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AS TÉRMITAS NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES:
MONITORIZAÇÃO E CONTROLE DOS VOOS DE DISPERSÃO E
PREVENÇÃO DA COLONIZAÇÃO NAS PRINCIPAIS
LOCALIDADES AFECTADAS COM ÊNFASE NA TÉRMITA DE
MADEIRA SECA CRYPTOTERMES BREVIS (WALKER)
Autores:
Paulo A.V. Borges1, Orlando Guerreiro1, Annabella Borges 1, Filomena Ferreira1, Nuno Bicudo1, Maria Teresa
Ferreira1,2, Lina Nunes1,3, Rita São Marcos1,4, Ana M.
Arroz1,4 Rudolf H. Scheffrahn1,2, Timothy G. Myles1,5
1- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, 9700-042 Angra do
Heroísmo, Terceira, Açores; Email: [email protected] .
2- Fort Lauderdale Research and Education Center, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences,
Fort Lauderdale, FL, USA.
3- Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Timber Structures Division, Lisboa, Portugal.
4- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Educação, 9700-042 Angra do
Heroísmo, Terceira, Açores.
5- Building Department, City of Guelph, Guelph, Ontario, Canada N1H 3A1.
AS TÉRMITAS NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES:
MONITORIZAÇÃO E CONTROLE DOS VOOS DE DISPERSÃO E
PREVENÇÃO DA COLONIZAÇÃO NAS PRINCIPAIS
LOCALIDADES AFECTADAS COM ENFASE NA TÉRMITA DE
MADEIRA SECA CRYPTOTERMES BREVIS (WALKER) Paulo A.V. Borges1, Orlando Guerreiro1, Annabella Borges 1,
Filomena Ferreira1, Nuno Bicudo1, Maria Teresa Ferreira1,2,
Lina Nunes1,3, Rita São Marcos1,4, Ana M. Arroz1,4 Rudolf H.
Scheffrahn1,2, Timothy G. Myles1,5
1- 1- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, 9700-042 Angra do Heroísmo, Terceira, Açores; Email: [email protected]
2- 2- Fort Lauderdale Research and Education Center, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences, Davie, FL, 33314 USA.
3- 3- Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Timber Structures Division, 1700-066 Lisboa, Portugal
4- 4- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Educação, 9700-042 Angra do Heroísmo, Terceira, Açores
5- 5- Building Department, City of Guelph, Guelph, Ontario, Canada N1H 3A1
.
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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Índice Geral
Índice de Figuras ...................................................................................................... 6
Índice de Tabelas .................................................................................................... 11
Sumário executivo ............................................................................................... 1-13
1. Projecto Termodisp ................................................................................ 1-18
1.1 Introdução ....................................................................................................... 1-18
2. Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago dos Açores. 2-21
2.1 Sumário ............................................................................................................ 2-21
2.2 Introdução ....................................................................................................... 2-21
2.3 Material e Métodos .......................................................................................... 2-24
2.4 Resultados ....................................................................................................... 2-29
2.5 Discussão ........................................................................................................ 2-34
2.6 Agradecimentos .............................................................................................. 2-36
2.7 Referências Bibliográficas ............................................................................. 2-36
3. Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (-20 Cº) .......................... 3-41
3.1 Sumário ............................................................................................................ 3-41
3.2 Introdução ....................................................................................................... 3-41
3.3 Objectivos ........................................................................................................ 3-42
3.4 Metodologia ..................................................................................................... 3-43
3.5 Resultados ....................................................................................................... 3-48
3.6 Conclusões ...................................................................................................... 3-49
3.7 Agradecimentos .............................................................................................. 3-50
4. Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em aparas de madeira à venda no Hiper-Mercado Modelo de Angra do Heroísmo 4-52
4.1 Sumário ............................................................................................................ 4-52
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
2 0 1 1
4.2 Relatório de Inspecção ................................................................................... 4-52
4.3 Sumário de Resultados .................................................................................. 4-54
4.4 Conclusões e Recomendações ..................................................................... 4-55
5. A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. ......... 5-58
5.1 Sumário ............................................................................................................ 5-58
5.2 Introdução ....................................................................................................... 5-59
5.3 Metodologia ..................................................................................................... 5-60
5.4 Resultados e Conclusões .............................................................................. 5-61
Ilha Graciosa ............................................................................................................... 5-62
Ilha do Pico .................................................................................................................. 5-68
Ilha das Flores ............................................................................................................. 5-80
Ilha do Corvo ............................................................................................................... 5-88
Ilha do Faial ................................................................................................................. 5-94
Ilha de S. Miguel ........................................................................................................ 5-101
5.5 Considerações Finais e Recomendações .................................................. 5-109
5.6 Referências Bibliográficas ........................................................................... 5-110
6. Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge .... 6-112
6.1 Sumário .......................................................................................................... 6-112
6.2 Introdução ..................................................................................................... 6-112
6.3 Metodologia ................................................................................................... 6-113
6.4 Resultados ..................................................................................................... 6-114
6.5 Discussão ...................................................................................................... 6-115
6.6 Agradecimentos ............................................................................................ 6-115
6.7 Bibliografia .................................................................................................... 6-116
7. A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico. ................................................................................ 7-118
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7.1 Sumário .......................................................................................................... 7-118
7.2 Introdução ..................................................................................................... 7-119
7.3 Metodologia ................................................................................................... 7-121
7.4 Resultados e Conclusões ............................................................................ 7-121
7.5 Agradecimentos ............................................................................................ 7-126
7.6 Referências Bibliográficas ........................................................................... 7-126
8. Determinação da origem e dispersão da térmita da madeira seca das Índias Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker), nos Açores usando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua dispersão. ...................................................... 8-128
8.1 Sumário .......................................................................................................... 8-128
8.2 Introdução ..................................................................................................... 8-128
8.3 Metodologia ................................................................................................... 8-131
8.4 Resultados e Discussão ............................................................................... 8-139
8.5 Conclusão ...................................................................................................... 8-151
8.6 Referências Bibliográficas ........................................................................... 8-152
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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Índice de Figuras
Figura 2-1: Soldados das diferentes espécies que ocorrem nos Açores: a) Cryptotermes brevis, b)
Kalotermes flavicollis; c) Reticulitermes grassei; and d) Reticulitermes flavipes (Fotografia: Enésima
Mendonça). ...................................................................................................................................... 2-22
Figura 2-2: Distribuição das quatro espécies de térmitas que ocorrem no arquipélago: A Europeia
“dampwood termite”, Kalotermes flavicollis (Circulo Verde), a térmita de madeira seca das Índias
Ocidentais (Circulo Amarelo), a térmita subterrânea ibérica Reticulitermes grassei (Circulo Castanho
escuro) e a térmita subterrânea do Este dos EUA Reticulitermes flavipes (Circulo Castanho claro). 2-
23
Figura 2-3: Armadilha amarela utilizada para capturar as térmitas aladas, jovens reprodutores. . 2-26
Figura 2-4: Evolução da praga em Angra do Heroísmo (a, b) e, em Ponta Delgada (c, d) em 2010 (a,
c) e 2011 (b, d). V – Vestígio; I – Inicial /Moderado; M – Moderado; E – Infestado; HE – Muito
Infestado; D – Destrutiva. ................................................................................................................ 2-30
Figura 2-5: Distribuição geográfica da C. brevis em Angra do Heroísmo e distribuição potencial para
2010 (a) e 2011 (b). As cores seguem o mesmo padrão na .......................................................... 2-30
Figura 2-6: Distribuição geográfica da C. brevis em Ponta Delgada e distribuição potencial para
2010 (a) e 2011 (b). As cores seguem o mesmo padrão na .......................................................... 2-31
Figura 2-7: Comparação do valor médio (+ s.e.) de térmitas capturadas em edifícios monitorizados
simultaneamente nos anos de 2010 e 2011 nas cidades de Ponta Delgada (PDL) e Angra do
Heroismo (AH). ................................................................................................................................ 2-31
Figura 2-8: Resultados dos diferentes programas durante 2011 nas cidades de Angra do Heroísmo
(AH) e Ponta Delgada (PDL). .......................................................................................................... 2-33
Figura 2-9: Resultados de diferentes programas durante 2011 nas ilhas do Faial, S. Jorge, Pico e
Santa Maria. .................................................................................................................................... 2-34
Figura 3-1: Barrote inteiro. .............................................................................................................. 3-43
Figura 3-2: Pedaços de madeira cortados com 0.5 cm de comprimento. ...................................... 3-43
Figura 3-3: Pedaço de madeira bastante infestado. ....................................................................... 3-43
Figura 3-4: Pedaço de madeira menos infestado. .......................................................................... 3-43
Figura 3-5: Envolvimento da amostra em película aderente. ......................................................... 3-44
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Figura 3-6: Pedaços de madeira envolvidos em película aderente. ............................................... 3-44
Figura 3-7: Amostras das placas de Petri. ...................................................................................... 3-45
Figura 3-8: Desbravamento da madeira. ........................................................................................ 3-46
Figura 3-9: Extracção das térmitas. ................................................................................................ 3-46
Figura 3-10: Contentor de frio. ........................................................................................................ 3-46
Figura 3-11: Disposição das amostras dentro do contentor de frio. ............................................... 3-46
Figura 3-12: Amostras dispostas no laboratório. ............................................................................ 3-47
Figura 3-13: Amostras protegidas da luz. ....................................................................................... 3-47
Figura 3-14: Película transparente retirada das caixas de madeira. .............................................. 3-47
Figura 3-15: Corte da película transparente na amostra de madeira. ............................................ 3-47
Figura 3-16: Térmitas mortas após um dia de exposição a -20ºC. ................................................. 3-48
Figura 3-17: Pedaços de madeira após desbravamento da Amostra 1.......................................... 3-49
Figura 3-18: Térmitas mortas extraídas da Amostra 1. ................................................................... 3-49
Figura 4-1: Curva de acumulação das espécies encontradas nas 13 amostras com base na média
de 100 curvas de acumulação aleatórias. ....................................................................................... 4-54
Figura 4-2: Curva de estimação do estimador Chao1 das espécies que se espera encontrar em
quaisquer 13 amostras com base na média de 1000 curvas de acumulação aleatórias. .............. 4-55
Figura 5-1: Mapa do arquipélago dos Açores indicando as ilhas onde está confirmada a ocorrência
da espécie Cryptotermes brevis segundo dados obtidos até o inicio de 2011. .............................. 5-59
Figura 5-2: Esquema de abordagem da Equipa nas várias sedes de concelho das ilhas vistoriadas.
......................................................................................................................................................... 5-60
Figura 5-3: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Santa Cruz da Graciosa ........... 5-62
Figura 5-4: Mapa da Ilha Graciosa e zona urbana de Santa Cruz da Graciosa em pormenor com
indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho). .................................................................... 5-63
Figura 5-5: Annobium punctatum na fase adulta (foto: Pedro Cardoso) - A; e, na fase larvar (foto:
Enésima Mendonça) - B .................................................................................................................. 5-63
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Figura 5-6: Ataque severo de Annobium punctatum em mobiliário ................................................ 5-64
Figura 5-7: Orifícios de Annobium punctatum em mobiliário .......................................................... 5-64
Figura 5-8: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de S.Roque .................................... 5-68
Figura 5-9: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Madalena .................................. 5-68
Figura 5-10: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Lajes ....................................... 5-69
Figura 5-11: Mapa da Ilha do Pico e zonas urbanas: A – Madalena, B - Lajes e C – S. Roque do
Pico em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho). ............................. 5-69
Figura 5-12: Hylotrupes bajulus na fase adulta (foto: Pavel Krasensky) - A; e, na fase larvar (foto:
http://www.sisdisinfestazioni.it/en/insetti-legno.html) - B ................................................................ 5-70
Figura 5-13: Ataque de Hylotrupes bajulus ..................................................................................... 5-70
Figura 5-14: Ataque de Anobium punctatum .................................................................................. 5-71
Figura 5-15: Destruição severa provocada por ataque de Anobium punctatum ............................ 5-71
Figura 5-16: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho das Lajes das Flores .................... 5-80
Figura 5-17: Mapa da Ilha das Flores e zonas urbanas: A - Lajes e B - Santa Cruz das Flores, em
pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho) ............................................ 5-80
Figura 5-18: Madeira com uma infestação elevada de caruncho – Annobium punctatum em
madeiras retiradas de um tecto nas Lajes das Flores. ................................................................... 5-81
Figura 5-19: Móvel com sinais de infestação de caruncho grande – Hylotrupes bajulus. .............. 5-81
Figura 5-20: Zona antiga da Vila do Corvo, local onde foram realizadas a maioria das vistorias. . 5-88
Figura 5-21: Mapa da Ilha do Corvo e zona urbana da Vila do Corvo em pormenor com indicação
dos locais vistoriados (pontos a vermelho). .................................................................................... 5-89
Figura 5-22: Annobium punctatum activo em uma peça de mobiliário ........................................... 5-89
Figura 5-23: Indícios da presença de xilófagos marinhos .............................................................. 5-90
Figura 5-24: Casa vistoriada na freguesia do Capelo ..................................................................... 5-94
Figura 5-25: Mapa da Ilha do Faial com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho) .... 5-95
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Figura 5-26: Serrim de caruncho, de consistência do tipo farinha, ao contrário das térmitas, cujas
pelotas fecais apresentam uma consistência granulosa ................................................................ 5-96
Figura 5-27: Vestígios da presença de infestação por caruncho pequeno (A. punctatum) numa vara
– orifícios de saída dos insectos adultos e galerias ........................................................................ 5-96
Figura 5-28: Diferentes castas da espécie Kalotermes flavicollis, térmita de madeira húmida (foto:
Rudolf Scheffrahn) .......................................................................................................................... 5-96
Figura 5-29: Infestação de cerne por K. flavicollis em comparação com a infestação do borne por C.
brevis ............................................................................................................................................... 5-97
Figura 5-30: térmita subterrânea europeia (Reticulitermes grassei), com 2 soldados à esquerda e
uma obreira à direita ....................................................................................................................... 5-98
Figura 5-31: Casa de arquitectura antigas no concelho da Lagoa ............................................... 5-101
Figura 5-32: Casa com traços culturais estrangeiros.................................................................... 5-102
Figura 5-33: Observação de teias de aranha nas janelas de casas abandonadas ...................... 5-102
Figura 5-34: Mapa da ilha de São Miguel com as diversas localidades onde foram realizadas
vistorias assinaladas. .................................................................................................................... 5-103
Figura 6-1: Localização dos locais de prospecção de térmitas na Ilha de São Jorge. Os círculos
representam os locais onde não foi detectada presença de qualquer espécie de térmitas; os
quadrados representam os locais onde foi detectada a presença da espécie Cryptotermes brevis (a
circunferência realça estes locais). ............................................................................................... 6-114
Figura 7-1: Indicação dos edifícios vistoriados inseridos no raio de 100 metros. A vermelho estão
indicados os edifícios onde se confirmou a infestação por térmita de madeira seca e a verde os
edifícios onde não foi confirmada a infestação. ............................................................................ 7-120
Figura 7-2: Vista aérea de Santa Cruz das Ribeiras, com marcação a vermelho do perímetro onde
foram realizadas vistorias. A 1ª habitação onde foi detectada a praga está assinalada a vermelho. .7-
122
Figura 7-3: Comparação dos soldados de duas espécies de madeira seca existentes nos Estados
Unidos da América. ....................................................................................................................... 7-123
Figura 7-4: Partes de caixotes de madeira infestados com térmita de madeira seca, oriundos de San
Jose, Califórnia, depositados num sótão em habitação na localidade de santa Cruz das Ribeiras. ..7-
124
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Figura 7-5: Produção orgânica de térmita de madeira seca em falsa na localidade de Santa Cruz
das Ribeiras – indício inequívoco da presença da uma espécie de térmita de madeira seca. .... 7-124
Figura 7-6: Armadilha cromotrópica colocada em janela do sotão de uma das habitações infestadas
com térmita de madeira seca na localidade de Santa Cruz das Ribeiras .................................... 7-125
Figura 8-1: Cenários de introdução nas ilhas testados. ................................................................ 8-135
Figura 8-2: Cenários da possível origem da população nos Açores testados. ............................. 8-136
Figura 8-3: Cenário de origem da população nos Açores assumindo uma população ancestral
desconhecida. ............................................................................................................................... 8-137
Figura 8-4: Árvore filogenética representando a relação entre as subpopulações dos Açores. .. 8-140
Figura 8-5: Diagrama das distâncias genéticas das subpopulções dos Açores baseado nos dados
de microssatélites. ......................................................................................................................... 8-142
Figura 8-6: Probabilidades calculadas para os vários cenários testados com o programa DIYABC
para os dados dos microssatélites, para as subpopulações dos Açores. .................................... 8-143
Figura 8-7: Árvore filogenética representando a relação entre as subpopulações de vários países e
dos açores. .................................................................................................................................... 8-144
Figura 8-8: Diagrama de distância genética calculado para todas as populações amostradas. .. 8-147
Figura 8-9: Probabilidades calculadas para os vários cenários testados com o programa DIYABC
para os dados dos microssatélites para todas as subpopulações amostradas. ........................... 8-148
Figura 8-10: Probabilidades calculadas para os cenários 1 e 2ª testados com o programa DIYABC
para os dados dos microssatélites para todas as subpopulações amostradas. ........................... 8-148
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Índice de Tabelas
Tabela 2-1: Índice de infestação baseado na escala de oitavas ...................................... 2-28
Tabela 2-2: Número total de alados capturados durante os dois anos de monitorização. ... 2-
29
Tabela 3-1 – Amostras (pedaços de madeira) e os diferentes tempos de exposição. ..... 3-44
Tabela 3-2: Caixas de diferentes tipos de madeira e os diferentes tempos de exposição. .. 3-
44
Tabela 3-3: Caixas de Petri e os diferentes tempos de exposição. .................................. 3-45
Tabela 5-1: Habitações vistoriadas na Ilha Graciosa ....................................................... 5-65
Tabela 5-2: Habitações vistoriadas na Ilha do Pico .......................................................... 5-72
Tabela 5-3: Habitações vistoriadas na Ilha das Flores ..................................................... 5-82
Tabela 5-4: Habitações vistoriadas na Ilha do Corvo ....................................................... 5-91
Tabela 5-5: Habitações vistoriadas na Ilha do Faial ......................................................... 5-98
Tabela 5-6: Habitações vistoriadas na Ilha de S. Miguel ................................................ 5-105
Tabela 7-1: Local onde se detectou a infestação, bem como a zona do edifício e o nível de
infestação em cada edifício ............................................................................................ 7-122
Tabela 8-1: Locais de colecta de térmitas nos Açores e número (N) de indivíduos utilizados
na análise de dados. ....................................................................................................... 8-132
Tabela 8-2: Locais de colecta de térmitas em vários pontos do globo e número (N) de
indivíduos utilizados na análise de dados. ..................................................................... 8-132
Tabela 8-3: Estimativas da diversidade genética em 5 loci polimórficos de microssatélites
de C. brevis dos Açores. ................................................................................................. 8-141
Tabela 8-4: Estimativas da diversidade genética em 5 loci de microssatélites polimórficos
de C. brevis de amostras de vários continentes. ............................................................ 8-145
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Tabela 8-5: Número total e médio de alados capturados nas armadilhas de luz na Florida.
Valores com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0.05). ................ 8-149
Tabela 8-6: Número total e médio de alados capturados nas armadilhas de luz na Florida.
Valores com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0.05). ................ 8-149
Tabela 8-7: Média ± SE por módulo de dealados vivos de C. brevis, número de câmaras
nupciais e número de ovos. Valores com a mesma letra não foram significativamente
diferentes p<0.05. ........................................................................................................... 8-151
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Sumário executivo
Objectivo: De forma a determinar e controlar a extensão da infestação da população
de Cryptotermes brevis nas principais localidades infestadas no arquipélago dos
Açores, foi implementado o projecto TERMODISP, um estudo da Equipa de
Monitorização e Controlo das Térmitas dos Açores do Grupo da Biodiversidade dos
Açores CITA-A. A finalidade deste estudo foi monitorizar e controlar os voos de
dispersão, bem como a prevenção da colonização desta espécie nas habitações.
Simultaneamente a equipa realizou visitas, inicialmente a todas as ilhas onde a
espécie não estava registada, e posteriormente às ilhas onde a espécie existe, mas
não se encontra dispersa em toda a extensão da ilha, tendo sido realizadas sessões
de esclarecimento e vistorias a várias dezenas de habitações por ilha. Os dados
recolhidos neste estudo tiveram ainda como objectivo: i) mostrar e conhecer a área de
infestação por parte desta praga nas diferentes localidades; ii) a comparação com
estudos realizados anteriormente nas seguintes localidades: Angra do Heroísmo e
Ponta Delgada; iii) entender quais as zonas (ruas) mais afectadas e habitações em
sério risco, do ponto de vista estrutural, devido ao elevado grau de infestação; iv)
verificar a existência de novos focos de infestação por térmitas nas localidades onde
não existe registo de presença.
Para além da monitorização e pesquisa mencionadas anteriormente foram ainda
desenvolvidos os seguintes projectos: “Teste da técnica de refrigeração com baixas
temperaturas como forma alternativa de combate à praga em mobiliário”;
“Determinação da origem e dispersão da térmita da madeira seca das Índias
Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores usando marcadores genéticos”,
e “Teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a dispersão de
Cryptotermes brevis nos Açores”.
Foram ainda simultaneamente desenvolvidos vários outros projectos relacionados com
a monitorização das restantes espécies de térmitas existentes nos Açores:
Reticulitermes grassei, Reticulitermes flavipes e Kalotermes flavicollis.
Localização: O projecto Termodisp foi realizado em todo o arquipélago, no entanto a
monitorização foi apenas efectuada em localidades de seis Ilhas: São Miguel, na
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cidade de Ponta Delgada; Santa Maria, em Vila do Porto e na freguesia de Espírito
Santo (localidade da Maia); Ilha Terceira na cidade de Angra do Heroísmo; Ilha de S.
Jorge, na Vila da Calheta; Ilha do Pico, nas localidades das Ribeiras e Calheta do
Nesquim no Concelho das Lajes, e na Ilha do Faial, na cidade da Horta.
Metodologia: Á semelhança do ano transacto foram colocadas armadilhas em
diversas ruas das cidades de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta. Foram
monitorizadas também as localidades da Calheta em S. Jorge, Maia e Vila do Porto
em Santa Maria, as Ribeiras e Calheta do Nesquim nas Lajes do Pico. Para além das
ruas seleccionadas no ano passado na cidade de Angra do Heroísmo, foram
colocadas armadilhas, de forma aleatória, em outras localidades. Tal como no ano
anterior foi realizado um teste piloto de captura de alados no exterior das habitações
(apenas na cidade de Angra do Heroísmo). Para este teste foram colocadas 59
armadilhas passivas no exterior, mais concretamente nas varandas das habitações.
Estas armadilhas foram colocadas com o objectivo de verificar a abundância relativa
de alados por habitação.
Quanto às armadilhas colocadas no interior das habitações, tentou-se manter a
mesma metodologia dos anos anteriores, nomeadamente colocar 10 armadilhas por
cada rua. Mantiveram-se as habitações cujos proprietários optaram por continuar a
colaborar neste estudo, acrescentando-se outras que pudessem fornecer dados
relevantes. A crescente solicitação de armadilhas por parte da população alargou este
estudo a outras ruas, para além das seleccionadas no ano inicial do estudo, 2009. Tal
como nos anos anteriores foram utilizadas armadilhas autocolantes de cor amarela.
Com base nesta metodologia foi possível monitorizar no período de enxameamento, a
dispersão e a intensidade da infestação da C. brevis no exterior e interior de algumas
habitações na cidade de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada, Horta, Calheta na ilha de
São Jorge, Ribeira das Lajes e Calheta do Nesquim na ilha do Pico e ainda as
localidades de Maia e Vila do Porto em Santa Maria.
O relatório apresenta diversos outros dados, tais como os dados do Programa de
Comunicação de Risco e os dados do Sistema de Certificação de Infestação por
Térmitas para obtenção de um mapa mais completo da infestação na região.
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Resultados e Conclusões:
O presente relatório apresenta vários resultados, uma vez que o mesmo abrange uma
grande variedade de estudos realizados ao longo do ano. Um resultado geral é o
maior conhecimento da espécie C. brevis e das restantes espécies existentes no
arquipélago. Deste modo é possível apresentar de forma sucinta os seguintes
resultados:
Um mais pormenorizado e abrangente mapa com a distribuição da espécie C. brevis
nos locais afectados (Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos
Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago dos Açores.
– pp. 20);
Descoberta de dois novos focos de infestação de C. brevis numa ilha onde a espécie
ainda não havia sido registada, na Ilha do Pico no Concelho das Lajes do Pico, nas
localidades das Ribeiras e da Calheta do Nesquim. A térmita de madeira seca no
Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de
Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico. – pp. 117;
A eficácia de frio para a realização de tratamentos de mobílias ou outras peças em
madeira, no combate à C. brevis:
Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis
(Walker) a baixa temperatura (-20 Cº) – pp. 40;
A existência de uma enorme lacuna na importação e comercialização de madeiras
como uma grave forma de introdução de espécies exóticas (Investigação da presença
de espécies de artrópodes exóticos em aparas de madeira à venda no Hiper-Mercado
Modelo de Angra do Heroísmo – pp. 51);
A origem e a dispersão da térmita C. brevis nos Açores através da utilização de
marcadores genéticos e medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a
dispersão da praga. (Determinação da origem e dispersão da térmita de madeira seca
das Índias Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker), nos Açores usando marcadores
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genéticos, e teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua
dispersão. – pp. 127);
Para além destes vários resultados, aqui elencados de forma sucinta, é fortemente
recomendável a implementação de um sistema de gestão integrado de forma a
minimizar e reduzir a dispersão da praga. Os centros das cidades de Angra do
Heroísmo e Ponta Delgada são as zonas mais afectadas, o que acarreta um impacto
patrimonial significativo.
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1-17
Projecto Termodisp
Paulo A.V. Borges, Orlando Guerreiro, Nuno Bicudo, Annabella Borges,
Filomena Ferreira, Maria Teresa Ferreira
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1. Projecto Termodisp
1.1 Introdução
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis, conhecida como a térmita das Índias
Ocidentais, ocorre numa vasta área do planeta entre os trópicos. Esta espécie é
originária do Chile e Peru onde ocorre em troncos de madeira de árvores que existem
longe de estruturas. É considerada actualmente como a térmita de madeira seca mais
destrutiva em habitações humanas em todo o Mundo, tal como o é nos Açores (Borges
et al. 2007).
Actualmente, a presença desta térmita nos Açores já está confirmada para seis das
nove ilhas que constituem o arquipélago, tendo sido a espécie pela primeira vez
identificada nos Açores em 2000. De forma a determinar a extensão da infestação da
população de Cryptotermes brevis foi implementado um programa de monitorização da
praga nas localidades afectadas - o projecto TERMODISP - realizado pelo Grupo da
Biodiversidade dos Açores - CITA-A, liderado pelo Prof. Paulo Borges. O projecto
TERMODISP teve como finalidade a monitorização e controlo dos voos de dispersão
da espécie de térmita de madeira seca, bem como a prevenção da colonização desta
espécie nas habitações. Apesar de inicialmente o projecto se focar apenas numa
espécie, a C. brevis, actualmente são também estudadas e monitorizadas outras três
espécies de térmitas existentes no arquipélago:
A térmita europeia de madeira húmida Kalotermes flavicollis (Fabr.); a térmita ibérica
subterrânea Reticulitermes grassei (Clément)e a térmita subterrânea do Este
Americano Reticulitermes flavipes (Kollar) (Borges & Myles 2007; Austin et al. 2012).
A equipa do Grupo da Biodiversidade, responsável pelo estudo das espécies da ordem
Isoptera existentes no Arquipélago dos Açores, têm realizado diversas pesquisas
visando as várias espécies mencionadas anteriormente. É conhecida a distribuição
geográfica de todas as espécies conhecidas no arquipélago e foram realizadas
diversas vistorias a várias habitações para entender o grau de destruição das
habitações afectadas pelas diversas espécies.
Para além dos trabalhos realizados, visando a monitorização das pragas, são
apresentados neste relatório os seguintes temas:
Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de
monitorização nas maiores cidades do Arquipélago;
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Tratamento Experimental de madeiras infestadas pela espécie Cryptotermes brevis
(Walker) a baixa temperatura (-20 Cº);
Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de
madeira importada para os Açores;
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores:
Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores,
Corvo, Faial e S. Miguel;
Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge;
A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de um foco de
infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico;
Determinação da origem e dispersão da térmita da madeira seca das Índias
Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores usando marcadores genéticos e
teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua dispersão;
No presente relatório são apresentados os estudos acima referidos e respectivos
resultados. No entanto, a equipa participou ainda em diversas outras actividades em
colaboração com várias entidades. Uma das mais importantes foi a campanha do
Grupo de Comunicação de Risco da Universidade dos Açores “SOS Térmitas – Unidos
na Prevenção”.
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1-20
Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago dos Açores.
Paulo A.V. Borges1, Orlando Guerreiro1, Nuno Bicudo1, Annabella Borges 1,
Filomena Ferreira1, Maria Teresa Ferreira1,2, Lina Nunes1,3, Rita São Marcos1,4,
Ana M. Arroz1,4 Rudolf H. Scheffrahn1,2, Timothy G. Myles1,5
1 Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, 9700-042 Angra do
Heroísmo, Terceira, Açores; Email: [email protected] .
2 Fort Lauderdale Research and Education Center, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences,
Fort Lauderdale, FL, USA.
3 Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Timber Structures Division, Lisboa, Portugal.
4 Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Educação, 9700-042 Angra do
Heroísmo, Terceira, Açores.
5 Building Department, City of Guelph, Guelph, Ontario, Canada N1H 3A1.
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-21
2. Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago dos Açores.
2.1 Sumário
A térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) éuma
praga que ataca as estruturas das habitações nas regiões entre os trópicos (com
excepção da Ásia) (trópico - cosmopolita). A C. brevis é originária do Chile e Peru
onde ocorre em troncos de madeira de árvores que existem longe de estruturas.
Actualmente a presença desta térmita nos Açores está já confirmada para seis das
nove ilhas que constituem o arquipélago, tendo sido a espécie pela primeira vez
identificada nos Açores em 2000. O controlo e monitorização da praga foram iniciados
em 2009 na cidade de Angra do Heroísmo, através da colocação de armadilhas
colantes em edifícios afectados nas diversas ruas da cidade. A partir de 2010 a
monitorização estendeu-se aos vários pontos afectados e actualmente é realizada em
mais de 9 localidades, nas Ilhas do Pico, Faial, S. Jorge, Terceira, Santa Maria e S.
Miguel. O controlo é realizado pela captura de alados, térmitas reprodutoras com a
capacidade de voo (futuras rainhas e reis). A monitorização é realizada através da
contagem dos indivíduos capturados nas armadilhas, sendo estes dados processados
num Sistema de Informação Geográfica (SIG), obtendo-se um mapa das zonas mais
infestadas e daquelas que têm maior risco de infestação. As zonas mais afectadas
pela praga são as cidades de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, nomeadamente as
zonas centrais e mais antigas das cidades. Em ambas as cidades existe, ao longo dos
dois anos de monitorização, um aumento das capturas de térmitas aladas, sendo que
esse aumento é bastante mais significativo em Angra do Heroísmo. Face aos
resultados apresentados é imperativa a implementação de um Plano Integrado de
Gestão da Praga Urbana para controlar a praga e evitar a sua expansão a outras
localidades.
2.2 Introdução
Quatro espécies de térmita são actualmente conhecidas no arquipélago dos Açores: A
térmita europeia de madeira húmida Kalotermes flavicollis (Fabr.), a térmita de
madeira seca das Índias Ocidentais, Crytpotermes brevis (Walker), a térmita ibérica
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-22
subterrânea Reticulitermes grassei (Clément) e a térmita subterrânea do Este
Americano Reticulitermes flavipes (Kollar) (Borges & Myles 2007; Austin et al. 2012)
(Figura 2-1).
Todas estas espécies de térmita são "lower termites", ou seja, são primitivas e vivem
em simples galerias e não em ninhos complexos, sendo também socialmente menos
avançadas. Geralmente estas térmitas alimentam-se apenas de madeira, e não de
outras formas de celulose, e possuem protozoários flagelados e bactérias que são
essenciais para a digestão de madeira (Watanabe et al. 1998, Lo et al. 2000). Com
excepção da C. brevis (ver Figura 2-2), estas térmitas tendem a ocorrer em latitudes
mais temperadas.
Figura 2-1: Soldados das diferentes espécies que ocorrem nos Açores: a) Cryptotermes
brevis, b) Kalotermes flavicollis; c) Reticulitermes grassei; and d) Reticulitermes flavipes (Fotografias: Enésima Mendonça).
O conhecimento acerca das térmitas presentes nos Açores é ainda bastante recente.
A primeira publicação que reporta a distribuição e a ecologia das térmitas no
arquipélago foi publicada há alguns anos atrás (Borges & Myles 2007). Actualmente as
espécies subterrâneas têm uma distribuição restrita nos Açores, a R. grassei (Figura
2-1c) ocorre apenas na Horta (Faial) (Nunes & Nobre 2007) e a R. flavipes (Figura
2-1d) está circunscrita a um pequeno lugar perto da Base Aérea das Lajes na Praia da
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-23
Vitória (Bairro de Santa Rita, Terceira) (Austin et al. 2012) (Figura 2-2). No que
concerne às duas outras espécies, a K. flavicollis (Figura 2-1b) tem uma distribuição
mais vasta, ocorrendo em grande parte da costa sul da ilha Terceira, Ponta Delgada
(S. Miguel) e Horta (Faial) (Myles et al. 2007); a C. brevis (Figura 2-1a) ocorre nessas
mesmas ilhas e também nas ilhas de Santa Maria, São Jorge, e Pico (Myles et al.
2007; Guerreiro et al. 2010) (Figura 2-2).
Figura 2-2: Distribuição das quatro espécies de térmitas que ocorrem no arquipélago: A Europeia “dampwood termite”, Kalotermes flavicollis, a térmita de madeira seca das Índias Ocidentais, a térmita subterrânea ibérica Reticulitermes grassei e a térmita subterrânea do Este dos EUA Reticulitermes flavipes.
Devido ao auxílio humano no transporte de bens, a C. brevis tem uma vasta dispersão
nas regiões tropicais e subtropicais do planeta, sendo os Açores a região localizada
mais a Norte, embora a C. brevis tenha também já ocorrido em cidades como Lisboa e
Barcelona (Nunes et al. 2010). No entanto, devido ao clima mais temperado da
Península Ibérica, não é muito provável que esta térmita se propague da mesma forma
que nos Açores. Oriunda dos desertos do Peru e Chile (Scheffrahn et al. 2009), esta
espécie foi inicialmente descrita na Jamaica (Walker 1853) e registada nos Açores em
2000 (Borges et al. 2004; Borges & Myles 2007). A Cryptotermes brevis é actualmente
a térmita de madeira seca mais destrutiva em habitações humanas em todo o Mundo,
tal como o é nos Açores (Borges et al. 2007).
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-24
É actualmente reconhecido que é impossível a erradicação total da C. brevis em
algumas das ilhas dos Açores (Borges & Myles 2007), sendo a diminuição do número
de indivíduos durante os voos de dispersão desta espécie uma estratégia de gestão
viável e sendo necessária uma abordagem a longo termo que implique uma estratégia
de gestão integrada da praga, a fim de conter a espécie e evitar quanto possível a sua
dispersão (Borges et al. 2007). Uma das estratégias implementadas nos Açores é o
controlo e monitorização da C. brevis através da utilização de armadilhas colantes
cromotrópicas com uma luz atractiva para capturar os reprodutores alados durante os
períodos de enxameamento (de Maio a Setembro). Esta monitorização providenciou
também informação para distribuição espacial da praga nas várias localidades
afectadas nos Açores. Nesta contribuição investigámos pela primeira vez a uma
pequena escala, a distribuição da espécie nas maiores cidades dos Açores, baseando-
nos nos voos de dispersão durante o período de enxameamento.
2.3 Material e Métodos 2.3.1 Área de Estudo
O Arquipélago dos Açores estende-se ao longo de 615 Km no Atlântico Norte (37-40
ºN, 25-31 ºW), 1584 Km a Oeste do Sudoeste da Europa e 2150 Km a Este do
continente Norte Americano. É composto por nove ilhas principais de origem vulcânica
recente, distribuídas em três grupos (Figura 2-2): O grupo Ocidental com as ilhas do
Corvo e Flores; o grupo Central com as ilhas do Faial, Pico, Graciosa, São Jorge, e
Terceira; e o grupo Oriental com São Miguel e Santa Maria.
Dados da distribuição da infestação da C. brevis obtidos de pesquisas realizadas ao
longo de dois anos (2010-2011) foram recolhidos nas cidades de Angra do Heroísmo
na Ilha Terceira (402 km2; 56062 habitantes) e em Ponta Delgada, S. Miguel (745
km2; 137699 habitantes). Informação acerca da distribuição da espécie em locais de
menor escala foi também acrescentada, como nas ilhas do Faial, Pico, S. Jorge, e
Santa Maria, em particular nas localidades de Horta, Lajes, Calheta e Vila do Porto,
respectivamente.
2.3.2 Amostragem e Monitorização
a) Metodologia de Amostragem
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-25
Entre Junho de 2010 e Setembro de 2011 foram monitorizadas um total de 116
habitações nas cidades de Angra do Heroísmo (n=86) e Ponta Delgada (n=30). Foram
amostradas casas em 10 ruas diferentes, tentando-se abranger, quanto possível, a
totalidade do território das cidades. O número de habitações por rua variava
largamente de acordo com a disponibilidade dos proprietários para participar no
estudo. Foram inicialmente seleccionadas 200 habitações (100 por cidade), mas
apenas 116 foram possíveis monitorizar ao longo do período de 2 anos do estudo. O
conhecimento prévio acerca de focos de infestação foi utilizado para a escolha das
ruas a monitorizar. Em Angra do Heroísmo seguimos um estudo anterior (Borges et al.
2004) que amostrou grande parte da cidade, apresentando uma indicação preliminar
da distribuição da espécie na cidade. Foram instaladas armadilhas nas habitações das
pessoas que concordaram em facultar o acesso aos sótãos . As armadilhas foram
substituídas bi-semanalmente entre o início de Junho e o final de Setembro, período
correspondente ao enxameamento da C. brevis. Esta armadilha é composta por um
material plástico colante de cor amarela (de dimensão 45 x 24 cm) (Figura 2-3). As
armadilhas foram colocadas sob luz natural ou artificial no ambiente escuro dos
sótãos. Como fonte de luz natural, as armadilhas foram colocadas em janelas,
clarabóias, telhas de vidro, ou outras entradas de luz natural nos edifícios
monitorizados. Quando se utilizou uma fonte de luz artificial, foi utilizada uma lâmpada
(fluorescente ou incandescente) para atrair os alados. Devido à fase de
enxameamento da C. brevis ser apenas ao fim da tarde e ao fim da madrugada, foi
também utilizado, em alguns casos, um controlador temporal para minimizar o gasto
energético, ou em alternativa, era pedido aos proprietários para ligar as lâmpadas das
17:00 às 09:00.
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-26
Figura 2-3: Armadilha amarela utilizada para capturar as térmitas aladas,.
As capturas realizadas após Setembro não foram contabilizadas para análise. Quando
as armadilhas foram substituídas, foram transportadas para o laboratório e
imediatamente contadas ou congeladas para posterior contagem. A contagem foi
realizada seguindo duas estratégias: i) contagem de indivíduos individualmente
quando o número de capturas era baixo; ii) estimativa de abundância de indivíduos
capturados utilizando uma folha de acetato transparente com quadrados de 5x5 cm
posicionados aleatoriamente sobre as armadilhas, quando a abundância era elevada.
Em adição a esses dados fundamentais para estimar a densidade espacial, foi
também realizada uma ampla pesquisa de presença/ausência espacial com o projecto
Programa de Comunicação de Risco (PCR) - " Campanha SOS Térmitas – Unidos na
prevenção" implementado com o objectivo de mudar a percepção das pessoas sobre o
problema da praga urbana de térmita de madeira seca. Neste programa foram
distribuídas armadilhas cromotrópicas de cola para todas as casas, através do correio,
com instruções para capturar as térmitas. As seguintes ilhas e freguesias foram
abrangidas:
Ilha de Santa Maria – Vila do Porto e Espírito Santo;
Ilha de S. Miguel – Ponta Delgada (S. José, S. Pedro, S. Sebastião e Santa Clara);
Ilha Terceira – Angra do Heroísmo (S. Pedro, N.ª S.ª da Conceição, Stª. Luzia, Sé e
S. Bento);
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-27
Ilha do Faial – Horta (Angústias, Matriz e Conceição).
Outra fonte de informação da ocorrência da C. brevis foi providenciada pelos peritos
credenciados pelo Governo Regional que realizam vistorias e certificações em
infestação pela praga, bem como vistorias e certificações que atestem a eficácia de
desinfestações em habitações (Sistema de Certificação de Infestação por Térmitas -
SCIT)
b) Análise de Dados
i) Dados TERMODISP
A abundância da térmita de madeira seca foi medida através do valor médio de
térmitas capturadas por armadilha, dado que em algumas habitações foram colocadas
mais do que uma armadilha. Em seguida, o número de alados capturados foi utilizado
para estimar o número de colónias por edifício de acordo com o número médio de
indivíduos e a percentagem de alados existentes por colónia (Myles et al. 2007).
Baseados neste dado, foi possível estimar o número de colónias por edifício
monitorizado. Para obter os níveis de infestação, a abundância de alados foi
organizada numa escala logarítmica, utilizando o sistema de oitavas: conjunto 1 =
Número de casas com 1 ou menos colónias, conjunto 2 = Número de casas com 2 - 3
colónias, conjunto 3 = Número de casas com 4 – 15 colónias, conjunto 4 = Número de
casas com 16 – 63 colónias, etc. (ver também Gray et al. 2006).
De acordo com esta escala, os edifícios foram mapeados e aplicou-se uma
probabilidade de infestação nos 100 metros circundantes, de acordo com a
capacidade média de voo da espécie) (Guerreiro 2009). Foi também realizado um
ranking dos resultados por local e a informação obtida em 2010 foi comparada com a
de 2011 utilizando-se o teste de Wilcoxon signed-rank, um teste não - paramétrico de
hipóteses estatísticas. A escala de oitavas foi transformada num índice de infestação,
como é demonstrado na Tabela 2-2. A informação foi plotada, utilizando-se um
Sistema de Informação Geográfica (SIG) – gvSig.
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-28
Tabela 2-1: Índice de infestação baseado na escala de oitavas
Ranking de Infestação Número de colónias Incipiente/Inicial 1
Leve 2 a 3
Moderado 4 a 15
Forte 16 a 63
Muito Forte 64 a 255
Destrutivo 255 a 1023 ou mais
ii) Programa de Comunicação de (PCR) – Campanha “SOS
Térmitas – Unidos na prevenção”
Os dados obtidos através deste programa são apenas de presença/ausência. Os
pontos onde foi registada a presença de térmita de madeira seca foram plotados
utilizando o SIG – gvSig. Para cada ponto foi criado um buffer de 100 metros,
representativo da capacidade de dispersão da espécie. Isto significa que o ponto de
presença é uma potencial fonte de infestação e dispersão nos 100 metros
circundantes, ou que o ponto de presença foi infestado por um outro edifício infestado
a 100 metros de distância. O mapa com esta informação foi então intersectado com o
mapa de infestação do programa TERMODISP e SCIT (ver informação abaixo) de
modo a fornecer um mapa completo das zonas infestadas.
iii) Sistema de Certificação de Infestação por Térmitas – SCIT
Em Janeiro de 2011 o governo açoriano publicou uma nova legislação que
regulamenta alguns aspectos da gestão da praga urbana de térmitas. Esta nova lei
requer inspecções qualificadas (certificando a presença ou ausência de térmitas)
sempre que um edifício é vendido, sujeito a desinfestação ou que seja pedido um
apoio à requalificação ou tratamento para a infestação por térmitas financiado pelo
governo regional. O governo regional, através da Direcção Regional do Ambiente, tem
reunido informação acerca da localização dos edifícios onde esta certificação tem sido
requerida. Esta informação foi também compilada para a obtenção de um mapa da
infestação mais completo.
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-29
O procedimento anterior de realizar um buffer de 100 metros de diâmetro em redor do
ponto de presença foi repetido, e esta informação foi plotada através da utilização de
um SIG e comparada com os dados anteriores.
2.4 Resultados
Durante os dois anos de monitorização da praga foram capturados 407 405 alados em
todas as ilhas infestadas (ver Tabela 2-2). Em Angra do Heroísmo (2010 e 2011)
foram monitorizadas 86 edifícios, em que 57 registaram um aumento das capturas, 30
registaram uma diminuíção, enquantoque 4 edifícios mantiveram o mesmo número de
capturas. Em Ponta Delgada 31 imóveis foram monitorizados (2010 e 2011) dos quais
17 aumentaram o número de capturas, e em 13 o número decresceu. A média de
térmitas capturadas por armadilha em Angra do Heroísmo foi de 716 em 2010 e de
1304 em 2011 (Z = -3.90; p <0.0001). Em Ponta Delgada a média de capturas foi de
614 em 2010 e 893 em 2011 (Z = -1.12; n.s.) (Figura 2-4) Apesar de em Ponta Delgada a diferença de capturas entre 2010 e 2011 não ser
estatisticamente significante, existiu um ligeiro aumento do número médio de capturas
de térmitas por edifício.
Tabela 2-2: Número total de alados capturados durante os dois anos de monitorização.
SMG TER SMA FAI SJG PIC T A T 2010 29630,2 203185,6 925,0 Sem dados Sem dados Sem dados 233740,8
407405 2011 36816,0 129518,2 1116,0 2661,0 1346,0 2207,0 173664,2
TA – Total de térmitas capturadas por ano; T – Total de térmitas capturadas em ambos os anos
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-30
Figura 2-4: Evolução da praga em Angra do Heroísmo (a, b) e, em Ponta Delgada (c, d) em 2010 (a, c) e 2011 (b, d). V – Vestígio; I – Inicial /Moderado; M – Moderado; E –
Infestado; HE – Muito Infestado; D – Destrutiva.
O nível de infestação nas duas maiores cidades açorianas é diferente. Em Angra do
Heroísmo, 56% (em 2010) e 63% (em 2011) dos edifícios registaram níveis elevados
(níveis E, ME, ou D) de infestação (Figura 2-5a, b; ver também Figura 2-6), enquanto
em Ponta Delgada os níveis de infestação foram menores, i.e. 35% em 2010 e 33%
em 2011 (Figura 2-5a, b; ver também Figura 2-7).
Figura 2-5: Distribuição geográfica da C. brevis em Angra do Heroísmo e distribuição
potencial para 2010 (a) e 2011 (b). As cores seguem o mesmo padrão da Fig. 2.4
.
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-31
A distribuição geográfica e potencial de dispersão, de acordo com os nossos dados de
monitorização, pode ser vista nas figuras 2-5 e 2-6 para Angra do Heroísmo e Ponta
Delgada respectivamente. Estas figuras mostram o padrão descrito na Figura 2-4 que
indica que a distribuição geográfica da praga está dispersa em quase toda a extensão
da cidade de Angra do Heroísmo (Figura 2-5) e que os níveis mais elevados de
infestação em Ponta Delgada estão restritos ao centro da cidade (Figura 2-6). É
assumida uma relação directa com os níveis de infestação, não tendo sido feita
nenhuma tentativa de ligar os dados observados com as possíveis alterações no
edifício que terão eventualmente levado a uma menor utilização de madeira na sua
construção ou requalificação.
Figura 2-6: Distribuição geográfica da C. brevis em Ponta Delgada e distribuição potencial para 2010 (a) e 2011 (b). As cores seguem o mesmo padrão na Figura 2-4.
Figura 2-7: Comparação do valor médio (+ s.e.) de térmitas capturadas em edifícios monitorizados simultaneamente nos anos de 2010 e 2011 nas cidades de Ponta Delgada
(PDL) e Angra do Heroísmo (AH).
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-32
Ambos os projectos, o SCIT e o PCR, contribuem com nova informação acerca da
distribuição da C. brevis. Os dados do PCR identificam novas áreas de infestação nas
cidades de Angra do Heroísmo (Figura 2-8c), Horta (Figura 2-9a), Vila do Porto (Figura
2-9e) e Espírito Santo (Figura 2-9g). O SCIT, programa governamental, também
contribuiu com novos dados para a distribuição geográfica da C. brevis, apontando
novos focos de infestação em Ponta Delgada (Figura 2-8f).
O mapa de infestação da C. brevis é bastante mais amplo e completo do que os
mapas obtidos com os dados do ano anterior. Este resultado indica que a infestação
está a aumentar e está a expandir-se geograficamente para outras áreas vizinhas.
Esta expansão está a ocorrer em Angra do Heroísmo (Figura 2-8g) e em Ponta
Delgada (Figura 2-8h). Nas restantes ilhas parece claro que a praga irá dispersar-se
bastante além das localidades actualmente conhecidas: Santa Maria – Maia (Figura
2-9f), Vila do Porto (Figura 2-9e) e Espírito Santo (Figura 2-9g); Pico – Ribeiras (Figura
2-9c) e Calheta do Nesquim (Figura 2-9d); S. Jorge – Calheta (Figura 2-9b); Faial –
Horta (Figura 2-9a).
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-33
Figura 2-8: Resultados dos diferentes programas durante 2011 nas cidades de Angra do Heroísmo (AH) e Ponta Delgada (PDL).
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-34
Figura 2-9: Resultados obtidos através de diferentes programas durante 2011 nas ilhas do Faial, S. Jorge, Pico e Santa Maria.
2.5 Discussão
Os Açores foram descobertos e colonizados no século XIV pelos Portugueses e
durante séculos foi um importante entreposto para os navegadores que cruzavam o
oceano Atlântico vindos da Índia, África e Américas. Portanto, não é surpreendente
que várias espécies de térmitas exóticas tenham chegado e se fixado no arquipélago.
Apesar de uma relativamente recente introdução nos Açores, a térmita de madeira
seca das Índias Ocidentais (Cryptotermes brevis) está a causar sérios danos
económicos para os proprietários de habitações e para o governo regional (Borges &
Myles 2007). De forma a optimizar a gestão privada e governamental, é fundamental
estudar a distribuição geográfica e densidade das populações de térmitas.
Os resultados obtidos em três estudos complementares (Termodisp; RCP e SCIT)
indicam que existem claramente “hotspots” de abundância nos centros históricos das
cidades de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada. Estas duas cidades são importantes
cidades portuárias com um importante tráfico de embarcações de mercadorias e
recreio. Os portos e as marinas poderão ser portas de entrada para a infestação e
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-35
quanto mais antigas são estas cidades, mais perto os centros históricos se situam dos
portos e marinas de recreio. A docagem de embarcações tem sido associada com a
infestação de outras espécies de térmitas (Coptotermes gestroi e Coptotermes
formosanus) (Hochmair & Scheffrahn 2010), e a infestação na Horta, Angra do
Heroísmo e Ponta Delgada também parecem seguir este padrão.
Em Ponta Delgada, a densidade de alados capturados decresceu do centro da cidade
para a periferia, o que poderá ser devido a dois factores: i) casas mais antigas com
maiores proporções de madeira são bastante mais comuns nos centros históricos e/ou
ii) os primeiros lugares infestados estarem originalmente localizados no centro da
cidade. No entanto, em Angra do Heroísmo a situação é bastante diferente existindo
algumas casas na periferia da cidade (em S. Pedro e Sta. Luzia) muito infestadas. Em
Ponta Delgada a única excepção a este facto é uma casa muito infestada na freguesia
de S. Pedro, detectada no ano de 2011. Este local, muito infestado, foi provavelmente
colonizado com a ajuda humana através do transporte de materiais infestados de uma
zona afectada pela praga no centro da cidade ou do estrangeiro.
De acordo com Ferreira (2011) a infestação de C. brevis nos Açores teve mais que
uma origem. Portanto, esta infestação, que é distante do centro da cidade mais de 500
metros, poderá ter tido origem de um local que não o centro da cidade.
Um assunto também importante de abordar nesta discussão, relativamente a Ponta
Delgada, é a área que teve uma classificação de infestação incipiente em 2010 e uma
classificação de infestação bastante elevada em 2011. Esta situação poderá acontecer
devido a algumas casas serem monitorizadas pela primeira vez em 2011 e este facto
possivelmente reflectir um mais vasto e preciso mapa da infestação da cidade. Não é
possível realizar uma pesquisa a todas as casas da cidade ou garantir a monitorização
das mesmas habitações de um ano para o ano seguinte porque a monitorização está
dependente da cooperação dos proprietários das habitações.
No entanto, o presente estudo incluiu, tanto quanto possível, as mesmas casas ou o
mesmo número de casas por rua que foram estudadas anteriormente.
Sabe-se que a dinâmica da abundância local de insectos (Kaspari et al. 2000) e alados
de térmitas em particular (Bhanot et al.1984), são em grande parte determinadas por
factores ambientais, tais como a variação local e temporal da temperatura e da
humidade. Este dado foi claro, nas cidades estudadas, em que o mês e semana em
que a densidade de alados foi maior variaram grandemente entre os anos de
monitorização. Steward (1982) verificou que os pseudoagregados têm uma preferência
por uma gama de humidade relativa (68 a 75%). Tem sido demonstrado que a
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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano
2-36
humidade relativa, juntamente com a pressão atmosférica, têm um efeito na ocorrência
do voo dos alados, existindo um intervalo de valores para a ocorrência dos voos: 759-
764 mmHg de pressão do ar e 59 a 83% de humidade relativa com picos ocorrendo a
761mmHg e 68% (Ferreira 2008). A variação das ocorrências de voo e a falta de
condições ideais para a ocorrência dos voos pode explicar a diferença entre as ilhas,
bem como, explicar em pequena escala a variação na densidade entre os anos. Por
conseguinte, é necessário continuar a monitorização de alados, a fim de determinar se
as diferenças encontradas são apenas flutuações anuais, ou se a infestação se está a
tornar verdadeiramente mais grave, espalhando-se para novos locais.
A grande infestação observada em Angra do Heroísmo e o aumento claro de
infestação observado entre 2010 e 2011 é um motivo de preocupação e mostra que a
actual estratégia pública para controlar os números de C. brevis não é suficientemente
eficiente.
2.6 Agradecimentos
Programa de Comunicação de (PCR) – Campanha “SOS Térmitas – Unidos na
prevenção”;
Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM) – Direcção Regional do Ambiente
Proprietários de edifícios e habitantes das casas monitorizadas.
2.7 Referências Bibliográficas
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2-40
Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (-20 Cº) Annabella Borges, Orlando Guerreiro, Filomena Ferreira & Paulo A. V. Borges
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
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3. Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (-20 Cº)
3.1 Sumário
Este tratamento experimental surge no seguimento de outros testes já realizados com
o propósito de tratar mobílias e pequenos objectos de madeira infestados pela térmita
de madeira seca Cryptotermes brevis, isto é, para peças de madeira de fácil transporte
e manuseamento. Com base neste propósito, a EMCTA, testou um método de
eliminação da espécie através da exposição ao frio extremo (temperaturas negativas).
Estes testes ocorreram num contentor de frio cedido pela empresa Vitória Tráfego e
que consistiu numa simples exposição de madeira infestada com C. brevis a uma
temperatura de -20ºC, por diversos períodos temporais. Para amostragem utilizaram-
se barrotes de madeira infestados por C. brevis, que envolvidos em película aderente
para protecção do material e posterior identificação. Os resultados obtidos nestas
experiências foram de mortalidade total dos insectos em todos os testes realizados, e
em todos os tempos de exposição propostos.
3.2 Introdução
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis, conhecida como a térmita das Índias
Ocidentais, ocorre numa vasta área do planeta entre os trópicos (Scheffrahn et al.
2009). A espécie está estabelecida onde existem temperaturas relativamente altas ou
amenas. Esta relação entre a presença da espécie e locais amenos leva a que a sua
distribuição seja bastante vasta, principalmente porque está bastante apta a coexistir
nas habitações e estruturas humanas. A afinidade da espécie com as condições de
habitabilidade humana e o facto da sua detecção ser bastante difícil, principalmente
nos estágios iniciais de desenvolvimento, leva a que esta praga se tenha propagado,
através do transporte de madeiras, a toda a longitude do planeta.
O tratamento de madeiras infestadas por térmitas de madeira seca é algo que está
também bastante estudado, sendo recorrente a utilização de produtos químicos,
tratamentos com temperatura (calor) e gases inertes (Borges & Myles 2007). Estes
tratamentos têm custos que para a maioria das famílias açorianas não são
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
3-42
suportáveis, e são na sua maioria indicados para madeiras sensíveis ou para
mobiliário de grande valor.
Por este motivo a EMCTA – Equipa de Monitorização e Controlo das Térmitas nos
Açores, testou em 2006 um tratamento utilizando a exposição solar como fonte de
calor (Borges et al. 2007), sendo que esta técnica apenas poderá ser efectuada
durante o verão, e portanto outras técnicas deverão ser testadas. Este facto
aliado, à experiência de um cidadão de Angra do Heroísmo que colocou as suas
mobílias numa câmara frigorífica, levou a EMCTA a testar um método de eliminação
da espécie através da exposição ao frio extremo (temperaturas negativas). A técnica
que foi utilizada nesta experiência, descrita abaixo, é para ser utilizada apenas em
mobiliário e outros objectos facilmente amovíveis.
Os testes decorreram na freguesia da Ribeirinha, num contentor de frio cedido pela
empresa Vitória Tráfego.
O método testado foi a simples exposição de madeira infestada com C. brevis num
contentor de frio, por diversos períodos temporais, a uma temperatura de -20ºC. As
madeiras usadas foram envolvidas em película aderente para protecção do material e
posterior identificação
3.3 Objectivos
3.3.1 Objectivo Geral
Verificar a viabilidade das baixas temperaturas como forma de extermínio da espécie
C. brevis em objectos de madeira amovíveis.
3.3.2 Objectivos Específicos
- Verificar a possibilidade do uso de uma câmara frigorífica para o extermínio da
espécie C. brevis em objectos de madeira amovíveis;
- Determinar o período necessário de exposição de objectos de madeira amovíveis,
para um tratamento eficaz, utilizando este método.
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
3-43
3.4 Metodologia
Como amostragem foram utilizados barrotes de madeira infestados por C. brevis,
cedidos por um morador que reconstruiu a sua habitação devido aos estragos
causados por esta espécie de térmita. Estes barrotes pertenciam à parte estrutural da
casa e possuíam uma espessura aproximada de 0.15 x 0,20 m, procedendo-se
apenas ao corte da madeira em pedaços de 0.50 m de comprimento. As Figura 3-1 e
Figura 3-2 apresentam o barrote inteiro e depois cortado em vários pedaços. Foram
cortados 18 pedaços de madeira.
Figura 3-1: Barrote inteiro.
Figura 3-2: Pedaços de madeira cortados com 0.5 m de comprimento.
Alguns dos barrotes cortados apresentavam uma infestação bastante considerável,
como mostra a Figura 3-3, outros no entanto apresentavam uma infestação menor
(Figura 3-4).
Figura 3-3: Pedaço de madeira bastante infestado.
Figura 3-4: Pedaço de madeira menos infestado.
As amostras (pedaços de madeira) foram sujeitas a três períodos diferentes de
exposição: 1, 3 e 7 dias (Tabela 3-1).
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
3-44
Foram testadas 3 amostras para cada período de exposição. A madeira foi envolvida
numa película transparente (Figura 3-5 e Figura 3-6) com uma espessura de cerca de
1mm, fechada com fita colante e colocada no contentor de frio, a -20ºC, durante os
períodos acima mencionados. Simultaneamente foram colocadas amostras de controlo
do teste em local apropriado com as condições normais de temperatura.
Figura 3-5: Envolvimento da amostra em
película aderente.
Figura 3-6: Pedaços de madeira
envolvidos em película aderente.
Tabela 3-1 – Amostras (pedaços de madeira) e os diferentes tempos de exposição. Tempo de Exposição
Nº de Réplicas Controlo Total de
Amostras
1 Dia 3 3 6
3 Dias 3 3 6
7 Dias 3 3 6
Para o teste das caixas de madeira foram usadas um total de 54 caixas, sendo 18 de
madeira de Acácia, 18 de madeira de Criptoméria e 18 de madeira de Pinho, contendo
10 térmitas no interior de cada caixa. Foram colocadas 27 caixas com térmitas no
contentor de frio seguindo as mesmas condições da experiência anterior.
Simultaneamente foram colocadas amostras de controlo do teste em local apropriado
com as condições normais de temperatura.
Tabela 3-2: Caixas de diferentes tipos de madeira e os diferentes tempos de exposição.
Tempo de exposição
Ac. Crip. Pin. C. Ac. C. Cript. C. Pin. Total de
Amostras Total de Térmitas
1 Dia 3 3 3 3 3 3 18 180
3 Dias 3 3 3 3 3 3 18 180
7 Dias 3 3 3 3 3 3 18 180 Ac- Acácia; Crip- Criptoméria; Pin- Pinho; C. Ac- Controlo Acácia; C. Crip- Controlo Criptoméria; C. Pin- Controlo Pinho.
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
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Com a finalidade de testar o TEL10 (Tempo Exposição Letal para 10 indivíduos)
colocaram-se 10 térmitas e papel de filtro em cada caixa de petri (Figura 3-7), com
períodos de exposição de 1, 6, 24, 48 e 72 horas. Nesta experiência foram usadas 30
caixas de petri. A Tabela 3-3 mostra o número de amostras e térmitas e os diferentes
tempos de exposição.
Figura 3-7: Amostras das placas de Petri.
Tabela 3-3: Caixas de Petri e os diferentes tempos de exposição. Tempo de Exposição
Nº de Réplicas Controlo Total de Amostras
Total de Térmitas
1 hora 3 3 6 60
6 horas 3 3 6 60
24 horas 3 3 6 60
48 horas 3 3 6 60
72 horas 3 3 6 60
Foram extraídas de pedaços de madeira da mesma origem das amostras testadas
cerca de 1000 térmitas vivas para serem usadas nos testes com as caixas de petri e
as caixas de madeira (Figura 3-7 e Figura 3-8).
O teste TEL10 permitiu à equipa verificar o tempo de exposição versus o número de
indivíduos sobreviventes para cada período de exposição.
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
3-46
Figura 3-8: Desbravamento da madeira.
Figura 3-9: Extracção das térmitas.
O contentor de frio (Figura 3-10) foi disponibilizado pela empresa Vitória Tráfego,
sediada na freguesia da Ribeirinha. Após se ter efectuado o ajuste da temperatura
desejada (-20ºC), que demorou cerca de 1 hora a atingir no interior do contentor,
colocaram-se todas as amostras de acordo com a Figura 3-11.
Figura 3-10: Contentor de frio.
Figura 3-11: Disposição das amostras dentro do contentor de frio.
As restantes amostras de controlo foram colocadas no laboratório (Figura 3-12) de
trabalho da equipa ECMTA, sediado na Rua do Rego, em Angra do Heroísmo, com as
condições normais de temperatura e protegidas da luz natural (Figura 3-13).
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
3-47
Figura 3-12: Amostras dispostas no laboratório.
Figura 3-13: Amostras protegidas da luz.
Após um dia de exposição as amostras foram retiradas do contentor de frio. A película
aderente foi removida e verificou-se que tanto as caixas de madeira, como os pedaços
de madeira, encontravam-se secos (Figura 3-14 e Figura 3-15), apresentando apenas
alguma condensação de água por fora da película transparente. Procedeu-se de
seguida ao desbravamento da madeira (no caso dos pedaços) e a contagem das
térmitas vivas e mortas nas caixas de madeira.
Figura 3-14: Película transparente retirada das caixas de madeira.
Figura 3-15: Corte da película transparente na amostra de madeira.
Procedeu-se de forma igual para as restantes amostras e respectivos controlos, sendo
retiradas nos tempos de exposição acima mencionados.
Com as placas de petri fez-se exactamente o mesmo, mas neste caso os tempos de
exposição foram diferentes.
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
3-48
3.5 Resultados
Nas várias caixas de madeira de Acácia, Criptoméria e Pinho verificou-se mortalidade
total dos insectos nos diferentes tempos de exposição. Em todas as amostras sujeitas
ao frio, as térmitas estavam mortas e apresentavam o corpo mole (Figura 3-16). Nos
controlos a maioria das térmitas estavam vivas, sendo a mortalidade existente apenas
residual, resultante da mortalidade natural da colónia e/ou da extracção dos
indivíduos.
Nas placas de petri a mortalidade de indivíduos foi de 100% nos diferentes tempos de
exposição.
No caso dos pedaços de madeira após o primeiro dia de exposição, a mortalidade foi
igualmente de 100%.
Estes testes poderão ser bastante úteis, uma vez que mostram um tratamento rápido e
possível de ser realizado em qualquer momento (uma vez que o tratamento será
realizado num contentor de frio), e que poderá ser também uma viável oportunidade
de negócio para as empresas locais.
Figura 3-16: Térmitas mortas após u dia de exposição a -20ºC.
A Figura 3-17 mostra os fragmentos de madeira após o desbravamento da Amostra 1.
Foram extraídas cerca de 1528 térmitas mortas (Figura 3-18). A Amostra 1 que é
também visualizada na Figura 3-3, mas em corte longitudinal, mostra uma infestação
bastante elevada com a madeira muito danificada. Já a figura 4 mostra um corte
longitudinal da Amostra 3, onde se extraíram cerca de 531 térmitas mortas. Estas
amostras foram ambas sujeitas a um dia de exposição de -20ºC. Na Amostra 3,
aparentemente a madeira encontrava-se bastante resistente e a exposição de um dia
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
3-49
a esta temperatura, foi suficiente para provocar mortalidade total das térmitas, ou
seja, houve uma penetração eficaz do frio em toda a madeira.
Figura 3-17: Pedaços de madeira após desbravamento da Amostra 1.
Figura 3-18: Térmitas mortas extraídas da Amostra 1.
3.6 Conclusões
Os resultados obtidos nestas experiências foram de uma mortalidade total em todos os
testes realizados e em todos os tempos de exposição propostos. Um dia de exposição
a -20ºC de um pedaço de madeira com uma espessura de mais ou menos 0.15x0.20
m, foi o suficiente para matar todas as térmitas.
Para um resultado eficaz, relativamente à preservação do material a tratar, é
importante que o tratamento seja feito nos meses mais frios de Novembro a Abril.
Podemos assim concluir que este poderá ser mais um método simples e eficaz a que
qualquer pessoa pode recorrer para tratar objectos amovíveis infestados por C. brevis.
Esta técnica simples possui vários aspectos positivos:
• Para uma mortalidade total basta um dia de exposição do material infestado, a
-20ºC (no entanto recomenda-se pelo menos 3 dias de exposição pelo facto de
algumas peças de madeira por vezes estarem revestidas por tintas, vernizes, tapa
poros, etc.);
• É uma técnica barata e de tratamento rápido, sendo apenas necessário um
contentor de frio e película aderente, para envolver as peças a tratar;
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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (20 Cº)
3-50
• Ser uma técnica eficiente para a eliminação não só da C. brevis, mas também
de outras pragas, como certas espécies de larvas de caruncho.
No entanto, seria importante testar esta técnica em diferentes tipos de madeira que se
encontram revestidas por diversos materiais como, vernizes, tintas, tapa poros, etc.
Nesta experiência não foi possível obter amostras infestadas com C. brevis deste tipo
em número suficiente para testar nos vários tempos de exposição propostos.
Um factor importante é que qualquer empresa local poderá fazer desta técnica uma
viável oportunidade de negócio visto que o equipamento a adquirir será apenas de um
contentor de frio.
3.7 Agradecimentos
Ao Sr. Paulo Quinto, da Vitória Tráfego, pela cedência do contentor de frio e pela
disponibilidade prestada nos 7 dias de teste.
3.1 Bibliografia
Borges, P.A.V. & Myles, T.G. (Eds.) (2007). Térmitas dos Açores. Princípia, Lisboa,
128 pp. Borges, A., Guerreiro, O., Ferreira, M., Myles, T.G. & Borges, P.A.V. (2007).
Tratamento das mobílias atacadas por Cryptotermes brevis com calor, fumigantes sólidos e gases inertes. In: P.A.V. Borges & T. Myles (eds.), Térmitas dos Açores. Princípia, pp. 85-95, Lisboa.
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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em aparas de madeira à venda no Hiper-Mercado Modelo de Angra do Heroísmo Paulo A. V. Borges, Orlando Guerreiro, Annabella Borges, Filomena Ferreira & Luís Crespo
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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de madeira importada para os Açores
4-52
4. Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em aparas de madeira à venda no Hiper-Mercado Modelo de Angra do Heroísmo
4.1 Sumário
Foi efectuada uma pesquisa a embalagens de madeira recolhidas numa superfície
comercial para despiste de presença de espécies exóticas. Foram capturadas cerca
de 13 espécies diferentes de artrópodes, entre as quais duas espécies de térmitas
europeias e duas espécies diferentes de formigas do género Crematogaster,
desconhecidas nos Açores. Recomenda-se a rápida eliminação de todo o produto
neste momento disponível para venda nos Açores e sugere-se a queima imediata.
Devem tomar-se medidas no sentido de impedir a importação para os Açores deste
tipo de produto, a menos que o exportador possa garantir que procedeu à esterilização
do produto com procedimentos adequados (e.g., fumigação).
4.2 Relatório de Inspecção
Após uma queixa realizada junto do Gabinete de Biodiversidade dos Açores acerca da
presença de espécies exóticas existentes num produto oriundo de restos vegetais da
limpeza de florestas para queima doméstica, foi realizada uma recolha de diversos
sacos do produto para amostragem. Foram recolhidos oito sacos do produto
mencionado, tendo sido minuciosamente inspeccionados para a recolha de todos
indivíduos presentes. Mais tarde os indivíduos recolhidos foram analisados e
classificados de forma a entender a sua origem e estatuto relativamente ao
arquipélago dos Açores.
Material Madeira de florestas
Marcas Solf, USO, DELGARDEN
Origem Foros do Domingão, Ponte de Sor - Portugal Continental
Adquirido por Inspecção Regional do Ambiente, Terceira- 10 sacos; Uaç- 3 sacos
Vendedor Modelo de Angra do Heroísmo
Amostragem total 13 sacos
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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de madeira importada para os Açores
4-53
Este trabalho foi realizado com o conhecimento da Secretaria Regional do Ambiente e
do Mar, nomeadamente da Inspecção Regional do Ambiente.
Listagem de Espécies
Saco 1 Espécies: -Formiga (Crematogaster spp B) -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) Saco 2 Nada observado Saco 3 Espécies: - Pseudoescorpião - Larvas de escaravelhos (Coleoptera) -Ácaros Saco 4 Espécies: -Formiga (Crematogaster sp. A) -Aranha (Dysdera sp.) Saco 5 Espécies: -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) Saco 6 Espécies: -Formiga (Crematogaster sp. A) -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) Saco 7 Espécies: -Ácaros -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) Saco 8 Nada observado Saco 9 Espécies: -Ácaros Saco 10 Espécies: -Centopeia Saco 11 -Térmita subterrânea Europeia (Reticulitermes grassei) Saco 12 -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) -Formiga (Crematogaster sp. B) Saco 13 -Formiga (Crematogaster sp. B) -Coleóptero Xilófago -Larva de Coleóptero -Centopeia
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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de madeira importada para os Açores
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4.3 Sumário de Resultados
Foram capturados cerca de 13 espécies diferentes de artrópodes, entre as quais as
duas espécies de térmitas europeias, uma subterrânea (Reticulitermes grassei),
conhecida nos Açores apenas na cidade da Horta (Faial) e outra de madeira viva
(Kalotermes flavicollis), já conhecida em várias ilhas dos Açores.
De assinalar a presença de duas espécies diferentes de formigas do género
Crematogaster, desconhecidas nos Açores.
Em termos de curva de acumulação (Figura 4-1), observa-se que a curva continua a
crescer pelo que se espera encontrar muitas outras espécies se mais amostras forem
analisadas.
Plot of Species Accumulation
Sample13121110987654321
Spe
cies
Num
ber
13
12.5
12
11.5
11
10.5
10
9.5
9
8.5
8
7.5
7
6.5
6
5.5
5
4.5
4
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
Figura 4-1: Curva de acumulação das espécies encontradas nas 13 amostras com base na média de 100 curvas de acumulação aleatórias.
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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de madeira importada para os Açores
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Plot of Chao presence / absence richness estimator
Sample13121110987654321
Spe
cies
Num
ber
35
34
33
32
31
30
29
28
27
26
25
24
23
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Figura 4-2: Curva de estimação do estimador Chao1 das espécies que se espera encontrar em quaisquer 13 amostras com base na média de 1000 curvas de acumulação aleatórias.
Com base na Figura 4-2, pode-se estimar que se mais amostras vierem a ser
investigadas poderemos encontrar um total de pelo menos 33 espécies diferentes de
artrópodes.
4.4 Conclusões e Recomendações
Os resultados obtidos são muito preocupantes e demonstram claramente que estamos
perante uma situação muito grave de introdução de fauna exótica nos Açores.
Praticamente todos os sacos continham espécies diferentes de artrópodes não
conhecidos naturalmente nos Açores.
Assinala-se igualmente que apenas se investigou a presença de macro-artrópodes,
pelo que é possível que as amostras também contenham micro-artrópodes e outros
invertebrados (e.g. Nemátodes).
Recomenda-se:
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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de madeira importada para os Açores
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1) A rápida eliminação de todo o produto neste momento disponível para venda
nos Açores. Sugere-se a queima imediata;
Devem tomar-se medidas no sentido de impedir a importação para os Açores deste
tipo de produto, a menos que o exportador possa garantir que procedeu à esterilização
do produto com procedimentos adequados (e.g., fumigação).
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4-57
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. Orlando Guerreiro, Filomena Ferreira, Nuno Bicudo da Ponte, Annabella Borges & Paulo A. V. Borges
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-58
5. A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5.1 Sumário
A recente descoberta da térmita de madeira seca Cryptotermes brevis no arquipélago dos
Açores, em particular nas ilhas de S. Miguel, Terceira, Faial e Santa Maria despontou a
investigação acerca dos potenciais problemas que poderão advir da existência desta espécie
exótica no arquipélago. Deste modo, um dos vários pontos questionáveis, foi eventual
presença desta térmita nas restantes ilhas e localidades onde a sua ocorrência não havia sido
registada. De forma a conhecer a existência de novos focos de infestação realizamos
diversas incursões a diversos locais.
Foram realizadas diversas comunicações à população, bem como divulgação junto dos
órgãos de comunicação locais. Através das sessões de esclarecimento realizadas junto da
população foram recolhidas moradas de habitações às que juntamos outras seleccionadas
aleatoriamente para vistoria com o intuito de verificar a existência de indícios de térmita de
madeira seca ou outros agentes de destruição biológica das madeiras. Durante as sessões
de esclarecimento e as visitas realizadas foram mostradas diversas pistas da presença da
térmita de madeira seca, tais como assas, produção orgânica, etc.
Não foram encontrados vestígios de térmitas em nenhuma das habitações nas ilhas
vistoriadas. A espécie Hylotrupes bajulus foi encontrada pontualmente em diversas ilhas
sendo mais comum a espécie Anobium punctatum.
As vistorias realizadas foram bastante proveitosas, uma vez que, permitiu a sensibilização da
população para um problema grave que afecta actualmente as principais cidades do
arquipélago.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-59
5.2 Introdução
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis é uma das pragas mais destrutivas do planeta
e a sua presença está confirmada em 5 Ilhas dos Açores: Terceira, São Miguel, Faial, São
Jorge e Santa Maria. Constituindo uma praga urbana em várias habitações de Angra do
Heroísmo, Porto Judeu, Ponta Delgada, Calheta, Horta, Vila do Porto e Maia.
Figura 5-1: Mapa do arquipélago dos Açores indicando as ilhas onde está confirmada a ocorrência da espécie Cryptotermes brevis segundo dados obtidos até o início de 2011.
Trata-se de uma espécie de madeira seca com origem num clima desértico da América do
Sul onde as temperaturas atingem valores elevados durante o dia e muito baixos durante a
noite, sendo a pluviosidade neste local muitíssimo rara. A sua dispersão ocorreu com o
importante auxílio humano, tendo-se espalhado por todo o mundo, através de navios e
madeiras importadas (Scheffrahn et al. 2009). Esta espécie embora seja de madeira seca
necessita de uma certa humidade, pelo que se dá muito bem em ilhas (Evans et al., 2004).
Uma colónia é formada por cerca de 150 indivíduos (embora possam ser apenas 40 a 50 por
colónia) (Myles et al. 2007), podendo várias colónias ocorrer numa pequena área, cada uma
com uma rainha (fêmea) e rei (macho).
Como se alimentam de madeira seca, todas as madeiras antigas e não tratadas, são um alvo
potencial de ataque e posterior destruição. Inicialmente, as térmitas não são observáveis
porque fecham os orifícios externos das galerias, sendo a sua presença apenas notada
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-60
quando os dejectos são expelidos e se aglomeram nos soalhos. Nesta altura as colónias já
provocaram extensos danos. Deste modo, o seu combate não é uma tarefa simples (Gold &
Jones, 2000). A reprodução dá-se ao fim de quatro anos após um casal colonizar a madeira.
Os meses de Maio a Setembro são aqueles em que os novos casais alados procuram
orifícios para colonizar novas partes dos edifícios, para aí acasalarem.
Os objectivos principais deste trabalho consistiram em:
• Averiguar a presença de térmitas nas ilhas Graciosa, Pico, Flores e Corvo (ilhas
sem registo de ocorrência de térmitas);
• Averiguar a presença de térmitas em outras localidades das ilhas de S. Miguel e
Faial (ilhas com ocorrência de térmitas nas principais cidades);
• Promover o contacto com a população para alertar e informar sobre o problema, de
modo a que se o mesmo surgir, exista uma capacidade pró–activa por parte dos
habitantes da ilha de forma a detectá-lo e tomar as correctas medidas e
precauções.
5.3 Metodologia
O contacto com as Câmaras Municipais das diversas ilhas foi essencial para a divulgação
junto da população da nossa missão. Outra das formas utilizadas para divulgar a presença da
equipa na ilha foi através da compra de spots publicitários nas rádios locais e envio de notas
de imprensa para os órgãos de imprensa locais e regionais.
Trabalho de campo/vistorias
Informação/esclarecimento da População
EMCTA
Autarquias
Juntas de Freguesia População Proprietários/habitantes
Localidades Media
Figura 5-2: Esquema de abordagem da Equipa nas várias sedes de concelho das ilhas vistoriadas.
Foram realizadas sessões públicas de esclarecimento com o intuito de dar a conhecer o
projecto TERMODISP, bem como informar sobre o problema da praga, a sua detecção e
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-61
métodos de controlo. Nas prospecções realizadas nas ilhas de S. Miguel e Faial não foram
realizadas sessões de esclarecimento, no entanto, o contacto com as instituições locais,
freguesias e Câmaras Municipais foi feito de modo a informar a população.
Quanto à procura de indícios de térmita nas ilhas em questão o objectivo mínimo consistiu em
fazer uma amostragem em pelo menos 30 edifícios de diversas tipologias por Concelho,
seleccionados aleatoriamente ou mediante a inscrição de seus proprietários durante a sessão
de esclarecimento.
Em todas as autarquias foram realizadas vistorias também nos edifícios camarários e/ou
outros sugeridos por estes. Durante as vistorias foram também procurados indícios de outras
espécies de térmitas, bem como de outros agentes destrutivos das estruturas em madeira.
5.4 Resultados e Conclusões
Com base nas inspecções realizadas aos edifícios, e nos questionários feitos aos moradores,
não foi encontrado qualquer indício da presença da térmita de madeira seca Cryptotermes
brevis nas ilhas Graciosa, Pico, Flores e Corvo bem como de qualquer outra espécie de
térmita. Também não foram encontrados vestígios de infestação nas localidades vistoriadas
nas ilhas do Faial e S. Miguel.
Apresentamos de forma detalhada os resultados obtidos em cada ilha e concelho.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-62
Ilha Graciosa
A EMCTA esteve presente na Ilha Graciosa entre os dias 7 e 11 de Março de 2011 tendo
realizado uma sessão de esclarecimento no dia 7 com a presença de cerca de 20 cidadãos.
Figura 5-3: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Santa Cruz da Graciosa
i) Mapa dos Locais Vistoriados
Foram realizadas cerca de 50 vistorias, sendo que o procedimento adoptado nas mesmas
variou de acordo com a disponibilidade dos proprietários dos edifícios e das acessibilidades
aos locais mais prováveis de existirem indícios. A amostragem procurou ser mais intensiva
nos locais onde a malha urbana é mais densa, ou seja, na sede de concelho e nas zonas
centrais das sedes de freguesia.
Os locais estão apresentados no mapa da ilha Graciosa, abaixo, com ampliação da sede de
concelho de Santa Cruz da Graciosa.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-63
Figura 5-4: Mapa da Ilha Graciosa e zona urbana de Santa Cruz em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho).
ii) Espécies encontradas:
Foram encontrados indícios da presença de caruncho pequeno Anobium sp. (DeGueer,
1774) em 39 dos 50 edifícios amostrados (Figura 5-4).
A B
Figura 5-5: Anobium punctatum na fase adulta (foto: Pedro Cardoso) - A; e, na fase larvar (foto: Enésima Mendonça) - B
No entanto, em apenas 19 desses edifícios foi confirmada a infestação activa por este
coleóptero, através da presença de serrim e deterioração crescente da madeira.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-64
Figura 5-6: Ataque severo de Anobium punctatum em mobiliário
Figura 5-7: Orifícios de Anobium punctatum em mobiliário
Na tabela abaixo estão apresentadas os edifícios vistoriados, as suas características e
espécies existentes.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-65
Tabela 5-1: Habitações vistoriadas na Ilha Graciosa
Concelho de Santa Cruz da Graciosa
Nº Morada
Materiais Vindos de
Locais com Infestação
Materiais Vindos de
Locais Infestados nos Açores
Presença de spp
Tipologia de Sotão Nº Pisos
% de madeiras
Estr. Observações
1 Manuel Gaspar, 58 0 0 Anobium punctatum SA 1 100 Carpintaria
2 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 1 100 3 Centro Guadalupe 0 0 0 FA 2 100 4 Centro Guadalupe 0 0 0 SA 1 100 5 Centro Guadalupe 0 0 0 FA 1 100 6 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 1 100 7 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 1 80 8 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 2 100
9 Barro Branco, 33 0 0 Anobium punctatum FF 2 80
10 Caminho da Igreja, 180
Massachusetts - EUA 0 Anobium
punctatum FF 2 50
11 Centro Guadalupe 0 0 0 FA 2 80 12 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 1 100
13 Rua Fontes Pereira de Melo 0 0 0 FF 2 100
14 Rua Fontes Pereira de Melo 0 0 0 FF 1 100
15 Rua Dr. José Conde 0 0 0 FF 2 50
16 Centro Luz 0 0 Anobium punctatum FA 2 50 A. punctatum-
moderado
17 Centro Luz 0 0 Anobium punctatum SA 2 80
18 Carapacho 0 0 Anobium punctatum SA 1 50
19 Carapacho 0 0 0 FF 1 50 20 Carapacho 0 0 Anobium FF 1 50
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-66
punctatum 21 Grota 0 0 0 FF 1 50 22 Baía da Folga 0 0 0 TA 1 100
23 Rua do Castilho 0 0 Anobium punctatum SA 3 100
24 Centro Luz 0 0 0 SA 2 100
25 Centro SC 0 0 Anobium punctatum SA 1 50
26 Covas, 39 0 0 0 TA 1 20 27 Zona da Praça 0 0 0 SA 3 80
28 Rebentão 0 0 Anobium punctatum SA 2 50
29 Rebentão, 25B 0 0 Anobium punctatum SA 1 50
Anobium punctatum em
um móvel
30 Rua das Flores, 7 0 0 Anobium punctatum SA 2 100
31 Centro S. Cruz 0 0 0 2
32 Quitadouro 0 0 0 SA 2 100 Sótão não vistoriado
33 Quitadouro 0 0 0 TV 1 50 Não possui madeiras
estruturais
34 Bairro Conde de Simas 0 0 0 FF 1 50
35 Bairro Conde de Simas 0 0 0 FF 1 50
36 Rua do Marítimo, 33 0 0 Anobium
punctatum SA 2 80
Infestação severa de A. punctatum
nas madeiras estruturais do
tecto
37 Fonte do Mato, 27 0 0 Anobium punctatum TV 2 80
38 Fenais, 50 0 0 Anobium punctatum SA 1 50
39 Centro SCruz 0 0 0 FF 2 100 40 Centro S. Cruz 0 0 0 SA 2 100 41 Feteira, 38 0 0 Anobium FF 2 100 A. punctatum
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-67
punctatum severo em mobílias
42 Fonte da Areia 0 0 0 FF 1 50 43 Fonte do Mato 0 0 0 SA 2 100
44 Centro 0 0 Anobium punctatum FA 1 100
45 Centro 0 0 Anobium punctatum SA 2 100
46 Centro 0 0 0 FF 2 100 47 Centro 0 0 0 SA 2 100
48 Centro 0 0 0 SA 2 100 Vistoria
realizada ao 1.º Piso
49 Largo da Lagoa, 54 0 0 Anobium punctatum TV 2 100
50 Brasileira 0 0 Anobium punctatum TV 1 100
Falsa Aberta – FA; Falsa Fechada - FF; Tecto à Vista – TA; Sótão Aberto – SA
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-68
Ilha do Pico
A EMCTA esteve presente na Ilha do Pico entre os dias 15 e 23 de Fevereiro de 2011 tendo
realizado uma sessão de esclarecimento em cada uma das três sedes de concelho.
Figura 5-8: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de S. Roque
Figura 5-9: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Madalena
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-69
Figura 5-10: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Lajes
iii) Mapa dos Locais Vistoriados
A B
C
Figura 5-11: Mapa da Ilha do Pico e zonas urbanas: A – Madalena, B - Lajes e C – S. Roque do Pico em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho).
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-70
iv) Espécies encontradas:
Nas várias vistorias realizadas foram detectadas em 50 locais a espécie Anobium
punctatum, e por duas vezes a espécie Hylotrupes bajulus (Linnaeus, 1758). A primeira
espécie referida é o bastante comum e amplamente disperso caruncho, enquanto a segunda
espécie referida trata-se do caruncho grande, espécie que é comum encontrar em madeiras
novas aplicadas de pinho.
A B
Figura 5-12: Hylotrupes bajulus na fase adulta (foto: Pavel Krasensky) - A; e, na fase larvar (foto: http://www.sisdisinfestazioni.it/en/insetti-legno.html) - B
A ocorrência da espécie Hylotrupes bajulus, em madeiras aplicadas em mobiliário, deve-se
ao facto de a madeira utilizada (normalmente pinho) conter ovos que se desenvolvem mais
tarde levando ao desenvolvimento de larvas que constroem galerias que levando a uma
destruição parcial da madeira.
Figura 5-13: Ataque de Hylotrupes bajulus
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-71
Figura 5-14: Ataque de Anobium punctatum
Figura 5-15: Destruição severa provocada por ataque de Anobium punctatum
Na tabela abaixo são apresentadas as habitações vistoriadas, as suas características e
espécies encontradas. A informação está disposta por concelho.
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-72
Tabela 5-2: Habitações vistoriadas na Ilha do Pico
Concelho de S. Roque
Nº Morada
Materiais Vindos de
Locais com Infestação
Materiais Vindos
de Locais
Infestados nos Açores
Presença de spp
Tipologia de Sótão Nº Pisos
% de madeiras do
Edifício Observações
1 Prainha 0 0 Hylotrupes bajulus SA 2 90 Elevado
2 Sto. Amaro junto ao porto
América do Sul -
Importador de madeiras
0 Anobium punctatum TA 1 100 Baixo
3 Prainha 0 0 Anobium punctatum SA 2 100 Moderado
4 Santo Amaro 0 0 Anobium punctatum SA 1 80 Moderado
5 Centro (em frente à marginal) 0 0 Anobium
punctatum FA 2 100 Baixo
6 Centro (em frente à marginal) 0 0 Anobium
punctatum SA 2 100 Baixo
7 Centro (em frente à marginal) 0 0 TA 3 50
8 Cais 0 0 Anobium punctatum SA 1 80 Moderado/elevado
9 Centro 0 0 FA 1 100
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-73
10 Centro 0 0 Anobium punctatum TA 2 100 Moderado
11 Perto da Igreja 0 0 FF 1 80
12 Rua da Igreja
Caixa de madeira vinda do Canadá
0 Anobium punctatum SA 1 80 Baixo
13 Perto da Igreja 0 0 Anobium punctatum FF 1 50 Moderado
14 Perto da Igreja Rua Verdas 0 0 SS 2 10
15 Perto da Igreja Rua Verdas 0 0 Anobium
punctatum TA 1 100 Elevado
16 Perto da Igreja Rua Verdas 0 0 FF 1 50
17 S. Miguel Arcanjo
(1ª casa à esquerda)
0 0 Anobium punctatum FF 2 100 Moderado
18 Rua dos Piquinhos 0 0 FF 1 70
19 Prainha 0 0 SA 1 50
20 São Miguel Arcanjo 0 0 Anobium
punctatum SA 1 50 Moderado
21 Cais 0 0 Anobium punctatum SA 1 50 Em uma mobília –
moderado
22 Santo António 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado
23 São Roque 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Severo
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-74
24 Em frente à Igreja adventista 0 0 Anobium
punctatum FF 1 10 Moderado
25 São Roque 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado/elevado
26 São Roque 0 0 SA 2 50 27 São Roque 0 0 SA 2 0
28 São Roque 0 0 SA 1 100
29 Prainha de Cima 0 0 Anobium punctatum SA 2 50 Moderado
30 Ao lado da Igreja 0 0 Anobium punctatum FF 1 100 Elevado
31 São Roque 0 0 Anobium punctatum FA 2 50 Moderado
32 São Roque 0 0 FF 1 100
33 São Roque 0 0 TV 1 100
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-75
Concelho das Lajes
34 R. de São Francisco Horta 0 Anobium
punctatum FF 2 100 Moderado
35 Av. Marginal 0 0 Anobium punctatum SA 2 100 Moderado
36 Av. Marginal 0 0 FF 1 50
37 Av. Marginal 0 0 Anobium punctatum SA 2 30
A. punctatum moderado em algumas madeiras estruturais do
tecto.
38 Rua de São Pedro (marginal) 0 0 Anobium
punctatum FF 1 100
39 Largo General Francisco Soares 0 0 Anobium
punctatum FA 1 100 A. punctatum
moderado nas portas e algumas mobílias
40 Centro 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado
41 R. Padre Manuel S., 9 (centro) 0 0 Anobium
punctatum SA 2 100 Moderado/elevado
42 R. Padre Manuel S., 1 (centro) 0 0 Anobium
punctatum SA 2 100 Moderado
43 R. Padre Manuel
José Lopes (centro)
0 0 FF 2 50
44 R. Padre Manuel
José Lopes (centro)
0 0 Anobium punctatum TV 2 100 Moderado
45 R. Capitão Mor Garcia G. (centro) 0 0 SA 2 70
46 R. Capitão Mor Garcia G. (centro) 0 0 Anobium
punctatum SA 2 100 Moderado
47 Perto do Talassa 0 0 SA 2 100 48 Centro 0 0 SA 2 80
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-76
49 Silveira 0 0 FF 2 80
50 Silveira 0 0 SA 3 0 Sem madeiras estruturais
51 Silveira 0 0 FA 1 100
52 Silveira (perto da Igreja) 0 0 FF 2 20
53 Silveira 0 0 TV 2 50
54 Em frente à CGD 0 0 … 1 50 Sobrado à vista, não foi
possível verificar a tipologia de sótão
55 Centro 0 0 Anobium punctatum FF 2 100 Moderado
56 Centro, quase em frente à guarda-
fiscal 0 0 Anobium
punctatum SA 2 100 Elevado
57 Rua de São Francisco 0 0 Anobium
punctatum FF 1 100
Moderado e apenas presente em algumas peças de mobiliário e
arte sacra 58 Av. Marginal 0 0 SA 2 80
59 Calheta de
Nesquim (perto da Igreja)
0 0 Anobium punctatum FF 2 100 Moderado
60 Calheta de
Nesquim (perto da Igreja)
0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado
61 Manhenha (perto
da Liga dos Amigos)
0 0 SF 2 100
62 Manhenha (perto
da Liga dos Amigos)
Sacramento – Califórnia 0 SA 2 80
63 Manhenha (perto
da Liga dos Amigos)
S. Paulo - Brasil 0 SF 2 80
64 Manhenha 0 0 TV 1 100
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-77
Concelho da Madalena
65 R. Carlos Dabney (centro) 0 0 Anobium
punctatum FA 1 50 Moderado
66 Centro 0 0 FF 1 50
67 Longitudinal 0 0 Anobium punctatum TV 1 80 Moderado
68 Criação Velha 0 0 Anobium punctatum TV 2 100 Elevado
69 Sete Cidades 0 0 Anobium punctatum TV 2 100 Moderado
70 Outeiros 0 0 Anobium punctatum TV 1 100 Moderado
71 Centro 0 0 FA 3 50 72 Areia Larga 0 0 TV 1 100
73 Centro 0 0 … 2 50 Sobrado à vista, não foi
possível verificar a tipologia de sótão
74 Centro 0 0 … 2 50 Sobrado à vista, não foi
possível verificar a tipologia de sótão
75 Centro 0 0 SA 1 50
76 Centro 0 0 Anobium punctatum FA 1 50 Moderado
77 R. Pde. Manuel G. Dutra, Sete
cidades 0 0 Anobium
punctatum SA 1 80 Moderado - peça de
mobiliário com infestação
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-78
78 Rua do Carmo, 34 - Toledos 0 0 SA 1 50
79 Toledos, 39 0 0 Hylotrupes bajulus SA 1 100 Severo
80 Longitudinal, 43 0 0 SA 2 20
81 Monte de Cima, 15 - Candelária 0 0 FF 2 50
82 Monte - Candelária 0 0 FA 1 50
83 Estr. Regional
Terra do Pão - S. Caetano
0 0 FF 2 70
84 São Caetano 0 0 Anobium punctatum FA 2 80 Moderado
85 São Caetano (ao pé da igreja) 0 0 FF 1 80
86
São Mateus (entrada da
freguesia, ao lado da c. do
artesanato)
0 0 TV 2 20
87 Em frente ao
centro de saúde (Areia Larga)
0 0 FF 2 80
88 Em frente ao
centro de saúde (Areia Larga)
0 0 TV 2 80
89
Em frente ao Jomar que fica ao lado do c. saúde
(Areia larga)
0 0 SA 2 70
90 R. Cais do Mourato,
Bandeiras 0 0 Anobium
punctatum SA 1 70 Moderado
91 Bandeiras 0 0 Anobium punctatum FA 1 0
Moderado nos rodapés - Habitação sem
madeiras estruturais
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-79
92 Toledos, 111 0 0 Anobium punctatum SA 1 10 Elevado em todos os
rodapés
93 Canada João
Paulino - Criação Velha
0 0 Anobium punctatum FF 2 100 Elevado
94 São Caetano 0 0 SA 2 80
95
Canada do Maciel, Terra do Pão (S. Caetano) rua à direita antes de chegar à igreja
0 0 FA 2 80
96 Centro 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado
97 Centro, em frente ao Santader-Totta 0 0 Anobium
punctatum FF 2 20 Elevado - presente em
apenas peças de mobiliário
98 Lagido 0 0 Anobium punctatum TV 1 100 Elevado
99 Areia Larga 0 0 TV 1 100 Falsa Aberta – FA; Falsa Fechada - FF; Tecto à Vista – TA; Sótão Aberto – SA; Sem Sótão – SS
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-80
Ilha das Flores
A EMCTA esteve presente na Ilha das Flores de 18 a 20 e de 23 a 26 de Março tendo
realizado uma sessão de esclarecimento em cada uma das duas sedes de concelho.
Figura 5-16: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho das Lajes das Flores
v) Mapa dos Locais Vistoriados
A
B
Figura 5-17: Mapa da Ilha das Flores e zonas urbanas: A - Lajes e B - Santa Cruz, em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho)
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-81
vi) Espécies encontradas:
Nas várias vistorias realizadas foram detectadas em 30 locais a espécie Anobium punctatum
e por duas vezes a espécie Hylotrupes bajulus (Linnaeus, 1758). A espécie de caruncho
grande, o H. bajulus foi encontrada no concelho das lajes.
Figura 5-18: Madeira com uma infestação elevada de caruncho – Anobium punctatum em madeiras retiradas de um tecto nas Lajes das Flores.
Figura 5-19: Móvel com sinais de infestação de caruncho grande – Hylotrupes bajulus.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-82
Tabela 5-3: Habitações vistoriadas na Ilha das Flores
Concelho de Santa Cruz das Flores
Nº Morada
Materiais Vindos de
Locais com
Infestação
Materiais Vindos de
Locais Infestados nos Açores
Presença de spp
Tipologia de Sotão Nº Pisos
% de madeiras
Estr. Observações
1 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium
punctatum SA 2 100
2 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium
punctatum SA 2 100
3 R. Roberto Mesquita s/n 0 0 0 SA 1 25
4 R. Senador André de Freitas 0 0 0 0 3 0
Placa sem madeiras
estruturais
5 R. Senador André de Freitas 0 0 0 FF 2 100
6 R. Senador André de Freitas 0 0 0 FF 2 25
7 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium
punctatum SA 2 100
8 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium
punctatum FA 2 75
Placas com tacos no piso; Tecto 100% em madeira
9 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium
punctatum SA 2 75
Placas com tacos no piso; Tecto 100% em madeira
10 R. Da Charneca da Boavista 0 0 Anobium
punctatum FF 2 60 Parte do tecto com placa
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-83
11 R. Senador André de Freitas 0 0 0 SA 2 90
12 Travessa da Rosa 0 0 0 FF 3 30 Apenas tecto em madeira
13 Rua da Conceição 0 0 Anobium punctatum FF 1 60
14 Rua da Conceição 0 0 0 FF 2 100
15 R. Dr. Armas da Silveira 0 0 Anobium
punctatum FA 3 70 Parte do tecto com placa
16 R. Dr. Armas da Silveira 0 0 0 0 3 5
Apenas vistoriado o
r/c; Madeiras ao longo das paredes com
1m 17 Largo da Igreja 0 0 0 TV 1 100
18 Monte de Santa Cruz 0 0 0 FF 1 100
19 Monte de Santa Cruz 0 0 0 FF 2 75 Placa
20 R. Da Fazenda 0 0 Anobium punctatum FF 1 100
21 R. Da Fazenda 0 0 Anobium punctatum FF 1 100
22 R. Da Fazenda 0 0 Anobium punctatum TV 1 100
23 R. Da Fazenda 0 0 Anobium punctatum TV 2 100
24 Ponta Ruiva 0 0 0 FF 1 100
25 Ponta Delgada 0 0 0 FF 2 100
26 Ponta Delgada 0 0 0 FA 1 100
27 Ponta Delgada 0 0 0 FF 1 100
28 Ponta Delgada 0 0 0 SA 1 100
29 Ponta Delgada 0 0 0 FF 1 100
30 Ponta Delgada 0 0 0 FF 1 100
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-84
31 R. Roberto Mesquita 0 0 0 FF 1 100 Café Lucinos
32 Travessa de S. José 0 0 0 FF 1 100
33 Rua do Aeroporto 0 0 0 SA 3 25
Tecto em madeira sobre uma placa em
betão
34 Rua do Aeroporto 0 0 0 0 1 0 Placa
35 Rua do Aeroporto 0 0 0 0 1 0 Placa
36 Moinhos da Fazenda 0 0 0 FF 1 100
37 Bairro Francês 0 0 0 SS 2 25 Sem madeiras estruturais
Concelho das Lajes
Nº Morada Materiais Vindos de
Locais com Infestação
Materiais Vindos de
Locais Infestados nos Açores
Presença de spp
Tipologia de Sotão Nº Pisos
% de madeiras
Estr. Observações
1 Lajes Centro 0 0 Anobium punctatum Falsa aberta 3 60
Pisos em betão (placa) com tacos de
madeira. Tecto totalmente em
madeira. A. punctatum Moderada
2 Lajes Centro 0 0 0 Sótão Aberto 2 10 .
3 Lajes Centro 0 0 Anobium punctatum Sótão Aberto 2 40 Infestação de A.
punctatum moderada
4 Lajes Centro 0 0 0 Sótão Aberto 2 10 Rodapés e portas
5 R. Dr. José de Freitas Pimental 0 0 Anobium
punctatum Sotão Aberto 3 100
Realizou tratamentos com xilophene por
injecção. Casa secular com
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-85
madeiras de naufrágio do séc.
XVIII. Infestação de A.punctatum moderada
6 R. Dr. José de Freitas Pimental 0 0 Hylotrupes
bajulus Tecto à Vista 1 0
Armazém de materiais e de
mobiliário. Estruturas metálicas. Um mobiliário com
caruncho grande
7 R. Maurício António Fraga 0 0 Anobium
punctatum Sótão Aberto 3 40
Caruncho numa mobília no sótão - inicial. Apenas o tecto em madeira
8 R. Maurício António Fraga 0 0 Anobium
punctatum Falsa aberta 2 50
Mercearia. Caruncho no sótão - moderado.
9 R. João
Germando de Deus
0 0 0 Sotão Aberto 2 50 Casa do Sr.
Carneiro. Apenas o tecto com madeira.
10 R. Roberto Mesquita 0 0 Anobium
punctatum Falsa fechada 2 100 Casa secular. A. punctatum moderado
11 R. Roberto Mesquita 0 0 Anobium
punctatum Falsa fechada 1 100 A. punctatum moderado
12 Lajes Centro 0 1 Anobium punctatum Sótão Aberto 2 100
A. punctatum moderado. Madeiras vindas de S. Miguel -
Criptoméria para estruturas do tecto
13 Lajes Centro 0 0 0 Falsa fechada 1 100
14 Lajes Centro 0 0 Anobium punctatum Falsa fechada 2 50
Tecto 100% em madeira. A.
punctatum em algumas mobílias. Loja de artesanato.
15 Rua dos Baleeiros 0 0 0 Tecto à Vista 1 100
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-86
16 Rua dos Baleeiros n. 0 0 0 Falsa aberta 1 100
17 Rua dos Baleeiros 0 0 0 Falsa fechada 2 80
18 Avenida Peixoto Pimentel 0 0 0 Falsa fechada 1 100
19 Estrada nacional 0 0 Anobium punctatum Sótão Aberto 1 100 A. punctatum –
moderado
20 R. Padre João Fragoso Vieira 0 0 0 Falsa fechada 1 100
21 Morros de Cima 0 0 Anobium punctatum Tecto à Vista 1 100
22 Fajã Grande 0 0 Hylotrupes bajulus sem sótão 1 50
Placas estruturais, apenas tecto em
madeira
23 Fajã Grande 0 0 0 falsa fechada 2 50 Placas estruturais, apenas tecto em
madeira
24 Rua da Tronqueira 0 0 Anobium
punctatum Tecto à Vista 1 100 A. punctatum – moderado
25 R. Via de Água 0 0 Anobium punctatum Falsa fechada 1 100 A. punctatum –
moderado
26 Fajã Grande 0 0 0 Falsa fechada 1 80
27 Ponta da Fajã 0 0 Anobium punctatum Tecto à Vista 1 100
A. punctatum - Elevado.
Palheiro/Atafona
28 Ponta da Fajã 0 0 Anobium punctatum Tecto à Vista 2 100 Habitação
degradada 29 Fajãzinha 0 0 0 Falsa fechada 2 100
30 Fajãzinha 0 0 Anobium punctatum Falsa aberta 1 100
31 Rua da Igreja 0 0 Anobium punctatum Falsa fechada 2 100
Tecto 100% em madeira. A.
punctatum em algumas mobílias. Aplica tratamento -
xilophene Lata Spray que aplica
32 R. Pico Redondo 0 0 0 Falsa fechada 1 80 Parte da habitação
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-87
tem placa estrutural
33 Fajãzinha 0 0 0 Tecto à Vista 1 80
34 Estrada Regional Fazenda
0 0 0 Falsa fechada 1 50
35 Fazenda 0 0 0 Falsa fechada 1 100
36 R. da Eirinha Velha 0 0 0 Sótão Aberto 1 100
37 R. Prof.ª Maria de Freitas 0 0 0 Sótão Aberto 2 100
38 Estrada Regional Fazenda
0 0 Anobium punctatum Sótão Aberto 2 100 A. punctatum –
moderado
39 Rua da Eirinha Velha 0 0 0 Falsa fechada 1 50
40 R. da Eirinha Velha 0 0 0 Falsa fechada 2 80
41 R. Padre C. da Corte 0 0 0 Falsa fechada 2 80
42 R. do Tabuleiro 0 0 0 Falsa fechada 2 0
43 Fajãzinha 0 0
Anobium punctatum e Hylotrupes
bajulus
Tecto à Vista 1 100
1 peça de mobiliário com Hylotrupes
bajulus. A. punctatum em outras mobílias moderado
Falsa Aberta – FA; Falsa Fechada - FF; Tecto à Vista – TA; Sótão Aberto – SA; Sem Sótão – SS
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-88
Ilha do Corvo
A EMCTA esteve presente na Ilha do Corvo entre 21 e 23 de Março tendo realizado uma
sessão de esclarecimento na sede de concelho.
Infelizmente a divulgação a nível local, realizada pela câmara municipal, não foi a melhor,
tendo a sessão de esclarecimento sido muito pouco participada.
Por outro lado a população corvina, deveras receptiva e acolhedora, facilitou o processo de
visitas e vistorias às diversas habitações.
Figura 5-20: Zona antiga da Vila do Corvo, local onde foram realizadas a maioria das vistorias.
A Equipa realizou a maioria das vistorias na zona histórica da Vila, local onde existe a maior
concentração de habitações. Foram também vistoriadas algumas habitações na área
circundante, na sua maioria, de mais recente construção.
vii) Mapa dos locais vistoriados
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A z o r e a n B i o d i v e r s i t y G r o u p
A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-89
Figura 5-21: Mapa da Ilha do Corvo e zona urbana da Vila do Corvo em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho).
viii) Espécies encontradas:
Nas várias vistorias realizadas foram detectadas em 9 habitações a espécie Anobium
punctatum. Existem em várias outras habitações vestígios de xilófagos marinhos nas
madeiras estruturais. Estes vestígios são indicativos de que estas madeiras são
provenientes de naufrágios, que por sua vez são arrastadas por correntes marinhas até às
costas açorianas, sendo reaproveitadas para as estruturas das habitações.
Figura 5-22: Anobium punctatum activo numa peça de mobiliário
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-90
Figura 5-23: Indícios da presença de xilófagos marinhos
Os vários indícios de xilófagos marinhos não foram registados, dado não apresentarem um
problema para as estruturas, uma vez que sem o contacto com o meio aquático marinho
estas espécies não sobrevivem.
São apresentados em tabela abaixoos dados referentes às características das habitações e
espécies encontradas.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-91
Tabela 5-4: Habitações vistoriadas na Ilha do Corvo
Concelho do Corvo
Nº Morada Materiais Vindos de Locais com
Infestação
Materiais Vindos de
Locais Infestados nos Açores
Presença de spp.
Tipologia de Sótão Nº Pisos % de madeiras
do Edifício Observações
1 Rua do Jogo da Bola 0 0 0 FA 2 50
Pisos com madeiras
sobre placa. Tecto em madeira
2 Avd. Nova 0 0 Anobium punctatum FF 2 100
3 Largo da Cancela 0 0 Anobium
punctatum FF 2 100
4 R. Do Rego 0 0 0 FF 1 100
5 R. Da Matriz Califórnia e
Costa Leste dos EUA
0 0 TV 2 100
6 R. Do Rego 0 0 0 FF 2 100 7 R. Do Rego 0 0 0 FF 2 80
8 R. Do Rego 0 0 Anobium punctatum SA 2 100
9 Canada do 0 0 0 FF 2 100
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-92
Maurício
10 Canada do Maurício 0 0 0 FF 1 100
11 R. Da Matriz 0 0 Anobium punctatum FA 1 100 Igreja
12 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 100
13 R. Da Matriz 0 0 Anobium punctatum FF 2 100
14 R. Da Matriz 0 0 Anobium punctatum SA 2 100
15 R. Da Matriz Califórnia - USA 0 0 FF 1 100
16 Caminho da Várzea 0 1 0 SA 2 30
Mobiliário vindo de S.
Miguel; Tecto em madeira
17 Caminho do Porto 0 0 0 FF 1 100
18 R. Do Rego 0 0 0 FF 2 100
19 Rua do Jogo da Bola 0 0 0 FF 2 100
20 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 70
21 Caminho do Carro 0 0 0 FF 2 100
22 Estrada P/ Caldeirão 0 0 0 FF 1 90
23 Caminho da Horta Funda 0 0 Anobium
punctatum FF 1 100
24 Caminho da Horta Funda 0 0 Anobium
punctatum FF 1 100
25 Estrada P/ Caldeirão
Vancouver - Canada 0 0 FF 3 5
Tacos em madeira sobre
placa
26 Caminho do Maranhão
Massachusetts - USA 0 0 FF 2 100
27 Rua da Fonte 0 0 Anobium punctatum FF 2 100
28 Caminho do Maranhão Califórnia - USA 0 0 FF 1 70
29 Rua da Fonte 0 0 0 FF 2 75 30 Rua da Fonte 0 0 0 FF 2 100
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo,
Faial e S. Miguel. 5-93
31 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 60
32 R. Das Pedras 0 0 0 FF 1 100
33 R. Da Matriz 0 0 0 FF 1 100 34 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 100 35 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 100 36 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 100
Falsa Aberta – FA; Falsa Fechada - FF; Tecto à Vista – TA; Sótão Aberto – SA; Sem Sótão – SS
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-94
Ilha do Faial
Foram realizadas vistorias nos dias 27, 28 e 29 de Dezembro de 2011, às freguesias
da ilha do Faial em busca de novos indícios de infestação por térmitas. Tendo em
conta que a térmita de madeira seca, Cryptotermes brevis, já atingiu o estatuto de
praga urbana nas cidades de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta, pretende-se
avaliar se existem indícios em outras localidades da ilha do Faial. Outros indícios de
térmitas foram procurados, nomeadamente de madeira húmida Kalotermes flavicollis e
da espécie de térmita subterrânea europeia Reticulitermes grassei.
Figura 5-24: Habitação antiga na freguesia do Capelo
A procura de indícios da presença da praga nesta ilha teve como base a inspecção
aleatória de pelo menos cerca de 11 edifícios por concelho que possuíssem
características idênticas aos casos confirmados em outras ilhas. Esse número mínimo
de habitações não foi atingido devido a várias dificuldades encontradas, tendo-se
optado por outros métodos de abordagem dentro das freguesias.
Outra vertente da deslocação consistiu em alertar e informar a população das diversas
freguesias visitadas na ilha sobre a praga das térmitas, abordando várias pessoas.
ix) Mapa dos locais vistoriados
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-95
Figura 5-25: Mapa da Ilha do Faial com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho)
x) Espécies encontradas:
Foram detectados 18 casos pontuais de infestação por caruncho pequeno e duas
árvores com infestação por térmita de madeira húmida e térmita subterrânea europeia
foram detectadas nas Horta.
Ordem: COLEOPTERA Família: ANOBIIDAE
1) Anobium punctatum. Os carunchos pequenos são os mais comuns nas
habitações dos Açores. Pertencem à família Anobiidae, da ordem Coleoptera. É uma
espécie cosmopolita e é bem conhecido pelos estragos que causa em madeira de
mobiliário. No caso da estrutura de uma casa, o seu efeito devastador apenas se nota
ao fim de vários anos de actividade.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-96
Figura 5-26: Serrim de caruncho, de consistência do tipo farinha, ao contrário das térmitas, cujas pelotas fecais apresentam uma consistência granulosa
Figura 5-27: Vestígios da presença de infestação por caruncho pequeno (A. punctatum) numa vara – orifícios de saída dos insectos adultos e galerias
Ordem: ISOPTERA Família: KALOTERMITIDAE
Figura 5-28: Diferentes castas da espécie Kalotermes flavicollis, térmita de madeira húmida (foto: Rudolf Scheffrahn)
2) Kalotermes flavicollis (Figura 5-28). Espécie de térmita de madeira húmida,
também conhecida por térmita de colar amarelo é originária da Europa e foi
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-97
possivelmente introduzida em estacas de fruteiras. Este insecto representa a linha
mais primitiva em termos ecológicos e necessita de níveis elevados de humidade na
madeira. Nos Açores a sua presença está confirmada nas ilhas Terceira, São Miguel e
Faial, tendo sido avistada em vinhas, oliveiras, árvores de citrinos, incensos,
metrosíderos, nespereiras, salgueiros, figueiras, entre outras. Pode ser uma potencial
praga das culturas de vinha ou pomares de fruta, pelo que, algum cuidado deve ser
tomado em relação a esta espécie.
É de salientar o facto de várias espécies de formigas e diplópodes arbóreos
provocarem escavações que são facilmente confundidas com os estragos provocados
pela K. flavicollis. Esta espécie geralmente faz galerias no cerne das árvores (Figura
5-29) adjacente à parte viva da árvore, obtendo assim a humidade que necessita.
Quando esta espécie ataca madeira de habitações, fá-lo apenas em madeiras
expostas a humidade.
Figura 5-29: Infestação de cerne por K. flavicollis em comparação com a infestação do borne por C. brevis
Ordem: ISOPTERA Família: RHINOTERMITIDAE
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-98
Figura 5-30: Térmita subterrânea europeia (Reticulitermes grassei), com 2 soldados à esquerda e uma obreira à direita
3) Reticulitermes grassei (Figura 5-30). A Reticulitermes grassei é uma espécie de
térmita subterrânea conhecida nos Açores apenas na cidade da Horta (Faial), onde foi
detectada em alguns edifícios, onde causou estragos consideráveis. As colónias desta
espécie podem conter milhões de indivíduos, ocorrendo reprodutores ninfóides que
ajudam à proliferação da colónia. Esta espécie pode expandir-se através de túneis no
solo.
Tabela 5-5: Habitações vistoriadas na Ilha do Faial
Freguesia
Nº Espécies encontradas (activo)
Nível de infestação Descrição da habitação
Traços culturais
estrangeiros/material importado
Obs.
Flamengos 1 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com
bastante quantidade de madeira Não
Flamengos 2 - - Casa de 2 pisos, com sinais
exteriores de importação cultural Sim (E.U.A.)
Flamengos 3 Anobium punctatum Ligeiro Casa de 2 pisos, com sinais
exteriores de importação cultural Sim (E.U.A.)
Flamengos 4 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com
bastante quantidade de madeira Não
Feteira 5 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com
bastante quantidade de madeira Não Anobium punctatum
Feteira 6 - - Casa antiga de 1 piso com
bastante quantidade de madeira Não -
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-99
Feteira 7 - - Casa antiga de 1 piso com
bastante quantidade de madeira Não -
Capelo 8 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso Não -
Capelo 9 - - Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -
Capelo 10 - - Moradia antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -
Castelo Branco
11 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso com bastante quantidade de madeira Não -
Castelo Branco
12 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -
Castelo Branco
13 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -
Castelo Branco
14 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -
Castelo Branco
15 - - Casa antiga de 1 piso com bastante quantidade de madeira Não -
Praia do Norte
16 - - Edifício da Junta de Freguesia Não -
Praia do Norte
17 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Casa do Povo Não -
Praia do Norte
18 - - Casa antiga de 1 pisos com placa de betão Não -
Cedros 19 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso com
bastante quantidade de madeira Não -
Cedros 20 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Junta de Freguesia Não -
Cedros 21 Anobium punctatum Ligeiro Casa de 2 pisos com bastante
quantidade de madeira Não -
Cedros 22 - - Moradia de 1 piso com cobertura
em madeira Não -
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-100
Salão 23 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso com
bastante quantidade de madeira Não -
Salão 24 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Junta de Freguesia Não -
Salão 25 Anobium punctatum Ligeiro Casa de 2 pisos com bastante
quantidade de madeira Não -
Salão 26 - - Moradia de 1 piso com cobertura
em madeira Não -
Praia de Almoxarife
27 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso com bastante quantidade de madeira Não -
Praia de Almoxarife
28 - - Casa antiga de 1 piso com bastante quantidade de madeira Não -
Praia de Almoxarife
29 - - Casa de 2 pisos com sinais de exportação de cultura Sim (E.U.A.) -
Praia de Almoxarife
30 Anobium punctatum Ligeiro Garagem com sinais ligeiros de degradação por caruncho pequeno
Não -
Pedro Miguel 31 - - Casa antiga de 1 piso com
bastante quantidade de madeira Não -
Pedro Miguel 32 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com
bastante quantidade de madeira Não -
Pedro Miguel 33 - - Casa antiga de 1 piso com
bastante quantidade de madeira Não -
Horta 34 Kalotermes flavicollis e Reticulitermes grassei Moderado
- 1 árvore afectada por térmitas de madeira húmida e por térmita
subterrânea europeia; - -
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-101
Ilha de S. Miguel
No período de 3 a 7 de Dezembro de 2011 a Equipa de Monitorização e Controlo das
Térmitas nos Açores deslocou-se aos concelhos de maior densidade populacional da
ilha - Lagoa, Vila Franca, Povoação (zona Sul) e Ribeira Grande (zona Norte).
Em cada freguesia seleccionaram-se aleatoriamente edifícios com características
idênticas a casas afectadas noutras localizações do arquipélago.
Figura 5-31: Casa no concelho da Lagoa
R e l a t ó r i o G e r a l d e A c t i v i d a d e s
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-102
Figura 5-32: Casa com traços culturais estrangeiros
Outro método utilizado a consistiu na observação de teias de aranha nas janelas de
várias casas antigas abandonadas (Figura 5-33), pretendendo-se observar possíveis
asas/alados que pudessem ter ficado presos nas mesmas.
Figura 5-33: Observação de teias de aranha nas janelas de casas abandonadas
Foi também estabelecido contacto com as Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia,
cafés, mercados locais e diversas pessoas nas principais artérias dos concelhos. Esta
acção foi divulgada com cerca de 2 semanas de antecedência.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-103
xi) Mapa dos locais vistoriados
Figura 5-34: Mapa da ilha de São Miguel com as diversas localidades onde foram realizadas vistorias assinaladas.
xii) Espécies Encontradas
No total foram vistoriadas 32 edifícios, 6 no concelho da Lagoa, 10 em Vila Franca, 8
na Povoação e 8 na Ribeira Grande, não tendo sido detectados novos casos de
infestação por térmitas nos concelhos visitados. Verificou-se em 27 das habitações
analisadas casos de ataques ligeiros a moderados de caruncho pequeno (Figura 5-5)
e um caso de infestação severa por caruncho grande (Figura 5-12), na cidade da
Ribeira Grande.
No entanto, o esforço de amostragem não é ainda suficiente, sendo necessário num
futuro próximo realizar um levantamento mais exaustivo em edifícios para despiste da
presença de térmitas O número amostrado por zona foi inferior ao pretendido
inicialmente devido a alguns factores adversos. As dificuldades prendem-se sobretudo
na desconfiança de uma parte da população com a abordagem, pelo facto de nunca
terem sido relatadas situações de térmitas nessas regiões, dificultando a inspecção
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-104
em diversas habitações. De forma a contornar essa situaçãofoi feita uma abordagem a
pessoas que se encontravam nas ruas, cafés, mercados. Para além disso foram
contactadas as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, questionando-se sobre
situações de estragos em madeiras que possam ter sido relatadas.Como resultado
deste contacto foi comunicadauma situação revelando-se no entanto por ser um
ataque severo por caruncho grande a um móvel.Foi notóriodurante as visitas
realizadas ainda algum desconhecimento da existência da praga, com algumas
pessoas a confundirem ataques de caruncho pequeno como sendo provocados por
térmitas. Essa acção revelou-se benéfica, com o esclarecimento de várias questões
ainda existentes na população sobre esse problema.
Notou-se também a falta de informação em algumas Câmaras Municipais e Juntas de
Freguesia sobre o encaminhamento de situações relatadas referentes a possíveis
casos de infestação por térmitas.
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S.
Miguel. 5-105
Tabela 5-6: Habitações vistoriadas na Ilha de S. Miguel
Concelho Nº Espécies Encontradas (activo) Nivel de Infestação Descrição da Habitação Traços culturais estrangeiros/material
importado
Observações
Vila Franca 1 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não 8 casas com sinais activos de caruncho
pequeno Vila Franca 2 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 3 pisos com
bastante quantidade de madeira não
Vila Franca 3 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não
Vila Franca 4 - - Edifício antigo de 2 pisos da Camara Municipal
não
Vila Franca 5 - - Edifício antigo de 3 pisos da Camara Municipal (Secção das
Aguas)
não
Vila Franca 6 Anobium punctatum Ligeiro Edifício de 3 pisos da Santa Casa da Misericórdia
não
Vila Franca 7 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 1 piso não Vila Franca 8 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 2 pisos não Vila Franca 9 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 2 pisos não Vila Franca 10 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 3 pisos sim (Holanda)
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S.
Miguel. 5-106
Concelho Nº Espécies Encontradas (activo) Nivel de Infestação Descrição da Habitação Traços culturais estrangeiros/material
importado
Observações
Lagoa 1 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não 6 casas com sinais activos de caruncho
pequeno Lagoa 2 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com
bastante quantidade de madeira não
Lagoa 3 Anobium punctatum Ligeiro Casa de 2 pisos, com sinais exteriores de importação cultural
Sim (E.U.A.)
Lagoa 4 Anobium punctatum Moderado Casa de 2 pisos, com sinais exteriores de importação cultural
Sim (Bermudas)
Lagoa 5 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não
Lagoa 6 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não
Concelho Nº Espécies Encontradas (activo) Nivel de Infestação Descrição da Habitação Traços culturais
estrangeiros/material importado
Observações
Povoação 1 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não 6 casas com sinais activos de caruncho
pequeno Povoação 2 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com
bastante quantidade de madeira não
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S.
Miguel. 5-107
Povoação 3 - - Moradia de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não
Povoação 4 - - Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não
Povoação 5 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Santa Casa da Misericórdia de 2 pisos com
bastante quantidade de madeira
não
Povoação 6 Anobium punctatum Ligeiro Igreja não Povoação 7 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 1 piso não Povoação 8 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 2 pisos com
bastante quantidade de madeira não
Concelho Nº Espécies Encontradas (activo) Nivel de Infestação Descrição da Habitação Traços culturais estrangeiros/material
importado
Observações
Ribeira Grande 1 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Camara Municipal da Ribeira Grande
não 7 casas com sinais activos de caruncho
pequeno e 1 com movel bastante
afectado por caruncho grande
Ribeira Grande 2 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não
Ribeira Grande 3 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não
Ribeira Grande 4 Anobium punctatum Ligeiro Museu da Ribeira Grande não
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S.
Miguel. 5-108
Ribeira Grande 5 Anobium punctatum/Hilotrupes bajules
Ligeiro/Moderado Habitação relativamente recente de 2 pisos com bastante quantidade de madeira
não
Ribeira Grande 6 Anobium punctatum Moderado Edifício antigo com o 2 piso inactivo e sapateiro no 1º piso
não
Ribeira Grande 7 Anobium punctatum Moderado Escola Primária com bastante quantidade de madeira
não
Ribeira Grande 8 - - Escola Pré-primária não
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-109
5.5 Considerações Finais e Recomendações
Não foram encontrados vestígios de térmitas nas habitações vistoriadas nas quatro
ilhas em que a equipa esteve presente. No entanto, a presença da equipa foi positiva
por ter promovido a responsabilização e pró-actividade dos moradores e autarcas para
o problema. É importante realçar que apesar das diversas vistorias realizadas, uma
média de 66 por Ilha e de 38 por Concelho, não é possível afirmar categoricamente a
não existência de térmitas nestes locais. As razões para esta premissa são as
seguintes:
1. Não foi possível verificar um número significativo de habitações em todas as
localidades por questões de disponibilidade temporal da equipa;
2. Um vasto número de edifícios encontravam-se encerrados/desabitados, pelo
que não foi possível verificar a existência, ou não, de vestígios;
3. É possível a existência de colónias de térmitas, mesmo nos imóveis
vistoriados, mas num estado ainda muito pouco desenvolvido e dificilmente
detectável;
4. É possível ainda que uma introdução tenha já ocorrido e esteja numa fase
inicial de dispersão, e como tal, dificilmente detectável pelos moradores;
Por outro lado existem aspectos positivos a realçar da visita da equipa a estes
diversos lugares:
1. O contacto com as autarquias e os moradores nas sessões de esclarecimento
desperta a população para esta problemática e simultaneamente promove a
sua pró-actividade (das instituições e população);
2. O contacto porta à porta realizado pela equipa mostra uma preocupação das
instituições face ao problema e valoriza a importância da habitação dos
moradores;
3. O facto de serem mostrados indícios aos diversos moradores, bem como
serem feitas descrições da espécie e boas práticas a tomar relativamente à
prevenção e conservação das estruturas em madeira promove a pró-
actividade;
4. Foram também amplamente divulgadas formas de consulta e informação
acerca de temática, nomeadamente o sítio na Internet sos térmitas.
A equipa recomenda a distribuição de material informativo (cartaz com imagens,
amostras de produção orgânica, amostras de indivíduos, etc.) pelas diversas
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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.
5-110
autarquias e instituições com responsabilidade/tutela na problemática das térmitas.
Além das autarquias, as instituições a que nos referimos são a Guarda Nacional
Republicana, Policia de Segurança Pública, Serviços Aduaneiros e Capitanias dos
Portos e Policia Marítima.
O trânsito de materiais via aérea e marítima entre as ilhas e do exterior para o
arquipélago são uma constante no paradigma económico mundial, pelo que a
proliferação e introdução de espécies exóticas no arquipélago é uma realidade
expectável. Deve-se então formar e fomentar uma maior fiscalização do transporte de
materiais suspeitos de transportar espécies exóticas, sendo as autoridades
anteriormente citadas as mais adequadas para a sua fiscalização.
5.6 Referências Bibliográficas
Evans, A.V., Garrison, R.W., Schlager, N. & Trumpey, J.E. (2004). Grzimeck´s Animal Life Encyclopedia. Thomson , Gale. Gold, R.E. & Jones, S.C. (2000). Handbook of Household and Structural Insect Pests.
Entomological Society of America, U.S.A.
Gold , R. E., Glenn, J. G. & Howell N. H. J. “Drywood Termites.” Texas Agricultural Extension Service, The Texas A&M University System. 2000. Accessed on the 17 of August 2008 <http://insects.tamu.edu/extension/bulletins/l-1782.html > Myles, T.G., P.A.V. Borges, M.T. Ferreira, O. Guerreiro, A. Borges, & C. Rodrigues 2007a. Filogenia, biogeografia e ecologia das térmitas dos Açores. Pp 15-28. In: P. Borges, & T.G. Myles (Eds). Térmitas dos Açores. Principia, Estoril. 128 pp . Scheffrahn, R.H., J. Křeček, R. Ripa, & P. Luppichini 2009. Endemic origin and vast anthropogenic dispersal of the West Indian drywood termite. Biological Invasions 11: 787-799.
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Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge
João J. S. Amaral1, Sara C. Cabeceiras2 & Annabella Borges3
1 Serviço de Desenvolvimento Agrário da Terceira, Vinha Brava, 9701-880 Angra do Heroísmo;
2 Serviço Florestal de São Jorge, Av. do Livramento. 9800-522 Velas
3 Grupo da Biodiversidade dos Açores - CITAA, Dep. Ciências Agrárias, Universidade dos Açores, 9701-851 Angra
do Heroísmo.
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Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge 6-112
6. Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge
6.1 Sumário
As térmitas são um grupo de insectos de introdução recente nos Açores e assumem
características de praga. A única espécie reconhecida para a ilha de São Jorge é a
Cryptotermes brevis, identificada em 2009, ocorrendo em algumas habitações da
Calheta. Neste trabalho, pretendemos detectar a ocorrência e distribuição deste tipo
de insectos. Confirmámos a ocorrência desta espécie e que a sua distribuição se
restringe a quatro edifícios localizados na Calheta. Não detectámos mais nenhuma
espécie deste grupo. As colónias de C. brevis infestam mobiliários e estruturas de
madeira dos edifícios com consequências económicas muito importantes,
consideramos que é urgente tomar medidas numa tentativa de erradicação da praga.
6.2 Introdução
As térmitas são insectos pertencentes à ordem Isoptera, com organizações socais,
desempenhando um papel importante nos ecossistemas (Nutting, 1990). Nos Açores,
não fazendo parte dos seus ecossistemas naturais, são consideradas pragas com
impacte económico muito importante. Está confirmada a ocorrência de quatro espécies
nos Açores, que terão sido introduzidas no final do século passado. Apesar da
confirmação da sua detecção e identificação ter ocorrido muito recentemente, no início
deste século (Borges & Myles, 2007). Actualmente é reconhecida a presença da
térmita da madeira seca Cryptotermes brevis nas ilhas Terceira, São Jorge, Faial,
Pico, São Miguel e Santa Maria; da térmita subterrânea Reticulitermes grassei na ilha
do Faial; da térmita subterrânea R. flavipes na ilha Terceira; e da térmita da madeira
viva na Kalotermes flavicollis nas ilhas Terceira, Faial e São Miguel (Resolução do
Conselho do Governo nº2/2011 de 3 de Janeiro de 2011; Resolução do Conselho do
Governo nº98/2011 de 28 de Julho de 2011). Todas estas espécies apresentam
características de pragas, com as consequentes necessidades de acompanhamento e
controle, de forma a diminuir os prejuízos causados.
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Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge 6-113
Na ilha de São Jorge foi registada a presença da espécie C. brevispela primeira vez
em 2009, pelo Grupo de Biodiversidade dos Açores (CITA-A). Esta equipa realizou
uma vistoria de forma a avaliar o nível de infestação nos edifícios envolventes ao
ponto inicial de detecção( Vila da Calheta). Deste trabalho resultou um mapeamento
dos edifícios infestados e uma área com forte probabilidade de infestação. A zona
infestada está circusncrita a quatro edifícios habitacionais contíguos, situados na Rua
25 de Abril, da referida vila (Guerreiro et al., 2010).
A nossa participação na XV Expedição Científica do Departamento de Biologia da
Universidade dos Açores teve por objectivos determinar ocorrência de todas as
espécies de térmitas para a ilha de São Jorge;particularmente para a espécie C. brevis
e ainda verificar a evolução da sua dispersão.
6.3 Metodologia
A prospecção decorreu de 26 a 29 de Julho de 2011. Os locais de amostragem foram
escolhidos de forma a ter uma cobertura geral da ilha, mas com a intenção de
potenciar a possibilidade de detecção, tendo como base os conhecimentos ecológicos
das espécies. Deste modo, inquirindo os habitantes, procurámos saber da existência
de habitações com suspeitas de problemas nas estruturas de madeira. Para além
destes, deu-se preferência para locais de amostragem carpintarias, serrações e casas
abandonadas. Consequentemente, a intensidade de amostragem foi superior nas
zonas mais povoadas (Figura 6-1).
Em cada local de amostragem foram observados todos os habitats prováveis de
ocorrência de térmitas subterrâneas, de madeira viva e de madeira seca. No interior
dos edifícios, e sempre que nos era possível o acesso, observámos minuciosamente
as estruturas de madeira das coberturas, janelas e portas de madeira, mobiliário e
outros objectos de madeira. Nos espaços circundantes observámos madeiras velhas,
galhos, troncos e tocos de árvores. Procurámos por indivíduos deste grupo de
insectos, bem como quaisquer sinais de infestação e estragos por provocados por
estes: pelotas fecais, asas e galerias. O esforço de amostragem (áreas e tempo)
variou entre os locais devido à variação na estrutura dos edifícios e na abundância de
materiais de madeira. O esforço de amostragem por local variou entre 15 pessoa-
minutos e 60 pessoa-minutos.
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Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge 6-114
6.4 Resultados
Foi observado um total de 32 pontos de amostragem, distribuídos de acordo com o
representado na Figura 6-1. Foi detectada apenas a ocorrência da espécie de madeira
seca C. brevis em quatro edifícios localizados na Rua 25 de Abril da Vila da Calheta,
coincidindo com os resultados obtidos por Guerreiro et al. (2010). Apesar de estes
edifícios já apresentarem um nível elevado de infestação e consequente destruição
das madeiras, não nos foi possível encontrar novas infestações nos edifícios
envolventes.
Figura 6-1: Localização dos locais de prospecção de térmitas na Ilha de São Jorge. Os círculos representam os locais onde não foi detectada presença de qualquer espécie de térmita; os quadrados representam os locais onde foi detectada a presença da espécie Cryptotermes brevis (a circunferência realça estes locais).
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Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge 6-115
6.5 Discussão
Os resultados deste estudo não acrescentam nada de novo relativamente à ocorrência
de espécies de térmita para a ilha de São Jorge, apesar de um maior esforço de
amostragem quando comparado com prospecções anteriores (Guerreiro et al., 2010).
Relativamente à prospecção de dispersão da C. brevis, realizada no ano transacto, por
estes autores, não verificámos sinais de expansão. Este facto era espectável, porque
as infestações por térmita de madeira seca têm uma dispersão lenta. A colonização de
novos locais é efectuada pelos indivíduos alados, que saem das colónias maduras,
facto que ocorre pelo menos cinco anos após o início de uma nova colónia. Para além
de serem fracos voadores, apenas uma percentagem diminuta dos alados consegue
estabelecer novas colónias. Após a perda das asas e segregação de pares
macho/fêmea, é estabelecida nova colónia (Scheffrahn & Su, 1999). O que significa
que, apesar da intensa prospecção realizada nos edifícios envolventes, alguns destes
poderão já estar infestados, mas se as colónias forem recentes poderão ocorrer
alguns anos até se verificarem sinais evidentes dessa infestação (Horwood, 2008).
A introdução de térmitas ocorre frequentemente através de mobiliário e outras peças
de madeira. ,que terão motivado o foco que se verifica na Calheta, provavelmente a
partir de Angra do Heroísmo, devido à sua proximidade e ao grau de infestação que se
verifica nesta cidade. de O transporte de bens poderá, em poucas décadas, promover
uma infestação generalizada em toda a ilha, com prejuízos directos e de tratamento
dos edifícios que rapidamente avultarão a vários milhões de euros. O facto da
infestação se encontrar localizada e identificada faz-nos acreditar que vale a pena uma
tentativa de erradicação. Cada ano que passar os seus custos aumentarão
progressivamente e a possibilidade de sucesso diminui. Para tal, deverão ser retiradas
as lições do processo de infestação de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, bem
como de todo o trabalho que tem sido desenvolvido pelo Grupo da Biodiversidade dos
Açores do CITA-A, que está patente no seu portal SOS Térmitas
(www.sostermitas.angra.uac.pt/).
6.6 Agradecimentos
Ao Doutor João Tavares e ao Eng. Duarte Soares Furtado pela possibilidade que nos
concederam de participar na XV Expedição Científica do Departamento de Biologia,
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Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge 6-116
pelo companheirismo e amizade. A estes e restante equipa do Departamento de
Biologia envolvida na organização, por todo o apoio durante o seu decurso. Ao Serviço
de Desenvolvimento Agrário da Terceira, ao Serviço Florestal de São Jorge e ao
Grupo de Biodiversidade dos Açores, nas pessoas dos seus responsáveis, pelo apoio
e facilidades concedidas.
6.7 Bibliografia
Borges, P. A. V. & T. Myles [eds.]. 2007. Térmitas dos Açores. Princípia, Lisboa.
Guerreiro, O., A. Borges, F. Ferreira, C. Couto & P. A. V. Borges. 2010. A térmita de
madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Monitorização
e controle dos voos de dispersão e prevenção da colonização nas principais
localidades afectadas. Universidade dos Açores, Departamento de Ciências Agrárias –
CITA-A, Angra do Heroísmo, 53 pp.
Horwood, M. 2008. West Indian drywood termite. New South Wales Department of
Primary Industries, Primefact 826, 2 pp.
Scheffrahn, R. H. & N. Su 1999. West Indian powderpost drywood termite,
Cryptotermes brevis (Walker). University of Florida, Cooperative Extension Service,
Institute of Food and Agricultural Sciences, EENY-079, 7 pp. (Revisão de 2011)
Nutting, W. L. 1990. Insecta: Isoptera, pp. 997- 1032. In: D. L. Dindal [ed], Soil Biology
Guide, John Wiley & Sons, Nova Iorque.
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6-117
A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico.
Filomena Ferreira, Orlando Guerreiro, Annabella Borges & Paulo A. V. Borges
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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico
7-118
7. A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico.
7.1 Sumário
De forma a determinar a extensão da infestação pela praga de térmita de madeira
seca na localidade de Santa Cruz (freguesia das Ribeiras, Concelho das Lajes do
Pico) a Equipa de Monitorização e Controlo das Térmitas nos Açores do Grupo da
Biodiversidade dos Açores CITA-A, liderado pelo Prof. Paulo Borges, dirigiu-se a esta
localidade entre os dias 22 e 24 de Março de 2011.
A determinação da extensão da infestação por uma espécie de térmita de madeira
seca na localidade de Santa Cruz (Pico) teve como base a inspecção detalhada a
todos os edifícios inseridos num raio de 100 metros, delimitado a partir da casa onde
foi detectado o primeiro foco de infestação.
Foram detectados indícios de infestação por térmita de madeira seca em 12 edifícios
localizados na Rua Dr. Freitas Pimentel e Ramal, Santa Cruz das Ribeiras.
No entanto, não foi ainda possível confirmar qual a espécie de madeira seca presente
na ilha do Pico, já que existe mais do que uma espécie de madeira seca nos Estados
Unidos, região de proveniência dos móveis infectados em várias das habitações.
Acredita-se que a praga de térmitas existe na localidade há vários anos e poderá ter
tido mais do que um ponto de origem, sendo no entanto muito plausível que a “porta
de entrada” do insecto na freguesia tenha sido comum: madeiras aplicadas trazidas
dos Estados Unidos. É uma localidade com vários emigrantes, principalmente do
estado da Califórnia, e muitos dos imóveis vistoriados permanecem fechados, por
vezes durante vários anos. Esta premissa de que a entrada da espécie de madeira
seca terá sido originada através da vinda de materiais da Califórnia (EUA) suscita a
probabilidade de estarmos perante uma outra espécie que não a, já muito dispersa no
arquipélago, Cryptotermes brevis (Walker), mas sim da espécie Incisitermes minor
(Hagen) bastante comum no estado da Califórnia.
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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico
7-119
7.2 Introdução
Existem três tipos de térmitas, as subterrâneas, as de madeira viva e as de madeira
seca (Milano & Fontes 2002), totalizando cerca de 3000 espécies. No entanto, só
algumas destas são nefastas para a economia e para as actividades humanas. De
facto, a maior parte das espécies são benéficas contribuindo para a reciclagem de
árvores mortas, oxigenação do solo e decomposição de restos de celulose. Algumas
espécies são arborícolas construindo a termiteira na copa das árvores, outras vivem
no solo, sendo bem conhecidas as termiteiras gigantes em África e na América do Sul.
No entanto, algumas espécies causam elevados prejuízos nas habitações humanas,
atacando móveis e esculturas mas também partes estruturais como soalhos e tectos.
Em alguns países como os Estados Unidos da América, Canadá, Brasil, Austrália e
África do Sul existe mesmo uma tradição de lidar com as espécies mais nocivas,
investindo-se muito dinheiro e esforço na sua monitorização, prevenção e no seu
combate (Milano & Fontes, 2002). As térmitas de madeira seca são uma das pragas
mais destrutivas do planeta em estruturas humanas estando já confirmada a presença
de uma das mais destrutivas espécies de madeira seca, a espécie Cryptotermes
brevis, em 5 ilhas das 9 ilhas dos Açores: Terceira, São Miguel, Faial, São Jorge,
Santa Maria.
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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico
7-120
Figura 7-1: Indicação dos edifícios vistoriados inseridos no raio de 100 metros. A vermelho estão indicados os edifícios onde se confirmou a infestação por térmita de madeira seca e a verde os edifícios onde não foi confirmada a infestação.
A Equipa de Monitorização e Controlo das Térmitas dos Açores (EMCTA) do Grupo da
Biodiversidade dos Açores realizou um trabalho de vistorias com o objectivo de
verificar a ocorrência de térmitas na ilha do Pico, promovendo simultaneamente o
contacto e a sensibilização da população para o assunto. Durante o trabalho de
campo, e tendo sido vistoriadas cerca de 100 habitações, não foi encontrado qualquer
vestígio de térmitas de qualquer espécie. No entanto, o contacto realizado promoveu a
divulgação da problemática associada às térmitas tendo sido pouco tempo depois
mencionada a suspeita de existência de térmitas numa habitação na localidade de
Santa Cruz, na Freguesia das Ribeiras, Conselho das Lajes (Figura 7-1).
Esta suspeita foi encaminhada pela Câmara Municipal das Lajes para o Gabinete da
Biodiversidade dos Açores para onde foram enviados alguns vestígios para análise.
Após a observação dos vestígios foi possível indicar a existência de uma espécie de
térmita de madeira seca, pelo que a equipa fez deslocar um elemento até ao local em
questão com o objectivo de recolher mais informação e simultaneamente entender a
sua dispersão.
Os objectivos principais deste trabalho consistiram em, por um lado tentar determinar
a origem da infestação na localidade, e por outro, vistoriar detalhadamente todos os
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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico
7-121
edifícios inseridos num raio de 100 metros em relação à habitação onde primeiramente
foi detectada a infestação.
7.3 Metodologia
A colaboração estabelecida entre a Câmara Municipal das Lajes e a equipa (EMCTA)
foi crucial para o contacto com os moradores da localidade afectada, de forma a
facilitar as inspecções aos edifícios, bem como no alerta para o problema.
Foi delimitado um perímetro com 100 metros de raio em relação à habitação onde foi
detectada a infestação por térmita de madeira seca. O objectivo consistiu em vistoriar
detalhadamente todos os 30 edifícios inseridos nesse perímetro de forma a determinar
a infestação, ou não, pela praga.
A amostragem total traduziu-se em 30 edifícios, sendo que vinte e sete dos quais
estão inseridos no raio dos 100 metros, não sendo possível inspeccionar 3 dos
edifícios. Foram também vistoriados 3 imóveis fora do perímetro dos 100 metros que
apresentavam suspeitas de infestação por térmita de madeira seca.
Para a amostragem da incidência do ataque por térmitas procedeu-se da seguinte
forma, utilizando os seguintes critérios para definir os níveis de ataque:
Nível A - (Sem ataque) – Não se verificou a presença de térmitas, ou pelo menos não
foram encontradas provas físicas da sua presença (asas e resíduos fecais);
Nível B – (Ataque ligeiro) - Ataque perceptível mas ligeiro; deterioração muito
superficial 1mm a 2mm de profundidade em alguns pontos ou pequenas áreas;
Nível C – (Ataque moderado) - Ataque moderado revelado sob a forma de áreas
determinadas de vários centímetros quadrados e com 2mm a 5 mm de profundidade,
ou sob a forma de pontos disseminados com uma profundidade ultrapassando os 5
mm, ou com os dois tipos de ataque;
Nível D – (Ataque Severo) - Ataque intenso mostrando uma destruição extensa e
profunda (5mm a 10mm) ou galerias atingindo o centro da estaca ou diferentes
combinações destes dois tipos de ataque.
Foram colocadas armadilhas cromotrópicas nos imóveis infestados, iniciando-se assim
um processo de monitorização e controlo da térmita de madeira seca na localidade.
7.4 Resultados e Conclusões
Após inspecção detalhada a 30 edifícios na localidade de Santa Cruz, freguesia das
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Ribeiras no concelho das Lajes do Pico, foram confirmados 12 casos de infestação por
térmita de madeira seca (Tabela 7-1).
Tabela 7-1: Local onde se detectou a infestação, bem como a zona do edifício e o nível de infestação em cada edifício Local Zona do edifício Nível de infestação
Rua Dr. Freitas Pimentel Sótão e falsa - tecto B
Rua Dr. Freitas Pimentel Falsa Não perceptível
Rua Dr. Freitas Pimentel Anexo - tecto C
Rua Dr. Freitas Pimentel Anexo - janela B
Rua Dr. Freitas Pimentel Falsa - tecto C
Rua Dr. Freitas Pimentel Falsa - tecto C
Rua Dr. Freitas Pimentel 2 Anexos B
Rua Dr. Freitas Pimentel Sótão C
Rua Dr. Freitas Pimentel Sótão C
Ramal Sótão B
Ramal Palco e tecto B
Rua dos Moinhos Sótão* e garagem *Não perceptível; C
Os edifícios infestados estão muito próximos uns dos outros, estando inseridos num
raio de 100 metros (Figura 7-2), o que, aliado ao facto dea maioria dos edifícios não
possuírem qualquer camada isoladora entre as telhas e o travejamento do tecto,
facilita a dispersão da praga em época de enxameamento (Figura 7-2).
Figura 7-2: Vista aérea de Santa Cruz das Ribeiras, com marcação a vermelho do perímetro onde foram realizadas vistorias. A 1ª habitação onde foi detectada a praga está assinalada a vermelho.
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Acredita-se que a praga de térmitas existe na localidade há vários anos e poderá ter
tido mais do que um ponto de origem, sendo no entanto muito plausível que a “porta
de entrada” do insecto na freguesia tenha sido comum: madeiras aplicadas trazidas
dos Estados Unidos. É uma localidade com vários emigrantes, principalmente do
estado da Califórnia e muitos dos imóveis vistoriados permanecem fechados, por
vezes durante vários anos. Esta premissa de que a entrada da espécie de madeira
seca terá sido originada através da vinda de materiais da Califórnia (EUA) suscita a
probabilidade de estarmos presentes com uma outra espécie que não a, já muito
dispersa no arquipélago, Cryptotermes brevis (Walker), mas sim da espécie
Incisitermes minor (Hagen) bastante comum no estado da Califórnia (Figura 7-3).
Cryptotermes brevis (Walker) Incisitermes minor (Hagen) Fotografia de : Pedro Cardoso, Portal da Biodiversidade
Fotografia de : R.H. Scheffrahn, Universidade da Florida
Figura 7-3: Comparação dos soldados de duas espécies de madeira seca existentes nos Estados Unidos da América.
Em alguns dos edifícios a origem da infestação é inequívoca, como é o caso de uma
habitação em que o sótão, totalmente constituído por madeira, tem partes de caixotes
de madeira, oriundos da Califórnia, a forrar o chão (Figura 7-4). Estas madeiras,
infestadas por térmita de madeira seca, estão depositadas no sótão há uma dúzia de
anos tendo a praga já se expandido para o tecto.
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Figura 7-4: Partes de caixotes de madeira infestados com térmita de madeira seca, oriundos de San Jose, Califórnia, depositados num sótão de uma habitação na localidade de Santa Cruz das Ribeiras.
A poucos metros do imóvel onde inicialmente foi detectado o problema existe uma
habitação recuperada há 2 anos. O edifício anterior tinha cerca de 60 anos e segundo
relatos de vizinhos, há mais de 20 anos que se detectou deterioração da madeira e
“presença de bichos”, não se conseguindo, no entanto, determinar o destino final dado
às madeiras supostamente infestadas. Na traseira do imóvel mantém-se um anexo de
origem, cujo tecto se encontra infestado. Este anexo, segundo relato do antigo
proprietário, era usado para guardar caixotes de madeira vindos dos Estados Unidos
da América. Uma boa parte dos imóveis em que a infestação é positiva, a mesma está
circunscrita às zonas da falsa, as quais são de difícil acesso (Figura 7-5).
Figura 7-5: Produção orgânica de térmita de madeira seca em falsa na localidade de Santa Cruz das Ribeiras – indício inequívoco da presença da uma espécie de térmita de madeira seca.
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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico
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Crê-se que a extensão da infestação possa ser maior, dado que se confirmou a
presença da praga nos limites Sul e Este do perímetro de 100 metros estabelecido a
partir do 1º foco de infestação detectado.
Foi iniciado um processo de monitorização e controlo da térmita de madeira seca
nesta localidade, à semelhança do que se tem feito nos últimos dois anos nas
restantes ilhas com presença da praga, através da colocação de armadilhas
cromotrópicas nos edifícios infestados (Figura 7-6). Estas armadilhas vão permitir não
só determinar o nível da infestação, bem como controlar a dispersão das colónias
durante a fase de enxameamento.
Figura 7-6: Armadilha cromotrópica colocada em janela do sótão de uma das habitações infestadas com térmita de madeira seca na localidade de Santa Cruz das Ribeiras
A prioridade está agora em determinar a espécie de térmita existente nesta localidade.
Para tal a EMCTA requisitou à autarquia local o envio de uma amostra de madeira
infestada com uma colónia a fim de determinar a espécie. É também recomendável
realizar um levantamento detalhado de todos os edifícios das zonas circundantes,
estabelecendo-se um maior raio de acção, de forma a caracterizar a real escala do
problema. Após a determinação da espécie e estabelecida a real área de infestação
será possível partir para uma eventual hipótese de erradicação. Caso esta hipótese
seja viável, será necessário haver um esforço colectivo e integrado das instituições
competentes e dos proprietários dos imóveis infestados.
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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico
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7.5 Agradecimentos
Este estudo foi financiado pelo Projecto DRCT - M221-I-002-2009 TERMODISP – A
térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores: Monitorização dos
voos de Dispersão e prevenção da colonização. (2009-2011). Gostaríamos ainda de
agradecer à Câmara das Lajes do Pico pela colaboração prestada.
7.6 Referências Bibliográficas
Milano, S. & L.R. Fontes (2002). Termite pests and their control in urban Brazil.
Sociobiology, 40: 163-177.
Scheffrahn, R.H., University of Florida Institute of Food and Agricultural Sciences –
Department of Entomology and Nematology. (Acedido a 4 de Abril 2011)
http://entnemdept.ufl.edu/creatures/urban/termites/western_drywood_termite.htm
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Determinação da origem e dispersão da térmita de madeira seca das Índias Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker), nos Açores usando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua dispersão. Maria Teresa Ferreira1,2, Rudolf H. Scheffrahn1,2 & Paulo A. V. Borges1
1Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, 9700-042 Angra do
Heroísmo, Terceira, Açores; Email: [email protected] .
2Fort Lauderdale Research and Education Center, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences, Fort
Lauderdale, FL, USA.
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
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8. Determinação da origem e dispersão da térmita de madeira seca das Índias Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker), nos Açores usando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua dispersão.
8.1 Sumário
Cryptotermes brevis (Walker) é uma térmita da madeira seca da família Kalotermitidae
e é uma praga urbana. Esta espécie foi encontrada nos Açores em 2000 e desde
então tornou-se a praga urbana principal no arquipélago.
De modo a identificar a origem e distribuição da espécie nos Açores, marcadores
genéticos foram usados para identificar a origem e o tipo de introdução da espécie
(única vs múltipla). DNA Mitocondrial e microssatélites foram usados para modelar as
relações das populações nos Açores. Os dados mostraram que houve múltiplas
introduções da espécie e que estas ainda estão a ocorrer. Os marcadores genéticos
também mostraram que o possível local de origem da infestação é na América do Sul.
Por fim, tratamentos preventivos foram estudados de forma a optimizar o controlo
desta espécie nos Açores e, possivelmente, diminuir a dispersão da infestação.
Diferentes comprimentos de onda de luz foram testados para determinar se havia
preferência por um determinado comprimento de onda por parte dos alados da
espécie, e foi verificado que as luzes do espectro do azul, branco e verde foram mais
atractivas do que as restantes testadas. Também foram testados químicos contra a
fundação de colónias e verificou-se que dois deles, permetrina e cipermetrina foram
eficazes contra os alados na prevenção da colonização. Este conhecimento pode ser
usado para ajudar a reduzir a dispersão da infestação onde esta já está presente.
8.2 Introdução
Cryptotermes brevis (Walker) é uma térmita da madeira seca da família
Kalotermitidae (Isoptera). A térmita das Índias Ocidentais, C. brevis, é uma praga
muito destrutiva que causa danos elevados em artigos e estruturas de madeira nas
zonas tropicais e subtropicais do globo. Originária do Chile e do Peru, onde pode ser
encontrada infestando árvores na natureza, esta espécie poderá ter-se dispersado
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-129
inicialmente pelo mundo através do tráfego elevado de navios de madeira espanhóis
provenientes dessa zona no século XVI (Scheffrahn et al. 2009). O ciclo de vida desta
espécie é passado quase exclusivamente dentro da madeira, o que facilita o seu
transporte e dispersão.
Esta espécie foi inicialmente identificada no arquipélago açoriano no ano de 2000, e
desde então tornou-se a praga urbana mais importante desse arquipélago (Borges et
al. 2004). De forma a identificar a origem e dispersão da C. brevis nos Açores,
marcadores genéticos podem ser utilizados de forma a determinar se a espécie foi
introduzida nas ilhas uma única vez ou se existiram múltiplas introduções da espécie
ao longo do tempo.
O uso de ADN mitocondrial (mtDNA) e microssatélites permite modelar
estatisticamente as relações entre populações. O estudo do ADN mitocondrial é
vastamente utilizado pois tem variabilidade suficiente para dar informação filogenética
ao nível individual, populacional, e ao nível da espécie, dependendo da região de ADN
que é analisada. Os genes mitocondriais são herdados maternalmente e o mtDNA é
altamente variável em populações naturais devido à sua elevada taxa de mutação, o
que pode gerar dados conclusivos sobre a história de uma população num
determinado período de tempo. No entanto, quando se efectua uma análise
populacional, o uso de um único marcador genético não é suficiente.
Consequentemente estudos populacionais envolvem o uso de outro marcador
genético como por exemplo os microssatélites que possuem uma taxa de mutação
elevada e podem evidenciar variabilidade dentro de uma espécie. Numa
subpopulação, após várias gerações, os microssatélites recombinam-se e a variedade
de microssatélites é mantida e torna-se característica dessa subpopulação, sendo
distinta de outras subpopulações. Por essa razão microssatélites são usados em
estudos sub-populacionais.
Para este estudo os marcadores genéticos escolhidos para determinar quantas
introduções da espécie ocorreram nos Açores e qual o local de origem dessas
introduções foram o mtDNA que codifica os genes 16S rRNA e Cytb, e cinco loci de
microssatélites. Os genes 16S rRNA e Cytb foram utilizados por já terem demonstrado
bons resultados na resolução de questões filogenéticas com térmitas em geral
(Kambhampati et al. 1996, Legendre et al. 2008) e com a família Kalotermitidae
(Thompson et al. 2000) e o género Cryptotermes em particular (Legendre et al. 2008).
Os loci de microssatélites usados foram baseados em primers desenvolvidos para
uma espécie congenérica Cryptotermes secundus (Hill) (Fuchs et al. 2003).
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-130
Outra forma de dispersão da térmita da madeira seca C. brevis ocorre durante a época
dos voos de dispersão. Nesta altura do ciclo de vida, adultos alados deixam a colónia
para se juntarem em pares de macho e fêmea e colonizarem novos locais. Durante
esta época tratamentos preventivos de forma a evitar a formação de novas colónias
poderão evitar uma maior dispersão da praga existente. O uso de armadilhas de luz é
comum na captura de insectos. Estudos demonstraram que a térmita C. brevis é
atraída pela luz durante os voos de dispersão, e luz com intensidade mais elevada
atrai mais alados do que luz com menor intensidade (Ferreira and Scheffrahn 2011). O
uso de armadilhas de luz tem sido recomendado como ferramenta de prevenção da
colonização pela C. brevis. No entanto, não existem estudos demonstrando se existe
um comprimento de onda de luz específico que possa ser mais atractivo para esta
espécie. Outro método preventivo comum é o uso de insecticidas. Nos Estados Unidos
vários estudos com diferentes insecticidas têm sido efectuados, no entanto as térmitas
da madeira seca não são uma praga comum na Europa. Consequentemente não
existem muitos estudos efectuados sobre a eficácia de produtos químicos disponíveis
na Europa como preventivos contra a térmita C. brevis. Alguns dos produtos
disponíveis são usados em geral como preservantes de madeira (Wocosen e
Xylophene) enquanto outros são usados como insecticidas (Borowood, Gentrol e XT-
2000).
O objectivo do estudo apresentado é determinar a origem, a forma de dispersão e o
controlo da térmita das Índias Ocidentais C. brevis com aplicação nos Açores,
testando as seguintes hipóteses:
Hipótese 1. A térmita C. brevis no arquipélago dos Açores está vastamente distribuída
em seis das nove ilhas, apresentando níveis de infestação. Este factor sugere que
possivelmente existiram múltiplas introduções desta espécie no arquipélago. Para
testar esta hipótese, estudos genéticos foram efectuados, comparando as diferentes
subpopulações das ilhas.
Hipótese 2. A origem da introdução da térmita C. brevis nos Açores é desconhecida e
devido à localização do arquipélago, esta poderá ter tido origem em vários pontos,
incluindo o continente Americano, Africa, e até Oceânia. Por forma a testar esta
hipótese, um estudo genético foi realizado, comparando as subpopulações das ilhas
com subpopulações de vários países.
Hipótese 3. A época dos voos de dispersão é a única altura no ciclo de vida da térmita
C. brevis em que esta se encontra fora da madeira. Durante esta época, tratamentos
preventivos são importantes na diminuição do risco de infestação. A hipótese testada
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-131
foi que determinados comprimentos de onda são mais atractivos para os alados com
possível aplicação para armadilhas de luz. Também foi testada a hipótese que alguns
dos produtos químicos disponíveis na Europa poderem ser utilizados como
preventivos contra a formação de novas colónias desta espécie.
8.3 Metodologia
8.3.1 Análise filogenética
Térmitas
As térmitas foram recolhidas durante o mês de Agosto de 2009 em quatro das nove
ilhas dos Açores. Os locais de recolha foram: Ilha Terceira, em Angra do Heroísmo;
São Miguel, em Ponta Delgada; no Faial, na Horta; e em Santa Maria, na Maia. Todas
as térmitas foram recolhidas de estruturas infestadas, sendo os alados recolhidos de
teias de aranha, armadilhas colocadas pelos proprietários ou madeiras recolhidas das
estruturas infestadas. As térmitas recolhidas foram imediatamente colocadas em
etanol a 95%, para preservação.
Os espécimes adicionais que foram utilizados foram seleccionados da Colecção de
Térmitas da Universidade da Florida no Fort Lauderdale Research and Education
Center, em Davie, Florida. Estes espécimes encontravam-se preservados em etanol a
85%, resultando estes espécimes de recolhas feitas por colaboradores da
Universidade da Florida, ao longo de várias décadas. Locais e número de espécimes
utilizados são indicados nas tabelas Tabela 8-1 e Tabela 8-2.
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-132
Tabela 8-1: Locais de colecta de térmitas nos Açores e número (N) de indivíduos utilizados na análise de dados.
Ilha Cidade Nome N Latitude Longitude
Terceira Angra do Heroísmo AA 7 38.655475° -27.219519°
Terceira Angra do Heroísmo AB 20 38.656608° -27.228125°
Terceira Angra do Heroísmo AC 4 38.654694° -27.226614°
São Miguel Ponta Delgada PDA 7 37.739322° -25.669872°
São Miguel Ponta Delgada PDB 5 37.742244° -25.665503°
São Miguel Ponta Delgada PDC 6 37.742300° -25.662792°
Faial Horta HA 20 38.540844° -28.625658°
Faial Horta HB 15 38.540731° -28.625842°
Santa Maria Maia M 20 36.939256° -25.014958°
Tabela 8-2: Locais de colecta de térmitas em vários pontos do globo e número (N) de indivíduos utilizados na análise de dados.
Área País Nome N Latitude Longitude
Africa República do Congo AFR 5 -4.3022 15.3052
Oceânia Austrália AUS 5 -25.5405 152.7155
América do Sul Venezuela VZ 5 10.4980 -66.9212
América do Sul Chile CLA 20 -27.8013 -70.1333
América do Sul Chile CLB 20 -33.0233 -71.6166
América do Sul Peru PEA 20 -11.9790 -77.0900
América do Sul Peru PEB 20 -13.0870 -76.3970
América do Norte USA FLD 20 24.5551 -81.7795
América Central Honduras HN 20 14.0087 -87.0144
América Central Costa Rica CR 15 9.9277 -84.0771
América Central El Salvador ELS 20 13.6633 -89.2580
Extracção e amplificação do DNA
DNA Mitocondrial. O DNA foi extraído usando um kit DNeasy ® Blood and Tissue
(Qiagen) de acordo com o protocolo fornecido. Após a extracção o DNA foi amplificado
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
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com PCR usando os primers para os genes 16S rRNA e Cytochrome b usados por
Legendre et al. (2008). Cinco indivíduos por local de recolha foram utilizados para o
DNA mitocondrial e sequenciados individualmente. A sequenciação foi efectuada no
Laboratório de sequenciação da Universidade da Florida em Gainesville (ICBR).
Microssatélites. O mesmo DNA recolhido anteriormente foi usado para a análise de
microssatélites. Foram usados indivíduos até um máximo de 20, dependendo do
número disponível por local de recolha (ver tabelas 8-1, e 8-2). Os primers usados
para realizar o PCR foram adaptados de Fuchs et al. (2003). Para fazer o genotyping,
todos os produtos de PCR foram enviados ao Laboratório de sequenciação da
Universidade da Florida.
Análise de Dados
DNA Mitocondrial. A análise filogenética para os genes 16S rRNA e Cytb foi efectuada
usando o programa MEGA v5 (Tamura et al. 2011) usando se o método ClustalW para
o alinhamento. As sequências dos genes 16SrRNA e Cytb foram combinadas para
criar uma sequência mais robusta que seguidamente foi analisada com o software
Gblocks (Talavera and Castresana 2007) para eliminar regiões divergentes, inserções
e inversões. As sequências representativas dos locais de recolha foram analisadas
utilizando o método UPGMA (Sneath and Sokal 1973). A árvore de bootstrap criada foi
inferida recorrendo a 5000 replicações (Felsenstein 1985). As distâncias
evolucionárias foram calculadas utilizando o método Kimura para 2 parâmetros
(Kimura 1980) e baseadas no número de substituições por site. Sequências de
Kalotermes flavicollis foram utilizadas como out-groups.
Microssatélites. Para análise dos microssatélites o software Peak Scanner™ v1.0 (©
Copyright 2006, Applied Biosystems) foi usado para identificar os microssatélites. Os
softwares FSTAT 2.9.3.2 (Goudet, 2001) e GENEPOPV4 (© F. Rousset) foram
utilizados para calcular os valores de FST, FIS, e FIT para quantificar a perda de
heterozigotia, desequilíbrio de linkage e frequência de alelos nulos. O fluxo de genes
entre as subpopulações foi quantificado em termos de migrantes trocados entre
subpopulações por geração (Nm)calculado, usando o software GENEPOPV4 (© F.
Rousset). A distância genética foi calculada usando o método de Nei’s (1972) e uma
matriz e árvore de distância genética foi gerada usando o software Genetic Distance
Analysis 1.1 (Lewis and Zaykin 2001).
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-134
De forma a testar vários cenários de introdução nas ilhas, o programa DIYABC
(Cornuet et al. 2010) foi usado. Este software usa computações Bayesianas para
inferir origens, considerando efeitos de bottleneck quando ocorre uma introdução. Para
os cenários testados o pressuposto assumido é que as populações originaram de uma
população ancestral de tamanho NA, de onde se originaram as introduções nas ilhas.
Para testar a hipótese da forma de introdução da espécie nas ilhas (uma introdução
vs. múltiplas introduções) seis cenários foram testados (Figura 8-1), e a probabilidade
de cada cenário foi calculada usando um modelo generalizado de mutação (GSM)
para os loci de microssatélites. A tabela de referência foi criada para 50000
simulações com a probabilidade dos cenários calculada com uma regressão logística.
Para testar a origem da infestação o software DIYABC foi igualmente usado, com a
diferença que desta vez para os cenários testados o pressuposto assumido foi de que
haveria uma população ancestral de tamanho N2 de onde as consequentes
subpopulações se originaram. O tamanho da população ancestral foi assumido como
sendo maior do que das outras subpopulações N2>N1, N3, N4, N5, e N6. Para as
computações as subpopulações das diferentes regiões geográficas foram
consideradas como uma única subpopulação para cada região. Para estes testes
60000 simulações foram utilizadas, com uma regressão logística para testar as
probabilidades dos cenários. Seis cenários foram testados (Figura 8-2). Em todos os
cenários testados a população 2 (América do Sul) foi assumida como tendo um
tamanho efectivo N2 por um tempo indeterminado e eventualmente as subpopulações
divergiram dessa população ancestral. A população 2 foi assumida como sendo a
população ancestral, pois inclui as populações endémicas do Chile e Peru. Para
validar este pressuposto um cenário extra foi adicionado (Figura 8-3) em que se
considerou uma população ancestral desconhecida com tamanho efectivo NA de onde
as restantes populações divergiram. Para este cenário extra 20000 simulações foram
utilizadas com a regressão usada para calcular a probabilidade posterior.
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-135
Figura 8-1: Cenários de introdução nas ilhas testados.
Horta Angra Maia Ponta Delgada Horta Ponta Delgada Angra Maia
Maia Ponta Delgada Angra Horta Ponta Delgada Angra Maia Horta
Horta Ponta Delgada Angra Maia Horta Angra Ponta Delgada Maia
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-136
Figura 8-2: Cenários da possível origem da população nos Açores testados.
Central America
Africa Australia Azores North America
Central America
South America
Africa Australia North America
Azores Central America
South America
Africa Australia North America
Azores South America
Central America
Azores Australia Africa North America
South America
South America
Australia Azores Africa North America
Central America
CentralAmerica
South America
North America
Australia Azores Africa
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-137
Figura 8-3: Cenário de origem da população nos Açores assumindo uma população ancestral desconhecida.
8.3.2 Experiência de preferência de comprimento de luz.
Para testar a atracção de alados a diferentes comprimentos de onda, seis tipos
diferentes de lâmpadas LED (Light Emitting Diodes) foram usadas, tendo diferentes
comprimentos de onda. Os comprimentos de onda usados foram os seguintes: 395 nm
(Ultra Violeta); 460-550 nm (Branco); 470 nm (Azul); 525 nm (Verde); 590 nm
(Amarelo); and 625 nm (Vermelho).
As luzes foram colocadas dentro de recipientes de plástico para isolá-las umas das
outras, e estes recipientes colocados num espaço com madeira infestada com C.
brevis. Os recipientes foram colocados com a abertura virada para a zona infestada do
espaço. Os diferentes tipos de comprimento de onda foram colocados de forma
aleatória com três réplicas por luz e com o controlo tendo a luz desligada. Debaixo de
cada luz foi colocado um pequeno recipiente com água para que os alados que voem
para a luz sejam capturados. Estes foram contados e preservados em álcool, todos os
dias, enquanto a experiência decorreu. Este set-up foi repetido na Florida no Fort
Lauderdale Research and Education Center (FLREC), onde os recipientes foram
Africa Australia Azores America South Central
America North
America
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-138
colocados numa sala repleta de madeira infestada com C. brevis. As experiências
decorreram entre Abril e Setembro de 2009.
Análise de dados. Os dados recolhidos das experiências nos Açores e na Florida foram analisados
separadamente, usando uma ANOVA (SAS 2003) para testar se haveria diferenças
nas variâncias do número de alados por armadilha de luz por dia. A cor do
comprimento de onda foi usada como o factor na análise da ANOVA. Os dados foram
transformados por ln (valor+k) em que k=2. A hipótese nula testada foi que não havia
diferenças. O método de Tuckey (SAS 2003) foi usado para determinar quais os
comprimentos de onda que possuíam diferenças significativas.
8.3.3 Prevenção Química da colonização
Para testar os químicos como preventivos de colonização desta espécie modelos do
forro do telhado foram montados e tratados com produtos comercialmente disponíveis
nos Açores. Os produtos usados foram Xylophene (cipermetina 0.07%), Woocosen
(permetina 0.24%), Gentrol (Hydroprene 9.0%), XT-2000 (d-limonene 92%) e
Borowood (Borato de sódio 10%).
A madeira criptoméria (Cryptomeria japonica) que é usada na construção, foi usada
para montar os modelos. Foram comprados 36 barrotes com 39x10x7cm e 54 tábuas
de forro com 39x13x2cm e montados em 18 modelos de forro do telhado. Os modelos
de forro foram tratados com os diferentes químicos com 3 réplicas por químico e um
controlo sem tratamento. O tratamento consistiu em pincelar o produto em toda a
superfície do modelo. Os modelos foram colocados num espaço infestado com C.
brevis debaixo de uma fonte de luz ultra-violeta de forma a atrair os alados. Os
modelos foram colocados de forma aleatória e deixados para serem colonizados. Três
meses após o período de colonização estes foram desmontados e a mortalidade e o
número de alados sobreviventes foram registados.
Análise de dados. Uma ANOVA (SAS 2003) foi usada para testar a diferença entre as variâncias do
número de alados sobreviventes nas diferentes unidades com o tratamento como o
factor da ANOVA. O mesmo método foi usado para testar a diferença no número de
câmaras nupciais e número de ovos presentes. Todos os dados foram transformados
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-139
por ln (valor+k) em que k=2. A hipótese nula testada foi a de que não havia diferenças
no número de alados sobreviventes nas unidades por cada tratamento, que não havia
diferenças no número de câmaras nupciais por tratamento, e que não havia diferença
no número de ovos por tratamento. Uma análise de Tukey foi posteriormente usada
para determinar quais os tratamentos que eram significativamente diferentes.
8.4 Resultados e Discussão
8.4.1 Análise filogenética
O software MEGA 5.0 produziu uma árvore filogenética para os genes combinados
para as diferentes subpopulações dos Açores. Podem-se observar dois ramos
distintos com 100% de resolução (Figura 8-4). As subpopulações de Ponta Delgada
(PD) e Maia (M) são mais próximas, com a Horta (H) aparecendo separada e Angra
distribuída pelos dois ramos. A árvore filogenética mostra um claro padrão. O facto das
subpopulações de Ponta Delgada e Maia estarem filogeneticamente mais próximas
não é surpreendente visto que a ilha de S. Miguel e Santa Maria serem
geograficamente próximas com bastante tráfego de bens e pessoas entre estas duas
ilhas, facilitando o transporte de madeiras infestadas. A subpopulação da Horta
aparece completamente separada das outras populações, sendo só próxima de uma
das subpopulações de Angra, indicando uma possível origem diferente. Baseado
nestes dados, o facto de haver dois ramos completamente distintos é indicativo de
terem ocorrido múltiplas introduções da térmita C. brevis no arquipélago dos Açores,
com pelo menos dois eventos distintos a acontecer. Mais concretamente, os dados
indicam que a espécie foi inicialmente introduzida nas duas cidades principais (Angra
e Ponta Delgada) e mais tarde alargou a sua distribuição para as outras ilhas.
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-140
Figura 8-4: Árvore filogenética representando a relação entre as subpopulações dos Açores.
Foram detectados um total de 33 alelos nas subpopulações dos Açores nos 5 loci
analisados. A heterozigotia média observada não foi significativamente diferente da
esperada para todas as subpopulações dos Açores (Tabela 8-3). Os valores FIS foram
baixos, alguns mesmo negativos, e não foram significativamente diferentes de 0. O
teste de Hardy-Weinberg para o desequilíbrio foi significativo (p-value=0.0076) com
desequilíbrio de linkage encontrado em dois loci. O fluxo de genes (Nm) calculado foi
de 3.77626 migrantes por geração. O diagrama de distância calculado para os dados
de microssatélites mostra as subpopulações da Maia e da Horta próximas uma da
outra (Figura 8-5).
M-2
PDA-5
PDB-1
PDA-2
M-1
M-9
AB-5
AC-2
AB-2
PDA-3
AB-4
HA-3
HA-2
HB-4
AA-3
HA-1
HA-4
HB-2
76
100
95
86
58
55
100
Kalotermes flavicollis
PDB-2
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
8-141
Tabela 8-3: Estimativas da diversidade genética em 5 loci polimórficos de microssatélites de C. brevis dos Açores. Sub-
pop
Média
Esperada
Hz
Média
Observada
Hz
F da
ANOVA
p-value
para
ANOVA
No de Alelos
médio por
locus
FIS p-value*
AA 0.47 ± 0.10 0.54 ± 0.08 0.16 0.702 3 ± 1.22 -0.16 0.9613
AB 0.44 ± 0.07 0.39 ± 0.05 0.24 0.635 4 ± 1.22 0.13 0.0681
AC 0.54 ± 0.09 0.45 ± 0.11 0.26 0.627 2.6 ± 0.55 0.182 0.2132
PDA 0.42 ± 0.11 0.37 ± 0.08 0.07 0.802 2.6 ± 1.14 0.114 0.2954
PDB 0.56 ± 0.15 0.4 ± 0.10 0.72 0.421 3 ± 1.58 0.304 0.0394
PDC 0.59 ± 0.06 0.57 ± 0.09 0.04 0.849 3.6 ± 0.55 0.05 0.4262
HÁ 0.46 ± 0.09 0.43 ± 0.05 0.02 0.883 4 ± 2.12 0.059 0.2835
HB 0.43 ± 0.09 0.48 ± 0.06 0.14 0.715 3.4 ± 1.14 -0.124 0.9446
M 0.40 ± 0.10 0.46 ± 0.05 0.14 0.722 4 ± 1.87 -0.148 0.9915
*p-value para F maior que o observado, em testes randomizados.
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como controlo da sua dispersão.
8-142
Figura 8-5: Diagrama das distâncias genéticas das subpopulções dos Açores baseado nos dados de microssatélites.
As subpopulações açorianas, no entanto, poderão ainda estar a trocar genes. Um
valor de fluxo de genes de 3.7 por geração é elevado. Populações isoladas
usualmente possuem um valor abaixo de 1.6 (Hart e Clark 2007). Isto leva a crer que
não só houve mais do que uma introdução, mas que ainda estão a ocorrer introduções
da espécie nos Açores. O diagrama de distância mostrou as subpopulações da Horta
e Maia mais próximas com Angra num ramo completamente diferente. Isto é indicativo
de grande diversidade nas subpopulações, pois os dados dos microssatélites parecem
contradizer os dados mitocondriais. Os microssatélites são uma boa ferramenta no
estudo de populações recentemente introduzidas, pois mostra a variabilidade melhor
que o DNA mitocondrial. O cenário de múltiplas introduções é suportado pelos dados,
ambos mitocondriais e dos microssatélites. Os cenários testados com o software
0.1
Angra B
Angra C
Ponta Delgada A
Ponta Delgada B
Ponta Delgada C
Horta A
Horta B
Maia
Angra A
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como controlo da sua dispersão.
8-143
DIYABC tiveram uma probabilidade baixa de serem o cenário de introdução das
subpopulações nas ilhas, com excepção dos cenários 3 e 5. Estes cenários tiveram
uma probabilidade de serem o cenário de introdução de 40 e 50% respectivamente
(Figura 8-6), mostrando que os cenários mais prováveis de introdução nas ilhas foram
de pelo menos duas introduções independentes.
Figura 8-6: Probabilidades calculadas para os vários cenários testados com o programa DIYABC para os dados dos microssatélites, para as subpopulações dos Açores.
A árvore filogenética gerada para determinar a origem das introduções resultou em
dois ramos principais com uma resolução inferior a 70% (Figura 8-7). As populações
endémicas apareceram distribuídas em ambos os ramos (amarelo), bem como as
subpopulações açorianas (cinzento). Metade das subpopulações de Angra e a
subpopulação da Horta apareceram junto a subpopulações de África, Austrália, Chile,
Peru, Costa Rica e El Salvador com 90% de resolução. No entanto não há uma origem
específica dentro dos dados obtidos com o mtDNA. A diversidade das populações
açorianas, no entanto, é semelhante à diversidade que se vê nas populações
endémicas.
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como controlo da sua dispersão.
8-144
Figura 8-7: Árvore filogenética representando a relação entre as subpopulações de vários países e dos açores.
Foram detectados um total de 37 alelos nas subpopulações nos 5 loci. A média
esperada e observada de heterozigotia não foram significativamente diferentes para
todas as subpopulações (Tabela 8-4). O número médio de alelos por subpopulação
variou entre 1.8 e 5.4. Os valores de FIS variaram entre -0.079 e 0.302 (Tabela 8-4).
Os valores não foram significativamente diferentes de 0 excepto para a Venezuela,
Kalotermes flavicollis
AFR-2 FLD-3 AB-1 AB-2 PDA-3 AC-2 PDB-2 PDB-5 PDC-1 PDB-2 M-2 M-7 M-1 PDB-1 M-9 AB-5 VZ-1 VZ-5 CLA-1 CLA-2 CLA-3 CLA-5 PEA-4 CR-2 CLA-4 AFR-5 AFR-3 AUS-2 AUS-5 AUS-1 CR-1 CLB-2 AA-3 HB-5 HA-5 AA-1 PEB-1 PEB-4 PEB-2 HA-2 HB-4 HA-1 HA-4 HB-1 HB-2 HB-3 HA-3 CR-3 HN-1 PEA-3 HN-5 ELS-1 ELS-3 ELS-4 ELS-5 AFR-4 CLB-1 CLB-3 AB-4 CR-4 HN-4
96
71
70
65
90
6761
62
66
61
66
64
53
61
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como controlo da sua dispersão.
8-145
África e Austrália. O teste de Hardy-Weinberg para o desequilíbrio foi significativo (p-
value=0.000) com desequilíbrio de linkage presente em todos os loci. O fluxo de genes
calculado foi de Nm=0.605876 migrantes por geração. Embora, o fluxo de genes seja
reduzido entre as subpopulações, os alelos presentes são partilhados pelas
populações, mostrando a sua origem comum. O baixo valor para o fluxo de genes é
indicativo de populações isoladas, o que seria expectável visto as subpopulações
analisadas estarem geograficamente isoladas por muito tempo. Tabela 8-4: Estimativas da diversidade genética em 5 loci de microssatélites polimórficos de C. brevis de amostras de vários continentes.
Pop Média
Esperada
Hz
Média
Observada
Hz
F da
ANOVA
P-value
da
ANOVA
No Médio
de alelos
por locus
FIS p*-value
CLA 0.52 ±
0.12
0.42 ±
0.05 0.31 0.593 4.4 ± 1.52 0.199 0.0032
CLB 0.51 ±
0.13
0.45 ±
0.05 0.11 0.746 5.2 ± 3.42 0.118 0.0472
PEA 0.64 ±
0.05
0.48 ±
0.05 2.77 0.135 5.4 ± 2.07 0.249 0.0001
PEB 0.57 ±
0.08
0.44 ±
0.05 1.80 0.217 4.8 ± 2.39 0.236 0.0005
CR 0.49 ±
0.12
0.35 ±
0.06 0.70 0.428 3.8 ± 1.92 0.302 0.0006
ELS 0.37 ±
0.12
0.32 ±
0.05 0.09 0.776 4.4 ± 2.88 0.142 0.0321
VZ 0.22 ±
0.15
0.16 ±
0.07 0.11 0.751 1.8 ± 1.30 0.289 0.1676
HN 0.45 ±
0.13
0.38 ±
0.05 0.13 0.726 4 ± 2.35 0.166 0.0224
FLD 0.61 ±
0.08
0.53 ±
0.05 0.72 0.421 4.8 ± 2.68 0.13 0.0303
AUS 0.45 ±
0.13
0.48 ±
0.10 0.02 0.884 2.4 ± 1.14
-
0.079 0.7564
AFR 0.29 ±
0.15
0.24 ±
0.09 0.08 0.789 2 ± 1.22 0.2 0.2784
*p-value para F maior que o observado para testes randomizados.
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como controlo da sua dispersão.
8-146
O diagrama de distância calculado para os microssatélites mostra que as
subpopulações de Angra do Heroísmo são separadas das outras subpopulações
todas, enquanto o resto das subpopulações açorianas aparecem próximas das
subpopulações da Venezuela e Peru (Figura 8-8). Estes dados são indicativos de uma
possível origem das populações de Ponta Delgada e Maia e Horta como sendo na
América do Sul.
Os resultados obtidos com o software DIYABC para a probabilidade dos cenários da
origem da população dos Açores testados revelaram que o cenário 1, onde todas as
subpopulações testadas teriam divergido de uma população ancestral que
eventualmente daria origem às populações Sul Americanas, era o cenário com maior
probabilidade de ser o cenário de origem (Figura 8-9). Mesmo quando comparando o
cenário 1 com um cenário onde todas as populações seriam originárias de uma
população ancestral desconhecida (Cenário 2A) o cenário 1 aparece com maior
probabilidade com 80% (Figura 8-10).
Scheffrahn et al. (2009) já havia descoberto que as populações endémicas de C.
brevis se encontravam na América do Sul, nomeadamente no Chile e no Peru. Este
estudo veio provar esse facto. Neste caso, as subpopulações dos Açores de Ponta
Delgada, Horta e Maia são originárias da América do Sul (Chile, Peru e Venezuela). A
subpopulação de Angra no entanto é demasiado diversa para que se possa determinar
um ponto de origem específico.
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como controlo da sua dispersão.
8-147
Figura 8-8: Diagrama de distância genética calculado para todas as populações amostradas.
0.01
Angra B
Angra C
Chile A
Honduras
Peru B
Florida
Australia
Chile B
Costa Rica
El Salvador
Africa
Venezuela
Ponta Delgada A
Ponta Delgada B
Ponta Delgada C
Peru A
Maia
Horta A
Horta B
Angra A
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como controlo da sua dispersão.
8-148
Figura 8-9: Probabilidades calculadas para os vários cenários testados com o programa DIYABC para os dados dos microssatélites para todas as subpopulações amostradas.
Figura 8-10: Probabilidades calculadas para os cenários 1 e 2 testados com o programa DIYABC para os dados dos microssatélites para todas as subpopulações amostradas.
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como controlo da sua dispersão.
8-149
8.4.2 Experiência de preferência de comprimento de luz.
,Nas armadilhas de luz utilizadas na Florida foram capturados um total de 991 alados.
A luz Azul foi a que teve o maior número de alados nas armadilhas, mas não foi
significativamente diferente da luz Branca e Verde (Tabela 8-5). Houve diferenças
significativas no número de alados capturados nas armadilhas nos diferentes
comprimentos de onda (F=17.00; p<0.05). Tabela 8-5: Número total e médio de alados capturados nas armadilhas de luz na Florida. Valores com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0.05).
Comprimentos de onda Número Total de alados
por Comprimento de onda
Número médio de alados
por armadilha por dia
(±SE)
Controlo 2 0.10 ± 0.02 a
625 nm (Vermelho) 6 0.29 ± 0.06 a
590 nm (Amarelo) 26 1.10 ± 0.24 a,b
395 nm (U.V.) 110 4.80 ± 1.05 a,b
460-550 nm (Branca) 262 11.86 ± 2.58 b
525 nm (Verde) 298 13.62 ± 2.97 b
470 nm (Azul) 343 15.42 ± 3.37 b
Nos Açores, as armadilhas colocadas capturaram um total de 1835 alados. A luz Azul
teve o maior número de alados capturados (388), enquanto o Vermelho e o Controlo
tiveram o menor número (Tabela 8-6). Houve diferenças significativas no número de
alados capturados nas armadilhas por comprimento de onda (F=5.4; p<0.05).
Tabela 8-6: Número total e médio de alados capturados nas armadilhas de luz na Florida. Valores com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0.05).
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
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Comprimentos de onda Número Total de alados
por Comprimento de onda
Número médio de alados
por armadilha por dia
(±SE)
Controlo 79 3.29 ± 0.63ª
625 nm (Vermelho) 97 4.04 ± 0.95ª
590 nm (Amarelo) 228 9.50 ± 2.37a,b
395 nm (U.V.) 304 12.67 ± 3.05a,b
525 nm (Verde) 362 15.08 ± 3.78b
460-550 nm (Branco) 377 15.71 ± 3.17b
470 nm (Azul) 388 16.17 ± 4.017b
Os alados nos Açores e na Florida mostraram um comportamento semelhante em
relação à preferência de comprimento de onda. Quando dada a escolha entre os
vários comprimentos de onda, os alados voaram maioritariamente para as luzes Azul,
Verde e Branco. A principal razão pela qual é importante estudar as preferências do
comprimento de onda de luz é para optimizar as armadilhas de luz usadas contra a C.
brevis durante a época dos voos de dispersão. O uso de LEDs simples, que podem
ser facilmente adquiridos, pode ser uma boa forma de envolver o público nos
tratamentos preventivos contra esta térmita nos Açores. Outra vantagem de usar LEDs
é que, como estas são luzes frias, o risco de incêndio é menor. Nos Açores os locais
de infestação são principalmente em propriedades privadas e a promoção do uso de
armadilhas simples (LEDs com armadilhas de cola ou com água próxima para capturar
os alados) poderá ajudar a diminuir a dispersão desta espécie.
8.4.3 Prevenção Química da colonização
Foram recolhidos um total de 3896 em todos os módulos usados. Houve diferenças
significativas entre os tratamentos para o número de de alados vivos, número de
câmaras nupciais e número de ovos (Tabela 8-7). Tanto para a cipermetrina como
para a permetrina não houve sobreviventes. Nos restantes tratamentos houve
sobreviventes com o d-limonene a não ser significativamente diferente do controlo. Os
resultados indicam que a cipermetrina e a permetrina são bons químicos preventivos
para serem usados na madeira contra a térmita da madeira seca C. brevis.
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
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Tabela 8-7: Média ± SE por módulo de alados vivos de C. brevis, número de câmaras nupciais e número de ovos. Valores com a mesma letra não foram significativamente diferentes p<0.05.
Tratamento Número de alados Número de
câmaras
Número de ovos
Controlo 23.33 ± 2.91a 11.67 ± 1.45 a 5.00 ± 2.00 a
d-limonene 26.00 ± 4.73 a 12.67 ± 2.33 a 4.00 ± 1.53 a
Borato de Sódio 12.67 ± 2.03 a,b 6.00 ± 1.15 a,b 1.00 ± 0.58 a,b
Hydroprene 7.67 ± 2.96 b 3.67 ± 1.45 b 1.67 ± 0.33 a,b
Permetrina 0 ± 0 c 0 ± 0 c 0 ± 0 b
Cipermetrina 0 ± 0 c 0 ± 0 c 0 ± 0 b
F 40.01 32.51 8.62
gl1 5 5 5
gl2 12 12 12
p 0.000 0.000 0.001
8.5 Conclusão
A térmita Cryptotermes brevis nos Açores é uma praga urbana importante. Neste
momento está estabelecida e irá dispersar-se cada vez mais, inclusive para as outras
ilhas. Esta espécie foi introduzida múltiplas vezes no arquipélago e continua a ser
introduzida. Este estudo revelou que o cenário de múltiplas introduções é o cenário
mais provável. A América do Sul parece ser o ponto de origem das introduções desta
espécie, nomeadamente Chile, Peru e Venezuela. Foi confirmado neste estudo que a
térmita C. brevis ainda está sujeita a fluxo de genes, não só de fora das ilhas, mas
também entre ilhas. É portanto importante trabalhar em formas de prevenir a dispersão
desta espécie tanto dentro das ilhas como entre as ilhas. A combinação do uso de
insecticidas com armadilhas de luz poderá ser um passo a tomar no sentido da
prevenção da dispersão desta espécie.
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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias
como controlo da sua dispersão.
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