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    Isabel Aparecida Felix (org.)

    Autores/as:

    Aloysius Pieris, Arianne van Andel, Diego Irarrazaval,

    Elisabeth Schssler Fiorenza, Felipe Fanuel Xavier

    Rodrigues, Gemma Tulud Cruz, Ivone Gebara,

    Jen-Wen Wang, Jos Mara Vigil, Jude Lal Fernando, Jung

    Mo Sung, Lucia Weiler, Maaike de Haardt,

    Maria Jos Rosado, Maria Sandra dos Santos,

    Mercedes de Budalls Diez, Monja Coen,

    Tissa Balasuriya

    Teologias com sabor

    de mangosto

    Ensaios em homenagem

    a Lieve Troch

    So Bernardo do Campo

    2009

    NHANDUTIEDITORA

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    Artigos originais: dos/das autores/asConjunto deste livro: Nhanduti Editora 2009

    Reviso: Monika Ottermann

    Diagramao e arte: Leszek Lech AntoniCapa: Leszek Lech Antoni, sobre arte de Jen-Wen Wan

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Felix, Isabel Aparecida (or.)Teoloias com sabor de manosto. Ensaios em homenaem a Lieve Troch /

    Isabel Aparecida Felix (or.). So Bernardo do Campo : Nhanduti Editora,2009, 224p.

    Biblioraa.ISBN 978-85-60990-07-8

    1. Teoloia Feminista. 2. Diloo entre reliies. 3. Relaes interculturais.4. Teoloia da Libertao. 5. Lieve Troch.I. Felix, Isabel Aparecida II. Troch, Lieve III. Ttulo.

    CDD-230.82; 201.5; 200.9

    ndices para catlogo sistemtico:

    1. Teoloia Feminista : Teoloia feminista crist 230.822. Relaes interculturais

    e interreliiosas : Relaes interreliiosas 201.53. Lieve Troch (Festschrift) : Reliio: Pessoas 200.9

    Direo geral: Leszek Lech Antoni e Monika OttermannCoordenao editorial: Leszek Lech Antoni, Monika Ottermann, Lieve Troch

    Nhanduti EditoraRua Planalto 44 Bairro Rude Ramos

    09640-060 So Bernardo do Campo SP11-4368.2035 [email protected] www.nhanduti.com

    Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer for-ma e/ou quaisquer meios (eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia e ravao) ouarquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permisso escrita da Editora.

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    Agradecemos ao Instituto de Missiologia de Missio Aachen (MWI),

    Congregao das Irms da Divina Providncia

    e a muitssimas pessoas particulares

    pela contribuio fnanceira com a produo deste livro.

    E agradecemos s pessoas que partilharam generosamente

    seu tempo e seus dons na reviso dos textos:

    Antnio Carlos de Gis Cajueiro, Felipe Fanuel Xavier Rodrigues,Lilian Laurncia Leite, Lilia Veras, Magda Brasileiro, Milene Chaves,

    Pedro Julin Jimnez Celorrio.

    Nhanduti Editora

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    Sumrio

    Danando em torno do mangosto Jen-Wen Wang .........................................................................7

    Convite para saborear teologias com sabor de mangosto Monika Ottermann .........................................................................9

    ApresentaoIsabel Aparecida Felix ......................................................................11

    Conversas com Lieve Troch Isabel Aparecida Felix ......................................................................15

    O dilogo intercultural como mediao hermenutica:uma homenagem Lieve Troch

    Ivone Gebara ......................................................................21

    Para uma teologia do dia-a-dia: ouvindo vozesque ainda no foram ouvidas

    Felipe Fanuel Xavier Rodrigues ......................................................................33

    Resistncia, paixo e sabedoria impertinente Maria Jos Rosado ......................................................................45

    Profetisas: onde esto elas?Um exerccio de releitura bblica com suspeita

    Lucia Weiler ......................................................................53

    Corpos marcados por fronteiras transgredidas Jung Mo Sung ......................................................................63

    Ouvir vozes lembrar a resistncia Maria Sandra dos Santos ......................................................................73

    Raab, mulher zonah, mulher de fronteira

    Mercedes de Budalls Diez......................................................................

    81Budismo releitura dos textos sob a tica da incluso Monja Coen ......................................................................91

    Da raiva resistncia Arianne van Andel ..................................................................103

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    Interculturalidade e Teologia. Interrogaes latino-americanas

    Diego Irarrazaval..................................................................

    115Espiritualidade da militncia pluralista Jos Mara Vigil ..................................................................127

    A Igreja que aprende ou: O que o mundo ensina Igreja Tissa Balasuriya ..................................................................135

    Uma Cristologia da Libertao do Pluralismo Religioso Aloysius Pieris ..................................................................151

    A crise de identidade e de unidade.Rumo a uma tica ecumnica

    Jude Lal Fernando ..................................................................161

    Viver em meio morte: uma releiturade transcritos escondidos de mulheres asiticas

    Gemma Tulud Cruz ..................................................................179

    Rumo a uma Espiritualidade Sapiencial Feminista

    de Justia e Bem-estar Elisabeth Schssler Fiorenza ..................................................................191

    O paradoxo mariano: prticas marianascomo um caminho para uma nova mariologia?

    Maaike de Haardt ..................................................................209

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    Danando em torno do mangosto**

    Jen-Wen Wang*

    Fiz este desenho numa das ocinas assessoradas por Lieve na Malsia.Lieve osta muito dessa fruta e partilhou com as participantes que, paraela, o manosto uma metfora de Deus.

    Para muitas mulheres, encontrar Deus como comer essa fruta tropi-cal, o manosto.

    Encontramos primeiro uma casca rossa, dura e escura. Pode ser acasca de doutrinas e ensinamentos patriarcais. Pode ser a casca da hie-rarquia eclesistica. Pode ser a casca de mil anos de tradies. Tudo issopode nos assustar.

    Mas quando ousamos quebrar a casca rossa, vemos a bela cor rubiou prpura que abraa a polpa branca e macia. Quando tomamos a polpabranca e a colocamos na boca, saboreamos a doura humilde e sinela dafruta. Ela alimenta nosso corpo e nossa alma com aleria serena.

    Portanto, essa fruta nos lembra que devemos lutar para furar a imaemde um Deus forte (todo-poderoso) e severo, para chear at o cerne deDeus.

    Assim poderemos nalmente saborear o perfume e o sabor de Deus enos alimentar.

    Assim poderemos nos levantar e, com passos conantes, comear adanar em torno do manosto.

    * JEN-WEN WANg, teloa feminista de Taiwan, ministra ordenada da Ireja Presbiteri-ana de Taiwan. Estudou muitos anos na Alemanha e pesquisou o trabalho social cristono sc. 19. Ensina Histria do Cristianismo no Taiwan Theological College and Seminary

    e autora de livros sobre a vida crist em Taiwan. Ela faz sua teoloia atravs de poesiae arte, e membro do AWRC (Asian Women Resource Centre, Centro de Recursos deMulheres Asiticas).

    ** Traduo: Monika OttermannN. da Ta.: O manosto (a fruta do manostanzeiro, garcinia mangostana, tambmchamada de manostin), de oriem asitica e da mesma famlia do bacuri, cultivadoprincipalmente no norte e nordeste do Brasil.

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    Convite para saborear teologiascom sabor de mangosto

    Colaborar, no sentido mais amplo da palavra, com a produo destelivro foi o maior desao que a Nhanduti Editora assumiu em sua breveexistncia, mas foi sobretudo uma enorme aleria e satisfao.

    Desde que Isabel Felix nos fez a proposta, empenhamo-nos em de-senvolver e realizar alo que celebrasse muito mais que apenas a vidae obra da homenaeada: um festschrift que celebrasse a prpria vida, pormeio de teoloias e valores que esto presentes no mundo inteiro e com-prometidos com sua transformao.

    Teoloias com sabor de manosto.Mas, anal, que teoloias so estas?

    Acontece com elas como com as coisas mais belas da vida: as tenta-tivas de explicar cam muito aqum dos prazeres de saborear. Podem serbalbuciadas em metforas e esboadas em desenhos, mas precisam serexperimentadas e vividas. Isso acontece tambm com as coisas divinas,at mesmo quando passam a ser teoloias, quando se tornam palavrassobre o divino.

    Entretanto, isso no nos dispensa da tentativa de verbalizar, da respon-sabilidade de partilhar o que j saboreamos ou pelo menos vislumbramos.Poderamos dizer assim: teoloias com sabor de manosto so paixese compromissos que se tornaram reexes e conceituaes, escondidasdentro das cascas secas de termos como teoloia feminista, leitura li-bertadora da Bblia, teoloia intercultural, teoloia interreliiosa.

    Frutos concretos destas teoloias, que nasceram no Brasil, na AmricaLatina e em outras partes do mundo, chearam at ns raas enerosa

    partilha de teloas/os, lsofas/os e sociloas/os que comprometem suavida (no s a acadmica) com a vida com uma vida cheia de bons sabo-res, uma vida em abundncia. Faremos o possvel para ampliar esta parti-lha, ao disponibilizar, alum dia e de aluma maneira alternativa, tambmos artios oriinais escritos em espanhol e inls. E aradecemos, de todocorao, essa enerosidade que muito mais que uma homenaem vida

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    de uma pessoa individual uma homenaem prpria vida.Por isso devemos tambm lembrar que frutos e frutas servem para ins-

    pirar e alimentar e quando se tornam livro, servem para inspirar as pesso-as que o abrem e que se abrem para ele. Por isso, reiteramos aqui o conviteque fazemos aos leitores e s leitoras em cada livro da Nhanduti: o convitede servir-se deste livro para criar

    redes em vez de centrospontes em vez de murosdilogos em vez de ataquespartilha em vez de indoutrinaointercmbio em vez de inimizaderelaes de parceria em vez de dominao.

    Fazer isso a homenaem mais bela vida, inclusive vida de LieveTroch.

    Pela Nhanduti Editora

    Monika Ottermann

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    Apresentao

    A idia da homenaem em livro pela celebrao da vida e obra deLieve Troch nasceu durante minha participao em suas aulas e orienta-o recebida em minha tese de doutorado em Cincias da Reliio naUniversidade Metodista de So Paulo.

    Tanto nas aulas quanto na orientao, Lieve nos convida sempre demaneira desaadora a entrar em um processo de suspeita e descons-truo atravs da anlise sistmica de nossas experincias, localizaespessoais e coletivas, de nossas histrias e realidades vividas e construdasdentro das relaes scio-reliiosas.

    Esse mesmo processo de desconstruo e esse olhar de suspeita (node obedincia!) so estendidos para as normas, doutrinas, conceitos e ide-oloias teolicas das reliies.

    O desenho da capa deste livro, elaborado pela teloa feminista asiti-ca Jen-Wen Wan e enviado especialmente para esta homenaem, expres-sa muitssimo bem o pensamento, a prtica e a paixo teolica de Lieve,tanto dentro quanto fora da academia: fazer da teoloia um espao de luta,tendo em vista a transformao social e reliiosa.

    Ao utilizar a metfora do manosto para tentar denir a divindade,Lieve subverte a ordem das reliies institucionalizadas que no autori-zam as mulheres a denir a divindade, o sarado, o mundo e nem a simesmas. Anal, o papel de denio, de nomear dentro das irejas,

    exclusivo dos homens.Ao mesmo tempo em que nos desaa a exercer a autoridade da deni-

    o, Lieve desconstri e rompe com o paradima da teoloia clssica quepretende explicar e adaptar, de maneira indutiva, conceitos teolicos (odivino, a raa, a revelao, a autoridade...) vida das pessoas.

    Lieve no quer adaptar, nem repetir, nem, muito menos, conservar osconceitos teolicos para serem aplicados aos rupos, s comunidades.Ela prope a desconstruo das ideoloias, das doutrinas, dos textos sara-

    dos e das normas para, ento, avaliar se possvel construir e reconstruirrelaes mais iualitrias. Com isso, Lieve prope um fazer teolico cr-tico e poltico, em prol da transformao.

    Efetivamente, novos conceitos j esto sendo construdos principal-mente por mulheres e homens marinalizados, atravs de suas lutas e re-sistncias em diversas partes do mundo. Esse o luar onde Lieve articula

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    sua teoloia. Como teloa, ela se prope a analisar e avaliar se esses con-ceitos so realmente libertadores ou no e, assim, articula esses conceitoscom as prticas de resistncia do cotidiano de rupos que buscam viver

    sua f e lutam por justia e bem-estar. na vida e nas experincias do dia-a-dia, de mulheres e homens quevivem marem das sociedades e das reliies, mas que ao mesmo tem-po resistem e encontram alternativas para buscar sadas para uma vidamelhor, como as mulheres que trabalham nas plantaes de chs1, e/ouas mulheres e homens pertencentes a reliies diferentes que trabalhamjuntas e juntos para os preparativos para a festa de So Sebastio em umafavela de Colombo (Sri Lanka)2, que Lieve encontra sua paixo para fazerda teoloia um luar de transformao das relaes de excluso, de injus-

    tia e dominao.A partir de uma perspectiva feminista crtica, o pensamento e prtica

    teolicas de Lieve (tanto no mundo acadmico como fora dele) nosapontam para a possibilidade da construo de um terceiro magistrio3,em que mulheres, homens, jovens, pessoas de todas as classes, raas, et-nias, opes sexuais, de todos os espaos eorcos, possuem o podere a autoridade de denir e re-denir a si mesmas, seus mundos, o sara-do, a divindade. Eis um espao de autonomia, de mulheres e homens

    que so atrizes e atores, sujeitas e sujeitos da transformao!Em suas aulas e escritos, Lieve mantm um diloo aberto e crtico

    com as teoloias da libertao e feministas de diversas partes do mun-do, como a teoloia latino-americana, a teoloia asitica e as diversasteoloias feministas (da libertao, asitica, ps-colonialista, womanist,mujerista...).

    Alm do diloo acadmico, Lieve tambm desenvolve um trabalhocom diversos rupos de mulheres e homens de diferentes reliies no Bra-

    sil, em outros pases da Amrica Latina, na Europa, nos Estados Unidos eem aluns pases da sia, pessoas de diferentes reliies e culturas. Sendoassim, para que a homenaem representasse esse aspecto do trabalho deLieve, z questo de que as Teoloias com sabor de Manosto tambmfossem interculturais e interreliiosas! Da convidar amias e amios seusdo Brasil e outros pases da Amrica Latina, da Europa, dos Estados Unidose da sia. Mulheres e homens que escrevem a partir do cristianismo, dozen-budismo e do candombl.

    A construo deste livro fruto do trabalho de diversas pessoas que

    1 TROCH, Lieve (or.). Passos com Paixo. Uma teologia do dia-a-dia.So Bernardo doCampo: Nhanduti Editora, 2007, 85.

    2 Ibidem, 91.

    3 PIERIS, Aloysius. Liberacin, inculturacin, dilogo religioso. Un nuevo paradigma desdesia. Estella: Verbo Divino, 2001, 261.

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    se dispuseram com muita aleria, enerosidade e muito carinho porLieve a colaborar. No Brasil, chamaramos esse livro de um verdadeirotrabalho em mutiro! Assim, no poderia deixar de aradecer, primei-

    ramente, a Monika Ottermann e Leszek Lech da Nhanduti Editora peloapoio incondicional. Tambm devo aradecer s pessoas que zeram astradues e revises dos textos e a cada autora e autor, provenientes dosquatro cantos do mundo, que desde o primeiro momento se dispuserama escrever com muita aleria e admirao, em homenaem coletiva sua amia Lieve.

    Quero lembrar aqui da fala de um monge budista coreanoque, apsouvir uma palestra de Lieve, aproximou-se dela e disse: Voc me ilumi-nou! Lieve, creio que ele tinha razo. Seu pensamento, sua prtica, suaarticulao teolica com rupos diversos dos quatro cantos do mundo,ilumina e inspira no somente a mim, mas a muitas mulheres e homenscom quem voc compartilha suas experincias de vida e de teoloias.

    Tambm quero recordar as palavras daquela senhora moradora deuma favela carioca que voc visitou anos atrs. Em seu barraco semporta nem janelas, a senhora disse, entre abraos e risos: Lieve, voltesempre. As portas estaro sempre abertas para voc!

    Convido a voc leitora e voc leitor a adentrar nesta casa com Lieve

    e saborear e sentir o perfume do manosto que est presente de diversasmaneiras e formas em cada texto deste livro!

    Isabel Aparecida Felix

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    Conversas com Lieve Troch

    Em uma de suas vindas ao Brasil, em dezembro de 2008, convideiLieve Troch para uma conversa mais detalhada sobre sua vida. Nesta en-trevista, a teloa feminista fala sobre sua famlia, seus primeiros anos deestudos, sua militncia estudantil, sua vida acadmica e teolica e aindaseus trabalhos e convivncias com pessoas de vrias partes do mundo.

    Isabel: Lieve, voc nasceu na Blgica e vive h 32 anos na Holanda. Faleum pouco de sua infncia na Blgica e sobre sua famlia.

    Lieve: Nasci e cresci em um vilarejo na parte amena da Blica. Te-nho uma irm e um irmo, sendo que sou a lha mais velha. A Blica um pas catlico, mas apesar de meus pais serem catlicos praticantes,a f no tinha um luar especial na minha famlia. Por outro lado, tantomeu pai como minha me sempre me apoiaram muito para os estudos.Tive oportunidade de ter uma educao clssica, ao estudar latim, reoe matemtica. Adorava especialmente a matemtica devido sua licae clareza de pensamento. Foi muito difcil decidir o que estudar no curso

    de raduao, pois a Matemtica, a Psicoloia e as Cincias Polticas meatraam muito. Aps esse perodo de escolha prossional, para a randesurpresa de meus pais, decidi ir aos 17 anos de idade para a Universi-dade de Leuven estudar Cincias da Reliio e Teoloia.

    Isabel: O que levou voc a fazer teologia e se tornar uma teloga fe-minista?

    Lieve: Decidi fazer teoloia por duas razes. Primeiramente, entre meus

    14 e 17 anos z parte de um rupo de meninas enajadas em trabalhoscom meninas decientes e com problemas sociais nos vilarejos. Ali, t-nhamos muitas discusses sobre coisas da vida, de modo que participardesse rupo contribuiu muitssimo para eu pensar sobre minha posio eresponsabilidades na vida. A seunda razo est relacionada s aulas dereliio na escola, ministradas por um padre de maneira horrvel e chata.

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    Pensava: eu poderia fazer isto melhor, de uma maneira diferente.....Essas situaes me ajudaram na deciso de estudar Teoloia e Cin-

    cias da Reliio. Estudei entre 1966 e 1971, um tempo repleto de espe-

    ranas no ps-Vaticano II. Tambm um perodo de revolues nas univer-sidades: 1968! Tempo em que ns, jovens universitrios, protestvamos,por exemplo, contra as fbricas de armas na Blica que apoiavam osportuueses na luta contra a independncia de Moambique e guin-Bis-sau. De maneira poltica, a situao de pobreza do Terceiro Mundo eraanalisada e, como alunos, apoivamos os movimentos que lutavam para atransformao, formvamos rupos que optavam por viver uma vida maissimples etc...

    Apesar deste clima poltico revolucionrio em Leuven e da teoloiaps-Vaticano II, a teoloia catlica me parecia ainda muito fechada. Nestecontexto que decidi fazer minha dissertao de mestrado na rea doEcumenismo, visando abrir meus horizontes para o cristianismo mundial.Em eventos do Conselho Mundial de Irejas, dos quais participei, pudetomar conhecimento da Teoloia da Libertao e da luta teolica contrao apartheid. Alm disso, como mulher leia na ireja catlica, reeti bas-tante sobre minha prpria posio de teloa s marens da ireja.

    Comecei a dar aulas numa escola e ao mesmo tempo estudei crimi-

    noloia para poder entender melhor a violncia e a marinalidade. Umdia, em 1976, recebi o convite de um bispo da Holanda para trabalharem sua diocese como responsvel pela catequese de adultos e pelo trei-namento de padres para os trabalhos nas parquias. Uma surpresa, mastambm um desao! O bispo Ernst foi amio do Cardeal Paulo EvaristoArns e era conhecido como o bispo mais proressista, humilde e simp-tico do pas. Trabalhei nessa diocese durante 12 anos com muita aleria.Ento, relacionada com o movimento feminista secular, comecei a apoiar

    especialmente as mulheres que se davam conta da marinalizao estrutu-ral na ireja. A teoloia feminista se desenvolveu neste tempo e, desde osseus primrdios, z parte de seu desenvolvimento na Holanda juntamentecom outras mulheres teloas. Desde 1988 leciono em universidades nasreas da Teoloia Feminista, das Cincias Feministas e Teoloia Sistemti-ca. Alm disso, nunca deixei de trabalhar com rupos sociais de base, demovimentos sociais, com mulheres de conreaes reliiosas como, porexemplo, as Irms da Divina Providncia, e, especialmente, com ruposecumnicos e interreliiosos.

    Isabel: A Resistncia o Segredo da Felicidade o tema de sua tesede doutorado. Fale um pouco sobre alguma experincia juntoaos movimentos emancipatrios que tenha marcado a sua vidae inspirado sua produo teolgica.

    Isabel Felix

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    Lieve: A relao com movimentos sociais e feministas, bem como a ree-xo sobre esta relao, me levaram a comear uma tese de doutorado nosltimos anos do trabalho na diocese.

    Na Holanda, z parte da primeira erao de teloas feministas. Fo-mos desaadas pelas mulheres teloas dos Estados Unidos e, com isso,comeamos a desenvolver nossa prpria teoloia feminista na Europa.

    Encontros com mulheres neras dos Estados Unidos e, mais tarde, commulheres da sia, me levaram a um discurso intrafeminista que visava, natese de doutoramento, uma metodoloia que questionasse a centralidadede sujeitos brancos e ocidentais nos discursos teolicos. Essa continuasendo minha paixo ainda hoje! Nesse sentido, h dez anos trabalhandono Brasil, co s vezes surpresa com os discursos ocidentais e poucos con-

    textuais ou planetrios que encontro dentro das universidades brasileiras.Em minha vida, uma frase de Adrienne Rich, uma poetisa judia, me

    desaa muito. Ela diz: Meu corao tocado por tudo o que eu no pos-so salvar. Tanta coisa tem sido destruda. Tenho que liar minha sorte comaquelas que, erao aps erao, teimosamente, sem nenhum poderextraordinrio, reconstituem o mundo.

    Penso sempre nestas frases. Elas me do fora. Tenho o privilio deconhecer muitas pessoas no mundo que tentam transformar situaes de

    violncia, de desraa, de pobreza. Para mim, a Teoloia na academia eno dia-a-dia tem que se relacionar com as resistncias para reconstruir aimaem da Divindade.

    Isabel: Seu fazer teolgico parece estar marcado pela experincia depessoas que vivem na fronteira. Fale um pouco sobre as impli-caes de teologias realizadas na fronteira.

    Lieve: Fronteiras fazem parte da vida, no nvel pessoal e estrutural. Fron-teiras constroem identidades de sujeitos, de povos, de instituies, de re-liies e de pensamentos. Parece necessrio viver com fronteiras paraconservar a identidade pessoal e estrutural. A violao das fronteiras cor-porais, espirituais e culturais de mulheres e homens, de povos indenas...destruiu sua interidade e sobrevivncia. Fronteiras podem ser saradas.

    Mas sabemos tambm que fronteiras aprisionam pessoas: sexismo,racismo, reliionismo, nacionalismo, culturalismo etc aumentam amarinalizao e a hierarquizao no mundo. Cruzar essas fronteiras deexcluso uma tarefa contnua, e a teoloia pode dar uma importante

    contribuio nesta busca.A luta de escapar da morte para a vida est acontecendo nas frontei-

    ras. Eu quero situar a teoloia nesse luar, nesta ambiidade! A Teoloiaacadmica, bem como outras disciplinas e as reliies, poderiam se situarnas fronteiras para desaar as realidades de violncia e de pobreza. ABblia conta tambm histrias preciosas desta luta nas fronteiras em que

    Conversas com Lieve Troch

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    a reliio dominante e a subversiva se encontram, em que a intercultura-lidade e a interreliiosidade so vistas como enriquecimento e no comoameaa. Nesta linha, muita pesquisa teria ainda que ser realizada.

    Isabel: Voc se descreveria como uma mulher de fronteira?

    Lieve: Aora voc usa a palavra num nvel diferente. Eu tive a oportunida-de de abrir meus horizontes em nveis diferentes at este momento de mi-nha vida: sou da Blica e h 32 anos moro na Holanda. Trabalho reular-mente com rupos interreliiosos e interculturais de base em aluns pasesda sia onde tenho amias e amios preciosas e preciosos de reliies eetnias diferentes, enajadas e enajados em lutas pela justia e paz. Cons-

    trumos juntas e juntos uma rede de solidariedade, de discusses, de apoioindividual e estrutural numa amizade alm das fronteiras de excluso.As reliies so cmplices desta excluso. Mas no precisam s-lo

    necessariamente. As reliies tambm possuem o potencial de reunir, li-ar e incluir as pessoas. s vezes difcil enfrentar as diferenas, uma vezque a pobreza, a violncia, a tortura, a desumanizao e a excluso somuito destrutivas. Mas cruzar fronteiras na vida tambm uma aleria,uma raa. Creio que precisamos construir uma rede teolica e de vidaalternativa de mulheres e de homens marinalizadas e marinalizados.

    A teloa Nelle Morton escreveu um pequeno livro com o ttulo: Aviagem o lar. Com isto ela no se referia a uma viaem ao redor domundo, mas a uma viaem de audcia em que deixamo-nos desaar porsituaes novas, sem medo. Nesse sentido, no h retorno para um lar jconhecido. O lar exatamente esse viajar com olhos abertos e semprenovos. Espero poder viver assim!

    Isabel: H dez anos voc trabalha como professora da ctedra de Te-

    ologia Feminista na Universidade Metodista de So Paulo e fazparte da coordenao do Grupo de Pesquisa Netmal. Fale umpouco sobre essa experincia e o que ela lhe trouxe.

    Lieve: No passado, minhas leituras me ensinaram muito sobre a AmricaLatina e sua Teoloia da Libertao. No se esqueam que gustavo gutir-rez e Camilo Torres foram tambm alunos em Leuven, onde estudei. O con-vite que recebi de irejas protestantes para ensinar no Brasil, em uma Uni-versidade Metodista, foi um novo desao, no s, mas tambm por conta

    da lnua portuuesa (que para mim s vezes ainda uma feira de abacaxi).Hoje, partilho meu tempo entre a Universidade Metodista de So Paulo,a Universidade Catlica Radboud em Nijmeen na Holanda e em alunspases da sia como: Sri Lanka, ndia, Indonsia, Myanmar, Malsia...

    gosto muito do Brasil, deste pas cheio de contradies. gosto departilhar a teoloia e de fazer teoloia acadmica nova em conjunto com

    Isabel Felix

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    alunas e alunos. gosto de novos caminhos numa realidade diferente! Actedra feminista me encaminha para uma possibilidade de pesquisarpistas novas no ritmo do desenvolvimento da teoloia e das cincias da

    reliio em pases do sul. A academia alunas e alunos juntas, juntos,com os professores me d possibilidades de construirteoloia, um novopensamento, e no apenas reproduzir a cincia j existente. Fazer partedeste processo de aprendizaem de pessoas jovens vivendo na realidadedo dia-a-dia uma raa.

    Isabel Aparecida Felix

    Conversas com Lieve Troch

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    O dilogo interculturalcomo mediao hermenutica:

    uma homenagem Lieve Troch**

    Ivone Gebara*

    Breve introduo

    Este texto sobre o trabalho deLieve Troch uma sinela homenaem

    a uma incansvel lutadora em favor da dinidade das mulheres e dos ru-pos oprimidos. Uma homenaem o reconhecimento da importncia davida e da contribuio de alum em favor do bem comum em alumarea da atividade humana. Lieve teloa, isto , artes de sentidos quesustentam a vida. E esse artesanato foi aprendido em primeiro luar naBlica e Holanda, alis, luares onde as rendeiras se desenvolveram demaneira extraordinria, alcanando no s uma excelncia na arte manu-al, mas uma autonomia dina de nota. Lieve tem no sanue a luta de suas

    antepassadas empreendedoras e corajosas. Mas, sua luta no se limitoua Flandres, visto que saiu pelo vasto mundo interpelada pelo silncio edominao de mulheres de diferentes luares especialmente da sia e daAmrica Latina (Brasil). Lieve se disps a ajudar muitos rupos de mulhe-resa redescobrir a trama oriinal de suas rendas, de suas redes, de suasdanas, de suas poesias. Ajuda-as a perceber que a reside uma sabedoriaprpria que no pode ser dominada ou manipulada por poderes polticose reliiosos. Essa sabedoria sua prpria rede de sentido, rede tecida ebordada por elas mesmas a partir de suas diferentes culturas, rede capaz

    * IVONE gEBARA lsofa e teloa feminista. Nascida em So Paulo, vive em Cama-raibe, Pernambuco. Assessora de diferentes movimentos sociais, tambm professoraconvidada por universidades nacionais e internacionais. colaboradora de diferentesrevistas latino-americanas, europias e brasileiras. Seus ltimos livros esto publicadospela Editora Brasiliense.

    ** Palavras-chave: Hermenutica Diloo intercultural Feminismo Teoloia Poltica.

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    que sirva para alerar o corao na linha da justia e do direito sem, noentanto, ret-lo ou desenvolver a tentao de uard-lo em odres indes-trutveis ou em tendas estveis. como a teoloia que aprendemos. Ela

    no a ltima palavra em bom vinho porque a ltima palavra no existe.Anal no estamos sempre a caminho? E, a festa no hoje e amanh? Eo vinho bom, fabricado pelas mulheres, no iualmente o de hoje e ode amanh?

    Lieve, obriada pelo bom vinho que voc tem nos oferecido durantetodos estes anos. Feliz aniversrio!

    Bibliografia

    ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. So Paulo: Perspectiva, 2005,352p

    TROCH, Lieve. Swimmin like salmons aainst the stream. In:Journal of the Eu-ropean Society of Women in Theological Research, 6.Leuven: Peeters, 1998,99-110

    TROCH, Lieve. imaem de Deus teoloia na articulao dos direitos da mu-

    lher. In:Concilium,298,5. Petrpolis: Vozes,2002, 105-114TROCH, Lieve. Espaos de sabedoria e graa educao teolgica para a trans-

    formao.In: Revista Estudos da Religio, 19. So Paulo: Universidade Meto-dista, 2005,132-146

    TROCH,Lieve (or.). Passos com Paixo. Uma teologia do dia-a-dia.So Bernar-do do Campo: Nhanduti, 2007, 95p

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    Para uma teologia do dia-a-dia:ouvindo vozes

    que ainda no foram ouvidas**

    Felipe Fanuel Xavier Rodrigues*

    Voc pode diminuir o meu valor na HistriaCom cruis e entrelaadas mentiras a contar,Pode ter me pisoteado na pior sujeiraMas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.1

    (Maya Anelou)

    Alum j disse que a f vem pelo ouvir (Rm 10,17; NT AlmeidaSculo 21), e eu, como qualquer jovem teloo/a, no posso deixar deouvir aquilo que as teoloias tm a nos dizer. Muito ainda preciso ouvirdepois que conheci uma teloa, a quem trato por Professora Lieve.Com ela, tenho ouvido vozes at ento inaudveis depois de quatro anos

    de seminrio.A disciplina Teoloia Feminista, cursada no primeiro semestre do meumestrado em Cincias da Reliio, contribuiu muito para isso. Era a ma-nh de oito de maro, Dia Internacional da Mulher, de 2007. No haveriadata melhor para a primeira aula de um curso sobre tal tema. Aps falarum pouco do sinicado histrico da data na luta das mulheres pela iual

    * FELIPE FANUEL XAVIER RODRIgUES discente do Prorama de Ps-graduao emCincias da Reliio (rea de Teoloia e Histria) da Universidade Metodista de SoPaulo, onde foi aluno de Lieve Troch nas disciplinas Teoloia Feminista e Ecumenismo.

    ** Palavras-chave: Teoloia Dia-a-dia Pessoas Sarados Espaos Lieve Troch.1 Primeira estrofe do poema Still I Rise, em cujo oriinal se l o seuinte:

    You may write me down in history With your bitter, twisted lies, You may trod me in the very dirt But still, like dust, Ill rise.

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    vozes silenciadas nos textos sarados.1Seu objetivo descobrir as razesde comunidades de resistncia e solidariedade (Troch 1993, 356).

    Muitas vozes ainda no foram ouvidas, mas para deixarmos a surdez

    de lado, precisamos atentar para as pessoas e seu dia-a-dia, reetir sobre opapel da teoloia diante das injustias dirias, e perceber a possibilidadede construir espaos sarados em reas marinais da reliio. Esta talvezseja, creio piamente eu, a lio que estou comeando a decorar e esperoum dia aprender.

    Bibliografia

    ALTHAUS-REID, Marcella. From the oddess to queer theoloy: the state we arenow. Feminist Theology, 13. Thousand Oaks: Sae Publications, 2005, 265-272.Disponvel em: http://fth.saepub.com/ci/reprint/13/2/265, acessado em15/03/07

    ANgELOU, Maya. Still I rise. Disponvel em: http://www.poemhunter.com/poem/still-i-rise/, acessado em 24/11/08

    BBLIA Traduo Ecumnica. So Paulo: Loyola, 1994, 2480p

    gEBARA, Ivone. Apresentao. In: TROCH, Lieve (or.). Passos com paixo. Umateologia do dia-a-dia. So Bernardo do Campo: Nhanduti, 2007, 7-9

    HAARDT, Maaike de. Vinde, comei de meu po. Consideraes exemplares acercado divino no cotidiano. In:

    TROCH, Lieve (or.). Passos com paixo. Uma teologia do dia-a-dia. So Bernardodo Campo: Nhanduti, 2007, 59-84

    KAFKA, Franz. O processo. So Paulo: Martin Claret, 2007, 259p

    NOVO Testamento Almeida Sculo 21. So Paulo: Vida Nova, 2005, 302p

    PESSOA, Fernando. Livro do desassossego. So Paulo: Companhia das Letras, 2006,559p

    SCHSSLER FIORENZA, Elisabeth. Discipulado de iguais. Uma ekklesia-logia femi-nista crtica da libertao. Petrpolis: Vozes, 1995, 404p

    SOUZA, Sandra Duarte de. Gnero e religio no Brasil. Ensaios feministas. So Ber-nardo do Campo: Universidade Metodista de So Paulo, 2006, 167p

    TROCH, Lieve. A method of conscientization. Feminist bible study in the Nether-lands. In: SCHSSLER FIORENZA, Elisabeth (or.). Searching the Scriptures, 1.

    A Feminist Introduction. Nova Iorque: Crossroad, 1993, 351-366

    TROCH, Lieve. Verzet is het geheim van de vreugde. Fundamentaaltheologischethemas in een feministische discussie. Zoetermeer: Boekencentrum, 1996,284p

    TROCH, Lieve. Swimmin like salmons aainst the stream. Some reections oninterreliious communication from a feminist perspective. In: MEYER-WILMES,

    4 Suiro conferir a leitura que ela faz de Lc 10,38-42; Ex 1; Mc 5,33s e Jz 11,39s (Troch1993, 359-363).

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    Hedwi; TROCH, Lieve; BONS-STORM, Riet (or.). Feminist Perspective in PastoralTheology. Leuven: Peeters, 1998, 99-109

    TROCH, Lieve. A feminist dream. Toward a multicultural, multireliious feministliberation theoloy. In:Journal of Feminist Studies in Religion2,18. Williston:Society of Biblical Literature, 2002, 115-121

    TROCH, Lieve. imaem de Deus. Teoloia na articulao dos direitos da mu-lher. In: Concilium,298. Petrpolis: Vozes, 2002, 105-114

    TROCH, Lieve. Passos com paixo. Uma teologia do dia-a-dia. So Bernardo doCampo: Nhanduti, 2007, 95p

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    Resistncia, paixoe sabedoria impertinente1**

    Maria Jos Rosado*

    Querida Lieve,

    depois daquelas primeiras vezes em que nos encontra-mos, h 10 anos, quando o portuus ainda era uma lnua difcil paravoc e tnhamos que nos comunicar em inls, foram menos do que dese-jaramos as oportunidades de nos sentar e tranqilamente discutir e con-

    frontar nossas maneiras de entender o que seja uma viso feminista davida, incluindo a nosso osto pela elaborao e partilha crtica do conhe-cimento sobre a vida mesma. Uma pena! E a, como no quero lamentarisso no futuro

    Devia ter amado mais Ter chorado mais Ter visto o sol nascer Devia ter arriscado mais E at errado mais Ter feito o que eu queria fazer...

    (Epito, Tits)

    resolvi tornar este texto uma parte desse diloo com voc.

    * MARIA JOS ROSADO sociloa, doutora pela cole des Hautes tudes en SciencesSociales, Paris (1991). Trabalhou em CEBs nas reies mais pobres do Brasil. Fundou ecoordena a ONg Catlicas pelo Direito de Decidir. professora da PUC de So Paulo,pesquisadora do CNPq e membro dos Conselhos do NEMgE/USP e da Revista EstudosFeministas, entre outros. Foi professora convidada na Harvard University, EUA (2003). Em2005 foi indicada pela Associao Mil Mulheres pela Paz para o prmio Nobel da Paz.

    ** Palavras-chave: Reliio Violncia Resistncia Teoloia Feminista.1 Dedico este texto a Lieve, muito especialmente e com enorme carinho. Mas tambm s

    teloas brasileiras, em particular s teloas catlicas, com quem tive contatos prxi-mos e ocasio de partilhas, e das quais hoje me sinto distante.

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    Catarina, italiana, de Sena, tambm declarada santa, durante os anosde crise do ponticado em curso, atuou junto ao Papa e aos Bispos, ad-moestando-os a buscarem a paz na Ireja. No Brasil, entre tantas outras,

    recordo Isabel, a do Fanado, em Minas gerais, que no sculo 18 consti-tuiu a casa de orao do Vale das Lrimas, sem pedir licena ao Bispo.Advertida por ele, respondeu-lhe, em carta de prprio punho, que noconsiderava necessria qualquer licena para viver em jejum e oraessua dedicao ao Evanelho, junto com suas companheiras (Azzi / Rezen-de, 24-60).

    A lista seria lona se a quisssemos inteira. Interminvel, se a elaacrescentssemos as incontveis annimas leias e freiras que susten-tam cotidianamente, com seu incansvel trabalho, essa Ireja que no as

    reconhece. Como a vida dessas mulheres, Lieve, a Teoloia que brota deseus textos oferece a possibilidade de que a f reliiosa seja um espao derealizao criativa da prpria vida e de transformao da sociedade emum luar bom pra se viver, com dinidade, justia e liberdade.

    Suas proposies tericas e metodolicas radicais, distantes da orto-doxia do discurso teolico tradicional, romano ou da Teoloia da Liber-tao, rompem paradimas estabelecidos e se abrem esperana. Lem-bram-me Donna Haraway, quando desentranha as esperanas enraizadas

    na elaborao cientca:As cincias naturais, sociais e humanas sempre estiveram implicadas emesperanas como essas. De que esperanas ela fala? [...] Precisamos deuma rede de conexes para a Terra, includa a capacidade parcial detraduzir conhecimentos entre comunidades muito diferentes e dife-renciadas em termos de poder. Precisamos do poder das teorias crticasmodernas sobre como signicados e corpos so construdos, no paranegar signicados e corpos, mas para viver em signicados e corpos quetenham a possibilidade de um futuro.(Azzi / Rezende, 24-60)

    H aluns anos, um livro de Socioloia da Reliio trazia como ttulo ainterroao: Um Futuro para a Religio? (Swatos, 1993). Talvez a peruntaa que voc responde, sem t-la colocado, Lieve, seja a de que h um futuropara a reliio. Talvez haja uma resposta para a perplexidade incmoda eparadoxal de ser feminista e partilhar uma f reliiosa. Em sua elaboraoteolica sopram ventos de liberdade e uma enorme fora de criao, essaresistncia impertinente dos saberes apaixonados. Obriada!

    Bibliografia

    ALI, Ayaan Hirsi. Inel: A histria da mulher que desaou o Isl. So Paulo: Cia.das Letras, 2007, 504p

    AQUINO, Mara Pilar; ROSADO-NUNES, Maria Jos (or.). Teologa Feminista

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    Intercultural. Exploraciones latinas para um mundo justo. Mxico: Ediciones Dabar,2008, 365p

    AQUINO, Mara Pilar. Feminist Intercultural Theology. Latina Explorations for a justworld. Markynoll: Orbis Books, 2007

    AZZI, Riolando; RESENDE, Maria Valria V. A vida reliiosa feminina no Brasil co-lonial. In: AZZI, Riolando (or.).A vida religiosa no Brasil: enfoques histricos.So Paulo: CEHILA/ Paulinas, 1983, 24-60

    gAARDER, Jostein. Vita Brevis: La carta de Floria Emilia a Aurelio Augustn. Madri:Ediciones Siruela, 1997, 130p

    HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questo da cincia para o feminismo eo privilio da perspectiva parcial. In: Cadernos Pagu, 5. Campinas: Ncleo deEstudos de gnero Pau / Unicamp,1995, 7-41

    JUANA INS DE LA CRUZ, Sor. Obras completas, I: Lrica Personal. Edicion Prolo-go y Notas de Alfonso Mendez Plancarte. Mxico: Fondo de Cultura Econmi-ca, 1988, 626p (Serie de Literatura Colonial)

    JUANA INS DE LA CRUZ, Sor. Obras completas, IV: Comedias, sainetes y prosa.Edicion Prlogo y Notas de Alberto G. Salceda.Mxico: Instituto Mexiquensede Cultura, 1994, 715p (Serie de Literatura Colonial)

    LLOSA, Mario Varas. Uma mulher contra o mundo. In: O Estado de So Paulo,10/02/2008. So Paulo: O Estado, Caderno de Cultura, 11

    PAZ, Octavio. Sor Juana Ins de La Cruz o las trampas de la fe. Barcelona: EditorialSeix Barral, 1982, 656p

    SWATOS, William H. A future for religion? New paradigms for social analysis.Newbury: Sae, 1993, 210p

    TROCH, Lieve (or). Passos com paixo. Uma teologia do dia-a-dia. So Bernardodo Campo: Nhanduti Editora, 2007, 95p

    VALERIO, Adriana. La questione femminile nei secoli X-XII. Una rilettura storica dialcune esperienze in campnia. Napoli: M. DAuria Aditore, 1983, 94p

    VARgAS VALENTE, Virinia. Prloo. In: AQUINO, Maria Pilar; ROSADO-NU-NES, Maria Jos (or.). Teologa Feminista Intercultural: exploraciones latinas

    para un mundo justo. Mxico: Ediciones Dabar, 2008, 7-12

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    Profetisas: onde esto elas?Um exerccio de releitura bblica

    com suspeita **

    Lucia Weiler *

    Introduo

    A escolha do ttulo desta reexo motivada pela prpria pessoa quequero e queremos homenaear. Lieve Troch, mulher profetisa do e no nos-so tempo. Onde est ela? No Sri Lanka, em Mnster, em So Paulo, naBahia, em Porto Alere, em Curitiba, na Indonsia, na Holanda. Nos co-raes, nas memrias e nas aendas de muitas e muitos. Escrever alo emsua homenaem ordem do corao. No posso deixar de faz-lo. Mas a

    ordem afetiva uma. Na prtica, porm, escrever em homenaem a estamulher profetisa desao. Vou assumi-lo com aquela conscincia quedela aprendi. Quando um texto est pronto para ser editado que ele de-veria ser novamente desconstrudo e reconstrudo. Deixo essa tarefa paraela prpria e para todas e todos os que tiverem a curiosidade e o interessede ler esta breve reexo.

    Voltando ao ttulo, a perunta j de incio nos confronta com um desa-o: a busca de relaes iualitrias, num discipulado de iuais, no tofcil no mbito teolico-bblico. Temos muitas reexes sobre a profeciana perspectiva bblica. O que constatamosque a maioria delas traz umaperspectiva apenas masculina. E no poderia ser diferente, porque os profe-tas que a Bblia ressalta so em sua maioria, e por que no dizer em sua to-talidade, homens. Da porque o que seue s pode ser compreendido den-tro de um exerccio de releitura bblica com a hermenutica da suspeita.

    E, entrando por essa aventura criativa e inventiva,reconhecemos quetodo escrito passa por um processo de escolha de palavras, de conceitos,

    * LUCIA WEILER doutora em Teoloia Bblica pela PUC-RJ e membro da Conrea-

    o das Irms da Divina Providncia que est sendo assessorada desde 1999 por LieveTroch. Nesse espao assumiu vrias assessorias conjuntas com Lieve Troch. professorade Sarada Escritura e Teoloia Feminista na ESTEF Porto Alere/RS. Intera o ConselhoNacional do CEBI, prestando o servio de intercmbio com pases de idioma alemo.Intera a Equipe Teolica da CLAR desde 2003.

    ** Palavras-chave: Movimento proftico Mulheres Profetisas Hermenutica da Suspeita Dana da Libertao e da Transformao Reino de Deus.

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    Desde a, todo o povo de Deus chamado para cumprir um desejomuito antio, que o livro dos Nmeros j colocava na boca de Moiss:Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor lhe

    concedesse o Esprito (Nm 11,29b).In-con-cluso

    E para no concluir voltamos perunta inicial. Mulheres profetisas:onde esto? A espiritualidade feminista proftica articulada com a prticacotidiana faz-nos reconhecer sua presena a servio da vida e da reconsti-tuio da vida, principalmente l onde ela se encontra ameaada.

    As mulheres que se sobressaram em Israel, na histria do Povo de

    Deus e na Palestina, no Movimento de Jesus, encarnaram em suas vidaso desejo de viver a eneria de todo o povo, o seu passado e as razes desua esperana. Seu profetismo na prtica cotidiana foi uma espiritualidadeencarnada, um ministrio de vida. Onde havia morte e esterilidade, mos-travam os atalhos e as brechas por onde se reencontram a fora e a co-raem de viver. Por isso, nos quatro Evanelhos, ns as encontramos comotestemunhadas e anunciadoras da Vida Nova que brota da Ressurreio.

    Acreditamos que hoje essa mesma espiritualidade renasce como foosob as cinzas, de forma surpreendente em nossos meios populares e emnossos espaos teolicos,muitas vezes liderados por mulheres profetisas,numa luta incansvel, permeada de f a servio da vida que necessita doar novo do Esprito da Sabedoria para sinalizar a realidade do Reino deDeus acontecendo j aqui e aora entre ns.

    Lieve, profetisa sbia e amia, com quem muito aprendi e aprendo,obriada!

    Bibliografia

    BBLIA Traduo Ecumnica. So Paulo: Loyola, 1994, 2480p

    gALEANO, Eduardo. Mulheres. Porto Alere: L&PM POCKET, 1995

    MESTERS, Carlos. O profeta Elias: Inspirao para hoje. In: Revista Eclesistica Bra-sileira, 30. Petrpolis: Vozes, 1970, 1

    MESTERS, Carlos. A experincia de Deus nos patriarcas, nos profetas, nos sbiose no Evanelista S. Joo. In: FREI BETO etc. (or.) Experimentar Deus hoje.Petrpolis: Vozes, 1974

    SCHNEIDER, gerhard; BALZ, Horst (or.). Exegetisches Wrterbuch zum NT. Stutt-art etc.: Kohlhammer, 1983

    SCHSSLER FIORENZA, Elisabeth. Los Caminos de la Sabidura:Una introduccina la interpretacin feminista de la Biblia.Santander: Sal Terrae, 2004 (traduobrasileira em preparao pela Nhanduti Editora)

    WEILER, Lucia. RISP simplesmente RISP. In: Estudos Teolgicos, 46,1. So Leo-poldo:EST, 2006

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    Corpos marcados por fronteirastransgredidas**

    Jung Mo Sung*

    Na apresentao do livro Passos com paixo, oranizado por LieveTroch, Ivone gebara diz que esse um livro incomum em teoloia noporque foi escrito por trs mulheres, mas porque no reproduz o modoclssico de fazer teoloia e tambm no apresenta uma denio de Deus

    nem mesmo uma pr-denio (Troch, 7). uma teoloia que no se cen-tra nos conceitos teolicos tradicionais (Deus, Ireja etc.), mas reete teo-loicamente sobre as experincias do cotidiano. gebara chea a armar:

    No h outra base de revelao do humano para o humano a no ser asexperincias mltiplas de bem e de mal, de criatividade e de monotonia,de horror e medo, de esperana e solidariedade que fazemos para nsmesmos.(Idem, 8)

    Neste pequeno artio em homenaem professora Lieve Troch, eu

    quero seuir esse caminho. As reexes que vou apresentar no so teo-licas no sentido estrito ou clssico, mas reexes humanas a partir daminha experincia de fronteira entre dois mundos diferentes. Fronteirase transresses de fronteiras que, como diz Troch, representa um desa-o para as diversas teoloias feministas [e tambm para outras teoloias,

    JMS] orientadas por contexto (Troch, 44). uma reexo sobre a minhamemria1 a minha experincia uardada, revisitada e reelaborada de

    * JUNg MO SUNg professor no Prorama de Ps-graduao em Cincias da Reliioda Universidade Metodista de So Paulo. autor de inmeros artios e livros, entre eles:Cristianismo de libertao: espiritualidade e luta social; Sementes de esperana: a fem um mundo em crisee Sujeito e sociedades complexas: para repensar os horizontesutpicos.

    ** Palavras-chave: Memria Imirao Fronteira Reconstruo da Identidade.1 Essa memria foi apresentada no Seminrio Imirao Coreana, Psicoloia e Cultura,

    ocorrido no dia 07/06/2003, na Universidade de So Paulo (texto indito).

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    Ouvir vozes lembrar a resistncia**

    Maria Sandra dos Santos*

    Mo Ki gbogbo in! Eu sado a todas e todos!

    Mulheres de todos os jeitos, trejeitos. Mulheres faceiras,feiticeiras mexendo a gamela da vida.Mulheres que cantam, que encantam. Mulheres que danamna ciranda da vida. Feitio se fez, tornou-se partido

    alto a lngua da sabedoria. Vozes de mulheres sofridasSacerdotisas transgressoras em nome da justia.

    Introduo

    Dentre as muitas coisas que nos desaam na elaborao de um artio,uma delas contar como cheamos escolha do tema, por que privile-iamos tal assunto, quais os motivos, ao lado de tantos outros questio-namentos e paixes que acompanham a nossa vida, frutos de vivncias,uardadas ao lono do tempo e expressas em nossas respostas, dvidas,incertezas, certezas e decises. Este artio, portanto, faz parte de tudo isso,alm de uma profunda inquietao em documentar a histria das mulhe-res neras comprometidas com o cotidiano reliioso da reliio afro-bra-sileira, o candombl.

    Foi com rande prazer que aceitei o desao de em poucas palavrasfazer memria subversiva de tantas mulheres que marcaram poca, as fa-

    teiras, as quituteiras, as anhadeiras, as famosas mulheres do partido alto,* MARIA SANDRA DOS SANTOS nasceu em Salvador - Bahia em 1962. Omo Oris do

    Il As Iy Nass Ok, historiadora pela Universidade Catlica do Salvador (UCSAL) eMestra em Cincias da Reliio pela Universidade Metodista de So Paulo (UMESP), edocente do Instituto de Educao Teolica da Bahia (ITEBA).

    ** Palavras-chave: Mulheres Resistncia Irmandades Reliio Conhecimento.

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    espiritualidade dos orixs. Petrpolis: Vozes, 1996, 7-12

    SERRA, Ordep. rvores, casas e pedras se multiplicam. In: Tempo e presena,21. Rio de Janeiro: Koinonia, 1999, 12-14

    SERRA, Ordep. Tribo de Iuais. In: Correio da Bahia,14/01/2001, 1-3SILVEIRA, Renato da.Jej-na, Ioruba-Tap, Aon Efan, Ijex. Processo deconsti-

    tuio do Candombl da Barroquinha, 1764-1851. In: Revista Cultura Vozes,6. Petrpolis: Vozes, 2000, 80-100

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    Raab, mulher zonah,mulher de fronteira**

    Mercedes de Budalls Diez*

    Minha vida foi marcada pela presena de muitas mulheres de fron-

    teira. Minha me, mulher inteliente, forte e decidida. Viva aos 30 anos,

    educou os seus quatro lhos no diloo e na fronteira da liberdade na-queles tempos de ditadura militar depois da uerra civil espanhola. Emmomentos de tomar decises, um dos seus conselhos, ainda ressoa emmim: Voc j tem o no, v procurar o sim. Este dito me ajudou emmuitas situaes importantes da minha vida e ajuda at hoje, quando,por exemplo, quero desistir de escrever este artio por falta de tempo, portrabalho acumulado.

    Sempre encontrei, no meu viver, muitas mulheres de fronteira-passa-

    em. Amias com quem partilhei as descobertas da juventude, o enaja-mento na luta por um mundo melhor, e que ainda so amias. E, de formamuito sinicativa, as mulheres do interior do Brasil com quem compar-tilhei vivncias e paixes durante mais de 20 anos, j que foram elas quemudaram minha forma de olhar e entender a vida.

    Depois, conheci a Lieve em um momento importante do meu cami-nho. Eu saa de uma misso na Amaznia e voltava para a universidade

    * MERCEDES DE BUDALLS DIEZ nasceu em girona (Espanha) em 1944. Estudou Cin-

    cias Biolicas em Madri e Teoloia em Sevilha. Trabalhou como missionria na Amaz-nia onde aprendeu a ler a Bblia para a vida com o povo pobre. Assim, optou por fazeruma especializao Bblica em Jerusalm. Voltou ao Brasil, onde mora. Fez Mestradoem Cincias da Reliio em So Paulo e hoje professora de Antio Testamento emgoinia. assessora nacional no Centro de Estudos Bblicos. Publica artios na rea dehermenutica feminista e subsdios populares.

    ** Palavras-chave: Mulher Prostituta Autnoma Fronteira Passaem.

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    Pinas 82-89 indisponveis na verso diital

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    Budismo releitura dos textossob a tica da incluso**

    Monja Coen*

    H mais de vinte e cinco anos, um incidente, durante uma palestrana Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, deu oriem a umasrie de estudos e pesquisas sobre as vrias formas de discriminaes e

    preconceitos no Japo, e sobre as relaes dessas excluses com as reli-ies. Todos os rupos reliiosos, a partir desse incidente, desenvolveramestudos especializados e abriram departamentos de Direitos Humanos nasdiversas ordens reliiosas.

    A tradio a que perteno, Soto Shu, em decorrncia desses aconte-cimentos, atualmente baseia seus ensinamentos no seuinte crculo inter-dependente:

    Direitos Humanos, Paz e Meio Ambiente.

    Para que haja paz, necessrio que sejam respeitados os direitos hu-manos e preservado o meio ambiente. Preservar o meio ambiente con-tribuir para a construo de uma cultura de paz, respeito vida e diver-sidade. Respeitar os direitos humanos inclui a interao com a naturezae o cultivo da paz.

    * MONJA COEN Monja Zen Budista, missionria ocial da tradio Soto Shu. Teve

    sua formao no Mosteiro Feminino de Naia, no Japo, onde residiu por doze anos.Voltou ao Brasil em 1995, onde trabalhou no templo Busshinji, sede da Amrica do Sule iniciou sua participao no Diloo Interreliioso na cidade de So Paulo. Em 2001abriu um novo rupo de estudos, que recebeu o nome de Comunidade Zen BudistaZendo Brasil, e hoje a responsvel pelo Templo Tenzui Zenji, em So Paulo.

    ** Palavras-chave: Budismo no Japo Releitura de textos sarados Direitos Humanos No-discriminao Mulheres no Budismo.

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    Pinas 92-101 indisponveis na verso diital

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    Da raiva resistncia**

    Arianne van Andel*

    A resistncia o seredo da aleria. Esta frase, que Lieve Troch usoucomo ttulo da sua tese de doutorado, sempre me tem convidado ree-xo.1Em sua tese, Troch promove o valor da resistncia como um processo

    libertador: A resistncia no um caminho para a libertao, mas ummovimento espiral que nos conduz a um espao livre e novo com novasrelaes e formao de comunidade, no sentido teolico, uma rupturaem direo ao Reino (Troch, 4.5).2Ela pesquisa como a teoloia feministano Ocidente pode contribuir para processos de resistncia de mulheres deoutros continentes, sem cair numa posio idealista harmonizadora queperde de vista as mltiplas formas de dominao e as diferenas nas situ-aes de poder e de sofrimento entre as mulheres em contextos diferentes

    do mundo. Troch inspirada pela viso de que a fora da resistncia podeaproximar um mundo onde acabe o sofrimento de tantos homens e mu-lheres e onde haja justia, consolo e aleria.

    A partir da minha prpria experincia em movimentos sociais, nosPases Baixos e no Chile, percebo que h muita repercusso do ttulo da

    * ARIANNE VAN ANDEL (1975) teloa holandesa de tradio protestante, mestra emteoloia sistemtica e teoloia feminista. Desde 2005 trabalha, com apoio de CMC (Pa-ses Baixos), como pesquisadora no Centro Ecumnico Diego de Medelln, em Santiao,

    Chile. Colabora tambm com a equipe pedaica Tremonhue(antio Capacitar Chile),em capacitao e terapias complementares de autocuidado e de combate ao estresse.** Palavras-chave: Resistncia Raiva Transformao Hermenutica da Raiva. Traduo do espanhol - Leszek Lech.1 Troch tomou o ttulo do livro: WALKER, Alice. Possessing the Secret of Joy. Nova Iorque,

    1992.

    2 Traduo do oriinal holands conforme a traduo espanhola da autora.

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    Pinas 104-113 indisponveis na verso diital

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    themas in een feministische discussie. Zoetermeer: Boekencentrum, 1996,284

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    Interculturalidade e TeologiaInterrogaes latino-americanas **

    Diego Irarrazaval *

    Em um contexto lobalizado, muitas pessoas reivindicam a culturaprpria. Este direito identidade e ao projeto de vida implica em interaircom realidades distintas da prpria e, desse modo, em sentir e air inter-culturalmente. Isso afeta o trabalho cientco e a reexo da f.

    Infelizmente, isso eralmente abordado com inenuidade. Realiza-se uma leitura crente das culturas como se estas fossem setores da realida-de (com um padro estrutural). Outra maneira compreender as culturascomo se estas fossem essncias e dialoar teoloicamente com elas (es-sencialismo). Outra atitude reduzir o cultural s subjetividades de pesso-

    as e de rupos. Estas trs aproximaes (estrutural, essencialista, intimista)no permitem o entendimento de processos e interseces.

    Por isso, vlido reprojetar a abordaem teolica no que se refereao cultural, visto que ela interativa. vlido prestar ateno a processoslobais e locais entre culturas; o trabalho cientco retoma a complexida

    * DIEgO IRARRAZAVAL chileno, professor de teoloia, assessor de cursos de lideranasde base e prossionais. Foi presidente da Associao Ecumnica de Teloos e Teloas

    do Terceiro Mundo (ASETT/EATWOT). autor de vrios livros e inmeros artios. Doisde seus livros podem ser encontrados em portuus: Um Jesus jovial e De baixo e dedentro.

    ** Palavras-chave: Povos Indenas e Mestios Metodoloia Intercultural CristoloiaPolicntrica Culturas.Traduo do espanhol - Fernando Cndido da Silva.

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    Podemos dizer que o Verbo de Deus encarnado se manifesta na polifo-nia humana atravs da humanidade pobre. Podemos adicionar os sinais doPneuma de Deus que suscita carismas renovados: o di(pol)loo enuno,

    a cura interal, a profecia dentro e para alm das reliies, a lideranaservial e as redes solidrias que permitem reformular ministrios.A transformao intercultural e inter-reliiosa da cristoloia e da pneu-

    matoloia certamente merece bons debates. Oxal se abra a porta, no auma Ilustrao rejuvenescida, mas ao projeto de partilhar o dom de Viverentre seres humanos diferentes. A esse respeito, desejvel que as elucu-braes teolicas possam ser sensveis ao Mistrio e que dem as costas pretenso de denir manifestaes de Deus.

    Muitas pessoas no mundo aderem polifonia da f. Para isso re-

    querida uma prxis intercultural e inter-reliiosa. Assim, a humanidadecontinuar reconhecendo o presente do amor divino, do qual nem umacultura nem uma reliio podem se apropriar. Ao dialoar entre formas def (e com formas de no-crena) possvel aproximar-se, em silncio, aoincondicional dom de Viver.

    Bibliografia

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    SUSIN, Luiz Carlos (or.). Teologia para outro mundo possvel. So Paulo: Pauli-nas, 2006, 485p

    TAMAYO, Juan Jos; BOSCH, Juan (or.). Panorama de la Teologa Latinoamerica-na. Estella: Verbo Divino, 2001, 683p

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    Espiritualidade da militncia pluralista**

    Jos Mara Vigil*

    Lieve Troch tem sido e continua sendo, com uma energia incrvel,uma mulher lutadora, verdadeiramente militante, no campo dopluralismo cultural e religioso... Neste texto, o autor tem a inten-o de colocar palavras experincia espiritual dos que se sentemmovidos e comovidos por esta paixo pluralista militante.

    Pluralismo, sinal dos tempos

    A experincia ao mesmo tempo feliz e conitiva do pluralismo um dos sinais dos tempos mais marcantes e atuais. A melhora dosmeios de transporte, de comunicaes e telecomunicaes fez com que associedades humanas tenham multiplicado os seus contactos exponencial-mente. A comunicao, o conhecimento mtuo e a experincia da alteri-dade caracterizam, como nunca antes, as sociedades atuais. Semelhante

    ampliao quantitativa do conhecimento sempre causa a reestruturaoqualitativa deste mesmo conhecimento a partir de novas perspectivas,com novos horizontes, sob novos paradimas, assumidos com novas va-loraes. No somente se adicionam novos dados de conhecimento, mastambm so oranizados de outra maneira e adquirem um sinicado euma valorao diferentes.

    A experincia nova que, nos ltimos tempos, a Humanidade est fa

    * JOS MARA VIgIL espanhol de oriem, naturalizado nicaraense e atualmente viveno Panam. padre claretiano e teloo da libertao. Com Pedro Casaldlia edi-tor da Aenda Latino-americana Mundial. J foi responsvel pela Comisso TeolicaLatino-americana e pela World Theological Commissionda Associao de Teloos doTerceiro Mundo, alm de ter publicado diversos livros e artios.

    ** Palavras-chave: Espiritualidade Militncia Pluralista Transformao. Traduo do espanhol - Antnio Carlos de gis Cajueiro.

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    A Igreja que aprendeou

    O que o mundo ensina Igreja**

    Tissa Balasuriya*

    Introduo

    Estou muito feliz de unir-me s felicitaes Prof. Lieve Troch da Ho-landa em seu 60 aniversrio. H mais de duas dcadas ela tem contribu-

    do no desenvolvimento teolico na sia, principalmente no Sri Lanka,etempromovido novas perspectivas para a teoloia feminista. Dessa forma,ela tem ajudado muitas pessoas a encontrarem satisfao tambm em suasvidas particulares. Ela tem proporcionado uma interao entre pessoas daEuropa, da Amrica Latina, da sia e da frica. Suas ctedras de profes-sora no Brasil e em Nijmeen (Pases Baixos) tm sido muito importantespara reunir pesquisadores e estudantes de teoloia destes continentes. Suaabordaem cordial, estudiosa e desaadora para os que procuram irmais lone em suas buscas. Ela est na vanuarda da teoloia feministae tambm est aberta para o diloo interreliioso, meditao e ao emconjunto para o bem comum.

    * TISSA BALASURIYA teloo da libertao asitico, natural do Sri Lanka, onde vivecomo padre da Conreao Oblatos de Maria Imaculada (OMI). especialista emeconomia poltica e aricultura. Juntamente com gustavo gutierrez fundou nos anos60 a EATWOT (Ecumenical Association of Third World Theologians= ASETT, Associa-o Ecumnica de Teloos do Terceiro Mundo). Foi reitor da Universidade Aquinas emColombo (Sri Lanka), por muitos anos. Em 1971 fundou a ONg Center for Society andReligion(Centro para Sociedade e Reliio), onde area colaboradores/as de diferentesreliies que so atuantes nas questes sociais, polticas econmicas e reliiosas dopas. autor de diversos livros e artios que abordam questes teolicas, da reliio,das decises polticas, econmicas e sociais.

    ** Palavras-chave:Ireja Histria do Cristianismo Democracia. Traduo do inls - Leszek Lech.

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    Uma Cristologia da Libertaodo Pluralismo Religioso **

    Aloysius Pieris*

    Introduo

    Fidelidade e fidedignidade na sociedade inter-confessional

    Uma teoloia do pluralismo reliioso crist tem que ser uma misturade dois imperativos: delidadeao que o nico na f crist, e dedigni-

    dadepara com toda outreidade reliiosa distintiva. Mas a tradia queat os teloos asiticos que promovem este ideal no so unnimes sobreo que constitui a unicidade crist e sobre o que, muitas vezes, tambma propriedade no neocivel de cada outra reliio! no contexto destedesacordo fundamental que estou escrevendo este artio que, conseqen-temente, assume um carter apolotico. Dessa forma, aluns outros pon-tos de vista, que no esto em consonncia com o meu, formaram o panode fundo desta breve apresentao, enquanto eu me esforo para esclare-

    cer e conrmar a cristoloia da libertao das reliies que propus aosteloos asiticos ao lono da ltima dcada (Pieris 1999, 2000, 2006). Oo arumentativo que atravessa a nossa tese o seuinte:

    (a) O que comuma todas as reliies (mostrado abaixo em c) umabsoluto soteriolgico (isto , uma condio universalmente necessriapara a salvao) e tudo que for nico para uma reliio a caractersti-

    * ALOYSIUS PIERIS SJ fundador e diretor do Tulana Research Centre for Encounter andDialogue em Kelaniya, Sri Lanka, um centro de pesquisa, encontro e diloo interre-

    liioso e intercultural. Pieris lecionou em muitas universidades do Ocidente e obtevedoutorados honoris causa. um teloo da libertao asitico e o primeiro cristo queobteve doutorado em Estudos Budistas na Universidade Budista do Sri Lanka. autorde diversos livros e artios.

    ** Palavras-chave: Cristoloia Cristoloia da Aliana Diloo Interreliioso Espiritu-alidade.

    Traduo do inls - Leszek Lech.

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    A crise de identidade e de unidade.Rumo a uma tica ecumnica**

    Jude Lal Fernando*

    Introduo

    Na introduo ao The Ecumenical Movement: An Anthology of KeyTexts and Voices (O Movimento Ecumnico: uma antoloia de textos-cha-

    ve e vozes), os oranizadores Michael Kinnamon e Brian E. Cope descre-vem trs etapas no desenvolvimento do movimento ecumnico, indicandotemas centrais de cada perodo, como uma resposta s circunstncias his-tricas da poca. As etapas so as seuintes:

    1. A redescoberta da Ireja, de toda a ireja, como um componenteessencial do Evanelho;

    2. A redescoberta da Ireja como no mundo e para o mundo;3. A redescoberta, por meio da criao, das relaes da Ireja com a

    obra de criao e de redeno de Deus (Kinnamon / Cope, 3-4).Apesar de ter comeado com a preocupao de superar as divises

    * JUDE LAL FERNANDO nasceu num vilarejo de pescadores no Sri Lanka. Seu mestradoem teoloia foi publicado em 2007 sob o ttuloA Paradigm for a Peace Movement: ThichNhat Hanh and Martin Luther King Jr.(Um paradima para um movimento de paz: ThichNhat Hanh and Martin Luther Kin Jr.). Fernando enajou-se em vrias entidades queprocuram estabelecer o diloo e contatos entre cinaleses e tmeis, e defende umaposio crtica ao papel do reavivamento budista na emancipao da sociedade srilan-

    quesa, j que falhou no reconhecimento poltico dos direitos das comunidades tmeis.Acaba de obter seu PhD em Estudos de Paz pela Irish School of Ecumenics, Trinity Col-lege,em Dublin.

    ** Palavras-chave: tica Ecumnica Ecumenismo Hermenutica Solidariedade. Este artio foi apresentado pelo autor durante o VI Encontro sobre Teoloia Sistemtica,

    Believing in Community: Ecumenical Reections on the Church(7-10/11/2007), na Uni-versidade de Lovnia (Blica), e aora dedicado a Lieve Troch.

    Traduo do inls - Leszek Lech.

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    bres, as mulheres, as diferentes oriens tnicas, tribais e rupos de casta,entre as vidas que foram feitas framentrias e episdicas e no eco-sistemaque est ameaado que a memria do eterno Outro que est existindo

    em todos e em cada um de ns que poderia promover o processo dediloo. A Ireja descobre-se no rosto do outro dentro das Irejas, entre asIrejas e no mundo em eral. O outro foi a vtima da interpretao ideol-ica mesquinha da doutrina da f. De fato, so as vozes dessas vtimas queevocam a responsabilidade moral da Ireja. Como Tracy arma: Suas vo-zes podem soar estridentes e incivis numa palavra, outras... Mas somenteao comear a ouvir essas outras vozes, podemos comear tambm a ouvira outreidade dentro do nosso prprio discurso e dentro de ns mesmos(Tracy 1987, 79). Aloysius Pieris nota o mesmo num contexto diferente:

    Somente os oprimidos conhecem e falam a lnua da libertao, a lnuado esprito, a lnua da reliio verdadeira (Pieris 2002, 129).

    Isso leva a dizer que a unidade possvel somente quando a Irejaassume a responsabilidade moral pela vtima. Aqui, o princpio da unida-de a unidade com aqueles que so diferentes, esquecidos, reprimidos: precisa a solidariedade concreta e o compromisso com situaes concre-tas da vida, tanto local como lobalmente. Hoje, o movimento ecumnicoter alum sinicado s medida que entra no processo de identicao

    com o outro vitimado.A concluso adequada para tudo isso uma rearmao da teologiacrucis(Moltmann) no estilo de Moltmann, que lida tanto com relevnciacomo com identidade. a memria de Deus no outro vitimado que motivacristos a se envolverem e a fazerem um compromisso com o outro, co-nhecendo a realidade da cruz a dor e o conito; a f no mesmo Deus,que, embora no possa nos salvar da dor, pode responder a um compro-misso desinteressado no Cristo Ressuscitado, que torna os cristos capazesde redescobrir a unicidade da f.

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    Viver em meio morte:uma releitura de transcritos escondidos

    de mulheres asiticas**

    Gemma Tulud Cruz*

    Desembrulhando os transcritos escondidos de mulheres asiticas

    A sia um continente vasto e diversicado que cheou a encarnar atradio e a mudana, o antio e o novo, em face aos padres lobais deinterao. Um dos rupos atinidos por essa dinmica paradoxal so asmulheres. Na sia, a pobreza e a discriminao sempre tiveram um rostode mulher. Enquanto a lobalizao trouxe mudanas positivas em eral,para as mulheres asiticas, o aumento da competio econmica, que sesoma aos seus mltiplos papis na produo, reproduo e administraocomunitria, sinica que elas tm que lidar com o modo lobal de viver,trabalhando mais, arriscando mais e sofrendo mais. Ora, como mulheresasiticas resistem a essa opresso? Este artio dedica-se a essa perunta,ao vericar os modos pelos quais mulheres asiticas se neam a capitulardiante da opresso que esto sofrendo. Mais especicamente discute cer-tas estratias que, primeira vista, poderiam parecer como neativas oucomo fraquezas, mas que na verdade so poderosas.

    James Scott chama essas estratias de transcritos escondidos. Comessa expresso, ele se refere a uma poltica de disfarce e anonimato, prati-cada em rupos subordinados, que em parte aliviadora, ambua e codi-

    cada. Ele arma que esses transcritos so freqentemente expressados* Dr. phil. gEMMA TULUD CRUZ professora assistente de Teoloia na Saint Ambrose

    Universityem Davenport, Iowa, EUA. Na ocasio da redao deste artio, foi tambmprofessora assistente visitante na DePaul Universityem Chicao, Illinois, EUA.

    ** Palavras-chave: sia Mulheres Resistncia Libertao. Traduo do inls - Monika Ottermann.

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    culturais aparentemente freis. E o mais importante : uma teoloia queleva isso a srio concede com toda justia um luar muito merecido spessoas teoloicamente oprimidas, s e aos teloas/as do cotidiano, s

    pessoas nas trincheiras que esto lutando para viver vidas reais em meios inconruncias e injustias.Realmente, h voz no silncio, h ira no humor e no riso, h resistn-

    cia nas histrias, nas canes e na dana. O silncio fala, o humor e o risodesestabilizam, e canes, histrias e dana narram, lamentam e celebramas vitrias e as tradias da vida. So maneiras de questionar, de encontrare de insistir no sarado presente nas nossas experincias de vida. Esquecerde inclu-las como ter uma estiaem teolica. Ne-las arroncia, eridiculariz-las inorncia.

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