Manual de Obras Públicas - Capítulo 4
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Como lucrar com obras superfaturadas e sair impune
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MODULO 2 : Ameaças
CAPÍTULO 4: Os abutres da imprensa
Agora que você, futuro superfaturador, já tem uma breve noção
de como desviar recursos públicos com eficiência, trataremos
nos próximos capítulos sobre as possíveis ameaças ao sigilo do
esquema e como lidar com cada uma delas.
No presente capítulo iniciamos o Módulo 2 tratando dos
“Abutres da Imprensa”.
Em primeiro lugar, certas coisas devem ficar bem claras:
• Jornalistas não são seus amigos;
• Jornalistas podem ser úteis;
• Jornalistas devem ser bem tratados.
Entendido isso, podemos prosseguir.
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Os mais nocivos “abutres da imprensa” são os honestos. Aliás,
qualquer profissional com escrúpulos suficientes para impedi-lo
de ser comprado pode ser extremamente nocivo, e deve ser
evitado ao máximo.
Entenda o verbo evitar, não como distanciar, mas como
manipular o que o jornalista honesto pensa saber. A melhor
forma de manter uma boa imagem e impedir descobertas por
um espécime dessa classe é ter uma boa relação para com o
mesmo.
O jornalista se alimenta de informação, e para que ele não parta
a procura de informações que comprometa o administrador,
este deve alimentar o jornalista com informações que lhe
convenham. Nada melhor que ser adorado pelo abutre para que
ele não desconfie de suas intenções pouco louváveis.
Um bom método de atrair a simpatia dessas pragas jornalísticas
é realizando trabalhos de cunho social na sua vida pessoal, lutar
contra a corrupção e defender a liberdade e o zelo pela coisa
pública.
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Claro que essas intenções devem ser superficiais o suficiente
para não comprometer seus esquemas e os esquemas de seus
aliados. No entanto, profundas o bastante para convencer um
sujeito inteligente e honesto.
Manter as aparências na vida pessoal também é primordial. Pois
as maiores descobertas da imprensa partem de fatos
envolvendo adultério, assedio sexual, e correlatos.
Os cuidados devem ser intensos e incessantes, pois diante de
uma descoberta por parte do honesto, tudo pode estar perdido.
Visto que a eliminação do sujeito dificilmente se procede sem
deixar pontas soltas. E a morte de um jornalista com escrúpulos
imediatamente atraí outros que padecem do mesmo mal.
Na ocorrência de um vazamento, tenha na sua agenda
telefônica o número de um profissional especializado em planos
de contenção, pois, com certeza, sua equipe não estará
habilitada para tal missão.