diferenciais
● Contração ou expansão
● Inexistência de camada de dessolidarização
● Incompatibilidade de materiais
MORGADO (2012)
Perfurações ou rasgamentos ● Cargas pontuais associado à Inexistência de camada de
proteção da impermeabilização
● Fixação posterior de objetos
● Manutenção da vegetação com objetos cortantes
● Presença de elementos com arestas vivas
● Devido às raízes - inexistência ou ineficácia da camada
anti-raízes
MORGADO (2012)
NTJ 11C (2012)
Empolamentos ou bolsas de ar
● Inadequada execução da colagem das telas
● Falta de planeza e encurvadura do suporte
● Ineficaz limpeza do suporte
MORGADO (2012)
Descolamento nas juntas de
sobreposição
● Deficiente execução das membranas
● Deficiente aplicação das juntas
● Ineficaz fixação da impermeabilização
● Quantidade de produto de colagem insuficiente
MORGADO (2012)
MADRIGAL (2012)
Formação de pregas
● Ineficaz fixação do sistema de impermeabilização MORGADO (2012)
Decomposição da tela ● Hidrolise-devido a incompatibilidade de materiais FLL (2008)
Acumulação de água e manchas de
corrosão em locais pontuais
● Sistema de drenagem ineficiente ou entupido
● Presença de elementos metálicos sem proteção à
corrosão
MORGADO (2012)
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
f
Tabela A.5 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes nas camadas anti-raízes, de proteção da
impermeabilização, drenante /de retenção de água e filtrante. FLL (2008), NTJ 11C (2012) e PALHA (2012)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Decomposição da tela
anti-raízes ● Hidrolise-devido a incompatibilidade de materiais FLL (2008)
Membrana de proteção rasgada
● Presença de elementos com arestas vivas com cargas
excessivas
● Colocação incorreta das telas
NTJ 11C ( 2012)
Deslizamento das telas
● Pendente excessiva
● Inexistência de barreiras de contenção em coberturas
inclinadas
NTJ 11C ( 2012)
Obstrução/ entupimento da
camada drenante ● Material orgânico ou argiloso em excesso no substrato
técnico
● Inexistência da camada filtrante
● Colocação incorreta da camada filtrante
● Aplicação de solo natural
NTJ 11C (2012)
Obstrução/colmatação dos poros
da camada filtrante ● Inclusão de elementos calcários na camada drenante
● Presença excessiva de material orgânico ou argiloso no
substrato técnico
● Aplicação de solo natural
NTJ 11C (2012)
PALHA (2012)
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
g
Tabela A.6 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de substrato. MORGADO (2012), FLL (2008),
NTJ 11C (2012), RAPOSO (2013), PALHA (2012), PRATES (2012) e TOLDERLUND (2010)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Encharcamento
● Pendentes inferiores a 3% com camada drenante com
espessura insuficiente
● Ineficiente funcionamento do sistema de drenagem
● Camada drenante inexistente ou inadequada
● Número insuficiente de pontos de escoamento
MORGADO (2012)
NTJ 11C (2012)
RAPOSO (2013)
PALHA (2012)
PRATES (2012)
Deslizamento e erosão
● Pendente excessiva
● Efeito do vento no perímetro (em particular cantos)
● Inexistência de vegetação
NTJ 11C ( 2012)
FLL (2008)
TOLDERLUND (2010)
RAPOSO (2013)
Contração/ retração excessiva
● Material orgânico em excesso na constituição do substrato
● Períodos excessivos sem rega
● Exposição excessiva à radiação solar sem vegetação a
sombrear
TOLDERLUND (2010)
Compactação
● Distribuição granulométrica inadequada
● Excesso de matéria orgânica
● Excesso de pisoteio por utilizadores ou técnicos de
manutenção
RAPOSO (2013)
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
h
Tabela A.7 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de vegetação. FLL (2008), NTJ 11C (2012),
RAPOSO (2013), PALHA (2012) e TOLDERLUND (2010)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Vegetação seca
● Rega insuficiente
● Pendente excessiva sem capacidade de retenção de
água
FLL (2008)
TOLDERLUND
(2010)
Vegetação infestante
● Rega excessiva
● Fertilização excessiva
● Manutenção insuficiente ou incorretamente programada
FLL (2008)
PALHA (2012)
Lesões, congelamento e morte de
vegetação
● Efeito do vento no perímetro
● Proximidade de saídas de ventilação - ar muito frio, muito
quentes ou correntes de ar fortes
● Vegetação ou substrato inadequados
● Manutenção insuficiente ou inexistente
● Período excessivos sem rega
● Pisoteio excessivo
● Pragas, fungos e doenças
● Asfixia radicular por encharcamento
FLL (2008)
RAPOSO (2013)
NTJ 11C (2012)
Queda de vegetação
● Efeito do vento associado a ancoragens inexistentes ou
inadequadas
● Efeito do vento associado a profundidade de substrato
insuficiente
● Vegetação inadequada
RAPOSO (2013)
PALHA (2012)
Tabela A.8 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes na camada de isolamento térmico. ALVES (2013)
Anomalias Causas prováveis Autores
Encharcamento/presença água ou
condensações
● Inexistência de tela para-vapor - quando o isolamento está
sob a camada de impermeabilização
● Perfuração da tela de impermeabilização - quando o
isolamento está sob a camada de impermeabilização
● Material incorreto de isolamento - quando está sobre a
camada de impermeabilização
ALVES (2013)
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
i
Tabela A.9 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes no sistema de drenagem. FLL (2008), NTJ 11C (2012),
MORGADO (2012), RAPOSO (2013), PALHA (2012) TOLDERLUND (2010) e ALVES (2013)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Entupimento dos ralos
● Vegetação a obstruir
● Substrato inadequado- finos em excesso
● Acumulação de detritos
MORGADO (2012)
PALHA (2012)
Sujidade superficial/ acumulação de detritos
● Falta de manutenção- limpeza
● Acumulação de vegetação seca - Inadequada separação
da vegetação envolvente
PALHA (2012)
Fissuração das caleiras metálicas
● Conceção deficiente dos pontos de evacuação
● Ação da temperatura e da radiação ultravioleta
● Envelhecimento natural do material
MORGADO (2012)
Rotura das juntas entre caleiras
● Conceção deficiente das juntas de dilatação
● Inadequada execução da proteção do bordo superior do
remate
● Deficiente controlo de qualidade
● Ação da temperatura e da radiação ultravioleta
● Envelhecimento natural do material
● Conceção deficiente dos pontos de evacuação de águas
pluviais
MORGADO (2012)
Perfuração
● Fixação de objetos
● Manutenção da vegetação com objetos cortantes
● Presença de elementos com arestas vivas
FLL (2008)
Corrosão ● Fraca qualidade (na resistência à corrosão) do material MORGADO (2012)
Acumulação de água junto aos
tubos de queda e caleiras ● Deficiente regularização das superfícies acabadas
● Deficiente limpeza do suporte
● Acumulação de detritos
● Ausência de manutenção
● Estrangulamento dos pontos de evacuação
MORGADO (2012)
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
j
Tabela A.10 - Anomalias e causas prováveis em coberturas verdes no sistema de remates. MORGADO (2012); NTJ 11C
(2012); FLL (2008); RAPOSO (2013) e ALVES (2013)
Anomalias e figura de exemplo Causas prováveis Autores
Fissuração dos remates verticais
● Inexistência de proteção térmica das platibandas altas e
rígidas com material isolante eficaz
● Inexistência de proteção vertical do remate
● Diferenças de comportamento térmico e mecânico entre a
estrutura resistente e o elemento emergente
MORGADO (2012)
Fissuração dos remates de juntas
de dilatação
● Execução incorreta MORGADO (2012)
Fluência ou deslizamento dos
remates
● Ação da temperatura
● Altura excessiva do remate de impermeabilização MORGADO (2012)
Descolamento dos remates
● Aplicação dos remates em condições atmosféricas
desfavoráveis
● Inexistência de juntas de sobreposição
● Inadequada proteção do bordo superior do remate
● Deficiente processo de fixação dos rematas de
impermeabilização às tubagens emergentes
MORGADO (2012)
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
k
5. Manutenção
A cobertura verde deverá ter uma vida útil mínima de 60 anos em edifícios correntes.
Tabela A.11. Elementos fonte de manutenção e sua estimativa de vida útil para coberturas verdes
Elementos Fonte de Manutenção Vida útil
Nível 2 Nível 3 Nível 3
Estrutura de suporte
contínua
Laje maciça de betão 60
Laje aligeirada de betão 60
Pré-lajes de betão 60
descontínua
Pranchas vazadas 40
Perfis especiais 40
Chapas metálicas nervuradas 40
Estruturas de madeira 40
Camada de impermeabilização
tradicional
Aplicação "in situ" - Camadas múltiplas de asfalto ou emulsões betuminosas
60
Produtos pré-fabricados - Camadas múltiplas de membranas, telas ou feltros betuminosos
60
não tradicional
Aplicação "in situ" - Camadas múltiplas de resinas acrílicas; resinas poliméricas; emulsões de betumes modificados; espumas de poliuretano
60
Produtos pré-fabricados - membranas de betumes modificados (APP ou SBS); membranas termoplásticas (PVC), membranas elastoméricas
60
Mistura betuminosa ou membranas de PVC com aditivo anti-raízes incorporado, reforçadas com poliéster, fibra de vidro, plástico e grânulos minerais
60
Borracha sintética ou de polietileno 60
Tela anti-raízes
barreira física
polietileno de baixa densidade (LDPE) 60
polietileno (PP) 60
cloreto de polivinilo (PVC 60
poliolefina termoplástica (TPO) 60
polietileno de alta densidade (PEAD) 60
barreira química produtos à base de cobre 60
hidróxido de cobre impregnado 60
Proteção da impermeabilização
Geotêxtil de polipropileno 60
Membrana de poliéster 60
Camada drenante/retenção
tela pitonada
polietileno 60
polipropileno 60
poliestireno 60
Material granular
argila expandida 60
xisto expandido 60
pedra-pomes 60
pozolana natural 60
tapetes porosos materiais reciclados 60
Camada filtrante fibras poliméricas 60
poliolefinas 60
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
l
Tabela A.12- Elementos fonte de manutenção de coberturas verdes (continuação)
Elementos Fonte de Manutenção Vida útil
Nível 2 Nível 3 Nível 4
Substrato técnico Teor elevado de minerais porosos e um baixo teor de matéria orgânica
-
Grânulos de resinas orgânicas de ureia e formaldeído -
Vegetação
médio ou grande porte
Arbustos, coníferas, gramíneas, suculentas, perenes e árvores -
pequeno porte Pequenos arbustos, subarbustos, suculentas ,planta vivaces, herbáceas, gramíneas e perenes
-
rasteira Sedums, musgos, suculentas, Herbáceas e Gramíneas. -
Isolamento térmico
origem mineral
lã de rocha 60
vermiculite expandida 60
perlite expandida 60
betões leves (celular e com agregados leves) 60
origem vegetal
aglomerado de cortiça expandida 60
aglomerado de fibras ou partículas de madeira 60
aglomerado de aparas de madeira mineralizada 60
aglomerado de fibras de linho 60
origem sintética
poliestireno expandido moldado (EPS) 60
poliestireno expandido extrudido (XPS) 60
espumas rígidas de poliuretano 60
espumas fenólicas 60
origem mista perlite expandida e poliuretano 60
perlite expandida e lã de rocha 60
Singularidades
remates
metálicos 15
membranas betuminosas 15
membranas asfálticas 12
mástique 6
sistema de drenagem
metálico 30
PVC 20
fibrocimento 23
fibra de vidro 23
membranas Asfálticas 21
sistema de rega
Válvulas de aspersão 10
Mangueira de rega gota a gota 4
Filtros 15
Tubagens 30
alvenarias
Pedra natural 50
betão 50
cerâmica 50
A estratégia de manutenção pretende estabelecer uma calendarização ponderada, que permita um balanço entre os custos
inerentes às ações de manutenção e a sua eficácia, retirando custos acrescidos por ações de manutenção e deslocações
de técnicos especializados desnecessários. Dessa forma a estratégia passa pela monitorização dos elementos da cobertura
verde através de inspeções passiveis de serem executadas pelo proprietário ou utilizador regular do edifício (fig. A.10).
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
m
Fig. A.10 - Esquema de proposta de estratégia de manutenção para coberturas verdes
Tabela A.13 - Proposta de inspeções programadas (Monitorização)
Código de ações
Ações de manutenção Tipo de cobertura Número de visitas Entidade Responsável
Extens. Intens. Fase 1 Fase2 Fase 3
M01 Inspeções visuais ● ● 2/ano 2/ano 2/ano Proprietário
M02 Inspeções técnicas ● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. especializado
M03 Inspeção da impermeabilização nas áreas expostas
● ● 2/ano 2/ano 2/ano T. especializado
M04 Controlo dos elementos do sistema de drenagem
● ● 2/ano 2/ano 2/ano T. especializado
M05 Inspeção do sistema de drenagem após ocorrências relevantes
● ● + + + Proprietário
M06 Controlo das claraboias e sistemas de ventilação
● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. especializado
M07 Controlo e regulação das ancoragens e medidas de segurança anti-queda
● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. especializado
M08 Inspeção a estruturas na coberturas (mobiliário, entre outros)
● ● 2/ano 2/ano 2/ano Proprietário
M09 Inspeção dos remates ● ● 1/ano 1/ano 1/ano Proprietário
M10 Inspeção dos elementos de alvenaria ● ● 2/ano 2/ano 2/ano Proprietário
M11 Controlo de acumulações de carbonatos nas caleiras
● ● - 1/ano 1/ano T. especializado
M12 Inspeção e regulação do sistema de rega ● ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M13 Controlo presença de vegetação nas áreas sem substrato -perímetro, pontos singulares e caixas de visita
● ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M14 Inspeção e regulação do nível de água em sistemas com reserva de água
● ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M15 Inspeção profunda da impermeabilização ● ● A cada 5 anos T. especializado
M16 Inspeção da estrutura de suporte ● ● A cada 3 anos T. especializado
M17 Controlo de pragas ● ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M18 Controlo das plantas e dos sistemas anti‐deslizamento em coberturas inclinadas
● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
M19 Controlo das ancoragens das árvores e arbustos
● 1/ano 1/ano 1/ano T. jardinagem
Legenda: + Quando necessário
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
n
Tabela A.14 - Proposta de ações preventivas
Código de ações
Ações de manutenção Tipo de cobertura Número de visitas Entidade Responsável
Extens. Intens. Fase 1 Fase2 Fase 3
P01 Limpeza geral ● ● 1/ano 1/ano 1/ano Proprietário
P02 Limpeza dos elementos do sistema de drenagem
● ● 2/ano 2/ano 2/ano Proprietário
P03 Limpeza das claraboias e sistemas de ventilação
● ● 1/ano 1/ano 1/ano Proprietário
P04 Conservação do bom estado dos elementos de alvenaria
● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. especializado
P05 Substituição dos filtros de drenagem ● ● - - + T. especializado
P06 Limpeza de acumulações de carbonatos nas caleiras
● ● - + + T. especializado
P07 Rega ● ● 1/dia + + automática com sensores
P08 Fertilização ● 1/ano + + T. jardinagem
● 1/ano 1/ano 1/ano T. jardinagem
P09 Poda/ Aparo de pontas ● ● 1/ano 1/ano 1/ano T. jardinagem
P10 Ceifa ● 1/ano 1/ano 1/ano T. jardinagem
P11 Remoção de vegetação infestante ● 1-2/ano 1-2/ano 2/ano T. jardinagem
● 1/ano 1/ano 2/ano T. jardinagem
P12 Escarificação /arejamento do solo
● - + + T. jardinagem
P13 Adição de substrato ● + + + T. jardinagem
● - - + T. jardinagem
P14 Reposição de camada de casca de árvore para proteção contra erosão
● ● + + + T. jardinagem
P15 Eliminação de vegetação de locais indesejáveis
● 1-2/ano 1-2/ano 2/ano T. jardinagem
● - 1-2/ano 2/ano T. jardinagem
P16 Poda de raízes ● ● - - + T. jardinagem
P17 Semeadura ou Replantação ● + + + T. jardinagem
● + 1/ano 1/ano T. jardinagem
P18 Tratamento de lesões
● + + + T. jardinagem
P19 Remoção de vegetação seca e detritos ● 1-2/ano 1-2/ano 1-2/ano T. jardinagem
● 2/ano 2/ano 2/ano T. jardinagem
P20 Substituição de remates de mástique ● ● A cada 6 anos T. especializado
P21 Substituição de remates de membranas asfálticas
● ● A cada 12 anos T. especializado
P22 Substituição de remates metálicos e de membranas betuminosas
● ● A cada 15 anos T. especializado
P23 Substituição de componentes do sistema de rega
● ● A cada 5 anos T. especializado
Legenda: + Quando necessário
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
o
Tabela A.15 - Distribuição de ações por visita
Entidade
Responsável
Visitas
anuais
Ações de manutenção a executar
Proprietário
1
Fase 1 M01, M08, M09, M10, P01, P02
Fase 2 M01, M08, M09, M10, P01, P02
Fase 3 M01, M08, M09, M10, P01, P02
2
Fase 1 M01, M08, M10, P02, P03
Fase 2 M01, M08, M10, P02, P03
Fase 3 M01, M08, M10, P02, P03
T.
especializado
1
Fase 1 M02, M03, M04, M06, M07, P04
Fase 2 M02, M03, M04, M06, M07, M11, P04, P06
Fase 3
M02, M03, M04, M06, M07, M11, M15 (a cada 5 anos), M16(a cada 6 anos), P04,
P05, P06, P20 (a cada 6 anos), P21 (a cada 12 anos), P22 (a cada 12 anos), P23 (a
cada 5 anos)
2
Fase 1 M03, M04
Fase 2 M03, M04
Fase 3 M03, M04
T. jardinagem
1
Fase 1 M12, M13, M14, M17, M18, M19, P08, P11, P15, P19
Fase 2 M12, M13, M14, M17, M18, M19, P11, P15, P19, P08-P17 (I)
Fase 3 M12, M13, M14, M17, M18, M19, P11, P15, P19, P08-P17 (I)
2
Fase 1 M12, M13, M14, M17, M18, P09, P10, P19 (I)
Fase 2 M12, M13, M14, M17, M18, P09, P10, P19 (I)
Fase 3 M12, M13, M14, M17, M18, P09, P10, P11, P15, P19 (I)
Legenda: M0 - ação mínima; M0 - ação facultativa; P0 (I) - só aplicado às coberturas intensivas
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
p
6.Decisões de projeto 6.1. Escolha do tipo de cobertura verde e vegetação
A primeira etapa quando se começa o projeto de uma cobertura verde passa por determinar o real objetivo do trabalho,
tendo em conta inúmeros fatores relevantes ( fig. A.11), tais como:
Pretensões do cliente
Capacidade do suporte estrutural
Condicionantes geométricas
Condições climáticas envolventes
Limites de custos de construção
Tempo disponível para execução
Fig. A.11 - Esquema fatores condicionantes na escolha do tipo de cobertura verde e vegetação
A escolha do tipo de vegetação deve ser orientada por um técnico qualificado na área da botânica, visto que o sucesso e
sobrevivência da vegetação vai depender de uma multiplicidade de características climáticas em todas as suas vertentes,
clima da região, microclima, volume de precipitação, nível de exposição solar, períodos de seca, gelo ou neve, direção e
intensidade do vento e as condicionantes construtivas, como áreas de sombras, saída gases de chaminés, reflexão de
fachadas envolventes, entre outros (FLL, 2008).
É importante que todo o projeto seja desenvolvido de forma sólida com uma equipa multi-disciplinar de arquitetos,
engenheiros de estruturas, águas e esgotos, bem como de arquitetos paisagista e engenheiros agrónomos.
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
q
No questionário abaixo, são estabelecidos as perguntas a colocar antes da escolha do tipo de cobertura verde. Consoante a
respostas seja do tipo A, B ou C encaminha para um tipo mais adequado de cobertura verde na coluna lateral.
I. Pretensões do cliente:
II. Capacidade do suporte estrutural:
É necessário parecer de engenheiro de estruturas
III. Limites de custos de construção:
Uso pretendido?
A Cobertura com jardim para permanência e circulação de pessoas com
vegetação de grande ou médio porte
B Cobertura com vegetação rasteira à qual não se pretenda aceder
C Cobertura com vegetação alguma rasteira e alta, solução intermédia
Níveis de necessidades de manutenção?
A Podem ser elevadas, equivalentes a um jardim convencional
B Pretende-se uma cobertura com exigência de manutenção muito baixa
C Pretende-se uma cobertura com exigência de manutenção moderada
Níveis de necessidades de irrigação?
A Podem ser elevados, equivalentes a um jardim convencional
B Pretende-se uma cobertura com exigência de irrigação baixa ou nula
C Pretende-se uma cobertura com exigência de irrigação moderada
Construção existente?
A com capacidade estrutural suficiente ou sem restrição de custos em reforço
estrutural
B com capacidade estrutural reduzida para novas cargas e com restrição de custos
em reforço estrutural
C com moderada capacidade estrutural ou sem restrição de custos em reforço
estrutural
A sem limites de custos
B com limites de custos
C limites moderados
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
r
IV. Tempo disponível para execução:
V. Condicionantes geométricas:
VI. Condições climáticas envolventes:
É necessário parecer de engenheiro de agrónomo ou paisagista
A não é executável em prazos apertados
B permite prazos apertados através da aplicação de vegetação pré-plantada ou
soluções modulares
C permite prazos apertados
Inclinações da cobertura?
A inclinação inferior a 20º
B inclinação até 90º
C inclinação inferior a 30º
Espessura disponível para substrato?
A acima de 150 mm
B entre 70 e 250 mm
C entre 100 e 250 mm
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
s
6.2. Cuidados na especificação do sistema de cobertura verde O desenho da cobertura verde deve ter em conta 8 fatores principais que condicionam as operações de manutenção e a
ocorrência de anomalias:
i. afastamentos mínimos da vegetação ao perímetros, elementos emergentes e restantes pontos singulares
Objetivos:
- evitar a propagação de um eventual fogo
- facilitar o acesso a inspeções nos pontos singulares da cobertura
- garantir que a vegetação obstrua o sistema de drenagem.
Consultar detalhes e medidas na tabela A.2 e figura A.9.
ii. caminhos de circulação para manutenção com telas de proteção às camadas subjacentes
Evitam:
- a circulação desnecessária sobre o substrato para proceder ações de manutenção
- anomalias como morte da vegetação, compactação do substrato, entre outras (ver capítulo 3).
No desenho da cobertura verde, pode-se integrar afastamentos perimetrais que sirvam de caminhos de circulação nas
ações de manutenção neste caso com larguras mínimas de 80 cm (NTJ 11C, 2012).
iii. ancoragem da vegetação de grande porte
Deverá ser garantida a sua estabilidade arvores ou arbusto de médio porte em coberturas verdes do tipo intensivo.
Através de:
- ancoragens
- ajudas estáticas e redução de copa
Execução das ancoragens:
- 3 tirantes de cabo galvanizado, equidistante 120º em planta e 45º em alçado aproximadamente.
- cabos com estilingues de proteção acolchoados nas zonas de fixação do tronco e antes
- não devem atravessar a membrana de impermeabilização, devem ser fixas a malhas metálicas situadas entre a camada
drenante e do substrato (FLL, 2008, NTJ 11C, 2012).
iv. deteção automática de perfuração da tela de impermeabilização
Esta solução de monitorização pode levar a poupanças importantes. Em caso de infiltração será rapidamente detetado o
local exato da mesma, evitando infiltrações mais prolongadas que levam a anomalias mais graves. O custos da remoção
apenas pontual das camadas superiores do sistema de forma a proceder à reparação da membrana será menor (PECK e
KUHN, 2003 e TOLDERLUND, 2010).
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
t
v. Sistemas de rega
Deverá ser considerado pelo menos um ponto de ligação de água manual na cobertura, protegida de eventuais efeitos de
gelo para o período inicial de cobrimento da vegetação com necessidades acrescidas e em períodos pontuais de
temperaturas altas no verão ou períodos longos sem chuva no Inverno, nos quais a vegetação revele stress hídrico (FLL,
2008).
Regra geral, o sistema de rega mais indicado para a vegetação aplicada em coberturas verdes é o de rega automática e
programada gota a gota enterrada. Este apresenta uma eficiência de consumos de águas superiores em relação ao sistema
de aspersão, agredindo menos a camada de substrato.
A solução de aspersão poderá ser necessária em coberturas relvadas mais exigentes em termos de rega. No entanto deve-
se salientar que a solução de relva sobre cobertura, é uma solução característica dos climas nórdicos que não deveria ser
recomendada ou incentivada em climas mediterrânicos como o português.
A rega em demasia, para além dos custos acrescidos em termos de consumos de água, irá reduzir a resistência e robustez
da vegetação deixando-a mais vulnerável.
Idealmente deverá ser implementada uma solução de controlo de rega com base nas condições meteorológicas. Uma
estação meteorológica carregada por energia solar próxima da cobertura verde transmite via wireless dados de humidade,
de evapotranspiração potencial e estado da vegetação para o controladores de rega ajustarem o programa de rega,
evitando assim períodos de seca extrema ou de encharcamento do substrato (ROCA, 2012 e NTJ 11C , 2012).
vi. Sistemas de drenagem
O sistema de drenagem é um elemento fundamental para o bom funcionamento da cobertura verde, devendo, como tal, ser
dimensionado corretamente por técnicos qualificados.
Independentemente da área de cobertura, deverá ser considerado pelo menos um tubo de queda e um tubo ladrão como
escoamento de emergência, para evitar anomalias mais graves aquando do um eventual entupimento do tubo de queda.
Três tipos de soluções de drenagem ( FLL, 2008):
drenagem dentro da área de vegetação.
drenagem fora da área de vegetação.
sistema de drenagem separado entre as zonas com vegetação e sem vegetação.
A solução de sistema de drenagem com caleira e sumidouros colocados visíveis, fora da área de vegetação no perímetro
exterior da cobertura, apresenta claras vantagens. Como tem uma barreira mais efetiva de separação da vegetação,
permite uma inspeção mais eficaz e direta a todo o sistema de drenagem, afastando-a do limite da cobertura, como
recomendado por questões de proteção à propagação de incêndio.
Quando se optar por drenagem dentro da área de vegetação deverão ser consideradas caixas de visita em cada ralo na
saída dos tubos de queda, para facilitar a inspeção. Essas caixas deverão estar colocadas com os afastamentos mínimos
de 15 cm da camada de substrato e vegetação para evitar eventuais entupimentos, caso este cuidado não seja considerado
terá de existir uma exigência superior ao nível da monitorização e limpeza dessas áreas, o que levará a custos acrescidos
de manutenção.
Anexo A . Ficha de apoio ao projeto_____________________________
u
vii. Acessos
A facilidade de acesso à cobertura para ações de manutenção é um fator determinante na viabilidade da manutenção da
cobertura verde,
Como se pode observar no capítulo de manutenção, as coberturas verdes que exigem a remoção de lenha e vegetação
seca da cobertura, o transporte de substrato e vegetação para reposições, transporte de ferramentas de jardinagem, entre
outros. A cobertura verde deverá ser concebida de forma a que os acessos facilitem essas atividades, podendo ser por
escadas, elevador ou tirando proveito de acessos diretos à cobertura por desníveis da envolvente.
Caso esses acessos não sejam considerados as visitas de manutenção terão custos acrescidos para içamento de material
para a cobertura.
Deverá ser ponderado o número de acessos para a área de cobertura verde a projetar. Áreas elevadas com trajetos longos
entre o local extremo de cobertura verde e o ponto de acesso vão dificultar as ações de manutenção, tornando as visitas
mais morosas. Nesses casos, deverão ser considerados vários locais de acesso.
viii. Segurança nas operações de manutenção
A segurança dos técnicos de manutenção, em particular a acidentes por queda, deverá ser salvaguardada. Existem
diversas soluções como a elevação da platibanda, guarda corpos ou a inclusão de linhas de vida, que permitem
posteriormente ao técnico de manutenção fixar um cabo com arnês. Este último só deverá ser considerado para coberturas
com vegetação rasteira
6.3. Registo das soluções adotadas para consulta posterior Deverá ser fornecido ao cliente e utilizador um manual de utilização e manutenção por parte da equipa multidisciplinar de
projetistas com toda a informação relevante sistematizada, por forma a dar um apoio efetivo nas operações de manutenção,
evitando assim ações indevidas e permitir o utilizador contribuir de forma consciente para durabilidade e correto
desempenho da cobertura verde.
Nesse manual deverão constar:
opções de projeto justificadas
especificação e características de cada camada
as exigências de manutenção
restrições de cargas, para evitar uma futura relocalização inadequada de vegetação ou plantações adicionais em
área que não permitem acomodar essa carga adicional (PECK e KUHN, 2003)
registro fotográfico exaustivo da instalação da cobertura verde, com particular enfase nos pontos singulares. Essa
informação é de extrema utilidade para um análise posterior e aferição, por exemplo, alguma eventual deficiência
de execução que justifique o aparecimento de anomalias, permitindo uma ação corretiva mais assertiva