Machado de Assis (Memórias Póstumas de Bráz Cubas)
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Machado de Assis (1839 – 1908)
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FASES: -‐ ROMÂNTICA: • Ressureição • A mão e a luva • Iaiá Garcia • Helena
-‐ REALISTA • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) • Quincas Borba (1891) • Dom Casmurro (1899) • Esaú e Jacó (1904) • Memorial de Aires (1908)
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PRODUÇÃO: ROMANCES CONTOS CRÔNICAS POEMAS PEÇAS DE TEATRO CRÍTICA LITERÁRIA CRÍTICA TEATRAL CRÍTICA CULTURAL
TRADUÇÃO
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PRODUÇÃO REALISTA: CARACTERÍSTICAS
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NARRAÇÃO EM 1ª PESSOA
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NARRATIVA NÃ0-‐LINEAR
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HOMENS FRACOS MULHERES FORTES E MÁS
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APARÊNCIA X ESSÊNCIA
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IRONIA: “Ao verme, que primeiro roeu as frias carnes de meu cadáver, dedico como saudosa lembrança essas memórias póstumas!”
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“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Móises, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”
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“(...) Marcela amou-‐me durante quinze meses e onze contos de réis (...)”
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ANÁLISE PSICOLÓGICA
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O vergalho Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-‐mas um ajuntamento; era um preto que vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas palavras: — "Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão!" Mas o primeiro não fazia caso, e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova. — Toma, diabo! dizia ele; toma mais perdão, bêbado! — Meu senhor! gemia o outro. — Cala a boca, besta! replicava o vergalho. Parei, olhei... justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudêncio, — o que meu pai libertara alguns anos antes. Cheguei-‐me; ele deteve-‐se logo e pediu-‐me a bênção; perguntei-‐lhe se aquele preto era escravo dele. — É, sim nhonhô. — Fez-‐te alguma coisa?
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— É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda hoje deixei ele na quitanda, enquanto eu ia lá embaixo na cidade, e ele deixou a quitanda para ir na venda beber. — Está bom, perdoa-‐lhe, disse eu. — Pois não, nhonhô manda, não pede. Entra para casa, bêbado! Saí do grupo, que me olhava espantado e cochichava as suas conjeturas. Segui caminho, a desfiar uma infinidade de reflexões, que sinto haver inteiramente perdido; aliás, seria matéria para um bom capítulo, e talvez alegre. Eu gosto dos capítulos alegres; é o meu fraco. Exteriormente, era torvo o episódio do Valongo; mas só exteriormente. Logo que mez mais dentro a faca do raciocínio achei-‐lhe um miolo gaiato, fino e até profundo. Era um modo que o Prudêncio znha de se desfazer das pancadas recebidas, transmizndo-‐as a outro. Eu, em criança, montava-‐o, punha-‐lhe um freio na boca, e desancava-‐o sem compaixão; ele gemia e sofria. Agora, porém, que era livre, dispunha de si mesmo, dos braços, das pernas, podia trabalhar, folgar, dormir, desagrilhoado da anzga condição, agora é que ele se desbancava: comprou um escravo, e ia-‐lhe pagando, com alto juro, as quanzas que de mim recebera. Vejam as suzlezas do maroto!
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DIÁLOGO COM O LEITOR: “Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-‐a e não esteja daí a torcer-‐me o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narraEva destas memórias. Lá iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus confrades, e acho que faz muito bem”.
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NEGATIVISMO/ NIILISMO: Capítulo CLX -‐ Das negaHvas
Entre a morte do Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por causa da molésza que apanhei. Divino emplasto, tu me darias o primeiro logar entre os homens, acima da ciência e da riqueza, porque eras a genuína e directa inspiração do céu. O acaso determinou o contrário; e aí vos ficais eternamente hipocondríacos.
Este úlzmo capítulo é todo de negazvas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-‐me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semi-‐demência do Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-‐me com um pequeno saldo, que é a derradeira negazva deste capítulo de negazvas: -‐-‐ Não zve filhos, não transmiz a nenhuma creatura o legado da nossa miséria.
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INOVAÇÕES ESTILÍSTICAS:
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Capítulo LV -‐ O Velho Diálogo de Adão e Eva Brás Cubas: . . . . . ? Virgília: . . . . . . Brás Cubas: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Virgília: . . . . . ! Brás Cubas: . . . . . . . Virgília: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Brás Cubas: . . . . . . . . . . . . . . . . . . Virgília: . . . . . . . Brás Cubas: . . . . . . . . . . . . . . . . . . ! Virgília. . . . . . . . . . . . . . . . . ? Brás Cubas. . . . . . . ! Virgília. . . . . . . !
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Capítulo CXXXIX -‐ De como não fui ministro d'Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Capítulo CXL -‐ Que explica o anterior HÁ COUSAS que melhor se dizem calando; tal é a matéria do capítulo anterior.
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CRÍTICA AO CIENTIFICISMO: Daí a pouco demos com uma briga de cães, fato que aos olhos de um homem vulgar não teria valor. Quincas Borba fez-‐me parar e observar os cães. Eram dous. Notou que ao pé deles estava um osso, mozvo da guerra, e não deixou de chamar a minha atenção para a circunstância de que o osso não znha carne. Um simples osso nu. Os cães mordiam-‐se, rosnavam, com o furor nos olhos. . . Quincas Borba meteu a bengala debaixo do braço, e parecia em êxtase. -‐-‐Que belo que isto é! dizia ele de quando em quando. Quis arrancá-‐lo dali, mas não pude; ele estava arraigado ao chão, e só conznuou a andar, quando a briga cessou inteiramente, e um dos cães, mordido e vencido, foi levar a sua fome a outra parte. Notei que ficara sinceramente alegre, posto conzvesse a alegria, segundo convinha a um grande filósofo. Fez-‐me observar a beleza do espetáculo, relembrou o objeto da luta, concluiu que os cães znham fome mas a privação do alimento era nada para os efeitos gerais da filosofia. Nem deixou de recordar que em algumas partes do globo o espetáculo mais é grandioso: as criaturas humanas é que disputam aos cães os ossos e outros manjares menos apetecíveis luta que se complica muito, porque entra em ação a inteligência do homem, com todo o acúmulo de sagacidade que lhe deram os séculos etc.
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AFORISMOS: • Suporta-‐se com paciência a cólica do próximo. • Matamos o tempo; o tempo nos enterra. • Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem. • Crê em z; mas nem sempre duvides dos outros. • Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-‐lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de um joalheiro. • Não te irrites se te pagarem mal um bene}cio: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar.