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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO PPGEP

    Maria do Carmo Duarte Freitas

    EDUCAO CORPORATIVA: UM MTODO DE APOIO

    DECISO PARA IMPLANTAO NAS ORGANIZAES

    EMPRESARIAIS

    Florianpolis 2003

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    Maria do Carmo Duarte Freitas

    EDUCAO CORPORATIVA: UM MTODO DE APOIO

    DECISO PARA IMPLANTAO NAS ORGANIZAES

    EMPRESARIAIS

    Tese apresentada ao Programa de Ps-

    graduao em Engenharia de Produo, da

    Universidade Federal de Santa Catarina,

    como requisito parcial para a obteno do

    grau de doutor em Engenharia de Produo.

    ORIENTADOR: Prof. Dr. Miguel Fiod Neto

    Florianpolis, 2003

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    Freitas, Maria do Carmo Duarte

    Educao Corportaiva: Um Mtodo de Apoio Deciso para Implantao nasOrganizaes Empresariais/ Maria do Carmo Duarte Freitas. - Florianpolis, 2003.

    189f: Ils., tabs.

    Orientador: Miguel Fiod Neto

    Tese (Doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo.

    Bibliografia: f 165 175

    1. Educao Profissional. 2. Sistema de Apoio Deciso. 3. EducaoCorporativa. I. Fiod Neto, Miguel. II. Universidade Federal de Santa Catarina.Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. III. Ttulo.

    CDU:

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    Maria do Carmo Duarte Freitas

    EDUCAO CORPORATIVA: UM MTODO DE APOIO

    DECISO PARA IMPLANTAO NAS ORGANIZAES

    EMPRESARIAIS

    Tese apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia de Produo

    (UFSC) para obteno do Grau de Doutor em

    Engenharia de Produo.

    Aprovada em 18 de Setembro de 2003.

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Edson Paladini

    Cordenador

    Prof. Dr. Miguel Fiod NetoOrientador

    Profa. Dra. Rosilene Marcon

    Moderadora

    Prof. Dr. Ricardo Mendes JniorExaminador da UFPR

    Prof. Dr. Vladilen dos Santos Villar

    Examinador do CEFEC

    Prof. Dr.Weimar Freire Rocha Jnior

    Examinador da UNIOESC

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    A Deus, pai amoroso e fiel que esteve

    sempre presente na minha vida.

    In memoriam, a mana Aline Duarte Lima.

    A Zeni Parente Morada, minha mezinha

    adotiva.

    minha amiga e irm com carinho Zenilde

    Morada Landim.

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    AAGG RRAADD EE CC IIMM EE NN TT OO SS

    Ao Professor Joo Ernesto E. Castro, pela orientao, pela amizade e pelo apoioconstante durante todos estes anos e que tornou este trabalho uma experincia

    agradvel.

    Ao Professor Miguel Fiod Neto, pelo apoio e confiana nas minhas idias.

    Ao Professor Dr. Luis M. Camarinha-Matos, pela acolhida e apoio durante a

    minha estadia em sua equipe de trabalho na Universidade Nova de Lisboa, e por

    incentivar permanentemente as discusses e o andamento do trabalho.

    Aos Professores que fizeram parte das bancas examinadoras, os professores

    Edna Garcia Fiod Neto, Ricardo Mendes Jnior, Rosilene Marcon, Vladilen do Santos Villar

    e Weimar Freire Rocha Jnior.

    A Paulo Csar de Carvalho Freitas por estimular o meu retorno aos estudos e

    oportunizar a formao acadmica.

    Ao Professor Idone Bringhenti por ter me ensinado os caminhos da pesquisa e,

    sobretudo pelo exemplo de vida.

    Ao Professor Wladimir Pirr Longo pelo exemplo profissional, pelos conselhos e

    idias a mim transmitidos nas nossas conversas.Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), pelo

    apoio financeiro em Portugal e no Brasil.

    Ao Programa de Ps-graduao da Universidade Federal de Santa Catarina, pela

    oportunidade de realizao do mestrado e doutorado, ttulos que levarei com orgulho.

    A DATASUL, especialmente, Alice Feuser, Jlio Cunha, Simone Klober, Srgio

    Souza e Tnia Silva pelo apoio e confiana na transferncia das informaes para

    construo desta pesquisa.

    Aos responsveis pela Universidade Corporativa das empresas FIAT - Silvana

    Riziolli, AMBEV - Suzana e ACCOR Clia Ferraz pela acolhida e repasse dos dados de

    suas empresas.

    A minha famlia, especialmente, aos manos Antonio Duarte, Francisco de Assis,

    Jos Maria, Duarte, Rita e Rosa que oraram pelo meu sucesso. Tambm a todos da

    minha segunda Famlia, aos Parente Morada.

    Ao Srgio Fernando Tavares pelo carinho, companheirismo e apoio nos

    momentos de alegria e tristeza compartilhados nos ltimos anos.

    Aos amigos queridos que se fizeram presentes nos momentos de risos ou

    lgrimas, de vitria ou decepo. Obrigada a todos que oraram, estudaram, discutiram,

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    construram e fizeram parte de mais esta fase da minha vida. A vocs que mesmo

    distante fisicamente nunca me abandonaram, Aridenise Macena, Carmem Maria Freitas,

    Cassandra Ribeiro, Ir. Consuelo Freitas, Edson e Bernadete Galvo, Flvio dos Santos,

    Joo Tavares, Maria Estnia e Srgio Marquezi. Aos amigos, Avanilde Kemczinki, ClaudiaBomf, Dinara Paixo, Fernanda Cristina Barbosa, Francisco Felipe da Silva, Gihad

    Mohamed, Helga Martins, Juliana de Conto, Leny Sabia, Llian Graciolli, Marcos Paulik,

    Vaneide Gomes e Zelita Chaves.

    Aos amigos portugueses, o meu carinho especial a Manuel e Generosa da Silva,

    Jos Antonio Barata, Filomena, Famlia Neves (Jos e Ftima), Orlando Figueredo, Rosa

    Ftima de Oliveira e Rui Rodrigues.

    Aos colegas do Laboratrio de Sistema e Apoio Deciso, por todos os

    momentos vividos juntos e pela rica experincia que levarei dos trabalhos realizados. Emespecial, aos acadmicos Renata Valezi e Thiago Munhoz.

    A toda equipe da secretaria e aos professores do PPGEP, pelo apoio em todos os

    momentos.

    Enfim, a todos que de uma forma ou de outra estiveram presente na minha

    histria.

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    RREE SSUU MM OO

    FREITAS, M.C.D. Educao Corportaiva: Um Mtodo de Apoio Deciso paraImplantao nas Organizaes Empresariais. Florianpolis, PPGEP/UFSC, 2003. p.189.

    No mbito das organizaes, ao longo do tempo, a modernizao do sistema

    produtivo vem requerendo agilidade no processo de qualificao dos profissionais,

    empreendedores, executivos e pesquisadores. Como o sistema educacional no tem

    acompanhado, na mesma velocidade, o desenvolvimento de novos produtos e

    tecnologias, o empresariado investe e estimula a formao profissionalizante de seus

    parceiros e funcionrios, fazendo uso das tecnologias de informao e comunicao. Este

    trabalho investiga o fenmeno das organizaes produtivas, que investem em

    Universidades Corporativas ou em centros de formao, com o objetivo de melhor

    qualificar seus quadros profissionais. A tese desenvolveu um mtodo para apoiar a

    tomada de deciso dos gestores nas empresas, no planejamento e implantao de

    programas educacionais, em todos os nveis organizacionais, com o suporte ou no de

    tecnologia. O Mtodo de Apoio Deciso em Educao Corporativa MADEC foi

    construdo a partir de um aprofundamento terico e de pesquisas em campo. Foram

    visitadas empresas, estabelecidas no territrio nacional que investem na formao

    profissional de seus funcionrios. Observou-se qual a estrutura que motivou a melhoria

    do nvel de educao geral e profissional nessas empresas. O MADEC composto por

    quatro grandes etapas administrativas entrelaadas: Anlise Estratgica para Educao

    Profissional, Projeto e Produo de Produto Educacional, Gesto Estratgica de Servios e

    Gesto de Infra-estrutura e Legalizao. A abrangncia do mtodo sistmica por

    agregar vrios elementos (pessoas, produtos, tecnologia e mercado). A implantao do

    MADEC na DATASUL, empresa de Joinville (SC), permitiu entender como funciona agesto da educao numa empresa de porte mdio e capital genuinamente brasileiro,

    apontando as dificuldades e limitaes quanto aquisio de equipamento

    computacional, fato importante pela necessidade de integrao entre o ambiente real e o

    ambiente virtual (Internet). Pode-se concluir em relao a DATASUL que a perspectiva

    dos procedimentos tecnolgicos e o treinamento a distncia foram implantados com

    eficincia.

    Palavra Chave: Educao Profissional, Sistema de Apoio Deciso, Educacao

    Corporativa.

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    AA BB SSTT RRAACCTT

    FREITAS, M.C.D. Educao Corportaiva: Um Mtodo de Apoio Deciso paraImplantao nas Organizaes Empresariais. Florianpolis, PPGEP/UFSC, 2003. p.189.

    In the last few years, modernization of the productive systems from several

    companies requires agility in the qualification process of the professionals, entrepreneurs,

    executives and researchers. As the educational system has not followed, at the same

    speed, the development of new products and technologies, the companies invest and

    stimulate the professionalizing formation of its partners and employees, making use of

    the information technologies and communication. This work investigates the phenomenon

    of the productive organizations, that invest in Corporative Universities or formation

    centers, with the objective of better qualifying its professional group. This thesis

    developed a method to support decisions of the managers in the companies, relative to

    the planning and implantation of educational programs, in all organization levels, with aid

    or not of technology. The Method of Decision Support in Corporative Education - MDSCE

    was constructed from a theoretical deepening and field researches. Companies,

    established in Brazil, had been visited, whom invest in the professional formation of its

    employees. Which was observed the structure that motivated the improvement of the

    level of general and professional education in these companies. The MDSCE is composed

    of four great interlaced administrative stages: Strategical Analysis for Professional

    Education, Project and Production of Educational Product, Strategical Management of

    Services and Infrastructure Management and Legalization. The width of the method is

    given assuming a sistemic boarding (people, products, technology and market). The

    implantation of the MDSCE in DATASUL, company of Joinville (SC), allowed to understand

    as the management of the education in a company of typical Brazilian average andcapital transport functions, pointing the difficulties and limitations, as for example, how

    much to the acquisition of computational equipment. It was concluded that tecnological

    proceedings and distance training were implanted efficienly.

    Keyword: Professional Education, Decision Support, Corporative Education.

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    SSUUMM RRII OO

    CAPTULO 1 -INTRODUO ............................................................................... 11.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO .....................................................................31.2 OBJETIVOS DO TRABALHO...........................................................................5

    1.2.1 Geral..................................................................................................51.2.2 Especficos ..........................................................................................5

    1.3 METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO .............................61.4 ESTRUTURA DE APRESENTAO DO TRABALHO..............................................7

    1.5 CONTRIBUIES DA PESQUISA....................................................................71.6 LIMITAES DO TRABALHO .........................................................................9CAPTULO 2 -A EDUCAO PROFISSIONAL E O USO DE TECNOLOGIAS DA

    INFORMAO E COMUNICAO.................................................. 112.1 ASPECTO CONTEXTUAL DA EDUCAO PROFISSIONAL .................................. 11

    2.1.1 A Evoluo do Treinamento nas Empresas ............................................. 132.1.1.1O Modelo Pedaggico Utilizado .................................................................. 152.1.1.2A Forma de Entrega da Formao Profissional.............................................. 172.1.1.3Enfoque Atual: Competncia Humana, Gesto do Conhecimento e Aprendizagem

    Organizacional. ....................................................................................... 18

    2.1.2 A Universidade e a Educao Profissional............................................... 202.2 O USO DA TECNOLOGIA NA EDUCAO PROFISSIONAL................................. 21

    2.2.1 Experincias em Educao Profissionalizante a Distncia.......................... 232.2.2 Dificuldades e Limitaes do Ensino Profissional a Distncia ..................... 242.2.3 A Expanso da Aprendizagem Eletrnica (E-learning) ..............................26

    2.2.3.1Gesto em Cursos a Distncia ................................................................... 272.2.3.2Ferramentas de Aprendizagem (E-learning)................................................. 292.2.3.3Edio de Cursos a Distncia..................................................................... 302.2.3.4Fornecimento e Acesso a Cursos................................................................ 32

    2.2.3.5Laboratrios Virtuais................................................................................ 332.2.4 Comunidades Virtuais ......................................................................... 342.2.5 Organizao Virtual ............................................................................ 36

    2.2.5.1Tipos e Modelos de Organizaes Virtuais ................................................... 382.2.5.2Papis e Infra-estrutura numa Organizao Virtual....................................... 402.2.5.3Coordenao e Novas Funes .................................................................. 412.2.5.4Dificuldades nas Organizaes Virtuais ....................................................... 422.2.5.5Ciclo de Vida........................................................................................... 43

    2.3 CONSIDERAES FINAIS...........................................................................45CAPTULO 3 -UNIVERSIDADE OU EDUCAO CORPORATIVA........................... 47

    3.1 AS ESTRATGIAS DE EDUCAO PROFISSIONAL NO MUNDO..........................483.1.1 As Aes Governamentais na Unio Europia .........................................49

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    3.1.2 As Aes Governamentais no Brasil ...................................................... 513.1.3 O Cenrio Atual das Aes no Ambiente Empresarial ............................... 533.1.4 A Influncia do Treinamento na Qualidade dos Produtos, Segundo As Normas

    ISO 9000 e 14000............................................................................. 54

    3.2 UNIVERSIDADE CORPORATIVA ...................................................................563.2.1 O Termo Universidade ........................................................................573.2.2 Universidade ou Educao no Ambiente Corporativo? .............................. 583.2.3 Princpios e Caractersticas da Universidade Corporativa .......................... 613.2.4 Impacto da Educao Corporativa na Cultura Organizacional .................... 62

    3.3 EXPERINCIAS EDUCACIONAIS EM AMBIENTE CORPORATIVO......................... 633.4 ESTRATGIAS, DIFICULDADES, LIMITAES E LEGALIZAO DA EDUCAO

    CORPORATIVA NO BRASIL. ........................................................................ 653.5 DISCUSSES FINAIS ................................................................................ 67

    CAPTULO 4 -MTODO DE APOIO DECISO EM EDUCAO CORPORATIVA ... 69

    4.1 CONCEPO METODOLGICA DO MTODO .................................................. 694.1.1 Sistema de Apoio Deciso................................................................. 714.1.2 Contexto Atual da Educao Corporativa ............................................... 724.1.3 Pesquisa de Campo nas Empresas Brasileiras......................................... 73

    4.1.3.1Empresa I Companhia de Bebidas das Amricas (AMBEV)........................... 744.1.3.2Empresa II Academia-Universidade de Servios (ACCOR Brasil)................... 754.1.3.3Empresa III FIAT Automveis do Brasil (Universidade Virtual FIASA)............ 754.1.3.4Aspectos Comparativos da Educao Corporativa nas Empresas ..................... 78

    4.2 MTODO DE APOIO DECISO EM EDUCAO CORPORATIVA........................ 814.2.1

    Anlise Estratgica para Educao Profissional ....................................... 83

    4.2.2 Projeto e Produo de Produto Educacional ............................................ 864.2.2.1Aspectos Tecnolgicos: Modelo de Escopo Institucional para Treinamento

    Distncia (IDM-TD).................................................................................. 874.2.2.2Aspectos Pedaggicos: Objetivo e Escopo do Curso ...................................... 894.2.2.3Aspectos Ergonmicos: Implementao e Aplicao...................................... 90

    4.2.3 Gesto Estratgica de Servios ............................................................ 914.2.3.1Planejamento, Desenvolvimento, Ao e Avaliao....................................... 914.2.3.2Rede de Parceiros para a Educao Profissional............................................ 924.2.3.3Tipos de Cursos Profissionais..................................................................... 93

    4.2.4 Gesto de Infra-estrutura e Legalizao ................................................ 944.3 SNTESE DOS PROCEDIMENTOS DE IMPLANTAO DO MADEC ....................... 974.4 CONSIDERAES FINAIS...........................................................................99

    CAPTULO 5 -APLICAO DO MTODO: MADEC E ANLISE DOS RESULTADOS................................................................................................. 100

    5.1 A EMPRESA DATASUL ........................................................................... 1015.2 APLICAO DO MADEC............................................................................ 104

    5.2.1 Anlise Estratgica para Educao Profissional ..................................... 1055.2.1.1Anlise das Entrevistas........................................................................... 1065.2.1.2Treinamento Baseado em Tecnologia........................................................ 1075.2.1.3Expectativa de Retorno no Investimento................................................... 1085.2.1.4Empresa e Produto ................................................................................ 109

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    5.2.1.5Marketing e Comprometimento ............................................................... 110

    5.2.2 Projeto e Produo de Produto Educacional .......................................... 1115.2.2.1O Produto Treinamento DATASUL.......................................................... 1125.2.2.2Aspectos Tecnolgicos............................................................................ 1145.2.2.3Aspectos Pedaggicos ............................................................................ 1165.2.2.4Aspectos Ergonmicos............................................................................ 118

    5.2.3 Gesto Estratgica de Servios .......................................................... 1205.2.4 Gesto de Infra-estrutura e Legalizao .............................................. 123

    5.3 IMPLANTAO, DISCUSSO E ANLISE DE RESULTADO............................... 1255.3.1 Estgio Evolutivo do Mtodo na Empresa............................................. 1255.3.2 Universidade Corporativa DATASUL .................................................... 1285.3.3 Discusso e Anlise dos resultados ..................................................... 130

    5.4 CONSIDERAES FINAIS......................................................................... 134

    CAPTULO 6 -VALIDAO E DISCUSSO SOBRE O FUTURO DO MADEC.......... 1366.1 CRITRIOS DE VALIDAO DO MTODO.................................................... 1366.2 VALIDAO DO MADEC ........................................................................... 1376.3 OS GANHOS REAIS DO MADEC................................................................. 1386.4 TENDNCIA DA EDUCAO PROFISSIONAL ................................................ 1406.5 PERSPECTIVAS DE APLICAO FUTURA DO MADEC NO BRASIL..................... 142

    6.5.1 O Futuro da Educao Profissional do Micro e Pequeno Empresrio no Brasil.................................................................................................... 143

    6.5.2 As Associaes ou consrcios para Educao Profissional ....................... 1436.5.3 Rede Corporativa para Educao Profissional........................................ 145

    6.6 PROJETO DE MODELAGEM: SISTEMA CORPORATIVO DE EDUCAO .............. 1476.6.1 Processo de Modelagem Integrada - Integrated Definition Language (IDEF)

    .................................................................................................... 1486.6.2 Processo de Modelao Unificado (Unified Modeling Language) ............... 149

    6.6.2.1Cenrio: Educao Corporativa (Corporative Education) .............................. 1506.6.2.2Levantamento de Requisitos ................................................................... 1506.6.2.3Especificaes Tcnicas Diagrama de Casos de Uso (Use Case) ................. 1516.6.2.4Diagrama de Pacotes ............................................................................. 153

    6.7 CONSIDERAES FINAIS......................................................................... 157CAPTULO 7 -CONCLUSES E SUGESTO PARA FUTUROS TRABALHOS .......... 159

    7.1 RESULTADOS E CONCLUSES DA INVESTIGAO....................................... 1597.1.1 Concluses da Investigao Realizada................................................. 1597.1.2 Resultados da Aplicao na Empresa: DATASUL ................................... 1627.1.3 Resultados do Mtodo Proposto.......................................................... 163

    7.2 SUGESTO PARA FUTUROS TRABALHOS .................................................... 164REFERNCIA BIBLIOGRFICA.........................................................................165

    APNDICE.......................................................................................................176

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    LL II SS TT AA DD EE FF II GG UU RRAA

    Figura 2.1 Linha do Tempo entre Trabalho x Pedagogia ........................................16

    Figura 2.2 Caractersticas Principais de Empresas Virtuais..................................... 38

    Figura 2.3 Evoluo de uma Empresa (HUNTER et al., 1997)................................. 39

    Figura 2.4 Ciclo de Vida de Empresa Virtual........................................................ 44

    Figura 4.1 Estrutura Analtica de Orientao da Pesquisa...................................... 70

    Figura 4.2 Organograma Universidade AMBEV (2000). .......................................... 74Figura 4.3 Universidade Virtual FIASA................................................................76

    Figura 4.4 Escala de Formao Continuada......................................................... 77

    Figura 4.5 Projeto Educao e Cultura ............................................................... 78

    Figura 4.6 Mtodo de Apoio Deciso em Educao Corporativa MADEC.............. 83

    Figura 4.7 Anlise da Situao Corporativa Atual................................................. 84

    Figura 4.8 Metodologia para Gesto de Competncia. ..........................................86

    Figura 4.9 Modelo de Desenho Instrucional para Treinamento a Distncia (IDM-DT) . 87

    Figura 4.10 - Ciclo PDCA: Ensino-aprendizagem Baseado na WEB............................ 92Figura 4.11 Diagrama da Infra-estrutura de Implantao do MADEC ...................... 94

    Figura 4.12 - Fases de Capacitao Tecnolgica da Organizao............................... 95

    Figura 4.13 Lista de Verificao Peridica do MADEC............................................ 97

    Figura 5.1 Histrico Produtos Tecnolgicos da DATASUL ..................................... 102

    Figura 5.2 Estrutura dos Produtos DATASUL 1999........................................... 102

    Figura 5.3 Produtos e Solues da DATASUL 2003 .......................................... 103

    Figura 5.4 Detalhamento da Primeira Etapa do MADEC....................................... 106

    Figura 5.5 Educao na DATASUL: Produtos, Misso e Negcio da rea. ............... 108Figura 5.6 Detalhamento da Segunda Etapa do MADEC ...................................... 111

    Figura 5.7 Exemplo de Roadmap de Produto. .................................................... 113

    Figura 5.8 - Detalhamento da Terceira Etapa do MADEC........................................ 121

    Figura 5.9 Detalhamento da Quarta Etapa do MADEC......................................... 123

    Figura 5.10 Lanamento de Treinamentos da Universidade DATASUL ................... 126

    Figura 5.11 Universidade Corporativa da DATASUL. ........................................... 129

    Figura 6.1 Verso Ampliada do MADEC. ........................................................... 137

    Figura 6.2 Consrcios de Empresas - Profissionais por rea Afins......................... 144

    Figura 6.3 Cadeia de Suprimentos na Rede Corporativa para Educao Profissional na

    Micro e Pequena Empresa. Adaptado de Poirier & Reiter (1997)........................ 146

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    Figura 6.4 Abordagem Top down do MADEC IDEF ........................................... 148

    Figura 6.5 Diagrama de Caso de Uso Genrico do MADEC................................... 153

    Figura 6.6 Diagrama de Pacote Genrico do MADEC........................................ 154

    Figura 6.7 Diagrama Caso de Uso Pacote de Anlise .......................................... 154Figura 6.8 Diagrama Caso de Uso Gesto de Potenciais Fornecedores................ 155

    Figura 6.9 Diagrama de Caso de Uso Gesto de Utilizadores............................. 155

    Figura 6.10 Diagrama de Caso de Uso Gesto de Organizaes Virtuais ............. 156

    Figura 6.11 Diagrama de Pacote para a Gesto do Processo e do Produto (cursos) . 156

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    LL II SS TT AA DD EE QQ UU AA DDRROO

    Quadro 2.1 Os Programas de Treinamento Baseados no Indivduo e na Organizao. . 18

    Quadro 2.2 Aprendizagem Tradicional x Uso de Tecnologia. ................................... 28

    Quadro 2.3 Comparativo Comunidade Virtuais x Departamentos Clssicos. .............. 35

    Quadro 2.4 Vantagens e Desvantagens das Organizaes Virtuais ........................... 39

    Quadro 3.1 Projetos de Educao Profissional Continuada na UE............................. 51

    Quadro 3.2 Funes nas Universidades Tradicionais e nas Universidades Corporativas.................................................................................................................. 59

    Quadro 3.3 Conflitos da Educao Profissional no Brasil......................................... 66

    Quadro 4.1 Diagnstico Empresarial da Educao Corporativa................................ 79

    Quadro 4.2 Modelo Pedaggico dos Programas de Formao Profissional. ................ 80

    Quadro 4.3 Forma de Gesto e Desenvolvimento dos Programas de Formao

    Profissional. ................................................................................................ 81

    Quadro 4.4 Etapas e Atividades Macros do MADEC. ..............................................98

    Quadro 5.1 Modos de Tomadas de Decises ...................................................... 105Quadro 5.2 Validao do Modelo Pedaggico...................................................... 120

    Quadro 5.3 Benefcios em relao ao Produto x Cliente DATASUL ......................... 122

    Quadro 5.4 Estratgia do Projeto de Educao Corporativa .................................. 122

    Quadro 5.5 - Gerenciamento e Desenvolvimento dos Treinamentos ........................ 127

    Quadro 5.6 Treinamentos na DATASUL ............................................................. 128

    Quadro 5.7 Caractersticas da Educao Corporativa da DATASUL......................... 130

    Quadro 5.8 Sugestes dos Diretores para o Sucesso do Projeto WBT-DATASUL. ..... 133

    Quadro 6.1 Aes Estratgicas de Mudanas na Empresa .................................... 139Quadro 6.2 Aes Estratgicas de Mudanas no Indivduo.................................... 140

    Quadro 6.3 Taxonomia dos Agentes Fornecedores .............................................. 152

    Quadro 6.4 Tecnologia Sncrono e Assncrono .................................................... 152

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    AABB RREE VV IIAATT UURRAA

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas ADDIE Analysis, Design, Development, Implementation and Evaluation

    AMBEV Companhia de Bebida das Amricas

    CBT Computer-Based Training

    CEDEFOP Centro de Desenvolvimento e Formao Profissional de Portugal

    CNI Confederao Nacional da Indstria

    EAD Ensino a Distncia

    IACET International Association of Continuing Education and Training

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDEF Integrated Definition LanguageIDM-DT Instructional Design Model for Distance Training

    IES Instituies de Ensino Superior

    ISD Instructional Systems Development

    ISO International Organization for Standardization

    LabSAD Laboratrio de Sistema de Apoio Deciso

    LDB Leis de Diretrizes e Bases da Educao

    LED Laboratrio de Ensino a Distncia

    MADEC Mtodo de Apoio Deciso em Educao Corporativa

    MIT Massachusetts Institute of TechnologyMPE Micro e Pequena Empresa

    PDCA Plan, Do, Check e Action

    PROINF Programa Nacional de Informtica

    RH Recursos Humanso

    SAD Sistema de Apoio Deciso

    SEBRAE Servio de Apoio a Micro e Pequena Empresa

    SENAI Sercio Nacional de Aprendizagem Industrial

    TIC Tecnologia de Informao e Comunicao

    UC Universidade Corporativa

    UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina

    UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

    UML Unified Modeling Language

    WBEC Web-based Education Comission

    WBT Web Based Training

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    CAPTULO 1 - INTRODUO

    "Um caminho de mil quilmetros comea com o primeiropasso.(Lao Tse)

    A queda das fronteiras comerciais entre as naes e o avano da Tecnologia de

    Informao e Comunicao (TIC) contriburam para o aumento da competitividade nas

    organizaes, incentivando o surgimento dos blocos comerciais com suas regras e

    barreiras transnacionais.

    Tanto a economia mundial como as organizaes produtivas tm passado por

    mudanas estruturais e conjunturais. Estas precisam ser mais geis e flexveis em seus

    processos internos e externos, quer seja adaptando suas estruturas, suas instituies

    (legalizao), o comportamento social dos indivduos ou incorporando tecnologia. O

    grande desafio mudar as pessoas e a cultura organizacional, renovando os valores e

    ganhando competitividade (WOOD Jr., 1995).

    As organizaes convivem com problemas que vo desde a necessidade de

    sobreviver, com poucos recursos, at a alta rotatividade dos empregados, requerendo

    respostas rpidas s suas necessidades de treinamento ou requalificao. Fato que

    motiva a adotar uma poltica de formao bsica e profissional nas empresas,

    considerando que o conhecimento cumulativo. As Normas International Organization

    for Standardization (ISO) apontam que as deficincias oriundas da qualidade da

    educao formal se refletem negativamente no processo de produo das empresas.

    As grandes corporaes montam seus centros empresariais de treinamento, ou

    mesmo escolas prprias, com respaldo em economia administrativa de escala. Outras

    procuram nas Instituies de Ensino Superior (IES) apoio e orientao para capacitar e

    treinar seus funcionrios.

    A exploso das redes de tecnologias de informaes (Internet, Intranet,

    Extranet), dos ambientes informatizados de transmisso do conhecimento distncia

    aliada melhoria na gesto tem impulsionado e resgatado o conceito de valorizao do

    capital humano nas organizaes, criado na dcada de 60.Enquanto as grandes universidades do mundo esto se globalizando, milhes de

    estudantes se informam e pesquisam acessando a Internet. Submetidas a fortes tenses

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    e exigncias de mudanas s organizaes, em geral, se transformam e adaptam-se

    nova realidade, adotando as funcionalidades e a utilidade da Internet para atender a seus

    objetivos, atrada pela reduo de custos e ganho de tempo na busca de informaes.

    A revoluo da telemtica tecnologia que combina a informtica etelecomunicaes vem provocando o desenvolvimento tecnolgico e,

    conseqentemente, mudanas de paradigmas cientficos. A rede Internet, que constitui

    uma imensa base de dados, impe uma agenda desafiadora e cheia de oportunidades

    para profissionais, empresas e instituies de ensino. O contexto evolutivo, as

    organizaes e instituies educativas no ignoram as transformaes que configuram a

    chamada sociedade da informao. As atitudes diante da informao e a maneira como

    ela adquirida e processada est mudando significativamente.

    A combinao entre tecnologias convencionais e modernas demonstra que,comparado ao ensino presencial tradicional, o uso da TIC na educao tem um alcance

    quantitativo muito maior no sentido da expanso e acesso ao ensino. No entanto, por ser

    um campo parcialmente explorado, requer, ainda, muita pesquisa e o desenvolvimento

    em projetos, notadamente no Ensino a Distncia1 (EAD), necessitando solues

    adaptadas ao tipo de formao e ao pblico visado.

    As inovaes tecnolgicas no campo das mdias sempre estiveram

    acompanhadas por um eufemismo quanto ao uso desta ou daquela nova tecnologia para

    educar a populao. Com isso, provocaram mudanas de comportamentos individuais ecoletivos nas esferas culturais e sociais. Assim foi com a mdia escrita (correio), o

    cinema, o rdio, a televiso, o vdeo e o computador.

    No mbito das organizaes, ao longo do tempo, a modernizao do sistema

    produtivo vem requerendo agilidade no processo de qualificao dos profissionais,

    empreendedores, executivos e pesquisadores. Como o sistema educacional no tem

    acompanhado, na mesma velocidade, o desenvolvimento de novos produtos e

    tecnologias, o empresariado investe e estimula a formao profissionalizante de seus

    pares e parceira, fazendo uso da TIC.

    O trabalho investiga o fenmeno das organizaes produtivas, que investem em

    Universidades Corporativas ou em centros de formao, com o objetivo de melhor

    qualificar seus quadros profissionais. Essas alm de permitir o desenvolvimento das

    capacidades individuais e melhorar o nvel de qualificao, visam transmitir-lhes a cultura

    predominante na empresa.

    1 CRASE CASOS ESPECIAIS: prefervel no usar acento grave em locues adverbiais [...] Aconselhvel tambm no usar

    acento grave na locuo a distncia. Exemplo: Manter-se a distncia. Seguir algum a distncia (SEGALLA, 1999).

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    A pesquisa objetiva, pois, discutir, agregar e sistematizar orientaes para

    desenvolver um mtodo para planejar, projetar e implantar um programa de educao

    corporativa em organizaes empresariais, fazendo uso das tecnologias e visando

    atender aos projetos individuais e coletivos de formao continuada. Sero discutidos osconceitos de treinamento, universidade ou educao corporativa, apresentando-se o

    estado darte da educao geral e profissional no ambiente corporativo, com o intuito de

    responder quais os interesses das empresas ao oportunizar o aprendizado aos seus

    funcionrios.

    1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

    Nos EUA, o mercado de e-learning est emergindo com previso de crescimento

    na ordem de US$ 2,2 BI para 2004. O Massachusetts Institute of Technology (MIT)

    oferece cerca de 2000 cursos atravs da WEB. Em todo o mundo, a tercerizao neste

    segmento, nos ltimos trs anos, cresceu na ordem de 20% ao ano. O mercado Asitico

    (excluindo o Japo) apresenta uma taxa de crescimento anual de e-learning corporativo

    de 25%, com previso de 26% de representatividade no mercado de treinamento global.

    Na Amrica Latina, as pesquisas realizadas pela empresa Cisco System comprovaram

    que o Brasil e o Mxico possuem 41% de suas empresas usando e-learning para

    treinamento. A Indstria Tigre, em Santa Catarina, tem um ambiente virtual destinado adesenvolver os cursos para todos os seus funcionrios e clientes (E-LEARNING BRASIL,

    2003).

    Paralelamente a este crescimento exposto, os governantes brasileiros convivem

    com presses econmicas e sociais com vistas a solucionar os problemas gerados pelo

    crescimento populacional, insero da economia brasileira no mercado globalizado,

    automatizao dos postos de trabalho nas indstrias, altos ndices de desemprego e a

    falncia nos primeiros anos de vida de Micros e Pequenas Empresas.

    Em sua grande parte estes problemas esto relacionados falta de formao

    profissional da populao envolvida. A educao profissional apresenta-se, pois, como

    uma das reas importantes para a pesquisa cientfica, com vistas busca e aplicao de

    solues prticas nesse campo que se reverte em melhoria da qualidade de vida das

    pessoas e das organizaes empresariais e, conseqentemente, da produtividade e

    competitividade nacional e internacional.

    crescente o uso de tecnologias pelas organizaes, oportunizando maior

    agilidade na formao, dado que h escassez de profissionais aptos a atender as

    necessidades do mercado. J possvel relatar que o aprendizado e a correta utilizao

    destas tecnologias proporcionam benefcios de ordem prtica, dentre outras: realizao

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    de reunies a distncia; efetivao de pesquisas com resultados em tempo real;

    acelerao no lanamento de produtos; programas de melhoria e processos de mudana

    organizacional; melhoria na interao com clientes, fornecedores e distribuidores;

    estmulo educao profissional e continuada; difuso rpida das melhores prticas eprocedimentos da organizao.

    Todos estes fatos observados despertaram nas grandes corporaes o interesse

    em melhorar o nvel de formao de seus funcionrios, culminando com a criao da

    chamada Universidade Corporativa, que pela sua importncia dentro da organizao,

    liderada pelo seu principal executivo, dado que a educao um item difcil de medir

    economicamente e so necessrios mais do que indicadores para esta tomada de

    deciso.

    Assim, faz-se urgente pesquisar sobre a educao corporativa. As empresasesto demonstrando sua preocupao e se dispem a implantar mudanas, que venham

    resolver a problemtica imediata da qualificao de seu quadro de profissionais. A meta

    das organizaes inserir-se efetivamente num mercado competitivo e estimular o

    crescimento da economia nacional, atuando e exercendo seu papel e responsabilidade

    social.

    A relevncia da pesquisa consiste em apresentar aos gestores de empresas,

    denominao dada a todos os indivduos que atuam na rea de gesto de pessoas ou

    com formao profissional, um mtodo contnuo e flexvel que oriente a oferta erealizao de projeto de educao corporativa, que seja condizente com os atuais

    contextos sociais, econmicos e tecnolgicos do pas. Um mtodo adaptado ao cliente-

    aprendiz, como fator imprescindvel para o sucesso da empresa, dentro de um ambiente

    caracterizado pela inovao tecnolgica contnua, crescente e tendente globalizao

    dos mercados.

    Longo (1998) destaca que na busca de responder s necessidades da indstria

    que, em pleno desenvolvimento, no encontra mo-de-obra suficientemente qualificada

    no mercado, o governo demonstra sua preocupao ao promover alteraes na Lei dasDiretrizes e Bases da Educao LDB que contempla a educao profissional seqencial

    e continuada. Alm de apoiar o uso do EAD como uma alternativa de formao

    populao adulta.

    Outra questo relevante que os recentes avanos da Cincia e Tecnologia

    comeam a exigir novas habilitaes e tem provocado o surgimento e o desaparecimento

    de inmeras profisses. Andrade et al. (2001) comentam que os postos de trabalho, em

    qualquer dos setores da economia, passaram a exigir, para a sua ocupao, nveis

    educacionais e profissionais cada vez mais elevados e extremamente intensivos emconhecimentos.

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    Argumento que demonstra a necessidade de se propor solues que possam ser

    aplicadas, diretamente na educao corporativa, bem como, criar ferramentas e mtodos

    que ajudem os tomadores de deciso e executores de polticas de formao e

    qualificao a empreender e implementar sistemas de formao continuada quepotencializem as tecnologias de informao e comunicao, sobretudo os sistemas de

    EAD.

    1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO

    1.2.1 Geral

    Desenvolver um mtodo para a tomada de deciso relativa ao planejamento e

    implantao de programas educacionais, nas empresas, em todos os nveis

    organizacionais, com o suporte ou no de tecnologia.

    1.2.2 Especficos

    analisar as prticas existentes sobre o uso das tecnologias nos programas de

    formao aberta e a distncia, sobretudo o que a literatura pesquisada designa

    como treinamento baseado em tecnologia (Technology-based training),

    aprendizagem no mundo do trabalho e no espao virtual (Networked learning),aprendizagem a distncia (e-learning) e organizaes virtuais (Virtual

    Enterprises);

    investigar o estgio evolutivo das prticas de treinamento, educao profissional

    e corporativa nas organizaes empresariais nacionais e estrangeiras;

    identificar as aes empresariais, governamentais e parcerias existentes entre

    universidades e empresas com a finalidade de formar os indivduos para o

    mercado de trabalho;

    verificar como esto estruturadas as universidades corporativas selecionadaspara este estudo, identificando suas estratgias, motivaes, reas especficas,

    modelos e ferramentas utilizadas nas empresas nacionais;

    estabelecer as linhas diretrizes para a concepo do mtodo de ajuda deciso,

    para a implementao de um modelo de educao profissional nas empresas;

    desenvolver um mtodo terico para a implantao da educao corporativa, a

    partir da pesquisa bibliogrfica e de campo;

    aplicar e analisar os resultados do mtodo proposto;

    validar o mtodo em uma empresa nacional;

    ajustar e modelar genericamente como um projeto de software.

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    1.3 METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

    Esta pesquisa apresenta trs vertentes metodolgicas: estudo exploratrio,

    pesquisa qualitativa e de desenvolvimento.

    No primeiro caso faz-se, inicialmente, uma anlise crtica da situao, tanto da

    literatura quanto das experincias prticas existentes, no que tange evoluo do

    treinamento e da educao profissional. A seguir, faz-se uma exposio terica sobre a

    utilizao e modificaes inseridas no mundo educacional e empresarial, com a

    incorporao da Tecnologia de Informao e Comunicao. Relata-se a histria do EAD e

    da Internet. Apresenta-se o mundo das plataformas que suportam estes ambientes e que

    capaz de reunir as pessoas e empresas em grupos virtuais, denominados comunidades

    ou organizaes virtuais.

    A segunda parte da teoria aborda a universidade corporativa nas organizaes

    empresariais nacionais e estrangeiras, aprofundando o tema de modo a preparar o

    pesquisador para ir a campo e conhecer como as empresas esto organizadas sobre a

    tica da Educao nas Empresas.

    Neste contexto, o presente trabalho caracteriza-se como uma pesquisa

    exploratria, descritiva e interpretativa, porque busca familiarizar-se com o fenmeno da

    universidade corporativa, verificando como e onde esto surgindo, alm das possveis

    causas de seu aparecimento. A inteno proporcionar uma viso geral, sobre a

    utilizao da Tecnologia de Informao e Comunicao, no mbito da empresa sob o foco

    da formao profissional.

    Quanto a seu aspecto de pesquisa qualitativa, procura-se uma melhor

    compreenso dos temas abordados no contexto organizacional. Para isso, so utilizadas

    tcnicas de coleta de dados: observao participante, interveno e avaliao de

    procedimentos experimentais, questionrios e entrevistas. Isso se reverte em pesquisa

    de campo, que se traduz na base para a formulao de um mtodo de apoio deciso

    que oriente os gestores a fazer uso da tecnologia na formao dentro da empresa.

    A coleta de dados e informaes deu-se por meio de entrevistas nas

    organizaes, com responsveis pelas reas de Recursos Humanos. Destas entrevistas

    participaram trs grandes organizaes sediadas no Brasil. As empresas visitadas atuam

    nos setores automobilsticos, de bebidas, servios de hotelaria e restaurantes. A tcnica

    em estudo possibilitou a validao da teoria com a prtica que normalmente se realiza na

    empresa.

    Por fim, com o mtodo projetado fez-se uma aplicao e validao numa

    empresa de tecnologia e sistemas, onde a pesquisadora participou de modo cooperativo

    e participativo uma caracterstica da pesquisa-ao. A investigao pode, ainda, ser

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    assume a responsabilidade pela educao (educao formal e profissional) em todos os

    nveis funcionais, em especial da formao gerncial ao cho de fbrica, extensivo a

    fornecedores e clientes.

    A investigao utiliza na construo do mtodo proposto, experincias e tcnicasconhecidas pelos profissionais que atuam no desenvolvimento de novos produtos e

    processos industriais. Isso por entender que a educao e o trabalho andam juntas na

    construo do conhecimento do empregado com a otimizao de tempo e processo.

    Envolve trs grandes campos disciplinares e os conhecimentos das teorias correlatas:

    produo, administrao e tecnologia da informao.

    O que justifica sua no trivialidade ser uma pesquisa de desenvolvimento de

    objeto pedaggico e de gesto (em essncia) realizada no mbito da Engenharia de

    Produo. As idias e solues discutidas e apresentadas permitiro uma relao deparceria entre as Instituies de Ensino Superior e organizaes privadas ou mistas, de

    gerncia participativa e lucrativa, tornando esta iniciativa um novo e explorvel campo

    de pesquisa e aplicao.

    No campo da tecnologia, o e-learning pode favorecer a criao de organizaes

    virtuais, na forma de redes temporrias de empresas independentes, instituies ou

    indivduos especializados que, atravs do uso das TICs, renem-se para compartilhar

    recursos e conhecimentos, gerando solues globalizadas e conduzindo a uma posio de

    liderana competitiva.

    As organizaes que esto se comprometendo, com a educao de seus

    funcionrios, geralmente so classificadas como grandes empresas, e no raramente, por

    uma questo de sobrevivncia no mercado, as mdias e pequenas empresas

    empreendedoras comeam a se preocupar com a atualizao tecnolgica de seus

    colaboradores. Esta investigao pretende despertar os pesquisadores, para a abertura

    do campo profissional. Sabe-se que quanto maior o nvel de qualificao das pessoas,

    maiores sero as possibilidades de empregabilidade e as chances de abertura e

    crescimento do nmero de empregos diretos e indiretos.

    Como contribuio nessa perspectiva, pretende-se que os resultados desta

    pesquisa atinjam toda a infraestrutura de comunicao das organizaes, de acordo

    com as seguintes metas:

    imediatas - efetuar formao interna; ofertar cursos de renomadas IES no

    prprio ambiente de trabalho; capacitar e qualificar os profissionais utilizando o

    EAD; flexibilizar o processo de aprendizado; criar um instrumento para

    utilizao da capacidade j instalada na empresa (informtica,

    microcomputadores, Intranet); proporcionar aos interessados a possibilidade de

    aplicar o contedo terico aprendido; atingir uma demanda de profissionais

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    geograficamente dispersos familiarizando-os com o uso da Internet; facilitar o

    acesso dos funcionrios a outras fontes de consulta, material didtico e artigos,

    em tempo real; e ainda, visualizar aplicaes computacionais de determinados

    assuntos, no possveis em atividades presenciais; curto prazo - criar um canal abrangente de comunicao, garantindo

    uniformidade e velocidade na transmisso da informao; avaliar ambientes

    interativos existentes, analisando a capacidade tecnolgica e a combinao das

    operaes de formao com a pesquisa profissional; desenvolver ambientes

    interativos nas empresas; disseminar a tecnologia gerada, contribuindo para

    suprir a lacuna que existe atualmente no Brasil; obter os conhecimentos e,

    atravs do projeto piloto, disseminar a aplicao de metodologias de ensino

    para as organizaes; e longo prazo - estabelecer e fixar a tecnologia gerada como base a certos

    padres digitais no Brasil, de forma que possa assegurar ao mercado uma

    viabilidade comercial em longo prazo; obter experincia e conhecimentos para o

    desenvolvimento e gerao de futuros produtos; expandir o processo de

    formao a distncia, incluindo metodologias de ensino, reduzir os custos com

    formao de recursos humanos; proporcionando fundamentao de

    conhecimentos e experincias; criar um Banco do Conhecimento, acessvel a

    todos os funcionrios; reduzir custos com viagens, hospedagens e tempo dedeslocamento.

    1.6 LIMITAES DO TRABALHO

    A utilizao das tecnologias integradas na educao foi o ponto de partida da

    pesquisa, iniciada em 1997, que culminou com a defesa de dissertao intitulada: Um

    ambiente de aprendizagem na Internet aplicado na construo civil (FREITAS, 1999).

    Naquele trabalho desenvolveu-se e validou-se um ambiente de EAD, denominado WEB-

    PCO, utilizado para a educao continuada de profissionais, atuando na construo civil.

    A presente tese aprofunda os objetivos do primeiro trabalho como resposta aos

    anseios de uma clientela, que se mostrou receptiva a fazer uso do EAD para atualizar

    seus conhecimentos profissionais. Alm disso, os participantes eram autnomos,

    carecendo de programas de atualizao profissional nas organizaes, sindicatos e

    associaes de classe. Os conhecimentos do primeiro trabalho, aliados experincia em

    gerenciamento, fortaleceram a idia de trabalhar uma proposta educacional no ambiente

    organizacional, a comear nas empresas para tornar-se extensivo aos grupos de

    profissionais autnomos.

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    Entretanto, a interdisciplinaridade do campo de pesquisa estudado impe

    limitaes que extrapolam as competncias de um pesquisador individual, por exigir,

    entre outros: conhecimentos de tecnologia da informao, gesto do conhecimento,

    gesto de projeto, engenharia computacional, gerenciamento, administrao,planejamento estratgico, pedagogia, didtica, psicologia da aprendizagem. Sintetizar e

    mobilizar esses conhecimentos o grande desafio.

    Assim tem-se, a priori, como fatores limitantes: as distncias geogrficas para

    visitar as empresas, a falta de recursos financeiros para constituir uma equipe de

    controle com conhecimentos em gesto e desenvolvimento de recursos humanos, a

    carncia de experincias de educao corporativa e a falta de credibilidade por parte dos

    responsveis por esta rea.

    Deu-se incio pesquisa em setembro de 1999 e durante os ltimos quatro anosacompanhou-se a evoluo do tema na empresa. Logo, o fator tempo favoreceu avaliar o

    mtodo, quanto ao perodo de maturidade tecnolgica e da equipe de trabalho.

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    CAPTULO 2 - A EDUCAO PROFISSIONAL E OUSO DE TECNOLOGIAS DA

    INFORMAO E COMUNICAO

    "O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornarobstculos. (Lao Tse)

    O captulo tece uma reflexo sobre a formao profissional nas empresas,

    considerando os aspectos de ensino e aprendizagem, tecnologia educativa e polticas

    organizacionais, com o objetivo de explicitar os conceitos de educao, ensino e

    treinamento a distncia, mediante um panorama histrico tanto no Brasil quanto no

    mundo das experincias relatadas do uso de EAD para a educao formal ou

    profissional.

    Com essa perspectiva, os itens esto estruturados de modo a permitir a reflexo

    sobre: 1) a diferena entre educao e treinamento, 2) as experincias mundiais de EAD

    contemplam unicamente a educao formal, 3) a utilizao das mdias com fins

    educativos e suas restries quanto ao pblico, 4) a avaliao das aplicaes dos

    conceitos de comunidades e organizaes virtuais na educao profissional.

    2.1 ASPECTO CONTEXTUAL DA EDUCAO PROFISSIONAL

    A contextualizao permite uma compreenso global da educao profissional,

    sua diversidade e suas contradies. A utilizao de uma terminologia adequada

    imprescindvel: educao profissional ou treinamento?

    Com base em leitura de livros, artigos e documentos especficos pertinentes ao

    tema, percebeu-se que a distino baseada no interlocutor. Por exemplo, no meio

    empresarial usual treinamento, j o Governo e os Institutos preferem o termo

    educao profissional. A inter-relao entre educao, trabalho, cincia e tecnologia

    deve ser compreendida no contexto econmico, poltico e social, em seus mltiplos

    fatores, pelo Conselho Nacional de Educao.

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    Num resgate histrico, h que se considerar que a educao profissional, desde

    as suas origens, sempre foi reservada s classes menos favorecidas. Distinguindo-se as

    populaes que produziam o saber (ensino fundamental, mdio e superior) e as que

    executavam as tarefas manuais (ensino profissional).Machado (1982) relata que, o termo educao profissional origina-se do Imprio,

    pois os primeiros projetos de lei, visando instituir o ensino de artes e ofcios e preparar o

    povo brasileiro na educao profissionalizante, surgiram em 1826.

    O entendimento errneo dos termos gera confuso e dificulta o entendimento no

    momento de sua aplicao, por isso faz-se necessria uma distino entre educao,

    ensino e treinamento.

    Landim (1993, p. 10) conceitua Educao como:

    Educao prtica educativa, processo ensino-aprendizagem, que leva oindivduo a aprender a aprender, a saber pensar, criar, inovar, construirconhecimentos, participar ativamente de seu prprio crescimento. Ensino instruo, transmisso de conhecimentos e informaes, adestramento,treinamento. um processo de humanizao que alcana o pessoal e oestrutural, partindo da situao concreta em que se d a ao educativanuma relao dialgica.

    Quando se trata da educao no mundo do trabalho, a Lei de Diretrizes e Bases

    determina no Art. 40 que a educao profissional ser desenvolvida em articulao com

    o ensino regular ou por diferentes estratgias de educao continuada, em instituiesespecializadas ou no ambiente de trabalho. O Art. 32 4 destaca que o ensino

    fundamental ser presencial sendo a distncia utilizada como complementao da

    aprendizagem ou em situaes emergenciais. A Lei d as garantias necessrias para que

    se conduza o EAD.

    Vieira (1996), referindo-se ao EAD, afirma que:

    [...] [...] aplica-se ao conjunto de mtodos, tcnicas e recursos, postos disposio de populaes estudantis dotadas de um mnimo de

    maturidade e de motivao suficiente, para que, em regime de auto-aprendizagem, possam adquirir, conhecimentos ou qualificaes aqualquer nvel.

    E quanto ao conceito de treinamento? Autores clssicos da rea de

    Administrao reunidos em Istambul (1953) estabeleceram a seguinte distino:

    Educao refere-se ao processo pela qual a pessoa adquire compreenso do mundo e

    aptido para lidar com problemas. Treinamento a parte da educao que uma pessoa

    pode receber numa escola ou no, antes ou depois do emprego, e vai ajud-la a

    desempenhar bem as suas tarefas profissionais (PIMENTEL, 1966). Abreu (1991) eChiavenato (1994) definem como um tipo de educao especializada que, aplicada no

    mbito organizacional, busca dar competncia profissional ao indivduo.

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    industrializao, mas percebiam a necessidade de ofertar educao tcnica. Fato que

    provocou o surgimento dos primeiros centros tcnicos de educao profissional em 1797,

    na Europa e, em 1861, nos EUA (TOMEI, 1988).

    Com a exploso da economia industrial cresceu o nmero de centrosvocacionais. A primeira escola noturna de natureza vocacional, localizada em Nova York,

    data de 1854. Outras escolas-fbricas vieram a seguir, como: a Hoe and Company

    (1872), Westinghouse (1888) e General Electric (1901). Neste perodo surge o primeiro

    conceito de educao cooperativa, uma inovao da Universidade de Cincinati, mtodo

    onde o aluno dividia o tempo entre a escola e a indstria.

    Com o aparecimento da energia atmica e a Revoluo Tecnolgica, durante a II

    Guerra Mundial, houve um maior estmulo aos programas de formao profissional na

    Europa e nos EUA. As sofisticaes das mquinas e equipamentos obrigavam asempresas a investirem, cada vez mais, em treinamento. Desde ento, tem sido constante

    a necessidade de melhorias nos processos de formao nas empresas. Os pesquisadores

    passaram a observar a realizao de determinada tarefa, adaptando-a. A seguir, testam,

    treinam, operacionalizam e geram uma rotina na vida das pessoas nas empresas (Francis

    Lowell, 1815; Henry Ford, 1912; Eliji Toyoda, 1950). No entanto, este fato no acontece

    se o pesquisador/empresrio no apresentar habilidade na soluo de problemas,

    planejamento, definio de metas, melhoria de processos, inovao, entre outras.

    A economia vigente entre as dcadas de 50 e 70 exigiu das empresas iniciativasdinmicas, para que continuassem competitivas. A busca por melhorias de qualidade,

    desempenho, velocidade, produtividade, reduo de custos e reestruturao dos

    processos empresariais passou, ainda, por movimentos como Reengenharia, Gesto da

    Qualidade Total, 5S, Qualidade Total, 5S, Circulo de Controle de Qualidade CCQ,Just in

    time JIT, Total Quality Control TQC, Total Productivity MaintenanceTPM, Controle

    Estatstico de Processos CEP, KAISEN, KANBAN. A tcnica de Benchmarking, como

    aprendizagem baseada na melhoria do processo comeou a ser difundida no final dos

    anos 80 (BOGAN e ENGLISH, 1996).Fases do desenvolvimento organizacional, que extrapolaram as tcnicas de

    gesto, se tornaram um processo de anlise do comportamento dos agentes de

    produo, valorizando mais os aspectos humanos do que os tcnicos e mudando a viso

    do empresrio atual, que considerava o treinamento uma despesa a mais com o

    funcionrio.

    O reconhecimento de Desenvolvimento & Treinamento como um conjunto de

    estratgias, dinmicas e didticas, capazes de integrar os projetos pessoais e das

    empresas para vantagens recprocas, gerando a transformao permanente objetivada

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    nas pessoas, fortaleceu as aes de treinamento, ensinando: as empresas a aprenderem;

    as pessoas a liderarem e as equipes a crescerem (DONADIO, 1996).

    Na dcada de 90, descobriu-se que o fato das organizaes aprenderem muito

    mais importante que a aprendizagem individual e quando estas aprendem rpido, tmmais chance de serem competitivas, por administrarem melhor as mudanas (SVEIBY,

    1998).

    No campo desta pesquisa, percebeu-se, ainda, a importncia de refletir, como os

    gestores das organizaes vem as questes pedaggicas de ensino e aprendizagem

    utilizadas nos treinamentos empresariais.

    2.1.1.1 O Modelo Pedaggico Utilizado

    A aprendizagem moderna est fortemente vinculada ao esforo reconstrutivo dos

    mtodos, estratgias e uso das mdias de massa e individuais, maior nfase nas teorias

    de aprendizagem construtivistas e scio-interacionistas.

    Os processos educacionais, utilizados em treinamentos, tm sempre por base,

    independentemente da metodologia e meios, um determinado modelo pedaggico. Este

    relaciona o ensino-aprendizagem baseado nas tecnologias mais apropriadas ao grupo que

    deve ser treinado e nos efeitos desejados da aplicao dos conhecimentos adquiridos ou

    na ambincia social da aprendizagem.

    Ao analisar a linha e fazer um paralelo entre a evoluo do treinamento no

    trabalho e a pedagogia, nos perodos anteriormente referidos, percebe-se que, do

    artesanal at a revoluo industrial a nfase estava na mquina e ao homem cabia ser

    condicionado por mera transmisso de tarefas. O perodo de transio aconteceu com a

    evoluo tecnolgica e a insero dos primeiros computadores; quando o modelo

    pedaggico tornou-se a auto-instruo seguida da problematizao, mudando o foco, da

    mquina para o homem, que passou a ter valor pelo conhecimento acumulado (Figura

    2.1).

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    Arteso

    Condicionamento

    RevoluoIndustrial

    EvoluoTecnolgica

    Valorizaodo Conhecimento

    Transmisso

    Autoinstruo

    Problematizaomq

    uina

    homem

    Figura 2.1 Linha do Tempo entre Trabalho x Pedagogia

    Para esclarecer faz-se uso da reflexo de Grandi (1994) sobre os modelos

    pedaggicos aplicados s organizaes empresariais: da transmisso, do

    condicionamento e da problematizao.

    Na transmisso, as idias e os conhecimentos so os pontos mais importantes

    da educao e o objetivo do aluno receber o que o professor e o livro transmitem.

    Modelo que ainda adotado na educao geral e profissional.

    A pedagogia do condicionamento enfatiza os resultados comportamentais, ouseja, as manifestaes empricas e operacionais da troca de conhecimento, atitudes e

    destrezas. adotada pelos instrutores nos programas de treinamento empresarial. Seu

    objeto a execuo da tarefa pelo treinando tal como ensinada.

    A auto-instruo surgiu no mercado com os primeiros computadores e

    programas que, pela complexidade e grande nmero de comandos, vinham

    acompanhados de manuais, que sistematizavam a aprendizagem e uso dos mesmos.

    A problematizao parte do princpio de que, em um mundo de mudanas

    rpidas, no importam os conhecimentos ou as idias, nem os comportamentos corretos

    e esperados, mas a capacidade do aluno de detectar os problemas reais, buscando

    solues originais e criativas. Todas essas teorias, atualmente, so utilizadas com

    freqncia, tanto na educao geral quanto profissional.

    H retorno individual e social na pedagogia da problematizao. Para

    determinados indivduos, porm, as outras tm melhor aplicao, dependendo do efeito

    desejado. H casos em que o treinamento deve atingir um grande contingente de

    profissionais (massificao) e, em outros, ser individualizado. Na primeira situao, faz-

    se necessrio o automatismo, com uma seqncia rigorosa de operaes, e na segunda

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    busca-se desenvolver a capacidade de cognio do treinando (pensar, raciocinar, hbitos,

    responsabilidades e cooperao).

    Existe, hoje, um leque de teorias e prticas de aprendizagem, com enfoque

    multidisciplinar. Segundo Demo (1997), no entanto, o modelo normalmente utilizado do tipo tutorial, instrutivista com estratgias didticas centradas em aulas expositivas,

    em especial nos cursos profissionalizantes, que so abreviados, resumidos e restritivos.

    O mesmo autor sugere, para a educao profissional, o predomnio do saber pensar e do

    aprender a aprender, com qualidade formal e poltica.

    Todo processo formativo precisa de informao e cabe s novas tecnologias o

    papel decisivo na sua disponibilizao. O maior desafio como utilizar adequadamente os

    recursos tecnolgicos na direo de ambientes de aprendizagem reconstrutiva (DEMO,

    1997).

    Logo, conclui-se que, os processos educacionais utilizados em treinamentos tm

    sempre por base, independentemente do meio ou metodologia, um determinado modelo

    pedaggico que est relacionado ao ensino-aprendizagem das tecnologias mais

    apropriadas ao grupo que deve ser treinado, visando os efeitos desejados da aplicao

    dos conhecimentos adquiridos, ou a ambincia social da aprendizagem.

    2.1.1.2 A Forma de Entrega da Formao Profissional

    Na prtica, ao longo dos anos, a formao profissional nas empresas vem sendo

    feita mediante reunies, seminrios, treinamentos consultorias e encontros. Os eventos e

    cursos so para os primeiros escales ou para quem ocupa cargo de chefia, oferecido

    geralmente fora da empresa ou cidade, sem muita garantia de aprendizagem do que

    ensinado, pois a conduo do processo de treinamento (educacional) est centrada no

    instrutor (professor).

    Nos ltimos 20 anos, a busca do entendimento de como se realiza o processo de

    aprendizagem no prprio trabalho tornou-se importante. Na viso organizacional, o

    ensino on-the-job nada mais do que administrar contingncias de aprendizagem. Para

    as empresas isso significa treinar, com metodologias e recursos tecnolgicos adequados,

    buscando formar o indivduo at o limite de suas potencialidades, para atender s

    necessidades da organizao.

    Machado (2000) afirma que nas empresas brasileiras predomina o investimento

    em treinamento presencial, nos formatos de turmas fechadas, com instrutores e cursos

    externos. Para tanto, ele se baseia nas respostas de 400 executivos da rea de Recursos

    Humanos das empresas associados a Cmara Americana de So Paulo, dos quais 10%

    atuam na Indstria Leve e 14% na Educao Pblica e Privada.

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    Roesner e Walesc (1998) identificaram dois formatos de treinamento utilizados

    nas organizaes, conforme (Quadro 2.1).

    Treinamento baseado no Indivduo Treinamento com foco na Organizao

    A aprendizagem ocorre fora do local detrabalho ou em seminrio;

    Aprender interiormente e externamente realizadoem uma variedade de modos com o mecanismo decomunicao selecionado em base de custo efetivo;

    Privilegia o lugar do treinamento; Predomina o processo desejado no treinamento;

    Treinamento funo do setor de RecursosHumanos, depende da oportunidade;

    O acesso igual para treinamento ou educao,independente da localizao geogrfica;

    Alguns participantes obtm certificados; A organizao premiada por ofertar a formao eeducao continuada pela International Association ofContinuing Education and Training(IACET);

    Somente os empregados da empresaparticipam;

    Funcionrios e fornecedores esto convidados aparticipar;

    A organizao paga tudo; H um comprometimento social entre o indivduo eorganizao;

    O Indivduo pode selecionar o assunto quedeseja ser treinado;

    A organizao seleciona e aprova o contedo daaprendizagem;

    Calcula-se o tempo do curso e o oramentoem relao a cada indivduo treinado;

    Custo x benefcio a relao entre o tempo individuale o oramento das despesas limitado;

    Somente uma pequena frao dosempregados pode participar; e

    esperado que todos participem;

    Qualquer forma de Educao e treinamento visto como um ganho do setor. Todo treinamento parte do negcio e esperadoum retorno sobre investimento - ROI.

    Quadro 2.1 Os Programas de Treinamento Baseados no Indivduo e na Organizao.

    Fonte: ROESNER e WALESC (1998)

    Pedro Demo (1997) afirma que o desafio para a educao profissionalizante no

    Brasil esta centrado na garantia da aprendizagem reconstrutiva, ou seja, competncia

    centrada na cidadania do trabalhador. necessria uma conexo entre aprendizagem e a

    insero no mercado, permitindo ao trabalhador conhecer e utilizar as inovaes no

    ambiente de trabalho.

    Desta forma, a investigao do processo de crescimento, ou competncia

    individual, exige um enfoque de natureza interdisciplinar, para se compreender o seu

    dinamismo e, em particular, a aprendizagem organizacional.

    2.1.1.3 Enfoque Atual: Competncia Humana, Gesto do Conhecimento e

    Aprendizagem Organizacional.

    O termo competncia humana, no contexto da organizao, refere-se aoconhecimento adquirido e desenvolvido na esfera individual que, ao ser aplicado na

    empresa, conduza a mesma ao sucesso em seus objetivos estratgicos.

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    O processo de aprendizado organizacional est vinculado ao desenvolvimento

    das pessoas que fazem parte da organizao. Tentar compreender a capacidade das

    mesmas, em agregar valor organizao como competncia, tem sido objeto de

    investigao por pesquisadores no mundo todo. Tais tentativas originaram inmerosconceitos para competncia.

    Carr e Caspar (1999) afirmam que, estando associada formao e

    qualificao de adultos, a competncia ganha importncia por basear-se em quatro

    caractersticas:

    a relao entre competncia e ao a competncia permite agir. Ela no existe

    em si, independente da atividade, do problema a resolver;

    a competncia contextual ela ligada a uma dada situao profissional e

    corresponde a um contexto;

    a competncia concerne a seus tipos constitutivos Cada competncia utiliza um

    pouco de saber, bastante saber-fazer e, freqentemente, mas no sempre, do

    saber ser. Encontra-se associada noo de competncia cognitiva;

    a noo de integrao dos contedos das competncias no se trata de uma

    soma na qual no se sabe por que motivo ela ocorreria sobre a ao realizada,

    mas que capacidades so integradas, estruturadas, combinadas, construdas.

    Subentende-se que existe algo a mais das capacidades que lhes permite constituir

    a competncia.

    Tornou-se importante ampliar o termo competncia como a aquisio de

    conhecimento do ambiente, terico, conceitual e operacional (saber) gerando uma

    experincia profissional associada habilidade (saber-fazer), mudando atributos

    profissionais (tcito) e pessoais (saber-ser/agir).

    A abordagem por competncia considera o conjunto de qualificaes, que apessoa tem para executar um trabalho, com um nvel superior de performance. A

    competncia empresarial est relacionada s qualificaes requeridas do quadro

    funcional, para que a empresa aumente e consolide, cada vez mais, sua capacidade de

    competir.

    A gesto do processo de conhecimento se orienta sobre as boas prticas da

    aprendizagem individual e interaes coletivas. Orientaes mais recentes tendem a

    levar em conta, unicamente, a capacidade das pessoas de ordenarem as informaes,

    gerando aprendizagem organizacional.

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    Por esta razo, possvel transferir ou ensinar as tarefas numa empresa. As

    atividades podem ser relatadas, padronizadas e institucionalizadas atravs de rotinas,

    procedimentos, estruturas, sistemas de informao, artefatos organizacionais, elementos

    simblicos, misso e estratgias.Sveiby (1998) destaca que o conhecimento um processo, um conjunto

    complexo de habilidades dinmicas, que esto constantemente mudando. So inmeros

    os pesquisadores da rea envolvidos na avaliao, mudana e aprimoramento das

    habilidades e do comportamento humano individual e coletivo. Ao gestor do processo

    cabe estar, fundamentalmente, envolvido no entendimento da gesto da aprendizagem e

    no aprimoramento do uso da capacidade humana.

    A competncia empresarial dentro de todos estes conceitos transformou as

    grandes empresas. Atualmente, o funcionrio estimulado a estar em constanteprocesso de formao. A organizao assume a sua participao como investimento na

    prpria sede, desde que os cursos atendam os seus objetivos de negcio. O surgimento

    de novos modelos de educao, no ambiente corporativo, ampliou os estudos para a

    melhoria do processo de educao continuada e de treinamento nas empresas.

    Berry (2000) destaca que existem organizaes fazendo uso da aprendizagem a

    distncia associada a modelos de implantao da gerncia do conhecimento. Esta

    afirmao se deve a dois fatores: os envolvidos entram em processo de aquisio do

    conhecimento com aprendizagem interativa, em ritmo individual, utilizando-se da mesmainfra-estrutura tecnolgica, onde a disciplina e o tempo de dedicao so gernciados

    pelo empregado, que pode usar a estrutura da empresa, de forma a expandir sua base

    de conhecimento e habilidade pessoal; o segundo est relacionado ao compartilhamento

    da informao, pois a correta utilizao das ferramentas de tecnologia proporciona o

    arquivamento do conhecimento que poder depois ser transmitido em fruns, gerando

    novos saberes e agregando novos valores para a empresa.

    2.1.2 A Universidade e a Educao ProfissionalNos ltimos 20 anos, a universidade tem contribudo com as empresas na

    atividade de pesquisa e desenvolvimento de produtos, alm de gerir o processo de

    formao, qualificao e reciclagem profissional. A grande maioria dos empresrios

    considera a universidade como um formador de mo-de-obra em nvel de superior, na

    verdade, eles exigem e precisam que o profissional apresente um bom diploma de

    graduao. Existem casos em que o nome da instituio no qual o individuo obteve o

    diploma constitui-se numa comprovao da qualidade da formao.

    Face s criticas e insistncia das empresas, que reclamam por uma escola queprepare as pessoas para responder s necessidades do mercado de trabalho, as

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    universidades reformulam seus currculos e inserem estgios. As teorias e modelos

    pedaggicos utilizados na formao bsica e fundamental tm objetivos profissionais

    diferenciados dos usados nos treinamentos em empresa.

    Divergncias de opinio tm proporcionado uma reflexo no meio acadmico.Depresbiteris e Deffune (1997) esclarecem que a idia de formar com competncia

    surgiu na dcada de 70, na Alemanha, quando representantes da sociedade,

    empresrios, sindicatos e educadores definiram quais as competncias que deveriam ser

    adquiridas na educao geral e na educao profissional. Considera-se competncia a

    aquisio de conhecimento (saber), habilidades (saber + fazer), conseqentemente

    provocando mudanas de atitudes (querer + fazer).

    A integrao entre educao e trabalho antiga. Os EUA buscam revitalizar seu

    modelo educacional desde 1983. Em 1992, o programa Secretarys Commission onAchieving Necessary Skills (SCANS) ficou conhecido porque definiu trs grandes

    categorias de habilidades para o mundo pedaggico (habilidades bsicas, raciocnio e

    qualidades pessoais) e cinco categorias de competncias do mundo de trabalho

    (recursos, interpessoal, informao, sistemas e tecnologia), os trs primeiros utilizados

    no desenvolvimento de currculos. O ponto forte deste modelo a metodologia de

    descrio das competncias de integrao entre a educao geral e a profissional

    (DEPRESBITERIS e DEFFUNE, 1997). Em pases como a Alemanha, Sua, ustria e no

    Japo a integrao evidenciou-se em 1994, provocando modernizao na organizao dotrabalho, com reflexo no mundo inteiro.

    A educao formal tornou-se uma varivel significativa contratao no

    mercado de trabalho. A discusso, nas universidades, em torno da educao e

    treinamento advm da necessidade das organizaes se atualizarem e a seus

    profissionais em todos os nveis, para acompanharem as mudanas tecnolgicas. um

    novo conceito de educao corporativa e uma estratgia competitiva que vem sendo

    adotada dentro das organizaes.

    Com o avano das tecnologias, experincias e modelos diferentes de educaoprofissional continuada encontram-se espalhadas pelo mundo inteiro. H uma urgncia

    em atender ao mercado, que exige um novo perfil profissional e agilidade na preparao

    desse indivduo. Com isso, incentivam-se as pesquisas sobre as questes de

    aprendizagem e as formas de inserir as TICs no meio educacional.

    2.2 O USO DA TECNOLOGIA NA EDUCAO PROFISSIONAL

    A informtica, associada s telecomunicaes, tornou economicamente possvel

    transportar enormes quantidades de informaes, tratadas ou no, com fins especficos,

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    possibilitando o fornecimento distncia de vrias necessidades das empresas,

    contribuindo com a formao de redes de negcios e modificando as prprias relaes

    entre produo de bens, prestao de servios e treinamento de seus empregados

    (LONGO, 1998).O avano tecnolgico expandiu o papel do treinamento. O indivduo passou a

    construir novos conhecimentos e a participar ativamente de seu crescimento e foi sendo

    moldado, ao longo dos anos, de acordo com as prioridades organizacionais. Durante os

    anos 60, a nfase estava na Psicologia Educacional, era o perodo da utilizao de

    manuais de treinamento programado e individualizado. Nos anos 70, utilizava-se o

    sistema de tarefas programadas. Com o progresso da ciberntica, durante a dcada de

    80, criaram-se ambientes automatizados para o desenvolvimento e processo na entrega

    de treinamentos, baseados em tecnologia. Na dcada de 90, o uso e a expanso dosprotocolos de comunicao via Internet propiciou a maturidade tecnolgica na educao

    (REYNOLDS e IWINSKI, 1996).

    As empresas americanas assumiram a educao, no como um compromisso

    social, mas como um diferencial decisivo de competitividade, na busca de diferenciao e

    pela necessidade de efetivamente competir na economia globalizada. Ao mesmo tempo

    em que as empresas comearam a proporcionar o treinamento e a capacitao de seus

    funcionrios, trabalharam para encontrar novas formas de aprendizagem continuada a

    distncia (LONGO, 1999).A carncia de uma poltica educacional e as deficincias oriundas da m

    qualidade da educao formal reflete-se negativamente na fase adulta de cada gerao

    (ANDRADE et al., 2001). Por isso, as organizaes convivem com problemas que vo

    desde a necessidade de sobreviver com poucos recursos at a alta rotatividade dos

    empregados.

    Com o avano da Internet, da Intranet e dos sistemas de videoconferncia,

    grandes empresas2 comearam a utilizar esta soluo para capacitar, reciclar e treinar

    equipes inteiras, sem deslocar os funcionrios e com menores custos.

    A educao ou formao continuada a distncia, tambm no Brasil, vem

    ganhando espao nas organizaes, por que no utilizam giz, quadro-negro, professores

    presenciais em tempo integral ou horrio rgidos (AISENBERG, 2000).

    No final do milnio passado, encontrava-se aquecido o mercado para montagem

    de cursos baseados em plataforma para internet, chamados de Web Based Training

    WBT. Milet (2000) caracteriza-os pela possibilidade de fazer um curso em qualquer hora

    (anytime), em qualquer lugar (anyplace), no ritmo prprio do aluno (self paced), com

    2 Petrobrs, Embratel e Xerox.

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    aprendizado colaborativo, navegao na Intranet ou na Internet e gerenciamento

    tambm a distncia.

    Assim, a incorporao do computador e da Internet, no ensino, altera o processo

    de educao/treinamento, desde o relacionamento professor/aluno ouinstrutor/treinando, ao objetivo e mtodo de ensino, at a tecnologia que ser

    incorporada.

    2.2.1 Experincias em Educao Profissionalizante a Distncia

    O objetivo deste item fazer uma anlise das aes de treinamento e

    qualificao, ofertadas a distncia e listadas na literatura, distinguindo-as em aes de

    educao geral e profissional.O Ensino a Distncia surgiu da necessidade de comunicao

    e transferncia de conhecimentos. Este processo originou-se no final do sculo XVIII,mas o seu desenvolvimento se deu a partir da metade do sculo XIX.

    Os primeiros especialistas utilizavam as tecnologias, existentes na sua poca,

    para transferir conhecimento profissional a distncia. Laaser et al. (1997) afirmam que

    data da dcada de 1840 o anncio comercial de um curso de taquigrafia, por

    correspondncia, oferecido pelo Senhor Pitman, da cidade de Boston, nos EUA.

    O Apndice A faz uma sntese de iniciativas em EAD no mundo, j conhecida pela

    maioria dos pesquisadores e estudiosos. A presente pesquisa tem um diferencial, de

    classificar quais, ao longo do tempo, foram direcionadas para formao bsica e formal

    (educao geral) e quais para treinamento (educao profissional).

    O panorama mostra, ainda, que ao contrrio do que se pensa e se propaga, o

    meio acadmico sempre esteve preocupado em formar e atualizar os profissionais para o

    mercado de trabalho.

    O primeiro curso por correspondncia no Brasil data de 1939. O ensino, atravs

    de transmisses radiofnicas, comeou em 1940 e, vinte anos depois, a televiso passou

    a ser utilizada, em especial, na zona rural e regies pouco desenvolvidas do pas norte

    e nordeste. A insero do computador, na dcada de 80, trouxe novas mudanas, mas o

    boom aconteceu com a popularizao da Internet, em meados de 1990 (FREITAS, 1999).

    As transformaes no cenrio mundial tm provocado mudanas tambm no

    Brasil. Percebem-se seus reflexos no ps-guerra, na industrializao e, mais

    recentemente, com a globalizao. A EAD no Brasil tem acompanhado a experincia

    mundial ofertando da alfabetizao aos cursos de aperfeioamento. Porm, h muitos

    obstculos, dentre outros: a extenso continental, as tecnologias mutveis e inovadoras,

    bem como as questes relacionadas as TICs em um ambiente onde o tempo um

    elemento crucial.

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    O grande impulso no Brasil se deu com a criao do Programa Nacional de

    Informtica PROINF (1987) e o fortalecimento das Redes Nacionais de Pesquisa

    RNP. A proximidade do sculo 21 propiciou o consrcio de 65 universidades pblicas

    reunidas com o objetivo de levar o ensino superior a todo o Pas, utilizando recursos deudio, vdeo, Internet, teleconferncia e videoconferncia, consolidando a UNIREDE

    www.unirede.br (CUNHA, 2000).

    Os projetos brasileiros utilizando as tecnologias de EAD nasceram das iniciativas

    de pequenos grupos de professores e pesquisadores, que atentos aos acontecimentos

    mundiais, desenvolveram pequenos projetos que no recebiam apoio financeiro e nem

    tinham a credibilidade da populao. A partir de 1990, o governo federal comeou a

    estimular estas iniciativas e viabilizou a expanso e popularizao desses projetos no

    pas, como mostra o Apndice B.A reflexo e leitura dos fatos pela tica de investigao e pesquisa, permitem

    concluir que as aes de EAD brasileiras, na sua grande maioria, esto voltadas para

    preparar ora os professores profissionais de educao ora os alunos, com intuito de

    que atendam s necessidades do mercado profissional (FREITAS, 1999).

    As aes para educao profissional so parcerias divulgadas entre

    universidades e as grandes corporaes. Essas caracterizam as mudanas culturais nas

    empresas, que na busca de ser competitiva procuram, nas instituies de ensino,

    orientaes para preparar melhor seu empregado, predominantemente nas funesgerenciais e administrativas.

    Em resumo, conclui-se que at as aes direcionadas para a formao bsica da

    populao tm o objetivo de preparar o cidado para o mercado de trabalho. O

    desenvolvimento do EAD est fortemente relacionado s circunstncias econmicas,

    sociais e polticas de cada pas. Deve ser analisado por esta tica e, tambm, nos

    aspectos pedaggicos, tecnolgicos, culturais e educacionais.

    2.2.2 Dificuldades e Limitaes do Ensino Profissional a Distncia

    A indstria brasileira, de modo geral, vem valorizando os grandes desafios

    educacionais e cobrando uma posio do governo e das universidades. Existe uma falta

    de continuidade dos projetos e das experincias, que apresentaram resultados prticos,

    utilizando tecnologia na educao, principalmente no mbito governamental.

    As dificuldades e limitaes do ensino profissional distncia so similares s

    identificadas no ensino formal. A maioria de natureza poltica, social, financeira e

    humana. Diante deste contexto, as solues predominantemente tcnicas no so

    suficientes. Alm disso, no caso do Brasil, o processo de mudana curricular muito

    lento (FREITAS, 1999).

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    Em 2000, a poltica adotada pelo Ministrio da Educao3 evidenciava a

    acelerao do processo de integrao entre o setor produtivo e as universidades,

    reestruturando o ensino tcnico e fomentando as mudanas curriculares. Palavras do

    ministro durante um Painel Treinamento, Ps-Graduao, Universidades Corporativas o futuro da educao como fator de competitividade no setor automotivo do IX

    Congresso e Exposio Internacional da Mobilidade, o SAE BRASIL 2000, So Paulo, 3 a 5

    de outubro.

    Um exemplo a criao do Consrcio Rede Universidade Virtual Pblica do Brasil

    UNIREDE no qual busca-se traar uma estratgia para a educao nacional,

    atendendo-se, inicialmente, quelas demandas j reconhecidas como estruturais de curto

    prazo, como a formao e atualizao de professores. O passo seguinte visa responder

    sociedade, ocupando as lacunas, oferecendo cursos de educao formal e continuada e,como no cenrio internacional, rene as melhores potencialidades existentes em cada

    uma das Universidades Pblicas do Brasil (RONDELLI, 1999).

    Fazendo uso das infovias e mdias integradas, o consrcio UNIREDE pretende

    implementar uma nova cultura organizacional nas instituies educacionais do pas. O

    conhecimento ser disseminado pela educao assistida por meios interativos atravs da

    Internet, da videoconferncia e de outros meios multimdias educacionais, de maneira

    que os indivduos acompanhem e incorporem mudanas de hbitos, de atitudes e tenham

    uma viso diferenciada do mundo.H lentido na absoro e capacitao para o uso da tecnologia. um processo

    que exige um longo perodo de aprendizado. Em 1970, o Reitor Cludio Todorov da

    Universidade de Braslia (UnB) adquiriu todos os direitos de traduo e publicao dos

    materiais da Open University do Reino Unido com o intuito de montar em Braslia, a

    Universidade Aberta do Brasil (NUNES, 1992), objetivo no concretizado at a presente

    data.

    Para compensar essa lentido e obter a velocidade n