Madeleine Vionnet

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CEET VASCO COUTINHO | MODELAGEM DO VESTUÁRIO 20/4/2012 ESTUDO DA MODA MADELEINE VIONNET Alunas: Idália Tiago Santos Chagas Isabela Tamires Nascimento Castro Joelça Cordeiro Silva Laudicéia Diaz Erlacher Gonçalvez

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estudo da moda

Madeleine Vionnet

Alunas:

Idália Tiago Santos Chagas

Isabela Tamires Nascimento Castro

Joelça Cordeiro Silva

Laudicéia Diaz Erlacher Gonçalvez

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Madeleine Vionnet (1876-1975) Ficha técnica:

*Glamour de Hollywood: vestidos de ombros desnudos, que abraçam o corpo como se fosse seda líquida.* Inventora do corte em viés e dos drapeados* Trabalhou modelando seus desenhos numa boneca de madeira em vez que desenhá-los* Seda, mousselina, cetim e veludo.* Tons de branco, bordados rosa e nós estilizados (sustiam o tecido em pontos estratégicos para nao precisar de costura)* Bordados na direção dos fios.* Fechou a casa em 1939* Criou o Moulage (técnica de modelagem)* Fazia também modelagem plana.

A francesa Madeleine Vionnet é considerada uma das grandes estilistas de todos os tempos. Ela criava seus modelos em miniaturas de bonecas e só depois de alcançado o resultado passava para a escala humana. Aparentemente, suas roupas tinham linhas simples, mas por trás de seus modelos existiam grandes estudos de corte e drapeados. Considerada a rainha do corte enviesado, Vionnet encomendava seus tecidos com quase dois metros a mais para poder esculpir seus drapeados. De certa forma, a estilista redescobriu o corpo feminino, livrando as mulheres do espartilho e dando conforto e movimento através da forma e do corte de suas roupas. Sua trajetória na moda começou aos doze anos de idade, como aprendiz de costureira nos subúrbios de Paris. Depois, em 1897, foi trabalhar em Londres com Kate O’Reilly. Em 1901, retornou a Paris e foi contratada para a casa Callot Soeurs. Em 1907, ela ingressou na Doucet, onde permaneceu por cinco anos. Finalmente, em 1912, a francesa abriu sua própria maison. As atrizes Marlene Dietrich e Katherine Hepburn usavam suas roupas. Vionnet utilizava o crepe da china, a gabardina e o cetim para a confecção de seus modelos, tecidos que não eram comuns na moda dos anos 20 e 30. Após a Segunda Guerra Mundial, ela precisou fechar sua maison. Em 1988, a família Lummen reabriu a maison com a fabricação de acessórios Vionnet. Em 2006, apontada como uma nova criadora, a estilista Sophia Kokosalaki cria, depois de 67 anos, a coleção de primavera/verão 2007 para a marca. O estilo atemporal de Vionnet é influência até os dias de hoje, assim como sua contribuição técnica à alta-costura.

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A feminist before the term existed, Vionnet was known both for her liberal acts—such as offering her seamstress maternity leave or presenting models with bare legs—as well as for

her outstanding work. Uma feminista antes do termo existir, Vionnet era conhecida por seus atos de tal liberais como oferecendo-lhe a licença de maternidade costureira ou modelos que

se apresentam com as pernas nuas, bem como por seu trabalho excepcional

Madeleine Vionnet em Exposição em Paris

Uma das grandes mestras da costura e do corte tem sua carreira em merecida retrospectiva no Musée

des Arts Décoratifs de Paris. Conhecida como a inventora do corte em viés e famosa por seus drapeados,

Madeleine Vionnet é reverenciada como um dos grandes nomes da moda do século XX, e uma das

responsáveis pela revolução estética que libertou o corpo feminino.

De origem simples, Vionnet começou a costurar aos 12 anos após largar os estudos. Passou por grandes

maisons parisienses no começo do século passado, e foi com Jacques Doucet (que também empregou o

então jovem Paul Poiret) que Vionnet deu início a uma pequena revolução, proibindo o uso do espartilho e

encurtando as bainhas. Era 1906, e foram precisos mais 6 anos para que ela tivesse sua própria casa.

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Em estilo Art Déco, Vionnet abriu seus salões na Av Montaigne, em Paris, em 1912, e foi a partir então

que seu vocabulário estético se estabeleceu e se refinou. Modelava suas criações numa pequena boneca

de madeira articulada e fazia com que as costuras seguissem as linhas do corpo, eliminando-as ao

máximo. A maioria dos costureiros fazia justamente o contrário, e a mulher é quem deveria se adaptar às

curvas de suas roupas. Adotou o corte enviesado para vestidos, o que só era feito em golas de camisas.

O enviesado conferiu mais fluidez às modelagens, e conforto. Utilizava sedas, musselines, cetins e

veludos, e por causa de seus modelos seus fornecedores passaram a fabricar tecidos em larguras

especiais, maiores que o padrão, para que o corte pudesse ser feito sem contratempos. Os drapeados

também são características de seu repertório, e surgiram em suas peças graças à paixão pela Grécia

Antiga.

 

As contribuições de Vionnet, porém, vão muito além de sua sofisticação estética. Em sua Maison havia

atendimento médico e dentário para seus funcionários, que tinham pausas para descansos durante seus

turnos de trabalho. Vionnet implantou outros tantos benefícios antes mesmo de virarem leis trabalhistas.

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Em 1952 doou à Union Française des Arts Du Costume seus álbuns de direitos autorais, com registros de

sua obra. Para se precaver contra cópias, Vionnet fotografava seus modelos de frente, de lado e de

costas. A doação demonstra também a consciência em preservar seu trabalho e sua história. O material

hoje pertence ao Musée de La Mode et Du Textile, em Paris.

 A exposição, entitulada “Madeleine Vionnet, Puriste de La Mode”, reuniu mais de 100 vestidos por ordem

cronológica e ficou em cartaz até janeiro de 2010. 

MADELEINE VIONNET desenvolveu todos os seus modelos num manequim de madeira. A

matemática dotada apenas confiava na geometria de um corpo verdadeiro. Os seus vestidos

deviam seguir a figura feminina, com as suas curvas - um pensamento revolucionário na sua

época.

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As visões de Vionnet implementaram-se lentamente, tal como as calças para senhora, mas até hoje é

difícil imaginar a moda sem elas. Sem ela, não haveria o glamour de Hollywood com roupas que deixam

os ombros nus, envolvendo o corpo como se de seda fluida se tratasse. Madeleine Vionnet criou também

o corte enviesado e os drapeados complexos que até hoje ninguém conseguiu superar. O estilista

Azzedine Alaïa, ele próprio, um artista do corte de elevado gabarito, precisou de meses para descobrir os

mistérios do corte de Vionnet. Foi o único a conseguir desvendar o segredo de um vestido de noite cor de

marfim do ano de 1935. Desde então, é possível admirá-lo no Musée de la Mode et du Textile em Paris,

devidamente drapeado num manequim, enquanto antes era apenas uma obra inacabada. Inclui-se entre

as peças maravilhosas cujo corte perfeito é garantido por uma única costura, e para Madeleine Vionnet

este era o mais importante dos objetivos. Representa igualmente uma arte na qual até hoje ninguém foi

capaz de igualá-la.

Teve de ser a paixão pela geometria a permitir que Madeleine Vionnet fizesse os cortes mais requisitados

a partir de formas geométricas simples, como o quadrado e o triângulo. Apesar da sua grande vocação

para a matemática, Vionnet, nascida em 1876 num meio humilde, teve de abandonar a escola com 12

anos. Aprendeu o ofício da costura, trabalhou durante algum tempo em Paris e com 16 anos mudou-se

para Inglaterra, onde ganhava a vida como lavadeira.

Após um casamento breve e a morte da sua filha mais nova, Vionnet assumiu a direção do atelier de

costura de Kate Reilly, então com 20 anos. Em 1900, regressou a Paris e começou por trabalhar na casa

de alta-costura Callot Soeurs, uma das mais famosas do seu tempo. Tornou-se o braço direito de Marie

Callot Gerber, a mais velha das três irmãs, que era responsável pela direção artística da casa. Durante

toda a sua vida, Vionnet ficou agradecida a esta mentora. “Com ela, aprendi como se faz um Rolls-Royce,

sem ela só teria fabricado Fords.”

Em 1907, Jacques Doucet confiou-lhe a tarefa de rejuvenescer a sua costura. Vionnet concretizou este

objetivo banindo os espartilhos e encurtando as bainhas, o que não agradou nem aos clientes, nem às

vendedoras, que se rebelaram contra a nova criatividade. Vionnet reconheceu então que tinha de se

tornar independente para implementar as suas próprias idéias. No entanto, ainda foram necessários cinco

anos – até 1912 – para que pudesse concretizar este plano. Contudo, as suas criações

inacreditavelmente refinadas, que conferiam a liberdade de movimentos tão desejadas pelas mulheres,

não tiveram um êxito retumbante: as suas roupas maioritariamente monocromáticas aparentavam ser

muito simples em comparação com a suntuosidade oriental, exigida desde os Ballets Russes. Só após a

guerra – já que durante a guerra, o negócio esteve fechado – teve início a ascensão inexorável de

Madeleine Vionnet.

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SINAIS DE FUMO: As roupas de Madeleine Vionnet eram leves como espíritos do ar. A

manequim da casa Sonia posou para uma famosa fotografia da Vogue vestida com o modelo

"Basrelief", inspirado nas roupas de ninfas a dançar num friso do teto do Louvre.

 

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FRANJA A FRANJA: Ao passo que outros estilistas cosiam as franjas a metro no vestuário de

dança, Madeleine Vionnet aplicava a franja uma a uma - assim, a roupa também acompanhava

o mínimo movimento da pessoa que a usava, como se fosse realmente uma segunda pele.

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Vionnet abordava o corpo feminino com o rigor de um médico, pois queria manter incólume a sua beleza.

Como se fosse uma cirurgiã, começou por usar engenhosamente as costuras para que a roupa seguisse

a figura. Tratava-se de uma idéia revolucionária para a época, pois até então verificava-se precisamente o

oposto: o corpo tinha de se adaptar à moda atual. Para atingir o seu objetivo, Vionnet trabalhou como

escultor, modelando as suas criações numa boneca de madeira em lugar de as desenhar. Isso permitia-

lhe passar o tecido em redor de todo o corpo e verificar onde era adequado fazer a curva. Para tal,

utilizava drapeados e, pouco tempo volvido, o famoso corte enviesado (viés), que ninguém antes dela se

tinha atrevido a fazer para todo um vestido, mas sim, no máximo, para um colarinho.

No entanto, não era fácil vestir as roupas de Vionnet. Uma vez que o corte era tão fora do vulgar, muitas

clientes não encontravam a “entrada” certa e não raras vezes procuravam Vionnet mesmo em cima de um

evento noturno, em pânico histérico, para que estas lhes pudesse ensinar como se vestir. Serve isto para

explicar por que motivo mais tarde algumas herdeiras simplesmente não sabiam por onde começar a

vestir essas peças, deixando estas obras de arte têxteis a perecer em caixas fechadas.

O segundo ingrediente importante da “maravilha Vionnet” era o tecido. Só material macio podia adaptar-

se aos movimentos do corpo, pelo que ela só utilizava crepe de seda, musselina, veludo e cetim. Para

poder cortar as suas criações de modo enviesado, deixava uma margem de dois metros nos seus tecidos.

Em 1918, o seu fornecedor Bianchini-Ferier desenvolveu um material especial para Vionnet: crepe

rosalba, composto por seda e acetato, que foi um dos primeiros materiais sintéticos.

As cores não interessavam muito a Vionnet, uma vez que para ela, o branco e as suas várias tonalidades

eram suficientes, o que fazia com que os seus vestidos se assemelhasse muito a vestidos da antiga

Grécia. Como ornamentos, esta estilista escolhia sobretudo bordados, rosas e nós estilizados, mas para

além da finalidade decorativa, estes elementos desempenhavam uma tarefa: juntavam o material num

ponto estratégico sem que fosse necessário coser. Vionnet tinha sempre o cuidado de verificar se a

ornamentação da roupa não a tornava pesada, tendo os bordados de seguir a direção do fio para poder

acompanhar todo e qualquer movimento. Quando todos os entusiastas da dança nos anos 20 queriam

roupa com aplicações de franja, Vionnet era a única que não os fazia a metro, ou seja, aplicava

individualmente cada franja de seda para manter a elasticidade do material. Isto porque as suas criações

não eram simples vestuário, deveriam representar uma autêntica segunda pele: “quando uma mulher

sorri, a sua roupa deve sorrir com ela”, defendia.

Madeleine Vionnet conhecia a inimitalidade da sua técnica e procurava proteger-se das cópias. Por este

motivo, documentava cada um dos seus modelos com três fotografias, uma de frente, outra de lado e

outra de costas, colocando-as depois num “álbum de direitos de autor”. Juntou depois 75 destes registros,

que constituem a base da coleção da UFAC (Union Française des Arts du Costume).

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A ESFINGE NA MODA: Ninguém deu origem a tanto mistério como Vionnet, graças a sua

técnica de corte sofisticada. Este vestido de crepe cor de marfim de 1935 foi considerada uma

obra inacabada durante muito tempo após sua morte, até que Azzedine Alaïa, ele próprio um

mestre do corte talentoso, descobriu como ele devia ser vestido.

 

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Para a estilista, ainda mais importante do que a legislação era o princípio da justiça. Já na altura,

Madeleine Vionnet oferecia benefícios sociais as suas colaboradoras que só muito mais tarde foram

considerados obrigatórios por lei: pausas curtas, férias pagas, apoio em caso de doença ou emergência.

Montou ainda uma cantina, um consultório odontológico, um centro de saúde e até uma agência de

viagens que se encarregava de organizar férias para os cerca de mil colaboradores.

No que toca à sua vida privada, pouco se conhecia. Só um círculo muito restrito de pessoas sabia que

ela, recém-separada, casou em segundas núpcias com o exilado russo Dimitri Netchvolodoff, chamado

Netch, pouco depois da morte de seu querido pai, na primavera de 1923. Netch entrou como enfermeiro

em sua casa para tratar do seu pai moribundo – era pelo menos 18 anos mais novo que ela, alto, magro,

atraente e muito irresponsável. O casamento entre o menino bonito habituado a ser sustentado por outros

e a matrona de cabelos brancos durou 20 anos, não tendo ela feito qualquer tentativa para parecer mais

jovem do que realmente era. A maior estilista do seu tempo, e talvez de todos os tempos, usava ela

própria uma espécie de uniforme, que ela fazia com que parecesse intemporal.

Em termos criativos, o herdeiro de Vionnet foi Jacques Griffe, que já desde que era um jovem alfaiate em

Toulouse admirava à distância esta talentosa artista do corte. Em 1936, mudou-se para Paris e conseguiu

arranjar trabalho como talhador na casa Vionnnet. Aí permaneceu durante três anos – mas nem uma

única vez encontrou pessoalmente a sua tão estimada patroa. Quando abriu a sua própria casa de

costura em 1946, convidou Vionnet, tendo esta a partir de então desenvolvido uma respeitosa relação de

amizade com o jovem de 39 anos, como atesta uma vasta troca de correspondência entre ambos. Mais

tarde, este comprou a sua casa de campo em Fontainebleau e deixou-a tal e qual como ela a havia

decorado. Fiel ao exemplo da sua mestra, Jacques Griffe modelava todas as suas criações numa boneca

de madeira que lhe havia sido oferecida por Vionnet, uma cópia fiel do manequim onde durante décadas

ela havia desenvolvido as suas criações.

Madeleine Vionnet nunca soube desenvolver o seu próprio marketing. Apesar de a silhueta por ela

desenvolvida ter sido determinante para a elegância dos anos 30 e o subsequente glamour de Hollywood,

pessoalmente ela não era muito conhecedora do mundo. Odiava viajar e evitava a sociedade mundana,

pelo que caiu praticamente no esquecimento após o encerramento da sua casa de moda, em 1939. Isto

apesar de quase ter 100 anos de idade e de ter sido parte ativa do mundo da moda até ao fim. Sem ela e

a generosidade da doação do seu “álbum de diretos de autor”, bem de como muitos modelos originais,

nunca teria sido possível fundar o Musée de la Mode et du Textile em Paris – infelizmente, este abriu

pouco após a sua morte, aos 98 anos. Mais tarde, no entanto, o público começou a descobrir o que os

conhecedores e peritos como Dior, Alaïa, Miyake, Yamamoto já sabiam desde sempre – que “a arte da

costura nunca havia atingido um padrão tão elevado”.

Em comparação com Chanel, Vionnet ainda hoje é uma desconhecida. Talvez isso tenha que ver com o

fato de ela fabricar Rolls-Royces enquanto Chanel se saía bem com o pequeno popular “Ford da moda”

preto (segundo a Vogue norte-americana).