Manual de Equitacao Parte 2

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MISTÉRIO DO EXÉRCITO _____________ DIREÇÃO DA ARMA DE CAVALARIA MANUAL DE EQUITAÇÃO II PARTE EQUITAÇÃO COMPLEMENTAR E SUPERIOR

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MISTÉRIO DO EXÉRCITO_____________

DIREÇÃO DA ARMA DE CAVALARIA

MANUAL DE EQUITAÇÃO

II PARTE

EQUITAÇÃO COMPLEMENTAR E

SUPERIOR

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INDICE

Estudo Complementar...........................................................................................4Acordo das ajudas.................................................................................................6

Capítulo II

Ensino do Cavalo

Psicologia do ensino..............................................................................................6Fins do ensino.......................................................................................................8Flexibilidade e amplitude.......................................................................................9Princípios de movimento.......................................................................................9Impulsão................................................................................................................10Equilíbrio................................................................................................................10Andamentos – Mecânica e suas relações com o ensino.......................................11Passo.................................................................................................................... 11Trote......................................................................................................................12Galope...................................................................................................................13Passagem de mão.................................................................................................15O cavalo na mão...................................................................................................15Ginástica do cavalo...............................................................................................18Resistências..........................................................................................................20Trabalho em círculo...............................................................................................21Trabalho em descida de pescoço..........................................................................23Trabalho em duas pistas.......................................................................................25Espádua adentro...................................................................................................26Marcha lateral........................................................................................................27Anca adentro.........................................................................................................28Ladear...................................................................................................................28Rotações diretas e inversas – Piruetas.................................................................31Contra passagens de mão....................................................................................32Aperfeiçoamento do trabalho em duas pistas pelo emprego do passo ................32Recuar ..................................................................................................................32O cavalo direito......................................................................................................33Trabalho a galope .................................................................................................35Regularização do galope.......................................................................................37Correção do galope e domínio..............................................................................37Passagens de mão................................................................................................38Flexibilidade de maxila – Descontração direta e indireta......................................40Flexões preparatórias – Cavaleiro a cavalo..........................................................40

CAPÍTULO III

Equitação de obstáculos

Ensino...................................................................................................................41O salto – Seu mecanismo e ligação com a posição à frente.................................42Ensino especial de obstáculos – Salto à guia.......................................................46Salto em liberdade.................................................................................................47Salto montado.......................................................................................................48

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Condução em percurso.........................................................................................52Treino e forma.......................................................................................................53

CAPITÚLO IV

EQUITAÇÃO SUPERIOR

Princípios gerais....................................................................................................55Ares de alta escola................................................................................................56

CAPITULO V

Concurso completo de equitação..........................................................................60

CAPITULO VI

Ensino – progressão..............................................................................................64

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CAPÍTULO I

AJUDAS

Estudo Complementar

O contato da mão do cavaleiro com a boca do cavalo deve ser franco, permanente, suave e elástico.

Sobrecarregado no seu antemão, isto é, sobre as espáduas, o cavalo pesa na mão; vibrante em demasia, puxa pela mão.

Quando o cavalo pesa na mão, a ação de mão tendente a modificar o seu equilíbrio no sentido oposto, é a meia paragem.

“É a ação firme de baixo para cima sobre rédeas tensas, dedos fechados, seguida rapidamente do relaxamento progressivo dos dedos e cedência de mão”.

Quando o cavalo não responde à ação duma meia paragem, o cavaleiro executa as que forem necessárias até à modificação do equilíbrio. A meia paragem pode também ser executada sobre uma rédea quando a sobrecarga do peso se dirige pronunciadamente sobre uma espádua.

Quando o cavalo puxa pela mão, a ação ou resistência de mão destinada moderar a velocidade origina quase sempre da parte do cavalo um acréscimo de energia no sentido oposto que ultrapassa a força do cavaleiro. A maneira mais eficaz de dominar a velocidade consiste na elevação do cavalo.

A defesa do cavalo a esta posição de elevação, faz-se por relaxamento dos músculos elevadores do pescoço, deixando cair a cabeça pelo seu peso, ou por bicadas.

Figura 1

No primeiro caso, recusando o apoio, o cavalo é obrigado a contrair os músculos que sustentam o pescoço; no segundo caso, a correção mais indicada consiste em receber a bicada, não à partida mas quase no seu término, sobre uma mão inquebrantavelmente imóvel.

As ações de mão destar-se; se a mão o não permite pela inflexão imposta à sua parte anterior, o cavalo desloca a garupa para o lado oposto ao da encurvarão.

Esta relação é expontânea no cavalo de sangue, dotado de impulsão natural. No meio sangue, só depois de confirmado no movimento para diante (impulsionado).

A deslocação da garupa para o lado oposto ao da encurvação imposta pela mão, constitui uma posição das espáduas à garupa por reação à impulsão. Quando isto se verifica, a rédea passou a ser direta de oposição.

É, pois, praticamente impossível estabelecer de antemão quando se deve passar a fazer uso das rédeas de oposição. Da impulsão do cavalo e da sua tensão muscular, natural ou adquirida, depende a sua aplicação.

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O grau de inflexão imposto pela mão Á extremidade da coluna (pescoço) deve estar em harmonia com a sua possibilidade de propagação à extremidade posterior a reação em caso de oposição, tal como uma lâmina de florete cuja a elasticidade se explora. Excedido o limite além do qual essa tensão ou elasticidade é fisiológicamente impossível, por uma solução de continuidade derivada de uma inflexão exagerada imposta à extremidade do antemão, a impulsão extingue-se reação em caso de oposição é falsa ou inexistente.

A volta natural clássica não vai além dos 6 metros de diâmetro para a impulsão se pode exercer no sentido de próprio eixo do cavalo, dentro da encurvação imposta pelo círculo.

A inflexão proveniente da aplicação duma rédea de oposição, não pode também, logicamente, exceder aquela encurvação. Explorando a impulsão por reação e não se podendo esta exercer convenientemente além duma certa encuração, sendo esta ultrapassada a reação será, evidentemente, diminuída.

Na, pratica o cavalo encurvado à direita, por exemplo, na sua extremidade anterior, por aumento de pressão sobre a rédea direita e diminuição sobre a rédea esquerda, fica em condições de poder executar mudanças de direção à direita, naturais, correspondentes à inflexão imposta.

Quando se modifica a direção da rédea se modifica por deslocamento da mão para a esquerda, a encurvação da coluna vertebral para a direita acentua-se na sua parte anterior, diminuindo de diante para trás, com tendência a localizar-se no pescoço, sobre a espádua esquerda, impelindo o cavalo para a esquerda. O cavalo volta para esquerda mais ou menos sobre a garupa. A rédea direita transforma-se numa rédea contraria de oposição.

Entre estes efeitos opostos , são possíveis outros, infinitamente variados, que regulam o sentido e a amplitude dos movimentos do antemão e do postmão. , determinando a direção seguida pelo cavalo e a disposição]ao de sua massa. Quando o efeito sobre o antemão e postmão é semelhante, o cavalo desloca toda a massa para a frente e, neste caso, para a esquerda, executando uma marcha lateral. A rédea direita transforma-se numa rédea contrária de oposição atrás do garrote ou rédea intermediária ( Fig 2).

A medida que a linguagem das ajudas entre o cavaleiro e o cavalo se vai desenvolvendo, outras ações e indicações vão completando e substituindo as ações e indicações determinantes. Assim, por exemplo, quando o cavalo é capaz de executar o exercício de ladear na máxima correção e ligeireza, basta o apoio da rédea reguladora (rédea de apoio) sobre o pescoço para determinar o exercício. A rédea de apoio não é uma rédea contrária, embora aplicada ao lado contrário ao do movimento ; é a ação da rédea reguladora aplicada ao cavalo na mão (colocado e ligeiro).

Figura 2

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Durante o ensino complementar, o concurso das pernas é muitas vezes indispensável, além do seu papel impulsivo, para ajudar a determinar posições que as mãos só por si não conseguem obter. A ação da perna de posição é um exemplo frisante quando tem por fim impedir a deslocação da garupa a um pedido acentuado de encurvação.

Na correção da assimetria, a ação de pressão da perna interior junto as cilhas, facilita a encurvação que se pretende. Assim, conforme a posição que a perna toma a seu contato com o ventre do cavalo, ligeiramente mais à frente ou mais a retaguarda, a sua ação de pressão facilita essa encurvasão, como igualmente a facilita a ação de pressão da perna direita quando colocada ligeiramente mais atrás.

Esta contribuição diminui com os progressos do ensino.À medida que ele se vai acentuando, o papel das pernas reduz-se ao seu papel

impulsivo primordial, cada vez mais suave e imperceptível . A pressão simultânea das duas pernas que o começo do ensino desempenha um papel importante na canalização da impulsão basta só si, numa fase mais adiantada do ensino, para a promover.

Acordo das ajudas

O princípio fundamental que rege o acordo das ajudas em qualquer grau de ensino, é o único aplicável em equitação alimentar: mãos sem pernas, pernas sem mãos, isto é, ação das mãos cedência das pernas, ação das pernas, cedência das mãos. Assim quando num grau mais adiantado de ensino o problema da impulsão necessita de ser revisto, há que aplicar novamente, à letra, o princípio enunciado.

Quando o ensino entra numa Segunda fase e é necessário obrigar o cavalo a determinadas posições e encurvações, o princípio altera-se até à aplicação duma da ações, mãos e pernas, contra a resistência da outra, pernas ou mãos.O princípio que rege o acordo das ajudas poderá então, nesta fase de ensino, ser enunciado da seguinte forma:

Ação das mãos, resistências das pernas;Ação das pernas, resistência das mãos.A ação das mãos sobre a resistência das pernas, (manutenção da impulsão) tem mais

aplicação quando se entra na fase complementar do ensino, isto é, quando o cavalo opõe o peso da massa a qualquer ação coerciva da mão que tem por fim obrigá-lo a executar um determinado exercício com a sua posição e encurvação próprios.

A ação das pernas sobre a resistência da mão aplica-se normalmente numa fase mais adiantada do ensino, separadamente, para obrigar o cavalo a entrar mais com um posterior e assim destruir a resistência que se manifesta na boca do lado do cavalo ao lado posterior atrasado.

CAPITULO II

ENSINO DO CAVALO

Psicologia do ensino

A característica mental do cavalo é a memória. Da forma como ela é compreendida e utilizada pelo cavaleiro, assim o ensino é proveitoso ou improfícuo. O reensino é sempre difícil.

A faculdade de compreensão , como aptidão física, é variável de cavalo para cavalo,. Se há alguns que compreendem imediatamente aquilo que se pretende, outros há que apresentam faculdades de entendimento muito limitadas.

O cavalo é capaz de atenção e até de reflexão, executando muitas vezes bem, no dia seguinte, aquilo que na véspera lhe foi ensinado pela primeira vez.

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A tendência que se manifesta para a imitação, é aproveitada no desbaste colocando à frente da escolas cavalos velhos e sossegados.

Quando animal de sangue, é nobre e generoso, confiante e paciente. É sensível aos bons tratamentos, à voz e aos afagos. As pancadas e os maus tratos tornam-no irritável e receoso.

O ensino disciplina o cavalo. No entanto, embora lhe amolde a vontade assim como lhe flexibiliza os músculos a articulações, não lhe modifica o caráter. Um cavalo mal intencionado e pouco generoso nunca se entrega completamente.A origem da obediência do cavalo é sempre a mesma; baseia-se no instinto de conversação animal.

O cavalo responde as ajudas do cavaleiro mais com o receio de que as ações que constituem se prolonguem ou sejam um aviso de outras mais violentas, do que pelo desejo de nos ser agradável ou por noção de dever.

A variedade de ajudas que origina os movimentos, os mais diversos, grava-se no cavalo a custa da memória prodigiosa que possui, base da linguagem eqüestre.

A linguagem eqüestre não deve confundir com a rotina.A rotina é o resultado de repetições de movimentos, executados sempre dentro da

mesma ordem, que levam o cavalo a ser capaz de os executar por si próprio, muitas vezes até contra vontade do cavaleiro.

A linguagem eqüestre assenta na seguinte lei da associação das sensações: quando se produzem impressões simultaneamente ou se fazem suceder simultaneamente, basta que uma se apresente ao espírito para que as outras surjam rapidamente.

Por exemplo se cavalo anda para diante ao apelo da língua, é porque já viu um chicote, sentiu a ponta e ouviu, ao mesmo tempo, o som emitido com o auxílio da língua. Basta que esta ultima percepção que afeta o ouvido se manifeste, só por si, para que as sensações da vista e do toque recebido, apresentando-se imediatamente ao espírito, originem o movimento para diante.

Da mesma maneira, o cavalo que aprendeu a deslocar a garupa com a ajuda da chibata deslocá-la-á, mais tarde por simples pressão da perna, visto que se associaram logo, de começo, as duas sensações.

Os movimentos que o cavalo executa naturalmente sob a ação das ajudas são muito raros. O cavalo, mesmo o mais dócil, só os executa quando os compreende. É apoiando-se sobre o princípio citado, da associação das sensações, que constitui a linguagem que permitirá estabelecer o entendimento indispensável. A vista, o ouvido e a sensibilidade entram sucessivamente em jogo e tem, cada um, a sua quota parte nesta educação.

É à guia que se ministram os primeiros elementos dessa linguagem. O toque primeiro, em seguida a presença do chicote, produzem o movimento para diante, ao qual se associará a voz, que será substituída, mais tarde, pela ação impulsiva das pernas.

A tração da guia prepara também a lição da rédea de abertura que, por sua vez, ajudada pelos cantos do picadeiro, servirá de preparação à rédea contrária.

As ações de abertura e as ações contrárias, conduzirão o cavalo a compreender as ações de oposição, quando a impulsão já estiver suficientemente desenvolvida, as quais darão depois lugar a ação de cada vez mais combinadas e, cada vez mais discretas. É indispensável, logo de começo, tornar bem nítidas as impressões transmitidas , porque da nitidez das primeiras indicações depende a clareza da linguagem e, por conseqüência, a rapidez da educação.

E ainda a lei de associação das sensações que conduz o cavalo a obediência. Com efeito, basta fazer seguir imediatamente duma recompensa a boa execução dum movimento e dum castigo enérgico a recusa, para que o cavalo se submeta.

Repetindo este processo assim, obediência hesitante de começo, tornar-se-á cada vez mais pronta, depois mais absoluta e por fim instintiva.

Para chegar a este resultado, é preciso muita doçura e muito firmeza. Durante o ensino, há sempre um momento em que aparece a grande dificuldade. O tato do cavaleiro

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consiste em discernir as causas: impossibilidade física ou má vontade. No primeiro caso, é preciso ser o paciente e progressivo nas exigências . No segundo caso, pelo contrário, é preciso entrar na luta resolutamente e sair vencedor.

Não se procedendo assim, consciente da sua força por associação de sensações , o cavalo tornar-se retivo. Também é necessário não abusar de resignação do cavalo sob o pretexto de que as sua forças estão disciplinadas . O cavaleiro deve ser suficientemente fino para perceber os sinais percursores da impaciência e da revolta, limitando a tempo as suas exigências.

De resto é bastante fácil impacientar o cavalo concedendo-lhe alguns instantes de repouso em seguida a cada movimento bem feito. Cortam o trabalho e provocam um relaxamento geral útil.

Para que o ensino seja completo, é necessário não somente que a obediência seja pronta e absoluta mas também que seja automática. Quando o cavalo atinge este grau, basta que um gesto ligado a uma determinada ajuda anteriormente combinado se produza, para que o mecanismo da associação se desenvolva e provoque a execução do movimento pedido.

De começo, para obter, mesmo com uma certa dificuldade, a saída a galope, é necessário a ação das duas mãos para deslocar a antemão e ação das duas pernas, para dar a posição determinar a impulsão. Mais tarde, um ligeiro cerrar de dedos sobre uma rédea ou uma pequena ação duma das pernas, é suficiente para obter o mesmo movimento, porque esta ação origina a lembrança de todas as outras sensações ausentes.

É por repetição que as associações se fixam na memória do cavalo, o que torna a operação necessariamente longa. Mas substituindo a repetição, ou antes, dando uma maior intensidade a uma das sensações transmitidas pode dentro de certo limites apressar-se a educação. As impressões fortes, se bem que pouco repetidas, gravam mais depressa no espírito do cavalo as sensações que lhes estão associadas do que as fracas muito repetidas que o aborrecem e enervam.

É por este fato que o freio e a espora, quando bem utilizados, abreviam a duração do ensino. Se o cavalo, por distração, preguiça, ou má vontade, tenta subtrair-se ao que o cavalheiro lhe pede, a ação energética dos dedos sobre as rédeas ou um toque seco de espora chama-o depressa à convenção estabelecida.

Uma das chaves do ensino é levar o cavalo a fixar as associações pela intensidade de uma das impressões associadas.

Fins o Ensino

Segundo a definição apresentada no Manual de Equitação _ I parte _ Equitação Elementar_ ensino do cavalo tem por fim, de uma maneira geral, as submissão completa as ajudas e o aperfeiçoamento dos seus andamentos naturais.

Os andamentos são tanto mais perfeitos quanto mais amplos, flexíveis e definidos, entendendo-se por um andamento bem definido aquele cujos tempos são bem marcados nos seus apoios e duração.

Exigindo a amplitude uma perfeita descontração para se desenvolver e sendo a descontração conseqüência do emprego harmônico das forças musculares do cavalo de onde resulta a regularidade dos andamentos, o ensino consiste, na sua essência, no desenvolvimento da flexibilidade dos músculos e articulações.

Para dar resultados positivos, o ensino deve basear-se numa doutrina estruturada em princípios imutáveis e seguir um método racional, nos seus fins sucessivos, nos seus processos e na sua progressão.

Dentro do principio do aperfeiçoamento dos andamentos naturais do cavalo e da submissão completa as ajudas, os objetivos sucessivos essenciais visam o cavalo calmo, para diante, direito e ligeiro, objetivos a atingir invariavelmente dentro da ordem porque são

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indicados, constituindo a ligeireza perfeita a marca da equitação superior, quer os movimentos sejam simples ou complicados.

Em primeiro lugar, para que um cavalo possa responder com presteza e propósito as nossas ações, é necessário que esteja calmo e confiante. O trabalho executado num cavalo irritado, impaciente, inquieto, preocupado com o ambiente receoso do seu cavaleiro, é um trabalho improfículo qualquer que seja o seu grau de submissão.

O cavalo pode para diante é aquele que põe à disposição do cavaleiro, sem restrições, as forças impulsivas. O objetivo é atingido quando o cavalo se distende imediata e naturalmente a ação das pernas.

O cavalo pode ser posto francamente no movimento para diante, mesmo a passo. É na maneira como o andamento se apresenta, seja ele lento ou vivo, e não nos andamentos vivos em si, que se verifica se o cavalo entrega ou não ao cavaleiro as suas forças impulsivas.

Para regular essas forças, é necessário que as que determinam o movimento predominem sobre as que prejudicam, como são as forças derivadas de uma má distribuição de peso.

Para utilização do cavalo basta que haja predomínio das forças impulsivas sobre as forças naturais. Quando se pretenda levar o ensino a um grau mais adiantado, é indispensável que o cavalo esteja direito, isto é, que os pés sigam exatamente as pistas das mãos .

Neste caso, o jogo dos posteriores é igual, do que resulta uma boa distribuição de peso e, como conseqüência, um andamento perfeito. As forças impulsivas do cavalo, não experimentando oposições no seu jogo combinado, acabam por trabalhar para o mesmo fim: a marcha direta, no sentido do seu próprio eixo, para o qual o cavalo se encontra, por natureza, constituído.

Flexibilidade e Amplitude

Fundamentalmente, a flexibilidade da coluna vertebral e lateral, sendo o desenvolvimento da flexibilidade longitudinal conseqüência de uma flexibilidade lateral igual para um e outro lado.

De fato um trabalho prematuro tendente ao desenvolvimento da flexibilidade longitudinal , pode originar o encapotamento ou agarrotamento, ao contrário dos trabalhos destinados ao desenvolvimento da flexibilidade lateral que implicando uma disposição de encurvação, não só impedem, por uma questão de forma fisiológica, que o cavalo se defenda por qual terior.

O método de trabalho influi consideravelmente no desenvolvimento do cavalo, rendimento e longevidade. A colocação em condição, com base no trabalho lento de exterior, é fundamental. Ao instrutor, conforme a especialidade a que o cavalo se destina, compete estabelecer a proporção entre o trabalho lento de exterior, de picadeiro (ginástica) e de galope.

O tempo está intimamente ligado ao método de trabalho. Qualquer que seja a aptidão do cavaleiro como equitador, o desenvolvimento físico e moral do cavalo está sujeito às leis da natureza. O trabalho apressado não substitui a obra do tempo.

Princípios do movimento

A força muscular e massa do cavalo são os dois elementos produtores de movimento.A força muscular produz energia necessária ao deslocamento da massa do cavalo e

esse deslocamento é tanto mais fácil quanto harmônica for a distribuição da massa.Nos andamentos simétricos ( passo e trote ) o esforço propulsivo sendo alternadamente produzido por um e outro posterior, origina um movimento para diante ligeiramente ondulado. As ondulações da coluna vertebral conduzem a massa de uma metade lateral para outra.

Assim considerando as ondulações vertebrais como a origem do movimentos mais também por disposição. Essa disposição pode ser de flexão – paragem, recuar, concentração, etc. – ou de encurvação – trabalho de círculo, espádua adentro, etc.

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A qualidade da propulsão depende da simetria das ondulações vertebrais, isto é, da retitude do cavalo. Como a coluna vertebral só mantém direita quando o cavalo está parado, pode dizer-se que o “cavalo direito” é aquele cujas encurvações alternadas se produzem simetricamente em relação ao eixo longitudinal, no passo forte, e que não se atravessa no galope.

O jogo dos posteriores compreende a entrada para debaixo da massa a distensão. As flexões e encurvações com a as distensão.Nos andamentos simétricos a distensão de um posterior está ligada à entrada de outro. No galope, como o movimento dos posteriores é quase simultâneo, predomina o jogo da região renal.

Impulsão

Impulsão é a energia resultante da distensão dos membros posteriores submetida à disciplina das ajudas. A fraqueza no movimento para diante constitui a primeira manifestação da impulsão.

A fraqueza pode ser natural ou adquirida: natural no cavalo generoso; adquirida, como resultado do ensino, no cavalo frio, preguiçoso ou com pouco sangue; neste caso, há que seguir à risca o princípio que rege o acordo das ajudas no grau elementar do ensino do cavalo: mãos sem pernas, isto é, ação das pernas – cedência das mãos, ação das mãos – cedência das pernas.

Um cavalo considera-se franco no movimento para diante quando a ação impulsiva das pernas o movimento para a frente é imediato e exercido em extensão. Considera-se impulsionado quando em qualquer andamento o cavalo mostra sempre desejo de andar para diante.

Enquanto um cavalo não distender com presteza os posteriores a ação impulsiva das pernas; enquanto na transição de um andamento vivo para um andamento lento não se mostrar amplo e ativo: enquanto a garupa não se desviar igualmente para u e outro lado a pressão de uma perna de posição; enquanto se notar um movimento para diante de hesitação ao pedido do movimento quando se trabalha em duas pistas; enquanto o cavalo não passar facilmente da rotações sobre a garupa as rotações sobre as espáduas; recuar ao movimento para frente: o cavalo não se pode considerar suficientemente impulsionado. As ancas, foco das forças impulsivas, devem responder a mais pequena ação do cavaleiro, seja essa ação impulsiva ou de posição. O cavaleiro só é senhor do seu cavalo quando este lhe entrega, generosamente, as suas forças impulsivas.

Esta finalidade, física e moral, manifesta em primeiro lugar na fraqueza no movimento para diante, deve ser constantemente melhorada, não somente durante o ensino mas também depois do cavalo ensinado.

Os cavalos retivos guardam sempre parte das suas forças impulsivas, utilizando-as ou subtraindo-se às sua ações. Os cavalos nobres entregam-se generosamente.

A impulsão perfeita só pode ser obtida a longo prazo, o que não quer dizer durante a ginástica progressiva do ensino, a preocupação da impulsão não prevaleça sobre todas as outras exigências. A impulsão é a base do ensino do cavalo.

Equilíbrio

Em equitação, equilíbrio não deve estar ligado a idéia de imobilidade. O equilíbrio do cavalo em movimento é o único que interessa considerar. Dependente da relação existente entre as perdas e as tomadas de equilíbrio, assim o cavalo é equilibrado, ou se considera sobre as espáduas ou sobre as pernas.

Montado, o peso do cavaleiro não se reparte igualmente pelo antemão e o postmão: dois terços recaem sobre o antemão. Sucede assim mesmo num cavo naturalmente equilibrado, este só pode voltar a ser senhor do seu equilíbrio diminuindo a sua base de

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sustentação, isto é, entrando com os posteriores para debaixo da massa. Quando o cavalo é por natureza desequilibrado sobre as espáduas, a correção torna-se mais difícil; por isso o ensino do cavalo esta diretamente ligado ao seu equilíbrio natural.

O cavalo equilibrado é aquele que aumenta o diminui a velocidade do andamento sem modificar o equilíbrio, o que quer dizer que uma maior velocidade sem perda de equilíbrio só pode ser obtida pelo aumento de amplitude do andamento considerado. A precipitação doa andamento é sempre desequilibrado.

Andamentos. Mecânica e suas relações com o ensino

O conhecimento mecânica dos andamentos é indispensável a quem se indica ao ensino do cavalo; uma das suas finalidades é o aperfeiçoamento dos andamentos.Além disso, o emprego, judicioso das ajudas, quer na ginástica do cavalo quer na sua utilização, exige um conhecimento completo do movimento dos membros anteriores e posteriores em cada um dos andamentos.

No ensino complementar, a ação das pernas está ligada ao sentimento do apoio dos membros anteriores se bem que o que interessa ao cavaleiro é o movimento e o apoio dos posteriores. Como conhecemos a mecânica do andamento, ou seja, a relação entre o apoio dos anteriores e dos posteriores , atuando num determinado momento em relação ao apoio dos anteriores, conhecemos a sua repercussão no movimento e apoio dos posteriores.

Com as mudanças de direção o caso é idêntico.Tomando o passo como exemplo, como o cavalo com as pernas constrói bases

diagonais em atraso em relação às mãos, quando apoia a perna esquerda vai apanhar a mão direita já apoiada. É a altura de voltar para a esquerda.

Relativamente à disposição dada ao cavalo pelo cavaleiro para favorecer os diferentes andamentos, sabendo nós que no passo e no trote os bípedes laterais se movem simultaneamente em planos paralelos e que no galope, o cavaleiro procurará manter o cavalo rigorosamente direito no passo e trote e permitirá, no galope, um ligeiro deslocamento da garupa.

Passo

O passo desempenha um papel muito importante na colocação em condição; pode ser empregado durante muito tempo sem fadiga.

Desenvolve a calma e a força, especialmente quando utilizado em terreno variado, contribuindo para por o cavalo em confiança, criando-lhe o hábito de manter o contato com os ferros. No passo alongado o cavaleiro deve Ter o cuidado de acompanhar o movimento pronunciado do balanceiro.

No passo distingue-se: o passo ordinário, passo concentrado, passo largo e passo à vontade.

O passo ordinário é um passo franco, regular e distendido, sem ser levado ao máximo da velocidade. O cavalo marcha alegremente mas com calma, com um passo igual e para diante, marcando nitidamente as quatro batidas igualmente espaçadas e distintas. O cavaleiro guarda contato elástico e constante com a boca do cavalo.

No passo largo o cavalo cobre o mais possível de terreno sem precipitação e sem alterar a regularidade das batidas. Os posteriores ultrapassam nitidamente as marcas deixadas pelos membros anteriores. O cavaleiro deixa o pescoço alongar-se para diante da vertical, sem contudo perder o contato.

O passo à vontade é o andamento de repouso no qual o alongamento das rédeas deixa ao cavalo liberdade completa de pescoço. É a melhor recompensa de que o cavaleiro dispõe para testemunhar ao cavalo a sua satisfação em seguida à boa execução de um exercício.

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No passo concentrado, o cavalo marcha decididamente para diante, mantendo-se na mão. O pescoço eleva-se e arredonda-se . A cabeça toma uma direção próxima da vertical. A boca um contato elástico sobre rédeas tensas. Os membros posteriores entram pela ação das ancas. O andamento do cavalo continua marchado, vigoroso, com uma sucessão regular no apoio dos membros. Cada batida cobre menos terreno do que no passo ordinário. É mais elevada porque cada articulação se dobra demais. Os posteriores pousam-se atras das marcas dos anteriores. A mobilidade é maior. Necessariamente, o passo concentrado é ligeiramente mais lento do que o passo ordinário, sob pena de se cair no passo precipitados irregular.

Sendo um andamento em que o cavaleiro se liga com facilidade ao movimento, o cavalo aceita bem sua s indicações, tornando-se assim o andamento indicado para lhe ensinar novos movimentos ou exercícios.

O passo é um andamento a quatro tempos, lento marchado e simétrico. A quatro tempos porque em cada passo completo há quatro batidas derivadas na dissociação das duas diagonais: marchando porque apresenta tempo de suspensão; simétrico porque ondulações são semelhantes para um e outro lado da coluna vertebral. Quando estas quatro batidas deixam de ser bem marcadas, iguais e regulares, o passo é desnudo. No intervalo que separa os apoios sucessivos dos dois anteriores, o cavalo efetua um movimento de abaixamento lento do pescoço e um movimento de elevação, mais rápido. Os movimentos de elevação facilitam a distensão dos posteriores. A velocidade e a amplitude dos movimentos do pescoço estão em relação com a velocidade e a amplitude do movimento dos membros.

O “chouto” é proveniente da falta de entrada dos posteriores, quer derivada de uma velocidade demasiado grande que impede que as ondulações da coluna vertebral se produzam com a amplitude necessária, quer de uma atitude defeituosa que lhe é imposta pelo cavaleiro, quer ainda de dificuldades próprias ligadas à conformação ou fadiga.

Trote

O trote é um andamento em dois tempos, saltado e simétrico.Em dois tempos porque o trote o cavalo projeta a sua massa de uma diagonal para

outra marcando duas batidas; saltado porque existe um tempo de suspensão entre o pousar das duas diagonais; simétrico porque as encurvações da coluna vertebral são semelhantes para um e outro lado.

O cavalo tem tendência a dissociar as bases diagonais menor, especialmente quando esta fatigado. Esta dissociação torna o trote um andamento marchado, o que é contrário à própria definição do andamento.

No trote, o pescoço não intervém pelos seus movimentos de elevação, atuando sobre o postmão e o antemão. O garrote e a garupa elevam-se ao mesmo tempo. O jogo do balanceiro é substituído, em parte, pelo movimento dos membros atuando por pares.

No plano horizontal, as ondulações vertebrais são menos acentuadas no que no passo, em virtude da necessidade que o pescoço tem de se contrair curtos intervalos para favorecer o movimento dos bípedes diagonais. Aumentando a amplitude das ondulações vertebrais por um jogo mais pronunciado dos posteriores, cadencia-se o trote e aumenta-se a amplitude.

O trote ordinário é o andamento intermédio entre o trote largo e o trote concentrado. O cavalo andando francamente para diante sem se atravessar, entra com as ancas que se mantêm ativas, toma um contato elástico com as rédeas, numa atitude equilibrada e distendida. Os passos devem ser tão iguais quanto possível; posteriores seguem exatamente os anteriores. Pela sua expressão enérgica e impulsiva, denota claramente o grau de flexibilidade e equilíbrio atingido pelo cavalo.

No trote largo o cavalo cobre o máximo de terreno possível. Estende a sua ação sem sair da mão e sem procurar apoio sobre os ferros. O pescoço alonga-se, as espáduas ganham terreno para diante, sem tomar altura, empurradas pelas ancas.

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Figura 3

No trote concentrado, o pescoço, elevando-se, permite às espáduas maior liberdade em todas as direções. Os curvilhões, avançando sob a massa, mantêm, apesar de uma velocidade reduzida, a energia da impulsão. O cavalo faz passos mais curtos mas é mais móvel e maios ligeiro.

Galope

O estudo do galope permite demostrar praticamente o papel e o valor das ajudas. A análise das saídas a galope constitui um exemplo frisante.

O galope é um andamento a três tempos basculante assimétrico.A três tempos por se ouvirem três batidas, resultantes da dissociação da diagonal

sobre a qual ele galopa; basculante porque se produz um movimento de báscula em cada passo de galope; assimétrico porque encuvações da coluna vertebral mantêm-se mais ou menos acentuadamente para a mão do galope.

Em virtude da instabilidade do equilíbrio e do esforço muscular exigido por este andamento, os movimentos do pescoço têm no galope uma importância particular.

Considerando o galope para a direita, no plano vertical, o cavalo faz um movimento de abaixamento do pescoço que termina com o apoio do anterior direito. O jogo vertical do dorso-rim é mais acentuado neste andamento do que nos outros. No plano horizontal, produzem-se encurvações dorsais à direita e encurvações de pescoço `a esquerda (Fig. 4). Assim, colocando o bico do cavalo à direita, o cavaleiro favorece a concentração, conservando o domínio do cavalo; encurvando o pescoço ligeiramente à esquerda, favorece a distensão e aumenta-lhe a amplitude do andamento.

O cavalo sai a galope para a direita dissociando a diagonal direita, seja por perda de equilíbrio (sobre as espáduas) seja por tomada de equilíbrio (sobre a garupa).

Por perda de equilíbrio (Fig. 5) (equitação elementar) o cavalo dissocia a diagonal caindo a galope sobre o anterior direito; por tomada d equilíbrio ( Fig. 6 ) (equitação elementar e superior) dissocia-se tomando o galope pelo posterior esquerdo.

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Por perda de equilíbrio, basta ir aumentando a velocidade do trote trotando com a diagonal direita; por tomada de equilíbrio, são indicadas todas as ajudas que retardando o jogo do lateral esquerdo aligeiram o lateral direito e acentuam o seu movimento para diante. No galope para a direita, em cada passada de galope, o lateral direito está à frente do lateral esquerdo cerca de 2/3 do trajeto.

Segundo o grau de ensino do cavalo, as saídas a galope por tomada de equilíbrio (neste caso para a direita) podem ser pedidas com as seguintes ajudas:Por ajudas laterais exteriores. Rédea direta esquerda e perna esquerda de posição como fim de colocar o lateral direito à frente do lateral esquerdo. Inconvenientes: o cavalo se atravessa-se.

Por ajudas diagonais. Rédea direita contrária sobrecarregando o anterior esquerdo e perna esquerda de posição. Ação de impulsão da perna direita. Inconvenientes: possível excesso de encurvação.Por ajudas laterais interiores: Rédea direta e perna direita de impulsão ( adução do posterior direito ).

No galope distingue-se: o galope ordinário, o galope largo e o galope concentrado.O galope ordinário é o andamento intermédio entre o galope largo e o galope concentrado. As passadas são longas, iguais e o andamento bem cadenciados. As ancas desenvolvem uma impulsão crescente.

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No galope largo, o pescoço alonga-se, o bico coloca-se mais para diante, o cavalo aumenta a amplitude das passadas sem contudo as precipitar e ser nada perder da sua calma e ligeireza.

Figuras 6

No galope concentrado, as espáduas estão destacadas, livres e móveis. As ancas, ativas e vibrantes. A instabilidade aumenta sem que a impulsão diminua.

Passagem de mão

A passagem de mão realiza-se num espaço de tempo igual ao de uma passada de galope normal; inicia-se imediatamente a seguir ao pousar da diagonal associada e termina precisamente antes do pusar da nova diagonal.

Na passagem de maço esquerda para a direita, a mudança do posterior produz-se a partir do apoio do anterior esquerdo e continua-se durante o tempo de suspensão e continua durante o apoio do posterior esquerdo.

Assim, a passagem de mão começa pelos posteriores e termina pelos anteriores ( Figuras 7 e 7-a).

No entanto, a passagem de mão é tanto mais perfeita quanto mais completamente for executada no curto período de suspensão que se segue ao último tempo de galope.

De uma maneira geral, podendo considerar-se a passagem de mão como uma saída a galope estando o cavalo a galope aplicam-se às passagens de mão, embora nos andamentos curtos ou concentrados só se devam iniciar quando o cavalo executa facilmente as saídas a galope por meio de ajudas diagonais.

O cavalo na mão

Diz-se que o cavalo está na mão quando se apresenta colocado e ligeiro.

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Pela sua colocação, o cavalo diminui o braço de alavanca constituída pelo balanceiro e, consequentemente, alivia o antemão da sobrecarga de peso que lhe impõe; pela sua ligeireza, conseqüência da flexibilidade dos músculos e articulações, o cavalo está preparado para poder receber facilmente as mais ligeiras indicações do cavaleiro.

A colocação pode considerar-se como sendo uma disposição particular de cabeça e pescoço que, contribuindo para aligeirar a frente, permite simultaneamente que as ações de mão sejam transmitidas ao cavalo nas condições mais favoráveis.

A colocação é completa ou perfeita quando o chanfro atinge quase a vertical e a nuca se situa no ponto mais elevado do ângulo formado pela cabeça e pescoço (Fig. 8).

A colocação obtida pelo recuo, transmitindo-se ao próprio tronco, contraria a impulsão, cujo primeiro grau é o movimento para diante. Esta falsa colocação pode conduzir ao acuamento, o que não sucede quando obtida pelo avanço do tronco sobre a cabeça.

Por ambas as formas simultaneamente, como preconizava Baucher na sua primeira maneira, utilizando flexões diretas e laterais, é possível atingir um resultado satisfatório desde que haja o sentimento necessário para evitar a tendência que os cavalos mostram para recuar, muitas vezes manifestada unicamente pela inclinação dos membros. Como esta forma de colocação está diretamente relacionada com a desconcentração da boca, sucede que esta e a nuca se tornam prematuramente mais flexíveis do que o resto do corpo, originando uma desarmonia na flexibilidade geral do cavalo dificulta grandemente o seu ensino ulterior e a sua utilização.

A colocação pelo avanço do tronco sobre a cabeça ou, mais propriamente, sobre os ferros pelo avanço da nuca, é a forma racional, visto ser obtida com a base na impulsão.

As vértebras cervicais são impedidas de baixo para cima, a base do pescoço eleva-se e o esforço propulsivo dos posteriores é, todo ele, empregado no sentido do próprio eixo do cavalo (figs 9 e 11-b).

No entanto, par que neste avanço participem, com a flexibilidade indispensável, todos os ângulos articulares implicados neste movimento para diante, é necessário que o cavalo tenha sido previamente submetido a uma ginástica que de aos músculos e às articulações a possibilidade de trabalharem descontraídos.

Este estado de desconcentração que já os antigos tomavam como prova de que o trabalho estava sendo bem executado, manifesta-se pôr uma certa flexibilidade do contato

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entre a mão do cavaleiro e a boca do cavalo, flexibilidade que, no seu mais alto grau, dá origem, como é sabido, à desconcentração da maxila, isto é, ao cavalo ligeiro.

Diz-se que uma cavalo está ligeiro, quando à pressão da mão do cavaleiro ele descontrai lentamente a maxila, levando os ferros com a língua até o fundo da boca. O entrechoque dos ferros é o resultado do encontro que se dá entre eles quando a língua dos deixa cair para ocuparem o seu lugar.

Este movimento que provoca uma ligeira salivação e é, em tudo semelhante ao que o cavalo executa na deglutição, não deve alterar a posição da cabeça nem ser exagerado ou nervoso. Considera-se correto quando se manifesta pôr murmúrio discreto que se mantém enquanto a mão do cavaleiro exerce a sua pressão.

A ação de mão do cavaleiro terá que ser tanto mais nítida quanto menor for o grau de sujeição do cavalo, podendo dizer-se que a sua intensidade define o grau de ligeireza do cavalo. O cavalo está tanto mais ligeiro quanto mais sensível se mostra à s ações do cavaleiro, isto é, quanto mais rapidamente obedeça às suas solicitações.

A colocação perfeita completa-se por meio de flexões laterais e diretas, executadas com o cavalo montado e em movimento, aproveitando-se para as flexões laterais as rotações inversas do tipo espáduas adentro que, pela sua encurvação lateral própria onde a nuca participa e ainda pela mobilidade dada ao postumão, facilita e provoca a flexão pedida.

Alcançado este objetivo , o ensino do cavalo entra nos domínios da equitação superior, podendo-se aplicar com toda a segurança o princípio básico de Baucher:

Obtendo por meio de exercícios especiais chamados de flexões da maxila, com prudente progressão a mover-se em todos os sentidos sem alterar esta desconcentração, p cavaleiro terá a certeza de conservar o seu cavalo perfeita e constantemente em equilíbrio.

De fato, se a desconcentração de um cavalo músculo tende a arrastar a desconcentração do outro, como se verifica quando o cavalo, suficientemente ginasticado, transmite à boca a desconcentração dos músculos interessados num dado movimento, natural é que a desconcentração da boca obtida por meio de flexões, arraste também a desconcentração dos músculos que participam nesse movimento se, como é o caso considerado, esses músculos foram já previamente trabalhados.

Na sua segunda maneira, esse ilustre mestre aconselhava a desconcentração da boca antes da colocação, mas esta desconcentração era obtida, não por meio de uma ginástica racional e progressiva como agora se preconiza, antes por meio da elevação do pescoço, processo que por ser de emprego muito delicado não é de aconselhar neste manual.

Na realidade, também é possível, reduzir o braço da alavanca do balanceiro por meio da elevação do pescoço, mas para isso ser vantajoso era necessário que essa elevação não acarretasse uma sobrecarga de peso para o antemão, como sempre sucede quando músculos da base do pescoço não suficientemente desenvolvidos para evitarem o agarrotamento ou, o que é o mesmo, a inversão do pescoço.

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Neste caso, a nuca recua e a cadeia de vértebras cervicais que constitui o esqueleto do pescoço é impelida de coima para baixo, incurvando-se na sua parte inferior, de diante para trás (Figs 10 e 11-a).

A coluna vertebral não está fixa às espáduas como esta à bacia. Repousa sobre um berço de músculos e cartilagens que possui, a elasticidade de todos os tecidos musculares.

Se a coluna vertebral estivesse fixa às espáduas, a elevação do pescoço aliviaria o antemão e sobrecarregaria o postumão (fig 12) mas como esse ponto fixo não existe, visto não haver clavícula que ligue as espáduas `a coluna vertebral, a elevação do pescoço perde grande parte do valor que lhe é atribuído. È certo que, com um cavalo que apresente bem desenvolvidos os músculos da base do pescoço, os incovenientes são menores, mas é preciso não esquecer a elevação do pescoço só tem valor quando é acompanhada de um abaixamento correspondente do postumão, possível quando os posteriores foram sujeitos a uma ginástica susceptível de lhes permitir uma maior flexão.

Por outro lado, uma ação deste gênero, tende a esmagar o rim, não sendo por isso de aconselhar como trabalho ginástico.

O equilíbrio que resulta do cavalo na mão é conseqüência da sua atitude.Se a colocação é baixa, o pescoço alongado, o equilíbrio resultante é um equilíbrio

horizontal, próprio do cavalo da sela, do cavalo de desporto, por ser este o equilíbrio que permite uma maior gama na variação da velocidade. É a atitude característica do cavalo submetido à ginástica do ensino complementar.

Se a colocação é alta, derivada do abaixamento da garupa e da flexibilidade das ancas, o equilíbrio é sobre o postumão e caracteriza o cavalo de alta escola. A atitude é conseqüência de um trabalho executado em bases curtas.

Em qualquer caso, tanto de atitude horizontal como na atitude alta, o cavalo deve estar sempre sobre a mão. Permitindo o jogo da coluna vertebral no bom sentido, que passa a comportar-se como um arco capaz de ser comprimido por qualquer dos seus extremos, cria as condições de ligeireza e concentração necessárias, pela liberdade que pode dar a base do pescoço e a região do rim (fig 13).

A atitude horizontal inerente ao equilíbrio horizontal é próprio dos andamentos largos, como a atitude alta, inerente ao equilíbrio sobre o postmão, é a própria dos andamentos curtos. Se para passar do equilíbrio horizontal ao equilíbrio sobre o postmão é necessário um ensino mais aperfeiçoado que entra nos domínios da equitação superior, o cavalo da alta escola, bem ensinado, deve ser capaz de passar fácil e naturalmente do trabalho em bases longas e vice-versa, isto é, de um outro equilíbrio, por ter já passado pela ginástica característica do ensino complementar.

Ginástica do cavalo

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O trabalho ginástico do cavalo tem por fim o desenvolvimento dos seus meios físicos e o aperfeiçoamento dos seus andamentos na sua regularidade, flexibilidade e amplitude. Executa-se a passo, trote e galope.

O passo é o andamento mais favorável à compreensão mútua entre cavalo e cavaleiro; a sua ligação é intima e constante, as reações do andamento não são de molde a prejudicar a precisão das suas indicações e o desenvolvimento dos seus efeitos é relativamente lento, permitindo ao cavaleiro modificar as suas ações se o julgar necessário.

Neste andamento o cavalo não perde facilmente a calma, a sua tenção fixa-se sem dificuldade, o sistema nervoso não está excitado e o sistema muscular encontra-se pouco tenso. Por este fato, as resistências pedem ser combatidas com mais facilidade.

Figura 13

Em contrapartida, o passo não é o andamento em que propriamente se faz o desenvolvimento ginástico do cavalo. Para dar a uma lâmina de ferro a elasticidade que transforma a mola, é necessário primeiramente temperá-la. O mesmo se passa com o cavalo. O exercício ginástico exige não só maior energia e maior atividade que o passo não possui, mas também mais firmeza na tensão muscular.()

O trote, andamento onde as ondulações do pescoço são mais limitadas em todos os sentidos, é aquele que dá ao cavaleiro uma idéia mais completa sobre a forma, grau de equilíbrio e flexibilidade adquiridos pelo cavalo, por ser nele que as defesas são menos variadas na sua forma e mais persistentes nas sua manifestações. O galope, embora sendo um andamento assimétrico onde as oscilações de básculas próprias do andamento colocam equilíbrio e a atitude em evolução contínua, é aquele que diretamente combate, pela sua assimetria característica, a assimetria oposta do cavalo.

O trabalho ginástico deve ser regulado de maneira a que o cavalo receba a lição nas melhores condições de receptividade. Mais vibrante para uma sessão que reclame maior energia, fortemente distendido para uma outra em que o cavalo se possa impacientar.No ensino, é a repetição de lições curtas e não o seu prolongamento que permite ao cavalo assimilá-las. Para o desenvolvimento da flexibilidade, o prolongamento dos exercícios é prejudicial pelos espamos musculares dolorosos que provoca, os quais persistem durante muitos dias e podem originar resistências importantes.

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Quando se inicia o ensino propriamente dito exercícios de condução no picadeiro relativos ao desbaste servem para regularizar o trote. O galope é empregado nesta fase para manter o cavalo em condição.

Em seguida, desenvolvida a tensão muscular, o cavalo deverá ser ajustado às linhas que percorre para obter a igualdade da sua flexibilidade lateral; endireitando-o em todo seu cumprimento no trabalho em linha direita e encurvando-o sobre as linhas curvas. Quando a flexibilidade obtida desta forma atinge um certo grau, começa-se com o trabalho em duas pistas com o fim de determinar a entrada progressiva dos posteriores e preparara concentração. O trote começará então a apresentar a forma elástica e elevada do trote escola que conduzirá ulteriormente à passage.

Resistências

Toda a resistência que um cavalo apresenta é de ordem física; depois torna-se moral.As resistências surgem naturalmente durante o ensino no trabalho de reajustamento

das encurvações e inclinações. De fato, a posição direita só pode ser obtida combatendo e destruindo as resistências à medida que se forem apresentando.

Se uma resistência não é completamente vencida, se não é destruída nas suas raízes, é certo encontrá-las novamente sempre que o cavalo mostra dificuldade em executar um determinado exercício. A ligeireza, conseqüência da flexibilidade dos músculos e articulações, só pode ser adquirida depois do desaparecimento completo das resistências.

As resistências provem principalmente da dificuldade ou má vontade do cavalo em deslocar a garupa para um dos lados, ou da sua reação às ações que procuram encurvá-los para o lado contrário ao da sua encurvação natural.

Como o cavalo se encontra normalmente encurvado à direita, o cavalo resiste à rédea direita que pretende deslocar-lhe a garupa para a esquerda e a rédea esquerda que procura encurvá-lo à esquerda.

A resistência mais difícil de resolver é que deriva da ação que procura encurvá-lo para o lado contrário ao da sua encurvação natural, aparecendo com grande freqüência durante o trabalho ginástico do ensino complementar.

A resistência ao deslocamento da garupa desaparece logo que o cavalo está devidamente submetido ao trabalho de sujeição à ação da perna isolada.

As resistências manifestam-se no cavalo de duas forma: pelo peso da massa, servindo-se da força da inércia para contrariar ou neutralizar a ação da mão - resistência de peso; por contração da região interessada - resistência de força.

As resistências de peso resolvem-se por meias paragens e as resistências de força por vibrações.

As meias paragens podem ser feitas sobre uma barra, para aliviar a espádua mais sobrecarregada, ou sobre as duas barras, quando o desequilibrado é sobre todo antemão.

As vibrações são normalmente feitas sobre a rédea do lado contraído, embora dado que av é muitas vezes de ordem moral, também possam ser feitas sobre a rédea do outro lado.

A meia paragem é uma ação firme debaixo para cima sobre rédeas tensas, dedos bem fechados, seguida rapidamente do relaxamento progressivo dos dedos e de uma cedência de mão.

A vibração é um tremor da mão com a extremidade dos dedos francamente cerrados sobre a rédea em contato com a boca do cavalo.

Quando se pretende encurvar o cavalo para o lado contrário ao da sua encurvação natural e se abre a rédea desse lado, o cavalo geralmente atravessa-se para se defender. Neste caso há que confirmar o trabalho de sujeição à ação da perna isolada para lhe dominar a garupa. Se o cavalo está encurvando para a direita, a rédea de abertura é a esquerda e a perna de posição, a direita.

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Com o cavalo encurvado para um dos lados, a impulsão exerce-se essencialmente no sentido da espádua contrária à da encurvasão. Por isso, o cavalo encurvando `a direita descai na espádua esquerda.

Compreende-se eu seja assim. O posterior direito tem maior adução e, por conseqüência , a distensão desse lado é pronunciada.

Quando o cavalo está adiantado em ensino e o cavaleiro domina com facilidade a encurvação contrária, os exercícios executados com o cavalo nessa disposição tornam-se mais potentes e elásticos e o que são feitos na posição correspondente à da sua encurvasão pecam geralmente por falta de movimento para diante.

O galope é o caso mais evidente. No cavalo encurvado à direita o galope para a direita é mais fácil mas menos impulsionado e o galope para a esquerda muito mais potente e elástico logo que se domina a encurvasão para este lado. No galope largo, o galope para a direita é mais equilibrado mas menos progressivo e o galope para a esquerda é mais rápido mas menos equilibrado; por isso , quando se procura o galope largo para a direita num cavalo com esta assimetria, o cavalo passa de mão.

Um cavaleiro experimentado não se confunde, evidentemente, com estas particularidades, mas um novato toma-as muitas vezes como sintomas reveladores de um adiantamento que, na realidade, não existe.

È interessante observar a influência que exerce a escuridão no combate às resistências e muito especialmente como meio de domínio sobre o moral do cavalo. Experimente-se trabalhar à tarde num picadeiro quase às escuras: o cavalo concentra toda a sua atenção sobre exigências pedidas as resistências diminuem.

Trabalho em círculo

O ajustamento do cavalo às linhas curvas é obtido por meio de trabalho em círculo.Não há outro processo para obter e desenvolver a flexibilidade da coluna vertebral –

que comanda a flexibilidade no sentido longitudinal – se não o trabalho de ajustamento sobre o círculo, longamente e cuidadosamente exposto por <<La Guériniére>>.

As dificuldades apresentadas pelo cavalo no ajustamento da sua inflexão com a sua assimetria: do lado para onde é côncavo, o cavalo é muitas vezes desmaiado flexível e a sua curvatura não atinge, ou atinge com dificuldade, o grau necessário.

O trabalho em círculo executado progressivamente, partindo do círculo de grande raio para o círculo clássico de 6 m de diâmetro, permite dar ao cavalo uma flexibilidade lateral sensivelmente dos dois lados (Fig 14).

Figura 14

Para determinar o emprego das ajudas que convém ao trabalho em círculo, é necessário precisar o que se quer modificar e quais são as modificações que se pretendem obter.

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O cavalo pouco flexível volta por tangentes ao círculo. Depois do trabalho em círculo, as pistas dos dois bípedes laterais dispõem-se sobre dois círculos concêntricos. A modificação do movimento dos membros, corresponde uma transformação da atitude do corpo, mais ou menos direito depois do trabalho. No primeiro caso diz-se que o cavalo descai sobre volta e no segundo que se adapta à volta.

Para a sua adaptação ao círculo há dois processos.1º - Manter o meio do cavalo sobre o círculo e procurar que a cabeça e a garupa

entrem no círculo de fora para dentro.2º - Manter a cabeça e a garupa no círculo e procurar que o meio do cavalo entre no

círculo e procurar que o meio do cavalo entre no círculo de dentro para fora.No primeiro processo, estando a trabalhar para a mão esquerda a pressão da perna

esquerda junto à cabeça à cilha opõe-se ao deslocamento do meio do cavalo para o interior do círculo. A mão esquerda, por uma ação de abertura maior ou menor, desloca para a esquerda a cabeça e o antemão. A perna direita, por uma mão ação de posição da direita para a esquerda, coloca a garupa no círculo.

Praticamente, cada uma das ajudas será empregada tanto ativa como passivamente, devendo as suas combinações ser ajustadas, no modo e na sua intensidade, a natureza e a força das resistências que o cavalo opõe à encurvação. Para a mão esquerda, quando o cavaleiro atua com a rédea esquerda, a mão deve atuar mais baixa do que alta porque a flexibilidade do antemão é tanto maior quanto maios baixo está o pescoço.

Para combater a tendência de alguns cavalos que quebram lateralmente pelo pescoço em vez de estenderem a flexão de um extremo ao outro da coluna vertebral, a rédea direita reguladora atuando como rédea de apoio deverá envolver o pescoço na sua base. No entanto, como a flexibilidade lateral do pescoço diminui com a sua elevação, em certos casos a elevação da mão direita e a diminuição do abaixamento da mão esquerda mostra-se mais eficazes do que o envolvimento da base do pecoço.

É sempre tateando que o equitador poderá encontrar o justo emprego de cada uma das suas ajudas, modificando-as em face das resistências e variações que encontra no cavalo.

De início, o trabalho em círculo só deve ser aplicado para o lado contrário ao da encurvasão natural do cavalo, até que ele atinja e conserve sem resistência, u m grau de curvatura igual à que possui do outro lado.

O círculo base terá necessariamente um raio grande. O ajustamento começara por ser pedido somente durante alguns passos e o equitador terminará com as suas exigências antes que um esforço demasiado ou a fadiga obriguem o cavalo a entrar em resistência. No intervalo de duas exigências sucessivas o cavaleiro levará o cavalo a tomar a linha direita na mais completa liberdade de atitude.

Quando o cavalo se mantém ajustado ao círculo durante algumas voltas, o equitador conduzi-lo-á pouco a poupara o interior do círculo, sobre uma espiral, aumentando insensivelmente a sua curvatura a medida que a cabeça, o pescoço, as espáduas e o resto do corpo vão entrando nos novos círculos.

O cavaleiro deve aplicar a sua atenção sobre dois pontos: flexibilidade do contato com a boca do cavalo por meio da rédea interior e recompensa imediata por cedência de mão logo que essa flexibilidade se verifique.

Muitas vezes, a obediência máxima será acompanhada de uma ligeira cedência de maxila. È o momento em que é preciso ceder, deixando o cavalo distender-se sobre a linha direita, alongando o andamento.

A atitude do cavaleiro, a sua posição e a repartição do seu peso pelo cavalo, desempenham um papel importante neste trabalho, especialmente no que diz respeito a sua inclinação e adaptação sobre o círculo.

Para o cavaleiro adaptar a sua posição ao trabalho em círculo, deve evitar que a metade exterior do seu corpo se deixe ficar para trás. Deve constantemente fazer face à direção seguida, avançando o ombro de fora, ou seja quadrando-se com o cavalo. A linha da bacia e dos ombros deve coincidir com o raio do círculo.

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Quando a flexibilidade adquirida por este trabalho permite ao cavalo conservar facilmente do lado onde ele era convexo uma concavidade igual a do outro lado, o cavaleiro pode começar a trabalhar para a outra mão.As principais dificuldades que encontrará são provenientes da tendência do cavalo em se encurvar para um dos lados mais do que indispensável, para se adaptar aos círculos. O trabalho passa então a ser de desencurvação, obrigando a uma modificação no emprego das ajudas.

Assim, a rédea de fora modifica o seu papel de rédea de apoio para tomar eventualmente o de abertura, a perna de dentro passa a atuar mais atrás, no sentido da anca de fora, e a perna deste lado passa desempenhar u papel essencialmente impulsivo para obrigar o posterior correspondente a uma maior adução.

Para confirmar os resultados obtidos com o trabalho em círculo, o cavalo será em seguida submetido ao trabalho em serpentina e em oito, devendo haver o cuidado de fechar as curvaturas para o lado oposto ao da encurvação natural do cavalo e alarga-las para outro.

O equitador pode dar a este trabalho um grande desenvolvimento, tanto no grau de curvatura imposta como no tempo empregado para cada lado, conseguindo por um trabalho judiciosamente desigual dos dois lados, uma flexibilidade lateral igual.

Os seus efeitos não se limitam ao desenvolvimento da flexibilidade lateral da coluna vertebral. Cada um dos bípedes laterais trabalha alternamente em flexão no interior do círculo e em extensão no exterior. Em cada diagonal, a extensão do movimento de espádua, quando trabalha no exterior do círculo, associa-se a flexão do posterior que trabalha no interior. Pelo desenvolvimento destes movimentos em extensão e flexão, o andamento acaba por tomar cadência, elevação e amplitude. Aproxima-se do andamento de escola. È altura de começar com o trabalho em duas pistas.

A galope, o trabalho em círculo desenvolve a flexibilidade lateral obtida com o trabalho a trote, devendo contudo haver cuidado de evitar que o cavalo reduza o galope quando o círculo diminui.

Trabalho em descida de pescoço

A descida do pescoço é uma extensão lenta do pescoço, para diante e para baixo, em descida de mão.

Este trabalho tem por fim o desenvolvimento dos músculos da base do pescoço, sendo por isso dos mais indicados para os cavalos de atitude alta e, especialmente, para os cavalos de pescoço invertido.

O cavalo incertido é o cavalo com a cabeça e o pescoço altos mas com a base do pescoço baixa, enterrada nas espáduas. Os músculos inversores do pescoço estão contraídos e os flexores alongados. Pelas suas ligações com os ílio-espinais por um lado ( congéneres dos inversores ) e abdominais por outro ( congéneres dos flexores) o cavalo abre-se, atrasa os posteriores ( fig.15).

A atitude alta só é perfeita quando a elevação do pescoço é total, isto é, quando a base do pescoço participa nessa elevação, motivo por que os cavalos de pescoço invertido ou de atitude muito alta necessitam de uma ginástica prévia que lhes desenvolva os músculos da base do pescoço.

O desenvolvimento destes músculos e dos seus congéneres que comandam a colocação e a entrada numa disposição de extensão (Fig. 16).

Os exercícios mais indicados para este fim são os que obrigam o cavalo a uma encurvação de pescoço, o círculo em participar, e o trabalho em descida de pescoço.

As encurvações dos dois congéneres inversores, incompatíveis com a contração simultânea dos dois congéneres inversores, inseridos de uma lado e outro do pescoço, obrigam ao alongamento de um deles e decompõem assim, por dissociação, a sua contração simultânea.

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O trabalho em descida de pescoço, tendo por fim obrigar os inversores a tomarem uma disposição de grande extensão, leva os músculos antagonais – flexores, abdominais e base do pescoço – a um trabalho acentuando de cooperação.

De início, podemos ligar o trabalho em círculo com o trabalho em descida de pescoço, visto que, não podendo o cavalo inverter e encurvar o pescoço ao mesmo tempo, tem manos possibilidades de se subtrair ao exercício.

Para trabalhar em descida de pescoço é necessário que o cavalo possua um certo grau de flexibilidade que o leve de vez em quando a cair na mão. O cavalo cai na mão quando descontrai a maxila espontaneamente.

A melhor maneira de obter a descida de pescoço consiste em trabalhar o cavalo em círculo, a trote, por divisão de apoios, jogo constante de rédeas que obrigando o cavalo a mudar constantemente os seus pontos de apoio e contração, provoca a desconcentração da maxila e a extensão do pescoço.

O Comandante Dutilh, a quem se deve o trabalho em descida de pescoço, aconselha o mecanismo seguinte:

Ação alternada com a rédea direita do bridão e com rédea esquerda;Ação alternada com duas rédeas direitas e com as duas rédeas esquerdas;Ação direta e simultânea com a rédea direita do bridão e com a rédea esquerda do

freio;Ação direta e simultânea com a rédea direita do freio e com rédea esquerda do bridão;Ação direta e simultânea com duas rédeas do freio;Ações simultâneas com:Rédea direita do bridão e duas rédeas do freio;Rédea esquerda do bridão e duas rédeas do freio;Rédea direita do freio e duas rédeas do bridão;Rédea esquerda do freio e duas rédeas do bridão;Quando o cavalo descontrai a maxila, o cavaleiro continua a executar o mesmo

mecanismo de rédeas, deixando o cavalo alongar o pescoço para diante e para baixo, lentamente, enquanto a desconcentração se mantém.

É importante assinalar a falta grave que se comete quando se cede subitamente a mão ao primeiro sinal de obediência e desconcentração. Abandonado a si próprio, o cavalo baixa a cabeça bruscamente e acaba por bater na mão. É preciso seguir o movimento da cabeça conservando sempre as rédeas mais ou menos tensas.

A descida de pescoço é completa quando a extensão vai até a altura dos joelhos. Obtido este resultado com freqüência e durante algum tempo, o cavaleiro passa a agir também no sentido inverso, procurando lentamente, por degraus, a elevação da cabeça e do pescoço.

Como se disse, é conveniente começar o exercício partindo do círculo, passando depois a linha direita.

Confirmado o trote , o trabalho em descida de pescoço pode ser feito parado, ( Fig 17 ) a passo e a galope.

Durante a descida do pescoço, quando o cavalo perde a mobilidade da maxila, o cavaleiro não se deve deixar que a extensão de pescoço se prossiga, mas deve continuar a

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dividir os apoios pelo mecanismo alternado e entrecruzado das rédeas para que a mobilidade volte.

Quando a mão se fixa ou as pernas não mantém a impulsão, o cavalo pode pôr- se atrás da mão encapotando.

No entanto, logo que o movimento de extensão recomeça e se prolonga até a altura dos joelhos, desaparece esse perigo.Tanto a descida como a elevação do pescoço devem fazer-se sem aumentar nem diminuir o andamento. É obrigando o pescoço a estender-se e a elevar-se, sem influenciar a velocidade, que o cavaleiro pode depois vir a utilizar com a-propósito a influencia do balanceiro, sobre carregando ou aligeirando o antemão.

O cavalo em descida do pescoço está em equilíbrio horizontal; a base do pescoço eleva-se, o rim arredonda e os posteriores entram para debaixo da massa; a flexibilidade aumenta e os andamentos tornan-se calmos, ritmados e brilhantes.

Para trabalhar num equilíbrio diferente, isto é, sobre o postmão, é indispensável que o cavalo tome uma atitude mais alta, resultante do abaixamento da garupa, atitude que para ser perfeita exige o desenvolvimento completo dos músculos da base do pescoço, finalidade deste trabalho.

Figura 17Trabalho em duas pistas

O Trabalho em duas pistas origina no jogo do aparelho locomotor modificações muito favoráveis ao aperfeiçoamento do andamentos.

No cruzamento dos membros, o anterior externo tem que elevar a espádua e o joelho mais do que na marcha direta, para evitar tocar no anterior interno ao passar pela sua frente, e o posterior externo deve arredondar o movimento e prolonga-lo para diante pela mesma razão. Cada um dos membros é assim levado a aumentar, segundo o sentido da sua inflexão e do deslocamento lateral, o esforço dos diferentes músculos interessados no movimento, em particular dos que comandam a flexão, o que melhora o equilíbrio.

No entanto o cavalo foge muitas vezes a este esforço andando de lado e não avançando suficientemente o posterior interno para não ser obrigado como conseqüência, a avançar mais do que o normal o posterior externo. Se o cavaleiro não tem meios de evitar esta defesa, o beneficio do trabalho em duas pistas é reduzido ao desenvolvimento da mobilidade lateral, em detrimento da entrada dos posteriores.

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O movimento para diante indispensável ao avanço do posterior interno é obtido essencialmente pelo trabalho em círculo que deve, por isso, preceder o trabalho em duas pistas.

Espádua adentro

O trabalho em duas pistas fundamental é o trabalho de espádua adentro.O trabalho de espádua adentro é da autoria de François Robichom de la Guéringere

que o praticou depois de ter meditado sobre as considerações feitas pelo duque de Newcaltle sobre o trabalho em círculo.

O duque de Newcastle que considerava o trabalho em círculo com a garupa para fora como o primeiro exercício para aligeirar o cavalo, observava que a flexibilidade do antemão só se poderia obter se a perna de dentro do cavalo se aproximasse, avançando da perna de fora, sendo por conseqüência necessário, para que isso pudesse obter, que a garupa descrevesse um círculo de raio superior ao raio descrito pelas espáduas. Tinha, no entanto, este trabalho o inconveniente de por o cavalo sobre as espáduas, como ele muito francamente confessava.

Diz lá Gueriniére:Esta confissão que a experiência confirma, prova que o trabalho em círculo naquelas

condições é o melhor meio de aligeirar as espáduas, pois que se as sobrecarrega não as pode aligeirar; mas uma grande verdade que este ilustre mestre admite é que a espádua não se poderá tornar flexível se a perna de trás e de dentro, não se aproximar, avançando, da perna de trás e de fora. E foi esta judiciosa observação que nos fez procurar e encontrar a lição de espádua adentro que iremos dar a explicação.

Marchando como cavalo ao longo da teia, em passo lento, o cavaleiro coloca-o de maneira que as espáduas descrevam uma linha e a garupa outra, ficando a linha da garupa junto à teia e a linha das espáduas afastada cerca de um pé e meio, (1) o cavalo marchando encurvado (Fig. 18).

Para este efeito, voltar a cabeça e as espáduas do cavalo para dentro, como se ele fosse fazer uma volta e quando ele está nesta posição oblíqua e circular, fazê-lo seguir ao longo da teia, por meio da rédea e da perna de dentro (Fig. 19).

Nestas condições, para manter esta atitude, imposta pelas ajudas do cavaleiro, o cavalo é obrigado a cruzar o anterior de dentro sobre o anterior de fora e o posterior de dentro sobre o posterior de fora.

Este exercício produz tão bons resultados ao mesmo tempo que pode ser considerado como o primeiro e o último dos exercícios que se podem dar a um cavalo, porque isto dá flexibilidade a todo o conjunto.

Em primeiro lugar, este exercício dá grande liberdade às espáduas, por que o anterior de dentro se cruza, a cada passo, sobre o anterior de fora, o que o obriga a grande movimento de rotação e apreciável movimento de elevação; em segundo lugar dá grande agilidade à garupa por que a anca de dentro é obrigada a baixar-se para permitir que o posterior de dentro se cruze sobre o posterior de fora; em terceiro lugar dá grande flexibilidade a toda coluna vertebral pelo jogo constante a que estão sujeitas todas as vértebras.

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Para mudar de mão, o cavaleiro deixa a teia e marcha obliquamente, bem direto de espáduas e garupa, até ao lado oposto, iniciando ali novamente o trabalho de espáduas adentro para a outra mão.

Quando um cavalo se mostra retivo a este exercício, é necessário abandoná-lo durante algum tempo e passar a outro trabalho na base do trote franco.

Para que o exercício seja útil, é necessário que o antemão e o postmão sejam mantidos exactamente sobre as duas pistas. Como de início a inflexão deve ser a de um círculo de grande raio, isto é, muito fraca, o que torna muito reduzida a distância entre duas pistas, a pista do posterior interno é a do anterior externo.

Sempre que o posterior interno não cruza e não avança o suficiente, o cavaleiro entra em novo círculo para ajustar a inflexão do cavalo e obrigar o posterior a avançar.

Quando o posterior externo, em virtude duma encurvação maior dada ao cavalo, procura subtrair-se ao esforço que daí resulta afastando-se mas não entrando suficientemente para debaixo da massa, é conveniente passar ao exercício de anca adentro, tratado a seguir.

O emprego das ajudas no exercício de espádua adentro é condicionado a encurvação dada ao cavalo e à sua inclinação em relação à direção tomada.

Normalmente a perna interior deve acentuar a sua ação de trás para diante, para provocar o deslocamento da massa na direção da espádua exterior, e a rédea exterior, sem alterar a posição de espádua adentro, “deve conduzir” o antemão sobre a pista.

Quando o cavalo encurva demasiado o pescoço não deslocando as espáduas, as ajudas preponderantes são a rédea de abertura interior e a ação impulsiva das pernas; se o cavalo tende a sair da parede, a perna exterior de posição e a rédea contrária interior serão as ajudas indicadas.

É um exercício ginástico útil ao cavalo já submetido às rédeas de oposição.Trabalhando para a mão direita, a marcha lateral obtém-se pela ação da rédea

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esquerda intermediária. Como as rédeas de oposição atuam por reação à impulsão e a rédea intermediária exerce a sua ação sobre as espáduas e a garupa, igualmente, a ação das pernas, quando necessária, é impulsiva e simultânea.

Sob a ação desta rédea e uma forte impulsão, sema a qual o cavalo tem tendência para acuar, os membros do bípede lateral esquerdo cruzam, por diante, os membros do bípede lateral direito. O cavalo cruza os membros, avançando. A ligeira encurvação para a esquerda que o cavalo apresenta na marcha lateral para a direita, é proveniente da posição dada pela rédea intermediária.

No trabalho de espádua adentro o cavalo é encurvado em o o seu comprimento. Na marcha lateral a encurvação é limitada ao antemão.

Anca adentro (1)

No exercício de anca adentro, o cavalo desloca-se paralelamente a se mesmo, conservando a inflexão que previamente lhe foi imposta pelo círculo, do qual deve sair no momento em que o antemão passa pelo ponto de tangência; o antemão segue a tangente enquanto que o postmão segue uma linha paralela à tangente (Fig. 18).

Para que o posterior de fora não fuja ao esforço de entrar para debaixo da massa, não só o afastamento das duas pistas deve ser de começo muito fraco, como no caso da espádua adentro, como também o cavaleiro deve recorrer com freqüência ao trabalho em círculo, intermeando-o com a espádua adentro a anca adentro.

O emprego normal das ajudas é sensivelmente o mesmo do trabalho em círculo.Enquanto que na espádua adentro a perna interior acentua a sua ação de trás para

diante para provocar o deslocamento da massa na direção da espádua exterior e a rédea exterior ajuda a conduzir o antemão sobre a pista, desde que o cavalo aceite sem resistência a ação determinante da rédea interior, na anca adentro a perna exterior muda o seu papel passivo em papel ativo, para obrigar o posterior de fora a cruzar, e a rédea interior junto ao seu papel de inflexão a de condutora do antemão.

Ladear

Na figura ou exercício de ladear, “o cavalo desloca-se em duas pistas; a cabeça, o pescoço e as espáduas precedendo sempre a garupa. Uma ligeira encurvação do pescoço, permitindo-lhe olhar na direção tomada, contribui para a harmonia do movimento e para aliviar a espádua de fora. Os membros de fora cruzam por diante os membros de dentro. O cavalo deve manter a cadência e a impulsão”.2 (Fig. 20).

Quando o deslocamento lateral em duas pistas é igual para os dois bípedes anterior e posterior, o cavalo desloca-se paralelamente a si mesmo e executa um ladear (Fig. 21 e 21-a); quando o deslocamento lateral das espáduas é maior do que o da garupa, os membros anteriores e posteriores descrevem círculos concêntricos e a figura descrita é uma rotação direta cujo limite é a pirueta; quando o deslocamento da garupa é maior do que o das espáduas, a rotação é inversa e o limite da figura descrita, a pirueta inversa.

O exercício de ladear pode ser pedido sobre as diagonais. Neste caso é de regra que o cavalo seja mantido paralelamente ao lado maior do picadeiro (Fig. 22).

Para o cavalo ladear, é necessário que o cavaleiro saiba regular a ação da rédea que dá ao pescoço a ligeira encurvação que leva o cavalo a executar o exercício, por forma a que ela produza o efeito que se pretende e não o efeito inverso. Quando o cavalo ladeia para a direita, por exemplo, se o cavaleiro dá a rédea direita a direção anca esquerda, apoiando-a mais ou menos sobre o pescoço, desloca peso da espádua direita para a espádua esquerda, dificultando o movimento em lugar de o ajudar. Assim, é indispensável que ao pedido de flexão lateral, a mão atue no seu lugar normal ou exterior, se necessário, mas nunca interiormente.1 General Decarpentry2 Regulamento da Federação Eqüestre Internacional – Princípios gerais do ensino

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Muitas vezes, a dificuldade em dominar a espádua do lado para onde se ladeia provém

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da relutância do cavalo em deslocar a garupa. Para fugir a essa deslocação o cavalo procura colocar constantemente as espáduas à frente da garupa. É conveniente, neste caso, confirmar o cavalo no trabalho de sujeição à ação da perna isolada.

Outras vezes, o cavalo resiste com a nuca. Cede o bico e a cabeça toma uma posição oblíqua. Combate-se esta defesa com o trabalho círculo intermeando com freqüência o exercício de ladear com círculos de raio correspondente à inflexão do cavalo.

Quando ladeia, o cavalo está ligeiramente inflectido para o interior, ao contrário do que se passa no exercício de espádua adentro em que o cavalo está fortemente inflectido para o lado contrário ao que se desloca. Sucede assim que no exercício de espádua adentro o movimento do anterior é mais difícil e o do posterior mais fácil, enquanto que no exercício de ladear o movimento do anterior é mais fácil e do posterior mais difícil; razão por que este exercício exige um maior grau de concentração.

“Na prática, o cavalo submetido previamente ao exercício de espádua e anca adentro executa em geral, sem dificuldade, os primeiros passos do ladear, conquanto na maior parte dos casos mostre tendência a diminuir o andamento.

Assim, é quase sempre na manutenção ou no restabelecimento da impulsão que deve incidir o maior cuidado do equitador. Utilizará, em primeiro lugar, a convenção estabelecida entre ele e o cavalo no começo do ensino: “quando o cavaleiro toma o trote elevado o cavalo toma o trote alongado”, apoiando-a, se necessário, com as pernas e o pingalim3.

“Em princípio, no ladear para a direita, por exemplo, a rédea direita conduz o cavalo e dá-lhe a colocação conveniente por uma ação direta e ligeiramente exterior; a rédea esquerda, limitando a encurvação do pescoço, atua como rédea de apoio para impedir as espáduas para a direita; a perna esquerda, por pressa, atuando na direção do ladear, impele toda a massa no mesmo sentido; a perna direita, atuando junto às cilhas, mantém a impulsão e impede o atraso do posterior interno (direito).

No entanto, a perfeita execução do ladear e a ligeireza completa que daí resulta, não é atingida senão quando a rédea de apoio basta, por si só, para determinar o movimento. É neste sentido que o cavaleiro deve orientar o aperfeiçoamento das ajudas (4).

“O trabalho de ladear deve ser freqüentemente entremeado com o trabalho de espádua adentro, que apresenta meios próprios de desenvolvimento muscular e de flexibilidade que não convém perder.

Para um igual grau de obliqüidade, o jogo dos membros é sensivelmente diferenciado nos dois movimentos por que a inflexão do cavalo modifica a repartição do seu peso, sobrecarrega os membros do lado côncavo e alivia os do lado convexo.

S o movimento é da esquerda para a direita, por exemplo, o posterior esquerdo determina o sentido da marcha nos dois casos, mas é sobrecarregado na espádua adentro e aliviados no ladear. A espádua direita sobrecarregada no ladear pelo fato de estar do lado côncavo, está aliviada no exercício de espádua adentro e o seu movimento de extensão para a frente e para a direita é necessariamente influenciado diferentemente em cada um destes movimentos” 5.

“Toda a inflexão da cabeça ou curvatura junto à nuca tem necessariamente a sua repercussão sobre o conjunto da coluna vertebral. Por conseqüência, em todo o trabalho de duas pistas, o cavalo apresenta uma certa encurvação. Imperceptível no ladear, é mais acentuada na cabeça ao muro, na garupa ao muro e na espádua adentro.

A cabeça ao muro ou a cabeça à parede e a garupa ao muro ou garupa à parede, são dois casos particulares do ladear. No primeiro, o cavalo colocado obliquamente em relação à parede sobre o ângulo não ultrapassando 45º, a garupa para o interior do picadeiro, desloca-se paralelamente a ele próprio ao longo da parede, o corpo ligeiramente encurvado sobre a perna interior do cavaleiro e olhando para onde marcha. No segundo caso, a posição é inversa, as espáduas estão para o interior do picadeiro. O cavalo executa o ladear segundo os mesmo

3 General Decarpentry.4 Idem5 Idem

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princípios e nas mesmas condições da cabeça ao muro, olhando para o lado para onde marcha” 6.

Rotações diretas e inversas – piruetas

Como dissemos, quando o deslocamento lateral em duas pistas é maior para o bípede posterior do que para o bípede anterior, o cavalo descreve uma rotação inversa. Esta rotação pode ser feita com colocação interior (tipo espádua adentro) (Fig. 23) ou colocação exterior (Fig. 24).

Na primeira, da esquerda para a direita, por exemplo, as espáduas tendem a afastar-se para a direita e a garupa a restringir o seu deslocamento para esse lado, obrigando as espáduas tendem a escapar-se à esquerda enquanto a garupa tende a exagerar seu deslocamento lateral à direita, fugindo à concentração.

A rotação inversa do tipo espádua adentro constitui um excelente meio de ensino para os cavalos que mostram dificuldades em manter-se sobre a mão. Este exercício obriga-os a alongar os músculos do rim que normalmente conservam contraídos.

A pirueta obtém-se transformando a rotação, em espiral, até que o círculo dos anteriores se reduz ao ponto do anterior de dentro se deslocar somente debaixo para cima e de cima para baixo, no mesmo lugar, com os outros membros a rodarem à sua volta. Normalmente, a pirueta inversa só se executa a passo.

A rotação direta, ao contrário da rotação inversa, é a figura em que o deslocamento lateral das espáduas, em duas pistas, é superior ao da garupa (Fig. 25).

É um exercício que só deve ser empregado quando o cavalo está bem confirmado sobre a mão, visto que exigindo uma atitude alta, deve esta atitude ser conseqüência do abaixamento da garupa, originando por sua vez pelo próprio exercício, e nunca forçada ou provocada pela mão, que a desvirtua, falseia e até provoca um retrocesso no ensino.

Esta figura, executada a galope, é um dos exercícios básicos da equitação superior.A pirueta obtém-se pelo trabalho em espiral.“É uma volta em duas pistas, garupa para dentro, dum raio igual ao comprimento do

cavalo e na qual o antemão descreve um círculo em redor do postmão.Qualquer que seja o andamento em que a pirueta é executada, o cavalo deve voltar

sem brusquidão, conservando integralmente a cadência deste andamento e a regularidade do movimento dos membros que ela comporta.

Na pirueta como na meia pirueta, os dois anteriores e o posterior externo rodam à volta do posterior interno que forma pivot e deve voltar ao mesmo ponto cada vez que se eleva.

Ao galope, se este pé não se eleva e não se pousa como o seu congênere, o andamento deixa de ser regular”7.

6 Regulamento da Federação Eqüestre Internacional – Princípios gerais do ensino7 Regulamento da Federação Eqüestre Internacional – Princípios gerais do ensino

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Contra passagens de mão

Nas contra passagens de mão em duas pistas (Zig-Zag) o cavaleiro muda constantemente de direção, ladeando durante alguns passos da esquerda para a direita e durante outros da direita para a esquerda. O número de passos em cada sentido pode ser fixado de antemão.

Nas contra passagens de mão, o cavaleiro tomará especialmente em atenção não deixar modificar a atitude do cavalo, a regularidade do andamento e a amplitude de cruzamento dos membros.

Para entrar no trabalho de contra passagens de mão, é conveniente começar por não modificar o sentido da marcha, passando do exercício de ladear ao exercício de espádua adentro vice-versa; depois, sem modificar a inflexão dada ao cavalo, mudar de direção passando dum exercício a outro (da espádua adentro ao ladear e vice-versa); por fim, mudar de direção e inflexão, primeiro em espádua adentro e, depois, em ladear (contra passagens de mão).

Na segunda fase desta progressão (mudar de direção sem modificar a inflexão) é muito importante a passagem do exercício de espádua adentro ao ladear, especialmente quando o cavalão trabalha na inflexão contrária à da sua encurvação natural. É uma forma prática de verificar que, muitas vezes, o cavalo não está suficientemente sujeito, para um dos lados, à ação da perna isolada.

Aperfeiçoamento do trabalho em duas pistas pelo emprego do passo 8

O esforço de cruzamento dos membros no trabalho em duas pistas só pode ser explorado complemente executando-o a passo. Os tempos de suspensão do trote permitem que o cavalo se escape parcialmente a esse esforço. Em lugar de levantar o membro que deveria ser cruzado somente quando aquele que o deveria cruzar já estivesse pousado, o cavalo salta, a trote, dum pé para o outro, evitando assim, mais ou menos, o cruzamento completo e aliviando prematuramente o membro cruzado.

No passo ao contrário, o cruzamento é contrário (Fig. 26). O trabalho que daí resulta para os músculos adutores e obdutores dos quatro membros e sobre tudo para os da região dorsal, em virtude do cruzamento dos posteriores, é muito maior e eficaz do que ao do trote.

Recuar

O recuar é o movimento retrógrado no qual o cavalo se desloca por diagonais associadas, quando bem executado.

O recuar regular e correto constitui um dos meios mais eficazes para o desenvolvimento do rim e do postmão. A flexão derivada da sobrecarga momentânea de peso e de compressão que resulta do movimento retrógrado, é repartida por todas as articulações. A duração de apoio dos posteriores é sensivelmente igual à de elevação. O movimento é amplo, diagonalizado e o recuar é equilibrado.Quando o cavalo recua por passos precipitados, baixando e avançando a

cabeça para restabelecer o equilíbrio comprometido, o recuar é o do cavalo acuado. A passagem do movimento para diante só é possível com um tempo de paragem mais ou menos prolongado. O cavalo eleva os posteri-ores tarde demais.Quando recuar é pedido por elevação do pescoço, sem que o cavalo

esteja colocado, o cavalo agarrota-se, abre-se e recua incorretamente. Eleva o posterior ates de tempo, afastando-os da linha dos anteriores.

No primeiro caso do recuar incorreto, a diagonalização perde-se por precipitação dos posteriores de apoio. No segundo caso, por precipitação dos posteriores na elevação.8 General Decarpentry.

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Geralmente, como o cavalo é submetido a uma ginástica de alongamentos e diminuições de andamentos que o obriga a reduzir e a aumentar a base de sustentação, o trabalho de recuar não oferece dificuldade de maior. Sucede, porém, em alguns casos, o cavalo imobilizar-se por contração ou recuar apressadamente, dificuldade que se combatem deslocando a garupa pela ação da perna isolada e opondo as espáduas à garupa.

O cavalo tem mais dificuldade em partir da paragem para o recuar do que transformar o movimento para diante em movimento retrógrado. Por este fato, quando se passa ao exercício de recuar, começa-se por reduzir o passo além do que é necessário para executar uma paragem, por forma a manter a mobilidade necessária à transformação do movimento no sentido oposto, impedindo-o de estabilizar a paragem.

O cavalo tem tendência a recuar para o lado da sua inflexão natural, sendo por isso conveniente aproveitar a parede do picadeiro para o corrigir, trabalhando para a mão contrária.

Quando se inicia o exercício de recuar, o cavalo deve estar na mão (coloca e ligeiro) e em passo lento. “Como as ações de mão, tendo em vista a diminuição do passo, provocam a elevação do pescoço, o cavalo dever ser colocado previamente um pouco baixo, a fim de que a elevação, quando atingir o seu máximo, não prejudique a flexibilidade da coluna vertebral e a sua liberdade de flexão no plano vertical” 9.

As ações de mão destinadas a diminuir o passo devem ser intermitentes, reguladas sobre a marca dos anteriores.

Como ginástica, o recuar pode ser prolongado com prudência e progressão, embora a utilização freqüente e alternada da marcha para frente e marcha retrógrada possa ser mais útil do que o próprio exercício de recuar.

Na ginástica de recuar pode-se utilizar com vantagem as rampas e as linhas curvas.Quando o cavalo recua subindo, o passo é mais curto, o pescoço eleva-se e tende a

enterrar-se nas espáduas. Quando recua descendo, o passo é mais largo e o pescoço tende a alongar-se e a baixar-se. O cavaleiro pode assim escolher o meio mais indicado para corrigir o seu cavalo.

Empregando as linhas curvas, pode-se sobrecarregar o posterior mais contraído, cerrando progressivamente o círculo, em espiral, até à pirueta sobre esse posterior.

O Cavalo Direito

A posição rigorosamente direita só pode ser obtida por um trabalho perseverante e inteligente, retificando todas as falsas encurvações e inclinações que se podem produzir da cabeça à garupa.

Quando o cavalo está direito, as ancas funcionam igualmente, o seu jogo combinado com as espáduas é simétrico, os pés seguem exatamente as pistas traçadas pelas mãos, a distribuição lateral do peso é igual.

A noção do cavalo direito está diretamente ligada à disposição da garupa. Basta saber-se que é nela que reside a origem das mudanças de direção. Quando essa disposição se liga com a–propósito à atitude dada ao antemão, na justa medida e na devida impulsão, os mais variados movimentos executam-se com grande facilidade.

Quando se desvia a garupa pela ação da perna de posição, a espádua contrária deverá ser mantida exatamente na direção que seguia anteriormente, se o cavalo está em andamento; no mesmo lugar, se o cavalo está parado.

O cavalo defende-se da ação que lhe envia desvia a garupa fazendo participar as espáduas no movimento, cujo deslocamento para o lado reduz a submissão que se pretende impôs à garupa.

É necessário contrariar decididamente esta tendência sob pena de jamais dominar a garupa.

“As ancas não deixarão de provocar resistência na mão enquanto a sua submissão

9 General Decarpentry.-33-

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não for completa, isto é, enquanto a sua submissão não for completa, isto é, enquanto elas se não desviarem com prontidão e facilidade à ligeira pressão duma e outra perna de posição10. O cavalo procura sempre subtrair-se ao pedido de desvio da garupa, muito especialmente para o lado contrário da sua encurvação natural.

Retificação da coluna vertebral do cavalo é indispensável. Com o cavalo encurvado para um dos lados, a concentração é possível. Assim, o cavalo direito constitui a base da equitação superior.

Os meios práticos que conduzem a retificação da coluna vertebral do cavalo variam com a sua assimetria e comportam os exercícios mais indicados para cada caso particular combinados com as ajudas superiores e inferiores que facilitam ou reforçam a sua execução.

Se certas figuras executadas pra uma mão são indicadas para remedias defeitos de atitude, é preciso não esquecer que estas mesmas figuras feitas para a outra mão, confirmaram ou acentuam esses defeitos. Por isso é necessário, antes de dar um cavalo um determinado trabalho, verificar quais os defeitos de assimetria e aplicar, em seguida, a ginástica adequada.

Como o homem, o cavalo nasce com duas metades iguais, uma mais forte do que a outra. Sendo o lado esquerdo geralmente mais fraco do que o direito, o cavalo apresenta-se normalmente encurvado à direita.

Colocando a garupa na direita, a ação impulsiva do cavalo exerce-se essencialmente no sentido da espádua esquerda, (Fig. 27) originando resistências do lado esquerdo a todas as ações de mão que tendam a encurvar o cavalo à esquerda. Convém no entanto frisar que, de início, antes do trabalho de sujeição à ação da perna isolada, pode a resistência manifestar-se violentamente do lado direito, quando o cavaleiro pretende deslocar-se a garupa para a esquerda por meio da rédea direita.

O cavalo assimétrico avança mais com a perna do lado onde tem a garupa, desigualdade que se reflete na boca e na atitude da cabeça do cavalo.

O cavalo dá a face para o lado da perna que avança mais. Por este fato o cavaleiro inexperiente quando verifique que o seu cavalo tende a dar face mais facilmente par um dos lados, já sabe que o cavalo avança mais com a perna desse lado. Nas voltas para esse lado descai na espádua de fora, fugindo à volta; nas voltas para o lado contrário, descai na espádua de dentro, Procurando encurtar a volta.

Considerando o cavalo encurvado à direita, a assimetria corrige-se com o auxílio dos seguintes exercícios:

1 – Sujeição à ação da perna isolada (direita) até à pirueta inversa do tipo clássico (domínio total da espádua esquerda por flexão lateral esquerda).

2 – Rotação inversa do tipo espádua adentro, para a direita.3 – Volta natural para a esquerda, cavalo direito sobre o círculo.4 – Volta natural para a direita, pela ação determinante da rédea

contrária esquerda.5 – Espádua esquerda adentro.6 – Anca esquerda adentro.7 – Trabalho combinado de espádua esquerda adentro, volta de 6m. de

diâmetro e anca adentro. 8 – Ladear para a esquerda.9 – Galope para a esquerda em círculo (cavalo direito sobre o círculo).10 – Galope para a direita em círculo sob a ação determinante da rédea esquerda .

10 General L’Hotte-34-

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11 – Zig-zag em galope para a direita sob a ação determinante da rédea esquerda.12 – Galope para a direita, invertido, sob a ação determinante da rédea esquerda.13 – Zig-zag em galope para a esquerda sob a ação determinante da rédea esquerda.14 – Espádua esquerdo adentro a galope pela direita.15 – Cabeça ao muro, para a esquerda, a galope.16 – Galope para a esquerda, invertido, sob a ação determinante da rédea esquerda.

Ação determinante duma rédea significa que a posição do antemão é dada por essa rédea, posição regulada, se necessário, pela rédea reguladora. Uma vez obtida a posição que caracteriza a ação da rédea, o contato da mão do cavaleiro com a boca do cavalo deve ser igual nas duas barras. É a prova de que a ação impulsiva do cavalo se exerce no sentido do seu próprio eixo.

No trabalho de correção duma assimetria, o galope desempenha um papel muito importante pelo fato de ser um andamento assimétrico. Assim, se a encurvação dum cavalo é para a direita, o galope normal, curto ou concentrado para a esquerda auxilia a corrigir a assimetria, especialmente se for empregado sobre o círculo; a direito, há o inconveniente do cavalo se atravessar. Pelo contrário, como o galope para a direita favorece essa assimetria, o galope para esta mão deve ser largo e executado encurvando o cavalo para a esquerda, devendo a rédea esquerda atuar por forma a colocar constantemente as espáduas à frente da garupa.

O trabalho a galope, por ser o mais difícil tanto para o cavalo como para o cavaleiro, é o que exige maior preparação, não sendo conveniente utilizá-lo sem que primeiro se executem corretamente a passo e trote os exercícios atrás indicados.

Na correção da assimetria, a ação das ajudas inferiores é importante. S o papel da perna de posição se destaca no desbaste no trabalho de sujeição à ação da perna isolada, o papel de impulsão da outra perna é decisivo no decorrer do trabalho corretivo complementar. Obrigando a uma maior adução do posterior do lado onde a sua ação impulsiva as faz sentir, ajuda a combater as resistências que o cavalo apresenta do lado esquerdo e conceituem na marcha direta, o meio mais eficaz de correção da assimetria. Trabalhando desta forma com as rédeas numa mão, o cavalo é entalado entre as rédeas numa mão, o cavalo é entalado entre as rédeas e as curvaturas laterais do pescoço são dominadas mais facilmente.

No trote levantado, a mão com a qual se trota contribui igualmente para a correção da assimetria. Esta diagonal, ganhando mais terreno do que a outra, coloca a garupa desse lado, desviando-a para a esquerda, se é com o diagonal esquerdo que o cavaleiro trota.

O que acabamos de expor é de tal maneira evidente que para um cavalo acentuadamente assimétrico, o trote levantado é tão fácil sobre o lado da assimetria como difícil sobre o outro lado.

O princípio mantém-se quando se pretende galopar o cavalo para a mão que ele recusa. Basta trotar com essa diagonal e alongar progressivamente o andamento. Quando o cavalo não o puder conservar, será obrigado a galopar para a mão do lado onde coloca a garupa, isto é, do lado sobre o qual trota o cavaleiro.

A correção da assimetria nunca deve ser perdida de vista no ensino.“O homem de cavalos, com toda a perfeição da arte, passa a vida a corrigir esta

imperfeição”11.

Trabalho e Galope

Quando o cavaleiro pretende tomar o galope, é necessário ter em consideração o grau de ensino do cavalo visto que, normalmente, este só conhece parte dos efeitos que se podem obter pela ação das pernas e das mãos.

11 Auvergne-35-

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Além disso, é preciso que o cavalo compreenda que é o andamento do galope que se lhe pede, o que obriga o cavaleiro a colocá-lo numa situação que lhe tire toda e qualquer hesitação sobre o movimento cuja execução se pretende.

Por conseqüência, seja por perda de equilíbrio, seja por tomada de equilíbrio, a posição deve sempre preceder a ação.

É o próprio movimento do galope que nos leva a esta conclusão visto que o galope é caracterizado pelo avanço que o bípede lateral do lado do galope toma sobre o outro bípede lateral.

Nestas condições, para sair a galope para a direita, por exemplo, ou se retarda o lateral esquerdo, ou se sobrecarrega o mesmo lateral, aliviando o direito.

Durante o período do desbate, em que o galope é necessário para favorecer o desenvolvimento dos poldros e melhorar a sua colocação em condição, a maneira de os obrigar a retardar o lateral esquerdo consiste em os colocar sobre a linha curva, seja sobre o círculo seja na passagem dos cantos do picadeiro, onde o bípede lateral interior, tendo menos caminha a percorrer, mais facilmente pode tomar avanço sobre o bípede lateral exterior.

Para reforçar este efeito, atuar com a rédea exterior, direta de abertura, por forma a obrigar o cavalo a avançar o anterior direito, o qual, desde que o cavalo seja impelido mais fortemente para diante pela ação das pernas, se dissociará do posterior esquerdo e originará o galope. Desta forma o cavalo entra a galope por perda de equilíbrio, isto é, pelo 3º tempo.

Quando o cavalo conhece a rédea direta de oposição, bastará retardar-lhe o bípede lateral que favorece o galope para a outra mão, deslocando-lhe a garupa para a direita e retardando-lhe a espádua esquerda, pela ação da rédea direta de oposição esquerda. Uma vez nesta posição, atuar com ambas as pernas com intensidade requerida.

Evidentemente que a deslocação da garupa poderia ser obtida pela ação conjunta da rédea e da perna, mas desde que as saídas a galope se podem considerar como a aplicação daquilo que o cavalo conhece na realidade, deficiente é ainda o ensino do cavalo se não conhece a rédea direta de oposição.

Numa fase mais adiantada do ensino, sobrecarregando o lateral esquerdo e aliviando o lateral direito, executa-se a saída a galope conhecida como saída a galope por ajudas diagonais. No nosso caso, rédea direita contrária maio ou menos de oposição, e perna esquerda de posição. É uma saída a galope correta.

No entanto, dentro da equitação superior, uma saída a galope tal como acabamos de indicar, predispõe o cavalo a deslocar a garupa. Pretendendo-se em equitação superior a máxima correção, este meio não pode, evidentemente, satisfazer.

Se a saída a galope for obtida por uma ajuda lateral interior, a perna do lado do galope, perna direita no nosso caso, atira com o posterior para debaixo da massa, sem que haja necessidade de o colocar à frente por desvio da garupa e, por outro lado, se o cavalo está suficientemente adiantado para aceitar a rédea contrária de oposição, a própria rédea direita nunca atirará a garupa para a esquerda. Ao contrário, mantê-la-á na posição requerida.

“Estes dois meios, por ajudas diagonais e ajudas laterais interiores, encontram cada um o seu emprego”:

O primeiro, quando a obediência às ajudas não é completa. Na realidade o cavalo pode, sem grande inconveniente, atravessar-se um pouco na prática da equitação usual.

O segundo, dum emprego mais fino, mais delicado, oferece à equitação superior a vantagem de manter o cavalo direito, vantagem apreciável para este gênero de equitação e que dá o meio de obter, com facilidade, as passagens de mão a 3 tempos, a 2 tempos e a 1 tempo sem que o cavalo se atravesse”12.

As saídas a galope permitem aplicar, num caso concreto, os princípios estabelecidos para o ensino do cavalo e fazer, em detalhe, a demonstração do papel e do valor das ajudas.. A progressão aqui, como no ensino, consiste em ir do conhecido ao desconhecido”13

12 General L’Hotte.13 Manuel d’équitation et de dressage.

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Regularização do Galope

“O primeiro objetivo a atingir na ginástica do galope consiste em confirmá-lo em cada uma das mãos, mantendo-lhe a ordem e o ritmo dos apoios dos membros quaisquer que sejam as sinuosidades do percurso efetuado”.

Para este efeito, o terreno escolhido deve ser grandes dimensões para evitar uma mudança de direção inoportuna em relação ao exercício que se executa.

O melhor exercício para este fim é a serpentina, com todas as variações de curvatura que pode comportar, até ao oito de pequeno raio”14.

O processo mais prático consiste em levar o cavalo a percorrer um círculo de grande raio galopando para a mão contrária (invertido) por forma a que o andamento não seja perturbado, mudando de direção e passando a galopar na boa mão desde que o andamento se altera. Quando este se restabelece, voltar novamente ao exercício, procurando corrigir o andamento logo que se verifiquem os primeiros sintomas de alteração, mudando de direção antes que o cavalo desuna ou passe de mão.

O cavalo não deve considerar a passagem de mão ou a desunião do galope como uma falta que merece correção, pelo que o cavaleiro, num caso destes, deve procurar colocar o cavalo no bom galope sem perder a calma. A não ser assim, o cavaleiro experimentará mais tarde, por ocasião das passagens de mão, grandes dificuldades.

A serpentina que resulta deste primeiro trabalho deve ser praticada até à sua perfeita regularidade, para depois se passar ao galope invertido em círculo apertado, pelo trabalho em espiral. “É necessário ter cuidado em não descrever um círculo mais apertado do que o permite a velocidade atual do galope, que só poderia ser reduzida por diminuição da impulsão e não pela sua transformação no modo de se manifestar, como deve ser”15

A regularidade da serpentina a galope obtém-se quando se executa para as duas mãos igualmente, devendo por isso insistir-se naquela em que o cavalo revela mais dificuldades.

“Em todo este trabalho, a correção da posição do cavaleiro e a sua flexibilidade desempenham um papel particularmente importante. O cavaleiro deve esforçar-se por fazer face à direção seguida pelo cavalo, sem permitir que a metade do corpo que está do lado do galope se volte para a frente e a outra metade para trás. A pressão dos ísquios sobre o selim, como a dos pés sobre os estribos, deve ser igual. As pernas fixar-se-ão á mesma distância com a mesma força e a mesma flexibilidade”.

A condução deve ser reduzida ao estritamente necessário para mudar de direção, porque é a influência dos traçados e não as ajudas do cavaleiro que deve ser utilizada para a regularização do galope. O trabalho em oito, conseqüência do trabalho anterior, leva o cavalo a dominar, ele mesmo, o seu equilíbrio.

A volta em galope direto será, em princípio, pedida pela ação da rédea contrária, e a volta em galope invertido pela ação da rédea direta, afastada o menos possível para não colocar a garupa, por reação, fora da figura a executar.

Correção do galope e domínio do seu equilíbrio

Quando o galope etá regularizado, pode começar-se a corrigir a sua rtitude, tendo em conta a natural assimetria deste andamento. No entanto é de notar que este trabalho de correção depende muito do grau de ensino do cavalo, que ter já a sua colocação confirmada pelo trabalho a trote e a passo.

A correção da assimetria está ligada com o trabalho de encurtamento do galope que conduz ao domínio do equilíbrio, devendo ambos os trabalhos ser executados por forma a explorar alternadamente os progressos obtidos com um e com outro. Os exercícios indicados no capítulo “o cavalo direito” deve ser particularmente revistos nesta fase do ensino.14 General Decartpentry15 Idem

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O conhecimento das ondulações vertebrais que se verificam no galope no plano horizontal, ajudam-nos a orientar o trabalho do encurtamento e alongamento do galope duma forma mais eficaz. Assim encurvar para a direita o antemão dum cavalo que galopa para esta mão, contraria a distensão e favorece o encurtamento; pelo contrário, encurvá-lo para a esquerda, favorece-lhe o alongamento e dificulta-lhe a concentração.

Evidentemente que quando se trabalha no quadro da equitação superior em que é necessário um domínio permanente sobre o equilíbrio do cavalo do lado para onde o cavalo galopa. De fato, como as ondulações vertebrais no plano horizontal formam um S, invertido ou não conforme a mão para que o cavalo galopa, o bico do cavalo do lado do galope facilita a encurvação do dorso e, por conseqüência, a entrada do posterior do mesmo lado.

A influência duma descida ligeiramente inclinada é muito favorável ao encurtamento do galope. O cavalo coloca-se instintivamente numa atitude que aligeira o seu antemão e o terreno evita que o post-mão reduza o seu movimento.

As ações de mão devem ser sucessivas e não contínuas, exercendo-se debaixo para cima, a cada batida. Todos os efeitos dever ser sistematicamente dirigidos de maneira a colocar as espáduas a frente da garupa, para evitar que o cavalo se encurve ou atravesse.

Quando o encurtamento se obtém facilmente nas descidas e depois em terreno plano e nas subidas, o cavaleiro começa a pedir os encurtamentos numa velocidade cada vez mais reduzida, mantendo a regularidade do andamento (3 tempos).

“O equitador passará em seguida, como já fez ao trote e ao passo, a procurar a colocação por “filtragens” da impulsão nas diminuições de velocidade”16.

A tendência do cavalo para se atravessar pode ser combatida pela parede do picadeiro, galopando invertido, com o reforço de meias paragens sobre a rédea do lado do galope, se necessário.

A inflexão exagerada pode também ser combatida ao longo da parede do picadeiro pela ação da rédea contrária, dando ao cavalo, que galopa invertido, uma posição semelhante à que lhe toma no exercício de espádua adentro.

Corrigido e dominado no seu equilíbrio, o cavaleiro deve procurar ajustar o cavalo aa todas as curvas, por forma a que os posteriores sigam sempre a pista traçada pelos anteriores, tanto em galope direto como invertido.

Passagens de mão

Como foi dito, a passagem de mão inicia-se no 3º tempo do galope e termina no 1º tempo. Por esta razão o momento em que a passagem de mão deve ser pedida ao cavalo tem particular importância.

Como foi dito, a passagem de mão inicia-se no 3º tempo do galope e termina no 1º tempo. Por esta razão o momento em que a passagem de mão deve ser pedida ao cavalo tem particular importância.

No entanto, como o cavalo tem que ser progressivamente ensinado para poder estar em condições de a executar a transmissão da ordem de execução em o seu período de duração, variável de décimos de segundo de indivíduo para indivíduo, pode considerar-se o 3º tempo como o momento mais favorável para iniciar a indicação destinada a fazer o cavalo passar de mão ao terminar a passada seguinte. Nestas condições, o cavaleiro terá tempo suficiente para dar as indicações necessárias, sem precipitação, e o cavalo para inverter os dois bípedes, anterior e posterior, sem contração excessiva. Com o hábito que o cavalo vai adquirindo, pode o cavaleiro, mais tarde, com o seu sentimento, encurtar o período tempo entre a indicação e a execução.

Para entrar no trabalho das passagens de mão isoladas, é necessário que se tenham realizado um certo número de condições.

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1 – As passagens do galope ao passo e do passo ao galope devem ser corretas e simétricas, isto é, apresentarem, a mesma cadência e amplitude para qualquer das mãos.

“A importância da perfeição das passagens do galope ao passo não é menor do que as do passo ao galope e é quase sempre por lhes não ter dado a devida atenção que o cavaleiro encontra dificuldades graves no ensino das passagens de mão”17.

2 – O postmão não deve estar sobrecarregado, para os posteriores se poderem inverter sem dificuldade.

3 – O andamento não deve ser muito lento para que o período da suspensão não seja reduzido e haja tempo suficiente para terminar a inversão dos posteriores e iniciar a dos anteriores.

Para que as duas últimas condições se possam realizar é necessário que a atitude horizontal do pescoço e cabeça, própria do equilíbrio horizontal, esteja bem confirmada. Nesta atitude, o postmão está mais livre e a projeção do galope no equilíbrio que daí resulta tem uma maior duração.

Para efeito das ajudas, as coragens de mão podem considerar-se como saídas a galope nascidas do próprio galope. Assim, para mais facilmente dominar a regularidade do andamento e o equilíbrio, as passagens de mão dever ser executadas com ajudas diagonais ou laterais interiores, estas últimas com vantagem de evitar que o cavalo se atravesse.

Além disso, a posição ligeiramente inflectida para o lado do galope dada ao pescoço e cabeça, facilita a entrada do posterior desse lado, razão por que invertendo essa posição ao pedir a passagem de mão, se facilita a inversão dos posteriores. De resto, a demonstração prática do princípio é fácil. Basta encurtar o galope até a paragem, com o bico do cavalo colocado para o lado contrário ao do galope, pescoço ligeiramente inflectido, para o cavalo passar de mão ao reduzir-se o galope.

O encurtamento deve ser feito, nesta fase do ensino, por resistência de mão na nova posição dada ao antemão, mantendo a impulsão por uma ação de pressão das duas pernas. Simultaneamente, a colocação confirma-se, detrás para a diante, por “filtragem” da impulsão.

O trabalho de passagem de mão tem uma progressão lógica. Começa por pedir-se passagem de mão, num círculo largo, de fora para dentro, primeiro num mesmo sítio, depois indiferentemente. Em seguida, na linha direita, de dentro para fora,, com o fim de aproveitar a parede do picadeiro para impedir que o cavalo se atravesse. Finalmente, em círculo, de dentro para fora.

As passagens de mão aproximadas são conseqüência da forma como elas se executam, isoladamente, para uma e outra mão. Importa considerar, a simetria, isto é, a cadência e a extensão. Uma vez obtida a regularidade das passagens de mão isoladas, “é fácil medir exatamente o número de batidas depois das quais se pode obter a passagem de mão sem desordem – o necessário para passar do galope a um passo equilibrado e regular”18.

Assim, o cavaleiro está em condições, não só de saber de quantos em quantos tempos pode pedir a passagem de mão, como também de não a pedir com menos tempos antes de preparar previamente e progressivamente pelo trabalho da passagem dói galope ao passo.

No trabalho de passagens de mão aproximadas, a progressão é idêntica à seguida nas passagens de mão isoladas . Obtidas as passagens de mão de 5 em 5 tempos, por exemplo, não passar às passagens de mão de 4 em 4 tempos sem primeiro as executar em círculo, de fora para dentro em linha direita e em círculo, de dentro para fora.

As passagens de mão a tempo, considerado ar baixo de alta escola, serão tratadas no capítulo respeitante à equitação superior.

Flexibilidade da maxila descontração direta e indireta

A descontração direta da boca (maxila e língua) obtém-se por meio de exercícios 17 General Decarpentry18 General Decarpentry

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(flexões) aplicados à boca do cavalo pelo cavaleiro a pé. A descontração indireta, por meio de movimentos e exercícios especiais, pelo emprego particular da espora junto às cilhas e pela aplicação do pingalim na região renal.

Na descontração direta só interessa a mobilidade da boca, como foi preconizado por Baucher na sua segunda maneira, não devendo participar o pescoço e cabeça, e mesmo com esta restrição apenas nos cavalos de boca anormalmente rija e seca, para que uma mobilidade excessiva desta região não origine uma desarmonia na flexibilidade geral do cavalo. A mobilidade da nuca origina uma colocação por recuo da cabeça (diante para trás) e a colocação obtém-se, como é sabido, no sentido da impulsão (de trás para diante).

A flexão limitada à boca (preparatória) obtém-se fazendo mover o freio na boca do cavalo, com o auxílio das rédeas, por forma a que uma das extremidades da montada empurre a maxila superior para a frente e a outra extremidade a maxila inferior para trás.

A descontração indireta obtida por meio de movimentos e exercícios especiais que põem em jogo os músculos do rim, é a forma racional.

Quando é promovida pelo emprego da espora, a abertura da boca é exagerada e sacudida, além de que o seu emprego junto às cilhas origina uma diminuição no andamente e torna os cavalos retivos, conduzindo-os ao acuamento. Quando resultante do emprego do pingalim, a descontração da boca é perfeita mas provoca o lenvantamento da garupa e uma atitude baixa e encapotada, o que reduz o seu emprego aos cavalos altos de frente e de rim esmagado.

A forma considerada racional está dentro do princípio clássico da flexibilidade. Esta, quando encarada no seu aspecto geral, obtém-se progressivamente por exercícios que conduzindo à descontração dos músculos e articulações mais interessadas nesses exercícios determinam, mais tarde, a descontração de todas as regiões do corpo, incluída a maxila.

Flexões preparatórias – cavaleiro a cavalo

“O cavalo está em freio e bridão. Abandonar as rédeas do freio sobre o pescoço e tomar uma rédea do bridão em cada mão.

Descrever lentamente um rotação inversa dando ao movimento dos posteriores uma extensão e duração tanto quanto possível igual.

O cavalo é mantido direito, sem qualquer inflexão da coluna vertebral.Deslocando-se os posteriores da esquerda para a direita, por exemplo, sobre a ação

da perna esquerda, elevar a mão esquerda de maneira a manter inteiramente igual (sobretudo sem a aumentar) a tensão desta rédea, estendendo o braço de modo que ela atue diretamente na comissura dos lábios, o mais possível debaixo para cima, e esperar, descerrando um pouco os dedos sobre a rédea direita.

Logo que se manifeste a mais pequena mobilidade na língua sobre a tensão da rédea esquerda, baixar a mão esquerda, fechar a perna direita afagando o cavalo e cedendo.

Repetir o exercício demorando a cedência e o movimento para diante afagando o cavalo e cedendo.

Repetir o exercício demorando a cedência e movimento para diante, para conservar a mobilidade durante alguns segundos na linha direita”.

“Em seguida, depois de ter trabalhado o cavalo para os dois lados, marchar longe da parede, em linha direita, e ao passo lendo levantar a mão e esperar. Se a descontração se produz, baixar mão, ceder, afagar e experimentar com a outra mão. Se a descontração demora a produzir-se, fechar a perna esquerda e entrar numa rotação inversa, andando a direito e afagando desde que o cavalo obedeça.

Esta maneira de fazer tem a vantagem de associar logo de começo a cedência da maxila à atividade do posterior do mesmo lado.

Quando a descontração se obtém sem necessidade da intervenção da perna, procurar obter as flexões só pela mão, guardando como reserva a ação da perna.

Para esse efeito, levantar a mão esquerda como anteriormente, mantê-la -40-

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elasticamente fixa e, sobre a outra rédea, fazer as meias paragens ou vibrações necessárias, embora se empregue menos as meias paragens por virtude do ensino já recebido (Fig. 28).

Se a mobilidade tarda sobre o efeito da vibração, atuar com a perna esquerda e recomeçar até que a descontração se obtenha fácil e rapidamente pela simples tensão da rédea esquerda. Chegado a este ponto, procurar a descontração sobre as duas rédeas por elevação das mãos.

Evitar provocar a mobilidade excessiva e permanente da língua. É a permanência da ligeireza do apoio que convém assegurar, com a faculdade de se poder obter instantaneamente a mobilização da língua a um pedido dos dedos.

CAPÍTULO III

EQUITAÇÃO DE OBSTÁCULOS

Ensino

O ensino do cavalo de obstáculos compreende o ensino propriamente dito e o ensino especial de obstáculos.

Embora intimamente ligados, a progressão de ensino geral, visto que a par duma maior ou menor aptidão do cavalo para o salto, ainda há que contar com o seu moral, equilíbrio e intuição, fatores muito importantes a ter em conta na preparação do cavalo de obstáculos. No entanto, em qualquer caso, um sólido ensino complementar é a melhor garantia para um trabalho de especialização fácil e rápido.

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Em equitação de obstáculos, como no ensino propriamente dito, há que fixar solidamente, antes de procurar qualquer outro objetivo, as bases essenciais do ensino, especialmente aquelas cuja aplicação ao ensino do cavalo de obstáculos são necessárias à sua estrutura.

O objetivo fundamental é a atitude de extensão própria do equilíbrio horizontal, inerente à equitação de obstáculos, caracterizada por uma colocação baixa e longe, ou seja a atitude do cavalo sobre a mão no grau complementar do ensino.

Esta colocação não se obtém igualmente em todos os cavalos, dadas as suas características especiais, mas em todos eles se deve procurar obter extensão de pescoço e colocação.

Nos cavalos com tendência para inverter, só o trabalho em descida de pescoço pode dar resultados apreciáveis, embora muitas vezes seja necessário um ano ou mais deste trabalho.

Nos cavalos de base de pescoço bem desenvolvida, basta o trabalho normal de flexibilidade lateral que prepara a entrada dos posteriores e o trabalho subseqüente destinado a desenvolver a flexibilidade longitudinal.

O trabalho destinado a desenvolver a flexibilidade longitudinal do cavalo é o que mais influência tem sobre o seu equilíbrio.

O cavalo equilibrado é aquele capaz de aumentar ou diminuir a velocidade do andamento sem modificar o equilíbrio natural, o que quer dizer que uma maior velocidade sem perda de equilíbrio só pode ser obtida pelo aumento de amplitude do andamento considerado.

Daqui se depreende que no caso do cavalo de obstáculos (concurso hípico) velocidade e equilíbrio são dois problemas que se resolvem simultaneamente, desde que se tenha o cavalo com a ginástica suficiente para passar facilmente do trabalho em bases curtas ao trabalho em bases longas e vice-versa.

Este trabalho que reside essencialmente em procurar obter nos andamentos largos, primeiro no picadeiro e depois no exterior, a mesma flexibilidade obtida nos andamentos curtos, deve constituir preocupação dominante no trabalho do cavalo de obstáculos, tanto maior quanto menor for o se equilíbrio natural e a sua falta de intuição.

O salto – seu mecanismo e ligação com a posição à frente

Conquanto os cavalos não saltem todos da mesma maneira, há um estilo que distingue os bons saltadores, o qual convém aperfeiçoar e desenvolver nos cavalos de obstáculos (Fig. 29). Neste estilo, o cavalo aborda o obstáculo numa atitude de extensão favorável à preparação da batida, utilizando o pescoço e o rim durante o salto para passar a frente e ganhar perfuração.

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A parte um maior ou menor poder, elasticidade, equilíbrio e moral, variável de cavalo para cavalo, o que mais distingue os saltadores entre si é a existência ou ausência de intuição para preparar a batida. Assim, um cavalo desequilibrado com intuição aborda normalmente um obstáculo em melhores condições do que um cavalo equilibrado sem intuição. Podemos, pois, considerar a existência ou ausência de intuição para preparar a batida como ponto de partida para a classificação dos cavalos de obstáculos, cada um dos grupos compreendendo cavalos de diferente moral, equilíbrio, poder, energia e elasticidade.

Em detalhe, o cavalo saltador de bom estilo, passa pelas seguintes fases:1 – Aproxima-se do obstáculo num galope impulsionado, sobre rédeas tensas, numa

atitude de extensão favorável à entrada dos posteriores (Fig. 30).2 – Executa-se a batida dos anteriores sucessivamente elevando o antemãopor

projeção do pescoço para cima, sendo o anterior que define o galope o último a deixar o terreno (Fig. 30 e 31).

3 – Executa a batida dos posteriores no mesmo lugar em que executou a dos anteriores, flectindo-os acentuadamente.

4 – Distende os posteriores com energia para projetar a massa sobre o obstáculos e executa, simultaneamente, um gesto pronunciado de extensão e abaixamento para passar os anteriores, arredondando sobre essa atitude de extensão, em que participa o pescoço e o rim, para adquirir a projeção que necessita para transpor o obstáculo (Fig. 32 e 33).

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5 – Eleva rapidamente o balanceiro para sobrecarregar o antemão e facilitar assim sua chegada ao solo, retomando normalmente o galope para mão contrária aquela em que galopava ao abordar o obstáculo, depois de executar a recepção sobre os anteriores (Fig. 34, 35, 36 e 37).

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A inclinação do braço ou úmero do cavalo tem uma importância capital tanto na elevação domo na recepção.

É a boa orientação do ângulo escapulo-umeral, devida à verticalidade do úmero, que permite ao cavalo encurtar ou alongar facilmente a passada de galope de maneira a colocar-se à boa distância do obstáculo. Quando o úmero se aproxima da horizontal, este raio não se podendo estender não permite senão uma ação restrita, o que faz com que a possibilidade de alongamento e encurtamento da base de sustentação seja muito limitada. É esta a razão por que muitos cavalos de origem trotadora acusam dificuldade acentuada para modificar a sua passada de galope (Fig. 38).

Na recepção, a verticalidade do úmero permite que os anteriores toquem o solo segundo uma linha muito oblíqua que amortece o choque e evita o desequilibro.

Na projeção do cavalo no salto, a disposição dos músculos ísquio-tibiais desempenha um papel importante na distensão dos posteriores tanto mais favorável quanto mais vertical for a sua inserção. É a inclinação do ilium que determina o abaixamento do ísquio e, consequetentemente, uma inserção muscular mais vertical.

Duma maneira geral, durante o salto, na sua abordagem e execução, o cavaleiro adapta a sua posição à frente, mais fechada ou mais aberta, à velocidade e à reação originada pelo salto, característica fundamental da doutrina respeitante à educação do cavaleiro, cujos princípios de flexibilidade, equilíbrio e solidez tem idêntica aplicação na posição normal e na posição à frente.

Apenas há a frisar que na adaptação da posição ao salto, o cavaleiro deverá ter a mão educada e os braços suficientemente livres, independentes e flexíveis, para permitir ao cavalo

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a utilização do pescoço em todos os gestos e movimentos que lhe são necessários a uma correta execução do salto.

Em detalhe, tendo em atenção o concurso hípico, há que contar com a influência exercida no cavaleiro pela inércia, no momento da elevação, e com a necessidade de ter um domínio mais efetivo sobre o cavalo quando na presença de determinados obstáculos e percursos.

O cavalo, quando se aproxima do obstáculo e vai executar a batida, refreia o seu movimento para diante para se poder elevar, dando assim origem a que o cavaleiro, sob a influência da inércia, tenha tendência a deslocar-se para diante abrindo o ângulo do joelho.

Esta tendência deve ser compensada pelo cavaleiro por um leve endireitar do tronco e uma descida do calcanhar e joelho, quer dizer, por um esforço para avançar o assento, entrando mais no selim, o que o leva a pôr-se dentro do movimento do cavalo e lhe permite segui-lo ou empurrá-lo.

Se esta tendência se não verificasse, a inércia que depois atua quando da distensão dos posteriores, provocaria no cavaleiro um atraso que o impediria de acompanhar o cavalo durante o salto, obrigando-o (como muitas vezes é necessário quando a velocidade é reduzida) a ter que se atirar para diante para compensar esse atraso.

Quando o cavaleiro por virtude da inércia ou ocasional deficiência da posição, atrasa o assento e o joelho deitando o rim para fora, deve descer a coxa como correção, endireitando o corpo e atirando o assento para diante, com o rim para dentro, logo que o cavalo entra na fase descendente do salto.

O domínio da velocidade, equilíbrio e passada que é indispensável possuir em determinados percursos e obstáculos e se faz sentir com mais intensidade nos cavalos sem intuição, obtém-se tomando com o cavalo um contato mais íntimo que permite ao cavaleiro aperceber-se rapidamente das suas reações e agir em conformidade.

Para que essa ligação seja perfeita, é indispensável que o cavaleiro possua a flexibilidade suficiente para poder entrar no selim sem perder a posição à frente e as vantagens que são inerentes, especialmente durante a execução do salto.

A posição à frente utilizada com este fim não pode, evidentemente, ser praticada no máximo do encurtamento dos estribos, mas pode, dentro da margem fixada como regra para esse encurtamento, ser utilizada por qualquer cavaleiro que tenha sido submetido à ginástica preconizada na primeira parte deste manual para o aperfeiçoamento da posição à frente.

São ainda os princípios de flexibilidade, equilíbrio e solidez estabelecida para a posição normal e posição à frente que aqui tem inteira aplicação.

Ensino especial de obstáculos – salto à guia

O ensino especial de obstáculos compreende:

Salto à guia;Salto em liberdade;Salto montado.

Para se saltar à guia é necessário que o cavalo tenha sido previamente ensinado a trabalhar à guia. Um cavalo está bem trabalhado à guia quando roda sobre o seu extremo como se ela fosse rígida. Deve sentir as indicações de quem o trabalha como fossem transmitidas por rédeas.

A melhor maneira de iniciar este trabalho consiste em colocar o obstáculo no meio dum dos lados pequenos do picadeiro. O cavalo fica assim amparado por três lados.

O obstáculo deve ser limitado a uma vara isolada, colocada por terra, que deverá primeiramente ser transposta pelo cavaleiro com o cavalo à mão, várias vezes, e depois à guia. É indispensável que o cavalo mantenha o passo, antes e depois da vara.

Em seguida, passar ao trote, procurando sempre que o cavalo se mantenha calmo. A -46-

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vantagem essencial do trabalho à guia é desenvolver a calma do cavalo na presença do obstáculo.

Obtido este resultado, um ajudante levanta de alguns decímetros a vara do lado de dentro do picadeiro, só a igualando do outro lado se o cavalo continuar a trabalhar num trote calmo. Quando isso se verificar, continuará a subir a vara dum lado e outro até atingir a altura de 1 metro.

Pode considerar-se esta lição com a mais importante do trabalho à guia; as outras são influenciadas pela forma e pelo local em que são dadas as primeiras lições.

Para evitar que a guia se prenda ao obstáculo, deve colocar-se uma vara sobre o poste ou orelha voltado para o cavaleiro, por forma a fazer com que a guia deslize sobre a vara (Fig. 39)

.Quando o cavalo saltar ao trote uma vara colocada a 1 metro de altura, naturalmente,

para um e outro lado, convém passar a saltar obstáculos que tenham mais influência no aperfeiçoamento do seu estilo e equilíbrio.

Estes obstáculos podem resumir-se a dois tipos: o obstáculo vertical que obriga o cavalo a elevar as espáduas e o oxer que o ensina a bascular e arredondar. A melhor progressão a seguir consiste em o fazer saltar um oxer baixo, um vertical e um oxer alto não devendo as dimensões do oxer alto ultrapassar 1 metro de altura e 1,20 metro de largura. Logo que o cavalo transponha estes obstáculos a trote, mantendo a calma, pode-se começar com o trabalho a galope que tem a vantagem de ensinar o equilíbrio do cavalo e as suas reações a trote e a galope, o cavaleiro escolherá para o trabalho à guia o andamento mais favorável, sem contudo esquecer que o verdadeiro fim deste trabalho é o de desenvolver a calma do futuro cavalo de obstáculos.

Quando o salto é pequeno, o obstáculo é colocado por forma a cortar o círculo em que o cavalo trabalha, (Fig. 40) mas quando o salto é grande e convém que o cavalo o aborde bem de frente, com maior impulsão, é conveniente colocá-lo a uma distância que lhe permita, ao sair pela tangente do círculo, abordar perpendicularmente o obstáculo (Fig. 41). Neste caso é necessário que o cavaleiro corra na mesma direção da perpendicular e ceda a guia no que for necessário.

Quando se tem o cargo muitos cavalos para preparar em obstáculos, o salto em liberdade tem prioridade sobre o salto à guia, conquanto haja que aumentar o número de sessões destinadas ao salto a trote, para desenvolver a calma, especialmente nos cavalos de sangue.

Salto em liberdade

O trabalho em liberdade no ensino do cavalo de obstáculos tem especialmente por fim ensiná-lo, por meio de saltos compostos, a empregar as suas forças e a dominar o seu equilíbrio imediatamente antes e depois do salto.

Como deve suceder no trabalho à guia, é indispensável que o cavalo trabalhe num -47-

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ambiente calmo, com o mínimo de ajudantes, devendo a voz ser empregada somente por quem dirige o trabalho. Ouvindo mais vozes o cavalo perde a atenção.

Depois de distendido, o cavalo só deve começar a saltar quando estiver calmo, razão por que o trote deve ser o andamento a empregar nas primeiras lições.

É preferível saltar apenas para uma das mãos, em sessões alternadas, em vez de o saltar para as duas mãos na mesma sessão.

Os saltos compostos devem começar por obstáculos colocados a duas passadas de galope, primeiro verticais, depois largos e verticais, em seguida verticais e largos e, por último, somente largos, do tipo oxer.

As distâncias do picadeiro dever ser reduzidas m relação às do campo de obstáculos, em virtude da menor projeção do galope, embora devam depois ser progressivamente aumentadas até atingir as distâncias que no concurso hípico são consideradas clássicas.

Adquirida a ginástica a duas passadas, o cavalo deve depois ser submetido à ginástica do salto composto a uma passada (Fig. 42).

O trabalho em liberdade pode ser dado no picadeiro ou num corredor de obstáculos que tem a vantagem de enquadrar melhor o cavalo e exigir menos ajudantes.

Salto montado

O trabalho montado começa com o ensino normal do cavalo. Durante o trabalho lento de exterior, as pequenas banquetas, os pequenos fossos e valas e algum tronco de árvore atravessado no caminho, servem para o cavalo experimentar as suas forças e criar confiança nas suas possibilidades. O que é indispensável é que o cavaleiro deixe o cavalo servir-se completamente do pescoço e aborde estes obstáculos numa atitude de extensão, sob pena do cavalo não adquirir a confiança que sempre deve ter na mão do cavaleiro.

O trabalho montado inspira-se nos mesmos princípios que regulam o salto à guia e em liberdade, isto é, começa-se por passar vara nos chão, primeiro a passo e depois a trote;

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utiliza-se este andamento durante muitas sessões para saltar na máxima calma os mesmos obstáculos até à altura de 1 mestro, e não se começa a saltar a galope sem primeiro fazer a trote obstáculos seguidos, dispostos irregularmente, bem como saltos compostos de pequenas dimensões às distâncias regulares, devidamente reduzidas em virtude do andamento utilizado.

A preocupação máxima do cavaleiro durante este trabalho consiste em desenvolver a calma pela utilização do trote e a confiança pelo respeito na liberdade de pescoço do cavalo. Para este fim é conveniente enrolar um loro ou um cinto ao pescoço do cavalo o que evita qualquer ação intempestiva da mão – mais vale ficar para trás deixando o pescoço livre do que manter-se à frente agarrado às rédeas.

Durante o trabalho a trote, o cavaleiro deve dar ao cavalo liberdade completa ao abordar o obstáculo; é a maneira de obrigar a servir-se do pescoço e a desembaraçar a frente, aperfeiçoando-lhe o estilo e contribuindo para lhe desenvolver a intuição.

Obtidos estes resultados, é o momento de passar ao galope seguindo a mesma progressão. Aqui, o ponto importante é fazer percursos sinuosos, não cortados, sobre obstáculos insignificantes, a fim do cavalo aprender a procurar o obstáculo seguinte.

A condução baseia-se no equilíbrio e na impulsão, tendo em atenção que no cavalo de sangue prima à atitude e no cavalo de menos sangue a ação de compressão das pernas sobre a mão tendente a manter o cavalo reunido ao abordar o obstáculo. Em qualquer dos casos, nesta fase, é sempre o cavalo que deve preparar a batida.

O salto parado, conquanto só deva ser utilizado por cavaleiros hábeis (bem colocados em sela e com boa mão) apresenta grandes vantagens nos cavalos que saltam precipitadamente, sem bascular, sem entrar com os posteriores e sem elevar suficientemente a frente. Parado perante um obstáculo fixo, de pequenas dimensões, o cavalo é obrigado a reunir-se entrando com os posteriores para se encabritar, a acentuar a sua flexão e a distender-se com energia, servindo-se do pescoço (Fig. 43).

Nos saltos de fossos, valas e banquetas, é conveniente ter em atenção que os fossos e as valas se saltam como se fosse tríplices varas e banquetas com se fossem verticais, nunca procurando partir de longe.

É vantajoso colocar nas valas escolhidas para treino uma vara branca, metida no terreno, à semelhança das tábuas da mesma cor colocadas na recepção das valas dos campos dos concursos hípicos.

Os saltos compostos completam o trabalho montado. Os triplos, quádruplos e quíntuplos de verticais a duas passadas, à distância encurtados e alongadas, constituem uma ginástica excelente para os cavalos vibrantes e excitados; (Fig. 44) pelo contrário, para os cavalos de menos sangue, há que alternar constantemente largos com verticais.

A condução na parte respeitante a voltas e mudanças de direção está de harmonia com o grau de ensino do cavalo e com a sua predisposição natural para aquele fim. No entanto, com rédea direta ou com rédea contrária, o cavaleiro deve ter sempre a preocupação de procurar a atitude de extensão favorável à equitação de obstáculos, própria do equilíbrio horizontal.

Durante o trabalho surgem, muitas vezes, contratempos devidos a pressas excessivas que convém evitar ou resolver com segurança.

O primeiro e o mais freqüente é a furta. O cavalo que ajusta mal a sua trajetória ao obstáculo, que se nega ou salta de rim esmagado, são casos menos freqüentes.

A furta e a nega são sempre provenientes de falta de confiança, razão por que a melhor maneira de resolver esta dificuldade, em treino, é fazer baixar o obstáculo. Na furta, o obstáculo amparado resolve quase sempre o problema.

Contudo, a furta está sempre ligada a uma pronunciada assimetria do cavalo e o trabalho indicado no capítulo – o cavalo direito – é o que oferece mais garantias. Quase todos os cavalos se furtam com mais freqüência para a esquerda o que confirma a tese de que a assimetria é quase sempre proveniente duma encurvação à direita.

Quando o cavalo se nega, convém voltar atrás e obrigá-lo a marchar bem direito ao obstáculo, deixando-o aproximar-se, de pescoço estendido, para o ver e cheirar. Depois, antes

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de voltar a experimentar, galopar à volta do campo e fazer vários alargamentos, para confirmar a obediência às pernas. O pingalim aplicado a tempo na nova tentativa , reforça a ação das pernas, especialmente quando se trata de cavalos retivos.

Na nega, o exercício de recuar aplicado logo a seguir e repetido duas ou três vezes também dá resultados satisfatórios; convence quase sempre o cavalo que é preferível saltar.

O cavalo qu ajusta mal a sua trajetória ao obstáculo beneficia com o salto de través (Fig. 45). A outra grande

FALTA: PÁGINAS 111, 112, 113 E 114

CONTINUAÇÃO PÁGINA 116varas de várias cores. Convém no entanto que o segundo elemento seja constituído

por uma vara colocada à altura do primeiro elemento, muro, cancela, barra ou varas, para não causar acidentes.

O oxer combina as dificuldades do vertical e do largo, obrigando a olhar, a levantar a frente, a bascular e arredondar.

Além dos oxers e obstáculos verticais indicados, encontram-se nos concursos hípicos os seguintes:

Varas verticais e horizontais dispostas em X – Ensinam o cavalo a procurar o meio do obstáculo.

Barreira de Spa – Obstáculos bem marcado e que o cavalo salta com facilidade desde que o cavaleiro se não impressione com a largura e não o obrigue a saltar de longe. E princípio, os obstáculos largos e bem marcados, como este e a tríplice vara, devem ser saltados de perto.

Sebes – Obstáculos que o cavalo aborda normalmente com confiança mas que convém completar com uma vara sobre a sebe ou com um vertical de varas colocado adiante, para que o cavalo não lhe perca o respeito.

Banqueta – As banquetas deve ser abordadas como um vertical. O cavalo dev pousar sobre a banqueta.

Vala – As valas conquanto teoricamente fáceis de transpor, constituem um problema nem sempre fácil de resolver. Não devem ser abordadas com velocidade demasiada mas sim na passada larga, montando forte e procurando não partir de longe. O respeito pela tábua colocada na recepção, pode obter-se da maneira indicada no capítulo respeitante ao salto montado.

Saltos compostos – O problema destes saltos reside nas distâncias que separam os diferentes obstáculos que os compõem.

O estudo a que se tem procedido, baseado na experiência e na amplitude da passada de galope do cavalo, permitir estabelecer as distâncias que se podem considerar clássicas para as diferentes variedades de saltos compostos.

Para duplos e triplos que são saltos compostos mais usuais, as distâncias clássicas -50-

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são as seguintes:

1 – Duplos a um tempo de galope:

a) Verticais – 7,5 m;b) Largos – 7 m;c) Largo e vertical – 7,5 m;d) Vertical e largo – 7 m.

2 – Duplos a dois tempos de galope:

a) Verticais – 10,5 m;b) Largos – 10 m;c) Largos e verticais, verticais e largos – 10,5.

3 – Triplos – Basta considerá-los como dois duplos.

Estas distâncias pressupõem um terreno plano com os primeiros obstáculos dos saltos compostos colocados a uma distância de abordagem normal. Quando o terreno for a subir ou a descer em relação ao obstáculo considerado ou estiver colocado logo a seguir a uma volta, tanto mais de considerar quanto mais apertada for a volta, haverá que fazer as necessárias correções, normalmente da ordem dos 0,20 m a 0,30 m.

Não é necessariamente obrigatório manter estas distâncias. Não obstante, para um percurso resultar equilibrado e não prejudicar um grupo de cavalos em benefício de outro, há que partir do princípio que se algumas distâncias se alteram num determinado sentido, de encurtamento ou alongamento, outras se devem alterar no sentido oposto. No entanto, as alterações a estas distâncias feitas em percursos de grandes obstáculos não são de aconselhar.

Entre os obstáculos simples, a distância também têm hoje uma importância considerável, desde que se trate de obstáculos cujas dimensões exigem que sejam saltados nas melhores condições de equilíbrio e batida, e se encontrem colocados a distâncias que o cavalo cobre normalmente com quatro ou cinco passadas normais. Se um obstáculo simples se encontra aquelas distâncias antes dum obstáculo composto, condiciona-o de tal forma que se torna mais importante que o próprio composto.

Para se avaliar da boa distância a quatro e cinco passadas, é conveniente partir da distância boa para duas passadas – 10,5 m – e juntar-lhe 4 m por cada passada de galope.

Assim, quatro passadas, a boa distância será 18,5 m e para cinco passadas 22,5 m, isto sujeito, evidentemente, a correções derivadas do terreno, da colocação dos obstáculos na pista e da sua natureza, largos ou verticais.

Os percursos de obstáculos são de vários tipos. Uma prova de caça caracteriza-se pelo seu traçado, cortado e sinuoso, uma prova de potência pelo número reduzido de obstáculos, francos e bem colocados, uma prova de grande premio pelo número variado de obstáculos acima das distensões médias, sem contudo se assemelharem a obstáculos de potência.

As provas de potência são muito demoradas. Podem-se substituir por provas disputadas em duas mãos, sendo a primeira por faltas e a segunda, aumentada, por faltas e tempo.

As provas para os cavalos novos devem ser traçado fácil e os saltos compostos a uma passada nunca devem apresentar obstáculos largos; convém não lhes fazer perder a confiança.

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Condução em percursos

A primeira preocupação do cavaleiro ao iniciar um percurso, deve ser a de entrar na linha dos visores no galope do cavalo, na atitude horizontal favorável à equitação de obstáculos, em perfeita ligação com o movimento.

Quando se diz no galope do cavalo, quer dizer no galope em dentro duma dada velocidade ele pode dominar facilmente o equilíbrio.

A maneira de voltar está ligada ao equilíbrio e grau de ensino, convindo nos cavalos mais desequilibrados executar as voltas sobre rédeas contrárias, preparando-os previamente para esse feito.

Perante o obstáculo, nos cavalos com intuição para preparar a batida, a condução caracteriza-se por uma colaboração que oscila entre uma quase completa iniciativa e a ajuda que confirma a solução escolhida pelo cavalo.

A colaboração do cavaleiro com o cavalo acentua-se quando o cavalo entra no campo do salto: ou deixando o cavalo resolver por si, ou atuando com as pernas quando as dimensões do obstáculo o exigem, ou ainda ajudando a regular a batida, seja pela ajuda do peso do corpo para encurtar a passada, seja com as pernas para a alongar.

Para que o cavalo adquira no cavaleiro a confiança necessária a esta maneira de saltar, o contato da mão do cavaleiro com a boca do cavalo deve primar pela sua permanência e suavidade.

Este tipo de cavalo que origina este estilo, é ideal para os percursos de pequenos e médios obstáculos. Quando os obstáculos sobem, o excesso de intuição transforma-se muitas vezes em perda de perfuração, e nem sempre é fácil sincronizar a intuição do cavalo com a necessidade de atuar para reduzir a passada, mantendo a impulsão.

A condução dos cavalos em intuição depende não só do seu grau de ensino, tanto mais quanto menor for o seu equilíbrio natural, como também do valor do cavaleiro que os monta.

Na realidade, sendo a impulsão, o equilíbrio e a velocidade os elementos fundamentais da condução, quanto mais perfeito for o seu doseamento mais probabilidades terá o cavalo de saltar em boas condições.

Quando o cavalo não tem intuição mas tem prática de obstáculos, se foi bem trabalhado, a sua condução em obstáculos pequenos e médios assemelha-se à dos cavalos com intuição. Não marca a batida da mesma forma mas ajusta-se facilmente ao obstáculo. Assim, desde que o cavaleiro regule a velocidade em harmonia com os obstáculos a saltar, a condução resulta regular.

A dificuldade na condução começa a verificar-se quando há que interferir constantemente com os elementos que a condicionam.

Quanto à impulsão a velocidade, sabendo-se que o cavalo para transpor um obstáculo necessita duma dada energia resultante da impulsão e da velocidade com que vai animado, que podemos considerar como constante, conclui-se que para uma menor impulsão é necessário uma maior velocidade e para uma menor velocidade uma maior impulsão.

Por outro lado, como o equilíbrio em equitação significa possibilidade de aumentar e diminuir a velocidade sem modificar esse equilíbrio, variando a amplitude do andamento, e a impulsão é tanto mais perfeita quanto melhor é o equilíbrio, conclui-se, em última análise, que no cavalo de obstáculos, velocidade, equilíbrio e impulsão constituem um todo único, indivisível e independente.

Podemos, pois, considerar como constituindo um segundo grau de condução a fase do ensino especial de obstáculos em que é indispensável dominar o equilíbrio do cavalo, regular a velocidade e a impulsão.

Nos cavalos de sangue, de impulsão natural, é mais importante o equilíbrio e a velocidade. Ns outros, a ação de compressão das pernas sobre a mão aumenta a impulsão e torna-os mais atentos ao abordar o obstáculo.

Este segundo grau de condução aplica-se também à grande maioria dos cavaleiro de -52-

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obstáculos. Só depois de bem confirmados nesta monte se podem considerar em condições de poderem abordar , com êxito, o último grau da condução – preparação da batida pela regulação da passada.

A primeira condição para colocar o cavalo à distância favorável do obstáculo, resume-se em não atuar enquanto se não verificar se a sua passada cai ou não ajustar-se ao ponto ótimo da batida, isto partindo do princípio que o cavalo vai com bom equilíbrio desejados.

O cavaleiro tem duas soluções: alargar a passada de galope ou encurtá-la, qualquer das soluções ficando dependente da natureza do obstáculo a saltar.

Para alargar a passada, o cavaleiro monta em cadência, atuando com as pernas e as mãos de maneira a obter uma maior amplitude de passada sem perda de equilíbrio. Para encurtar a passada, o cavaleiro resiste de mão promovendo a compressão da coluna vertebral e a entrada de posteriores correspondente ao encurtamento desejado, se a atitude for do cavalo sobre a mão, ou executa uma ou mais meias paragens, se a atitude do cavalo for alta.

A ação de meia paragem executada com freqüência junto ao obstáculo, acaba por fazer perder a confiança ao cavalo, que se sente contrariado nos seus movimentos, tanto mais rapidamente quanto menos musculada estiver a sua base do pescoço; a ação de resistência sobre rédeas tensas na atitude do cavalo sobre a mão, desenvolve a elasticidade do cavalo e facilita a sua distensão.

Nos saltos compostos, a regulação da passada tem muita importância; se os saltos que os compõem estão colocados a distâncias reduzidas em relação às normais, é necessário saltar de perto, encurtando a passada; pelo contrário, se os saltos estão colocados a distâncias alongadas, é conveniente saltar de longe, sob forte impulsão, alargando a passada, para ganhar perfuração. A situação pode até exigir a modificação da passada, num sentido ou noutro, mesmo quando se verifica que o cavalo atingia naturalmente o ponto ótimo de bacia sem qualquer intervenção, considerado o obstáculo isolado.

É por estas razões que nos percursos mais difíceis é conveniente uma maior ligação com o cavalo, a fim do cavaleiro poder sentir e transmitir com precisão as indicações necessárias à sincronização dos elementos fundamentais da condução, o que obriga o cavaleiro a alongar um ou dois furos aos estribos e a entrar mais no arreio, sem perder a posição à frente e as vantagens que lhe são inerentes.

O ponto capital a ter em atenção neste grau de condução, consiste em manter a atitude horizontal do cavalo sobre a mão – colocação baixa e longe.

A preocupação excessiva da passada e do equilíbrio origina uma deformação que leva o cavaleiro a procurar instintivamente um equilíbrio superior ao que é exigido pela equitação de obstáculos, que se reflete na atitude do cavalo, mais alta, e mais recolhida, prejudicando a elasticidade da distensão e projeção, o estilo e a regularidade. Cria também às vezes um complexo que se reflete no abuso de ações de mão aplicadas no sentido longitudinal, com evidente prejuízo da calma e da atitude. O salto através permitindo o ajustamento da passada por ações laterais simples, constitui prática aconselhável.

No coordenação dos elementos fundamentais da condução e na preparação da batida por regulação da passada, nunca se deve chegar ao ponto de impedir ou dificultar a distensão elástica do cavalo na execução do salto.

O aperfeiçoamento do estilo, finalidade do ensino especial de obstáculos, baseia-se, como no ensino propriamente dito, na flexibilidade dos músculos e articulações. Da mesma forma que o cavalo de ensino se distingue pelo brilho e amplitude dos seus andamentos, o cavalo de obstáculo deve distinguir-se pelo valor de seu estilo.

Treino e forma

Pelo que diz respeito ao cavalo de obstáculos, o treino dum animal confirmado, em seguida ao período de trabalho lento e higiênico que precede a temporada de concursos hípicos, tem por fim por o cavalo em músculo e pulmão antes de se entrar novamente no trabalho de obstáculos.

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O trabalho em músculo compreende o trabalho lento de exterior a passo e trote; o trabalho em pulmão, o galope tipo “canter” da ordem dos 400 a 500 metros por minuto.

Considerando um mês e meio o tempo suficiente para por o cavalo em condição, podemos dividi-lo de maneira a galopá-lo duas vezes por semana, começando por 800 metros e acabando por 2000 metros, às velocidades de 400 m.p.m. nas primeiras semanas e 500 m.p.m. nas últimas, entremeando estas sessões com passeios a passo e trote, em que os tempos de trote vão progressivamente aumentando de 1000 a 4000 metros, devidamente intercalados com o passo.

Posto o cavalo em condição (em pulmão e músculo) pode-se passar a saltar duas vezes por semana e a ginasticá-lo pelo ensino um número igual de vezes, reservando os dois restantes para o trabalho de exterior.

O trabalho ginástico deve ser executado em andamentos normais e largos com o fim de desenvolver a flexibilidade do cavalo nesses andamentos, confirmando a atitude horizontal própria da equitação e obstáculos, caracterizada por uma colocação baixa e longe.

O conhecimento da assimetria do cavalo é fundamental, embora a maior parte das vezes o cavalo se apresente encurvado à direita.

Para a corrigir em andamentos largos, deve procurar-se que o cavalo tome um contato franco com o lado para onde ele normalmente se não encosta, aumentando a impulsão pela ação predominante da perna do lado contrário, por forma a evitar que debaixo da influência moral exercida pelo obstáculo o cavalo reaja à ação moderadora da rédea do lado da resistência.

Nos cavalos desequilibrados, o trabalho em bases curtas e bases longas está naturalmente indicado, como também os saltos compostos a distância reduzidas. Com os com intuição, é conveniente saltar com freqüência obstáculos largos de pouca altura, de preferência dispostos em duplos e triplos.

Aparte estas indicações de ordem geral, o treino do cavalo de obstáculos está sempre ligado ao acaso particular de cada cavalo. As deficiências congênitas ou adquiridas compensam-se sempre com um trabalho apropriado.

Assim, haverá cavalos cujo trabalho deverá ser orientado no sentido do desenvolvimento da calma, estilo e moral, saltando com muita freqüência, a trote, obstáculos de pequenas dimensões; outros, mais calmos e poderosos, cujo trabalho consistirá em lhes desenvolver um pouco de intuição, saltando muitos compostos e obstáculos isolados encimados duma ligeira barra de ferro (Fig. 50); outros, que por reações às vezes pouco compreensíveis, exigem do cavaleiro muita calma, uma grande cultura eqüestre e um alto sentido de observação, para que o trabalho escolhido resulte proveitoso.

O treino do cavaleiro de obstáculos depende essencialmente da sua vontade, executando com freqüência os exercícios que estão mais indicados para o seu caso particular e montando muitas vezes na posição à frente, para conservar o equilíbrio e a vontade adquiridos anteriormente, bem como para habituar o cavalo e manter-se calm quando montado nesta posição.

Para atingir uma boa forma, podemos considerar como os mais importante, os seguintes pontos:

a) Aperfeiçoamento da posição à frente, procurando obter a mais perfeita ligação ao movimento do cavalo, tanto no galope como salto.

b) Desenvolvimento do sentimento do equilíbrio e da distância ao obstáculo.c) Conhecimento das características do cavalo a montar, como galopador e saltador,

e estudo da sua adaptação às condições da prova.

Perante os grandes percursos, quando o problema da preparação da batida condiciona a sua execução, a coordenação dos elementos fundamentais da condução e o sentimento da distância ao obstáculo exigem reflexos apurados e destacam a forma do cavaleiro, isto é, o apuramento dos seus recursos físicos, morais e artísticos que lhe permitem , montando corretamente, tirar do cavalo o máximo rendimento.

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CAPITULO IV

EQUITAÇÃO SUPERIOR

Princípios gerais

“A marca da alta escola, da equitação superior, artística ou alta equitação, conforme se queixa designar, encontra-se, não nos movimentos mais ou menos extraordinários, mas na perfeita ligeireza; sejam os movimentos simples ou complicados.”

“Da flexibilidade dos músculos e articulações que deve apresentar o cavalo ensinado e da justeza das ações do cavaleiro que o monta, nasce o que se convencionou chamar ligeireza, isto é, a perfeita obediência do cavalo às mais ligeiras indicações da mão e das pernas do cavaleiro.”

“Não é só a mobilidade da maxila que constata a ligeireza; a flexibilidade desta região vai mais longe, provocando a do pescoço e a de outras regiões, e vice-versa, em virtude da correlação existente entre todas as contrações musculares.”

“Quando à. impulsão se une Intimamente à flexibilidade geral do cavalo,, a extensão dos andamentos obtém-se com tamanha facilidade como o seu encurtamento ou elevação. O cavaleiro pode assim jogar, num sentido ou noutro, com as forças do cavalo cujas inflexões e inclinações domina inteiramente”

“O bom emprego das forças que a ligeireza constata, liga-se à boa repartição do peso, do tom equilíbrio que é a sua conseqüência, resulta a harmonia dos movimentos.”

No caminho para a equitação superior, convém ter bem presente que é da cúrrecção dos movim entos simples que nascem naturalmente os mais complicados e que antes de procurar outro objectivo há que confirmar prêviamente em cada andamento e em cada exercício, aquilo que constitui a base essencial e fundamental do ensino: a obediência absoluta às pernas, na sua acção impulsiva e de pósiçao, a fixação definitiva da cabeça que daí resulta, a atitude do cavalo sobre a mão em quaiqper equilíbrio.

A equitação superior não deve confundir-se com equitação de circo. Nesta última, o cavalo é ensinado a tomar atitudes espectaculares que agradam ao público; na verdadeira equitação, o cavalo é educada de maneira a ser utilizado convenientemente em cada um dos

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graus de ensino por que vai passando, como cavalo de passeio, caça, obstáculos, campeonato e escola.

A maior dificuldade consistiu, durante muito tempo, em encontrar o verdadeiro caminho que conduz à equitação superior. Por isso se formaram e existiram diversas escolas.

Hoje, mercê das cómpetições internacionais de ensino nos últimos anos, especialmente as dos jogos olímpicos, chegou-se à conclusão unânime de que o ensino consiste numa educação ginástica baseada na descontracção dos músculos e articulações que tem por fim o aperfeiçoamento dos andamentos naturais do cavalo.

“A equitaçao praticada nos circos e qualificada de alta escola está, na sua essência, em oposiçãó direta com a equitação superior.”

“A verdadeira equitação, na sua delicadeza e bom gosto, apoia-se nos movimentos naturais do cavalo que toma por guia; a equitação de circo, nos movimentos artificiais, como o jambette e o passo espanhol, que conduzem à imobilidade das ancas, em oposição com a acção elástica e tinida de túdas as regiões intezessacias, sobretudo das ancas, que a ligeireza e a harzrxmia dos andamentos reclamam imperiosamente.”

“Na prática da equitação superior, a posição que o cavaleiro deve observar é a posição acadêmica que nunca ser alterada.”

Nas mudanças de direção, para estar em harmonia com o cavalo, a disposição que o corpo do cavaleiro apresenta não deverá preceder a que toma o cavalo, nem mesmo segui-la, mas acompanhá-la.

O mesmo se deve passar com todos os movimentos, sejam eles de uma ou duas pistas, .e particularmente nas passagens de mão que o corpo do cavaleiro não deve acusar.

Os deslocamentos do assento são proscritos em todas as circunstâncias, o cavaleiro devendo sempre manter-se ligado ao cavalo.

As acções das mãos e das pernas devem ser bastante discretas por forma a não poderem ser observadas.

Enfim, tudo o que possa chamar a atenção sobre a pessoa do cavaleiro deve ser banido. O cavalo é o executante, o cavaleiro não tem mais que identificar-se com ele.

Ares da alta escola

Os ares de alta escola considerados resultantes dos andamentos e movimentos naturais do cavalo são a passage, o piaffer, as piruetas e as passagens de mão a tempo.

“A passage é um trote concentrado, suspenso e cadenciado. É caracterizada por uma entrada pronunciada das ancas e uma flexão dos joelhos e dos curvilhões, bem como por unia elasticidade graciosa do movimento. Cada bípede diagonal, bem unido, eleva-se e pousa-se alternadamente numa cadência bem igual, ganhando pouco terreno para diante e prolongando a suspensão (Fig. 5I).

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A pinça do anterior em suspensão eleva-se em princípio à altura do meio da canela do anterior em apoio; a pinça do posterior em suspensão ligeiramente acima do boleto do posterior em apoio.

O pescoço eleva-se ‘elegantemente arredondado, a nuca no ponto culminante, a cabeça próximo da vertical, o cavalo na mão, podendo passar naturalmente da passage ao piaffer e vice-versa; sem alterar a cadência, sob uma impulsão sempre ativa e generosa.

A mesma passage não pode ser exigida a todos os cavalos. Segundo a sua conformação e temperamento e também segundo a energia da sua impulsão, uns têm o gesto mais largo, outros mais vivo e mais curto, mas o balanço duma anca para a outra constitui uma falta.

A passage é caracterizada por uma maior elevação e prolongamento da suspensão da massa, qualquer que seja a extensão da passada do cavalo.

A forma da passage pode ser assim infinitamente variada conquanto uma delas seja mais natural a cada cavalo do que todas as outras, segundo a sua conformação. As outras podem-lhe ser ensinadas e mesmo tornar-se-lhe familiares pelo exercício, mas o seu desenvolvimento nunca atinge o grau de perfeição de que a primeira é susceptível. Cada cavalo tem a sua passage.

A passage pode ser obtida do piaffer ou diretamente do trote. Desta última maneira, o aumento de impulsão imposto pelas pernas a um posterior, combinado com um aligeiramento simultâneo do anterior em diagonal permite, teoracamente prolongar a suspensão desta diagonal.

Para trabalhar isoladamente um diagonal pode-se, mantendo o cavalo dianteiro, ativar o posterior desta diagonal, por ações de pernas sucessivas, e marcar meios tempos de paragem, igualmente sucessivos sobre a espádua do mesmo lado do posterior, para aliviar a outra espádua.

O efeito assim produzido localiza-se ainda melhor se, em lugar de ter cavalo direito, lhe for dado uma inflexão apropriada ao fim da vista. O cavalo encurvado tende naturalmente a entrar com os posterior do lado côncavo e a livrar a espádua do lado convexo.

Mais tarde, à medida que se for dispensado a encurvação (para um outro lado) procurar-se-á obter o mesmo resultado com o cavalo direito, acabando por ligar as batidas dos dois diagonais.

O trabalho deverá ser regulado e repartido de maneira a obter-se a máxima simetria possível dos dois lados, havendo sempre vantagem em começar pelo menos ativo para combater, logo de inicio, a assimetria congenital, evitando agravá-la e, ao contrário, reduzindo-se.

A passage pode também ser obtida promovendo a descida de pescoço e elevando depois, progressivamtmte, o pescoço e cabeça, mantendo a impulsão.

O aperfeiçoamento da passage obtém-se pelo trabalho em círculo e em duas pistas, seguindo precisamente a progressão indicada para o aperfeiçoamento do trote: voltas, serpentina, espádua adentro, rotações inversas dos dois tipos, ladeaxes e rotações diretas.

A altura da passage, no movimento dos anteriores, não deve ser torçada é consequência do trabalho em duas pistas executado numa passage elástica e cadenciada. E por meio deste mesmo trabalho que se liga a passage com o piaffer.

O piaffer é o trote concentrado no mesmo lugar. u dorso flexível e vibrante, as ancas bem metidas assim coa os curvilhões flecticlos, dão às espáduas como aos membro? anterkres, uma grande liberdade de movimentos e urna grande ligeireza.

O pescoço toma-se mais alto, a nuca livre, a cab vertical, a boca em contacto elástico sobre rédeas tensas Os membros elevam-se sucessivamente por pares diagonais num movimento unido, flexível, cadenciado e gracioso, pio longando o tempo de suspensão. A pinça do anterior eu suspensão eleva-se em principio à altura do meio da do anteribr em apoio e a pinça do posterior em eleva-se um pouco mais abaixo, acima do boleto ao poe tenor em apoio.

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O corpo do cavalo eleva-se e abaixa-se num movimento flexível e harmonioso, sem balanço, nem do antemão nem o postemão.

A ginástica preparatória favorável à criação expontânea de elementos de piaffer consiste em alternar o trote com o recuar e reciprocamente.

Em cada um dos dois sentidos a velocidade deve ser muito pequena, reduzida no recuar ao necessário para manter a diagonalização e, no trote, ao indispensável para manter o tempo de suspensão.

A extensão dos percursos nos dois sentidos deve também ser reduzida dentro do mesmo espírito; é a freqüência das passagens pelo ponto morto nas mudanças de sentido do deslocamento horizontal que cadenceia pouco a pouco o cavalo no andamento a velocidade nula.

Desde que a cadência do trote se mantém nitidamente, próximo do “ponto morto”, é necessário passá-lo o menos possível para trás, recorrendo cada vez menos que ao recuar, e modificar assim, pouco a pouco, o exercício precedente naquele que constitui a base do piaffer: passar da paragem ao trote e do trote a paragem, a paragem nunca comportando a imobilidade mas, ao contrário, a persistência regular dos movimentos diagonais.

“Quando se atinge este resultado, a transformação do piaffer em passage opera-se por avanço do centro de gravidade, que orienta o deslocamento da massa não unicamente de baixo para cima, mas, ao mesmo tempo para cima e para diante.”

“Os cavalos ensinados primeiramente em passage conservam geralmente mais amplitude nos movimentos mas é uma progressão extremamente minuciosa para os levar até ao piaffer sem provoacar irregularidades no andamento quando a diminuição se acentua, como os saltos de ega quando o cavalo cessa de avançar.

Em contrapartida, os cavalos retomam a passage facilmente e energicamente.Os cavalos ensinados primeiro em piaffer conservam geralmente mais vivacidade do

que os precedentes mas desenvolvem menos facilmente a ação detrás para diante, na passage. Eles passam facilmente da passge ao piaffer mas rompem dificilmente do piaffer à passage.

Geralmente, a passage antes do piaffer convém mais aos cavalos que por disposição naturalmente marcam nitidamente os tempos de suspensão do trote, que têm a garupa ligeira, os andamentos naturalmente elevados e que se mobilizam facilmente no mesmo lugar.

A procura direta do piaffer convém mais os cavalos em que a garupa empurra mais do que se eleva, em que os andamentos são razantes e que saiem dificilmente da imobilidade em estação.

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Qualquer que seja a ordem pela qual se obtem a passage e o piaffer, a maior dificudade que o equitador encontra é na transição dum para o outro ar, cuja perfeição dá ao conjunto a maior parte do seu valor artístico.

Há, por esta razão, quase sempre vantagem em começar a estilização do trote pelos dois extremos ao mesmo tempo, isto é, ao mesmo tempo pela passage e pelo piaffer, esforçando-se, desde o começo, a fazer derivar cada um deles para o outro.

Este trabalho de ligação dos dois ares deve primar durante muito tempo, antes do desenvolvimento de cada um deles.

A pirueta é uma volta em duas pistas com a garupa para dentro (rotação direta) dum raio igual ao comprimento do cavalo e na qual o antemão descreve um círculo muito reduzido em redor do postemão.

Qualquer que seja o andamento em que a pirueta é executada, o cavalo deve voltar sem brusquidão, conservando integralmente a cadência do andamento e a regularidade do movimento dos membros que ela comporta.

Na pirueta como na meia-pirueta, os dois anteriores e posterior externo rodam à volta do posterior interno que forma o pivot. Este posterior deve pousar no seu lugar cada vez que se eleva. Ao galope, se o pé não se eleva e não pousa, como o seu congênere, o andamento não é regular.

Na execução da pirueta, o cavalaeiro pedirá ao cavalo uma concentração acentuada assim como uma entrada pronunciada das ancas, conservando sempre uma perfeita gentileza.

A apreciação da qualidade da pirueta é baseda sobre a regularidade do andamento, flexibilidade e cadência, sobre a discrição das ajudas, a manutenção do cavalo na mão, durante e depois da execução do movimento.

A pirueta pode ser executada ao piaffer, ao galope e ao passo.O cavalo, sabendo perfeitamente, estando passo a passo, executar uma só batida de

galope e retomar o passo regular, o cavaleiro põe-o a galopar para direita, por exemplo. Pedir-lhe-á, invertendo as sua indicaçõesna cadência do galope, duas passagens de mão sucessivas. A ordem das três últimas batidas será então: uma, direita, duas, esquerda, três, direita. Logo que o cavalo consiga executar razoavelmente estas duas inversões, o cavaleiro afagá-lo-á, passará ao passo de dar-lhe-á repouso. Depois, executará o mesmo trabalho partindo do galope para a outra mão.

Este exercício de duas passagens de mão sucessiva será aperfeiçoado durante muito tempo, partindo de qualquer das mãos, até que seja obtida a simetria completa das batidas à direita e à esquerda.

O cavaleiro pode então passar às três passagens de mãos sucessivas. Quando este resultado se obtém, o cavalo está virtualmente a executar passagens de mão a tempo. A quarta passagem de mão, se não for pedida prematuramente, obter-se-á facilmente, e será assim para as seguintes se o cavaleiro tomar ciudado em não aumentar o número de passagens de mão antes de se executarem simetricamente, com naturalidade, e forem seguidas duma fácil passagem ao passo, que deve surgir calmo e regular.

Para ensinar ao cavalo as passagens de mão a tempo sobre a linha curva, é necessário esperar que ele saiba fazer uma dezena pelo menos sobre o direito, com maior facilidade. É ainda necessário, bem entendido começar por uma curva muito acusada e, tanto quanto possível, entrada.

Se a facilidade da passagem de mão isolada interdiz já uma sobrecarga de peso acentuada do postemão, as passagens de mão aproximadas reclamam imperiosamente a horizontalidade do equilíbrio do cavalo.

Para os cavalos pesados de garupa, pode mesmo ser necessário colocá-los ligeiramente sobre as espáduas quando se aproximam as passagens de mão. É cômodo utilizar para este efeito uma subida pouco acentuada, e deixar o cavalo tomar por si a atitude instintiva correspondente.

Esta ligeira preponderância de peso sobre o antemão, ou pelo menos a horizontalidade absoluta, é quase indispensável nas passagens de mão a tempo. A amplitude e a graça que

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elas podem adquirir, dependem em grande parte disso, embora ainda não dependam mais da liberdade dada ao pescoço, cujos balanços dão rítimo de harmonia a esta espécie de “amble galopado”, constituído em virtude da seqüência de batidas sobre cada mão.

CAPÍTULO V

CONCURSO COMPLETO DE EQUITAÇÃO

O Concurso Completo de Equitação, regulado pela F. E. I. compreende três provas distintas a disputar em três dias consecutivos:

I – Prova de ensino.II – Prove de fundoIII – Prova de obstáculos (C. H.)

I – O ensino manifesta-se: pela franqueza e regularidade dos andamentos: pela harmonia, ligeireza e à-vontade dos movimentos; pela liberdade o antemão e entrada dos posteriores; pela posição rigorosamente direita do cavalo, conservada durante todo o trabalho em linha direitra bem como no ajustamento da sua encurvação a curvatura das outras linhas.

O cavalo dá assim a impressão de se mover por si própria. Confiante e atento, entrega-se generosamente ao cavaleiro.

O passo é regular, franco e destendido, O trote, livre, flexível, regular, equilibrado e ativo. O galope, unido, ligeiro e cadenciado. As ancas nunca se mostram inertes e preguiçosas; ao primeiro sinal do cavaleiro, anima-se a anima pela sua ação as outras regiões do cavalo.

Graças à sua impulsão sempre alerta e a flexibilidade das suas articuações que nenhuma resistência paralista, o cavalo obedece sem hesitação e de bom grado, com calma e preciso às diferentes ações das ajudas.

Durante a paragem e em todo o trabalho, o cavalo deve estar na mão.Na paragem, o cavalo atento, imóvel e direito, apoiado igualmente sobre os quatro

membros, deve estar prnto a andar para adiante à mais pequena indicação do cavaleiro. O pescoço bem saído, a nuca alta, a cabeça um pouco adiante da vertical; a boca descontraída deve manter por intermédio das rédeas um contato elástico com a mão do cavaleiro.

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A galope, o cavalo passa de mão “no ar” numa só passada e avançando. A passagem de mão não é executada no ar quando é feita no curto tempo de suspensão que se segue a cada passo a galope. O cavalo deve continuar direito , calmo e ligeiro.

No recuar, a precipitação do movimento, as defesas da mão do cavaleiro, o desvio da garupa, o afastamento, e imobilização dos posteriores são faltas freqüentes. Toda a influência violenta da parte do cavaleiro é nefasta às articulações dos membros posteiores.

Um cavalo não obedecendo as ajudas do cavaleiro no recuar, está insuficientemente descontraído, mal ensinado ou mal montado.

Em todos os andamentos, i]uma ligeira mobilidade da maxila, sem nervosismo, é garantia da submissão do cavalo e repartição harmoniosa das suas forças.

O ranger dos dentes e o fustigamento da cauda manifestam resitências.A mudanças de andamento e velocidade devem ser resolvidas rapidamente mas com

suavidade, sem brusquidão. A cadência anterior é mantida até o momento em que ocavalo toma o novo andamento ou marca a paragem; o cavalo continua ligeiro, calmo e conserva uma colocação correta.

Nas mudanças de direção o cavalo deve ajustar a sua encurvação á à da linha que segue, manter-se flexível e seguir as indicações do cavaleiro sem qualquer defesa ou alteração do andamento.

Nos exercício de duas pistas, o cavalo e infletido igualmente no seu eixo lngitudinal da cabeça à garupa e marcha de lado com o antemão e o postemão seguindo duas pistas distintas, as quais não devem estar afastadas uma da outra mais de um passo. O andamento mantém-se sempre regular, flexível e franco, com uma impulsão sempre renovada, esta perdendo-se om freqüência em virtude do cavaleiro se preocupar unicamente com a colocação do cavalo.

Para executar a serpentina, o cavaleiro começa o primeiro ramo afastando-se progressivamente dum dos lados mais pequenos. Termina o último ramo aproximando-se progressivamente do lado pequeno oposto.

Na figura do oito, o cavalo muda a sua inflexão no centro, tomando uma posição absolutamente direita durante um comprimento de cavalo, ao passar dum para o outro círculo.

Na figura de ziz-zag, o cavaleiro deixa a direção que seguia por uma linha oblíqua em marcha, seja até a linha do quarto, seja até a linha do meio, seja até um lado maior; depois, por uma linha oblíqua volta a linha que segui ao iniciar o movimento.

Antes de mudar de linha, o cavaleiro endireita o cavalo um instante antes de mudar a direção.

Quando o número de passos em cada sentido é indicado pelo programa da prova, deve ser estritamente observado e movimento executado simetricamente.

Nas contrapassagens de mão (duas pistas) a atenção deve dirigir-se para as mudanças de atitude do cavalo, movimento dos ombros, precisão, flexibilidade e regularidade dos seus movimentos; todo o movimento brusco no momento das mudanças de direção constitui a falta.

A meia-pirueta é uma meia rotação sobre a garupa. Descrevendo um semi-círculo a volta da garupa, as espáduas iniciam o movimento sem tempo de paragem no momento em que o posterior de dentro deixa de avançar, retomando a marcha para diante, sem tempo de paragem, logo que o movimento termina.

Durante o movimento, o cavalo consevando a impulsão não deverá nunca marcar o menor movimento de recuar nem afastar-se lateralmente do seu eixo. É a regra que o cavalo interior marque o movimento pousado e elevando-se a cada passo.

As indicações referentes aos andamentos, encontram-se desenvolvidas na parte respeitante à mecânica dos andamentos.

II – Prova de fundo

A prova a fundo compreende cinco percursos distintos dispostos da seguinte maneira:-61-

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A – 7 Km por estradas e caminhos à velocidade de 240 m. p. m., ou seja 29’ 10’.

B – 4.000m de steeple a velocidade de 600 m. p. m., ou seja em 6’ 40”, com possibilidade de beneficiação de 3 pontos por períodos de 5 segundos até ao máximo de 36 pontos, ou seja uma velocidade de cerca de 700 m. p. ,.

C – 15 Km por estradas e caminhos à velocidade de 240 m. p. m,ou seja em 62’ 30”.

D – 8.00 m. “cross-country” à velocidade de 450 m. p. m., ou seja em 17’46”, com possibilidade de beneficiação de 3 pontos por períodos de 10 segundos até ao máximo de 72 pontos, ou seja até uma velocidade de cerca de 550 m.p.m.

O cavalo destinado a disputar o concurso completo de equitação, para poder ser submetido a um treino bem equilibrado e ter probabilidades de realizar uma boa prova sem perigo para a sua conservação e rendimento futuro, deve obedecer às seguintes condições:

- Ter oito a doze anos;- prática de concursos hípicos;- possuir um sólido ensino complementar;- boa constituição e aptidão galopadora (bom coração, pulmão, tendão e músculos);- estar em condição.O treino consiste em confirmar o cavalo em condição (músculo e pulmão) e prepará-lo

para o galope de meia velocidade em conjunto com o trabalho de ensino e obstáculos.Nas condições atrás indicadas, convém iniciar os treinos 5 a 6 meses antes da data

marcada para a prova, reservando o primeiro mês para o aperfeiçoamento do ensino nos seus aspectos fundamentais (andamentos e atitude).

No trabalho lento de exterior (passo e trote) deve procurar-se manter um passo impulsionando e um trote de 240 m.p.m., por ser esta a velocidade do trote exigido na prova, mas de começo os períodos de trote não devem ir além de 5 minutos.

No galope de tipo “canter”, procurar-se-á a velocidade de 500 a 550 m.p.m. e no galope de meia velocidade atingir a de 70 m.p.m. , a menos que o cavalos acusem pouco sangue, procunrando-se neste caso as velocidades míninmas – 450 m.p.m.para o “cross contry” e 600 m.p.m. para o “esteple”. Em qualquer caso e assemelhança do que se preconiza para o trote as distâncias iniciais não deverão ultrapassar os 1500 a 2000 m.

O ritmo dos andamentos é fundamental nos treinos. O trabalho repetido na mesma cadência acaba por se executar automaticamente, sem esforço; o animal marcha sem prender a atenção no movimento que executa, por ações reflexas, e por conseqüência sem que se apodere dele a sensação de fadiga. A fadiga é um fenômeno que depende em alta grau da associação da vontade. Aparece muito mais rapidamente quando as faculdades cerebrais intervém no trabalho; quando o hábito torna o exercício automático, independente da ação da vontade a fadiga é muito menor.

A fadiga pode ser muscular ou pulmonar. O cavalo a passo pode fatigar-se a ponto de seus músculos se recusarem a trabalhar, sem que o funcionamento das funções respiratórias se tenham alterados sensivelmente, como também pode ter que suspender a marcha, quando a galope, antes que os músculos estejam fatigados.

A fadiga muscular pode apresentar-se durante ou depois do exercício; aparece durante o exercício quando se exige ao músculo o dispêndio de toda sua energia; apresenta-se depois do trabalho quando o organismo não está convenientemente treinado.

A fadiga pulmonar aparece no decorres de um exercício violento ou de um trabalho muscular grande, manifestando-se por uma grande falta de ar que se traduz na necessidade imperiosa de respirar e numa grande precipitação dos movimentos respiratórios.

O cavalo adulto, fortalecido nos seus tendões e articulações por um trabalho lento de exterior de longa data, com prática de obstáculos e adiantado em ensino, entra no trino

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espacial para o concurso completo de equitação em muito melhores condições do que um cavalo novo, em que a “vontade” intervêm constantemente, por falta de hábito e desconhecimento do que lhe é exigido.

Destinando três períodos de duas semanas para confirmar o cavalo em condição e os restante períodos para o galope de meia-velocidade e trabalho de ensino e obstáculos, podemos estabelecer o seguinte quadro de trabalho como orientador geral de um treino de uma cavalo destinado ao concurso completo de equitação, reunindo as condições indicadas de idade, ensino e prática de obstáculos:

1º, 2º e 3º períodos (2 semanas cada)

2ª feira – Exterior (base no trote) -2.00 h3ª feira – Ensino4ª feira – Galope (500 a 550 m p. m.) e Exterior (base no passo)

1ª e 2ª semana – 1.500 a 2.000 m3ª e 4ª semana – 2.500 m5ª e 6ª semana – 3.000 m

5ª feira – Ensino6ª feira – Exterior (base no passo) – 2.30 hSábado – Galope (500 a 550 m. p. m.) e obstáculos isolados

1ª e 2ª semana – 1.500 a 2.000 m3ª e 4ª semana – 2.500 m5ª e 6ª semana – 3.000 m

6º, 7º e 8º períodos (6 semana)

2ª feira – Exterior (base no trote e galope) -2.00 h3ª feira – Ensino4ª feira – Galope (500 a 550 m p. m.) e Exterior (base no passo)

7ª e 8ª semana – 3.500 m9ª e 10ª semana – 4.000 m11ª e 12ª semana – 4.500 m

5ª feira – Ensino6ª feira – Percurso de obstáculos e Exterior (base no passo) – 2.00 a 2.30 hSábado – Galope (600 a 700 m. p. m.) e Exterior (1/2 h de passo)

7ª e 8ª semana – 2.000 a 600 m. p. m.9ª e 10ª semana – 2.000 a 650 m. p. m.11ª e 12ª semana – 2.000 a2.500 m. p. m.

3º, 4º e 5º períodos (2 semanas cada)

2ª feira – Exterior (base no trote e galope) -2.00 h3ª feira – Ensino e obstáculos isolados4ª feira – Galope (500 a 550 m p. m.) e Exterior (base no passo)

13º semana – 5.500 m14º semana – 4.500 m

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15º semana – 5.500 m16º semana – 4.500 m17º semana – 5.500 m18º semana – 4.500 m

5ª feira – Ensino6ª feira – Percurso de obstáculos e Exterior (base no passo)Sábado – Galope (700 m. p. m.) e Exterior (1/2 h de passo)

13º semana – 2.500 m14º semana – 3.500 m15º semana – 2.500 m16º semana – 3.500 m17º semana – 2.500 m18º semana – 3.500 m

Durante o treino, nenhum cavalo deve entrar ou sair da cavalariça sem que o cavaleiro, pessoalmente, o observe. Aos mais insignificantes calor nos membros parará o trabalho. Os “douches” seguidos de massgens e da aplicação de ligaduras, empregam-se mesmo como simples preventivo.

III – Prova de obstáculos (C.H.)

Normalmente, o cavalo sujeito a uma prova violenta como a prova de fundo do concurso completo de equitação apresenta-se fatigado no dia seguinte, com menos energia e sobre as espáduas. É conveniente distendê-lo com cuidado, progressivamente, durante cerca de uma hora, e montá-lo sobre um contato mais forte, entre as pernas e a mão de madeira a compensar-lhe o natural desequilibro, imprimindo-lhe uma certa energia..

CAPITULO VI

ENSINO – PROGRESSÃO (1)

1) Ensino Elementar (2)

Objetivo – Pôr o cavalo sobre a mão

1ª FaseColocação em condicional sumária;Educação elementar às ajudas.

1 – Ação simultânea das duas pernas – ação impulsiva – franqueza no movimento para diante – ação das pernas, cadência das mãos.

(1) Cada grau de ensino corresponde, em princípio, a um ano de trabalho e está dividido em 3 fases que, mais ou menos, poderão corresponder aos seguintes períodos:

1ª fase – até o Natal (Outono)2ª fase – do Natal à Páscoa3ª fase – Primavera

O verão será, normalmente, aproveitado para concursos, descanso de cavalos férias, razão porque não é considerado.

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(2) Também chamado do 1º grauAs duas primeiras fases correspondem ao desbaste e a terceira ao aperfeiçoamento do

desbaste.Quando os desbaste é feito em escola com poldros serris, é necessário contar com um

ano de trabalho, normalmente dividido em cinco períodos, em que o primeiro é destinado à aclimatação, domesticação e colocação em confiança e o último ao aperfeiçoamento de educação militar.

- Passar da paragem ao passo;- Passar do passo ao trote;- Alongar o trote;- Passar da paragem ao trote;- Alongar o passo.

2 – Ação simultânea das duas mãos – ação acompanhada de ligeira inclinação do tronco à retaguarda (ombros) – ação das mãos, cedência das pernas.

- Passar do trote ao passo;- Passar do passo à paragem;- Diminuir o passo e o trote.

3 – Ação determinante duma mão – cedência da rédea reguladora.- Circular (círculo base) pela ação de rédea de abertura;- Zig-zag sobre rédea de abertura;- Direita e esquerda voltar om rédeas de abertura;- Meias voltas deretas e invertidas com rédeas de abertura.

4 – Extensão do pescoço a passo (rédeas em cima do pescoço).5 – Partir a galope por ruptura de equilíbrio e galope em círculo.

2ª faseColocação em condição;Submissão mais acentuada às ajudas e ginástica elementar do cavalo.

1 – Ação isolada das pernas – perna de posição – mobilização da garupa.- Sujeição à ação da perna isolada (5 séries) (trabalho alternado com alargamento de

trote).

2 – Ação determinante duma mão – resistência ou cedência da rédea reguladora.- Sujeição a ação de rédea contrária (cantos do picadeiro);- Zig-zag sobre rédeas de abertura e contrárias (em combinação);- Zig-zag sobre rédeas contrárias;- Direita e esquerda voltar com ambas as rédeas;- Meias voltas diretas e invertidas com ambas as rédeas;- Circular (circulo base) sobre rédeas contrárias.

3 – Extensões de pescoço a passo e trote.4 – Alargamentos e encurtamentos sobre o círculo base com rédeas de abertura e

rédeas contrárias.5 – Galope em círculo e sobre a linha direita – encurtamentos e alargamentos sobre o

círculo.

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3ª faseObjetivo secundário – o esboço do cavalo na mão (equilíbrio horizontal).

Desenvolvimento da colocação em condição;Desenvolvimento da ginástica elementar do cavalo.

1 – Ação combinada das mãos e das pernas.- Meias voltas diretas e invertidas em duas pistas – rédeas de abertura e perna de

posição do mesmo lado; rédea contrária e perna de posição do lado contrário; Circular (circulo base) sobre rédea de abertura, deslocamento acidentalmente a

garupa para fora pela ação da perna de posição.

2 – Mobilização da garupa pela ação da mão.- Rédea direta de oposição – reação sobre a impulsão – resistência da r´dea

reguladora ao deslocamento das espáduas.

3 – Mobilização das espáduas- Rédea contrária de oposição – reação sobre impulsão – ação da perna de posição –

até à rotação sobre o centro da figura.

4 – Marcha lateral- Rédea intermediária – ação impulsiva das duas pernas para manter o movimento

para diante.

5 – Espádua adentro – utilização de todas as ajudas necessárias à execução dos exercícios - manter a direção, inclinação e encurvamento próprias.

6 – Descida de pescoço- Circular, a trote (circulo base) por divisão de apoios, até à extensão do pescoço, lenta

e progressiva, em devida de mão;- Diminuir os ramos do zig-zag, a trote, até à marcha sobre a linha direita com

deslocamentos laterais do balanceiro, com mesmo fim.

7 – Partir a galope, sobre a linha direita, por deslocamento da garupa – ajudas laterais exteriores.

- Zig-zag pela ação determinante da rédea de fora e da rédea de dentro, e das duas binadas;

- Galope direto e invertido (oito)

8 – Recuar.9 – Alargamentos e encurtamentos sobre o círculo base – a trote e a galope.

2) Ensino complementarObjetivo – Pôr o cavalo na mão (o cavalo sobre a mão, colocado e ligeiro, em equilíbrio

horizontal).

1ª faseRepôr o cavalo em condição;Renovar a obediência às ajudas e recomeçar o trabalho ginástico do cavalo.- Confirmar o trabalho ginástico correspondente ao ensino elementar.

2ª faseManter o cavalo em condição;

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Ginástica complementar do cavalo.

1 – Trabalho e passo e trote.

- Circular (circulo base) alargando e encurtando o andamento – cavalo direito sobre o círculo;

- Espádua adentro combinado com o trabalho em círculo (círculo de 6 m de diâmetro);- Anca adentro;- Espádua adentro e anca adentro;- Ladear;- Rotações inversas do tipo espádua adentro;- Rotações diretas e inversas do tipo clássico.

2 – Trabalho a galope- Partir a galope por tomada de equilíbrio – ajudas diagonais;- Serpentina;- Oito – diminuir no galope invertido e aumentar no galope direto;- Alargamentos na linha direta e no círculo sobre a rédea de fora (contrária ao do

galope) e encurtamentos pela ação determinante da rédea de dentro (do lado do galope).

3ª faseManter o cavalo em condição;Desenvolvimento da ginástica complementar do cavalo.

1 – Trabalho a passo e trote (o mesmo indicado para a 2ª fase).2 – Trabalho a galope.- Passagem de mão – na linha direita, sobre a diagonal, procurando que a passagem

de mão se execute no sentido detrás para diante;- Rotações diretas (parciais);- Cabeça ao muro;- Garupa ao muro;- Rotações diretas;- Ladear;- Passagem de mão – ao terminar o ladear;- Rotações inversas;- Circular – círculos de 6 m de diâmetro.

3) Ensino SuperiorObjetivo – o cavalo na mão em qualquer equilíbrio (horizontal e sobre o postemão).

1ª fasea) manter o cavalo em condição;(Em conformidade com o princípio de que um cavalo, mesmo especializado em ensino,

deve continuar e estar sujeito ao complementar de exterior).

b) Ligeireza

1 – Flexões laterais (descontração da boca) a obter no trabalho a pouco, em rotações inversas, do tipo espádua adentro;

2 – Flexões laterais e diretas (descontração da boca) sobre a linha direita.3 – Aplicação ao trabalho anterior da recíproca de Baucher.4 – Alargamentos de trote, freqüentes e de certa permanência, aproveitando a ligeireza

para desenvolver a amplitude.-67-

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3ª faseManter o cavalo em condições;Correção de andamentos, movimentos e atitude.- Trabalho na base de rotações diretas, para provocar o abaixamento da garupa e,

conseqüentemente, uma colocação mais alta;- Trabalho em bases curtas e bases longas, mantendo ligeireza, equilíbrio, flexibilidade

e amplitude;- Paragens e passagens ao trote, aproximadas, tendentes a provocar a passage;- Descida de pescoço e elevação progressiva de pescoço, mantendo a impulsão, com

mesmo fim;- Passage;- Passagens de mão aproximadas até às passagens de mão de 4 em 4 tempos.

Atingindo este resultado, necessário e suficiente ao cavalo destinado às provas de equitação superior, a especialização continua dentro dos preceitos da equitação acadêmica, até ser atingido o grau necessário ao cavalo de alta escola ou cavalo olímpico de ensino.

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