Manual PCIF Revisado - 2010.pdf
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AIS
-
CORPO DE BOMBEIROS DA PMPR
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS
O Corpo de Bombeiros da PMPR
autoriza a reproduo total ou
parcial, desde que citada a fonte.
3 Edio
Revisada e Ampliada
Curitiba, PR, abril de 2010
-
Comandante do Corpo de Bombeiros da PMPR
Cel. QOBM Geraldo Domaneschi
Chefe do Estado do Corpo de Bombeiros da PMPR
Cel. QOBM Hercules William Donadello
Chefe da 3 Seo do Estado Maior/CCB
Ten-Cel. QOBM Carlos Ferreira Nascimento
Chefe do Centro de En sino e Instruo do CB
Cap. QOBM Gerson Gross
Equipe de Elaborao
Major QOBM Edemilson de Barros
Major QOBM Paulo Henrique de Souza
Major QOBM Fernando Raimundo Schunig
Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
Reviso Ortogrfica
Naemi Rosana Habermann Avila
Organizao
Major QOBM Edemilson de Barros
mailto:[email protected] -
Aos nossos grandes mestres!
Cel. BMRR Rene Raul Wengeroth Silva
Ten-Cel. BMRR Joo Carlos Pinkner
In Memorian
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PREFCIO
Este Manual de Preveno e Combate a Incndios Florestais uma
atualizao dos antigos alfarrbios que foram elaborados para suprir a
necessidade surgida logo aps os incndios florestais no Paran em 1963, sendo
uma obra direcionada a todos os bombeiros que j atuaram em fogo de
vegetao.
Os primeiros mementos na rea de incndio florestal foram de autoria do
falecido Coronel QOBM Ren Raul Wengeroth Silva, que foi um estudioso de
assuntos de bombeiro de u m modo geral, sempre buscando com isso a melhoria
da instruo e principalmente a padronizao de condutas operacionais.
Destaco tambm nesta rea de incndios florestais a importante
colaborao do falecido Tenente Coronel Joo Carlos Pinkner, pioneiro j untamente
com outros Oficiais do Corpo de Bombeiros do Paran pela implantao e
divulgao dos Cursos de Combate a Incndio Florestal no Estado do Paran e
para outras corporaes da Federao.
A evoluo nesta rea tcnica possibilitou a ida de Oficia is Bombeiros
Militares para os Estados Unidos da Amrica, tanto que em 1993 fomos eu e o
/ Department of Agriculture do Governo Americano, de onde trouxemos
conhecimentos para a aplicao na doutrina de combate a incndios florestais no
Estado.
Na sequ ncia foram ministrados vrios cursos nesta rea aos integrantes da
nossa Corporao e das Coirms, sempre trazen do novos conhecimentos e
consequ entemente o aperfeioamento profissional digno de ser estendido a
diversos segmentos ligados a o setor florestal.
Em sntese, este trabalho um compndio de literatura, de conhecimentos
prticos e o mais importante, de muita paixo pela preveno e combate a
incndios florestais.
Congratulo -me com o Major Barros, um exemplo de bombeiro na
Corporao, pela sua iniciativa e dedicao esperando que este manual, bem
elaborado e organizado, sirva a todos, sendo uma forma de colaborao na
preservao do meio ambiente para as futuras gera es.
Marcos Antonio Jahnke, Maj. QOBM, Corpo de Bombeiros do Paran
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leo sobre tela de Alfredo Andersen (1860/1935 )
Retrata um incndio florestal no Estado do Paran
Fonte: Acervo do Palcio Iguau Sede do Governo do Estado do Paran
-
INTRODUO
No ano de 1963 o Estado do Paran foi assolado por um dos maiores
incndios florestais que se tem notcia. Chamou -se naquela poca tal evento de
Foram queimados aproximadamente 2.000.000 ha entre
plantaes, florestas e campos, tendo ainda o trgico saldo de 73 mortes, cerca
de 4.000 residncias queimadas, desabrigando 5.700 famlias.
Por ser um assunto novo na poca , as aes de combate foram
extr emamente dificultadas, tendo em vista a escassez de pessoal especializado e
recursos necessrios.
A partir deste fato , vislumb rou -se a necessidade de organizar, no Estado do
Paran, uma estrutura para o combate a incndios florestais, com homens
treinados , material e equipamento especializado.
Foram desenvolvidos estu dos viabilizando a implantao de um Curso que
cont emplasse o assunto em questo e o Corpo de Bombeiros da PMPR formava
ento, no ano de 1967, a primeira turma no Curso de Preveno e Combate a
Incndios Florestais.
A formao e doutrina foi baseada no sistema do United States Forest
Service, graas ao empenho e dedicao do ento Tenente Ren Raul Wengenroth
Silva, que com a ajuda do Sargento Richard Pedro Bahr e de Celso Schoeniger
traduziram manuais norte americanos, adaptando -os e elaborando assim o
Manual de Preveno e Combate a Incndios Florestais, que possibilitou ao Corpo
de Bombeiros do Estado do Paran assumir a vanguarda de tal atividade,
formando combatentes em diversos Estados da Unio, bem como participando de
diversas operaes em outros Estados, como na Fora Tarefa que integrou as
equipes na ajuda ao combate a incndios florestais no Estado de Roraima em
1998.
Atualmente o Corpo de Bombeiros do Paran j formou na at ividade de
preveno e combate a incndios florestais mais de 1000 combatentes e
prevencionistas oriundo s de vrios Estados do Brasil, contribuindo desta forma,
par a a manuteno de nossas matas, florestas e na preservao do meio
ambiente.
CURITIBA, PR, ABRIL DE 2010
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SUMARIO
1 TEORIA BSICA FLORESTAL .............................................................. 16
1.1 FOGO.................................................................................................. 16
1.1.1 Combustvel ....................................................................................... . 16
1.1.1.1 Classificao dos combustveis............................................ 16
1.1.2 Comburente ........................................................................................ 17
1.1.3 Calor................................................................................................... 17
1.1.3.1 Unidades de calor ................................................................ 17
1.1.3.2 Calor de combusto............................................................. 17
1.1.3.3 Absoro de calor................................................................ 17
1.1.3.4 Mtodos de transmisso de calor......................................... 18
1.1.4 Temperatura....................................................................................... 20
1.1.4.1 Ponto de fulgor .................................................................... 20
1.1.4.2 Ponto de combusto............................................................ 20
1.1.4.3 Ponto de ignio.................................................................. 20
1.1.5 Tetraedro do fogo............................................................................... 20
1.2 ESTUDO GERAL DA COMBUSTO......................................................... 21
1.2.1 Fases da combusto ........................................................................... 21
1.2.1.1 Pr-aquecimento.................................................................. 22
1.2.1.2 Destilao ou Consumo dos Gases....................................... 22
1.2.1.3 Incandesc ncia ou Consumo de Carvo................................ 22
1.2.2 Classificao d as combust es.......... ................................................... 22
1.2.2.1 Vivas................................................................................... 22
1.2.2.2 Lentas.................................................................................. 22
1.2.2.3 Espontneas ......................................................................... 22
1.2. 3 Elementos resultantes da combusto.................................................. 25
1.2. 3.1 Fumaa................................................................................ 25
1.2.3 .2 Chama................................................................................. 26
1.2.3 .3 Gases.................................................................................. 26
1.3 INCNDIO........................................................................................... 27
1.3.1 Causas de incndios ........................................................................... 27
1.3.1.1 Quanto origem.................................................................. 27
1.3.1.2 Causas primrias de incndios ............................................. 28
1.3.1.3 Causas secundrias de incndios......................................... 28
1.3.2 Classificao dos incndios................................................................ 28
1.3.2.1 Quanto s propores.......................................................... 28
1.3.2.2 Quanto propagao........................................................... 28
1.3.2.3 Quanto aos locais ................................................................. 28
1.3.3 Processos de extino........................................................................ 30
1.3.3.1 Retirada do material combustvel......................................... 30
1.3.3.2 Resfriamento....................................................................... 30
1.3.3.3 Abafamento......................................................................... 30
1.3.4 Agentes Extintores ............................................................................. 30
1.3.4.1 gua.................................................................................... 30
1.3.4.2 Retardantes qumicos ........................................................... 31
1.3.4.3 Terra do solo....................................................................... 32
2 FATORES DE PROPAGAO DE INCNDIOS FLORESTAIS ....................... 34
2.1 FATORES DO MEIO AMBIENTE.............................................................. 34
2.1.1 Combustveis ...................................................................................... 34
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2.1.1.1 Umidade do combustvel ...................................................... 35
2.1.1.2 Arranjo vertical do combustvel............................................ 36
2.1.1.3 Carga do combustvel........................................................... 37
2.1.1.4 Compactao do combustvel............................................... 37
2.1.1.5 Tamanho e forma do combustvel........................................ 37
2.1.1.6 Continuidade do combustvel............................................... 38
2.1.1.7 Propriedades qumicas do combustvel................................. 38
2.1.2 Fatores Climticos .............................................................................. 38
2.1.2.1 Velocidade e direo do vento .............................................. 38
2.1.2.2 Umidade relativa do ar......................................................... 39
2.1.2.3 Precipitao......................................................................... 40
2.1.2.4 Temperatura........................................................................ 41
2.1.2.5 Estabilidade Atmosfrica...................................................... 41
2.1.3 Topografia .... ...................................................................................... 42
2.1.3.1 Inclinao............................................................................. 42
2.1.3.2 Exposio ............................................................................ 43
2.1.3.3 Elevao............................................................................... 43
2.2 PARTES DE UM INCNDIO FLORESTAL....................................... ........... 43
2.3 PROPAGAO DE INCNDIOS FLORESTAIS........................................... 44
2.3.1 Propagao pelo vento ....................................................................... 44
2.3.2 Propagao pela ao das correntes de conveco ............................. 44
3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCNDIOS
FLORESTAIS.......................................................................................
47
3.1 BOMBAS.............................................................................................. 47
3.2 FERRAMENTAS E APARELHOS............................................................... 48
3.2.1 Faco com bainha ............................................................................... 48
3.2.2 Foice................................................................................................... 48
3.2.3 Machado lenhador (Pulaski)......................... ........................................ 48
3.2.4 Enxada................................................................................................ 49
3.2.5 Rastelo ................................................................................................ 49
3.2.6 Mcleod................................................................................................ 49
3.2.7 Ps e cortadeiras ................................................................................. 49
3.2.8 Queimador para incndio controlado.................................................. 49
3.2.9 Motosserra........................................................... ............................... 50
3.2.10 Roadeira............................................................................................ 50
3.2.11 Abafador ............................................................................................. 51
3.2.12 Mangue iras e esguichos...................................................................... 51
3.2.13 Bomba Costal e Mochila Costal ............................................................ 51
3.2.14 Manuteno das ferramentas.............................................................. 52
3.3 MATERIAL DE ILUMINAO................................................................. 53
3.3.1 Lanterna de mo................................................................................. 53
3.3.2 Lanterna de cabea............................................................................. 54
3.3.3 Gerador de energia ............................................................................. 54
3.3.4 Extenses e lmpadas......................................................................... 55
3.4 EQUIPAMENTO DE PROTEO INDIVIADUAL (EPI)......................... ........ 55
3.4.1 Capacete ............................................................................................. 55
3.4.2 Protetor auricular. ............................................................................... 56
3.4.3 Protetor de vista .................................................................................. 56
3.4.4 Leno em algodo. .............................................................................. 56
3.4.5 Balaclava.. ........................................................................................... 56
-
3.4.6 Luva de vaqueta. ................................................................................. 57
3.4.7 Bota.. ........................................ .......................................................... 57
3.4.8 Polainas em couro. .............................................................................. 57
3.4.9 Roupa resistente a chama..... .............................................................. 57
3.5 VECULOS DE COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS.............................. 58
3.5.1 Veculos pesados. ............................................................................... 59
3.6 COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS COM AERONAVES........................ 59
3.6.1 Emprego de avies.. ............................................................................ 60
3.6.2 Emprego de helicpteros. ................................................................. .. 61
3.6.2.1 Segurana nas operaes com helicpteros.......................... 63
3.7 MATERIAIS ESPECIAIS DE COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS............. 66
3.7.1 Kit - para inc ndios florestais. ....................... .......................... 66
3.7.2 Extintor de exploso........ ................................................................... 67
4. ORGANIZAO DE PESSOAL . ............................................................ 69
4.1 GUARNIES DE INCNDIOS FLORESTAIS............................................. 69
4.1.1 Guarnio de Combate a Incndio Florestal (GCIF)............................... 69
4.1.2 Guarnio de Queima (GQ).................................................................. 69
4.1.3 Guarnio de Tombamento (GT).......................................................... 70
4.2 SOCORRO DE INCNDIOS FLORESTAIS...................................... ........... 70
4.3 PRONTIDO DE INCNDIOS FLORESTAIS.............................................. 70
4.3.1 Prontido Reduzida ............................................................................. 70
4.3.2 Prontido Padro ................................................................................. 70
4.3.3 Prontido Ampliada ............................................................................. 70
5. TCNICAS E TTICAS DE COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS ....... 74
5.1 DETECO.......................................................................................... 74
5.2 COMUNICAO................................................................................... 75
5.3 MOBILIZAO................... .................................................................. 75
5.4 CHEGADA AO LOCAL........................................................................... 75
5.5 ESTUDO DA SITUAO........................................................................ 75
5.6 COMBATE AO INCNDIO...................................................................... 77
5.6.1 Ataque Direto.............................................................. ....................... 77
5.6.2 Ataque Indireto................................................................................... 78
5.6.2.1 Aceiro Progressivo............................................................... 78
5.6.2.2 Aceiro por Setor................................................................... 79
5.6.2.3 Princpios de Construo de Aceiros..................................... 79
5.6.3 Tcnicas de Queimadas.................................................................. ..... 80
5.7 RESCALDO.......................................................................................... 80
5.8 COMBATE INICIAL................................................................................ 80
5.8.1 Caractersticas do Combate Inicial....................................................... 81
5.8.2 Informaes iniciais............................................................................ 81
5.8.3 Localizando o incndio ....................................................................... 81
5.8.4 Anlise de comportamento do fogo.................................................... 81
5.8.5 Procedimentos no deslocamento.................................................. ....... 81
5.8.6 Chegada na rea do incndio.............................................................. 81
5.8.7 Avaliaes do Combate Inicial............................................................. 83
5.8.8 Informaes iniciais a serem repassad as............................................. 84
5.9 COMBATE A GRANDES INCNDIOS....................................................... 84
5.9.1 O Sistema de Comando d e Incidentes................................................. 87
5.9.1.1 Princpios do SCI.................................................................. 87
-
5.9.1.2 Estrutura e funes do SCI................................................... 87
5.9.1.3 Instalaes do SCI ................................................................ 87
5.9.1.4 Gerenciamento de recursos.................................................. 87
5.9.1.5 Situao do Incidente........................................................... 88
5.9.1.6 Comunicaes no Incidente.................................................. 88
5.9.2 Caractersticas de um grande incndio florestal.................................. 89
5.9.2.1 Transio entre o combate inicial e o combate a um grande
incndio florestal.................................................................
89
5.9.2.2 Assuno do comando...... ................................................... 90
6. PREVENO CONTRA INCNDIOS FLORESTAIS ................................ 99
6.1 PROTEO CONTRA INCNDIOS FLORESTAIS....................................... 99
6.2 PREVENO CONTRA INCNDIOS FLORESTAIS..................................... 99
6.2.1 Remoo e controle de riscos e causas de incndios florestais
ocasionados pelo homem ...................................................................
99
6.2.1.1 Classificao do risco florestal............................................. 99
6.2.1. 2 Origem do incndio florestal.. .............................................. 99
6.2.1. 3 Riscos e causas.... ................................................................ 100
6.2.2 Preveno da propagao do fogo....................................................... 101
6.2.2.1 Construo de aceiros de segurana .................................... 102
6.2.2 .2 Cortinas de segurana.......................................................... 103
6.2.2 .3 Construo de audes.......................................................... 103
6.2.3 Tcnicas de queimadas ....................................................................... 103
6.2.3.1 Queima contra o vento......................................................... 103
6.2.3 .2 Queima a favor do vento...................................................... 104
6.2.3 .3 Queima de flancos............................................................... 104
6.2.3.4 Queima em manchas............................................................ 104
6.2.3 .5 Queima central ..................................................................... 104
6.2.3 .6 Queima em V (Chevron)....................................................... 105
6.2.4 Deteco e aviso de incndio ........................................................ ...... 105
6.2.5 Plano de proteo florestal.................................................................. 105
6.2.5 .1 Objetivos de um plano de proteo florestal........................ 105
6.2.6 Vigilncia florestal .............................................................................. 106
6.3 ASPECTOS LEGAIS................................................................................ 109
6.3.1 Cdigo Florestal............................................. ..................................... 110
6.3.2 Decreto Lei 97.637............................................................................. 111
6.3.3 Decreto Lei 6.515............................................................................... 112
6.3.4 Decreto Estadual 4.223....................................................................... 115
6.3. 5 Decreto Estadual 6.416....................................................................... 116
7. METEOROLOGIA APLICADA A INCNDIOS FLORESTAIS.................... 118
7.1 CONDIES METEOROLGICAS........................................................... 118
7.1.1 Temperatura....................................................................................... 118
7.1.2 Umidade.... ......................................................................................... 119
7.1.2.1 Presso de vapor......... ......................................................... 119
7.1.2 .2 Umidade absoluta.......... ...................................................... 119
7.1.2 .3 Razo da mistura.. ............................................................... 119
7.1.2 .4 Umidade relativa...... ............................................................ 119
7.1.2 .5 Medidas de umidade. ........................................................... 120
7.1.2 .6 Umidade dos combustveis.. ................................................. 120
7.1.3 Vento .................................................................................................. 121
-
7.1.3.1 Tipos e caractersticas de ventos.......................................... 121
7.1.4 Nuvens ............................................................................................... 122
7.1.5 Precipitao........................................................................................ 123
7.1.5.1 Medidas de precipitao ....................................................... 124
7.1.6 Presso Atmosfrica............................................................................ 124
7.1.7 Estabilidade Atmosfrica ..................................................................... 125
7.1.7.1 Levantamento orogrfico...................................................... 126
7.2 CLCULO DE RISCO DE INCNDIO....................................................... 126
7.2.1 Clculo do ndice de perigo empregando frmulas.............................. 127
7.2.1.1 Frmula de Angstron. ........................................................... 127
7.2.1 .2 Frmula de Monte Alegre. .................................................... 127
7.2.1 .3 Frmula de Monte Alegra alterada ........................................ 128
7.3 NDICES DE DESCONFORTO HUMANO.................................................. 129
8. PERCIA APLICADA A INCNDIOS FLORESTAIS .................................. 132
8.1 DETERMINAO DA ORIGEM DO INCNDIO......................................... 132
8.2 PRINCPIOS DA PROPAGAO DO FOGO.............................................. 132
8.2.1 Vento .................................................................................................. 132
8.2.2 Declividade......................................................................................... 132
8.2.3 Combustveis...................... ................................................................ 133
8.2.4 Barreiras............................................................................................. 133
8.3 INDICADORES DA DIREO DO FOGO................................................. 133
8.3.1 Indicadores nos talos das gramneas................................................... 133
8.3.2 Indicadores de combustveis protetores.............................................. 133
8.3.3 Indicadores de queima em forma de cava............................................ 134
8.3.4 Padro de carbonizao...................................................................... 134
8.3.4.1 ................................................................. 135
8.3.4 .2 135
8.3.4 .3 Manchas.............................................................................. 135
8.3.4 .4 Fuligem................................................................................ 135
8.4 DETERMINAO DA CAUSA DO INCNDIO........................................... 136
8.4.1 Categoria das causas de incndio ........................................................ 137
8.4.2 Eliminao das causas......................................................................... 137
8.5 MTODOS DE INVESTIGAO.............................................................. 138
8.6 INDICADORES DE FONTE DE IGNIO.................................................. 138
8.6.1 Relmpagos................................................................................. ....... 138
8.6.2 Dispositivos incendirios.................................................................... 139
8.6.3 Incndios causados pela ao humana em fontes de ignio bvias.... 139
8.6.4 Incndios causados pela ao humana e cujas fontes de ignio no
so bvias...........................................................................................
139
8.7 MATERIAIS PARA PERCIA..................................................................... 142
8.7.1 Objetos demarcadores ........................................................................ 142
8.7.2 Rgua................................................................................................. 143
8.7.3 m..................................................................................................... 143
8.7.4 Cmera............................................................................................... 143
8.7.5 Materiais escritos............ .................................................................... 143
8.7.6 Trena de ao....................................................................................... 143
8.7.7 Bssola.......................................................... ..................................... 143
8.7.8 GPS..................................................................................................... 143
8.8 AES NECESSRIAS........................................................................... 143
8.8.1 A caminho do incndio....................................................................... 143
-
8.8.2 Chegando ao local do incndio........................................................... 144
9. TCNICAS DE ORIENTAO E NAVEGAO ...................................... 148
9.1 MAPAS................................................................................................ 148
9.1.1 Mapas topogrficos............................................................................. 148
9.1.2 Sistema UTM....................................................................................... 148
9.1.3 Escala................................................................................................. 148
9.1.4 Como ler uma carta topogrfica.......................................................... 149
9.1.5 Curvas de nvel................................................................................... 150
9.2 BSSOLA............................................................................................. 150
9.2.1 Declinao magntica......................................................................... 150
9.2.2 Componentes de uma bssola ............................................................ 151
9.2.3 Azimute.............................................................................................. 152
9.2.3.1 Azimutes sobre o mapa ........................................................ 152
9.2.3 .2 Azimutes no campo.............................. ............................... 154
9.3 GPS..................................................................................................... 154
9.3.1 Waypoints 155
9.3.2 GO TO ................................................................. 155
9.3.3 MOB 155
9.3.4 Consideraes importantes ................................................................. 156
9.3.5 Empregando rotas no GPS................................................................... 156
9.3.6 Uso do GPS em um incndio florestal.......................................... ........ 156
9.3.6.1 Empregando uma carta topogrfica...................................... 156
9.3.6.2 Empregando uma aeronave.................................................. 157
9.4 PERCURSO DE CAMINHADAS................................................................ 15 7
10. SOCORROS DE URGNCIA NOS INCNDIOS FLORESTAIS .................. 160
10.1 ATENDIMENTO INICIAL VTIMA DE TRAUMA...................................... 160
10.1.1 Controle da cena................................................................................. 160
10.1.1.1 Segurana do local............................................................... 160
10.1.1.2 Mecanismo de trauma .......................................................... 160
10.1.1.3 Abordagem da vtima........................................................... 160
10.2 RESSUSCITAO CRDIO-PULMONAR.................................................. 161
10.2.1 RCP em adultos................................................................................... 162
10.2.1.1 Abertura de vias areas........................................................ 162
10.2.1.2 Ventilao ............................................................................ 162
10.2.1.3 Compresso torcica............................................................ 162
10.3 FERIMENTOS....................................................................................... 164
10.3.1 Atendimento a vtimas de ferimentos..................................................
10.4 FRATURAS E LUXAES............................................ .......................... 165
10.4.1 Classificao das fraturas................................................................... 165
10.4. 2 Sinais e Sintomas............. ................................................................... 166
10.4.3 Atendimento a vtimas de fraturas...................................................... 166
10.4. 4 Luxaes............................................................................................ 166
10.4.4.1 Sinais e sintomas ................................................................. 166
10.4.4.2 Cuidados de emergncia...................................................... 166
10.5 QUEIMADURAS............................................................................. ....... 166
10.5.1 Anatomia da pele................................................................................ 166
10.5.1.1 Epiderme............................................................................. 167
10.5.1.2 Derme .................................................................................. 167
10.5.1.3 Tecido subcutneo............................................................... 167
-
10.5.2 Classificao das queimaduras ............................................................ 167
10.5.2.1 Quanto s causas................................................................. 167
10.5.2. 2 Quanto profundidade. ....................................................... 167
10.5.2. 3 Quanto extenso ............................................................... 167
10.5.2. 4 Quanto localizao. ........................................................... 167
10.5.2. 5 Quanto gravidade .............................................................. 168
10.5.3 Atendimento ao queimado.................................................................. 168
10.6 ACIDENTES COM ANIMAIS PEONHENTOS........................................... 168
10.6.1 Ofdios................................................................................................ 169
10.6.1.1 Gnero Bothropos................................................................ 170
10. 6.1.2 Gnero Crotalus... ................................................................ 170
10. 6.1.3 Gnero Micrurus.. ................................................................ 171
10.6.2 Aranhas .............................................................................................. 172
10.6.2.1 Aranha Marron..................................................................... 172
10. 6.2. 2 Aranha Armadeira. ............................................................... 172
10.6.3 Escorpies.......................................................................................... 172
10.6.4 Insetos ................................................................................................ 173
FATORES DE CONVERSO .............................................................................. 175
EVOLUO DOS INCNDIOS FLORESTAIS NO ESTADO DO PARAN ............. 177
FLUXOGRAMA DE DESPACHO E ATENDIMENTO DE OCORRNCIA DE
INCNDIO FLORESTAL ....................................................................................
178
REFERNCIAS..................................................................................................
179
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
15
01
SEM EXCEES: SEGURANA EM PRIMEIRO LUGAR!
TEORIA BSICA FLORESTAL
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
16
1. TEORIA BSICA FLORESTAL
1.1 FOGO
o desenvolvimento de luz e
calor produzidos simultaneamente pela
combusto de certos corpos.
Para fins de aplicaes prticas,
foi idealizada uma representao para o
fogo, sendo ele o resultante de um
elemento geomtrico de trs lados
(Tringulo do Fogo), que se obteria
quando se reunissem trs elementos
componentes que so o combustvel, o
comburente (oxignio) e calor, cada um
com uma denominao especial.
]
FIGURA 1 Tringulo do fogo
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
Em qualquer incndio florestal
necessrio haver combustvel para
queimar, oxignio para manter as
chamas e calor para iniciar e manter o
processo de queima. Se retirarmos
qualquer um destes elementos, ou
mesmo reduzi -los a certos nveis, o
processo da combusto invivel.
1.1.1 Combustvel
Os combustveis em sua maioria
so co mpostos orgnicos, verificando -se
em sua molcula normalmente tomos
de carbono e de hidrognio. o
elemento que serve de campo de
propagao do FOGO.
1.1.1.1 Classificao dos c ombustveis
Os combustveis so assim
classificados:
a. Quanto ao estado fsico:
Slidos : estes combustvei s para
entrarem em combusto, te m que
passar do estado slido para o gasoso.
So os comumente en contrados no
ambiente floresta l. Ex: grama, arbustos,
rvores.
Gasosos: So diversos gases inflamveis.
O perigo destes gases reside
principalmente na possibilidade de
vazamento dos mesmos, podendo
formar com o ar atmosfrico, misturas
explosivas que facilmen te atingem uma
fonte de ignio. Ex: g s liquefeito de
petrleo (GLP).
Lquidos : Raramente encontrados nos
incndios florestais, exceto quando
atingem depsitos de estocagem destes
produtos. Ex: lcool, gasolina etc.
b. Quanto v olatilidade
Volteis : Na temperatura ambiente
despren dem vapores capazes de
inflamar;
No Volteis : Necessitam de
aquecimento para inflamar.
c. Quanto p ropagao do fogo
Leves: Compem -se de grupo de folhas
secas, folhas mortas, arbustos, vegetais
oleosos (cedro). So combustveis de
fcil propagao e muitas vezes servem
de base para co mbusto em
com bustveis pesados;
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
17
Pesados: So combus tveis de
propagao lenta. Po r exemplo: grandes
troncos, rvores de grande porte.
1.1.2 Comburente
o gs que serve para produzir e
manter a combusto por meio da sua
combinao com os gases provenientes
do aquecimento dos combustveis. O
comburente mais abundante o
Oxignio (O 2) que encontrado a 21%
na atmosfera. Experincias mostraram
que se reduzirmos a porcentagem de
oxignio abaixo de 15% no teremos o
processo da combusto.
1.1.3 Calor
uma forma de energia. Nos
incnd ios florestais, normalmente a
originado das maneiras mais diversas,
tais como: brasas, pontas de cigarros,
queima de lixo, resduos de
escapamen to de veculos, etc. A
temperatura de ignio dos
combustveis florestais est entre 260 a
400 C.
1.1.3.1 Unidades de c alor
a. Quilo -caloria (Kcal)
a quantidade de calor que deve
ser fornecida a um quilograma de gua
para elevar a sua temperatura de um
grau Celsius.
b. Caloria ( cal)
a quantidade de ca lor que deve
ser fornecida a um grama de gua para
elevar a sua temperatura de um grau
Celsius.
c. BTU (British Thermal Unit)
a quantidade de calor que
precisa ser fornecida a uma libra de
gua para elevar sua temperatura de um
grau Fahrenheit .
1.1.3.2 Calor de combusto
Definimos c alor de combusto
como sendo a qu antidade de calor
liberada por unidade de massa ou por
unidade de volume, quando se queima
completamente uma substncia. Os
calores de combusto dos combustveis
slidos e lquidos so normalmente
expressos em Kcal ou BTU/libra.
O calor de c ombusto de algumas
substncias apresentado na tabela a
seguir:
SUBSTNCIA CALOR DE COMBUSTO
Madeira 4500 kcal/kg
Gs de carvo 5400 Kcal/m3
Gs Natural 9000 a 22500 Kcal/m3
Carvo 7000 a 9500 Kcal/m3
lcool Etlico 7000 Kcal/kg
leo Combustvel 10.000 kcal/kg
1.1 .3.3 Absoro de calor
A gua capaz de realizar este
fenmeno. Sabemos que a gua, para
elevar sua temperatura de um grau,
precisa de uma un idade de calor
chama da uando a
temperatura da gua atingi r 100C, sua
massa absorveu certo nmero de
calorias. Suponhamos que um litro de
gua a 10C de temperatura, para atingir
100C de temperatura, precisar de 90
Kcal. Para um litro de gua atingir, do
ponto de ebulio ao ponto de vapor,
sua massa absorve mais 540 Kcal.
Portanto, o litro de gua utilizado para
extinguir o fogo absorver, do estado
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
18
lquido ao estado de vapor, 540+90=630
calorias.
Conclui -se que, para absorve r
todo o calor contido num quilograma de
um corpo qualquer em combusto,
sero precisos tantos quilogramas de
gua quantos o nmero 630 couber no
nmero de calorias desprendidas por tal
corpo.
Exerccio de fixao 1:
leo combustvel 10.000
Kcal/Kg. Q uanto de gua ser necessrio
para absorver o calor de leo
combustvel?
10.000 = 15,8 l
630
O resultado refere -se a
quantidade para absoro de um litro de
leo combustvel.
Exerccio de fixao 2:
Incndio em reflorestamento de
pinus , com 100 toneladas de madeira.
Total: 100.000 kg de madeira
Calor de Combusto: 4500 cal/kg
100.000 * 4 500= 4 50.000.000 cal
450.000.000 cal = 715 .000 litros
630
Portanto seriam necessrios perto de
715 .000 litros de gua para a extino
de tal incndio admitindo -se que toda a
gua se vaporize.
1.1.3.4 Mtodos de t ransmisso de calor
Uma fonte de calor
suficientemente forte uma das
condies necessrias para a ocorrncia
e a continuidade da combusto para os
combustveis prximos , a fim de que o
incndio possa avanar ou se propagar.
Essa transferncia de calor pode ocorrer
por conduo, radiao e conveco.
a. Conduo
a transferncia de calor por
contato direto com a fonte aquecida d e
calor. Quando uma substncia
aquecida ela absorve calor e sua
atividade molecular interna aumenta. O
aumento da atividade molecular
acompanhado de um aumento de
temperatura. A capacidade de conduzir
calor varia bastante entre diferentes
substncias. Os materiais combustveis
flores tais so maus condutores de calor,
da a pequena importncia da conduo
na propagao dos incndios florestais.
b. Radiao
a transferncia do calor pelo
espao, por meio de ondas ou raios, em
todas as direes, velocidade da luz.
Radiao o nico meio de transferncia
de calor que no requer uma substncia
intermediria entre a fonte de calor e a
substncia receptora, podendo
processar -se inclusive no vcuo, como
por exemplo o aquecimento da terra
pelo sol.
FIGURA 2 Ao da radiao.
Autor : Sd. QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
19
c. Conveco
a transferncia de calor por
meio do movimento circular ascendente
de massas de ar aquecidas. O ar
aquecido diminui sua d ensidade,
tornando -se mais leve e tendendo a
subir. Segundo o princpio da conveco,
o fogo pode criar condies de
turbulncia aspirando oxignio pelos
lados e lanando para cima o ar
aquecido. Esse processo responsvel
pelo b arulho que se ouve em grandes
incndios que se movimentam
rapidamente.
FIGURA 3 Ao da conveco.
Autor : Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
Todos os trs mtodos de
transferncia de calor conduo,
radiao e conveco - geralmente esto
atuando simultaneamente em um
incndio florestal. No entanto o grau de
importncia de cada mtodo varia de
acordo com a situao. No incio de um
incndio, o calor de uma fagulha pode
ser transferido para o combustvel por
qualquer um dos mtodos, ou por uma
combinao dos mesmos. Ocorrida a
ignio, o calor de qualquer um dos
combustveis deve ser transferido para o
interior das peas individuais de
combust vel (pedaos de madeira) por
conduo para que a combusto
continue. Para que o fogo se propague,
o calor deve ser transferido para o
combustvel que ainda no queimou e
essa transferncia feita principalmente
por radiao ou conveco. Se no
existe ven to e o terreno plano, a
coluna de conveco praticamente
vertical. Nesse caso a transferncia de
calor para o combustvel frente do
fogo insignificante e a radiao torna -
se o mais importante mtodo de
transmisso do calor que sustenta a
combusto. A presena de vento e uma
topografia acidentada favorecem o
movimento convectivo e ento a
conveco passa a ser o processo
dominante na propagao,
principalmente dos grandes incndios.
d. Deslocamento de corpos i nflamados
O combustvel florestal ao
queimar pode lanar frente da linha de
fogo , fagulhas ou material florestal em
brasa. Tal fenmeno ocorre
principalmente em funo da ao do
vento. Regies de extensas florestas,
reflorestamentos e campos so mais
suscetveis a tais fenmenos.
FIGURA 4 Deslocamento de corpos .
Autor : Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
20
Devemos considerar ainda que o
incndio florestal quando assume
propores maiores cria condies
prprias, principalmente correntes de ar
em funo da conveco. Ex: fagulhas,
quedas de rvores e animais se
deslocando pela floresta com o pelo em
chamas.
e. Correntes ou descargas eltricas
Ocorrem principalmente devido a
incidncia de raios. J foram registrados
casos no Estado do Paran de incndios
florestais que tiveram orig em em funo
de descargas atmosfricas. Outro ponto
que se deve considerar so as torres de
alta tenso, pois pode haver
rompimento de cabos energizados que
ao cair na vegetao podem dar incio
aos incndios.
1.1.4 Temperatura
A idia sobre a temperatura tem
sua origem na sensao que nos diz que
um corpo est frio ou quente. Todos os
corpos combustveis para entrarem em
combusto, necessitam atingir
determinadas temperaturas:
1.1.4.1 Ponto de fulgor
a temperatura mnima na qual
os corpos combustveis comeam a
desprender vapores que se incendeiam
em contato com uma fonte externa de
calor, entretanto a combusto no se
mantm, devido a insuficincia na
quantidade de vapores emanados dos
combustveis.
1.1.4.2 Ponto de c ombusto
a temperatura mnima na qual
os gases desprendidos dos corpos
combustveis, ao entrar em contato com
a fonte externa de calor, entram em
combusto e continuam a queimar.
1.1.4.3 Ponto de i gnio
a temperatura mnima na qual
os gases desprendidos dos corpos
combustveis entram em combusto,
apenas pelo contato com oxignio do ar,
independente de qualquer fonte de calor
externa.
1.1. 5 Tetraedro do Fogo
O fenmeno qumico da
Combusto uma reao que se
processa em cadeia, que aps a partida
inicial, mantida pelo calor produzido
durante o processamento da reao.
Assim , na combusto do Carbono para
formao do CO2, temos a seguinte
reao.
C + 02
CO2
+ 92,2 Kcal/Mol
A cadeia de reaes formada
durante a combusto propicia a
formao de produtos intermedirios
instv eis, principalmente radicais livres
prontos para combinar -se com outros
elementos, dando origem a novos
radicais ou finalmen te a corpos estveis.
Portanto , na rea de combusto sempre
teremos a presena de radicais livres.
A estes radicais livres cabe a
responsabilidade da trans ferncia de
energia necessria transformao da
energia qumica em calorfica,
decompondo as molculas ainda
intactas e desta maneira provocando a
propagao do fogo em uma cadeia de
reao.
Exemplif icaremos abaixo, a
combusto do Hidrognio no ar:
2H2
+O2
+En. 4H(Rad)+2O(Rad)
Duas molculas de Hidrognio,
reagem com uma molcula de oxignio
ativadas por uma fonte de energia
trmica e produz quatro molculas
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
21
radicais ativos de H e dois radicais ativos
de O. Cada radical de H combina -se com
uma molcula de O produzindo um
radical ativo de hi droxila (OH) , mais um
radical ativo de O:
H(Rad)+O2 OH(Rad)+O(Rad)
Cada radical ativo de O reage com
uma molcula de H produzindo outro
radical ativo de hidroxila mais um
radical ativo de hidrognio.
O(Rad)+H2 OH(Rad)+H(Rad)
Cada radical ativo de hidroxila
reage com uma molcula de H
produzindo o produto final estvel
(gua) e mais um radical ativo de
hidrognio.
OH (Rad) + H2 H2O + H
FIGURA 5 Tetraedro do fogo.
FONTE: Manual de combate a incndios Corpo de
Bombeiros da PMPR/CEI.
Assim sucessivamente se forma a
cadeia de combusto produzindo sua
prpria energia de ativao (calor)
enquanto houve r suprimento de
combustvel (hidrognio).
Como consequ ncia do a cima
exposto, aparece mais um elemento
essencial do fogo: a REAO EM
CADEIA .
A figura 5, representa o estudo
da combusto como um quadrado (ou
tetraedro), tendo em sua base o
combustvel, em suas laterais o
Comburente (Oxignio) e o Calor (Fonte
de Ig nio) e n a aresta superior a Reao
em cadeia.
1.2 ESTUDO GERAL DA COMBUSTO
A combusto uma reao
qumica muito frequ ente na natureza .
um processo que se realiza sob
temperatura elevada (temperatura de
ignio), entre o comburente (oxignio
do ar) e os tomos, principalmente de
carbono e hidrognio de certas
substncias que pelo fato de se
prestarem bem a esse processo, so
chamados de combustveis.
Pelo exposto, resumiremos
diz endo que a combusto uma
combina o acompanhada de calor e
frequ entemente de luz.
Assim sendo, o fenmeno
combusto pode ser por exemplo: o fato
de o carvo arder no ar ambiente, ou o
tungstnio a rder em atmosfera de cloro,
porm as combustes mais freq uentes e
mais antigas conhecidas, so as
oxidaes, ou seja, a reao do
combustvel quando aquecido
temperatura de ignio com o oxignio.
1.2.1 Fases da Combusto
Quando um combustvel
submetido ao do calor, ocorre um
aumento de temperatura que
decorrente do movimento de acelerao
das molculas do material. Com o
acrscimo da quantidade de calor,
algumas dessas molculas se
desprendem e formam vapor ou gs, e
se a quantidade de calor for suficiente, o
vapor poder se transformar em
chamas, i niciando -se o processo da
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
22
combusto. No ambiente florestal
observamos trs fases distintas:
1.2.1.1 Pr-aquecimento
Nesta fase , o material combustvel
secado, aquecido e parcialmente
destilado, porm no existem chamas. O
aquecendo o combustvel at a
temperatura de ignio,
aproximadamente entre 260 e 400C
para a maioria do material flor estal.
1.2.1.2 Destilao ou Combusto dos
Gases
Os gases destilados do
combustvel se acendem e se queimam,
produzindo chamas e altas
temperaturas, que podem atingir
1250C ou um pouco mais. Nesse
estgio do processo de combusto os
gases esto queimand o, mas o
combustvel propriamente dito ainda
no est incandescente. Olhando -se
atentamente um pedao de madeira que
est queimando, por exemplo um
fsforo aceso, observa -se que as chamas
no esto ligadas diretamente
superfcie da madeira, mas separadas
dela por uma fina camada de vapor ou
gs. Isto ocorre porque combustveis
slidos no queimam diretamente ,
necessitando primeiro serem
decompostos ou pirolisados pela ao
do calor, em vrios gases uns
inflamveis e outros no.
1.2.1.3 Incandescncia ou Consumo do
Carvo
Nesta fase o combustvel (carvo)
consumido, restando apenas cinzas. O
calor gerado intenso, mas
praticamente no existem chamas nem
fumaa. A quantidade de calor liberada
nesta fase depende do tipo de
combustvel mas de um modo geral
pode -se dizer que 30 a 40% do calor de
combusto da madeira est no seu
contedo de carbono. Embora haja certa
superposio entre elas, as tr s fases da
combusto podem ser perfeitamente
observadas em um incndio florestal. A
primeira a zona na qu al folhas e
gramneas se enrolam e se crestam, a
medida que so pr -aquecidas, pelo
calor das chamas que se aproximam. Em
seguida vem a zona de combusto dos
gases, onde se destacam as chamas.
Aps a passagem das chamas
vem a terceira e menos distinta das
zonas, a do consumo de carvo.
1.2.2 Classificao das Combustes
1.2.2.1 Vivas
So as que se processam com
certa rapidez, produzindo calor e
desenvolvimento de luz ou
incandescncia.
1.2.2.2 Lentas
so combustes em que o
desenvolvimento de calor pequeno e
no se faz notar; por exemplo:
combusto no interior do organismo dos
seres organizados.
1.2.2.3 Espontnea s
Chama-se combusto espontnea
o fato de alguns corpos terem como
propriedade caracterstica, a
possib ilidade de se combinarem com o
oxignio do ar ou de outro portador
(agentes oxidantes) com que estejam em
contato, ocasionando uma reao
exotr mica, isto , com desprendimento
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
23
de calor, o qu e favorece sua combusto,
sem o concurso de uma fonte externa de
calor, centelha ou outra causa de
incndio.
A combusto espontnea, inicia -
se normalmente por uma lenta reao
qumica (oxidao) que gera algum calor
e este processo vai se acelerando at
tomar lugar uma rpida oxidao. Com
exceo de alguns corpos sujeitos a uma
rpida oxidao, o p rocesso de
combusto espontnea lento e a
ign io pode ocorrer aps dias ou
mesmo semanas, durante os quais a
temperatura se elevou lentamente. Pode
ocorrer sem efeitos perigosos, desde
que o calor gerado v se dissipando
medida que for sendo produzido e desse
modo no chega a atingir o ponto de
ignio do corpo em que ocorrer.
As condies abaixo favorecem
um aquecimento perigoso de muitas
substnci as, principalmente as sujeitas
combusto espontnea.
a. Presena da umidade
Em certos casos, este fator,
dentro de determinados limites, pode
favorecer o aquecimento, como por
exemplo o carvo de lenha.
O carvo de lenha tambm
sujeito combusto espontnea. O
fabricado com lenha pes ada e em
retortas mais sujeito do que aquele
feito com madeira leve e em fornos. A
combusto espontnea ocorre mais
facilmente no carvo recente do que no
velho, o material mais triturado oferece
maior perigo.
Este tipo de combusto tambm
pode ocorrer em produtos vegetais
sujeitos a fermentao por bactrias ou
enzimas. Nesta hiptese o aquecimento
dar -se- em do is ou mais estgios: o
primeiro at 70 ou 80 C, provocado
pela fermentao ou outra ao
microbiana, pois, acima desta
temperatura cessam todas as atividades
vitais dos microorganismos e enzimas.
O aumento de temperatura no segundo
estgio atribudo a u ma oxidao
qumica que faculta ao corpo alcanar
seu ponto de ignio.
A madeira quando sujeita a uma
prolongada ao de temperatura no
muito alta, pode queimar
espontaneamente, devido a formao de
carbono poroso ou carvo na superfcie
exposta da mesm a.
b. Pirlise
A pirlise definida como sendo
a decomposio qumica de uma
substncia, pela ao do calor. Ela
avana em trs estgios, como segue:
Certos gases, inclusive o vapor
decomposio da madeira (usada
como exemplo). O componente
combustvel destes gases aumenta
durante os primeiros estgios da
pirlise. Primeiro, a superfcie da
madeira atacada. Com aumento da
temperatura a reao se move mais
a fundo na madeira.
A evoluo gasosa continua e, se
disponvel a mnima energia de
ignio, os gases entram em ignio,
quando o limite de inflamab ilidade
mais baixo atingido. Na
temperatura em que a ignio
ocorre, o processo qumico geral se
altera de endotrmico para
exotrmico e a reao se torna auto
sustentadora.
Nesta temperatura de ignio, os
gases liberados so, em primeiro
lugar, muito ricos em CO2
e vapor
entar a chama por
muito tempo. E ntretanto, o calor da
-
MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
24
chama inicia uma reao piroltica
secundria em srie e ocorre a
combusto em fulgor total (chama)
na fase de destilao gasosa dos
vapores.
A evoluo do gs pode ser
superfcie da madeira e excluir o ar,
evitando -se assim, o retardamento da
penetr ao de calor, consequentemente
se retardado a efetivao da temperatura
de ignio nas partes mais profundas da
madeira. A medida que a temperatura
aumenta, a superfcie chamuscada
comea a fulgurar e o ar envolvente
suporta a combusto.
Quando se inicia a pirlise,
devemos considerar se um equilbrio
negativo de calor gerado ou no pela
reao. Se o calor liberado
concentrado e suficiente para manter o
andamento da reao de oxidao, e se
mais calor est sendo gerado do que
aquele que se perde pel a con duo,
conveco e radiao, ocorre um
equilbrio de calor positivo . Se, no
entanto, todo ou a maioria do calor
gerado perdido (como sucede com um
palito de fsforo em vento forte), ocorre
um equilbrio de calor negativo e o fogo
apaga -se.
Ao mesmo tempo, uma condio
(alimentao de retorno) pode existir.
Feedback o uso de algum calor gerado
para preparar a queima de pores
vizinhas do material inflamvel,
causando a pirlise daquele material. Se
o processo de alimenta o neste sentido
for inadequado, o fogo extingue -se.
Somando -se ao calor gerado
durante o processo da pirlise a
concentrao do agente oxidante, outro
fato que determina se a ignio se faz
notar, e a combusto pode ou no
ocorrer. Para a maioria dos materiais,
parece haver um mnimo de
concentrao de agentes oxidantes sob
os quais a c ombusto no ocorrer.
Excees: os combustveis slidos
(nitratos de celulose) que contm
oxignio em suas molculas
constituintes. O oxignio nas molculas
pode ser liberado pelo calor, embora o
suprimento de ar seja mnimo ou
inexistente.
No necessrio haver presena
de ar para que ocorra uma reao de
pirlise. Exemplo disso o mnimo de ar
presente na s fornalhas de cozimento,
em que a madeira reduzida carvo
vegetal e coque. Outro exemplo o
tolueno aquecido em um recipiente
ventilado que exposto ao fogo.
Em resumo, a cincia de proteo
contra o fogo fundamenta -se nos
seguintes princpios:
Um agente oxidante, um material
combustvel e uma fonte energtica
so essenciais combusto.
O material combustvel deve ser
aquecido sua temperatura de ignio
antes de queimar.
A combusto continuar at que :
O material combust vel se extinga ou
seja removido.
A con centrao de agentes oxidantes
seja reduzida abaixo da concentrao
necessria a alimentar a combusto .
O material combustvel seja resfriado
abaix o de sua temperatura de ignio.
Haja inibio de chamas,
quimicamente .
-
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25
1.2. 3 Elementos Resultantes da
Combusto
1.2.3 .1 . Fumaa
So partculas do material
combustvel em suspenso, inflamados
ou no (resduos da combusto)
juntamente com outras substncias que
podero ser: poeiras, cinzas, gases, etc.
A cor da fumaa, ou seja, sua
maior ou menor transparncia, serve de
orientao prtica na identificao do
material combustvel que est
queimando.
FIGURA 6 Fumaa resultante de I.F.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.
a. Identificao da Fumaa
A capacidade de identificar rpida
e apropriamente a fumaa, poder
auxiliar o comandante da operao de
combate a incndio a decidir que atitude
tomar. Poderemos tratar com trs tipos
de fumaa: Legitima, Falsa e Ilegtima.
Fumaa Legtima : Tem autoriz a-
o legal ou permiss o e esto sob
controle. Elas v m de fontes tais como
locomotivas, serrarias, ranchos, queima
de detritos, operaes ou acampa -
mentos, e devem ser frequ entemente
registradas no mapa do incidente. Tais
tipos de fumaa te m um padro definido
quanto hora do dia em que aparecem,
volume e cor da fumaa e durao do
tempo em que permanecem visveis.
Fumaa Falsa : Se faz passar por
fumaa sob certas condies de luz ou
de tempo atmosfrico , tais como
despenhadeiros, roched os distantes,
clareiras de mato ou arbustos, pequenas
reas de mata seca, poeira de carros,
elementos vivos e colunas de nevoeiro
ou nuvens. As fumaas falsas devem ser
assinaladas no mapa do incidente.
Quando em dvida quanto a uma
possvel fumaa falsa, assinale -a como
Fumaa Ilegtima : Quaisquer
fumaa s no autorizadas por Lei ou
Permisso, ou quaisquer fogos sem
controle. Assinale todas as fumaas
b. Descrio da Fumaa
A sua descrio de volume, tipo e
cor da fumaa, ser uma indicao da
grandeza, intensidade do fogo e do
material em combusto.
TIPO DESCRIO
Fino Fumaa em pequena extenso .
Pesada Fumaa em maior
intensidade .
Crescente Grande volume de fumaa
erguendo -se vertical mente,
pode ndo espalhar ou t er um
efeito de agitao no alto .
Vaga Fumaa que seguida por
correntes de ar e d um
grande efeito de
propagao .
Espalhada Fumaa distendida sobre
grandes reas .
-
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26
A cor da fumaa indica o tipo de
material em combusto:
COR TIPO DO MATERIAL
Branca Grama, ervas .
Cinza
Avermelhada
Arbustos leves.
Negra Arbustos pes ados,
carvalho, toras resinosas .
Amarela Geralmente pinho e
ervas.
FIGURA 7 Fumaa branca .
FONTE: Acervo de Andr Vilas Boas.
1.2. 3.2 Chama
a parte visvel da combusto . A
cor da chama muitas vezes poder
indicar o material em combusto.
FIGURA 8 Chama resultante de I.F.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
No combate aos incndios
florestais as equipes de ataque direto e
ataque indireto utilizam a base das
chamas como uma referncia de ataque
ao fogo.
1.2.3 .3 Gases
Os gases produzidos pela reao
do combustvel com comburente,
dependem do corpo combustvel.
a. Gs Carbnico (CO2
)
Por ocasio da combusto o
carbono do combustvel combina -se com
oxignio do ar na proporo de dois
tomos de oxignio para um de
carbono, dando como resultado o gs
carbnico, que produto da combusto
completa.
b. Monxido de Carbono (CO)
Em determinadas circunstncias,
principalmente em ambientes
confinados, quando a combusto se
realiza em lugares com pouca
ventilao, a quantidade de oxignio
disponvel, embora suficiente para
alimentar combusto, no para
fornecer dois tomos para cada de
carbono. A combusto se realiza com
unio apenas de um tomo de oxignio
para um de carbono, formando o
monxido de carbono que um gs
caracterstico das combustes
incompletas.
Neste caso, por no estarem
satisfeitas todas as valncias do
carbono, este instvel e vido por
oxignio. Dada esta ltima
parti cularidade, apresenta dois riscos
que so particularmente de
periculosidade extrema. explosivo e
altamente txico. Se for respirado,
-
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27
mesmo em baixas concentraes, vai
retirar o oxignio contido no sangue,
levando o indivduo morte. Quando
misturado co m ar atmosfrico em
determinadas propores (12,5%) , forma
uma mistura explosiva. comum a
confuso que se faz entre o CO e o CO2
.
O CO2
no txico, nem
explosivo. um gs inerte, por isso no
alimenta combusto e mesmo
ut ilizado como agente extinto r. U m
ambiente rico em CO altamente txico.
1.3 INCNDIO
Aps o estudo da combusto
passaremos a estudar o incndio.
Inicialmente, isso parecer uma
redundncia, pois quem fala em
incndio, geralmente fala de fogo. Em
princpio, isso verdade, porm uma
verdade que no resiste ao argumento
de que o fogo foi primeiro elemento
que o homem lanou mo para dar incio
a sua evoluo como ser humano
inteligente, mas tambm verdade ter
sido ele um dos primeiros elementos a
causar a destruio daquilo que ele
produzia. Assim sendo, podemos definir
incndio como toda e qualquer
destruio ocasionada pelo fogo, de
bens materiais, mveis e imveis, alm
de danos fsicos ou morais aos seres
humanos.
Toda e qualquer destruio pelo fogo,
que se processa fora do desejo e do
controle do humano, com prejuzos
considerveis e no previstos, tem a
denominao de incndio.
Consideramos incndios aqueles
eventos que causem prejuzos e que
fujam do controle humano. Por exemplo
queima de combustveis em uma usina
termo -eltrica no pode ser considerada
como incndio, em contrapartida o fogo
que destri um reflorestamento ,
causando prejuzos morais e materiais
considerado como incndio. Desta
forma, chegamos a uma definio de
incndio.
INCNDIO TODA E QUALQUER
DESTRUIO OCASIONADA PELO
FOGO, QUE PROVOQUE DANOS
MORAIS E MATERIAIS DE MONTA.
INCNDIO FLORESTAL O TERMO
USADO PARA DEFINIR UM FOGO
INCONTROLADO QUE SE PROPAGA
LIVREMENTE E CONSOME DIVERSOS
TIPOS DE MATERIAL COMBUSTVEL
EXISTENTES EM UMA FLORESTA.
Apesar de no ser muito
apropriado o termo incndio florestal
muitas vezes generalizado para definir
incndios em outros tipos de vegetao
tais como: capoeiras, campos e
pradarias.
1.3.1 Causas de i ncndios
Causa de incndio o conjunto
de aes materiais, humanas e naturais
que possam produzir ou transmitir o
fogo, causando o incndi o. As causas de
incndios te m a seguinte classificao:
1.3 .1.1 Quanto origem
a. Natural
Independe da vontade ou ao do
homem. Ex.: descargas atmosfricas
(raios).
b. Dolosa
Caracteriza -se pela inteno e
consumao do fato , constituindo o
crime. Enquadram -se nesta classificao
os incndios causados por incendirios.
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28
c. Culposa
Ocorrem por imprudncia,
impercia ou negligncia. Ex.: Incndio
decorrente de uma queimada de lavoura
ou queimada controlada.
d. Acidental
o fator que produz uma causa
independente da vontade humana, sem
haver culpa ou dolo.
1.3 .1.2 Causas primrias de incndios
a. Natureza Fsica
Originados por um fenmeno
fsico. Ex.: atrito, irradiao, conveco e
conduo do calor.
b. Natureza Qumica
Originados por fenmeno
qumico. Ex.: r eaes qumicas que
liberem calor.
c. Natureza Biolgica
Originados por fenmenos
biolgicos. So normalmente reaes
onde intervm a ao de seres vivos
inferior es, geralmente bactrias. Ex.:
fermentao.
1.3.1.3 Causas secundrias de incndios
Caracterizam -se por corpos
incendiados que podero produzir novos
incndios.
1.3.2. Classificao dos Incndios
1.3 .2.1 Quanto s propores
No Estado do Paran os incndios
seguem a classificao preconizada pela
1 Edio do Manual de Combate a
Incndios Florestais, sendo:
Princpios de Incndios ;
Pequenos Incndios ;
Mdios Incndios ;
Grandes Incndios ;
Incndios Extraordinrios .
O professo r Ronaldo Viana
Soares, em sua o bra Proteo Florestal
2. Ed. 1971 A, estabeleceu uma diviso
em classes de incndio, conforme a rea
atingida em hectares (ha) :
CLASSE A: < 1ha
CLASSE B: 1-10 ha
CLASSE C: 10-100 ha
CLASSE D: 100-1000 ha
CLASSE E: > 1000 ha
1.3 .2.2 Quanto propagao
Incndio com fogo rasteiro ;
Incndio com fogo de copa ;
Incndio com fogo total .
1.3 .2.3 Quanto aos locais
Terrenos particulares ;
Plantaes ;
Reservas Florestais ;
Bosques ;
Campos.
A classificao mais adequada
para definir os tipos de incndios se
baseia no grau de envolvimento de cada
estrato do combustvel florestal desde
o solo mineral at o topo das rvores -
no processo da combusto.
Neste caso os incndios so
classificados em subterrneos,
superficiais e d e copa.
a. Incndios subterrneos
Os incndios subterrneos
propagam -se pelas camadas de hmus
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MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
29
ou turfa existentes sobre o solo mineral
e abaixo do piso da floresta. Esses
combustveis so de textura fina,
relativamente compactados e isolados
da atmosf era.
Os incndios subterrneos
ocorrem geralmente em florestas que
apresentam grande acumulao de
hmus e em reas alagadias, tais como
brejos ou pntanos, que quando secas
formam espessas camadas de turfa
abaixo da superfcie.
FIGURA 9 Incndio subterrneo.
Autor : Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
Normalmente os incndios
subterrneos so precedidos por
incndios superficiais. Devido ao pouco
oxignio disponvel na zona de
combusto, nos incndios subterrneos
o fogo se propaga lentamente, sem
chamas e com pouca fumaa.
A intensidade do calor e o poder
de destruio destes incndios so
bastante altos.
b. Incndios Superficiais
Os incndios superficiais
propagam -se na superfcie do piso da
floresta, queimando os restos vegetais
no decompostos, tais como folhas e
galhos cados, gramneas, arbust os,
enfim , todo material combustvel at
cerca de 1,8 0 metros de altura . Esses
materiais, principalmente durante
perodos de seca, so bastante
inflamveis e por isto os incndios
superficiais apresentam propagao
relativamente rpida, abundncia de
chama s e muito calor. Entretanto
quando comparados com outros tipos,
os incndios superficiais no so muito
difceis de combater, a no ser em
condies extremamente favorveis
propagao dos mesmos.
FIGURA 10 Incndio de superfcie
Autor : Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
c. Incndios de copa
Os incndios de copa
caracterizam -se pela propagao do
fogo pelas copas das rvores,
independentemente do fogo superficial.
Geralmente considera -se incndio de
copa aquele que ocorre em combustveis
acima de 1,80 metros de altura. Com
exceo de casos excepcionais, como
alguns incndios causados por raios,
todos os incn dios de copa originam -se
de incndios superficiais. Este o mais
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30
espetacular dos tipos de incndios
florestais. Propaga -se rapidamente,
liberando grande quantidade de calor e
tornando o combate extremamente
difcil.
FIGURA 11 Incndio de copa
Autor : Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
1.3 .3 Processos de Extino
Quando estudamos o fogo,
conclumos que a combusto ocorrer
sempre, quando em propores
convenientes, reunindo -se combustvel,
comburente e ener gia para ignio. A
recproca verdadeira. Sempre que
eliminamos um ou mais dos fatores, o
fogo se extinguir.
1.3.3.1 Retirada do material c ombustvel
Caracteriza -se este processo de
extino pela retirada do material
combustvel impedindo deste modo que
o fogo continue. E ste proces so, embora
econmico ideal (no requer qualquer
tipo de agente extintor). Este processo
muito utilizado no setor florestal por
meio da construo de aceiros,
geralmente aplicado em conjunto com
outros processos.
1.3.3.3 Resfriamento
Este processo cons iste na reduo
ou eliminao da energia produt ora da
reao em cadeia (calor). B aixando a
temperatura, no ocorrer a evoluo e
a continuao do fogo , pois foi baixado
o ponto de ignio do combustv el
(absoro do calor).
1.3.3.4 Abafamento
Este processo consiste em
impedir que o comburente, oxignio
contido no ar atmosfrico, permanea
em contato com o combustvel em
porcentagens suficientes para a
combusto. O oxignio do ar
atmosfrico se encontra na proporo
de 21% (vinte e um por cento), no
entanto, o teor mnimo do oxignio para
existi r combusto, gira em torno de 16 %
(dezesseis por cento). Este processo
largamente usado no combate a
incndios florestai s, quer usando terra
ou com abafadores.
1.3.4 Agentes Extintores
So substncias destin adas
extino dos incndios, onde
normalmente utiliza -se a gua, espuma,
p qumico seco ou CO2
.
Nos incndios florestais so
utilizados os seguintes agentes
extintores:
GUA
AGENTES QUMICOS
TERRA DO SOLO
1.3.4.1 gua
A gua o agente extintor mais
usado na extino dos incndios devido
a sua alta capacidade de absorver calor.
Quando eficientemente aplicada, a gua
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MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
31
o meio mais econmico de se
combater um incndio.
No combate aos incndios
florestais, o problema com o obter
gua em quantidade suficiente e como
us-la da maneira mais eficiente
possvel. Em incndios superficiais de
baixa ou mdia intensidade, quando as
condies permitem o trabalho de
bombeamento, a gua o meio mais
rpido e prtico para extinguir o fogo.
Em incndios superfic iais de
maior intensidade, distantes de
estradas , a aplicao da gua torna -se
cara, somente podendo ser feita com o
auxlio de mangueiras ou combate
areo. Porm, mesmo quando existem
limitaes e sem seu uso direto nos
grandes incndios, a gua essencial na
operao de rescaldo.
Como a gua um elemento
muito importante na extino do fogo,
mas as vezes difcil de conseguir e
transportar, ela deve ser usada com
muito cuidado para se obter a maior
eficincia possvel. O calor de
combusto do material florestal cerca
de 4000 kcal/kg, enquanto o calor
latente de evaporao da gua cerca
de 500 kcal/kg. Por isso a gua no
deve ser aplicada diretamente sobre as
chamas, onde o calor mais intenso,
mas sim na base das chamas, com a
finalidade de resfriar o material
combustvel que ainda no est
queimando.
A capacidade de combate a
incndios florestais com a utilizao da
gua pode ser melhorada com a
utilizao de aditivos que a tornam mais
viscosa e com maiores propriedades d e
aderncia ao combustvel, como
veremos a seguir .
1.3.4.2 Agentes qumicos
A gua, como agente de extino
do fogo, pode ser mais eficiente ainda
com a adio de agentes qumicos que
so substncias que reduzem a
inflamabilidade da vegetao.
Segundo POULAIN (1970), os
retardantes qumicos melhoram as
propriedades extintoras da gua por
torn -la mais viscosa e aderente
vegetao, por reduzir a evaporao da
gua aplicada sobre a vegetao e por
efeitos inibidores diretos sobre a
combusto.
O efeito dos agentes , entretanto ,
independente da umidade, isto ,
mesmo depois de seco o material
combustvel tratado com os agentes
qumicos continua com sua capacidade
de inflamabilidade reduzida. Uma chuva
removendo o retardante qumico,
reduzindo ou mesmo eliminando seu
efeito protetor.
Os agentes qumicos mais
utilizados so formados a base de
fosfato diamnico, fosfato
monoamnico, sulfato de amnia e
borato de clcio e sdio.
Alm dos agentes que se
adicionam gua , existem tambm os
retardantes em p (normalmente
avermelhados) que so utilizados em
alguns pases lanados de aeronaves
com grande capacidade para transporte
de carga.
Tal agente em contato com o fogo
gera reaes que inibem sua progresso
pela diminui o da taxa de oxignio,
causando at mesmo a extino
completa dos incndios.
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MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
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1.3.4.3 Terra do Solo
A terra do solo pode tambm ser
utilizada como agente extintor em
incndios florestais, sendo lanada na
base das chamas. Desta forma ela age
por abafamento e por resfriamento, pois
contm umidade.
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33
02
SEM EXCEES: SEGURANA EM PRIMEIRO LUGAR!
FATORES DE PROPAGAO
DE INCNDIOS FLORESTAIS
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MANUAL DE PREVENO E COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS CB/PMPR
34
2. FATORES DE PROPAGAO DE
INCNDIOS FLORESTAIS
O comportamento do fogo pode
ser definido pel a maneira como o
combustvel tem sua ignio, chamas se
desenvolvem e incndios florestais se
propagam e exib em outros fenmenos.
A supresso de um incndio
florestal est baseada na perfeita
assimilao dos fatores que influenciam
o comportamento do fogo, pois pode -se
precisar quais os esforos e medidas a
serem tomadas, quais os meios mais
indicados para o eficiente combate de
cada tipo de incndio, bem como pode -
se prever os riscos que os combatentes
vo encontrar e as formas de san -los.
2.1 FATORES DO MEIO AMBIENTE
FIGURA 12 Fatores de influncia dos
incndios florestais .
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.
As condies locais, influncias e
modificaes externas determinam o
comportamento dos incndios. Os trs
componentes fundamentais que alteram
o comportamento do fogo so:
COMBUSTVEL
CLIMA
TOPOGRAFIA DO TERRENO
Tais componentes interagindo
entre si na ocorrncia de um incndio,
determinam as caractersticas do
comportamento do fogo em um dado
momento.
Observando os sete fatores
listados abaixo dos combustveis, vemos
que a umidade est em primeiro,
justamente po r ser o fator determinante
no combate de um incndio florestal.
Abaixo do clima vemos a velocidade e
direo do vento como os fatores
crticos propagao dos incndios
florestais. Topografia o mais constante
dos fatores que fazem parte do meio
ambiente do fogo. A inclinao do
terreno o tpico significativo, pois
pode causar profundos efeitos no
comportamento do fogo.
2.1.1 Combustveis
Combustvel qualquer material
orgnico vivo ou morto, no solo, abaixo
do solo ou no ar, capaz de entrar em
ignio e queimar. Combustveis so
encontrados em uma infinita
combinao de tipo, quantidade,
tamanho, forma, posio e arranjo no
ambiente florestal. O combustvel
amplamente encontrado no ambiente
florestal, desde grama esparsa e
material morto conferas de grande
densidade e d evido a sua composio
complexa possu alto ndice de
inflamabilidade.
Os combustveis em sua essncia
so constitudos pela vegetao
predominante em uma determinada
rea. O Estado do Paran c onta com
apenas 2,5% da superfcie brasileira ,
porm , detm em seu territrio a grande
maioria das principais unidades
fitogeogrficas que ocorrem no pas.
Originalmente 83% de sua
superfcie eram cobertos por florestas.
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35
Estas florestas pertencem a trs t ipos
principais, cada um com suas
peculiaridades estruturais e florsticas: a
Floresta Ombrfila Densa (no Litoral e
Serra do Mar), a Floresta Ombrfila
Mista ou Floresta de Araucria (no
leste e sul da Regio Planaltina) e a
Floresta Estacional Semi -Decidual (no
oeste e norte do Estado). Estes trs tipos
de Florestas so legalmente
reconhecidos, no Brasil, como
Segundo Maack (1968 ), a
vegetao nos 17% restantes da rea do
Estado originalmente era compos ta por
formaes no -florestais, entre estas
esto os campos, encontrados nas
regi es de Ponta Grossa e Guarapuava,
os cerrados, encontrados em fragmento s
como na regio de Jaguariaiva, a
vegetao pioneira de influncia marinha